Palavra do Diretor-Presidente - ANEC – Associação Nacional de
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Palavra do Diretor-Presidente - ANEC – Associação Nacional de
Sumário 22 2 PALAVRA DO DIRETOR PRESIDENTE 4 ACONTECE 10 CULTURA 14 MURAL DE NOTÍCIAS ARTIGOS 16 Gestão de entidades confessionais 18 Sistemas de informação ou sistemas de conhecimento? 20 Índios e Igreja: novos diálogos 22 Newman: Presença e desafio INOVAÇÃO 23 A empresa do futuro 24 28 40 54 66 POLÍTICA 24 Entrevista com Ângelo Vanhoni GESTÃO 28 Brincando e aprendendo 30 A Regulamentação da Nova Lei da Filantropia para as entidades de educação 32 Marketing Digital 34 Avaliação de desempenho: metas e resultados em favor de todos 36 Ferramenta de transformação MATÉRIA DE CAPA 40 Aprendendo desde cedo ESPECIAL 44 ANEC em cinco passos EDUCAÇÃO SUPERIOR 50 Curso de Jornalismo da Unicap ganha prêmio nacional 52 Programa da PUC-PR incentiva alunos para iniciação científica 54 Visão Sustentável 56 Proequo/UCDB completa 11 anos com benefícios sociais de saúde e educação 59 Professor doutor Fábio do Prado é o novo reitor da FEI 60 Sustentabilidade na construção civil 62 O futebol como agente social 63 Direito e Ciências Biológicas promovem sustentabilidade EDUCAÇÃO BÁSICA 64 Entrevista com o Irmão Nery FSC 66 Educação sem fronteiras 68 Contextura: novos tempos, olhares e saberes 70 Projetos Socioacadêmicos 72 Colégio Santa Teresa: 45 anos promovendo uma educação transformadora 73 Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010 74 Campanha Copa Stop Crack e suas repercussões 75 CONVERSA COM MANTENEDORAS 76 SERVIÇOS 78 PLANO DE AULA 80 REFLEXÃO Palavra do Diretor-Presidente ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL DIRETORIA NACIONAL Diretor Presidente Reitor Pe. José Marinoni, SDB Diretor 1º Vice-Presidente Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Diretor 2º Vice-Presidente Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS Diretora 1º Secretária Ir. Ana Maria Paes Diretor 2º Secretário Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI Diretor 1º Tesoureiro Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS Diretor 2º Tesoureiro Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J Secretário Executivo Prof. Dr. Dilnei Lorenzi CONSELHO SUPERIOR Presidente Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Presidente Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado Secretário Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira CONSELHEIROS Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC Pe. Wilson Denadai Professor Roberto Prado Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Luciene Lopes Pereira Nelismar de Souza JORNALISTA Lana Canepa PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO A Pe. José Marinoni Diretor-presidente da ANEC edição 10 da Revista Informativa Educacional tem um tom de superação. Foi durante esta edição que a ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil) realizou o maior Congresso de Educação Católica do Brasil desde a sua criação, em 2008. Com o tema Educação, Inovação e Empreendedorismo Global, o evento reuniu em Brasília, entre os dias 21 e 23 de julho, cerca de 3 mil educadores que vieram de todas as partes do Brasil. Foi nesse clima de superação que preparamos esta edição da Informativa. Em nossas editorias fixas mostramos o trabalho das Instituições Associadas. Algumas foram premiadas pela qualidade dos serviços prestados nos últimos meses. Em política, abrimos espaço para uma conversa com o atual presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Ângelo Vanhoni (PT-PR), mas por limitações impostas durante o período eleitoral não mantivemos, nesta edição, a publicação de artigos e colunas assinadas por candidatos à reeleição. A reportagem especial, que dá vida à capa desta revista, fala sobre a responsabilidade da educação no processo de formação e amadurecimento político dos jovens. Será que enfrentaremos aí uma geração mais politizada e envolvida com a ética na política? Para saber mais, se aventure conosco nessa leitura! www. zeppelini.com.br Fone: 11 2978-6686 IMPRESSÃO Parque Gráfico da Editora FTD Fone: 11 2412-8099 As ilustrações foram cedidas pelas instituições ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANEC SRTV/Sul Quadra 701 Bloco O Sala 135 Ed. Multiempresarial CEP: 70340-000 - Brasília-DF Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539 E-mail: [email protected] 2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Brasília Brasília SãoSão Paulo Paulo Florianópolis Florianópolis João Pessoa João Pessoa Novo Hamburgo Novo Hamburgo (61)(61) 2191-2000 2191-2000 www.mbsc.com.br www.mbsc.com.br Acontece ANEC realiza maior Congresso de Educação Católica do país O Congresso Nacional de Educação Católica, realizado em Brasília, reuniu durante os três dias do evento quase 3 mil educadores de todo o Brasil. A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), responsável pela organização do encontro, congregou mais de 2,5 mil instituições de ensino. A proposta foi promover um debate sobre os conceitos modernos e questões científicas para a melhor forma de educar. Além das discussões técnicas, o congresso proporcionou entretenimento com peça de teatro e shows. A iniciativa ainda reservou espaço para uma feira de negócios, que reuniu os parceiros em estandes para apresentação de novos serviços e produtos educacionais. O tema apresentado foi: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global. Para o secretário executivo da ANEC, prof. Dilnei Lorenzi, o congresso superou as expectativas. “Foi um tema moderno, discutido no mundo inteiro, e que foi recebido com muita satisfação entre os participantes. É um congresso bienal e certamente, em 2012, estaremos juntos novamente. Provavelmente no próximo congresso trabalharemos o conceito entre educação e criatividade”, disse Lorenzi. Caravanas de várias instituições percorreram quilômetros para participar dos debates na capital federal. Para a Irmã Terezinha, do Rio de Janeiro, a impressão dos educadores foi muito positiva. “Este primeiro Congresso organizado pela ANEC foi surpreendente. Os colaboradores do evento também trabalharam muito bem e os palestrantes foram ótimos. Hoje, a ANEC está se abrindo para outros temas, de forma que a educação é o que transforma. O Rio de Janeiro esteve presente em massa e estaremos novamente no próximo evento”, ressalta Terezinha. Certificado de Filantropia já é conclusivo para o MEC O Ministério da Educação (MEC) já iniciou a publicação, por meio de portarias, das decisões referentes aos processos de renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), ou seja, os antigos certificados de filantropia. Pede-se atenção especial a essas portarias, pois alguns processos estão sendo indeferidos à luz da nova legislação, sem observar se os exercícios em que estão sendo analisados são anteriores à Nova Lei da Filantropia. O prazo de recursos contra as decisões do Ministério é de 30 dias. Para ter acesso ao processo indeferido, as instituições deverão pedir vista. Este procedimento deverá ser agendado pelo Ministério da Educação. A ANEC está disponibilizando tais portarias no seu site, no item Ministério da Educação. Para que a pesquisa não fique muito extensa pode-se utilizar o filtro, selecionando o sub-item portarias. Em caso de dúvidas, a ANEC se coloca à disposição de suas associadas. O telefone de contato é (61) 35335052, e o email: [email protected] 4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Ação de Graças pelos 45 anos do Colégio STJ No dia 22 de maio aconteceu a celebração em Ação de Graças, na Paróquia Santa Flora, por ocasião da abertura do centenário da Presença Teresiana no Brasil e pelos 45 anos do Colégio Santa Teresa de Jesus Porto Alegre. Participaram desse momento festivo pais, alunos, professores, Irmãs e ex-alunos, bem como representantes da ANEC e de outros colégios religiosos. Diretoria e Conselho Superior da ANEC se reuniram em Brasília Membros da diretoria e do Conselho Superior da ANEC se reuniram para discutir uma série de assuntos importantes para as instituições associadas. Os primeiros itens da pauta trataram da questão financeira da Associação. Na sequência, o grupo discutiu os avanços com relação ao Portal Educacional. A iniciativa, que está na etapa final da negociação, vai representar uma evolução no plano de negócios, pois deve reunir em um mesmo espaço diferentes atores do processo educacional. É uma oportunidade para o fechamento de bons negócios com grandes empresas interessadas em oferecer pacotes de descontos atraentes em serviços e produtos para a rede de instituições associadas à ANEC. Outro ponto que vai merecer a atenção do Conselho e da diretoria é o planejamento final para o Congresso Nacional de Educação Católica. Na programação do evento, palestrantes renomados foram convidados para tratar sobre o tema Educação, Inovação e Empreendedorismo Global. Porto Alegre sedia encontro de Escolas Católicas Foi realizado no Salão de Atos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) o Encontro de Educadores e Lideranças Estudantis das Escolas Católicas da região metropolitana. Promovido pelo Grupo de Trabalho de Educação da Arquidiocese de Porto Alegre, com o apoio da ANEC-RS, o encontro reuniu educadores de aproximadamente 70 escolas de Porto Alegre e cidades próximas. Com o tema Educação Católica: Identidade e Missão, o objetivo principal do evento foi discutir o protagonismo na educação de cidadãos a serviço da promoção da vida e da dignidade humana. Para facilitar a reflexão sobre a temática central, foram convidados para os painéis os seguintes assessores: padre Bonifácio Schmidt, padre Inacio Neutzling, Maria Helena Bastos, padre Marcos Sandrini e Celina Dal Moro. Esses participantes debateram sobre a missão de dialogar sobre memória e profecia; desafios e perspectivas; identidade e protagonismo juvenil. De acordo com Harlei Noro, coordenador da ANEC-RS, esse espaço é um privilégio de partilhas entre os presentes. “Aproximadamente mil educadores e 300 lideranças estudantis puderam desfrutar de um momento reflexivo sobre a educação católica, na certeza de promover o esforço articulado e consciente de ir proclamando e construindo o reino de Deus através do mundo da educação”, declarou. O encontro fez parte da programação da celebração do centenário da Arquidiocese de Porto Alegre e contou com a presença de Dom Dadeus Grings, arcebispo local. Lei da Ficha Limpa vale para as eleições de 2010 e tem apoio da ANEC e da CNBB O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que a Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano. Matéria proposta por iniciativa popular, com a participação efetiva da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o apoio da ANEC, a lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prevê que um político se torna inelegível se for condenado por um órgão colegiado de magistrados, mesmo quando couber recurso. A lei proíbe a candidatura de políticos condenados na Justiça por oito anos e prevê, ainda, a possibilidade de um recurso a um órgão colegiado superior para garantir a candidatura. Caso seja concedida a permissão para a candidatura, o processo contra o político ganha prioridade para a tramitação. A decisão do TSE causou polêmica no Poder Legislativo. Alguns pontos questionados são a abrangência e a retroatividade da lei. Restam dúvidas em relação ao Ficha Limpa se aplicar aos já condenados ou aos que ainda serão, e também se as penas já aplicadas podem ser alteradas com a nova lei. A decisão do TSE poderá ser questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). O principal argumento dos contrários à Ficha Limpa é que os cidadãos não podem ter seus direitos vetados antes de uma sentença final. Presidente da ANEC participa de audiência na Câmara Federal A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública para discutir uma proposta elaborada pelas universidades comunitárias para regulamentar o setor. A ANEC, proponente da matéria juntamente com outras entidades representativas, tem discutido o tema desde 2008 e participou efetivamente da elaboração do texto final. O presidente da ANEC, Pe. José Marinoni, defendeu o projeto ao ocupar a mesa de debates da audiência realizada no parlamento. Segundo ele, o marco regulatório já é uma realidade. “O texto é sucinto e, a meu ver, preenche as necessidades das instituições, sendo católicas, confessionais ou comunitárias. Vários ajustes ainda devem ser feitos, porque os deputados podem apresentar emendas ao texto. Por isso, a ANEC vai ficar atenta e preparada para acompanhar cada passo do debate”, afirma o presidente. De acordo com o texto apresentado, a matéria dispõe sobre a definição, qualificação, prerrogativas e finalidades das Instituições Comunitárias de Educação Superior, bem como disciplina o Termo de Parceria. A proposta ainda prevê que as Instituições Comunitárias de Educação Superior terão acesso aos editais de órgãos governamentais de fomento direcionados às instituições públicas e receberão recursos orçamentários do Poder Público para o desenvolvimento de atividades de interesse, entre outros. Para o presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), Vilmar Thomé, a transparência orçamentária é uma prerrogativa fundamental defendida pelas instituições comunitárias. “Atualmente, todas as entidades que confeccionaram o texto representam 400 instituições de ensino superior e reúnem cerca de 26% dos estudantes de todo o Brasil. Acreditamos que podemos colaborar com o fomento à inclusão social e com a formação de profissionais qualificados e, consequentemente, contribuir com o Estado brasileiro para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE)”, disse Thomé. O projeto agora segue o trâmite ordinário, sendo necessário ser apreciado pela Comissão de Educação e Cultura e pelas demais comissões responsáveis pelo tema em ambas as casas, Câmara e Senado. Além dos representantes da ANEC e da Abruc, também participaram da audiência o vicepresidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), Mário César dos Santos; o presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), Ney José Lazzari; o reitor da UniEvangélica, Carlos Hassel Mendes da Silva; professores, especialistas, alunos e parlamentares. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 5 Acontece I Congresso Gaúcho de Universitários Cristãos Ir. Valdícer Fachi, diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade e coordenador da região sul da Pastoral Universitária pela ANEC Com representantes de 11 Instituições Católicas de Ensino Superior aconteceu, nos dias 15 e 16 de maio, em Porto Alegre, o I Congresso Gaúcho de Universitários Cristãos. O evento foi promovido pelo Centro de Pastoral e Solidariedade da PUC/RS com o apoio da ANEC-RS. Entre os presentes estavam a Ir. Maria Eugênia Lloris Aguardo, assessora do setor universidades da CNBB, e o Ir. Adriano Brollo, coordenador nacional da Pastoral da universidade pela ANEC. O congresso fomentou a reflexão sobre o protagonismo do jovem universitário cristão na sociedade atual como agente evangelizador e transformador. Os participantes puderam refletir sobre sua realidade e identidade cristã, a fim de assumirem compromissos relativos ao protagonismo. Com metodologia participativa, o congresso abordou os temas Juventude, Ética e Ecologia; Juventude e Participação Social; Espiritualidade e Transformação Social; Protagonismo, Participação e Cidadania. Por meio de trabalhos em grupo, também foi discutida a construção de possibilidades de atuação a partir dos temas. Percebeu-se que, na universidade, encontra-se um ambiente plural e propício para a formação pessoal e profissional. Porém, a sociedade contemporânea, marcada pelo capitalismo, individualismo e exclusão, nos desafia como universitários cristãos e comprometidos. Eis alguns dos desafios emanados pelo Congresso: • Criar espaços de articulação entre as universidades por meio da Rede de Pastoral Universitária nos quais se possa partilhar, trocar experiências e construir projetos comuns como alternativa de contraposição ao modelo atual de sociedade; • Buscar novas formas para a vivência e ação evangelizadora no meio universitário e na sociedade em geral como estudantes cristãos; • Ser agentes multiplicadores no meio em que se vive. Para isso, faz-se necessária a articulação e novas linguagens pelo uso das tecnologias; • Maior consciência de se envolver em espaços públicos e da responsabilidade ecológica de cada universitário. Para isso, é preciso ter espiritualidade forte e encarnada, fruto da descoberta e opção por Jesus Cristo; • Crescer na consciência crítica e abertura ao novo; • Superar o individualismo em vista do coletivo; • Que o conhecimento adquirido na universidade possa estar a serviço da construção do bem comum. Que a fé possa iluminar a vida e estar em constante diálogo com a razão. Com a realização do Congresso, ficou aberta a possibilidade de continuar a reflexão articulada entre universitários cristãos. Definiu-se que o evento terá periodicidade anual, sendo que, em 2011, será organizado pela UNILASALLE, de Canoas. A todos os que participaram, o nosso especial agradecimento e a convicção de que vale a pena apostar no jovem como protagonista de uma nova sociedade e construtor de uma Igreja viva e comprometida. Multipliquemos essa experiência, demos mais espaço, voz e vez ao universitário cristão como agente de transformação. ANEC leva Projeto Avalia para mais instituições associadas O Projeto Avalia já apresentou o resultado da avaliação institucional sobre a rotina de aprendizagem de 200 mil alunos. As instituições avaliadas são escolas católicas espalhadas por todo o Brasil. Agora, a iniciativa chega ao conhecimento da Congregação Notre Dame, na província de Passo Fundo (RS). O projeto foi criado pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) como instrumento para auxiliar as associadas a terem acesso a informações de qualidade sobre o desempenho dos atores envolvidos no processo educativo. Além de ouvir alunos, professores e pais, o 6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 sistema analisa também o peso da educação de valores na formação dos estudantes. Apesar de ser considerado o diferencial da Educação Católica, as consequências desse ensinamento baseado em princípios nunca tinham sido calculadas de forma precisa. “É o primeiro passo de uma revolução na forma de educar. Para nós, esse projeto é muito importante, porque além de apontar pontuais problemas, é a base de multiplicação das boas práticas das instituições que alcançaram a excelência”, comenta Janaína Paim, coordenadora de Educação Básica da ANEC e responsável pelo projeto. Desenvolvendo Organizações realiza: Gestão Financeira em Instituições Confessionais INVISTA EM FILANTROPIA SUSTENTÁVEL O curso de Gestão Financeira em Instituições Confessionais, formatado exclusivamente para religiosos, está abrindo uma turma em Belo Horizonte/MG. Local: Centro Loyola Data: 11 a 15 de outubro de 2010 Carga horária: 40 horas/ aula Facilitadores: Márcio Souza – Diretor do Instituto Axis (Contador, Auditor, Perito Contábil, Especialista em Gestão Tributária e Mestrando em Finanças). • Estudos de casos • Dinâmicas pertinentes à área • Discussões técnicas vivenciais Adilson Souza – Consultor Organizacional Sênior do Instituto Axis (Administrador, Mestre em Gestão e Especialista em Gestão Estratégica). Curso Exclusivo para Religiosos interessados no assunto, que exerçam ou exercerão cargo no economato e/ou no departamento financeiro das instituições confessionais. 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Uma das etapas da Campanha da Biodiversidade é o concurso cultural Ano Internacional da Biodiversidade: refletir, agir e preservar!, que tem como principal objetivo incentivar, valorizar e divulgar experiências educativas de qualidade – planejadas e executadas por professores – que cumpram o objetivo de desenvolver o senso crítico e o compromisso socioambiental em seus alunos, estimulando-os para que se tornem cidadãos participativos e capazes de formular soluções para as questões que os cercam. Participe! QUEM Professores de todo o país, de escolas públicas e privadas, que atuem no Ensino Fundamental I, II e/ou Ensino Médio. COMO Os trabalhos deverão ser desenvolvidos dentro de um dos temas Mudanças climáticas, Água e Biomas. Acesse no site o Guia de Preservação da Biodiversidade na Escola e contribua com novas ideias! QUANDO Inscrições abertas até 15 de novembro de 2010. INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES Consulte o regulamento no site. CONTATO Para mais informações: [email protected] 11 2111 7545 ou 0800 708 0910 www.campanhadabiodiversidade.com.br Cultura Entre os muros da Escola V encedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em desafios do ensino. A principal mensagem é que é possível transpor 2008, o filme Entre os Muros da Escola retrata a educação e as barreiras sociais que, na maioria dos casos, segregam as pessoas a miscigenação racial na França. Diferentemente de out- e causam efeitos na formação dos indivíduos. ros longas sobre o tema, a obra inova em sua linguagem O filme pode ser usado como uma forma de reflexão sobre as cinematográfica e no processo de realização das filmagens. O dire- condições de trabalho e as perspectivas de mudanças na educa- tor Laurent Cantet conduziu a produção de forma realista ao optar ção, pois questiona os seguintes aspectos: é preciso estar ciente pelo estilo documental. das particularidades do aluno para buscar melhores resultados? A No enredo são apresentados os conflitos de uma unidade escolar, escola consegue cumprir seu papel social? As respostas são encon- localizada no subúrbio de Paris. A narrativa concentra-se em um tradas na obra. grupo de alunos da 8º série e nas aulas de francês ministradas pelo professor François Marin (François Bégaudeau). A discussão prin- Ficha Técnica cipal fica por conta dos questionamentos feitos pelos estudantes, Entre os muros da Escola (Entre lês Murs) que a todo o momento discordam das normas disciplinares. País/Ano de produção: França, 2008 Entre os Muros da Escola é baseado no livro homônimo escrito pelo próprio protagonista. A história ainda apresenta a relação cotidiana entre professores e alunos, além de expor a juventude francesa e os 10 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Duração/Gênero: 128 min., drama Direção: Laurent Cantet Elenco: François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure A Aurora da Minha Vida A Aurora da Minha Vida é uma das peças mais encena- Sem abrir mão de um humor irônico, as personagens são denomi- das na dramaturgia nacional. A história acompanha nadas segundo suas características e funções – Diretor, Padre, Puxa- um grupo de alunos em um colégio católico desde a Saco, Gordo, Adiantada entre outros. “A identificação é imediata, ou primeira série até a formatura. Escrita em 1981, o clássico seja, não estamos contando a vida escolar específica do João, da é de autoria de Naum Alves de Souza e tem narrativa desenvolvida Maria ou do José, mas sim de todos nós. O resultado são emoções a partir das recordações do próprio autor. que vão do riso a um nó na garganta”, conta a diretora da peça, A montagem da peça não utiliza o óbvio: a sala de aula, o quadro Bárbara Bruno. negro e os alunos devidamente uniformizados. Para compor o enredo, tudo começa sombrio em uma representação às lembranças. No decorrer do espetáculo, a luz de cena vai clareando como se as recordações se tornassem mais vivas. Para tornar ainda mais real o contexto, a obra utiliza situações típicas da vida escolar. Para isso, descreve as relações entre alunos e professores, e principalmente a repressão do sistema na década de 1970. O texto resgata a memória da geração que cresceu à base da palmatória, um método de educação considerado eficiente para a época. Serviço Local: Teatro Bibi Ferreira– Av. Brigadeiro Luis Antônio, 931 Bela Vista Temporada: 03/09 a 03/11/2010 Preço: R$ 40 (inteira) Horários: Sextas e Sábados às 21h30 e Domingos às 20hs Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 11 Cultura 1 2 3 Ecoturismo: um instrumen Por Juliana Fernandes O ecoturismo é um segmento da atividade turística que já abordados em sala de aula, ou que ainda o serão”, explica Paulo utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e Nogara, biólogo e diretor da agência Interação Ambiental. cultural, incentivando a sua conservação. A modalidade Além do estudo dos meios, durante as viagens são realizadas caminha- busca formar uma consciência ambientalista através das e trilhas, práticas de remo e arvorismo, cavalgadas, visitas à comuni- do estudo dos meios. Como prática pedagógica, pode ser usado dade local, passeios de barco, entre outras atividades. Para Lucilia Egydio, para debater os aspectos ambientais, técnico-científicos, políticos e bióloga e coordenadora socioambiental da Associação Brasileira das ideológicos que envolvem o assunto. Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, “as mensagens transmi- Em relação à didática, sua abordagem facilita a integração entre as tidas podem mudar ou fortalecer a percepção do aluno para as questões disciplinas e serve de instrumento para otimizar a aprendizagem. ambientais e promover a valorização e proteção da natureza”. “Os alunos têm a possibilidade de visualizar e sentir os ambientes. No Brasil, os principais roteiros para a prática do ecoturismo são encon- Vivenciam uma experiência que ajudará a compreender os assuntos trados em Bonito (MS), Pantanal (MS/MT), Chapada Diamantina (BA), 12 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Créditos: Paulo Nogara 4 5 Modalidades do Ecoturismo Ecoturismo Científico: Estudos e pesquisas científicas em Botânica, Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Zoologia, Biologia, Ecologia etc. Ecoturismo Educativo: Observação da fauna e flora, interpretação da natureza, orientação geográfica, observação astronômica. Ecoturismo Lúdico e Educativo: Caminhadas, acampamentos, contemplação 6 da paisagem, banhos e mergulhos, jogos e brincadeiras. Ecoturismo Esportivo: Escalada, canoagem, rafting, boia-cross, rapel, surfe, voo livre, balonismo etc. Ecoturismo Étnico: Contatos e integração cultural com populações que vivem em localidades remotas em estreita relação com a natureza. 1- Passeio pela trilha de Mamaguá, Paraty (RJ); 2- Alunos observam o mangue através do estudo dos meios; 3- O remo é uma das atividades praticadas no ecoturismo; 4- Moradia local em Juatinga, Paraty (RJ); 5- Costumes locais: Visita a casa de farinha; 6- Durante as viagens são desenvolvidas diversas oficinas; to para a educação ambiental Chapada dos Guimarães (MT), Chapada dos Veadeiros (GO), Manaus positivos e negativos. Essas alterações estão relacionadas direta- (AM), Fernando de Noronha (PE), Serra do Mar (SP), Vale do Ribeira (SP), mente ao modo como foi planejada e executada a prática turística. A Lagamar (SP), Serra Gaúcha (RS) e outras regiões do litoral nordestino. ação deve levar em conta, por exemplo, os aspectos socioeconômi- Segundo Nogara, as viagens ecoturísticas têm um investimento cos da comunidade local e a rentabilidade do setor. médio de R$ 200. O valor individual representa o custo diário com “Essa prática ajuda no processo de aprendizagem permanente, transporte, hospedagem, guias, alimentação e demais atividades. O baseado no respeito a todas as formas de vida, afirmando valores biólogo ainda ressalta a importância de um planejamento anterior, já e ações que contribuem para a transformação humana e social e que “algumas escolas têm claramente o foco de estudo. Outras "vão para a proteção ambiental. Em longo prazo, espera-se contribuir na onda" porém não preparam antes os seus alunos, confundindo a para a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente viagem de estudo do meio com recreação”. equilibradas, que conservem entre si a relação de interdependência e Por ser uma atividade econômica, a modalidade produz impactos diversidade”, resume Egydio. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 13 Mural de notícias A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não utilizarão as notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Segundo nota publicada pelas instituições, a decisão foi tomada porque não haverá tempo útil para compor o resultado da prova no vestibular. Este ano o Enem será realizado entre os dias 6 e 7 de novembro, mas sua divulgação acontece apenas em janeiro de 2011. De acordo com a USP, as datas fixadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame, desobedecem ao calendário do processo seletivo. As duas universidades não descartam a utilização do Enem nos próximos anos. www.comvest.unicamp.br Wilson Dias Abr USP e Unicamp descartam nota do Enem O ministro da Saúde durante a entrega simbólica do material Quadrinhos serão usados para discutir sexualidade em escola Quase 25% dos jovens faltam às aulas sem motivo Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), quase 25% dos estudantes do ensino médio faltam às aulas sem motivo. A informação corresponde ao número de alunos do sexo masculino; já no caso das meninas a incidência é de 18%. Os resultados valem tanto para as instituições públicas de ensino quanto para as particulares. De acordo com a responsável pelo estudo, Eliane Toldo Pazello, uma mudança na estrutura e nas aulas pode ajudar a manter o interesse dos estudantes. “As aulas precisam ser construídas como um projeto de vida, não como conhecimento enciclopédico. Existe outro componente que define a ausência na escola, mais complexa. Ela tem a ver com o que quer a pessoa humana”, conclui Pazello. www.aprendiz.uol.com.br O Governo Federal lançou uma série de histórias em quadrinhos voltadas à educação sexual. O objetivo é discutir o assunto nas escolas com os jovens de 13 a 24 anos. No material são abordados temas como homossexualidade, gravidez precoce e aborto. De acordo com o ministro da saúde, José Gomes Temporão, a iniciativa pretende “trabalhar o mais próximo possível da realidade do jovem e do adolescente para, assim, alcançar um nível de conscientização maior”. Os gibis serão distribuídos nas instituições públicas de ensino que participam do programa Saúde e Prevenção nas Escolas. O projeto conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil. www.agencia.ebc.com.br Haddad sugere revisão do ensino médio na América Latina Durante um seminário realizado no Ministério da Educação da Argentina, o ministro Fernando Haddad afirmou que o ensino médio na América Latina precisa ser repensado. De acordo com o ministro, o momento é de se buscar novas soluções para garantir o interesse e a permanência dos estudantes. “Temos que adaptar a escola ao jovem, não o jovem à escola”, declarou Haddad. Segundo a publicação Informe sobre Tendências Sociais e Educativas na América Latina (2008), cerca de 6% dos adolescentes com idade entre 15 e 17 anos estão atrasados pelo menos quatro anos em relação à série correspondente. “Não há país da América Latina que não esteja preocupado com a problemática da juventude”, completou o ministro. www.portal.mec.gov.br Aulas digitais reforçam ensino na rede municipal Por meio do programa Educopédia, os alunos do Rio de Janeiro são os primeiros do país a ter acesso às aulas digitais. As atividades envolvem jogos, animações e vídeos. “A intenção é que seja uma aula autoexplicativa e que se possa desenvolver o autodidatismo”, afirmou o subsecretário municipal de Projetos Estratégicos, Rafael Parente. O programa também permite a criação de fóruns e blogs, em que os estudantes podem postar dúvidas e dicas para os professores. Este ano só as disciplinas de Português e Matemática são oferecidas, mas a previsão é que até 2011 todas as matérias estejam disponíveis em versão digital. Em fase de teste, o projeto acontece em 1.064 escolas da rede municipal de ensino. www.mec.gov.br 14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Divulgação FNDE Cresce total de professores sem diploma no ensino básico Os livros didáticos serão usados a partir de 2011. PNLD recebeu adesão de 95,5% de secretarias e escolas A adesão ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foi feita por 95,5% das secretarias estaduais e municipais de educação, além das escolas federais. O projeto atende a nova regra estabelecida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com o objetivo de evitar desperdício de recursos públicos e assegurar maior controle na distribuição dos livros didáticos às escolas públicas. Os Estados do Ceará, Distrito Federal e Paraná são os que tiveram maior participação no programa, com 97% do total de suas escolas. As instituições que não escolheram os livros didáticos para seus alunos receberão as obras mais pedidas em seu município, desde que a Secretaria de Educação local tenha aderido à iniciativa. www.fnde.gov.br Segundo dados do censo escolar do Ministério da Educação, o número de professores que lecionam no ensino básico sem diploma aumentou entre 2007 e 2009. Atualmente, os docentes sem curso superior somam 636 mil nos ensinos infantil, fundamental e médio – o que representa 32% do total. Para o governo federal, o principal motivo desses índices é o grande contingente de profissionais não habilitados na educação infantil, já que até 2001 a formação superior não era obrigatória para a modalidade. Lançado no mesmo ano, o Plano Nacional de Educação (PNE) tinha como meta a formação de 70% dos professores no prazo de dez anos. A nova proposta é formar, nos próximos cinco anos, 330 mil docentes não graduados por meio do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. www.educacao.uol.com.br Brasil tem bons índices de alfabetização entre países mais populosos Inep define conteúdo do Enade 2010 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) definiu os conteúdos específicos e gerais do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Os alunos avaliados serão submetidos a 40 questões, sendo 10 sobre formação geral e 30 relacionadas aos conteúdos do curso. Os testes discursivos analisarão aspectos como clareza, coerência, coesão e correção gramatical. Serão testadas ainda as capacidades de interpretação de textos, análise crítica das informações, extração de conclusões por indução e/ou dedução, realização de comparações e contrastes, além de argumentação. O exame está previsto para ser realizado no dia 21 de novembro. www.universia.com.br Do grupo de nove países em desenvolvimento mais populosos do mundo, o Brasil alcançou o melhor índice de alfabetização de mulheres em relação ao de homens. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o país alfabetizou 90,22% da população do sexo feminino. Esse percentual equivale ao número de matriculadas em alguma instituição de ensino, desde a educação infantil até a faixa de adultos que não passaram pelo ensino regular. Já o total de homens nessa situação representa 89,9%. Os dados foram apresentados durante um encontro internacional no mês junho. Estiveram presentes no evento representantes do Brasil, Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão. www.nota10.com.br Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 15 Artigo Gestão de entidades confessionais: tomar consciência dos desafios para melhor enfrentá-los Renato Moura Batitucci, sócio-diretor do Instituto Axis, pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios e em Engenharia da Qualidade e consultor organizacional de Entidades Confessionais há mais de dez anos. A s entidades religiosas têm se deparado com um grande desafio nos últimos anos: como aliar a tradição, o carisma e o seu ritmo de gestão à necessidade de maior agilidade, profissionalismo e dinamismo na administração de suas obras no Brasil? Com a competitividade cada vez mais acirrada aliada ao aumento do grau de exigência e à expectativa dos clientes, as instituições confessionais se veem obrigadas a rever conceitos, estratégias e processos muitas vezes enraizados na cultura congregacional. Esse desafio, além de não ser simples, é de grande relevância para a perpetuação de suas casas e obras. Certamente seu enfrentamento perpassa ações que levam ao empoderamento dos religiosos para liderarem o processo de mudança, bem como a revisão de planejamento estratégico e a recons- 16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 trução e redefinição de metas, prioridades e processos. O primeiro passo, entretanto, é a percepção, a compreensão e o discernimento sobre o atual momento, suas implicações e demandas. Muitas congregações já perceberam a necessidade de mudança e têm enfrentado tal desafio com coragem e lucidez. Por outro lado, ainda há alguns religiosos que se negam a perceber ou aceitar as inovações e o novo contexto de gestão, ou até os percebem, mas têm dificuldades em lidar com as implicações práticas decorrentes como, por exemplo, gestão de pessoas, definição e cumprimento de alçadas, relacionamento com leigos e parceiros, entre outros. Nesse sentido, é de suma importância tomar ciência de alguns fatores muitas vezes utilizados, conscientemente ou não, para justificar a negação ou o adiamen- to de decisões importantes relacionadas à gestão das obras, dentre os quais podemos destacar: Ausência de crise aparente: normalmente as dificuldades enfrentadas por algumas entidades confessionais são minimizadas ou não são enxergadas em decorrência de um status alcançado, ou mesmo de um processo de maquiagem da realidade. As incertezas sobre o futuro e o receio de mostrar eventuais fracassos do passado ou do presente são motivos para a manutenção de uma aparente tranquilidade. Além disso, sempre existem aqueles que procuram “mascarar” ou minimizar resultados indesejados, na tentativa de preservação do status quo e de vantagens adquiridas com anos de relacionamento com os religiosos. É alentador perceber nos diversos trabalhos de consultoria Muitas congregações já perceberam a necessidade de mudança e têm enfrentado tal desafio com coragem e lucidez. Por outro lado, ainda há alguns religiosos que se negam a perceber ou aceitar as inovações e o novo contexto de gestão que, a despeito dessas ameaças, muitos governos provinciais e grupos gestores estão se encorajando e buscando, com discernimento e tranquilidade, enfrentar os problemas existentes. Excesso aparente de recursos: como a maioria das entidades confessionais são centenárias, puderam acumular, ao longo dos anos, uma boa reserva patrimonial e de aplicações, o que acaba por “esconder”, por vezes, uma situação operacional deficitária. Esse é, infelizmente, um cenário comum. Muitas congregações se sentem ainda em uma zona de conforto e insistem em não perceber a urgência por algumas medidas e decisões em função de reservas financeiras históricas existentes. É um risco muito grande que acaba, ao longo do tempo, enfraquecendo o patrimônio da congregação. As entidades acordam para a realidade quando a situação já é bem preocupante, dificultando ainda mais um processo de revitalização que por si só já é desafiador. É mais fácil e prudente construir um processo de reestruturação com algum recurso em caixa do que com a “corda no pescoço”. Padrões de avaliação internos inadequados: o trabalho de avaliação e monitoramento de processos internos, por meio de indicadores claros e consistentes, ainda é incipiente na maioria das entidades confessionais. A preocupação em aperfeiçoar o sistema de informações gerenciais é relativamente recente e encontra-se em processo de desenvolvimento. Faltam parâmetros adequados de comparação. Em decorrência disso, diversos problemas e ameaças não são devidamente identificados e mensura- dos, acarretando em distorções de avaliação e expectativas. Falta de feedback de desempenho externo: de forma similar ao item anterior, é comum também a ausência ou o desconhecimento de parâmetros externos de desempenho, capazes de indicar como a instituição se encontra em relação ao mercado e às melhores práticas de gestão. Além desses aspectos, outros podem ser mencionados, como a falta de transparência, o corporativismo exagerado ou ainda um otimismo exacerbado. Todos, por vezes, acobertam dificuldades e desafios emergentes. A tomada de consciência de tais fatores é o primeiro passo e pode contribuir muito para o enfrentamento dos desafios atuais na gestão de instituições confessionais. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 17 Artigo Sistemas de informação ou sistemas de conhecimento? Alexandre de Oliveira Zamberlam, professor do Centro Universitário Franciscano (Unifra) e consultor da GVDASA Sistemas A sociedade tecnológica em que vivemos há muito tempo vem fazendo uso de sistemas de informação com base nas tecnologias de informação e de comunicação. Esses sistemas, com a difusão da internet, passaram a fazer parte do dia a dia pessoal e profissional das pessoas. Alguns autores como Binder, O’Brien e Turban definem, de maneira consensual, que sistemas de informação são constituídos por um conjunto organizado de pessoas, hardware, software, redes de comunicação e recursos que coletam, transformam e disseminam informações em uma organização para apoiar administradores ou gestores de todos os níveis, provendo informações suficientes e precisas nas decisões. 18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Diariamente, as pessoas tomam decisões relacionadas ao cotidiano ou direcionadas a questões profissionais de forma mais fundamentada, em que são ponderadas inúmeras situações baseadas em informações advindas desses sistemas. Em uma empresa, áreas como marketing, financeiro ou administrativo precisam resolver questões complexas com bastante frequência e em um período de tempo reduzido. O setor de marketing, por exemplo, desempenha uma função vital na operação de um negócio. Porém, mesmo com o uso de sistemas de informação, deve contar com a capacidade cognitiva de profissionais com habilidades de avaliar qual o melhor momento e a melhor forma de abordar clientes em po- tencial. Dessa forma, para a tomada de decisões importantes, gestores ou administradores acabam utilizando certa parcela de bom senso ou conhecimento empírico, adquirido com o decorrer dos anos de experiência. Em razão da inegável falibilidade humana, os sistemas atuais, para serem mais eficientes no processo de decisão, devem tratar da gestão do conhecimento. Tal recurso faz com que a área da Inteligência Artificial (IA) – da qual é um dos objetos de estudo – seja referência com suas metodologias e métodos. Um sistema de IA não é capaz somente de armazenar e manipular dados, mas também de adquirir, descobrir, representar e manipular o conhecimento. Essa manipulação trata da capacidade de inferência de novas descobertas, estabelecendo relações entre fatos e conceitos, com base nos conhecimentos existentes e utilizando métodos de recuperação, representação e manobras para resolver problemas complexos. Em consequência, esses sistemas apontam ações mais eficientes no processo de decisão. Retomando o exemplo do marketing, um sistema inteligente identificaria padrões de clientes com perfil direcionado a condições específicas de pagamento e apontaria ações mais significativas para o incremento das negociações/vendas. Nesse quadro, os primeiros sistemas de conhecimento baseavam-se apenas na experiência do especialista e eram utilizados, principalmente, para a realização de diagnósticos, por meio de algum mecanismo de inferência. Conhecida como sistemas especialistas, a ferramenta tem por objetivo captar o conhecimento de um profissional em um determinado campo, representar essa experiência numa base e transmiti-la ao usuário, permitindo-lhe obter respostas a perguntas. O desafio, atualmente, é reunir no sistema de conhecimento não só a experiência do especialista, mas também todo o conhecimento disponível em outros programas, documentações, livros etc. Sistemas de conhecimento abrangem sistemas especialistas, bancos de dados inteligentes e sistemas baseados em conhecimento, os quais possuem em comum o fato de modelarem o conhecimento de forma explícita, aplicando-o como facilitador na solução de problemas. Eles ainda trazem uma série de vantagens, como produtividade, preservação e disseminação da mensagem, qualidade de decisão e facilidade, além da efetividade no treinamento de pessoal. Para que esse proveito se operacionalize. é fundamental dominar conceitos como: PLN (Processamento da Linguagem Natural), recuperação da informação, descoberta do conhecimento, mineração de dados, representação do conhecimento via Ontologia, aprendizado de máquina, entre outros. Basicamente, PLN é uma subárea da Inteligência Artificial e da Linguística que estuda os problemas da geração e compreensão automática de linguagens naturais, convertendo informação de base de dados em linguagem compreensível ao ser humano e traduzindo ocorrências de linguagem humana em representações mais formais, manipuláveis por programas computacionais. Realizam, assim, o papel de entrada e saída do processamento inteligente. A recuperação de informação, por sua vez, é um processo da descoberta de conhecimento. Ela trata do armazenamento de documentos e da recuperação automática de informação associada a eles, utilizando métodos de busca por dados relevantes: em documentos; em metadados que os descrevam; em bancos de dados, sejam eles relacionais ou não, isolados ou conectados a redes de computadores. Outra parte fundamental de um sistema inteligente é a representação do conhecimento, que é a base para o raciocínio automatizado, via deduções ou induções. Para essa representação, utili- za-se frequentemente a Ontologia, modelo de dados que representa um conjunto de conceitos dentro de um domínio, processável por programas de computadores. Há ainda o aprendizado de máquina, geralmente parte integrante de processos de descoberta de conhecimento via mineração de dados. Também é uma subárea da IA que se dedica ao desenvolvimento de algoritmos que permitam ao computador aperfeiçoar seu desempenho em alguma tarefa. Sua aplicação prática inclui o processamento de linguagem natural, motores de busca, diagnósticos médicos, bioinformática, reconhecimento de fala e escrita, visão computacional, entre outros. E, finalmente, há de se fazer referência à mineração de dados, que é o processo de explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes, a fim de identificar relacionamentos sistemáticos entre variáveis para detectar novos subconjuntos de dados. Diante da análise exposta, concluise que os sistemas de informação, gradativamente, tendem a perder espaço para os sistemas de conhecimento, que permitem que as decisões sejam tomadas com mais eficiência, relevância e qualidade. Nota-se que não se está a desconsiderar a necessária interferência do homem na busca de soluções, haja vista que as experiências de vida e o conhecimento empírico são imprescindíveis à evolução dos limites do saber. Todavia, não se pode negar que, em determinadas áreas do conhecimento, a IA, por meio de suas diversas operacionalizações, tende a trazer cada vez mais vantagens aos tomadores de decisões. Assim, esses profissionais podem focar seus esforços e entendimentos em tarefas que efetivamente exijam essa singularidade de raciocínio que só o ser humano possui, por mais independentes que se tornem as máquinas e por mais falíveis que sejam os homens. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 19 Artigo Índios e Igreja: novos diálogos Édison Hüttner, co-coordenador da Ação Educativa: exposição Séculos Indígenas no Brasil (Brasília) e coordenador do NEPCI/PUC-RS F alar sobre cultura indígena e Igreja é uma aventura, pois esse encontro foi marcado por cicatrizes profundas. Muitos não gostam de tocar no assunto e sentem aversão, mas outros observam com naturalidade e esperança. A história revela um grande palco em que interagem as mãos de pessoas de bom coração, aquelas que desejaram a paz e alegria da comunidade. O coração é onde habita o espírito da floresta, um Deus verdadeiro. E as mãos dos que ambicionaram tudo para si, sem coração, sem perceber a fome das crianças cujas terras de seus pais foram tomadas, muitas vezes em nome de uma religião, de um deus que não existe. Re-ligare (religar) Escolher a religião, o ritual, trocar de fé, sincretizar doutrinas e imagens e criar espaços sagrados são fenômenos intrínsecos à história da humanidade. Admirável é a festa do Kuarup, no Alto Xingu. Dois pajés ficam a noite toda cantando, dançando e tocando seus chocalhos em frente aos troncos da madeira kuarup. Esses rituais xamânicos, no passado, infelizmente não foram compreendidos. Antes da festa, jovens índias e índios em pares entram nas ocas tocando flauta aruá (bambu), “para a tristeza ir embora”. O som é divino. 20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Na cidade de Porto Alegre (RS), no quintal de uma casa, o índio Álvaro inicia seu canto em língua tucano ao som do chocalho, coroando cada um com seu lindo cocar de penas de águia trazido do Alto Rio Negro. O índio e a aldeia podem praticar seus rituais primordiais, ou eleger o culto budista, mulçumano, protestante, zen-budista etc., ou nenhum, como todo cidadão livre no Brasil.1 A decisão sincera é o melhor caminho. Seja como for, a vivência plena de uma crença alcança as diferenças mais divinas. O diálogo entre a Igreja Católica e os povos indígenas, dentre tantos acontecimentos, revela as múltiplas faces da tradição religiosa do Brasil. Mas, hoje, a Igreja não mais impõe sua doutrina nas aldeias – ela pode ser convidada e propor. Antes de tudo, vale o diálogo que busca o bem comum, o respeito, a amizade, o diálogo inter-religioso. Isso pode ser chamado de espírito do diálogo2. Perspectivas e criações Princípio Terra: a vida dos povos indígenas se manifesta em ritual de embelezamento da vida, simbolizando-a, cercando-a de natureza, lugar onde continuamente acontece a arte dos criadores. O Grande Pai Criador Nhanderuvuçú, ao ver a maldade na Terra, criou Yvý Marane’y – um lugar onde não há ma- les e onde tudo se constrói.3 Na tradição judaico-cristã temos o mito da criação do mundo: “No princípio, Deus criou o céu e a terra”, (...) “Deus viu que isso era bom” (Gn. 1,1; 3-24). Os índios nos ajudam a rever os conceitos que temos sobre a natureza, a reconstrução do mundo, da nossa própria casa. Cacique Seattle disse, em 1854, ao presidente dos Estados Unidos da América, em resposta aos que vieram comprar suas terras: essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos. Assim falou Giovani Mariconi, conhecido como São Francisco de Assis – em seu tempo, na Idade Média, quando o desmatamento sem controle das florestas iniciava na Europa. Para os índios Tuyuka, a casa é sagrada. O seu Deus Criador, para varrer a maldade da Terra, construiu “Casas de leite” e “Casas de frutas doces” – onde as almas das crianças são bentas. Quando as Tribos de Israel ()לארשי יטבש, na língua hebraica) ainda estavam unidas no reinado de Davi, cantavam no templo do seu Deus Criador: “Se Iahweh não constrói a casa, em vão trabalham seus construtores...” (Salmo 127,v.1 s). Princípio Terra quer dizer viver em harmonia em casa e com pessoas, com um Deus Criador. Dançar livre na noite e no sol, na chuva, poder caçar e semear, ter seu xamã é a alegria dos povos indígenas. Fazer crescer os xamãs. Isso é criação. A alegria dos povos indígenas é ação criadora da Terra. Princípio Coração: os dois gêmeos vivem grandes aventuras para conseguir pescar o seu povo no rio, ou seja, o mito criador de seu povo. Até o fim da criação os irmãos continuam brigando, traindo, mentindo e querendo a eliminação do outro. No mito de outros gêmeos e irmãos, alguém morre e outro ocupa seu espaço. Em Roma, Rômulo, depois de uma contenda, feriu fatalmente o seu irmão Remo com uma lança, matando-o. Na religião Não precisamos de uma revolução... que destrua os templos, os terreiros, as igrejinhas azuis, a Opã (casa de reza guarani); que queime os cocares, os trajes, os colares de tucum, os rosários, os livros, as cruzes, as máscaras, os bonitos santos e troncos pintados; que emudeça os rituais, os cantos sagrados, os tambores, os violinos, o som mágico dos chocalhos e das flautas de bambu; que acabe com as curas, as bênçãos, os profetas, os pajés; que apague o fogo dos incensos, das danças. Precisamos de uma revolução... que abra as portas da história; que hasteie outra bandeira; que glorifique seus verdadeiros heróis. Precisamos de uma revolução... que faça ecoar, no canto de cada coração: A vida precisa ser valorizada, seja qual for a situação. judaico-cristã, Caim mata seu irmão Abel. Porém, os gêmeos Ipi e Y’oi não se matam. Essa atitude fraterna gravada no mito da Criação dos Ticuna é criadora. Os gestos equilibram as relações do mundo Ticuna, da violência à não-violência4. Dificilmente veremos casos de morte entre os Ticuna. O centro do mito é o coração dos irmãos. As atitudes míticas refletem bondade, diálogo, perdão: a criação de um mundo novo. O coração deles representa o arquétipo central dos Ticuna, ajudando-os a viver melhor, sem violência, perto das árvores e dos rios5. Byington escreve: O arquétipo central coordena o desenvolvimento da dimensão psíquica e, por conseguinte, de todo o processo simbólico na personalidade individual e também cultural. (...) O arquétipo central é responsável pela constituição genética e psicodinâmica do ser humano para existir como ser humano, para existir como ser no mundo (Da sein) num processo que busca a verdade e a totalidade. Mas o que realmente salva, permanece, e é visto? Na etnia egípcia o coração daquele que morria era pesado numa balança, e a medida de contrapeso era uma pena verde. Se o peso do coração equilibrasse os pratos da balança, a alma seria considerada inocente, pelo peso dos gestos bons, que o ergueria até Sekhet-hete- pet, os Campos Elíseos – o lugar eterno. No palco da vida, na imagem da alegria fica o amor maior daquele “(...) que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). O mineiro nascido em Pedro Leopoldo viveu fazendo o bem. É dele a frase: “Amar sem esperar ser amado. E sem guardar recompensa alguma, amar sempre” (Chico Xavier). Quando um rio poluído passa na frente de nossas casas, quando a floresta for atacada pelas chamas, as crianças não tiverem mais pão, os anciãos ficarem perdidos, a bondade tudo alcança, mesmo de um coração enterrado na beira do rio6. “Art. 5º, VI”. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. 1 DIALOGO E ANNUNCIO. Documenti 1963-1993. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 1994, p.701. 2 Conforme o Concílio Vaticano II: superamos a visão de sermos detentores de toda a verdade sobre Deus e aprendemos a mergulhar no Mistério da salvação, reconhecendo que nas tradições religiosas nãocristãs existem “coisas boas e verdadeiras” (OT 16) Optatam Totius, São Paulo: Paulus, 1997. 3 4 HÜTTNER, Édison. A Igreja Católica e os Povos Indígenas no Brasil: Os Ticuna da Amazônia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007, p. 73-75. 5 A.A.V.V. Moitará I. Simbolismo nas Culturas indígenas brasileiras. BYINGTON, C. A. B. (Org.), São Paulo: Paulus, 2006, p. 30-31. 6 No outono de 1877, o coração do índio Tashunka Yotanka foi enterrado na beira do rio Wounded Knee por defender as terras de seu povo. BROWN, Dee. Enterraram meu coração na curva do rio. Tradução de Geraldo Galvão Ferraz. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 302. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 21 Artigo Newman: Presença e desafio Por Ir. Joaquim Clotet, reitor da PUC-RS J ohn Henry Newman (18011890), primeiro reitor da Universidade Católica da Irlanda, de 1854 a 1858, será declarado beato no próximo dia 19 de setembro. A busca infatigável da verdade constitui a trajetória desse homem dinâmico e empreendedor, altamente compromissado com a educação superior. Seu nome está vinculado à Igreja Anglicana e à Igreja Católica, bem como à Universidade de Oxford. Estudante de Teologia e de História do Cristianismo, professor universitário, clérigo da Igreja Anglicana, vigário da igreja universitária de Oxford, católico converso e cardeal da Igreja Católica, teve uma vida palpitante, alicerçada na fé. Newman era sensível às necessidades e às inquietações do seu meio e apaixonado pela procura minuciosa, engajada 22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 e cativante da luz divina. Seu testemunho pessoal e seus escritos vêm iluminar e fortalecer a missão da educação superior católica em nossa sociedade. A formação universitária não fica limitada apenas ao mundo das Ciências e das Artes; deve incluir a formação moral e o aprimoramento da pessoa na sua integralidade. Do mesmo modo, a presença, o acompanhamento e o diálogo com o professor dão vida ao processo de aprendizagem e de pesquisa, completando adequadamente a formação. Assim se expressa John Henry Newman em uma de suas obras sobre a universidade1. A Igreja Católica, recomenda Newman, deve zelar para que suas universidades sejam instituições de ambiente e de convivência agradáveis, pautadas por normas de boa conduta, de ordem, de ensino e vivência da religião, pois “virtude e religião vão além do simples conhecer”2. Seus numerosos discursos e artigos sobre a universidade católica, compilados, comentados e publicados por seus epígonos3, constituem um prelúdio da Constituição Apostólica como, por exemplo, o Corde Ecclesiae, do Papa João Paulo II, bem como outras obras relevantes, de referência inexcusável para quantos lidam na valiosa e desafiadora missão que é a educação superior católica, merecedora de todo esforço e atenção, sobretudo no cenário contemporâneo. NEWMAN, J.H. Rise and progress of universities. University of Notre Dame, Notre Dame, Foreword, 2001. 1 NEWMAN, J.H. Rise and progress of universities. University of Notre Dame, Notre Dame, Introduction, p. XXXI, 2001. 2 NEWMAN, J.H. The idea of a university. Yale University Press, London, 1899. 3 Inovação A empresa do futuro Clemente Nóbrega A empresa moderna é resultado de mutações de formas ancestrais de organização. Empresas surgiram um dia porque ficou evidente que eram o melhor jeito para se obter mais com menos, algo que os humanos adoram. A empresa do futuro, seja como for, não eliminará o passado. Não poderá. Sabe por quê? Antropólogos ensinam que povos que caçam animais grandes têm relações sociais complexas – muita gente (muitas especializações) têm de colaborar para abater uma girafa. Se não há animais grandes, ocorre o isolamento, e isolamento é sempre sinônimo de pobreza. É assim com os Shoshones, um povo que sobrevive (em bandos de famílias isoladas) remexendo o chão em busca de raízes e sementes. Às vezes, em seu habitat, surgem coelhos em abundância. É o que basta para passarem a colaborar imediatamente, produzindo enormes redes com uma espécie de cipó. Como uma família só não dá conta de manuseá-la, dúzias delas juntam-se sob o comando de um líder. A rede de cipó viabiliza a interação. Esse padrão – uma tecnologia viabilizando interações colaborativas entre estranhos – é o que gera prosperidade. Por quê? Os ganhos ficam irresistíveis: 20 Shoshones, individualmente, pegariam, com sorte, um coelho cada. Forme um time, e eles pegam 50 coelhos com a rede. Dois coelhos e meio para cada um, e com menos esforço. A prosperidade vem da colaboração. Dezenas de ex-executivos da GE, pupilos de Jack Welch que brilharam sob seu comando, foram contratados para dirigir outras grandes corporações. A GE, graças a seu sistema “jackwelcheano”, tinha “o melhor banco de reservas do mundo”, como diziam. Essa turma, contratada para fazer em outras empresas o que fizeram na GE, teve um sucesso apenas mediano. Só 50% deles obtiveram algum resultado. O sucesso está no time, não no indivíduo. A ideia de que, no futuro, o profissional mais valorizado será uma espécie de agente independente, ignora a noção de que conhecimento real é sempre criação coletiva. O agente solitário não pode dar certo em larga escala. Ninguém sabe como será exatamente, mas a empresa do futuro será muito diferente do que sugere a ideia “uma empresa chamada você”, que tem dominado a imaginação de tantos. Ela vai se organizar por meio de contextos novos de comunicação. Quanto mais formos capazes de articular e operar essas novas mídias, mais eficiente será a empresa. Mídia é qualquer meio habilitador de diálogo – qualquer coisa que crie um espaço que possa ser compartilhado para trocar algo. As pessoas descobrem, no próprio processo de compartilhar, significados que apelam à sua humanidade. É isso que vem definindo a seta da história humana desde sempre. Essas mídias vão integrar colaboradores por meio de alguma espécie de rede digital, de forma análoga ao que faz a rede dos Shoshones. Viveremos elaborações cada vez mais sofisticadas da rede de cipó. A tecnologia muda, mas a motivação não. Somos humanos hoje da mesma maneira que no passado distante. Tudo igual, só que novo. E “mais”, graças à tecnologia. Mais é diferente, entende? Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 23 Política Entrevista com Ângelo Vanhoni, atual presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados (PT-PR) Informativa – Quais projetos que tramitam na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados o senhor considera importantes? Acho que o mais importante que a Comissão de Educação está avaliando é um projeto de lei de origem do Senado, de autoria do senador Flavio Arns (PSDB/PR), que fixa a idade a partir de cinco anos para ingresso no Ensino Fundamental de todo o sistema nacional de ensino. Esse projeto está tramitando na Câmara, já foi aprovado no Senado Federal, e a Comissão de Educação terá de definir o seu voto. Uma grande polêmica se instaurou no Brasil inteiro. Fóruns de diversos Estados dedicados à defesa da criança, entidades ligadas ao processo pedagógico da educação infantil, universidades federais e particulares com experiência e trabalho na área da pedagogia já se manifestaram. Há uma opinião quase que absoluta dessas instituições de que esse pro24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 jeto não deve ser aprovado e de que a idade de ingresso deve ser como estipula a recente resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE): a partir dos seis anos de idade, com aniversário depois do dia 31 de março. Essa data se deve ao entendimento de teóricos, profissionais e intelectuais envolvidos de que o processo de aprendizagem do ser humano até essa idade, seis anos, deve estar preservado com uma metodologia educacional muito própria e específica. Esta deve ter base no desenvolvimento das múltiplas linguagens utilizadas pelo ser humano, seja do ponto de vista pictórico, da imagem, do envolvimento dos ritmos do corpo, das experiências sensoriais, tudo dentro de uma proposta pedagógica que leve em conta o respeito e a consideração da infância como sujeito. E não entender o período da infância como uma etapa que prepara o indivíduo para entrar no processo de alfabetização. Essa concepção de que a infância deve ser encarada como uma pré-sala do processo de alfabetização, na realidade, é uma visão deturpada. Daí a importância da idade de ingresso ser fixada a partir dos seis anos de idade. E o governo federal está indo no mesmo sentido com políticas do ponto de vista do Poder Executivo, porque nós fixamos na constituição do nosso país, no ano passado, através da Emenda 59, a obrigatoriedade do ensino a partir dos quatro anos de idade, dando um prazo para os governos estaduais e municipais até 2016 para o cumprimento dessa meta constitucional. No entanto, o ministro da Educação, Fernando Haddad, noticiou a convicção própria de que em 2014 devemos ter universalizado o acesso das crianças a partir de quatro anos de idade à educação infantil. Para isso, o governo já está estipulando recursos no orçamento da União para a construção de 6 mil escolas em todo o território nacional, ajudando as prefeituras a garantirem o acesso das crianças e providenciando os recursos necessários a serem anexados ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Assim, caso alguma prefeitura do país não tenha recursos para pagar a manutenção da escola infantil ou o salário dos professores, pode sacar esse dinheiro do fundo. Então veja que essa matéria é de muita relevância, porque trata da questão pedagógica, da qualidade da educação em nosso país. O governo federal tem uma ação no que diz respeito ao cumprimento de uma meta que o parlamento já fixou na Constituição, definindo uma obrigatoriedade do Estado brasileiro perante as crianças em relação à educação infantil. Isso é novo, até cinco ou seis anos atrás o governo federal não tinha nenhuma política voltada para a educação infantil. E nós sabemos como as crianças eram encaradas nas creches que algumas cidades mantinham. As creches eram mantidas, até então, como um espaço onde a mãe pudesse deixar o filho para frequentar o mercado de trabalho. Essa concepção mudou rapidamente. O governo e a sociedade estão entendendo que nessa fase da vida é preciso um tipo de cuidado, existe um processo de aprendizagem muito especifico. Não é apenas um passatempo para as crianças ficarem bem cuidadas enquanto a mãe sai para trabalhar. Pelo contrário, é um momento privilegiado da formação do ser humano. Então, isso é um salto na qualidade da educação brasileira. Essa concepção de que a infância deve ser encarada como uma pré-sala do processo de alfabetização, na realidade, é uma visão deturpada. Daí a importância da idade de ingresso ser fixada a partir dos seis anos de idade O senhor concorda com a ideia de acabar com a reprovação para crianças no ensino básico? O problema da aprendizagem não é das crianças. Toda criança tem potencial para aprender. Todas as teorias modernas a respeito do processo de aprendizagem já identificaram isso. O processo de aprendizagem não deve estar focado na capacidade da criança, e sim no Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 25 O talento e a capacidade de aprender estão disseminados em todo ser humano, então, o instituto da reprovação é uma punição muito grande para as nossas crianças 26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 sistema escolar, nas variantes referentes à questão social, ao problema gerencial nas escolas. São muitos os problemas que influenciam para que uma criança possa ter uma perda relativa de conhecimento em algum setor daquele momento da aprendizagem. Do ponto de vista psicológico, acho que sempre deve haver uma perda muito grande para aquelas que ficam marcadas como se não soubessem, como se não tivessem capacidade de aprender o conjunto de conhecimentos que seus amigos estão aprendendo. É muito raro que uma criança não tenha realmente capacidade para acompanhar o conjunto das informações. Via de regra, o desempenho abaixo da média que uma criança pode ter geralmente está ligado a fatores externos. O problema é que a escola precisa se adaptar, os nossos professores precisam ter essa compreensão, precisam ser qualificados para entender e ter política do ponto de vista pedagógico para reinserir as crianças no processo de desenvolvimento dos conteúdos. Muitas vezes as escolas não estão preparadas para fazer esse acompanhamento, assim como o corpo docente. As variantes que influenciam na aprendizagem de uma criança são múltiplas. Nós vimos pelo resultado do Ideb, que é o índice de desenvolvimento e de proficiência que as escolas de todo o Brasil tiveram. Uma escola de uma cidadezinha do interior teve a melhor média do Brasil. Nós esperávamos que a melhor escola fosse sediada em São Paulo, no grande centro, com bastante estrutura, professores com qualificação permanente de formação continuada, mas fomos encontrar a melhor média em uma escola no interior do Estado de São Paulo, em uma cidade que tem aproximadamente 20 mil habitantes. Qual foi a receita? O envolvimento da comunidade. Os professores tinham um envolvimento permanente com os alunos, o contraturno acontecia espontaneamente pela dire- ção e pelos professores. Portanto, foi um conjunto de fatores que levaram essa escola do interior a ter a melhor avaliação do Ideb. O que eu estou querendo dizer com isso? O talento e a capacidade de aprender estão disseminados em todo ser humano, então, o instituto da reprovação é uma punição muito grande para as nossas crianças. O processo de construção do conhecimento não deve passar por essa marca. O Plano Nacional de Educação (PNE) também é um tema importante na pauta da Comissão? Será a grande lei que deve ser votada este ano. Temos um prazo até o dia 31 de dezembro, porque o plano atual termina nessa data. Os trabalhadores da educação fizeram uma conferência em todo o território nacional, cerca de 3 mil delegados discutiram todos os aspectos relativos à educação no país. O sistema está bem estruturado, mas ainda precisamos de algumas soluções. Um dos grandes desafios é o ensino profissionalizante, porque assim o Brasil se desenvolve, a economia cresce. Há geração de emprego e de renda nas nossas cidades, e a juventude não está preparada. O desafio é capacitar a juventude a se apropriar do conhecimento cientifico que está à disposição da sociedade para interferir no mercado de trabalho, ganhar uma profissão, conquistar a sua dignidade e ajudar o Brasil a crescer. A outra ponta da formação profissional do nosso país é um desafio ainda maior, porque ao longo dos últimos anos a universidade vem se consolidando como espaço apenas para a elite, ou seja, uma pequena parcela dos jovens entre 17 e 24 anos frequentam alguma universidade. A grande maioria, dois terços, está em universidades particulares e filantrópicas. Só um terço tem acesso às públicas, federais e estaduais. Das federais, são apenas 620 mil vagas em um universo de 40 milhões de jovens. Então veja o quanto o Estado brasileiro ficou distante para uma formação profissional de maior rigor no nível superior, isso em um país tão grande e com potencial de desenvolvimento que o Brasil tem. Nós formamos hoje perto de 22 mil engenheiros por ano, e em todas as engenharias. Os Estados Unidos e a Índia formam por ano uma média de 150 a 200 mil engenheiros. Então são homens e mulheres preparados com o conhecimento científico no mercado de produção, desenvolvendo conhecimento e ajudando seus países a se desenvolver. O Brasil está um passo atrás. Nesse sentido, o desafio do PNE é apontar os caminhos que o ensino público vai tomar nos próximos dez anos. Nós também vamos fixar um valor no Produto Interno Bruto (PIB), um valor no orçamento e um valor na Constituição Federal, constando o mínimo que o Estado deverá gastar nos próximos dez anos para cumprir as metas que o parlamento brasileiro elencar para a educação, seja para a infantil, fundamental, profissionalizante, dos portadores de deficiência, de jovens e adultos, para o grande projeto de diminuir o analfabetismo e para a educação de nível superior, para a formação de mestres e doutores no que diz respeito à pesquisa científica em nosso país. Quanto à educação católica, o senhor estudou em uma das nossas instituições. Como avalia a mudança de valores que essa geração está enfrentando? Eu fiz filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). De lá, trago a minha formação profissional, minha formação enquanto cidadão brasileiro, de belíssima qualidade. Acho que nesse momento acontece uma mudança, porque não só nas escolas com vertente religiosa, mas no processo educacional em geral, as discussões a respeito da ética, comportamento e das relações humanas, diante de tantas transformações que estão acontecendo no mundo moderno, são empregadas no conjunto do processo educacional. E as universidades que têm influência religiosa seguramente estão desenvolvendo uma nova visão no processo educacional, sobretudo do ponto de vista da ética. Isso é um ato que ajuda muito na formação do homem e da mulher. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 27 Sustentabilidade Brincando e aprendendo Para abordar a temática água em sala de aula, é preciso que os professores tenham muita criatividade e imaginação Por Paula Craveiro N os últimos anos, temas relacionados ao meio ambiente têm conquistado merecido espaço em sala de aula. Professores e instituições de ensino despertaram para a importância de discutir com os alunos assuntos como poluição, reciclagem e preservação ambiental, de modo a criar jovens cidadãos engajados e conscientes de suas obrigações em relação ao mundo em que vivem. No entanto, a questão da água ainda é bastante mal trabalhada no ambiente escolar. “É comum ouvirmos o que se deve ou não fazer em relação à água. Na teoria, essas explicações e orientações são realmente muito boas, mas, dependendo do público ao qual nos dirigimos, estas podem ser totalmente ineficientes”, pontua a professora Mariana Cação Cardoso. Para ela, “é essencial que se una teoria e prática para que crianças e adolescentes compreendam a relevância do assunto e apliquem as soluções e alternativas apresentadas em sala de aula em seu dia a dia, seja na escola ou em suas próprias casas”. Muito papo... Na maioria das escolas brasileiras, sejam elas integrantes da rede pública ou da rede particular de ensino, há tempos o tema água vem sendo trabalhado em sala de aula, geralmente como parte da grade curricular de Ciências, mas, não 28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 raramente, ele é abordado de maneira superficial e sem que haja contato direto com o objeto de estudo. “Na minha escola, a professora sempre fala sobre cuidarmos da água do planeta; não jogarmos lixo nas ruas, porque, em dias de chuva, ele vai para os rios; não deixarmos a torneira aberta enquanto escovamos os dentes, essas coisas”, conta Thaís Nakamura, de 11 anos, aluna do 4º ano do Ensino Fundamental. “Muita coisa dá para aprender, mas seria bem mais legal se a gente pudesse mexer na água. Acho que todo mundo da classe prestaria mais atenção na aula e levaria o assunto mais a sério”, sugere a estudante. Fugindo do lugar-comum Um dos fatores que limita a abordagem da água diz respeito à sua restrição às aulas de Ciências. “Quem disse que a água não pode ser trabalhada em outras disciplinas?”, questiona a professora e pedagoga Lígia Martins. Segundo o Manual do Multiplicador, elaborado pela Sabesp e distribuído em diversas escolas do Estado de São Paulo, a “interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzidos por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas”. Em outras palavras, conforme explica a pedagoga, é possível sim trabalhar a água em matérias como Matemática, Língua Portuguesa, Educação Física, Artes e, evidentemente, Ciências. “Para isso, é preciso que o educador tenha criatividade e também se coloque no lugar dos alunos, analisando se essa ou aquela atividade realmente o interessaria se ele fosse um estudante”, afirma. Como exemplos de atividades, Lígia sugere: “Em Matemática, podemos utilizar copos de água na realização de contas. Tenho 20 copos de água, cedo 11 para Maria e fico com quantos? Já em Língua Portuguesa, o professor pode propor aos alunos a redação de um poema ou uma história que fale sobre água. Em Geografia, é possível abordar desde as formações geológicas até "É essencial que se una teoria e prática para que crianças e adolescentes compreendam a relevância do assunto e apliquem as soluções e alternativas apresentadas em sala de aula em seu dia a dia, seja na escola ou em suas próprias casas." Mariana Cação Cardoso questões regionais que envolvem a falta de abastecimento de água para consumo. Em Artes, os alunos podem realizar uma série de desenhos envolvendo situações que necessitem de água, como tomar banho, preparar um alimento, regar uma planta”. A professora e pedagoga destaca que, em Ciências, é possível trabalhar questões como noções de higiene e saúde. “Também há a possibilidade se elaborar projetos como coleta de água de chuva para posterior reuso ou a medição da água da escola durante um determinado período, permitindo que os alunos compreendam o método científico aplicado em um estudo das águas (ciclo da água)”. Outra maneira interessante de abordar o tema que exige a participação ativa dos estudantes é gerar debates, tendo por base matérias publicadas em jornais, revistas e na internet. “A partir desse material, os alunos serão induzidos a pensar nas causas de situações como falta de água potável e enchentes, algo comum aqui no Brasil, e passarão a buscar, com o apoio dos professores, soluções para esses problemas, como a reutilização da água da chuva e da água utilizada na lavagem de roupa”, complementa Mariana Cação. Trabalhando com água Embora todas as sugestões apresentadas sejam bastante interessantes e facilmente aplicáveis em qualquer instituição de ensino, ainda há um “porém”: em quase sua totalidade, as atividades envolvem apenas o conceito água, não o objeto de estudo propriamente dito. “Em minhas aulas, costumo incentivar os alunos a experimentarem determinadas situações. A meu ver, essa é a melhor maneira de fazê-los compreender o assunto que estamos estudando”, comenta Ana Claudia Marques, professora de Ciências. Entre as atividades propostas por Ana, ela sugere que, ao chegar em casa, o aluno coloque um balde vazio sob uma torneira, deixando-a pingar lentamente durante um determinado número de horas, ou até que o balde fique cheio. “A partir daí, cada um traz as suas observações, incluindo o volume total do balde, e, juntos, passamos a calcular o desperdício que ocorre com uma goteira durante um dia ou um mês. Essa prática faz com que os alunos atentem para situações corriqueiras e que, até então, passavam despercebidas”, explica. Outro exercício sugerido pela professora utiliza-se de gelo. “Com apenas duas pedras de gelo é possível fazer essa experiência. Basta o aluno colocar uma delas em um recipiente em temperatura ambiente e outra em um recipiente com temperatura variando de morna a quente, tomando cuidado para não se queimar ou, então, pedindo o auxílio a um adulto. A partir daí, o aluno deve analisar o que ocorre com ambas, o tempo que elas levam até derreterem completamente. Também munidos de observações, em sala de aula discutimos conceitos relacionados à questão do aquecimento global”, ressalta. “Compreendendo, na prática, a importância da adoção de medidas simples como fechar a torneira durante a escovação dos dentes, reduzir o tempo de banho e reaproveitar a água utilizada na lavagem de roupas, essas crianças e adolescentes passam a adquirir uma consciência mais ampla sobre a água, passando a respeitá-la como um bem valioso que a natureza nos oferece e, também, servindo como agente na disseminação do conteúdo assimilado, orientando e cobrando uma postura consciente e correta de seus pais, amigos e familiares”, conclui. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 29 Legislação A Regulamentação da Nova Lei da Filantropia para as entidades de educação João Paulo Amaral Rodrigues e Vanessa Martins de Souza, MBSC Advogados A pós longos meses de ansiosa espera e expectativa, as entidades beneficentes de assistência social puderam ter acesso à lei nº 12.101, mais conhecida como Lei da Filantropia. Sua regulamentação ocorreu por meio do decreto nº 7.237, publicado no Diário Oficial da União em 21 de julho de 2010. Com a publicação, as organizações deixam o campo da insegurança jurídica e passam, definitivamente, a se adequar às novas normas já ditadas pela mencionada lei. A regulamentação traz, ainda, consideráveis mudanças quanto ao funcionamento das instituições de saúde, educação e assistência social, tendo em vista que por mais de uma década se adequaram às normas dispostas na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), no decreto nº 2.536, de 1998, e nas resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado 30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 As entidades de educação deverão se adequar às diretrizes do PNE, o qual se evidenciará por meio do plano de atendimento da instituição, que será analisado pelo Ministério da Educação ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), antes o único com a competência de conceder e renovar o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) para as três áreas. As alterações trazidas não se referem somente aos procedimentos a serem adotados, mas, principalmente, à ampliação de conceitos e ao estabelecimento de vínculos das entidades. Entre elas, estão as que atuam na área de educação, com o Plano Nacional de Educação (PNE); as entidades de assistência social, com o Sistema Único da Assistência Social (SUAS); e as organizações da área da saúde, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – embora a normatização anterior já dispusesse sobre o último. Segundo a regulamentação, o Cebas continua com validade de três anos e pode ser renovado por igual período. Porém, a nova norma trouxe uma mudança significativa, pois a entidade passa a apresentar documentos relativos ao exercício fiscal anterior ao do requerimento, e não mais dos três anos anteriores ao pedido da concessão ou renovação da certificação. O decreto prevê também a possibilidade de se estabelecerem parcerias entre entidades privadas, sem fins lucrativos, e que também tenham por atuação as áreas tratadas na lei. Isso acontece desde que sejam celebrados ajustes ou instrumentos de colaboração entre elas, e que disponham sobre as ações a serem executadas, os beneficiários que serão atendidos, a forma da prestação de contas, a responsabilidade das partes e a transferência de eventuais recursos. Quanto às regras para a análise e decisão dos pedidos de certificação, a norma extingue a figura do Pedido de Reconsideração propriamente dito nos casos em que for indeferido o requerimento da entidade, limitando a via recursal somente ao Recurso Voluntário, o qual será dirigido à autoridade certificadora. Todavia, esta poderá exercer o juízo de retratação, ou seja, a possibilidade de reformar a decisão indeferida diante das razões constantes do apelo, sem que necessariamente haja a remessa do processo ao ministro de Estado. Destaca-se que a entidade não poderá juntar novos documentos quando protocolar o recurso, disposição que traz questionamentos quanto à provável violação ao princípio da ampla defesa, inserido na Constituição Federal. No que se refere à legitimação para propor representação contra as entidades certificadas que descumprirem as exigências da lei para a obtenção do Cebas, houve a ampliação do rol de órgãos competentes para tanto, dentre eles os gestores do SUS, SUAS e os gestores da educação em âmbito municipal, estadual e distrital. É relevante enfatizar que o decreto trouxe definição quanto ao cancelamento da certificação, caso haja o descumprimento dos requisitos que a mantêm, o qual se dará a partir da efetiva ocorrência do ilícito. Dessa forma, não será mais compreendido o cancelamento de todo o período da validade do Cebas, ou seja, quando a instituição deixar de cumprir alguma das exigências legais em um determinado exercício, a anulação se dará a partir desse momento, resguardando-se a vigência do certificado quanto aos exercícios anteriores. Ainda sobre o cancelamento, cabe salientar que o assunto levanta alguns questionamentos. Um deles é quando o respectivo texto normativo é confrontado com a previsão sobre o período em que versará o auto de infração, lavrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, uma vez que a autuação se restringirá somente ao lapso em que foi constatada a irregularidade, e não sobre todo o período cancelado. O ideal será aguardar a publicação das portarias, bem como a postura dos ministérios nos casos concretos. Os ministérios avaliarão de forma sistemática todas as atividades desenvolvidas pelas entidades “mistas”, ou seja, aquelas que possuem atuação em duas ou mais áreas (educação, saúde e/ou assistência social), tendo em vista que os requerimentos para a certificação serão apresentados ao ministério, que irá analisar a atividade principal da entidade e consultar as outras pastas acerca das demais. Diante disso, é importante que os critérios da análise sejam coerentes, extirpando a observação que anteriormente era realizada apenas por um órgão. As entidades de educação deverão se adequar às diretrizes do PNE, o qual se evidenciará por meio do plano de atendimento da instituição, que será analisado pelo Ministério da Educação. Além de sua apresentação a cada três anos, a entidade terá de entregar relatórios semestrais ou anuais referentes ao preenchimento das bolsas de estudos concedidas. Os alunos serão selecionados pela entidade, a qual avaliará o pedido de concessão das bolsas com base na situação socioeconômica apresentada pelo aluno, a proximidade da residência do beneficiário, sorteio e outros critérios que estejam presentes em seu plano de atendimento. Já no que se refere ao cumprimento do percentual de gratuidade, as instituições de educação poderão contabilizar o valor destinado aos programas de apoio aos alunos bolsistas, como previsto no artigo 13 da lei nº 12.101, de 2009. No entanto, apesar da norma elencar algumas ações consideradas como programas de apoio e mencionar que outros seriam definidos em regulamento, o decreto permaneceu em silêncio em relação a essa matéria. Espera-se que a Portaria Ministerial, que normatizará procedimentos a serem adotados quanto a certificação das entidades, esclarecendo critérios e normas já estabelecidos na legislação, disponha de forma precisa sobre os demais programas de apoio que poderão ser utilizados pelas entidades, visando única e exclusivamente o acesso à educação pelos beneficiários das bolsas de estudo. Agora, eventuais questionamentos poderão aparecer quando for publicada a Portaria Ministerial, bem como com a aplicação das normas em questão no caso concreto, oportunidade em que poderá se verificar possíveis ilegalidades e inconstitucionalidades que venham a violar não só o direito das entidades beneficentes, mas colocar em risco os verdadeiros beneficiários da política de assistência, notadamente a população em vulnerabilidade social. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 31 Comunicação Marketing Como usar a internet para divulgar a instituição e suas atividades Digital Por Juliana Fernandes U sar a internet como uma ferramenta de marketing é novidade para muitas instituições de ensino. Apesar do crescimento das mídias digitais no Brasil, as escolas ainda não utilizam de forma eficiente os recursos e serviços disponíveis na rede. Entre as principais vantagens do marketing digital estão: agilidade, alcance e interatividade na comunicação. Como estratégias mercadológicas, podem se destacar o posicionamento do site nos mecanismos de busca e o relacionamento da instituição com seu público-alvo. Além disso, são desenvolvidas campanhas de comunicação para fortalecer a imagem da instituição e a prospecção de novos alunos. Vale lembrar que, antes da execução de qualquer estratégia de marketing, é fundamental realizar um planejamento. “A instituição tem de começar entendendo o seu público-alvo e definir claramente como usar as estratégias. Só essa disciplina e esse foco em planejar, executar, monitorar e corrigir é que dá resultados efetivos na web”, afirma Claudio Torres, consultor em marketing digital e mídias sociais. Para Marcelo Marzola, diretor geral da Predicta, consultoria especializada no comportamento do consumidor nos 32 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 meios digitais, uma boa estratégia é se colocar no lugar de quem busca a informação, já que “muitas vezes as instituições pecam por colocar nos seus sites aquilo que acham que devem colocar. Na verdade, elas devem informar o que os seus consumidores estão buscando”, declara Marzola. O site é uma das principais ferramentas do marketing digital. Ele funciona como um folheto institucional e serve para apresentar a escola, seus serviços e atividades. No entanto, para sua eficiência, é necessário que o conteúdo seja relevante e atualizado constantemente. É indicado ainda agregar uma ferramenta de blog, como o Wordpress, e trabalhar com vídeos e contas nas redes sociais. “Tenha um bom site, experimente realizar uma campanha on-line, faça marketing em buscadores e tenha alguém cuidando da presença da As sete estratégias do Marketing Digital Conteúdo Divulgue algo útil e relevante para o consumidor. É essencial também atualizar constantemente as informações. Mídias sociais Crie uma rede ligada à instituição e se relacione. O ideal é divulgálas no website principal. E-mail marketing A ferramenta ainda é usada, já que nem todos estão nas mídias sociais. Utilize essa estratégia para divulgar promoções, lançamentos e informativos. Marketing viral É a ferramenta mais importante, eficiente e lucrativa da internet. Com ela, você multiplica tudo que faz por dez, cem ou mil. É aí que o seu negócio realmente decola. Publicidade on-line Seja criativo e foque suas ações mercadológicas em nichos. Promova gratuitamente a instituição por meio do SlideShare, Youtube e outros serviços que a web oferece. Pesquisa Assuma que o importante é o consumidor. Aprenda tudo que puder sobre ele: como pensa, o que quer, quem é e o que faz. Monitoramento Monitore tudo e aprenda com isso. Quem mais vai te ensinar sobre internet é o próprio ambiente. Fonte: A Bíblia do Marketing Digital (Claudio Torres). sua instituição nas mídias sociais. Com o passar do tempo, ficará cada vez mais fácil identificar quais canais de comunicação são os mais importantes”, sugere Marzola. Ferramentas disponíveis A web oferece às instituições de ensino inúmeras possibilidades para desenvolver as estratégias de marketing. Os blogs, por exemplo, podem divulgar assuntos relacionados à educação, cursos e demais ser- viços. Já as mídias sociais são as principais responsáveis pelo relacionamento entre alunos, professores e o público externo. O Youtube, uma das ferramentas disponíveis na rede, pode ser usado para exibir vídeos de sua escola e as atividades desenvolvidas pela instituição. No Twitter, além da própria divulgação, promova assuntos interessantes e de outras fontes. Dessa forma, os seguidores se tornarão mais tolerantes à publicidade. Já no Orkut, acompanhe as discussões realizadas nas comunidades. Elas podem ajudar a definir as futuras ações de marketing. No Facebook, mantenha a interação por meio de aplicativos que estimulam o acesso a rede. Lembre-se que esses canais também são formas de atendimento ao aluno. Por isso, monitore constantemente o que for divulgado e a sua repercussão. Por ser um veículo interativo, a internet é capaz de desenvolver uma co- municação bilateral. “O público quer falar com as instituições através de pessoas, não de anúncios. Você tem de se relacionar com elas e mantê-las interessadas na sua instituição. Espalhe-se pelas mídias sociais e crie relacionamentos, os resultados virão”, indica o consultor Claudio Torres. O uso dos portais de busca, como o Google e o Yahoo, também é aplicado às estratégias de marketing. No mercado, existem empresas que posicionam as instituições nos primeiros lugares da lista durante a procura por um serviço ou informação. Há duas maneiras para obter esse destaque: por meio de links de patrocínio (AdWords) ou pela otimização de sites (SEO - Search Engine Optimization). Posicionamento Segundo Marcelo Marzola, o sucesso dessas iniciativas depende de uma participação completa e equilibrada. “Não adianta somente ter um site, fazer uma campanha on-line ou ter uma conta no Twitter. É importante atuar em todas as vertentes da comunicação on-line”, disse. O desafio, portanto, é planejar as ações de marketing em meio a tantas ferramentas disponíveis. Nesse contexto, conhecer o ambiente é fundamental para obter bons resultados. Identifique onde está o seu público-alvo e divulgue as atividades de sua instituição de forma eficiente. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 33 Recursos Humanos Avaliação de desempenho: metas e resultados em favor de todos Empresas e funcionários têm muito a ganhar, mas procedimentos e processos precisam ser claramente informados Cinthia de Paula A avaliação de desempenho é uma importante ferramenta de Gestão de Pessoas que analisa sistematicamente o desempenho dos profissionais em relação às atividades que realizam, às metas estabelecidas, aos resultados alcançados e ao seu potencial de desenvolvimento. Sua principal função é contribuir para o desenvolvimento das pessoas na organização. Atualmente, apesar de ainda haver resistências em relação a esse tipo de análise, especialistas garantem que as empresas, por meio de um �������������� sistema organizado de avaliação, podem rever suas estratégias de atuação e métodos de trabalho para corrigir possíveis equívocos e melhorar práticas. “Assim, podem fi��� car cientes do potencial de sua força de trabalho e, a partir do momento em que conseguem fazer a mensuração de seu 34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Uma vez que a empresa opte por realizar a avaliação de desempenho, ela deve ser incorporada pela cultura organizacional e seus resultados devem ser efetivamente aplicados capital intelectual, podem traçar estratégias mais ou menos arrojadas”, explica Fernando Freitas, psicólogo e consultor de Recursos Humanos, autor de artigos publicados em diversos sites do setor. Por outro lado, para os colaboradores a avaliação pode significar uma mudança de comportamento e o alcance de metas. “Muitas pessoas trabalham anos na mesma empresa realizando o mesmo trabalho. São capturadas pela rotina e pela cultura organizacional e ficam cegas ou estagnadas em relação a seu próprio desenvolvimento. Para isso, o processo de avaliação dará uma ‘sacudida’ nesses profissionais que, preenchendo possíveis lacunas de desempenho, vão se desenvolver e crescer na carreira”, completa o consultor. Existem no mercado diversos modelos de avaliação de desempenho e softwares que mensuram a performance do profissional, geram estatísticas, sugerem gaps de competências etc. Entretanto, é preciso, antes de tudo, conhecer a cultura organizacional da empresa, o posicionamento da direção e qual é o objetivo esperado. Só depois é que se deve partir para o planejamento. Uma vez que a empresa opte por realizar a avaliação de desempenho, ela deve ser incorporada pela cultura organizacional e seus resultados devem ser efetivamente aplicados, ou todo o processo cairá no descrédito e a empresa terá perdido tempo, dinheiro e o respeito dos seus profissionais. Para isso, no entanto, é importante que todas as lideranças estejam preparadas para aplicar o processo de avaliação. Os gestores devem ser capacitados para entender os objetivos, a condução do processo e como a participação deles é fundamental para o êxito da aplicação da ferramenta. Paralelamente, esse processo precisa ser apresentado aos profissionais, para que eles entendam como ele vai ocorrer, quem irá conduzi-lo, que a iniciativa não tem caráter punitivo, mas possibilita o desenvolvimento de novas competências e que é um caminho para a ascensão profissional. “Um processo de avaliação de desempenho torna as coisas mais transparentes dentro da empresa, ninguém fica enganado e, com isso, os processos de promoções, transferências, pagamentos de prêmios e até mesmo de demissão ficam mais transparentes. Saímos da subjetividade para a concretude”, ressalta Freitas. Informação e feedback A falta de conhecimento desse processo como um todo ainda faz com que colaboradores se sintam ameaçados pela avaliação. Entretanto, o consultor afirma que esse temor pode indicar que os colaboradores não estão preparados Objetivos dos sistemas de avaliação: • • • • • Estabelecer metas de desempenho para colaboradores e equipes, alinhadas com a estratégia da organização; Avaliar os resultados anteriores obtidos face às metas estabelecidas; Garantir que a organização conheça e reconheça seus profissionais com planos de carreira, promoções e prêmios de desempenho; Permitir que os colaboradores conheçam seus objetivos e os comportamentos esperados para alcançar os resultados, dispondo dos meios necessários para fazer o autocontrole; Assegurar a possibilidade de correção de trajetórias, por meio do acompanhamento contínuo. Métodos mais tradicionais: • • • • • • • • • • • A partir de indicadores definidos – é o mais utilizado; Por meio de frases descritivas de determinado tipo de desempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas; Com base na realização de reuniões entre um especialista e o líder; Enfocando atitudes positivas e negativas que devem ser corrigidas com orientação constante; Comparação entre o desempenho de dois colaboradores ou entre o desempenho de um colaborador e sua equipe; Autoavaliação; Por meio de relatório de performance, com descrição livre sobre as características do avaliado, seus pontos fortes, fracos, potencialidades, dimensões de comportamento etc.; Avaliação de resultados baseada na comparação entre os resultados previstos e os realizados; Avaliação por objetivos – específicos, mensuráveis e alinhados aos objetivos organizacionais e negociados previamente entre o colaborador e seu superior; Por padrões de desempenho, ou seja, quando há estabelecimento de metas somente por parte da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que serão avaliadas; Por meio de comportamentos descritos como ideais ou negativos – assinala-se “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde ao comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. para sua função e seus avaliadores não estão prontos para liderarem o processo. “Nesse ponto, é importante que um consultor externo possa identificar a questão. E para evitar esse desconforto é importante deixar bem claro a todos como a avaliação será implantada. O processo nunca poderá ser um julgamento, e por isso a ideia tem de ser muito bem desenvolvida e o treinamento dos avaliadores deverá ter como principal foco o desenvolvimento profissional”, reforça. Para o sucesso do processo de avaliação, no entanto, o feedback é fundamental, pois somente a partir dele o gestor acompanha o desenvolvimento do profissional e, por outro lado, permite que o funcionário trace sua estratégia para superação das dificuldades. É importante também deixar claro para os colaboradores que a avaliação de de- sempenho aumenta suas chances de ascensão na carreira e de empregabilidade. Para eles, Freitas dá a dica: “Primeiramente, tenha conhecimento do seu trabalho e das variáveis que podem propiciar o não-alcance de seus resultados. Tenha foco em um processo de desenvolvimento profissional contínuo estando atento ao mercado de trabalho e procurando conhecer a empresa como um todo. Essas informações darão argumentos importantes para possíveis contestações na hora do feedback e para promover acertos em caso de distorção da avaliação”. O resultado final esperado da avaliação de desempenho apresentará as informações necessárias para a identificação de oportunidades de melhoria e a elaboração de um plano de ações em relação a vários níveis: geral da organização, por área e individual. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 35 Administração 36 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Ferra amenta de transformação Luciano Guimarães Parte integrante da pedagogia, a didática chega ao século 21 cercada de paradigmas de décadas passadas e com o desafio de encontrar um modelo ideal para a aprendizagem E m toda a história – dos sofistas gregos, na Antiguidade, a Jan Amos Komenský (1592–1670), há quase 400 anos, considerado o pai da didática moderna, passando por Paulo Freire (1921–1997) e Jean Piaget (1896–1980), no século 20 –, o estudo e a aplicação da didática no ensino vêm evoluindo e sofrendo grandes transformações. Essas mudanças trazem consigo uma singularidade evidente: são produzidas à imagem e semelhança das mutações ocorridas no comportamento da sociedade em geral, nas políticas de ensino, no pensamento acadêmico e na formação dos docentes, além, é claro, da sua utilização prática nas salas de aula. Termo originário do grego (techne didaktiké), cujo sentido pode ser traduzido como a arte de ensinar, a didática é a parte da pedagogia que se ocupa das estratégias de ensino e das questões relativas à metodologia e à aprendizagem. Basicamente, ela funciona como o elemento transformador da teoria em prática. Seus elementos de ação são o professor, o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto da aprendizagem e as estratégias metodológicas. Na pedagogia, a didática é classificada como geral e especial. A primeira estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. Ela nos dá uma visão geral da atividade docente. A especial, por sua vez, estuda os aspectos científicos de uma determinada disciplina ou faixa de escolaridade, analisando os problemas e as dificuldades que o ensino de cada disciplina apresenta e organizando os meios e sugestões para resolvê-los. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 37 Presente em parte importante da formação dos futuros professores, a didática e seus conteúdos não raro aparecem na educação continuada dos docentes. Também se configura como uma área de pesquisa, representada em nosso país por diversos autores que definem o ensino como objeto de estudo da didática. “A didática é um conjunto de conhecimentos que contribui para o professor planejar e desenvolver o modo como apresentará sua aula”, explica a professora doutora Alba Regina Battisti de Souza, do Departamento de Pedagogia do Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Segundo ela, vários são os aspectos a se destacar em meio a todo esse processo educacional que subverte a teoria e a prática. “São eles: a importância da interação; a forma de organizar e apresentar os conteúdos; de organizar e orientar atividades que ensejem o questionamento, a criatividade e a resolução de problemas, além das possibilidades de avaliação numa perspectiva mais diagnóstica e processual, ou seja, de maneira a contribuir com a aprendizagem dos alunos, identificando aspectos que precisam ser revistos”, explica a docente. A utilização da didática como instrumento para o desenvolvimento da educação é um grande desafio, que passa pela possibilidade do acesso dos professores aos conhecimentos produzidos na área até a criação de condições para o estabelecimento de um compromisso para articulá-la na prática cotidiana. “O professor tem papel fundamental na aprendizagem dos alunos e sua função de ensinar é inquestionável. Porém, na atualidade, é com uma postura mediadora”, avalia Alba Regina, que se pergunta como isso pode ser traduzido para a prática. De acordo com ela, quando o docente instiga os alunos a se apropriarem dos conteúdos de forma ativa, crítica e ligada ao contexto, o professor passa a se pre38 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 ocupar em organizar situações de aprendizagem nas quais os estudantes assimilem os conteúdos por meio de problemas significativos, que os incitem a pensar, aplicar e construir conhecimentos. “Uma aula expositiva pode ser muito boa e ainda tem seu espaço garantido, mas é preciso ampliar as formas de aprendizagem dos educandos, apresentando possibilidades variadas, integrando as novas tecnologias no processo pedagógico e atividades que permitam expandir e compreender de forma mais aprofundada e abrangente os conteúdos”, explica. Uso da tecnologia A absorção de conteúdo pelo aluno em sala de aula também é um desafio da didática moderna, que utiliza diversas ferramentas, desde processos lúdicos e audiovisuais até informática. Todos os esforços para se obter melhores resultados no ensino são válidos e necessitam de certo planejamento em sua implantação e implementação. Myriam frisa também que “o professor passa a ser o que auxilia o aprendiz a procurar e coordenar o que aprende dentro de um esquema conceitual mais amplo. Qualquer reforma deveria suscitar essas questões, que são básicas para uma mudança real na qualidade de ensino”, argumenta. Uma aula expositiva pode ser muito boa e ainda tem seu espaço garantido, mas é preciso ampliar as formas de aprendizagem dos educandos, apresentando possibilidades variadas, integrando as novas tecnologias no processo pedagógico e atividades que permitam expandir e compreender de forma mais aprofundada e abrangente os conteúdos Para a professora Myriam Krasilchik, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), “os novos recursos tecnológicos e, principalmente, o uso do computador, criam dilemas equivalentes, podendo até ser uma fonte muito eficiente de fornecimento de informações”, conforme descreve em seu artigo Didática – Reformas e Realidade. O texto, no qual faz uma minuciosa análise do ensino das ciências, abordando os caminhos percorridos por vários projetos desde a sua elaboração nos órgãos normativos como parte de políticas públicas até o dia a dia das salas de aula, pode ser lido na íntegra em: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/7438/ didatica-reformas-e-realidade/pagina-1. A docente ressalta que, “no entanto, o potencial do computador como desequilibrador da vigente relação professoraluno é ainda subutilizado como instrumento que possa levar o aluno a deixar o seu papel passivo de receptor de informações, para ser o que busca, integra, cria novas informações”. Processo reflexivo O desenvolvimento da didática teve grande impulso no século 20, tanto na teoria quanto na prática, com a inclusão de importantes métodos que colaboraram para a aprendizagem, ainda que em determinados momentos batesse de frente com políticas de ensino polêmicas. Diversas teses e estudos abriram o debate sobre a aplicação da didática no ensino, e certamente é imperativo lembrar-se da ciência da epistemologia genética de Piaget, que tenta explicar o desenvolvimento da inteligência, ou ainda a enorme colaboração do cientista didático José Carlos Libâneo, professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). “A didática como disciplina e campo de estudo parece acelerar o progresso no sentido de uma autoconsciência de sua identidade – encontrada em seu núcleo central – e de sua necessária interdisciplinaridade”, argumenta no artigo A Trajetória Histórica da Didática a estudiosa Amélia Domingues de Castro, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp), que também é doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP. “Conseguir plenamente a autonomia, sem prejudicar suas fecundas relações com disciplinas afins, é um projeto que, a meu ver, depende tanto de um esforço teórico e reflexivo quanto de um avanço no campo experimental. Creio que é tarefa para o século 21.” Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 39 Capa Aprendendo Crianças e adolescentes participam de pro 40 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 desde cedo jetos para aprender a importância do voto Lana Canepa, jornalista da ANEC Q uais são as iniciativas que preparam os jovens do século XXI para serem eleitores conscientes? Como estas gerações lidam com a responsabilidade e poder de eleger os próximos representantes políticos? Em Brasília, vários projetos inovadores são desenvolvidos pelo Congresso Nacional para envolver crianças e jovens de todo o país no processo eleitoral e na rotina política. Entre as iniciativas, duas atraem a atenção dos alunos para o dia a dia de deputados e senadores: “Escola na Câmara” e “Estágio Visita”. São projetos de visitação, um mensal e um semanal, respectivamente, onde grupos de estudantes percorrem os corredores das duas Casas conhecendo a história do parlamento e do processo político até a formação da democracia brasileira. As visitas, acompanhadas por guias treinados pelo Congresso, são uma viagem pelo tempo e pelas obras de arte de reno- Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 41 Elton Bomfim Elton Bomfim Câmara Mirim Câmara Mirim Alunos do ensino fundamental fazem o papel de deputados mirins e apresentam, debatem e votam três projetos de lei selecionados entre todas as propostas enviadas pelas crianças 42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 mados convidados que estão espalhadas pelo Parlamento. Quando o assunto é envolvimento político, duas outras iniciativas simulam a rotina de votações e criação de projetos de lei. No Plenarinho, o jeito criança de ser cidadão, podemos citar a Câmara Mirim, para crianças matriculadas em turmas regulares do 5º a 9º ano do ensino fundamental, e o Parlamento Jovem. Para as crianças, o programa educativo simula uma sessão ordinária da Câmara dos Deputados. No dia do evento, alunos do ensino fundamental fazem o papel de deputados mirins e apresentam, debatem e votam três projetos de lei selecionados entre todas as propostas enviadas pelas crianças. O evento dura aproximadamente três horas e é realizado anualmente. Tudo é acompanhado de perto e divulgado pela Câmara dos Deputados. Para ter mais informações é só acessar o endereço eletrônico: www.plenarinho.gov.br. No site, é possível encontrar modelos de projetos de lei e o passo a passo para que a escola participe do processo de seleção. Professores do ensino fundamental de todo o Brasil também podem participar. Os interessados recebem oficinas e informações para formular atividades didáticas que contemplam itens como Educa- Luiz Cruvinel Luiz Cruvinel Jovens participam da Câmara Mirim Presidente Michel Temer com crianças que desempenharão o papel de deputados e deputadas no Programa Câmara Mirim ção no século XXI; Organização do Estado Republicano, Democrático e Representativo: os Três Poderes e suas atribuições; Poder Legislativo: o papel da Câmara dos Deputados; Processo Legislativo: aprovação de um projeto de lei. O programa didático funciona no ambiente de ensino a distância e utiliza a internet – no caso, o próprio portal Plenarinho como veículo. Já o parlamento jovem, voltado para jovens de 16 a 22 anos, tem como forma de seleção dos participantes a apresentação de um projeto de lei. As secretarias de educação estaduais escolhem as melhores propostas e os alunos são escolhidos para integrar um grupo de jovens deputados. Essa é a sétima edição do projeto e, respeitando o critério de proporcionalidade seguido na Câ- mara Federal, são “eleitos” os representantes de todas as regiões brasileiras. São 78 cadeiras no total e em algumas situações os projetos apresentados nessa brincadeira viram coisa séria, são incorporados pelos deputados e tramitam como verdadeiros projetos de lei no Congresso Nacional. Esse ano, o tema do projeto é “O Jovem e o Mercado de Trabalho”. Com base nessa temática, os participantes encaminham os projetos para debate e votação. As sessões de trabalho dos jovens parlamentares estão marcadas para o período de 22 a 26 de novembro. Durante os cinco anos de mandato no parlamento jovem os alunos aprendem brincando sobre a importância de eleger representantes responsáveis e como o voto pode valer muito para o futuro da nação. As secretarias de educação estaduais escolhem as melhores propostas e os alunos são escolhidos para integrar um grupo de jovens deputados Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 43 Especial ANEC em cinco passos: Conheça os avanços e conquistas dos últimos três anos da associação 44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 A Prof. Dilnei Lorenzi, secretário executivo; Pe. José Marinoni, diretor-presidente; Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, vice-presidente; e Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, 2º tesoureiro Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) surgiu da união de três instituições que representavam os pilares da Educação Católica no Brasil. A missão era desafiadora: reunir em uma mesma estrutura administrativa as ações em benefício das associadas da Educação Básica, Ensino Superior e Mantenedoras, o que fomentou a criatividade, o planejamento e a competência de atores. Nos últimos anos foram incontáveis avanços. Entre eles, a criação e a instalação de seis escritórios regionais que têm como objetivo aumentar a representatividade das associadas. Hoje, a ANEC está no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro, e até o fim deste ano, mais duas filiadas devem ser criadas. O trabalho nos Estados reproduz o mesmo sistema usado em Brasília, sede da Associação, para aumentar a transparência e eficiência dos serviços prestados. Envolvimento em projetos nacionais e internacionais, bem como o fortalecimento da imagem da instituição, foram metas da Associação que se estruturou, adquiriu força e é considerada como referência da Educação Católica. As finalidades da ANEC são: lutar por uma educação de excelência; representar a Educação Católica no país, em seus diversos níveis, em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e atuar politicamente no interesse de suas associadas junto às diversas instâncias que integram a vida pública nacional. Nos últimos três anos, muito do que foi citado entre as finalidades virou realidade. Em uma conversa com o secretário executivo da ANEC, Dilnei Lorenzi, que comandou a pasta de maio de 2008 até setembro de 2010, retomamos parte da história da Associação, das dificuldades superadas e soluções que transformaram a instituição em uma entidade respeitada e muito lembrada quando o assunto é Educação Católica. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 45 Dilnei Lorenzi, secretário executivo da ANEC de maio de 2008 a setembro de 2010 46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Quais avanços o senhor considera mais importantes durante sua gestão como secretário executivo da ANEC? Foram muitos avanços. Vários projetos foram desenvolvidos e saíram do papel. Nossos eventos já são uma marca respeitada e também reforçamos o trabalho de mediação política na construção de uma representatividade. Eu acredito que essa transformação no trabalho da ANEC pode ser contada em cinco passos. Foi assim que a nossa gestão conseguiu estruturar um cenário favorável de renovação das forças e estruturação da imagem da Associação. O primeiro passo foi a criação de um identidade para a ANEC. Quando a ANEC nasceu, as pessoas imaginavam que seria fácil. Bastava unir as três entidades que já existiam e, naturalmente, as coisas funcionariam bem. Mas não foi exatamente assim. Faltava uma argamassa para que essa união não resultasse em uma colcha de retalhos. Apesar de serem áreas congruentes – Educação Básica, Ensino Superior e Mantenedoras –, elas têm necessidades bem especificas. Portanto, não foi fácil reunir tudo isso em uma mesma entidade e prestar serviços de qualidade às nossas associadas. O segundo passo foi construir essa linha mestra de ações entre os nossos três eixos de trabalho, ou seja, as áreas de atuação na educa- ção. Além disso, precisávamos colocar essas áreas para se comunicar. A interseção fortaleceu o trabalho das Câmaras da ANEC e os coordenadores tiveram de enfrentar os desafios unidos. Eu avalio que o resultado foi muito bom, afinal, nossas associadas conhecem bem a equipe. Nossos coordenadores foram às ruas, se colocaram à disposição e realizaram muitos eventos para congregar interesses e resolver problemas locais. O terceiro passo, e não menos importante, foi aumentar a prestação de serviços. Hoje, a ANEC oferece assessoria de gestão, jurídica, administrativa, política, contábil e pedagógica. Tudo sem perder o caráter de proximidade, já que os atendimentos são personalizados para quem nos procura. A meta era transformar a ANEC em uma propiciadora de serviços, e nós conseguimos. O quarto desafio foi estruturar as ações em médio e longo prazos, ou seja, desenvolver e tirar do papel uma série de projetos para melhorar o atendimento às nossas associadas. Cada área teve um reforço nas ações estratégicas. Por fim, o quinto desafio, já superado, foi transformar a ANEC em uma entidade com força política, representativa e consolidada no cenário educacional. Nós conseguimos em pouco tempo fortalecer a imagem daqueles que, junto conosco, trabalham diariamente para que a educação de nossos jovens seja cada vez melhor. Foi um trabalho árduo conquistado a partir da superação desses inúmeros desafios. Certamente caminhamos. No entanto, temos de dar passos ainda maiores. Já somos uma entidade que inspira respeito nacionalmente, com algumas projeções internacionais, junto a algumas instituições associativas de educação. E cada vez mais essa importante entidade vai avançar no sentido da excelência. Ampla atuação Representatividade, diálogo e desenvolvimento. Esses foram os conceitos que guiaram a atuação da ANEC nos últimos anos. Para avançar foi preciso investir. Várias áreas receberam recursos e muitos projetos foram desenvolvidos para aumentar a qualidade dos serviços. Com a sua atuação ampliada pelos escritórios regionais, consequentemente os resultados começaram a aparecer rápido. O retorno das entidades, que passaram a contar com os serviços de atendimento e tiveram mais dinamismo na troca de informações com os coordenadores regionais, foi muito positivo. Três temas recebem atenção especial da ANEC: projetos, eventos e parcerias. No que tange aos eventos promovidos pela instituição, a ANEC promoveu, entre outros, o Fórum de Mantenedoras, a Assembleia Ordinária da ANEC e o Congresso Nacional de Educação Católica – considerado o maior evento do Brasil no segmento. Entre os projetos que mudaram a atuação da entidade estão o Sistema de Avaliação ANEC, Portal Educacional, Portal de Negócios, Comitê de Gestores Financeiros e Certificação Digital. • Projeto de Avaliação ANEC – uma iniciativa da ANEC para aumentar a qualidade da avaliação institucional das entidades e incluir nos critérios do diferencial da Educação Católica. O projeto foi criado em 2009 e várias associadas entraram na primeira etapa de avaliações. Os primeiros resultados já foram apresentados e o grau de aprovação foi surpreendente. • Portal Educacional – o portal foi concebido em parceria com várias associadas da ANEC, entre elas a União Marista do Brasil, Rede La Salle, Rede Salesiana de Escolas e Editora FTD. O objetivo principal é oferecer serviços e produtos educacionais diferenciados para a Educação Católica no Brasil. No entanto, a importância da ação é reunir em torno de um projeto comum as várias forças das nossas instituições. À direita, Dilnei Lorenzi durante evento da Anec. • Portal de Negócios – trata-se de um ambiente virtual criado pela ANEC, por meio de parcerias, para otimizar o acesso a bons negócios. A meta é baratear custos e garantir a qualidade dos serviços oferecidos às associadas. Também é considerada como uma ferramenta eficaz para aumentar a oferta de produtos e variedade de fornecedores. • Comitê de Gestores Financeiros – criado para projetar os debates sobre boas práticas de gestão nas entidades associadas à ANEC. O grupo de trabalho se reuniu várias vezes e os resultados mudaram o cenário na administração de algumas associadas, que puderam se munir de informações de qualidade e que são receitas de sucesso já extraídas de instituições da ANEC. • Certificação Digital – é uma iniciativa em implementação que tem como proposta amadurecer a função legislativa da ANEC. Em 2011, as instituições com caráter filantrópico serão obrigadas a dispor de uma certificação digital para ter acesso a ações do Poder Público e privado. A ANEC se prepara para fornecer essa certificação digital e minimizar os impactos burocráticos da mudança para as suas associadas. Parcerias • Desenvolvimento de softwares – com a meta de otimizar a gestão das associadas, o caminho foi contar com serviços para o desenvolvimento de softwares. Assim, colocamos à disposição das nossas instituições o que há de mais moderno nos processos administrativos para informatização. • Consultoria – mais uma ferramenta que está disponível por meio da ANEC. É a assessoria e consultoria nas áreas tributária, contábil, administrativa, trabalhista, imobiliária e com ações especializadas em instituições do Terceiro Setor. • Certificação Digital – produto direcionado aos alunos e instituições. Um simples cartão, conhecido como smart card, concentra informações acadêmicas e detalhes sobre a instituição onde o estudante está matriculado. Além de ser usado para acessar espaços físicos da instituição, a ferramenta aumenta o controle na circulação de pessoas e a segurança de alunos, professores e funcionários. • Seguro educacional – outro serviço voltado para o controle da inadimplência e evasão das escolas. É um instrumento eficaz para minimizar o risco de responsabilidade civil através de simulação de retorno sobre investimento na proteInformativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 47 ção financeira escolar. Também investimos na recuperação de crédito das nossas instituições. Ações temáticas Cada setor da ANEC tem como responsabilidade aumentar a qualidade dos serviços prestados. Para isso, várias ações foram desenvolvidas nos últimos três anos. Conheça agora o que cada coordenação da ANEC tem feito: Mantenedoras – a coordenação de Mantenedoras teve como principal finalidade ampliar as formas de assessoria oferecida às instituições. O serviço foi personalizado, primando por garantir menores custos e melhores resultados. Outra ação importante foi aumentar a visibilidade das instituições e do trabalho na ANEC, tanto no cenário nacional quanto no internacional. Uma das iniciativas foi participar ativamente dos de48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 bates, principalmente em Brasília, junto aos órgãos governamentais, e também no Congresso Nacional – tudo para garantir informações de qualidade em primeira mão às associadas. De acordo com o coordenador dessa área na ANEC, Guinartt Diniz, vários projetos e parcerias foram fechados para alcançar esses objetivos. Entre as iniciativas estão os Indicadores da Educação Católica (criados para medir a qualidade e fazer uma leitura do cenário no qual a Educação Católica está inserida). A ANEC desenvolveu uma série de Indicadores Acadêmicos e Financeiros. Os dados foram levantados através do atendimento personalizado da ANEC, e entre as instituições parcerias estão: PUC Minas; PUC/ PR; Filhas de Jesus; e o grupo Bom Jesus; - Formação do Comitê de Gestores Financeiros das Instituições: a meta é disseminar as boas práticas de gestão; - Certificação digital: foi criada em função de toda a legislação que vai passar a vigorar em 2011. As instituições vão ter de oferecer certificação digital para atuar em determinadas instâncias, governamentais ou não. O objetivo é que a ANEC seja uma certificadora digital; - Seguro Educacional: parcerias para garantir custos menores; - Portal de negócios: criar um ambiente virtual no qual, as instituições possam otimizar os seus negócios; - Fórum de mantenedoras: espaço de debates que tem aumentado a troca de experiências entre as Mantenedoras; entre outros. Ensino superior Na área de Ensino Superior, os avanços também reforçaram a representatividade das associadas. A consolidação da ANEC como ter científico e reúne autores renomados); a Revista da Pastoral ANEC (publicação com a meta de disseminar a produção científica em torno do tema e as experiências produzidas em nossas instituições); a implantação do Fórum de Reitores, o Fórum de Pró-Reitores Administrativos e Jurídicos (Forex); o Fórum de Pró-Reitores de Graduação; o apoio à consolidação do Fórum de Extensão, que busca a concretização dos cursos de extensão; o fomento das atividades de extensão; a divulgação dos eventos sobre a educação católica que acontecem na América Latina e no mundo. Além disso, houve avanços como a criação da sinergia entre os movimentos políticos educacionais que acontecem no Brasil e no exterior, a ampliação da presença junto aos principais organismos que discutem a Educação Superior, a intensa participação no marco regulatório das instituições comunitárias, o debate em torno da Lei da Filantropia e sua regulamentação, entre outros. Gabriel Chalita, membro da Academia Paulista de Letras, Dilnei Lorenzi e Giselle Mazuroski, coordenadora da ANEC-PR entidade política reforçou o trabalho das instituições, que tiveram mais acesso aos diálogos de assuntos nacionais, como o Plano Nacional de Educação (PNE). Além disso, também aumentou o acesso ao Ministério da Educação, às Comissões de Educação da Câmara dos Deputados e Senado Federal, ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A coordenadora dessa área na ANEC, Francine Junqueira, conta que os avanços também incluíram o fortalecimento dos profissionais com a publicação de trabalhos científicos. Ela aponta iniciativas como: a Revista de Educação ANEC (com tiragem anual de 6 mil exemplares, a revista é um reforço em torno das publicações com cará- Educação básica Ditar um tom na discussão da Educação Básica sempre foi olhado de forma muito simplista. Trata-se da valoração da presença da educação básica na ANEC, além dos eventos com discussões pontuais das temáticas. Em 2009, foram cerca de 70 eventos que reuniram mais de 10 mil pessoas em torno do tema. Ações que recuperaram e estabeleceram uma identidade que traz a conotação de produtos e serviços educacionais, não sendo exclusivamente pastoral. São inúmeros projetos com o objetivo de buscar maior interação na educação no seu mais amplo universo, como a implantação do Sistema de Avaliação ANEC, o diálogo com a Comissão de Educação, a participação no Plano Nacional de Educação (PNE), a presença em audiências públicas nos diferentes órgãos independentes, a interação com o Conselho Nacional de Educação (CNE), a participação na Conferência Nacional de Educação Básica, entre outros. Também foram criadas ferramentas fundamentais, como os grupos de traba- lho para analisar os sistemas de avaliação institucional em larga escala, o portal educacional, projetos que oferecem serviços e produtos com a tecnologia educacional, disponibilizando a assessoria educacional como projeção da identidade da educação básica, rol de consultores que oferecem produtos e serviços na área de educação básica. No segmento financeiro, a ANEC também tem atuado com propriedade. A associação atuou por meio do sistema de controle e sustentabilidade, gestão estratégica de tomada de decisões, capital de giro e ações preventivas. Tais ferramentas possibilitaram a tomada de decisão, clareza, transparência, pagamentos com justificativas, objetivos, infraestrutura tecnológica (tecnologia de redes), Sistema de CRM (organização do gerenciamento) e Portal ANEC (organização de documentos de todas as atividades apresentados no portal). Comunicação A credibilidade, transparência e ações da ANEC sempre estão presentes por meio dos meios de comunicação instituídos pela associação. Considerada essencial no desempenho mútuo de informar, a comunicação da ANEC fomentou as ações estabelecidas no Plano de Comunicação. Isso foi possível por meio do site da associação, produção de revistas e atuação em ferramentas contemporâneas, como o Twitter. A interação com os veículos de comunicação, encurtando os espaços entre a associação e o público, foi essencial para a consolidação do elo entre notícias e editores. Além da comunicação externa (organizacional), a ANEC promoveu a informação interna de suas associadas, com o compromisso estrutural de atendimento de qualidade. Portanto, os últimos anos foram essenciais para estabelecer, fortalecer e praticar a comunicação, sem se eximir das responsabilidades éticas, do planejamento midiático, das estratégias, conceitos, compreensão e compromisso de informar com credibilidade, veracidade e qualidade. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 49 Ensino Superior Curso de Jornalismo da Unicap ganha prêmio nacional Tércio Amaral O curso de Jornalismo da Unicap vai completar 50 anos em 2011. Mas os alunos e professores já estão comemorando de forma antecipada. Este ano, além de ter recebido o Encontro Nacional de Professores de Jornalismo e de ter a professora Ana Veloso indicada pelo presidente Lula para o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, a comunidade acadêmica da Católica recebeu mais uma boa notícia. O projeto Vozes da África – A cidadania das mulheres negras pernambucanas nas ondas do rádio, idealizado pelos professores de Jornalismo Ana Veloso, Vlaudimir Salvador e Paulo Nunes Fradique, e pela professora de Publicidade e Propaganda, Elisa Barreto, foi agraciado com o prêmio Roquette Pinto. Foram selecionados 40 projetos em todo o Brasil. Cada produção premiada vai contar com R$ 20 mil em verbas para a realização dos programas. O projeto da Unicap foi selecionado na área de rádio-documentário. Essa categoria, este ano, contou com o maior número de inscrições. Os programas serão veiculados nas emissoras de rádio do governo federal vinculadas à Associação de Rádios Públicas (Arpub). Em Pernambuco, a Católica foi a única instituição de ensino superior selecionada. Outro projeto classificado no Estado foi o da ONG Diálogos. 50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 A série de documentário radiofônico Vozes da África – A cidadania das mulheres negras pernambucanas nas ondas do rádio terá seis programas especiais. O formato e as etapas já foram definidos. Entre os destaques estão as trabalhadoras domésticas e as quilombolas. O primeiro grupo é alvo de campanhas de direitos trabalhistas e sociais, como a recente do uso de elevadores sociais, e o segundo trata da história de ex-escravas que lutam pelo direito legítimo à terra, pela cidadania e pelo reconhecimento histórico-cultural na formação da identidade brasileira. Entre os idealizadores do projeto, a professora Ana Veloso mostrou o maior entusiasmo. Foi ela a responsável pela mobilização dentro do curso de Jornalismo. “É importante para a gente pelo fato de ser mais um esforço para estimularmos nossos alunos para a produção de programas de rádio. São produções que, infelizmente, não estão em emissoras locais. Mas é bom frisar que são temas presentes em sala de aula ou em nossa programação acadêmica, a exemplo da Semana de Jornalismo”, afirmou. A principal característica do projeto premiado é a temática voltada para o resgate da cidadania de grupos excluídos da grande mídia, como o negro e a mulher. Ana Veloso, que é formada em Jornalismo pela Unicap, se envolveu com projetos sociais Entre os destaques estão as trabalhadoras domésticas e as quilombolas. O primeiro grupo é alvo de campanhas de direitos trabalhistas e sociais, como a recente do uso de elevadores sociais, e o segundo trata da história de ex-escravas que lutam pelo direito legítimo à terra, pela cidadania e pelo reconhecimento histórico-cultural na formação da identidade brasileira desde o início de sua graduação. “Esse trabalho vai ser belíssimo. A mulher negra faz parte dos agentes sociais considerados invisíveis pela grande mídia brasileira. São programas de interesse público e importantes para a construção da ética em nossas mídias”, disse a professora, que também é aluna do doutorado em Comunicação da UFPE. Comunicação social também é um exercício de coletividade. Essa característica, somada à garra e ao entusiasmo, faz parte do curso de Jornalismo da Católica. O envolvimento com o projeto foi desde o coordenador do curso, Alexandre Figueirôa, até professores e técnicos do quadro de funcionários. “A gente contou com o apoio de todos. Temos de agradecer ainda ao técnico do estúdio de rádio, Marcos Cavalcanti. Ele foi uma das pessoas que me mostrou o edital e disse: ‘Vamos nessa’?”, ressaltou Ana Veloso. Aliada ao entusiasmo e à dedicação, a experiência de profissionais como Vlaudimir Salvador deu ânimo à iniciativa. Orientador de projetos como O desafio de informar, da jornalista Taís Paranhos, e agraciado com o prêmio Cristina Tavares, em 2000, o professor avaliou a premiação como um marco de renovação do radiojornalismo produzido na Universidade. “Serão progra- mas veiculados em todo o Brasil. Nesse curto espaço de tempo, entre o resultado final e divulgação, já falei com alguns alunos e todos toparam”, disse animado. Segundo Vlaudimir Salvador, o curso de Jornalismo da Unicap já vem suprindo a carência de produções especiais em Radiojornalismo em Pernambuco. Para ele, desde o fim da década de 1970 as rádios locais não investem no setor de forma satisfatória. “No Estado foram revelados pelo rádio nomes como Arlete Sales, Chacrinha e Lucio Mauro. A Unicap tem convênios com emissoras de rádio do Recife e elas transmitem os trabalhos dos nossos alunos preenchendo essa lacuna. Temos também a reformulação da Rádio Olinda, que é outra boa notícia”, disse. Para o professor e ex-chefe do Departamento de Comunicação, Paulo Fradique, o prêmio representa mais um reconhecimento da qualidade do curso de Jornalismo da Católica. “Eu vejo como mais um estímulo para o curso, que vai completar 50 anos em 2011. Já tive trabalhos que foram selecionados para o Expocom, do Intercom, e outros também foram premiados no Estado”, destaca. A lista dos projetos selecionados está no site da Associação das Rádios Públicas do Brasil – Arpub (www.arpub.org.br). Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 51 Ensino Superior Programa da PUC-PR incentiva alunos para iniciação científica O Pibic Jr. é desenvolvido pelo governo federal e estadual, em parceria com a PUC-PR, em escolas públicas e privadas. Em 2010, já são 70 estudantes que desenvolvem atividades científicas Camila Castro, assessora de Comunicação da Associação Paranaense de Cultura (APC) / PUC-PR D João Borges espertar a vocação científica, incentivar talentos, estimular o desenvolvimento da atividade científica e favorecer a inserção social dos alunos do ensino médio na vivência em ambiente universitário. Essa é a proposta do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr.), do governo federal, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e do governo estadual, por meio da Funda- Coordenadora do Pibic Jr., Cleybe Vieira 52 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 ção Araucária, desenvolvido em parceria com a Pontíficia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Neste ano, o programa conta com 70 estudantes de seis escolas privadas e de nove escolas públicas de Curitiba e região metropolitana que recebem uma bolsa mensal financiada pelo CNPq/Fundação Araucária ou pela PUC-PR. Os alunos desenvolvem atividades científicas durante um ano nas áreas de ciências da vida, humanas e exatas, sob orientação de professores da universidade. O resultado é o diferencial no currículo e na formação do aluno que, segundo a coordenadora do Pibic Jr., professora Cleybe Vieira, é valorizado no mercado de trabalho, nos programas de pósgraduação e em concursos. “As empresas estão interessadas em profissionais com habilidades como responsabilidade, persistência, pró-atividade, criatividade, disciplina, raciocínio lógico e crítico, empreendedorismo e comprometimento com a sociedade, além da boa formação técnica e específica. Essas habilidades são desenvolvidas no programa. Agrega-se a isso a demanda crescente no mercado para a área de tecnologia e inovação”, avalia a professora. A aluna do Colégio Internacional de Curitiba, Nicole Letti, soube aproveitar essa oportunidade. Após desenvolver um projeto sobre Direito e Democracia em 2008, enviou currículo para instituições de ensino superior americanas e foi aprovada em nove delas. Em agosto, Nicole foi para o Babson College, na cidade de Wellesley (Massachusetts). “O fato de eu ter tido contato com iniciação científica dentro de uma universidade contou muito para a aprovação”, afirma. Nas instituições de ensino americanas a aprovação do aluno não é feita por vestibular, como no Brasil. Elas realizam testes com informações abrangentes, avaliam currículo, portfólio, interesses, comprometimento e redação na qual o estudante se apresenta à faculdade, além de cartas de recomendação de professores e administradores escolares. Para cumprir os processos, Nicole afirma que o aprendizado no programa foi fundamental. “Aprendi a ser mais organi- Seleção Para participar do Pibic Jr., os candidatos passam por uma avaliação que utiliza critérios como interesse, perfil, desempenho acadêmico e disponibilidade do aluno. Os aprovados passam por uma segunda seleção feita pelo Comitê Gestor da PUC-PR, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, para alunos da rede pública estadual, e com os coordenadores pedagógicos das escolas privadas de ensino médio. Os estudantes são acompanhados por um supervisor da escola de origem, João Borges zada, o que ajudou bastante com as cartas que tive de escrever para mandar para as faculdades. Também havia vários prazos, e o programa me ensinou a seguir datas semelhantes, com as tarefas e o projeto final, por exemplo. Mas o aprendizadochave foi ser mais independente, o que vai me ajudar tanto na vida acadêmica quanto na profissional”, conta a aluna, que vai estudar Administração e Marketing. Assim como Nicole, outros estudantes do Pibic Jr. são incentivados a continuar na área da pesquisa científica. Isso porque a instituição acredita que a pesquisa é um dos principais meios para aprimorar a educação e favorecer o desenvolvimento do país. Por isso, “é importante incentivar a pesquisa o quanto antes, e não apenas na universidade. Por outro lado, a universidade tem compromisso com a sociedade, buscando interferir e melhorar as condições da comunidade”, acrescenta Cleybe. Para dar continuidade ao Pibic Jr., os governos federal e estadual desenvolvem o programa voltado para alunos da graduação, com participação da PUC-PR há 18 anos. A formação do pesquisador continua no mestrado, doutorado e pós-doutorado. “Nesses programas, valorizam-se candidatos com iniciação científica porque já possuem conhecimento básico de metodologia e estão à frente no processo de formação do pesquisador. Têm, portanto, grande chance de concluírem o curso com sucesso”, argumenta Cleybe. A orientadora universitária do Colégio Internacional de Curitiba, Vanessa Benaci, e a aluna Nicole Letti que procura multiplicar as ações de iniciação científica para os demais alunos do colégio, afinal, “o aluno bolsista é considerado ‘Embaixador da Iniciação Científica’”, diz Cleybe. Ao término do período da bolsa, os alunos apresentam os resultados para a comunidade universitária e para avaliadores do CNPq em evento de iniciação científica da PUC-PR e na feira de ciências da escola de ensino médio. Nos dias 26 e 27 de outubro, no Campus Curitiba da universidade, os alunos do Pibic e do Pibic Jr. participam do 18º Seminário de Iniciação Científica. A aluna Nicole foi acompanhada pela orientadora universitária do Colégio Internacional de Curitiba, professora Vanessa Benaci, e pela professora de Direito da PUC-PR, Katya Kozicki. “Algumas pessoas apontam como vantagens a bolsa auxílio e a possibilidade de o aluno avaliar, na prática, a carreira que deseja seguir. Mas o Pibic Jr. vai além e permite ao estudante desenvolver o perfil de pesquisador, aliando curiosidade e metodologia para responder perguntas e atender demandas da sociedade. Aprende que o conhecimento acadêmico visa gerar benefícios para as pessoas”, avalia Vanessa. A orientadora do Colégio Internacional defende que a experiência no Pi- bic Jr. é uma forte aliada na formação profissional dos estudantes que, ainda no ensino médio, têm contato com professores universitários. Para ela, o principal reflexo é o amadurecimento do aluno, que aprende a tomar iniciativas e a ser independente, questões fundamentais tanto para seus estudos na universidade quanto para seu desempenho profissional no futuro. “O Pibic Jr. faz a diferença, inicialmente, na vida acadêmica, porque o aluno vai entrar na universidade com conhecimento dos processos de iniciação científica, que acontecem paralelamente ao interesse linear da graduação e ultrapassam o mero assistir aulas e fazer provas. Assim, o estudante do Pibic Jr. se torna um profissional mais capacitado no sentido do conhecimento acadêmico e pessoal”, argumenta Vanessa. Como participar Nos colégios privados parceiros da PUCPR no Pibic Jr., os interessados no programa devem procurar os professores pesquisadores, que orientam para o processo de seleção. Já nos colégios públicos, os estudantes são escolhidos pelo Núcleo de Educação da Secretaria Estadual de Educação. O colégio que ainda não for parceiro pode entrar em contato pelo e-mail: [email protected]. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 53 Vicente Crivellaro Ensino Superior Visão Sustentável Universidade Católica de Brasília investe em campo de tecnologia social e em projetos de extensão ecologicamente corretos Modelo familiar de piscicultura que aproveita a água da chuva, não utiliza ração e auxilia na produção de hortaliças Thaisa Abreu, assessoria de comunicação N as últimas décadas muito tem se falado sobre sustentabilidade. Mas o que é ser sustentável? É causar o menor impacto possível ao meio ambiente, conseguindo reconstruir o que foi degradado. Esse tem sido o desafio de muitas empresas em todo o mundo, que mostram como é possível aumentar a rentabilidade sendo sustentável. Pensando nisso, a Universidade Católica de Brasília (UCB) desenvolve projetos voltados para essa área. Aproveitar recursos naturais como solo, água da chuva, energia solar, energia hidráulica e, no futuro próximo, energia eólica. Esse é o trabalho do Campo-Escola de Logística de Subsistência (CELOGS), da UCB, que tem como essência a preocupação com a sustentabilidade. Segundo Nilo 54 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Mendes, um dos coordenadores, “esse é um projeto de extensão que promove atividades voltadas para a logística da subsistência com aplicação de tecnologia social, envolvendo o desenvolvimento sustentável e a justiça social”. Em julho de 2008, representantes da Georgetown University, em visita à UCB, mostraram interesse em firmar parceria com projetos sobre aplicação de tecnologias sociais. No mesmo ano, o Exército Brasileiro multiplicou sua experiência na área. Em março de 2009, a reitoria da Católica implantou o CELOGS no campus I da universidade, convidando o professor Marcelo Felippes, que desde o início esteve envolvido no processo, para orientar sua execução. Já nas primeiras fases de instalação física, os estudantes e a comu- nidade ligada à universidade motivaram e cooperaram para a realização do trabalho. Entre as atividades do CELOGS estão: o aproveitamento do solo para fabricação de tijolos; da luz solar para o aquecimento da água; da hidráulica para evitar o consumo de energia elétrica; equipamentos de baixo custo para desidratação de frutas e desinfecção de água; e um modelo de captação de água da chuva que colabora para o manejo da piscicultura familiar (criação de peixes) com produção de hortaliças como proposta sustentável de alimento (aquaponia). Difundir conhecimentos para que as pessoas usem essas atividades em suas próprias casas também faz parte do projeto, que se estende em todo o Distrito Federal. Os interessados podem conhecer as instalações. O projeto recebe diferentes Projetos de extensão A preocupação ambiental da UCB não para por aí. Em meio aos seus projetos de extensão estão o E-lixo Universitário, também conhecido como Reiniciar, em que dez alunos da instituição trabalham com a reciclagem de computadores e criam uma solução sustentável para diminuir o impacto do lixo eletrônico na instituição. Há também o Projeto de Educação Ambiental (PEA), que difunde práticas como coleta seletiva e conservação de energia na instituição. A ideia do Reiniciar foi desenvolvida pelos professores Sebastião Eustáquio, coordenador do curso de Logística; Gualeve, coordenador do curso de Gestão da Tecnologia da Informação; e Luiz Kitajima, coordenador do curso de Gestão Ambiental da UCB. De acordo com Poliana Nunes Água quente com a utilização apenas de energia solar no aquecedor de baixo custo Ciro Duarte, um dos alunos do projeto, “o trabalho é realizado com os computadores da Católica. Peças de outras máquinas são reutilizadas e um computador que antes era inutilizado se torna útil para alguém”. Além disso, as peças que não tinham valor nenhum e iriam direto para as lixeiras se tornam chaveiros, colares, porta-caneta, porta-joias, portacartão, e computadores restaurados beneficiam as comunidades educativas que têm parceria com a UCB. Já o PEA, que iniciou suas atividades em agosto de 1999, tem como objetivo realizar na UCB o uso responsável dos recursos naturais, o desenvolvimento de atividades de sensibilização e de mudanças de hábito, além de mudanças instrumentais nas diversas operações diárias dos processos administrativos. Segundo Lyvia Giselle Bayma Campos, gestora do PEA, “quem quiser tam- Thaisa Abreu Integrantes do projeto E-lixo mostram o que pode ser feito com o lixo digital Thaisa Abreu tipos de visitantes, como autoridades, comitivas, professores, grupos escolares, entre outros, todos acompanhados por instrutor. Crianças do terceiro ano fundamental do Centro Educacional Católico de Brasília também tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre o aproveitamento dos recursos naturais de uma forma sustentável, com simplicidade, baixo custo e fácil aplicabilidade. Segundo Mendes, “desenvolver técnicas com o objetivo de educar as pessoas para o uso de recursos naturais para a própria subsistência é importante no momento em que se vive uma crise ambiental”. Um dos cursos promovidos pelo CELOGS este ano foi sobre Captação e Manejo de Água da Chuva, que contou com a participação de 23 alunos de diferentes cursos de graduação da UCB. Ele abordou a importância e a necessidade do reuso da água, em especial a da chuva, seus aspectos sobre o sistema de captação, armazenamento, filtragem e seu manejo para a aplicação na piscicultura familiar. Para o próximo semestre, está previsto o curso de Construção Sustentável, que ensinará a produção de tijolos ecológicos. Bomba manual de poço construída com material de baixo custo e não utiliza energia bém pode ser voluntário no projeto, mesmo não sendo estudante, apoiando as múltiplas tarefas dos subprojetos, como a coleta seletiva, a compostagem, a central de reuso, a conservação de energia elétrica, a racionalização do uso da água e outros. As inscrições estão sempre abertas, pois novos grupos são constantemente organizados”, disse. Dentre os materiais recolhidos, que são reciclados ou reaproveitados, estão papel, plástico, metal e orgânico, além de campanhas para arrecadação de PET, caixas Tetrapak, latas, pilhas e baterias de celular, sendo que os responsáveis pela coleta são os catadores da Cooperativa de Materiais Recicláveis – Reciclo. De acordo com Campos, “para o segundo semestre de 2010 há expectativa de aquisição de coletores adequados para salas de aula, laboratórios e escritórios, para otimizar a coleta seletiva na UCB”. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 55 Divulgação Ensino Superior Proequo/UCDB completa 11 anos com benefícios sociais de saúde e educação Silvia Tada, assessora de imprensa da UCDB N a fazenda-escola da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), as tardes são dedicadas ao aprendizado, à pesquisa, à reabilitação e à esperança. São as sessões de equoterapia, nas quais cavalos são utilizados no tratamento de pessoas com necessidades especiais. O 56 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 projeto existe há 11 anos e é responsável pela recuperação e reintegração social de diversos pacientes, em sua maioria, crianças com paralisia cerebral ou alguma deficiência motora, além de hiperativos e adultos que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). Mais de 5,9 mil pessoas já foram atendidas no Programa de Equoterapia da UCDB (Proequo/UCDB). O trabalho é desenvolvido sob a coordenação da professora Dra. Heloísa Bruna Grubits Freire, com o auxílio de duas colaboradoras: a terapeuta ocupacional Maria Glauce Sandim Motti e a fisioterapeuta Kellen Christien Kamiya. Histórico O Proequo/UCDB foi instituído no dia 13 de março de 1999, idealizado pela psicóloga e professora Heloisa Bruna Grubits Freire, pelo psicólogo Carlos Henrique Silva e pelo fisioterapeuta Paulo Renato de Andrade, quando perceberam os resultados positivos da tese de doutorado da psicóloga, que tinha como tema a equoterapia com crianças autistas. A UCDB apoiou a ideia e foi pioneira em instituir o Proequo, sempre procurando aliar o ensino, a pesquisa e a extensão com a participação de docentes e acadêmicos das áreas de saúde, edu- cação e ciências agrárias. Todo o trabalho é feito gratuitamente, de maneira multidisciplinar. “Quando a criança ou o adulto monta, tem de manter o corpo ereto, o que fortalece a musculatura e lhe dá mais equilíbrio. Para fazer o cavalo andar, estimulamos o paciente a fazer barulho com a língua, a mexer a boca. Pedimos para alcançar determinado objeto ou mesmo o incentivamos a contar, seguir uma sequência numérica. Além disso, há a questão da afetividade, já que desenvolvem um sentimento de amizade com os animais e com os instrutores”, conta Heloísa. Os benefícios são físicos e psíquicos em pessoas com lesão neuromotora (cerebral ou medular), deficiências sensoriais (áudio-fono-visual), distúrbios evolutivos ou comportamentais e patologias ortopédicas (congênitas ou acidentais). Para os acadêmicos, participar do Proequo é uma oportunidade de ter contato com pacientes, mesmo nos primeiros semestres dos cursos, o que pode render trabalhos de conclusão de curso (TCCs) e outros projetos de pesquisa, incluindo o Programa de Iniciação Científica (Pibic) e o mestrado em Psi- cologia. Além de se familiarizar e lidar com os pacientes, os alunos aprendem a vê-los de maneira ampla, graças à equipe multidisciplinar. “Fui extensionista, bolsista e me formei. Depois, fui convidada a trabalhar na UCDB”, afirmou Glauce Motti. Esse mesmo caminho foi seguido por Kellen Kamiya e ambas auxiliam os acadêmicos a desenvolverem as atividades com os pacientes. Atualmente, a mestranda em Psicologia da UCDB, Camila Spengler Escobar, desenvolve dissertação tendo como tema a equoterapia com crianças e adolescentes hiperativos. Os resultados obtidos já alcançaram repercussão nacional e internacional e, hoje, o mestrado em Psicologia, em parceria com o Programa de Equoterapia da UCDB, são referências em pesquisas sobre o referido recurso terapêutico. O programa engloba três áreas de pesquisa e intervenção (Psicologia, Neurofisiologia e Educação) inseridas no eixo temático Qualidade de Vida: Saúde Integral e Ambiente, no qual atuam as três linhas de pesquisa: saúde mental; reabilitação e habilitação funcional; e preservação e reintegração psicofísica. Silvia Tada Dezenas de acadêmicos dos cursos de Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Educação Física, Enfermagem, Serviço Social e Pedagogia participam da equoterapia como extensionistas. O programa é ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) e é uma das linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação e Mestrado em Psicologia da UCDB. De acordo com a coordenadora, o objetivo é proporcionar benefícios físicos e psíquicos a pessoas portadoras de deficiências ou com necessidades especiais, principalmente àqueles que não têm acesso a esse tipo de terapia devido ao alto custo das sessões. “A equoterapia é um tratamento de reeducação e reabilitação motora e mental por meio da prática de atividades equestres e técnicas de equitação. Pode-se dizer também que é um método terapêutico que utiliza o cavalo como motivador para proporcionar aos praticantes ganhos físicos e psicológicos”, detalhou Heloísa Grubits. Crianças, adolescentes e adultos – todos pacientes encaminhados pela clínica-escola da UCDB ou por instituições parceiras, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA) e o Centro de Atendimento ao Deficiente Auditivo (Ceada), podem participar das sessões. Adultos também são atendidos pelo projeto de Equoterapia da UCDB e fazem movimentos de fortalecimento muscular Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 57 Divulgação / PROEX Toda terça-feira, Giovanna Silva dos Santos, de 7 anos, aguarda ansiosa pelo momento de reencontrar os extensionistas e os cavalos. Ela participa das sessões há cerca de três anos e, segundo sua mãe, Sirlene Silva dos Santos, ganhou mais firmeza no tronco e consegue caminhar sozinha Acadêmicos extensionistas passam por treinamentos Atendimentos O Proequo/UCDB tem capacidade de atender 70 pessoas portadoras de necessidades especiais e oferece vagas para estágio a 60 extensionistas. O atendimento a cada paciente ocorre uma vez por semana, em sessões de 30 minutos. O Proequo é conveniado e filiado à Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil). O convênio permite a divulgação nacional do modelo de atendimento realizado na UCDB e incentiva a implantação de vários serviços com características semelhantes, beneficiando cada vez mais pessoas. “Como projeto de extensão, o Proequo oferece um serviço à comunidade, principalmente às pessoas carentes de recursos financeiros, possibilitando o acesso a um tipo de atendimento de custo alto e que envolve muitos profissionais para alcançar resultados adequados. Em 2009, o programa beneficiou 60 pessoas e contou com 55 acadêmicos, além da participação de alunos do mestrado em Psicologia. Neste ano, ampliamos para 70 vagas”, destacou Heloísa. Durante os 11 anos de funcionamento do Proequo já foram apresentados mais de 40 trabalhos em congressos na- 58 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 cionais e internacionais, com publicações de resumos, resumos expandidos e trabalhos completos, um livro sobre equoterapia, participação em palestras e mesas redondas, monografias, trabalhos de iniciação científica e convites para participação em comitês científicos de congressos nacionais e internacionais, além de ter sido criado o grupo de pesquisa Equoterapia – Teoria e Técnica, ligado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Benefícios Em 2007, o aposentado Alcides Martins dos Santos sofreu dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e dois infartos. Teve parte do corpo paralisada e grande parte dos movimentos de pernas e braços ficou comprometida. Começou, então, na Clínica-Escola UCDB, uma longa luta para recuperar a mobilidade, com sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e hidroginástica. “Não conseguia segurar os talheres para comer”, relembra Alcides. No mês de maio deste ano, ele foi à primeira sessão de equoterapia. “Estou muito con- tente com o resultado. Já noto que meu equilíbrio melhorou. Há oito anos não montava a cavalo – só fiz isso na época em que trabalhava no campo e meu pai tinha fazenda. O passo do animal nos ajuda a relembrar o nosso próprio caminhar”, explicou. Atualmente, o paciente anda com o auxílio de bengala. Ele é um dos exemplos daqueles que se dirigem todas as semanas à fazenda-escola da UCDB, assim como muitas mães que levam seus filhos para as atividades do Proequo/UCDB. Toda terça-feira, Giovanna Silva dos Santos, de 7 anos, aguarda ansiosa pelo momento de reencontrar os extensionistas e os cavalos. Ela participa das sessões há cerca de três anos e, segundo sua mãe, Sirlene Silva dos Santos, ganhou mais firmeza no tronco e consegue caminhar sozinha. “Toda semana ela fica ansiosa para vir para a UCDB. Não tem medo de cair e se diverte muito”, comentou a mãe. Marta Mendes de Souza é mãe de Leonardo, de 12 anos, que é outro paciente do Proequo. “Uma das melhorias que notei foi na fala. Hoje ele consegue pronunciar frases inteiras”, afirmou Marta. Ensino Superior Professor doutor Fábio do Prado é o novo reitor da FEI Assessoria de Imprensa da FEI O professor doutor Fábio do Prado foi nomeado, no dia 15 de junho, o novo reitor do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), substituindo professor doutor Marcio Rillo, que faleceu dia 24 de maio deste ano. Aos 44 anos, o físico Fábio do Prado ocupava a vice-reitoria de Ensino e Pesquisa da FEI desde 2002. Para o seu cargo, a Fundação Educacional Inaciana Pe. Saboia de Medeiros nomeou o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello. A vice-reitoria de Extensão e Atividades Comunitárias da FEI continua sob responsabilidade da professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino. Fábio do Prado é bacharel licenciado em Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestre em Ciência pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 1990, pertence ao corpo docente da FEI, tendo chefiado o departamento de Física no período de 1998 a 2001. Professor colaborador da Universidade de Taubaté de 1995 a 2001, período em que participou da reestruturação das atividades práticas do laboratório de Física, Fábio do Prado é pesquisador licenciado do Inpe, onde desenvolveu trabalho científico no grupo de pesquisa básica em plasma no Laboratório Associado de Plasma (LAP). Possui diversas publicações em anais de congressos e periódicos internacionais na área de “instabilidades geradas por interação de feixe de elétrons e plasma quiescente”. É membro da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (Abenge). Pertence ao quadro de especialistas do Conselho Estadual de Educação para avaliação de cursos de Física. Vice-reitores Engenheiro eletricista formado pela FEI em 1993, o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello é mestre em Microeletrônica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e doutor em Engenharia Elétrica Micro- eletrônica também pela EPUSP. É pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis, com diversos trabalhos publicados em congressos no Brasil e exterior. Marcelo permanece também na coordenação do Programa de Mestrado em Engenharia Elétrica da FEI. A professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias da FEI, é graduada em Engenharia Química pela instituição, é mestra e doutora em Físico-Química pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Pertence ao corpo docente da FEI desde 1992, tendo chefiado o departamento de Engenharia Química de 1999 a 2002. Participou do lançamento do veículo Espacial VS-30, no Centro de Lançamento de Alcântara, Maranhão; do experimento em biotecnologia, “Estudo de Estabilidade de Diferentes Formulações de Emulsão, Água e Óleo, Compatíveis com Enzimas e de Comportamento Conhecido”, em 1999; e possui diversas publicações em anais de congressos e periódicos. É membro da Abenge. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 59 Ensino Superior Sustentabilidade na construção civil Projetos desenvolvidos por alunos da área demonstram a crescente importância que o tema ganha no universo acadêmico Fernando Ávila, jornalista PUC Minas A proposta foi aproveitar algum resíduo doméstico para ser utilizado como material na construção civil. Quando lançou a ideia em sala de aula, o professor João Batista de Assis, coordenador do curso de Engenharia Civil do campus Coração Eucarístico, não imaginava que alunos da disciplina Materiais de Construção Civil pudessem arrumar uma nova utilização para um dos materiais que mais poluem o meio ambiente: as garrafas PET. “Fiquei surpreso e incentivei”, conta o professor. O estudo demonstrou que o material pode ser utilizado no assentamento de tijolos, em substituição à argamassa tradicional. “Todas as vezes que se utiliza um produto que já foi usado, está se contribuindo para o meio ambiente”, observa Assis, que disse ter conhecimento da utilização do PET apenas como substituto do tijolo. Inserida nos cursos do Instituto Politécnico (Ipuc) da universidade, a temática da sustentabilidade é uma preocupação recente das engenharias – entre elas, a Civil –, que ganhou força no início dos anos 1980 e cresce a cada dia nos universos acadêmico, social e empresarial. Nos cursos do instituto, o assunto é tra- 60 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 balhado dentro de diversas disciplinas, em projetos de iniciação científica e em parceria com o setor industrial. “Se antes a preocupação era puramente tecnológica, hoje temos o tecnológico convivendo com o ser humano”, afirma o diretor do Ipuc, professor Janes Landre Júnior. Para ele, o que motivou essa mudança de mentalidade foi a divulgação, em larga escala, de informações e dados que demonstram a situação degradante em que se encontra o meio ambiente. “Fica-se mais sensível diante dessa situação”, ressalta. A sustentabilidade, explica Landre, está relacionada à utilização dos recursos naturais de forma racional, de modo a deixar um “ambiente que seja passível de ser vivido” pelas futuras gerações. “Devemos criar um mundo que se possa deixar para as pessoas que estão vindo”, pontua. Para ele, o impacto ambiental causado pelas atividades desenvolvidas nas várias áreas da engenharia se dá de maneira igualitária. “O que pode diferenciar é a forma como o leigo enxerga isso”, argumenta o professor, referindo-se ao fato de que algumas delas estão mais próximas do cidadão comum, como a Engenharia Civil, que executa obras como edifícios, pontes, viadutos, estradas, barragens, entre outras. Marta Carneiro O processo de industrialização e o desenvolvimento tecnológico aliados à corrida desenfreada pelo lucro vêm causando impacto significativo no meio ambiente, de acordo com Landre. “Com isso, começa-se a perceber que o que antes era farto e barato passa a ser de custo mais elevado, por causa da escassez de recursos e maior dificuldade de extração”, expõe. Por esse motivo, defende: “precisamos buscar soluções para minimizar o impacto financeiro e na natureza”. Uma das formas de se reverter o atual quadro de degradação, segundo o diretor do Ipuc, é por meio da formação acadêmica de qualidade. “O olhar atento para a sustentabilidade é o que vai diferenciar o novo engenheiro no mercado de trabalho”, conta. Outro fator seria uma maior disseminação de informações sobre o tema. “A partir do momento que o professor se torna sensível aos problemas ambientais, ele também vai transmitir isso na sala de aula”, afirma. Energia solar Assim como as garrafas de plástico, que são recicláveis, as latas de alumínio e o vidro, entre outros materiais, também ganharam nova utilidade em um projeto desenvolvido por alunos do curso de Engenharia Civil do campus Poços de Caldas. Trata-se de um aquecedor de água à base de energia solar, feito prioritariamente com material reaproveitável, destinado à população de baixa renda. “Poucas famílias usam o coletor solar porque o custo de implementação é alto. Nossa ideia foi desenvolver um equipamento barato que as pessoas pudessem adquirir por um custo baixo ou fazer sozinhas”, conta a professora Ana Paula Brescancini Rabelo, uma das coordenadoras do trabalho. O projeto, que teve início em 2007, ainda está em andamento e já apresentou bons resultados, como o aquecimen- O professor João Batista de Assis (ao fundo), coordenador do Curso de Engenharia Civil, com os alunos Amanda Lanes, José Eduardo e Jeferson Marçal to adequado da temperatura da água, chegando a mais de 50ºC. Em projetos como esse, os desafios são muitos. João Batista de Assis, orientador do trabalho que substitui a argamassa por garrafas PET no assentamento de tijolos, cita algumas das dificuldades: definir o ponto ideal de derretimento do plástico e conseguir fontes de financiamento externo. Também é preciso vencer a barreira da cultura habitual, acostumada à argamassa tradicional, e a mudança de mentalidade, para que os profissionais possam entender os benefícios para o meio ambiente. Para se ter uma ideia, o último censo realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) aponta que a indústria produziu, em 2008, 462 mil toneladas de garrafas. Desse montante, 54,8% é reciclado. “Acreditamos que o projeto seja de grande importância sustentável e viável economicamente”, afirma. Além do PET, resíduos de empresas também vêm sendo testados no curso de Engenharia Civil do Coração Eucarístico como substitutos na produção da argamassa, entre eles o pó de vidro e o de ar- dósia, no lugar de parte do cimento. Rejeito de alto forno da indústria siderúrgica também pode ser utilizado não só como parte do cimento, mas também como agregado, em substituição à areia, por exemplo. O trabalho é coordenado pela professora Joana Darc da Silva Pinto, juntamente com seis alunos, com o objetivo de avaliar o desempenho de argamassas confeccionadas com esse tipo de material. “Com isso, minimiza-se o impacto ambiental, aliandose ciência, tecnologia e sustentabilidade”, avalia. O trabalho recebeu menção honrosa no Seminário de Iniciação Científica da Pontifícia Universidade Católica de Minas em 2007, 2008 e 2009. Garrafa PET O material pode ser utilizado no assentamento de tijolos, em substituição à argamassa tradicional. Vidro e alumínio Em um aquecedor à base de energia solar, o vidro é utilizado para reter o calor gerado pelo sistema, e as latas de alumínio, para o aquecimento da água antes de chegar à caixa d’água. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 61 Ensino Superior O futebol como agente social Programa Esporte Integral promove o II Festival de Futebol de Rua Samantha Gonçalves, assessora de comunicação O paixão pelo esporte. Na Unisinos, também tem futebol de rua. No dia 24 de junho, o Programa Esporte Integral (PEI) realizou no complexo esportivo o II Festival de Futebol de Rua. O evento contou com a participação de crianças de 7 a 18 anos, animadoras de torcida, balões, música e gente descontraída. Meninos e meninas jogaram juntos, sem árbitros, com mediadores. Maurício Montano futebol de rua não é mais como lembrar da infância, quando os meninos jogavam futebol nas praças, parques e ruas. Hoje, essa modalidade ganhou nova roupagem e tornou-se uma tendência organizada de entretenimento. No Brasil, existe uma ONG chamada Craques por Natureza, que representa o jogador de futebol ressaltando a Jogo do II Festival de Futebol de Rua 62 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 “Chamamos de festival para ficar mais atrativo que torneio. O objetivo aqui não é ganhar, mas participar. Nesse jogo não ganha apenas o time que faz mais gols, mas quem melhor cumprir as regras estipuladas. Muitas coisas valem ponto. Os alunos é que criam essas regras antes que o jogo comece”, disse o coordenador do projeto Augusto Dotto. Além de divertir e incentivar a prática do esporte, o festival serve também para integrar e incluir as crianças dos dois núcleos de atendimento do PEI: a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e a Unisinos. Essa celebração ao futebol é importante para os participantes do programa. “Esse evento acontece sistematicamente e faz parte da metodologia do PEI. É essencial para promover a integração de todos que participam”, ressalta Klayne Abrão, psicóloga do projeto. O projeto surgiu com a missão de promover a inclusão social, destacando a importância da prática para os atletas e adeptos do futebol por meio de ações sociais e educacionais. Ensino Superior Direito e Ciências Biológicas promovem sustentabilidade Patrícia de Cássia Oliveira e Gilliane Correia Wichello O tema sustentabilidade vem sendo tratado nas mais diversas áreas de conhecimento. O consumo incontrolável dos recursos naturais e minerais deixa o futuro em dúvida. Por isso, é necessário pensar e discutir a sustentabilidade em todos os setores. No dia 7 de junho, o assunto foi abordado no Centro Universitário São Camilo (ES) por meio da conferência Sustentabilidade: um amanhã desenhado a partir de agora, promovida pelos cursos de Direito e Ciências Biológicas. O evento foi realizado em comemoração ao dia do meio ambiente, comemorado em 5 de junho, e abordou os temas: o espírito cooperativo como pressuposto de sustentabilidade, ministra- Conferência Sustentabilidade: um amanhã desenhado a partir de agora do pelo coordenador do curso de Direito, prof. Dr. Sc. José Eduardo Miranda; e meio ambiente e direitos humanos: a inserção do licenciamento ambiental, apresentado pelo prof. Edson de Oliveira Braga, advogado e presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Ambiental e Cooperativa. Além das palestras, o prof. Helimar Rabelo, do curso de Ciências Biológicas, ofereceu um estudo de caso sobre as ações ambientais desenvolvidas pela Companhia de Alimentos Uniaves. Em análise ao resultado da proposta, a coordenadora do curso de Ciências Biológicas, profª mestre em Ciências Marilene Dilem, manifestou que a sustentabilidade é um tema totalmente interdisciplinar que tanto possibilitou a integração entre os dois cursos como “está integrada em todas as disciplinas do conhecimento”. Já o prof. Dr. em Ciências Sociais, José Eduardo, foi enfático ao assinalar que essa união é fundamental, pois “não estamos trabalhando com formação jurídica de forma engessada, mas viabilizando a formação do profissional para o mundo”. A promoção de eventos em parceria é uma proposta da Diretoria de Ensino, que busca a conexão entre os cursos, viabilizando a transversalidade da informação. Para o diretor de ensino do Centro Universitário São Camilo, prof. Marcos Oliveira Athayde, “o Centro Universitário tem se mostrar como um ambiente universitário, e os acadêmicos têm que se comunicar. Com certeza outras propostas de parceria ocorrerão no decorrer do ano”. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 63 Educação Básica Entrevista com o Irmão Nery FSC Angelina Acceta Rojas, Unilasalle Informativa – O senhor poderia dar algumas informações sobre sua vida para os nossos leitores? Meu nome é Israel José Nery. Sou de uma família numerosa, de Machado, Minas Gerais. Meus pais tiveram 20 filhos. Somos agora 15. Fui aluno dos Irmãos das Escolas Cristãs, em minha cidade natal e, encantado pelo estilo de vida e missão deles, decidi ser Irmão, no seguimento de Jesus, segundo a proposta de São João Batista de La Salle. Fiz meus estudos em Roma, na Universidade Lateranense, e me especializei em catequética. E o senhor nunca desejou ser padre? Não. São os mistérios da vida e, na ótica da fé, os mistérios da vocação. Sempre me senti bem como religioso Irmão e, aos poucos, percebi ser uma vocação completa em si mesma para o homem, portanto, sem necessitar o presbiterato. Muitas vezes parentes, ami64 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 gos, presbíteros e bispos me questionaram, já que tenho os mesmos estudos de um presbítero. Mas minhas convicções sempre me levaram a confirmar que escolhi a melhor opção para mim e para minha missão na Igreja e no mundo. Além do mais, é importante que haja na Igreja essa modalidade de seguir radicalmente Jesus e divulgála para que os jovens a tenham diante de si como uma opção vocacional importante e realizadora. E gente tem sentimento, relação consigo, com os outros, com a natureza e com Deus. Gente busca sentido para a vida e o mundo. La Salle, o padroeiro dos educadores, elaborou uma teologia da educação e trabalhou a escola como uma comunidade humana e cristã, no sentido de ser uma privilegiada mediação para ajudar a formar pessoas a partir dos valores cristãos em vista de fortalecer a Igreja e cooperar, em nome da fé, com a construção da sociedade. O senhor pertence a uma Congregação totalmente voltada para a educação e que privilegia a escola. A partir de sua experiência e reflexão, o que tem a nos dizer sobre a educação hoje? Estive envolvido diretamente com sala de aula e coordenação por muitos anos. Para mim, educação é muito mais que ensino, no sentido acadêmico. Cada vez mais o conhecimento está disponível em muitas mediações tecnológicas. Estamos consolidando a sociedade do conhecimento. Entretanto, o ser humano não é um robô, precisa ser tratado como gente. Mas o senhor se especializou em catequese e dedica muito tempo a assessorias e a escrever... Sim. Minha Congregação investiu em mim e sempre respeitou o caminho que assumi: teologia, pastoral, catequese. Com isso, fui me aprofundando nesses campos, mas a partir da ótica de religioso Irmão educador Lassalista. Quanto às minhas obras, são mais de 55 livros, alguma coisa em CD e DVD e muitos artigos. São dons e muitas possibilidades aproveitadas para melhor servir. As assessorias estão ligadas à educação, catequese e vida reli- giosa consagrada. O fato de ter tido na praça 11 livros de Catequese na década de 70 e 80, ter trabalhado na CNBB como assessor nacional de catequese e de Educação e ter sido vice-presidente da Confederação Latinoamericana de Religiosos (CLAR) me possibilitou um vasto campo de estudos e experiência. Só tenho a agradecer a Deus, à Igreja e à minha Congregação. E sobre a escola católica hoje, o que o senhor tem a nos dizer? Temos o amparo legal para a escola confessional e há espaço para nós na sociedade. Existe hoje uma pluralidade enorme de escolas à disposição da capacidade de escolha das famílias e dos alunos. A pergunta é: quais são os diferenciais que apresentamos? Jesus diz que se o sal perder seu sabor não servirá para nada. Será que não estamos nivelando nossas escolas católicas às escolas secularizadas, voltadas excessivamente para o acadêmico, o passar no vestibular, o êxito na profissão? É evidente que toda escola católica tem de ser primeiramente uma excelente escola, mas ela possui um diferencial e necessita dar-lhe a devida atenção. O projeto educativo, os professores e demais funcionários da escola católica, assim como os pais e os alunos, precisam saber e cooperar realmente para que a verdadeira finalidade de uma escola católica aconteça. Além disso, deveríamos ser uma rede de escolas da Igreja, com destaque para o testemunho da união. Infelizmente, isso não acontece e continuamos sendo ilhas. E a rede deveria ter uma forte equipe de reflexão a partir da realidade para propor caminhos mais adequados à escola católica face aos desafios do mundo de hoje. A ANEC tem aqui uma missão fundamental. Uma mensagem final para nossos leitores? Primeiro agradeçamos a Deus o fato de que ser educador/a segundo o evange- lho é uma vocação – missão de grande valor na Igreja e na sociedade. La Salle colocou o/a professor/a na categoria de ministério: “no emprego que exerceis vós sois ministros de Jesus Cristo”. Isso requer uma espiritualidade específica e mística. Em segundo lugar, investir muito mais na formação de professores/as a partir da fé cristã, isto é, como profissionais que têm a missão de evangelizar o mundo da educação e através do mundo da educação. Em terceiro lugar cooperar para que, de fato, aceleremos a concretização da parceria e união entre todas as escolas católicas para sermos uma rede que testemunhe a unidade e favoreça tanto a qualidade do que somos e fazemos como a atenção preferencial aos que mais precisam da nossa vocação e missão, os pobres. O projeto educativo, os professores e demais funcionários da escola católica, assim como os pais e os alunos, precisam saber e cooperar realmente para que a verdadeira finalidade de uma escola católica aconteça Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 65 Educação Básica Educação sem fronteiras Prof. Ms. Hércules Pereira, presidente do Grupo Educacional Signorelli O Grupo Educacional Signorelli tem como valores fundamentais o pioneirismo, a excelência e a internacionalização. Formado pela Faculdade Internacional Signorelli, Colégio Internacional Signorelli e Instituto de Gestão Educacional, o grupo atua de maneira inovadora, implementando projetos educacionais de âmbito internacional que visam transformar seus alunos em “cidadãos do mundo”. A Faculdade Internacional Signorelli, autorizada pelo Ministério da Edu- 66 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 cação em 2009, obteve notas máximas nos cursos que oferece: Administração e Pedagogia. Possui modernas instalações, com salas de aula climatizadas, datashow, laboratórios de informática e biblioteca multimídia. A instituição é formada por uma equipe qualificada que busca constantemente o aprimoramento acadêmico, apresentando a internacionalização como um de seus mais importantes diferenciais. Oferece programa de intercâmbio internacional, possibi- litando que os alunos façam viagens culturais e participem do Programa de Mobilidade Acadêmica, por meio do qual estudam um semestre na Universidad Nacional de Cuyo de Mendoza (Argentina) e, quando retornam, obtêm a equivalência e o aproveitamento das matérias cursadas. A faculdade também está sendo inserida em um projeto de dupla titulação com a referida universidade. Somando-se a isso, a Faculdade Internacional Signorelli destaca-se por No colégio são desenvolvidas atividades de intercâmbio estudantil, proporcionando aos alunos não somente a vivência de outra cultura, a convivência com outros povos e o aprimoramento do idioma, mas uma experiência enriquecedora do ponto de vista humano uma série de benefícios que oferece: plataforma educacional com funcionalidades de chat, fóruns, mural, calendário, biblioteca virtual, secretaria virtual e web aulas; guias de estudo com material didático para cada disciplina; sistema de avaliação com provas no modelo do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade); atividades complementares semanais com palestras, oficinas e seminários; Núcleo de Atendimento da Fundação Mudes; revista científica internacional em educação a distância; empresa júnior; convênio com o Conselho Regional de Administração (CRA); programas de nivelamento; programas de iniciação científica; cursos de extensão etc. O Colégio Internacional Signorelli é alicerçado na tradição de ensino e pesquisa. É no colégio que acontece a aplicação da Faculdade Internacional Signorelli para os estudantes do curso de formação de professores das séries iniciais. O colégio é bilíngue (português e espanhol), o que reforça o princípio de internacionalização. Também no colégio são desenvolvidas atividades de in- tercâmbio estudantil, proporcionando aos alunos não somente a vivência de outra cultura, a convivência com outros povos e o aprimoramento do idioma, mas uma experiência enriquecedora do ponto de vista humano. Seja qual for o país escolhido, algumas vantagens vão além do acadêmico: o desenvolvimento psicológico, a autoconfiança, o amadurecimento, a independência e a capacidade de se relacionar respeitando as diferenças. Aliados a esse grande diferencial estão outros pontos que fazem do colégio um modelo para a região: orientação católica; aulas de ensino religioso para o 1º ao 9º ano do ensino fundamental; proposta pedagógica seguindo a filosofia de Santo Agostinho; parceria família-escola; atividades culturais e excursões pedagógicas; web aulas; tecnologia; e modernas instalações. Estrategicamente localizado na Freguesia, em Jacarepaguá, o Grupo Educacional Signorelli também atua de forma significativa na educação a distância, por meio de parcerias com outras instituições de ensino: mais de 160 polos e 13 mil alunos no Brasil. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 67 Educação Básica Contextura: novos tempos, olhares e saberes Contextura é a expressão de um novo jeito de viver a educação na rotina escolar Rozecler Bugs, assessora de comunicação P ara desafios como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a possível mudança do ensino médio, que propõe conteúdos agrupados por áreas de conhecimento, o Instituto Marista Graças, em Viamão (RS), investiu na inovação da metodologia e dos espaços de aprendizagem. As aulas são ministradas com base nas quatro grandes áreas do saber sobre as quais se estruturam o Enem: linguagem e códigos, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Parede decorada por iniciativa do Projeto Contextura 68 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 O Projeto Contextura propõe novas formas de ensinar e aprender. A mediação na construção do conhecimento é desenvolvida com uma proposta metodológica que promove o despertar da curiosidade, a criatividade e o desejo de aprender por meio da articulação de temáticas e conteúdos das diversas áreas do conhecimento. Essa metodologia inédita de ensino foi implantada em 2009 na 3ª série do ensino médio e ampliada em 2010. Neste ano letivo, todas as turmas do ensino médio e a 5ª série do ensino fundamental estão trabalhando com o projeto Contextura. Nos primeiros passos da aprendizagem, a 1ª série do ensino fundamental também recebeu o projeto Contexturinha. A Província Marista do Rio Grande do Sul realizou um forte investimento pedagógico na implantação do Contextura, em 2009, e vem repetindo o feito este ano no aperfeiçoamento do projeto, o qual já deu provas de que veio para ficar e, a cada ano, ser ampliado em todas as suas dimensões. Da mesma forma, a parceria entre escola e famílias vem garantindo o sucesso do projeto. Transformação Para colocar essa nova metodologia em prática, uma das iniciativas foi a transformação dos laboratórios de Física, Química e Biologia, da sala de projeção, de todas as salas de aula do ensino médio e da 1ª e da 5ª série do ensino fundamental, bem como as paredes dos corredores e das áreas de uso comum. Todos esses ambientes receberam inúmeras imagens: fotografias, fórmulas, obras de arte, textos literários, poesias, formas geométricas, maquetes, mapas e exercícios. Elas dão nova atmosfera aos locais, impressionam e instigam. Os alunos passam a trocar de sala de acordo com o componente curricular, trabalhando em conjunto e construindo uma rede de conhecimentos. A 1ª série do ensino fundamental trabalha com o projeto Contexturinha, entrelaçado com a metodologia do projeto Metramar (Método Trevisan de Alfabetização Marista), do Irmão Albino Trevisan. O espaço físico foi aliado à proposta educativa, o que amplia a capacidade do aluno de dominar novas informações e relacioná-las com conhecimentos prévios e aguça a sede de conhecer e interagir com um universo que propõe uma aprendizagem com outros contornos. Ressignificar o ensino tem sido um desafio constante para aqueles que acreditam que a escola deve ser um espaço de aprendizagem. Os educadores e a equipe pedagógica passam constantemente por capacitações para lidar de maneira eficaz com essa nova metodologia, que busca tecer novas relações disciplinares no processo ensino-aprendizagem. Conselho No dia 1º de junho, a equipe diretiva do Instituto Marista Graças apresentou o Projeto Contextura nas comissões de ensino fundamental, médio e superior do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. O interesse da comissão em conhecer o projeto está focado na busca de informações sobre teorias e práticas que digam respeito às reformulações metodológicas para o desenvolvimento de competências e habilidades do ensino médio. O projeto é coordenado pelos diretores Dilce Corrêa Gonçalves e Ir. Lédio de Jesus Matias, e coordenadoras pedagógicas, Maria Helena Issa e Irany Fioravante Dias. Para Dilce, o projeto Contextura é ação pedagógica em uma visão sistêmica. “É a tessitura que liga as áreas do conhecimento por caminhos de criatividade, resolução de problemas, diálogo, desenvolvimento de competências, habilidades e espiritualidade. É espaço inspi- Atividade do Projeto Contextura rador, acolhedor e motivador em que o multicolorido, a simbologia, as formas, paisagens e poesias dão outro sabor ao aprender em cada sala de aula. É uma visão multidimensional com conexão, entrelaçamento, movimento que articula o conhecer, o fazer, o ser e o conviver. É dialogar com as diversas culturas. É integrar corpo, mente, razão, coração e espírito. É transformar ideias em ação. É protagonismo e relações que promovem a vida”, afirma a diretora. Ainda de acordo com Dilce, o projeto Contextura nasceu com o objetivo de ser uma prática educativa que desse conta do desenvolvimento de habilidades e competências e na qual o educando fosse nutrido por um processo dinâmico que desenvolvesse suas potencialidades em toda sua amplitude. “A intencionalidade de ações, viabilizando a materialização do ensinar e do aprender, faz da sala de aula um espaço agradável didaticamente, aguça a capacidade reflexiva, a sensibilidade, e mobiliza os sentidos do aluno (verbais, sonoros, visuais). A sala de aula torna-se um lugar ar- ticulado para aprender em todas as dimensões, desenvolvendo a autonomia e a formação humana do estudante”, conclui a diretora. Os alunos aprovaram a iniciativa. Para Victória Siegle, aluna da 2ª série do ensino médio, a verdade é inegável. “O Contextura nos prende a atenção, provoca nossa curiosidade. Nos dá não apenas paredes coloridas, mas a certeza de que o Marista Graças melhora e inova cada vez mais, visando ao futuro”, disse. Outra estudante da 2ª série do ensino médio, Cristina Yumi, conta sobre o envolvimento com o projeto. “Às vezes, uma imagem pode nos falar mais do que mil palavras. O projeto Contextura, de certa maneira, faz isso conosco. Mal percebemos, já estamos analisando as figuras, envolvendo diversas matérias. Gera curiosidade, estranhamento. As paredes já não são somente paredes, são o espelho de um mundo e de uma visão dele. É um projeto ousado, pois assim como estamos vivendo em um universo de evolução, a educação evolui de mãos dadas”, conclui a aluna. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 69 Educação Básica Projetos Socioacadêmicos Curso de Enfermagem orienta as crianças da comunidade Elizabeth Landim Gomes Siqueira, vice-diretora do Isecensa E nvolver alunos de todos os cursos superiores na prestação de serviços à comunidade de baixa renda é uma receita que está dando certo há mais de um ano no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. O projeto é desenvolvido pelos Institutos Superiores de Ensino do Censa (Isecensa). Ao longo de seus oito anos de existência, a instituição idealiza e desenvolve projetos socioacadêmicos que têm contribuído para o desenvolvimento da comunidade campista. A Universidade Bairro: Vila Tamarindo – uma intervenção comunitária é um exemplo. 70 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Situada no centro de Campos dos Goytacazes, a Vila Tamarindo era conhecida como Favela do Tamarindo. Entretanto, desde o censo de 1991 passou a não ser mais considerada favela por não possuir, segundo o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais que 50 domicílios. Essa mudança de classificação, porém, não eliminou as características socioeconômicas da comunidade. Conforme censo realizado pelo curso de Administração do Isecensa, pode-se constatar a baixa escolaridade, a baixa renda e a ocupação profissional irregular como características daquela comunidade, que conta com 140 moradores. Toda essa carência colocou a Vila Tamarindo como base de um projeto de responsabilidade social promovido pelo instituto. Dois pontos de trabalho foram estabelecidos: o primeiro, por meio de uma equipe multidisciplinar, desenvolve projetos com a finalidade de resgatar a autoestima e a cidadania dos moradores. O segundo envolve a participação da mão de obra existente na vila para as reformas necessárias. O projeto envolve todos os cursos de graduação do Isecensa e segue um plano de ações múltiplas e integradas. Acadêmicos do Curso de Administração realizando levantamento socioeconômico dos moradores da comunidade Tamarindo Dois pontos de trabalho foram estabelecidos: o primeiro, por meio de uma equipe multidisciplinar, desenvolve projetos com a finalidade de resgatar a autoestima e a cidadania dos moradores. O segundo envolve a participação da mão de obra existente na vila para as reformas necessárias Até o momento, destacam-se: o levantamento fotográfico e técnico das condições de habitabilidade das 47 moradias da vila com a elaboração de plantas baixas e respectivas necessidades de reforma (curso de Arquitetura e Urbanismo); o assessoramento de gestão social que resultou na fundação da Associação de Moradores da Vila Tamarindo, em abril deste ano (curso de Administração); as visitas domiciliares para orientação nutricional caseira e levantamento das condições de saúde de gestantes e crianças de 0 a 3 anos (curso de Enfermagem); atividades de dança para as crianças e jovens de 7 e a 14 anos (curso de Educação Física); entrevistas com 20 moradores para o resgate da memória oral da comunidade (curso de Pedagogia); atendimento fisioterápico (curso de Fisioterapia); e atividades de psicologia social (curso de Psicologia). O plano de trabalho para o segundo semestre compreende: a instalação de uma minifábrica de vassouras de garrafas PET (Engenharia de Produção); a capacitação da diretoria para atividades de secretaria, tesouraria e captação de recursos (curso de Administração); e a implantação do curso de educação de jovens e adultos, bem como das ati- vidades de reforço escolar para crianças dos anos iniciais do ensino fundamental (Pedagogia). Por meio da instituição, foi alugada uma casa para a instalação da sede do projeto, que se desenvolve há cerca de um ano e meio. “Desenvolver projetos sociais é um compromisso da nossa instituição. O Projeto Tamarindo é um dos muitos desafios do Isecensa. Não adotamos uma posição assistencialista. Nosso objetivo é capacitar e integrar essa comunidade no mercado de trabalho, resgatando sua cidadania e sua autonomia para uma vida digna”, diz Elizabeth Landim, vice-diretora do Instituto. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 71 Educação Básica Colégio Santa Teresa: 45 anos promovendo uma educação transformadora Irmã Jamir Berton, diretora pedagógica F undado em 1965, a partir de um ano de muita luta da comunidade do bairro Cavalhada, em Porto Alegre (RS), e do empenho e dedicação das irmãs da Companhia de Santa Teresa de Jesus, o colégio iniciou suas atividades com o nome de Ginásio XV de Outubro. Por suas instalações não estarem concluídas e devido a algumas questões burocráticas da época, as aulas iniciaram no Colégio Calábria com o apoio e a acolhida dos padres da congregação São João Calábria. Em maio do mesmo ano, o Conselho Estadual de Educação aprovou o funcionamento do Ginásio XV de Outubro em sede própria. No desenvolvimento das atividades escolares, as Irmãs Teresianas se esmeraram na formação integral dos alunos apoiando-se nos ensinamentos do fundador da Congregação Teresiana, Santo Enrique de Ossó que, seguindo os passos de Santa Teresa de Ávila, deixou um legado de amor e dedicação à educação e à formação integral do ser humano, apresentando como proposta filosófica a prática e as vivências fundamentadas no compromisso libertador a serviço da vida e da esperança nas diferentes culturas. Em 1972, o Ginásio XV de Outubro passou a se chamar Colégio Santa Tere- 72 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 sa de Jesus, que deu início à reforma de ensino e ao funcionamento do curso colégio integrado, compreendendo os cursos normal e secundário, formando a primeira turma de professoras em 1975. Com o desenvolvimento urbano do bairro Cavalhada, o trânsito se tornou mais intenso, impossibilitando que as aulas fossem ministradas no prédio que havia sido construído à beira da calçada, na curva da estrada. Portanto, no ano de 1978, os alunos foram transferidos para outro prédio. Começou, então, um período de obras e de crescimento do Colégio Santa Teresa de Jesus. Em agosto de 1983 foi inaugurado um novo espaço, ampliando sua capacidade física. Naquele mesmo ano foi concedida a autorização do jardim de infância, que funcionava desde 1981. Em 1995, teve início a primeira turma do segundo grau – preparação para o trabalho, atual ensino médio. Em 2002, o colégio abriu a primeira turma no turno da noite de curso normal com aproveitamento de estudos para a formação de professores de educação infantil e de 1ª a 4ª séries. Atualmente, o colégio atende 950 alunos de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O projeto edu- cacional do Colégio Santa Teresa prioriza a criatividade, a formação humana e a leitura de mundo. A Educação Teresiana compreende que o papel da escola é incentivar a formação de sujeitos críticos, solidários, que partilhem seus conhecimentos com visão de coletividade e que possam descobrir o prazer do estudo e da leitura. O colégio Santa Teresa de Jesus oferece um espaço físico privilegiado. Um ambiente propício para a convivência saudável: amplo estacionamento, quadras poliesportivas, salas e serviços especializados, praçinha e área verde, moderno laboratório de informática, ginásio de esportes e capela. Um espaço onde crianças e jovens exercitam a liberdade de ser, de compreender e de respeitar as diferenças. Diversas atividades extracurriculares fazem parte do colégio: arte e dança, balé, escolinha de judô, futsal, patinação artística, camerata de violões, brinquedoteca, robótica, entre outras. O colégio Santa Teresa se orgulha de completar 45 anos! Parabéns Colégio Santa Teresa de Jesus! Parabéns Irmãs Teresianas! Parabéns comunidade educativa! São 45 anos, promovendo uma educação transformadora! Educação Básica Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010 Por Césaro Antônio Brandão, coordenador de Ensino Religioso do Colégio Sagrada Família – Blumenau E m nosso colégio, a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) sempre ocupou um espaço importante no desenvolvimento dos conteúdos de todas as disciplinas que compõem a grade curricular. Em cada plano de curso consta a proposta de desenvolvimento dos temas específicos da Campanha articulados aos objetivos das disciplinas. A consecução dessa importante iniciativa é acompanhada pelo coordenador de cada área. Para que essa proposta seja viável, no ano anterior divulgamos o tema do ano seguinte para todos os educadores a partir do segundo semestre. Também disponibilizamos textos diversos para que eles, aos poucos, se familiarizem com a temática. Em relação à Campanha deste ano, cujo tema é Economia e Vida, e o lema:"Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro", inicialmente adquirimos material para estudo e planejamento, que é disponibilizado para pesquisa em nossa biblioteca. A agenda escolar distribuída a todos os educadores e alunos também é utilizada como subsídio, pois apresenta os objetivos e textos sobre a campanha. Na Semana Pedagógica, realizada de 8 a 12 de fevereiro, procuramos sensibilizar e motivar os educadores. Também foi realizado um momento especial de reflexão e oração, utilizando recursos como música, slides, filmes e depoimentos. Temos ainda muito tempo pela frente, pois acreditamos que a Campanha da Fraternidade é para o ano todo. Entretanto, podemos destacar algumas atividades, como a Revisão de Vida. Em preparação à Páscoa, os alunos do ensino fundamental e médio tiveram um momento especial de revisão à luz dos valores evangélicos e do mistério Pascal contemplando o tema da CFE 2010. Concluímos com a oportunidade de confissão individual para os alunos que livremente sentissem necessidade. A participação dos adolescentes foi impressionante, quantitativamente e qualitativamente (nível de consciência e compromisso pessoal). Outra iniciativa foi a Celebração da Vida. Alunos do ensino fundamental e médio tiveram a oportunidade de participar, por turmas, de uma celebração com os temas Campanha da Fraternidade e Páscoa, em ambiente especial com recursos diversificados. Além disso, tivemos a missa com a presença de educadores e colaboradores da área administrativa e serviços gerais. Foi realizada uma celebração eucarística abordando temas sugeridos pela Campanha nos comentários e orações. Por meio da pesquisa bibliográfica foi possível, a partir da motivação desenvolvida pelos professores em sala, pesquisar sobre os diferentes temas sugeridos pela campanha: internet, biblioteca, material da campanha. Também levamos o assunto para a prática com a pesquisa de campo, que al- guns educadores incluíram como estratégia para o desenvolvimento dos conteúdos e o aprofundamento do conhecimento da realidade local. Foram realizadas pesquisas sobre temas pertinentes e entrevistas com apresentação e discussão em sala de aula, por exemplo, sobre o valor real dos produtos que compõem a cesta básica e o que isso significa para as famílias a partir da renda, número de filhos e despesas fixas como aluguel, água e energia elétrica. A produção textual também teve destaque. Com o objetivo de sistematizar os temas aprofundados, foram produzidos textos com os mais diversos temas: água, meio ambiente, economia, economia solidária, distribuição da riqueza, inclusão, ética, entre outros. No teatro profissional, alunos do ensino fundamental I e II foram convidados a assistir a peça teatral Cabeça de Papelão, que aborda a necessidade de uma consciência crítica frente à realidade em que vivemos e a importância de assumirmos o exercício pleno da cidadania e o compromisso com a paz, a solidariedade e a justiça social. Por fim, há o projeto de ação social, com o objetivo de proporcionar aos alunos uma experiência significativa de contato com realidades sociais caracterizadas por uma demanda maior de apoio material e afetivo. A ideia é desenvolver um trabalho que será inicialmente realizado em um asilo. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 73 Educação Básica Campanha Copa Stop Crack e suas repercussões “Craque, faça um gol de placa nos estudos, mas CRACK nem pensar!” Ir. Plácio José Bohn, diretor E nquanto os olhos se voltavam para a África do Sul, o La Salle Peperi, de Santa Catarina, aproveitou a oportunidade para observar e fazer um momento de reflexão e alerta para a realidade crucial que está diariamente dominando os jornais e os noticiários do Brasil: a questão do crack. Durante o período da Copa do Mundo 2010, a escola direcionou suas energias e seus trabalhos à conscientização e prevenção. Para isso, organizou a Copa Stop Crack com estudantes, nas modalidades futebol society e futsal masculino e feminino. O esporte é uma ferramenta poderosa na função terapêutica e ocupacional dos jovens, pois amplia seu autocontrole e a percepção de sua capacidade de superação, adquirindo novas habilidades adaptadas ao cotidiano. O esporte ainda exige organização, impõe regras, limites, respeito e constrói novos valores morais e éticos. O evento contou com a adesão de patrocinadores, parceiros e escolas convidadas para a realização das ações previstas. Foram confeccionados folders, cartazes e camisetas. Igualmente, em várias instituições e entidades, a campanha apareceu nos sites de abertura. Foi gravado um spot para ser veiculado nas rádios locais e regionais. Cinco desses veículos fizeram entre três e cinco inserções diárias gratuitas durante toda a 74 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 campanha. Além disso, duas rádios locais realizaram entrevistas com a direção, coordenadores do projeto e alunos durante a abertura e no decorrer do projeto. Para a Copa Stop Crack foram convidados 13 educandários e sete aceitaram o desafio (três privados, três estaduais e um municipal). Assim, nove equipes disputaram o Futebol Society, cinco o futsal masculino e quatro o futsal feminino. Entre os dias 12 de junho e 1º de julho, aos sábados pela manhã, aconteceram os jogos no campo suíço e nas duas quadras do ginásio de esportes da escola. Internamente, os dias 16 e 17 de junho foram dedicados à atividade esportiva entre os alunos na modalidade de futsal – tanto masculino quanto feminino. Foi uma oportunidade ímpar de congraçamento e integração. Os quatro jornais do município de São Miguel do Oeste divulgaram e cobriram a abertura no dia 11 de junho, que contou com a palestra da psicóloga Maria de Fátima Py, do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Um dos jornais ampliou o assunto e dedicou duas páginas para o tema crack: efeitos produzidos, depoimentos de educadores e especialistas, órgãos que tratam da recuperação, situação na região etc. Um coordenador e quatro integrantes do grupo de jovens da escola foram visitar e conhecer a Fazenda Renascer, em Chapecó, repassando os resultados aos alunos do ensino fundamental. No ensino médio, o tema foi abordado em todas as turmas nas aulas de Ensino Religioso. Para o encerramento do projeto, foi realizada uma palestra com representantes do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD). Durante o evento, ainda foram entregues os troféus às equipes campeãs, medalhas aos atletas e menções honrosas aos parceiros e participantes. Entre os convidados estavam autoridades locais. Ao longo da campanha os realizadores foram convidados por outros municípios do oeste catarinense para partilhar e trabalhar a questão da droga com os participantes em projetos sociais, como em Xaxim/SC, no dia 8 de julho. A droga está assumindo números e estatísticas preocupantes, motivo pelo qual o projeto não terminou no dia 11 de julho, quando ocorreu a final do Mundial 2010. Segundo os realizadores, a luta contra as drogas exige todas as forças e energias daqueles que podem orientar para, mais do que a realização de uma Copa Stop Crack, fazer uma opção em prol da infância e juventude. Isso para que ninguém, como diz Fernando Pessoa, “[...] se esqueça de que a sua vida é a maior empresa do mundo”. Então, não deixe um curto prazer estragar sua vida. Viva o prazer de viver! Conversa com mantenedoras Irmã Eulália Schiavo Nesta edição da Revista Informativa Educacional, conversamos com a Ir. Eulália Schiavo. Membro da Congregação Nossa Senhora da Visitação desde 1961, Shiavo participou de quase todas as atividades congregacionais e foi eleita superiora geral em 1995. Após o mandato de quatro anos foi reeleita e, em 2007, conduzida novamente ao governo geral. Graduada em Pedagogia, Administração de Empresas e Teologia e pós-graduada em Administração, atualmente acumula o governo geral da Congregação e a direção do Instituto Isabel, na cidade do Rio de Janeiro. O instituto atua no ensino da educação infantil, fundamental I e II e médio, além de oferecer graduação em Pedagogia e cursos de extensão, técnicos e de pós-graduação lato sensu. Informativa - Qual é a história da congregação? Nossa história iniciou-se em 1893, quando o Conselheiro Mayrink, juntamente com o Monsenhor Amador Bueno de Barros, decidiram iniciar uma obra para atender os menores carentes e idosos. É certo que a Congregação de Nossa Senhora da Visitação não se inicia de direito nessa data. Entretanto, a semente de toda nossa história está exatamente nos sonhos do Monsenhor Amador. Na realidade, “nascemos’’ em 8 de dezembro de 1927, com o decreto Diocesano do Cardeal D. Sebastião Leme, sob a denominação Congregação Santa Isabel; em 1977, as Irmãs solicitaram à Sua Eminência, e o Cardeal D. Eugenio de Araujo Salles acolheu nossa solicitação. Mediante decreto, alterou nossa denominação para Congregação de Nossa Senhora da Visitação. Informativa - Quais princípios guiam o trabalho da senhora? A missão da Congregação é um dos meus nortes: educação qualitativamente igual para todos. O trabalho de distribuir uma educação de qualidade para todos torna-se mais e mais difícil ao se considerar os dias atuais, quando o ensino particular é visto quase como um adversário do ensino público, e não parceiro para a construção de uma pátria mais justa. O outro princípio é o carisma da Congregação, fio condutor de minha opção de vida religiosa: acolher e servir a criança e o jovem. Informativa - Qual é a área de atuação da Congregação? Nosso carisma e nossa missão balizam nossa atuação na acolhida ao irmão carente: carente de informação (educando) e de esperança (levando a fé e a esperança que encontramos nos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo). Informativa - Como a senhora avalia as dificuldades de lidar com os jovens modernos? Não só no processo da educação, mas também com relação ao comportamento frente às questões religiosas? A pergunta parte de uma premissa que, necessariamente, não é verdadeira, por pressupor que existem barreiras somente com relação a uma determinada faixa etária. Os jovens, assim como os idosos, e por que não todos, necessitam compreender que somente o amor propicia. Afinal, como mencionado nos Evangelhos e por Sua Santidade, “Deus é maior”, e qualquer questão, religiosa ou não, se abordada pela baliza do amor cristão, por seguro não será espinhosa, ou será menos espinhosa: “só amor salva”. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 75 Serviços Programa Biblioteca do Professor Plataforma conecta escolas em todo o país Em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Programa Nacional Biblioteca da Escola acaba de lançar um acervo para os professores. As obras são sobre alfabetização, Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, Física, Química, Biologia, Filosofia, Sociologia, Artes, Educação Física, Inglês e Espanhol. O material servirá como apoio teórico e metodológico para o trabalho dos professores, além de ser uma ferramenta no planejamento das aulas. Serão distribuídos 6 milhões de títulos nas escolas públicas das 27 unidades da Federação. A lista completa dos livros pode ser conferida no site do MEC. O investimento na Biblioteca do Professor foi de R$ 78 milhões. www.portal.mec.gov.br Para conectar escolas públicas e privadas em todo o Brasil, foi lançado o projeto Palco Digital. Por meio da ferramenta on-line, estudantes de instituições públicas e privadas podem divulgar roteiros culturais de suas escolas e comunidades. A programação oferece ainda atividades ligadas a cinema, teatro e música. O objetivo é que os participantes criem um blog para postar textos informativos. De acordo com o jornalista e idealizador da iniciativa, Gilberto Dimenstein, “a ideia é unificar as experiências culturais na internet, pois o jovem quer se expressar. Então, a tecnologia das redes digitais vai disseminar essas informações”. Também participam do projeto o Instituto Faça Parte e a Associação Cidade Escola Aprendiz. www.facaparte.org.br/palcodigital Exposição Marechal Rondon Cerca de 800 municípios de todo o país poderão conferir, ainda neste semestre, uma exposição itinerante sobre a vida e obra de Marechal Cândido Rondon. A iniciativa faz parte das atividades educacionais e culturais do Projeto Memória, que presta homenagem a personalidades marcantes da cultura brasileira. Além da mostra, a ação promove a distribuição de 18 mil kits pedagógicos nas escolas públicas de ensino fundamental. O material inclui um almanaque histórico e um guia do professor. Um video-documentário e um livro fotobiográfico sobre a vida do homenageado também serão entregues para mais de 5 mil bibliotecas públicas. www.noticias.terra.com.br Prêmio Sesc de Literatura 2010 Prêmio Educação Rio Grande Sul 2010 O Prêmio Sesc de Literatura está com inscrições abertas para a sua oitava edição. O concurso revela desde 2003 escritores cujas obras possuem qualidade literária para publicação e circulação nacional. O vencedor terá o seu livro publicado e distribuído para toda a rede de bibliotecas e salas de leitura. As inscrições são gratuitas e aceitas em todo o Brasil, até o dia 30 de setembro. Para realizá-la basta procurar a unidade mais próxima do Sesc. Cada concorrente poderá inscrever apenas uma obra, nas categorias conto ou romance. Na edição de 2009 os escritores Gabriela Grazzinelli e Sergio Tavares foram os premiados. O Prêmio Sesc de Literatura tem o objetivo de revelar novos talentos e promover a literatura nacional. www.sesc.com.br/premiosesc A 13º edição do Prêmio Educação Rio Grande do Sul irá premiar iniciativas em defesa da qualidade da educação no Estado. A premiação irá destacar um projeto, um profissional e uma instituição de ensino. As indicações são feitas pelos docentes, representantes de instituições de ensino, poder público, organizações não-governamentais, sindicatos e profissionais ligados à área. As inscrições podem ser realizadas até 17 de setembro e a entrega do prêmio acontece no dia 15 de outubro, em comemoração ao Dia do Professor. Os vencedores receberão o troféu Pena Libertária, criado especialmente para a ocasião. Até 2009 foram premiados 14 projetos, 12 instituições e 13 profissionais em toda a região. www.sinprors.org.br/premio 76 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 Dicionário Eletrônico PUC-Rio oferece bolsas de estudo Neste ano, o autor do mais conhecido dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, completaria cem anos. Em comemoração ao seu centenário foi lançada a 5ª edição do Dicionário Aurélio e a versão 7.0 do Aurélio Eletrônico. A versão disponibiliza uma série de recursos que ajudam a entender o novo acordo ortográfico. Entre eles estão ferramentas como: consulta rápida de palavras, verificação da ortografia e um guia sobre as alterações realizadas com o acordo. Ainda estão disponíveis tabelas de transcrições fonéticas, abreviaturas, siglas e sinais convencionais, nomenclatura gramatical brasileira e um filtro com as 3 mil palavras mais usadas na língua escrita contemporânea. O material é uma realização da Editora Positivo. www.nota10.com.br A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) oferece bolsas de estudo para os cursos de Física, Química e Matemática. A iniciativa é destinada aos alunos do último ano do ensino médio e faz parte do projeto Desafio 2010, que descobre e incentiva jovens talentos focados em cada uma das disciplinas. Para participar, os candidatos devem realizar uma prova e os dois melhores colocados recebem bolsas integrais na instituição. Os estudantes precisam ainda ser aprovados no vestibular da PUC-Rio ou no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições podem ser realizadas até o dia 21 de outubro e as avaliações serão aplicadas nos dias 23 e 24 do mesmo mês. www.puc-rio.br/desafios Brasil Alfabetizado deve inscrever 2,2 milhões Saresp 2010 acontece em novembro As Secretarias de Educação de 23 Estados, do Distrito Federal e de 1.444 municípios informaram ao Ministério da Educação (MEC) que vão matricular este ano 2,2 milhões de jovens e adultos em turmas de alfabetização. Para atender a meta, o MEC vai investir R$ 530 milhões. Os recursos serão destinados ao pagamento de bolsas para alfabetizadores, coordenadores de turmas e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), além do custeio de outros serviços. De acordo com Mauro Silva, coordenador de alfabetização da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), para que o programa alcance melhores resultados é preciso aumentar o empenho dos gestores. Esses profissionais têm, por exemplo, a função de verificar o andamento da aprendizagem. www.planetauniversitario.com A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo vai realizar as provas do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) nos dias 17 e 18 de novembro. Serão avaliadas todas as escolas estaduais de ensino regular. As provas serão aplicadas para os alunos da 3º, 5º, 7º e 9º séries do ensino fundamental e do último ano do ensino médio. Os testes são de Língua Portuguesa e Redação, Matemática, Ciências e Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia). Os estudantes das redes municipais no Estado e de escolas particulares farão apenas as avaliações de Matemática, Português e Redação. No ano passado, o Saresp teve adesão de 1,5 milhão de alunos. www.aprendiz.uol.com.br Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 77 Plano de Aula Brincadeiras da tradição cultural na infância Trabalho realizado com turmas de educação infantil ajuda as crianças a vivenciarem e conhecerem brincadeiras que atualmente não fazem parte do seu cotidiano Renata Alessandra Bueno, coordenadora de assessoria pedagógica do FTD sistema de ensino A brincadeira deve ter espaço privilegiado na rotina da educação infantil, não só como atividade natural e espontânea, originada na própria essência da criança, mas, principalmente, como aprendizagem social. A incorporação da brincadeira na prática educativa é um dos eixos da organização do trabalho pedagógico, e apresenta-se como atividade fundamental por meio da qual as crianças reconstroem suas vivências socioculturais e refletem criticamente sobre a realidade, ampliando seus conhecimentos sobre si e sobre o mundo ao seu redor. O domínio do meio físico e social implica que a criança desenvolva a capacidade de observar, de distinguir os seres vivos dos seres não-vivos, de fazer perguntas e descobrir relações temporais, espaciais e sociais. A ação pedagógica, nesse caso, visa aproximá-la de uma atitude científica, tornando-a capaz de perceber como se dá a relação do homem com a natureza, do homem com o próprio homem e o processo de transformação do mundo. Nesse sentido, o trabalho a seguir é voltado para a ampliação das experiências da criança e para o conhecimento 78 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010 da pluralidade de fenômenos e acontecimentos – particularmente os históricos e culturais. Para isso, exploram-se situações que mostram a diversidade de formas de explicar e representar o mundo, entrando em contato com a brincadeira em uma época e num contexto distantes e diferentes dos atuais, mas também com muito em comum, pois é possível não só estabelecer semelhanças e diferenças, mas também perceber as permanências e as mudanças. Brincando, as crianças representam diferentes papéis, ocupam posições diferenciadas nas relações de poder (ora mãe/pai, filho/filha, professor/aluno), transformam os significados dos objetos, atribuindo-lhes novos nomes e funções, aprendem a lidar com as situações no plano mental, introduzindo-se no plano das ideias e representações. Além disso, brincar também é meio de preservação das tradições culturais de uma sociedade. A partir desse enfoque, desenvolvemos uma estratégia para propiciar a vivência de brincadeiras que dependem principalmente da tradição oral para serem aprendidas. O ponto de partida foi a leitura do quadro “Jogos Infantis”, de Pieter Brueghel, em que são representadas cerca de 80 brincadeiras, algu- mas conhecidas e outras desconhecidas dessa geração. A tela de Brueghel foi projetada na parede, despertando a curiosidade das crianças. Lançado o desafio para encontrar e nomear 25 brincadeiras representadas na tela, as crianças realizaram a leitura da obra, observando, narrando as situações representadas, descrevendo as ações e interpretando as imagens e os objetos. Com isso, foi possível não só apreciar uma obra de arte, mas também estabelecer relações entre as situações representadas e as experiências pessoais. A partir dessa experiência, puderam ser destacadas as brincadeiras conhecidas pela turma, como cinco-marias, pula-sela, pega-pega. Outras foram identificadas, mas não nomeadas, por desconhecimento. A partir desse momento em classe, as crianças levaram cópias da tela para casa, impressas em papel. O intuito foi conseguir o nome de outras brincadeiras com a colaboração dos pais, tios e avós. Ao retornarem na semana seguinte, os alunos trouxeram contribuições sobre brincadeiras que foram reconhecidas por pessoas mais velhas, como nos destaques no quadro ao lado. Cabra-cega 4 1 Maria-cadeira ou cadeirinha 2 Cabo de guerra ou vilão do cabo 3 1 3 Boca de forno ou mamãe-polenta 2 Pieter Brueghel – Jogos Infantis, 1560.* Óleo sobre painel de madeira, 118 x 160,9 cm. Museu de História da Arte, Viena 4 Objetivo Procedimentos Que as crianças vivenciem brincadeiras tradicionais que atualmente não fazem parte do cotidiano infantil, com a finalidade de ampliar seus conhecimentos relacionados às brincadeiras de outras épocas. 1º momento: Analisar a imagem (obra “Jogos Infantis”, de Brueghel); 2º momento: Relacionar as brincadeiras identificadas pela turma; 3º momento: Realizar as brincadeiras identificadas na tela 4º momento: Enviar para casa cópia da tela para receber contribuições dos familiares; 5º momento: Coletar e tabular as informações trazidas de casa, ampliando a lista de brincadeiras identificadas; 6º momento: Pesquisar sobre brincadeiras desconhecidas; 7º momento: Convidar familiares que possam ensinar brincadeiras desconhecidas, representadas e identificadas na tela de Brueghel. Surgiu então outro problema: como brincar dessas brincadeiras se não as conhecemos? A solução partiu das próprias crianças: convidar os familiares para ensiná-las na escola. Assim, partimos para outro momento importante: de resgate da cultura e também interação social, recebendo os familiares, tios, avós, avôs, tias, mães e pais, que ensinaram brincadeiras de sua época, mas que podem ser divertidas também nos dias de hoje. Outras atividades não identificadas pelos familiares foram foco de pesquisa em situações de leitura e também por meio do computador. A proposta se constituiu em um rico momento de formação global, pois ao organizar suas brincadeiras, as crianças fizeram escolhas, negociaram suas ações, planejaram as situações, estabeleceram regras e submeteram-se a elas, ou as negociaram e as reconstruíram. *Pieter Brueghel nasceu em meados de 1527, na região de Antuérpia. Destacou-se por pintar paisagens e retratar o cotidiano das pessoas simples do campo, o trabalho na colheita, as festas... Sempre cheios de detalhes e instigando uma reflexão. Na tela não há menos que 84 brincadeiras. Algumas delas não existem mais, foram apagadas da memória. Outras existem até hoje, com inúmeras variações. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 79 Reflexão O tempo não para! Lana Canepa, jornalista da ANEC C azuza estava certo, mesmo não se referindo exclusivamente à política brasileira. O nosso país é bombardeado, às vezes diariamente, por exemplos negativos de como as falhas de governantes têm reflexo direto na vida das pessoas, e também na formação de jovens e crianças. Se a prática é dissolver as crises políticas de forma corrupta e, tudo bem, sem ser comprovada a responsabilidade de ninguém, apesar da obviedade dos fatos, o que os nossos alunos aprendem: a empurrar as coisas com a barriga, a jogar o joguinho brasileiro dos corruptos. Nesta edição, aproveitando a oportunidade do período eleitoral, mostramos o quanto a formação de jovens conscientes pode ser decisiva. Em alguns casos que mostramos aqui, eles brincam de fazer leis, de serem deputados, de defenderem uma ideia. E alguns projetos foram tão bem estruturados que chegaram a ser acolhidos por parlamentares, e realmente saíram do papel. O que eles aprendem aqui é muito importante: o valor do meu, do seu, do nosso voto. Em alguns casos que mostramos aqui, eles brincam de fazer leis, de serem deputados, de defenderem uma ideia 80 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
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