RELATÓRIO CIENTÍFICO VIII SIGET

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RELATÓRIO CIENTÍFICO VIII SIGET
RELATÓRIO CIENTÍFICO
VIII SIGET - Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais: Diálogos no Estudo de Gêneros
Textuais/Discursivos - Uma escola brasileira?
USP – 08-10/09/2015
Roxane Rojo (IEL/UNICAMP)
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Criado em 2003, SIGET é um simpósio internacional que teve lugar inicialmente na Universidade Estadual de Londrina, que visa a
discutir o papel e o funcionamento dos gêneros textuais/discursivos nas práticas sociais. Assim foi em Londrina (PR), União da
Vitória (PR), Santa Maria (RS), Tubarão (SC), Caxias do Sul (RS), Natal (RN) e Fortaleza (CE).
Em 2015, o SIGET chega a sua 8ª edição e terá lugar na USP, em São Paulo (SP), como um evento internacionalmente consolidado
e de inconteste prestígio acadêmico (ver http://siget2015.fflch.usp.br/; acesso em: 15/10/2015).
Em suas duas primeiras edições (Londrina e União da Vitória), o SIGET propôs a discussão acerca da pesquisa no Brasil sobre
gêneros textuais. Em Santa Maria, na 3ª edição, discutiu-se, sobretudo, a relação entre os gêneros textuais e a importância de uma
agenda político-pedagógica para colaborar com as políticas governamentais. Em Tubarão, na 4ª edição, o Simpósio, ao contemplar
as diversas escolas de gêneros, consolidou sua internacionalização. Neste IV SIGET, foram selecionados, dentre as 400
apresentações, 24 trabalhos de autores brasileiros e estrangeiros para compor a coletânea Genre in a Changing World, organizada
por Charles Bazerman, Adair Bonini e Débora Figueiredo e publicada pela Parlor Press/The WAC Clearinghouse (504 p.).
Em Caxias do Sul, na sua 5ª edição, a discussão privilegiou a educação, trazendo o ensino para o foco central das discussões. Na 6ª
edição, em Natal, a proposta foi relacionar gêneros e letramentos e, na 7ª, em Fortaleza, tratou-se do funcionamento dos gêneros
textuais/discursivos nas múltiplas esferas da atividade humana.
No mesmo ano de 2013, Benedito Gomes Bezerra (UFPE) traduziu para o português o livro de Anis Bawarshi e Mary Jo Reiff,
publicado em 2010, com o título: Gênero: História, teoria, pesquisa e ensino. Nele, podemos ler que
A pesquisa de gêneros no Brasil tem sido especialmente instrutiva pela maneira como faz a síntese das tradições linguística,
retórica e social/sociológica que descrevemos nos três capítulos anteriores, ao mesmo tempo também lança mão das
tradições de gênero francesa e suíça. Ao fazer isso, os estudos brasileiros de gêneros oferecem um modo de ver essas
tradições como mutuamente comparáveis e capazes de proporcionar ferramentas teóricas pelas quais se possa se
compreender o funcionamento linguístico, retórico e sociológico dos gêneros (BAWARSHI; REIFF, 2010, p.74-75).
Se isso é verdadeiro, o SIGET foi o espaço fundamental para nós, brasileiros, de articulação dessas perspectivas e abordagens.
Assim, o VIII SIGET tomou por tema a questão de se nossos diálogos no estudo dos gêneros textuais/discursivos realmente
instituem uma síntese ou "escola brasileira" com características próprias e, se a resposta é positiva, como isso acontece em diversos
espaços: nas pesquisas e no diálogo com as diferentes tradições de estudo, também representadas por aqui, e no impacto no ensino e
nas políticas públicas de educação linguística, principal, embora não único, campo de atuação social dos pesquisadores brasileiros.
Esta 8ª edição foi organizada por pesquisadores paulistas, de quatro das instituições paulistas de ensino superior -USP, UNICAMP,
UNESP e USF - e foi sediada na Universidade de São Paulo (USP).
As Comissões Organizadoras do VIII SIGET
Comissão Geral
Ana Maria de Mattos Guimarães (UNISINOS)
2
Simpósios (por Eixos Temáticos):
Eixo Temático 1: Gêneros textuais/discursivos e Ensino/Aprendizagem
Coordenadores
Título
Resumo
Vivian Cristina Rio Stella
(UniAnchieta/ PUC-SP)
Marília Mendes Ferreira (USP)
1. Ações nas Universidades para
Nos últimos anos, o processo de internacionalização das universidades
promover o letramento acadêmico em brasileiras se intensificou impondo novas necessidades linguísticas à
português e em línguas estrangeiras : academia. Dentre as ações para se lidar com essa nova demanda, estão:
Em busca de ações conjuntas e troca a oferta de palestras, oficinas e cursos presenciais e a distância, o
de experiências
auxílio à tradução de artigos para o inglês, a constituição de centros de
apoio à escrita acadêmica e a exigência de publicação internacional
para obtenção do título de doutorado. O objetivo deste simpósio é
promover o compartilhamento e a discussão dessas ações a fim de (i)
obter um panorama das ações das instituições de ensino superior para
lidar com a promoção do letramento acadêmico e (ii) de discutir ações
conjuntas para delinear políticas públicas mais claras para essa
questão. As comunicações podem se basear em diferentes abordagens
teórico-didáticas e devem apresentar o objetivo e a descrição da(s)
ação(ões) que indiquem a busca das instituições em preparar a
comunidade acadêmica para o domínio do discurso acadêmico em
língua materna e/ou língua estrangeira. Dentre os temas centrais das
discussões, destacamos os relacionados ao gênero textual acadêmico, a
fenômenos linguístico-textuais (progressão tópica, referenciação), à
autoria (plágio, regras e práticas de citação) e às condições ofertadas
pelas universidades para implantação das ações.
Ana Elvira Luciano Gebara
2. Estabilidade e instabilidade no ensino No Brasil, o aparente consenso sobre o caráter positivo do ensino por
3
(Universidade Cruzeiro do Sul)
Norma Seltzer Goldstein (USP)
Silvio Ribeiro da Silva (UFG)
Ana Silvia Moço Aparício (UNIFEOB)
e na aprendizagem dos gêneros
3. Gêneros textuais: Mediadores no
ensino e aprendizagem de línguas
gênero contrasta com os embates e divergências quanto a sua aplicação
prática na esfera escolar. Inúmeras formas de implementação do ensino
por gêneros têm promovido dúvidas: Qual concepção de gênero
adotar? Os gêneros seriam uma estratégia ou o próprio objeto do
ensino de língua? Quantos e quais gêneros devem ser ensinados? E as
questões de língua como serão contempladas? Como se dá a
aprendizagem dos alunos em ambientes de transposição? Como se
avalia essa aprendizagem? Essas divergências, a nosso ver, derivam do
próprio conceito de gênero, sua instável estabilidade (composicional,
de circulação, função etc.) quando deslocado da posição de estratégia
para a posição de objeto de ensino, cujas características pressupõem
maior nitidez de contornos, uma das exigências do trabalho em sala de
aula (BAWARSHI, REIFF, 2013; MARCUSCHI, 2011). Dentro desse
quadro de questões, este simpósio toma como objeto, a discussão sobre
as premissas e implicações dessas divergências, bem como a
proposição de caminhos possíveis para sua superação que envolvem
tanto as propostas de ensino como a compreensão do processo de
aprendizagem.
Neste simpósio, entendemos os gêneros textuais como mediadores
para a consolidação das práticas escolares, sendo, portanto, elementos
imprescindíveis para o ensino-aprendizagem dos eixos escolares em
Língua Materna e Estrangeira. Com o advento dos estudos sobre os
multiletramentos e os letramentos multissemióticos, serão os gêneros
textuais os responsáveis por abordagens mais abrangentes acerca
desses aspectos, tendo em vista sua característica de apresentar, dentre
outros fatores, mais de uma linguagem num único texto,
possibilitando, assim, meios de tornar o ensino-aprendizagem dos
eixos escolares mais dinâmico e eficiente. Nos documentos oficiais
também figura a defesa de inserção dos gêneros nas propostas de
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ensino-aprendizagem de línguas, considerando que podem ser
importantes para a formação de uma abordagem linguística mais ética
e cidadã. Pensando nisso, neste simpósio, buscamos estudos em
andamento ou concluídos que ampliem as discussões a respeito dos
aspectos teórico-metodológicos-analíticos que coloquem os gêneros
textuais e o ensino/aprendizagem no núcleo do processo. Farão parte
do simpósio estudos que incidam seu foco, por exemplo, na maneira
como os gêneros têm sido vistos na sala de aula pela prática do
professor, bem como de que forma a didatização dos mesmos tem sido
efetivada nos materiais didáticos.
Sonia Sueli Berti Santos (Universidade
Cruzeiro do Sul)
Miriam Bauab Puzzo (Universidade de
Taubaté e PUC-SP)
4. Dialogismo: Gêneros discursivos e
ensino
O conceito de dialogismo é muitas vezes tratado de modo
simplificado e redutor. Na perspectiva de Bakhtin e do Círculo, este
conceito, partindo da concepção dialógica constitutiva da linguagem,
apresenta desdobramentos conceituais abrangendo não só
interlocutores, mas também o contexto sócio histórico, possibilitando
uma visão mais abrangente da comunicação. Este simpósio tem por
objetivo, então, discutir o conceito de dialogismo na perspectiva
bakhtiniana, procurando estabelecer relações dialógicas em enunciados
de vários gêneros discursivos que circulam em diferentes mídias,
utilizados no ensino de língua. Busca-se investigar o processo
dialógico nessa concepção teórica, envolvendo os gêneros do discurso
e o ensino. Nesse espaço podem ser discutidas possibilidades de
exploração de gêneros de várias esferas de produção e circulação como
processos de trabalho dialógico no ensino. A teoria que embasa esta
pesquisa são as obras de Bakhtin e o Círculo: Marxismo e Filosofia da
Lingua-gem (2006), Estética da Criação Verbal (2003), Problemas da
Poética de Dostoiévski (2002), Questões de Estilística no Ensino de
Gramática (2013), que tratam de categorias de análise, tais como:
enunciado, enunciado concreto, relações dialógicas, alteridade, tom
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valorativo, ideologia. De forma semelhante, outros conceitos
decorrentes dessa vertente teórica podem ser explorados, tais como
interdiscurso, intertextualidade e paródia.
Anise d’Orange Ferreira (UNESPAraraquara)
Eliane Gouvêa Lousada (USP)
Ermelinda Maria Barricelli (FAMESP)
5. Gêneros textuais e desenvolvimento
de alunos e professores
Este simpósio objetiva propor um espaço para a discussão sobre o
papel dos gêneros textuais tanto no desenvolvimento de alunos de
língua materna ou estrangeira, quanto no de professores em formação.
Para atingir esse objetivo, os trabalhos apresentados podem se
organizar em torno de três problemáticas centrais: i) o uso de gêneros
textuais para o letramento em língua materna e/ou estrangeira; ii) as
mediações formativas para o trabalho de ensinar; iii) a elaboração de
artefatos e/ou instrumentos para o ensino-aprendizagem de línguas.
Organizadas em torno do quadro teórico central do interacionismo
sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008), as pesquisas
apresentadas neste simpósio estabelecem diálogos com outras
perspectivas teórico-metodológicas, tais como: os novos estudos sobre
o Letramento (Street, 2010), a Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2001,
2008), a Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação
(Amigues, 2004; Saujat, 2004; Faïta, 2004, 2011), a Gramática do
Design Visual (Kress; Van Leeuwen, 2006), entre outros. Acreditamos
que o debate do conjunto dessas pesquisas, concluídas ou em
andamento, poderá contribuir para compreender melhor diferentes
aspectos do papel dos gêneros textuais como instrumentos no
desenvolvimento de alunos que aprendem línguas e de professores em
formação inicial ou continuada.
Siderlene Muniz-Oliveira (Universidade 6. O ensino-aprendizagem de gêneros Este simpósio pretende, de modo geral, reunir comunicações referentes
Tecnológica Federal do Paraná)
em diferentes perspectivas: Pesquisas a pesquisas finalizadas ou em desenvolvimento que abordem a questão
Didiê Ceni Denardi (Universidade
do ensino-aprendizagem de línguas, materna ou estrangeiras, com base
6
Tecnológica Federal do Paraná)
Vera Lúcia Lopes Cristovão (UEL)
em desenvolvimento
Federico Navarro (Universidad Nacional
de General Sarmiento (UNGS) e
7. Géneros de formación y escritura
Universidad de Buenos Aires)
experta: Hacia la validación de un
objeto de estudio
Charles Bazerman (University of
Califórnia)
Natalia Ávila (Pontifícia Universidad
Católica de Chile)
na noção de gêneros. Busca-se, especificamente, apresentar trabalhos
de diferentes vertentes, ou seja, que utilizam bases teóricas de
diferentes correntes e autores que estudam a questão do ensino de
línguas com base em gêneros (discursivos ou textuais) no que se refere
tanto à produção de texto quanto à leitura nos diferentes níveis de
ensino, da educação infantil ao ensino superior. A finalidade maior é
propiciar reflexões sobre o ensino de línguas voltado para o trabalho
com gêneros e o seu papel na formação crítica do cidadão, além de
analisar as semelhanças e diferenças entre as vertentes a fim de
contribuir com desenvolvimento epistemológico sobre o estudo de
gêneros e, possivelmente, para elaboração de um dossiê.
En el contexto regional de expansión del ingreso a la educación
superior, es necesario contar con descripciones situadas y
pedagógicamente útiles de los géneros discursivos de formación que
los estudiantes deben escribir en la universidad: monografía,
planificación, estado de la cuestión, informe de caso, etc. Estos
géneros buscan la instrucción, introducción y evaluación de los nuevos
miembros de las culturas disciplinares. Por tanto, sus características
sociales y textuales se diferencian parcialmente de los géneros
discursivos expertos, los cuales tienen como objetivo la construcción,
comunicación y negociación del conocimiento entre los miembros de
esas mismas culturas. Sin embargo, su estudio muchas veces es
soslayado, pues son considerados versiones imperfectas o artificiales
de los géneros expertos. En este simposio nos proponemos compartir
estudios situados de géneros de formación universitaria; identificar
convergencias y divergencias con las prácticas letradas expertas;
agregar descripciones para articularlas con la práctica pedagógica; y
discutir metodologías posibles para su investigación y enseñanza. En
suma, buscamos validar la investigación de los géneros de formación
7
no como versiones incompletas de la escritura experta, sino como
clases textuales con rasgos propios que merecen ser estudiados. El
simposio se ofrecerá en español, inglés y portugués para afianzar la
colaboración y comunicación regional.
Adriana Nogueira Accioly Nóbrega
(PUC-RJ)
Magda Bahia Schlee (UERJ)
8. Ensino/aprendizagem de gêneros em O objetivo deste simpósio é promover discussões acerca das
uma perspectiva sistêmico-funcional contribuições da Linguística Sistêmico-funcional (Halliday, 1994) para
os estudos de gêneros discursivos em ambientes pedagógicos,
profissionais e/ou públicos, seja em sua modalidade oral ou escrita. A
perspectiva sociossemiótica da Linguística Sistêmico-Funcional
concebe a linguagem como uma rede de escolhas que adquirem
significados em contextos específicos, ou seja, a linguagem é vista
como um sistema utilizado para criar sentidos em diferentes interações
sociais, devendo ser investigada por meio de seu uso e função. De
acordo com tais pressupostos, o simpósio pretende agregar trabalhos
que tenham como propósito debater temas voltados ao
ensino/aprendizagem de gêneros em diferentes contextos, com base no
conceito de Estrutura Potencial do Gênero (EPG) de Hasan (1989) que,
ao propor a configuração contextual, sugere padrões textuais e
contextuais recorrentes aos gêneros, e/ou na perspectiva teleológica de
Martin (1997), que define o gênero como um processo social, realizado
em etapas e com um propósito específico, por meio do qual as pessoas
vivem suas vidas em uma determinada cultura. É com esse foco que o
simpósio contemplará trabalhos que busquem descrever, explicar, bem
como interpretar os propósitos dos gêneros selecionados, considerando
as relações existentes entre gêneros discursivos e ação social.
Eixo Temático 2: Gêneros textuais/discursivos e Formação de professores
8
Coordenadores
Ana Lúcia Guedes-Pinto (UNICAMP)
Carla Lynn Reichmann (UFPB)
Título
Resumo
9. Práticas de letramento e formação de
professores: contribuições de gêneros
textuais na construção identitária
docente
Este simpósio tem como objetivo geral discutir a problemática do uso
social da escrita no âmbito de cursos de formação de professores,
tendo em vista os estudos de letramento (Kleiman, 2006, 2007, entre
outros) e os estudos de gêneros textuais/discursivos (Bakhtin 1997;
Bronckart 1999; Schneuwly e Dolz 2004; Bueno, Lopes e Cristóvão,
2013). Conforme já apontado por Matencio (2006), as práticas de
escrita no contexto de formação universitária contêm diversos indícios
dos modos de apreensão dos estudantes sobre sua formação
profissional. O processo de apropriação escrita de certos gêneros que
circulam na universidade demanda desafios a serem enfrentados, seja
no estágio supervisionado, seja em ações voltadas para a formação
continuada e, nesses termos, este simpósio pretende agregar trabalhos
que explorem diversos gêneros, tais como plano de intervenção e
relatório de estágio, como também relatos autobiográficos e gêneros
emergentes, por exemplo. Em suma, adotando uma perspectiva
sociointeracionista e sublinhando a relevância da escrita situada como
elemento identitário de formação (Kleiman, 2007), pretendemos, no
diálogo com a perspectiva dos gêneros, apresentar resultados de
pesquisa, em andamento e finalizados, que tragam elementos para
reflexão sobre as contribuições de práticas de letramento e gêneros
textuais na construção identitária dos professores.
Adair Vieira Gonçalves (UFGD)
10. Gêneros textuais e formação docente: Uma formação responsiva às demandas educacionais deve se voltar
Eliana Merlin Deganutti Barros (UENP)
Um enfoque no agir educacional e na para a formação de professores capacitando-os a navegar por práticas
Elvira Lopes Nascimento (UEL)
mediação instrumental
de letramento inter e indisciplinares. Com vistas a esse contexto social,
pretendemos desencadear discussões em torno das problemáticas que
envolvem a formação no âmbito do ensino da Língua Portuguesa, sob
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o enfoque de diferentes variáveis concernentes ao trabalho do
professor, ao aluno, à situação de ensino-aprendizagem e aos objetos
de ensino envolvidos no trabalho didático com gêneros textuais –
instrumentos semióticos reconhecidos por sua funcionalidade
praxiológica, sociocultural e pelo tipo de mídia que lhe dá suporte. é
preciso promover ambientes de formação que estimulem os
formandos a refletir sobre as atividades de trabalho, assim como a
tomar consciência das propriedades efetivas e potenciais dos gêneros
textuais como instrumentos para agir nos contextos de ensino e nas
condições sob as quais de dá o aprimoramento das capacidades de
linguagem do aluno. Esses desafios geram tensões em relação ao
sistema de ensino, às demandas sociais e saberes de referência.
Objetivamos reunir trabalhos sobre as práticas educacionais nos eixos
da leitura, produção e análise linguística que evidenciem as tensões e o
papel dos gêneros como instrumentos para práticas significativas em
sala de aula.
Marcia Lisbôa Costa de Oliveira
11.
(FFP/UERJ)
Valéria Campos Muniz (Instituto
Nacional de Educação de Surdos)
Danielle Cristina Mendes Pereira (UFRJ)
Letramentos, comunidades de
práticas e gêneros textuais:
Interseções possíveis na formação de
professores
O simpósio acolherá trabalhos que estabeleçam diálogos entre os
“Novos Estudos do Letramento” e os gêneros textuais/discursivos nos
processos de formação de professores de Línguas para a educação
básica, frente ao quadro atual do ensino brasileiro. Discutiremos
tensões e convergências entre a construção das identidades dos alunos
na interação em comunidades de práticas (ECKERT &
MCCONNELL-GINET, 2010) e práticas de ensino envolvendo
gêneros textuais/discursivos na escola. Entendemos que o letramento
escolar deve considerar as relações entre o contexto de situação, o
contexto de cultura e a linguagem (MOTTA-ROTH, 2011), já que
grupos específicos desenvolvem modos de pensar, falar, ler e escrever
que instanciam identidades particulares (GEE, 2012). Assim, tendo em
vista que os gêneros são formações interativas, multimodalizadas e
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flexíveis de organização social e de produção de sentidos
(MARCUSCHI, 2011), reuniremos trabalhos que compartilhem os
seguintes objetivos: (1) Investigar sentidos e concretizações de
práticas/eventos
de
letramento
envolvendo
gêneros
discursivos/textuais, na formação de professores de alunos ouvintes ou
surdos e (2) Discutir modelos de letramento e suas articulações com os
estudos sobre gêneros textuais/discursivos na formação de professores
de português, inglês e Libras, entre outras línguas.
Tânia Guedes Magalhães (UFJF)
12. O trabalho com gêneros textuais na
Maura Alves Freitas Rocha (UFU)
perspectiva da análise linguística na
Maria Izabel Rodrigues Tognato
formação de professores
(Faculdade Estadual de Ciências e Letras
de Campo Mourão)
Este simpósio temático tem o objetivo de reunir pesquisas que
abordem a relação entre formação de professores de línguas materna e
estrangeira e o ensino de gêneros textuais na perspectiva da análise
linguística. Trata-se de discutir questões relativas à formação inicial
e/ou continuada, que problematizem o ensino por meio dos gêneros
textuais pelo viés da análise linguística nas práticas escolares,
considerando-se a importância do ensino de línguas a partir de práticas
sociais. Percebemos que a relação entre análise linguística e gêneros
textuais ainda está em construção. Nesse sentido, ancoramos nossa
proposta nos aportes teórico-metodológicos do Interacionismo
Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999/2007, 2004, 2006, 2008;
BAKHTIN, 1979/1992/2003; SCHNEUWLY E DOLZ, 2004;
CRISTOVÃO, 2006; CRISTOVÃO, 2009, 2013; CRISTOVÃO E
STUTZ, 2011; STUTZ E CRISTOVÃO, 2011; ABREU-TARDELLI,
2007), bem como na perspectiva da análise linguística (GERALDI,
1984; COSTA-HÜBES, 2010; MENDONÇA, 2006). Enfim,
buscamos oferecer uma oportunidade para discussões por meio da
articulação entre diversos trabalhos que apontem diferentes formas de
contribuir para a melhoria do ensino, colocando em debate os entraves
e avanços existentes nas ações de formação de professores para que
estes possam ser mais conscientes e críticos em relação ao seu próprio
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agir docente e a sua formação e desenvolvimento profissional.
Anderson Carnin (Universidade do Vale 13. Gêneros textuais e formação de
do Rio dos Sinos)
professores: Interação,
Rafaela Fetzner Drey (Instituto Federal
ensino/aprendizagem e
de Educação, Ciência e Tecnologia do
desenvolvimento
Rio Grande do Sul)
Regina Celi Mendes Pereira, Raquel
Basílio (UFPA)
Lília Santos Abreu-Tardelli (UNESP)
Este simpósio temático tem como objetivo discutir as relações entre
interação, ensino/aprendizagem e o desenvolvimento profissional do
professor de Língua Portuguesa mediada pelo/considerando o conceito
de gênero de texto/discurso. Para tanto, elege como alvo de discussão
trabalhos que apresentem reflexões nesse escopo, notadamente na
análise
de dispositivos
efetivos
de
formação
de
professores (BRONCKART, 2010) pautados em experiências de
formação (inicial ou continuada) de professores. Interfaces teóricoanalíticas que privilegiem o conceito de gênero de texto/discurso
enquanto objeto de estudo (na formação de professores) e de trabalho
(no agir docente); análise das capacidades profissionais reais dos
professores; análise dos processos de tomada de consciência do
conceito de gênero de texto e/ou seu desenvolvimento e trabalhos de
transformação ou reconfiguração da profissionalidade docente a partir
do conceito de gênero de texto; e, ainda, reflexões acerca da
profissionalidade docente a partir do uso dos gêneros de texto como
objetos de ensino em sala de aula (em seu sentido praxiológico) serão
acolhidos por este simpósio que, ao final, pretende articular, a partir
das pesquisas apresentadas, as confluências e desafios expostos nesse
campo de pesquisa.
14. O papel dos gêneros como
Nas últimas duas décadas, têm sido evidentes a influência e a presença
instrumentos de desenvolvimento em dos gêneros textuais/discursivos em debates que envolvem práticas
práticas formativas
pedagógicas de ensino de línguas materna e estrangeira sob três
enfoques centrais: na perspectiva de documentos institucionais que
prescrevem e norteiam tais práticas, do ponto de vista daqueles que as
implementam em sala de aula, e na compreensão dos gêneros em
12
contexto de formação de professores, em serviço e/ou em formação
inicial, podendo esse último, englobar as duas primeiras. No epicentro
dessas discussões, a concepção dos gêneros como instrumentos de
desenvolvimento associados a práticas sociais e eventos comunicativos
ocupa uma posição determinante na medida em que confere
legitimidade às ações linguajeiras, em especial, àquelas desenvolvidas
em contextos de ensino-aprendizagem de línguas. Nesse sentido, este
simpósio tem como objetivo retomar a presença dos gêneros
textuais/discursivos nas práticas formativas, possibilitando a discussão
de pesquisas que tratem dessa temática, abordadas por perspectivas
teórico-metodológicas diversas. Pretendemos, com isso, fazer um
delineamento dos avanços, questionamentos e reflexões que esse
“megainstrumento” (SCHNEUWLY, 2004) tem proporcionado no
contexto das práticas de formação de professores.
Eixo Temático 3: Gêneros textuais/discursivos e Descrição de línguas/linguagens
Coordenadores
Orlando Vian Jr. (UFRN)
Benedito Gomes Bezerra
(UPE/UNICAP)
Título
15. Interlocuções entre as teorias de
gêneros no Brasil para o ensino de
línguas: Teorias, metodologias e
aplicações
Resumo
Diversas são hoje as teorias de gêneros em circulação no meio
acadêmico brasileiro e são várias as maneiras como essas teorias vêm
sendo apropriadas e exploradas pelos pesquisadores de acordo com
suas questões e objetivos de pesquisa, teóricos ou aplicados. Esse
cenário, principalmente em razão de os Parâmetros Curriculares
Nacionais de ensino de língua materna e de línguas estrangeiras
sugerirem um ensino baseado em gêneros textuais/discursivos, tem
levado muitos pesquisadores brasileiros, impulsionados pelas
13
necessidades impostas por seus contextos, a promover diálogos entre
diferentes teorias de gêneros, com o objetivo de satisfazer a tais
necessidades e de forma a abordar os diversos aspectos concernentes
aos gêneros, quer sejam retóricos, linguístico-gramaticais, contextuais,
sociológicos, dentre outros requeridos para o ensino. A partir dessa
realidade, este simpósio tem por objetivo congregar pesquisadores que
discutam o modo como põem diferentes teorias em diálogo e a forma
como o fazem, bem como os aspectos epistemológicos, metodológicos
e teóricos que observam para tais interlocuções para atender suas
necessidades de ensino em contextos de ensino fundamental, médio,
EJA, superior, escolas particulares, de idiomas, assim como outros
contextos de ensino/aprendizagem.
Sostenes Lima (UEG)
16. Análise crítica de gêneros e ensino
Adair Bonini (UFSC)
Maria Luiza Monteiro Sales Coroa (UnB)
Em termos de ensino-aprendizagem, a Análise Crítica de Gêneros
(ACG) compreende dois planos: a) discussão de metodologias de
ensino que favoreçam a construção de saberes críticos e de ação social
politizada (leitura crítica de textos jornalísticos, participação em
debates, atuação crítico-autoral em mídias escolares, etc.); e b)
produção de pesquisas, materiais e procedimentos que auxiliem o
trabalho pedagógico crítico (pesquisas que evidenciem o papel do
gênero no desencadeamento de práticas desiguais ou, noutro sentido,
de práticas igualitárias e emancipatórias). Este simpósio temático
busca, assim, apresentar e discutir a ACG como um conjunto de
instrumentos teóricos e de procedimentos analíticos fundamentais para
se investigar/ensinar criticamente variadas práticas discursivas. Isto é,
procura apontar contribuições da ACG para o desenvolvimento de
práticas didáticas mais sensíveis às operações do discurso que se
realizam nos/através dos gêneros. Partimos do pressuposto de que a
análise crítica de gêneros nos permite compreender, entre outras
questões, a) como determinada prática social, sistema de atividades e
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sistema de gêneros são discursivamente constituídos, b) como os
sujeitos discursivos negociam propósitos discursivos, identidades,
instâncias de poder, c) como os gêneros circulam e se agrupam em
determinada mídia e d) como os gêneros particulares de um sistema se
compõem e se estruturam.
Leila Barbara (PUCSP)
Celia Macedo (UFPA)
17. Linguística Sistêmico Funcional e o
estudo de gêneros
Com este simpósio, queremos a) oferecer um espaço para discussões
teóricas da análise de gênero em Linguística Sistêmico Funcional
(LSF) (Halliday, 1984/1994; Halliday & Matthiessen, 2004, 2014), o
instrumental teórico e analítico a dar suporte aos resultados e b)
ampliar o número de participantes do projeto SAL-BRASIL (Sistêmica
através das línguas), um projeto internacional desenvolvido em várias
universidades do Brasil e estrangeiras que objetivam a descrição de
diferentes gêneros – acadêmico, jornalístico, literário, etc. – de várias
línguas. Os trabalhos podem focalizar qualquer das três metafunções –
interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características
léxicogramaticais dos gêneros em questão, levando em consideração
seus contextos de situação e de cultura.
Rodrigo Acosta Pereira (UFSC)
Nívea Rohling (Universidade
Tecnológica Federal do Paraná)
18. Análise de gêneros discursivos na
perspectiva dialógica da linguagem
A partir da década de 1990, no Brasil, houve um crescente interesse
por parte de pesquisadores na área dos Estudos da Linguagem em
investigar os gêneros discursivos. Dentre as diferentes abordagens
epistemológicas, destaca-se a abordagem dialógica, ancorada nos
escritos do Círculo de Bakhtin. Tal perspectiva teórico-metodológica
ocupa-se da reflexão sobre a constituição e o funcionamento dos
gêneros discursivos a partir de sua relação com a situação social de
interação e a esfera social de atividade humana. Sob essa perspectiva,
baseados na concepção dialógica de linguagem para análise de
gêneros, este simpósio busca congregar pesquisas: a) com enfoque na
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descrição-interpretativa de gêneros discursivos, constituídos nas
diversas esferas de atividade humana; b) com enfoque na análise de
discursos, materializados em diferentes gêneros discursivos; c)
encaminhamentos para elaboração didática de gêneros discursivos.
Maria Cecilia Lopes (PUC-SP)
Renata Condi de Souza (Centro
Universitário Claretiano de Batatais )
19. Linguística de Corpus, gênero e
registro
Linguística de Corpus é um ramo da linguística especializado em
analisar grandes coletâneas de textos escritos e transcrições de fala
armazenadas em arquivos de computador. Neste simpósio, teremos
pesquisas que levam em consideração como os corpora podem elucidar
as noções de gênero e registro. Pesquisas em Linguística
de Corpus fornecem diversas evidências de como as variedades de
textos são padronizadas e de como essa variação é sistemática. As
pesquisas deste simpósio esclarecerão temas relacionados com a
descrição linguística de variedades distintas, bem como investigarão
quais padrões emergem da comparação entre diferentes registros. As
pesquisas podem ter como objetivo temas metodológicos que explorem
como diferentes métodos lidam com questões inerentes à descrição de
variedades textuais ou podem apresentar estudos que demonstrem
como um método específico aborda a variação textual. Propostas
aceitas para este simpósio devem fazer uso de corpora eletrônicos,
ferramentas computacionais e espera-se que sejam apresentados os
resultados obtidos até então. Também devem ser pesquisas
fundamentadas em pesquisas contemporâneas em Linguística
de Corpus.
Evandro de Melo Castelão (Universidade 20. O gênero textual como mediador para Schneuwly e Dolz (2004) propõem o desenvolvimento da ideia de que
Tecnológica Federal do Paraná)
o estudo do texto
o gênero funciona como meio de articulação entre práticas sociais e
Daniela Zimmermann
objetos escolares, especialmente no ensino de textos orais e escritos.
Machado (Faculdade Estadual de
Partindo da concepção interacional de língua, o trabalho em sala de
16
Filosofia, Ciências e Letras de
Paranaguá)
aula passa a privilegiar os textos, em que a teoria dos gêneros textuais
contribuiriam para a mediação desse ensino. Pretende-se, com o
encontro do grupo temático, aprofundar as discussões que tenham
como foco a relação estabelecida entre os gêneros textuais e o trabalho
com o texto, verificando de que modo os gêneros contribuem para uma
formação leitora e de escrita nos diferentes níveis e objetivos de
ensino. Além disso, visa-se discutir, no interior desse campo de
estudos, o conjunto de processos e recursos textuais (tanto de
reconhecimento quanto de produção do gênero), que possam contribuir
para o aperfeiçoamento das práticas de linguagem. Dentre alguns
desses processos e recursos, sugere-se: reconhecimento da situação
sociodiscursiva, elementos composicionais dos gêneros, características
das sequências textuais e recursos como referenciação, articulação,
gerenciamento de vozes, intertextualidade e inferencialidade. O grupo
espera colaborar com o encaminhamento e a divulgação de pesquisas
que envolvam esses temas e/ou que são desenvolvidas pelos
participantes.
Eixo Temático 4: Gêneros textuais/discursivos e Multimodalidade/Multiletramentos
Coordenadores
Francis Arthuso Paiva (UFMG)
Vicente Lima-Neto (Universidade
Federal Rural do Semi-Árido)
Título
21. Gêneros discursivos na e da Web e
multimodalidade
Resumo
A partir da Web 2.0, nos últimos dez anos, tem-se visto que as
potencialidades enunciativas dos suportes digitais têm salientado ainda
mais a natureza multimodal da linguagem. Esses usos têm se
manifestado de diferentes maneiras em variados gêneros discursivos
17
que migraram para a internet ou são produto dela. Com a
popularização dos sites de redes sociais , a partir de 2004, e
de smartphones e tablets, nos últimos sete anos, nunca tantas ações
discursivas foram feitas pela internet, agora com a ponta dos dedos em
telas touchscreen. A proposta deste simpósio é trazer exatamente esta
discussão, correlacionando Multimodalidade e Gêneros na e da web,
buscando entender como se caracterizam, qual é a sua dinâmica de
funcionamento e quais as implicações desses usos para as sociedades.
Os trabalhos que aqui serão discutidos podem abranger diferentes
abordagens teórico-metodológicas, como a Análise de Gêneros
Sociorretórica, Semiótica Social, Análise Crítica do Discurso, Discurso
Multimodal entre outras.
Renata De Souza Gomes (Centro Federal 22. Novos letramentos e gêneros
de Educação Tecnológica Celso Suckow
multimodais na sala de aula de língua
da Fonseca)
e literaturas de língua estrangeira
Simone Batista da Silva (Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro)
Em nossa sociedade global o uso de novas e também das já conhecidas
tecnologias e mídias como o cinema, por exemplo, afeta de forma
profunda todo o sistema educacional. Os gêneros textuais passam a ser
compreendidos como multimodais diante das infinitas possibilidades e
diferentes perspectivas de leitura e dos múltiplos suportes para os
textos. Contudo, não basta atestar a alta semiotização que permeia
esses textos, sejam eles escritos ou orais bem como a multimodalidade
que lhes é inerente. É preciso estudar de fato de que modo os
elementos multimodais contribuem para o desenvolvimento dos novos
letramentos na sala de aula de línguas e literaturas estrangeiras. De
modo intrínseco a esses questionamentos, investiga-se a prática da sala
de aula de línguas, e, sobretudo a práxis da sala de aula de literaturas
de línguas estrangeiras que de acordo com Zyngier e Fialho, 2010 e
Clarissa Jordão (2011) necessita cada vez mais de estudos e reflexões.
Esse simpósio, portanto, acolhe estudos que investiguem o
desenvolvimento dos novos letramentos através do trabalho com
gêneros multimodais que resultem em práticas pedagógicas críticas e
18
reflexivas que legitimam as vozes dos alunos para que eles descrevam
o processo de leitura e o desenvolvimento dos novos letramentos.
Graziela Frainer Knoll (UNIRITTER)
Vera Lúcia Pires (UFSM)
23. Gêneros discursivos midiáticos e
perspectivas de multiletramento
Diversidade e variedade são palavras-chave nos documentos
norteadores de políticas públicas para o ensino de línguas no Brasil, a
exemplo de Parâmetros Curriculares Nacionais e Programa Nacional
do Livro Didático, e que se refletem nas avaliações oficiais em larga
escala, como Prova Brasil e Enem. Estas palavras-chave são
associadas a gêneros textuais/discursivos e à descrição da língua
(normas, contexto, formalidade e estilo), gerando, muitas vezes,
combinações prototípicas que não encontram respaldo nos estudos da
área, a exemplo de gêneros escritos e formalidade da língua, ou que
quadrinhos, que sempre são informais. A proposta deste simpósio
temático é abrigar estudos que correlacionem a dimensão variável da
língua (nos documentos norteadores de políticas públicas e nos estudos
descritivos) aos usos dos gêneros textuais/discursivos nos instrumentos
de implementação dessas políticas públicas, como livros didáticos,
provas de avaliação oficial, etc., a fim de identificar quais são os
gêneros mais prototípicos para o tratamento da variação (em diferentes
níveis) nestes instrumentos e nos seus documentos norteadores e de
que modo podemos contribuir para o aprimoramento da abordagem do
professor em sala de aula.
Viviane M. Heberle (UFSC)
Graciela Rabuske Hendges (UFSM)
24. Gêneros textuais/discursivos e
Estudos sobre gêneros textuais/discursivos continuam a desempenhar
multiletramentos: Possíveis interfaces um papel relevante na formação de profissionais de Letras, mais
e desafios na formação de professores especificamente de Linguística Aplicada. Ao mesmo tempo,
de línguas
investigações em multiletramentos vêm merecendo atenção de
diferentes docentes universitários no Brasil e em outros países,
principalmente devido a uma renovação de estudos de letramento, aos
19
avanços tecnológicos e às diferentes formas de comunicação na
sociedade contemporânea. Este simpósio visa congregar pesquisas que
desenvolvam questões relacionadas a gêneros textuais/discursivos e
multiletramentos, em contextos variados: escolar, midiático,
profissional e/ou acadêmico. Perspectivas multidisciplinares são bemvindas e encorajadas, tendo princípios e conceitos da gramática do
design visual (KRESS; van LEEUWEN, 1996; 2006) como ponto de
conexão. Esperamos promover reflexões teórico-metodológicas e
também discussões sobre práticas educacionais inovadoras que unam
essas duas áreas de pesquisa convergentes.
Eixo Temático 5: Gêneros textuais/discursivos e Literatura/Mídias
Coordenadores
Márcio Oliveira Cano (Universidade
Federal de Labras)
Sandro Luís da Silva (Universidade
Federal de São Paulo)
Título
Resumo
25. As interfaces entre mídias, discurso, Com a evolução das tecnologias, as mídias, tanto impressa quanto
gêneros e sociedade
falada, têm se instaurado cada vez mais no cotidiano das pessoas,
como meio pelo qual se constrói uma realidade e sua representação.
Por seu poder de inserção social (e, muitas vezes, de exclusão), elas
têm interpelado os sujeitos de forma a constitui-lo, (re)significando o
mundo e, ainda, as relações sociais. Esse potencial tem preocupado
pesquisadores no sentido de compreender como o discurso midiático
se organiza e como, por meio dele, pode-se desvelar uma realidade
discursiva de modo a fazer a sociedade se compreender e compreender
as diferentes relações que a permeiam. Esses estudos impactam tanto
na sociedade como na formação do sujeito leitor/produtor de discurso,
inclusive em situações escolares. Por conta disso, propomos este
20
simpósio a fim de agregar pesquisadores de diferentes instituições no
Brasil e no mundo que estudem a questão dos gêneros midiáticos e as
formas como eles se organizam, visando a uma discussão das
representações sociais, relações de poder e as estratégias que
possibilitam a formação crítica e proficiente do leitor/produtor de
discursos.
Zilda Gaspar Oliveira de Aquino (USP) 26. Argumentação e gêneros do discurso A concepção ideológica-social da linguagem e a de gênero do discurso
Renata Palumbo (FMU-SP)
midiático
postuladas pelo Círculo de Bakhtin encaminharam estudos acerca das
atividades discursivas a partir de um olhar singular, tendo em vista que
esses conceitos situaram as práticas na vida em uma condição
enunciativa única (Bakhtin, Medvedev, [1928]1985). Pode-se dizer que
essa noção foi extremamente importante para muitas investigações
voltadas à argumentação, principalmente quando se considera a cadeia
complexa e contínua da comunicação humana como réplica, um
diálogo com o outro que procede a uma ativa compreensão responsiva.
Em outra perspectiva, encontramos também essa ideia de ação sobre o
outro na interação verbal, efetivada por escolhas orientadas, nas
discussões de Perelman e Olbrechts-Tyteca ([1958]2005), se tomarmos
seus conceitos de auditório e de efeitos da argumentação. Além disso,
a consideração de que os campos de atuação humana que circundam o
discurso fazem-no o lugar no qual a argumentação se apresenta em
maior ou menor grau permite-nos reforçar o postulado de que há
estreita relação entre argumentação e gênero discursivo. A partir desses
pressupostos, buscamos reunir trabalhos que discutem a respeito de
gêneros do discurso midiático do ponto de vista argumentativo, a fim
de que se examinem possíveis interfaces.
Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira 27. Gêneros textuais e literatura:
O uso de novas tecnologias nas atividades comunicativas, nos dois
21
(UNESP)
Ricardo Magalhães Bulhões (UFMTS )
Reflexões acerca de intertextualidade últimos séculos, especialmente as ligadas à área de comunicação, deu
e retextualização
origem a novos gêneros textuais. Disso, surgem formas discursivas que
instalam uma relação inovadora com a linguagem, apropriando-se dos
formatos de gêneros prévios para novos objetivos. Como são marcados
pelo hibridismo, desafiam as relações entre oralidade e escrita,
inviabilizando uma visão dicotômica. Esses gêneros também permitem
observar a maior integração entre os vários tipos de semioses: signos
verbais, sons, imagens e formas em movimento. A partir dessas
constatações e dos estudos comparatistas, inspirados na teoria da
intertextualidade e da interdiscursividade, desenvolvida por Bakhtin e
seus seguidores, pretende-se neste simpósio refletir acerca da dialogia
entre textos e do hibridismo de gêneros textuais presente em obras
literárias contemporâneas e até mesmo canônicas. Para a consecução
desse objetivo, partindo do pressuposto de que o estudo dos gêneros
textuais é uma fértil área interdisciplinar que atenta para o
funcionamento da língua e para as atividades culturais e sociais, buscase debater acerca da presença ou não de literariedade em obras híbridas
e intertextuais, muitas vezes, definidas como recontos, reendereçamentos, adaptações. Além disso, pretende-se suscitar
reflexões acerca do perfil de leitor previsto por essas obras.
Eixo Temático 6: Gêneros textuais/discursivos e Tecnologias digitais
Coordenadores
Título
Resumo
Reinildes Dias (UFMG)
28. Gêneros textuais/discursivos e TDICs: Conforme já atestado na literatura e na prática, gêneros
Rosinda de Castro Guerra Ramos (PUCNovos desenvolvimentos teóricos e
textuais/discursivos, na modalidade escrita ou na oral, são “um recurso
22
SP/UNIFESP)
Eliana Maria Severino Donaio Ruiz
(UEL)
Anair Valenia Martins Dias (UFGO)
práticos no ensino e na formação de
professores de línguas
29. Gêneros discursivos, tecnologia
educacional digital e ensino de
português como língua materna
pedagógico poderoso” (Ramos, 2004, p.116), pois auxiliam tanto
professores no desenvolvimento das tarefas pedagógicas, como alunos
no desenvolvimento de suas competências. Além disso, com a entrada
das tecnologias digitais na vida do homem em sociedade, assistimos ao
surgimento de gêneros que se constituem pelo uso de diferentes modos
semióticos e, por conseguinte, produzem/criam novas formas de
comunicação entre os interagentes sociais envolvidos nesse processo
por meio de representações orais, escritas, sonoras e visuais que
aprendemos a entender e a compartilhar pelo meio virtual. Este
simpósio está aberto, portanto, para apresentar trabalhos que
desenvolvam e utilizem gêneros textuais/discursivos, na modalidade
escrita ou na oral, produzidos ou que circulem na ambientação digital.
Recebe trabalhos que apresentem propostas que objetivem mostrar os
novos desdobramentos de investigações teóricas, metodológicas e/ou
práticas, decorrentes das novas interfaces e ferramentas que têm
surgido no mundo digital, em que os aprendizes, chamados
“generation P” (KALANTZIS; COPE, 2012), tornam-se cada vez mais
resolvedores de problemas (problem-solvers) e mais capazes de aplicar
diferentes maneiras de pensar.
Na contemporaneidade, há uma mudança tanto na constituição dos
sujeitos que hoje frequentam os ambientes escolares, quanto na
ampliação dos canais e meios de comunicação (SANTAELLA, 2013).
Isso faz com que todos estejam aqui e em todos os lugares ao mesmo
tempo, o que promove o crescente aumento da diversidade linguística
e cultural (ROJO, 2012). Nessa perspectiva, considerando a sociedade
multimidiática e a frequente desterritorialização do texto, propõem-se,
neste simpósio, discussões acerca das relações entre os gêneros
discursivos e as tecnologias digitais. Mais especificamente, serão bemvindos trabalhos que reflitam acerca de temas como os seguintes: (i) as
23
aproximações e distanciamentos entre os gêneros cânones e os gêneros
contemporâneos digitais; (ii) as relações entre objetos educacionais de
acesso público e ensino de língua portuguesa; (iii) a elaboração de
material didático multimídia, visando ao ensino de gêneros para a
recepção e a produção de textos (orais e escritos); (iv) as confluências
(im)possíveis entre o ensino de gramática, os gêneros discursivos e o
uso de tecnologia educacional digital. Na convergência desses eixos,
tem-se como cerne dos estudos e reflexões, neste simpósio, o trabalho
com os gêneros discursivos no ensino de língua materna mediado por
tecnologias digitais.
Eixo Temático 7: Gêneros textuais/discursivos e Atividades profissionais
Coordenadores
Título
Rosalice Pinto (UNISINOS)
30. Discursos corporativos e jurídicos:
Maria Alzira Leite (Universidade Vale do
Propostas de análise em perspectiva
Rio Verde de Três Corações)
Resumo
A proposta deste simpósio é refletir acerca do modo de organização de
determinados gêneros textuais/discursivos que circulam na esfera
profissional. Abre-se, espaço, aqui, para se pensar no gênero
como megainstrumento (SCHNEUWLY, 1994). Se, por um lado este
representa ´modelos de texto´ com certo grau de estabilidade, sendo,
´facilitador da própria produção textual´, coibindo os próprios
mecanismos de textualização; do outro, apresenta uma dinamicidade
inerente, sócio-historicamente instanciada. E é através desse caráter
estável, mas ao mesmo tempo dinâmico e mutável, que os gêneros
textuais/discursivos, inseridos em práticas profissionais (aqui
privilegiando-se a empresarial e a jurídica), podem vir a propiciar o
desenvolvimento de competências discursivas, relevantes na vida
24
profissional e social. Nessa perspectiva, valoriza-se a consolidação do
diálogo, do conhecimento e do repasse da informação, acompanhando
as demandas da esfera dos ambientes empresarial e jurídico. As
análises empreendidas em trabalhos com esses dois focos podem
revelar pistas importantes de olhares singulares referentes à
comunicação, sobretudo, no que se refere às implicações orientadoras
de fortalecimento e divulgação das culturas institucionais. Este estudo
pode possibilitar a compreensão das representações acerca da
comunicação ratificando o papel determinante que têm os discursos na
significação das ações coletivas e individuais.
Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin (UFC) 31. Dispositivos de análise de textos,
Fatyha Dechicha Parahyba (UFPE)
formação e desenvolvimento
profissional
O desenvolvimento da ‘profissionalidade’ do docente está no cerne das
atenções de pesquisadores que se debruçam nas questões relacionadas
ao ensino e à aprendizagem e, por conseguinte, ao desenvolvimento
dos aprendizes. O uso de dispositivos de análises de práticas como
“entrevista de explicitação” (VERMERSCH, 1994), “instrução ao
sósia” (CLOT, 1999) ou “autoconfrontação” (CLOT e FAITA, 2000)
no contexto escolar permite ao professor refletir acerca de suas
atividades de trabalho e estimular a tomada de consciência de suas
condutas e de sua situação de trabalho. Ao mesmo tempo, esses
dispositivos constituem um potencial que permite uma
(res)significação do agir profissional e uma (re)construção identitária
levando em consideração as representações atuais (BRONCKART,
2013). Além de ele se constituir como espaço de discussões e debates
sobre o uso de dispositivos que analisam a capacidade de ação na sala
de aula, bem como o discurso sobre ela; esse simpósio tem como
objetivos reunir trabalhos de pesquisa cujo foco é o uso de gêneros
textuais que traduzem, na e pela linguagem, o agir professoral e a
formação profissional; discutir e refletir sobre os resultados dos
trabalhos apresentados. Esperamos proporcionar um espaço de
25
intercâmbio vislumbrando encaminhamentos
desenvolvimento profissional do docente.
na
questão
do
Ao final das tardes (17-19hs), após os Simpósios, realizaram-se as Mesas Redondas Intermediária e de Encerramento. No dia 09/09/2015, teve
lugar a Mesa Redonda Intermediária, intitulada “Gêneros Textuais/Discursivos: Subsídios para políticas públicas para o ensino de
línguas/linguagens” (Text/discourse genres: Basis to language public policies), ministrada pelas Profªs Drªs Roxane Rojo (UNICAMP), Solange
Aranha (UNESP-São José do Rio Preto) e Ana Maria de Mattos Guimarães (UNISINOS).
RESUMOS:
O impacto do conceito de gêneros textuais/discursivos nas políticas públicas para o ensino de línguas/linguagens no Brasil (L’impact du concept de
genres textuels/discursifs dans les politiques publiques pour l’enseignement des langues/langages au Brésil)
Profa. Dra. Roxane Rojo (UNICAMP, CNPq)
Uma das mudanças relativamente recentes mais importantes no ensino de língua portuguesa no Brasil foi a adoção do conceito de gêneros
textuais/discursivos como objetos de ensino organizadores dos currículos, tantos nos referenciais nacionais (PCN, OCNEM) como nos materiais didáticos em
circulação. Nesta fala, buscarei detalhar como o conceito aparece nesses dois níveis de transposição didática no Brasil, inclusive no que diz respeito à dupla
adjetivação (gêneros textuais/discursivos), como foi incorporado nas práticas de sala de aula e a possível extensão do conceito de gêneros discursivos para a
análise e ensino de gêneros multissemióticos (linguagens).
O contexto teletandem de ensino/aprendizagem e os gêneros textuais que nele emerge (Foreign language teaching and learning: teletandem genres as
an interaction site)
Profa. Dra. Solange Aranha (UNESP)
A relevância do Projeto Teletandem Brasil (TELLES, 2006) na formação e no desenvolvimento de futuros professores de línguas estrangeiras tem sido
enfatizada ao longo dos anos nas universidades onde o projeto acontece. A expansão desta experiência para outras instituições que formam professores pode
contribuir para a proficiência linguístico-discursiva destes alunos/professores. Os objetivos desta apresentação são analisar e discutir como a compreensão (ou
não) dos gêneros que circulam no sistema de atividades que envolvem a prática de teletandem promovem ou dificultam a aprendizagem de língua estrangeira
mediada por computador e influenciam no pertencimento do sujeito à comunidade. Para tanto, farei uso de vídeos gravados com as sessões entre alunos
brasileiros e estrangeiros, inserindo esta pesquisa nas “pesquisas sobre gêneros que procuraram explorar empiricamente de que modo eles funcionam como
lugares de interação que permitem o acesso às ações dos participantes e as estruturam e enquadram em contextos grupais ou organizacionais (BAWARSHI e
JO REIFF, 2013:137). Busco questionar o uso e a aplicação de gêneros supostamente compartilhados e indicar caminhos que permitam o desenvolvimento da
26
competência linguístico-comunicativa em língua estrangeira de professores em formação em contexto brasileiro. Argumento, ao lado de Tardy (2009), que o
“expertise” em gêneros se interliga aos conhecimentos sobre a forma, o assunto, a retórica e o processo de/em determinado texto. Por se tratar de um contexto
multimodal e multifacetado, que promove oportunidades de alunos/professores de línguas estrangeiras circularem em diferentes gêneros, buscamos discutir as
implicações pedagógicas do uso dos gêneros em contextos mediados por computador.
Diálogos entre a organização do trabalho de ensino a partir de gêneros e políticas públicas brasileiras (Dialogues about learning process based on
textual/discursive genres and Brazilian public policies)
Profa. Dra. Ana Maria de Mattos Guimarães (UNISINOS)
Nesta apresentação, interessa-nos discutir a organização do trabalho de ensino que professores em formação continuada participantes de nosso projeto (apoio
Observatório da Educação/Capes-Inep) fizeram para suas salas de aula, a partir do conceito de projeto didático de gênero (GUIMARÃES e KERSCH, 2012;
2014). Quais escolhas foram feitas por nossos professores enquanto uma política linguística de ensino? Como elas se relacionam como as políticas públicas
de formação continuada e de curricularização do ensino na rede pública na qual trabalham? Como o conceito de gêneros textuais/discursivos pode aí ser um
contributo importante? Essas questões orientarão a reflexão que faremos.
Já no final da tarde do último dia (10/09/2015), teve lugar a Mesa Redonda de Encerramento, composta pelo Profs. Drs. Joaquim Dolz
(Université de Genève), Gunther Kress (University of London), Carolyn Miller (North-Carolina State University) e Désirée Motta-Roth
(UFSM/LABLER/CNPq), cujo tema era “Diálogos entre a organização do trabalho de ensino a partir de gêneros e políticas públicas brasileiras
(Dialogues about learning process based on textual/discursive genres and Brazilian public policies). Seguem os resumos dessas falas:
RESUMOS:
Le dialogue entre l'école brésilienne et l'école de Genève sur les genres textuels/discursifs (O diálogo entre a escola de Genebra e a escola brasileira
sobre os gêneros textuais/discursivos)
Joaquim Dolz (FPSE, Universidade de Genebra — Suíça)
Les travaux réalisés depuis 1990 au Brésil dans le cadre de l'interactionnisme sociodiscursif (ISD) sont en dialogue permanent avec l'école de Genève. Les
études de Jean-Paul Bronckart et les recherches en didactique des langues qui ont pris les genres oraux et écrits comme unité et comme objet d'enseignement
en classe (Schneuwly & Dolz, 2007), traduits par Roxane Rojo et Glaís Sales Cordeiro, ont eu une influence dans les recherches du Brésil en quatre
directions: enseignement des langues; formation des enseignants; langage dans le travail et recherche d'une fondation théorique des recherches précédentes.
Cette contribution analysera les bases épistémologiques et linguistiques partagées par l'interactionnisme sociodiscursif pour aborder les objets d'enseignement
et analyser les activités de langage dans la salle de classe, la définition particulière de la notion de genre par les différents auteurs et l'intérêt des travaux sur le
genres pour l'éducation (curriculum national et des différents Etats, outil d'enseignement et de formation des enseignants). D'un point de vue académique, le
27
défi consiste à développer des recherches qui prennent en considération le contexte complexe et hétérogène de la société brésilienne afin d'analyser les
situations d'enseignement et de formation du pays et de contribuer à améliorer aussi bien le travail des professeurs de langue que les apprentissages des
élèves.
Genre in the contemporary semiotic landscape
Gunther Kress (University of London)
The concept of Genre has been quite widely used – in literary studies, in Film-, Media- and Cultural Studies, and of course in relation to “language” in some
linguistic theories. It has found applications in these fields, perhaps most prominently over the last two and a half decades in the pedagogic domain. There is
little agreement between the different disciplinary approaches, beyond, maybe, a sense that ‘genre’ names aspects of the (social) relation of producers of some
semiotic object – a ‘text’ – and an audience. Even within the narrower domain of pedagogy and genre there is no close agreement.
The situation has not been improved, in this respect, by the increasing use of and attention demanded by multimodality. Where before, in educational settings,
genre was researched and discussed in relation to the two modes of speech and writing, in most contemporary multimodal texts the situation has become
much more complex and therefore much more difficult. Each mode has distinct affordances; each mode demands distinct epistemological commitments; and
each mode offers distinct means of realizing social relations, which are made evident in genre. We can either assume – or simply insist - that only the
linguistic modes of speech and writing ‘have’ the category ‘genre’ – a suggestion which would be difficult to support; or we have the situation that in one
(multimodal) text there are several quite different kinds of genres, brought into some temporary coherence; though with one of these being dominant.
Rhetorical Genre Studies: What’s Old, What’s New, and What’s Next?
Carolyn Miller (North-Carolina State University)
Rhetorical Genre Studies, an approach to theory and research centered in the U.S. and Canada, developed from rhetorical theory, phenomenological
sociology, and speech-act theory. This socio-cognitive perspective has flourished as a way to comprehend cultural patterns of communication in the
professions and the academy and has been useful in efforts to socialize novices to those patterns. The advent of digital media has challenged Rhetorical Genre
Studies to re-conceptualize genre identification and analysis to comprehend new media platforms, new audiences, new exigences, and new communicative
interactions. Central issues include the relationship between the forces of stability and the processes of change and the relationships between producers and
audiences. The adaptation to digital media has expanded genre theory to become a multidimensional concept, with genre as a structurational nexus mediating
not only purpose and exigence, form and substance, but also action and structure, medium and product, the material and the symbolic.
Recontextualização, apropriação e elaboração teóricas: um diálogo localglobal sobre gêneros discursivos (Theoretical recontextualization,
appropriation, and elaboration: a local-global dialogue about discourse genres)
Désirée Motta-Roth (UFSM/LABLER/CNPq)
Nesta apresentação, faço uma cartografia de estudos sobre gêneros discursivos, feitos no Brasil, dentro da Análise Crítica de Gêneros (ACG), uma
abordagem brasileira interdisciplinar. Primeiramente identifico as quarto escolas principais que têm servido como base teórica para o desenvolvimento dos
estudos sobre gêneros discursivos/textuais no Brasil: a tradição britânica de Inglês para Fins Específicos, a Sociorretórica Norte-Americana, a Escola
28
Australiana e a Escola de Genebra. Em seguida, descrevo iniciativas específicas de pesquisa no Brasil, indicando o modo interdisciplinar como a ACG integra
conceitos centrais da Análise de Gênero de John Swales com aqueles da Sociorretórica, A Linguística Sistêmico-Funcional e a Análise Crítica do Discurso.
Defendo a necessidade de desenvolvermos uma abordagem crítica aos estudos de gêneros discursivos, que examine lexicogramática, discurso, contexto
sociocultural e ideologia de maneira integrada. Por fim, enfatizo a relevância da ACG para os letramentos e as práticas pedagógicas, especialmente em
contextos acadêmicos.
Para encerrar o evento, Prof. Dr. Bernard Schneuwly realizou a Conferência de Encerramento cuja meta era fazer uma síntese do VIII SIGET
como um todo. Para maiores detalhes dessa Conferência, ver adiante o item “Súmula da avaliação do evento por participantes”.
Avaliação do VIII SIGET
No VIII SIGET, participaram cerca de 820 pesquisadores, a grande maioria (88%) com apresentação de trabalhos. Cerca de 100 pessoas
inscreveram-se como ouvintes, em especial em função dos Minicursos e Mesas Redondas.
29
PARTICIPANTES
OUVINTES; 12%
COM TRABALHO; 88%
Gráfico 1: Participantes do VIII SIGET
Esses participantes apresentaram um total de 529 trabalhos de pesquisa 1, todos pré-selecionados em três níveis: a)
organizador(es)/coordenador(es) do Simpósio; b) comissão científica; e c) quando necessário, comissão executiva. Isso garantiu um bom nível
de qualidade e de concentração temática aos trabalhos apresentados.
No que tange à distribuição temática desses trabalhos, de acordo com os eixos temáticos previamente propostos, o Gráfico 2 abaixo exibe a
distribuição:
1 Na medida em que muitos trabalhos tinham mais de um apresentador.
30
TEMAS CONEXOS
Atividades profissionais 29
Tecnologias digitais 29
52
Literatura/Mídias
59
Multimodalidade/Multiletramentos 102
Formação de professores 110
Descrição de línguas/linguagens
148
Ensino/Aprendizagem 0
20
40
60
80
100
120
140
160
Gráfico 2: Distribuição dos trabalhos por eixos temáticos no VIII SIGET
Vemos que, nos trabalhos apresentados, predominam duas tendências: a reflexão e pesquisa sobre ensino-aprendizagem de gêneros e sua
“engenharia” (148) e a descrição de gêneros, seja em termos linguísticos ou multissemióticos (110). Isso reflete bem a distribuição de interesses
da área de Linguística Aplicada que deu origem ao GT da ANPOLL que coordena o SIGET – GT de Gêneros Textuais/Discursivos: o interesse
primário no ensino-aprendizagem que, por sua vez, demanda uma descrição adequada dos objetos de ensino. Esses temas centrais, são, de perto,
seguidos pela preocupação com a formação dos docentes para fazê-lo (102): somados, os trabalhos sobre ensino-aprendizagem e formação de
professores (250) passam da metade do total. Logo, verifica-se, decididamente, o predomínio de uma orientação aplicada ao ensino de
línguas/linguagens. Nos eixos temáticos minoritários, predomina a questão contemporânea dos multiletramentos e da multissemiose dos textos
nos gêneros (59) ou nas mídias (52), com ênfase na esfera literária ou artística. Os eixos minoritários (29 trabalhos cada) dizem respeito ao efeito
das tecnologias digitais nos gêneros e aos gêneros das esferas profissionais.
31
A própria estrutura proposta para o VIII SIGET já garantia a distribuição dos trabalhos por nível de titulação/experiência de pesquisa dos
participantes, na medida em que podiam participar das Comunicações Coordenadas de cada Simpósio doutores e doutorandos e das Sessões de
Pôster, mestres, mestrandos (profissionais ou acadêmicos) e pesquisadores PIBIC e PIBID.
Assim, os 529 trabalhos apresentados se dividiram quase equitativamente entre doutores/doutorandos (comunicações, 58%) e mestres,
mestrandos (profissionais ou acadêmicos) e pesquisadores PIBIC e PIBID (pôsteres, 42%)
TRABALHOS APRESENTADOS (n=529)
ME/PIBIC/PIBID; 42%
DO/DONDO; 58%
Gráfico 3: Trabalhos apresentados no VIII SIGET
As 308 comunicações apresentadas nos Simpósios também se dividiram equitativamente entre doutores e doutorandos, com ligeiro predomínio
(51%) desses últimos.
32
TRABALHOS APRESENTADOS (DO/DONDO) (n=308)
DONDO; 51%
DO; 49%
Gráfico 4: Comunicações apresentadas no VIII SIGET
O mesmo não se verificou no caso dos 221 pôsteres, cuja ampla maioria foi de mestres/mestrandos (79%). Mesmo assim, houve trabalhos
declaradamente de mestrado profissional (PROFLETRAS) (4%) 2, de PIBIC (7%) e de PIBID (10%). Este último dado demonstra não somente a
vitalidade do Programa PIBID, ancorada no entusiasmo dos graduandos – o que funciona como um argumento de defesa da manutenção do
Programa –, como também indica a propensão dos docentes formados de nossa área (Linguística Aplicada) a implementar PIBID em suas
instituições e a dar-lhes visibilidade3.
2 Muito provavelmente, havia outros trabalhos dessa mesma natureza, mas sem menção de PROFLETRAS ou PIBIC/PIBID na
proposta.
3 No caso do VIII SIGET, com destaque para a UFPI que trouxe vários trabalhos de pesquisa PIBID.
33
PÔSTERES APRESENTADOS (ME/PIBIC/PIBID) (n=221)
PIBID; 10%
PIBIC; 7%
PROFLETRAS; 4%
ME; 79%
Gráfico 5: Pôsteres apresentados no VIII SIGET
No que se refere à distribuição regional dos trabalhos apresentados, um dado notável neste VIII SIGET foi um princípio de efetiva
internacionalização do evento, na medida em que houve – para além das mesas e conferências de estrangeiros convidados – a presença, ainda
discreta mas efetiva, de propostas de comunicação e pôsteres de pesquisadores de fora do Brasil.
34
DISTRIBUIÇÃO REGIONAL TOTAL (n=529)
4%
ESTRANGEIROS
BRASILEIROS
96%
Gráfico 6: Distribuição internacional dos trabalhos apresentados no VIII SIGET
Esses estrangeiros que participaram com pôsteres e, principalmente, comunicações no VIII SIGET, concentrados principalmente 4 no Simpósio
26, coordenado por Charles Bazerman (UCSB), Federico Navarro (UBA; CONICET) e Natalia Ávila (PUC, UCSB, CIAE-UC), são
majoritariamente latino-americanos (64%), com predominância de chilenos e argentinos, mas com a presença também de colombianos (5%).
Houve participação ainda de pesquisadores portugueses, em geral conveniados em pesquisas interinstitucionais de doutores (21%) e também
houve discreta presença, principalmente na comunicações, de pesquisadores do Canadá, UK e USA (5%). Esse é um princípio de
internacionalização que deverá ser considerado na direção de seu fortalecimento.
4 Mas não unicamente.
35
ESTRANGEIROS POR PAÍS (n=19)
5% 5% 5%
5%
32%
21%
26%
CHILE
ARGENTINA
PORTUGAL
CANADA
COLOMBIA
UK
USA
Gráfico 7: Distribuição dos trabalhos estrangeiros apresentados no VIII SIGET
No que se refere à distribuição nacional dos resultados de pesquisas apresentados no VIII SIGET, há, como era de se esperar, um predomínio da
participação do Sudeste (45%), claramente “puxado” pelo estado de São Paulo, que sediou o evento (USP). Mas há também uma acentuada
participação do Nordeste (22%) e do Sul do país (20%). Configuraram-se como participações minoritárias o Centro-Oeste (8%) e o Norte (5%)
do país. Razões de ordem financeira, dado o maior dispêndio de recursos – em época de crise e de cortes de auxílios 5 – de quem se desloca de
longas distâncias (N, NE, S) têm claramente de ser consideradas, mas não parecem ser a razão predominante dessa distribuição regional.
5 Por exemplo, até o momento em que este relatório está sendo escrito, 36 dias após o término do evento, ainda não recebemos
a verba concedida pelo CNPq.
36
DISTRIBUIÇÃO REGIONAL BRASIL (n=510)
8%
5%
45%
20%
23%
SE
NE
S
CO
N
Gráfico 8: Distribuição regional dos trabalhos brasileiros apresentados no VIII SIGET
Vemos, no Gráfico 8, que houve maior incidência de trabalhos do SE (45%), NE (22%) e S (20%) do Brasil. A distribuição dos trabalhos pelos
estados de cada região também não é equilibrada, exceto no caso da região CO.
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DISTRIBUIÇÃO POR ESTADOS BRASILEIROS (n=510)
140
123
120
100
80
53 48
60
29
40
20
15
2 2 1 2
1 2
9 12
14 17 15 17
2
11 13 8 9
5
48
28 24
0
AC AM AP MA PA RO TO AL BA CE PB PE PI RN SE DF GO MSMT ES MG RJ SP PR RS SC
Gráfico 9: Distribuição por estados dos trabalhos brasileiros apresentados no VIII SIGET
A maior parte dos trabalhos apresentados concentra-se nas regiões SE (229) e S (100), contra 181 trabalhos das regiões restantes (NE: 115; CO:
41; N: 25). Para além do custo financeiro (de deslocamento, estadia, inscrição) dos participantes de regiões e estados mais distantes – em que se
deve considerar o predomínio de participantes do estado de São Paulo e da região SE –, esses dados parecem ser determinados pelo próprio
histórico do SIGET. Nascido no Sul do Brasil (PR), em 2003 em Londrina (UEL), o SIGET permaneceu na região Sul até sua quinta edição,
tendo tido lugar por duas vezes no Paraná, duas no Rio Grande do Sul e uma em Santa Catarina, o que, é claro, fortaleceu a pesquisa no campo
recoberto pelo SIGET na região, que mantem-se bastante produtiva. No entanto, a mudança para o NE nas duas últimas edições do evento que
tiveram lugar em Natal (RN/UFRN) e Fortaleza (CE/UFC) parecem ter surtido o mesmo efeito de incremento da pesquisa no campo, já que
neste VIII SIGET a região NE foi a segunda em apresentação de trabalhos (115), ultrapassando, inclusive, a região Sul.
Conforme já mencionamos, a qualidade dos trabalhos, bastante elogiada pelos participantes, foi garantida por uma seleção bastante exigente, que
passou por três filtros sucessivos: os organizadores/coordenadores de Simpósios, a Comissão Científica e a Comissão Executiva. Isso nos
permitirá diversificar publicações pós-Congresso, organizando não somente os Anais (organização já em andamento), mas também um número
de revista da USP e um livro internacional.
38
No que se refere à qualidade dos trabalhos apresentados, especialmente nos Minicursos e Mesas Redondas/Conferências, mas também os
Simpósios, o VIII SIGET teve bastante repercussão na comunidade acadêmica, em especial, na comunidade de Linguística Aplicada. Isso pode
ser verificado, por exemplo,
no site do evento (http://siget2015.fflch.usp.br/), na página do evento no Facebook
(https://www.facebook.com/SIGET2015?fref=ts) por algumas postagens esparsas em Redes Sociais a que tive acesso:


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

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=959411280784238&set=a.492479444144093.112441.100001461251357&type=3
https://www.facebook.com/leandra.santos.14019/posts/10206783446811958
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=809403045825073&set=a.212562722175778.42724.100002661545994&type=3
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1672027449675502&set=a.1672026696342244.1073741854.100006047892846&type=3
https://www.facebook.com/roxane.rojo/posts/906072626095619
Análise comparativa com eventos anteriores
Ao ser designada pelo coletivo do GT de Gêneros Textuais/Discursivos, no 29º ENANPOLL – Encontro Nacional da ANPOLL 2014 que teve
lugar em Florianópolis em 2014, a Comissão Executiva do VIII SIGET recebeu algumas incumbências/missões bastante claras deste coletivo.
Recebendo o evento com um acentuado quadro deficitário criado no VII SIGET, gerado em grande parte pelo tamanho do evento realizado no
CE que obrigou a despesas avantajadas, como, por exemplo, a realização do evento em espaço privado ao invés de na UFC, terceirização do site
etc., o coletivo do GT de Gêneros Textuais/Discursivos incumbiu a atual Comissão Executiva de:





deslocar o evento para o SE (SP), com a colaboração das universidades públicas de SP;
realizar um evento temático que concentrasse trabalhos em torno de tema científico: o “modo brasileiro” de pesquisas no campo de
Gêneros Textuais/Discursivos;
aumentar consideravelmente o filtro de qualidade dos trabalhos, buscando abrigar efetivas pesquisas e não aplicações ou relatos de
experiências;
diminuir consideravelmente (pela metade) o número de apresentações e o tamanho do evento;
manter os convites internacionais aos pesquisadores estrangeiros participantes da rede do SIGET;
39


organizar um evento econômico, usando o espaço físico e as facilidades das universidades paulistas envolvidas na organização (USP,
UNICAMP, UNESP, USF) e evitando despesas com alugueres de equipamentos, tradução simultânea, espaços físicos privados, etc. –
indicação essa que tornou-se ainda mais importante nos atuais tempos de crise econômica;
buscar verbas públicas de suporte (FAPESP, CNPq e CAPES).
A congregação das universidades públicas estaduais de SP (USP, UNICAMP e UNESP) com a colaboração de uma privada do interior paulista
(USF) foi determinante para o enxugamento financeiro do evento: não somente a USP cedeu o espaço físico e equipamentos (razão pela qual o
evento foi realizado no recesso da semana da Pátria) como também concedeu alguma verba (assim como a UNESP), dispôs de equipes de alunos
para a monitoria do evento e viabilizou um site gratuito com as equipes de informática da Universidade.
A temática escolhida (“Diálogos no Estudo dos Gêneros Textuais/Discursivos: Uma escola brasileira?” – “Dialogues on Text/Discourse Genres
research: A Brazilian approach?”), de caráter metateórico, por si só já induziu uma elevação de nível (meta)teórico dos debates e propostas que
tetos no filtro de qualidade dos trabalhos selecionados para apresentação.
O processo seletivo das propostas de apresentação, de estruturação do evento e de organização dos Simpósios também atingiu a meta de redução
pela metade do número de apresentações e do tamanho do evento. Os Minicursos atenderam à demanda complementar de pesquisadores em
formação.
Finalmente, os convites internacionais aos pesquisadores estrangeiros participantes da rede do SIGET foram mantidos (e até ampliados) com a
concessão de verbas de agências financiadoras públicas, às quais agradecemos de público.
Assim, cremos, esta edição do SIGET reconduziu o evento a sua vocação inicial e deixou como saldo para a próxima edição não somente algum
suporte financeiro (retirando o SIGET da situação deficitária), mas também uma estrutura e funcionamento a serem replicados, um design a ser
redimensionado para o próximo tema, um site e um conjunto possível de publicações para visibilidade do evento e um desafio de manter e
ampliar as possibilidades (concretas agora) de internacionalização do SIGET.
Súmula de avaliação do evento por participantes
Por parte dos participantes, houve muitas manifestações elogiosas da qualidade e nível do evento e das apresentações e cursos. No entanto, nem
tudo foi avaliação positiva.
40
Uma reclamação recorrente foi a da “exaustividade” do evento, que deixava poucos espaços livres e que se concentrou em três “exaustivos” dias
de trabalho (no dizer dos participantes), que se iniciavam às 8:45 e se encerravam às 20hs. Essa foi uma decisão (três ao invés de quatro dias)
que se baseou muito na preocupação com os dispêndios financeiros para permanência dos participantes na cidade de São Paulo, mas que foi
inegavelmente cansativa.
Houve também reclamações quanto aos espaços físicos/equipamentos disponibilizados pela USP, sobretudo nas plenárias (auditórios e seus
equipamentos), que apenas demostram as dificuldades logísticas das universidades públicas paulistas.
Também não foi um evento rico ou fashion, com cofeebreaks bastante modestos e com a falta de espaços de restauração, descanso e lazer no
campus da USP.
No entanto, apesar desses desconfortos, cremos que as demandas inicialmente colocadas à comissão executiva foram atingidas.
No que tange a uma avaliação de conjunto dos trabalhos apresentados, preferimos aqui sintetizar a Conferência de Encerramento do Prof. Dr.
Bernard Schneuwly (FAPSE/UNIGE), que teve lugar no dia 10/09/2015 e que foi, justamente, encarregado de realizar a síntese do VIII SIGET.
Em sua síntese, Prof. Schneuwly constata que houve, durante o VIII SIGET, dois tipos de respostas dadas à questão-tema central do evento –
“Diálogos no Estudo de Gêneros Textuais/Discursivos - Uma escola brasileira?”: respostas práticas e propostas de respostas explícitas.
No campo das “respostas práticas” à questão-tema do congresso, o professor constata, de resto como nós em nossa avaliação, que os temas
dominantes nas apresentações são ensino-aprendizagem e formação de professores, inclusive nos Minicursos brasileiros, com predominante
orientação para os letramentos e o ensino. Já os Minicursos ministrados por estrangeiros tiveram, em sua maioria, orientação teórica.
Nesses trabalhos, o professor constata:






forte orientação em direção aos letramentos;
a presença tanto de pesquisa exploratória e descritiva como estudos de intervenção;
uma predominância de pesquisa empírica no sentido amplo do termo;
uma forte inserção da pesquisa no campo social;
uma forte orientação política para direitos e oportunidades iguais; e
uma ancoragem única nas escolas públicas, em que os Parâmetros Curriculares Nacionais parecem ser a um só tempo pressuposto e
consequência da força do campo.
41
Nos trabalhos de caráter teórico ou metateórico, apresentados sobretudo nas Mesas Redondas (em especial, na mesa de abertura) e Minicursos,
as abordagens teóricas mencionadas foram:







ESP (Inglês para fins específicos);
Linguística Sistêmico-Funcional;
Estudos Retóricos de Gênero;
Interacionismo Sociodiscursivo;
Análise Crítica de Discurso;
Análise Crítica de Gênero; E
Bakhtin (em geral, combinado com todas as outras mais ou menos igualmente presentes).
Quanto à questão de se isso constitui, como querem Bawarshi e Reiff (2010), uma “escola brasileira”, a resposta tendeu ao negativo. O que se
pode observar é que não há propriamente uma “escola” no sentido próprio da palavra, na medida em que não há esforços de síntese dessas
diferentes abordagens, mas um modo de se fazer pesquisa característico que de deriva de uma realidade social (institucional, comunitária,
acadêmica) particular. O campo acadêmico de funcionamento da pesquisa é o da Linguística Aplicada e da educação de professores. Esse modo
de funcionar tem por características:



A coexistência (pacífica) de enfoques contrastantes no mesmo campo e, às vezes, no mesmo projeto de pesquisa;
Uma maneira quase natural de dialogar com/entre teorias diferentes e, por vezes, divergentes;
Articulação de enfoques diversos a partir do interesse e das questões de pesquisa (botton-up).
Para Schneuwly, a maneira pacífica e integradora de dialogar está ligada seria consequência da orientação prática dos trabalhos: os
pesquisadores teriam interesse em colaborar, desde que vantagens concretas resultem disso. Assim, essa forte orientação prática teria por
consequência que as divergências teóricas seriam minoradas e colocadas em segundo plano.
Há ainda três aspectos, para Schneuwly, característicos das pesquisas apresentadas neste VIII SIGET: a) uma forte presença do “multi” (modal,
semiótico, cultural, letramentos)6; b) um forte foco no presente e em um futuro imaginado, que se caracteriza pela falta de pesquisas históricas,
por exemplo7; e c) a falta de uma teoria da escola e da escolarização do conhecimento, o que distancia a pesquisa apresentada daquela feita em
Didática, por exemplo.
6 Segundo Schneuwly, esses termos ocorrem 524 vezes nos resumos.
42
O que há, segundo o conferencista, é uma forte tendência a uma “pedagogia do visível”, no sentido de Bernstein (1975), caracterizada por uma
forte produção de modelos didáticos de gêneros para o ensino e uma forte preocupação com o currículo.
Essa análise apresentada por Bernard Schneuwly ao final do evento sumariza bem o que ocorreu durante o mesmo, em termos de análise
(meta)teórica das apresentações de trabalhos.
Campinas, 18 de outubro de 2015.
Profª Drª Roxane Rojo
Comissão Executiva do VIII SIGET
(IEL/UNICAMP)
7 Segundo Schneuwly, apenas um resumo trazia este foco.
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