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Revista Informativa Educacional ISSN 2238-3093 Revista ANEC junho de 2012 :: Ano V :: No 19 COMO AJUDAR SEU FILHO NA ESCOLA Artigo: Brasil-Santa Sé. A subcomissão número um Pesquisadores da PUCRS pretendem desvendar como o sistema imune se altera ao longo do envelhecimento No 19 :: Ano V :: junho de 2012 Entrevista com o presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Newton Lima Neto (PT/SP), sobre as metas prioritárias da educação para este ano no Parlamento Sumário 2 Palavra do Diretor-Presidente 4CULTURA 18 6 MURAL DE NOTÍCIAS 8ACONTECE ARTIGOS 13 Brasil-Santa Sé 14Educar e evangelizar 16 Binômio inseparável: conhecimento e aprendizagem 17A Educação para a Cidadania 25 18Nova disciplina normativa e cuidados do empregador 22Tempos de analfabetismo afetivo POLÍTICA 24Educação e profissionalização 25Educar GESTÃO 26 Blindagem contra fraudes 28Levar quem gosta de ensinar até quem quer aprender 30 30 Comunicação on-line 32A leitura de clássicos da literatura e o interesse dos alunos 34Educação para um mundo sustentávels MATÉRIA DE CAPA 36 Como ajudar o seu filho na escola Educação SUPERIOR 42As alterações do sistema imune em idosos 36 44 Circo e universidade 46 Pindorama completa dez anos 48 Centro de Reabilitação retoma atendimento à população 49 Milionésimo beneficiado pelo ProUni 50 Uma década de bons resultados Educação BÁSICA 54Encontro das Escolas Católicas reúne 600 educadores 56A Casa da Cultura e dos Esportes 58Estudante representa Brasil em evento da ONU 42 61 Projeto Irmãos da Alegria 62 Bote Fé em Brasília ESPECIAL 74Entrevista com o presidente da CEC 76 JMJ 2013: o Brasil em festa 69Educação em pauta 71 Mudanças no ENADE 74SERVIÇOS 61 76 PLANO DE AULA 80 REFLEXÃO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL Palavra do Diretor-Presidente DIRETORIA NACIONAL Diretor-Presidente Reitor Pe. José Marinoni, SDB Diretor 1º Vice-Presidente Ir. Frederico Unterberger, FMS Diretora 2º Vice-Presidente Ir. Mariluce Nilo Morcourt, SSD Diretora 1º Secretária Irani Rupolo Diretor 2º Secretário Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI Diretor 1º Tesoureiro Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Diretor 2º Tesoureiro Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB Secretário Executivo Prof. Daniel Torres de Cerqueira CONSELHO SUPERIOR Pe. José Marinoni Diretor-presidente da ANEC Presidente Prof. Wolmir Therezio Amado Vice-Presidente Dom Flávio Giovenale, SDB Secretário Ir. Paulo Fossatti, FSC CONSELHEIROS Pe. Luiz Claudemir Botteon Pe. João Júlio Farias Júnior Ir. Teresinha Maria De Sousa, MC Prof. Francisco Angel Morales Cano Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS Ir. Maria Teresa Diniz ISSN 2238-3093 DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Luciene Lopes Pereira Nelismar de Souza Willian Ribeiro JORNALISTAS Lana Canepa Pablo Mundim PRODUÇÃO EDITORIAL Uma empresa do Grupo ZP Rua Bela Cintra, 178, Cerqueira César São Paulo/SP - CEP 01415-000 Tel.: 55 11 2978-6686 www.zeppelini.com.br Para anunciar nesta revista: Departamento de Publicidade (Zeppelini Editorial) [email protected] Tel.: +55 11 2978-6686 IMPRESSÃO Parque Gráfico da Editora FTD Fone: 11 3545-8600 As ilustrações foram cedidas pelas instituições ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANEC SCLN Quadra 102 - Bloco C - Sala 102 CEP:70722-530 - Brasília-DF Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3533-5070 E-mail: [email protected] Caros Irmãos e Caras Irmãs em Cristo! Paz e Bem! Passamos por um tempo de grandes desafios e grandes oportunidades. Cada vez mais, a flexibilização moral da sociedade contemporânea se torna algo preocupante e que nos obriga a uma tomada de posição. Por isso mesmo, é necessário que, no nosso tempo, a escola católica saiba afirmar-se de maneira eficaz, persuasiva e atual. Não se trata de pura adaptação, mas de impulso missionário: é dever fundamental da evangelização ir até onde está o homem para que acolha o dom da salvação. A declaração sobre educação cristã – Gravissimum Educationis, em outubro de 1965, considera “a educação como extremamente importante na vida do homem e reconhece como suas influências têm se tornado cada vez mais significativas para o progresso social, ao longo dos tempos, evidenciando a gravíssima importância da educação na vida do ser humano e seu reflexo cada vez maior no progresso social do nosso tempo”. Ainda mais explícito nesse sentido é o Proêmio do referido documento, quando afirma que: [...] “a Igreja Católica insiste na importância da educação integral e de qualidade e no direito que ela tem de atuar, com toda a liberdade e apoio do Estado, no campo da educação, domínio fundamental para o trabalho de evangelização e de promoção da liberdade e da dignidade de pessoa humana”. No mesmo sentido, o texto final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, conhecido como “Documento de Aparecida”, afirma que “a escola católica é chamada a uma profunda renovação. Devemos resgatar a identidade católica de nossos centros educacionais por meio de um impulso missionário corajoso e audaz, de modo que chegue a ser uma opção profética plasmada em uma pastoral da educação participativa. Tais projetos devem promover a formação integral da pessoa, tendo seu fundamento em Cristo, com identidade eclesial e cultural, e com excelência acadêmica. Há de gerar solidariedade e caridade para com os mais pobres”. Afinal, o tema “educação” na Igreja é tão antigo quanto à própria Igreja, que recebeu de seu Mestre o mandato: “Ide e ensinai a todas as gentes...”. Este mandato engloba e pressupõe o desenvolvimento integral da pessoa humana; é da pessoa humana, em seu todo, que a Igreja deve ocupar-se. Somente assim, faremos a diferença na vida das pessoas. 2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Cultura Quem se importa D irigido por Mara Mourão, o documentário Quem se então, uma moeda própria, a “Palmas”, aceita hoje até mesmo pelo importa é definido como mais que um filme, e sim Banco Central. um movimento. A ideia é inspirar pessoas a serem O site do documentário tem uma área especialmente dedicada transformadoras por meio das histórias de vida de 18 às escolas. Dirigido a jovens, educadores sociais e professores, o empreendedores sociais do Brasil e do mundo. projeto educativo do longa metragem abre um amplo debate Entre os personagens retratados está o bengalês Muhammad sobre ética, cidadania, afeto, cuidado e os potenciais de todos de Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006. Yunus criou o promover mudanças locais e globais. No site, é possível fazer o Greemen Bank há cerca de 30 anos, com o objetivo de promover download de um guia exclusivo para debater o filme. autonomia à população miserável da região. Conhecido como “Quem se importa é um filme sobre empreendedores sociais ao o “banco dos pobres”, o Grameen Bank foi a primeira instituição redor do mundo. Pessoas brilhantes com ideias inovadoras, que financeira no mundo especializada em microcrédito. Ela hoje apontam novos caminhos e um olhar ético nos vários campos possui filiais em 44 países, inclusive no Brasil. Um dos brasileiros em que atuam”, diz Mara Mourão, diretora do longa, que está em apresentados é Joaquim Melo, criador do Banco Palmas. Para ele, cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Londrina. “não existe território pobre, o que existe é a perda de poupanças locais”. Então, nada mais justo que incentivar o comércio legal e estimular o dinheiro a não sair do próprio bairro. Melo criou, 4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Informações www.quemseimporta.com.br Exposição Planeta Inseto – Museu do Instituto Biológico João Justi Junior A exposição Planeta Inseto, que está no museu do Instituto Biológico, mostra a importância desses organismos na vida humana. A mostra retrata os diversos aspectos sobre os insetos, de forma interativa, e sensibiliza o público para sua importância na sustentabilidade ambiental, produção de alimentos e saúde pública. A exposição também demonstra quais são os povos que utilizam insetos como fonte de alimento, e quais os treinam para competirem em campeonatos de lutas. O visitante poderá ver de perto as abelhas produzindo o mel, lagartas produzindo Abelha na flor do maracujá Fabiano F. Albertoni o fio da seda, formigas trabalhando de forma organizada, cupins reciclando material orgânico, entre outras atrações. O projeto é coordenado pelo Instituto Biológico (IB-APTA), órgão da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, tendo como parceiros a Secretaria da Cultura e o Catavento Cultural e Educacional. Informações Exposição Planeta Inseto Onde: Museu do Instituto Biológico – www. biologico.sp.gov.br/museu.php Endereço: Rua Amâncio de Carvalho, 546, Vila Mariana – São Paulo De terça a domingo, das 9h às 16h. Percevejo sendo predado por outro percevejo Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 5 Mural de notícias Recursos para transporte e alimentação na zona rural Já está disponível para as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação a primeira de nove parcelas do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate), no valor de R$ 42.964.531,28 para estudante do ensino básico, residentes na zona rural. Este recurso deverá ser utilizado para quitar despesas com a reforma, seguros, licenciamento, impostos e taxas, serviços de mecânica, elétrica e funilaria, recuperação de assentos, combustível e lubrificantes de veículo ou de embarcação utilizada para o transporte de alunos. Para a merenda escolar, o Programa Nacional Alunos que vão para o ensino médio permanecem no fundamental A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 31,09% dos estudantes do país que avançaram para o ensino médio ainda permanecem no fundamental. De acordo com os dados, 50,9% dos jovens com idade entre 15 e 17 anos estudam no ensino médio, o que é totalmente compatível com a faixa etária. A situação é pior nas regiões Norte e Nordeste, já que de cada dez estudantes, apenas quatro estão na faixa de ensino de acordo com a idade correta. Já 0,7% concluiu ou está em processo de vestibular, 0,2% ainda cursa a etapa básica de alfabetização e 1,2%, estão no Programa de Alfabetização de Adultos na etapa fundamental. O objetivo do Programa Todos Pela Educação é que toda criança de 4 a 17 anos esteja na escola. Entretanto, segundo a pesquisa, atualmente 14,8% das crianças estão fora da escola. www.todospelaeducacao.org.br 6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 de Alimentação Escolar (Pnae) também já liberou R$ 268.899.924,00 referentes à segunda parcela para as Secretarias de Educação dos Estados, municípios e do Distrito Federal. O cálculo para o repasse da verba tem como base R$ 0,30 por dia para alunos da pré-escola, ensinos fundamental e médio e Educação de Jovens e Adultos. Para creches e estudantes indígenas, a base segue R$ 0,60 e para o período integral do Programa Mais Educação, R$ 0,90 por dia para cada aluno. www.mec.gov.br Descredenciamento da Universidade São Marcos Polêmica sobre material escolar de combate à homofobia Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 26 de março, a resolução do Ministério da Educação para descredenciar a Universidade São Marcos de São Paulo após terem sido verificadas diversas irregularidades administrativas que comprometeram o funcionamento da iInstituição. Dentre os problemas encontrados estão a falta de recredenciamento, descumprimento de medida cautelar e inviabilidade financeira. De acordo com a norma do MEC, a São Marcos será responsável por todo o acervo acadêmico e pelo kit de transferência do aluno de graduação e pós-graduação, incluindo estudantes que estavam com a matrícula trancada. Além das determinações acima, a instituição tem prazo de até 10 dias para criar uma comissão que fique responsável pela transferência dos alunos para outras universidades, entrega de documentação e comunicado em jornais de grande circulação, informando onde será feito o atendimento ao estudante. www.mec.gov.br O Projeto de Lei de autoria do vereador Carlos Bolsonaro (PP-RJ), que sugere a proibição da distribuição de materiais didáticos nas escolas da Rede Municipal do Rio de Janeiro que contenham informações sobre a prática da homoafetividade ou qualquer assunto correlacionado foi aprovado em 1ª instância por 21 votos a favor e 9 contra. Os vereadores foram pressionados a votarem contra o projeto por entidades e defensores dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT) em 2ª Instância. O deputado federal Jean Wylliys (PSOL) enviou ofício ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pedindo pronunciamento público e o compromisso de vetá-lo, caso seja de fato aprovado. Em último estudo divulgado em 2009 pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de uma amostra de 18,5 mil pessoas entrevistadas, entre estudantes, pais, diretores, professores e funcionários das escolas, 87,3% afirmaram ter preconceito quanto à orientação sexual. www.agenciabrasil.gov.br Reforma educacional de Nova York será modelo para o Brasil Brasileiro lê pouco A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, revela que aproximadamente 50% das 5 mil pessoas entrevistadas em mais de 315 municípios do país são consideradas leitoras. O resultado foi baseado em um dos critérios da pesquisa, que consiste em cada pessoa ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses. Dentre todos os entrevistados, 64% concordaram com a afirmação "ler bastante pode fazer uma pessoa vencer na vida e melhorar sua situação econômica”. Já 30% responderam não gostar de ler, 37% leem um pouco e 25% gostam muito de ler. Entretanto, 21% preferem outras atividades, e 53% relacionaram o desinteresse pela leitura à “falta de tempo”. www.agenciabrasil.gov.br Com referência à reforma educacional de Nova York, em 2002, um projeto piloto que acrescenta à escola um coordenador para auxiliar os pais de alunos e tutores e professores em sala de aula será ampliado e chegará ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo. O Programa Excelência em Gestão Educacional será utilizado em cerca de 1.140 instituições de ensino da rede pública, resultado da parceria da Fundação Itaú Social com prefeituras e governos. Em São Paulo, primeira cidade a receber o programa, dez escolas da região leste receberam, durante três anos, o auxílio de tutores e coordenadores de pais. A Fundação Itaú Social ainda está avaliando o resultado final do projeto em São Paulo, que termina este ano e está orientando a Secretaria de Educação para que possa dar continuidade ao projeto em outros municípios. www.fundacaoitausocial.org.br USP avalia alterações nas regras de pós-graduação Experimentos desnecessários com animais vivos Aumento nas bolsas de pósgraduação da Capes Principal referência e formadora de pós-graduados do Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) estuda mudanças no processo de avaliação de mestrados e doutorados. “A proposta da Comissão de Pósgraduação visa melhorar a avaliação dos alunos e dos próprios programas”, explica o pró-reitor de pós-graduação, Vahan Agopyan. A comissão dos estudantes não está de acordo com a medida, e pleiteia mais discussões sobre o assunto. O texto estabelece que o aluno passe por uma avaliação até um ano e meio após o início do curso. Isso permite saber com antecedência se o aluno tem vocação para a pesquisa, mas cada curso decidirá se irá manter o exame inicial, explica a reitoria. Já para a representação estudantil, a USP quer acelerar o processo de finalização de cursos pelos alunos, elevando artificialmente a produtividade, numa visão internacional. www.usp.br As Faculdades Unipam (Centro Universitário de Patos de Minas) e Facisa (Faculdade de Ciências da Saúde), de Unaí, receberam petição do Ministério Público Federal de Minas Gerais para que paralisem os estudos científicos utilizando animais vivos e saudáveis. A recomendação do MPF é com base na lei nº 9.605/98, que “torna crime qualquer ato de abuso ou maus tratos, ferir ou mutilar animais vivos durante experimentos científicos”, explica o Procurador da República Onésio Amaral. Segundo o Ministério Público, já existem outros métodos mais avançados utilizados atualmente por diversas instituições no Brasil e em muitos países, fato esse que fortalece o pedido de encerramento de atividades obsoletas de pesquisa com animais vivos. A pena para quem descumprir a lei prevê de três meses a um ano de reclusão, podendo chegar a 16 meses, no caso de morte do animal. www.mp.mg.gov.br O Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que haverá reajuste no valor das bolsas de Estudos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo Mercadante, há uma diferença que precisa ser corrigida "o mais rápido possível". Apesar do anúncio, não foi informado qual será o percentual de aumento e nem quando entrará em vigor a nova medida. Desde 2008, o valor do benefício permanecia o mesmo, e na atual gestão o repasse é de R$ 1,3 mil para bolsa de mestrado e R$ 1,8 mil para doutorado. Desde o início de 2011, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) reivindica correção de 40%, com base em estudo de demanda e com o reajuste da inflação, segundo Elisangela Lizard, presidente da instituição. A Capes atende hoje cerca de 71 mil bolsistas. www.agenciabrasil.gov.br Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 7 Acontece Professor Jorge Audy, Doutor na área de Sistemas de Informação da PUCRS Jorge Audy fala com a ANEC sobre experiências inovadoras E m entrevista à ANEC, o doutor na área de Sistemas de Informação da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), professor Jorge Audy, falou sobre o 3° Fórum das Instituições de Ensino Superior (IES) Católicas do Brasil, realizado pela associação no mês de maio. Um dos convidados a participar do evento realizado em Campo Grande (MS), o especialista detalha o projeto que foi base de exposição durante o Fórum. “A Rede InovaPUC congrega o conjunto de atores, ações e mecanismos institucionais relativos ao processo de inovação e empreendedorismo na PUCRS. Seu objetivo é promover este processo na universidade, articulando, para tal, os atores envolvidos nas ações de ensino, pesquisa e extensão. O foco da atuação da instituição por meio da InovaPUC é promover um esforço multidisciplinar para buscar soluções e oferecer respostas às demandas da sociedade em termos de desenvolvimento econômico, ambiental, social e cultural. Desta forma, a relação entre a universidade e a sociedade ocorre em dois sentidos: tanto problemas identificados na sociedade podem dar origem ao desenvolvimento de pesquisas, quanto os resultados e conhecimentos já disponíveis na universidade podem ser aplicados na solução de 8 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 problemas existentes”, conta. Quando perguntado sobre quais inovações podem surgir como consequência do projeto, o professor é enfático: “Ao longo dos últimos anos, diversas ideias geradas no contexto do Fórum InovaPUC, por meio dos agentes de inovação, deram origem a novos projetos, setores e ações da universidade, como, por exemplo, a Certificação Adicional na Graduação, a criação do Núcleo Empreendedor e do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação (NAGI) na Faculdade de Administração, a construção de um hotel no campus universitário, a criação de uma agência de empreendimento na pró-reitoria de administração, etc.” Antes de encerrar a entrevista, o professor gaúcho destacou a importância dos educadores e gestores buscarem novidades em eventos como o Fórum realizado pela ANEC. “A troca de experiências e as oportunidades de estabelecimentos de contatos e redes entre as IES comunitárias e confessionais me parece um papel central que a ANEC busca propiciar por meio destes eventos. O conhecimento e o diálogo entre nossas IES são elementos fundamentais para crescermos como segmento, qualificando ações e projetos institucionais e angariando com isto maior reconhecimento tanto da sociedade quanto do Governo”, finaliza. ANEC promove encontro sobre saúde pública e bioética no ES Educadores de escolas, instituições de ensino superior e projetos de educação popular ligados à Igreja Católica, assim como educadores de instituições públicas e privadas de ensino do Estado do Espírito Santo, participaram no mês de março de um encontro de reflexão sobre a saúde pública e a bioética. O evento, realizado pela ANEC no Teatro Marista de Vila Velha, contou com a participação do especialista em Bioética no Brasil e diretor geral da Congregação dos Camilianos no Brasil, Pe. Léo Pessini. ANEC entrevista Gildásio Mendes sobre Fórum em MS O 3° Fórum das Instituições de Ensino Superior (IES) Católicas do Brasil foi realizado pela ANEC, em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), nos dias 10 e 11 de maio em Campo Grande (MS). Esperado por muitos, o evento reuniu experiências inovadoras aplicadas nas instituições de ensino católicas e que podem servir de modelo. As apresentações foram feitas por reitores e especialistas dos mais diversos segmentos durante palestras. Entre os convidados esteve o filósofo, mestre e doutor em Comunicação pelo Department of Communication da Wayne State University (EUA), Pe. Gildásio Mendes. Membro da International Communication Association (ICA), da The Society for the Psychological Study of Social Issues (SOSSI), National Communication Association (NCA) e da Congregação Salesiana de Dom Bosco (SDB), ele falou sobre o Fórum e o tema da palestra em entrevista à ANEC. ANEC – Qual o efeito das redes sociais na educação superior? Pe. Gildásio Mendes – Imaginemos um estudante universitário de 19 anos que tem uma rede de amigos e estudantes nas mídias sociais. Ele passa grande parte do seu tempo conectado, se relacionando com as pessoas, buscando informações para seus estudos e sua carreira profissional, escutando música, seguindo seus colegas no Twitter, no Facebook, Orkut e MSN. Não é normal que queira também aprender e aplicar os seus conhecimentos dentro deste mundo conectado que respira e vive diariamente? O Brasil está entre os países líderes mundiais no uso da internet e redes sociais. Segundo pesquisas feitas pelo Ibope/Nielsen, somos 78 milhões (a partir de 16 anos – setembro/2011) de internautas. E este número cresce cada vez mais. É verdade que no Brasil o uso das redes sociais na educação está na sua fase inicial. O impacto ainda é pequeno considerando os Estados Unidos, China e Índia. Penso que todos nós, que estamos nas IES, devemos nos perguntar que tipo de universidade, centro universitário ou faculdade estamos preparando para as novas gerações que pensam, escrevem, trabalham e se relacionam com a mentalidade de rede e de mundo digital. ANEC – Como elas podem colaborar com o ensino? Pe. Gildásio Mendes – As redes sociais têm muito a colaborar com o ensino e também com a pesquisa e a extensão. Um grupo de alunos do curso de Administração da Universidade Luterana do Brasil realizou um estudo e identificou que estudantes utilizam as redes sociais primeiramente para diversão e lazer; segundo para estudar e pesquisar. O Departamento Darthmouth da Universidade de Massachussets, nos Estados Unidos, em uma pesquisa entre 2007 e 2008 revelou que 61% dos que responderam ao estudo usam as redes sociais para pesquisar e estudar. Em 2007, o British Council, em outro estudo, intitulado “Ensinando e aprendendo através das redes sociais”, concluiu que, em países como a China, estudantes têm mais acesso à informação pelas redes sociais que em sala de aula e que aprendem muito mais durante buscas e partilhando entre colegas estudantes do que com o professor na sala de aula. Imagino, por exemplo, as IES presenteando seus alunos com um Ipad e, junto a eles, estabelecendo orientações e normas para o uso destes instrumen- tos em sala de aula; professores acompanhando e participando de grupos de pesquisas com seus alunos e fortalecendo em rede projetos de pesquisas com outras IES, no Brasil e outras nações, utilizando as redes sociais para estrategicamente organizar e distribuir o conhecimento, gerando patentes e atuando no mercado competitivo das empresas, ou introduzindo nos currículos dos cursos o uso das redes sociais para a busca do conhecimento. ANEC – Qual a importância dos educadores e gestores buscarem novas experiências em eventos como este, promovido pela ANEC? Pe. Gildásio Mendes – A ANEC tem oferecido, nestes últimos quatro anos, eventos de qualidade. Participei de alguns deles, marcados pela competência dos conferencistas, pela organização e atualidade das temáticas. Por meio de seus eventos, a associação tem contribuído com a integração entre o universo acadêmico e a inovação, por meio da pesquisa, do empreendedorismo na gestão das IES e da importância da organização política da ANEC, tanto internamente quanto na sua representatividade diante do Ministério da Educação (MEC) e outros órgãos nacionais de educação. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 9 Acontece ANEC e Arquidiocese preparam passagem da Cruz Peregrina no DF O secretário-executivo da ANEC, Daniel Cerqueira, participou de reunião no dia 27 de março, na sede da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, com o vigário geral da Arquidiocese de Brasília, Pe. George de Alburquerque, e o Pe. João Firmino, também representante da Arquidiocese local. O encontro selou a parceria entre a ANEC e a Arquidiocese quanto aos preparativos para a passagem da Cruz Peregrina e do ícone de Nossa Senhora em Brasília, programada para 12 e 13 de maio deste ano. A peregrinação dos ícones faz parte da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013. Outro encontro foi realizado com a participação de diretores de escolas católicas do DF, dirigentes de instituições de educação superior (IES), presidentes de entidades mantenedoras, diretores de obras sociais, coordenadores de pastoral e de catequese. O evento foi será realizado no Colégio Marista João Paulo II. Além do secretário Cerqueira, participaram do encontro os secretários da Câmara de Mantenedoras da ANEC, Guinartt Diniz, da Câmara de Educação Básica, Janaina Paim, e da Câmara de Ensino Superior, Francine Junqueira. Reunião com o vigário geral da Arquidiocese de Brasília, Pe. George de Alburquerque, e com o Pe. João Firmino ANEC realiza reunião para discutir Jogos Escolares Católicos 2012 Seminário da ANEC reúne especialistas em Recife O estado de Pernambuco foi sede do seminário “Gestão de mantenedoras” no mês de março. Realizado pela ANEC, reuniu cerca de 120 participantes em torno dos paradigmas e observâncias jurídicas nos processos de renovação do Certificado das Entidades. Especialistas renomados do segmento, como o advogado e membro honorário da União Brasileira dos Canonistas Hugo Sarubbi de Oliveira, o advogado e mestre em Politicas Públicas Dyogo Batista Patriota, e o advogado e contador Napoleão Alves Coelho, estiveram presentes. O encontro em Recife apresentou um ciclo de palestras sobre o tema, que a ANEC também levou para outros estados: São Paulo (13 de março), Minas Gerais (14 de março) e Rio Grande do Sul (16 de março). 10 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Em 29 de março, a ANEC realizou, em Belém (PA), uma reunião com profissionais da área de educação física das escolas católicas. O encontro, no escritório de representação da associação na região, teve como pauta o projeto esportivo para a realização dos Jogos Escolares Católicos 2012. De acordo com a coordenadora da ANEC no Pará, Viviane Leal, algumas providências já estão sendo tomadas na elaboração do projeto. “Elas visam sempre cultivar os valores humanos nas ações esportivas, como cortesia, disciplina, solidariedade, respeito, organização e espiritualidade”, explica. A equipe organizadora dos Jogos Escolares Católicos voltará a se reunir. Secretário da ANEC participa de Encontro Nacional da RSE Diretor executivo da Rede Salesiana de Escolas, Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, e o secretário executivo da ANEC, Daniel Torres de Cerqueira Brasília foi sede do X Encontro Nacional de Rede Salesiana de Escolas (ENARSE) realizado no dia 28 de março. O evento reuniu 200 pessoas, entre especialistas, educadores e diretores de 119 escolas da Rede Salesiana (RSE). O SecretárioExecutivo da ANEC, Daniel Torres de Cerqueira, participou do encontro. “A Rede Salesiana de Escolas é hoje a maior e uma das mais importantes redes de escolas católicas do nosso país. Além disso, para a ANEC, a RSE é um dos parceiros mais importantes, não só pelo fato de termos dois diretores salesianos, Pe. Pessinati e Pe. José Marinoni, mas principalmente pelo enorme e incondicional apoio que a RSE sempre nos ofereceu”, afirma Cerqueira, durante a abertura do evento. Ainda segundo o secretário executivo, a educação católica se faz forte no Brasil na medida da força de suas instituições de ensino, “assim como na medida da força de sua representação. E com uma educação católica forte, naturalmente fortalece-se a própria Igreja Católica no Brasil”, conta. A mesa de abertura também contou com a presença da madre geral do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, Irmã Yvonne Reungoat; o presidente da Cisbrasil e da Rede Salesiana Brasil, Pe. Nilson Faria dos Santos; a presidente da CIB e vice-presidente da Rede Salesiana Brasil, Irmã Rosa Idália Pesca; e os diretores executivos da Rede Salesiana de Escolas, Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti e Irmã Ivanette Duncan de Miranda. ANEC e Assembleia Legislativa do RS realizam grande expediente O tema “Fraternidade e a saúde pública – que a saúde se difunda sobre a Terra” foi pauta do grande expediente realizado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul no dia 4 de abril. O discurso, realizado pelo deputado estadual Miki Breier (PSB), é fruto da parceria entre a Assembleia, por meio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), e a ANEC. Segundo o pronunciamento na tribuna, a questão abordada vem ao encontro do tema da Campanha da Fraternidade 2012: Fraternidade e saúde pública. Na ocasião, o parlamentar explicou que a parceria entre a CCDH e a ANEC originou dois projetos: Parceria Assembleia/Escola, mais abrangente e que denota relacionamento ideológico; e o Curta Saúde na Educação, envolvendo a Escola do Legislativo com a proposta de anualmente contribuir na discussão dos temas propostos pela Campanha da Fraternidade, além de sugerir que sejam realizadas atividades práticas de síntese e reflexiva sobre a campanha nas escolas. O deputado afirmou que a Assembleia Legislativa, por meio da CCDH, percebeu, no trabalho instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ANEC, uma opção materializada, bem constituída para, em forma de parceria, poder estabelecer, alastrar e difundir uma visão sobre sociedade que perceba a saúde pública como um direito humano. “O intuito é instituir, de forma eficaz, a parceria entre a CCDH e a ANEC no projeto, que objetiva, fundamentalmente, apurar a sintonia entre o Poder Legislativo e as entidades, escolas públicas ou particulares e órgãos públicos em nível municipal ou estadual, que tratem da complexa realidade da educação”, explica. Ainda segundo Breier, “a metodologia proposta no Curta Saúde na Educação possibilita a participação do jovem e das escolas, estabelecendo uma relação que não quer ser sazonal ou episódica entre aqueles que têm a incumbência de legislar e o setor responsável, via conhecimento, pelo desvelamento da verdade das coisas e fatos – o setor da Educação”, enfatiza. Ao final do pronunciamento, foi interpretado o hino da Campanha da Fraternidade 2012 pelos professores Cesar Ritter e Fabiano Truccolo, dos Institutos São Francisco e La Salle Dores, respectivamente. Estiveram presentes no Plenário durante o grande expediente o secretário adjunto de Estado da Saúde, Elemar Sand; o arcebispo metropolitano dom Dadeus Grings; o representante da CNBB, padre Ademar Agostinho Sauthier; o promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio de Direitos Humanos, Alceu Schoeller de Moraes; o secretário da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil no Rio Grande do Sul, Harlei Antônio Noro; e a presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Sul, Márcia Adriana de Carvalho. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 11 Artigo Brasil-Santa Sé A subcomissão número um Por Edson Luiz Sampel, Professor da EDT C om o objetivo de colocar em prática o acordo Brasil–Santa Sé, criaram-se uma comissão geral e várias subcomissões, sendo que cada subcomissão ficou encarregada de parte do acordo. Dom Odilo Scherer recebeu a incumbência de presidir a subcomissão nº 1, que trata dos artigos 3º, 5º e 15º. Além do presidente, a integram a irmã Maria Tereza Diniz, de Brasília; Guinartt Diniz (secretário da Câmara de Mantenedoras da ANEC), de Brasília; dr. Paulo Leão, do Rio de Janeiro; dr. Hugo Cisneros, de Brasília; dr. Leandro Machado, de São Paulo; dr. Sérgio Monello, de São Paulo; e Edson Luiz Sampel (professor da Escola Dominicana de Teologia). O grupo se reuniu no dia 7 de dezembro de 2011, no Seminário de Teologia Bom Pastor. Desse ditoso e fraternal encontro foi preparado um relatório com propostas concretas que visam a orientar os organismos (eclesiásticos e estatais) responsáveis pela implementação do pacto ultimado entre o Brasil e a Santa Sé. Nos termos das recomendações do presidente da subcomissão nº 1, comunicadas em carta datada de 2 de novembro do ano passado, a equipe teve quatro objetivos: 1) levantamento daquilo que já existe no ordenamento jurídico e administrativo (civil e canônico); 2) levantamento dos previsíveis casos, nos quais esses artigos são aplicáveis; 3) levantamento das dificuldades já encontradas, ou presumíveis, na aplicação A diocese é o gênero, do qual a arquidiocese é a única espécie. Ou, em outras palavras, a arquidiocese também é uma diocese ou Igreja particular desses artigos do acordo; 4) propor sugestões para a implementação do acordo e para a superação das eventuais dificuldades no tocante a esses artigos. Vamos conhecer, nas próximas reflexões, as instituições canônicas apontadas no artigo 3º, que gozam de personalidade jurídica reconhecida pelo Estado. A) Conferência episcopal É uma espécie de confederação dos bispos. Com efeito, reza o cânon 447: “A conferência dos bispos, instituto permanente, é a união dos bispos de uma nação ou de certo território que exercem conjuntamente funções pastorais em favor dos fiéis, a fim de promover o bem que a Igreja provê aos homens, principalmente através de formas de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e de lugar, conforme o direito”. B) Província eclesiástica Dá-se aqui um tipo de ajuste entre as Igrejas particulares ou dioceses semelhante ao que se denomina de “região metropolitana” com referência aos municípios. Estatui o cânon 431: “Para se promover a ação pastoral comum de diversas dioceses vizinhas, conforme as circunstâncias de pessoas e de lugares, e para se estimularem as relações dos bispos diocesanos, as Igrejas particulares mais próximas sejam compostas em províncias eclesiásticas, delimitadas territorialmente”. C) Arquidiocese e diocese Pode-se dizer, cum grano salis, que a diocese é o gênero do qual a arquidiocese é a única espécie. Ou, em outras palavras, a arquidiocese também é uma diocese ou Igreja particular. Assim, por exemplo, afirma-se que no município de São Paulo há cinco dioceses: 1) Arquidiocese de São Paulo; 2) Diocese de Santo Amaro; 3) Diocese de Campo Limpo; 4) Diocese de São Miguel Paulista; e 5) Diocese de Osasco (parte dela). Preceitua o cânon 369: “A diocese é uma porção do povo de Deus confiada ao pastoreio do bispo, com a colaboração do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo evangelho e pela eucaristia, congregada pelo bispo no Espírito Santo, constitui uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica”. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 13 Artigo Educar e evangelizar As diferenças entre ensino religioso e catequese Por Antonio Boeing, Gerente de Pastoral da RSE O ensino religioso é reconhecido na legislação brasileira como uma disciplina da área do conhecimento e que tem como objeto o fenômeno religioso. No entanto, nas instituições católicas de ensino, muitas vezes há pouca compreensão sobre as diferenças entre esta disciplina e a catequese. A Igreja Católica, tanto em âmbito mundial quanto nacional, tem tratado a questão em diversos documentos e é com base neles que pretendemos fomentar uma reflexão que auxilie o trabalho de professores e coordenadores das escolas católicas. A Educação é um tema central para a Igreja Católica, que o considerou em documentos resultantes do Concílio Vaticano II e das conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). Em todos eles, a preocupação da Igreja é com a formação integral do ser humano e com o respeito à liberdade religiosa. Nos textos, a escola católica aparece como responsável por ajudar a desenvolver a educação da fé. Entretanto, quando se faz referência ao ensino religioso, é tratado como ensino da religião, pastoral educacional, educação pastoral, educação religiosa escolar, etc. A diversidade de termos permitiu que, ao 14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 O ensino religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras e deve ser ministrado com o mesmo rigor longo da história, houvesse uma interpretação dúbia quanto à natureza, conteúdo, objetivos e identidade do ensino religioso que é ministrado na escola. Em nosso país, também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre tratou a Educação como uma questão fundamental para a Igreja Católica. Desde sua instalação até os dias atuais, tem dedicado tempo e espaço para a Educação em geral – e para a Educação católica mais especificamente – em seus debates e documentos, e manifesta preocupação constante com o ensino religioso, exercendo sobre ele grande influência. No caso dos documentos emitidos pela CNBB, fica mais claro o posicionamento da Igreja Católica de diferenciação entre o ensino religioso e a catequese. O primeiro é considerado parte integrante de uma área do conhecimento e deve ser ministrado com respeito à diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e de acordo com a legislação nacional. Essa concepção vem se fortalecendo ao longo dos anos e está expressa em diversos documentos, entre eles o Documento da CNBB 47, “Educação, Igreja e sociedade”, no qual a conferência preocupou-se com a identidade do ensino religioso, seus objetivos, métodos e relações com as demais disciplinas. No texto, afirma-se que “O ensino religioso escolar visa a educação plena do aluno, a formação de valores fundamentais através da busca do transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da existência humana, levando em conta a visão religiosa do educando. O ensino religioso deve encaminhar os alunos para a respectiva comunidade de fé, onde, nas Igrejas cristãs, se dá a evangelização, através da catequese, da celebração, da prática e da vivência religiosas”. Nossa compreensão, com base nessa reflexão histórica, é de que a relação entre o ensino religioso na escola e a catequese é de distinção e complementaridade. O ensino religioso penetra no âmbito da cultura e nas relações com outras formas do saber; faz parte do saber veiculado na educação pelas diferentes disciplinas curriculares e colabora para a aquisição das diferentes formas de conhecimento do universo cultural que o aluno é capaz de interiorizar e aprender. O ensino religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo rigor. Não se situa como um acessório na escola, e precisa fazer o diálogo interdisciplinar no mesmo patamar das demais disciplinas curriculares que buscam a formação da personalidade do aluno. Com isso, o ensino, mediante o diálogo interdisciplinar, desenvolve e completa a ação educadora da escola. Enquanto a catequese é o campo específico para tratar o conteúdo da doutrina cristã, o ensino religioso necessita de linguagem pedagógica e seu conteúdo precisa respeitar a diversidade cultural religiosa do educando. Quando ambos trabalham o mesmo conteúdo, com a mesma metodologia e linguagem, corre-se o risco de criar no aluno certa antipatia por determinados temas e até mesmo certo afastamento de futuros aprofundamentos na própria doutrina cristã. O professor não precisa, e não deve, esconder sua opção religiosa, assim como a escola católica, enquanto instituição, não pode esquecer que é uma escola confessional. O que ressaltamos é que o ensino religioso escolar pode levar o aluno a compreender que os grandes problemas existenciais são comuns a todas as religiões e diferentes culturas. E pode ajudá-lo na busca de aprofundamento e conhecimento da mensagem cristã, em sua comunidade eclesial. Mas, para isso, é importante que o professor tenha profundo conhecimento da matéria e adote postura inclusiva e dialogante. Assim, a educação cristã na família, a catequese na comunidade eclesial ou no contraturno escolar e o ensino religioso na escola, cada qual com suas próprias características, estão correlacionados com a formação integral das crianças, dos adolescentes e jovens. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 15 Artigo Binômio inseparável: conhecimento e aprendizagem Por Dianir Clari Mariani, Coordenadora Pedagógica Geral do Colégio Divino Salvador F É preciso aprender a aprender, sempre! Aprender a converter o conhecimento científico em sabedoria compartilhada do bem-viver 16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 eliz a escola que tem o seu fazer letivo alicerçado na construção de conhecimentos geradores de ilimitadas possibilidades para o melhor viver da humanidade. É o conhecimento que abre as portas para a compreensão de nós mesmos e do mundo que nos rodeia; ele é o facilitador da construção de nossa autonomia diante de escolhas e discernimentos; é o propulsor do desenvolvimento de nossas capacidades para produzir, sobreviver, comunicar e amar. O não conhecimento nos conduz aos porões escuros, solitários e asfixiantes da ignorância, pois nos fechamos dentro de nós mesmos, fechando-nos, consequentemente, para o mundo, para o outro e, com certeza, para Deus. De que vale um conhecimento científico se for ele por ele mesmo? Conhecimento e aprendizagem demandam transformação e transcendência. Quanto o conhecimento tem tornado nossos lares mais felizes? Nosso “ser” melhor? Nossa sociedade mais tolerante? Nosso mundo mais sustentável? A escola, em sua inteireza, tem a real compreensão de seu papel na construção dos conhecimentos? Como ela conduz a aquisição dos saberes para a vida? Que tipo de vida? Esses conhecimentos estão dando suporte aos aprendizes para uma compreensão e ação perante os desafios que caracterizam a sociedade atual: violência, indiferença, “normose”, incertezas, poder, corrupção, exclusões... e tantos outros? É fundamental que as escolas tenham programas específicos que, por meio dos conhecimentos científicos trabalhados, possam minimizar os estragos permitidos pela nossa sociedade extremamente excludente. Se por um lado existe um mundo cruel em suas articulações desumanas, por outro há um mundo em que pessoas e/ou instituições de corações abertos, generosos e operantes lutam, com todas as forças, para produzir saberes capazes de transformação. E esses saberes somente farão de nós agentes transformadores se estiverem a serviço de uma educação que privilegia, na sua essência, o ser humano em sua humanidade nobre e digna. Feliz também é a escola que se permite ensinante-aprendente. Estudos, reflexões, encontros, diálogos, registros e..., certamente, auxiliarão seus educadores na aprendizagem de uma melhor “ensinagem”. É preciso aprender a aprender, sempre! Aprender a converter o conhecimento científico em sabedoria compartilhada do bem-viver. Artigo A Educação para a Cidadania André Ricardo Gan, Professor e Mestrando em Filosofia A s Faculdades de Educação, desde que foram criadas, têm tido por especificidade formar profissionais da educação. Profissionais capazes de submeter conceitos e valores constitutivos da ação educativa à análise racional. E são as ciências, em especial as da educação, que hoje passam a ser as bases de sustentação para a investigação filosófica, delas procedendo os conceitos que poderão tanto validar as teorias pedagógicas quanto permitir a escolha dos fins da ação educativa. Faz-se nitidamente necessário desenvolver um estudo sistemático sobre o objetivo educacional expresso em nossa legislação de ensino: “formação para o exercício da cidadania”. Buscamos compreender, à luz da filosofia política, o significado dessa proposição, explicitando os pontos compatíveis dos pressupostos da cidadania liberal. E assim contribuir para a formação de profissionais do magistério conscientes da importância do fortalecimento da democracia, sem a qual dificilmente nosso país poderá caminhar para uma sociedade mais justa, humana e fraterna. Essas poucas linhas se inscrevem no processo da produção do conhecimento acerca da formação para a cidadania, a partir de um estudo filosófico-crítico dos pressupostos da cidadania liberal à luz de seus condicionantes históricos e sociais. Dentre tantos pensadores, destacamos Hobbes, Locke e Rousseau, já que estes estão no cerne do conceito liberal de cidadania. Essa questão vem sendo retomada, não só por causa do momento histórico em que vivemos, mas pela questão que agora nos parece mais evidente: o que é, hoje, educar para a cidadania. Embora essa seja uma questão clássica, como reconhece Saviani, ela nem sempre ocupou lugar de destaque nas discussões sobre os fins da educação brasileira. Na medida em que se apresentam na sociedade os fins da educação, deve-se instrumentalizar os indivíduos para que eles venham a ter o desempenho necessário à sua melhor integração. Nos direitos do cidadão, não aparece a cidadania política, pois esta pode ameaçar a ordem necessária ao progresso. Restringe-se aos direitos sociais, em que a educação, a proteção à família e ao trabalhador são garantidos a priori pelo Estado; não são, portanto, resultado de lutas, nem tampouco de conquistas. O Estado assume, assim, as feições paternalistas, como organismo capaz de atender aos interesses e às necessidades dos indivíduos. Que cidadania seria essa, senão uma cidadania inativa, conformista, em que a sociedade dita o comportamento necessário ao ajustamento do indivíduo? A harmonia social procede, assim, não das disputas entre classes ou grupos, mas da elaboração técnico-burocrática de programas capazes de atender às demandas sociais. Não deixa de ser, portanto, uma racionalidade que visa à dominação. Aqui, o indivíduo e o seu bem-estar são o fundamento dessa proposta. Desse modo, o indivíduo é anterior ao todo e relaciona-se com esse todo somente no sentido que tem para ele. Ora, esse sentido está bem próximo dos interesses, que, de acordo com o contexto social, ganham formas variadas. O indivíduo sendo consciente de sua situação no mundo, na sociedade, busca no outro o seu interlocutor. É na diversidade que o homem se mostra capaz de ampliar a compreensão, elevando-a ao patamar da explicação, em que estão presentes o ouvir e o calar. É pelo diálogo, portanto, que os homens, enquanto indivíduos-cidadãos constroem a inteligibilidade das relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que possa prejudicar a comunicação entre as pessoas, pois só através dela pode-se chegar a um mínimo de consenso. A cidadania passa, assim, pela disputa política em fazer algumas representações tornarem-se falsas e outras verdadeiras, mediante o recurso da argumentação, da persuasão. A cidadania aparece, assim, como o resultado da comunicação, intersubjetiva, em que os indivíduos livres concordam em construir e viver numa sociedade melhor. Não se pode negar o idealismo dessas concepções, na medida em que esquecem que as relações entre o homem e o mundo material, e que as estruturas básicas da sociedade impõem limitações aos sistemas de significados nos quais os indivíduos estão situados. Falamos em cidadania, tentamos criar mecanismos para desenvolver uma educação voltada para essa área, mas, mesmo assim, me parece que fica uma lacuna sobre a explicação do próprio termo – cidadania – quanto a sua articulação com o Estado. Nesse sentido, temos por pressuposto que a organização do poder nas sociedades modernas se sustenta em três princípios: o princípio do Estado, do mercado e da comunidade. De acordo com o maior ou menor peso relativo desses princípios, se banaliza o espaço do cidadão. Assim, os educadores são chamados a admitir e difundir uma formação da cidadania como a possibilidade de educar os alunos para participarem ativamente da formação de uma sociedade melhor, mais igualitária, em que possa haver uma comunicação intersubjetiva. E sob esse enfoque, a educação para a cidadania deve lidar com os valores e motivações das experiências dos próprios alunos, visando sempre o diálogo unificador dos homens. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 17 Artigo Nova disciplina normativa e cuidados do empregador Hugo José Sarubbi Cysneiros de Oliveira, Advogado A tualmente muito se está falando a respeito da lei que alterou o art. 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A modificação da norma trouxe a extensão da relação de emprego para os trabalhos realizados à distância por meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão. A antiga redação do art. 6º da CLT não possuía a expressão “realizado à distância”. Sem dúvida, esta alteração acarretará mudanças importantes para as empresas que fazem contato profissional com o trabalhador após o expediente. Analisemos, pois, os aspectos jurídicos da mencionada alteração e suas implicações legais e práticas. Primeiramente, cabe-nos esclarecer que o dispositivo normativo que abarca a legislação trabalhista basilar, tanto no que se refere à atividade do trabalhador e empregado quanto à atividade do empregador, é a Consolidação das Leis Trabalhistas . É a CLT que embasa o conceito de direito do trabalho, ditame este muito importante para a compreensão da nova lei sobre o art. 6º, que trata da relação de emprego. Conforme Maurício Godinho Delgado, a relação de emprego pode assim ser definida: Após a Emenda Constitucional 45/2004, entende-se que “é o complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam as relações de trabalho, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas”. Cumpre-nos ressaltar que existe diferença entre empregado e trabalhador, bem como relação de trabalho e relação de 18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 emprego. O emprego é uma situação em decorrência de um contrato, celebrado entre empregado e empregador, gerando todas as obrigações decorrentes da assinatura da carteira de trabalho. O trabalhador não necessariamente é empregado, podendo ser um profissional liberal, autônomo que presta serviços de modo eventual. O empregado possui vínculo empregatício com o empregador e o trabalhador pode ter vínculo, a depender de quantos dias presta serviços durante a semana bem como não possuir vínculo pela natureza da prestação de serviço não habitual. Antes da referida norma em análise, o art. 6º da CLT possuía a seguinte redação: Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. Desta forma, resta evidenciado que As empresas devem passar a tratar o assunto com mais sensibilidade, pois o legislador favoreceu o trabalhador e a prática de trabalho à distância o trabalho realizado quando da relação de emprego, ou seja, o trabalhador que realizava atividades ligadas às funções do emprego no seu domicílio teria o direito de reclamar por extensão da hora de labor. A nova redação do referido artigo, alterado pela lei nº 12.551/2011, apresenta-se da seguinte maneira: Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos Existe uma diferença entre empregado e trabalhador, bem como relação de trabalho e relação de emprego da relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Percebe-se que fora acrescentada a expressão “realizado à distância” ao texto original. Além dela, o legislador acrescentou o parágrafo único ao art. 6º, explicando de que se trata o trabalho realizado à distância. O trabalho realizado à distância por meios telemáticos (conjunto de serviços informáticos fornecidos por meio de uma rede de telecomunicações) e informatizados de comando, controle e supervisão, caracterizam, a partir dessa nova lei, a relação de emprego, contanto que estejam presentes os pressupostos da relação de emprego. O empregador que acionar o trabalhador por e-mails, telefone, celular ou qualquer outro meio de telecomunicação ou informatizado para alguma atividade que caracterize a relação de emprego terá que acrescer ao salário horas extras. Isto ocorre pelo fato de que encerrando o expediente entende-se que o empregado descansará das atividades que o comprometem da relação de emprego. Ao receber ligações, e-mails, contatos por outro meio informatizado ou de telecomunicação, decorrentes do trabalho, seja em casa ou em qualquer lugar que esteja, entende-se por meio da nova redação legal que prorrogará a jornada de trabalho, pois o empregado, apesar de ter deixado o seu local de trabalho, não estará gozando do descanso entre duas jornadas a que tem direito. O texto legal é claro ao dispor que não se distingue do trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o realizado em domicílio ou à distância e que, estando os pressupostos da relação de emprego presentes, ensejar-se-á trabalho idêntico ao realizado no local de trabalho. Para mais esclarecimentos, abordaremos os pressupostos da relação de emprego, que são subordinação, não eventualidade (habitualidade), dependência e remuneração. Já os pressupostos da relação de trabalho são esforço intelectual ou físico destinado à produção. No caso do art. 6º com a nova redação, o legislador fala sobre a relação de emprego, ou seja, para os casos em que o empregado, em qualquer lugar que esteja, receba ligações, e-mails, etc, relacionados ao trabalho exercido no estabelecimento, contemplando os requisitos acima mencionados. Em relação ao valor da hora extra que será devida ao empregado, nada foi falado, permanecendo, então, os valores e porcentagens de acordo com as convenções coletivas de trabalho, ou de acordo com o contrato. É importante informar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ainda não se pronunciou em relação à nova redação do art. 6º da CLT. Apesar da ainda não manifestação, a nova redação do art. 6º é clara ao equiparar as situações do trabalho tanto fora quanto dentro da empresa, garantindo todos os direitos trabalhistas ao empregado que, por exemplo, faz home office (trabalho em casa) – daí a discussão sobre hora extra. Compreende-se que o trabalhador ao desempenhar suas atividades fora do estabelecimento e não sofrer controle da jornada não tem direito a horas extras. Todavia, se o empregador determinar um horário para estar online, a fim de atendimento de alguma necessidade relacionada ao seu emprego, desta forma se configuraria a hora extra. O jornal O Estado de S.Paulo, em 13 de janeiro de 2012, publicou reportagem com uma importante visão sobre o caso, em que possivelmente haverá alteração da súmula do TST, que trata do “sobreaviso”: O tema deve levar o Tribunal Superior do Trabalho (TST) a alterar a súmula do sobreaviso, isto é, quando o trabalhador não está a serviço, mas pode ser convocado pela empresa a qualquer momento. Antes, o tribunal não considerava que o uso Informativa Educacional 2011 :: Revista da ANEC 19 de aparelhos eletrônicos após o expediente configurava sobreaviso – situações onde o trabalhador tem o direito de receber o equivalente a um terço do pagamento normal por hora trabalhada. A nova redação do art. 6º gera preocupação para as empresas que têm e-mails coletivos, enviados aos trabalhadores depois do expediente, bem como as empresas que agendam reuniões, atividades e enviam por e-mails, ou qualquer outro meio eletrônico, após o horário de trabalho. A súmula do TST que trata do sobreaviso, caso seja mudada, deverá esclarecer o tratamento acerca da remuneração da hora de trabalho à distância. O empregado receberá como hora normal de trabalho ou será hora extra? Há ainda casos em que o empregador, para ter controle das “sobrejornadas” de algum funcionário, chegará ao ponto de fiscalizar os e-mails de trabalho, havendo então uma grande possibilidade de quebra do direito de privacidade. Se ele não tem acesso, como terá controle das atividades referentes ao trabalho? O empregador terá que cancelar os e-mails corporativos após o expediente? Não nos parece sensato que incida hora extra nos casos de mensagens, por exemplo, enviadas aos trabalhadores após o expediente de trabalho caso não haja imposição de que o empregado a responda fora do seu expediente ou que não solicite alguma atividade por parte do empregado a ser executada também fora do seu horário de trabalho. Todavia, o modelo home office, adotado por milhares de brasileiros, causará grande discussão no TST sobre a aplicação imediata da lei nos moldes em que foi legislada, pois a emblemática situação abre um leque de entendimentos. A nova lei, ao ser aplicada, exigirá também fiscalização por meio digital, um direito mais moderno voltado às novas tecnologias, à extensão do trabalho realizado no estabelecimento para 20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2011 É importante informar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ainda não se pronunciou em relação à nova redação do art. 6º da CLT a residência e, agora, para qualquer lugar no qual se tenha acesso remoto a e-mails ou telefone, podendo gerar reflexos trabalhistas. A relação de emprego, após a alteração do art. 6º, deve também ter o seu conceito atualizado, já que atualmente são inúmeras as empresas que funcionam da casa do empregador e na casa do trabalhador. O mesmo vale para a relação de trabalho. A discussão é bastante importante, e o que já se sabe é que exercer alguma atividade relacionada à subordinação ao emprego ensejará em hora extra. Portanto, as empresas devem passar a tratar o assunto com mais sensibilidade, pois o legislador favoreceu o trabalhador e a prática de trabalho à distância, por acesso remoto e outros meios que utilizam aparelhos eletrônicos. Após o expediente isso poderá ser valorado como hora extra e, ainda, sofrer os reflexos trabalhistas dela decorrentes. É válido ressaltar que a configuração da relação de emprego depois do expediente depende dos requisitos do parágrafo único do art. 6º: comando, controle e a supervisão de trabalho alheio no recebimento de e-mails, contato por acesso remoto ou qualquer outro meio informatizado e de telecomunicação. Estando ausentes estes requisitos do parágrafo único, não há que se falar em labor após o expediente que ensejariam horas extras. A nova redação do já citado art. 6º necessita de pressupostos caracterizadores da relação de emprego, todavia não só estes conceitos devem ser atualizados, mas os meios de se supervisionar o trabalho à distância. Isso surpreende o direito trabalhista, que em maio de 2011 viu editada a súmula do regime de sobreaviso, na qual o funcionário que fica aguardando o comando do empregador por meios eletrônicos não caracterizava o tal regime. Agora, o legislador ressalta no texto do novo artigo da CLT que o empregado que, por um meio telemático ou informatizado de telecomunicação, recebe avisos de comando, controle ou supervisão, terá direito à remuneração como se estivesse trabalhando no estabelecimento. Por fim, vê-se que o poder legislativo, neste momento, buscou uma norma mais moderna, diante das necessidades e tecnologias utilizadas pelos trabalhadores, e o TST editou uma súmula com considerável atraso no que tange ao trabalho à distância, que necessariamente sofrerá alterações. Após a análise da nova redação do art. 6º da CLT, parece-nos claro que os comandos passados aos empregados fora do seu expediente de trabalho, seja por qualquer meio de comunicação (e-mail, telefone, bip, pager, etc) e que exijam destes um cumprimento de tarefa ou resposta imediata, serão tratados como horas trabalhadas, podendo ensejar hora extra ou caracterizar o regime de sobreaviso. Desta forma, recomenda-se muito cuidado aos empregadores que desejem enviar qualquer tipo de mensagem virtual ou telemática aos seus empregados fora do expediente de trabalho. Artigo Tempos de analfabetismo afetivo Sebastião V. Castro, Psicólogo, Biólogo e Diretor do Axis Instituto A pressão que as escolas vêm sofrendo para ministrar um volume de conteúdos cada vez mais extenso e fazer face aos exames de larga escala (Enem, vestibulares, SAEB, Prova Brasil e Pisa, entre outros) tem feito com que uma importante contribuição do sistema educacional seja paulatinamente deixada de lado: a “alfabetização afetiva”. Por trás desse quadro existem concepções de ensino atreladas a uma visão economicista da sociedade e do sistema educacional e um desconhecimento, por parte dos pais e da sociedade em geral, da importância da formação emocional para o bom desenvolvimento da criança e do jovem. As escolas se organizam, de modo geral, em torno ou a partir de um Projeto Político Pedagógico (PPP), norteador e clarificador das práticas pedagógicas, braços operativos das concepções de ensino da escola (ou de suas mantenedoras). Tais concepções se mostram entranhadas no cotidiano escolar, tanto nos aspectos formais (organização do currículo, tempos e sequências escolares, programa de formação de docentes, organização administrativa da escola), quanto nos aspectos não-formais (relações entre funcionários, com alunos e pais, etc). Concepções prevalentes na sociedade penetram capilarmente nas escolas; isso sempre aconteceu, na medida em que escolas são equipamentos sociais usualmente alinhados com o pensamento socioeconômico hegemônico. Nas sociedades industriais e pós-industriais contemporâneas, 22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 o pensamento econômico vem ganhando relevância cada vez maior como forma de “apreensão do mundo”. “Pensamento econômico”, aqui, são conceitos ligados à materialidade da vida (bens materiais, posse individual, culto a produtos que simbolizam status) e a representações de mundo a partir de construtos como eficiência e eficácia de processos, inclusive o educacional, medidos a partir de indicadores cada vez mais matemáticos (notas, rankings). O pensamento econômico também vê o desempenho individual a partir de parâmetros econométricos e, como vem se tornando hegemônico, acaba por suplantar e suprimir os pensamentos discordantes, desqualificando-os a partir de seu próprio arcabouço teórico, num processo circular, tendendo ao dogma. A escola particular (universo das confessionais) se vê pressionada de vários lados: pelos pais, que bebem da fonte do pensamento econômico hegemônico; pelo governo, que estabelece parâmetros curriculares, conteúdos mínimos, avaliações de grande escala, normas e regras de funcionamento escolar; pela grande mídia (canais abertos de TV e revistas de circulação nacional, dominados por especialistas em cujas veias circula o pensamento econômico messiânico); pelos alunos, que desde cedo sorvem a cartilha da sociedade em que crescem; por professores e funcionários administrativos, oriundos das faculdades que professam a mesma crença econômica; e pelas demandas trabalhistas, do mercado concorrente, editoras, empresas O afeto é tão importante, ou talvez até mais, quanto as nossas habilidades e competências cognitivas de fornecimento de equipamentos, entre outras. Em meio a tantas pressões, à escola não resta outra alternativa a não ser “dançar conforme a música”, como diz a sabedoria popular. Assumir um posicionamento discordante, talvez calcado em concepções mais “humanizantes” de ensino, pode trazer constrangimentos de ordem financeira, legal e psicológica. Assim, as condições sociais acabam por conformar (dar forma) a escola, que se um dia teve a “utopia” de poder formar um aluno pensante e emocionalmente equilibrado, dela se viu obrigada a abrir mão, pelas questões contingenciais apontadas. Contingência também deriva da equação tempo x custos: aumentar os tempos escolares (talvez para se poder fazer um trabalho mais reflexivo) implica em aumentar custos, e isso não permite que as contas “fechem”. A questão afetiva Nesse quadro geral, onde se encontra o afeto? Onde se encontram as relações humanas, berço das aprendizagens de tolerância, respeito ao outro, afeto, elaboração das emoções? Como o desenvolvimento emocional é visto pela sociedade, pelos pais? Que compreensão se tem dessa área e de sua importância? Entende-se que a escola deva ter algum papel nesse desenvolvimento? Afeto é diferente de inteligência e cognição. É outra dimensão da nossa personalidade. É a dimensão do sentimento, do carinho, do reino da vasta gama de emoções; é fundamental na relação com o outro, com o mundo objetivo e simbólico que nos cerca, com os animais, as plantas, o nosso trabalho. São os afetos que nos confortam nos momentos difíceis, que nos permitem controlar nossos desejos e paixões; é o afeto que, somado à nossa inteligência e à nossa cognição, nos permite viver no mundo, nos relacionarmos, lidarmos com as frustrações diárias, aprendermos a respeitar o espaço do outro, lidarmos com a diversidade de pessoas que cruzam pela nossa vida; o afeto é tão importante, ou talvez até mais, quanto as nossas habilidades e competências cognitivas. A ênfase social dada ao intelecto (para o bom desempenho acadêmico, nos exames de larga escala, para ser o primeiro lugar!) é temerária, na medida em que um intelecto muito desenvolvido, aliado a um subdesenvolvimento afetivo ou ao desequilíbrio emocional, pode significar um adulto intelectualmente brilhante, mas imaturo emocionalmente, com baixa tolerância à frustração, irritável, egoísta, tendente à explosão (e aos comportamentos agressivos daí advindos), impulsivo, pouco reflexivo, voluntarioso, imediatista, arrogante, presunçoso, egocêntrico. Enfim, com atitudes e comportamentos infantilizados em um corpo adulto. Com o pouco tempo que os pais têm para cuidar e viver efetivamente com seus filhos, levando-os cada vez mais cedo para a escola, esta deveria ser vista, pelos próprios pais, Ministério da Educação (MEC) e sociedade em geral, como importante local também de “alfabetização afetiva”, onde a criança, e depois o jovem, aprenda a conviver, a respeitar, lidar com regras e normas; onde aprenda a ser, a esperar, a ter paciência, a ser reflexiva, a tolerar frustrações. Esse aprendizado emocional permanece para toda a vida, de forma muito mais perene que os conteúdos escolares, formando a base afetiva sobre a qual se assentará toda a vida futura, com suas vicissitudes e contingências. Não compreender a importância dessa base, dimensão distinta da intelectual, é não compreender a pessoa A partir dessa compreensão da integralidade da pessoa, os pais precisam ajudar a escola na tarefa complexa que é a alfabetização afetiva humana e sua intrincada estrutura mental e psíquica. A partir dessa compreensão da integralidade da pessoa, os pais precisam ajudar a escola na tarefa complexa que é a alfabetização afetiva. Relações amigáveis e de parceria com a escola, mais respeitosas, carinhosas e mais pacientes são esperadas, coerentes com a postura de educar as crianças em sua integralidade. Para uma sociedade pautada pelo respeito ao outro, pelo respeito às leis e aos códigos de conduta socialmente desejáveis, não podemos ter analfabetos afetivos. Somente a partir da compreensão da relevância do desenvolvimento emocional equilibrado é que poderemos sonhar com uma sociedade melhor, que respeite a vida no e do planeta. Informativa Educacional 2012:: Revista da ANEC 23 Política Educação e profissionalização Toda a sociedade precisa participar dessa luta Humberto Costa, Senador pelo PT de Pernambuco O desenvolvimento econômico e sustentável do País passa pela formação e capacitação de profissionais habilitados para desenvolver soluções inovadoras, operar máquinas e equipamentos de ponta, e elevar a produtividade da produção nacional. Por isso, são fundamentais a articulação da sociedade, dos setores público e privado, em torno de várias ações envolvendo a melhoria da educação básica, a ampliação do acesso à formação universitária e a larga oferta de cursos profissionalizantes. O esforço para vencer a batalha da educação no Brasil e saltar décadas de atraso nessa área é tremendo e exige a cooperação de todos os setores da sociedade. O Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Superior e Profissional fortalece as políticas nacionais em torno dessa necessidade, sobretudo em virtude do acirramento da competitividade global. Trata-se da terceira fase da expansão universitária e profissional, programa iniciado no governo do ex-presidente Lula. O Plano prevê a criação, até 2014, de quatro universidades federais, bem como a abertura de 47 campi universitários e de 208 unidades dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Ele permitirá a oferta de mais 250 mil vagas nas universidades federais e de 600 mil matrículas nos institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Os números são expressivos, mas não 24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Além de procurar atender aos desafios globais de qualificação profissional, o programa olha também para a realidade nacional e diversidades regionais basta nos atermos a essa análise quantitativa. A proposta está inserida nos novos paradigmas da educação de alta qualidade, dentro de uma tendência mundial de enfatizar também a formação técnica e profissionalizante, e responde à pressão da economia por profissionais em setores de alta tecnologia, como o de petróleo e gás e de telecomunicações. Além de procurar atender aos desafios globais de qualificação profissional, o programa olha também para a realidade nacional e diversidades regionais. Reafirma, portanto, a preocupação do governo da presidente Dilma com a qualificação dos trabalhadores nas diferentes regiões, contribuindo para a interiorização e melhor distribuição do desenvolvimento no País. Para definir os Estados que receberiam campi universitários e escolas de educação profissional, o governo federal utilizou uma série de critérios, como os baixos índices de desenvolvimento da educação básica e a porcentagem de jovens de 14 a 18 anos nas séries finais do ensino fundamental. Na distribuição dos investimentos nos municípios, o governo da presidente Dilma levou em conta a universalização do atendimento aos territórios de cidadania, a alta porcentagem de extrema pobreza, os municípios ou microrregiões com população acima de 50 mil habitantes e os municípios com arranjos produtivos locais (APLs). O Estado de Pernambuco será contemplado com nove unidades de educação profissional e mais um novo campus, em Garanhuns, para a Universidade Federal Rural (UFR/ PE). Eles serão essenciais diante da nova realidade de expansão econômica que o Estado vive e permitirão oferecer as oportunidades para os pernambucanos crescerem profissionalmente e participarem desse novo ciclo de desenvolvimento do Estado e do País. Os empreendimentos que chegam a Pernambuco representam mais emprego, maior renda, alavancarão mais investimentos na infraestrutura urbana, com reflexos nos setores de comércio e serviços. Mas esses resultados também dependem da capacidade de o Estado atender às novas demandas por trabalhadores. O Plano do governo é fundamental nesse sentido, permitindo o aproveitamento da mão de obra local e promovendo melhorias na qualidade de vida dos pernambucanos. Publicado na edição do Jornal do Commercio Política Educar Aécio Neves, Senador pelo PSDB de Minas Gerais V amos deixar de lado, por um instante, aquilo que a educação no Brasil tem de números, numa matemática cruel que pouco soma e muito subtrai – um dos piores cenários da exclusão social no âmbito da nossa sociedade – e falar de outro tipo de déficit educacional: o déficit da qualidade. Não existe, sabemos, a menor possibilidade de uma nação figurar entre as grandes do mundo – e essa é uma justa e viável aspiração do povo brasileiro – se os bancos escolares não servirem de ponto de partida para o nascimento de cidadãos plenos, bem-informados e academicamente preparados. Mas, também, cidadãos donos de suas próprias ideias e convicções, resultado de um esforço coletivo aluno-professor-instituição que vá muito além das demandas do mercado de trabalho. Trato desse tema hoje e escolho essas palavras para fazer uma homenagem ao escritor Bartolomeu Campos de Queirós, falecido este ano. Reconhecido internacionalmente, reverenciado em Minas Não existe, sabemos, a menor possibilidade de uma nação figurar entre as grandes do mundo – e essa é uma justa e viável aspiração do povo brasileiro – se os bancos escolares não servirem de ponto de partida Gerais e respeitado por tantos autores nacionais, Bartô – permitam-me o afeto da amizade – dedicou sua inteligência apurada e sua militância sensível às causas da educação e da literatura. “O homem é feito de real e de ideal”, dizia ele, no depoimento que acompanhou o manifesto fundador do Instituto Brasil Literário, organização não governamental cuja causa ele abraçou com dedicação. Sendo assim, prosseguia, a educação não pode se contentar em informar Como disse nosso escritor: ‘A gente só suporta o dia de hoje porque têm uma perspectiva do amanhã’ o que já foi feito e, sim, abrir a porta para a imaginação e a fantasia. Se a escola é o lugar da transformação, e não somente o da informação, não há como aceitar a redução dos currículos à acumulação estatística de saberes específicos. Ao liberar o direito de todos de criar, recriar, imaginar e romper o limite do provável – dizia ele – a educação estará exercendo o imprescindível dom da democratização. Em lugar de impor dogmas, cabe fermentar, no cultivo da dúvida e da inquietação, o direito cidadão de firmar sua trajetória cultural e intelectual. Refletir deixa de ser, assim, um privilégio de classe. Aprendemos muito com pessoas como Bartolomeu. Ele estava convencido de que a literatura poderia ser o grau zero para o profícuo estímulo da imaginação criadora. Dirão os céticos: tudo isso é romântico demais quando se trata de reparar, já, agora, deficiências bem pragmáticas no ensino brasileiro. As prioridades cobram atitudes imediatas, é verdade, mas que qualquer iniciativa se assente em base humanista, sem desprezar a dimensão que a educação encerra de valores fundamentais ao ser humano. Como disse nosso escritor: “A gente só suporta o dia de hoje porque tem uma perspectiva do amanhã”. Publicado no Jornal Folha de S. Paulo Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 25 Gestão Blindagem contra fraudes Luciano Guimarães, Jornalista A ssim como a maioria das ferramentas de avaliação da educação já criadas no Brasil, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) também acaba de passar por mudanças, de acordo com a Portaria Normativa nº 6, de 14 de março de 2012, publicada no Diário Oficial da União do dia seguinte. O motivo: 30 instituições de ensino superior (IES), inclusive a conhecidíssima Universidade Paulista (Unip), estariam selecionando apenas os melhores alunos para a prova, do mesmo modo como se um padeiro adicionasse fermento extra na massa, para dobrar artificialmente o tamanho do pão. Com o uso desse ingrediente, só os mais preparados participariam da avaliação, elevando as notas dos cursos. Em 22 de março, uma semana após a publicação da portaria, o MEC anunciou a realização de auditoria, com prazo de 60 dias, para investigar a Unip. Esse processo está a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e da Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior (Seres). Para aprofundar as investigações, o ministério também está fazendo a 26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 avaliação in loco de todos os cursos dessa universidade, em especial os em fase de renovação de reconhecimento, licença necessária para poder funcionar e emitir diplomas. Anunciadas pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as novas regras já valem para a edição deste ano, que será aplicada em 18 de novembro, a partir das 13 horas. Uma das alterações mais significativas é que, a partir de agora, além dos formandos em 2012, também estão obrigados a participar do exame os estudantes com expectativa de conclusão do curso até agosto de 2013. Aqueles que tiverem concluído, até o término das inscrições, mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso, também estão convocados. De acordo com as instituições particulares, a medida afetará principalmente os cursos técnicos que têm duração de dois anos Assim como a maioria das ferramentas de avaliação da educação já criadas no Brasil, o Enade também acaba de passar por mudanças Na edição de 2012, o Enade avaliará o desempenho dos alunos que se formarão com diploma de bacharel, matriculados nos cursos de administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo. O mesmo vale para os estudantes dos cursos que conferem diploma de tecnólogo em gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais. A área de comunicação social poderá ser organizada em subgrupos que permitam a avaliação de componentes específicos do setor. Segundo a portaria do MEC, estão dispensados do Enade 2012 os estudantes que colarem grau até 31 de agosto deste ano, assim como os discentes que estiverem oficialmente matriculados e cursando atividades curriculares fora do Brasil, na data da realização do exame, em órgão conveniado com a instituição de ensino superior (IES) de origem do aluno. O Inep divulgará o Manual do Enade até o dia 1º de junho, e este poderá ser baixado no site oficial do exame, em: http://enade.inep.gov.br. A publicação traz todas as instruções e os instrumentos necessários às IES para a inscrição dos estudantes habilitados a prestar o exame. Neste ano, a inscrição poderá ser feita de 16 de julho a 17 de agosto. O MEC alerta às IES de que a ausência de inscrição de alunos habilitados para participação no Enade 2012, nos termos e prazos estipulados, poderá levar à suspensão de processo seletivo para os cursos. Cabe às instituições de ensino superior divulgar amplamente aos seus alunos a lista dos estudantes habilitados ao exame, e esse documento será colocar à disposição pelo Inep, para consulta pública, de 21 a 31 de agosto. Durante esse mesmo período, caso sejam necessárias, inclusões ou retificações deverão ser solicitadas à própria IES. CRÍTICAS À PORTARIA Basicamente, as mudanças realizadas pelo MEC em algumas das regras do Enade 2012 caíram como uma bomba no colo dos gestores de instituições de ensino superior e de cursos técnicos e de tecnologia. No dia 17 de março, logo após a publicação da portaria nº 6, representantes de diversas entidades do ensino superior privado redigiram uma carta criticando as novas regras. O próprio Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular cita a legislação que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), segundo a qual prevê apenas a participação de alunos ingressantes e concluintes na prova. Dessa maneira, reclama a entidade, qualquer mudança deveria ser feita na própria legislação e não por meio de portaria. Porém, deixou claro que “não endossa as estratégias que algumas instituições vêm adotando para elevar seus indicadores”. De acordo com as instituições particulares, a medida afetará principalmente os cursos técnicos que têm duração de dois anos. Elas argumentam que o aluno do penúltimo semestre teria cumprido uma parcela pequena da grade curricular e seria prejudicado na avaliação por não ter visto todo o conteúdo, defendem os representantes das instituições: “Esses alunos não terão cursado, no mínimo, 25% do conteúdo curricular. Além de punir os estudantes dessa faixa do penúltimo semestre letivo, pune, ainda, as instituições cujos cursos estejam incluídos no exame deste ano e que confiaram nas regras estabelecidas [anteriormente].” Em outras palavras, é o mesmo que fazer uma lei proibindo motociclistas de levar carona, só porque aumentou a quantidade de assaltos praticados a partir desta modalidade, como queriam os legisladores do estado de São Paulo. Afinal, é mais fácil punir a todos do que elevar a rigidez da fiscalização no cumprimento da lei. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 27 Gestão Levar quem gosta de ensinar até quem quer aprender Por Ana Carolina Zanoti, Jornalista N o ano de 1990, em Jomtien, na Tailândia, foi realizada a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, na qual os participantes defenderam a ideia de que todos têm direito à educação de qualidade. Dez anos depois, no Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, no Senegal, 180 nações se comprometeram a assegurar educação de qualidade a todas as crianças até 2015 e expandir significativamente oportunidades de educação para jovens e adultos. A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, em seu Capítulo III, Seção I, art. 205, diz que: “A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/1996) estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Seu Título II, art. 2º, reforça que: “A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais 28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Imagine um lugar em que os alunos vão se quiserem. E, mesmo assim, a frequência beira os 100% de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Também o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), diz em seu Capítulo IV, art. 53: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”. O Instituto Educadores Sem Fronteiras (ESF), em resposta a normatizações nacionais e internacionais, nasceu como organização sem fins lucrativos, em 2007, para fomentar metodologias e tecnologias que proporcionem políticas públicas de educação de qualidade no País. Imagine um lugar em que os alunos vão se quiserem. E, mesmo assim, a frequência beira os 100%. As turmas não têm mais de dez estudantes, e o estudo de Geografia pode enveredar para outros assuntos, como Matemática, História e Química. As aulas são ilustradas com Ziraldo, Portinari, Sebastião Salgado e Van Gogh, as avaliações são frequentes e as notas servem para avaliar o professor, para que se saiba que assuntos precisam mais atenção. Ninguém é deixado para trás: a matéria só avança quando todos aprenderam. Os pais voltam a estudar em turmas paralelas para acompanhar os filhos. Pois é, a comunidade não só imaginou, mas gerou uma resposta efetiva e eficiente. Hoje são mais de 130 solicitações de novas unidades no País. Pessoas físicas e jurídicas creditam nas ações do ESF com financiamentos de projetos e apoios pontuais e institucionais, pois resultados e impactos são avaliados com indicadores mensuráveis de conteúdo, método e interação. Essa rede de apoio é consecução das ações que aprimoram conhecimentos e libertam novos saberes dos alunos. Estes, por sua vez, empoderam-se do exercício da cidadania e rompem fronteiras, multiplicando O ESF não se trata de uma escola, pois não há diplomas. E também não se trata de ‘reforço’; o que se faz é complementar o que a escola oficial ensina saber e proporcionando – de fato – o protagonismo libertador de saberes. Assim é a missão do ESF: “apoiar a escola formal, proporcionando o desenvolvimento das potencialidades do cidadão, por meio da educação complementar e da democratização do conhecimento”. Na esperança ativa, contra toda a esperança, de “melhorar, de maneira significativa, a educação para comunidades carentes, fomentando políticas públicas eficientes, para não mais existir”. Depois do planejamento organizado entre voluntários, familiares, entidades não governamentais e escolas das regiões, os educadores sem fronteiras realizam suas atividades com a participação da equipe transdisciplinar, comunidade, familiares, parceiros e, principalmente, educandos, na construção dos projetos e programas, assim como no seu monitoramento e avaliação. Portanto, o ESF não se trata de uma escola, pois não há diplomas. E também não se trata de “reforço”; o que se faz é complementar o que a escola oficial ensina para que o aluno fique em dia com o que se espera dele em função de idade e série. Esse lugar existe e não fica na Finlândia. Como suas aulas, o sonho dos educadores também não é nada convencional. O objetivo é chegar a um ponto em que a organização não seja mais necessária. O objetivo é poder comemorar o próprio fim, numa grande festa para celebrar o fato de o Brasil ter superado os índices educacionais de uma Finlândia. Até lá, a organização espera poder contribuir com ideias para a própria escola oficial. E já estão em cursos programas específicos para escolas públicas de São Paulo, nas quais haverá a formação dos professores na metodologia transdisciplinar e a experimentação de educandos do ESF na formação de outros alunos da escola oficial na arte de estudar e aprender e aplicar conhecimentos. Esse é o grande objetivo. Enquanto isso não acontece, o ESF busca apoios e novos educadores no mundo para expandir o modo “prazeroso” de ensinar. Acreditando que é possível aproximar quem gosta de ensinar a quem gosta de aprender. Os critérios de admissão no Educadores Sem Fronteiras são simples: 1. Estar matriculado em uma escola oficial; 2. Ter muita, mas muita vontade de aprender. O educando deve despertar pela inspiração do espanto: “Nossa, então esse conteúdo tem relação com este outro!”. E nasce o pensamento, e aprimora-se o conhecimento e gera a libertação dos saberes. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 29 Gestão Comunicação on-line Debate e intercâmbio na educação Por Cinthia de Paula, Jornalista Q ue as tecnologias e a utilização de ferramentas como computadores, internet e celulares, além de outros dispositivos, são um caminho sem volta para a sociedade no que diz respeito ao consumo de informações já se sabe. O que ainda é um desafio, especialmente no campo da educação, é como utilizar essas informações em sala de aula, de modo a gerar interesse e, sobretudo, aprendizagem para os alunos. As ferramentas de comunicação online disponíveis são diversas. Sites, blogs e redes sociais, apenas para citar alguns, são os mais comuns. Há informações aos montes, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo, pois a sociedade também é mais complexa. 30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Não há receita, pois as possibilidades são inúmeras. As redes sociais, por exemplo, são ambientes propícios ao debate e à interação entre os próprios alunos “Esses são recursos que enriquecem o processo de aprendizagem. O professor não apenas deve transmitir conteúdos, mas ensinar o aluno a aprender”, destaca Sílvia Vampré Ferreira Marchetto, coordenadora de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirantes, de São Paulo. “O aluno precisa ser orientado pelo professor, que passa a ter um papel de facilitador no aprendizado, guiando-o a fazer as perguntas corretas, a estabelecer critérios na escolha de sites, a avaliar as diferentes páginas web e, cada vez mais, a adquirir autonomia”, completa. Para José Manuel Moran, diretor de Educação à Distância da Universidade Anhanguera (UNIDERP) e professor aposentado em Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP), a palavra-chave é interação. “O professor disponibiliza os materiais para os alunos e propõe discussões, aprofundamentos. Muda a metodologia das aulas, pois a questão da informação se resolve Uma possibilidade é a própria escola criar um portal, um ambiente para os professores incluírem suas experiências, socializarem suas vivências e debaterem virtualmente. Na sala de aula há interação”, resume. Segundo ele, o primeiro passo para o professor lidar com essas mudanças é dominar as possibilidades que as tecnologias trazem, testá-las. Não é preciso ser especialista, mas ter o domínio técnico sobre como usar e o pedagógico, de como aplicar para o aluno aprender melhor. “Por exemplo, um blog. O professor precisa ler, dominar, acompanhar, testar em uma aula e ter domínio para se sentir seguro em relação àquela ferramenta”, ressalta Moran. Não há receita, pois as possibilidades são inúmeras. As redes sociais, por exemplo, são ambientes propícios ao debate e à interação entre os próprios alunos – que transitam confortavelmente pelo ambiente – e também ao enriquecimento com agentes externos, que podem participar do projeto. “Para os alunos é muito interessante, especialmente quando o professor se coloca na posição de aprender junto. Ele não precisa ser especialista em tecnologia; os alunos têm mais facilidade e podem ajudar. É muito positivo, pois eles estão prontos para isso, não têm medo de testar”, afirma o diretor. No Colégio Bandeirantes, a fórmula funciona e já existem blogs desenvolvidos para os alunos e também por eles e que são trabalhados em sala de aula. “Um exemplo é o blog de Redação, no qual os alunos são incentivados a ler sobre temas diversos e comentar o assunto para criar um repertório de informações que os auxiliem na argumentação de um tópico e no desenvolvimento de um texto”, destaca Sílvia. O Facebook também é utilizado na instituição, tanto em projetos curriculares quanto por iniciativa dos próprios jovens, que se organizam em grupos de estudos. “Li uma vez em uma reportagem o exemplo de um ambiente colaborativo em que os alunos propunham conjuntamente uma peça de teatro. O projeto não estava evoluindo como o esperado e um jovem, então, propôs incluir o material no Facebook, que é um ambiente com o qual eles têm familiaridade. A proposta foi aceita e funcionou muito bem”, conta Moran. Algumas escolas, no entanto, ainda apresentam dificuldade em romper as barreiras, mas é preciso se preparar. E o mesmo acontece com os professores, pois as novidades exigem outra organização das aulas, mais qualificada, uma vez que o educador precisa acompanhar os debates, presenciais e on-line. Dar aula não é só o tempo de estar com os alunos em sala. Para isso, é preciso também ter pró-atividade e atitude do professor no sentido de catalisar essas mudanças de paradigmas e ser um dos protagonistas de um processo enriquecedor para ambas as partes. A interação gera provocação, trocas de experiências e evolução no modo de aprender. E os alunos estão prontos para isso. No Colégio Bandeirantes, os jovens também fazem pesquisas de textos jornalísticos, postam notícias e as comentam. Para a coordenadora da instituição, esse é um meio de incentivá-los a ler informações noticiosas e contribuir para que escrevam melhor. Outro grupo de estudantes utiliza o Facebook para discutir questões relacionadas à cidade de São Paulo; dicas de lugares turísticos, problemas da cidade, aspectos culturais, imagens e vídeos, entre outros materiais, são postados pelos alunos e comentados pelos colegas, possibilitando um debate constante. EQUILÍBRIO SEMPRE A transição para a utilização de tecnologias e dos meios de comunicação on-line e interação em sala de aula não deve ser repentina. O professor precisa estar preparado e é recomendado que teste a novidade que se quer aplicar em aula em uma pequena escala para então levar para grandes grupos. Uma possibilidade é a própria escola criar um portal, um ambiente para os professores incluírem suas experiências, socializarem suas vivências e debaterem. Dessa forma, educadores de diversas áreas e com experiências distintas podem aproveitar as descobertas do outro, confrontar e aprender juntos. Além disso, algumas vezes a lousa pode funcionar bem, assim como revistas ou livros. “Trabalhar com o que já é conhecido é o caminho normal, mas é possível combinar soluções. Não trabalhar com exclusão, mas por integração”, ressalta o Moran. “A educação é um processo humano e é preciso pessoas para avançar. A tecnologia contribui, mas só ela não resolve. Sozinha ela não traz nenhuma grande mudança; é o bom profissional que faz a educação de qualidade. A tecnologia apoia”, finaliza o diretor. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 31 Gestão A leitura de clássicos da literatura e o interesse dos alunos Por Cinthia de Paula, Jornalista A leitura de obras clássicas da literatura, sejam brasileiras ou estrangeiras, é apontada por especialistas não somente como enriquecedora no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita, mas também fonte fundamental para a integração do aluno-leitor no contexto sociocultural. A escola, e, especialmente, o professor, têm papel fundamental nesse processo, pois dão oportunidade para a criança e o jovem conhecerem o mundo dos livros, sejam clássicos infantis, contos, lendas, histórias em quadrinhos ou outros. Segundo Cintia Barreto, doutoranda em Literatura Brasileira e Professora universitária no Rio de Janeiro, os clássicos devem ser lidos dentro e fora do espaço escolar. “Não pela exigência, na maioria das vezes, de vestibulares ou exames de desempenho de alunos, mas porque têm uma característica comum: a qualidade literária. Eles são perenes, atemporais e falam da condição humana”, afirma. Incentivar essa leitura em uma era tão tecnológica e repleta de fontes de informação é um desafio a ser enfrentado e que começa antes dos anos escolares. “Os alunos carecem do incentivo à leitura e essa carência tem origem no próprio ambiente familiar. O meio em que a criança ou o jovem está inserido é fator decisivo para o desenvolvimento de determinadas habilidades, e a leitura é uma 32 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 A literatura gera um leitor mais capacitado para a compreensão e interpretação de textos diversos porque o texto literário é subjetivo delas. Se os jovens não encontrarem nos pais a mola propulsora para essa prática, acabam não atribuindo à leitura o valor que ela realmente requer”, ressalta a professora Vânia Duarte, integrante da equipe do portal Brasil Escola. Apesar disso, também cabe ao professor o importante papel de protagonista na tarefa de incentivar a leitura de clássicos. Cintia sugere as releituras e adaptações. “Levar os alunos para assistirem a filmes e peças teatrais inspiradas nas obras, incentivá-los a assistir a minisséries na televisão e levar os clássicos em sala de aula em formato de quadrinhos ou até mesmo em cordel são algumas possibilidades que despertarão a curiosidade dos jovens”, destaca. Vânia acrescenta que o professor também deve se mostrar um apreciador da leitura dos clássicos como forma de incentivo e, a partir disso, colocar em prática estratégias que contribuam para o despertar do gosto dos alunos pela atividade. “A começar pela leitura de um poema, por exemplo, a expressão corporal, as entonações de voz do professor, entre outros fatores, são recursos que farão diferença no sentido que terá a leitura para os aprendizes. Outro aspecto importante é o contexto em que se dará a prática. O ambiente da biblioteca possibilita que o trabalho se desenvolva de forma plena. Por isso, a assiduidade de visitas a esse espaço se apresenta como fator fundamental na conquista dos objetivos”, reitera. A leitura não deve estar relacionada, porém, somente ao prazer dos alunos, mas ter também o objetivo de promover a capacidade reflexiva e crítica, com discussões sobre o tema. “A cobrança das antigas fichas de leitura deve ser substituída por uma roda de debate sobre os livros lidos. As provas bimestrais baseadas nos clássicos devem ser trocadas por trabalhos não apenas de análise das obras, mas por atividades mais dinâmicas, criativas, interativas e lúdicas”, exemplifica a professora Cintia. Existem ainda outras possibilidades, como organizar uma feira literária, Incentivar essa leitura em uma era tão tecnológica e repleta de fontes de informação é um desafio a ser enfrentado e que começa antes dos anos escolares de despertar do interesse dos alunos pela leitura de clássicos, desde que apoiem esse objetivo. Uma visita ao laboratório de informática, com o intuito de familiarizar a turma sobre um autor e estimular comentários no blog do professor, por exemplo, são atividades benéficas e importantes, e pode ser estratégia utilizada no sentido de contribuir para que a leitura literária realmente faça sentido para os alunos”, destaca a professora. a montagem de peça teatral sobre uma obra – nem que seja apenas um improviso em sala de aula – ou uma pesquisa que vai além da leitura, destacando o contexto histórico, político e social da produção do livro. “Os clássicos contribuem para a formação de alunos mais críticos, experientes, com mais repertório e conhecimento de mundo, textual e linguístico”, acrescenta Cinthia. RIQUEZA DE VOCABULÁRIO E LINGUAGEM Além de todo o aspecto comportamental e social da formação dos alunos por meio da leitura dos clássicos, é fundamental observar que essa atividade promove, de maneira considerável, o aumento do vocabulário, a experimentação de diversas possibilidades de linguagem e a riqueza de ideias, levando à construção de uma fala desenvolta. “A literatura gera um leitor mais capacitado para a compreensão e interpretação de textos diversos porque o texto literário é subjetivo, intertextual (refere-se a outros textos), polissêmico (joga com os diferentes significados das palavras) e figurativo (lança mão de figuras de linguagem). Além disso, possibilita mais de uma interpretação. Por isso, desenvolve nos alunos habilidades e competências de leitura que contribuem para a formação do leitor crítico”, finaliza a professora Cintia. TECNOLOGIA COMO ALIADA Ao contrário do que se pode pensar, a era da tecnologia que vivemos atualmente pode ser grande aliada dos professores no despertar do interesse e no desenvolvimento de atividades relacionadas à leitura de clássicos. Isso porque os avanços tecnológicos, a globalização e o extensivo acesso a informações na rede, em sites, blogs, enciclopédias digitais – as wikis – e até mesmo nas redes sociais contribuem para o hábito da leitura literária e não literária. “Esses espaços podem, e devem, ser utilizados pela escola como ferramentas de aprendizagem e práticas de leitura e escrita. Além do mais, na internet encontramos excelentes softwares educativos que podem ser usados por professores e alunos”, afirma Cintia. Vânia reitera que é preciso ter cuidado com a realidade do “tudo pronto” da internet, por meio da qual o aluno encontra o que procura sem precisar se esforçar. “De toda forma, as mídias eletrônicas podem colaborar com o processo Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 33 Gestão Educação para um mundo sustentável Por Juliana Fernandes, Jornalista A pós vivermos durante séculos sem preocupações com o esgotamento dos recursos naturais do planeta, temos que aprender, agora, a viver de forma sustentável. E a maior parte desse desafio é estimular mudanças de atitude e comportamento, uma vez que nossas capacidades intelectuais, morais e culturais impõem responsabilidades para com todos os seres vivos e para com a natureza como um todo. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi designada pela Assembleia Geral das Nações Unidas como a agência líder para promover e coordenar internacionalmente a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável – pois a educação não é somente prioritária, mas indispensável –, quando há desafios como pobreza, consumo desordenado e degradação ambiental. A iniciativa é ambiciosa e complexa. Seus fundamentos conceituais, repercussões socioeconômicas e incidência no meio ambiente e na cultura afetam todos os aspectos da vida. O objetivo global da 34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Década é integrar os valores inerentes ao desenvolvimento sustentável em todas as abordagens da aprendizagem, com o intuito de fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade sustentável e mais justa. Essa Década fundamenta-se na visão de um mundo no qual todos tenham a oportunidade de se beneficiar da educação e de aprender os valores, comportamentos e modos de vida exigidos para um futuro sustentável e para a transformação positiva da sociedade, traduzindo-se em cinco objetivos: valorizar o papel fundamental que a educação e a aprendizagem desempenham na busca comum do desenvolvimento sustentável; facilitar os contatos, a criação de redes, o intercâmbio e a interação entre as partes envolvidas no programa Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS); fornecer o espaço e as oportunidades para aperfeiçoar e promover o conceito de desenvolvimento sustentável e a transição a ele, por meio de todas as formas de aprendizagem e de sensibilização dos cidadãos; fomentar a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem É necessário ampliar a abrangência do conceito de sustentabilidade para muito além das fronteiras ambientais no âmbito da educação para o desenvolvimento sustentável; e desenvolver estratégias em todos os níveis, visando fortalecer a capacidade no que se refere à EDS. Tais conceitos foram elaborados porque as Nações Unidas viram a educação como a chave para o desenvolvimento sustentável. Mas em que esta convicção se fundamenta? Por que o desenvolvimento sustentável está tão intrinsecamente ligado ao processo educacional? Segundo Ben Sangar, presidente da Sangari Brasil e do Instituto Sangari, “ainda que seja importante defender atividades pontuais, como a reciclagem da água e insumos, o reaproveitamento do lixo, redução dos gases nocivos à atmosfera e produção de combustíveis alternativos, entre muitas outras, é preciso Há, portanto, uma relação direta entre educação e sustentabilidade que precisa fazer parte dos debates que cercam a preocupação com o ambiente A educação para o desenvolvimento sustentável deve possuir as seguintes características: · articular, desde já, processos educativos que possibilitem uma mudança radical no olhar da humanidade em relação ao seu ambiente, algo que exige novas maneiras de educar”. Por essa razão, é necessário ampliar a abrangência do conceito de sustentabilidade para muito além das fronteiras ambientais, levando-o até onde ele realmente é decisivo, ou seja, na articulação de uma educação para a sustentabilidade. CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO A educação para o desenvolvimento sustentável não deve ser comparada à educação ambiental, uma disciplina que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente. Portanto, desenvolvimento sustentável engloba educação ambiental, colocando-a no contexto mais amplo dos fatores socioculturais e questões sociopolíticas de igualdade, pobreza, democracia e qualidade de vida. O conceito deve ser integrado em outras disciplinas e não pode, em função do seu alcance, ser ensinado de maneira independente. “Hoje, os índices de aprendizado no Brasil evidenciam com enorme clareza o fato de que nossa educação é tudo menos sustentável, pois os estudantes deixam a escola sem terem aprendido o que se esperava que aprendessem. Essa visão imediatista da educação, que se preocupa extremamente com indicadores como alunos matriculados, número de escolas e quantidades de livros, precisa adotar · · · · · · Ser interdisciplinar e holística: aprendizado voltado para o desenvolvimento sustentável como parte integrante do currículo como um todo, não como uma matéria separada; Ter valores direcionados: é imprescindível que as normas assumidas sejam explícitas de modo que possam ser analisadas, debatidas, testadas e aplicadas; Favorecer o pensamento crítico e as soluções de problemas: que gere confiança para enfrentar os dilemas e desafios em relação ao desenvolvimento sustentável; Recorrer a múltiplos métodos: palavra, arte, teatro, debate, experiência, pedagogias diferentes que deem forma aos processos. É preciso passar do ensino destinado unicamente a transmitir conhecimento para um enfoque em que professores e alunos trabalhem juntos para conquistar conhecimentos e transformar o espírito das instituições educacionais do entorno; Participar do processo de tomada de decisões: alunos participam das decisões relativas ao modo como devem aprender; Ser aplicável: as experiências de aprendizagem oferecidas estão integradas ao cotidiano tanto pessoal quanto profissional; Ser localmente relevante: tratar as questões locais assim como as globais, empregando a linguagem que os alunos usam mais comumente. como principal referência a questão da aprendizagem, pois esse é o único dado que realmente importa quando falamos de educação”, sugere Sangar. INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO A relação direta entre educação e sustentabilidade pode ser vista por meio de estudos como o de Ricardo Paes de Barros, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e Rosane Mendonça, doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que buscaram avaliar a relação entre “Investimento em Educação e desenvolvimento econômico”. Segundo o estudo, a eliminação do atraso educacional amplia o crescimento da renda per capita dos salários industriais e das exportações entre 15 e 30%, ao mesmo tempo em que melhora as oportunidades e a qualidade de vida das pessoas em função do fato de que mais instrução diminui o tamanho das famílias. A análise revela ainda que a eliminação do atraso educacional amplia entre 20 e 25% o tempo de vida dos indivíduos, que passam a receber e compreender melhor informações sobre saúde, higiene e alimentação, além do fato de que gera mais qualificação para o trabalho, ampliando o acesso à renda. Esse aumento da qualidade de vida reflete-se, ainda, nos indicadores de escolaridade, pois a eliminação do atraso educacional eleva a presença de estudantes no nível secundário em 17%, o que explica de modo absoluto por que investimentos em educação melhoram a qualificação das pessoas para a vida profissional. Há, portanto, uma relação direta entre educação e sustentabilidade que precisa fazer parte dos debates que cercam a preocupação com o ambiente. “Embora ações pontuais de proteção ambiental sejam importantes e necessárias, precisamos compreender que somente uma revolução educacional vai permitir mudanças realmente significativas a médio e longo prazo no que diz respeito à sustentabilidade de nossas atividades econômicas”, conclui Sangar. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 35 Capa 36 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Como ajudar o seu filho na escola A Por Lana Canepa, Jornalista ANEC vida moderna impõe uma série de distrações aos alunos da atualidade. Os livros têm que concorrer com o computador, videogame, televisão. Em alguns casos, e por uma série de fatores, as crianças e jovens podem apresentar dificuldades em sala de aula, como o atraso no aprendizado e resultados negativos nas provas. Infelizmente, não existe uma receita pronta para superar estas dificuldades, mas algumas ações são consideradas consenso entre os educadores e, principalmente, entre os pais que já enfrentaram situações como estas. Uma delas é relativamente simples: quando os pais participam e se envolvem com a escola, os filhos se envolvem ainda mais. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 37 O caminho mais saudável é acompanhar os resultados dos pequenos de perto, mas sem transformar a cobrança em algo negativo O Ministério da Educação (MEC) faz uma série de recomendações para ajudar os pais na difícil tarefa de participar do universo escolar. A principal é que eles precisam estar de corpo presente: conhecer os professores, os coordenadores, ouvir deles sobre o comportamento dos filhos. Isso é válido em momentos além da clássica reunião de pais e mestres. Outra dica é, de vez em quando, olhar a agenda e o caderno do filho, perguntar como foi o dia na escola, o que ele aprendeu, quais aulas teve, se conseguiu fazer corretamente a tarefa, se, em casa, antes de deitar no sofá para ver televisão ou ligar o computador, já estudou o conteúdo que aprendeu naquele dia, se leu algo a mais, escreveu um texto novo. Parece muita coisa, mas não é! Na verdade, isso é participar, apontam os especialistas. Outras ações recomendadas pelo Ministério da Educação para aproximar os pais da escola é verificar se o colégio em que o filho está matriculado tem o funcionamento autorizado pela Secretaria de Educação e se o alvará sanitário está em dia. Também é importante checar a qualificação dos professores e se existe o número suficiente de profissionais para a quantidade de alunos em cada sala. É válido, ainda, verificar se a instituição de ensino tem uma proposta pedagógica aprovada e se a família é chamada para reuniões pelo menos duas vezes ao ano. No caso da educação infantil é essencial saber o nome dos funcionários 38 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 e professores que lidam diariamente com o filho, o que ele produz em sala de aula e sempre observar atentamente o comportamento da criança quando chega da escola: se ela está feliz ou se demonstra sinais de sofrimento, nervoso, ansiedade. Já para os alunos que estão no ensino fundamental e médio, a primeira recomendação do Governo é manter em casa o hábito da leitura. Neste caso, o ideal é que os pais deem o exemplo. E para atrair a atenção e o reforço dos pais, as escolas criam estratégias. Um exemplo é o que acontece no La Sallle de Águas Claras, bairro a pouco mais de 20 km de Brasília. Todo ano, a coordenação do colégio organiza um evento chamado “Superação”. E não poderia ter um nome mais apropriado, já que em meio às brincadeiras de uma gincana esportiva, os pais se informam sobre o funcionamento da escola, os nomes dos funcionários e professores, e sobre o comportamento do filho em sala de aula. É em situações desse tipo que problemas podem ser identificados e tratados pelos familiares. A coordenadora da Câmara de Educação Básica da ANEC, Janaína Paim, alerta para a importância da presença dos responsáveis em eventos: “As nossas escolas católicas são um bom exemplo para a comunidade no que diz respeito à interação da família com a escola, porque além de trabalharmos as competências exigidas pelo Ministério da Educação, primamos em cultivar valores humanos em parceria com as famílias.” No “Superação” do La Salle, as equipes disputam 16 provas em modalidades como natação, esgrima, canoagem, ciclismo, futebol, basquete, dança, ginástica rítmica, ginástica olímpica, handball, levantamento de peso, surf, tênis, arco e flecha e artes marciais. Mais de mil alunos participaram e os pais também entram na brincadeira. O projeto é desenvolvido há 12 anos e reuniu mais de 1,2 mil estudantes em 2012 O vice-diretor do colégio, Tércio Mendes de Sousa, garante que quando o encontro começou, há 12 anos, ninguém imaginava que os resultados seriam tão bons a ponto de o evento funcionar como uma ponte entre a escola e a família. “O projeto fomenta o diálogo entre os alunos, professores, pais e todos os demais funcionários do colégio, o que contribui para o rendimento do aluno dentro e fora da sala de aula. Após o ‘Superação’, o olhar dos alunos aos professores é diferente, assim como o olhar dos professores para os alunos. Há solidariedade, empenho, superação”, afirma. A ideia é simples e pode mudar a rotina de aprendizagem ao longo do ano, e até ao longo da vida, já que ensina a trabalhar em grupo e a cooperar com os colegas para vencer. “Este projeto muda a vida dos alunos e não apenas pelo viés pedagógico. Todo ano alcançamos o nosso objetivo de fazer com que a escola seja única. O aluno tem a consciência de ajudar o próximo, conhecer a comunidade”, conclui Sousa. E os pais aprovam. Túlio de Queiroz Magalhães tem filhas gêmeas matriculadas no terceiro ano do colégio. Segundo ele, o evento envolve toda a família e aproxima os pais da escola. “O ‘Superação’ começa muito antes do dia das provas. A escola nos envolve, mostrando a importância do projeto. Para as minhas filhas é uma festa; elas se esforçam e dão o melhor de si, e também cultivam laços de amizade que duram para sempre”, conta. Mas é preciso cuidado para não exagerar. Alguns pais, na ânsia de auxiliar os filhos nos estudos, muitas vezes, e sem perceber, pecam por excesso, como explica Valéria Rodrigues Silveira, psicóloga colaboradora do Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre o Bebê e a Infância (NUPEBI) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG): “Auxiliar na tarefa O Ministério da Educação (MEC) faz uma série de recomendações para ajudar os pais na difícil tarefa de participar do universo escolar é diferente de fazer a tarefa para a criança. O papel dos adultos nesse momento é ajudar e ensinar a criança a pensar sobre o assunto em questão de modo que ela seja capaz de desenvolver e aprimorar seu raciocínio, ou seja, sua capacidade cognitiva. O hábito de dar a resposta pronta pode atrapalhar o desenvolvimento dessa capacidade. Além disso, podemos dizer que o aprendizado não é Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 39 Crianças participam das atividades na escola e aprendem a importância do coletivo A ideia é simples e pode mudar a rotina de aprendizagem ao longo do ano, e até ao longo da vida, já que ensina a trabalhar em grupo e a cooperar com os colegas para vencer apenas da matéria, mas também social, pois a família, que é o primeiro ambiente de relações sociais da criança, tem o papel de ensinar como se dão tais relações. Se a família ensina que a criança não precisa se esforçar, pois ‘os outros’ lhe darão as respostas, parece coerente se ela lidar dessa forma em outros contextos de sua vida, em outras etapas de seu desenvolvimento.”. 40 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 O caminho mais saudável é acompanhar os resultados dos pequenos de perto, mas sem transformar a cobrança em algo negativo. “Há formas de tornar esse momento mais agradável para a criança. Ao invés de tratar a questão com cobranças do tipo ‘se você não fizer a tarefa antes do jantar ficará sem sobremesa’ costuma-se indicar a participação do adulto. Auxiliar nas dúvidas e propor discussões sobre o tema da aula são boas estratégias motivacionais”, recomenda a especialista. Para as séries iniciais uma dica que costuma dar bons resultados no desempenho escolar é criar um momento de leitura da criança para a família. “O texto pode ser escolhido por ela própria e a família combina o dia e horário. Assim, todos estarão atentos ao desenvolvimento escolar e o aluno poderá se motivar por essa atenção que a família lhe está dedicando”, explica. E se nada der certo em um primeiro momento, é preciso averiguar se a família está passando por algum processo de mudança, pois é comum que isso interfira no desempenho escolar dos filhos. “Costuma-se indicar que a procura por um tratamento não seja apenas quando ‘as coisas não têm mais jeito’, como quando o filho está prestes a repetir o ano. É aconselhável que se busque a orientação de um profissional da área, como um psicólogo ou psicopedagogo, nos primeiros sinais de que os pequenos estão com dificuldades. Nem sempre haverá a necessidade dessa orientação evoluir para um tratamento, mas é importante saber por onde se está caminhando, se trata-se de alguma dificuldade pontual ou se há outras questões envolvidas. Para essa percepção, no entanto, é preciso estar atento e participar da vida escolar dos filhos”, conclui a psicóloga. Ensino Superior Grupo de pesquisa em Imunologia do Estresse e Imunossenescência da PUC/RS (IPB) As alterações do sistema imune em idosos Vanessa Mello, Assessoria de Comunicação Social da PUC/RS D esvendar como o sistema imune se altera ao longo do envelhecimento, entender os fatores que aceleram esse processo e promover estratégias em busca de uma melhor qualidade de vida. Esses são os objetivos do grupo de pesquisa em Imunologia do Estresse e Imunossenescência, do Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), único da América Latina a desenvolver estudos com seres humanos. A linha de 42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 No laboratório, os pesquisadores buscam compreender como os hormônios se alteram e aceleram o envelhecimento pesquisa levou à inauguração do Laboratório de Imunologia do Envelhecimento, em 2011, localizado no IPB do Hospital São Lucas. O grupo está realizando um grande estudo com idosos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre. Uma triagem em postos de saúde da Capital, em parceria com o Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC/RS, identifica pacientes com perfil de risco imunológico. Dados da literatura médica indicam que entre 15 e 20% das pessoas da terceira idade (superior a 60 anos no Brasil) têm alterações nos linfócitos que estão associados com mais doenças e morte precoce. Outro estudo analisou, em 2006, idosos saudáveis que cuidam de pacientes com Alzheimer, na maioria das vezes, cônjuges No total, a pesquisa deve envolver até mil participantes, que passam por coletas de sangue, avaliação psiquiátrica, neurológica, nutricional e bioquímica em um estudo multidisciplinar. A intenção é vacinar os pacientes contra o vírus da gripe em 2012 e acompanhá-los, durante dois anos, investigando a resposta imune para a vacina em idosos com e sem perfil de risco imunológico. Os resultados devem ser aplicados em ações pelo SUS e em políticas públicas. “Queremos ver o quanto as alterações emocionais e cognitivas levam a esse traço vulnerável imunológico”, explica Moisés Bauer, coordenador do Laboratório de Imunologia do Envelhecimento e professor da Faculdade de Biociências da PUC/RS. “A hipótese é a de que idosos com perfil de risco imunológico respondem fracamente à vacina para gripe e apresentam uma reatividade maior para citomegalovírus, que pode ser um fator importante para acelerar o envelhecimento do sistema imune”, completa Moisés. No laboratório, os pesquisadores buscam compreender como os hormônios se alteram e aceleram o envelhecimento. As pesquisas com humanos consistem em entrevistas sobre o estado emocional, dosagens hormonais por meio de coleta de saliva e sangue e análise imunológica no sangue. A equipe multidisciplinar conta com psicólogos, neurologistas, psiquiatras e nutricionistas. Entre os profissionais estão o professor da Faculdade de Medicina, Vinicius Duval da Silva; o membro do laboratório e professor da Faculdade de Psicologia, Rodrigo Grassi de Oliveira; e a professora da Faculdade de Biociências, Cristina Bonorino. Conhecer as variáveis do processo de envelhecimento é fundamental para promover estratégias A primeira pesquisa, realizada em 2002, mostrou como fatores emocionais do tipo estresse, depressão e ansiedade podem acelerar o envelhecimento. As análises revelaram que idosos saudáveis são mais estressados que jovens adultos de 20 a 40 anos, e apresentam níveis mais altos de hormônios de estresse (cortisol), que contribuem para um envelhecimento imunológico mais acelerado. Outro estudo analisou, em 2006, idosos saudáveis que cuidam de pacientes com Alzheimer, na maioria das vezes, cônjuges. Os resultados mostraram que pessoas com o estado de saúde muito bem preservado enfrentam melhor situações de estresse e apresentam menos alterações hormonais e imunológicas. Em 2010, uma pesquisa mostrou que o efeito de relaxamento produzido pela acupuntura retardou o processo A linha de pesquisa levou à inauguração do Laboratório de Imunologia do Envelhecimento, em 2011, localizado no IPB do Hospital São Lucas de envelhecimento em idosos saudáveis. “Houve alterações biológicas e psicológicas, com respostas imunes tão boas quanto a de um jovem”, completa Bauer. Conhecer as variáveis do processo de envelhecimento é fundamental para promover estratégias, prevenir ou retardar doenças que surgem com a idade. “Acupuntura, relaxamento, exercício moderado, bem-estar emocional, inserção social e atividades como ioga trazem benefícios para a imunidade”, finaliza Bauer. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 43 Ensino Superior Alunos durante o espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, em Brasília (DF) Circo e universidade Belisa Monteiro, Assessoria de Comunicação da PUC/GO C erca de 190 pessoas, incluindo crianças, coordenadores e arte-educadores da Escola de Circo Dom Fernando, vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), assistiram, em fevereiro, ao espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, apresentado em Brasília (DF). A viagem, a primeira para muitas das crianças, foi a realização de um sonho. Para a aluna Talita Alves, 12 anos, a alegria dos artistas foi contagiante. “O que mais me marcou 44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 A viagem, a primeira para muitas das crianças, foi a realização de um sonho no espetáculo foi a alegria dos artistas ao compartilhar essa alegria com a gente”. Além da emoção de assistirem ao espetáculo, as crianças ainda receberam de presente uma cota de cem ingressos para uma das apresentações do novo espetáculo do Cirque du Soleil, em março. Do montante, 70% dos recursos arrecadados foram destinados à Escola de Circo da PUC-GO e à Escola de Circo Laheto, e 30% para a Rede Circo Mundo Brasil, da qual o Cirque du Soleil é associado. “O Cirque du Solei trabalha na requalificação da arte circense no mundo. O circo é qualificado como um instrumento de inserção social e isso coincide com a missão da Escola de Circo Dom Fernando: é mais do que um espaço lúdico e de aprendizagem, é uma forma de se exercer a cidadania”, Turma da Escola de Circo Dom Fernando, em Goiânia (GO), na apresentação do Cirque du Soleil pontuou a pró-reitora de Extensão e Apoio Estudantil da PUC-GO, professora Márcia Alencar Santana. O convite para assistir ao espetáculo veio da Rede Circo do Mundo Brasil, formada por organizações não governamentais, das quais a Escola de Circo Dom Fernando é integrante. Localizada na região leste de Goiânia, no Jardim Dom Fernando I, a Escola de Circo atende a crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em situação de vulnerabilidade social. ESCOLA DE CIRCO DOM FERNANDO A Escola de Circo é um programa de extensão da PUC-GO que é vinculado ao Instituto Dom Fernando. O projeto, que não tem objetivo profissionalizante, atende apenas a alunos que estejam devidamente matriculados no ensino regular. As crianças atendidas A Escola de Circo da PUC-GO trata a arte circense como ferramenta de transformação participam de oficinas, produções de espetáculos, seminários, entre outras atividades que visam garantir os direitos no que concerne à cultura, a educação e ao lazer. Alguns dos projetos desenvolvidos na Escola ganham destaque por sua atuação e inserção na comunidade, como é o caso do Projeto Picadeiro, que realiza oficinas e produções de espetáculos. A família das crianças e adolescentes também recebe atenção especial da Escola: visitas, reuniões e atendimentos ocorrem constantemente, integrando-os no projeto. Na Escola de Circo Dom Fernando, tudo é um espetáculo. A começar pela estrutura montada e pelos equipamentos para a realização das atividades. Atividades essas que a comunidade tem a oportunidade de assistir nas apresentações e arraial da cultura popular realizados. Prova do grande alcance do projeto e da inserção na vertente do circo social, a Escola foi contemplada com dois expressivos prêmios: em 2010, com o prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo, concedido pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) e, em 2009, com o prêmio Ludicidade/Pontinhos de Cultura, do Ministério da Cultura. A Escola de Circo da PUC-GO trata a arte circense como ferramenta de transformação e, no segundo semestre de 2011, realizou 6.590 atendimentos envolvendo os alunos e a comunidade. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 45 Ensino Superior Pindorama completa dez anos Por Bete Andrade, Assessora de Comunicação H á uma década, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) se tornava pioneira entre as universidades católicas de todo o mundo ao oferecer o Pindorama (programa de oportunidade de estudos e inserção de jovens indígenas na universidade). Segundo um de seus coordenadores, Benedito Prezia 46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Nestes dez anos, 120 estudantes de diferentes etnias indígenas já passaram pelo Pindorama, dos quais 42 se formaram na PUC-SP, em diversas áreas (Pastoral Universitária), o programa é único no mundo até hoje. Nestes dez anos, 120 estudantes de diferentes etnias indígenas já passaram pelo Pindorama, dos quais 42 se formaram na PUC-SP em diversas áreas. São jovens das tribos Atikum, Fulni-ô, Guarani Mbyá, Guarani Nhandeva, Kaimbé, Krenak, Kaxinawá, Pankararu, Pankararé, Pataxó, Além do bom aproveitamento acadêmico, os bolsistas do Pindorama têm de se comprometer a participar de reuniões mensais Potiguara, Terena, Xukuru do Ororubá, Xukuru-Kariri e Xavante, que integram ou já passaram pelos cursos de Administração, Artes do Corpo, Ciências Biológicas, Ciências da Computação, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Economia, Direito, Enfermagem, Engenharia Elétrica, Engenharia Biomédica, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Geografia, Gestão Ambiental, História, Letras, Multimeios, Pedagogia, Psicologia, Secretariado, Serviço Social, Turismo e Tecnologia e Mídias Digitais. Nos últimos anos, as graduações em Serviço Social, Pedagogia e Tecnologia e Mídias Digitais são as que têm mais participantes do Pindorama. Há ainda três ex-alunos do programa que estão cursando Medicina: dois em Cuba e um na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Autonomia Formado em Serviço Social, Edcarlos Pereira do Nascimento trabalha, atualmente, em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). O profissional conta que encontrou no Pindorama a oportunidade que precisava para obter formação mais completa. “Sem o programa, muitos de nós não teríamos concluído, entrado ou até mesmo conseguido nos manter em uma universidade com a qualidade da PUC-SP”, considera. “Precisamos de uma boa formação para trabalharmos para nossas comunidades e conquistarmos autonomia na execução das atividades profissionais em nossas áreas (territórios)”, salienta Nascimento. Da etnia Pankararu, ele acredita que o programa não serve apenas como mecanismo de inserção social, mas permite também a desmitificação da imagem que a sociedade faz do indígena. “Lembro que o primeiro dia de aula foi curioso, pois participei do trote e tive meus cabelos cortados. Em uma aula, a professora comentou que, entre os alunos, havia um indígena na sala. Todos ficaram procurando quem seria e eu estava o tempo todo bem ali na frente deles. Então, me apresentei como indígena Pankararu e alguns estudantes me perguntaram se eu era índio de verdade. Para muito deles era estranho o fato de eu não ter a pele vermelha e os cabelos longos e lisos. Expliquei que a ausência desses itens não me fazia menos indígena, pois eu tinha tradição, princípios e ideologia cultural Pankararu”, conta. Raízes Além do bom aproveitamento acadêmico, os bolsistas do Pindorama têm de se comprometer a participar de reuniões mensais, nas quais são discutidas questões ligadas à vivência universitária. “O grande desafio para o projeto é fazer com que se envolvam nas lutas e atividades de suas comunidades de origem”, enfatiza Prezia. Para Alexsandro Mesquita, aluno do segundo ano de Tecnologia e Mídias Digitais, as reuniões, além de possibilitar o contato entre os alunos indígenas de diferentes cursos, também são a chance que o grupo tem de falar de suas tradições e raízes. “Sou neto de índios, vim para São Paulo pequeno e tive pouco contato com a cultura indígena. Acho muito interessante esse momento de reflexão”, afirma. “O programa me possibilitou ter a formação e trabalhar na área que eu queria, ao mesmo tempo em que pude entrar em contato com minhas origens”, ressalta. Estagiando no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no cargo de designer educacional, Mesquita também está desenvolvendo um projeto de iniciação científica intitulado “O recurso educacional flashmeeting no projeto colaborativo de aprendizagem aberta Openlearn entre Open University e PUC-SP/Tidd”. Para Prezia, se não fosse o Pindorama muitos desses jovens, a maioria de famílias financeiramente carentes, nunca teriam a chance de estudar em uma universidade particular com o nível da PUC-SP. Coordenado inicialmente pelas psicólogas Ana Maria Battaglin e Marisa Penna, o Pindorama está atualmente sob coordenação de Prezia e dos professores Lúcia Helena Rangel (Departamento de Ciências Sociais) e Miguel Perosa (Departamento de Psicologia), da bacharel em Letras Maria Cícera Oliveira (ex-integrante do Pindorama) e de Camila Matoso Violani (Pastoral Indigenista de São Paulo). Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 47 Ensino Superior Centro de Reabilitação retoma atendimento à população Assessoria de Comunicação da Unileste O Centro de Reabilitação Geral (CRG) do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste) reiniciou, neste semestre, os atendimentos à população do Vale do Aço e região. O serviço destinado aos portadores de deficiências físicas, motoras e sensoriais é credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, portanto, gratuito. O professor e fisioterapeuta, Roberto Martins de Andrade, coordenador do Centro de Reabilitação, explica que os atendimentos realizados pelo CRG têm como intuito a prescrição, avaliação, adequação, treinamento e acompanhamento da entrega de órteses, como talas, coletes, tutores, botas ortopédicas, cadeiras de rodas e de banho e, ainda, auxiliares de locomoção: bengala, muleta e andador. O serviço do Centro é conduzido por uma equipe multiprofissional composta por médico ortopedista, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional e abrange um total de 35 municípios, que compõem as microrregiões de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Caratinga. Além da prescrição e avaliação para 48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 entrega dos equipamentos, a equipe faz um trabalho de orientação geral e familiar sobre o uso do material, proporcionando a reinserção social e melhora da qualidade de vida do deficiente. Completa o coordenador do Centro: “O CRG é uma grande conquista para a nossa região, a partir da sua criação, pessoas que antes tinham de se deslocar até Belo Horizonte em busca desse tipo de atendimento, agora podem se tratar aqui mesmo, graças à presença de uma equipe multifuncional. Trabalhamos para que a cada ano nossos serviços possam ser aperfeiçoados, atendendo a um número cada vez maior de pessoas”. FUNCIONAMENTO As pessoas que necessitam dos serviços ofertados pelo CRG do Unileste devem se encaminhar até a unidade de saúde mais próxima de sua residência para serem avaliadas por um profissional da saúde ou, ainda, dirigirem-se diretamente ao Centro de Reabilitação do Unileste, para serem avaliadas pelos profissionais do setor. Somente com essa avaliação é que será dada a confirmação da necessidade do atendimento ou de materiais ortopédicos auxiliares de locomoção. CIDADES ATENDIDAS Ao todo, 35 municípios que integram as microrregiões de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Caratinga e seus municípios adscritos podem ter acesso ao atendimento. Sendo a microrregião de Coronel Fabriciano composta pelos municípios de Antônio Dias, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dionísio, Jaguaraçu, Marliéria, Pingo D’água e Timóteo; da microrregião de Ipatinga fazem parte os municípios de Açucena, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Dom Cavati, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Joanésia, Mesquita, Naque, Periquito, Santana do Paraíso e São João do Oriente. Já a microrregião de Caratinga é composta por Bom Jesus do Galho, Caratinga, Entre Folhas, Imbé de Minas, Inhapim, Piedade de Caratinga, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas, São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, Ubaporanga, Vargem Alegre e Vermelho Novo. Ensino Superior Vitor Lima durante cerimônia de assinatura no Palácio do Planalto Milionésimo beneficiado pelo ProUni Assessoria de Comunicação da UCB U ma cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, marcou a concessão da milionésima bolsa de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni). Vitor Lima Lobo, 20 anos, estudante de Medicina da Universidade Católica de Brasília (UCB) foi o beneficiado de número 1 milhão e assinou o ato de matrícula junto ao reitor da UCB, prof. Cícero Gontijo, tendo como testemunha o então Ministro da Educação, Fernando Haddad. A presidente Dilma Rousseff esteve no evento e elogiou o programa que leva os jovens brasileiros a romper a barreira da oportunidade. “Nós temos de medir uma sociedade pelo grau de oportunidades que ela oferece”, afirmou. No seu discurso, Dilma agradeceu a presença do reitor da UCB, representando todas as instituições de ensino presentes, e contou a história da estudante Lorene Laiane, também estudante de Medicina da UCB, que, graças ao ProUni, realizou o sonho de cursar Medicina. “Graças ao ProUni, hoje, ela estuda em uma das melhores escolas do País, que é a Universidade Católica de Brasília”, afirmou a presidente. O futuro médico Vitor Lima Lobo, 20 anos, nasceu e reside em Goiânia (GO) e é filho único de uma servidora pública aposentada. Bolsista, o estudante fez todo o ensino médio em escola privada e cursos preparatórios para vestibular e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Antes do resultado, ele fez diversos vestibulares para Medicina, sem sucesso. Foi aprovado em Direito e Engenharia Civil em Universidades Federais, mas decidiu continuar estudando para Medicina. Agora, com a boa pontuação no Enem 2011, Vitor garantiu a única vaga para cursar Medicina com bolsa integral na Universidade Católica de Brasília e já fez a matrícula. Ele sonha em ser um médico com visão humanista. “Não se pode tratar o paciente como um número, dar uma receita sem olhar na cara. O médico precisa ouvir, ser mais humano”, diz. ProUni Criado em 2004, o ProUni concedeu as primeiras bolsas de estudos integrais e parciais de 50% do valor da mensalidade no início de 2005. De 2005 ao primeiro processo seletivo de 2012, o programa colocou em cursos de graduação em instituições privadas de ensino superior 1 milhão de estudantes. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 49 Ensino Superior Animação da construção da FEI ao longo de dez anos desde a fundação Uma década de bons resultados Assessoria de Comunicação da FEI C riado em dezembro de 2001 por resolução do Ministério da Educação (MEC), o Centro Universitário da FEI uniu a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), a Faculdade de Informática (FCI) e a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN) em torno de um projeto que visava, essencialmente, ampliar a excelência de seus cursos. Uma década depois, a Instituição festeja os resultados alcançados e traça os 50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 A solidez da estrutura do Centro Universitário e a credibilidade da FEI também se refletem na evolução do número de alunos inscritos e matriculados nos últimos processos seletivos rumos para o futuro, alinhados às novas demandas da educação superior. Ao longo desses dez anos, o Centro Universitário contabiliza uma série de resultados importantes, especialmente relacionados à formação superior, à pesquisa e à geração de conhecimentos. Segundo o reitor da FEI, professor doutor Fábio do Prado, alguns aspectos devem ser considerados como fundamentais para esse sucesso. Um deles é a estrutura organizacional enxuta e suas células administrativas horizontalizadas, que permitem um diálogo eficiente entre todos os agentes acadêmicos e, consequentemente, agilidade nas decisões e ações. Outro ponto importante é o ambiente favorável a um processo de articulação e diálogo para a indução de projetos e iniciativas inter- e multidisciplinares, o que tem resultado em encaminhamentos de propostas conjuntas entre diferentes áreas e cursos. “Esse ambiente tem possibilitado que bons docentes passem a ter espaço em qualquer área, o que contribui para a rápida formatação de redes e fóruns informais de discussão, que é o ponto de partida da investigação intelectual e científica”, reforça o reitor, ao enfatizar que essas redes suportam, sustentam e dão massa crítica a novas metodologias pedagógicas, a linhas de pesquisa e à geração do conhecimento. O professor doutor Fábio do Prado também destaca a importância de a FEI ter se voltado fortemente à pesquisa nos últimos anos, com a criação de um ambiente de investigação científica muito saudável e bem-fundamentado, que cria oportunidades que vão além do saber em sala de aula. “Os alunos têm potencial e o ambiente da pesquisa pode estimular para que se interessem cada vez mais pela busca de novos conhecimentos”, argumenta. RECONHECIMENTO PÚBLICO Desde que começou a institucionalizar a pesquisa, a FEI vem colhendo importantes resultados que se refletem em prêmios. Entre os exemplos estão o International Italian Textile Technology Award, conquistado por alunas da Engenharia Têxtil, e o prêmio do Conselho Regional de Química pelo projeto sobre obtenção de celulose utilizando resíduos de produtos agrícolas. A FEI também foi premiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por ter sido a Instituição de ensino privada que mais utilizou as normas técnicas da base ASTM internacional em atividades de ensino, pesquisa e extensão no ano passado. Além disso, recebeu conceito 4 no Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC, que avalia as instituições a partir de indicadores como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e o percentual de professores com doutorado; e ficou em primeiro lugar na pesquisa do Guia do Estudante, da Editora Abril, como melhor Centro Universitário do Brasil na categoria Organização Acadêmica – Centros Acadêmicos. “Temos a responsabilidade de perpetuar todas essas conquistas por meio de trabalho sério e atento às novas demandas sociais. Os alunos exigem qualidade e temos de dar a eles o que esperam”, enfatiza o reitor Fábio do Prado. A solidez da estrutura do Centro Universitário e a credibilidade da FEI também se refletem na evolução do número de alunos inscritos e matriculados nos últimos processos seletivos, com destaque para a concorrência às vagas dos cursos diurnos de Engenharia. Além disso, houve um aumento efetivo da participação da FEI em editais públicos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em nível de graduação e pós-graduação. A Instituição também conquistou sua participação em diversos programas que prestigiam a qualidade acadêmica, como o Programa CNPq/PBIC Institucional, o Programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal e o acesso gratuito ao Portal de Periódicos da CAPES, entre outros. “A FEI não é apenas uma ótima Instituição de ensino superior, mas tornou-se referência em educação superior. A FEI é um projeto consistente e este é o momento de consolidarmos a sua expansão”, conclui o reitor. Uma década depois, a Instituição festeja os resultados alcançados e traça os rumos para o futuro, alinhados às novas demandas da educação superior Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 51 Agenda ANEC Calendário de Eventos do Segundo Semestre de 2012 Julho 05 a 08. ExpoCatólica - SP (Eb/Es/Ma) 17 a 10. IV Congresso Nacional Marista de Educação - SP (Eb/Es) 23 a 27. Congresso da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) - SP Agosto 16, 17 e 18. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - GO (Eb/Es) 18. Encontro de Educadores Católicos - ES (Eb/Es) 23 e 24. Fórum de Pró-Reitores - SP (Es) 23. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb) 24. Encontro: Cultura Indígena na Escola - RS (Eb) 31. Encontro Nacional da Pastoral na Educação - RS (Eb/Es) 30 e 31. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PR (Eb/Es) Setembro 01. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PR (Eb/Es) 04. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb/Es) 13. II Encontro de Educadores Católicos - RS (Eb/Es) 14. Curso de Capacitação da Pastoral - RS (Eb/Es) 13, 14 e 15. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PA (Eb/Es) 17 e 18. Assembléia Ordinária da ANEC e V Fórum Nacional de Mantenedoras da ANEC (Eb/Es/Ma) 27. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb) Outubro 04 e 05. Seminário de Gestão Acadêmcia - PR (Es) 05. Escola em Pastoral - ES (Eb/Es) 05 e 06. Encontro de Educadores de Obras Sociais - SP (Eb/Es) 07. Missa dos Professores - GO (Eb/Es) 12 a 14. Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (Es) 18, 19 e 20. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PE (Eb/Es) 28. Missa dos Vestibulandos - GO (Eb) Novembro 08 e 09. Seminário de Gestão Acadêmica - ES (Es) 09. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - RS (Eb/Es) 22. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - ES (Eb/Es) 22 e 23. Seminário de Gestão Acadêmica - BA (Es) 24. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - SP (Eb/Es) 25. Missa de Ação de Graças pelo Término do Ano Letivo - GO (Eb/Es) 30. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - PR (Eb/Es) Legenda/Público-Alvo - (Eb): Educação Básica (Es): Ensino Superior (Ma): Mantenedoras Educação Básica Encontro das Escolas Católicas reúne 600 educadores Jeline Rocha, Assessoria de Imprensa do Colégio La Salle Abel (RJ) E ntre os preparativos para o início do ano letivo de 2012, as instituições católicas de Niterói (RJ) estiveram reunidas no já tradicional Encontro das Escolas Católicas de Niterói que, pelo quarto ano consecutivo, teve o Colégio La Salle Abel como anfitrião. Realizado no Teatro Abel, o evento contou com quase 600 educadores de oito colégios: São Vicente de Paulo, São José, Salesiano (Santa Rosa e Região Oceânica), Assunção, Divina Providência e Sagrado Coração, Nossa Senhora das Mercês e o Abel. Juntas, essas instituições levam a formação humana e cristã a 12 mil alunos da cidade. 54 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2011 Realizado no Teatro Abel, o evento contou com quase 600 educadores de oito colégios Organizado pela professora Solange Lemos, coordenadora de Ensino Religioso do Abel, e pela Ir. Jussara Alves, diretora do Mercês, o encontro foi aberto pelo Ir. Walysson Guimarães (que acaba de chegar à Comunidade de Irmãos Lassalistas de Niterói para integrar o Serviço de Pastoral da escola), e teve missa celebrada pelo Pe. Marcelo Gomes (dos colégios Nossa Senhora das Mercês e do São José) e pelos Pe. Antônio Sobrinho e Ronnie Diniz, sacerdotes do Abel. Na missa, o Pe. Marcelo frisou a importância da fé e da sabedoria no dia a dia dos educadores, abençoados no fim da celebração seguida de coffee break. Em seguida, os convidados ouviram a palestra “os desafios da Educação na nova sociedade do conhecimento”, da psicóloga e psicanalista Viviane Mosé, doutora em Filosofia e comentarista da CBN, do Sistema Globo de Rádios. Viviane recepcionou a plateia destacando a vida como bem maior e inserindo o importante papel dos professores na formação dos cidadãos, em especial, crianças e jovens. Em uma hora de fala com momentos provocantes, emocionantes e descontraídos, a psicóloga alertou para a necessidade de os educadores se atualizarem e buscarem sempre a inovação como forma de acompanharem as mudanças na sociedade. Disse a especialista: “Afinal, a sociedade vem substituindo o modelo de estrutura vertical, do eu mando e você obedece, pelo modelo horizontal, em que todos participam da construção do conhecimento. O educador precisa se preparar para enfrentar a crise produzida pelo somatório de várias crises vividas nos últimos anos. Ele precisa se atualizar tecnologicamente e entender Evento reúne 600 educadores de oito colégios no Teatro Abel em Niterói (RJ) O educador precisa se preparar para enfrentar a crise produzida pelo somatório de várias crises vividas nos últimos anos que os novos recursos virtuais tornam o processo ensino-aprendizado muito mais interessante e eficiente”. O conteúdo da palestra de Viviane vem sendo seguido à risca no La Salle Abel, com atividades como cursos e encontros que proporcionam a atualização profissional. Um exemplo é a Jornada Pedagógica realizada em todo início de ano letivo como forma de integrar os professores depois das férias e informar sobre as novidades. “Esse ano mesmo, estamos com uma série de novidades no Serviço de Pastoral, que ganhou uma equipe maior para desenvolver mais projetos com foco em emoções sociais e em frentes que atraiam ainda mais a participação de nossos jovens nos grupos pastorais”, diz o Ir. Arno Lunkes, que dirigiu o Abel desde 2007 e assumiu no dia 1º de fevereiro a Direção da Missão Educativa e de Pastoral da Nova Província La Salle Brasil-Chile, responsável por mais de 70 unidades lassalistas existentes no Brasil, Chile e Moçambique. Informativa Educacional 2011 :: Revista da ANEC 55 Educação Básica A Casa da Cultura e dos Esportes Tuna Serzedello e Marcia Guerra, Assessoria de Comunicação do CSL O Colégio São Luís em São Paulo, vai criar mais um marco histórico na instituição. Comemorando 145 anos em 2012, e seguindo as ações previstas no planejamento estratégico (2010-2014), o Colégio vai ganhar um novo complexo esportivo e cultural. A obra de grande porte, que foi aprovada pelo Pe. Geral Adolfo Nicolás – com autorização de Roma –, é mais um investimento dos jesuítas na qualidade de ensino e na modernização das instalações do seu mais antigo Colégio no Brasil. 56 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 O projeto prevê um espaço para apresentações de música e dança dos alunos, com iluminação e tratamento acústico adequado Além de um novo ginásio poliesportivo, que substituirá o antigo, construído na década de 1950, o projeto prevê um espaço para apresentações de música e dança dos alunos, com iluminação e tratamento acústico adequado. A geometria e o acabamento do prédio serão reconfigurados para que se atinjam níveis de excelência de conforto térmico, acústico e visual. As arquibancadas fixas serão substituídas por uma removível, o que permitirá ter duas quadras para treinos no lugar de uma só. No novo edifício, ainda serão construídas salas para a prática de esportes e cursos extras, vestiários e um campo de futebol de grama natural, cercado por uma pista de O novo espaço multiuso se destacará pelo projeto arquitetônico arrojado O projeto prevê a substituição das arquibancadas fixas por removíveis atletismo ao ar livre para compor um “telhado verde”. A sala de bolas e a sala dos professores de educação física também serão reposicionadas e modernizadas, tornando-se mais acessíveis e mais bem integradas às atividades dos alunos. CONFORTO TÉRMICO Aproveitando o porte da obra, o Colégio vai atender a uma antiga solicitação dos pais e cobrir a área da piscina semiolímpica que já existe ao lado da lanchonete. A cobertura terá um sistema de vedação que permitirá o uso seguro e confortável, tanto durante os meses de chuva quanto no inverno, completando a qualificação iniciada pela instalação do sistema de aquecimento de água. Prevista para iniciar em julho deste ano, a obra está sendo planejada desde o ano passado Os vestiários passam a ser exclusivos da natação, ampliados e modernizados, além de mais acessíveis e seguros, agora situados no mesmo nível da piscina. Já as quadras descobertas ganham nova iluminação, mais confortável visualmente e adequada às práticas esportivas. PREPARATIVOS Prevista para iniciar em julho deste ano, a obra está sendo planejada desde o ano passado, quando teve sua aprovação final. O mais importante para o Colégio São Luís é que, durante os trabalhos, seus alunos continuem mantendo as mesmas aulas de educação física e esportes, porém nas demais quadras disponíveis em todo o Colégio. A equipe de esportes já preparou uma grade horária prevendo a não utilização do Ginásio por um período. O novo espaço multiuso do São Luís se destacará no entorno pelo projeto arquitetônico arrojado e pelas soluções tecnológicas que minimizarão o impacto das obras e contribuirão para uma maior sustentabilidade ecológica do edifício. Toda a equipe de manutenção e segurança do Colégio já está envolvida nesse projeto e estudando cada detalhe para que a rotina dos alunos e da região seja mantida. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 57 Educação Básica A aluna é redatora da Revista Viração, publicação nacional voltada aos jovens Estudante representa Brasil em evento da ONU Por Ana Cosenza, Assessora de Imprensa da RSE C arolina Quirino, aluna do 3º ano do Ensino Médio da Rede Salesiana de Escolas/Instituto São José de Resende (RJ), foi uma das cinco pessoas escolhidas no Brasil para fazer parte da coordenação jovem da “Rio+20”. A conferência, realizada em junho de 2012 no Rio de Janeiro (RJ), é promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reune líderes de todo o mundo para discutir meios de transformar 58 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Carolina e um líder de Curitiba ficaram responsáveis por desenvolver o tema "alimentação, estudando e apontando as deficiências e necessidades do País nesse assunto o planeta em um lugar melhor para se viver. O objetivo dos chamados “coordenadores jovens” será expandir e divulgar a conferência para a juventude. Carolina recebeu a confirmação sobre sua participação em janeiro. “Era madrugada quando o e-mail chegou. Nem acreditei quando li a mensagem, que veio em inglês”, contou a estudante, aluna da RSE desde a Educação Infantil. A ONU não divulga quantas pessoas participaram da seleção, mas estima-se que eram milhares de candidatos de todo o Brasil. COMPROMISSO A aluna salesiana conheceu o concurso pelas mídias sociais e, para concorrer, se inscreveu no site das Nações Unidas. Lá, manifestou o interesse em se envolver com a sustentabilidade e escreveu sobre a sua experiência com trabalhos voluntários, que realiza desde os 14 anos por intermédio da escola salesiana. Carolina sempre participa de atividades solidárias, como distribuição de alimentos e monitoramento escolar. Em 2011, criou o projeto “Jovem Amigo”, que incentiva os estudantes a realizar trabalhos voluntários em abrigos, asilos e comunidades carentes. Na inscrição, ela citou também a sua atuação como redatora para a Revista Viração, uma publicação nacional voltada para os jovens. As informações foram suficientes para a sua seleção. Dos cinco eleitos, ela é a mais nova, com apenas 17 anos. Os outros quatro têm entre 21 e 26 anos e são dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Cada país participante tem um grupo de coordenadores jovens. ARTICULAÇÃO No Brasil, outras nove pessoas atuam em parceria com a coordenação. Carolina já passou a se reunir todos os dias, via internet, com os colegas. O primeiro trabalho concreto será um levantamento básico dos problemas do Brasil na área de sustentabilidade e como a juventude pode colaborar para melhorá-los. A estudante já participou de uma videoconferência em inglês, acompanhada por coordenadores do mundo inteiro. “Estou entrando em um universo novo, muito interessante. Tem até gente do Afeganistão e do Carolina Quirino durante trabalho voluntário que realiza desde os 14 anos Sudão me adicionando no Facebook”, revela a aluna. As frentes de trabalho foram divididas. Carolina e um líder de Curitiba ficaram responsáveis por desenvolver o tema “alimentação”, estudando e apontando as deficiências e necessidades do País nesse assunto. O grupo também recebeu da ONU subsídios para palestras e workshops. Carolina está preparando uma forma de divulgar o tema e a Rio+20 em blogs e redes sociais. A aluna pensa ainda em desenvolver alguma atividade ligada ao tema no colégio. Ela frisa que esse grupo não trabalha na ONU e nem fala em nome da instituição, mas reconhece que está sendo uma experiência única. “Meu grande sonho é trabalhar na UNICEF, e tenho certeza de que esse trabalho vai me dar vivência para buscar esse objetivo”, concluiu. A aluna salesiana conheceu o concurso pelas mídias sociais e, para concorrer, se inscreveu no site das Nações Unidas Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 59 Educação Básica O projeto baseou-se na ideia de Michael Christensen, um palhaço americano Projeto Irmãos da Alegria Assessoria de Comunicação da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima A Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, a partir das atividades desenvolvidas nas aulas de teatro, atendeu e apoiou a implantação de um projeto dos educandos de atender as crianças carentes, internadas em hospitais, creches e até alunos de escolas da rede pública. Conhecido como Projeto Irmãos da Alegria, a atividade baseou-se na ideia de Michael Christensen, um palhaço americano que, em 1986, levou alegria às crianças enfermas que não puderam estar presente durante a sua apresentação no hospital de Nova York. Em 1991, Wellington Nogueira – que fez parte da trupe de Michael Christensen na década de 1980 – desenvolveu um trabalho semelhante no Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo, o projeto “Os Doutores da Alegria”. Estudos realizados em torno dos projetos revelaram que atividades lúdicas favorecem significativamente o estado clínico das crianças. Com o Projeto Irmãos da Alegria, a escola Franciscana pretende abrir uma nova perspectiva, uma alegria transformadora e uma metodologia com o propósito de ser participativa, crítica e libertadora. A alegria de Francisco se traduz no esvaziamento do egoísmo, na renúncia de possuir e dominar, na humildade e paciência. A aluna do 8° ano, Maria Elizabete Ferreira, integrante do projeto, descreve o importante papel do grupo diante da tarefa de transmitir a alegria: “Desde o momento em que me arrumava para essa nova experiência, já batia um frio na barriga e o medo de dar errado. Até chegar ao local, ia pensando em cada rostinho que iria ver. Tentava, de qualquer jeito, lembrar do amor e do carinho que meus pais tiveram comigo quando eu era criança. Então, eu tentava passar esse amor e carinho para as crianças. Ao final, sempre conseguia o que mais queria: um sorriso. E isso me deixou feliz por fazer a diferença, nem que fosse por um segundo, ser a felicidade no momento da tristeza”. A escola pretende voltar a aplicar o projeto este ano. Segundo os coordenadores da instituição de ensino, a atividade atendeu todas as expectativas dentro e fora da sala de aula. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 61 Educação Básica Evento recebeu representantes da Arquidiocese de Brasília, diretores de escolas católicas e coordenadores de Pastoral e Catequese Bote Fé em Brasília Assessoria de Comunicação do Colégio Marista João Paulo II H á pouco mais de um ano para ocorrer a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada pela primeira vez no Brasil (entre os dias 23 e 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro), o Colégio Marista João Paulo II recebeu representantes da Arquidiocese de Brasília, diretores de escolas católicas e coordenadores de Pastoral e Catequese em uma reunião. No Salão de Atos da Escola, o Arcebispo de Brasília, Dom Sergio da Rocha, em parceria com a ANEC, organizou e motivou os presentes a participarem do projeto Bote Fé, em preparação ao recebimento da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora, que estarão em Brasília nos dias 12 e 13 de maio. O Bota Fé promove um conjunto de atividades que une todos em volta desta visita da Cruz e do Ícone para 62 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 celebrar a mensagem própria que esses símbolos carregam e proporcionar situações propícias para o desenvolvimento da evangelização da juventude em cada realidade. “Somos convidados a peregrinar juntos na vida fraterna, assumindo, com os jovens, a grande causa da evangelização”, diz o arcebispo. Jornada Mundial da Juventude A JMJ foi criada pelo Papa João Paulo II, em 1985, e consiste num encontro de centenas de milhares de jovens católicos. Ela acontece a cada dois ou três anos, em uma cidade escolhida para celebrar a grande jornada, e conta com participação de pessoas do mundo inteiro. A capital do Rio de Janeiro foi selecionada pelo Papa Bento XVI para sediar a JMJ em 2013. São esperados mais de 3 milhões de jovens de todas as partes do mundo no encontro. Em 1984, durante o Jubileu Internacional da Juventude, em Roma, o Papa João Paulo II entregou aos jovens um símbolo: uma grande cruz de madeira, para que a levassem por todo o mundo, a todos os lugares e a todo tempo. No ano de 2003, o mesmo papa confiou aos jovens um segundo símbolo de fé para ser levado pelo mundo: o Ícone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani, uma cópia contemporânea de um antigo e sagrado ícone encontrado na primeira e maior basílica para Maria, a Mãe de Deus, no ocidente: Santa Maria Maior. A Cruz da JMJ, como ficou conhecida, e o Ícone de Nossa Senhora chegaram ao Brasil, mais precisamente em São Paulo, no dia 18 de setembro de 2011 e percorrerão todo o país até chegar ao Rio de Janeiro no ano que vem. Câmara dos Deputados Especial Newton Lima Neto (PT/SP), Deputado federal e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados Entrevista com o presidente da CEC Por Lana Canepa, Jornalista da ANEC A Câmara dos Deputados elegeu no mês de março de 2012 o novo presidente da Comissão de Educação e Cultura (CEC). Escolhido por unanimidade entre os membros da Comissão, o deputado federal Newton Lima Neto (PT/SP) ocupará a pasta por dois anos. Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, Newton foi reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) de 1992 a 1996 e prefeito de São Carlos (SP) entre 2001 e 2008. O deputado já ocupou a função de presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), assim como os cargos de vice-presidente do Instituto Universidade-Empresa (UNIEMP), de secretário-geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e Conselheiro da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). 64 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Eu tenho dito que valorizar o magistério e promover educação em tempo integral são os dois elementos integrais para que a gente possa atrair cada vez mais jovens para a carreira Para falar sobre as metas prioritárias da educação para este ano no Parlamento, assim como conhecer mais o novo presidente da Comissão, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil entrevista o deputado Newton Lima Neto. ANEC – Como a Comissão de Educação pode ajudar a reverter o número de não leitores no Brasil? Newton Lima – Do ponto de vista da cultura, promover maior acesso ao livro, isso quer dizer: diminuir custos e criar centros gratuitos de difusão da leitura. Isso pode e deve ser feito por intermédio dos pontos de cultura e do vale cultura, instrumentos de popularização do acesso à leitura. Considerando a educação, podemos melhorar a qualidade para que mais brasileiros sejam não só alfabetizados, mas tenham capacidade de compreender a leitura. São desafios muito grandes que governadores, prefeitos e o governo federal certamente estão cada vez mais empenhados, mas isso depende também das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que estamos discutindo na Câmara, pois estabelece indicadores bastante ousados de universalização da educação de tempo integral, fundamental para que tenhamos melhor qualidade de ensino e valorização do magistério. Eu tenho dito que valorizar o magistério e promover educação em tempo integral são os dois elementos integrais para que a gente possa atrair cada vez mais jovens para a carreira, que é estratégica, e Do ponto de vista da cultura, promover maior acesso ao livro, isso quer dizer: diminuir custos e criar centros gratuitos de difusão da leitura que os jovens tenham na escola uma educação integral bem integrada. Quando eu falo em educação integrada, entra a cultura e, daí, o convênio assinado entre os dois ministérios (da Cultura e da Educação), promovendo na educação fundamental maior participação das atividades culturais, particularmente da leitura. Teremos um canal extraordinário para isso. A dupla jornada de ensino não será de reforço escolar, só para suprir as carências que vêm se acentuando ano após ano na formação do estudante brasileiro. Um dos meios pedagógicos mais corretos de melhorar a qualidade de ensino é ter atividades complementares, que envolvam a sociabilidade do jovem. Isso é possível com o esporte e a educação profissional em diversos níveis da educação básica. A decisão da presidenta Dilma é antecipar a meta da metade das escolas ter dupla jornada, ou seja, curso integral, para 2014. Isso é demais auspicioso e vai nos ajudar na superação dos indicadores de baixo grau de leitura. Eu acredito que existem outros mecanismos fundamentais e que podem ajudar, como as organizações governamentais trabalhando, desta forma, a própria perspectiva de melhora econômica que vem acontecendo no Brasil e leva os pais a se letrarem mais, terem mais interesse pela leitura. Uma coisa que todos nós, que tivemos acesso e gostamos da leitura, sabemos é a importância do papai e mamãe da gente contar história quando somos criança. E isso só se dá quando o nível de escolaridade aumenta. O principal desafio então está no PNE, para que governadores e prefeitos cumpram a sua tarefa de, ao lado da universalização da educação básica, da ampliação das áreas de educação superior e do fortalecimento da educação técnica, oferecer, de fato, valorizar o professor como mola mestra deste processo. ANEC – E quanto ao novo PNE. Como está a negociação em torno do tema? Newton Lima – Desde o início do orçamento, sabíamos que a emenda n° 20 seria mais complexa. No primeiro PNE, quando o então presidente Fernando Henrique Cardozo apreciou o resultado do Congresso Nacional, foi vetado, justamente, entre outras metas, a dos 7%, que deveríamos ter atingido em 2010. Conclusão: terminamos com 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o que responde a todas as nossas indagações sobre o porquê da baixa qualidade, dos baixos salários e dos altos índices de evasão e repetência. Os países que fizeram a opção por maior investimento são os que mais se dão bem hoje no comércio exterior de bens manufaturados com valor agregado. É simples assim! Nós, então, precisamos lutar pelo máximo possível. Há uma vantagem: o presidente Lula incorporou a proibição do veto presidencial a tal dispositivo. Desta forma, a presidenta Dilma, quem a suceder daqui dez anos e estiver no comando da nação para definir o terceiro PNE não vai poder vetar essa meta – ao menos que o Congresso mude o que já foi conquistado por Proposta de Emenda a Constituição (PEC). Essa é uma diferença fundamental e o governo, responsavelmente, em função das questões macroeconômicas e perspectiva de crescimento da economia e conflitos internacionais, estabeleceu o número de 7% do PIB, o que já representará aumento. Com o final do governo Lula chegamos a 5% do PIB, ainda insuficientes, mas uma elevação bastante razoável que nos permitiu duplicar as várias universidades públicas, estabelecer o Programa Universidade para Todos (ProUni), ajudar os estados e municípios a ampliar escolas, fazer um conjunto de avanços educacionais inigualáveis e incomparáveis. Contudo, ainda estamos muito carentes. O ideal, sempre defendi isto, são os 10%, não porque qualquer nação do mundo pratique isto, mas pelo fato de que assim podemos resgatar e voltar a um patamar – quer por questões demográficas, quer por atendimento – de valores médios na ordem dos 7%, padrão praticado na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), por exemplo. Então, o relator chegou a um valor na ponta do lápis, expandindo algumas das metas, que será apresentado nos próximos dias. Esperamos que possa entrar mais rapidamente em votação, antes de junho, pois após esse perído as coisas complicam, já que há eleições. ANEC – Além do PNE, quais são as metas da CEC para este ano? Newton Lima – Na cultura, estamos tratando de assuntos muito importantes, como acompanhar a evolução de pontos de cultura e direitos autorais. Na pasta da educação, que tem à frente o ministro Mercadante, temos necessariamente quatro compromissos imediatos: aprovar efetivamente 70 mil vagas para a educação superior dos institutos federais de educação técnica e tecnológica, que inclusive já passaram por duas comissões; quanto ao piso salarial, definir o mecanismo de atualização dos valores, já aprovado na Casa mas em rediscussão, buscando um que não prejudique a atualização da remuneração dos professores na direção daquilo que queremos ter daqui há dez anos: o salário do magistério equiparado ao de mercado e, ao mesmo tempo, uma regra que não coloque os governadores e prefeitos em confronto com a Lei de Responsabilidade Fiscal; a Lei de Responsabilidade Fiscal, em debate na Casa; e retomar as questões da reforma da educação superior. Certamente são temas que já estão pautados. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 65 Especial JMJ 2013: o Brasil em festa Pablo Mundim, Jornalista da ANEC A comunidade católica do Brasil está em festa. Os trabalhos minuciosos nos diferentes estados da Federação apontam para o maior e melhor evento dos últimos anos da história da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que em 2013 será realizado no Rio de Janeiro (RJ). Inédito no país, o encontro foi criado em 1986 pelo então João Paulo II e já reuniu, segundo estimativas do Vaticano, aproximadamente 13 milhões de jovens católicos, e não católicos, ao longo de 25 anos. Até hoje, de cidades já receberam a jornada: Buenos Aires, na Argentina (1987); Santiago de Compostela, na Espanha (1989); Czestochowa, na Polônia (1991); Denver, nos Estados Unidos (1993); Manila, nas Filipinas 66 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 É um desafio, obviamente, uma vez que há necessidade de preparação para o evento (1995); Paris, na França (1997); Toronto, no Canadá (2002); Colônia, na Alemanha (2005); e Sidney, na Austrália (2008) e Madri, na Espanha (2011). Durante a última edição, realizada em Madri (Espanha), o papa Bento XVI confirmou o Brasil como destino para a próxima JMJ. A vinda do papa representará a segunda visita do pontífice ao Brasil e a primeira ao Rio – ele esteve no país em maio de 2007, mas visitou apenas a capital paulista e o santuário de Aparecida do Norte. Antes de se tornar papa, Joseph Ratzinger esteve no país duas vezes, sendo a primeira delas em 1985 e a segunda em 1990. Os símbolos de representação da Jornada Mundial da Juventude, Cruz da JMJ e o Ícone de Maria, já estão cumprindo um itinerário pelas paróquias do Brasil. Eles desembarcaram aqui em setembro do ano passado e vão peregrinar por todo o país e também pelos vizinhos do Cone Sul. Os símbolos foram recebidos em São Paulo e estão percorrendo todas as 17 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Até 30 de outubro, a Cruz da JMJ e o Ícone de Maria passaram pelas sete províncias eclesiásticas do Regional Sul 1 da CNBB, que corresponde ao estado de São Paulo. Depois, os símbolos seguiram para o Regional Leste 2, composta por Minas Gerais e Espírito Santo, onde ficaram ao longo de novembro. No mês seguinte, foi a vez da Regional Nordeste 3, composta pelos estados da Bahia e de Sergipe, recebê-los. A peregrinação segue ao longo de todo o ano de 2012. Em dezembro deste ano a Cruz e o Ícone deixam o Brasil e visitam os vizinhos Paraguai, Uruguai, Chile e Argentina. Já em janeiro de 2013, retornam para concluir o itinerário no Sul do Brasil. A etapa final acontecerá no Sul de Minas Gerais, no Vale do Paraíba (SP) e, finalmente, no estado do Rio de Janeiro, onde os símbolos chegam em abril. Em Brasília, a passagem da Cruz da JMJ e do Ícone de Maria está prevista para os dias 12 e 13 de maio. Toda a articulação e os preparativos para a festa na capital federal estão sendo realizados pela ANEC e pela Arquidiocese local. Reuniões entre representantes da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil e o arcebispo do Distrito Federal, Dom Sérgio da Rocha, além de diretores de escolas católicas do DF, dirigentes de Instituições de Educação Superior (IES), presidentes de entidades mantenedoras, diretores de obras sociais e coordenadores de pastoral e catequese estão sendo fundamentais para que o evento ocorra conforme o programado. No Rio de Janeiro, a festa, em 2011, teve show musical e apresentações artísticas de dança e teatro. De acordo com o membro da Comissão Administrativa da CNBB para a Jornada Mundial da Juventude, Hugo José Cysneiros, cerca de 20 mil Hugo José Cysneiros, Membro da Comissão Administrativa da CNBB para a Jornada Mundial da Juventude O encontro foi criado em 1986 pelo então João Paulo II e já reuniu, segundo estimativas do Vaticano, aproximadamente 13 milhões de jovens católicos, e não católicos, ao longo de 25 anos pessoas participaram do Evento Bota Fé Brasília. Cysneiros enfatiza que o foco da peregrinação é o fiel, o povo, a juventude sobretudo. “Este evento foi pensado, desde o primeiro momento, especificamente para o jovem, tanto que o nome dele em português (Jornada Mundial da Juventude) ou em inglês (World Day of Youth) tem a figura do jovem como o sujeito central. E o evento completa tantos outros que a Igreja promove em searas como a família e a vida consagrada. Como isto pode representar um reforço ou reavivar a fé da juventude? Primeiro, é demonstrando que a juventude é protagonista na Igreja, assim como é muito importante. Segundo, a Igreja deposita na juventude a continuação de seu espaço, da sua obra, sua missão, portanto é um chamamento muito forte, e nunca esquecendo de que quem a criou foi o papa João Paulo II, o que de fato dá um apelo muito forte à juventude. O membro da Comissão Administrativa da CNBB acredita que o evento reunirá cerca de 4 milhões de pessoas no Rio de Janeiro em 2013. “Há a expectativa de que o evento tenha participação expressiva, uma vez que a última JMJ na América Latina ocorreu na década de 1980, e, logicamente, não desconsiderando que o Brasil é o país com a maior população católica do mundo e também tem vizinhos nos quais o catolicismo é muito forte. É um desafio, obviamente, uma vez que há necessidade de preparação para o evento”, complementa Cysneiros. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 67 Especial Educação em pauta Pablo Mundim, Jornalista da ANEC H texto envolve duas vertentes: reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou pelo INPC somado ao percentual de crescimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Mercadante, no entanto, alertou que qualquer regra sobre o tema deve prever um aumento real, acima da inflação, para o valor do piso. “Se quisermos melhorar a educação no País, devemos ter uma boa carreira, que seja atraente para os melhores profissionais”, argumentou. O Ministro também pediu apoio aos membros da Comissão para aprovação do Projeto de Lei 2134/11, de autoria do Poder Executivo, que cria 44 mil postos efetivos, cargos de direção e funções gratificadas em universidades públicas federais e escolas técnicas federais (institutos federais de educação, ciência e tecnologia – IFETS). “Se não tivermos essas vagas de professores, não temos como expandir o ensino técnico. Essa é uma questão suprapartidária e precisamos nos mobilizar em torno dela”, disse. A proposta, que tramita de forma conclusiva, já foi aprovada pelas comissões de Educação e Cultura; e de Trabalho, de Administração e Serviço Público. Ela ainda será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e de Cidadania. O encontro também serviu para o Ministro Mercadante anunciar as novas regras para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), com o objetivo de reduzir fraudes. Segundo ele, a prova, aplicada uma vez ano e atualmente prestada somente pelos formandos, será realizada também pelos alunos do penúltimo semestre. Na prática, a medida vai evitar que universidades atrasem a formatura de seus piores alunos para melhorar suas médias gerais no exame. De acordo com denúncias encaminhadas ao Ministério da Educação, isso vinha ocorrendo na Universidade Paulista (UNIP), mas a instituição nega qualquer tipo de manobra ou irregularidade. Segundo Mercadante, a medida deve evitar qualquer “procedimento que não assegure a efetiva avaliação dos alunos”. O Ministro também ressaltou a importância de medir a qualidade do ensino oferecido. Além das novidades para o ENADE, outros mecanismos de avaliação interna e externa serão utilizados em breve. Câmara dos Deputados á pouco tempo na cadeira de Ministro da Educação, Aloizio Mercadante já expôs algumas diretrizes que considera importantes para a educação brasileira. Durante audiência pública na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados no mês de março, ele falou aos parlamentares sobre metas até 2014, que segundo previsão do governo incluem a construção de creches e pré-escolas, redução da taxa de evasão da escola e analfabetismo entre as crianças com menos de oito anos, reajuste do piso do magistério, entre outros temas. O Ministro da Educação defendeu a aprovação, ainda para o primeiro semestre deste ano, do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê metas para o próximo decênio. Em análise na Câmara, o Projeto de Lei 8035/10, que trata do Plano, tramita no Congresso desde dezembro de 2010. Entre os temas mais polêmicos da matéria esta a porcentagem a ser investida em educação conforme o Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, União, Estados e Municípios aplicam, juntos, 5% do PIB na área. O governo havia sugerido o aumento desse índice para 7% em uma década, mas entidades da sociedade civil pedem pelo menos 10%. Mercadante não defendeu nenhum dos índices, mas afirmou que qualquer valor aprovado deve ser “viável e sustentável no longo prazo”. Outro assunto enfatizado por Mercadante é quanto ao piso salarial dos professores, que neste ano foi reajustado em cerca de 20% e soma R$ 1.451. Prefeitos e governadores reclamam da falta de verbas para cumprir a lei do piso, aprovada pelo Congresso em 2008. Uma proposta em análise na Câmara fixa fórmula para reajuste anual do valor. O Ministro Aloizio Mercadante durante audiência na Câmara dos Deputados Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 69 Especial Mudanças no ENADE Lana Canepa, Jornalista da ANEC O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) foi criado em 2004 com o objetivo de avaliar o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação ao conteúdo programático. A ideia é que todos os cursos e alunos sejam avaliados no mínimo a cada três anos, garantindo a qualidade do ensino oferecido no Brasil, o que faz com que fiscalização seja cada vez mais necessária. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP) mostram que o ensino superior cresceu pelo menos 110% na última década: hoje são mais de 3,5 milhões de alunos matriculados. O número reflete muitos fatores, entre eles a mudança provocada pelo desenvolvimento da economia e das oportunidades de ensino, e também um grande aumento da oferta de cursos pelo Brasil afora. São mais de 2,3 mil instituições de ensino superior no país. Mas aluno matriculado não é sinônimo de aprendizado se a qualidade do ensino não for boa. Por conta disso, o exame foi criado e é obrigatório, além de condição indispensável para a emissão do histórico escolar, conforme consta no site oficial do Ministério da Educação (www.mec.gov.br). As tentativas de fraudes para burlar o exame são frequentes. Uma das formas mais comuns de maquiar o resultado do exame é reprovar alunos com pior desempenho em algumas matérias e aprovar no último semestre os melhores da turma. Desta maneira, chegam primeiro no estágio exigido pelo governo para a realização da prova e, assim, parecem ser maioria. Para evitar fraudes como a seleção dos alunos, o Governo anunciou mudanças no exame que entram em vigor já neste ano. Agora, além dos formandos, serão obrigados a fazer a prova os alunos que, até o término das inscrições para o teste, tenham concluído 80% da carga horária do curso. Alguns especialistas questionam o efeito da medida. É o caso de José Francisco Soares, especialista em avaliação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ele, incluir mais uma prova não vai resultar em menos fraudes das universidades particulares. “O problema é endêmico e as causas deste comportamento são várias. A constatação feita recentemente de que algumas universidades selecionam, por meio de estratégias variadas, os alunos para fazerem o ENADE, repete algo que ocorre também em outros níveis de ensino. Por exemplo, o INEP divulga a nota das escolas de ensino médio no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) considerando apenas os alunos que fizeram a prova, apesar de saber que este grupo não representa de forma adequada as escolas. Esta decisão enseja a seleção de alunos. Na Prova Brasil, o percentual de ausentes no dia do teste chega a mais 25% no nono ano – oitava série”, exemplifica. De acordo com ele, é necessário criar sistemas eficientes que garantam um retrato verdadeiro sobre a qualidade do ensino. “No ensino superior, o que o país precisa é criar sistemas que permitam verificar quanto cada instituição de ensino superior, pelos seus méritos próprios, agregou a seus alunos. Isto será possível com o uso do ENEM como linha de base. Neste caso, a comparação será mais justa, a descrição muito melhor e espera-se resistência menor. E os resultados também seriam muito diferentes. Grande parte do que hoje é observado em muitas universidades é fruto da qualidade dos alunos admitidos e não da qualidade do ensino das instituições”, ressalta. Soares enfatiza que uma boa avaliação de ensino gera efeito positivo. “O aluno, em qualquer nível de ensino, tem o direito de ser avaliado pelos seus professores para que suas deficiências de aprendizado possam ser sanadas. Mas o Estado que autoriza o funcionamento das escolas precisa também conhecer como elas estão atendendo seus alunos, ou seja, são necessárias avaliações internas e externas. Ambos os tipos são precisos e vão gerar sempre algum desconforto aos avaliados, mas fazem parte do cenário educacional”, complementa. A coordenadora da Câmara de Educação Superior da ANEC, Francine Junqueira, acredita que neste sentido as católicas estão em vantagem, pois, além da tradição, as instituições estão sempre preocupadas em medir a qualidade do ensino oferecido. “Avaliar é prioridade para as instituições de ensino superior católicas. São mecanismos de avaliação inteligentes que estimulam a competitividade e a transparência e podem produzir efeitos significativos em termos de qualidade para o ensino superior”, avalia a coordenadora. A medida foi publicada mediante portaria no Diário Oficial da União oficializando as mudanças. O documento refere-se aos concluintes dos cursos de Administração, Ciências contábeis, Ciências econômicas, Comunicação social, Design, Direito, Psicologia, Relações internacionais, Secretário executivo e Turismo. Além das habilitações em tecnologia das áreas de Gestão comercial, Gestão de recursos humanos, Gestão financeira, Logística, Marketing e Processos gerenciais. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 71 Serviços Novas regras para correção das redações do Enem As novas regras de correção das redações do Enem devem triplicar o número de textos que passam pelo terceiro corretor, na comparação com o que aconteceu em 2011. Na última edição do exame, 360 mil redações, ou seja, 10% dos textos corrigidos, foram para uma terceira avaliação por causa da discrepância de mais de 300 pontos entre as duas primeiras correções. Pelo novo modelo de correção, haverá mais uma instância de correção. Se mesmo assim persistir a discrepância na avaliação, a redação será relida, desta vez por uma banca presencial de três membros. Inscrições do Enem estão abertas As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão abertas e podem ser feitas pelo site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A taxa é de R$ 35, e os alunos de escolas públicas estão isentos. Os candidatos terão até às 23h59 do dia 15 de junho para se inscrever. O pagamento da taxa de inscrição poderá ser realizado até o dia 20 de junho. http://sistemasenem2.inep.gov.br/inscricao/ Apoio com leituras obrigatórias de vestibulares O projeto “A Hora e a Vez do Vestibular”, promovido pela Prefeitura de São Paulo, oferece palestras sobre as obras literárias listadas pelos principais vestibulares do país. As aulas são dadas por professores de literatura e acontecem em vários bibliotecas municipais e no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (CCJ). A programação completa pode ser conferida no site. www.prefeitura.sp.gov.br Google lança portal para facilitar pesquisas de professores e estudantes Guia de Livros Didáticos 2013 Para ensinar estudantes e professores a fazer pesquisas mais qualificadas, o Google lançou no mês de maio o site Search Education. Ainda em inglês, o site possui vídeos e dicas que explicam a funcionalidade do portal, que é destinado, principalmente, a professores interessados em ensinar estratégias de pesquisa a seus alunos ou a usuários que querem otimizar suas buscas. “Nós decidimos ensinar a pesquisar porque o Google tem uma gama de ferramentas, mas a maioria das pessoas só conhece parte delas”, afirmou a educadora da empresa, Tasha Bergsin-Michelson. Professores dos anos iniciais do ensino fundamental podem consultar a relação dos livros que vão adotar nas escolas da rede pública a partir do ano que vem. O Guia de Livros Didáticos 2013, com resumos e informações de cada uma das obras selecionadas para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), pode ser consultado na internet e também terá a forma impressa, a ser distribuída nas escolas públicas. O período de escolha dos livros será de 15 de junho a 1º de julho, exclusivamente pela internet. http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-guia-do-livro-didatico 74 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Recursos para escolas infantis e quadras Recursos de aproximadamente R$ 13 milhões estão à disposição de diversos municípios de todas as regiões do Brasil para a construção de escolas de educação infantil e para adequação de quadras esportivas escolares. A liberação, sob responsabilidade do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Os valores detalhados podem ser conferidos no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Fernando Pessoa recebe homenagem no mês que completaria 124 anos Em junho, uma programação especial vai homenagear o aniversário de Fernando Pessoa, no Sesc Carmo, na capital paulista. Exposição, espetáculo teatral, shows, bate-papo e até um almoço especial vão celebrar os 124 anos de nascimento do poeta português. “Pessoa atravessou os mares com suas obras. O que queremos é homenagear a obra dele e o que ela significou para a literatura mundial”, declarou Humberto Peron, responsável pele evento, que começa no dia 4 com a exposição Pessoa de Lisboa. A ideia, segundo ele, é provocar o público com uma programação bem variada sobre o poeta que criou várias personalidades (heterônimos) para assinar sua obra. O Saci e a preservação da natureza O Saci é um dos personagens mais populares do folclore brasileiro. Simpático e divertido, ele é conhecido por suas brincadeiras. No livro O saci e a reciclagem do livro (Moderna, 16 pp., R$ 26,50), que tem texto de Samuel Murgel Branco e ilustrações de Weberson Santiago, ele decide aprontar algumas de suas travessuras e acaba recebendo da natureza uma importante lição: a importância de reciclagem do lixo. A obra de tem como objetivo ensinar mais sobre a reciclagem para os pequenos leitores e mostrar seu papel na preservação e no equilibro da natureza. Gabarito do exame da OAB A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou o gabarito preliminar da primeira fase do 7ª Exame de Ordem Unificado, realizado no dia 27 de maio. Ele pode ser consultado no site da OAB e no site da Fundação Getúlio Vargas. Ao todo, 111.909 estudantes de Direito se inscreveram para o exame, que requer pelo menos 50% de acertos para aprovação. O gabarito oficial e o resultado final da primeira fase serão divulgados no dia 19 de junho. A segunda fase, que consiste de uma prova prático-profissional, acontecerá no dia 8 de julho. Os resultados finais serão divulgados no dia 14 de agosto. Na última edição, foram aprovados apenas 24% dos candidatos. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 75 Plano de aula Autoavaliação Renata Alessandra Bueno, Assessoria Pedagógica Nacional da FTD A educação deve formar seres aptos para governar a si mesmos e não para ser governados pelos outros Herbert Spencer A autoavaliação é um instrumento essencial para a composição de um processo avaliativo significativo. Assim como as avaliações escritas são constitutivas do calendário escolar, a autoavaliação complementa o processo, pois auxilia o aluno a tornar-se reflexivo e capaz de conduzir o seu aprendizado. Nessa concepção, a autoavaliação assume um papel essencial de regulação das aprendizagens, como afirma Jussara Hoffmann em seu livro “Avaliar para promover” (Porto Alegre: Mediação, 2001, p. 78): “um processo de autoavaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre suas aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos intelectuais”. O objetivo maior da autoavaliação deve ser propiciar situação em 76 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 que os alunos identifiquem seus avanços, percebam em que precisam melhorar e desenvolvam uma abordagem construtiva do erro. Essa perspectiva contribui para que o professor assuma o caráter crítico e analítico dos alunos, capazes de aprender por seus próprios caminhos e também de definirem metas e corrigirem o que for necessário para atingi-las. A autoavaliação possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades, assim como contribui para a formação de atitudes e valores. Os primeiros instrumentos de autoavaliação devem ser oferecidos como roteiro para que os alunos reflitam e registrem suas impressões. O registro escrito é muito importante, pois documenta um momento e as metas definidas a partir das reflexões sobre esse momento. Com a prática, os alunos poderão participar da construção do documento de autoavaliação. Como reflexão, a autoavaliação deve ser aplicada ao final de cada período escolar, seja bimestre ou trimestre. E pode ser feita por disciplina, ou pela visão conjugada de todo o trabalho desenvolvido. Confira no box uma sugestão de proposta inicial de autoavaliação. Reflexões sobre a aprendizagem – bimestre/trimestre Objetivo: Propiciar ao aluno a reflexão sobre o processo de aprendizagem, reconhecendo seus progressos e seus pontos a melhorar. Procedimentos: · Os alunos deverão colocar sobre a mesa todo o material utilizado no período: livros, pasta com as folhas de atividades, cadernos, etc. · Deve-se propor que façam um levantamento de tudo o que foi trabalhado, enquanto o professor anota, na lousa, os itens apontados pelos alunos. A folha preparada para a atividade deve ser entregue para que os alunos possam completá-la. Para realizar as propostas a seguir você consultará os itens que o professor anotou na lousa. 1. Escreva, na tabela abaixo, o que foi mais fácil aprender em cada área de conhecimento/disciplina. Matemática Ciências da natureza Ciências humanas Linguagem 2. O que você acha que precisa aprender um pouco mais? Anote na tabela. Matemática Ciências da natureza Ciências humanas Linguagem 3. Qual regra combinada na sua classe você conseguiu cumprir adequadamente? _______________________________________________________________________________________ 4. Qual regra você sentiu maior dificuldade em cumprir? _______________________________________________________________________________________ 5. O que você pode fazer para melhorar suas atitudes em relação a essa regra? _______________________________________________________________________________________ 6. Avalie seu empenho nas tarefas de classe e de casa usando a legenda. Legenda Fiz um bom trabalho sempre. Fiz um ótimo trabalho sempre. Nem sempre realizei com atenção. Nem sempre realizei com capricho. Tarefas de classe Folhas Caderno Pesquisa Atividades no livro Leitura Tarefas de casa Folhas Caderno Pesquisa Atividades no livro Organização da pasta 7. Pinte, no quadro abaixo, somente os aspectos que você pode melhorar. Relacionamento com os colegas. Relacionamento com os professores e os demais funcionários da escola. Prestar atenção durante as aulas. Realização das tarefas de classe. Realização das tarefas de casa. Organização do material em cima da mesa e na mochila. Capricho na realização das tarefas. Ouvir os colegas nos trabalhos em grupo. 8. O que você vai fazer para melhorar no próximo bimestre/trimestre? Escreva duas mudanças de atitude que você se esforçará para alcançar. 9. O que seus professores podem fazer para ajudar você a alcançar essas mudanças? Escreva um recado para eles. Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 77 Pré-Congresso Regional de Educação Católica Uma nova educação é possível? Locais e Datas: Centro-Oeste - Goiânia/GO 16,17 e 18 de agosto de 2012 Teatro Madre Esperança Garrido Sudeste e Sul - Curitiba/PR 30, 31/08 e 1º de setembro de 2012 Colégio Marista Santa Maria Norte - Belém/PA 13, 14 e 15 de setembro de 2012 Colégio Gentil Bittencourt Nordeste - Recife/PE 18, 19 e 20 de outubro de 2012 Faculdade Frassinetti do Recife - FAFIRE Inscrições: www.aneceventos.org.br/precongresso Associação Nacional de Educação Católica do Brasil Endereço: SCLN Quadra 102, Bloco C, Salas 102 CEP: 70722-530, Brasília/DF Tel.: 61 3533-5058 Fax: 61 3533-5070 www.anec.org.br | [email protected] Treinamentos em Gestão Social São Paulo - SP 02 a 06 de julho Oficina Intensiva em Infância e Adolescência: Da teoria à prática 23 a 27 de julho Oficina Intensiva em Siconv: Gestão de convênios e repasse de recursos do Governo Federal para o Terceiro Setor Carol Zanoti, Felipe Mello , Maria Iannarelli 11 de julho Elaboração de projetos sociais e editais públicos Fernanda Lyra, Rosana Pereira 30 de julho Lei de incentivo ao esporte Michel Freller 12 de julho 13 de julho Técnicas artísticas para educadores e profissionais que lidam com crianças e adolescentes captação de recursos para projetos esportivos Michel Freller 02 de agosto Venda de produtos e serviços Mara Paixão e outras formas de geração de renda para projetos sociais Como escrever projetos para apresentação no SICONV: Treinamento prático Danilo Tiisel, Michel Freller Fernanda Lyra 16 a 20 de julho Semana intensiva de captação de recursos: da teoria à prática Marcelo Estraviz Venha conhecer a estrutura da Diálogo Social! Apoio: Inscrições e informações www.dialogosocial.com.br (11) 2978-6686 [email protected] Acesse o site pelo seu smartphone Reflexão Por uma educação católica forte Daniel Cerqueira, Secretário-Executivo da ANEC Prezados Irmãos e Irmãs, Como temos insistido nos últimos meses, a nossa ANEC existe para servir a seus associados. Dentre nossos objetivos institucionais, temos a função de representar politicamente a educação católica no Brasil, auxiliar as instituições de ensino e suas mantenedoras no trato administrativo com as diversas instâncias do Estado brasileiro, oferecer suporte pedagógico e de gestão que auxilie no contínuo aprimoramento das escolas e instituições de ensino superior e intermediar negociações com fornecedores de bens e serviços, sempre buscando a otimização de recursos e a qualidade da educação oferecida aos nossos mais de 2,3 milhões de estudantes em todo o Brasil, bem como provocar reflexões sobre o carisma e a mística da educação católica no Brasil. Ou seja, a ANEC existe por existir a educação católica. E sua função é ser a síntese da voz coletiva, sempre presente e vigilante em defesa dos interesses de suas associadas. 80 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012 Reunida em comunhão de princípios com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a ANEC é o somatório da experiência, da tradição, da qualidade, da credibilidade, da história, do respaldo político e social de toda a educação católica no Brasil, não se restringindo à diretoria ou aos seus escritórios. A ANEC somos todos nós, todas as suas associadas. Nossa força coletiva, nossa atuação em prol do desenvolvimento do país, nossa presença nacional. Estamos em cerca de 900 municípios brasileiros, com aproximadamente 2 mil colégios, 150 instituições de ensino superior e 430 entidades mantenedoras. Somos uma força enorme que se materializa exatamente na medida de nossa união. No entanto, para a ANEC continuar existindo e servindo a suas associadas precisa, permanentemente, do apoio da própria educação católica. Para sermos a voz presente, atenta e atuante em defesa dos nossos interesses, precisamos contar com um suporte administrativo e financeiro que dê conta dos enormes desafios que diariamente nos são apresentados. Pedimos, pois, a ajuda de vocês: atentem para as suas obrigações associativas. Convidem outras instituições católicas que ainda não estão filiadas à ANEC a se juntarem a nós. E busquem sempre manter acesa a chama que nos criou. Como costuma dizer o nosso Presidente, Pe. José Marinoni, “a qualidade da educação que oferecemos é o primeiro testemunho da fé que professamos”. A educação católica se faz forte no Brasil na medida da força de suas instituições de ensino e na medida da força de sua representação. E com uma educação católica forte, se fortalece a própria Igreja Católica no Brasil! Revista Informativa Educacional ISSN 2238-3093 Revista ANEC junho de 2012 :: Ano V :: No 19 COMO AJUDAR SEU FILHO NA ESCOLA Artigo: Brasil-Santa Sé. A subcomissão número um Pesquisadores da PUCRS pretendem desvendar como o sistema imune se altera ao longo do envelhecimento No 19 :: Ano V :: junho de 2012 Entrevista com o presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Newton Lima Neto (PT/SP), sobre as metas prioritárias da educação para este ano no Parlamento
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