ensaio brasileiro de cultivares de aveia branca conduzido em

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ensaio brasileiro de cultivares de aveia branca conduzido em
ENSAIO BRASILEIRO DE CULTIVARES DE AVEIA BRANCA
CONDUZIDO EM AUGUSTO PESTANA, RS, 2012
Maísa D. Wohlenberg1; Mariele Müller2; Micheli B. Olegário2; Juliano Gaviraghi2;
Ewerton Gewehr2; Vinícius de L. Sberse2; Gustavo Mazurkievicz2; Fernando B.
Pinto2; Emilio G. Arenhardt2; Lenon R. K. Goi1; Itamar U. Mafalda1; Cleusa A. M.
B. Krüger3; José A. G. da Silva4.
A aveia branca (Avena sativa L.) é de grande importância na região sul do
Brasil, principalmente para o sistema de semeadura direta, pois viabiliza palhada
de alta relação C/N garantindo aproveitamento dos resíduos pela lavoura
subsequente. É utilizada na alimentação animal e humana, sendo que para está
ultima, se destaca por apresentar qualidade nutritiva, o que confere a esta
espécie, características diferenciadas (FEDERIZZI & ALMEIDA, 1998) que
possibilita uma utilização variada no desenvolvimento de distintos produtos. Em
virtude dos bons resultados alcançados com o melhoramento da aveia branca no
Brasil, o país deixou de ser um importador, se tornando um produtor de grãos de
qualidade, refletindo no surgimento de indústrias de pequeno porte, com função
de transformação e processamento dos grãos para a elaboração de produtos
destinados à dieta humana (FEDERIZZI et al., 2005). Desde então, é crescente a
demanda por cultivares elite, que apresentam elevado rendimento e qualidade de
grãos, resistentes e tolerantes a estresses bióticos e abióticos e que evidenciem
adaptabilidade e estabilidade nos diferentes ambientes de cultivo brasileiros.
Porém, o grão deve atender um padrão de qualidade quando destinado à
indústria para o preparo de alimentos (BOTHONA & MILACH, 1998). Assim, há a
necessidade de disponibilizar aos agricultores genótipos superiores que venham a
atender tais demandas. O Ensaio Brasileiro de Cultivares de Aveia Branca é
conduzido em rede em vários estados brasileiros tendo como propósito a
avaliação anual das cultivares recomendadas quanto ao rendimento de grãos e
demais variáveis de interesse agronômico envolvendo uma condição diferenciada
frente a ausência e presença de aplicação de fungicida. Portanto, permite
conhecer aqueles genótipos que expressam maior resistência genética, o que
possibilita estimar em condição de lavoura aquelas que possivelmente venham a
reduzir o número de aplicação do produto químico em condição de campo. Aliado
a isto, conhecer aquelas que não evidenciam capacidade de suportar a pressão
do inoculo e exigem número de aplicações que inviabilizaria a lavoura, dando
suporte, em inferir sobre a retirada do genótipo na indicação de recomendação. O
objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho das cultivares recomendadas
1
Estudante do curso de Agronomia, DEAg/UNIJUÍ. [email protected]
Bolsista de Iniciação Científica/ Departamento de Estudos Agrários/ UNIJUÍ.
3
Professor do Departamento de Estudos Agrários/ UNIJUÍ
4
Professor do Departamento de Estudos Agrários e Programa de Mestrado em Modelagem
Matemática/ UNIJUÍ.
2
para cultivo no Brasil pelo Ensaio Brasileiro de Cultivares de Aveia Branca na
presença e ausência de aplicação de fungicida na análise dos caracteres de
interesse agronômico. Portanto, buscando qualificar genótipos promissores que
vem sendo lançadas com vistas a indicação de cultivo as condições regionais do
noroeste do Rio Grande do Sul.
O trabalho foi desenvolvido na área experimental do Instituto Regional de
Desenvolvimento Rural (IRDeR), pertencente ao Departamento de Estudos
Agrários (DEAg) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (UNIJUÍ), no município de Augusto Pestana – RS. O ensaio contou com 25
cultivares testadas em delineamento experimental de blocos ao acaso com três
repetições, com e sem fungicida, totalizando seis blocos. Os caracteres avaliados
foram Rendimento de Grãos (RG, kg ha-1), Massa de Mil Grãos (MMG, g), Peso
do Hectolitro (PH, kg hl-1), Dias da Emergência a Maturação (DEM), Dias da
Floração a Maturação (DFM), Estatura (EST); Acamamento (ACA, %); Ferrugem
da Folha (FFO, %); Mancha Foliar(MF, %); Ferrugem do Colmo (FCO, %). Os
resultados foram submetidos à análise de variância (Anava) e comparação de
médias pelo modelo de Scott & Knott em nível de 5% de probabilidade de erro.
A diferença entre as cultivares de aveia frente aos distintos caracteres de
interesse agronômico foram confirmadas, inclusive, o efeito de fungicida também
alterou de modo expressivo estas variáveis. Contudo, a interação Genótipo x
Fungicida também foi detectada, recaindo a necessidade de desdobramento
destas interações (análise de variância não apresentada). Na tabela 1 dos valores
médios cabe destacar o grande potencial genético de produção das cultivares IPR
Afrodite e FAEM 6 Dimlasul, que foram as duas com maior potencial de produção
tanto na presença como na ausência de fungicida. Portanto, são genótipos que
evidenciam resistência as principais moléstias e que, mesmo necessitando da
presença de fungicida numa condição de ambiente mais favorável ao patógeno,
poderá ao menos reduzir o número de aplicações viabilizando ainda mais a
produção. Portanto, são fatores fundamentais para a qualidade ambiental e a
rentabilidade esperada da lavoura de aveia. Além disso, cabe destacar a cultivar
URS Taura, Tarimba e Guria que independente da condição de fungicida
(ausência e presença) expressaram os maiores valores de PH. As cultivares
anteriormente mencionada evidenciam grande potencial de recomendação aos
agricultores da região noroeste do Rio Grande do Sul. Afora, isto, observar entre
estes genótipos os que evidenciam menor acamamento e reduzido ciclo de
produção compatibilizando com a semeadura de soja no mês de outubro.
Referências Bibliográficas:
BOTHONA, C. A.; MILACH S. K. Relação entre qualidade física do grão em aveia
e indicadores de rendimento industrial. In: REUNIÃO DA COMISSÃO
BRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA, v. 18, Londrina, 1998. Resumos.
Londrina: IAPAR, Paraná, 1998. p. 47 – 48.
FEDERIZZI, L. C.; ALMEIDA, J. Análise de alguns parâmetros de qualidade do
grão de aveia. In: REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE
AVEIA, v. 18, Londrina, 1998. Resumos. Londrina: IAPAR, Paraná, 1998. p. 4950.
FEDERIZZI, L.C.; MILACH, S.C.K.; PACHECO, M.T.; BARBOSA NETO, J.F.;
SERENO, M.J.C.M. Melhoramento da aveia. In: BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento
de espécies cultivadas, 2ed. Viçosa: UFV, 2005. p.141-169.
Tabela 1. Teste de comparação de médias do Ensaio Brasileiro de Cultivares de
Aveia em caracteres de interesse agronômico. IRDer/DEAg/UNIJUÍ, 2013.
CULTIVARES
RG
SF
UPF 18
1372Bd
UPFA 22 TEMPRANA 1427Bd
UPFA GAUDÉRIA
3299Ab
UPFA OURO
3023Bb
UPFAPS FARROUPILHA 3125Ab
IPR AFRODITE
4180Aa
LOUISE
1977Bc
URS FAPA SLAVA
2721Bb
BARBARASUL
2783Bb
BRISASUL
3363Bb
FAEM 4 CARLASUL
3293Bb
FAEM 5 CHIARASUL
3724Aa
FAEM 6 DILMASUL
4077Aa
URS 21
3039Ab
URS GUAPA
3076Ab
URS TAURA
3150Bb
URS TARIMBA
1943Bc
URS GURIA
2474Bc
URS CHARRUA
3140Bb
URS TORENA
2319Bc
URS CORONA
2828Bb
URS ESTAMPA
3057Ab
URS GUARÁ
2588Bc
URS BRAVA
3345Bb
IAC 7
2878Bc
CF
3550Ab
3646Ab
3758Ab
4366Aa
3766Ab
4804Aa
4061Aa
4355Aa
4080Aa
4568Aa
4132Aa
3854Ab
4385Aa
3434Ab
3692Ab
4114Aa
4506Aa
3472Ab
4101Aa
3563Ab
4110Aa
3195Ab
3604Ab
4436Aa
3500Ab
MMG
SF
CF
28Ac 30Ac
27Bc 35Ab
26Bc 35Ab
29Bc 35Ac
36Aa 36Ab
31Ab 31Ac
22Ad 24Ae
24Bd 30Ac
27Ac 25Ae
27Ac 29Ad
34Aa 33Ac
32Ab 32Ac
33Bb 38Aa
29Bc 32Ac
32Bb 37Ab
32Ab 35Ab
28Bc 33Ac
27Ac 30Ac
32Bb 39Aa
33Bb 39Aa
36Aa 39Aa
25Ad 28Ad
32Bb 35Ab
29Bc 32Ac
28Ac 31Ac
PH
SF
41Bc
41Bc
41Bc
41Bc
42Bc
42Bc
42Bc
41Bc
41Bc
42Bc
44Bb
44Bb
41Bc
42Bc
46Ba
48Ba
46Ba
47Ba
44Bb
40Bc
44Bb
44Bb
47Aa
47Ba
42Bc
CF
47Ac
40Ab
49Ac
51Ab
48Ac
50Ab
50Ab
50Ab
47Ac
49Ac
49Ac
50Ab
47Ac
52Aa
51Ab
52Aa
54Aa
51Aa
49Ac
46Ac
50Ab
50Ab
50Ac
52Aa
49Ac
DEF
SF
CF
91Ba 93Aa
77Bd 80Af
81Bc 84Ac
84Ab 86Ac
78Bd 81Ae
82Bb 86Ac
84Bb 87Ab
79Bd 86Ac
83Bb 87Ab
83Bb 88Ab
85Bb 89Ab
78Bd 85Ac
84Bb 86Ac
77Bd 85Ac
75Be 81Ae
76Bd 83Ad
75Be 80Af
75Be 81Ae
74Be 82Ad
75Be 79Af
79Bd 82Ae
80Bc 82Ae
73Bf 77Ag
80Bc 84Ad
75Be 79Af
DEM
SF
CF
136Ba 141Aa
121Be 123Ae
122Bd 126Ad
126Ac 127Ad
119Bf 124Ae
121Be 127Ad
128Bb 131Ab
120Be 129Ac
125Bc 129Ac
127Bc 130Ab
129Bb 132Ab
124Bd 127Ad
129Bb 132Ab
124Bd 128Ac
121Be 123Ae
120Be 125Ad
119Bf 121Af
118Bf 121Af
121Be 124Ae
121Ae 123Be
122Ad 123Ae
125Ac 125Ad
117Bg 121Af
127Ac 127Ad
117Bg 122Af
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si. RG= Rendimento de grão; MMG= Massa de mil grãos; PH= Peso Hectolitro;
DEF= Dias de emergência a floração; DEM= Dias da emergência a maturação.
Tabela 2. Teste de comparação de médias do Ensaio Brasileiro de Cultivares de
Aveia em caracteres de interesse agronômico. IRDer/DEAg/UNIJUÍ, 2013.
EST
Cultivares
SF
ACA
CF
SF
CF
FFO
SF
CF
MF
SF
FCO
CF
SF
CF
UPF18
127 Aa 137 Aa 96 Aa 91 Ab 53 Ab 26 Ba 26 Ab 16 Ba 18 Aa 4 Ba
UPFA 22 TEMPRANA
104 Ab 109 Aa 99 Aa 93 Ab 30 Ad 11 Ba 38 Aa 11 Ba 15 Aa 4 Ba
UPFA GAUDÉRIA
102 Ab 107 Aa 99 Aa 93 Ab 28 Ad 11 Ba 26 Ab 13 B 15 Aa 4 Ba
UPFA OURO
113 Aa 118 Aa 93 Aa 96 Aa 25 Ad 6 Ba 30 Aa 16 Ba 8A b
3Aa
UPFPS FARROUPILHA 111 Aa 120 Aa 97 Aa 91 Ab 21 Ae 6 Ba 26 Ab 13 Ba 15 Aa 3 Ba
IPR AFRODITE
111 Aa 106 Aa 99 Aa 91 Bb 14 Ae 10Aa 23 Ab 10 Ba 15Aa 4 Ba
LOUISE
106 Ab 110 Aa 98 Aa 95 Aa 40 Ad 6 Ba 35 Aa 11Ba 16Aa 4 Ba
URS FAPA SLAVA
68 Bc
114 Aa 95 Aa 93 Ab 35 Ad 7 Ba 33 Aa 11 Ba 13 Ab 4Ba
BARBARASUL
97 Ab
108 Aa 99 Aa 95 Aa 66 Aa 8 Ba 35 Aa 16Ba 18Aa
BRISASUL
99 Ab
102 Aa 96 Aa 81 Bc 46 Ac 10 Ba 35 Aa 16 Ba 15A a 4Ba
2Ba
FAEM 4 CARLASUL
101 Ab 105 Aa 98 Aa 95 Aa 35 Ad 11 Ba 35 Aa 14 Ba 20Aa
5Ba
FAEM 5 CHIARASUL
99 A b
8Ba
FAEM 6 DILMASUL
URS 21
111 Aa 98 Aa 90 Bb 38 Ad 8 Ba 40 Aa 10 Ba 20Aa
105 A b 105 Aa 98 Aa 91 Bb 26 Ac 10 Ba 20 Ab 8 Ba
10Ab
6Aa
104 Ab 113 Aa 99 Aa 93 Bb 43 Aa 13 Ba 36 Aa 18 Ba 15Aa 6Ba
URS GUAPA
95 Bb
116 Aa 99 Aa 91 Bb 73 Ad 15 Ba 40 Aa 16 Ba 21Aa
6Ba
URS TAURA
93 Ab
96 Aa
93 Aa 83 Bc 31 Ad 8 Ba 11A b 15 Aa 10Ab
4Aa
100 Ab 105 Aa 95 A a 91 Ab 28 Ad 8 Ba 30 Aa 13 Ba 16Aa
4Ba
URS TARIMBA
URS GURIA
URS CHARRUA
105 A b 114 Aa 99 A a 98 Aa 30 Ad 6 Ba 26 Ab 11 Ba 15A a 6Ba
23 Ab 8 Ba
13Ab
4Ba
URS TORENA
116 Aa 116 Aa 98 A a 96 Aa
111 Aa 107 Aa 96 Aa 98 Aa 25 Ad 6 Ba 20 Ab 6 Ba
8Ae
6Aa
11Ab
5Aa
URS CORONA
98 Ab
113 Aa 98 Ab 91 Bb 11Ae
6Aa
26 Ab 8 Ba
10Ab
4Aa
URS ESTAMPA
101 Ab 106 Aa 96 Aa 91 Ab 15Ae
8Aa
31 Aa 10 Ba 11Ab
6Aa
URS GUARÁ
100 Ab 109 Aa 95 Aa 91 Ab 15 Ae 16 Aa 25 Ab 16 Aa 11Ab
3Ba
URS BRAVA
101 Ab 110 A a 98 Aa 88 Bc 11Ae 10Aa 26Ab 10 Ba 15A a 6Ba
IAC 7
102 Ab 106 Aa 98 A a 99 Aa 58Ab 11Ba 26 Ab 13 Ba 6Ab 2Aa
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si. Estatura (EST, cm); Acamamento (ACA, %); Ferrugem da Folha(FFO,
%); Mancha Foliar(MFO, %); Ferrugem do Colmo(FCO, %).