suco concentrado de laranja e seus subprodutos beneficiamento e
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suco concentrado de laranja e seus subprodutos beneficiamento e
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus – Campo Mourão Engenharia de Alimentos Melina Maynara Carvalho de Almeida SUCO CONCENTRADO DE LARANJA E SEUS SUBPRODUTOS BENEFICIAMENTO E CARA CTERIZAÇÃO DE DA INDÚSTRIA DE NA RAGIÃO DE CORUMBATAÍ DO SUL: APROVEITAMENTO DA CASCA ESTÁGIO SUPERVISIONADO Campo Mourão Agosto/2013 2 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus – Campo Mourão Engenharia de Alimentos SUCO CONCENTRADO DE LARANJA E SEUS SUBPRODUTOS _______________________________ _______________________________ Dra. Karla Silva Dr. Evandro Bona Professor (a) orientador (a) Professor (a) convidado (a) _______________________________ Melina Maynara Carvalho de Almeida Aluno (a) Campo Mourão Agosto/2013 3 Resumo O presente documento apresenta as informações fundamentais levantadas durante realização do estágio supervisionado na indústria Citri Agroindustrial S.A. O objetivo do estágio foi acompanhar desde o recebimento da matéria-prima até a expedição dos produtos finais (suco de laranja, óleo essencial e terpeno), confrontando o conhecimento acadêmico adquirido às práticas industriais. O processo de suco de laranja concentrado é natural, ocorrendo apenas à retirada da água que resulta na concentração do suco, implicando na necessidade de análises físico-químicas e microbiológicas para controle da qualidade dos processados. Concluindo, o estágio possibilitou a vivência do dia-a-dia da empresa e o aprendizado prático, tendo sido essencial para a solidificação da formação em Engenharia de Alimentos. 4 Sumário RESUMO....................................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL ..................................................................................................... 9 2.1 Portaria – Balança 60 toneladas (Pesagem) .................................................................... 11 2.2 Descarga (Recepção de frutas) ....................................................................................... 11 2.3 Silos (Silagem) ............................................................................................................... 11 2.4 Mesa lavadora (Lavagem) .............................................................................................. 12 2.5 Mesa de escolha (Seleção) .............................................................................................. 12 2.6 Feed Belt ......................................................................................................................... 12 2.7 Extratoras ........................................................................................................................ 12 2.8 Tubo Filtro (acabamento) ............................................................................................... 12 2.9 Tanque Pulmão ............................................................................................................... 13 2.10 Linha de suco in natura até o Evaporador (tubulações de inox) ................................... 13 2.10.1 Evaporador 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º estágios .............................................................. 13 2.10.2 Flash Coller ........................................................................................................... 13 2.10.3 Linha de suco concentrado até o tanque Blender (tubulações de inox)................. 13 2.11 Tanque Blender com saída para envase ........................................................................ 13 2.12 Saída de suco na lança/ enchimento de tambor ............................................................ 14 2.13 Fechamento/ lacração/ acondicionamento em câmara fria ........................................... 14 2.14 Descarte ........................................................................................................................ 14 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO ........................................................ 15 3.1 Testes Preliminares no Processo .................................................................................... 15 3.1.1 Classificação de frutos ............................................................................................. 15 3.1.2 Porcentagem de suco ............................................................................................... 16 3.1.3 Sólidos solúveis ....................................................................................................... 16 3.1.4 Determinação de acidez titulável - % Ácido Cítrico ............................................... 17 3.1.5 Análise de talhão ..................................................................................................... 17 3.1.6 Análise do bagaço .................................................................................................... 18 3.1.7 Determinação do teor de óleo no bagaço................................................................. 18 3.1.8 Determinação de umidade do bagaço ...................................................................... 18 3.1.9 Determinação de licor no bagaço ............................................................................ 19 3.2 Laboratório central ......................................................................................................... 19 3.2.1 Suco concentrado congelado ................................................................................... 19 3.2.2 Determinação de sólidos solúveis............................................................................ 20 3.2.3 Determinação de acidez titulável - % Ácido Cítrico ............................................... 20 5 3.2.4 Ação corretiva e preventiva ..................................................................................... 20 3.2.5 Determinação de Ratio ............................................................................................ 21 3.2.6 Determinação de aminoácidos totais – Titulação pelo formol ................................ 21 3.2.7 Determinação de Vitamina C - Ácido ascórbico ..................................................... 22 3.2.8 Determinação de viscosidade – Teste de Mitchel ................................................... 24 3.2.9 Determinação de polpa ............................................................................................ 24 3.2.10 Determinação de sódio .......................................................................................... 26 3.2.11 Determinação de gelatinização .............................................................................. 26 3.2.12 Atividade de pectinaesterase ................................................................................. 27 3.2.13 Transmissão de luz ................................................................................................ 28 3.2.14 Porcentagem de óleo recuperável – Método Scott ................................................ 30 3.2.15 Comparação de cor em suco de laranja ................................................................. 31 3.2.16 Comparação de sabor em suco de laranja .............................................................. 32 3.2.17 Avaliação de defeitos em suco de laranja .............................................................. 33 3.2.18 Subprodutos ........................................................................................................... 35 3.2.19 Índice de peróxido ................................................................................................. 35 3.2.20 Determinação de aldeído ....................................................................................... 36 3.3 Laboratório de Microbiologia ......................................................................................... 37 3.3.1 Contagem total de mesofilos ................................................................................... 37 3.3.2 Contagem total de bolores e leveduras .................................................................... 38 3.3.3 Enumeração e detecção de bactérias termoacidofílicas ........................................... 40 3.3.4 Enumeração de bactérias acidotermofílicas ............................................................ 40 3.3.5 Detecção de bactérias acidotermofílicas.................................................................. 41 4 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 42 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 43 6 1 INTRODUÇÃO A laranja é uma fruta pertencente ao grupo dos citrus (limão, a lima, a cidra, o grapefruit, entre outros). De origem asiática, especialmente da China e do arquipélago malaio, as laranjas têm formas arredondadas, casca fibrosa e polpa suculenta. Entre suas várias espécies, as híbridas (fruto de mistura de duas ou mais espécies) são as de maior tamanho, têm melhor sabor e maior quantidade de suco. A quantidade de nutrientes varia de acordo com cada espécie da fruta, mas cálcio, potássio, sódio e fósforo podem ser encontrados em todas as espécies de laranjas. A Tabela 1 apresenta a composição básica tomando por base 100 g de laranja. Tabela 1: Substâncias constituintes em cada 100 g de laranja Calorias 65 kcal Proteínas 0,6 g Gorduras 1g Vitamina A 195 U.I. Vitamina B1 (Tiamina) 135 mcg Vitamina B2 (Riboflavina) 150 mcg Vitamina C (Ácido ascórbico) 48 mg Cálcio 45 mg Potássio 36 mg Fósforo 21 mg Sódio 13 mg Enxofre 11 mg Magnésio 8 mg Cloro 2 mg Silício 0,45 mg Ferro 0,2 mg A laranja é um fruto cítrico, do tipo baga, denominado hesperídio, resultante de ovário sincárpico e pluriovulado. É composto por epicarpo, mesocarpo, endocarpo, columela e semestes. No epicarpo (ou flavedo), estão presentes os carotenóides que são responsáveis pela coloração alaranjada do fruto maduro, além de limoneno e os óleos essenciais que proporcionam aroma e sabores 7 característicos da laranja (QUEIROZ E MENEZES, 2005; SALUNKHE, 1995). Segundo Queiroz e Menezes (20050) o mesocarpo ou albedo é caracterizado por uma camada branca e esponjosa contendo flavonóides (responsáveis pelo sabor amargo), a pectina (que possui propriedade espessante no suco) e as fibras à base de celulose. Imediatamente abaixo do mesocarpo, são encontrados os gomos do fruto, contendo as vesículas de suco, separados por um material membranoso, que contitui o endocarpo (TETRA PAK, 1998). A columela é a porção central branca da laranja onde encontram-se as sementes. As sementes possuem limoneni que, durante o processo de extração, é levado para o suco contribuindo para o amargor do produto final (MACEDO, 2002). As membranas que recobrem os gomos e parte da columela e do albedo fornecem as polpas adicionais que podem ser extraídas juntamente com o suco (BARBOSA, 2006) (Figura 1). Figura 1 - Estrutura física da laranja. Fonte: REDD et al. (1986). De acordo com o Artigo 18 do Decreto nº 6.871, de 4 de Junho de 2009, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), suco ou sumo de fruta é a bebida não fermentada, não concentrada (ressalvados alguns casos específicos) e não diluída, destinada ao consumo. Obtida por processamento adequado da fruta madura e sã, ou de parte do vegetal de origem, é submetida a tratamento que assegure a sua apresentação e conservação até o momento do consumo. 8 O suco não poderá conter substâncias estranhas à fruta, sendo proibida a adição de aromas corantes artificiais, assim como a associação de açúcares e edulcorantes hipocalóricos na fabricação de suco (VENTURINI, 2005). O PIQ (Padrão de Identidade e Qualidade) do suco de laranja, estabelecido pela legislação brasileira (BRASIL, 2000), deve ser usado como parâmetro para a análise físico-química e controle de qualidade do suco, permitindo caracterizar as bebidas e estabelecer diferenças entre as mesmas. A determinação de acidez, pH, ratio, sólidos solúveis, ácido ascórbico, óleo essencial, cor e viscosidade são parâmetros comumente analisados pelas indústrias processadoras de sucos cítricos, durante o processamento e no produto final, com o objetivo de garantir que os padrões estabelecidos pela legislação brasileira e pelo mercado externo sejam atendidos. Atualmente o Brasil ocupa o primeiro lugar na produção mundial de laranja. O suco desta fruta é considerado uma das melhores e maiores fontes de vitamina C (ou ácido ascórbico) (SHAW, P.E. et al, 1991), aumentando sua demanda por consumidores que procuram produtos frescos e funcionais para compor uma alimentação saudável (LEE, H.S. et al, 1999). Neste contexto, o presente trabalho relata princípios e ações vistos durante estágio realizado na Citri Agroindustrial S.A., uma agroindústria situada no noroeste do estado do Paraná e que processa a laranja cultivada na região. O objetivo foi confrontar a teoria acadêmica à prática industrial, nos diversos setores de produção, compondo uma visão crítica das ações cabíveis ao engenheiro de alimentos nesse processo. 9 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL A Citri Agroindustrial S.A. foi fundada em 13 de setembro de 2000 por um grupo de citricultores tradicionais da região noroeste do Paraná. A cadeia de suprimento de matéria-prima foi estabelecida através de contratos de fornecimento de laranja de longo prazo envolvendo todos os citricultores e acionistas da empresa. O pátio industrial detém uma área de 24.000 m2, com um total de 1.100 m2 de área construída, alojando laboratórios que atendem aos parâmetros internacionais de controle de qualidade aplicados às indústrias de suco de laranja concentrado congelado. O seu quadro de funcionários diretos conta com 80 pessoas além dos vários funcionários que trabalham colhendo laranjas nos pomares. Os padrões específicos no suco como Polpa, Brix e Ratio são avaliados tendo como níveis de conformidade os padrões estabelecidos pelo cliente. A maior parte da produção é destinada ao mercado externo, sendo que o restante abastece uma grande empresa nacional que o reprocessa: a Cutrale. A unidade industrial tem capacidade: para processar quatro milhões de caixas de laranja (cada caixa apresenta peso igual a 40,8 kg, unidade padrão); de descarregar 816 toneladas de laranja por dia (aproximadamente 20.000 caixas); de esmagar 816 toneladas de grutas por dia alimentando dez extratoras FMC; de armazenar 3.000 tambores de suco de laranja concentrado congelado (cada tambor apresenta peso aproximado de 270 kg) e armazenado em câmara fria, totalizando uma produção de 15.000 toneladas de suco de laranja concentrado congelado por safra. Apesar de o suco ser o principal produto da laranja, vários subprodutos, com valor comercial, são obtidos durante o seu processo de fabricação. Entre esses subprodutos estão óleos essenciais, d’limoneno, terpenos, líquidos aromáticos e farelo de polpa cítrica. Da original fruta cítrica, pode-se esperar que se extraia 44,81% de suco, 49,24% de casca e de óleo essencial 1,79% (ABECITRUS, 2008). O suco de Laranja Concentrado Congelado é conhecido comercialmente pela sigla em inglês FCOJ (Frozen Concentraded Orange Juice). Extraído, contém polpa e grandes fragmentos que devem ser removidos antes da concentração, utilizando-se uma peneira (Finishing). Pequenos fragmentos de casca, semente e polpa 10 remanescentes são removidos por meio de centrifugação. O suco extraído vai para os evaporadores, onde é concentrado até 66 °Brix. Após a concentração, a temperatura do suco é rapidamente abaixada e ele é mantido em tanques de refrigeração e homogeneização. Em seguida, o suco é bombeado através de trocadores de calor, onde é resfriado até -10 °C, temperatura na qual ele será armazenado. Os subprodutos do processo de extração da laranja que não são utilizados na fabricação do concentrado são: suco extraído de polpa (pulp wash), que possui ótimas propriedades estabilizantes e é utilizado na indústria de bebidas, óleos essenciais de laranja, D’limoneno e farelo de casca de laranja. O Óleo Essencial é produzido a partir da casca da laranja, onde fica localizado, sendo que no momento da extração, esses vacúolos de óleo são rompidos. No momento da extração do suco, ao mesmo tempo, água é injetada na extratora de encontro com a casca, assim o óleo se mistura à água e também ocorre arraste de pedaços da casca que compõem o bagacilho. Assim, este líquido é centrifugado e decantado (por diferença de densidade) em câmara fria até que se torne claro. O produto é rico em terpenos e hidrocarbonetos (d’limoneno), sendo muito utilizado como componente de sabor para a indústria alimentícia, além de ser usado na fabricação de cosméticos, fragrâncias, sabão, detergentes, perfumaria e fármacos. D’Limoneno é um terpeno, límpido, constituindo 95% da composição de óleo essencial da laranja. É utilizado nas indústrias de plásticos e químicos, onde são convertidos em resinas sintéticas, tinas, adesivos, pigmentos, borracha além de ser usado como aromatizante de sabão e detergente e também na indústria de perfumaria. É produzido a partir da água amarela (água mais bagacilho) e líquido proveniente da prensagem do bagaço, e em seguida, evaporação dos mesmos. Após destilação, ele é armazenado em tanques para decantação e posteriormente, ser envasado em tambores. Bagaço é um subproduto da produção de suco de laranja e, na Citri, este bagaço é adicionado de cal, prensando para retirada do D’Limoneno restante e em seguida, descartado da unidade, sendo usado por produtores de gado como complemento alimentar. 11 A Citri é uma fábrica montada para produção de suco concentrado cítrico de laranja e está subdividida nas seguintes áreas: 2.1 Portaria – Balança 60 toneladas (Pesagem) Os caminhões chegam do campo, são pesados em uma balança aferida e seguem para o estacionamento para aguardar o momento de seu descarregamento. 2.2 Descarga (Recepção de frutas) Os caminhões entram na fábrica e seguem para uma rampa de concreto onde ficam com a carroceria inclinada para facilitar o descarregamento das laranjas. Após o caminhão subir a rampa de concreto, sua guarda traseira é aberta e as laranjas começam a cair em um transportador de correia. Deste transportador as laranjas seguem para um elevador de talisca e deste para outro transportador de correia que alimenta os silos de frutas. Das laranjas a serem estocadas é retirada uma determinada quantidade para ser analisada no laboratório preliminar da indústria. Esta operação é realizada durante o descarregamento. Após a análise do laboratório é determinada a seqüência de descarregamento de cada uma das células. 2.3 Silos (Silagem) É o local onde as laranjas ficam estocadas. A silagem é composta de quatro células e cada uma delas tem a capacidade para estocar 400 (quatrocentas) caixas de laranjas. Após isso são abertas as comportas da célula e as laranjas vão para um transportador de correia até um elevador de talisca. Esse transportador de talisca vai alimentar a área de “Lavagem e Seleção”. 12 2.4 Mesa lavadora (Lavagem) Nesta área as laranjas vão para uma máquina chamada lavadora de frutas, sendo composta por escovas cilíndricas rotativas com cerdas de nylon. As laranjas entram na máquina e ao mesmo tempo em que são escovadas recebem vários jatos d’água de alta pressão. 2.5 Mesa de escolha (Seleção) Depois de lavadas, as laranjas seguem para outra máquina de roletes giratórios onde é feita a seleção manual, separando desta forma, das frutas boas as frutas inadequadas e/ou outros detritos que são descartados. 2.6 Feed Belt Correia transportadora sem fim que alimenta as extratoras com frutas. 2.7 Extratoras As laranjas, através de um transportador de correia, são transportadas até as extratoras, as quais extraem o suco, por pressão mecânica, separando o suco do restante da fruta (casca, polpa, sementes, etc) que compõem o bagaço, sendo este conduzido através da transportadora até a “Área de Descarte”. O suco extraído da laranja segue para um tubo coletor e deste para a “Área de Acabamento”. 2.8 Tubo Filtro (acabamento) Nesta área o suco flui através de um coletor até outra máquina chamada “Tubo Filtro”, onde é filtrado, separando-se parte da polpa e demais impurezas presentes no suco. O suco segue através de bombeamento até o “Tanque de Alimentação do Evaporador”. A polpa e impurezas separadas no Tubo Filtro, seguem através de uma bomba tipo moinho até o transportador da “Área de Descarte”. 13 2.9 Tanque Pulmão Local onde é armazenado o suco antes de ser mandado para o evaporador. 2.10 Linha de suco in natura até o Evaporador (tubulações de inox) 2.10.1 Evaporador 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º estágios O suco chega até o tanque de alimentação do evaporador com um Brix de 11,5º (11,5% de sólidos e 88,5% de água). A função deste equipamento é retirar água do suco, promovendo sua concentração, porém mantendo as características organolépticas do mesmo, ou seja, é preservado o sabor, gosto, etc. A água evaporada do suco por processo térmico (destilação) é utilizada na lavagem das frutas da fábrica e na complementação de água da caldeira já que essa água é desmineralizada. O suco concentrado a 66 ºBrix (66% de sólidas e 35% de água) é enviado através de tubulação e bomba até a “Área de Homogeneização”. 2.10.2 Flash Coller Ponto do evaporador onde o suco tende a ser mandado para o tanque já em condições de colocar em tambores. 2.10.3 Linha de suco concentrado até o tanque Blender (tubulações de inox) Linha que leva o suco já concentrado até o tanque blender. 2.11 Tanque Blender com saída para envase Tanque onde o suco é recebido após concentração, para homogeneização. O suco é transferido através de tubulação e bomba para dentro de tanques refrigerados. Esses tanques possuem agitadores onde o suco é homogeneizado, ou 14 seja, onde são acertadas todas as características do suco tais como, grau de concentração, temperatura, etc. Nesses tanques o suco é resfriado até 2 ºC positivos. Após a “Homogeneização” o suco segue através de tubulação e bomba até a “Área de Entamboramento”. 2.12 Saída de suco na lança/ enchimento de tambor Envase de suco concentrado em tambores de 280 litros com peso médio de 270 kg. O “Entamboramento” é feito em um local isolado e com atmosfera controlada obedecendo todas as normas de higiene. O suco concentrado é colocado dentro de dois sacos plásticos assépticos que vão dentro de um tambor metálico com capacidade de 280 litros cada um. Após ser pesado em uma balança aferida, o tambor é lacrado e enviado para a “Área de Estocagem”. 2.13 Fechamento/ lacração/ acondicionamento em câmara fria Fechamento do tambor com parafuso na horizontal de mais de 7 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro, com lacres e acondicionamento em câmara fria em torno de -21 ºC. 2.14 Descarte Todos os sólidos descartados na “Área de Lavagem e Seleção”, na “Área de Extração” e na “Área de Acabamento” são transportados através de transportadores helicoidais até uma caixa de descarte. Essa caixa é metálica e alta possibilitando a entrada de um caminhão basculante sob ela. Todo material descartado é transportado por caminhões basculantes para uma área pré-determinada, de forma que esse material seja enterrado em valas ou destinado a compostagem e posterior utilização. 15 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO Durante o estágio realizado na Citri, foram realizadas atividades no laboratório preliminar, cuja função é a de controlar a qualidade da matéria-prima recebida, no laboratório central e de microbiologia, que especificam a qualidade do produto acabado e dos subprodutos. As atividades realizadas estão descritas abaixo e algumas delas trazem além da execução do ensaio, as justificativas da importância em realizá-las e as correções necessárias no processo para que os resultados das análises se enquadrem nos padrões exigidos para a qualidade do produto. 3.1 Testes Preliminares no Processo 3.1.1 Classificação de frutos Durante o descarregamento na recepção de frutos, regula-se o coletor de amostras de modo a coletar uma caixa de frutos para carga em caminhão truque, como também uma caixa e meia (até duas caixas) para carga em carreta. Efetua-se a pesagem da fruta total coletada. Separam-se os frutos coletados, classificando-os em frutos sadios e refugo (pequenos, verdes, podres e bicho furão), de acordo com o seguinte critério: Pequenos: diâmetro igual ou menor que 43 mm; Verdes: casca extremamente verde, fruto duro, tamanho de médio para baixo, normalmente pequeno, cor interna esbranquiçada, podendo conter suco, mas geralmente fruto seco, não contém suco. Observar aparecimento de frutos verdes não classificados como refugo, mas que podem alterar a qualidade do produto final (casca extremamente verde, fruto relativamente mole, cor interna amareloalaranjado fraco, ratio normalmente menor que 9,00, fruto de tamanho médio); Podres: frutos apresentado podridão; Bicho furão, mosca das frutas; Após a separação dos frutos coletados, pesa-se o refugo total e separadamente. Os resultados são lançados no computador e os cálculos que este realiza estão abaixo: 16 A margem de tolerância é de 1% de refugo total. Acima deste valor, fica a critério da matéria-prima o desconto do produtor. 3.1.2 Porcentagem de suco Esta análise determina a percentagem de suco em relação ao peso total de frutos. Para isto, pesam-se os frutos coletados durante o descarregamento, extrai-se o suco em extratora FMC e pesa-se o suco obtido. O cálculo está abaixo: 3.1.3 Sólidos solúveis Os Sólidos Solúveis são determinados através de refratômetro, onde a leitura é dada pela refração da luz, sendo expressa em graus Brix. Brix é a percentagem em peso de sacarose em uma solução pura de sacarose. O valor de Brix é usado em Controle de Qualidade medindo a percentagem de Sólidos Solúveis totais em sucos cítricos de laranja, onde estão contidos, além da sacarose, outros açúcares como frutose, glicose e sais minerais naturais da fruta, os quais interferem na determinação do Brix. Por outro lado, o Ácido Cítrico presente nos sucos abaixa a leitura dos graus Brix no refratômetro, fazendo-se necessária uma correção do valor, de acordo com a percentagem de Ácido Cítrico presente no suco analisado. 17 Para a análise homogeneíza-se cuidadosamente a amostra e efetua-se a verificação da temperatura. Homogeneíza-se novamente e adicionam-se algumas gotas da amostra na superfície do prisma do refratômetro. Efetua-se a leitura e lança-se o resultado no SGF. Não há um valor padrão, pois o Brix varia em relação ao grau de maturação da fruta. 3.1.4 Determinação de acidez titulável - % Ácido Cítrico A acidez titulável em sucos de frutas cítricas é o valor expresso em % (g/100 g ou g/100 mL) de ácido titulável. É um importante fator de qualidade para o “flavor”. O suco pode ser rejeitado se a acidez for muito alta ou baixa. A acidez é definida como percentagem em peso do total de ácidos contidos no suco, calculado como de ácido cítrico, em sucos concentrados naturais, por ser este ácido que se encontra em maior proporção no suco de laranja. O conteúdo de ácido é exigido para testes de maturidade da fruta e para fazer correção da determinação de graus Brix. Para o ensaio, pipeta-se 25 mL da amostra cuidadosamente homogeneizada e transfere-se para um becker de 250 mL, adiciona-se 20 mL de água destilada e mede-se o pH do suco diluído. Titula-se contra NaOH 0,3125 mol/L padronizado até atingir pH 8,2 a 8,3 e anota-se o volume gasto, para posterior realização do cálculo: Onde: Vg: volume de NaOH 0,3125 mol/L gasto na titulação; Não há também um valor padrão para esta análise, pois o teor de ácidos presentes na fruta varia em relação à variedade, região e grau de maturação. 3.1.5 Análise de talhão Esta análise visa o acompanhamento de maturação dos frutos nos pomares, permitindo assim fazer um controle dos pomares a serem colhidos. Assim sendo, os frutos coletados pelo produtor são trazidos até o laboratório preliminar pelo Engenheiro Agrônomo e após a realização das análises faz-se a liberação deste 18 talhão. Para isso contam-se os frutos referentes a cada pomar, pesam-se estes frutos, extrai-se o suco em extratora FMC, pesando em seguida o suco extraído. Logo após, efetuam-se as análises de: Brix, Acidez, Ratio. Os cálculos realizados são os seguintes: 3.1.6 Análise do bagaço O bagaço que sai do processo também é analisado em relação a sua quantidade de óleo, umidade e licor. 3.1.7 Determinação do teor de óleo no bagaço Para tal realiza-se o seguinte procedimento: Pesa-se 200 g da amostra, adiciona-se 200 mL de água destilada e tritura-se em liquidificador por 5 minutos em baixa rotação e 2 minutos em alta. Pesa-se 5 g da amostra e coloca-se em um balão de 500 mL, adicionando 25 mL de Álcool Isopropílico e 20 mL de água destilada. Leva-se a amostra ao aparelho de destilação e destila-se no máximo 40 mL. Coletase 30 mL do destilado em erlenmeyer e adiciona-se 10 mL de Ácido Clorídrico e uma gota de Alaranjado de Metila 0,1%. Titula-se com Brometo-Bromato de Potássio 0,0247 mol/L e efetuam-se os seguintes cálculos: Onde: Vg: volume gasto do Brometo-Bromato; P (peso total) = água + amostra: 400 g. 3.1.8 Determinação de umidade do bagaço 19 A Determinação de umidade se faz através da evaporação da água contida na amostra. Para tal, padroniza-se o suporte de alumínio vazio durante o tempo programado (20 min). Esfria-se, pesa-se e anota-se seu peso. Depois se pesam 30 g da amostra e deixa-se no equipamento de umidade por 20 min, retira-se com pinça e pesa-se novamente. Peso inicial = peso do suporte + peso da amostra úmida. Peso final = peso do suporte + peso da amostra seca. 3.1.9 Determinação de licor no bagaço Adiciona-se 10 mL do Licor em um balão de 1000 mL contendo aproximadamente 500 mL de água. Dissolve-se e completa-se o volume. Coloca-se 25 mL da amostra em balão de destilação de 500 mL e adiciona-se 25 mL de Álcool Isopropílico para depois realizar a destilação. Recolhe-se 30 mL do destilado em um erlenmeyer, adiciona-se 10 mL de Ácido Clorídrico e uma gota de Alaranjado de Metila 0,1%. Titula-se com Brometo-Bromato de Potássio 0,0247 mol/L. Anota-se o volume gasto e realiza-se o calculo seguinte: 3.2 Laboratório central 3.2.1 Suco concentrado congelado 20 As análises com o FCOJ são realizadas assim que se fecha o Batch e são importantíssimas para o controle de qualidade do produto. 3.2.2 Determinação de sólidos solúveis Esta análise visa à determinação do °Brix do suco, e seu ensaio é semelhante ao que é realizado no laboratório preliminar: homogeneíza-se bem o suco acertando a temperatura a 20 C. Coloca-se a amostra no prisma, evitando partículas grandes de polpa, esperase aproximadamente 1 minuto para que a temperatura da amostra seja ajustada ao equipamento 20 C e anota-se o valor na planilha de dados do batch produzido. 3.2.3 Determinação de acidez titulável - % Ácido Cítrico Procedimento: pesa-se 10 g de suco concentrado, homogeneizado, em um becker de 250 mL, adicionam-se 75 mL de água destilada e realiza-se a leitura do pH. Titula-se contra Hidróxido de Sódio 0,3125 mol/L padronizado até atingir pH 8,2 a 8,3, anotando o volume gasto para a realização do cálculo: Onde: Vg = volume de NaOH 0,3125 mol/L gasto na titulação; 3.2.4 Ação corretiva e preventiva A percentagem de Ácido Cítrico varia de acordo com o estado de maturação da fruta, devendo esta, antes da armazenagem passar por análises preliminares, que determinará a percentagem de Ácido Cítrico da fruta. Estas serão esmagadas de acordo com a necessidade para se alcançar a acidez recomendada para o tipo de produto produzido. 21 O teor de Ácido Cítrico determinará, ainda, a necessidade de correção do Brix lido em refratômetro, já que este interfere na leitura fornecida pelo equipamento. A correção pode ser calculada através da fórmula: Sendo que o valor encontrado deve ser somado ao valor do Brix lido. Assim sendo: 3.2.5 Determinação de Ratio Ratio é determinado teoricamente pela relação Brix/Acidez, e representa um indicativo do índice de maturação da fruta pela Indústria de Citrus. Para uma fruta de diferentes regiões é preciso cautela na interpretação, pois uma relação Brix/Acidez considerada totalmente madura em uma região pode ser uma relação baixa ou imatura em outra. O Ratio é um importante indicador de qualidade do flavor em sucos cítricos, sendo o teor de ácidos ou o teor de açúcares, de forma isolada, são menos importantes do que a relação entre os dois, determinante nas interações que ocorrerão entre o suco e receptores de paladar na língua humana, responsáveis pela percepção do sabor. A relação Brix/Acidez varia de acordo com o grau de maturação da fruta e sua variedade. Além disso, determina a necessidade (ou não) de blendagem do produto para adequá-lo às preferências de mercado. 3.2.6 Determinação de aminoácidos totais – Titulação pelo formol 22 O Índice de Formol é uma determinação de aminoácidos livres, presentes nos sucos. Teores mais baixos que o especificado são encontrados em sucos extraídos de frutas verdes ou danificadas pelo frio. Baixos Índices de Formol ainda pode ser indicativo de abuso térmico durante o processamento de sucos concentrados. O Índice de Formol aumenta de acordo com o grau de maturação da fruta. O Formaldeído se combina com os grupos aminicos dos aminoácidos gerando ácidos que posteriormente são titulados com Hidróxido de Sódio 0,3125 mol/L. Para esta análise, partindo do procedimento da Acidez, adiciona-se com o auxilio de uma pipeta, 10 mL de formaldeído 37% (previamente neutralizado até o pH 8,4 com NaOH 0,1 mol/L, no máximo 1 hora antes do uso). Titula-se com Hidróxido de Sódio 0,3125 mol/L até o pH 8,40. O resultado é dado por meq/100 mL e este teor de aminoácidos titulados pelo formol em frutas cítricas pode variar de acordo com a maturação da fruta, clima e região. Valores muito abaixo do esperado podem ainda indicar abuso térmico durante o processamento. 3.2.7 Determinação de Vitamina C - Ácido ascórbico A Vitamina C pode apresentar-se sob duas formas nos sucos cítricos: Forma reduzida - Ácido Ascórbico; Levemente oxidada - Ácido Hidroascórbico; Ambas têm – biologicamente - aproximadamente o mesmo potencial vitamínico, e geralmente a forma reduzida é responsável por 90% ou mais do total. O Ácido Ascórbico é facilmente oxidado a dihidroascórbico, processo quando o Ascórbico fica exposto ao ar durante certo período de tempo e é reversível. Uma posterior oxidação do hidroascórbico forma o ácido 2,3 dicetoglutônico, que é biologicamente inativo. 23 A maior fonte de Vitamina C ou Ácido Ascórbico é encontrada em frutas cítricas e cuidados devem ser tomados durante o processamento para prevenir a sua destruição, pois esta vitamina é importante fator de qualidade em nutrição. Sua quantidade nos sucos pode variar dependendo do estado de maturação e qualidade da fruta, bem como da temperatura de pasteurização e de evaporação. Os sucos embalados perdem Vitamina C pela oxidação lenta que é provocada pelo oxigênio que não foi eliminado durante a concentração do suco. Uma laranja contém em média 30 mg de Vitamina C. O método usado na Citri baseia-se na oxidação do Ácido Ascórbico (Vitamina C) a Ácido Dihidro-ascórbico pelo Iodo (método Iodométrico). O procedimento para tal análise é o seguinte: Suco concentrado Pesam-se 10 g de suco concentrado em erlenmeyer de 250 mL e adicionam- se 90 mL de água destilada. Adiciona-se 1 mL de Amido 1%. Com auxílio de uma bureta, titula-se com Iodo 0,02 mol/L, até que a cor mude para o verde claro pálido. Sua concentração é calculada pela fórmula: Suco Natural e reconstituído a (11,8 0,2) ºBrix. Pipeta-se com o auxílio de uma pipeta sorológica 25 mL de suco em erlenmeyer de 250 mL e adiciona-se 75 mL de água destilada. Adiciona-se 1 mL de Amido 1%. Com auxílio de uma bureta, titula-se com Iodo 0,02 mol/L, até que a cor mude para verde claro pálido. Sua concentração é calculada pela fórmula: Análise dos resultados: Para suco natural e reconstituído, a concentração mínima deve ser de 38 mg em cada 100 mL de suco; Já para suco concentrado, um mínimo de 200 mg para cada 100 ml de suco. 24 3.2.8 Determinação de viscosidade – Teste de Mitchel Viscosidade é a resistência que todo fluído real oferece ao movimento relativo de qualquer de suas partes - atrito interno de fluido. Cisalhamento é a deformação que sofre um corpo quando sujeito a ação de forças constantes que favorece o seu deslizamento. Grau de cisalhamento é a medida da deformação sofrida. Dessa forma, o esforço de cisalhamento é a força requerida para provocar a ação de deformação. Em sucos de laranja concentrados, alguns fatores contribuem para o aumento aparente da viscosidade: pectinaesterase não inativada, teor de pectina, altos níveis de polpa e Sólidos Solúveis. Para a execução do ensaio dilui-se a amostra a (42 0,1) ºBrix em um becker de 250 mL, veda-se o orifício na base do viscosímetro com o dedo. Transfere-se a amostra previamente ajustada a uma temperatura de (26 1,0) C para o viscosímetro e coloca-se um recipiente na saída desse. Em seguida, simultaneamente, desobstrui-se o orifício deixando que a amostra escoe no recipiente e cronometra-se o tempo necessário para o escoamento total da amostra. Anota-se o tempo do escoamento da amostra, este será o resultado da análise expresso em segundos. A viscosidade para suco concentrado congelado deve ficar no máximo em 42 segundos e Suco Concentrado Preservado deve ficar no máximo em 36 segundos. Valores acima deste pedem intervenção e ajuste no processo. 3.2.9 Determinação de polpa O suco extraído em extratoras contém uma grande quantidade de partículas de polpa, cascas e sementes. Dependendo da maciez da fruta e da extratora estas 25 partículas devem ser separadas do suco em duas operações, acabamento e polimento do suco em equipamentos denominados FINISHER e CENTRÍFUGA respectivamente. Quando alguns desses equipamentos apresentarem alguma falha o suco pode carregar estas partículas que constituem defeitos. A polpa suspensa representa o material centrifugável presentes em sucos cítricos. A quantidade é referida em percentagem por volume e consistem de material das células de suco, fragmentos de albedo e outras partículas. Os sucos cítricos são comercializados com teores de polpa definidos, sendo um importante fator de controle durante o processamento. Este teste pode ser usado como um indicador de variáveis de processo, incluindo aperto das extratoras, aperto do finisher e eficiência das centrífugas. O aumento da pressão dos finishers e extratoras aumentam o teor de polpa, enquanto uma centrífuga operando em linha pode servir para reduzir o conteúdo de polpa. Para o ensaio, em um becker de 250 mL reconstitui-se o suco concentrado a (11,8 0,2) Brix e eleva-se a temperatura a (26 2) C, com auxílio de um banhomaria. Distribui-se o suco nos tubos de centrifugação, executando sempre dois tubos de cada amostra (é de grande importância observar se os volumes dos tubos estão exatos, pois se houver diferenças pode ocorrer desequilíbrio na centrífuga, ocasionando erro na análise, quebra de tubos e desgaste do equipamento). Dá-se início a centrifugação pressionando o botão partida e controla-se a rotação recomendada e o tempo necessário. Após o término do tempo recomendado a centrífuga se desligará automaticamente. Abre-se a tampa e executa-se a leitura dos tubos. *Para tubo de 15 mL Na linha de produção, a polpa deve ser acertada na centrífuga, para isto deverá ser feito um acompanhamento constante neste equipamento, controlando criteriosamente a entrada e a saída da centrífuga, de acordo com o tipo de suco desejado (Mercado Interno ou Exportação). Além disso, ainda deverá ser feito um acompanhamento rigoroso nos tanques de padronização, para verificar se o mesmo 26 está com a polpa dentro dos padrões aceitáveis para o tipo de produto que está sendo produzido. O acompanhamento da polpa deve ser o mais rigoroso possível, pois este é um dos requisitos essenciais para comercialização do produto, sendo fundamental que o suco a ser liberado esteja de acordo com as especificações de produto acabado. 3.2.10 Determinação de sódio A determinação de sódio em suco de laranja é realizada através de fotometria de chama utilizando fotômetro com filtro de interferência para Sódio. Para a realização desta análise liga-se o fotômetro de chama cerca de 15 minutos antes de iniciar as análises, mantendo a entrada de ar em 15 lb/pol2. Diluem-se as amostras de suco concentrado em água destilada a 11,8 oBrix. Transfere-se para um tubo de centrifugação, fundo cônico, capacidade de 15 mL e centrifuga-se a 1400 rpm por 15 minutos. Zera-se o Fotômetro com água destilada e calibra-se utilizando padrão de 20 ppm de sódio. Utiliza-se o sobrenadante das amostras para leitura, tomando cuidado para que a polpa do fundo não seja sugada e venha a entupir o sistema de leitura. As leituras são obtidas diretamente em ppm, não sendo necessário nenhum fator de conversão. O limite máximo em suco de laranja concentrado é de 20 ppm, leituras acima deste valor indicam um enxágüe insuficiente da linha de produção após limpeza com soda (CIP), sendo necessário aumentar o tempo de passagem de água. 3.2.11 Determinação de gelatinização A gelatinização ou geleificação pode ser causada por vários fatores em concentrados cítricos, entre eles: concentração de pectina, atividade enzimática, pH, conteúdo de açúcares e íons divalentes. Além destas características, ainda existem fatores devido a linha de produção do suco. Nesta análise, retira-se uma amostra (cerca de 50 mL) do batch e transfere-se a amostra, no Brix do concentrado, para um frasco plástico com tampa com capacidade de 50 mL. Para Suco tipo exportação, deixar o frasco com a amostra a 27 26 C (estufa) durante no mínimo 24 horas. Para suco tipo mercado interno, deixar na estufa a 32 oC por um tempo de 24 horas. Após este período, abri-se o frasco e entorna-se o conteúdo lentamente, observando se houve gelatinização. Escala para comparação de gelatinização: 0 - Fluidez completa, sem nenhuma partícula de gel. 1 - Fluído, mas com pequenas partículas de gel presentes. 2 - Fluído, mas contendo grandes massas de gel. 3 - Gelatinização ao ponto de ao ser removido do frasco, uma porção da amostra reter a forma do frasco. 4 - Gel sólido, onde toda a amostra retém a forma do frasco. O valor aceitável para produto vendável é fluidez igual a zero, contudo se apresentar fluidez maior, de acordo a escala, o produto será destinado a blendagem ou reprocesso. 3.2.12 Atividade de pectinaesterase A Pectina em frutas cítricas contribui desejavelmente com a opacidade e viscosidade dos sucos, pois tem a propriedade de manter os Sólidos Solúveis em suspensão. A hidrólise das cadeias de ésteres da Pectina por ação da pectinaesterase resulta na clarificação e geleificação dos sucos cítricos concentrados. A enzima pode ser destruída por aquecimento a 70 ºC e a maior parte dos processos de elaboração de sucos utilizam o calor. A eficiência da inativação é mensurada pela atividade da pectinaesterase. A pectinaesterase é uma enzima que ocorre em partes das plantas superiores inclusive nas plantas. A atividade da pectinaesterase de uma amostra é medida por milequivalentes de ésteres hidrolisados por minuto sob condições padronizadas. Os grupos carboxil são liberados por hidrólise das cadeias de ésteres e tituladas com álcali e a velocidade de liberação destas cadeias é calculada por um período de tempo. A unidade de pectinaesterase (PEU) pode ser expressa por mililitros (PEU/mL), por grama (PEU/g) ou miligramas (PEU/ºC) de sólidos solúveis de amostra. 28 Enzimas são catalisadores específicos, termolábeis, produzidas por células vivas, que podem agir na ausência das células produtoras. A pectinaesterase recebe outras denominações que sejam: pectase, pectina-metoxilase e pectinametilesterase. Esta enzima catalisa a hidrólise dos ésteres metálicos da molécula de pectina. É altamente específica para ésteres metálicos em pectinas com cadeias longas. Não hidrolisa outros ésteres nem ésteres metálicos de cadeia curta. Além disso, é inativada no pasteurizador antes do suco ser concentrado. Procedimento: Pipeta-se 20 mL de suco reconstituído a (11,8 0,2) ºBrix em um becker de 150 mL. Com o auxílio de um agitador magnético neutraliza-se a amostra com Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,3125 mol/L até o ponto de viragem de amarelo para o laranja utilizando como indicador Fenolftaleína (2 a 3 gotas). Adiciona-se 40 mL de solução de Pectina 1% e ajusta-se o pH da amostra entre 7,8 a 7,9 com NaOH 0,1 mol/L sob agitação magnética utilizando um pHmetro previamente calibrado. Após o pH estar estabilizado, adiciona-se 1 mL de NaOH 0,05 mol/L e inicia-se a contagem do tempo com o cronômetro. Mede-se o tempo necessário para o pH voltar ao pH inicial 7,8. Pode-se cronometrar 25 minutos, se não chegar ao pH inicial é sinal de que a Pectinaesterase foi inativada. O cálculo realizado é o seguinte: Caso contrário, ou seja, se o pH final ultrapassar o pH inicial dentro do tempo estabelecido, é sinal de que a Pectinaesterase não está sendo inativada no pasteurizador. Decorrido deste fato, o problema pode estar no Pasteurizador ou nas Extratoras. Sendo no Pasteurizador, a solução é observar em que temperatura se trabalha, e, caso for necessário, aumentá-la. Problemas nas extratoras pedem um ajuste, que deve ser feito pelo Técnico da FMC. 3.2.13 Transmissão de luz No suco concentrado de laranja reconstituído, a turbidez é uma medida física característica que é indicativo de boa qualidade. Ele retêm uma turbidez desejável, 29 após sofrer uma elevação de temperatura em um curto tempo, e são aceitos como produtos estáveis nas Indústrias de Citrus. A Pectina solúvel em água nos sucos cítricos pode ser protegida da desesterificação por inibição da atividade enzimática. A pectina é um colóide estabilizador que ocorre naturalmente nos sucos conferindo a viscosidade. Quando este colóide é degradado, o suco torna-se claro e aguado, com deposição de material coloidal em suspensão, bem como a rápida separação dos sólidos insolúveis da água chamado de polpa. A Transmissão de Luz é um teste realizado para avaliar a estabilidade do suco, através da turbidez. A atividade enzimática que provoca a clarificação se processa no suco natural, mas ocorre com mais intensidade no suco concentrado, por isso o método mais correto de verificar a taxa de clarificação é no suco concentrado, embora seja usual determiná-la também no suco natural. Para tal análise ajusta-se a temperatura do suco natural ou reconstituído a 11,8 Brix para 26,0 C e coloca-se em tubos da centrífuga em duplicata. Centrifugase durante 10 minutos a 1400 rpm, e após a centrifugação, remove-se os tubos cuidadosamente, separando o sobrenadante, tomando cuidado para que a polpa que ficou no fundo do tubo não seja removida. Recolhe-se por volta de 20 mL do sobrenadante e coloca-se em cubetas. Liga-se o equipamento 30 minutos antes de executar a análise. Faz-se a leitura no Espectrofotômetro previamente ajustado em 650 nm em Transmitância e acertado o zero de densidade óptica utilizando água destilada. A transmitância não deve ser maior que 35% a 26,7 °C após 24 horas. A Tabela 2 traz a qualidade do suco em relação a faixa de transmitância em que o mesmo se encontra. Tabela 2: Valores de % de transmitância Faixa (%) Classificação 0 a 24 Separação nenhuma - suco excelente 25 a 35 Separação fraca - suco aceitável 36 a 60 Separação definida - suco ruim 61 a 100 Separação extrema - suco péssimo 30 3.2.14 Porcentagem de óleo recuperável – Método Scott Este processo é utilizado para determinar Óleo Essencial proveniente da casca da fruta, em sucos naturais e concentrados reconstituídos, sendo que, sua presença determina o sabor e aroma característicos dos sucos cítricos. O método Scott representa um método rápido e preciso para determinação de teor de óleo em sucos naturais e reconstituídos. O Óleo recuperável por destilação do suco de laranja, tangerina e uva, contém 98% ou mais de d’Limoneno, o qual após codestilação com isopropanol, acidificação do destilado e titulação com uma solução padrão de Brometo-Bromato de Potássio, provoca uma reação de oxidação do Bromato com o d’Limoneno, formando o “Limoneno-tetrabrometo”. Durante a operação de concentração a vácuo de suco ele perde por evaporação uma grande parte dos componentes responsáveis pelo aroma e pelo sabor. É preciso readicionar ao suco concentrado estes componentes para melhorar a sua palatibilidade. Geralmente se usa para tanto o óleo essencial da casca, existem, entretanto limites a serem obedecidos, pois uma quantidade muito pequena não restaura no suco um sabor próximo ao natural e uma quantidade muito grande, poderá tornar o sabor amargo. Procedimento: Com auxílio de uma pipeta volumétrica ou graduada, pipeta-se 25 mL de suco de laranja reconstituído a (11,8 0,2) ºBrix e transfere-se para balão de destilação (500 mL de capacidade) com junta 24/40. Adiciona-se 25 mL de Álcool Isopropílico p.a. Destila-se no mínimo 30 mL, em becker de 50 mL de capacidade, recolhe-se 30 mL em erlenmeyer de 250 mL e adiciona-se 10 mL de Ácido Clorídrico (1+2) e uma gota de Alaranjado de Metila 0,1%. Prepara-se uma bureta de 50 mL de capacidade com solução de Brometo-Bromato de Potássio 0,0247 mol/L e titula-se o destilado até que a solução de cor rósea se torne incolor ou levemente amarelada. Cálculo usado para suco natural e suco concentrado: % de óleo recuperável (v/v)= mL de KBr-KBrO3 x 0,004 Sabe-se que 1,0 mL de solução de Brometo-Bromato de Potássio 0,0247 mol/L reage com 0,0010 g de d’Limoneno. 31 Para suco natural tem-se: Teores mínimos: 0,008 / 100 mL de suco natural; Teores máximos: 0,016 / 100 mL de suco natural; Estes valores podem variar de acordo com a matéria-prima e regulagem da extração. Para suco concentrado tem-se: Teor mínimo: 0,0080% / 100 mL de suco reconstituído; Teor máximo: 0,0120% / 100 mL de suco reconstituído; 3.2.15 Comparação de cor em suco de laranja A cor é um atributo importante de qualidade na comercialização dos sucos cítricos embora não interfira necessariamente no valor nutricional ou no sabor, podendo relatar ao consumidor uma preferência baseada na aparência do produto. A cor é uma característica da luz que é medida em termos de intensidade e comprimento de uma onda, ela emana da presença da luz em maiores quantidades a alguns comprimentos de onda do que as outras. A cor do suco de laranja é avaliada por comparação com padrões fornecidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A escala é constituída por seis tubos, em cores variando do laranja ao amarelo claro, sendo designados pelas letras OJ, seguidos de números de 01 a 06, correspondendo respectivamente à cor mais intensa e a cor mais fraca. Para tal análise dilui-se o suco concentrado em água destilada a (11,8 0,2) ºBrix a uma temperatura de 200C estabilizado no aparelho e em seguida faz-se a comparação de cor com base nas amostras contidas nos tubos de definição para padrão de cor, para suco de laranja. A Tabela 3 traz os resultados aceitáveis. 32 Tabela 3: Interpretação de resultados/padrões aceitáveis Padrão OJ Nota OJ 01 41 OJ 02 40 OJ 03 39 OJ 04 38 OJ 05 37 OJ 06 36 3.2.16 Comparação de sabor em suco de laranja Esta análise visa avaliação sensorial de suco concentrado reconstituído, atentando-se cuidadosamente para sabores de queimado, fermentado, amargo, fraco (sem corpo) e ainda para outras características, como frutas verdes e muito maduras. Para tal avaliação dilui-se o suco concentrado em água destilada a (11,8 0,2) ºBrix a uma temperatura de 20 0C estabilizada no aparelho e em seguida faz-se a degustação. Os padrões aceitáveis podem ser observados na Tabela 4. Tabela 4: Interpretação de resultados/padrões aceitáveis Nota Classificação 40 Excelente 39 Muito bom 38 Bom 37 Mais ou menos 36 Pobre 35 Muito pobre 34 Mau 33 3.2.17 Avaliação de defeitos em suco de laranja O suco obtido em extratoras industriais contém uma grande quantidade de partículas de polpa, casca e sementes, dependendo da maciez da fruta e da regulagem das extratoras. Estas partículas devem ser separadas do suco em duas operações: acabamento e polimento do suco em equipamentos denominados Finishers e Centrífugas, respectivamente. Quando algum destes equipamentos apresentarem alguma falha o suco pode carregar estas partículas que constituem um defeito. Sucos cítricos contêm como componentes naturais alguns flavonóides como hesperidinas. Estes compostos precipitam em meio ácido e em uma linha de processamento formando camadas aderidas nas superfícies internas das tubulações. Estas camadas eventualmente podem se romper e incorporar no suco partículas brancas destes flavonóides, que constituem um defeito grave. Isto ocorre mais frequentemente nos evaporadores. Pode ocorrer também a “queima” de partículas de polpa e hesperidinas nos evaporadores e serem liberadas no suco em cores que variam do marrom claro ou preto, que também constituem defeito do suco. Podem aparecer também partículas de aço inoxidável de algum equipamento que esteja se desgastando. Existem medidas preventivas para se evitar estes problemas e para determinar a necessidade de adotá-las se efetua o teste de defeitos. Procedimento: Reconstitui-se a amostra a (11,8 0,2) ºBrix em um becker de 1.000 mL (volume aproximado de 800 mL), conforme determinação do Brix. Quando a análise for destinada para liberação do evaporador reconstitui-se a amostra entre 11º e 12 Brix. Deixa-se em repouso de 3 a 5 minutos na estante para avaliação de defeitos e com auxílio de uma luminária examina-se o fundo do becker por cerca de 1 minuto para contagem do número de cada tipo de partícula encontrada. A classificação de defeitos deve ser feita de acordo com a Tabela 5: 34 Tabela 5: Classificação de defeitos SCORE DEFEITOS 20 19 18 17 Hesperidinas Max. 04 Max. 07 Max. 12 > 11 Filamento/albedo Max. 05 Max. 08 Max. 14 > 14 - pequeno Max. 03 Max. 05 Max. 10 > 10 - médio Max. 00 Max. 03 Máx. 04 > 04 - grande Max. 00 Max. 01 Máx. 02 > 02 Max. 07 Max. 14 Max. 20 > 20 P. preto / marrom: Unidades - Defeito 18 com no máximo 20 unidades: Blendagem (envasar em Bin); - Defeito 17 causado somente por hesperidinas e filamentos avaliando o número de análises executadas e a frequência de pontos: Blendagem (envasar em Bin); - Defeito 17 com no máximo 35 unidades, causados por todos (hesp,fil., p.pretos e/ou marrom): Reprocesso ( envasar em tambor com dois sacos plásticos); - Defeito 17 acima de 35 unidades causados por todos (hesp,fil, p.pretos e/ou marrom): Reprocesso ( envasar em tambor com um saco plástico); - A presença de fragmento metálico reprova o produto, avaliando o número de análises executadas e a frequência de pontos encontrados; - Outros casos serão avaliados isoladamente. Notas: Hesperidinas: Será considerada qualquer que seja seu tamanho; Filamentos de Polpa e Albedos: Não serão diferenciados; Ponto Preto e Ponto Marrom: Classificados por tamanho de acordo com a tabela padrão de tamanho de pontos pretos e pontos marrons; Fragmento Metálico: A presença já reprova o produto; 35 3.2.18 Subprodutos O óleo essencial e o terpeno cítrico são analisados também no laboratório central para averiguação da qualidade exigida pelos compradores, para isto são feitas análises de índice de peróxido e aldeído. O bagaço, outro subproduto é analisado no laboratório preliminar, como já foi citado. 3.2.19 Índice de peróxido Chama-se de rancidez a alteração no calor dos óleos e gorduras provocadas pela ação do ar (rancidez oxidativa) e microrganismos (rancidez cetônica). A rancidez oxidativa é resultante da oxidação de Ácidos Graxos Insaturados do lipídio e produz cheiro e gosto característicos. A oxidação é mais intensa quanto mais insaturado for o lipídio. Devido a sua ação fortemente oxidante os Peróxidos orgânicos formados no início da rancificação, atuam sobre o Iodeto de Potássio, liberando o Iodo que será titulado com Tiossulfato de Sódio 0,01 mol/L em presença de Amido como indicador. Quanto maior for a concentração, mais azul a solução fica, pois o seu ponto de viragem é do azul para o incolor. A execução deste ensaio baseia-se em pesar 5 g da amostra em erlenmeyer de 250 mL com rolha esmerilhada e adicionar 30 mL de mistura de Ácido Acético+Clorofórmio tampando o erlenmeyer. Feito isto, agitar para dissolver e adicionar 0,5 mL da solução saturada de Iodeto de Potássio. Agitar e deixar em repouso por 1 minuto na ausência da luz. Passado este tempo, adicionar 30 mL de água destilada, lavando a rolha e adicionar 1 mL de Amido 1%. Titular então com solução de Tiossulfato de Sódio 0,01 mol/L até que a coloração azul tenha desaparecido, anotando o volume gasto, para realizar o cálculo: Onde, A: ml de Tiossulfato de Sódio 0,01 mol/L gastos na amostra; Mol/L: Molaridade por litro da solução de Tiossulfato de Sódio 0,01 mol/L; P: Peso da amostra em gramas; Fc: Fator de correção da solução de Tiossulfato de Sódio 0,01 mol/L; 36 O Índice de Peróxido deve ser no máximo de 5,0 meq / Kg. 3.2.20 Determinação de aldeído Os Aldeídos compõem uma grande e importante percentagem do flavor total e bouquet associados a sucos e produtos cítricos. O Aldeído mais abundante em suco de laranja é o decanal, cujos níveis ficam em torno de 0,8 a 2,0 % no Óleo Essencial. Aldeídos de Óleo Cítricos reagem com Cloridrato de Hidroxilamina produzindo Ácido Hidroclórico. A neutralização do Ácido Hidroclórico com uma solução alcalina fornece uma determinação quantitativa do conteúdo de Aldeídos. Em Óleos de limão e laranja, o conteúdo de Aldeídos, calculados como citral e decanal respectivamente, é um importante indicador do valor desses óleos como ingredientes aromáticos. A determinação de teor de aldeídos desses óleos fornece um método conveniente para comparação com outros óleos do mesmo tipo. O procedimento se baseia em pesar exatamente a quantidade requisitada da amostra (5,0 g de Óleo), conforme a Tabela 6 e adicionar 35 mL de solução alcóolica de Cloridrato de Hidroxilamina 0,5 mol/L, previamente ajustada com solução alcóolica de Hidróxido de Potássio 0,1 mol/L para pH 3,4. Deixar em repouso durante o tempo requerido para cada tipo de amostra, em temperatura ambiente conforme enuncia a tabela. Após o tempo de descanso titular com a solução de Hidróxido de Potássio 0,1 mol/L até o pH 3,4 37 Tabela 6: Determinação de amostragem e tempo de reação por produto analisado Amostra Peso Tempo ( min.) Óleo Essencial (lar./grap./tang.) Óleo Essencial 5X concentrado 5,0 1,0 30 60 Óleo Essencial10X concentrado 0,5 60 Óleo Essencial15X concentrado 0.5 60 Óleo Essencial de limão 1,0 60 Terpeno 5,0 30 Aroma 1,0 60 Fase Oleosa 5,0 30 d’Limoneno 5,0 30 Onde: P.M decanal = 156,26; P.M. citral = 152,23; O teor de Aldeídos, geralmente aumenta no decorrer da safra. Frutos estocados por longos períodos, geralmente tem um baixo teor de aldeídos em seus óleos. 3.3 Laboratório de Microbiologia As análises microbiológicas são também de extrema importância para a garantia de um alimento seguro e de qualidade. 3.3.1 Contagem total de mesofilos Para determinação da Contagem Total de Mesófilos em Suco de Laranja Concentrado utiliza-se técnica de semeadura tipo “pour plate” em ágar soro de laranja (OSA), incubando-se à temperatura de 35 oC pelo período de 96 horas (quatro dias), segundo REDD et al., 1986. O Agar Soro de laranja constitui-se de um ambiente propício para desenvolvimento de flora característica de suco de laranja, por possuir em sua constituição ingredientes que reproduzem as condições nutricionais do suco. 38 Preparo da amostra: pesa-se 13,0 g de amostra (correspondente a 10 mL de suco concentrado), já descongelada, em frasco para diluição contendo 90ml de água peptonada 0,1% estéril. Homogeiniza-se muito bem, evitando a formação de espuma. Semeadura: pipeta-se assepticamente uma porção de 1 mL da diluição acima em placa de Petri (esterilizada em estufa a 180 oC por 2 horas), identificada com o número do batch a ser analisado ou ponto coletado. Adiciona-se a cada placa aproximadamente 15 mL do Orange Serum Agar previamente fundido e mantido a 45 oC. O espaço de tempo decorrido entre a semeadura e adição do meio de cultura não deve ultrapassar 20 minutos. Homogeneiza-se cuidadosamente, em movimento de vaivém ou de oito. Deixa-se solidificar o ágar em superfície plana e incuba-se as placas invertidas em estufa de cultura regulada a 35 oC, por 48 a 96 horas. Leitura das placas: após o período de incubação (48 e 96 horas), efetua-se a leitura das colônias desenvolvidas em contador de colônias. Considera-se uma Unidade Formadora de Colônia toda colônia que se desenvolveu na placa após o período de incubação, visível com auxílio de uma lupa (aumento de oito vezes). Onde: N = número de colônias contadas Fd = fator de diluição Para Suco de Laranja Concentrado Preservado padrão exportação, o limite de tolerância para contagem total de mesófilos é de 1000 UFC/ml (ou 1,0x10 3 UFC/ml). Caso este valor tenha sido ultrapassado, identificar a causa do aumento da contagem de mesófilos, investigando as variáveis de processo ocorridas e efetuar contra prova de todo lote que apresentar-se fora de padrão. 3.3.2 Contagem total de bolores e leveduras Para determinação da Contagem Total de Bolores e Leveduras em Suco de Laranja Concentrado utiliza-se técnica de semeadura tipo “pour plate” em Agar 39 Batata Dextrose (ABD), incubando-se à temperatura de 25 oC pelo período de 96 horas (quatro dias), segundo REDD et al.,1986. O Agar Batata Dextrose, com pH ajustado para 3,5 com Ácido Tartárico, oferece um meio nutricional favorável ao desenvolvimento de Bolores e Leveduras. Preparo da amostra: Semelhante ao realizado para a contagem de mesófilos. Semeadura: Pipeta-se assepticamente uma porção de 1 mL da diluição em placa de Petri (esterilizada em estufa a 180 oC por 2 horas), identificada com o número do batch a ser analisado ou ponto coletado. Adiciona-se a cada placa aproximadamente 15 mL do Agar Batata Dextrose previamente fundido e mantido a 45 oC. O espaço de tempo decorrido entre a semeadura e adição do meio de cultura não deve ultrapassar 20 minutos. Homogeneiza-se cuidadosamente, em movimento de vaivém ou de oito. Deixa-se solidificar o ágar em superfície plana e incuba-se as placas invertidas em estufa de cultura regulada a 25 oC, por 96 horas. Leitura das placas: após o período de incubação (48 e 96 horas), efetua-se a leitura das colônias desenvolvidas em contador de colônias. Considera-se uma Unidade Formadora de Colônia toda colônia com aspecto típico de levedura que se desenvolveu na placa após o período de incubação, visível com auxílio de uma lupa (aumento de oito vezes). Onde: N = número de colônias contadas; Fd = fator de diluição; Para Suco de Laranja Concentrado padrão exportação, o limite de tolerância para contagem de bolores e leveduras é de 100 UFC/ml (ou 1,0x10 2 UFC/ml). Para Suco de Laranja Concentrado Preservado, o limite máximo fica entre 15 e 100 UFC/ml, variando de acordo com o tipo de especificação (exigida pelo Cliente). As providências a serem tomadas caso haja algum lote fora do padrão são as mesmas adotadas para a contagem de mesófilos. 40 3.3.3 Enumeração e detecção de bactérias termoacidofílicas Antes de a técnica ser explicada, é importante o entendimento do porquê esta análise é importante para garantir a qualidade do suco concentrado. Durante o atípico verão de 1994, quando as temperaturas se mantiveram bem acima do normal para aquela época do ano, algumas empresas de embalagem de sucos de frutas da Europa tiveram problemas com os produtos embalados, aparentemente devido a organismo deteriogênico. Algumas das embalagens preenchidas com o suco ou néctar quente, inclusive suco de laranja, embalados por aquelas empresas, começaram a desenvolver um sabor diferente poucos dias após terem sido embalados. Ficou determinado mais tarde que essa deterioração do sabor havia sido causada por uma bactéria ácido termófila, genus Alicyclobacillus. Quando o assunto chegou ao conhecimento da Comissão Técnica da Abecitrus, a entidade iniciou pesquisas para determinar as causas da deterioração do sabor do suco. Em 1995, a Abecitrus contratou a "Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia André Tosello", para realizar um projeto completo de pesquisa, com a colaboração dos produtores de suco de laranja do Estado de São Paulo. O objetivo do estudo seria identificar as fontes da contaminação do suco de frutas pela ATSB, descobrir como esse microorganismo poderia afetar a qualidade do suco de fruta, desenvolver ou aprimorar metodologias para determinar e quantificar esses microorganismos nos sucos de frutas. O método consiste em dar um choque térmico na amostra (80°C por 10 min.) e rapidamente resfriar em banho de gelo à temperatura ambiente e posterior inoculação da amostra em placas, respeitando as condições ótimas de pH, temperatura e tempo de incubação, necessários para favorecer seu crescimento e permitir, então, a contagem das colônias formadas. 3.3.4 Enumeração de bactérias acidotermofílicas Para suco concentrado, coletar 10 mL de suco concentrado (Brix acima de 50°) com seringa estéril, colocar em frasco estéril contendo 90 mL de água estéril (diluição 1:10) e homogeneizar manualmente a amostra. Colocar em banho-maria à 80 °C e, após atingir essa temperatura, cronometrar 10 minutos, utilizando um frasco com o mesmo volume da amostra 41 como referência. Após esse período, colocar rapidamente o frasco em banho de gelo, até atingir temperatura ambiente (± 20°C). Pipetar 1 mL da amostra diluída (fator de diluição 10) para cada placa petri (fazer em duplicata) e 0,1 mL (fator de diluição 100) quando necessário maior diluição para melhor enumeração. Adicionar nas placas, pela técnica Pour plate, 15 mL a 20mL do meio de cultura Agar BAT, fundido e depois resfriado ao redor de 43 °C a 45 °C em banhomaria. Homogeneizar o meio de cultura com o inóculo contido em cada placa com movimento em forma de oito (técnica pour plate), e após solidificado o meio, as placas devem ser incubadas invertidas (fundo para cima) na temperatura de 50 °C por 7 dias, podendo monitorar as contagens até 10 dias. Após o período de incubação, contar as unidades formadoras de colônias (UFC) por placa, com auxílio do contador de colônias. Para Suco de Laranja Concentrado, o limite de tolerância para contagem de ATSB é de 90 UFC/ml. 3.3.5 Detecção de bactérias acidotermofílicas A amostra, após choque térmico, deve ser incubada à 50 °C por 24 horas para favorecer o enriquecimento da amostra, promovendo o crescimento do microrganismo, mesmo quando em número muito baixo. Após este período, pipetar 1ml da amostra em placa de petri e adicionar o meio de cultura Agar BAT, pela técnica Pour Plate e incubar à 50 °C por 7 dias. A detecção pode ser usada como forma de orientação para avaliação do crescimento do microrganismo. Uma amostra, com baixo valor na enumeração, pode apresentar valores mais elevados no enriquecimento, mostrando a capacidade do microrganismo em questão de se desenvolver. Indicar ausência ou presença, no caso da amostra enriquecida. 42 4 CONCLUSÃO O estágio na Citri S.A. possibilitou reconhecimento do processo e percepção crítica, ressaltando a importância de cada operação para a garantia de fornecimento de produtos altamente qualificados ao consumidor. As etapas de colheita das frutas, descarregamento, análises preliminares e acondicionamento das frutas nos silos impactua diretamente no blend do suco. A atuação conjunta do laboratório central com o laboratório de microbiologia também exerce papel fundamental na garantia da qualidade do produto final, garantindo que o suco atinja as características préestabelecidas e monitorando os níveis de contaminação pré-determinados pela legislação. Concluindo, o estágio proporcionou a vivência do dia-a-dia da empresa, conferindo o aprendizado prático do conteúdo acadêmico. Em contrapartida, foram instigadas metodologias analíticas específicas, possibilitando a prática de técnicas específicas não contempladas academicamente. 43 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS EXPORTADORES DE CÍTRICOS. Industrialização da laranja. Disponível em: www.abecitrus.com.br. Acesso em 15 de maio de 2013. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução normativa n 01, de 7 de janeiro de 2000. Regulamento técnico geral para fixação dos padrões de identidade e qualidade para suco de fruta. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2000. BRASIL. Decreto nº 6.871, junho 2009, Diário Oficial da União, Brasília, 4 de Junho, 2009. BARBOSA, R. D. Processamento industrial da laranja. In: KOLLER, O. C. (Ed.). Citricultura: 1. Laranja: tecnologia de produção, pós-colheita, industrialização e comercialização. Porto Alegre: Editora Cinco continentes, 2006. cap. 11, p. 333363. LEE, H.S.; COATES, G.A. 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