Palavra do Diretor-Presidente - ANEC – Associação Nacional de

Transcrição

Palavra do Diretor-Presidente - ANEC – Associação Nacional de
Sumário
22
2
PALAVRA DO DIRETOR PRESIDENTE
4
ACONTECE
10
CULTURA
14
MURAL DE NOTÍCIAS
ARTIGOS
16 Gestão de entidades confessionais
18 Sistemas de informação ou sistemas de conhecimento?
20 Índios e Igreja: novos diálogos
22 Newman: Presença e desafio
INOVAÇÃO
23 A empresa do futuro
24
28
40
54
66
POLÍTICA
24 Entrevista com Ângelo Vanhoni
GESTÃO
28 Brincando e aprendendo
30 A Regulamentação da Nova Lei da Filantropia para as entidades de educação
32 Marketing Digital
34 Avaliação de desempenho: metas e resultados em favor de todos
36 Ferramenta de transformação
MATÉRIA DE CAPA
40 Aprendendo desde cedo
ESPECIAL
44 ANEC em cinco passos
EDUCAÇÃO SUPERIOR
50 Curso de Jornalismo da Unicap ganha prêmio nacional
52 Programa da PUC-PR incentiva alunos para iniciação científica
54 Visão Sustentável
56 Proequo/UCDB completa 11 anos com benefícios sociais de saúde e educação
59 Professor doutor Fábio do Prado é o novo reitor da FEI
60 Sustentabilidade na construção civil
62 O futebol como agente social
63 Direito e Ciências Biológicas promovem sustentabilidade
EDUCAÇÃO BÁSICA
64 Entrevista com o Irmão Nery FSC
66 Educação sem fronteiras
68 Contextura: novos tempos, olhares e saberes
70 Projetos Socioacadêmicos
72 Colégio Santa Teresa: 45 anos promovendo uma educação transformadora
73 Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010
74 Campanha Copa Stop Crack e suas repercussões
75
CONVERSA COM MANTENEDORAS
76
SERVIÇOS
78
PLANO DE AULA
80
REFLEXÃO
Palavra do Diretor-Presidente
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL
DIRETORIA NACIONAL
Diretor Presidente
Reitor Pe. José Marinoni, SDB
Diretor 1º Vice-Presidente
Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Diretor 2º Vice-Presidente
Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS
Diretora 1º Secretária
Ir. Ana Maria Paes
Diretor 2º Secretário
Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI
Diretor 1º Tesoureiro
Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS
Diretor 2º Tesoureiro
Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J
Secretário Executivo
Prof. Dr. Dilnei Lorenzi
CONSELHO SUPERIOR
Presidente
Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Vice-Presidente
Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado
Secretário
Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira
CONSELHEIROS
Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC
Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC
Pe. Wilson Denadai
Professor Roberto Prado
Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Luciene Lopes Pereira
Nelismar de Souza
JORNALISTA
Lana Canepa
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
A
Pe. José Marinoni
Diretor-presidente da ANEC
edição 10 da Revista Informativa Educacional tem um tom de superação. Foi durante esta edição que a ANEC (Associação Nacional de
Educação Católica do Brasil) realizou o maior Congresso de Educação Católica do Brasil desde a sua criação, em 2008.
Com o tema Educação, Inovação e Empreendedorismo Global, o evento
reuniu em Brasília, entre os dias 21 e 23 de julho, cerca de 3 mil educadores
que vieram de todas as partes do Brasil. Foi nesse clima de superação que
preparamos esta edição da Informativa.
Em nossas editorias fixas mostramos o trabalho das Instituições Associadas.
Algumas foram premiadas pela qualidade dos serviços prestados nos últimos meses. Em política, abrimos espaço para uma conversa com o atual presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Ângelo Vanhoni (PT-PR), mas por limitações impostas durante o período eleitoral não mantivemos, nesta edição, a publicação de artigos e colunas assinadas por candidatos à reeleição.
A reportagem especial, que dá vida à capa desta revista, fala sobre a responsabilidade da educação no processo de formação e amadurecimento político dos jovens. Será que enfrentaremos aí uma geração mais politizada e envolvida com a ética na política? Para saber mais, se aventure conosco nessa leitura!
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CATÓLICA DO BRASIL - ANEC
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2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
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Acontece
ANEC realiza maior Congresso de Educação
Católica do país
O Congresso Nacional de Educação Católica, realizado em Brasília, reuniu
durante os três dias do evento quase 3 mil educadores de todo o Brasil. A
Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), responsável pela
organização do encontro, congregou mais de 2,5 mil instituições de ensino. A
proposta foi promover um debate sobre os conceitos modernos e questões
científicas para a melhor forma de educar.
Além das discussões técnicas, o congresso proporcionou entretenimento
com peça de teatro e shows. A iniciativa ainda reservou espaço para uma
feira de negócios, que reuniu os parceiros em estandes para apresentação de
novos serviços e produtos educacionais. O tema apresentado foi: Educação,
Inovação e Empreendedorismo Global.
Para o secretário executivo da ANEC, prof. Dilnei Lorenzi, o congresso superou
as expectativas. “Foi um tema moderno, discutido no mundo inteiro, e que foi
recebido com muita satisfação entre os participantes. É um congresso bienal
e certamente, em 2012, estaremos juntos novamente. Provavelmente no
próximo congresso trabalharemos o conceito entre educação e criatividade”,
disse Lorenzi.
Caravanas de várias instituições percorreram quilômetros para participar
dos debates na capital federal. Para a Irmã Terezinha, do Rio de Janeiro, a
impressão dos educadores foi muito positiva. “Este primeiro Congresso
organizado pela ANEC foi surpreendente. Os colaboradores do evento
também trabalharam muito bem e os palestrantes foram ótimos. Hoje,
a ANEC está se abrindo para outros temas, de forma que a educação é o
que transforma. O Rio de Janeiro esteve presente em massa e estaremos
novamente no próximo evento”, ressalta Terezinha.
Certificado de Filantropia já é
conclusivo para o MEC
O Ministério da Educação (MEC) já iniciou a
publicação, por meio de portarias, das decisões
referentes aos processos de renovação do Certificado
de Entidade Beneficente de Assistência Social
(Cebas), ou seja, os antigos certificados de filantropia.
Pede-se atenção especial a essas portarias, pois
alguns processos estão sendo indeferidos à luz da
nova legislação, sem observar se os exercícios em
que estão sendo analisados são anteriores à Nova
Lei da Filantropia.
O prazo de recursos contra as decisões do
Ministério é de 30 dias. Para ter acesso ao processo
indeferido, as instituições deverão pedir vista.
Este procedimento deverá ser agendado pelo
Ministério da Educação.
A ANEC está disponibilizando tais portarias no seu
site, no item Ministério da Educação. Para que a
pesquisa não fique muito extensa pode-se utilizar
o filtro, selecionando o sub-item portarias.
Em caso de dúvidas, a ANEC se coloca à disposição
de suas associadas. O telefone de contato é (61) 35335052, e o email: [email protected]
4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ação de Graças pelos 45 anos do Colégio STJ
No dia 22 de maio aconteceu a celebração em Ação de Graças, na Paróquia Santa Flora, por ocasião da
abertura do centenário da Presença Teresiana no Brasil e pelos 45 anos do Colégio Santa Teresa de Jesus
Porto Alegre. Participaram desse momento festivo pais, alunos, professores, Irmãs e ex-alunos, bem como
representantes da ANEC e de outros colégios religiosos.
Diretoria e Conselho Superior da ANEC se reuniram em Brasília
Membros da diretoria e do Conselho Superior
da ANEC se reuniram para discutir uma série de
assuntos importantes para as instituições associadas.
Os primeiros itens da pauta trataram da questão
financeira da Associação. Na sequência, o grupo
discutiu os avanços com relação ao Portal
Educacional. A iniciativa, que está na etapa final
da negociação, vai representar uma evolução
no plano de negócios, pois deve reunir em um
mesmo espaço diferentes atores do processo
educacional. É uma oportunidade para o
fechamento de bons negócios com grandes
empresas interessadas em oferecer pacotes de
descontos atraentes em serviços e produtos para a
rede de instituições associadas à ANEC.
Outro ponto que vai merecer a atenção do
Conselho e da diretoria é o planejamento
final para o Congresso Nacional de Educação
Católica. Na programação do evento,
palestrantes renomados foram convidados
para tratar sobre o tema Educação, Inovação e
Empreendedorismo Global.
Porto Alegre sedia encontro de Escolas Católicas
Foi realizado no Salão de Atos da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC/RS) o Encontro de Educadores e Lideranças
Estudantis das Escolas Católicas da região
metropolitana. Promovido pelo Grupo de Trabalho
de Educação da Arquidiocese de Porto Alegre,
com o apoio da ANEC-RS, o encontro reuniu
educadores de aproximadamente 70 escolas de
Porto Alegre e cidades próximas.
Com o tema Educação Católica: Identidade e
Missão, o objetivo principal do evento foi discutir o
protagonismo na educação de cidadãos a serviço
da promoção da vida e da dignidade humana.
Para facilitar a reflexão sobre a temática central,
foram convidados para os painéis os seguintes
assessores: padre Bonifácio Schmidt, padre Inacio
Neutzling, Maria Helena Bastos, padre Marcos
Sandrini e Celina Dal Moro. Esses participantes
debateram sobre a missão de dialogar sobre
memória e profecia; desafios e perspectivas;
identidade e protagonismo juvenil.
De acordo com Harlei Noro, coordenador da
ANEC-RS, esse espaço é um privilégio de partilhas
entre os presentes. “Aproximadamente mil
educadores e 300 lideranças estudantis puderam
desfrutar de um momento reflexivo sobre a
educação católica, na certeza de promover o
esforço articulado e consciente de ir proclamando
e construindo o reino de Deus através do mundo
da educação”, declarou. O encontro fez parte da
programação da celebração do centenário da
Arquidiocese de Porto Alegre e contou com a
presença de Dom Dadeus Grings, arcebispo local.
Lei da Ficha Limpa vale para
as eleições de 2010 e tem
apoio da ANEC e da CNBB
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que
a Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste
ano. Matéria proposta por iniciativa popular, com
a participação efetiva da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e o apoio da ANEC,
a lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e prevê que um político se torna
inelegível se for condenado por um órgão
colegiado de magistrados, mesmo quando
couber recurso.
A lei proíbe a candidatura de políticos
condenados na Justiça por oito anos e prevê,
ainda, a possibilidade de um recurso a um órgão
colegiado superior para garantir a candidatura.
Caso seja concedida a permissão para a
candidatura, o processo contra o político ganha
prioridade para a tramitação.
A decisão do TSE causou polêmica no Poder
Legislativo. Alguns pontos questionados são a
abrangência e a retroatividade da lei. Restam
dúvidas em relação ao Ficha Limpa se aplicar aos já
condenados ou aos que ainda serão, e também se as
penas já aplicadas podem ser alteradas com a nova lei.
A decisão do TSE poderá ser questionada no
Supremo Tribunal Federal (STF). O principal
argumento dos contrários à Ficha Limpa é que os
cidadãos não podem ter seus direitos vetados antes
de uma sentença final.
Presidente da ANEC participa de audiência na Câmara Federal
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara
dos Deputados promoveu audiência pública
para discutir uma proposta elaborada pelas
universidades comunitárias para regulamentar o
setor. A ANEC, proponente da matéria juntamente
com outras entidades representativas, tem
discutido o tema desde 2008 e participou
efetivamente da elaboração do texto final.
O presidente da ANEC, Pe. José Marinoni,
defendeu o projeto ao ocupar a mesa de debates
da audiência realizada no parlamento. Segundo
ele, o marco regulatório já é uma realidade.
“O texto é sucinto e, a meu ver, preenche as
necessidades das instituições, sendo católicas,
confessionais ou comunitárias. Vários ajustes ainda
devem ser feitos, porque os deputados podem
apresentar emendas ao texto. Por isso, a ANEC vai
ficar atenta e preparada para acompanhar cada
passo do debate”, afirma o presidente.
De acordo com o texto apresentado, a
matéria dispõe sobre a definição, qualificação,
prerrogativas e finalidades das Instituições
Comunitárias de Educação Superior, bem como
disciplina o Termo de Parceria.
A proposta ainda prevê que as Instituições
Comunitárias de Educação Superior terão acesso
aos editais de órgãos governamentais de fomento
direcionados às instituições públicas e receberão
recursos orçamentários do Poder Público para o
desenvolvimento de atividades de interesse, entre
outros.
Para o presidente da Associação Brasileira das
Universidades Comunitárias (Abruc), Vilmar Thomé,
a transparência orçamentária é uma prerrogativa
fundamental defendida pelas instituições
comunitárias. “Atualmente, todas as entidades
que confeccionaram o texto representam 400
instituições de ensino superior e reúnem cerca de
26% dos estudantes de todo o Brasil. Acreditamos
que podemos colaborar com o fomento à
inclusão social e com a formação de profissionais
qualificados e, consequentemente, contribuir com
o Estado brasileiro para cumprir as metas do Plano
Nacional de Educação (PNE)”, disse Thomé.
O projeto agora segue o trâmite ordinário, sendo
necessário ser apreciado pela Comissão de Educação
e Cultura e pelas demais comissões responsáveis
pelo tema em ambas as casas, Câmara e Senado.
Além dos representantes da ANEC e da Abruc,
também participaram da audiência o vicepresidente da Associação Catarinense das
Fundações Educacionais (Acafe), Mário César
dos Santos; o presidente do Consórcio das
Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung),
Ney José Lazzari; o reitor da UniEvangélica, Carlos
Hassel Mendes da Silva; professores, especialistas,
alunos e parlamentares.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 5
Acontece
I Congresso Gaúcho de Universitários Cristãos
Ir. Valdícer Fachi, diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade e coordenador da região sul da Pastoral Universitária pela ANEC
Com representantes de 11 Instituições Católicas
de Ensino Superior aconteceu, nos dias 15 e
16 de maio, em Porto Alegre, o I Congresso
Gaúcho de Universitários Cristãos. O evento
foi promovido pelo Centro de Pastoral e
Solidariedade da PUC/RS com o apoio da
ANEC-RS. Entre os presentes estavam a Ir.
Maria Eugênia Lloris Aguardo, assessora do
setor universidades da CNBB, e o Ir. Adriano
Brollo, coordenador nacional da Pastoral da
universidade pela ANEC.
O congresso fomentou a reflexão sobre o
protagonismo do jovem universitário cristão na
sociedade atual como agente evangelizador
e transformador. Os participantes puderam
refletir sobre sua realidade e identidade cristã,
a fim de assumirem compromissos relativos ao
protagonismo.
Com metodologia participativa, o congresso
abordou os temas Juventude, Ética e Ecologia;
Juventude e Participação Social; Espiritualidade
e Transformação Social; Protagonismo,
Participação e Cidadania. Por meio de trabalhos
em grupo, também foi discutida a construção de
possibilidades de atuação a partir dos temas.
Percebeu-se que, na universidade, encontra-se um
ambiente plural e propício para a formação pessoal
e profissional. Porém, a sociedade contemporânea,
marcada pelo capitalismo, individualismo e
exclusão, nos desafia como universitários cristãos e
comprometidos. Eis alguns dos desafios emanados
pelo Congresso:
• Criar espaços de articulação entre as
universidades por meio da Rede de Pastoral
Universitária nos quais se possa partilhar, trocar
experiências e construir projetos comuns como
alternativa de contraposição ao modelo atual
de sociedade;
• Buscar novas formas para a vivência e ação
evangelizadora no meio universitário e na
sociedade em geral como estudantes cristãos;
• Ser agentes multiplicadores no meio em que
se vive. Para isso, faz-se necessária a articulação
e novas linguagens pelo uso das tecnologias;
• Maior consciência de se envolver em espaços
públicos e da responsabilidade ecológica
de cada universitário. Para isso, é preciso ter
espiritualidade forte e encarnada, fruto da
descoberta e opção por Jesus Cristo;
• Crescer na consciência crítica e abertura ao
novo;
• Superar o individualismo em vista do coletivo;
• Que o conhecimento adquirido na
universidade possa estar a serviço da
construção do bem comum. Que a fé possa
iluminar a vida e estar em constante diálogo
com a razão.
Com a realização do Congresso, ficou aberta a
possibilidade de continuar a reflexão articulada
entre universitários cristãos. Definiu-se que o evento
terá periodicidade anual, sendo que, em 2011, será
organizado pela UNILASALLE, de Canoas.
A todos os que participaram, o nosso especial
agradecimento e a convicção de que vale a pena
apostar no jovem como protagonista de uma
nova sociedade e construtor de uma Igreja viva e
comprometida. Multipliquemos essa experiência,
demos mais espaço, voz e vez ao universitário
cristão como agente de transformação.
ANEC leva Projeto Avalia para mais instituições associadas
O Projeto Avalia já apresentou o resultado da avaliação institucional
sobre a rotina de aprendizagem de 200 mil alunos. As instituições
avaliadas são escolas católicas espalhadas por todo o Brasil. Agora, a
iniciativa chega ao conhecimento da Congregação Notre Dame, na
província de Passo Fundo (RS).
O projeto foi criado pela Associação Nacional de Educação Católica do
Brasil (ANEC) como instrumento para auxiliar as associadas a terem acesso
a informações de qualidade sobre o desempenho dos atores envolvidos
no processo educativo. Além de ouvir alunos, professores e pais, o
6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
sistema analisa também o peso da educação de valores na formação dos
estudantes.
Apesar de ser considerado o diferencial da Educação Católica, as
consequências desse ensinamento baseado em princípios nunca tinham
sido calculadas de forma precisa. “É o primeiro passo de uma revolução na
forma de educar. Para nós, esse projeto é muito importante, porque além
de apontar pontuais problemas, é a base de multiplicação das boas práticas
das instituições que alcançaram a excelência”, comenta Janaína Paim,
coordenadora de Educação Básica da ANEC e responsável pelo projeto.
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refletir, agir e preservar!
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Só uma sociedade bem informada
a respeito da riqueza, do valor e da
importância da biodiversidade é
capaz de preservá-la.
”
Washington Novaes
Vencedor prêmio Unesco do Meio Ambiente 2004
Caro professor,
a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade. Trata-se de uma oportunidade para
promovermos uma reflexão mais ampla a respeito do tema, o que nos inspirou a desenvolver
a CAMPANHA DA BIODIVERSIDADE, com o
objetivo de potencializar os esforços coletivos
para a conscientização e a mobilização social.
Uma das etapas da Campanha da Biodiversidade é o concurso cultural Ano Internacional
da Biodiversidade: refletir, agir e preservar!,
que tem como principal objetivo incentivar, valorizar e divulgar experiências educativas de
qualidade – planejadas e executadas por professores – que cumpram o objetivo de desenvolver o senso crítico e o compromisso socioambiental em seus alunos, estimulando-os
para que se tornem cidadãos participativos e
capazes de formular soluções para as questões
que os cercam.
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Cultura
Entre os muros da Escola
V
encedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em
desafios do ensino. A principal mensagem é que é possível transpor
2008, o filme Entre os Muros da Escola retrata a educação e
as barreiras sociais que, na maioria dos casos, segregam as pessoas
a miscigenação racial na França. Diferentemente de out-
e causam efeitos na formação dos indivíduos.
ros longas sobre o tema, a obra inova em sua linguagem
O filme pode ser usado como uma forma de reflexão sobre as
cinematográfica e no processo de realização das filmagens. O dire-
condições de trabalho e as perspectivas de mudanças na educa-
tor Laurent Cantet conduziu a produção de forma realista ao optar
ção, pois questiona os seguintes aspectos: é preciso estar ciente
pelo estilo documental.
das particularidades do aluno para buscar melhores resultados? A
No enredo são apresentados os conflitos de uma unidade escolar,
escola consegue cumprir seu papel social? As respostas são encon-
localizada no subúrbio de Paris. A narrativa concentra-se em um
tradas na obra.
grupo de alunos da 8º série e nas aulas de francês ministradas pelo
professor François Marin (François Bégaudeau). A discussão prin-
Ficha Técnica
cipal fica por conta dos questionamentos feitos pelos estudantes,
Entre os muros da Escola (Entre lês Murs)
que a todo o momento discordam das normas disciplinares.
País/Ano de produção: França, 2008
Entre os Muros da Escola é baseado no livro homônimo escrito pelo
próprio protagonista. A história ainda apresenta a relação cotidiana
entre professores e alunos, além de expor a juventude francesa e os
10 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Duração/Gênero: 128 min., drama
Direção: Laurent Cantet
Elenco: François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja
Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure
A Aurora da Minha Vida
A
Aurora da Minha Vida é uma das peças mais encena-
Sem abrir mão de um humor irônico, as personagens são denomi-
das na dramaturgia nacional. A história acompanha
nadas segundo suas características e funções – Diretor, Padre, Puxa-
um grupo de alunos em um colégio católico desde a
Saco, Gordo, Adiantada entre outros. “A identificação é imediata, ou
primeira série até a formatura. Escrita em 1981, o clássico
seja, não estamos contando a vida escolar específica do João, da
é de autoria de Naum Alves de Souza e tem narrativa desenvolvida
Maria ou do José, mas sim de todos nós. O resultado são emoções
a partir das recordações do próprio autor.
que vão do riso a um nó na garganta”, conta a diretora da peça,
A montagem da peça não utiliza o óbvio: a sala de aula, o quadro
Bárbara Bruno.
negro e os alunos devidamente uniformizados. Para compor o enredo, tudo começa sombrio em uma representação às lembranças.
No decorrer do espetáculo, a luz de cena vai clareando como se as
recordações se tornassem mais vivas.
Para tornar ainda mais real o contexto, a obra utiliza situações típicas da
vida escolar. Para isso, descreve as relações entre alunos e professores,
e principalmente a repressão do sistema na década de 1970. O texto
resgata a memória da geração que cresceu à base da palmatória, um
método de educação considerado eficiente para a época.
Serviço
Local: Teatro Bibi Ferreira– Av. Brigadeiro Luis Antônio, 931 Bela Vista
Temporada: 03/09 a 03/11/2010
Preço: R$ 40 (inteira)
Horários: Sextas e Sábados às 21h30 e Domingos às 20hs
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 11
Cultura
1
2
3
Ecoturismo: um instrumen
Por Juliana Fernandes
O
ecoturismo é um segmento da atividade turística que
já abordados em sala de aula, ou que ainda o serão”, explica Paulo
utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e
Nogara, biólogo e diretor da agência Interação Ambiental.
cultural, incentivando a sua conservação. A modalidade
Além do estudo dos meios, durante as viagens são realizadas caminha-
busca formar uma consciência ambientalista através
das e trilhas, práticas de remo e arvorismo, cavalgadas, visitas à comuni-
do estudo dos meios. Como prática pedagógica, pode ser usado
dade local, passeios de barco, entre outras atividades. Para Lucilia Egydio,
para debater os aspectos ambientais, técnico-científicos, políticos e
bióloga e coordenadora socioambiental da Associação Brasileira das
ideológicos que envolvem o assunto.
Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, “as mensagens transmi-
Em relação à didática, sua abordagem facilita a integração entre as
tidas podem mudar ou fortalecer a percepção do aluno para as questões
disciplinas e serve de instrumento para otimizar a aprendizagem.
ambientais e promover a valorização e proteção da natureza”.
“Os alunos têm a possibilidade de visualizar e sentir os ambientes.
No Brasil, os principais roteiros para a prática do ecoturismo são encon-
Vivenciam uma experiência que ajudará a compreender os assuntos
trados em Bonito (MS), Pantanal (MS/MT), Chapada Diamantina (BA),
12 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Créditos: Paulo Nogara
4
5
Modalidades do Ecoturismo
Ecoturismo Científico:
Estudos e pesquisas científicas em Botânica,
Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Zoologia, Biologia, Ecologia etc.
Ecoturismo Educativo:
Observação da fauna e flora, interpretação
da natureza, orientação geográfica, observação astronômica.
Ecoturismo Lúdico e Educativo:
Caminhadas, acampamentos, contemplação
6
da paisagem, banhos e mergulhos, jogos e
brincadeiras.
Ecoturismo Esportivo:
Escalada, canoagem, rafting, boia-cross,
rapel, surfe, voo livre, balonismo etc.
Ecoturismo Étnico:
Contatos e integração cultural com populações que vivem em localidades remotas em
estreita relação com a natureza.
1- Passeio pela trilha de Mamaguá, Paraty (RJ); 2- Alunos observam o mangue
através do estudo dos meios; 3- O remo é uma das atividades praticadas no
ecoturismo; 4- Moradia local em Juatinga, Paraty (RJ); 5- Costumes locais: Visita a
casa de farinha; 6- Durante as viagens são desenvolvidas diversas oficinas;
to para a educação ambiental
Chapada dos Guimarães (MT), Chapada dos Veadeiros (GO), Manaus
positivos e negativos. Essas alterações estão relacionadas direta-
(AM), Fernando de Noronha (PE), Serra do Mar (SP), Vale do Ribeira (SP),
mente ao modo como foi planejada e executada a prática turística. A
Lagamar (SP), Serra Gaúcha (RS) e outras regiões do litoral nordestino.
ação deve levar em conta, por exemplo, os aspectos socioeconômi-
Segundo Nogara, as viagens ecoturísticas têm um investimento
cos da comunidade local e a rentabilidade do setor.
médio de R$ 200. O valor individual representa o custo diário com
“Essa prática ajuda no processo de aprendizagem permanente,
transporte, hospedagem, guias, alimentação e demais atividades. O
baseado no respeito a todas as formas de vida, afirmando valores
biólogo ainda ressalta a importância de um planejamento anterior, já
e ações que contribuem para a transformação humana e social e
que “algumas escolas têm claramente o foco de estudo. Outras "vão
para a proteção ambiental. Em longo prazo, espera-se contribuir
na onda" porém não preparam antes os seus alunos, confundindo a
para a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente
viagem de estudo do meio com recreação”.
equilibradas, que conservem entre si a relação de interdependência e
Por ser uma atividade econômica, a modalidade produz impactos
diversidade”, resume Egydio.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 13
Mural de notícias
A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) não utilizarão as
notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
Segundo nota publicada pelas instituições, a
decisão foi tomada porque não haverá tempo útil
para compor o resultado da prova no vestibular.
Este ano o Enem será realizado entre os dias 6 e
7 de novembro, mas sua divulgação acontece
apenas em janeiro de 2011. De acordo com a USP,
as datas fixadas pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
órgão responsável pelo exame, desobedecem
ao calendário do processo seletivo. As duas
universidades não descartam a utilização do Enem
nos próximos anos.
www.comvest.unicamp.br
Wilson Dias Abr
USP e Unicamp descartam
nota do Enem
O ministro da Saúde durante a entrega simbólica do material
Quadrinhos serão usados para discutir sexualidade em escola
Quase 25% dos jovens faltam às
aulas sem motivo
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio (Pnad), quase 25% dos estudantes
do ensino médio faltam às aulas sem motivo. A
informação corresponde ao número de alunos do
sexo masculino; já no caso das meninas a incidência é
de 18%. Os resultados valem tanto para as instituições
públicas de ensino quanto para as particulares. De
acordo com a responsável pelo estudo, Eliane Toldo
Pazello, uma mudança na estrutura e nas aulas pode
ajudar a manter o interesse dos estudantes. “As aulas
precisam ser construídas como um projeto de vida,
não como conhecimento enciclopédico. Existe outro
componente que define a ausência na escola, mais
complexa. Ela tem a ver com o que quer a pessoa
humana”, conclui Pazello.
www.aprendiz.uol.com.br
O Governo Federal lançou uma série de histórias em quadrinhos voltadas à educação sexual. O
objetivo é discutir o assunto nas escolas com os jovens de 13 a 24 anos. No material são abordados
temas como homossexualidade, gravidez precoce e aborto. De acordo com o ministro da saúde,
José Gomes Temporão, a iniciativa pretende “trabalhar o mais próximo possível da realidade do
jovem e do adolescente para, assim, alcançar um nível de conscientização maior”. Os gibis serão
distribuídos nas instituições públicas de ensino que participam do programa Saúde e Prevenção nas
Escolas. O projeto conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (Unesco) no Brasil.
www.agencia.ebc.com.br
Haddad sugere revisão do ensino médio na América Latina
Durante um seminário realizado no Ministério da Educação da Argentina, o ministro Fernando Haddad
afirmou que o ensino médio na América Latina precisa ser repensado. De acordo com o ministro, o
momento é de se buscar novas soluções para garantir o interesse e a permanência dos estudantes.
“Temos que adaptar a escola ao jovem, não o jovem à escola”, declarou Haddad. Segundo a publicação
Informe sobre Tendências Sociais e Educativas na América Latina (2008), cerca de 6% dos adolescentes com
idade entre 15 e 17 anos estão atrasados pelo menos quatro anos em relação à série correspondente.
“Não há país da América Latina que não esteja preocupado com a problemática da juventude”,
completou o ministro.
www.portal.mec.gov.br
Aulas digitais reforçam ensino na rede municipal
Por meio do programa Educopédia, os alunos do Rio de Janeiro são os primeiros do país a ter acesso
às aulas digitais. As atividades envolvem jogos, animações e vídeos. “A intenção é que seja uma aula
autoexplicativa e que se possa desenvolver o autodidatismo”, afirmou o subsecretário municipal de
Projetos Estratégicos, Rafael Parente. O programa também permite a criação de fóruns e blogs, em que
os estudantes podem postar dúvidas e dicas para os professores. Este ano só as disciplinas de Português
e Matemática são oferecidas, mas a previsão é que até 2011 todas as matérias estejam disponíveis em
versão digital. Em fase de teste, o projeto acontece em 1.064 escolas da rede municipal de ensino.
www.mec.gov.br
14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Divulgação FNDE
Cresce total de professores
sem diploma no ensino básico
Os livros didáticos serão usados a partir de 2011.
PNLD recebeu adesão de 95,5% de secretarias e escolas
A adesão ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foi feita por 95,5% das secretarias estaduais
e municipais de educação, além das escolas federais. O projeto atende a nova regra estabelecida pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com o objetivo de evitar desperdício de
recursos públicos e assegurar maior controle na distribuição dos livros didáticos às escolas públicas. Os
Estados do Ceará, Distrito Federal e Paraná são os que tiveram maior participação no programa, com
97% do total de suas escolas. As instituições que não escolheram os livros didáticos para seus alunos
receberão as obras mais pedidas em seu município, desde que a Secretaria de Educação local tenha
aderido à iniciativa.
www.fnde.gov.br
Segundo dados do censo escolar do Ministério
da Educação, o número de professores que
lecionam no ensino básico sem diploma
aumentou entre 2007 e 2009. Atualmente, os
docentes sem curso superior somam 636 mil nos
ensinos infantil, fundamental e médio – o que
representa 32% do total. Para o governo federal,
o principal motivo desses índices é o grande
contingente de profissionais não habilitados na
educação infantil, já que até 2001 a formação
superior não era obrigatória para a modalidade.
Lançado no mesmo ano, o Plano Nacional de
Educação (PNE) tinha como meta a formação
de 70% dos professores no prazo de dez anos.
A nova proposta é formar, nos próximos cinco
anos, 330 mil docentes não graduados por meio
do Plano Nacional de Formação dos Professores
da Educação Básica.
www.educacao.uol.com.br
Brasil tem bons índices de
alfabetização entre países
mais populosos
Inep define conteúdo do Enade 2010
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) definiu os conteúdos
específicos e gerais do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Os alunos avaliados
serão submetidos a 40 questões, sendo 10 sobre formação geral e 30 relacionadas aos conteúdos do
curso. Os testes discursivos analisarão aspectos como clareza, coerência, coesão e correção gramatical.
Serão testadas ainda as capacidades de interpretação de textos, análise crítica das informações,
extração de conclusões por indução e/ou dedução, realização de comparações e contrastes, além de
argumentação. O exame está previsto para ser realizado no dia 21 de novembro.
www.universia.com.br
Do grupo de nove países em desenvolvimento
mais populosos do mundo, o Brasil alcançou
o melhor índice de alfabetização de mulheres
em relação ao de homens. Segundo dados da
Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (Unesco), o país alfabetizou
90,22% da população do sexo feminino. Esse
percentual equivale ao número de matriculadas
em alguma instituição de ensino, desde a
educação infantil até a faixa de adultos que
não passaram pelo ensino regular. Já o total de
homens nessa situação representa 89,9%. Os
dados foram apresentados durante um encontro
internacional no mês junho. Estiveram presentes
no evento representantes do Brasil, Bangladesh,
China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e
Paquistão.
www.nota10.com.br
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 15
Artigo
Gestão de entidades confessionais:
tomar consciência dos desafios para melhor enfrentá-los
Renato Moura Batitucci, sócio-diretor do Instituto Axis, pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios e em
Engenharia da Qualidade e consultor organizacional de Entidades Confessionais há mais de dez anos.
A
s entidades religiosas têm se deparado com um grande desafio
nos últimos anos: como aliar a
tradição, o carisma e o seu ritmo
de gestão à necessidade de maior agilidade, profissionalismo e dinamismo na administração de suas obras no Brasil? Com
a competitividade cada vez mais acirrada aliada ao aumento do grau de exigência e à expectativa dos clientes, as instituições confessionais se veem obrigadas
a rever conceitos, estratégias e processos muitas vezes enraizados na cultura
congregacional.
Esse desafio, além de não ser simples, é
de grande relevância para a perpetuação de
suas casas e obras. Certamente seu enfrentamento perpassa ações que levam ao empoderamento dos religiosos para liderarem
o processo de mudança, bem como a revisão de planejamento estratégico e a recons-
16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
trução e redefinição de metas, prioridades
e processos.
O primeiro passo, entretanto, é a percepção, a compreensão e o discernimento
sobre o atual momento, suas implicações
e demandas. Muitas congregações já perceberam a necessidade de mudança e têm
enfrentado tal desafio com coragem e lucidez. Por outro lado, ainda há alguns religiosos que se negam a perceber ou aceitar as inovações e o novo contexto de gestão, ou até os percebem, mas têm dificuldades em lidar com as implicações práticas
decorrentes como, por exemplo, gestão de
pessoas, definição e cumprimento de alçadas, relacionamento com leigos e parceiros,
entre outros.
Nesse sentido, é de suma importância tomar ciência de alguns fatores muitas
vezes utilizados, conscientemente ou não,
para justificar a negação ou o adiamen-
to de decisões importantes relacionadas à
gestão das obras, dentre os quais podemos destacar:
 Ausência de crise aparente: normalmente as dificuldades enfrentadas por algumas entidades confessionais são minimizadas ou não são enxergadas em decorrência de um status alcançado, ou
mesmo de um processo de maquiagem da realidade. As incertezas sobre
o futuro e o receio de mostrar eventuais fracassos do passado ou do presente são motivos para a manutenção de
uma aparente tranquilidade. Além disso, sempre existem aqueles que procuram “mascarar” ou minimizar resultados indesejados, na tentativa de preservação do status quo e de vantagens adquiridas com anos de relacionamento
com os religiosos. É alentador perceber
nos diversos trabalhos de consultoria
Muitas congregações já perceberam a necessidade de
mudança e têm enfrentado tal desafio com coragem e
lucidez. Por outro lado, ainda há alguns religiosos que
se negam a perceber ou aceitar as inovações e o novo
contexto de gestão
que, a despeito dessas ameaças, muitos
governos provinciais e grupos gestores
estão se encorajando e buscando, com
discernimento e tranquilidade, enfrentar os problemas existentes.
 Excesso aparente de recursos: como a
maioria das entidades confessionais
são centenárias, puderam acumular, ao
longo dos anos, uma boa reserva patrimonial e de aplicações, o que acaba
por “esconder”, por vezes, uma situação operacional deficitária. Esse é, infelizmente, um cenário comum. Muitas congregações se sentem ainda em
uma zona de conforto e insistem em
não perceber a urgência por algumas
medidas e decisões em função de reservas financeiras históricas existentes.
É um risco muito grande que acaba, ao
longo do tempo, enfraquecendo o patrimônio da congregação. As entidades
acordam para a realidade quando a situação já é bem preocupante, dificultando ainda mais um processo de revitalização que por si só já é desafiador. É
mais fácil e prudente construir um processo de reestruturação com algum recurso em caixa do que com a “corda no
pescoço”.
 Padrões de avaliação internos inadequados: o trabalho de avaliação e monitoramento de processos internos, por meio
de indicadores claros e consistentes,
ainda é incipiente na maioria das entidades confessionais. A preocupação em
aperfeiçoar o sistema de informações
gerenciais é relativamente recente e encontra-se em processo de desenvolvimento. Faltam parâmetros adequados
de comparação. Em decorrência disso,
diversos problemas e ameaças não são
devidamente identificados e mensura-
dos, acarretando em distorções de avaliação e expectativas.
 Falta de feedback de desempenho externo: de forma similar ao item anterior, é
comum também a ausência ou o desconhecimento de parâmetros externos de desempenho, capazes de indicar como a instituição se encontra em
relação ao mercado e às melhores práticas de gestão.
Além desses aspectos, outros podem
ser mencionados, como a falta de transparência, o corporativismo exagerado ou
ainda um otimismo exacerbado. Todos,
por vezes, acobertam dificuldades e desafios emergentes. A tomada de consciência
de tais fatores é o primeiro passo e pode
contribuir muito para o enfrentamento
dos desafios atuais na gestão de instituições confessionais.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 17
Artigo
Sistemas de informação ou
sistemas de conhecimento?
Alexandre de Oliveira Zamberlam, professor do Centro Universitário Franciscano (Unifra)
e consultor da GVDASA Sistemas
A
sociedade tecnológica em que vivemos há muito tempo vem fazendo uso de sistemas de informação com
base nas tecnologias de informação e de comunicação.
Esses sistemas, com a difusão da internet, passaram a
fazer parte do dia a dia pessoal e profissional das pessoas.
Alguns autores como Binder, O’Brien e Turban definem, de
maneira consensual, que sistemas de informação são constituídos por um conjunto organizado de pessoas, hardware, software, redes de comunicação e recursos que coletam, transformam
e disseminam informações em uma organização para apoiar
administradores ou gestores de todos os níveis, provendo informações suficientes e precisas nas decisões.
18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Diariamente, as pessoas tomam decisões relacionadas ao
cotidiano ou direcionadas a questões profissionais de forma
mais fundamentada, em que são ponderadas inúmeras situações baseadas em informações advindas desses sistemas. Em
uma empresa, áreas como marketing, financeiro ou administrativo precisam resolver questões complexas com bastante frequência e em um período de tempo reduzido.
O setor de marketing, por exemplo, desempenha uma função vital na operação de um negócio. Porém, mesmo com o
uso de sistemas de informação, deve contar com a capacidade cognitiva de profissionais com habilidades de avaliar qual o
melhor momento e a melhor forma de abordar clientes em po-
tencial. Dessa forma, para a tomada de
decisões importantes, gestores ou administradores acabam utilizando certa parcela de bom senso ou conhecimento empírico, adquirido com o decorrer dos
anos de experiência.
Em razão da inegável falibilidade
humana, os sistemas atuais, para serem mais eficientes no processo de decisão, devem tratar da gestão do conhecimento. Tal recurso faz com que
a área da Inteligência Artificial (IA) –
da qual é um dos objetos de estudo –
seja referência com suas metodologias
e métodos. Um sistema de IA não é capaz somente de armazenar e manipular
dados, mas também de adquirir, descobrir, representar e manipular o conhecimento. Essa manipulação trata da
capacidade de inferência de novas descobertas, estabelecendo relações entre
fatos e conceitos, com base nos conhecimentos existentes e utilizando métodos de recuperação, representação
e manobras para resolver problemas
complexos. Em consequência, esses
sistemas apontam ações mais eficientes
no processo de decisão. Retomando o
exemplo do marketing, um sistema inteligente identificaria padrões de clientes com perfil direcionado a condições
específicas de pagamento e apontaria
ações mais significativas para o incremento das negociações/vendas.
Nesse quadro, os primeiros sistemas
de conhecimento baseavam-se apenas na
experiência do especialista e eram utilizados, principalmente, para a realização
de diagnósticos, por meio de algum mecanismo de inferência. Conhecida como
sistemas especialistas, a ferramenta tem
por objetivo captar o conhecimento
de um profissional em um determinado campo, representar essa experiência
numa base e transmiti-la ao usuário, permitindo-lhe obter respostas a perguntas.
O desafio, atualmente, é reunir no
sistema de conhecimento não só a experiência do especialista, mas também
todo o conhecimento disponível em
outros programas, documentações, livros etc. Sistemas de conhecimento
abrangem sistemas especialistas, bancos de dados inteligentes e sistemas baseados em conhecimento, os quais possuem em comum o fato de modelarem o conhecimento de forma explícita, aplicando-o como facilitador na solução de problemas. Eles ainda trazem
uma série de vantagens, como produtividade, preservação e disseminação da
mensagem, qualidade de decisão e facilidade, além da efetividade no treinamento de pessoal.
Para que esse proveito se operacionalize. é fundamental dominar conceitos
como: PLN (Processamento da Linguagem Natural), recuperação da informação, descoberta do conhecimento, mineração de dados, representação do conhecimento via Ontologia, aprendizado de
máquina, entre outros.
Basicamente, PLN é uma subárea
da Inteligência Artificial e da Linguística que estuda os problemas da geração
e compreensão automática de linguagens naturais, convertendo informação
de base de dados em linguagem compreensível ao ser humano e traduzindo
ocorrências de linguagem humana em
representações mais formais, manipuláveis por programas computacionais. Realizam, assim, o papel de entrada e saída
do processamento inteligente.
A recuperação de informação, por
sua vez, é um processo da descoberta
de conhecimento. Ela trata do armazenamento de documentos e da recuperação automática de informação associada
a eles, utilizando métodos de busca por
dados relevantes: em documentos; em
metadados que os descrevam; em bancos de dados, sejam eles relacionais ou
não, isolados ou conectados a redes de
computadores.
Outra parte fundamental de um sistema inteligente é a representação do
conhecimento, que é a base para o raciocínio automatizado, via deduções ou
induções. Para essa representação, utili-
za-se frequentemente a Ontologia, modelo de dados que representa um conjunto de conceitos dentro de um domínio, processável por programas de
computadores.
Há ainda o aprendizado de máquina, geralmente parte integrante de processos de descoberta de conhecimento
via mineração de dados. Também é uma
subárea da IA que se dedica ao desenvolvimento de algoritmos que permitam ao computador aperfeiçoar seu desempenho em alguma tarefa. Sua aplicação prática inclui o processamento de
linguagem natural, motores de busca,
diagnósticos médicos, bioinformática,
reconhecimento de fala e escrita, visão
computacional, entre outros.
E, finalmente, há de se fazer referência à mineração de dados, que é o processo de explorar grandes quantidades
de dados à procura de padrões consistentes, a fim de identificar relacionamentos sistemáticos entre variáveis para detectar novos subconjuntos de dados.
Diante da análise exposta, concluise que os sistemas de informação, gradativamente, tendem a perder espaço para os sistemas de conhecimento, que permitem que as decisões sejam tomadas com mais eficiência, relevância e qualidade. Nota-se que não
se está a desconsiderar a necessária interferência do homem na busca de soluções, haja vista que as experiências
de vida e o conhecimento empírico são
imprescindíveis à evolução dos limites
do saber. Todavia, não se pode negar
que, em determinadas áreas do conhecimento, a IA, por meio de suas diversas operacionalizações, tende a trazer
cada vez mais vantagens aos tomadores de decisões. Assim, esses profissionais podem focar seus esforços e entendimentos em tarefas que efetivamente exijam essa singularidade de raciocínio que só o ser humano possui,
por mais independentes que se tornem
as máquinas e por mais falíveis que sejam os homens.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 19
Artigo
Índios e Igreja:
novos diálogos
Édison Hüttner, co-coordenador da Ação Educativa: exposição Séculos
Indígenas no Brasil (Brasília) e coordenador do NEPCI/PUC-RS
F
alar sobre cultura indígena e Igreja
é uma aventura, pois esse encontro
foi marcado por cicatrizes profundas. Muitos não gostam de tocar
no assunto e sentem aversão, mas outros
observam com naturalidade e esperança.
A história revela um grande palco
em que interagem as mãos de pessoas de
bom coração, aquelas que desejaram a
paz e alegria da comunidade. O coração
é onde habita o espírito da floresta, um
Deus verdadeiro. E as mãos dos que ambicionaram tudo para si, sem coração,
sem perceber a fome das crianças cujas
terras de seus pais foram tomadas, muitas vezes em nome de uma religião, de
um deus que não existe.
Re-ligare (religar)
Escolher a religião, o ritual, trocar de fé,
sincretizar doutrinas e imagens e criar
espaços sagrados são fenômenos intrínsecos à história da humanidade. Admirável é a festa do Kuarup, no Alto Xingu. Dois pajés ficam a noite toda cantando, dançando e tocando seus chocalhos
em frente aos troncos da madeira kuarup. Esses rituais xamânicos, no passado, infelizmente não foram compreendidos. Antes da festa, jovens índias e índios em pares entram nas ocas tocando
flauta aruá (bambu), “para a tristeza ir
embora”. O som é divino.
20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Na cidade de Porto Alegre (RS), no
quintal de uma casa, o índio Álvaro inicia seu canto em língua tucano ao som
do chocalho, coroando cada um com seu
lindo cocar de penas de águia trazido do
Alto Rio Negro. O índio e a aldeia podem praticar seus rituais primordiais, ou
eleger o culto budista, mulçumano, protestante, zen-budista etc., ou nenhum,
como todo cidadão livre no Brasil.1 A decisão sincera é o melhor caminho. Seja
como for, a vivência plena de uma crença alcança as diferenças mais divinas.
O diálogo entre a Igreja Católica e
os povos indígenas, dentre tantos acontecimentos, revela as múltiplas faces da
tradição religiosa do Brasil. Mas, hoje, a
Igreja não mais impõe sua doutrina nas
aldeias – ela pode ser convidada e propor. Antes de tudo, vale o diálogo que
busca o bem comum, o respeito, a amizade, o diálogo inter-religioso. Isso pode
ser chamado de espírito do diálogo2.
Perspectivas e criações
Princípio Terra: a vida dos povos indígenas se manifesta em ritual de embelezamento da vida, simbolizando-a, cercando-a de natureza, lugar onde continuamente acontece a arte dos criadores. O Grande Pai Criador Nhanderuvuçú, ao ver a maldade na Terra, criou Yvý
Marane’y – um lugar onde não há ma-
les e onde tudo se constrói.3 Na tradição
judaico-cristã temos o mito da criação
do mundo: “No princípio, Deus criou o
céu e a terra”, (...) “Deus viu que isso era
bom” (Gn. 1,1; 3-24).
Os índios nos ajudam a rever os conceitos que temos sobre a natureza, a reconstrução do mundo, da nossa própria
casa. Cacique Seattle disse, em 1854, ao
presidente dos Estados Unidos da América, em resposta aos que vieram comprar suas terras: essa água brilhante que
escorre nos riachos e rios não é apenas
água, mas o sangue de nossos antepassados. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos. Assim falou Giovani Mariconi, conhecido como São Francisco de
Assis – em seu tempo, na Idade Média,
quando o desmatamento sem controle
das florestas iniciava na Europa.
Para os índios Tuyuka, a casa é sagrada. O seu Deus Criador, para varrer
a maldade da Terra, construiu “Casas de
leite” e “Casas de frutas doces” – onde as
almas das crianças são bentas. Quando
as Tribos de Israel (‫)לארשי יטבש‬, na língua
hebraica) ainda estavam unidas no reinado de Davi, cantavam no templo do seu
Deus Criador: “Se Iahweh não constrói a
casa, em vão trabalham seus construtores...” (Salmo 127,v.1 s).
Princípio Terra quer dizer viver em
harmonia em casa e com pessoas, com
um Deus Criador. Dançar livre na noite e no sol, na chuva, poder caçar e semear, ter seu xamã é a alegria dos povos
indígenas. Fazer crescer os xamãs. Isso é
criação. A alegria dos povos indígenas é
ação criadora da Terra.
Princípio Coração: os dois gêmeos vivem grandes aventuras para conseguir
pescar o seu povo no rio, ou seja, o mito
criador de seu povo. Até o fim da criação
os irmãos continuam brigando, traindo,
mentindo e querendo a eliminação do outro. No mito de outros gêmeos e irmãos,
alguém morre e outro ocupa seu espaço.
Em Roma, Rômulo, depois de uma contenda, feriu fatalmente o seu irmão Remo
com uma lança, matando-o. Na religião
Não precisamos de uma revolução...
que destrua os templos, os terreiros, as igrejinhas azuis, a Opã (casa de reza guarani);
que queime os cocares, os trajes, os colares de tucum, os rosários, os livros,
as cruzes, as máscaras, os bonitos santos e troncos pintados;
que emudeça os rituais, os cantos sagrados, os tambores, os violinos,
o som mágico dos chocalhos e das flautas de bambu;
que acabe com as curas, as bênçãos, os profetas, os pajés;
que apague o fogo dos incensos, das danças.
Precisamos de uma revolução...
que abra as portas da história;
que hasteie outra bandeira;
que glorifique seus verdadeiros heróis.
Precisamos de uma revolução...
que faça ecoar, no canto de cada coração:
A vida precisa ser valorizada, seja qual for a situação.
judaico-cristã, Caim mata seu irmão Abel.
Porém, os gêmeos Ipi e Y’oi não se matam.
Essa atitude fraterna gravada no mito da
Criação dos Ticuna é criadora. Os gestos
equilibram as relações do mundo Ticuna,
da violência à não-violência4. Dificilmente veremos casos de morte entre os Ticuna. O centro do mito é o coração dos irmãos. As atitudes míticas refletem bondade, diálogo, perdão: a criação de um
mundo novo. O coração deles representa o arquétipo central dos Ticuna, ajudando-os a viver melhor, sem violência, perto
das árvores e dos rios5. Byington escreve:
O arquétipo central coordena o desenvolvimento da dimensão psíquica e, por conseguinte, de todo o processo simbólico na personalidade individual e também cultural. (...) O
arquétipo central é responsável pela
constituição genética e psicodinâmica do ser humano para existir como
ser humano, para existir como ser no
mundo (Da sein) num processo que
busca a verdade e a totalidade.
Mas o que realmente salva, permanece, e é visto? Na etnia egípcia o coração
daquele que morria era pesado numa balança, e a medida de contrapeso era uma
pena verde. Se o peso do coração equilibrasse os pratos da balança, a alma seria
considerada inocente, pelo peso dos gestos bons, que o ergueria até Sekhet-hete-
pet, os Campos Elíseos – o lugar eterno.
No palco da vida, na imagem da alegria
fica o amor maior daquele “(...) que dá a
vida por seus amigos” (Jo 15,13). O mineiro nascido em Pedro Leopoldo viveu
fazendo o bem. É dele a frase: “Amar sem
esperar ser amado. E sem guardar recompensa alguma, amar sempre” (Chico Xavier). Quando um rio poluído passa na
frente de nossas casas, quando a floresta
for atacada pelas chamas, as crianças não
tiverem mais pão, os anciãos ficarem perdidos, a bondade tudo alcança, mesmo de
um coração enterrado na beira do rio6.
“Art. 5º, VI”. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.
1
DIALOGO E ANNUNCIO. Documenti 1963-1993.
Roma: Libreria Editrice Vaticana, 1994, p.701.
2
Conforme o Concílio Vaticano II: superamos a visão
de sermos detentores de toda a verdade sobre Deus
e aprendemos a mergulhar no Mistério da salvação,
reconhecendo que nas tradições religiosas nãocristãs existem “coisas boas e verdadeiras” (OT 16)
Optatam Totius, São Paulo: Paulus, 1997.
3
4
HÜTTNER, Édison. A Igreja Católica e os Povos
Indígenas no Brasil: Os Ticuna da Amazônia. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2007, p. 73-75.
5
A.A.V.V. Moitará I. Simbolismo nas Culturas
indígenas brasileiras. BYINGTON, C. A. B. (Org.), São
Paulo: Paulus, 2006, p. 30-31.
6
No outono de 1877, o coração do índio Tashunka
Yotanka foi enterrado na beira do rio Wounded Knee
por defender as terras de seu povo. BROWN, Dee.
Enterraram meu coração na curva do rio. Tradução
de Geraldo Galvão Ferraz. Porto Alegre: L&PM,
2003, p. 302.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 21
Artigo
Newman:
Presença e desafio
Por Ir. Joaquim Clotet, reitor da PUC-RS
J
ohn Henry Newman (18011890), primeiro reitor da Universidade Católica da Irlanda, de
1854 a 1858, será declarado beato no próximo dia 19 de setembro. A
busca infatigável da verdade constitui a
trajetória desse homem dinâmico e empreendedor, altamente compromissado
com a educação superior. Seu nome está
vinculado à Igreja Anglicana e à Igreja
Católica, bem como à Universidade de
Oxford.
Estudante de Teologia e de História
do Cristianismo, professor universitário, clérigo da Igreja Anglicana, vigário
da igreja universitária de Oxford, católico converso e cardeal da Igreja Católica,
teve uma vida palpitante, alicerçada na
fé. Newman era sensível às necessidades
e às inquietações do seu meio e apaixonado pela procura minuciosa, engajada
22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
e cativante da luz divina. Seu testemunho pessoal e seus escritos vêm iluminar
e fortalecer a missão da educação superior católica em nossa sociedade.
A formação universitária não fica limitada apenas ao mundo das Ciências e
das Artes; deve incluir a formação moral e o aprimoramento da pessoa na sua
integralidade. Do mesmo modo, a presença, o acompanhamento e o diálogo
com o professor dão vida ao processo de
aprendizagem e de pesquisa, completando adequadamente a formação. Assim se
expressa John Henry Newman em uma
de suas obras sobre a universidade1.
A Igreja Católica, recomenda Newman, deve zelar para que suas universidades sejam instituições de ambiente e de convivência agradáveis, pautadas por normas de boa conduta, de ordem, de ensino e vivência da religião,
pois “virtude e religião vão além do simples conhecer”2.
Seus numerosos discursos e artigos sobre a universidade católica, compilados, comentados e publicados por
seus epígonos3, constituem um prelúdio
da Constituição Apostólica como, por
exemplo, o Corde Ecclesiae, do Papa João
Paulo II, bem como outras obras relevantes, de referência inexcusável para quantos lidam na valiosa e desafiadora missão
que é a educação superior católica, merecedora de todo esforço e atenção, sobretudo no cenário contemporâneo.
NEWMAN, J.H. Rise and progress of universities.
University of Notre Dame, Notre Dame, Foreword,
2001.
1
NEWMAN, J.H. Rise and progress of universities.
University of Notre Dame, Notre Dame, Introduction,
p. XXXI, 2001.
2
NEWMAN, J.H. The idea of a university. Yale
University Press, London, 1899.
3
Inovação
A empresa do futuro
Clemente Nóbrega
A
empresa moderna é resultado de
mutações de formas ancestrais
de organização. Empresas surgiram um dia porque ficou evidente que eram o melhor jeito para se obter mais com menos, algo que os humanos
adoram. A empresa do futuro, seja como
for, não eliminará o passado. Não poderá. Sabe por quê? Antropólogos ensinam
que povos que caçam animais grandes têm
relações sociais complexas – muita gente
(muitas especializações) têm de colaborar
para abater uma girafa.
Se não há animais grandes, ocorre o
isolamento, e isolamento é sempre sinônimo de pobreza. É assim com os Shoshones,
um povo que sobrevive (em bandos de famílias isoladas) remexendo o chão em busca de raízes e sementes. Às vezes, em seu
habitat, surgem coelhos em abundância.
É o que basta para passarem a colaborar
imediatamente, produzindo enormes redes com uma espécie de cipó.
Como uma família só não dá conta de
manuseá-la, dúzias delas juntam-se sob
o comando de um líder. A rede de cipó
viabiliza a interação. Esse padrão – uma
tecnologia viabilizando interações colaborativas entre estranhos – é o que gera
prosperidade.
Por quê? Os ganhos ficam irresistíveis: 20 Shoshones, individualmente, pegariam, com sorte, um coelho cada. Forme
um time, e eles pegam 50 coelhos com a
rede. Dois coelhos e meio para cada um,
e com menos esforço. A prosperidade vem
da colaboração.
Dezenas de ex-executivos da GE, pupilos de Jack Welch que brilharam sob seu
comando, foram contratados para dirigir
outras grandes corporações. A GE, graças a
seu sistema “jackwelcheano”, tinha “o melhor banco de reservas do mundo”, como
diziam. Essa turma, contratada para fazer
em outras empresas o que fizeram na GE,
teve um sucesso apenas mediano. Só 50%
deles obtiveram algum resultado. O sucesso está no time, não no indivíduo.
A ideia de que, no futuro, o profissional mais valorizado será uma espécie de
agente independente, ignora a noção de
que conhecimento real é sempre criação
coletiva. O agente solitário não pode dar
certo em larga escala. Ninguém sabe como
será exatamente, mas a empresa do futuro
será muito diferente do que sugere a ideia
“uma empresa chamada você”, que tem
dominado a imaginação de tantos. Ela vai
se organizar por meio de contextos novos
de comunicação.
Quanto mais formos capazes de articular e operar essas novas mídias, mais
eficiente será a empresa. Mídia é qualquer meio habilitador de diálogo – qualquer coisa que crie um espaço que possa ser compartilhado para trocar algo. As
pessoas descobrem, no próprio processo
de compartilhar, significados que apelam
à sua humanidade. É isso que vem definindo a seta da história humana desde sempre. Essas mídias vão integrar colaboradores por meio de alguma espécie de rede digital, de forma análoga ao que faz a rede
dos Shoshones.
Viveremos elaborações cada vez mais
sofisticadas da rede de cipó. A tecnologia
muda, mas a motivação não. Somos humanos hoje da mesma maneira que no
passado distante. Tudo igual, só que novo.
E “mais”, graças à tecnologia. Mais é diferente, entende?
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 23
Política
Entrevista
com Ângelo
Vanhoni,
atual presidente
da Comissão de
Educação e Cultura
da Câmara dos
Deputados (PT-PR)
Informativa – Quais projetos que tramitam na Comissão
de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados o senhor considera importantes?
Acho que o mais importante que a Comissão de Educação
está avaliando é um projeto de lei de origem do Senado, de
autoria do senador Flavio Arns (PSDB/PR), que fixa a idade
a partir de cinco anos para ingresso no Ensino Fundamental
de todo o sistema nacional de ensino. Esse projeto está tramitando na Câmara, já foi aprovado no Senado Federal, e a Comissão de Educação terá de definir o seu voto.
Uma grande polêmica se instaurou no Brasil inteiro. Fóruns de diversos Estados dedicados à defesa da criança, entidades ligadas ao processo pedagógico da educação infantil,
universidades federais e particulares com experiência e trabalho na área da pedagogia já se manifestaram. Há uma opinião quase que absoluta dessas instituições de que esse pro24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
jeto não deve ser aprovado e de que a
idade de ingresso deve ser como estipula a recente resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE): a partir dos
seis anos de idade, com aniversário depois do dia 31 de março.
Essa data se deve ao entendimento de teóricos, profissionais e intelectuais envolvidos de que o processo de
aprendizagem do ser humano até essa
idade, seis anos, deve estar preservado com uma metodologia educacional
muito própria e específica. Esta deve
ter base no desenvolvimento das múltiplas linguagens utilizadas pelo ser
humano, seja do ponto de vista pictórico, da imagem, do envolvimento dos
ritmos do corpo, das experiências sensoriais, tudo dentro de uma proposta
pedagógica que leve em conta o respeito e a consideração da infância como
sujeito. E não entender o período da
infância como uma etapa que prepara
o indivíduo para entrar no processo de
alfabetização.
Essa concepção de que a infância
deve ser encarada como uma pré-sala do processo de alfabetização, na realidade, é uma visão deturpada. Daí a
importância da idade de ingresso ser fixada a partir dos seis anos de idade. E
o governo federal está indo no mesmo
sentido com políticas do ponto de vista do Poder Executivo, porque nós fixamos na constituição do nosso país, no
ano passado, através da Emenda 59, a
obrigatoriedade do ensino a partir dos
quatro anos de idade, dando um prazo para os governos estaduais e municipais até 2016 para o cumprimento dessa meta constitucional.
No entanto, o ministro da Educação,
Fernando Haddad, noticiou a convicção própria de que em 2014 devemos
ter universalizado o acesso das crianças
a partir de quatro anos de idade à educação infantil. Para isso, o governo já
está estipulando recursos no orçamento da União para a construção de 6 mil
escolas em todo o território nacional,
ajudando as prefeituras a garantirem o
acesso das crianças e providenciando os
recursos necessários a serem anexados
ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Assim, caso alguma prefeitura do país não tenha recursos para pagar a manutenção da escola infantil ou o salário dos professores, pode sacar esse dinheiro do fundo.
Então veja que essa matéria é de
muita relevância, porque trata da questão pedagógica, da qualidade da educação em nosso país. O governo federal
tem uma ação no que diz respeito ao
cumprimento de uma meta que o parlamento já fixou na Constituição, definindo uma obrigatoriedade do Estado brasileiro perante as crianças em relação à
educação infantil. Isso é novo, até cinco
ou seis anos atrás o governo federal não
tinha nenhuma política voltada para a
educação infantil. E nós sabemos como
as crianças eram encaradas nas creches
que algumas cidades mantinham.
As creches eram mantidas, até então, como um espaço onde a mãe pudesse deixar o filho para frequentar o
mercado de trabalho. Essa concepção
mudou rapidamente. O governo e a sociedade estão entendendo que nessa
fase da vida é preciso um tipo de cuidado, existe um processo de aprendizagem muito especifico. Não é apenas
um passatempo para as crianças ficarem
bem cuidadas enquanto a mãe sai para
trabalhar. Pelo contrário, é um momento privilegiado da formação do ser humano. Então, isso é um salto na qualidade da educação brasileira.
Essa concepção de que
a infância deve ser
encarada como uma
pré-sala do processo
de alfabetização,
na realidade, é uma
visão deturpada. Daí a
importância da idade
de ingresso ser fixada a
partir dos seis anos de
idade
O senhor concorda com a ideia de
acabar com a reprovação para crianças no ensino básico?
O problema da aprendizagem não é das
crianças. Toda criança tem potencial
para aprender. Todas as teorias modernas a respeito do processo de aprendizagem já identificaram isso. O processo de aprendizagem não deve estar focado na capacidade da criança, e sim no
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 25
O talento e a capacidade
de aprender estão
disseminados em todo ser
humano, então, o instituto
da reprovação é uma
punição muito grande
para as nossas crianças
26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
sistema escolar, nas variantes referentes
à questão social, ao problema gerencial
nas escolas.
São muitos os problemas que influenciam para que uma criança possa
ter uma perda relativa de conhecimento em algum setor daquele momento da
aprendizagem. Do ponto de vista psicológico, acho que sempre deve haver
uma perda muito grande para aquelas
que ficam marcadas como se não soubessem, como se não tivessem capacidade de aprender o conjunto de conhecimentos que seus amigos estão aprendendo. É muito raro que uma criança
não tenha realmente capacidade para
acompanhar o conjunto das informações. Via de regra, o desempenho abaixo da média que uma criança pode ter
geralmente está ligado a fatores externos. O problema é que a escola precisa
se adaptar, os nossos professores precisam ter essa compreensão, precisam ser
qualificados para entender e ter política
do ponto de vista pedagógico para reinserir as crianças no processo de desenvolvimento dos conteúdos.
Muitas vezes as escolas não estão
preparadas para fazer esse acompanhamento, assim como o corpo docente. As
variantes que influenciam na aprendizagem de uma criança são múltiplas. Nós
vimos pelo resultado do Ideb, que é o
índice de desenvolvimento e de proficiência que as escolas de todo o Brasil tiveram. Uma escola de uma cidadezinha
do interior teve a melhor média do Brasil. Nós esperávamos que a melhor escola fosse sediada em São Paulo, no grande centro, com bastante estrutura, professores com qualificação permanente de formação continuada, mas fomos
encontrar a melhor média em uma escola no interior do Estado de São Paulo, em uma cidade que tem aproximadamente 20 mil habitantes. Qual foi a receita? O envolvimento da comunidade.
Os professores tinham um envolvimento
permanente com os alunos, o contraturno acontecia espontaneamente pela dire-
ção e pelos professores. Portanto, foi um
conjunto de fatores que levaram essa escola do interior a ter a melhor avaliação
do Ideb. O que eu estou querendo dizer com isso? O talento e a capacidade
de aprender estão disseminados em todo
ser humano, então, o instituto da reprovação é uma punição muito grande para
as nossas crianças. O processo de construção do conhecimento não deve passar
por essa marca.
O Plano Nacional de Educação (PNE)
também é um tema importante na
pauta da Comissão?
Será a grande lei que deve ser votada este ano. Temos um prazo até o dia
31 de dezembro, porque o plano atual termina nessa data. Os trabalhadores da educação fizeram uma conferência em todo o território nacional, cerca
de 3 mil delegados discutiram todos os
aspectos relativos à educação no país.
O sistema está bem estruturado,
mas ainda precisamos de algumas soluções. Um dos grandes desafios é o
ensino profissionalizante, porque assim o Brasil se desenvolve, a economia cresce. Há geração de emprego e
de renda nas nossas cidades, e a juventude não está preparada. O desafio é capacitar a juventude a se apropriar do conhecimento cientifico que
está à disposição da sociedade para
interferir no mercado de trabalho, ganhar uma profissão, conquistar a sua
dignidade e ajudar o Brasil a crescer.
A outra ponta da formação profissional do nosso país é um desafio ainda
maior, porque ao longo dos últimos
anos a universidade vem se consolidando como espaço apenas para a elite, ou seja, uma pequena parcela dos
jovens entre 17 e 24 anos frequentam
alguma universidade.
A grande maioria, dois terços, está
em universidades particulares e filantrópicas. Só um terço tem acesso às públicas, federais e estaduais. Das federais, são apenas 620 mil vagas em um
universo de 40 milhões de jovens. Então veja o quanto o Estado brasileiro
ficou distante para uma formação profissional de maior rigor no nível superior, isso em um país tão grande e com
potencial de desenvolvimento que o
Brasil tem.
Nós formamos hoje perto de 22
mil engenheiros por ano, e em todas
as engenharias. Os Estados Unidos e a
Índia formam por ano uma média de
150 a 200 mil engenheiros. Então são
homens e mulheres preparados com
o conhecimento científico no mercado de produção, desenvolvendo conhecimento e ajudando seus países a
se desenvolver. O Brasil está um passo atrás. Nesse sentido, o desafio do
PNE é apontar os caminhos que o ensino público vai tomar nos próximos
dez anos.
Nós também vamos fixar um valor
no Produto Interno Bruto (PIB), um valor no orçamento e um valor na Constituição Federal, constando o mínimo
que o Estado deverá gastar nos próximos dez anos para cumprir as metas que o parlamento brasileiro elencar
para a educação, seja para a infantil,
fundamental, profissionalizante, dos
portadores de deficiência, de jovens e
adultos, para o grande projeto de diminuir o analfabetismo e para a educação
de nível superior, para a formação de
mestres e doutores no que diz respeito à pesquisa científica em nosso país.
Quanto à educação católica, o senhor estudou em uma das nossas
instituições. Como avalia a mudança de valores que essa geração está
enfrentando?
Eu fiz filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).
De lá, trago a minha formação profissional, minha formação enquanto cidadão brasileiro, de belíssima qualidade. Acho que nesse momento acontece uma mudança, porque não só nas
escolas com vertente religiosa, mas no
processo educacional em geral, as discussões a respeito da ética, comportamento e das relações humanas, diante de tantas transformações que estão
acontecendo no mundo moderno, são
empregadas no conjunto do processo
educacional. E as universidades que
têm influência religiosa seguramente estão desenvolvendo uma nova visão no processo educacional, sobretudo do ponto de vista da ética. Isso é
um ato que ajuda muito na formação
do homem e da mulher.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 27
Sustentabilidade
Brincando e aprendendo
Para abordar a temática água em sala de aula, é preciso que os
professores tenham muita criatividade e imaginação
Por Paula Craveiro
N
os últimos anos, temas relacionados ao meio ambiente
têm conquistado merecido espaço em sala de aula. Professores e instituições de ensino despertaram para a importância de discutir com
os alunos assuntos como poluição, reciclagem e preservação ambiental, de
modo a criar jovens cidadãos engajados
e conscientes de suas obrigações em relação ao mundo em que vivem.
No entanto, a questão da água ainda
é bastante mal trabalhada no ambiente
escolar. “É comum ouvirmos o que se
deve ou não fazer em relação à água. Na
teoria, essas explicações e orientações
são realmente muito boas, mas, dependendo do público ao qual nos dirigimos, estas podem ser totalmente ineficientes”, pontua a professora Mariana
Cação Cardoso.
Para ela, “é essencial que se una
teoria e prática para que crianças e
adolescentes compreendam a relevância do assunto e apliquem as soluções e alternativas apresentadas em
sala de aula em seu dia a dia, seja na
escola ou em suas próprias casas”.
Muito papo...
Na maioria das escolas brasileiras, sejam elas integrantes da rede pública ou
da rede particular de ensino, há tempos
o tema água vem sendo trabalhado em
sala de aula, geralmente como parte da
grade curricular de Ciências, mas, não
28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
raramente, ele é abordado de maneira
superficial e sem que haja contato direto com o objeto de estudo.
“Na minha escola, a professora sempre fala sobre cuidarmos da
água do planeta; não jogarmos lixo
nas ruas, porque, em dias de chuva,
ele vai para os rios; não deixarmos
a torneira aberta enquanto escovamos os dentes, essas coisas”, conta
Thaís Nakamura, de 11 anos, aluna
do 4º ano do Ensino Fundamental.
“Muita coisa dá para aprender, mas
seria bem mais legal se a gente pudesse mexer na água. Acho que todo
mundo da classe prestaria mais atenção na aula e levaria o assunto mais
a sério”, sugere a estudante.
Fugindo do lugar-comum
Um dos fatores que limita a abordagem
da água diz respeito à sua restrição às
aulas de Ciências. “Quem disse que a
água não pode ser trabalhada em outras
disciplinas?”, questiona a professora e
pedagoga Lígia Martins.
Segundo o Manual do Multiplicador, elaborado pela Sabesp e distribuído em diversas escolas do Estado
de São Paulo, a “interdisciplinaridade
questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzidos por uma abordagem que não
leva em conta a inter-relação e a influência entre eles. Refere-se, portanto, a
uma relação entre disciplinas”.
Em outras palavras, conforme explica a pedagoga, é possível sim trabalhar a água em matérias como Matemática, Língua Portuguesa, Educação Física, Artes e, evidentemente, Ciências.
“Para isso, é preciso que o educador tenha criatividade e também se coloque
no lugar dos alunos, analisando se essa
ou aquela atividade realmente o interessaria se ele fosse um estudante”, afirma.
Como exemplos de atividades, Lígia
sugere: “Em Matemática, podemos
utilizar copos de água na realização de contas. Tenho 20 copos
de água, cedo 11 para Maria
e fico com quantos? Já em
Língua Portuguesa, o professor pode propor aos
alunos a redação de um
poema ou uma história que fale sobre água.
Em Geografia, é possível abordar desde as formações
geológicas até
"É essencial que se una
teoria e prática para que
crianças e adolescentes
compreendam a relevância
do assunto e apliquem as
soluções e alternativas
apresentadas em
sala de aula em
seu dia a dia,
seja na escola
ou em suas
próprias
casas."
Mariana
Cação
Cardoso
questões regionais que envolvem a falta de abastecimento de água para consumo. Em Artes, os alunos podem realizar
uma série de desenhos envolvendo situações que necessitem de água, como tomar banho, preparar um alimento, regar
uma planta”.
A professora e pedagoga destaca que, em Ciências, é possível trabalhar questões como noções de higiene
e saúde. “Também há a possibilidade se
elaborar projetos como coleta de água
de chuva para posterior reuso ou a medição da água da escola durante um determinado período, permitindo que os
alunos compreendam o método científico aplicado em um estudo das águas
(ciclo da água)”.
Outra maneira interessante de abordar o tema que exige a participação ativa dos estudantes é gerar debates, tendo por base matérias publicadas em
jornais, revistas e na internet. “A partir desse material, os alunos serão induzidos a pensar nas causas de situações
como falta de água potável e enchentes,
algo comum aqui no Brasil, e passarão
a buscar, com o apoio dos professores,
soluções para esses problemas, como a
reutilização da água da chuva e da água
utilizada na lavagem de roupa”, complementa Mariana Cação.
Trabalhando com água
Embora todas as sugestões apresentadas sejam bastante interessantes e facilmente aplicáveis em qualquer instituição de ensino, ainda há um “porém”:
em quase sua totalidade, as atividades
envolvem apenas o conceito água, não
o objeto de estudo propriamente dito.
“Em minhas aulas, costumo incentivar os alunos a experimentarem determinadas situações. A meu ver, essa
é a melhor maneira de fazê-los compreender o assunto que estamos estudando”, comenta Ana Claudia Marques,
professora de Ciências.
Entre as atividades propostas por
Ana, ela sugere que, ao chegar em
casa, o aluno coloque um balde vazio sob uma torneira, deixando-a pingar lentamente durante um determinado número de horas, ou até que o
balde fique cheio. “A partir daí, cada
um traz as suas observações, incluindo o volume total do balde, e, juntos,
passamos a calcular o desperdício que
ocorre com uma goteira durante um
dia ou um mês. Essa prática faz com
que os alunos atentem para situações
corriqueiras e que, até então, passavam despercebidas”, explica.
Outro exercício sugerido pela professora utiliza-se de gelo. “Com apenas duas pedras de gelo é possível fazer essa experiência. Basta o aluno
colocar uma delas em um recipiente
em temperatura ambiente e outra em
um recipiente com temperatura variando de morna a quente, tomando
cuidado para não se queimar ou, então, pedindo o auxílio a um adulto. A
partir daí, o aluno deve analisar o que
ocorre com ambas, o tempo que elas
levam até derreterem completamente.
Também munidos de observações, em
sala de aula discutimos conceitos relacionados à questão do aquecimento
global”, ressalta.
“Compreendendo, na prática, a
importância da adoção de medidas
simples como fechar a torneira durante a escovação dos dentes, reduzir
o tempo de banho e reaproveitar a
água utilizada na lavagem de roupas,
essas crianças e adolescentes passam
a adquirir uma consciência mais ampla sobre a água, passando a respeitá-la como um bem valioso que a natureza nos oferece e, também, servindo como agente na disseminação
do conteúdo assimilado, orientando
e cobrando uma postura consciente e
correta de seus pais, amigos e familiares”, conclui.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 29
Legislação
A Regulamentação da Nova Lei
da Filantropia para
as entidades de
educação
João Paulo Amaral Rodrigues e Vanessa Martins de Souza, MBSC Advogados
A
pós longos meses de ansiosa espera e expectativa, as entidades beneficentes de assistência
social puderam ter acesso à lei
nº 12.101, mais conhecida como Lei da
Filantropia. Sua regulamentação ocorreu
por meio do decreto nº 7.237, publicado no Diário Oficial da União em 21 de
julho de 2010. Com a publicação, as organizações deixam o campo da insegurança jurídica e passam, definitivamente,
a se adequar às novas normas já ditadas
pela mencionada lei.
A regulamentação traz, ainda, consideráveis mudanças quanto ao funcionamento das instituições de saúde, educação e assistência social, tendo em vista que por mais de uma década se adequaram às normas dispostas na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), no
decreto nº 2.536, de 1998, e nas resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado
30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
As entidades de educação
deverão se adequar às
diretrizes do PNE, o qual
se evidenciará por meio
do plano de atendimento
da instituição, que será
analisado pelo Ministério
da Educação
ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), antes o
único com a competência de conceder
e renovar o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas)
para as três áreas.
As alterações trazidas não se referem somente aos procedimentos a serem adotados, mas, principalmente, à
ampliação de conceitos e ao estabelecimento de vínculos das entidades. Entre elas, estão as que atuam na área de
educação, com o Plano Nacional de
Educação (PNE); as entidades de assistência social, com o Sistema Único da
Assistência Social (SUAS); e as organizações da área da saúde, pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) – embora a normatização anterior já dispusesse sobre
o último.
Segundo a regulamentação, o Cebas continua com validade de três anos
e pode ser renovado por igual período.
Porém, a nova norma trouxe uma mudança significativa, pois a entidade passa a apresentar documentos relativos ao
exercício fiscal anterior ao do requerimento, e não mais dos três anos anteriores ao pedido da concessão ou renovação
da certificação.
O decreto prevê também a possibilidade de se estabelecerem parcerias
entre entidades privadas, sem fins lucrativos, e que também tenham por
atuação as áreas tratadas na lei. Isso
acontece desde que sejam celebrados
ajustes ou instrumentos de colaboração entre elas, e que disponham sobre
as ações a serem executadas, os beneficiários que serão atendidos, a forma da
prestação de contas, a responsabilidade das partes e a transferência de eventuais recursos.
Quanto às regras para a análise e decisão dos pedidos de certificação, a norma extingue a figura do Pedido de Reconsideração propriamente dito nos casos em que for indeferido o requerimento da entidade, limitando a via recursal
somente ao Recurso Voluntário, o qual
será dirigido à autoridade certificadora.
Todavia, esta poderá exercer o juízo de
retratação, ou seja, a possibilidade de reformar a decisão indeferida diante das
razões constantes do apelo, sem que necessariamente haja a remessa do processo ao ministro de Estado. Destaca-se que
a entidade não poderá juntar novos documentos quando protocolar o recurso, disposição que traz questionamentos
quanto à provável violação ao princípio
da ampla defesa, inserido na Constituição Federal.
No que se refere à legitimação para
propor representação contra as entidades certificadas que descumprirem as
exigências da lei para a obtenção do Cebas, houve a ampliação do rol de órgãos
competentes para tanto, dentre eles os
gestores do SUS, SUAS e os gestores da
educação em âmbito municipal, estadual e distrital.
É relevante enfatizar que o decreto trouxe definição quanto ao cancelamento da certificação, caso haja o
descumprimento dos requisitos que a
mantêm, o qual se dará a partir da efetiva ocorrência do ilícito. Dessa forma,
não será mais compreendido o cancelamento de todo o período da validade do Cebas, ou seja, quando a instituição deixar de cumprir alguma das
exigências legais em um determinado
exercício, a anulação se dará a partir
desse momento, resguardando-se a vigência do certificado quanto aos exercícios anteriores.
Ainda sobre o cancelamento, cabe
salientar que o assunto levanta alguns
questionamentos. Um deles é quando
o respectivo texto normativo é confrontado com a previsão sobre o período em que versará o auto de infração, lavrado pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil, uma vez que a autuação se restringirá somente ao lapso
em que foi constatada a irregularidade, e não sobre todo o período cancelado. O ideal será aguardar a publicação das portarias, bem como a postura
dos ministérios nos casos concretos.
Os ministérios avaliarão de forma
sistemática todas as atividades desenvolvidas pelas entidades “mistas”, ou
seja, aquelas que possuem atuação em
duas ou mais áreas (educação, saúde
e/ou assistência social), tendo em vista que os requerimentos para a certificação serão apresentados ao ministério,
que irá analisar a atividade principal da
entidade e consultar as outras pastas
acerca das demais. Diante disso, é importante que os critérios da análise sejam coerentes, extirpando a observação
que anteriormente era realizada apenas
por um órgão.
As entidades de educação deverão
se adequar às diretrizes do PNE, o qual
se evidenciará por meio do plano de
atendimento da instituição, que será
analisado pelo Ministério da Educação.
Além de sua apresentação a cada três
anos, a entidade terá de entregar relatórios semestrais ou anuais referentes
ao preenchimento das bolsas de estudos concedidas.
Os alunos serão selecionados pela
entidade, a qual avaliará o pedido de
concessão das bolsas com base na situação socioeconômica apresentada pelo
aluno, a proximidade da residência do
beneficiário, sorteio e outros critérios
que estejam presentes em seu plano de
atendimento.
Já no que se refere ao cumprimento
do percentual de gratuidade, as instituições de educação poderão contabilizar o valor destinado aos programas
de apoio aos alunos bolsistas, como
previsto no artigo 13 da lei nº 12.101,
de 2009. No entanto, apesar da norma elencar algumas ações consideradas como programas de apoio e mencionar que outros seriam definidos em
regulamento, o decreto permaneceu
em silêncio em relação a essa matéria.
Espera-se que a Portaria Ministerial,
que normatizará procedimentos a serem adotados quanto a certificação das
entidades, esclarecendo critérios e normas já estabelecidos na legislação, disponha de forma precisa sobre os demais programas de apoio que poderão
ser utilizados pelas entidades, visando
única e exclusivamente o acesso à educação pelos beneficiários das bolsas de
estudo.
Agora, eventuais questionamentos
poderão aparecer quando for publicada a Portaria Ministerial, bem como
com a aplicação das normas em questão no caso concreto, oportunidade
em que poderá se verificar possíveis
ilegalidades e inconstitucionalidades
que venham a violar não só o direito
das entidades beneficentes, mas colocar em risco os verdadeiros beneficiários da política de assistência, notadamente a população em vulnerabilidade social.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 31
Comunicação
Marketing
Como usar a internet
para divulgar a
instituição e suas
atividades
Digital
Por Juliana Fernandes
U
sar a internet como uma ferramenta de marketing é novidade para muitas instituições de
ensino. Apesar do crescimento
das mídias digitais no Brasil, as escolas
ainda não utilizam de forma eficiente os
recursos e serviços disponíveis na rede.
Entre as principais vantagens do marketing digital estão: agilidade, alcance e interatividade na comunicação.
Como estratégias mercadológicas,
podem se destacar o posicionamento do
site nos mecanismos de busca e o relacionamento da instituição com seu público-alvo. Além disso, são desenvolvidas campanhas de comunicação para
fortalecer a imagem da instituição e a
prospecção de novos alunos.
Vale lembrar que, antes da execução de qualquer estratégia de marketing,
é fundamental realizar um planejamento.
“A instituição tem de começar entendendo o seu público-alvo e definir claramente
como usar as estratégias. Só essa disciplina e esse foco em planejar, executar, monitorar e corrigir é que dá resultados efetivos
na web”, afirma Claudio Torres, consultor
em marketing digital e mídias sociais.
Para Marcelo Marzola, diretor geral da Predicta, consultoria especializada
no comportamento do consumidor nos
32 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
meios digitais, uma boa estratégia é se colocar no lugar de quem busca a informação, já que “muitas vezes as
instituições pecam por colocar
nos seus sites aquilo que acham
que devem colocar. Na verdade,
elas devem informar o que os seus
consumidores estão buscando”, declara Marzola.
O site é uma das principais ferramentas do marketing digital. Ele funciona como um folheto institucional e
serve para apresentar a escola, seus serviços e atividades. No entanto, para sua
eficiência, é necessário que o conteúdo
seja relevante e atualizado constantemente. É indicado ainda agregar uma ferramenta de blog, como o Wordpress, e trabalhar
com vídeos e contas nas redes sociais.
“Tenha um bom site, experimente realizar
uma campanha on-line, faça marketing em buscadores e tenha alguém cuidando da presença da
As sete estratégias do Marketing Digital
Conteúdo
Divulgue algo útil
e relevante para
o consumidor.
É essencial
também atualizar
constantemente as
informações.
Mídias sociais
Crie uma rede
ligada à instituição
e se relacione. O
ideal é divulgálas no website
principal.
E-mail marketing
A ferramenta ainda
é usada, já que nem
todos estão nas
mídias sociais. Utilize
essa estratégia para
divulgar promoções,
lançamentos e
informativos.
Marketing viral
É a ferramenta
mais importante,
eficiente e lucrativa
da internet. Com
ela, você multiplica
tudo que faz por
dez, cem ou mil. É aí
que o seu negócio
realmente decola.
Publicidade on-line
Seja criativo e
foque suas ações
mercadológicas em
nichos. Promova
gratuitamente
a instituição por
meio do SlideShare,
Youtube e outros
serviços que a web
oferece.
Pesquisa
Assuma que o
importante é
o consumidor.
Aprenda tudo que
puder sobre ele:
como pensa, o que
quer, quem é e o
que faz.
Monitoramento
Monitore tudo e
aprenda com isso.
Quem mais vai
te ensinar sobre
internet é o próprio
ambiente.
Fonte: A Bíblia do Marketing Digital (Claudio Torres).
sua instituição nas mídias sociais. Com o
passar do tempo, ficará cada vez mais fácil identificar quais canais de comunicação
são os mais importantes”, sugere Marzola.
Ferramentas disponíveis
A web oferece às instituições de ensino
inúmeras possibilidades para desenvolver
as estratégias de marketing. Os blogs, por
exemplo, podem divulgar assuntos relacionados à educação, cursos e demais ser-
viços. Já as mídias sociais são as principais
responsáveis pelo relacionamento entre
alunos, professores e o público externo.
O Youtube, uma das ferramentas disponíveis na rede, pode ser usado para
exibir vídeos de sua escola e as atividades desenvolvidas pela instituição. No
Twitter, além da própria divulgação, promova assuntos interessantes e de outras
fontes. Dessa forma, os seguidores se
tornarão mais tolerantes à publicidade.
Já no Orkut, acompanhe as discussões
realizadas nas comunidades. Elas podem
ajudar a definir as futuras ações de marketing. No Facebook, mantenha a interação
por meio de aplicativos que estimulam o
acesso a rede. Lembre-se que esses canais
também são formas de atendimento ao
aluno. Por isso, monitore constantemente o que for divulgado e a sua repercussão.
Por ser um veículo interativo, a internet é capaz de desenvolver uma co-
municação bilateral. “O público quer falar com as instituições através de pessoas, não de anúncios. Você tem de se relacionar com elas e mantê-las interessadas
na sua instituição. Espalhe-se pelas mídias sociais e crie relacionamentos, os resultados virão”, indica o consultor Claudio Torres.
O uso dos portais de busca, como o
Google e o Yahoo, também é aplicado
às estratégias de marketing. No mercado, existem empresas que posicionam as
instituições nos primeiros lugares da lista
durante a procura por um serviço ou informação. Há duas maneiras para obter
esse destaque: por meio de links de patrocínio (AdWords) ou pela otimização de
sites (SEO - Search Engine Optimization).
Posicionamento
Segundo Marcelo Marzola, o sucesso dessas iniciativas depende de uma participação completa e equilibrada. “Não adianta somente ter um site, fazer uma campanha on-line ou ter uma conta no Twitter.
É importante atuar em todas as vertentes
da comunicação on-line”, disse.
O desafio, portanto, é planejar as ações
de marketing em meio a tantas ferramentas disponíveis. Nesse contexto, conhecer
o ambiente é fundamental para obter bons
resultados. Identifique onde está o seu público-alvo e divulgue as atividades de sua
instituição de forma eficiente.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 33
Recursos Humanos
Avaliação de
desempenho:
metas e resultados
em favor de todos
Empresas e funcionários têm muito a ganhar,
mas procedimentos e processos precisam ser
claramente informados
Cinthia de Paula
A
avaliação de desempenho é uma
importante ferramenta de Gestão de Pessoas que analisa sistematicamente o desempenho
dos profissionais em relação às atividades que realizam, às metas estabelecidas,
aos resultados alcançados e ao seu potencial de desenvolvimento. Sua principal função é contribuir para o desenvolvimento das pessoas na organização.
Atualmente, apesar de ainda haver
resistências em relação a esse tipo de
análise, especialistas garantem que as
empresas, por meio de um
��������������
sistema organizado de avaliação, podem rever suas
estratégias de atuação e métodos de trabalho para corrigir possíveis equívocos
e melhorar práticas. “Assim, podem fi���
car cientes do potencial de sua força de
trabalho e, a partir do momento em que
conseguem fazer a mensuração de seu
34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Uma vez que a
empresa opte por
realizar a avaliação de
desempenho, ela deve
ser incorporada pela
cultura organizacional
e seus resultados
devem ser efetivamente
aplicados
capital intelectual, podem traçar estratégias mais ou menos arrojadas”, explica
Fernando Freitas, psicólogo e consultor
de Recursos Humanos, autor de artigos
publicados em diversos sites do setor.
Por outro lado, para os colaboradores a avaliação pode significar uma mudança de comportamento e o alcance de
metas. “Muitas pessoas trabalham anos
na mesma empresa realizando o mesmo trabalho. São capturadas pela rotina
e pela cultura organizacional e ficam cegas ou estagnadas em relação a seu próprio desenvolvimento. Para isso, o processo de avaliação dará uma ‘sacudida’
nesses profissionais que, preenchendo
possíveis lacunas de desempenho, vão se
desenvolver e crescer na carreira”, completa o consultor.
Existem no mercado diversos modelos de avaliação de desempenho e
softwares que mensuram a performance
do profissional, geram estatísticas, sugerem gaps de competências etc. Entretanto, é preciso, antes de tudo, conhecer a cultura organizacional da empresa, o posicionamento da direção e qual
é o objetivo esperado. Só depois é que
se deve partir para o planejamento.
Uma vez que a empresa opte por realizar a avaliação de desempenho, ela
deve ser incorporada pela cultura organizacional e seus resultados devem ser
efetivamente aplicados, ou todo o processo cairá no descrédito e a empresa
terá perdido tempo, dinheiro e o respeito dos seus profissionais.
Para isso, no entanto, é importante
que todas as lideranças estejam preparadas para aplicar o processo de avaliação. Os gestores devem ser capacitados
para entender os objetivos, a condução
do processo e como a participação deles
é fundamental para o êxito da aplicação
da ferramenta.
Paralelamente, esse processo precisa ser apresentado aos profissionais,
para que eles entendam como ele vai
ocorrer, quem irá conduzi-lo, que a
iniciativa não tem caráter punitivo,
mas possibilita o desenvolvimento de
novas competências e que é um caminho para a ascensão profissional. “Um
processo de avaliação de desempenho
torna as coisas mais transparentes dentro da empresa, ninguém fica enganado e, com isso, os processos de promoções, transferências, pagamentos
de prêmios e até mesmo de demissão
ficam mais transparentes. Saímos da
subjetividade para a concretude”, ressalta Freitas.
Informação e feedback
A falta de conhecimento desse processo como um todo ainda faz com que colaboradores se sintam ameaçados pela
avaliação. Entretanto, o consultor afirma que esse temor pode indicar que
os colaboradores não estão preparados
Objetivos dos sistemas de avaliação:
•
•
•
•
•
Estabelecer metas de desempenho para colaboradores e equipes,
alinhadas com a estratégia da organização;
Avaliar os resultados anteriores obtidos face às metas estabelecidas;
Garantir que a organização conheça e reconheça seus profissionais com
planos de carreira, promoções e prêmios de desempenho;
Permitir que os colaboradores conheçam seus objetivos e os comportamentos esperados para
alcançar os resultados, dispondo dos meios necessários para fazer o autocontrole;
Assegurar a possibilidade de correção de trajetórias, por meio do acompanhamento contínuo.
Métodos mais tradicionais:
•
•
•
•
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•
•
•
•
A partir de indicadores definidos – é o mais utilizado;
Por meio de frases descritivas de determinado tipo de desempenho em relação às tarefas que
lhe foram atribuídas;
Com base na realização de reuniões entre um especialista e o líder;
Enfocando atitudes positivas e negativas que devem ser corrigidas com orientação constante;
Comparação entre o desempenho de dois colaboradores ou entre o desempenho de um
colaborador e sua equipe;
Autoavaliação;
Por meio de relatório de performance, com descrição livre sobre as características do avaliado,
seus pontos fortes, fracos, potencialidades, dimensões de comportamento etc.;
Avaliação de resultados baseada na comparação entre os resultados previstos e os realizados;
Avaliação por objetivos – específicos, mensuráveis e alinhados aos objetivos organizacionais e
negociados previamente entre o colaborador e seu superior;
Por padrões de desempenho, ou seja, quando há estabelecimento de metas somente por parte
da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que serão avaliadas;
Por meio de comportamentos descritos como ideais ou negativos – assinala-se “sim” quando o
comportamento do colaborador corresponde ao comportamento descrito, e “não” quando não
corresponde.
para sua função e seus avaliadores não
estão prontos para liderarem o processo. “Nesse ponto, é importante que um
consultor externo possa identificar a
questão. E para evitar esse desconforto é importante deixar bem claro a todos como a avaliação será implantada.
O processo nunca poderá ser um julgamento, e por isso a ideia tem de ser
muito bem desenvolvida e o treinamento dos avaliadores deverá ter como
principal foco o desenvolvimento profissional”, reforça.
Para o sucesso do processo de avaliação, no entanto, o feedback é fundamental, pois somente a partir dele o
gestor acompanha o desenvolvimento
do profissional e, por outro lado, permite que o funcionário trace sua estratégia para superação das dificuldades.
É importante também deixar claro para
os colaboradores que a avaliação de de-
sempenho aumenta suas chances de ascensão na carreira e de empregabilidade. Para eles, Freitas dá a dica: “Primeiramente, tenha conhecimento do seu
trabalho e das variáveis que podem propiciar o não-alcance de seus resultados.
Tenha foco em um processo de desenvolvimento profissional contínuo estando atento ao mercado de trabalho e
procurando conhecer a empresa como
um todo. Essas informações darão argumentos importantes para possíveis
contestações na hora do feedback e para
promover acertos em caso de distorção
da avaliação”.
O resultado final esperado da avaliação de desempenho apresentará as informações necessárias para a identificação
de oportunidades de melhoria e a elaboração de um plano de ações em relação
a vários níveis: geral da organização, por
área e individual.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 35
Administração
36 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ferra
amenta
de transformação
Luciano Guimarães
Parte integrante
da pedagogia, a
didática chega ao
século 21 cercada
de paradigmas de
décadas passadas
e com o desafio
de encontrar um
modelo ideal para a
aprendizagem
E
m toda a história – dos sofistas gregos, na Antiguidade, a Jan
Amos Komenský (1592–1670),
há quase 400 anos, considerado o pai da didática moderna, passando por Paulo Freire (1921–1997) e Jean
Piaget (1896–1980), no século 20 –, o
estudo e a aplicação da didática no ensino vêm evoluindo e sofrendo grandes
transformações.
Essas mudanças trazem consigo uma
singularidade evidente: são produzidas
à imagem e semelhança das mutações
ocorridas no comportamento da sociedade em geral, nas políticas de ensino,
no pensamento acadêmico e na formação dos docentes, além, é claro, da sua
utilização prática nas salas de aula.
Termo originário do grego (techne didaktiké), cujo sentido pode ser traduzido como a arte de ensinar, a didática é a
parte da pedagogia que se ocupa das estratégias de ensino e das questões relativas à metodologia e à aprendizagem. Basicamente, ela funciona como o elemento transformador da teoria em prática.
Seus elementos de ação são o professor,
o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto da aprendizagem e as estratégias metodológicas.
Na pedagogia, a didática é classificada como geral e especial. A primeira estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo
de ensino, para qualquer tipo de aluno.
Ela nos dá uma visão geral da atividade
docente. A especial, por sua vez, estuda
os aspectos científicos de uma determinada disciplina ou faixa de escolaridade,
analisando os problemas e as dificuldades que o ensino de cada disciplina apresenta e organizando os meios e sugestões
para resolvê-los.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 37
Presente em parte importante da formação dos futuros professores, a didática e seus conteúdos não raro aparecem
na educação continuada dos docentes.
Também se configura como uma área
de pesquisa, representada em nosso país
por diversos autores que definem o ensino como objeto de estudo da didática.
“A didática é um conjunto de conhecimentos que contribui para o professor planejar e desenvolver o modo como
apresentará sua aula”, explica a professora doutora Alba Regina Battisti de Souza,
do Departamento de Pedagogia do Centro de Ciências Humanas e da Educação
(FAED) da Universidade do Estado de
Santa Catarina (Udesc).
Segundo ela, vários são os aspectos a
se destacar em meio a todo esse processo educacional que subverte a teoria e a
prática. “São eles: a importância da interação; a forma de organizar e apresentar os conteúdos; de organizar e orientar
atividades que ensejem o questionamento, a criatividade e a resolução de problemas, além das possibilidades de avaliação numa perspectiva mais diagnóstica
e processual, ou seja, de maneira a contribuir com a aprendizagem dos alunos,
identificando aspectos que precisam ser
revistos”, explica a docente.
A utilização da didática como instrumento para o desenvolvimento da educação é um grande desafio, que passa
pela possibilidade do acesso dos professores aos conhecimentos produzidos na
área até a criação de condições para o estabelecimento de um compromisso para
articulá-la na prática cotidiana.
“O professor tem papel fundamental
na aprendizagem dos alunos e sua função de ensinar é inquestionável. Porém,
na atualidade, é com uma postura mediadora”, avalia Alba Regina, que se pergunta como isso pode ser traduzido para
a prática.
De acordo com ela, quando o docente instiga os alunos a se apropriarem dos
conteúdos de forma ativa, crítica e ligada
ao contexto, o professor passa a se pre38 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
ocupar em organizar situações de aprendizagem nas quais os estudantes assimilem os conteúdos por meio de problemas significativos, que os incitem a pensar, aplicar e construir conhecimentos.
“Uma aula expositiva pode ser muito boa e ainda tem seu espaço garantido, mas é preciso ampliar as formas
de aprendizagem dos educandos, apresentando possibilidades variadas, integrando as novas tecnologias no processo pedagógico e atividades que permitam expandir e compreender de forma
mais aprofundada e abrangente os conteúdos”, explica.
Uso da tecnologia
A absorção de conteúdo pelo aluno em
sala de aula também é um desafio da didática moderna, que utiliza diversas ferramentas, desde processos lúdicos e audiovisuais até informática. Todos os esforços para se obter melhores resultados
no ensino são válidos e necessitam de
certo planejamento em sua implantação
e implementação.
Myriam frisa também que “o professor passa a ser o que auxilia o aprendiz
a procurar e coordenar o que aprende
dentro de um esquema conceitual mais
amplo. Qualquer reforma deveria suscitar essas questões, que são básicas para
uma mudança real na qualidade de ensino”, argumenta.
Uma aula expositiva pode
ser muito boa e ainda tem
seu espaço garantido, mas
é preciso ampliar as formas
de aprendizagem dos
educandos, apresentando
possibilidades variadas,
integrando as novas
tecnologias no processo
pedagógico e atividades
que permitam expandir e
compreender de forma mais
aprofundada e abrangente
os conteúdos
Para a professora Myriam Krasilchik,
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), “os novos recursos tecnológicos e, principalmente, o uso do computador, criam dilemas
equivalentes, podendo até ser uma fonte muito eficiente de fornecimento de informações”, conforme descreve em seu
artigo Didática – Reformas e Realidade.
O texto, no qual faz uma minuciosa
análise do ensino das ciências, abordando
os caminhos percorridos por vários projetos desde a sua elaboração nos órgãos
normativos como parte de políticas públicas até o dia a dia das salas de aula, pode
ser lido na íntegra em: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/7438/
didatica-reformas-e-realidade/pagina-1.
A docente ressalta que, “no entanto,
o potencial do computador como desequilibrador da vigente relação professoraluno é ainda subutilizado como instrumento que possa levar o aluno a deixar
o seu papel passivo de receptor de informações, para ser o que busca, integra,
cria novas informações”.
Processo reflexivo
O desenvolvimento da didática teve
grande impulso no século 20, tanto na
teoria quanto na prática, com a inclusão de importantes métodos que colaboraram para a aprendizagem, ainda que em determinados momentos batesse de frente com políticas de ensino
polêmicas.
Diversas teses e estudos abriram o
debate sobre a aplicação da didática no
ensino, e certamente é imperativo lembrar-se da ciência da epistemologia genética de Piaget, que tenta explicar o desenvolvimento da inteligência, ou ainda a enorme colaboração do cientista didático José Carlos Libâneo, professor do
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC).
“A didática como disciplina e campo de estudo parece acelerar o progresso no sentido de uma autoconsciência
de sua identidade – encontrada em seu
núcleo central – e de sua necessária interdisciplinaridade”, argumenta no artigo A Trajetória Histórica da Didática a
estudiosa Amélia Domingues de Castro, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas
(Unicamp), que também é doutora em
Educação pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP. “Conseguir plenamente
a autonomia, sem prejudicar suas fecundas relações com disciplinas afins,
é um projeto que, a meu ver, depende
tanto de um esforço teórico e reflexivo
quanto de um avanço no campo experimental. Creio que é tarefa para o século 21.”
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 39
Capa
Aprendendo
Crianças e adolescentes participam de pro
40 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
desde cedo
jetos para aprender a importância do voto
Lana Canepa, jornalista da ANEC
Q
uais são as iniciativas que preparam os jovens do século XXI
para serem eleitores conscientes? Como estas gerações lidam
com a responsabilidade e poder de eleger
os próximos representantes políticos?
Em Brasília, vários projetos inovadores
são desenvolvidos pelo Congresso Nacional para envolver crianças e jovens de todo
o país no processo eleitoral e na rotina política. Entre as iniciativas, duas atraem a
atenção dos alunos para o dia a dia de deputados e senadores: “Escola na Câmara” e
“Estágio Visita”. São projetos de visitação,
um mensal e um semanal, respectivamente, onde grupos de estudantes percorrem
os corredores das duas Casas conhecendo
a história do parlamento e do processo político até a formação da democracia brasileira. As visitas, acompanhadas por guias
treinados pelo Congresso, são uma viagem
pelo tempo e pelas obras de arte de reno-
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 41
Elton Bomfim
Elton Bomfim
Câmara Mirim
Câmara Mirim
Alunos do ensino
fundamental fazem o
papel de deputados
mirins e apresentam,
debatem e votam
três projetos de lei
selecionados entre todas
as propostas enviadas
pelas crianças
42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
mados convidados que estão espalhadas
pelo Parlamento.
Quando o assunto é envolvimento político, duas outras iniciativas simulam a rotina
de votações e criação de projetos de lei. No
Plenarinho, o jeito criança de ser cidadão,
podemos citar a Câmara Mirim, para crianças matriculadas em turmas regulares do 5º
a 9º ano do ensino fundamental, e o Parlamento Jovem. Para as crianças, o programa
educativo simula uma sessão ordinária da
Câmara dos Deputados. No dia do evento,
alunos do ensino fundamental fazem o papel de deputados mirins e apresentam, debatem e votam três projetos de lei selecionados entre todas as propostas enviadas pelas
crianças. O evento dura aproximadamente
três horas e é realizado anualmente.
Tudo é acompanhado de perto e divulgado pela Câmara dos Deputados. Para ter
mais informações é só acessar o endereço eletrônico: www.plenarinho.gov.br. No
site, é possível encontrar modelos de projetos de lei e o passo a passo para que a escola participe do processo de seleção.
Professores do ensino fundamental
de todo o Brasil também podem participar. Os interessados recebem oficinas e informações para formular atividades didáticas que contemplam itens como Educa-
Luiz Cruvinel
Luiz Cruvinel
Jovens participam da Câmara Mirim
Presidente Michel Temer com crianças que desempenharão o papel de deputados e deputadas no Programa Câmara Mirim
ção no século XXI; Organização do Estado
Republicano, Democrático e Representativo: os Três Poderes e suas atribuições; Poder Legislativo: o papel da Câmara dos Deputados; Processo Legislativo: aprovação
de um projeto de lei. O programa didático
funciona no ambiente de ensino a distância e utiliza a internet – no caso, o próprio
portal Plenarinho como veículo.
Já o parlamento jovem, voltado para jovens de 16 a 22 anos, tem como forma de
seleção dos participantes a apresentação de
um projeto de lei. As secretarias de educação estaduais escolhem as melhores propostas e os alunos são escolhidos para integrar
um grupo de jovens deputados. Essa é a sétima edição do projeto e, respeitando o critério de proporcionalidade seguido na Câ-
mara Federal, são “eleitos” os representantes
de todas as regiões brasileiras. São 78 cadeiras no total e em algumas situações os projetos apresentados nessa brincadeira viram
coisa séria, são incorporados pelos deputados e tramitam como verdadeiros projetos
de lei no Congresso Nacional. Esse ano, o
tema do projeto é “O Jovem e o Mercado de
Trabalho”. Com base nessa temática, os participantes encaminham os projetos para debate e votação. As sessões de trabalho dos
jovens parlamentares estão marcadas para o
período de 22 a 26 de novembro. Durante os cinco anos de mandato no parlamento
jovem os alunos aprendem brincando sobre
a importância de eleger representantes responsáveis e como o voto pode valer muito
para o futuro da nação.
As secretarias de educação
estaduais escolhem as
melhores propostas e os
alunos são escolhidos
para integrar um grupo de
jovens deputados
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 43
Especial
ANEC em cinco passos:
Conheça os avanços
e conquistas dos
últimos três anos
da associação
44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
A
Prof. Dilnei Lorenzi, secretário executivo; Pe. José Marinoni, diretor-presidente; Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, vice-presidente; e
Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, 2º tesoureiro
Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC)
surgiu da união de três instituições que representavam os pilares da Educação Católica no Brasil. A
missão era desafiadora: reunir em uma
mesma estrutura administrativa as ações
em benefício das associadas da Educação
Básica, Ensino Superior e Mantenedoras,
o que fomentou a criatividade, o planejamento e a competência de atores.
Nos últimos anos foram incontáveis
avanços. Entre eles, a criação e a instalação de seis escritórios regionais que têm
como objetivo aumentar a representatividade das associadas. Hoje, a ANEC
está no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina, Espírito Santo, São Paulo e Rio
de Janeiro, e até o fim deste ano, mais
duas filiadas devem ser criadas. O trabalho nos Estados reproduz o mesmo sistema usado em Brasília, sede da Associação, para aumentar a transparência e eficiência dos serviços prestados. Envolvimento em projetos nacionais e internacionais, bem como o fortalecimento da
imagem da instituição, foram metas da
Associação que se estruturou, adquiriu
força e é considerada como referência da
Educação Católica.
As finalidades da ANEC são: lutar por
uma educação de excelência; representar
a Educação Católica no país, em seus diversos níveis, em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB); e atuar politicamente no interesse de suas associadas junto às diversas instâncias que integram a vida pública nacional.
Nos últimos três anos, muito do que foi
citado entre as finalidades virou realidade. Em uma conversa com o secretário
executivo da ANEC, Dilnei Lorenzi, que
comandou a pasta de maio de 2008 até
setembro de 2010, retomamos parte da
história da Associação, das dificuldades
superadas e soluções que transformaram
a instituição em uma entidade respeitada e muito lembrada quando o assunto é
Educação Católica.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 45
Dilnei Lorenzi, secretário
executivo da ANEC de maio de
2008 a setembro de 2010
46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Quais avanços o senhor considera
mais importantes durante sua gestão
como secretário executivo da ANEC?
Foram muitos avanços. Vários projetos
foram desenvolvidos e saíram do papel.
Nossos eventos já são uma marca respeitada e também reforçamos o trabalho de mediação política na construção
de uma representatividade. Eu acredito
que essa transformação no trabalho da
ANEC pode ser contada em cinco passos. Foi assim que a nossa gestão conseguiu estruturar um cenário favorável
de renovação das forças e estruturação
da imagem da Associação.
O primeiro passo foi a criação de
um identidade para a ANEC. Quando a
ANEC nasceu, as pessoas imaginavam
que seria fácil. Bastava unir as três entidades que já existiam e, naturalmente, as
coisas funcionariam
bem. Mas não foi
exatamente assim.
Faltava uma argamassa para que essa
união não resultasse em uma colcha
de retalhos. Apesar
de serem áreas congruentes – Educação Básica, Ensino
Superior e Mantenedoras –, elas têm
necessidades bem
especificas. Portanto, não foi fácil reunir tudo isso em
uma mesma entidade e prestar serviços de qualidade às
nossas associadas.
O segundo passo foi construir
essa linha mestra de ações entre
os nossos três eixos de trabalho,
ou seja, as áreas de
atuação na educa-
ção. Além disso, precisávamos colocar
essas áreas para se comunicar. A interseção fortaleceu o trabalho das Câmaras da ANEC e os coordenadores tiveram de enfrentar os desafios unidos.
Eu avalio que o resultado foi muito bom, afinal, nossas associadas conhecem bem a equipe. Nossos coordenadores foram às ruas, se colocaram
à disposição e realizaram muitos eventos para congregar interesses e resolver problemas locais.
O terceiro passo, e não menos importante, foi aumentar a prestação de
serviços. Hoje, a ANEC oferece assessoria de gestão, jurídica, administrativa,
política, contábil e pedagógica. Tudo
sem perder o caráter de proximidade,
já que os atendimentos são personalizados para quem nos procura. A meta
era transformar a ANEC em uma propiciadora de serviços, e nós conseguimos.
O quarto desafio foi estruturar
as ações em médio e longo prazos,
ou seja, desenvolver e tirar do papel
uma série de projetos para melhorar
o atendimento às nossas associadas.
Cada área teve um reforço nas ações
estratégicas.
Por fim, o quinto desafio, já superado, foi transformar a ANEC em uma
entidade com força política, representativa e consolidada no cenário educacional. Nós conseguimos em pouco
tempo fortalecer a imagem daqueles
que, junto conosco, trabalham diariamente para que a educação de nossos
jovens seja cada vez melhor.
Foi um trabalho árduo conquistado a partir da superação desses inúmeros desafios. Certamente caminhamos. No entanto, temos de dar passos
ainda maiores. Já somos uma entidade que inspira respeito nacionalmente, com algumas projeções internacionais, junto a algumas instituições
associativas de educação. E cada vez
mais essa importante entidade vai
avançar no sentido da excelência.
Ampla atuação
Representatividade, diálogo e desenvolvimento. Esses foram os conceitos que guiaram a atuação da ANEC nos últimos anos.
Para avançar foi preciso investir. Várias áreas receberam recursos e muitos projetos foram desenvolvidos para aumentar a qualidade dos serviços.
Com a sua atuação ampliada pelos escritórios regionais, consequentemente os
resultados começaram a aparecer rápido. O
retorno das entidades, que passaram a contar com os serviços de atendimento e tiveram mais dinamismo na troca de informações com os coordenadores regionais, foi
muito positivo.
Três temas recebem atenção especial
da ANEC: projetos, eventos e parcerias.
No que tange aos eventos promovidos pela
instituição, a ANEC promoveu, entre outros, o Fórum de Mantenedoras, a Assembleia Ordinária da ANEC e o Congresso
Nacional de Educação Católica – considerado o maior evento do Brasil no segmento. Entre os projetos que mudaram a atuação da entidade estão o Sistema de Avaliação ANEC, Portal Educacional, Portal de
Negócios, Comitê de Gestores Financeiros
e Certificação Digital.
• Projeto de Avaliação ANEC – uma iniciativa da ANEC para aumentar a qualidade da avaliação institucional das entidades e incluir nos critérios do diferencial da Educação Católica. O projeto
foi criado em 2009 e várias associadas
entraram na primeira etapa de avaliações. Os primeiros resultados já foram
apresentados e o grau de aprovação foi
surpreendente.
• Portal Educacional – o portal foi concebido em parceria com várias associadas
da ANEC, entre elas a União Marista do
Brasil, Rede La Salle, Rede Salesiana de
Escolas e Editora FTD. O objetivo principal é oferecer serviços e produtos educacionais diferenciados para a Educação
Católica no Brasil. No entanto, a importância da ação é reunir em torno de um
projeto comum as várias forças das nossas instituições.
À direita, Dilnei Lorenzi durante evento da Anec.
• Portal de Negócios – trata-se de um
ambiente virtual criado pela ANEC,
por meio de parcerias, para otimizar o acesso a bons negócios. A meta
é baratear custos e garantir a qualidade dos serviços oferecidos às associadas. Também é considerada como
uma ferramenta eficaz para aumentar
a oferta de produtos e variedade de
fornecedores.
• Comitê de Gestores Financeiros – criado para projetar os debates sobre boas
práticas de gestão nas entidades associadas à ANEC. O grupo de trabalho se
reuniu várias vezes e os resultados mudaram o cenário na administração de algumas associadas, que puderam se munir de informações de qualidade e que
são receitas de sucesso já extraídas de
instituições da ANEC.
• Certificação Digital – é uma iniciativa em implementação que tem como
proposta amadurecer a função legislativa da ANEC. Em 2011, as instituições
com caráter filantrópico serão obrigadas a dispor de uma certificação digital
para ter acesso a ações do Poder Público
e privado. A ANEC se prepara para fornecer essa certificação digital e minimizar os impactos burocráticos da mudança para as suas associadas.
Parcerias
• Desenvolvimento de softwares – com a
meta de otimizar a gestão das associadas, o caminho foi contar com serviços
para o desenvolvimento de softwares.
Assim, colocamos à disposição das nossas instituições o que há de mais moderno nos processos administrativos para
informatização.
• Consultoria – mais uma ferramenta que
está disponível por meio da ANEC. É a
assessoria e consultoria nas áreas tributária, contábil, administrativa, trabalhista, imobiliária e com ações especializadas em instituições do Terceiro Setor.
• Certificação Digital – produto direcionado aos alunos e instituições. Um simples cartão, conhecido como smart card,
concentra informações acadêmicas e
detalhes sobre a instituição onde o estudante está matriculado. Além de ser usado para acessar espaços físicos da instituição, a ferramenta aumenta o controle na circulação de pessoas e a segurança de alunos, professores e funcionários.
• Seguro educacional – outro serviço voltado para o controle da inadimplência
e evasão das escolas. É um instrumento eficaz para minimizar o risco de responsabilidade civil através de simulação
de retorno sobre investimento na proteInformativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 47
ção financeira escolar. Também investimos na recuperação de crédito das nossas instituições.
Ações temáticas
Cada setor da ANEC tem como responsabilidade aumentar a qualidade dos serviços
prestados. Para isso, várias ações foram desenvolvidas nos últimos três anos. Conheça agora o que cada coordenação da ANEC
tem feito:
Mantenedoras – a coordenação de Mantenedoras teve como principal finalidade ampliar as formas de assessoria oferecida às instituições. O serviço foi personalizado, primando por garantir menores custos e
melhores resultados. Outra ação importante
foi aumentar a visibilidade das instituições
e do trabalho na ANEC, tanto no cenário
nacional quanto no internacional. Uma das
iniciativas foi participar ativamente dos de48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
bates, principalmente em Brasília, junto aos
órgãos governamentais, e também no Congresso Nacional – tudo para garantir informações de qualidade em primeira mão às
associadas. De acordo com o coordenador
dessa área na ANEC, Guinartt Diniz, vários
projetos e parcerias foram fechados para alcançar esses objetivos. Entre as iniciativas
estão os Indicadores da Educação Católica
(criados para medir a qualidade e fazer uma
leitura do cenário no qual a Educação Católica está inserida).
A ANEC desenvolveu uma série de Indicadores Acadêmicos e Financeiros. Os dados foram levantados através do atendimento personalizado da ANEC, e entre as instituições parcerias estão: PUC Minas; PUC/
PR; Filhas de Jesus; e o grupo Bom Jesus;
- Formação do Comitê de Gestores Financeiros das Instituições: a meta é disseminar as boas práticas de gestão;
- Certificação digital: foi criada em função
de toda a legislação que vai passar a vigorar em 2011. As instituições vão ter
de oferecer certificação digital para atuar em determinadas instâncias, governamentais ou não. O objetivo é que a
ANEC seja uma certificadora digital;
- Seguro Educacional: parcerias para garantir custos menores;
- Portal de negócios: criar um ambiente
virtual no qual, as instituições possam
otimizar os seus negócios;
- Fórum de mantenedoras: espaço de debates que tem aumentado a troca de experiências entre as Mantenedoras; entre
outros.
Ensino superior
Na área de Ensino Superior, os avanços também reforçaram a representatividade das associadas. A consolidação da ANEC como
ter científico e reúne autores renomados); a
Revista da Pastoral ANEC (publicação com
a meta de disseminar a produção científica
em torno do tema e as experiências produzidas em nossas instituições); a implantação
do Fórum de Reitores, o Fórum de Pró-Reitores Administrativos e Jurídicos (Forex);
o Fórum de Pró-Reitores de Graduação; o
apoio à consolidação do Fórum de Extensão, que busca a concretização dos cursos
de extensão; o fomento das atividades de
extensão; a divulgação dos eventos sobre a
educação católica que acontecem na América Latina e no mundo.
Além disso, houve avanços como a criação da sinergia entre os movimentos políticos educacionais que acontecem no Brasil
e no exterior, a ampliação da presença junto aos principais organismos que discutem
a Educação Superior, a intensa participação
no marco regulatório das instituições comunitárias, o debate em torno da Lei da Filantropia e sua regulamentação, entre outros.
Gabriel Chalita, membro
da Academia Paulista de
Letras, Dilnei Lorenzi e Giselle
Mazuroski, coordenadora da
ANEC-PR
entidade política reforçou o trabalho das
instituições, que tiveram mais acesso aos diálogos de assuntos nacionais, como o Plano Nacional de Educação (PNE). Além disso, também aumentou o acesso ao Ministério da Educação, às Comissões de Educação
da Câmara dos Deputados e Senado Federal, ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A coordenadora dessa área na ANEC,
Francine Junqueira, conta que os avanços
também incluíram o fortalecimento dos
profissionais com a publicação de trabalhos
científicos. Ela aponta iniciativas como: a
Revista de Educação ANEC (com tiragem
anual de 6 mil exemplares, a revista é um
reforço em torno das publicações com cará-
Educação básica
Ditar um tom na discussão da Educação Básica sempre foi olhado de forma muito simplista. Trata-se da valoração da presença da
educação básica na ANEC, além dos eventos com discussões pontuais das temáticas.
Em 2009, foram cerca de 70 eventos que
reuniram mais de 10 mil pessoas em torno do tema.
Ações que recuperaram e estabeleceram uma identidade que traz a conotação
de produtos e serviços educacionais, não
sendo exclusivamente pastoral. São inúmeros projetos com o objetivo de buscar maior
interação na educação no seu mais amplo
universo, como a implantação do Sistema
de Avaliação ANEC, o diálogo com a Comissão de Educação, a participação no Plano Nacional de Educação (PNE), a presença em audiências públicas nos diferentes órgãos independentes, a interação com
o Conselho Nacional de Educação (CNE),
a participação na Conferência Nacional de
Educação Básica, entre outros.
Também foram criadas ferramentas
fundamentais, como os grupos de traba-
lho para analisar os sistemas de avaliação
institucional em larga escala, o portal educacional, projetos que oferecem serviços e
produtos com a tecnologia educacional,
disponibilizando a assessoria educacional como projeção da identidade da educação básica, rol de consultores que oferecem produtos e serviços na área de educação básica.
No segmento financeiro, a ANEC também tem atuado com propriedade. A associação atuou por meio do sistema de controle e sustentabilidade, gestão estratégica de tomada de decisões, capital de giro e
ações preventivas. Tais ferramentas possibilitaram a tomada de decisão, clareza, transparência, pagamentos com justificativas,
objetivos, infraestrutura tecnológica (tecnologia de redes), Sistema de CRM (organização do gerenciamento) e Portal ANEC (organização de documentos de todas as atividades apresentados no portal).
Comunicação
A credibilidade, transparência e ações da
ANEC sempre estão presentes por meio
dos meios de comunicação instituídos pela
associação.
Considerada essencial no desempenho mútuo de informar, a comunicação da
ANEC fomentou as ações estabelecidas no
Plano de Comunicação. Isso foi possível por
meio do site da associação, produção de revistas e atuação em ferramentas contemporâneas, como o Twitter.
A interação com os veículos de comunicação, encurtando os espaços entre a associação e o público, foi essencial para a consolidação do elo entre notícias e editores.
Além da comunicação externa (organizacional), a ANEC promoveu a informação interna de suas associadas, com o compromisso estrutural de atendimento de qualidade.
Portanto, os últimos anos foram essenciais para estabelecer, fortalecer e praticar a
comunicação, sem se eximir das responsabilidades éticas, do planejamento midiático, das estratégias, conceitos, compreensão
e compromisso de informar com credibilidade, veracidade e qualidade.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 49
Ensino Superior
Curso de
Jornalismo da
Unicap ganha
prêmio
nacional
Tércio Amaral
O
curso de Jornalismo da Unicap vai completar 50 anos
em 2011. Mas os alunos e professores já estão comemorando de forma antecipada. Este ano, além de ter
recebido o Encontro Nacional de Professores de Jornalismo e de ter a professora Ana Veloso indicada pelo presidente
Lula para o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, a comunidade acadêmica da Católica recebeu mais uma boa
notícia. O projeto Vozes da África – A cidadania das mulheres negras pernambucanas nas ondas do rádio, idealizado pelos professores de Jornalismo Ana Veloso, Vlaudimir Salvador e Paulo Nunes
Fradique, e pela professora de Publicidade e Propaganda, Elisa
Barreto, foi agraciado com o prêmio Roquette Pinto.
Foram selecionados 40 projetos em todo o Brasil. Cada produção premiada vai contar com R$ 20 mil em verbas para a
realização dos programas. O projeto da Unicap foi selecionado
na área de rádio-documentário. Essa categoria, este ano, contou
com o maior número de inscrições. Os programas serão veiculados nas emissoras de rádio do governo federal vinculadas à Associação de Rádios Públicas (Arpub). Em Pernambuco, a Católica foi a única instituição de ensino superior selecionada. Outro
projeto classificado no Estado foi o da ONG Diálogos.
50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
A série de documentário radiofônico Vozes da África – A cidadania das mulheres negras pernambucanas nas ondas do rádio terá
seis programas especiais. O formato e as etapas já foram definidos. Entre os destaques estão as trabalhadoras domésticas e as
quilombolas. O primeiro grupo é alvo de campanhas de direitos
trabalhistas e sociais, como a recente do uso de elevadores sociais, e o segundo trata da história de ex-escravas que lutam pelo
direito legítimo à terra, pela cidadania e pelo reconhecimento
histórico-cultural na formação da identidade brasileira.
Entre os idealizadores do projeto, a professora Ana Veloso
mostrou o maior entusiasmo. Foi ela a responsável pela mobilização dentro do curso de Jornalismo. “É importante para a gente
pelo fato de ser mais um esforço para estimularmos nossos alunos para a produção de programas de rádio. São produções que,
infelizmente, não estão em emissoras locais. Mas é bom frisar
que são temas presentes em sala de aula ou em nossa programação acadêmica, a exemplo da Semana de Jornalismo”, afirmou.
A principal característica do projeto premiado é a temática
voltada para o resgate da cidadania de grupos excluídos da grande mídia, como o negro e a mulher. Ana Veloso, que é formada em Jornalismo pela Unicap, se envolveu com projetos sociais
Entre os destaques
estão as trabalhadoras
domésticas e as
quilombolas. O primeiro
grupo é alvo de
campanhas de direitos
trabalhistas e sociais,
como a recente do uso
de elevadores sociais, e o
segundo trata da história
de ex-escravas que lutam
pelo direito legítimo à
terra, pela cidadania e
pelo reconhecimento
histórico-cultural na
formação da identidade
brasileira
desde o início de sua graduação. “Esse trabalho vai ser belíssimo.
A mulher negra faz parte dos agentes sociais considerados invisíveis pela grande mídia brasileira. São programas de interesse
público e importantes para a construção da ética em nossas mídias”, disse a professora, que também é aluna do doutorado em
Comunicação da UFPE.
Comunicação social também é um exercício de coletividade. Essa característica, somada à garra e ao entusiasmo, faz parte
do curso de Jornalismo da Católica. O envolvimento com o projeto foi desde o coordenador do curso, Alexandre Figueirôa, até
professores e técnicos do quadro de funcionários. “A gente contou com o apoio de todos. Temos de agradecer ainda ao técnico do estúdio de rádio, Marcos Cavalcanti. Ele foi uma das pessoas que me mostrou o edital e disse: ‘Vamos nessa’?”, ressaltou
Ana Veloso.
Aliada ao entusiasmo e à dedicação, a experiência de profissionais como Vlaudimir Salvador deu ânimo à iniciativa. Orientador de projetos como O desafio de informar, da jornalista Taís
Paranhos, e agraciado com o prêmio Cristina Tavares, em 2000,
o professor avaliou a premiação como um marco de renovação
do radiojornalismo produzido na Universidade. “Serão progra-
mas veiculados em todo o Brasil. Nesse curto espaço de tempo,
entre o resultado final e divulgação, já falei com alguns alunos e
todos toparam”, disse animado.
Segundo Vlaudimir Salvador, o curso de Jornalismo da Unicap já vem suprindo a carência de produções especiais em Radiojornalismo em Pernambuco. Para ele, desde o fim da década
de 1970 as rádios locais não investem no setor de forma satisfatória. “No Estado foram revelados pelo rádio nomes como Arlete
Sales, Chacrinha e Lucio Mauro. A Unicap tem convênios com
emissoras de rádio do Recife e elas transmitem os trabalhos dos
nossos alunos preenchendo essa lacuna. Temos também a reformulação da Rádio Olinda, que é outra boa notícia”, disse.
Para o professor e ex-chefe do Departamento de Comunicação, Paulo Fradique, o prêmio representa mais um reconhecimento da qualidade do curso de Jornalismo da Católica. “Eu
vejo como mais um estímulo para o curso, que vai completar 50
anos em 2011. Já tive trabalhos que foram selecionados para o
Expocom, do Intercom, e outros também foram premiados no
Estado”, destaca.
A lista dos projetos selecionados está no site da Associação
das Rádios Públicas do Brasil – Arpub (www.arpub.org.br).
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 51
Ensino Superior
Programa da PUC-PR
incentiva alunos para
iniciação científica
O Pibic Jr. é desenvolvido pelo governo federal e estadual, em parceria
com a PUC-PR, em escolas públicas e privadas. Em 2010, já são 70
estudantes que desenvolvem atividades científicas
Camila Castro, assessora de Comunicação da Associação Paranaense de Cultura (APC) / PUC-PR
D
João Borges
espertar a vocação científica, incentivar talentos, estimular o desenvolvimento da atividade científica e favorecer a inserção social
dos alunos do ensino médio na vivência
em ambiente universitário. Essa é a proposta do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Pibic
Jr.), do governo federal, por meio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e do
governo estadual, por meio da Funda-
Coordenadora do Pibic Jr., Cleybe Vieira
52 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
ção Araucária, desenvolvido em parceria
com a Pontíficia Universidade Católica
do Paraná (PUC-PR).
Neste ano, o programa conta com 70
estudantes de seis escolas privadas e de
nove escolas públicas de Curitiba e região
metropolitana que recebem uma bolsa
mensal financiada pelo CNPq/Fundação
Araucária ou pela PUC-PR. Os alunos desenvolvem atividades científicas durante
um ano nas áreas de ciências da vida, humanas e exatas, sob orientação de professores da universidade.
O resultado é o diferencial no currículo e na formação do aluno que, segundo a coordenadora do Pibic Jr., professora Cleybe Vieira, é valorizado no mercado de trabalho, nos programas de pósgraduação e em concursos. “As empresas estão interessadas em profissionais
com habilidades como responsabilidade, persistência, pró-atividade, criatividade, disciplina, raciocínio lógico e crítico, empreendedorismo e comprometimento com a sociedade, além da boa formação técnica e específica. Essas habilidades são desenvolvidas no programa.
Agrega-se a isso a demanda crescente no
mercado para a área de tecnologia e inovação”, avalia a professora.
A aluna do Colégio Internacional de
Curitiba, Nicole Letti, soube aproveitar
essa oportunidade. Após desenvolver
um projeto sobre Direito e Democracia
em 2008, enviou currículo para instituições de ensino superior americanas e foi
aprovada em nove delas. Em agosto, Nicole foi para o Babson College, na cidade
de Wellesley (Massachusetts). “O fato de
eu ter tido contato com iniciação científica dentro de uma universidade contou
muito para a aprovação”, afirma.
Nas instituições de ensino americanas a aprovação do aluno não é feita por
vestibular, como no Brasil. Elas realizam
testes com informações abrangentes,
avaliam currículo, portfólio, interesses,
comprometimento e redação na qual o
estudante se apresenta à faculdade, além
de cartas de recomendação de professores e administradores escolares.
Para cumprir os processos, Nicole afirma que o aprendizado no programa foi
fundamental. “Aprendi a ser mais organi-
Seleção
Para participar do Pibic Jr., os candidatos
passam por uma avaliação que utiliza critérios como interesse, perfil, desempenho
acadêmico e disponibilidade do aluno. Os
aprovados passam por uma segunda seleção feita pelo Comitê Gestor da PUC-PR,
em parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, para alunos da rede pública estadual, e com os coordenadores pedagógicos das escolas privadas de ensino médio.
Os estudantes são acompanhados
por um supervisor da escola de origem,
João Borges
zada, o que ajudou bastante com as cartas que tive de escrever para mandar para
as faculdades. Também havia vários prazos, e o programa me ensinou a seguir datas semelhantes, com as tarefas e o projeto final, por exemplo. Mas o aprendizadochave foi ser mais independente, o que vai
me ajudar tanto na vida acadêmica quanto
na profissional”, conta a aluna, que vai estudar Administração e Marketing.
Assim como Nicole, outros estudantes do Pibic Jr. são incentivados a continuar na área da pesquisa científica. Isso
porque a instituição acredita que a pesquisa é um dos principais meios para
aprimorar a educação e favorecer o desenvolvimento do país. Por isso, “é importante incentivar a pesquisa o quanto
antes, e não apenas na universidade. Por
outro lado, a universidade tem compromisso com a sociedade, buscando interferir e melhorar as condições da comunidade”, acrescenta Cleybe.
Para dar continuidade ao Pibic Jr., os
governos federal e estadual desenvolvem
o programa voltado para alunos da graduação, com participação da PUC-PR há
18 anos. A formação do pesquisador continua no mestrado, doutorado e pós-doutorado. “Nesses programas, valorizam-se
candidatos com iniciação científica porque já possuem conhecimento básico
de metodologia e estão à frente no processo de formação do pesquisador. Têm,
portanto, grande chance de concluírem o
curso com sucesso”, argumenta Cleybe.
A orientadora universitária do Colégio Internacional de Curitiba, Vanessa Benaci, e a aluna Nicole Letti
que procura multiplicar as ações de iniciação científica para os demais alunos
do colégio, afinal, “o aluno bolsista é
considerado ‘Embaixador da Iniciação
Científica’”, diz Cleybe.
Ao término do período da bolsa, os
alunos apresentam os resultados para a
comunidade universitária e para avaliadores do CNPq em evento de iniciação
científica da PUC-PR e na feira de ciências da escola de ensino médio. Nos dias
26 e 27 de outubro, no Campus Curitiba
da universidade, os alunos do Pibic e do
Pibic Jr. participam do 18º Seminário de
Iniciação Científica.
A aluna Nicole foi acompanhada
pela orientadora universitária do Colégio Internacional de Curitiba, professora Vanessa Benaci, e pela professora
de Direito da PUC-PR, Katya Kozicki.
“Algumas pessoas apontam como vantagens a bolsa auxílio e a possibilidade de o aluno avaliar, na prática, a carreira que deseja seguir. Mas o Pibic Jr.
vai além e permite ao estudante desenvolver o perfil de pesquisador, aliando
curiosidade e metodologia para responder perguntas e atender demandas da
sociedade. Aprende que o conhecimento acadêmico visa gerar benefícios para
as pessoas”, avalia Vanessa.
A orientadora do Colégio Internacional defende que a experiência no Pi-
bic Jr. é uma forte aliada na formação
profissional dos estudantes que, ainda
no ensino médio, têm contato com professores universitários. Para ela, o principal reflexo é o amadurecimento do
aluno, que aprende a tomar iniciativas
e a ser independente, questões fundamentais tanto para seus estudos na universidade quanto para seu desempenho
profissional no futuro.
“O Pibic Jr. faz a diferença, inicialmente, na vida acadêmica, porque o aluno vai entrar na universidade com conhecimento dos processos de iniciação
científica, que acontecem paralelamente ao interesse linear da graduação e ultrapassam o mero assistir aulas e fazer
provas. Assim, o estudante do Pibic Jr.
se torna um profissional mais capacitado
no sentido do conhecimento acadêmico
e pessoal”, argumenta Vanessa.
Como participar
Nos colégios privados parceiros da PUCPR no Pibic Jr., os interessados no programa devem procurar os professores
pesquisadores, que orientam para o processo de seleção. Já nos colégios públicos, os estudantes são escolhidos pelo
Núcleo de Educação da Secretaria Estadual de Educação. O colégio que ainda
não for parceiro pode entrar em contato
pelo e-mail: [email protected].
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 53
Vicente Crivellaro
Ensino Superior
Visão Sustentável
Universidade Católica de Brasília investe em campo
de tecnologia social e em projetos de extensão
ecologicamente corretos
Modelo familiar de piscicultura que aproveita a água da chuva, não utiliza ração e auxilia na produção de hortaliças
Thaisa Abreu, assessoria de comunicação
N
as últimas décadas muito tem
se falado sobre sustentabilidade. Mas o que é ser sustentável? É causar o menor impacto
possível ao meio ambiente, conseguindo reconstruir o que foi degradado. Esse
tem sido o desafio de muitas empresas
em todo o mundo, que mostram como é
possível aumentar a rentabilidade sendo
sustentável. Pensando nisso, a Universidade Católica de Brasília (UCB) desenvolve projetos voltados para essa área.
Aproveitar recursos naturais como
solo, água da chuva, energia solar, energia
hidráulica e, no futuro próximo, energia
eólica. Esse é o trabalho do Campo-Escola
de Logística de Subsistência (CELOGS), da
UCB, que tem como essência a preocupação com a sustentabilidade. Segundo Nilo
54 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Mendes, um dos coordenadores, “esse é
um projeto de extensão que promove atividades voltadas para a logística da subsistência com aplicação de tecnologia social,
envolvendo o desenvolvimento sustentável e a justiça social”.
Em julho de 2008, representantes da
Georgetown University, em visita à UCB,
mostraram interesse em firmar parceria
com projetos sobre aplicação de tecnologias sociais. No mesmo ano, o Exército
Brasileiro multiplicou sua experiência na
área. Em março de 2009, a reitoria da Católica implantou o CELOGS no campus
I da universidade, convidando o professor Marcelo Felippes, que desde o início
esteve envolvido no processo, para orientar sua execução. Já nas primeiras fases de
instalação física, os estudantes e a comu-
nidade ligada à universidade motivaram e
cooperaram para a realização do trabalho.
Entre as atividades do CELOGS estão:
o aproveitamento do solo para fabricação
de tijolos; da luz solar para o aquecimento da água; da hidráulica para evitar o consumo de energia elétrica; equipamentos de
baixo custo para desidratação de frutas e
desinfecção de água; e um modelo de captação de água da chuva que colabora para o
manejo da piscicultura familiar (criação de
peixes) com produção de hortaliças como
proposta sustentável de alimento (aquaponia). Difundir conhecimentos para que as
pessoas usem essas atividades em suas próprias casas também faz parte do projeto,
que se estende em todo o Distrito Federal.
Os interessados podem conhecer as
instalações. O projeto recebe diferentes
Projetos de extensão
A preocupação ambiental da UCB não
para por aí. Em meio aos seus projetos
de extensão estão o E-lixo Universitário, também conhecido como Reiniciar,
em que dez alunos da instituição trabalham com a reciclagem de computadores e criam uma solução sustentável para
diminuir o impacto do lixo eletrônico
na instituição. Há também o Projeto de
Educação Ambiental (PEA), que difunde
práticas como coleta seletiva e conservação de energia na instituição.
A ideia do Reiniciar foi desenvolvida pelos professores Sebastião Eustáquio, coordenador do curso de Logística;
Gualeve, coordenador do curso de Gestão da Tecnologia da Informação; e Luiz
Kitajima, coordenador do curso de Gestão Ambiental da UCB. De acordo com
Poliana Nunes
Água quente com a utilização apenas de energia solar no
aquecedor de baixo custo
Ciro Duarte, um dos alunos do projeto,
“o trabalho é realizado com os computadores da Católica. Peças de outras máquinas são reutilizadas e um computador que antes era inutilizado se torna útil
para alguém”. Além disso, as peças que
não tinham valor nenhum e iriam direto para as lixeiras se tornam chaveiros,
colares, porta-caneta, porta-joias, portacartão, e computadores restaurados beneficiam as comunidades educativas que
têm parceria com a UCB.
Já o PEA, que iniciou suas atividades
em agosto de 1999, tem como objetivo
realizar na UCB o uso responsável dos
recursos naturais, o desenvolvimento de
atividades de sensibilização e de mudanças de hábito, além de mudanças instrumentais nas diversas operações diárias
dos processos administrativos.
Segundo Lyvia Giselle Bayma Campos, gestora do PEA, “quem quiser tam-
Thaisa Abreu
Integrantes do projeto E-lixo mostram o que pode ser feito com o lixo digital
Thaisa Abreu
tipos de visitantes, como autoridades,
comitivas, professores, grupos escolares,
entre outros, todos acompanhados por
instrutor.
Crianças do terceiro ano fundamental do Centro Educacional Católico de
Brasília também tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre o aproveitamento dos recursos naturais de uma
forma sustentável, com simplicidade,
baixo custo e fácil aplicabilidade. Segundo Mendes, “desenvolver técnicas com o
objetivo de educar as pessoas para o uso
de recursos naturais para a própria subsistência é importante no momento em
que se vive uma crise ambiental”.
Um dos cursos promovidos pelo
CELOGS este ano foi sobre Captação e
Manejo de Água da Chuva, que contou
com a participação de 23 alunos de diferentes cursos de graduação da UCB. Ele
abordou a importância e a necessidade
do reuso da água, em especial a da chuva,
seus aspectos sobre o sistema de captação, armazenamento, filtragem e seu manejo para a aplicação na piscicultura familiar. Para o próximo semestre, está previsto o curso de Construção Sustentável, que
ensinará a produção de tijolos ecológicos.
Bomba manual de poço construída com material de baixo custo
e não utiliza energia
bém pode ser voluntário no projeto,
mesmo não sendo estudante, apoiando as múltiplas tarefas dos subprojetos,
como a coleta seletiva, a compostagem, a
central de reuso, a conservação de energia elétrica, a racionalização do uso da
água e outros. As inscrições estão sempre abertas, pois novos grupos são constantemente organizados”, disse.
Dentre os materiais recolhidos, que
são reciclados ou reaproveitados, estão
papel, plástico, metal e orgânico, além
de campanhas para arrecadação de PET,
caixas Tetrapak, latas, pilhas e baterias
de celular, sendo que os responsáveis
pela coleta são os catadores da Cooperativa de Materiais Recicláveis – Reciclo.
De acordo com Campos, “para o segundo semestre de 2010 há expectativa
de aquisição de coletores adequados para
salas de aula, laboratórios e escritórios,
para otimizar a coleta seletiva na UCB”.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 55
Divulgação
Ensino Superior
Proequo/UCDB completa
11 anos com benefícios
sociais de saúde e educação
Silvia Tada, assessora de imprensa da UCDB
N
a fazenda-escola da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), as tardes são dedicadas ao aprendizado, à pesquisa, à reabilitação e à esperança. São
as sessões de equoterapia, nas quais cavalos são utilizados no tratamento de
pessoas com necessidades especiais. O
56 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
projeto existe há 11 anos e é responsável pela recuperação e reintegração social de diversos pacientes, em sua maioria, crianças com paralisia cerebral ou
alguma deficiência motora, além de hiperativos e adultos que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). Mais
de 5,9 mil pessoas já foram atendidas
no Programa de Equoterapia da UCDB
(Proequo/UCDB).
O trabalho é desenvolvido sob a coordenação da professora Dra. Heloísa
Bruna Grubits Freire, com o auxílio de
duas colaboradoras: a terapeuta ocupacional Maria Glauce Sandim Motti e a fisioterapeuta Kellen Christien Kamiya.
Histórico
O Proequo/UCDB foi instituído no dia 13
de março de 1999, idealizado pela psicóloga e professora Heloisa Bruna Grubits Freire, pelo psicólogo Carlos Henrique Silva e pelo fisioterapeuta Paulo Renato de Andrade, quando perceberam os
resultados positivos da tese de doutorado da psicóloga, que tinha como tema a
equoterapia com crianças autistas.
A UCDB apoiou a ideia e foi pioneira em instituir o Proequo, sempre procurando aliar o ensino, a pesquisa e a extensão com a participação de docentes
e acadêmicos das áreas de saúde, edu-
cação e ciências agrárias. Todo o trabalho é feito gratuitamente, de maneira
multidisciplinar.
“Quando a criança ou o adulto monta,
tem de manter o corpo ereto, o que fortalece a musculatura e lhe dá mais equilíbrio. Para fazer o cavalo andar, estimulamos o paciente a fazer barulho com a
língua, a mexer a boca. Pedimos para alcançar determinado objeto ou mesmo
o incentivamos a contar, seguir uma sequência numérica. Além disso, há a questão da afetividade, já que desenvolvem
um sentimento de amizade com os animais e com os instrutores”, conta Heloísa.
Os benefícios são físicos e psíquicos
em pessoas com lesão neuromotora (cerebral ou medular), deficiências sensoriais (áudio-fono-visual), distúrbios evolutivos ou comportamentais e patologias
ortopédicas (congênitas ou acidentais).
Para os acadêmicos, participar do
Proequo é uma oportunidade de ter contato com pacientes, mesmo nos primeiros semestres dos cursos, o que pode
render trabalhos de conclusão de curso (TCCs) e outros projetos de pesquisa, incluindo o Programa de Iniciação
Científica (Pibic) e o mestrado em Psi-
cologia. Além de se familiarizar e lidar
com os pacientes, os alunos aprendem a
vê-los de maneira ampla, graças à equipe
multidisciplinar.
“Fui extensionista, bolsista e me formei. Depois, fui convidada a trabalhar
na UCDB”, afirmou Glauce Motti. Esse
mesmo caminho foi seguido por Kellen
Kamiya e ambas auxiliam os acadêmicos a desenvolverem as atividades com
os pacientes. Atualmente, a mestranda
em Psicologia da UCDB, Camila Spengler Escobar, desenvolve dissertação tendo como tema a equoterapia com crianças e adolescentes hiperativos.
Os resultados obtidos já alcançaram
repercussão nacional e internacional e,
hoje, o mestrado em Psicologia, em parceria com o Programa de Equoterapia da
UCDB, são referências em pesquisas sobre o referido recurso terapêutico.
O programa engloba três áreas de
pesquisa e intervenção (Psicologia, Neurofisiologia e Educação) inseridas no
eixo temático Qualidade de Vida: Saúde
Integral e Ambiente, no qual atuam as
três linhas de pesquisa: saúde mental; reabilitação e habilitação funcional; e preservação e reintegração psicofísica.
Silvia Tada
Dezenas de acadêmicos dos cursos de
Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Medicina Veterinária, Zootecnia, Educação Física, Enfermagem, Serviço Social
e Pedagogia participam da equoterapia
como extensionistas. O programa é ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos
Comunitários (Proex) e é uma das linhas
de pesquisa do Programa de Pós-Graduação e Mestrado em Psicologia da UCDB.
De acordo com a coordenadora, o
objetivo é proporcionar benefícios físicos e psíquicos a pessoas portadoras de
deficiências ou com necessidades especiais, principalmente àqueles que não
têm acesso a esse tipo de terapia devido
ao alto custo das sessões. “A equoterapia
é um tratamento de reeducação e reabilitação motora e mental por meio da prática de atividades equestres e técnicas de
equitação. Pode-se dizer também que é
um método terapêutico que utiliza o cavalo como motivador para proporcionar
aos praticantes ganhos físicos e psicológicos”, detalhou Heloísa Grubits.
Crianças, adolescentes e adultos – todos pacientes encaminhados pela clínica-escola da UCDB ou por instituições
parceiras, como a Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (Apae), a Associação de Pais e Amigos dos Autistas
(AMA) e o Centro de Atendimento ao
Deficiente Auditivo (Ceada), podem participar das sessões.
Adultos também são atendidos pelo projeto de Equoterapia da UCDB e fazem movimentos de fortalecimento muscular
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 57
Divulgação / PROEX
Toda terça-feira, Giovanna
Silva dos Santos, de 7 anos,
aguarda ansiosa pelo
momento de reencontrar os
extensionistas e os cavalos.
Ela participa das sessões
há cerca de três anos e,
segundo sua mãe, Sirlene
Silva dos Santos, ganhou
mais firmeza no tronco e
consegue caminhar sozinha
Acadêmicos extensionistas passam por treinamentos
Atendimentos
O Proequo/UCDB tem capacidade de
atender 70 pessoas portadoras de necessidades especiais e oferece vagas para estágio a 60 extensionistas. O atendimento a cada paciente ocorre uma vez por semana, em sessões de 30 minutos. O Proequo é conveniado e filiado à Associação
Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil). O
convênio permite a divulgação nacional
do modelo de atendimento realizado na
UCDB e incentiva a implantação de vários
serviços com características semelhantes,
beneficiando cada vez mais pessoas.
“Como projeto de extensão, o Proequo oferece um serviço à comunidade, principalmente às pessoas carentes
de recursos financeiros, possibilitando o
acesso a um tipo de atendimento de custo alto e que envolve muitos profissionais para alcançar resultados adequados.
Em 2009, o programa beneficiou 60 pessoas e contou com 55 acadêmicos, além
da participação de alunos do mestrado
em Psicologia. Neste ano, ampliamos
para 70 vagas”, destacou Heloísa.
Durante os 11 anos de funcionamento do Proequo já foram apresentados
mais de 40 trabalhos em congressos na-
58 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
cionais e internacionais, com publicações
de resumos, resumos expandidos e trabalhos completos, um livro sobre equoterapia, participação em palestras e mesas redondas, monografias, trabalhos de iniciação científica e convites para participação
em comitês científicos de congressos nacionais e internacionais, além de ter sido
criado o grupo de pesquisa Equoterapia –
Teoria e Técnica, ligado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
Benefícios
Em 2007, o aposentado Alcides Martins
dos Santos sofreu dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e dois infartos.
Teve parte do corpo paralisada e grande parte dos movimentos de pernas e
braços ficou comprometida. Começou,
então, na Clínica-Escola UCDB, uma
longa luta para recuperar a mobilidade,
com sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e
hidroginástica.
“Não conseguia segurar os talheres
para comer”, relembra Alcides. No mês
de maio deste ano, ele foi à primeira sessão de equoterapia. “Estou muito con-
tente com o resultado. Já noto que meu
equilíbrio melhorou. Há oito anos não
montava a cavalo – só fiz isso na época em que trabalhava no campo e meu
pai tinha fazenda. O passo do animal nos
ajuda a relembrar o nosso próprio caminhar”, explicou. Atualmente, o paciente anda com o auxílio de bengala. Ele é
um dos exemplos daqueles que se dirigem todas as semanas à fazenda-escola
da UCDB, assim como muitas mães que
levam seus filhos para as atividades do
Proequo/UCDB.
Toda terça-feira, Giovanna Silva dos
Santos, de 7 anos, aguarda ansiosa pelo
momento de reencontrar os extensionistas e os cavalos. Ela participa das sessões há cerca de três anos e, segundo sua
mãe, Sirlene Silva dos Santos, ganhou
mais firmeza no tronco e consegue caminhar sozinha. “Toda semana ela fica
ansiosa para vir para a UCDB. Não tem
medo de cair e se diverte muito”, comentou a mãe.
Marta Mendes de Souza é mãe de Leonardo, de 12 anos, que é outro paciente
do Proequo. “Uma das melhorias que notei foi na fala. Hoje ele consegue pronunciar frases inteiras”, afirmou Marta.
Ensino Superior
Professor doutor
Fábio do Prado é o
novo reitor da FEI
Assessoria de Imprensa da FEI
O
professor doutor Fábio do
Prado foi nomeado, no dia
15 de junho, o novo reitor
do Centro Universitário da
Fundação Educacional Inaciana (FEI),
substituindo professor doutor Marcio
Rillo, que faleceu dia 24 de maio deste ano. Aos 44 anos, o físico Fábio do
Prado ocupava a vice-reitoria de Ensino e Pesquisa da FEI desde 2002. Para
o seu cargo, a Fundação Educacional
Inaciana Pe. Saboia de Medeiros nomeou o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello. A vice-reitoria de Extensão e Atividades Comunitárias da
FEI continua sob responsabilidade da
professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino.
Fábio do Prado é bacharel licenciado em Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestre em Ciência
pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 1990, pertence ao corpo docente da FEI, tendo
chefiado o departamento de Física no
período de 1998 a 2001.
Professor colaborador da Universidade de Taubaté de 1995 a 2001, período em que participou da reestruturação das atividades práticas do laboratório de Física, Fábio do Prado é pesquisador licenciado do Inpe, onde desenvolveu trabalho científico no grupo
de pesquisa básica em plasma no Laboratório Associado de Plasma (LAP).
Possui diversas publicações em anais
de congressos e periódicos internacionais na área de “instabilidades geradas por interação de feixe de elétrons e
plasma quiescente”. É membro da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e da
Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (Abenge). Pertence ao quadro
de especialistas do Conselho Estadual
de Educação para avaliação de cursos
de Física.
Vice-reitores
Engenheiro eletricista formado pela
FEI em 1993, o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello é mestre em Microeletrônica pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (EPUSP) e
doutor em Engenharia Elétrica Micro-
eletrônica também pela EPUSP. É pesquisador do Laboratório de Sistemas
Integráveis, com diversos trabalhos publicados em congressos no Brasil e exterior. Marcelo permanece também na
coordenação do Programa de Mestrado
em Engenharia Elétrica da FEI.
A professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias da
FEI, é graduada em Engenharia Química pela instituição, é mestra e doutora em Físico-Química pelo Instituto de Química da Universidade de São
Paulo (USP). Pertence ao corpo docente da FEI desde 1992, tendo chefiado
o departamento de Engenharia Química de 1999 a 2002. Participou do lançamento do veículo Espacial VS-30,
no Centro de Lançamento de Alcântara, Maranhão; do experimento em biotecnologia, “Estudo de Estabilidade de
Diferentes Formulações de Emulsão,
Água e Óleo, Compatíveis com Enzimas e de Comportamento Conhecido”,
em 1999; e possui diversas publicações em anais de congressos e periódicos. É membro da Abenge.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 59
Ensino Superior
Sustentabilidade
na construção civil
Projetos desenvolvidos por alunos da área demonstram a crescente
importância que o tema ganha no universo acadêmico
Fernando Ávila, jornalista PUC Minas
A
proposta foi aproveitar algum
resíduo doméstico para ser utilizado como material na construção civil. Quando lançou a
ideia em sala de aula, o professor João
Batista de Assis, coordenador do curso
de Engenharia Civil do campus Coração Eucarístico, não imaginava que alunos da disciplina Materiais de Construção Civil pudessem arrumar uma nova
utilização para um dos materiais que
mais poluem o meio ambiente: as garrafas PET. “Fiquei surpreso e incentivei”,
conta o professor.
O estudo demonstrou que o material pode ser utilizado no assentamento
de tijolos, em substituição à argamassa
tradicional. “Todas as vezes que se utiliza um produto que já foi usado, está
se contribuindo para o meio ambiente”,
observa Assis, que disse ter conhecimento da utilização do PET apenas como
substituto do tijolo.
Inserida nos cursos do Instituto Politécnico (Ipuc) da universidade, a temática da sustentabilidade é uma preocupação recente das engenharias – entre elas,
a Civil –, que ganhou força no início dos
anos 1980 e cresce a cada dia nos universos acadêmico, social e empresarial.
Nos cursos do instituto, o assunto é tra-
60 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
balhado dentro de diversas disciplinas,
em projetos de iniciação científica e em
parceria com o setor industrial. “Se antes a preocupação era puramente tecnológica, hoje temos o tecnológico convivendo com o ser humano”, afirma o diretor do Ipuc, professor Janes Landre Júnior. Para ele, o que motivou essa mudança de mentalidade foi a divulgação,
em larga escala, de informações e dados
que demonstram a situação degradante em que se encontra o meio ambiente.
“Fica-se mais sensível diante dessa situação”, ressalta.
A sustentabilidade, explica Landre,
está relacionada à utilização dos recursos
naturais de forma racional, de modo a deixar um “ambiente que seja passível de ser
vivido” pelas futuras gerações. “Devemos
criar um mundo que se possa deixar para
as pessoas que estão vindo”, pontua. Para
ele, o impacto ambiental causado pelas
atividades desenvolvidas nas várias áreas
da engenharia se dá de maneira igualitária.
“O que pode diferenciar é a forma como
o leigo enxerga isso”, argumenta o professor, referindo-se ao fato de que algumas
delas estão mais próximas do cidadão comum, como a Engenharia Civil, que executa obras como edifícios, pontes, viadutos, estradas, barragens, entre outras.
Marta Carneiro
O processo de industrialização e o desenvolvimento tecnológico aliados à corrida desenfreada pelo lucro vêm causando impacto significativo no meio ambiente, de acordo com Landre. “Com isso, começa-se a perceber que o que antes era
farto e barato passa a ser de custo mais
elevado, por causa da escassez de recursos e maior dificuldade de extração”, expõe. Por esse motivo, defende: “precisamos buscar soluções para minimizar o
impacto financeiro e na natureza”. Uma das formas de se reverter o atual quadro de degradação, segundo o diretor do Ipuc, é por meio da formação
acadêmica de qualidade. “O olhar atento para a sustentabilidade é o que vai diferenciar o novo engenheiro no mercado de trabalho”, conta. Outro fator seria
uma maior disseminação de informações
sobre o tema. “A partir do momento que
o professor se torna sensível aos problemas ambientais, ele também vai transmitir isso na sala de aula”, afirma.
Energia solar
Assim como as garrafas de plástico,
que são recicláveis, as latas de alumínio e o vidro, entre outros materiais,
também ganharam nova utilidade em
um projeto desenvolvido por alunos
do curso de Engenharia Civil do campus Poços de Caldas. Trata-se de um
aquecedor de água à base de energia
solar, feito prioritariamente com material reaproveitável, destinado à população de baixa renda. “Poucas famílias usam o coletor solar porque o
custo de implementação é alto. Nossa
ideia foi desenvolver um equipamento barato que as pessoas pudessem adquirir por um custo baixo ou fazer sozinhas”, conta a professora Ana Paula
Brescancini Rabelo, uma das coordenadoras do trabalho.
O projeto, que teve início em 2007,
ainda está em andamento e já apresentou bons resultados, como o aquecimen-
O professor João Batista de Assis (ao fundo), coordenador do Curso de Engenharia Civil, com os alunos Amanda Lanes,
José Eduardo e Jeferson Marçal
to adequado da temperatura da água,
chegando a mais de 50ºC.
Em projetos como esse, os desafios
são muitos. João Batista de Assis, orientador do trabalho que substitui a argamassa por garrafas PET no assentamento de tijolos, cita algumas das dificuldades: definir o ponto ideal de derretimento do plástico e conseguir fontes de
financiamento externo. Também é preciso vencer a barreira da cultura habitual, acostumada à argamassa tradicional,
e a mudança de mentalidade, para que
os profissionais possam entender os benefícios para o meio ambiente. Para se
ter uma ideia, o último censo realizado
pela Associação Brasileira da Indústria
do PET (Abipet) aponta que a indústria produziu, em 2008, 462 mil toneladas de garrafas. Desse montante, 54,8%
é reciclado. “Acreditamos que o projeto
seja de grande importância sustentável
e viável economicamente”, afirma. Além do PET, resíduos de empresas
também vêm sendo testados no curso de
Engenharia Civil do Coração Eucarístico como substitutos na produção da argamassa, entre eles o pó de vidro e o de ar-
dósia, no lugar de parte do cimento. Rejeito de alto forno da indústria siderúrgica também pode ser utilizado não só como
parte do cimento, mas também como agregado, em substituição à areia, por exemplo. O trabalho é coordenado pela professora Joana Darc da Silva Pinto, juntamente
com seis alunos, com o objetivo de avaliar
o desempenho de argamassas confeccionadas com esse tipo de material. “Com isso,
minimiza-se o impacto ambiental, aliandose ciência, tecnologia e sustentabilidade”,
avalia. O trabalho recebeu menção honrosa no Seminário de Iniciação Científica da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
em 2007, 2008 e 2009.
Garrafa PET
O material pode ser utilizado no assentamento de tijolos, em substituição à argamassa tradicional.
Vidro e alumínio
Em um aquecedor à base de energia solar, o vidro é utilizado para reter o calor
gerado pelo sistema, e as latas de alumínio, para o aquecimento da água antes
de chegar à caixa d’água.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 61
Ensino Superior
O futebol como
agente social
Programa Esporte Integral promove o
II Festival de Futebol de Rua
Samantha Gonçalves, assessora de comunicação
O
paixão pelo esporte. Na Unisinos, também tem futebol de rua.
No dia 24 de junho, o Programa Esporte Integral (PEI) realizou no complexo esportivo o II Festival de Futebol de
Rua. O evento contou com a participação
de crianças de 7 a 18 anos, animadoras
de torcida, balões, música e gente descontraída. Meninos e meninas jogaram
juntos, sem árbitros, com mediadores.
Maurício Montano
futebol de rua não é mais
como lembrar da infância,
quando os meninos jogavam
futebol nas praças, parques
e ruas. Hoje, essa modalidade ganhou
nova roupagem e tornou-se uma tendência organizada de entretenimento.
No Brasil, existe uma ONG chamada
Craques por Natureza, que representa o jogador de futebol ressaltando a
Jogo do II Festival de Futebol de Rua
62 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
“Chamamos de festival para ficar
mais atrativo que torneio. O objetivo
aqui não é ganhar, mas participar. Nesse jogo não ganha apenas o time que faz
mais gols, mas quem melhor cumprir as
regras estipuladas. Muitas coisas valem
ponto. Os alunos é que criam essas regras antes que o jogo comece”, disse o
coordenador do projeto Augusto Dotto.
Além de divertir e incentivar a prática do esporte, o festival serve também
para integrar e incluir as crianças dos
dois núcleos de atendimento do PEI:
a Associação Atlética Banco do Brasil
(AABB) e a Unisinos. Essa celebração ao
futebol é importante para os participantes do programa.
“Esse evento acontece sistematicamente e faz parte da metodologia do PEI.
É essencial para promover a integração
de todos que participam”, ressalta Klayne Abrão, psicóloga do projeto.
O projeto surgiu com a missão de
promover a inclusão social, destacando
a importância da prática para os atletas e
adeptos do futebol por meio de ações sociais e educacionais.
Ensino Superior
Direito e Ciências Biológicas
promovem sustentabilidade
Patrícia de Cássia Oliveira e Gilliane Correia Wichello
O
tema sustentabilidade vem sendo tratado nas mais diversas
áreas de conhecimento. O consumo incontrolável dos recursos naturais e minerais deixa o futuro
em dúvida. Por isso, é necessário pensar
e discutir a sustentabilidade em todos
os setores. No dia 7 de junho, o assunto foi abordado no Centro Universitário
São Camilo (ES) por meio da conferência
Sustentabilidade: um amanhã desenhado a partir de agora, promovida pelos
cursos de Direito e Ciências Biológicas.
O evento foi realizado em comemoração ao dia do meio ambiente, comemorado em 5 de junho, e abordou os temas: o espírito cooperativo como pressuposto de sustentabilidade, ministra-
Conferência Sustentabilidade: um amanhã desenhado a partir de agora
do pelo coordenador do curso de Direito, prof. Dr. Sc. José Eduardo Miranda;
e meio ambiente e direitos humanos: a
inserção do licenciamento ambiental,
apresentado pelo prof. Edson de Oliveira Braga, advogado e presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Ambiental e
Cooperativa. Além das palestras, o prof.
Helimar Rabelo, do curso de Ciências
Biológicas, ofereceu um estudo de caso
sobre as ações ambientais desenvolvidas
pela Companhia de Alimentos Uniaves.
Em análise ao resultado da proposta, a coordenadora do curso de Ciências Biológicas, profª mestre em Ciências Marilene
Dilem, manifestou que a sustentabilidade é um tema totalmente interdisciplinar
que tanto possibilitou a integração entre
os dois cursos como “está integrada em
todas as disciplinas do conhecimento”.
Já o prof. Dr. em Ciências Sociais, José
Eduardo, foi enfático ao assinalar que essa
união é fundamental, pois “não estamos
trabalhando com formação jurídica de
forma engessada, mas viabilizando a formação do profissional para o mundo”.
A promoção de eventos em parceria é
uma proposta da Diretoria de Ensino, que
busca a conexão entre os cursos, viabilizando a transversalidade da informação.
Para o diretor de ensino do Centro Universitário São Camilo, prof. Marcos Oliveira Athayde, “o Centro Universitário tem se
mostrar como um ambiente universitário,
e os acadêmicos têm que se comunicar.
Com certeza outras propostas de parceria
ocorrerão no decorrer do ano”.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 63
Educação Básica
Entrevista com o
Irmão Nery FSC
Angelina Acceta Rojas, Unilasalle
Informativa – O senhor poderia dar
algumas informações sobre sua vida
para os nossos leitores?
Meu nome é Israel José Nery. Sou de
uma família numerosa, de Machado,
Minas Gerais. Meus pais tiveram 20 filhos. Somos agora 15. Fui aluno dos Irmãos das Escolas Cristãs, em minha cidade natal e, encantado pelo estilo de
vida e missão deles, decidi ser Irmão,
no seguimento de Jesus, segundo a proposta de São João Batista de La Salle.
Fiz meus estudos em Roma, na Universidade Lateranense, e me especializei
em catequética.
E o senhor nunca desejou ser padre?
Não. São os mistérios da vida e, na ótica da fé, os mistérios da vocação. Sempre me senti bem como religioso Irmão
e, aos poucos, percebi ser uma vocação completa em si mesma para o homem, portanto, sem necessitar o presbiterato. Muitas vezes parentes, ami64 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
gos, presbíteros e bispos me questionaram, já que tenho os mesmos estudos de um presbítero. Mas minhas
convicções sempre me levaram a confirmar que escolhi a melhor opção para
mim e para minha missão na Igreja e
no mundo. Além do mais, é importante que haja na Igreja essa modalidade
de seguir radicalmente Jesus e divulgála para que os jovens a tenham diante
de si como uma opção vocacional importante e realizadora.
E gente tem sentimento, relação consigo, com os outros, com a natureza e
com Deus. Gente busca sentido para a
vida e o mundo. La Salle, o padroeiro
dos educadores, elaborou uma teologia
da educação e trabalhou a escola como
uma comunidade humana e cristã, no
sentido de ser uma privilegiada mediação para ajudar a formar pessoas a partir dos valores cristãos em vista de fortalecer a Igreja e cooperar, em nome da
fé, com a construção da sociedade.
O senhor pertence a uma Congregação
totalmente voltada para a educação e
que privilegia a escola. A partir de sua
experiência e reflexão, o que tem a
nos dizer sobre a educação hoje?
Estive envolvido diretamente com
sala de aula e coordenação por muitos anos. Para mim, educação é muito mais que ensino, no sentido acadêmico. Cada vez mais o conhecimento está disponível em muitas mediações tecnológicas. Estamos consolidando a sociedade do conhecimento.
Entretanto, o ser humano não é um
robô, precisa ser tratado como gente.
Mas o senhor se especializou em catequese e dedica muito tempo a assessorias e a escrever...
Sim. Minha Congregação investiu em
mim e sempre respeitou o caminho
que assumi: teologia, pastoral, catequese. Com isso, fui me aprofundando nesses campos, mas a partir da ótica
de religioso Irmão educador Lassalista.
Quanto às minhas obras, são mais de
55 livros, alguma coisa em CD e DVD
e muitos artigos. São dons e muitas
possibilidades aproveitadas para melhor servir. As assessorias estão ligadas à educação, catequese e vida reli-
giosa consagrada. O fato de ter tido na
praça 11 livros de Catequese na década de 70 e 80, ter trabalhado na CNBB
como assessor nacional de catequese e
de Educação e ter sido vice-presidente
da Confederação Latinoamericana de
Religiosos (CLAR) me possibilitou um
vasto campo de estudos e experiência.
Só tenho a agradecer a Deus, à Igreja e
à minha Congregação.
E sobre a escola católica hoje, o que o
senhor tem a nos dizer?
Temos o amparo legal para a escola confessional e há espaço para nós na sociedade. Existe hoje uma pluralidade enorme de escolas à disposição da capacidade de escolha das famílias e dos alunos.
A pergunta é: quais são os diferenciais
que apresentamos? Jesus diz que se o
sal perder seu sabor não servirá para
nada. Será que não estamos nivelando
nossas escolas católicas às escolas secularizadas, voltadas excessivamente para
o acadêmico, o passar no vestibular, o
êxito na profissão? É evidente que toda
escola católica tem de ser primeiramente uma excelente escola, mas ela possui um diferencial e necessita dar-lhe
a devida atenção. O projeto educativo,
os professores e demais funcionários da
escola católica, assim como os pais e os
alunos, precisam saber e cooperar realmente para que a verdadeira finalidade
de uma escola católica aconteça. Além
disso, deveríamos ser uma rede de escolas da Igreja, com destaque para o testemunho da união. Infelizmente, isso não
acontece e continuamos sendo ilhas. E
a rede deveria ter uma forte equipe de
reflexão a partir da realidade para propor caminhos mais adequados à escola católica face aos desafios do mundo
de hoje. A ANEC tem aqui uma missão
fundamental.
Uma mensagem final para nossos
leitores?
Primeiro agradeçamos a Deus o fato de
que ser educador/a segundo o evange-
lho é uma vocação – missão de grande
valor na Igreja e na sociedade. La Salle colocou o/a professor/a na categoria
de ministério: “no emprego que exerceis vós sois ministros de Jesus Cristo”.
Isso requer uma espiritualidade específica e mística. Em segundo lugar, investir muito mais na formação de professores/as a partir da fé cristã, isto
é, como profissionais que têm a missão de evangelizar o mundo da educação e através do mundo da educação. Em terceiro lugar cooperar para
que, de fato, aceleremos a concretização da parceria e união entre todas as
escolas católicas para sermos uma rede
que testemunhe a unidade e favoreça
tanto a qualidade do que somos e fazemos como a atenção preferencial aos
que mais precisam da nossa vocação e
missão, os pobres.
O projeto educativo, os professores e
demais funcionários da escola católica,
assim como os pais e os alunos, precisam
saber e cooperar realmente para que
a verdadeira finalidade de uma escola
católica aconteça
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 65
Educação Básica
Educação sem fronteiras
Prof. Ms. Hércules Pereira, presidente do Grupo Educacional Signorelli
O
Grupo Educacional Signorelli
tem como valores fundamentais o pioneirismo, a excelência
e a internacionalização. Formado pela Faculdade Internacional Signorelli, Colégio Internacional Signorelli e
Instituto de Gestão Educacional, o grupo atua de maneira inovadora, implementando projetos educacionais de âmbito internacional que visam transformar
seus alunos em “cidadãos do mundo”.
A Faculdade Internacional Signorelli, autorizada pelo Ministério da Edu-
66 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
cação em 2009, obteve notas máximas
nos cursos que oferece: Administração
e Pedagogia. Possui modernas instalações, com salas de aula climatizadas, datashow, laboratórios de informática e biblioteca multimídia.
A instituição é formada por uma
equipe qualificada que busca constantemente o aprimoramento acadêmico, apresentando a internacionalização como um de seus mais importantes diferenciais. Oferece programa
de intercâmbio internacional, possibi-
litando que os alunos façam viagens
culturais e participem do Programa
de Mobilidade Acadêmica, por meio
do qual estudam um semestre na Universidad Nacional de Cuyo de Mendoza
(Argentina) e, quando retornam, obtêm a equivalência e o aproveitamento das matérias cursadas. A faculdade também está sendo inserida em um
projeto de dupla titulação com a referida universidade.
Somando-se a isso, a Faculdade Internacional Signorelli destaca-se por
No colégio são
desenvolvidas atividades
de intercâmbio estudantil,
proporcionando aos alunos
não somente a vivência de
outra cultura, a convivência
com outros povos e o
aprimoramento do idioma,
mas uma experiência
enriquecedora do ponto de
vista humano
uma série de benefícios que oferece:
plataforma educacional com funcionalidades de chat, fóruns, mural, calendário, biblioteca virtual, secretaria virtual
e web aulas; guias de estudo com material didático para cada disciplina; sistema de avaliação com provas no modelo do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade); atividades
complementares semanais com palestras, oficinas e seminários; Núcleo de
Atendimento da Fundação Mudes; revista científica internacional em educação a distância; empresa júnior; convênio com o Conselho Regional de Administração (CRA); programas de nivelamento; programas de iniciação científica; cursos de extensão etc.
O Colégio Internacional Signorelli é alicerçado na tradição de ensino e pesquisa. É no colégio que acontece a aplicação da Faculdade Internacional Signorelli para os estudantes do
curso de formação de professores das
séries iniciais.
O colégio é bilíngue (português e
espanhol), o que reforça o princípio de
internacionalização. Também no colégio são desenvolvidas atividades de in-
tercâmbio estudantil, proporcionando
aos alunos não somente a vivência de
outra cultura, a convivência com outros povos e o aprimoramento do idioma, mas uma experiência enriquecedora do ponto de vista humano.
Seja qual for o país escolhido, algumas vantagens vão além do acadêmico: o desenvolvimento psicológico,
a autoconfiança, o amadurecimento,
a independência e a capacidade de se
relacionar respeitando as diferenças.
Aliados a esse grande diferencial
estão outros pontos que fazem do colégio um modelo para a região: orientação católica; aulas de ensino religioso para o 1º ao 9º ano do ensino fundamental; proposta pedagógica seguindo
a filosofia de Santo Agostinho; parceria
família-escola; atividades culturais e
excursões pedagógicas; web aulas; tecnologia; e modernas instalações.
Estrategicamente localizado na
Freguesia, em Jacarepaguá, o Grupo
Educacional Signorelli também atua
de forma significativa na educação a
distância, por meio de parcerias com
outras instituições de ensino: mais de
160 polos e 13 mil alunos no Brasil.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 67
Educação Básica
Contextura: novos tempos,
olhares e saberes
Contextura é a expressão de um novo jeito de viver a educação na
rotina escolar
Rozecler Bugs, assessora de comunicação
P
ara desafios como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
e a possível mudança do ensino
médio, que propõe conteúdos
agrupados por áreas de conhecimento,
o Instituto Marista Graças, em Viamão
(RS), investiu na inovação da metodologia e dos espaços de aprendizagem. As
aulas são ministradas com base nas quatro grandes áreas do saber sobre as quais
se estruturam o Enem: linguagem e códigos, matemática, ciências da natureza
e ciências humanas.
Parede decorada por iniciativa do Projeto Contextura
68 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
O Projeto Contextura propõe novas formas de ensinar e aprender. A mediação na construção do conhecimento
é desenvolvida com uma proposta metodológica que promove o despertar da
curiosidade, a criatividade e o desejo de
aprender por meio da articulação de temáticas e conteúdos das diversas áreas
do conhecimento.
Essa metodologia inédita de ensino foi
implantada em 2009 na 3ª série do ensino médio e ampliada em 2010. Neste ano
letivo, todas as turmas do ensino médio
e a 5ª série do ensino fundamental estão
trabalhando com o projeto Contextura.
Nos primeiros passos da aprendizagem, a
1ª série do ensino fundamental também
recebeu o projeto Contexturinha.
A Província Marista do Rio Grande
do Sul realizou um forte investimento
pedagógico na implantação do Contextura, em 2009, e vem repetindo o feito
este ano no aperfeiçoamento do projeto,
o qual já deu provas de que veio para ficar e, a cada ano, ser ampliado em todas
as suas dimensões. Da mesma forma, a
parceria entre escola e famílias vem garantindo o sucesso do projeto.
Transformação
Para colocar essa nova metodologia em
prática, uma das iniciativas foi a transformação dos laboratórios de Física,
Química e Biologia, da sala de projeção,
de todas as salas de aula do ensino médio e da 1ª e da 5ª série do ensino fundamental, bem como as paredes dos corredores e das áreas de uso comum. Todos esses ambientes receberam inúmeras imagens: fotografias, fórmulas, obras
de arte, textos literários, poesias, formas
geométricas, maquetes, mapas e exercícios. Elas dão nova atmosfera aos locais,
impressionam e instigam. Os alunos
passam a trocar de sala de acordo com
o componente curricular, trabalhando
em conjunto e construindo uma rede de
conhecimentos.
A 1ª série do ensino fundamental trabalha com o projeto Contexturinha, entrelaçado com a metodologia do projeto Metramar (Método Trevisan de Alfabetização Marista), do Irmão Albino
Trevisan.
O espaço físico foi aliado à proposta educativa, o que amplia a capacidade
do aluno de dominar novas informações
e relacioná-las com conhecimentos prévios e aguça a sede de conhecer e interagir com um universo que propõe uma
aprendizagem com outros contornos.
Ressignificar o ensino tem sido um desafio constante para aqueles que acreditam que a escola deve ser um espaço de
aprendizagem.
Os educadores e a equipe pedagógica passam constantemente por capacitações para lidar de maneira eficaz com
essa nova metodologia, que busca tecer
novas relações disciplinares no processo
ensino-aprendizagem.
Conselho
No dia 1º de junho, a equipe diretiva do
Instituto Marista Graças apresentou o
Projeto Contextura nas comissões de ensino fundamental, médio e superior do
Conselho Estadual de Educação do Rio
Grande do Sul. O interesse da comissão em conhecer o projeto está focado
na busca de informações sobre teorias e
práticas que digam respeito às reformulações metodológicas para o desenvolvimento de competências e habilidades do
ensino médio.
O projeto é coordenado pelos diretores Dilce Corrêa Gonçalves e Ir. Lédio de
Jesus Matias, e coordenadoras pedagógicas, Maria Helena Issa e Irany Fioravante
Dias. Para Dilce, o projeto Contextura é
ação pedagógica em uma visão sistêmica.
“É a tessitura que liga as áreas do conhecimento por caminhos de criatividade, resolução de problemas, diálogo, desenvolvimento de competências, habilidades e espiritualidade. É espaço inspi-
Atividade do Projeto Contextura
rador, acolhedor e motivador em que o
multicolorido, a simbologia, as formas,
paisagens e poesias dão outro sabor ao
aprender em cada sala de aula. É uma visão multidimensional com conexão, entrelaçamento, movimento que articula o
conhecer, o fazer, o ser e o conviver. É
dialogar com as diversas culturas. É integrar corpo, mente, razão, coração e espírito. É transformar ideias em ação. É
protagonismo e relações que promovem
a vida”, afirma a diretora.
Ainda de acordo com Dilce, o projeto Contextura nasceu com o objetivo
de ser uma prática educativa que desse
conta do desenvolvimento de habilidades e competências e na qual o educando fosse nutrido por um processo dinâmico que desenvolvesse suas potencialidades em toda sua amplitude. “A intencionalidade de ações, viabilizando a materialização do ensinar e do aprender, faz
da sala de aula um espaço agradável didaticamente, aguça a capacidade reflexiva, a sensibilidade, e mobiliza os sentidos do aluno (verbais, sonoros, visuais). A sala de aula torna-se um lugar ar-
ticulado para aprender em todas as dimensões, desenvolvendo a autonomia e
a formação humana do estudante”, conclui a diretora.
Os alunos aprovaram a iniciativa.
Para Victória Siegle, aluna da 2ª série do
ensino médio, a verdade é inegável. “O
Contextura nos prende a atenção, provoca nossa curiosidade. Nos dá não apenas
paredes coloridas, mas a certeza de que o
Marista Graças melhora e inova cada vez
mais, visando ao futuro”, disse.
Outra estudante da 2ª série do ensino médio, Cristina Yumi, conta sobre o
envolvimento com o projeto. “Às vezes,
uma imagem pode nos falar mais do que
mil palavras. O projeto Contextura, de
certa maneira, faz isso conosco. Mal percebemos, já estamos analisando as figuras, envolvendo diversas matérias. Gera
curiosidade, estranhamento. As paredes
já não são somente paredes, são o espelho de um mundo e de uma visão dele. É
um projeto ousado, pois assim como estamos vivendo em um universo de evolução, a educação evolui de mãos dadas”, conclui a aluna.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 69
Educação Básica
Projetos Socioacadêmicos
Curso de Enfermagem orienta as crianças da comunidade
Elizabeth Landim Gomes Siqueira, vice-diretora do Isecensa
E
nvolver alunos de todos os cursos superiores na prestação de
serviços à comunidade de baixa renda é uma receita que está
dando certo há mais de um ano no
município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. O projeto é desenvolvido pelos Institutos Superiores de
Ensino do Censa (Isecensa). Ao longo
de seus oito anos de existência, a instituição idealiza e desenvolve projetos
socioacadêmicos que têm contribuído
para o desenvolvimento da comunidade campista. A Universidade Bairro:
Vila Tamarindo – uma intervenção comunitária é um exemplo.
70 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Situada no centro de Campos dos
Goytacazes, a Vila Tamarindo era conhecida como Favela do Tamarindo.
Entretanto, desde o censo de 1991
passou a não ser mais considerada favela por não possuir, segundo o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais que 50
domicílios. Essa mudança de classificação, porém, não eliminou as características socioeconômicas da comunidade. Conforme censo realizado pelo
curso de Administração do Isecensa,
pode-se constatar a baixa escolaridade,
a baixa renda e a ocupação profissional
irregular como características daquela
comunidade, que conta com 140 moradores. Toda essa carência colocou a
Vila Tamarindo como base de um projeto de responsabilidade social promovido pelo instituto.
Dois pontos de trabalho foram estabelecidos: o primeiro, por meio de uma
equipe multidisciplinar, desenvolve projetos com a finalidade de resgatar a autoestima e a cidadania dos moradores. O
segundo envolve a participação da mão
de obra existente na vila para as reformas necessárias.
O projeto envolve todos os cursos
de graduação do Isecensa e segue um
plano de ações múltiplas e integradas.
Acadêmicos do Curso de Administração realizando levantamento socioeconômico dos moradores da comunidade Tamarindo
Dois pontos de trabalho foram estabelecidos: o
primeiro, por meio de uma equipe multidisciplinar,
desenvolve projetos com a finalidade de resgatar a
autoestima e a cidadania dos moradores. O segundo
envolve a participação da mão de obra existente na vila
para as reformas necessárias
Até o momento, destacam-se: o levantamento fotográfico e técnico das condições de habitabilidade das 47 moradias da vila com a elaboração de plantas baixas e respectivas necessidades de
reforma (curso de Arquitetura e Urbanismo); o assessoramento de gestão social que resultou na fundação da Associação de Moradores da Vila Tamarindo, em abril deste ano (curso de Administração); as visitas domiciliares para
orientação nutricional caseira e levantamento das condições de saúde de gestantes e crianças de 0 a 3 anos (curso de
Enfermagem); atividades de dança para
as crianças e jovens de 7 e a 14 anos
(curso de Educação Física); entrevistas com 20 moradores para o resgate
da memória oral da comunidade (curso de Pedagogia); atendimento fisioterápico (curso de Fisioterapia); e atividades de psicologia social (curso de
Psicologia).
O plano de trabalho para o segundo
semestre compreende: a instalação de
uma minifábrica de vassouras de garrafas PET (Engenharia de Produção);
a capacitação da diretoria para atividades de secretaria, tesouraria e captação
de recursos (curso de Administração);
e a implantação do curso de educação
de jovens e adultos, bem como das ati-
vidades de reforço escolar para crianças
dos anos iniciais do ensino fundamental (Pedagogia). Por meio da instituição,
foi alugada uma casa para a instalação da
sede do projeto, que se desenvolve há
cerca de um ano e meio.
“Desenvolver projetos sociais é um
compromisso da nossa instituição. O
Projeto Tamarindo é um dos muitos desafios do Isecensa. Não adotamos uma
posição assistencialista. Nosso objetivo é capacitar e integrar essa comunidade no mercado de trabalho, resgatando sua cidadania e sua autonomia para
uma vida digna”, diz Elizabeth Landim,
vice-diretora do Instituto.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 71
Educação Básica
Colégio Santa Teresa:
45 anos promovendo uma
educação transformadora
Irmã Jamir Berton, diretora pedagógica
F
undado em 1965, a partir de um
ano de muita luta da comunidade do bairro Cavalhada, em Porto
Alegre (RS), e do empenho e dedicação das irmãs da Companhia de Santa Teresa de Jesus, o colégio iniciou suas
atividades com o nome de Ginásio XV de
Outubro. Por suas instalações não estarem concluídas e devido a algumas questões burocráticas da época, as aulas iniciaram no Colégio Calábria com o apoio
e a acolhida dos padres da congregação
São João Calábria.
Em maio do mesmo ano, o Conselho
Estadual de Educação aprovou o funcionamento do Ginásio XV de Outubro em
sede própria. No desenvolvimento das
atividades escolares, as Irmãs Teresianas se esmeraram na formação integral
dos alunos apoiando-se nos ensinamentos do fundador da Congregação Teresiana, Santo Enrique de Ossó que, seguindo
os passos de Santa Teresa de Ávila, deixou
um legado de amor e dedicação à educação e à formação integral do ser humano,
apresentando como proposta filosófica a
prática e as vivências fundamentadas no
compromisso libertador a serviço da vida
e da esperança nas diferentes culturas.
Em 1972, o Ginásio XV de Outubro
passou a se chamar Colégio Santa Tere-
72 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
sa de Jesus, que deu início à reforma de
ensino e ao funcionamento do curso colégio integrado, compreendendo os cursos normal e secundário, formando a
primeira turma de professoras em 1975.
Com o desenvolvimento urbano do
bairro Cavalhada, o trânsito se tornou
mais intenso, impossibilitando que as
aulas fossem ministradas no prédio que
havia sido construído à beira da calçada,
na curva da estrada. Portanto, no ano de
1978, os alunos foram transferidos para
outro prédio. Começou, então, um período de obras e de crescimento do Colégio Santa Teresa de Jesus.
Em agosto de 1983 foi inaugurado
um novo espaço, ampliando sua capacidade física. Naquele mesmo ano foi concedida a autorização do jardim de infância, que funcionava desde 1981.
Em 1995, teve início a primeira turma do segundo grau – preparação para o
trabalho, atual ensino médio. Em 2002,
o colégio abriu a primeira turma no turno da noite de curso normal com aproveitamento de estudos para a formação
de professores de educação infantil e de
1ª a 4ª séries.
Atualmente, o colégio atende 950
alunos de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O projeto edu-
cacional do Colégio Santa Teresa prioriza a criatividade, a formação humana e a
leitura de mundo. A Educação Teresiana
compreende que o papel da escola é incentivar a formação de sujeitos críticos,
solidários, que partilhem seus conhecimentos com visão de coletividade e que
possam descobrir o prazer do estudo e
da leitura.
O colégio Santa Teresa de Jesus oferece um espaço físico privilegiado. Um
ambiente propício para a convivência
saudável: amplo estacionamento, quadras poliesportivas, salas e serviços especializados, praçinha e área verde, moderno laboratório de informática, ginásio de esportes e capela. Um espaço
onde crianças e jovens exercitam a liberdade de ser, de compreender e de respeitar as diferenças.
Diversas atividades extracurriculares fazem parte do colégio: arte e dança,
balé, escolinha de judô, futsal, patinação
artística, camerata de violões, brinquedoteca, robótica, entre outras.
O colégio Santa Teresa se orgulha de
completar 45 anos! Parabéns Colégio
Santa Teresa de Jesus! Parabéns Irmãs
Teresianas! Parabéns comunidade educativa! São 45 anos, promovendo uma
educação transformadora!
Educação Básica
Campanha da Fraternidade
Ecumênica 2010
Por Césaro Antônio Brandão, coordenador de Ensino Religioso do Colégio Sagrada Família – Blumenau
E
m nosso colégio, a Campanha da
Fraternidade Ecumênica (CFE)
sempre ocupou um espaço importante no desenvolvimento dos
conteúdos de todas as disciplinas que
compõem a grade curricular. Em cada
plano de curso consta a proposta de desenvolvimento dos temas específicos da
Campanha articulados aos objetivos das
disciplinas. A consecução dessa importante iniciativa é acompanhada pelo coordenador de cada área.
Para que essa proposta seja viável, no
ano anterior divulgamos o tema do ano
seguinte para todos os educadores a partir
do segundo semestre. Também disponibilizamos textos diversos para que eles, aos
poucos, se familiarizem com a temática.
Em relação à Campanha deste
ano, cujo tema é Economia e Vida, e o
lema:"Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro", inicialmente adquirimos material para estudo e planejamento, que é
disponibilizado para pesquisa em nossa
biblioteca. A agenda escolar distribuída a
todos os educadores e alunos também é
utilizada como subsídio, pois apresenta
os objetivos e textos sobre a campanha.
Na Semana Pedagógica, realizada de
8 a 12 de fevereiro, procuramos sensibilizar e motivar os educadores. Também foi
realizado um momento especial de reflexão e oração, utilizando recursos como
música, slides, filmes e depoimentos.
Temos ainda muito tempo pela frente, pois acreditamos que a Campanha da
Fraternidade é para o ano todo. Entretanto, podemos destacar algumas atividades, como a Revisão de Vida. Em preparação à Páscoa, os alunos do ensino
fundamental e médio tiveram um momento especial de revisão à luz dos valores evangélicos e do mistério Pascal contemplando o tema da CFE 2010. Concluímos com a oportunidade de confissão individual para os alunos que livremente sentissem necessidade. A
participação dos adolescentes foi impressionante, quantitativamente e qualitativamente (nível de consciência e compromisso pessoal).
Outra iniciativa foi a Celebração da
Vida. Alunos do ensino fundamental e
médio tiveram a oportunidade de participar, por turmas, de uma celebração
com os temas Campanha da Fraternidade e Páscoa, em ambiente especial com
recursos diversificados.
Além disso, tivemos a missa com a
presença de educadores e colaboradores
da área administrativa e serviços gerais.
Foi realizada uma celebração eucarística
abordando temas sugeridos pela Campanha nos comentários e orações.
Por meio da pesquisa bibliográfica
foi possível, a partir da motivação desenvolvida pelos professores em sala, pesquisar sobre os diferentes temas sugeridos pela campanha: internet, biblioteca,
material da campanha.
Também levamos o assunto para a
prática com a pesquisa de campo, que al-
guns educadores incluíram como estratégia para o desenvolvimento dos conteúdos e o aprofundamento do conhecimento da realidade local. Foram realizadas pesquisas sobre temas pertinentes e
entrevistas com apresentação e discussão
em sala de aula, por exemplo, sobre o
valor real dos produtos que compõem a
cesta básica e o que isso significa para as
famílias a partir da renda, número de filhos e despesas fixas como aluguel, água
e energia elétrica.
A produção textual também teve destaque. Com o objetivo de sistematizar os
temas aprofundados, foram produzidos
textos com os mais diversos temas: água,
meio ambiente, economia, economia solidária, distribuição da riqueza, inclusão,
ética, entre outros.
No teatro profissional, alunos do ensino fundamental I e II foram convidados a assistir a peça teatral Cabeça de Papelão, que aborda a necessidade de uma
consciência crítica frente à realidade em
que vivemos e a importância de assumirmos o exercício pleno da cidadania e o
compromisso com a paz, a solidariedade
e a justiça social.
Por fim, há o projeto de ação social,
com o objetivo de proporcionar aos alunos uma experiência significativa de
contato com realidades sociais caracterizadas por uma demanda maior de apoio
material e afetivo. A ideia é desenvolver
um trabalho que será inicialmente realizado em um asilo.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 73
Educação Básica
Campanha Copa Stop Crack
e suas repercussões
“Craque, faça um gol de placa nos estudos, mas CRACK nem pensar!”
Ir. Plácio José Bohn, diretor
E
nquanto os olhos se voltavam para
a África do Sul, o La Salle Peperi, de Santa Catarina, aproveitou
a oportunidade para observar e
fazer um momento de reflexão e alerta
para a realidade crucial que está diariamente dominando os jornais e os noticiários do Brasil: a questão do crack.
Durante o período da Copa do Mundo 2010, a escola direcionou suas energias
e seus trabalhos à conscientização e prevenção. Para isso, organizou a Copa Stop
Crack com estudantes, nas modalidades
futebol society e futsal masculino e feminino. O esporte é uma ferramenta poderosa na função terapêutica e ocupacional
dos jovens, pois amplia seu autocontrole
e a percepção de sua capacidade de superação, adquirindo novas habilidades adaptadas ao cotidiano. O esporte ainda exige
organização, impõe regras, limites, respeito e constrói novos valores morais e éticos.
O evento contou com a adesão de patrocinadores, parceiros e escolas convidadas para a realização das ações previstas. Foram confeccionados folders, cartazes e camisetas. Igualmente, em várias instituições e entidades, a campanha
apareceu nos sites de abertura.
Foi gravado um spot para ser veiculado nas rádios locais e regionais. Cinco
desses veículos fizeram entre três e cinco
inserções diárias gratuitas durante toda a
74 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
campanha. Além disso, duas rádios locais
realizaram entrevistas com a direção, coordenadores do projeto e alunos durante
a abertura e no decorrer do projeto.
Para a Copa Stop Crack foram convidados 13 educandários e sete aceitaram o
desafio (três privados, três estaduais e um
municipal). Assim, nove equipes disputaram o Futebol Society, cinco o futsal masculino e quatro o futsal feminino. Entre os
dias 12 de junho e 1º de julho, aos sábados pela manhã, aconteceram os jogos no
campo suíço e nas duas quadras do ginásio de esportes da escola. Internamente,
os dias 16 e 17 de junho foram dedicados
à atividade esportiva entre os alunos na
modalidade de futsal – tanto masculino
quanto feminino. Foi uma oportunidade
ímpar de congraçamento e integração.
Os quatro jornais do município de
São Miguel do Oeste divulgaram e cobriram a abertura no dia 11 de junho,
que contou com a palestra da psicóloga
Maria de Fátima Py, do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Um dos jornais
ampliou o assunto e dedicou duas páginas para o tema crack: efeitos produzidos, depoimentos de educadores e especialistas, órgãos que tratam da recuperação, situação na região etc.
Um coordenador e quatro integrantes
do grupo de jovens da escola foram visitar e conhecer a Fazenda Renascer, em
Chapecó, repassando os resultados aos
alunos do ensino fundamental. No ensino médio, o tema foi abordado em todas
as turmas nas aulas de Ensino Religioso.
Para o encerramento do projeto, foi
realizada uma palestra com representantes do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD).
Durante o evento, ainda foram entregues
os troféus às equipes campeãs, medalhas
aos atletas e menções honrosas aos parceiros e participantes. Entre os convidados estavam autoridades locais.
Ao longo da campanha os realizadores foram convidados por outros municípios do oeste catarinense para partilhar
e trabalhar a questão da droga com os
participantes em projetos sociais, como
em Xaxim/SC, no dia 8 de julho. A droga está assumindo números e estatísticas
preocupantes, motivo pelo qual o projeto
não terminou no dia 11 de julho, quando
ocorreu a final do Mundial 2010.
Segundo os realizadores, a luta contra
as drogas exige todas as forças e energias
daqueles que podem orientar para, mais
do que a realização de uma Copa Stop Crack, fazer uma opção em prol da infância e
juventude. Isso para que ninguém, como
diz Fernando Pessoa, “[...] se esqueça de
que a sua vida é a maior empresa do mundo”. Então, não deixe um curto prazer estragar sua vida. Viva o prazer de viver!
Conversa com mantenedoras
Irmã Eulália Schiavo
Nesta edição da Revista Informativa Educacional, conversamos
com a Ir. Eulália Schiavo. Membro da Congregação Nossa
Senhora da Visitação desde 1961, Shiavo participou de quase
todas as atividades congregacionais e foi eleita superiora
geral em 1995. Após o mandato de quatro anos foi reeleita e,
em 2007, conduzida novamente ao governo geral.
Graduada em Pedagogia, Administração de Empresas e
Teologia e pós-graduada em Administração, atualmente
acumula o governo geral da Congregação e a direção do
Instituto Isabel, na cidade do Rio de Janeiro. O instituto atua
no ensino da educação infantil, fundamental I e II e médio,
além de oferecer graduação em Pedagogia e cursos de extensão,
técnicos e de pós-graduação lato sensu.
Informativa - Qual é a história da
congregação?
Nossa história iniciou-se em 1893,
quando o Conselheiro Mayrink, juntamente com o Monsenhor Amador Bueno de Barros, decidiram iniciar uma
obra para atender os menores carentes e idosos. É certo que a Congregação de Nossa Senhora da Visitação não
se inicia de direito nessa data. Entretanto, a semente de toda nossa história
está exatamente nos sonhos do Monsenhor Amador.
Na realidade, “nascemos’’ em 8
de dezembro de 1927, com o decreto Diocesano do Cardeal D. Sebastião Leme, sob a denominação Congregação Santa Isabel; em 1977, as Irmãs solicitaram à Sua Eminência, e o
Cardeal D. Eugenio de Araujo Salles
acolheu nossa solicitação. Mediante
decreto, alterou nossa denominação
para Congregação de Nossa Senhora
da Visitação.
Informativa - Quais princípios guiam
o trabalho da senhora?
A missão da Congregação é um dos
meus nortes: educação qualitativamente igual para todos. O trabalho de
distribuir uma educação de qualidade
para todos torna-se mais e mais difícil
ao se considerar os dias atuais, quando o ensino particular é visto quase
como um adversário do ensino público, e não parceiro para a construção de uma pátria mais justa. O outro
princípio é o carisma da Congregação,
fio condutor de minha opção de vida
religiosa: acolher e servir a criança e
o jovem.
Informativa - Qual é a área de atuação da Congregação?
Nosso carisma e nossa missão balizam
nossa atuação na acolhida ao irmão
carente: carente de informação (educando) e de esperança (levando a fé
e a esperança que encontramos nos
ensinamentos de Nosso Senhor Jesus
Cristo).
Informativa - Como a senhora avalia
as dificuldades de lidar com os jovens modernos? Não só no processo
da educação, mas também com relação ao comportamento frente às
questões religiosas?
A pergunta parte de uma premissa que, necessariamente, não é verdadeira, por pressupor que existem
barreiras somente com relação a uma
determinada faixa etária. Os jovens,
assim como os idosos, e por que não
todos, necessitam compreender que
somente o amor propicia. Afinal,
como mencionado nos Evangelhos e
por Sua Santidade, “Deus é maior”, e
qualquer questão, religiosa ou não,
se abordada pela baliza do amor cristão, por seguro não será espinhosa,
ou será menos espinhosa: “só amor
salva”.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 75
Serviços
Programa Biblioteca do Professor
Plataforma conecta escolas em todo o país
Em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Programa Nacional
Biblioteca da Escola acaba de lançar um acervo para os professores. As
obras são sobre alfabetização, Língua Portuguesa, Matemática, História,
Geografia, Ciências, Física, Química, Biologia, Filosofia, Sociologia, Artes,
Educação Física, Inglês e Espanhol. O material servirá como apoio teórico e
metodológico para o trabalho dos professores, além de ser uma ferramenta
no planejamento das aulas. Serão distribuídos 6 milhões de títulos nas
escolas públicas das 27 unidades da Federação. A lista completa dos
livros pode ser conferida no site do MEC. O investimento na Biblioteca do
Professor foi de R$ 78 milhões.
www.portal.mec.gov.br
Para conectar escolas públicas e privadas em todo o Brasil, foi lançado
o projeto Palco Digital. Por meio da ferramenta on-line, estudantes de
instituições públicas e privadas podem divulgar roteiros culturais de suas
escolas e comunidades. A programação oferece ainda atividades ligadas a
cinema, teatro e música. O objetivo é que os participantes criem um blog
para postar textos informativos. De acordo com o jornalista e idealizador da
iniciativa, Gilberto Dimenstein, “a ideia é unificar as experiências culturais na
internet, pois o jovem quer se expressar. Então, a tecnologia das redes digitais
vai disseminar essas informações”. Também participam do projeto o Instituto
Faça Parte e a Associação Cidade Escola Aprendiz.
www.facaparte.org.br/palcodigital
Exposição Marechal Rondon
Cerca de 800 municípios de todo o país poderão conferir, ainda neste
semestre, uma exposição itinerante sobre a vida e obra de Marechal Cândido
Rondon. A iniciativa faz parte das atividades educacionais e culturais do
Projeto Memória, que presta homenagem a personalidades marcantes da
cultura brasileira. Além da mostra, a ação promove a distribuição de 18 mil kits
pedagógicos nas escolas públicas de ensino fundamental. O material inclui
um almanaque histórico e um guia do professor. Um video-documentário
e um livro fotobiográfico sobre a vida do homenageado também serão
entregues para mais de 5 mil bibliotecas públicas.
www.noticias.terra.com.br
Prêmio Sesc de Literatura 2010
Prêmio Educação Rio Grande Sul 2010
O Prêmio Sesc de Literatura está com inscrições abertas para a sua oitava
edição. O concurso revela desde 2003 escritores cujas obras possuem
qualidade literária para publicação e circulação nacional. O vencedor terá o
seu livro publicado e distribuído para toda a rede de bibliotecas e salas de
leitura. As inscrições são gratuitas e aceitas em todo o Brasil, até o dia 30 de
setembro. Para realizá-la basta procurar a unidade mais próxima do Sesc. Cada
concorrente poderá inscrever apenas uma obra, nas categorias conto ou
romance. Na edição de 2009 os escritores Gabriela Grazzinelli e Sergio Tavares
foram os premiados. O Prêmio Sesc de Literatura tem o objetivo de revelar
novos talentos e promover a literatura nacional.
www.sesc.com.br/premiosesc
A 13º edição do Prêmio Educação Rio Grande do Sul irá premiar iniciativas
em defesa da qualidade da educação no Estado. A premiação irá destacar
um projeto, um profissional e uma instituição de ensino. As indicações são
feitas pelos docentes, representantes de instituições de ensino, poder público,
organizações não-governamentais, sindicatos e profissionais ligados à área.
As inscrições podem ser realizadas até 17 de setembro e a entrega do prêmio
acontece no dia 15 de outubro, em comemoração ao Dia do Professor.
Os vencedores receberão o troféu Pena Libertária, criado especialmente
para a ocasião. Até 2009 foram premiados 14 projetos, 12 instituições e 13
profissionais em toda a região.
www.sinprors.org.br/premio
76 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Dicionário Eletrônico
PUC-Rio oferece bolsas de estudo
Neste ano, o autor do mais conhecido dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, completaria cem anos. Em comemoração ao seu
centenário foi lançada a 5ª edição do Dicionário Aurélio e a versão 7.0 do Aurélio
Eletrônico. A versão disponibiliza uma série de recursos que ajudam a entender
o novo acordo ortográfico. Entre eles estão ferramentas como: consulta rápida
de palavras, verificação da ortografia e um guia sobre as alterações realizadas
com o acordo. Ainda estão disponíveis tabelas de transcrições fonéticas,
abreviaturas, siglas e sinais convencionais, nomenclatura gramatical brasileira e
um filtro com as 3 mil palavras mais usadas na língua escrita contemporânea. O
material é uma realização da Editora Positivo.
www.nota10.com.br
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) oferece bolsas
de estudo para os cursos de Física, Química e Matemática. A iniciativa é
destinada aos alunos do último ano do ensino médio e faz parte do projeto
Desafio 2010, que descobre e incentiva jovens talentos focados em cada
uma das disciplinas. Para participar, os candidatos devem realizar uma prova
e os dois melhores colocados recebem bolsas integrais na instituição. Os
estudantes precisam ainda ser aprovados no vestibular da PUC-Rio ou no
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições podem ser realizadas
até o dia 21 de outubro e as avaliações serão aplicadas nos dias 23 e 24 do
mesmo mês.
www.puc-rio.br/desafios
Brasil Alfabetizado deve inscrever 2,2 milhões
Saresp 2010 acontece em novembro
As Secretarias de Educação de 23 Estados, do Distrito Federal e de 1.444 municípios
informaram ao Ministério da Educação (MEC) que vão matricular este ano 2,2
milhões de jovens e adultos em turmas de alfabetização. Para atender a meta, o
MEC vai investir R$ 530 milhões. Os recursos serão destinados ao pagamento de
bolsas para alfabetizadores, coordenadores de turmas e intérpretes da Língua
Brasileira de Sinais (Libras), além do custeio de outros serviços. De acordo com
Mauro Silva, coordenador de alfabetização da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade (Secad), para que o programa alcance melhores
resultados é preciso aumentar o empenho dos gestores. Esses profissionais têm,
por exemplo, a função de verificar o andamento da aprendizagem.
www.planetauniversitario.com
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo vai realizar as provas
do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(Saresp) nos dias 17 e 18 de novembro. Serão avaliadas todas as escolas
estaduais de ensino regular. As provas serão aplicadas para os alunos da 3º,
5º, 7º e 9º séries do ensino fundamental e do último ano do ensino médio.
Os testes são de Língua Portuguesa e Redação, Matemática, Ciências e
Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia). Os estudantes das redes
municipais no Estado e de escolas particulares farão apenas as avaliações de
Matemática, Português e Redação. No ano passado, o Saresp teve adesão de
1,5 milhão de alunos.
www.aprendiz.uol.com.br
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 77
Plano de Aula
Brincadeiras da tradição
cultural na infância
Trabalho realizado com turmas de educação infantil ajuda as crianças
a vivenciarem e conhecerem brincadeiras que atualmente não fazem
parte do seu cotidiano
Renata Alessandra Bueno, coordenadora de assessoria pedagógica do FTD sistema de ensino
A
brincadeira deve ter espaço
privilegiado na rotina da educação infantil, não só como atividade natural e espontânea,
originada na própria essência da criança, mas, principalmente, como aprendizagem social.
A incorporação da brincadeira na
prática educativa é um dos eixos da organização do trabalho pedagógico, e
apresenta-se como atividade fundamental por meio da qual as crianças reconstroem suas vivências socioculturais e refletem criticamente sobre a realidade,
ampliando seus conhecimentos sobre si
e sobre o mundo ao seu redor.
O domínio do meio físico e social
implica que a criança desenvolva a capacidade de observar, de distinguir os seres
vivos dos seres não-vivos, de fazer perguntas e descobrir relações temporais,
espaciais e sociais. A ação pedagógica,
nesse caso, visa aproximá-la de uma atitude científica, tornando-a capaz de perceber como se dá a relação do homem
com a natureza, do homem com o próprio homem e o processo de transformação do mundo.
Nesse sentido, o trabalho a seguir é
voltado para a ampliação das experiências da criança e para o conhecimento
78 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
da pluralidade de fenômenos e acontecimentos – particularmente os históricos
e culturais. Para isso, exploram-se situações que mostram a diversidade de formas de explicar e representar o mundo,
entrando em contato com a brincadeira
em uma época e num contexto distantes e diferentes dos atuais, mas também
com muito em comum, pois é possível
não só estabelecer semelhanças e diferenças, mas também perceber as permanências e as mudanças.
Brincando, as crianças representam
diferentes papéis, ocupam posições diferenciadas nas relações de poder (ora
mãe/pai, filho/filha, professor/aluno),
transformam os significados dos objetos,
atribuindo-lhes novos nomes e funções,
aprendem a lidar com as situações no
plano mental, introduzindo-se no plano
das ideias e representações.
Além disso, brincar também é meio
de preservação das tradições culturais de
uma sociedade. A partir desse enfoque,
desenvolvemos uma estratégia para propiciar a vivência de brincadeiras que dependem principalmente da tradição oral
para serem aprendidas. O ponto de partida foi a leitura do quadro “Jogos Infantis”, de Pieter Brueghel, em que são representadas cerca de 80 brincadeiras, algu-
mas conhecidas e outras desconhecidas
dessa geração.
A tela de Brueghel foi projetada na
parede, despertando a curiosidade das
crianças. Lançado o desafio para encontrar e nomear 25 brincadeiras representadas na tela, as crianças realizaram a
leitura da obra, observando, narrando
as situações representadas, descrevendo as ações e interpretando as imagens
e os objetos. Com isso, foi possível não
só apreciar uma obra de arte, mas também estabelecer relações entre as situações representadas e as experiências
pessoais.
A partir dessa experiência, puderam ser destacadas as brincadeiras conhecidas pela turma, como cinco-marias, pula-sela, pega-pega. Outras foram
identificadas, mas não nomeadas, por
desconhecimento.
A partir desse momento em classe, as
crianças levaram cópias da tela para casa,
impressas em papel. O intuito foi conseguir o nome de outras brincadeiras com
a colaboração dos pais, tios e avós.
Ao retornarem na semana seguinte,
os alunos trouxeram contribuições sobre brincadeiras que foram reconhecidas
por pessoas mais velhas, como nos destaques no quadro ao lado.
Cabra-cega
4
1
Maria-cadeira ou
cadeirinha
2
Cabo de guerra ou
vilão do cabo
3
1
3
Boca de forno ou
mamãe-polenta
2
Pieter Brueghel – Jogos Infantis, 1560.*
Óleo sobre painel de madeira, 118 x 160,9 cm. Museu de História da Arte, Viena
4
Objetivo
Procedimentos
Que as crianças vivenciem
brincadeiras tradicionais que
atualmente não fazem parte
do cotidiano infantil, com a
finalidade de ampliar seus
conhecimentos relacionados
às brincadeiras de outras
épocas.
1º momento: Analisar a imagem (obra “Jogos Infantis”, de Brueghel);
2º momento: Relacionar as brincadeiras identificadas pela turma;
3º momento: Realizar as brincadeiras identificadas na tela
4º momento: Enviar para casa cópia da tela para receber contribuições dos familiares;
5º momento: Coletar e tabular as informações trazidas de casa, ampliando a lista de
brincadeiras identificadas;
6º momento: Pesquisar sobre brincadeiras desconhecidas;
7º momento: Convidar familiares que possam ensinar brincadeiras desconhecidas,
representadas e identificadas na tela de Brueghel.
Surgiu então outro problema: como
brincar dessas brincadeiras se não as conhecemos? A solução partiu das próprias
crianças: convidar os familiares para ensiná-las na escola.
Assim, partimos para outro momento importante: de resgate da cultura e
também interação social, recebendo os
familiares, tios, avós, avôs, tias, mães e
pais, que ensinaram brincadeiras de sua
época, mas que podem ser divertidas
também nos dias de hoje.
Outras atividades não identificadas
pelos familiares foram foco de pesquisa em situações de leitura e também por
meio do computador.
A proposta se constituiu em um
rico momento de formação global,
pois ao organizar suas brincadeiras,
as crianças fizeram escolhas, negociaram suas ações, planejaram as situações, estabeleceram regras e submeteram-se a elas, ou as negociaram e as
reconstruíram.
*Pieter Brueghel nasceu em meados de 1527, na região
de Antuérpia. Destacou-se por pintar paisagens e
retratar o cotidiano das pessoas simples do campo,
o trabalho na colheita, as festas... Sempre cheios de
detalhes e instigando uma reflexão.
Na tela não há menos que 84 brincadeiras. Algumas
delas não existem mais, foram apagadas da memória.
Outras existem até hoje, com inúmeras variações.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 79
Reflexão
O tempo não para!
Lana Canepa, jornalista da ANEC
C
azuza estava certo, mesmo não se referindo exclusivamente à política brasileira. O nosso país é bombardeado, às vezes diariamente, por exemplos negativos de como as falhas de governantes têm reflexo
direto na vida das pessoas, e também na formação de jovens
e crianças. Se a prática é dissolver as crises políticas de forma corrupta e, tudo bem, sem ser comprovada a responsabilidade de ninguém, apesar da obviedade dos fatos, o que
os nossos alunos aprendem: a empurrar as coisas com a barriga, a jogar o joguinho brasileiro dos corruptos.
Nesta edição, aproveitando a oportunidade do período eleitoral, mostramos
o quanto a formação de jovens conscientes pode ser decisiva. Em alguns casos que mostramos aqui, eles brincam
de fazer leis, de serem deputados, de defenderem uma ideia. E alguns projetos
foram tão bem estruturados que chegaram a ser acolhidos por parlamentares,
e realmente saíram do papel.
O que eles aprendem aqui é muito
importante: o valor do meu, do seu, do
nosso voto.
Em alguns
casos que
mostramos
aqui, eles
brincam de
fazer leis,
de serem
deputados,
de
defenderem
uma ideia
80 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

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