Foro Iberoamericano sobre el libro, la lectura y las bibliotecas
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Foro Iberoamericano sobre el libro, la lectura y las bibliotecas
Acceso Documento de trabajo José Castilho Associação de Editoras Universitárias da América Latina e Caribe (EULAC) Presidente 2008 2 Acceso Foro Iberoamericano sobre el libro, la lectura y las bibliotecas en la sociedad del conocimiento Santiago de Chile 4, 5, 6, 7 y 8 de noviembre Biblioteca de Santiago Mesas paralelas multisectoriales Acceso: Presentación del documento. José Castilho Marques Neto, Secretario Ejecutivo – Plan Nacional del Libro y Lectura – PNLL - Brasil. Moderadora: Mary Giraldo. Asesora de bibliotecas del Cerlalc. Grupo 1: Equilibrio entre el derecho de autor y el acceso social a la información: limitaciones y excepciones al derecho de autor. Desarrollo de los sistemas de bibliotecas en el entorno digital: bibliotecas digitales y bibliotecas híbridas. Alfabetización desde las bibliotecas. Alfabetización informacional. Acceso a la lectura y a la información para personas con discapacidad. Brecha digital. Grupo 2: Políticas educativas para la formación de lectores en el entorno de las tecnologías de información y comunicación. Nuevas lecturas. Brecha digital. Grupo 3: Librerías físicas y digitales. Modelos de librerías. Precio fijo. 2 3 Acceso 1. O direito ao acesso à leitura e à escrita – conceitos e perspectivas para a região ibero-americana Entendemos que o acesso à leitura e à escrita na sociedade do conhecimento é uma questão de direito de cidadania e a responsabilidade de fazer valer esses direitos é dever dos Estados democraticamente constituídos. É por esta razão básica que encaramos o conjunto de políticas que possibilitam a ampliação do acesso ao livro e à leitura como políticas fundamentais para a construção plena da cidadania em nossos países. Acompanhamos nisso a ONU, que, em seu Relatório de Desenvolvimento Humano, incluiu o acesso a bens, serviços e equipamentos culturais como componente do Índice de Desenvolvimento Humano. O IDH, a partir de então, põe a cultura ao lado da educação, da saúde e de outras questões vitais. A cultura, portanto, não apenas é assumida pela ONU como tarefa do governo, mas como uma tarefa prioritária dele, capaz de definir o grau de desenvolvimento econômico e social de um país. Entendemos, assim, que o acesso (ou o não-acesso) ao livro e à leitura molda substantivamente as condições de vida das populações. E que construir políticas públicas duradouras que assegurem a ampliação do número de leitores nos países iberoamericanos, que aperfeiçoem as condições para uma leitura crítica e construtiva, e que possibilitem as melhores condições para o pleno desenvolvimento de uma indústria competitiva e dinâmica do livro nos diversos países, são tarefas intransferíveis do Estado a serem formuladas e executadas conjuntamente com os diversos segmentos da sociedade. A leitura é, simultaneamente, um componente do que chamamos cidadania e um componente do que chamamos desenvolvimento. Para que ela cumpra o seu papel nessas duas áreas, é fundamental que os governos criem um ambiente favorável à sua multiplicação, à sua afirmação. Quem faz cultura é a Sociedade, não é o Estado. Mas, cabe ao Estado – porque isso é do mais alto interesse público – amplificar as possibilidades para a produção cultural e para a multiplicação dos canais de difusão e das oportunidades de acesso. 1.1 A política pública de acesso à leitura na perspectiva dos leitores, dos mediadores e das instituições de acesso As diretrizes para uma política pública voltada ao acesso à leitura e ao livro nos países ibero-americanos deve ter aos leitores como objetivo e foco central de suas metas. 3 4 Acceso Igualmente, devem destacar e focar o papel de destaque que os mediadores de leitura e as instituições que possibilitam o acesso à leitura, notadamente as bibliotecas, assumem no desenvolvimento social dos cidadãos e da capacidade leitora de cada indivíduo. Ao privilegiar políticas públicas voltadas ao leitor e à formação de leitores, os Estados possibilitarão as transformações necessárias da sociedade para a construção de um projeto de Nação que tenha a leitura como valor essencial e simbólico, buscando uma organização social mais justa. Esta perspectiva, que organiza o setor a partir do cidadão que é leitor e daquele que precisa ser conquistado pela leitura, compreende a necessidade de formar uma sociedade leitora como condição essencial e decisiva para promover a inclusão social de milhões de seres humanos no que diz respeito a bens, serviços, educação e cultura, garantindo-lhes uma vida digna e a estruturação de países economicamente viáveis, inclusive no que diz respeito ao desenvolvimento da indústria editorial. 1.2 Diretrizes das políticas públicas de acesso à leitura e à escrita para o contexto regional ibero-americano: necessidade de estratégias para enfrentar as assimetrias e diversidades O contexto regional ibero-americano tem a marca da assimetria social, econômica, antropológica e histórica que aflora nas diversidades culturais dos países membros e nas sub-regiões de cada um deles. Esta marca determina a formação educacional e cultural das sub-regiões aonde o desenvolvimento de estratégias para a formação da capacidade leitora dos cidadãos não pode obedecer apenas a padrões únicos, aplicáveis em suas generalidades, mas insuficientes se aplicados em contextos específicos e assimétricos como o são em nossos países. Assumir a assimetria e a diversidade para a formulação de políticas públicas deve se constituir o ponto de partida para os planos e programas de acesso ao livro, à leitura e à escrita na região. Esse marco geral identificará mais precisamente os diversos grupos sociais para a aplicação daquelas políticas de maneira mais eficiente e objetiva. De maneira geral e para ilustrar este conceito, podemos identificar alguns agrupamentos característicos que necessitam de ações prioritárias nas políticas públicas porque se identificam nas suas diferenças e também na dificuldade de acesso ao livro e à leitura: Grupos socialmente vulneráveis: Ø Marginalizados da cidade Ø Marginalizados nas zonas rurais Ø Portadores de incapacidades físicas e sensoriais (pessoas com deficiências) 4 5 Acceso Ø Minorias culturais: jovens, mulheres e GBLT Ø Minorias étnicas Ø Minorias lingüísticas: os de tradição de cultura oral e os de cultura letrada Grupos de leitores específicos: Ø Minorias intelectuais que buscam textos de baixo interesse comercial, mas necessários aos seus interesses de investigação e leitura Ø Minorias regionais que buscam autores e temáticas sub-regionais, específicas, de baixa edição comercial e circulação Ø Leitores que fomentam a bibliodiversidade, dificilmente contemplada nos padrões normais e usuais da indústria editorial e na circulação comercial 1.3 A indissociabilidade entre Educação e Cultura na formação de leitores: estratégia para os planos e programas de acesso ao livro e à leitura na escola e na sociedade A indissociabilidade das políticas públicas de educação e leitura pode ser compreendida a partir da “concepção sistêmica da educação”, isto é, que entende a educação como processo de socialização e individualização voltado para a autonomia do ser humano. Para se atingir esse objetivo e na articulação da educação com a cultura, é importante garantir um diálogo criativo do livro com as demais características que formam a sociedade, que transformam a leitura e o livro em um direito de cidadania e instrumentos para expansão das possibilidades de leitura do mundo. Essas metas serão atingidas se tivermos a capacidade de construir eixos estratégicos para um plano integrador de educação e cultura que mira a formação de um país leitor. À exemplo do PNLL brasileiro, entendemos que são 4 eixos essenciais: democratização do acesso; fomento à leitura e à formação de mediadores; valorização da leitura e da comunicação; e apoio ao desenvolvimento da economia do livro. A execução desses eixos dialoga diretamente com os objetivos de uma visão de educação sistêmica, na medida em que trata daquilo que é a base para uma sociedade contemporânea sadia e justa: sua capacidade de se desenvolver promovendo a inclusão social plena de milhões de cidadãos, o que só é possível tornando-se uma sociedade leitora, capacitada para enfrentar os desafios da sociedade do conhecimento. É fundamental destacar a necessidade de formação de professores como um dos pilares para garantir a melhoria da educação. Por essa razão, um plano de livro e leitura deve destacar como um dos seus objetivos centrais a formação de professores leitores de forma continuada. Os professores leitores são fundamentais, pois se não forem entusiastas da leitura, não formarão novos leitores. Para torná-los mediadores não 5 6 Acceso bastam cursos acadêmicos, mas projetos específicos de formação continuada e que tenham como ponto de partida a experiência leitora de cada um. Isso pode ser feito por meio de ações presenciais ou utilizando programas de educação à distância, semipresenciais e modulares. Políticas e programas de inovação, ciência e tecnologia serão fundamentais nesta área de formação de recursos humanos adequados para serem os formadores de gerações atuais e futuras de leitores em todos os seus suportes tradicionais ou das novas texturas virtuais. A capacitação de professores mediadores de leitura no mundo contemporâneo implica no domínio conceitual e prático das novas linguagens, meios e suportes originários do entorno digital que, por sua vez, produzem novas leituras e novos leitores. É evidente que uma alfabetização informacional que tenha por base a integração entre educação e cultura atingirá fortemente amplas e novas camadas de jovens leitores, contribuindo, com propriedade e pertinência, para a ambiciosa e necessária alimentação do “espaço ibero-americano do conhecimento”, que exige leitores qualificados, rigorosos e preparados para o exercício de atividades acadêmicas e investigativas. As bibliotecas públicas, comunitárias e escolares e as salas de leitura, estas últimas geralmente encontradas nas escolas que ensinam as primeiras letras, merecem uma atenção especial. Os povos ibero-americanos já provaram sua criatividade mostrando que são capazes de criar espaços públicos de leitura nos mais diferentes locais, como barcos, barracas de feira, pontos de ônibus, centros comunitários, etc. Porém todas as ações são sempre executadas com muito sacrifício e poucos recursos. Por meio de ações coordenadas, um plano nacional de leitura integrado por Educação e Cultura pode expandir espaços diversificados voltados para a leitura, assim como pode congregar e articular instituições interessadas em doar recursos para esses ambientes. Também tem condições de atuar com neutralidade e competência na criação de uma rede de especialistas que possa orientar secretarias estaduais e municipais para a criação de bibliotecas e ampliação de acervos já existentes. É importante também garantir e ampliar a eficácia dos sistemas bibliotecários existentes: “fortalecer los sistemas de bibliotecas públicas y escolares, de manera que todas las entidades territoriales del ámbito más local, cuenten por lo menos con una biblioteca. Al mismo tempo es fundamental garantizar que las bibliotecas publicas y escolares tengan un presupuesto fijo y permanente para administrar su desarrollo”1. 1 Relatoria – II Seminário Planes Nacionales del Libro y la Lectura en Mercosur – Porto Alegre/Santiago – 2007. 6 7 Acceso Principalmente com os recursos hoje possíveis com as TICs y “con el objetivo de profundizar la democratización del acceso al libro y a la lectura, se propone la creación de una red de bibliotecas de acceso público, o sea, de todas las bibliotecas y acervos que tengan la disponibilidad de recibir lectores”2. 2. Reflexões pontuais sobre o acesso à leitura e à escrita. Grupo 1: Tema: Equilíbrio entre o direito de autor e o acesso social à informação: limitações e exceções ao direito de autor Neste tema devemos partir do reconhecimento inalienável dos direitos do autor sobre sua obra. Igualmente deve-se reconhecer o trabalho do editor como agente criativo do processo de constituição do livro. Face às exigências da questão contemporânea que reivindica o equilíbrio entre o direito do autor e o acesso social à informação, é necessário proceder a um intenso debate entre os atores da cadeia criativa, produtiva e distributiva do livro, os mediadores de leitura, principalmente os professores de todos os níveis escolares, os bibliotecários e as organizações do terceiro setor, sobre o acesso social à informação e seu uso para fins privados, educativos e culturais. Tema: Desenvolvimento dos sistemas de bibliotecas no âmbito digital: bibliotecas digitais e bibliotecas híbridas As bibliotecas são a memória cultural da humanidade e ainda persistem como o local privilegiado de acesso público e gratuito à informação e ao conhecimento. Essa dupla função – preservar a memória cultural e torná-la disponível à população – torna a biblioteca elemento essencial em qualquer política pública de acesso ao livro, à leitura e à escrita. Deve e precisa ser o núcleo principal de investimentos, estudos e aperfeiçoamentos. O entorno digital, caracterizado pelos novos hábitos de informação e solicitações dos usuários e pelo acesso remoto aos bens e serviços das bibliotecas, muda com constância e aceleradamente, tão rapidamente quanto os novos métodos de publicação de editores e autores na era digital. 2 Idem 7 8 Acceso Se o acesso exige cada vez mais dos sistemas de bibliotecas a incorporação de tecnologias de informação contemporâneas, digitais, não se deve esquecer que persiste um número ainda muito diversificado de difusão da cultura escrita: a tipografia artesanal, o códice de Gutemberg, os manuscritos artísticos, entre tantas outras manifestações da escrita que não contemplam as mais recentes tecnologias, ao contrário, valorizam a tecnologia acumulada nos últimos 500 anos. A todas elas os sistemas de bibliotecas devem contemplar, absorvendo e difundindo a diversidade dos suportes da escritura, sempre sob a perspectiva de sua missão de preservar a cultura escrita da humanidade para o uso de futuros leitores. Por outro lado, torna-se cada vez mais imprescindível, sob a ótica da democratização do acesso, inclusive aquele necessário às localidades mais remotas de nossos países, a necessidade da digitalização de acervos e sua disponibilização na Internet, obedecidos os acordos de direitos autorais de cada uma das publicações. Esses acervos digitalizados, compartilhados por sistemas nacionais ou internacionais de bibliotecas digitais, podem vir a ser um elemento valoroso para incrementar o acesso público à informação e acelerar a diminuição das desigualdades nessa esfera da atuação dos Estados nacionais e no âmbito das cooperações internacionais. Deste ponto de vista, todas as bibliotecas deveriam ser modernizadas para se tornarem, ao mesmo tempo, bibliotecas híbridas, com missão de preservar a memória de seu território e difundi-lo para a humanidade, com a prestação de serviços de acesso digital. Com este objetivo realizável em longo prazo, a região ibero-americana estará contribuindo decisivamente para o sonho de tornar acessível e ao toque de um botão, todo o conhecimento acumulado na região e na humanidade. Tema: Alfabetização desde as bibliotecas Concebidas como unidades de preservação e difusão da informação e do conhecimento, as bibliotecas não devem se furtar de serem também núcleos de alfabetização plena, principalmente as bibliotecas escolares. Nessas últimas deve residir todo o centro de capacitação pedagógica e educacional da escola, tornando a biblioteca um centro referencial para a aprendizagem. Enquanto centros culturais multimidiais, as bibliotecas desempenham um papel importante na alfabetização de jovens e adultos, incorporando novas tecnologias para auxiliar o letramento às faixas da população não alfabetizada que já tenha ultrapassado seu período escolar básico. Tema: Alfabetização informacional 8 9 Acceso Atenção especial deve se dar à alfabetização informacional, notadamente à incorporação e uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) junto aos hábitos de leitura e de pesquisa dos leitores. Devem ser constantemente incentivadas a formulação e aprimoramento de técnicas que visem a facilitar o acesso à informação e à produção do saber. Inclua-se a capacitação continuada a partir das escolas e os cursos livres de formação de leitores e de mediadores, para melhor aproveitamento pela população não especializada das tecnologias adotadas. A produção e o desenvolvimento de tecnologias amigáveis para a preservação de acervos, ampliação e difusão de bens culturais, como criação de livros digitais para auto-edição, informatização de bibliotecas e bibliotecas digitais, entre outros, são itens fundamentais em qualquer currículo e conteúdos de cursos de capacitação e alfabetização informacional: ultrapassaremos assim o mero treinamento de uso de hardwares e softwares pela organização do pensamento e da informação útil ao usuário leitor. Para viabilizar essas ações, os Estados Nacionais e a comunidade internacional devem incentivar ainda mais a pesquisa nas áreas da leitura e do livro, cuidando para que seus resultados sejam extensa e profundamente divulgados. Tema: Acesso à leitura e à informação para pessoas com incapacidades Entendemos que o cumprimento deste tema confunde-se com o próprio conceito de acesso/acessibilidade. Para os inúmeros desdobramentos práticos deste tema, apoiamos os termos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, no dia 30 de março de 2007 (http://www.un.org/disabilities/). O objetivo dessa convenção é promover e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade. O texto da convenção define como pessoas com deficiência as que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. A convenção estabelece ainda que, entre seus propósitos, está a facilitação da comunicação para essas pessoas, a partir de linguagem adequada, visualização de textos, utilização do método braile, comunicação tátil, caracteres ampliados e dispositivos de multimídia acessíveis, entre outros. Os países signatários da convenção se comprometem a assegurar e promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais para as pessoas 9 10 Acceso portadoras de deficiência, sem qualquer tipo de discriminação. Para tanto, deverão adotar medidas necessárias nas áreas legislativas e administrativas, com o objetivo de revogar leis, regulamentos, costumes e práticas vigentes que constituírem discriminação contra os portadores de deficiência. Entre as obrigações dos países signatários destaca-se também a realização e promoção de pesquisa e o desenvolvimento de produtos, serviços, equipamentos e instalações com desenho universal destinados a atender às necessidades específicas de portadores de deficiência. Entre seus 50 artigos (mais 18 artigos do Protocolo Facultativo), destacamse normas destinadas ao acesso à educação dos portadores de deficiência, às crianças com deficiência e às situações de risco e emergência humanitárias. Adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2006 e assinada por 197 países, a convenção entrou em vigor em 3 de maio de 2008, um mês após de ter sido ratificada pelo Equador, vigésimo país a fazê-lo. O principal objetivo da convenção, segundo o primeiro artigo do texto, é o de "promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente". Além do respeito por essa dignidade, são princípios da convenção a não-discriminação, a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade, o respeito pela diferença, a igualdade de oportunidades e acessibilidade. A convenção prevê ainda que a falta de condições de acessibilidade nas cidades e instituições configura-se discriminação contra as pessoas com deficiência. Grupo 2: Tema: Políticas educativas para a formação de leitores no entorno das tecnologias de informação y comunicação – TICs. Novas leituras. TICs se caracterizam como um conjunto de recursos tecnológicos integrados que possibilitam a automação e, principalmente, a comunicação de pesquisas e estudos científicos, empreendimentos industriais e comerciais, entre outras enormes possibilidades abertas pelas tecnologias virtuais. Essas tecnologias possibilitam não apenas a divulgação de resultados ou ações de um setor, mas a reunião das informações e das aquisições conceituais e práticas, assim como a distribuição dessas informações que, desta forma, são compartilhadas por um número infinito de internautas plugados em todo o planeta. Os exemplos mais diretos da ação das TICs são encontrados nos websites e, cada vez de maneira mais crescente, na telefonia digital, novos suportes 10 11 Acceso portáteis e individualizados que substituem os já “antigos” quiosques de informação digital. Combinadas com as técnicas tradicionais de educação, as TICs são um excepcional caminho para implementar a qualidade da informação e estimular a criatividade da criança e do jovem. No caso específico de sua participação nas políticas educativas para a formação de leitores, é fundamental ter como princípio e parâmetro de atuação do uso dessa tecnologia a indissociabilidade da educação com a cultura, conforme já desenvolvemos acima. É importante aliar os novos recursos tecnológicos, que implementam extraordinariamente a qualidade de ações educativas, aos conceitos que fundamentam a preservação da qualidade do que se ensina em todos os níveis da educação e da cultura. Uma ação exemplar de política pública de formação de leitores utilizando as TICs, seria a constituição de uma rede de cursos ibero-americanos à distância para a formação de mediadores, oferecidos a um número infinito de pessoas residentes em áreas remotas e desprovidas de bons cursos de ensino médio, técnico e superior. Independentemente de edifícios, de estruturas tradicionais de ensino, de horários rígidos de freqüência, uma política pública de formação de mediadores de leitura, por exemplo, poderia ser acessada e explorada por milhares de ibero-americanos, sem a necessidade de saírem de suas casas ou com a possibilidade de estudarem em bibliotecas ou em qualquer outro equipamento cultural ou professional de sua livre escolha. Novas leituras “Si bien el Estado tiene la obligación de garantizar a través del sistema educativo la formación de lectores, y debe atender de manera prioritaria las transformaciones de las prácticas de lectura tradicionales, de manera que los ciudadanos tengan los elementos suficientes para afrontar los retos que imponen los cambios tecnológicos de la sociedad de la información y el conocimiento, se reconoce que la lectura trasciende el espacio de la escuela y debe abarcar a la familia, y los más diversos espacios públicos.”3 Com esta convicção, que é o parâmetro geral para qualquer ação de incentivo às leituras, é fundamental para as políticas públicas de acesso ou estímulo ao abandono dos preconceitos contra as novas formas de leitura que as autoridades públicas e os profissionais bibliotecários e professores, a família e outros mediadores da leitura, saibam incorporar as linguagens, meios e suportes produzidos pelo entorno digital, hoje e no futuro, de forma a implementar a alfabetização informacional e estimular novas 3 Relatoria Final – II Seminario Planes Nacionales de Lectura del Mercosur – Porto Alegre/Santiago – 2007. 11 12 Acceso leituras e novas escrituras que são e serão cada vez mais presentes na sociedade do conhecimento sob essas novas formas e suportes. Campanhas de esclarecimento, capacitação de mediadores para o entendimento e a divulgação dessas novas leituras, seriam ações importantes e estratégicas para a preservação e a conquista de leitores jovens, já alfabetizados no mundo digital. Grupo 3: Tema: Livrarias físicas y digitais. Modelos de livrarias. Preço fixo. Assim como as bibliotecas, as livrarias da sociedade do conhecimento são parte fundamental nas políticas de acesso à leitura. Assim como aquelas, elas só sobreviverão se incorporarem as novas tecnologias digitais e trabalharem focadas no atendimento pleno às necessidades do leitor contemporâneo, marcado pela diversidade e múltiplos interesses. Políticas de incentivo à permanência de livrarias físicas devem se combinar ao igual estímulo para o surgimento de livrarias digitais. Ambas as formas são necessárias para atender a diversidade de público leitor, com exigências múltiplas de bibliografias adequadas às mais diferentes dificuldades de acesso ao livro, qualquer que seja o seu suporte – tradicional ou virtual. Da mesma forma que estamos convictos que o livro em seu suporte tradicional de papel sobreviverá e terá convívio profícuo com a nova “textualidade eletrônica”, entendemos que a livraria física deverá conviver com as livrarias digitais. O movimento do mercado livreiro aponta para modelos de livrarias híbridas, físicas e digitais. Uma das mais importantes cadeias de livrarias no Brasil afirma que o sucesso de sua livraria virtual se deve à marca e à respeitabilidade conquistada em décadas de trabalho por suas livrarias físicas. É uma teoria respeitável porque, além de ser emitida por um Professional com mais de quarenta anos de experiência no mercado internacional e brasileiro, converge para a realidade de uma sociedade que ainda não confia plenamente em relações comerciais baseadas apenas no contato virtual. O sucesso das ações do comércio dos livros pela via digital será cada vez maior na medida em que a confiabilidade técnica nos sistemas virtuais possa conquistar o leitor/consumidor. As livrarias físicas cada vez se transformam mais e mais em centros de distribuição de manifestações culturais e entretenimento, aonde o livro em todos os seus suportes é o item central de divulgação e consumo. Igualmente vemos surgir nichos de livrarias 12 13 Acceso físicas especializadas, focadas em uma área de assuntos específicos, buscando atender a leitores que procuram a bibliodiversidade dificilmente encontrada em livrarias generalistas e megastores. Para o bom funcionamento da cadeia produtiva do livro e também para manter a bibliodiversidade, que é fundamental para o acervo pleno das bibliotecas, é muito importante que seja estimulada a manutenção das livrarias existentes e o fomento à criação de novas casas de comércio de livros, físicas ou virtuais. Entendemos que para que isto ocorra, além da profissionalização do setor e das ações de incentivo dos Estados como linhas de crédito adequadas e desoneração de impostos e taxas, é importante a adoção da Lei do Preço Fixo, que pode garantir uma concorrência mais ajustada às necessidades dos nossos países que precisam manter a produção editorial diversificada, contemplando e dando espaço e distribuição para as múltiplas leituras de suas tradições, culturas e histórias. 3. Reflexões finais sobre o tema do acesso Entendemos que nada do que se analisa ou que se propõe neste documento é viável sem a intensa e efetiva participação dos Estados Nacionais, da Comunidade e Organismos Internacionais e das Sociedades Civis de cada um de nossos países. Uma linha política que fomente o acesso à leitura e à escrita que tenha por base os itens deste documento não pode prescindir de uma estratégia que saiba reunir, com eficiência e espírito público, as diversas forças políticas, sociais, econômicas e culturais de nossos países e da comunidade internacional interessada no pleno desenvolvimento da cidadania e da capacidade leitora dos povos ibero-americanos. Recomendamos a estratégia de criação de redes de cooperação multisetorial, multipartidária, com projeção de fomentar uma Política de Estado, de longa duração, que tenha a capacidade de perpetuar-se por inúmeros governos, implementando Planos Nacionais de Livro e Leitura, centrados na democratização do acesso ao livro, na formação de mediadores de leitura, na valorização simbólica do livro e da leitura e no apoio ao desenvolvimento das economias do livro. A responsabilidade dos Estados, das empresas privadas e da sociedade civil para com a imensa população excluída socialmente em nossos países é imensa e se reflete de maneira notável no item acesso ao livro e à leitura. É tempo de superarmos o atraso histórico regional e penetrarmos de uma vez por todas, carregando toda a riqueza 13 14 Acceso simbólica de nossa história diversa e de grande riqueza humanística e cultural, na sociedade do conhecimento, instalada desde o século passado em nosso planeta. O centro de todas as políticas públicas e da sociedade civil deve ser o leitor, fim último do trabalho de todos os autores, intermediados pelo labor editorial, arte e profissão de tornar possível e adequada a criação autoral. Os investimentos das políticas públicas para o fomento ao acesso devem ser dirigidos prioritariamente aos bibliotecários, professores, docentes de todos os níveis de ensino, mediadores e animadores culturais, líderes de centros comunitários, todos os cidadãos e cidadãs promotores da leitura e da escritura. Os países ibero-americanos necessitam com urgência uma forte capacitação de seus recursos humanos para a promoção efetiva da leitura e da escritura. Investir em pessoas, capacitá-las para a mediação, é a palavra de ordem mais importante de toda nossa luta pelo aumento da capacidade leitora de nossos povos. Hoje e no futuro! 14