Objectivas Nikon em Hasselblad Xpan

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Objectivas Nikon em Hasselblad Xpan
OBJECTIVAS NIKON EM HASSELBLAD XPAN
Texto e fotos: Paulo de Oliveira
Foto: 1
Na realidade esta câmara e respectivas objectivas são fabricadas pela Fuji que
comercializa no Japão uma “alma-gémea” com acabamento cromado fosco chamada TX-1 (ver foto: 2 ). Mas isso não desvaloriza em nada este equipamento uma
vez que a Fuji também é um experiente construtor de câmaras e de ópticas de
médio formato.
A Hasselblad XPan é uma câmara de duplo formato que veio tornar acessível a
fotografia panorâmica a todos aqueles que se recusavam a arrastar atrás de si uma
monstruosa Fuji G617 (que mais parece um gerador eléctrico portátil) ou a igualmente volumosa e pesada Linhof Technorama 617. As emulsões actuais proporcionam-nos em película de 35 mm uma qualidade mais do que suficiente para a maioria das utilizações editoriais.
Além do formato panorâmico de 24x65mm, a XPan permite-nos também trabalhar em 24x36 mm. A selecção entre estes dois formatos pode ser feita em qualquer altura permitindo a existência de imagens panorâmicas e 24x36mm no mesmo
rolo. Trabalhando só em 24x65mm podemos tirar apenas 21 fotografias com um
rolo de 36 fotos. Veja na foto: 3 a comparação do formato de dois diapositivos
panorâmicos com outro de 24X36 mm
Foto: 2
Foto: 3
A focagem processa-se através de um telémetro, tipo Leica M, que é bastante
preciso por causa do bom afastamento que existe entre as respectivas janelas;
mesmo com a objectiva de 90 mm a focagem é perfeita. Para a objectiva de 30 mm
a Hasselblad fornece um excelente visor óptico exterior com um nível de bolha .
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incorporado.
O fotómetro faz uma leitura de ponderação central baixa e é bastante preciso.
Infelizmente não dispõe de medição TTL com flash o que faz falta para algumas
situações. A velocidade de sincronização máxima com flash de 1/125 de seg é suficiente para este tipo de câmara, que se usa quase sempre bem nivelada em cima
de um tripé.
O avanço motorizado do filme permite fotografar a cerca de 1,2 imagens por
segundo no formato 24x36 mm e 0,9 ips em fotografia panorâmica. No modelo
XPan II podemos optar por uma rebobinagem do filme deixando a ponta de fora da
cassete, de modo a facilitar o seu manuseamento para a revelação.
Foto: 5
Foto: 4
A XPan dispõe de três objectivas intermutáveis das seguintes distâncias focais:
90, 45 e 30 mm. Todas proporcionam imagens de muito boa qualidade mas a 45 e
a 30 mm escurecem um pouco os cantos da imagem, mesmo que se feche bastante a abertura do diafragma. Este problema é resolvido pela marca através de dois
filtros de densidade central que compensam a diferença de luminosidade dos cantos para o centro da imagem. O destinado à 45mm retira 1 EV na zona central e o
da 30 mm -1,5 EV .
Estes filtros além de serem comercializados por um preço exorbitante também
retiram por vezes demasiada luz à imagem. Na eventualidade de termos que trabalhar com a câmara à mão precisamos de toda a luz disponível para obter simultaneamente aberturas do diafragma que nos proporcionem uma boa profundidade de
campo e uma velocidade de obturação que não nos deixe tremer as fotografias.
De facto com programas de tratamento de imagem como o Photoshop CS que
permitem efectuar essa correcção à posteriori, sem perca de luz e evitando ter que
gastar mais dinheiro, acho que a opção dos tais filtros se revela muito pouco interessante.
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Foto: 6
Foto: 7
Com as objectivas Nikon a leitura da exposição processa-se da forma usual mas
deixamos de poder usar o telémetro da câmara; é preciso focar estimando a distância que nos separa do objecto (ou medindo-a com uma fita métrica) e regulando
aquele valor na escala de focagem da objectiva. Como a XPan só dispõe de objectivas até uma distância focal de 30 mm podemos assim beneficiar de objectivas de
distância focal mais curta como por exemplo uma 20, uma 14 ou mesmo uma 16
mm fisheye. O enquadramento tem que ser feito através de visores ópticos exteriores usando por exemplo os visores da 15 e da 21 mm da Voigtlander. É claro que
estas objectivas Nikon devem ser usadas com a câmara regulada para o formato
24x36 mm pois no formato panorâmico não conseguiriam cobrir toda a imagem.
Mas acontece que algumas objectivas Nikon conseguem de facto projectar um
círculo de imagem capaz de cobrir todo o formato 24x65 mm (mais precisamente
24x64,5 mm) com excepção de um pequeno corte nos cantos; é o caso da PC Nikkor 35 mm f2,8 e 28 mm f3.5. Como estas objectivas permitem fazer um descentramento para correcção da perspectiva dispõem de um círculo de imagem muito
superior ao do que seria necessário para cobrir apenas o formato 24x36 mm.
A Nikkor PC 28 mm constitui uma opção muito mais económica à objectiva 30
mm da XPan e apesar de fazer um ligeiro corte nos cantos da imagem ainda permite mesmo assim obter um pequeno ganho no ângulo de campo final (foto: 6).
Foto: 8
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A Hasselblad XPan também pode captar belas panorâmicas do mundo submarino desde que se tomem algumas precauções.
Em primeiro lugar não existe nenhuma caixa estanque regularmente fabricada
para esta câmara. No meu caso, depois de ouvir o conhecido fotógrafo submarino
David Doubilet contar que os técnicos da National Geographic lhe tinham transformado uma caixa estanque Aquatica da Nikon F3 para albergar a XPan não descansei enquanto não consegui fazer o mesmo com uma velha caixa estanque da Ikelite
inicialmente destinada a uma Nikon FM. Usei um visor óptico exterior da mesma
marca, que foi também adaptado para o formato panorâmico, de modo a poder
efectuar o enquadramento com precisão.
O fotógrafo americano Amos Nachoum foi bastante mais longe e conseguiu convencer a Aquatica a fabricar-lhe uma caixa estanque de alumínio para esta câmara
que usa o domo frontal corrector da mesma marca (foto: 9). Para apreciar as magníficas fotografias panorâmicas deste fotógrafo visite www.biganimals.com/hotnews/
xpan-update.html.
Como as objectivas 45 e 30 mm só focam até 70 cm de distância é necessário
usar uma lente de aproximação de +4 dioptrias para conseguir focar a cerca de 30
cm a imagem aérea formada pelo menisco côncavo do doma frontal corrector.
Com a objectiva regulada para infinito e uma abertura de f11 é escusado pensar
mais na focagem porque fica tudo focado desde cerca de 60 cm até ao infinito.
Usando a objectiva Nikon PC 28 mm conseguimos evidentemente fotografar muito
mais perto uma vez que ela foca até escassos 30 cm de distância.
Para fazer o enquadramento pode usar-se o tal visor óptico exterior da Ikelite que
já vos falei ou, melhor ainda, o excelente visor da objectiva 15 mm da Nikonos, desde que se faça uma máscara delimitando o formato panorâmico.
Para conseguir trabalhar debaixo de água com uma abertura do diafragma de f11
e uma velocidade de obturação razoável convém utilizar um filme um pouco mais
sensível do que é habitual. O Provia 100 da Fuji tratado com uma revelação
“puxada” de mais um ponto fica com uma sensibilidade de 200 ISO e uma qualidade de imagem bastante próxima dos 100 ISO originais. O pequeno aumento do
contraste provocado por esta revelação especial constitui aqui uma vantagem porque compensa a falta de contraste crónico nas fotografias de paisagem submarinas.
Foto: 9
Foto: 10
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