ix – operações relacionadas com o património financeiro do estado
Transcrição
Outubro de 2014 IX – OPERAÇÕES RELACIONADAS COM O PATRIMÓNIO FINANCEIRO DO ESTADO 9.1 – Enquadramento Legal As operações patrimoniais dizem respeito ao património físico e financeiro do Estado. As receitas e despesas patrimoniais provêm da administração desse património mobiliário e imobiliário. As operações financeiras abrangem as transacções que conduzem à variação de activos e passivos mobiliários ou financeiros do Estado, os quais, devem constar da Conta Geral do Estado, com referência às datas do início e fim do exercício económico, nos termos do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 48 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE). O património financeiro do Estado é, também, composto pelo capital das empresas públicas e das sociedades de capitais públicos, bem como pelas participações do Estado no capital de empresas privadas, quer sejam sociedades anónimas, quer sejam sociedades por quotas, ou outras. Neste capítulo é analisado o património financeiro activo do Estado, sendo as operações inerentes à Dívida Pública tratadas no capítulo seguinte. O regime jurídico das empresas públicas é estabelecido pela Lei n.º 6/2012, de 8 de Fevereiro, que revoga a Lei n.º 17/91, de 3 de Agosto, e prevê mecanismos de acompanhamento e intervenção governamentais mais alargados na actividade das empresas públicas. As competências a nível governamental são exercidas pelo Ministro responsável pela tutela sectorial e pelo Ministro que superintende a área das Finanças, aos quais são atribuídos os poderes de acompanhamento, fiscalização e intervenção na actividade das empresas públicas, nos termos do preceituado nos artigos 4, 5 e 10 da citada lei. Pelo disposto no artigo 37 da mesma lei, na apresentação da Conta Geral do Estado à Assembleia da República, o Governo deve incluir uma informação sobre a situação económico-financeira de todas as Empresas Públicas. A Lei das Empresas Públicas que está em vigor desde 8 de Fevereiro de 2012, fixa no artigo 53, o prazo de noventa dias para a sua regulamentação, e o n.º 1 do artigo 54 refere que os estatutos da empresa pública que contrariarem a lei acima mencionada devem ser revistos e adaptados em conformidade, também num prazo máximo de noventa dias. Até à presente data, ainda não foi publicada a legislação atinente à regulamentação da nova lei das empresas públicas, ultrapassado que está o prazo de 90 dias previsto para o efeito. Da informação constante das leis que aprovam o Orçamento Inicial (Lei n.º 1/2013, de 7 de Janeiro) e o Orçamento Rectificativo (Lei n.º 21/2013, de 30 de Outubro), retira-se do Mapa A que o montante previsto para as Operações Financeiras é de 8.266.274 mil Meticais, sendo de 4.424.519 mil Meticais para as Operações Activas e 3.841.755 mil Meticais para as Operações Passivas. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-0 Outubro de 2014 9.2 – Considerações Gerais O Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) continua a não deter o controlo da totalidade das parcelas do Estado no capital social de empresas, estando parte destas sob gestão dos ministérios sectoriais e outros entes públicos, o que contraria o disposto no n.º 2, do artigo 1, do Estatuto Orgânico do IGEPE. No Anexo Informativo 4-a da CGE de 2013, existem divergências entre os dados constantes deste e os fornecidos pelo IGEPE, em sede de auditoria ao exercício económico de 2013, no que se refere às sociedades anónimas por si geridas. As diferenças atingem 84.250 milhões de Meticais e 2.400 milhões de Meticais, no que toca ao Capital Social e às Participações do Estado, respectivamente. Na auditoria ao IGEPE, apurou-se o montante de 36.200 mil Meticais de receitas de alienação do património das Empresas de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes (ECMEP´s) no mesmo ano. Não foram fornecidas, apesar de solicitadas, as escrituras públicas das transacções. Ademais, tanto o mapa de receitas cobradas pelo IGEPE, por este facultado, como a CGE, não reflectem tais vendas. No Relatório do Governo sobre os Resultados da Execução Orçamental da CGE de 2013, consta que foram despendidos 132,4 milhões de Meticais e 10 milhões de Meticais no aumento das participações do Estado no capital social de duas sociedades, o Banco Nacional de Investimentos (BNI) e a empresa Riopele, respectivamente. Contudo, da auditoria efectuada ao IGEPE, referente ao exercício de 2013, apurou-se que as despesas realizadas nestas duas sociedades consistiram no pagamento de juros de empréstimos contraídos e não de aumento das participações do Estado. Ainda, o valor de 132,4 milhões de Meticais, atinente ao BNI, aludido no relatório, difere do montante de 133,5 milhões de Meticais, apurado no decurso da auditoria. Por outro lado, o Governo refere, no mesmo relatório, ter despendido 92,7 milhões de Meticais no pagamento de indemnização aos trabalhadores das ECMEP´s. Este valor também diverge do constatado no decorrer da auditoria ao IGEPE, pois a equipa de auditoria apurou 130 milhões de Meticais. A incoerência verificada entre os dados reportados na CGE e os apurados durante a auditoria constitui inobservância do estatuído no n.º 1 do artigo 46 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o qual a CGE deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira. Relativamente a uma amostra seleccionada de adjudicatários da aquisição de participações do Estado, através da DNPE e do IGEPE, com pagamentos em atraso, verificou-se que há um incumprimento generalizado nos contratos, atingindo taxas de 90%, quer em termos globais, quer considerando as dívidas vencidas de adjudicatários individuais, havendo, nalguns deles, a ausência de qualquer pagamento das prestações já vencidas. 9.3 – Operações Financeiras Activas As Operações Financeiras cobrem as transacções que conduzem à variação de activos e passivos do Estado, englobando, assim, os empréstimos contraídos ou concedidos, as respectivas amortizações, os adiantamentos e as regularizações, bem como as participações do Estado no capital social de empresas. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-1 Outubro de 2014 As Operações Financeiras Activas compreendem a concessão de empréstimos e adiantamentos, aquisição de títulos de crédito, incluindo obrigações, acções, quotas e outras formas de participação do Estado. No quadro a seguir, apresentam-se as Operações Financeiras Activas inscritas no Mapa A do Orçamento Inicial (Lei n.º 1/2013, de 7 de Janeiro) e no Orçamento Rectificativo (Lei n.º 21/2013, de 30 de Outubro), as dotações actualizadas constantes da CGE e a respectiva execução. Quadro n.º IX.1 – Execução das Operações Activas (Em mil Meticais) Dotações Execução Código Designação Lei n.º Lei n.º CGE/2013 Valor % 1/2013 21/2013 241 Operações Activas 4.424.519 4.424.519 10.654.543 10.564.542 99,2 241001 Capital Social das Empresas 232.419 142.418 61,3 241002 Empréstimos com Acordos de Retrocessão 10.329.473 10.329.473 100,0 241099 Outras Operações Activas 92.651 92.651 100,0 Fonte: Lei n.º 1/2013, de 7 de Janeiro, Lei n.º 21/2013, de 30 de Outubro, Mapa A anexo à Lei n.º 21/2013, de 30 de Outubro, e Mapa V da CGE de 2013. Peso (%) 100,0 1,3 97,8 0,9 Em relação ao valor global, há uma diferença entre a previsão de 4.424.519 mil Meticais, naquelas leis, a última das quais aprovada a 30 de Outubro de 2013, e o montante de 10.564.543 mil Meticais, apresentado na CGE como dotação orçamental corrigida, um incremento nas previsões orçamentais de 140,8%. A execução das Operações Activas, de acordo com a informação da CGE, foi de 10.564.542 mil Meticais (99,2%), tendo os Empréstimos com Acordos de Retrocessão registado 10.329.473 mil Meticais, o correspondente a 97,8%. 9.3.1 - Sociedades com Participações do Estado No âmbito das suas atribuições e competências, consagradas nos artigos 4 e 5 do Estatuto Orgânico do IGEPE, aprovado pelo Decreto n.º 46/2001, de 21 de Dezembro, incumbe ao IGEPE gerir as participações que o Estado tem nas empresas, com vista a garantir a efectivação da sua reestruturação patrimonial. Com efeito, estabelece o n.º 2 do artigo 1 do Estatuto acima referido que o IGEPE “…tem por finalidade o exercício, nos termos legais e regulamentares, da gestão, coordenação e controlo de participações do Estado nos diferentes tipos de sociedade”, competindo-lhe, em conformidade com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 5 do mesmo diploma, acompanhar ou participar na gestão de todas as empresas participadas pelo Estado. Da auditoria efectuada ao IGEPE, constatou-se que este não detém, ainda, o controlo da totalidade das parcelas do Estado no capital social das empresas. Segundo o Instituto, parte daquelas está sob gestão dos ministérios sectoriais e outros entes públicos, contrariando-se, expressamente, o estabelecido no seu Estatuto Orgânico que, como referido, confere-lhe o mandato de ser ele a gerir as participações do Estado nas empresas. A este respeito, o Tribunal Administrativo, no seu Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado relativa ao exercício económico de 2007, emitiu uma recomendação no sentido de que fossem desenvolvidos esforços para que o IGEPE, na qualidade de gestor das participações do Estado, conhecesse as empresas em que este detém participações. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-2 Outubro de 2014 Esta recomendação foi acolhida pela Assembleia da República, através da Resolução n.º 11/2009, de 27 de Agosto, que aprova a Conta Geral do Estado referente àquele ano, a qual dispõe, no artigo 2, que “Na elaboração da Conta Geral do Estado, o Governo deve observar as recomendações do Tribunal Administrativo, constantes do seu Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado”. 9.3.1.1- Sociedades por Quotas Nos termos do n.º 1 do artigo 283 do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro, as sociedades por quotas são aquelas em que o capital está dividido em parcelas e os sócios são solidariamente responsáveis pela realização do capital social. Seguidamente, apresenta-se o quadro resumo das participações do Estado nas Sociedades por Quotas, no quinquénio 2009-2013. Quadro n.º IX.2 - Participações do Estado nas Sociedades por Quotas Var. Capital Social (%) 0,0 139.184 (Em mil Meticais) Var. Participação Var. Peso (%) do Estado (%) (%) 0,0 54.268 0,0 39,0 Anos Sociedades 2009 27 2010 26 24 -3,7 40,6 -2,5 52.088 51.459 -4,0 -7,7 128.281 125.134 -7,8 2011 -1,2 41,1 2012 20 -16,7 123.303 -1,5 51.028 -0,8 41,4 2013 20 Fonte: IGEPE. 0,0 123.303 0,0 51.028 0,0 41,4 Como se pode observar no Quadro n.º IX.2, o exercício em apreço não registou movimentos, mantendo-se a participação do Estado em 20 sociedades, não tendo havido, igualmente, alterações nos montantes participados nos exercícios de 2012 para 2013. Ao longo do quinquénio, a intervenção do Estado nas sociedades por quotas tem vindo a diminuir, com 27, em 2009, para as actuais 20 sociedades, com um peso de participação no capital que variou, no mesmo período, de 39 a 41,4%, tendo havido um movimento inverso entre o número de sociedades e o peso da participação do Estado nas mesmas. Esta situação é resultante das acções que têm vindo a ser desenvolvidas pelo IGEPE, no saneamento da carteira de participações, com vista à liquidação e/ou alienação da parte do capital social em empresas consideradas não estratégicas, no âmbito da reestruturação do sector empresarial, ao mesmo tempo que procura identificar oportunidades de investimento com novas parcerias, nomeadamente em projectos ligados ao desenvolvimento dos Recursos Naturais. 9.3.1.2- Sociedades Anónimas De acordo com o estipulado no artigo 331 do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro, as Sociedades Anónimas são aquelas em que o capital é dividido em acções e cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu. Seguidamente, apresenta-se o quadro-resumo e o gráfico das participações do Estado nas Sociedades Anónimas, sob gestão do IGEPE, no quinquénio 2009-2013, distribuídas pelas participações directas do Instituto e as detidas por outras entidades do Estado. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-3 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.3 - Participações do Estado nas Sociedades Anónimas (Em mil Meticais) N.º de Sociedades Anos IGEPE 2009 15 2010 17 2011 15 2012 18 2013 18 Fonte: IGEPE. Peso (%) Outras Instituições do Estado 14,6 16,0 14,7 17,6 17,5 88 89 87 84 85 Participações Peso (%) 85,4 84,0 85,3 82,4 82,5 Total Capital Social 103 106 102 102 103 52.866.822 69.987.822 71.260.816 74.097.026 74.054.822 IGEPE 984.011 984.011 658.753 658.753 722.426 Outras Instituições do Estado Peso (%) Total 27.018.823 35.485.826 35.782.324 44.911.903 44.893.803 28.002.834 36.469.837 36.441.077 45.570.655 45.616.229 53,0 52,1 51,1 61,5 61,6 em mil Meticais Gráfico n.º IX.1- Evolução das participações do Estado e do capital social Capital social 2009 52,866,822 140,000,000 2010 69,987,822 120,000,000 2011 71,260,816 2012 74,097,026 100,000,000 2013 74,054,822 Participacoes do Estado 28,002,834 36,469,837 36,441,077 36,469,837 45,570,655 45,616,229 45,616,229 45,570,655 36,441,077 28,002,834 80,000,000 69,987,822 74,054,822 74,097,026 71,260,816 60,000,000 52,866,822 40,000,000 20,000,000 0 2009 2010 Fonte: Quadro n.º IX.3. 2011 2012 2013 Participacoes do Estado Capital social Observa-se que o Estado detinha, em 2013, participações em 103 sociedades, sendo que em 18 delas, através do IGEPE e nas outras 85, por outras instituições do Estado, com um peso de 82,5%. Nas 103 sociedades participadas, o Estado detém 45.616.229 mil Meticais de capital social, o que significou um aumento de 45.574 mil Meticais, comparativamente ao ano de 2012, em que se registou, em 102 sociedades, uma participação de 45.570.655 mil Meticais. No ano em apreço, o peso da participação do Estado no capital social das sociedades anónimas representou 61,6%, percentagem praticamente idêntica à do ano anterior (61,5%). No quadro a seguir, são apresentadas as variações ocorridas na carteira das empresas do Estado sob gestão do IGEPE, relativamente às sociedades anónimas, no exercício de 2013. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-4 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.4 – Variação na Carteira do IGEPE em 2013 - Sociedades Anónimas 2012 N.º Ordem Empresas Capital Social 1. Entradas Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), SA 2. Retiradas por Venda GAPI, SA 3. Alteração no Capital Social/Participação Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE), SA Total Fonte: IGEPE. (Em mil Meticais) Variação 2013 Participação do Estado Capital Social Participação do Estado Capital Social Participação do Estado 0 0 15.000 9.900 15.000 9.900 0 0 15.000 9.900 15.000 9.900 41.000 41.000 157.000 16.400 16.400 125.600 12.300 12.300 157.000 0 0 109.900 -28.700 -28.700 0 -16.400 -16.400 -15.700 157.000 125.600 157.000 109.900 0 -15.700 198.000 142.000 184.300 119.800 -13.700 -22.200 A participação do Capital Social do Estado na EMOSE, SA, foi reduzida em 15.700 mil Meticais. Verifica-se que o capital das sociedades anónimas da carteira do IGEPE sofreu uma diminuição de 13.700 mil Meticais, resultante do efeito conjunto da retirada da participação do Estado na GAPI, SA, no montante de 16.400 mil Meticais, e da entrada do Estado no capital social da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), SA, no montante de 9.900 mil Meticais. De acordo com o disposto nos artigos 1 e 4 dos seus estatutos, publicados no BR. n.º 71, III Série, a Empresa Moçambicana de Atum, SA é uma sociedade anónima, com o capital de 15 000 mil Meticais com a seguinte distribuição: 34% pertence ao IGEPE, 33% à Emopesca Empresa Moçambicana de Pesca, S.A e 33% à GIPS - Gestão de Investimentos, Participações e Serviços, Lda. Analisando o Anexo Informativo 4-a da CGE de 2013, constata-se uma divergência entre a informação dele constante e a fornecida pelo IGEPE, em sede de auditoria ao exercício económico de 2013, no que se refere às sociedades anónimas por si geridas, como a seguir se mostra: Quadro n.º IX.5 - Divergências entre as informações da CGE e as apuradas no IGEPE (Em mil de Meticais) Capital Social Participações do Estado Empresa Partcipada CGE IGEPE Diferença CGE IGEPE Diferença Carteira Móvel, SA Fasorel, SA (ex FASOREL/SABOREL) 25.000 35.000 37.500 0 -12.500 35.000 - - - GAPI- Sociedade p/ Apoio a Pequenos Projectos de Investimento, SA 41.000 41.000 0 12.300 0 12.300 0 15.000 -15.000 0 9.900 -9.900 76.750 0 76.750 - - - 177.750 93.500 84.250 12.300 9.900 2.400 EMATUM- Empresa Moçambicana de Atum, SA Sociedade de Aldeamento Turístico de Macúti Total Fonte: CGE de 2013 e IGEPE. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-5 Outubro de 2014 Como se pode verificar no quadro, são significativas as diferenças entre os valores registados na CGE e os indicados pelo IGEPE, do capital social das empresas e das participações do Estado. No Relatório e Parecer sobre a CGE de 2012, o TA recomendou que a empresa Sociedade de Aldeamento Turístico de Macuti, SA, na sequência da sua integração na Mosaico do Índigo, SA, fosse retirada da carteira das participações do Estado. No que toca à empresa Fasorel, SA (ex-Fasorel/Saborel), esta foi alienada aos Gestores Técnicos e Trabalhadores (GTT´s) em 2012, pelo que também não deveria constar da mesma. Nestes dois casos, a CGE não actualizou a informação, no anexo respectivo. Na Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), SA, cujo capital social é de 15.000 mil Meticais, o Estado detém uma participação de 9.900 mil Meticais. A Conta Geral do Estado não contém informação quer sobre o capital desta empresa, quer sobre a participação, nela, do Estado. 9.3.2 – Saneamento Financeiro Nas auditorias realizadas ao IGEPE e à Direcção Nacional do Património do Estado (DNPE), foi apurado que os gastos do Estado no saneamento financeiro, através destas duas entidades, foram de 157.175 mil Meticais, dos quais, 149.522 mil Meticais, através do IGEPE, e 7.653 mil Meticais, através da DNPE, como se dará conta a seguir. 9.3.2.1 - Saneamento Financeiro Através do IGEPE No exercício económico de 2013, através do IGEPE, foram gastos 149.522 mil Meticais no saneamento financeiro de empresas, conforme se verifica no Quadro IX.6, adiante. Observa-se, no mesmo quadro, que foram disponibilizados 249.586 mil Meticais pelo Estado, sendo 235.069 mil Meticais inscritos no Orçamento do IGEPE e 14.517 mil Meticais provenientes do saldo de 2012, que transitou para o exercício de 2013, cuja utilização teve autorização do Ministro das Finanças. Para além do valor desembolsado pelo Estado, foram despendidos, pelo IGEPE, 43.421 mil Meticais, sendo 36.200 mil Meticais de receitas de alienação e 7.221 mil Meticais, de receitas próprias. Segundo dados apurados na auditoria ao IGEPE, o montante de 36.200 mil Meticais de receitas de alienação resultou da venda do património das ECMEP´s, no mesmo ano, de que não foram, contudo, fornecidas, apesar de solicitadas, as respectivas escrituras públicas. Ademais, tanto o mapa de receitas cobradas pelo IGEPE como a CGE não reflectem tais vendas, o que demonstra divergências. O Quadro n.º IX.6, a seguir, ilustra as despesas do Estado no saneamento financeiro de empresas ao longo do quinquénio 2009-2013. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-6 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.6 - Despesas do Estado no Saneamento Financeiro de Empresas e Aumento de Capital, através do IGEPE (Em mil Meticais) 2013 Empresas 2009 2010 2011 2012 10.000 355 32.148 149.522 0 0 8.027 0 0 300 0 0 1.488 0 7.190 Peso (%) 100,0 0,0 0,0 5,4 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 1,0 0,0 4,8 219.716 130.045 2.472 Valor I. Saneamento financeiro 1. Texmoque 2. Texlom, SARL 3. Minas do Zambeze 4. Riopele 5. Mabor 6. Companhia do Búzi, SA 7. Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SA 8. SCANMO 9. Minas de Murrua e Magma 10. ADENA 11. Sociedade Moçambicana de Medicamentos 12. Empresas de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes-ECMEP´s 13. ALC - African Leasing Company, SA (*) 14. Riopele, Têxteis de Moçambique, SA II. Operações Financeiras Activas II.1-Constituição de Capital 1. Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, SA II.2-Aumento de Capital 1. mCel- Moçambique Celular, SA 2. SEMOC 3. Auto Gás, SA. 62.337 0 6.500 0 4.000 5.500 0 6.000 3.337 37.000 0 0 28.100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 28.100 0 148.653 0 0 0 0 3.151 0 0 0 470 69.837 37.562 310.559 2.360 0 0 0 0 24.660 0 0 12.973 100.000 1.000 1.000 35.749 35.749 0 0 29.650 0 0 29.650 0 17.850 11.800 0 0 0 0 0 0 0 II.3-Aumento da Participação do Estado no Capital Social 0 0 1. Banco Nacional de Investimentos II.4-Empréstimos 32.964 0 1. CMG- Companhia Moçambicana de Gasodutos, SA 32.964 0 II.5-Suprimentos 30.287 0 1. Sociedade Moçambicana de Medicamentos 30.287 0 Total Geral I+II 162.337 57.750 Disponibilizado Pelo OE (1) Saldo de 2012 cuja utilização em 2013 foi autorizada pelo Ministro das Finanças (2) Outros recursos (**) (3) Total de Recursos (4) = (1) + (2) + (3) 0 0 0 0 0 148.653 3.400 24.500 4.145 13.935 471.571 0 471.571 471.571 0 0 782.130 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 149.522 235.069 14.517 43.421 293.007 Total 2009/13 Peso (%) 699.171 2.360 6.500 8.027 4.000 12.051 24.800 10.145 3.337 48.958 98.292 76.900 53,8 0,2 0,5 0,6 0,3 0,9 1,9 0,8 0,3 3,8 7,6 5,9 87,0 374.421 28,8 1,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 15.445 13.935 601.221 1.000 1.000 65.399 35.749 17.850 11.800 1,2 1,1 46,2 0,1 0,1 5,0 2,7 1,4 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 471.571 471.571 32.964 32.964 30.287 30.287 1.300.391 36,3 36,3 2,5 2,5 2,3 2,3 100,0 Fonte: IGEPE. (*) - Antiga ULC Moçambique, Lda. (* *) - Receitas de alienação (36.200 mil Meticais) e receitas próprias do IGEPE (7.221 mil Meticais). No exercício económico de 2013, destaca-se a despesa no saneamento financeiro nas Empresas de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes (ECMEP´s) de pagamento de salários em atraso aos trabalhadores, indemnização aos ex-trabalhadores e reservas matemáticas, no valor total de 130.045 mil Meticais, o que representou 87% da despesa do ano. No quinquénio, o Estado desembolsou 1.300.391 mil Meticais, sendo 699.171 mil Meticais e 601.221 mil Meticais, respectivamente, em saneamento financeiro e operações financeiras activas (que incluíram operações de constituição e aumento de capital, empréstimos e suprimentos). O Governo informou, no seu Relatório sobre os Resultados da Execução Orçamental, primeiro parágrafo da página 67, que foram despendidos 132,4 milhões de Meticais e 10 milhões de Meticais no aumento da participação do Estado no capital social de duas sociedades, o Banco Nacional de Investimentos e a empresa Riopele. Contudo, da auditoria realizada ao IGEPE referente ao exercício de 2013, apurou-se que as despesas realizadas nestas duas sociedades consistiram no pagamento de juros de empréstimos contraídos, ambos no Millennium bim. Ademais, o valor de 132,4 milhões de Meticais, referente ao BNI, aludido no relatório, difere do montante de 133,5 milhões de Meticais, apurado no decurso da auditoria, referente ao pagamento de juros dos empréstimos contraídos. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-7 Outubro de 2014 Ainda na página 67 do mesmo relatório, o Governo faz constar, no segundo parágrafo, ter despendido 92,7 milhões de Meticais no pagamento de indemnização aos trabalhadores das ECMEP´s. Este valor diverge do apurado durante a auditoria ao IGEPE, que é de 130 milhões de Meticais, como se pode observar no mesmo quadro. Na execução do corrente ano, a intervenção do IGEPE no saneamento financeiro consistiu na aplicação de valores distribuídos da seguinte forma: a) Foram orçamentados 92.651 mil Meticais para as ECMEP´s Sul, Centro e Norte, destinados ao pagamento de salários em atraso aos trabalhadores, indemnização aos ex-trabalhadores e reservas matemáticas. A despesa executada a este respeito, para o pagamento desses passivos laborais foi de 130.045 mil Meticais, o que corresponde a 37.394 mil Meticais acima do valor orçamentado; b) Orçamentou-se 5.690 mil Meticais para as despesas de funcionamento das actividades planificadas da Sociedade Moçambicana de Medicamentos, SA, tendo sido despendidos 7.190 mil Meticais, correspondentes a 1.500 mil Meticais acima do valor orçamentado; c) Foram previstos 800 mil Meticais para o pagamento de passivo laboral aos extrabalhadores das Minas de Murrua e Magma, mas foram desembolsados 1.488 mil Meticais, sendo 688 mil Meticais acima do valor previsto; d) O IGEPE realizou despesas não orçamentadas, no valor de 2.472 mil Meticais, para o pagamento da dívida a vários fornecedores, contraídas pela empresa African Leasing Company, SA, no âmbito do saneamento desta empresa; e) Foram realizadas despesas não orçamentadas no valor de 300 mil Meticais para o pagamento de honorários ao advogado por serviços prestados a favor da empresa Companhia do Búzi. O n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, prescreve que “Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia”. Este facto constitui violação das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, bem como da assunção, autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos, à luz do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, relativa à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo. 9.3.2.2 – Saneamento Financeiro através da DNPE No exercício económico de 2013, foram gastos, através da DNPE, 7.653 mil Meticais no saneamento financeiro de empresas, com recurso a receitas de alienação do património e participações do Estado, ao abrigo do n.º 1 do artigo 25 da Lei n.º 15/91, de 3 de Agosto, que estabelece normas sobre a reestruturação, transformação e redimensionamento do sector empresarial do Estado incluindo a privatização e a alienação, a título oneroso, de empresas, estabelecimentos, instalações e participações sociais de propriedade do Estado. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-8 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.7 – Saneamento Financeiro de Empresas através da DNPE (Em mil Meticais) 2013 N.º Ordem Designação 2009 2010 2011 2012 Total 2009/13 Peso (%) 2.488 394 174 0 0 Peso (%) 0,0 3.055 3,8 200 0 0 0 0 0,0 200 0,2 Ex-Fábrica de Refrigerantes de Tete 0 3.832 0 0 0 0,0 3.832 4,7 4 Pescom Internacional - Delegação de Maputo 0 164 0 0 0 0,0 164 0,2 5 Pescom Internacional - Beira 1.541 0 24 0 0 0,0 1.565 1,9 6 Mecanagro e Auto Diesel da Maxixe 2.164 0 0 0 0 0,0 2.164 2,7 7 Ex-Construtora Integral de Sofala 17.687 0 0 0 0 0,0 17.687 21,7 8 ROMOS Inharrime 9 ROMON, E.E. - Delegação de Lichinga 10 Valor 1 Intermecano 2 Lomaco - Montepuez 3 0 0 256 0 0 0,0 256 0,3 2.058 0 0 0 0 0,0 2.058 2,5 Serração e Carpintaria Beirense 458 0 0 0 0,0 2.202 2,7 11 CETA-Construções e Serviços 70 0 0 1.744 0 0 0,0 70 0,1 12 Porto de Pescas de Quelimane 5.652 0 0 0 0 0,0 5.652 6,9 13 Romoza, E.E. - Delegação de Quelimane 4.030 0 0 0 0 0,0 4.030 5,0 14 Cerâmica e Carpintaria Monteiro e Giro - Deleg. da Zambézia 2.173 0 0 0 0 0,0 2.173 2,7 15 615 680 883 138 448 5,9 2.765 3,4 163 207 188 710 76 1,0 1.344 1,7 17 Unidade Técnica de Reestruturação de Empresas (UTRE) Cinemas (Gúruè, Montalto, Preciosa, Nacional, 25 de Setembro e Victórial) Pensão Tomás 0 0 95 0 0 0,0 95 0,1 18 Joaquim Miquicene 42 0 0 0 0 0,0 42 0,1 19 Vilmar, Manica 849 618 0 0 0 0,0 1.467 1,8 20 Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) 73 186 0 0 0 0,0 259 0,3 21 Pedreira de Movene 71 0 0 0 0 0,0 71 0,1 22 Bartolomeu Manuel Banze 29 0 0 0 0 0,0 29 0,0 23 Vulcanizadora de Moçambique 157 0 0 0 0 0,0 157 0,2 24 João Chipela 203 0 0 0 0,0 295 0,4 25 Armando Fernando Milú 0 5.800 0 92 0 0 0,0 5.800 7,1 26 Costa Alberto Landane- CNAA-MOPH 0 0 0 0 0,0 678 0,8 27 Arvindcumar Jamnadás 0 687 0 678 0 0 0,0 687 0,8 28 Romão Domingos Pinto Romão 0 777 0 0 0 0,0 777 1,0 29 Ex-Romoc, E.E. - Delegação de Tete 0 383 0 0 0 0,0 383 0,5 30 Ex-Agro Pecuária de Quelimane 133 0 0 0 0 0,0 133 0,2 31 Fábrica de Descasque de Arroz de Conhane 0 0 0 4.530 0 0,0 4.530 5,6 32 Fábrica de Refrigerantes de Tete 0 0 0 61 0 0,0 61 0,1 33 Construtora Integral de Manica 0 0 0 9.553 0 0,0 9.553 11,7 34 IMAGRAL 0 0 0 4.131 54,0 4.131 5,1 35 Empresa Joaquim A. S. dos Reis 0 0 0 2.998 39,2 2.998 3,7 Total 40.854 13.728 1.620 7.653 100 81.362 100,0 16 17.507 Fonte: DNPE. No Quadro n.º IX.7, acima, elaborado com base na informação recolhida nas auditorias realizadas na DNPE, verifica-se que, em 2013, as despesas de saneamento financeiro tiveram uma redução, passando de 17.507 mil Meticais, em 2012, para 7.653 mil Meticais, no exercício em análise. As empresas que mais recursos absorveram, em 2013, foram a IMAGRAL, no montante de 4.131 mil Meticais, com um peso de 54,0% do valor total despendido no ano, e a Joaquim A.S. dos Reis, com 2.998 mil Meticais, representando 39,2% do valor total. Foram, ainda, efectuadas despesas no saneamento financeiro à Unidade Técnica de Reestruturação de Empresas (UTRE), com 448 mil Meticais (5,9%) e aos Cinemas (Gúruè, Montalto, Preciosa, Nacional, 25 de Setembro e Victória), com 76 mil Meticais (1%). Ao longo do quinquénio, do total dos recursos despendidos, as empresas que mais recursos consumiram no seu saneamento financeiro foram a ex-Construtora Integral de Sofala, com 21,7%, e a Construtora Integral de Manica, com 11,7%. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-9 Outubro de 2014 9.3.3 – Empréstimos Concedidos pelo Estado 9.3.3.1 – Federação Moçambicana das Associações dos Transportes Rodoviários (FEMATRO) Em 2004, foi outorgado um crédito, através do Ministério dos Transportes e Comunicações, à Federação Moçambicana das Associações dos Transportes Rodoviários (FEMATRO), com receitas consignadas (Taxa sobre o Combustível), no valor de 7.900 mil Meticais, para a compra de autocarros. O Acordo de Empréstimo foi assinado entre o Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE) e a FEMATRO, em 9 de Junho de 2005. Da auditoria realizada ao FARE, relativa ao exercício económico de 2008, foi constatado que a FEMATRO, até àquela data, do valor total que já devia ter sido pago, correspondente a 4 prestações em capital e juros (6.774.250 Meticais), tinha liquidado 500.000 Meticais, equivalentes a 7,4% da dívida. Em 2009, o valor reembolsado, em termos de capital, ascendia a 3.350.000 Meticais, ou seja, 42,4% do empréstimo, no valor de 7.900.000 Meticais. Desde esta data, não se registou qualquer reembolso adicional do empréstimo. A este respeito, a Direcção Geral do FARE referiu que está a estudar melhores formas de persuadir o mutuário a pagar a sua dívida, entre as quais uma possível reprogramação e novos termos de condições daquele empréstimo. O artigo 37 do Estatuto do FARE, aprovado pelo Decreto n.º 89/2009, de 31 de Dezembro, dispõe que em caso de incumprimento das obrigações, pelos beneficiários dos créditos desta instituição, poderá promover a cobrança coerciva até ao reembolso integral, através dos tribunais judiciais, contudo, assim não procedeu. 9.3.3.2 – Empréstimos com Acordos de Retrocessão 9.3.3.2.1 – Desembolsos e Reembolsos dos Créditos Concedidos com Acordos de Retrocessão De seguida, são apresentados os dados relativos aos desembolsos e reembolsos de 2013, dos créditos outorgados e financiados pelos diferentes parceiros, nos quais o Estado é co-garante da sua devolução. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-10 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.8 - Saldos dos Empréstimos com Acordos de Retrocessão (Em mil Meticais) N.º Ordem Designação 2013 Saldo a 31/12/12 Desembolsos (1) (2) 1 CFM 4.254.790 0 2 EDM 8.758.050 2.183.079 3 FIPAG 5.126.127 325.682 4 HCB 541.813 0 5 TDM 1.281.926 0 6 ADM 3.642.838 0 7 FARE 1.072.960 24.295 8 FFPI 138.749 0 9 ANE-Fundo de Estradas 1.738.321 737.496 10 FAPI/GAPI 250.643 0 11 Maputo-Sul 2.224.116 7.058.921 12 Outros Reembolsos * 0 0 Total 29.030.333 10.329.473 Fonte: Anexo Informativo 5 da CGE de 2013. *Referente a ajustamento efectuado em várias contas reconciliadas. Reembolsos Saldo a 31/12/13 Var. (%) 2012/13 (3) (4)=(1)+(2)-(3) (5) 0 125.000 86.395 124.544 0 0 0 0 0 0 0 44 335.983 4.254.790 10.816.129 5.365.414 417.269 1.281.926 3.642.838 1.097.255 138.749 2.475.817 250.643 9.283.037 -44 39.023.823 0,0 23,5 4,7 -23,0 0,0 0,0 2,3 0,0 42,4 0,0 317,4 34,4 No quadro acima, verifica-se que foram desembolsados, em 2013, 10.329.473 mil Meticais e reembolsados 335.983 mil Meticais, de que resultou um saldo de 39.023.823 mil Meticais, em 31/12/2013. Beneficiaram dos desembolsos acima referenciados as empresas Maputo-Sul, EDM, ANE – Fundo de Estradas, FIPAG e FARE, nos montantes de 7.058.921 mil Meticais, 2.183.079 mil Meticais, 737.496 mil Meticais, 325.682 mil Meticais e 24.295 mil Meticais, respectivamente. Em relação aos reembolsos, no exercício em apreço, efectuaram pagamentos as empresas EDM, HCB e FIPAG, nos montantes de 125.000 mil Meticais, 124.544 mil Meticais e 86.395 mil Meticais, respectivamente, totalizando 335.983 mil Meticais. 9.3.3.2.2 – Evolução dos Reembolsos dos Créditos com Acordos de Retrocessão (20092013)1 No Quadro n.º IX.9 e no respectivo gráfico, apresenta-se a Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão, no período de 2009-2013, relativamente à amostra seleccionada, respeitante às empresas EDM, TDM, HCB e FIPAG. 1 Foram consideradas as quatro empresas com maior peso, em termos de montantes reembolsados, ao longo do período. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-11 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.9 – Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão (Em mil Meticais) Anos Entidade 2009 % 2010 % 2011 Total % 2012 % 2013 % % EDM 90.500 42,9 62.500 13,4 150.000 39,9 100.000 33,3 125.000 37,2 528.000 31,2 TDM 0 0,0 235.448 50,3 5.000 1,3 16.755,0 5,6 0 0,0 257.203 15,2 HCB 120.594 57,1 134.743 28,8 116.655 31,0 94.278 31,4 124.544 37,1 590.814 34,9 0 0,0 35.000 7,5 104.400 27,8 89.213 29,7 86.395 25,7 315.008 18,6 Total 211.094 100,0 467.691 100,0 Fonte: Anexo Informativo 5 da CGE (2009-2013). 376.055 100,0 300.246 100,0 335.939 100,0 1.691.025 100,0 FIPAG Gráfico n.º IX.2 - Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão 500.000 467.691 em mil Meticais 400.000 376.055 335.939 300.000 300.246 211.094 200.000 100.000 0 2009 2010 2011 2012 2013 Como se pode observar do gráfico acima, os reembolsos tiveram um aumento em 2010, a que se seguiram decréscimos até 2012 e de novo, um aumento ainda que ligeiro, em 2013. De 2009 a 2010, registou-se, nas quatro empresas seleccionadas, um crescimento ao passar-se de 211.094 mil Meticais, para 467.691 mil Meticais, seguido de decréscimos nos dois anos subsequentes, para voltar a registar um ligeiro crescimento em 2013, alcançando o valor de 335.939 mil Meticais, tendo contribuído para tal, as empresas EDM, HCB e FIPAG. As TDM não efectuaram qualquer reembolso, no ano em consideração. 9.3.4 – Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas No prosseguimento da implementação do programa de reestruturação do sector empresarial do Estado, em 2013, foram arrecadadas receitas da venda das participações do Estado em empresas alienadas através da DNPE e do IGEPE. A seguir, apresentam-se os resultados da verificação dos processos relativos à alienação das participações do Estado, por cada um destes organismos. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-12 Outubro de 2014 9.3.4.1 - Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas através da Direcção Nacional do Património do Estado Conforme se apresenta no Quadro n.º IX.10, a DNPE tinha, em carteira, 102 processos de alienação de empresas da propriedade do Estado, com pagamentos pendentes, até ao fim do exercício económico de 2013, correspondendo a menos 19 empresas, em relação ao ano anterior. Quadro n.º IX.10 - Número de Adjudicatários em Dívida por Província Província N.º adjudicatários devedores 2012 2013 Diferença 56 48 -8 8 8 0 7 5 -2 5 4 -1 19 17 -2 3 1 -2 8 8 0 8 7 -1 3 0 -3 4 4 0 121 102 -19 Maputo Gaza Inhambane Manica Sofala Tete Zambézia * Nampula Cabo Delgado Niassa* Total Fonte: DNPE. * A DNPE actualizou o número de adjudicatários de 2012 no decurso da auditoria relativa ao exercício de 2013. Dando seguimento aos trabalhos iniciados em anos anteriores, de aferição do grau de cumprimento dos termos contratuais, foram seleccionadas duas amostras, sendo a primeira de 12 empresas, num universo de 170 unidades notificadas, em 2009, para liquidação das dívidas. A segunda é de 34 empresas analisadas em anos anteriores, nas auditorias levadas a cabo pelo Tribunal Administrativo. 9.3.4.1.1 - Empresas Seleccionadas no Exercício Económico de 2013 Conforme ilustra o Quadro n.º IX.11, o valor da alienação das 12 empresas seleccionadas totaliza 42.398 mil Meticais, dos quais encontram-se pagos 17.123 mil Meticais, representando 40,4% do montante da alienação. O valor das prestações vencidas, a 31/12/2013, era de 36.857 mil Meticais, mas só foram pagos 17.123 mil Meticais, representando 46,5% daquele montante. Assim ficaram em dívida 19.734 mil Meticais, o que indica um grau de incumprimento de 53,5%, por parte dos adjudicatários das empresas a quem o Estado alienou suas participações. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-13 Outubro de 2014 Quadro n.º IX. 11 - Empresas Seleccionadas no Exercício Económico de 2013- Situação em 31/12/2013 1 2 3 Mobeira (80%) Medimoc (70%) Emplama Unidade II Seaboard Overseas, Lda. Medimoc, SARL Plasmex 1996 1999 1995 14.940 9.888 1.767 Valor a Pagar até 2013 a) (2) 14.940 8.481 1.767 4 Armazém n.º 5 de Pescom Beira Armazém Gabriel Xavier 1997 1.860 5 6 Femol Beira Serração Balata António Jose Ribeiro Baguanisse Punja Ebal 1995 1996 1.167 303 7 Intermetal Armazém n.º II Machava Mopac 1995 Vítor E. Francisco N.º 8 9 Empresa Adjudicatário Lagoa Mar e Sol, Lda.- Quissico (50%) Diprom, E.E.- Escritórios e Armazéns Ano Valor da Alienação (1) Valor Pago b) (3) Saldo em Dívida c) (4)=(1)-(3) (Em mil Meticais) Dívida em Atraso d) Valor % (5)=(2)-(3) 3.456 23,1 7.032 82,9 1.463 82,8 11.484 1.450 305 3.456 8.438 1.463 1.860 0 1.860 1.860 100,0 1.167 303 219 79 948 224 948 224 81,2 73,9 5.709 1.575 1.575 4.134 0 0,0 1998 2.995 2.995 303 2.692 2.692 89,9 Sotux 1997 1.853 1.853 596 1.257 1.257 67,8 10 Pedreira de Felícios Industrial U.1 Jaime Ribeiro e Filhos 1990 311 311 31 280 280 90,0 11 António Joaquim Lopes Construtor Multivendas, Lda. 1995 1.390 1.390 982 408 408 29,4 12 Projecto Cerâmico de Campoane Carline Construções 1998 215 215 99 116 116 53,8 42.398 36.857 17.123 25.275 19.734 86,9 40,4 59,6 Total Em relação ao valor da alienação (%) Em relação ao valor a pagar até 2013 (%) 47 46,5 53,5 Fonte: DNPE. a) Prestações vencidas pagas e não pagas, em função do plano de amortizção. b) Valor pago acumulado. c) Diferença entre o valor da alienação e o valor pago acumulado, não expurgando as prestações não vencidas. d) Consideram-se apenas as prestações vencidas até 31/12/2013, mas não pagas. De acordo com o quadro, os adjudicatários com os maiores níveis de incumprimento de pagamento de suas dívidas são: Armazém n.º 5 da Pescom Beira (100%), que desde 1997, em que lhe foi alienada não efectuou qualquer pagamento; Pedreira de Felícios Industrial (90%); Lagoa Mar e Sol, Lda. (89,9%); Medimoc -70% (82,9%); Emplama Unidade II (82,8%); e Femol Beira (81,2%). A este respeito, os gestores da DNPE informaram, em sede de auditoria, que como medidas de recuperação dos valores em dívida, deram continuidade a acções de notificação dos adjudicatários para liquidação das dívidas, procedimento acompanhado por visitas ao terreno, para, conjuntamente, se encontrarem soluções, tendo-se, inclusive, anulado algumas adjudicações. É de referir que de 170 empresas notificadas, em 2009, pela DNPE, ao abrigo do Decreto n.º 23/2006, de 10 de Julho, para o pagamento das suas dívidas ou reprogramação para liquidação nos 15 anos seguintes, foi apurado o seguinte ponto da situação: TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-14 Outubro de 2014 a) 58 adjudicatários pagaram, na totalidade, os valores do capital em dívida, estando por liquidar os juros referentes à alienação de 12 empresas; b) 76 adjudicatários continuam devedores em capital, dos quais 5 apresentaram reclamações, encontrando-se os processos em litígio; c) 27 adjudicatários encontram-se em processo de pagamento; d) 9 adjudicações foram anuladas. 9.3.4.1.2 - Empresas analisadas em anos anteriores Mostra-se, no Quadro n.º IX.12, que o valor das alienações das 34 empresas analisadas é de 359.099 mil Meticais, dos quais foram pagos 116.025 mil Meticais (32,3%), encontrando-se por liquidar 243.074 mil Meticais (67,7%). Tendo em conta as prestações vencidas até 31/12/2013, esperava-se receber até esta data, 239.520 mil Meticais. Deste valor, foram pagos 116.025 mil Meticais (48,4%), resultando uma taxa de incumprimento de 51,6 %. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-15 Outubro de 2014 Quadro n.º - IX.12 – Ponto da Situação das Empresas analisadas em anos anteriores (Em mil Meticais) N.º Ordem Empresa Adjudicatário 1 Edifício John Orr´s SPAR - Soc. De Refrig, Lda. 2 Lomaco - Chilembene Gregório Tiago Januário 3 4 14.960 54.616 1.000 1.383 1.669 0 0,0 Fábrica de Descasque de Arroz XaiSORGAZA Xai 5.792 1997 5.792 1.529 4.263 4.263 73,6 CATEM- Fáb. Moinhos Est. Met. 1.200 2009 958 877 323 81 8,5 100,0 ERMOTO Gestores Técnicos e Trabalhadores (GTT´S) Sociedades de Empreend. Turísticos, Lda. REMA-Recauchutagem de Maputo Abílio Manuel Dias Costa Armazéns Al-Owais 8.475 1997 8.475 0 8.475 8.475 2001 20.095 20.095 0 0 0,0 8.424 2.701 30.508 1996 2006 1997 8.424 1.227 30.598 6.318 506 3.018 2.106 2.195 27.490 2.106 721 27.580 25,0 58,8 90,1 Wing Koon, Lda. 3.642 2011 1.554 1.554 2.088 0 0,0 Sociedade Pecuária de Umbelúzi 5.738 2004 3.273 1.630 4.108 1.643 50,2 12 Interquímica 13 14 Protal, Lda. Restaurante Sheik 15 Dimac-Sede 16 Pedreira Monte Siluvo 17 Geomoc Final, GTT, MTcs, Lda. e STC, Lda. 18 Cinema Madjedje BOROR Comercial- Delegação de Tete Cinema Tofo Empresa de Abastecimento de Água da Matola Citrinos de Timanguene Empresa Agrícola de Marracuene Hotel Quatro Estações, SARL Fábrica de Cajú de Moçambique Manjacaze Empresa Moderna 51% da CEGRAF-Centro de Formação e Produção Gráfica UNICUM-União de Curtumes de Moçambique Fábrica de Cajú de MoçambiqueInhambane 26 27 28 29 6,3 20.095 Gestores Técnicos e Trabalhadores (GTT´S) Protal, Lda. Sociedade de Gestão Sheik Enacomo - Empresa Nacional de Comércio GTT´S PROMAC 25 % 1.160 Vulmoc -Vulcanizadora de Moç. Carpintaria Beirense Emochá G4 e G6 - Milange Const.Integral de Sofala (Sede e Estaleiro) U.P. Gado C. Changalane (exLomaco) 22 23 24 Valor (5)=(2)-(3) 15.960 7 8 9 21 Dívida em Atraso d) Saldo em Dívida c) (4)=(1)-(3) 2008 Hotel Tamariz 20 Valor Pago b) (3) 2000 Boror Agrícola, SARL - Zambézia 19 Valor a Pagar até 2013 a) (2) 3.052 6 11 Ano alien. 69.576 5 10 Valor da Alienação (1) 1.007 2007 1.007 775 232 232 23,0 11.989 6.778 1999 2001 10.218 4.503 5.498 2.987 6.491 3.791 4.720 1.516 46,2 33,7 8.200 1994 6.724 3.772 4.428 2.952 43,9 15.995 2002 9.875 4.654 11.341 5.221 52,9 25.104 1998 25.104 12.706 12.398 12.398 49,4 Cinema de Teatro Gungu 3.772 2001 2.545 1.360 2.412 1.185 46,6 SCI, SARL 1.777 1999 805 759 1.018 46 5,7 Epsilon Investimento, SA 2.003 1999 1.054 1.054 949 0 0,0 Epsilon Investimento, SA 884 1998 884 887 -3 0 0,0 Epsilon Investimento, SA Epsilon Investimento, SA Sotur, Lda e IMOBCI Sara Ibraimo Daúde e José Carlos Viegas Mavimbi, Lda. H. Gamito. J. Associados Advogados e Consultores, Lda. 12.232 1.727 40.880 2000 1999 2004 3.998 1.727 15.804 3.953 1.772 7.902 8.279 -45 32.978 45 0 7.902 1,1 0,0 50,0 6.675 1995 6.008 668 6.007 5.340 88,9 15.116 1999 15.116 1.825 13.291 13.291 87,9 5.061 1999 4.351 1.042 4.019 3.310 76,1 Agi Commodity Traders Moçambique 7.329 1998 7.329 1.403 5.926 5.926 80,9 Sara Ibraimo Daúde e José Carlos Viegas 4.468 1995 4.468 1.234 3.234 3.234 72,4 11.360 2000 8.437 5.514 5.846 2.923 34,6 30 UFA - União Fabril de Moçambique Agostinho Salvador Mondlane 31 Carpintaria Álvaro Martins Falua Aly Eduardo Chagane Barrote 1.793 1997 1.793 196 1.596 1.596 89,0 32 Emocat,Lda. - Nampula 6.801 1998 6.801 1.776 5.025 5.025 73,9 33 Empresa Mobilarte Industrial Jassat Internacional, e Associados Sociedade de Investimento e Gestão Industrial, Lda. 1.350 1993 1.350 375 975 975 72,2 34 Fábrica de Refrigerantes de MacMahon Chamanculo Mopac, Lda. 7.595 1995 2.103 2.044 5.551 59 2,8 239.520 116.025 243.074 123.495 66,7 32,3 67,7 34,4 Total 359.099 Em relação ao valor da alienação (%) Em relação ao valor a pagar até 2013 (%) 48,4 51,6 Fonte: DNPE. a) Prestações vencidas pagas e não pagas, em função do plano de amortizção. b) Valor pago acumulado. c) Diferença entre o valor da alienação e o valor pago acumulado, não expurgando as prestações não vencidas. d) Consideram-se apenas as prestações vencidas até 31/12/2013, mas não pagas. Neste grupo, os adjudicatários que têm as taxas mais elevadas de inobservância de pagamento das prestações, são os que adquiriram as empresas: BOROR Agrícola, SARL - Zambézia, que desde 1997, em que lhe foi alienada a unidade, não efectuou qualquer pagamento; Emochá G4 e G6 - Milange, que tem 90,1% de incumprimento no pagamento das prestações vencidas; Carpintaria Álvaro Martins Falua, o qual tem por liquidar 89% da dívida vencida; TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-16 Outubro de 2014 Fábrica de Cajú de Moçambique – Manjacaze, com 88,9% de incumprimento; Empresa Moderna, por pagar 87,9% da dívida vencida; e UNICUM – União de Curtumes de Moçambique, em dívida 80,9%. Diferentemente dos adjudicatários destas unidades, aqueles a quem foram alienadas a LomacoChilembene, Construtora Integral de Sofala (Sede e Estaleiro) e Cinema Tofo, tinham pagas todas as prestações vencidas e os do Hotel Tamariz, Empresa de Abastecimento da Matola e Empresa Agrícola de Marracuene pagaram a totalidade das suas dívidas. Dando seguimento a trabalhos iniciados em anos anteriores, a DNPE notificou 43 adjudicatários devedores em 2013, dos quais, apenas 5 efectuaram o pagamento das prestações em dívida. 9.3.4.2 - Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas através do Instituto de Gestão das Participações do Estado Da receita arrecadada pelo IGEPE, no processo de alienação das participações do Estado nas empresas, cabe a este 90% e ao Instituto, os restantes 10%. A alienação das participações do Estado nas empresas compreende a venda pública de uma parte delas e a cedência onerosa do remanescente aos Gestores, Técnicos e Trabalhadores (GTT’s) da empresa. As receitas do Estado resultantes da alienação das participações, através do IGEPE, no quinquénio 2009-2013, são apresentadas no quadro que se segue. Quadro n.º IX.13 - Receitas de Alienação de Empresas pelo IGEPE no Quinquénio (2009-2013) Descrição 30.580 Var. (%) -33,2 19.110 2.200 64.921 32.780 2009 Venda das Participações 45.811 Alienações aos GTT's Total 2010 6.191 Var. (%) -79,8 -88,5 52.286 -49,5 58.477 2011 (Em mil Meticais) Var. 2013 (%) 7.819 -87,5 62.748 Var. (%) 913,5 2.276,6 2.500 -95,2 4.000 60,0 78,4 65.248 11,6 11.819 -81,9 2012 Fonte: IGEPE. Em 2013, as receitas cifraram-se em 11.819 mil Meticais, dos quais 7.819 mil Meticais (66,2%) pela venda pública das participações e 4.000 mil Meticais (33,8%), pela alienação aos GTT’s. No quinquénio, apenas em 2011 o produto das alienações aos GTT´s superou as receitas das vendas. O valor arrecadado neste ano representa uma diminuição de 81,9%, com as receitas da venda das participações a registar uma redução de 87,5%. A Receita Total teve uma redução de 49,5%, em 2010, e nos dois seguintes registou, sucessivamente, aumentos de 78,4% e 11,6%, respectivamente. O gráfico que se segue ilustra estas tendências. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-17 Outubro de 2014 Gráfico n.º IX.3 - Receitas de Alienação de Empresas pelo IGEPE no Quinquénio (20092013) em mil Meticais 2009 70.000 Venda das 64.921 60.000 45.811 partcipações Alienações aos 50.000 45.811 GTT´s 19.110 40.000 Receita total 64.921 32.780 2010 2011 2012 2013 30.580 58.477 62.748 6.191 62.748 7.819 52.286 58.477 2.500 65.248 65.248 52.286 2.200 32.780 4.000 Venda das partcipações 11.819 Alienações aos GTT´s 30.580 30.000 Receita total 20.000 19.110 10.000 6.191 2.500 7.819 4.000 2.200 0 2009 2010 2011 2012 11.819 2013 No quadro seguinte é apresentado o detalhe das receitas da alienação das participações do Estado, em 2013. Quadro n.º IX.14 - Receitas de Alienação das Participações do Estado em 2013 (Em mil Meticais) Valor Descrição Venda das Participações Sociedade Mineira de Cuamba (Somec), SA Companhia do Búzi, SA Alienações aos GTT's Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE), SA Receita Total Peso em relação à Receita Total (%) Fonte: IGEPE. Estado (90%) IGEPE (10%) Total Peso (%) 7.037 782 7.819 66,2 1.338 5.699 3.600 3.600 10.637 90,0 149 633 400 400 1.182 10,0 1.487 6.332 4.000 4.000 11.819 100,0 12,6 53,6 33,8 33,8 100,0 As receitas da venda das participações do Estado representaram 66,2%, da receita total. O produto da venda da Companhia do Búzi, SA, contribuiu, para o efeito, com 53,6%. A alienação aos GTT’s, no ano em análise, contou com a participação da EMOSE, SA, que representou 33,8% da receita total. 9.3.4.2.1 – Ponto da Situação dos Pagamentos das Empresas Alienadas pelo IGEPE Com o objectivo de aferir o grau de cumprimento das condições contratuais de alienação, designadamente, as obrigações dos outorgantes, preço e modalidades de pagamento, bem como o prazo de contratação, foram seleccionados 7 processos com prestações em dívida, de cuja informação resultou o Quadro n.º IX.15, a seguir. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 IX-18 Outubro de 2014 Quadro n.º IX.15 - Amostra de Empresas Alienadas pelo IGEPE Valor da alienação (1) N.º Empresa Vidreira e Cristalaria de Moçambique SOMEC- Sociedade Mineira 2 de Cuamba SociedadeTempográfica, 3 SARL 4 Companhia do Búzi Alienações aos GTT´s Saldo em dívida (4)=(1)-(3) Dívida em atraso (4)-(2) Peso % Adjudicatário Venda das participações 1 Valor pago (3) Valor a pagar até 2013 (2) mil Meticais USD 855 4.852.001 SONIL MOZ, Lda. Sociedade Vision 2000, Lda. Zekab Investimentos, Lda. Ano 769 3.100.000 502.001 855 Sociedade MaragraMarracuene Agrícola Açucareira, SARL 0 USD mil Meticais 4.068.787 86 De anos anteriores USD mil Meticais 2.043.615 769 2010 2.316.786 783.214 2005 502.001 220.401 2006 1.250.000 27.451 mil Meticais 769 2004 21.198 5 Metalúrgica de Tete, Lda. GTT´s 551 2008 551 6 Emose, SA GTT´s 21.980 2005 20.100 7 GAPI, SA GTT´s 4.920 2011 547 Total 28.306 4.852.001 21.967 Em relação ao valor da alienação (%) 77,6 Em relação ao valor a pagar até 2013 (%) Fonte: IGEPE. a) Prestações vencidas pagas e não pagas, em função do plano de amortizção. b) Valor pago acumulado. c) Diferença entre o valor da alienação e o valor pago acumulado, não expurgando as prestações não vencidas. d) Consideram-se apenas as prestações vencidas até 31/12/2013, mas não pagas. 0 20.647 De anos anteriores 0 20.100 547 4.068.787 20.734 83,9 73,2 94,4 USD 2.808.386 682 2.025.171 mil Meticais 88,8% 49,8% 1.533.571 66,2 0 281.600 281.600 56,1 769 0 1.040.000 0 210.000 0 2.431 0 551 0 100 551 1.880 0 3.200 11,3 0 551 0 0 1.234 4,4 5,6 0 100,0 2.025.171 41,7 49,8 5,6 2.043.615 42,1 50,2 2.808.386 57,9 682 0 88,8 210.000 Como se pode ver no quadro, dos 7 adjudicatários, só 2 é que têm prestações em dia, nomeadamente a GTT´s da Emose, SA e GAPI, SA. A taxa de incumprimento, relativamente ao valor das prestações já vencidas em 2013 é de 49,8%, nas alienações em moeda nacional e 5,6%, nas efectuadas em Dólares Norte-Americanos. Verifica-se assim, um incumprimento generalizado dos pagamentos, por parte das empresas a quem o Estado adjudicou, através do IGEPE, a alienação das participações. Verifica-se, no mesmo quadro, que, no grupo das alienações em moeda nacional, o adjudicatário que mais contribuiu para o elevado atraso é o que adquiriu a empresa Metalúrgica de Tete, Lda., sem registo de qualquer pagamento, desde o ano da adjudicação (2008), das prestações já vencidas na totalidade. Segue-se o adjudicatário da Sociedade Tempográfica, SARL, com uma taxa de incumprimento de 88,8%. O IGEPE informou, durante a auditoria realizada ao exercício em análise, que decorrem mecanismos judiciais, no sentido de se accionar as cláusulas contratuais destas duas adjudicações. Nas adjudicações em moeda estrangeira, os adjudicatários das empresas Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SOMEC - Sociedade Mineira de Cuamba e Companhia do Búzi têm, respectivamente, taxas de incumprimento de 66,2%, 56,1%, e 16,8%. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2013 USD 2.316.786 86 1.250.000 USD mil Meticais IX-19 16,8 49,8
Documentos relacionados
IX – OPERAÇÕES RELACIONADAS COM O PATRIMÓNIO
As Operações Financeiras Activas compreendem a concessão de empréstimos e adiantamentos, aquisição de títulos de crédito, incluindo obrigações, acções, quotas e outras formas de participação do Est...
Leia maisAno 2006
imediato, cerca de 10 milhões de USD e empregar cerca de 200 trabalhadores. Merece igualmente realce a Carbomoc, E.E., empresa paralisada desde 1982 e que foi recentemente extinta. Na sequência, es...
Leia maisix – operações relacionadas com o património financeiro do estado
Desse trabalho, resultaram alterações nas informações sobre o número de sociedades, composição da carteira, capital social e participações, nos anos de 2013 e 2014. Os dados relativos a 2010, 2011 ...
Leia maisRELATÓRIO E PARECER SOBRE A CONTA GERAL Versão
efectivamente realizada no exercício e a análise da sua evolução histórica, de 2007 a 2011. É analisada, no Capítulo IV – Despesa, a execução das despesas de funcionamento e de investimento, nos li...
Leia mais