Confeccionador de Bolsa em Couro e Sintético

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Confeccionador de Bolsa em Couro e Sintético
Confeccionador de Bolsa
em Couro e Sintético
Confeccionador de Bolsa em Couro e Sintético
Corte e Costura de Artefatos de Couro e Sintéticos
© SENAI-SP, 2010
Trabalho organizado, revisado e editorado pela Escola SENAI "Maria Angelina
Vicente de Azevedo Franceschini" para o Curso de formação Continuada.
Coordenação
Organização
Revisão
Luiz Francisco Rovere
Maria José Carneiro Avancini
Domingos Panzarini
Escola SENAI “Maria Angelina Vicente de
Azevedo Franceschini”
Rua Antonio Marcondes, 285
São Paulo - SP
CEP 04267-020
Telefax
E-mail
(0XX11) 2591-2900
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Sumário
Couro
7
Introdução
7
Origens e aplicações
7
Camadas da pele animal
8
Composição química da pele
10
Regiões de uma pele
11
Elasticidade das peles
14
Tipos de peles
15
Classificação de couros
20
Controle de qualidade no setor de corte
22
Armazenamento do couro
27
Condições adequadas de armazenamento
28
Tecidos
29
Introdução
29
Urdume e trama
29
Classificação das fibras e fios
32
Não-tecidos
34
Reforços
36
Introdução
36
Recuperado de couro
36
Entretelas
37
Espuma
37
Sintéticos
39
Introdução
39
Laminados sintéticos
39
Origens e aplicações
39
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Linhas e fios
42
Introdução
42
Linhas e fios
42
Obtenção das linhas sintéticas
46
Obtenção das linhas naturais
46
Processos equivalentes para fibras naturais e/ou sintéticas
47
Torção de linhas
48
Titulagem de linhas
49
Procedimentos para identificação das fibras de uma linha de costura
52
Adornos
54
Introdução
54
Adornos habituais
54
Matéria-prima dos adornos
56
Tratamento e acabamento de peças de adorno
57
Adesivos
59
Introdução
59
Conceito de adesivo
59
O processo de colagem
61
Formulação de um adesivo
64
Tipos de adesivos
65
Vida útil e tempo de estocagem do adesivo
67
Preparação de superfícies
68
Aplicação de adesivos
69
Materiais acessórios
71
Tintas
73
Introdução
73
Conceito de tinta
73
Componentes
73
Composição básica da tinta
74
O verniz
80
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Solventes
81
Teoria geral das cores
82
Aplicação de tintas – manual e mecânica
85
Máquinas
89
Introdução
89
Ferramentas
89
Máquinas
94
Outros tipos de corte automatizado
97
Máquinas de costura
99
Tipos de máquinas de costura e pesponto
99
Outros tipos de máquinas
103
Partes componentes da máquina de costura
104
Motor e acionamento
114
Limpeza e lubrificação de máquinas de costura
115
A Qualidade e você
119
Qualidaade invenção de japonê
120
Globalização da economia
121
ISO – Série 9000
123
Simplificando o Trabalho
128
Método no trabalho
129
Perdas
130
Refugo
130
Retrabalho
131
Acidente zero, prevenção dez
133
Introdução
133
Conceituação de acidente de trabalho
134
Acidente de tabalho x acidente no trabalho
136
Consequências dos acidentes
139
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Prevenir Acidentes é dever de todos
142
Introdução
142
O efeito dominó e o acidente
143
Atividades prevencionistas
145
Proteção coletiva X individual
148
EPI
152
Referências
153
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Couro
Couro
Introdução
Aqui é apresentada uma visão geral sobre o couro e sua manipulação no
ambiente de uma empresa que produz artefatos em que ele entra como
matéria-prima. O couro é apresentado como a pele curtida de animais com que
se confeccionam bolsas, sapatos, cintos, carteiras, etc.
Inicialmente o texto informa sobre a relação entre o couro e a vida do homem.
Expõe pontos a respeito da estrutura do couro e das regiões de uma pele - ou
couro. Mostra que cada região do couro curtido presta-se à produção de
diferentes objetos, dependendo da finalidade que cada um deles tenha.
Para isso examina ainda os tipos de pele existentes no mercado, sua
classificação, defeitos que possam apresentar e o modo de armazenamento, de
modo a não se deteriorar e estar sempre disponível em bom estado de
conservação para o processo de produção.
Origens e Aplicações
A relação entre o homem e a pele de animais é muito antiga. O homem
primitivo usava pele de grandes animais para deitar-se nelas, fechar as
entradas das cavernas e vestia-se com peles de pequenos animais.
Posteriormente, era utilizado para construir carroças, armaduras, escudos e
depois, cadeiras, luvas, cintos, calçados.
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O couro é considerado atualmente a matéria-prima mais nobre utilizada na
indústria de calçados. Tem alto custo e certas empresas têm dificuldades para
sua aquisição. Por isso e também por causa da tendência da moda e das
exigências de venda do mercado, desenvolveram-se tecnologicamente outros
tipos de materiais para confecção de calçados, como: laminados sintéticos,
misto de couros, tecidos, etc .
O couro é uma pele de origem animal, transformada em um material estável e
imputrescível através do curtimento, para a confecção de calçados, por
exemplo. O produto para curtir – curtente - mais usado é o cromo.
É chamado de pele o couro que, mesmo curtido, mantém os pelos ou a lã.
Chama-se também de pele a camada que recobre o corpo de animais de
pequeno porte, como cabra, porco, rã, etc.
O couro bovino também denominado “vacum” é o mais empregado pelas
indústrias. Entretanto, tem crescido a procura de couros suíno, caprino, eqüino,
ovino e de outras espécies de animais como o jacaré, cobra, avestruz, rã, etc.
Em alguns casos, de acordo com utilização do calçado, têm-se usado também
materiais alternativos para apliques e adornos como bucho de boi e pés de
galinha.
Camadas da pele animal
A pele é o revestimento externo do corpo dos animais. É formada por várias
camadas e exerce ação protetora, além de várias funções fisiológicas, como as
de regular temperatura do corpo e mantê-la constante.
A pele do animal pode ser dividida em três partes:
Camada superior: epiderme;
Camada intermediária: derme;
Camada inferior: hipoderme.
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Observe no esquema abaixo cada uma dessas camadas e, a seguir, leia a
explicação sobre cada uma delas:
Epiderme
Corresponde a pequena porcentagem de espessura de pele e é formada por
várias outras camadas sobrepostas. Na epiderme encontram-se ainda pelos,
glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas, que são eliminados nas
operações anteriores ao curtimento, como a depilação.
Quimicamente é
constituído basicamente de queratina que é um tipo de proteína insolúvel
encontrada nos corpos de animais..
Derme
É a camada de pele que será transformada em couro. É constituída por um
entrelaçamento de fibras que permanece até o produto final. Podemos
considerar a derme constituída de duas camadas:
Camada superior, chamada de termostática. É composta por glândulas
sebáceas, glândulas sudoríparas e folículos pilosos. A camada superior é que
define o “desenho” do couro. É submetida a tratamentos especiais, que vão dar
suas características finais de acabamento.
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Camada inferior, denominada reticular, por apresentar um entrelaçamento
fibroso com aparência de rede. As fibras da derme são constituídas
principalmente de colágeno mas nela estão também outras proteínas como
elastina e a reticulina. Embora tenha resistência menor que a flor, pode receber
tratamento e ser utilizada para a confecção de calçados ou artefatos.
Hipoderme
É o tecido subcutâneo que une a pele aos demais tecidos internos do animal.
Na hipoderme encontram-se gorduras, vasos sangüíneos e nervos. Essa
camada é eliminada durante o processo de produção do couro na etapa de
descarne.
Histologia
É o ramo da biologia que estuda a estrutura microscópica normal de tecidos e
órgãos.
Composição química da pele
A pele em vida, quando ainda está no animal, tem a seguinte composição
química:
64% de água;
34% de fibras colágenas ( proteína fibrosa );
2% de lipídios;
1% de sais minerais;
1% de proteínas globulares;
1% de outras substâncias.
Quanto mais velho o animal, maior será a quantidade de proteína fibrosa e
menor a de água.
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Regiões de uma pele
A pele foi dividida em regiões conforme suas características, quanto a:
qualidade, espessura e elasticidade. Observe o esquema abaixo que mostra
uma pele e sua divisão em regiões. Em seguida, leia a explicação sobre cada
uma delas:
Grupon
É a região mais nobre de uma pele. É rica em fibras de colágeno, apresenta
melhor entrelaçamento das fibras e consequentemente, menor elasticidade,
melhor estrutura fibrosa e poucos defeitos.
Nesta região devemos cortar as peças principais, visíveis da peça a produzir.
Cabeça
É a parte que no esquema encontra-se à esquerda e mostra a área
correspondente ao pescoço. A cabeça da pele é formada pela cabeça do
animal, seu pescoço e ombros. Apresenta menor espessura, maior rigidez e
grande incidência de defeitos. Nessa região devem ser cortadas peças
pequenas, não visíveis.
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Flancos
Flancos são os lados da pele. São compostos pelas patas, barriga e culatra. É
a região mais pobre em fibras de colágeno e com menor entrelaçamento delas.
Em geral, os flancos têm pouca espessua e necessitam de encorpamento com
resinas específicas no recurtimento. Devem ser cortadas nos flancos, peças
que não sejam solicitadas - forçadas - em seu uso.
Consistência das fibras
De modo geral, existe variação de espessura do couro em cada região de uma
mesma pele por causa da variação da consistência das fibras. Nas regiões
mais espessas, como grupon e culatra, existe maior consistência, ou melhor
entrelaçamento das fibras. Observe na figura a seguir a variação de espessuras
nas diferentes regiões da pele.
Corte transversal de uma pele inteira
Quando se planeja o corte de um artefato no couro, deve-se considerar a
relação entre a função da peça e a resistência que a região da pele possui. Se
houver necessidade de maior resistência, a peça deve ser cortada na região do
grupon, por exemplo. Caso não haja necessidade de resistência, em outras
regiões com menor entrelaçamento de fibras.
As áreas de maior e menor resistência no couro dependem da tração exercida
sobre ele devido à movimentação dos animais.
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A figura abaixo apresenta regiões de uma pele sujeitas a diferentes níveis de
tração. O número 1 indica a região de maior resistência. É a região que sofre
menor tração - corresponde ao dorso do animal. Os números 3 e 4 são regiões
de menor resistência pois sofre maior tração - correspondem a barriga e pernas
do animal.
Essas regiões num animal vivo distribuem-se do seguinte modo:
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Elasticidade das peles
Além da tração, outra característica do couro a ser considerada na fabricação
de artefatos é o sentido da elasticidade de uma pele. A elasticidade varia de
acordo com raça e idade do animal, tipos de curtimento, engraxe e
acabamento.
A elasticidade é um fator que influencia o aspecto e a qualidade de um produto
com por exemplo as alças de uma bolsa. As peles, sejam de origem vacum,
eqüina, caprina ou suína, têm o mesmo sentido de elasticidade. Observe na
figura a seguir, como se orienta a elasticidade em cada parte da pele. O sentido
da elasticidade relaciona-se com a movimentação dos animais:
A elasticidade no couro varia em função da idade, da raça do animal e do
manuseio da pele. Animais em fase de crescimento, por exemplo, fornecem
couro de maior elasticidade, com o sentido de elasticidade disposto de maneira
diferente. Observe o sentido de elasticidade no couro de um animal jovem:
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É preciso sempre verificar os sentidos de elasticidade no couro para saber
como orientar o corte de artefatos, coerente com sua função.
Tipos de peles
As peles de diferentes animais, que curtidas, são utilizadas para confeccionar
calçados, bolsas, cintos, carteiras, etc , apresentam características específicas
e estruturas próprias. As principais peles encontradas no mercado são:
1. Vacum;
2. Caprina;
3. Suína;
4. Eqüina;
5. Ovina;
6. Outras peles.
1. Vacum
As peles vacum provêm de boi, vaca, touro, bezerro, terneiro etc.
Este tipo de pele é mais utilizada em função de seu tamanho, propriedades
físico-mecânicas - movimentação, além de seu baixo custo, em função de
grande quantidade de cabeças de gado vacum espalhadas pelo mundo. As
peles recebem diversas denominações conforme tratamento recebido.
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Wet-blue: termo técnico oriundo do inglês, wet que significa úmido ou molhado;
e blue que significa azul, que é a coloração de todo couro curtido ao cromo.
A partir do wet-blue, o couro é transformado em semi-cromo, podendo receber
qualquer tipo de acabamento. Os tipos de couro mais comuns derivados do wet
blue, dependendo de seu acabamento, são:
Atanado: é um couro curtido com taninos vegetais. Muito utilizado para
confecção de artesanato, especialmente em produtos que tenham sua
superfície ornamentada com pirogravura, perfuração e outros. Dentre as suas
principais características estão: toque acartonado - com consistência de cartão,
pouca resistência a rasgo, calor e luz, além de apresentar quase que
exclusivamente acabamento anilina.
Napa vacum: couro semi-cromo normalmente com acabamento anilina ou
semi-anilina. É um couro macio, podendo receber várias estampas. Sua
espessura é um pouco superior à napa vestuário.
Anilina: denominação comum atribuída a couros semi-cromo com
acabamento anilina. O acabamento é realizado sobre couros com flor integral,
que recebem uma camada de corantes, que dão cor, deixando bastante visível
a flor do couro.
Semi-acabado: é um couro seco, que já passou por todas as etapas que
envolvem fulões. No semi-acabado restam apenas as operações de préacabamento e acabamento. Semi-acabado pode ser tingido ou não
independente do tipo de curtimento sofrido (cromo ou tanino).
Nubuk: couro semi-cromo, tingido na cor, e que recebe um tratamento com
lixas (primeiro lixa grão 220 para dar aspecto aveludado, e segundo: lixa grão
380 para homogeneizar o efeito escrevente).
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Verniz: couro semi-cromo com grande intensidade de defeitos na flor, tendo
assim sua flor corrigida através da lixa. Após pode receber uma película de PU
com alto brilho, ou ainda receber uma densa camada de tinta pigmentada e
lacas de poliuretano para conferir auto-brilho.
Relax: couro semi-cromo que recebe uma forte estampa (tipo flor quebrada).
Pode tanto receber acabamento semi-anilina, como pigmentado. Geralmente
quando o acabamento é anilina, o efeito de flor quebrada é conseguido através
de um intenso trabalho mecânico de fulão a seco, denominado então relax
fulonado.
Croco: couro semi-cromo, porém o mais acartonado. Pode receber qualquer
tipo de acabamento, mas o que realmente o caracteriza é a gravação que pode
ser feita nele e que imita a pele de jacaré ou crocodilo.
Napa Vestuário: é um couro curtido ao cromo, que recebe um leve
recurtimento ao tanino, podendo ter acabamento anilina ou semi-anilina.
Apresenta espessura entre 0,8 a 1,2 mm, maior maciez e elasticidade que a
napa vacum.
Semi-anilina: denominação comum atribuída a couros semi-cromo com
acabamento semi-anilina. Este acabamento é realizado sobre couros com flor
integral, no qual recebe uma camada de corantes e pigmentos. Comparando
com o couro anilina, não tem um acabamento tão transparente em função da
adição de pigmentos à tinta. Estes pigmentos têm como função: uniformizar a
tonalidade de toda a superfície, além de cobrir levemente a flor do couro.
2. Caprina
As peles caprinas provêm de cabra, cabrito, bode, etc.
Esta espécie de pele, em função de sua fina espessura e tamanho, excelente
aspecto visual e alto custo, tem utilização em bolsas e calçados de primeira
classe e confecção de pequenos artefatos. A pele de cabra também
caracteriza-se por ter a camada flor ocupando a metade da espessura total da
pele.
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As peles caprinas recebem diversas denominações conforme tratamento
recebido:
Pelica: couro semi-cromo, com acabamento anilina de alto-brilho
transparente. Este efeito é obtido por meio da aplicação final de emulsões de
resinas protéicas com a caseína;
Napa: couro semi-cromo de grande maciez e elasticidade, apresentando
acabamento anilina ou semi-anilina;
Camurça: diferencia-se dos demais tipos de couro e peles, pelo fato de ter
valorizado seu lado carnal através de um tratamento especial com o uso de
lixas que conferem um excelente aspecto visual. No entanto a camada flor
ainda permanece intacta, o que proporciona maior resistência.
3. Suína
As peles suínas provêm de porco, leitão, etc.
Apresentam quase a mesma composição de fibras das demais peles. A
diferença está no fato de que a raiz do pelo atravessa toda a pele, chegando
até a carne. Em razão disso, é que até mesmo na raspa de porco, aparecem
perfurações referentes aos folículos pilosos. As principais aplicações de pele
suína são em: forro e vestuário.
As peles suínas recebem diversas denominações, dependendo do tratamento
recebido.
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Porco flor: de cada pele suína é extraído um porco-flor, que é composto pela
camada flor mais a parte externa da camada reticular. Em função disso, é de
custo elevado. É utilizado quase que exclusivamente em calçados sociais e
vestuário. Eventualmente essas peles podem receber um tratamento especial
pelo lado carnal através de lixas, dando origem a camurça de porco.
Raspa de porco: de cada pele suína extraem-se, em média, 3 raspas. As
propriedades físico-mecânicas delas são inferiores às da porco flor, bem como
o aspecto visual. A raspa de porco tem seu emprego dirigido à forração de
bolsas sociais.
4. Ovina
As peles ovinas provêm da ovelha, carneiro, cordeiro etc.
É um tipo de pele que se caracteriza por apresentar a camada termostática com
mais da metade da espessura total dela.
Nessas peles também existe grande quantidade de tecido adiposo - gordura situada abaixo da camada flor. Proporciona, deste modo, o desprendimento das
duas camadas. As principais aplicações da
pele ovina são em: pelegos,
gamulã, chamois, encadernação.
5. Eqüina
As peles eqüinas provêm de cavalo e égua.
Esse tipo de pele apresenta estrutura semelhante à da vacum, porém na região
das ancas a estrutura das fibras é compacta
- fechada, dificultando a
penetração de produtos químicos utilizados no seu beneficiamento. Essa região
é denominada espelho. Observe na figura a seguir, a localização do espelho na
área da pele.
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Fonte: Tecnologia dos materiais. Formação Supervisores 1a linha – CTC –
SENAI – RS.
As principais aplicações da pele eqüina são em calçados, vestuários e forros.
6. Outras peles
Existem outras peles, que são utilizadas para detalhes em artefatos,
artesanatos, bolsas e calçados, mas em escala comercial bem menor.
Podemos citar, por exemplo, as seguintes peles e suas aplicações:
Roedores (coelho e chinchila): peleteria, vestuário;
Répteis (cobra e jacaré): artefatos, calçados;
Anfíbios (rã): artefatos, calçados;
Peixes (tilápia, cação): decoração, artefatos, vestuário;
Aves (pé de galinha e avestruz): decoração, artefatos.
Classificação de couros
O processo de classificação de couros se inicia em alguns casos com o animal
vivo, porém isto nem sempre é possível.
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O que é feito geralmente como primeira atividade é uma pré classificação de
acordo com a cor da pele. Peles com cores mais claras têm maior valor
econômico
para
curtumes.
Em
seguida
procede-se
ao
processo
de
conservação adotado em frigoríficos ou matadouros: salga à seco, salmoragem,
salga e secagem, secagem ou resfriamento.
Depois dessa
primeira classificação as peles passam pelo processo de
curtimento. O produto resultante desse processo é o couro denominado “Wet
blue”. Essa denominação se deve às características do couro curtido, devidas
ao cromo usado no processo, que são: seu tom azulado e sua manutenção
sempre molhado.
O “Wet blue, é classificado novamente de acordo com espessura, tamanho,
estado de conservação, etc .
Dependendo da quantidade de defeitos que
apresentar, recebe uma classificação que varia de 1a até 7a . Os couros de
primeira já quase não são mais encontrados no mercado nacional. Essa
classificação e o tipo de acabamento é que irão determinar o preço do couro
depois de acabado.
Existem empresas que trabalham com uma classificação intermediária. Usam o
couro de 3a subdividido em 3a A, 3a B e 3a C, por exemplo.
Em algumas indústrias é feita uma nova classificação assim que o couro chega
ao almoxarifado. Essa classificação define a matéria-prima para uso em cada
um dos produtos a serem fabricados. Em alguns casos pode até determinar a
devolução de um lote comprado.
As remessas de couros enviadas ao setor de corte são classificadas de acordo
com o trabalho dos cortadores. A classificação é feita com a finalidade de
agrupar couros com características semelhantes e assim obter melhor resultado
quanto a aproveitamento do material e produtividade do cortador. Alguns dos
critérios observados para essa classificação do couro em lotes individuais para
cortadores são:
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Espessura: A espessura do couro é controlada para verificar se está de
acordo com as especificações estabelecidas;
Aparência do couro: Num primeiro momento, deve-se verificar se a
tonalidade do material recebido está em conformidade com as especificações
do pedido. A seguir são verificados: a regularidade dos poros e o brilho do
material. Então, o couro é agrupado em lotes de aparência semelhante para
não haver diferenças de tonalidade;
Tamanho do couro: Embora não ocorram grandes diferenças no tamanho
dos couros de um mesmo lote, é aconselhável que a numeração maior da
coleção de navalhas seja utilizada nos couros de maior área. Isso possibilita
melhor aproveitamento do material;
Defeitos: Os couros com maior incidência de defeitos devem ser distribuídos
proporcionalmente nos conjuntos de couro de melhor qualidade. Nos couros
com defeitos serão cortadas peças menores ou peças em que pequenos
defeitos não tenham importância.
Controle de qualidade no setor de corte
O controle de qualidade, principalmente do couro, é feito durante todo o
processo de produção - desde o setor de compras até a expedição do produto
acabado. É uma tarefa necessária pois a qualquer momento podem ocorrer
problemas com manuseio por pessoas ou com operações em máquinas.
No setor de corte, por exemplo, o controle de qualidade é feito basicamente
observando-se dois aspectos principais:
Defeitos existentes na matéria prima e
Técnicas inadequadas de operação.
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Defeitos existentes na matéria prima
Os defeitos apresentados nos couros geram grande depreciação deles e
consequentemente dos produtos. Os defeitos normalmente são identificados na
flor
-parte superior - e não devem ser utilizados em locais visíveis nos
produtos. Regiões do couro com defeito são utilizadas em partes do produto
não visíveis como foles, interior de alças e lingüeta, como no caso de uma
maleta como esta da figura a seguir:
Observe, agora, no esquema a seguir, as diferentes regiões do couro e a
incidência de defeitos sobre elas.
1º menor número de defeitos;
2º médio número de defeitos;
3º maior número de defeitos.
Os defeitos que o couro apresenta podem ocorrer durante a vida do animal,
oriundos da esfola mal conduzida, da conservação ineficiente ou inadequada,
bem como de erros no processo de transformação das peles em couro pelo
curtimento.
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Dentre os principais defeitos encontrados nos couros, os mais comuns são:
Cicatriz de Bernes;
Riscos de arame;
Carrapatos;
Cortes de esfola;
Veias e estrias;
Marcas de fogo (identificação);
Flor solta;
Mosca do chifre;
Material murcho;
Flor trincando;
Cores desiguais;
Manchas;
Espessuras desiguais;
Queimados;
Buracos;
Granas desiguais (porosidade);
Dobras e pregas;
Flor ardida;
Marcação de lote e classificação;
Material ressecado;
Furos por aguilhões, espinhos, parafusos, lascas
de madeira;
Flor enrugada.
Cicatriz de Bernes: é causada por larvas que são depositadas na pele do
animal, pela mosca berneira. Essas larvas desenvolvem-se no animal durante
um período de 5 a 7 semanas. Causa lesões em forma de nódulos que podem
ser vistas tanto na flor, quanto no carnal. A cicatriz de berne pode aparecer em
qualquer tipo de couro. É um defeito que não desaparece durante os processos
de fabricação.
Carrapatos: são insetos artrópodes que sugam o sangue dos animais.
Podem ser encontrados isolados ou em grupo, principalmente na região da
barriga. Ele causa marcas semelhantes às do berne, porém suas marcas são
visíveis somente na flor. É um defeito que não desaparece nos processos
fabricação. Pode ser amenizado conforme o tipo de acabamento que o couro
recebe.
Mosca do chifre: deixam marcas semelhantes a um furo de agulha. São
geralmente encontradas em grande quantidade nas áreas do lombo do animal
são bastante freqüentes em animais provenientes das regiões do Paraná e
Mato Grosso do Sul. Este tipo de defeito é visível somente do lado da flor do
couro.
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Veias e Estrias: marcas de veias correspondem a vasos sangüíneos
aparentes no couro do animal decorrente do estresse antes do abate. Este
problema é resolvido com o procedimento correto no momento do abate. Usase o banho gelado no gado para constringir os vasos sangüíneos e a sangria
até o esgotamento de todo o sangue do animal. Marcas de estrias são mais
comuns em peles de fêmeas e em animais com mais idade. São formadas por
pequenos sulcos no couro. Esses defeitos podem ser notados tanto na flor
como no carnal, principalmente na região da barriga.
Riscos de arame, cortes de esfola e buracos: são decorrentes de
procedimentos incorretos com o gado, tanto no pasto quanto no abate. Os
riscos são causados principalmente pela utilização de arame farpado para a
contenção do gado no campo, espinhos e galhos de árvore. Os buracos podem
ser causados por: uso de grilhões pelos peões, ferimentos causados no
transporte por parafusos e pontas de madeira, etc. Existem também marcas de
cortes de esfola que são ocasionados por facas no momento de retirar a pele
do animal e muitas vezes pode traspassar o couro. As marcas de corte de
esfola quando não traspassam o couro deixam a região mais fraca. Por isso,
deve-se evitar nessa região, o corte de peças que possam ser forçadas.
Marcas de fogo: são utilizadas pelo proprietário para identificação dos
animais. Esta marcação pode ser feita tanto com ferro quente como com ferro
gelado - resfriado com nitrogênio, deixando uma cicatriz que pode ser vista
tanto na flor como no carnal do couro. Geralmente é feita na região do grupon
porque permite visualização. Isso, entretanto, contraria a legislação especifica
que regula a marcação de gado porque danifica o grupon.
Flor solta: é o desprendimento da camada flor da camada reticular,
formando bolhas ou rugas. Pode ser causado por má conservação, por mau
emprego de produtos químicos, ou ainda por excessivo trabalho mecânico em
fulões ou máquinas de amaciamento. Outro fator que contribui para o
surgimento da flor solta é a temperatura dos banhos, pois o calor diminui a
resistência do couro.
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Flor trincada: é o defeito causado por bactérias que durante a conservação
enfraquecem a flor do couro. Pode ser ocasionado ainda por problemas
decorrentes dos processos de secagem e amaciamento mecânico.
Flor ardida: a flor do couro apresenta certa aspereza, causada por bactérias
resistentes aos sais, que digerem a flor da pele já durante o processo de
conservação. Pode ainda ser causada por depilação excessiva, pois além dos
pelos a depilação começa também a dissolver a camada da flor.
Flor enrugada: Este defeito é o mais comum em peles de animais velhos,
devido a falta de elasticidade na pele. Também pode ser causado pela falta de
estiramento da pele no processo de curtimento ou por uma secagem forçada
em estufas.
Dobras e pregas: são oriundos das etapas de processamento do couro que
envolvem máquinas com cilindros como: rebaixadeiras, máquinas de enxugar,
prensas, etc. Se o couro não passar por essas máquinas completamente
esticado, sairá com dobras em sua superfície.
Grana desigual: ocorre quando em uma mesma peça de couro são
verificadas diferenças na porosidade: os poros têm tamanhos diferentes. Isso
pode ocorrer durante o processo de estampagem do couro.
Técnicas inadequadas de operação: os problemas mais comuns podem
ser:
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Modelos trocados;
Navalhas com lâminas tortas;
Sentido de estiramento da peça
Peças com lados errados;
Pinos
e
vazadores
da
atravessado;
navalha
quebrados;
Colocações inadequadas
Aparelhamento de cores e grana
Riscos de caneta;
(porosidade);
Piques nas navalhas;
Falta de peças;
Corte chanfrado (manual);
Riscos de caneta;
Armazenamento do couro
A guarda da matéria-prima na empresa para uso em momentos planejados
para seu uso é trabalho da maior importância pois cuida de sua manutenção e
preservação. Resguarda o couro de dano, decadência, deterioração, etc.
Há setores na empresa que não têm grandes problemas com isso. O setor de
corte de uma empresa, por exemplo, trabalha somente com quantidades de
matéria-prima necessárias para cortar o que está definido numa ficha ou num
plano de produção. Desse modo, esse setor não tem grandes problemas com
armazenamento. Já no caso do almoxarifado, onde se deposita todo o couro
para uso no momento devido, é necessário observar certos critérios de guarda
e manutenção, de modo a evitar que a qualidade do couro acabado sofra danos
e a empresa, prejuízos. Esses critérios dizem respeito a:
Temperatura
Oscilações na temperatura favorecem a migração de substâncias que não
estejam muito bem fixadas no couro. Nessas condições de variação, as graxas
por exemplo, são substâncias mais sensíveis a essa situação, vindo a
depositar-se na superfície do material.
Em caso de temperaturas mantidas altas pode ocorrer o ressecamento do
couro dificultando o seu posterior manuseio no processo de produção.
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Umidade
Couros depositados em ambientes frios, quando transferidos para depósitos
cujo ambiente tenha condições de temperatura e umidade mais elevadas, estão
sujeitos à ocorrência de condensação da umidade sobre a superfície. Isso pode
provocar ataque de fungos que produzem manchas no acabamento do couro. A
ação dos fungos evolui até deixar a flor totalmente sem brilho.
Ventilação
Uma boa ventilação é sempre importante para homogeneizar a temperatura e
principalmente a umidade.
Luminosidade
A iluminação proveniente de fontes luminosas diversas, pode provocar
alteração nas cores dos couros, principalmente em couros de cor clara. Esta
ação pode causar escurecimentos ou clareamentos, manchamentos e
migrações. A fonte luminosa de ação mais forte, é sem dúvida, o sol. Outras
fontes também atuam sobre a superfície do couro, mesmo que de forma mais
branda. Deve-se evitar, na medida do possível, a incidência direta de luz sobre
a superfície dos couros.
Condições adequadas de armazenamento
Para que o armazenamento seja satisfatório em termos de manutenção e
conservação do couro, algumas condições básicas são necessárias. Nesse
sentido, recomenda-se que:
o couro seja acondicionado em prateleiras para evitar o contato com o solo;
se evitem pilhas muito grandes. Isso amassa e marca a superfície do couro;
os couros sejam sempre que possível, guardados em sua embalagem
original. Quando não for possível,
deve ser enrolado com o lado da flor -
acabamento, para dentro, para evitar a ação da luz sobre suas cores.
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Tecidos
Introdução
Esta parte do curso trata de tecidos, desde seu conceito básico de urdidura e
trama. Apresenta observações relacionadas a sua fabricação, aos diferentes
tipos de tecidos gerados por variados entrelaçamentos, à matéria-prima
utilizada para os diferentes tipos de tecido, e examina ainda materiais muito
usados para confecção de artefatos como o não-tecido.
Urdume e trama
Tecido é um produto manufaturado em forma de lâmina flexível, formado por
fios ou fibras que são obtidos a partir de fibras naturais, sintéticas ou mistas.
O tecido é obtido do entrelaçamento ordenado ou desordenado dos fios de
urdume -direção do comprimento do rolo - e fios de trama - direção da largura
do rolo, formando uma estrutura dimensional.
Observe as figuras a seguir. A primeira apresenta o urdume - conjunto de fios
dispostos no tear paralelamente ao seu comprimento, e por entre os quais
passam os fios da trama. Urdume é também conhecido como urdimento ou
urdidura. Ao lado, os fios passados no sentido transversal do tear, entre os fios
do urdume, ou da urdidura.
Urdume
Trama ( modo de entrelaçar )
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Os fios são processados em máquinas conhecidas por teares e recebem,
posteriormente, tratamento com as mais diversas finalidades ( tingimento,
impregnação e acabamento ).
Os tecidos obtidos pelo entrelaçamento de fios se dividem em:
Tela ou tafetá, Sarja e Cetim
O que caracteriza um tecido são as suas fibras, que podem ser naturais,
artificiais e sintéticos. Em qualquer desses casos, pode-se obter tecidos dos
mais variados tipos: espessos, finos, brilhantes, opacos, estampados, lisos ( de
uma só cor ) etc., além de se contar atualmente com inúmeros acabamentos
mecânicos, físicos ou químicos capazes de alterar profundamente o tipo do
tecido.
São muitos os modos de entrelaçar os fios e, como vimos, variam os tipos de
fibras de que derivam os fios. Consequentemente, obtêm-se variadas forma de
texturas conforme indicam as ilustrações a seguir.
Tipos de ligamentos de telas
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Nos tecidos com fios de trama apertados, fica quase invisível o urdume.
Por outro lado, apertando mais os fios do urdume, fica quase invisível a trama
conforme se pode verificar nas ilustrações a seguir
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Classificação das fibras e fios
Vimos que é grande a variedade de matérias-primas ( fibras ) que podem ser
usadas nos diversos processos de tecer. Pode-se mesmo dizer que qualquer
material de trabalho manual poderia ser usado na tecelagem.
As fibras e os mais usados podem ser classificados em naturais, artificiais e
sintéticos.
A matéria-prima considerada natural pode ser assim classificada:
Animal
•
lã
•
seda
•
couro
Vegetal
•
algodão
•
linho
•
cânhamo
•
ráfia
•
rami
•
juta
•
sisal
Mineral
•
amianto
Na classe das fibras e fios artificiais incluem-se:
•
Rayon
•
Acetato
•
Viscose
•
Ráfia artificial
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Os materiais sintéticos compreendem, principalmente:
•
Polyester
•
Nylon
•
Acrílico
•
Lycra
•
Courvin
Vejamos, a seguir, as características de alguns dos tecidos:
Algodão
O algodão cru é constituído de uma fibra muito uniforme que pode ser
transformada em fio finíssimo de grande resistência. Devido a essas vantagens,
o algodão tem amplo emprego em trabalhos de tecelagem e de tapeçaria.
Atualmente, é raro encontrar tecido de algodão puro. De modo geral, ele é
misturado com poliéster na proporção de 67% de poliéster e 33% de algodão.
Para revestir móveis ou assentos, é comum o uso de algodão cru de cores lisas
ou estampadas.
Cânhamo
É o nome dado a uma erva que atinge grande altura, originária da Ásia e muito
cultivada em diversas partes do mundo. As folhas são finalmente recortadas em
partes lineares. O caule constitui-se de fibras que são industrializadas para a
produção do tecido conhecido como cânhamo.
Juta
É uma erva de aspecto lenhoso, originária da Índia e cultivada intensamente na
Amazônia para a produção de suas valiosas fibras têxteis. Estas fibras são
obtidas diretamente do caule da planta, macerado em água. Devido à sua
altura, um caule chega a ter 5 metros de altura, é possível extrair de cada
planta uma grande quantidade de fibras.
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Sisal
É o nome de uma fibra têxtil extraída da planta denominada agave ou babosabrava. Da fibra produz-se o sisal e das folha são feitos cordas, barbantes,
tapetes e uma pasta de celulose para fabricar papel.
Chintz
Tecido de algodão de aparência lustrosa decorrente da mistura do algodão com
resina que, muitas vezes, é substituída por parafina. O chintz é geralmente
estampado com flores coloridas, ou totalmente liso.
Courvin
É um tecido de natureza sintética, derivado do plástico, com aparência muito
semelhante à do couro. Por este motivo e devido à sua maleabilidade, é
bastante usado no revestimento de almofadas, sofás e assentos diversos.
Não-Tecidos
Não-tecidos são aglomerados de fibras ou filamentos não tramados, com a
união através de uma resina, com respectivo tratamento físico ou químico para
aglomeração de fibras. As fibras ou filamentos de uso mais freqüente são
poliéster, polipropileno, viscose, acrílico e poliamida. As resinas utilizadas para
a união destas fibras são: a acrílica, uretânica, nitrílica, butadiênica, entre
outras. Os materiais em não-tecido podem ser fornecidos com cola de hot-melt
( termoplástica ) aplicada sob a forma de pontos ( ponctiforme ) superficial,
sendo colocados por meio de prensas aquecidas.
Ex.: feltro, folheado “perfex”.
Fonte: Fascículo Materiais – CTC – SENAI – RS.
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Conforme as matérias primas utilizadas, sistemas de produção e uso a que se
destina, o não tecido poderá apresentar diferentes densidades, estampas,
elasticidade, espessura, largura de bobinas, propriedade físico mecânicas, etc.
O não-tecido tem seu grande uso para peças de forro e dublagem com
finalidade de melhorar a estética e reforçar.
No corte de materiais não-tecido, é preciso observar que a elasticidade menor
está no sentido de desenrolamento do material da bobina e o sentido de maior
elasticidade na largura da bobina.
Fonte: Fascículo Materiais – CTC – SENAI – RS.
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Reforços
Introdução
A seguir, você vai ficar sabendo o que são Reforços. Vai aprender que são
materiais ou peças que se colocam em determinadas partes de um produto
para aumentar-lhes a resistência.
São apresentados reforços que normalmente são feitos de papelão ou de
recuperado de couro e que são utilizados para armar e sustentar o corpo,
tampa, fundo e alças de produtos de couro como pastas, bolsas, cintos
esportivos, etc. Além desses, são feitas observações sobre reforços produzidos
a partir de outros materiais como entretelas e espumas.
Recuperado de couro
Trata-se de material usado na indústria de artefatos, como reforço. Recuperado
de couro é também conhecido como couro reconstituído. È um material obtido
por refinação de aparas de couro ( curtido ao cromo ou taninos vegetais ),
sendo transformadas em fibras de couro, as quais são aglutinadas novamente
com resinas e, posteriormente, consolidadas e são comercializadas em bobinas
ou chapas. O material assim obtido tem uma alta percentagem de couro, o que
lhe confere muitas de suas características próprias, entre as quais a
capacidade de absorver e evaporar umidade.
A utilização destas aparas é muito importante, pois evita que estas sejam
lançadas em aterros poluindo o meio ambiente.
Obtém-se o material pelo processo contínuo, que é muito similar à fabricação
de papel.
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O recuperado de couro apresenta deficiências com relação à resistência à
fricção a úmido, no rasgamento, à tração e à flexão, toque acartonado e baixo,
elasticidade. Seu emprego na fabricação de calçados torna-se limitado. Na
fabricação de artefatos é amplo, especialmente em modelagem em que o artigo
é estruturado, como reforço para pastas, bolsas sociais, também em cintos
esportivos como forro, alça, corpo, tampa, fundo e foles de bolsa.
Entretelas
É o material que se coloca entre o forro e o couro de um artefato, para lhe dar
consistência, ou para torná-lo armado. É conhecida também como entreforro.
As entretelas, como materiais de reforço e armação, podem ser cortadas
separadamente
e coladas posteriormente nas peças, ou já fixados nos
materiais ao serem cortados.
Espuma
Em alguns modelos é utilizada para armar o corpo e a tampa. Com o modelo
pronto ( peças em cartolina ), confecciona-se uma maquete ( protótipo ) em
material similar ao desejado, verificando de as peças estão corretas e se a
aparência da bolsa corresponde ao planejado. Caso necessário, efetuam-se
acertos e modificações nas peças do modelo. Depois do modelo ter sido
ajustado em cartolina, é transferido para papelão timbó ou navalhas, que
servirão para o corte da produção.
Espumas são materiais que sofrem um aumento de volume com respectiva
diminuição de sua densidade, através de processos químicos ou físicos com
liberação de um gás, inerte e atóxico. As espumas são encontradas atualmente
nos mais diversos materiais como, por exemplo:
Policloropreno:
chama
auto-extinguível.
Possui
ótima
resistência
às
intempéries, ao ozônio, a óleos e a ácidos diluídos:
Polietileno: boa resistência a agentes químicos e às intempéries;
Poliestireno ( boa forma rígida como isopor ): boa resistência à água e a óleos;
PVC: chama auto-extinguível, com boa resistência às intempéries e a agentes
químicos, utilizado em peças que serão submetidas ao processo de moldagem.
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Estas espumas podem apresentar-se na forma rígida ou flexível e em várias
densidades.
PU: produzidas, misturando-se cuidadosamente um material rico em hidroxilas
(-HO) como isocianato (-NCO) com outros produtos (catalisador, água e
aditivo).
Quando em lâminas, a dublagem com outros materiais pode ser feita por
adesivo (PVA,CR) ou a fogo.
As espumas de poliuretano dividem-se, quimicamente, em dois grupos:
Espumas de PU à base de poliéster :
•
Menor custo
•
Mais brilhante
•
toque mais seco e áspero
•
Células (poros) mais abertos
•
Apresenta brilho superficial.
Espumas de PU à base de poliéster:
•
Maior resistência à tração e ao rasgo
•
Memória mais duradoura
•
Utilizadas normalmente para dublagem do cabedal
•
Células (poros) mais fechados
•
Tendência a oxidar mais que as de poliéter
•
Boa resistência frente à maioria dos solventes.
Espumas de Látex:
É melhor do que a de PU nas suas características ( resistência ao rasgo, à
fadiga, à oxidação, boa moldabilidade ).
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Sintéticos
Introdução
Apresenta-se, nesta parte do curso, o conceito de produto sintético. Fala-se a
respeito de seu uso na indústria de artefatos, suas características e utilização.
Laminados sintéticos
Produto sintético é aquele produzido artificialmente, por síntese química.
Freqüentemente é uma imitação, ou é parecido a algo naturalmente observável,
mas é o resultado de processos inteiramente artificiais.
Laminados sintéticos são muito utilizados na indústria de artefatos. Sua
estrutura é uma base que pode ser tecida ou não - não tecido, que recebe uma
cobertura de resinas. Os laminados são geralmente postos à venda em
bobinas. Atualmente devido aos avanços tecnológicos encontram-se laminados
sintéticos que imitam não só as características externas do couro, como a
aparência, mas também suas propriedades, como a dessorção de umidade evaporação da transpiração do pé .
Origens e Aplicações
Com o desenvolvimento da indústria de artefatos e o aumento da exigência do
mercado consumidor, foram incorporados outros materiais à fabricação. Esses
materiais são empregados para forros, reforços e adornos. Em algumas
empresas recebem o nome de aviamentos
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São, na sua maioria, compostos por fibras sintéticas. No setor de corte da
indústria de artefatos, os materiais sintéticos ou não-couro , são originários
principalmente de: poliamida ( nylon ), poliéster, fibra de carbono, PU (
poliuretano ), etc.
São utilizados principalmente em forros, calcanheiras e
inclusive em cabedais.
As principais vantagens dos laminados sintéticos são:
•
Não apresenta os defeitos comuns ao couro, possibilitando um maior
aproveitamento do material
•
Seu tamanho é padronizado e comercializado em bobinas
•
Pode ser cortado em camadas, aumentando a produtividade
•
Apresenta toque macio e boa elasticidade
•
Uniformidade de estrutura (espessura, tonalidade, estampa, densidade )
•
Possui pouca ou nenhuma absorção do suor, embora já existam
laminados sintéticos que permitem boa absorção do suor
•
Custo inferior ao couro na maioria dos casos
•
Bom rendimento no corte das peças
•
Maior consistência nas cores, gravação e pintura
•
Variação em toque e flexibilidade ( em função do teor de plastificantes ).
Desvantagem dos laminados sintéticos:
•
Dificuldade de reparos no setor de acabamento.
Suporte
Suporte é o material utilizado para depositar - ficar embaixo, ou para ser
impregnado com o material de cobertura, que é sintético. Pode ser de tecido,
não-tecido, malha, raspa ou outro material. Para suporte em tecido, usa-se,
normalmente: algodão, poliamida, poliéster, mistura de algodão com sintético,
etc. Para não-tecidos usam-se os mesmos materiais utilizados para suporte em
tecido, porém na forma de fibra. São também utilizados para suporte, materiais
como: PVC laminado, PU laminado, borracha, etc.
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Sintéticos - material de cobertura e base
Dentre os diversos laminados sintéticos, os mais usados são:
•
PVC – policloreto de vinila
•
PU – policloretano
•
EVA – poli(etileno-coacetato de vinila)
Características do PVC
•
Apresenta laminados mais espessos com toque mais encartonado
•
Degrada-se quimicamente sob ação do calor, a partir de 80o
•
Possui fumaça com odor acre ( HCL )
•
Tende a tornar-se mais rígido sob efeito de baixas temperaturas
•
É atacado por acetonas e hidrocarbonetos clorados.
Processo de obtenção de laminados PVC
É obtido pela calandragem. Trata-se de processo executado na calandra que é
um conjunto vertical de dois cilindros de aço sobrepostos e ajustados. A massa
é introduzida entre os cilindros que a comprimem para a formação de um filme
com uma espessura desejada. A camada fina de material obtida é distribuída
sobre a base ou suporte.
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Linhas e fios
Introdução
O texto a seguir trata dos diferentes materiais usados para fabricação de linhas
e fios. São mostrados que diferenças existem entre fio e linha no âmbito
comercial, e descritos diferentes modos de obtenção deles. Também são
mostrados aspectos técnicos desses materiais, como titulagem, número
métrico, número comercial, etc. Por fim, informa-se sobre diferentes métodos
de identificação de fibras que compõem uma costura.
Linhas e fios
Linhas e fios são materiais compostos por fibras ou filamentos contínuos de
materiais naturais ou sintéticos, unidos por efeito mecânico de torção.
As linhas são obtidas:
•
De fibras naturais como seda, algodão e linho
•
De fibras modificadas como algodão mercerizado e viscose
•
De fibras sintéticas.
As linhas mais empregadas na confecção de calçados e artefatos, são a
poliamida ( náilon ), o poliéster ( tradicional ) e o poliéster trilobal ( para
bordados à máquina ).
No meio comercial, há uma distinção entre linha e fio, em função do título (
diâmetro ) que apresentam, embora por definição, ambos sejam sinônimos.
Apesar de não haver norma para distinção, usa-se a designação linha quando o
uso é feito em máquinas de costura. Quando usado em costuras manuais ou
máquinas de costura para solados, usam-se os termos: fio ou cordão.
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Dentre os diversos materiais que podem ser utilizados para a confecção de
linhas, os mais usados são os seguintes:
Algodão ( CO )
Origina-se de fibras celulósicas que envolvem as sementes do algodoeiro. Já
eram usadas pelos índios para confecção de redes de dormir e para pesca. É
uma planta de clima tropical, cultivada em várias regiões do mundo. Apresenta
fibras curtas, mas de boa resistência. Quando torcidas, as fibras transformamse em fios e linhas. Quanto mais longas forem as fibras utilizadas, mais
resistentes serão os fios e linhas produzidos. Recebe tingimento em variadas
cores, com corantes específicos.
Linho (CL)
É uma fibra celulósica que tem origem na planta do mesmo nome. É cultivada
há mais de 5.000 anos e conhecida nas regiões de clima temperado por suas
flores azuis. Para o processo de fabricação, as hastes da planta são cortadas e
deixadas apodrecer, para retirada das fibras por desfibradores. As fibras são
refinadas, penteadas na carda, e torcidas em fios. Só as fibras mais longas são
aproveitadas. È mais resistente que o algodão. Pode ser tingido na cor
desejada, com corantes específicos.
Cânhamo ( CH )
É uma planta têxtil conhecida desde a mais remota antigüidade. Sua origem foi
a Ásia onde já era cultivada muitos anos antes da era Cristã. Mongóis tártaros e
japoneses conheceram o cânhamo antes da seda e do algodão. As fibras
usadas na sua fabricação provêm do talo da planta.
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Juta ( CJ )
O tecido juta provem de uma planta de mesmo nome, originária de região da
Índia com clima úmido e quente. É cultivada intensamente em regiões tropicais
e subtropicais para obtenção de suas fibras têxteis. As fibras provêm do caule
da planta. O caule chega a 5m de altura. Macerado em água, liberta as fibras.
Sisal ( CS )
As fibras do sisal são extraídas das folhas do “Agave cantelona”, e do “Agave
sisalena”. Atualmente, o sisal é processado para gerar uma série de produtos
que, em tempos idos, eram feitos a partir do cânhamo.
Seda ( S )
A seda é uma fibra ( protéica ) de origem animal, obtida do casulo do bicho-daseda. A mariposa tipo “Bombix mori” coloca os ovos, no caso, numa amoreira, e
ocorre a formação de larvas, que se alimentam das folhas da amoreira durante
32 dias. A partir daí, a larva fixa-se nos galhos e começa a formação do casulo,
com sua conseqüente metamorfose. Isto leva aproximadamente 4 dias. No
casulo há um comprimento aproximado de 3.000m (média) de seda em forma
de filamento. Os primeiros 300 a 500m são filamento contínuo, denominado
seda real; o restante tem a forma de filamento descontínuo. O casulo é
desenrolado depois de morta a larva, com jato de ar quente.
A seda natural pode apresentar-se nas cores: branca, esverdeada e amarela.
Nos dias de hoje, é raramente empregada para costuras de artefatos, em
virtude de seu custo mais elevado e por não ser adequada a costura em alta
velocidade. Presta-se a uma boa costura de enfeite, com aspecto bastante
nobre.
É fabricada predominantemente em fibra descontínua e pode ser tingida em
cores diversas, com corantes específicos.
Fibras mercerizadas
Fibras mercerizadas são fibras celulósicas ( normalmente algodão ),
modificadas por processos químicos e físicos associados.
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O processo recebe o nome de mercerização. Realiza-se da seguinte forma:
quando uma fibra celulósica é colocada em contato com uma solução
concentrada de 100 até 200 g/l de hidróxido de sódio, inicia-se um inchamento
lateral da fibra ( absorção da solução ), e um encolhimento longitudinal,
causando importantes mudanças nas propriedades dos fios ou, no caso, dos
tecidos. Por aplicação de tensão no fio ou tecido no estado inchado, pode-se
desenvolver outras propriedades.
Fibras de celulose regenerada
As fibras de celulose regenerada são fibras químicas obtidas através da
celulose quimicamente tratada. A fonte de celulose de que se lança mão tanto
pode ser polpa da madeira, quanto as diminutas ramas do algodão. Mediante o
emprego de diferentes tipos de celulose, diferentes produtos químicos e
diferentes técnicas de fabricação, pode-se chegar a vários tipos de fibras,
sendo a principal a viscose ( CV ).
Também chamada de “raion viscose”, ela é obtida da celulose em solução, ou
seja, do material celulósico inicial em pasta de madeira ao sulfito ou ao sulfato.
Poliéster ( Pes )
É obtido por reação de condensação entre etilenoglicol e ácido tereftálico. Foi
introduzido no mercado como alternativa à linha de poliamida ( náilon ), que
custava caro. Mas não deu certo porque o preço da poliamida não aumentou
como era esperado. Além disso, o preço do poliéster era ainda maior.
Fabricado pelo processo de extrusão, o polliéster pode ser encontrado em
forma de filamento contínuo, “mais fino e liso”, ou descontínuo - “mais áspero”.
Assemelha-se, em aparência, à seda e é mais macio em relação à poliamida.
Presta-se a costura com muita facilidade.
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Atualmente, são utilizados linhas de poliéster trilobal ( fibras extrusadas em
forma triângular ) para bordados em máquinas de costura de alta rotação, pelo
alto brilho que apresentam e pela alta resistência à fricção.
Poliamida ( PA )
É obtida por reação de ácido dicarboxílico e de diamina.
É fabricada pelo processo de extrusão. Trata-se de linha empregada para a
fabricação de calçados e artefatos, em função de seu custo. A resistência à
ruptura é ligeiramente superior à do poliéster.
Obtenção das linhas sintéticas
Os filamentos contínuos ou descontínuos das fibras sintéticas são obtidos
através do processo de extrusão. O polímero é aquecido até o ponto de fusão,
formando uma massa fluida mas viscosa, e bombeada através de uma fieira chapa metálica com pequenos orifícios, para formar os filamentos.
Originariamente, as linhas sintéticas ( poliéster e poliamida ) são fabricadas em
filamentos contínuos. Porém, dependendo da sua aplicação, torna-se
necessário romper ou cortar esses filamentos. Dessa forma, obtém-se uma
linha composta por fibras descontínuas, que possui menor resistência à tração
que uma linha de filamentos contínuos. Entretanto, é bem mais macia e flexível
e recomendada para uso em tecidos finos e costuras que ficarão em contato
com a pele, evitando sensações incômodas e irritações.
Obtenção das linhas naturais
As fibras naturais recebem um tratamento adequado. São trabalhadas em
equipamentos específicos para obtenção dos fios. A fibra de algodão, por
exemplo, que chega na forma bruta, em fardos, é classificada em vários tipos
de acordo com sua origem, espécie, padrão de qualidade. Na recepção do
fardo na indústria ocorre um tratamento de limpeza das fibras por meios
mecânicos.
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Formam-se então mantas de algodão, que são transferidas para o setor de
cardas. Cardas são máquinas mecânicas, que têm por finalidade alinhar as
fibras - deixá-las paralelas entre si.
Continuando o processo, tem-se a formação dos véus que são camadas
sobrepostas de mantas. Essas camadas são condensadas para formar a fita.
As várias fitas obtidas são colocadas num equipamento denominado passador
que as estira. A maçaroqueira em seguida, reúne várias fitas para a formação
do pavio, que passa pelo filatório, que estira e dá torção, formando o fio.
Processos equivalentes para fibras naturais e / ou sintéticas
Após a formação do fio, é realizada a binagem, que consiste na união de dois
ou mais fios, também denominados cabos.
Feito isso, a linha recebe a segunda torção ou retorção, que tem por finalidade
unir os fios ou cabos para não deixá-los soltos. Desse modo, garante-se melhor
proteção contra atrito nas operações de costura.
Após o processo de binagem e retorção, as linhas são enroladas em suportes
especiais com tensão controlada, para posterior tingimento O tingimento é feito
na auto-clave que é um aparelho que funciona por meio do vapor a alta pressão
e temperatura, com corantes específicos adequados ao tipo de fibra.
Em seguida, são centrifugadas e secas, recebendo aplicação de cola à base de
resina poliamídica ( encolagem ) e um tratamento de lubrificação, se
necessário.
Finalizando o processo, as linhas são enroladas nos cones de maneira que, ao
desenrolar mantenham seu equilíbrio de torções, evitando a formação de
“nozinhos”
( efeito Kringel ) e de camadas de linhas sobrepostas. Isso faz com que sejam
evitadas irregularidades no aspecto da costura.
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Torção de linhas
Após a torção, a linha apresenta uma estrutura própria que incorpora o
processo por que passou. Por vezes, torna-se difícil perceber o sentido das
linhas na torção. A linha é colocada na máquina de costura sempre do mesmo
modo para que a costura executada fique sempre com a mesma aparência. Por
isso é importante sempre colocar
Um modo prático de notar a orientação das linhas é agir do seguinte modo:
pega-se um pedaço de linha de aproximadamente 10cm. Segurando as pontas,
uma em cada mão, entre os dedos polegar e indicador, distorce-se a linha de
tal forma que se possa ver o sentido da linha:
Assim, pode-se verificar o sentido da linha, que pode apresentar torção para a
direita ou para a esquerda. Na prática profissional, convencionou-se chamar de
S a torção direita, e Z a torção esquerda. Observe na figura a seguir, a
orientação das linhas nesses dois tipos de torção.
Torção ou retorção em “S” ou “Z”
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Titulagem de linhas
Título de uma linha é a denominação que se dá à espessura ( diâmetro ) dela.
Para determinação do título de uma linha, existem sistemas técnicos de
titulagem de linhas. São eles: número métrico ( Nm ) e o decitex ( dtex ).
Número métrico ( Nm )
Número métrico é o sistema de titulagem de linhas com peso fixo em gramas,
por comprimento variável em metros.
Desse modo quando se encontra o Nm 7, para linhas com um só cabo, significa
que 7 metros dessa linha pesam 1g;
Nm 11: significa que 11 metros pesam 1g. E assim por diante.
Com linhas de dois ou mais cabos acontece o seguinte :
O Nm 100/3, por exemplo, significa que 100 metros pesam 3 gramas e é
composto por três cabos de NM 100/1;
Nm 120/2: 120 metros pesam 2 gramas e é composto por 2 cabos de NM 120/1
Para saber qual a linha mais espessa, dentre várias, recorre-se a operação de
divisão. Veja um exemplo a seguir.
Problema: Qual das três linhas apresentadas é a mais grossa ?
Nm 120/3 = 40/1 ( 40 metros desta linha pesam 1g ); - divide-se 120 por 3
Nm 80/2 = 40/1 ( 40 metros desta linha pesam 1g ) ; - divide-se 80 por 2
Nm 40/1 = 40/1 ( 40 metros desta linha pesam 1 g ).
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- divide-se 40 por 1
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Resposta: todas têm a mesma espessura, pois precisam da mesma metragem
para completar 1 g.
Outro problema: Qual das duas linhas apresentadas a seguir é a mais fina?
Nm 50/2 = 25/1 ( 25 metros desta linha pesam 1 g );
Nm 60/2 = 30/1 ( 30 metros desta linha pesam 2 g ).
Resposta: Nm 60 é mais fina, pois precisa de maior metragem para completar 1
grama.
Decitex ( dtex )
Decitex é o sistema de titulagem para peso variável e metragem fixa.
Para linha com um só cabo: 1 dtex: significa que 10.000 metros desta linha
pesam 1 g.
100 dtex: significa que 10.000 metros desta linha pesam 100 g.
Para casos de linhas com dois ou mais cabos: 600 ( 3 ) dtex:
significa que 10.000 metros desta linha pesam 600 g e
é formada por 3 cabos,
e cada cabo tem 200 dtex
150 ( 5 ) dtex: significa que 10.000 metros desta linha pesam 150 g e é formada
por 5 cabos, sendo que cada cabo tem 30 dtex.
Para saber qual o cabo mais espesso, deve-se dividir o peso de 10.000 metros
pelo número de cabos.
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Exemplos:
•
Qual das duas linhas é a mais fina?
250 (3) dtex = 83,33 dtex;
750 (2) dtex = 375 dtex ( apresenta cabo mais espesso ).
Resposta: 250 (3) dtex, é a linha mais fina, pois em 10.000 m de linha obtém
250 g.
•
Qual das linhas abaixo é a mais grossa?
600 (2) dtex = 300 dtex;
800 (2) dtex = 400 dtex
500 dtex = 500 dtex (apresenta cabo mais grosso).
Resposta; 800 (2) dtex é a linha mais grossa, pois em 10.000 m de linha obtém
800g.
Por este sistema, torna-se mais fácil a imaginar a relação de espessura entre
linhas pois quanto maior for o número “dtex”, mais espessa será a linha. Este
número corresponde diretamente ao peso por unidade de comprimento - peso
variável e metragem fixa.
Número Comercial
Número comercial é o sistema de titulagem desenvolvido pelos fabricantes de
linhas. Este sistema, criado inicialmente para uso interno do fabricante,
começou a ser adotado pela indústria calçadista e atualmente é o sistema de
titulagem mais utilizado no “chão de fábrica". O número comercial é derivado
dos sistemas decitex e do número métrico:
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Nº COMERCIAL = 30.000 (constante)
N.o COMERCIAL = Nm X 3
(constante)
Dtex
Nº de cabos
Para efeito de cálculo, é desconsiderado o número de cabos. Por exemplo:
Nm 50/2 no cálculo fica apenas 50;
250 (3) dtex no cálculo fica apenas 250.
Exemplos de linha:
•
Números comerciais: linha 30
•
linha 40
•
linha 60
Observe que quanto menor o número comercial, mais espessa será a linha.
Há outros sistemas de titulagem que são pouco utilizados ou com uso mais
voltado a tecidos, como por exemplo o número inglês, o sistema Denier, etc.
Procedimentos para identificação das fibras de uma linha de costura
Pode-se utilizar três procedimentos para identificar as fibras que compõem uma
linha:
teste de queima: refere-se ao efeito produzido pelo calor do material de que a
linha é feita, quando ela é submetida aos testes: perto da chama, na placa
aquecida ou na chama direta;
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microscopia ótica: pelo microscópio ótico, examina-se a forma do material,
levando em conta a vista longitudinal e o corte transversal, principalmente nas
fibras naturais;
via química: utiliza a propriedade da solubilidade das fibras com diversos
solventes orgânicos ou inorgânicos. É muito usado para poliéster e poliamida.
Reação de seda, lã e demais fibras protéicas aos testes: perto da chama
não encolhem nem fundem. Direto na chama, queimam com chama irregular,
soltando fagulhas e deixando resíduo negro, pulverizável. Emitem cheiro
característico de cabelo queimado.
Reação de algodão, linho, viscose e demais fibras celulósicas aos testes:
perto da chama não encolhem nem fundem. Direto na chama queimam
facilmente. A fumaça emite cheiro de papel queimado, deixando pequena
quantidade de cinzas.
Reação de poliéster, poliamida ( termoplásticos ) aos testes: perto da
chama encolhem ou fundem-se em gotas. Direto na chama, queimam e
gotejam.
O procedimento químico adotado para determinar se um fio é de poliéster é o
seguinte:
solução de ácido clorídrico ( concentração 1:1 ) durante 5 min à temperatura
ambiente: se houver dissolução da linha, acrescentam-se algumas gotas de
água. Caso haja formação de um precipitado branco leitoso, indica ser
poliamida;
solução de hidróxido de sódio ( concentração de 40% - 40 g NaOH em 100 ml
de água ) durante 10 min à temperatura de ebulição. Se houver dissolução,
indica ser poliéster.
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Adornos
Introdução
O assunto a seguir é uma das partes do produto em couro, que serve para
embelezar ou dar aspecto mais atraente àquilo que é produzido: o adorno.
Trata-se do ornamento, da decoração. Inicia-se enumerando os diferentes
adornos para artefatos. Trata de seu acabamento, matéria-prima, etc. Ao final
do texto, encontram-se considerações sobre os equipamentos para aplicação
de adornos.
Adornos habituais
Adornos em artefatos como bolsas, pastas, mochilas são fundamentais. Eles
desempenham várias funções: fixam as peças, fecham aberturas, regulam e/ou
simultaneamente adornam o artefato, dando-lhe acabamento e toque de bom
gosto.
Há vários tipos de adornos no mercado. Ex.: fivelas, rebites, botões,
cantoneiras confeccionadas em ferro, metal, plástico, osso, madeira, etc.
Além desses há ainda: botões de pressão e magnéticos ( invisíveis ), etiquetas,
cravos, fivelas, passadores, ponteiras, rebites, argolas, ilhoses, placas e muitos
outros. Observe na figura a seguir, exemplos de adornos em metal:
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Fonte: Catálogo Metalúrgica Daniel, 1994.
As dimensões de um adorno influencia o planejamento do produto a ser
executado. Por exemplo: ao se pensar como desenvolver uma bolsa, a largura
do eixo da fivela define a largura da alça.
O mesmo acontece ao se pensar um cinto. A largura do eixo da fivela define a
largura da tira.
Dois pontos básicos devem ser observados no momento da escolha do adorno:
moda e qualidade.
Moda: A moda influencia o planejamento do artefato em couro. Os adornos
para artefatos que serão utilizados durante a estação devem ser os que estão
sendo geralmente aceitos, no momento. Desse modo, pode-se planejar um
artefato coerente com hábitos e estilos, resultantes de determinado gosto, idéia,
ou capricho, que estão em divulgação. Para saber o que está sendo usado,
nada melhor que verificar, em revistas, publicações da área de artefatos,
calçados, vestuário, guias de moda, etc, o que está sendo oferecido para
consumo às pessoas no momento. Em outras palavras: o que se vende no
momento.
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Acabamento das superfícies: é o tratamento final ( polimento, última demão,
etc.) de um artefato de couro. Consiste no arremate final de todos os elementos
construtivos do produto de modo a deixá-lo com boa aparência de tal modo que
o consumidor tenha boa impressão daquilo que se mostra à primeira vista.
Nessa direção, também as superfícies dos adornos devem ser perfeitas, sem
rebarbas, poros e saliências que prejudiquem o visual do artefato.
Matéria-prima dos adornos
Os adornos são, na maioria, confeccionados com ligas de metais. Também são
crescentes a oferta e aceitação pelo mercado dos adornos confeccionados com
ABS, PC e PVC ( plásticos ), pois sua aparência é semelhante ao metal e com
menor custo.
Os metais mais utilizados são:
Aço comum ao carbono: teor de carbono é adequado à aplicação e exigência
de resistência da peça. É o metal mais utilizado em função de seu baixo custo e
boa resistência mecânica. Exige cuidados, pois não possui resistência à
corrosão.
Alumínio: metal branco, levemente azulado, que apresenta grande leveza e
maleabilidade. Tem altíssima resistência à corrosão e média resistência
mecânica. Em virtude de suas características, tem custo elevado;
Latão: liga metálica de cobre, zinco e mais um terceiro elemento ( chumbo ou
níquel ). Apresenta boa resistência à corrosão e mecânica;
Bronze: é uma liga de cobre com metal, em que o estanho normalmente é o
elemento principal. Tem propriedades mecânicas mais elevadas que os latões e
é imune a certos tipos de corrosão. A desvantagem é seu custo elevado.
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Zamac: é uma liga leve em zinco, alumínio, magnésio e cobre, com boa
resistência à corrosão e pouca resistência ao impacto e flexão. Devido ao
processo de obtenção que é fundição à pressão (injeção – semelhante ao dos
plásticos), as peças obtidas são maciças.
ABS (plástico): o polímero termoplástico (acrilonitrila butadieno estireno), o
único tipo de plástico possível de ser metalizado através de galvanoplastia (o
mesmo utilizado no sistema utilizado nos metais e ligas metálicas). As peças
em ABS são obtidas pelo processo de injeção, dando origem a peças maciças.
É grande sua utilização em fivelas, placas. Em virtude de não oxidar e
apresentar grande leveza, seu único inconveniente é a baixa resistência
mecânica.
Tratamento e acabamento de peças de adorno
Para conservação dos adornos em metal é necessário tomar medidas para
permanência de suas características. Essas medidas são cuidados técnicos
indispensáveis para conter deteriorações em seu início. Desse modo, previnese que peças em metal venham a se estragar em pouco tempo pelo atrito e que
possuam resistência a desgaste, escamação e a oxidação.
Para isso, os adornos devem passar por um banho. Trata-se de um processo
químico de revestimento de peças metálicas que dá a elas proteção, ou efeitos
como coloração. Antes do processo químico - banho, os componentes para
adornos devem sofrer um bom processo de limpeza e polimento antes da
imersão.
Para alterar coloração de peças, utilizam-se diferentes tipos de banho :
•
Banho de cobre. É utilizado quando se quer mudar a cor da peça.
Primeiramente banha-se a peça em cobre e em seguida, na cor
desejada;
•
Banho de latão. Utilizado para obter efeito de ouro velho ou pintura;
•
Banho de níquel. Empregado para obter diferentes efeitos como: ouro,
cromo, prata, prata velha ( pewter ) e grafite ( níquel preto );
•
Banho oxidado. Usado para obter efeito de ouro velho.
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Pintura
A aplicação de camada de corante sobre superfície metálica ou plástica é muito
usada na indústria de artefatos. É realizada com tintas especiais para esse fim
e por meio de pistola pneumática, em cabines rotativas.
Acabamento final
O tratamento final ( polimento, última demão, etc .) que o adorno recebe tem a
finalidade de acentuar-lhe o brilho, ou o fosqueamento - ausência de brilho.
Além disso, a função do acabamento final é aumentar a proteção ás superfícies
das peças metalizadas. O tratamento final é realizado com vernizes, exceto em
peças banhadas a ouro, prata e cromo.
Equipamentos para aplicação de adornos
Para aplicação e fixação de adornos há basicamente duas maneiras:
fixação manual – quando se usa basicamente as mãos, alguma ferramenta ou
equipamento simples e a matriz adequada. Ex.: prensa de bancada.
fixação mecânica – quando é feita por intermédio de matrizes adaptadas a
máquina de acionamento mecânico, elétrico, hidráulico, pneumático ou de uma
combinação deles.
É importante observar que :
Para cada modelo de adorno existe a matriz correspondente;
Para cada adorno existe um equipamento de fixação correspondente. Observe
na figura a seguir, um fixador de rebites:
Fonte: Catálogo Eberle, 1996.
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Adesivos
Introdução
Esta parte do curso trata dos adesivos que são usados na indústria de
artefatos, para ligar superfícies de couros. É dado inicialmente o conceito de
adesivo e depois, explicado o processo de colagem. Para isso, examina-se a
composição de um adesivo, os tipos de adesivos existentes no mercado, seu
uso e finalmente o processo de colagem: como é feito, como se preparam as
superfícies para colagem e como se aplicam os adesivos sobre elas.
Conceito de adesivo
Adesivo é uma substância capaz de conservar materiais unidos, pela ligação de
suas superfícies. Os adesivos podem ser descritos segundo os seguintes
parâmetros:
•
Forma física: adesivo líquido, adesivo de fita;
•
Tipo químico: adesivo de silicato, adesivo de resina;
•
Finalidades: adesivo para papel, adesivo para metais, adesivo para
plásticos e adesivo para borrachas;
•
Mecanismo de cura: adesivos de cura a quente e adesivo de cura à
temperatura ambiente.
Tecnicamente as superfícies a serem unidas por um adesivo são chamadas de
substratos.
Adesão, portanto, é a força de união entre o adesivo e o substrato.
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Existe ampla linha de adesivos para as mais diferentes aplicações, que
atendem a diversas normas industriais internacionais. A seleção do adesivo
adequado deve ser feita observando exigências, como resistência à umidade e
à água, ao calor, aos solventes etc.
Ao decidir por um adesivo, o funcionário da indústria de artefatos deve levar em
conta os seguintes fatores:
•
Espécie de couro, sintético ou tecido;
•
Preparação do couro, sintético ou tecido;
•
Tempo decorrido entre a preparação e a colagem;
•
Condições atmosféricas na ocasião da colagem;
•
Temperatura – máxima e mínima;
•
Umidade relativa do ar – máxima e mínima
•
Temperatura do adesivo ( observar temperatura mínima de uso do
adesivo );
•
Tempo de montagem em aberto e fechado;
•
Quantidade de adesivo aplicado;
•
Tempo entre a colagem e o acabamento.
Os principais adesivos utilizados no setor de artefatos de couro são:
Policloropreno ( cola sintética ): geralmente possui coloração amarelada,
possui tempo aberto variável para uso e não necessita obrigatoriamente de
reativação. Seu solvente principal é o toluol ( bastante tóxico ! ), porém a
indústria de adesivos tem reduzido bastante seu uso.
Cola esparadrapo: cola amarelada, que apresenta taque ( tack ) permanente.
É usada principalmente na preparação de cabedais. Sua principal vantagem é
poder ser aplicada em somente um dos substratos que deverão ser colados.
Normalmente aplica-se sobre o que é mais liso.
Hot melt: são adesivos sólidos à base de poliamida ou poliéster. Não são
tóxicos. Necessita de equipamentos próprios para aplicação, pois precisam ser
fundidos a uma temperatura média de 150°C. É amplamente utilizado na
máquina de dobrar.
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Cola benzina (ou cola cimento, ou cola de sapateiro) é uma cola a base de
borracha natural. Possui tempo aberto prolongado sendo, por esta razão,
empregada na preparação de cabedais. Esta cola apresenta fraca resistência a
calor e a óleos e graxas.
O processo de colagem
Colar é juntar e fazer aderir, uma a outra, as superfícies de dois materiais (
substratos ) colocados face a face, por interposição de uma substância dotada
de poder adesivo, com aplicação de leve ou considerável pressão sobre esses
materiais.
O processo de colagem compreende a preparação de superfícies até a
passagem final.
Nas colagens ocorrem dois tipos de forças: forças de adesão e de coesão.
Observe na figura abaixo, uma situação de colagem, indicando onde ocorrem
essas forças:
As forças de adesão e coesão
Forças de adesão: adesão é a ligação física ou química entre dois materiais
como por exemplo um filme de adesivo e couro. A adesão é obtida por efeitos
eletrostáticos, absorção, difusão e por efeito mecânico. As forças de adesão
conduzem à aderência.
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Forças de coesão: coesão é o fenômeno resultante da força molecular que
mantém o material unido em sua estrutura intrínseca, possibilitando união
íntima das partes em colagem. A coesão pode ocorrer por cristalização e
reticulação. Trata-se de fenômeno estrutural.
Tempo de secagem
É o tempo decorrido entre a aplicação do filme de adesivo até a evaporação do
solvente nele contido.
Esse tempo varia de acordo com o tipo de solvente(s) utilizado(s), com a
temperatura ambiental, a umidade contida no ar, a natureza do substrato e a
espessura da camada aplicada.
Pode-se também reduzir o tempo de secagem com o emprego de estufas,
túneis e/ou ventiladores. Trata-se aqui da chamada secagem forçada.
Tempo aberto é o tempo que o filme de adesivo pode permanecer exposto ao
ar, mantendo sua capacidade de ser auto-aderente, sob determinadas
condições de temperatura e umidade relativa do ar.
Isso ocorre com adesivos que apresentam tack - pega ou liga - e que não têm
necessidade de reativação térmica ou química. O tempo aberto varia conforme
o tipo de adesivo empregado, sua formulação e as condições climáticas.
Como o tempo aberto é limitado, utiliza-se a técnica de reativação, quando se
necessita utilizar novamente o adesivo. Essa operação faz com que o polímero
do adesivo volte ao estado amorfo, permitindo uma boa colagem.
O processo de reativação pode ser realizado por meio de agentes:
Químicos: com solvente ( pouco utilizado );
Térmicos: com lâmpadas tipo flash; com lâmpadas tipo infra-vermelho;
com estufa.
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Aspectos a considerar na reativação:
O tempo de reativação demora de 5 a 12 segundos e está em função das
variáveis: temperatura ambiente, tipo/cor do material e tipo de adesivo;
Superfícies onde forem aplicados os filmes adesivos devem ser expostas
diretamente à ação dos raios emitidos;
Materiais de cores claras devem ser aproximados das fontes de calor ou podese aumentar a temperatura, pois eles refletem mais luz. Materiais de cores
escuras devem ser afastados, pois absorvem mais luz;
A temperatura normalmente indicada para reativação na superfície do filme de
adesivo é 70 a 80°c para poliuretano e 50 a 60°c para policlorepreno.
Colagem e viscosidade
Uma particularidade do processo de colagem é a viscosidade. É a medida das
forças internas de fricção de um fluido. Podem ser comparadas grosseiramente
à energia requerida para movimentar um corpo que se atrita sobre outro
durante o processo de colagem. Um adesivo muito viscoso - pegajoso - possui
muita fricção interna. Logo, ele não fluirá ou se espalhará tão facilmente quanto
um adesivo menos viscoso. Devido a isso, a viscosidade dos adesivos é uma
característica importante do ponto de vista operacional.
A viscosidade deve sempre estar de acordo com as características do material
a ser colado. Isso porque pode ocorrer penetração excessiva de adesivo no
material ou penetração inadequada. O ideal é ter um filme de espessura
adequada à colagem.
Alguns fabricantes de adesivos classificam-nos, quanto à viscosidade em F (
fina ), M ( média ) e G ( grossa ).
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Formulação de um adesivo
A formulação de um adesivo varia de acordo com o material que se deseja
colar. A finalidade do adesivo é que define seu processo produtivo, o
equipamento a ser usado para sua fabricação e o instrumento a ser utilizado
em sua aplicação.
Fazem parte da formulação básica de um adesivo líquido, os seguintes
componentes:
•
Polímero base;
•
Solventes;
•
Resinas;
•
Cargas;
•
Reticulantes;
•
Aditivos.
Solventes
São utilizados para dissolver, dispersar ou emulsionar a borracha ou polímero
base, resinas e demais materiais líquidos ou sólidos presentes na composição
do adesivo.
Muitos solventes são tóxicos. Possuem substâncias nocivas ao organismo e
que produzem alterações físicas e/ou psíquicas diversas. Podem causar sérias
modificações de comportamento além de, comumente, gerar dependência.
Por isso, é importante obter sempre, informações sobre o solvente a ser usado,
como prevenção a acidentes e proteção à saúde.
Do ponto de vista técnico, os solventes influenciam as propriedades dos
adesivos, no que diz respeito a:
•
Tempo aberto;
•
Tempo de secagem;
•
Viscosidade;
•
Rendimento.
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A toxidez está relacionada a determinados solventes e produtos químicos
contidos nos adesivos, principalmente os adesivos em solução. Tais produtos
representam riscos potenciais e acumulativos à saúde de quem os manuseia.
Para minimizar os riscos, algumas precauções, que podem ser tomadas
são:
•
Orientação adequada aos operadores quanto aos riscos e maneira correta
de utilização dos adesivos;
•
Uso de equipamentos para ventilação e retenção por aspiração de vapores
de solventes;
•
Utilização de luvas ou cremes específicos para proteção das mãos;
•
Utilização de óculos para proteção dos olhos, em situações que assim
exijam.
Tipos de adesivos
Policloropreno ( CR )
Atualmente, o adesivo de policloropreno é o mais utilizado na indústria
calçadista. Também é conhecido pelos nomes de “neoprene” ( derivado de
nome comercial ), “cola sintética” ( por ser o primeiro adesivo sintético
introduzido no mercado ) e “cola forte” ( para distingui-lo da cola benzina ).
Possui coloração que varia de quase transparente, passando pelo branco,
amarelo até âmbar escuro. Utilizam-se, também, pigmentos para definir a cor
do adesivo em função da cor da superfície a ser colada. Em teste de
laboratório, seu tempo de secagem varia, normalmente, entre 5 e 15 minutos.
È indicado para colagem de couro, madeira, papelão, tecido, palha, borracha
em geral, EVA, poliestireno, espumas, etc.. Existem no mercado adesivos de
CR para preparação ( com baixa resistência inicial e final ) e adesivos para uma
união mais duradoura ( com alta resistência inicial e final na colagem ).
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Poliuretano ( PU )
O adesivo de poliuretano é de alta resistência, tanto a óleos e graxas, quanto
ao calor. Também conhecido erroneamente como “cola PVC”. Isso se deve ao
fato de que no início de sua utilização era destinada quase que exclusivamente
a colagem de solas de PVC. Apresenta tempo de secagem que varia de 6 a 12
minutos.
Normalmente não possui tempo aberto. Deve ser reativado imediatamente
antes da colagem. É especialmente indicado para a colagem de PVC,
poliuretano, poliamida, além de colar também couro, madeira, papel, papelão,
tecidos, EVA, borrachas em geral, epumas, etc.
Benzina
Normalmente chamada de cola benzina, também conhecida como “cola
cimento” ou "cola de sapateiro" , é utilizada basicamente com adesivo de
preparação. De coloração âmbar, não possui grande resistência de colagem (
baixa resistência inicial e final ). Tem, no entanto, ótima e permanente
viscosidade. Possui tempo aberto de muitas semanas. Derivada de borracha
natural, a cola benzina vem perdendo terreno para outros adesivos mais
específicos e eficientes. Muito utilizado para colagem de forros.
Látex Natural
O adesivo de látex natural, como o nome diz, é de borracha natural em emulsão
aquosa. É muito utilizado para preparação e colagem de forro de calçados finos
e bolsas sociais, pois não ressalta a flor solta e não encartona o produto.
Geralmente possui uma boa pega. Por ser à base de água, não é tóxico. Porém
possui o inconveniente cheiro do amoníaco utilizado como estabilizante e a
presença possível de agentes fungicidas e conservantes.
Látex Sintético
Assim como o natural, o adesivo de látex sintético possui todas as vantagens
de um adesivo em emulsão aquosa, além de não possuir o odor de amoníaco
nem qualquer outro odor irritante. Seu tempo de estocagem também é maior do
que o adesivo de látex natural.
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Polivinilacetato ( PVA )
Trata-se de outro adesivo em emulsão aquosa, muito usado para colar madeira.
Pode também ser usado no setor de preparação para colagem de forros. No
entanto, não possui pega. Suas secagem é lenta e o couro fica levemente
acartonado.
Hot Melt
Talvez o adesivo de mais futuro seja este - o termoplástico. É 100% sólido, o
que significa que não possui nenhum solvente. Desse modo, elimina
consideravelmente os riscos de intoxicação. Ao mesmo tempo torna os
processos de colagem rápidos, já que não há necessidade de se aguardar
evaporação de qualquer solução solvente. Basta o adesivo fundido resfriar e
em poucos segundos a colagem está efetivada.
O adesivo termoplástico, também conhecido como “hot melt”, é encontrado nas
mais variadas formas: bastão, escamas, fio, granulado, pó, etc..
Atualmente, no Brasil, a tecnologia existente permite sua utilização nos setores
de preparação, montagem e em couraças aplicadas, conhecidas como
injetadas. Normalmente são à base de poliamida - amarelo, poliéster - branco,
EVA - âmbar claro e branco leitoso, e TR - branco.
Vida útil e tempo de estocagem do adesivo
Vida útil é o tempo em que o adesivo apresenta condições de uso. Isso quer
dizer que não há alterações nas suas características.
O tempo de estocagem é recomendado pelo fabricante considerando a data de
fabricação e a data de vencimento, de fim da eficácia do adesivo. O tempo
máximo recomendado para adesivos de policloropreno e poliuretano em
solução, por exemplo, é de seis meses.
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É importante antes de fazer uso do adesivo, agitá-lo, para que ocorra
novamente a mistura de seus componentes. Com o tempo, os componentes
mais densos tendem a depositar-se no fundo da embalagem. As figuras a
seguir mostram dois modos de mistura dos componentes de um adesivo:
Mistura de adesivo manual e mecânico
Preparação de Superfícies
Antes da aplicação do filme de adesivo é necessário preparar as superfícies
sobre as quais ele vai ser aplicado. A preparação tem por finalidade, aumentar
a superfície de contato, remover ou reduzir substâncias e produtos que
interfiram no processo de colagem, permitindo assim uma melhor fixação do
adesivo. Pode-se dividir a preparação de superfície em: preparação mecânica e
preparação química.
O conhecimento dos procedimentos sobre preparação de superfícies na
produção de artefatos, é útil em casos especiais de colagem. Vejamos cada
uma delas.
Preparação Mecânica
A preparação mecânica utiliza meios mecânicos para a preparação da
superfície.
Para realizá-la, utiliza-se: lixa, escova de aço inserida em uma
borracha, fresa, esmeril, etc.
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Preparação Química
A preparação química utiliza meios químicos para a preparação da superfície.
Para realizá-la, utiliza-se: solventes de limpeza, ácidos, solução halogenante.
A opção por um procedimento de preparação ou outro, depende, basicamente,
do material a colar e do tipo de adesivo a ser empregado.
Aplicação de adesivos
O modo de aplicar adesivos é definido levando-se em conta: formas e tipos de
substratos a serem colados, os tipos de adesivos a serem empregados, os
procedimentos de secagem, utensílios e máquinas necessários ao processo,
limitações de espaços e exigências de produção. Aplicam-se adesivos manual
e mecanicamente.
Aplicação Manual
É, basicamente, a mais empregada, especialmente em superfícies pequenas e
irregulares, que não permitem o uso de máquinas. Utilizam-se nesse processo:
espátulas, pincéis chatos ou redondos, escovas, pistolas manuais.
É importante também, a escolha do recipiente para o adesivo. Pode ser de
louça, alumínio, plástico, etc. A boca do recipiente deve ser pequena para evitar
que o solvente se evapore. Nessa direção, são muito conhecidos recipientes
conhecidos como “bebedouros”, que possuem um reservatório de até 3 litros,
com tampa e torneira reguladora de vazão. Observe o "bebedouro" na figura a
seguir:
Utensílios para aplicação de adesivos
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Durante a aplicação de adesivos é importante observar o seguinte:
Ao espalhá-los pela superfície do material, deve-se fazer leve pressão e fricção;
Terminado o trabalho, os pincéis devem ser imersos em solventes apropriados.
Se forem usados novamente, é necessário limpá-los, eliminando todos os
resíduos de solvente.
Aplicação Mecânica
É feita em máquinas dotadas de cilindros, e de depósito de adesivo. O adesivo
é transportado através de um fuso sem fim até um cilindro, por onde é aplicado
ao substrato. É muito eficiente em substratos lisos e peças planas, pois o filme
de adesivo formado é suficiente e homogêneo. Logo, a produtividade é elevada.
Os cilindros das máquinas para aplicação mecânica devem ser limpos
diariamente. No término do expediente precisa-se adicionar solvente no
depósito de adesivo.
Muito utilizadas, também, são as pistolas pressurizadas, formadas por um
reservatório de adesivo acoplado na rede de ar comprimido, com uma
mangueira conectada, em cuja extremidade está uma pistola com pincel, que
ao ser comprimida, permite a saída, entre as cerdas, da quantidade de adesivo
proporcional à força de compressão.
Observe nas figuras a seguir, a máquina de aplicação mecânica e o
reservatório de adesivo acoplado à rede de ar comprimido.
Máquina para aplicação de adesivo
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Materiais acessórios
No processo de aplicação de adesivos existe um conjunto de objetos que
contribuem para boa execução da tarefa. Dentre esses objetos que facilitam o
desempenho da atividade, apresentam-se a seguir: o pincel, o recipiente para
adesivos e a pedra mármore.
Pincel
É o objeto mais usado na preparação de peças. É constituído de um tufo de
crina natural fixado na extremidade dum cabo, e se usa para espalhar adesivos.
O formato e o diâmetro variam conforme a operação a ser executada: passar
cola, pintar “a fio” as peças cujo carnal não é vazado, ou fazer limpeza nas
máquinas. Algumas indústrias utilizam na aplicação de adesivo, principalmente
na preparação de cabedais, ao invés de pincéis, aplicadores pneumáticos que
permitem além da economia de adesivo, uma maior produtividade nos serviços
de mesa. As figuras a seguir mostram a maneira correta de conservação do
pincel, após limpeza.
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Recipientes para adesivos
Os recipientes para adesivos são pensados para restringir o contato do adesivo
com o ar, evitando a evaporação excessiva do solvente. Quando isso ocorre, o
adesivo fica mais viscoso, o que torna sua aplicação mais difícil. É isso que
acontece quando se utilizam latas ou pequenos baldes de plástico como
recipientes de adesivo. A figura a seguir apresenta um recipiente próprio para
este fim:
Pedra de Mármore ou granito
Consiste em um pedaço de mármore ou granito que serve como base de apoio
para rebater costuras, dobrar peças e proteger a mesa. A dimensão da pedra
deve ser de aproximadamente 30 cm x 20 cm, com superfície plana e lisa. Deve
ser recoberta de couro para evitar o atrito com o martelo e não danificar as
peças de couro. Seu aspecto é o seguinte:
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Tintas
Introdução
Nesta parte do curso, serão apresentados conceitos gerais de tinta, sua
composição e aplicação. Na indústria de artefatos a tinta tem forte função
decorativa. Para utilização de tintas em artefatos, apresenta-se uma noção
geral de teoria das cores.
Conceito de tinta
De um ponto de vista técnico, pela Norma ASTM ( American Society for Testing
and Materials ) D -16-47, tinta é a "composição líquida pigmentada que se
converte em película sólida, após aplicação em camada fina".
De modo mais genérico, o termo tinta engloba: vernizes, esmaltes, lacas,
seladoras e fundos. Nesse sentido, tinta é o revestimento orgânico composto de
produtos químicos líquidos e sólidos, devidamente dispersos, que formam um
filme sólido, contínuo, uniforme, aderente e decorativo quando estendido numa
película fina, com características protetoras contra os agentes agressivos do
meio ambiente.
Componentes
Os componentes básicos de uma tinta são:
•
Pigmentos ( substância em pó, sólida, insolúvel num veículo, para dar
cor e poder de cobertura a uma tinta ),
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1. Veículos ( ingrediente da tinta que é o principal responsável pela formação,
em pintura, da película, e ao qual se adicionam pigmentos, solventes e
aditivos ) e
•
Carga ( extensor, que serve para estender ) comumente chamados de
P.V.C. ( policloreto de vinila );
Como complementos, são usados também em sua composição solventes e
aditivos.
O nome da tinta é sempre relacionado ao tipo da resina utilizada.
O filme formado pela aplicação da tinta é cacterística do produto líquido, mais
ou menos viscoso, que se converte ao estado sólido sobre um substrato firme
depois da evaporação dos componentes voláteis - que se evaporam ao ar - e a
fixação dos não voláteis. Isto é mostrado na figura a seguir:
Componentes das tintas e vernizes
Composição básica da tinta
As substâncias básicas necessárias para caracterizar quimicamente uma
mistura como tinta são: resinas, pigmentos, solventes e aditivos. A seguir,
examina-se cada uma delas:
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Resinas
São as substâncias que dão as principais características da tinta. É também
chamada de
veículo, suporte ou ligante. Apresentam estruturas químicas
complexas, podendo ser de origem natural ou sintéticas, líquidas ou sólidas em pedaços ou em pó. As resinas é que dão aderência, impermeabilidade e
flexibilidade às tintas.
Resinas Naturais: Desde a pré-história, já se usava vernizes e corantes
naturais, com o objetivo de proteção a artefatos. Um verniz similar ao usado
hoje foi encontrado em múmias e objetos descobertos durante estudos
arqueológicos. Esses produtos são na maioria resinas naturais, óleos, extratos
naturais de árvores e insetos. Os principais tipos de resinas naturais são a
goma-laca, betume, alcatrão e óleo vegetal.
Resinas Sintéticas ( Industriais ): As resinas industriais mais conhecidas são:
•
Nitrocelulose - nitratos de celulose são materiais altamente inflamáveis,
produzidos por tratamento da celulose ( polpa da madeira ) com ácido nítrico
concentrado;
•
Melaminicos ( SH ) - um tipo de resina termo-rígida proveniente da reação
de um formaldeído e um álcool;
•
Poliuretanos - obtido a partir da reação química, que ocorre quase que
instantaneamente, entre dois compostos químicos líquidos que são o Poliol
e o Polisocianato;
•
Alquídicas Secativas - conjunto de resinas obtidas pela condensação de
poliálcoois com poliácidos ou anidridos;
•
Poliéster- um polímero de condensação formado pela interação de álcoois
polihídricos e ácidos polibásicos.
Atualmente somente resinas sintéticas são usadas para revestimentos em geral
devido principalmente a suas características. São mais resistentes, tanto
química, quanto fisicamente.
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Pigmentos e cargas
São partículas sólidas responsáveis pela cor, pelo poder de cobertura da tinta,
enchimento de poros, durabilidade, etc.
Os pigmentos são partículas sólidas bastante finas, totalmente insolúveis no
veículo no qual permanecem em suspensão. Existem dois tipos de pigmentos:
os ativos, chamados simplesmente de pigmentos e os inertes, chamados de
carga.
Somente os pigmentos ativos conferem cor, tingimento e poder de cobertura ou
opacidade à tinta. Podem ser orgânicos ou inorgânicos, de origem natural,
sintética ou metálica. As cargas são pigmentos que praticamente não
apresentam essas características. São usadas para dar à tinta, propriedades
tais como: maior consistência, maior lixabilidade, diminuição do brilho, poder
selante, etc. As cargas são compostos inorgânicos, de origem natural ou
sintética.
O emprego de pigmentos inertes se faz por duas razões:
•
Na composição de alta pigmentação, como nas massas, nas tintas de alta
espessura e nas tintas foscas, o pigmento inerte entra, alterando
características, sem interferir de modo significativo na tonalidade da cor
destes produtos. No caso de vernizes ou tintas foscas, o pigmento inerte
consegue baixar o brilho sem grandes adições e por isso, sem interferir
significativamente na fórmula da tinta ou do verniz. Pela utilização de cargas
inertes é que se consegue produzir um verniz fosco ou semi-brilhante.
•
A outra razão é por questão de economia, ou seja, o pigmento ativo é mais
caro e substituindo parte dele por inertes o custo da tinta poderá ser
diminuído sem perda da qualidade.
A seguir, apresentam-se dois quadros. No primeiro você encontra a relação de
cores e a correspondência entre elas e os pigmentos mais usados. No
segundo, os pigmentos inertes - cargas - mais utilizados em tintas e vernizes.
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Quadro: Relação entre cores de tinta e pigmentos mais usados
Pigmentos Coloridos
Cor
Preta
Branca
Inorgânico
Orgânico
Negro de Fumo [C] e Óxido de Ferro
[Fe3O4]
Dióxido de Titânio [TiO2]
Vermelho Toluidina;
Vermelha Óxido de Ferro [Fe2O3]
Laranja
-
Vermelho Quinacridona
Cromato de Chumbo [Pb CrO4]
Molibdato de Chumbo
-
Óxido de Ferro [Fe2 O3 . H2 O ]
Amarela
Amarelo de Cromo [Pb Cr O4]
Amarelo Hansa
Amarelo de Zinco [4 ZnO . K2 O. 4Cr Amarelo Benzidina
O3 . 3 H2 O]
Verde
Azul
Violeta
Óxido de Cromo Verde [Cr O2 O3]
Ferrocianeto Férrico { Fe3 [Fe (CN)
6 ] } Azul Ultramar
-
Verde de Ftalocianina
Azul de Ftalocianina
Violeta Quinacridona
Quadro: Pigmentos inertes - cargas - mais utilizados em tintas e vernizes
Pigmentos inertes
Natureza química
Função
Sílica precipitada
Fosquear; Baixar custo
Sílica pirogenada
Espessar; Fosquear
Retardar
Talco
sedimentação;
Melhorar
lixabilidade e Baixar custo
Caulim (silicato de alumínio hidratado)
Baixar custo
Carbonatos de Cálcio e Magnésio
Baixar custo
Quartzo
Aumentar resistência a abrasão (desgaste)
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Solventes
São substâncias químicas ou mistura líquida de substâncias químicas capazes
de dissolver outro material. Possuem componentes 100% voláteis que
garantem a aplicabilidade, secagem, nivelamento e aspecto do filme seco
(tinta).
Os solventes são líquidos orgânicos voláteis, cujas principais funções são:
facilitar a formulação, conferir viscosidade adequada para a aplicação da tinta e
contribuir para seu nivelamento e secagem.
São altamente inflamáveis e em altas temperaturas produzem produtos de
decomposição altamente tóxicos. Observe, no quadro a seguir, os mais
conhecidos solventes do mercado.
Quadro: Solventes conforme sua natureza química
Natureza química
Tipo (exemplo)
Origem
Hidrocarbonetos Alifáticos Aguarrás e Naftas
Hidrocarbonetos
Aromáticos
Xilenos e Tolueno
Acetato
Acetatos
Refinação de Petróleo
Butila,
de
de
Etila,
de
Amila,
de
Petroquímica e Siderurgia
Isopropila, ...
Glicóis
Etilglicol,
Butilglicol,
Acetato de Etilglicol, ...
Metil-Etil-Cetona
Cetonas
Metil
–
(MIBK),
(MEK),
Isobutil-Cetona
Ciclohexanona,
Indústria Química
...
Alcoois
Butanol, Isopropanol, ...
Alcool
Etanol
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Destilaria de Álcool
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Aditivos
Aditivo é uma substância que, adicionada a uma solução, aumenta, diminui ou
elimina determinada propriedade dela. Nas tintas e vernizes modernos, os
aditivos são fatores de diferenciação e de qualidade. Os aditivos melhoram
muitas propriedades desses produtos, tanto na fabricação, na vida útil de
prateleira, como no momento da aplicação e durante a vida útil do revestimento.
O segredo industrial mais bem guardado é o do tipo e a quantidade de aditivo
usado
nas
formulações.
Solventes,
resinas
e
pigmentos
podem
ser
determinados quali e quantitativamente por meio de diferentes tipos de análise.
No entanto os aditivos que entram na formulação, em teores da ordem de 0,1%
a 1,0 % não são detectados por essas técnicas de análises instrumentais. É
muito difícil sua identificação por causa dos baixos teores ou porque suas
bandas de identificação são encobertas por bandas de substância que estão
presentes em predominância.
Os principais aditivos usados em tintas e vernizes estão no quadro a seguir:
Quadro: Aditivos mais usados em tintas e vernizes
Tipo
Anti –Sedimentante
Natureza química
Agentes Tixotrópicos (Espessantes) e Agentes
Tensoativos
Dispersante
Agentes Tensoativos
Plastificante
Dop, Dbp, Dibp, Tricresilfosfato
Secante
Naftenato de Cobalto, Octoato de Chumbo
Anti-Pele
Ceto-Oximas
Nivelante
Resina Ureia-Formaldeido
Anti-Bolhas
Siliconas
Microbicidas
Bactericidas, Fungicidas e Algicidas
Anti-Risco
Siliconas
Fosqueante
Sílicas precipitadas ou pirogenadas
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O verniz
Verniz é uma tinta sem pigmentos. Por esta razão os vernizes são
transparentes e não possuem poder de cobertura - capacidade de as tintas
ocultarem o substrato. Os pigmentos conferem poder de cobertura às tintas por
serem opacos e apresentarem cor. No entanto, há vernizes coloridos. Neles, a
tintura não é feita com pigmentos, mas com corantes, que ao contrário dos
pigmentos, são solúveis no solvente ou na resina. Os corantes mais utilizados
são produzidos com anilinas, que por sua vez são derivadas do benzeno. Por
este motivo é possível colorir um verniz e continuar com transparência que
possa mostrar a estrutura do couro. Geralmente, em um verniz são utilizadas
sílicas transparentes, que dispersas no verniz deixam o verniz quase
transparente.
Selador
É um material que funciona como fundo. É usado como primeira demão para
selar - fechar - a porosidade de superfícies absorventes do substrato. Pode ser
usado também como fundo-acabamento. Sua aplicação evita a absorção
diferenciada, uniformizando o acabamento. O selador evita prejuízos técnicos e
econômicos, pois permite uma aparência mais uniforme de brilho e cor. Diminui
o consumo do acabamento que na maioria das vezes custa caro.
Tingidores
São líquidos de diferentes padrões de cores, feitos com anilinas e pigmentos.
São utilizados para dar coloração a superfícies, mascarando sua cor original.
Podem ser aplicados de várias formas: diretamente sobre a superfície,
incorporados ao selador, no acabamento e por diferentes equipamentos. O
principal problema é o excesso, que pode prejudicar a pintura, podendo
ocasionar perda de brilho, desplacamento do verniz e crateras.
Primer ( pronuncia-se praimer )
É um fundo pigmentado usado como primeira demão, aplicado diretamente
sobre a superfície, como fundo ou fundo-acabamento, de pouco brilho - fosco a semi-brilho. É encontrado em várias cores, de acordo com necessidade do
acabamento do cliente.
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Laca
É uma resina que apresenta acabamento pigmentado, usado sobre o primer ou
sobre o selador para dar cor final, brilho e durabilidade. Geralmente as lacas
são compostos nitrados, como a Laca Nitrocelulose e são encontradas em
várias cores e brilhos. Têm secagem rápida porque o mecanismo de secagem é
por simples evaporação dos solventes.
Ceras
São usadas como ingredientes de pastas para várias aplicações. São oriundas
tanto do reino vegetal como do animal. A cera utilizada para dar proteção a
alguns tipos de substratos é composta por:
•
Parafina;
•
Cera de abelha;
•
Cera de carnaúba;
•
Terebintina.
Solventes
São substâncias químicas ou uma misturas líquidas de substâncias químicas,
capazes de dissolver outro material de utilização industrial. Geralmente o termo
“solvente” se refere a um composto de natureza orgânica. Apesar de suas
composições químicas serem tão diversas, os solventes têm um certo número
de propriedades comuns: são compostos líquidos lipossolúveis - solúveis nas
gorduras, possuem grande volatilidade, são muito inflamáveis e são tóxicos.
Geralmente os solventes são usados como veículo para aplicar determinados
produtos, tais como vernizes, lacas, tintas, adesivos etc., como também em
processos de eliminação deles.
Trata-se de uma substância que deve ser manipulada com muito cuidado. O
vapor que o solvente exala é tóxico - envenena. Como se trata de substância
de muita volatilidade, o vapor é facilmente absorvido pelos pulmões,
incorporando-se ao organismo como qualquer outra substância nociva.
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Por isso, ao se utilizar esse tipo de produto é preciso estar atento para que :
•
Não derrame nem respingue;
•
Não entre em contato com mãos e olhos;
•
Não infiltre nas roupas e, consequentemente, na pele.
A maioria dos solventes são inflamáveis. Outros não queimam facilmente, mas
decompõem-se a altas temperaturas e produzem derivados da decomposição
que também são altamente tóxicos. Portanto, é preciso muita atenção e
cuidado ao manipular solventes.
De maneira geral, os tipos de solventes mais usados são:
•
Álcool: serve para diluição de gomalaca e limpeza em geral;
•
Redutor: serve para diluição de cola de contato, alterando sua
viscosidade também utilizado na limpeza do excesso de cola após a
aplicação;
•
Aguarrás: diluente que auxilia a aplicação e secagem de produtos
sintéticos de
secagem mais lenta, como vernizes, lacas, esmaltes e
tintas. Indicado também para limpeza de equipamentos de pintura em
geral;
•
Thinner: diluente que auxilia a aplicação e secagem de produtos de
secagem rápida à base de nitrocelulose, como: seladoras, vernizes,
lacas, esmaltes e tintas. Indicado também para limpeza de equipamentos
de pintura em geral.
Na composição básica desses solventes incluem-se alguns tipos de álcool.
Teoria geral das cores
Cor é a impressão que a luz, refletida pelos objetos, causa nos órgãos da visão.
Nesse caso, a cor é resultante de várias substâncias, de natureza diversa, que
dão coloração a líquidos ou a tecidos vegetais ou animais, que as contêm. Aqui,
cor tem a ver com pigmentação: coloração produzida por pigmento. Trata-se de
cor-pigmento.
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No campo da Física, também se estuda a cor, como resultante da
decomposição da luz emitida pelos raios solares, que é a luz branca. A luz
branca, ao passar por um prisma, decompõe-se em seis cores principais,
perfeitamente observáveis em sua decomposição. Trata-se de cor-luz.
Essas cores são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. São cores
primárias que compõem uma mistura aditiva, porque teoricamente a soma de
todas elas forneceria a cor branca. Quanto mais cor, mais branco.
É uma
mistura aditiva de cores.
Ao contrário, as cores primárias em pigmento: azul, vermelho e amarelo,
compõem uma mistura subtrativa porque a soma de todas elas produz uma
diminuição de luminosidade em direção aos tons cinzentos. Quanto mais cor,
menos branco. É uma mistura subtrativa de cores.
Em nosso caso, trataremos de cores como pigmento. A seguir, apresentam-se
alguns termos correntes empregados por usuários de cor, e seus conceitos.
Cores primárias
As cores primárias são amarelo, a vermelho e a azul. São chamadas
primárias porque a partir delas é que se pode obter qualquer outra cor. A
mistura dessas três cores dá uma cor acastanhada, que se aproxima do preto.
Cores secundárias
São produzidas pela mistura das cores primárias, duas a duas. São elas:
•
azul + vermelho = violeta
•
vermelho + amarelo = laranja
•
azul + amarelo = verde
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Observe, nos esquemas
a seguir, as cores primárias e a formação das
secundárias.
Cores primárias
Cores terciárias
São produzidas pela mistura das cores secundárias, duas a duas. São elas:
•
Violeta + laranja = marrom
•
Laranja + verde = oliva
•
Verde + violeta = bistre
Cores complementares
São aquelas que, formadas por duas cores primárias, se opõem à cor primária
que não entra em sua formação. Por exemplo, a cor laranja, formada por
vermelho e amarelo, é complementar do azul. O violeta é complementar do
amarelo e o verde é complementar do vermelho.
Classificação de cores
È bastante divulgada uma classificação segundo a qual as cores podem ser
quentes, frias e neutras. As de base vermelha são quentes; as de base azul são
frias e as de base amarela são neutras.
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Outro enfoque da teoria das cores considera cor como um meio relativo e que
só pode ser observada em relação a outras cores. Desse modo, há cores
contrastantes, cores análogas, cores vibrantes, cores que influenciam as
características de outra cor, cores luminosas, etc.
Cores chapadas
São cores sem tons intermediários. São conhecidas como cores em tom
contínuo.
Aplicação de tintas - manual e mecânica
A aplicação manual é feita com a utilização de pequenos instrumentos. A
qualidade está diretamente relacionada à habilidade do operador e às
condições dos instrumentos utilizados. Pode-se dizer que a aplicação manual
produz acabamento com melhor resistência e durabilidade, pois pela ação do
operador o produto penetra mais nos poros do material, provocando maior
penetração e fixação do produto. Os instrumentos mais usados são
apresentados a seguir.
Boneca
Consiste em aplicar o produto, utilizando um pequeno pedaço de estopa
envolvida em pano. Antes de usá-la, deve-se friccioná-la contra um pequeno
pedaço de madeira para formar uma superfície mais plana e, também, para
retirar fios soltos de tecido. Após o término da operação não reutilizá-la, pois
ocorre a solidificação do produto remanescente na boneca.
Pincel
É um objeto com cerdas sintéticas ou naturais presas a um cabo de plástico ou
madeira por uma cinta de aço. Existem em diversos tamanhos, e sua vida útil
depende muito das condições de aplicação, habilidade do aplicador, do tipo de
produto em que é usado e, principalmente, das técnicas de limpeza.
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Trincha
Normalmente confundida com pincel. A única diferença é que sua forma é
achatada, com cantos arredondados. Existem em diversos tamanhos e
merecem o mesmos cuidados que o pincel. Observe a seguir, um pincel e uma
trincha.
Pincel
Trincha
Rolos
É um pequeno cilindro revestido de pêlos ou espuma, de natureza sintética ou
natural, com um eixo traspassado no centro e um cabo, próprio para a pintura
de superfícies planas. Sua vida útil é determinada pela modo de aplicação e
manutenção.
Rolos
Aplicação manual-mecânica
Esse tipo de aplicação é feito com a utilização de pequenas máquinas portáteis
manipuladas pelo operador. Normalmente se utiliza revólver ou pistola de
pintura onde o produto é armazenado em um reservatório conhecido como:
tanque de pressão, caneca e air-less.
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Pistolas de pintura
Aplicação mecânica
É aquela executada por uma máquina de grandes dimensões, em que o
operador é responsável pela regulagem, comando de execução e intervenções
necessárias. Existem diversas tipos de máquinas para aplicação mecânica e
várias formas de aplicar tintas. Exemplos: aplicação em rolo, aplicação na
forma de cortina, spuzzatrice e linha de impressão.
Máquina para pintura a rolo
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Máquina para pintura a cortina
Máquina spuzzatrice
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Máquinas e ferramentas para corte de couro
Introdução
O corte do couro em partes para montagem de artefatos é feito nas indústrias,
dependendo de seu porte e produção. Neste capítulo mostram-se as
ferramentas manuais e as máquinas mais usadas no processo.
Ferramentas
Existem, basicamente, três formas de se cortar couro: manual, mecânico e
elétrico.
As mais usadas são as seguintes:
Faca de Cortador
Usada principalmente para cortar peças de artefatos de couro. É composta de
suporte e lâmina de vareta de aço com ponta em forma de cunha.
O suporte sustenta a lâmina, protege e facilita ao cortador pegar a faca. Os
tipos de suporte mais usados são de arame ou de cano. Na figura a seguir, o
suporte é feito de chapa em latão
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O suporte é feito de aço cilíndrico, moldado de tal forma que, em uma das
extremidades seja introduzida uma lâmina e, na outra extremidade, se forme
uma punção, usada para marcar pontos no molde e retirar rebarbas.
O suporte de cano consta de um tubo de aço ou alumínio, com
aproximadamente 15 cm de comprimento. Uma das extremidades é achatada e
cortada transversalmente. Nela se encaixa a lâmina. Uma vareta de aço com
ponta em forma de cunha é introduzida no tubo para prender a lâmina. Na
extremidade oposta da vareta existe também uma ponta ( punção ), que serve
para marcar pontos do modelo e retirar rebarbas.
A lâmina, parte cortante da faca, é de aço temperado, flexível de forma chata,
medindo de 5 a 8 mm de largura e 0,35 a 0,50 mm de espessura. A lâmina
geralmente é confeccionada com mola de relógio.
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Tipos de fios utilizados no corte manual
Os modelos de fio - gume, lado afiado da lâmina de corte - mais usados são:
Fio reto: É normalmente utilizado para o corte de materiais espessos e duros,
bem como em peças de formato regular (contornos compostos por linhas retas).
Uma das principais aplicações deste tipo de fio é no setor de modelagem para a
execução de modelos em cartolina.
Fio côncavo: O fio côncavo é normalmente utilizado para o corte de materiais
de espessura média ou ainda em modelos com forma irregular que apresentem
muitas curvaturas em seu contorno. Este é o tipo de fio mais utilizado devido a
sua versatilidade.
Fio convexo: É utilizado para o corte de materiais que apresentam menos
espessura, e de peças cujo contorno não apresente grandes curvaturas. É o
tipo de fio menos utilizado na indústria de artefatos.
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Lima
Trata-se aqui, de uma lima comum, destinada a desbastar lâmina. As limas
mais utilizadas são as chatas e as triangulares. Para obter um bom rendimento
e durabilidade, recomenda-se que as limas sejam encapadas, protegidas da
umidade e de choques, e mantidas sempre limpas, sem limalha.
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Pedra de Afiar
É uma ferramenta utilizada para afiar o gume da faca, retirar rebarbas deixadas
pela lima e corrigir o fio de corte.
As pedras de afiar podem ser naturais ou artificiais. Sua conservação implica
em umedecê-las diariamente com água ou óleo, devendo ser lixada quando
apresentar irregularidades em sua superfície.
Caneta para marcação de couro
A caneta é utilizada para marcação das peças cortadas. A tinta utilizada
normalmente neste tipo de caneta é a tinta alumínio grafitado. Essa tinta é
utilizada por apresentar maior capacidade de aderência em vários tipos de
material, além do couro.
Em alguns casos, a caneta pode ser substituída pelo lápis de desenho tipo 6B,
sendo restrito apenas à alguns materiais.
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Máquinas
As máquinas de corte representam uma avanço tecnológico muito grande na
produção de artefatos de couro, substituindo o corte manual e gerando um
aumento bastante considerável na produtividade.
Prensa Hidráulica ( Balancim )
Os balancins são máquinas que utilizam sistemas de transmissão de força
hidráulica ou mecânica, tendo como principal função o corte de peças de couro
e acessórios tais como: bolsas, cintos e carteiras.
As regulagens básicas de um balancim referem-se ao curso de corte e à altura
da navalha.
Por curso de corte, entende-se a profundidade do corte ou a quantidade de
camadas do material que será cortada. Consequentemente, em materiais
preparados para o corte em camadas (tecidos ou laminados sintéticos), com
espessura superior ao limite de curso da máquina, o corte não será efetuado na
quantidade de material que estiver excedendo este limite.
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Balancim Ponte
Os balancins de ponte são máquinas destinadas ao corte de materiais
laminados em forma de chapas ou bobinas. Caracterizam-se por:
apresentar maior área útil de corte e serem detentores de maior força de corte e
na maioria dos casos os moldes de corte (navalhas) atuarem fixos no batente
da máquina.
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Balancim Mecânico
Os balancins mecânicos são máquinas que possuem alta velocidade de corte e
curso de corte constante. Possuem algumas desvantagens que são: a altura de
curso fixo, não possuem regulagem de pressão do corte, trabalham sempre
com potência máxima independentemente do tipo de material que será cortado.
Seu consumo de energia e os níveis de ruído produzidos por esta máquina são
bem maiores do que os produzidos pelo balancim hidráulico.
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Divisora
Utilizada para dividir couro conforme a necessidade de diminuição da
espessura das peças. É um equipamento que dispõe de recursos que podem
substituir a máquina de chanfrar, utilizando-se de moldes especiais que
determinam o tipo de chanfro que será realizado.
Outros tipos de corte automatizado
Existem ainda outros tipos de corte com utilização de diversos equipamentos.
A seguir, são apresentados alguns deles:
Laser - O corte é realizado por feixe de raio laser. É adequado ao corte de
peças com curvas bem fechadas e podem fazer pontos de referência no couro.
A desvantagem deste processo é que o calor gerado pelo laser pode carbonizar
a borda do material cortado, danificando o acabamento.
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Jato d’água - trata-se de jato de alta pressão com que se cortam peças. É
adequado ao corte de peças com curvas muito fechadas e à marcação de
pontos sobre a superfície do couro. Tem a desvantagem de alterar a umidade
do material. Além disso, a velocidade de corte é influenciada pelo formato da
peça.
Lâmina vibratória ( punção ) - Nesta ferramenta, o corte é realizado por uma
lâmina com movimento vibratório vertical, mantendo o acabamento superficial
do couro. Tem as desvantagens de:
•
necessitar de uma distância mínima entre as peças,
•
não ser recomendado para corte de peças com curvas acentuadas,
•
a velocidade de corte ser limitada em função dos ângulos de corte.
Para que a operação de corte seja mais eficiente, alguns critérios gerais devem
ser observados. Deve-se planejar o corte, obedecendo uma ordem decrescente
de tamanho das peças. Inicia-se pelas peças maiores e em maior quantidade,
até se chegar às menores.
Outro aspecto a ser observado no processo de corte, refere-se a marcação. Ela
deve ser bem feita e legível. Marcam-se as peças cortadas com números
anotados nos locais corretos. A conferência da quantidade de peças também é
importante. Ela deve ser exatamente igual à quantidade solicitada na ordem de
produção.
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Máquinas de costura
A costura e o pesponto são operações realizadas para montar e dar
acabamento a artefatos de couro. Nessas operações são costurados enfeites
de couro, tecidos e materiais sintéticos.
Neste capítulo você vai estudar os diversos tipos de máquinas de costura e
pesponto, suas partes, componentes e como elas são acionadas.
Além disso, aprenderá noções básicas sobre manutenção de máquinas. A
manutenção de dispositivos de precisão que se encontram no conjunto
mecânico da máquina de costura é de responsabilidade do mecânico
especialista. Todavia, uma das funções do operador de uma máquina de
costura é manter seu equipamento sempre em boas condições de
funcionamento.
Isso
exige
que
ele
mantenha
a
máquina
sob
sua
responsabilidade sempre corretamente regulada, limpa e lubrificada.
Tipos de máquinas de costura e pesponto
De acordo com sua estrutura, existem diversos tipos de máquinas de costura:
•
Base plana (mesa)
•
Base cilíndrica
•
De coluna
•
De coluna alta de transporte triplo (“girafa”),
•
De braço de transporte triplo.
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Máquina plana
A máquina plana é usada em operações simples de costura nas quais o
operador necessita de maior espaço para apoio do material a ser costurado.
A máquina plana pode ser de três tipos, a saber:
De transporte simples, para operações de costura de materiais leves como
tecidos de até 240 g por metro quadrado,
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De transporte duplo, para operações de costura em poucas camadas de
materiais de espessura média, ou seja, materiais sintéticos, náilon, lona, índigo
(brim) com gramatura entre 240 e 340 g por metro quadrado.
De transporte triplo, para operações de costura de materiais pesados como
couro, papelão, tecidos emborrachados que tenham mais de 340 g por metro
quadrado.
Máquina de coluna alta de transporte triplo (“girafa”)
A máquina de coluna alta é uma máquina moderna, com chapa de formato
pequeno sobre uma coluna, de onde vem seu nome. A altura dessa coluna
pode variar, segundo o trabalho que será realizado. Veja as ilustrações a
seguir.
Máquina coluna alta
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Essa máquina pode trabalhar em altas rotações e permite fácil movimentação
do material. Por isso, é indicada para a costura de peças de formato tubular
como é o caso de botas e bolsas.
Máquina de braço de transporte triplo
A máquina de braço de transporte triplo possui apenas um braço horizontal. É
usada para costurar peças com formato abaulado e para operações de
fechamento de bolsas, pois a ponta do braço tem a forma arredondada e a
chapa tem superfície pequena.
As ilustrações a seguir apresentam um modelo de máquina de braço.
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Outros tipos de máquinas
Quando é necessário fazer costuras especiais, aumentar a eficiência e a
eficácia das operações de costura, bem como reduzir os custos de produção,
usam-se outros tipos de máquinas derivados das máquinas que acabamos de
estudar.
Uma inovação importante, por exemplo, é a introdução de acessórios que
possibilitam especialmente operações de acabamento.
O uso de mais de uma agulha, por exemplo, traz maior produtividade, pois a
máquina pode fazer duas ou mais costuras ao mesmo tempo. Nesse caso, uma
única lançadeira serve a um par de agulhas dependendo da distância entre
elas.
Isso significa que, nessas máquinas, a distância entre as agulhas pode ser
aumentada. Da mesma forma, as lançadeiras podem correr no mesmo sentido
ou em sentido contrário. As agulhas, por sua vez, fazem pontos coincidentes e
costuras paralelas.
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Para realizar emendas de peças canto-a-canto e oposição de costuras nas
bordas dos couros, usam-se as máquinas de costura ziguezague. Além da
oposição de costura, essas máquinas permitem a confecção de enfeites, a
costura de elásticos e a montagem com cordão.
Para reduzir o tempo e o esforço do operador, existem máquinas com
dispositivos automáticos de corte de linha.
Essas máquinas cortam a linha de cima e de baixo, na distância necessária,
apenas com o acionamento do pedal.
Máquinas com dispositivo automático de parada também auxiliam no aumento
da produtividade.
Essas máquinas deixam a linha de cima sempre dentro do material quando a
máquina pára.
Partes componentes da máquina de costura
A máquina de costura compõe-se de três partes:
•
Cabeçote,
•
Mesa
•
Motor
Cabeçote
O cabeçote é a parte superior da máquina e contém várias peças que
funcionam em conjunto. As ilustrações a seguir mostram um cabeçote com
suas partes identificadas.
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Duas lançadeiras
1.volante
2.esticador de linha
3.regulador de tensão da linha
4.agulha
5.chapa da agulha
6.barra da agulha
7.parafuso fixador da agulha
8.rodízio
9.barra do rodízio
10.chapa do móvel
11.transportador (serrilha)
12.bobina
13.caixa da bobina
14.laçadeira ou lançadeira
15.regulador do tamanho do
16.ponto
17.alavanca de retrocesso
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Observação
As partes acima descritas estão nos cabeçotes das máquinas plana e de
coluna.
Cada uma dessas peças tem uma função específica, descrita a seguir.
Volante – Serve para abaixar e levantar a agulha com a máquina parada.
Esticador de linha – Puxa a linha do cone de modo que ela forme a laçada e o
ajuste do ponto.
Guia de linha – Guia a linha do porta-fios até a agulha, mantendo a linha
corretamente esticada.
Regulador de tensão – Controla o fornecimento de linha para a agulha com a
tensão adequada. O ajuste da tensão é feito pela porca reguladora.
O regulador de tensão é composto de:
•
Disco de tensão;
•
Mola de tensão;
•
Parafuso;
•
Porca.
Veja ilustrações a seguir:
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O disco de tensão mantém a linha com a tensão suficiente para a formação da
laçada correta do ponto. A qualidade da costura depende da regulagem correta
da pressão entre os discos. Essa regulagem é feita por meio da porca do
conjunto.
Gancho oscilante – Controla o fornecimento de linha para cada ponto, na
tensão correta, evitando a quebra da linha no início da operação.
Chapa da agulha – É uma placa de metal com furos para a passagem da
agulha e com abertura para o transportador (serrilha). Sustenta o material que
está sendo costurado.
Chapa móvel – Protege as peças internas e permite a troca da bobina.
Transportador – Peça serrilhada que transporta o material após a formação do
ponto.
Calcadores ( em número de dois ) – Firmam o material na posição adequada
para a costura.
Barra da agulha – Peça cilíndrica com um furo em que se encaixa a agulha na
posição correta.
Parafuso fixador da agulha – Permite fixar e remover a agulha.
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A ilustração a seguir mostra em detalhe o conjunto contendo a chapa da
agulha, a chapa móvel, o transportador, o calcador, a barra da agulha e o
parafuso fixador da agulha.
Bobina – Peça em que se aloja a linha. Pode ter diferentes tipos e tamanhos.
Caixa da bobina – Aloja a bobina. Permite à bobina desenrolar a linha no
momento certo e com a tensão adequada de modo a formar um ponto perfeito.
É composta das seguintes partes:
•
Corte – abertura pela qual passa a linha;
•
Mola –fornece a tensão correta à linha;
•
Parafuso – regula a tensão da linha;
•
Lingüeta (ou dobradiça) – prende a caixa da bobina no pino central da
lançadeira. Quando é levantada, prende a bobina dentro da caixa.
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A ilustração a seguir mostra a caixa da bobina e o local no qual se aloja a caixa
da bobina.
Lançadeira – Tem uma ponta que passa por dentro da laçada aumentando-a e
permitindo que ela passe ao redor da caixa da bobina.
A lançadeira pode ser rotativa ou oscilante. Veja ilustrações a seguir.
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Alavanca de retrocesso – Serve para mudar o sentido da costura.
Regulador do tamanho do ponto – Permite aumentar ou diminuir o tamanho
do ponto.
Mesa – A mesa é a parte da máquina na qual se assenta o cabeçote. É feita de
madeira, geralmente recoberta de fórmica. É sustentada por uma base de aço.
A mesa contém vários acessórios que auxiliam no comando e funcionamento
da máquina. Eles são:
•
Pedal
•
Joelheira
•
Porta-fios
•
Bandeja
•
Enrolador de bobina
•
Interruptor
•
Suporte do cabeçote.
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Cada um desses acessórios tem uma função específica. Essas funções são
descritas a seguir.
Pedal – Situa-se na parte inferior e central da mesa, ligando-se ao motor por
meio de uma barra de união. Serve para acionar e parar o motor que faz a
máquina funcionar. Controla também sua velocidade. Quando a máquina está
desligada livra a embreagem do freio, facilitando a movimentação manual do
volante. Veja o pedal na ilustração a seguir.
Joelheira – É uma alavanca que serve para levantar e abaixar o calcador.
Também ajuda a soltar a tensão da linha superior, deixando o operador com as
mãos livres para remover ou colocar o material.
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Porta-fios – Serve de suporte para os cones de linha.
Bandeja – É a peça que armazena o óleo que lubrifica a máquina.
Enchedor de bobina – É um dispositivo que serve para enrolar a linha na
bobina. Em algumas máquinas, principalmente nas planas, esse dispositivo faz
parte do cabeçote.
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Interruptor – É uma alavanca com a função de ligar e desligar o motor da
máquina.
Suporte do cabeçote – É um cone de madeira em que se apóia o cabeçote.
Ele é usado durante a realização da limpeza e de serviços de manutenção do
cabeçote.
Motor e acionamento
Um motor elétrico de rotação contínua, com potência de ¼ de Hp é responsável
pelo funcionamento da máquina de costura. Juntamente com a polia, a correia
de transmissão, a embreagem e o freio, o motor forma o conjunto de
acionamento da máquina.
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A força do motor é transmitida à máquina por meio da correia de transmissão
encaixada na polia que, por sua vez, liga-se ao eixo de uma embreagem (
fricção ) regulada de modo a permitir várias velocidades.
A força do motor é transmitida a dois eixos:
o eixo de cima, que movimenta a agulha e controla a linha;
o eixo de baixo, que movimenta o transportador e a lançadeira.
Limpeza e lubrificação de máquinas de costura
Embora as máquinas mais modernas disponham de sistemas automáticos de
lubrificação, o que diminui o trabalho do operador, o profissional tem a
responsabilidade de observar se o sistema está funcionando adequadamente.
Nas máquinas sem lubrificação automática, ele tem que realizar a lubrificação
manualmente.
Para isso, ele precisa aprender a maneira correta de realizar esse trabalho. Isso
evita os serviços de lubrificação mal feitos, com adesão de fiapos e presença
de resíduos, o que pode manchar as peças.
Agora, você vai estudar a maneira tecnicamente correta de realizar essa tarefa.
Tipos de lubrificação
A lubrificação evita a corrosão - ferrugem - do conjunto mecânico da máquina e
reduz o desgaste das peças submetidas a constantes atritos. Ela é realizada
com:
Óleos minerais, vegetais e animais em estado líquido;
Graxa em estado pastoso;
Grafite em estado sólido (resistente ao calor).
Observação
O óleo utilizado na lubrificação das máquinas de costura e pesponto deve ter
uma viscosidade próxima da densidade no 22.
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A lubrificação pode ser:
Manual ou direta, feita com auxílio de uma almotolia. O lubrificante é injetado
nos orifícios da máquina de modo a atingir as superfícies a serem lubrificadas.
A ilustração a seguir mostra os locais de lubrificação.
Por reservatório de óleo – por meio de pavios, o óleo distribui-se nas partes a
serem lubrificadas;
Automática – uma bomba impulsiona o óleo que circula nos pontos de
lubrificação. Essa é a forma mais econômica de lubrificar máquinas, pois, após
a lubrificação, o óleo em excesso retorna ao reservatório.
Cuidados
A lubrificação correta das máquinas exige os seguintes cuidados:
Verificação periódica do nível do óleo: se o nível estiver baixo, o óleo deve
ser completado.
Verificação do fluxo do óleo: deve-se observar se a bomba está funcionando.
Se o óleo não estiver fluindo, a máquina deve ser parada e deve ser
providenciada a sua manutenção.
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Cuidado com o desperdício: durante a lubrificação, deve-se usar a
quantidade correta de óleo para evitar desperdícios.
Teste de costura: após a lubrificação, deve-se costurar um pedaço de retalho
a fim de retirar o excesso de óleo.
Limpeza
Para melhor conservação da máquina de costura, o operador deve remover
todos os resíduos de linha e pó de couro, acumulados durante a realização da
costura.
Essa tarefa é realizada com a execução das seguintes etapas.
Desligar a máquina.
Retirar a caixa da bobina.
Com o auxílio de uma chave de fenda, retirar a agulha e a chapa da agulha e
levantar o rodízio.
Observação
Durante a limpeza, essas peças devem ser guardadas para que não sejam
perdidas.
Retirar a chapa da agulha.
Limpar o transportador e a lançadeira com o auxílio de um pincel.
Limpar os guias de linha, o regulador de tensão e o esticador de linha.
Limpar o porta-fios e o enrolador de bobinas.
Observação
Se a máquina tiver sistema de lubrificação automática, deve-se verificar o nível
do óleo e completá-lo, se necessário.
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Limpeza e lubrificação da lançadeira
A limpeza da lançadeira deve ser realizada uma vez por semana. Ela é feita
com pincel, querosene (ou similar) e um pano macio sem fiapos.
A limpeza da lançadeira é realizada nas seguintes etapas:
•
Desligar a máquina.
•
Colocar um pedaço de pano sob a lançadeira para que a sujeira e o
querosene não contaminem o óleo do reservatório.
•
Soltar os dois parafusos laterais da chapa do transportador.
•
Retirar a chapa de fazer a limpeza do local com o pincel embebido em
querosene.
•
Retirar os três parafusos pequenos da unha e retirar o suporte da caixa
da lançadeira.
•
Fazer a limpeza com o pincel.
•
Secar todo o conjunto com um pano macio sem fiapos.
•
Lubrificar em volta dos trilhos da lançadeira.
•
Montar o conjunto.
Observação
A lançadeira deve ser lubrificada com três gotas de óleo a cada troca da bobina
de linha.
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A qualidade e você
Você já tinha lido, ou reparado em manchetes iguais a essas aí de cima? É, já
estamos batendo na porta do ano 2000! E tudo o que conhecemos, o que nos
foi ensinado por nossos pais, ou o que aprendemos na escola parece ficar para
trás cada vez mais rápido, mais rápido!... As novidades, então, nem se fala!
Chegam em velocidades cada vez maiores e acabam “atropelando” a gente. Aí
estão o telefone celular, as transmissões por satélite e a TV a cabo que não nos
deixam mentir.
Estar bem preparado, nesse caso, significa não só saber fazer bem as coisas,
mas também saber o que as empresas estão fazendo em termos de melhoria
da qualidade de seus produtos e serviços. E o que elas estão exigindo de seus
funcionários para que todos alcancem esse objetivo.
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Qualidade, invenção de japonês?
Pois é, todo o mundo pensa que essa história de qualidade é invenção de
japonês. E a propaganda contribui para isso: você se lembra daquele anúncio
na TV que diz
“Nossos japoneses são mais criativos que os outros”? Mas, isso não é coisa de
japonês, não. A idéia de qualidade é tão velha quanto o primeiro pote de
cerâmica que o primeiro artesão fabricou milhares de anos atrás. Só que ela foi
mudando...
Quando o homem começou a plantar e colher seu próprio alimento, foi
praticamente obrigado a construir abrigos duráveis, fabricar roupas, objetos,
ferramentas, armas... Então, à medida que os grupos sociais iam se
organizando, essas tarefas começaram a ser divididas entre os vários membros
das comunidades. Aos artesãos de maior habilidade, era reservada a posição
de destaque que a importância do seu trabalho merecia. E eram eles mesmos
que avaliavam a qualidade de seu trabalho.
Mas, o que era a qualidade para aqueles trabalhadores? Talvez algo que fosse
prático, como um par de sapatos; ou resistente, como uma armadura; ou
durável, como uma ferramenta, mas não necessariamente bonito. Podia
também ser algo que levasse muitos anos para ser fabricado, como uma
porcelana chinesa, ou que se destacasse pela delicadeza do material com o
qual era feito, como uma seda, por exemplo.
Praticidade, resistência, durabilidade, beleza eram características controladas
pelo próprio artesão e, juntas ou separadas, foram durante milhares de anos,
sinônimos de qualidade. Mas, o tempo passou, essa idéia foi modificada pela
Revolução Industrial que começou lá pelo fim do século XVIII, e que introduziu
as máquinas na produção de alimentos e produtos. Com isso, foi possível
produzir mais alimentos e mais bens para as pessoas consumirem.
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Isso modificou totalmente as relações sociais: as pessoas começaram a sair do
campo e vir para as cidades à procura de trabalho. As cidades cresceram,
novas profissões surgiram. Dentro das fábricas, a preocupação era com
métodos que agilizassem a produção e diminuíssem os custos. A introdução
das linhas de montagem e a padronização das medidas foram conseqüências
dessas preocupações.
Durante muito tempo, esse modelo de organização industrial manteve a idéia
de que qualidade era ausência de defeitos. Quer dizer, o controle da qualidade
era então realizado pelo inspetor de qualidade praticamente só depois que o
produto estava pronto.
Foi aí que os japoneses entraram. Do controle de qualidade do produto, eles
passaram a controlar a qualidade do processo, quer dizer, tudo o que envolve a
produção de determinado produto, e eliminaram todas as tarefas que não
acrescentassem características ao produto. Essa foi a grande “sacada” dos
espertos orientais. A depressão econômica gerada pela crise do petróleo na
década de 70 criou condições ideais para que essa idéia desse frutos. As
empresas tiveram que se reorganizar para enfrentar a crise e, por isso,
mudaram seu modo de administrar seus negócios. A economia ficou cada vez
mais “global”. O que acontece em Tóquio, ou na Cidade do México nos afeta
imediatamente. As empresas competem ferozmente entre si, e quem não
consegue oferecer produtos de qualidade, com custos baixos e preços
competitivos, tem que fechar suas portas.
O que é, o que é?
Globalização da economia: essa expressão, bastante usada atualmente, está
ligada a duas coisas: acordos econômicos entre nações de modo a limitar o uso
de barreiras de impostos que impedem a entrada de produtos de outros países,
e a criação de grandes regiões econômicas como a CEE (Comunidade
Econômica Européia), o NAFTA (North American Free Trade Agreement, ou
seja, Acordo Norte Americano de Livre Comércio), o Mercosul, formado por
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
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Essas mudanças na empresa afetam diretamente o posto de trabalho e, em
conseqüência, o perfil do trabalhador. Por causa disso, o operário também tem
que mudar. Agora ele precisa estar sempre se atualizando sob pena de ficar
rapidamente defasado em relação aos conhecimentos necessários para realizar
seu trabalho. Quem não percebeu isso, não mudou, ou se adaptou, perdeu o
emprego.
Correndo atrás do prejuízo
E como fica o Brasil nesse cenário? Bastante preocupado, porque durante
muito tempo (até 1990), a economia de nosso país foi bastante fechada e
controlada. Agora, com a abertura trazida pelas leis votadas a partir de 1990,
como por exemplo o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, as
empresas brasileiras estão começando a se preocupar em fornecer produtos de
melhor qualidade. E isso está acontecendo não só por causa do Código, mas
também por causa da entrada de produtos estrangeiros que passaram a
concorrer com os nossos.
Além dessa concorrência, bastante saudável, diga-se de passagem, iniciativas
do próprio governo brasileiro têm ajudado o nosso país a “correr atrás do
prejuízo”. A mais importante de todas, é o Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade (PBQP). No próprio documento que descreve esse projeto, fomos
buscar o objetivo desse programa, que é: “Apoiar o esforço brasileiro de
modernidade por meio da promoção da qualidade e da produtividade, com
vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços produzidos no Brasil”.
Mas, será que isso deu resultado? Deu, sim! E bastante importantes. Veja o
gráfico abaixo:
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Este gráfico, baseado em outro publicado no Informativo do PBQP de janeiro de
1995, mostra o aumento significativo de empresas brasileiras que receberam o
certificado de conformidade com as normas ISO - Série 9000. De apenas 18 em
1990, eram 948 em 1995!
O que é, o que é?
ISO - Série 9000: é um conjunto de normas elaboradas pela ISO (International
Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional para a
Padronização), uma organização internacional com sede em Genebra na Suíça,
com a finalidade exclusiva de tratar questões ligadas à qualidade. Quando uma
empresa recebe a certificação, isso significa que o conjunto de seus
procedimentos e processos está de acordo com esse conjunto de normas.
Esse programa permitiu, também, a criação do Prêmio Nacional da Qualidade
para incentivar as empresas a desenvolverem programas de qualidade próprios
e que possam servir de modelos para outras empresas.
Até o PROCON, aquele órgão que defende os seus direitos como consumidor e
do qual, com certeza, você já ouviu falar, é um resultado concreto desse
programa.
Código de Defesa e Proteção do Consumidor, Prêmio Nacional de Qualidade e
Produtividade, implantação de PROCONs, Mercosul, tudo isso está fazendo as
empresas se mexerem.
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Qualidade. O que é que você tem a ver com isso?
É, meu caro, exatamente tudo! Seja como pessoa e consumidor de bens e
serviços; seja como operário na linha de produção.
Como consumidor, você tem o direito de exigir que as coisas pelas quais você
paga tenham, no mínimo, a qualidade prometida pela propaganda. E isso vale
também para os serviços prestados pelo Estado nas áreas de saúde, educação
e segurança. Porque esses serviços não são gratuitos, não. Eles são pagos
pelos impostos que devem ser recolhidos até sobre uma simples caixa de
fósforo que você compra.
Você deve ficar atento também para o fato de que qualidade, nesse tipo de
serviço, não quer dizer simplesmente a vaga na escola, o leito do hospital e o
ladrão na cadeia. Qualidade, nesse caso, significa o professor bem preparado,
presente na sala de aula, assumindo a responsabilidade de ensinar o seu filho.
Significa também, o bom atendimento no hospital, com médicos descansados,
enfermeiros bem treinados e níveis de infecção hospitalar dentro dos padrões
aceitáveis. E quer dizer, finalmente, policiais corretos, educados e realmente
preocupados com a segurança da população. Se você não tem isso, está em
todo o direito de “espernear”.
Qualidade é, essencialmente, satisfação do cliente. Essa é a base para todos
os programas implantados por qualquer empresa, atingindo todos os setores,
desde a portaria até o presidente. Mas, quem é o cliente? No plano pessoal e
dependendo do momento, somos todos ao mesmo tempo clientes e
fornecedores.
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“Como posso ser cliente e fornecedor ao mesmo tempo se nem sou dono de
uma empresa, não trabalho em balcão de loja, e ultimamente o dinheiro só dá
mesmo para o essencial!” Pode sim! Observe o seu relacionamento com a sua
família. Todos os membros dela são seus clientes na medida em que precisam
do seu carinho, afeto, atenção.
No plano profissional, somos clientes dos colegas dos quais nosso trabalho
depende, do mesmo modo que outros colegas são clientes do trabalho que
produzimos.
E o que o cliente espera?
Ele espera receber da maneira desejada, seja lá o que for que ele compre ou
precise. No mundo dos negócios de hoje, qualidade no sentido de satisfação do
cliente não é vantagem sobre o competidor, mas alguma coisa tida como certa.
Isto é, a empresa tem que ter “aquele algo mais”. Conquistar os clientes é hoje
o grande objetivo das empresas para fazer frente à competição.
Isso envolve mexer com o modo de administrar, o que significa, principalmente,
ter uma noção absolutamente clara da visão da empresa em relação a suas
metas. E significa também controlar rigidamente cada etapa do processo para
que nada seja esquecido. O conjunto de métodos e orientações para esse tipo
de administração é chamado de Gestão da Qualidade.
Do ponto de vista do empregado, não importa qual a posição que ele ocupe
dentro da empresa, isso significa assumir a responsabilidade total pela
qualidade de seu próprio trabalho.
Novos perfis profissionais estão surgindo. A empresa agora exige que seu
funcionário seja não apenas assíduo, pontual, limpo, organizado e bem treinado
no que faz; mas que também saiba trabalhar em grupo, solucione problemas,
seja criativo, cuide da máquina sob sua responsabilidade e forneça bons
produtos ou serviços para que o seu cliente, isto é, o próximo colega que
depende do trabalho que você fez, possa também executar um bom trabalho.
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Por isso, hoje em dia, preparar-se para o mercado de trabalho é muito mais do
que simplesmente aprender uma profissão. Basta lembrar que se você quiser
trabalhar em um escritório, será necessário saber mais que “datilografia”. Você
vai precisar saber mexer com um computador e conhecer uns dois ou três
programas que lidem com planilha de custos, gerenciamento de pessoal, folha
de pagamentos... Isso para não lembrar da indústria mecânica: se você é um
torneiro, por enquanto isso é ótimo. Mas os tornos CNC, comandados por
computadores estão aí. Daqui a pouco, como vai ser?
A verdade é que o trabalhador precisa também ter “aquele algo mais”, ou seja,
ter habilidades que envolvem coletar dados, analisá-los e organizá-los, fazer
diagnósticos, elaborar, propor soluções e tomar decisões.
Isso fica muito claro, quando a gente lê nos jornais o quanto as empresas que
optaram pelos programas de qualidade estão investindo em treinamento de
pessoal. Para ter o grau de iniciativa ideal para o sucesso desses programas, é
essencial que os funcionários saibam o que está acontecendo, não só na
empresa, mas no mundo à sua volta. O caminho é estudar, dominar as
informações referentes ao próprio campo de trabalho, acompanhar as
tendências, estar preparado para trabalhar em células ou ilhas de produção, em
resumo: não ser apenas bom, mas o melhor de todos. Isso é o que as
empresas esperam de seus funcionários. Porque o importante para ela é vencer
a competição. E isso só acontecerá se o time for realmente bom!
Para você pensar um pouco, vamos contar uma pequena fábula: “Era uma vez
um sapinho muito distraído que pulou para dentro de uma lata cheia de água.
Até aí, nada demais, porque todo o mundo sabe que sapo gosta de água. Bem,
acontece que a lata cheia de água estava em cima de um fogão e o dono do
fogão, também muito distraído, não viu o sapinho e acendeu o fogo. Como a
água foi esquentando devagar, o sapinho, no início, até que se sentiu
confortável. Sem perceber o perigo que corria, foi ficando lá para ver o que
acontecia. E aconteceu: ele morreu cozidinho da silva. O irmão desse sapinho,
também bastante distraído, ao sentir sua falta, saiu pela cozinha a procurá-lo.
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Seguindo a direção do irmão, ele também chegou ao fogão. Só que, quando ele
pulou na água, esta já estava fervendo. Sem pensar duas vezes, ele tratou de
cair fora. Passou um pouco de calor, mas sobreviveu.”
É claro que essa história é uma brincadeira. Mas ela pode ser usada para
exemplificar o comportamento de dois tipos de trabalhador diante das
mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho. Você seria capaz de
dizer que tipo de trabalhador é o sapinho que morreu e que tipo é o que
sobreviveu? E você, em que modelo acha que se encaixa?
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Simplificando o trabalho
A simplificação do trabalho constitui outro meio que favorece diretamente a
produtividade.
Essa simplificação se relaciona com a melhoria de um método de trabalho, seja
ele de natureza científica ou simplesmente surgido da prática. Simplifica-se com
o objetivo de aumentar a produtividade.
Para isso, o método passa por alterações de modo que o trabalho se torne:
•
Mais simples
•
Mais barato
•
Menos fatigante
•
Mais rápido
•
Menos perigoso
•
Com melhor qualidade
•
Menos poluidor
Na técnica de simplificação do trabalho são usados os próprios recursos
humanos e materiais da empresa e poucos recursos financeiros.
Para a melhoria de método de trabalho, a simplificação dá resultados altamente
compensadores. Essa melhora só modifica o método existente e não pode
modificar as características de projeto ou processos que são de competência
de outro departamento. Isto, no entanto, não impede que demos sugestões.
Como a simplificação do trabalho se liga ao modo ou método de trabalho, é
necessário saber o que se entende por modo ou método de trabalho.
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Método de trabalho
Se um trabalho simples for distribuído a diversas pessoas sem que se indique a
elas o método a ser usado, talvez cada pessoa use um modo diferente para
fazer sua tarefa. Como conseqüência, os trabalhos poderão ser feitos em
tempos diferentes, com custo e qualidade variados. O que lhes falta, então, é
um método de trabalho.
Método de trabalho é um conjunto de princípios, procedimentos e
técnicas, adotado para se fazer algo, ou a maneira como se trabalha.
É preciso analisar e estudar os métodos de trabalho utilizados para identificar
suas vantagens. Com esse estudo, é possível chegar ao melhor método ou
forma de fazer o trabalho, ou seja, um modo de trabalhar que seja simples,
rápido e produtivo. É o que se chama de método simplificado de trabalho.
Para adotar um método simplificado de trabalho, é necessário que as pessoas
sejam treinadas no seu uso, até se acostumarem com ele e trabalharem de
forma entrosada. A duração do treinamento vai depender dos operários e do
nível de dificuldade das mudanças feitas.
No início, o emprego de um novo método de trabalho pode causar dificuldades.
Isto é normal porque toda mudança na forma de trabalho exige tempo e força
de vontade para os operários se adaptarem ao novo método.
É importante que todos os operários usem o mesmo método para racionalizar o
trabalho, ou seja, com economia de esforços, de tempo e de materiais, sem
prejuízo da qualidade.
Convém lembrar que a simplificação do trabalho liga-se diretamente ao método
de trabalho com o objetivo de que ele fique melhor para se alcançar maior
produtividade.
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Portanto, quando vamos simplificar um trabalho, só vamos modificar o modo
como se trabalha. Apesar de a troca de equipamentos velhos, a revisão de
projetos etc. serem procedimentos necessários para aumento da produtividade,
esses procedimentos não podem ser incluídos na técnica da simplificação do
trabalho porque, como já vimos, eles vão interferir nas atividades de outros
departamentos.
Perdas
Desperdícios
Se necessitamos de apenas uma pessoa para executar um serviço e
colocamos duas, essa segunda pessoa representa um desperdício, pois ela
poderia estar fazendo outro trabalho, também importante.
Mesmo que as técnicas de simplificação do trabalho sejam aplicadas e os
equipamentos sejam os mais modernos e adequados, a melhoria da
produtividade será ainda difícil, enquanto houver desperdícios nas fábricas.
Desperdício é tudo aquilo feito com excesso ou mal aproveitado na
execução de alguma coisa.
Pode haver desperdício nas seguintes situações:
•
Estoque em excesso
•
Espaços mal aproveitados
•
Energia: máquinas, luz etc. ligados desnecessariamente
•
Material em excesso: coloca-se um litro de óleo na máquina, quando
apenas meio litro seria suficiente
•
Tempo: precisa-se de apenas uma hora para fazer a tarefa, e ela é feita
em duas horas.
Refugos
Refugo é tudo aquilo malfeito pelo homem ou máquinas e não serve mais para
o que se destinava, passando a ser considerado resto.
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Portanto, se erramos ao fazer algo, e se esse erro estraga completamente o
que fazemos e não é mais possível corrigi-lo, o material inutilizado passa a
constituir um refugo.
Pensando em todos esses fatos, podemos concluir que o importante é: fazer
sempre certo, usando todos os nossos esforços para atingir um nível de
produção sem nenhum defeito.
Retrabalho
Imagine uma pessoa que necessita de um cano de água de plástico com o
comprimento de 260 mm. Ela apanha uma serra e, sem medir o cano com
exatidão, corta-o com o comprimento de 270 mm. Na hora de encaixá-lo no
local, o cano não entra. Torna-se necessário fazer novamente as medidas
corretas para novo corte.
A nova medição e o novo corte constituem um
retrabalho.
Retrabalho é fazer novamente o que já foi feito, ocasionando confusão,
perda de tempo e prejuízo financeiro.
Reflexão
Estes três elementos: desperdícios, refugos e retrabalho representam uma
parcela muito grande no aumento dos custos dos produtos. É comum uma
pessoa comprar algum produto sob encomenda, com preço e tempo de entrega
combinados. Entretanto, a encomenda é entregue com atraso e o preço só é
mantido porque você pagou com antecedência, mas o fabricante reclama que o
preço de custo foi maior do que o que foi pago.
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Tais fatos, que ocorrem diariamente, podem ser, na maioria das vezes,
causados por desperdício, refugos e retrabalho, que aumentam demais o tempo
de trabalho e, conseqüentemente, os custos, prejudicando o empregado, a
empresa e o consumidor. Precisamos mudar essa maneira de pensar.
Infelizmente, somos campeões em desperdício, refugos e retrabalho, não só
nas fábricas como na vida particular.
Em um estudo feito por certa organização, foram pesadas sobras de alimentos,
diariamente, após servir 1.000 refeições aproximadamente. Foi constatado que,
em 40 dias, o valor dos restos de alimentos (desperdícios), equivalia ao preço
de um carro popular zero quilômetro, ou ao dinheiro necessário para alimentar
muitas pessoas famintas.
Por tudo isso, devemos nos empenhar numa luta constante e inteligente contra
desperdício, refugo e retrabalho.
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Acidente zero, prevenção dez
Introdução
O que é acidente? Se procurarmos a resposta em um bom dicionário,
encontraremos - acontecimento imprevisto, casual ou não, ou então acontecimento infeliz que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria,
ruína etc.
Nesse sentido, é muito importante observar que um acidente não é simples
obra do acaso e pode trazer conseqüências indesejáveis. Em outras palavras:
acidentes podem ser previstos. E, se podem ser previstos, podem ser
evitados!
Quem se dedica à prevenção sabe que nada acontece por acaso no universo,
muito menos o que costumamos chamar de acidente. Todo acidente tem uma
causa definida, por mais imprevisível que pareça ser.
Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de fatores, entre
eles, falhas humanas e falhas materiais.
Vale lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem acontecer
em casa, no lazer, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que
fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.
Quanto aos acidentes do trabalho, dos quais trataremos nesta unidade, o que
se pode dizer é que grande parte deles ocorre porque os trabalhadores
encontram-se despreparados para enfrentar certos riscos.
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A finalidade desta unidade é levá-lo a refletir sobre as conseqüências do
acidente do trabalho para a vítima, para a família, para a empresa e para a
sociedade. Ao terminar o estudo dos assuntos aqui tratados, você ficará
sabendo o que a legislação brasileira entende por acidente do trabalho
(conceito legal) e o que se considera acidente do trabalho numa visão
prevencionista (conceito prevencionista). Esperamos que você chegue à
conclusão que prevenir é o melhor remédio!
Acidente do trabalho: conceito legal
Numa sociedade democrática, as leis existem para delimitar os direitos e os
deveres dos cidadãos. Qualquer pessoa que sentir que seus direitos foram
desrespeitados pode recorrer à Justiça para tentar obter reparação, por perdas
e danos sofridos em conseqüência de atos ou omissões de terceiros.
As decisões da Justiça são tomadas com base nas leis em vigor. Conhecer as
leis a fundo é tarefa dos advogados. Mas é bom que o cidadão comum, o
trabalhador, também tenha algum conhecimento sobre as leis que foram
elaboradas para proteger seus direitos. Por isso, é importante saber o que a
legislação brasileira entende por acidente do trabalho. Afinal, nunca se sabe o
que nos reserva o dia de amanhã.
Na nossa legislação, acidente do trabalho é definido pelo Decreto nº 611/92 de
21 de julho de 1992, que diz:
Art. 139 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou
temporária.
Trocando em miúdos: qualquer acidente que ocorrer com um trabalhador,
estando ele a serviço de uma empresa, é considerado acidente do trabalho.
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Para entender melhor a definição anterior, é necessário saber também que:
Segurados especiais são trabalhadores rurais, isto é, que prestam serviços
em âmbito rural, individualmente ou em regime de economia familiar, mas não
têm vínculo de emprego.
Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve,
como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.
Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou
sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na
cabeça, caracteriza uma perturbação funcional.
Doença profissional também é acidente do trabalho?
De acordo com o mesmo Decreto nº 611/92, doenças profissionais são
aquelas adquiridas em decorrência do exercício do trabalho em si. Doenças do
trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é
realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas
decorrer a incapacidade para o trabalho.
Você já deve ter passado pela experiência de pegar uma forte gripe, de colegas
de trabalho, por contágio. Essa doença, embora possa ter sido adquirida no
ambiente de trabalho, não é considerada doença profissional nem do trabalho,
porque não é ocasionada pelos meios de produção.
Mas, se o trabalhador contrair uma doença por contaminação acidental, no
exercício de sua atividade, temos aí um caso equiparado a um acidente do
trabalho. Por exemplo, se um enfermeiro sofre um corte no braço ao quebrar
um frasco contendo sangue de um paciente aidético e, em conseqüência, é
contaminado pelo vírus HIV, isso é um acidente do trabalho.
Por outro lado, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem
proteção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo
trabalho executado junto a uma grande prensa, isso caracteriza doença do
trabalho.
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Ou ainda, se um trabalhador adquire tenossinovite (inflamação dos tendões e
das articulações) por exercer atividades repetitivas, que solicitam sempre o
mesmo grupo de músculos, esse caso é considerado doença profissional.
A lista das doenças profissionais e do trabalho é bastante extensa e pode sofrer
novas inclusões ou exclusões, à medida que forem mudando as relações entre
o homem e o trabalho. Para saber mais sobre esse assunto, procure se
informar junto ao serviço especializado em segurança, na sua empresa. Seja
curioso, interessado. Não se acomode.
Acidente do trabalho X acidente no trabalho
O acidente típico do trabalho ocorre no local e durante o horário de trabalho.
É considerado como um acontecimento súbito, violento e ocasional. Mesmo
não sendo a única causa, provoca, no trabalhador, uma incapacidade para a
prestação de serviço e, em casos extremos, a morte.
Pode ser conseqüência de um ato de agressão, de um ato de imprudência ou
imperícia, de uma ofensa física intencional, ou de causas fortuitas como, por
exemplo, incêndio, desabamento ou inundação.
Mas a legislação também enquadra como acidente do trabalho os que ocorrem
nas situações apresentadas a seguir.
Acidente de trajeto (ou percurso)
Considera-se acidente de trajeto o que ocorre no percurso da residência para o
trabalho ou do trabalho para a residência. Nesses casos, o trabalhador está
protegido pela legislação que dispõe sobre acidentes do trabalho. Também é
considerada como acidente do trabalho, qualquer ocorrência que envolva o
trabalhador no trajeto para casa, ou na volta para o trabalho, no horário do
almoço.
Entretanto, se por interesse próprio, o trabalhador alterar ou interromper seu
percurso normal, uma ocorrência, nessas condições, deixa de caracterizar-se
como acidente do trabalho. Percurso normal é o caminho habitualmente
seguido pelo trabalhador, locomovendo-se a pé ou usando meio de transporte
fornecido pela empresa, condução própria ou transporte coletivo urbano.
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Acidente fora do local e horário de trabalho
Considera-se, também, um acidente do trabalho, quando o trabalhador sofre
algum acidente fora do local e horário de trabalho, no cumprimento de ordens
ou na realização de serviço da empresa.
Se o trabalhador sofrer qualquer acidente, estando em viagem a serviço da
empresa, não importa o meio de condução utilizado, ainda que seja de
propriedade particular, estará amparado pela legislação que trata de acidentes
do trabalho.
Vamos ver se as definições discutidas até agora ficaram claras. Analise a
situação a seguir e depois responda às questões apresentadas.
João é técnico em manutenção de equipamentos eletrônicos em uma empresa
com sede em Vila Nova Esperança. O chefe de João passou-lhe uma ordem de
serviço de manutenção, a ser realizado na máquina de um cliente, em outro
bairro. Quando João se encontrava executando o trabalho, a firma foi invadida
por um grupo de homens armados, que anunciaram um assalto. Na confusão
que se seguiu, João foi atingido por uma bala perdida. Levado ao Prontosocorro foi dispensado após a extração de uma bala na perna direita, com a
recomendação médica de manter-se afastado do serviço por 15 dias. No seu
entender:
O que ocorreu com João encaixa-se na definição legal de acidente do trabalho?
Por quê?
João sofreu lesão corporal ou perturbação funcional em decorrência do
acidente?
João se enquadra na categoria de segurado especial?
Coitado do João! Felizmente seu caso não foi mais grave. João está amparado
pelo conceito legal de acidente do trabalho, embora o ferimento não tenha
resultado diretamente do exercício de suas atividades profissionais, pois ele
estava a serviço da empresa. Em decorrência do acidente, João sofreu lesão
corporal. Supondo-se que ele volte a andar normalmente, após a retirada do
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curativo, não se pode dizer que tenha havido perturbação funcional. João não
se enquadra na categoria de segurado especial, pois consta que ele era
funcionário contratado da empresa.
Importante!
Todo acidente do trabalho, por mais leve que seja, deve ser comunicado à
empresa, que deverá providenciar a CAT (Comunicação de Acidente do
Trabalho), no prazo máximo de 24 horas. Caso contrário, o trabalhador perderá
seus direitos e a empresa deverá pagar multa.
Caso a empresa não notifique a Previdência Social sobre o acidente do
trabalho, o próprio acidentado, seus dependentes, o médico ou a autoridade
que lhe prestou assistência ou o sindicato da sua categoria podem encaminhar
essa comunicação.
Conceito prevencionista de acidente do trabalho
Veja o conceito de acidente do trabalho, numa visão prevencionista.
Acidente do trabalho é toda ocorrência não programada, não desejada, que
interrompe o andamento normal do trabalho, podendo resultar em danos físicos
e/ou funcionais, ou a morte do trabalhador e/ou danos materiais
e
econômicos a empresa e ao meio ambiente.
Volte a analisar o conceito legal de acidente do trabalho, apresentado
anteriormente. Compare-o com o conceito prevencionista, que você acabou de
ver. Que diferença você observa entre eles?
Isso mesmo! O conceito legal tem uma aplicação mais “corretiva”, voltada
basicamente para as lesões ocorridas no trabalhador, enquanto o conceito
prevencionista é mais amplo, voltado para a “prevenção” e considera outros
danos, além dos físicos.
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Do ponto de vista prevencionista, quando uma ferramenta cai do alto de um
andaime, por exemplo, esse fato caracteriza um acidente, mesmo que ninguém
seja atingido. E o que é mais importante: na visão prevencionista, fatos como
esse devem e podem ser evitados!
Conseqüências dos acidentes
Muitas vezes, pior que o acidente em si, são as suas conseqüências. Todos
sofrem:
A vítima, que fica incapacitada de forma total ou parcial,
temporária ou permanente para o trabalho;
A família, que tem seu padrão de vida afetado pela falta dos
ganhos normais, correndo o risco de cair na marginalidade;
As empresas, com a perda de mão-de-obra, de material, de
equipamentos, tem-po etc., e, conseqüentemente, elevação
dos custos operacionais;
A sociedade, com o número crescente de inválidos e
dependentes da previdência social.
Sofre, enfim, o próprio país, com todo o conjunto de efeitos negativos dos
acidentes do trabalho.
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Um acidente do trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa
apenas por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É
o que ocorre, por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no
dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida.
Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas
atividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o trabalhador
acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até na jornada seguinte,
temos o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na
incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda,
na incapacidade total e permanente para o trabalho.
A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um
período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas atividades
normais.
A incapacidade parcial e permanente
é a diminuição, por toda vida, da
capacidade física total para o trabalho. É o que acontece, por exemplo, quando
ocorre a perda de um dedo ou de uma vista.
A incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o trabalho.
Nesse caso, o trabalhador não tem mais condições para trabalhar. É o que
acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas em um acidente
do trabalho. Nos casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador.
Os danos causados pelos acidentes são sempre bem maiores do que se
imagina à primeira vista.
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Analise, por exemplo, a seguinte situação:
Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fração de segundo,
ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos mais
dois colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser removido
urgentemente para o hospital e os dois outros trabalhadores envolvidos são
atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de fundamental
importância é paralisado em conseqüência de quebra de algumas peças.
Resultados imediatos: três trabalhadores afastados, paralisação temporária das
atividades da seção, equipamento danificado, tensão no ambiente de trabalho.
A análise das conseqüências do acidente poderia parar por aí. Mas, em casos
como esse, é conveniente pensar também na potencialidade de danos e riscos
que se originaram do acidente.
O equipamento parado é uma guilhotina que corta a matéria-prima para vários
setores de produção. Deve, portanto, ser reparada com toda urgência possível.
Nesse caso, o setor de manutenção precisa entrar em ação rapidamente e,
justamente por isso, apresenta a tendência de passar por cima de muitos
princípios de segurança, devido à pressa em consertar a máquina.
Além disso, na remoção do acidentado para o hospital, novos riscos poderão
ser criados. A pressa do motorista da ambulância, para chegar o mais rápido
possível ao hospital, poderá criar condições desfavoráveis à sua segurança e à
dos demais ocupantes do veículo e de outros veículos na rua.
Você percebe como um acidente do trabalho tem, muitas vezes, uma força
ainda maior do que simplesmente causar os danos que se observam na
ocorrência do acidente em si?
Esse é mais um fator que pesa, favoravelmente, na justificativa de uma atitude
prevencionista! Não é melhor prevenir o acidente do que enfrentar as
conseqüências?
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Prevenir acidentes é dever de todos
Introdução
Acidente zero! Essa é uma meta que deve ser alcançada em toda empresa.
Com a redução dos acidentes poderão ser eliminados problemas que afetam o
homem e a produção. Para que isso aconteça, é necessário que tanto os
empresários (que têm por obrigação fornecer um local de trabalho com boas
condições de segurança e higiene, maquinaria segura e equipamentos
adequados) como os trabalhadores (aos quais cabe a responsabilidade de
desempenhar o seu dever com menor perigo possível para si e para os
companheiros) estejam comprometidos com uma mentalidade preventiva.
Prevenir quer dizer ver antecipadamente; chegar antes do acidente; tomar
todas as providências para que o acidente não tenha possibilidade de ocorrer.
Para atingir essa mentalidade prevencionista é necessário saber ouvir, orientar
e estar ciente de que...
Por que prevenir os acidentes? Porque prevenir é mais econômico e sensato
que corrigir. Nesta unidade serão analisadas as principais medidas preventivas,
de alcance individual e coletivo, que visam à proteção do trabalhador.
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O efeito dominó e os acidentes de trabalho
Há muito tempo, especialistas vêm se dedicando ao estudo dos acidentes e de
suas causas. Um dos fatos já comprovados é que, quando um acidente
acontece, vários fatores entraram em ação antes.
Você já observou o que acontece quando enfileiramos pedras de um dominó e
depois damos um empurrãozinho em uma delas? Todas as demais, na
seqüência, acabam caindo, até a derrubada da última pedra. Podemos imaginar
que algo semelhante acontece quando um acidente ocorre.
Baptista (1974), afirma que Heinrich, em seu livro Industrial Accident
Prevention, que em português quer dizer “Prevenção do Acidente Industrial”,
sugere que a lesão sofrida por um trabalhador, no exercício de suas atividades
profissionais, obedece a uma seqüência de cinco fatores:
•
Hereditariedade e ambiente social
•
Causa pessoal
•
Causa mecânica
•
Acidente
•
Lesão
A hereditariedade refere-se ao conjunto de características genéticas, ou seja,
transmitidas pelos genes, que passam de uma geração para outra. A cor dos
olhos ou o tipo de sangue são exemplos de características físicas herdadas
geneticamente. Da mesma forma, certas características psicológicas também
são transmitidas dos pais para os filhos, influenciando o modo de ser de cada
um.
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Você já notou com que facilidade uma nova moda se espalha e pega? Ora a
onda é usar cabelos longos, ora usar a cabeça raspada. Já houve a época da
minissaia, das roupas hippies e hoje impera a moda do “cada um na sua”.
Esses exemplos servem para ilustrar quanto o ambiente social, formado pelos
grupos de pessoas com os quais cada um se relaciona, direta e indiretamente,
afeta o comportamento das pessoas.
A causa pessoal está relacionada com a bagagem de conhecimentos e
habilidades e com as condições de momento que cada um está atravessando.
A probabilidade de envolvimento em acidentes aumenta quando estamos tristes
ou deprimidos, ou quando vamos desempenhar uma tarefa para a qual não
temos o preparo adequado.
A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de
trabalho. Quando o equipamento não apresenta proteção para o trabalhador,
quando a iluminação do ambiente de trabalho é deficiente ou quando não há
boa
manutenção
do
maquinário,
os
riscos
de
acidente
aumentam
consideravelmente.
Quando um ou mais dos fatores anteriores se manifestam, ocorre o acidente
que pode provocar ou não lesão no trabalhador.
O que podemos fazer para evitar que os acidentes ocorram? Exercite sua
atenção. Observe os dominós. Uma maneira é controlar os fatores que
antecedem o acidente.
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Não é possível interferir nas características genéticas de uma pessoa, mas é
possível influenciar sua conduta proporcionando um ambiente social rico em
exemplos positivos. A educação e o treinamento do trabalhador para o exercício
de suas funções são recursos importantíssimos para reduzir o risco de
acidentes.
Um trabalhador que conhece bem o seu trabalho e o desempenha com
seriedade, atento às normas de segurança, está muito menos sujeito a um
acidente do que um trabalhador desleixado, que não mostra preocupação com
a qualidade de seu trabalho.
As causas pessoais também podem ser neutralizadas, observando-se a
adaptação do trabalhador ao seu trabalho, e proporcionando-lhe cuidados
médicos e assistenciais adequados.
Mas o fator central, mais próximo do acidente, é a causa mecânica! A remoção
da causa mecânica é o fator que mais reduz a probabilidade de um acidente
ocorrer.
A prevenção começa, portanto, pela eliminação ou neutralização das causas
dos acidentes.
Atividades prevencionistas na empresa
Em se tratando de responsabilidade pela segurança na empresa, quem deveria
assumi-la? Será que um setor daria conta de tudo que acontece numa
empresa? Não. Seria um absurdo. A prevenção de acidentes precisa da
colaboração de todos.
É por isso que toda empresa deve ter uma CIPA - Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes.
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O objetivo fundamental da CIPA é a prevenção de acidentes. Sua composição e
atuação estão definidas por legislação específica - a Norma Regulamentadora
NR-5, da Portaria nº 33 (27/10/83) do Ministério do Trabalho.
A CIPA tem papel importantíssimo porque possibilita a união de empresários e
empregados para estudar problemas sérios da empresa e descobrir meios e
processos capazes de cercar o local de trabalho da maior segurança possível.
A CIPA pode contribuir para a solução de problemas, com campanhas e
observações cuidadosas do ambiente de trabalho, ou seja, as inspeções de
segurança. As campanhas da CIPA têm por objetivo desenvolver uma
mentalidade prevencionista entre os trabalhadores.
Quem procura acha
Quando falamos das atividades prevencionistas, não podemos deixar de
destacar as inspeções de segurança.
Você já observou que alguns colegas de trabalho andam pela fábrica, anotando
tudo? São os cipeiros (membros da CIPA), fazendo levantamento dos perigos
existentes, para impedi-los de virem a se tornar causas de acidentes.
Toda inspeção segue um ciclo de procedimentos básicos que contribui para a
elaboração do mapeamento de riscos, ou seja, uma metodologia de inspeção
dos locais de trabalho tornada obrigatória a partir da publicação da Norma
Regulamentadora do Ministério do Trabalho NR-9, de 17/8/92.
Como já vimos, os acidentes são evitados com a aplicação de medidas
específicas de segurança, selecionadas de forma a estabelecer maior eficácia
na prática. As prioridades são:
Eliminação do risco
Significa torná-lo definitivamente inexistente. Vamos citar um exemplo: uma
escada com piso escorregadio apresenta um sério risco de acidente. Esse risco
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poderá ser eliminado com a troca do material do piso por outro, emborrachado
e antiderrapante.
Neutralização do risco
O risco existe, mas está controlado. Essa alternativa é utilizada na
impossibilidade temporária ou definitiva da eliminação de um risco. Vejamos um
exemplo: as partes móveis de uma máquina – polias, engrenagens, correias
etc. - devem ser neutralizadas com anteparos protetores, uma vez que essas
partes das máquinas não podem ser simplesmente eliminadas.
Sinalização do risco
É a medida que deve ser tomada quando não for possível eliminar ou isolar o
risco. Por exemplo: máquinas em manutenção devem ser sinalizadas com
placas de advertência; locais onde é proibido fumar devem ser devidamente
sinalizados.
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Proteção coletiva X proteção individual
As medidas de proteção coletiva, isto é, que beneficiam a todos os
trabalhadores, indistintamente, devem ter prioridade, conforme determina a
legislação que dispõe sobre Segurança e Medicina do Trabalho.
Os equipamentos de proteção coletiva são conhecidos pela sigla EPC.
Os EPCs devem ser mantidos nas condições que os especialistas em
segurança estabelecerem, devendo ser reparados sempre que apresentarem
qualquer deficiência.
Veja alguns exemplos de aplicação de EPCs:
•
Sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes
do local de trabalho;
•
Enclausuramento, isto é, fechamento de máquina barulhenta para livrar o
ambiente do ruído excessivo;
•
Comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora da zona de
perigo, durante o ciclo de uma máquina;
•
Cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a
esforços, caso venham a se desprender.
Quando não for possível adotar medidas de segurança de ordem geral, para
garantir a proteção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, devese utilizar os equipamentos de proteção individual, conhecidos pela sigla EPI.
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São considerados equipamentos de proteção individual todos os dispositivos de
uso pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador.
Os EPIs não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz com a
proteção coletiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem decorrer de
acidentes. Veja um exemplo:
Luís ia derramar metal fundido dentro de um molde, com uma concha. Ele não
percebeu que havia um pouco de água no fundo do molde. Ao derramar o
metal, este reagiu com a água, causando uma explosão que atingiu o rosto de
Luís.
Felizmente Luís estava usando protetor facial. Isso impediu que seu rosto e
seus olhos fossem atingidos. Graças ao uso correto do EPI, Luís saiu dessa
sem qualquer lesão.
Existem EPIs para proteção de praticamente todas as partes do corpo. Veja
alguns exemplos:
Cabeça e crânio: capacete de segurança contra impactos, perfurações, ação
dos agentes meteorológicos etc.
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Olhos: óculos contra impactos, que evita a cegueira total ou parcial e a
conjuntivite. É utilizado em trabalhos onde existe o risco de impacto de
estilhaços e cavacos.
Vias respiratórias: protetor respiratório, que previne problemas pulmonares e
das vias respiratórias, e deve ser utilizado em ambientes com poeiras, gases,
vapores ou fumos nocivos.
Face: máscara de solda, que protege contra impactos de partículas, respingos
de produtos químicos, radiação (infravermelha e ultravioleta) e ofuscamento.
Deve ser utilizada nas operações de solda.
Ouvidos: concha, que previne contra a surdez, o cansaço, a irritação e outros
problemas psicológicos. Deve ser usada sempre que o ambiente apresentar
níveis de ruído superiores aos aceitáveis, de acordo com a norma
regulamentadora.
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Mãos e braços: luvas, que evitam problemas de pele, choque elétrico,
queimaduras, cortes e raspões e devem ser usadas em trabalhos com solda
elétrica, produtos químicos, materiais cortantes, ásperos, pesados e quentes.
Pernas e pés: botas de borracha, que proporcionam isolamento contra
eletricidade e umidade. Devem ser utilizadas em ambientes úmidos e em
trabalhos que exigem contato com produtos químicos.
Tronco: aventais de couro, que protegem de impactos, respingos de produtos
químicos, choque elétrico, queimaduras e cortes. Devem ser usados em
trabalhos de soldagem elétrica, oxiacetilênica, corte a quente etc.
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Observação
Não é qualquer EPI que atende a legislação e protege o trabalhador. Apenas
aqueles que têm o número do CA e a marca do fabricante gravada no produto é
que oferecem proteção efetiva. Cabe ao trabalhador zelar pela própria
segurança, recusando os EPIs que não tenham o CA e a identificação clara do
fabricante!
A lei determina que os EPIs sejam aprovados pelo Ministério do Trabalho,
mediante certificados de aprovação (CA). As empresas devem fornecer os EPIs
gratuitamente aos trabalhadores que deles necessitarem. A lei estabelece
também que é obrigação dos empregados usar os equipamentos de proteção
individual onde houver risco, assim como os demais meios destinados a sua
segurança.
É tarefa do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho (SESMT) e da CIPA ou, na falta desses, do empregador,
determinar o tipo adequado de EPI em face do risco que irá neutralizar e quais
as pessoas na empresa que deverão utilizá-los.
O treinamento é uma fase importante no processo de utilização dos EPIs.
Quando o trabalhador recebe instruções sobre a maneira correta de usar o EPI,
aceita-o melhor. Sendo assim, quando tiver dúvidas sobre a utilização de um
EPI, peça esclarecimentos ao setor de segurança de sua empresa.
Controle e conservação dos equipamentos de proteção
Cabe ao setor de segurança da empresa, juntamente com outros setores
competentes, estabelecer o sistema de controle adequado.
A conservação dos equipamentos é outro fator que contribui para a segurança
do trabalhador. Portanto, cada profissional deve ter os seus próprios
equipamentos e deve ser responsável pela sua conservação.
Lembre-se: se cada um de nós pensar e atuar com segurança, os acidentes
praticamente poderão ser eliminados. Faça sua parte. Comece refletindo sobre
os assuntos apresentados nesta aula. Resolva os exercícios a seguir.
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Referências
Catálogo de Máquinas.
Catálogo Eberle, 1996.
Catálogo Máquinas KEHL.
Catálogo Metalúrgica Daniel, 1994.
Catálogo Singer, 1990.
Fascículo materiais. CTC – SENAI-RS.
SENAI-SP – Escola SENAI Maria Angelina Vicente de Azevedo Franceschini.
Máquinas especiais de costura transporte, triplo, duplo, coluna, girafa e duas
agulhas.
SENAI-SP – Escola SENAI Maria Angelina Vicente de Azevedo Franceschini.
Manual de costura – Máquina transporte simples. 103 p.
SENAI-SP. CEMAD. Adesivos. Por César Ferraiolo Batista. Votuporanga, 2004.
34p. : il.
SENAI-SP. CEMAD. Tintas. Por Cesar Ferraiolo Batista. Votuporanga, 2004. 64
p. : il.
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