Ler artigo completo

Transcrição

Ler artigo completo
30 L&TH julho-agosto 2014
DOSSIER
SOFTWARE PARA ARMAZÉNS
“Setor das TI tem enorme
potencial de crescimento”
COM O PEQUENO MERCADO NACIONAL AINDA ESTRANGULADO PELA CRISE ECONÓMICA AS EMPRESAS DE
SOFTWARE DE GESTÃO PORTUGUESAS VIRAM-SE CADA VEZ MAIS PARA OS MERCADOS EXTERNOS. PARA OS
FABRICANTES NACIONAIS, OS MERCADOS EMERGENTES EM ÁFRICA, NOMEADAMENTE ANGOLA E MOÇAMBIQUE,
SÃO MUITO PROMISSORES, GRAÇAS À PROXIMIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL. OS VOLUMES DE FATURAÇÃO EM
MERCADOS COMO O ANGOLANO JÁ EQUIVALEM AOS ALCANÇADOS EM PORTUGAL E A TENDÊNCIA É CONTINUAR A
CRESCER.
TEXTO: SANDRA COSTA
“O mercado português é pequeno e
muito concorrencial, muito afetado
pela crise económica, com taxas de
crescimento baixas, e faz todo o sentido utilizar as competências que temos
em mercados que sejam maiores e que
estejam em crescimento”, diz Fernando
Amaral, Partner da Alidata, ilustrando
uma tendência comum a todo o setor.
Há maior potencial de crescimento
deste tipo de software em mercados
onde a logística tem um nível de maturidade baixo, e portanto é mais fácil
e rápido o retorno do investimento.
Atualmente a multinacional francesa
Generix Group, presente em quatro
continentes através de filiais e distri-
buidores locais, está a crescer mais na
Ásia, no leste europeu e na América do
Sul. Nestes locais, a empresa tem implementado “projetos de grande envergadura, muitas vezes de empresas europeias que se instalam e se procuram
desenvolver nesses mercados”, explica
Pedro Gordo, Supply Chain Business
Development.
A Alidata, uma das mais antigas softwarehouses portuguesas, com 30 anos
de experiência, está a apostar sobretudo nos PALOP. Além destes, a empresa
está presente no Brasil e a trabalhar
projetos em 16 países. A faturação nos
mercados externos representa 40% do
total (3,8 milhões de euros em 2013).
A explicação é clara: “São economias
em franca evolução, com taxas de crescimento bastante apetecíveis. Há uma
grande necessidade de consumo de soluções de gestão para apoio na gestão
dos negócios em crescimento”.
Em 2013 a Alidata faturou 3,8 milhões de euros, o que representou um
crescimento de 18%, “em grande parte
devido aos mercados externos”. Este
ano, e com base no atual leque de oportunidades, “muito consistente”, a expetativa é crescer 12%. O setor logístico
representa cerca de 15% do volume de
negócios da empresa, peso que aumenta
se considerarmos a área da logística em
todo o tipo de empresas, seja um dis-
SOFTWARE PARA ARMAZÉNS DOSSIER
SOFTWARE AS A SERVICE CONQUISTA MERCADO
O conceito Software as a Service está “em franco crescimento”, garante Fernando Amaral, Partner da Alidata. “Um produto poderoso aliado a um serviço de
qualidade, com custos inferiores aos de aquisição, vai com certeza ganhar muitos
adeptos”.
No entanto, adverte, “cada caso é um caso”, ou seja, os benefícios de cada modelo
de comercialização e implementação são sempre tidos em conta na seleção da
solução e do parceiro. “Muitos optam pelo aluguer porque a implementação é mais
fácil e rápida e o investimento em equipamentos e infraestruturas não existe. A
solução passa muitas vezes por soluções “híbridas”, que misturam caraterísticas
do tradicional software “local” com SaaS (software as a service)”.
A Sinfic tem assistido a uma maior oferta no segmento aluguer, com “a introdução
de gamas intermédias com um preço bastante mais competitivo que incrementam
as possibilidades da adoção deste tipo de equipamentos por parte do mercado”,
afirma Maria José Governo. “Associado à rápida evolução das telecomunicações,
existe uma oferta generalizada de pacotes de dados/comunicações que se enquadram a quase todas as áreas de negócio”. Na Sinfic, o negócio de aluguer está
numa fase experimental e é visto como “uma necessidade de diluir investimento”.
Atualmente, a Generix promove quase exclusivamente o modo SaaS. Dispõe de
toda a oferta de soluções em modo de aluguer, que considera ser a modalidade
“que melhor defende os interesses dos nossos clientes, seja pelo baixo nível de investimento necessário, seja pelas garantias de qualidade, performance e segurança que são asseguradas”, diz Pedro Gordo. A Generix perspetiva um crescimento
acentuado do negócio no modo SaaS/aluguer nos próximos anos, particularmente
nas soluções para a supply chain.
6I[ZM[\IV\M[MUXZM[I[WVMOƯKQWLMIT]O]MZXM[II\ŽKWU\MVLƴVKQII
crescer. Na Slimstock, a percentagem de aluguer ainda é inferior a 10%, com um
“pequeno aumento nos últimos anos”, nas palavras de Martijn Wiecherink. A Sage
Portugal está a introduzir novas formas de comercialização do Sage Geode no que
respeita ao SaaS (Software as a Service) e “Pay per use”. Os resultados desta unidade de negócio revelam um crescimento acima das previsões iniciais. “Em termos de
manutenção e subscrição as soluções de midmarket registaram um crescimento
de 8%”, segundo Rui Nogueira.
Na Atos, que recentemente introduziu no mercado o conceito de Sislog as a Service, que combina o Cloud Computing com o Sislog, o peso do negócio de aluguer
de soluções na modalidade Sislog SaaS representa atualmente 5% do volume de
vendas. “Esperamos que esta solução cloud para o Sislog tenha maior aceitação no
mercado, dado que o cliente não tem de realizar um investimento inicial, podendo aceder às aplicações de forma segura nos Datacenters certificados pela Atos”,
estima Susana Almeida.
Na ZetesBurótica, que na vertente de operações em armazém comercializa a
solução ZetesMedea, o peso do aluguer é reduzido, mas “é expectável que venha
a crescer fortemente nos próximos anos, uma vez que as novas soluções são fornecidas também neste modelo”, segundo Hélder Santos, Key Account Manager. O
negócio de aluguer em Portugal é residual na Kardex, mas “é, possivelmente, uma
das apostas para linhas de orientação futuras”, afirma Cristóvão Azevedo. Por sua
vez, o aluguer de soluções “não tem expressão face ao volume global de negócios
da Artvision”, diz Rafaela Fonseca.
julho-agosto 2014 L&TH 31
Phc, Eticadata e Sap.
A solução Eye Peak está a ganhar
terreno no mercado angolano, com uma
presença assente “numa parceria estratégica estabelecida com uma rede de
parceiros dos principais ERP, nomeadamente Primavera BSS, que certificou
o Eye Peak e com quem a Sinfic tem
feito um trabalho continuado de nível
de integração do produto ao nível tecnológico, comercial e estratégico; PHC
que está agora a dar os primeiros passos conjuntos; Eticadata com quem já
temos projetos realizados; e SAP B.O.
em clientes estratégicos”, explica Maria José Governo. O Eye Peak surge nos
ERP como mais uma funcionalidade
que lhes acrescenta valor, os parceiros
no terreno asseguram a formação, competência e acompanhamento.
Em Moçambique, a Sinfic está fisicamente presente há três anos, com a
sua unidade de gestão de ativos, onde
se inclui a gestão de frotas em tempo
real - Quatenus. No caso do Eye Peak
já foram feitos alguns contactos e “o
momento é de prospeção”.
O potencial de crescimento é inegável: no ano passado o mercado angolano representou cerca de 20%, este ano
a Unidade Estratégica de Mobilidade
da Sinfic espera faturar metade do seu
volume em Angola, o que se traduz num
“crescimento considerável”. As expetativas positivas não se limitam aos mercados externos. No mercado português
a Unidade Estratégica de Mobilidade
da SINFIC tem tido um crescimento
sustentado e este ano espera faturar
500 mil euros. “A procura dos sistemas
de gestão de armazéns está a aumentar,
em relação ao período homólogo do ano
passado, o que nos permite sentir um
clima de retoma auspicioso”, afirma a
Gestora de Negócio da Sinfic.
Logistema em Angola
tribuidor de peças automóvel ou uma
indústria.
Eye Peak cresce em Angola
“Tudo indica, que face à nossa privilegiada posição geográfica e orla marítima, Portugal venha a ser um ponto de
convergência entre a Europa, América e
África. Visto desta perspetiva, estamos
no centro do mundo, apenas temos de
saber aproveitar”, diz Maria José Governo, Gestora de Negócio da Sinfic. A
empresa disponibiliza há dez anos a solução de gestão de armazéns Eye Peak
WMS, que integra com vários ERP de
mercado, nomeadamente Primavera,
Não são os únicos exemplos de empresas de software de gestão a apostar em
mercados internacionais. A Logistema,
empresa portuguesa criada em 1993 que
comercializa o sistema de gestão de armazéns WarePack, está a desenvolver
projetos em Angola. “Os nossos clientes
angolanos procuram na Logistema o
conhecimento mas acima de tudo
32 L&TH julho-agosto 2014
DOSSIER
SOFTWARE PARA ARMAZÉNS
a capacidade de implementar soluções
eficientes e duradouras”, segundo Clara
Solapa, Consultora Funcional de SI da
Logistema.
Sem concretizar, a empresa confirma
que os sistemas de informação logísticos ocupam “parte considerável do volume de negócios”, para o que contribui
a existência de um pacote de soluções,
graças às parcerias que a Logistema
mantém com as empresas Opti-Tie e
Slimstock que, conjuntamente com o
Warepack, disponibilizam sistemas de
geomarketing & otimização de rotas,
gestão de transportes & distribuição,
otimização de cargas & embalagens
e gestão da cadeia de abastecimento.
Em 2013 foram sobretudo relevantes as
implementações do sistema de gestão
de armazéns, WarePack, e do sistema
de planeamento e otimização de rotas,
Toursolver. Este ano a empresa afirma
o propósito de “apostar forte na internacionalização”.
A Sage Portugal está apostada em
consolidar a sua posição em Portugal,
Angola e Brasil. Na área das soluções
WMS, dispõe do Sage Geode-WMS,
para a gestão de armazéns complexos,
e do Sage ERP X3 que conjugado com o
primeiro representa a oferta da marca
para a SCM - Supply Chain Management. “O Sage ERP X3 é uma solução
de gestão integrada de referência internacional e é considerada pelos principais analistas uma das cinco soluções
de topo neste segmento de mercado”,
diz Rui Nogueira, Business Unit Manager Mid-Market da empresa.
Nos primeiros seis meses do ano, os
resultados estiveram acima das previsões iniciais: “As vendas de software
cresceram 19% face a 2013 e o valor dos
serviços manteve-se inalterável”. As
soluções especializadas para gestão de
armazéns representam 5% do portefólio
de produtos Sage para o Midmarket,
mas as perspetivas de crescimento anuais nesta área rondam os 10%.
Crescer a dois dígitos
A Atos, empresa com 20 anos que dispõe da linha Sislog de logística, comercializa as suas soluções em Portugal e
mercados internacionais como França,
Holanda, Espanha, Colômbia, Equador
Há maior potencial de
crescimento deste tipo de
software em mercados onde
a logística tem um nível de
maturidade baixo...
e Marrocos. “A nossa estratégia passa
por uma abordagem a novos mercados
internacionais, utilizando a forte presença da ATOS em todos os continentes”, diz a Account Manager, Susana
Almeida. Dos 4,9 milhões de euros
faturados em 2013, 15% correspondem
aos mercados externos. Para este ano,
a previsão é um volume de negócios de
5,2 milhões de euros. Os resultados em
Portugal têm estado aquém do expetável, mas a empresa espera “atingir
o sucesso que foi obtido em outros
países”, tendo em conta “alguns sinais
de retoma da economia”.A ArtVision
conta com clientes em mercados internacionais, mas não detém clientes no
mercado externo com as suas soluções
de gestão de armazéns. Estas baseiam-se no software de gestão Artsoft, com
a componente de gestão de stocks, armazéns e suportes logísticos. Em 2013,
o volume de negócios da ArtVision foi
de 1,5 milhões de euros, “sendo a perspetiva de evolução a médio prazo na
ordem dos 5%”, de acordo com Rafaela Fonseca, Business Manager da
empresa. Este ano a empresa prevê um
crescimento de 10% a 12% do volume e
negócios relacionados com a gestão de
armazéns.
O negócio do Generix Group evoluiu
positivamente no último ano e registou
um crescimento superior a 15% face ao
ano transato. O volume de negócios da
empresa em Portugal foi superior a 2,3
milhões de euros e este ano a perspetiva de crescimento é de 10%. A nível
do grupo, o volume de negócios rondou
os 50 milhões de euros. “As perspetivas para o ano corrente são bastante
otimistas, tendo em consideração o
número crescente de oportunidades detetadas e o interesse que o mercado tem
demonstrado pelas nossas soluções”,
avança Pedro Gordo.
Duplicar clientes
A nível mundial a Slimstock conseguiu
angariar 70 novos clientes em 2013 e
este ano prevê alcançar 80 novos clientes. A empresa comercializa o Slim4,
uma solução completa ao nível de planeamento de inventário.
Em Portugal foram três novos clientes e Martijn Wiecherink, Country Manager de Portugal e do Brasil, afirma
o objetivo de “duplicar este número
em 2014”. A empresa já tem presença
em todos os países da Europa e está
agora a desenvolver novos mercados
como o Canadá, EUA, Brasil, Chile,
Peru, Colômbia, Equador, Turquia e
Dubai. Também a Kardex, fabricante
de Armazéns Automáticos, está satisfeita com o negócio em Portugal: “2014
está a superar as expetativas e perspetivamos exceder as previsões definidas
previamente”, diz Cristóvão Azevedo,
Area Manager Sales. A empresa está
presente um pouco por todo o mundo,
maioritariamente de forma direta. O
Grupo Kardex obteve um volume de
negócios de cerca de 400 milhões de
euros em 2013, dos quais cerca de 3%
correspondem à Kardex Sistemas, S.A
(onde está integrado Portugal). Este
ano as previsões passam por aumentar
o volume de negócios entre 8% a 10%.
Crescer nas PME
As soluções de gestão de armazéns
são úteis a empresas dos mais diversos setores de atividade e de qualquer
dimensão. A maioria das empresas
tem clientes de todas as dimensões e
apenas a Alidata confirma que a maioria dos seus são PME. Será entre estas
empresas que continua a haver maior
potencial de crescimento, nota Pedro Gordo, da Generix. “Muitas PME
com logística própria ainda não está
devidamente equipada. É frequente
encontrar empresas em que a logística
atingiu um nível de complexidade e
volume significativo, com uma performance logística muito baixa. Num
país de PME, parece-nos fundamental
que os decisores se envolvam mais
nesta área da sua empresa, investindo
em recursos humanos qualificados, em
sistemas de informação de qualidade e
sobretudo afetando algum do seu tempo na reflexão sobre a adequação dos
seus processos logísticos à Demand
SOFTWARE PARA ARMAZÉNS DOSSIER
Chain dos seus clientes”, diz. Com
clientes de todas as áreas de negócio, os principais clientes da Generix
são grandes retalhistas, operadores
logísticos e grandes indústrias CPG
– Consumer Packaged Goods e farmacêuticas. A grande maioria dos 20
maiores 3PL são seus clientes e existe
“uma boa margem de aumentar o nível
de colaboração”.
Os operadores logísticos representam cerca de 70% do core da Sinfic. Além destes, a empresa tem como
clientes empresas ligadas à indústria
farmacêutica, alimentar e eletrónica.
Na Logistema o peso dos operadores
logísticos é de 37% do total de clientes do Warepack. Outros pertencem
aos setores da indústria, distribuição
e retalho.
Fortalecer logística
O valor é similar na Atos: 30% dos
clientes são operadores logísticos. A
Atos conta com mais de 120 clientes, do
retalho e distribuição (entre os quais
marcas como Condis Supermercats e
Eroski), operadores logísticos, indústria, farmacêuticas e setor agroalimentar. “São mais de 360 implementações
em plataformas logísticas em todos os
setores de atividade e, face à estrutura
modular do nosso SW de gestão de armazéns, permite-nos abranger o mercado das pequenas e grandes empresas”, diz Susana Almeida. Na ArtVision
os operadores logísticos representam
10% do volume de New Business.
A solução Geode, da Sage, conta com
mais de 500 clientes, entre os quaisa
L’Occitane, Schneider Electric, Michelin ou Codico. No setor dos operadores
logísticos são clientes a Logic e a Antalis e a Sage Portugal está a fortalecer a
sua rede de parceiros dedicados exclusivamente a este segmento.
julho-agosto 2014 L&TH 33
A Slimstock não tem operadores logísticos como clientes, mas serve setores diversos como o retalho, grossistas,
peças de reposição, indústria, automóvel, materiais de construção, artigos
de consumo, componentes industriais,
farmacêutico, saúde e sanitário e climático. Em Portugal são clientes a Sanitop, J. Soares Correia, Nortécnica e
Fabory.
Os armazéns automáticos não são
só para grandes empresas. Cristóvão
Azevedo garante que a Kardex tem
como clientes desde microempresas
até às maiores empresas nacionais.
Em Portugal contam-se a VW Auto
Europa, Intermarché, Lactogal, Nanium, Auto-Sueco, Ogma, Ikea Factory, Grohe, Roca, Renault CACIA,
Siemens, Compal, Galp, EDP, Pecol,
EEE, Labesfal, Frezite, Bosch, Martifer, Impetus, Unicer, Ricon, entre
outras.

Documentos relacionados

Caso-de-estudo-Europac

Caso-de-estudo-Europac 100 em 1999. A Sage tem mais de seis milhões de clientes e mais de 12 700 funcionários em 24 países, incluindo no Reino Unido e Irlanda, na Europa continental, na América do Norte, na África do Sul...

Leia mais

O Departamento de Tesouraria da Generalitat Valenciana (governo

O Departamento de Tesouraria da Generalitat Valenciana (governo é a razão por detrás da mais recente expansão na instalação da plataforma Sage XRT Treasury em 2010. “Finalmente, é de salientar que, na opinião de Salvador Albert Mora, "Qualquer organismo de admi...

Leia mais