Possíveis etiologias
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Possíveis etiologias
Serviço e Disciplina de Clínica Médica Sessão ClínicaClínica- 10/08/2015 Auditório Honor de Lemos SobralSobral- Hospital Escola Álvaro Alvim Orientador: Marcelo M. Lemos Relatora: Thallyene de Oliveira Pessanha R2 Debatedora: Luana Toledo Manhães R1 CASO CLÍNICO Identificação:SBR, 48 anos, feminino, parda, administrativa, natural de Campos dos Goytacazes. casada, funcionária Queixa principal: “inchaço nas pernas” HDA: Paciente refere há aproximadamente 2 meses começou a desenvolver edema dos membros inferiores, até os joelhos, progressivo, associado a edema das mãos e cefaléia. Refere picos de pressão arterial no período (chegando a 160 X 90mmHg em 2 ocasiões). Nega febre, artralgias, lesões de pele ou alterações do volume urinário no período; notou espuma na urina acima do habitual. Foi ao hematologista, que iniciou o diurético e encaminhou ao nefrologista. CASO CLÍNICO Doenças associadas: Lupus cutaneoarticular há aproximadamente 10 anos em acompanhamento com o reumatologista e hematologista; última consulta com o primeiro há 4 meses (assintomática e exames normais na ocasião). Anemia ferropriva no passado (mioma/metrorragia), razão pela qual vinculou-se ao hematologista, mas não havia doença hematológica atual. Medicamentos: Hidroxicloroquina 400mg/dia, Azatioprina 100 mg/dia, Prednisona 5 mg/dia; Enalapril 10mg 2x/dia; Furosemida 40mg 2x/dia; usa ainda protetor solar FPS60 3x/dia; Cirurgias: Amigdalectomia há 20 anos Hemotransfusão: Ø História social: boas condições de moradia, bom nível socio-econômico. nega tabagismo. Refere etilismo social História familiar: negativa para doença renal e/ou outras doenças relevantes. CASO CLÍNICO - EXAME FÍSICO: Bom estado geral, normocorada, hidratada, acianótica, anictérica, eupneica. IMC: 29. AR: MV reduzido na base direita. FR = 18 irpm ACV: RCR 2T, BNF, sem sopro. PA= 150 x 90 mmHg FC= 80 bpm Abdome:flácido e indolor à palpação. Peristalse presente, Traube timpânico. Ausência de visceromegalias. MMIIs: edema ++/4+ até altura dos joelhos, bilateral, simétrico, mole, frio e indolor (dizia estar pior antes do início do diurético). EXAMES DA ADMISSÃO admissão Ht/Hb Leucócitos 43,7%- 13,1 9.800 39-43% / 12-16g/dL 4000-9000/mm3 150.000-450.000/mm3 Plaquetas 339.000 Glicose 89 Até 99 mg/dL U 69 Até 40 mg/dL Cr 1,09 Até 1,4 mg/dL Na+ 135 K 4,8 135-145mEq /L 3.5 a 5.5 EAS: proteínas +++ hemáceas 15/campo EAS: cilíndros ausentes Urina 24h: 12.120mg (<150mg) USG abdome: normall Hipóteses diagnósticas / conduta Mulher, 48 anos, parda, com queixa de “ inchaço nas pernas “ Picos de pressão arterial – máximo 160x90 mmHg Edema membros inferiores até joelhos, progressivo; Edema mãos; cefaléia Espuma na urina Lupus cutaneoarticular há 10 anos em tratamento com hidroxicloroquina 400mg/dia, azatioprina 100mg/dia, prednisona 5mg/dia Nega febre, artralgia, lesões de pele ou alterações de volume urinário. Uso regular de enalapril e furosemida Exames iniciais: Glicose 89 Valor referência 39-43% / 12-16g/dL 4000-9000/mm3 150.000450.000/mm3 Até 99 mg/dL U 69 Até 40 mg/dL Cr 1,09 Até 1,4 mg/dL Na+ K+ EAS 135 4,8 Proteínas +++ Hemáceas 15/campo Cilindros ausentes 12120mg Normal 135-145mEq /L 3.5 a 5.5 ausente Até 3/campo ausentes <150mg Normal Ht/Hb Leucócitos Plaquetas Resultado 43,7%- 13,1 9800 339.000 Exames da admissão: Urina 24h USG abdome Possíveis etiologias Hematúria, oligúria, edema e hipertensão arterial Proteinúria menor 3,5mg/24h Síndrome nefrítica Proteinúria superior 3,5g/24h Edema, hipoalbuminemia, hiperlipidemia, lipidúria Síndrome nefrótica Possíveis etiologias • • • • Síndrome nefrótica Conjunto de sinais, sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem pela permeabilidade exagerada dos glomérulos ás proteínas. Podem ser encontrados: hematúria microscópica, dismórfica e cilindros hemáticos. Função renal relativamente preservada e não é comum oligúria. Hipertensão arterial é um achado variável. Outras proteínas: Antitrombina III hipercoagulabilidade – evento tromboembólico Transferrina anemia hipôcromica e microcítica resistente a sulfato ferroso Imunoglobulinas e fatores do complemento hipogamaglobulinemia – predispõe infecção por bactérias encapsuladas. Possíveis etiologias • • Síndrome nefrótica: Tipos: Primária ( idiopática ) Secundária Diabetes, amiloidose, hipertensão arterial, HIV, nefropatia por refluxo, lúpus. Porém mesmo secundárias a doenças, elas agridem o rim de forma semelhante as formas primárias. Possíveis etiologias 1. • • • • • Doença por lesão mínima: Principal forma na criança. Períodos de remissão e atividade – proteínuria/nada Não consome complemento Condições associadas: Doença de Hodgkin e anti-inflamatório não esteroidal Dramática resposta à corticoterapia 2. Glomeruloesclerose focal e segmentar ( GEFS ) • Alguns glorérulos acometidos ( focal ) e dentro deles, algumas alças acometidas (segmentar ) • Geralmente cursa com insuficiência renal • Primária 25-35 anos, mais em negros; Não consome complemento; Principal causa de Síndrome Néfrótica nos adultos; • Secundária Anemia falciforme; Hipertensão arterial; Refluxo vesicureteral; Obesidade mórbida; HIV; uso de heroína, entre outros. Possíveis etiologias 3. Glomerulonefrite proliferativa mesangial • Pouco comum • Costuma cursar com hematúria • Pode ser encontrada na nefropatia por IgA e Lupus eritematoso sistêmico classe II 4. Nefropatia membranosa • Segunda tipo mais comum nos adultos • 30-50 anos, principalmente homens • Não consome complemento; EAS “inocente” • Associações mais comuns: Neoplasias sólidas Pulmão, mama, cólon, estômago, esôfago, rim... Hepatite B, síflis. Captopril, sais de ouro, d-Penicilamina Nefrite lúpica tipo V Possíveis etiologias 5. • • • Glomerulonefrite mesangiocapilar ou membranoproliferativa Há consumo de complemento, geralmente está associada a síndrome nefritica Proteinúria nefrótica + hematúria dismórfica no mesmo paciente Associada principalmente a hepatite C, crioglobulinemia, nefrite lúpica tipo IV Possíveis etiologias • • • • • Nefrite lúpica Paciente com diagnóstico de Lúpus cutâneo articular em tratamento regular Critério renal proteinúria persistente maior 500mg/24h ou 3+ no EAS ou sedimento urinário com cilindros celulares Presença de anti-DNA está fortemente associado ao desenvolvimento de lesão renal Atividade de doença renal pode ser acompanhada pelo anti-DNA e complemento total ( CH50 ) e seus componente C3 e C4. Se houver um quadro de síndrome nefrítica e insuficiência renal rapidamente progressiva o tratamento deve ser iniciado para a classe IV, empíracamente. Condução do caso 1) Investigação ambulatorial; • 2) Solicitar novos exames laboratoriais: Proteínas totais e frações; Colesterol total e frações, triglicerídeos ; Coagulograma Complemento; FAN; anti-DNA; anti-SM Sorologia para Hepatite B e C VDRL Anti-HIV • 3) Biópsia renal – Histopatológico + Microscopia eletrônica + imunofluorescência Pelo padrão da lesão, define as principais hipóteses a serem investigadas • Paciente já está em uso de anti-proteinúricos • • • • Principal hipótese: Nefrite lúpica Mulher, parda, 48 anos, com lúpus cutâneo articular em tratamento regular Apresenta síndrome nefrótica (proteinúria de 12g/24h) com função renal preservada + picos hipertensivos Nefrite lúpica dependendo de biópsia renal para determinar classe Proliferativa focal ( III ) ou membranosa ( V) Serviço e Disciplina de Clínica Médica Sessão ClínicaClínica- 10/08/2015 Auditório Honor de Lemos SobralSobral- Hospital Escola Álvaro Alvim Orientador: Marcelo M. Lemos Relatora: Thallyene de Oliveira Pessanha R2 Debatedora: Luana Toledo Manhães R1 EXAMES COMPLEMENTARES BIÓPSIA RENAL: • Microscopia óptica: Fragmento de cortical renal exibindo 13 glomérulos em condições de estudo, dentre os quais 3 globalmente esclerosados e o restante apresentando proliferação . endocapilar e depósitos em alças capilares; em 2 observa-se crescente celular. Túbulos normais e interstício sem comprometimento. •Imunofluorescência: 1 fragmento filiforme de tecido medindo 6,2 x 0,6 x 0,5mm, com 3 glomérulos em condições de estudo. Soro anti IgG, IgM, C3, lâmbda, kappa e C1q fortemente positivos em alças/mesângio, de forma difusa. Anti-IgA fracamente positivo nos glomérulos e túbulos. EXAMES COMPLEMENTARES BIÓPSIA RENAL: • Conclusão: nefrite lúpica proliferativa difusa IA 12/24; IC 3/12 . CLASSIFICAÇÃO DA NEFRITE LÚPICA Classificação da nefrite lúpica da International Society of Nephrology/Renal Pathology Society 2003 . Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o diagnóstico, manejo e tratamento da nefrite lúpica, 2015 CLASSIFICAÇÃO DA NEFRITE LÚPICA Classificação da nefrite lúpica da International Society of Nephrology/Renal Pathology Society 2003 . Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o diagnóstico, manejo e tratamento da nefrite lúpica, 2015 TRATAMENTO Metilprednisolona em pulso 15mg/kg/dia – 3 dias Ciclofosfamida 500mg (dose fixa quinzenal- esquema Euro Lupus) – 6 doses Losartan + Enalapril (usamos na época- atualmente evitamos) + espironolactona + furosemida Conversão para micofenolato/hidroxicloroquina/prednisona para manutenção. EVOLUÇÃO Proteinúria 12,1g (Jul/09) / 5,6g (Ago/09) / 0,98g (Out/09) / 0,066g (Nov/14) Ausência de edemas/PA controlada/complementos normais/ VHS 25 Reavaliação periódica. REFERÊNCIA Klumb, E.; V. ; SILVA, C.; A.; A.; LANNA, C.; C.; D.; et al. Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o diagnóstico, manejo e tratamento da nefrite lúpica. Revista Brasileira de Reumatologia. v. 55 (1), p. 1-21, jan-fev, 2015. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0482500414023 07 .Acesso em 08 ago 2015.
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