Rio de Moinhos um presépio vivo O RIOMOINHENSE 11
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Rio de Moinhos um presépio vivo O RIOMOINHENSE 11
TRIMESTRAL * DEZEMBRO 2015 * ANO IV O RIOMOINHENSE 11 PUBLICAÇÃO NÚMERO BOLETIM INFORMATIVO DA FREGUESIA DE RIO DE MOINHOS associação juvenil remoinhos d’água Rio de Moinhos um presépio vivo EMPREENDER SALSICHARIA MF UMA EMPRESA FAMILIAR rePORTAGEM CAFÉ “DUAS BICAS” ABRE COM NOVA GERÊNCIA PÁG. 4 PÁG. 13 ASSOCIATIVISMO RANCHO FOLCLÓRICO TRANSMITE A TRADIÇÃO O RIOMOINHENSE PÁG. 14 DEZEMBRO 2015 1 FICHA TÉCNICA EDITORIAL Diretora Joana Margarida Carvalho RIO DE MOINHOS UM CANTINHO DO CÉU Redação André Virtuoso André Santos Bárbara Bretes Catarina Assunção Cláudia Ferreira Daniela Gaspar Joana Margarida Carvalho Liliana Carvalho Micaela Gonçalves Nuno Lopes Sónia Pacheco Cronistas Mário Pernadas Nuno Miguel Rui André Publicidade Adriana Antunes Design e Paginação Daniela Gaspar Impressão Gráfica Prova de Cor Abrantes Tiragem 200 exemplares Contactos 918 818 740 [email protected] Proprietária Associação Juvenil Remoinhos d’Água APOIOS JOANA MARGARIDA CARVALHO A proxima-se uma época que deverá significar amor, partilha, solidariedade, paz, e acima de tudo união – Família! Finalizamos mais um ano e chega o momento de refletir sobre o que é que passou, o que é que foi mais e menos relevante, o que é que deverá continuar a ser uma aposta e uma máxima para cada um de nós. A freguesia acompanhou o andar dos tempos, por vezes mais ativa, por vezes mais apagada, mas certo é que Rio de Moinhos foi acordando com novidades ao longo destes meses. Significa que ainda há pessoas que têm a preocupação de dinamizar e fazer mais e melhor pela sua terra. Neste mês de dezembro, as coletividades vão arregaçar mangas e proporcionar momentos culturais para todos os fregueses. A título de exemplo a Banda Filarmónica realizará o seu tradicional concerto de Natal, o Centro de Apoio a Idosos irá promover uma noite de fados, a Junta de Freguesia repetirá o Bingo Social e a Casa do Povo irá receber uma feira de artesanato e a sua festa de Natal. Numa altura destas, talvez pareça quase desnecessário refletir sobre Rio de Moinhos, quando todos os dias somos invadidos por notícias que nos perturbam, que nos deixam apreensivos, que nos dão a conhecer um mundo cada vez mais violento e inseguro. Contudo olhando para as nossas ruas, casas e diversos espaços, talvez sejam eles verdadeiros “cantinhos do céu”, onde se respira tranquilidade, onde se confia nos demais e onde ainda há muito por fazer em 2016. No fim de contas, e tal como disse Filipe Morais ao Riomoinhense “é extremamente difícil viver longe dos que mais amamos”, por isso quem tem essa oportunidade e privilégio, que aproveite e que neste Natal esteja junto de quem mais ama, valoriza e que acima de tudo respeita! Feliz Natal e um Bom Ano Novo a todos os leitores! ERRATA: No Boletim O Riomoinhense nº6, no artigo da página nº3, relativo à inauguração do Jardim de Santa Sofia de Amoreira, por lapso não foi referida a homenagem feita a Fernando Alberto Moura Neves e seu filho Vasco Moura Neves, responsáveis pela doação do terreno para a construção do referido jardim. Vimos por este meio pedir desculpa aos visados. 2 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 FESTIVIDADES Fotos de André Virtuoso CASA DO POVO ENCHEU PARA OUVIR CANTAR O FADO R ealizou-se no passado dia 21 de novembro, na Casa do Povo de Rio de Moinhos, a tradicional noite de fados. Este ano, a noite contou com os fadistas António Pinto Basto e Dora Maria, acompanhados na viola por João Chora e na guitarra portuguesa por Bruno Mira e João Vaz. O salão da Casa do Povo de Rio de Moinhos foi decorado a rigor para esta noite. A sala ficou repleta, com a presença de cerca de 80 pessoas para assistir ao espetáculo que não defraudou as expectativas dos presentes. A noite principiou com o habitual jantar, de seguida os fadistas convidados começaram os fados demostrando a sua qualidade vocalística. O entusiasmo foi uma constante, e todos os presentes acompanharam os fadistas a cantar as músicas mais conhecidas. Foram também convi- dados alguns presentes a subir ao palco e a demonstrar os seus dotes de fadistas. No decorrer da noite, todos os presentes puderam degustar o caldo verde e o chouriço assado, seguindo-se novamente a segunda parte do evento. Os aplausos foram constantes, e muitas foram as fotografias tiradas durante a noite, sendo este um fee- dback positivo, de que as pessoas ficaram muito satisfeitas com o espetáculo que assistiram. O sucesso da noite de fados foi enaltecido pela direção da instituição que pretende continuar a dar vida à freguesia, proporcionando momentos culturais assinaláveis. POR ANDRÉ VIRTUOSO O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 3 EMPREENDER “GOSTO DE CONTACTAR, GOSTO DE FAZER, GOSTO DE PRODUZIR” Júlio Manuel Dias Flôr tem 41 anos e a sua irmã, Maria Otília Dias Flôr, tem 38 anos. Após o falecimento do seu pai Manuel da Costa Flôr, em 1997, começaram a tomar conta da salsicharia com a sua mãe Maria da Luz Dias Pedro. Júlio é responsável pela área comercial, Otília pela parte financeira e a sua mãe pela produção e controlo de qualidade. Em que ano começou o negócio? O negócio é bastante antigo. Foi há muitos anos, foi o meu bisavô que deu início à salsicharia. Estamos portanto na quarta geração. Tinha quantos colaboradores? Tínhamos mais colaboradores porque fazíamos o abate dos porcos e nesses dias eram necessárias mais pessoas. Comprávamos os animais vivos e o abate era feito aqui. Portanto no dia da matança tínhamos cerca de doze pessoas (5 só para lavar as tripas) e durante a semana 6 trabalhadores fixos. Hoje, temos 6 colaboradores. Quem foram os mentores do projeto? O grande mentor foi o meu bisavô e depois o negócio foi crescendo e tornou-se uma empresa familiar que passou para as gerações seguintes. Quem sabe passe para as minhas filhas também (risos). Hoje em dia quais são as valências do espaço de Rio de Moinhos? Hoje em dia, compramos a carne a três fornecedores que selecionamos para garantir uma boa qualidade da matéria-prima e basicamente dedicamo-nos à produção e transformação da carne em enchidos. Ainda vendemos alguma carne fresca, mas é um valor residual no volume de negócios 4 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 da empresa. Que tipo de investimento fizeram para continuar a corresponder às exigências desta área de negócios? Ao longo dos anos ou melhor, todos os anos, temos estado a investir apesar de continuarmos a manter um fabrico artesanal. Fizemos as grandes obras quando remodelámos a salsicharia no seu total. Passámos a ter um circuito único de entrada da matéria-prima onde a matéria-prima entra e circula pelas várias salas de preparação, armazenamento, depois produção, fumeiro, embalamento, expedição e saída. Hoje em dia, qualquer unidade destas tem de ter um circuito onde a matéria-prima e os produtos entram e nunca podem “andar para trás”. Ao longo dos tempos temos continuado a investir em remodelação, climatização de salas e novos equipamentos. Há uns quatro anos adquirimos um carro com frio. Vamos sempre remodelando, mas continuamos a produzir manualmente, esse é o nosso foco. Fumamos com lenha de sobro e zinco sendo que a maior parte das indústrias aplicam ar forçado e outros tipos de estufa, mas nós mantemo-nos assim. Vendem na vossa loja, mas também para fora. Onde podemos encontrar os produtos MF? Aqui na região e aqui à volta. Em Abrantes a grande maioria das superfícies têm os nossos produtos. Felizmente, temos também pontos de venda em Santarém, Cartaxo e Rio Maior. Podem sempre encontrar os nossos produtos aqui em casa. Que tipo de produção é que fazem? Compramos a carne e depois preparamos: escolhemos, separamos, temperamos. Depois fica a maturar, é enchida a tripa, atada manualmente, fumada e depois vai para o consumidor. Como é que produzem com tanta qualidade? Algum segredo? O segredo é a dedicação e a qualidade da matéria-prima. Um produto artesanal que produzimos com paixão. O segredo passa por fazer as coisas com uma rigorosa seleção da matéria-prima e dos ingredientes que usamos. Tentamos sempre, com os nossos fornecedores, escolher carne de maior qualidade e na parte dos ingredientes também. Há muito tempo que podíamos estar a usar outro tipo de tripa, de massa de pimentão ou de massa de alho mas não, usamos produtos de primeira qualidade, de marcas de referência. Nós também temos um controlo onde regularmente solicitamos análises da matéria-prima que nos fornecem para ver se estão dentro dos padrões que queremos. Nós temos um plano analítico que . temos de cumprir. O fumo da lenha de sobro e zinco também vai conferir um gosto muito sui generis à carne. E é o facto de ser artesanal, pois não adicionamos qualquer intensificador de sabor, qualquer aditivo no sentido de conferir gostos, nem conservantes. Produzimos de forma mais tradicional possível. Que produtos têm para venda? Para venda neste momento temos o chouriço de carne, as mouras, a farinheira, a morcela de assar, a morcela de arroz e a morcela de carne (uma morcela que depois de cozida é fumada). Temos ainda umas bolas de carne, paios, linguiça de farinheira e de carne. Brevemente, vamos lançar cacholeira, porque alguns clientes têm pedido e fizemos alguns testes que correram bem. Até ao final do ano vamos lançar dois produtos novos, mas temos de aguardar, não quero divulgar já. São produtos diferentes, mas onde mantemos a qualidade e assim “agarrar” o cliente . Sendo que hoje em dia temos um mercado tão competitivo, como está a correr o vosso negócio? O mercado é muito competitivo e acima de tudo as exigências para poder manter uma casa destas a funcionar são muitas. Os encargos mensais são muito elevados. Fazendo as coisas da forma como trabalhamos temos um custo na produção mais elevado, mas é assim que queremos. Claro que nos ressentimos, os nossos clientes também se ressentem. Mas felizmente, de ano para ano, temos conseguido manter e ir crescendo a nossa produção com passos sustentados. Estamos a ficar um pouco apertados com a capacidade do nosso fumeiro e temos de pensar se damos um passo importante para nós, mas tem de ser bem pensado, avançar para mais um fumeiro. Havendo uma necessidade e começando a haver uma diversidade de produtos começa a não existir espaço suficiente e hoje em dia a rapidez é importante. O cliente pede e nós temos de ter o produto para lhe fornecer porque se não vai comprar a outro lado. Com o envolvimento que têm nas festividades da freguesia, como classificam essa preocupação e importância? Para nós é importante e motivo de satisfação e sempre que nos é solicitado apoio, dentro das nossas possibilidades, tentamos apoiar as várias coletividades da freguesia. É bom para a coletividade e é bom para nós, porque gostamos de estar presentes e dar apoio para tentar que a freguesia ganhe espaço e ganhe força e que as pessoas também se unam à volta das associações, porque sempre andaram muito distantes. O que tem sido mais difícil e compensador? Os votos que faço é que consiga manter isto por muitos anos, porque gosto. Nasci no meio deste trabalho e gosto disto. Gosto de contactar, gosto de fazer, gosto de produzir, mas é uma luta terrível para tentar manter com as exigências de hoje em dia. Fazer uma casa demora anos e depois mantê-la é difícil. Após a morte do meu pai, a minha mãe já não queria continuar com o negócio e foi precisamente na altura em que ou fazíamos obras ou isto fechava. Foi nessa altura que eu e a minha irmã avançámos e também porque na altura conseguimos ter alguns apoios que foram importantes. Não podemos esquecer essa parceria importante. Fizemos as obras, asseguramos os postos de trabalho e fizemos com que isto se mantivesse porque infelizmente em Rio de Moinhos, freguesia que chegou a ter 5 salsicharias, agora só restamos nós. Mas é preciso estar continuamente a investir, a última vez que fizemos investimento foi na parte de etiquetagem, tivemos de comprar uma nova máquina para etiquetar. Sem a minha mãe não era possível e sem o apoio das trabalhadoras que é essencial. As pessoas têm a necessidade de trabalhar mas também é preciso gostar disto. Há alturas em que é duro, no inverno têm de se estar a trabalhar com “frio”. As salas são climatizadas e trabalhar com coisas frias é desagradável. É o posto de trabalho delas que está em causa, porque antigamente este era um trabalho sazonal. Hoje, já temos trabalho continuamente. POR DANIELA GASPAR O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 5 DESPORTO AMOREIRA VENCE INCUP 2015 E RIO DE MOINHOS GARANTE 3º LUGAR A equipa de futebol de Amoreira venceu no passado dia 18 de outubro a taça concelhia de pré-época inatel de futebol em Abrantes, batendo na final por 2-1 a equipa da Concavada. No mesmo dia, Rio de Moinhos conseguiu também garantir o lugar no pódio após vencer a equipa de Carvalhal por 3-1. A competição decorreu de 26 de setembro a 18 de outubro, sendo os jogos realizados nos fins-de-semana. Este ano, o torneio apresentou um formato diferente de anos anteriores, organizou-se por dois grupos distintos, onde o primeiro classificado de cada grupo apurava-se para a final, os segundos classificados para o jogo de apuramento do 3º e 4º lugar e assim sucessivamente. As duas equipas da nossa freguesia, integraram o grupo B da taça Incup, composto por mais 4 equipas, entre elas, Sentieiras, Casais de Revelhos, Bemposta e a equipa da Venda Nova, convidada a participar nesta competição, pois não pertence ao concelho de Abrantes. A equipa da Amoreira destacou-se em primeiro lugar deste grupo completando os cinco jogos realizados com quatro vitórias e um empate, conferindo um total de 13 pontos. Rio de Moinhos conseguiu o segundo lugar do grupo com 8 pontos, conseguidos através de duas vitórias, dois empates e uma derrota. As duas equipas defrontaram-se no passado dia 10 de outubro, no campo de futebol da Amoreira, tendo sido o resultado favorável à 6 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 equipa da casa por 4-0. Mais um ano de participação das equipas da nossa freguesia neste torneio, onde os resultados têm sido bastante positivos, conseguindo classificações de destaque. Em especial este ano, pois a equipa da Amoreira conseguiu arrebatar o troféu e fazer a festa, perante centenas de espectadores que preencheram a bancada do Estádio Municipal de Abrantes. Importa destacar o fair-play de todas as equipas no decorrer das competições, bem como a quantidade de espectadores que assiste aos jogos pelas aldeias do concelho de Abrantes. POR ANDRÉ VIRTUOSO CRÓNICA JÁ LÁ VÃO DOIS ANOS DE MANDATO… RUI ANDRÉ PRESIDENTE DA JFRM E ste ano letivo e em parceria com a Câmara Municipal de Abrantes conseguimos ajudar o jovem estudante universitário Daniel Seabra de Amoreira, que frequenta o 1º ano do curso de Comunicação Empresarial da ESTA. Apesar das suas limitações motoras é um jovem promissor que luta cada dia da sua vida para melhorar as suas competências e aptidões. O médico-psiquiatra Roberto Shinyashiki referiu que: “tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado”.O Daniel tem essa força … Por sua vez, já iniciámos, com ajuda da autarquia abrantina, as obras na antiga escola primária a fim de instalar a Casa Mortuária. Os Serviços Municipalizados de Abrantes concluíram as obras da nova conduta desde do adro até ao depósito (junto ao cemitério) incluindo a Rua Dr. João de Deus, a Rua do Adro e a Rua do Canto. O projeto da Escola dos Sorrisos e do Esquecimento teve, no ano letivo passado, uma avaliação muito positiva. Este ano, as aulas começaram no mês de setembro e continuam a ter uma parceria com o Centro de Apoio a Idosos. As áreas lecionadas são: Troca de Saberes (prof.a Conceição Martins), Trabalhos Manuais (prof.a Ana Catarina Assunção) e Informática em parceria com a Cruz Vermelha (prof. João Bexiga). Este ano, foi realizado o Passeio dos Idosos ao Convento da Graça (Coimbra) e visitámos na mesma localidade o Memorial da Irmã Lúcia. Brevemente, a Junta de Freguesia irá dispor de uma plataforma online no sentido de puder aproximar dos seus fregueses da autarquia. O Portal e-freguesias resulta da concretização do Projeto de Modernização Administrativa das Freguesias promovido pela ANAFRE - Associação Nacional de Freguesias na qual esta Junta de Freguesia concorreu e recebeu gratuitamente equipamento para o efeito. O Projeto permite a conjugação de imperativos de eficácia e eficiência para com os utentes, através da criação de uma nova estrutura de gestão de processos informáticos e a prestação de serviços no âmbito do Atendimento Digital Assistido. Desta forma será possível às Freguesias aumentarem a qualidade dos serviços públicos numa lógica de modernidade e transparência, através da redução de custos, simplificação, desburocratização e racionalização de processos, com recurso ao uso intensivo das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Um trabalho de proximidade sempre a pensar no próximo e no seu bem-estar. Finalizo o meu texto referindo o Papa Francisco que disse um dia: “Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens. Não chores pelo que está morto, luta por aquilo que nasceu em ti. Não chores por quem te abandonou, luta por quem está contigo. Não chores por quem te odeia, luta por quem te quer. Não chores pelo teu passado, luta pelo teu presente. Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade. Com as coisas que vão nos acontecendo vamos aprendendo que nada é impossível de solucionar, apenas siga adiante”. Um bem-haja. Boas Festas e Um Bom Ano de 2016 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 7 REPORTAGEM OS DIREITOS NÃO ENVELHECEM A violência que envolve idosos é um fenómeno em crescimento. Continua a ser tabu, mas uma sociedade que se remete ao silêncio é uma sociedade que compactua com a violência perpetuada contra os nossos idosos. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Começa assim a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Todos nós o defendemos, o afirmamos e repetimos inúmeras vezes. Tantas e tantas vezes que, provavelmente, já nem damos conta do seu significado. Ou simplesmente nos tornámos demasiado egoístas e apenas sabemos o que significa quando as vítimas somos nós próprios. Esperemos que assim não seja! Rio de Moinhos tem uma população maioritariamente envelhecida. Também já o repetimos inúmeras vezes. No entanto, vamos dar um pouco mais de atenção a esta importante franja da sociedade. Mas agora, olhemos para a população idosa de uma outra forma, como potenciais vítimas de violência. Um tema que parece continuar a ser tabu, masque não pode ser ignorado. “As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social”, diz o artigo 72.º da Constituição da República Portuguesa. Ou seja, mulheres e os homens têm os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, independentemente da sua idade ou da sua situação de dependência. Que direitos devem os idosos reivindicar? Preservação da sua imagem; integridade e desenvolvimento da sua personalidade; respeito pelo seu percurso de vida; privacidade e reserva da vida privada; liberdade de expressão; liberdade de escolha; liberdade religiosa; uma vida social, afectiva e sexual; respeito pela sua autonomia na gestão do seu património; garantia 8 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 da qualidade dos cuidados que lhe são prestados; participação e convívio familiar e comunitário… Porque devem os idosos exercer estes direitos? Porque estimula o desenvolvimento pessoal e social, o bem-estar emocional, o bem-estar material, o bem -estar físico, a autonomia, a capacidade de escolha, a participação, a integração social, as relações pessoais, a qualidade de vida e o envelhecimento activo. Que atitudes tomar para promover o exercício dos seus direitos? Ser independente (planear o dia-a-dia e o futuro), estar informado (procurar saber quais são os seus direitos e os seus deveres), ser participativo (participar na vida familiar, comunitária e social) e ser comunicativo (contactar regularmente os amigos e familiares). E se os seus direitos lhe forem negados? Peça ajuda. A APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) pode disponibilizar apoio psicológico, jurídico, emocional e social, gratuito e confidencial. Basta contactar a Linha de Apoio à Vítima através do número 707 200 077. Pode ainda ligar para o número 144 (Linha Nacional de Emergência Social), para o número 808 266 266 (VIA Segurança Social) ou para o número 800 203 531 (Linha do Cidadão Idoso). Em caso de emergência contacte o 112 que chamará, de imediato, a Polícia. É aqui que a intervenção da sociedade se torna crucial, uma vez que a maioria das pessoas idosas vítimas de violência se remetem ao silêncio. Porquê? Porque muitas vezes, a pessoa idosa não conhece a existência de vitimação; porque sofre de perda de memória ou demências; porque não está informada sobre os seus direitos enquanto vítima de crime; porque está socialmente isolada; porque aceita a violência como uma realidade existencial, pois em muitos casos, conheceu -a toda a vida; porque depende dos cuidados do seu prestador de cuidados, tanto na prestação de cuidados propriamente dita, como em termos económicos e afetivos; porque sente-se culpada e responsável pela própria vitimação; porque teme que, ao revelar a existência da vitimação, o agressor venha a ter problemas; . DR porque teme possíveis represálias por parte do agressor; porque tem vergonha; porque sofre chantagem emocional; porque pensa que ninguém acreditaria em si se contasse todos os detalhes da vitimação; porque… É aqui que nós próprios nos tornamos cúmplices do agressor se não o denunciarmos. Discretamente e confidencialmente devemos conversar com a vítima, informá-la do que pode fazer e apoiá-la no início do fim da violência que sofre. No entanto, é importante percebermos que nunca devemos culpabilizar a pessoa idosa por ser vítima e, principalmente, nunca devemos confrontar o alegado agressor porque pode ser perigoso para quem denuncia e para a pessoa idosa. Envelhecer com dignidade é um direito inato a qualquer ser humano. Qual a dimensão do problema? A verdadeira dimensão do problema é desconhecida, precisamente porque são demasiadas as vítimas que se remetem ao silêncio. No entanto, tendo em conta os dados revelados pela APAV em Setembro deste ano, podemos retirar algumas conclusões. Segundo o referido documento, o ano de 2014 regista, em Portugal, 852 pessoas idosas vítimas de cri- mes, um aumento de 10,1% relativamente a 2013. Quem são as vítimas? 80% são mulheres; 50% têm entre 65 e 74 anos de idade; 45% são casadas e 27% são viúvas; 32% inserem-se numa família nuclear com filhos. Quem são os agressores? 68% são homens; 22% têm mais de 65 anos de idade; 40% são casados e 14% são solteiros; 23% são pensionistas ou reformados; 19% são dependentes do álcool. Que vitimação existe? A violência é continuada sendo perpetuada por vários anos e em 55% dos casos acontece na residência comum, ou seja, a vítima vive com os agressoresque são, maioritariamente, os próprios filhos e o cônjuge. Relativamente aos crimes, a violência doméstica é o mais registado (81%), destacando-se nesta categoria maus tratos psíquicos (29%), maus tratos físicos (19%) e ameaças/coação (14%). De sublinhar ainda que em muitos casos a mesma pessoa idosa é vítima de vários agressores e é vítima de vários crimes. Para além do referido, os agressores podem também ser outros familiares, cuidadores, vizinhos, conhecidos ou qualquer outra pessoa, assim como os idosos podem ainda ser vítimas de outros crimes como a violência sexual, negligência e abandono ou até violência financeira. POR SÓNIA PACHECO O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 9 AMOREIRA Quando o antigo regime mandou construir as antigas escolas primárias estava longe de imaginar que em pleno século XXI a maior parte estariam fechadas por falta de alunos. Mas mais impensável ainda seria no que muitas delas se transformaram. A escola de Amoreira não foi exceção: uma sala é usada para fins de cariz social e funciona como mesa de votos durante as eleições, já a outra foi transformada num Dojo (local de prática de artes marciais). Assim e com o apoio da Associação de Moradores de Amoreira, entidade responsável pela escola primária, o Sensei Pedro Félix leciona a antiga arte marcial japonesa do Ninjutsu. Mas muitas pessoas da nossa freguesia embora saibam que há alguns anos que é lecionada esta antiga arte marcial ainda não sabe a história do Ninjutsu. Vamos então situar-nos num Japão feudal. Homens, mulheres e crianças fugiam da guerra entre clãs, quando as suas aldeias e bens eram destruídos, e os seus entes queridos eram mortos. Refugiavam-se nas montanhas em múltiplas províncias. Duas das mais conhecidas são Iga e Koga. Aí travaram conhecimento com muitas pessoas de muitas províncias e com muitas profissões. Trocaram conhecimentos em variadas áreas: astrologia, agricultura, jardinagem, artes marciais de vários tipos, entre muitas outras. Fundiram esses conhecimentos em diversas áreas, e treinando em segredo desenvolveram uma arte marcial, uma arte de guerra, uma arte de sobrevivência, o Ninjutsu, mais conhecida pela arte dos Ninjas, ou Shinobi (Guerreiros das sombras). 10 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 Nuno Lopes À CONVERSA COM O SENSEI PEDRO FÉLIX Os Samurais seguiam uma conduta muito rígida, o BUSHIDO. Samurai que não cumprisse essa conduta ou de alguma forma a desrespeitasse, era submetido a um ritual, o SEPUKO ou HARAKIRI, ritual do suicídio. O Sensei Félix refere que “na nossa escola temos cinco ideais que devemos ter sempre em mente não só no Dojo, como durante a nossa vida e perante as adversidades a que somos submetidos, e saber aplicá-los em qualquer circunstância: Alegria, Amizade, Lealdade, Harmonia e Respeito” Algumas noções do espírito Ninja: Ninja Seishin: É a essência do Ninja que tem o poder de empregar o corpo e o espírito, a mente e o coração. A esta força é unida a paciência que um verdadeiro Ninja deve desenvolver treinando duramente. O resultado dará a capacidade de suportar qualquer insulto e assim poder prevalecer sobre tudo aquilo que queira fazer dano. NintaiSheishin: O verdadeiro significado de Nin, é yaba-shin que representa a perseverança e o espírito de sacrifício, não só do treino, mas também perante as dificuldades da vida. “Mas um verdadeiro Ninja deve recordar sempre e em cada momento, que nunca colocará o fio (lâmina) da espada diante dos sentimentos e do próprio coração”, avança Sensei Félix. Depois de um pouco de história, afinal quem é o Sensei Pedro Félix? É o representante português da Federação Japonesa de Ninjutsu, vamos tentar conhecê-lo um pouco: Como surgiu o gosto pelas artes Marciais? Na minha família sempre houve o gosto por desportos de combate. O meu pai fez boxe e os meus tios Boxe e Kickboxing, e cheguei a praticar esse tipo de desportos. Mas o grande impulso era de ver na televisão, . filmes do grande Bruce Lee. Aqueles movimentos, saltos e até os gritos me fascinavam, e eu sozinho sem que ninguém visse tentava imitar o que ele fazia. O fato de ele também ser franzino ainda me seduzia mais. E como aparece o Ninjutsu na sua vida? Eu conheci um colega que me falou a primeira vez do Ninjutsu, mas nem ele sabia muito bem o que era. Então pesquisei sobre a história do Japão, onde falam de Ninjas e Samurais. Procurei pelo Ninjutsuem Portugal e descobri no Algarve uma associação de Ninjutsu. Entrei em contato com o Presidente que é também o Sensei (Mestre), Jorge Canelas. Depois de várias conversas fui ao Algarve e comecei a treinar com o Sensei Canelas, e descobri o que realmente é o Ninjutsu. Foi com ele que evoluí até me tornar instrutor, e representante da sua associação no distrito de Santarém. Sou graduado em 3º Dan nesta associação. O Ninjutsué a arte marcial dos Ninjas, certo? Os Ninjas não eram assassinos? Sim, Ninjutsu é conhecida como a arte marcial dos Ninjas ou Shinobis, é o termo em japonês para Ninja. Desde sempre que se diz que os Ninjas são assassinos implacáveis sem piedade, mas a história na sua realidade não diz isso. Os historiadores da época eram Samurais, então é lógico denegrir a imagem de um oponente tão forte. Na realidade os Ninjas aparecem devido a situação de guerra que se vivia na época. Não passavam de agricultores, jardineiros, monges, que se refugiavam nas montanhas e fundiam os seus conhecimentos apenas para se defenderem. A conduta de uma Ninja era muito simples, defender a sua família, a sua aldeia e os seus bens. Porque escolheu o Ninjutsu e não outra arte marcial? xonados por este estilo. O SenseiJuan e os seus instrutores receberam-nos com uma harmonia e humildade, e por isso mesmo decidimos continuar a pertencer a este grupo. Anos passaram, as caminhadas para Espanha continuaram sempre com muita vontade até que me foi feito o convite. Falei com alguns dos meus alunos, que são mais do que apenas alunos, somos companheiros, e amigos, um grande suporte para mim em vários aspetos e decidimos avançar. Sei que também ensina crianças, é mais complicado ensinar crianças ou adultos? O que diria a quem quisesse experimentar o Ninjutsu? Eu costumo dizer que não escolhi, eu é que fui escolhido. Nas brincadeiras de miúdo, lembro-me de comentarem que eu me escondia em lugares diferentes e de maneiras diferentes, tal como os ninjas. Aprendi a apreciar a natureza e a fazer alguns brinquedos, tal como os Ninjas aprenderam a usar a natureza para proveito próprio, fossem armas, camuflagem, etc. Acho que sem querer já fazia Ninjutsu. Sim, também ensino crianças. A questão não é qual o mais difícil porque aí depende do grupo em si e não se é adulto ou criança. Gosto muito do que faço e são duas formas de ensino muito diferentes, e principalmente nas crianças, sabe muito bem ver a sua evolução. Não falo só na evolução técnica, mas sim na evolução como pessoa. O chegar ao Dojo e cumprimentar todos os presentes, a forma como tratam o uniforme, o respeito pelo espaço onde estão ao fazer uma vénia antes de pisar o tapete, pedir permissão para fazer determinadas coisas. São pormenores que vamos vendo, e que sabem muito bem. O Pedro neste momento está a representar uma Federação em Portugal, como se proporcionou o convite de ser o representante de algo único no país? (Risos) Eu conheci esta Federação através de um amigo meu, o Leonel, ele já tinha conhecimento da sua existência há mais tempo do que eu. Andámos muito tempo a falar em ir ao nosso país vizinho, porque é lá a sede, e conhecer o seu Fundador, o Sensei Juan Hombre. Falámos com o Sensei, e eu, o Leonel e um outro amigo, o Eduardo, fomos a um estágio de inverno. Tudo em plena natureza tal como imaginávamos e ficámos apai- Apenas diria que o Ninjutsu levado com seriedade, pode ser encarado como um modo de vida. Procurámos tornar as pessoas em guerreiros com a força necessária para encararem as dificuldades da vida com honestidade, alegria e claro muito respeito. Os treinos são na antiga escola primária na Amoreira, às terças e quintas-feiras para adultos, das 19h00 às 21h00, e aos sábados, das 16h00 às 17h00, para crianças, e ainda das 17h00 às 19h00 para os adultos. Que planos tem para o futuro? Num futuro próximo gostaria de realizar estágios em Portugal com outras delegações estrangeiras, pois nunca se realizou nenhum em Portugal. Será no nosso concelho? Gostava muito que assim fosse, mas como responsável pela federação em Portugal já organizei alguns eventos mas foi em Belver, onde tenho obtido maiores apoios a nível logístico. Terminamos, dando um obrigado ao Sensei Pedro Félix e desejando continuação do bom trabalho que tanto tem dignificado a nossa freguesia. POR NUNO LOPES O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 11 REPORTAGEM “GOSTO DE CONVIVER COM AS PESSOAS, GOSTO MUITO DE ESTAR AQUI” 12 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 Joana Margarida Carvalho N asceu em 1948, é atualmente o espaço de mercearia mais antigo de Rio de Moinhos, o seu proprietário chama-se João António Aires, mas hoje em dia é Maria Emília Aires, com o apoio da sua família, que toma conta deste espaço bastante acarinhado por muitos. A história é antiga, a mercearia de João António Aires nasceu pelas mãos dos seus pais. Na altura, o objetivo era ter o filho a trabalhar por cá: “o João estava em Lisboa, trabalhava num armazém e a minha sogra queria que ele regressasse à terra. Já nesta altura, o patrão dele queria que ele fosse para os Açores trabalhar, foi então que se concretizou o regresso a Rio de Moinhos”, conta ao Riomoinhense Maria Emília Aires. “Na altura, existiam muitas lojas na nossa terra, não haviam os supermercados e tudo se vendia”, recorda. O espaço é desde 1948 o mesmo, apenas expandiu com o passar dos anos. Contudo há características emblemáticas nesta pequena loja que têm sido constantes ao longo dos tempos, tais como os seus armários bem antigos, a diversidade de produtos e a simpatia que Maria Emília nunca perdeu mesmo com o passar dos anos. Com as novas tecnologias, a mercearia teve de acompanhar o desenvolvimento que lhe foi imposto. A entrada da máquina de faturação representou um verdadeiro desafio para João e Maria. “Ao princípio não foi fácil, mas Ana Pires e Maria Emília apoiam-se para manter a loja aberta agora já está tudo bem. O João afastou-se devido à máquina e eu aprendi”, confessa. Desde há muitos anos que é possível encontrar neste espaço, de tudo um pouco, os produtos habituais de mercearia, os hortícolas e as frutas frescas, algumas roupas, jogos de cama, edredons, etc. Apesar das dificuldades do país, Maria Emília avança que “a loja sustenta-se, dá para pagar aos fornecedores. Vendemos bastante e temos clientes habituais de há muitos anos”. Desde algum tempo, que a mercearia conta com a colaboração de toda a família, nomeadamente de Ana Pires, a neta mais velha dos proprietários, que destaca a importância da fidelização dos clientes à loja: “os clientes é que fazem em casa. Quando fechamos por momentos, as pessoas preocupam-se. Esta loja dá dinâmica e animo à rua”. Sobre a afluência de clientes ao espaço, Ana adianta que “a loja é mais movimentada durante a manhã e sobretudo nas épocas festivas e quando chega a fruta e a hortaliça”. “Quem toma as decisões é a minha avó, ela é bastante autónoma nos serviços da loja”, remata. Quanto aos objetivos futuros, Maria Emília refere que quer fazer algumas melhorias ao nível do chão e dos armários, mas o mais importante é “manter a casa aberta até que consiga, a ideia é deixar o espaço aos meus filhos e aos netos. Até lá gosto de conviver com as pessoas, gosto muito de estar aqui”. Horário: Dias utais das 9h00 às 13h00 e das 15h00 às 20h00 Sábado: das 9h00 às 13h00 POR JOANA MARGARIDA CARVALHO REPORTAGEM CAFÉ “DUAS BICAS” CONTA COM NOVA GERÊNCIA O café “Duas Bicas”, localizado na Rua das Conheiras, mudou de gerência no verão passado e o Riomoinhense foi conhecer a sua nova proprietária que também é uma residente recente na nossa freguesia. Catarina Assunção M arta Alexandra Simões Lopes tem 30 anos, é casada e tem dois filhos. Nasceu em Coimbra, mas é natural de Ribeira de Alge, freguesia que pertence ao concelho de Figueiró dos Vinhos. Antes de viver nos arredores de Abrantes a sua residência foi em Portalegre, a terra da sua mãe. Foi em 2013 que escolheu Rio de Moinhos para educar os seus filhos. O primeiro contato com a nossa aldeia foi um pouco antes de vir morar para cá. O motivo esteve relacionado com o facto de não ter vagas na pré-escola do seu filho mais velho, perto da sua zona de residência, que na altura era na Encosta da Barata. O Agrupamento Escolar indicou o Centro Escolar de Rio de Moinhos como uma possível solução. E assim foi, a Marta matriculou o Tiago na nossa Escola que o acolheu muito bem e também ele se adaptou bastante bem, ao ponto de não querer uma nova mudança. Para satisfazer as necessidades do filho, Marta mudou-se de malas e bagagem para a nossa localidade. O desafio de reabrir o café “Duas Bicas” foi muito bem pensado, pois a sua prioridade sempre foi os seus filhos e o cuidar bem da rotina deles. Quando a antiga proprietária deste estabelecimento mostrou necessidade de fechar portas, houve vários Marta Lopes e a sua mãe felizes com o novo desafio clientes que sugeriram e incentivaram a Marta a reabri-lo, sendo que é jovem e muito simpática. Mas o facto de estar sozinha a educar dois filhos, pois o marido por força dos tempos está emigrado, e o tempo que necessita para as funções de mãe a tempo inteiro é bastante, conciliar as duas coisas seria arriscado, não fazendo nenhuma das duas bem. Foi então que a sua mãe, que vivia em Abrantes, e que tem sido o seu “braço direito”, se disponibilizou mais uma vez, para apoiar Marta. Assim sendo, também se mudou para a nossa freguesia para melhor executar essa tarefa. Como ambas já têm bastante experiência neste ramo, porque os avós de Marta tinham um restaurante e os sogros um café, esta atividade não era grande novidade e foi de fácil adaptação. Marta já frequentava o café e este já tinha clientes fixos, o caminho foi perceber as necessidades de cada um deles. Atualmente, a gerente pretende cativar novos clientes, melhorando os vários serviços da casa, nomeadamente apostar num forno para que o pão seja quente a qualquer hora do dia. Por sua vez, às terças-feiras, que é o dia de folga do espaço, a casa abre portas até às 11h00 para vender pão. Quando o café “Duas Bicas” fechou bastou uma “noite em branco” de trabalho para repor o stock e na manhã seguinte o espaço abriu com nova gerência, para agradar os seus clientes. O objetivo é que os mesmos continuem a sua rotina diária de ali comprarem o seu pão quente, beberem os seus cafés e passarem um bom bocado no final de um dia de trabalho. POR CATARINA ASSUNÇÃO O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 13 ASSOCIATIVISMO RANCHO FOLCLÓRICO “OS MOLEIROS” DESDE 1986 A TRANSMITIR A TRADIÇÃO DE RIO DE MOINHOS Há 29 anos que o Rancho Folclórico “Os Moleiros” da Casa do Povo de Rio de Moinhos representa a cultura folclórica da nossa região pelo país. 14 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 Rui André E m junho de 1986 foi fundado o Rancho Folclórico “Os Moleiros” da Casa do Povo. Na tentativa de não deixar desaparecer as tradições da Ribeira de Rio de Moinhos, como outrora foi seu nome. O rancho folclórico recupera em todas as suas atuações, as tradições e os costumes da nossa terra. Atualmente,o grupo tem 22 dançarinos, 6 tocadores e 2 cantores. Na sua maioria os jovens dançam com orgulho no traje que representam. Mas nem sempre foi assim, o rancho já passou por várias dificuldades e transformações ao nível de recursos humanos e materiais. Os elementos vão crescendo e por vezes procuram outras atividades para os seus tempos livres. Ao longo dos anos, as músicas e danças foram mantidas e sempre inspiradas nos costumes e nas profissões do antigamente. Desde sempre levamos as danças e os trajes para as várias localidades do nosso país, onde somos bem recebidos e acarinhados. Deixamos na memória daqueles que nos vêem os nossos trajes, são eles: os marítimos, as lavadeiras das ribeiras, o feitor da Quinta do Azinhal, os trajes domingueiros e de trabalho no campo. A dança mais tradicional do nosso grupo é o “Fado de Moleiro”. É um fado dedicado aos moleiros da nossa terra. Uma música que nos distingue pela maneira como é cantada e dançada. O nosso festival anual, habitualmente realizado no mês de maio, é sempre um momento muito importante para o grupo. Mostra a vitalidade e o crescimento do mesmo, num espírito de partilha social e associativa. Este convívio e troca de culturas fazem enriquecer o grupo e dão a conhecer as raízes e as tradições da nossa terra. Somos um rancho ribatejano e pretendemos de futuro crescer aos mais vários níveis na competição folclórica. O principal objetivo é manter vivas as tradições e a amizade que se promove entre todos. É muito importante para nós a participação de toda a comunidade nas nossas iniciativas e atividades. Ajuda-nos a levar por diante este projecto que por alguns é respeitado e valorizado. POR LILIANA CARVALHO, diretora técnica do grupo CRÓNICA ADN CRISTÃO (II) ORAÇÕES DE QUEM SE DIZ IGREJA (CONTINUAÇÃO DO ARTIGO ANTERIOR) Sinal da Cruz Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amén Pai Nosso Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feito à vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos, a quem nos tenha ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amén. Avé Maria Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogais por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amén Salvé Rainha Salvé Rainha Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa salvé! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva, a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, nos mostrai Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria, rogai por nós Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Cristo, Amén. Consagração a Nossa Senhora Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo(a) a vós, e em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa. Lembrai-vos que vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa. Ah, guardaime e defendei-me como coisa própria vossa. Credo Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez Homem. Também por nós foi cruxificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo. Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelosprofetas. Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professo um só baptismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir. Amén. Acto de Contrição Meu Deus, porque sois infinitamente bom e eu vos amo de todo o coração, pesa-me de vos ter ofendido e, com o auxilio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amén. Padre Nuno Miguel, Pároco O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 15 FESTIVIDADES REMOINHOS D´ÁGUA PROMOVE MAGUSTO N o passado dia 14 de novembro, pelas 15h00, o salão da Casa do Povo de Rio de Moinhos foi o palco de um Magusto, organizado pela Associação Juvenil Remoinhos d´Água. A ação contou com atuação do músico Diego Miguellis, com as castanhas assadas e a boa jeropiga. Durante a tarde, foi constante a boa disposição tanto da parte da organização como da parte da população que aderiu ao festejo. Apesar da população não ter aderido como o esperado, as castanhas saíram com bastante frequência. 16 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 Após o festejo realizou-se um petisco entre a organização e os seus sócios. No decorrer da noite festejouse o aniversário de dois elementos da Associação Remoinhos d´Água com um bolo surpresa. Este momento juntou os membros da Casa do Povo, da associação e da população presente, onde se cantaram os parabéns em conjunto. Por fim, os aniversariantes ofereceram uma fatia de bolo aos presentes, terminando assim um dia de festa e de convívio entre os jovens, sendo a Casa do Povo um ponto de atração neste dia. TEXTO E FOTOS POR MICAELA GONÇALVES CARTA CARTA DE UM FILHO DA TERRA PARA TODOS OS RIOMOINHENSES… “É EXTREMAMENTE DIFÍCIL VIVER LONGE DOS QUE MAIS AMAMOS” C hamo-me Filipe Morais, tenho 48 anos, nasci e cresci em Rio de Moinhos até aos 21 anos, freguesia onde tenho os meus pais e muitos amigos. Casei e fui viver para o Canadá em 1989. A minha esposa já estava a residir neste país. Desde da minha chegada tem sido um desafio super estimulante. Tirei o curso profissional em informática, chamado Micro-Computers and Networks e laboro numa companhia área. Conheço bem a região do Quebec e a parte francesa do Canadá. Nós por cá falamos francês como primeira língua e inglês também. Este país tem uma qualidade fenomenal e tem muitos recursos naturais. Mesmo depois de estar a residir há 26 anos por cá, continuo a ter uma saudade infinita da minha família e dos meus amigos que residem em Rio de Moinhos. É extremamente difícil viver longe dos que mais amamos. Quando tenho uma oportunidade volto ao nosso país para os visitar o que não é nada fácil. Quanto a quadra de Natal, infelizmente não tenho família direta a residir por cá. O meu sogro faleceu o ano passado e a minha sogra encontra-se num lar de idosos com alzheimer. Normalmente, passamos o Natal com o tio da minha esposa e os seus filhos. O meu coração está sempre dividido porque não tenho os meus pais perto de mim. As saudades são tantas que acompanho sempre com muita emoção tudo o que se passa na nossa freguesia Rio de Moinhos. As redes sociais e os órgãos de comunicação da informação são os meios que me permitem ter uma ligação a Rio de Moinhos e ao concelho de Abrantes. POR FILIPE MORAIS O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 17 SAÚDE E BEM ESTAR POR FAVOR CUIDE DO SEU CORAÇÃO 18 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 DR A o escrever este artigo reuni todos os esforços no sentido de ser o mais rigoroso e atualizado possível. Tenho alguma formação em educação física e anatomia, mas não pretendo, nem devo substituir as suas consultas médicas regulares, mas antes que as complemente. O seu médico é a única pessoa habilitada, com competência para fazer avaliações críticas, diagnosticar problemas, receitar medicamentos e dar conselhos necessários para o seu bem-estar. A melhor definição do que é o coração é sem dúvida de uma bomba muscular que suga e expele sangue para todo o organismo. As doenças cardiovasculares são consideradas uma epidemia dos tempos modernos e são responsáveis, segundo dados de 2004 por 18 milhões de mortos por ano em todo o mundo, das quais 4100 em Portugal. É minha intenção incentivá-lo a criar uma melhor qualidade de vida com pequenas alterações positivas. Os portugueses levam vidas cada vez mais sedentárias, um estudo da Comissão Europeia conclui que 66% dos portugueses nunca praticou atividades físicas, no entanto o nosso organismo foi concebido para se submeter a exercício físico regular. Vamos referenciar alguns “inimigos” do coração que criam sempre debate aceso entre a classe médica, mas com base no que se sabe atualmente são fatores que afetam o coração: excesso de peso, colesterol, hipertensão, tabagismo, etc. Relativamente ao excesso de peso, noutros tempos uma silhueta magra era sinal de doença, de refeições pobres e pouco dinheiro, agora estamos na era de grandes doses de batatas fritas, bolos cheios de açúcar, bebidas açucaradas, pacotes de pipocas, etc. Tente fazer uma alimentação saudável e exercício físico. Alguns investigadores estão a testar o potencial de diversas hormonas para inibir o apetite, no entanto não está disponível no mercado qualquer medicamento milagroso para emagrecer. O colesterol - o nome desta doença começa por surgir em 1950 nos jornais americanos, mas foram precisos mais de 20 anos para o resto do Mundo tomar consciência da sua importância, uma alimentação rica em gordura saturada é sinónimo de demasiado colesterol na circulação sanguínea. Existem dois tipos principais de colesterol, o “mau” (LDL) que favorece a obstrução das artérias, colesterol “bom” (HDL) que encaminha as “LDL” para o fígado a fim de serem eliminadas. Não se esqueça de consumir gorduras saudáveis que se encontram em alimentos como o peixe gordo, frutos secos e azeite bem como a prática muito exercício físico. Hipertensão arterial – atualmente mais de um quarto da população portuguesa adulta sofre de hipertensão arterial elevada, é reconhecida como o maior fator de risco cardiovascular e como em geral não provoca sintomas muitas vezes designada como “assassino silencioso”. Algumas alterações alimentares, prática de exercício físico, perder peso e deixar de fumar (o tabaco é especialmente nocivo para o coração). Mais uma vez insistimos no exercício físico porque ao praticá-lo está a queimar substâncias químicas que aumentam a sensação de bem-estar. E já agora caros leitores não os quero assustar, mas se porventura fumarem não se esqueçam que está provado cientificamente que os fumadores têm 70% mais probabilidades de morrer de doença cardíaca. Termino como comecei este meu artigo. Após a reflexão apresentada sobre os “inimigos do coração” saliento a necessidade de uma avaliação prévia à prática de exercício físico que é tão importante. Além disso devo referir mais uma vez que este artigo não pretende substituir o diagnóstico e cuidados médicos necessários. A prática do desporto e uma alimentação saudável são fatores fundamentais para uma melhor qualidade de vida. POR MÁRIO PERNADAS PENSAR SOBRE QUAL A MELHOR PRENDA QUE PODERIA RECEBER NESTE NATAL? JOSÉ PEDRO Rio de Moinhos Neste natal gostaria de continuar a contar com a presença e o carinho dos meus familiares e amigos. Saúde e paz para todos é o que mais importa. Vai ser uma noite, espero eu, junto da minha família e as prendas vão ser apenas mais uma tradição a juntar ao bacalhau e às couves. Depois a missa do galo onde se juntam os amigos. Desejo a todas um Feliz Natal de 2015! LÚCIA FERREIRA Pucariça Hoje em dia, quando falamos no Natal imediatamente associamos aos presentes e ao consumismo. Por isso, este Natal se tivesse que escolher a melhor prenda para receber não escolhia bens materiais, mas sim as coisas únicas da vida, saúde, amor, liberdade e ser feliz. LÚCIA PEDRO Pucariça Neste Natal podia desejar um presente material, mas nos dias de hoje esses miminhos são para os mais jovens. Desejo então muita saúde, amor, trabalho para mim e para os que me são queridos. Para o mundo desejo muita paz e um Feliz e Santo Natal para todos. TELMA ROSA Pucariça O que gostaria de receber como prenda de Natal seria ganhar o euro milhões, ia facilitar a realização de alguns sonhos e planos para a minha vida pessoal e profissional. Com esse dinheiro certamente fundaria uma ONG para cuidar de crianças abandonadas ou vítimas de abuso. Acho que o que realmente faz a diferença na nossa vida, é fazer a diferença na vida dos outros. RECOLHA POR BÁRBARA BRETES O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015 19 Faça-se sócio, pense no seu futuro e ajude quem neste momento precisa. Tel: 241 881 308 Email: [email protected] SAD: Serviço Apoio Domiciliário CD: Centro de Dia - 9h às 17h Consulta grátis com a Diretora Técnica Pontos de distribuição do Riomoinhense: - Casa do Povo de Rio de Moinhos; - Junta de Freguesia e correios. 20 O RIOMOINHENSE DEZEMBRO 2015