Detecção Automática de Componentes de

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Detecção Automática de Componentes de
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE TECNOLOGIA
MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
DETECÇÃO AUTOMÁTICA DE COMPONENTES DE
MONTAGEM EM SUPERFÍCIE SOBRE PLACAS DE
CIRCUITO IMPRESSO
WILSON GONÇALVES DE ARAÚJO
MANAUS
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
FACULDADE DE TECNOLOGIA
MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
WILSON GONÇALVES DE ARAÚJO
DETECÇÃO AUTOMÁTICA DE COMPONENTES DE
MONTAGEM EM SUPERFÍCIE EM PLACAS DE CIRCUITO
IMPRESSO
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação em Engenharia Elétrica da
Faculdade de Tecnologia da Universidade
Federal do Amazonas - UFAM, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Souza Pio
MANAUS
2008
Ficha Catalográfica
(Catalogação na fonte realizada pela Biblioteca Central – UFAM)
Araújo, Wilson Gonçalves de
Detecção automática de componentes de montagem em
A663 superfície em placas de circuito impresso / Wilson Gonçalves de
d
Araújo . - Manaus: UFAM, 2007.
107 f.; il. color.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica ) –– Universidade
Federal do Amazonas, 2007.
Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Souza Pio
1. Processamento de imagem 2. Placas de circuito impressos 3. Teoria
de Bayes I. Pio, José Luiz de Souza II. Universidade Federal do Amazonas
III. Título
CDU 004.932(043.3)
Aos meus filhos e
meu orientador pelo
incentivo para a
realização desta
dissertação.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar, para quem nada é impossível ou demasiadamente difícil,
lembrando-me dessa verdade, agradeço freqüentemente;
Aos meus pais, minha filha Danielle e meu filho Weskley, que me deram muita força nos
momentos de turbulência que eu enfrentei, mas que nada afetaram na atenção com os meus
estudos;
Aos meus sinceros amigos, que constantemente incentivavam a cada passo da jornada
acadêmica;
Aos mestres da UFAM que auxiliaram na discussão da temática e que contribuíram no
delinear do caminho;
Ao Centro de Tecnologia Eletrônica e da Informação – CETELI – UFAM e a SUFRAMA,
através dos convênios n. 068 e 069 de 2001, que me proporcionaram todos os recursos
necessários para o êxito deste projeto;
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Luiz de Souza Pio, que, dentre tantas tarefas acadêmicas,
aceitou mais este desafio, cumprindo-o plenamente;
Ao coordenador do curso de Mestrado em Engenharia Elétrica, Prof. Dr. João Edgard pela
oportunidade e paciência e acima de tudo por ser uma pessoa extremamente humana.
A auto-satisfação é inimiga do estudo. Se
quisermos realmente aprender alguma coisa,
devemos começar por libertar-nos disso. Em
relação a nós próprios devemos ser 'insaciáveis
na aprendizagem' e em relação aos outros,
'insaciáveis no ensino'.
Mao Tse-Tung
RESUMO
Um dos maiores desafios para a indústria de placas mãe de computadores pessoais no
planejamento do setor produtivo é encontrar mecanismos eficientes que reduzam o número de
placas de circuito impressos defeituosas. Nesta dissertação se desenvolve uma abordagem para
tratar do problema da identificação automática da ausência de componentes de montagem em
superfície de placas de circuito impresso por meio da Visão de Máquina. Neste trabalho constróise uma abordagem que utiliza técnicas de Processamento de Imagens e Reconhecimento
Estatístico de Padrões para a detecção da ausência/presença de componentes de montagem em
superfície (SMC) em placas de circuito impresso. Os componentes de montagem em superfície
são pequenos e encontram-se densamente agrupados em posições específicas das placas de
circuito impresso, tornando-se alvo freqüente de defeitos oriundos do processo de Inserção
Automática. A abordagem desenvolvida neste trabalho é baseada em probabilidades que modelam
a incerteza associada à presença do ruído oriundo do processo de aquisição da imagem e da
iluminação da placa. A metodologia é dividida em três etapas: pré-processamento, casamento de
padrões e decisão da ausência do componente por meio de um modelo probabilístico baseado na
teoria de Bayes. A aplicabilidade do método é testada para a inspeção visual automática em
motherboards, onde a demanda destes componentes é alta. Os resultados obtidos demonstram a
robustez do método em imagens com elevados níveis de ruído Gaussiano e salt and pepper e com
variações da intensidade da iluminação do ambiente. Pretende-se através desta dissertação avaliar
os resultados obtidos na aplicação desta metodologia em Sistemas de Inspeção Visual Automática.
Palavras chaves: Processamento de Imagens, Visão de Máquinas, Teoria de Bayes, Ruído
gaussiano e salt and pepper.
ABSTRACT
One of biggest challenges for industry of motherboards in planning of productive sector it is to
find efficient mechanisms that reduce the number of printed circuit boards defectives. In this
dissertation if it develops a boarding to deal the problem of automatic identification of absence of
components in printed circuit boards by means of Machine Vision. In this work we discuss
techniques that enhances of Images Processing and statistical recognition of standards for
detention of presence/lack of assembling parts for surface mount component (SMC) in printed
circuit boards. These small components are found grouped in specific circuit mounts, becoming
frequent target for automated insertion process defects. The theme developed is based in
probability associated with the presence or lack coming from the noise accumulated in the image.
The methodology is divided in three stages: daily pay-processing, template matching and decision
of absence of SMC by means of a based probabilistic model in the theory of Bayes. The
applicability of method is tested for automatic visual inspection in motherboards, where the
demand of these components is high. The results obtained demonstrate the robustness of method
in images with high levels of gaussian noise and salt and pepper and with variations of intensity of
illumination of environment. It is intended through this dissertation to evaluate the results
obtained in application this methodology in systems of automatic visual inspection.
Key words: Image Processing, Machine Vision, Theory of Bayes, Gaussian noise and salt and pepper.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Reconhecimento de componentes variando o valor de β, assumindo que P(x| W1)
= 0,98 e P(x| W2) = 0,70 ........................................................................................................... 66
Quadro 2 - Reconhecimento de componentes variando o valor de β, assumindo as hipóteses
que P(x| W1) = 0,80 e P(x| W2) = 0,60 ..................................................................................... 67
Quadro 3 – Comportamento do sistema com um ruido gaussiano assumindo que P(x| W1) =
0,98 e P(x| W2) = 0,90 e β=0,4 ................................................................................................. 89
Quadro 4 – Comportamento do sistema com um ruido salt and pepper aplicado assumindo
que P(x| W1) = 0,98 e P(x| W2) = 0,90 e β=0,4 ..................................................................... 89
Quadro 5 - – Comportamento do algoritmo com um ruido gaussiano e salt and pepper
aplicado simultaneamente na imagem de teste e assumindo que P(x| W1) = 0,98 e P(x| W2) =
0,90 e β=0,4 ............................................................................................................................. 90
Quadro 6 – O quadro mostra os resultados do teste com 48 componentes ............................. 93
Quadro 7 – O Quadro mostra os resultados do teste com 17 componentes ............................ 97
Quadro 8 - O Quadro mostra os resultados do teste com 20 componentes ........................... 102
Quadro 9 – O Quadro mostra os resultados dos testes para três níveis de iluminação ......... 102
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Linha de produção com inspeção automatizada por meio de um sistema de visão de
máquina (PIO 2007) ................................................................................................................. 16
Figura 2 - Falhas na produção de placas motherboards. (a) Curto em solda. (b) Componente
mal encaixado, em posição alta. (c) Ausência de componentes SMD. (d) Falta de componente.
(e) Falta de componente. (f) Ausência de componente SMD................................................... 21
Figura 3 - Inspeção visual convencional de placas motherboards ........................................... 22
Figura 4 - Taxonomia dos métodos de inspeção visual ............................................................ 27
Figura 5 - A técnica de subtração de imagens. Uma operação lógica XOR (ou exclusivo é
aplicada sobre duas imagens binárias. A imagem diferença (à direita) mostra os componentes
ausentes entre as duas imagens (MOGANTI et al, 1996) ........................................................ 28
Figura 6 - Morfologia Matemática aplicada na identificação de falhas em placas de circuito
impresso. (a) Imagem binarizada. (b) Imagem com aplicação do operador da erosão. (c)
Imagem com aplicação do operador de dilatação (BORBA e FACON, 1996) ........................ 31
Figura 7 - Etapas esquematizadas dos componentes funcionais da metodologia..................... 45
Figura 8 - Imagem de uma placa mãe usada como placa de referência (Template). Nesta
imagem, todos os componentes estão presentes ....................................................................... 47
Figura 9 - Exemplo de imagem de uma placa mãe usada como placa teste ............................. 47
Figura 10 - Registro entre a imagem do template e imagem da placa de teste. Nota-se o total
desalinhamento entre as imagens ............................................................................................. 48
Figura 11 - Seleção dos pontos de controle para o alinhamento das imagens. (a) Imagem da
placa teste. (b) Imagem do template. (c) Seleção dos pontos de controle na placa teste. (d)
Seleção dos pontos de controle no template ............................................................................. 49
Figura 12 - Imagem do template e da placa teste completamente alinhadas após as operações
descritas anteriormente ............................................................................................................. 50
Figura 13 - Imagem de referência (template) após a operação de binarização ........................ 51
Figura 14 - Imagem da placa teste após a operação de binarização ......................................... 52
Figura 15 - Máscara binária de um componente ausente na posição horizontal. A área branca
são as almofadas onde o componente é colado e depois tem seus terminais soldado .............. 53
Figura 16 - Máscara binária de um componente ausente na posição vertical. A área branca são
as almofadas onde o componente é colado e depois tem seus terminais soldado .................... 53
Figura 17 - Almofadas de solda da máscara binária. Nesta imagem, por exemplo, o valor de
NZ é de 330 pixels .................................................................................................................... 54
Figura 18 - Operação lógica and entre um componente do template (à esquerda) e a máscara
binária (à direita) ...................................................................................................................... 55
Figura 19 - Operação lógica and entre o componente da placa teste (à esquerda) e a máscara
binária (à direita) ...................................................................................................................... 56
Figura 20 – Seqüência de passos executados pelo algoritmo ................................................... 58
Figura 21 – Câmara para aquisição das imagens. ..................................................................... 59
Figura 22 – Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,1 ..................... 61
Figura 23 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,35 ................... 62
Figura 24 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,4 ..................... 62
Figura 25 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,5 ..................... 63
Figura 26 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,1 ..................... 64
Figura 27 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,35 ................... 64
Figura 28 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,40 ................... 65
Figura 29 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,50 ................... 66
Figura 30 - Imagem da placa de teste sem o acréscimo de ruído gaussiano ............................ 68
Figura 31 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de
0,01 ........................................................................................................................................... 69
Figura 32 – Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído
gaussiano com variância de 0,01 .............................................................................................. 70
Figura 33 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de
0,02 ........................................................................................................................................... 71
Figura 34 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído
gaussiano com variância de 0,02 .............................................................................................. 71
Figura 35 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de
0,04 ........................................................................................................................................... 72
Figura 36 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído
gaussiano com variância de 0,04 .............................................................................................. 72
Figura 37 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de
0,05 ........................................................................................................................................... 73
Figura 38 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído
gaussiano com variância de 0,05 .............................................................................................. 74
Figura 39 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,01. .................................................................................................................... 75
Figura 40 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,01 ................................................................................................. 76
Figura 41 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,04. .................................................................................................................... 76
Figura 42 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,04 ................................................................................................. 77
Figura 43 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,1 ....................................................................................................................... 77
Figura 44 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,1 ................................................................................................... 78
Figura 45 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,16 ..................................................................................................................... 78
Figura 46 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,16 ................................................................................................. 79
Figura 47 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,26 ..................................................................................................................... 79
Figura 48 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,26 ................................................................................................. 80
Figura 49 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,28. .................................................................................................................... 80
Figura 50 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,28 ................................................................................................. 81
Figura 51 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,30 ..................................................................................................................... 81
Figura 52 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,30 ................................................................................................. 82
Figura 53 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com
densidade de 0,35 ..................................................................................................................... 82
Figura 54 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,35 ................................................................................................. 83
Figura 55 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,40 ................................................................................................. 83
Figura 56 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,5 ................................................................................................... 84
Figura 57 – Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
.................................................................................................................................................. 84
Figura 58 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos
gaussiano e salt and pepper com variância de 0,01 e 0,1 respectivamente .............................. 85
Figura 59 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
.................................................................................................................................................. 85
Figura 60 - - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos
gaussiano e salt and pepper com variância de 0,02 e 0,2 respectivamente .............................. 86
Figura 61 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
.................................................................................................................................................. 86
Figura 62 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos
gaussiano e salt and pepper com variância de 0,03 e 0,3 respectivamente .............................. 87
Figura 63 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
.................................................................................................................................................. 87
Figura 64 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos
gaussiano e salt and pepper com variância de 0,04 e 0,4 respectivamente .............................. 88
Figura 65 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de sete componentes. A marca
indica as almofadas onde os componentes estão ausentes ....................................................... 91
Figura 66 - Imagem da placa template onde se percebe a presença dos sete componentes. A
marca indica onde estão os sete componentes .......................................................................... 91
Figura 67 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de seis componentes ............. 94
Figura 68 - Imagem da placa template onde se percebe a presença dos seis componentes ..... 94
Figura 69 - Imagem da placa teste onde se percebe a presença de componentes. Não existe
componente ausente em relação ao template ............................................................................ 95
Figura 70 – Imagem da placa template onde se percebe a presença dos componentes ............ 95
Figura 71 – Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de um componente................ 96
Figura 72 – Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes 96
Figura 73 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de dois componentes em
relação ao template ................................................................................................................... 98
Figura 74 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes
em relação a placa teste ............................................................................................................ 98
Figura 75 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de um componente em relação
ao template................................................................................................................................ 99
Figura 76 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes
em relação a placa teste ............................................................................................................ 99
Figura 77 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de dois componentes em
relação ao template ................................................................................................................. 100
Figura 78 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes
em relação a placa teste .......................................................................................................... 100
Figura 79 - Imagem da placa teste onde se percebe a presença de todos os componentes
testados em relação ao template ............................................................................................. 101
Figura 80 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes
em relação a placa teste .......................................................................................................... 101
SUMÁRIO
A663d ...................................................................................................................................................................... 4
CDU 004.932(043.3) ................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
1
INSPEÇÃO AUTOMÁTICA DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO ............. 24
1.1
Visão Geral sobre a Inspeção Visual Automática ................................................................................... 24
1.2 Técnicas de Inspeção de Placas de Circuito Impresso ............................................................................ 26
1.2.1
Métodos Referenciais ......................................................................................................................... 27
1.2.2
Comparação de Imagens .................................................................................................................... 28
1.3 Métodos não-Referenciais ......................................................................................................................... 30
1.3.1
Processamento Morfológico ............................................................................................................... 30
1.4 Teoria da Decisão Estatística .................................................................................................................... 32
1.4.1
Classificação....................................................................................................................................... 33
2
TRABALHOS RELACIONADOS ....................................................................... 37
2.1
Visão Geral sobre a Inspeção Visual Automática ................................................................................... 37
3
METODOLOGIA ................................................................................................ 45
3.1
Pré-processamento ..................................................................................................................................... 46
3.2
Alinhamento das imagens .......................................................................................................................... 48
3.3
Binarização das imagens ........................................................................................................................... 51
3.4 Casamento de Padrões ............................................................................................................................... 52
3.4.1
Máscara Binária .................................................................................................................................. 52
3.5
Processo de Decisão usando o teorema de Bayes ..................................................................................... 56
4
EXPERIMENTAÇÃO ......................................................................................... 59
4.1
Identificação do limiar de probabilidade ................................................................................................. 60
4.2
Discussões ................................................................................................................................................... 66
4.3
Robustez do método ................................................................................................................................... 68
4.4
Discussões ................................................................................................................................................... 88
4.5
Variação da Iluminação ............................................................................................................................ 90
4.6
Discussões ................................................................................................................................................. 102
5
CONCLUSÕES E RESULTADOS FUTUROS .................................................. 103
5.1
Resultados futuros ................................................................................................................................... 104
5.2
Considerações finais................................................................................................................................. 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 106
INTRODUÇÃO
O problema abordado nesta dissertação consiste na detecção visual automática da
presença (ou ausência) de pequenos componentes eletrônicos em placas de circuitos
impressos. Este problema está relacionado com a área conhecida como Visão de Máquina.
A Visão de Máquina caracteriza-se pela sua multidisciplinaridade, podendo ser
definida como a integração tecnológica de sistemas mecânicos, ópticos, eletrônicos e de
computação, voltados para a observação e análise de objetos naturais, materiais, artefatos
humanos e processos de manufatura, objetivando detectar defeitos, aumentar a qualidade e a
eficiência operacional de produtos e processos (DAVIES, 1990).
Quando aplicados ao Controle de Qualidade, as técnicas de Visão de Máquina tornamse parte integrante dos modernos Sistemas de Inspeção Automatizada (SIA) (NEWMAN e
JAIN, 1995). Os sistemas de inspeção automatizada por meio de Visão de Máquina
apresentam grandes vantagens para o Controle de Qualidade.
A inspeção visual convencional, feita por um operador humano treinado, é efetiva para
80% a 90% dos casos inspecionados e após meia hora de trabalho tem um decaimento da
acuidade visual para um único defeito. Por outro lado, os sistemas de inspeção automatizados
que utilizam a Visão de Máquina garantem a inspeção de 100% do volume produzido, não
tem interrupção, não diminui a velocidade da linha de produção e mantém o fluxo de
produção consistente (PIO, 2007).
Os sistemas de inspeção automatizada com Visão de Máquina atuam sobre os
processos de manufatura por meio de câmeras especiais que capturam as imagens diretamente
da linha de montagem, mesmo em esteiras que trabalham em altas velocidades. Estas imagens
são digitalizadas em tempo real. Programas de computador especificamente projetados
analisam as imagens em busca de defeitos, irregularidades e efetuam medições precisas sobre
15
os objetos visualizados pela câmera. Baseando-se em sua análise, esses programas são
capazes de tomar decisões acerca de cada peça ou produto analisado. Estas decisões permitem
a implementação de ações corretivas, que poderão ser manuais ou automatizadas.
A Figura 1 ilustra um exemplo típico de linha de produção com inspeção automática
por meio de Visão de Máquina.
Figura 1- Linha de produção com inspeção automatizada por meio de um sistema de visão de
máquina (PIO 2007)
A passagem de um produto ou peça pela esteira transportadora de uma linha de
produção é detectada por um sensor. O processo de aquisição de imagens é iniciado pela
câmera. A imagem capturada pela câmera é enviada para um computador onde um programa
específico compara a imagem da peça com um padrão que ele possui armazenado na
memória. Caso a imagem coincida com o padrão, significando que a peça está perfeita,
16
nenhuma ação é tomada e o sistema passa a analisar a próxima peça. Caso a imagem não
coincida com o padrão, o sistema toma uma ação, que tanto pode ser um aviso sonoro ou
visual para o operador, quanto o acionamento de um robô que retira a peça da esteira.
Tecnologias de inspeção desse tipo encontram diversas aplicações para assegurar e garantir
um rígido Controle de Qualidade em indústrias, principalmente as do setor de eletrônica,
(NEWMAN e JAIN,1995).
A minituarização dos componentes eletrônicos vem atingindo escalas surpreendentes e
possibilitando a fabricação de aparelhos cada vez menores e de baixo custo. A tecnologia de
componentes de superfície (do inglês, Surface Mount Technology – SMT) utiliza pequenos
componentes denominados de SMCs (do inglês, Surface Mount Component), ou componentes
de montagem em superfície, aplicados diretamente sobre a placa de circuito impresso. Os
dispositivos eletrônicos construídos por meio dessa tecnologia são chamados de SMDs (do
inglês, Surface Mount Device)1.
Uma característica importante dos SMDs é que eles dispensam a necessidade de furos
na placa de circuito impresso, diminuindo consideravelmente o tempo de fabricação. A
montagem dos SMCs se dá diretamente em locais definidos, assentados sobre uma camada de
pasta de solda ou cola.
Os SMCs são usados intensivamente na produção de placas mãe de computadores
pessoais (motherboards). É natural que devido ao complexo processo de montagem,
principalmente na passagem nos fornos da Inserção Automática, algumas placas apresentem
falta desses componentes, comprometendo assim a qualidade da produção das motherboards.
Neste trabalho se desenvolve uma metodologia para a detecção da ausência (ou
presença) de componentes SMCs sobre a superfície de motherboards. A abordagem aqui
desenvolvida está baseada na identificação dos componentes por meio de técnicas de
1
Informação obtida na internet em http://en.wikipedia.org/wiki/Surface-mount_technology.
17
Processamento Digital de Imagens e na aplicação de um processo de decisão estatística, por
meio da aplicação do teorema de Bayes, para a identificação da ausência do componente de
dimensões pequenas em imagens com elevado nível de ruído.
1.1 Objetivos
Para melhor compreensão, os objetivos da dissertação foram divididos em geral e
específicos, de acordo com as descrições das subseções seguintes.
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma metodologia para a identificação da
ausência ou presença de componentes do tipo SMCs em placas de circuito impresso para
computadores.
1.1.2 Objetivos Específicos
Como objetivos específicos, destacam-se:
a)
Modelar a identificação da ausência do componente por meio de processo
probabilístico;
b)
Identificar os componentes por meio de técnicas usuais de Processamento Digital
de Imagens e Visão de Máquina;
c)
Avaliar a metodologia para garantir a sua aplicação em um Sistema de Inspeção
Automática.
1.2 Motivação
A indústria eletrônica é uma das responsáveis pela rápida expansão da tecnologia de
sistemas de Visão de Máquina, (NEWMAN e JAIN, 1995). A grande quantidade de
aplicações neste segmento incentivou muitas empresas a desenvolverem soluções para atender
às necessidades de inspeção de placas e outros componentes eletrônicos.
18
Sistemas de Visão de Máquinas possibilitam uma inspeção rápida e precisa de
componentes e de placas eletrônicas, aumentando consideravelmente a produtividade em
linhas de produção que ainda dependem de inspetores humanos.
A principal motivação para o desenvolvimento deste trabalho é a demanda das
indústrias de placas mãe de computadores pessoais pela automatização dos processos de
inspeção e a conseqüente melhoria na qualidade de seus produtos. Com os sistemas de
inspeções automatizados haverá garantia de produtos com alto índice de qualidade,
aumentando a eficiência do processo produtivo, reduzindo custos e aumentando a
competitividade.
Sob ponto de vista teórico, outra grande motivação deve-se a utilização da teoria da
decisão estatística em uma aplicação prática, agregando, assim, robustez e qualidade no
processo de classificação.
1.3 Justificativa
As exigências de qualidade, diminuição dos custos de produção e aumento de
produtividade, fizeram os sistemas de inspeção automática saírem de uma condição de
tecnologia de ponta e passassem a ser uma das mais importantes ferramentas na busca por
metas de qualidade total nas empresas industriais mais competitivas (DAVIES, 1990).
Na indústria manufatureira eletroeletrônica, os sistemas de Visão de Máquina são cada
vez mais aplicados para inspecionar placas de circuitos impressos quanto à presença,
posicionamento, soldagem e correção de seus componentes (KIM et al, 2001), (MASHOHOR
et al, 2006).
Muito embora as linhas de produção de motherboards sejam dotadas de máquinas de
inserção de SMCs de última geração, ainda estão sujeitas a falhas. Essas falhas são, em geral,
decorrentes da má aplicação da pasta de solda sobre a superfície da placa, interrupção da
energia elétrica, alteração dos parâmetros de configuração do forno, falta e alimentação errada
19
de componentes para a inserção e a falta de manutenção preventiva e corretiva nas máquinas
de inserção.
A Figura 2 ilustra alguns exemplos de falhas que ocorrem no processo de produção de
motherboards. Muitos dos problemas são devidos a curto circuito provocado por falha na
soldagem do componente, visto no detalhe da Figura 2 (a), ou a inserção errada de um
componente – Figura 2 (b). A maioria das falhas é decorrente da falta de componentes nas
placas, como pode ser notado nos detalhes apontados pelas setas nas Figuras 2 (c), 2 (d), 2 (e)
e na Figura 2 (f). Em particular destaca-se a falta de SMCs nas Figuras 2 (c) e 2 (f). Como
pode ser observada nos detalhes destas duas últimas figuras, a identificação da ausência dos
SMDs é muito difícil para o inspetor humano, devido, principalmente, ao pequeno tamanho
dos componentes e a alta densidade desses na placa.
20
.
Figura 2 - Falhas na produção de placas motherboards. (a) Curto em solda. (b) Componente mal
encaixado, em posição alta. (c) Ausência de componentes SMD. (d) Falta de componente. (e) Falta
de componente. (f) Ausência de componente SMD
No caso particular dos SMDs, os principais defeitos, são (LOH e LU, 1999):
1 – Componentes mal colocados, aproximadamente 10%;
2 – Componentes invertidos, aproximadamente 25%;
3 – Componentes ausentes, aproximadamente 20%;
4 – Componentes com defeitos nos terminais de solda, aproximadamente 55%.
21
Na maioria dos casos, a inspeção é feita por operadores humanos colocados em pontos
estratégicos a fim de evitar que defeitos passem para a próxima fase do processo produtivo.
No entanto o operador humano não consegue filtrar todos os defeitos que estão nas placas. A
Figura 3 mostra o processo convencional de inspeção. A inspetora do Controle de Qualidade
retira aleatoriamente uma placa da linha de produção e faz uma análise visual dos
componentes da placa.
Figura 3 - Inspeção visual convencional de placas motherboards
A principal justificativa para o desenvolvimento deste trabalho deve-se a possibilidade
da aplicação de uma metodologia de Visão de Máquina eficiente em um sistema de inspeção
automatizada para a identificação da presença ou ausência, em áreas da placa de circuito com
elevada densidade de pequenos componentes, o que reduz o índice de defeitos e garante a
produção de placas com elevado nível de qualidade.
22
1.4 Organização do Texto
Esta dissertação inicia com a Introdução e está dividida em cinco capítulos. A
Introdução faz comentários ao trabalho aqui desenvolvido, traça seus objetivos, motivações,
justificativas e descreve a organização do texto. Capítulo 1 aborda a fundamentação teórica,
destacando os principais métodos utilizados para a inspeção visual automática e descrevendo
a teoria do processo de decisão estatística Bayesiana. Os trabalhos relacionados são o tópico
do Capítulo 2, onde se mostra o estado da arte na detecção de diversos defeitos em placas de
circuito impresso e avaliam-se os principais trabalhos relacionados com o tema da pesquisa.
No Capítulo 3 será abordada a metodologia utilizada neste trabalho. O Capítulo 4 discutirá os
resultados obtidos durante todo o desenvolvimento. Finalizando, o Capítulo 5 apresentará as
conclusões obtidas e os resultados futuros através do presente estudo e as considerações
finais.
23
CAPÍTULO 1
1 INSPEÇÃO AUTOMÁTICA DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO
A base teórica para a elaboração da metodologia desenvolvida neste trabalho está
descrita neste capítulo. O capítulo tem inicio ao mostrar alguns aspectos gerais inerentes aos
sistemas de inspeção automática e abordar os conceitos fundamentais de Processamento
Digital de Imagens e termina com a fundamentação da abordagem Bayesiana.
1.1 Visão Geral sobre a Inspeção Visual Automática
Como o trabalho a ser efetuado em cada ambiente produtivo tem suas próprias
exigências, Sistemas de Inspeção Automatizada são estruturas construídas sob medida para
cada situação. Embora os sistemas tenham os mesmos componentes básicos, esses
componentes são oferecidos com as mais diversas características, devendo ser especificados
segundo as necessidades de cada projeto. Afinal, as aplicações podem variar bastante. Porém,
seja qual for à aplicação, os sistemas de inspeção devem satisfazer dois requisitos muito
importantes (NEWMAN e JAIN, 1995):
Devem ser rápidos - Uma linha de produção não pode utilizar métodos complexos
para análise de imagens sob pena de comprometer a eficiência do processo de
produção. Uma solução de Visão de Máquina para o Controle da Qualidade
industrial deve tipicamente ser tão ou mais rápida quanto um inspetor humano
realizando esta mesma tarefa.
Devem apresentar alta confiabilidade - Como o objetivo dos métodos de inspeção
visual para Controle de Qualidade é o de garantir a qualidade dos produtos
produzidos, detectando produtos com falhas de produção, estes métodos devem ser
extremamente confiáveis e não devem introduzir mais incertezas no processo
24
produtivo. Métodos de análise de imagens muito instáveis e que produzem
resultados muito variáveis não podem ser aplicados.
As tarefas a serem automatizadas em um ambiente de Controle da Qualidade
geralmente são tarefas extremamente estereotipadas, com variações mínimas, e que facilitam
o processo de desenvolvimento. De acordo com Newman e Jain (1995), as principais
características deste tipo de aplicação são:
Simplicidade e boa definição da tarefa - As tarefas de análise de imagens em Controle
de Qualidade são geralmente tarefas simples e sem muitas variações, que estão bem
definidas, como por exemplo: encontrar uma rachadura em um bloco de cerâmica
(procura por linha com determinadas características); encontrar falhas no tingimento
de rolos de linha industrial (procura por variações anômalas de cor); encontrar falhas
em tecelagem (procura por variações anômalas de textura); encontrar falhas em
matéria prima (variações de coloração forma ou tamanho de objetos).
Ambiente de aquisição de dados controlado - Na inspeção visual automática a
aquisição de dados é realizada sob condições controladas e bem conhecidas. As
condições de aquisição controladas das imagens permitem supor que as imagens vão
estar sempre dentro de um conjunto de parâmetros bem definidos e previsíveis,
viabilizando operações de processamento de imagens já estabelecidas. Isto facilita o
projeto de uma aplicação e favorece a sua robustez.
A utilização de Sistemas de Visão de Máquinas encontra inúmeras possibilidades em
processos de inspeção de componentes e conjuntos eletro-eletrônicos. Entre as aplicações
mais freqüentes encontram-se a verificação da presença de componentes em placas, a medição
de distâncias entre componentes, tais como pinos em um conector e a verificação de códigos
bidimensionais ou alfanuméricos para impedir a mistura de componentes no produto.
25
Os produtos freqüentemente mais inspecionados no setor eletro-eletrônico incluem-se
(NEWMAN e JAIN, 1995): conectores, placas de circuito impresso, telefones celulares,
periféricos de informática, inversores, interruptores, motores, baterias, aparelhos de uso
doméstico, componentes industriais, entre outros. A seção seguinte aborda as principais
técnicas utilizadas para a inspeção visual de placas de circuito impresso.
1.2 Técnicas de Inspeção de Placas de Circuito Impresso
Os métodos de inspeção visual automática têm apresentado avanços importantes nos
últimos anos, devido, principalmente, a redução dos custos e elevação do poder
computacional dos processadores modernos (NEWMAN e JAIN, 1995).
Até o momento atual, uma variedade muito grande de algoritmos para inspeção visual
tem sido proposta na literatura especializada. A Figura 4, adaptada a partir da taxonomia geral
proposta por (MOGANTI et al, 1996), classifica as principais abordagens usadas em três
principais categorias:
Abordagens referenciais - Fazem a análise ponto a ponto entre duas imagens da
placa, uma de referência e outra de teste obtida na linha de produção;
Abordagens não-referenciais - Não utilizam padrões de referência e sim um
conjunto de regras definidas no projeto da placa; e os
Métodos híbridos (que utilizam tanto padrões de referência como o conjunto de
regras de projeto).
26
Métodos Referenciais
Subtração de Imagens
Comparação de Imagens
Casamento de Padrões
Método de Fase Única
Árvores
Baseado em Modelos
Sintático
Grafo de Atributos
Métodos não-Referenciais
Métodos de Inspeção
Visual Automática
Casamento de Grafos
Processamento
Morfológico
Hipergrafo de Atributos de
Padrões
Análise de Bordas
Técnicas de Codificação
Codificação de Sequência
(Run Length)
Métodos Híbridos
Métodos Genéricos
Detecção de Padrões
usando Análise de Bordas
Algoritmos de Casamento
Radial
Métodos de Aprendizado
Métodos de Comparação
da Forma
Casamento de Padrões
Circulares
Figura 4 - Taxonomia dos métodos de inspeção visual
1.2.1 Métodos Referenciais
Os métodos referenciais executam operações ponto a ponto (ou característica a
característica) entre os dados de uma imagem de referência tida como “boa” e uma imagem
teste capturada na linha de produção. Esses métodos identificam erros como trilhas
esquecidas, falta de terminação, aberturas e curtos nas placas de circuito impresso. As
27
principais técnicas utilizadas nos métodos referenciais são a comparação de imagens e os
métodos baseados em modelos, sumariamente apresentados em seguida.
1.2.2 Comparação de Imagens
Subtração de Imagens – A técnica mais simples e mais direta para tratar o problema da
inspeção de placas de circuito impresso. A imagem da placa a ser analisada é
comparada com uma imagem de referência. O resultado da subtração entre as duas
imagens apresenta os defeitos que podem ser subseqüentemente analisados, Figura 5.
Figura 5 - A técnica de subtração de imagens. Uma operação lógica XOR (ou exclusivo é aplicada sobre
duas imagens binárias. A imagem diferença (à direita) mostra os componentes ausentes entre as duas
imagens (MOGANTI et al, 1996)
Essa abordagem apresenta como vantagens a trivialidade da implementação e ser
desnecessário o emprego de hardware especializado. Outra vantagem é a viabilidade
da verificação de todos os defeitos inerentes à geometria da placa. Essa técnica sofre
de alguns problemas práticos como a necessidade de registro entre as imagens, a
sensibilidade ao ruído e a variação da iluminação e da cor.
28
Casamento de padrões - A identificação e localização de correspondências entre
imagens ou entre uma imagem e um padrão, é conhecida na literatura como casamento
de imagens (image matching) ou de padrões (template matching). Como as imagens
podem ser descritas por meio de representações pictoriais ou simbólicas, diversos são
os métodos encontrados na literatura que procuram resolver o problema de casamento
de imagens ou de padrões. Estes métodos exploram o conteúdo radiométrico (níveis
de cinza) das imagens e/ou as informações simbólicas (feições pontuais, lineares ou de
área) e suas inter-relações (SCHALKOFF, 1989).
O casamento de padrões é uma melhoria na técnica de subtração de imagens. As
características extraídas da placa de teste são comparadas com padrões adotados como
modelos. A grande vantagem dessa abordagem é a possibilidade de compactação dos
dados para o armazenamento enquanto, ao mesmo tempo, se reduz a sensibilidade dos
dados de entrada. A maior limitação do casamento de padrões é a necessidade de se
utilizar muitos padrões, tornando o processo computacionalmente muito caro (esse
problema pode ser melhorado ou mesmo eliminado se as características a serem
casadas são invariantes a escala, rotação e localização). Assim como a subtração de
imagens, o casamento de padrões também necessita de registro e apresenta a
sensibilidade ao ruído e a variação da iluminação e da cor (SCHALKOFF, 1989).
Métodos de Fase Única - é um método alternativo ao método de casamento de
padrões. Uma imagem de fase única é uma imagem de amplitude de densidade
spectral de potência unitária em que toda a informação está contida na fase. Este
método tem a propriedade de remover redundância e realçar as bordas. O método usa a
Transformada de Fourier, seguida da normalização da imagem resultante, para se
estender totalmente sobre o nível de cinza da imagem. Então aplica-se a Transformada
de Fourier Inversa nos pares da imagem para produzir um mapa de diferenças entre
29
imagens. A correlação de qualquer par de pontos da imagem é removida e todos os
componentes periódicos da imagem são suprimidos. Duas imagens similares podem
ser comparadas pela criação de uma imagem composta, aplicando o método de Fase
Única. Se duas imagens são muito parecidas, um forte componente periódico com
período igual ao espaçamento da subimagem aparece no espectro da imagem
composta. Suprimindo este componente, todos os pontos que corresponde as duas
subimagens serão suprimidas e somente a diferença aparece (SCHALKOFF, 1989).
1.3 Métodos não-Referenciais
1.3.1 Processamento Morfológico
A morfologia matemática é um conjunto de métodos não lineares em Processamento
de Imagens e compreende o estudo das propriedades topológicas e estruturais dos objetos a
partir de suas imagens. Inicialmente desenvolvida para análise de imagens binárias,
posteriormente estendida para imagens em níveis de cinza e coloridas.
A morfologia matemática caracteriza-se como uma ferramenta para extrair
componentes da imagem úteis para representação e descrição do formato de objetos numa
imagem, viabilizando o Processamento de Imagens com objetivos de realce, de segmentação,
de detecção de bordas, de esqueletização, de afinamento, de análise de formas, dentre outros,
Figura 6 (BORBA e FACON, 1996).
Nos métodos morfológicos, as imagens são analisadas em termos de forma e tamanho
utilizando padrões elementares denominados elementos estruturantes. O elemento estruturante
vai interagir com cada entidade contida na imagem em estudo, modificando a sua forma, o seu
tamanho, permitindo assim tirar algumas conclusões desejadas.
30
O elemento estruturante é um conjunto completamente definido e conhecido (tamanho
e forma), que é comparado, a partir de uma transformação, ao conjunto desconhecido da
imagem. O resultado dessa transformação permite avaliar o conjunto desconhecido.
A eficiência e também a dificuldade da Morfologia Matemática reside na escolha da
deformação certa para transformar a intuição intelectual em aplicação prática. A linguagem
para Morfologia Matemática é a teoria dos conjuntos, em que os conjuntos representam os
formatos dos objetos em uma imagem (BORBA e FACON, 1996).
Os filtros utilizados na Morfologia Matemática são definidos a partir de um elemento
estruturante. Esse elemento consiste de um subconjunto do plano e pode ser usado para
realçar aspectos específicos das formas dos objetos, de modo que estes possam ser contados
ou reconhecidos.
Figura 6 - Morfologia Matemática aplicada na identificação de falhas em placas de circuito impresso. (a)
Imagem binarizada. (b) Imagem com aplicação do operador da erosão. (c) Imagem com aplicação do
operador de dilatação (BORBA e FACON, 1996)
31
A formalização da abordagem Bayesiana para a identificação da ausência de
componentes está descrita abaixo. Aborda-se com detalhes a técnica utilizada para a
identificação da presença ou ausência de componentes neste trabalho.
1.4 Teoria da Decisão Estatística
A incerteza é gerada pela ausência de organização numa dada situação, ou seja, é
gerada pela aleatoriedade ou, mais especificamente, pela entropia. Sendo assim, uma situação
totalmente incerta ou entrópica é imprevisível. Em virtude do grau de entropia de uma
situação, a capacidade de previsão dos resultados lhe será inversamente proporcional. Assim,
a medição da entropia será determinada pelo grau de incerteza contida em uma dada
informação.
De forma genérica, pode-se afirmar que uma informação é uma função baseada no
número de mensagens necessárias para reduzir completamente a incerteza da situação. Sendo
a incerteza resultado da entropia de dado conjunto de informações, ela só será eliminada
quando se sabe o real resultado dos fatos. A informação e a incerteza estão relacionadas com
o número de dados necessários que deverá ser fornecido ou estar presente para reduzir a
incerteza. Desta forma, a informação também é uma função do número de escolhas ou
alternativas possíveis, para se predizer o resultado de uma situação, a partir dos dados
fornecidos ou disponíveis.
A importância da abordagem estatística decorre de que, na maioria das vezes, algumas
alternativas ou resultados têm maior probabilidade de ocorrer do que outras, estão fortemente
associadas ao seu contexto, ou aspectos gerais do meio na qual o fato ocorre. Nas abordagens
em que as alternativas são igualmente prováveis, o grau de incerteza é elevado e a quantidade
possível de informações a ser extraída dos dados também é elevada. Quando se aumenta a
probabilidade de um dos possíveis resultados ocorrerem em relação aos demais, ocorre o
decréscimo da entropia ou incerteza e menor será a informação contida. Ora, sendo a
32
informação uma medida de incerteza, quanto maior a incerteza, maior a informação inerente à
situação.
A redundância de uma informação é o inverso da entropia relativa. Sendo a entropia
relativa à proporção de entropia presente em relação à máxima quantidade possível de
entropia, a redundância é a proporção de o quanto uma situação é previsível, em outras
palavras, o grau de certeza da informação. Através da redundância se consegue gerar o grau
de previsibilidade de uma dada situação.
1.4.1 Classificação
A classificação abrange um conjunto de técnicas que podem ser matemáticas ou
estatísticas, e visam a reconhecer padrões e objetos homogêneos. As técnicas de classificar
informações consistem, basicamente, em separá-las colocando-as em grupos previamente
definidos. Ao se agrupar as informações em características similares (classificação), se utiliza
o critério baseado na redundância destas informações. Ao se agrupar as informações, se reduz
a entropia. Em sistemas altamente entrópicos, cada informação é única, mas ao serem
agrupados, por sua redundância inerente ao tipo de informação que se deseja obter, diminui-se
a entropia e o número de informações, e consequentemente, reduz a incerteza.
Os critérios de classificação das informações irão se basear nos atributos das mesmas.
Por isso, em classificadores automáticos, estes atributos precisam ser representados
numericamente. No Processamento de Imagem, atributos relacionados à intensidade dos
pixels são naturalmente escolhidos para representarem objetos ou regiões das imagens num
classificador.
O tipo de classificação pode ser dividido em duas categorias: supervisionada, que
precisa de dados de treinamento para o classificador; e não-supervisionada, que funciona sem
a etapa de treinamento, utilizando outros critérios de semelhança dos objetos, como por
exemplo, a distância entre os mesmos objetos.
33
Pode-se então afirmar, que a classificação é uma das formas de reduzir a incerteza, ou
seja, de minimizar a imperfeição da informação. Entretanto, o que se convenciona chamar
tratamento de incerteza pode, na verdade, estar endereçando outras imperfeições da
informação, como imprecisão, conflito, ignorância parcial, etc.
Técnicas de classificação de objetos consistem, basicamente, em separá-los
colocando-os em grupos previamente definidos. Pode-se dizer que a classificação é um
processo de extração de informação em imagens com o objetivo de reconhecer padrões e
objetos homogêneos. No Processamento de Imagem, atributos relacionados à intensidade dos
pixels são naturalmente escolhidos para representarem objetos ou regiões das imagens num
classificador (LILESAND e KIEFER, 1987).
Sendo a informação contida num pixel de uma imagem de conotação probabilista,
pode-se utilizar a teoria de probabilidades ou a teoria da evidência.
A medida de probabilidade tem uma interpretação freqüentista e uma interpretação
subjetiva. Na interpretação freqüentista, que é à base da utilização de informações estatísticas,
P(A) representa o limite da freqüência da ocorrência do evento A em uma seqüência infinita
de experiências independentes. Na interpretação subjetiva, mais freqüentemente usada em
sistemas baseados em conhecimento, P(A) representa a crença de um determinado indivíduo
na ocorrência de A. Neste caso, supõe-se que o indivíduo que fornece as probabilidades aos
eventos em X seja capaz de exprimi-las de forma a que elas obedeçam aos axiomas acima.
O teorema de Bayes provê a base para o tratamento da imperfeição da informação em
diversos sistemas baseados em conhecimento (RICHARD e DICKEY, 1988). Este teorema
computa a probabilidade de um dado evento, dado um conjunto de observações.
Os classificadores bayesianos são classificadores estatísticos que podem predizer a
probabilidade de um registro pertencer a uma determinada classe. Eles oferecem uma simples,
porém poderosa técnica de classificação supervisionada assumindo que todos os atributos de
34
entrada possuam a mesma importância e são independentes entre si. Apesar dessas premissas
geralmente serem falsas, o classificador bayesiano mostra-se bem satisfatório.
A classificação bayesiana é baseada no teorema de Bayes e o algoritmo de
classificação, conhecido como „Naïve Bayes‟, apresenta um bom desempenho em termos de
velocidade e acurácia (CUROTTO, 2005). Supõe-se assim a independência de variáveis no
cálculo das probabilidades.
O teorema de Bayes pode ser traduzido por meio de
P(wi | x) = [ p(x | wi) . P(wi)] / p(x),
(2.3-1)
onde
p(x) = ∑ p(x | wi),
i
(2.3-2)
Onde wi é a hipótese a ser testada e x é a evidência associada com a hipótese.
Da visão de classificação a hipótese é a variável dependente e representa a classe
predita. A evidência é determinada pelos valores dos atributos de entrada.
P(wi|x) é a probabilidade condicional associada com x, à evidência verdadeira
fornecida.
P(x) é a probabilidade a priori, que denota a probabilidade da hipótese antes da
apresentação de qualquer evidência.
O teorema de Bayes mostra uma maneira de calcular a probabilidade a posteriori a
partir das probabilidades a priori, sendo que as probabilidades condicionais e a priori são
facilmente computadas a partir dos dados de treinamento (SCHALKOFF, 1989).
Seja x uma amostra de dados na qual a classe é desconhecida, e W uma hipótese proposta em
x. Na classificação pretende-se determinar P(W|x), ou seja, a probabilidade a posteriori da
hipótese W na amostra de dados x. Ela reflete a confiança que W vale após ter-se observado os
dados de x.
35
P(W) é a probabilidade a priori de W, antes de observar x e P(x) é a probabilidade de
x, desde que W tenha validade.
O cálculo dessas probabilidades pode ser estruturado em forma de algoritmo. Esse
algoritmo tem como objetivo calcular a probabilidade que um vetor de características
desconhecido pertença a cada uma das classes possíveis, ou seja, predizer a classe mais
provável. Esta classificação também é chamada simples ou ingênua, pois ela considera que o
efeito do valor de um vetor de características sobre uma determinada classe é independente
dos valores dos outros vetores de características, o que simplifica os cálculos envolvidos. A
Classificação Bayesiana obtém melhores resultados quando os valores dos vetores de
características são discretos (SCHALKOFF, 1989). Outra característica deste algoritmo é que
ele requer um conjunto de dados prévio que já esteja classificado, ou seja, um conjunto de
linhas que já estejam separadas em classes (ou clusters). Baseado neste conjunto de dados
prévio, que também é chamado de conjunto de treinamento, o algoritmo recebe como entrada
uma nova amostra desconhecida, ou seja, que não possui classificação, e retorna como saída à
classe mais provável para esta amostra de acordo com cálculos probabilísticos. Classificação
Bayesiana não necessita de uma métrica para comparar a „distância‟ entre as instâncias e nem
classifica a amostra desconhecida automaticamente, pois é necessário um conjunto de dados
já classificados.
36
CAPÍTULO 2
2 TRABALHOS RELACIONADOS
Este capítulo oferece uma visão geral sobre os sistemas de inspeção automática e
descreve o estado da arte dos métodos e técnicas para inspeção de placas de circuito impresso.
2.1 Visão Geral sobre a Inspeção Visual Automática
Sandra et al. (1988) desenvolveram um sistema automático de inspeção de terminais
de solda nos furos em PCB. Duas aproximações são utilizadas, o reconhecimento de teste
padrão estatístico e uma aproximação baseada em conhecimento. Um método objetivo de
redução de dimensionalidade é usado para realçar o desempenho de aproximações estatísticas
tradicionais de reconhecimento de teste padrão, gerando pesos característicos e reduzindo o
tempo computacional. O sistema é inteligente e utiliza características bem análogas as que são
utilizadas pelos inspetores na inspeção visual para classificação de defeitos. Segundo os
autores, estas duas aproximações comparadas com o desempenho de inspetores humanos são
bem favoráveis.
David e Randy (1990) apresentam um projeto e o desempenho de um sistema
experimental para medida de localização automática de componentes montados em
superfícies. É usado um sistema de iluminação com infravermelho de alto ângulo para obter
imagens com alto contraste das soldas e das almofadas de solda dos componentes após a
montagem na placa. A localização e orientação angular são computadas pelas posições
relativas dos melhores ajustes de linha através do centróide das imagens das soldas e
almofadas pelo lado oposto dos componentes. O sistema desenvolvido por eles é eficiente
para componentes grandes, com 84 pinos e 68 pinos, e não é adequado para componentes
pequenos.
37
Wesley et al. (1991) descrevem um sistema de inspeção de placas de circuito com alta
velocidade e precisão. É usado uma câmera 3D desenvolvido pela GE e é possível inspecionar
placas em tempo real.
É apresentado a arquitetura do sistema e o algoritmo usado para fazer medidas
quantitativas da pré-solda, incluindo orientação e o tamanho da solda, bem como sua
localização e forma dos furos. Eles não abordam identificação de ausência ou presença de
componentes, apesar de ter todo um aparato de ferramentas de inspeção visual para trabalhar
em tempo real.
O trabalho de Paul e René (1992) usa uma metodologia para determinar se um sistema
de inspeção visual automático é capaz de inspecionar peças dentro das especificações de
projeto usando imagens binárias. É utilizada uma técnica baseada na comparação entre erros
de zonas de potencialidade no processo com as especificações de projeto da peça. É uma
abordagem direcionada mais a peças do que a componente de placas de circuitos impressos.
Mostafa e Hwang (1993) propuseram um sistema de inspeção para medir as
características elétricas de uma PCB em um ambiente de manufatura industrial. Para os
autores, este sistema de inspeção pode atuar on-line, substituindo a pessoa que inspeciona e
sendo de fácil adaptação em quaisquer outros sistemas manufaturados. O sistema
desenvolvido é baseado no microcontrolador 8031 de 8 bits e é dividido em cinco partes a
saber: placa de circuito impresso, aquisição de dados, barramento de interface, mesa de
microswitch e ponta de contatos. Dois robôs são usados para auxiliar no processo. O primeiro
deles pega a placa já montada na mesa denominada microswitch e coloca na esteira. O
segundo é responsável para fazer as medidas das características elétricas da placa na estação
de medição. Como o sistema usa robôs para auxiliar na inspeção das placas, o custo para
implementar este sistema é relativamente alto.
38
Michael et al (1994) apresenta um estudo de caso, que detalha a aplicação de técnicas
baseadas na plataforma do sistema de inspeção visual Orbot TF501 para detectar defeitos em
placas com alta densidade de almofadas circulares. Esta técnica é capaz de detectar defeitos
elétricos e não elétricos, como curtos, contaminação, etc. Esta técnica é apropriada para ser
utilizada em placas sem componentes.
Newman e Jain (1995) consideram que a inspeção é o processo de determinação se um
produto está de acordo com um conjunto de especificações, ou seja, não ocorrem desvios a
partir de um conjunto de regras determinadas sobre o produto. O trabalho mostra que muitos
dos sistemas de visão comercial para inspeções automática usam imagem binária e citam
várias empresas que desenvolveram sistemas de inspeção automática em diversas áreas. A
metodologia de vários sistemas de inspeção automatizada é discutida no trabalho. Os autores
destacam ainda que o futuro das pesquisas sobre a inspeção automatizada terá um grande
impulso nos próximos anos, isto devido à tendência no aumento de sistemas de inspeção
automática utilizando CAD, PC‟s, Múltiplos Processadores, Múltiplos Sensores e também um
grande número destes sistemas usa técnicas de visão 3D, Raios – X, Ultra-som e outras
modalidades de sensores. O custo de muitos destes sistemas ainda são altos, mas devem
diminuir em breve. Os autores referidos comentam que é necessário que as comunidades de
Visão de Máquinas e Visão Computacional trabalhem mais unidas na solução de problemas.
Vários projetos na área de inspeção automática também são apresentados, mas sem entrar em
detalhes, fazem apenas um breve comentário sobre o desenvolvimento destes sistemas.
Borba e Facon (1996) desenvolveram um método de inspeção que mesmo sem prévio
conhecimento da placa e sem um padrão de referência, detecta a falta ou excesso de cobre.
Para a padronização de defeitos eles usaram três regras de inspeção. Segundo os autores, a
imagem em escala de cinza não é a melhor solução, por isso usaram o conceito de binarização
39
da imagem. Desde que a escala de cinza da imagem tenha uma boa resolução a imagem
binarizada é satisfatória e se houver algum ruído é fácil a sua eliminação com filtros.
O sistema de captação da imagem em escala de cinza utilizado é composto por uma
caixa com uma fonte interna de luz e uma câmera captando a imagem. Nesta configuração a
câmera não cria sombras e não existem reflexos e todas as partes mais importantes da placa
podem ser capturadas com uma boa resolução de escala de cinza. Como a abordagem é feita
em uma placa nua e sem componentes não se tem nenhuma evidência de como se comportaria
este sistema para detectar ausência ou presença de componentes, uma vez, que o sistema de
inspeção não utiliza um template para fazer uma comparação com a imagem de teste captada.
O trabalho de Du e Dickerson (1998) apresenta um sistema de inspeção automática
para componentes passivos, para localizar componentes, medir seu tamanho e suas
propriedades, suas bordas e detectar defeitos na superfície em ambos os lados. Os autores
utilizam um algoritmo para detectar as bordas e os cantos. Através da segmentação da
imagem, extrai e calculam as características do componente, como largura, tamanho,
localização, orientação, etc., e com estas informações identifica defeitos, como componentes
deslocados, pontos de ruptura na solda, mau contato na superfície. Essa técnica de inspeção
não aborda informações quanto à ausência ou presença de componentes, pois na abordagem
que é feita, cita a localização do componente como uma das características de identificação de
defeitos.
Com o avanço da tecnologia de componentes SMD, têm aparecido no mercado
componentes com tamanho cada vez mais reduzido, o que torna ainda mais difícil o trabalho
de inspeção.
A inspeção de SMDs é tratada no trabalho de Loh e Lu (1999). O terminal de solda
pode apresentar alguns defeitos peculiares, como terminais de solda em ponte, insuficiência,
excesso de solda, solda aberta, soldabilidade pobre e componente deslocado. Como o índice
40
de defeitos apresentado no terminal de solda é alto, a abordagem deles é concentrada nestes
defeitos. Quem determina a forma do terminal de solda é a pasta de solda. Os autores utilizam
uma técnica chamada mapa de inclinação para extrair informações do terminal de solda e
determinar se a mesma está boa ou está com problemas, basea-se no ângulo de inclinação da
superfície do terminal de solda. O sistema utiliza um esquema de iluminação estruturado (um
sistema de iluminação hemisférico com um array de Leds (Ligh Emit Device) e uma fonte de
luz controlada) para realizar a inspeção. A justificativa do uso do mapa de inclinação é porque
requer o mínimo ou quase nenhum esforço computacional, além de prover informações da
forma do terminal de solda útil e concisa.
Ko et al. (2000), propuseram um sistema de inspeção de defeitos nos terminais de
solda dos BGA‟s (Ball Grid Array) montados nas placas de circuitos impressos usando uma
rede Neural. A rede neural de multicamadas percepton é usada para aprender o mapeamento
de características dos inspetores humanos e então classificar a qualidade de terminais de solda
no cruzamento seccional na imagem de raios-X dos BGA‟s. De um total de 220 amostras de
BGA‟s montadas nas PCB‟s, incluindo várias formas dos terminais de solda, 160 amostras
foram selecionadas, randomicamente, para treinar a rede e 60 foram selecionadas para testar a
rede. Todas as amostras foram agrupadas por um inspetor experiente em três classificações:
Insuficiência de solda (I), Aceitabilidade da soldagem (A) e o Excesso de solda (E). O
tamanho das imagens de cada amostra é de 120 x 120 pixels.
O sistema de inspeção de placas em Kim et al (2001) apresenta uma técnica baseada
no método referencial para detectar defeitos nas placas em movimento na esteira. A
abordagem desenvolvida utiliza um algoritmo de Processamento de Imagem que faz correção
no deslocamento translacional e rotacional da placa. O algoritmo é implementado em uma
arquitetura SIMD (Single Instructions Multiple Data) para reduzir o tempo de processamento.
Algumas dúvidas ficam pendentes, já que não se sabe se o método pode ser aplicado para
41
detectar defeitos em componentes montados na placa, uma vez, que o método apresentado só
faz referências à detecção de falhas em trilhas de cobre, como trilhas em curto e trilhas em
aberto.
Zuwairie et al (2002) propôs um algoritmo de inspeção visual automática para
localização de defeitos em PCB na qual se utiliza uma imagem de referência e uma imagem
de teste. Na imagem resultante é aplicada uma técnica baseada em transformadas Wavelets.
Wavelet é uma função de média zero e satisfaz a condição de admissibilidade definida por:
Onde Ψ é uma função fixa, chamada mother wavelet e
Ψ. A constante
é a Transformada de Fourier de
é a constante de admissibilidade.
O CWT (Contínous Wavelet Transform) de uma função f é definida por:
O parâmetro a é chamado de fator de dilatação e a > 0 e b é um número real e é
chamado de parâmetro de translação. A transformada de Wavelet decompõe um sinal f(t) em
vários coeficientes, que são as funções de escala (dilatação) e posição (translação).
Apesar de ser uma técnica interessante, ela é utilizada em PCB sem componentes.
Portanto esta abordagem usada por eles deixa dúvidas em relação à identificação de presença
ou ausência de componentes na placa.
Tsai e Yang (2005) propuseram um método de inspeção visual baseado em uma
medida de similaridade utilizando autovalores entre uma imagem de referência (template) e
uma imagem da cena. É plotada no plano 2D a distribuição do nível de cinza das duas
42
imagens comparadas, resultando em um mapa, que eles denominam mapa de correspondência
2D, no qual a distribuição do nível de cinza é uma linha reta diagonal se as imagens forem
idênticas e terá uma forma não linear se as imagens forem diferentes. Esta abordagem
desenvolvida pelos autores identifica vários tipos de defeitos em componentes, mas não é
feita uma análise do que aconteceria se o componente estivesse ausente na placa.
O Sistema de Inspeção desenvolvido por Cho e Chung (2005), consiste de uma mesa
de inspeção para tecidos, equipamento de iluminação e um sistema de Processamento de
Imagem. Segundo eles, o custo é muito importante nas aplicações industriais, mas o uso de
equipamentos baratos usados para reduzir custos acaba por comprometer o desempenho do
sistema, aumentando os erros na inspeção e diminuindo a velocidade por causa de algoritmos
complicados. Os autores propuseram um algoritmo de inspeção em tempo real para uso em
aplicações industriais nas fábricas de tecidos. Para reduzir custos, usaram no sistema de
inspeção um computador, uma placa DSP (Digital Signal Processing) e buffer de memória
para processamento paralelo. As características da lente, iluminação e os problemas de
varredura de linhas pela câmara foram considerados no projeto no intuito de aumentar a
velocidade e a exatidão da inspeção. O processo de inspeção é feito por linhas e armazenado
na memória. Um filtro médio foi usado para remover o ruído de alta freqüência. Para
compensar a distribuição não uniforme do brilho na imagem, usaram um método de limiar
adaptativo. O tamanho e a posição dos defeitos são identificados a partir da imagem, e em
seguida é feita o armazenamento dos dados e logo após os resultados são mostrados na tela do
monitor.
O sistema desenvolvido por Acciani e Brunetti (2006) é baseado em um sistema de
inspeção ótico utilizando uma rede neural para detectar defeitos em terminais de solda nas
placas de circuito impresso. Neste sistema, cinco tipos de terminais de solda são classificados
em relação ao acúmulo de pasta de solda. As imagens das placas de testes são capturadas e
43
processadas para extrair a região de interesse do diagnóstico. Três tipos de vetores de
características são avaliados em cada região que são a exploração das propriedades da onda,
as características geométricas e o pré-processamento das imagens. O desempenho de três
diferentes classificadores que são o perceptron multicamadas, o vetor de quantização linear e
um classificador de vizinhança são comparados para ajudar a selecionar a melhor arquitetura
para os classificadores neurais. Os resultados têm mostrado que a rede neural MLP (MultiLayer Percepton) é que tem a melhor taxa de reconhecimento. Esta técnica não é usada para
determinar se os componentes estão ausentes na placa.
Syamsiah et al (2006) desenvolveram um algoritmo genético baseado em um
framework que é usado para estimar transformações geométricas de posições arbitrárias de
PCB‟s na esteira sem nenhuma informação a priori tal como informações de dados do CAD
(Computer Aided Design). O algoritmo genético acessa uma biblioteca de funções de
processamento de imagens dentro de um framework inteligente. As funções incluem
operações como multi-limiares fixos, detecção de bordas Sobel, subtração de imagens e filtros
de ruídos.
As simulações com imagens reais realizadas por eles demonstraram que o algoritmo
genético é robusto o bastante para detectar alguns componentes faltando e algumas formas e
tamanho de terminais de solda. O tempo computacional é reduzido em relação a alguns
trabalhos equivalentes.
O capítulo a seguir mostra a metodologia desenvolvida nesta dissertação. Parte dessa
metodologia tem por base algumas técnicas de Processamento de Imagens como a subtração e
o casamento de padrões, descritas nos capítulos anteriores. Outra parte referencia a
abordagem Bayesiana para a identificação da ausência do componente da placa sob
observação.
44
CAPÍTULO 3
3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida neste trabalho esta subdividida em três etapas principais
e esquematizada conforme Figura 7. São elas:
1) Pré-processamento;
2) Casamento de Padrões;
3) Reconhecimento probabilístico da ausência do componente.
Figura 7 - Etapas esquematizadas dos componentes funcionais da metodologia
O pré-processamento consiste na captura de uma imagem de uma placa por uma
câmera fotográfica digital colorida Olympus de 6 Megpixels que será a imagem de referência
45
(template). Essa imagem é transformada em tons de cinza. Em seguida tem seus componentes
referenciados e é então binarizada.
O processamento de imagens consiste no conjunto de operações como extração de
características e registro das imagens. Esses procedimentos são executados a cada passagem
das placas pelo campo de visão da câmera, são comparadas e devidamente registradas com a
imagem de referência.
A última etapa da metodologia trata da identificação da ausência dos componentes.
Essa identificação é realizada por meio da construção de uma função de decisão
probabilística. Essa função atua sobre as características dos componentes e informa a eventual
falta de um componente na placa. Cada etapa da metodologia será discutida em detalhes nas
seções seguintes.
3.1 Pré-processamento
A imagem colorida capturada pela câmera é enviada para um computador no qual é
feita a conversão da imagem para a escala de cinza. A imagem de referência tem um papel
fundamental no processo, uma vez que haverá o processamento e a análise feita pelo
programa de duas ou mais imagens de placas de uma mesma cena e que resultará em
encontrar semelhanças entre componentes que estão presentes nas imagens. Após esta etapa é
feita a captura da imagem da placa teste. A imagem da placa teste também é enviada para o
computador para ser convertida para a escala de cinza.
As Figuras 8 e 9 são exemplos de imagens de referência (template) e da placa teste,
respectivamente. Com cuidadosa observação, pode-se notar na área marcada na Figura 9 a
ausência de sete componentes, enquanto a imagem de referência possui todos seus
componentes.
46
Figura 8 - Imagem de uma placa mãe usada como placa de referência (Template). Nesta imagem, todos os
componentes estão presentes
Figura 9 - Exemplo de imagem de uma placa mãe usada como placa teste
47
3.2 Alinhamento das imagens
Problemas de alinhamento são comuns quando se tem imagens de placas capturadas
em esteiras, principalmente devido a mudanças súbitas que ocorrem no processo de captação.
O registro é utilizado para coincidir duas ou mais imagens obtidas em diferentes tempos ou de
diferentes pontos focais. A tarefa do registro consiste em se determinar a transformação que
leva a primeira imagem a coincidir com a segunda. Na Figura 10 temos duas imagens
sobrepostas completamente desalinhadas.
Figura 10 - Registro entre a imagem do template e imagem da placa de teste. Nota-se o total
desalinhamento entre as imagens
O registro de imagens pode ser definido como sendo um mapeamento entre as duas
imagens de forma que essas diferenças sejam minimizadas (MARTINEZ e CAMPOS, 2001).
As funções de transformação entre as imagens são fx e fy como segue:
_
_
u = fx(x, y) e
v = fy(x, y).
Estas funções relacionam as coordenadas da imagem de referência na forma (x, y) com as
coordenadas da imagem destino na forma (u, v).
48
O processo de registro de imagens pode ser dividido em três passos (MARTINEZ e
CAMPOS, 2001):
Seleção dos pontos de controle,
Correspondência desses pontos e
Estimativa da função de mapeamento.
No primeiro passo, são determinados dois conjuntos de pontos de controle. Ou seja,
são determinados dois subconjuntos de pontos C1 e C2, um da imagem I1 (template) e outro
_
da imagem I2 (imagem da placa teste).
Considere como exemplo a Figura 11 onde a imagem do lado direito é a imagem de
referência e lado esquerdo é a placa teste. São nestes quadrados superiores que é determinado
os dois subconjuntos de pontos. As imagens na parte inferior da figura apresentam os pontos
de controle devidamente posicionados.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 11 - Seleção dos pontos de controle para o alinhamento das imagens. (a) Imagem da placa teste. (b)
Imagem do template. (c) Seleção dos pontos de controle na placa teste. (d) Seleção dos pontos de controle
no template
49
No segundo passo, os pontos em C1 devem ser correspondentes aos pontos em C2,
isto é, para cada ponto em C1(template) que representa uma porção da imagem existe um ponto
em C2(placa teste) que representa a mesma porção da imagem. Esses pontos são chamados de
pontos de controle. A seleção dos pontos foram feitas manualmente usando o MATLAB 7.0.
Finalmente, no terceiro passo, esses pontos correspondentes são utilizados para
estimar uma função de mapeamento que possa relacionar os pontos restantes nas imagens. O
resultado desse conjunto de operações citados anteriormente é o alinhamento das duas placas,
conforme a Figura 12.
Figura 12 - Imagem do template e da placa teste completamente alinhadas após as operações descritas
anteriormente
50
3.3 Binarização das imagens
Como as imagens já estão perfeitamente alinhadas à próxima etapa é a binarização do
template e da placa teste. Segundo (GONZALEZ e WOODS, 2000), uma maneira óbvia de
separar objetos do fundo é através da seleção de um limiar T que separe os dois grupos.
Então, cada ponto (x, y) tal que f(x, y) > T é denominado um ponto do objeto; caso contrário,
o ponto é denominado um ponto do fundo. Com a binarização vai ser possível separar os
componentes da placa em relação ao fundo. As Figuras 13 e 14 mostram as imagens do
template e da cena após o processo de binarização com um limiar de 0,6 realizado com o
MATLAB 7.0.
Figura 13 - Imagem de referência (template) após a operação de binarização
51
Figura 14 - Imagem da placa teste após a operação de binarização
3.4 Casamento de Padrões
3.4.1 Máscara Binária
A partir das imagens binarizadas, começa a etapa de casamento de padrões, na qual os
componentes serão comparados a uma máscara binária. A máscara é um procedimento que
visa a remover pixels NZ (not zero), pixel de valor 1, exteriores a área das almofadas de
solda. Devido à posição dos componentes distribuídos na placa temos componentes na
horizontal e na vertical em relação à câmera. Neste processo é feita uma operação lógica and
entre a máscara binária e todos os componentes com as mesmas características presentes tanto
no template como na placa de teste. É necessária então, uma máscara binária na posição
horizontal e outra na posição vertical, para que estas operações possam ser realizadas, Figuras
15 e 16.
52
Figura 15 - Máscara binária de um componente ausente na posição horizontal. A área branca são as
almofadas onde o componente é colado e depois tem seus terminais soldado
Figura 16 - Máscara binária de um componente ausente na posição vertical. A área branca são as
almofadas onde o componente é colado e depois tem seus terminais soldado
53
As coordenadas da posição do componente são identificadas e armazenadas. Após a
identificação das coordenadas, a máscara binária será um padrão de referência para
comparação com outros componentes que tenham as mesmas características. A máscara
binária possui um total de NZ , como observado na Figura 17.
Figura 17 - Almofadas de solda da máscara binária. Nesta imagem, por exemplo, o valor de NZ é de 330
pixels
É realizada uma operação lógica and entre à máscara binária e os componentes do
template com as mesmas características. A partir desta operação todos os componentes do
template terão o total de pixels NZ identificados. A identificação do total de pixels destes
componentes é necessária, pois será aplicado mais na frente quando se estiver usando a
abordagem probabilística.
Na Figura 18, tem-se um componente do template e a máscara binária. Realizando a
operação lógica and entre o componente e à máscara binária obtem-se um componente
resultante. Observe que todos os pixels NZ exteriores em relação aos pixels NZ da almofada
de solda da máscara binária foram eliminados após a operação lógica and.
54
and
Figura 18 - Operação lógica and entre um componente do template (à esquerda) e a máscara
binária (à direita)
O mesmo procedimento é feito entre a máscara binária e todos os componentes que
têm as mesmas características na placa teste. Realizando a operação lógica and entre o
componente da placa teste e à máscara binária obtem-se um componente resultante conforme
a Figura 19. Observe que alguns pixels NZ exteriores em relação aos pixels NZ da almofada
de solda da máscara binária foram eliminados após a operação lógica and.
55
and
Figura 19 - Operação lógica and entre o componente da placa teste (à esquerda) e a máscara
binária (à direita)
3.5 Processo de Decisão usando o teorema de Bayes
O processo de decisão utiliza uma função estocástica para a tomada de decisão
baseada no teorema de Bayes apresentado no Capítulo 1. Na abordagem aqui desenvolvida
consideram-se as seguintes classes:
W1 é uma classe definida como componente;
W2 é uma classe definida como almofada.
P(W1) é definida como a razão entre D1/(D1+D2) e P(W2) é definida como a razão entre
D2/(D1+D2), onde D1 é a diferença do número de pixels NZ do componente do template pelo
número de pixels NZ da máscara binária e D2 é a diferença do número de pixels NZ do
componente da placa teste pelo número de pixels NZ da máscara binária . Estas são as
probabilidades a priori das classes W1 e W2, respectivamente.
56
P(x) é uma função de densidade de probabilidade, ou seja é a frequência com a qual
encontram-se uma determinda característica. Considere x um vetor de características formado
pelo número de pixels NZ extraidos de um componente da imagem.
A probabilidade P(W1| x) é a probabilidade que o componente pertença a classe W1
dado a característica x. A probabilidade P(W2| x) é a probabilidade que o componente
pertença a classe W2 dado a característica x. Usando o teorema de Bayes , pretende-se
determinar qual a probabilidade do componente está na placa de teste dado que se sabe a
priori que o componente está no template? Em outras palavras, deseja-se determinar
P(W2| x).
Usando o teorema de Bayes que é dado por meio
P(Wi| x) = [P(x| Wi).P(Wi)] / P(x), onde
2
P(x) = ∑ P(x| Wi). P(Wi).
i=1
Esse valor quantifica as probabilidades para cada um destes acontecimentos, supondo que x
ocorreu. Além disso é preciso conhecer P(x| W1) e P(x| W2).
P(x| W1) é a probabilidade com a qual se encontra uma determinada característica x dado que
a mesma pertenca a classe W1.
P(x| W2) é a probabilidade com a qual se encontra uma determinada característica x dado que
a mesma pertenca a classe W2.
O processo de decisão é realizado a partir da definição empírica de um limiar de
probabilidade β, ou seja, se P(W2| x) > β então o componente está presente, caso contrário o
componente está ausente. Na Figura 20 está a sequência de passos executados pelo algoritmo.
57
Imagem da
Placa Teste
Imagem do
Template
Algoritmo
Converte as imagens
para tons de cinza
Alinhamento
das imagens
Binariza as imagens
Limiar = 0,6
Operações
Lógicas
Decisão - Teorema
de Bayes
β < 0,4
Não
Sim
Componente
Ausente
Figura 20 – Seqüência de passos executados pelo algoritmo
58
Componente
Presente
CAPÍTULO 4
4 EXPERIMENTAÇÃO
Na fase experimental a captura das imagens foi feita por uma câmera fotográfica
digital colorida Olympus de 6 Megpixels. O tamanho da imagem capturada é de 640 x 480
pixels VGA (Vídeo Grafics Array) no formato JPEG (Joint Photographic Experts Group) sem
compressão. As imagens capturadas foram processadas em um computador com processador
Mobile AMD Sempron™ 3400 +789 MHz e 1G de memória RAM. A câmera na qual as
imagens das placas foram capturadas está na Figura 21. A iluminação é feita com lâmpadas
eletrônicas branca da marca Artek. Foi usado na iluminação 02 lâmpadas eletrônicas de 8W
que segundo o fabricante corresponde a 40W de iluminação, cada uma.
Figura 21 – Câmara para aquisição das imagens.
O procedimento metodológico experimental foi dividido em três conjuntos de testes:
Identificação do limiar de probabilidade;
Robustez do método;
Variação da iluminação.
A identificação do limiar consiste na determinação experimental do valor para o qual o
algoritmo reconhece a ausência do componente na placa. Este limiar será determinado por um
processo empírico. A partir dos resultados obtidos é possível avaliar o grau de confiabilidade
do valor do limiar para a identificação da ausência do componente.
59
Os experimentos para avaliar a robustez do método visam testar a acuidade do método
frente à adição de ruído. Para estes fins foram adicionados separadamente a imagem teste dois
tipos de ruídos: o ruído gaussiano e o ruído salt and pepper. Em seguida foram adicionados os
dois ruídos simultaneamente a imagem teste.
Grande parte dos problemas de espalhamento do ruído nas imagens é causada pela
iluminação. Outros problemas podem também ocorrer, como por exemplo, sombras, presença
de obstruções na imagem, pouco contraste e outras irregularidades. Ao visar uma melhor
avaliação do potencial do método em relação à iluminação, foram realizados experimentos
variando a potência da iluminação sobre as placas no instante de aquisição da imagem.
4.1 Identificação do limiar de probabilidade
Para a identificação do valor de probabilidade adequado para a separabilidade dos
conjuntos de características foi utilizada uma placa real identificada como defeituosa em um
processo de inspeção visual.
Para identificar o limiar de probabilidade β foi realizado um conjunto de testes com
diferentes valores de β com o intuito de identificar um valor ou uma faixa de probabilidade
confiável.
Para uma melhor visualização após a comparação entre a situação dos componentes na
placa teste em relação ao template, o algoritmo identifica na planilha o valor status=0, quando
o componente está presente, caso contrário status=1.
Para realização deste experimento assumiu-se as hipóteses que P(x| W1) = 0,98 e P(x|
W2) = 0,70. Verificou-se então o comportamento da metodologia para diferentes valores de β.
Para β = 0,1 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com
linhas plotadas sobre dois eixos da Figura 22. O eixo do lado esquerdo indica a probabilidade
a posteriori P(W2 | x) de cada componente que estão representados pelos marcadores em
forma de triângulos. O eixo do lado direito indica o status do componente. Eles estão sendo
60
representados pelos marcadores em forma de círculos. Status=1 indica que o componente está
ausente e status=0 indica que o componente está presente. Na horizontal está indicada a
quantidade de componentes testados na placa.
A representação gráfica mostra que apenas um componente foi identificado como
ausente. Como β = 0,1, a probabilidade deste componente está na placa teste é menos de 10%
o que realmente se confirma. Percebe-se que os valores das probabilidades dos sete
componentes estão abaixo do limiar de 0,3 e a probabilidade destes componentes está na placa
teste é menor que 30%.
1,00
0,90
0,80
1
Verdadeiro Negativo
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falsos positivos
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 22 – Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,1
Para β = 0,35 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com
linhas plotadas sobre dois eixos da Figura 23. Observe que todos os componentes que estão
ausentes têm a probabilidade a posteriori P(W2 | x) menor do que 0,35 e a probabilidade
destes componentes estarem presentes na placa teste são menores que 35%. O algoritmo
identificou os sete componentes como ausentes e que realmente se confirma.
Para β = 0,4 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com linhas
plotadas sobre dois eixos da Figura 24. Observe que além dos componentes que estão
61
ausentes, com este valor de β o sistema identificou mais cinco componentes, sendo estes
cinco componentes falsos negativos. O que se percebe é que o limiar de probabilidade acima
de 0,40 influencia nos resultados, pois acima deste limiar o algoritmo começa a identificar
falsos negativos.
1,00
0,90
0,80
1
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 23 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,35
1,00
1
0,90
0,80
Falsos
Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 24 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,4
62
Para β = 0,5 os resultados apresentados no gráfico combinado clássico com linhas
plotadas sobre dois eixos da Figura 25 mostram que o algoritmo reconheceu praticamente
todos os componentes como se eles estivessem ausentes, e a maioria são falsos negativos.
Nota-se que se confirma a afirmação anterior, ou seja, com o limiar acima de 0,4 o sistema
começa a reconhecer componentes que estão presentes como ausentes, ou seja, além dos 7
verdadeiros negativos o algoritmo identificou 41 falsos negativos.
1,00
1
0,90
0,80
0,70
0,60
Verdadeiros
Negativos
Falsos Negativos
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 25 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,5
Assumindo agora as hipóteses que P(x| W1) = 0,80 e P(x| W2) = 0,60. Verificou-se
então o comportamento da metodologia para diferentes valores de β.
Para β = 0,1 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com linhas
plotadas sobre dois eixos da Figura 26. Observe no gráfico que apenas um componente foi
identificado como ausente e há indicação de seis falsos negativos. Percebe-se ao analisar o
gráfico que os componentes que estão ausentes na placa estão com probabilidades menores do
que 0,30.
63
1,00
0,90
1
Verdadeiro Negativo
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
Falsos Positivos
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 26 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,1
Para β = 0,35 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com
linhas plotadas sobre dois eixos da Figura 27. Observe que todos os componentes que estão
ausentes têm a probabilidade a posteriori P(W2 | x) menor que 0,35 e o algoritmo identificou
os sete componentes que estão ausentes.
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 27 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,35
64
Para β = 0,40 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com
linhas plotadas sobre dois eixos da Figura 28. O algoritmo reconheceu os sete componentes
ausentes mais identificou dois falsos negativos.
1,00
1
0,90
0,80
0,70
Verdadeiros
Negativos
Falsos
Negativos
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 28 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,40
Para β = 0,50 os resultados são apresentados no gráfico combinado clássico com
linhas plotadas sobre dois eixos da Figura 29. Como pode ser observado a partir dos
resultados para o valor de 0,50, nota-se que o sistema identifica mais de 80% dos
componentes como se eles estivessem ausentes.
65
1,00
1
0,90
0,80
0,70
0,60
Verdadeiros
Negativos
Falsos
Negativos
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 29 - Probabilidades de cada componente da placa de teste para β = 0,50
4.2 Discussões
Baseado neste primeiro experimento, o critério para definir o valor da separabilidade
a partir de limiares que garanta que o sistema reconheça o componente como ausente pode ser
sintetizado pelo Quadro 1 a seguir:
β
0,1
0,35
0,40
0,50
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
1
7
7
7
49
49
44
8
6
0
0
0
0
0
5
41
100
100
89,8
16,3
Quadro 1 – Reconhecimento de componentes variando o valor de β, assumindo que P(x| W1) = 0,98 e P(x|
W2) = 0,70
66
O método é bem confiável quando se leva em consideração que o limiar de
separabilidade é definido de forma empírica.
Como se pode perceber, o valor do limiar de separabilidade entre os conjuntos de
características é menor do que 0,4. Nota-se que as probabilidades P(x| W1) e P(x| W2) pouco
influencia e não é muito relevante frente ao valor de β, Quadro 2.
β
0,1
0,35
0,40
0,50
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
1
7
7
7
49
49
47
10
6
0
0
0
0
0
2
39
100
100
95,9
20,4
Quadro 2 - Reconhecimento de componentes variando o valor de β, assumindo as hipóteses que P(x| W1) =
0,80 e P(x| W2) = 0,60
O valor ideal adotado para a separabilidade probabilística dos conjuntos de
características é β = 0,4. Isso leva ao seguinte critério de decisão experimentalmente.
Se β < 0,4 então o componente está ausente, caso contrário o componente está
presente. Entende-se também que para β < 0,4 está se classificando o objeto como almofada e
para β > 0,4 como componente.
67
4.3 Robustez do método
O ruído é um sinal elétrico indesejado e é gerado por instabilidades do sensor de
captura da imagem. Estes ruídos acabam confundindo o sensor e aparecem como milhares de
pequenos pontos coloridos e dar uma impressão de “granulação” ou pouca definição.
Nesta etapa é testada a robustez do método com relação a ruídos inseridos nas imagens.
Foram gerados dois tipos de ruídos e acrescentados nas imagens. Primeiro o ruído gaussiano
e em seguida o ruído salt and pepper. Na figura 30, tem-se a imagem da placa de teste sem o
acréscimo de ruído gaussiano. Na figura 31, tem-se a imagem da placa de teste com o
acréscimo do ruído gaussiano com variância de 0,01.
Figura 30 - Imagem da placa de teste sem o acréscimo de ruído gaussiano
68
Figura 31 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de 0,01
Para realização deste experimento assumimos as hipóteses que P(x| W1) = 0,98 e P(x|
W2) = 0,90 e β = 0,4. Verificar-se-á então o comportamento da metodologia para diferentes
níveis de ruído. Iniciar-se-á com um ruído gaussiano com variância 0,01. Os resultados são
apresentados em um gráfico combinado clássico onde as linhas são plotadas em dois eixos,
conforme Figura 32. Analisando os resultados percebe-se que o algoritmo identificou os 7
componentes que estão ausentes na placa mesmo com a presença do ruído gaussiano. O eixo
vertical do lado esquerdo indica as probabilidades de cada componente (representada pelos
indicadores em forma de triângulo) e o eixo vertical do lado direito indica o status do
componente (representada pelos indicadores em forma de círculos), ou seja, quando o status =
1 o componente está ausente, quando status = 0, componente está presente na placa.
69
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 32 – Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído gaussiano com
variância de 0,01
Na figura 33, tem-se a imagem da placa de teste com o acréscimo do ruído gaussiano
com variância de 0,02. Nesta etapa da análise, o algoritmo processa a imagem ruidosa e os
resultados são apresentados em um gráfico com linhas plotadas sobre dois eixos, conforme
Figura 34. O algoritmo identifica os sete componentes que estão ausentes na placa mesmo
com a presença do ruído gaussiano com variância de 0,02. Notam-se apenas alterações nos
valores das probabilidades dos componentes, mas eles permanecem abaixo do limiar de 0,4.
Em seguida é aplicado na imagem um ruído gaussiano com variância de 0,04. Percebe-se
que a imagem já está bastante ruidosa, Figura 35. O desempenho do algoritmo começou a ser
afetado, pois apareceu um falso positivo, Figura 36. Apesar do algoritmo não reconhecer o
componente, nota-se que sua probabilidade está bem próxima de 0,4.
70
Figura 33 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de 0,02
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 34 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído gaussiano
com variância de 0,02
71
Figura 35 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de 0,04
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falso Positivo
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 36 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído gaussiano
com variância de 0,04
Com um ruído gaussiano com variância de 0,05, Figura 37, o algoritmo só reconheceu
quatro componentes e três componentes são falsos positivos, Figura 38. Observe que os três
72
componentes que não foram identificados estão com os valores da probabilidade bem
próximo do limiar de 0,4.
Apesar destes dois últimos níveis de ruídos aplicados na imagem ter afetado o
desempenho do algoritmo, pois ele não reconheceu completamente os componentes que estão
ausentes, os resultados podem ser considerados satisfatórios, uma vez que, alterando o valor
do limiar de tal forma que o sistema reconheça os componentes podemos evitar os falsos
positivos.
Figura 37 - Imagem da placa de teste com o acréscimo de ruído gaussiano com variância de 0,05
73
1,00
1
0,90
Verdadeiros Negativos
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
Falsos Positivos
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 38 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído gaussiano
com variância de 0,05
Nesta etapa a robustez do método é testada com uma imagem contaminada com o
ruído salt and pepper. Foram feitos testes com densidade iniciando com valor de 0,01. Os
resultados obtidos da imagem e o gráfico estão representados nas Figuras 39 e 40. Uma
inspeção visual sobre o resultado obtido revela um bom desempenho do algoritmo, uma vez
que os sete componentes foram identificados. A partir de 0,02 os valores foram incrementados
de 0,02 até atingir a densidade de 0,26.
Para facilitar a interpretação visual dos resultados obtidos, são mostradas algumas
imagens contaminadas com o ruído salt and pepper, com densidade de 0.04, 0.1, 0.16 e 0.26 e
seus respectivos gráficos, conforme Figuras 41 a 48. Analisando os resultados percebe-se o
bom desempenho do algoritmo, pois os sete componentes foram identificados e não ocorreu
até o momento nenhum falso positivo ou falso negativo. Observando os gráficos todos os
pontos que identificam os sete componentes estão abaixo do limiar de 0,4. Entretanto nota-se
que ocorrem alterações nos valores das probabilidades, mas eles permanecem abaixo do
limiar de 0,4.
74
As Figuras 49 e 50 apresentam o resultado obtido com a imagem contaminada com
ruído salt and pepper com densidade de 0,28. Analisando o gráfico nota-se o aparecimento de
dois falsos positivos, ou seja, o algoritmo começa a ser afetado pelo ruído, pois reconheceu
apenas cinco componentes como verdadeiros negativos. Com um ruído com densidade de
0,30 e em seguida com densidade de 0,35 o algoritmo deixou de reconhecer apenas um
componente, conforme Figuras 51 a 54.
Com ruído salt and pepper com densidade de 0,40 e 0,50 o algoritmo teve seu
desempenho afetado conforme Figuras 55 e 56. Nota-se que para a densidade de 0,4 o
algoritmo só reconheceu quatro componentes como verdadeiros e com densidade 0,50
reconheceu apenas três componentes como negativos verdadeiros.
Figura 39 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,01.
75
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 40 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,01
Figura 41 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,04.
76
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 42 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,04
Figura 43 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,1
77
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 44 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,1
Figura 45 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,16
78
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 46 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,16
Figura 47 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,26
79
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 48 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,26
Figura 49 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,28.
80
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falsos Positivos
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 50 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,28
Figura 51 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,30
81
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falso Positivo
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 52 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,30
Figura 53 - Imagem da placa de teste contaminada com o ruído salt and pepper com densidade de
0,35
82
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
Falso Positivo
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 54 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,35
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falsos Positivos
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 55 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,40
83
1,00
1
0,90
0,80
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falsos Positivos
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 56 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos ao ruído salt and
pepper com densidade de 0,5
A robustez do método agora é testada com uma imagem contaminada com os ruídos
gaussiano e salt and pepper simultaneamente. Foram feitos testes inicialmente com o valor da
variância em 0,01 para o ruído gaussiano e 0,1 para o ruído salt and pepper. A Figura 57
mostra a imagem contaminada com ambos os ruídos.
Figura 57 – Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
84
Os resultados obtidos estão no gráfico da Figuras 58. Uma inspeção visual sobre o
resultado obtido revela um bom desempenho do algoritmo, uma vez que não ocorreu nenhum
falso positivo.
1,00
0,90
1
Verdadeiros Negativos
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 58 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos gaussiano e salt
and pepper com variância de 0,01 e 0,1 respectivamente
A Figura 59 apresenta a imagem contaminada com os ruídos gaussiano e salt and
pepper simultaneamente com variância de 0,02 e 0,2 respectivamente.
Figura 59 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
85
Ao se analisar o gráfico da Figura 60, percebe-se que ocorreu um falso positivo. O
desempenho do algoritmo começa a ser afetado pelos ruídos, pois reconheceu apenas seis
componentes como verdadeiros negativos.
1,00
0,90
0,80
1
Verdadeiros Negativos
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falso Positivo
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 60 - - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos gaussiano e salt
and pepper com variância de 0,02 e 0,2 respectivamente
A Figura 61 apresenta a imagem contaminada com os ruído gaussiano e salt and
pepper simultaneamente com variância de 0,03 e 0,3 respectivamente.
Figura 61 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
86
O resultado obtido está no gráfico da Figura 62. Apareceram cinco falsos positivos, o
que demonstra que o desempenho do algoritmo começa a ser seriamente afetado pelos ruídos.
1,00
0,90
1
Verdadeiros Negativos
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
Falsos Positivos
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 62 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos gaussiano e salt
and pepper com variância de 0,03 e 0,3 respectivamente
A Figura 63 apresenta a imagem contaminada com os ruídos gaussiano e salt and
pepper simultaneamente com variância de 0,04 e 0,4 respectivamente.
Figura 63 - Placa teste contaminada com ruídos gaussiano e salt and pepper simultaneamente
87
Ao se analisar os resultados apresentados no gráfico da Figura 64, o algoritmo não
reconheceu nenhum componente que está ausente. O desempenho do algoritmo mostrou-se
muito sensível quando submetidos à contaminação simultânea dos ruídos gaussiano e salt and
pepper com variância de 0,04 e 0,4 respectivamente. Baseado na análise dos testes anteriores
percebe-se que esta sensibilidade se deve principalmente a influência do ruído gaussiano
quando aplicado na imagem.
1,00
1
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
Falsos Positivos
0,20
0,10
0,00
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
P_W2_x
Status
Figura 64 - Probabilidades de cada componente da placa de teste submetidos aos ruídos gaussiano e salt
and pepper com variância de 0,04 e 0,4 respectivamente
4.4 Discussões
O tratamento do ruído é uma etapa fundamental para o Processamento Digital de
Imagens. Para este experimento foram adicionados as imagens dois tipos de ruidos, o
gaussiano e o ruido salt and pepper.
Diante dos resultados apresentados nos Quadros 3 ,4 e 5 é bastante conclusivo que o
algoritmo se comportou muito melhor com à aplicação do ruído salt and pepper do que com o
ruído gaussiano. Percebe-se que a vulnerabilidade do algoritmo é maior em relação ao ruído
gaussiano. Com o ruído gaussiano o algoritmo começou a ser afetado com uma variância
0,04.
88
Com o ruído salt and pepper o algoritmo só começou a ser afetado para valores da
variância a partir de 0,28, o que demonstra que o algoritmo é muito menos susceptíveis ao
ruído salt and pepper que com o ruído gaussiano.
Com o ruído gaussiano e salt and pepper aplicados simultaneamente na imagem com
variância a partir de 0,02 e 0,2 respectivamente, o desempenho do algoritmo começou a ser
afetado. Como o algoritmo teve seu desempenho mais afetado com o ruído gaussiano do que
com o ruído salt and pepper, é fácil perceber a maior sensibilidade do algoritmo para
reconhecer os componentes como verdadeiros negativos quando a imagem está contaminada
com ambos os ruídos.
Variância
0,01
0,02
0,04
0,05
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
7
7
6
4
49
49
49
49
0
0
1
3
0
0
0
0
100
100
100
100
Quadro 3 – Comportamento do sistema com um ruido gaussiano assumindo que P(x| W1) = 0,98 e P(x|
W2) = 0,90 e β=0,4
Variância
0,01
0,04
0,10
0,16
0,26
0,28
0,30
0,35
0,40
0,50
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
7
7
7
7
7
5
6
5
4
3
49
49
49
49
49
49
49
49
49
49
0
0
0
0
0
2
1
2
3
4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Quadro 4 – Comportamento do sistema com um ruido salt and pepper aplicado assumindo que P(x| W1) =
0,98 e P(x| W2) = 0,90 e β=0,4
89
Variância
0,01/01
0,02/0,2
0,03/03
0,04/0,4
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
7
6
2
0
49
49
49
49
0
1
5
7
0
0
0
0
100
85,7
28,6
0
Quadro 5 - – Comportamento do algoritmo com um ruido gaussiano e salt and pepper aplicado
simultaneamente na imagem de teste e assumindo que P(x| W1) = 0,98 e P(x| W2) = 0,90 e β=0,4
4.5 Variação da Iluminação
Os experimentos com a iluminação foram feitos com a placa no interior da câmera de
madeira, onde na parte de cima tem uma abertura onde foi colocada a máquina fotográfica
digital OLYMPUS de 6 Megpixel para captura das imagens. Internamente a placa é iluminada
com 02 luzes eletrônicas brancas da marca Artek. A princípio todos os testes foram realizados
usando lâmpadas eletrônicas brancas de 8W, correspondente a 40W de iluminação. Para
caracterizar o bom funcionamento do algoritmo foram feitos testes com lâmpadas eletrônicas
da mesma marca de 20W e 25W que corresponde a 90W e 120W de iluminação,
respectivamente. Internamente após a placa está iluminada, não ocorreram sombras, baixo
contraste ou outras irregularidades.
Na Figura 65 está a identificação dos componentes que estão faltando na placa teste.
Observe na imagem que faltam sete componentes.
90
Figura 65 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de sete componentes. A marca indica
as almofadas onde os componentes estão ausentes
Na Figura 66 temos a imagem da placa template e observe que os sete componentes estão
presentes. Estas imagens estão com uma iluminação de 40W de potência.
Figura 66 - Imagem da placa template onde se percebe a presença dos sete componentes. A marca
indica onde estão os sete componentes
91
No processo de identificação dos componentes o programa realiza todas as fases
descritas no Capítulo 3 e retorna um quadro com dados sobre os componentes testados e o
status de cada um, se ele está ausente ou não. Os resultados estão apresentados no Quadro 6.
A coluna NZT indica a quantidade de pixels com valor 1 em cada componente testado
na placa do template. A coluna NZMB indica a quantidade de pixels de valor 1 da máscara
binária. A coluna D1 é a diferença em valor absoluto dos valores da coluna NZT e da coluna
NZMB. A coluna NZTest indica a quantidade de pixels de valor 1 de cada componente
testado na placa teste. A coluna D2 é a diferença em valor absoluto dos valores da coluna
NZTest e da coluna NZMB. A coluna D1 + D2 é a soma das respectivas colunas. A coluna
P_W1_x é a probabilidade a posteriori P(W1 | x) de cada componente da placa template. A
coluna P_W2_x é a probabilidade a posteriori
P(W2 | x) de cada componente da placa teste.
A coluna status indica se o componente está ausente ou não. O valor status=0 indica que o
componente está presente, e status=1 indica que o componente está ausente.
C286
C283
C284
BC10
C290
BC20
BC21
C291
C292
BC16
BC22
C288
BC11
BC17
C228
C242
R348
C241
C230
C234
C233
C243
C236
Nº. NZT NZMB
1 224
337
2 201
337
3 197
337
4 203
337
5 231
337
6 200
337
7 185
337
8 174
337
9 195
337
10 181
337
11 194
337
12 170
337
13 164
337
14 157
337
15 194
337
16 207
337
17 208
337
18 240
337
19 241
337
20 233
337
21 203
337
22 245
337
23 231
337
D1 NZTest
113
308
136
337
140
304
134
316
106
310
137
265
152
257
163
157
142
176
156
161
143
141
167
142
173
146
180
125
143
207
130
187
129
209
97
211
96
212
104
209
134
166
92
184
106
170
D2 D1 +D2 P_W1_x P_W2_x Status
29
142
0,81
0,19
1
0
136
1,00
0,00
1
33
173
0,82
0,18
1
21
155
0,87
0,13
1
27
133
0,81
0,19
1
72
209
0,67
0,33
1
80
232
0,67
0,33
1
180
343
0,50
0,50
0
161
303
0,49
0,51
0
176
332
0,49
0,51
0
196
339
0,44
0,56
0
195
362
0,48
0,52
0
191
364
0,50
0,50
0
212
392
0,48
0,52
0
130
273
0,54
0,46
0
150
280
0,49
0,51
0
128
257
0,52
0,48
0
126
223
0,46
0,54
0
125
221
0,46
0,54
0
128
232
0,47
0,53
0
171
305
0,46
0,54
0
153
245
0,40
0,60
0
167
273
0,41
0,59
0
92
C255
24 132
337 205
129 208
413
0,52
C250
25 164
337 173
135 202
375
0,48
C268
26 143
337 194
141 196
390
0,52
C267
27 159
337 178
172 165
343
0,54
C265
28 133
337 204
114 223
427
0,50
R368
29 258
337
79
253
84
163
0,51
R378
30 243
337
94
240
97
191
0,51
R379
31 267
337
70
250
87
157
0,47
R380
32 277
337
60
265
72
132
0,48
R381
33 256
337
81
244
93
174
0,49
R369
34 227
337 110
232 105
215
0,53
R370
35 271
337
66
268
69
135
0,51
C202
36 223
337 114
217 120
234
0,51
R290
37 231
337 106
229 108
214
0,52
R286
38 209
337 128
202 135
263
0,51
R255
39 179
337 158
182 155
313
0,53
R253
40 170
337 167
194 143
310
0,56
R162
41 231
337 106
201 136
242
0,46
R161
42 176
337 161
175 162
323
0,52
R156
43 169
337 168
185 152
320
0,55
R160
44 210
337 127
197 140
267
0,50
C143
45 261
337
76
205 132
208
0,39
C168
46 236
337 101
199 138
239
0,44
R170
47 238
337
99
244
93
192
0,54
R171
48 250
337
87
268
69
156
0,58
Quadro 6 – O quadro mostra os resultados do teste com 48 componentes
0,48
0,52
0,48
0,46
0,50
0,49
0,49
0,53
0,52
0,51
0,47
0,49
0,49
0,48
0,49
0,47
0,44
0,54
0,48
0,45
0,50
0,61
0,56
0,46
0,42
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Na Figura 67 estão identificados os componentes que estão faltando na placa teste.
Observe na imagem que faltam seis componentes. Na Figura 68 tem-se a imagem da placa
template com os seis componentes presentes. Para o tipo de imagem testada foi usada uma
iluminação com lâmpadas eletrônicas branca Artek de 90W de potência. Apesar da
iluminação de 90W, a análise dos resultados obtidos mostraram-se bastantes eficientes com
relação à identificação dos componentes ausentes, Quadro 7.
93
Figura 67 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de seis componentes
Figura 68 - Imagem da placa template onde se percebe a presença dos seis componentes
Na Figura 69 estão identificados os componentes que estão na placa teste. Na Figura 70
tem-se a imagem da placa template com os componentes presentes. Neste caso específico não
existe componente ausente na placa teste.
94
Figura 69 - Imagem da placa teste onde se percebe a presença de componentes. Não existe
componente ausente em relação ao template
Figura 70 – Imagem da placa template onde se percebe a presença dos componentes
Na Figura 71 estão identificados os componentes que estão na placa teste. Observe que
falta um componente em relação ao template, Figura 72.
95
Figura 71 – Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de um componente
Figura 72 – Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes
96
Nº.
NZT NZMB
D1
NZTest
D2
D1+D2 P_W1_x P_W2_x Status
C228
1
166
250
84
244
6
90
0,94
0,06
1
C242
2
141
250
109
241
9
118
0,93
0,07
1
R348
3
147
250
103
224
26
129
0,81
0,19
1
C241
4
153
250
97
228
22
119
0,83
0,17
1
C230
5
153
250
97
228
22
119
0,83
0,17
1
C234
6
109
250
141
147
103
244
0,60
0,40
0
C233
7
167
250
83
175
75
158
0,55
0,45
0
C243
8
180
250
70
237
13
83
0,85
0,15
1
R294
9
80
250
170
103
147
317
0,56
0,44
0
C202
10
147
250
103
159
91
194
0,55
0,45
0
R286
11
117
250
133
143
107
240
0,58
0,42
0
R290
12
152
250
98
177
73
171
0,59
0,41
0
R152
13
137
250
113
224
26
139
0,83
0,17
1
R153
14
133
250
117
158
92
209
0,58
0,42
0
R151
15
174
250
76
172
78
154
0,51
0,49
0
R123
16
190
250
60
178
72
132
0,48
0,52
0
R122
17
149
250
101
164
86
187
0,56
0,44
0
Quadro 7 – O Quadro mostra os resultados do teste com 17 componentes
Nas Figuras 73 a 80 estão identificados os componentes que estão faltando na placa
teste em relação ao template. Observe nas imagens que faltam seis componentes. Para o tipo
de imagem testada foi usada uma iluminação com lâmpadas eletrônicas brancas Artek de
120W de potência. Apesar da iluminação de 120W, a análise dos resultados obtidos
mostraram-se bastantes eficiente com relação à identificação dos componentes ausentes,
Quadro 8. Todos os componentes que estavam ausentes foram identificados pelo algoritmo e
não ocorreu nenhum falso negativo ou falso positivo.
Através destes experimentos com a variação da iluminação nota-se que os resultados
obtidos foram satisfatórios, pois não ocorreu nenhum falso negativo ou falso positivo entre os
componentes testados em todas as imagens correspondentes.
97
Figura 73 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de dois componentes em relação ao
template
Figura 74 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes em
relação a placa teste
98
Figura 75 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de um componente em relação ao
template
Figura 76 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes em
relação a placa teste
Observe que na imagem do template o componente R125 está deslocado em relação ao
mesmo componente da placa teste (seta branca). Este componente foi identificado como
ausente. Apesar deste componente não está ausente o algoritmo mostrou que pode identificar
componentes com alguma alteração em relação a sua base de fixação (almofada).
99
Figura 77 - Imagem da placa teste onde se percebe a ausência de dois componentes em relação ao
template
Figura 78 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes em
relação a placa teste
100
Figura 79 - Imagem da placa teste onde se percebe a presença de todos os componentes testados
em relação ao template
Figura 80 - Imagem da placa template onde se percebe a presença de todos os componentes em
relação a placa teste
101
Nº. NZT NZMB
D1 NZTest D2 D1+D2 P_W1_x P_W2_x Status
C176
1 202
300
98
235
65
163
0,62
0,38
0
C179
2 220
300
80
229
71
151
0,55
0,45
0
C180
3 189
300 111
267
33
144
0,79
0,21
1
R217
4 185
300 115
221
79
194
0,61
0,39
0
R218
5 206
300
94
292
8
102
0,93
0,07
1
R124
6 161
300 139
200 100
239
0,60
0,40
0
R126
7 180
300 120
221
79
199
0,62
0,38
0
R130
8 183
300 117
203
97
214
0,57
0,43
0
R141
9 169
300 131
202
98
229
0,59
0,41
0
C108
10 165
300 135
211
89
224
0,62
0,38
0
R125
11 225
300
75
261
39
114
0,68
0,32
1
R128
12 147
300 153
258
42
195
0,80
0,20
1
C69
13 218
300
82
244
56
138
0,61
0,39
0
R84
14 202
300
98
248
52
150
0,67
0,33
1
C101
15 238
300
62
283
17
79
0,80
0,20
1
R97
16 240
300
60
226
74
134
0,47
0,53
0
R304
17
76
300 224
131 169
393
0,59
0,41
0
R306
18
54
300 246
145 155
401
0,63
0,37
0
R303
19
97
300 203
179 121
324
0,65
0,35
0
C225
20
60
300 240
130 170
410
0,61
0,39
0
Quadro 8 - O Quadro mostra os resultados do teste com 20 componentes
4.6 Discussões
Foi analisado o comportamento do algoritmo quando variamos a iluminação e diante
dos resultados apresentado no Quadro 9 percebe-se que mesmo com a elevação da iluminação
de 40 W para 90W e em seguida para 120W o algoritmo continuou a identificar os
componentes que estão ausentes na placa. A influência da iluminação na cena não resultou em
falsos positivos ou negativos, evidencia-se assim o bom desempenho do algoritmo em
identificar os componentes que estão ausentes.
Iluminação(W)
40
90
120
Verdadeiros
Verdadeiros
Falsos
Falsos
Sensibilidade
Negativos
Positivos
Positivos
Negativos
do Método
VN
VP
FP
FN
(%)
7
7
6
49
10
14
0
0
0
0
0
0
100
100
100
Quadro 9 – O Quadro mostra os resultados dos testes para três níveis de iluminação
102
CAPÍTULO 5
5 CONCLUSÕES E RESULTADOS FUTUROS
Neste trabalho desenvolveu-se uma metodologia para a detecção da ausência (ou
presença) de componentes SMCs sobre a superfície de placas motherboards. A aplicação
desta metodologia em um sistema de visão de máquinas tornará mais ágil à produção das
placas bem como garantirá um melhor Controle de Qualidade.
A abordagem está baseada em um processo probabilístico usando a Teoria Bayesiana
para modelar a identificação da ausência do componente na placa e também foram utilizadas
técnicas usuais de Processamento Digital de Imagens e Visão de Máquinas. Os testes
desenvolvidos mostram a aplicabilidade da metodologia em sistema de inspeção automática.
A abordagem está dividida em três etapas: pré-processamento, casamento de padrões e
reconhecimento da ausência de componentes a partir de uma abordagem probabilística. A
primeira fase utiliza-se uma câmera fotográfica digital da marca OLYMPUS de 6 Megpixels
para captura das imagens. Na segunda fase foi feito o registro das imagens, pois sem um
alinhamento perfeito fica impossível aplicar o casamento de padrões para identificar os
componentes. Sabe-se que problemas com alinhamento são muito comuns em captura de
imagens, principalmente em esteiras em movimento.
A fase de casamento de padrões é uma etapa importante do processo de identificação dos
componentes, pois desta fase sai informações para a fase seguinte que é a aplicação de uma
abordagem probabilística.
Por fim, este método é inovador por ser capaz de identificar a ausência de componentes
na placa por uma abordagem probabilística, aplicação do teorema de Bayes. A aplicação deste
teorema mostrou ser bastante eficiente. Foram feitos vários testes com relação à robustez do
103
algoritmo, com a aplicação de ruídos do tipo gaussiano e “salt and pepper” nas imagens e
com a variação da iluminação.
Os resultados obtidos garantem a viabilidade da utilização desta abordagem no processo
de manufaturas de motherboards. Os testes foram realizados em placas reais obtidas
diretamente da linha de produção. O template, ou imagem de referência, era uma placa padrão
usual utilizada para comparação nas inspeções do Controle de Qualidade de uma empresa de
manufatura de motherboards.
Mesmo sendo as imagens submetidas a situações extremas de ruído e iluminação os
resultados apresentaram-se aceitáveis dentro do limiar de separabilidade de probabilidade
utilizado, garantindo assim a viabilidade da abordagem.
5.1 Resultados futuros
A continuidade da aplicação deste sistema em trabalhos futuros torna-se muito
interessante e desafiadores, porém é necessário avaliar melhor o potencial do método aqui
desenvolvido através da realização de mais experimentos com imagens de resolução e
conteúdo diferentes.
O primeiro grande desafio é tornar a metodologia totalmente automática e capaz de
atuar sobre um processo de manufatura por meio de câmeras específicas para este fim e
detectar o componente que está ausente na placa. O processamento do registro das imagens
deve ser automatizado, o que torna o processo mais rápido. Com as imagens alinhadas, as
técnicas anteriormente citadas ficam mais fáceis de serem implementadas para identificar os
componentes que estão ausentes na placa.
Com relação ao tempo de processamento do programa, este deve ser o menor possível
para não interferir no processo produtivo, pois evita assim atrasos e aumento de custos. Às
condições de iluminação no sistema de captação por câmaras em uma linha de produção com
esteiras em movimento também são desafiadores, pois sabe-se que a influência da iluminação
104
em sistemas reais de captura interfere muito nas imagens, gerando sombras, baixo contraste e
outras irregularidades.
5.2 Considerações finais
Esta dissertação teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia
para a detecção da ausência de componentes SMC‟s em placas de circuito impresso.
Mostrou-se que é possível a utilização das técnicas de classificação probabilística em
SMC‟s de motheboards sobre condições de ruído e variação dos níveis de iluminação.
Entende-se que este trabalho deverá compor em um futuro próximo a base de um
sistema de inspeção visual automática.
É certo que a efetivação futura de um sistema de inspeção nestes moldes aprimorará
consideravelmente o processo produtivo, garantindo elevados padrões de qualidade nas
empresas.
105
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