courtice auto guincho

Transcrição

courtice auto guincho
SIMEC 40 ANOS
História de união, força e energia de um setor
Angela Barros Leal
Ao Centro de Conhecimento, Editoração,
Documentação, Informação e Pesquisa da
FIEC, na pessoa de Rita de Cássia;
a Márcia Vecchio Machado da Silva;
e a meu marido Gil,
porque nenhum livro se escreve sozinho.
Sumário
Apresentação - 6
Introdução - 12
O marco inicial - 18
José Célio Gurgel de Castro - 1972-1975 - 28
Airton José Vidal Queiroz - 1975-1978 - 40
Álvaro de Castro Correia Neto - 1978-1981 - 52
Fernando Cirino Gurgel - 1981-1984 - 64
Antonio Carlos Maia Aragão - 1984-1987 - 80
José Frederico Thomé de Saboya e Silva - 1987-1990 - 96
Fernando José Lopes de Castro Alves - 1990-1993 - 122
Mario Walter Saturnino Bravo - 1993-1996 - 140
Guilardo Góes Ferreira Gomes - 1996-1999 - 152
Carlos Gil Alexandre Brasil - 1999-2002 - 166
Valdelírio Pereira Soares Filho - 2002-2005, 2005-2008 - 182
Ricard Pereira Silveira - 2008-2011 - 206
Epílogo - 236
Diretorias - 242
Atuais Associados - 250
Parceiros - 256
Leal, Angela Barros
L435q
40 anos do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e
de Material Elétrico no Estado do Ceará / Angela Barros Leal.-Fortaleza: SIMEC, 2011.
306 p.: ilust.
1.Indústria Metalúrgica – Ceará
2.Indústria Mecânica – Ceará
3. Indústria de Material Elétrico - Ceará
4.SIMEC – História
5. Organização Patronal
6.Industrial cearense
I. Título
CDD: 338.4
Apresentação
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Apresentação
Apresentação
Ao ser solicitado a assinar a apresentação para o livro comemorativo dos
40 anos do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico no Estado do Ceará reconheci que a indicação se dera não apenas em
função do cargo que ora ocupo, na Presidência da Federação das Indústrias
cearenses, mas também à minha vinculação pessoal com a história do SIMEC,
ao qual sou associado há mais de três décadas, acompanhando as atividades
da empresa iniciada por meu pai, José Macedo, também associado.
Nunca cheguei a ocupar a presidência do SIMEC. Circunstâncias variadas
me conduziram a outros caminhos. Permaneci atento ao trabalho desenvolvido
pelas seguidas diretorias do SIMEC, formadas por empresários comprometidos
com o crescimento de suas empresas, com a eficiência na gestão de negócios,
com a oferta de trabalho, com o bem estar da comunidade, cumprindo com
suas responsabilidades de cidadania num efeito multiplicador.
A FIEC é constituída por 39 instituições sindicais organizadas. Costumo
citar o SIMEC como uma referência para o que se espera de um Sindicato,
especialmente pela intensa participação de seus componentes e pela coerência de suas atitudes, sempre em favor do que se apresente como melhor
à comunidade empresarial. Como afirmei no meu discurso de posse, a FIEC
é dos industriais. De pessoas comprometidas com a harmonia de interesses
que assegura a força competitiva da indústria cearense.
Temos apresentado crescimento firme em um mercado cada vez mais
exigente e sem fronteiras, estabelecendo padrões éticos e qualitativos. Queremos prosseguir valorizando todos os Sindicatos que compõem a nossa
Casa. E quanto mais dinâmico for o trabalho em conjunto, maior também
será nossa valorização.
Acompanhei a chegada de Ricard Pereira Silveira à Presidência do SIMEC. Empresário jovem que se revelou uma agradável surpresa na direção
sindical. Soube trazer sangue novo, estimular o processo de modernização,
mobilizar ainda mais o grupo para exercitar a participação de todos. Seu
trabalho agregou valor ao que os antecessores haviam feito. Com muita garra
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Apresentação
conduziu o SIMEC nos últimos três anos, e é devido a seus próprios méritos
que foi reeleito para um novo mandato, certamente de muitos resultados.
As comemorações dos 40 anos de existência do SIMEC propiciaram
uma série de ações, entre as quais se encontra a publicação do presente
livro histórico. Trata-se de documento referencial baseado em minuciosa
pesquisa e em entrevistas com associados e ex-Presidentes, resgatando as
experiências do passado e preservando as informações produzidas hoje,
para conhecimento dos futuros industriais cearenses.
Novos estágios evolutivos e novos desafios virão. Nosso trabalho prosseguirá incansável, incluindo parcerias com órgãos e instituições comprometidos com o desenvolvimento do Ceará, promovendo a justiça social e
fortalecendo o papel dos Sindicatos, do qual, mais uma vez, o SIMEC se
coloca como exemplo.
Parabéns aos associados. Parabéns ao Ceará.
Roberto Macedo
Presidente da FIEC
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Introdução
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Introdução
Introdução
O longo corredor no terceiro andar da Casa da Indústria, em Fortaleza, se comporta como um verdadeiro mostruário da atividade
industrial cearense. De um lado e de outro enfileiram-se as salas que
sediam os Sindicatos dos proprietários de indústrias locais, cobrindo
uma ampla variedade de atividades que vão do granito ao têxtil, da
bebida ao alimento, da reciclagem de resíduos sólidos ao cal, gesso,
cimento e cerâmica. E é exatamente entre estes dois últimos – respectivamente, Sindverde e Sindicerâmica – que desde 1988 se encontra
instalado o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de
Material Elétrico no Estado do Ceará – SIMEC.
Logo à entrada da sala de reuniões do Sindicato, ao lado esquerdo,
há uma tortuosa escultura em metal reciclado, aparentemente inconclusa, justapondo elementos díspares que lembram uma engrenagem, um
edifício, ou suas estruturas, e que se integram para contar uma história
conhecida por apenas duas pessoas: o escultor Caetano Barros e o atual
Presidente. Na parede da mesma sala, bem próximo à escultura, em posição correspondente à cabeceira esquerda da longa mesa que acompanha as janelas abertas para o perfil verticalizado da Aldeota, se destaca
a “certidão de nascimento” da Entidade: a Carta Sindical assinada pelo
Ministro de Estado dos Negócios do Trabalho e Previdência Social, Júlio
Barata, com data de 24 de janeiro de 1972.
É este documento emoldurado que comprova a consolidação de um
movimento associativo iniciado em 1966, fortalecido a partir de 1971,
e formalizado pelo Ministério competente por meio do Processo n° 305
823 de 19 de novembro daquele mesmo ano, dando início oficial no
Ceará às atividades sindicais do setor metalúrgico, mecânico e de material elétrico.
A Carta Sindical assinala o começo de uma história surgida em outra
sede que não esta da Aldeota, ainda no Centro da cidade, envolvendo outros personagens, alguns deles transformados em lembrança, uma história
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Introdução
imersa em realidade social, política e econômica tão diversa dos dias atuais, uma história que vem conseguindo atravessar as décadas e enfrentar
os desafios de um mundo novo, globalizado, on line, virtual, noticiado em
tempo real, e se impor como um exemplo de continuidade.
E é justamente para encarar o futuro que daqui, desta sala no terceiro
andar do edifício da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 40 anos
depois, é preciso voltar os olhos para o que está no entorno, e para o que
ficou no passado.
Visão perspectiva do selo de 40 Anos do Sindicato
Carta Sindical do SIMEC, de 1972
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O marco inicial
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O marco inicial
O Marco Inicial
No primeiro livro de ata do SIMEC foi colada a página 7 do jornal
Gazeta de Notícias, da terça-feira, 17 de maio de 1966, registrando para a
posteridade o Edital de Convocação necessário à Assembleia de Fundação
da Associação Profissional dos Empregadores das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará. O nome quilométrico da nova instituição era auto-explicável, e resumia de forma clara o seu
propósito.Dizia a nota:
Pela presente, todos os integrantes da categoria econômica das
indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico são
convocados a se reunirem no próximo dia 20 de maio de 1966,
às 17 horas, na sede da FIEC, sita à Rua Major Facundo n° 253,
5° andar, sala 11, a fim de deliberarem sobre a conveniência
da fundação da Associação Profissional dos Empregadores das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico, nos
termos das disposições legais e das Instruções vigentes do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Solicita-se outrossim aos que comparecerem o obséquio de virem
munidos dos seus documentos de identificação e qualificação da atividade que exercem (Registro da firma na Repartição competente).
Fortaleza, 16 de maio de 1966
Célio Gurgel de Castro – pela Comissão Organizadora
Na mesma página, o jornalista Darcy Costa assinava a coluna “Cinema”, tratando, naquele dia, do II Festival de Cinema Amador, a acontecer na
Guanabara; o colunista Lindberg Ramos informava sobre a volta da Panair
do Brasil e a decolagem dos aviões Caravelle, da empresa aérea Cruzeiro
do Sul; e o jornalista Lúcio Brasileiro, na coluna “O Diário”, mostrava fotografia do deputado José Macedo em jantar com o pintor Moacir Andrade.
O panorama no Ceará, no Brasil e no mundo, entrevisto brevemente através da página preservada, informava aos leitores sobre a próxima demonsFolder institucional da Fundição Cearense - 1931
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O Marco Inicial
tração em Fortaleza da Esquadrilha da Fumaça, a acontecer de 17 a 24 de
maio, homenageando o primeiro centenário da Batalha de Tuiuti; noticiava
a proposta do governador Virgilio Távora, cumprindo seu primeiro mandato
(1963/1966), de criar em breve a TV Educativa do Estado; tratava do lançamento da cápsula espacial Gemini 9, marcado para o dia 18 de maio, e discorria sobre os dramas e tragédias de sempre, como inundações em Argel e
sequestros em Roma. Era ano da oitava edição da Copa do Mundo, sediada
na Inglaterra, com vitória para os donos da casa.
No Brasil vivia-se uma “complexa situação financeira e uma inquietante
crise”, como escrevia o Diretor Geral da referida Gazeta de Notícias, Luis
Campos. Apesar disso, as notícias sobre o Ceará eram promissoras. Iam ser
iniciadas as obras de construção do Armazém A-4 do Porto do Mucuripe, a
estação de passageiros da Esplanada do Mucuripe, e seis fábricas se preparavam para inaugurar o Distrito Industrial de Fortaleza até o final do ano: Protector, especializada em tintas e vernizes, duas fábricas de cimento amianto
(Eternit e Brasilit), uma de fiação, uma de relógios e uma de arame farpado,
todas elas com as negociações “em entendimentos finais”.
A reunião convocada pela Associação na Gazeta aconteceu conforme
previsto. O registro em ata permite conhecer o que foi discutido naquele
primeiro encontro do setor.
Às 19h30 do dia 20 de maio de 1966 reuniram-se na Federação das
Indústrias do Estado do Ceará, à Rua Major Facundo 253, 5° andar,
sala 11, os integrantes das atividades metalúrgicas, mecânicas e de
material elétrico abaixo assinadas, estabelecidos nesta cidade.
Em nome da Comissão Organizadora, assumiu a presidência dos
trabalhos o Sr. Célio Gurgel de Castro, que convidou para integrar
a mesa, como Secretário, o Sr. Raimundo de Alencar Pinto. O presidente agradeceu o comparecimento dos colegas reunidos para
deliberarem sobre a conveniência da fundação da Associação Profissional dos Empregados das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e
de Material Elétrico que, ao ver da Comissão Organizadora, se fazia
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Edifício Jangada - Rua Major Facundo
necessária para melhor defesa dos interesses comuns.
Assim sendo, cedia a palavra a quem dela quisesse fazer uso, para se
pronunciar sobre a proposta que formalizava publicamente.
Pedindo a palavra, o Sr.Djanir Figueiredo manifestou-se de pleno
acordo com a proposta, aduzindo que o comparecimento de número expressivo dos integrantes da categoria econômica interessada já era, por si mesmo, fato significativo e comprobatório das
possibilidades de vida eficiente da futura associação.
O texto manuscrito é encerrado sem a prometida assinatura dos empresários participantes, impedindo o conhecimento de quais se fizeram
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O Marco Inicial
presentes àquela esperançosa reunião – que, entretanto, não teve a continuidade imediata tão esperada.
No final do ano de 2010, Célio Gurgel de Castro não recorda o que
causou a interrupção das atividades, ou quem eram todos os presentes em
1966. Aos 85 anos, completados em fevereiro de 2011, Célio ainda se encontra em plena atividade, voltado principalmente para o setor de agricultura e pecuária, sem deixar de lado as antigas raízes na área de metalurgia.
“A reunião era uma formalidade, para dar início ao Sindicato”, diz ele.
“Lembro de uns três que estavam lá: o Raimundo Pinto, o Osvaldinho Studart, o pessoal da J. Torquato...” O papel de liderança que lhe coube é
modestamente atribuído às amizades criadas na FIEC, em especial com
Raimundo Pinto e com o presidente Tomás Pompeu de Souza Brasil. E se
justifica, com razão: “Isso tudo faz muito tempo.”
Se 1966 é tempo passado, mais tempo ainda se faz da fundação da primeira usina metalúrgica do Ceará, a Fundição Cearense, à qual a história
de Célio Gurgel está intimamente ligada, pela força das raízes familiares.
A Fundição Cearense nasceu em 1855, a partir de uma oficina que
trabalhava com ferro batido, como registra o pesquisador Geraldo Nobre
no livro “O processo histórico de industrialização do Ceará”. Em 1861
o empresário José Paulino Hoonholtz, já então proprietário da Fundição,
associou-se ao inglês James Spears, atuante em Recife. Os sócios partiram
para a aquisição de equipamento moderno, adequado ao funcionamento a
vapor, e inauguraram o que seria quase que uma nova indústria, em agosto
de 1868, conforme publicado no jornal República a 171 daquele mês. Havia demanda, e o sucesso foi imediato, como anota Nobre:
Em poucos meses a Fundição estava abarrotada de encomendas do
Governo e de particulares, ao ponto de seus proprietários desejarem expandir-se. Para isso, alugaram os prédios de números 84 a 98
da Rua da Praia (atual Avenida Alberto Nepomuceno). Decorridos
exatamente quatro meses a firma comunicava ao público, através
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dos jornais fortalezenses, que passava a funcionar naquele novo endereço, sob a direção do próprio James Spears, que se transferira do
Recife para Fortaleza. (...) A Fundição Cearense figurou, desde logo,
entre as mais importantes do norte do Império.
A continuação da história é contada na página de abertura do segundo
Catálogo da Fundição, impresso em Berlim em 1901 e preservado pela
família Gurgel, no qual são apresentadas ilustrações, dimensões e preços
de venda de “maquinário para lavoura, indústria e objetos de engenharia”.
“A Fundição Cearense foi estabelecida em 1855”, confirma o texto,
embora minimizando a importância daqueles tempos iniciais.
Nos seus primeiros anos [a Fundição] teve pouco desenvolvimento,
sendo, porém, adquirida em 1883 por Valdevino S. [Soares] Freire,
de saudosa memória, um cearense que dedicou parte de sua vida à
indústria de ferro em verdadeira luta pela vida em trabalhos mecânicos, dando a esta fábrica maior desenvolvimento. Quando, porém,
começava a usufruir o trabalho de longos anos, faleceu de moléstia
adquirida no próprio trabalho, acidente ocorrido na montagem de
uma instalação de máquinas para beneficiar café.
O trágico acidente ocorrido com Valdevino abalou, mas não interrompeu as atividades da Fundição.
Isto não desanimou aos irmãos Freire, que adquirindo a fábrica
por compra deram-lhe ainda maior desenvolvimento, assumindo
sua direção J.[José] C.[Cândido] Freire, na parte comercial, e Raimundo S. [Soares] Freire na parte técnica, em vista de sua longa
prática na mesma fábrica.
O endereço no Catálogo de 1901 indica o Boulevard do Bemfica como
sede2, e não mais a Rua da Praia mencionada por Nobre. Havia um telefone para contato, de número 167, o que apontava para a modernidade da
firma, numa cidade com 50 mil habitantes e poucas centenas de assinantes
telefônicos registrados.3
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O Marco Inicial
No “Almanaque do Ceará para
1908,”4 referente ao ano anterior,
a Fundição Cearense ainda consta como pertencente a José Cândido Freire. Mas em 1912 é certo que
já havia saído das mãos dos irmãos
Freire e passado para João Gurgel
Nogueira5, avô de Célio, com uma
produção “centrada em fundidos,
equipamentos para a indústria agrícola, engenhos de cana-de-açúcar e peças de moendas, alambiques, cisternas, bombas, tanques, rodas e eixos”.6
“Meu avô faleceu em 1936”, relembra Célio. “Minha mãe era filha única, já viúva. E passou a ser a proprietária
da firma, juntamente com a mãe dela,
que faleceu no ano seguinte, deixando
minha mãe sozinha na administração do
negócio”. A firma assumiu o nome de Viúva
Gurgel & Cia. Era classificada como fundição e oficina mecânica, com endereço no número 2513 do Boulevard Visconde de Cauípe,
atendendo pelo telefone 1831.7
“Nós fabricávamos peças”, diz Célio, relembrando os primeiros tempos. “A
gente fabricava, quebrava, moldava a peça, às vezes aproveitando a peça velha
como modelo para fazer outra peça daquelas, para as máquinas funcionarem”.
E acrescenta, sem saudosismo: “Naquela época eu conhecia todas as indústrias.
Todas elas eu conhecia. Eu era chamado para dar opinião na manutenção. E eu,
que quase que nasci dentro de uma fábrica, ganhei boa experiência com isso”.
Célio tinha 17 anos quando perdeu a mãe e assumiu, oficialmente, a
direção da Fundição Cearense, contribuindo para preservar o que é um
marco indiscutível na história da indústria metalúrgica no Estado e no país.
Notas:
1 - Nobre, p.129
2 - Boulevard Visconde de Cauhype e, mais tarde, Av. da Universidade
3 - Nirez, 10/9/1891
4 - Fortaleza, Typo-Lythographia a Vapor, 1908
5 - Almanaque do Ceará 1912
6 - História da Fundição. São Paulo, 2009
7 - Guia da cidade de Fortaleza, 1939
Célio tinha 12 anos de idade. Era o caçula de
quatro filhos, o único que se interessou pela Fundição.
Estudava pela manhã. À tarde fazia companhia à mãe na
fábrica, vendo de perto como eram feitos os consertos das
máquinas de beneficiamento de caroço de algodão, a manutenção das peças criadas quase artesanalmente, a fabricação dos engenhos
para moer cana.
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José Célio Gurgel de Castro
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José Célio Gurgel de Castro
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Entre 1966 e os primeiros meses de 1970 não há registros na secretaria do Sindicato sobre a movimentação associativa patronal do setor metalmecânico. Mas
em 20 de fevereiro de 1970 o quinto andar do Edifício Jangada voltou a sediar Assembleia Geral da Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas
e de Material Elétrico do Estado do Ceará, com o fim especial de “deliberar sobre
a fundação, eleição da Diretoria provisória e aprovação dos respectivos Estatutos”.
O Edital de convocação, publicado no jornal Tribuna do Ceará (16/2/70) reuniu outra vez os interessados. A ata registra que Célio Gurgel de Castro assumiu
a presidência da mesa, em nome da Comissão Organizadora, convidando João
Clemente Fernandes para Secretário. Após agradecer o comparecimento de todos, Célio comunicou a necessidade de fundar a Associação “para melhor defesa
dos interesses da classe” e perguntou se havia algum voto discordante, tendo
como resposta o silêncio. A ausência de manifestações contrárias fez com que
Célio considerasse fundada, a partir daquele momento, a Associação Profissional
das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará.
Sem perda de tempo, e na forma do Edital, deu-se a eleição da Diretoria
Provisória para a Associação recém nascida, sendo eleitos, por aclamação,
Célio Gurgel, João Clemente, Raimundo Régis de Alencar Pinto, Eduardo
Diogo Gurgel, Tarcisio Guy Andrade Silveira e Augusto Castelo da Cunha,
os três primeiros para ocupar, respectivamente, os cargos de Presidente,
Secretário, Tesoureiro e, os três seguintes, as suas suplências.
Para o Conselho Fiscal e suplência foram indicados Edson Queiroz,
Olavo Magalhães e Ivan Moreira de Castro Alves; Laerte Moreira de Castro
Alves, Osvaldo Studart Neto e João Nogueira Meireles.
Definidos os nomes dos diretores o Presidente submeteu os Estatutos
à consideração dos presentes, obtendo aprovação unânime. E para cobrir
as despesas com instalação e atividades da Associação ficou estabelecida
uma contribuição mensal de NCr$ 100,00 por parte de cada associado.
Nova Assembleia Geral Extraordinária se deu às 11h da manhã do dia 30
de janeiro de 1971 – um sábado, o que justificava o horário matinal – pratiMesa onde se davam as primeiras reuniões do SIMEC
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1972-1975
camente com os mesmos objetivos daquela acontecida quase um ano antes.
O Edital de convocação aos associados fora veiculado durante três dias, na
semana anterior, no jornal Tribuna do Ceará (13, 15 e 16 de janeiro de 1971).
Diante dos presentes, na chamada sede provisória, e que assim permaneceria por quase duas décadas – o Edifício Jangada, na Rua Major Facundo, 253, 5° andar, sala 11 – o secretário João Clemente leu na íntegra o
teor do Edital de convocação, que ficou apenas em parte registrado na ata
daquela primeira reunião de 1971, e que visava deliberar sobre três pontos
fundamentais: o pedido de reconhecimento da entidade como Sindicato, a
aprovação dos Estatutos, e a eleição da Diretoria provisória.
Na discussão referente ao tópico de abertura o presidente Célio enfatizou ser esta “a primeira fase para a fundação do Sindicato”, discorrendo em
seguida sobre as vantagens de transformar a Associação em órgão sindical,
o que foi posto em votação e aprovado por unanimidade.
A discussão sobre o segundo item foi ainda mais rápida. Pouco havia
sobre o que divergir. As normas estatutárias seguiam modelo instituído pela
Portaria Ministerial n° 126, de 28/6/1958, sendo o primeiro Estatuto formado por sete capítulos e 39 artigos, o primeiro dos quais estabelecia:
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico no Estado do Ceará, com sede e foro em Fortaleza, é constituído para fins de estudo, coordenação, proteção e representação legal da categoria econômica, na base territorial do Estado do
Ceará, conforme estabelece a legislação em vigor sobre a matéria,
e com o intuito de colaboração com os poderes públicos e demais
Associações, no sentido da solidariedade social e da sua subordinação aos interesses nacionais.
Ao proceder à leitura dos capítulos e artigos, a Mesa alertou que, se
o Plenário desejasse introduzir alguma modificação, permitida em lei, o
fizesse no decorrer da leitura, comunicado que se mostrou desnecessário:
o conteúdo foi integralmente aprovado, na forma em que estava redigido.
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Por fim, a eleição da Diretoria provisória consolidou pela segunda vez a posição de Célio Gurgel, João Clemente Fernandes e Raimundo Régis de Alencar
Pinto, nas funções de Presidente, Secretário e Tesoureiro. Constavam também
dessa lista os nomes de Eduardo Diogo Gurgel, Tarcisio Guy Andrade Silveira e
Augusto Castelo da Cunha como Suplentes da Diretoria, e de Edson Queiroz,
Olavo Magalhães e Ivan de Castro Alves na composição do Conselho Fiscal,
tendo Laerte Castro Alves, Osvaldo Studart Neto e João Nogueira Meireles como
Suplentes.
O Presidente congratulou-se com os presentes pela decisão de transformar a Associação em Sindicato, e encerrou a reunião.
Cumpridas as exigências jurídicas, até novembro do ano seguinte,
1972, seguiram-se os contatos e entendimentos necessários, sendo aberto,
junto ao Ministério dos Negócios do Trabalho e da Previdência Social, cujo
titular era o ministro Júlio Barata, o processo que oficializaria a existência
do Sindicato, materializado na Carta Sindical, com o seguinte teor:
O Ministro de Estado dos Negócios do Trabalho e Previdência Social faz saber a quantos esta carta virem que, atendendo ao que
requereu a Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará, com sede
em Fortaleza, no Estado do Ceará, e dispensando nos termos do
parágrafo único do artigo 515 da C.L.T. a reunião do terço legal
dos exercentes da categoria respectiva, resolve aprovar o respectivo estatuto e reconhecê-la sob a denominação de Sindicato
das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no
Estado do Ceará como sindicato representativo de todas as categorias econômicas constantes do 14° grupo – Indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico – do plano da Confederação Nacional da Indústria, na base territorial do Estado do
Ceará, com sede em Fortaleza no Estado do Ceará, de acordo
com o regime instituído pela Consolidação das Leis do Trabalho.
E, para firmeza, mandou passar a presente carta, que vai por ele
assinada.Brasília, 24 de janeiro de 1972.
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1972-1975
Cerca de um mês depois, a 25 de fevereiro, o Delegado Regional do
Trabalho no Ceará, Jefferson Quesado, enviou a Célio Gurgel o ofício n°
61/72 encaminhando o seguinte despacho ministerial, referente ao processo MTPS 305 823/71:
Nos termos do parecer do Departamento Nacional do Trabalho, fundamentado na Resolução da Comissão do Enquadramento Sindical, e atendendo ao que requereu a Associação
Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará, resolvo, na conformidade do
disposto no parágrafo único do art.515 da Consolidação das
Leis do Trabalho, reconhecer a postulante, sob a denominação de Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de
Material Elétrico no Estado do Ceará, como entidade sindical
de 1° grau, representativa de todas as categorias econômicas
constantes do 14° grupo – indústrias metalúrgicas, mecânicas
e de material elétrico – do plano da Confederação Nacional da
Indústria, na base territorial do Estado do Ceará, aprovados os
seus Estatutos Sociais, com as correções sugeridas. Transmita-se e publique-se.
Ministro Júlio Barata, 24 de janeiro de 1972.
Acompanhava o despacho o seguinte comunicado:
Sr. Presidente.
De ordem do Sr. Diretor Geral, encaminho em anexo, para conhecimento de V.Sa., cópia do despacho exarado pelo Sr Ministro
no processo MTPS 305 823/71, de interesse dessa entidade, bem
como a Carta de reconhecimento devidamente assinada e registrada na Seção Sindical.
As correções que o despacho havia sugerido para o Estatuto eram de
pouca monta: cinco tópicos a reeditar, quatro a incluir e um a substituir.
Foram realizadas de imediato, e a data de 24 de janeiro de 1972, passava a
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ser oficializada como a de fundação do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará.
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As primeiras
eleições do
Sindicato foram
agendadas
para 9 de junho
de 1972.
Nos 40 anos seguintes José Célio Gurgel de
Castro seria um dos dois únicos associados a repetir
mandato na Presidência, inicialmente ocupando o
cargo na Associação de 1970 a 1971, ainda que de
maneira provisória, reelegendo-se em seguida para
o triênio 1972 a 1975, desta vez no Sindicato. No
caso dele, a continuidade se deu talvez pela própria incipiência da instituição recém-criada, e que,
apesar disto, na reunião do dia 5 de maio de 1972
já ganhava uma retrospectiva histórica traçada pelo
próprio Presidente, com os tópicos gerais anotados
na ata. Célio recordava desde os tempos de formação da Associação, seis anos
antes, até seu reconhecimento recente como órgão sindical, e aproveitava para
“tecer considerações” sobre os objetivos a que esta se propunha.
As primeiras eleições do Sindicato foram agendadas para o dia 9 de
junho de 1972, quando a Diretoria provisória seria substituída pela oficial.
No dia marcado, entre as 13h e 19h compareceram 12 dos 16 sócios aptos
ao exercício do voto. A ata de instalação da Mesa Coletora Eleitoral contou
com as presenças de Raimundo Eymard Ribeiro de Amoreira, Irenice Gurgel Freire e Raimunda Maria de Carvalho.
Sob a presidência de César da Silveira Antunes, representante do Procurador Regional da Justiça do Trabalho, tendo como secretário Juvenal
Lopes Ribeiro e como escrutinadora Norma Alencar Severiano Barreira, o
resultado registrado na ata da apuração não trouxe grandes surpresas. Na
chapa única estavam eleitos Célio, Tarcisio Guy e João Clemente como titulares da Diretoria Executiva para o triênio de 15 de julho de 1972 a 14 de
julho de 1975, mantendo-se Célio no exercício da presidência.
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Complementavam os eleitos: os suplentes de Diretoria, Ivan Moreira de Castro Alves, Olavo Magalhães e Airton Queiroz; os titulares do
Conselho Fiscal, Osvaldo Studart Neto, José Djanir Guedes de Figueiredo
e Fernando Nogueira Gurgel; tendo como suplentes Augusto Castelo da
Cunha, Erasmo Rodovalho de Alencar e Raimundo Régis de Alencar Pinto. Delegados representantes junto à FIEC eram os titulares Célio Gurgel
e Raimundo Régis de Alencar Pinto, com os suplentes João Clemente Fernandes e Tarcisio Guy Andrade da Silveira.
A cerimônia de posse aconteceu no dia 14 de julho de 1972, no Auditório Waldir Diogo, da Federação das Indústrias, no 6° andar do Edifício Jangada. Tomaram assento à mesa os senhores César da Silveira Antunes, Célio
Gurgel, Tarcisio Guy, João Clemente e Antonio da Silva Guerra, assessor jurídico da FIEC e Superintendente do IEL – Instituto Euvaldo Lodi. O Presidente
discursou no final da cerimônia, encerrada às 19h40 daquela sexta-feira.
Uma importante reunião decisória se deu às 18h do dia 22 de setembro
de 1972. Assembleia Geral Extraordinária, convocada por Edital publicado
dia 16 na Tribuna do Ceará teve por objetivo inicial “examinar, apreciar e
deliberar sobre a Previsão Orçamentária para os exercícios de 1972/1973”,
sendo seguida por uma rodada de deliberações sobre a filiação da entidade
à FIEC, o que foi aprovado por unanimidade dos presentes, com destaque
para os pontos principais dos Estatutos federativos e “sobre a necessidade
de congraçamento com os Sindicatos irmãos”.
Ao tempo de sua própria fundação, em 1950, a
FIEC incluía apenas cinco sindicatos: da Indústria de
Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará, da
Construção Civil de Fortaleza, da Indústria de Calçados
de Fortaleza, da Indústria de Tipografia de Fortaleza, e
de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens de
Fortaleza. O Sindicato do setor eletrometalmecânico
surgia dentro de uma estrutura que se fortalecia.
36
A cerimônia de
posse aconteceu
no dia 14 de
julho de 1972.
Atendendo à exigência do art.4, letra d, dos Estatutos foi aberto um Livro de
Registro de Associados. O presidente Célio assinou o Termo de Abertura, com data
de 13 de dezembro de 1972, do documento onde seriam listadas as cem primeiras
indústrias que iriam compor o Sindicato, começando, naturalmente, por aquelas
ligadas aos que estavam à frente do movimento.
Contém este livro 100 (cem folhas, com todas as suas páginas tipograficamente numeradas, que servirá de Registro de Associados
do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico no Estado do Ceará, com sede nesta cidade, reconhecido
conforme Carta Sindical expedida em 24 de janeiro de 1972 e inscrito no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda
sob o número 07155104/0001.
A Fundição Cearense, com endereço na Avenida da Universidade,
2513, registrada na Junta Comercial em 9 de setembro de 1957, com n°
5.835, abre a lista. É seguida pela Fábrica de Alumínio Ironte, de Clemente
& Irmãos, tendo à frente João Clemente Fernandes, e que funcionava na
Rua Joaquim Lino, 180, registrada na Junta Comercial com n° 20.982, em 8
de agosto de 1962. A terceira indústria a ser inscrita no livro foi a Cia. Importadora de Máquinas e Acessórios Irmãos Pinto, Cimaipinto, localizada
na vizinhança do Edifício Jangada, Rua Major Facundo, 364, com n° 8.343
na Junta Comercial, em 20 de fevereiro de 1946.
A Mecesa – Metalgráfica Cearense S/A, de Fernando Nogueira Gurgel,
ocupou o quarto lugar. Era registrada na Junta Comercial em 15 de junho
de 1965, n° 27.364. Em quinto lugar veio a Organização Silveira Alencar
S/A, conduzida por Tarcísio Guy Andrade Silveira, com endereço na ainda
Rua Monsenhor Tabosa, 578, e dona do número de registro 2.312, na Junta
Comercial, em 31 de agosto de 1926.
Complementando a primazia de se colocar entre as dez primeiras, assinaram o Livro de Registro a Tecnomecânica Esmaltec S/A, de Edson Queiroz (n° 07.982, em 23/10/63); Indústria Nordestina de Aço S/A – Inasa, de
37
1972-1975
Olavo Magalhães (n° 22.841, em 20/8/63); Bombas King, de Ivan Moreira
de Castro Alves (n° 19.873, em 27/1/61); Studart & Cia Ltda, de Osvaldo
Studart Neto (n° 2.393, em 17/10/29); e Ângelo Figueiredo S/A, administrada por José Djanir Guedes de Figueiredo (n° 19.492, em 7/7/61).
Eram todos industriais no vigor dos 30 aos 50 anos, todos sediados em
Fortaleza, fundadores de seus próprios negócios ou responsáveis pela missão de dar prosseguimento ao trabalho de seus antecessores, dispostos para
contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado.
Até 1975 Célio dirigiu os trabalhos de todas as Assembleias Ordinárias
e Extraordinárias, com algumas exceções, como a reunião de 8 de abril de
1974, dirigida por Fernando Nogueira Gurgel, titular do Conselho Fiscal e
fundador da Mecesa. As Assembleias Gerais Ordinárias tinham como tema
apresentação e aprovação de relatórios, prestação de contas, previsão de
despesas para o ano seguinte, suplementação de verba que se fizesse necessária ao desenvolvimento das atividades do Sindicato e demais deliberações de ordem administrativa interna.
As Assembleias Extraordinárias examinavam matérias quase sempre relacionadas a dissídio coletivo e questões trabalhistas, como na Assembleia
de 23 de outubro de 1974, tendo sido o assunto provocado pelo Sindicato
dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico de Fortaleza. A decisão do Sindicato dos proprietários foi “conceder aumento salarial de acordo com os índices a serem dispostos pela Secretaria
Regional do Trabalho da 7ª Região”.
Não se fazia ainda muito evidente, mas o período do chamado
“milagre econômico” brasileiro aproximava-se do fim. A sombra da
hiperinflação delineava-se no horizonte para a próxima década. Ia ficar como saudosa lembrança o desempenho apresentado entre 1969 e
1973, quando o PIB nacional crescia quase 12% ano e a inflação média
anual não superava os 18%. O quadro já não era mais o mesmo em
1974, nem o seria daí em diante.
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ThomásPompeu (Presidente da CNI), Min. Mário Henrique Simonsen e
Francisco José Andrade Silveira (Presidente da FIEC) na sede da Federação das Indústrias
O mundo sofria o impacto da crise do petróleo, do aumento dos juros,
e mergulhava numa recessão que afetaria o desenvolvimento das indústrias, explodiria os índices de desemprego1, e naturalmente traria reflexos
negativos para o microcosmo que era o panorama industrial cearense. O
Presidente que sucederia Célio Gurgel iria lidar com tudo isso.
Notas:
1 - Almanaque Abril 2000
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1975-1978
Airton José Vidal Queiroz
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Airton José Vidal Queiroz
1975-1978
A data de 14 de julho, tão ligada à Revolução Francesa, tornou-se a
data oficial de posse das Diretorias do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará. Foram 13 os
associados a aptos votar na chapa única de 1975, o ano em que César Cals
deixava o Governo do Ceará para dar lugar a Adauto Bezerra, igualmente
indicado pelo processo de eleição indireta.
As eleições do Sindicato mantinham-se democraticamente diretas. Naquele ano, a Mesa Coletora Eleitoral deu início ao recebimento dos votos
ao meio-dia de 12 de junho. Juvenal Lopes Ribeiro presidiu os procedimentos, tendo como mesárias Raimunda Maria de Carvalho e Solange Pio de
Alencar Araripe. Encerrada a votação, às 18h30 do mesmo dia, sob a presidência do representante da Procuradoria Regional da Justiça do Trabalho,
João Nazareth Pereira Cardoso, e tendo como escrutinadores César da Silveira Antunes e a secretária da FIEC, Irenice Gurgel Freire, foram apurados
os votos. Estava eleita a segunda Diretoria oficial do Sindicato.
Os nomes efetivados eram os de Airton Queiroz, Célio Gurgel e Raimundo Régis de Alencar Pinto, tendo por suplentes Augusto Castelo da
Cunha, Ivan de Castro Alves e José Aragão de Albuquerque. No Conselho
Fiscal efetivavam-se Osvaldo Studart Neto, José Djanir Figueiredo e Edson
Queiroz Filho, com os suplentes Fernando Cirino Gurgel, Álvaro de Castro
Correia Neto e Pedro Jorge Clemente Soares. Célio Gurgel e Raimundo de
Alencar Pinto eram os delegados efetivos junto à FIEC. A suplência deles
coube a João Clemente Fernandes e Evandro Pessoa de Andrade.
Na ata de distribuição dos cargos, datada do dia seguinte, 13 de junho,
uma sexta-feira, coube a Airton José Vidal Queiroz a presidência para o
triênio 1975-1978, tendo como Secretário Célio Gurgel e como Tesoureiro
Raimundo de Alencar Pinto.
No citado dia 14 de julho Célio Gurgel deu posse ao novo Presidente
e apresentou relato da administração finda, comunicando que o Sindicato
dispunha de um saldo de Cr$ 95.483,00, sendo Cr$ 91.464,00 referentes
42
43
1975-1978
Columbia, Tropicana Quartz e Tropicana Electronic Line, com mercado no
Ceará, Piauí e Maranhão.
Produziam também tambores e tanques para derivados de petróleo, silos e minisilos para cereais, caçambas basculantes, carros de mão e estruturas metálicas, ampliando mercado de vendas, a partir de 1976, para países
das Américas Latina e Central, como Bolívia, Equador, Guianas, Martinica,
Panamá, Paraguai e Porto Rico.1 Poucos anos mais tarde, em 1986, a Esmaltec representaria cerca de 80% do mercado consumidor local de lâminas de aço a quente e a frio,2 numa escalada que conduziria a patamares
sequer sonhados à época.
Thomás Pompeu, Hélio Idelburque (atrás), Carneiro Leal (superintendente do SESI) e Edson Queiroz em visita à Tecnorte
à arrecadação da contribuição sindical, e os restantes Cr$ 4.019,00 procedentes de “rendas próprias”, tudo devidamente depositado na Caixa Econômica Federal do Ceará.
Airton Queiroz discursou para os presentes. Antes de serem empossados os diretores cumpriram com a exigência legal de apresentar suas
declarações de bens à Secretaria do Sindicato.
O novo Presidente atuava intensamente na área metalmecânica, sendo filho de um dos pioneiros da metalurgia no Ceará, o empresário Edson
Queiroz, fundador, entre outras empresas, da Tecnorte – Tecnomecânica
Norte Ltda e da Esmaltec – Estamparia e Esmaltação Nordeste S/A. Em operações desde 1963, ambas produziam botijões para GLP (o familiar gás
butano), os indispensáveis fogões Jangada (“o fogão de todo mundo”, segundo o slogan publicitário), e mais adiante os modelos Alvorada, Iracema,
44
No Sindicato das Indústrias do setor eletrometalmecânico o dissídio
coletivo entrou regularmente em pauta, na Assembleia Geral Extraordinária
de 25 de setembro de 1975, tratando sobre o aumento nas bases dos índices salariais de outubro para os trabalhadores que recebiam até 10 salários
mínimos regionais. Acima disso, ficou decidida recomendação de “acordo
entre empresa e empregado, não inferior a 20%”.
São poucos e lacônicos os registros em ata sobre o período: Assembleia
Geral Ordinária, de 14 de junho de 1976, para apreciação de Relatório da
Diretoria, prestação de contas do ano anterior e previsão orçamentária para
o ano vindouro; Assembleia Geral Extraordinária, dia 3 de dezembro, para
tratar da suplementação de verbas do orçamento do ano em curso. E o mesmo se repetiu em 1977, até meados de 1978, sempre no Edifício Jangada,
na Rua Major Facundo.
Conforme o Guia Turístico e Informativo de Fortaleza para 1974/75, o
Ceará administrado pelo engenheiro e militar César Cals de Oliveira Filho
ganhara “três anos de profícuas realizações”. As exportações haviam crescido mais de 40% somente em 1973, não apenas ancorada nos tradicionais
produtos primários, mas sim “em artigos manufaturados”, para o qual o
setor industrial colaborava intensamente,
45
1975-1978
Era ainda modesto o número de empresas locais, atuantes no segmento eletrometalmecânico, que anunciavam sua atuação nas páginas
do referido Anuário: Grupo J.Macedo. Grupo Ângelo Figueiredo. Grupo
Castro Alves. Metadil – Metalúrgica Diana Ltda. Indubras – Indústria Brasileira de Metais S/A. Inelsa – Indústrias Elétricas Elite S/A. Cemag – Ceará
Máquinas Agrícolas S/A.
Fábrica Móveis de Aço Confiança, do Grupo Ângelo Figueiredo
obedecendo os perfis, visando a utilização da matéria prima local
e mão de obra intensiva, com aumento na oferta de empregos,
tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.
A população de Fortaleza alcançava o primeiro milhão, ostentando o
título de sexta maior metrópole brasileira. Os setores de agropecuária e
serviços encabeçavam a composição do PIB, com a indústria – mais fortemente a agroindústria – assumindo o terceiro lugar, o que não impedia
o surgimento de grandes projetos na área metalmecânica, para a qual o
Anuário do Ceará 1979/1980, editado por Dorian Sampaio, informava as
metas buscadas:
Entre as indústrias que preencheram ficha de filiação ao Sindicato
naquele período estavam Fortaleza Aços S/A, de Raimundo Machado de
Araújo (20/8/75); CELENE – Cia. Eletrocerâmica do Nordeste, de Adalberto
Benevides Magalhães (20/8/75); ESMEL – Indústria de Estruturas Mecânicas
Ltda, de Eudes Macedo Queiroz Lima (9/9/75); Frota Mello S/A – Indústria e
Comércio, de José Firmo Frota Mello (28/1/76); FAE – Ferragens e Aparelhos
Elétricos S/A, de Acácio Araújo de Vasconcelos (29/4/77); CEMEC Construções Eletromecânicas S/A, de José Dias de Macedo (22/12/78).
Transformadores produzidos na CEMEC
O Pólo Metalmecânico trará:
A) implantação de uma unidade produtiva de chapas e bobinas
finas a frio e folhas de embalagem;
B) implantação de uma unidade de laminação de aços planos;
C) o estabelecimento de condições de implantação de uma série
de outras empresas no setor;
D) criação de 3.743 empregos diretos, 1.310 dos quais na unidade
de laminação. Os investimentos destinados a esse programa estão orçados em Cr$ 8,7 bilhões.
46
47
1975-1978
Aumentava o número de associados. Por outro lado, aumentava também a inflação, e os salários inalterados funcionavam como ingredientes
explosivos para a insatisfação dos trabalhadores, em especial dos metalúrgicos do chamado ABCD de São Paulo, que em 1978 deflagrariam o maior
ciclo grevista que o Brasil vivenciara até então.
Em março de 1978 o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Ceará se mobilizava para novo processo
eleitoral, o terceiro da história da entidade. Como viria a ser de praxe,
era apresentada chapa única, que seria eleita por unanimidade e sem
conflitos. No dia 22 daquele mês a Tribuna do Ceará comunicava o registro da chapa concorrente à eleição, confirmando nota publicada no
mês anterior, no mesmo jornal.
Compunham o quadro, como efetivos da Diretoria, Álvaro de Castro
Correia Neto, Fernando Cirino Gurgel e Raimundo Régis de Alencar
Pinto. Seus suplentes eram Augusto Castelo da Cunha, Ivan de Castro
Alves e Adalberto Benevides Magalhães Filho. O Conselho Fiscal seria
composto por Amândio Bezerra Rolim, José Djacir Guedes de Figueiredo e Edson Queiroz Filho, tendo como suplentes Sebastião de Arruda
Gomes, Nelson Prado e Pedro Jorge Clemente Soares.
Airton Queiroz permaneceu na
presidência até julho. Juntamente com
José Flávio Costa Lima, presidente da
FIEC, estava à frente da recepção oferecida a Plínio Catanhede, presidente da CSN – Companhia Siderúrgica
Nacional em junho de 1978. Ao final
da reunião com os representantes das
metalúrgicas locais, Catanhede afirmou que ficara “com uma impressão
altamente animadora das empresas
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Como de praxe,
era apresentada
chapa única, que
seria eleita por
unanimidade e
sem conflitos.
cearenses consumidoras dos produtos de fabricação da CSN”, como documentou o jornal O Povo (10/6/78), e não poupou elogios.
Seu intuito era conhecer as necessidades do setor siderúrgico cearense. E confessou-se “impressionado com o progresso das indústrias visitadas,” entre as quais a Esmaltec. Destacou “o sentido da evolução da
economia do Ceará, que ocupa posição de relevo no contexto nacional”,
gerida por empresários “altamente dedicados ao seu papel na economia
e na sociedade”, e concluiu afirmando caber ao Ceará “um papel importante a cumprir no desenvolvimento do Nordeste”.
As palavras elogiosas não impediram Catanhede de ouvir o questionamento do associado Sebastião Arruda Gomes, presidente da Norfrio,
falando em nome de muitos, quanto às dificuldades para aquisição de
chapas galvanizadas. Era este um real impedimento ao avanço de grande
parte do setor, e não só no Ceará.
A preocupação elencava-se entre os propósitos justificativos da criação da ASIMEC – Associação das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de
Material Elétrico do Norte e Nordeste, entidade de caráter reivindicativo
criada em novembro de 1977, visando congregar as lideranças metalmecânicas nos estados da Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande
do Norte, interessando-se principalmente em regularizar o abastecimento
de matérias-primas essenciais à atividade.
Com o Brasil sob a presidência do nordestino José Sarney, e o Ceará governado por Adauto Bezerra, a ASIMEC, tendo como presidente o cearense
Adalberto Magalhães Filho, conduzia a discussão sobre o início de estudos
técnicos que viabilizassem o Polo Metal-Mecânico do Nordeste, propondo
também uma Portaria capaz de facilitar a participação de indústrias regionais
em concorrências públicas ou administrativas, preferenciando os produtos
nordestinos, o que ainda provocaria um sem fim de debates e discussões.
O processo de renovação de Diretoria do Sindicato teve início no dia 9
de junho de 1978. A secretária Irenice Gurgel Freire assumiu a presidência
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1975-1978
da instalação da Mesa Coletora Eleitoral, obedecendo a Portaria n° 92/78,
de 24 de maio de 1978, da Delegacia Regional do Trabalho no Ceará, e
deu início aos trabalhos. Junto com as companheiras de Mesa, Raimunda
Maria de Carvalho e Zulene Bezerra de Figueiredo, verificou que o material
necessário para a eleição estava “em perfeita ordem”.
Às 13h os associados começaram a depositar seus votos na urna, a favor da
única chapa registrada, encerrando-se o processo às 19h, quando 17 dos 20 associados aptos a votar cumpriram seu dever classista. A apuração se deu na meia
hora seguinte. Até às 19h30 o Presidente e o suplente da Mesa Apuradora, César
da Silveira Antunes, Chefe do Departamento Sindical da FIEC, e Juvenal Lopes
Ribeiro, designados pelas Portarias 200/78 e 201/78 da Procuradoria Regional
do Trabalho, retiraram as cédulas da urna confirmando a Diretoria eleita.
Efetivos eram Álvaro de Castro Correia Neto, Fernando Cirino Gurgel
e Raimundo Régis de Alencar Pinto, com os suplentes Augusto Castelo da
Cunha, Ivan de Castro Alves e Adalberto Magalhães Filho. Efetivos no Conselho Fiscal: Amândio Bezerra Rolim, José Djanir Guedes de Figueiredo e
Edson Queiroz Filho, tendo Sebastião de Arruda Gomes, Nélson Prado e
Pedro Jorge Clemente na suplência. Como Delegados representantes junto
à FIEC, efetivos, foram escolhidos o Presidente que saía, Airton Queiroz,
e Adalberto Magalhães Filho, e os suplentes Victor José Macedo Queiroz
Lima e José Sérgio Cunha Figueiredo.
Pelo avançado da hora da sexta-feira, a reunião para distribuição
dos cargos aconteceu somente na segunda-feira seguinte, definindo-se
presidente Álvaro de Castro Correia Neto, secretário Fernando Cirino e
tesoureiro Raimundo Régis Pinto.
No aprazado dia 14 de julho deu-se a cerimônia de posse dessa terceira Diretoria. Na ata foram preservados o registro dos componentes da
mesa, César da Silveira Antunes, Airton Queiroz e o novo titular, e os compromissos por eles solenemente assumidos de
50
Visita dos participantes da 11ª Semana Regional de Prevenção de Acidentes às instalações da Tecnomecânica Esmaltec
respeitar, no exercício do mandato, a Constituição Federal, as leis
vigentes e os Estatutos da Entidade, nos termos do parágrafo 5° do
art. 532 da CLT, combinado com o art. 74 da Portaria 3.447, de
20/12/74.
Airton Vidal Queiroz prestou contas de sua atuação à frente da entidade. Álvaro Correia também se manifestou. Todos os novos Diretores
apresentaram suas declarações de bens, atendendo ao disposto na Portaria
Ministerial n°3.161, de 20 de maio de 1971. Começava outro mandato,
que iria entrar na movimentada década de 1980.
Notas:
1 - Edson Queiroz: um homem e seu tempo. SP, CL-A Comunicações, 1986
2 - DN 18/12/86
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1978-1981
Álvaro de Castro Correia Neto
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Álvaro de Castro Correia Neto
1978-1981
Airton Queiroz deu lugar a Álvaro de Castro Correia Neto em julho de
1978, consolidando um modelo de titularidade renovável, sem repetições
personalizadas, possibilitando a cada três anos a criação de novas lideranças e um constante revigoramento no espírito associativo.
Álvaro foi o primeiro executivo, não proprietário de indústria, a assumir a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de
Material Elétrico no Estado do Ceará, cargo que ocuparia de 1978 a 1981,
eleito por 17 dos 20 associados aptos a votar. Engenheiro-mecânico e
administrador de empresas, era diretor industrial da empresa Mecesa – Metalgráfica Cearense S/A, de Fernando Nogueira Gurgel. De lá partiria para
a IMEC – Indústria de Material Elétrico e Mecânico, trocando Fortaleza por
Belém do Pará em 1983. Retornaria ao Ceará 15 anos mais tarde, não mais
no setor metalúrgico, mas sim no de papel e embalagens.
Como Diretor Financeiro da FIEC, Correia Neto mantém inalterada a
admiração pelo Sindicato que presidiu: “O SIMEC tem se destacado no cenário econômico do Estado por sua competência e por sua postura proativa
na defesa de interesses dos seus associados”, é o que declara no portal do
Sindicato. “Na FIEC, é notável o seu empenho nas ações ligadas ao Programa de Desenvolvimento Associativo – PDA, que culminou, recentemente,
na elevação do número de associados. É reconhecido enquanto um Sindicato atuante, sério, ético e transparente”.
Durante a administração de Álvaro Correia Neto, o Departamento de
Documentação e Informação Industrial da FIEC deu início a um paciente
trabalho de coleta de dados publicados na imprensa sobre o Sindicato das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, possibilitando ao curioso ou ao pesquisador uma visão mais ampla que as
atas oferecem, e bem mais segura que a sempre traiçoeira memória humana.
Assim é que se acompanha, a partir daquela época, o sonho dourado
da implantação de uma usina siderúrgica em território cearense, tantas vezes prometido e outras tantas negado, ao ponto de levar um dos associados
Alguns dos produtos da Mecesa
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1978-1981
a responder, cheio de ironia, devolvendo a pergunta sobre as vantagens que
seriam trazidas ao Estado com a chegada de uma usina como essa: “Qual
das siderúrgicas? Já fui ao lançamento da pedra fundamental de tantas...”
Editorial publicado no jornal Estado de Minas (7/3/1979) permite a
compreensão do poder multiplicador da siderurgia. “É talvez o segmento
industrial mais importante dentro do processo de desenvolvimento de
qualquer país”, dizia o redator.
A análise dos períodos de maior progresso econômico dos principais países do mundo demonstra, cristalinamente, que ele [o progresso] foi impulsionado por um crescimento vertiginoso da indústria siderúrgica e do consumo do aço.
Não sem razão se faziam tão constantes os esforços para atrair ao Ceará
um equipamento desse porte. Se uma usina siderúrgica representava tudo
isso no âmbito de países, o que não representaria no contexto de um Estado
como o Ceará, com seu desenvolvimento historicamente sujeito aos caprichos e variações do clima, tendo como necessidade vital encontrar outros
meios de subsistência, e como desafio comprovar o potencial de seu povo.
Com tal propósito é que o governador
Virgilio Távora, em seu segundo período
administrativo (março de 1979 a março de
1982), muito iria contribuir para a quase
concretização do sonho, como comprovam as matérias jornalísticas da época.
Segundo o jornal Diário do Nordeste (jan/80), o país apresentava “escassez e encarecimento do dinheiro”, num
momento em que a inflação ganhava fôlego para um salto gigantesco.
O Governo dos militares previa para 1980 uma inflação acumulada de
45%. Chegou, de fato, a 110%, mais que o dobro do previsto, superando em muito a inflação do ano anterior, que ficara em 77%.
Virgílio Távora, governador do Ceará
de 1963 a 1966 e de 1979 a 1982
Queixas à parte, 1980 se mostrou um “ano de glória” para a fundição do Brasil (Tribuna do Ceará, 13/2/89), com a produção de 1.798
milhões de toneladas, recorde que só seria quebrado em 1986, na
esteira do Plano Cruzado. Foi também o ano em que se assinalou um
“acontecimento histórico” (TC, 6/9/80): o Estado já fazia parte do
“círculo fechado da comunidade siderúrgica brasileira” na produção
de laminados planos, graças a dois convênios de cooperação técnica
assinados a 5 de setembro entre a Siderbras – Siderurgia Brasileira S/A,
empresa holding do setor siderúrgico brasileiro, e o governo estadual,
tendo à frente o governador Virgilio Távora e seu secretário de Indústria e Comércio, Firmo de Castro.
As assinaturas pavimentavam o caminho para que o Ceará viesse a
se firmar como o terceiro polo industrial do Nordeste e o maior centro
metalmecânico da área. A implantação da unidade de laminados planos
se fazia “irreversível”, asseguravam os dirigentes políticos. A inauguração
aconteceria no final de 1984. A produção prevista para o estágio inicial
era de 200 mil toneladas, saltando para 25 milhões de toneladas no ano
56
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1978-1981
seguinte, e 35 milhões em 1990. O bônus especial seria a desconcentração dos investimentos do eixo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo,
trazendo-os para o Nordeste.
Havia projetos ainda para outra unidade, de não planos, cuja carta-consulta havia sido aprovada junto à SUDENE, e que possivelmente seria
localizada no Distrito Industrial, sob responsabilidade do poderoso Grupo
Gerdau. A estratégia era clara: laminados planos caberiam às empresas do
sistema Siderbras; não planos – vergalhões, barras, arames, tubos, trilhos,
perfis – ficariam a cargo da iniciativa privada.
O ponto de vista técnico era favorável. O Ceará se posicionava como
o maior consumidor de laminados planos na região Nordeste, e se localizava estrategicamente no ponto médio entre as regiões Norte e Nordeste,
o que sem dúvida facilitaria o atendimento a estados como Pará, Amazonas, Piauí e Maranhão.
O ponto de vista político não ficava atrás. O Consider – Conselho de Metais Não Ferrosos e de Siderurgia, órgão interministerial responsável pelo estabelecimento das políticas globais do setor, composto pelos ministros Delfim
Neto, do Planejamento, César Cals, das Minas e Energia, Camilo Penna, da Indústria e Comércio, e Ernani Galvêas, da Fazenda – acenara promissoramente,
por meio do Secretário Executivo do Conselho,
Aloísio Marins, confirmando de público a alocação de recursos no orçamento de 1981 para dar
suporte ao desenvolvimento da Unidade.
O Ceará se
posicionava como
o maior consumidor
de laminados
planos no Nordeste
58
O Superintendente da SUDENE, Valfrido Salmito Filho, cearense de São Benedito, declarava
em entrevistas que
a decisão de instalar usina siderúrgica de laminados
planos representa momento marcante para a história
do Nordeste, especialmente do Ceará, graças principalmente à tenacidade do governador Virgilio Távora.
O otimismo se devia, talvez, ao alinhamento de tantos cearenses em
pontos-chave de decisão, talvez à insistência de Virgilio, e sua proximidade
com os dirigentes máximos nacionais, ou ainda às próprias características
do ser humano. Por outro lado, a realidade pressionava com indefinições
básicas quanto à localização da unidade de laminados planos, a ser erguida ou em Sítios Novos, próximo ao município de Caucaia, através de
uma operação joint-venture entre Governo do Estado e CSN, ou no Distrito
Industrial de Maracanaú.
Como se pressentisse que não chegaria a ver a usina concluída,
Virgilio Távora inquietava-se com a morosidade das negociações. A
economia cearense era fortemente baseada no setor primário, insistia
ele, e isso precisava mudar. “O setor industrial é ainda insignificante,
sobretudo ao se considerar o processo de urbanização que o Estado
vem passando, tendo Fortaleza como quinta cidade do Brasil em termos
populacionais”, declarava o Governador ao jornal O Povo (jan/81). A
industrialização era prioritária, “única alternativa para a transformação
e modernização da economia do Ceará”, representando “a meta-síntese
da política governamental para o setor”, numa lógica que seria retomada mais adiante, em fins do século XX, nas três administrações de Tasso
Jereissati (1987-1991, 1995-2002).
Havia outra boa notícia prometida para o Ceará naquele mês de
janeiro de 1981, no qual a ASIMEC – Associação das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de Material Elétrico do Norte e Nordeste, realizava
reunião ordinária em Fortaleza: o Mucuripe teria seu porto industrial,
um porto externo, offshore, “destinado a atender movimentação de descarga, principalmente de laminados de aço adquiridos pelas indústrias
metalúrgicas cearenses”, informava O Povo. Mais um passo para consolidar o Pólo Metal-Mecânico do Ceará, “já em franco andamento,”
prevendo até 1985 estarem concluídas não apenas uma, mas as duas
unidades de produção já mencionadas (de aços planos, com a Siderbras, e de aços não planos, com o Grupo Gerdau).
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1978-1981
O jornal apresentava croquis facilitando ao leitor visualizar como ficaria o Porto do Mucuripe após a realização das importantes obras, que
permitiriam “a atracação de navios de grande calado, como os transportadores de laminados de aço, vindos do Porto da Cosipa, em São Paulo”. Ou,
melhor ainda, “a exportação dos laminados de aço que seriam produzidos
pelas duas futuras siderúrgicas cearenses”.
Em março, antes de deixar a presidência do Sindicato, Álvaro de Castro
Correia Neto ainda teve tempo para entusiasmar-se com o fato de que, a
partir de outubro de 1982, o Ceará entraria na “corrida do aço”. Na abalizada palavra do governador Virgilio Távora, publicada no O Povo (27/3/81),
“estamos vivendo toda uma semana de eventos siderúrgicos, primeiro porque temos hoje, em Fortaleza, todo um staff da Siderbras, tratando da futura siderúrgica de laminação de aço. Segundo, porque dia 30 [de março]
teremos o lançamento da pedra fundamental da Siderúrgica Cearense, do
Grupo Gerdau, no Distrito Industrial”.
Era atirada a primeira pedra.
Os planos desciam aos detalhes. De início, a Siderúrgica Cearense iria
ocupar uma área de apenas 130 mil m² de um total de 50 hectares disponíveis no Distrito Industrial, produzindo anualmente 58 milhões de toneladas, a partir de investimento procedente, em 22%, do BNDE, em 55,2%
do Finor, e o restante de recursos próprios do Grupo Gerdau, principal
produtor privado brasileiro de aço.
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A Gerdau tem tradição em trabalho com mini-steels. O Ceará está
em expansão no setor metalmecânico. Inexiste siderúrgica desse
tipo no Nordeste. O histórico comercial que tem o Estado com a
região. E o argumento definitivo: a resposta imediata dada pelo
governador Virgilio às proposições do Grupo.
Uma equação que tinha tudo para ser de fácil resultado.
Conforme prometido, no dia 30 de março de 1981 aconteceu o
lançamento da pedra fundamental da COSICE – Companhia Siderúrgica
Cearense, dando início à desejada “corrida do Ceará pelo aço”. Jorge
Gerdau Johannpeter pronunciou-se no evento, afirmando ser “imperativo manter o crescimento do Nordeste a 50% acima do restante do país,
para que possa ocorrer, nos próximos anos, o desejo do nivelamento do
progresso brasileiro”. Seu Grupo estava presente no Nordeste praticamente do tempo em que havia sido fundado, em 1901, o que lhe dava
segurança para afirmar que a “redenção do Nordeste” poderia custar
bem menos do que se pensava.
O Superintendente da SUDENE, Valfrito Salmito, enfatizou que nunca
antes o Ceará tivera “tantos projetos na pauta da SUDENE”. Seguindo o
protocolo, o governador Virgilio Távora encerrou os pronunciamentos.
A Siderúrgica ofereceria 400 empregos diretos. Dois mil empregos indiretos. “Se estivesse operando hoje”, animava-se o redator do jornal O
Povo, “a Siderúrgica da Gerdau estaria descontando 20% de tributos sobre
um faturamento bruto/ano de Cr$ 2 bilhões, cabendo ao Tesouro estadual
Cr$ 250 milhões só de ICM”.
Desde o Plameg II recomendara a definição do polo metalmecânico
como a “meta-síntese da política de industrialização do Ceará”. Nesse
seu terceiro ano de governo, imbuíra-se ainda mais da certeza de que não
se poderia viver “sob o constante domínio das forças da Natureza”, e de
que no Ceará havia, sim, uma vocação natural para o desenvolvimento
da metalurgia e da mecânica, “comprovada pelo elevado número de pequenas empresas desses ramos, pela existência de grandes e modernas
indústrias de ponta”, e por se constituir, o Ceará, “no maior consumidor
de laminados planos do Nordeste”.
As razões pelas quais o Ceará havia sido o escolhido eram enumeradas
pelo jornalista:
A solenidade de lançamento da pedra inaugural era “prenúncio do início, em outubro de 1982, da produção de aço cearense e o ingresso oficial
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1978-1981
do Estado na comunidade siderúrgica nacional”. A partir daí, concluía Virgilio, seria possível para o cearense vivenciar “o sonho de uma economia
resistente às secas”.
O tempo se encarregou de mostrar que ainda não seria dessa vez. Apesar disso, as declarações e sentimentos que perpassavam aquele período
permitem confirmar todo o peso econômico que o setor metalmecânico
representava, e representa, para o Nordeste e para o Ceará, e a responsabilidade depositada sobre os ombros dos associados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado, que naquele
ano de 1981 transferia sua presidência a um novo titular.
Fernando Cirino Gurgel ia enfrentar dificuldades num panorama estadual, nacional e internacional de incessantes altos e baixos. Mas nada tão
grave que desestimulasse sua vontade de contribuir para o Sindicato.
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1981-1984
Fernando Cirino Gurgel
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Fernando Cirino Gurgel
1981-1984
As reuniões do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de
Material Elétrico no Estado do Ceará continuavam a acontecer no quinto
andar do Edifício Jangada. Em julho de 1981 Álvaro de Castro Correia Neto
era substituído na presidência por Fernando Cirino Gurgel, eleito em chapa
de consenso, assumindo a quarta Diretoria da entidade.
O encerramento do prazo de registro de chapas se deu às 19h do sábado,
28 de fevereiro de 1981, estando o pleito marcado para 5 de junho, conforme Edital resumido, publicado na Tribuna do Ceará, tendo como candidatos
efetivos para a Diretoria: Fernando Cirino Gurgel, Adalberto Benevides Magalhães Filho e Sebastião de Arruda Gomes. Seus suplentes eram Augusto
Castelo da Cunha, Roberto Macedo e Nélson Bernardes Prado. O Conselho
Fiscal tinha como efetivos: Amândio Bezerra Rolim, Fernando José Lopes de
Castro Alves e José Djanir de Figueiredo, com a suplência de Cícero Campos
Alves, Austregésilo Medeiros Filho e José Frederico Thomé de Saboya. Os
delegados representantes juntos à FIEC eram Airton Queiroz e Adalberto Magalhães, com os suplentes Fernando Cirino e Djanir Figueiredo.
A chapa única foi lançada cumprindo as devidas formalidades, e a 5 de
junho instalou-se a Mesa Coletora, presidida outra vez pela secretária Irenice
Gurgel Freire, com as mesárias Heloisa Barros Leal Calado e Francisca Ivonete da Silva Almeida, obedecendo aos ditames da Portaria n° 45/81 emitida
pela Delegacia Regional do Trabalho no Estado do Ceará, de 25/5/81.
Às 19h a votação foi encerrada. Dos 30 associados aptos ao exercício
do voto, 21 compareceram. Cumpria-se a exigência estatutária do quórum
de 2/3 dos associados. A apuração das eleições se deu imediatamente. Raimundo Valdizar Oliveira Leite presidiu a Mesa Apuradora, designado pela
Procuradoria Regional do Trabalho, conforme Portaria n° 195 de 25/5/81.
Eram mesários Álvaro Correia Neto, Presidente, e Janice Telma Moreira
Gurjão, estagiária da Procuradoria, designada secretária da apuração. A
chapa registrada recebeu 19 votos. Dois votos se encontravam em branco.
O resultado foi proclamado pelo Presidente da Mesa.
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1981-1984
zadas as atas das Reuniões Ordinárias e Extraordinárias seguramente
produzidas ao longo do triênio.
O Presidente que assumia a 14 de julho de 1981 era também o diretor
da indústria Metaneide, registrada com o número 24 no Livro de Registro
de Associados do Sindicato, quando ainda pertencia ao maranguapense
José de Paula Joca, fabricando autopeças. Em 7 de março de 1977 a Metaneide foi adquirida por Fernando Cirino, recém-graduado em Economia,
qualificado pela experiência de trabalhar desde os 18 anos na Fundição
Cearense, pertencente à sua família. Tinha 24 anos ao adquirir a nova empresa, e confirmava trazer no sangue a paixão pela indústria.
Linha de produção da Durametal
Na segunda-feira seguinte, dia 8 de junho, na sede da Rua Major Facundo, os cargos foram distribuídos cabendo a presidência ao jovem Fernando
Cirino Gurgel. Adalberto Benevides era o novo Secretário, e Sebastião de
Arruda Gomes assumia como Tesoureiro. José Flávio Costa Lima era o Presidente da FIEC e compareceu ao ato de posse da Diretoria do Sindicato,
para um período que se estenderia até julho de 1984.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico no Estado do Ceará tinha a companhia de “uns 12 Sindicatos”
no mesmo quinto andar do Edifício Jangada, um “espaço diminuto, uma
salinha no andar dos Sindicatos”, rememora Fernando Cirino em 2010.
A secretária Irenice Gurgel atendia a “uns quatro ou cinco deles, inclusive o nosso”. Talvez pelo acúmulo de entidades ocupando um mesmo
espaço, talvez pela mudança posterior de endereço, não foram locali-
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É ele quem resume a própria história: “Passei seis anos na Fundição
Cearense. Depois compramos a Metaneide, em 1977, um ano após ela ter
entrado em operação. Lá então começamos a produzir tambores de freio e
cubos de roda fundidos. Em 1996 firmamos o nome Durametal, a partir da
unidade que inauguramos no Distrito Industrial de Maracanaú, com uma
concepção completamente nova”. (Interação-Boletim Informativo para fornecedores da Mercedes-Benz do Brasil, dez/2008)
Aos 29 anos, assumindo a presidência do Sindicato, sabia da responsabilidade que iria recair sobre seus ombros tendo o pai, Célio Gurgel, o
primeiro Presidente, como referência anterior de liderança associativa.
“Desde o início da minha vida na política classista me caracterizei
por tentar congregar as pessoas”, relembra Fernando. “Minha gestão ficou
conhecida pela aproximação com o Sindicato dos Trabalhadores estabelecendo negociações saudáveis e produtivas para ambas as partes, tendo
parceria como palavra-chave”. Sobre aquela primeira incursão como líder
sindical, Fernando reconhece ter sido “um exercício muito importante para
minha experiência empresarial”.
Antes dos 30 anos preocupava-se em “consolidar a necessidade de procurar soluções que fossem boas para todos. E hoje ainda continuo coerente
com isso. Tenho nossos fornecedores aqui como parceiros, nossos colabo-
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1981-1984
radores como parceiros, e nossos clientes também como parceiros. A política do ganha-ganha é abrangente em todas essas etapas. Isso traz vantagens
expressivas para todos”.
Fernando prossegue: “Construir uma relação entre empresários que
às vezes são até concorrentes é uma coisa que pode ser muito difícil. O
importante é exercitar esse convívio, e desse convívio tirar partido. Com
relação aos trabalhadores, foi levado em consideração, no relacionamento
com eles, o sentido de prepará-los, de qualificá-los, e é por isso que eu digo
que foi uma política construtiva. Foi um trabalho construtivo, onde não se
estava apenas negociando salário. Estava-se negociando condição de trabalho, estava-se negociando qualificação profissional”.
A negociação salarial “era apenas um item” de uma pauta repleta de
desafios, entre os quais a atração de novos associados. O livro de registros
do Sindicato guardou os nomes das indústrias cuja filiação recebeu o Aceito oficial entre 1981 e 1984.
A Siderúrgica Cearense, de Jorge Gerdau Johannpeter, foi a primeira a
ser aprovada, uma semana depois da posse de Fernando Cirino. Tinha apenas 5 funcionários no Ceará. Seguiu-se a COINBRA – Comercial e Instaladora Brasil Ltda, dos irmãos Gomes Viana (2/2/82), com 50 empregados.
A Alubrás – Artefatos de Aço e Alumínio do Brasil S/A, de José Amilcar
Mendes de Araújo, com 133 funcionários, registrou-se a 30 de agosto de
1982, tendo como Gerente Industrial o argentino Mario Bravo, a quem o
futuro reservava, uma década adiante, a presidência do Sindicato. Na mesma data foi aceita a ELMETA - Indústria Eletro Metalúrgica Ltda, de João
Paulo Simões Accioly de Carvalho, com seus 18 funcionários.
Em fevereiro de 1983 foi a vez de entrar a Condugel S/A do Ceará,
tendo Pedro Iacono como Diretor Presidente e 40 operários. Com ela o
Sindicato alcançou o marco de 50 associados. A Tyrol Indústria Comércio
e Serviços Ltda associou-se a 6 de dezembro de 1983. Contava com 27
funcionários e tinha à frente Wilson Maia de Aragão.
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O crescimento repercutia em notícias positivas sobre a criação de postos de trabalho. Logo nos primeiros dias de julho de 1981 sabe-se que um
porta-voz do Consider telefonara para o governador Virgilio Távora comunicando a aprovação do Projeto da Laminação a Frio de Fortaleza, empreendimento do Sistema Siderbras, que traria para o Ceará exatos 1.113 empregos diretos, beneficiando mais de 10.500 cearenses. As previsões para
o Projeto apontavam uma produção de 120 mil toneladas/ano de chapas
finas a frio, e 80 mil toneladas/ano de folhas de flandres. A execução teria
início naquele ano, 1981, estendendo-se até 1985. A capacidade plena de
operações se daria no distante ano de 1988.
Movimentando o setor, a Tribuna do Ceará havia instituído a Medalha do Mérito Ângelo Figueiredo, destinada a homenagear anualmente os
empresários que contribuíssem para o desenvolvimento da indústria metalmecânica cearense. O primeiro a receber a honraria foi o empresário
Edson Queiroz, fundador da Esmaltec, “levando em consideração principalmente seu pioneirismo”, como justificava o jornal. Pioneiro também tinha sido Ângelo Figueiredo, fundador do Grupo formado pelas empresas
ANFISA, CIBRESME e Movaço, personalidade que já
se encontrava incorporada à história econômica do
Ceará no setor metalmecânico, apesar de seu falecimento precoce, a 4 de abril de 1963.
A questão do preço CIF uniforme foi uma das
primeiras a se impor durante a administração de
Fernando Cirino. Uma breve explicação se faz necessária para contextualizar essa benesse, sobre a
qual pairava a sombra da extinção e uma grande
perda para o Nordeste.
CIF é a forma abreviada da expressão Cost, Insurance and Freight – custo, seguro e frete. Utiliza-se nos
casos em que a responsabilidade pelas despesas com
A questão do preço
CIF uniforme foi
uma das primeiras
a se impor durante
a administração de
Fernando Cirino.
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1981-1984
a remessa de mercadorias cabe ao fornecedor. Para o Ceará, assim como
para os demais Estados que se encontravam distantes dos grandes centros
produtores, o preço CIF uniforme, criado em 1976, era o que garantia,
sem exageros, “a sobrevivência do setor metalmecânico” (TC, 10/9/81),
permitindo preços competitivos. Sem o diferencial, mais flagrante se faria o
desequilíbrio daquelas regiões com os preços oferecidos na vizinhança dos
Estados de onde partia a matéria-prima.
Em 1982, a ASIMEC - Associação das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de Material Elétrico do Norte e Nordeste divulgou balanço de suas
atividades “em atenção à melhoria de imagem do produto Nordeste,” apresentou sua “decisiva atuação em prol da implantação, no Ceará, da usina
de laminados, por cujo funcionamento prosseguia lutando”, e mostrou haver obtido “resultado positivo na luta pela manutenção do CIF uniforme
para chapas de aço” (TC, 11/9/82).
O momento ainda não se fazia propício a mudanças que eventualmente pudessem desestabilizar o delicado equilíbrio regional, especialmente
no período que vinha desde 1974, definido pelo jornal Folha de São Paulo (14/8/83) como “a maior crise da siderurgia mundial desde a Grande
Depressão”. A análise jornalística era ilustrada por uma narrativa peculiar
da percepção oriental de mundo, protagonizada por Eishiro Sato, um dos
mais destacados siderurgistas japoneses, que informava sobre uma curiosa
alteração no ideograma utilizado para representar a palavra ferro. Os ideogramas não representam apenas um som. Possuem um significado. E, nesse
novo contexto do início da década de 1980,
a forma original do ideograma tetsu para a palavra ferro, que significava “o rei dos metais”, após a simplificação dos caracteres,
a nova forma adotada para o mesmo ideograma fez com que ele
passasse a significar “perder dinheiro”.
No início da década anterior o Brasil havia “embarcado no mais ambicioso programa de expansão siderúrgica de sua história”, analisava a Fo-
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lha. Em 1979 o país havia sido surpreendido pelo acirramento da recessão
internacional, pela maxidesvalorização do cruzeiro, pelo desaquecimento
da demanda por produtos siderúrgicos, rescaldo ainda da alta do petróleo pós-1973, e tinha sido colhido em cheio pela Crise, com C maiúsculo, assumindo todos os prejuízos daí decorrentes. Não era à toa que em
1983 a Siderbras acumulava dívida externa superior a U$ 7,7 bilhões (GM
17/8/83), prenunciando o quadro de dificuldade que viria pela frente.
A presidência do Sindicato foi o primeiro passo de Fernando Cirino
Gurgel para uma longa carreira em cargos chave da liderança empresarial cearense. Como reconhece hoje, “o Sindicato foi a base de tudo”.
Compõem sua biografia a presidência do CIC – Centro Industrial do
Ceará, de 1987 a 1989; a vice-presidência da FIEC, de 1989 a 1992, de
onde alçaria à presidência, entre 1992 e setembro de 1999. De 1995
a 2002 ocupou cargo nacional, como Diretor 1° Tesoureiro da CNI –
Confederação Nacional da Indústria, exercendo de 2002 a 2006 a Vice-Presidência da Confederação, além de membro do Conselho da CNI e
outros cargos e homenagens de igual relevo, incluindo a Medalha do
Mérito Industrial, recebida a 4 de junho de 2009.
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1981-1984
No exercício da presidência do CIC esteve entre os que se empenharam em concluir a construção da Casa da Indústria cearense, um sonho
dos empresários locais,
financiada em grande parte pela Confederação Nacional da Indústria, sob presidência do industrial senador Albano Franco, graças à
compreensão de sua necessidade e importância; a determinação
do Dr José Flávio Costa Lima, Presidente da FIEC, e de seu sucessor
Dr Luis Esteves Neto, que não esmoreceram diante dos obstáculos
quase intransponíveis postos, sobretudo, pela inflação.1
A construção do enorme prédio era encarada como “uma missão”, nas
palavras do sócio Dário Pereira Aragão, proprietário da Daferro S.A, para
quem Fernando Cirino continua sendo “um dos nomes mais importantes,
e de maior prestígio nacional” do Sindicato eletrometalmecânico. Concluída a obra, o crescimento industrial cearense exigiu a construção de outro
prédio, o Anexo II da Casa da Indústria, ocupando área de 2.332m², que
em reconhecimento “à competência e administração realizada por quem
fez da parceria a palavra chave da sua administração,”2 ganharia o nome
de Fernando Cirino Gurgel.
A ideia da permanente renovação dos titulares da presidência do Sindicato mostrava seus frutos. “O Sindicato foi sempre dirigido por pessoas
comprometidas com a causa coletiva, e não com o interesse individual”,
reflete Fernando Cirino, constatando de forma incisiva: “Presidente personalista lá nunca vingou”. Nisso tinha Fernando a inteira concordância de
muitos diretores e associados, entre os quais o paulista Carlos Prado.
A vivência de Carlos Prado, associado ao Sindicato desde 1975, várias
vezes cogitado pelos colegas para ocupar a presidência, a qual várias vezes
recusou, é rica o suficiente para acumular, desde 1973, a presidência da
Cemag S/A, fábrica de máquinas e implementos agrícolas; a presidência da
Itaueira Agropecuária S/A, produtora de frutas e fabricante de sucos de frutas, existente desde 1982; o cargo de 2° Delegado do SIMEC na FIEC, onde
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é também Vice-Presidente; Presidente da Comissão Nacional de Fruticultura, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA; Presidente
da Câmara Setorial de Fruticultura do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de Membro do Conselho da EMAZP-Empresa
Administrativa da ZPE, como representante da FIEC.
Em texto escrito por ele, avalia a política de renovação constatando,
como fato muito importante na vida do Sindicato, “a adoção da prática
de mandato único para a Presidência. Com isso, vários líderes foram
revelados. Entre os ex-presidentes, três foram presidentes do CIC, e dois
foram presidentes da FIEC, sem contar outros cargos como diretores da
FIEC ou vice-presidência da CNI, decorrentes da formação natural dessas novas lideranças. Esse modelo foi quebrado apenas em uma gestão,
em que houve reeleição”.
No mesmo texto apresenta uma avaliação lúcida dos momentos do passado, projetando os desafios dos anos 1980 para os dias de hoje, quando novas
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1981-1984
acima dos 9,3% da produção que exporta hoje, saída dos fornos e máquinas da Durametal – continuação da Metaneide, e esta, por sua vez,
a continuidade natural da Fundição Cearense, vinda dos idos de 1855.
Dele partiu o empenho de fortalecer junto aos empresários a consciência
de que “o Ceará era, e é, muito pequeno. Nós tínhamos que ter empresas
que olhassem para fora. Que produzissem aqui, mas olhando o mercado lá
fora. Porque a empresa que se limitasse ao mercado local estava condenada a ser pequena a vida toda”.
Na voz de Fernando Cirino, ou no texto de Carlos Prado, era o conceito
da globalização chegando ao Sindicato cearense, ainda no início dos anos
1980, com um adiantamento considerável.
Tonico Aragão (Tyrol); Adalberto Benevides (Cellene); Danilo Pereira (Secretário da Indústria
e Comércio-CE); Luís Esteves (Pres. FIEC); Fernando Cirino (Metaneide).
metas passam a ser trabalhadas no Sindicato, sendo uma delas “a introdução
de pequenos e médios empresários do setor no mundo global.” E prossegue:
“O SIMEC já iniciou os primeiros movimentos nesse sentido. É preciso que
nossos empresários adquiram a cultura do comércio exterior, como fato corriqueiro. A visita a feiras, buscando tecnologia e venda de produtos, é meta a ser
buscada. Para isso, o Sindicato tem condições financeiras e gerenciais”.
Um ponto essencial é destacado por ele, em pleno consenso com o
pensamento de Fernando Cirino: “Os empresários têm que se habituar ao
fato de que o mercado de nosso setor, para compra de matérias primas,
insumos e tecnologia, e para a venda de nossos produtos, é o mundo todo.
Não mais nossa micro-região ou nosso País”.
Completando quatro décadas de atividade no setor metalmecânicano,
Fernando Cirino incorpora a autoridade de quem está pronto para exportar
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Mas enquanto as portas do mercado externo não se abriam para todos
recorria-se ao atendimento das necessidades internas, certas e constantes,
como ficou patente em agosto de 1983 quando os industriais nordestinos
do setor metalmecânico reuniram-se, em Fortaleza, para elaborar um Memorial destinado Ministro do Interior, o gaúcho Mário Andreazza, solicitando que os utensílios de trabalho do programa Bolsões da Seca, ação do
Governo Federal para minimizar os efeitos de uma estiagem que se arrastava desde 1979, fossem adquiridos de indústrias sediadas no Nordeste.
“O Nordeste precisa gerar empregos”, enfatizava a matéria veiculada
no O Povo (19/8/83), mês no qual o cruzeiro sofreu quatro reajustes, com
o dólar subindo a estratosféricos Cr$ 680,00,13 e as dívidas institucionais
alcançando a casa do trilhão – impensáveis 12 zeros depois do número.
Em meio a tal cenário o jornal traduzia a conclusão dos industriais. “O
Nordeste precisa gerar impostos e recursos, a partir da aquisição destes implementos, que somam, em média, Cr$ 1 bilhão mensal”. Eram carrinhos
de mão, pás, enxadas, facões, goivas, equipamentos de trabalho que o Ceará e outros Estados nordestinos poderiam oferecer, partindo das vantagens
de um frete mais barato, que proporcionaria produtos com custo final evidentemente menor.
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1981-1984
Antes como agora, a união dos empresários fazia a força do setor, e o
Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no
Estado do Ceará faz questão de apertar esses laços. “É preciso trabalhar
de forma construtiva, com racionalidade, elegendo itens que são convergentes”, afirma Fernando hoje. “Se a matéria-prima está cara no Brasil, os
empresários procuram se juntar e importar matéria-prima desonerada de
tributo. Se a questão é de ordem trabalhista salarial, vamos trabalhar juntos
para tentar superar o problema”.
A aproximação de novo período eleitoral, em meados de 1984, mobilizou a formação da chapa única. Fernando Cirino não era mais candidato. “O Sindicato é uma entidade que, desde o princípio, procurou
não deixar ninguém se perpetuar no cargo”, repete ele, acrescentando:
“Desde a criação somos um referencial dentro da FIEC. Não é o Sindicato
mais antigo, mas conseguiu se tornar uma referência”.
As inscrições para o registro de chapas foram encerradas às 19h do dia
20 de março de 1984, o ano das “Diretas Já”, movimento que exigia nas
ruas a volta da democracia e das eleições diretas, em âmbito nacional. Fernando Cirino ainda presidiu mais uma reunião, no dia 25 de junho, apresentando o Balanço e o Relatório de Atividades do ano anterior, já ciente
da chapa que iria substituí-lo.
A chapa única era formada por Antonio Carlos Maia Aragão, Adalberto
Magalhães Filho e Hélder Coelho Teixeira, como Diretores efetivos; Augusto Castelo da Cunha, Roberto Proença de Macedo e Sebastião de Arruda
Gomes, suplentes; José Sérgio Cunha Figueiredo, Nélson Bernardes Prado e Fernando José Lopes de Castro Alves, membros efetivos do Conselho
Fiscal; Airton Queiroz, Cícero Campos Alves e José Frederico Thomé de
Sabóia, suplentes; Antonio Carlos Maia Aragão e Fernando Cirino Gurgel,
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Delegados representantes junto à FIEC; e Acácio Araújo de Vasconcelos e
Aloísio Dutra, suplentes.
A 5 de junho de 1984, Irenice Gurgel voltou a presidir a Mesa Coletora eleitoral, tendo como mesárias Maria Suely do Carmo Mendes e
Sandra Sampaio Gomes Albuquerque, seguindo as instruções da Portaria
n° 36/84 de 29 de maio de 1984 da Delegacia Regional do Trabalho. Às
13h chegaram os primeiros eleitores à sede do Sindicato, na Rua Major
Facundo. Dos 33 associados em condições de votar, 30 compareceram
até 19h, horário de encerramento, oferecendo o quorum necessário.
A apuração das eleições foi conduzida por César da Silveira Antunes,
designado pela Portaria n° 145, de 9 de maio de 1984, da Procuradoria
Regional do Trabalho, para presidente da Mesa Apuradora, que anunciou
a chapa vencedora. A distribuição dos cargos se deu no dia seguinte,
mantendo a mesma sequência do registro, ou seja, Antonio Carlos como
Presidente, Adalberto Magalhães como Secretário, e Hélder Coelho Teixeira no cargo de Tesoureiro.
A quinta Diretoria tomou posse no dia 14 de julho de 1984, às 19h.
Antonio Carlos Maia Aragão ia ter pela frente novas circunstâncias trazidas
pelas mudanças de moeda, e conflitos de toda ordem.
Notas:
1 - Geraldo Nobre, O processo histórico de industrialização do Ceará.
Fortaleza, SENAI/DR-CE, 1989
2 - Relatório FIEC 1992-1995, Coordenação Eduardo de Castro Bezerra Neto
3 - Almanaque Abril, 1984
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1984-1987
Antonio Carlos Maia Aragão
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Antonio Carlos Maia Aragão
1984-1987
Antonio Carlos Maia Aragão não era um nome muito conhecido. Tonico Aragão era bem mais. E é dessa maneira informal que continua a ser
tratado por amigos, colegas, e até mesmo por estranhos. Como quase todos
seus antecessores no cargo, vinha ele de uma família ligada à área metalmecânica. O pai era um dos sócios da empresa J. Torquato & Cia, na época
“a maior empresa de ferro e aço do Brasil, com matriz no Rio de Janeiro e
filiais em todos estados brasileiros”, como bem recorda.
“Quando comecei, em 1966,” escreve ele de Sobral, onde hoje reside,
“era contínuo de meu pai, atendendo recados, servindo cafezinho, indo a
bancos fazer pagamentos, indo posteriormente para vendas, com estágio
de três meses em cada filial de Fortaleza: Casa Villar, Casa A. Porto, Casa
Elizeu, todas no Centro da cidade”. As mercadorias de maior porte eram
recebidas no armazém geral da empresa, na ainda Rua Monsenhor Tabosa,
onde se encontra hoje a sede do SEBRAE/CE.
Em 1970 Tonico solicitou à diretoria da J. Torquato que aproveitasse
melhor o generoso espaço disponível na Monsenhor Tabosa. Embora com
relutância, pela desconfiança natural de se afastar do coração comercial de
Fortaleza, a proposta foi implementada apresentando, de imediato, resultados altamente positivos. Em menos de dois anos a intensificação do movimento dos negócios dispensou a manutenção das filiais no Centro, onde
permaneceu apenas a loja grande, na Rua Major Facundo, 321, e os olhos
dos empresários e da própria cidade passaram a se voltar para aquele novo
território entre os bairros do Centro e da Aldeota.
No armazém havia “umas máquinas de fazer prego”, conta Tonico.
“Foi quando constituímos a INASA – Indústria Nordestina de Aço S/A. Posteriormente, compramos um terreno na Av. Francisco Sá, 7785, na Barra do
Ceará, um novo projeto via SUDENE. Aí começou minha vida na área da
metalurgia”, resume ele. A INASA foi vendida em agosto de 1988. Tonico
continuou diretor até 1990, quando deixou o setor metalmecânico. Até
1996 continuou na Diretoria do Sindicato e a frequentar o Sistema FIEC. E
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1984-1987
depois foi ser fazendeiro em Sobral, um plano que muito certamente não
estava em sua pauta, em meio ao calor dos acontecimentos vivenciados
entre 1984 e 1987.
Em 1985 o Brasil tinha novo presidente: o mineiro Tancredo Neves,
eleito ainda pela forma indireta, apesar de toda a mobilização popular em
favor das eleições diretas, e que não chegaria a governar um único dia,
falecendo logo após assumir. O Governo passou às mãos de seu vice, o maranhense José Sarney, há longa data na política, e que deixaria sua marca,
entre outras até hoje lembradas, autorizando mais uma mudança da moeda
na tentativa de conter a espiral inflacionária.1
O Brasil se via às voltas com os resultados de uma inflação galopante. De
1980 a 1982 vinha beirando os 100% ao ano, chegara em 1983 a mais de
200%, e nesse passo acelerado prosseguiria até a implantação do Plano Cruzado, no dia 28 de fevereiro de 1986,2 que não alcançaria o resultado esperado.
O descontrole das contas conduzia a um rumo previsível. No final de
1985 as rodadas de negócios entre operários e patrões giravam velozes no
país. No Ceará, segundo notícia veiculada no O Povo (29/10/85), o sétimo
andar do edifício que sediava a FIEC recebia os envolvidos em busca de
acordos que satisfizessem ambas as partes. Uma das últimas reuniões do
Sindicato metalmecânico naquele ano tinha Adalberto Magalhães Benevides como Presidente em exercício. “Não se falou em greve”, informava o
jornal. “E o nível de entendimento está elevado”.
Tonico registra: “Eu tinha uma Diretoria ilibada demais. Hélder Coelho, Carlos Prado, Fernando Cirino, Adalberto Benevides...”. Com a participação dessa
Diretoria as indústrias se faziam presentes a feiras e eventos ligados ao setor
metalmecânico, no Brasil e no exterior (“sempre de grande valia e de efeito multiplicador para a economia do Ceará e do Nordeste”), tomavam conhecimento
da intensa demanda nacional pelo aço, do crescimento do consumo do aço no
mercado interno (9% a mais em 1985), e da indefinição do Governo Federal entre atender às necessidades do Brasil, ou priorizar as exportações (GM 3/3/86).
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Laminados de aço
No Sindicato, o Presidente e seus Diretores discutiam fatos correntes, como o controle dos preços nos produtos de aço afetando o balanço da CSN, que apresentava trilhões de cruzeiros em prejuízos (GM 19 a
22/4/86). Preocupavam-se com o acidente ocorrido no forno número 3 da
CSN, agravando ainda mais a delicada situação econômica da Siderbras
que, a essa altura, cortados três zeros do cruzeiro na mudança para o cruzado, “para cada Cz$ 9,00 de capital próprio possuía Cz$ 91,00 em dívidas” (FSP 4/6/86). E aguardavam dias melhores, que certamente viriam.
Manchete do jornal Diário do Nordeste, em junho de 1986, dizia ter
sido designada “nova comissão de alto nível ao projeto da laminação” para
reavaliar a Unidade de Laminação de Aço de Fortaleza, aprovada pela Resolução 135/81 do Consider, constando na referida comissão o nome de
Adalberto Magalhães, Secretário do Sindicato. O prazo para conclusão dos
estudos era de 120 dias.
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1984-1987
O treinamento
de mão de obra
era uma das
metas principais
do Sindicato
Era essa uma das boas expectativas permitidas pelo advento do cruzado. Em agosto de 1986 a indústria metalúrgica cearense já registrava maior desempenho, tornando
possível um crescimento de 30% na oferta de emprego.
Tonico se animava. “O desenvolvimento é tão bom que há
até carência de mão de obra especializada”, afirmava em
entrevista ao Diário do Nordeste (8/8/86). O treinamento
de mão de obra, dizia ele, era uma das metas principais
do Sindicato, que estabelecera parceria com o SESI para
instalar cursos de especialização e extensão direcionados
à formação de pessoal.
O Sindicato liderado por Tonico Aragão era constituído por 50 empresas, que contavam com 10 a 2.500 funcionários. Em todas elas o nível de
emprego subia, e a demanda acompanhava o ritmo. Eram 33 as empresas
de médio porte na área metalmecânica, oferecendo 18 mil empregos diretos. Todas trabalhavam com “100% da capacidade”, comemorava Tonico, “como estavam em 1979 e 1980, antes da recessão econômica” (DN
8/8/86), motivadas pela nova moeda em circulação, responsável pelo desaparecimentos dos produtos das prateleiras.
Ao mesmo tempo, o acidente com o forno da usina de Volta Redonda agia como elemento preocupante, pelo prejuízo que causaria ao fornecimento de matéria-prima. “Estamos com problemas para conseguir
aços planos. Quem não tiver esse tipo de matéria-prima estocada vai ter
problema”, advertia o titular do Sindicato metalmecânico. De fato. Em
julho a produção de aço bruto caía 10% no Brasil, em consequência da
desativação do forno. E as greves dos metalúrgicos atingiam 15 empresas na Grande São Paulo.
O Povo alertava: “Indústrias cearenses podem parar trabalho”
(18/8/86). A falta do aço retrairia a expansão do setor, que havia criado
uma perspectiva de 20% de crescimento em relação a 1985. O Nordeste
86
participava com meros 8% do consumo nacional de aço. No Ceará, as
indústrias consumiam 70 mil toneladas/ano, podendo saltar para 80 mil –
caso os entendimentos com os poderosos decisores nacionais corressem
bem. Tonico viajava com destino a reuniões em Brasília, junto a representantes nordestinos, para falar sobre a falta de matéria-prima e, principalmente, para solicitar a prometida reavaliação do projeto de implantação
da laminação de aços planos a frio.
Às preocupações de Tonico se somava a questão ainda não resolvida
do frete CIF uniforme. Em 2011 o ex-Presidente analisa o tema: “Essa era
uma condição que as empresas do Nordeste tinham, de receber aqui, em
suas fábricas, a matéria-prima pelo mesmo preço do Sul do país. Era uma
maneira de termos competitividade para vender nossos produtos, já que os
maiores compradores eram do Centro-Sul”.
Mas quanto a isto o futuro parecia pouco promissor. “Metalurgia altera
CIF e aumenta matéria-prima”, resumia o título de notícia do Diário do
Nordeste (20/8/86). De acordo com a reportagem, a indústria metalúrgica
nordestina se encontrava entre duas opções: ou abdicava do frete CIF ou
procurava uma maneira de alterá-lo: “Ou aumento no custo da matéria-prima ou é se conformar com as quantidades mensais de chapas e lâminas
de aço que vem recebendo”. Isso porque a demanda metalúrgica regional
aumentara muito depois do Plano Cruzado (“300% de aumento no Ceará”,
informava Tonico ao DN, a 30 de outubro), sem crescimento proporcional
na produção siderúrgica nacional.
O setor metalúrgico cearense, em particular, até o mês de julho daquele ano operava “com mais ou menos 4 mil toneladas/mês de aço” (DN,
20/8/86). Em agosto a demanda se elevara para cerca de 10 mil toneladas/
mês, “sem poder ser atendida pelas fornecedoras nacionais”.
O cenário levava justamente à questão de extinção ou elevação do CIF
uniforme, “mantido há vários anos, por dispositivo de lei”, como esclarecia
a reportagem jornalística, “e que consiste em cobrança pela indústria side-
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1984-1987
rúrgica de 3,56% das vendas, para formar um fundo que financia o preço
uniforme do aço para qualquer parte do país”.
A indústria metalúrgica local reuniu-se para definir suas cotas de aço.
O Presidente do Sindicato comunicava através do Diário do Nordeste
(23/8/86) estar “sendo formado um Banco de Dados com informações
sobre os mais atingidos”, e não dava garantias de que as indústrias metalúrgicas locais viessem a conseguir as cotas de laminados de aço necessárias
para os três últimos meses do ano. O terceiro trimestre que estava em curso
se mostrava “significativamente pior que os dois últimos”, declarava ele,
em evidente pessimismo, lembrando que “os 3,56% que se está cobrando
nas notas fiscais não cobrem a demanda da região”.
A carência de matéria-prima se agravava. No dia 26 de agosto o DN
dava o alarme: “Indústria metalmecânica pode parar por falta de laminados”. Reunidos na sede do Sindicato, no dia anterior, os empresários haviam chegado ao ponto de estimar a falência do setor a partir de outubro,
caso não fosse logo regularizado o abastecimento do mercado. Os estoques das indústrias que trabalhavam com laminados de aço se encontravam
quase a zero. Além do mais, não havia garantia, por parte das indústrias
siderúrgicas da região Sul e Sudeste, responsáveis pelo abastecimento do
Norte e Nordeste, de que houvesse de fato a regularização para o quarto
trimestre daquele ano de 1986.
Tribuna do Ceará e O Povo amplificaram a notícia no dia seguinte. No
Ceará, Estado que contribuía com 5% do consumo no mercado nacional
de laminados produzidos (TC 24/8/86), as 35 indústrias sindicalizadas
do setor ameaçavam parar por falta de aço, pondo em risco o emprego de
20 mil metalúrgicos (OP 24/8/86). Tratava-se, é verdade, de um contingente minúsculo, diante, por exemplo, dos 480 mil metalúrgicos vinculados aos Sindicatos de Guarulhos, Osasco e São Paulo (GM 18/9/86), mas
nem por isso era menos relevante.
Preocupado com a situação no Nordeste o Presidente da ASIMEC,
Adalberto Magalhães Filho, endossava as previsões de Tonico Aragão: “Em
setembro vamos reduzir a produção, porque os estoques estão se exaurindo” (OP 27/8/86). O Governo Federal estava importando 500 toneladas
de aço, cifra de pouca monta para uma produção nacional de 7,5 milhões
de toneladas. E o preço CIF uniforme, “condição única de competitividade
Tonico revisara os números e comunicou aos interessados no tema:
“O consumo médio mensal das indústrias no primeiro semestre foi de
4.200 toneladas/mês. Para o quarto trimestre, a previsão é de 9.900 toneladas/mês”. Não havendo o atendimento, o nível de empregos no setor
metalmecânico corria o grave risco de cair pela metade. A questão central
estava na reativação da economia brasileira com o Plano Cruzado, que
aumentara o consumo de material siderúrgico no país, combinado com o
incêndio no forno da CSN, que impedia o fornecimento, num raciocínio
circular, de resultado complexo.
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das empresas brasileiras”, na palavra de Magalhães Filho, oscilava na corda
bamba ao completar uma década de existência.
Antes do final do ano de 1986 a Siderbras acumulava a dívida gigantesca de U$ 16 bilhões, correspondente a cerca de 16% da dívida externa
brasileira (FSP 11/9/86). Compunham o Grupo: Açominas, Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, CST
– Companhia Siderúrgica de Tubarão e Usiminas (GM 19/9/86).
Medidas urgentes se faziam necessárias, e se chegaram anunciadas
pelo Ministério da Indústria e Comércio: a implementação do II Plano Siderúrgico, cuja política era “garantir ao Brasil sua posição de produtor e
exportador de produtos siderúrgicos, sem intenção de lançar mão da importação de aço bruto,” sabendo-se que “para cada ponto percentual de
aumento do PIB há uma correspondência quase matemática na demanda
do consumo de produtos siderúrgicos de 1,1 ponto” (GM 13 a 15/9/86).
À frente do Sindicato cearense, Tonico se angustiava. “Esta é a hora
que o Nordeste tem a oportunidade de crescer”, afirmava à imprensa (DN
20/9/86), resgatando a dolorida lembrança dos últimos cinco anos consecutivos de seca, alternando com enchentes destruidoras, que indicavam
o caminho da industrialização como a única saída viável para o Estado.
Enfatizando a gravidade do momento, apresentava estudos sobre a necessidade das cotas de laminados de aço para as indústrias cearenses,
apontando a segunda quinzena de outubro com o “período crítico” para
quem dispunha de estoques “quase totalmente esgotados” (DN 2/10/86).
Em Brasília o presidente José Sarney convocava seu alto escalão. Os ministros Dílson Funaro, João Sayad e Hugo Castelo Branco confabulavam sobre
os percalços sofridos pelo Plano Cruzado em sua execução, sobre a iminência
de uma segunda fase para o Plano, sobre o processo de saneamento financeiro
da Siderbras, levantando-se a hipótese de o Brasil tornar-se importador de aço,
a partir de 1989, caso o plano de saneamento não fosse reativado, e não se
retomassem os investimentos no setor siderúrgico (FSP 12/10/86).
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O congelamento dos preços, implantado junto com o Plano Cruzado,
o fim da correção monetária, a mudança da moeda, a criação do “gatilho”
salarial, nenhum dos drásticos remédios havia se mostrado eficiente para
conter uma inflação que ultrapassaria 1.000% ao final de 1986.
Carlos Prado, o Presidente que o Sindicato não teve, era Presidente da
Cemag e sentia as tribulações econômicas na própria pele. Em depoimento
por escrito, apesar do distanciamento de um quarto de século bem recorda
como, no Governo Sarney, “o setor primário sofreu um retrocesso tremendo,
ficando impossibilitado de fazer investimentos. O congelamento dos preços
dos produtos agropecuários não foi acompanhado pelo congelamento dos
custos dos insumos e mão de obra, tornando as empresas do setor quase irrecuperáveis. Os financiamentos que as mesmas detinham continuaram sendo
corrigidos, por índices irreais, tornando as dívidas impagáveis”.
No setor metalúrgico a situação fervia. As negociações entre os metalúrgicos de São Paulo e as empresas que formavam o antigo Grupo 14 da FIESP,
composto por 22 Sindicatos, se encontravam próximo a um impasse. A Gazeta Mercantil (30/10/86) desvendava a estratégia dos operários do setor, que
começariam, naquela mesma semana, “a colocar em prática uma das táticas
para atendimento de reivindicações: concentrar a luta sindical nas fábricas de
empresários que tem assento na direção da FIESP” – que a essa altura havia
elaborado um Manual Anti-Greve, com orientações de procedimentos.
O prazo apresentado por Tonico para o fim dos estoques de aço se aproximava. O Diário do Nordeste avisava a seus leitores: “a indústria metalúrgica
cearense começa a suspender sua produção a partir da próxima semana caso
não receba as cotas programadas de lâminas de aço” (18/10/86). Até mesmo
o suprimento dos botijões de gás butano de 13 quilos estava ameaçado.
O intenso movimento empreendido pelo Sindicato dos empresários
conseguiu que as siderúrgicas nacionais enviassem 30% das cotas a que
as empresas cearenses tinham direito (DN 21/10/86). Estava garantido o
prosseguimento das atividades industriais até o final de outubro – porém
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A situação
mostrava-se
grave para a
indústria
metalúrgica
como um todo.
não até novembro, quando a situação complicaria novamente, “pois a necessidade das empresas do setor metalúrgico local é, no momento, de 60% a mais do que as
cotas que elas têm recebido”, protestava o Presidente.
Caso as cotas de laminados de aço não chegassem
ao Ceará até o final da primeira quinzena de novembro,
previa-se demissão de 27% do pessoal e paralisação de
90% do setor metalmecânico no Estado (DN 28/10/86).
A situação mostrava-se extremamente grave para a indústria metalúrgica como um todo. As indústrias cearenses trabalhavam com 80% da capacidade. Tonico martelava: “As empresas produtoras de aço não tem interesse de manter o fornecimento para o Nordeste,
que recebe o produto com o mesmo preço do Centro-Sul, com o benefício do custo
de transporte, que representa em torno de 30%” (TC 23/10/86). Aparentemente, o
CIF uniforme, “a maior conquista nordestina”, se convertia em arma de dois gumes.
A CSN anunciara aumento da produção de laminado de aço, fato que
não repercutira “em nada” para o Norte, para o Nordeste, muito menos
para o Ceará, “sempre esquecido nesta questão” (DN 21/10/86).
A Diretoria do Sindicato planejava para breve a realização de um Encontro Geral de todos os sindicatos de indústrias metálicas do Nordeste,
tendo em vista a ausência de sinalização positiva de Brasília, unindo forças
para reivindicar, junto aos ministros nordestinos do governo Sarney, maiores oportunidades para a região. A ASIMEC empenhava-se em igual luta
para “abrir uma frente ampla e solidária em defesa dos interesses do Norte
e Nordeste”, nas palavras de Adalberto Magalhães Filho (DN 24/10/86).
O Encontro Geral aconteceu conforme planejado, em Recife, no dia 18 de
novembro, resultando dele a elaboração de um documento sobre o setor metalmecânico, com avaliação e reivindicações, a ser discutido com representantes de entidades como Siderbras, Consider, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço e Carteira do Comércio Exterior do Banco do Brasil (TC 29/11/86).
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O intrincado mecanismo de funcionamento desse país chamado Brasil
produzia suas surpresas. O dilúvio de lamentações era contestado pelo aumento real do consumo e pela fria objetividade dos números. Em meio às
tempestades de outubro, análise conjuntural do Banco do Nordeste com a
FGV – Fundação Getúlio Vargas apresentava um surpreendente dado referente ao crescimento do setor metalmecânico do Norte e Nordeste: 17,27% no
último semestre, com o Ceará, em particular, apresentando crescimento de
32,7% no período de fevereiro a julho daquele ano de 1986.
A FIEC apresentava igualmente resultados positivos para o setor, que
respondia por 21 mil empregos (TC 31/1/87), e que registrara aumento de
42% na empregabilidade, entre janeiro e setembro de 1986 (TC 17/1/87).
O Sindicato das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de Material Elétrico
no Estado do Ceará acompanhava o ritmo e crescia. No final de 1986 contava com 38 empresas filiadas (OP 24/10/86), ocupadas na produção de eletrodomésticos, medidores elétricos, máquinas agrícolas, componentes para a
indústria automobilística e outros, mantendo o Estado entre os maiores consumidores de laminados a frio do Norte e Nordeste. No balanço de dezembro
havia boas expectativas. Magalhães Filho declarava aos jornais: “1986 foi um
ano de muito trabalho. Mas 1987 será um ano de esperança” (DN 28/12/86).
Por trás da manchete “Abastecimento de aço preocupa indústria cearense”, a Tribuna do Ceará de 17 de janeiro de 1987 comemorava o fato de
a indústria metalmecânica local haver registrado “uma das melhores performances do setor de transformação do Estado, com taxa de crescimento
de 48,4%, em setembro de 1986, em relação a janeiro do mesmo ano”.
Notícia indiscutivelmente positiva, à qual se somavam fortes indicativos de
que seria implantada a usina de laminação de aço em território cearense,
assegurada agora para 1987.
Ano novo, velhos problemas. A escalada da inflação fez o governo
Sarney lançar o Plano Cruzado II, em novembro de 1986, cujos resultados
não atenderam à expectativa. A 20 de janeiro de 1987 o Brasil decretava
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1984-1987
moratória e suspendia o pagamento de sua dívida externa criando um problema internacional. Nacionalmente, a cobrança de ágio sobre o preço
dos produtos virou presença familiar. As indústrias metalmecânicas sofriam
o mesmo que outras indústrias: pagavam o ágio e não podiam repassar os
custos ao cliente, devido ao congelamento dos preços.
Continuavam como “incógnitas” o problema de abastecimento de matéria-prima, a “falta de política energética”, o risco de extinção do preço CIF uniforme, as dúvidas sobre a referida usina de laminados. Quanto a isso, Tonico
Aragão recorria até ao latim para reforçar a posição do Sindicato. “Essas duas
medidas [normalização do fornecimento e implantação da usina] são condições sine qua non para a sobrevivência das indústrias locais” (TC 31/1/87).
O ministro Hugo Castelo Branco, da Indústria e Comércio, veio ao Ceará,
e do Hotel Esplanada declarou ao jornalista do O Povo (20/2/87) que ainda no
primeiro semestre seria iniciada a implantação da usina de laminados de aços
planos, qualificada para produzir laminados a frio, folhas de flandres e chapas
Com a saída de Tonico Aragão, Fred Saboya assume a presidência
zincadas, beneficiando Ceará e Maranhão. O custo seria de U$ 500 milhões.
A capacidade de produção alcançaria 500 mil toneladas/ano (OP 30/3/87).
Apesar de o local da obra se encontrar em fase de estudos - possivelmente no
município de Caucaia, ou no Distrito Industrial de Sobral - assegurava o Ministro
que a Usinor – Usina Siderúrgica do Nordeste se encontraria “em plena operação”
dentro de três anos, gerando 3 mil empregos diretos e mais de 15 mil indiretos.
Em 1987 ainda houve tempo para que o presidente do Sindicato batalhasse pela adequação dos currículos dos cursos técnicos e de engenharia aos
“interesses reais” do segmento, integrando indústrias e instituições, como a
Universidade, a Escola Técnica, o SENAI, e o Nutec – Núcleo de Tecnologia
Industrial do Ceará, e pela defesa da produção cearense de peças para o serviço de saneamento básico, a exemplo de tubulações, tampões e tampas de
bueiros, atendendo à Cagece, Coelce e Teleceará, conforme registram as atas.
O levantamento da quantidade de empresas que se associaram ao Sindicato no triênio se mostrou limitado. Logo no final de 1984 havia sido aceita
a Comercial Confiança Ltda, de José Sérgio Cunha Figueiredo e Júlio César
Sarmento de Figueiredo. Seguiu-se a ela a Tecnometal Indústria e Comércio,
de Francisco Gildo Rebouças Monteiro, no início de 1986. O registro de número 54 coube à Bimetal Escapamentos para Automóveis Ltda, de Francisco
Clélio Cavalcante, aprovada nos primeiros meses de 1987, juntamente com a
RD-Máquinas e Equipamentos Ltda, de Roberto Farias e Danilo Farias.
E tão certo como o sol de cada dia, chegava o mês de julho de 1987,
assinalando outra vez que era tempo de eleições no Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, que passaria a ser presidido pelo industrial José Frederico Thomé de Saboya e Silva.
Notas:
1 - http://www.financeone.com.br/moedas/historico-de-moedas-brasileiras/
2 - http://almanaque.folha.uol.com.br/dinheiro80.htm
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José Frederico Thomé de Saboya e Silva
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Independente das oscilações externas o Sindicato organizava-se para seu
período de renovação da Diretoria. A formalidade de encerramento do registro
de inscrição das chapas – chapa única, como sempre – se deu a 12 de maio
de 1987. O pleito seria no dia 2 de junho. Compunham a Mesa Coletora eleitoral José Luciano Montenegro Gomes Barbosa, Presidente da Mesa, auxiliado
pelos mesários Francisco Ney Queiroz e Evandro Sampaio Freire, conforme
Portaria n° 047/87, de 21/5/87, da Delegacia Regional do Trabalho.
Às 19h do referido dia 2 os trabalhos estavam concluídos. Votaram 31
associados dos 34 aptos a votar. A apuração realizou-se de imediato, tendo
como Presidente da Mesa Apuradora César da Silveira Antunes, designado
pela Portaria n° 132, de 21/5/87, da Delegacia Regional do Trabalho da 7°
Região, como secretária Irenice Gurgel Freire, e as mesárias Suely do Carmo Mendes e Vera Lúcia Parente.
Haviam sido indicados pela urna José Frederico Thomé de Saboya e
Silva, Helder Coelho Teixeira e Sebastião de Arruda Gomes, na Diretoria.
Seus suplentes eram Augusto Castelo da Cunha, Roberto Macedo e João
Paulo Simões Accioly de Carvalho. Para o Conselho Fiscal foram escolhidos
José Sérgio Cunha Figueiredo, Carlos Prado e Fernando José Lopes de Castro Alves, com os suplentes Airton Queiroz, Cícero Campos Alves e Mário
Walter Saturnino Bravo. Fernando Cirino e Tonico Aragão eram os delegados representantes junto à FIEC. José Frederico Thomé de Saboya e Silva e
Acácio de Vasconcelos ocupavam a suplência.
Na distribuição dos cargos, ocorrida no dia seguinte, mantiveram-se
José Frederico como Presidente, Helder Coelho como Secretário, e Sebastião de Arruda Gomes mais uma vez como Tesoureiro, liderando a Diretoria
do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico
no Estado do Ceará para o triênio julho de 1987 a julho de 1990.
Entre outras realizações, caberia a Frederico propor a criação da
logomarca ainda hoje utilizada para identificar o Sindicato, e o acompanhamento do processo de mudança da sede do Sindicato para o
Visão aérea da Inelsa
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novo prédio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, na Av.
Barão de Studart, em Fortaleza.
Assim como quatro de seus antecessores, o presidente Fred Saboya representava a continuidade das gerações envolvidas no setor eletrometalmecânico cearense, sendo ele próprio um componente da segunda geração. Diferente, porém, dos que o antecederam, suas raízes se encontravam
fortemente ligadas à política e à cultura do Estado. Pelo lado paterno, era
neto de João Thomé de Saboya e Silva, que governou o Ceará entre 1916
e 1920. Pelo lado da mãe, Nadir Roquelina Papi Saboya, considerada a
grande dama do teatro cearense, era neto do teatrólogo, poeta, romancista
e imortal da Academia Cearense de Letras, Antonio Papi Junior.
O pai de Frederico era José Thomé de Saboya e Silva, que se firmara
no comércio com a Garage Elite, ainda nos anos 1920, negociando com
materiais elétricos Siemens (“o preferido no mercado mundial”), pneus e
câmaras de ar Michellin e U.States, “gasolina , óleo, graxa, lâmpadas, velas, acumuladores, tintas, vernizes, lonas para freio, pano-couro para capotas etc”, vendendo a prestações os afamados automóveis Studebaker Big-six, Special-six e Light-six”, atendendo aos clientes na Rua Major Facundo,
n°48, e na Rua Barão do Rio Branco, n°s 51 e 53.1
Anúncio veiculado na década seguinte, nas páginas da publicação
O Ceará,2 registra como endereço da empresa J. Thomé de Saboya &
Cia o número 126 da mesma Rua Major Facundo, especifica a prestação
dos serviços de “Eletricidade – Máquinas – Automóveis”, e o agenciamento geral no Ceará das seguintes companhias: Companhia Brasileira de Eletricidade (Siemens Schuckert S.A), Companhia S.K.F. do Brasil
(“mancais de esfera, eixos, luvas, polias, etc”), Sociedade de Motores
Deutz (“Otto Legítimo Ltda, motores em todos os tipos, máquinas para
oficinas, serrarias, etc”), Otis Elevator Co. (elevadores, escadas rolantes), Demag A.G. (estruturas metálicas) e Raimann Ltda (máquinas e ferramentas para indústria madeireira).
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Trabalhar com automóveis não deixava de ser um visionário investimento no mercado futuro, principalmente quando se sabe que, em 1938, Fortaleza computava apenas 377 veículos particulares, e 241 de aluguel trafegando
pelas ruas da cidade.3 Mostrava-se bem o perfil de seu proprietário.
Em 1965 seria fundada a Indústrias Elétricas Elite S/A – INELSA, pioneira na fabricação de equipamentos eletromecânicos (painéis e quadros elétricos) no Ceará. Recebeu o número 31 nos registros de inscrição do Sindicato, ao qual se associou em 1979. “Meu pai tinha esta atividade no fundo
da loja, de forma improvisada, usando como matéria-prima o que tinha à
mão,” explica Fred Saboya. J. Thomé de Saboya além de atender o mercado carente destes produtos, fornecia à Conefor – Companhia Nordeste de
Eletrificação de Fortaleza, o que esta necessitava para iluminar a capital.
Só a partir dos anos 1970 é que a INELSA ganhou vida própria. Fred
passou a integrar a empresa, para onde levou sua experiência de graduado
em Ciências Contábeis e Administração, agregando à dos irmãos José Armando e José Alexandre, ambos engenheiros. A presidência do Sindicato
das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do
Ceará permitiu a ele fazer uso dos conhecimentos contábeis e administrativos, de forma integral.
A posse desta que era a sexta Diretoria do Sindicato aconteceu no dia 14 de julho de 1987, às 19h,
no quinto andar do Edifício Jangada. O Diário do Nordeste (30/7/87) registrou a solenidade de efetivação,
contando na composição da Mesa com a ilustre participação do Secretário da Indústria e Comércio, Ariosto Holanda, do Secretário da Fazenda, Lima Matos,
do Presidente da FIEC, Luiz Esteves Neto, do representante da Delegacia Regional do Trabalho, Geraldo
Quezado, dentre outras autoridades. Fred Saboya destacou ao jornal que iria liderar uma entidade formada
Fred Saboya
destacou que
iria liderar
uma entidade
formada por
40 empresas
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por 40 empresas, geradoras de cerca de 12 mil empregos diretos, e
mais de 48 mil indiretos.
Logo na primeira Reunião Ordinária, a 4 de agosto, após os agradecimentos pela presença “bastante representativa” dos associados, Fred não
perdeu tempo em anunciar suas metas e demonstrar sua disposição para
o cumprimento da missão que lhe havia sido atribuída. Conforme a ata do
dia, estavam presentes Helder Coelho, Sérgio Figueiredo, Augusto Castelo da
Cunha, Carlos Prado, Mário Bravo, Raimundo Nunes, Fernando Castro Alves,
Acácio Araújo, Jesus Hernandez Neto, Carlos Lira, Aluisio Dutra, Fernando
Cirino Gurgel, Célio Gurgel, Francisco Gildo e Sebastião de Arruda Gomes.
Entre estes o Presidente distribuiu resumo de trabalhos da FIEC tratando
da atividade industrial do Ceará no ano anterior; informou que o Secretário
da Indústria e Comércio solicitara sugestões do Sindicato em favor de uma
integração maior entre as indústrias do interior e da capital; colocou em
votação o envio de um telex de solidariedade ao Presidente do Banco do
Brasil, Camilo Calazans, sobre tema não especificado; e abriu espaço para
que a Superintendente do IEL, Tereza Lenice da Gama Mota, também presente à Reunião, demandasse sugestões sobre como vencer as dificuldades
regionais, no que foi de pronto atendida (reforço do orçamento da SUDENE
e dos Bancos de Desenvolvimento, especialmente o Banco do Nordeste,
foram as ações sugeridas); implantação da Usinor; abastecimento de matérias primas; fornecimento de gás natural da Petrobras; e fortalecimento do
SENAI e da Escola Técnica.
Questões de ordem administrativa interna foram levantadas nessa reunião de estreia, como a substituição da secretária do Sindicato, Eunice Pessoa de Andrade, que daria lugar a Maria da Conceição de Abreu Pessoa. O
Presidente comunicou ter participado de duas reuniões com a Diretoria da
FIEC, e demais presidentes sindicais, sobre as novas instalações da Federação, que muito breve iria mudar-se para a Av. Barão de Studart, n°1980,
trocando o Centro da cidade pelo bairro da Aldeota.
“Na verdade”, comenta hoje Fred, “nosso Sindicato não era mais do
que uma gaveta no birô da secretária da FIEC, que atendia a todo mundo”.
Os dois últimos andares do Edifício Jangada eram ocupados pelos “irmãos
siameses” CIC – Centro das Indústrias do Ceará, braço político dos industriais, instalado no sexto andar, e FIEC, no quinto andar, o braço técnico e
sindical, repartindo seu espaço com os demais Sindicatos. Reuniões importantes, embora informais, aconteciam em torno de uma mesa de madeira
escura, no formato de timão de navio, coberta por um tampo de vidro e
cercada por quatro bancos semi-circulares, também de madeira, onde sentavam confortavelmente oito pessoas. A mesa se encontra na cobertura da
Casa da Indústria, bem preservada, guardando memórias de outros tempos.
A Reunião Extraordinária de 24 de agosto de 1987 teve sua ata assinada por José Sérgio Figueiredo, Gildo Rebouças, Dário Castro Alves, Antonio
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1987-1990
Matos Macedo, José Eudes Pinto, Cícero Campos Alves, Raimundo Nunes
de Andrade, Danilo Farias, Antonio Caullet e Antonio José Costa, do Escritório Costa, Brito Advogados, que ocuparia a função de assessor jurídico
trabalhista do Sindicato até falecer, em 2010.4
Na mencionada reunião de agosto ficou evidente a parceria existente
com o Governo do Estado, cujo titular, desde 1986, era o empresário Tasso
Jereissati, que presidira o CIC e que fazia uso de sua experiência empresarial na definição dos novos caminhos do Ceará.
O Presidente informou que o Secretário de Governo, Sérgio Machado, iria criar um canal de comunicação com as entidades classistas. Que o Secretário de Indústria e Comércio, Ariosto Holanda, ia
promover um Encontro sobre Política Industrial, de 25 a 27 de agosto,
em parceria com a SUDENE e a FIEC. E que o Grupo Ângelo Figueiredo vencera concorrência para a venda de carros de mão destinados ao
Programa de Emergência do Ceará.
A marca: tentativa de se unir em uma só forma conceitos representativos graficamente e agregados numa só estrutura, chamada TORRE.
Na Reunião Ordinária de primeiro de setembro de 1987 uma proposta inovadora tomou forma, ao ser aprovada a logomarca do Sindicato, criada pela agência de propaganda Terraço, de publicitário
Xico Theóphilo. Fred Saboya percebera a importância de definir uma
marca própria para a entidade, e que veio melhor que o esperado,
solucionando uma antiga dificuldade quanto à sigla do Sindicato –
até então SIMMMEEC – uma inconveniente fileira de letras, de difícil
reprodução oral ou escrita.
Associação de elementos: o símbolo sugerido (torre) está representado
pelos elementos gráficos seguintes:
A agência consultada apresentou a logomarca acompanhada do Memorial Justificativo, devidamente lido na reunião e transcrito pela nova secretária, Maria da Conceição de Abreu Pessoa. Dizia o Memorial.
Sugerimos que a sigla, que seria composta pelas primeiras letras dos
nomes, faça essa composição substituindo os três Ms num só M, o mesmo
acontecendo com o E, de Elétrica e de Estado, para enxugar tanto a estética
como a semântica, facilitando a compreensão e a rápida leitura.
104
A Torre simboliza poder, topo, local de onde as coisas são vistas mais, e melhor. Significa permanente estado de alerta e conhecimento de tudo quanto rodeia
o Sindicato. A imagem é positiva e otimista, e facilita a decisão na tomada de posições, pois há clima de confiança envolvendo o próprio Sindicato como um todo.
- Estrutura central ou coluna: estágios ou pavimentos em chapas ou
laminados horizontais.
- Efeito visual consequente da repetição dos intervalos entre as chapas
laminadas, causando a impressão de um gigantesco instalador elétrico.
Os elementos que compõem o corpo do Sindicato estão graficamente
representados na Torre-símbolo: a Mecânica (ver montagem). A Siderurgia,
nas chapas laminadas. A Eletricidade, na sugestão do gerador elétrico.
A aprovação foi unânime, não apenas para a marca, mas também para
o selo dela derivado, a ser usado na correspondência das empresas associadas, “divulgando e prestigiando o Sindicato”.
Era inquestionável a plasticidade da marca, em preto e vermelho,
acenando uma distante semelhança com a bandeira do Estado do São
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1987-1990
Paulo, trazendo os Ms e os Es fatiados em finas lâminas verticais, o
preto remetendo à força do ferro e do aço, o vermelho trazendo a visão
dos fornos incandescentes, o conjunto trazendo à lembrança o gerador
elétrico, e mais ainda a extrema simplicidade da sigla, que a partir daquele momento deixava de ser SIMMMEEC e se assumia SIMEC, para
alívio geral. Por tudo isso a marca conseguiu se manter, inalterada, até
os dias atuais.
O setor metalmecânico cearense vinha enfrentando retração de até
30% nas vendas, informava o Diário do Nordeste (15/8/87), porém havia sinal de normalização no abastecimento de laminados planos. Mas em
outubro uma notícia caiu como um banho de água fria nos planos cearenses: “Governo constrói duas siderúrgicas no Sul e esquece a do Nordeste”,
lamentava a manchete do Diário (1/10/7). Enquanto eram aceleradas as
obras na Grande Porto Alegre e em Imbituba, município ao Sul de Santa
Catarina, o Nordeste continuava “em estado de sonho”.
A força do “sonho dos cearenses”, como escrevia o Jornal do Dorian
(23/12/87), a materialização do projeto que viria trazer esperanças para
um Estado que contribuía com 1,8% do PIB nacional, onde 70% da população ganhava até 2 salários mínimos, e 50% sobrevivia com apenas 1 salário mínimo, ia ser testada mais uma vez, oscilando entre o encantamento
das promessas e a incômoda realidade.
Com ou sem a usina, Fred Saboya tinha suas metas muito claras. Além
de estabelecer o desenvolvimento institucional do SIMEC, ambicionava
elaborar um cadastro geral das empresas filiadas. Implantar um sistema de
informações internas sobre disponibilidade de resíduos, matérias primas
e máquinas ociosas nas indústrias, como era feito em Porto Alegre (DN
1/9/87). Aproximar-se do SENAI, que tinha como Superintendente Mendel
Klejner,5 companheiro enxadrista de Fred.
E mais: articular-se com outros Sindicatos quanto a concorrências públicas lançadas pelo Governo Estadual para contratações de obras e mate-
106
riais, “preservando os interesses do Estado e das empresas
locais nos casos de igualdade ou mesmo de diferença de
preços”.6 Promover feiras e eventos que divulgassem o
que era produzido no Ceará. E – por que não – adquirir um
imóvel onde pudesse ser instalada a sede própria.
Pela primeira
vez, o SIMEC
realizou Reunião
Ordinária em
sua nova sede.
Em 1988 completava três anos que o SIMEC encontrava-se abrigado gratuitamente em sala do CIC.7 A FIEC
acompanhava os estágios finais da construção da Casa da
Indústria, onde disponibilizara para o SIMEC um “espaço
amplo.”8 Mas antes que a aceitação se desse surgiu nova
e tentadora possibilidade para aquisição do sonhado imóvel próprio. Fred
comunicou aos associados haver encontrado um “local ideal”, próximo ao
novo prédio da FIEC9: duas salas que se encontravam disponíveis, ao preço
de 4 mil OTNs, divididas em quatro vezes a partir da entrega do imóvel.
As plantas foram apresentadas e aprovadas em reunião. Estabeleceu-se
o consenso sobre a importância de “ter espaço para expandir-se”, mas no
último instante o negócio a ser fechado com o construtor Pedro Mesquita
não foi em frente, não tendo o proprietário aceito “os termos em que havia
sido redigido o contrato de compra e venda”.10
As circunstâncias direcionaram a tomada de posição. E no dia 3 de maio
de 1988, pela primeira vez, o SIMEC realizou Reunião Ordinária em sua
nova sede, instalada no terceiro andar do Edifício Casa da Indústria, dando
boas vindas aos filiados e “desejando a todos sucesso na etapa nova de trabalho que ora se inicia”. Os móveis, equipamentos e as linhas telefônicas da
antiga sede (231-1711 e 231-3740) foram vendidos após consulta e autorização da Diretoria. O novo número de telefone passou a ser 244-9001.
A Casa da Indústria já sediava as administrações do SESI e SENAI. Em
seguida passou a sediar a própria FIEC, o IEL, unidades operacionais da
Federação e alguns Sindicatos, como foi o caso do SIMEC. A inauguração
oficial do prédio aconteceu no dia 22 de setembro de 1989.11
107
1987-1990
No Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, a questão do frete CIF uniforme para chapas de
aço mantinha-se como o problema que não queria calar. Embora não fosse
questão que atingisse diretamente a toda as indústrias do setor eletrometalmecânico, tinha o dom de despertar queixas ancestrais, que remetiam ao
sentimento de descaso para com a região, à indiferença com a sorte dos
teimosos nordestinos, a um inconcebível apartheid entre o Brasil do Norte/
Nordeste e o Brasil do Sul/Sudeste.
A ata da reunião de 2 de fevereiro de 1988 tinha sido quase um
manifesto da revolta dos industriais quanto às incessantes tentativas de
eliminação do diferencial. O fato “prejudicaria sensível e irreparavelmente os Estados nordestinos, onde diversas indústrias ficariam sem
condições de viabilidade econômica pela impossibilidade de concorrer com os Estados beneficiados com a localização das três usinas”
[CSN, Cosipa e Usiminas].
Ultimamente, prosseguia a ata,
os empresários nordestinos têm sido penalizados pelas Usinas
produtoras com a diminuição do fornecimento, cancelamento de
cotas mensais, e pagamento de extras de qualidade cobrados compulsoriamente, sob alegativa de que o sistema do frete CIF uniforme vem trazendo prejuízo as usinas, o que não é verdade.
E concluía, incisivamente:
Firmamos posição contrária à proposição da Siderbras, documentando e deixando claro que não podemos aceitar mais uma discriminação à nossa região.
Uma ação concreta foi empreendida em abril, com o envio de telex
ao Consider disponibilizando informações sobre abastecimento, consumo
e perspectivas para 1988, referentes a laminados de aço, comprovando as
reais necessidades e justificando a inquietação local. A discussão retornaria
108
à pauta no final de 1988, com igual calor.12 Desde 1976 o Nordeste lutava pela implantação do sistema CIF-Cliente-Uniforme para os aços planos
nacionais. A Siderbras pretendia por fim à Resolução n° 35/76 do Consider,
que o havia criado, fazendo-se necessária “uma ação conjunta para defesa
da manutenção desse sistema para as chapas de aço”. O SIMEC cumpria
seu papel em defesa dos interesses da categoria.
A meta de realização de feiras e eventos mantinha-se em foco. Em março
de 1988 o Sindicato era convidado a participar da II Feira de Material de Construção e Eletromecânica, no Parque de Exposições da Maraponga, sob direção
de Holanda Empreendimentos.13 Entre 19 e 22 de julho, o CEAG – Centro de
Apoio à Pequena e Média Empresa do Estado do Ceará, que tinha como Diretor
Executivo Antonio Balhmann Cardoso Nunes Filho, e a Siderbras, promoveram
uma Mostra de Siderurgia na FIEC investindo no objetivo de “levar uma gama
de produtos consumidos normalmente pela siderurgia no mercado nacional,
passíveis de serem introduzidos pelas indústrias locais” (JD 12/7/88).
Não era bem esse o projeto de Fred. Funcionava, porém, como um
alavancador de movimentos similares, a exemplo do que ele conduziria no
ano seguinte, estimulando a indústria local a constituir um “cinturão” de
fornecedores para as siderúrgicas que, mais cedo ou mais tarde, haveriam
de surgir no Norte e Nordeste.
Aos jornais Fred Saboya declarava sobre o evento CEAG/Siderbras: “É
uma oportunidade muito importante para a indústria eletrometalmecânica,
já que os 600 produtos da Mostra podem ser industrializados no Estado.
Uma Mostra desse porte pode dar maior vitalidade ao parque industrial local” (OP 19/7/88). O Ceará contava com cerca de 120 indústrias metalmecânicas e de material elétrico, 45 delas associadas ao SIMEC (JD 13/7/88),
“empresas que dispõem da infraestrutura necessária à produção do material que é hoje fabricado em nível internacional”.
Em meados de 1988 intensificaram-se os interesses em parcerias e em
novos horizontes. Arquimedes Bastos, Diretor presidente do NUTEC, com-
109
1987-1990
pareceu à Reunião Ordinária do dia 7 “solicitando maior aproximação
com as empresas para repassar técnicas, projetos de interesse dos empresários e trabalho mais conjugado ao meio empresarial”.14 Ieda Montenegro,
também do NUTEC, comunicou estar em processo de organização o Curso
Básico de Galvanoplastria, co-patrocinado pelo SIMEC. A criação de ZPEs
– Zonas de Processamento de Exportação, áreas de livre comércio com o
exterior, se constituiu em tema de pauta de Reunião Ordinária.15 E o norte-americano Joe Carr, hospedado no Hotel Meridional, manifestou interesse
em conhecer empresas ligadas ao SIMEC, verificando possibilidades de intercâmbio comercial com outras similares em seu país.16
A decisão de ampliar o quadro de associados foi fortalecida em junho
de 1988. Há dez anos o sócio Antonio Telmo Nogueira Bessa desejava a
implantação de uma Regional da ABM – Associação Brasileira de Metais,
que envolvia o setor metalmecânico de todo o Brasil, mas que exigia um
mínimo de 50 associados. Na reunião do dia 7 daquele mês todos os presentes receberam fichas de inscrição e cópias do Estatuto, com a missão de
trazer mais empresas para o SIMEC.
O esforço mostraria seus frutos. Nos 36 meses de mandato de Fred Saboya
associaram-se 17 novas empresas. Em setembro de 1987 deram-se três inscrições: Jalbarg – Construções e Manutenções Industriais Ltda, de
José Alfredo Firmeza de Sousa; Eurotron do Brasil Eletrônica
Ltda, tendo à frente Lincoln Ferreira; e Indumaq – Indústria e
Comércio de Máquinas e Acessórios Ltda, de Marcelo Villar de
Queiroz, que a partir de abril de 1994 mudaria o nome para Vedare - Industrial e Comercial de Máquinas Ltda, ao descobrir que
havia outra empresa em Fortaleza já registrada com o mesmo
nome, como informa a esposa dele, Terezinha Villar de Queiroz.
A decisão de
ampliar o
quadro de
associados
foi fortalecida
em junho de 1988.
110
A Indumaq tinha endereço na Rua São Paulo, n° 957,
Centro da cidade, fabricando máquinas “que não vão deixar
seus produtos na mão”, como dizia o material promocional,
num trocadilho com sua especialidade: máquinas soldadoras para plásticos
ou produção de soldadoras especiais para embalagens. Marcelo era um dos
frequentadores mais assíduos do SIMEC. Foi Juiz Classista e iria compor
todas as Diretorias, em diferentes cargos, até 2008, quando se afastou por
motivo de saúde.
Aceitas também nos quadros do Sindicato, em novembro de 1987, a Pontão Serviços Indústria e Comércio Ltda, de Edmundo Pereira Barbosa; Santa
Angélica Construções Civis e Metálicas Ltda., de Jair Barreira Furtado; e Micheletto Nordeste S/A, que tinha como representante Helder Coelho Teixeira.
A Oficina Progresso O Bandeira, de Otacílio Bandeira, juntou documentação para comprovar que atuava em “consertos e serviços de tornos”
desde 1969, e que se enquadrava no setor. Foi aceita a 2 de fevereiro de
1988, na mesma reunião em que entrou oficialmente a Daferro S/A – Alumínio e Aço, de propriedade de Dário Pereira Aragão, recebendo o número
63 nos registros. Vinha indicada pela secretária Neide Martins. Dário ocuparia diversos cargos no Sindicato e integraria a Comissão Eleitoral da FIEC
para o pleito de 2010, representando o SIMEC.
A aceitação da empresa de Dário coincidiu com as últimas reuniões
realizadas no Edifício Jangada. Tanto lá como na nova sede Dário afirma
que “usufruía-se o convívio das entidades sindicais”. Nas salas cedidas
pela FIEC “formavam uma família,” como bem recorda, vivenciando um
sentimento de afinidade que os fazia comparecer, ainda que não fosse dia
de reunião, “para se encontrar, para conversar. Sindicato se confundia com
convívio”. E resgata da memória nomes como Luis Esteves, Raimundo Pinto, Edson Queiroz, Fernando Gurgel, Chico Carneiro, Fernando de Alencar
Pinto, José Flávio Costa Lima, João Grangeiro, Aldo Mesquita, Germano
Frank e tantos outros, que compunham Sindicatos, FIEC e CIC – Centro
Industrial do Ceará, num tempo em que não havia grandes diferenças entre
as entidades, e que a humanização, no dizer de Dário, “predominava sobre
o profissionalismo de hoje”.
111
1987-1990
Em outubro de 1988, uma Reunião Ordinária decidiu criar Comissão
de Negociação para tratar do pleito dos trabalhadores, Comissão esta dividida em três subcomissões específicas: a primeira destinada a analisar
cláusulas econômicas, a segunda para as cláusulas de política sindical, e
a última atenta às cláusulas sociais.17 Com elas chegou-se a um “desfecho
pacífico” das negociações de novembro entre o SIMEC e o Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Fortaleza.
As condições já não se mostravam tão amenas no começo de 1989, em
decorrência do desequilíbrio econômico nacional. Uma greve geral dos
trabalhadores metalúrgicos estava agendada para acontecer de 14 a 15 de
março. O setor eletrometalmecânico vinha enfrentando movimentos paredistas, em face da política salarial do Governo Federal, que ainda não chegara a um acordo sobre a reposição dos salários em função do Plano Verão,
lançado em janeiro daquele ano pelo presidente José Sarney, criando mais
uma moeda – o cruzado novo – cortando três zeros do já ineficaz cruzado,
na incansável tentativa de controlar uma hiper-inflação que em menos de
três anos atingira o patamar de 1.300%.
O reajuste salarial se dava mês a mês. Ainda assim, não havia como
acompanhar ou compensar os efeitos de uma inflação com indicadores
que se alteravam dia a dia, ou mesmo hora a hora. O SIMEC recomendava
em ata que a partir de abril as empresas concedessem antecipação de 15%
da reposição salarial a ser determinada pelo Governo, “incidente sobre os
salários praticados em fevereiro de 1989, sem repasse dos ônus para os
preços dos produtos, em obediência às normas do Plano Verão, e até que o
Governo Federal defina a respeito”.18
A Mostra CEAG/ Siderbras serviu como ponta de lança para promoção da I Mostra do Polo Eletrometalmecânico do Ceará, no Palácio da
Microempresa, à Av. Monsenhor Tabosa. Desde 1988 Fred Saboya vinha
elaborando a ideia de campanha promocional do Polo, no sentido de
112
Abertura da 1ª Mostra do Polo Eletro Metalmecânico - 1989
divulgar a potencialidade de empresas e produtos cearenses, fazendo uso
de mídia impressa nacional (revista Veja) e de veículos locais impressos
e eletrônicos, incluindo afixação de out-doors em pontos movimentados
de Fortaleza.19 Finalmente o projeto iria se materializar, contando com a
parceria da agência Terraço.
O Jornal da FIEC aproveitou a oportunidade de divulgação da feira para
contabilizar as empresas do setor no Estado: em 1989 encontravam-se na
capital 149 empresas mecânicas, 49 metalúrgicas e 27 elétricas, enquanto
o interior sediava 66 empresas mecânicas, 290 metalúrgicas e apenas oito
elétricas, totalizando 589 empresas. Juntas, ofereciam aproximadamente
60 mil empregos diretos, e mais de 300 mil indiretos.20
“Nosso setor precisava de uma oportunidade para mostrar que tinha
condições de fornecer produtos, sem precisar ir buscar lá fora”, explica
Fred, em 2010, sobre a Mostra. De fato. No período de uma semana, de 7 a
113
1987-1990
14 de julho de 1989, o cearense iria ver o que o Ceará produzia – arames,
disjuntores, estruturas metálicas de aço e alumínio, bebedouros, motores
elétricos, bombas d’água, quadros elétricos, subestações blindadas, transformadores, tambores de freio, parafusos, produtos siderúrgicos, utensílios
domésticos, autopeças, bugres barcos, “e mais de mil outros produtos” (DN
4/7/89) – numa Mostra “de grande significado, que apresenta à sociedade
um rico apanhado do que existe atualmente no setor”, como dizia o texto
do convite, guardado zelosamente por Fred Saboya.
O entusiasmo era evidente no material de divulgação.
O Ceará quebrou barreiras, venceu dificuldades e, com know-how
próprio e a garra de quem avança com determinação para o futuro,
implantou o seu Polo Eletrometalmecânico. Um conglomerado de 47
empresas filiadas, com produção diversificada nos setores de eletricidade, eletromecânica, siderurgia, metalurgia e atividades similares,
que em nada ficam atrás das grandes indústrias nacionais. Os made
in Ceará já estão nas ruas e lares de todo o país, agradando aos mais
exigentes consumidores. Mostrando, de ponta a ponta do Brasil – e
até no exterior, que o Ceará também evoluiu. E chegou lá.
Fred reuniu a imprensa local e representantes da mídia nacional no restaurante Trapiche, localizado na Av. Beira Mar, onde apresentou o programa da Mostra, a acontecer em paralelo com o I Salão de Veículos Especiais
do Ceará (buggys e utilitários). “Pela primeira vez o Ceará vai saber que
o setor [eletrometalmecânico] existe como um bloco, que tem questões
específicas, e se organiza para enfrentá-las, e também para mostrar a potencialidade da sua indústria metalúrgica, mecânica e de material elétrico,”
declarou o Presidente do SIMEC ao jornal O Povo (8/7/89).
“O Ceará mostra aos cearenses o seu progresso”, declarou ao Diário
do Nordeste (16/6/89), “a indústria mostra aos seus consumidores os
seus produtos, e o SIMEC mostra ao Ceará e ao Brasil o seu Polo Eletromecânico”. Simples assim.
Claro que os jornalistas não perderiam a oportunidade de questionar
o Presidente sobre o destino da siderúrgica cearense, cujo local de instalação ainda se encontrava indefinido entre Caucaia e Sobral. “Sidnor fugiu
ao nosso controle”, foi a resposta, incluindo na pluralidade as lideranças
empresariais e políticas do Estado, e reconhecendo estar o poder decisório
inteiramente nas mãos do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (JD 19/6/89).
Em agosto sabe-se que estava, sim, em construção uma usina siderúrgica nordestina, que iria receber do Governo Sarney “todo apoio e estímulo”.
Seria a Usimar. E seria no Maranhão (OESP 29/8/89).
O ano de 1989 estava a meio. O jornal O Estado de São Paulo (8/6/89)
emitia uma sombria constatação: “O Governo [Federal] é considerado o
114
115
1987-1990
maior inimigo das empresas do setor siderúrgico.” A inflação de janeiro
a setembro daquele ano atingiu 543% (JB 26/10/89). O SIMEC se reunia
para ouvir explanação do assessor jurídico, Antonio José da Costa, sobre a
política salarial aprovada pelo Congresso Nacional, e que beneficiaria os
trabalhadores de menor renda. Seria publicada uma indispensável Nota Explicativa, “bastante clara,” sobre os complexos acertos entre os Sindicatos
patronal e dos metalúrgicos.21
caria depois sua especialidade, e opera hoje sob o nome Aluprint Metalgráfica. Marcelo Villar foi o proponente da inscrição de Mota Filho, que
reconhece ter deixado passar uma década antes de procurar o Sindicato.
“Era um procedimento muito demorado. Vinha a Comissão de Sindicância,
o Ministério do Trabalho precisava comprovar que tudo estava em ordem,
que a empresa realmente era idônea, e só então vinha a aprovação”. Mais
tarde ele próprio iria integrar a referida Comissão.
A situação econômica do país se agravava pelos juros altos, que impossibilitavam empréstimos para capital de giro, além dos problemas de
retração do mercado consumidor. A queda em 10% das vendas do setor
eletrometalmecânico, em comparação com o ano anterior, comprovava as
dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor.
Vieram ainda, sob a presidência de Fred, a Metalúrgica BACE Ltda,
de Jesus Batista de Oliveira (14/8/89); a INAPI – Indústria Nordestina de
Acessórios para Irrigação S/A, tendo com Diretor Presidente José de Ribamar Pinto Coelho, fabricando bombas centrífugas, injetoras e filtros para
piscina; a Termisa Industrial S/A, de Sebastião de Arruda Gomes, indústria
de balcões frigoríficos com 39 trabalhadores; a SOBREMETAL – Sociedade
Brasileira de Recuperação de Metais Ltda, de Rodrigo Lacerda Soares; e a
Master Indústria Metalmecânica Ltda, aceita a 3 de abril de 1990, apresentando Paulo Eduardo Ferreira Gomes Lopes na Gerência Geral.
Em compensação, a avaliação sobre a I Mostra do Polo Eletrometalmecânico se fez positiva: “Foi válida, e atendeu aos objetivos de divulgar as empresas do setor e mostrar ao público o que é produzido no Ceará”.22 Da mesma
forma, as relações trabalhistas se encontravam “em momento de tranquilidade,
excetuando pequenos problemas na Cibresme, IMCA, Hispano e Movaço”,
anotava a última ata de 1989, sem pressentir a proximidade do furacão.23
***
Até julho de 1990 filiaram-se ao SIMEC a METALTEC – Metalúrgica Técnica S/A, de Ivan Moreira de Castro Alves, com 96 funcionários; a ELFORT –
Eletromecânica Fort Indústria e Comércio e Engenharia Ltda, tendo como Diretores Cid Marconi Gurgel de Souza e Carlos César Monteiro Montenegro,
aceita em 19 de junho de 1989, oferecendo serviços de instalações elétricas
em prédios residenciais e comerciais, além de caixas para medidor de gás.
Seguiram-se a FYBER Indústria e Comércio Ltda, dos irmãos Agliberto
e Rogério Farias, em 2 de agosto de 1989, especializada em montagem
e fabricação de veículos tipo buggy. Na mesma data filiou-se a Arte Jóias
Industrial Ltda, de Francisco Aiace Mota Filho, que desde 1979 trabalhava
com metalurgia fina, tendo metais preciosos por matéria-prima. Modifi-
116
As reuniões se davam sempre na primeira terça-feira de cada mês, às
19h. Luiz Esteves Neto presidia a FIEC. Fernando Cirino Gurgel era Presidente do CIC - Centro Industrial do Ceará, um dos três empresários que
saíriam das fileiras do SIMEC para ocupar tal posto (além dele, também o
fizeram Fred Saboya e Francisco Baltazar Neto). Os visitantes e convidados
eram frequentes. Iam desde o candidato a vereador, pedindo votos e apoio
financeiro, aos representantes da Academia, interessados em “produzir conhecimento através de postura crítica sobre o processo de desenvolvimento
do setor metalmecânico no Ceará”, e aos jornalistas correspondentes de
veículos nacionais, como Rodolfo Espínola.
Das reuniões, o associado Francisco Aiace Mota Filho – que diversifica suas
atividades com o canto coral, a atuação em teatro e a participação na União
Brasileira de Trovadores – extraiu inspiração para compor trovas, atualizando o
dia dos encontros para o calendário atual (segunda terça-feira de cada mês).
117
1987-1990
Aniversário exultante
De quarenta anos seguidos
Nós lembramos neste instante
Grandes momentos vividos!
vam da cartola o Plano Brasil Novo, imediatamente conhecido como Plano
Collor, que fez o que nunca antes se fizera na história desse país: o congelamento, por 18 meses, de 80% de todos os depósitos do overnight, das contas
correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50mil.
Na segunda terça-feira,
Tem sempre reunião
No SIMEC de primeira
Problemas debaterão!
Um verdadeiro confisco do dinheiro circulante, o “fechamento da torneira
de dinheiro”, como comparavam os jornalistas, um brusco freio de arrumação
que atingiu duramente o mercado, paralisou projetos, congelou recursos no
Banco Central, cancelou encomendas e desnorteou a totalidade da população brasileira economicamente ativa. Com um sentimento de “apreensão” o
SIMEC reuniu-se para discutir os procedimentos que tomariam diante de “medidas tão severas, porém necessárias”. Finda a reunião, os associados deram
crédito de confiança ao Governo utilizando metáforas bem nordestinas.
Assuntos bem importantes,
Tributários, trabalhistas,
Bem tratados o quanto antes,
Muito importante é a lista!
Os problemas debatidos
Com grande satisfação
Companheiros reunidos,
Temos comemoração.
***
Uma nova década tinha início, encerrando o século XX. Fred Saboya continuaria presidindo o SIMEC com inteira estabilidade até julho de 1990. A mesma
sorte não teria o Brasil, que elegera o alagoano Fernando Collor de Melo, caçador
de marajás, para o cargo supremo da Nação, um arrojado Presidente que chegou
ao dia da posse, 15 de março de 1990, com alguns truques escondidos na manga.
A inflação estimada era de 80%. Talvez, numa previsão mais otimista,
não ultrapassasse os 74%.
Só que em um único mês. No caso, o mês de março de 1990 (GM 13/3/90).
Era mais que suficiente para justificar o lançamento de um novo Plano
de estabilização econômica no colo dos brasileiros, e nos ombros dos empreendedores. Os governantes reencenavam o velho truque de mudança da
moeda nacional, que deixava de ser cruzado para voltar a ser cruzeiro. E tira-
118
Acreditamos que o bom senso prevalecerá sobre os excessos, esperando que o Governo tenha a sabedoria necessária para controlar a torneira que irrigará a economia, evitando que o país nem
morra de sede nem afogado.24
O otimismo sindical não foi suficiente. Três semanas depois do anúncio
do Plano, quase metade dos metalúrgicos de São Paulo cruzavam os braços
(FSP 8/4/90), e uniam-se aos companheiros da Grande São Paulo para pressionar o Governo Federal, representado pela plenipotenciária Ministra da
Economia, Fazenda e Planejamento, Zélia Cardoso de Mello (GM 12/4/90).
No Ceará, igualmente na sequência do Plano, registrou-se de imediato uma baixa
de 50% no índice de comercialização das empresas dos associados, forçando até mesmo a algumas delas, com as atividades paradas, a solicitar desligamento do Sindicato.
A surpreendente capacidade de recuperação de um país calejado pelos choques anteriores permitiu, ainda em junho daquele ano, que o setor
siderúrgico começasse “a dar os primeiros sinais de recuperação depois do
Plano Collor”, recuperação esta noticiada com entusiasmo pelo Jornal do
Brasil (8/6/90), e certamente recebida com igual satisfação no Ceará.
119
1987-1990
Apesar de não desanimar diante dos sucessivos desafios impostos pelas
circunstâncias, o período de José Frederico Thomé de Saboya e Silva na
presidência do SIMEC chegava a termo. O ponto final se fez expresso em
elegante correspondência de despedida, enviada a todos os associados da
entidade e preservada nos arquivos institucionais.
Fortaleza, 26 de junho de 1990
Prezado amigo
Há praticamente três anos assumimos, com os demais companheiros da Diretoria, a responsabilidade de exercer nosso mandato nas
mesmas diretrizes de eficiência e probidade que marcaram com
sinal relevante a brilhante atuação de nossos antecessores.
O que procuramos realizar nestes três anos significa sinceramente
não um esforço do Presidente, mas a soma do trabalho daqueles
que se dedicaram para que o SIMEC se tornasse uma entidade
cada vez mais ativa, conhecida e voltada para o desenvolvimento
e divulgação do setor eletrometalmecânico.
Ao amigo, manifesto meu agradecimento particular pelo apoio e
por tudo que fez em benefício da entidade, reafirmando o nosso
permanente e grato sentimento de amizade.
Cordiais saudações.
120
Notas:
1 - Almanaque do Ceará, 1926
2 - Raimundo Girão e Antonio Martins Filho. Fortaleza, Editora Fortaleza, 1939
3 - Guia da cidade de Fortaleza, 1939
4 - Reunião 13/7/10
5 - Ata, 2/2/88
6 - Ofício ao Procurador Geral do Estado, Silvio Brás, em 8/1/88
7 - Reunião Ordinária 12/1/88
8 - Reunião Ordinária 3/11/87
9 - Reunião Ordinária 12/1/88
10 - Ata 5/4/88
11 - Portal da FIEC
12 - Ata 1/11/88
13 - Ata 1/3/88
14 - Ata 7/6/88
15 - Ata 2/8/88
16 - Ata 4/4/89
17 - Ata 4/10/88
18 - Ata 11/4/89
19 - Ata 23/5/89
20 - Julho/agosto 1989
21 - Ata 4/7/89
22 - Ata 1/8/89
23 - Ata 5/12/89
24 - Ata, 3/4/90
121
1990-1993
Fernando José Lopes de Castro Alves
122
123
Fernando José Lopes de Castro Alves
1990-1993
A eleição estava marcada para terça-feira, dia 5 de junho de 1990. O prazo para registro de chapas se encerrara no dia 14 do mês anterior, com o esperado resultado de formação de chapa única, tendo o engenheiro mecânico
Fernando Castro Alves à frente da Diretoria efetiva. O convite viera para ele
como uma surpresa. Era Diretor da Metaltec, indústria de um Grupo que detinha mais de três décadas de experiência em tecnologia de fundição, produzindo máquinas de moinho, peças e bombas hidráulicas, entre outros produtos,
administrando um total de 125 funcionários (TC 11/8/90). O endereço ainda
era na Barra do Ceará, bairro onde, para melhor se instalar, a própria empresa
cuidara de abrir ruas, criar praças e urbanizar o entorno. A mudança para o
Distrito Industrial aconteceria em dezembro de 1990.
“Foi inesperado”, recorda Fernando referindo-se ao contato inicial do
Sindicato quanto a disponibilidade de seu nome para a presidência. “Uma
Comissão do SIMEC chegou na empresa, para o que eu achava ser uma
visita de cortesia, e o pessoal me fez o convite”.
Fernando era frequentador assíduo das reuniões e ocupara cargos na Diretoria.
Apesar de surpreso, respondeu que iria “consultar as bases”, entre as quais estava
o pai dele, Ivan Moreira de Castro Alves, fundador das Bombas King, pertencente
ao Grupo Castro Alves, e oitavo associado ao SIMEC. A resposta de Fernando não
demorou: “Tudo bem, é uma missão, um negócio bom, vamos aceitar o desafio.”
A chapa composta incluía José Sérgio Cunha de Figueiredo e Acácio
Araujo de Vasconcelos, na Diretoria efetiva; Sebastião de Arruda Gomes,
Augusto Castelo da Cunha e Roberto Farias como suplentes; Cícero Campos Alves, Antonio Carlos Maia Aragão e Hélder Coelho Teixeira no Conselho Fiscal; Raimundo Nunes de Andrade, Antonio Carlos Lyra Maia e
Marcelo Villar de Queiroz na suplência; José Frederico Thomé de Saboya
e Silva e Fernando Cirino Gurgel como Delegados representantes junto à
FIEC, e seus suplentes Ivan Moreira de Castro Alves e Carlos Prado.
Foi a primeira eleição do SIMEC a acontecer na sede da Av. Barão de
Studart, na nova Casa da Indústria. Às 13h do dia 5 de junho de 1990,
Linha de montagem da bomba K1 em 1963 - em primeiro plano, ex-presidente Fernando Castro Alves
124
125
1990-1993
uma terça-feira, instalou-se a Mesa Coletora eleitoral, formada por Antonio Carlos Lima Pereira, Evandro Sampaio Freire e Irenice Gurgel Freire.
Credenciado pela Portaria n° 1 de maio daquele ano, o Presidente que
saía atendeu às formalidades constantes das instruções que regulavam as
eleições sindicais, acompanhou o movimento de votação e declarou o processo encerrado às 19h. O cômputo final mostrou que das 56 empresas
associadas (OP 14/7/90), 51 se encontravam aptas a votar, e 35 o fizeram.
A apuração seguiu-se de pronto, tendo como escrutinador J. Itamar Pereira de Matos. Estavam eleitos Fernando Castro Alves, Sérgio Figueiredo e
Acácio Araújo, como Presidente, Secretário e Tesoureiro, respectivamente,
para o período de julho de 1990 a julho de 1993.
Um aumento na mensalidade entrou em pauta logo na primeira reunião, para fazer face às despesas internas, compensar os desgastes da inflação, e mostrar que nenhuma instituição era de ferro quando assolada pelo
descontrole governamental. Definiu-se que as empresas que empregassem
até 50 pessoas pagariam 20% do salário mínimo. De 51 a 300 empregados,
50% do salário mínimo. De 301 a 600, um salário mínimo integral, e o
dobro dele para as empresas que empregavam acima de 600 funcionários.
durante 20 anos. Fernando conclui: “As relações sindicais deveriam ser
baseadas em dados. Para isso nós precisávamos definir bases.”
A administração anterior iniciara essa base de dados ao autorizar, ainda
em junho de 1989, Contrato de Participação com a Marpe – Consultoria em
Recursos Humanos S/C Ltda para pesquisa salarial voltada exclusivamente
ao setor metalmecânico, através da qual o Sindicato recebia relatório das
pesquisas de salários do 1° e 2° semestres, além de relatórios mensais de
atualização dos dados salariais, recurso indispensável para qualquer entendimento com os funcionários, num tempo em que a inflação acumulada
entre março de 1989 e março de 1990 atingiu estratosféricos 4.853%.1
Dois outros temas o novo Presidente pretendia enfatizar ao longo
do triênio, conforme declarou ao jornal O Povo (14/7/90), na véspera
da posse: “Pretendemos ampliar a atuação do SIMEC e dar ênfase ao
treinamento de profissionais, usando recursos já existentes na FIEC”.
“Era preciso aumentar”, justifica Fernando. “A sustentabilidade se mede
pelo que se arrecada com as mensalidades, e não pelo que entra de contribuição sindical, que é de lei. E o dia em que essa lei mudar, como é que
fica? Então eu já tinha essa ideia, na época, do Sindicato se auto-sustentar.”
Retornando duas décadas no tempo, o ex-Presidente afirma sobre sua
gestão: “O que mais me incomodava era a questão do não profissionalismo, do embate direto dos empresários com os empregados. A primeira
coisa que eu fiz foi procurar um executivo que tivesse essa capacidade de
mediação, uma forma de negociação que já era adotada em outros Sindicatos. Foi quando apareceu o Ramon Salgado, profissional que trazia
uma boa vivência na Rhodia, em São Paulo, e realmente o sistema começou a funcionar dessa forma.” O negociador prestaria serviços ao SIMEC
126
127
1990-1993
A atuação
sindical foi
desdobrada
em muitas
vertentes
Em análise posterior sobre o próprio desempenho na
presidência, Fernando percebe que o leque foi aberto de
maneira bem mais ampla que os dois pontos pretendidos,
desdobrando em muitas vertentes a desejada ampliação da
atuação sindical, englobando a atualização dos associados
com informações sobre o mercado nacional e internacional, estimulando a participação em feiras e eventos do setor, apresentando novidades em tecnologia, favorecendo o
debate de soluções administrativas, antecipando negociações, prevendo e encaminhando respostas às dificuldades.
Incluía ainda a intensificação da interação entre indústrias, universidades,
pesquisadores e estudantes, envolvendo principalmente o NUTEC – Núcleo
de Tecnologia Industrial do Ceará, órgão vinculado ao Governo do Estado,
que tinha como núcleos prioritários os programas de Assistência Técnica às
Indústrias, de Treinamento, de Ensaios Tecnológicos e de Pesquisas e Projetos2,
e que Fernando classifica como “um bom prestador de serviço tecnológico”.
Havia forte vínculo pessoal dele com a UFC – Universidade Federal do
Ceará, o que naturalmente se estendeu ao desempenho do cargo. Fernando
fora representante da FIEC no Conselho Superior da Universidade, e desde
1973 colaborava com a realização de pesquisas voltadas à energia solar e
ao biodiesel. Graças a essa aproximação, técnicos do NUTEC e professores
dos Departamentos de engenharia, física e química da UFC foram convidados a participar das reuniões, e assim o fizeram.
Na Reunião Ordinária de 2 de outubro de 1990, por exemplo, os mestres se
pronunciaram sobre a “suma importância do envolvimento da Universidade com
o setor produtivo”, sugerindo a realização de nova reunião, desta vez na UFC, para
que os empresários conferissem pessoalmente o que a eles poderia ser oferecido.
O SIMEC contava também com a colaboração estreita e constante de
órgãos e entidades como SESI – Serviço Social da Indústria, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, e IEL – Instituto Euvaldo Lodi,
128
ligado este último à Confederação Nacional da Indústria, tendo sido criado
com a diretriz de estabelecer “uma verdadeira ponte entre a universidade e
a indústria, unindo as inteligências acadêmica e produtiva.”3 Logo em uma
das primeiras reuniões funcionários do IEL compareceram para solicitar
apoio das empresas ao Estágio Supervisionado na Indústria,4 assunto que
retornaria à pauta outras vezes.
O Diretor do SENAI, Tarcisio Bastos, era um dos convidados ao SIMEC
para apresentar propostas de ressonância geral, como o programa do Curso
de Matrizeiro e Ferramenteiro, a ser ministrado pelo órgão que dirigia. O
Curso despertava interesse especial para as empresas da área metalmecânica, que sofriam a carência de profissionais destas atividades, destinando-se
a “preparar profissionais com amplos conhecimentos teóricos e práticos,
além de buscar parceria das empresas no aprendizado do menor”.5
“Semana passada eu falei sobre esse assunto”, observa Fernando Castro Alves. Apesar da passagem do tempo “a carência ainda continua a
mesma, de profissionais para injeção de plástico, corte de chapa e fundição. E a capacitação do menor aprendiz, parece que só agora está ‘pegando’, mas era preocupação nossa, desde aquela época”.
A insistência no tópico da profissionalização levou Fernando a ser convidado a participar, como debatedor, do Seminário Nacional para Empregadores
sobre Formação Profissional, realizado em Salvador, de 29 a 31 de agosto de
1990, patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria com o co-patrocínio da Confederação Nacional do Comércio e da Organização Internacional do
Trabalho. Findo o evento, Mário Amato, presidente em exercício da CNI, enviou
correspondência a Fernando Castro Alves,6 extensiva aos associados do SIMEC,
sem poupar elogios: “Para o êxito do evento concorreu sobremaneira a lucidez e
a agilidade com que V.Sa. abordou o tema que lhe coube durante o Seminário”.
O mundo tomava conhecimento das notícias sobre a Guerra do Golfo,
iniciada em agosto de 1990 na região do Oriente Médio. Não iria influen-
129
1990-1993
ciar o mercado brasileiro, conforme garantiam as publicações especializadas em economia (GM 22/8/90). Muito menos o Ceará. O crescimento
da Metaneide, empresa filiada ao SIMEC, era um bom exemplo do voo
tranquilo, acima das tempestades circunstanciais.
Ao jornal O Povo (19/10/90), Fernando Cirino Gurgel – ex-Presidente
do Sindicato, ex-Presidente do CIC, vice-presidente da FIEC e Diretor Presidente desta que ocupava uma honrosa terceira posição nacional no ranking
das 12 maiores fabricantes de tambores de freio – declarava querer duplicar sua produção no início de 1991. Afinal, com 17 anos de experiência
na produção de tambores de freio, metade destinada a São Paulo, sendo
pioneira no Norte e Nordeste na fabricação de tambores de freio para as
linhas leve e pesada, tinha respaldo para tanto (OP 19/10/90).
A 9 de novembro de 1990 uma indesejada notícia veio agitar o mercado
do aço. Depois de intermináveis indas e vindas, depois de intensas rodadas
de negociação em Brasília, provocadas pela SUDENE, depois de prolongados debates nos governos anteriores, depois de acirrados pronunciamentos
procedentes do Norte e Nordeste, depois de tudo isso o presidente Fernando
Collor, um nordestino, resolvera eliminar, de uma vez por todas, o CIF uniforme para aços planos produzidos pelas usinas siderúrgicas estatais, ação
inserida em seu icônico Programa Federal de Desregulamentação.
Assim foi que a Portaria interministerial n° 670/90 de 8 de novembro
de 1990 (TC 23/11/90), assinada pelos ministros da Economia e da Infraestrutura, Zélia Maria Cardoso de Mello e Ozires Silva, revogou sumariamente as Resoluções n° 02, de 20/5/68, e n°35, de 11/2/76, do já extinto
Consider – Conselho de Não Ferrosos e de Siderurgia, dando fim à equalização do preço do aço, até então vigente.
A propósito do tema a Gazeta Mercantil veiculava artigo de Carlos
Loureiro, Presidente da distribuidora de aço Rio Negro, explicando os comos e porquês dessa medida, sob um prisma bem diverso daquele que os
nordestinos estavam habituados a ver (9/11/90).
130
O CIF uniforme foi criado com a intenção de descentralizar o consumo do aço no país, favorecendo as regiões mais afastadas do centro
produtor. O que se viu, depois de 20 anos, foi que a curva de consumo nesses Estados não se alterou. Primeiro, porque o aço não é o
fator preponderante. Depois, porque não havia mercado local que
justificasse a implantação dessas indústrias.
O articulista prosseguia, impiedoso:
Esta é uma velha luta do setor, que só não havia sido vencida por
pressões de políticos que achavam que defendiam o interesse de
seus Estados, mas na prática defendiam distorções de mercado.
A interpretação no Ceará era exatamente oposta. Havia pressão de
políticos, sim, porém derivada da insistência do empresariado de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, forçando o Governo a ceder, extinguir
o benefício e acirrar os ânimos regionalistas. A extinção criava um cenário indicativo de “mais um equívoco da política econômica do Governo
Collor”, nas bem medidas palavras de José Flávio Costa Lima, representante
da CNI junto à SUDENE, ou da “extrema unção do setor metalmecânico
do Nordeste”, (DN 14/11/90) como entendia, com maior intensidade, o
Coordenador de Planejamento Industrial da SUDENE, Girley Brazileiro.
Apesar de toda a discussão pública dedicada ao problema do fornecimento
do aço, Fernando Castro Alves posiciona melhor a questão, que não se fazia central no Sindicato, porém rendia muito espaço jornalístico devido ao impacto social
que certamente iria a causar. Nesse sentido, era respaldado pelo Presidente da
FIEC, Luiz Esteves, que previa queda de até 35% na produção do setor metalmecânico, desemprego em larga escala, fechamento de empresas (DN 20/11/90).
“Era uma briga que não atingia a todas as empresas do SIMEC”, explicita
Fernando, “um Sindicato muito heterogêneo, com bandeiras variadas e pontuais. Nós, por exemplo [Bombas King] não tínhamos esse problema. Nosso
consumo era de sucata, ferro gusa e energia elétrica. Talvez 20% das empresas sofressem, as maiores, as mais fortes, e era nossa obrigação ir defender”.
131
1990-1993
O imbroglio político foi solucionado pela mesma via, com final feliz para
os nordestinos mobilizados – e para o SIMEC, que se uniu aos Sindicatos de
Pernambuco, Pará e Rio Grande do Norte na formulação de documento a ser
entregue “às autoridades competentes”, apresentando os justos motivos pelos
quais a Portaria deveria ser revogada, e a Resolução n° 35/76 ser mantida.7
A estes aliados somaram-se muitos outros. Sem perda de tempo o governador
Tasso Jereissati solicitou audiência com a ministra Zélia, audiência na qual teve a
companhia do Governador eleito, Ciro Gomes (TC 17/11/90). O senador Mauro
Benevides apelou aos Ministros para que a “esdrúxula decisão” da “malfadada
Portaria” fosse anulada (DN 20/11/90). O Superintendente da SUDENE, Adauto
Bezerra, prestou inteiro apoio (DN 22/11/90). E o senador Afonso Sancho foi recebido pela ministra Zélia no dia 22 de novembro, saindo de lá triunfante com a
notícia de nova Portaria, suspendendo – “temporariamente” – a chamada Portaria
do Aço (TC 23/11/90), que não resistira mais de duas semanas de embate.
Talvez pela visível demonstração de influência, talvez pelo próprio processo natural de convergência, o SIMEC era procurado por empresas que
a ele desejavam se filiar, como TAU Industrial e Técnica Ltda8, de Bosco
Viana9; Moreira & Filhos Ltda; Pearce Indústria e Comércio de Máquinas
Ltda10, ao mesmo tempo em que ativava seu papel nas negociações trabalhistas, intensificado pela proximidade do final do ano.
A ata de 4 de dezembro de 1990 anotou ter sido negociada a Convenção Coletiva do Trabalho nas indústrias metalúrgicas, mecânicas e de
material elétrico em Fortaleza e Maracanaú, sendo o acordo de Fortaleza
fechado basicamente dentro do que estabelecia a Medida Provisória n°
295/296, exceto quanto ao piso salarial, “onde houve pequeno ganho, e o
de Maracanaú com melhores vantagens para o trabalhador que o de Fortaleza”. O II Encontro Nacional de Negociações Coletivas, em Belo Horizonte, permitiu, ainda segundo a ata,
estabelecer consenso no setor eletrometalmecânico que o Contrato Coletivo e a Livre Negociação serão inevitavelmente implanta-
132
dos no país como instrumento de progresso e amadurecimento das
relações trabalhistas.
A Medida Provisória referida trouxe novidades sobre a desindexação do salário. As novas medidas do Governo Federal demandavam cálculos complexos para
definição do piso salarial do metalúrgico, assunto discutido em Reunião Ordinária
do dia 5 de março de 1991, como havia sido um mês antes, a 5 de fevereiro.
Fernando conhecia bem os meandros e labirintos dessas mudanças, enfrentadas pelo empresariado com um bem exercitado jogo de cintura. “Você
está vivenciando uma situação”, exemplifica. “Você está dependendo daquilo. Aí o Governo muda a regra. E você tem que se readequar. Enquanto
isso, todo esforço que você despendeu para se manter em uma determinada
situação vai de água abaixo, porque foi criada outra bem diferente, e você
vai ter que adivinhar como é que vai se sair. Por isso que tem carga tributária
alta, por isso que tem toda essa questão de fiscalização violentíssima. Tudo
em cima do empresário.” E constata: “O sujeito é empresário porque é teimoso. É industrial que é teimoso. A pessoa entra ali, começa a inventar coisa e
quando vê está metido no meio da confusão e não tem como saltar”.
Ivan de Castro Alves, pai de Fernando, é testemunha próxima da luta
diária do industrial no Ceará. No seu livro “Caracol de Chumbo”, entre as
“experiências e memórias de um empresário sessentão”, como está no subtítulo, ele relata o árduo começo de sua história na indústria. “Posso dizer
que iniciei a fabricação de bombas King na intrepidez da ignorância”, escreve em sua linguagem leve, “pois se soubesse o que era realmente indústria, no verdadeiro sentido da palavra, não me teria metido nessa empreitada, iniciada há um quarto de século,” num Nordeste onde havia “carência
geral de tudo que pudesse ser favorável à implantação de uma indústria”.11
No caso dele, embora se tratasse de um projeto luminosamente simples
– fabricar bombas d´água para o seco Ceará – as dificuldades foram muitas,
a começar pela escolha do nome do produto, que não recebera bem a denominação de Chuí, levando Ivan a recorrer ao idioma inglês. O uso de King era
133
1990-1993
justificado naquele final dos anos 1950, assim como hoje: “Uma marca com
nome estrangeiro num produto pesava psicologicamente na comercialização,
uma vez que o consumidor valorizava muito o que era importado”, explica.
***
No SIMEC, março de 1991 trouxe melhoras nas perspectivas para abril, e
em maio a ata do Sindicato constatava fato animador: “a situação está menos
mal do que poderia ser”. Os trabalhadores reivindicavam reposição das perdas salariais, elevação do piso metalúrgico, reajuste automático dos salários
e melhores condições de trabalho – as chamadas cláusulas sociais, que hoje
“valem mais do que as cláusulas econômicas”, como assegura Fernando. O SIMEC recomendava a seus associados que mantivessem a prudência: “Devido
à modificação na política governamental de salários, que ora acontece, não
é aconselhável negociar agora. Cada empresa deve avaliar o clima interno.”12
Buscando aperfeiçoar seu sistema de navegação em meio à enxurrada
de decisões governamentais o SIMEC desdobrou três Comissões de Negociações da Convenção Coletiva do Trabalho: uma Comissão de Política Social, formada por Augusto Castelo da Cunha, Carlos Prado, Flávio Almeida
Franco, Marcelo Villar de Queiroz e Marcos Antonio Gurgel; uma Comissão de Política Sindical, composta por Acácio Araújo de Vasconcelos, Tonico Aragão, Helder Coelho Teixeira, Sebastião de Arruda Gomes e Sérgio
Cunha de Figueiredo; por fim, uma terceira Comissão, de Política Econômica, tendo como componentes Célio Cirino Gurgel, Fernando Castro Alves,
Marcus Vinicius Sousa, Mario Bravo e Raimundo Nunes de Andrade.13
Encontro Nacional pelo Desenvolvimento, em São Paulo. A palestra sobre
Como Aumentar a Lucratividade com a Análise do Valor. A I Feira de Veículos e Autopeças do Ceará. A I Feira do MERCOSUL, em Brasília.15
Como uma das ações básicas do Sindicato é informar, as Reuniões Ordinárias vinham plenas de informação, “porque o empresário está ocupado
com o dia a dia, e o momento para ele ter alguma informação sobre o que
está acontecendo de novo, de vantagem para a empresa dele, está justamente nas reuniões”, esclarece o ex-Presidente. Daí haver solicitado ao
Núcleo Setorial de Informação Metal Mecânica da Universidade Federal
de Santa Catarina, ainda em dezembro de 1990, uma Base de Dados para
eventos na área, com a qual supria o calendário informativo.
Missão internacional em Monterey-México, 1993
Navegar era preciso. Uma equipe técnica do BNB compareceu ao
encontro do dia 2 de julho de 1991 para expor tipos de financiamentos
“financeiramente viáveis” para a área industrial, com o objetivo de “priorizar os setores dinâmicos da indústria”.14 O entendimento pela palavra
predominava. Anunciava-se o Seminário sobre Livre Negociação Sindical,
a acontecer em Curitiba. O Seminário Qualidade para a Produtividade,
ministrado pelo psicólogo José Coelho de Melo Filho. Era divulgado o III
134
135
1990-1993
“Precisamos de informação e formação. Mais formação, até, mas nem por isso
menos informes, sobre feiras nacionais ou internacionais. Essa sempre foi uma visão
minha, de achar que é preciso conhecer o que se faz aí fora. A presença tem que ser
constante. No Brasil mesmo, em São Paulo, ou no exterior, onde tiver informação
a gente vai ter que ir atrás. Nós não tínhamos uma base sólida de negócios, nem
produtos que fossem altamente competitivos, mas mesmo assim era indispensável
saber como as coisas aconteciam lá fora, e trazer algumas delas para cá”, assume.
Com esta certeza em mente foi organizada uma missão ao México.
A Feira Internacional de Metalmecânica, acontecida naquele país, na cidade de Monterey, no ano de 1991, da qual o SIMEC participou apoiado pela
Secretaria estadual da Indústria e Comércio, pela FIEC e por outros patrocinadores interessados nas possibilidades acenadas por esse novo mercado,
que não chegou a se consolidar.
O Plano Collor adernava rumo ao inédito impeachment presidencial. O
ano de 1992 começava com desesperadas tentativas do Governo em manter um mínimo de controle econômico, aprovando nova Reforma Tributária
de Emergência, instituindo a Unidade Fiscal de Referência e alterando a
legislação do Imposto de Renda, entre outras medidas. As águas cearenses
agitavam-se e as empresas mais uma vez enfrentavam “situação crítica”.16
Houvesse ou não uma relação de causa e consequência com o macro cenário nacional, empresas como a Micheletto e a Indumaq, associadas
desde 1987, desativaram suas fábricas no Ceará. A primeira restringiu-se a
fabricar rebites. A segunda continuou mantendo apenas a assistência técnica.
Não bastassem os dissabores, o setor enfrentava críticas de reflexo local, por parte de Vicente Fialho, Ministro das Minas e Energia do Brasil de
abril a outubro de 1992, que culpava os pivôs de irrigação, implantados
pelo governo Tasso Jereissati, pelo fracasso do Plano de Irrigação, atingindo
com isso a Cemag, única empresa local a fabricá-los. Assumindo seu papel,
a Diretoria do SIMEC, em conjunto com a FIEC, aprovou a publicação de
nota nos jornais em defesa da associada, o que foi feito.17
136
Nem tudo era negativo no setor eletrometalmecânico,
enquadrado no extinto 14° Grupo do Plano da Confederação Nacional da Indústria, que em 1989 passara a constituir o 19° Grupo. A produção de aço crescia. O Brasil
fabricava 4,5% a mais em janeiro de 1992 em relação ao
mesmo mês do ano anterior. A FIESP concedia 70% de reposição salarial aos metalúrgicos.18 E Fernando Collor de
Melo era ejetado do poder a 2 de outubro de 1992, abrindo a vaga para Itamar Franco, que começou autorizando
o novo Ministro do Trabalho, Walter Barelli, a apresentar
proposta de fixação do salário mínimo em 100 dólares, a
partir de janeiro de 1993.19
O Brasil fabricava
4,5% a mais de
aço em janeiro de
1992 em relação
ao mesmo mês
do ano anterior.
Em fevereiro de 1993 o Jornal da FIEC informava a seus leitores que o
crescimento do setor eletrometalmecânico cearense seria “moderado”. O Presidente do SIMEC se pronunciava pela Diretoria de sua entidade, prometendo
realizar pesquisa-diagnóstico sobre o que o industrial esperava do setor, ao
mesmo tempo em que realizava um balanço comparativo entre antes e agora.
Antes, havia no país a ideia de desenvolvimento. Levando em conta
o quadro que se tinha antes da recessão, com as empresas da área empenhadas em grandes investimentos, que as levaram a crescer “assustadoramente”, era fácil perceber que, hoje, a recessão trouxera “queda brutal”,
confirmada pelas perdas de até 60% registradas nos últimos cinco anos.
“Antes, as empresas associadas ao SIMEC empregavam 10 mil pessoas”,
enfatizava Fernando. “Hoje precisaria somar todas as indústrias do Ceará
para chegar a esse número,” e apresentava os quantitativos comprobatórios.20
O setor de metalurgia cearense era formado por 355 firmas registradas,
com 7.303 funcionários. O setor mecânico era menor, com 43 firmas, e o
setor eletroeletrônico menor ainda, registrando apenas 40 empresas. No
total, somavam 421 empresas, com 10.246 operários. Havia ainda 1.545
microempresas em operação, com 15% do pessoal ocupado. A adição dos
137
1990-1993
números representava 70% da produção que abastecia Norte e Nordeste,
produção esta alavancada pelas empresas de grande porte, como Esmaltec,
Siderúrgica Cearense, FAE, Mecesa, Grupo Ângelo Figueiredo.
Novas indústrias estavam sendo atraídas para o Estado para permitir ao
cearense a possibilidade de alternativas à imprevisibilidade climática. Previa-se, até o próximo ano, a chegada de 17 empreendimentos, que iriam
gerar mais de mil empregos de uma só vez, consolidando a Política de
Atração de Indústrias desenvolvida pelo Governo estadual.
Entre suas últimas ações na presidência, Fernando Castro Alves acompanhou a promoção de curso sobre novos processos não poluentes, realizado na FIEC, porém com inscrições no SIMEC, cientes todos que a maior
parte dos processos usados no Brasil, “por falta de conhecimento maior de
Missão do SIMEC ao Polo Metalmecânico do Cariri (Missão Velha, Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte, 1993)
138
técnicas mais modernas”, causavam danos ao meio-ambiente, uma questão social que começava a se impor.21
A partir daí, as reuniões seguintes do SIMEC já iriam ser conduzidas por
outra Diretoria, e por outro Presidente que, pela segunda vez na história do
Sindicato, não era proprietário de indústria.
Notas:
1 - http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=114&item=4.
2 - Portal do NUTEC
3 - Instituto Euvaldo Lodi. 30 anos de parceria Universidade-Indústria. Brasília, IEL, 1999
4 - Ata 4/9/90
5 - Ata 4/6/91
6 - Rio de Janeiro, 13/9/90 – arquivo institucional
7 - Ata 4/12/90
8 - Reunião Ordinária 4/9/90
9 - Portal SIMEC
10 - Reunião Ordinária 4/12/90
11 - Fortaleza, 1987
12 - Ata 21/5/91
13 - Atas 3/9/91 e 1/10/91
14 - O FNE - Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste era operado pelo
Banco do Nordeste. Havia sido criado pela Constituição Federal de 1988 visando reduzir as diferenças regionais, contribuindo para investimentos produtivos que viessem
a impulsionar o desenvolvimento econômico nordestino, gerando emprego e renda.
15 - Ata 6/8/91
16 - Ata 10/3/92
17 - Ata 14/1/92
18 - JB 7/2/92, OG 8/4/92
19 - DN 10/12/92
20 - Jornal da FIEC fev/93
21 - DN 11/6/93
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1993-1996
Mario Walter Saturnino Bravo
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Mario Walter Saturnino Bravo
1993-1996
O livro de atas eleitorais do SIMEC registrou, no dia 9 de junho de 1993,
concluída a apuração da eleição, que haviam comparecido para votar 34
associados de um total de 49. Tratava-se de chapa única, mais uma vez vencedora por consenso, e a posse aconteceu como de praxe, a 14 de julho.
A chapa para o triênio 1993-1996 tinha a seguinte composição. Diretoria: Mario Walter Saturnino Bravo, Diretor Presidente; Carlos Prado, Diretor
Secretário; Sebastião de Arruda Gomes, Diretor Administrativo; suplentes Fernando José Lopes de Castro Alves, Roberto Farias e Francisco Gildo Rebouças. Titulares no Conselho Fiscal: Antonio Carlos Maia Aragão, Marcelo Villar
de Queiroz e Augusto Castelo da Cunha, com os suplentes Jesus Hernandez
Y.F.Neto, Molinari Batista e Raimundo Nunes de Andrade, proprietário da
Metadil – Metalúrgica Diana Ltda, fabricante de dobradiças. Representantes
junto à FIEC eram Fernando Cirino Gurgel e Mario Walter Saturnino Braga,
com os suplentes Carlos Prado e José Sérgio Cunha de Figueiredo.
Ao reler em 2011 a listagem dos nomes daqueles que compunham a Diretoria, Mario Bravo acrescenta um comentário a cada um. Fernando Castro Alves:
“Foi meu antecessor”. Roberto Farias: “Irmão do Bill Farias, da Fyber”. Francisco
Gildo: “Saiu do Sindicato. Não lembro o nome da metalúrgica, tinha parte de alumínio”. Antonio Carlos Maia Aragão: “Tonico. Gente finíssima”. Marcelo Villar de
Queiroz “Está doente, uma pena”. Augusto Castelo: “Está doente também”1 . Jesus
Hernandez: “Da Hispano”. Raimundo Nunes de Andrade: “O Capitão Nunes. Falecido”. Molinari Batista: “Voltou para a Itália”. Carlos Prado: “Uma das grandes
eminências pardas”. José Sérgio: “Da empresa Ângelo Figueiredo”.
Ao lado dessa Diretoria, no dia da posse o novo Presidente prometera
“consultoria e renovação”2. Assumia o honroso cargo “com o desafio de
continuar o excelente trabalho feito pelos ex-Presidentes”, e nortearia sua
gestão no cumprimento de três pontos – ou talvez fossem quatro: “Renovação, parceria e bem comum, e consulta aos associados”. A Diretoria que entrava foi saudada por ninguém menos que Fernando Cirino Gurgel, à época
Presidente da FIEC, nascido e criado nos quadros do SIMEC, do qual era ex-
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1993-1996
-Presidente. Cirino pronunciou aos presentes mais que um discurso de saudação. Os que o ouviram naquela noite levaram na memória uma verdadeira
declaração de amor ao ofício metalmecânico, preservado em letra impressa
pelo Jornal da FIEC. “Por detrás do ritual da troca de comando palpita esforço humano pela continuidade existencial das instituições,” afirmou naquela
noite de festa.
Merece destaque a política de alternância entre os titulares da direção do SIMEC, (...) que atrai para si uma convergência de interesses legítimos.
Os que aqui se reúnem o fazem em defesa de um dos segmentos empresariais mais gratos às características geoeconômicas do Ceará (...).
A capacidade criativa cearense vai buscar lá fora a matéria-prima
que o Estado não produz. Soma essa matéria prima, dentro de suas
fronteiras, ao processamento industrial. E a transforma em produto
acabado, e o comercializa nos mercados interno e externo.
Entra metal como matéria prima e sai metal transformado em produto final. Agrega-se principalmente trabalho à matéria prima.
Em última análise, o que o setor metalmecânico exporta na essência, como propriamente do Ceará é, sobretudo, o trabalho.
Esse é, em síntese, o roteiro imaginoso da produção e comercialização dos artefatos com que as indústrias eletrometalmecânicas do Ceará comparecem ao concerto das atividades produtivas do Brasil. (...)
que estava implantando modificações no perfil de serviços e produtos da FAE
– Ferragens e Aparelhos Elétricos S/A, e para isso procurou pessoas donas de
conhecimentos técnicos, especialistas procedentes de todo o mundo.
A FAE havia sido fundada a 13 de setembro de 1967. Voltava-se à fabricação de medidores de energia eletromecânicos, no que contava com a parceria
da japonesa Mitsubishi Electric Corporation. Ofereceria também ao mercado
uma diversidade de produtos, como parafusos, secadores de cabelo, aspiradores portáteis, disjuntores, tesouras elétricas e conectores elétricos. Desde 1972
fabricava e comercializava equipamentos para medir e gerenciar o consumo de
energia elétrica. A linha de hidrômetros surgiria no distante ano 2000, seguida
pela linha de medidores eletrônicos, estabelecendo como missão “contribuir
para o uso legal e racional dos recursos hídricos e energéticos”. Atualmente
a FAE é especializada na medição de energia e água, exportando para vários
países,3 o que ainda não acontecia quando Mario por lá chegou.
Mario Bravo tinha experiência na área de projetos industriais e metalmecânica. Recebido o convite, partiu para procurar no mapa, num tempo anterior à
internet e ao Google Maps, onde ficava o Ceará, e não se deixou dissuadir pelas
primeiras informações. “O filho do cônsul, muito simplesmente, me disse que
era muito quente, não tinha nada. Em contrapartida, eu tinha um dicionário enciclopédico Larousse em casa, procurei Ceará, Fortaleza, e vi uma fotografia que
me encantou, de uma jangada na praia de Iracema. Temperatura média - para
quem mora em Buenos Aires, onde eu já peguei temperatura de 43 graus, não
Mario Bravo, Tonico Aragão, Marcelo Villar e Dário Aragão
Trata-se de uma das mais desafiadoras áreas industriais, porque
tem exigências para conter custos, incrementar produtividade e
sustentar o poder de competição.
É provável que a expressão “buscar lá fora” tenha sido grata aos ouvidos
de Mario Bravo, argentino, nascido em San Miguel de Tucumán, chegado ao
Ceará em 1976 graças a um convite do industrial Gerardo Matos Bezerra Lima,
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1993-1996
me pareceu nada demais. O Ceará tinha três universidades. Eu aceitei o convite,
para experimentar por três meses. Vim sozinho. Com a passagem de ida e volta
na minha mão. Depois de dois meses trouxe a família”. E assim ficou.
Antes de encabeçar a chapa que o elegeria para a presidência do Sindicato o argentino havia sido convidado várias vezes para fazer parte da Diretoria. Não aceitara por impedimento legal, afirma, visto não possuir a cidadania brasileira, mas tão logo a conseguiu resolveu dizer sim ao convite,
estimulado por Fred Saboya. Desde 1983 vinha participando das mesas de
negociação do Sindicato (“Sempre tive uma queda por negociação trabalhista”), como Gerente Industrial da Alubrás – Artefatos de Aço e Alumínio
do Brasil S/A, na qual entrara em 1981 e onde chegou a Diretor Industrial.
“Depois que saí da FAE fui trabalhar na Alubrás, ajudando no projeto da
montagem. A proposta que me fizeram era interessante. Em 35 anos tive
carteira assinada só com a FAE e com a Alubrás. Depois fiquei por minha
conta, prestando consultoria”.
Dos dois únicos chefes brasileiros recebeu preciosas orientações. “Gostei muito do ambiente do SIMEC, das pessoas, do ambiente, da camaradagem. O Gerardo Lima tinha me dito: ‘Mario, aqui no Ceará, ou você tem
dinheiro, ou você tem amigos’. E o Amilcar Araújo, por sua vez, era uma
pessoa com um conceito muito forte de associativismo, de classe, tanto que
me colocou no SIMEC, representando a Alubrás”.
O cidadão brasileiro Mario Bravo teve sorte. A 27 de fevereiro de 1993 o país
embarcou em nova tentativa de estabilizar a economia nacional e de controlar
a hiperinflação, que em junho daquele ano alcançou os 46,58%. O Plano Real,
implantado pelo presidente Itamar Franco e seu Ministro da Fazenda, Fernando
Henrique Cardoso, instituiu a URV – Unidade Real de Valor, estabeleceu regras
de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia,
e extinguiu cruzeiros e cruzados lançando uma nova moeda: o real.4
A respeito da hiperinflação e da mudança de moeda o conhecido jornalista Joelmir Betting escreveu texto que vale a pena reproduzir:
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Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma
inflação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três
décadas. Ou precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%.
Dá para decorar? Perdemos a noção disso porque realizamos quatro
reformas monetárias no período e em cada uma delas deletamos três
dígitos da moeda nacional. Um descarte de 12 dígitos no período. Caso
único no mundo, desde a hiperinflação alemã dos anos 1920.
Mario testemunhou as dificuldades enfrentadas pelos empresários brasileiros e cearenses, podendo confirmar que afetavam todos os níveis de trabalho. “A
relação era conflituosa com o trabalhador por um motivo muito simples. A inflação corroia completamente o salário. A priori, o nascimento do real foi como
uma bênção para a relação trabalhista, e para o trabalhador em si. Eu achei uma
coisa maravilhosa, porque trazia um pouco de lógica a uma situação absurda”.
A URV entrava em cena. “Todos os dias o valor era diferente. Se fazia
uma média mensal, e se passava a ter a referência de um valor médio mensal,
fixo. Era bom para o trabalhador”. A opinião do Presidente do SIMEC não
era inteiramente compartilhada pelos metalúrgicos, que em março de 1994
marcavam uma greve envolvendo cerca de meio milhão de trabalhadores de
São Paulo, Osasco e Guarulhos, exatamente em protesto contra a conversão
dos salários para URV, “que não havia considerado a inflação de fevereiro”.5
Se as condições não eram as ideais para os metalúrgicos, também não o
eram para os donos das indústrias cearenses, vistos por Mario como verdadeiros heróis. E enumera as razões na ponta dos dedos: “O Ceará não tem
matéria-prima. Não tem a quantidade ideal de gente especializada. Não fabrica equipamento. Não tem mercado suficiente para sustentar uma indústria.
Quem monta uma metalúrgica aqui é um herói”.
Como exemplo, menciona associados do SIMEC, como Fernando Cirino Gurgel, que na época presidia a Metaneide (hoje Durametal), Carlos
Prado, da Cemag, e Valdelírio Soares, da Microsol, que por duas vezes
viria a presidir o Sindicato. O caso deste último ilustrava a afirmação: “O
cobre vinha do Chile. As lâminas para os transformadores tinham que
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1993-1996
Estava confirmado
o aumento
nacional de
consumo do aço,
tendo o Plano Real
como indutor.
ser compradas na Argentina, porque aqui o preço
não era competitivo. Coloque aí mais dois meses de
navio, para chegar a mercadoria. E o mercado dele
não estava aqui. É ou não é um herói?”
Antes que o Plano Real começasse lentamente a
mostrar seus efeitos, reduzindo a inflação, ampliando o
poder de compra da população, remodelando os setores econômicos nacionais, aumentando o consumo do
aço no país, trazendo um sopro de alívio, houve tempo
em 1993 para o Governo Federal encerrar o programa
de privatização do setor siderúrgico, com o leilão da
Açominas.6 No Ceará avançava a construção do Distrito Industrial III7, ocupando área de 164 hectares, localizado no município de Maracanaú.
“Distrito Industrial tem vantagens e desvantagens”, analisa Mario.
“Uma das coisas que encorajou o Distrito foi a concessão de determinados
incentivos. Eram áreas de bom tamanho, que em Fortaleza eram mais difíceis. Para a logística era muito mais interessante. Hoje temos atuantes, na
Grande Fortaleza, os Distritos de Maracanaú I, II, III e IV, além de Aquiraz,
Eusébio, Maranguape e Caucaia”.
Em setembro de 1994 estava confirmado o aumento nacional de consumo do aço, tendo o Plano Real como indutor. Os números positivos eram
demonstrados por empresas como a Esmaltec, maior cliente individual de
aço no Nordeste.8
Muitas foram as Feiras de negócios em 1994. Em agosto aconteceram a X
Feira Sul-Brasileira da Indústria Mecânica – Expomac 94, com a participação
de 90 expositores, e a III Feira Sul-Brasileira da Indústria Eletroeletrônica –
Elétron 94, ambas no Centro de Exposições de Curitiba. Exatamente um ano
depois vieram a FIMEPE – Feira da Indústria Metálica e de Material Elétrico
de Pernambuco, e o I Encontro de Tecnologia e Soldagem do Vale do Jaguaribe, no município cearense de Tabuleiro do Norte, oferecido pelo NUTEC.
148
E 1995 foi também o ano em que Ana Elsa Ávila Pinto, atual secretária,
entrou no Sindicato, trazendo a experiência de trabalho na Cemag sob o
comando do associado Carlos Prado. Chegava com a missão de organizar
as pilhas de papéis e documentos produzidos e acumulados ao longo de
décadas, entre os quais se encontravam muitas das atas que contam a história do SIMEC, hoje preservadas pela reconhecida importância documental
na recuperação da memória da entidade.
Os encontros do Trade Point Fortaleza, criado em 1995 como parte de
um projeto da Organização das Nações Unidas, foram anunciados em reunião no mês de julho, cumprindo com o propósito de formar e acompanhar
empresas na procura de parceiros internacionais, prestar assessoria em comércio exterior e simplificar as negociações no mercado internacional.9 Na
mesma reunião formou-se Comissão de Negociação patronal, pronta para
negociar com o Sindicato dos Trabalhadores a Convenção Coletiva para o
ano seguinte; registrou-se o interesse de empresas portuguesas interessadas
em trabalhar com empresas cearenses, em regime de subcontratação; o
financiamento, por parte do BNDES de projetos de controle ambiental e
despoluição industrial; e o ex-Presidente Fred Saboya repartiu informações
sobre as normas do ISO 9000 para empresas do setor eletrometalmecânico.
O SIMEC comunicava-se com seus associados, estimulando a participação,
como expõe Mario. “Encorajamos sim, promovemos encontros, participamos
ativamente de feiras, ou como vendedores ou como compradores, ou mesmo só
para ver o que os outros estavam fazendo”, afirma. “O benefício se traduz em
conhecimento e contatos. Depois do meu período na presidência houve algumas feiras no Ceará, creio que duas, alguma coisa em conjunto com o SEBRAE.
Foram feiras que se pagaram. Não trouxeram prejuízos. Não eram feiras de negócios, mas de vitrines, e tentamos oferecer uma vitrine para o produto cearense.”
No que se refere a essa desejada abertura internacional, durante a presidência de Mario Bravo foram feitos contatos com Portugal para avaliar
vantagens e desvantagens de eventuais parcerias. Os resultados, porém,
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1993-1996
não atenderam ao esperado. “Os portugueses estavam mais interessados
em que nós vendêssemos as coisas deles aqui, do que em formar parcerias.
Não foi muito produtivo”, descarta ele.
Desde setembro de 1994 o Plano Real vinha conseguindo aumentar o
consumo do aço. O CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária
equalizava o preço do aço plano para o Nordeste, medida que reduzia a
competitividade para as indústrias que importavam insumo do Sul e Sudeste.10 O Secretário da Fazenda estadual, Pedro Brito do Nascimento,
declarava aos jornais que “os produtos não estavam competitivos porque
no preço estava sendo colocado o frete” e o jornal esclarecia:
A medida preenche o vazio criado pelo Governo ao abolir o subsídio
no frete para aços planos vendidos pelas siderúrgicas do Sul e Sudeste
para as indústrias do Nordeste. Sem o frete CIF as indústrias locais enfrentavam problemas de competitividade no mercado interno e externo.
Em retrospecto, Mario Bravo interpreta o papel do SIMEC dentro desse processo. “Todas as siderúrgicas fabricantes da matéria prima aço ficam ou no Sul ou
no Sudeste. Quando foram feitas – com dinheiro do contribuinte” – assinala, “foi
criado o CIF uniforme. O frete tinha o mesmo preço para as indústrias, no Sul ou
no Nordeste. Para todo o Brasil. Todo aquele benefício, que tinha sido criado com
dinheiro do povo, permitia que o país inteiro gozasse de alguma forma do fato de
possuir siderúrgicas. Em determinado momento, quando se começou a pensar em
vender as siderúrgicas, em privatizar as siderúrgicas, morreu o CIF uniforme”.
E prossegue: “Automaticamente, para todos os que estavam longe das usinas
o custo foi lá para cima. Diante dessa situação nós formamos uma comissão junto
ao Governo do Estado, criamos um projeto para estabelecimento de um diferencial, ou seja, um crédito presumido. Quem apresentasse a nota fiscal de compra
da matéria-prima aço de fora do Ceará, e apresentasse a nota fiscal de frete, tinha
direito a desconto no ICMS como crédito presumido. Não era crédito na realidade,
mas uma presunção de crédito. Isso ajudou muitos anos, e ajuda ainda hoje, se
não caiu. Dava condições um pouco menos absurdas para se poder concorrer.”
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Sobre a atuação do Sindicato na área metalmecânica ele responde: “É um
setor que tem um peso muito maior, sempre. Aqui não temos nenhuma empresa
que seja especificamente elétrica ou eletrônica. Nós tínhamos, do setor elétrico,
mesmo, a FAE e a Microsol, praticamente. Esmaltec, linha branca, mistura os
dois setores. Depois chegou a Mallory, e foi quando o setor elétrico cresceu”.
Para Mario, ao longo dos anos o SIMEC definiu “dois ou três guias espirituais: Carlos Prado, Fernando Cirino, pessoas que sempre foram muito ouvidas,
pelo bom senso e pela dedicação à causa, e o terceiro, Sebastião de Arruda
Gomes, já falecido. Carlos Prado é uma cabeça. Nunca foi presidente do SIMEC
porque não quis. É pessoa que tem condições de planejar. Quando surgiu o Plano Cruzado ele vaticinou com extrema precisão os próximos cinco ou dez anos.
Tem um potencial intelectual incrível”. E conclui com ênfase: “É uma cabeça”.
O tempo de renovação da Diretoria chegava. Articulava-se a chapa
única que, por consenso, daria a presidência do SIMEC ao associado Guilardo Góes Ferreira Gomes, mantendo o espírito de formar lideranças, de
possibilitar o acesso de novos nomes à direção do Sindicato e de fomentar
o espírito de participação sindical, em todos os níveis. O século XX aproximava-se do fim. Mas certas tradições, como esta, permaneciam intocadas.
Notas:
1 - Faleceu em 2011
2 - Jornal da FIEC julho/1993
3 - Portal fae.com.br
4 - Wikipédia
5 - OESP 1/3/94
6 - OESP 23/8/93
7 - TC 3/7/93
8 - DN 13/9/94
9 - Ata 11/7/95
10 - DN 2/10/94
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1996-1999
Guilardo Góes Ferreira Gomes
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Guilardo Góes Ferreira Gomes
1996-1999
As eleições para a Diretoria do SIMEC no ano de 1996 se deram a 27
de junho, com a instalação e o encerramento da Mesa Coletora seguidos,
de imediato, pela apuração dos votos. Exerceram seu dever 32 das 47 empresas em condições de participar. A chapa vencedora foi composta por
Guilardo Góes Ferreira Gomes, como Diretor Presidente, Antonio Marcos
Ribeiro do Prado, como Diretor Administrativo, e Marcelo Villar de Queiroz, no desempenho da missão de Diretor Financeiro. Os suplentes eram
José Sérgio Cunha de Figueiredo, João Carlos Clemente Fernandes e Jesus
Hernandez Y. Ferreira Neto.
Pela primeira vez houve uma distribuição setorial de cargos, em três diretorias – Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico – alterando o modelo até então vigente de estruturação da chapa a partir de um organograma
linear. Para titular do Setor Metalúrgico foi escolhido Célio Cirino Gurgel.
Ao associado Carlos Gil Alexandre Brasil coube a diretoria do Setor Elétrico; e a Sebastião de Arruda Gomes o Setor Mecânico, tendo como respectivos suplentes José Djanir Guedes de Figueiredo, José Armando Thomé de
Saboya e João Bosco Gomes Viana.
No Conselho Fiscal assumiram a titularidade Helder Coelho Teixeira, Acácio Araújo de Vasconcelos e Francisco Sena de Freitas Rego,
com os suplentes Francisco Aiace Mota Filho, João Batista Pacheco
Filho e Dário Pereira Aragão. A chapa se encerrava com os nomes de
Fernando Cirino Gurgel e Guilardo Góes Ferreira Gomes, Delegados
representantes junto à Federação (titulares), e Carlos Prado e José Frederico Thomé de Saboya (suplentes).
A presidência voltava às mãos de um representante da segunda geração
de proprietários de indústria. Guilardo Góes Ferreira Gomes era filho de
Sebastião de Arruda Gomes que, como Diretor presidente da empresa Norfrio – Indústria Norte Brasileira de Refrigeradores S/A, número 26 no Livro
de Registro do SIMEC, desde 1975 integrava ativamente os quadros da entidade. A Norfrio tinha endereço na Rua Padre Anchieta, 130, bairro Monte
Sebastião de Arruda Gomes, Guilardo Góes Ferreira Gomes - Norfrio
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1996-1999
Guilardo não era participante frequente das reuniões no Edifício Jangada. “Sei que as relações trabalhistas eram muito turbulentas, por conta da
inflação, que de certa forma colocava os reajustes econômicos no centro
das discussões. Nessa época – final dos anos 1980 – eu não era um grande
frequentador do Sindicato. A FIEC funcionava lá e recebia os Sindicatos
numa sala, onde aconteciam as reuniões. Não recordo com precisão, mas
devo ter ido somente a uma ou duas reuniões. Meu pai ia bem mais”.
Feira de Hannover
Castelo, em Fortaleza. Além de Sebastião eram também componentes da
firma os irmãos dele, Carmelo, Danilo e Antonio Arruda Gomes. Sebastião
solicitou novo registro no Sindicato a 7 de agosto de 1979, através da firma
Arruda Gomes & Irmãos Comércio e Indústria Ltda, recebendo o número
32 (hoje excluida). Dava o endereço da Rua Guilherme Rocha, 914 – onde
ainda funciona uma empresa do Grupo, a Equipeças, comercializando produtos e oferecendo serviços de refrigeração e ventilação. Mais de meio
século depois permanecem trabalhando no mesmo endereço.
Três semanas depois de registrar sua firma, ainda em agosto de 1979,
Sebastião entrou com pedido de registro para a Thermus Ar Condicionado e
Refrigeração Ltda (número 33 no Livro), localizada à Rua Guilherme Rocha,
1264, tendo como componentes, além de Sebastião de Arruda Gomes, o
irmão Danilo, o filho Guilardo Góes Ferreira Gomes e Roberto Maciel Campos. O ingresso da Termisa Industrial S/A foi registrado no final de 1989. A
empresa havia sido fundada em 1987 e contava com 39 funcionários. Compunham a firma Sebastião de Arruda Gomes, Danilo Arruda Gomes, Guilardo, José Helmar Rocha Leitão e Carlos Guilherme Campos Bezerra.
“Meu pai era sócio das nossas três empresas”, recapitula Guilardo em
2010. “Duas comerciais e uma industrial. Estamos há mais de 50 anos no
mercado. A Equipeças tem mais de 25 anos. E a Termisa, a mais nova das
três, já fez 23 anos”.
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O pai dele não apenas frequentava de forma assídua como foi um dos
principais incentivadores das reuniões de entrosamento que se davam após
o encerramento da pauta oficial. “Terminava a reunião, no Edifício Jangada,
e o pessoal ficava por lá tomando um uisquezinho em redor da mesa, que
está até hoje na FIEC, uma mesa no formato de timão. Isso aí é o que estimulava o companheirismo, a ter amizade, a um ajudar o outro, a ir além
dos negócios pura e simplesmente”
Essa aproximação foi mantida no endereço da Av Barão de Studart.
“Depois que a reunião plenária acontece, todo mês, temos a reunião de
confraternização, onde muita coisa se conversa. Um tem um problema,
o outro dá a dica, e como nós não somos concorrentes essa reunião
ajuda muito o grupo”.
Em grande parte essa aproximação se devia ao cuidadoso critério seletivo para ingresso no SIMEC. “Quando fui Presidente, visitávamos os que
queriam entrar, íamos nos informar se eram do ramo, procurávamos informações sobre a idoneidade, sobre a seriedade do candidato. Temos esse
cuidado para manter o grupo com pessoas idôneas, com pessoas que tenham certa qualificação. É por isso que não temos tido muitos problemas”.
Sebastião, pai de Guilardo, era formado em contabilidade porém nunca exerceu função nessa área. O filho diz: “Ele nunca quis ser Presidente
do SIMEC, mas sempre quis colaborar. O pessoal gostava da presença dele,
era uma pessoa muito querida, agregava, era uma pessoa de confiança do
Presidente”. Uma das provas disso foi a entrega a Sebastião do prêmio Ho-
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1996-1999
mem do Frio, concedido pela M.A.R.V. Promoções, em julho de 1995. Em
todas as chapas de Diretoria do SIMEC, entre 1978 a 2008, o ano de seu
falecimento, o nome de Sebastião Ferreira Gomes aparece ora como Tesoureiro, ora Diretor do Setor Mecânico, titular do Conselho Fiscal ou suplente
da Diretoria, continuando presente in memoriam na Diretoria de 2008 graças a homenagem especial prestada pelo atual Presidente, Ricard Pereira
Silveira. Compôs também a Diretoria do filho Guilardo, que no primeiro
semestre de 1997 acompanhava o andamento de seu setor de atividades.
Era este o período em que o Secretário estadual da Indústria e Comércio,
Raimundo Viana, buscava parceiros na Argentina para a área metalmecânica,1 e
anunciava que, até o final daquele segundo governo Tasso Jereissati, estava prevista a chegada ao Ceará de 3 mil novas empresas, em 18 projetos industriais.2
Os de casa davam sua contribuição. Em maio de 1997 era inaugurada,
no município de Caucaia, a unidade industrial da fábrica Aço Cearense, co-irmã da Aço Cearense Comercial Ltda, do empresário José Vilmar Ferreira,
que iria produzir tubos industriais, perfis virados, tiras articuladas, com um
volume inicial de produção de 1.000 toneladas/mês, oferecendo 60 empregos diretos na implantação do projeto, mais 180 quando estivesse em plena
operação, tudo isso com investimentos na ordem de R$ 7 milhões.
construída no Brasil.” Quando entrasse em funcionamento, em 1999, credenciaria o Ceará a receber empresa montadora de veículos, marcando o
início de uma arrancada industrial.3
No âmbito sindical Guilardo comunicava os resultados de viagem feita
à região da Lombardia, na Itália, e da produtiva visita do Embaixador do
Canadá à FIEC, trazendo as boas novas de linhas de crédito disponíveis em
indústrias canadenses.4 Comunicava ainda a realização da Feira da Escola
Técnica e da Feira de Subcontratação de Pernambuco; de Workshop no
Centro de Informações Metalmecânicas, no Auditório Waldir Diogo, com
apoio multi-institucional (NUTEC, SENAI/CE, IEL/CE, SEBRAE/CE, Secretaria estadual de Indústria e Comércio, UFC e SIMEC); de Seminário sobre
Recuperação de Impostos e Assessoria tributária, na FIEC.5
Guilardo reforça: “Feiras, eventos, congressos, seminários, são muito
importantes. O grande problema do SIMEC é definir de qual feira partici-
Oito meses depois a contribuição era reconhecida. “Aço Cearense: uma indústria de peso”, dizia o título de matéria da Tribuna do Ceará (29/1/98) sobre
o empreendimento, reforçando o apelo com o uso de selo publicitário que não
poupava expectativas: “Ceará, Estado do Investimento. O futuro está aqui”. Em
atividade desde 1980, “a Aço Cearense exemplifica o quanto a economia cearense cresceu nos últimos anos”, complementava a matéria, destacando a produção
da empresa: “3 mil toneladas/mês de tubos de aço, perfis, chapas articuladas, etc,
para fábricas de móveis tubulares, metalúrgicas e indústrias da construção civil”.
De volta a junho de 1997, sabe-se que Benjamin Steinbruch, Presidente do Conselho de Administração da Cia Vale do Rio Doce, considerava a
Siderúrgica do Pecém – ou pelo menos o projeto dela – “a mais moderna
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par. Em feira de máquinas, a gente vai para comprar máquina. Em feira de
estrutura, vão duas ou três indústrias. A mesma coisa em feira de refrigeração. Cada ramo tem sua feira. Agora mesmo [2010] está havendo feira em
Recife. Interessa a uns, a outros não interessa, fica complicado definir”.
Associados do SIMEC participavam de feiras reconhecidas internacionalmente, a exemplo da Feira de Hannover, na Alemanha: “Feira de fornecedor. A
gente vai para comprar. Não para exibir”, analisa objetivamente o ex-Presidente.
Na Reunião Ordinária de 8 de julho de 1997 Guilardo informava ter
sido encerrada pesquisa de consumo de aço no setor, identificando volume médio mensal superior a 5.800 toneladas dos diversos tipos de aço
consumidos. O próximo passo seria entrar em contato com as Siderúrgicas
nacionais, já que era viável a consecução de bons resultados nas negociações, e melhores prazos de compras. Informava também sobre contatos estabelecidos com o HSBC Bamerindus, para obter seguro creditário e sobre
a análise, aos cuidados do BNDES, da criação de uma linha de crédito para
os que não dispunham de garantias reais.
Na pauta da mesma reunião sabe-se que a CNI enviara correspondência tratando de acordo de cooperação internacional, que havia empresas
francesas interessadas em associação e parceria com empresas brasileiras,
e que a Câmara de Comércio Brasil-Reino Unido também convidava para
a discussão de oportunidades de negócios. O Governo estadual acenava
positivamente em relação ao crédito presumido de ICMS. “Para não deixar
o nosso polo sem competitividade, depois da perda
do frete CIF uniforme, o Governo do Estado criou
um crédito compensatório, que já existe há bastante
tempo. Existia quando eu era Presidente, e todo ano
se renovava esse convênio. Todo Governador reconhece, porque se a gente perder isso o custo aumenta. A chapa é um produto relativamente barato, e o
frete incide pesado sobre ela.”
Associados do SIMEC
participavam de
feiras reconhecidas
internacionalmente.
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Havia mudanças na legislação trabalhista em referência a horas extra, cálculo de férias e situação dos Sindicatos. Guilardo rememora: “Nessa época a
negociação já estava muito profissionalizada. Foi um passo muito importante
no sindicalismo, profissionalizar as negociações. Antes, quando era conduzida diretamente pelos Diretores dos Sindicatos, havia muita pressão. Quando
passou a ser através de negociação profissional melhorou muito”. Ainda assim
a questão trabalhista era inevitável. “São dois Sindicatos laborais”, explica. “O
que tem sede em Maracanaú e o que tem sede em Fortaleza. O SIMEC se relaciona com os dois. Todo ano é estabelecida negociação com os dois. Na minha época, durante dois anos não conseguimos fechar acordo com o sindicato
de Fortaleza. Fechamos com o de Maracanaú, mas não com o de Fortaleza”.
O segundo semestre de 1997 trouxe notícias animadoras. A Gazeta Mercantil (10/9/97) dedicava sua manchete ao novo perfil industrial do país, que
favorecia especialmente a Siderurgia, e que posicionava a indústria siderúrgica brasileira como a sétima maior do mundo. Os empresários nordestinos
aspiravam fortalecer ainda mais o setor metalmecânico, e tanto a Feira da
Indústria Metal Mecânica em Pernambuco, quanto a Feira de Indústria Mecânica, Metalúrgica e de Material Elétrico de Pernambuco – FIMEPE 97, ambas
em setembro, ofereciam sua contribuição para maximizar esse potencial.6
No último mês do ano de 1997 a CSN definiu o cronograma para sua
subsidiária CSC – Companhia Siderúrgica Cearense, “âncora de um futuro
polo metalmecânico projetado pelo Governo para a área do Pecém, atualmente em construção.” Capaz de “ampliar o espaço do Grupo Vicunha no
setor siderúrgico e de infraestrutura”, a Usina, em parceria com a Nuccor
Steel, começaria a operar no primeiro semestre de 1999, “produzindo produtos siderúrgicos planos, divididos entre 600 mil toneladas de laminados a
quente, 360 mil toneladas de laminados a frio e 240 mil toneladas de galvanizados, totalizando 1,2 milhão de toneladas”.7
O setor metalmecânico começou 1998 em expansão e assim continuaria por algum tempo. A produção de aço crescera 4,6% em janeiro
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O momento se
mostrava propício
para os profissionais
especializados em
metalmecânica
no Ceará.
daquele ano no país8, e 6,9% no mundo. Apesar de a
economia mundial enfrentar mais uma de suas crises
cíclicas e inevitáveis, o momento se mostrava propício para os profissionais especializados em metalmecânica no Ceará, Estado que “tem se mostrado campo
fértil para o profissional da metalurgia,”9 respaldado
pela garantida implantação da CSC.
Com relação às obras da siderúrgica, o que foi prometido foi feito – pelo menos em uma pequena parte.
Logo nos primeiros dias de 1998 a Tribuna do Ceará
(5/1/98) publicou reportagem informando ter sido lançada a pedra fundamental da CSC, pelo governador Tasso Jereissati, em solenidade no Palácio
do Cambeba, sede do Governo, respaldado pela aprovação da SUDENE,
ainda em dezembro do ano anterior, da Carta Consulta para financiamento
através do FINOR – Fundo de Investimentos do Nordeste.
As obras teriam início em janeiro de 1999, já estando quase concluídos
os trabalhos de terraplanagem. A área ocupada pela siderúrgica abrangeria
1,6 milhões m² no Pecém, sendo a planta gerenciada de acordo com as
normas de preservação previstas pela ISO 14000. Utilizaria tecnologia de
projeto limpa, em termos ambientais (DN 17/8/98). Todos os verbos das
reportagens eram empregados no tempo futuro: empregará, investirá, atrairá, reduzirá, produzirá. Um cuidado jornalístico que se justificava.
Acreditava-se que a crise mundial, surgida dessa vez na Ásia, não atingiria a siderúrgica cearense, e negava-se terem sido paralisados os investimentos, tendo nesse caso o endosso do cearense Pedro Felipe Borges Neto,
Vice-Presidente do Grupo Vicunha. O que havia, na observação que fizera
ao longo do tempo, era a existência de “uma grande torcida contra a implantação da siderúrgica no Nordeste” (DN 13/2/99).
Talvez houvesse. Ou talvez a dificuldade repousasse na própria característica do setor, o que é possível deduzir de comentário da jornalista
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econômica Maria Clara R. M. do Prado, publicado na Gazeta Mercantil
(24/7/98): “Não existe no país setor com estrutura societária mais emaranhada do que a Siderúrgica”, escrevia ela, identificando “um cipoal de
participações cruzadas” a partir da privatização, em 1991, que emperrava
negociações, e não só no Ceará.
Aqui e ali, sinais de avanço afloravam para dar novo fôlego ao cenário
local. O poderoso Grupo Thyssen anunciava investimento de U$ 1 bilhão,
sem que os jornalistas soubessem a qual projeto se destinava. Segundo a bem
informada colunista Sônia Pinheiro, do jornal O Povo, “sabe-se apenas que
é um investimento direcionado ao segmento metalmecânico, e que o projeto
será instalado no município de São Gonçalo do Amarante”, estando todos
os demais detalhes sendo tratados como “segredo de Estado” (OP 5/8/98).
O Grupo Thyssen entrava em cena para “consolidar ainda mais a Companhia Siderúrgica Cearense”, esclarecia o jornalista Fernando Serpa (TC
8/8/98), complementando a informação com dados objetivos sobre a
construção da futura CSC, cujos balcões já se encontravam comprados e
encomendados, e cujas obras de terraplanagem haviam chegado ao final,
com a CSN acompanhando tudo, “passo a passo”.
A CSC seria “subsidiária integral da CSN, que detém 100% do controle da empresa”. (TC 17/9/98). Uma vez pronta, iria incrementar o polo
metalmecânico cearense, a começar pelo investimento orçado em U$
800 milhões, destinado à fabricação de produtos siderúrgicos planos (TC
11/8/98). A previsão para conclusão das duas primeiras fases indicava o
ano 2000 (OP 17/9/98), ou talvez o ano 2002 (DN 12/12/98). Mantinha-se a firme convicção de que a crise econômica e a alta dos juros não seriam suficientes para afetar as obras de implantação. (DN 17/8/98)
***
Fernando Cirino Gurgel estava há seis anos à frente da FIEC. Pleno de
objetividade, informava à jornalista Marise Ponte, do Jornal da FIEC, em
dezembro de 1998, o que esperava do Governo Federal para os primeiros
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três meses de 1999: nada mais que “o bom senso” de efetivar “medidas
imediatas que possibilitem a modernização e a competitividade do setor
produtivo nacional”.
Mais uma vez anunciou-se o lançamento da pedra fundamental,
que depois de se dar no gabinete do Governador aconteceria in situ, a
19 de janeiro de 1999 (TC 13/1/99), quando a obra “sairia do papel
para a prática,” estando prevista para 2004 a conclusão total do empreendimento (Jornal da FIEC, dez/98). Em fevereiro o Diário do Nordeste
(13/2/99) projetava o lançamento desta, que seria a primeira usina de
aço plano do Nordeste, para o mês de março. E assim continuaria, de
ano em ano, sine die.
O noticiário jornalístico entre 1998 e 1999 permite ver múltiplas
causas para os adiamentos, entre as quais a liberação do câmbio (OP
18/5/00) e as mudanças na política de incentivo à importação de equipamentos (DN 5/2/00), contribuindo para que se desse uma real dificuldade no estabelecimento de parcerias, nacionais ou internacionais.
Indústrias de renome, como Nuccor Steel Corporation, Gaspetro, Texaco
do Brasil, Taquari Energética, do Grupo Vicunha, pontuavam matérias jornalísticas, participavam de reuniões oficiais, como possibilidades sólidas
– que se desmanchavam no ar.
Prenunciando novo ciclo de pujança para a economia local, as informações referentes à CSC interessavam a todos os associados do SIMEC,
“um sindicato diferente dos demais”, na análise de Guilardo, explicitando
os fatores que aproximam o grupo. “A grande realização do SIMEC, se podemos chamar assim, é o companheirismo, a qualificação das empresas,
é estarem sempre se renovando, buscando qualidade. Na realidade, um
Sindicato não tem muito que realizar. Ele tem que defender os associados,
e isso tem sido feito. É procurar manter a classe sempre dinâmica e atualizada, garantindo a sobrevivência no mercado. Acho que essa é a grande
virtude do Sindicato: manter a união”.
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No caso do SIMEC esse objetivo parece mais fácil de ser alcançado.
“O SIMEC não tem produto único. Nós temos uma gama enorme de produtos. Dificilmente os sócios são concorrentes entre si. Alguns poucos
são, como o pessoal de estrutura, por exemplo, mas tem poucos concorrentes. O que nos une é trabalhar com chapa, com metal. Nós temos
processo de fabricação parecido. Mas não temos produtos parecidos. As
empresas são fornecedoras umas das outras. Se eu vou fazer uma estrutura, fica fácil contratar alguma empresa filiada ao SIMEC. Existe muita
parceria, e isso é o que une o nosso Sindicato”.
O espírito de parceria era extensivo ao processo de renovação da Diretoria, como informa Guilardo Góes Ferreira Gomes. “Nunca houve divergência. Normalmente o Presidente que sai faz o Presidente seguinte.” A partir da
participação em outros Sindicatos, com suas outras empresas, ele assegura:
“O SIMEC tem aspectos interessantes. Renova sempre o Presidente. Existem
Sindicatos onde o Presidente se eterniza no cargo. A renovação cria liderança. A pessoa entra com gás, e ser Presidente do Sindicato exige isso, porque
é muito puxado. É interessante, para o SIMEC, essa renovação.”
Para substituí-lo na mudança de milênio seria escolhido, pela terceira
vez, um executivo de indústria, o associado Carlos Gil Alexandre Brasil.
Notas:
1 - TC 17/3/97
2 - OP 16/5/97
3 - TC 1/6/97
4 - Ata 10/6/97
5 - Ata 8/7/97
6 - DN 28/9/97
7 - GM 14/12/97
8 - GM 25/2/98
9 - OP 8/2/98
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O processo de transição na Diretoria do SIMEC seguiu o ritmo habitual
de ordem e consenso, com a composição da Comissão Eleitoral acontecendo em Assembleia Geral Extraordinária, a 11 de maio de 1999, dando-se
as eleições e apuração a 23 de junho, realizando-se a posse, excepcionalmente, a 4 de agosto, dois dias depois da confirmação do nome do empresário Jorge Parente Frota Júnior na presidência da Federação das Indústrias
do Estado do Ceará (Jornal da FIEC agosto 1999).
A Diretoria do Sindicato que passava a ser liderado pelo Diretor Presidente Carlos Gil Alexandre Brasil – a décima da história sindical – apresentava um mix de sócios experimentados na atividade sindicalista e de novos
nomes, e cumpriria sua tarefa até o ano 2002 reunida sob o lema positivista
“União e Progresso”.
Além de Gil Brasil, a chapa vencedora era composta pelos seguintes
associados: Marcelo Villar de Queiroz, Diretor Financeiro; Valdelírio Pereira Soares Filho, Diretor Administrativo; e José Sérgio Cunha de Figueiredo, Raimundo Raumiro Maia e Jesus Hernandez Y. Ferreira Neto como
respectivos suplentes. Diretores Setoriais titulares eram Célio Cirino Gurgel
(Diretor do Setor Metalúrgico), José Frederico Thomé de Saboya (Diretor do
Setor Elétrico), e Manuel Nunes Silva Neto (Diretor Setor Mecânico), com
os suplentes José Djanir Guedes de Figueiredo, Edmundo Pereira Barbosa e
Raphael Cláudio de Araújo Neto.
No Conselho Fiscal constavam os seguintes titulares: Helder Coelho
Teixeira, Acácio Araújo de Vasconcelos e Sebastião de Arruda Gomes, tendo na suplência Francisco Aiace Mota Filho, Píndaro Custódio Cardoso e
Eduardo Lima de Carvalho Neto. Fernando Cirino Gurgel e o presidente Gil
Brasil eram os representantes titulares junto à FIEC. Seus suplentes: Carlos
Prado e Guilardo Góes Ferreira Gomes.
Gil Brasil era Gerente Geral da CEMEC – Construções Eletromecânicas
S/A, empresa do Grupo J. Macedo, com atuação intensa no Brasil e no exterior, uma das primeiras empresas cearenses a obter, juntamente com a Es-
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maltec, o certificado ISO 9000. Na CEMEC ele começara a trabalhar como
estagiário, em 1978. Em 1994, antes de receber o referido certificado, o
faturamento anual da empresa alcançava R$ 11 milhões. Quatro anos mais
tarde chegava a R$ 34 milhões. “O Fernando [Cirino] não abriu mão de me
ver como Presidente”, admite Gil, “e eu coloquei uma condição: vou, se o
Valdelírio [Soares] aceitar a Vice-Presidência”. E assim foi feito.
Gil não esperou sequer um dia para apresentar seus planos. A cerimônia de posse realizou-se no Auditório da FIEC, sendo marcada, simultaneamente, pelo lançamento da FEINDAL 2000 – Feira Internacional para
Integração Industrial, ousada proposta do novo Presidente, prevista para
acontecer entre 25 e 28 de abril de 2000.
No ato de transferência do cargo, o Presidente que saía, Guilardo Góes
Ferreira Gomes, manifestou-se aos presentes, sendo registrado pelo Jornal
Lançamento da Feindal e posse de Gil Brasil - FIEC 1999
da FIEC: “É com imensa satisfação, e um pouquinho de desapontamento, que transfiro a presidência do SIMEC”, disse ele. “Satisfação, porque
a transfiro para um colega muito sério e competente. Por outro lado, lamento, na minha gestão, não ter podido ver um evento da magnitude da
FEINDAL 2000”.
Também se pronunciou Fernando Cirino Gurgel, que assumia o cargo
de Representante titular do SIMEC junto à FIEC, destacando o papel relevante da entidade, da qual fora o quarto Presidente, e do setor eletrometalmecânico como um todo, no cenário econômico cearense. “O SIMEC é um
exemplo de renovação e revelação de lideranças, dentro de um segmento
pujante da nossa economia”, declarou ao repórter do Jornal da FIEC, complementando, a favor de Gil Brasil: “O SIMEC está entregue a uma pessoa
experiente, bem sucedida e que tem muito a contribuir, pelo seu espírito de
trabalho em conjunto, num momento em que se espera muito do nosso setor – que terá o desafio de ser modernizado para conviver com a realidade
trazida pela instalação da siderúrgica e da refinaria no Ceará”.
O novo Presidente assumia, portanto, prometendo manter a continuidade do trabalho de seu antecessor e implantar nove projetos, de abrangência interna e externa, entre os quais estava a realização de uma feira
com o perfil daquela recém proposta, trazendo a marca da Hannover Fair
e o apoio do Governo do Estado, FIEC, SEBRAE/CE e Banco do Nordeste. O material promocional da FEINDAL 2000 sintetizava o propósito do
evento: “uma grande Feira que visa promover negócios através da integração das indústrias; propiciar o intercâmbio de novas tecnologias; desenvolver a cultura da subcontratação; e atrair novos investimentos para
a região, no setor industrial”.
Os demais projetos do Presidente que assumia eram: estimular cooperativas de exportação, com apoio do Centro Internacional de Negócios
da FIEC; procurar aumentar o número de associados do SIMEC; atualizar o
cadastro das empresas associadas, com o fim de facilitar negócios; repensar
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o planejamento estratégico do SIMEC; realizar reuniões de diretoria dentro
das empresas associadas; identificar empresas competitivas, orientando-as
em relação às demandas da siderúrgica a ser instalada no Pecém; aumentar
ainda mais a integração do SIMEC com a FIEC; e aproximar o SIMEC dos
sindicatos de trabalhadores.
Antes que a feira chegasse, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística mostrava que a produção industrial do Ceará crescera 1,1%
de janeiro a setembro de 1999, em relação ao ano anterior, destacando-se o setor metalmecânico, que se expandira em 24,3% (GM 24/11/99).
A participação cearense do referido setor no PIB industrial era de 4,7%. O
crescimento se devia em grande parte ao desempenho de empresas locais,
como a Metalic, empresa do Grupo Vicunha, instalada em Maracanaú desde janeiro de 1998 (GM 3/1/00), a Mecesa, a Esmaltec e a Metaneide, que
planejavam novos investimentos para 2000.
O segmento de produção de latas metálicas para embalagem se mostrava “um dos principais responsáveis pelo crescimento da produção industrial do Ceará, no primeiro semestre de 1999,” e continuava em expansão,
com boas perspectivas de aumento no ano seguinte. A Gazeta Mercantil
(24/11/99) informava que a Mecesa, apoiada em 32 anos de experiência e
atividade fabricando latas metálicas para alimentos, tintas e solventes, produzia mensalmente mais de 4 milhões de latas e 800 milhões de tampinhas
para garrafas. A Metalic ia ainda além, com capacidade instalada para a
produção de 50 milhões de latas por mês.
A Esmaltec se impunha como uma das maiores fabricantes de botijões de
gás de cozinha no mundo, exportando para Europa, Oriente Médio e América Latina, empregando duas mil pessoas. Da Metaneide saíam tambores de
freio para veículos automotivos, também com destino internacional.
O ano 2000 chegou trazendo o temor do “bug do milênio”, lenda urbana cuidadosamente urdida e trabalhada pelos catastrofistas de
plantão, ameaçando a desprogramação de todos os computadores, a
172
instalação do caos cibernético e o fim do mundo tecnológico, amparada
na desvalorização do real - único evento que de fato aconteceu e que,
entre outras consequências, emperrou a aquisição de equipamentos importados (OP 17/5/00).
Enquanto se discutia se o século XX começava naquele ano, ou começaria apenas no ano seguinte, os dois principais setores industriais do
Ceará – metalúrgico e têxtil – ganharam ímpeto e mantiveram o ritmo de
crescimento (GM 3/1/00). A previsão é que o crescimento da siderurgia
nacional, configurada à época “um dos setores mais saudáveis da economia brasileira”, conforme o Jornal do Brasil (1/6/00), chegasse aos 8% em
2000 (FSP 29/5/00).
A unidade cearense da Gerdau S/A iniciara projeto de modernização
em 1997, que seria concluído justamente naquele ano, permitindo, a partir
daí, a oferta mínima de 500 empregos diretos e indiretos, além da duplicação de sua capacidade de produção no Estado, gerando 100 mil toneladas
de aço por ano (GM 14/2/00). A indústria siderúrgica nacional cresceu
11,8% no primeiro trimestre de 2000. Os aços planos, que alimentam a
produção de automóveis, eletrodomésticos e demais bens intermediários
avançaram 20,6% no mesmo período (GM 2/5/00).
Dias antes da abertura da FEINDAL 2000 – Feira Internacional para
Integração Industrial, o presidente Gil Brasil deu declarações ao jornal Diário do Nordeste (22/4/00) destacando no Ceará a existência de cinco
empresas de grande porte no setor eletrometalmecânico, uma centena de
empresas de porte médio, e elevado número, não especificado, de pequenas indústrias. Estas últimas respondiam por 30% do total de empregos
oferecidos pelo setor, que era de 22 mil.
Outra característica apontada por ele dizia respeito à diversificação da
produção local. “O setor eletrometalmecânico cearense é muito diversificado. O estudo do ETENE – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do
Nordeste mostra que existem mais de 200 tipos de produtos diferentes”.
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Apesar disso, o Presidente do SIMEC diagnosticava uma indesejada
“falta de articulação no polo metalmecânico cearense”. Era menor e menos
articulado, quando comparado com Bahia e Pernambuco. A carência se revelava no fato de o SIMEC congregar “apenas 50 associados, dentro de um
universo muito maior de empresas em atividade”. O Presidente conhecia
as causas da desarticulação diagnosticada. Entre elas, o fato de muitos dos
investimentos terem sido adiados, devido a “fatores conjunturais” como
a desvalorização cambial, a instabilidade econômica do início do ano e
o atraso na implantação da siderúrgica no Ceará (Jornal da FIEC jan/00).
O interesse do Presidente estava em tentar solucionar problemas em
seu âmbito de competência. “Estamos promovendo, em parceria com o
IEL, uma pesquisa para radiografar a situação da indústria metalmecânica.
A partir das conclusões, vamos traçar estratégias para superar nossas deficiências” (Jornal da FIEC jan/00).
A FEINDAL 2000 encaixava-se como uma das estratégias para tentar
estabelecer um parâmetro da atividade metalmecânica, trazendo oportunidades para o conhecimento de produtos, serviços e tecnologia do Brasil
e do exterior. Seria mais um canal de atração de investimentos para a região, proporcionando rodadas de negócios internacionais, graças ao apoio
da União Europeia (DN 22/4/00), apresentando workshop temático sobre
“A Competitividade de Empresas do Setor Metalmecânico do Ceará”, uma
promoção do IEL, e reunindo 120 expositores sob os auspícios do SIMEC e
da Deutsche Messe AG, por intermédio da Hannover Fairs Sulamérica (GM
26/4/00), representada por Constantino Bäumle (Jornal da FIEC ago/99).
O estudo do ETENE ao qual Gil Brasil se referira reforçava dados conhecidos. A distância que se estendia entre muitos dos Estados nordestinos
e a região Centro Sul, fonte de cerca de 70% da matéria prima, constituía
um dos principais problemas apontados pelas empresas, e pelo Sindicato.
O Presidente acenava: “Depois da feira, vamos convocar as empresas para
uma reunião, quando teremos oportunidade de saber o que elas desejam
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Homenagem ao industrial Célio Gurgel na Feindal 2000
(Célio, Gil, Célio Gurgel e Fernando Cirino Gurgel)
do Sindicato, e do próprio mercado.” Pelo raciocínio dele, a empresa precisava se especializar naquilo em que era melhor, naquilo que estava qualificada para fazer, transferindo a outros segmentos as atividades fora de sua
competência. Não via sentido em desviar o foco das energias produtivas,
por exemplo, para a preparação de alimentos destinados às refeições dos
funcionários, ou para a manutenção das máquinas utilizadas. Não eram
estas as atividades-fim das empresas, que podiam facilmente subcontratar
o serviço (DN 22/4/00), com benefícios para todos.
Em 2010 a opinião do ex-Presidente não se alterou. “Nós conseguimos
isso. Hoje, em Fortaleza, temos quase meia dúzia de empresas que vivem
exclusivamente de terceirizações. A Metal Mecânica Maia Ltda é um bom
exemplo, com mais de 700 funcionários, e começou prestando serviços
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para a Cemec. É uma empresa que não tem produto. Só presta serviços terceirizados. Na época, nós da Cemec transferimos a eles máquinas e equipamentos, ativamos as máquinas, e o pagamento seria através da prestação
de serviço. Eles hoje fazem os tanques da Cemec, as caixas da Microsol,
grelhas para a Esmaltec – que dizer, tudo é consequência daquela feira,
daquela semente que foi plantada dez anos atrás”.
Gil Brasil presenciara o funcionamento do sistema de terceirização em
Veneto, região Nordeste da Itália. “Havia um conceito de trabalho extremamente interessante, e foi o que me propus a fazer aqui. Eles têm centenas
de empresas pequenas, que se juntam para fazer produtos grandes. Fui
visitar uma fábrica e fiquei apavorado. Era só um escritório pequeno. Eu
perguntei pela fábrica e o dono me levou para visitar uma que fazia a caixa,
outra que fazia os componentes, numa espécie de cadeia produtiva, e eu
achei aquilo fantástico”.
É provável que a exibição da diversificação e do poderio tecnológico
de tantos países tenha conduzido a algumas comparações ou cobranças incômodas. O jornal Gazeta Mercantil (12/5/00) aproveitou o encerramento
da FEINDAL para divulgar constatação derivada de estudo conduzido pela
Universidade Federal do Ceará, IEL, NUTEC e SENAI, entre 1994 e 1999,
junto a sete empresas cearenses, de que a falta de tecnologia era obstáculo
ao avanço do setor metalmecânico no Ceará. O atraso tecnológico “atrapalhava a competitividade das empresas do setor,” concluía o detalhado
acompanhamento.
Como o grande objetivo da FEINDAL era integrar as empresas de um
Sindicato que não concorre entre si, Gil considerou fundamental colocar
na feira não só o produto acabado, mas os produtos para os quais houvesse interesse em terceirizar os serviços de produção. “Nós queríamos que
houvesse um desenvolvimento nessa parte de terceirização de prestação
de serviços. E no balanço final conseguimos a integração das empresas, e
a terceirização”, diz.
Isso porque as empresas haviam revelado que 85% dos problemas vivenciados por elas no esforço de crescimento se encontravam relacionados
à tecnologia de processos e produtos. O Presidente do SIMEC estava ciente
do fato: “A maior parte das empresas do setor tornou-se obsoleta e não tem
recursos para renovar o parque industrial”, lamentava Gil Brasil ao jornal,
abrindo, no entanto, as necessárias ressalvas – “com exceção de algumas
grandes indústrias”.
A FEINDAL aconteceu com pompa e circunstância no período proposto, de 25 a 28 de abril, no Centro de Convenções Edson Queiroz. Uma
verdadeira vitrine de produtos e serviços, contando com 120 expositores,
aberta ao público, homenageando na estreia, com a entrega de um troféu,
o veterano industrial José Célio Gurgel de Castro, primeiro Presidente e um
dos fundadores do SIMEC.
De acordo com a pesquisa conjunta, “houve redução de 9% na receita
operacional bruta, e de 6% na receita operacional líquida”. Permanecia no
Ceará 56% da produção, com apenas 2% das empresas consultadas exportando seus produtos. Constatou-se forte verticalização na operacionalidade
empresarial. Embora uma amostragem com apenas sete sujeitos de pesquisa possa induzir a distorções, registrou-se que cerca de 90% delas – num
universo eletrometalmecânico e hídrico de 1.300 microempresas, 100 de
médio porte e cinco de grande porte – classificaram o nível de terceirização
das operações como baixo ou baixíssimo.
O conjunto de setores exibidos não se restringia à área eletrometalmecânica. Incluía ainda automação industrial, plásticos, borracha, serviços
industriais, equipamentos e serviços acessórios. Os principais países con-
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vidados, e que compareceram ao evento estavam na Europa (Alemanha,
Áustria, Espanha, França, Itália e Portugal) e América Latina (Argentina,
Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela),
com alguns participantes procedentes dos Estados Unidos, do Canadá e até
mesmo da Ásia.1
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Curiosamente, apesar de menos articulado do que nos estados da Bahia
e de Pernambuco, como havia sido ressaltado outras vezes, o polo metalmecânico cearense parecia, aos olhos dos pesquisadores, o mais promissor
até o momento, já que os investimentos em curso, atraídos pela agressiva
política industrial do governo Tasso Jereissati, apresentavam as melhores
perspectivas de dinamização (TC 2/10/00). O IBGE confirmava. O Ceará
liderava o crescimento na produção industrial brasileira, com variação positiva de 10,4% de janeiro a setembro de 2000. Destaque para os produtos
de metalurgia, com crescimento de 35,1% do trimestre de julho a setembro. (GM 17 a 19/11/00) Havia intensa atividade no sentido de aprimorar
a qualificação, para o atendimento às demandas que chegavam, ou que se
encontravam a caminho.
Linha de produção da CEMEC
Os dados complementares da pesquisa delineavam o posicionamento do setor eletrometalmecânico à época, que empregava 22 mil pessoas no Ceará, respondendo por 8% do PIB estadual2. “O complexo nordestino caracteriza-se por
forte economia de escala, com tecnologias de grande porte, embora contenha
micro, pequenas e médias empresas. No Ceará, o segmento é considerado heterogêneo, com baixo grau de interação entre as empresas”. E a consolidação do polo
metalmecânico cearense dependia da implantação plena da CSC (GM 28/9/00),
que representava 34% do valor total dos 168 projetos aprovados em todos os segmentos da economia do Estado (TC 2/10/00), e que poderia significar disponibilidade de matéria prima a preços de 12% a 15% mais baixos (DN 22/4/00).
Deixando de lado o setor elétrico, o setor metalmecânico compreendia
três grandes segmentos: metalurgia (fornecendo matéria prima para as demais
áreas); de máquinas e equipamentos (um dos indicadores mais importantes
do desenvolvimento, fonte de geração e difusão de dinamismo econômico);
e de bens finais (caso da indústria automobilística) (GM 28/9/00).
178
A essa época, a construção da siderúrgica, ao lado do Terminal Portuário do Pecém, continuava a ser o grande trunfo cearense. Sobre isto, Gil
Brasil presta uma informação valiosa. “A primeira iniciativa de siderúrgica
no Ceará partiu do grupo J. Macedo”, afirma. “Quando eu entrei na Cemec,
em 1978, havia toneladas e toneladas de trilhos armazenados ali, no Mucuripe. Próximo ao moinho, no pé das dunas, havia um terreno enorme, cheio
de trilhos. Na troca dos trilhos da Rede de Viação Cearense o senador J.
Macedo comprara todos os trilhos velhos, para um dia derreter, já destinados à nova fundição. Depois é que começaram a vender, aos pouquinhos”.
No SIMEC, o peso maior pendia para a área metalmecânica, à qual
mais empresas eram ligadas. O Presidente acumulava o desempenho do
cargo com a Gerência Geral da Cemec, empresa do setor elétrico, que a
partir das exportações para o Chile contratara mais 60 funcionários, totalizando 420 pessoas, trabalhando em três turnos na produção de transformadores. Gil Brasil contabiliza hoje: “A Cemec tem faturamento pesado
dentro do Sindicato. Tem também a Microsol/APS, que é considerada eletroeletrônica. Tem a Esmaltec, que é uma mistura, fabrica geladeira, então
é eletroeletrônica. Tem a FAE, a Termisa, também eletromecânica, como a
Singer, no interior, fabricando máquinas de costura”.
179
1999-2002
O setor elétrico viria a sofrer um forte abalo em 2001. O Plano de Racionamento da Energia trouxe os “apagões,” uma crise que varreu o país
nos dois últimos anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, da qual
o Ceará não seria poupado. A 10 de maio daquele ano o jornal O Povo vaticinava que todas as indústrias cearenses iriam sofrer queda de produção.
De forma unânime, os empresários locais afirmavam que as medidas de
contenção trariam prejuízo às atividades industriais. A Gerdau Ceará, que
operava com alta tensão, teria que reduzir o uso de eletricidade entre 15%
e 25%. Assim como muitas outras empresas, a CEMEC, onde o Presidente
do SIMEC trabalhava, racionalizava ainda mais o uso das máquinas e modificava seus horários de funcionamento.
Mais uma vez, sobreviver era o desafio.
***
Entre os nove pontos prometidos por Gil Brasil no dia de sua posse
estava a realização de reuniões da Diretoria do SIMEC dentro das empresas
associadas, uma espécie de Diretoria itinerante. “Nós fazíamos duas reuniões na sede do SIMEC, e uma reunião em uma empresa. Ia toda a Diretoria.
O empresário nos apresentava a empresa toda. Eu queria enxergar as possibilidades de sermos terceirizadores uns dos outros, e de nos aproximar
ainda mais. Fizemos várias reuniões com esse objetivo, de uma integração
crescente. Porque uma coisa é você fazer o que sempre se faz, apresentar
slide, powerpoint, falar sobre o trabalho da sua indústria, e outra coisa é ir
até lá, passar um dia vivenciando a empresa”.
Gil batalhava pela aproximação e pela valorização do produto cearense, tentando abrir as portas necessárias para que as empresas locais estabelecessem a cultura da compra local. Tanto as feiras – já que em 2001 foi
realizada uma segunda edição da FEINDAL, homenageando o Secretário
da Indústria e Comércio, Régis Dias – como a aproximação com a FIEC,
com a Universidade e com o Governo do Estado, foram fatores que colaboraram para o empreendimento de vários passos nesse sentido.
180
“Na época eu fui até à Secretaria da Fazenda”, ele diz, “e fui informado que
o Ceará comprava de outros Estados cerca de 11 bilhões de reais em produtos.
Isso há dez anos. As empresas daqui compravam fora, para montar os seus produtos. Ora: se a gente conseguisse que 10% por cento desse valor ficasse aqui,
significaria 1 bilhão de reais circulando localmente. E nós corremos atrás disso”.
Embora os resultados não tenham sido os sonhados, por uma série de variáveis,
inclusive questões de hábito, Gil Brasil sente que trabalhou corretamente.
Aproximava-se o prazo de encerramento do mandato. Em nenhum momento o Presidente pensou em se reeleger. “Eu acho essa tradição do SIMEC uma coisa fantástica”, garante. “Em três anos dá tempo de fazer muita
coisa, e essa renovação é fantástica”, repete. “Todos os que são convidados
para a presidência se queixam do mesmo problema, que é a falta de tempo.
Mas se você não der sua contribuição, o Sindicato não vai existir. Cada um
tem a sua vez de contribuir. Depois vem outro”.
A cada gestão o SIMEC vem se modernizando mais, acredita Gil Brasil,
para quem “o próprio ambiente hoje em dia exige essa aceleração de modernização. No meu entender, o Sindicato tem tido sorte com a renovação dos
presidentes.” O raciocínio é extensivo ao industrial que seria seu sucessor.
Valdelírio Pereira Soares Filho havia sido testado na Diretoria do SIMEC, na
gestão de Gil Brasil, e se mostrara vocacionado para o exercício da atividade
associativa. Depois de três anos exercendo o cargo de Diretor Administrativo,
encontrava-se pronto para assumir a liderança da entidade e, em seguida,
para romper com uma tradição sindical que completava três décadas.
Notas:
1 - TC 26/4/00
2 - GM 12/5/00. O setor metalmecânico, exclusivamente, representava
4,7% do PIB estadual, de acordo com GM 28/9/00
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2002-2008
Valdelírio Pereira Soares Filho
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Valdelírio Pereira Soares Filho
2002-2008
A Comissão Eleitoral para renovação da Diretoria que iria estar à
frente do SIMEC de 2002 a 2005 foi composta no dia 15 de março de
2002. O processo eleitoral aconteceu somente em maio, no dia 28, e
a apuração, realizada de imediato, computou o sufrágio de 29 dos 41
associados em condições de votar, e que elegeram, por unanimidade, a
chapa única apresentada.
Carlos Gil Alexandre Brasil convocou os associados para uma última
Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária, a 25 de junho, apresentando
o balanço financeiro das contas de sua gestão e entregando para exame
contas que vinham desde 1997, recebendo aprovação unânime dos presentes. No dia 13 de julho a nova Diretoria tomava posse em cenário diferenciado, pela primeira vez: a sede social da empresa Microsol Tecnologia
Ltda, de propriedade do novo Diretor Presidente do SIMEC, Valdelírio Soares, situada no município do Eusébio.
Eram diretores: Marcelo Villar de Queiroz (Diretor Financeiro) e Ricardo Martiniano Lima Barbosa (Diretor Administrativo), com os suplentes
Raimundo Raumiro Maia, José Frederico Thomé de Saboya e Silva, e Danilo Reis de Vasconcelos. Diretores Setoriais titulares eram Helder Coelho
Teixeira (Setor Metalúrgico), Antonio Marcos Ribeiro do Prado (Setor Mecânico) e o ex-Presidente Carlos Gil Alexandre Brasil (Setor Elétrico). Tinham
como suplentes Roberto de Barros Bezerra, Edmundo Pereira Barbosa e
Alberto José Barroso de Saboya.
No Conselho Fiscal estavam os titulares Píndaro Custódio Cardoso, Sebastião de Arruda Gomes e Francisco Aiace Mota Filho, e os suplentes Eduardo Lima de Carvalho Neto, Ricardo Tolentino W. da Nóbrega e José Gerardo da Silva. Fernando Cirino Gurgel e Carlos Prado eram Representantes
titulares junto à FIEC, tendo como suplentes o próprio presidente Valdelírio
e Acácio Araújo de Vasconcelos.
De acordo com a informação do Presidente antecessor, Gil Brasil, em
1999 Valdelírio havia relutado até mesmo em aceitar um cargo na DiretoCom o nome APC, a Microsol continuou dando emprego aos cearenses.
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185
2002-2008
reia do Sul e Japão, e a disparada do dólar, atingindo surpreendentes
CR$ 4,00 – fruto de uma crise de confiança dos mercados financeiros,
agravada pela retração econômica dos Estados Unidos em combinação
com a situação na Argentina.
Emoldurado por tais macro-circunstâncias é que Valdelírio começaria a
exercer sua presidência no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará. “Peguei ainda a turbulência
das eleições, que afetava a todos, com o dólar em patamar bem elevado,
privilegiando os poucos que exportavam, e que se deram muito bem naquela época, mas prejudicando a maioria, os que estavam do lado importador,” afirma sobre o período.
Posse de Valdelírio Pereira Soares Filho
ria. “Ele achava que esse mundo, esse universo de federação, era uma coisa
que não combinava com ele”, recorda o amigo. “Ele não queria entrar, mas
até que enfim aceitou”.
186
Valdelírio Pereira Soares Filho era proprietário da Microsol, primeira
indústria de tecnologia do Estado do Ceará. Estabelecida em Fortaleza, em
outubro de 1982, inicialmente como assistência técnica, lançara seus primeiros produtos em 1983. O nome Microsol assemelhava-se ao da poderosa Microsoft apenas por uma coincidência. Derivava na verdade de uma
definição cheia de orgulho nativo, criada pelos parceiros Valdelirio e José
Vicente Borges, ambos dos quadros de manutenção da Embratel à época
em que começaram a aparecer os microcomputadores, sintetizando “Micros na Terra do Sol”.
O novo Presidente do SIMEC assumiu três semanas depois da divulgação de uma Carta ao Povo Brasileiro, assinada pelo candidato à presidência
do Brasil, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, que se elegeria em outubro de 2002 para os primeiros quatro anos de mandato. No teor da Carta
predominava o termo mudança, o mesmo até então empregado no Ceará
pelo governo de Tasso Jereissati, que se preparava para deixar o cargo no
Executivo estadual após oito anos.
O jornalista cearense Luis Sucupira, especializado em tecnologia da
informação, esmiúça os passos seguintes da empresa: “A trajetória da Microsol se confunde com a da indústria tecnológica do Ceará, e com a do
Brasil, em alguns aspectos. Há 25 anos ninguém podia imaginar que o
Ceará seria um celeiro de talentos em informática. Naquela época, dois
jovens idealistas, posso dizer assim, acreditavam que era possível montar
a própria indústria para fabricar tecnologia. E escolheram ficar no Ceará,
mesmo sendo longe dos centros urbanos”.
O ano trouxe também duas notícias inéditas: a conquista brasileira
do pentacampeonato de futebol na Copa do Mundo, realizada na Co-
A opção conservadora não atrapalhou o crescimento da Microsol, “que
ainda teve parceria formada por uma joint-venture com a Technitron, uma
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2002-2008
empresa portuguesa. A joint-venture recebeu o nome de Technitron-Brasil e
fabricava equipamentos para telecomunicações. Anos depois a parceria se
desfez. Porém esta parceria colocava a Microsol sob olhares internacionais.”1
Realmente, duas décadas adiante a multinacional Schneider Electric Brasil
voltaria seus olhos para a dinâmica empresa cearense, que fabricava equipamentos eletroeletrônicos destinados à proteção elétrica de aparelhos de
informática, estabilizadores de tensão, no breakes e outros na mesma linha.
Hoje, diante do edifício onde funciona a empresa, a marca na fachada
remete à APC, maior fabricante mundial de produtos direcionados a proteger equipamentos eletroeletrônicos. A APC foi adquirida em 14 de fevereiro de 2007 pela Schneider Electric, contribuindo assim para constituir
“o principal e mais completo fornecedor mundial em sistemas de UPS”,
segundo o informativo Schneider Electric News. (fev-abr/10). Em 21 de janeiro de 2009 a Microsol Tecnologia S.A passou a integrar o grupo, como
explicado por Jesus Carmona, Country General Manager (ou simplesmente, o Presidente) da APC by Schneider Electric no Brasil (OP 29/3/09): “A
Microsol faz parte APC, que faz parte da Schneider. Somos uma pequena
porcentagem do pacote global da Schneider Electric”.
A indústria eletroeletrônica encaixava-se no escopo do Sindicato das
indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico, agora como protagonista. “O SIMEC tem uma diversidade muito grande de indústrias”,
enfatiza Valdelirio em 2010, corroborando a afirmação de alguns de seus
antecessores. “Essa diversidade é exatamente uma fonte de riqueza, em
primeiro lugar porque são poucos os conflitos de interesse entre os associados. Nós quase não temos concorrência entre nós. Somos muito mais
cooperadores. Por exemplo, eu compro da Maia, vendo para a Durametal,
vendo para outro – então o que existe é mesmo uma cooperação, e isso
torna saudável o clima interno”.
Em 2003, Valdelírio ocupava-se em desempenhar com eficiência seu
primeiro ano como Presidente do SIMEC, a começar pelo estreitamento dos
188
laços entre os empresários associados, e entre estes e a sociedade. “Uma
coisa que eu procurei realizar durante minha gestão foi ter buscado, cada
vez mais, melhorar as confraternizações da entidade, para que ela se tornasse um ambiente não apenas de trabalho, mas um ambiente agradável,
que atraísse os empresários e os representantes das empresas para discutir
temas às vezes inglórios, mantendo, porém, um aspecto lúdico, um aspecto de motivação, fazendo com que aquelas reuniões sociais tivessem um
momento agregador, que descontraísse e depois facilitasse a aproximação”.
Desde os tempos da mesa em forma de timão, ainda nos idos do Edifício Jangada, o encontro posterior às reuniões se firmara como uma das
tradições do Sindicato. “Nossas reuniões sempre têm um coffee break no
final”, aponta Valdelírio. “Eu introduzi o vinho, porque sou amante de vinho, e muita gente hoje ainda toma vinho lá por essa influência. Também
eu procurei reforçar as festas de final do ano. Eram ainda muito fechadas,
muito para dentro, e eu procurei fazê-las para fora, usando aquele espaço
trazendo autoridades, pessoas que podiam ser interlocutores nossos, construindo um espaço de interlocução com os outros agentes da sociedade”.
Como expert em informação e comunicação, Valdelírio sabia da importância do relacionamento informal, da criação de um clima cosmopolita,
com toques de sofisticação, por que não - no qual fosse possível distanciar-se por alguns momentos das pressões do ambiente de trabalho. “Então foi
feito isso. Um espaço de interlocução com a sociedade, com as principais
autoridades, com os presidentes de Sindicatos de outras áreas, com todos
que pudessem dividir temas de interesse comum”.
Promessa feita, promessa cumprida. Em dezembro de 2003 e de 2004
o jantar de confraternização do SIMEC, até então realizado intramuros,
aconteceu no elegante cenário do bosque à beira do mar mantido pelo
Marina Park Hotel, contando com a presença de figuras relevantes na movimentação econômica do Estado. Era um breve momento de amenidade,
antes que o mundo real interferisse com as complexidades de sempre.
189
2002-2008
Nem só de celebrações vivia o Sindicato, como reflete Valdelírio.
“Durante minha gestão procurei mapear os temas de interesse comum a
todos, temas, por exemplo, trabalhistas, mas também temas tributários,
ou temas de logística do Estado, como as manifestações de que participamos quando as estradas do Ceará estavam em péssimas condições.
Temas, por exemplo, junto à Secretaria da Fazenda do Estado, quando começou a criar controle demais, deixando os caminhões dois dias parados.
Na defesa de programas de incentivo”.
Coube ao Presidente oficializar o ingresso do SIMEC na era da responsabilidade social e cultural. “Também tínhamos e temos algumas iniciativas
de cunho social, como o apoio à música, o apoio às iniciativas locais”.
A apoio a feiras, na avaliação dele, principalmente feiras internacionais, se apresentara como “uma postura mais reativa do que proativa de
estimular a internacionalização do setor. Até se discutiu muito, mas de
fato não se fez tudo o que se gostaria. Tivemos algumas iniciativas com
Portugal, de buscar a cooperação, mas isso sempre ligado ao cenário macroeconômico, porque de repente uma mudança cambial brusca muda
tudo isso. Nós procuramos ser ambiente de aproximação de parceiros
internacionais, um papel, digamos, formal, institucional, mas que naturalmente nós assumimos.”
O Sindicato auxilia no estabelecimento de parcerias com empresas
internacionais, confirma, embora nem sempre com a desejada ação estruturada. “Nós sempre procuramos fornecer um ambiente para parcerias
internacionais. Eu mesmo cheguei a apresentar empresários de fora a empresários nacionais. Quando somos procurados, como entidade, buscamos
estabelecer a aproximação.”
E Valdelírio lança uma pergunta retórica: “Qual é o papel, em suma, de
um Sindicato? É representar uma categoria, um grupo de empresas perante
os outros atores da sociedade, defendendo os interesses que são comuns,
os legítimos interesses que são comuns à grande maioria das empresas.
190
Quanto à internacionalização, houve um momento em que foi interesse
comum, então fomos defender. A capacitação é interesse comum, também
vamos por esse caminho. Basicamente, representamos um grupo de empresas naquilo que é do interesse geral delas”.
Em defesa do setor o Presidente identificava os entraves ao crescimento
do polo metalmecânico no Ceará e no Nordeste, como bem demonstrou
em maio de 2003, em reunião da Coalizão Empresarial Norte/Nordeste,
criada no final de 2002 para unificar as reivindicações da área, congregando empresários de Alagoas, Bahia, Ceará, Pará e Pernambuco. Os temas
centrais da reunião eram o aumento dos custos da matéria-prima (a tonelada do aço plano dobrara de valor em um ano) e a recriação da SUDENE
- Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, com seu papel de
fomentar as empresas geradoras de emprego. (DN 10/5/03)
Valdelírio erguia a voz em nome do segmento: “As indústrias eletrointensivas, como a Durametal e a Gerdau, que utilizam energia em larga
escala, têm enfrentado aumentos significativos em seus custos produtivos.
As empresas que transformam aço são as que mais dependem da energia”.
O SIMEC havia organizado um grupo de empresas atingidas pela mesma
dificuldade para conversar com a COELCE – Companhia Energética do Ceará sobre o problema tarifário. Um grupo maior estabelecia contato com o
Governo Federal levando propostas alternativas de reforma tributária, e a
questão do preço do aço permanecia em negociação com as siderúrgicas,
no âmbito da CNI.
Em dezembro de 2003 uma nova alta no preço do aço, insumo básico,
impactava as indústrias metalúrgicas do Ceará. O ciclo de recuperação das
1.200 empresas do Estado corria o risco de retrocesso, prejudicando um
setor que respondia por mais de 10% do PIB da indústria de transformação,
e que após “ensaiar pequena recuperação da produção, nos últimos dois
meses desse ano” vivia “momentos de apreensão, temendo nova retração
nos negócios” (GM 19/12/03). Somava-se a esta insegurança o preço do
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2002-2008
frete para o Sudeste, ônus que podia chegar a 27%, na informação de Paulo
Silva, Diretor Administrativo Financeiro da Mecesa – Metalgráfica Cearense
S/A, à reportagem.
a bandeira de luta dos empresários cearenses em um texto que enunciava:
“Neste dia, queremos parabenizar a todos os industriais que, com coragem
e esforço, estão ajudando a construir um Ceará melhor para todos”.
Entrevistado sobre o assunto, Valdelírio declarava ao jornal, sem meias
palavras: “O frete e a situação de monopólio privado do aço no Brasil estão tornando a competição cada vez mais difícil. Os fornecedores apenas
comunicam que o preço vai subir, independente de uma justificativa de
custos. Como o dólar recuou e, por outro lado, as siderúrgicas apresentam
balanços bastante rentáveis, cremos que os aumentos são oportunistas”.
Fernando Cirino concordava: “Ocorre, realmente, uma concentração do
setor siderúrgico no país,” embora o Ceará consumisse, anualmente, pelas
contas do SIMEC, cerca de 200 mil toneladas de aço, uma das maiores demandas do Nordeste (GM 19/12/03).
Coragem e esforço eram as palavras chave. Já a expressão Ceará Melhor trazia um eco de campanhas eleitorais para o Governo do Estado,
que por duas vezes haviam colocado Tasso Jereissati no cargo máximo do
Poder Executivo, e cuja contribuição ao desenvolvimento industrial cearense havia sido testada e aprovada pelo setor eletrometalmecânico. “Nós
passamos por um período de alguns bons governadores”, avalia Valdelírio,
“mas que não foram capazes de gerar rupturas, de fazer e acontecer. O
Tasso entrou jovem no Governo, e fez acontecer. Conseguiu uma mudança
até na auto-estima do Estado. Os seus sucessores seguiram um pouco o seu
modelo, mas sem a mesma liderança, sem o mesmo senso de urgência”.
A situação estava clara no primeiro trimestre de 2004, quando o preço
do aço que chegava como matéria prima para as indústrias subiu 30%,
resultando em um aumento acumulado de 104%, entre janeiro de 2003 e
abril de 2004 (DN 6/4/04). E dessa vez havia um motivo: a equiparação do
valor do metal no Brasil ao preço no mercado internacional. Valdelírio alertava para um novo player no disputado tabuleiro e falava pelos associados
do SIMEC. “O crescimento da indústria chinesa, que tem demandado boa
parte do aço disponível no mercado internacional, tem feito subir o preço
do produto. A indústria metalmecânica tem sido muito afetada com essa
situação, que vem dificultando a competitividade. A indústria fica numa
situação muito complicada. Temos dificuldade de absorver os aumentos,
porque não conseguimos repassá-los ao consumidor” (DN 6/4/04).
No dia 12 de abril de 2005 o SIMEC se reuniu em Assembleia Geral
Ordinária, como fazia anualmente, para exame, discussão e aprovação das
contas referentes ao exercício financeiro do ano anterior, definindo, entre
outras questões, que a partir de 2005 as reuniões do Conselho Fiscal seriam trimestrais. Na reunião, o associado e ex-Presidente Fernando Castro
Alves perguntou qual o percentual, na receita do SIMEC, proveniente da
contribuição patronal. Cerca de 60%, foi a resposta. Fernando voltou a
perguntar se o Sindicato teria recursos para se manter, caso fosse extinta
a referida contribuição. Isso porque havia, de fato, no projeto de Reforma
Sindical, possibilidade de extinção da Contribuição Sindical Patronal, além
da criação de novas taxas ou formas de contribuição das empresas para
os seus Sindicatos. O Presidente respondeu que, permanecendo estáveis
as despesas e outras receitas do SIMEC, haveria recursos suficientes para
cerca de quatro anos de auto-sustentabilidade. Na hipótese de extinção da
Contribuição, seriam revistas despesas e receitas, de forma a garantir a continuidade do Sindicato, através do equilíbrio destas. Fernando Castro Alves
parabenizou o Presidente. Era uma situação “invejável no meio sindical”,
afirmou, recebendo a concordância de todos.2
O reconhecimento às dificuldades do setor era tornado público na data
em que se comemorava o Dia da Indústria, 25 de maio de 2004, quando
o SIMEC fez questão de assinar anúncio veiculado no jornal O Povo, ilustrado por um mapa do Estado repleto de máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos, moveis tubulares, transformadores e outros, levantando
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2002-2008
Valdelírio minimiza os elogios, que reparte, democraticamente, entre
os demais presidentes: “Por uma convergência de fatores históricos, o SIMEC sempre teve Diretorias que preservaram o patrimônio. Nosso patrimônio financeiro sempre foi crescente, até porque houve época em que os
juros tinham uma receita financeira grande. Tínhamos uma quantia substancial, disponível de caixa, que nos dava independência. O SIMEC nunca
teve de chegar para ninguém com pires na mão”.
Na letra estatutária, patrimônio era constituído pelas contribuições dos
que participam da categoria; as contribuições dos associados; as doações
e legados; os bens e valores adquiridos e as rendas por eles produzidas;
os alugueis de imóveis e juros de títulos e de depósitos; as multas e outras
rendas eventuais. (Art.27°, alíneas a,b,c,d, e)
O tema do patrimônio puxa uma reflexão didática do ex-Presidente.
“O que fazer com esse patrimônio? Primeiro, mantêm-se uma reserva estratégica, para qualquer mudança no cenário legal. Por exemplo: qual é a
fonte das nossas receitas, como de todo Sindicato hoje? É a Contribuição
Sindical Patronal. Todo ano, todas as empresas são compelidas, por lei, a
contribuir com um valor proporcional ao capital social – se não me engano, proporcional ao capital social. Uma parte desse recurso fica com o
Sindicato, outra parte fica com a FIEC, uma terceira parte fica com a CNI, e
ainda uma pequena parte fica com a Caixa Econômica Federal”.
Além da contribuição legal ele registra a entrada de mais um recurso, um
prudente “guarda-chuva,” capaz de proteger o Sindicato das inclemências político-econômicas ocasionais. “Nós temos outra fonte de receita, bem menor – pelo
menos, até onde eu lembro é menor – que são as contribuições dos associados.
Uma coisa é aquela contribuição obrigatória. Outra coisa é o que se paga para
se associar, participar das reuniões, participar dos eventos. Então, havia aquela
preocupação: e se mudar, se houver uma reforma sindical, que acabe com essa
receita? Era preciso ter um patrimônio que nos permitisse um tempo de sobrevivência, para reorganizar a entidade, para arranjar novas fontes de receita.”
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Parte do patrimônio era utilizado em atividades de interesse comum da
sociedade, da organização, como treinamento, pagamento de passagem
para vinda de especialistas, apoio à participação de associados em feiras,
montagem de estande do SIMEC em feiras de interesse coletivo, viagens de
diretores para participar de reuniões na CNI, ou mesmo para a confraternização anual da entidade.
Em abril de 2005 a CNI entrava na briga pela redução da tarifa de energia
elétrica no Nordeste. A sequência de aumentos, acima da inflação, comprometia o desempenho do setor metalmecânico, empregador de 14 mil pessoas, e que computava 25% dos seus gastos em energia elétrica (DN 27/4/05).
O Presidente do SIMEC declarava: “A grande maioria das indústrias tem consumo alto, intensivo. Hoje o setor metalmecânico congrega mais ou menos
duas mil empresas, sendo 90 delas bastante significativas para a economia
do Estado,” carecendo portanto de atenção especial. O setor era igualmente
responsável por 15% do PIB industrial cearense. E, infelizmente, no caso de
ser mantida a elevação no preço da energia elétrica, teria que repassar os
custos. “É injustificável um aumento dessa monta na energia elétrica, quando
a inflação está controlada”, protestava ele (DN 27/4/05).
O protesto não ficaria apenas no discurso. Em dura nota de repúdio ao
aumento da tarifa praticada pela Coelce – um reajuste médio de 23,59% (DN
20/5/05) – o SIMEC conclamava a população a comparecer à audiência pública na Assembleia Legislativa, marcando inserção social. Dizia a nota:
O aumento da tarifa de energia elétrica fornecida pela Coelce para
a população e para os consumidores industriais praticamente elimina a competitividade dos produtos fabricados no Ceará, trazendo como consequência imediata desemprego e empobrecimento
dos cearenses, com desdobramentos sociais imprevisíveis. Somente com a participação de todos poderemos reverter esta situação
injusta e arbitrária. Para demonstrar sua indignação, compareça à
audiência pública que será realizada hoje, sexta-feira, 29 de abril
de 2005, na Assembleia Legislativa.
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2002-2008
A questão do reajuste energético despertou a atenção de muita gente, por motivos óbvios. Foram realizados dois “lamparinaços” em protesto,
com a participação de empresários, parlamentares das três esferas do legislativo cearense, entidades sindicais, entidades de classe – todos unidos
para formar uma força-tarefa na tentativa de sustar o aumento, objetivo
parcialmente obtido (OP 29/04/05).
É possível que a presença ativa de Valdelírio Soares na mobilização
coletiva tenha jogado luz no fortalecimento de seu nome para a inédita
reeleição à presidência do SIMEC. “Eu fui convocado a me reeleger”, afirma modestamente. “Eu não queria me reeleger, mas segundo as pessoas,
os diretores, meus colegas, haviam gostado muito do primeiro mandato e
acharam que eu deveria ser reeleito, e conduzir um segundo mandato”. A
análise do momento sucessório tanto no Sindicato como na FIEC levou a
bater o martelo a favor da manutenção do Presidente por mais um triênio.
O processo de sucessão do SIMEC costumava começar até um ano antes
do período eleitoral, com a identificação dos potenciais candidatos por parte
de um grupo que Valdelírio denomina de “Conselho Informal dos Anciões”,
buscando principalmente o estreitamento das opções para nomes que aliassem duas características básicas: a capacidade de representar a instituição e
a idoneidade reconhecida. Após a avaliação, os potenciais candidatos eram
estimulados a se posicionar para a composição da chapa consensual.
O nome podia ser de um representante de empresas, como
acontecera algumas vezes antes, um executivo, “um profissional
em que se percebesse um cenário de permanência”, detalha
ele. O indispensável era ser alguém com capacidade de representar a entidade, de liderar sua evolução, e de agir
com idoneidade. E para 2005 foi estabelecido novamente o nome de Valdelírio Pereira Soares Filho.
Mario Bravo, o argentino naturalizado brasileiro,
acompanhou o processo. “Até esse momento, Val-
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delirio foi o único a repetir a presidência do SIMEC. E não por decisão dele.
Foi reempossado porque ninguém quis substituí-lo. Eu participei de todo o
processo, e lembro claramente que foi feita uma consulta ao cardinalato,
aos “pajés”, todos queriam que o Valdelirio ficasse. Ele não queria, mas
teve que aceitar”.
A Comissão Eleitoral foi composta a 10 de maio de 2005, de acordo
com o artigo 9° do Regulamento de Processo Eleitoral então em vigor. No
mês seguinte, o jornalista Nazareno Albuquerque noticiou em sua coluna,
no jornal O Povo (12/6/05): “Eleita nessa última sexta-feira a nova Diretoria do SIMEC. Valdelírio Soares, da Microsol, permanece como Presidente”.
Eleito, porém ainda não empossado, Valdelírio previa, para aquele
ano, uma expectativa de crescimento do setor em 25%, e atualizava os
dados. O principal impulso viria do segmento de autopeças, eletroeletrônica e subcontratação, procedente das aproximadamente duas mil
empresas de metalmecânica, que representavam 15% do PIB cearense e
ofereciam 14 mil vagas de trabalho. “As que têm grande representação
são apenas as 80 maiores, que respondem por 90% de tudo que se produz no Estado,” assegurava Valdelírio. Anualmente, o Ceará produzia
todas as 750 milhões de latas de aço usadas para refrigerantes no Nordeste, produção saída da Metalic Nordeste, em Maracanaú, empresa
controlada pela CSN.
“As indústrias que precisam trazer aço plano de outros Estados têm a desvantagem de pagar frete”, constatava ele na reportagem. “Para ajudar, existe
um incentivo específico, em que o Estado paga parte do frete”, sendo o custo
do transporte abatido do pagamento do ICMS – Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços. Uma conquista consolidada (OP 23/6/05).
A posse da nova Diretoria aconteceu no Salão Marina, do Marina Park
Hotel, no dia 15 de julho de 2005. O jornal O Povo do dia 23 registrou a
novidade (“em mais de 30 anos de existência, nunca uma gestão fora repetida na presidência do SIMEC”), e noticiou o evento: “Na nova gestão,
197
2002-2008
a entidade continua sendo presidida pelo empresário Valdelírio Pereira
Soares Filho, mas contará com mudanças em outros cargos diretivos”.
A Diretoria eleita para o período 2005-2008 era formada por Acácio Araújo
de Vasconcelos (Diretor Financeiro), Píndaro Custódio Cardoso (Diretor Administrativo), e os suplentes José Frederico Thomé de Saboya e Silva, Daniel Sucupira Barreto e Érico Coelho Coutinho. Eram Diretores Setoriais titulares: Roberto de
Barros Bezerra (Setor Metalúrgico), Ricardo Martiniano de Lima Barbosa (Setor
Mecânico), Francisco Baltazar Neto (Setor Elétrico), com os suplentes Raimundo
Raumiro Maia da Silva, Ivan de Castro Alves e Reno Barroso Bezerra.
No Conselho Fiscal estavam os titulares Sebastião de Arruda Gomes, Marcelo Villar de Queiroz e Helder Coelho Teixeira, tendo como suplentes Paulo
Augusto Ferreira G. Silva, Eduardo Lima de Carvalho Rocha e Cícero Campos
Alves. O presidente Valdelírio e Carlos Prado representavam o SIMEC junto à
FIEC. Seus suplentes eram Fernando Cirino Gurgel e Dário Pereira Aragão.
Os convidados à cerimônia da posse ouviram as palavras do Presidente. “O trabalho que desenvolvemos foi bem recebido, e fui convidado a
permanecer na presidência”, disse ele, acrescentando que pretendia intensificar a capacidade de liderança da entidade, já que “o SIMEC é um
instrumento de desenvolvimento do setor eletrometalmecânico. Vamos
continuar criando condições e capacitando nossas empresas para defender
os genuínos interesses da categoria”. Entre os novos – ou não tão novos
– desafios, listava a importância de buscar a unidade e o crescimento do
setor, como um todo, e o incremento à exportação por parte de pequenas e
médias empresas cearenses. “O Estado já exporta produtos como tambores
de freio, geladeiras, fogões e medidores elétricos, mas os números ainda
são considerados tímidos”.
Agosto trouxe notícias promissoras para os industriais cearenses. Após
dois meses em declínio a indústria de transformação local voltava a apresentar dados positivos. A pesquisa Indicadores Industriais realizada pelo INDI
– Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará, da FIEC, mostrou que o
198
faturamento crescera 2,01% em junho e 4,88% no acumulado do ano, e que
as maiores ampliações nas vendas haviam sido obtidas pela indústria metalúrgica, com aumento de 13,77% (DN 6/8/05). Ouvido pelo Diário do Nordeste, o Secretário Executivo do SIMEC, Mario Bravo, analisava os dados com
cautela: “O bom desempenho do setor está mais concentrado nas pequenas
empresas, que se têm voltado para o mercado interno. Já as exportadoras, de
maior porte, estão mantendo ou diminuindo suas movimentações”.
Em setembro Diretor-Presidente da Durametal, Fernando Cirino Gurgel, recebeu homenagem por parte do SIMEC, no Marina Park Hotel, por ter
sido escolhido o Empreendedor da Indústria de Fundição do Brasil 20042005, prêmio nacional concedido pela ABIFA – Associação Brasileira de
Fundição. E em meados de dezembro de 2005, final do terceiro ano da
administração de Lúcio Alcântara no Governo do Estado, o presidente do
SIMEC assinou anúncio de jornal, redigido em três línguas, dando boas vindas (Welcome e Bienvenuta) à chegada ao Ceará da indústria Ceará Steel,
parceria brasileira, coreana e italiana (DN 16/12/05).
O SIMEC deseja à Cia Vale do Rio Doce, à Dongkuk Steel e à Daniele, parceiros na nova Usina Siderúrgica da Ceará Steel, todo
o sucesso no seu novo empreendimento, e coloca todas as suas
empresas associadas à disposição para uma parceria duradoura
na empreitada comum de construção da prosperidade do Ceará.
Mais uma pedra fundamental era lançada.
Hoje, a análise de Valdelírio sobre as circunstâncias políticas estadual e federal é fria e objetiva, projetando a visão do empresariado, em especial, quanto
as grandes obras estruturantes. “Não há iniciativas de apoiar o setor industrial. Os
grandes projetos, a refinaria, a siderúrgica, foram vendidos várias vezes. Eu tenho
esperanças, mas tenho minhas dúvidas sobre a execução deles. Tenho dúvidas
quanto a eficácia. Nós perdemos a capacidade de defender no âmbito Federal
os interesses do Estado”, o que refletiria “uma fragilidade política, vinda desde o
fim daqueles primeiros governos do Tasso. Nossa classe política se mostra extre-
199
2002-2008
mamente desunida na defesa dos interesses do Estado. O Ceará foi gradualmente
perdendo os seus líderes que tinham alguma capacidade de fazer diferença no
âmbito nacional. O último foi o Tasso, que perdeu as eleições para o Senado”.
E constata, sem querer polemizar: “Veja que naquela época do final dos
anos 1980, 1990, o Ceará estava despontando, construindo infraestrutura,
construindo porto... Agora nós temos um Governador que está tentando
acertar, fazendo um grande esforço, é um jovem, mas ele sozinho não pode
fazer tudo. Falta um alinhamento político, um peso político do Estado para
conseguir benefícios de âmbito federal, porque o Brasil tem uma centralização muito grande, quer dizer, o Estado depende muito do Governo Federal”.
O exercício da presidência de um Sindicato que se posicionava como
o segundo mais forte do Estado, em termos de movimentação financeira,
antecedido apenas pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção
Civil, exigia manter-se atento a tudo. Inclusive a garantir dos sócios o cumprimento do prazo de pagamento da Contribuição Sindical, lembrado em
aviso veiculado no jornal Diário do Nordeste (26/1/06). A sucessão de verbos e substantivos permitia detalhar o universo de abrangência das ações
do SIMEC, na época um dos 38 Sindicatos filiados à FIEC (DN 13/10/06).
Srs Empresários. Lembramos que no dia 31 de janeiro de 2006 vence
o prazo para pagamento, sem multa, da Contribuição Sindical do ano
de 2006. Toda empresa que industrialize, fabrique, repare, recupere,
conserte, reforme, faça manutenção ou preste assistência mecânica a
máquinas, equipamentos, veículos ou peças nas áreas metalúrgica, mecânica, de materiais e equipamentos elétricos, eletrônicos e eletromecânicos, deve proceder ao recolhimento em nome do SIMEC, que é a instituição legalmente habilitada pelo Ministério do Trabalho para tal fim.
Com tamanha extensão, não surpreende que uma paralisação reivindicativa dos Auditores Fiscais, por exemplo, refletisse diretamente nos negócios dos
associados, e exigisse pronto posicionamento do SIMEC. Os leitores do Diário
do Nordeste do dia 20 de junho de 2006 leram que, desde o último dia 2, as
empresas cearenses haviam parado a produção e se encontravam amargando
200
prejuízo, devido à greve que trazia transtorno juntamente àquelas que dependiam de insumos importados – o que se aplicava ao setor metalmecânico.
Insumos básicos, como bobinas de aço e componentes eletroeletrônicos, que
compunham os itens mais utilizados pela indústria metalmecânica e de material elétrico, dependiam da importação e eram os primeiros prejudicados.
De seu posto Valdelírio alertava: pelo menos quatro empresas já estavam paradas devido a problemas relacionados a máquinas, equipamentos e
insumos importados. Outras se encontravam forçadas a desembolsar “grandes quantias” para conseguir mandados de segurança, usados na liberação
de mercadoria retida na Alfândega. O Sindicato contava com o tributarista
Schubert Machado como Assessor Jurídico para agilizar tais questões.
Os temas trabalhistas igualmente compunham a pauta. Em 2010 Valdelírio Soares expõe seu pensamento sobre o assunto, estendendo-o a todo
o meio industrial: “Todo ano, nós temos que renegociar o acordo coletivo.
E eu sempre procurei ver o seguinte: o ativo mais importante, o que faz a
diferença numa organização, são as pessoas. Então eu procurei assumir
uma posição mais negociadora, mais madura. É claro, existem interesses
conflitantes. Mas vamos tentar encontrar um ponto onde esses interesses
convirjam, e vamos principalmente respeitar o outro lado”.
A estabilização econômica pós-real facilitava os acordos. “Eu acho que o
controle da inflação aliviou muito esse conflito, porque na hora que os índices de inflação começaram a convergir para números mais baixos, passaram
a ser mais confiáveis, de repente a pauta da discussão salarial em si se tornou
menos relevante, e outros aspectos da relação trabalhista, como qualidade
de vida no trabalho, como treinamento, passaram a predominar”.
Se as coisas melhoravam por esse lado, por outro, o da espera por grandes
realizações infraestruturantes, tudo voltava à estaca zero com a notícia de que a
siderúrgica cearense perdia o gás – literalmente – e mais uma vez, se estava fadada
a se desfazer como miragem, com a desistência da Petrobras em fornecer o gás
combustível que abasteceria a usina. Era o primeiro ano do empresário Roberto
201
2002-2008
Macedo, associado do SIMEC, na liderança da FIEC. Era o final do último ano do
Governo Lúcio Alcântara, que seria substituído no cargo por Cid Ferreira Gomes.
O Sindicato mostrou combatividade. Não aceitou calado o desdobramento dos fatos relacionados à siderúrgica, e publicou nota enérgica nos
jornais de 24 de novembro de 2006 (DN e OP), pontuada por não tão discretas pitadas críticas dirigidas às autoridades competentes.
O povo cearense recebeu com surpresa e indignação a unilateral e
intempestiva quebra de contrato, por parte da Diretoria da Petrobras, no que se refere ao fornecimento de gás natural à nossa tão
sonhada Usina Siderúrgica, jogando uma ducha de água fria nas
pretensões desenvolvimentistas de um Estado e de um povo do
Nordeste, que aspira algo mais que o Bolsa Família.
Os industriais do setor eletrometalmecânico do Estado do Ceará
protestam veementemente contra esta infortunada medida. Muito
importante lembrar que um investimento na ordem de 750 milhões
de dólares da iniciativa privada tem um desdobramento social tão
expressivo que deve ser encarado com importância e respeito.
mecânico cearense consumia entre 200 e 240 mil toneladas de aço por ano,
o equivalente a 22 mil toneladas/mês de itens como placas, chapas, barras,
aço inox, aço carbono e aço silício, entre outros, contando com 1.950 empresas formais, que iam de grandes metalúrgicas a firmas unipessoais.
Um ano depois de eleito, o Presidente da FIEC, Roberto Macedo,
apresentou seu pensamento sobre a sustentabilidade sindical. “O oferecimento de serviços é a base da sustentabilidade dos Sindicatos”, declarou,
“à medida que eles se tornam um atrativo aos atuais e futuros associados”. Quanto a isso o SIMEC podia encher o peito de orgulho. “Com foco
no fortalecimento e modernização do setor que representa, o SIMEC oferece às empresas associadas uma assessoria completa nas áreas jurídica e
trabalhista, e orientação permanente, veiculando informações gerais em
reuniões mensais e no site (OP 22/11/07)”.
Visita do SIMEC à Indústria de Margarinas GME - do Grupo M. Dias Branco
A nota em nada resultou, exceto para assinalar tomada de posição do
Sindicato. Um ano mais tarde Valdelírio Soares foi ouvido por Jocélio Leal,
do jornal O Povo. Na coluna Vertical (22/11/07), destacava o jornalista:
São Tomé – Do Presidente do SIMEC, Valdelírio Soares, ao ser indagado
sobre a nova siderúrgica cearense: “Prefiro ver para crer. Já foram tantas
que é melhor a gente aguardar a concretização para comentar depois”.
Em 2007 o SIMEC contabilizava 68 empresas associadas (DN 22/3/07).
Demonstrando o desejo de maior participação interativa com a comunidade, estabeleceu parceria com Sinduscon, FIEC, Associação Nordeste Brasileira da Construção Metálica, e Centro Brasileiro da Construção em Aço
para o lançamento do livro “150 Anos de Arquitetura Metálica no Ceará”,
dos arquitetos Antonio Carvalho Neto, Napoleão Ferreira Neto e Romeu
Duarte Júnior. Nada mais natural que a presença do SIMEC. O polo metal-
202
203
2002-2008
Não se contentava com isso. Promovia também a realização de Seminários, apoiava a participação em eventos e representava o setor nas reivindicações da categoria. Uma vez por mês realizava palestras abordando temas
de interesse das empresas, como Ferramentas de Gestão, Oportunidades de
Negócios, Fontes e Modalidades de Recursos, ou Gestão de RH. Os associados dispunham de acesso a todos os serviços oferecidos pelo Sistema FIEC:
atendimento em saúde e ao lazer do SESI, e a aprendizagem do SENAI. Mantinha parceria com empresas seguradoras e empresas funerárias. Apoiava e
incentivava a modernização das empresas, a união dos empresários, o
desenvolvimento de parcerias e a capacitação dos quadros empresariais,
agindo como elo nas articulações entre empresas, sindicatos e autoridades
de todos os Estados, visando sempre o crescimento do setor.
Havia portanto muito o que comemorar na Festa de Confraternização
de 2007, que aconteceu a 13 de dezembro, abrindo exceção quanto ao
assunto usina siderúrgica, a respeito do qual o presidente Valdelírio mantinha o comentário de São Tomé: “Só acredito vendo!” (OP 10/12/07).
Até o final de seu mandato, Valdelírio Soares ainda atravessaria alguns
acidentes de percurso, naturais na montanha-russa da economia brasileira e
mundial. A indústria cearense “acendia a luz amarela” em fevereiro de 2008
(OP 15/2/08). Segundo o IBGE, em 2007 a produção do setor industrial crescera minguados 0,3%, com redução na exportação os setores de máquinas,
aparelhos e material elétrico (menos 19,4%) e nos produtos de metalurgia
(menos 23,2%). Mario Bravo falava como Secretário Executivo do SIMEC e
tentava amenizar o quadro: “O setor diminuiu o ritmo de crescimento. Em
alguns casos pontuais, principalmente os que trabalhavam com exportação,
houve quedas sensíveis”. Em outras palavras, “quem não tem mercado interno teve que reduzir a produção. E quem encontrou o mercado interno, está
enviando para fora só o suficiente para não perder os clientes”.
Os reflexos variavam de setor para setor. “Empresas do segmento e eletrônica tiveram mais crescimento do que queda de produção em 2007,
204
crescendo entre 6% e 10%. O setor mecânico teve aumento de produção,
mas perda de faturamento. No caso das metalúrgicas, grande parte manteve crescimento de 5%”, garantia Mario.
A reportagem citava a Durametal como um dos exemplos de quem
trocara o mercado externo pelo interno. “A empresa iniciou a transição
em 2006, quando reduziu para 40% o volume exportado. No ano passado
[2007], exportou 30% da produção. Este ano a previsão é de 20%”. No comando da Durametal, Fernando Cirino estava tranqüilo. Haviam sido “dois
anos prejudicados. Mas não sem lucro” (OP 15/2/08).
Chegava ao fim o mandato duplo de Valdelírio Soares à frente do SIMEC. O Edital de convocação para as eleições foi veiculado no Diário
do Nordeste a 26 de maio de 2008, apresentando o prazo até 6 de junho
para registro das chapas. No dia seguinte ao encerramento foi comunicado,
também no mesmo jornal, o registro de apenas uma chapa, como sempre.
Mesas coletoras de votos foram montadas em dois pontos: no Marina Park
Hotel e na sede do Sindicato, a 20 de junho, dia em que 37 das 52 empresas aptas a votar depositaram seu sufrágio.
Apuração concluída, configurava-se eleito Presidente do Sindicato das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará um jovem industrial, novato no exercício de cargo diretivo sindical:
o associado Ricard Pereira Silveira, cuja Diretoria recebera unanimidade
dos votos, com um solitário voto em branco. Iria presidir o Sindicato até
2011, quando seriam abertas as comemorações dos 40 anos de existência
do SIMEC, assumindo os desafios de ampliar a base territorial, duplicar o
número de associados e trazer sangue novo para a entidade.
Notas:
1 - Luis Sucupira, http://www.forumpcs.com.br/comunidade/viewtopic.
php?t=249910.
2 - Ata, 12/4/05
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Ricard Pereira Silveira
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Ricard Pereira Silveira
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Há uma grande probabilidade que, em toda a história do Sindicalismo
cearense, Ricard Pereira Silveira tenha sido o primeiro indicado à presidência a receber o convite via telefone celular, atendido em meio a uma bela
paisagem de final de tarde, descortinada do alto da duna em Jericoacoara,
local de onde apreciava, tranquilamente, o espetáculo do por do sol. A ligação procedente de Fortaleza atravessara 300 quilômetros para chegar até
aquele ponto. A voz do outro lado era clara quanto às informações de estar
sendo composta a chapa única para a sucessão de Valdelírio Soares, e de
que havia consenso em ungir Ricard como futuro Presidente.
A reação do convidado foi imediata: “Obrigado pela deferência, mas ‘estou fora’”.
“Eu conhecia todo mundo, me entrosava, me dava bem com todo mundo no SIMEC”, relembra ele, “mas não tinha nenhuma pretensão, jamais
imaginava, nem tão pouco me achava – não vou dizer digno, mas não me
achava capaz de alguma coisa dessa natureza”. Não era modéstia, garante.
Simplesmente não queria, não estava nos seus projetos, não tinha tempo
para assumir tal missão – uma sucessão de negativas ignoradas pelo interlocutor. “Deixa para outro”, sugeriu o convidado, mas pela insistência da
argumentação telefônica sabia que o assunto não ficaria por aí.
Ricard fazia parte do Sindicato desde o primeiro mandato de Valdelírio Soares. Participava das reuniões com frequência, embora não houvesse
ocupado nenhum cargo de Diretoria, até porque não tinha tempo, como
diz, um problema vivenciado não apenas por ele, mas por todos os integrantes de chapas, presentes ou passados.
“É o caso de todo mundo aqui”, elabora Ricard. “O tempo é questão de
prioridade. Todo mundo quer tempo para ganhar o seu dinheiro, para fazer
sua vida. Na verdade, aqui você dá do seu tempo em favor de todos, muitas
vezes até em detrimento de si próprio, porque quem está na presidência de
um Sindicato tem que pensar como grupo, e não em si mesmo”.
O tempo dele era ocupado com as cinco empresas do Grupo Petral,
iniciadas pelo pai, João Leite da Silveira, que não era associado ao SIMEC,
Diretoria empossada para o triênio 2008-2011
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mas que, nem por isso, deixou de fazer de Ricard um representante da segunda geração no setor metalmecânico.
“Meu pai veio de Juazeiro do Norte para Fortaleza nos anos 1960 e começou com uma pequena farmácia no bairro da Bela Vista”, conta. “Depois
iniciou um pequeno negócio de corretagem de tratores e peças usadas, até
se estabelecer e montar a sua pequena empresa, de nome PETRA - Peças
para Tratores Ltda. Quando eu tinha cerca de 21 anos, e meu irmão, Ronaldo
Pereira Silveira 16, ele emancipou meu irmão e nos vendeu essa pequena
empresa, que na época já mexia, alem de tratores usados e peças, com um
pouco de material para metalúrgica, novos e usados, oriundo de leilões”.
Não era um mercado fácil, como reconhece Ricard, já que os principais
clientes eram órgãos públicos, sujeitos a inúmeras variáveis. Mais tarde a Petral
passou a atuar única e exclusivamente no segmento de distribuição de aço de
siderúrgicas e materiais usados, aplicando administrativamente os 5R: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar (OE 17/8/10). Após o falecimento
prematuro do irmão, Ricard abriu a Ross Comercial – que além de aludir aos
nomes do irmão Ronaldo e das irmãs Suzy e Suely, permitia uma conveniente
ressonância internacional. “Com o tempo fui agregando à Ross outros negócios, o que culminou com a importação de maquinas
operatrizes da China, onde temos um parceiro que fabrica para nós, com a nossa marca”.
“Meu pai veio de
Juazeiro do Norte
para Fortaleza
nos anos 1960 e
começou com uma
pequena farmácia no
bairro da Bela Vista.”
210
A fundação da Sucacel, hoje especializada em
comércio de escolhas de sucatas e na fabricação
de equipamentos e acessórios para a construção civil, veio em seguida. A industrialização de sucatas
foi transferida para uma nova empresa, fundada em
parceria com um antigo concorrente, Matias da Silva
Neto, o Neto Baiano, dando origem à Jangurussu Sucatas, especializada em industrialização de sucatas,
preparando-as para forno de fundições e siderúrgicas.
Além destas, em 2008 o grupo diversificava seu campo de ação ao
comprar 50% da empresa LOCSUL, em sociedade com André Cardoso,
especializada em fabricar e alugar módulos habitáveis.
Com ou sem tempo, ao retornar a Fortaleza vindo de Jericoacoara Ricard começou a receber os telefonemas de parabéns – ligações “dos cabeças, dos cardeais”, como diz – e mesmo ciente de que iria estender o
trabalho para as madrugadas, e consolidar a imagem de workaholic, soube
que seu destino estava traçado.
A chapa foi montada como de praxe, sendo batizada União. O processo eleitoral seguiu a letra dos Estatutos e às 20h do dia 20 de junho foram
encerradas as atividades das Mesas Coletoras. Eram 52 as empresas aptas a
votar, e 37 o fizeram, elegendo por unanimidade – com um único voto em
branco, um dream team que incluía seis ex-Presidentes.
Como Diretor Presidente, Ricard Pereira Silveira; Diretor Financeiro,
Cícero Campos Alves; e Diretor Administrativo, Píndaro Custódio Cardoso,
com os suplentes José Frederico Thomé de Saboya e Silva, Guilardo Góes
Ferreira Gomes e Érico Coelho Coutinho. Como Diretores Setoriais titulares, Ricardo M. Lima Barbosa (Setor Metalúrgico), Antonio Marcos Ribeiro
do Prado (Setor Mecânico) e Isaías Aragão Soares (Setor Elétrico), tendo por
suplentes Fernando José Lopes de Castro Alves, Carlos Gil Alexandre Brasil
e Edmundo Pereira Barbosa.
No Conselho Fiscal constavam os titulares Sebastião de Arruda Gomes,
que faleceria naquele mesmo ano, Helder Coelho Teixeira e Raimundo
Raumiro Maia, com os suplentes Eduardo Lima de Carvalho Rocha, Dário
Pereira Aragão e Jesus Rodrigues de Almeida Neto. Os representantes titulares junto à FIEC eram o decano Carlos Prado e o próprio Ricard, tendo
como suplentes Fernando Cirino Gurgel e Valdelírio Pereira Soares Filho.
Essa Diretoria não iria permanecer imutável até o final da gestão.
Em outubro de 2009 Ricard implementou mudanças nos estatutos de
211
2008-2011
trabalho de uma forma muito completa. Eu compro o
resíduo sólido, a sucata que é gerada pelas indústrias
e transformo. Eu vendo para quem vai transformar.
Compro produto final da siderúrgica. Vendo produtos
para as metalúrgicas. Vendo máquina para metalúrgica. Recebo máquinas para as metalúrgicas, presto
serviço, abraço todo o segmento,” resume.
A este ilustre associado Ricard dedicou duas homenagens póstumas:
a 20 de janeiro de 2009 foi feita a aposição de placa na sala de entrada
do SIMEC, que ganhou o nome de Sebastião, e em 2010 criou a Medalha
Sebastião de Arruda Gomes, a ser concedida aos que se destacarem no
setor, levando em conta as qualidades do homenageado, entre as quais,
como lembra o filho Guilardo, estavam “o companheirismo, a amizade, a
dedicação em manter a estabilidade e o espírito de união do Sindicato”, do
qual sempre foi “um dos grandes pilares”.
A partir dessa vivência Ricard estudou atentamente o Sindicato e decidiu por onde iria caminhar, focando no desenvolvimento de estratégias que pudessem
também continuar garantindo a sustentabilidade do
SIMEC, independente dos recursos assegurados pela
legislação, provenientes das contribuições compulsórias. “Conheço muita gente, fiz grandes amizades, sei
muito bem quem é pequeno e tem condições de crescer, quem é médio
e está há muito tempo nessa batalha, tudo eu conheço bem. Meu grande
objetivo passou a ser trazer essas empresas para o SIMEC, para que, dessa forma, houvesse uma composição mais mista de grandes e pequenas,
tendo realmente uma ação diversificada”.
A cerimônia da posse de Ricard Pereira Silveira aconteceu às 19h30 do
dia 15 de julho. Valdelírio Soares transferiu o cargo ressaltando terem sido
suas principais linhas de ação “a prestação de serviços, a manutenção da
independência e a unidade da entidade.” Eram cerca de 90 as empresas
sindicalizadas, “as mais expressivas economicamente”. Ricard assumiu falando em desafios, como a reestruturação do regimento interno do SIMEC
e a abertura de novas categorias de associados, possibilitando a ampliação
dos quadros. (OP 16/7/08)
“Tudo o que eu fiz foi pensado no que eu vi”, reflete ele, já próximo a
concluir seu período na presidência. “Presidindo o SIMEC eu não realizei
nenhum sonho que fosse só meu. Eu vim para servir mesmo. Vim para trabalhar”. Partia de uma condição clara. “Eu tinha o seguinte pensamento.
Vou entrar, e vou mudar um pouco o perfil do Sindicato, que tinha um
perfil de empresas grandes, ricas e poderosas, e abrir para o menor, o pequeno, o médio, até porque eu conheço muito bem o segmento, onde eu
212
Em março de 2010,
por exemplo,
o SIMEC já contabilizava cerca de 60%
de pequenas e
médias empresas
em seu quadro
de associados.
entidade, criando novos títulos para as funções administrativas e realizando uma modificação de posições. Assim é que Fred Saboya deixou
a suplência da Diretoria para assumir o cargo recém-criado de Diretor
Vice-Presidente; o setor elétrico foi ampliado para abranger atividades
elétricas e eletrônicas; e o suplente Eduardo Lima de Carvalho Rocha
passou à titularidade do Conselho Fiscal, ocupando o lugar que pertencera a Sebastião de Arruda Gomes.
O raciocínio dele seguiu um transparente pragmatismo: “Sindicato
formado só por empresas grandes não tem muito que fazer. Empresa
grande é autosuficiente. Já tem tudo, já tem o setor jurídico, já tem
tudo. A empresa pequena não. Ela precisa de um apoio maior. E o
intercâmbio entre as empresas grandes e pequenas gera um ritmo de
negócio muito bom.”
Aos poucos chegaria lá. Em março de 2010, por exemplo, o SIMEC já
contabilizava cerca de 60% de pequenas e médias empresas em seu quadro de associados. (DN 21/3/10)
A eleição em 2008 projetou Ricard Pereira Silveira na mídia cearense,
de imediato. E ele havia feito o “dever de casa”. No dia mesmo da posse,
213
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cerca de 40% no acumulado das exportações no ano. O cenário, porém,
tendia a positivo para o segmento eletromecânico a partir do incremento de
20% nas exportações (DN 16/7/08).
Contava ainda Ricard, a partir da vinda das grandes obras infraestruturantes, com a decorrente profissionalização da mão de obra local. “Cursos
de engenharia, por exemplo, devem desde já buscar ofertar cursos e especializações voltadas ao setor siderúrgico, para termos assim nossa própria
mão de obra especializada suprindo as vagas que serão oferecidas”. Outros
pontos a considerar diziam respeito “aos produtores que têm a exportação
como alvo principal, e a taxa atual de câmbio que, por outro lado, acaba
beneficiando aos importadores, que conseguem trazer matérias primas a
melhores preços do que os ofertados no mercado interno”.
Escultura do selo de 40 anos do SIMEC
enquanto se ultimavam os preparativos para a festa no Salão Iracema do
Marina Park Hotel, o noticiário do Diário do Nordeste (15/7/08) trazia
longa matéria com o novo Presidente, prevendo que a vinda da siderúrgica e da refinaria abriria possibilidades de crescimento no mercado
metalmecânico cearense, atraindo empresas de manutenção, prestadoras
de serviço e novos empreendimentos, como fábricas de automóveis e
eletrodomésticos. A implantação delas faria o número de empregos diretos locais gerados no setor passar de 13.500 para 15.000, “destacando-se
como um dos principais setores da economia do Ceará, representando
hoje cerca de 12% do PIB industrial estadual”, com aumento direto da
cota de exportação e consequente incremento do PIB.
Apesar de ter comparecido a três lançamentos de siderúrgica, o otimismo falava mais alto, em especial naquele momento, quando a queda do valor do dólar arrefecia o mercado metalmecânico cearense, que despencara
214
Por último o Presidente alertava: era necessário “estar de olho” na reforma tributária e, principalmente, nos fatores referentes à questão de ICMS
– Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços. “Se não tivermos a
manutenção dos contratos de incentivo fiscal, estaremos todos andando na
contramão e, com certeza, trazendo uma desindustrialização do Estado.
Esse assunto deverá ser melhor acompanhado e discutido, para que não
traga prejuízos à nossa economia”.
Na longa entrevista de estreia Ricard aproveitava para tornar públicas
as prioridades de seu planejamento estratégico na liderança do SIMEC.
Incrementar ações destinadas a capacitar, modernizar e integrar a cadeia
produtiva do Estado. Estreitar ainda mais os laços com órgãos e instituições
tecnológicas de pesquisa e desenvolvimento. Integrar as micro e pequenas
empresas do setor. Alcançar outros mercados. Estabelecer parcerias internacionais. Modernizar os Estatutos. Modernizar a estrutura do Sindicato.
Manter todas as ações e políticas da gestão anterior.
A frase clássica do físico Isaac Newton – “Se vi mais longe foi por estar
sobre ombros de gigantes” – encontrava-se embutida na solene declaração
final do recém empossado Presidente: “Será uma grande responsabilidade
215
2008-2011
substituir gestores de tão grande capacidade, comprovada na história dos
últimos seis anos de administração de nosso companheiro Valdelírio Soares”.
Com tudo isso, havia mudanças inadiáveis, cautelosamente tratadas.
“Fazer alguma coisa de diferente não significa que o outro estava errado”,
ressalva hoje, ao analisar os primeiros tempos. “Ninguém erra, porque o
trabalho é de voluntariado. Você está dando de si, e aquilo que é feito é o
que se mostra mais adequado para cada momento”.
O momento exigia um processo interno de modernização, amparado
numa certeza: “As coisas vão mudando, as leis vão mudando, tudo vai
mudando, e nós precisávamos reformar o Estatuto para essas mudanças,
principalmente porque, naquela época, a própria FIEC estava fazendo isso.
E o SIMEC foi o primeiro Sindicato a se ajustar. Nós nos ajustamos por causa da questão eleitoral. Em 2009 definimos um Estatuto eleitoral próprio e
colocamos dentro do nosso Estatuto, comungando com o da FIEC. É uma
unificação que facilita a redução de conflitos. Se a coisa é boa”, assume
ele, “não tem porque não copiar”.
Algumas das mudanças estatutárias se reportaram à referida questão
eleitoral. O período de vigência do mandato foi ampliado de três para quatro anos. E a reeleição, apesar de historicamente rara, foi limitada para
apenas uma vez, permitindo de agora em diante oito anos de permanência
da mesma Diretoria.
Outro ponto forte se deu em relação à comunicação, sobre a qual Ricard é incisivo: “É a ferramenta mais forte do Sindicato. É realmente estratégica. Se você não se comunicar bem, se você não tiver como dizer
o que vai acontecer, se não tiver como mostrar aos associados o que está
acontecendo, filtrando o que existe de útil, através dos clippings jurídicos,
do preparo de folhetos informativos, do envio de mensagens por e-mail, da
publicação no site – você vai ter problema. Isso serve tanto para a comunicação interna, entre os associados, como para a externa, em relação à
mídia, porque o Sindicato precisa ser visto”.
216
A estruturação e permanente atualização do portal do SIMEC na internet são formas pelas quais as informações estão sendo divulgada. Ou
o recurso aos jornais, quando se exige formalização, a exemplo da nota
veiculada no início de agosto de 2008, tratando da Convenção Coletiva
dos Metalúrgicos:
O SIMEC informa aos Srs industriais e aos setores de RH e Depto.
de Pessoal das empresas do Setor Metalúrgico, Siderúrgico, Mecânico e de Material Elétrico, com sede nos municípios de Fortaleza, Caucaia, Eusébio, Aquiraz, Maranguape e Pacatuba, que
foi assinada, com o Sindicato Representativo dos Trabalhadores a
Convenção Coletiva de Trabalho 2008/2009. Para maiores informações, datas e locais de oposição aos descontos, acesse nosso
site: www.SIMEC.org.br. Ricard Pereira Silveira - Presidente. Fortaleza, 3 de agosto de 2008.
A posição de Ricard quanto á relação trabalhista foi – e é – muito aberta. “É questão de relacionamento. De você tratar a pessoa como pessoa, sem
nenhuma visão de embate. Nós saímos para almoçar juntos com o pessoal
dos Sindicatos dos Metalúrgicos, nos desejamos Feliz Ano Novo, Feliz Natal.
Assim como eles têm o interesse deles, nós temos os nossos interesses. A busca
é pelo diálogo, pelo entendimento, sem levar divergências para o lado pessoal.
Sentamos, conversamos, tentamos resolver os problemas, com a mesma vontade de resolver. E se não chegarmos a um acordo com a conversa – não tem
problema. Vamos para a Justiça, porque a Justiça resolve, e eu não encaro isso
como um embate, até porque o papel da Justiça é esse mesmo.”
A instalação pioneira no Ceará da Câmara de Arbitragem Trabalhista,
tendo por objetivo institucionalizar as alternativas extrajudiciais de conflitos coletivos de trabalho, reduzir o tempo de espera e solucionar impasses
entre os Sindicatos patronal e laboral, oferecendo serviço gratuito, encontrou em Ricard um defensor de primeira hora. Representando um Sindicato
que contabilizava quase 3 mil empresas, gerando mais de 20 mil empregos
no Estado, Ricard avaliou de pronto que “a solução rápida traz economia
217
2008-2011
O Sindicato dava
continuidade ao
processo de
aproximação entre
o poder público
e as empresas
associadas.
para os dois lados, e gera um ambiente mais propício
ao diálogo, sendo um fruto do trabalho que a Procuradoria do Ministério Público do Trabalho presta aos
Sindicatos.”(OP 29/5/09)
Ainda em 2009 o SIMEC convidou para sua reunião
mensal o procurador-chefe da Procuradoria Regional
do Trabalho da 7° Região, Francisco Gerson Marques
Lima. Era o Sindicato dando continuidade ao processo de aproximação entre o poder público e as empresas associadas, abrindo canal de comunicação direta
para discutir assuntos como convenções coletivas de
trabalho, cotas para menor aprendiz ou para pessoas
portadoras de deficiência. (OE 15/5/09) Além da presença do Procurador, as reuniões incluíram novos convidados, como o Ministro Pedro Brito,
da Secretaria Especial dos Portos, que participou de Reunião Ordinária do
SIMEC a 9 de junho de 2009 para debater questões de infraestrutura e o
papel estratégico dos portos no desenvolvimento brasileiro; e o Presidente
da Câmara de Vereadores de Fortaleza, Salmito Filho, que em agosto de
2010 apresentou o Pacto por Fortaleza – A Cidade que Queremos até 2020.
A discussão sobre infra-estrutura sempre foi tema de grande interesse
para o setor – principalmente com o início das obras da Companhia Siderúrgica do Pecém, em dezembro de 2009. Sobre o evento, a cobertura
realizada pelo jornal Diário do Nordeste afirmou: “Quatro anos depois,
o Complexo Industrial e Portuário do Pecém é palco, mais uma vez, do
lançamento das obras da sua tão sonhada usina siderúrgica. A fadada [sic]
Ceará Steel de 2005 deu lugar agora à CSP – Companhia Siderúrgica do
Pecém, maior e com perspectivas claras”. (DN 17/12/09).
Desta vez, a previsão é que as operações sejam iniciadas no segundo
semestre de 2013, mudando o perfil da movimentação de produtos siderúrgicos no Ceará e influindo sobre a cadeia de produção do ramo metalúrgi-
218
co, que vai da coleta e reciclagem de aço ao consumidor final, oferecendo
oportunidades em construção de galpões, caldeiraria, manutenção de tornearia, oficina mecânica, fabricação de autopeças e outros. (OP 3/2/11)
Ricard foi ouvido pela mídia, apresentando dois comentários de teor
mais crítico e um ponto inquestionável. Por si só, a instalação da CSP produzindo material bruto (placa de aço) não era garantia da consolidação de
um polo siderúrgico e metalmecânico no Estado (“A produção de placas
de aço somente não agrega todo o valor devido ao minério de ferro”). O
empreendimento era importante para a economia local, mas as empresas
do setor necessitam de aço laminado (“Nós sonhamos com uma laminação
de chapas. Aí sim teríamos uma base para a implantação de um polo metalmecânico no Pecém”). Porém, “todo ambiente que se constrói ao redor
de um projeto desta magnitude, com certeza, trará um up considerável à
nossa economia em geral”. (DN 17/12/09)
A opinião dele continuava a mesma em 2010, martelando a questão.
“Nós temos a promessa de uma big siderúrgica para fazer placa de aço,
mas o que dá dinheiro é o valor agregado, é transformar o ferro em carro.
Se tivéssemos uma planta pequena, mas com laminação, teríamos um
polo metalmecânico, mas teremos aqui o carvão e o minério que vão
ser transformados em capa e vão para a Coréia, para depois comprarmos
mais caro.” (DN 11/12/10)
***
Ao longo do triênio, a tradição do coffee-break após as reuniões, bem
como as confraternizações de fim de ano, foram mantidas. Porém, em dezembro de 2008 não era a festa natalina que preocupava Ricard, mas sim o
enfrentamento de mais uma crise econômica, de abrangência mundial (“O
que aconteceu nessa crise foi o crédito mais caro e escasso”, comentava Ricard na imprensa). O Banco do Brasil disponibilizara uma linha de crédito
direcionada ao comércio, e sobre ela o presidente do SIMEC se pronunciava: “Está na hora de fazer o capital girar.” (DN 9/12/08)
219
2008-2011
As crises possibilitam destacar uma peculiaridade do SIMEC, que Ricard e seus antecessores não esquecem de enfatizar até porque se trata
de um comprovado diferencial. “O SIMEC é um sindicato heterogêneo,
que tem a usina siderúrgica, que produz o aço, as chapas da cantoneira;
tem a indústria, que produz a estrutura metálica, que compra da indústria
siderúrgica e que gera sucata; tem quem compra sucata e transforma para
vender; tem quem fabrica máquina – ou seja, o próprio segmento consegue
se interelacionar de forma comercial”.
O círculo virtuoso leva à redução da concorrência interna. “Existem
concorrentes, mas muito menos que em outros Sindicatos, porque a nossa formação permite criar uma teia de negócio. Nossa cadeia produtiva é
muito heterogênea. Os pequenos passam a ser fornecedores dos grandes.
Independente do porte, todos têm algo a oferecer. Podem se especializar no
atendimento. Pensei em como seria positivo fomentar a troca de experiência entre elas. Foi quando conheci o Projeto Vínculos Ceará, coordenado
pelo IEL/CE, para desenvolvimento e qualificação de fornecedores visando
criar e aprofundar vínculos de negócios entre grandes empresas, ou empresas-âncora, e fornecedores locais, e fizemos isso utilizando as ferramentas
do Sistema FIEC”. (Revista da FIEC out./09)
O Vínculos mudou o nome sem mudar o foco. Passou a se chamar
PQF – Programa de Desenvolvimento de Qualificação de Fornecedores,
tendo o setor eletrometalmecânico como primeiro a aderir, ainda no lançamento, em 2007. Em dezembro de 2010 incluía a participação das
empresas CEMEC, Durametal, Esmaltec, FAE e Gerdau. (Revista da Fiec
dez./10) Roberto Macedo continuava na presidência da FIEC, acreditando
que “se todos estivermos dispostos a seguir a mesma direção, alinhados
em torno de princípios comuns, poderemos contribuir muito mais para
as mudanças que o Brasil está necessitando”. (Revista da FIEC 31/3/09)
O SIMEC fazia a sua parte, com integral endosso do presidente Ricard.
“Temos procurado trabalhar sempre em consonância com as diretrizes do
220
Lançamento do selo e descerramento da placa de comemoração
dos 40 anos do SIMEC em 04 de abril de 2011
Sistema Indústria/FIEC. Não tenho dúvidas de que é este o caminho”. A
aproximação com as ferramentas disponibilizadas pelo Sistema FIEC se
mostrou também com a utilização do PDA – Programa de Desenvolvimento Associativo, iniciativa da CNI liderada no Ceará pela FIEC, tendo o IEL/
CE como executor, voltado a orientar lideranças sindicais, do qual Ricard
Pereira Silveira se assume “defensor incondicional.”
“Sempre tivemos um sindicato forte, que nunca se preocupou em
garantir sua manutenção exclusivamente pelo pagamento de mensalidades dos associados”, declarou o Presidente do SIMEC à Revista da FIEC
(31/3/09). “As nossas contribuições compulsórias eram altas, pois vinham
de grandes empresas. Quando estava em busca de estratégias para tornar
a entidade auto-sustentável, fui apresentado ao PDA, que caiu como uma
luva. Era exatamente o que a gente procurava”.
221
2008-2011
Associados como a Aço Cearense, fabricante de tubos, perfis, telhas, barras
e chapas de aço e ferro para construção, concordam. Na voz do assessor da empresa, Flávio Távora Themotheo, o grande mérito da atual Diretoria do SIMEC “é
a dinamização e a sincronia com as ações da FIEC, visando aos mesmos objetivos. É uma parceria real em busca de resultados reais”. (Revista da FIEC out/09)
Porém, chegada a hora de elaborar o novo Estatuto, a informalidade de
Ricard dava lugar aos comandos de respeito à liturgia do cargo, ciente da
importância de definir regras e limites que ampliassem o número de associados, concedendo a eles voz e voto, trazendo porém algumas restrições,
situações que garantem o que ele classifica como “unidade no Sindicato”.
O PQF contribuiu para a adesão dos pequenos empresários ao Sindicato, de forma gradativa, dentro de uma ação estratégica. “Passamos a
convidá-los para participar de nossas reuniões, sem compromisso, e aos
poucos eles foram aderindo. Desde 2008 aumentamos nosso quadro de
associados em 44%. Tínhamos 50, e hoje somos 74 empresas associadas.
Até o fim do ano, queremos ter pelo menos 90”. O objetivo foi ultrapassado
logo em 2010. “Hoje somos 100 empresas”, assegura seis meses antes de
transferir o cargo. “Pode ser que na próxima semana passe para 110, 120,
porque nós vamos estar em Juazeiro do Norte, e temos algumas pendências
na região do Tabuleiro do Norte”. (Revista da FIEC, out/09)
Os associados foram convocados para Assembleia Geral Extraordinária, a 13 de outubro de 2009, para discutir e deliberar sobre a aprovação
do novo Estatuto do SIMEC, segundo o qual a empresa entra como sócio
júnior. Após determinado período, se assim desejar, passa a ser sócio pleno.
“Ninguém entra votando. Não queremos correr o risco de perder a unidade. É preciso que as coisas aconteçam, se estratifiquem, que as conversas
fluam, para que se tenha um rumo. Isso é muito importante dentro de uma
entidade, senão perde a força”.
A colocação de 2009 evidenciava dois pontos, sendo o primeiro deles
a atração de associados – o que para o Presidente seria um eufemismo: “Na
verdade, o associado não é atraído. É caçado” – explicita. Aparentemente,
existe certa relutância das empresas menores em se sindicalizar, apesar das
muitas vantagens oferecidas, talvez por um simples desconhecimento do
papel sindical. O próprio Ricard passou por isso. “A dificuldade é cultural”,
resume. “Quando fui convidado, demorei quase um ano para entrar, pensando que o Sindicato era muito distante, muito cheio de formalidades...”
Ele logo viu que não era bem assim, e contribuiu pessoalmente para aumentar
o nível de informalidade, com suas camisas de mangas curtas exibindo a tatuagem
que desce pelo braço, com seus jeans e tênis, com seu iPad sempre à mão e com a
linguagem descontraída, layout que leva alguns associados, como o ex-Presidente
Guilardo Góes Ferreira Gomes, a considerar Ricard “uma pessoa muito esforçada,
desenrolada. Ele chega a ser até engraçado em algumas coisas. É informal, brincalhão, todo mundo gosta, une a classe, mantém todo mundo energizado”.
222
O segundo ponto levantado liga-se ao primeiro, no sentido de aumentar o número dos associados a partir da ampliação da base territorial
de um Sindicato que se dizia no Ceará, mas cuja atuação se restringia
majoritariamente a Fortaleza e sua região metropolitana. “Eu pensava em
aumentar a base, em estar mais presente no Estado, porque o SIMEC está
muito na capital. Nós temos atividades metalmecânicas na região do Baixo Jaguaribe. Na região do Cariri. E criamos Delegacias regionais, que
estão previstas no Estatuto”.
Os motores da entidade começavam a acelerar
para a realização de propostas, sonhos imaginados
ainda nos anos 1970, atendendo ao Art. 38° do Estatuto inaugural, assinado por Célio Gurgel, que enunciava: “Dentro da respectiva base territorial, o Sindicato,
quando julgar oportuno, instituirá Delegacias ou Seções para melhor proteção dos seus associados e da
categoria que representar”. Uma ideia que iria aguardar quase quatro décadas para ser posta em prática.
Os motores da entidade começavam a
acelerar para a realização de propostas,
sonhos imaginados
ainda nos anos 1970.
223
2008-2011
toridades responsáveis para discutir a criação da Delegacia Regional do
Sindicato na região do Cariri, Sul do Ceará, a ser instalada no SENAI do
Cariri, em Juazeiro do Norte (DN 24/1/11). A inauguração do espaço físico
próprio está prevista para 2011. À frente se encontra o delegado Adelaído
de Alcântara Pontes, proprietário das empresas Limasa, Adenox e Alunox,
um self-made man, filho de agricultores, que conseguiu se firmar após uma
escalada iniciada com um livro de poemas, passando por uma lanchonete,
por vendas de porta em porta no Rio de Janeiro, por um insight em uma
usina de reciclagem de lixo em Angra dos Reis, pelo apoio do SEBRAE – e
principalmente – por um imenso espírito empreendedor. Na Delegacia tem
ele como Coordenador Administrativo Ailton de Souza, Gerente Administrativo da empresa Bom Tempo.
Presidente Ricard Pereira e equipe SIMEC (Vanessa Castro e Ana Elsa Pinto
Em abril de 2009 o prefeito do município de Jaguaribe, José Sérgio
Diógenes, reuniu-se com a Diretoria do SIMEC para conversar sobre o
Distrito Industrial de Jaguaribe, a 308km de Fortaleza, que se qualificava
para receber 20 indústrias nacionais e internacionais, com investimentos na ordem de R$ 420 milhões, gerando mais de 12 mil empregos
diretos e indiretos. (DN 25/4/09) A demanda para expansão da base
vinha ao encontro do planejamento do Sindicato. Um ano e meio mais
tarde Ricard agendava a instalação da Delegacia regional do Vale do
Jaguaribe, acontecida em 27 de outubro de 2010, na sede do CVT –
Centro Vocacional Tecnológico de Tabuleiro do Norte, cerca de 200km
da capital. Francisco Odacir da Silva, da empresa Molas Tabuleiro, foi
escolhido como Delegado, e Ricardo Lopes de Castro Alves, da SK Bombas, Coordenador Administrativo.
Em janeiro de 2011 foi a vez do Presidente do SIMEC convidar as au-
224
As iniciativas fazem parte do projeto de descentralização das ações
do SIMEC, e obedecem ao planejamento de gestão do presidente Ricard
Pereira. “Nossa intenção é estar presente nos principais polos que agrupam
empresas do setor, para aumentar nossa base de representação e promover
ações interiorizadas”, afirmou ele ao Informativo FIEC Online (8/11/10).
“Ninguém conhecia o Ricard Pereira”, admira-se o ex-Presidente Gil
Brasil. “Ele era totalmente desconhecido, e de repente está fazendo muita
coisa importante. Isso facilita a gente entender porque é tão valioso manter o processo constante de renovação,” constata. E o Presidente aponta
em aparte o que de fato considera relevante: “O Sindicato tem papel de
fomentar. Existem movimentos e situações que são colocadas para que as
empresas cresçam, e o Sindicato tem que ser um difusor, tem que agir
como incentivador, como propagador, como premiador”.
São características de extrema importância para as empresas em funcionamento no interior do Ceará, um Estado com área de 148.825km² e 84
municípios,1 dotados de características as mais diversas, sediando indústrias voltadas a produzir peças e artigos em alumínio, ferro, aço, grandes
estruturas metálicas, usinagem de motores, entre outras atividades que re-
225
2008-2011
“Na realidade,
há muito tempo
nossa região
carecia muito de
um Sindicato
desse porte.”
caem no âmbito de cobertura do SIMEC. Tanto é que o
Delegado da região do Cariri, Adelaído de Alcântara,
recebeu a iniciativa de braços abertos: “Na realidade,
há muito tempo nossa região carecia muito de um Sindicato desse porte. Haja vista que nós temos aproximadamente 30 indústrias de alumínio, e a segunda ou
terceira maior fábrica de panelas de pressão do Brasil,
que é a do alumínio Roque”.
O “nós” a que Adelaído se refere é um conjunto
dinâmico de 28 municípios, entre os quais sobressaem
Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha – eixo conhecido
como Crajubar – onde reside e trabalha cerca de meio milhão de cearenses, parte dos dois milhões de habitantes da região. “Nós somos a cidade
de congruência de todo interior”, orgulha-se ele – o “nós”, desta vez, evocando sua Juazeiro. “Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, o próprio
Sul do Ceará, toda a movimentação de mercado passa por Juazeiro,” lembra Adelaído, ciente que Crato, Barbalha e os demais municípios da região
repartem vantagens geográficas similares.
A esta força econômica, até então dotada de pouca voz, até mesmo
pelo distanciamento geográfico, uniu-se um fator trabalhista fundamental
para apressar a criação da primeira Delegacia regional do SIMEC: a discussão da Convenção Coletiva de trabalho entre o SIMEC e o Sindicato laboral, como lembra o Delegado do Cariri. “Alguns dos empresários, nossos
parceiros, sequer tinham conhecimento da CCT”, admira-se Adelaído, que
diante da situação achou por bem recorrer a Ricard Pereira Silveira, que foi
a Juazeiro do Norte acompanhado pelo Assessor Administrativo do SIMEC,
Sebastião Gomes Medeiros Neto.
“Prontamente ele foi nos atender, e tivemos uma reunião com a maioria
dos empresários do setor na região. Nós tínhamos aproximadamente uns 40
empresários presentes nesse dia. Foi o primeiro passo para ser criada a De-
226
legacia”. Por aclamação, Adelaído foi designado Delegado. Evidenciava-se
a ansiedade dos empresários do setor eletrometalmecânico do interior do
Estado quanto a uma aproximação maior com o Sindicato da categoria,
tanto que a experiência de Adelaído, até o momento, tem sido diversa daquela vivida pelo presidente Ricard.
“Até hoje eu não encontrei ninguém que dissesse que não queria se
associar”, pondera ele, embora reconheça a necessidade de um comportamento bastante ativo por parte do SIMEC. “A gente vai atrás das pessoas,
e explica para elas a importância da ligação com um grande Sindicato, o
lugar onde defendemos os nossos interesses, e uma maneira de saírem,
digamos, da informalidade sindical. A gente vai até a empresa, apresenta
a proposta do Sindicato, chama, pede, deixa ficha, conversa... Alguns não
dizem mais nada, mas sempre tem outros que ligam de volta, o que é muito
bom porque quando nós vamos para uma mesa de discussão o ideal é que
todas as empresas do setor estejam representadas”.
A empresa Antonio Linard Máquinas e Construções Técnicas Ltda,
“parte de um dos mais tradicionais grupos empresariais de Missão Velha”2,
atuando em área atendida pela Delegacia do Cariri, não precisou maiores
argumentos para se associar em 2011. Na realidade, tratava-se de um retorno, após um período de desligamento motivado por condições alheias à
vontade de seu atual proprietário, Maragton Linard, neto do artesão francês
Estevão Linard e filho do mecânico Antonio Linard, falecido este em 1983.
O Mestre Antonio, pai de Maragton, teve a história marcada por uma visita de Lampião e seu bando à fazenda do Coronel Santana. Conta-se que o rei
do cangaço demandou serviço de limpeza dos armamentos, sendo indicado
para a tarefa o jovem Antonio. Desempenhou a tarefa com tamanha maestria
que, ao final, Lampião passou o famoso chapéu de aba virada entre seus homens, recolhendo generosa contribuição, que permitiu a Antonio a aquisição
de um torno mecânico. A empresa foi criada em 13 de março de 1933, uma
sucessão numérica tão especial como sua história, e hoje fabrica até mesmo
227
2008-2011
peças para os VLT – Veículos Leves sobre Trilhos, para os trens que estão sendo
implantados na região caririense. O primeiro torno ainda funciona.
O SIMEC firmou presença do Cariri à região Centro-Sul. Francisco Odacir da Silva é o Delegado do SIMEC para essa região, do Vale do Jaguaribe.
Sua atuação empresarial teve início em 1994, com a fundação da Tabuleiro
Aço Indústria e Comércio Ltda, estrategicamente posicionada na chamada
“Cidade dos Caminhoneiros.” A empresa começou distribuindo aço e ferro
para construção civil e mecânica, incluindo chapas, vergalhões, vigas, cantoneiras, armadores e barras chatas. Em 2001 partiu para a produção de molas
para caminhões, ônibus e utilitários, com mercado intenso direcionado a 16
estados do país. (DN 18/5/09) A empresa dele, Molas Tabuleiro, ganhou em
2010, pela quarta vez, o Prêmio Contribuintes para a região Centro-Sul do
Ceará, promoção da Secretaria da Fazenda que destaca os maiores contribuintes do Estado, estimulando e reconhecendo a responsabilidade dos que
contribuem com o fisco estadual. Gera 200 empregos diretos e indiretos.
Odacir era associado ao Sindicato desde 2009. A proximidade com
Fortaleza permitiu a ele se mostrar frequentador assíduo das reuniões mensais, “desfrutando o convívio dos outros empresários”, como afirma. Na
data da instalação da Delegacia pronunciou-se de público para dizer da
“extrema importância para as empresas do segmento metalmecânico sediadas no Vale do Jaguaribe a presença institucional do SIMEC, pois vai
nos ajudar a disseminar a cultura do associativismo e fortalecer a indústria
local”. (Informativo FIEC Online 8/11/10)
Com a segurança de quem expõe em seu próprio portal na internet o selo
de “empresa filiada ao SIMEC,” a expectativa de Odacir sobre a presença do
Sindicato na região é das mais intensas. “Vai alavancar o desenvolvimento,
estimular a participação, nos ajudar a galgar novos degraus, mostrar que unidos podemos fazer mais. Estamos vivendo o presente, não mais o futuro”, reforça. “Era uma necessidade, uma bandeira antiga, porque que somos todos
membros de uma mesma coletividade, e desde que o mundo é mundo tudo
228
Solenidade de lançamento do selo e início das comemorações de 40 anos
fica mais fácil quando os seres vivos se reúnem para melhor se defender. E
nós, como seres racionais, não poderíamos ficar de fora”, filosofa.
***
A sala do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico em Fortaleza foi recentemente reformada, corporificando “de corpo
e alma”, como afirma Ricard, as reformas realizadas pela atual Diretoria,
pretendendo deixar tudo em ordem para o sucessor, fosse ele quem viesse a
ser. Os associados do SIMEC continuam a se reunir mensalmente na Casa da
Indústria, de onde não há planos para sair, nem mesmo para uma eventual
sede própria. “É estratégico ficar aqui, porque você está próximo dos outros,
pelo menos da grande maioria. É importante estar junto da Federação, das
reuniões da Federação. Aqui você respira o ar do sindicalismo. Quem está
separado tem a obrigação de fazer esse ar acontecer onde estiver”.
229
2008-2011
Embora estivesse próximo a deixar o cargo o Presidente se mantinha
inquieto. Ao mesmo tempo em que se configurava como “mais um líder
criado pelo SIMEC”, conforme avaliação de Carlos Prado, o triênio de experiência administrativa sindical impôs sobre os ombros dele seus efeitos,
como se deu com os titulares anteriores, no sentido de permitir uma avaliação de largos horizontes sobre a atividade industrial.
“Eu acho que a maior dificuldade do segmento hoje – e não é só o segmento
metalmecânico não, é todo o segmento industrial – é a questão universal. Global.
Até certo tempo atrás se falava muito de qualidade, do processo de qualificação.
Isso hoje não se discute. O produto brasileiro se equipara ao de qualquer lugar no
mundo, se não for melhor. Hoje, a busca, a palavra de ordem, é inovação. Quem
inova é quem consegue se sobressair. A própria China começou copiando e agora
está inovando. Temos que inovar em tudo: administrativamente, nas ideias, nos
produtos, em todos os setores, porque quem parte na frente é quem vai levar.”
Por conta dessa consciência foi criado o Grupo Temático de Inovação
Tecnológica do SIMEC, que após a segunda reunião, sob coordenação de
Ricardo Castro Alves, registrou em ata o seguinte posicionamento: o Ceará
“precisa de uma grife industrial, pois tem pessoal, inteligência e qualidade
nos itens produzidos, sendo estes, via de regra, rara e pontualmente valorizados externamente”.
“O produto
brasileiro se
equipara ao de
qualquer lugar
no mundo, se
não for melhor. “
230
A informação foi divulgada pelo jornalista Egídio Serpa, que complementou: “Os integrantes do GT de Inovação Tecnológica também consideram que os produtos
industriais cearenses, com as exceções conhecidas, ainda padecem de falta de credibilidade nos mercados do
Sul e Sudeste, razão pela qual sugeriram que a Adece
– Agência de Desenvolvimento do Ceará seja convocada
para implementar um processo de valorização dos bens
produzidos aqui pela indústria, iniciando pela do setor
eletroeletrônico e metal-mecânico”. (DN 19/11/10)
Ricard Pereira Silveira concluía: “Aqui no Brasil nós temos problemas
internos, como a promoção dos nossos produtos, ou como a questão tributária, criando a guerra fiscal e o choque de interesses”. O mercado cearense, em particular, sofre com a diferença dos incentivos fiscais obtidos
por indústrias provenientes de outros Estados, e o jornalista Egídio Serpa
voltava em sua coluna a anunciar uma “denúncia do SIMEC”: com uma alíquota de 17% do ICMS, sai mais barato adquirir insumos de fornecedores
do Sudeste, onde a alíquota é de 10%. (DN 14/4/10) “Nós temos que brigar, sabendo que isso acontece, e sempre aconteceu”, avaliava o Presidente
do Sindicato. “Mas eu não encaro nenhuma dificuldade como problema.
O papel do SIMEC é enxergar toda a situação, ver as dificuldades e propor
solução. Dificuldades, diferenças e situações desse tipo vão sempre existir.
Nós temos é que resolver.”
Outras novidades surgiriam, como o lançamento da Câmara setorial metalmecânica, acontecido em 23 de junho de 2010 no Auditório da FIEC3. Com o
nome completo de Câmara Setorial de Metalurgia, Metal-Mecânica e Eletromecânica, a CS Eletrometal nascia para ser “um fórum de articulação dos agentes
privados e públicos”, no dizer de Ricard, capaz de se apresentar como ferramenta fundamental na ampliação do desenvolvimento do setor no Estado, trazendo
“condições de debater com empresários universidades, institutos de tecnologia,
Governo do Estado e empresas de logística para identificar ‘gargalos’ e encontrar
soluções mais rápidas” (FIEC online 15/03/10).
A Câmara veio disposta a integrar os segmentos da cadeia produtiva
metalúrgica, metal-mecânica e eletro-eletrônica, visando a identificação
de entraves e possíveis oportunidades que permitissem elaborar ações e
projetos voltados a aumentar competitividade e sustentabilidade. Os “gargalos” mencionados pelo Presidente compõem uma longa lista de conhecidos problemas. A falta de matéria-prima. A logística onerosa, dependente
do sistema rodoviário. A necessidade de apoio aos microempreendedores.
A falta de incentivo à inovação. A escassez de mão-de-obra especializada.
São fatos reconhecidos pelo órgão consultivo ao qual a Câmara é vincula-
231
2008-2011
da, a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará - Adece e vivenciados pelo próprio empresariado.
É por eles que Ricard fala. “A Câmara Setorial é ferramenta de máxima importância para o segmento eletro metalmecânico. Um exemplo bem
presente é a criação do Polo do Alumínio no Cariri, onde funcionam mais
de 20 empresas do segmento, oferecendo centenas de empregos, e que
certamente será apresentada ao Governo do Estado via Câmara. É tema
que surgiu de discussões na Regional do Cariri, e vem alimentar a Câmara
Setorial para, de forma proativa, conseguir incentivos e terrenos do Estado
para empresas já existentes na região, que deverão se organizar de forma
melhor, tornando-se mais lucrativas, e crescerem para ofertar mais vagas de
trabalho à população local”.
Há um Grupo Temático para formação de profissionais qualificados,
criando cursos em parceria com entidades como o SENAI, de modo a atender a demanda crescente. “Por ser uma ferramenta nova ainda está se estabilizando, aos poucos”, atenta Ricard. “Mas já se nota uma eficácia ótima,
pois encurta o canal de comunicação entre o segmento e os diversos órgãos
competentes, inclusive o próprio Governo estadual”.
Já o GT de Tributação, este se encontra desenvolvendo estudos buscando resolver “uma questão gerada por diferenças de alíquotas de ICMS
no crédito de clientes de nossos fabricantes de quadros elétricos e outros
equipamentos para construção civil”, explica, “segmento este que se beneficia em não computar crédito de ICMS, e pagar apenas um valor fixo
sobre os valores das compras, ou seja, o fornecedor dentro do Estado é que
recolhe sobre uma alíquota de 17%, sempre em desvantagem em relação a
fornecedores de outros Estados”. O resultado do estudo seria uma solução
viável, que deverá ser apresentada pela Câmara à Secretaria da Fazenda
estadual, “para que seja buscado um equilíbrio para essa desigualdade,
que vem prejudicando algumas empresas de nosso setor aqui no Ceará”.
***
É portanto um bom momento de olhar para trás, e de revelar o significado da escultura colocada na sala de reuniões, um presente pessoal de
Ricard Pereira Silveira ao SIMEC, não só para ocupar um lugar que se fizera
vazio, mas principalmente para funcionar como um imenso lembrete metálico, uma metáfora em aço sobre seu papel no Sindicato, e sobre a própria dinâmica da vida. “A escultura retrata uma engrenagem pela metade,
simbolizando que tudo é inacabado”, explicita Ricard. “Por melhor que as
coisas sejam, ou estejam, ainda é possível melhorar, ainda há muito por
fazer. Essa era a visão que eu tinha
da entidade quando entrei.”
Ia na contramão da maioria,
foi o que constatou. “Com o peso
do nome do Sindicato, do valor, do
reconhecimento que tinha, todos
me faziam crer que meu trabalho
seria somente dar andamento à
obra SIMEC, uma coisa tão simples
como continuar a pedalar em uma
bicicleta já em movimento”, compara. Não foi esta a realidade que
se apresentou, nem era assim que
ele a esperava. “Mudei muita coisa”, assume ele. “Não porque as
coisas estivessem erradas, mas porque nada no mundo é concluso, e
eu não acredito no que está parado, estático. Eu visualizava a mobilidade de uma engrenagem, mas
não uma engrenagem completa, e
sim pela metade, inacabada. Via
também que não existe perfeição,
Escultura em aço reciclado que se encontra na sala de reuniões do SIMEC
232
233
2008-2011
e sim uma obra de homens, feita por pessoas e por isso mesmo tortuosa,
assim como o esqueleto do prédio, torto, mas em construção”.
impossibilidade de conclusão da gigantesca tarefa, por si só um sinal da
vitalidade institucional.
A escultura surgiu na imaginação de Ricard como uma engrenagem
incompleta: “O esqueleto meio torto, onde a engrenagem penetra, mostra
que a obra do homem é imperfeita. O esqueleto é torto, porém é firme,
pois é moldado no aço, reproduzindo a segurança do segmento, que é
forte, feito da matéria prima aço.” E mais outras sutilezas são apontadas
na obra de arte: “A escultura foi feita com material reciclado, uma exigência minha ao idealizá-la. Com isto eu quis mostrar a sustentabilidade
do setor, a partir da sucata que é reutilizada, ou mesmo transformada em
material novo, ou seja, matéria prima que pode ser usada pelas indústrias
eletrometalmecânicas, e assim produzir, com o ‘tempero’ da arte criativa,
um produto final de alto valor agregado.”
Mais cedo ou mais tarde chegaria a hora de “passar o bastão” a outro,
para que desse andamento à obra, prosseguindo a partir de um estágio
superior àquele em que ele, Ricard, a recebera. Vieram, porém, outra
vez as pressões. Ricard Pereira Silveira continuou sendo alvo de seguidas
avaliações positivas de seus pares, que não se omitiram de levantar a
hipótese da continuidade. Fernando Cirino Gurgel louvou “o dinamismo
da gestão de Ricard, caracterizada pela participação ativa dos associados, com ampliação e qualificação do quadro social. Eu acho que ele
realmente agrega”. Para Fernando Castro Alves, “o Ricard tem um estilo
muito interessante: ele convence fácil. Tem sempre argumento, tem argumentos muito fortes”. Francisco Aiace Mota chegou a brincar: “O Ricard
é totalmente inovador, a partir do nome. Um cearense, com o nome de
Ricard...” E Ricard se decidiu a permanecer por mais um mandato à frente
do SIMEC, seguindo até 2015 na Presidência.
Da forma como foi proposta por ele a escultura propicia o encontro
entre a mente e a mão, a sequência natural entre o pensamento e a obra,
a ponte que conduz do ar rarefeito da criação ao terreno firme da execução. “No nosso caso, a escultura carrega em si todos esses valores, esses
significados. Ela só existe a partir a da ideia do criador, que são nossos engenheiros, criativos e inovadores, que por sua vez necessitam das mãos do
executor, preparado, habilidoso, como foi o artista plástico Caetano Barros,
representando nossos operários que com suas mãos e máquinas fabricam
as riquezas do nosso parque industrial.”
Notas:
1 - Anuário do Ceará 2010-2011
2 - Lampiaoaceso.blogspot.com
3 - Portal da ADECE, 22/6/10
Por esta visão quase mística Ricard Pereira Silveira se guiou desde
o primeiro momento, pautando nela sua maneira de agir e de dirigir a
entidade. “Na verdade, eu encarei o trabalho na presidência como uma
obra inacabada, e que continuará inacabada depois de mim também”.
Os Sindicatos, como tudo na vida, estão em permanente processo de
construção, arrastados por aquilo que denomina “velocidade do mundo”. A seu ver, o desafio maior estava em não parar, em prosseguir
construindo, assumindo erros e acertos, luminosamente certo quanto à
234
235
2011-...
Epílogo
236
237
Epílogo
2011-...
O novo processo eleitoral para o quadriênio 2011/2015 começou com
a publicação de aviso resumido no jornal Diário do Nordeste de 14 de abril
de 2011. O Presidente da Comissão Eleitoral, Sebastião Gomes de Medeiros Neto, formalizou os nomes dos componentes da chapa única inscrita.
Na presidência Ricard Pereira Silveira. Como vice-presidente o associado
José Frederico Thomé de Saboya e Silva. A Diretoria Administrativa coube a
Píndaro Custódio Cardoso, e a Financeira a Cícero Campos Alves. Para Suplentes da Diretoria foram indicados Suely Pereira Silveira, iniciando uma
lista marcada pela presença feminina - José Sérgio Cunha de Figueiredo,
Guilardo Góes Ferreira Gomes e Carlos Gil Alexandre Brasil.
Foi mantido o sistema de Diretorias Setoriais, com Felipe Soares Gurgel
dirigindo o Setor Metálico, Fernando José Lopes de Castro Alves no Setor
Mecânico, e Cristiane Freitas Bezerra Lima no Setor Elétrico e Eletrônico,
tendo como Suplentes, respectivamente, Silvia Helena Lima Gurgel, João
Aldenor Rocha e Alberto José Barroso de Saboya.
Titulares do Conselho Fiscal foram Helder Coelho Teixeira, Raimundo Raumiro Maia e Eduardo Lima de Carvalho Rocha, e seus Suplentes
Diana Capistrano Passos, Ricardo Martiniano Lima Barbosa e Francisco
Odaci da Silva. Para a representação junto à FIEC Ricard continuou na
titularidade. Os nomes de Carlos Prado e Fernando Cirino Gurgel se posicionaram como Suplentes.
Para as Delegacias Regionais foram escolhidos Adelaído de Alcântara
Pontes e Ricardo Lopes de Castro Alves, respectivamente Delegados para o
Cariri e para Jaguaribe. Nas Coordenações Administrativas estão Veruska de
Oliveira Peixoto (Cariri) e Francisco Odaci da Silva (Jaguaribe).
O acompanhamento da história do SIMEC documenta as dificuldades
enfrentadas pelos industriais no Ceará, submetidos a um contexto volátil e
imprevisível, nacional ou internacional, lidando com situações adversas e
momentos delicados para os quais a saída é sempre uma incógnita. Quer
sejam os herdeiros dos empresários pioneiros, remontando ao século XIX e
238
239
2011-...
ao século XX, quer sejam a segunda geração, ou a terceira, quer sejam os
primeiros a estabelecer o próprio negócio, desbravando novos territórios
em incursões hesitantes empreendidas sobre terreno instável – quaisquer
que sejam as condições é possível traduzir a batalha através da frase de Fernando Cirino Gurgel: “Ser empresário no Brasil implica em caminhar entre
uma visão de futuro, que se persegue por ideal, e uma visão de presente,
frequentemente anteposta sob condições adversas. O conflito assim gerado
requer imensa criatividade, para superar os obstáculos”.1
Os preparativos para o início das comemorações de 40 anos do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no
Estado do Ceará se deram a pleno vapor, ganhando a adesão dos industriais
deste setor tão representativo do crescimento econômico de um Estado ou
uma nação. Os eventos festivos prosseguiram ao longo de todo o ano de
2011, incluindo Voto de Congratulações da Assembleia Legislativa do Estado, proposto pelo Deputado Mário Hélio e subscrito pelos deputados Professor Teodoro e Mirian Sobreira, devidamente aprovado pela Presidência
da Casa, conforme Requerimento n. 885/2011.
O encerramento oficial se dará em 2012, assinalando assim um marco
muito especial na história de qualquer instituição – principalmente para
uma entidade como o SIMEC, forjada no trabalho diário na luta com sua
matéria prima, literal ou figurada: a força da energia e a resistência do aço.
Notas:
1 - Relatório FIEC 1992-1995
240
241
Diretorias
242
243
1972-1975
244
1975-1978
1978-1981
1981-1984
Presidente
Presidente
Presidente
Presidente
José Célio Gurgel de Castro
Airton José Vidal de Queiroz
Álvaro de Castro Correia Neto
Fernando Cirino Gurgel
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
José Célio Gurgel de Castro
Tarcísio Guy Andrade Silveira
João Clemente Fernandes
Airton José Vidal de Queirós
José Célio Gurgel de Castro
Raimundo de Alencar Pinto
Álvaro de Castro Correia Neto
Fernando Cirino Gurgel
Raimundo Régis de Alencar Pinto
Fernando Cirino Gurgel
Adalberto Benevides Magalhães Filho
Sebastião de Arruda Gomes
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretoria Executiva - Suplentes
Ivan Moreira de Castro Alves
Olavo Magalhães
Airton José Vidal Queiroz
Augusto Castelo da Cunha
Ivan de Castro Alves
José Aragão de Albuquerque
Augusto Castelo da Cunha
Ivan Moreira de Castro Alves
Adalberto Benevides Magalhães Filho
Augusto Castelo da Cunha
Roberto Proença de Macedo
Nelson Bernardes Prado
Conselho Fiscal - Titulares
Conselho Fiscal - Titulares
Conselho Fiscal - Titulares
Conselho Fiscal - Titulares
Osvaldo Studart Neto
José Djanir Guedes de Figueiredo
Fernando Nogueira Gurgel
Osvaldo Studart Neto
José Djanir Guedes de Figueiredo
Edson Queiroz Filho
Amândio Bezerra Rolim
José Djanir Guedes de Figueiredo
Edson Queiroz Filho
Amândio Bezerra Rolim
Fernando José Lopes Castro Alves
José Djanir Guedes de Figueiredo
Conselho Fiscal - Suplentes
Conselho Fiscal - Suplentes
Conselho Fiscal - Suplentes
Conselho Fiscal - Suplentes
Augusto Castelo da Cunha
Erasmo Rodovalho de Alencar
Raimundo Régis de Alencar Pinto
Fernando Cirino Gurgel
Álvaro de Castro Correia Neto
Pedro Jorge Clemente Soares
Sebastião de Arruda Gomes
Nelson Prado
Pedro Jorge Clemente
Representantes junto à Fiec - Titulares
Representantes junto à Fiec - Titulares
Representantes junto à Fiec - Titulares
Cícero Campos Alves
Austregésilo Medeiros Filho
José Frederico Thomé de Saboya e Silva
José Célio Gurgel de Castro
Raimundo Regis de Alencar Pinto
José Célio Gurgel de Castro
Raimundo Regis de Alencar Pinto
Airton José Vidal Queiroz
Adalberto Benevides Magalhães Filho
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Representantes junto à Fiec - Suplentes
João Clemente Fernandes
Tarcísio Gruy Andrade Silveira
João Clemente Fernandez
Evandro Pessoa Andrade
Victor José Macedo Queiroz Lima
José Sérgio Cunha de Figueiredo
Representantes junto à Fiec - Titulares
Airton José Vidal Queiroz
Adalberto Benevides Magalhães Filho
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Fernando Cirino Gurgel
José Djanir Guedes de Figueiredo
245
1984-1987
1990-1993
1993-1996
Presidente
Presidente
Presidente
Presidente
Antonio Carlos Maia Aragão
José Frederico Thomé de
Saboya e Silva
Fernando José Lopes de
Castro Alves
Mario Walter Saturnino Bravo
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
José Frederico Thomé de Saboya e Silva
Helder Coelho Teixeira
Sebastião de Arruda Gomes
Fernando José Lopes de Castro Alves
José Sérgio Cunha de Figueiredo
Acácio Araújo de Vasconcelos
Mario Walter Saturnino Bravo
Carlos Prado
Sebastião de Arruda Gomes
Diretoria Executiva - Suplentes
Sebastião de Arruda Gomes
Augusto Castelo da Cunha
Roberto Farias
Diretoria Executiva - Titulares
Antônio Carlos Maia Aragão
Adalberto Benevides Magalhães Filho
Helder Coelho Teixeira
Diretoria Executiva - Suplentes
Augusto Castelo da Cunha
Roberto Proença de Macedo
Sebastião Arruda Gomes
Conselho Fiscal - Titulares
José Sérgio Cunha de Figueiredo
Nelson Bernandes Prado
Fernando José Lopes de Castro Alves
Conselho Fiscal - Suplentes
Airton José Vidal Queiroz
Cícero Campos Alves
José FredericoThomé de Saboya e Silva
Representantes junto à Fiec - Titulares
Antônio Carlos Maia Aragão
Fernando Cirino Gurgel
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Acácio Araújo de Vasconcelos
Aluízio Dutra de Melo
246
1987-1990
Augusto Castelo da Cunha
Roberto Proença de Macedo
João Paulo DimõesAccioly de Carvalho
Conselho Fiscal - Titulares
José Sérgio Cunha de Figueiredo
Carlos Prado
Fernando José Lopes de Castro Alves
Conselho Fiscal - Suplentes
Airton José Vidal Queiroz
Cícero Campos Alves
Mario Walter Saturnino Bravo
Diretoria Executiva - Suplentes
Conselho Fiscal - Titulares
Cícero Campos Alves
Antônio Carlos Maia Aragão
Helder Coelho Teixeira
Conselho Fiscal - Suplentes
Raimundo Nunes de Andrade
Antônio Carlos Lyra Maia
Marcelo Villar de Queiroz
Representantes junto à Fiec - Titulares
Fernando Cirino Gurgel
Antônio Carlos Maia Aragão
José Frederico Thomé de
Saboya e Silva
Fernando Cirino Gurgel
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Representantes junto à Fiec - Suplentes
José FredericoThomé de Saboya e Silva
Acácio Araújo de Vasconcelos
Ivan Moreira de Castro Alves
Carlos Prado
Representantes junto à Fiec - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Suplentes
Fernando José Lopes de Castro Alves
Roberto Farias
Francisco Gildo Rebouças Monteiro
Conselho Fiscal - Titulares
Antônio Carlos Maia Aragão
Marcelo Villar de Queiroz
Augusto Castelo da Cunha
Conselho Fiscal - Suplentes
Jesus Hernandez Y. F. Neto
Raimundo Nunes de Andrade
Molinari Batista
Representantes junto à Fiec - Titulares
Fernando Cirino Gurgel
Mario Walter Saturnino Bravo
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Carlos Prado
José Sérgio Cunha de Figueiredo
247
1996-1999
2002-2005
2005-2008
2008-2011
2011-2011
Presidente
Presidente
Presidente
Presidente
Presidente
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Carlos Gil Alexandre Brasil
Valdelírio Pereira Soares Filho
Valdelírio Pereira Soares Filho
Ricard Pereira Silveira
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Diretoria Executiva - Titulares
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Carlos Gil Alexandre Brasil
Valdelírio Pereira Soares Filho
Valdelírio Pereira Soares Filho
Ricard Pereira Silveira
Diretor Presidente
Cícero Campos Alves
Marcelo Villar de Queiroz
Marcelo Villar de Queiroz
Marcelo Villar de Queiroz
Acácio Araújo de Vasconcelos
Cícero Campos Alves
Píndaro Custódio Cardoso
Valdelírio Pereira Soares Filho
Ricardo Martiniano Lima Barbosa
Píndaro Custódio Cardoso
Diretor Administrativo
Píndaro Custódio Cardoso
Diretor Administrativo
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretoria Executiva - Suplentes
Diretor Presidente
Diretor Financeiro
Antônio Marcos R. do Prado
Diretor Administrativo
Diretoria Executiva - Suplentes
José Sérgio Cunha de Figueiredo
João Carlos Clemente Fernandes
Jesus Hernandes Y. Ferreira Neto
Diretor Presidente
Diretor Financeiro
Diretor Administrativo
Diretoria Executiva - Suplentes
José Sérgio Cunha de Figueiredo
Raimundo Raumiro Maia
Jesus Hernandez Y. Ferreira Neto
Diretores Setoriais - Titulares
Diretores Setoriais - Titulares
Célio Cirino Gurgel
Célio Cirino Gurgel
Diretor Setor Metalúrgico
Carlos Gil Alexandre Brasil
Diretor Setor Elétrico
Sebastião de Arruda Gomes
Diretor Setor Mecânico
Diretores Setoriais - Suplentes
José Djanir Gurdes de Figueredo
José Armando Thomé de Saboya
João Bosco Gomes Viana
Conselho Fiscal - Titulares
Helder Coelho Teixeira
Acácio Araujo de Vasconcelos
Francisco Sena de Freitas Rego
Conselho Fiscal - Suplentes
Francisco Aiace Mota Filho
João Batista Pacheco Filho
Dário Pereira Aragão
Representantes junto à Fiec - Titulares
Fernando Cirino Gurgel
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Carlos Prado
José Frederico Thomé de Saboya
248
1999-2002
Diretor Setor Metalúrgico
José Frederico Thomé de Saboya
Diretor Setor Elétrico
Manuel Nunes Silva Neto
Diretor Setor Mecânico
Diretores Setoriais - Suplentes
José Djanir Guedes de Figueiredo
Edmundo Pereira Barbosa
Raphael Cláudio de Araújo Neto
Conselho Fiscal - Titulares
Helder Coelho Teixeira
Acácio Araújo de Vasconcelos
Sebastião de Arruda Gomes
Conselho Fiscal - Suplentes
Francisco Aiace Mota Filho
Píndaro Custódio Cardoso
Eduardo Lima de Carvalho Neto
Representantes junto à Fiec - Titulares
Fernando Cirino Gurgel
Carlos Gil Alexandre Brasil
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Carlos Prado
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Diretor Presidente
Diretor Financeiro
Raimundo Raumiro Maia
José Frederico Thomé de Saboya
Danilo Reis de Vasconcelos
Diretor Presidente
Diretor Financeiro
José FredericoThomé de Saboya e Silva
Daniel Sucupira Barreto
Érico Coelho Coutinho
Diretor Financeiro
Diretor Administrativo
José Frederico Tomé de Saboya
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Érico Coelho Coutinho
Presidente
Ricard Pereira Silveira
Diretoria Executiva - Titulares
José FredericoThomé de Saboya e Silva
Vice-Presidente
Diretor Financeiro
Diretor Administrativo
Diretoria Executiva - Suplentes
Suely Pereira Silveira;
José Sérgio Cunha de Figueiredo;
Guilardo Góes Ferreira Gomes
Carlos Gil Alexandre Brasil
Diretores Setoriais - Titulares
Felipe Soares Gurgel
Diretor Setor Metalúrgico
Fernando José Lopes Castro Alves
Diretores Setoriais - Titulares
Diretores Setoriais - Titulares
Helder Coelho Teixeira
Roberto de Barros Bezerra
Ricardo M. Lima Barbosa
Tom Prado
Ricardo Martiniano de Lima Barbosa
Tom Prado
Carlos Gil Alexandre Brasil
Francisco Baltazar Neto
Diretor Setor Mecânico
Diretor Setor Mecânico
Isaias Aragão Soares
Diretor Setor Mecânico
Silvia Helena Lima Gurgel
João Aldenor Rodrigues
Alberto José Barroso de Saboya
Diretores Setoriais - Suplentes
Diretores Setoriais - Suplentes
Diretores Setoriais - Suplentes
Conselho Fiscal - Titulares
Roberto de Barros Bezerra
Edmundo Pereira Barbosa
Alberto José Barroso de Saboya
Raimundo Raumiro Maia da Silva
Ivan de Castro Alves
Reno Barroso Bezerra
Conselho Fiscal - Titulares
Conselho Fiscal - Titulares
Conselho Fiscal - Titulares
Diretores Setoriais - Titulares
Diretor Setor Metalúrgico
Diretor Setor Elétrico
Diretor Setor Metalúrgico
Diretor Setor Elétrico
Píndaro Custódio Cardoso
Sebastião de Arruda Gomes
Francisco Aiace Mota Filho
Sebastião de Arruda Gomes
Marcelo Villar de Queiroz
Helder Coelho Teixeira
Conselho Fiscal - Suplentes
Conselho Fiscal - Suplentes
Eduardo Lima de Carvalho Neto
Ricardo Tolentino W. da Nobrega
José Gerardo da Silva
Paulo Augusto Ferreira G. Silva
Eduardo Lima de Carvalho Rocha
Cícero Campos Alves
Representantes junto à Fiec - Titulares
Representantes junto à Fiec - Titulares
Fernando Cirino Gurgel
Carlos Prado
Valdelírio Pereira Soares Filho
Carlos Prado
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Valdelírio Pereira Soares Filho
Acácio Araújo de Vasconcelos
Fernando Cirino Gurgel
Dário Pereira Aragão
Diretor Setor Metalúrgico
Diretor Setor Elétrico
Fernando José Lopes de Castro Alves
Carlos Gil Alexandre Brasil
Edmundo Pereira Barbosa
Sebastião de Arruda Gomes
Helder Coelho Teixeira
Raimundo Ramiro Maia
Conselho Fiscal - Suplentes
Eduardo Lima de Carvalho Rocha
Dário Pereira Aragão
Jesus Rodrigues de Almeida Neto
Representantes junto à Fiec - Titulares
Carlos Prado
Ricard Pereira Silveira
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Fernando Cirino Gurgel
Valdelírio Pereira Soares Filho
Diretor Setor Mecânico
Cristiane Freitas Bezerra Lima
Diretor Setor Elétrico e Eletrônico
Diretores Setoriais - Suplentes
Helder Coelho Teixeira;
Raimundo Raumiro Maia
Eduardo Lima de Carvalho Rocha
Conselho Fiscal - Suplentes
Diana Capistrano Passos
Ricardo Martiniano Lima Barbosa
Francisco Odaci da Silva
Representantes junto à Fiec - Titulares
Ricard Pereira Silveira
Representantes junto à Fiec - Suplentes
Carlos Prado
Fernando Cirino Gurgel
Delegado Cariri
Adelaído de Alcântara Pontes
Coordenadora administrativa Cariri
Veruska de Oliveira Peixoto
Delegado Jaguaribe
Ricardo Lopes de Castro Alves
Coordenador administrativo Jaguaribe
Francisco Odaci da Silva
249
Atuais Associados
250
251
Atuais Associados
• Abs Metalmecânica Ind. e Com. de
Maqs.Ltda
• Aço Cearense Industrial Ltda
• Açobrás-Ind. E Com. Ltda (Artrel)
• Açoforte Móveis E Equipamentos S/A
• Agatek Ind. E Com. Ltda
• Agb – Ind. E Com. De Móveis Ltda
• Agrotech Do Brasil Ltda
• Aldo Pinheiro Dantas (Alumínio Prol Lar)
• Alisson Farias Feitosa-Me
• Alpha Metalúrgica Ind. Com. Serv. Imp.
e Exp. Ltda-Epp
• Alumínio Luzie Imp E Exp. Ltda
• Aluprint-Metalgrafica Ltda-Me
• America Inox Ind e Com. de Artefatos
de Aço Inox Ltda
• Fae-Ferragens e Aparelhos Elét. S/A
• Ind. Com. & Serviços de Metalúrgica Ltda
• Camelo Metalmecanica Ltda
• Fernando Guimarães de Castro Gurgel
do Amaral-Pp (Metalsonia)
• Indúst.Reunidas de Móv. do Ne. Ltda
• Carone-Cadeiras de Rodas do Ne. Ltda
• Cemag S/A
• Cemec-Construções Eletromec. S/A
• Cesde Ltda (Mallory)
• Flow Indústria Comércio Serviço Ltda
• Fotosensores Tecnologia Elet. Ltda
• Framak Tecnologia em Aço Ltda
• Inelsa-Indústrias Elétricas Elite S/A
• Jangurussu Comércio de Sucatas Ltda
• J. Adauto Alves - Me
• Jj Metal Mec. Serv. de Tornearia Ltda-Me
• Chevre e Coutinho Ltda
• Francisco Renato Dantas Cordeiro-Me
(Ikal – Ind. Kaririense de Alumínio)
• Cia Metalic Nordeste
• Fundição Metallu Ltda
• Khaltec Metalúrgica Ltda-Me
• Ciprol – Indústria Metalmecânica Ltda - Epp
• Gerdau Aços Longos S/A
• Lavoro Ind. e Serv. e Com. Metalmecânica Ltda
• Cismetal-Ce Com. Ind. e Serv. Metal. Ltda
• Glad Computadores Imp. e Exp. Ltda
• Clemente Irmãos S/A-Alum. Ironte
• Gerson Elias da Silva-Me (Bauxita-Indústria e Comércio de Alumínio)
• Locsul Engenharia de Instalações Provisórias Ltda
• Cia. Siderúrgica do Pecém
• Cpn – Chapas Perfuradas do Ne Ltda
• Daferro S/A - Alumínio E Aço
• Gram-Eollic Ind. de Artefatos de Metais
e Projetos Ltda
• José Taumaturgo dos Santos Dias-Me
• Lucas Antônio Ianoni - (Esquadrias,
Coberturas Fortaleza)
• Maria Socorro Ferreira-Me (Adenox)
• Granimarmo Máqs. e Equips. Ltda
• Matri-X Indústria e Comércio Ltda
• Hinel Hidraulica do Nordeste Ltda
• Mb3 Máquinas e Manutenção Industrial Ltda
• Harsco Metals Ltda (Multiserv Ltda)
• Mecesa –Metalgrafica Cearense S/A
• Hispano-Estruturas Metálicas Ltda
• Metalurgica Bace Ltda
• Impar Tecnologias Industriais Ltda
• Metalmecânica Maia Ltda
• Eliana Claudio Fernandes-Me
• Ind. Com. e Fundição de Artefatos de
Alumínio Kariri Ltda
• Nra-209 Metalúrgica J.B. Ind. e Com. Ltda
• Ascrom - Aços Cromo Metais Ltda
• Empreendimentos Fundição Capistrano
G3 Ltda - Me
• Indúst. e Com. de Artefatos de Alumínio Ltda-Me (Alumínio Perereca)
• Metalúrgica Lcr Ltda
• Aurinete Rodrigues da Silva (Multmetais)
• Esmaltec S/A
• Induma-Indústria Mecânica Ltda
• Metalvi Ind. e Com. de Ferragens Ltda
• Bom Sinal Indústria e Comércio Ltda
• Espacial Metal Metalúrgica Ltda-Me
• Indumetal-Ind.Met.Carl.Pamplona Ltda
• Metalúrgica Santa Luzia Ltda-Me
• Brasint Ind.Elet.Com. Imp. Exp. Ltda
• Estrutural Indústria Metálica Ltda
• Ind. e Com. de Antenas Horizonte Ltda
• Microsol Tecnologia S/A
• Dular–Ind. de Artefatos de Alumínio Ltda-Me
• Antônio Batista Bezerra
• Dumetal Ferrag. e Galvaniz. Ltda
• Antônio Linard – Máquinas e Cosntruções Técnicas Ltda
• Durametal S/A
• Armtec Tecnologia em Robótica Ltda
• Antônio R. da Silva-Me – (Metalpatrícia)
• Art Aço Comércio de Peças Ltda
252
• Intersystem Computadores
• Edilson Soares Pereira-Me (Alumínio Aliança)
• Eletra Indústria de Medidores Elétricos Ltda
• Metalúrgica Enock Jaime de Moura Ltda
253
Atuais Associados
• Nordeste Alumínios Importação e Exportação Ltda
• Nordestina Ind. Com. e Serv. de Equipamentos Para Refrigeração Ltda
• Novo Horizonte Jacarepagua Importação E Exportação Ltda (Nhj Do Brasil)
• Ortofor-Ortopedia Fortaleza Ltda)
(Comercial)
• Perfisul Indústria e Comércio Ltda
• Petral Comércio de Ferro e Aço Ltda
• Pontão Serv. de Usinagem e Com. Ltda
• Prime-Indúst. e Com. de Tecnologia e
Serv. Ltda
• Projeaço Ind. e Com. Ltda
• Projeart Ind. de Estruturas Metálicas Ltda
• Proinox Ind e Com de Equips. P/Cozinhas Ltda
• Projeinox Ind e Com de Refrigeração
Ltda-Me
• Red Diamond Ind e Com de Ferramentas, Máqs. E Equipamentos Ltda
254
• Rimatec Industrial Ltda
• Ross Comercial de Maquinas Resíduos
de Sucata E Produtos Siderúrgicos Ltda
• USIMECs – Usinagens Mecânicas e
Serviços Ltda
• Veruska de Oliveira Peixoto-Me Alumínio Dena
• Indústria Tabuleirense de Máquinas Ltda
• Lucivaldo Viana da Costa (Baú)
• Luiz Gonzaga Filho
• Sangati Berga S/A
• W.P. da Silva - Me
• Singer do Brasil Ind e Com Ltda - Filial
• Vicunha Ind. de Implementos Rodoviários Ltda
• Marcelo C. Lima – Me (Metalúrgica
Metalline)
• Sigma Usinagem Ltda
• White Martins Gases Indust. do Nord. S/A
• Metalúrgica Paz Vieira
• Sk Ind. Com. de Bombas Hidráulicas Ltda-Epp
• W.P. da Silva - Me
• Metalúrgica Metal Arte
• Stevenes de Araújo Leite-Me (Alumínio
Alinox)
• Associação Dos Caminhoneiros de
Tabuleiro do Norte-Acatan
• Mecânica União
• Sucacel – Sucataria Cearense Ltda(Petral)
• Aureliano Máquinas Serviços Ltda (Oficina O Aureliano)
• Supercromo Nord. Ind e Com Prod.
Metais Ltda
• Tabuleiro Aço Ind e Com. Ltda
• Tecnoserv-Tecnologia e Serviços Ltda
• Cierleide M. Silva Luz - Zahara
• Deusinaldo Evangelista de Oliveira-Me
(Metal Norte)
• Pedro Batista de Oliveira-Me Mecânica
Batista
• Oficar – Oficina do Fábio
• Use Forte
• Oficina O Torozo
• Djaci Pereira de Oliveira-Me
• Oficina Zé de Deus
• Fernando Antônio Maia - Me
• Oficina Mecânica Irmãos Monteiro
• F.H.Chaves Júnior Retífica de Motores
• Oficina Santo André
• Termisa Industrial S/A
• Francisco Eudo Bezerra de Melo-Me
• Oficina Vitória
• Usiman Servições de Manutenção Indl. Ltda
• Hulinard G. Menezes-Me
• Vanderilo C. Lima – (Oficina O Liro)
• Teluz Ind. e Com. D. Azevedo Ltda
• Tentáculos Guindastes Remoções e
Transportes Ltda
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Parceiros
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Americainox - TAU
Empresa líder em projetos, consultoria, fabricação, instalação e montagem de Cozinhas Profissionais para Hotéis, Restaurantes, Supermercados,
Hospitais, a Americainox - TAU vem atuando neste mercado desde 1986.
Seus diretores, João Bosco Viana e Alfredo Viana, herdaram do pai,
Odar Albuquerque Viana, a experiência de quem instalou as primeiras
grandes cozinhas industriais as primeiras grandes cozinhas industriais na
região, como o Restaurante Universitário no Benfica, as cozinhas industriais de todas as unidades do Exército Brasileiro em Fortaleza, do Hospital
Cura D’Ars, do Hotel Savanah, do Hotel São Pedro Rhuf dentre outras.
Esta experiência, aliada ao investimento contínuo em modernização
de seus processos, deram à Americainox - TAU, a credibilidade necessária
para o alcance de novos mercados, levando-a ao patamar de líder no Norte
e Nordeste em seu ramo de atuação, permitindo-lhe competir em pé de
igualdade com as maiores do país.
• Hotel Ibis - Macapá-AP
• Hotel Ibis - Belém-PA
• Hotel Qualit - Petrolina-PE
• Supermercado Hiper-Market
• Supermercado São Luiz - Fortaleza-CE
• Supermercado Vasconcelos - Fortaleza-CE
Os princípios de honradez e caráter com que conduz seus negócios, aliados ao largo conhecimento de seu quadro técnico e à atualização tecnológica
de seus processos de produção, têm feito com que a Americainox - TAU, seja
reconhecida por seus clientes como a maior e a melhor empresa do mercado
de cozinhas profissionais do Norte e Nordeste, e permitindo a ampliação do
seu raio de atuação para outras regiões como o Sudeste do país.
Com foco especial no ramo hoteleiro, foi responsável por inúmeros
projetos e instalações entre os quais se destacam obras como:
• Hotel Vila Galé (Praia do Futuro) - Fortaleza-CE
• Hotel Gran Marquise Meliá - Fortaleza-CE
• Hotel Expresso XXI - Nazaré-PA
• Hotel Expresso XXI - Batista Campos-PA
• Hotel VIla Galé Resort - Cumbuco-CE
• Hotel Cariri Beach - Cumbuco-CE
• Hotéis Reunidos da Amazônia (Resende de Belém e Rezende de Paragominas)
• Martan Spa Hotel - Belém-PA
• Hotel Gold Ville - Belém-PA
• Hotel Blue Thee
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Bombas King
A visão de um empreendedor que, há exatos 50 anos, foi responsável pela
criação de uma marca de sucesso genuinamente cearense simboliza o que
há de melhor na região em termos de bombas hidráulicas para uso nas mais
diversas aplicações, da indústria à agricultura, da construção civil a soluções
inovadoras para produção de biodiesel, carcinicultura e outras aplicações.
Em 2009 a Bombas King recebeu o prêmio Inova da Fiec. Foi também
reconhecida pela CNI como empresa inovadora, durante o III Congresso
Nacional de Inovação em São Paulo no mesmo ano. Atualmente a marca
Bombas King,está sob a gestão de cinco dos dez filhos de Ivan e Margarida,
que continuam participando das decisões sobre o futuro das empresas.
A marca Bombas King é reconhecida em todo o território nacional, em
especial nas regiões Nordeste e Norte onde, ao longo destas décadas, vem
contribuindo para o desenvolvimento sustentável das populações.
Em 1961 Ivan Moreira de Castro Alves, empresário do setor de comércio,
motivado pelas oportunidades que o sistema de comércio da época oferecia,
quando quase todo tipo de equipamento industrializado procedia dos EUA e
Europa, após visitar uma fábrica de bombas de pistão horizontal norte-americana importou 50 unidades, vendidas quase imediatamente em sua volta.
Conhecedor, por vocação, de tudo que se relacionava à mecânica,
além de autodidata no processo de fundição, Ivan solicitou a uma pequena
oficina, produtora de componentes e ferro fundido e aço para reposição em
máquinas importadas, um modelo de bomba semelhante ao que importara,
já que este tipo de produto não era protegido por patente. Assim teve início
um processo de produção local.
Face a precariedade da pequena oficina, seu proprietário ofereceu o
negócio a Ivan, que aos poucos foi se consolidando na região, ampliando a
linha de produto e iniciando, de imediato, a produção de bombas centrífugas de pequeno porte, adequadas à realidade Nordestina da época.
Com o passar do tempo a linha ampliou-se ainda mais. Novas instalações foram construídas, novos processos de fabricação foram adotados, resultando no aumento de competitividade da marca Bombas King.
Até 2011, a empresa contabilizou a produção de mais de meio milhão
de unidades de bombas industrializadas, oferecendo soluções integradas para todos os mercados.
260
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Banco do Nordeste
O Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) é uma instituição financeira múltipla criada pela Lei Federal nº 1649, de 19.07.1952, e organizada sob a forma
de sociedade de economia mista, de capital aberto, tendo mais de 90% de seu
capital sob o controle do Governo Federal. Com sede na cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, o Banco atua em cerca de 2 mil municípios, abrangendo os nove
estados da Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), o norte de Minas Gerais (incluindo
os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo.
Maior instituição da América Latina voltada para o desenvolvimento regional, o BNB opera como órgão executor de políticas públicas, cabendo-lhe a operacionalização de programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste (FNE), principal fonte de recursos aplicada pela
Empresa. Além dos recursos federais, o Banco tem acesso a outras fontes
captadas nos mercados interno e externo, por meio de parcerias e alianças
com instituições nacionais e internacionais, incluindo multilaterais, como
o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O BNB é detentor do maior programa de microcrédito da América do Sul
e o segundo da América Latina, o CrediAmigo, por meio do qual o Banco já
emprestou mais de R$ 3,5 bilhões a microempreendedores. Além disso, operacionaliza o Programa de Microcrédito Rural, Agroamigo, tendo aplicado R$
1,7 bilhão, beneficiando 841 mil agricultores. O BNB também opera o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE), criado para
estruturar o turismo da Região com recursos da ordem de US$ 800 milhões.
O BNB exerce trabalho de atração de investimentos, apóia a realização
de estudos e pesquisas e financia projetos de grande impacto que contribuem
para o desenvolvimento regional. Mais que um agente de intermediação financeira, o BNB se propõe a prestar atendimento integrado a quem decide investir
em sua área de atuação, disponibilizando uma base de conhecimentos sobre
o Nordeste e as melhores oportunidades de investimento na Região.
O Banco do Nordeste tem apoiado o setor industrial do Nordeste e
particularmente do Ceará, dentre as quais cabe destacar os segmentos metalmecânico e eletroeletrônico, por meio da realização de empréstimos e
financiamentos em diversos programas de crédito.
O apoio creditício do Banco ao setor metal mecânico e eletroeletrônico do Ceará tem se caracterizado por proporcionar recursos tanto para
capital de giro quanto para investimentos de médio e longo prazos a taxas
de juros preferenciais. Tanto as pequenas e médias empresas, bem como
grandes empreendimentos têm recebido apoio financeiro do BNB.
Além do apoio financeiro, o Banco realiza estudos e pesquisas sobre
a produção industrial do Nordeste, bem como sobre as cadeias produtivas
vinculadas ao setor metal mecânico e eletroeletrônico, de forma a ampliar
a base de conhecimentos sobre essas atividades no Nordeste, além de identificar mercados e oportunidades de investimentos.
São clientes do Banco os agentes econômicos institucionais e as pessoas físicas. Os agentes econômicos compreendem as empresas (micro, pequena, média e grande empresa), as associações e cooperativas. Os agentes institucionais
englobam as entidades governamentais (federal, estadual e municipal) e não-governamentais. As pessoas físicas compreendem os produtores rurais (agricultor
familiar, mini, pequeno, médio e grande produtor) e o empreendedor informal.
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CSP - Companhia Siderúrgica do Pecém
Um projeto estruturante para o desenvolvimento do Ceará e do Brasil
A Companhia Siderúrgica do Pecém será a primeira usina integrada
da Região Nordeste do Brasil. Antigo sonho da região, a usina que será
realidade no final de 2014 é resultado de uma parceria entre a empresa
brasileira VALE e as siderúrgicas coreanas Dongkuk e Posco. Através da
transformação do minério de ferro em placas de aço semi-acabadas, a empresa visa agregar valor ao produto gerando riqueza e desenvolvimento
para o Estado do Ceará e para o Brasil.
Com uma capacidade de produção anual de 6 milhões de toneladas de
placas de aço a ser implantada em duas fases iguais, a Companhia Siderúrgica do Pecém é um projeto estruturante e transformacional que vai elevar
o nível de competitividade e impulsionar o crescimento econômico do Ceará através da exportação de placas de aço de alta qualidade metalúrgica
pelo Porto do Pecém e da venda de energia elétrica como sub-produto para
o mercado interno. Os impactos na economia regional envolvem a geração
de empregos, incremento da cadeia produtiva, aporte tecnológico e atração de investimentos, contribuindo dessa forma para o aumento do PIB dos
municípios envolvidos e do Estado do Ceará.
Presente em quase tudo que vemos no dia a dia, o aço tem grande importância para o processo de desenvolvimento da sociedade. Para a Companhia Siderúrgica do Pecém, tão importante quanto fornecer placas de
aço é fazê-lo de modo comprometido com a sustentabilidade. Nesse sentido o projeto CSP vem seguindo à risca o cumprimento de todas as condicionantes para obtenção das licenças ambientais, planejando também
para implantação e operação o uso de tecnologia e medidas adequadas de
preservação do meio ambiente.
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Carone
Empresa no ramo metalmecânico, especializada na fabricação de cadeiras de rodas e outros produtos para auxílio na locomoção de pessoas
portadoras de deficiência física.
Em 1987, em fase de crescente demanda destes produtos nas regiões
Norte e Nordeste do Brasil e da natural precariedade no atendimento de
parte dos poucos fabricantes até então existentes nas outras regiões do País,
fez despertar para o problema uma empresa local, a Ortofor, atuante no
setor de Ortopedia Técnica.
Buscando tecnologia especializada no sudeste brasileiro, aquela empresa
fundou a Carone – cadeiras e rodas do Nordeste, hoje empresa independente.
Produzindo inicialmente poucos modelos, hoje a CARONE oferece uma
ampla linha desenvolvida sempre atenta à qualidade, mas com características adequadas ao poder aquisitivo das regiões que se destina. Inclui, porém
alguns produtos que atendem às exigências dos usuários de outras regiões
do País, o que lhe permite manter clientes ativos em todo território nacional.
Participa ativamente na contribuição social gerando cerca de 40 empregos diretos além de terceirizar parcela volumosa de atividades operárias
confiados a famílias residentes nas proximidades, atendendo ainda cerca
de 100 crianças carentes.
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Cemec
A Cemec é uma das empresas do grupo J. Macêdo, sinônimo de liderança e solidez em todo Brasil. Em 1962, a J. Macêdo inaugura a Cemec
Construções Eletromecânicas. Desde então, dia após dia, a Cemec fortalece a credibilidade e solidez conquistadas há 49 anos na fabricação de
transformadores de distribuição e força.
• Subestações Compactas Blindadas feitas para atender a demanda por
distribuição de energia de maneira lógica e racional devido ao design compacto, adaptável a qualquer ambiente. A praticidade de instalação de um ou
dois transformadores de forma geminada torna o produto ideal para shopping centers, hospitais, indústrias, supermercados e prédios comerciais.
Situada no estado do Ceará, a fábrica da Cemec ocupa hoje uma área
de mais 60 mil metros quadrados divididos em administração e galpões
separados para execução de seus distintos processos produtivos.
• Transformadores a seco, ideais para distribuição de energia em
grandes concentrações urbanas, possuem baixo custo e não agridem o
meio-ambiente. Com aplicações diversas e podem ser instalados em aeroportos, túneis, navios, fábricas, centros comerciais, plataformas petrolíferas
e subestações elétricas.
Dispõe de uma ampla rede de representantes estrategicamente distribuídos no Brasil e Estados Unidos.
Como a 1ª empresa do estado do Ceará a obter certificação ISO 9001, a Cemec prima pelo mais alto padrão de qualidade de seus produtos. Desde a concepção do projeto até a entrega do produto final a política de qualidade total é
rigorosamente seguida a fim de garantir a absoluta satisfação de nossos clientes.
Os transformadores Cemec são projetados e ensaiados segundo as mais rigorosas
normas do setor e especificações do próprio cliente. Pioneira na produção de transformadores com tanque em liga de alumínio, pedestais e subestações compactas blindadas.
• Instalação, recuperação e aluguel de transformadores de força e distribuição.
• Automação de Sistemas Elétricos.
• Manutenção Preditiva, Preventiva e Corretiva em transformadores.
• Ensaios Elétricos e Análises Físico-Químicas em Laboratórios próprios.
Sua produção vai desde transformadores monofásicos a trifásicos de
distribuição até 300kVA, e transformadores de potência até 40MVA, classe
72,5kV. Os transformadores e suas aplicações são as seguintes:
Profissionais qualificados, alta tecnologia e instrumentos de precisão
asseguram a Cemec um padrão de qualidade internacional em seus laboratórios elétricos e químicos.
• Transformadores auto-protegidos são fabricados com proteção interna, o que prolonga e otimiza a vida útil do transformador.
O contínuo investimento na aquisição e desenvolvimento de tecnologias de
ponta e no treinamento de pessoas é um dos princípios estratégicos da Cemec.
• Transformadores com tanque em alumínio, especialmente desenvolvidos
para serem instalados em ambientes agressivos, altamente corrosivos. Ideal para áreas de proximidade marítima, de grande salinidade ou de grande poluição industrial.
Uma empresa de vanguarda como a Cemec, sabe que a sociedade só
tem a ganhar com fontes e matrizes energéticas limpas e renováveis, por
isso a Cemec é fornecedora de uma grande parte dos parques e usinas de
energia eólica instalados no Brasil.
• Transformadores subterrâneos submersíveis fabricados especialmente para serem instalados em redes de distribuição subterrânea ou em
ambientes que podem ser eventualmente submersos.
• Transformadores do tipo pedestal, ideais para condomínios ou zonas
urbanas e ambientes com rede de distribuição subterrânea. Atende a exigências de preservação ambiental e estética, pois resguarda a fachada das
edificações da presença de fios e postes presentes em subestações aéreas.
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A Cemec vai além da fabricação de produtos, oferece ainda serviços
que otimizam o desempenho dos equipamentos de sua empresa.
Em qualquer clima, qualquer região, em plataformas marítimas, no litoral, florestas,
campos, serra ou sertão, com sal, sol, chuva, vento, areia, poeira, poluição, os transformadores Cemec atendem aos requisitos de resistência e confiabilidade exigidos pelo mercado.
Em sua forma discreta de transformar energia, a Cemec está presente na
vida de milhões de pessoas, seja em momentos de lazer, estudo ou trabalho.
Cemec. Tecnologia em transformadores.
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CPN
Quando eram oferecidas para as empresas metalúrgicas de todo nordeste, máquinas e ferramentas de estampagem, muitas delas rejeitavam a
oferta, pois suas necessidades eram de pequenos lotes, o que não justificava a compra destes equipamentos e por vezes essas empresas recusavam
encomendas de seus clientes porque o lote era pequeno, não justificando o
investimento. Daí nasceu a idéia de, ao invés de vender estes equipamentos, vender o serviço que essas máquinas ofereciam. Surgindo assim a CPN.
Em 1999, ano da instalação da CPN, recebemos incentivos do governo
cearense (FDI) e crédito do Banco do Nordeste (FNE), parceiros que acreditaram em nossa ideia de ocupar o espaço que havia no mercado para uma
terceirizadora de empresas do Nordeste, na fabricação de componentes
metálicos, com instalações próximas as suas fábricas.
A CPN foi a pioneira na região, no serviço de estampagem de chapas
metálicas para terceiros, em adquirir uma máquina puncionadeira CNC,
equipamento de origem americana. Máquina esta que corta e fura chapas
metálicas com até 600 golpes por minuto, oferecendo velocidade e flexibilidade na confecção das peças.
Em 2001, voltamos a inovar, adquirimos uma máquina de dobra comandada por computador, importada da Alemanha. Esta máquina, além
da grande qualidade da dobra no produto, aumenta substancialmente a
velocidade e em conseqüência a produtividade. Começamos ai uma nova
vanguarda na empresa. Nesse mesmo ano dobramos nossa área de fábrica,
passamos de 600m² para 1.500m².
Em 2003, iniciamos a confecção de peças que necessitavam de solda e
pintura. Adquirimos neste ano diversas máquinas de solda mig, tig e montamos uma estrutura semi-automatiza para pintura eletrostática, colocando
assim a CPN na condição de uma das maiores empresas nordestinas prestadoras de serviço na área metal mecânica.
Em 2005, começamos a trabalhar com mobiliário urbano, abrigos de
ônibus, poste de endereçamento de ruas, braços de iluminação publica
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(simples e decorativas) e outros produtos sujeitos a intempéries, por esta
razão, montamos em nossa fábrica uma nova atividade, uma galvanoplastia
eletrolítica e uma galvanização a fogo. Mais uma vez aumentamos nossa
área fabril, passamos de 1.200m² para 3,000m².
Em 2006, uma nova revolução no Nordeste: adquirimos a primeira máquina à corte laser da região. O processo de corte a laser permite produzir
pecas complexas e precisas, com juntas de corte mínimas permitindo assim
realizar tarefas extremamente delicadas, possibilitando uma imediata resposta na alteração de projetos ao mesmo tempo em que garante qualidade
e exatidão na produção de grandes quantidades.
Em 2007, nossa revolução foi nas pessoas, começamos a formar
todos os nossos colaboradores. Instituímos um curso supletivo 2º grau
e vários cursos técnicos em nossa instalação, disponibilizando a todos
os recursos necessários para que eles tivessem a melhor condição possível para o aprendizado. Também começamos a fortalecer nossa gestão empresarial adotando a metodologia do GESTINNO com o apoio
da FIEC e IEL.
Em 2009, iniciamos o projeto Vínculos, outro apoio do FIEC e IEL. Com
isso veio o processo de certificação da ISO 9001:2000. Apresentamos um
projeto de inovação tecnológica no FUNCAP e fomos aprovados neste projeto com a parceria da UNIFOR.
Em 2011, mais uma vez estamos revolucionando o setor metalúrgico
no Nordeste, implementando o primeiro ROBÔ de solda em uma indústria
metalúrgica para produzir peças automotivas e similares.
Essa “linha do tempo” serve para deixar claro que a CPN tem motivos
de sobra para comemorar os seus 12 anos de existência. A empresa foi criada oficialmente em 07/02/1999, mas costuma comemorar seu aniversário
durante todo o mês de Julho, mês este em que foi emitida sua primeira nota
fiscal. Mas, o que importa é que foram 12 anos intensos e de expressiva
importância para a indústria do Nordeste.
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Durametal
A História da Durametal remonta ao ano de 1855, quando nascia em Fortaleza a Fundição Cearense, uma das pioneiras no país. Passado mais de um
séculoa empresa é líder nacional na produção de tambores de freio, além de
reconhecida internacionalmente pela qualidade dos produtos que desenvolve.
necedores, colaboradores e usuários finais. Assim é que, atualmente, com
produção anual de 100 mil toneladas de tambores de freio, cubos de rodas
e discos de freios, assume posição de liderança no mercado brasileiro do
setor, o fornecendo para as principais montadoras do país.
Suas novas instalações foram inauguradas em 1996 no município de Maracanaú, Ceará. Lá a Durametal objetivou manter a vanguarda do mercado em
que atua, focando no segmento de autopeças para veículos médios e pesados
por meio da fabricação de tambores de freio, discos de freio e cubos de roda.
No final de 2007 a Durametal recebeu o prêmio “Interação” na categoria “Qualidade-Metálicos”, oferecido pela Mercedes-Benz para o fornecedor que obteve a maior pontuação durante o ano nos critérios de avaliação utilizados pela conceituada montadora.
Em 2006, numa visão de futuro globalizada e com o propósito de ampliar a
participação nos mercados em que atua, a Durametal associou-se à CIE Automotive – grupo espanhol de capital aberto, focado no atendimento a montadoras,
inaugurando uma das mais modernas indústrias de autopeças do Brasil, com
capacidade para 1 milhão e meio de peças/ano em fundição e usinagem.
Comprometida com a sustentabilidade, a Durametal é criteriosa em
questões socioambientais, atenta ao equilíbrio entre fator humano, ambiente natural e resultado econômico, investindo no bem estar dos colaboradores, no compromisso com a comunidade e na preservação do meio
ambiente, fatores presentes em sua política de qualidade. Essa postura social levou à conquista, em 2007, da certificação ISO 14001:2004.
Os produtos Durametal são fabricados com moderna tecnologia, seguindo controle de qualidade ao longo de toda sua linha de produção, em
um processo que vem garantindo certificação para o mercado. Certificada
nas normas ISSO 9001 e ISSO/TS 16949, seus produtos oferecem segurança e desempenho mesmo nas mais difíceis condições de frenagem.
Tradição, experiência e investimentos em modernização e inovações
tecnológicas garantem o padrão de qualidade para satisfazer clientes, for-
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À frente de tudo está Fernando Cirino Gurgel, Diretor Presidente da Durametal. Respeitado no meio industrial e do empreendorismo cearense, conta com 40
anos de experiência, conquistas e sucessos em sua trajetória empresarial, investindo na modernidade de seu parque fabril, somando tradição, tecnologia e qualidade para manter sua indústria ainda mais competitiva no Brasil e no mundo.
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Esmaltec
Há quase 50 anos no mercado, a Esmaltec atua nacional e internacionalmente levando ao consumidor produtos que focam a excelência dos seus valores.
Líder nos segmentos de fogões e bebedouros refrigerados, a Esmaltec nasceu
com o claro objetivo de oferecer produtos feitos com excelência à seus clientes e parceiros. Por seu DNA inovador, marca de seu fundador, Edson Queiroz, em quase 50
anos de atuação a empresa comprova dia a dia que seu sucesso é fruto da visão de
um grande empreendedor. Tendo sido fundada em 1963, de lá para cá muita coisa
mudou. Se no início seu foco era a produção de fogões e recipientes para GLP(gás
liquefeito de petróleo), em 1984 esse universo ganhou amplitude e a empresa passou a fabricar fogões, refrigeradores, bebedouros, freezers, recipientes para GLP e
também garrafões plásticos em policarbonato para água mineral. A indústria foi a primeira do Ceará a conquistar o ISO 9002 e o selo PROCEL de economia de energia.
Instalada no Distrito de Maracanaú, Ce, em uma área de 360.000m2, dos
quais 65.000m² construídos, a Esmaltec emprega mais de 3.000 funcionários e
atua em três unidades produtivas: fogões, refrigeração doméstica e comercial,
lavadoras de roupa , e recipientes para GLP. Por sua qualidade e eficiência, os
produtos Esmaltec estão presentes em todo o Brasil e nos mercados da América
do Sul, América Central, Caribe, Estados Unidos, Oceania e Oriente Médio.
Mais que uma grande marca, a Esmaltec é líder no segmento de fogões e de
bebedouros por colocar em prática seu compromisso de oferecer as melhores
opções em tecnologia e eficiência à seus consumidores. Sua visão de proporcionar soluções inovadoras e de qualidade, a mantém na liderança de mercado.
Seu compromisso com a sustentabilidade produz produtos projetados para oferecer não apenas conforto e praticidade, mas que contribuem para um mundo
melhor ao garantirem certificados de baixo consumo de energia e água.
Além disso, a Esmaltec é hoje uma das maiores fabricantes de recipientes para GLP do mundo, garantindo todos os níveis de segurança que este
mercado exige. Tecnologia, inovação, capacitação e eficiência fazem da
Esmaltec um nome brasileiro reconhecido junto aos mais exigentes mercados mundiais por sua credibilidade e qualidade.
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FAE
São mais de 40 anos de empreendedorismo que atravessou décadas
oferecendo o que há de melhor para o mercado.
A FAE foi fundada em 13 de setembro de 1967 em Fortaleza (CE), pelo Sr.
Gerardo Matos Bezerra Lima. No início fabricava medidores de energia eletromecânicos para o Brasil e América Latina. Na época contava com a parceria da
empresa Mitsubishi Electric Corporation. Com o passar do tempo, diversificou
seu portfólio. Passou a fabricar parafusos, secadores de cabelo, aspiradores portáteis, disjuntores, e conectores elétricos, fase que caracterizou a empresa como
uma das primeiras a garantir lugar no processo de industrialização cearense.
Sua longevidade pode ser atribuída ao crescimento gradativo, obedecendo a um planejamento de longo prazo.
Em 1972 a FAE fabricava e comercializava equipamentos de medição e
gerenciamento do consumo de energia elétrica. Em 2000 já se encontrava
em sua pauta produtiva uma bem desenvolvida linha de hidrômetros, à
qual se seguiu uma linha de medidores eletrônicos e soluções Smart Grid.
Gerardo Matos Bezerra Lima, uma história a parte.
O conceito criado por Gerardo Lima e que norteou a sua vida, mostra
que todo grande grupo empresarial tem sua história de lutas e desafios, de
tentativas e esperanças, de recuos e de vitórias. É no perfil de seu líder, determinado, investidor e objetivo, que a empresa buscou a energia necessária
para vencer esses desafios, materializar a esperança e alcançar a vitória. A
história do Grupo Gerardo Lima, com atividades iniciadas em 1950 e a tenacidade de seu criador são exemplos perfeitos de uma história de sucesso.
Foi diretor da ABINEE (Associação Brasileira das Indústrias Eletro - Eletrônicas), de São Paulo. Membro da Federação das Indústrias do Ceará, assim
como da Associação Comercial do Ceará e da União das Classes Produtoras.
Após o falecimento do fundador, em 1983, a FAE se manteve em família, sob a presidência de Cristiane Freitas Bezerra Lima. A empresa chegou
ao século XXI especializando-se na medição de energia e água, exportando
suas inovações para diversos países.
Em 2010 a divisão de energia da empresa tornou-se Eletra Energy
Solutions, resultado de uma aliança com a Hexing, líder mundial em medição eletrônica de energia, comercializando mais de oito milhões de
medidores por ano e com portfólio completo de soluções AMI. Essa união
está proporcionando aos clientes a experiência de mercado e agilidade
da FAE com produtos e tecnologia de ponta distribuídos mundialmente
pela Hexing. A FAE é referência no segmento, uma das maiores produtoras do setor na América Latina, ocupando posição destacada no mercado
brasileiro e internacional, respeitada no mercado como sinônimo de qualidade e modernidade.
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Fotosensores Tecnologia Eletrônica
A primeira versão da tecnologia usada para fiscalização eletrônica de
trânsito desenvolvida pela Fotosensores® Tecnologia Eletrônica Ltda foi
posta à prova em Fortaleza, em 1994. Os resultados foram excelentes no
registro de infrações como avanço de sinal vermelho, parada sobre a faixa
de pedestres ou excesso de velocidade, contribuindo, de imediato, para a
redução de acidentes de trânsito na cidade.
A história da Fotosensores® havia começado um ano antes, no
Padetec/UFC - Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará. O projeto de expansão comercial veio em seguida, priorizando
o desenvolvimento de soluções inovadoras para gerenciamento de trânsito e
segurança de condutores e pedestres, apoiando a administração pública na
gestão de dados, engenharia de tráfego e fiscalização das vias, contribuindo
assim para a boa formação do cidadão e reeducação dos motoristas.
Empresa de capital privado, a Fotosensores® tem à frente os sócios Francisco Baltazar Neto e Julio Antonio Marcello Boffa. No Brasil, foi a primeira no ramo de fiscalização eletrônica de trânsito a receber certificação de
qualidade pela certificadora Bureau Veritas Certification, acreditada pelo
INMETRO. Toda sua linha de produtos é certificada com a qualidade ISO
9001:2008, nas áreas de projeto, fabricação, desenvolvimento, fornecimento, instalação, manutenção, pós-venda e operacionalização dos sistemas.
O negócio da empresa é oferecer soluções para a gestão da mobilidade
no trânsito e segurança da sociedade. Sua Missão é contribuir para a mobilidade urbana sustentável e melhoria da qualidade de vida, obedecendo aos
Valores da ética, inovação, respeito à cidadania, comprometimento e auto-crescimento. Daí haver estabelecido uma política de Responsabilidade Social
ampla, que inclui o apoio à recuperação do Teatro João Barreto dos Santos,
no município cearense de Guaraciaba do Norte, levando cultura, educação e
oportunidades de inclusão social para os moradores da região. Daí também a
decisão de proporcionar a seus colaboradores um ambiente de trabalho saudável, incentivando formação educacional e ascensão interna.
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Gerdau
A Gerdau no Ceará
O início das atividades da Gerdau no Ceará ocorreu no ano de 1979,
com a instalação de uma unidade da Comercial Gerdau em Fortaleza. Três
anos depois, em 1982, entrou em operação a Usina Cearense, localizada
no município de Maracanaú, então com uma capacidade instalada de 60
mil toneladas anuais de aço bruto, a qual foi duplicada em 1997.
Atualmente, além da usina e da unidade da Comercial Gerdau em Fortaleza, a Gerdau conta uma unidade de Corte e Dobra de aço, em Maracanaú, e mais uma unidade comercial, em Juazeiro do Norte.
Em 1946, Curt Johannpeter, genro de Hugo, assumiu a direção da empresa e comandou uma fase decisiva de expansão dos negócios: o início da
produção do aço. Em 1948, é adquirida a usina Riograndense, localizada
também em Porto Alegre, para garantir o fornecimento da matéria-prima. A
nova unidade antecipou o conceito de mini-mill, modelo baseado no uso
de sucata e na comercialização regional, que permitiu ter custos operacionais mais competitivos.
A Usina Cearense está estrategicamente posicionada para atender às
demandas dos mercados da Construção da Civil e da Indústria. A preocupação com o consumo e a economia de energia sempre fez parte do
cotidiano da empresa, que se tornou a primeira usina de produção de aço
brasileira a ser projetada para trabalhar com a mínima necessidade de reaquecimento e, portanto, com grande economia de energia.
O marco do início da expansão da Gerdau para outros estados do Brasil ocorreu em 1968, com a aquisição da Usina Açonorte, em Pernambuco,
enquanto o primeiro passo no processo de internacionalização ocorreu no
Uruguai, com a aquisição da Laisa, em 1980. Esse movimento se seguiu
com a compra da Courtice Steel, localizada na província de Ontário (Canadá) em 1989. Ao longo dos anos seguintes, a ampliação dos negócios
fora do País resultou na entrada dos mercados do Chile, Argentina, Estados
Unidos, Colômbia, Espanha, Peru, México, Venezuela, República Dominicana, Guatemala e Índia.
Assim como em todas as unidades industriais da Gerdau, a Usina
Cearense capacita constantemente seus colaboradores com o objetivo de
estimular a inovação, a responsabilidade individual e a conquista de resultados diferenciados. A Gerdau no Ceará também é reconhecida por
sua atuação nas áreas de responsabilidade social e gestão ambiental. Entre os prêmios recebidos, destacam-se o Prêmio Responsabilidade Social
(2004 a 2008), outorgado pelo SIMEC e o Prêmio FIEC por Desempenho
Ambiental (2008 e 2009).
Hoje, a Gerdau é líder na produção de aços longos nas Américas e
uma das maiores fornecedoras de aços longos especiais no mundo. Possui
45 mil colaboradores e operações industriais em 14 países – nas Américas,
na Europa e na Ásia –, as quais somam uma capacidade instalada superior
a 25 milhões de toneladas de aço. É a maior recicladora da América Latina
e, no mundo, transforma, anualmente, milhões de toneladas de sucata em
aço. Com cerca de 140 mil acionistas, a Gerdau está listada nas bolsas de
valores de São Paulo, Nova Iorque e Madri.
Trajetória de muitas conquistas: crescimento no Brasil e no mundo
Arquivo Gerdau
Há 110 anos, João Gerdau e seu filho Hugo lançaram as bases da fábrica de pregos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A partir dela, foi construída uma história empresarial de sucesso, marcada pelo empreendedorismo
das gerações seguintes da família Gerdau Johannpeter.
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Gram-Eollic
A Gram – Eollic Indústria de Artefatos de Metais e Projetos Ltda. foi fundada
em novembro de 1989, produzindo inicialmente grampos e chips para escritório.
Desde então assumiu desafios pioneiros na criação de projetos. Em uma época
quando não predominava a palavra inovação a empresa já se lançava para esta
destinação, sob a marca Gramp do Nordeste, já conhecida no Mercado.
A partir daí, Fernando Alves Ximenes, o presidente, filho de papeleiro e
livreiro contábil, não parou de criar e inovar. Por muitos anos sua empresa
foi a primeira do Nordeste a produzir grampos e chips para escritório, bobinas para fax, papel GRAM-PAPER A4 e outros produtos do segmento, até
o desenvolvimento de máquinas industriais.
dente e inteligente para universidades, avenidas, praças públicas e particulares, pousadas, AEEs - Áreas Ecológicas Eólicas, além de se encontrar em
testes com o carro Quadriflex.
A empresa tem entre seus objetivos o propósito de continuar desenvolvendo
tecnologias contemporâneas, atendendo as necessidades regionais, nacionais e
mundiais, criando produtos que contribuam para o desenvolvimento industrial
e comercial, para o bem estar de todos, cuidando do meio ambiente e sustentabilidade, conduzindo pesquisas científicas com inovação e pioneirismo.
Fatos como os “apagões” energéticos de 2001 e os novos parâmetros de
Mercado assinalaram mudanças. Sua unidade fabril viu-se impossibilitada de
atender aos pedidos, pela falta de energia elétrica, o mercado papeleiro mudou, a informática se impôs e a demanda de grampos, chips e blocos impressos não manteve o ritmo anterior, levando a uma reconfiguração da empresa.
Como forma de alavancar os negócios Fernando desengavetou um antigo projeto de gerar sua própria energia. Para isso amparou-se em pesquisas
de mercado, buscando avaliar as necessidades locais, nacionais e até mesmo
mundiais, concluindo ser inadiável encontrar solução imediata para o abastecimento energético, o desaquecimento global e a auto-sustentabilidade.
Veio daí a ideia de criar postos elétricos que dessem suporte aos carros
elétricos. A ideia evoluiu para o poste elétrico eólico e solar, auto-suficiente, inteligente e independente. Levado ao Governo do Estado do Ceará, o
projeto recebeu o devido apoio, levando à instalação no Palácio Iracema,
sede do Governo estadual, do Poste Inteligente Eólico e Solar com Avião,
que conquistou o primeiro lugar no Inova Nordeste-Fiec 2010.
O prêmio funcionou como um importante incentivo, e ao mesmo tempo, como um desafio para que a empresa mostrasse ainda mais. Havia
outros projetos em desenvolvimento cujas atividades foram imediatamente
aceleradas. Hoje a Gram-Eollic desenvolve projetos de energia indepen-
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Inelsa - Indústrias Elétricas Elite S/A
A Inelsa – Indústrias Elétricas Elite S/A foi fundada em 1965, sendo pioneira na fabricação de equipamentos eletromecânicos no Ceará. Na época,
a fábrica ocupava 800m2 de área coberta, onde trabalhavam não mais que
uma dezena de funcionários. Nesse primeiro momento atuava como apoio
à empresa comercial do fundador, José Thomé de Saboya e Silva, pai de três
dos atuais diretores.
Na Inelsa são utilizados componentes procedentes de fabricantes mundiais renomados, parceiros como Siemens, Schneider, Cuttler-Hammer,
Weg e Ficap, o que resulta em uma qualidade superior, atendendo as especificações e preferências dos clientes. A estes, o corpo técnico qualificado
e experiente está capacitado para sugerir e oferecer soluções para as mais
exigentes aplicações.
A partir da década de 1970 os dirigentes passaram a dedicar-se de
forma exclusiva à empresa. A Inelsa ganhava vida própria, mantendo o
objetivo industrial de seu início: fabricar equipamentos eletromecânicos,
mantendo um padrão de qualidade à altura da tradição e conceito de seus
fundadores, respeitando seus clientes.
A Inelsa tem como parâmetro a responsabilidade que leva ao cliente,
com a confiança e a credibilidade de quem, há mais de quatro décadas,
continua trabalhando com energia.
O primeiro projeto de ampliação foi elaborado com apoio dos órgãos
institucionais de desenvolvimento. A área industrial foi triplicada, tornando
possível aumentar também a produção e geração de novos empregos. A década de 1980 trouxe a elaboração de um novo projeto, dessa vez possibilitando não só a ampliação, mas a relocalização da Inelsa no Distrito Industrial, no município de Maracanaú, a 12km de Fortaleza, onde as atividades
foram iniciadas em outubro de 1988. A indústria ocupa agora 28.000m2 de
terreno e 6.000m2 de área coberta, proporcionando 153 empregos diretos
e 612 indiretos.
Entre seus diferenciais competitivos a Inelsa produz equipamentos eletromecânicos para múltiplas aplicações, tendo como foco a fabricação e
montagem de quadros elétricos, como QBGTs, Cúbicos Blindados classe
15kv, Centro de Comando de Motores, Painéis de Distribuição de Força,
Bancos de Capacitadores para correção de fator potência, Bus-WAY, entre
outros. Os produtos são fabricados dentro das normas brasileiras de engenharia elétrica, adotando modernas técnicas e seguindo rigorosos padrões
de qualidade e testes. A pintura eletroestática a pó é aplicada precedida de
um processo de tratamento de chapas metálicas com decapagem e fosfatização, o que confere grande durabilidade aos produtos.
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Indumetal
A fundação da Indústria Metalúrgica de Carlito Pamplona Ltda. – INDUMETAL no primeiro dia de outubro de 1974, tendo à frente Cícero Campos Alves e Edilaine de Albuquerque Alves, visava atender a um mercado
específico: a fabricação de eletro ferragens, uma visível carência à época
no setor metalúrgico do Ceará. Com sede instalada em prédio modesto, em
área não superior a 1.000 m², essa empresa genuinamente cearense partiu
para se firmar no mercado regional, o que de fato conseguiu. Aos poucos a
produção ganhou impulso e um crescimento natural, derivado da filosofia
de buscar parceria com clientes e fornecedores.
Hoje a empresa dispõe do espaço físico de aproximadamente 4.000 m²
de área construída, contando com equipamentos modernos e a colaboração de uma equipe de funcionários especializados, voltando-se à fabricação de eletro ferragens galvanizadas para telecomunicações, redes elétricas
de alta e baixa tensão e serviços de galvanização e montagens diversas.
Os produtos INDUMETAL são fabricados em aço carbono 1010 a 1020,
conforme norma ABNT-SAE. O acabamento se dá através do processo de
zincagem por imersão a quente, de acordo com a norma ABNT – NBR
6323. O resultado são produtos de qualidade, testados no laboratório próprio da empresa, de onde são acompanhadas todas as etapas que vão do
controle de recebimento da matéria-prima ao processo de fabricação.
Tudo isso é parte do Programa de Qualidade desenvolvido pela INDUMETAL: aprimorar os produtos, buscar maior produtividade e competitividade, obter redução de custos através do treinamento dos colaboradores e
dos investimentos em inovações tecnológicas. A busca pela parceria com
fornecedores prosseguiu ao longo de suas quase quatro décadas de atividade. O desenvolvimento das condições de trabalho dos colaboradores tem
acompanhado o processo, chegando a um nível comprovado de satisfação
das necessidades dos clientes, adotando como política da qualidade ser
sinônimo de eficiência, qualidade e confiabilidade em seu setor.a
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Metalmecânica Maia
A empresa Metalmecânica Maia, nasceu em 1987, em Fortaleza, no
Bairro Conjunto Ceará, do espírito empreendedor do Engenheiro cearense,
nascido em Carúba no município de Morada Nova, Raumiro Maia. Desde
o início foi orientada pela visão desafiadora de produzir peças e componentes para outras indústrias. Hoje, com mais de duas décadas de funcionamento, a fórmula para o sucesso revela-se mais atual do que nunca.
Devido a necessidade de expansão do seu parque fabril, que tornou-se
restrito por constantes aquisições de máquinas e equipamentos, mudou-se
para o Município de Eusébio no final do ano de 2000, hoje instalada em 90
mil m2 com uma área coberta de 50 mil m².
Com o suporte de uma ampla e moderna infra-estrutura operacional, a
MMaia colabora ativamente com empresas que desejam ampliar seus potenciais
produtivos ou desenvolver novos produtos. Um diferencial importante da MMaia
está na facilidade de se adequar a novos processos e produtos com agilidade,
investindo constantemente na aquisição de novas máquinas e equipamentos,
em gestão de pessoas e da produção. Hoje, a MMaia, tem o mais diversificado
parque fabril na área metalmecânica do Norte e Nordeste do Brasil, com equipamentos de última geração e processos otimizados, oferecendo versatilidade e flexibilidade para realizar os mais diferentes projetos em um só lugar. A MMaia se
propõem a ser parte da linha de produção das empresas de seus clientes, fornecendo produtos fabricados através de processos diversos, que a permite atuar em
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diversos segmentos industriais como: automotivo, motociclismo, aeronáutico,
eletrodomésticos, elétrico, eletroeletrônicos, metroviário, unidades de medição,
moveleira, mobiliários urbanos, dentre outros. O foco primeiro no atendimento
da produção de seus clientes e a busca de competências para transformá-las em
realidade, a tornou uma das maiores empresas de estamparia e fabricação de
componentes metálicos do Brasil, com fabricação de mais de 5.000 itens diferentes de acordo com a demanda de seus clientes. Atuando em nível nacional e
internacional, investe constantemente em modernização e na melhoria continua
de seus produtos e serviços, tendo obtido a certificação ISO 9001, visando garantir competitividade, credibilidade e confiabilidade de seus produtos.
O caráter de ousadia e inovação também está presente nas ações de responsabilidade social. Em 2006, fruto de um convênio com o governo do estado, atuando de forma pioneira no território nacional, implantou uma linha
de produção dentro do Centro Educacional Patativa do Assaré, dando oportunidade para que adolescentes em regime de reclusão adquiram postura
profissional e mudem seu foco comportamental. O sucesso do projeto é tamanho, que muitos desses jovens têm a oportunidade de serem aproveitados
na Metalmecânica Maia após o cumprimento da medida sócio-educativa.
Assim a MMaia molda sua credibilidade de forma firme e irretocável, tornando o seu slogan na sua maior realidade:
“MMaia, credibilidade moldada no aço!”
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Metalic
A Cia Metalic Nordeste é a única fabricante de latas de aço em duas peças para bebidas nas Américas. Fundada em setembro de 1997 por iniciativa da família Steinbruch, a Metalic tornou-se pioneira no Brasil, disputando
o mercado de latas para bebidas com os grandes fabricantes mundiais de
latas de alumínio.Certificada pela ISO 9001/2008 no processo produtivo
de latas e tampas e em seu sistema de gestão, a Metalic é a única empresa
do setor a possuir equipamentos duplos de inspeção eletrônica interna e
externa das latas e tampas que garantem a qualidade em 100% de seus
produtos.Em novembro de 2002, a Metalic foi adquirida pela Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), uma das maiores siderúrgicas do mundo e a
única fabricante do aço DWI, principal matéria-prima utilizada pela Metalic.Em 100 mil m² de área, a Metalic consome anualmente 30 mil toneladas
de aço e produz 900 milhões de latas de aço para bebidas e 1,6 bilhões de
tampas, atendendo os mercados do Norte e Nordeste e exportando tampas
para as Américas do Sul e Central, Europa e África.A Metalic possui desde
2001 o Programa Reciclaço de responsabilidade sócio-ambiental, que tem
objetivo garantir a recuperação das latas de aço para bebidas pós-consumo, através da conscientização da população para os aspectos ecológicos
e ambientais e do incentivo à coleta por parte das Cooperativas e Associações de Catadores. Atualmente o índice de reciclagem da lata de aço para
bebidas é de 81,5%, o que representa um recorde mundial.
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Petral
O Grupo Petral teve início a 30 de junho de 1981, com a fundação da
empresa Petral Peças para Tratores Ltda, tendo à frente João Leite da Silveira.
Nascido em Juazeiro do Norte, João deixou o setor de farmácias para comercializar tratores usados, alugar, desmanchar e sucatear máquinas pesadas destinadas à construção civil, obras de estradas e trabalhos em açudes. Próximo
à aposentadoria vendeu a empresa aos filhos Ronaldo, Ricard, Suzy e Suely
Pereira da Silveira. A partir de 1990, com o falecimento precoce de Ronaldo,
os irmãos deram novo rumo à Petral, voltando-se à distribuição de produtos
siderúrgicos e materiais para serralheiros e para a indústria metal mecânica.
Não só o caminho era novo como a participação se fez diferenciada. A
Petral partiu para oferecer material destinado ao uso industrial e manutenção. Agregou serviços de corte de materiais sob medida para cada cliente.
Passou a contar com um moderno banco de corte com serras de fita. Construiu uma expertise reconhecida em oxicorte de chapas, confeccionando
placas e bases para as mais diferentes aplicações, entre as quais a construção de galpões, de estampas e de moldes para plástico.
A fundação da Ross Comercial de Máquinas - cujo nome remete às
iniciais de seus diretores - se deu em 1992 e assinalou a diversificação da
linha de atuação do Grupo. A Ross cresceu atendendo à demanda do setor metalmecânico, tornando-se fornecedora de máquinas e equipamentos,
hoje fabricados em Shaoxing, na China.
com a empresa J.Lopes, concorrente no ramo de industrialização de sucatas
metálicas, coletando e separando sucatas metálicas, picotagem, oxicortagem
e prensagem, transformando o material sucateado em matéria-prima para a
indústria siderúrgica e para fundições. A inclusão de máquinas no processo
industrial modernizou e impulsionou o setor de reciclagem metálica, com
ganhos na produtividade e na qualidade do produto final.
Dois anos mais tarde o Grupo Petral adquiriu parte das cotas da empresa LOCSUL Engenharia de Instalações Provisórias, do empresário Andre
Cardoso. A empresa, uma das maiores do ramo, é especializada em fabricar e alugar módulos habitáveis, dormitórios, escritórios, almoxarifados,
banheiros e ambulatórios. Por obedecer rigorosamente à norma NR18, é
produto de grande procura no mercado de construção civil e de montagens
industriais, atendendo as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Em conjunto, o Grupo Petral compõe interessante cadeia estratégica e sustentável no setor metalmecânico: a Petral fornece aço para o mercado; a Ross importa
e vende máquinas; a Sucacel comercializa produtos reciclados; a LOCSUL apóia
a execução de projetos e construções; e a Jangurussu compra e transforma resíduos
metálicos em matéria prima, novamente utilizada pela indústria de transformação
mecânica, justificando assim o slogan do Grupo: Petral, seu amigo de ferro.
Em 2004 foi ampliada a participação empresarial com a fundação da Sucacel
Sucataria Cearense Ltda. Tendo como foco a reciclagem por reaproveitamento,
ou seja, aquela na qual o cliente escolhe os produtos que podem ser reutilizados,
a custos bem menores, a Sucacel oferece produtos metálicos e máquinas usadas
e recuperadas, incluindo sobras das grandes obras estruturantes do Estado. Uma
curiosidade: sua sede, com 20 mil m2, no município de Maracanaú, foi inteiramente construída com material reciclado, do aterro do terreno ao mobiliário.
Sob a liderança do engenheiro mecânico Ricard Pereira Silveira, em 2007
nasceu a Jangurussu Comércio de Sucatas Ltda., fruto da junção estratégica
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R. Amaral Advogados
Com tradição no mercado, R. Amaral Advogados busca assessorar os
seus clientes desde as rotinas mais simples às questões mais complexas,
focado sempre em buscar a solução que melhor se adeque às necessidades
de quem o contrata.
Para tanto, vale-se de uma estrutura moderna, reunindo advogados de
aprofundado conhecimento técnico e prático em cada área do direito empresarial (tributário, trabalhista, contratual, societário, civil e administrativo/ambiental), permitindo uma assessoria jurídica especializadíssima.
Desde 2009, o referido escritório atua em parceria com o SIMEC, disponibilizando aos associados os serviços de consultoria e assessoria na área tributária.
Neste contexto, destacam-se as seguintes ações:
• Prestação de informes tributários nas reuniões mensais da diretoria;
• Participação ativa na Câmara Setorial Eletrometal;
• Atuação na SEFAZ-CE com a finalidade de diminuir a carga tributária incidente sobre os produtos fabricados pelos associados utilizados pela
construção civil;
• Obtenção de decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª. Região reconhecendo a ilegalidade da incidência de contribuição previdenciária patronal sobre as verbas pagas pelos associados aos seus empregados a título
de aviso prévio indenizado, auxílio-doença/acidente, horas extras e terço
constitucional de férias;
• Orientação dos associados na consolidação do REFIS IV;
• Realização de reunião com a contabilidade dos associados para uniformizar procedimentos e estratégias em relação a nova decisão do CARF,
que ampliou a possibilidade de créditos de PIS/COFINS;
Ao procurar R Amaral Advogados, esteja certo de receber atendimento
experiente e personalizado, é assim que trabalhamos pelo seu direito.
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Sangati Berga
Muito trabalho, e muita dedicação. Sobre esta base foi fundada a Sangati Berga, em julho de 1992, com uma unidade produtiva instalada em Fortaleza, no Ceará, e um escritório técnico comercial em São Paulo. O foco estava na produção
e comercialização de máquinas e equipamentos direcionados ao processamento
de cereais, para atender aos setores de moagem de trigo e de milho, fábricas de
misturas de pulverulentos no setor alimentício, fábricas de rações, beneficiamento de arroz, e instalações portuárias para carga e descarga de cereais a granel.
A ampliação das instalações se deu aos poucos, acompanhada pela capacitação
dos funcionários e por investimentos na otimização das tecnologias. Hoje a Sangati
Berga representa uma realidade capaz de responder às crescentes exigências do mercado, com tecnologia competitiva, fruto de sua experiência, de sua organização e de
processos produtivos funcionais. Sua estrutura técnica conta com meios tecnológicos
essenciais para a definição de seu perfil, projetando e desenvolvendo máquinas e instalações completas na modalidade turn-key, em todos os seus setores de atuação.
Em novembro de 2007 a empresa foi certificada conforme a Norma NBR
ISO 9001:2000, após auditoria externa realizada pela empresa BSI - British
Standards Institution. O escopo da certificação engloba Projeto e Fabricação de
Máquinas e Equipamentos para Processamentos de Cereais. A ISO 9001:2000
é garantia internacional de que a empresa é capaz de fornecer, regularmente,
produtos e serviços que atendam às necessidades e expectativas de seus clientes.
Importante destacar que este Certificado tem um valor especial para os
colaboradores da Sangati Berga, que participaram ativamente do desenvolvimento do Sistema de Gestão, mostrando-se imprescindíveis para esta conquista que marcou uma nova fase da empresa. Atender cada vez melhor ao
cliente e aperfeiçoar continuamente o Sistema de Gestão da Qualidade são
os desafios assumidos hoje, e sempre.
Missão - Desenvolver soluções para transformação de cereais em alimentos, projetando e fabricando máquinas, equipamentos e instalações, com
elevado padrão de qualidade, assegurando a satisfação total dos clientes,
acionistas, colaboradores e parceiros, respeitando o meio ambiente e
contribuindo, assim, para o desenvolvimento social.
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Visão - Ser a melhor fornecedora das Américas de máquinas, equipamentos e instalações para o beneficiamento de cereais.
Política da Qualidade Sangati – PQS - • Desenvolver profissionalmente os
funcionários; • Atender as especificações; • Cumprir os prazos de entrega;
Melhorar continuamente os processos. A Política da Qualidade Sangati Berga é norteada pelos princípios da Ética, Integridade, Trabalho em Equipe,
Compromisso e Foco no Cliente.
Ética - Respeitamos os princípios, as políticas e os procedimentos definidos
pela empresa, trabalhando com honestidade, profissionalismo e transparência.
Integridade - • Somos leais à empresa e promovemos essa conduta em nossos relacionamentos; • Somos justos com as pessoas, em todas as situações.
Trabalho em equipe - • Colocamos os interesses da Sangati Berga S.A.
acima de interesses individuais; • Compartilhamos informações e recursos; • Operamos de forma planejada e integrada, apoiados numa visão
sistêmica, assegurando o alcance dos objetivos.
Compromisso - • Somos dedicados, motivados e responsáveis; • Somos
responsáveis por nossas ações e suas consequências; • Somos empreendedores e temos o senso de urgência, agindo sem demora.
Foco no cliente - • Estamos focados em nossos clientes; • Somos dedicados a fornecer produtos e serviços da mais alta qualidade; • Desenvolvemos
e mantemos relacionamentos positivos e de confiança.
Objetivos da qualidade - A diretoria da Sangati Berga S.A. estabelece
como Objetivos de Qualidade:
• Capacitar profissionalmente os funcionários; • Atender às necessidades
dos nossos clientes no que se refere à qualidade e prazo de entrega; • Gerenciar a Qualidade dos processos para obter padronização das atividades e o
atendimento às especificações e requisitos dos clientes; • Buscar a melhoria
contínua nos processos, produtos e Sistema de Gerenciamento da Qualidade.
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SENAI
A história do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Brasil
vem de 22 de janeiro de 1942. Idealizado pela Confederação Nacional
da Indústria, e criado por Getúlio Vargas, conforme Decreto Lei 4.048, tinha por objetivo investir na formação de profissionais adequados à fase de
intenso crescimento industrial do país, em especial de São Paulo. Por ser
muito presente a força dos nordestinos, percebeu-se desde logo a importância de estabelecer Delegacias Regionais do SENAI no Nordeste. A do
Ceará foi uma das primeiras a ser instalada, ainda em 1942. Entretanto, sua
data oficial de instalação é 27 de novembro de 1943, quando foi nomeado
o primeiro diretor do SENAI/CE, o engenheiro Antonio Urbano de Almeida.
dos serviços operacionais em soldagem e ferramentaria, e com a disponibilização de laboratórios como o de Metrologia - localizado na escola do
SENAI de Maracanaú -, oferecendo serviços de calibração de instrumentos,
medições de alta exatidão, ensaios mecânicos e caracterização de materiais.
A concretização dos projetos estruturantes no Ceará irá certamente ampliar a necessidade de formação de mão de obra para a indústria. E em setores como construção civil e metal-mecânico a demanda por profissionais
especializados já é imediata. Por isso o SENAI/CE está se reestruturando
para atuar em áreas como siderurgia/metalurgia, petróleo e gás e energia
eólica, assegurando assim a continuidade de sua parceria.
Apesar de integrar o Sistema FIEC, o SENAI foi instituído antes mesmo da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC. Desde então vem acompanhando a evolução do setor industrial cearense, oferecendo cursos de
educação profissional para atender às necessidades das empresas por mão
de obra qualificada e por inovação, atuando em favor dos diversos segmentos industriais do estado, inclusive do setor metalmecânico, e apresentando-se como referência na educação profissional para a indústria cearense.
Seus cursos são formatados a partir de uma metodologia com base em
competências. São montados comitês técnicos setoriais, compostos por
representantes de indústrias, universidades, sindicatos e profissionais da
própria entidade, identificando as demandas da indústria e o perfil dos
profissionais requeridos pelo mercado. O SENAI/CE também atua no apoio
às indústrias em suas necessidades de inovação, por meio dos serviços técnicos e tecnológicos, como provedor de soluções destinadas a criar ou
qualificar processos e produtos industriais, tanto através de consultorias
e serviços laboratoriais como disponibilizando informações tecnológicas.
Atualmente, o SENAI/CE desenvolve atividades em 25 áreas industriais.
No caso específico do segmento metal-mecânico, são mais de 30 cursos em
diferentes modalidades, à disposição das empresas. As indústrias do setor
contam ainda com o apoio dos serviços técnicos e tecnológicos, a exemplo
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Tabuleiro Aço Molas Tabuleiro
Pensar como o cliente. Entender o que ele precisa. Contribuir para a geração de ideias e criação de alternativas. Desde o início da década de 1990
foram estes os parâmetros que orientaram a empresa Tabuleiro Aço Indústria e Comércio Ltda, estabelecida no município cearense de Tabuleiro do
Norte. Em um primeiro momento a empresa se voltava a comercializar aço
para a construção civil. Em seguida o foco se voltou para atender a demanda natural da movimentação de veículos na cidade, conhecida como Cidade dos Caminhoneiros, sem se desviar de seus parâmetros iniciais.
Surgiu aí uma nova empresa: Molas Tabuleiro, empreendimento assentado nas inovações em tecnologia de produção, possibilitando atendimento às
exigências de qualidade e segurança do mercado automobilístico, destacando
também o investimento em matéria-prima, na logística de distribuição e na
ampliação da capacidade de atendimento. Juntos, esses elementos resultaram
em um crescimento contínuo, refletido na expansão para além das fronteiras
do estado e da região, encontrando-se hoje presente no cenário nacional.
Além de molas laminadas para feixes é oferecido um amplo leque de produtos,
em especial a partir de 2007, quando deu início à linha de buchas de latão, parafusos de centro, grampos, rebites, pinos de mola, porcas, braçadeiras, suporte, arruelas,
espaçadores, mancais e todos os acessórios necessários, saídos de suas modernas
instalações. A distribuição de aço e ferro para a construção civil foi mantida, levando
ao mercado vergalhões, cantoneiras, barras chatas, telas painel, treliças e chapas.
O ano de 2009 foi um marco na produção de uma linha própria de material para construção, expandindo vendas para todo território nacional e fazendo uso de frota própria de caminhões, para garantir agilidade a sua logística.
Um corpo técnico qualificado, com mão de obra especializada, facilita o
atendimento e garante maior segurança ao cliente. A responsabilidade social e
o respeito ao meio ambiente são tópicos prioritários da Tabuleiro Aço e Molas
Tabuleiro, aplicados por meio de ações como o cuidado com a fertilidade do
solo ou o consumo consciente da água, amenizando os impactos ambientais
locais e marcando o quadro de liderança nos cenários em que atuam.
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Tentáculos Guindastes
Em atividades desde 8 de outubro de 1998, a empresa Tentáculos
Guindastes foi fundada pelo empresário Matias José da Silva Neto, à época ligado ao ramo de ferros e sucatas industriais, que soube vislumbrar,
nos sinais de crescimento de Fortaleza e Região Metropolitana, uma demanda inevitável para esse serviço voltado às áreas de construção civil,
indústrias e transporte.
A empresa hoje tem sua sede na cidade de Caucaia, onde iniciou suas
atividades, encontrando-se estabelecida na BR 020, km 2, Parque Potira.
Conta com uma frota de dez caminhões acoplados com equipamentos
hidráulicos, do tipo Munck, todos novos e modernos, como os modelos
40007, 40008, 43000 e 45000, capazes de movimentar até 15 toneladas
e um guindaste.
Atualmente a Tentáculos presta diversos serviços de munck e guindaste em várias obras em Fortaleza, Caucaia e outras cidades no entorno da
capital cearense, participando na construção da Usina Termoelétrica do
Porto do Pecém, na reestruturação da malha viária de Fortaleza ao Porto do
Pecém, na manutenção de viadutos, na montagem de antenas e inúmeros
outros serviços solicitados por empresas, indústrias e clientes particulares.
A meta principal continua voltada ao crescimento anual da frota, agregando equipamentos mais potentes e mais modernos, operados por uma
equipe em constante especialização e atualização, pronta para atender às
solicitações de clientes e parceiros em todo o estado.
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Concepção gráfica: Gadioli Comunicação - www.gadioli.com
Projeto Gráfico: Casssiano Gadioli
Diagramação/Finalização: Samuel Harami

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