Terramoto, Haiti - Cruz Vermelha Portuguesa

Transcrição

Terramoto, Haiti - Cruz Vermelha Portuguesa
Cruz Vermelha Portuguesa| Terramoto Haiti: 1 ano depois| Projecto
Cruz Vermelha Portuguesa, Reconstrução de 600 casas em Palmiste-à-Vin
No rescaldo do devastador terramoto de 12 de Janeiro, 2010, no Haiti, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP)
juntamente com a CV Suíça e CV Belga decidiu envolver-se na reconstrução, uma vez que esta foi
identificada como uma das necessidades mais urgentes. Decidiu-se fazer a aquisição de pré-fabricados de
casas de estrutura de aço, usadas anteriormente com sucesso em áreas afectadas por ciclone, como por
exemplo no Vietname.
Este projecto de abrigo que tem como parceiros a Cruz Vermelha Portuguesa, CV Suíça e CV Belga, e
envolve os aldeãos da área montanhosa de Palmiste-à-Vin, ao pé de Leogane. Das 1.166 famílias que
vivem na área, aproximadamente 800 tiveram as suas casas parcialmente destruídas. Graças às
tradicionais casas de um só andar, houve poucas mortes e feridos a registar. No entanto, as infraestruturas comunitárias, como edifícios públicos e o centro de saúde, também foram severamente
danificados.
Departamento Ocidental, Leogane , Palmiste-à-Vin
Cruz Vermelha Portuguesa
600 habitações - 3,000 Pessoas
18 24'42.92"N | 72 38'21.66"O
O parceiro local nesta aldeia é “Les Petits Frères de Saint-Thérèse”, que têm estado a trabalhar na aldeia
há muitos anos. Eles estiveram envolvidos na selecção de beneficiários e em diversas discussões
relacionadas com o projecto. A participação comunitária é mobilizada e facilitada com e através deles.
Eles vivem com a comunidade e estão, por isso, plenamente inteirados da situação.
Das cerca de 800 famílias que ficaram com as suas casas destruídas ou danificadas, as 600 mais
vulneráveis foram seleccionadas para reconstrução com base nos seguintes critérios:
- Famílias com mulheres grávidas e crianças com menos de 2 anos;
- Idosos;
- Famílias que perderam um ou mais membros no terramoto;
- Famílias receptoras de pessoas deslocadas de Port-au-Prince ou Leogane;
- Famílias com um membro – viúvo ou viúva;
- Grandes aglomerados familiares.
Por razões logísticas, as primeiras 50 casas foram erigidas na mesma área, que é facilmente acessível
pela estrada principal que vai de Dufour para Leogane, para testar todo o processo de construção.
19 Novembro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
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Cruz Vermelha Portuguesa, Reconstrução de 600 casas em Palmiste-à-Vin
Todas as casas serão construídas nas próprias terras dos beneficiários, onde têm vivido durante muitos
anos. Cada local será inspeccionado pelo delegado de construção para verificar se o sítio para cada nova
casa vai enfrentar algum risco em particular.
Desde o início que os beneficiários contribuíram para a reconstrução das suas casas. Neste processo,
eles são apoiados pela Cruz Vermelha e pelo seu parceiro local, que os mobilizam para as tarefas que
terão que realizar. Por exemplo, têm que garantir que o material para a reconstrução das casas é
transportado para o local da obra. Mais, têm que ajudar o máximo possível em termos de trabalho e
pequeno material para a construção das bases para as fundações. Alguns dos beneficiários fazem
também parte das equipas de construção, que fazem essas mesmas bases ,e das equipas que levantam
as casas.
A maioria dos trabalhadores contratados para a construção das casas é da comunidade local.
Pretende-se ter, desta forma, um impacto económico na comunidade seleccionada, actuando como um
capital inicial para um novo começo, permitindo que as pessoas comprem sementes, ferramentas e
outros bens necessários para a agricultura.
24 Novembro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
Como complemento deste projecto de 600 casas, está-se a planear executar actividades relacionadas
com água e saneamento e saúde comunitária em Palmiste-à-Vin, que beneficiará toda a população.
Esta componente requer, no entanto, algum tempo adicional de um planeamento cuidadoso. De acordo
com uma estimativa feita, não mais de 15% das casas estão equipadas com latrinas. Os beneficiários e
parceiros expressaram – tendo em conta o recente surto de cólera –, a necessidade de um programa de
água e saneamento, incluindo os seguintes elementos:
- Construção de latrinas nas casas danificadas e/ou destruídas;
- Reforço de campanhas de sensibilização sobre higiene para a população;
23 Novembro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
Este programa é financiado pela Cruz Vermelha Portuguesa / CV Suíça / CV Belga e outros doadores e implementado pela CV Suíça
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Cruz Vermelha Portuguesa, Reconstrução de 600 casas em Palmiste-à-Vin
Para responder às urgentes necessidades das 800 famílias da comunidade montanhosa de Palmiste-àVin, perto de Leogane, decidiu-se erigir 600 casas pré-fabricadas, de estrutura de aço, importadas do
Vietname. Os requisitos para escolher este tipo de construção são, entre outros, os seguintes:
- Rápido e fácil de ser erigido por locais;
- Resistente o suficiente para se manter durante anos;
- Bem concebida e construída, de maneira a proteger os habitantes contra os perigos de furacões, cheias
e terramotos.
As casas de estrutura de aço têm uma área de 22m2 e são compostas por elementos pré-fabricados,
incluindo telhado, portas e janelas. As paredes e o chão são feitos de contraplacado importado que é
adquirido a um fornecedor local. É cortado à medida e montado localmente. A casa é ancorada ao chão
através de seis fundações de blocos de cimento, para proteger contra tempestades e permitir suportar
fortes ventos. Estes blocos de fundações são colocados num dia. Depois, as fundações precisam de secar
durante cerca de 20 dias até que se possa começar o levantamento da estrutura de aço. Uma amostra de
10 – 20% das fundações é verificada por um engenheiro externo, especialista em análise estrutural. Para
o arrefecimento da casa, serão feitos buracos através das paredes externas de contraplacado, para
permitir ventilação. Serão posicionados logo por baixo do telhado, para evitar que a chuva caia dentro da
casa. Para proteger as paredes externas contra o sol e chuva e para que durem mais tempo, as folhas de
contraplacado serão pintadas com tintas coloridas importadas, compradas no mercado local.
O transporte dos componentes pré-fabricados do Vietname é feito por um empresa profissional de
logística, que entrega o material directamente na base logística que foi criada em Leogane. Outros
materiais comprados localmente são também entregues pelos fornecedores na base de Leogane. Daí,
todos os materiais são transportados por camiões alugados à Federação Internacional das Sociedades da
Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho para outra base em Palmiste-à-Vin. O transporte final dos
componentes de cada casa para a sua localização tem de ser organizada pelos próprios beneficiários.
Para garantir que o material para a construção das casas não é danificado e é entregue a tempo no local,
há um delegado responsável pela logística que é apoiado por pessoal local. Eles são responsáveis por
garantir que o material é transportado sem danos e que não se perde ou é roubado.
19 Novembro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
19 Outubro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
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Cruz Vermelha Portuguesa| Terramoto Haiti: 1 ano depois| Projecto
Cruz Vermelha Portuguesa, Reconstrução de 600 casas em Palmiste-à-Vin
No princípio do projecto, dois engenheiros da empresa de produção das casas pré-fabricadas
deslocaram-se ao Haiti e formaram em conjunto com o delegado de construção, 20 aldeãos e cinco
trabalhadores de Leogane, durante 10 dias. Mostraram como erigir as casas e como manter, reparar e
aumentá-las, se necessário. Como exemplo, eles construíram uma casa completa, incluindo os
componentes pré-fabricados, bem como as paredes de madeira e chãos. Após esta formação inicial, as
equipas treinadas foram capazes de erigir uma casa no local da casa previamente destruída em cerca de
quatro dias de trabalho, juntamente com os membros da família em questão. Para a continuação do
projecto, prevê-se aumentar o número de trabalhadores, juntando-se novas pessoas da comunidade,
que serão treinadas para se integrarem nos grupos já operacionais.
Para a construção dos blocos das fundações, foram seleccionados outros aldeãos e agruparam-se em
duas equipas de cinco elementos . Antes de começarem a construção das fundações, essas 10 pessoas
foram treinadas em Léogane num programa de quatro dias para que as fundações sejam devidamente
construídas.
Desenhos técnicos: secções.
Até estas casas que são feitas com componentes de aço importado podem ser facilmente fixadas e
alargadas. Por exemplo, para fixar as janelas alguns membros dos grupos foram formados para mudar
os vidros durante as formações em construção, e estas podem ser compradas localmente em Léogane e
feitas de forma tradicional. O contraplacado usado nas paredes e no chão pode ser facilmente
substituído, se necessário. Pequenos trabalhados de carpintaria e soldadura são feitos regularmente no
local. As grandes peças de metal são difíceis de substituir, no entanto, não será necessário substituí-las
nos próximos dez anos. Ainda assim, se for necessário substituir algumas dessas peças, podem ser
substituídas por madeira.
Para os beneficiários que desejem alargar e aumentar as suas casas, a Cruz Vermelha irá explicar como
poderá a casa ser aumentada através de uma varanda, usando pequenas paredes de retenção. Contudo
será deles a responsabilidade e contribuição, a Cruz Vermelha dará apenas conselho técnico.
19 Outubro 2010. Créditos : Olivier Le Gall
Enquanto que algumas famílias foram capazes de restabelecer os sistemas de recolha de água que
tinham antes do terramoto, outras irão necessitar de apoio. Assim, decidiu-se colocar dois tanques de
470 litros de água e condutas para a recolha de água da chuva. Onde já existam tanques de água ou
não foram destruídos pelo sismo, dar-se-ão condutas para ligar os esgostos já existentes nas casas para a
drenagem de água.
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