Paraná vence o desafio da produtividade da

Transcrição

Paraná vence o desafio da produtividade da
(SJQT&EJUPSBt"OPt/t"HPTUPt3XXXBHSJNPUPSDPNCS
Balança comercial do
agronegócio é positiva
Paraná vence o desafio
da produtividade da soja
Entrevista exclusiva: João Carlos Marchesan
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ÍNDICE
Foto: Bayer CropScience
Foto: www.embrapa.br
Edição 94 – Ano 10
4
5
Editorial
Período pré-eleitoral
8
18
Agricultura familiar
Tudo em família
19
22
23
Entrevista exclusiva
Os desafios da infraestrutura e
logística
Tratores
Nova identidade e novos
tratores
Estatísticas
Caminhões
Utilitários
24
26
28
32
34
36
38
Implementos rodoviários
Defensivos agrícolas
Brasil destina mais de 300 mil
toneladas de plástico
Irrigação
Irrigação e seus benefícios
Agricultura de precisão
Opinião
Modernização trabalhista no
agronegócio
Clipping
Soja
Paraná vence desafio de
produtividade
40
42
44
Eventos
13º Congresso da ABAG
46
Gestão
Por que anunciar em tempos
de crise?
48
50
Exportação
Balança comercial positiva
Visão
Eleitor brasileiro compreende
dependência do agronegócio
Business world
Anunciantes
Agosto/2014 • Revista AgriMotor
sumario.indd 3
3
20/08/2014 18:00:57
EDITORIAL
Coordenação Geral
Henrique Isliker Pátria
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Maria da Glória Bernardo Isliker
TI
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.BSDPT'BWB/FWFTt3BGBFM#PSEPOBM,BMBLJ
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(SJQT&EJUPSBt"OPt/t"HPTUPt3XXXBHSJNPUPSDPNCS
Balança comercial do
agronegócio é positiva
E
stamos vivendo uma situação singular que por certo demandará muitas tintas e páginas dos jornais e revistas nos próximos dias. O Brasil
que veio ladeira abaixo em quase todos os setores nos últimos anos e
tem se segurado no agronegócio para manter a sua balança comercial
equilibrada está se preparando para um novo embate eleitoral envolvendo
GPSÎBTEFEJWFSTBTDPMPSBÎÜFTQPMÓUJDBT1PSPCSBEPBDBTPTFEFQBSBDPNVN
GBUPOPWPRVFÏBDBOEJEBUVSBDSJBEBQFMBGBUBMJEBEFEFVNBGPSUFDPODPSSFOUF
RVFBUÏEJBTBUSÈTFSBWJTUBDPNPVNHSBOEFQSPCMFNBQBSBPBHSPOFHØDJP
Na sua passagem pelo governo passado como ministra do Meio Ambiente
conseguiu criar inúmeras dificuldades às usinas, ao desenvolvimento dos
USBOTHÐOJDPTBPDVQBÎÍPEPTPMPFTFHVOEPFSBDJUBEPOBJNQSFOTBEBÏQPDB
BNQBSBEBQPSBNCJFOUBMJTUBTGBOÈUJDPTBHJBEFGPSNBSFTUSJUJWBBRVBMRVFSQSPcesso de desenvolvimento e modernização envolvendo o agronegócio. Após
juntar-se ao candidato Eduardo Campos e tornar-se vice na chapa encabeçada por ele, deu a entender que havia aderido aos compromissos eleitorais do
DBOEJEBUP"HPSBUFNPTVNOPWPRVBESPQPJTFMBOÍPÏNBJTBWJDFNBTB
MÓEFSEFVNBDIBQBRVFTFBQSFTFOUBDPNPVNBEBTBMUFSOBUJWBTWJÈWFJTQBSB
HBOIBSBDPSSJEBFMFJUPSBM"QFSHVOUBRVFTFGBSÈEBRVJQPSEJBOUFÏi&MBNVdou e aceitará os compromissos de campanha?” Os principais lideres do setor
TFNBOUÐNDPOöBOUFTNBTDPNEFUFSNJOBEBDBVUFMBFNSFMBÎÍPBPGVUVSP
%FJYBOEPBQPMÓUJDBEFMBEPOFTUBFEJÎÍPEBSFWJTUB"HSJNPUPSOPTTP
HSBOEFEFTUBRVFWBJQBSBBBHSJDVMUVSBGBNJMJBSQPSRVFTPNPTVNQBÓTFN
RVFNBJTEFDJODPNJMIÜFTEFQFTTPBTFTUÍPFOWPMWJEBTDPNFTUFTFHNFOto e dependem diretamente de recursos, sejam financeiros, de tecnologia,
EFBTTJTUÐODJBUÏDOJDBFPVUSPT%JTTFDBNPTDPNFTQFDJBMJTUBTBTWÈSJBTOVances que esta vertente representa.
Estamos inaugurando uma nova seção na revista. A partir desta edição
teremos uma Entrevista Exclusiva por mês, sempre com uma personalidade
do agronegócio abordando assuntos de relevância para nossos leitores.
)È BJOEB BUSBÎÜFT DPNP PT DPNFOUÈSJPT EP 1SPG5FKPO TPCSF BT QFTquisas eleitorais e tudo o que ocorreu com os implementos rodoviários,
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$POWJEPPTBUFSFNVNBFYDFMFOUFMFJUVSBFOPTBQSFTFOUFNTVBTPQJOJÜFT
Edição 94 - Ano 10
Agosto 2014
Capa: Imagem: Patrick Hajzler
Criação: Ana Carolina Ermel de Araujo
Circulação: Mensal
Agricultura
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Agric
Agricul
Agr
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A
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ão
Paraná vence o desafio
da produtividade da soja
PERÍODO
PRÉ-ELEITORAL
Entrevista exclusiva: João Carlos Marchesan
Henrique Isliker Pátria
Editor Responsável
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ENTREVISTA EXCLUSIVA
OS DESAFIOS DA
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
Foto: Divulgação
João Carlos Marchesan,
principal executivo da
Tatu Marchesan, em
entrevista exclusiva
para a revista Agrimotor
avalia que, superados
esses problemas
FTUSVUVSBJTOJOHVÏN
vai segurar a agricultura
brasileira.
E
MFRVFUBNCÏNÏWJDFQSFTJdente da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos e
vice-presidente da CSMIA – Câmara
Setorial de Máquinas e Implementos
"HSÓDPMBTOÍPTFBCBMBDPNRVBMRVFS
possibilidade de resultado das eleiÎÜFTNBKPSJUÈSJBTQPSRVFBDSFEJUBRVF
governos e governantes passam e a
indústria fica. Prevê dias auspiciosos
para o agronegócio brasileiro e sua
importante missão de ajudar a alimentar o mundo. Dirigindo uma empresa
pioneira na exportação de grandes
máquinas para os EUA, o executivo
vê com bons olhos a possibilidade de
NFDBOJ[BSB«GSJDBUSPQJDBMBQBSUJSEF
equipamentos e tecnologia produziEPT OP #SBTJM "DSFEJUB UBNCÏN RVF
muito em breve, no máximo em dez
anos, veremos tratores operando no
campo sem tratoristas.
Agrimotor: Sua empresa é uma
das mais bem sucedidas no forne-
cimento de implementos agrícolas
no Brasil e no Exterior. É uma multinacional brasileira. Como surgiu a
Tatu Marchesan?
A empresa surgiu em 1946, logo
depois do pós-guerra, e prosperou
EFWJEPBPFTQÓSJUPFNQSFFOEFEPSEP
"SNBOEPF-VJ[.BSDIFTBOTFVTEPJT
GVOEBEPSFT .FV QBJ -VJ[ UJOIB anos de idade e Armando 21 quando
TF FTUBCFMFDFSBN F DPNFÎBSBN GBzendo carroças e charretes que eram
vendidas principalmente no Paraná.
Num segundo momento, produziram
BTQSJNFJSBTJNQMFNFOUBÎÜFTBOJNBJT
BT DBSQJEFJSBT BRVFMBT BSNBÎÜFT EP
bico de pato, as enxadinhas de cultiWBEPSFT+ÈOBNFUBEFEBEÏDBEBEF
50, com o advento da mecanização e
crescimento da agricultura brasileira,
começaram a produzir os implementos para tratores como arados, grades, cultivadores. Tratores que aliás
nem havia ainda no Brasil, porque as
GÈCSJDBT EF USBUPSFT TVSHJSBN B QBSUJS
EF TVCTUJUVJOEP JNQPSUBÎÜFT
Neste momento as coisas tomaram
outro vulto e a Marchesan partiu para
BGBCSJDBÎÍPEFBSBEPTFHSBEFT
Quanto a cultura da soja foi importante para o crescimento de sua
empresa?
Na NFUBEFEBEÏDBEBEFDPNB
cultura da soja no Rio Grande do Sul,
PDPSSFVPHSBOEFiCPPNwEBNFDBOJzação da agricultura brasileira. Rapidamente vazou para o Paraná no comeÎPEBEÏDBEBEF$PNFÎBNPTDPN
as grades aradoras e niveladoras e as
plainas dianteiras que se usava muito
QBSBEFSSVCBSDBGF[BMBOUJHPBSSBODBS
toco e limpar a área. Foi um grande
EFTBöP F OPT UPSOBNPT MÓEFSFT OFTTBÈSFB/BNFUBEFEBEÏDBEBEF
entramos com a linha de plantio que
requeria novas exigências, evolução e
BQFSGFJÎPBNFOUP EPT FRVJQBNFOUPT
/P JOÓDJP EB EÏDBEB EF Ï EBEB B
partida para o programa de plantio
direto que hoje se chama plantio na
palha e mantivemos a liderança.
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ENTREVISTA EXCLUSIVA
Se projetarmos
para os próximos
trinta anos, o que
em História não
é nada, seremos
responsáveis por
40% da demanda
mundial de
alimentos.
O mundo necessita de alimento
e o Brasil e está bem colocado como
um dos maiores players mundiais.
Qual o horizonte para o agronegócio no Brasil?
Se projetarmos para os próximos
trinta anos, o que em História não é
nada, seremos responsáveis por 40%
da demanda mundial de alimentos.
Nos EUA projetamos pequeno crescimento, pois eles poderão crescer
em eficiência, mas não em área, além
de serem grandes consumidores. O
Brasil apesar do gigantismo e do seu
consumo interno possui um grande
excedente para exportação. Mesmo
com os problemas locais temos estabilidade social, paz no campo, a situação política estável, terras e água
com relativa abundância e possibilidades em aumentar a produtividade.
A Europa, não tem como crescer muito mais. A África tem potencial, mas
muitos problemas políticos e sociais
que acredito devem demorar mais
cinquenta anos para solução. Nosso
gargalo é a infraestrutura e logística,
mas isso está sendo superado. Considero o grande campeão brasileiro
nosso agricultor que possui destemor
e espírito de bandeirante para romper
barreiras e ampliar áreas.
6
A sua empresa tem se notabilizado por apresentar novidades em
seus produtos. Como é o processo
de entrada de um novo produto na
sua linha de produção?
É um trabalho de pelo menos cinco anos. Estamos em contato no campo com o agricultor, ouvindo as suas
necessidades e demandas porque às
vezes ele precisa, mas não sabe o que
quer ou não sabe como fazer. Entra o
momento de o entendermos e transformarmos sua necessidade em realidade. Neste processo, a feira agrícola
é muito importante pois em parte é
de lá que surge a primeira idéia. Cerca
de 40% do nosso portfólio de produtos não existiam há dez anos atrás.
Há uma tendência forte para a
chamada agricultura inteligente ou
de precisão. Como o senhor vê esta
evolução?
Estamos construindo esse futuro agora, criando a possibilidade de
economia no processo de produção.
A agricultura de precisão está em fase
de afirmação mas já mostrou que
veio para ficar e faz grande sucesso
em nossa empresa. O agricultor pode
fazer o mapeamento em cima de um
boletim agronômico, antes de plantar. Coloca os adubos e sementes necessárias, eliminando perdas e excessos e obtém a máxima produtividade.
Creio que em não mais que cinco
anos teremos tratores trabalhando no
campo sem tratoristas. Hoje o piloto
automático começa a ser uma realidade, e na Europa já existem muitos
tratores em teste.
Como é a sua participação nos
mercados de outros países, notadamente nos EUA? A sua aceitação
tem sido considerada positiva?
Desenvolvemos a linha de grades
de preparo do solo dentro do cultivo
mínimo, que existe nos EUA. Lá existem tratores de grande potência que
não conhecíamos no Brasil até dois
anos atrás. São os de 350 e até 500
hps, que chegaram ao Brasil agora.
Levamos vantagem porque quando
chegaram esses veículos, já tínhamos a linha desenvolvida nos EUA.
Simplesmente transferimos a solução
para o Brasil, e ela se mostrou um sucesso. O mesmo ocorreu com a nossa plantadeira Usap, que vai até 46
linhas. Desenvolvemos inicialmente
para os EUA, há mais de quinze anos.
Quanto à aceitação, só o tempo de
permanência naquele mercado já explica a nossa aceitação.
Além dos EUA para onde mais a
empresa exporta?
A Marchesan exporta desde 62, 63,
para países da América Latina, começando pelo Paraguai. Atualmente são
mais de cinquenta países, incluindo
Estados Unidos, Canadá, Austrália e
África. Recentemente fomos homenageados pela Associação dos Exportadores Brasileiros – AEB como grandes
exportadores de bens de capital, por
termos uma das melhores performances em crescimento de vendas e exportação do ano de 2013/14.
A África vem se apresentando
como uma das futuras potências na
produção de alimentos, mesmo porque a carência local é imensa. Neste
caso qual é o seu comprador alvo?
Já exportamos para mais de vinte países na África e recentemente o
governo brasileiro lançou o programa
“Mais Alimentos Internacional” que
financia o país que está adquirindo
equipamentos brasileiros. O programa piloto é com o Zimbábue, cujo
processo está em andamento. São
100 milhões de dólares para cada país,
no primeiro momento. O governo
brasileiro financia projetos para uso
de tratores, plantadeiras, arados, grades, silos, irrigação. Os produtores de
equipamentos e a Embrapa possuem
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ENTREVISTA EXCLUSIVA
um programa forte de assistência e
extensão rural visando dotar o produtor local de tecnologia. A prioridade
do programa e o pequeno produtor
com tratores de no máximo 100 hps
e implementos menores, visando que
esse agricultor tenha capacidade de
produzir para si e sua família e gerar
excedente e renda. É uma alavanca
social e um incentivo adicional para
que comprem produtos brasileiros.
Na América Latina, a Argentina
tem problemas de inadimplência
e desconfiança internacional. Isto
afeta suas exportações?
Temos uma empresa na Argentina
que comercializa produtos nossos,
mas, de dois anos pra cá, há uma dificuldade pois os acordos internacionais entre os países prevê que você
para exportar um, tem que importar
um. Isto tornou a situação muito restritiva, mas creio que não podemos
abrir mão daquele mercado porque é
um país que tem uma tradição agrícola muito grande e um grande produtor de grãos.
Tem enfrentado problemas com
insumos ou mão de obra?
Não temos dificuldade de abastecimento porém os custos para a produção, principalmente o preço da energia é muito alto, o nosso aço é muito
mais caro do que o aço internacional,
os juros para capital de giro são exorbitantes. Na questão da mão de obra,
temos um programa muito forte de
formação profissional na empresa,
em todos os níveis, uma vez que grande parte do pessoal é formado e preparado aqui dentro. Imagine que com
2.900 funcionários numa cidade de
80.000 habitantes, temos uma grande
responsabilidade social.
Um dos problemas sérios que enfrentamos é a questão cambial. A valorização do real dificulta muito nossa
competitividade.
Há uma febre de participação
estrangeira em empreendimentos
nacionais. O segmento de implementos e máquinas agrícolas também encara o assédio de empresas
estrangeiras?
Hoje o mundo vê o Brasil como a
grande fronteira agrícola dos próximos
trinta anos, responsável por cerca de
Além de termos
de produzir mais
comida, há um
excedente de 80 ou
90 bilhões de dólares
em exportação de
grãos, que segura a
balança comercial
brasileira.
40% da produção mundial de grãos.
China e Rússia estiveram aqui recentemente para discutir infraestrutura,
logística e transporte, pois estão dispostos a financiar o Brasil. No segmento de máquinas agrícolas possuímos
especialização porque a cultura nos
trópicos é diferente do clima temperado. Daí o interesse em se associarem
para adquirirem estes conhecimentos.
Esta também é um dos motivos que
levamos grande vantagem competitiva na África, que tende a ser uma nova
fronteira agrícola. Eu creio que eles
ainda terão uma curva de aprendizado grande, mas acho que no médio ou
longo prazo, todos os grandes players
mundiais estão aqui.
Estamos nos aproximando de um
momento singular no Brasil com a
proximidade das eleições. O que o
senhor espera?
Estamos aqui desde Getúlio Vargas
e passamos por diversos governos.
Eles passam e a gente fica, mas entendo que quem vier terá que fazer muita reforma e muita mudança. Além de
termos de produzir mais comida, há
um excedente de 80 ou 90 bilhões de
dólares em exportação de grãos, que
segura a balança comercial brasileira.
Teremos que cada vez mais agregar
valor nessa cadeia, exportar carne,
enlatados, farelo, óleo e outros produtos agrícolas no médio prazo.
Como o senhor disse, o novo
governo deverá fazer muitas reformas. Como será o desenvolvimento
do agronegócio?
O desafio maior do Brasil é a infraestrutura e logística, porque o agricultor brasileiro, dentro da porteira da fazenda, é eficiente e competitivo. Por
exemplo, em qualquer parte do Brasil
o índice de eficiência e produtividade
da soja é maior do que o americano,
a nossa capacidade de produção da
cana-de-açúcar, de carne, do frango
igualmente são admiráveis. Mas perdemos eficiência quando o produto
sai da porteira para chegar aos portos ou nas distribuições dentro do
país. Não há plano logístico e tudo é
transportado em cima de carroceria
de caminhão. Nossos grandes silos
são os caminhões, na beira dos portos
aguardando navio.
Sua mensagem e sugestão para enfrentar o desafio do agronegócio?
Continuar produzindo em uma
agricultura sustentável. Essa consciência chegou e ficou. A Integração
Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF)
está crescendo muito no Brasil. É
uma forma de o agricultor ser mais
sustentável ainda. Este futuro já está
acontecendo.
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Foto: www.embrapa.br
AGRICULTURA FAMILIAR
TUDO EM FAMÍLIA
Especialistas falam sobre a importância fundamental da agricultura familiar no Brasil e
dão pistas do que é preciso fazer para que ela evolua mais rápido e ainda mais.
Marcus Frediani
D
e acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, pelo menos cinco
milhões de famílias (número
de famílias que possuem documento
que dá acesso à política de crédito para
a agricultura familiar) vivem atualmente
no Brasil da agricultura familiar, produzindo a maioria dos alimentos consumidos no país, como mandioca (83%),
feijão (70%) e leite (58%).
A Lei 11.326 de 24 de julho de 2006
considera agricultor familiar aquele
que pratica atividades no meio rural
em área de até quatro módulos fiscais
(que variam de acordo com a região) e
utiliza nas atividades econômicas do
estabelecimento mão de obra predominantemente da própria família. Sil-
8
vicultores, aquicultores, extrativistas,
pescadores e quilombolas, que se enquadram nesses critérios, também são
considerados agricultores familiares.
A diversificação de culturas, o manejo sustentável dos recursos e o fomento
do desenvolvimento local são algumas
características da agricultura familiar,
considerada, pela Organização das Nações Unidas (ONU), um dos pilares da
segurança alimentar. Esse modelo de
produção está em 84% dos estabelecimentos agropecuários e responde por
aproximadamente 33% do valor total
da produção do meio rural, segundo o
último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Revista Agrimotor convidou
duas das principais autoridades no
assunto no Brasil, para falar do atual estágio da agricultura familiar no
país e desvendar as tendências e desafios que setor tão importante do
agronegócio tem à sua frente para
evoluir ainda mais: a Profª. Drª. Marly
Teresinha Pereira, do Departamento
de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP, e Jane Rodrigues
de Assis Machado, pesquisadora da
área de Melhoramento de Milho, da
Embrapa Milho e Sorgo. O que elas
revelam neste painel é extremamente relevante, e deve servir de alerta
principalmente para as autoridades,
pois um “celeiro do mundo”, como se
sabe, não se constrói do dia para a
noite. Então, planejar, aqui também,
é preciso. Confira!
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AGRICULTURA FAMILIAR
Agrimotor: O que é, exatamente,
agricultura familiar e quais são os
fatores que a caracterizam?
Profª. Drª. Marly Teresinha Pereira (Esalq/USP): O agronegócio brasileiro é constituído por três segmentos:
a agricultura ou agronegócio familiar,
a média produção rural e o agronegócio empresarial. Esses três segmentos
não devem ser encarados como concorrentes: cada um tem sua especificidade e são importantes para o desenvolvimento de nosso país. O agricultor
familiar - e também em alguns casos
os médios produtores rurais -, além
da produção para o mercado, também produzem para a subsistência da
família e uso interno de sua unidade
de produção. Há quem confunda a
agricultura familiar com um quarto
segmento, que é o dos agricultores de
subsistência, que também são familiares, mas que não participam do mercado e muitas vezes dependem de políticas compensatórias do governo, como
cestas básicas e bolsa família.
Que números, dados e/ou estatísticas existem disponíveis acerca
dela no Brasil? Qual o último senso
realizado?
Jane: Segundo dados do Censo
Agropecuário de 2006, eram 4.367.902
estabelecimentos da agricultura familiar, o que representava 84,4% dos
estabelecimentos brasileiros, correspondentes a 80,25 milhões de hectares, ou seja, 24% da área ocupada com
a agropecuária. Já a área média das
unidades de produção familiar era de
18,37 hectares. Em 2006, 12,3 milhões
de pessoas estavam vinculadas à agricultura familiar, aproximadamente 74%
do pessoal ocupado com a agropecuária no Brasil, sendo que cerca de 90%
dessas pessoas apresentava algum parentesco, reforçando a união familiar
em torno do próprio negócio. Em 2007,
segundo dados do Pronaf, a agricultura
familiar ocupou 30,5% da área total dos
estabelecimentos rurais, participando
com 38% do valor bruto da produção
brasileira, onde estavam 77% do total
de pessoas ocupadas com agricultura.
Como essas áreas são ocupadas?
Profa. Marly: De acordo com o
Censo de 2006 também, do total da
área ocupada pela agricultura familiar, 45% eram destinados a pastagens,
28% eram matas, florestas ou sistemas
agroflorestais, e 22% eram destinados
a cultivos. Nas unidades de produção
familiares a área destinada à preservação era de 10%, enquanto que as áreas
de proteção permanente, de reserva
legal e de áreas utilizadas com matas
e/ou florestas naturais era de 13%, em
média. Apesar de cultivar uma área
menor com lavouras e pastagens (17,7
e 36,4 milhões de hectares, respectivamente), a agricultura familiar garante
boa parte da segurança alimentar do
país, como importante fornecedora de
alimentos para o mercado interno.
Em outras palavras, a agricultura
familiar tem uma importância fundamental no quadro geral do agronegócio no Brasil.
Jane: Sem dúvida. A agricultura familiar representa seguramente
mais de 30% do valor de produção
Foto: www.snt.sede.embrapa.br
Jane Rodrigues de Assis Machado
(Embrapa): No Brasil, a agricultura familiar é instituída pela Lei Nº 11.326/2006
de 24 de junho de 2006, que define a
modalidade “como a forma de produção que compreende o cultivo da terra
realizado por pequenos proprietários
rurais, com mão de obra representada
principalmente por membros do núcleo familiar, em que a direção dos trabalhos é exercida pelo próprio produtor
rural”. Essa lei ainda apresenta alguns
artigos que definem o tamanho da propriedade em módulo fiscal. O módulo
fiscal pode variar entre os municípios
brasileiros, portanto, a área da propriedade considerada de agricultura familiar pode ser diferente de uma região
para outra. São pequenos produtores
em que a mão de obra, em sua maioria,
é realizada pela família.
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AGRICULTURA FAMILIAR
10
Foto: Acervo Pessoal
Foto: Ernani Peres Ferreira / Embrapa Trigo
Profª. Marly: Na verdade, não.
A agricultura familiar se caracteriza fundamentalmente pela sua
diversificação. A sua especificidad da agricultura alimentar é a
de
p
produção
de alimentos. Segundo
o Censo Agropecuário de 2006, a
a
agricultura
familiar era responsáv por 87% da produção nacional
vel
d mandioca, 70% da produção
de
Profª. Drª. Marly Teresinha de feijão, 46% do milho, 38% do
Jane Rodrigues de Assis
café (parcela constituída por 55%
Pereira (Esalq/USP)
Machado (Embrapa)
do tipo robusta ou conilon e 34%
da agropecuária brasileira, sendo a do arábica), 34% do arroz, 58% do
maior parte de sua produção para o leite (composta por 58% do leite de
abastecimento interno, consolidando vaca e 67% do leite de cabra), 59% do
a importância da agricultura familiar plantel de suínos, 50% das aves, 30%
na política de segurança alimentar dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A
nacional, por ser, majoritariamente, cultura com menor participação da
provedora do mercado interno de agricultura familiar foi a soja (16%).
alimentos e matérias-primas componentes das cadeias exportadoras de
Em que regiões e estados ela
suínos e aves, entre outras. Contribui existe em maior concentração?
ainda para garantir a sustentabilidade
Jane: As regiões com maior conde produção, equidade econômica e centração de estabelecimentos de
a inclusão social do Brasil. Observa-se agricultura familiar são Sul, Nordeste e
que a contribuição econômica des- Sudeste, onde a área relativa ocupada
ses estabelecimentos varia de acordo é maior que 23,12%, 18,03% e 12,92%,
com sua dependência de outros fato- respectivamente. É na região Sul onde
res, como: o uso dos recursos da terra a agricultura familiar mais sobressai.
e do trabalho, capital, região de locali- O que pode explicar esse desenvolzação e condições socioeconômicas.
vimento ali é a forma de colonização,
originada principalmente por alemães,
Existe um padrão específico de italianos e holandeses, que tinham a
tipos de alimentos a que ela costu- cultura de plantar e criar animais na
ma se dedicar?
propriedade, além da capacidade de
criar associações e cooperativas para
facilitar a compra de insumos e a comercialização de seus produtos. Ainda, considerando a região Sul, o estado
de Santa Catarina é o que apresenta
maior número de estabelecimentos
de agricultura familiar (87,03%), Rio
Grande do Sul é o segundo com 85% e
em terceiro, o Paraná, que tem 81,63%
(Censo Agropecuário de 2006).
Com tudo isso, os números de faturamento da agricultura familiar
devem ser gigantescos, não é mesmo? Vocês têm alguma cifra disponível dessa representatividade?
Jane: Quantificar o faturamento
da agricultura familiar é complexo,
visto que, em geral, os agricultores familiares diversificam suas atividades,
garantindo, em primeiro lugar, o consumo próprio. Assim, apenas o excedente é comercializado e em alguns
casos são trocados com vizinhos e nas
cooperativas. Ainda de acordo com o
Censo Agropecuário de 2006, somente 69% dos produtores declaram ter
recebido alguma receita no seu estabelecimento em 2006, a qual ficou
na média anual de R$13,6 mil, especificamente com a venda de produtos
vegetais. Entre outras receitas ainda
deve ser considerada a venda dos animais e de seus produtos, a prestação
de serviço para empresa integradora
e os produtos da agroindústria.
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Estrada da Alpina, 57 Industrial Anhanguera Osasco
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PEÇAS ORIGINAIS
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O que ela produz nessa modalidade de negócio é destinado exclusivamente ao mercado interno ou
existe exportação?
O grande nicho da agricultura familiar é, realmente, o mercado interno,
como detalhado há pouco. No entanto, ela também exporta seus produtos,
em especial através do Fair Trade ou
Mercado Justo, que é um processo de
certificação internacional que regulamenta o fluxo diferenciado de comércio, que prioriza aspectos como a justiça social e condições dignas de vida,
além de promover o empoderamento
e a autonomia dos agricultores familiares por meio da garantia de preços
mais justos. O Comércio Justo é uma
alternativa de enfrentamento diante
das relações comerciais desiguais e
das barreiras impostas. A agricultura
familiar dentro da cafeicultura, por
exemplo, representa 38%, com uma
produção de 18 milhões de sacas de
café vindas de 196 mil propriedades
em todo o país. De acordo com reportagem do Canal Rural na Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte
(MG), em 2013, a cafeicultura familiar
é responsável por 38% da produção
nacional. Os agricultores familiares podem participar do mercado especial
por meio da certificação do Fair Trade,
que nesse ano pagou até 20% a mais
pela saca de café. Porém, segundo
12
Foto: www.emater.go.gov.br
AGRICULTURA FAMILIAR
a entrevista, no Brasil ainda existem
apenas 29 cooperativas que participam desses pacotes do Ministério de
Desenvolvimento Agrário (MDA). Esse
café é exportado para o Japão, Estados
e Europa e, por ser um nicho bastante específico, a burocracia para entrar
dentro desses pacotes do MDA é um
desafio, o que faz crescer a importância da união dos produtores.
Esse modelo de agricultura só
sobrevive por meio de cooperativas ou, efetivamente, os pequenos
proprietários rurais conseguem ser
competitivos atuando de maneira
individual?
Jane: A grande maioria dos agricultores familiares atua de forma individual. Mas, para melhorar as condições
de cultivo e comercialização, a união
dos grupos familiares em associações
ou cooperativas permite que eles tenham maior poder de compra e de
comercialização, além de possibilitar
os trabalhos em grupos, favorecendo
plantio e colheita em época recomendada e a compra de implementos. A
comercialização de volumes maiores
dispensa intermediários e oferece
maior renda, entre outras melhorias.
Profa. Marly: Não há dúvida de que
a organização fortalece o agricultor fa-
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AGRICULTURA FAMILIAR
miliar, participando do seu sindicato,
de suas associações e cooperativas. Estas lhe dão maior poder de barganha,
maior competitividade, por meio do
ganho em escala. Aliás, vale lembrar
que atualmente algumas das políticas
públicas só podem ser acessadas por
meio de cooperativas.
Atualmente, a oferta de linhas de
crédito para esse segmento pode
ser considerada satisfatória?
A agricultura familiar no Brasil tem
acesso a umas melhores políticas públicas de financiamento que é o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), criado
pela resolução CMN/Bacen nº. 2.191,
de 24 de agosto de 1995, e que evoluiu muito e atende, atualmente, a
questões relacionadas à produtividade, logística de distribuição, financiamento para a produção e estocagem,
acesso a implementos e insumos agrícolas (máquinas, equipamentos, fertilizantes e defensivos agrícolas. O que
falta, é assessoria técnica, que além de
colaborar na divulgação das políticas
públicas a que têm direito, também
contribua com novos conhecimentos
de produção e gestão. Os próprios
agricultores dizem: “não adianta eu ter
a terra e financiamento se eu não tiver
o conhecimento”. Com relação às pesquisas voltadas ao sistema familiar de
produção, tem muito a avançar. O ou
14
não são divulgadas ou estão nas estantes das bibliotecas.
Jane: Nos últimos anos estão sendo realizados, efetivamente, maiores
investimentos de infra-estrutura e de
tecnologia na agricultura familiar. Com o
desenvolvimento do Pronaf e suas ramificações, o agricultor familiar está investindo tanto na aquisição de implementos agrícolas como no custeio de sua
lavoura, possibilitando a utilização de
insumos. O produtor ainda possui outras
garantias, como o seguro rural. Alguns
avanços estão sendo observados, mas
ainda há um longo caminho a percorrer
para que a agricultura familiar possa se
consolidar na produção nacional.
Mas o que, efetivamente, a agricultura familiar precisa para se desenvolver ainda mais em nosso país?
E quais são os principais desafios
que ela tem que vencer para isso?
Em minha opinião, ainda há fortes
entraves que “engessam” a agricultura
familiar e não permitem que ela realize
todo seu potencial. Por exemplo, é preciso repensar os critérios estabelecidos
para enquadramento dos agricultores
como familiares. Alguns desses critérios
já avançaram, como é o caso do número de empregados permanentes, que
restringia a apenas dois empregados
permanentes. Há urgência, também, de
uma revisão em relação à área máxima
de apenas quatro módulos fiscais para
enquadramento, estabelecida por Portaria do Incra, sendo que os módulos
fiscais variam de município para município. Conforme mencionei há pouco,
falta assessoria técnica no campo e na
propriedade, com técnicos qualificados
e com salários justos, bem como em infra-estrutura de apoio ao seu trabalho. É
necessário, também, maior apoio às políticas públicas de saúde, educação (escolas de ensino fundamental e médio
na área rural) e habitação, bem como a
criação de programas voltados à sucessão rural, que estimulem os jovens rurais
a permanecer no campo – porém, que
sejam programas que atendam às suas
realidades, lembrando que eles não são
“máquinas” de produzir alimentos, e
necessitam de programas nas áreas de
saúde, educação, lazer, etc. Além disso,
é preciso lembrar que apenas discursos
teóricos não “colam” as pessoas na área
rural. Outra prioridade, ainda, é alinhar
os ministérios e as secretarias estaduais
de Agricultura com relação ao conceito
legal de agricultura familiar. Se alguém
entrar nos sites do MDSe do MDA por
exemplo, observará que os conceitos
não são os mesmos. Na Wikipédia, o
mesmo problema. Utilizar conceitos
baseados em senso comum, ou acadêmicos, em políticas públicas é inadmissível. O conceito legal operacional das
políticas públicas é um só, e só pode ser
alterados por outra lei.
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Jane: No meu modo de ver, de
saída, para gerar desenvolvimento
no setor, é preciso diminuir a desigualdade social e regional, conhecer
o comportamento dos agricultores
familiares nas regiões brasileiras, em
específico nas mesorregiões e microrregiões, com suas necessidades e especificidades, é fundamental para que
as ações de políticas públicas possam
ser direcionadas de maneira eficiente,
para cada cenário onde a agricultura
familiar está inserida. Cada região e
até mesmo cada microrregião tem características culturais e de paisagens
diferenciadas. Essas características
devem ser aproveitadas provendo e
estabelecendo como e quais atividades podem ser mais bem difundidas,
fazendo um trabalho que possa levar conhecimento e aprendizado aos
agricultores familiares. Além disso,
produzir com sustentabilidade é a
grande preocupação no que diz respeito à diversificação da produção nos
estabelecimentos familiares, respeitando o meio ambiente e produzindo
alimentos sadios e de qualidade. Manejar adequadamente os recursos naturais sem destruir o meio ambiente e
diminuir o uso de produtos químicos
na produção é uma premissa para a
agricultura familiar. Não só para quem
trabalha com agricultura agroecológica ou agricultura orgânica, usar de
maneira racional os insumos de pro-
Foto: Jane Machado (Embrapa Milho e Sorgo
AGRICULTURA FAMILIAR
dução é questão de melhorar a qualidade de vida e a saúde do agricultor
familiar. Por isso, torna-se importante
a formação do conhecimento e a aplicação de tecnologias que permitam
produzir sem destruir o meio ambiente, bem como intensificar ações educativas para a agregação de valor com
a transformação e beneficiamento da
matéria-prima, bem como gestão e
comercialização. Finalmente, é preciso que haja ações do Estado, visando
à organização dos produtores familiares em associações e ou cooperativas
para promoverem a inserção desse
produtor em nichos de produção diferenciados como a agroecologia e
agricultura orgânica, permitindo que
se crie uma identidade ao seu produto. Junto aos programas de incentivo à
agricultura familiar, existe um trabalho
interessante por parte das empresas
de extensão rural dos estados. Essas
empresas trabalham junto ao agricultor familiar auxiliando nas tomadas de
decisão e levando novas tecnologias e
oportunidades. Não se pode esquecer
que, concomitante a essas ações, há
a necessidade de que as secretarias
estaduais e municipais de agricultura
promovam ações de incentivo ao desenvolvimento da agricultura em níveis regional e local, de acordo com a
aptidão do município ou estado.
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AGRICULTURA FAMILIAR
A
Embrapa tem desenvolvido
tecnologias para atender a
agricultura familiar e tem trabalhado também na transferência
de conhecimento, no treinamento
de multiplicadores do conhecimento, como os agentes de assistência
técnica, produtores líderes de comunidades, associações e cooperativas, entre outros. A Empresa tem
estimulado programas de desenvolvimento de cultivares de diferentes espécies, mais adaptadas a cada
região e com tolerância a doenças,
pragas e estresses abióticos. Tecnologias de sistemas de produção que
visam à sustentabilidade da terra e à
melhoria do solo, novas alternativas
de produção, como, por exemplo, o
que ocorre na região Sul, onde o uso
do sorgo tem sido uma boa alternativa para fornecimento de alimento
a pasto para manter a produção
e a qualidade do leite durante o
período em que não há forragem
suficiente devido às condições climáticas (vazio outonal). O controle
biológico de pragas, diminui o uso
de produtos químicos na propriedade melhorando a qualidade de
vida do agricultor, entre outros.
Recentemente, Jane Rodrigues
de Assis Machado, pesquisadora da
área de Melhoramento de Milho, da
Embrapa Milho e Sorgo, apresentou um diagnóstico das culturas do
milho e do sorgo na agricultura familiar na região Sul do país, durante
a realização de um importante congresso, no qual apresentou novas
alternativas para essas culturas, que
têm ajudado os agricultores a se fixarem no campo, mantendo seus
hábitos culturais e com melhoria
da qualidade de vida.
“O milho é a base da agricultura familiar na região Sul brasileira.
16
Seu cultivo permite garantir a segurança alimentar da
família e contribui
para a melhoria do
solo, permitindo a
diversificação com
outras culturas e
espécies-chave na
consolidação do
sistema de plantio
direto. Por causa da
sua versatilidade
de uso, ele representa a base para obtenção de diferentes produtos, gerando
renda e contribuindo para a manutenção do homem no campo. Já o sorgo
está inserido na produção familiar de
maneira sustentável, visando a diminuir os custos de produção e fornecer
ao produtor uma alternativa viável para
sua propriedade”, expõe a especialista.
Jane enfatiza que a Embrapa tem
trabalhado de diferentes formas e em
diversos locais para o desenvolvimento
da agricultura familiar. Foram lançadas
recentemente cultivares para a agricultura familiar a exemplo da cultivar de
tangerina (BRS Rainha) pela Embrapa
Clima Temperado, que apresenta maior
qualidade e ciclo tardio. Novas cultivares
de oliveira estão em fase de avaliação.
Uma nova cultivar de batata (BRS Bel),
mais propícia para fritura. Sistemas de
produção, como o cultivo da mandioca
em sistemas agroecológicos e outros,
também vêm sendo pesquisados. Recentemente, a Embrapa Agropecuária
Oeste (Dourados-MS) apresentou quinze tecnologias para agricultura familiar
em seminário. Essas tecnologias foram
publicadas em documentos, entre elas
a integração lavoura-pecuária-floresta
(iLPF), espécies para utilização como
adubação verde, inoculantes que possibilitam maior eficiência na absorção
de nutrientes, aproveitamento de ma-
Foto: Ernani Peres Ferreira / Embrapa Trigo
PESQUISA EM RITMO ACELERADO
teriais orgânicos e produção de húmus, controle biológico para praga
da mandioca, mudas de videira,
entre outros. E, em 2013, foram lançadas duas cultivares de milho (BRS
Cipotânea e BRS Diamantina), específicas para trabalhos artesanais
com a palha, uma demanda dos artesãos e que foram desenvolvidas
com a participação direta deles no
processo de seleção.
“Além disso, a Embrapa Pecuária Sudeste lançou em 2014 um
software que ajuda o agricultor no
controle da verminose de ovinos (o
software é gratuito, online e de fácil
utilização). Foi inaugurada no último dia 13 de agosto uma biofábrica em Montenegro-RS, resultado
de parceria entre a Embrapa Milho
e Sorgo, Emater Ascar e a Secretaria
de Desenvolvimento Rural do Rio
Grande do Sul, para atender aos
produtores da agricultura familiar
que utilizam o controle biológico
das lagartas do milho, beneficiando
os agricultores do estado”, pontua
Jane, acrescentando que poderia
enumerar várias outras tecnologias.
“Porém, as Unidades Descentralizadas têm trabalhado regionalmente,
obtendo novas alternativas para
agricultura familiar a partir das demandas regionais”, finaliza.
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TRATORES
NOVA IDENTIDADE E
NOVOS TRATORES
A Agritech mostra a sua nova identidade visual e uma linha de produtos adequada
para a agricultura familiar.
O novo modelo traz como grandes
diferenciais o câmbio sincronizado,
mais rápido e eficiente e o sistema
de direção hidrostática com grande
precisão, assim como o eixo dianteiro
mais robusto e o sistema de refrigeração de água e óleo integrado.
Além deste produto a empresa
apresentará ainda uma ampla linha
de tratores que variam em sua potência de 39 cv a 75 cv, voltados para
as culturas de arroz, frutas ou outras
que necessitam de equipamentos
mais versáteis e leves e com porte
adequado para atuar nestas culturas.
Além destes que são considerados microtratores, a empresa também apresentará os modelos da
linha 1200 com 30 ou 50 cv. Estes
produtos são mais leves, apresentam uma ótima performance, baixo
consumo de combustível e baixa
emissão de poluentes. Por fim, também será destaque o tratores da linha 1155 New, que está aparelhada
para o recebimento de cabines de
fábrica o que proporciona mais conforto e mais proteção ao operador,
principalmente nas operações de
pulverização.
Foto: Divulgação
D
urante a Expointer, que
ocorrerá entre 30 de agosto
e 7 de setembro em Esteio
(RS), a Agritech, tradicional
produtora de tratores e microtratores Yanmar Agritech, apresentará sua
nova identidade visual e uma linha de
novos e modernos produtos voltados
para agricultura familiar.
A empresa está inovando em sua
comunicação com o mercado e buscou no campo a inspiração para o
novo logotipo. O gerente do departamento de marketing, Pedro Lima, explica que o que se buscou foi manter
a essência simples e forte representada pelo homem no campo, unida à
tecnologia que conduz a empresa.
“O emblema é formado por linhas
que representam as diferentes culturas agrícolas e se juntam formando
apenas uma unidade em perfeito
equilíbrio. Sua posição apontando
para cima demonstra o crescimento, a
ascensão do setor agrícola e o futuro
da empresa e seus colaboradores”.
NOVA LINHA DE TRATORES
Ela também vai apresentar no evento o seu mais novo modelo de trator
com 75 cv de potência, o 1175 S,
concebido especialmente para
atuar neste segmento da agricultura. O objetivo, segundo a empresa
é, no Ano Internacional da Agricultura Familiar, alavancar a venda de
máquinas, proporcionando maior
rentabilidade e produtividade, já que
a empresa é especializada no fornecimento deste tipo de equipamento.
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ESTATÍSTICAS
DADOS DO AGRONEGÓCIO
*Estimativa
PIB (Produto Interno Bruto) 2013: US$ 4,838 trilhões*
Crescimento do PIB em 2014: 0,86%*
Valor Bruto da Produção
agropecuária:
R$ 442,4 bilhões*
Produção de grãos safra
2013/2014:
193,47 milhões de toneladas (safra anterior: 188,7 milhões de toneladas)
Área cultivada:
56,85 milhões de hectares
Cana-de-açúcar (*Conab)
Safra 14/15:
Produção:
659,10 milhões de toneladas
Etanol:
27,622 bilhões de litros
Açúcar:
38,252 milhões de toneladas
Soja
Safra 2013/2014:
85,66 milhões de toneladas, produtividade média de 2.842 kg/hectare.
Milho
Safra 2013/2014:
78,55 milhões de toneladas, produtividade média de 4.982 kg/hectare.
Café
Safra 2014:
44,56 milhões de sacas (*Conab)
Veículos e Máquinas Agrícolas (Anfavea)
Produção de autoveículos:
3,34 milhões de unidades*
Janeiro a julho de 2014:
1,82 milhão unidades (-17,4% sobre as 2,2 milhão de igual período de 2013).
Produção de máquinas agrícolas: 87.000 unidades* (-13,3% sobre 2013)
Janeiro a julho de 2014:
39.395 máquinas (-19,2% ante igual período de 2013: 48.744 máquinas).
Implementos Rodoviários (Anfir)
2013:
177.876 unidades (reboques e semirreboques e carrocerias sobre chassis), 10,89%
sobre as 160.414 unidades de 2012.
Janeiro a julho de 2014:
76.917 unidades (-7,78 sobre as 83.408 unidades produzidas de janeiro a julho de
2013).
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CAMINHÕES
A FORD ESTÁ
RELANÇANDO A LINHA F
S
A nova configuração levou em
consideração uma série de fatores
como a sua aplicabilidade em várias
demandas, sejam elas de ordem rural ou urbana. O veículo possui inovações como ar condicionado de
série, motor Cummins de 150 cv,
opção para 4 X 4, freios ABS com
EBD, transmissão Eaton de 5 velocidades e conforto interno inigualável, que proporcionará ao usuário
maior comodidade
ao dirigir com baixo nível de ruído.
A Ford considera que este veículo,
pela sua versatilidade tanto servirá
para atender ao agricultor no seu
dia a dia, como para levá-lo à cidade
nos fins de semana.
A Ford inovou também no processo de venda, pois, lançou um site
específico de pré venda, com algumas vantagens como duas revisões
iniciais grátis. Houve mais de 150 mil
acessos ao link específico da série
F e mesmo antes do lançamento já
foram comercializadas mais de 700
unidades com pagamento efetuado
até o dia do lançamento.
Fotos: Divulgação
egundo os dirigentes da
empresa reunidos para a
solenidade de relançamento da linha F, esta é a resposta da Ford ao pessimismo que
impera no país.
A linha F é uma das mais consagradas e famosas experiências de todo o
mundo e ela estava hibernando porque os as inovações estavam sendo
aprimoradas exatamente para dotar
os novos veículos de novidades que
ao certo a reconduzirão ao topo das
vendas na categoria.
A linha F já vendeu mais de 170
mil veículos, o que demonstra a
alta fidelização da marca, o forte
laço emocional com os consumidores obtido pelo seu excelente desempenho em todos as exigências
e por serem veículos dotados de
robustez, economia e eficiência.
Ela foi desenvolvida exatamente
para as condições brasileiras e esta
nova versão passou por testes de
mais de 700.000 km no campo de provas de Tatuí, no interior de São Paulo,
que alias é o único campo de
provas para caminhões do
Brasil, segundo a Ford.
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UTILITÁRIOS
CABINE DUPLA CARREGADA
DE TECNOLOGIA E INOVAÇÕES
Lançada em julho de 1982, a picape compacta Saveiro é atualmente o quarto veículo
mais vendido pela Volkswagen do Brasil.
A
Foto: Divulgação
Volkswagen Saveiro Cabine
Dupla chega em setembro
a mais de 630 concessionárias da Volkswagen no
Brasil como o veículo com mais tecnologia em seu segmento. Com design moderno, o modelo mantém o
compromisso de oferecer, ao mesmo
tempo, excelente espaço na cabine,
com capacidade para acomodar cinco adultos confortavelmente, e ampla área útil da caçamba. Disponível
em três versões (Trendline, Highline
e Cross) e com duas opções de motores, a Saveiro Cabine Dupla traz uma
série de inovações, estabelecendo
um patamar superior em recursos de
segurança na categoria.
Fabricada em São Bernardo do
Campo (SP), a linha passa a contar com
sete configurações, entre cabine simples, cabine estendida e cabine dupla,
com motorização 1.6l MSI com potências de 104 cv e 120 cv (etanol). A Sa-
veiro Cabine Dupla marca também a
estreia da versão Highline, com visual
e conteúdo diferenciados. Tendo a segurança como um de seus principais
destaques, a picape Volkswagen traz
uma série de inovações em sua categoria, como freio a disco nas quatro rodas e três apoios de cabeça no banco
traseiro de série em todas as versões,
controles eletrônicos de estabilidade
(ESC) e de tração (ASR), freios ABS com
função off-road, controle de partida
em rampa (hill hold) e o melhor índice de reparabilidade da categoria, de
acordo com o Cesvi Brasil (Centro de
Experimentação e Segurança Viária).
A Saveiro Trendline Cabine Dupla
já traz recursos inéditos no segmento. De série, conta com freios a disco
nas quatro rodas com as funções ABS
(antitravamento), EBD (distribuição
eletrônica das forças de frenagem) e
ESS (Emergency Stop Signal ou Sinal
de Frenagem de Emergência), herda-
do dos veículos alemães mais sofisticados do mercado. Outro recurso que
merece destaque é o Comfort Blinker,
item que possibilita que o motorista,
com um leve toque na alavanca de
seta, indique a direção que pretende
ir, sem necessariamente acionar a alavanca de seta completamente.
A Saveiro Cross conta com freios a
disco nas quatro rodas com 280 mm de
diâmetro na dianteira e 232 mm de diâmetro na traseira. Além de ser eficiente,
esse sistema confere mais conforto ao
motorista, uma vez que os novos freios
demandam 60% menos força para realizar a mesma desaceleração. Isso sem
falar que os freios da Saveiro Cabine
Dupla têm melhor comportamento
térmico (maior resistência ao fading, ou
seja, perda de eficiência causada por
aquecimento) do que os demais sistemas utilizados no mercado.
A Saveiro Cross Cabine Dupla é
equipada com o novo motor 1.6l MSI,
da família EA211. Com até 120 cv (etanol), esse motor conta com quatro válvulas por cilindro, sistema de partida a
frio aquecida (que dispensa o tanque
auxiliar de combustível), coletor de
escape integrado ao cabeçote, bloco e
cabeçote de alumínio, comando variável de válvulas, duplo circuito de arrefecimento e duplo comando válvulas
integrado à tampa do cabeçote.
Já foram produzidas mais de 1 milhão de unidades da Saveiro, atendendo a clientes que a utilizam tanto para
fins profissionais ou até mesmo como
uma opção diferenciada de veículo
individual para locomoção no dia a
dia e atividades de lazer.
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IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
MENOS IMPLEMENTOS
RODOVIÁRIOS
Indústria registra queda de 9,01% de janeiro a julho de 2014, e cenário econômico não
indica recuperação; Segmento Pesado registra queda de 14,02% e Leve, de 5,86%.
A
Foto: Magrão Scalco
s vendas de implementos
rodoviários de janeiro a julho de 2014 ficaram 9,01%
abaixo do registrado no
mesmo período de 2013. Em sete meses, a indústria fabricou 91.304 unidades ante 100.349 produtos em igual
período do ano passado.
A queda nas vendas acompanha
o ritmo desaquecido da economia
brasileira, independente das linhas
de crédito à disposição do mercado
com juros de 6%, no programa PSI/
Finame. “O setor está caminhando
para retração em torno de 10%”,
24
afirma Alcides Braga, presidente
da Anfir (Associação Nacional dos
Fabricantes de Implementos Rodoviários). “Os reflexos do desaquecimento da economia são sentidos
com muita intensidade pela indústria”, completa.
Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em
junho o desempenho industrial recuou 1,4%, representando a quarta
queda seguida no ano. No comércio, o Dia das Mães, o segundo
maior evento de afluência de consumidores do calendário, registrou
na semana que o antecede queda
nas operações a prazo em 3,55%,
segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, (CNDL) e do SPC Brasil. Esse
foi o resultado mais fraco dos últimos cinco anos, após crescimento
contínuo em quatro exercícios.
A possibilidade de implementação de novas medidas de suporte,
como renúncia fiscal ou redução
dos juros praticados, pode estar
longe de acontecer. O desempenho
do superávit primário desencoraja qualquer previsão. Em 12 meses
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IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
EMPLACAMENTO DO SETOR - JANEIRO A JULHO DE 2014
REBOQUES E SEMIRREBOQUES
FAMÍLIA
CARROCERIAS SOBRE CHASSIS
JAN/JUL. 2013 JAN/JUL. 2014
%
BASCULANTE
6.911
6.028
-12,78
PORTA CONTEINER
1.499
1.440
-3,94
11.910
9.899
-16,88
CANAVIEIRO
2.690
2.437
BAÚ CARGA GERAL
3.653
CARREGA TUDO
FAMÍLIA
JAN/JUL. 2013 JAN/JUL. 2014
%
GRANELEIRO / CARGA SECA
19.210
15.749
-18,02
BAÚ ALUMÍNIO / FRIGORÍFICO
24.066
19.649
-18,35
BAÚ LONADO
367
507
38,15
-9,41
BASCULANTE
7.016
10.554
50,43
2.644
-27,62
BETONEIRA
1.252
813
-35,06
1.216
995
-18,17
TANQUE
2.617
3.511
34,16
DOLLY
1.894
1.650
-12,88
OUTRAS / DIVERSAS
7.055
7.191
1,93
ESPECIAL
1.059
1.001
-5,48
61.583
57.974
-5,86
393
874
122,39
BAÚ FRIGORÍFICO
1.317
764
-41,99
BAÚ LONADO
2.238
1.671
-25,34
IMPLEMENTOS
538
298
-44,61
TOTAL
2.501
2.831
13,19
930
778
-16,34
17
20
17,65
38.766
33.330
-14,02
GRANELEIRO / CARGA SECA
TRANSPORTE DE TORAS
SILO
TANQUE CARBONO
TANQUE INOX
TANQUE ALUMINIO
TOTAL
TOTAL
TOTAL GERAL MERCADO INTERNO
JAN/JUL. 2013 JAN/JUL. 2014
100.349
%
91.304
-9,01
EXPORTAÇÕES * (AC. ATÉ JUN.) JAN/JUL. 2013 JAN/JUL. 2014
%
MERCADO EXTERNO
TOTAL EXPORTAÇÕES
2.426
1.889
-22,14
Fonte: Anfir - Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários. Obs.: Poderão acontecer alterações nas famílias, sem prévio aviso.
caiu de R$ 76 bilhões em maio para
R$ 68,528 bilhões em junho de 2014.
No acumulado do ano, o superávit
primário é de R$ 29,380 bilhões, resultado menor que os R$ 52,158 bilhões vistos nos seis primeiros meses do ano passado.
Isso significa que tanto o atual
governo quanto o novo que tomará posse em 1º de janeiro de 2015
deverá fazer ajustes orçamentários,
diminuindo gastos inclusive em investimentos e incentivos. “A possível
redução na capacidade de gastar do
governo, atendendo a pressão do
seu balanço negativo, trará reflexos
que serão sentidos na indústria”, explica Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir.
O segmento de Reboques e semirreboques (Pesado) apresentou de janeiro a julho de 2014 vendas 14,02%
abaixo das registradas no mesmo pe-
ríodo de 2013: 33.330 unidades ante
38.766 produtos comercializados.
No segmento de Carroceria sobre
chassis (Leve) a retração foi de 5,86%.
As vendas de janeiro a julho totalizaram 57.974 unidades, contra 61.583
produtos entregues no mesmo período de 2013.
RENOVAÇÃO DE FROTA E MAIS
ALIMENTOS
Os implementos rodoviários foram
incluídos no programa de renovação
de frota do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
e na linha de financiamento para pequenos produtores rurais denominada Mais Alimentos que integra o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf ) do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Na avaliação da entidade as ações
poderão reduzir um pouco as perdas
que o setor vai registrar em 2014. “Estamos abrindo mais oportunidades de
mercado para oferecer produtos de
melhor qualidade a esses segmentos
da sociedade”, avalia Alcides Braga. O
executivo considera que o Programa
está bem estruturado e pode trazer resultados para o segmento, mas não em
curto prazo. Só para o ano que vem,
porque o Planalto está com os olhos
na sucessão e nenhuma medida de
grande impacto deve ser tomada nos
próximos meses. Mas Braga acredita
que um piloto pode ser viabilizado rapidamente para pôr o projeto à prova
e ajustar o que for necessário.
A entidade considera que há demanda reprimida por produtos mais
eficientes que não gerem perda no
transporte de carga e sejam mais seguros: “Não faz sentido trocar o caminhão e continuar com um implemento velho”, finaliza Braga.
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25
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Fotos: Divulgação inpEV
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
BRASIL DESTINA MAIS DE 300
MIL TONELADAS DE PLÁSTICO
Sistema Campo Limpo encaminhou mais de 22 mil toneladas de embalagens vazias
de defensivos agrícolas, em todo o país, no primeiro semestre de 2014.
L
evantamento do Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias (inpEV)
revela que desde a criação do
Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos), em 2002, até junho de 2014,
foram encaminhadas mais de 300 mil
toneladas de embalagens vazias de
defensivos agrícolas para o destino
ambientalmente correto.
O Sistema, formado por agricultores, fabricantes – estes, representados
pelo inpEV –, canais de distribuição e
com apoio do poder público, destinou
apenas no primeiro semestre do ano
22.757 toneladas do material. A quan-
26
tidade é 7% maior, se comparada ao
mesmo período de 2013. O estudo
ainda aponta que, no período, treze
estados apresentaram crescimento
na quantidade destinada. As maiores
cargas saíram do Mato Grosso, Paraná,
Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais; juntos eles correspondem a 70%
do total retirado do campo no Brasil.
Piauí, Pernambuco e Rondônia foram
os estados que obtiveram maior crescimento percentual na quantidade
destinada.
DIA NACIONAL DO CAMPO LIMPO
O Dia Nacional do Campo Limpo
(DNCL) chega a sua décima edição.
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DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
COMPARATIVO DE EMBALAGENS DESTINADAS
Jan. a Jun. de 2013 x 2014
Estado
2013
2014
%
Mato Grosso
5.364
5.475
2
Paraná
2.563
2.762
8
Rio Grande do Sul
1.840
2.192
19
Bahia
1.642
1.889
15
Minas Gerais
1.829
1.847
1
Mato Grosso do Sul
1.463
1.474
1
Piauí
232
489
111
Santa Catarina
260
357
37
Rondônia
136
212
56
Tocantins
136
206
51
Espírito Santo
141
167
18
Pernambuco
81
159
96
Rio de Janeiro
Outros
Brasil
26
27
3
5.662
5.500
(362)
21.374
22.757
7
Comemorado desde 2004, a data já
reuniu quase um milhão de pessoas
de todo o Brasil para compartilhar os
resultados do Sistema Campo Limpo
(logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos) que é referência
no país e no mundo. A iniciativa une
os envolvidos no Sistema, o inpEV,
agricultores, distribuidores, escolas,
autoridades e a comunidade para
divulgar a conservação ambiental
no campo. Em 2014, as atividades
tiveram início dia 18 de agosto, com
a meta de envolver mais de 100 unidades de recebimento de 23 estados brasileiros, no congresso da Andav (Associação dos Distribuidores
de Insumos Agropecuários).
Para celebrar, como nas edições
anteriores, não poderia faltar o
defensivos agricolas.indd 27
tradicional dia de Portas Abertas,
quando as centrais recebem a comunidade e compartilham o trabalho desenvolvido. Ainda serão
desenvolvidos mais quatro tipos de
atividades relacionadas à conservação do meio ambiente: o DNCL
da Escola com o foco nas crianças
do Ensino Fundamental (convite às
escolas para promover, por conta
própria, atividades como: gincanas,
apresentação teatral, exposição de
desenhos, passeios ecológicos e materiais produzidos em sala de aula
relacionados à conservação do meio
ambiente e reconhecimento ao Sistema), o DNCL Universitário, voltado
para estudantes de ensino médio e
universitários, o Dia de Campo para
adultos e a Ação Comunitária, que
estimula o envolvimento da comunidade em iniciativas pela conservação ambiental.
Segundo João Cesar M. Rando,
diretor-presidente do inpEV, a décima edição do DNCL é um marco entre as ações educativas do
programa de logística reversa de
embalagens vazias de defensivos
agrícolas e tem registrado resultados positivos crescentes a cada
ano. Para ele, o dia 18 de agosto é
o momento de comemorar esse sucesso, que é consequência dos esforços dos diversos elos envolvidos
nessa cadeia, e de mostrar para a
sociedade o compromisso do setor
produtivo agrícola com a produção
de alimentos, fibras e energia de
forma sustentável.
19/08/2014 21:46:53
IRRIGAÇÃO
IRRIGAÇÃO E SEUS
BENEFÍCIOS
O uso correto da irrigação permite que a planta não entre em estresse hídrico, o que
automaticamente permite um considerável aumento de produtividade para todas as lavouras.
Marcelo Bueno dos Santos*
USOS
O uso da irrigação é imprescindível
no processo de aumento da produção agrícola. Sua dependência varia
conforme a disponibilidade hídrica de
cada região, exemplificada pela Figura 1, que exibe a situação pluviométrica mensal média (em milímetros) de
algumas cidades.
Figura 11: DDados
Fi
d pluviométricos
l i é i mensais
i médios
édi
bilidade de produtos e facilitador de
capitalização na agropecuária. (TESTEZLAF et al., 2002)
AUMENTO DE PRODUTIVIDADE
Como o uso correto da irrigação permite que a planta não entre em estresse
Fotos: Divulgação
IMPORTÂNCIA
Dentre os benefícios da irrigação
cita-se a garantia de produção com
relação às necessidades hídricas e redução dos riscos de quebra de safra
por seca. É um fator atrativo essencial para investimentos, desta
forma, a irrigação pode ser
vista como um elemento
ampliador da disponi-
28
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19/08/2014 21:51:17
IRRIGAÇÃO
hídrico, a mesma propicia o aumento de
produtividade de forma significativa.
Exemplos de produtividades de algumas culturas irrigadas, comparadas
com a produtividade média brasileira
estão mostrados na Figura 2.
MELHORIA NA QUALIDADE DA
PRODUÇÃO
Algumas espécies apresentam melhoria de qualidade no produto final
com o bom uso da irrigação, como o
tomate, que com a aplicação correta de
irrigação é capaz de controlar o aparecimento de rachaduras e proporcionar
um aumento do tamanho do fruto
(PASCUAL et al., 2000).
AUMENTO NO NÚMERO DE
SAFRAS AGRÍCOLAS E COLHEITA
NA ENTRESSAFRA
A irrigaçãopermite ao agricultor
irrigação.indd 29
Figura 2:
Fi
2 Produtividades
P d ti id d médias
édi bbrasileiras
il i iirrigadas
i d e em sequeiro
i
ampliar o número de safras, passando a cultivar em diferentes épocas ou
estações e tendo a possibilidade de
colheitas na entressafra. Este tipo de
lucratividade da produção pela remuneração extra que se obtém colocan-
do o produto no mercado no momento de baixa oferta e alta remuneração.
(TESTEZLAF et al., 2002).
Uma análise de mercado da cultura
do chuchu no estado do Paraná é exibida na Figura 3.
19/08/2014 21:51:19
IRRIGAÇÃO
REFERÊNCIAS
PASCUAL B., MAROTO J.V., SANBAUTISTA, A., LOPEZ-GALARZA S.,
ALAGARDA Influence of watering
on theyield and cracking of cherry,
fresh-market and processing tomatoes. Journal of Horticultural Science &
Biotechnology, 75: (2) 171-175, 2000.
TESTEZLAF, R.; MATSURA, E. E.;
CARDOSO, J. L.. A importância da
irrigação no desenvolvimento do
agronegócio. Agrológica.: Feagri/
Unicamp. 2002. 45p.
Fi
Figura
3:
3 Variação
V i ã anuall (2007) do
d volume
l
de
d vendas
d e do
d preço comercializado
i li d dda cultura
lt ddo chuchu
h h no
estado do Paraná
REDUÇÃO DE MECANIZAÇÃO
Sistemas como o pivô central permitem que outras práticas agrícolas
sejam realizadas juntamente com a
irrigação, como a aplicação de defensivos ou fertilizantes. Tal ferramenta
propicia uma diminuição no pisoteio
da plantação e versatilidade na aplicação parcelada destes produtos conforme a necessidade.
não acontece somente com a aquisição do sistema, mas com a sua utilização de forma racional e correta.
Hoje existem ferramentas de análise do solo e clima, capazes de fornecer os dados a serem usados para a
correta irrigação, ou mesmo controlar
como o pivô central, se comportar, e
qual regime de irrigação utilizar.
*Marcelo Bueno dos Santos é gerente regional de vendas – Krebs Irrigação; engenheiro-Agrônomo (Unicamp),
especializado em Gestão do Agronegócio (Esalq/USP). Email: marcelo.santos@
krebs.com.br
CONCLUSÃO
Finalizando, apesar de todos os benefícios apresentados, lembre-se de
que o êxito da irrigação na agricultura
30
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19/08/2014 21:51:23
AGRICULTURA DE PRECISÃO
GERENCIANDO A FROTA DE
MÁQUINAS NA PALMA DA MÃO
O sistema SiteWatch faz parte do Case Care, ferramenta integrada entre cliente,
distribuidor e fábrica para gerenciamento de frota.
A
equipamentos e custos operacionais
mais baixos. Foi desenvolvido pela
própria marca e faz parte de uma ferramenta mais ampla de gerenciamento de frotas, o Case Care, criado pela
Case Construction em 2009. O Case
Care engloba ainda o programa de
análise de fluidos SystemGard, planos
de manutenção preventiva e histórico
do equipamento.
O SiteWatch permite comparar o
desempenho de várias máquinas,
estabelecer tendências de consumo
de combustível, receber indicadores
de desempenho, análises de tempo
ocioso, intervalos de manutenção
programada, relatórios de integridade e alertas de segurança programáveis. Essas informações são dis-
Fotos: Divulgação
Case Construcion Equipment acaba de lançar um
novo sistema telemático de
gerenciamento de frota, o
SiteWatch. Responsável pela captura
das informações de desempenho e
posicionamento da máquina, o sistema disponibiliza informações importantes de operação em tempo real,
facilitando sua tomada de decisão,
garantindo maior eficiência dos
32
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19/08/2014 21:58:20
AGRICULTURA DE PRECISÃO
ponibilizadas ao dono da máquina
e ao concessionário, que, com um
profissional especializado, vai sugerir ajustes e preparar manutenções
customizadas.
“Esta tecnologia representa um
novo patamar de gerenciamento
de frota, deixando de lado as adivi-
agricultura de precisão.indd 33
nhações e a pequena precisão das
análises manuais para chegar a um
nível de detalhamento minucioso,
capaz de apontar não só a necessidade de manutenção, mas de outras particularidades da operação
e desempenho das máquinas, chegando até a sugerir treinamentos
específicos para os operadores”, esclarece França.
O sistema tem três componentes principais. O primeiro é o Módulo de Controle: um modem de
comunicação do hardware de bordo que coleta informações como
localização da máquina, produtividade, eficiência em combustível,
necessidades de manutenção e
parâmetros de integridade operacional e envia ao portal da web do
usuário. O segundo componente
do sistema é o plano de assinatura,
com dois módulos disponíveis: básico e avançado. A melhor escolha
varia conforme a necessidade em
termos de quantidade de dados ou
detalhamento de informações. A
assinatura básica usa as principais
entradas do teclado, detecção de
movimento e rastreamento GPS
para gerar várias informações e relatórios. Já a assinatura avançada
acrescenta dados personalizados
de controle e informações exclusivas com dados da rede CAN-bus,
não disponíveis em outros sistemas
telemáticos. O terceiro componente é uma interface baseada na web,
que proporciona acesso aos dados
e relatórios da máquina a partir de
qualquer computador com acesso
à internet, a você e ao seu concessionário, permitindo a gestão remota da frota.
“Com a assinatura avançada do
sistema é possível monitorar doze
parâmetros, incluindo a possibilidade de personalizar alguns deles de
acordo com a necessidade. Nesse
formato, um novo relatório é gerado a cada dez minutos, criando um
panorama preciso das atividades.
O plano básico conta com a análise
de seis parâmetros e os relatórios
são gerados a cada duas horas”,
informa Carlos França, gerente de
marketing da Case.
O aplicativo SiteWatch para iPad
já está disponível na loja do iTunes
da Apple. A grande vantagem do
aplicativo é permitir o gerenciamento da frota, com dados detalhados,
como desempenho, produtividade
e manutenção, onde quer que o responsável pela frota esteja: em outra
região a trabalho ou em férias, na
estrada ou em campo.
19/08/2014 21:58:23
Foto: www.freeimages.com
OPINIÃO
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA
NO AGRONEGÓCIO
Sem lei que regule o trabalho terceirizado, Brasil judicializa o tema, deixando
empresas e trabalhadores à mercê da interpretação do Poder Judiciário.
Gustavo Diniz Junqueira*
A
dinâmica das relações de
trabalho impõe a necessidade de modernização das
regras trabalhistas aplicadas
ao campo. Mudanças são fundamentais para dar segurança jurídica ao
empregador, destravar negócios, bem
como assegurar empregos e gerar novas oportunidades aos trabalhadores
– sem ferir direitos, numa espiral de
modificações que somente trará benefícios, contribuindo para o combate à
letargia econômica que aflige o país.
O primeiro flanco desta modernização passa pela regulamentação da PEC
relativa ao trabalho escravo. O segundo
desafio refere-se à regulamentação da
terceirização e envolve dois pontos: uma
análise do STF sobre um caso que trata da
questão, bem como, em outra e mais importante ofensiva, um projeto de lei (PL)
que regulamenta a terceirização da mão
de obra no campo em atividades-fim.
34
No que diz respeito à PEC, a definição clara, objetiva e cristalina
do que será escrito – em lei – como
sendo trabalho escravo ou análogo
à escravidão é imprescindível para a
segurança jurídica do agronegócio e
outros setores.
O senado aprovou a PEC que determina, entre outras questões, a expropriação de propriedades rurais flagradas com trabalho escravo. A PEC
prevê uma emenda de um novo PL
que vai determinar a regulamentação
da definição exata do que será compreendido como trabalho escravo.
Esta regulamentação não poderá
dar margem a interpretações, abrindo brechas para subjetividade. A definição terá que ser a mais transparente possível.
Desacordos administrativos com a
legislação trabalhista não podem ser
confundidos com trabalho escravo. É
o que vem acontecendo em casos relacionados à NR 31.
O legislador precisa entender as especificidades do trabalho no campo e
não impor restrições urbanas/industriais a uma realidade diferente.
Para que se dê início a qualquer tipo
de expropriação, é importante, ainda,
que a sentença penal condenatória tenha sido transitada em julgado. Num
país democrático, qualquer cidadão
tem garantido o seu direito de defesa.
A regulamentação sólida reduzirá
o perigo de que fiscais do trabalho
determinem expropriações de modo
arbitrário e de que irregularidades
trabalhistas simples sejam enquadradas como trabalho escravo.
TERCEIRIZAÇÃO
No Brasil, não existe lei que regule
trabalho terceirizado. Esse vácuo regulatório vem judicializando a tercei-
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19/08/2014 22:02:04
OPINIÃO
opinião.indd 35
conveniente, desde que isso não vá
contra a dignidade da pessoa humana, nem contra os direitos previstos
na Carta Magna. É o que defendemos
e cobraremos.
Divulg
ação
que atuam nas propriedades de fornecedores independentes – trouxe à
tona a questão.
A decisão prejudica, principalmente,
o pequeno e o médio produtores, retirando autonomia em relação às suas
próprias propriedades. Eles se tornam
arrendatários de suas terras, perdendo
o direito sobre sua produção.
O TST precisa rever sua posição e
considerar em sua análise o impacto
social negativo que a sentença atual
provoca. Uma decisão correta tem
que preservar direitos individuais, livre iniciativa, dando previsibilidade,
segurança jurídica e condições de sobrevivência à atividade.
O artigo 170 da Constituição Federal assinala que a ordem econômica
é baseada na livre iniciativa. As empresas têm liberdade para gerir seus
negócios da forma como acharem
Foto:
rização no país, deixando empresas e
trabalhadores à mercê da interpretação do Poder Judiciário.
Em administração de empresas, a
terceirização é uma das práticas mais
interessantes que existe. Tanto que se
popularizou em diversas áreas.
Bem regulada, a terceirização não
significa precarização do trabalho.
Muito pelo contrário. Entre seus benefícios socioeconômicos, diminui a informalidade, reduz custos, estimula o
empreendedorismo, foca na especialização e incentiva a competitividade
num mundo cada vez mais integrado
em rede por cadeias de valor globais.
No agronegócio, uma decisão do
TST que obriga as indústrias de suco
de laranja a contratar de forma direta todos os trabalhadores que lhes
prestam serviço no plantio, cultivo e
colheita nos pomares – inclusive os
*Gustavo Diniz Junqueira, formado em administração de empresas,
mestre em finanças pela Thunderbird School of Management dos Estados Unidos, é presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
20/08/2014 15:27:27
CLIPPING
APP CÓDIGO FLORESTAL
Com a tecnologia a serviço
da agricultura, o Instituto de
Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), em
parceria com o Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais
(Ipef ), lançou um aplicativo
que pode ajudar o produtor
rural a regularizar sua propriedade, conforme as normas do novo Código Florestal.
Disponível para smartphones,
tablets e computador, o aplicativo funciona para fazendas
de qualquer porte.
PRAGAS ONLINE
Monsanto acaba de lançar
o Manual de Pragas Online,
um e-book para levar informações atuais e de qualidade sobre os principais insetos que
podem afetar a produtividade das lavouras brasileiras. O
conteúdo, disponível gratuitamente, é voltado a agricultores, cientistas, acadêmicos
e ao público interessado em
assuntos referentes ao manejo de insetos. O manual pode
ser baixado de www.raizdo
conhecimento.com.br.
CONHEÇA O SINIR
Está em funcionamento, e
pode ser acessado por qualquer pessoa, o primeiro módulo do Sinir – Sistema Nacional
de Informações sobre Irrigação, um dos instrumentos da
Política Nacional de Irrigação.
O objetivo é armazenar dados
confiáveis sobre agricultura irrigada em todo país, que possam servir de apoio à gestão
estratégica em instituições públicas e privadas: http://sisppi.
mi.gov.br/SISPPI/.
CRÉDITO FUNDIÁRIO
Dia 4 de agosto, o Comitê Permanente do Fundo de
Terras e do Reordenamento
Agrário, em sua 23ª reunião,
aprovou mudanças no Regulamento Operacional e nos manuais do Programa Nacional
de Crédito Fundiário (PNCF) –
previstas na Lei Complementar 145/2014 – que permitem
ao herdeiro de parte de uma
propriedade rural utilizar recursos do Fundo de Terras para
financiar a compra da área dos
outros herdeiros.
Fo : www
Foto
ww
ww.freeim
w freeim
e
ages.com
ages
.com
MAIS DESEJADA
A Volvo foi considerada “A Marca Mais Desejada” de caminhões e
ônibus pelo segundo ano consecutivo por uma pesquisa realizada
pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave), com concessionárias de todas as marcas afiliadas à instituição. O prêmio foi entregue dia 13 de agosto ao presidente da
montadora na América Latina, Roger Alm, durante o 24º Congresso
Fenabrave, em Curitiba.
36
ABERTURA DA FENASUCRO
No dia 26 de agosto será realizado no Espaço de conferências Fenasucro no Pavilhão de
Exposições Zanini em Sertãozinho-SP, o evento técnico oficial
da abertura da Fenasucro 2014.
É a 3ª Conferência DATAGRO
CEISE Br. que reunirá especialistas do setor sucro energético
para debater os principais temas
do setor.
MAIS ARMAZÉM
A GSI, empresa de armazenagem da multinacional de
máquinas e equipamentos
agrícolas AGCO, deve começar
até o fim do ano a operar sua
nova fábrica em Passo Fundo
(RS) e já estuda formas de se
expandir para o Centro-Oeste
do país. Foi o que afirmou,
dia 11, em São Paulo, o vicepresidente e gerente geral da
AGCO para a América do Sul,
André Carioba, em entrevista
coletiva. Investimento previsto: R$ 18 milhões.
SAFRINHA SURPREENDE
A consultoria INTL FCStone
estima uma produção de 77,4
milhões de toneladas de milho
para o ciclo 2013/14, um aumento de quase dois milhões
de toneladas em relação ao
número divulgado no mês de
julho (75,5 milhões de toneladas). A INTL ressalta que não
houve ajustes dos números da
primeira safra, mas o aumento
é resultado da revisão tanto da
área plantada quanto da produtividade da safra de inverno.
Revista AgriMotor • Agosto/2014
clipping2.indd 36
20/08/2014 15:22:49
Quando sua empresa diz
não ao trabalho infantil,
muita gente pode dizer
sim para sua marca.
Invista nas crianças e adolescentes do
Brasil e tenha o selo de reconhecimento
da Fundação Abrinq.
Seja uma Empresa Amiga da Criança.
Saiba mais pelo site
www.fundabrinq.org.br/peac
ou pelo telefone 11 3848 4870
Uma iniciativa:
clipping2.indd 37
19/08/2014 22:05:07
Foto: Bayer CropScience
SOJA
PARANÁ VENCE DESAFIO DE
PRODUTIVIDADE
Empatou! Produtor e técnico de Guarapuava, no Paraná, produziram mais de 117
sacas de soja por hectare e se consagraram campeões nacionais.
O
s campeões da região Sul
e nacional do Desafio de
Máxima Produtividade de
Soja deste ano são o produtor Alexandre Seitz e o consultor
técnico José Carlos Sandrini Júnior,
do município de Guarapuava, no Paraná. Ambos conseguiram produzir
impressionantes 117,33 sacas por
hectare utilizando tecnologias e técnicas inovadoras no plantio da soja.
A cerimônia de premiação, dia 24 de
julho, no ministério da Agricultura
contemplou os cinco produtores e
consultores técnicos vencedores da
categoria nacional. Os participantes
38
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ainda tiveram a oportunidade de
trocar experiências bem-sucedidas
e discutirem os resultados e métodos adotados pelos campeões do
Desafio 2013/2014.
“Este novo recorde de produtividade do Campeão Nacional atesta o
imenso potencial do Brasil na produtividade da Soja, tendo como parâmetro a média nacional de colheita que é
50 sacas por hectare”, afirma Orlando
Martins, presidente do Cesb (Comitê
Estratégico Soja Brasil).
Além do campeão nacional de
soja não irrigada, os outros campeões regionais e o campeão de soja ir-
rigada também alcançaram grandes
produtividades:
SOJA NÃO IRRIGADA:
Campeão do Norte-Nordeste: do
município de Jaborandi, na Bahia, o produtor Martimiano Cristiano Pacheco e o
consultor técnico Ivair Gomes alcançaram a média de 92,4sacas por hectare;
Campeão do Centro-Oeste: do
município de Campo Grande, no Mato
Grosso do Sul, o produtor Matheus
Eduardo Tochetto e o consultor técnico Flávio José Benedeti obtiveram a
produção de 109,9 sacas por hectare;
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Campeão do Sudeste: do município de Capão Bonito, em São Paulo,
o produtor Emílio Kenji Okamura e
o consultor técnico Roberto Minoru
Ishimura habilmente produziram 100
sacas por hectare;
Foto: www.freeimages.com
SOJA
Campeão do Sul (campeão nacional): do município de Guarapuava, no Paraná, o produtor Alexandre
Seitz e o consultor técnico José Carlos Sandrini Júnior conseguiram produzir impressionantes 117,33 sacas
por hectare.
SOJA IRRIGADA:
Campeão da categoria, o produtor
Leonardo Latalisa França e o consultor técnico Lucas Gontijo de Araujo
são do município de Brasilândia de
Minas, em Minas Gerais, e alcançaram
a média de 102,5 sacas por hectare.
CAMPEÕES ESTADUAIS:
Bahia: produtor Martimiano Cristiano Pacheco e o consultor técnico
Ivair Gomes. Produtividade alcançada: 92,4 sacas por hectare;
Foto: www.freeimages.com
Goiás: produtor João Paulo Brandão e o consultor técnico Guilherme
Henrique Coimbra Rodrigues. Produtividade alcançada: 104,7 sacas por
hectare;
Minas Gerais: produtor Leonardo
Latalisa França e o consultor técnico
Lucas Gontijo de Araujo. Produtividade alcançada: 102,5 sacas por hectare;
Mato Grosso do Sul: produtor
Matheus Eduardo Tochetto e o consultor técnico Flávio José Benedeti.
Produtividade alcançada: 109,9 sacas
por hectare;
Mato Grosso: produtor Elton Zanella e o consultor técnico Marcos
Adriano Storch. Produtividade alcançada: 102,1 sacas por hectare;
Paraná: produtor Alexandre Seitz
e o consultor técnico José Carlos Sandrini Júnior. Produtividade alcançada:
117,33 sacas por hectare;
Rio Grande do Sul: produtor Vitor
Baseggio e o consultor técnico Gilmar
Borsa. Produtividade alcançada: 108
sacas por hectare;
São Paulo: produtor Emílio Kenji
Okamura e o consultor técnico Roberto Minoru Ishimura. Produtividade
alcançada: 100 sacas por hectare.
O campeão de soja irrigada e os
quatro campeões regionais de soja
não irrigada receberam como prêmio
uma viagem técnica aos Estados Unidos, de 2 a 10 de agosto, onde, entre
outras atividades, visitaram culturas
de soja de alta produtividade, centros
de pesquisas e universidades. Além
disso, os campeões estaduais e municipais receberam um diploma do
Cesb e passarão a ser reconhecidos
em suas regiões como referências em
produtividade de soja no país.
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39
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Foto: Gerardo Lazzari
EVENTOS
13º CONGRESSO DA ABAG:
VALORIZAR O PROTAGONISMO
Congresso da Associação Brasileira do Agronegócio enfatizou a necessidade de o
setor ser reconhecido como protagonista do crescimento econômico brasileiro.
E
sse foi o tom predominante
no 13º Congresso da Abag –
Associação Brasileira do Agronegócio, realizado dia 4 de
agosto, em São Paulo. O evento contou com a presença de várias autoridades federais e estaduais, além das
principais lideranças do setor.
Após a abertura, o economista Samuel Pessoa fez a palestra no painel
Agronegócio Brasileiro: Valorização e
Protagonismo, na qual enfatizou que
a urgência em termos de reforma
no Brasil hoje é a de uma substancial alteração na área tributária que
contemple uma redução dos custos
das empresas com a adequação ao
complexo sistema tributário. “Penso
que, do ponto de vista econômico,
40
uma diminuição nos custos da conformidade tributária teria o mesmo
efeito positivo sobre a economia
brasileira que teve o Plano Real sobre a inflação”, disse o economista.
O painel foi coordenado pelo deputado federal Luis Carlos Heinze, presidente da Frente Parlamentar da
Agropecuária.
No painel seguinte, Agronegócios
e as Novas Mídias, o jornalista Rodrigo Mesquita fez um apanhado
do papel que as formas de comunicação exercem no agronegócio.
A seu ver, “se as lideranças do agronegócio não se colocarem nas várias
plataformas das novas mídias (Facebook, Twitter, Linkedin e outros)
abrirão espaço para que os segmen-
tos que são contrários à atividade
agrícola ocupem o espaço, causando enormes prejuízos para o setor.”
Participaram, como debatedores do
painel, a professora Elizabeth Saad
Corrêa, da Universidade de São Paulo, e o engenheiro Demi Getschko,
professor da PUC-SP e primeiro brasileiro a fazer parte do Hall da Fama
da Internet.
PESQUISA ABAG/ESPM
Uma pesquisa inédita, encomendada pela Associação Brasileira do
Agronegócio (Abag) e pelo Núcleo
de Estudos do Agronegócio da ESPM,
levantou a percepção da população
urbana brasileira em relação ao perfil
ideal de candidato à presidência da
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EVENTOS
República para o agronegócio. Um
dos dados aponta que nada menos
que 72% dos entrevistados disseram
que votariam num candidato que
desse maior atenção aos agricultores
brasileiros. Além disso, para 74,5%
dos pesquisados, um presidente que
não apoia a produção de alimentos,
não se importa com a qualidade de
vida das pessoas.
O levantamento, que foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Ipeso
e ouviu 600 pessoas de Belém, Salvador, Goiânia, São Paulo e Porto
Alegre constatou, ainda, que a população entende que o futuro presidente precisa dar mais atenção
as questões ligadas à alimentação.
E 77,5% dos pesquisados disseram
que o futuro presidente precisará
dar mais atenção para as questões
dos alimentos no Brasil. A maioria da
população ouvida (70,5%) entende
que a oferta de comida dependerá
da capacidade do futuro presidente
em orientar e apoiar o agronegócio.
A constatação é reforçada por outro
dado: 62,3% afirmaram que não elegeriam um presidente que demonstrasse descaso pela agricultura.
Apresentada por José Luiz Tejon
Megido, da ESPM, e Victor Trujillo, do
Ipeso, a pesquisa teve os resultados
questionados pelo cientista político
Bolívar Lamounier, que considerou
as opções apresentadas aos pesquisados como predominantemente
favoráveis ao agro, evitando assuntos mais polêmicos. Lamounier esperava que o velho ranço anti-rural
fosse demonstrado mais uma vez.
Tejon garantiu que esse quadro é
coisa do passado e elevou a temperatura do debate perguntando por
que era tão difícil ao setor acreditar
que é, sim, querido.
De qualquer forma, a pesquisa não
permitiu, e nem era seu propósito,
apontar alguma preferência quanto
a candidaturas majoritárias, tema do
último painel, no qual Roberto Rodrigues pressionou firmemente os
representantes dos três principais
candidatos a se posicionarem quanto a diversos temas do setor, especialmente do sucroenergético.
Durante o Congresso foram entregues os prêmios Norman Borlaug
de Sustentabilidade a Agronegócio
a Urbano Campos Ribeiral, presidente do Conselho da Agroceres
e Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio a João
Paulo Koslovski, presidente do Sistema Ocepar – Organização das Cooperativas do Paraná.
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Foto: Divulgação APPA/Ivan Bueno
EXPORTAÇÃO
BALANÇA COMERCIAL
POSITIVA
Saldo da balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 2,37 bilhões no
mês de junho, mas acumulado do ano teve um déficit de US$ 2,49 bilhões.
Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki*
O
agro no primeiro semestre
escapou do fiasco da economia brasileira e da seleção do Felipão.
Em junho as exportações do agro
tiveram melhora em relação a 2013.
As exportações (US$ 9,61 bilhões) se
comparadas com o mesmo período de
2013 (US$ 9,18 bi), aumentaram 4,7%.
O saldo na balança do agro de junho
foi de US$ 8,40 bi, um crescimento de
6,3% em relação a junho de 2013, graças também às importações brasileiras
que diminuíram 3,8% no mês. O valor
exportado acumulado no ano (US$
42
49,1 bilhões) por sua vez teve queda
de 0,9% quando comparado com o
mesmo período de 2013 (US$ 49,6 bilhões). O saldo positivo acumulado no
ano foi de US$ 40,8 bilhões (1,2% menor que o mesmo período em 2013).
Os demais produtos brasileiros
fora do agro tiveram uma expressiva
e preocupante queda de 9,2% nas exportações (US$ 11,9 bi em 2013, para
US$ 10,8 bi em 2014), o que levou a
participação do agronegócio nas exportações alcançar incríveis 47% em
relação às exportações totais do Brasil, ou seja, o agro foi responsável em
mais um mês por quase metade de
tudo que o Brasil exportou.
O saldo da balança comercial brasileira se recuperou e apresentou um
superávit de US$ 2,37 bilhões no mês
de junho, porém no acumulado do
ano o país teve um déficit de US$ 2,49
bilhões. Se não fosse o agronegócio, a
balança comercial brasileira teria um
déficit de US$ 43,3 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez
o agro evitou um desastre maior na
economia brasileira.
Em junho, os dez campeões no aumento das exportações em relação a
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19/08/2014 22:12:34
ção
mar dos R$ 2,30. Cabem, ainda, nossas
esperanças nos países em desenvolvimento que cada vez mais são importantes para as exportações do Brasil.
Quem sabe, ainda dá para passar de
US$ 100 bilhões em 2014.
Divulg
a
(US$ 106,8 mi), Emirados Árabes
(US$ 70,8 mi), Espanha (US$ 65,0 mi),
Alemanha (US$ 62,9 mi), Romênia
(US$ 46,4 mi) e Irã (US$ 41,9 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 1,11 bilhão.
Estamos esperançosos, mesmo com
uma anunciada supersafra nos EUA,
aguardando aumento dos volumes exportados, bem como na recuperação
da China nas importações brasileiras.
Somado a isso, ainda temos grãos armazenados. A safra de cana-de-açúcar
já começou e temos um dólar no pata-
Foto:
Foto: Divulgação APPA
Divulg
a
ção
Foto:
2013 foram respectivamente: farelo
de soja (aumentou US$ 299,9 milhões
em relação a junho de 2013), café
verde (US$ 159,9 mi), soja em grãos
(US$ 136,2 mi), carne bovina in natura (US$ 84,2 mi), carne suína in
natura (US$ 68,9 mi), couros/peles
bovinos preparados (US$ 28 mi), outros couros/peles bovinos curtidos
(US$ 24,5 mi), celulose (US$ 22,1 mi),
arroz (US$ 16,2 mi) e algodão não cardado nem penteado (US$ 15,3 mi).
Estes dez produtos juntos foram responsáveis por um aumento de aproximadamente US$ 855,1 milhões nas
exportações do agro de junho.
A variação dos preços médios
(US$/tonelada) foram as seguintes:
carne suína in natura (56,9%), outros couros/peles bovinos curtidos
(35,1%), café verde (16,9%), farelo de
soja (11,9%), couros/peles bovinos
preparados (11,6), carne bovina in natura (8,5%), algodão não cardado nem
penteado (6,0%), soja em grãos (-2,0%),
arroz (-9,9%) e celulose (-13,4%).
No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os
dez principais países que mais cresceram suas importações foram: Rússia
(US$ 190,5 milhões a mais que em junho de 2013), Venezuela (US$ 179,3
mi), Países Baixos (US$ 178,4 mi), Estados Unidos (US$ 168,9 mi), França
Foto: Divulgação APPA
EXPORTAÇÃO
*Marcos Fava Neves é professor
titular da FEA-RP/USP e Rafael Bordonal Kalaki é mestre em administração
e pesquisador da Markestrat.
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VISÃO
ELEITOR BRASILEIRO
COMPREENDE DEPENDÊNCIA
DO AGRONEGÓCIO
Pesquisa analisa expectativas dos eleitores em relação aos três primeiros candidatos à
presidência do Brasil.
José Luiz Tejon*
E
m pesquisa realizada pela
Abag/ESPM, nas cidades de
São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Belém e Goiânia,
81,2% preferem um candidato que
entenda de agronegócio e 72,8% não
votam em candidato que tem descaso com a agricultura.
Esses dados conjugados a hoje elevada percepção do eleitor a respeito da
dependência que a economia, e o Brasil, têm do agronegócio, alteram consideravelmente a importância desse macrossegmento, que reúne cerca de 25%
do PIB. Relevância essa não apenas real,
mas já percebida, mesmo pela sociedade urbana brasileira.
Quase unanimidade, 91,2% dos eleitores concordam com a afirmação: o
agronegócio é muito importante para o
país, ao lado de outras opções na mesma alternativa, como concorda, concorda pouco, concorda ligeiramente,
nem concorda nem discorda, discorda
levemente, discorda pouco, discorda,
discorda muito e não sabe. E 86,4% dos
eleitores consideram as estradas do país
mal conservadas, e que isso aumenta os
custos dos alimentos. Sendo que 86,3%
interpretam os portos brasileiros como
antigos e mal gerenciados, e por isso
prejudicam o agronegócio nacional.
O setor, se por um lado ocupa uma
posição de relevo na percepção da população, por outro apresenta pontos a
44
serem trabalhados pelas organizações e
suas entidades. Já que 66,4% não acreditam que a reforma agrária possa resolver problemas de inclusão econômica
e social; 42,7% não concordam com os
transgênicos, enquanto 14,3% nem concordam nem discordam nessa categoria,
sobrando 37,4% na concordância.
A engenharia genética exige ações
de monitoramento e de educação da
sociedade urbana. No aspecto do “agrotóxico”, 90% concordam que o governo
deve aumentar a fiscalização, o que dramatiza a necessidade de clareza e de comunicação ética nessa relação com a cidade. Outro aspecto a exigir uma gestão
competente do tema está sob o assunto
das florestas: 54,6% não concordam que
o Brasil seja um dos países do mundo
que melhor preserva suas florestas com
13,2% nem concordando ou discordando, 1,5% diz não saber e 30,7% que
acreditam ser o Brasil, sim, um dos países
mais preservadores do mundo.
Água surge como o grande ponto da
preocupação urbana, onde 78,8% concordam de que vai haver falta de água
potável no mundo. Sobre segurança alimentar, temos nos eleitores uma conclusão curiosa: 56% concordam de que
não faltam alimentos no Brasil. Essa situação explica o fato do setor não estar
no “Top of Mind” das grandes preocupações emergenciais do eleitor, como
segurança, saúde, mobilidade urbana,
moradia, empregos, educação e corrupção. Porém, 32,1% não concordam com
a afirmação, 11,2% nem concordam
nem discordam, e ao trazermos para
essa questão, outra pergunta a respeito
da oferta de alimentos no país: 82,5%
concordam que isso será dependente
da capacidade do futuro presidente em
orientar e apoiar o agronegócio. A respeito dos candidatos que aparecem na
liderança das pesquisas eleitorais, (esta
pesquisa realizada pelo Ipeso não foi
feita para intenção de voto) a candidata
Dilma Roussef surge como mais vinculada a incentivos, e eliminação de impostos para a agricultura. O candidato
Aécio Neves aparece como uma personalidade de mais investimentos em infraestrutura e que poderia levar o país a
ser o campeão mundial em exportação
no agronegócio. E o candidato Eduardo
Campos como um apoiador do setor.
Os três candidatos são percebidos pela
população como positivos para o agronegócio brasileiro, mas diferentes, não
são iguais. Surge como dado interessante adicional, dentre outros, a paixão
do brasileiro pelo biocombustível. Os
eleitores acreditam numa proporção de
89,9% que o Brasil precisaria usar mais a
energia renovável que vem da agricultura como o etanol e o biodiesel.
Este estudo, ao lado de outros cumulativos anteriores, nos permite afirmar
que houve uma mudança não apenas
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Ao concluir podemos afirmar: se o
agronegócio mudou, do lado de dentro
da porteira das fazendas, fato também
ter mudado e impactado a opinião pública brasileira e urbana das grandes
cidades. Não se trata de um tema próximo, e do dia a dia, inclusive pela não
percepção na maioria das pessoas de
que tenhamos falta de comida no país.
Porém ali existe um potencial, acessável
e acessível com extraordinária facilidade
para a boa intenção de educação e de
planos saudáveis de gestão, seja na área
pública como privada. E o macrossetor
apresenta, também, pontos controversos e de ignorância de um não saber e
de falta de informação, quando adentramos aspectos específicos ao longo
de toda a sua cadeia produtiva, desde a
mesa do consumidor, passando pelo varejo, agroindústrias, serviços, produção,
e tecnologia propriamente dita.
Mas fica aqui o registro potencial da
promessa de um sonho, onde o Brasil
poderia prometer e ter a competência
para entregar. Ele também vive e existe
na aspiração desse cidadão e eleitor urbano: 89,9% concordam que o agronegócio brasileiro pode alimentar o mundo e também significa uma vital fonte
de renda para o Brasil.
Foto:
de realidades concretas, no que tange
ao agronegócio e sua relação com a
economia e a vida no país, mas que esse
fato, hoje, também já tem uma percepção de valor diferente e muito positiva,
instalada potencialmente na mente do
cidadão urbano e do eleitor brasileiro.
Enquanto macrossetor, as pessoas
valorizam o agro, como economia, vida
nova num novo interior, tecnologia,
e um campo onde o Brasil se destaca
mundialmente, e que isso traz benefícios e gera emprego nas cidades. E
sabem também que a infraestrutura e
os impostos prejudicam o setor, bem
como falta de crédito e renda mínima
assegurada.
Quando aspectos pontuais são tratados, como orgânicos, defensivos
agrícolas, transgênicos, questões de
terras, demarcações indígenas, reforma
agrária, água, árvores, mão de obra, cooperativismo e outros, fica evidente a
necessidade de comunicação, diálogo,
e educação, sob todos esses aspectos,
seja por qualquer ângulo que possamos tomar a questão, contra ou a favor.
Aí está, também instalado, um campo
fértil para ser utilizado ou pela razão, ou
por alternativas não científicas desses
vitais assuntos.
Divulg
ação
VISÃO
*José Luiz Tejon é coordenador
acadêmico de pós-graduação do Núcleo de Estudos do Agronegócio da
ESPM - Escola superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, diretor
vice-presidente do CCAS - Conselho
Científico para a Agricultura Sustentável, Mestre em Arte e Cultura pela
Universidade Mackenzie de São Paulo
Doutor.(c) em Ciências da Educação
pela UDE – Uruguai Especialização em
agribusiness pela Harvard Business
School Colunista da Rádio Estadão
de São Paulo. Foi diretor dos Grupos
Agroceres, Jornal O Estado de S. Paulo, e executivo da Jacto S/A. Fundador
e conselheiro efetivo da ABMRA - Associação Brasileira de Marketing Rural
e Agronegócio.
EDUARDO CAMPOS: O REINO DO ACASO O LEVOU!
não caiu na areia e, quem sabe, poderia haver alguma chance de sobrevivência se caísse no mar.
Nos estudos que havíamos recém
finalizado sobre os candidatos presidenciáveis e as visões do agronegócio, ao lado da Abag e da ESPM, a
Escola Superior de Propaganda e Marketing, Eduardo Campos surgia como
uma opção que defenderia a agricultura e a pecuária brasileira. Meu amigo e ex-ministro Roberto Rodrigues
adiantava que Eduardo era homem
culto e conhecedor da modernidade
e da alta tecnologia. E seu diálogo era
percebido como de protagonismo,
liberdade e empreendedorismo.
O reino do acaso, os deuses da
incerteza estão sempre pregando
peças nos mortais, que somos todos
nós. Alguma tecnologia ali falhou, no
seu jato Cessna, algum imponderável
combinou hora, lugar e instante para
um encontro fatídico e trágico.
Meus sentimentos e tristeza por
esse brasileiro digno, seus familiares e amigos. Que a democracia
brasileira possa obter algum sentido e significado especial desse
instante.
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www.freeimages.com
E
xatamente ali, numa esquina
da Rua Vahia de Abreu, com
Alexandre Herculano, meu
caminho frequente num passado
ido, das vindas e idas ao meu Colégio Canadá, em Santos, falece Eduardo Campos e seus assessores.
Um local imprevisível, uma dessas
audácias presentes das incertezas,
do acaso, da sorte, do azar. No Boqueirão da praia de Santos. Na minha Santos.
Não fica perto da base aérea,
onde deveria pousar. Não houve
choque contra nenhum morro,
45
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Foto: www.freeimages.com
GESTÃO
POR QUE ANUNCIAR EM
TEMPOS DE CRISE?
Sumir da mídia ou então praticar o efeito avestruz, com certeza não é a solução mais
recomendável.
Henrique Pátria
Q
uando os negócios estão
em baixa fica sempre a dúvida no setor de marketing
das empresas ou, na inexistência deste, nas diretorias comerciais
ou ainda no dono do negócio, o que
deve ser feito para manter a empresa
em evidência porque neste momento
a primeira atitude é parar tudo.
Há vários comportamentos conhecidos, mas o mais tradicional é o do
chamado “pé no freio”, onde tudo é
suspenso e tudo deixa de ser feito em
nome da economia que, julga-se, seja
necessária neste momento.
Quase sempre esta não é a melhor
atitude, pois não se está agindo de
forma racional e deixamos nos levar
46
somente pelo emocional que domina
nossos sentimentos neste momento
que vivemos.
Não há nenhuma dúvida de que a
quebra no bom andamento dos negócios deixa os gestores abalados, pois
começam a surgir os problemas com
capital de giro, fluxo de caixa e com a
própria rentabilidade do negócio.
Como sabemos e, por experiência
própria, a propaganda é a primeira a
ser cortada porque, a não ser nas vendas para o varejo, quando a relação
entre o vendedor e o comprador são
diretas e atuam uma em função da
outra, as relações de causa e efeito na
publicidade tradicional só aparecem
a longo prazo. Há todo um processo
de divulgação e fixação da marca, dos
produtos e dos serviços prestados.
Então, para dar o exemplo, a primeira
atitude é a de que se faça qualquer
economia, a qualquer custo, mas se
essas medidas são tomadas sem qualquer critério técnico o feitiço pode
voltar-se contra o feiticeiro.
Explicando melhor: A empresa
“some” do mercado e, a não ser os
seus clientes mais antigos que já mantêm uma certa relação com ela, os demais potenciais clientes deixam de
considerá-la para efeitos de negócios
futuros. Além disso, os concorrentes
que têm um comportamento parecido porém um pouco mais racional,
ou seja, realinham seus investimentos
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GESTÃO
mirando as principais oportunidades,
ocupam o espaço vazio deixado e
abocanham os novos negócios que
estão surgindo.
Em nossa relação pessoal, soubemos de uma empresa que sumiu da
mídia e quando voltou a fazer um
anúncio recebeu ligações de antigos
clientes indagando se ela não tinha
quebrado, pois havia “sumido” totalmente de circulação e eles não ouviram mais falar dela.
Há um ditado antigo que diz que
“Nos momentos de crise é que surgem os melhores negócios”.
Este ditado tem razão de ser por
alguns motivos especiais que enumeramos:
t O desenvolvimento de novos produtos – Usando do equipamento,
da mão de obra e das matérias
que já estão na casa com pequenas alterações descobre-se alguns
produtos derivados e os acrescentamos ao nosso portfólio.
t A abertura de novos nichos – Há
alguns mercados que ainda não
exploramos, quase sempre porque nossa rentabilidade está boa
e mal conseguimos atender aos
pedidos que já preenchem totalmente nossa grade de produção
normal. É hora de voltar-se para
estas novas oportunidades.
t A busca de novos clientes – Já
temos uma carteira tradicional
com bons clientes, fiéis e bons
pagadores e por isso nos descuidamos de abrir nosso leque. Vamos atrás deles.
t A tomada de espaços no mercado
– Como dissemos, há muita gente
que se encolheu e não consegue
colocar o “olho” para fora da porta. É hora de pesquisar e conquistar estes espaços vazios.
t Os novos negócios – Todos os
dias surgem novas demandas.
Há menos de dois anos não havia
espaço para muitos produtos que
hoje estão em alta. É só olhar à
sua volta e verá imensos prédios
revestidos de aço inox e vidros
que não existiam há dois anos.
E A RELAÇÃO COM A MÍDIA?
Por tudo isto é preciso contar a todos a suas novas investidas. Por exemplo, de nada adianta investir milhares
de reais na obtenção da certificação
da ISO se os interessados que são os
seus clientes e o mercado não forem
comunicados desta conquista. É preciso divulgar.
A propaganda continua sendo a
forma mais fácil de se mostrar ao mercado e dizer a todo o momento que
você está forte e confiante, pois já
passamos por recessões muito piores
e, certamente, novos e importantes
momentos estão chegando para a
sua empresa.
Há inúmeros estudos a respeito do
tema e o mais recente que tomamos
conhecimento foi elaborado pela
consultoria McKinsey, em conjunto com a London Business School e
pelo consultor Tony Hiller, e divulgadas pelo Portal Exame. Conclui que
as companhias que aumentaram a
sua despesa com publicidade em
marketing em períodos de crise econômica tiveram aumento nos lucros
quando a economia se reaqueceu e
ganharam espaço no mercado. Já as
empresas que cortaram verbas publicitárias levaram mais tempo para
se recuperar.
Portanto, é o momento de planejar melhor suas aparições, definindo
os melhores veículos e os momentos que são os mais importantes
dentro do universo que você quer
atingir. Mas não deixe de aparecer,
pois isto vai fazer a diferença em seu
negócio.
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BUSINESS WORLD
Em 2014, o Grupo Voith celebra 50 anos desde sua fundação no Brasil,
país onde instalou sua primeira e maior filial fora da Europa. Atualmente,
conta com uma força de trabalho de cerca de 3.500 colaboradores e atua
quase que exclusivamente em clientes da indústria automotiva. Dentre os
principais campos de atuação da Voith Serviços Industriais, destacam-se
a manutenção de equipamentos, limpeza técnica, montagem e desmontagem, testes e funcionamento de linhas de montagem automotivas e de
outros tipos de indústrias, tendo a capacidade de realizar, desde os serviços mais simples, até os mais complexos. Outra atividade da divisão é
o trabalho de automação. A Voith Serviços Industriais é responsável por
toda a manutenção das instalações da Ford no Brasil, incluindo os serviços
de armação de carrocerias, prensas, pintura, montagem final, manutenção
das redes de utilidades que fornecem energia, ar comprimido e água para
as linhas produtivas.
Em 2014, para que a fabricação do novo Ford Ka em Camaçari fosse possível, a Ford efetuou
diversas alterações nos equipamentos existentes e agregou outros .
Foto: Divulgação
50 ANOS DO GRUPO VOITH
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LIXO É FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA ELÉTRICA
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Enquanto as administrações públicas ainda estão se organizando e adequando as leis para a utilização dos resíduos sólidos
em térmicas, a multinacional brasileira TGM, de Sertãozinho, já
está apta a gerar energia elétrica limpa, ou seja, em vez do lixo
seguir para os aterros, segue para as térmicas resultando uma
ação mais eficiente e, ambientalmente, correta.
A empresa, atualmente, é responsável em produzir pelas suas
turbinas mais de 10 GW de energia, abastecendo milhares de residências e indústrias do mundo.
De acordo com o diretor da TGM, Antonio Gilberto Gallati,
todo o lixo produzido na cidade é capaz de gerar parte da energia consumida pelo município, ou seja, entra lixo e sai energia elétrica. “A tecnologia TGM em transformar resíduos sólidos em energia limpa, além de limpar a cidade, gera renda, empregos e colabora na
solução dos problemas ambientais”, alertou.
Para exemplificar, uma cidade com população de 500 mil habitantes produz lixo suficiente para
gerar 15.000 kW de energia elétrica, que corresponde a cerca de 10 a 15% de seu consumo total de
energia.
Segundo Gallati, o Brasil tem condições e facilidades de produzir, no mínimo, 3 GW de energia elétrica a partir de lixo, assim como eliminar vários riscos e gastos na saúde pública, além de gerar empregos
de qualidade e impulsionar um sério trabalho ambiental e social.
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GERENCIAMENTO DE
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
TECNOLOGIA: PEÇA-CHAVE PARA FUTURO DA
AGRICULTURA
A Bauer confirmou presença na
Expointer 2014, mostrando tecnologias de gerenciamento dos sistemas de irrigação, pivôs centrais e
carretéis irrigadores, separador de
sólidos e líquidos (efluentes residuais, chorumes), com demonstração
dinâmica aos visitantes, e com isso
levando ao produtor informações
para reutilização na propriedade,
com fertirrigação e compostos, com
projetos elaborados de forma sustentável, contribuindo dessa forma
para o sucesso do empreendimento
agropecuário do estado e do país.
“Proporcionar ao Produtor Rural,
equipamentos de alta tecnologia,
robustez, confiabilidade, responsabilidade, segurança e satisfação com
os resultados obtidos, é a missão da
Empresa Bauer para com seus clientes”, garante Djalma Dallagnol, gerente comercial.
A revolução que já está
acontecendo no campo amplia a área de atuação da agricultura e a coloca no centro de
um sistema que produz, além
de alimentos, energias renováveis, biomassa, compostos
medicinais e também preserva
a água.“Estamos acostumados a ver agricultura de forma reducionista, mas o futuro aponta para a multifuncionalidade”. A avaliação é do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, que participou,
dia 29 de julho, do seminário Biotecnologia e Inovação, realizado
na cidade de São Paulo, com apoio do Conselho de Informações
sobre Biotecnologia (CIB). Edvaldo Velini, presidente da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), destacou que o país
dobrou sua produção agrícola nos últimos sete anos exatamente
porque desenvolveu e utilizou tecnologias a tempo. “O grande
objetivo é avançar com segurança num cenário em que a biotecnologia assume papel cada vez mais relevante”, afirma.
Dirigido às áreas acadêmica, política, jurídica e empresarial, o
seminário reuniu mais de 350 profissionais para discutir novas
aplicações da engenharia genética, seus desafios regulatórios e
formas de incentivo à inovação.
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ALTERNADORES E MOTORES DE PARTIDA PARA O AGRO
A TVH-Dinamica, empresa especializada em distribuição de peças e acessórios para as linhas de movimentação, industrial e agrícola, está incluindo
novos itens no portfólio de produtos da linha agrícola. Desta vez, são os alternadores e motores de partida da Letrika, marca conhecida como Iskra
até final de 2012. “A Letrika, marca já tradicional no mercado mundial, incorpora constantemente inovações nos projetos da sua linha
elétrica, disponibilizando alternadores e motores de partida para as
principais montadoras agrícolas do país”, afirma o gerente comercial
da TVH-Dinamica, Paulo Acosta. Ele explica que a fabricante desenvolve os produtos em seu próprio centro de P&D, na Eslovênia, e fornece para
mais de 58 países. No Brasil, desde 2004, com produção em série a partir de 2007, a
Letrika atua na reposição automotiva, com laboratórios e CDC em Jaguariúna/SP.
A empresa intensificou os lançamentos de toda linha agrícola, no ano passado. A previsão é aumentar o portfólio de mais de 12.500 itens da linha agrícola em 2014, com mais 5 mil lançamentos,
incluindo itens das marcas próprias Bepco e Tractorcraft.
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BUSINESS WORLD
O MUNDO RURAL NO BRASIL DO SÉCULO 21
Uma ampla radiografia do rural brasileiro hoje, com múltiplos enfoques, informações e análises rigorosas, escritas por alguns dos maiores especialistas do Brasil. Trata-se do livro O mundo rural no Brasil do século 21, obra com 1.182 páginas, dividida
em 37 capítulos com a autoria de 51 cientistas sociais ligados a mais de 20 instituições
públicas e privadas. O livro é editado por Eliseu Alves e Zander Navarro (ambos da
Embrapa) e Antônio Márcio Buainain e José Maria da Silveira (ambos da Unicamp). Em
essência, os autores procuraram enfrentar o relativo desconhecimento, o romantismo
e a idealização da agricultura, do “rural brasileiro” e do agronegócio, com informações
e análises rigorosas sustentadas em informações primárias, como dados de censo e
pesquisas de campo.
Edição da Embrapa e do Instituto de Economia da Unicamp, a publicação conta com o patrocínio do
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O livro será vendido apenas na livraria
da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília, DF). Os interessados podem se dirigir à Embrapa através
do endereço [email protected].
ANUNCIANTES
14ª Conferência Internacional Datagro 2014 ............................................................................................. 31
Agritech Lavrale S/A Maq. Agrícola e Componentes ......................................................................... 4a capa
Assiste Assessoria em Sistemas Administrativos ....................................................................................... 47
Bauer do Brasil Ltda. ..................................................................................................................................... 29
Dagan Ind. e Com. de Produtos Siderúrgicos Ltda. .................................................................................... 41
Dimotor Comercial de Peças para Motores Ltda. - Ditrator ....................................................................... 27
Fundação Abrinq .......................................................................................................................................... 37
Grips Editora .......................................................................................................................................... 3a capa
Henkel Ltda. .......................................................................................................................................... 2a capa
K Parts Indústria e Comércio de Peças Ltda. ............................................................................................... 35
Kashima Com., Imp. e Exp. de Auto Peças Ltda. ......................................................................................... 33
MAN Latin America Ind. e Com. de Veículos Ltda. .............................................................................. 20 e 21
Nekarth Ind. e Com. de Peças e Máquinas Ltda. ......................................................................................... 11
SSAB Swedish Steel Comércio de Aço Ltda. ................................................................................................ 13
Valmont Indústria e Comércio Ltda. ............................................................................................................ 17
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