Vale tem melhor minério de ferro. Mas quem compraria?

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Vale tem melhor minério de ferro. Mas quem compraria?
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - Governo da Bahia -
Vale tem melhor minério de ferro. Mas quem compraria?
Opinião
Postado em: 20/07/2016 08:40
O problema é a escassez de empresas famintas por aquisições no setor de minério de ferro
Se a Vale tivesse oferecido uma participação em suas minas de minério de ferro brasileiras há cinco
anos, o mundo teria batido à sua porta. Atualmente, será mais difícil encontrar um comprador. O
problema não são os ativos. O enorme complexo de Carajás, na Amazônia, é a maior mina de
minério de ferro do mundo e sua produção, da mais alta qualidade.
O produto é tão bom que compensa a distância da Vale em relação aos seus principais mercados
de exportação, na Ásia, que adiciona cerca de US$ 14,10 de custos de frete a cada tonelada de
minério de ferro, contra US$ 3,50 no caso de uma concorrente australiana como a Fortescue. Não, o
problema é a escassez de empresas famintas por aquisições no setor de minério de ferro.
Para quem está no negócio da mineração, o ideal é produzir commodities para as quais a demanda
global supera a oferta disponível. Este não é o caso desta rocha cor de ferrugem. As quatro maiores
mineradoras mais que duplicaram sua produção na última década e não estão desacelerando muito
mesmo diante de um setor siderúrgico chinês que precisa encolher cerca de 20%, segundo a
segunda maior siderúrgica do país.
A Vale não está ajudando nessa frente: seu complexo S11D, que deverá entrar em operação no
final deste ano ao sul de Carajás, adicionará 90 milhões de toneladas extras por ano à oferta global.
Como nenhuma grande produtora de minério de ferro prevê déficits a curto prazo, os melhores
candidatos a comprar uma participação em uma mina no momento são compradores estratégicos,
como consumidores e investidores.
Este foi um modelo comum no passado: a Mitsui & Co., a Nippon Steel e a Sumitomo Metal
Industries possuem quase metade do empreendimento Robe River da Rio Tinto, enquanto a Hunan
Valin, uma usina chinesa, tirou a Fortescue de uma situação difícil em 2009 ao concordar com uma
emissão de ações.
A Vale está conversando com mineradoras da Ásia a respeito da participação, disseram pessoas
informadas sobre o assunto à Bloomberg News, mas muitos dos possíveis jogadores saíram
contundidos de campo. As maiores tradings do Japão, antes grandes compradoras em tempos de
fragilidade, veem poucas perspectivas de recuperação das commodities.
As maiores empresas siderúrgicas e de mineração da China poderão, talvez, ter acesso à máquina
mágica de financiamento do governo, mas, vistas como empresas normais, a maioria deve estar
ocupada demais lambendo suas feridas para considerar uma aquisição.
A China Shenhua Energy, maior produtora de carvão do mundo em receita, seria uma possibilidade
interessante. É uma das poucas com um balanço suficiente para contemplar um negócio como esse;
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sua experiência na exploração e no transporte de commodities a granel seria uma opção
conveniente para a Vale; e uma participação no setor de minério de ferro a ajudaria a equilibrar os
riscos da queda do consumo do carvão para a geração de energia na China.
As siderúrgicas também podem dar atenção ao tema: as japonesas NSSMC e JFE e a sul-coreana
Posco contam com a capacidade para fechar negócio, assim como a chinesa Baosteel, apesar de
sua visão pessimista para a demanda. E sempre existe a possibilidade de um grupo ganancioso
como o HNA ou um fundo soberano de investimentos decidir que este é um bom momento para
comprar ativos no setor de minério de ferro.
Contudo, analisando por qualquer ângulo, a Vale escolheu um mau momento para colocar o cartaz
de "vende-se". Há cinco anos havia um mercado vendedor para ativos de minério de ferro. Agora os
compradores estão em vantagem.
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