iii encontro da cadeia produtiva da olivicultura - APTA

Transcrição

iii encontro da cadeia produtiva da olivicultura - APTA
III ENCONTRO DA CADEIA
PRODUTIVA DA OLIVICULTURA
6ª ExpoAzeite
11,12,13 e 14 de setembro de 2012
Local: Instituto Agronômico - IAC
Campinas (SP)
Coordenadores
Angelica Prela PANTANO
Edna Ivani BERTONCINI
Juliana Rolim Salomé TERAMOTO
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CULTIVO DE OLIVEIRAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
1
2
3
Edna Ivani Bertoncini , Angélica Prela-Pantano , Juliana Rolim Salomé Teramoto
1
Engª. Agrª. Drª. Pesquisadora Científica, SAA/APTA Pólo Centro Sul, Rodovia SP 127, km 30 – CP 28, CEP
2
13.400-970, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected]; Engª. Agrª. Drª Pesquisadora Científica,
3
SAA/IAC – Instituto Agronômico, Campinas, SP; Engª. Agrª. MSc. Pesquisadora Científica, SAA/IAC – Instituto
Agronômico, Campinas.
A produção de oliveiras concentra-se em países de clima mediterrâneo, que
produzem 3,1 milhões de toneladas de frutos por ano, e 95% da produção mundial, sendo
que 73% destes são provenientes de países da União Européia (COI, 2012). A produção da
Argentina e Chile está ao redor de 1,0 e 0,3% da produção mundial, respectivamente (Chile
Oliva, 2012), despontando como promissores concorrentes neste mercado.
O Brasil é totalmente dependente da importação e azeitonas e azeites, com consumo
suprido em 86,5% pela Comunidade Econômica Européia, e 13,4% pela Argentina
(Embrapa, 2012). Em 2011, a importação brasileira de azeites foi de 63 mil toneladas, com
gastos anuais em torno de 500 milhões de reais (CONAB, 2012), sendo o estado de São
Paulo responsável por 50% desse volume importado (Embrapa, 2012).
Na última década, houve aumento de 476 e 317% no volume de azeites e azeitonas
importados pelo Brasil (COI, 2012). Este aumento deve-se a fatores como: (i) divulgação de
benefícios da dieta mediterrânea na saúde; (ii) entrada de produtos no mercado interno com
preços mais acessíveis; (iii) aumento de poder aquisitivo de algumas classes sociais.
Embora, o Brasil seja o terceiro importador mundial de azeites, atrás apenas dos
Estados Unidos e União Européia, o consumo per capita do brasileiro, 0,2 kg/habitante/ano,
é muito baixo quando confrontado a países como a Espanha e Itália, com consumo de 23
kg/habitante/ano (COI, 2012).
O mercado consumidor aquecido aliado a iniciativas de pesquisa e cultivo de
oliveiras em alguns estados, assim como a regulamentação do registro e comercialização
dos azeites importados pela Instrução Normativa Número 1 do Ministério da Agricultura
(MAPA, 2012) que objetiva eliminar a comercialização de azeites fraudados e/ou com
caracterização química e sensorial diferente daquela apresentada no rótulo do produto, têm
impulsionado inúmeros investidores no cultivo das oliveiras.
A planta de oliveira caracteriza-se por certa rusticidade, não exigindo solos muito
férteis, nem regime hídrico especial. Contudo, cultivos comerciais exigem solos bem
aerados e férteis. A necessidade de água anual da cultura é em torno de 600-800 mm.
Excesso de umidade na época de florescimento prejudica a fecundação das flores, pois o
grão de pólen absorve água, incha e a antera explode antes do momento da fecundação.
Ϯ
Excesso de água na maturação propicia frutos com maior teor de água e menor teor
de azeite, dificultando a centrifugação do azeite, e reduzindo sua qualidade. Também, o
excesso de água, nesta época, pode favorecer a ocorrência de doenças de fruto como a
antracnose (Gloeosporium olivae) causando defeitos no azeite.
Em cultivos paulistas foram observados nos últimos verões, rachaduras profundas no
caule de oliveiras cultivadas em terrenos mal drenados e/ou com acúmulo de água no colo
da planta, decorrentes da ocorrência de antracnose (Bertoncini et al., 2010). Também, a
ocorrência de antracnose nos frutos por ocasião de sua maturação é freqüente em olivais
paulistas, cujo período de colheita inicia-se a fevereiro e prossegue até março/abril, época
de chuvas intensas no estado de São Paulo. Chuvas de granizo nos meses de junho a
outubro têm sido observadas em algumas regiões produtoras paulistas, causando danos a
folhas e caules (Figura 1I), e também aos frutos em formação.
A exigência nutricional da oliveira não é elevada, mas diferenciada das plantas
cultivadas em solos sob condições tropicais. Prefere solos com textura média e com boa
drenagem, com valores de pH em torno de 6,0-6,5, sendo exigente em cálcio. Ressalta-se,
que a planta de oliveira é oriunda de regiões mediterrâneas, em que os solos apresentam-se
naturalmente neutros ou alcalinos. Em nossas condições são necessários estudos para
observar, realmente, se a valores de pH abaixo de 6,0 ocorre produção de azeitonas, e
azeites de boa qualidade. São necessárias adubações foliares da planta com
micronutrientes, como o cobre, zinco e boro, pois em condições de neutralidade do solo,
pode ocorrer indisponibilidade dos elementos às plantas.
Antes do plantio, recomenda-se preparo profundo do solo, e calagem em área total,
não ultrapassando valores maiores que o dobro da necessidade de calagem exigida por
outras frutíferas, de modo que seja mantido o equilíbrio com outros nutrientes do solo.
Utilizar calcário dolomítico, e monitorar constantemente o valor de pH do solo, de modo a
efetuar novas calagens para manutenção da condição de neutralidade do solo.
A fosfatagem e gessagem do solo em área total são recomendáveis antes do plantio.
Embora, a oliveira apresente sistema radicular superficial, o preparo inicial do solo visando
seu aprofundamento, melhora o estabelecimento da cultura e resistência a períodos secos.
Recordar que a oliveira é uma planta perene, centenária, com exemplares milenares no
mediterrâneo, necessitando de um excelente preparo inicial do solo para sua implantação.
O cultivo de oliveiras em condições paulistas ocorre em regiões de alta altitude,
como se observa nas paisagens das Figuras 1J e 1K, acima de 900 metros chegando a
1900 metros (Figura 1 C), expondo a cultura a fortes ventos. Observa-se em muitos casos,
curvamento das plantas (Figura 1H), e exposição inclusive do sistema radicular da planta.
ϯ
Assim, um tutoramento inicial da planta, efetuado com madeiras e não realizados com
bambus frágeis é fundamental para o estabelecimento da planta.
O preparo do solo em área total, calagem e fosfatagem considerando camadas mais
profundas, como por exemplo, a camada 0-0,40 m, ao invés de 0,20 m, e o uso de gesso
agrícola quando o teor de Al3+ em subsuperfície (camada 0,20-0,40 m) estiver acima de 0,5
cmolc dm-3 solo, o teor de Ca2+ for menor 0,4 cmolc dm-3, e a saturação por alumínio (m)
maior que 30%, são medidas que proporcionam o aprofundamento do sistema radicular da
planta e seu melhor estabelecimento inicial. Ressalta-se que a dose de gesso agrícola
aplicada deve ser calculada por critérios agronômicos, e acompanhamento constante por
meio de análise de solo, pois pode carrear bases para camadas mais profundas, em que
sistema radicular da planta não absorve, ocasionando perdas econômicas e ambientais.
Evitar o plantio em covas e o coroamento da planta, como se faz com outras
frutíferas, procedimentos que concentram o sistema radicular e promove acúmulo de água
no colo da planta. Efetuar o plantio em sulcos, como ocorre com o plantio de eucalipto,
deixando o colo da planta em posição mais alta em relação ao terreno. O tutoramento das
plantas jovens, escolhendo o ramo mais vigoroso para sua condução é fundamental para a
implantação do olival.
Evitar taxas elevadas de adubações nitrogenadas (aplicar não mais que 30-60 kg/ha
de nitrogênio), pois, no plantio, não há resposta da planta, e posteriormente ocasiona seu
crescimento vegetativo excessivo em detrimento à produção de frutos, exigindo maiores
gastos com a operação de poda. A aplicação de nitrogênio e potássio no solo deve ser
evitada em períodos chuvosos, em que as chances de perdas dos elementos por lixiviação
são grandes em solos paulistas.
Em olivais em produção, dados indicam que para a produção de 100 kg de
azeitonas, há uma exportação de 0,9; 0,2 e 1,0 kg de nitrogênio, fósforo e potássio (Pannelli,
2012), e se considerarmos a produção média de 25 kg de azeitonas/planta, e número de
plantas/ha em torno de 300, teríamos a reposição em torno de 70, 15 e 75 kg ha-1 de N, P,
K, respectivamente. A necessidade de N, P2O5, K2O, Ca, e MgO, de acordo com Alfei &
Panelli, 2002, está em torno de 30-50; 15-30; 50-100; 35-70; e 10-20, respectivamente.
Taxas maiores de aplicação de fertilizantes podem incorrer no excesso vegetativo da
planta, especialmente sob condições de clima subtropical e temperado, reduzindo sua
produção, e alterando a qualidade do azeite. Há indícios a serem investigados que taxas
elevadas de N e K aplicados a solos em nossas condições tenham proporcionado azeites
com baixos teores de polifenóis, em cultivares como a Coratina e Koroneiki, que produzem
ϰ
frutos ricos nestas substâncias, que conferem o amargo e picante do azeite, elevando sua
qualidade e valor agregado.
A oliveira é uma planta heliófita, necessitando de luz direta para a formação de
biomassa, e produção de frutos. Iluminação escassa dos ramos, principalmente no inverno,
desfavorece a entrada de luz nas gemas, incidindo negativamente sobre a indução floral,
sobre a morfologia floral, e sobre o processo de frutificação (Pannelli & Alfei, 2002). A
carência sucessiva de luz reduz o peso, a cor e o conteúdo de azeite nos frutos.
A implantação do pomar com densidade de plantas adequada, e a poda freqüente
das árvores, além de melhorar o florescimento e desenvolvimento dos frutos, facilita
operações de manejo e colheita, reduzindo custos de produção. No Brasil, em função das
condições climáticas, e do limitado pacote tecnológico disponível para a cultura da oliveira,
recomenda-se a implantação de pomares com espaçamentos entrelinhas e entre plantas
mais conservadores, como 6,0 x 6,0 m; 6,0 x 5,0 m; 5,0 x 5,0 m (Bertoncini et al., 2010).
Inúmeros pomares em condições paulistas implantados em espaçamentos
adensados (5 x 4; 6 x3 m), necessitam, no momento, arrancar as plantas intermediárias,
para reduzir o sombreamento, medida drástica a ser tomada, que reverte em custos
desnecessários ao produtor. O espaçamento adensado implantado em países como o Chile,
caracteriza-se pelo investimento de grandes grupos econômicos, em condições de clima
mais ameno que as condições brasileiras, em que o crescimento vegetativo da planta é
menor, e a reforma do olival se faz necessária após poucas décadas de cultivo, em função
das condições de poda, e mecanização que estressam as plantas, reduzindo drasticamente
sua produção ao longo dos anos.
A técnica de poda do vaso policônico parece ser indicada para nossas condições de
cultivo, pois é prática, econômica, eficaz na redução do sombreamento entre plantas, e no
interno da copa, e recomendada tanto para colheita manual como mecânica (Pannelli &
Alfei, 2002). A técnica do vaso policônico reduz a altura e volume desnecessário de
biomassa, e proporciona iluminação em todas as partes da planta.
A poda de formação é fundamental para o estabelecimento da cultura (Figura 1B), e
evita a poda drástica da planta futuramente (Figura 1G), necessária para a reestruturação
da planta, e pode retardar a entrada do olival em produção. A poda é realizada sempre em
condições repouso desenvolvimento da planta, nos meses após a colheita, em que se inicia
o período seco e frio, nos meses de abril a junho. A poda aliada a fatores como falta de
água e frio, induzem o inicio do processo reprodutivo da planta.
Para as condições gerais brasileiras, e especialmente para o estado de São Paulo, o
fator mais limitante ao florescimento e a frutificação da oliveira é a reduzida quantidade de
ϱ
horas de frio que a planta é submetida ao longo do ano. O florescimento da oliveira ocorre
por meio da transformação das gemas vegetativas, que dão origem aos galhos/ramos e
folhas, em gemas vegetativas ou botões florais.
Para que isso ocorra são necessárias temperaturas baixas (5 a 7º C) no período de
inverno, e alternância de temperaturas entre o dia e noite de 4 a 18º C (Alfei & Pannelli,
2002). A quantidade exata de horas com temperaturas baixas necessárias para o
florescimento de cada cultivar não é bem conhecida, uma vez que a oliveira é
predominantemente cultivada em regiões em que estas condições são naturais. Estudos
(Loussert & Brousse, 1980), e dados de produtividade da oliveira em regiões mais quentes,
indicam que cultivares como a Arbequina e Koroneiki, são menos exigentes em frio.
No Brasil, observações de campo mostram que cultivares idênticos de oliveira tem
florescido e frutificado desde 200 até 1000 horas de temperaturas abaixo de 10º C, e a
ausência destas condições tem contribuído para o fracasso da implantação da cultura em
locais de clima quente. A cultura, também, não tolera invernos muito rigorosos, e atividade
fotossintética da planta inibi-se a temperaturas superiores a 35º C (Alfei & Pannelli, 2002).
A escolha de cultivares é fator relevante na implantação de olivais. Para condições
de cultivo brasileiras, deve-se escolher cultivares que exijam menores quantidades de horas
de frio, e cujo desenvolvimento vegetativo seja menos vigoroso. Os cultivares comerciais
Arberquina, Arbosana e Koroneiki têm sido testados com sucesso no Brasil para extração de
azeite, e o cultivar Ascolana para a produção de azeitonas de mesa.
A diversificação de cultivares no pomar deve ser priorizada, pois mesmo o cultivar
Arberquina tido como autopolinizante, apresenta insucesso no processo de frutificação. O
plantio de 3-4 cultivares em cada módulo de plantio evitaria tal insucesso, além de reduzir
riscos de perdas com pragas e doenças. Recomenda-se realizar o plantio de cada cultivar
em fileiras, planta-se um cultivar em cada fileira, facilitando inclusive a colheita, pois a época
de maturação dos frutos para cada cultivar é diversa (Alfei, 2012). Ressalta-se que as
fileiras intercaladas devem ser cultivadas com cultivares que apresentem período de
florescimento próximo, como por exemplo, Arbequina, Picual e Koroneiki que são precoces,
e Arbosana, Frantoio e Grapollo que são tardias.
Cabe alertar ao produtor que a compra de mudas e material vegetativo deve ser feita
apenas em viveiros idôneos e certificados pelo Ministério da Agricultura, e a entrada de
material do exterior não é permitida, a não ser que seja via processo de quarentenário, de
modo que se impeça a propagação de pragas e doenças ainda não existentes no Brasil.
A qualidade de um azeite depende em 30% do sistema de extração, 30% da época
da colheita, 20% do cultivar, 10% do tempo de estocagem, 5% do sistema de transporte e
ϲ
5% do método de colheita (Alfei & Panelli, 2002), mostrando a importância do processo de
extração na produção de azeites de qualidade. Na azeitona, o azeite encontra-se
armazenado no vacúolo da célula vegetal, em teores que variam de 16,5 a 23,5 na polpa, e
1-1,5% no caroço, sendo ambos esmagados para obtenção do azeite (Testa, 2009).
A extração de azeites no Brasil tem sido realizada com equipamentos importados, às
vezes com baixa eficiência de extração, e falta de assistência técnica e manutenção. A
compra de extratoras de azeite nem sempre é viável aos pequenos produtores, que
certamente terão que se unir para sua aquisição e uso, em associações ou cooperativas.
A extração deve ocorrer no prazo máximo de 24 horas após a colheita, apenas por
processos mecânicos ou físicos, em condições de temperatura não superiores a 35° C (nem
a frio, nem a quente) que não cause alteração no azeite, seguidas dos processos de
centrifugação e filtração, sem qualquer outro processo químico.
Estados brasileiros com clima mais ameno como Rio Grande do Sul e Santa Catarina
apresentam cultivo de oliveira e extração crescente de azeite. Estimativas indicam que para
o ano de 2012, a área plantada com oliveiras no Rio Grande do Sul será de 600 ha, e
produção de 20.000 litros de azeites (AUED, 2012), sendo o cultivo apoiado pela Embrapa
Clima Temperado e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aliado a recursos dos
próprios produtores e suas associações.
Outra opção de cultivo são as regiões com microclimas favoráveis a cultura, como é
o caso da Serra da Mantiqueira, com altitudes variando de 1000 a 2.798 m, e área cultivada
de cerca de 750 ha (Oliveira, 2012), abrangendo 40 municípios mineiros com apoio e
estudos pioneiros da EPAMIG, e os municípios paulistas: São Bento do Sapucaí, Campos
do Jordão, Natividade da Serra, São Sebastião da Grama, Espírito Santo do Pinhal, Águas
da Prata, Santo Antonio do Pinhal, Espírito Santo do Pinhal, Pedra Bela, Cássia dos
Coqueiros, Monte Verde.
Na Serra da Bocaína, que apresenta altitudes variando de 1.000 a 2.080 metros, com
temperaturas médias anuais de 16,0º C (verão), 14,2º C (primavera), 13,6º C (inverno)
observam-se cultivos nas cidades de Silveiras (Figura 1C) e Cunha. No sul do estado de
São Paulo, há condições climáticas favoráveis a cultura, e iniciam-se cultivos na região de
Piedade (Figura 1D), Pilar do Sul.
Há registro de plantas de oliveiras introduzidas em praças públicas, como é o caso
de plantas na Vila Mariana, São Paulo, capital, assim plantios que se iniciam em cidades
que já tiveram histórico de cultivo de oliveiras associados à produção de uva, como é o caso
de São Roque (Figura 1D).
ϳ
Em abril de 2011, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, criou a Comissão Técnica para Assessoramento Técnico-Científico do Projeto OLIVA
SP, com atribuições de organizar ações conjuntas de pesquisa, desenvolvimento e
transferência de tecnologias, propondo medidas para promover a exploração comercial da
cultura da oliveira no Estado de São Paulo (Diário Oficial, 2011). O grupo é formado por
pesquisadores
dos
Institutos
de
Pesquisa
de
São
Paulo,
em
parceria
com
Institutos/Universidades de outros estados, e exterior (Figura 1E).
Estudos têm sido conduzidos pelo grupo OLIVA SP, testando cultivares no que
concerne à: fertilidade do solo e nutrição da planta, detecção e manejo de pragas e
doenças, controle do mato; uso de fitoreguladores para indução de florescimento; poda das
árvores; identificação e caracterização de produtores paulistas de oliveiras; levantamento de
condições climáticas visando zoneamento climático; aperfeiçoamento de análises físicoquímicas de azeites para atender as normas de comercialização e registro de produtos, e
análise sensorial de azeites (Figura 1F).
Entre as ações do grupo cita-se: - realização de cursos sobre manejo cultural e
análise sensorial de azeites (Figuras 1A; 1F); - visitas técnicas, orientações a produtores e
investidores (Figuras 1B; 1D; 1G; 1H; 1J, 1K); - coleta de material vegetal para análise de
doenças; - coleta e interpretação de análise de solo; instalação e monitoramento de
estações meteorológicas em propriedades olivícolas, realização de poda em olivais.
ϴ
A- Cursos em Piracicaba e
São Bento Sapucaí
Visitas técnicas Maria
da Fé e São Bento
Sapucaí
C- Oliveiras produzindo em Silveiras,
outubro/2011. Foto de Aníbal Cury.
ŶƚĞƐĚĂƉŽĚĂ
ĞƉŽŝƐĚĂƉŽĚĂ
B- Poda de formação em Piedade (A) e Silveiras (B)
SP,
D- Inicío de cultivos em Piedade (A) e São Roque
(B).
E- Curso internacional de
poda de oliveiras
ŶƚĞƐĚĂƉŽĚĂ
F- Cursos
ExpoAzeite
H- Plantas
(vento)
de
análise
curvadas
sensorial
de
IRachadura
(granizo)
azeites,
caule
Ancona,
Marche,
janeiro de 2012.
Itália,
ĞƉŽŝƐĚĂƉŽĚĂ
G- Poda drástica em planta
com idade de 04 anos.
J- Olival São Sebastião da
Grama
K- Olival Joanópolis/Monte
Verde
ϵ
Referências citadas
ALFEI, B.; PANELLI, G. Guida alla razionale coltivazione dell´olivo. Ancona: ASSAM- Agenzia Servizi Settore
Agroalimentare, 2002, 239p.
AUED, J.A. Hora de abrir a colheita das olivas. Publicado em 5 de abril de 2012 por Olivas do Sul. Disponível
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BERTONCINI, E.I.; TERAMOTO, J.R.S; PRELA-PANTANO Desafios para produção de azeite no Brasil. 2010.
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em: 12/8/2012
Chile Oliva – Asociacion de Productores de Aceite de Oliva. Informe Anual del Mercado de Aceite de Oliva –
2010. Disponível em: http://www.chileoliva.cl/files/INFORME%20ANUAL%20DEL%20MERCADO%202010.pdf –
Acesso em 14/04/2012
COI – INTERNATIONAL OLIVE COUNCIL - http://www.internationaloliveoil.org/news/view/618-year-2011news/137-market-newsletter-april-2011. Acesso em: 12 de abril de 2012.
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Balança Comercial do Agronegócio. Brasília, 2012. Disponível
em:
CONAB.
Balança
Comercial
do
Agronegócio.
Brasília,
2010.
Disponível
em:
http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=547&ordem=titulo. Acesso em: 12 de abril de 2012.
Diário Oficial do Estado de São Paulo. Comissão Técnica para Assessoramento Técnico-Científico do Projeto
OLIVA SP. Portaria APTA nº 230, de 31-3-11, Seção I, 121 (61), 1º de abril de 2011.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Cultivo de Oliveira (Olea europaea L.)- Embrapa
Clima Temperado Sistemas de Produção, 16. ISSN 1806-9207 Versão Eletrônica. Dez./2011. Disponível em:
http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/tipo/sistemas/sistema16_novo/11_mercados_e_comercializac
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LOUSSERT, R.; BROUSSE, G. El olivo. Madrid: Mundi-Prensa, 533p, 1980.
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Número 1, de 30 de janeiro de
2012 – Regulamento Técnico do Azeite de Oliva e do Óleo de Bagaço de Oliva. Diário Oficial da União,
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OLIVEIRA, N. Minas Gerais se rende ao azeite de oliva. Notícias Agrovalor. 09/04/2012. Disponível em:
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PANNELLI, G.; ALFEI, B. Uma buona illuminazione assicura um ottimo prodotto. Olivo & Olio, n.2, p.38-42, 2010.
ALFEI, B. Progettazione e Impianto Olivetto. In: XIII Corso Professionale di Potatura dell´Olivo. ASSAM – Osimo,
Ancona, Itália, 17 a 20 de janeiro de 2012. CD-ROM.
PANNELLI, G. Interventi di tecnica coltorale sul terreno e sulla pianta per uma olivicultura economica e sotenible.
In: XIII Corso Professionale di Potatura dell´Olivo. ASSAM – Osimo, Ancona, Itália, 17 a 20 de janeiro de 2012.
p.1-22. CD-ROM.
PRELA-PANTANO; TERAMOTO, J.R.S; BERTONCINI, E.I. Análises preliminares das condições climáticas do
estado de São Paulo para o cultivo de oliveiras. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em:
http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/ClimaOliva/index.htm>. Acesso em: 12/8/2012
TESTA, U. Introdução a análise sensorial de azeite de oliva. Curso realizado em 23/11/2009 na APTA - Pólo
Centro Sul, Piracicaba, SP. Disponível em: http://www.apta.sp.gov.br/olivasp/.
ϭ
LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DAS LOCALIDADES COM CULTIVO
DE OLIVEIRAS ESTADO DE SÃO PAULO
Angélica Prela-Pantano, Edna Ivani Bertoncini e Ludmila Bardin-Camparotto
1
Engª. Agrª. Drª Pesquisadora Científica, SAA/IAC – Instituto Agronômico, Campinas,SP. e-mail:
2
[email protected]; Engª. Agrª. Drª. Pesquisadora Científica, SAA/APTA Pólo Centro Sul, Piracicaba, SP e3
mail: [email protected]; Engª. Amb. Drªa, SAA/IAC – Instituto Agronômico, Campinas, SP e-mail:
[email protected]
RESUMO: O Estado de São Paulo apresenta relevo acidentado, posição geográfica e
diferentes influências de massas de ar que proporciona grande diversidade climática. A
agricultura paulista reflete essa variabilidade, com diferenças significativas em potenciais de
produtividade agrícola. O objetivo desse estudo foi analisar as condições climáticas das
atuais regiões produtoras de azeitonas no estado de São Paulo. Verificou-se que a
produção de oliveiras, no estado, ocorre em clima Cwa e Cwb, em regiões de altas altitudes,
com temperaturas baixas nos meses de inverno, sempre abaixo de 17°C, e precipitação
média anual acima de 1300 mm. Cultivos iniciais têm sido constatados no sul do estado de
São Paulo, que se caracteriza por região de áreas planas e clima temperado, com média
máxima de 21°C e média mínima de 14°C. Contudo, nessas áreas, as plantas são ainda
juvenis, e não apresentaram florescimento e frutificação.
Palavras-chave: Olea europea L., condições climáticas, florescimento, frutificação
ABSTRACT
São Paulo state presents geografical position and influence of air masses that provides great
climatic diversity, and the agricultural activities is a reflection of these natural variability. The
aim of this study was to analyze the climatic conditions for current situation of olive
production in São Paulo state. It was observed that the olive production is located in climate
Cwa Cwb, in regions of high altitude, low temperatures in the winter months, always below
17 ° C, and average annual rainfall above 1300 mm. Recents olive crops have been found in
the southern state of Sao Paulo, which is characterized by flat areas and temperate climate,
with average maximum of 21 ° C and mean minimum of 14 ° C. However, in these areas, the
plants are still young, has not yet flowering and fruiting.
Keywords: Olea europea L., climatic conditions, flowering, fructification
INTRODUÇÃO
No Estado de São Paulo, devido ao seu relevo acidentado, posição geográfica e
diferentes influências de massas de ar constatam-se grandes diversidades climáticas, sendo
complexo seu estudo. Segundo Pinto et al. (1972), o próprio tipo e desenvolvimento da
agricultura paulista são reflexos desta complexidade, acarretando diferenças significativas
Ϯ
em potenciais de produtividades agrícolas. Setzer (1966) realizou o último mapeamento dos
tipos de clima para o Estado de São Paulo usando o Sistema de Classificação Climática de
Köppen (ROLIM et al. 2007).
Segundo Coutinho et al. (2009), no Brasil, a oliveira foi introduzida há vários séculos
e em quase todos os estados, porém com maior freqüência nas regiões sul e sudeste de
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
sendo os maiores cultivos atualmente nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
O grupo de estudos “Oliva SP”, ligado á Secretaria da Agricultura do estado de São
Paulo, identificou diversos cultivos no estado de São Paulo e vem acompanhando e
desenvolvendo estudos na área com objetivo de identificar áreas aptas ao cultivo bem como
manejo adequado de forma a obter-se o produto final, azeite de qualidade satisfatória.
O objetivo desse estudo foi analisar as condições climáticas de regiões onde já se
encontram oliveiras no estado, e verificar a semelhança entre esses locais, para futuramente
elaborar um zoneamento agroclimático, o que poderá possibilitar a expansão da olivicultura
no estado de São Paulo.
MATERIAL E MÉTODOS
Para identificação dos locais de cultivo de oliveiras, foram realizadas pesquisas junto
a Casas da Agricultura, visitas a campo e contato direto com produtores de diversas regiões
do estado. Os dados climáticos (temperatura e chuva) foram adquiridos junto ao Ciiagro,
Centro de Informações Agrometeorológicas na Agricultura, do Instituto Agronômico em
Campinas, e a classificação climática basearam-se em Köppen (Figura 1). Com base nas
coordenadas geográficas elaborou-se o mapa do estado ressaltando as localidades onde já
foi identificado o cultivo de oliveiras.
Figura 1 - Chave para a classificação climática de Köppen simplificada por SETZER (1966),
modificada para a inclusão do tipo climático “Am” (Tropical Monçônico).
Novos cultivos de oliveiras estão sendo introduzidos no sul do estado de São Paulo,
em que as condições climáticas não se caracterizam por altitudes elevadas, mas por
ϯ
condições climáticas típicas de clima temperado, com média máxima de 21°C e média
mínima de 14°C. Contudo, nessas áreas, as plantas são ainda juvenis, e não apresentaram
florescimento e frutificação, sendo necessário o acompanhamento dos cultivos e
estabelecimento de produções para que entrem como caso de sucesso nos futuros estudos
de zoneamento climático da cultura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2 observam-se os municípios onde foram identificados cultivos de oliveiras
no estado de São Paulo. De acordo com a classificação climática de Köppen, as localidades
produtoras de oliveiras do estado de São Paulo são classificadas como Cwa e Cwb (Figura
1). Localidades de clima tipo Cwa são consideradas “tropical de altitude”, com inverno seco,
e temperaturas do mês mais quente maior que 22ºC”. O clima Cwb, indica “tropical de
altitude”, com temperatura do mês mais quente inferior a 22ºC, o que ocorre apenas em
Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal, dentre as localidades analisadas.
Nestas localidades foram observadas características climáticas semelhantes (Tabela
1) como:
- altitude: todos os locais encontram-se a altitude elevada, sempre acima de 700 m. Alguns
olivais estão a mais de 1500 m de altitude, como é caso de cultivos em Campos do Jordão e
no município de Silveiras, onde há registro de cultivos a mais de 1800 m de altitude, pois
estão em regiões montanhosas e ocorre uma grande variação na altitude, quando em
macrorregiões, como na Serra da Bocaina.
- temperatura média do mês mais frio: abaixo de 17°C
- precipitação média anual – acima de 1300 mm
ϰ
Figura 2 – Mapa do estado de São Paulo, com identificação de localidades com cultivo de
oliveiras em 2012.
Tabela 1- Caracterização climática de localidades com cultivo de Oliveiras, no estado de
São Paulo, 2012.
Local
Águas da
Prata
Campos do
Jordão
Cássia dos
Coqueiros
Cunha
Esp. Santo
do Pinhal
Joanópolis
Natividade
da Serra
Piedade
São Bento
do Sapucaí
Santo Ant.
do Pinhal
São Roque
Silveiras
Altitude
(m)
Temp. Média
mês mais frio
(ºC)
Temp. Média
mês mais
quente (ºC)
Chuva média
mês mais
seco
(mm)
Chuva
média
anual (mm)
Classificaçã
o Climática
(Köppen)
840
17,0
23,0
27,4
1583,4
Cwa
1597
11,5
17,6
38,0
1891,0
Cwb
890
17,0
22,6
24,8
1598,0
Cwa
860
880
14,4
16,2
20,9
22,3
25,0
27,0
1458,0
1540,6
Cwa
Cwa
930
720
15,2
16,6
21,7
23,5
32,7
31,8
1510,0
1249,6
Cwa
Cwa
800
880
15,9
15,9
23,0
22,3
46,0
28,0
1354,7
1986,0
Cwa
Cwa
1100
14,0
20,4
31,5
1702,9
Cwb
780
700
15,7
17,2
22,6
23,7
38,0
33,5
1339,0
1546,8
Cwa
Cwa
ϱ
CONCLUSÕES
- As atuais regiões de cultivo de oliveira no estado de São Paulo, caracterizam-se por
regiões de elevadas altitudes, de clima Cwa e Cwb, com médias anuais de precipitação
acima de 1300 mm e com temperaturas baixas nos meses de inverno, sempre abaixo de
17°C.
LITERATURA CITADA
COUTINHO, F.E.; RIBDEIRO, F.C; CAPPELLARO, T.H. Cultivo de Oliveira (olea europaea
L.) Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009.
PINTO, H.S., ORTOLANI, A.A., ALFONSI, R.R. Estimativa das temperaturas médias
mensais do Estado de São Paulo em função de altitude e latitude. São Paulo: IG/USP, 1972.
20p. (Ciências da Terra, Caderno 23).
ROLIM, G.S.; CAMARGO, M. B. P.; LIMA, D.G.; MORAES, J.F.L. Classificação Climática de
Köppen e de Thornthwaite e sua Aplicabilidade na determinação de zonas agroclimáticas
para o estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v.66, n.4, p.711-720, 2007
SETZER, J. Atlas climático e Ecológico do Estado de São Paulo. Comissão Interestadual da
Bacia Paraná-Uruguai, 1996. 61p.
ϭ
ESTIMATIVA DO NÚMERO DE HORAS DE FRIO NA SERRA DA MANTIQUEIRA (SP) E
APTIDÃO PARA O CULTIVO DE OLIVEIRAS
Angélica Prela-Pantano1, Edna Ivani Bertoncini2, Juliana Rolim Salomé Teramoto3 Laura
Fernanda Gonçalves de Oliveira Lussich4
1
Engª. Agrª. Drª Pesquisadora Científica, SAA/IAC – Instituto Agronômico, Campinas,SP e-mail:
2
[email protected]., Engª. Agrª. Drª. Pesquisadora Científica, SAA/APTA Pólo Centro Sul,
3
Piracicaba,SP e-mail: [email protected], Engª. Agrª.MSc. Pesquisadora Científica,
4
SAA/IAC – Instituto Agronômico, Campinas,SP e-mail: [email protected], Hotelaria - Integrante
voluntária do projeto Oliva SP; e-mail: [email protected]
RESUMO
Foi estimado o número de horas de frio com temperaturas abaixo de 13ºC para localidades
da Serra da Mantiqueira, na região pertencente ao estado de São Paulo. Verificou-se grande
variabilidade climática na Serra da Mantiqueira, e nem todas as localidades que pertencem
a essa macrorregião possuem condições ideais para o cultivo e desenvolvimento de
oliveiras Para as localidades como Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e São Bento
do Sapucaí, que estão em altitude acima de 800 m, foram estimadas número de horas de
frio acima de 500, e caracterizam-se como locais de produção de azeitonas no estado de
São Paulo.
Palavras-chave: Olea europaea L., florescimento, altas altitudes, temperaturas de inverno
ABSTRACT
It was estimated the number of hours with temperatures below 13 ° C for locations as the
Mantiqueira Mountains located in São Paulo State. There was great spacial climatic
variability in the Mountain region, and not all sites that belong to this macro-region presented
ideal conditions for the olive cultivation. For places like Campos do Jordao, Santo Antonio do
Pinhal and São Bento do Sapucaí, places above 800 m of altitude, were estimated number
of hours with temperatures below 13º C, over 500 hours, and these sites have flowering and
olive production.
Key words: Olea europea L., flowering, high altitude, chilling requirement
INTRODUÇÃO
Algumas espécies agrícolas perenes como as frutas de clima temperado, tem
exigências
em
baixas
temperaturas,
que
lhes
condicionam
repouso,
permitindo
Ϯ
florescimento e frutificação, normalmente após inverno (ANGELOCCI et al, 1979). Essa
exigência térmica pode ser quantificada pelo número de horas de frio (NHF), definido como
o total de horas em que a temperatura do ar permanece abaixo de determinada
temperatura. No caso das oliveiras essa temperatura foi definida como 12,5 ºC (TAPIA et al.
2003).
Os relatos de cultivo das oliveiras mais antigos que se tem na literatura, indicam a
regiões de clima mediterrâneo. Diante disso, presumi-se que as temperaturas adequadas
para frutificação não devem ser superiores a 35ºC. No verão podem suportar temperaturas
próximas a 40ºC, sem queimaduras, porém a atividade fotossintética já começa a ser
inibida, com temperaturas acima de 35ºC (COUTINHO et al. 2007).
Segundo Navarro e Parra (2008), a planta é sensível ao frio, mas ocorre um
aumento gradual de tolerância provocada pela ocorrência de baixas temperaturas no
outono, o que estimula a dormência. Assim, a planta resiste a temperaturas até inferiores a
0ºC, em um curto período de tempo. Porém podem ocorrer lesões em brotos e ramos novos,
caso a temperatura permaneça entre 0 e 5ºC, e ocorrer danos definitivos quando abaixo de 10ºC, podendo ser irreversível e levar a planta à morte.
No estado de São Paulo o cultivo de oliveiras é recente, e vem se expandindo
rapidamente em áreas vizinhas ao estado de Minas Gerais, sendo a Serra da Mantiqueira a
região em que concentra-se maior número de áreas cultivadas.
Apesar da modernização no monitoramento climático e coleta de dados
meteorológicos, o número de postos meteorológicos instalados no estado de São Paulo,
ainda é considerado insuficiente para determinar com precisão o numero de horas de frio de
um determinado local, pois para isso o monitoramento deve contar especificamente com
estações meteorológicas automáticas, para coleta de dados em escala horária, sendo que
em muitas localidades a coleta ainda é mecânica e se faz em escala diária. Diante dessa
dificuldade, alguns pesquisadores desenvolveram equações de regressão que auxiliam na
estimação da quantificação do número de horas de frio de determinado local (PEDRO Jr et
al. 1991 e BARDIN et al. 2010).
O objetivo desse estudo é estimar o número de horas de frio para localidades da
Serra da Mantiqueira, no estado de São Paulo averiguando a possibilidade de cultivo de
oliveiras nessa região.
MATERIAL E MÉTODOS
As localidades escolhidas fazem parte da região da Serra da Mantiqueira (Tabela
1). Foram consideradas como temperatura basal 13ºC para a contabilização do NHF, por ser
um valor considerado máximo de temperatura necessárias na fase de dormência para frutas
de clima temperado, como é o caso das oliveiras (PEDRO Jr. et al. 1979). Foram utilizados
ϯ
dados de temperatura média mensal, por meio do banco de dados do Instituto Agronômico
(IAC), da rede do Ciiagro. Para os locais onde não havia série histórica ou posto
meteorológico, a temperatura média mensal foi estimada a partir do método das
coordenadas geográficas, com os coeficientes determinados por Pedro Jr. et al. (1991), para
o estado de São Paulo, o qual se baseia na temperatura média do mês mais frio do ano,
(julho) para a estimativa de NHF abaixo de 13ºC, anual.
Para isso adotou-se a seguinte equação:
NHF <13 = 4482,9 – 231,2 * Tjulho
Em que: T a temperatura média do mês de julho, e os demais dados da equação
são fixos.
Tabela 1: Localização geográfica das localidades pertencentes a Serra da Mantiqueira, SP,
e a temperatura média histórica de julho.
Local
Altitude
Lat (S)
1597
514
527
508
524
774
636
560
471
900
569
1180
554
22,44
22,35
22,49
22,34
22,44
22,58
22,37
22,55
22,32
22,40
23,10
22,50
23,10
Campos do Jordão
Cruzeiro
Guaratinguetá
Lavrinha
Lorena
Monteiro Lobato
Piquete
Pindamonhangaba
Queluz
São Bento do Sapucaí
São José dos Campos
Santo Antônio do Pinhal
Taubaté
Long (W)
45,35
44,49
45,12
44,55
45,8
45,52
45,11
45,27
44,47
45,45
45,54
45,41
45,34
Tmédia (jul)
11,5
18,4
18,2
18,5
18,3
16,5
17,6
17,9
18,8
15,9
17,7
14,0
17,9
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as 13 localidades inclusas na Serra da Mantiqueira, observou-se uma
grande variação no parâmetro altitude variando desde 514 m, em Cruzeiro a outras com
altitude acima de 1000 m, como Santo Antonio do Pinhal a 1180 m e Campos do Jordão a
1597 m de altitude e ainda São Bento do Sapucaí com 900 m. Nessa região já existe o
cultivo de oliveiras em Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento do
Sapucaí.
Mesmo estando dentro de uma macrorregião, nem todos os municípios da Serra
da Mantiqueira apresentam as mesmas condições climáticas, sendo evidente a diversidade
de cada microrregião. Além da altitude, observa-se, também, variação nas temperaturas
médias. As temperaturas nos meses de inverno, variando de 11,5ºC em Campos de Jordão
a 18,8ºC em Queluz (Tabela 1). Os municípios de Monteiro Lobato, São Bento do Sapucaí,
Santo Antonio do Pinhal e Campos do Jordão, além de estarem localizados na parte mais
alta da serra, apresentam as menores médias de temperatura.
ϰ
Tabela 2: Número de horas de frio com temperaturas abaixo de 13ºC, estimadas pelo
Método de Pedro Jr. et al. (1991) para a Serra da Mantiqueira, SP.
Local
NHF
Local
NHF
Queluz
135
Piquete
412
Lavrinha
205
Pindamonhangaba
413
Cruzeiro
228
Monteiro Lobato
667
Lorena
251
São B. do Sapucaí
806
Guaratinguetá
254
Santo Ant. Pinhal
1245
Taubaté
343
Campos Jordão
2586
São José
390
Campos
Considerando regiões aptas ao cultivo de oliveiras localidades com NHF acima de
500, nessa região destaca-se: Monteiro Lobato, São Bento do Sapucaí, Santo Antonio
Pinhal e Campos do Jordão. No entanto é necessário que sejam acompanhados cultivos
instalados ou que possam ser instalados em outras localidades dessa região, para um
monitoramento das condições climáticas e desempenho da cultura. Ainda não se sabe com
certeza, qual é a exigência em NHF para a frutificação de oliveiras no estado de São Paulo,
e talvez localidades consideradas “marginas”, ou seja, com NHF próximo a 500, como
Piquete
(412) e Pindamonhangaba (413), também possuam tenham condições para o
cultivo.
CONCLUSÕES
- O estudo, mostrou a variabilidade climática que há na Serra da Mantiqueira, e que nem
todas as localidades que pertencem a essa macrorregião possuem condições ideais para o
cultivo e desenvolvimento de oliveiras.
- As localidades de Monteiro Lobato, São Bento do Sapucaí, Santo Antonio Pinhal e
Campos do Jordão, apresentam NHF acima de 500, que poderia ser considerada ideal para
o cultivo de oliveiras.
- É necessária a implantação e acompanhamento do desenvolvimento da cultura em
localidades consideradas marginais, pois não se conhece exatamente a necessidade de
horas de frio necessárias a cultura, assim como sua adaptabilidade nas diferentes
condições.
LITERATURA CITADA
ANGELOCCI, L.B.; CAMARGO, M.B.P.; PEDRO JR., J.M.; ORTOLANI, A.A.; ALFONSI,
R.R. Estimativa do total de horas abaixo de determinada temperatura-base através das
medidas diárias da temperatura do ar. Bragantia, Campinas, v.38, n.1, p.123-130. 1979.
ϱ
BARDIN, L; PEDRO JR. M.; MORAES, J.F.L. Risco Climático de ocorrência de doenças
fúngicas na Videira ‘Niagara Rosada’ na região do Pólo Turístico do Circuito das frutas do
estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v. 69, n. 4, p1019-1026, 2010.
COUTINHO, E.F. A cultura da oliveira. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 143 p.
NAVARRO, C.; PARRA, M.A. Plantación. 6. ed. In: BARRANCO, D.; FERNADEZESCOBAR, R. El cultivo del olivo. Madri: Mundi-Prensa, 2008. p.188-238.
PEDRO JÚNIOR, M.J.; ORTOLANI, A.A; RIGITANO, O.; ALFONSI, R.R.; PINTO, H.S.;
BRUNINI, O. Estimativa de horas de frio abaixo de 7 e de 13ºC para regionalização da
fruticultura de clima temperado no Estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v.38, p.123130, 1979.
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Estado de São Paulo. Boletim Técnico IAC, Campinas, n. 142, 1991. 11 p.
TAPIA, et al. Manual del cultivo del olivo. La Cerena: INIA, 2003. 128p. (INIA. Boletim, 101).
ϭ
COCHONILHAS ASSOCIADAS À CULTURA DA OLIVEIRA
NO RIO GRANDE DO SUL
1
1
2
1
1
Wolff, V. R. S.* ; Silva, D. C. ; Souza, G. C. ; Paes, C. C. ; Oliz, C. B.
1
* Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, Rua Gonçalves Dias, 570, CEP.: 90130-060, Porto Alegre, RS.
2
E-mail: [email protected] ; Pós-graduação Fitotecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Avenida Bento Gonçalves, 7712, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected]
RESUMO: A presença de cochonilhas (Hemiptera; Coccoidea) foi verificada em
amostragens ocasionais realizadas em 2010 e 2011, em alguns cultivos de Olea europaea
L. (Oleaceae), no Rio Grande do Sul. Em 2012 foi iniciada uma pesquisa para realizar o
levantamento e a identificação das cochonilhas e dos parasitoides a elas associados no
Estado. Até o momento, foram realizadas amostragens em Caçapava do Sul, Cacequi,
Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Veranópolis e Viamão. Foram observadas
cochonilhas na fase reprodutiva, com ovos e ninfas, e com perfurações provocadas pela
emergência de parasitoides, indicando algum controle natural destas populações. Foram
identificadas: Saissetia oleae (Olivier) e S. coffeae Walker da família Coccidae; Acutaspis
paulista (Hempel) e Aonidiella aurantii (Maskell) de Diaspididae. No Brasil é o primeiro
registro de A. aurantii em oliveira.
PALAVRAS CHAVE: Coccidae, Diaspididae, insetos-praga, Olea europaea, parasitóides.
ABSTRACT: The presence of scale insects (Hemiptera, Coccoidea) was detected in
occasional samples taken in 2010 and 2011, in some cultures of Olea europaea L.
(Oleaceae), in Rio Grande do Sul, Brazil In 2012 a study was initiated to survey and
identification of scale insects and parasitoids associated with them in the State. So far,
samples taken in Caçapava do Sul, Cacequi, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul and
Viamão. Scale insects were observed in the reproductive phase, with eggs and nymphs, and
perforations caused by the emergence of parasitoids, indicating some natural control of
these populations. Were identified: Saissetia oleae (Olivier) and S. coffeae Walker family
Coccidae; Acutaspis paulista (Hempel) and Aonidiella aurantii (Maskell) from Diaspididae. In
Brazil it is the first record of A. aurantii in olive.
KEY WORDS: Coccidae, Diaspididae, insect pests, Olea europaea, parasitoids.
INTRODUÇÃO
A produção de mudas e o desenvolvimento das plantas podem ser afetadas pela
infestação de cochonilhas. Além do dano pela sucção da seiva, as cochonilhas excretam
grande quantidade de substância açucarada, que atrai formigas e favorece o
desenvolvimento da fumagina, que dificulta a fotossíntese depreciando a árvore, diminuindo
a brotação e a produção (Coutinho et al., 2009).
Ϯ
No Brasil são conhecidas em oliveira, da família Coccidae, as espécies Coccus
hesperidum Linnaeus, Saissetia coffeae (Walker), S. oleae (Olivier), e de Diaspididae,
Acutaspis paulista (Hempel), Aspidiotus nerii Bouché, Hemiberlesia lataniae (Signoret), H.
rapax (Comstock), Parlatoria oleae (Colvée)(Claps & Wolff, 2003, Ben-Dov et al., 2012).
As informações sobre as espécies de cochonilhas que ocorrem em oliveira no Rio
Grande do Sul foram obtidas em amostragens casuais.
Objetivou-se inventariar e identificar as cochonilhas associadas às oliveiras nas
principais regiões de cultivo comercial no Rio Grande do Sul; avaliar a riqueza, a diversidade
a dominância e o desenvolvimento das espécies de cochonilhas ao longo de um ano,
possibilitando indicar a melhor época de realizar o controle destas espécies nas oliveiras.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostragens mensais foram realizadas em dois pomares comerciais, em Caçapava
do Sul (pomar 1: 30º 56' 31'' S ; 53º 40' 36'' W; pomar 2: 30º 33' 30'' S; 53º 24' 09'' W), com o
método da parcela ao acaso em 10 oliveiras (Arbequina), de cada um, por data de
amostragem. De cada quadrante das árvores, foram cortados com tesoura de poda, dois
ramos de 20 a 30 cm com folhas, ao acaso, um interno e outro externo na copa, e um ramo
direcionado com cochonilhas. Os ramos foram individualizados em sacos com etiquetas de
identificação e transportados ao laboratório de Entomologia da FEPAGRO, em Porto Alegre,
para triagem.
Foram preparadas lâminas com fêmeas adultas de cochonilhas, para exame em
microscópio óptico, seguindo método adaptado por Claps & DeHaro (1995). Na identificação
das cochonilhas utilizaram-se chaves sistemáticas e bibliografia especializada (Ferris, 1942;
Claps & Wolff, 2003).
No Centro de Pesquisa da FEPAGRO Serra do Sudeste, em Encruzilhada do Sul e no
Centro de Pesquisa em Viamão foram realizadas observações mensais, nas coleções de
oliveiras, com 10 cultivares (‘Alfafara’, ‘Arbequina’, ‘Arbosana’, ‘Cipressino’, ‘Coratina’,
‘Frantoio’, ‘Koroneiki’, ‘Leccino’, ‘Manzanilla’, ‘Picual’). Selecionou-se uma planta de cada
cultivar, sendo marcado um ramo infestado, onde mensalmente realizou-se contagem das
cochonilhas identificadas, estado de desenvolvimento e localização na planta.
Amostragens ocasionais foram realizadas em outras regiões do Rio Grande do Sul
para ampliação da diversidade e distribuição das cochonilhas em oliveiras no Estado. As
amostragens deverão continuar pelo menos durante um ano para que os dados sejam
submetidos à análise estatística. A intensidade de ataque de cochonilhas será estimada com
base no número de indivíduos presentes (jovens e adultos) nas porções de ramos coletados
ou observados.
ϯ
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas S. oleae e S. Coffeae da família Coccidae; e, A. paulista e
Aonidiella aurantii (Maskell) de Diaspididae. Em todas elas foram encontrados indivíduos na
fase reprodutiva, com ovos e ninfas, bem como perfurações provocadas pela emergência de
parasitoides.
Aonidiella aurantii ocorre em 256 espécies de plantas hospedeiras no mundo,
incluindo a oliveira (Ben-Dov et al., 2012). Esta cochonilha tem registro em oliveira na
Argentina, porém no Brasil ocorre em mais de 20 plantas hospedeiras, não havendo
registros em oliveiras (Claps & Wolff, 2003).
CONCLUSÕES
Foram confirmadas as ocorrências de S. oleae, S. coffeae, A. paulista, e o primeiro
registro de A. aurantii, em oliveira no Brasil.
Os vestígios de parasitismo indicam a ação de inimigos naturais, os quais devem ser
preservados. A presença de ninfas caracteriza a fase em que as cochonilhas estão mais
vulneráveis, podendo indicar a melhor época de realizar o controle destas espécies nas
oliveiras, no Rio Grande do Sul.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEN-DOV, Y.; MILLER, D. R.; GIBSON, G. A. P. ScaleNet, scales on a host, natural
enemies
and
associates
of
a
scale
query
results.
Disponível
em:
<http://www.sel.barc.usda.gov/scalecgi/scaleson.exe?family=oleaceae&scalefamily=All&gen
us=olea&scalegenus=&species=europaea>. Acesso em: 04 junho 2012.
CLAPS, L. E.; De HARO, M. E. Conociendo nuestra fauna IV. Familia Diaspididae (Insecta:
Homoptera). Morfologia y biologia. Serie Monografica y Didactica Facultad de Ciencias
Naturales e Instituto Miguel Lillo UNT, San Miguel de Tucuman, v. 20, p. 1-21, 1995.
CLAPS, L. E.; WOLFF, V. R. S. Cochinillas Diaspididae (Hemiptera: Coccoidea) frecuentes
en plantas de importancia económica de la Argentina y Brasil. Revista de La Sociedad
Entomológica Argentina, San Miguel de Tucumán, v.3, p.1-59, 2003.
COUTINHO, E. F.; RIBEIRO, F. C.; CAPPELLARO, T. H. (Ed.). Cultivo de Oliveira (Olea
europaea L.). 1.ed. Pelotas, RS, 2009. 125p.
FERRIS, G. F. Atlas of the Scale Insects of North America. Serie IV. Stanford, Stanford Univ,
1942, 243p.
1
DESEMPENHO DE SUBSTRATOS NA CAPACIDADE
DE ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA
1
2
3
4
Silva, D.F. ; Villa, F.* ; Vieira Neto, J. ; Medeiros, R.M.L.
Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR.
2
E-mail: [email protected]; D.Sc., Professora Adjunto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000,
3
Marechal Cândido Rondon, PR. D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuária (EPAGRI),
4
Caixa Postal 121, Ituporanga, SC. D.Sc., Pesquisadora, Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG.
RESUMO: A obtenção de mudas de boa qualidade é o primeiro passo para se ter um pomar
de sucesso. A olivicultura vem cada vez mais ganhando espaço no Brasil, contudo ainda é
muito pequeno o numero de informações e produtores de mudas da espécie para as
condições climáticas do Brasil. O trabalho objetivou avaliar substratos para o enraizamento
de estacas de oliveira pelo método de estaquia. Foram utilizados os substratos areias e
perlita e dez cultivares distribuídas em três blocos de 20 estacas semilenhosas. O
enraizamento ocorreu em casa de vegetação por um período de 70 dias e os melhores
resultados foram para ‘Alto D’ouro’, ‘Galega’, ‘JB1’ e ‘Penafiel’ enraizadas em areia.
PALAVRAS-CHAVE: Olea europea, propagação vegetal, olivicultura, azeitona
ABSTRACT: The achievement of good quality seedlings is the first step to having a
successful orchard. The olive is increasingly gaining ground in Brazil, but is still very small
number of producers of information and seedlings of the species to the climatic conditions of
Brazil. The study evaluated substrates for rooting of olive by grafting method. We used the
sand and perlite substrates and ten cultivars distributed in three blocks of 20 semi-hardwood
cuttings. Rooting occurred in a greenhouse for a period of 70 days and the best results for
‘Alto D’ouro’, ‘Galega’, ‘JB1’ e ‘Penafiel’ rooted in the sand.
KEYWORDS: Olea europea, plant propagation, olive
INTRODUÇÃO
A estaquia é o método mais utilizado na propagação de oliveira, podendo ser
enraizadas estacas semilenhosas com o auxilio de reguladores de crescimento em
substituição as estacas lenhosas de 60 cm enraizadas diretamente no local de plantio, que
demandam muito material vegetal (CABALLERO & DEL RIO, 2004).
O enraizamento de estacas semilenhosas varia entre cultivares. Em oliveira, a auxina
é um fator limitante para o enraizamento, sendo o ácido indolbutírico a auxina mais utilizada.
2
Outros fatores internos e externos podem afetar o enraizamento, dentre eles o substrato
utilizado, que deve apresentar algumas características desejáveis para o sucesso dessa
etapa. Vários substratos podem ser utilizados, como perlita, areia, vermiculita ou mistura.
Diante do exposto, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de estudar o
enraizamento de estacas semilenhosas de 10 cvs. de oliveira em dois tipos de substratos e
acondicionado em dois tipos de casa de vegetação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em casa de vegetação, na EPAMIG, em Maria da Fé,
MG. Para instalação do experimento, foram utilizadas plantas de dez cultivares cujos frutos
são utilizados tanto para mesa quanto para azeite (‘Alto D’ouro’, ‘Cornicabra’, ‘Frantoio’,
‘Galega’, ‘JB1’, ‘JB2’, ‘Mission’, ‘Penafiel SP’, ‘Picual’ e ‘Santa Catalina’), sendo colhidas
destas, estacas semilenhosas. As estacas foram preparadas com aproximadamente 12 cm
de comprimento e quatro folhas, e tratadas por 5 segundos com 3000 mg L-1 de AIB.
Foram utilizados dois tipos de leito: bancas elevadas preenchidas com perlita e com
circulação de água aquecida por tubulação de cobre; e canteiros preenchidos com areia
lavada. Ambos foram mantidos sob sistema de nebulização intermitente e umidade de 80%.
Os substratos de enraizamento (areia e perlita) foram irrigados antes do plantio das
estacas, sendo também realizado tratamento com oxicloreto de cobre. As avaliações foram
realizadas 70 dias após o plantio das estacas. Avaliaram-se a porcentagem de estacas com
calos e enraizadas, número e comprimento médio de raízes. Os dados coletados foram
analisados estatisticamente (Sisvar, FERREIRA, 2011), sendo a comparação de médias
feita pelo teste Tukey, a 5% de significância, para os níveis dos fatores qualitativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se verificar resultados significativos para o enraizamento das cvs. de oliveira
estudadas somente no substrato areia. As quatro cvs. Que apresentaram melhor
desempenho foram ‘Alto D’ouro’, ‘Galega’, ‘JB1’ e ‘Penafiel’ (Tabela 1). Este resultado
destoa aos obtidos por Oliveira et al. (2008), onde a perlita agrícola apresenta-se como
melhor substrato para enraizamento de oliveira, se comparado a outros substratos com
características desejáveis. Em relação ao número de raízes emitidas pode-se observar que
‘Alto D’Ouro’, ‘Galega’ e ‘Penafiel’ mostraram-se superiores (Tabela 2). Quanto aol
comprimento de raiz, não houve interação significativa entre as cvs.
Houve uma grande variação no número de estacas com calos no substrato areia com
destaque para a cv. ‘JB2’. Estes resultados demonstram que variedades específicas
demandam tempo de enraizamento específico conforme a variedade e as características do
substrato de enraizamento (CABALLERO & del RÍO, 2004).
3
Tabela 1. Número de estacas enraizadas e calejadas de cvs. de oliveira. EPAMIG, Maria da Fé, MG.
Substratos
Areia
Perlita
Areia
Perlita
Cultivares
Número estacas enraizadas
Número estacas calejadas
Alto D’Ouro
3,599aA*
2,353aB
2,134bA
1,344bB
JB1
3,456aA
1,739aB
0,707dA
1,184bA
Galega
3,159aA
1,689aB
0,926bA
0,966bA
Penafiel SP
2,518bA
1,346aB
1,435cA
0,707bA
Santa Catalina
2,218bA
1,689aA
1,507cA
2,034aA
Cornicabra
2,207bA
2,076aA
1,966bA
2,076aA
Picual
1,978bA
1,184aA
1,652cA
1,635aA
JB2
1,633cA
1,798aA
3,252aA
1,931aB
Frantoio
1,465cA
1,184aA
2,218bA
2,129aA
Mission
1,217cA
1,217aA
1,919bA
1,643aA
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Número médio de raízes por estacas de cvs. de oliveira. EPAMIG, Maria da Fé, MG.
Cultivares
Alto D’Ouro
Galega
Penafiel
JB1
Cornicabra
Frantoio
JB2
Santa Catalina
Picual
Mission
Número de raízes
3,110a*
2,786a
2,377a
2,178b
2,117b
1,804b
1,662b
1,656b
1,570b
1,450b
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.
CONCLUSÕES
A areia mostrou-se superior à perlita, onde maior enraizamento foi verificado nas cvs.
‘Alto D’Ouro’, ‘Galega’ e ‘Penafiel’. Todas as cvs. apresentaram estacas enraizadas,
havendo grande variação quanto ao número de estacas calejadas em areia. Pelo baixo
índice de enraizamento das cvs. ‘JB2’, ‘Frantoio’ e ‘Mission’, pode-se inferir a enxertia.
LITERATURA CITADA
CABALLERO, J. M.; del RÍO, C. Métodos de multiplicación. In. BARRANCO, D;
FERNANDÉZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. (Ed.) El cultivo del olivo, 5. ed. Madrid: MundiPrensa/Sevilla: Consejería de Agricultura y Pesca de la Junta de Andalúcia, 2004.
FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência & Agrotecnologia,
Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, nov./dez., 2011.
OLIVEIRA, A. F.; VIEIRA NETO, J.; ALVARENGA, A. A.; MESQUITA, H. A.; GONÇALVES,
E.D. Aspectos técnicos da cultura da oliveira. Boletim Técnico, n.88, Belo Horizonte, 2008.
1
CORTES SUCESSIVOS EM JARDINS CLONAIS DE OLIVEIRA
VISANDO SUA PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA
1
2
3
Villa, F.*; Vieira Neto, J. ; Silva, L. F. O. ; Oliveira, A. F.
*D.Sc., Professora Adjunta, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de Ciências
Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR.
E-mail: [email protected];
1
D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuária (EPAGRI),
2
Caixa Postal 121, Ituporanga, SC; Mestrando em Fitotecnia, Departamento de Agricultura (DAG), Universidade
Federal de Lavras (UFLA), Lavras, MG;
3
D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuária
de Minas Gerais (EPAMIG), Lavras, MG.
RESUMO: O trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de jardins clonais de oliveira
em cortes sucessivos visando sua propagação por estaquia. O estudo foi conduzido na
EPAMIG de Maria da Fé, MG. Foram avaliadas duas cvs. (Ascolano 315 e Arbequina) e três
anos de cortes. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso com parcelas subdivididas no
tempo e cinco repetições. Avaliaram-se altura da planta, diâmetro do tronco, comprimento
médio de ramos, rendimento de estacas e massa verde total acumulada. Em todas as
características avaliadas, melhores resultados foram observados na cv. Ascolano 315. Os
cortes sucessivos podem se estender por um período superior a três anos.
PALAVRAS CHAVE: Produção de mudas, propagação vegetativa, Olea europaea L.
ABSTRACT: The work was aiming to evaluate the performance of clonal olive tree gardens
in successive cuts at its propagation by cutting. The study was conducted in the EPAMIG of
Maria da Fé, Brazil. Were evaluated two cvs. (Ascolano 315 e Arbequina) and cuts in three
years. The design was randomized blocks with split plots in time and five replicates. There
were evaluated the plants height, torso diameter, average length of branches, yield of cutting
number and total green mass accumulated. In all feature evaluated, better results were
observed in the ‘Ascolano 315’. The successive cuts may be extended for a period
exceeding three years.
KEY WORDS: Production of seedlings, vegetative propagation, Olea europaea L.
INTRODUÇÃO
A estaquia é o método de propagação mais utilizado na produção de mudas de
oliveira. Porém esta técnica requer atenção para determinados fatores que influenciam no
enraizamento, como disponibilidade e tipo de material vegetativo a ser utilizado. A
implantação de jardins clonais com o objetivo de fornecer material propagativo torna-se
vantajoso, pois além de permitir a coleta de ramos durante todo o ano, podem apresentar
2
características favoráveis ao enraizamento (CABALLERO & DEL RIO, 2006). Diante do
exposto, objetivou-se avaliar o desempenho de jardins clonais de oliveira visando sua
propagação por estaquia, sob cortes sucessivos em intervalos de 12 meses de cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da Fé, MG. Os
jardins clonais foram instalados em março de 2006, em área previamente corrigida de
acordo com análise de solo. Avaliaram-se as cvs. de oliveira ‘Ascolano 315’ e ‘Arbequina’, e
3 cortes sucessivos (março de 2007/2008/2009). Os plantios foram realizados a partir de
mudas oriundas de estacas enraizadas, em sulcos com 40 cm de profundidade.
O delineamento estatístico utilizado foi blocos ao acaso com parcelas subdivididas
com 5 repetições e subparcelas no tempo (cortes). As parcelas experimentais foram
constituídas de três linhas de um metro de comprimento, com três plantas em cada linha,
0,5 m uma da outra, totalizando nove plantas por parcela. Para avaliação, as três plantas
foram podadas a 20 cm de altura do solo, a cada 12 meses de cultivo, sendo avaliados,
altura da planta (m), comprimento médio de ramos (m) e rendimento em número de estacas.
Os dados coletados foram analisados estatisticamente (EMBRAPA, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A quantidade de estacas de ‘Ascolano 315’, foi 2,1 vezes maior que o número de
estacas de ‘Arbequina’ (Figura 1). Esta diferença se deve ao fato da Ascolano apresentar,
caracteristicamente, hábito de crescimento mais intenso. O terceiro corte proporcionou
maior número de estacas para as duas cvs. A altura das plantas também foi influenciada
pelo número de cortes. Esta variável é um importante índice técnico, interferindo
diretamente no planejamento de produção de mudas (Tabela 1). Quanto ao comprimento
ZĞŶĚŝŵĞŶƚŽĚŽ ŶƷŵĞƌŽĚĞĞƐƚĂĐĂƐ
dos ramos, observou-se resultado mais acentuado na ‘Ascolano 315’ (Tabela 2).
ϭϲϬ
ϭϯϲ͕ϴϲĂ
ϭϰϬ
ϭϮϬ
ϵϵ͕ϵĂ
ϭϬϬ
ϴϬ
ϲϬ
ϲϬ͕ϯϰď
ϰϳ͕ϱϮď
ϯϰ͕ϭϵď
ϰϬ
ϮϬ
Ϭ
ƐĐŽůĂŶŽϯϭϱ ƌďĞƋƵŝŶĂ
sĂƌŝĞĚĂĚĞ
ϭ
Ϯ
ϯ
ŽƌƚĞƐƐƵĐĞƐƐŝǀŽƐ
Figura 1. Rendimento do número de estacas (RNE) para cvs. de oliveira e cortes sucessivos.
EPAMIG, Maria da Fé, MG. *Médias não seguidas da mesma letra diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5%.
3
Tabela 1. Altura média da planta para cortes sucessivos. EPAMIG, Maria da Fé, MG.
Cortes sucessivos
Altura média (m)
1
1,97 a
2
1,25 b
3
2,23 a
CV
14,77 %
* Médias não seguidas da mesma letra diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade de erro.
Tabela 2. Comprimento dos ramos (m) para cvs. e cortes. EPAMIG, Maria da Fé, MG.
Cortes sucessivos
Cultivares
1
2
3
Ascolano 315
0,7820 aB
0,9553 aB
1,8913 aA
Arbequina
0,4760 aB
1,0433 aAB
1,2953 bA
CV
17,60 %
* Médias não seguidas da mesma letra minúscula na vertical e maiúscula na horizontal
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
O comportamento das cvs. estudadas diz respeito às características intrínsecas aos
genótipos. Ambos os materiais são importantes na implantação comercial da olivicultura no
sul de MG. Com isso, pretende-se empregar esta técnica em plantios comerciais brasileiros.
CONCLUSÕES
‘Ascolano 315’ apresentou melhores resultados do que ‘Arbequina’ em todas as
características agronômicas avaliadas.
Os cortes sucessivos podem se estender por período superior a três anos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABALLERO, J. M.; DEL RÍO, C. Propagação da Oliveira por enraizamento de estacas
semilenhosas sob nebulização. Informe Agropecuário, Belo Horizonte: Azeitona e azeite de
oliva -tecnologias de produção, v.27, n.231, p.33-38, mar/abr. 2006.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa Tecnológica em Informática para a Agricultura.
Ambiente de software NTIA, versão 4.2.2: Manual do usuário - Ferramental Estatístico.
Campinas: EMBRAPA/CNPTIA, 1997. 258p.
ϭ
Ocorrência de doenças fúngicas em olivais do estado de São Paulo.
1
1
1
1
2
2
Töfoli*, J.G.; Domingues, R.J.; Ferrari, J.T.; Nogueira, E.M.C.; Berti, A.J.; Bueno, S.C.S.
1
2
Instituto Biológico, Av. Cons. Rodrigues Alves 1252, 04014-002, São Paulo - SP ; Núcleo de Produção de
Mudas de São Bento do Sapucaí, Caixa Postal 22, CEP 12.490-000. [email protected].
RESUMO
O objetivo desse estudo foi identificar as doenças fúngicas presentes em olivais paulistas no
período de novembro de 2011 a abril de 2012. As doenças detectadas nesse levantamento
foram mancha olho de pavão (Fusicladium oleagineum); cercosporiose (Pseudocercospora
cladosporioides), antracnose (Colletotrichum spp.), septoriose (Septoria spp.) e podridão de
frutos (Alternaria alternata, Cladosporium sp.). O trabalho descreve a sintomatologia, as
condições favoráveis para ocorrência e as medidas recomendadas para o manejo dessas
doenças.
Palavras-Chave: controle, fungos, azeitona, Olea europea.
ABSTRACT
The aim of this study was to identify fungal diseases present in olive groves in São Paulo in
the period November of 2011 to April of 2012. The diseases observed in this survey were
peacock
spot
(Fusicladium
oleagineum)
“cercosporiose”
(Pseudocercospora
cladosporioides), anthracnose (Colletotrichum spp.), septoriose (Septoria spp.) and fruit rot
(Alternaria alternata, Cladosporium sp.) The paper presents the symptoms, favorable
conditions and recommended measures to control these diseases.
Keywords: control, fungi, olive, Olea europea,
INTRODUÇÃO
A olivicultura é uma nova alternativa para a agricultura paulista. Atualmente a cultura
encontra-se instalada em mais de 15 municípios, com destaque para São Bento do Sapucaí,
Campos do Jordão, Silveiras, Lorena, Natividade da Serra, Espírito Santo do Pinhal e Águas
da Prata, contando com mais de 50.000 plantas (Teramoto et al., 2010). O alto potencial
econômico dessa cadeia produtiva nas áreas de extração de azeite, conservas,
fitomedicamentos e cosmésticos tem incentivado empreendimentos no estado.
A oliveira pode ser afetada por inúmeras doenças das mais variadas etiologias (Trapero
& Blanco, 2008). As doenças fúngicas estão entre as mais importantes dessa cultura,
podendo causar a desfolha, a queda e o apodrecimento de frutos e, em algumas situações,
a morte das plantas. As doenças afetam diretamente o rendimento, a qualidade e o
resultado econômico da atividade.
Ϯ
Sendo o cultivo comercial da oliveira, relativamente recente em São Paulo, não há
relatos e nem estudos sobre a ocorrência de doenças no estado. Esse trabalho teve o
objetivo de identificar e caracterizar as doenças existentes em olivais no estado de São
Paulo, visando estudos futuros de manejo integrado.
MATERIAL E MÉTODOS
No período de novembro de 2011 a abril de 2012 foram realizadas visitas técnicas a
olivais instalados nos municípios paulistas de São Bento do Sapucaí, Sapucaí Mirim e
Piedade, de onde foram coletadas amostras com sintomas e sinais da presença de fungos
para análises laboratoriais. Nesse estudo também foram consideradas amostras
provenientes dos municípios de Espírito Santo do Pinhal, São Roque e São Paulo, enviadas
para análise para o Instituto Biológico.
Foram coletadas amostras de folhas, frutos, ramos, troncos e raízes das cultivares
Grapolo, Verdial, Frantoio, Arbequina e Arbosana. As amostras foram observadas ao
microscópio estereoscópico para observação da presença de sintomas e estruturas
fúngicas. As técnicas utilizadas para identificação da etiologia da doença foram a câmara
úmida, para favorecer a exteriorização de sinais dos patógenos, e o isolamento do patógeno
em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA). As amostras foram mantidas em BOD à 25º
C, pelo período de 7 a 10 dias. A identificação dos fungos foi feita com auxílio de
microscópio óptico e também com auxílio da literatura internacional.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As principais doenças fúngicas observadas nesse estudo foram:
1) Olho de Pavão (Fusicladium oleagineum (Castagne) Ritschel & U. Braun 2003).
Esta doença é considerada uma das mais importantes e destrutivas da oliveira em
condições de temperaturas amenas (10 a 20˚ C) e alta umidade (chuvas, neblina e orvalho).
Nas folhas, os sintomas iniciais são lesões circulares, concêntricas, com coloração marrom,
amarelo ou verde. Ao evoluir, essas se tornam escuras e apresentam o centro claro. A
doença
pode
causar
intensa
desfolha
das
plantas
afetadas,
causando
o
seu
enfraquecimento e a queda da produção. Entre os fatores que podem favorecer a doença
destacam-se baixa incidência de sol, baixa circulação de ar entre as plantas, plantios em
áreas de baixada, irrigações excessivas, podas insuficientes, plantios próximos a fontes de
água (rios, açudes, lagos), excesso de adubação nitrogenada e carência de cálcio e
potássio.
2) Cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides (Sacc.) U. Braun 1993)
ϯ
Inicialmente as folhas atacadas não se distinguem das normais. Com passar do tempo
essas se tornam amareladas, podendo apresentar necroses pardas irregulares. Nos frutos,
as lesões são deprimidas, marrom-acinzentadas e apresentam tamanhos e formato variável.
O fungo pode causar intensa desfolha das plantas e a queda de frutos atacados. A
cercosporiose é favorecida por alta umidade e temperaturas na faixa de 22 a 28˚ C. Em
alguns casos, pode ocorrer associada ao olho de pavão.
3) Antracnose (Colletotrichum acutatum J.H. Simmonds 1968 e Colletotrichum
gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. 1884)
Nos frutos, a antracnose causa lesões escuras, depressivas, circulares ou irregulares
recobertas por uma massa rósea ou alaranjada composta por conídios do fungo. A doença é
favorecida por temperaturas entre 23 e 28° C e alta umidade, sendo mais frequente próximo
ao amadurecimento dos frutos. De maneira geral, as azeitonas atacadas apresentam queda
de peso, redução do rendimento graxo e são muito ácidas. Nas folhas, as lesões são
castanhas, circulares ou irregulares, e podem curvar-se. Desfolhas e queda de frutos são
frequentes em ataques severos dessa doença.
4) Septoriose (Septoria spp.)
Nas folhas a doença causa lesões circulares ou irregulares com centro claro e bordos
bem definidos. A doença é favorecida por temperaturas amenas (20 a 24˚ C) e alta umidade.
Em condições de alta severidade a doença pode causar a queda de folhas.
5) Podridão em frutos (Alternaria alternata (Fr. : Fr.) Keissl. 1912, Cladosporium sp.)
As podridões são causadas por patógenos secundários e, em alguns casos,
saprófitasque penetram nos frutos maduros, em processo de maturação ou danificados,
afetando seu rendimento graxo e a qualidade do azeite. Os frutos afetados por Alternaria
alternata apresentam lesões secas e negras, enquanto que os infectados por Cladosporium
sp. apresentam um mofo esverdeado.
Para o manejo dessas doenças recomendam-se medidas integradas de controle, tais
como evitar o plantio adensado em áreas favoráveis à doença e sujeitas ao acúmulo de
umidade; poda correta das plantas de forma a favorecer a circulação de ar e penetração de
luz no interior da copa; plantio de cultivares com algum nível de resistência; adubação
equilibrada; eliminação e destruição de folhas e frutos e frutos doentes/mumificados;
colheita antecipada dos frutos.
O uso de fungicidas é uma prática amplamente utilizada em outros países produtores,
porém no Brasil ainda não existem produtos registrados para a cultura da oliveira.
Etapas futuras desse estudo pretendem definir os danos causados por essas
doenças e programas de manejo que viabilizem a sustentabilidade da olivicultura no estado
de São Paulo.
ϰ
LITERATURA CITADA
TERAMOTO, J.R.S; BERTONCINI, E.I.; PRELA-PANTANO Histórico da introdução da cultura da
oliveira
no
Brasil.
2010.
Artigo
em
Hypertexto.
Disponível
em:
<http://www.infobibos.com/Artigos/2010_4/HistoricoOliveira/index.htm>. Acesso em: 25/6/2012
TRAPERO, A.; BLANCO, M.A. Enfermedades. In: BARRANCO D., FERNANDEZ-ESCOBAR, R.;
RALLO, L. Mundi-Prensa. p. 595-656, 2008.
ANÁLISE DOS COMPOSTOS BIOATIVOS PRESENTES NO AZEITE DE OLIVA
EXTRA VIRGEM ORGÂNICO NACIONAL
1
2
3
1
Caldas, L. B. S. , Medeiros, R.M.L. , Santos, B.M. , Souza, F.C. , Celeghini, R.M.S.
1
1*
Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade de Campinas - UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 80,
2
13083-862 Campinas, São Paulo, Brazil; EPAMIG, Rua Washington Alvarenga Viglione s/nº, 35517-000, Maria
3
da Fé, Minas Gerais, Brazil; Faculdade de São Lourenço Rua Madame Schimidt 90, 37470-000, São Lourenço,
Minas Gerais, Brazil- [email protected]
RESUMO
Pesquisas demonstraram que o consumo regular de azeite de oliva ajuda a prevenir
doenças e retarda o envelhecimento. Os compostos bioativos presentes na fração
insaponificável do azeite de oliva virgem, protegem o organismo contra agentes externos e
do desenvolvimento de doenças. Dentre estes compostos, o esqualeno tem sido apontado
como um fator para a menor incidência de câncer nas populações mediterrânicas. O Įtocoferol, a clorofila e os compostos fenólicos são potentes antioxidantes e seqüestradores
de radicais livres. O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG, em parcerias
com a Emater e a Epamig, produziram a primeira safra de azeite orgânico. Diante dessa
situação, torna-se necessário e importante, estudar as características deste azeite nacional
em relação aos compostos da fração insaponificável. O objetivo deste trabalho foi avaliar os
compostos bioativos (Clorofila, fenóis totais, Į-Tocoferol e esqualeno) presentes na fração
insaponificável. A concentração de clorofila (21,34 mg/Kg), Į-Tocoferol (25,12 mg/100g),
esqualeno (149,33 mg/100g) e fenóis Totais (154,04 mg/kg), presentes no azeite de oliva
extra virgem orgânico nacional, estão de acordo com os resultados encontrados na literatura
para azeites de olivas extra virgem.
PALAVRAS-CHAVE: clorofila, compostos fenólicos, α-tocoferol, esqualeno, orgânico
ANALYSIS OF BIOACTIVE COMPOUNDS PRESENT IN THE BRAZILIAN
ORGANIC EXTRA VIRGIN OLIVE OIL
ABSTRACT
Researches have shown that regular consumption of olive oil helps preventing disease and
the premature aging. The bioactive compounds present in the unsaponifiable fraction of
virgin olive oil protect the body against external agents and diseases. Among these
compounds, squalene has been appointed as a factor for the lower incidence of cancer
among mediterranean populations. The Į-tocopherol, chlorophyll and phenolic compounds
are potent antioxidants and free radical scavengers. The Santa Maria’s Olive Trees, situated
in Gamarra Valey in MG, in a partnership with EMATER and EPAMIG, produced the first
harvest of organic olive oil. Considering the situation, it is important and necessary to study
the characteristics of this national olive oil in relation to compounds of the unsaponifiable
ϭ
fraction. The purpose of this job was to evaluate bioactive compounds (chlorophyll, total
phenols, α-tocopherol and squalene) presents in the unsaponifiable fraction. The
concentration of chlorophyll (21,34 mg/Kg), Į-tocopherol (25,62mg/100g), squalene (149,33
mg/100g) and total phenols (152,5 mg/Kg) presents in the national organic olive oil are
conformed with the standards shown in the literature for extra virgin olive oil.
KEYWORDS: chlorophyll, total phenols, α-tocopherol, squalene, organic
INTRODUÇÃO
Dentre os óleos vegetais comestíveis comercializados mundialmente, o azeite de
oliva é um dos mais importantes e antigos. O azeite de oliva é o produto obtido de azeitonas
maduras, procedentes de oliveiras sadias, cujo processamento tenha sido realizado com
frutos frescos evitando qualquer tratamento que altere a natureza química de seus
componentes (Goodacre et al.,1993).
A oliveira tem muitas variedades que apresentam maiores ou menores diferenças
fenotípicas e genéticas. Atualmente, as diferenças no tamanho, cor, teor de óleo,
composição de ácidos graxos e outras propriedades são verificadas como características de
origem dos principais países que cultivam oliveiras (Fourati et al., 2002).
A fração insaponificável do azeite de oliva virgem representa de 1-2% do azeite em
massa. Consiste em vários componentes, tais como: compostos orgânicos voláteis, fenóis,
tocoferois, pigmentos, esteróis, esqualeno, entre outros, que são responsáveis pelo sabor,
estabilidade e propriedades nutricionais do azeite de oliva (Saba et al., 2005).
A presença de clorofila nos óleos tem um significado importante no processo de
auto-oxidação, podendo ser um sensibilizador do oxigênio, na presença de luz, agindo como
prooxidante, e na ausência de luz atuar como antioxidante (Endo et al., 1985). Os tocoferois
tem significado especial devido a sua atividade vitamínica (vitamina E) e por serem
antioxidantes naturais. O azeite de oliva contém também quantidades variáveis de
substâncias fenólicas, potentes antioxidantes que apresentam importante papel na
estabilidade oxidativa dos azeites (Murkovic et al., 2004).
Tornando-se dependente da importação para abastecimento interno, sem uma
produção própria de azeitonas e azeite de oliva, o Brasil apostou no desenvolvimento de
trabalhos de pesquisa e cultivo de oliveiras. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (EPAMIG) iniciou um trabalho de cultivo e propagação de oliveiras na fazenda
Experimental de Maria da Fé no sul de Minas Gerais.
O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG a 1.800 m de altitude com
clima tropical e temperatura anual média de 20,6ºC, em parcerias com a Emater e a Epamig,
produziram a primeira safra de azeite orgânico. Diante dessa situação, torna-se necessário
e importante estudar as características deste azeite nacional através da avaliação dos
Ϯ
compostos da fração insaponificável que contêm micronutrientes como o α-tocoferol,
clorofila e compostos fenólicos que protegem o organismo contra agentes externos e o
desenvolvimento de doenças.
MATERIAL E MÉTODOS
Extração: A extração do azeite de oliva extra virgem foi realizada no Núcleo Tecnológico de
Azeitona e Azeite (NTAA), na EPAMIG de Maria da Fé (MG) em parceria com a Associação
dos Olivicultores dos contrafortes da Mantiqueira. As azeitonas da variedade Alberquina,
produzidas no olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra (Baependi-MG), através da
agricultura orgânica, foram processadas logo após a colheita. As azeitonas foram colhidas
manualmente, selecionadas, sanitizadas e enxaguadas em água corrente. As azeitonas
foram trituradas na máquina extratora de azeite e batidas por cerca de 50 minutos, para
liberação do óleo da pasta. A pasta de azeitona foi transferida para a centrífuga onde
ocorreu a separação do óleo, da água e dos resíduos. Após a extração o azeite foi
envasado em vidros previamente esterilizados e mantidos a -18ºC.
Métodos de análises: A análise de clorofila foi realizada através de análises
espectrofotométricas pelo método Ch 4-91 (AOCS, 2004). O resultado foi expresso em mg
de pigmentos totais de clorofila por quilograma de azeite. A quantificação do Į-Tocoferol foi
realizada de acordo com o método Ce 8-89 (AOCS, 2004) por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE). A análise de fenóis totais foi adaptada do método proposto por
GUTFINGER (1981) e a quantificação do esqualeno foi realizada de acordo com o método
proposto por Nenadis e Tsimidou (2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta os resultados dos compostos bioativos analisados na amostra
de azeite de oliva extra virgem orgânico nacional.
Tabela 1- Concentrações de compostos bioativos presentes na amostra de azeite de oliva
extra virgem orgânico nacional
Compostos Biativos
Concentração
Clorofila (mg feofitina a/kg)
21,34 ± 0,08
Į-Tocoferol(mg/100g)
25,12 ± 0,66
Fenóis totais(mg ác.gálico/kg)
154,04 ± 2,28
Esqualeno (mg/100g)
149,33 ± 0,74
Segundo Tsimidou (1998), uma ampla faixa de teor de compostos fenólicos totais
tem sido relatada, mas os valores são geralmente entre 100 e 300 mg/kg cultivar, o que está
de acordo com o resultado (152,50 mg/kg) encontrado neste experimento. O teor de Įtocoferol encontrado na amostra deste experimento (256,20 mg/Kg) está de acordo com a
faixa de 98 a 370 mg/kg obtida de 90 amostras de azeites analisadas por Psomiadou et al.
(2000). Quanto ao teor de clorofila, segundo Psomiadou e Tsimidou (2001), o azeite de oliva
virgem contém até 40 mg/kg, expresso em feofitina a. Os mesmos autores, ao analisarem
ϯ
quatro diferentes amostras de azeite extra virgem gregos, encontraram valores que variaram
de 9,1 a 23 mg feofitina a/kg. O valor de 21,34 mg de feofitina a/kg encontrado no azeite
usado neste experimento está de acordo com o obtido pelos autores citados. Grigoriadou et
al. (2007), quantificaram 171,8 mg/100g de esqualeno em amostras de azeite Grego. Estes
valores estão próximos ao encontrado na amostra de azeite de oliva extra virgem orgânico
nacional que foi de 149,33 mg/100g.
CONCLUSÕES
Foi possível quantificar a presença de compostos funcionais em níveis consideráveis
na amostra de azeite de oliva nacional, caracterizando-se como um alimento funcional,
principalmente pelo seu caráter antioxidante, importante no combate aos radicais livres no
organismo humano. Através destes resultados, podemos concluir que o Brasil é um país
capaz de produzir azeites de excelente qualidade, com condições favoráveis para
introdução deste tipo de cultura, antiga para várias regiões do mundo, mas nova para o
Brasil.
AGRADECIMENTOS: FAPESP e CNPq
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to acetonitrile CI-MS and CI-MS/MS, a possible marker for adulteration by addition of
ϰ
deodorized olive oil. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, n.12, p.4867-4872,
2005.
ϱ
ϭ
Azeite de oliva: sistemas de embalagem e conservação da qualidade
Olive oil: packaging and quality conservation
1
Botti, L.C.M* , Anjos, C.A.R
1
e mail: [email protected]
1
Faculdade de Engenharia de Alimentos-FEA – UNICAMP
Rua Monteiro Lobato 80, 13083-862 Campinas, São Paulo, Brazil
RESUMO
Acompanhando as tendências de saudabilidade, preocupação com a saúde e bem estar o
consumo de azeite de oliva (AO) tem crescido no mundo todo. O uso de uma embalagem
adequada, além de valorizar o produto comercialmente, visa à preservação da cor, do sabor
e dos nutrientes presentes no azeite. Assim, neste estudo foi feita uma revisão sobre a
influência e as principais características do sistema de embalagem de AO visando à
manutenção da qualidade do produto envasado. Conclui-se que há necessidade de uma
maior interação entre os setores ligados a pesquisa, indústria e comércio do AO. E que as
condições de estocagem dos AO na maioria dos pontos de venda não são as mais
indicadas para a preservação da qualidade do produto.
Palavras-chave: azeite, oxidação, PET, vida de prateleira, vidro
ABSTRACT
Following the trends of healthful, concern about health and wellness consumption of olive oil
(OO) has grown worldwide. The use of appropriate packaging in addition to enhance the
product commercially is to preserve color, flavor and nutrients in OO. In this study a review
was made on the influence and the main characteristics of the packaging system of OO in
order to maintain quality of the packaged product. It is concluded that there is need for
greater interaction between the sectors linked to research, industry and commerce of the
OO.. And that the OO storage conditions in supermarkets are not the most suitable for the
preservation of product quality.
Keywords: oil, oxidation, PET, shelf life, glass
1. INTRODUÇÃO
Cada vez mais novos consumidores têm inserido o azeite de oliva (AO) em suas refeições
diárias, segundo Santosa (2010) os motivos seriam: benefícios à saúde e sabor
característico. Devido à composição química, estabilidade e elevado teor de compostos
antioxidantes diversos estudos relacionam o consumo de AO à redução dos riscos de
doenças coronarianas, prevenção de tumores e redução de doenças inflamatórias (Bendini
et al., 2007; Servili et al., 2004; Trichopoulos & Lagiou, 2007). A vida de prateleira do AO é
limitada pela foto oxidação, auto oxidação e lipólise. Durante o processo de degradação do
azeite ocorre uma série de reações químicas envolvendo ácidos graxos insaturados, luz,
umidade e oxigênio que levam à formação de hidroperóxidos. Estes se decompõem em
inúmeros outros compostos incluindo aldeídos, cetonas, álcoois e hidrocarbonetos (Araújo,
2008).. Nesse sentido o uso de uma embalagem adequada, além de valorizar o produto
comercialmente, visa à preservação da cor, do sabor e dos nutrientes (Cecchi et al, 2010).
Em se tratando de embalagens para óleos e gorduras, uma das características mais
Ϯ
importantes é a propriedade de barreira contra agentes pró-oxidantes (Faria, 2004; Sacchi et
al., 2008). Entretanto, seguindo tendências do mercado, observa-se a crescente redução da
espessura das embalagens, o aumento do tempo de vida de prateleira dos alimentos e a
substituição de materiais de embalagem até então considerados tradicionais. Nesse sentido,
o objetivo deste trabalho é avaliar resultados obtidos em estudos científicos com relação a
influencia do sistema de embalagem sobre os índices de qualidade de AO e relacioná-los
com o que se tem disponível no mercado brasileiro de embalagens para AO.
2. DESCRIÇÃO DO ASSUNTO
Atualmente no Brasil, o AO é comumente encontrado em embalagens de vidro. Uma
pequena parcela ainda permanece em latas e outra parte, que vem crescendo, agora é
acondicionada em garrafas de polietileno tereftalato (PET). Assim como em outros países
importadores, a população brasileira em sua maioria, tradicionalmente compra o AO em
supermercados (Delgado & Guinard, 2011). Dessa maneira, os consumidores não são
expostos às características sensoriais do produto e suas escolhas se baseiam em fatores
extrínsecos como o material da embalagem, o tipo de fechamento, o rótulo e o design
(Delgado & Guinard, 2011). No mercado há predomínio de embalagens de vidro
transparente de 500 e 250 mL com tampa rosqueável de metal e lacre. Cada marca utiliza
ainda algum tipo de dosador para facilitar o uso do produto. Há variações na coloração do
vidro, recentemente as prateleiras foram tomadas por versões especiais de azeite de oliva
extra virgem (AOEV) acondicionados em garrafas de vidro pigmentado. Encontra-se
disponível também a embalagem plástica de PET de coloração escura: prática, inquebrável
e de fácil manuseio (Cocineiro, 2012); e uma quantidade limitada de latas de folha de
flandres de 250 e 500 mL das marcas mais tradicionais. O vidro e as latas são
impermeáveis a gases, em contrapartida o vidro e o PET possuem baixa barreira a luz, e
ainda, as latas não apresentam um bom sistema de fechamento após abertas.
Concomitantemente tem sido feito estudos com AO nos mais diversos centros de
pesquisa espalhados pelo mundo. Estudos de Méndez & Falqué (2007) compararam os
índices de qualidade de AOEV acondicionados em cinco diferentes tipos de embalagem de
330 mL. A embalagem plástica e opaca, apesar de proteger o azeite contra a luz se mostrou
bastante permeável ao oxigênio tal qual a tradicional permitindo que as reações oxidativas
se iniciassem e consequentemente degradassem o alimento. Observou-se também que as
perdas de qualidade acontecem mais rapidamente nos três primeiros meses de estocagem
e posteriormente as reações ocorrem de forma mais lenta. Por fim, se conclui que as
embalagens tradicionalmente disponíveis nos supermercados são inadequadas para
conservação do AOEV. As garrafas de plástico transparente seriam as menos
aconselháveis, pois permitem a ação da luz e do oxigênio induzindo a rápida deterioração
ϯ
do azeite. Normalmente associadas a produtos de alta qualidade, as garrafas de vidro
transparente também não foram capazes de manter os atributos desejáveis no produto final.
Neste estudo as latas e as embalagens cartonadas se mostraram as embalagens mais
apropriadas e indicadas para o acondicionamento de AOEV considerando um período de 6
meses. Em relação às propriedades dos materiais de garrafas de azeite de oliva virgem
(AOV), Del Nobile et al (2002), aprofundaram seus estudos nos processos de difusão de
oxigênio através da embalagem e suas possíveis conseqüências para o produto final, o
azeite. Basearam seus estudos em embalagens de PET tradicional e PET com absorvedor
de oxigênio, variando o volume e o headspace dos recipientes. Desta maneira simularam a
cinética das reações de oxidação. As equações preditas indicam que logo após o envase as
reações de oxidação dos lipídios dependem principalmente da quantidade de oxigênio
dissolvido no azeite. Com o passar do tempo este oxigênio vai sendo consumido e então
começa a ser substituído pelo oxigênio que permeia através do material da embalagem.
Assim, a adição de absorvedores de oxigênio pode representar uma alternativa, uma vez
que estes retardariam a cinética da oxidação ao dificultar a permeabilidade de oxigênio e
ainda consumir o gás dissolvido no azeite. Apesar de não se considerar as reações de
fotooxidação, os autores sugerem que o tempo de vida de prateleira do AO deve ser
estimado através de estudos mais detalhados e que considerem o tipo de design, o material
da embalagem e a temperatura de armazenamento do azeite após o envase. Nesse mesmo
sentido, mais recentemente Cecchi et al (2010) avaliaram o efeito sobre a preservação da
qualidade de AOEV acondicionado em embalagens de PET tradicional e PET adicionado de
absorvedor de oxigênio durante 13 meses. Nas embalagens com absorvedores houve
redução da perda de carotenóides e dos níveis de oxidação primário e secundário.
Indicando que este tipo de material pode ser utilizado em garrafas de AOEV a fim de se
preservar as características sensoriais, químicas e funcionais desejáveis. Os autores
sugerem o aprofundamento em estudos comparando garrafas de vidro com as de PET
adicionadas de absorvedores de gás para acondicionamento de AOEV. E outra sugestão
dos pesquisadores seria a produção de garrafas plásticas com maiores barreiras tanto à luz
como ao oxigênio para conservar melhor o AOEV. Contrapondo-se a estes estudos, Sacchi
et al (2008) observaram que o uso de absorvedores de oxigênio em garrafas de PET para
acondicionamento de AOEV foi significativo apenas no primeiro mês. Inicialmente os valores
de oxigênio dissolvido foram reduzidos, mas após este período não ocorreu alteração nos
parâmetros de qualidade. Com o objetivo de se avaliar o efeito da permeabilidade dos
materiais sobre os índices de qualidade do AOEV Pristouri et al (2010) utilizaram
embalagens de 500 mL transparente de PET, polipropileno (PP) e vidro armazenadas no
escuro a 22ºC. Em relação a influência da transmissão de luz foram utilizadas garrafas de
PET transparente, PET com bloqueador de radiação ultravioleta (UV) e PET coberto com
ϰ
folha de alumínio. As embalagens foram expostas à luz intermitente simulando as condições
dos supermercados. Estudou-se ainda o efeito do headspace e da temperatura. Após 12
meses de estudos concluiu-se que materiais com alta taxa de permeabilidade ao oxigênio
como o PP e o PE não são adequados para o acondicionamento de AO. Os bloqueadores
de UV não foram efetivos em relação à manutenção da qualidade do azeite.. Em resumo, o
material mais adequado foi o vidro seguido do PET ambos com pigmentação escura sob
condições de pouca luminosidade e temperaturas inferiores à 22ºC. Por fim, os estudos de
Fadda et al (2012) com AOEV indicam que o uso de garrafas escuras (pigmentadas),
ambiente com pouca luminosidade, headspace mínimo e temperatura em torno de 20ºC são
adequadas para se preservar as características desejáveis do AOEV e manter os índices de
qualidade dentro dos limites da legislação.
3. Conclusão
Após a revisão do assunto, percebe-se claramente que as condições de estocagem e
exposição dos AOs nos supermercados não é a mais indicada e que muitas das
embalagens disponíveis também não são consideradas adequadas para este tipo de
alimento. Nota-se ainda a relevância do assunto e a necessidade de interação entre a
indústria de embalagens, os envasadores e vendedores de AO e os centros de pesquisa.
4. Literatura Citada
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Sci. v 21, p 269–277, 2008.
SANTOSA, M. Analysis of sensory and non-sensory factors mitigating consumer behavior: A case study with
extra virgin olive oil. Dissertação, Universidade da California, Davis, 2010.
SERVILI, M.; SELVAGGINI, R.; ESPOSTO, S.; TATICCHI, A.; MONTEDORO, G.; MOROZZI, G. Health and
sensory properties of virgin olive oil hydrophilic phenols: Agronomic and technological aspects of production that
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TRICHOPOULOS, D.; LAGIOU, P. Mediterranean diet and overall mortalitydifferences in the European Union.
Public Health Nutrition, v 7,n 7, p 949–951, 2007.
ϭ
EXPOSIÇÃO À LUZ EM EMBALAGENS DE AZEITE EXTRA VIRGENS.
Pacetta, C. F.*
1
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (ZEA), Universidade de São Paulo (USP),
Pirassununga, SP. E-mail: [email protected]
RESUMO: Objetivou-se com o presente trabalho estudar a influência da exposição à luz
sobre a qualidade e vida útil de azeites extra virgens. Para tanto, utilizou-se amostragem de
azeites extra virgens expostos no mercado, armazenados em garrafas de coloração âmbar,
verde e com pintura térmica e atóxica Light Blocking®. Após coleta dos azeites, estes foram
dispostos nas embalagens e divididos em duas séries: uma armazenada no escuro e outra
sob luz difusa, reproduzindo as condições de prateleira de supermercado. A transmissão de
luz foi determinada com varredura ao longo da faixa do comprimento de onda de 200 a 700
nm. A espessura de cada embalagem foi determinada na área de incidência do feixe
luminoso, utilizando-se um micrômetro digital com resolução de 0,01 nm. Verificou-se que os
azeites originalmente mantidos em garrafas nas colorações verde e âmbar possuíam maior
exposição à luminosidade, ao contrário dos que foram armazenados em garrafas com
pintura térmica preta Light Blocking®. Demonstrou-se assim, que os azeites expostos à
maior luminosidade possuíam menor vida útil, e após no máximo sete meses, não mais
podendo ser classificados como extra virgens.
PALAVRAS CHAVE: azeite extra virgem, luminosidade, durabilidade.
ABSTRACT: The objective of this work was to study the influence of light exposure on the
quality and shelf life of extra virgin olive oil. We used to sample extra virgin olive harvest
2001/-2002 factory traditional stone mill and hydraulic press. After collection of oils, these
were placed in containers and divided into two series: one-another in the dark and stored in
diffuse light, reproducing the conditions of supermarket shelf. It was found that oil bottles
kept in the green and amber coloration had a higher exposition to light, unlike that were
stored in bottles with thermal black paint Light Blocking®. It was demonstrated as well that
the most exposed to light oils had a shorter shelf life and after at most seven months, no
longer be considered as extra virgin.
KEY WORDS: extra virgin olive oil, brightness, durability.
Ϯ
INTRODUÇÃO
Partindo-se do pressuposto que o azeite de oliva extra virgem exige condições
especiais de produção e armazenamento, analisou-se uma amostra específica para a
constatação da influência da luminosidade sobre a vida útil e qualidade desse tipo de azeite,
através de metodologia para verificação de transmissão de luz proposta por Jaime & Dantas
(2009) e de análises de Caponio et al. (2005), sobre o embalo e armazenamento do azeite,
com o objetivo de demonstrar que a conservação do produto fica prejudicada
consideravelmente quando o mesmo é exposto a condições de luminosidade intensa e até
mesmo moderada. Diante do exposto, objetivou-se ainda com o presente trabalho,
demonstrar que vários tipos de filmes e recipientes de metal também podem ser utilizados
para embalar o azeite, mas que as garrafas de vidro de diferentes cores e formas são as
mais comuns, daí a atenção dada pelo referido trabalho a tal prática.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas três amostras de azeite, no período de 08 a 21 de novembro de
2011, que foram colhidas em supermercados da cidade de Mogi Guaçu, SP, de garrafas de
vidro para azeite de oliva extra virgem, com diferentes colorações/recobrimento, para
determinação da transmissão de luz: garrafa âmbar (Azeite Azal); garrafa verde (Azeite La
Cassuela); garrafa com pintura térmica e atóxica Light Blocking® (Azeite Folhas de Oliva®),
enviadas pela Folhas de Oliva Produtos Naturais Imp. e Exp. Ltda., sediada em Estiva
Gerbi/SP.
A transmissão de luz foi determinada, conforme metodologia de Jaime & Dantas
(2009), efetuando-se uma varredura ao longo da faixa do comprimento de onda de 200 a
700 nm. Para a determinação da transmissão de luz, utilizou-se um espectrofotômetro UVvisível (marca Analytikjena, modelo Specord 210). A espessura de cada corpo-de-prova foi
determinada na área de incidência do feixe luminoso, utilizando-se um micrômetro digital,
Mitutoyo, com resolução de 0,01 nm. O experimento foi realizado com 02 repetições cada
tratamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos, pôde-se observar que as garrafas ‘âmbar’ e
‘verde’ apresentaram valores máximos de transmissão de luz próximos a 60% para a faixa
do comprimento de onda da luz visível (400 a 700 nm) e valores de transmissão abaixo de
20% para a região de radiação ultravioleta (<400 nm). A garrafa com pintura térmica e
atóxica Light Blocking®, apresentou valor de transmissão de luz inferior a 1%, independente
da região analisada (ultravioleta ou visível). Assim, pode-se dizer que a garrafa com pintura
ϯ
térmica e atóxica apresentou melhor propriedade de barreira à luz, comparativamente às
garrafas âmbar e verde, analisadas. Estudos de Caponio et al. (2005), determinaram a
necessidade de embalagem de vidro com melhoria nas características de transmissão de
luz, sob pena do comprometimento oxidativo e hidrolítico do azeite, diminuindo
significativamente a vida útil do produto em prateleira (em média de 5 meses). Na análise da
amostra do presente trabalho, as embalagens coloridas de vidro absorveram até 60% de
luminosidade interna, comprometendo sobremaneira a vida de prateleira do azeite extra
virgem (em 7 meses aproximadamente).
A embalagem com pintura térmica atóxica Light Blocking® foi a única que impediu
em 99,5% a transmissão de luz, portanto, sendo a embalagem adequada para a
preservação dos compostos graxos do azeite e seus pigmentos, bem como o shelf life do
produto, de 12 a 24 meses, dependendo das condições de armazenamento em termos de
temperatura. A embalagem metalizada, embora não absorva luminosidade, recebe em sua
costura uma solda de estanho e camada de verniz que em função da acidez do azeite ou
mesmo pelo rompimento da película ou solda, pode liberar metais pesados e princípios
químicos de verniz no produto (KAREL & LUND, 2003).
CONCLUSÕES
A melhor forma de armazenamento do azeite de oliva extra virgem são garrafas com
pintura térmica e atóxica Light Blocking®, que garantem as propriedades dos compostos
graxos e pigmentares do azeite e, conseqüentemente tempo maior de validade para o
consumo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPONIO, F.; PASQUALONE, A.; GOMES, T. Influence os the exposure to light on extra
virgin olive oil quality during storage. European Food Research Technology, v. 215, p.114117, 2005.
JAIME, S. B. M.; DANTAS, F. B. H. Embalagens de vidro para alimentos e bebidas:
propriedades e requisitos de qualidade. Campinas: CETEA/ITAL, 2009, 223p.
KAREL, M.; LUND, D. Protective packaging. In: KAREL, M.; LUND, D. Physical principles of
food preservation. Cap. 12, 2nd ed. New York: Marcel Dekker, 2003.
1
PROCESSAMENTO DE CONSERVAS DE AZEITONAS VERDES:
AVALIAÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO
1
Silva, D.F.*; Medeiros, R.M.L. ; Villa, F.
2
*
Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR.
1
2
D.Sc., Pesquisadora. EPAMIG, Maria da Fé, MG. E-mail: [email protected]. D.Sc., Professora Adjunto,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco,
1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR.
RESUMO: O aproveitamento dos frutos de oliveira é uma alternativa de produção
para o pequeno produtor mineiro. Diante do exposto, objetivou-se com o trabalho realizar o
processamento e análise físico-química das conservas de azeitonas verdes de cinco
cultivares, no Sul de MG, em 2010. As azeitonas verdes foram colhidas manualmente e as
conservas foram submetidas a dez tratamentos: (sal marinho a 5, 7 e 9%; sal grosso 7%;
com/sem soda 2%, com banho e sem banho de água quente antes da adição do sal e
branqueamento). Ao final do experimento analisaram-se físico-químicas das amostras (pH,
acidez total e determinação de cloretos). A aplicação do branqueamento favorece a
absorção de NaCl. Maiores teores de NaCl foram encontrados em azeitonas tratadas com
branqueamento térmico e descanso a 9%. O tipo de sal não influenciou na absorção do
mesmo. As cultivares ‘Santa Catalina’ e ‘Ascolano 315’ mostraram-se mais propícias a
produção de conserva artesanal de azeitonas verdes.
PALAVRAS CHAVE: Olea europaea, elaboração, azeitona de mesa
ABSTRACT: The use of olive fruits is an alternative of production for the small mining
producer. Ahead of the displayed one, it maked objective with the work to carry through the
processing and analysis physicochemical of the conserves of green olives of the five cv., in
the South of MG, 2010. The green olives had been harvested manually and the preserved
had been submitted the ten treatments (marine salt the 5, 7 and 9%; coarse salt 7%; sodium
hydroxide (NaOH) 2%, with bath and without hot water bath before the addition of the salt
and bleaching). There was realized analysis physicochemical of the samples (pH, total
acidity and chloride determination). The application of whitening favors the absorption of
NaCl. The largest concentrations of NaCl were found in olives treated with thermal bleaching
and rest to 9%. The type of salt did not influence the absorption and use of the same. The
cultivars 'Santa Catalina' and 'Ascolano 315' were more conducive to the production of
artisanal preserves green olives.
KEY WORDS: Olea europaea, elaboration, table olive.
2
INTRODUÇÃO
As azeitonas, verdes ou pretas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao
consumo logo após a colheita, pois, neste estado, apresentam-se extremamente amargas,
devido à presença de oleuropeína. Para tanto, devem ser “adoçadas” ou “curtidas”, por
diferentes processos físico-químicos (GARRIDO-FERNÁNDEZ et al., 2007).
As concentrações da salmoura variam de 6% a 14% para as conservas de azeitonas.
A salga causa uma diminuição acentuada do sabor amargo do fruto (GONÇALVES et al.,
2012). No Brasil, há uma escassez de estudos para o processamento de conservas de
azeitonas maduras, estimulando o estudo de novos tratamentos para a elaboração desse
produto. Diante do exposto, objetivou-se estudar diversos tratamentos para a cv. Santa
Catalina no processamento de conservas de azeitonas verdes no Sul de MG, avaliando-se a
qualidade do produto processado por meio de análises físico-químicas (NaCl).
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da Fé, MG, no
período de fevereiro-junho de 2010 com azeitonas verdes de cinco cultivares (‘Ascolano
USA’, ‘Ascolano 315’, ‘Santa Catalina’, ‘Tafahi 391’ e ‘Grappolo 556’) colhidas manualmente.
Foram utilizados potes de vidro de 250 mL vedados com tampas metálicas
previamente esterilizados, no processamento das conservas. A seguir, as azeitonas foram
lavadas e sanitizadas em solução de NaOH 200 mg L-1 por 30 minutos.
Preparou-se a salmoura com água filtrada e fervida por 10 minutos. Posteriormente
foram selecionadas 900 g de amostras e divididas nos tratamentos (sal marinho a 5, 7 e 9%;
sal grosso 7%; soda 2%, com banho e sem banho de água quente a 5, 7 e 9%, antes da
adição do sal e branqueamento térmico), contendo 3 potes por repetição. O branqueamento
foi realizado pela metodologia convencional e o tempo determinado pelo teste de
adequacidade com a utilização de solução alcoólica de guaiacol a 0,5% e peróxido
de hidrogênio 0,5%.
As análises de cloreto de sódio foram determinadas no Laboratório de Bromatologia
da Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI), em Itajubá, MG, segundo normas do
INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2005), realizadas em triplicata. O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado, sendo todas as análises realizadas em triplicata. Os programas
para análise estatística utilizados foram Minitab 15.1.1.0 e Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos, observou-se interação significativa para o
tratamento com soda. O tratamento com branqueamento térmico apresentou teor de NaCl
3
igual a 7,05 ao passo que sem branqueamento o valor foi de 4,58, o que pode ser justificado
pelo amolecimento do endocarpo causado pelo branqueamento.
Verificaram-se maiores teores de cloreto de sódio para as cultivares ‘Santa
Catalina’/com soda (2,31) e, ‘Ascolano 315’ sem soda (2,42). Isto se deve pelo tempo de
exposição à soda, ou seja, a penetração da solução na polpa do fruto de cada cultivar é
diferente, ultrapassando o ponto ideal, ponto este que deveria atingir de 2/3 até 3/4 de
distância entre a epiderme e o caroço. Consequentemente observou-se o rompimento da
polpa do fruto, com maior facilidade, e amaciamento exagerado do fruto, o que pode
favorecer reações indesejáveis, comprometendo o processo de conservação e a
fermentação. Não se verificou significância para tratamento com sal grosso e sal marinho,
ou seja, para as cvs. estudadas, pode-se empregar ambos no preparo das conservas.
Observou-se significância para os tratamentos (sem/com descanso a 5, 7 e 9%) e
cultivares separadamente. Maiores teores de cloreto de sódio foram verificados no
tratamento com descanso a 9%. Em relação às cultivares estudadas, observaram-se
maiores teores de NaCl em conservas preparadas de azeitonas ‘Santa Catalina’, ‘Ascolano
315’ e ‘Ascolano USA’. Para aproveitar os frutos de oliveira produzidos tanto na EPAMIG,
como na agricultura familiar, sugere-se a continuidade de pesquisas em novos métodos de
processamento de azeitonas de mesa, como também, análises microbiológicas e sensoriais.
CONCLUSÕES
A aplicação do branqueamento favorece a absorção de NaCl. Maiores teores de
NaCl foram encontrados em azeitonas tratadas com branqueamento térmico e descanso a
9%. O tipo de sal não influenciou na absorção do mesmo e a utilização de soda
desfavoreceu o acúmulo de Nacl. As cultivares ‘Santa Catalina’ e ‘Ascolano 315’ mostraramse mais propícias a produção de conserva artesanal de azeitonas verdes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARRIDO-FERNÁNDEZ, A.; FERNÁNDEZ, M.J.D.; ADAMS, M.R. Table Olives: production
and processing. Chapman & Hall, London, p. 134-206, 1997.
GONÇALVES, E. D.; MEDEIROS, R. M. L.; KROLOW, A. C. R.; VIZZOTTO, M. Elaboração
de azeitonas de mesa de qualidade. 2.a. ed. In: OLIVEIRA, A. F. (Ed.). p.593-628, 2012.
IAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz, 4ª ed. São
Paulo, 2005.
MORETTIN, P.A.; BUSSAB, W.O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
526p.
1
CONSERVAS DE AZEITONAS VERDES PROCESSADAS: AVALIAÇÃO DE pH
1
Villa, F.*; Medeiros, R.M.L. ; Silva, D.F.
2
*
D.Sc., Professora Adjunto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de Ciências
1
Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR. D.Sc.,
2
Pesquisadora, EPAMIG, Maria da Fé, MG. E-mail: [email protected]; Graduando em Ciências Biológicas,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR.
RESUMO: O aproveitamento dos frutos de oliveira é uma alternativa de produção para o
pequeno produtor mineiro. Diante do exposto, objetivou-se com o trabalho realizar o
processamento e análise físico-química das conservas de azeitonas verdes de cinco
cultivares, no Sul de MG. As azeitonas verdes foram colhidas manualmente. Posteriormente
foram selecionadas, lavadas e higienizadas com hipoclorito de sódio a 200 mg L-1. As
conservas foram submetidas a dez tratamentos: (sal marinho a 5, 7 e 9%; sal grosso 7%;
soda 2%, com banho e sem banho de água quente antes da adição do sal e
branqueamento). Ao final do experimento, analisou-se as amostras (pH, acidez total e
determinação de cloretos). A aplicação do branqueamento esta condicionada a cultivar de
azeitona processada, sendo positivamente empregado para as cvs. Tafahi 391’ e ‘Santa
Catalina’. O sal grosso permitiu melhor pH para azeitonas verdes. A aplicação de soda não
foi significativa. O tratamento com descanso e 9% de NaCl obteve pH mais adequado a
conserva de azeitonas verdes. Todas amostras permaneceram na faixa ideal de 4.5 a 5.0.
PALAVRAS CHAVE: Olea europaea, processamento de frutos, azeitona de mesa
ABSTRACT: The use of olive fruits is an alternative of production for the small mining
producer. Ahead of the displayed one, it maked objective with the work to carry through the
processing and analysis physicochemical of the conserves of green olives of five cultivars, in
the South of MG. The green olives had been harvested manually. Later they had been
selected, washed and sanitized with sodium hypochlorite of the 200 mg L-1. The conserves
had been submitted the ten treatments (marine salt the 5, 7 and 9%; coarse salt 7%; sodium
hydroxide (NaOH) 2%, with bath and without hot water bath before the addition of the salt
and bleaching). The application of bleaching conditioned to cultivate olives processed, being
positively used for cvs. ‘Tafahi 391' and 'Santa Catalina'. The coarse salt provided better pH
for green olives. The use of sodium hydroxide was not significant. Treatment with rest and
9% NaCl was obtained the most appropriate pH to preserve green olives. All samples
remained in the ideal range of 4.5 to 5.0.
KEY WORDS: Olea europaea, processing of fruits, table olive.
2
INTRODUÇÃO
As azeitonas, verdes ou pretas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao
consumo logo após a colheita, pois, neste estado, apresentam-se extremamente amargas,
devido à presença de oleuropeína. Para tanto, devem ser “adoçadas” ou “curtidas”, por
diferentes processos físico-químicos (GONÇALVES et al., 2012).
Após fermentação, considera-se para conservas de azeitonas verdes, valores ideais
de pH entre 4.5 e 5.0 (UNAL & NERGIZ, 2003). No Brasil, há uma escassez de estudos para
o processamento de conservas de azeitonas maduras, estimulando o estudo de novos
tratamentos para a elaboração desse produto. Diante do exposto, objetivou-se estudar
diversos tratamentos para cinco cultivares no processamento de conservas de azeitonas
verdes, através de análises físico-químicas (pH).
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da Fé, MG, no
período de fevereiro-junho. Azeitonas verdes de cinco cultivares (‘Ascolano USA’, ‘Ascolano
315’, ‘Tafahi 391’, ‘Grappolo 556’ e ‘Santa Catalina’) foram colhidas manualmente, pouco
antes do início da completa maturação.
Foram utilizados potes de vidro de 250 mL vedados com tampas metálicas,
previamente esterilizados, no processamento das conservas. A seguir, as azeitonas foram
lavadas e sanitizadas em solução de NaOH 200 mg L-1 por 30 minutos.
Preparou-se a salmoura com água filtrada e fervida por 10 minutos. Posteriormente
foram selecionadas 900 g de amostras e divididas nos tratamentos (sal marinho a 5, 7 e 9%;
sal grosso 7%; soda 2%, com banho e sem banho de água quente antes da adição do sal e
branqueamento térmico), contendo 3 potes por repetição.
As análises de pH foram determinadas no Laboratório de Bromatologia da Fundação
de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI), em Itajubá, MG, segundo normas do INSTITUTO
ADOLFO LUTZ (2005), realizada em triplicata. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, sendo todas as análises realizadas em triplicata. Os programas para análise
estatística utilizados foram Minitab 15.1.1.0 e Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos, verificou-se interação significativa para
branqueamento térmico e as cultivares estudadas, sendo o branqueamento melhor para as
cultivares ‘Tafahi 391’ e ‘Santa Catalina’ (4,78 e 4,79). Para as cultivares ‘Ascolano USA’ e
‘Grappolo 556’ o melhor tratamento foi sem branqueamento (4,29 e 4,16). O tratamento com
3
soda não foi significativo. A utilização de sal grosso no preparo das conversas mostrou-se
superior para os tratamentos e cultivares separadamente. Valor significativo de pH de 4.5 foi
observado com a adição de sal grosso à conserva ao passo que o sal marinho obteve pH
igual a 4,7. Em relação ás cultivares, valores de 4.50 foram obtidos para as cultivares
‘Ascolano 315’ e ‘Grappolo 556’ e 4,63; 4,7 e 4,75 foram verificados em conservas
preparadas de ‘Tafahi 391’, ‘Santa Catalina’ e ‘Ascolano USA’, respectivamente.
Observou-se interação significativa para o tratamento sem/com descanso a 5, 7 e
9%. Após desdobramento dos tratamentos, valores significativos de pH foram observados
em conservas preparadas de ‘Ascolano 315’ e ‘Tafahi 391’. A utilização de descanso com
concentração de NaCl a 9% apresentou pH mais adequado a conserva de azeitonas. O pH
medido em todas as conservas de azeitonas verdes ficou dentro do permitido, na faixa ideal
de 4.5 a 5.0. Esta faixa ácida evita a proliferação de microrganismos maléficos à saúde
humana (ROMEO et al., 2012). Para aproveitar os frutos de oliveira produzidos tanto na
EPAMIG, como na agricultura familiar, sugere-se a continuidade de pesquisas em novos
métodos de processamento de azeitonas de mesa, como também, análises microbiológicas
e sensoriais.
CONCLUSÔES
A aplicação do branqueamento esta condicionada a cultivar de azeitona processada,
sendo positivamente empregado para as cvs. Tafahi 391’ e ‘Santa Catalina’. A utilização de
sal grosso permitiu melhor pH para azeitonas verdes. A utilização de soda não foi
significativa. O tratamento com descanso e 9% de NaCl obteve pH mais adequado a
conserva de azeitonas verdes. Todas amostras permaneceram na faixa ideal de 4.5 a 5.0.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, E. D.; MEDEIROS, R. M. L.; KROLOW, A. C. R.; VIZZOTTO, M. Elaboração
de azeitonas de mesa de qualidade. 2.a. ed. In: OLIVEIRA, A. F. (Ed.). p.593-628, 2012.
IAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz, 4ª ed. São
Paulo, 2005.
MORETTIN, P. A.; BUSSAB, W. O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
526p.
ROMEO, F. V.; PISCOPO, A.; MINCIONE, A.; POIANA, M. Quality evaluation of different
typical table olive preparations (cv Nocellara del Belice). Grasas y Aceites, v.63, n.1, p.1925, 2012.
UNALA, K.; NERGIZB, C. The effect of table olive preparing methods and storage on the
composition and nutritive value of olives. Grasas y Aceites, v.54, n.1, p.71-76, 2003.
1
AVALIAÇÃO DE pH EM CONSERVAS DE AZEITONAS PRETAS
1
2
Medeiros, R.M.L.*; Villa, F.* ; Silva, D.F.
*
D.Sc., Pesquisadora, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG.
1
E-mail: [email protected]; D.Sc., Professora Adjunto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal
2
Cândido Rondon, PR. Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), Cascavel, PR.
RESUMO: Este trabalho abrange o processamento e avaliação da acidez das azeitonas
pretas produzidas naturalmente na Fazenda Experimental da EPAMIG. Este estudo foi
conduzido para desenvolver tratamentos para processar azeitonas maduras embaladas de
uma maneira natural. Foram utilizados no experimento 5 cvs. de oliveira. Os 12 tratamentos
utilizados na elaboração das conservas foram: com e sem soda na salmoura a 7%; com e
sem branqueamento na salmoura a 7%; com sal marinho na salmoura a 7%; com sal grosso
na salmoura a 7%; com/sem descanso em salmoura a 5%, 7% e 9%. Para a avaliação das
conservas foi realizada avaliação de pH das conservas 30 dias pós-processamento.
Melhores tratamentos na preparação de conservas de azeitonas maduras foram sem
branqueamento, sem descanso nas concentrações 5%, 7% e 9% e a utilização de soda e o
tipo de sal utilizado não interferiram significativamente no pH devido pouca variação de
acidez entre eles.
PALAVRAS CHAVE: Olea europaea, tratamento, conservas
ABSTRACT: this work encompasses the processing and evaluation of the acidity of canned
black olives naturally produced in the Experimental Farm EPAMIG. This study was
conducted to develop treatments for processing of canned ripe olives in a natural way. They
had been used in experiment 5 cvs. of olive. The 10 treatments used in the elaboration of the
conserves had been: with and without soda water in the pickling brine 7%; with and without
bleaching in the pickling brine 7%; with marine salt in the pickling brine 7%; with thick salt in
the pickling brine 7%; with/without rest in pickling brine 5%, 7% and 9%. For the evaluation of
the conserves the pH was carried through, in the times of 30 days after-processing. Better
treatments in the preparation of conserves of ripened olives were preserved without
bleaching, restless concentrations 5%, 7% and 9% and the sodium hydroxide use and type
of salt did not alter significantly in the pH due to small variation in acidity between them.
KEY WORDS: Olea europaea, treatment, conserves
2
INTRODUÇÃO
As azeitonas de mesa são, sem dúvida, o produto vegetal fermentado mais
importante do mundo ocidental, alcançando, no início da década de 90, uma produção anual
de mais de 1.000.000 de toneladas. As azeitonas pretas naturais são feitos a partir do fruto
maduro de de cor violeta intensa a preta (BIBILONI & RADIC 2006).
As azeitonas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao consumo logo após a
colheita. Neste estado, apresentam-se extremamente amargas, devendo ser “adoçadas” ou
“curtidas” por diferentes processos. Portanto deve-se fazer o preparo da azeitona para o
consumo. No Brasil são colhidas manualmente para evitar danos no fruto e no produto final.
Após a colheita são colocadas imediatamente em salmoura (VIEIRA NETO et al., 2008).
As concentrações da salmoura variam de 6% a 14% para as conservas de azeitonas.
A salga causa uma diminuição acentuada do sabor amargo do fruto. No Brasil, há uma
escassez de estudos para o processamento de conservas de azeitonas maduras,
estimulando o estudo de novos tratamentos para a elaboração desse produto. Diante do
exposto, objetivou-se estudar diversos tratamentos para cinco cultivares de azeitona no
preparo de conservas de azeitonas maduras, avaliando seu pH.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 5 cvs. de azeitonas pretas (Galega; JB1; JB2; Negroa e Mission),
coletando-se manualmente 2 kg de frutos de cada cultivar, na Fazenda Experimental da
EPAMIG, Maria da Fé (MG). Após a colheita foram imediatamente transferidas para as
instalações da EPAMIG, onde foram realizados os tratamentos. Foram utilizados potes de
vidro de 250 mL vedados com tampas metálicas, previamente esterilizados, no
processamento das conservas. A seguir, as azeitonas foram lavadas e sanitizadas com
NaClO a 200 mg L-1 por 30 minutos. Posteriormente as amostras foram pesadas em 300 g
de cada cultivar por tratamento, divididas em 3 potes.
A salmoura foi preparada com água filtrada e fervida por 10 minutos. Após o
esfriamento da salmoura, prepararam-se os 10 tratamentos: com e sem soda na salmoura a
7%; com e sem branqueamento a 7%; com sal marinho a 7%; com sal grosso a 7%; com
descanso a 5%, 7% e 9%; sem descanso a 5%, 7% e 9%. As análises de pH foram
determinadas no Laboratório de Bromatologia da Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá
(FEPI), em Itajubá, MG, segundo normas do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008), realizada
em triplicata. Os programas para análise estatística utilizados foram Minitab 15.1.1.0 e
Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que o tratamento com
3
branqueamento causou uma elevação do pH para 5,64 e consequentemente uma
diminuição da acidez .
A maioria dos microrganismos se desenvolve melhor em uma faixa entre 5 a 7 de
pH. Tal valor atingido após o branqueamento pode ter favorecido o desenvolvimento de
microrganismos fermentadores aumentando a acidez. Também pode ter ocorrido uma maior
retirada de ar do interior dos frutos proporcionada pelo branqueamento, favorecendo o
desenvolvimento de microrganismos anaeróbios fermentadores, aumentando o teor de
acidez da conserva.
Quanto ao tipo de sal utilizado em conservas de azeitonas maduras, os tratamentos
só foram significativos para cultivar. As cvs. ‘Galega’ e ‘Mission’ demonstraram maior valor
de pH, possivelmente por eliminarem oleuropeína mais facilmente na solução devido as
suas características físicas, aumentando a acidez. De maneira geral o descanso em água
favoreceu a diminuição do pH possivelmente por propiciar uma maior eliminação de
oleuropeína para o meio externo. Também pode ter favorecido a proliferação de
microrganismos responsáveis fermentadores, o que pode aumentar a acidez e diminui o pH.
Uma maior concentração de sal, tanto nos tratamentos com descanso, quanto no
stratamentos sem descanso, ocasionaram um pH mais baixo, mantendo a acidez mais
elevada em torno de 4,5. A utilização de grandes quantidades de sal tornam o meio
impróprio para o desenvolvimento de microrganismos o que favorece a manutenção das
propriedades iniciais de alimentos, desta forma tratamentos com 9%de NaCl apresentaramse melhores para conservas de azeitonas maduras.
CONCLUSÕES
Os tratamentos sem branqueamento, sem descanso nas concentrações 5%, 7% e
9% apresentaram melhor acidez para conservas de azeitonas maduras. A utilização de soda
e o tipo de sal utilizado não interferiram significativamente no pH.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBILONI, C. V. L.; RADIC, J. M. A. El color en las aceitunas negras naturales de mesa.
nueva técnica de mensura digitalizada para optimizar el método de oscurecimiento natural.
Revista de la Facultad de Ciencias Agrarias, v.38, n.1, p.65-75. 2006.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos
Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 4° edição, São Paulo, 534p. 2008.
MORETTIN, P.A.; BUSSAB, W.O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
526p.
VIEIRA NETO, J.; OLIVEIRA, A.F.O.; N.C.D., SILVA, H.; GONÇALVES, E.D. Aspectos
técnicos da cultura da oliveira. EPAMIG: Boletim Técnico, n.88, 56p. 2008.
TEORES DE CLORETO DE SÓDIO NO PREPARO DE CONSERVAS DE
AZEITONAS PRETAS NO SUL DE MINAS GERAIS
1
2
3
Medeiros, R. M. L. *; Villa, F. ; Silva, D. F. ;
1
2
D.Sc., Pesquisadora, EPAMIG, Maria da Fé, MG. E-mail: [email protected]; D.Sc., Professora Adjunto,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco,
3
1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR. Graduando em Ciências Biológicas,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR.
RESUMO: Este trabalho abrange o processamento e avaliação do cloreto de sódio de
azeitonas pretas produzidas naturalmente na Fazenda Experimental da EPAMIG, sendo
conduzido para desenvolver tratamentos para processar azeitonas maduras. Foram
utilizadas 5 cvs. de oliveira e 12 tratamentos na elaboração das conservas: com e sem soda
na salmoura a 7%; com e sem branqueamento na salmoura a 7%; com sal marinho na
salmoura a 7%; com sal grosso na salmoura a 7%; com descanso em salmoura a 5%, 7% e
9%; sem descanso na salmoura a 5%, 7% e 9%. De acordo com os resultados obtidos,
observou-se que a cultivar Mission tem uma média de teor de cloreto de sódio maior em
relação às outras cultivares. Os tratamentos com descanso a 9%, sem branqueamento, e
adição de sal marinho favoreceram o aumento do teor de NaCl.
PALAVRAS CHAVE: Olea europaea, tratamento, conservas
ABSTRACT: this work encompasses the processing and evaluation of the acidity of canned
black olives naturally produced in the Experimental Farm EPAMIG, was conducted to
develop treatments for processing of canned ripe olives. They had been used 5 cvs. of olive
and 10 treatments in the elaboration of the conserves: with and without soda water in the
pickling brine 7%; with and without bleaching in the pickling brine 7%; with marine salt in the
pickling brine 7%; with thick salt in the pickling brine 7%; with rest in pickling brine 5%, 7%
and 9%; without rest in the pickling brine 5%, 7% and 9%. According to results obtained, was
observed that cv. Mission has an average content of sodium chloride bigger in relation to the
other cvs. Treatment with rest to 9%, without bleaching and the addition of sea salt favored
the increase of NaCl content.
KEY WORDS: Olea europaea, treatment, conserves
INTRODUÇÃO
Conserva de azeitonas pretas naturais em salmoura tem frutos de pele fina, lisa e
brilhante e podem apresentar, devido à sua preparação, depressões leves em suas
superfícies. São colocadas diretamente em salmoura, têm um sabor frutado mais
pronunciado, mantendo ligeira amargor. Sua conservação é realizada por fermentação
natural, conferindo ao fruto suas características organolépiticas (GARCIA & OLDAN, 1985).
As azeitonas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao consumo logo após a
colheita. Neste estado, apresentam-se extremamente amargas, devendo ser “adoçadas” ou
“curtidas” por diferentes processos, portanto deve-se fazer o preparo da azeitona para o
consumo. No Brasil são colhidas manualmente para evitar danos no fruto e no produto final.
Após a colheita são colocadas imediatamente em salmoura (GONÇALVES et al., 2012).
As concentrações da salmoura variam de 6% a 14% para as conservas de
azeitonas. A salga causa uma diminuição acentuada do sabor amargo do fruto (LÓPEZ et
al., 2012). No Brasil, há uma escassez de estudos para o processamento de conservas de
azeitonas maduras, estimulando o estudo de novos tratamentos para a elaboração desse
produto. Diante do exposto, objetivou-se estudar diversos tratamentos para cada cultivar no
processamento de conservas de azeitonas maduras no Sul de MG, avaliando o resultado
destes tratamentos pelo teor de cloreto de sódio final apresentado conservas.
MATERIAL E MÉTODOS
No estudo colheram-se manualmente 3 kg de frutos maduros de cinco cultivares
(‘Galega’; ‘JB1’; ‘JB2’; ‘Negroa’ e ‘Mission’), na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da
Fé, MG. Após a colheita foram imediatamente transferidas para as instalações da EPAMIG,
onde foram realizados os tratamentos. Utilizaram-se potes de vidro de 250 mL vedados com
tampas metálicas, previamente esterilizados, no processamento das conservas. A seguir, as
azeitonas foram lavadas e sanitizadas com NaClO a 200 mg.L-1 por 30 minutos.
Posteriormente as amostras foram pesadas em 300 g de cada cultivar por tratamento,
divididas em 3 potes do 100 gramas compondo a triplicata para análise dos parâmetros.
A salmoura foi preparada com água filtrada e fervida por 10 minutos. Após o
esfriamento da salmoura, prepararam-se os 12 tratamentos: com e sem soda na salmoura a
7%; com e sem branqueamento a 7%; com sal marinho a 7%; com sal grosso a 7%; com
descanso a 5%, 7% e 9%; sem descanso a 5%, 7% e 9%. As análises do teor de cloreto de
sódio foram determinadas, segundo normas do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2005). O
programa para análise estatística utilizado foi o Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar uma interação significativa para os tratamentos x cultivares nas
conservas de azeitonas maduras com/sem branqueamento, e com/sem descanso a 5, 7 e
9%. Maiores valores de cloreto de sódio nas conservas de cultivares de azeitonas, sem
branqueamento. Conservas das cultivares Negroa e Mission obtiveram maiores valores de
cloreto de sódio, quando aplicado o tratamento descanso 9%.
A diferença no teor de NaCl entre as cultivares estudadas pode estar atribuída às
suas características físico-químicas, pois, a composição das olivas frescas é um dos
importantes fatores que podem alterar a qualidade do produto final. Com relação ao
tratamento com a soda, não se observou significância para as cultivares estudadas.
Observou-se significância apenas para os tipos de sal e as cultivares
separadamente. Maiores valores de NaCl foram observados com a adição de sal marinho à
conserva, quando comparado ao tratamento com sal grosso. Esta diferença pode estar
relacionada à granulometria dos sais. Com uma granulometria maior o poder de penetração
do sal é mais lento nas azeitonas e consequentemente aumenta o tempo de reação da
mesma, podendo desta forma promover um incremento no tempo de conservação, ou seja,
um aumento na vida de prateleira do produto durante o processo de fermentação,
ocasionando desta forma um acidez mais baixa.
Para ‘Mission’, ‘JB1’ e ‘JB2’, maiores valores de NaCl foram verificados, não
diferindo estatisticamente entre si, provavelmente pelas características físico-químicas,
próprias de cada cultivar. Embora este teor seja fator relevante na fabricação de conservas,
maiores estudos se fazem necessários para melhoria da qualidade final do produto.
CONCLUSÕES
Menores teores de NaCl foram encontrados em azeitonas tratadas com
branqueamento, sal grosso e sem descanso. As cultivares ‘Negroa’ e ‘Galega’ mostraram-se
mais propícias a produção de conserva artesanal de azeitonas maduras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARCIA, G. P.; OLDAN, F. S. Biotecnologia de la aceituna de mesa. Instituto de La Grasa y
Sus Derivados. Madrid, Sevilla, p. 189-201, 1985.
GONÇALVES, E. D.; MEDEIROS, R. M. L.; KROLOW, A. C. R.; VIZZOTTO, M. Elaboração
de azeitonas de mesa de qualidade. 2.a. ed. In: OLIVEIRA, A. F. (Ed.). p.593-628, 2012.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos
e Físicos para Análise de Alimentos. 4° edição, São Paulo, 534p. 2005.
LÓPEZ, F. N. A.; GALLEGO, J. B.; GIL, V. R.; BAQUERO, J. M.; GARCÍA, P. G.; DÍAZ, R.
J.; LÓPEZ, A. L.; GÓMEZ, F. R.; FERNÁNDEZ, A. G. Fermentation of olive fruit. In:
Handbook of Plant-Based Fermented Food and Beverage Technology. 2.a. ed. HUI, Y. H.;
EVRANUZ, E. O. p.307-326, 2012.
MORETTIN, P. A.; BUSSAB, W. O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
526p.
CONSERVAS DE AZEITONAS MADURAS PROCESSADAS
NO SUL DE MG: AVALIAÇÃO DE ACIDEZ
1
2
3
4
5
Medeiros, R.M.L.*; Borges, C.P. ; Vitorino, A.M. ; Villa, F.* ; Silva, D.F. ; Zambom, C.R.
*
D.Sc., Pesquisadora, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG.
E-mail: [email protected];
1,2
Graduação em Farmácia, Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI),
3
Itajubá, MG. D.Sc., Professora Adjunta, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de
Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR.
4
Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR.
5
Bolsista, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG.
RESUMO: Este trabalho abrange o processamento e avaliação da acidez das azeitonas
pretas produzidas naturalmente na Fazenda Experimental da EPAMIG. Este estudo foi
conduzido para desenvolver tratamentos para processar azeitonas maduras embaladas de
uma maneira natural. Foram utilizados no experimento 5 cvs. de oliveira. Os 12 tratamentos
utilizados na elaboração das conservas foram: com e sem soda na salmoura a 7%; com e
sem branqueamento na salmoura a 7%; com sal marinho na salmoura a 7%; com sal grosso
na salmoura a 7%; com descanso em salmoura a 5%, 7% e 9%; sem descanso na salmoura
a 5%, 7% e 9%. Para a avaliação das conservas foi realizado o teste de acidez por
titulometria. Melhores tratamentos na preparação de conservas de azeitonas maduras foram
com soda, sem branqueamento, sal marinho e sal grosso; devido a pouca variação de
acidez entre eles, acidez entre 1,5%-2%.
PALAVRAS CHAVE: Olea europea, tratamento, conservas
ABSTRACT: this work encompasses the processing and evaluation of the acidity of canned
black olives naturally produced in the Experimental Farm EPAMIG. This study was
conducted to develop treatments for processing of canned ripe olives in a natural way. They
had been used in experiment 5 cvs. of olive. The 12 treatments used in the elaboration of the
conserves had been: with and without soda water in the pickling brine 7%; with and without
bleaching in the pickling brine 7%; with marine salt in the pickling brine 7%; with thick salt in
the pickling brine 7%; with rest in pickling brine 5%, 7% and 9%; without rest in the pickling
brine 5%, 7% and 9%. For the evaluation of the conserves the test of acidity for titulometric
was carried through. Better treatments in the preparation of conserves of mature olives had
been with sodium hidroxide, without bleaching, marine salt and thick salt; had to little
variation of acidity between them, acidity between 1,5%-2%.
KEY WORDS: Olea europea, treatment, conserves
INTRODUÇÃO
Denomina-se azeitona de mesa o fruto sadio de determinadas cvs. de oliveira,
colhida em estado de maturação próprio e de qualidade tal que, submetido a processo
adequado de elaboração, proporciona um produto de boa conservação pronto para
consumo (BARRANCO et al., 2008).
As azeitonas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao consumo logo após a
colheita. Neste estado, apresentam-se extremamente amargas, devendo ser “adoçadas” ou
“curtidas” por diferentes processos. Portanto deve-se fazer o preparo da azeitona para o
consumo. No Brasil são colhidas manualmente para evitar danos no fruto e no produto final.
Após a colheita são colocadas imediatamente em salmoura (VIEIRA NETO et al., 2008).
As concentrações da salmoura variam de 6% a 14% para as conservas de azeitonas.
A salga causa uma diminuição acentuada do sabor amargo do fruto (VIEIRA NETO et al.,
2008). No Brasil, há uma escassez de estudos para o processamento de conservas de
azeitonas maduras, estimulando o estudo de novos tratamentos para a elaboração desse
produto. Diante do exposto, objetivou-se estudar diversos tratamentos para cada cultivar no
processamento de conservas de azeitonas maduras no Sul de MG, avaliando sua acidez.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 5 cvs. de azeitonas pretas: Galega; JB1; JB2; Negroa e Mission,
coletando-se manualmente 4 kg de frutos de cada cultivar, na Fazenda Experimental da
EPAMIG, Maria da Fé (MG). Após a colheita foram imediatamente transferidas para as
instalações da EPAMIG, onde foram realizados os tratamentos.
Foram utilizados potes de vidro de 250 mL vedados com tampas metálicas,
previamente esterilizados, no processamento das conservas. A seguir, as azeitonas foram
lavadas e sanitizadas com NaClO a 200 mg L-1 por 30 minutos. Posteriormente as amostras
foram pesadas em 300 g de cada cultivar por tratamento, divididas em 3 potes.
A salmoura foi preparada com água filtrada e fervida por 10 minutos. Após o
esfriamento da salmoura, prepararam-se os 10 tratamentos: com e sem soda na salmoura a
7%; com e sem branqueamento a 7% (tempo pré-estabelecido); com sal marinho a 7%; com
sal grosso a 7%; com descanso (repouso em água trocada a cada 12 horas durante 2 dias)
a 5%, 7% e 9%; sem descanso a 5%, 7% e 9%.
As análises de acidez foram determinadas no Laboratório de Bromatologia da
Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI), em Itajubá, MG, segundo normas do
INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008), realizada em triplicata. Os programas para análise
estatística utilizados foram Minitab 15.1.1.0 e Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a cultivar JB2 tem uma média
de acidez maior em relação às outras cultivares. Analisando a acidez dos tratamentos,
observou-se que o tratamento com soda obteve menor média de acidez em relação aos
outros tratamentos de forma significativa. Embora a soda tenha sido utilizada para retirar o
amargo do fruto, a mesma pode ter causando uma queda no valor da acidez.
O tratamento com branqueamento atingiu uma maior média de acidez quando
comparado com o tratamento sem branqueamento. Os tratamentos com descanso
obtiveram maior média de acidez quando comparado aos outros tratamentos. Essa maior
acidez pode ter ocorrido porque as azeitonas ficaram submersas em água, podendo assim
liberar a oleuropeína, substância de caráter ácido presente no fruto. O descanso em água,
também, pode ter favorecido a proliferação de microrganismos responsáveis pela
fermentação, o que pode aumentar a acidez.
A concentração de 9% de sal foi a que apresentou valores de acidez mais baixo, não
diferindo estatisticamente dos tratamentos com 7% de sal nos tratamentos sem descanso,
porém diferenciando-se nessas duas concentrações nos tratamentos com descanso. Tal
resultado
pode
ser
explicado
pelo
amolecimento
do
endocarpo
causado
pelo
branqueamento, permitindo uma permeabilidade maior em concentrações mais altas de
NaCl e maior eliminação de oleuropeína no meio.
CONCLUSÕES
Os tratamentos com branqueamento e com descanso nas concentrações 5%, 7% e
9% apresentaram maior acidez nas conservas de azeitonas maduras.
Pouca variação na acidez foi verificada nos tratamentos com soda, sem
branqueamento, sal marinho e sal grosso. Nos tratamentos sem descanso, menor acidez foi
apresentada no tratamento a 9%.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRANCO, D.; FERNÁNDEZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. (Ed.). El cultivo del olivo. 2ª ed.
Sevilla: Consejeria de Agricultura y Pesca de la junta de Andalucía/Madrid: Mundi - Prensa,
1998. p.35-60.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos
Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 4° edição, São Paulo, 534p. 2008.
MORETTIN, P.A.; BUSSAB, W.O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
526p.
VIEIRA NETO, J.; OLIVEIRA, A.F.O.; N.C.D., SILVA, H.; GONÇALVES, E.D. Aspectos
técnicos da cultura da oliveira. EPAMIG: Boletim Técnico, n.88, 56p. 2008.

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