A revista de negócios do aço brasil

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A revista de negócios do aço brasil
Grips Editora – Ano 14 – Nº 93 – junho de 2013
A revista de negócios do aço
brasil
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siderur gia brasil Nº 93
MUITO ALÉM DO AÇO.
JUNHO/2013
índice
20 congresso do aço
A conclusão é a de que a única saída está no crescimento do mercado interno.
EDITORIAL
4 Grandes
batalhas a serem vencidas
VISÃO
5 Intervencionismo,
insegurança e
produtividade
Marcos Cintra
6 Infraestrutura
EMPRESAS
14 Empresa
preparada para novas demandas
Isoeste
16 aÇO INOX
opinião
28 Inflação:
lá vem ela. Mais uma vez!
Ricardo Martins
JUNHO/2013
38
Arte em aço
A inspiração de Osni Branco vem dos
momentos marcantes de sua vida e
ganha forma no bronze, alumínio e
aço inox fundido, por meio do milenar
processo de cera perdida.
30
CENÁRIO DO aÇO
Distribuição de aço está muito pressionada
Carlos Jorge Loureiro
34 Entidades
galvanização
40 Fixadores
e estruturas mais resistentes
Paulo Silva Sobrinho
44 Estatísticas
49 eventos
52 Empresas & negócios
58 Anunciantes
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
3
editorial
Henrique Isliker Pátria
Q
Editor Responsável
uem chegou ao Brasil e assistiu ao Congresso
do Aço, promovido pelo IABr, no Rio de Janeiro,
ficou se perguntando se realmente este segmento importante da economia terá condições
de sobreviver. Ficou muito claro que os CEOs
das usinas e das principais empresas estão de
cabelo em pé com a situação não só da siderurgia mundial, mas
também do mercado do aço nacional.
Ainda que entendam que para o Brasil há uma luz – mesmo que tênue – no fim do túnel e que atende pelo nome de
mercado interno, o país como um todo tem
de tomar medidas urgentes e imediatas na
economia, como a correção das distorções
cambiais, o investimento maciço e imediato
na infraestrutura – leia-se: estradas, portos,
unidades de logística e ferrovias – e a já batida
e surrada discussão em torno da desoneração
da cadeia produtiva do aço, com a correção
das distorções existentes.
“Precisamos partir para um aumento imediato de consumo per capita”, bradaram os
principais conferencistas do evento, pois é inconcebível que
o Brasil apresente um consumo abaixo de 100 kg por ano. Só
para lembrar, a China consome mais de 500 kg por ano por habitante, os países da Europa e os Estados Unidos, acima de 300
kg e até países da América do Sul, como o Chile e a Argentina,
acima dos 200 kg por ano.
Chega-se à conclusão de que não temos competitividade
nem aqui no Brasil para competir com o aço importado – cada
vez em maior quantidade –, seja em forma de placas, bobinas,
vergalhões etc. ou, pior ainda, em forma de peças já prontas,
que além de afetar a indústria do aço, também transfere os empregos das indústrias metal-mecânicas nacionais para o exterior, e nem para competir no mercado internacional.
O grande problema é que o mercado mundial do aço
vai muito mal e, segundo dados do jornal Shangai Securities
News, o estoque de aço na China subiu de 14 milhões de toneladas em julho do ano passado para 36 milhões de toneladas em setembro. Nesse mesmo ano, a China bateu todos
os recordes de produção – que já eram seus –
produzindo 716,5 milhões de toneladas. Como
a demanda na China está reprimida, ela exporta
esse seu excedente a preços sem competição
para outros produtores mundiais. Neste momento, a grande preocupação é que o aço chinês entre com mais intensidade ainda no Brasil,
um dos únicos países do mundo que apresenta
lampejos de crescimento para este ano.
O IABr articula um movimento, com apoio
da Associação dos Exportadores Brasileiros,
exigindo que o governo federal adote medidas mais agressivas para defesa comercial dos interesses do nosso país. A
indústria nacional opera com capacidade média de 70%, o
que é insuficiente, e corre o risco de ter de recuar ainda mais.
Há grandes desafios pela frente e, neste momento, é preciso
lançar mão de toda nossa criatividade com o objetivo de definir as melhores estratégias que nos permitam superar este
impasse, pois as batalhas prometem ser árduas.
GRANDES
BATALHAS
A SEREM
VENCIDAS
EXPEDIENTE
Edição 93 - ano 14 - junho 2013
Siderurgia Brasil é uma publicação
de propriedade da Grips Marketing
e Negócios Ltda. com registro definitivo arquivado junto ao Instituto
Nacional de Propriedade Industrial
sob nº 823755339.
4
siderur gia brasil Nº 93
Coordenador Geral: Henrique Isliker Pátria/Diretora Executiva:
Maria da Glória Bernardo Isliker/TI:
Vicente Bernardo
Administrativo: Supervisora:
Maria Rosangela de Carvalho/
Assistente: Anderson Rodrigues
Medeiras / Editor e Jornalista Responsável: Henrique Isliker Pátria MTb-SP 37.567 / Entrevistas e Reportagens: Ricardo Torrico / Marina
Teixeira de Mello - MTb 13.514
Comercial: Supervisor: Márcio
Machado
Projeto Editorial: Grips Editora/
Edição de Arte / DTP: Priscilla
B. Ramos Nannini
Capa: Criação: André Siqueira /
Imagens: Peças em aço do artista
plástico Osni Branco
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA A EMPRESAS DO SETOR E ASSINATURAS
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técnicos ou pelos entrevistados são
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dos editores.
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JUNHO/2013
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VISão
Intervencionismo,
insegurança e produtividade
O governo vem atuando em várias frentes em busca do investimento e do
crescimento perdidos. Mas, apesar do forte intervencionismo do governo
nos últimos dois anos, o desempenho do PIB se mostra débil.
Marcos Cintra*
JUNHO/2013
www.sxc.hu
O
Marcos Cintra
Foto: Divulgação
que o governo Dilma vê como solução
para fazer a economia crescer acabou
se tornando parte do
problema. O excessivo intervencionismo se tornou um
entrave ao gerar incertezas para o
setor produtivo. As mexidas pontuais
se acentuaram nos últimos dois anos
e isso faz com que o empresário se
posicione defensivamente na hora
de tomar decisões. Esse ativismo
exacerbado eleva o risco para as empresas na hora de investir. Quem vai
colocar milhões de reais em projetos
frente a um cenário que pode mudar
de uma hora para outra?
Ficar mexendo aqui e acolá nas
regras da economia gera insegurança.
Medidas pontuais podem equacionar
um problema momentaneamente,
mas criam outros mais à frente, que
precisam ser corrigidos com novas rodadas de medidas. Para voltar a crescer de modo sustentado, o país precisa de ações estruturais que permitam
elevar a produtividade da economia.
É preciso atacar entraves que há anos
são ‘empurrados com a barriga’. A baixa qualificação da mão de obra, o nível inadequado de investimentos em
pesquisas, a absurda burocracia fiscal
imposta às empresas, a deficiente infraestrutura e o custo trabalhista são
obstáculos antigos, que apenas são
contornados com medidas paliativas
que servem para promover interesses
políticos, mas que não equacionam os
problemas.
Em termos de qualificação da
mão de obra, vale citar que as pessoas com ensino universitário e idade
entre 25 e 34 anos são 60% da
população na Coreia do Sul,
30% no Chile, 20% no México, mas apenas 10% no Brasil.
Quanto aos investimentos em
pesquisa em relação ao PIB, são
3,5% no Japão, 3,2% na Coreia
do Sul, 1,5% na China e 1% no
Brasil. No âmbito da burocracia
tributária, as disparidades são
absurdas. No Brasil, as empresas gastam em média 2.600 horas por ano
para cumprir com as suas obrigações
fiscais, sendo que, na América Latina,
o tempo médio é de 382 horas.
A péssima infraestrutura brasileira faz com que a exportação de um
contêiner custe US$ 2.250. Na Malásia,
o custo é de US$ 450, na China, US$
500 e no México, US$ 1.450. Quanto
ao custo trabalhista, o país sofre com
mais uma aberração. A mão de obra
na indústria automobilística brasileira, por exemplo, custa 5,3 euros por
hora, contra 2,6 euros no México, 1,3
euro na China e 1,2 euro na Índia.
Há dez anos o governo não faz
nenhuma reforma com impacto
positivo sobre o principal indutor
da geração de riqueza que é a produtividade. Hoje a economia patina
e a atual gestão ‘atira para todos os
lados’ para tentar estimular a produção. Para recuperar o tempo perdido, é necessário acelerar ações que
mexam na estrutura produtiva do
país. Tudo indica que o governo tem
muita dificuldade quanto a isso.
*Marcos Cintra é doutor em Economia pela Universidade Harvard
(EUA), professor titular e vice-presidente
da Fundação Getulio Vargas.
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5
Fotos: Divulgação Usiminas
Infraestrutura
Produtos específicos
para óleo e gás
Investindo na modernização de suas
linhas de produção e no aumento
do valor agregado dos produtos, a
Usiminas se posiciona não apenas
como fornecedor de aço, mas como
provedor de soluções.
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siderur gia brasil Nº 93
N
os últimos cinco
anos, a Usiminas
passou por um importante ciclo de investimentos de mais
de R$ 11 bilhões, focado na modernização das linhas
de produção e no aumento do valor agregado dos produtos. Esses
investimentos possibilitaram que
a empresa se posicionasse na vanguarda do fornecimento de aços
diferenciados para o setor de óleo
e gás, de modo a integrar valor aos
clientes por meio de um portfólio
ainda mais competitivo e com alto
conteúdo tecnológico. Do ponto
de vista estratégico, o portfólio variado e com alto conteúdo tecnológico tem permitido à Usiminas se
posicionar no mercado não apenas
como fornecedor de aço, mas como
provedor de soluções em aço.
Entre os projetos concluídos,
destaca-se o novo Laminador de Tiras a Quente (LTQ), instalado na Usina de Cubatão, no interior de São
Paulo. Em operação desde 2012, o
equipamento é um dos mais modernos do mundo e tem capacidade para produzir 2,3 milhões de
toneladas por ano. Por ter uma tecJUNHO/2013
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nologia diferenciada, o laminador
permitiu à Usiminas aumentar a
oferta de aços com melhores combinações de dimensões e graus
de resistência, e com maiores propriedades de soldabilidade e tenacidade. Seu perfil técnico é ideal
para se obter um melhor desempenho em grandes profundidades
marítimas e nos permite atender
demandas mais especificas de
mercados que exigem maior valor agregado, como a indústria de
óleo e gás, além de autopeças, máquinas, equipamentos industriais e
construção civil. Entre outros itens,
JUNHO/2013
o novo LTQ permite a produção
de aços da linha de dutos (line
pipe), até o grau X80, empregados
para o transporte de óleo e gás, e
da linha OCTG (Oil Country Tubular Goods), usados na exploração
de jazidas ou poços.
Já a tecnologia de resfriamento acelerado de chapas grossas,
chamada CLC (Continuous on-Line Control), é inédita na siderurgia
brasileira e foi instalada na linha
de produção da usina de Ipatinga,
em Minas Gerais. O equipamento
permite a produção de uma nova
família de aços, chamada Sincron,
com alto valor agregado e que
atendem aos requisitos da indústria petrolífera, sendo compatíveis
com ambientes de grandes profundidades marítimas. A entrada
em operação do CLC permitiu
desenvolver chapas grossas de
alta resistência mecânica e elevada tenacidade, com excelentes
características de soldabilidade,
requisitos essenciais para os mer-
cados de óleo e gás e naval, nos
quais os produtos finais resultam
da solda de chapas grossas em tubos ou grandes estruturas. O mercado do pré-sal, em especial, tem
demandas especificas que exigem
produção de chapas de alta resistência mecânica e com espessura
superior, em muitos casos com resistência ao serviço ácido.
Conteúdo local – A Usiminas
também foi a primeira siderúrgica
brasileira de aços planos a receber
o Certificado de Conteúdo Local
para sua linha de chapas grossas,
atingindo percentuais calculados
em 99,2%, nas chapas oriundas da
usina de Ipatinga, e em 99,4%, nas
da usina de Cubatão. Com isso, o
fornecimento de chapas certificadas para as concessionárias dos
projetos de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e
gás natural contribui para o atendimento à Cláusula de Conteúdo
Local dos contratos firmados com
a ANP (Agência Nacional do Petrós i d e ru r gi a bra si l Nº 93
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leo, Gás Natural e Biocombustíveis),
que define um percentual mínimo
de investimentos nacionais a serem
aplicados no processo. O objetivo
é incrementar em bases competitivas a participação da indústria
nacional de bens e serviços.
Atendimento – Outro diferencial relevante da atuação da Usiminas nos mercados de óleo e gás
– e também no naval – é o envolvimento da empresa no momento
pré-venda, quando estão sendo
definidos os detalhes iniciais dos
projetos. A equipe técnica da usina, composta por representantes
das áreas de pesquisa, engenharia
de produto e assistência técnica,
participa de discussões prévias
junto aos clientes para colaborar
na definição dos melhores aços a
serem utilizados. Nesse momento,
JUNHO/2013
discutem-se as características ideais como especificações e requisitos de aplicação. Esse trabalho proporciona o melhor desempenho
do projeto e reduz os problemas
que poderiam ocorrer. Além disso,
no pós-venda, são disponibilizadas
equipes técnicas dedicadas, que
estão sempre presentes nos locais
de atuação dos clientes, acompanhando cada uma das etapas.
Usiminas Mecânica – A Usiminas atua também nesse mercado por meio de sua subsidiária,
Usiminas Mecânica. Empresa de
bens de capital e serviços, a Usiminas Mecânica atua em projetos
de engenharia mais complexos,
fornecendo montagens industriais,
equipamentos e componentes estruturais para o setor naval, óleo,
gás e petroquímica. A Empresa
vem diversificando seu portfólio
de produtos e investindo em novas tecnologias, com o objetivo
de atender todas as exigências do
novo momento do mercado naval
e de offshore. A Usiminas Mecânica
fornece blanks e conjuntos soldados prontos, sob encomenda, para
grandes estaleiros. Investimentos constantes em capacitação e
novos equipamentos habilitam
a companhia a fornecer também
blocos para navios de grande porte, como petroleiros, graneleiros e
gaseiros, além de embarcações de
apoio para plataformas marítimas.
A sinergia natural entre as empresas garante produtos competitivos,
tecnologicamente avançados e de
alto valor agregado para toda a cadeia de óleo e gás.
www.usiminas.com
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Foto: Agência Vale
Infraestrutura
Setores com
demanda aquecida
A exploração de óleo e gás
na camada do pré-sal e a
recuperação das ferrovias
e do setor naval oferecem
ótimas perspectivas para
as cadeias siderúrgica e
metalúrgica nacionais.
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P
aís emergente e um dos Brics,
o Brasil tem sido olhado com
respeito no contexto internacional. Condições para isso
não lhe faltam, já que é um
país industrializado e, ao mesmo tempo, um dos grandes produtores de
alimentos do mundo. O problema, porém, é
que, para assumir esse papel com um mínimo de eficiência, precisa enfrentar enormes
desafios institucionais e estruturais. Os institucionais têm a ver com a pesada carga tributária e o elevado custo do capital; os estruturais podem ser resumidos em duas áreas:
infraestrutura e energia.
Na área da infraestrutura, o país tenta
recuperar um atraso de, no mínimo, duas
décadas, seja no campo ou nas cidades. No
campo, o agricultor planta de forma eficien-
te, mas essa vantagem desaparece no asfalto quando tem de enviar seus produtos aos
clientes no exterior. Ilustram bem esta situação as imensas filas de caminhões formadas
nas principais estradas do país nos últimos
meses, por falta de ferrovias para o transporte em longas distâncias. Ao mesmo tempo,
o congestionamento das insuficientes linhas de metrôs e trens urbanos implica em
imensos custos indiretos para as empresas,
o poder público e o próprio cidadão, como
está comprovado por um estudo realizado
pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.
Também neste caso, a explicação é simples: o
atraso na construção de novas linhas de metrôs nas grandes cidades brasileiras.
Na área da energia, pode-se se dizer que o
Brasil tem feito sua lição de casa para enfrentar os desafios do futuro, explorando de modo
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eficiente grandes jazidas de petróleo e gás da camada do pré-sal. Mas,
apesar dos avanços já feitos, ainda
existe muito mar profundo pela
frente a ser explorado – e imensos
investimentos a serem feitos.
Seja pela urgência de recuperar o atraso na área de transportes,
seja pela necessidade de intensificar a prospecção e exploração do
petróleo e gás do pré-sal, o Brasil
oferece um enorme leque de oportunidades às empresas industriais
e de serviços ligados a essas áreas.
Quantificar com razoável precisão
a demanda de produtos e serviços
que será gerada nos próximos anos
não é uma tarefa simples, mas é
possível imaginar o que virá a partir
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dos investimentos que vêm sendo
projetados.
Ferrovias
A falta de vias de escoamento
da produção de grãos torna-se mais
grave a cada ano, sobrecarregando
ainda mais os portos de Santos (SP)
e Paranaguá (PR), por onde passam
cerca de dois terços das exportações dessas commodities. O desafio
do governo é criar uma logística que
permita integrar o transporte marítimo com o rodoviário e ferroviário.
Aliás, principalmente o ferroviário,
já que um único vagão carrega, em
média, 100 toneladas de grãos, ou
seja, o equivalente a quase quatro
caminhões, cuja capacidade média
é de 26 toneladas.
O balanço do transporte ferroviário de cargas em 2012, divulgado no início de maio pela Associação Nacional dos Transportadores
Ferroviários (ANTF), revela que a
movimentação de carga nas ferrovias nacionais foi 1,3% maior em
relação a 2011, passando de 475
para 481 milhões de toneladas. E
que, no período de 1997 – quando as ferrovias foram privatizadas
– a 2012, a movimentação de cargas por ferrovias passou de 253,3
para 481 milhões de toneladas, ou
seja, um crescimento de 90% em
quinze anos. A ANTF estima que a
movimentação de cargas crescerá
24,7% no período 2012-2015, atingindo a 600 milhões de toneladas.
Para isso, só no ano passado, mais
de R$ 4,9 bilhões foram investidos
no sistema ferroviário – valor 6,6%
superior ao aplicado em 2011.
O desempenho das ferrovias de
cargas também gera um impacto
direto na indústria de equipamentos ferroviários. Nos dezesseis anos
de concessão – de 1997 a 2012 –,
a frota de locomotivas e vagões
em operação nas ferrovias cres-
ceu 116,5%. Em 1997, havia 1.154
locomotivas e 43.816 vagões em
atividade. Em 2012, as quantidades
de locomotivas e de vagões atingiram, respectivamente, 3.102 e
94.271 unidades.
Na esfera governamental, hoje
existe a convicção sobre a necessidade de priorizar a ampliação
da malha ferroviária nacional para
o transporte de longa distância.
“Qualquer análise que se faça diz
que a ferrovia é mais competitiva
na longa distância e a rodovia é
mais competitiva na curta distância. Nós temos um custo logístico
muito alto em função dessa inversão”, avalia Bernardo Figueiredo,
presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), vinculada
ao ministério dos Transportes.
Lançado em agosto do ano
passado pelo governo federal, o
Programa de Investimentos em
Logística prevê a duplicação de
7,5 mil quilômetros de rodovias e a
construção de 10 mil quilômetros
de ferrovias, com concessão à iniciativa privada. O programa prevê
o investimento de R$ 91 bilhões na
construção dessas novas ferrovias.
Para atender à demanda que
deve surgir desses investimentos, a
Usina Ouro Branco – antiga Gerdau
Açominas –, controlada pelo Grupo
Gerdau, está avaliando a possibilidade de produzir trilhos em sua fábrica. Vale lembrar que produzir trilhos
exige uma demanda consistente no
médio e longo prazos, que justifique
o alto investimento realizado. Aliás,
foi esse o motivo – a baixa demanda
do setor ferroviário brasileiro – que
levou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a encerrar sua produção de trilhos na década de 1990.
Navios
Depois de décadas de calmaria,
quase atingindo a extinção, a ins i d e ru r gi a bra si l Nº 93
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Infraestrutura
Foto: Agência Petrobras
dústria naval brasileira navega hoje
a pleno vapor graças à demanda de
navios de apoio à exploração das
jazidas de petróleo e gás na camada do pré-sal. O grande impulso foi
dado pelo Programa de Renovação
da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam), implementado em 1999 pela
Petrobras, que prevê a construção
de 146 novas embarcações até
2014, em estaleiros nacionais. Desse total, a Petrobras já contratou 56
embarcações e, portanto, faltam
ainda 90, cuja contratação poderá
ocorrer no prazo previsto.
O programa da Petrobras estabelece que o conteúdo nacional
dessas embarcações deve ficar entre 70% e 80%, excluindo, porém, do
cálculo desse percentual itens não
produzidos no país, como motores,
hélices e sistemas de propulsão. Essa
exigência de conteúdo nacional
ampliou o mercado para empresas
nacionais, como a Usiminas Mecânica, que fornece blanks e conjuntos
soldados prontos, sob encomenda,
aos grandes estaleiros.
Concentrada neste momento
em atender o setor de óleo e gás, os
estaleiros nacionais teriam ainda um
grande potencial de demanda no
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transporte marítimo de cabotagem
– ao longo da costa –, que tem sido
apontado como uma solução alternativa ao transporte rodoviário, mas
cuja implementação ainda não foi
devidamente equacionada.
Óleo e gás
A descoberta das jazidas de petróleo e gás na camada do pré-sal, em
2006, promete tornar o Brasil autossuficiente e um grande exportador líquido dessas commodities. Essa conquista, porém, não resultou do acaso, mas
de um longo processo de pesquisa
que permitiu o domínio das tecnologias de prospecção e exploração em
águas profundas, desenvolvido com
total competência pela Petrobras.
O resultado desse avanço foi
a recente inserção do Brasil entre
os países com melhores perspectivas de evolução nesse mercado.
De acordo com o relatório Perspectivas da Energia Mundial 2013
(World Energy Outlook 2013), publicado pela Agência Internacional
de Energia (AIE), em novembro de
2012, o Brasil deverá ser o país cuja
produção deve crescer de forma
mais intensa fora do Oriente Médio, nas próximas duas décadas. O
estudo do AIE prevê que a produção diária de petróleo no
Brasil vai crescer 3,5 milhões de barris até 2035,
e que esse crescimento
só será superado pelo
Iraque, cujo volume deve
aumentar em 5,6 milhões
de barris diários, atingindo 8,3 milhões.
Por enquanto, a produção diária do pré-sal ainda
está longe desse patamar,
mas já superou 311 mil
barris por dia em 17 de
abril – mais do que o dobro da produção diária de
2011, de 121 mil barris. O
Plano de Negócios da Petrobras para
o período de 2013 a 2017 prevê que
a marca de 1 milhão de barris por dia
no pré-sal será superada em 2017, e
atingirá 2,1 milhões em 2020.
Os investimentos da Petrobras
e de outras empresas, que também
obtiveram concessões para realizar
prospecções no pré-sal, têm criado um efeito dominó em todas as
cadeias industriais ligadas a esse
setor. Além da indústria naval – diretamente beneficiada –, a maioria
das empresas siderúrgicas e metalúrgicas nacionais tem tratado o
setor de óleo e gás com especial
deferência, investindo inclusive na
ampliação de sua linha de produção e no desenvolvimento de novos produtos, capazes de suportar a
corrosão e as intensas pressões das
águas profundas.
Um exemplo dessa preocupação
foi o investimento de R$ 539 milhões
feito pela Usiminas, em 2010, na implantação da tecnologia de resfriamento acelerado de chapas grossas,
chamada CLC (Continuous On Line
Control), na Usina de Ipatinga (MG).
O equipamento produz uma nova
linha de aços de alta resistência, que
atendem às necessidades específicas do pré-sal, batizada Sincron, e
que são utilizados em cascos de navios, oleodutos e plataformas.
Entre os fabricantes de tubos, as
empresas têm procurado adequar
seus produtos às rígidas exigências
feitas pelo mercado, tanto para a
exploração quanto para o transporte de petróleo e gás. Tradicionais
empresas do setor, como Tuper,
Tubos Ipiranga, Tubos Oliveira, V &
M do Brasil, Flexibras e Tenaris, entre
inúmeras outras, têm investido para
ampliar a produção, acompanhando
o crescimento da demanda de seus
produtos, que já ocorre e deve se intensificar nos próximos anos.
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Cais acostável
de 6.100 metros
HOUSTON CITY DOCKS
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Fotos: Divulgação
Empresas
Empresa preparada para novas demandas
Especializada em sistemas
construtivos isotérmicos,
a Isoeste amplia seu
portfólio inaugurando uma
nova unidade industrial,
dedicada à produção de
perfis metálicos.
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D
epois de décadas de marasmo,
o Brasil precisa correr contra
o relógio para recuperar sua
infraestrutura de geração de
energia, transporte e logística
em geral. A bem da verdade,
essa corrida ainda não começou, mas não
pode mais ser protelada, sob o risco de toda
e estrutura econômica entrar em colapso já
nos próximos anos. Algumas empresas preferem esperar que as obras prometidas pelo
governo tomem impulso; outras, porém, se
preparam para não perder o bonde quando
ele passar – ou para tirar melhor proveito das
oportunidades.
Uma dessas empresas é a Isoeste Construtivos Isotérmicos, com sede em Anápolis (GO),
que acaba de inaugurar uma nova unidade de
produção, apostando na possibilidade de um
aumento na demanda de seus produtos. Atuando desde 1983 no mercado da construção
civil, a empresa se especializou no desenvolvimento de tecnologia e na produção de telhas
e painéis isotérmicos, produzidos em sua sede
e em quatro filiais – São José dos Pinhais (PR),
Várzea Grande (MT), Castanhal (PA) e Vitória de
Santo Antão (PE) – e distribuídos em todo o
território nacional através de uma ampla rede
de representantes.
A nova unidade, denominada Isoeste Metálica, está localizada no Daia (Distrito Agroindustrial de Anápolis) e começou a operar em
março deste ano, produzindo perfis metálicos dos tipos Z e U Enrijecido e sistemas de
estrutura para coberturas residenciais em Light Steel Frame. “Nossa nova unidade foi projetada com o objetivo de oferecer um leque
mais abrangente de produtos para nossos
clientes, que são, principalmente, construtoras e estruturistas. Existe uma perspectiva
muito forte de crescimento nesse mercado
porque a terça metálica é um produto préfabricado, ou seja, uma mudança de conceito da construção convencional para a industrializada”, afirma o engenheiro Amélio Luis
Benedetti, diretor financeiro da Isoeste.
Considerando desde a construção civil
até os equipamentos – slitters e perfiladeiras
JUNHO/2013
15
www.siderurgiabrasil.com.br
automáticas importados dos Estados Unidos –, a implantação da
Isoeste Metálica exigiu um investimento total em torno de R$ 20
milhões. A fábrica gerou 100 empregos diretos e, com dois meses
de funcionamento, já produz em
torno de 500 toneladas mensais,
mas trabalha com a expectativa de
atingir sua capacidade instalada total de 2 mil toneladas mensais até o
final deste ano. “Nós pretendemos
fornecer essas novas soluções a
todos os nossos clientes de telhas
e painéis isotérmicos que já temos
em todo o Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Nordeste”, explica o
engenheiro Benedetti.
Em junho, a Isoeste vai participar da Construction Expo 2013, no
Centro
de Exposições
Imigrantes1
125_981_anúncio
meia pagina_AF.pdf
em São Paulo, onde vai expor sua
JUNHO/2013
ampla linha de
produtos para a
construção metálica, com destaque para a linha de canteiros
industriais, como
os que a empresa forneceu para
a usina de Belo
Monte. “Nossos
produtos significam uma mudança do conceito de canteiro
feito em madeira para o canteiro
metálico e industrializado e, portanto, feito de forma muito rápida,
ambientalmente correta, com alto
padrão de qualidade e conforto
para os 12:09
trabalhadores. Fabricados
13/05/13
em aço pré-pintado com núcleo
Matriz em
Anápolis - GO,
da Isoeste
Construtivos
Isotérmicos
de poliuretano (PUR), que não propaga o fogo, eles são também mais
resistentes a eventuais ataques de
vandalismo como os que têm ocorrido em algumas obras”, completa o
engenheiro Benedetti.
www.isoeste.com.br
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
15
www.sxc.hu
Aço Inox
Concreto armado com vergalhão de aço inox
Embora mais caro do que o aço carbono, o aço
inoxidável não sofre corrosão e garante aos
projetos durabilidade superior a 100 anos.
Arturo Chao Maceiras*
N
Foto: Divulgação
as últimas três décadas, a deterioração
prematura das estruturas tornou-se um
problema sério em
todo o mundo devido à corrosão do aço utilizado em
armaduras para cimento armado.
O custo estimado de reparos
excede os 550
bilhões de dólares e as estruturas mais afetadas são aquelas
localizadas em
ambientes marinhos ou pontes de rodovias
onde é aplicado
sal de degelo
16
siderur gia brasil Nº 93
no inverno. Em várias cidades brasileiras, milhares de marquises sem
manutenção periódica colocam
em risco ou causam acidentes por
desabamento da estrutura.
A corrosão do aço começa
quando o íon cloreto do sal (cloreto
de sódio) é filtrado através do concreto até atingir o reforço de
aço que, então,
sofre um ataque por contato. Depois
de estudar um
grande número de materiais
e soluções de
projeto alternativas, a solução adotada
pelas autoridades rodoviárias na
Europa e na América do Norte não
poderia ser mais simples: uma vez
que o aço carbono padece com a
corrosão, seria necessário usar um
aço que tem demonstrado uma
alta resistência ao ataque pelo íon
cloreto, ou seja, o aço inoxidável.
As barras com superfície nervurada, obtidas por laminação a
quente de tarugos de lingotamento
contínuo de aço inoxidável, mais resistentes do que o de aço carbono,
fabricadas em uma série de diâmetros que variam de 3 mm a 50 mm,
seguem as normas europeias, britânicas e americanas. A aplicação tem
sido incluída na Normativa Oficial de
projetos de pontes em rodovias, publicada pela Highways Agency (Authority) inglesa. O uso de vergalhão
JUNHO/2013
17
www.siderurgiabrasil.com.br
de aço inoxidável oferece as seguintes vantagens: aumento significativo
da durabilidade; redução nos custos
de reparos e manutenção; períodos
de inatividade e custos de manutenção de rotina mais baixos; menor
espessura da camada de concreto;
aumento de 50% na largura das frestas, que pode chegar até 0,3 mm;
eliminação dos agentes de vedação
do concreto (por exemplo, silanos).
Embora mais caro do que o aço
carbono, o aço inoxidável não sofre corrosão e garante ao projeto
uma durabilidade de 120 anos, no
caso de pontes em rodovias. Como
resultado, a redução do custo dos
reparos e da manutenção de rotina
se mostra expressiva. Em termos
ambientais, a redução do tempo
de inatividade necessário para a
manutenção e reparos tem menor
JUNHO/2013
impacto sobre o fluxo do tráfego, o
que torna a utilização de aço inoxidável bastante atrativa.
Apenas uma pequena porcentagem do vergalhão precisa ser de aço
inoxidável para alcançar um aumento considerável na sua durabilidade.
Nada impede que o aço inoxidável
seja utilizado junto com o reforço
de concreto convencional de aço
carbono, sem causar corrosão galvânica. O aço inoxidável apresenta
vantagens quando combinado com
elementos da estrutura com alto
risco de corrosão do aço carbono
(com o aço carbono empregado
como reforço do resto da estrutura)
ou onde o reparo é caro e difícil.
As aplicações típicas de vergalhão de aço inoxidável para reforçar
a compressão incluem pontes em
rodovias para atravessar rios, passa-
gens subterrâneas e túneis em rodovias, paredes e defesas em cais e
estruturas costeiras. Usando o vergalhão de reforço de aço inoxidável, a mistura de concreto pode ser
simplificada, uma vez que não seria
necessário fornecer a passividade
ao aço, na proteção contra corrosão. Existem vários tipos de vergalhão de aço inoxidável e a escolha
adequada para cada aplicação garante um custo viável.
*Arturo Chao Maceiras é engenheiro e diretor executivo da Associação Brasileira do Aço Inoxidável
– Abinox, nova denominação do
Núcleo Inox, associação sem fins
lucrativos formada por empresas e
profissionais que integram toda a
cadeia produtiva do aço inox.
www.abinox.org.br
www.worldstainless.org
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
17
Aço Inox
O mercado da vez
A superioridade técnica e
econômica do aço inox se
destaca nos equipamentos
para a indústria
sucroalcooleira do país.
Filtro de aço inox em usina
de cana-de-açúcar
18
siderur gia brasil Nº 93
C
ondensadores, lavadores de gás, cambotas, mesas alimentadoras, esteiras
metálicas, condutores de bagaço. Esses
equipamentos característicos das
indústrias produtoras de açúcar e
álcool, que exigem materiais com
alto nível de resistência ao desgaste e corrosão, vêm pouco a pouco, ganhando nova cara com a
opção das usinas pelo uso do aço
inoxidável em substituição ao aço
ao carbono. Só no Brasil, o setor
sucroalcooleiro consumiu, aproximadamente, 16 mil toneladas de
aço inoxidável no último ano, o
que representou um acréscimo de
cerca de 8% frente a 2011.
“As usinas estão cada vez mais
preocupadas em obter maiores
ganhos de produtividade, em reduzir as paradas para manutenção
e em elevar a qualidade no resultado final. Essa realidade certamente
está alinhada com a aplicação de
aços inoxidáveis em diversos equipamentos e processos”, comenta
o engenheiro de aplicação Lúcio
Asai Bailo, da área de desenvolvimento de mercado e assistência
técnica da Aperam.
O contínuo trabalho realizado
junto ao setor pode ser demonstrado pela incorporação do aço
inoxidável AISI 317L em colunas de
sulfitação. “O projeto iniciado com o
inox AISI 316L representou o dobro
de vida útil frente ao aço carbono e
redução nas intervenções para manutenção. Para melhorar ainda mais,
foi testado o aço inoxidável AISI 317L, que,
JUNHO/2013
19
www.siderurgiabrasil.com.br
cutivo de desenvolvimento
de mercado e
assistência técnica, Roberto
Guida.
Atenta às
oportunidades – Maior
produtor
de
cana-de-açúcar
do mundo com
mais de 560
milhões de toneladas na safra
2011/2012, o
Brasil ocupa o
primeiro lugar
entre os países
com maior volume de açúcar produzido e a segunda posição quando se trata do etanol, de acordo
com a União da Indústria de Cana
de Açúcar (Unica).
De acordo com Joner Oliveira,
pesquisador da Aperam, o cenário
tem se mostrado favorável. “A retomada no crescimento da safra, o
aumento da porcentagem de etanol na gasolina, de 20% para 25%,
e as recentes medidas anunciadas,
como a redução da carga de imFotos: Divulgação
por sua vez, apresentou desgaste
50% inferior ao 316L, representando uma vida útil pelo menos quatro vezes superior ao aço carbono”,
aponta Lúcio.
No setor, o uso envolve, principalmente, o aço K03 (410D), de
excelente resistência à corrosão e
abrasão. O material permite o aumento do tempo de safra e a redução de paradas dos equipamentos
para manutenção, resultando em
mais segurança no trabalho, redução de custos no processo final e
produtos de melhor qualidade e
eficiência térmica.
Para abastecer o mercado em
expansão, a Aperam investe na
pesquisa e viabilização de novas
aplicações para o K03. O produto
vem sendo testado, por exemplo,
em calhas de vedação para rolos de
moenda, trilhos do carro de transporte de açúcar, chapas da mesa
alimentadora de cana, curvas dos
economizadores de caldeira, entre
outros. “Em 2013, devemos comercializar aproximadamente 18 mil
toneladas de inox, em planos e tubos para o setor sucroenergético,
an_tubevia4.pdf
1
2/5/13
nos
aços K03, K39MD,
K44 e12:18
aus-PM
teníticos”, projeta o gerente exe-
postos e liberação de novas linhas
de crédito para a produção de etanol tendem a impulsionar este segmento”, diz Oliveira.
A Aperam desenvolveu um site
voltado especificamente para o setor, no qual os clientes encontram
orientação sobre o tipo de aço
inoxidável mais adequado para ser
empregado em cada fase da produção de etanol e açúcar: www.
aperam.com/brazil/port/produtos_servicos/sucroalcooleiro/
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s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
19
Congresso do Aço
24º Congresso Brasileiro do
Aço debate as perspectivas da nossa siderurgia, na crise do mercado global
A conclusão é a de que a única saída está no
crescimento do mercado interno.
Marina Teixeira de Mello
D
Fotos: www.acobrasil.org.br
urante dois dias, seiscentos representantes
da indústria siderúrgica se reuniram no
Centro de Convenções Sulamérica, no
Rio de Janeiro, para o 24º Congresso
Brasileiro do Aço, promovido pelo Instituto
Aço Brasil (IABr), que
está comemorando
os cinquenta anos de
existência. Considerado o maior evento
nacional do setor, o
congresso enfocou,
em quatro painéis, temas que estão tirando
o sono de industriais
e empresários, como
a turbulência do mercado mundial e seus
reflexos sobre nossa
economia; a influência do poderio da China sobre a situação
global; os desafios
para se chegar a um
20
siderur gia brasil Nº 93
Abertura do
Congresso com
Albano Chagas
Vieira
Brasil mais competitivo e sustentável.
Autoridades nacionais e internacionais abordaram cada um dos temas,
seguidos de debates.
Apesar da grave situação e dos
imensos obstáculos pela frente, a
conclusão foi de que para nós, brasileiros, existe uma pequena luz no fim do túnel.
O IABr enfatiza, porém,
que a retomada do crescimento no nosso país
não está no mercado
externo, mas aqui dentro. Para crescer efetivamente, o Brasil precisa
ter uma governança
que comprove a vontade de mudar a política
econômica, corrigir as
assimetrias cambiais e
tributárias, concretizar
os investimentos nas
obras de infraestrutura,
desonerar as cadeias
produtivas, e mostrar
efetividade nas ações
de defesa comercial.
Na entrevista coletiva que antecedeu o congresso, o presidente
do conselho diretor do IABr, Albano
Chagas Vieira, apresentou os números do desempenho do aço no
mercado global nos últimos anos,
e aqueles obtidos aqui no primeiro
trimestre de 2013, comparados ao
mesmo período de 2012. Houve
uma queda de 4,4% na produção
de aço bruto; as exportações caíram 4,6%; as importações foram
menores 15,4% e o consumo aparente também diminuiu em 1,7%.
Só as vendas internas tiveram um
discreto aumento: 1 %. “Os números mostram que o mercado interno precisa crescer”, reiterou Albano
Chagas Vieira. “O setor da construção civil tem mostrado desempenho aquém do esperado; não há
novas obras nem lançamentos
previstos; os projetos de parcerias
público-privadas estão em análise e
não há ainda os necessários investimentos em infraestrutura.”
Mesmo com o baixo desempenho, o Instituto Aço Brasil acredita
JUNHO/2013
21
www.siderurgiabrasil.com.br
que, para o ano de 2013, haverá um
aumento de 5,8% na produção de
aço bruto, chegando a 36,5 milhões
de toneladas, e estima que as vendas internas sejam 7,6% maiores
que as do ano passado. Acompanhando as entrevistas e análises
há anos, a revista Siderurgia Brasil
notou uma certa mudança na atitude do Instituto Aço Brasil. O tom
combativo em relação às cobranças
ao governo deu lugar a uma maior
tolerância.“ Temos que ser justos”,
argumentou Marco Polo de Mello
Lopes, presidente executivo do instituto. “O governo federal não está
paralisado. Foi parceiro na guerra
dos portos, houve um avanço na
desoneração da energia elétrica.
Vejo um movimento forte no sentido da batalha tributária”. Esse otimismo deve-se bastante à presença
JUNHO/2013
de Jorge Gerdau na presidência da
Câmara de Política de Gestão, Desempenho e Competitividade do
governo federal – um representante importantíssimo do setor, empenhado em defender os interesses da
siderurgia junto à presidente Dilma.
O cenário mundial e os desafios de um Brasil competitivo
Na abertura do congresso, o
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ressaltou a importância do aço na indústria brasileira e
lembrou que o estado do Rio de
Janeiro responde por 30% da produção de aço no Brasil. O governador afirmou que o Rio de Janeiro
deverá receber, nos próximos três
anos, investimentos de 120 bilhões
de reais, visando aos eventos internacionais que vão acontecer na
cidade, a infraestrutura e a expan-
são do estado. Já Ricardo Schaefer,
secretário adjunto do ministério
da Indústria e Comércio Exterior,
ressaltou a importância da nomeação do diplomata Roberto Azevedo para a Organização Mundial
do Comércio. “O mercado do aço
é bastante desafiador, e temos a
possibilidade do embaixador poder trabalhar pela melhoria do nosso segmento”. Ele garantiu que na
agenda do seu ministério está um
conjunto de medidas para buscar
a competitividade da cadeia produtiva, como a questão do câmbio,
a tributária e a desoneração de vários setores do aço.
Responsável pela palestra inaugural, o professor Dany Rodrik,
nascido em Istambul, responsável
pela cadeira de Economia Política da Universidade de Harvard e
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
21
Congresso do Aço
doutor honoris causa pelo Centro
de Economia Política de Londres,
demonstrou em diversos gráficos o
desempenho e as crises do mercado mundial nos últimos cinquenta
anos. Há uma desendustrialização
em todo o mundo, até mesmo nos
países mais bem-sucedidos, como a
Alemanha. Na sua visão, o futuro do
crescimento parece mais cinzento
do que no passado. Ao falar sobre
nosso país, observou que, desde
1970, o Brasil está mais próximo
dos países ricos – não porque tenha
crescido mais, mas porque aqueles
países não estão se saindo com bom
desempenho. E foi enfático: “O Brasil
tem capacidade e potencial para
um bom desenvolvimento. Mas não
pode seguir o modelo antigo e nem
o de países da Ásia. A política industrial hoje é muito mais sutil, voltada
para parcerias e estratégias entre o
governo e as indústrias. É necessário
aumentar a demanda interna, ser
prudente com a dívida externa e
investir em dois fundamentos: o capital humano altamente qualificado,
e a boa governança. Num ambiente
global cheio de armadilhas, um modelo democrático robusto e forte
pode ajudar.”
22
siderur gia brasil Nº 93
24º Congresso
Brasileiro do Aço
O panorama mundial da indústria do aço foi o tema do primeiro
painel, coordenado por Albano
Chagas Vieira. Há mais de quinze
anos na indústria do aço, Joachim
Schröder, CEO da Research and
Consulting Group AG, não vê com
otimismo as perspectivas do mercado mundial, principalmente pelo
excesso de capacidade de produção, que chegou a 545 milhões
de toneladas em 2012, e deve aumentar em 2013, em contraponto
ao consumo menor. Na Europa, a
produção continua lá e há um fluxo
comercial intensivo entre as regiões,
porque são próximas. “Leva-se mais
tempo para ir ao centro, em São
Paulo, do que para ir de um país a
outro na Europa”, brincou. Schröder
acredita que, numa projeção de
2016 a 2020, a construção civil vai
permanecer como a força maior,
seguida pela automotiva e a de maquinaria. A Alemanha continuará
sendo o país mais poderoso da Europa. A Polônia e a Turquia devem
crescer, mas não se comparam à
Europa Central. Já a Índia não deve
dobrar a demanda e a China não
estará se desenvolvendo tanto em
2021. Para a América do Norte, ele
prevê crescimento moderado, com
um consumo maior do aço no setor
automotivo. O professor se mostra bastante otimista em relação à
América Latina, embora o consumo
per capita ainda seja muito baixo.
Para Daniel Novegil, CEO da
Ternium e presidente da Alacero, o
setor latino-americano tem altíssimo potencial de competitividade,
matéria-prima, recursos humanos e
capacidade de produção, mas está
sendo prejudicado pelo excesso de
capacitação mundial que tem como
consequência as exportações, muitas
vezes com práticas desleais na entrada de produtos siderúrgicos e metalmecânicos. A China, especialmente, é
a maior exportadora desses produtos
para os principais países da América
Latina. “As importações de produtos
da China cresceram aqui dezoito vezes, nos últimos oito anos”, disse. O
Brasil, pela política cambial e tributária,
é o mercado mais atrativo da América
Latina. A China vai ganhando espaço
no Brasil, Venezuela, Argentina, México, Colômbia, e isso causa a desendustrialização, afeta a economia. Para
cada milhão de dólares perdidos na
importação, são perdidos de 46 a 64
empregos altamente qualificados.
A China não pode ser analisada
como um todo, mas a partir das suas
diferenças regionais, salientou Chris
Houlden, gerente de pesquisas da
CRU, especialista em Ásia. “O país é
um imenso mercado de aço – 47%
do mercado mundial – mas, assim
como é gigantesco, tem muitas diferenças, dialetos e culturas entre as
províncias. O mercado interno também é bastante diversificado. Nas
grandes cidades (Litoral oriental) o
consumo de aço é o maior (mais
de um quilo por pessoa), há muitas
construções, que representam 50%
do consumo, a maquinaria e, em
menor escala, o setor automotivo. O
JUNHO/2013
23
www.siderurgiabrasil.com.br
crescimento já se estendeu, e cresce
nas províncias do interior e da costa
oeste. Chris Houlden acentua que
a mudança na produção se reflete
na demanda, e provavelmente terá
uma desaceleração até 2020. E conclui:” Crescimento de dois dígitos é
coisa para o passado.”
As diferenças e desafios na Europa, ainda sob o impacto da crise
econômica, foram enfocados por
Hans Kerkoff, Presidente do Comitê de Economia do Worldsteel e da
Federação Alemã do Aço. “A União
Europeia esteve em recesso neste
primeiro trimestre. Tivemos crises
políticas na Itália, Espanha, Grécia,
Chipre. A crise do Euro está longe
de ser resolvida”, observou. As diferenças regionais tornam o mercado do aço bastante diversificado.
Apesar da produção ser forte no
JUNHO/2013
Norte Europeu, no Sul é bem fraca. Na Alemanha, país mais forte, o
crescimento diminuiu, mas o governo alemão conseguiu manter o
ritmo. Com a austeridade econômica decorrente da crise, o mercado do aço entrou em declínio.
O setor de construções continua
fraco, e a produção automotiva
caiu no Leste Europeu. Somente
as grandes marcas continuam a
exportar para os Estados Unidos.
“Os mais importantes produtores europeus estão pensando
em reformas estruturais para
combater a crise e ganhar competitividade, disse o economista.
”Estamos preparando um plano
de ação para o setor do aço, com
a melhor forma de enfrentarmos
a concorrência, os desafios na
área de energia, as inovações e a
política ambiental.” Kerkoff acrescentou que na Alemanha a meta
é ambiciosa, prevendo o uso da
energia nuclear até 2020.
Em relação aos Estados Unidos,
o vice-presidente da Steel Manufacturers Association, Adam Parr, vê
razões para o otimismo. Apesar dos
grandes desafios, como o déficit
comercial, o excesso de produção
de aço e derivados, a deterioração
da infra-estrutura e a difícil relação
comercial com a China, nos últimos
meses foram registradas melhorias
nas áreas de construção civil e automotiva, aponta. “O país tem recursos de gás e óleo, os preços permanecem baixos e há interesse em
investimentos que trazem aumento
de empregos. O aço é cíclico, e a
volatilidade vai continuar. Mas as
empresas norte-americanas têm
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
23
Congresso do Aço
forte atuação, grande capacidade e
competitividade.”
O segundo painel do congresso, coordenado por Marco Polo de
Mello Lopes, enfocou O desafio Brasil competitivo. Na conferência de
abertura, Jorge Gerdau Johannpeter,
presidente da Câmara de Política de
Gestão, Desempenho e Competitividade do governo federal, deixou
claro que, em termos de gestão, o
capítulo mais difícil é o da definição
da governança e das estratégias. “Informações não faltam, mas as saídas
não são fáceis”, acentuou. “As perguntas que temos que fazer, não só
para o setor como para o país, são:
‘Onde estamos, e onde queremos
chegar? Qual o impacto da globalização no nosso negócio, no Brasil?” Jorge Gerdau lembra que é necessário
pensar em macroestratégia, acordos
bilaterais e estruturais. “No cenário
de hoje, estamos vivendo estruturas
artificiais. Nosso aço tem qualidade
para competir, mas é o aço mais caro
do mundo, pela estrutura tributária e
logística. A tributação no Brasil é um
escândalo, a obsolescência gerencial
dos impostos é insustentável. Não
podemos pensar em competitividade sem investir nos três pontos em
que estamos fora: a educação, a logística e a política tributária.” Gerdau
24
siderur gia brasil Nº 93
Coletiva: Marco
Polo de Mello
Lopes (presidente
executivo), Albano
Chagas Vieira
(presidente do
conselho) e Benjamin
M. Baptista
(vice-presidente
do conselho)
afirma que a administração da presidente Dilma tem feito esforços e há
avanços na busca de soluções para
os problemas, como os da energia,
as parcerias público-privadas, a estruturação dos portos.
Os debates sobre o tema foram
intensos. Na opinião de Francisco
Gaetani, secretário executivo do
Ministério do Meio Ambiente, (que
representou a ministra Isabella Teixeira), há um desconhecimento do
setor público em relação ao privado, e vice-versa. O papel da Indústria do aço é pouco compreendido
pela sociedade, assim como a sua
importância para o desenvolvimento do país. Ele vê duas questões essenciais no setor público: “Grande
parte das reformas que temos hoje
estão em ponto cego; os esforços
do governo estão aí e precisam ser
vistos”. O secretário reconhece que
há muitos desafios, e afirmou que o
governo reage à pressão e ao diálogo. “A presença do Dr. Jorge Gerdau
é um contínuo incômodo para o
governo, levando os problemas que
precisam ser resolvidos”, concluiu,
bem-humorado.
Presidente executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores
Livres (Abrace), Paulo Pedrosa enfatizou que a entidade batalha há
quase trinta anos
por uma energia
mais competitiva.
“O país reverteu
a tendência de
olhar a energia
sob um ponto de
vista perverso de
ganhos conceituais, passando
a reconhecer o
compromisso
com a competiti-
vidade”, afirmou, “mas os resultados
ainda são insuficientes”. Lembrando
que o Brasil tem uma das energias
mais caras do mundo, frisou que a
redução de 9% a 18% no custo da
energia trouxe benefícios para a
grande indústria, mas são ainda pequenos. “É essencial implementar
novas propostas de políticas para
o gás natural. Reduzir o custo do
transporte, definir parâmetros de
preços diferenciados para grandes
indústrias. Só assim será possível
promover um crescimento nos próximos quinze a vinte anos.”
O Projeto estratégico do Estado
brasileiro foi apresentado por Bernardo Figueiredo, diretor presidente da Empresa de Planejamento e
Logística (EPL). Trata-se de um programa de investimentos de logística
para a construção, modernização e
integração de ferrovias, rodovias,
hidrovias, portos e aeroportos. Para
isso, são previstas a articulação com
as cadeias produtivas e a intensificação de parcerias com a iniciativa
privada. “O Brasil depende de transformações profundas na logística e
na infraestrutura”, salientou o economista. “No setor de transporte
rodoviário, vemos veículos com
dezoito anos, motoristas dirigindo
vinte horas seguidas, caminhões
carregando peso excessivo”. O programa (de 2012) ainda não decolou.
A publicação dos editais está atrasada, e deverá sair até o final de 2013.
Regras mais claras e estáveis, assim como segurança jurídica para os
investidores são fundamentais para
alavancar a competitividade. Com
essa premissa, Flávio Castelo Branco,
economista e consultor de políticas
econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com doutorado em Nova York, sublinhou: “Temos que sair do plano dos desafios
e passar à implementação. Colocar
JUNHO/2013
25
www.siderurgiabrasil.com.br
incertezas em alguns projetos faz
com que eles sejam adiados ou até
cancelados. A questão é crucial. Temos que construir o ambiente para
que as empresas realizem negócios”.
Paulo Castelo Branco enfatizou que
nosso sistema tributário é “um manicômio”, e o setor manufatureiro é
o mais atingido. “Não há nenhum
país emergente com carga tributária mais elevada do que a brasileira”,
salientou. “Os empresários têm que
fazer todo o esforço para cumprir as
obrigações e exigências. A regulamentação exagerada e os tributos
cumulativos impedem a desoneração de importações e afastam os
investimentos.” Para o economista,
não adianta querer resolver a questão por partes, como peças de um
quebra-cabeças. “É preciso acabar
com as distorções, eliminar os tributos absurdos, tornar o sistema mais
simples e transparente, em conexão com o resto do mundo.” Esta é
a meta que a Confederação Nacional da Indústria deve apresentar em
Brasília, ainda este mês.
Encerrado o painel, Albano Chagas Vieira apresentou o lançamento
do Relatório de Sustentabilidade
do setor, já em seu oitavo ano, e a
diretora de assuntos institucionais
do Instituto Aço Brasil, Cristina Yuan,
enfocou os resultados do Protocolo de Sustentabilidade do Carvão
Vegetal, assinado em abril de 2012,
com a ministra do Meio Ambiente
Isabella Teixeira. “Fomos várias vezes
a Brasília e já temos várias ações realizadas”, disse. “Firmamos compromissos com a cadeia produtora de
gusa e carvão vegetal com biorredutor. Nossa meta é unificar e padronizar as iniciativas que já existem
individualizadas. O Brasil é um território imenso, não há como fiscalizar
a todos. Estamos estabelecendo
um modelo, com certificação creJUNHO/2013
denciada, com a colaboração da
Vale, que já desenvolve vários projetos. Vamos buscar parcerias com
o poder público, para o desenvolvimento da conscientização social
e ambiental”. Cristina Yuan acredita
que até 2016 o projeto estará em
pleno funcionamento.
As atividades do primeiro dia do
congresso se encerraram com uma
solenidade comemorando o jubileu de ouro do Instituto Aço Brasil.
Um vídeo institucional mostrou um
pouco da história e do desempenho do instituto, desde que foi criado em 31 de março de 1963, então
com o nome de Instituto Brasileiro
de Siderurgia, até os dias de hoje –
passando por tantas mudanças históricas, políticas e econômicas do
país. Foram homenageados com a
entrega de uma medalha dezesseis
pessoas que fizeram parte da história do IABr. Ex-presidente do Conselho, Maria Silvia Bastos Marques
agradeceu em nome dos homenageados. Descreveu como intensa e
marcante a sua passagem pelo setor da siderurgia e reforçou a importância do aço para o Brasil, citando o
slogan: “O Brasil é de Aço!”
Sustentabilidade e economia
mundial
Os desafios da sustentabilidade
na indústria do aço foram o tema do
painel que abriu o segundo dia do
congresso. Coordenando as apresentações, o vice-presidente do
conselho diretor do IABr, Benjamim
Mário Batista. realçou que a palavra “sustentável” engloba não só o
meioambiente, mas tem dimensões econômicas, sociais e ecológicas. Ele discorreu sobre os muitos
problemas que estão afetando o
setor em todas as áreas, destacando
a valorização do real, o processo inflacionário e a contração de preços
no mercado internacional.
“Se não houver equilíbrio econômico, não haverá sustentabilidade social ou ambiental”, enfatizou o
primeiro palestrante, André Gerdau
Johannpeter, CEO da Gerdau, conselheiro do IABr, membro da World
Steel e da Alacero. Através de gráficos, ele mostrou o impacto da carga tributária no setor siderúrgico, e
como o excesso de capacidade do
aço no mundo se reflete no caixa
negativo desde 2009. O Brasil continua com o real muito valorizado, o
que dá margem às importações elevadas; há um aumento de custo do
pessoal; a CLT é a mesma de setenta
anos atrás, piorada. “Nosso país não
está conseguindo competir”, resumiu. André enfatizou que a siderurgia no Brasil tem um perfil invejável:
um excelente parque industrial,
profissionais qualificados, minério
de ferro de qualidade, capacidade
para investir, agilidade e flexibilidade na gestão, desempenho operacional entre as melhores do mundo.
Tudo isso traz boas perspectivas de
crescimento. Mas é necessário promover o aumento do consumo, a
redução da carga tributária, elevação da taxa de investimento e isonomia no fair trade.
Atuando como analista econômico da Vale 1977, Murilo Ferreira,
presidente da empresa, demonstrou que a Vale investiu pesadamente – R$ 2,8 bilhões –, de 2010
a 2012, na área ambiental. Foram
feitas barragens, recuperação de
áreas preservadas, medidas para
redução de emissão de CO2 e pó, recursos hídricos, mais de dez mil quilômetros quadrados de florestas. O
economista enfatizou que 70% da
água utilizada são reaproveitadas,
e 20% da matriz energética vêm de
fontes renováveis. Apontou ainda
o maior projeto da história da Vale,
que é expandir o minério de ferro,
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
25
Congresso do Aço
de qualidade superior, para chegar
a noventa milhões de toneladas, de
2013 a 2017. “É a maior contribuição
que podemos fazer para diminuir a
volatilidade do mercado e garantir a
sustentabilidade”.
Julian Eguren, presidente (CEO)
da Usiminas ressaltou que a dimensão da sustentabilidade econômica
está na diferenciação do mercado,
com investimentos na área ambiental e na educação de qualidade.
Como exemplo, apontou a Coreia
do Sul, que passou de um consumo de 160 kg per capita, em 1970,
para atuais 1.157 kg per capita. “Inovação é o desafio para o nosso setor”, acentuou. “A Usiminas investe
em inovações e na valorização das
cadeias produtivas e da educação
básica. Há um delicado equilíbrio
entre valor e excelência.”
As perspectivas da indústria global do aço foram enfocadas por Sigurd Mareels, diretor financeiro da
McKinsey & Company. Em sua opinião, a situação não é sustentável e
está ainda pior do que no início da
crise econômica de 2008. A sobrecapacidade é altíssima e os mercados financeiros não acreditam nos
investimentos em carvão. O fluxo
de caixa foi negativo em 2012, poucas empresas chegam a 16 a 17%
de Ebitda, e nem mesmo aos 9%
que são o mínimo para sobreviver.
“A capacidade global da indústria –
US$ 30 bilhões – é insuficiente para
financiar empresas que estão indo à
falência”, observou Sigurd Mareels.
“Seriam precisos U$ 100 bilhões a
US$ 150 bilhões de dólares para
equilibrar a situação.”
Nos debates que sucederam às
palestras, Murilo Ferreira disse que
em 160 viagens que fez no ano
passado, pela Vale, pôde constatar
como a economia nos países vai
mal. “Existe um processo mundial
26
siderur gia brasil Nº 93
de recessão”, analisou. O presidente da Vale acredita que o processo
de reestruturação é complicado.
Os Estados Unidos enfrentam situações dolorosas, a Europa vem
administrando graves crises. “Achar
que pode ser um processo benigno no Brasil é ingênuo. A crise de
2007 não acabou.”
Como está a indústria do aço na
China? Quem respondeu a essa pergunta, em uma conferência especial,
foi a professora Haiyan Wang, sócia
do Instituto China-Índia e diretora
do International Office at the School
of Economics and Management, autora de dois livros. Simpática e bemhumorada, ela disse que nasceu na
década de 60, e só estava presente
porque sua mãe atendeu aos entusiásticos apelos de Mao Tse-Tung e
teve cinco filhos (hoje os chineses
têm um só filho). Diante da nova
realidade global, ela acredita que a
economia chinesa vai desacelerar,
nos próximos anos, mas não estagnar como aconteceu no Japão. “A
desaceleração pode ser positiva. A
China é muito pobre e temos um
longo caminho pela frente, mas o
país continuará crescendo e nosso
PIB pode se tornar maior do que o
dos Estados Unidos até 2025”. Na
sua visão, a Índia também crescerá,
e nessa época deverá ser a terceira
economia do mundo. Haiyan Wang
ressaltou a importância dos mercados da América Latina e Brasil para
a exportação do aço chinês, e discorreu sobre a necessidade cada vez
maior do minério de ferro para o seu
país, o que vem promovendo investimentos em projetos de exploração
na África e no Canadá. Já os investimentos em infraestrutura vão diminuir, pois mesmo que construa mais
aeroportos, por exemplo, eles serão
menores. O setor de construção civil
ainda está crescendo, mas vai passar
para o estágio da desaceleração. “Vamos continuar como um dos países
mais competitivos, pois temos mão
de obra barata e qualificada”. A professora reconhece que o crescimento acelerado e não muito limpo está
causando graves danos ambientais
na China. “É sinistro ver a população de cidades grandes e pequenas
usando máscaras”. E concluiu: “Só
teremos a China dos nossos sonhos
quando tivermos um céu azul”.
Situação da economia mundial
e perspectivas foram o enfoque
do quarto e último painel, aberto
com uma conferência da respeitada economista Carmen Reinhart,
professora na Universidade de Harvard e autora do livro “Oito Séculos
de Delírios Financeiros – Desta vez
é Diferente” – um estudo minucioso das crises financeiras mundiais
dos últimos séculos, escrito em
conjunto com o também professor Kenneth Rogoff, ex-economista
chefe do FMI e conhecido como o
‘pai das políticas de austeridade’ Ela
analisou como a dívida –- pública,
privada e doméstica – afeta as economias, mesmo as mais avançadas
como a dos Estados Unidos, Japão
e Europa, provocando desemprego
alto e crescimento débil. “Sem querer dramatizar, digo que a crise hoje
é a mais grave, desde o crash da
década de 1930”, declarou. Embora
haja muito boa vontade e esforços
para manter o Euro, a Europa está
‘patinando’ diante do perdão das
dívidas de países como a Espanha,
Irlanda e Chipre, e vai precisar de
uns sete anos para reestruturar sua
economia, abatida pela crise. Os
Estados Unidos também sofreram
40% de cortes, tiveram grandes
perdas e vêem o dólar desvalorizado em relação ao ouro.
Carmen Reinhart vê hoje os
mercados emergentes como a luz
JUNHO/2013
27
www.siderurgiabrasil.com.br
no fim do túnel. “Depois que foram
atingidos pela primeira onda, estão
se fortalecendo muito mais do que
as economias avançadas.” Esses mercados emergentes, como o do Brasil,
vão continuar a ser um “magneto”
para atrair os investidores estrangeiros. No entanto, ela alerta para
o grande perigo, que é a tentação
de tomar empréstimos no exterior.
A entrada maciça de capital traz o
boom de imóveis, ativos e créditos.
O Banco Central compra reservas e
‘esteriliza’ essas compras. Isto custa
caro e há probabilidade de uma crise
bancária. “O Brasil foi capaz de resistir à crise de 2008, mas precisa estar
atento à crise global e aos riscos das
dívidas e grandes entradas de capital
estrangeiro”. “É importante olhar para
dentro do país. Há nuvens no horizonte. Tenham precaução para não
dar barato os últimos anos de benefícios que tiveram”.
Após a conferência, foram abertos os debates, coordenados pelo
jornalista Sydney Rezende. Participaram Alexandre Lyra, conselheiro
do IABr e diretor geral da V&M; Paulo Godoy, presidente da Associação
Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e Julio Bueno,
secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro.
Paulo Godoy ressaltou que,
sendo o Brasil uma atração econômica global, é preciso avaliar o que
vem sendo feito aqui. Nas viagens
pela Abdib teve contato com a
economia de diversos continentes e países, para poder comparar
com a nossa. “Estamos revendo
nossa política externa e estudando
como melhorar a competitividade”,
disse. A logística está muito aquém
do que deveria. Os investimentos
cresceram mas não são suficientes; teriam que ser elevados para,
JUNHO/2013
no mínimo, 6% do PIB. Para ter
ajuda do capital estrangeiro, seria
necessário ter credibilidade, transparência, certeza do cumprimento
de contratos, rentabilidade e segurança política. Temos perspectivas
positivas, mas é preciso investir, a
começar pela educação.
Julio Bueno vê a economia
brasileira com um olhar “absolutamente preocupado”. Citou o baixo
crescimento, a inflação crescente,
os preços altos dos serviços pressionados pela manutenção da taxa
de juros. “Esses indicadores mostram a deterioração da nossa política econômica”. O secretário classificou como “um erro grosseiro” a
mudança no marco regulatório do
petróleo, que vem causando a perda de grandes oportunidades ao
país. O congelamento do preços
dos combustíveis é outra armadilha, mostrando crescimentos artificiais e deteriorando os investimentos no etanol. O gás brasileiro custa
três vezes mais do que o americano. “Há um enforcamento na infraestrutura brasileira”, dispara. “Desde
os horrorosos aeroportos, estradas,
ferrovias e portos. Isso seria resolvido com a participação das empresas privadas.” Julio Bueno não tem
dúvidas da enorme capacidade de
crescimento do país, desde que sejam tomadas medidas para reverter
esse quadro.
Diretor geral da Vallourec, empresa francesa, cuja matriz passa
pelas dificuldades do grupo europeu, Alexandre Lyra disse que o
grupo vem investindo nos mercados emergentes e americanos. Ele
externou a grande preocupação do
setor de óleo e gás com a mudança
da política industrial, que previa o
uso de 80% de componentes locais
para os equipamentos. “Era uma política que estava dando certo, mas
Lançamento
do Relatório de
Sustentabilidade:
Francisco Gaetani,
secretário executivo
do Meio Ambiente
agora, com os problemas de caixa
da estatal, está radicalmente alterada”. O diretor ressaltou que 60% da
receita da Vallourec vêm do óleo e
gás, e há uma grande preocupação
com as políticas de marcos regulatórios e a segunda rodada do présal, em que já estão sendo previstas
reduções no conteúdo local. “Queremos deixar bem claro para o governo que todos investiram pesado,
nos últimos anos, no petróleo. Com
essas mudanças, não queremos ficar
com o mico!”
No encerramento do 24º Congresso Brasileiro do Aço, Benjamim
Mário Baptista Filho, vice-presidente do conselho diretor do IABr, fez
um apanhado dos principais temas apresentados e debatidos nos
dois dias do evento. A conclusão é
de que a indústria do aço no Brasil
está plenamente capacitada, com
parques, produtos, tecnologia avançada e mão de obra qualificada. “A
única saída para a nossa siderurgia
está dentro do país, no crescimento
do mercado interno”.
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
27
Opinião
Inflação: lá vem ela.
Mais uma vez!
A adoção de medidas
de estímulo ao consumo
como forma de manter
o crescimento mostra
agora sua pior face: o
crescimento desordenado
dos gastos públicos e o
descontrole da inflação.
Ricardo Martins*
www.sxc.hu
M
28
siderur gia brasil Nº 93
ais uma vez a inflação retorna aos
noticiários e à realidade econômica
brasileira. Retorna
para tirar a tranquilidade do cidadão comum, do
empresário e do governo. Mas já
era de se esperar, depois da festa
de gastança que foi o governo
do ex-presidente Lula, principalmente no final, para poder eleger sua sucessora. Ela, que agora
comanda um governo que ainda
não soube demonstrar com clareza o que pretende fazer para
alcançar o tão propalado “Pibão”
sem comprometer as metas de
inflação, que cada vez mais parecem perder importância.
Não podemos esquecer que
nem mesmo o governo passaJUNHO/2013
29
www.siderurgiabrasil.com.br
JUNHO/2013
de um sem número de necessitados, colaboram para aumentar
o déficit público e o descontrole da demanda, que juntos são
puro combustível para a fogueira da inflação.
Minha grande preocupação
com a volta da inflação reside no
fato de que sempre a primeira e
maior sacrificada será a indústria
brasileira. Comprova-se isto pelas desencontradas informações
dadas pelo governo no que diz
respeito às formas de combate
à inflação. A primeira e mais conhecida é o aumento dos juros,
o que fará com que o consumo
seja refreado e com isto as classes produtivas, chamadas pelo
governo de especulativas, tenham que rever seus aumentos
de preços. Não obstante jogue
para o setor produtivo a culpa
dos aumentos, o governo sabe
muito bem que, quando existem tais aumentos, se referem
simplesmente ao repasse de
aumentos de custos e despesas.
Vejam-se, por exemplo, os aumentos reais de salários dados
aos funcionários da indústria
nestes últimos anos, sem que
isto tenha representado ganhos
de produtividade. A outra grande saída para tentar frear a inflação é a valorização do real que
torna mais baratos os produtos
importados, mais uma vez visando a que os setores produtivos
nacionais refreiem os aumentos
de seus preços. Nem é necessário comentar que, tornando os
produtos brasileiros mais caros,
o governo deprime as exportações e favorece a importação
de produtos com preços impossíveis de serem acompanhados
pela indústria nacional.
O governo se esquece de
que o crescimento sustentável
tem como base a adoção de medidas de incentivo duradouras,
lastreadas por investimentos em
infraestrutura e reorganização
tributária, como forma de permitir a nós, aqueles que produzimos riqueza, trabalhar com mais
segurança e produtividade. O
aumento da taxa de juros é uma
medida paliativa, que retira a capacidade de geração de riquezas
do setor produtivo e a entrega
àqueles que nada produzem e
foram durante muitos anos os
grandes beneficiários da economia brasileira: os bancos. O dinheiro que enriquece os bancos
vem dos juros pagos por toda a
sociedade e pelo governo, que
ao final repassa sua conta à sociedade criando um monstruoso
círculo que sempre nos leva de
volta ao mesmo ponto, mesmo
que se passem muitos anos.
*Ricardo Martins é diretor do
Centro das Indústrias do Estado de
São Paulo (Ciesp), Distrital Leste
(www.ciespleste.com.br) e diretor
de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp. Também
é vice-presidente do Sicetel – Sindicato Nacional das Indústrias de
Trefilação e Laminação de Metais
Ferrosos.
[email protected]
Foto: Divulgação
do deixou de lado o controle
da inflação, que foi a principal
meta do Plano Real, criado por
seu antecessor, na época em
que a superinflação corroía orçamentos das empresas, do governo e dos contribuintes. Com
certeza os governos do PT se
esqueceram de que a base para
um crescimento sustentável e
sem inflação é o controle dos
gastos públicos, foco principal
das medidas adotadas à época
do Plano Real e que agora parecem ter sido relegadas a um segundo plano para tentar manter
um mínimo de crescimento no
pós-crise de 2008/2009. A adoção de medidas de estímulo ao
consumo como forma de manter
o crescimento mostra agora sua
pior face: o crescimento desordenado dos gastos públicos e o
descontrole da inflação.
Um dos principais motivos
para a aceleração da inflação é
a existência de um orçamento
deficitário por parte do governo,
cuja consequência é a emissão
de dinheiro. Orçamentos deficitários são gerados por gastos
crescentes e extravagantes, os
quais o governo é incapaz de
cobrir utilizando exclusivamente
suas receitas de impostos, que
por sinal têm batido sucessivos recordes. Gastos excessivos
decorrem principalmente dos
esforços do governo em redistribuir riqueza e renda para determinados setores, isto é, esforços
para retirar recursos dos produtivos para sustentar os improdutivos de todas as classes. Os programas de renda mínima sem a
exigência de uma contrapartida,
excelentes para eleger governos
populistas, se por um lado garantem a entrada no mercado
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
29
Cenário do Aço
Distribuição de aço
está muito pressionada
Segundo Carlos Jorge Loureiro, presidente do Inda/Sindisider, a entrada
de aço contido, aquele já em forma de peças ou produtos finais vai
aumentar ainda mais o déficit na balança comercial do setor.
Foto: CSN
“O
30
s resultados
de abril salvaram o período”. Esta foi a
primeira frase
proferida por
Carlos Jorge Loureiro, presidente
do Inda e do Sindisider em entrevista exclusiva concedida à revista
Siderurgia Brasil, para expressar
a atual situação do setor de distribuição de aços planos.
Os associados do Inda/Sindisider representam cerca de 80% da
distribuição de aço no Brasil. São
distribuidores ou centros de serviços
independentes ou ligados acionariamente a usinas produtoras de aço.
siderur gia brasil Nº 93
O resultado do mês de abril
mostrou um crescimento de 11,1%
nas vendas em relação a abril do
ano passado e 7,5% em relação ao
mês de março deste ano. Foram
vendidas 383,1 mil toneladas, pela
rede de distribuição contra 344,8
mil do mês anterior. As compras
foram superiores a março em 4,3%,
e com isso o estoque da rede totalizou 1.017,4 mil toneladas o que
representa 2,7 meses de consumo.
(O ideal é 2,5 meses).
Segundo Loureiro, a boa novidade é que foi possível detectar uma pequena melhora nas
margens de comercialização, o
que ajuda a minimizar as per-
das amargadas em períodos recentes. Mas há outra novidade
que fica por conta do aumento
de inadimplência, o que leva as
empresas a se preocuparem um
pouco mais com a questão de
seus setores de créditos.
Outro detalhe levantado por
Loureiro sobre o setor é que como
reduziram-se as importações de
janeiro a abril de 2013, uma vez
que foram menores em 26,5%
sobre o mesmo período de 2012,
reduziu-se também o prazo de
pagamento, tornando um pouco
mais apertado o fluxo de caixa das
empresas. Ele acredita que isto se
regulariza nos próximos meses,
JUNHO/2013
31
com um melhor planejamento financeiro das empresas.
Mas Loureiro alerta que o grande problema continua sendo o
consumo aparente do aço no Brasil.
Enquanto em países como a China
registra-se consumo superior a 500/
kg/habitante/ano e na Europa são
mais de 300 kg/habitante, no Brasil
não se consegue superar a barreira dos 100/kg/habitante. Já neste
período de quatro meses foi registrada mais uma retração de 2,5%.
Se for mantida a mesma situação,
ao final do ano teremos um consumo aparente que se aproximará
do consumo de 2008, que segundo
Loureiro, “é insuficiente para manter
o setor saudável”.
Outro grande problema, que
parece não ter solução imediata é
a questão da chegada do aço contido, ou o aço já em forma de peças ou produtos finais. O balanço
mostra que já entraram no Brasil
1.753 mil toneladas neste primeiro
quadrimestre, sendo que chamou
a atenção para a importação de
peças estruturais e autopeças. Segundo Loureiro, grande parte dos
estádios que eram uma aposta para
elevar o consumo nacional vieram
JUNHO/2013
prontos de fora.
No caso das autopeças,
esse
problema
traz
novo agravante
que é a tomada
pelos importados dos consumidores naturais
dos distribuidores que em parte
são as empresas
de usinagem e
estamparia que
elaboram as autopeças. Para o
Brasil a situação
fica mais grave
ainda, pois está sendo levado para
fora o emprego que a indústria poderia proporcionar aos brasileiros.
Com isso, deduz- se que a economia pode até apresentar uma
evolução considerável com a inclusão da nova massa de consumidores, mas para o setor siderúrgico, eles são compradores de bens
que já chegam, em grande parte,
prontos de fora.
E a projeção para o futuro?
Loureiro diz: “Do jeito que a siderurgia mundial caminha, com
Foto: Divulgação
www.siderurgiabrasil.com.br
registro de capacidade ociosa em
todos os cantos do mundo e agora
com a novidade que a China está
derrubando os preços internacionais, pelo excesso de produção, é possível esperarse novos dias amargos
para o setor”.
Quanto aos preços internos, as usinas já tentaram recuperar preços em
duas vezes neste ano, sendo que somente uma emplacou totalmente. Mas,
com a queda dos preços
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
31
Cenário do Aço
32
siderur gia brasil Nº 93
JUNHO/2013
33
www.siderurgiabrasil.com.br
JUNHO/2013
to em comparação a março, de 4,3%, totalizando
401,6 mil toneladas ante
385 mil toneladas. Sobre
o mesmo mês de 2012,
quando foram compradas
346,8 mil toneladas, a alta
foi de 15,8%.
No acumulado do primeiro quadrimestre de
2013, as vendas somaram
1.426,3 mil toneladas, ficando praticamente estáveis em relação ao mesmo
período do ano passado,
com 1.424,3 mil toneladas –
aumento de 0,1%. As compras tiveram incremento de 4% em relação
a 2012, com um volume total de
1.499,6 mil toneladas sobre 1.442
mil toneladas.
Importações e estoques
De acordo com o Sindisider, a
importação de aço plano comum,
realizada pelo mercado brasileiro,
encerrou abril com crescimento de
48,6% em relação ao mês anterior,
totalizando 133,9 mil toneladas
contra 90,1 mil toneladas. Quando
comparadas a abril de 2012, com
103,9 mil toneladas, a elevação foi
de 28,9%. No acumulado do primeiFoto: Divimec
internacionais que no fim da semana passado vinham registrando
recuos significativos, é possível que
se retorne aos patamares do fim do
ano passado.
Por fim ele não quis fazer um
prognóstico sobre o crescimento
do setor de distribuição, apresentada em entrevista pelo Guia de
Compras da Siderurgia Brasileira
em fevereiro deste ano, que apontava para um crescimento de 6%.
Segundo Loureiro, em julho ou começo de agosto a entidade que ele
preside irá reavaliar as expectativas
para o ano de 2013.
O Sindisider (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Produtos Siderúrgicos) aponta um
crescimento de 7,5% nas vendas de
aços planos em abril, com relação
ao mês anterior, totalizando 383,1
mil toneladas contra 356,5 mil toneladas. Sobre o mesmo período
do ano passado, quando foram
vendidas 344,8 mil toneladas, a elevação foi de 11,1%. Os dados são
apurados junto aos distribuidores
associados ao Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço).
As compras realizadas em abril
também apresentaram crescimen-
ro quadrimestre, as importações
atingiram 434,3 mil toneladas contra 591,099 mil toneladas de igual
período de 2012, correspondendo
a uma redução de 26,5%.
Os estoques de abril tiveram
alta de 1,9% em relação a março,
atingindo o volume de 1.017,4 mil
toneladas. Com isso, o giro dos estoques retraiu para 2,7 meses.
Projeções
De acordo com expectativas do
Inda, em maio as compras e as vendas devem apresentar queda em
torno de 5%.
Sindisider
Entidade legalmente constituída e sem fins lucrativos, o Sindisider tem o objetivo de defender os
interesses das empresas distribuidoras e revendedoras de produtos
siderúrgicos. Além de representar
este segmento frente aos órgãos
do governo, o sindicato atua, ao
lado do Inda – Instituto Nacional
dos Distribuidores de Aço –, no
desenvolvimento, fortalecimento
e aumento da competitividade
de pequenas, médias e grandes
empresas distribuidoras e revendedoras de aço no Brasil. A entidade possui sede em São Paulo
e regionais em Belo Horizonte e
Porto Alegre.
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33
Entidades
Abeaço
comemora
10 anos
Ao completar uma década de existência, a
entidade se empenha em estimular a opção por
alimentos enlatados e o aumento da reciclagem
das latas após o consumo.
A
Associação Brasileira de Embalagem
de Aço (Abeaço) foi
criada, em maio de
2003, com o objetivo de fortalecer a
imagem da embalagem de aço,
além de dar suporte técnico e mercadológico aos seus fabricantes.
Em seus dez anos de existência, a
principal missão da entidade tem
sido a divulgação das vantagens
da lata de aço como embalagem
mais saudável, versátil e ecológica.
Nesse sentido, tem patrocinado
iniciativas de gestão ambiental,
principalmente quando elas estão
associadas a finalidades sociais, e
tem aproximado os interesses de
toda a cadeia produtiva. A entidade
reúne empresas do setor interagin-
34
siderur gia brasil Nº 93
do intensamente com entidades
empresariais, fabricantes de embalagens, organizações ambientalistas e o governo, somando esforços
para fomentar pesquisas, desenvolver campanhas de esclarecimento,
participar de eventos e divulgar as
características das latas de aço.
Segundo a Abeaço, o reaproveitamento do aço é mais vantajoso
em comparação com outros materiais utilizados na fabricação de embalagens, pois tem a capacidade
de ser reciclado infinitas vezes sem
perder suas propriedades. Além de
ser 100% reciclável, é facilmente separado de outros objetos por meio
de eletroímãs e, se for descartado
na natureza, demora de três a dez
anos para se decompor – um período inferior aos de outros materiais.
Com a evolução da tecnologia
para embalagens, a lata de aço se
tornou mais resistente, prática e
segura. Entre milhares de novos
atributos desenvolvidos, dois merecem ser citados: o sistema de
abertura e fechamento, facilitando
o envase e o armazenamento dos
produtos após abertos, e a criação
de uma película interna flexível,
que acompanha a deformação da
embalagem e protege o conteúdo
mesmo em caso de amassamento.
Essas evoluções fazem da lata de
aço a melhor opção para acondicionar desde tintas a alimentos,
protegendo adequadamente a integridade do conteúdo.
No entanto, apesar de todos
esses benefícios, ainda persiste
receio do uso da embalagem, por
falta de conhecimento dos consuJUNHO/2013
35
midores, principalmente no que
diz respeito aos alimentos enlatados. A Abeaço tem se empenhado
em mudar essa imagem, mostrando aos consumidores que os alimentos envasados na lata de aço
não levam conservantes ou aditivos químicos, têm seu sabor e suas
propriedades nutricionais preservadas por mais tempo e podem
ser mantidos sem refrigeração,
economizando energia. Embalagens feitas em aço também oferecem a vantagem de bloquear a
incidência de luz e oxigênio, fatores que aceleram a degradação do
conteúdo e, por isso, conservam o
produto por mais tempo na prateleira ou em casa.
Reverter esta situação é um dos
principais objetivos da Abeaço, que
durante seus dez anos de existên-
JUNHO/2013
Fotos: Divulgação
www.siderurgiabrasil.com.br
cia obteve importantes vitórias
nesse sentido. “Como resultado
do nosso trabalho, já percebemos
que parte da população passou
a escolher alimentos enlatados
como uma opção saudável e prá-
tica. Também atuamos muito na
questão ambiental, estimulando a
reciclagem da lata após o consumo”, explica Thais Fagury, gerente
executiva da Abeaço.
www.abeaco.org.br
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
35
Entidades
Aumento no déficit
comercial preocupa o Sicetel
A elevada carga tributária brasileira e a apreciação do real
são responsáveis pelo déficit comercial dos fabricantes de
aços e seus derivados no mercado externo, na avaliação do
presidente do Sicetel, Daniele Pestelli.
D
e acordo com o Alice-Web, Sistema de
Análise das Informações de Comércio
Exterior via Internet,
da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC), o déficit comercial de produtos longos
acabados a frio (barras e arames
trefilados), em toneladas, cresceu
36
siderur gia brasil Nº 93
58% no período de janeiro a abril
de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado, e 42% em
relação ao último quadrimestre de
2012. Em dólares, o déficit cresceu
36% em relação ao mesmo quadrimestre de 2012 e 38% em relação
ao quadrimestre anterior.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e
Laminação de Metais Ferrosos
(Sicetel), esse déficit em dólares
é resultado de
uma queda de
21% nas exportações e de um
aumento
de
4% nas importações em relação ao mesmo
período do ano
passado. Conforme o quadro
comparativo
desse estudo,
em relação ao
último quadrimestre de 2012,
as exportações
caíram 7% e as importações aumentaram 15%, em dólares. “Em
toneladas, as exportações caíram
20% e as importações aumentaram 18% em relação ao mesmo
quadrimestre de 2012. Já comparadas com o último quadrimestre de 2012, as importações
cresceram 16% e as exportações
reduziram 13%”, explica o economista José Reinaldo Lourenço, do
Departamento de Economia e Estatística do Sicetel.
Na avaliação do presidente do
Sicetel, Daniele Pestelli, o resultado do primeiro quadrimestre de
2013 mostra a tendência de crescimento do déficit no comércio
exterior desses produtos, assim
como de todos os demais produtos siderúrgicos. “A elevada carga
tributária brasileira e a apreciação
do real em relação às outras moedas têm levado à perda de competitividade dos fabricantes de aço e
seus derivados, e à consequente
deterioração dos resultados comerciais”, ressalta Pestelli.
www.sicetel.org.br
JUNHO/2013
37
www.siderurgiabrasil.com.br
Abifa e Sifesp empossam novas diretorias
N
As novas
diretorias vão
comandar
as entidades
no triênio
2013-2016.
Foto: Divulgação
o dia 15 de
maio, a Associação Brasileira de
Fundição (Abifa)
e o Sindicato da
Indústria da Fundição no Estado de São Paulo
(Sifesp) empossaram suas novas diretorias, para o triênio
2013-2016, no espaço nobre
da Fiesp, em São Paulo. Remo
De Simone, que venceu as eleições liderando uma chapa única, recebeu o cargo de Devanir
Brichesi, que se manteve à frente
da entidade por duas gestões.
“Quem conhece a história da
Abifa sabe que os caminhos para
chegarmos aqui foram bastante
árduos. Desde o raiar da indústria
automobilística, quando nossas
entidades ainda não existiam, nos
deparávamos com desafios que
JUNHO/2013
pareciam intransponíveis, como as
críticas dos gurus do colonialismo
econômico, afirmando a inviabilidade do desenvolvimento industrial no hemisfério Sul, o tabu de
que seria impossível à produção de
blocos de motores em país tropical,
pela inferior qualidade do ferro é
porque é inerente apenas a civilizações superiores. Ou seja, deve-
ríamos continuar condenados ao
fatalismo do subdesenvolvimento,
com uma matriz agrícola e subordinados aos países industrializados.
Hoje, porém, temos o orgulho de
ter no Brasil, uma das maiores indústrias de fundição de ferro do
mundo”, disse o novo presidente
em seu discurso de posse.
www.abifa.org.br
s i d e ru r gi a bra si l Nº 93
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Arte em aço
Sensibilidade
esculpida em aço
A inspiração de Osni Branco vem dos
momentos marcantes de sua vida e
ganha forma no bronze, alumínio e
aço inox fundido, por meio do milenar
processo de cera perdida.
O
Fotos: Divulgação
O Eldorado
38
siderur gia brasil Nº 93
sni Branco é um artista e, como todo artista
que se preze, ele sabe viver bem. Sua casa é
uma chácara situada em meio ao sossego e
à natureza exuberante das serras ao sul de
São Paulo. Ali também funciona seu atelier de
fundição, onde, misturando talento com tecnologia avançada, produz obras inconfundíveis em materiais que vão do aço inox e bronze ao alumínio e o estanho,
todos fundidos pelo processo de cera perdida.
Natural de Araçatuba, interior de São Paulo, onde cresceu na fazenda, Osni Branco depois caiu no mundo. Morou
na Itália e Estados Unidos, viveu vinte anos no Japão de
onde trouxe a influência do mar em suas obras. Mas é um
brasileiro autêntico, que adora seu país e faz questão de afirmar que sua arte é brasileira, ainda que tenha a influência
dos mundos por onde andou.
A ligação de Osni com a natureza é notada até na cozinha. Além de pescador emérito, é um cozinheiro de mão
cheia e seus pratos são sempre frutos do mar acompanhados dos melhores vinhos e da companhia de seu diletos
amigos. A temática da arte de Osni revela os aspectos do
homem que não é apenas criador de coisas belas, mas pai
de família, amante da natureza, da boa mesa, dos bons vinhos, dos cavalos e dos cães da raça pointer inglesa, que o
colocam em contato com um tipo de sensibilidade diferente da humana.
Artista bem-sucedido, Osni iniciou pelos caminhos da
fotografia, continuando para a pintura até encontrar-se
na escultura. Hoje tem uma fundição própria onde produz seu trabalho que envolve, tecnologia, força e risco.
Contudo, capaz de trazer recompensas que fazem sempre valer a pena. No Japão, criou coleções de esculturas
JUNHO/2013
39
www.siderurgiabrasil.com.br
que percorreram o país em exposições. Osni promoveu workshop
de arte para jovens brasileiros que
residentes naquele país, como
também, para as escolas internacionais. Com as atividades culturais promoveu a inclusão social
dos conterrâneos,oferecendo-lhes
a chance de se iniciar no universo
artístico.
Em 2001, Osni Branco recebeu a
comenda da Nihon Zenkoukai, em
reconhecimento aos serviços prestados à comunidade brasileira residente no Japão. Participou como
jurado convidado do International
Children’s Art Exhibition, concurso
de desenhos infantis promovido
pela TV Nippon, que recebe anualmente 165 mil inscrições do mundo inteiro. Mas a saudade o trouxe
de volta ao Brasil.
A vida é a inspiração de Osni
Branco. “Estou sempre atento à
natureza e ligado às pessoas, em
todas as suas manifestações. Estar
aberto para a vida é o ponto de
partida”, afirma. A iniciativa é materializar o que viveu, fatos e pessoas
que, de alguma forma, o emocionaram. A criação vem desses momentos marcantes e ganha forma
no bronze, alumínio e aço inox fundido, por meio do milenar processo de cera perdida. Tudo começa
com esboços no papel. Só depois
é que o artista transfere o desenho
para o poliuretano expandido de
alta densidade (antigamente era
feito de gesso ou argila). Esculpido o modelo original, ele gera um
molde em silicone, a cera derretida
é vazada em sua cavidade, solidifica e, abre-se o molde para retirar o
modelo em cera. Após a colocação
de canais no modelo em cera, ele
o inclui em uma lama cerâmica,
composta de cristobalita, sílica e
outros materiais, e coloca em um
JUNHO/2013
forno de calcinação por 15
horas a 650º C. Só então o
molde contendo a forma da
escultura está pronto para receber o metal fundido.
A beleza de seus trabalhos
gerou um outro negócio para
Osni: o mercado de premiações. Quem, afinal, não ficaria
feliz de vencer e ainda levar
para casa uma obra assinada
pelo artista? Há 28 anos, O
Equilibrista premia o homem
de finanças do ano eleito pelo
Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. Ipê, florsímbolo do Brasil, é também
o nome da escultura adquirida pela Associação Brasileira
do Alumínio para premiar o
empresário Antonio Ermírio
de Moraes, em 2006. Muitos
e muitos brasileiros e estrangeiros, célebres e anônimos
já foram premiados com suas
criações.
Em 1988 Osni inovou. Baseado na tecnologia das ogivas dos foguetes, ele criou esculturas cerâmicas feitas pelo
processo de colagem cerâmica em óxido de alumínio translúcida, num processo muito sofisticado. Pomba da Paz, a primeira obra
com essa técnica, demorou quatro
anos para ser finalizada.
Osni não guarda para si os segredos de sua arte. Sua chácara
está constantemente aberta para
pequenos grupos de designers,
joalheiros, artistas e pessoas interessadas em arte e cultura. Eles
participam de workshops de criação e fundição, em meio a um
ambiente verde, que evoca beleza
e paz. Seus alunos absorvem um
conhecimento adquirido em mais
de quarenta anos de trabalho. Ele
começou seus workshops de arte
A Fartura
em Nagoia, no Japão. Em Tóquio,
fez oficinas para escolas de ensino
médio e fundamental, tais como
International School of the Sacred
Heart, American School in Japan e
Yokohama International School.
A arte de Osni também está exposta a céu aberto em lugares tão
díspares como do Museu da América Latina em Seul, Coreia do Sul,
e na Unicamp, em Campinas. No
entanto, independentemente da
forma, tamanho ou local, as obras
desse artista trazem sempre sua
marca registrada: uma mescla absolutamente original da estética ocidental e oriental, culminando numa
delicada síntese das coisas.
www.osnibranco.com.br
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Fotos: Divulgação
galvanização
Fixadores e estruturas mais resistentes
Paulo Silva Sobrinho*
A galvanização por imersão a
quente garante maior vida útil
aos fixadores rosqueados e,
consequentemente, às estruturas em
cuja montagem eles são utilizados.
40
siderur gia brasil Nº 93
T
amanhos – Normalmente, a rosca
fêmea é usinada
com uma medida
maior do que os padrões usuais e, após
a galvanização, ela é repassada, a
fim de evitar excessos de material.
A rosca macho é usinada nos padrões normais e, após a galvanização, passa a ter uma sobremedida
devido à camada de zinco, a qual é
absorvida na usinagem de repasse
da rosca fêmea.
No repasse do filete da rosca
fêmea, pode ocorrer que esta fique total ou parcialmente sem
a camada de zinco. Esse fato em
nada prejudica a proteção, pois,
após o rosqueamento, o filete não protegido da fêmea fica
protegido pelo zinco em contato direto do filete do macho.
Na prática, isso é observado em
parafusos e porcas galvanizadas
que permanecem roscados por
longo período sem demonstrar
nenhum sinal de corrosão nessas
regiões.
As indicações de passos mínimos recomendados pela norma
ABNT NBR 14267 para usinagem
de roscas fêmeas são descritas
na tabela a seguir.
JUNHO/2013
41
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Rosca normal
Passo da rosca P mm
Afastamento de referência para
a classe de tolerância¹ esaz μm
M10
1,5
330
M12
1,75
335
2
340
2,5
350
M24; M27
3
360
M30; M33
3,5
370
4
380
M14; M16
M18; M20; M22
M36
Espessura mínima no ponto de medição μm
40
¹ Definida pela equação esaz= 300+20P
Uniformidade do revestimento – Apesar de existir uma certa tendência de a galvanização por
imersão a quente ser mais espessa
nos filetes das roscas, um revestimento quase uniforme pode ser
obtido com equipamentos modernos no processo de centrífuga.
Acabamento e aparência
– Os fixadores galvanizados normalmente têm uma cor cinzaclaro brilhante, mas, em certas
classes de parafusos de alta resistência, o revestimento pode ser
cinza-fosco por causa do maior
conteúdo de silício do aço, o que
faz com que eles sejam mais reagentes ao zinco fundido. Fixado-
res galvanizados por imersão a
quente a alta temperatura (cerca
de 550º C) tendem a ter cor cinzafosco, em virtude da estrutura do
revestimento formado quando o
componente é resfriado.
Armazenamento – Fixadores
galvanizados devem ser armazenados sob condições bem ventiladas
e secas, para minimizar a ocorrência de manchas pelo armazenamento úmido.
Especificação precisa – Se a
exigência for de uma vida útil longa, é importante especificar a galvanização por imersão a quente.
Especificar simplesmente galvanização pode causar confusão com
outros processos de deposição de
zinco, que não conferem com a
mesma especificação.
Parafusos de alta resistência – Os parafusos de alta resistência de classe geral (até classe
8.8) para ABNT NBR 8855 podem
ser galvanizados sem dificuldades. Os parafusos classe 10.9 são
galvanizados, mas, antes da galvanização por imersão a quente,
podem exigir limpeza por jateamento, como um tratamento alternativo. Nos parafusos de grade
12.9 e fixadores com maior resistência, deve ser evitada a galvanização devido ao risco de fragilização por hidrogênio.
MaterialMassa mínima por unidadeEspessura mínima equivalente de área (g/m²) do revestimento (μm)
Amostra individual Média das amostras
Amostra individual
Média das amostras
Roscados:
Φ ≥ 9,5mm
305
380
43
53
Φ < 9,5mm
260
305
37
42
NOTA 1: A espessura do revestimento de zinco é determinada através da equação:
e = mA / 7,14
onde: e é a espessura do revestimento de zinco, expressa em micrômetros (μm );
mA é a massa do revestimento de zinco por unidade de área, expressa em gramas por metro quadrado (g/m²);
7,14 é a massa específica do zinco expressa em gramas por centímetro cúbico (g/cm³).
NOTA 2: Quando houver espessuras e tipos de aço diferentes em uma única peça, devem-se considerar os pontos de maior espessura de camada de zinco para a determinação da massa mínima por unidade de área.
JUNHO/2013
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41
galvanização
42
siderur gia brasil Nº 93
JUNHO/2013
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Soldagem de aço galvanizado – Testes no Instituto de Soldagem, patrocinados pela Organização Internacional de Pesquisa
do Zinco (International Lead Zinc
Research Organisation – ILZRO)
estabeleceram que soldagens de
qualidade satisfatória podem ser
feitas em aço galvanizado por
imersão a quente e que as propriedades de tensão, curvatura e
fadiga dessas soldagens podem
ser praticamente idênticas àquelas de soldagens similares feitas
no aço não revestido. A velocidade da soldagem é reduzida e
ocorrem mais respingos, principalmente na soldagem com CO2.
Todos os processos de soldagem
de fusão podem ser prontamente
utilizados no aço galvanizado, mas
pequenas variações podem ser necessárias, dependendo dos processos de soldagem utilizados, do tipo
de junta e da posição da soldagem.
Por exemplo, com soldagem manual a arco de metal:
- Uma leve ação de ‘chicote’ para
movimentar o eletrodo para frente
e para trás, na linha da junta, estimula a volatilização do zinco diante
da piscina de solda.
- Intervalos um pouco maiores
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Estrutura
montada
galvanizada
Montagem soldada
galvanizada
são recomendados em junções de
topos para que ocorra penetração
completa.
- Uma largura de arco menor
oferece melhor controle da piscina
de solda e ajuda a evitar penetração em excesso, intermitente ou
reduzida.
- Eletrodos revestidos básicos
ou rutílicos podem ser utilizados,
mas testes simples de procedimento devem ser feitos antes da realização da soldagem da produção.
Cuidados especiais de segurança devem ser observados na soldagem de materiais galvanizados.
Prevenção de ferrugem – Todas as soldagens feitas em peças
galvanizadas devem ser protegidas contra a corrosão, assim que
a soldagem for finalizada, pois a
superfície superior está sem proteção e é fácil de ser tratada.
Curiosidade – Atualmente,
40% das novas residências no Canadá são construídas através da
montagem com estruturas metálicas galvanizadas, no Chile, 35%, na
Argentina, em torno de 8%, e no
Brasil, quase 4%.
Montagem com fixadores
Fontes:
- Guia da Galvanização – ICZ
- AGA – American Galvanizers
Association.
- GA – Galvanizing Association
*Paulo Silva Sobrinho é engenheiro e coordenador técnico do ICZ
– Instituto de Metais Não Ferrosos
([email protected]).
www.icz.org.br
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43
estatísticas
Indústria automotiva
bate recordes históricos
O setor registrou marcas históricas graças a uma
combinação favorável de fatores, com destaque para o
início do Inovar-Auto, o novo regime automotivo.
M
ercado – De acordo
com o levantamento mensal da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), no mês de abril de 2013,
foram licenciados 333.738 autoveículos (veículos leves, ônibus e caminhões), nacionais e importados,
o que significou uma elevação de
17,5% em relação aos 283.912 autoveículos licenciados em março, e
também uma significativa elevação
de 29,4% em relação aos 257.887
licenciados em abril de 2012. No
primeiro quadrimestre deste ano,
foram licenciados 1.164.212 autoveículos, volume 8,2% superior aos
1.076.251 autoveículos licenciados
no mesmo período de 2012.
As vendas internas de máquinas agrícolas
automotrizes, nacionais e importadas, atingiram
7.356
unidades
em abril, volume
0,5% superior ao
do mês anterior e
32,3%, também,
superior ao de
abril de 2012. Em
todo o primeiro
quadrimestre de
44
siderur gia brasil Nº 93
2013, foram comercializadas 26.286
unidades, o que representou uma
elevação de 29,6% em relação às
20.287 unidades comercializadas
no mesmo período de 2012.
Produção – Em abril de 2013,
a indústria nacional produziu
340.865 autoveículos, o que significou uma elevação de 6,8% em
relação ao mês anterior e de 30,7%
em comparação com abril de 2012.
No primeiro quadrimestre, a produção atingiu 1.168.592 autoveículos,
superando em 17,0% as 998.931
unidades produzidas no mesmo
período de 2012.
A produção nacional de máquinas agrícolas automotrizes atingiu
9.100 unidades em abril, o que representou uma elevação de 6,4%
sobre a produção do mês anterior
e de 28,3% sobre abril de 2012. No
primeiro quadrimestre de 2013, a
indústria nacional
produziu 31.531
unidades, volume
10,1% superior
ao produzido no
mesmo período
de 2012.
Exportação –
Em abril de 2013,
o valor total das
exportações de
autoveículos e máquinas agrícolas
automotrizes atingiu US$ 1,542 bilhão, o que significou uma elevação
de 11,2% sobre o mês anterior e de
15,8% sobre abril de 2012. No primeiro quadrimestre deste ano, as exportações atingiram US$ 5,033 bilhões,
valor 2,8% maior do que o registrado
no mesmo período de 2012.
Emprego – Em abril deste
ano, o setor automotivo empregou 153.029 trabalhadores, volume 0,5% superior ao do mês anterior e 5,4%, também superior ao
de abril de 2012.
Segundo o novo presidente da
Anfavea, Luiz Moan Yabiku Júnior,
o desempenho do mercado e da
produção nacional de veículos tem
sido muito positivo. “Tanto em abril
quanto no primeiro quadrimestre
deste ano, o setor bateu recordes
históricos. Esse resultado se deve a
uma combinação favorável de fatores, como o ajuste na produção,
lançamento de novos modelos e,
principalmente, o lançamento do
Inovar-Auto, o novo regime automotivo, criado para estimular a produção de veículos no país. Apesar
disso, a Anfavea ainda não reformulou suas previsões para este ano”,
afirmou Yabiku Júnior ao divulgar
os dados de abril.
www.anfavea.com.br
JUNHO/2013
45
www.siderurgiabrasil.com.br
Vendas e compras em curva ascendente
No primeiro quadrimestre, as vendas de aços planos
ficaram estáveis, mas as importações recuaram
26,5% em relação ao mesmo período de 2012.
V
endas e compras –
De acordo como o
levantamento feito
pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos Siderúrgicos (Sindisider), no mês de abril, as vendas de aços planos
cresceram 7,5% em relação ao mês anterior, totalizando 383,1 mil toneladas contra 356,5 mil toneladas. Sobre abril de 2012, quando foram vendidas 344,8 mil toneladas, a elevação foi de 11,1%. Os dados do Sindisider
são apurados junto aos distribuidores associados ao Instituto Nacional
dos Distribuidores de Aço (Inda). As compras realizadas em abril também
apresentaram um crescimento, de 4,3%, em comparação a março, totalizando 401,6 mil toneladas ante 385 mil toneladas. Sobre abril de 2012,
quando foram compradas 346,8 mil toneladas, a alta foi de 15,8%.
No acumulado do primeiro quadrimestre de 2013, as vendas somaram 1,426 milhão de toneladas, ficando praticamente estáveis em relação
ao mesmo período do ano passado, quando foram vendidas 1,424 milhão de toneladas. As compras tiveram um incremento de 4% em relação
a 2012, com um volume total de 1,5 milhão de toneladas sobre 1,442
milhão de toneladas.
Importações e estoques – De acordo o Sindisider, as importações
de aços planos comuns realizadas pelo mercado brasileiro encerraram o
mês de abril com um crescimento de 48,6% em relação ao mês anterior,
totalizando 133,9 mil toneladas contra 90,1 mil toneladas. Quando comparadas a abril de 2012, quando foram importadas 103,9 mil toneladas,
a elevação foi de 28,9%. No acumulado do primeiro quadrimestre, as importações atingiram 434,3 mil toneladas contra 591,099 mil toneladas de
igual período de 2012, correspondendo a uma redução de 26,5%.
Os estoques de abril registraram uma alta de 1,9% em relação a março,
atingindo o volume de 1,017 milhão de toneladas. Com isso, o giro dos
estoques se retraiu para 2,7 meses. As expectativas do Inda são de que, em
maio, as compras e as vendas devam apresentar quedas em torno de 5%.
www.sindisider.org.br
JUNHO/2013
estatísticas
Indústria de máquinas
recupera o fôlego
Depois de um longo período com resultados medíocres,
a indústria de máquinas e equipamentos registra uma
consistente recuperação.
D
e acordo com o levantamento mensal
realizado pela Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), em abril, o faturamento
nominal do setor totalizou R$ 6,762
bilhões, o que significou um crescimento de 4,2% em relação ao mês
anterior e 4,6% em relação a abril
de 2012. No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, o faturamento do setor atingiu R$ 23,832
bilhões, valor 8,2% superior ao do
mesmo período de 2012.
Consumo aparente – O consumo aparente de máquinas e
equipamentos (produção menos
exportações mais importações) foi
de R$ 10,17 bilhões em abril, superando em 7,3% o do mês anterior
e em 14,9% o de abril de 2012. O
consumo aparente acumulado no
primeiro quadrimestre atingiu R$
37, 42 bilhões, valor 6,6% superior
ao do mesmo período de 2012.
Balança comercial – Em abril,
as exportações somaram US$ 909
milhões, o que significou quedas
de 4,9% sobre março deste ano e
de 11,8% sobre abril de 2012. Na
comparação de janeiro a abril com
igual período de 2012, a queda
46
siderur gia brasil Nº 93
acumulada é de 18,5%, somando
US$ 3,407 bilhões. Os principais
destinos das exportações brasileiras foram a América Latina, com
US$ 1,516 bilhão, e Estados Unidos,
com US$ 678 milhões.
As importações alcançaram
US$ 2,768 bilhões em abril, valor
6,2% superior ao do mês anterior e
12,7% também superior ao apurado
em abril de 2012. No acumulado do
ano, as importações tiveram uma
alta de 6,2% sobre o mesmo período do ano passado, somando US$
10,564 bilhões. Em 2013, as principais origens das importações feitas
pelo Brasil foram Estados Unidos,
com 25,8%, e China, com 16,8% de
participação no total importado.
Em abril, o déficit foi de US$
1,733 bilhão, o que significou
crescimentos de 12,7% na com-
paração com o mês anterior e de
30,5% sobre abril de 2012. De janeiro a abril, a balança comercial
do setor de máquinas e equipamentos registrou um déficit de
US$ 7,158 bilhões, o que representou um aumento de 24,4%
em relação ao mesmo período do
ano passado.
Nuci e emprego – O Nível de
Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) foi de 74% em abril, o
que significou um leve recuo em
relação a abril do ano passado,
quando esse índice foi 74,6%. O
quadro de pessoal na indústria
nacional de máquinas e equipamentos registrou 259.501 empregados em abril, configurando
leves altas de 0,1% em relação ao
mês anterior e de 0,3% na comparação com abril de 2012.
Segundo Mario Bernardini,
assessor econômico da Abimaq,
desde 2008 o setor não registrava
melhora em abril sobre o mês anterior. “Isso nos faz crer que há um
cenário de recuperação discreta
e lenta dos investimentos produtivos”, afirmou. “No entanto, uma
melhora mais consistente dos investimentos no setor deve ocorrer
somente em 2014.”
www.abimaq.org.br
JUNHO/2013
47
www.siderurgiabrasil.com.br
Cai a produção de aço
no quadrimestre
Apesar da queda de 3,6% na produção de aço bruto, o consumo
interno aparente cresceu 0,7% no primeiro quadrimestre de 2013.
E
m abril de 2013, a
produção brasileira
de aço bruto foi de
3 milhões de toneladas, o que significa
uma queda de 1,6%
quando comparada com o mesmo
mês em 2012. Em relação aos laminados, a produção de abril foi de 2,2
milhões de toneladas, volume 3,3%
superior ao de abril do ano passado.
Com esses resultados, a produção
acumulada em 2013 totalizou 11,3
milhões de toneladas de aço bruto
e 8,4 milhões de toneladas de laminados, o que significou reduções
de 3,6% e 0,1%, respectivamente,
sobre o mesmo período de 2012.
Quanto às vendas internas, o
resultado de abril de 2013 foi de
JUNHO/2013
1,9 milhão de toneladas, volume
6,2% superior ao de abril de 2012.
As vendas acumuladas no primeiro
quadrimestre de 2013 totalizaram
7,3 milhões de toneladas, crescendo 2,3% em relação ao mesmo período de 2012.
Balança comercial – As exportações de produtos siderúrgicos
atingiram 817 mil toneladas e o valor de 540 milhões de dólares, em
abril de 2013. Com esse resultado,
as exportações totalizaram 3,3 milhões de toneladas e 2,1 bilhão de
dólares no primeiro quadrimestre
de 2013, representando declínios
de 3,7% em volume e de 13,2%
em valor, quando comparados ao
mesmo período do ano anterior.
No que se refere às importações,
registrou-se em abril o volume de
330 mil toneladas (US$ 371 milhões) totalizando, desse modo, 1,2
milhão de toneladas de produtos
siderúrgicos importados no primeiro quadrimestre deste ano, redução
de 10,7% em relação ao mesmo período de 2012.
O consumo aparente nacional
de produtos siderúrgicos (produção menos exportações mais importações) atingiu 2,3 milhões de
toneladas em abril, totalizando 8,5
milhões de toneladas em todo o
primeiro quadrimestre de 2013.
Esses valores representaram elevações de 7,8% e 0,7%, respectivamente, em relação aos mesmos
períodos de 2012.
www.acobrasil.org.br
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eventos
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siderur gia brasil Nº 93
JUNHO/2013
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Evento com o vigor do
mercado da alimentação
Realizada há quase três décadas, a Fispal Food Service promete
refletir a pujança de um mercado constantemente aquecido.
O
s profissionais de todos os segmentos do
mercado de alimentação têm um encontro marcado na
29ª edição da Fispal
Food Service – Feira Internacional de
Produtos e Serviços para a Alimentação Fora do Lar, o maior evento do
setor na América Latina, que será
realizado no período de 25 a 29 de
junho, no Expo Center Norte, em
São Paulo. Como acontece todos os
anos, o evento será uma oportunidade única para a tomada de decisões
das empresas expositoras e para que
os profissionais responsáveis pelas
compras do setor intensifiquem seus
contatos com vistas à realização de
bons negócios.
JUNHO/2013
Durante quatro dias, profissionais de todos os segmentos
desse mercado – restaurantes,
padarias, bares, lanchonetes,
redes de fast-food, sorveterias,
supermercados, empresas de
catering e de refeições coletivas,
cozinhas industriais, buffets, entre outros – poderão conhecer as
novidades do setor e participar
de eventos de qualificação profissional. Para ampliar ainda mais
as oportunidades, a 29ª Fispal
Food Service 2013 acontecerá
simultaneamente à TecnoSorvetes, à Fispal Café e ao Sial Brazil,
edição brasileira do maior evento de alimentos do mundo.
Na edição deste ano, a Fispal
Food Service, em parceria com a
Max Foods Editora, também vai
oferecer aos visitantes palestras
específicas para o setor de panificação. No dia 27 de junho, serão
abordados os temas Tendências
do Food Service, Padaria como
Centro de Negócios, Comportamento do Consumidor e Estratégias Diferenciadas Aplicadas à
Padaria. No dia 28, será realizado
o Road Show da Panificação Brasileira Traçando Tendências para o
Futuro, onde serão debatidas as
tendências do setor de panificação para os próximos dez anos.
www.fispal.com.br
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eventos
Evento de inovação e
negócios da indústria capixaba
Maior evento metalmecânico do Espírito Santo, o Mec Show 2013 promete ser
uma ampla vitrine de oportunidades num mercado em franca expansão.
C
om uma previsão
de investimentos da
ordem de R$ 100 bilhões, as empresas
do setor metalmecânico do Espírito Santo estão focadas nas oportunidades
e mercados a serem conquistados.
Atualmente, o setor conta com mais
de 1.500 empresas, responsáveis por
um faturamento de R$ 5 bilhões e
pela geração de 25 mil empregos
diretos no estado. Esse panorama
poderá ser apreciado na Mec Show
2013 – 6ª Feira da Metalmecânica,
Energia e Automação, que será realizada entre os dias 23 e 26 de julho,
no pavilhão de Carapina, no Espírito Santo, reunindo 180 expositores
nacionais e internacionais, em uma
área de 15 mil metros quadrados.
Empresas da Turquia, Itália e Polônia, países considerados referências na área de tecnologia e inovação no segmento, já confirmaram
presença no evento, que deve atrair
mais de 17 mil visitantes em busca
de novidades em produtos, equipamentos, tecnologia e informações
do setor metalmecânico. Além da
exposição de produtos e serviços,
o evento contará também com painéis técnicos, rodadas de negócios,
o XXIII Seminário Espírito-Santense
de Manutenção e road shows.
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siderur gia brasil Nº 93
Segundo Marcos Milanez, diretor
da Milanez & Milaneze, organizadora
do evento, o aumento na procura
por espaços por empresas de todo
o Brasil reforça a importância da feira
para os negócios do setor. “Contaremos com novos expositores nacionais e até mesmo internacionais,
além das rodadas de negócios, postos de informações e palestras. Assim como nas últimas edições, queremos criar um espaço para troca de
informações e parcerias”.
Para o presidente do Sindicato
das Indústrias de Metalurgia e de
Material Elétrico do Espírito Santo
(Sindifer), Luiz Alberto Souza Carvalho, “a Mec Show é um espaço de
aproximação entre empresários e
fornecedores, além de apoiar, impulsionar e promover a inovação
da indústria metalmecânica e gerar
bons negócios”.
O presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Antônio Falcão de Almeida, também acredita
no potencial da feira em fomen-
tar novos negócios e avalia
o evento como
ex tremamente
importante para
impulsionar o
mercado local.
“É uma grande oportunidade
para conhecer novas tecnologias
e serviços que irão tornar as empresas capixabas mais competitivas e aptas a conquistar ainda
mais o mercado fora do Espírito
Santo. A feira vai trazer expositores que vão apresentar máquinas
para melhorar nossa produção”,
ressalta.
A Mec Show 2013 é uma parceria do Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer-ES)
e do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), com o apoio da Associação
Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos
Industriais (Abimei), Secretaria de
Estado de Desenvolvimento (Sedes), Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e Federação das Indústrias do Estado (Findes).
www.mecshow.com.br
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Vitrine do aço
galvanizado
O
mercado brasileiro
experimenta
um
momento
único,
com um grande
volume de investimentos realizados e
projetados para recuperar a infraestrutura nos próximos 25 anos.
Estes investimentos traduzem-se
em uma excelente oportunidade
para aumentar a demanda pelo
aço galvanizado, considerandose que, dentro do contexto mundial, no Brasil, o consumo per capita corresponde 1,6 kg por ano,
contra 8 kg no Chile, 16 kg nos
EUA e 20 kg na Europa, o que demonstra a grande oportunidade
para esse mercado no país.
O setor de aço galvanizado
estima um crescimento médio
anual de aproximadamente 10%
para os próximos cinco anos, estimativa esta que poderá ser excedida devido às diversas oportunidades a serem desenvolvidas
na aplicação destes produtos que
ainda precisam ser explorados e
difundidos no país, já que a utilização desse tipo de aço na construção de grandes obras públicas
ou simples prédios de moradia
tem um argumento irrefutável de
o metal ser sustentável.
Esse é o contexto da realização do GalvaBrasil 2013 – Congresso Brasileiro de Galvanização, nos dias 22 e 23 de outubro
JUNHO/2013
de 2013, no Caesar Park, em São
Paulo, evento que, em sua 2ª edição, deve se consolidar como o
principal ponto de encontro de
fomento do mercado. Promovido
pelo ICZ – Instituto de Metais Não
Ferrosos e organizado pela Sator, a
1ª edição do evento, realizado em
outubro de 2011, reuniu as principais empresas do setor e realizou
conferências e palestras técnicas
com especialistas nacionais e internacionais trazendo mais de 200
congressistas, 9 patrocinadores e
21 expositores, que participaram
do congresso promovendo a galvanização, seus benefícios, aplicações e vantagens.
Na edição deste ano, serão realizados nove painéis e cinco palestras, que vão abordar assuntos
como “Os grandes investimentos
na Infraestrutura do país”, “Mineração: O futuro promissor da galvanização”, “Oil & Gas: Aplicações
e benefícios no setor” até “EGGA: O
mercado consolidado da galvanização na União Europeia”.
www.galvabrasil.com.br
O GalvaBrasil tem como
objetivo possibilitar
a consolidação de
investimentos em um
evento específico do setor,
reduzindo a distância entre
fornecedores e clientes.
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EMPRESAS E NEGÓCIOS
PARCERIA DA TUPER COM A REDE BOSCH
Foto: Divulgação
Uma parceria da Tuper com a rede de oficinas da Bosch permitirá fornecer componentes de sistema de exaustão a
mais de 3,9 mil oficinas em todo o país. A Bosch vai estimular a sua rede de serviço a utilizar produtos da marca Tuper
que, por sua vez, se comprometerá a atender com rapidez todas as oficinas linhas leve e pesada por meio de seus dezesseis centros de distribuição próprios, localizados em todas as regiões do país. Atualmente, cerca de 30% da rede de
oficinas da Bosch já trabalham com produtos da
Tuper.
Maior fabricante de escapamentos da América Latina, líder de mercado, a Tuper há 41 anos
produz escapamentos, catalisadores e ponteiras
para todos os modelos de automóveis, nacionais
e importados, com volume anual perto de quatro milhões de peças, somente para o mercado
de reposição. Sua capacidade atual instalada
permite produzir até seis milhões de peças por
ano. Primeira no Brasil a produzir um sistema
completo de exaustão (tubo do motor, catalisador, silencioso intermediário e silencioso traseiro), a Tuper é a única fabricante que atende simultaneamente o mercado de reposição e as montadoras, e possui todas as certificações ISO.
www.tuper.com.br
Foto: Divulgação
USIMINAS RECEBE PREMIAÇÃO INÉDITA DA TOYOTA
52
A Usiminas recebeu o Prêmio de Reconhecimento Especial pela Toyota, pela sua atuação no projeto do Etios, primeiro
carro compacto da marca lançado no Brasil. Foi a primeira vez, em 50 anos de História no Brasil, que a Toyota premiou
um fornecedor de matéria-prima. Parceiras desde que a montadora iniciou suas operações no Brasil, a Usiminas é responsável pelo fornecimento de 100% do aço utilizado pela Toyota nas três unidades brasileiras localizadas em Indaiatuba, Sorocaba e São Bernardo do Campo. Além disso, a Soluções Usiminas, subsidiária da siderúrgica responsável pela
transformação do aço, processa quase a totalidade do produto e entrega à montadora peças que serão transformados
em peças expostas, partes metálicas internas e reforços estruturais dos modelos Corolla, Etios e Hilux.
Nos quatro primeiros meses de 2013, a Usiminas recebeu importante prêmios em diferentes setores da economia.
No segmento automotivo, a siderúrgica foi reconhecida pela Honda
Automóveis entre os quatorze melhores fornecedores brasileiros. Já a
fabricante de máquinas agrícolas John Deere elegeu a empresa como
Supplier of the Year, maior destaque entre todos os mais de quinhentos fornecedores no Brasil e na América Latina. A Mangels concedeu
à Usiminas o Prêmio Mangels de Qualidade, destacando a qualidade
dos seus serviços e produtos fornecidos, a pontualidade da entrega
e o desenvolvimento de propostas de melhorias continuas durante o
ano de 2012.
www.usiminas.com
siderur gia brasil Nº 93
O vice-presidente comercial da Usiminas, Sergio Leite, recebeu das mãos do vicepresidente da Toyota, Takaaki Masuda, o Reconhecimento Especial inédito entre os
fornecedores de matéria prima da montadora no Brasil.
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GERDAU AMPLIA
APROVEITAMENTO DE
COPRODUTOS
Foto: Kiko Ferrite
A Gerdau ampliou o nível de reaproveitamento de
seus coprodutos gerados no Brasil para aproximadamente 80% em 2012. Esses materiais são uma alternativa sustentável para o processo produtivo da indústria
da construção civil, cimenteira e de cerâmicas, que
os utilizam na construção de estradas, pavimentação,
lastros ferroviários, fundições, produção de ferro-liga,
fabricação de cimento e cerâmicas, entre outras aplicações.
A compra de coprodutos gerados a partir da produção
de aço da Gerdau contribui para uma economia de
30% a 50% no uso de matéria-prima pelas indústrias
que os adquirem, além de reduzir o consumo de energia e a emissão de gás carbônico. “O uso do coproduto
é benéfico para todos. Ganha quem gera o insumo pela
destinação sustentável e melhoria da eficiência de seu
processo, assim como o cliente final, pela diminuição
de custos com matérias-primas, e o meio ambiente,
pela destinação adequada e redução do consumo de
recursos naturais”, afirma Enio Viterbo, diretor de Saúde,
Segurança e Meio Ambiente da Gerdau.
www.gerdau.com.br
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EMPRESAS E NEGÓCIOS
HOUSTON MATÉM LIDERANÇA NO COMÉRCIO COM O BRASIL
Houston manteve sua posição como o maior parceiro no
comércio marítimo dos Estados Unidos. De 2011 a 2012, o
Port of Houston Authoriy (PHA) movimentou um total de
311.314 unidades equivalentes a vinte pés (medida utilizada para calcular a medida de um contêiner) no fluxo
de comércio com o Brasil, de acordo com o levantamento feito pelo Journal of Commerce’s Piers. O fluxo
comercial entre Houston e o Brasil está concentrado
em produtos dos Estados Unidos, como resinas sintéticas, exportados através desse porto, baseada nos projetos de instalações químicas de Houston para a produção de
etileno. Partes de máquinas, automóveis, resinas plásticas, café e
granito são alguns dos principais produtos importados e exportados pelo
Brasil através do PHA. Adicionalmente, o Brasil é o quarto mercado exportador do Texas e a atividade do PHA ajuda esse estado a ser o maior exportador norte-americano. Nos últimos onze
anos, Texas assumiu a liderança nas exportações norte-americanas. Em 2012, exportou um total
de US$ 265 bilhões, valor 5,4% superior aos de 2011, de acordo com os dados do Departamento
de Comércio dos Estados Unidos.
www.portofhouston.com
SINOBRAS PROMOVE EXPOSIÇÃO DE ARTE EM SUCATA
Foto: Divulgação
A exposição Resgate – Escultura em Ferro, do artista plástico Leandro Gabriel, será realizada na cidade de Marabá (MA), no período de 4 a 7 junho de 2013. A mostra de esculturas em sucata
fará parte da Semana da Sustentabilidade, evento promovido pela
Sinobras, que acontecerá de 4 a 9 de junho, para tratar de assuntos referentes ao tema. Haverá palestras sobre meio ambiente,
ações sustentáveis, oficinas e visitas ao Parque Zoobotânico de
Marabá e unidades florestal e industrial da siderúrgica.
Nascido em Belo Horizonte, o artista plástico Leandro Gabriel é formado em Educação Artística pela
Fundação Escola Guignard e pós-graduado em Arte pelo Centro de Pesquisa de Minas Gerais. Iniciou
sua carreira esculpindo em argila e depois em madeira. Atualmente, o artista se dedica exclusivamente
à reciclagem de sucata de ferro, metal e aço oxidado. Há 23 anos trabalhando com sucata de ferro, participou de diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e Estados Unidos.
www.sinobras.com.br
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AUTOPEÇAS BRASILEIRAS
EM DUBAI
Foto: Tuper
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças)
estimula seus associados a participar de feiras internacionais para ampliar as exportações de autopeças, através de uma parceria com a Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Como exemplo dessa iniciativa, onze fabricantes brasileiros de autopeças
participarão do estande coletivo do Sindipeças
na Automechanika Dubai, nos Emirados Árabes,
de 11 a 13 de junho. “Dubai é a porta de entrada
para todo o Oriente Médio e, em muitos países
dessa região, há frotas de veículos muito semelhantes à brasileira, com grandes possibilidades
de fornecimento ao mercado de reposição”, afirma Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças.
Outra importante ferramenta de estímulo às exportações é o Guia Oficial dos Fabricantes de
Autopeças Brasileiros, também em parceria com
a Apex, cuja terceira edição foi lançada em abril
deste ano. Em 2012, os fabricantes brasileiros de
autopeças exportaram US$ 10,47 bilhões para
186 países, valor 5,9% inferior ao registrado em
2011. Essa queda e o aumento das importações,
que provocaram o desequilíbrio da balança comercial, são uma consequência da valorização
do real, que compromete a competitividade dos
produtos nacionais.
www.sindipecas.org.br
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EMPRESAS E NEGÓCIOS
Devido às suas propriedades, o cobre favorece a aplicação da energia limpa,
é altamente resistente às variações de pressão e de temperatura, possui ação
bactericida e libera íons saudáveis ao organismo humano. Além disso, apresenta condutibilidade térmica superior aos materiais comumente usados,
tais como o vidro e o plástico. Líder nacional na transformação de cobre
e suas ligas em produtos semielaborados, a Termomecanica mantém
uma sólida parceria com a Unisol, empresa especializada na fabricação de
aquecedores solares de pequeno e grande porte para banheiros e piscinas.
A Termomecanica fornece tubos e fitas de cobre para coletores solares, além
de uma linha completa de tubos, conexões e acessórios para a instalação
dos sistemas de aquecimento solar fabricados pela Unisol. Fatores como a
excelência no atendimento e, principalmente, a qualidade dos tubos de cobre fornecidos pela Termomecanica são fundamentais para a manutenção
dessa parceria.
www.termomecanica.com.br
Foto: Divulgação
ARCELORMITTAL RECEBE
PRÊMIO DA FIAT
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A ArcelorMittal foi eleita uma das fornecedoras
que mais se destacaram em 2012 durante a 24ª edição
do prêmio Qualitas Awards, realizado pelo Grupo Fiat
Chrysler na América Latina, no dia 26 de abril. Com o
tema Mãos no presente, olhos no futuro, o evento realizado
em São Paulo premiou 24 parceiros, levando em conta
qualidade, inovação, competitividade e nível de serviço. A
ArcelorMittal foi classificada na categoria
Materiais Metálicos e
Powertrain, como reconhecimento à sua
qualidade, inovação,
competitividade e
nível do serviço. No
quesito inovação, o destaque foi o projeto S-in Motion,
um conjunto de aços especiais desenvolvido para o mercado automotivo. Esses aços são, ao mesmo tempo, de
alta resistência e mais leves, o que permite reduzir o peso
de um veículo de passeio em até 20%. Utilizados nas carrocerias, portas e chassis, eles aumentam os níveis de segurança, mantendo o custo final.
www.arcelormittal.com.br
siderur gia brasil Nº 93
EVENTO SOBRE AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA
A SSAB promoveu no dia 8 de maio, em Belo Horizonte,
o seminário técnico Aços de Alta Resistência Aplicados à
Mineração, com o apoio do Sindiextra. Especialistas da
SSAB, do Brasil e da Suécia, mostraram como obter melhores resultados em campo, aplicando aços de alta resistência em equipamentos de mina e de usina. O gerente
técnico da SSAB Américas, Fabio Silva, falou sobre os diferentes tipos de aço de alta resistência que a empresa fabrica, como o Hardox, Domex, Weldox, Docol e o Toolox.
Para Hugo Rosa, chefe de departamento de manutenção
de equipamentos móveis na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), eventos como os promovidos pela SSAB agregam valor, pois permitem identificar
onde os aços de alta resistência podem ser melhor aplicados. Segundo Roweer Eduardo da Matta Alves da Silva,
engenheiro mecânico
do Departamento de
Engenharia de Confiabilidade da Votorantim,
tem a função de ter
estratégias de manutenção que sustentam
o negócio, que aumentem a vida útil e reduzem os custos.
www.ssab.com
Foto: Sebastião Jacinto Junior
Foto: Divulgação
PARCERIA EXPLORA AS PROPRIEDADES DO COBRE
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PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO
PROFISSIONAL DA ARCELORMITTAL
O programa Mestre ArcelorMittal,
um caminhão-escola que percorre o Brasil
capacitando gratuitamente
pedreiros e mestres de obra,
retorna em 2013 com a expectativa de treinar cerca de 1,5
mil profissionais. Durante todo o ano, quinze cidades brasileiras receberão a unidade móvel na qual acontecem os
cursos com foco no aperfeiçoamento do conhecimento, da
produtividade e da segurança na construção civil. O caminhão-escola circula pelo país desde 2007 e já treinou mais
de cinco mil profissionais. O objetivo do programa Mestre
ArcelorMittal é valorizar as profissões de mestre de obra e
de pedreiro, reconhecendo sua importância e oferecendo
uma oportunidade para o desenvolvimento profissional.
www.mestrearcelormittal.com.br
FERROUS COMEMORA SEIS ANOS
DE INTENSO CRESCIMENTO
Foto: studio Cerri
No último mês de maio, a Ferrous comemorou seis anos de intensa atuação
no mercado de minério de ferro. Em 2011 e 2012, a companhia apresentou
um crescimento superior a 70% e, alcançando uma produção recorde de 3,2
milhões de toneladas de minério de ferro, que pretende expandir para 5 milhões em 2013, o que significaria um expressivo crescimento de cerca de 56%.
“Encerramos 2012 com um Ebitda positivo e um caixa robusto, o que nos permite dar continuidade aos nossos projetos, como o Viga 15, que nos permitirá
produzir 15 milhões de toneladas anuais na mina de Congonhas e 17 milhões
ao todo a partir de 2017”, afirma o presidente da Ferrous, Jayme Nicolato.
A Ferrous deve aumentar sua produção de forma contínua até 2026, quando
deverá produzir mais de 40 milhões de toneladas de minério de ferro anuais.
Para cumprir essas metas, a companhia investiu, somente no ano passado, cerca de R$ 40 milhões para a expansão da mina Viga, o que inclui a aquisição de
máquinas e equipamentos, a contratação de mão de obra, entre outros aportes e projetos que aumentarão a qualidade
de seu minério. A Ferrous também fechou
um acordo com a Glencore International AG,
para fornecer à trading suíça 20 milhões de
toneladas de minério de ferro nos próximos
quatro anos, garantindo dessa forma mercado para boa parte de sua produção até 2016
e fortalecendo sua posição financeira.
www.ferrous.com.br
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anunciantes
Açokorte Indústria Metalúrgica e Comércio Ltda. . .......................................................................................................................................................17
Balanças Navarro Ltda. . ..................................................................................................................................................................................................................55
Binzel do Brasil Ltda. . .......................................................................................................................................................................................................................55
Cemaço Ind., Com. e Armazenagem do Aço Ltda. .......................................................................................................................................................31
Dagan Ind. e Com. de Produtos Siderúrgicos Ltda. .........................................................................................................................................................9
Divimec Tecnologia Industrial Ltda. .......................................................................................................................................................................................23
Extretec Indústria e Comércio de Trefilados Ltda. .........................................................................................................................................................21
Felifer Embalagens Indústria e Comércio Ltda. ...............................................................................................................................................................47
Fispal Tecnologia 2013 . .....................................................................................................................................................................................................................8
Foxwall Ind. e Com. de Válvulas de Controle Ltda. . ......................................................................................................................................................57
Grips Editora . ............................................................................................................................................................................................................................3ª capa
Grupo Feital ...........................................................................................................................................................................................................................................45
Intermach 2013 ...................................................................................................................................................................................................................................42
Isoeste Ind. e Com. de Isolantes Térmicos Ltda. ..................................................................................................................................................4ª capa
Mecanochemie Inds. Químicas Ltda. ....................................................................................................................................................................................19
Mercopar 2013 ....................................................................................................................................................................................................................................32
Metalúrgica Várzea Paulista Ltda. - Unistamp . .................................................................................................................................................................15
Port of Houston Authority ............................................................................................................................................................................................................13
Regional Telhas ....................................................................................................................................................................................................................................35
Tec Tor Indústria e Comércio Ltda. ..........................................................................................................................................................................................49
Tekno S/A Indústria e Comércio ...............................................................................................................................................................................................53
Thermacut do Brasil Prod. Tec. Solda e Corte Ltda. .......................................................................................................................................................57
Tubotech 2013 ....................................................................................................................................................................................................................................48
Unival Com. de Válvulas e Acess. Ind. Ltda. . ......................................................................................................................................................................37
Villares Metals S.A. . ................................................................................................................................................................................................................2ª capa
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Se você quer falar com um setor específico do mercado, a revista segmentada é a
forma mais eficiente e econômica, pois direciona o conteúdo para o público certo.
A Grips é uma editora especializada em publicações segmentadas e mantém a
revista Siderurgia Brasil, o Guia de Compras da Siderurgia Brasileira e a
revista Agrimotor, para públicos distintos.
Se você quer falar com o mercado de siderurgia ou agronegócio, este é o caminho mais curto e rápido.
Por isso, não perca tempo, planeje seus anúncios para as
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