em tempos de Crise

Transcrição

em tempos de Crise
Foto cedida pela EEUM
Portugal Inovador
Índice
5 - Editorial
6 - COSTA SANTOS E PINHO
“Uma ciência a seus pés”
8 - Distrito de Setúbal
36 - “Networking: informação e visibilidade”
por João Abreu
37 - Braga
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Portugal Inovador
Editorial
Exportar as nossas marcas
Recentemente, o Banco de Portugal anunciou que, ainda este ano, o país
deverá conseguir, pela primeira vez em 69 anos, um excedente da balança
comercial de bens e serviços. Isto significa que o valor das exportações
será superior ao das importações, facto que não se verifica desde 1943.
Estes resultados são, sem dúvida, um sinal animador acerca do trabalho
desenvolvido pelas empresas nacionais, no esforço de levar mais longe os
seus produtos. No entanto, e porque acreditamos que é possível fazer mais
e melhor, há uma área onde o nosso país ainda precisa de percorrer um
longo caminho – falamos da exportação de marcas.
É importante referir que exportar uma marca não é o mesmo que exportar
uma mercadoria ou um serviço. O risco envolvido e o investimento são, naturalmente, muito superiores, porque exportar uma marca implica valorizá-la
e diferenciá-la, comunicando-a a uma escala global com alguma frequência.
Apesar disso, acreditamos que o resultado deste trabalho pode ser extremamente compensador. Senão, vejamos dois exemplos.
Presente em 67 mercados, a Renova, conhecida de todos os portugueses,
é uma das marcas portuguesas que não se limita a exportar papel higiénico.
Há uma procura constante de ideias novas – o papel higiénico preto é um
dos exemplos mais notórios – e, a par da inovação, a marca procurou definir
um território próprio, onde se pudesse expandir, procurando novas formas
de se mostrar e de comunicar com o cliente.
Outro caso de sucesso é o da Fly London. Esta marca de sapatos, ao contrário do que muita gente pensa, não é britânica, é portuguesa. O ‘London’
no nome tem como objectivo aludir a um estilo de vida cosmopolita, sendo
que a marca definiu sempre uma estratégia de moda global, que lhe permite
implantar-se em mercados mais variados. A originalidade das suas criações
é algo que a Fly London pretende comunicar ao público, seja através do material promocional, da publicidade em revistas ou até do próprio logótipo.
Posto isto, e sabendo que não faltam em Portugal empresas detentoras de
produtos com potencial, de que é que estamos à espera?!
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Uma ciência a seus pés
A Costa Santos e Pinho, fundada por António Oliveira da Costa Santos, conta
já 32 anos de existência. Hoje, Vasco Santos, filho do gerente, recorda, com
orgulho, o trabalho do pai e reflectiu acerca daquela que, actualmente, considera ser a “realidade dos sapatos”.
António Santos é um exímio trabalhador que começou a sua actividade por baixo da fábrica do seu
pai, que por sua vez trabalhava
para uma outra empresa de calçado. Foi com muito esforço e dedicação que em 1980 abriu a Costa
Santos e Pinho. Fruto de um trabalho intenso e de uma luta constante, consegue hoje manter a
empresa no bom caminho. António
é, por isso, visto pelos filhos como
uma referência pelo seu percurso
e trabalho.
Presentemente, a Costa Santos e
Pinho mantém-se sob a gerência
de António Santos, e Vasco Santos trabalha a seu lado assumindo a função de director criativo. A
empresa não descura a qualidade
nem os pormenores. Esta característica perfeccionista faz com
que, até aos dias de hoje, não haja
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uma única história de devoluções
na empresa. Aqui fabrica-se única
e exclusivamente calçado de mulher, e o facto de não se aventurarem noutro género, permite-lhes
especializarem-se no que fazem.
A empresa chegou a criar duas
marcas próprias, a Evalinda e a
Patico. Apesar do potencial das
marcas, na altura, a Costa Santos
e Pinho entendeu que o projecto
não era viável. Por isso, agora trabalha exclusivamente para o cliente, que idealiza o que necessita, e
a empresa concretiza.
Lidar com o mercado estrangeiro
também não é novidade para a
empresa de calçado, que já se iniciou neste processo há sete anos.
Actualmente, 95% da sua produção é destinada, precisamente,
a mercados externos. Contudo,
nem tudo é fácil. “A realidade da
exportação é completamente diferente nos dias que correm. Agora,
é o cliente a impor tudo aquilo que
necessita. Impõe o modelo, impõe
o preço, quando quer receber e
quando pretende pagar!”
“Existe uma grande exigência por
parte dos clientes estrangeiros a
nível da qualidade do calçado”,
afirma. No entanto, não é o factor
qualidade que assusta a empresa.
E, prova disso, é que, para além
de um ou dois clientes nacionais,
a empresa colabora com diversos
países, entre os quais Inglaterra,
França, Suécia, Espanha, Rússia,
Alemanha e Holanda. Entre as
marcas para as quais produzem
estão nomes de referência como
a Next, La Redoute, Cubanas e
Seaside.
Vasco Santos menciona que a
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arte do calçado se tornou muito
mais complexa. Se antes “levava
uma etiqueta, metia-se em caixa
e já estava”, agora “é procedida
a compra, tem que seguir uma
amostra para confirmar o sapato,
e só depois é que se pode iniciar a
produção. Entretanto, tem que se
efectuar os testes aos sapatos, o
embalamento tem que obedecer a
regras específicas, levar uma etiqueta, etc.”
O entrevistado acredita que apenas as fábricas industrializadas
vão sobreviver e poder fazer frente às exigências do cliente. Para
Vasco Santos, foi o bom trabalho
levado a cabo pelo pai que ajudou
a empresa a estar preparada para
essas necessidades. Foi graças a
ele, que a empresa conquistou um
lugar de referência no mercado.
Um bom exemplo disso mesmo é
o facto de algumas empresas do
sector estarem agora a introduzir
máquinas de corte automático,
equipamento que a Costa Santos
e Pinho já possui há cerca de dez
anos.
Segundo o director criativo, o que
distingue esta empresa de outras
do sector “é o dar tudo por um
objectivo comum. Vou fazer sempre referência ao meu pai, porque
acho importante que as pessoas
percebam que ele é um exemplo
a seguir. Trabalha com os funcionários em qualquer sector. Se um
funcionário falha, ele vai substituílo porque sabe como fazer. Dá-se
tudo pelo cliente, tudo o que ele
necessita”.
“Realidade dos sapatos”
Vasco Santos comentou logo desde início que gostaria de dar a entrevista para poder falar um pouco
sobre “a realidade dos sapatos” e
assim foi. “Não é verdade o que todos retratam. Não é. A realidade é
que fecham mais fábricas do que
abrem. E, infelizmente, vão continuar a fechar, porque a realidade
dos sapatos é esta, mais nenhuma.” Isto deve-se ao facto de aqui
em Portugal termos um óptimo
produto para oferecer, mais rápido
e mais barato. Contudo as despesas continuam a aumentar o que
leva a uma insustentabilidade.
Para o nosso interlocutor outro dos
grandes problemas passa pelo
facto de as pessoas não quererem
trabalhar neste sector. Vasco Santos refere que trabalhar na área do
calçado envolve uma ciência que
não é fácil de aprender. “O que
falta nas pessoas é responsabilidade. A falta de querer e a falta de
ambição, a falta de se querer ajudar o outro, nota-se em tudo nas
empresas. O retrato final está aí”.
As leis laborais e o facto de não
poder movimentar o pessoal dentro da empresa de maneira a ficar
com aqueles que realmente trazem uma mais-valia transformamse também num entrave ao desenvolvimento e a este junta-se outra
dificuldade que é o alargamento do
prazo pagamento. As encomendas
tornam-se quase impossíveis de
suportar visto que desde a altura
em que é colocada a matéria-prima na empresa até ao momento
do pagamento por parte do cliente
podem passar-se até seis meses.
“Ou se tem um grande rol de clientes, de forma a colmatar monetariamente, ou então torna-se complicado.”
Problemas à parte, Vasco Santos
mostra-se orgulhoso da sua família e de si próprio. “Se alguém me
perguntar o que faço, digo ‘Sou
sapateiro’ , porque não sou outra
coisa e tenho orgulho naquilo que
faço e no que sou aqui”, conclui.
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Portugal Inovador
Um Mundo de Possibilidades
Ao fim de quase uma década, o sonho tornou-se realidade. A Introsys deu a
conhecer ao público o IntroBot, robô 100% português preparado para entrar
no mercado, abraçando um mundo de possibilidades.
A fundação da Introsys remonta
ao ano de 2002, quando Luís e
Nuno Flores, com background
profissional na indústria automóvel, decidiram dar prioridade
à concretização de um sonho
antigo: a criação de um robô
móvel destinado à aplicação em
desmionagem/EOD (Explosive
Ordnance Disposal). No entanto, depois de constituída a empresa, os dois irmãos sentiram
necessidade de repensar a sua
estratégia.
“Um ano e meio depois, como
resultado da nossa inexperiência e de uma certa visão romântica do negócio, concluímos que
ninguém vive exclusivamente
de I&D ou robótica móvel em
Portugal. Então, decidimos vocacionar a Introsys para uma
actividade semelhante à que
desempenhávamos antes, na indústria automóvel, mantendo em
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paralelo um centro de I&D para
a robótica móvel”, recorda Nuno
Flores. Em 2004, depois de recrutarem o director operacional
da empresa, Eurico Nogueira
Dias, bem como uma equipa de
engenheiros recém-licenciados,
a Introsys lançou o seu primeiro
projecto de automação, inserido
no core-business da empresa –
a implementação de soluções
avançadas de controlo para a
indústria automóvel.
Fornecedores
de referência
Hoje certificada com o selo
PME Excelência, a Introsys tem
a seu cargo a programação e
optimização das máquinas que
produzem veículos de marcas
como a Wolkswagen, Ford, Audi
ou BMW. A especificidade deste
tipo de produto, não permitindo
margens para erros, é um dos
trunfos da Introsys, que é já um
dos fornecedores de segunda
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linha de referência no circuito
europeu. Esta actividade permitiu à empresa estar presente
em mercados como a Rússia,
China ou Índia, onde criaram
recentemente uma filial. De referir ainda que a facturação da
Introsys evoluiu de 40 mil euros,
em 2003, para 6,1 milhões de
euros em 2011, sendo que as
expectativas para 2012 atingem
os 8,5 milhões.
Foram os primeiros anos de vida
da Introsys e a aposta nesta
actividade que permitiram aos
seus fundadores a possibilidade
de concretizarem o seu sonho –
a criação do IntroBot. O projecto obteve um financiamento de
535 mil euros (num total de 859
mil) através do programa PORLISBOA (QREN/FEDER).
Tecnologia
Made In Portugal
Nas palavras de Luís Flores, o
IntroBot, com “uma arquitectura
mecânica fabulosa”, é o primeiro
robô de serviço de todo o terreno para vigilância de perímetros
exteriores, totalmente desenvolvido em Portugal. O projecto
é o resultado de dez anos de investigação e desenvolvimento,
sendo que, aos responsáveis,
não escapou uma premissa importante – o facto de “poder haver lugar para um produto como
este no mercado”.
Este pequeno prodígio da técnica é uma plataforma extremamente flexível, adaptável
e genérica, configurável de
acordo com as necessidades
de cada missão – sejam elas
search&rescue, com controlo
tele-operado, seja como agente
de telepresença, como controlo
de multidões, videovigilância,
explosive ordenance disposal,
electronic mule, entre outros.
Apesar de, numa primeira fase,
ter sido pensado para demining,
as aplicações do IntroBot, que
detém uma capacidade para
traccionar 300 quilos, são inúmeras.
A desenvolver todo o trabalho
da Introsys está uma equipa
com 60% de licenciados ou habilitações académicas superiores. “Sempre quisemos apostar
em jovens licenciados. Para
além de serem eles os respon-
sáveis pelo sucesso desta empresa, são também eles os responsáveis por parte da nossa
dedicação pessoal e empenho.
É graças a eles que a Introsys
se tornou naquilo que é hoje”,
ressalva Nuno Flores.
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Partilha Bidireccional
A Introsys tem mantido, também, relações estreitas com o
mundo académico. Na verdade,
a empresa nasceu no contexto
de uma incubadora, o UniNova
(Instituto de Desenvolvimento
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de Novas Tecnologias). Presente na apresentação do IntroBot,
Luís Camarinha Matos referiu
que “quando se criaram instituições como o Uninova, dizia-se
que seriam um interface entre a
universidade e a indústria, pelo
que serviriam de transmissão de
conhecimento numa perspectiva
unidireccional. Felizmente, essa
perspectiva mudou. A Introsys
soube aproveitar a longa rede de
colaboração do Uninova, a nível
europeu, e retribuir da mesma
forma. É essa partilha bidireccional que origina o sucesso”.
Ainda nesta lógica de interacções com o mundo académico,
importa reforçar que a Introsys
levou à criação de emprego para
mão-de-obra graduada, contratando engenheiros jovens e permitindo-lhes realizar mestrados
e até doutoramentos.
Voltando ao IntroBot e às suas
potencialidades, há que dizer
que há, de facto, um mundo de
possibilidades pela frente. Os
responsáveis da Introsys reconhecem que esta é uma máquina desenvolvida para efeitos de
vigilância, mas que se poderá
enquadrar noutros domínios de
aplicação. “Seja do ponto de
vista militar, de segurança, protecção civil, exploração agrícola
ou ambiental, o facto de termos
uma plataforma completamente aberta e expansível permitenos personalizar a máquina, de
modo a que se adapte à aplicação que se destina. No entanto,
para que isso seja possível, é
crucial encontrarmos parceiros
que nos ajudem ainda mais a
desenvolver o produto. A ideia
é entrar em graus de customização mais detalhados, nomeadamente através de configurações
que nos permitam fazer face a
toda uma diversidade de missões”, conclui Luís Flores.
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90% para exportação
A Utilcork destina 90% da sua produção ao mercado externo. Pavimentos
e revestimentos de parede em cortiça, onde a qualidade não pode ser
colocada em causa, satisfazem a procura de clientes localizados na Holanda, Alemanha, EUA, Canadá e Inglaterra.
A Utilcork sabe que o segredo de
negócio se baseia na inovação constante para corresponder ao exigente
mercado externo. A empresa começou desde cedo a construir relações
de cumplicidade, que ainda hoje
perduram, com o mercado externo:
“A Utilcork começou por trabalhar
apenas com um cliente. Refiro-me à
Bodum, uma multinacional de renome, para quem fabricávamos bases
de cortiça e que nos garantia uma
facturação anual de um milhão de
euros. Ainda hoje trabalhamos com
eles, ainda que numa escala menor.
Quando eles substituíram as bases
de cortiça por peças metálicas, fomos
obrigados a procurar novos nichos
de mercado. Foi nesse momento
que nos virámos para os pavimentos
e revestimentos”, relembra Formosinho Torres, fundador e administrador
da empresa.
Análise de mercado
Para Formosinho Torres, seria muito
mais fácil vingar no mercado externo
se as empresas portuguesas se unissem num objectivo comum: “Quantos
mais players existirem neste sector,
maiores possibilidades teremos de
vingar no mundo externo. O Grupo
Amorim está a fazer uma divulgação
internacional muito interessante da
qual poderemos todos beneficiar”,
salienta o empresário.
Claro que, para que isso aconteça,
terão de ser criadas as condições
necessárias à exportação sustentada: “Precisamos, não só no sector da
cortiça, mas em todos, de ter empresas financeiramente estáveis. Infelizmente, é algo raro em território nacional. As empresas debatem-se com
um parasitismo lateral crescente que
prejudica seriamente os seus objectivos. Há cada vez mais elementos/
factores não-produtivos na cadeia
de negócio que limitam a acção dos
empresários. É algo que precisa de
mudar urgentemente. Em 2011, a
Utilcork conseguiu crescer no seu
volume de negócios e as previsões
são de manter esses números este
ano, mas também tenho consciência
de que não podemos fazer previsões
nos dias de hoje. Nem a longo, nem
a médio, nem a curto prazo! Temos,
todos, de contribuir activamente para
mudar esta situação. Portugal é líder
mundial na produção de cortiça, por
isso tem o dever de fortalecer este
sector”, reitera Formosinho Torres.
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A tradição do fumeiro
A Dom Porco vale-se de todo o saber ancestral para produzir, segundo o método tradicional, os famosos enchidos e derivados de porco da região do Alentejo
Litoral. A industrialização desta tradição do fumeiro tem garantido à empresa
um crescimento gradual e sustentado, começando agora a dar os primeiros
passos na exportação.
O Alentejo é, desde há muito, terra
de bons costumes e sabores. Em
2007, tirando partido dessa consciência nacional e de todo o passado familiar, Ana Maria Ventura
tem a ousadia de arrancar com a
empresa Dom Porco. A partir de
S. Francisco da Serra cria uma
pequena indústria plena de desejos e vontades que, gradualmente,
começaram a ser valorizados pelos seus clientes: “Toda a minha
tradição familiar estava ligada ao
mundo agro-pecuário. Na minha
formação profissional, mesmo
quando estive envolvida em projectos de investigação, todos eles
estavam ligados ao espaço rural.
Por isso foi com naturalidade que,
em Novembro de 2007, arranquei,
em sociedade, com a Dom Porco.
Recordo-me que no início não foi
muito fácil, porque começámos
tudo do zero… Os potenciais clientes não conheciam o nosso produto, a marca não estava implantada
no mercado e levou o seu tempo
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até que fosse valorizada. Felizmente e apesar das dificuldades
do momento presente a nível nacional, temos tido um processo de
crescimento lento mas constante,
acompanhado por um aprimoramento de todos os processos produtivos. Actualmente, a Dom Porco
já conta com quatro colaboradores
e começa a dar os primeiros passos na exportação, através de um
grossista. A exportação tem sido
uma experiência muito interessante, sendo expectável, e desejável,
um desenvolvimento nesta área
para o curto e médio prazos”, revela a administradora.
Crescer com tradição
Do chouriço preto à linguiça e à
farinheira, passando pelo paio, paínho e paiola, ou mesmo pelo presunto e pela banha, a Dom Porco
é o exemplo de produtos alentejanos produzidos com qualidade
e de forma tradicional: “Tentamos
transportar para os nossos produ-
tos a forma tradicional de produzir
enchidos nesta região do Alentejo
Litoral. Para além disso fabricamos
também a cabeça de xara, que é
de outra zona do Alentejo, mas
sempre da forma mais genuína
possível. Utilizamos o fumeiro a lenha para a cura dos enchidos, seguido de um período de estabilização e posterior comercialização”,
explica Ana Maria Ventura. “Como
complemento à nossa atividade e
diversificando produtos, também
fazemos o leitão assado à moda
da Bairrada, no respeito pela sua
genuína receita” acrescenta.
A empresa, que começou por se
dedicar apenas ao canal HORECA,
começa agora a trabalhar também
com armazenistas e grossistas: “É
uma experiência com poucos meses, mas que tem tido bons resultados. Esta opção acontece porque
uma PME desta dimensão não tem
o mesmo potencial logístico que
empresas dedicadas em exclusivo
à comercialização. As parcerias
apresentam melhores resultados
quando cada um dos parceiros se
dedica à actividade que melhor desempenha. Pessoalmente, acredito que a Dom Porco se deve preocupar em produzir bem, divulgar
os seus produtos e rentabilizar a
sua capacidade produtiva, agindo
na complementaridade com estes agentes económico-logísticos”,
des­taca a administradora.
Dinâmica empresarial
A Dom Porco não exclui a possibilidade de produzir sob a marca
do cliente: “É algo que estamos
disponíveis para realizar, e temos
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duto através da sua origem geográfica partindo, claro, de um princípio - que essa origem pressupõe
características diferenciadoras nos
produtos... Defendo que os fabricantes devem informar sobre as
características reais dos artigos
produzidos. O cliente é livre de valorizar, ou não, essa diferença, mas
deverá ser sempre devidamente informado”, reitera a empresária.
condições para o fazer segundo
as necessidades do cliente, desde que sejam respeitadas algumas questões básicas, como por
exemplo a qualidade da produção
- disso não abdicamos. Por outro
lado, poderá também abrir portas
no mercado externo, onde a Dom
Porco já começa, indirectamente,
a dar os primeiros passos. É um
objectivo cumprido, ainda que se
encontre numa fase embrionária”,
revela Ana Maria Ventura.
De realçar que a Dom Porco está
a ter um papel impulsionador no
desenvolvimento das exportações
deste sector: “Fazemos parte do
núcleo fundador da Marca Litoral
Alentejano, porque acreditamos
ser importante distinguir um pro-
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Vitorino Gonçalves
Produtor de flores e hortícolas
Da simples produção de flores à hidroponia.
O testemunho de um homem de
sucesso - “Eu estava destinado a
trabalhar nesta área”, sorri Vitorino Gonçalves, “os meus dois irmãos eram produtores de cravos
e rosas e foram os meus primeiros fornecedores. Comprava-lhes
as flores, embalava-as e fazia
eu mesmo a distribuição, através
de camioneta ou comboio, para
todo o país. Angariei cerca de 40
clientes nessa altura. Como nas
alturas festivas comecei a não ter
flores para abastecer esses clientes, decidi enveredar também pela
produção. Em 1977 criei a empresa Vitorino Augusto Nascimento
Gonçalves, em sociedade com um
irmão [António Gonçalves] e, num
terreno de 2000m2, comecei por
cultivar cravos e cravinas. Hoje,
a empresa conta com 25 hectares de estufas e com um efetivo
de 58 colaboradores, incluindo
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dois engenheiros agrónomos, um
licenciado em Gestão e outro em
Vendas”, salienta que este crescimento só foi possível graças ao
esforço e dedicação de todos os
colaboradores que o acompanharam neste projeto. Recentemente
foi criada uma nova empresa designada, VANGFLOR - Produção e
Comércio de flores, Lda, destinada
a novos mercados, assim como a
implementação do sistema de produção em Hidroponia.
Vitorino Gonçalves e Vangflor
- no mercado
Apesar das flores chegarem a todo
país, é na região Centro que está
concentrada a maioria dos clientes: “Enviamos flores para todo o
país, mas diria que cerca de 30%
da nossa produção se destina ao
MARL – Mercado Abastecedor
da Região de Lisboa. Depois te-
mos uma percentagem de clientes
que nos compra directamente nas
nossas instalações, assim como
também a produção destinada
ao mercado espanhol, holandês,
prevendo-se ainda para este ano
o alargamento a outros países da
Europa.
“Hortícolas, mercado nacional e
em parceria com a empresa Primo-horta, associação à qual pertencemos, exportamos batata e
cenoura, para França, Alemanha,
Bélgica”. Salienta que os hortícolas representam, actualmente, cerca de 40% da sua faturação.
A concorrência
e o mercado consumo
Facto é que, num sector onde a
concorrência nasce e renasce todos os dias, “mesmo com o nosso
know-how, manter-se no activo,
torna-se uma tarefa muito exigen-
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espiritual, conforto e alegria. Por
isso acredito”.
A continuidade
te. Ainda assim, Vitorino Gonçalves foca a sua atenção noutro ponto: “A concorrência existe, sempre
existiu, como em qualquer outro
sector, e, sinceramente, não a vejo
como um factor negativo para o
nosso negócio. Se cada um trabalhar com honestidade, todos teremos lucros. O que me preocupa é
a situação económica, financeira e
social, que a Europa está a viver.
Isso sim, pode tornar-se muito problemático para todos.
Os nossos produtos, os hortícolas,
são considerados bens essenciais, há sempre mercado. A flor,
não sendo um bem essencial, começou a ser considerada um bem
Para que a continuidade da empresa esteja garantida, a segunda
geração da Vangflor está já a delinear novas abordagens ao mercado: “São as minhas filhas e os
meus genros que agora tomam
conta da Vangflor. São eles que
estão a apresentar os novos projectos desta empresa. Até agora,
investimos muito na melhoria dos
sistemas de rega, aquecimento e
sombreamento, para optimizar a
produção. Neste momento, eles
avançaram com um projecto de
produção de gerbera em sistema
de Hidroponia. É mais um passo
para sobreviver neste mercado.
Com esforço e dedicação, acredito
que será sempre possível atingir
esta meta. Se assim não for, a vitória nem tem o mesmo sabor”, sorri
o empresário.
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Da produção
ao consumidor final
Abrangendo desde a produção, à revenda ou mesmo ao consumidor final, o
Grupo Tutiflor abrange hoje todo o ciclo de vida da flor. Uma estratégia de expansão com um único objectivo: retomar hábitos de consumo, devolvendo às
flores o impacto que outrora provocavam no quotidiano dos portugueses.
Temos clientes de continuidade
e clientes ocasionais, mas todos
eles procuram um serviço de qualidade e responsabilidade. Apostamos muito nessa componente do
serviço, nomeadamente através
de um forte investimento ao nível
da tecnologia informática. Criámos
plataformas B2B (business to business) e B2C (business to consumer), com softwares específicos
optimizados para o nosso negócio”, avança o administrador.
Aumentar a proximidade
Nos tempos em que vivemos, comprar uma flor tornou-se quase um
acto simbólico para marcar determinada data ou situação. Mas nem
sempre foi assim. “Antes, os portugueses compravam flores para
ter em casa. Não só como objecto
de decoração, mas também como
elemento importante na criação
de um ambiente inspirador. É algo
que está na nossa tradição, que
está enraizado, mas esquecido.
É isso que a Tutiflor está a tentar
devolver aos portugueses, através
de uma estratégia de sensibilização lenta, mas que, acreditamos,
poderá ter resultado”, refere José
Luís Pombo, administrador da empresa.
Nova abrangência
E para que a compra de flores volte a ser um hábito, o Grupo Tutiflor
reestruturou-se e apresentou-se,
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de uma forma rejuvenescida, ao
mercado: “Em 2010, comprámos
e reestruturámos a Florextra, uma
empresa que faz a vertente da
produção de flores, sempre na
perspectiva de ter a Tutiflor como
comercializador. Definimos, também, não optar pela massificação
da produção, mas sim pela estilização. Isto porque verificámos a
existência de um problema: exportámos, os clientes gostam, mas
depois não existem quantidades
para exportar… Falta um trabalho
profundo de estandardização, da
parte dos produtores, para que se
consiga agregar valor a determinados produtos específicos”, alerta
José Luís Pombo.
Para além disso, o Grupo Tutiflor
fez questão de actualizar a empresa: “A Tutiflor é uma empresa
que inova e está na vanguarda do
serviço, embalamento e logística.
Ainda assim, a Bloem – Art of Nature poderá considerar-se a ideia
mais arrojada de toda a reestruturação do Grupo Tutiflor: “Trata-se
de um posicionamento estratégico
de proximidade ao consumidor final. Funciona em regime de franchising e, até agora, a adesão tem
sido enorme. A primeira loja de venda ao público, na Avenida de Roma
(Lisboa), funcionou como projectopiloto. Neste momento já existem
quatro lojas Bloem e acabámos
de abrir uma loja em Aveiro. É um
projecto 100% português, com um
nome forte e sonante, que, para
além de potenciar a reorganização
do sector, poderá ser exportável. A
internacionalização da Bloem é um
dos projectos mais motivantes do
Grupo Tutiflor”, confessa José Luís
Pombo. “Para além disso pretendemos criar quiosques de venda de
flores. Por um lado, é ajustamento
do produto às diferentes capacidades económicas dos portugueses.
E por outro, é o estar mais próximo
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do consumidor, estimulando assim
a compra por impulso. São dois
pontos importantes. Os portugueses assimilaram que as flores são
um pequeno luxo, mas não é verdade. Há flores para todas as carteiras e queremos projectar essa
imagem nos nossos pontos de venda.”, explica o empresário.
Dinamizar o sector
E para uma empresa que já fez
tanto, o que falta fazer? José Luís
Pombo não tem dúvidas: “­Falta-nos
a venda de flores transversal a todo
o país. Actualmente, 60% das vendas estão no Norte do país. Se
conseguirmos uniformizar e crescer na quantidade vendida, então
podemos considerar que a missão
foi cumprida. Não temos qualquer
interesse na monopolização do
sector, mas pretendemos continuar
a ser uma parte activa na dinamização e crescimento do mesmo. É
isso que nos move”.
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Fertilizar o crescimento
A ADP Fertilizantes, integrada no Grupo Fertibéria, é uma importante empresa
de produção e comercialização de adubos, ocupando uma posição de destaque no sector adubeiro em Portugal, e Península Ibérica. Para além do mercado nacional e espanhol, a ADP Fertilizantes, tem vindo a apostar em outros
mercados cujo crescimento tem sido significativo.
Criada em 1997, a partir da fusão das duas maiores empresas adubeiras em Portugal, pertencentes aos grupos Quimigal
e Sapec, passou a chamar-se
ADP-Adubos de Portugal, S.A.
O Grupo CUF, detentor da ADPAdubos de Portugal, em 2009
fez a sua venda ao Grupo espanhol Fertibéria, passando esta
a denominar-se ADP Fertilizantes, S.A.
Beneficiando de mais de um
século de experiência, a ADP
Fertilizantes tem assegurado,
de forma sustentada, uma posição de liderança no mercado
nacional na comercialização de
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produtos de fabricação própria,
nomeadamente adubos sólidos,
adubos líquidos, bioestimulantes e correctivos agrícolas. O
mercado da ADP Fertilizantes
reparte-se ainda pelos mercados da Europa, África, Médio e
Extremo Oriente, Brasil e Austrália, onde a empresa coloca
vários tipos de adubos.
Como já referimos, a ADP Fertilizantes, está integrada, desde
2009, no Grupo espanhol Fertibéria, sendo composta por três
empresas. A ADP Fertilizantes,
localizada em Alverca do Ribatejo, onde se situa também a
Sede. A Sopac, localizada em
Setúbal, onde são fabricados
56% da totalidade dos adubos
da ADP Fertilizantes. A Nova
AP, por sua vez, é uma empresa
de transformação de matériasprimas, que abastece as duas
empresas supracitadas.
Uma organização bem estruturada que garantiu um crescimento de 20 milhões de euros
em 2011. Ainda assim, João Cabral, administrador da ADP, relativiza o crescimento: “Apesar de
ser uma realidade, não reflecte
totalmente o que se passou. A
verdade é que o ano de 2010
esteve muito abaixo das nossas expectativas, daí se verifi-
Portugal Inovador
car este crescimento em 2011.
Eu diria que este sector é muito
sensível às questões climatéricas e ao preço das matériasprimas, pelo que o sucesso da
ADP está sempre dependente
destas condicionantes. É claro
que a Fertibéria, no caso das
matérias-primas, também tem
algo a dizer”, confessa o administrador.
Mercado interno
Com uma capacidade de produção de adubos acima do consumo nacional, a ADP Fertilizantes é obrigada a exportar grande
parte da sua produção: “Neste
momento, 60% da produção da
ADP destina-se à exportação. É,
em parte, consequência do declínio da agricultura portuguesa.
Nos anos 80, a agricultura portuguesa consumia 1 milhão de
toneladas de adubos, enquanto
que nos dias de hoje não vai
além das 400 mil toneladas.
A ADP tem uma capacidade total de produção de 700 mil toneladas (300 na fábrica de Alverca
e 400 na de Setúbal), pelo que a
exportação é inevitável”, explica
João Cabral.
Para agregar valor aos seus
produtos, a ADP Fertilizantes
dispõe de um gabinete interno
de desenvolvimento e inovação:
“Devido à grande diversidade
de terrenos e tipos de climas
no nosso país, criamos adubos
adaptados a cada caso e tentamos lançar dois produtos novos
por ano. Actualmente, este departamento está a trabalhar em
conjunto com o Departamento e
Desenvolvimento da Fertiberia”.
Empresa com dimensão
O mercado espanhol continua a
ser um mercado primordial para
a ADP Fertilizantes, com cerca
de 300 mil toneladas comercializadas por ano. No entanto,
há outros mercados na mira da
ADP Fertilizantes: “Exportamos
produtos especiais para quase
todo o mundo. Desde o Japão,
à Austrália, Ucrânia, México,
Brasil, entre outros. Com a integração na Fertibéria estamos
também a crescer muito no mercado europeu. Esta integração
deu-nos, de facto, uma outra
dimensão na exportação dos
nossos produtos, possibilitando também, à ADP Fertilizantes
maior capacidade de negociação, na compra de matérias‑primas. No caso da ADP Fertilizantes não ter sido adquirida
pela Fertibéria, provavelmente
estaria a atravessar maiores dificuldades na actual conjuntura
económica europeia”, remata
João Cabral.
Página Exclusiva 19
Portugal Inovador
Prevenção como negócio
A Redecor é a referência nacional na reabilitação, impermeabilização e protecção das superfícies interiores de reservatórios de água potável. Sem medo
de arriscar na busca por novos nichos de mercado, a empresa sedeada em
Alcochete aposta agora em anti-deslizantes aplicados não só aos pavimentos,
mas também a banheiras e bases de duche.
O historial da Redecor remete
para uma base de inovação muito
forte. Em quatro décadas de existência, os pavimentos em resinas
auto-nivelantes - área que originou
a criação da Redecor - tornaram­­‑se apenas um complemento ao
vasto leque de serviços inscritos
nas competências da empresa.
Mestres dos reservatórios
A Redecor está hoje, inevitavelmente, associada aos reservatórios de água potável.
Ao inaugurarem uma nova área
de negócio em Portugal, inscreveram o seu nome na história: “Decidimos pegar numa representação
francesa, quando ninguém pensava em fazer limpeza e desinfecção
Página Exclusiva 20
de reservatórios de água. Foi um
projecto arriscado porque, à época, era uma actividade totalmente
desprezada pelos portugueses. E
como ninguém sentia necessidade de a fazer, também ninguém a
procurava. Ou seja, só após dois
anos de sensibilização é que conseguimos o nosso primeiro negócio”, relembra Carlos Santos, o
fundador da empresa.
A segunda geração desta empresa familiar, composta por Carlos
e Luís Pina Santos, ainda se entusiasma com o início desta área
de negócio: “Foi um processo de
descoberta surpreendente. Há 20
anos atrás nunca tínhamos estado dentro de um reservatório e
de repente estávamos a visitar e
conhecer o parque nacional de reservatórios. Uma experiência única que nos fez entrar numa nova
área de negócio: a reabilitação e
impermeabilização de reservatórios”, explicam.
Ao verificarem a crescente degradação do interior da grande
maioria dos reservatórios nacionais negociaram a representação
da Vandex: “Tivemos formação
com a Vandex e começámos a
complementar o nosso trabalho
de limpeza e desinfecção com
um relatório onde se realçava as
inúmeras patologias encontradas
no interior das células. Apresentávamos também as nossas soluções Técnicas inovadoras para a
resolução das mesmas, sendo em
Portugal Inovador
seguida elaborada uma proposta
económica mais vantajosa do que
a que existia nessa época, devido a utilização de produtos cuja
aplicação era compatível com os
teores de humidade existente no
interior dos reservatórios. Esta
complementaridade permitiu-nos
crescer nas duas vertentes”, define Carlos Pina Santos.
A Redecor tornou-se um prestador de serviços indispensável a
todos os distribuidores de água
potável, representando a área de
reabilitação e impermeabilização
de reservatórios cerca de 70%
da facturação da empresa e as
lavagens e desinfecções cerca
de 15%. O restante continua ligado aos pavimentos e a uma nova
área de negócio que tem atraído
clientes de renome mundial…
Novos negócios
A aplicação de produtos Heritage em pavimentos e banheiras/
cabines de duche tem sido uma
das grandes apostas dos últimos
anos da Redecor: “Apesar de ser
um sucesso em Espanha, tem
sido algo difícil de implementar
em Portugal… Ainda assim, já temos alguns clientes importantes
nesta área. Já trabalhamos, por
exemplo, com alguns hotéis da
cadeia Ibis e com, praticamente, todos os McDonald’s, tendo
recentemente aplicado o Heritage em cerca de 22000m2 de
diversas estações do Metro de
Lisboa. Trata-se de um produto
incolor e que, após aplicado, em
nada altera as superfícies e que
previne a queda das pessoas
devido ao piso escorregadio. Em
Espanha, o código técnico de
edificação obriga os pavimentos
dos locais públicos a cumprirem
com níveis de coeficiente de atrito em molhado que a maioria dos
pavimentos não consegue cumprir sem a aplicação deste tipo
de produto, por isso acreditamos
que, a seu tempo, é um negócio
que poderá ter muita projecção”,
avança Luís Pina Santos.
Mas com competências inovadoras e um know-how extenso,
porque não está a Redecor a
apostar na internacionalização?
Os administradores respondem:
“A Redecor participa em duas
a três feiras internacionais por
ano e até pensamos, a médio
prazo, avançar com um projecto em Moçambique, provavelmente com uma parceria local.
Ainda assim, não esquecemos
que o processo de internacionalização obriga a despender
muitos recursos financeiros e
que representa um risco muito
elevado para uma PME da nossa dimensão. Temos 55 colaboradores e temos competências
para o fazer, mas nunca poderá
ser a Redecor a assumir esse
risco sozinha”.
Página Exclusiva 21
Portugal Inovador
Reestruturar para sobreviver
A Webasto instalou-se em Portugal para produzir o mais sofisticado tecto retráctil automóvel a nível mundial. Com cinco peças, o modelo altamente tecnológico do Volkswagen EOS, augurava uma produção que a quebra do sector
insiste em deixar escapar. Ainda assim, a filial nacional tem garantido números
positivos graças a reestruturações bem delineadas ao longo dos anos.
Rui Miguel Cunha, director geral
da Webasto Portugal, não esconde a realidade da empresa: “O
EOS foi a razão do investimento
da Webasto na unidade de produção em Portugal. As projecções
da Volkswagen eram optimistas
quanto ao volume de vendas,
pelo que Portugal se afigurava como um investimento totalmente justificado. O que é facto
é que o sector automóvel viria a
sentir uma quebra acentuada, e
este segmento dos cabrio, onde a
Webasto Portugal actua, não fugiu à regra. E isto acontece não
porque o Volkswagen EOS, ou o
Peugeot 207cc, têm sete anos de
mercado, mas sim porque existe uma quebra generalizada no
Página Exclusiva 22
sector automóvel europeu. O resultado prático para a Webasto
Portugal foi a passagem de uma
facturação de 110 milhões, em
2007, para uma facturação de 50
milhões, em 2011. Este ano, as
perspectivas são de nova quebra, mas esperamos continuar a
manter a empresa com resultados
positivos. É o que temos feito até
hoje, graças a reestruturações
constantes na empresa”, avança
Rui Miguel Cunha.
Procurar alternativas
Mas o que é que a Webasto Portugal, uma empresa localizada no
Parque Industrial da AutoEuropa,
tem a ver com o Peugeot 207cc?
Rui Miguel Cunha explica: “O tec-
to retráctil do Volkswagen EOS,
que fornecemos em just in time
para a AutoEuropa, continua a representar 95% da facturação da
Webasto Portugal. Ainda assim,
a empresa passou a ser, também,
responsável pela produção dos
mecanismos da capota do Peugeot 207cc, que é produzido em
Madrid. Não muda radicalmente o
rumo da empresa, mas não deixa
de ser uma lufada de ar fresco importante”, confessa o director.
O projecto de romper com a dependência da AutoEuropa não
é novo, mas teima em tornar-se
efectivo: “Neste momento, a Webasto Portugal dedica-se ao mercado português e espanhol, mas
a ideia é não estar só dedicada
Portugal Inovador
Apostar no futuro
à AutoEuropa. Poderemos usar
a produção da Webasto Portugal
noutros equipamentos além dos
tectos retrácteis. É essa a estratégia que tenho estado a seguir,
a par da casa-mãe, para tentar
sair da dependência do EOS e do
207cc. Temos capacidade para
produzir tectos de abrir e tectos
panorâmicos, produtos que seriam bastante interessantes do
ponto de vista de negócio. Claro
que, para que isso aconteça, terá
de ser a Webasto a ganhar o concurso na Alemanha, para posteriormente podermos avançar com
a produção”, relembra Rui Miguel
Cunha.
gócio, mas também porque todos
sabemos que a AutoEuropa não
se esgota em si mesma. E o que
se passa é que a AutoEuropa é o que até compreendo enquanto
estratégia - demasiado fechada
em si mesmo. Daqui a algum tempo, se a AutoEuropa sobreviver e
o Parque Industrial não o conseguir fazer, como é que a AutoEuropa vai resolver este problema?
Na minha opinião, a AutoEuropa
deveria olhar para o Parque Industrial como uma parte de si, fortalecendo através do diálogo esta
lógica de parceria tão importante
para ambas as partes”.
Para o futuro, e apesar do cenário negro traçado, há razões
para manter o optimismo na Webasto: “Nenhuma empresa na
Europa poderá dizer que daqui
a três anos ainda estará em funcionamento. A questão é demasiado complexa para se analisar
de uma forma tão linear. Acredito
que existem muitas possibilidades para a Webasto se manter em
funcionamento, até porque temos
alguns pergaminhos... Em termos
de performance, esta fábrica é
uma referência na Webasto. Do
grupo Webasto, somos os únicos
fornecedores de nível A (classificação de Qualidade) da Volkswagen em todo o mundo! Do ponto
de vista de performance financeira temos uma fábrica muito equilibrada. Fizemos uma redução de
40% ao nível de overheads, o que
é brutal, e passámos a um turno
de produção, em vez dos dois que
sempre tivemos. Ou seja, no global, mesmo com estas quebras
acentuadas nas vendas do EOS,
temos conseguido ajustar os custos às vendas. Se mantivermos
um percurso atento ao mercado,
iremos com certeza sobreviver a
estas dificuldades”, prevê Rui Miguel Cunha.
Valorizar parcerias
No entanto, o director geral da
Webasto mostra-se consciente
quanto às dificuldades em romper
com a dependência da AutoEuropa: “A nossa sobrevivência e da
Webasto, na sua vertente industrial, passa inevitavelmente pela
AutoEuropa. A partir do momento
em que não haja uma AutoEuropa, se algum dia esse cataclismo acontecer, obviamente que a
indústria automóvel desaparece
em Portugal. Nesse sentido, nas
muitas reuniões que tenho com a
AutoEuropa, tenho tentado passar uma mensagem de parceria.
Não só como perspectiva de nePágina Exclusiva 23
Portugal Inovador
Potencial logístico
Enquanto agente de navegação, a Sitank tem uma posição segura no Porto
de Sines, focando agora as suas atenções na área logística. Um potencial de
crescimento que poderá catapultar a facturação da empresa já nos próximos
anos.
A Sitank – Navegação e Logística,
Lda. assume-se como a primeira
agência de navegação a operar
em Sines. Inclui-se, desde 1977,
no topo da lista dos agentes de
navegação com o maior número
de navios agenciados no porto de
Sines. O ponto de partida deu-se
com o atendimento do primeiro navio que escalou o porto de Sines
(nessa altura só o terminal petrolífero estava construído) para descarregar crude oil para servir de
“test run” da maior refinaria nacional acabada de construir.
A Sitank está, por razões óbvias,
familiarizada com todo o tipo de
navios tanques que servem a indústria petroquímica, atendendo
em média, numa base mensal,
cerca de 25 navios distribuídos pelas categorias de granéis líquidos
e de carga contentorizada.
A actividade logística da Sitank
Página Exclusiva 24
é uma aposta recente. Em 2009,
com o investimento de um milhão
de euros na construção de uma
nave de 5000m2, a Sitank criou
condições para descarregar e carregar contentores e camiões no
seu reduto. O leque de serviços
logísticos prestados pela Sitank inclui, como enumera João Damas,
da administração, “a consolidação e desconsolidação de cargas,
transportes porta-a-porta, centro
de distribuição de produtos de
grande consumo, armazenamento
e acondicionamento das mercadorias e verificações físicas por parte
da Alfândega.”
Logística em ascensão
Para a administração da Sitank, a
área de logística, sob a responsabilidade directa de João Damas, é
“seguramente a área com maior
potencial de desenvolvimento. Um
dos objectivos principais deste investimento é passar a servir importadores espanhóis que tenham
a possibilidade de trazer cargas da
China e Extremo Oriente para Sines. As vantagens de poder importar através do Porto de Sines estão
à vista de todos. Por um lado, está
provado que transportar contentores por via terrestre mais de 200km
é um contrassenso, e por outro, e
talvez seja o mais relevante, Sines
não obriga ao pagamento do IVA
em antecipação, o que, por si só,
já é muito atractivo. Para a Sitank,
a grande vantagem seria ter clientes como o Grupo Inditex, um importador massivo de contentores
do Extremo Oriente”. João Damas
acrescenta que “as dinâmicas de
crescimento da carga contentorizada e os tráfegos cada vez mais
globais nas cadeias de abastecimento e de distribuição alavancam
Portugal Inovador
a importância da logística”, o que
explica esse potencial de desenvolvimento. Considera que é uma
actividade que, simultaneamente,
envolve uma grande exigência.
Já na área de shipping, onde a
concorrência tem aumentado, a
evolução torna-se mais lenta: “Em
termos de potencial como agente
de navegação não há muito mais
a fazer a não ser tentar angariar
novos clientes e esperar que ao
nível da Refinaria e/ou petroquímica aumente a necessidade de escoamento de produtos levando a
um maior tráfego de navios. Com
o alargamento do Terminal XXI
espera-se um aumento do movimento de mercadorias levando à
necessidade de recurso a mais navios. O principal entrave ao desenvolvimento da Sitank nesta área
deve-se, em parte, ao crescimento
do número de agências a operar
em Sines, o qual, não teve, até
agora, correspondência proporcional do lado do número de navios
que escalam este porto”, afirma a
gerente da Sitank, responsável directa pela área de shipping, Maria
Joana Barroso.
Um futuro em vista
Da parte da Sitank há perspectivas de crescimento para 2012,
ainda assim, mantém-se alguma
apreensão face ao rumo do Porto de Sines: “A empresa facturou
cerca de três milhões de euros em
2011, sendo perspectivável um
novo crescimento em 2012. Ainda
assim, não deixamos de lamentar
algumas decisões que não estão
a beneficiar as empresas nacionais aqui presentes… Ou seja, o
terminal de contentores de Sines
foi construído por uma empresa
de Singapura, empresa de renome internacional, que explora terminais de todo o mundo. Foi mui-
to bom receber um investimento
desta dimensão, por parte de uma
empresa com este calibre. Sines
preparou-se para receber navios
de grandes dimensões, no entanto, é preocupante constatar que a
estiva de Sines esteja sob a alçada
de um único cliente. Não coloca em
causa todo este investimento, mas
é, seguramente, um limitador ao
potencial de actividade de todas as
outras empresas”, alerta a administração.
A Sitank mostra, contudo, interesse
em desenvolver novos projectos.
“Estamos a estudar áreas complementares ao nível da intermodalidade, assegurando a movimentação
eficiente dos produtos, e ao nível
do aumento do nosso portefólio de
serviços. O Porto de Sines está a
crescer e a diversificar os mercados
servidos, nomeadamente na carga
contentorizada, e nós queremos
acompanhar esse crescimento.”
Página Exclusiva 25
Portugal Inovador
A fertilizar o sucesso
Na vanguarda da inovação e desenvolvimento, a Fertinagro assume-se, no panorama nacional e internacional, como um dos líderes de mercado. Com uma
vasta gama de fertilizantes, desde os correctivos orgânicos a adubos foliares,
a Organização dá resposta às especificidades de cada cultura. Em entrevista
à Portugal Inovador, José Vieira, administrador da Fertinagro Portugal, traça
as directrizes que irão manter a empresa na senda do sucesso.
Inserida num grupo prestigiado,
grupo Tervalis, a Fertinagro tem
edificado um percurso de meritório sucesso. Sendo a confiança, o
dinamismo e o empreendedorismo
valores profundamente intrínsecos
ao ADN desta Organização, a Fertinagro alavancou o crescimento
com base numa estratégia inovadora e expansionista – estando
presente em Espanha, França,
Itália, Portugal, Marrocos, Argélia,
entre outros.
“A sorte protege os audazes”,
pode ler-se na Eneida de Virgílio.
E foi com audácia, tenacidade e
perseverança que José Vieira encetou aquele que viria a revelar-se
um projecto de vida – a Fertinagro
Portugal. “Trabalho há 30 anos no
sector e já tive outros projectos em
Página Exclusiva 26
mãos. Porém, chegou a altura em
que era necessário começar tudo
de novo, uma nova era. Eis que
surge então a Fertinagro Portugal.
Comecei sozinho, sem instalações
e fazia cerca de 120 mil km/ano.
Este projecto exigiu muito esforço,
mas só assim foi possível alcançar
este nível”, afirma, com regozijo,
José Vieira.
Com instalações equipadas de
acordo com os imperativos legais, a actividade desenvolvida
pela Fertinagro é inócua para o
ambiente, tal como garante José
Vieira: “A nossa produção respeita
o ambiente, não contamina os solos. Aliás, somos das poucas empresas que se orgulham em poder
exibir três certificados: ambiente,
segurança e qualidade”.
Miguel Martinho, responsável administrativo, também dá voz a este
projecto. Na empresa há já dez
anos, “é um elemento de confiança que faz o controlo da gestão e
dá apoio directo à administração”,
afiança o empresário, José Vieira.
“Não estamos aqui
para perder”
Quinze anos no mercado são o
corolário do profissionalismo da
Fertinagro – um percurso pautado
por estratégias que despoletaram
um ciclo de crescimento virtuoso.
A Fertinagro conseguiu um crescimento substancial de 2010 para
2011 e para o ano de 2012, apesar das dificuldades do mercado
espera-se um crescimento significativo.
Portugal Inovador
José Vieira perspectiva uma
evolução auspiciosa para a Fertinagro: “Somos um dos maiores
grupos de fertilizantes da Europa. Estamos a crescer e temos
um objectivo no mercado português: conquistar mais clientes.
Houve um investimento de 10
milhões numa nova fábrica em
Huelva que já está a trabalhar
para desenvolver produtos que
terão grande impacto no mercado Português. Estou convencido
que vamos conseguir alcançar o
nosso objectivo. Pouco a pouco,
step by step, continuaremos a
crescer”.
Na vanguarda da I&D
Com o ímpeto de apresentar produtos inovadores ao mercado, a
Fertinagro dedica “4,25% da sua
facturação à Investigação e Desenvolvimento. É um componente muito importante para o Grupo”, sustenta Miguel Martinho.
Os centros de pesquisa, sediados em Utrillas – Espanha – Dispõe de equipas multidisciplinares
(agrónomos, biólogos, químicos,
entre outros) e de protocolos com
outras entidades estatais e privadas de investigação, focados em
desenvolver fertilizantes mais
económicos e eficientes. Para-
lelamente, o Grupo dispõe ainda
de cinco laboratórios de controlo
de qualidade de matérias-primas
e produtos acabados.
Assim, com um percurso onde
flutuam desafios, conquistas e
vitórias, a Fertinagro Portugal
continuará a ser um ‘player’ prestigiado no sector em que actua.
Página Exclusiva 27
Portugal Inovador
O ‘bichinho’ do teatro…
A Leonel&Bicho é o parceiro ideal na produção de cenários e estruturas metálicas para qualquer tipo de espectáculo ou evento. Com um know-how de três
décadas, o trabalho da empresa é reconhecido nacional e internacionalmente.
Falar em Leonel&Bicho pode não dizer muito à grande maioria dos portugueses, mas se enumerarmos alguns
dos espectáculos, em que assumiu a
responsabilidade de execução
de cenários, então a associação é
imediata. Do icónico ‘Canção de Lisboa’, baseado no célebre clássico do
cinema português de Cotinelli Telmo;
passando pelo ‘My Fair Lady’, galardoado com Globo de Ouro para Melhor
Espectáculo do Ano e Prémio de tradução; pelo ‘Rainha do ­Ferro-Velho’,
de Garçon Kanin; por ‘Amália’, considerado o melhor espectáculo do
ano 2000; pelo memorável, ‘Maldita
Cocaína’, ou mesmo pelo cenário de
‘Quixote Opera Bufa’, espectáculo do
teatro ‘O Bando’, encenado por João
Brites que esteve em cena em 2010,
no Teatro Trindade, tendo ganho em
2011 o Prémio do melhor espectáculo
atribuído pela SPA/RTP.
‘Crazy Horse’ faz também parte do
vasto currículo da empresa. Recorde‑se que Lisboa foi, em 2007, a quarta
cidade do mundo a receber este espectáculo no Auditório do Casino de
Lisboa. Como revela Leonel Caldeira,
fundador e sócio-administrador da
empresa, “para a realização do cenário, em qualquer parte do mundo,
Página Exclusiva 28
têm que ser respeitadas as regras do
projecto original – inaugurado em Paris a 19 de Maio de 1951 – tais como
as dimensões do espaço de representação. Assim sendo, tivemos que
nos deslocar a Paris para estudar o
projecto e, de seguida, construí-lo no
Auditório do Casino de Lisboa!”. Foi
assim meticulosamente edificado por
esta empresa portuguesa um espaço
que, por curiosidade, tem a idade do
nosso entrevistado.
A Leonel&Bicho tem sido um parceiro
de excelência de grandes cenógrafos
portugueses, construindo uma relação duradoura baseada numa paixão
comum: o teatro.
Mas nem só de teatro vive a
Leonel&Bicho, sedeada em Alcochete (Setúbal), abraça a cenografia de
projectos televisivos e todo o tipo de
eventos que requisitem os seus serviços: “Lembro-me de executarmos
a Caravela Quinhentista presente na
cerimónia de abertura do Euro 2004.
Foi um projecto ambicioso em que nos
pediram a execução de uma caravela
que, obrigatoriamente, pudesse ser
transformada numa quinhentista para
o encerramento. Conseguimos não
só, projectar e concretizar a caravela,
como conseguimos desmonta-la no
encerramento, num minuto e 15 segundos. Foi um sucesso”, relembra
Leonel Caldeira.
Recentemente, a Leonel&Bicho tomou a responsabilidade de executar
o cenário da empresa Forella, um dos
mais importantes da telenovela Rosa
Fogo. Telenovela que, aliás, alcançaria o maior número de audiências
numa estreia de telenovelas da SIC:
“É um conceito inovador que foge ao
que é, tradicionalmente, feito em televisão. Não são apenas três paredes,
com câmaras em frente, mas sim um
cenário tridimensional, que oferece
outro tipo de possibilidades ao realizador”, explica Leonel Caldeira.
A execução de trabalhos para exposições é outra das valências desta
empresa que, desde 2009, está envolvida na produção da ‘Nasa Aventura Humana’, que tem vindo a estar
presente em vários países europeus
(Suécia, Espanha, Turquia).
Encontrar soluções
Ironicamente, a constante procura
dos clientes acabou por deixar pouco
tempo para a prospecção de novas
soluções para combater uma eventual quebra no sector: “Estivemos constantemente envolvidos em projectos,
descurando um pouco a visão de negócio enquanto empresa. Ou seja, o
trabalho foi de tal forma constante que
acabamos por ficar sem tempo para
nos preparar para uma eventual crise.
Assim, quando a crise chegou a Portugal fomos apanhados de surpresa”,
lamenta Leonel Caldeira.
Ainda assim, a Leonel&Bicho investiu o seu capital na criação de novas
instalações: “Com capital próprio,
criámos novas instalações. Era fulcral para desenvolver trabalhos nas
dimensões que pretendíamos e por
isso mudámos para as actuais ins-
Portugal Inovador
talações. Eu costumo dizer que foi a
única ‘vaidade’ desta empresa”, sorri
Leonel Caldeira. “Tínhamos projectado a criação de um departamento técnico que iria ocupar o andar superior
do armazém, mas com a crise económica decidimos colocar essa hipótese
em stand-by. Seria incomportável integrar, nos quadros da empresa, dois
ou três técnicos especializados numa
altura como esta. Reconheço que a
empresa ainda conseguiu registar
algum crescimento no ano passado
graças à sua estratégia de actuação
no mercado externo, nos últimos três
anos. Mas este ano, tendo em conta
os resultados do primeiro semestre,
será difícil conseguir o mesmo”.
Directamente, os projectos no mercado externo da Leonel&Bicho foram
realizados em Africa e na Europa, ainda que, indirectamente, já tenha executado projectos para todo o mundo.
“O mercado externo pode ser uma
solução, desde que os negócios sejam realizados com segurança. Não
podemos arriscar em criar mais situações de crédito malparado. Outra hipótese de sobrevivência no mercado
interno será apostar mais na vertente
industrial, onde já executámos várias
Esculturas e temos capacidade para
todo o tipo de estruturas metálicas.”
A paixão pelas Artes e Espectáculos, essa, nunca desaparecerá: “Temos capacidade para tornar reais as
ideias preliminares dos nossos clientes. Nós criamos soluções e este é o
nosso lema. Como diria um grande
cenógrafo, e amigo pessoal que infelizmente já faleceu - A Leonel&Bicho
nunca faz o que eu lhe peço, mas
faz sempre o que eu quero!”, conclui
­Leonel Caldeira.
Página Exclusiva 29
Portugal Inovador
Inovar na panificação
Grande parte das panificadoras do país estagnaram no tempo. No caso da
Panificadora de Santo André, poder-se-ia dizer que está um passo à frente da
actualidade. Gelados, chocolates e franchising são os três condimentos desta
receita de sucesso.
Visitar o Litoral Alentejano e não
dar de caras com uma das lojas de
venda ao público da Panificadora
de Santo André é muito difícil. Com
nove lojas, distribuídas por Sines,
Grândola, Melides, Carvalhal, Vila
Nova de Santo André, e prestes
a inaugurar a décima em Santiago do Cacém, a Panificadora de
Santo André é a casa preferencial
dos milhares de residentes nesta
região do país.
Para o fundador, António da Silva,
o crescimento gradual tem compensado: “Ironicamente, esta casa
teve início no Baixo Alentejo, concelho de Almodôvar, a minha terra
Natal. Só depois decidimos regressar à terra natal. Começámos com
um posto de venda e distribuição,
sendo que hoje já contamos com
nove lojas e fabrico próprio. Com
muito trabalho, fomos crescendo
até aos dias de hoje”, congratulase o empresário.
Entretanto, António da Silva passou à segunda geração da família,
quase por completo, os destinos
Página Exclusiva 30
da empresa. Ricardo Silva trouxe
juventude à Panificadora de Santo André e, sobretudo, vontade de
crescer.
Empresa inovadora
Ricardo Silva é o primeiro a dizer
que o sector mudou muito desde
o início da empresa: “Os paradigmas pelos quais se regia este
sector há 20 anos, quando iniciámos a empresa, já não são os
mesmos. A revenda, por exemplo,
deixou de fazer sentido para uma
empresa como a nossa. Ainda
existem alguns clientes seguros,
mas optámos por trabalhar com
distribuição a 90% para as nossas lojas. Depois, é claro, a nossa
estrutura também cresceu muito.
Passámos de 20 para 80 funcionários, o que nos obriga a ser
muito mais cuidadosos na gestão da empresa. É complicado,
principalmente quando há muitas
empresas familiares a produzirem
o nosso produto, sem quaisquer
tipo de condições e que apresen-
tam preços mais acessíveis. Mas
o cliente também reconhece essa
diferença… Por isso, a solução foi
vocacionarmo-nos para o cliente
final”.
Com base nesta mudança de
atitude, surgiram também novos produtos na Panificadora de
Santo André: “Além da pastelaria,
padaria tradicional, bolos de aniversário e casamento, actualmente apresentamos dois produtos
sazonais que nos diferenciam da
concorrência. No Inverno brindámos os clientes com chocolates de fabrico próprio e no Verão
apresentámos os nossos gelados,
sob marca própria, numa panóplia
de aromas muito extensa”, avança Ricardo Silva.
O sucesso destes produtos está
garantido, tendo já recebido alguns prémios nacionais: “Ficámos em segundo lugar no Festival Internacional de Chocolate
de Óbidos, com três esculturas
criadas para o efeito. É muito
bom receber este tipo de reconhecimento externo pelo nosso
trabalho, ainda que não seja um
exemplo único. O nosso bolo-rei
está muito bem cotado nos concursos nacionais e depois temos
aquelas especialidades que nos
distinguem - é o caso do folar algarvio, do pão alentejano ou dos
nossos pastéis de nata”, salienta
o administrador.
No total, são usadas mais de duas
toneladas de farinha diárias para
produzir os cerca de 350 artigos
que compõem o leque de produtos
da empresa. Números impressionantes para um sector que muitos
dizem estar em quebra.
Portugal Inovador
Revolucionar negócio
E para que a Panificadora de Santo
André não perca o ritmo, Ricardo
Silva está a implementar um novo
conceito de negócio: “Fizemos,
recentemente, o registo da marca ‘Panificadora de Santo André’
e estamos a ponderar enveredar
por uma situação de franchising.
Se tudo acontecer como esperado, até Outubro deste ano deveremos abrir as primeiras três lojas
franchisadas. Número que poderá ser aumentado até ao final do
ano. Para já, sabemos que temos
nove lojas e que, para qualquer
uma delas, temos pessoas interessadas em avançar com o fran-
chising. Para nós, seria um negócio muito interessante porque nos
permitiria retirar continuar a fornecer essas lojas, colher alguns
dividendos e manter um controlo
exigente sobre a qualidade de
serviço das lojas”, explica Ricardo
Silva. “Temos capacidade, com os
nossos níveis de produção, de ir
até às 25 lojas franchisadas nesta
zona. Qualquer coisa acima disso, e fora desta região, terá de ser
alvo de uma análise para saber se
compensa, ou não, abrir um novo
centro produtivo”.
Página Exclusiva 31
Portugal Inovador
Sangue novo, vida nova
A Contab-Batnoc rejuvenesceu. Sem desprezar a qualidade de serviço que
sempre lhe foi atribuída, o gabinete de contabilidade, localizado na Moita, foi
reestruturado, prometendo uma nova abordagem ao mercado.
Tornou-se vulgar o incentivo ao
empreendedorismo em Portugal,
mas são raros os exemplos concretos de verdadeiros cidadãos
empreendedores. Na Moita, encontrámo-nos com Melanie Félix,
administradora da Contab-Batnoc,
e um desses raros exemplos. Jovem e determinada, decidiu no
início deste ano abraçar um novo
desafio: “Sempre trabalhei na área
financeira. Inicialmente na Contab, onde realizei um estágio, e
posteriormente em multinacionais.
Sabendo das dificuldades que a
Contab atravessava decidi delinear um projecto de reestruturação.
Falei com o TOC da empresa, uma
Página Exclusiva 32
pessoa que admiro muito, para
saber se estaria interessado em
fazer parte desse projecto e tudo
começou assim. Aproveitamos o
capital humano da empresa e a
carteira de clientes da empresa,
mudámos a denominação social
para Contab-Batnoc e iniciámos
um novo projecto”.
Serviço personalizado
Actualmente, a Contab-Batnoc
conta com um quadro de oito profissionais que prestam apoio a cerca de 130 clientes. A experiência
no mercado continua a ser o maior
atractivo de uma empresa que
está, gradualmente, a apresentar
novas competências. Neste momento, um cliente que procure a
Contab-Batnoc terá acesso às áreas de: contabilidade geral e analítica; responsabilização como Técnicos Oficiais de Contas; análise da
empresa e posterior elaboração de
um plano de contas de acordo com
as necessidades de informação de
gestão da direcção; classificação
e registo da contabilidade de acordo com o SNC e em conformidade
com as normas em vigor; elaboração das demonstrações financeiras da empresa; elaboração das
obrigações fiscais nos prazos legalmente estabelecidos; e gestão
de pessoal.
Um gabinete que presta os serviços tradicionais de contabilidade,
apoio à gestão e cumprimento das
obrigações fiscais, complementando-os com um acompanhamento
constante ao cliente: “Acredito que
nesta área específica, a melhor
imagem é a qualidade do serviço e
a imagem que transparecemos no
mercado. Nesse sentido, tentamos
dar um acompanhamento personalizado aos nossos clientes”, garante a administradora.
Angariar clientes
Dedicada, em larga maioria, a
clientes de pequena/média dimensão, a Contab-Batnoc conhece de
perto os efeitos da actual quebra
da economia nacional: “Sabemos
que muitos dos nossos clientes ultrapassam situações difíceis nesta
fase. Por isso tivemos de renegociar algumas avenças para garantir uma continuidade. Cabe-nos a
nós encontrar a melhor forma de
cativar novos clientes. Sabemos
que quando a Contab iniciou acti-
Portugal Inovador
vidade, actuava de forma isolada.
Hoje, isso já não acontece. Há
muita concorrência nesta região
geográfica que, invariavelmente,
recorre aos preços para angariar
clientes. Essa não será a nossa
estratégia. Queremos destacarnos pela qualidade do nosso serviço e é por isso que iremos lutar”,
explica Melanie Félix.
A Contab-Batnoc promete ainda
proactividade na busca por novos
clientes: “Temos consciência das
dificuldades que a maioria das empresas atravessam, por isso queremos estar atentos ao mercado
porque poderão surgir oportunidades tanto na aquisição de carteiras
de clientes como de profissionais,
caso se torne necessário. Por outro lado, um dos grandes projectos que pretendo implementar a
curto-prazo passa pela contratação de uma pessoa para a área
comercial. Trabalhamos com em-
presas de grande dimensão, mas
gostaríamos de alargar esta franja
de clientes”, avança a administradora.
Projectos de parceria com outros
profissionais do ramo também estão na calha, ficando reservado
para o futuro a médio-prazo um
desejo de expansão: “Gostaria
de abrir um pequeno gabinete em
Lisboa para potenciar essa angariação de clientes pela localização.
Temos 20 a 30% do nosso potencial por ocupar, pelo que iremos
trabalhar arduamente para o reduzir”, assegura Melanie Félix.
Página Exclusiva 33
Portugal Inovador
A histórica Casa Lanchinha
Com cerca de 120 anos de actividade, a Casa Lanchinha é uma das empresas
familiares com maior tradição no tecido empresarial português. A quarta geração da empresa enfrenta agora os novos desafios de uma economia, cada
vez mais, global.
a limpeza e o embalamento. Depois
representamos marcas de renome
e que nos asseguram qualidade
e mercado. É o caso das Rações
Zêzere, a única empresa certificada nacional a fazer alimentos compostos para animais”, revela Cosme Almeida.
Responsabilidades
Longe vão os tempos em que o
fundador da empresa, João de Almeida, navegava no rio Tejo para
distribuir as misturas de cereais que
alimentavam os animais da região.
A pequena lancha em que se deslocava garantiu-lhe a alcunha ‘Lanchinha’ que ainda hoje é associada
à família Almeida. Actualmente, é
Cosme Almeida, bisneto do fundador, o administrador da Casa Lanchinha, uma empresa secular que
mantém as vivas as suas raízes:
“Demos continuidade ao legado de
Página Exclusiva 34
João de Almeida, ainda que numa
escala maior. Hoje, a Casa Lanchinha actua sob duas vertentes:
comercial e industrial. Ao nível comercial, temos três lojas de venda
ao público – Moita, Faias e Vendas
Novas – onde vendemos rações e
respectivos derivados. Para além
disso fazemos a revenda para todo
o país e Galiza. Na vertente industrial, fabricamos e representamos
diversos tipos de rações. Internamente, trabalhamos os cereais em
lotes de misturas simples, fazendo
Apesar de tudo, a dimensão desta
PME Líder não a deixa indiferente
aos grandes problemas do sector:
“Pela primeira vez, desde que conheço esta empresa, tivemos um
decréscimo ao nível das vendas.
Era algo previsível, mesmo sabendo que a Casa Lanchinha já
tinha iniciado um plano de reestruturação. Infelizmente, reduzimos
a estrutura a 28 colaboradores,
quando, em tempos, chegámos a
ser 40…”, lamenta o administrador. “Hoje, as empresas têm de ser
mais produtivas e reduzir os custos
fixos para conseguir suportar os
encargos e os cortes sucessivos
da Banca. Por outro lado, acredito
que a falta de apoios do Estado é o
reflexo da falta de fiscalização aos
apoios concedidos no passado. Se
os empresários fossem responsabilizados pelos seus actos, as PME
cumpridoras poderiam estar hoje a
funcionar de forma mais saudável”,
alerta Cosme Almeida.
Portugal Inovador
Apelo ao investimento
Registando um volume de vendas e prestação de serviços bastante significativo para o sector, a Tecnitema é uma empresa estabilizada. Sólidas
parcerias e representações de qualidade têm sido o suporte desta PME
localizada em Sines.
põe de parcerias com as empresas Montaga e Mibérico, onde
actua na área da Manutenção
Industrial em permutadores, colunas e depósitos, intervindo na
limpeza de alta pressão, nas reparações e construção de permutadores e seus componentes”, explica João Paulo Nunes.
Fortalecer negócio
Da necessidade de dar apoio
às Indústrias Petrolíferas, Petroquímicas, Centrais Térmicas
e Terminais Portuários localizados no Complexo Industrial de
Sines, nasce a Tecnitema. Desde 1992, a empresa fundada por
João Paulo Nunes tem sido um
dos parceiros incontornáveis de
indústrias tão importantes como
a Refinaria, a Petroquímica, a
Central Térmica e todas as indústrias locais, bem como outras instalações noutros locais
do País.
Actividade especializada
A Tecnitema tem nas suas representações e parcerias, um
dos segredos do negócio: “Uma
forte aposta em representações
de grandes fabricantes de equipamentos e componentes mecânicos, com um bom compromisso na assistência técnica,
formação e aconselhamento,
têm sido a “chave” do sucesso
desta empresa.
Destacam-se as representações
da KSB, fabricante de bombas
centrífugas e válvulas, a KLINGER no sector de válvulas, juntas, empanques e indicadores
de nível, a CPI com os componentes para compressores e a
UHDE equipamentos para aplicações de altas pressões.
Paralelamente a Tecnitema dis-
O sócio-gerente da Tecnitema
mostra-se disponível para realizar parcerias no mercado externo, sem descurar a principal
actividade nas Indústrias de Sines: “Estamos abertos a colocar algumas representações no
mercado externo. Já o fizemos
pontualmente, através de clientes a operar nos Palops, pelo
que poderá ser uma hipótese.
No entanto, e sabendo que a
Tecnitema trabalha a 99% para
o mercado interno, preocupa-me
muito o estado do país, concretamente na vertente industrial
de Sines. É importante que as
empresas continuem a investir
em Sines. Os nossos clientes
estão a investir menos do que
aquilo que desejaríamos, mas
continuamos a acreditar no
enorme potencial deste complexo industrial”.
Página Exclusiva 35
Portugal Inovador
Networking:
informação e visibilidade
João Abreu
Diretor da Academia das Emoções
Docente no Instituto Superior Miguel Torga
Segundo um estudo da DBM, 51% dos inquiridos usa as redes sociais para comunicar com os
seus contactos, e 49% declarou que a maior vantagem das redes sociais é a possibilidade de
gestão e comunicação com grupos de clientes, enquanto 58% declarou usar as redes sociais
para encontrar informação relevante de negócio.
É por demais reconhecido, no mundo dos negócios, que aquilo que conhecemos vem sendo
substituído, no ranking dos fatores decisivos, por quem conhecemos. Estar no sítio certo, no
momento certo, com a pessoa certa, é determinante.
Solução para este problema? Uma abertura de conta numa qualquer rede social e já está! Nada
de mais parcialmente errado! Sim, porque a adesão às redes e media sociais e de contatos é
também uma ferramenta útil. Mas insuficiente!
O que se procura quando se estabelecem e se investe em relações duradouras, em novas relações? Aceder a informação delicada e muitas vezes quase inacessível, converter-se no líder
da organização onde se trabalha, encontrar caminhos de financiamento e parcerias de negócio,
acelerar a curva de rendimento profissional, vender mais e num maior espaço de mercado, cimentar a reputação, aumentar o poder da socialização em qualquer ambiente, ultrapassar barreiras burocráticas, assumir responsabilidades, conseguir apoios, patrocínios ou mecenas, inovar
em função dos contributos da rede, internacionalizar e solidificar a rede existente.
Por tal fato, fazer networking significa aumentar o poder de chegar à informação e ganhar visibilidade. Networking Profissional não é para para quem está, desesperado, à procura de emprego,
apenas para praticar num certo momento, apenas para alguns, não é dar muitos cartões pessoais, apenas estar presente, não é galanteio, não é sorrir para a fotografia ou falar imediatamente
de política, religião, sexo ou futebol.
Devemos, sim, começar por responder, de forma direta, a certas questões, averiguar se temos
feito o trabalho de casa do networking: sou, ou fui, dirigente associativo?; participo habitualmente
em feiras, eventos, profissionais ou outros?; estou ligado a redes sociais?; desenvolvo outra atividade profissional em paralelo (dar aulas, por exemplo)?; pratico/pratiquei desportos coletivos,
frequento o ginásio?; estou inscrito ou participo em ações de teatro, dança, música?
Construir a rede antes de precisar dela é a palavra de ordem no networking. Para tal, importa
travar conhecimento com pessoas, na qualidade de amigos, não profissionalmente, tentar que
se tornem nossos clientes, da nossa ideia ou projeto, não do produto ou serviço, fazer bom
trabalho até ao limite, fazer voluntariado profissional, assumir cargos de liderança nos hobbies,
desenvolver novas competências, novos conhecimentos, fazer parte de um grupo de antigos
estudantes, de uma associação de pais, frequentar cursos ou regressar à Escola/Universidade.
Este é o ponto de partida!
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico
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Portugal Inovador
Braga
Página Exclusiva 37
Portugal Inovador
“A Universidade do Minho tem hoje
um impacto significativo na região”
Actualmente a representar 18358 estudantes, a Associação Académica da
Universidade do Minho baseia a sua actividade juntos dos jovens, na promoção do empreendedorismo e na criação de capital de conhecimento
Considerada uma das cidades mais
jovens da Europa, Braga é este ano
Capital Europeia da Juventude. A Associação Académica da Universidade
do Minho é, como não poderia deixar
de ser, promotora oficial de várias actividades ao nível do desporto, cultura
e empreendedorismo, que fomenta
junto dos jovens.
O trabalho da AAUM “vai além das
fronteiras da universidade e estendese a toda a cidade”, revela o presidente Hélder Castro. Nos seus 34 anos
de história, a AAUM trabalha para ir
de encontro aos problemas, anseios
e desejos dos estudantes, de forma a complementar o seu percurso
formativo: “Os estudantes precisam
de actividades extracurriculares que
completem a sua formação e desenvolvam as suas competências”,
conclui Hélder Castro. Nesse sentido, muitas das actividade já levadas
a cabo no âmbito da Capital Europeia
Página Exclusiva 38
da Juventude tiveram uma participação massiva dos jovens e do resto da
comunidade, e quando o ano ainda
está a meio, muitos eventos ainda estão por acontecer.
Criado em novembro de 2010, o Gabinete do Empreendedor da AAUM
acaba por ser hoje um marco da instituição. “Empreendedorismo é não
apenas a criação de empresas e planos de negócio, é uma forma diferente de olharmos o mundo e um estilo
de vida”, afirma Hélder Castro, dessa
forma, esta visão começou a ser uma
realidade dentro da universidade e
hoje faz parte de tudo. O Gabinete
do Empreendedor começou a sensibilizar os jovens para o empreendedorismo e a fornecer ferramentas e
apoios, “actualmente, muitos dos cursos têm unidades curriculares sobre o
empreendedorismo”, observa o presidente da AAUM. Assim, no âmbito
da Capital Europeia da Juventude, vai
acontecer em Novembro próximo, a
Feira Internacional da Empregabilidade e Empreendedorismo, promovida
pela AAUM. Além disto, o Gabinete
do Empreendedor vai abrir também
no Espaço Generation no centro da
cidade.
O ponto alto a nível desportivo vai
acontecer com os campeonatos mundiais universitários de futsal e de xadrez, eventos organizados este ano
em Braga pela AAUM. Sendo que a
Universidade do Minho foi uma das
universidades com maior comitiva
e que mais medalhas arrecadou no
último europeu da especialidade, espera-se uma boa campanha para os
portugueses.
Com mais de 200 actividades num só
ano, o Festival Universitário de Artes
Performativas vai ser um dos mais
consagrados eventos culturais ainda
a acontecer, entre outros.
“A Universidade do Minho é jovem,
mas é exigente e de excelência, temos tido visão e ambição para trabalhar nestes critérios, a UM tem hoje
um impacto significativo na região e as
empresas sentem a necessidade de
criar parcerias com a universidade”,
afirma Hélder Castro. É sobre este
prisma que muitos bons exemplos de
sucesso de empresas e spin-offs surgiram no seio da Universidade do Minho, muitas das actuais grandes empresas e empresários do nosso país
tiveram origem em Braga. Apesar de
tudo, Hélder Castro ainda considera
que “existem sempre arestas a limar,
mas que estamos a correr a passos
largos para a criação de um grande
capital de conhecimento e almejámos
um futuro muito promissor”, conclui o
presidente da Associação Académica
da Universidade do Minho.
Portugal Inovador
Página Exclusiva 39
Portugal Inovador
Um Instituto de pós-graduação
com visibilidade internacional
Com origens que remetem à fundação da própria Universidade do Minho, o
Instituto de Educação (IE) tem vindo, ao longo dos anos, a adequar a sua oferta formativa à realidade educativa e social do nosso país. Os seus projetos de
ensino e de investigação têm captado alunos de graduação e de pós-graduação do país e do estrangeiro, com especial relevância dos países da CPLP.
O Instituto de Educação foi uma
das Unidades que esteve presente desde a fundação da Universidade do Minho, em 1973, tendo
contribuído para a sua afirmação e
desenvolvimento. O Instituto teve
um papel decisivo na formação de
milhares de professores que permitiram o alargamento da escolaridade básica e secundária a toda
a população portuguesa. “O país
precisava de muitos professores
para alargar a escolaridade básica
e secundária, para atender às necessidades de educação de adultos e para lançar o pré-escolar.
Nesse sentido, a Universidade do
Minho e o Instituto, desempenharam um papel importante criando
Página Exclusiva 40
um modelo integrado de formação
de professores e educadores de
infância”, começa por explicar Leandro Almeida, Presidente do IE.
Esta necessidade de profissionais
para o ensino diminuiu na década
de 90 e o Instituto diversificou a
sua oferta formativa. Hoje, o Instituto dispõe de duas licenciaturas
em Educação e em Educação Básica, mas a sua maior aposta está
na pós-graduação.
Escola centrada
na Pós-Graduação
“Ao nível da formação de professores, desenvolvemos cursos de
formação pós-graduada em áreas
bastante diversas como a Adminis-
tração Escolar, Tecnologia Educativa ou Educação Especial tendo em
vista a especialização dos professores para novas funções no sistema educativo. Por outro lado, não
nos cingimos à vertente do ensino.
A licenciatura e o mestrado em
Educação forma técnicos para desenvolvimento comunitário, social
e familiar”. Estes técnicos operam
em serviços autárquicos, empresas, instituições de solidariedade
social ou associações diversas,
sendo profissionais “mais voltados
para a formação e promoção da
qualidade de vida das pessoas e
das comunidades”, atenta Leandro
Almeida.
Neste momento, o IE tem cerca de
Portugal Inovador
1800 alunos, estando a sua maioria a frequentar cursos de mestrado. De referir que “Professores e
técnicos de educação investem
bastante na sua formação contínua em resposta à complexidade
das solicitações sociais e à valorização das suas carreiras profissionais”.
O IE conta com “um corpo docente
muito qualificado em áreas bastante diversificadas da formação
de educadores e professores, assim como da educação em geral.
Muitos dos docentes são referência a nível nacional e internacional
contribuindo para a atractibilidade
dos seus cursos”. A qualidade dos
cursos e dos docentes envolvidos tem captado não só alunos
provenientes de todo o país, mas
também do estrangeiro, nomeadamente dos países de língua oficial
portuguesa. “São alunos que consideram a Universidade do Minho
uma referência, devido à existência de áreas de excelência – como
a educação de adultos, a intervenção comunitária, a supervisão pedagógica, a tecnologia educativa
ou o desenvolvimento curricular,
entre outras”. A língua e o facto
de alguns destes países atravessarem processos consolidados de
desenvolvimento em que emergem grandes necessidades de investimento na área da educação,
ajudam a explicar o sucesso destas parcerias internacionais. Leandro Almeida refere-se aos casos
recentes de Angola, Moçambique
e Timor, sendo que “com o Brasil
e Cabo Verde o trabalho de parceria tem já vários anos e múltiplas
formas”. O Instituto “está presente
nestes países lecionando os seus
cursos ou apoiando, através dos
seus docentes, os cursos dessas
instituições”. Estas parcerias beneficiam do funcionamento de alguns
cursos em regime de b-learning.
Empregabilidade
na educação
Numa altura em que a taxa de desemprego entre os jovens diplomados é um assunto na ordem do
dia, o Presidente do IE reconhece
que “estamos num contexto de
intervenção fortemente afetado
pelas condições económicas do
país”. Leandro Almeida lembra
que “os jovens encontram no IE
formação académica superior que
não está direta ou exclusivamente
centrada no ensino. A nossa formação, nomeadamente dos alunos que apostam na licenciatura
e mestrado em Educação, caracteriza-se pelo desenvolvimento de
competências de largo espectro
interventivo, o que tem facilitado a
sua entrada no mercado de trabalho onde as instituições assumem
um papel na finalização da preparação dos seus próprios profissionais”. Mesmo na área do ensino, o
Instituto tem procurado diversificar
a sua oferta formativa organizando
projetos de profissionalização de
professores em novas áreas como
o ensino da música ou da informática. “Portugal não pode reduzir o
ensino superior aos cursos com
emprego direto e imediato, aliás
fecharíamos a maioria dos cursos.
Seria lamentável que os jovens
portugueses tivessem que sair do
país ou irem apenas para as instituições privadas para concretizarem os seus projetos vocacionais”,
salientou Leandro Almeida.
Espírito de Campus
A propósito da iniciativa Braga
Capital Europeia da Juventude,
Leandro Almeida considera que
o facto de Braga ser uma cidade
“potenciadora de um contexto de
vida académica bastante enriquecido faz com que a Universidade
do Minho apareça como primeira
opção para muitos estudantes”.
Acrescenta que, “a universidade
estando organizada em campus
universitários, quer em Braga quer
em Guimarães, possibilita aos
alunos oportunidades ímpares de
enriquecimento”. Em sua opinião
“a par do apoio social que o jovem
facilmente perceciona, este espírito de campus favorece o desenvolvimento de competências e a sua
transição para a idade adulta”.
Página Exclusiva 41
Portugal Inovador
No caminho da Inovação
É sob o lema ‘Uma Escola Para a Sociedade’ que,
ao longo de quase quatro décadas, a Escola de
Engenharia da Universidade do Minho (EEUM)
tem vindo a consolidar
o seu caminho. A Escola
de Engenharia está cada
vez mais apostada num
projeto global: a produção de novo conhecimento nos seus centros
de investigação, de reconhecida excelência, a
sua difusão através dos
seus projetos de ensino,
com elevada procura, e
uma forte aposta na aplicação desse conhecimento com os seus parceiros de referência do
tecido empresarial.
A inovação faz parte do ADN da Escola de Engenharia da Universidade
do Minho desde a sua fundação, em
1975, em todas as vertentes da sua
missão. Foi a primeira Escola a oferecer, em Portugal, uma licenciatura em
Engenharia Informática, bem como
outros projectos de ensino inovadores, como a Engenharia de Polímeros
e a Engenharia Têxtil, projetos ancorados em departamentos específicos
e em centros de investigação de excelência internacional.
Como Escola de Engenharia integral,
a sua marca na cadeia “Investigação
& Inovação & Desenvolvimento” está
patente na indústria que aplica a engenharia e a tecnologia, nomeadamente
na indústria automóvel e aeronáutica,
através da engenharia de polímeros,
ou da engenharia têxtil, em particular
nos “têxteis funcionais”, estes com
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forte contribuição para a qualidade
de vida, incluindo a área do desporto.
Também na área de engenharia civil,
através de investigação de excelência, a EEUM tem-se afirmado, a nível
internacional, na área da reabilitação
do património histórico.
A EEUM marca também presença
na área da biotecnologia e bioengenharia, destacando-se o setor da Segurança Alimentar, através do Centro
de Engenharia Biológica (CEB), um
dos seus centros de investigação
com classificação de Excelente. Por
sua vez, o 3B’s (Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos) é o centro
de investigação com maior produção
científica a nível europeu e partilha o
seu edifício no AvePark com a sede
do Instituto Europeu de Engenharia
de Tecidos e Medicina Regenerativa.
Através do seu lema, “Uma Escola
para a Sociedade”, a EEUM participa ativamente e é líder em projetos
de investigação que visam contribuir
para a melhoria da qualidade de vida,
nomeadamente através da aplicação
dos avanços nas suas áreas de excelência da bioinformática médica, biomecânica e dos sistemas robóticos
aplicados às neurociências. A qualidade da investigação e do ensino nestas
áreas tem conduzido a uma participação crescente da EEUM no “Health
Cluster”, constituído por um conjunto
de empresas de sucesso instaladas,
na sua maioria, no norte de Portugal.
Com mais de 6200 alunos, dos quais
cerca de 700 alunos de doutoramento, e 310 docentes, a Escola é, atualmente, uma das instituições mais
procuradas a nível nacional, e “a sua
posição no ranking nacional continua a melhorar ao longo dos últimos
Portugal Inovador
anos”. Para Paulo Pereira, este é um
sinal do reconhecimento da qualidade
do ensino ministrado pela EEUM, suportado por investigação de qualidade
internacional.
O reconhecimento internacional também está evidente na continuação da
parceira da EEUM com o prestigiado MIT (Massachussets Institute of
­Technology).
A Escola, as Empresas
e a Sociedade
A EEUM assegura a sua missão através do elevado empenho de todos os
seus recursos humanos, alunos, docentes, investigadores e pessoal técnico e administrativo. Ao nível da captação dos seus alunos, recentemente,
e “com muito empenho por parte da
EEUM”, a Reitoria da Universidade
do Minho (UMinho) aprovou o seu
Plano de Promoção de Excelência
Académica, o qual atribui bolsas de
estudos aos alunos com classificação
superior a 16 valores no secundário
que se inscrevem nos seus cursos,
assim como aos seus estudantes
com elevado desempenho ao longo
do seu percurso na UMinho.
A relevância dos resultados da investigação produzida pelos centros de
investigação da EEUM é sublinhada
pelo elevado número de patentes, nos
mais diversas áreas da Engenharia,
assim como nas empresas nascidas
da iniciativa dos graduados da Escola
(Spin-offs). Esta intensa atividade foi
recentemente reconhecida a nível nacional com a atribuição do prémio COTEC Empreendedorismo à UMinho.
“Trata-se de uma distinção que pretende identificar, entre as instituições
de ensino superior, as que de forma
mais efetiva promovem a valorização
do conhecimento produzido dentro da
universidade para a sociedade, através da criação de novas empresas,
de alto valor acrescentado”.
“Para a EEUM, todo o processo de interagir com a sociedade é crucial, não
apenas na transferência e valorização
do conhecimento, mas também ao nível da formatação dos nossos projetos de ensino. Em geral, procuramos
discutir os planos de estudos dos nossos projectos com os mais relevantes parceiros do tecido empresarial,
numa perspectiva de formação de engenheiros com as competências mais
adequadas para atuarem num mundo
cada vez mais globalizado”.
Quanto à valorização do conhecimento, a EEUM, pelo seu lado e também
em cooperação com outras escolas
da UMinho, procura “desafiar as empresas a identificar problemas onde
estas sentem que a investigação
pode fazer toda a diferença, ao tornálas mais robustas e competitivas no
plano internacional”.
Um exemplo dessa postura da EEUM
é o recente protocolo firmado entre a
UMinho e a empresa Bosch (uma
das empresas com maior produção
de patentes a nível mundial), a qual,
na sequência de anterior cooperação
com a EEUM, reconheceu “o saber
produzido nos seus centros de investigação, em particular na área da
electrónica industrial e dos materiais
compósitos”. Neste âmbito, as duas
entidades (UMinho e Bosch) desenvolverão projetos de investigação e
inovação, quer com o financiamento
da própria empresa, quer com fundos
comunitários.
Além de continuar a reforçar as áreas
onde já tem indicadores de excelência
a nível internacional, a EEUM está a
elaborar um plano estratégico para o
domínio do mar, onde já tem vários
projetos de investigação, em parceira
com outras entidades, nacionais e estrangeiras. Esse domínio, abrangendo
projetos de ensino, de investigação e
de valorização do conhecimento, incluirá os mais diversos sectores da
atividade marinha, integrando uma
abordagem multidisciplinar, desde a
biotecnologia até à engenharia civil,
passando pela produção e transporte de energia, com a participação de
todas as outras áreas da engenharia.
Em última análise, a EEUM assume
o desafio de, com os seus parceiros
estratégicos, promover a exploração
sustentável deste imenso território nacional e dos seus recursos, incluindo
a sua sustentabilidade ambiental, minimizando o impacto de desastres no
mar e estudando medidas de redução
e controlo da erosão costeira.
Página Exclusiva 43
Portugal Inovador
Um Projecto Educativo
com Liberdade
A Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho (ECS) trouxe o
que de melhor se faz em universidades de referência a nível mundial e reuniu
essas práticas num projecto educativo centrado no aluno, com espaço para a
liberdade e para o saber fazer. O reforço na investigação, com o Centro Clínico Académico, trará mais-valias para o futuro da instituição.
A ECS, uma das mais jovens escolas da Universidade do Minho
(UM), constituiu-se em 2000.
Para a criação do seu projecto
educativo, viajou por diferentes
paragens e universidades de referência, trazendo e adaptando
ao contexto do nosso país princípios de educação inovadores.
“Criámos uma oferta formativa
centrada num currículo integrado. O curso de Medicina não
está organizado em disciplinas,
mas sim em unidades curriculares multidisciplinares. Aqui, o
actor principal é o aluno e não
o docente. É-lhe concedida a
liberdade para construir o seu
percurso. Estamos concentrados em que os alunos aprendam
saberes relacionados com a medicina, e que aprendam, sobretudo, a saber fazer, com competências clínicas, e a saber estar,
com atitudes, comportamentos
e profissionalismo”, explica o
vice-presidente da escola, Nuno
Sousa. Assim, os alunos “têm
contacto com os doentes logo
que entram, no primeiro ano,
e por outro lado, também são
convidados a revisitar as ciências básicas quando já estão na
fase clínica do curso”. Trata-se
de um modelo híbrido, que não
se centra em apenas uma metodologia, e no qual “a aprendizagem é mais entusiasmante, os
índices de motivação são maiores e as taxas de retenção de
conhecimento são muito elevaPágina Exclusiva 44
das”, continua o responsável.
Para além do Mestrado Integrado em Medicina, a ECS tem programas de pós-graduação, com
o Mestrado em Ciências Biomédicas, e três programas doutorais – novamente Ciências Biomédicas, Medicina, e o MD/PhD,
pioneiro no nosso país. Nuno
Sousa explica: “Trata-se de um
programa inspirado em modelos
norte-americanos e que é extremamente prestigiado e competitivo. Como não existia nada
do género em Portugal, fizemos
uma parceria com a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e a Thomas Jefferson, em
Filadélfia. Este é um programa
em que os alunos fazem os primeiros cinco anos de medicina,
depois interrompem, fazem os
três anos de doutoramento e
depois concluem medicina.”
O rigor e método estão presentes a cada momento, e a instituição valoriza, em particular,
a avaliação. “Todo o curso está
sob escrutínio interno e externo. Temos um projecto de investigação muito interessante,
o estudo longitudinal. Fazemos
o acompanhamento de todos os
alunos desde o dia em que entram, com um conjunto de questionários sobre tudo o que está
para trás, e depois ao longo do
curso, e da vida. Mantemos o
contacto com os graduados e a
UM criou, inclusive, um Alumni,
de forma a acompanhar os seus
trajectos depois da universida-
“Criámos uma oferta formativa centrada num
currículo integrado. O curso de Medicina não
está organizado em disciplinas, mas sim em
unidades curriculares multidisciplinares. Aqui, o
actor principal é o aluno e não o docente. É-lhe
concedida a liberdade para construir o seu percurso. Estamos concentrados em que os alunos
aprendam saberes relacionados com a medicina,
e que aprendam, sobretudo, a saber fazer, com
competências clínicas, e a saber estar, com atitudes, comportamentos e profissionalismo”
Portugal Inovador
de. Algo que, mais uma vez,
não se faz muito em Portugal”,
explica.
Uma das razões que levam a
que estes alunos prefiram a ECS
é, a par do modelo de ensino, a
possibilidade de fazer investigação. De facto, a escola possui
“um instituto de investigação,
que entretanto se transformou
num laboratório associado, que
é a categoria mais elevada da
rede científica nacional. Cerca
de 40% dos alunos de medicina
passam por lá, e alguns deles
acabam por ficar”, revela Nuno
Sousa.
Ainda no âmbito da investigação, o vice-presidente da ECS
afirma que um dos projectos
com mais relevância no presente e futuro da escola é o centro
clínico académico. A funcionar
no Hospital de Braga, resulta de uma parceria entre a UM
“O facto de existir um espaço inserido num
hospital onde se faz investigação clínica é,
mais uma vez, algo único em Portugal. Ao
nível da investigação mais básica, temos um
instituto de referência nacional e internacional, mas tínhamos um handicap nesta área.
São estruturas como esta que vão ajudar a
mudar isso”
e o Grupo José de Mello e foi
constituído enquanto associação sem fins lucrativos. “Nesse
serviço são internados voluntários, que podem ou não estar
doentes, e faz-se investigação
clínica. O facto de existir um
espaço inserido num hospital
onde se faz investigação clíni-
ca é, mais uma vez, algo único
em Portugal. Ao nível da investigação mais básica, temos um
instituto de referência nacional
e internacional, mas tínhamos
um handicap nesta área. São
estruturas como esta que vão
ajudar a mudar isso”, conclui o
responsável.
Página Exclusiva 45
Portugal Inovador
Aposta na investigação
como forma de crescimento
Em entrevista à Portugal Inovador, Johannes Sommerhäuser, administrador
comercial da Bosch Car Multimedia Portugal, afirma que a “aliança do ensino
à prática empresarial é sempre uma mais-valia, orgulhamo-nos por receber
investigadores e docentes da UMinho”.
Instalada desde 1990 em Braga,
o que incentivou a Bosch Car
Multimedia a instalar-se nesta
cidade? Actualmente qual o seu
peso socio-económico na região?
A Blaupunkt, da Bosch, iniciou, em
1990, a produção de auto-rádios para
a Grundig numa joint-venture com
esta empresa em Braga. Em 2009,
com a venda da Blaupunkt e do negócio de auto-rádios para o consumidor
final, a empresa adoptou a designação Bosch Car Multimedia Portugal.
Para além de sermos uma empresa
com evidente crescimento, temos um
papel directo na economia da região
ao oferecermos emprego a mais de
2100 pessoas.
Sendo actualmente a maior empresa do grupo em Portugal, desde o início ela se afirmou nesta
posição ou foi crescendo ao longo do tempo? A aposta constante em I&D teve um peso considerável neste crescimento?
­­
As decisões estratégicas tomadas
nas últimas duas décadas permitiram
à Bosch Car Multimedia Portugal tornar-se na maior empresa do Grupo
no país e na principal unidade produtiva da divisão a nível mundial. Uma
destas decisões foi a diversificação
do portefólio de produtos da emprePágina Exclusiva 46
sa, de forma a nos mantermos competitivos no mercado. O desenvolvimento positivo do volume de vendas
confirma a eficácia da estratégia
adoptada. A aposta em I&D teve um
papel importante neste crescimento.
Temos cerca de 90 colaboradores
especializados no Departamento de
I&D e no Centro de Competências
para as tecnologias de produção de
componentes electrónicos.
Assinaram recentemente um
protocolo para os próximos 5
anos com a Universidade do
Minho, em que é que se baseia
esse protocolo e que mais-valias
irá trazer para ambas as partes?
Na criação de um centro de I&DT, que
permitirá a criação de empregos qualificados na região e a promoção da
competitividade das instituições a nível internacional através da oferta de
produtos e soluções inovadoras. Na
Bosch Car Multimedia Portugal, verificar-se-á um aumento das actividades
de I&D, enquanto a UMinho contratará 30 bolseiros de investigação. Este
projecto envolve colaboradores da
empresa e 90 membros da UMinho.
Entre os projectos a desenvolver, estão os novos chassis em plástico para
auto-rádios e sistemas de navegação
e um sistema de suporte à produção
que melhore a sincronização entre diferentes áreas de fabrico.
Que factores tiveram em conta
para escolher a U. Minho para
estabelecer esta parceria?
A UMinho é uma das entidades de
ensino mais prestigiadas do país.
Temos total confiança nos conhecimentos e nas práticas partilhadas pe-
los membros da UMinho e estamos
seguros que acrescentarão valor ao
nosso trabalho. A proximidade foi outro dos factores que nos levou a eleger esta Universidade, de forma a garantir a boa comunicação e o trabalho
em equipa entre todos os envolvidos
no projecto.
Sendo a Bosch Car Multimedia
Portugal um Centro de Competências para o mercado Europeu, a imagem da empresa, bem
como da cidade e da Universidade do Minho, vão ser favorecidas no futuro através deste
protocolo e dos seus frutos?
Consideramos que aliar o ensino à
prática empresarial é sempre uma
mais-valia. Na Bosch, orgulhamonos por receber investigadores e
docentes da Universidade para que
possam colocar em prática os conhecimentos que adquirem e transmitem
diariamente. Para a Universidade,
acreditamos ser positivo estar envolvida num projecto com a Bosch, empresa que lança regularmente novas
tecnologias. Espera-se ainda que o
centro de I&DT consolide a actividade
industrial de elevado valor acrescentado na região.
Planeiam, no futuro, estreitar
ainda mais as relações com a
UMinho?
Sem dúvida que ambicionamos que
esta parceria se prolongue e evolua.
Pretendemos desenvolver novos projetos que tenham por base a inovação e o desenvolvimento de novas
soluções tecnológicas, para os quais
esperamos poder continuar a contar
com o apoio da UMinho.
Portugal Inovador
Tradição e modernidade
Situados num edifício histórico da Avenida Central de Braga, o Hotel Bracara
Augusta e o Restaurante Centurium são já espaços de referência na cidade. A
Portugal Inovador esteve à conversa com o proprietário, António Costa.
modernidade, aproveitando as
iguarias da cozinha regional,
com pratos como o Bacalhau à
Braga, a carne barrosã ou alheira, aliando-os a reconhecidos
pratos da cozinha internacional.
A distinção Bib Gourmand, atribuída a restaurantes com uma
oferta de alta qualidade a preços moderados, pelo Guia Michelin, é um dos sinais de reconhecimento do Centurium, que
está também concebido para
receber festas e eventos.
Tanto no restaurante, aberto em
2005, como no hotel, que iniciou
actividade no ano seguinte, se
vive e respira tradição. Este edifício, que em tempos foi a antiga casa da Legião Portuguesa,
foi adquirido em 1999, dando
origem a um hotel de charme
e restaurante localizados bem
no centro da cidade de Braga.
“Temos tido um feedback muito
positivo”, revela António Costa.
Composto por 17 quartos e duas
suítes, o hotel Bracara Augusta
está bem cotado entre as principais agências e tem tido taxas
de ocupação acima da média. A
arquitectura e decoração apra-
zíveis são aspectos que, certamente, têm peso nas preferências dos hóspedes. António
Costa enfatiza que “a ideia foi
conservar o original, integrando
a modernidade com a antiguidade”, facto que tem sido notado
e congratulado, inclusive, por
arquitectos estrangeiros que visitam o hotel. O espaço possui
também um jardim, nas traseiras do hotel, onde se pode disfrutar de um ambiente de grande tranquilidade.
A diversidade gastronómica do
restaurante é outras das maisvalias. Mais uma vez, jogouse com a dualidade tradição/
Página Exclusiva 47
Portugal Inovador
Turismo em várias frentes
Ao reunir num só local um hotel rural, restaurante, espaço para
eventos e conferências, actividades radicais e enoturismo, a
Quinta do Esquilo, em Amares, apresenta-se ao público como um
empreendimento turístico em várias frentes, rodeado pelo melhor
que a natureza à entrada do Gerês tem para oferecer.
Em tempos idos, esta casa pertencia aos monges beneditinos
do Mosteiro de Santo André, em
Rendufe. No século XVIII, com a
passagem do património da Igreja
para o Estado, a quinta foi adquirida por particulares e pertenceu ao
ministro dos Negócios Estrangeiros da Primeira República, Augusto Soares. Em 2005, em homenagem aos pequenos roedores que
costumavam vaguear pelo espaço, tornava-se oficialmente Quinta
do Esquilo.
“Quando pensámos a quinta, definimos que queríamos ter diferentes valências, distribuídas pelos
sete hectares. Mas, mais do que
ter uma oferta diversificada, tentámos integrá-la de forma coerente.
Temos uma particularidade, que
é o facto de podermos ter, por
exemplo, pessoas no restaurante,
enquanto há um grupo, na outra
ponta da quinta, a fazer paintball
e, no espaço de eventos, decorre
um casamento. Há também a verPágina Exclusiva 48
tente de turismo de negócios, com
empresas que requisitam a quinta
para realizar as suas actividades
– possuímos uma sala de conferências com 40 lugares. Para além
disso, somos flexíveis. Se alguém
nos liga a perguntar se, para além
do almoço no restaurante, podem
usar a piscina durante a tarde,
nós, dentro do possível, tentamos
dar resposta a esses pedidos”, explica o administrador da Quinta do
Esquilo, Moisés Silva.
O espaço do hotel rural, com dez
quartos e capacidade para 28 camas, bem como o restaurante,
foram recuperados, mantendo a
estrutura original da casa. Numa
segunda fase, foi construído o
pavilhão de eventos na margem
Portugal Inovador
do rio Homem e aproveitou-se o
espaço do pomar para fazer uma
casa em madeira. “Temos actividades para uma família inteira –
desde as crianças, com a Casa da
Brincad’eira e o Parque Infantil, até
à Casa da Leitura, para os mais
velhos, ou as actividades radicais,
para os jovens”, continua o responsável. A quinta tem uma equipa de
nove pessoas a tempo inteiro, que
também fazem catering externo e
organização de eventos.
Com cerca de 3,5 hectares de vinha, ali produz-se também vinho
verde, proveniente das castas loureiro/ Trajadura/ perdenã, sob a
marca registada Vale do Esquilo.
Para já, pode apenas ser degustado ou adquirido na própria quinta.
nomeadamente o inglês, francês e italiano, e a aprofundar os
já existentes, “como o brasileiro,
que já é bastante relevante aqui
no Minho”. O responsável entende que “é preciso chegar ao ouvido das pessoas, despertar-lhes a
curiosidade. Argumentamos com
o carácter histórico deste espaço
e com o conforto que proporcio-
namos. As pessoas querem sentir-se em casa, e nós oferecemos
uma estrutura antiga com condições contemporâneas. Exploramos o contraste entre a tradição
e a modernidade. Já a nossa gastronomia, é vincadamente minhota. Damos-lhe apenas um ligeiro
toque dos dias de hoje”.
Já com alguns prémios e menções, a Quinta do Esquilo foi recentemente distinguida na gala
do Comércio, uma iniciativa das
Unidades de Acompanhamento
e Coordenação para o Alto Ave e
Alto Cávado, em parceria com a
Associação Comercial de Braga
e a Expoente. O Prémio de Alojamento na região do Minho “é
um sinal do serviço de qualidade
e excelência, possibilitado pela
nossa diversidade de valências”.
Num futuro próximo, a quinta vai
iniciar o processo de certificação
como Bike Hotel e, Moisés Silva,
em particular, tem novos projectos em mente.
“Adquiri uma marca que promove
o turismo rural na região, a VisitMinho. A ideia é utilizar essa marca para promover não só a Quinta do Esquilo mas toda a região,
através de uma estratégia mais
integrada, apresentando o Minho
como um produto estratégico, nomeadamente através de parcerias”, termina o responsável.
Tradição e Modernidade
A aposta neste tipo de resposta,
diversificada e integrada, é, para
Moisés Silva, “uma forma de combater e minimizar a sazonalidade”. A quinta tem vindo também a
procurar captar novos mercados,
Página Exclusiva 49
Portugal Inovador
Uma Viagem
Pelo Mundo da Moda
Fundada em 2008 por José Neves, a Farfetch.com é uma plataforma
pioneira a nível mundial. Ao reunir produtos das melhores lojas, este
projecto, com grande parte das operações centradas na filial de Guimarães, revolucionou a forma de comprar artigos de vestuário de luxo.
A ideia para a criação da Farfetch
surgiu por volta de 2007, quando
José Neves, que já tinha ligações
ao mundo da moda e residia há
vários anos em Londres, em conversa com retalhistas, se apercebeu de uma necessidade sentida
pelos profissionais do mercado de
vestuário de luxo. “Estamos a falar de empresas com dimensões
Página Exclusiva 50
que não permitem dispor de recursos humanos, financeiros e logísticos para criar uma presença
online, que lhes permita chegar
a todo o mundo, garantindo qualidade de serviço e de imagem.
Nessa altura, surgiu então a ideia
de criar uma plataforma tecnológica e logística para resolver essa
lacuna. Nasceu assim a Farfetch,
resolvendo simultaneamente o
problema das duas partes – lojas
e consumidores”, explica José
Neves.
A Farfetch tornou-se, assim, um
projecto único e inovador, ao permitir a qualquer pessoa o acesso
a produtos altamente exclusivos
das melhores boutiques de Itália,
França Reino Unido ou EUA, de
Portugal Inovador
forma cómoda, à frente do computador. É, como afirma o próprio
José Neves, uma possibilidade de
“viajar pelo mundo da moda, sem
passaporte”.
Com um crescimento que o fundador define como “explosivo”, a
Farfetch, em apenas quatro anos,
criou quatro filiais – uma em Guimarães, outra em Londres, Los
Angeles e São Paulo – totalizando 200 colaboradores, mais de
100 mil clientes activos em mais
de 100 países e 250 lojas parceiras, espalhadas por 15 países.
Os Estados Unidos encabeçam
a lista dos maiores clientes da
Farfetch, representando 25% das
vendas. José Neves reconhece
que o facto de “os negócios online
terem um potencial de crescimento muito superior aos tradicionais”
levou à aposta na criação de um
projecto deste género.
Tecnologia 100% Nacional
As quatro delegações da empresa
comandam
diferentes
operações, sendo que a filial de
Guimarães detém um papel crucial no seu desempenho. “Em
Portugal, temos desde a equipa
de desenvolvimento de software
– podemos dizer, com orgulho,
que a tecnologia da Farfetch é
100% nacional – até à equipa de
account management, costumer
service, passando por toda a parte de fotografia e styling de todas
as lojas da Europa”, atenta o responsável, referindo ainda que o
departamento de Londres, cidade
onde o próprio reside, concentra
os departamentos de business
development, online marketing,
PR & communications e senior
management.
Importa referir que a Farfetch portuguesa, está, neste momento, a
contratar novos colaboradores,
nomeadamente engenheiros informáticos, bem como profissionais para os departamentos de
account management, costumer
service e logística.
Comprar com Segurança
Comprar através da Farfetch.com é
fácil, cómodo e sem complicações.
Depois de entrar no site, basta escolher o produto, encomendar e
esperar que ele chegue a casa. “O
cliente tem a oportunidade de conhecer as melhores boutiques de
cidades como Los Angeles, Nova
Iorque, Milão ou Paris. Quando o
produto chega às lojas, nós fotografamos e ele fica disponível para
o cliente encomendar. Em apenas
dois ou três dias, o último grito das
colecções de todo o mundo chega
à Farfetch”, afirma o responsável.
Face à impossibilidade de se experimentarem os produtos antes
de se encomendar, a Farfetch tem
uma política de devoluções que facilita ao máximo a vida do cliente.
“No caso de não ficar satisfeito e
desejar devolver o produto, nós
oferecemos a devolução. Os portes são pré-pagos por nós, e o produto é recolhido onde o cliente desejar – seja em casa, no trabalho,
ou onde lhe for mais conveniente.
A pessoa tem dez dias úteis para
fazer a devolução, e o reembolso
do pagamento é imediato”.
O trabalho desenvolvido pela Farfetch tem, inclusive, sido uma ajuda preciosa para as próprias lojas.
“Temos tido um óptimo ­feedback
por parte das lojas. Neste momento, a crise europeia é uma realidade, e como abrangemos muitas casas que se encontram em países
com situações económicas adversas, como é o caso, por exemplo,
de Itália e Espanha, a abertura a
novos mercados é extremamente positiva. São boutiques que
sentem cada vez mais a procura
de países emergentes, como a
China ou o Brasil, que têm cada
vez mais uma clientela altamente
exigente”, refere. O responsável
considera ainda que “apesar de a
crise afectar alguns países, a nível
global, este mercado não está a
sofrer. Os grandes grupos de luxo
mundiais, cotados em bolsa, têm,
mesmo neste momento de crise,
reportado níveis de crescimento
muito fortes”.
Face a tudo isto, no futuro, a Farfetch reúne as condições necessárias para continuar a crescer. Os
próximos objectivos passam pelo
lançamento do projecto nas plataformas móveis, “acompanhando a
evolução tecnológica e a fazer melhoramentos constantes no site,”.
Perseguindo a meta de chegar
cada vez a mais pessoas e mercados, a Farfetch está também a estudar a possibilidade de abrir uma
filial no Sudoeste Asiático.
Página Exclusiva 51
Portugal Inovador
Um Talento Inato
Decidiu que queria ser cabeleireiro – ou, como o próprio se intitula, Estilista
capilar – depois de uma boleia inesperada, que, embora tenha realmente tido
lugar, acaba por ser uma metáfora da sua vida: foi da Madeira até Londres,
de Londres para o Porto, até se fixar em Braga, onde está de portas abertas
desde 1997, com o salão J. Ayres.
Oriundo de uma família humilde,
José Reis Silva Ayres é um de
nove irmãos que, desde cedo, revelou uma postura e personalidade
que se destacava do meio rural em
que vivia. Começou por trabalhar
na agricultura, mas cedo percebeu
que estava fora do seu elemento.
Apesar de já cortar cabelo aos
amigos, por graça, foi numa noite,
depois de sair do restaurante onde
trabalhava, na Ribeira Brava, que
percebeu que queria, de facto, ser
cabeleireiro.
“Há 20 anos, era muito normal
andar-se à boleia na Madeira. Eu
tinha saído do trabalho e aceitei a
boleia de um grupo de duas rapari-
Página Exclusiva 52
gas e um rapaz que eram completamente diferentes, tinham penteados e roupas como eu nunca tinha
visto. Depois de conversarmos,
percebi que eram emigrantes, e o
rapaz era cabeleireiro. Guardei até
hoje as memórias dessa noite. Foi
aí, que tive a certeza de que seria
cabeleireiro”, recorda José Ayres.
Com cerca de 20 anos fez-se à
estrada. Esteve um ano em Londres, onde juntou dinheiro para o
curso de cabeleireiro, e regressou
à Madeira, onde tomou o primeiro
contacto com o ofício. Aos poucos,
foi ganhando fama de artista nas
redondezas e, a conselho de amigos, viajou para o Porto. Passou
por vários espaços na região, até
que “um anjo da guarda”, uma fiel
cliente, o ajudou a abrir o seu espaço em Braga.
Já no seu espaço, José Ayres conseguiu a liberdade pela qual ansiava para definir a sua identidade.
A admiração que tem pela Mãe,
tornou-a a sua imagem de marca.
Passou a designar-se ‘Estilista capilar’, para ir mais ao encontro da
sua forma de estar na profissão.
“O cliente vem cá, senta-se e embarca numa viagem. Tem que se
deixar levar, porque eu não trabalho de acordo com pedidos, eu não
corto pontas. Só há medida que
vou trabalhando é que sei o que
vou fazer”, explica, comparando a
sua forma de trabalhar à escultura,
vendo “a cabeça como uma forma
a ser esculpida”.
Esta postura, aliada à sua boa disposição – a par do talento nesta
área, José Ayres tem o hábito de
cantar, com mestria, o Fado, inclusive enquanto penteia os clientes
– têm-lhe trazido filas intermináveis de curiosos, que se tornaram
numa clientela fidelizada, rendida
aos seus métodos. Actualmente,
só atende por marcação, de terça
a sábado, entre as 10h e as 20h.
E, quem o visitar, tem uma garantia: será recebido e atendido pelo
próprio.
Portugal Inovador
Todo o Minho num Só Lugar
Ao longo de 14 épocas, mais de um milhão de pessoas visitou a Quinta da Malafaia. Os fiéis mais convictos rumam ao “maior arraial minhoto do país” todos
os anos, religiosamente, e o fundador, António Cunha Guimarães, orgulha-se
em ver as pessoas saírem com um sorriso nos lábios.
Todos os sábados, por volta das
19h, centenas de pessoas aguardam a abertura da Quinta da
Malafaia. A recepção é feita com
a banda de música, e bailam no
terreiro Cabeçudos e Gigantones,
Bombos e Gaiteiros, que saúdam
os visitantes. Depois, estes seguem para o interior do arraial,
o único no país que tem 370 mesas marcadas e capacidade para
2500 pessoas sentadas. A quinta
possui ainda um salão de eventos
para 400 pessoas e esplanadas
que envolvem todo o espaço do
arraial com ramadas de vinho, tipicamente minhoto.
Por detrás do colorido das luzes,
das toalhas de mesa e dos enfeites está uma máquina logística
bem oleada, sem espaço para
contemplações. Tudo é cronometrado ao minuto, desde o assar
das sardinhas – saem 1500 de
dez em dez minutos – até aos espectáculos nos diferentes palcos,
onde não falha uma nota, não há
momentos parados. São cinco horas de espectáculo non-stop, num
desfilar de tudo o que são tradições e costumes minhotos. “Fazemos desde a malhada do milho,
com a participação dos visitantes,
os ranchos folclóricos, bandas de
música, cantares ao desafio, arruadas com Cabeçudos e Gigantones, Bombos e Gaiteiros, marchas populares… E depois temos
um dos pontos altos da noite, que
é a largada com cerca de três mil
balões nas duas eiras, à meianoite”, conta António Guimarães.
A cada arraial, as quantidades são
astronómicas. Dez mil sardinhas,
700 quilos de broa, 700 quilos de
frango, 250 quilos de rojões, 700
quilos de costelinhas ou 600 quilos de carvão, são apenas alguns
exemplos da matéria-prima das
dezenas de colaboradores da Malafaia.
Nesta altura do ano, é habitual que
os arraiais esgotem. Para além da
bilheteira, os principais clientes
são as câmaras municipais, juntas de freguesia e empresas. No
entanto, tem-se sentido alguma
quebra na procura da parte institucional. Apesar disso, a bilheteira
continua a ser o forte da Quinta
da Malafaia, e, em particular, nesta altura do ano, são muitos os
emigrantes que vêm à festa para
reviver as tradições da sua terra.
“É um público que sente isto de
forma muito diferente”, confirma o
fundador.
Não são só os emigrantes que levam a fama da Quinta da Malafaia
a todo o mundo. Várias entidades
procuram a Malafaia para realizar
as mais diversas iniciativas: congressos, apresentação de produtos (feiras), comemoração de aniversários ou festas de Natal. Mais
recentemente, um congresso internacional, com a presença de
116 países, foi um dos exemplos
da heterogeneidade de públicos
desta casa, que recebe repetidos
elogios pela organização, limpeza
e segurança. A Malafaia é também
conhecida por proporcionar uma
das mais famosas passagens de
ano do país.“É tudo como numa
boa casa de família. A Malafaia
veio para ficar e está instituída no
mundo”, termina António Cunha
Guimarães.
Página Exclusiva 53
Portugal Inovador
“Packaging Solutions”
Luis Pombeiro percebeu em 1980, que o mercado revelava uma tendência
crescente em termos de consumo e que a embalagem passaria a ter um papel
determinante junto do consumidor.
Com inicio em 1987, a SITECNA é
criada para responder a uma necessidade crescente do mercado,
de apresentar soluções de embalagem que protejam e, simultaneamente promovam os produtos. Essa
necessidade revelada, então, pela
MAP Matérias Plásticas, justifica o
arranque da empresa que, durante
vários anos, produziu embalagens
para as mais diversas séries de
acessórios de sala de banho. No
começo da década de 90, surgem
novas oportunidades de negócio
alavancadas pelo boom da comunicação móvel, e por áreas tão distintas como a automóvel, farmacêutica
e de consumo, onde a SITECNA fez
valer as suas competências ao nível do desenvolvimento de projecto
e da sua capacidade de resposta,
num momento em que o factor tempo era determinante.
No entanto, é em 2004 com transferência para as novas instalações,
associada a um forte investimento
no seu parque de máquinas, que a
empresa entra numa etapa de crescimento alicerçado na competência,
qualidade e elevados níveis de serPágina Exclusiva 54
viço. Evolui para áreas de negócio
como o alimentar, farmacêutico, cosmética e reforça a sua presença no
setor automóvel, tendo conquistado
a confiança de importantes players
como a Delphi, Grundig, Bosch, Visteon entre outros.
Aumenta a sua capacidade de manipulação de produtos e obtém a confiança de empresas ligadas à grande distribuição, o que lhe confere a
responsabilidade de acondicionar e
preparar os produtos para entrarem
no ponto de venda.
Com a constante aposta em tecnologia, software e formação a Sitecna
está capacitada para realizar projectos “chave-na-mão”.
Em 2007 a empresa atinge o seu valor mais elevado de facturação. Luís
Pombeiro reconhece a importância
de uma parceria forte com a Colep,
o que permitiu atingir um nível de excelência no trabalho desenvolvido,
para a marca americana Johnson &
Johnson, no sector das embalagens
para produtos home care.
Core Business
A SITECNA é reconhecida por ser
especialista no trabalho de termoformação diversificando a sua
atividade por diversas áreas de
negócio.
A tendência de queda da economia, sentida com maior incidência
a partir de 2009, fez com que a
SITECNA definisse no seu plano
estratégico o desenvolvimento de
novas competências na produção
de embalagem, elegendo em primeira instância a Injecção de Polímeros, recorrendo à personalização e valorização da embalagem
através do processo IML.
Conta já com alguns produtos
no mercado, pautando-se pela
­diferenciação através do design,
funcionalidade e longevidade con­
ferida pela possibilidade de reutilização da embalagem, superando desta forma a expectativa dos
clientes, indo ao encontro dos princípios definidos na sua Política de
Qualidade, Ambiente Segurança e
Saúde no Trabalho da empresa.
“Sentimos a necessidade permanente de evoluir ao nível das soluções. Sempre nos preocupámos
por oferecer ao nosso cliente um
produto e serviço muito personalizado. Queremos estar no mercado
afirmando os nossos Valores de
Profissionalismo, Sentido de Responsabilidade, Confidencialidade,
e Ética na relação com os nossos
parceiros. Estamos no mercado e
queremos vencer.”
O caminho do sucesso
Analisando a posição da Sitecna
no mercado, podemos considerar
que num ambiente tão competitivo, esta distingue-se pela capacidade de trabalhar em parceria com
o cliente, garantindo qualidade no
produto e rapidez de resposta.
Portugal Inovador
“Nestas áreas de negócio, não
há espaço para falhas. Os clientes não podem parar uma linha
de produção por falta de embalagens, este facto está assegurado
pela nossa flexibilidade e rapidez
de resposta”, explica.
Como forma de garantir todo o
seu Sistema de Gestão e exigências do mercado, a SITECNA é uma empresa certificada
desde 1999 e actualmente está
a implementar o Sistema de Segurança Alimentar HACCP. Para
assegurar a conformidade dos
seus produtos recorre, com uma
periodicidade regular, a entidades externas acreditadas para o
efeito. Aplica esta prática sempre
que se trata de produtos alimentares ou, sempre que solicitado
pelo cliente noutras embalagens
não alimentares. Todo este procedimento torna a SITECNA uma
empresa credível, factor cada
vez mais determinante para as
marcas que procuram qualidade
e excelência.
de de estar mais perto do cliente
e queremos potenciar os recursos existentes nos mercados de
destino. Não temos necessariamente que produzir embalagens,
temos que gerar a necessidade
das mesmas.”
A criação de uma pequena unidade de negócio, numa economia
emergente, apresenta-se como
uma forte realidade do promissor futuro desta PME Líder.
Futuro
“Orientamos a nossa estratégia
para o crescimento dentro das
áreas de negócio onde nos situamos e onde houver espaço
para crescer. É nosso objetivo
aumentar de forma significativa a nossa cota de exportação
directa, que se cifra atualmente
nos 20%, para o efeito temos em
curso um projeto de Internacionalização. Sentimos necessida-
Página Exclusiva 55
Portugal Inovador
Contrariando a tendência
Situadas na Marinha Grande, as empresas Amtools, NewcutTools e a Inovatools Portugal, são três empresas que trabalham em conjunto na comercialização de ferramentas de corte e no fabrico de ferramentas de corte em apoio à
indústria metalomecânica, e à indústria de moldes para plástico.
A Amtools está no mercado há 11
anos e começou a trabalhar com
ferramentas de corte no apoio à indústria de moldes. Com o tempo foi
criando parcerias com o estrangeiro e descobriu uma nova necessidade, o apoio através da reparação
e produção de ferramentas de corte. “Tentamos procurar uma solução diferente para um mercado em
que faltavam opções” e foi assim
que nasceu inicialmente a Linetools
Lda, em 2007, da qual foi adquirida
parte da empresa em 2010 pela empresa alemã “Inovatools Germany”.
Daí a criação da empresa Inovatools Portugal, com o objectivo de dar
apoio às necessidades que existiam no sector. “Procurámos trazer,
tanto para a empresa como para os
clientes, uma maior proximidade e
soluções mais rápidas. Essa era
uma grande necessidade e uma
das lacunas que existiam no mercado. Hoje, por exemplo, um molde
que se fazia em dois ou três meses faz-se em seis, sete semanas.
O factor tempo é muito importante
Página Exclusiva 56
para se conseguir estar perto do
cliente, principalmente na indústria
de moldes.”
José Maia e José Pascoalinho são
os gerentes da Amtools e Nuno
André o gerente da Inovatools Portugal tendo esta última um sócio
alemão - a “Inovatools Germany”.
A Amtools recentemente criou uma
nova empresa, a NewCutTools. “É
uma empresa que achámos ser
uma mais-valia para nós, pois foi
criada com base nas representadas
da empresa JBP, Lda., marcas essas conceituadas no mercado em
apoio à indústria de moldes para
plástico. A NewcutTools tem um excelente suporte técnico e produtos.
Nós acabámos por adquirir estas
representações e pessoas para fazer o complemento da actividade
nas outras duas empresas a nível
nacional.”
Actualmente contam com vários
parceiros em Inglaterra, Áustria,
Alemanha e Japão que os complementam em termos do leque
que acham necessário para apoiar
as empresas. A nível de parcerias,
podem fornecer tudo o que é ferramentas de corte, entre outros também contam com alguns produtos
que não são propriamente materiais
de desgaste rápido. Dentro das empresas Amtools e NewcutTools podem fornecer um serviço completo
desde apoio técnico, equipamentos
Portugal Inovador
Página Exclusiva 57
Portugal Inovador
para máquinas CNC, materiais de
polimento moldes e criação de ferramentas especiais através da empresa Inovatools Portugal.
Alguns exemplos são: cones BT40,
SK40, etc., mesas magnéticas, brocas de furação de metal duro, brocas com pastilhas intermutáveis,
fresas de metal duro, alongadores
roscados porta fresas, Motor-Spindle de alta frequência, cabeças de
alta frequência entre outros produtos também disponíveis.
Estando a indústria em geral em
crise têm tentado passar ao lado da
mesma investindo em tecnologia
moderna e stocks para que consigam contrariar esse ciclo. Segundo José Maia “a solução está em
poder dar a resposta imediata na
entrega dos produtos, tendo sido
esse o motivo para obter boas performances nestes últimos anos.”
A Amtools em 11 anos tem tido
sempre bons resultados financeiros
apresentando sempre resultados
positivos. Na Inovatools Portugal
só o primeiro ano é que não correu
tão bem “isso porque começámos
sem know-how, e daí não ter sido
um ano fácil. Tivemos que procurar
o conhecimento e a parte financeira ficou um pouco mais débil”. Contudo depois do primeiro ano, tem
crescido sempre anualmente. Sendo uma empresa com uma parceria alemã conseguiram atingir mais
rapidamente a procura necessária
Página Exclusiva 58
em Know-how, “sendo uma indústria tecnológica estamos sempre
em constante aprendizagem. Estamos sempre na procura constante
do aperfeiçoamento”.
A Inovatools Portugal está com
exportação a 50% e Nuno André
acredita que ainda virá a aumentar.
“Há cerca de um mês, adquirimos
mais duas máquinas e um controlador Genius Zoller de forma a podermos aumentar as exportações e
diminuir os prazos de entrega das
ferramentas de corte.” Para já toda
a exportação é enviada exclusivamente para a Alemanha.
Na Inovatools destacam-se ainda
por duas mais-valias: a produção
de especiais na hora e a recuperação de ferramentas usadas. “Agora, temos quatro máquinas CNC
praticamente só a produzir, a afiar
e a fazer ferramenta especial; três
das quais são de carregamentos
automáticos, como tal, podem ficar
a trabalhar durante a noite ou fimde-semana a produazir.”
Contam com maquinaria de topo,
a mesma que é usada pelos principais fabricantes de ferramentas de
corte no mundo, mas Nuno André
já tem como novo objectivo vir a
poder adquirir uma nova máquina,
para produção de ferramentas de
micro-fresagem.
Relativamente aos últimos 11 anos,
entre empresas de ferramentas de
corte, a Amtools é uma empresa
que tem crescido no mercado de
ferramentas de corte em Portugal.
Quanto ao futuro, “estamos sempre
a procurar fazer mais, mas nunca
fomos uma empresa de criar objectivos muito altos, pois temos
noção da realidade do nosso país
e da economia. Fomos crescendo
sempre, sem grandes pressões”,
conclui José Maia.
Portugal Inovador
A exigência
do mercado nórdico
A comemorar o seu 27º aniversário a Gasportex é uma PME Excelência que
tem pautado o seu percurso pela inovação e diferenciação no seu sector de
actividade.
Corria o dia 1 de Agosto de 1985,
quando Gaspar Ribeiro e a esposa,
Olívia Ribeiro, deram início ao projecto
profissional das suas vidas. Sediada
na freguesia de Lodares, em Lousada, a Gasportex é uma empresa que
presta serviços a alguns dos maiores
players do sector têxtil.
Se, inicialmente, a Gasportex era subcontratada por empresas portuguesas que colaboravam com reconhecidas marcas internacionais, à medida
que a crise foi afectando o mercado
interno, a gerência viu-se impelida a
desenvolver o contacto directo com
as marcas. Esta entrada no mercado
externo foi de tal modo bem sucedida
que hoje 98% da produção da firma
resume-se à exportação, nomeadamente de vestuário técnico (Suíça,
Alemanha e cerca de 85% para o
mercado nórdico).
Consciente da sua dimensão face
aos clientes, a Gasportex deve o seu
sucesso ao empenho e dedicação
empregue em cada trabalho. “Os
mercados com os quais colaboramos
compram, habitualmente, no continente asiátio ou em países como a Lituânia. No entanto, a nossa firma tem
conseguido manter uma boa relação
comercial com esses clientes dado
o rigoroso cumprimento de prazos e
a qualidade certificada do nosso trabalho, em detrimento das guerras de
preços”, explica Gaspar Ribeiro (filho),
co-gerente.
Um novo rumo
Foi em 1995, com a entrada de Gaspar Ribeiro (filho) na administração
da firma, que a Gasportex iniciou em
força a sua entrada no mercado externo. Para marcar a diferença a aposta
centrou-se na apresentação de trabalhos mais elaborados que vão ao encontro das necessidades das marcas:
“Hoje em dia os clientes enviam-nos
o design das peças com indicação
das cores e nós assumimos a responsabilidade de pesquisar e adquirir todos os componentes, desenvolver os
protótipos e enviar para apreciação. O
caminho para obtenção de lucro, na
conjuntura actual, passa, inevitavelmente, pela poupança e optimização
dos processos”, explica.
Têxtil Técnico
Reconhecida no mercado nórdico
pela elaboração de peças técnicas,
a Gasportex está a realizar os procedimentos necessários para obter
a certificação Gore-Tex que lhe vai
permitir iniciar a criação de uma linha de fatos de neve, sob o processo de colagem e vulcanização.
Num mercado em constante mutação, onde as empresas versáteis
e multidisciplinares têm maiores
garantias de sucesso, a Gasportex
tem vindo também a marcar presença junto de clientes pequenos,
que apostam em produtos complexos e com algum valor acrescentado. Manter os clientes de grande
dimensão, angariando pequenos
contactos, que exigem outro género de peças, tem sido o mote desta
empresa portuguesa.
O nome Gasportex é sinónimo de
sucesso e sustentabilidade. Prova
disso é a atribuição do prémio PME
Excelência 2011, após ter alcançado um volume de negócios no valor de um milhão e 800 mil euros
e um crescimento de 10% no seu
volume de facturação. Para 2012
o objectivo da gerência passa pela
manutenção deste prémio, sendo
que é elevada a fasquia para um
volume de negócio de dois milhões
de euros.
Página Exclusiva 59
Portugal Inovador
“Trabalhamos
para vê-lo sorrir”
A Clínica da Trindade Dra. Daniela Picotez Brás, Lda de Chaves abriu as suas
portas em 2001. Daniela Picotez Brás não ficou satisfeita e ainda este ano
abriu uma nova clínica, desta vez em Vidago.
Daniela Picotez Brás é médica dentista, formada pela FMDUP, e tem a
sua própria clínica, onde conta com
mais cinco dentistas e seis assistentes. Os objectivos que tinha com a
abertura da clínica foram conseguidos rapidamente, por isso, e como
só tinha uma sala equipada, “os objectivos passaram a ser equipar outra sala (na mesma Clínica) e comprar um ortopantomografo, o que
também foi conseguido. Em 2009
a clínica alargou as instalações, ficando com mais uma sala equipada
e mais três disponíveis. “Em 2012
equipámos uma quarta sala ficando
esta preparada só para fazer implantes.”
Inicialmente Daniela Picotez Brás
trabalhou em várias clinicas, e a partir de 2004 dividia o seu tempo entre
a sua clínica de Chaves e os SAMS.
Contudo estes últimos resolveram
fechar várias delegações, entre as
Página Exclusiva 60
quais a de Chaves, o que levou a
dentista a abrir uma nova clínica em
Vidago. Em Julho deste ano a clínica abriu as portas e “está a ter muita
aceitação por parte da população”.
Em ambas as clínicas os tratamentos realizados vão desde simples
destartarizações e restaurações a
intervenções mais complexas como
implantes e ortodontia. Daniela Pi-
cotez Brás nota que a preocupação
pela estética e pelo bem-estar oral
da população tem vindo a aumentar “contudo ainda há um caminho
longo para andar. Nota-se principalmente nas classes mais carenciadas a falta de higiene, falta de cuidados em todas as fachas etárias.
A boca é muitas vezes esquecida e
vítima de maus hábitos alimentares
e vícios. E como se não bastasse
ainda temos o entrave económico,
as consultas não são acessíveis a
toda a gente e apesar do Serviço
Nacional de Saúde ajudar com o
cheque-dentista, a sua abrangência
ainda não é a ideal. Ainda temos um
grande trabalho pela frente.”
Quantos aos efeitos da crise, Daniela Picotez Brás, embora não a sinta,
repara em alguns pormenores, “as
pessoas marcam as consultas com
maior intervalo entre elas, desmarcam mais vezes e faltam, porém
como temos uma longa lista de
espera temos conseguido colmatar essas falhas, mas não se sabe
o dia de amanhã”. Para combater
esta situação, os preços não foram
Portugal Inovador
aumentados apesar de os gastos
serem maiores e todos os membros
da equipa esforçam-se para estarem
“mais presentes junto dos pacientes, mostrando e explicando mais os
nossos serviços, não só nas clínicas
mas também na Internet através do
e-mail e Facebook”. Para ajudar ao
bem-estar geral, a clínica conta também com instalações modernas e
confortáveis e materiais inovadores.
A Clínica da Trindade distingue-se,
“acima de tudo, pela qualidade dos
tratamentos, pela simpatia de toda
a equipa e pelo excelente trabalho
em equipa e depois pela elevada
qualidade, quer na tecnologia, quer
nas instalações e todo um vasto
trabalho no crescimento e desenvolvimento contínuo na procura da
perfeição”.
Neste momento, e como abriu a
nova clínica muito recentemente,
Daniela Picotez Brás quer “consolidar os projectos e rentabilizar os
investimentos” antes de se envolver
em novos projetos. “Gostamos de
crescer, mas com os pés bem assentes na terra. Continuaremos a
trabalhar para o crescimento e desenvolvimento da empresa. É claro
que queremos sempre mais e melhor, mas o futuro a Deus pertence”.
Página Exclusiva 61
Portugal Inovador
Com carinho
“A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes
proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.”
Madre Teresa de Calcutá
Joana Paiva Ribeiro, sócia-gerente da SADAT – Serviço de apoio
domiciliário do Alto Tâmega -, tem
formação em gestão da qualidade
para as respostas sociais e frequenta uma pós-graduação em
Avaliação e Reabilitação na Neuropsicologia Clinica e dedica-se a
cuidar de outros.
O projeto SAD teve início em 2009
mas como se trata de uma empresa particular, a sua abertura levou
algum tempo. Trata-se de uma
empresa familiar na qual grande
parte da equipa é mesmo família
e dão “valência a Chaves e também às aldeias circundantes, daí
ser Alto Tâmega”
Esta empresa assegura todo o
tipo de cuidados individualizados
e personalizados no domicílio.
Pois estes serviços são prestados
24horas.
Ao contrário do que se possa pensar, o trabalho tem aumentado
para estas pessoas que têm como
lema “o humanismo e a solidariedade”, pois “prestamos serviços a
clientes temporários (pós operatório), clientes com dependência
permanente e clientes com ausência permanente ou temporária
do cuidador”.
Estão a apostar na saúde, mais
precisamente em serviços de enfermagem e reabilitação domiciliária. “É um trabalho também social, por vezes muito do que nós
fazemos os clientes não podem
pagar”.
De momento trabalham com 17
utentes e atuam nas mais diversas áreas, desde higiene pessoal, serviços de apoio doméstico,
acompanhamento a consultas
médicas e outras saídas e ainda
serviços especiais como acompanhamento em doenças crónicas,
degenerativas e oncológicas.
Quem recorre à SADAT não quer
deixar a sua casa para ir para um
lar e pode garantidamente contar
com um apoio psicológico e uma
companhia mais familiar. “Penso
que será o futuro, a maior parte
das pessoas não vão querer ir
para lares, só mesmo os desamparados”, mas são precisamente
estes casos que Joana não consegue recusar. “Por vezes tenho
“Por vezes tenho situações que gostava de
ajudar mais, pessoas que podem pagar pouco e nós apegamo-nos a elas e não as consigo deixar”
Página Exclusiva 62
situações que gostava de ajudar
mais, pessoas que podem pagar pouco e nós apegamo-nos
a elas e não as consigo deixar”.
A gerente chega mesmo a fazer
trabalhos, sem o passar para
as funcionárias “porque se puser uma funcionária vou ter que
lhe pagar e teria que cobrar ao
cliente”.
A gerente pensa que é difícil
encontrar pessoas que queiram
trabalhar tantas horas ao dia,
fim-de-semana, feriados, mas
termina lembrando-nos a todos
que “de hoje para amanhã, podemos ser nós. Não sabemos
como vamos ficar e as doenças
surgem não há hora...”.
A SADAT tem profissionais que
trabalham em equipa e são pessoas especiais, pois “sentimo-nos
realizadas por fazermos a diferença na vida dos nossos clientes,
promovendo a felicidade e a independência dos clientes, no conforto
das suas próprias casas. Todas as
nossas prestadoras são formadas
de forma cuidadosa, estando capacitadas para cuidar dos nossos
clientes e outros clientes que possam necessitar de ajuda domiciliária. O SAD é uma das respostas
sociais, portanto não queria perder
a oportunidade de agradecer às
Assistentes Sociais por referenciarem também o Serviço de Apoio
Domiciliário”.
Portugal Inovador
Resort Sénior – Flavicórdia
A qualidade dos serviços aliada à excelência dos espaços.
O Resort Sénior – Flavicórdia
é um novo conceito de equipamento social que consiste numa
unidade de saúde em ambiente
hoteleiro, combinando soluções
tradicionais de âmbito social
com uma assistência especializada em geriatria. Situado
na nova entrada da cidade de
Chaves – Av. Marechal Costa
Gomes – este magnífico equipamento abriu ao público em
Janeiro de 2011.
Com uma arquitetura moderna,
de amplas e luminosas áreas,
tem capacidade para 57 clientes, e alia a excelência dos
seus espaços – quartos (individuais e duplos), salas de convívio, capela, biblioteca, SPA,
restaurante, terraços... – à qualidade dos serviços prestados
– telefone e pequeno-almoço
no quarto, espaço multimédia
e Internet, serviço religioso e
animação espiritual, biblioteca
com jornais diários e revistas,
enfermeiros e médico sempre
disponíveis, fisioterapia, higiene
pessoal, tratamento de roupas,
alimentação cuidada e adequada a todas as patologias, vigilância permanente, transporte
e acompanhamento nas saídas,
actividades diárias de animação
sociocultural, ginástica e classe
de movimento, cabeleireiro, esteticista e massagista, SPA com
diversos tratamentos terapêuticos e de relaxamento...
Neste contexto e seguindo a filosofia defendida pela directora
técnica, Susana Alves, quando
afirma que a “qualidade, sendo dinâmica como dinâmicas
são as sociedades e as necessidades das pessoas, é cada
vez mais um factor de extrema
importância, quer em termos
pessoais quer em termos institucionais ou empresariais”,
o Resort Sénior – Flavicórdia
obteve, recentemente, a certificação de Estrutura Residencial
para Idosos – Resposta Social
Certificada, sendo uma das primeiras da região a receber tal
qualificação.
“Esta certificação foi fruto de
uma exigente avaliação dos
critérios definidos pelo Modelo
de Avaliação da Qualidade das
Respostas Sociais, concebido
pelo Instituto da Segurança Social, que incidiu, principalmente,
sobre os cuidados de higiene e
conforto pessoal, a alimentação,
os cuidados de saúde e as actividades de animação sociocultural” – concluiu Susana Alves.
Página Exclusiva 63
Portugal Inovador
Alojamento “Low Cost”
em tempos de Crise
O Hotel São Mamede é um dos hotéis de referência no Estoril, quando se trata da escolha de um alojamento com uma excelente relação qualidade/preço,
voltado para o mercado corporativo.
Devido à sua excelente localização, os clientes poderão ter acesso
a um diverso leque de restaurantes, minimercados, bares, farmácias, bancos entre outros serviços,
apenas a alguns passos do hotel.
Desconto
5% de desconto para os leitores da Portugal Inovador, sobre as tarifas disponíveis
da nossa webpage.
Para acessar este desconto, será
necessário enviar os pedidos de reserva,
Em meio de um cenário económico nada animador, as empresas
são forçadas a reduzir cada vez
mais o orçamento referente às viagens corporativas. Neste contexto,
com o objectivo de aproveitar um
novo seguimento de mercado, o
Hotel São Mamede apostou recentemente numa remodelação,
visando manter a actual carteira
de clientes e de angariar novos
clientes.
O Hotel dispõe de 41 quartos standards e duas suites, distribuídos
por cinco andares, com conexão
feita, através de dois elevadores.
Todos os quartos estão equipados
com casa de banho privativa, TV
cabo em Lcd, telefone, ar-condicionado, serviço de despertar e
Página Exclusiva 64
Internet Wi-fi gratuita, em todo o
hotel.
Além do serviço de alojamento, o
hotel também dispõe de serviço de
pequeno-almoço buffet, serviço de
bar, lavandaria, fax, cofre, concierge, além de um esmerado atendimento.
Próximo ao hotel existem algumas
áreas de estacionamento público
gratuito.
O Hotel está localizado a apenas
a 25 km da cosmopolita cidade de
Lisboa, a 12 km da romântica vila
de Sintra e a apenas 6 km do famoso circuito do Estoril.
Extremamente acessível, pois mesmo ao lado do hotel encontra-se a
Estação de comboios, de autocarros e a praça de táxis do Estoril.
exclusivamente, para o [email protected], incluindo a referência
“promo Portugal Inovador”.
Portugal Inovador
Modernidade, conforto e bem-estar
Com uma excelente vista sobre o Tejo, o Hotel Vip Executive Art’s, no Parque
das Nações, é uma das mais modernas unidades hoteleiras da capital
O Hotel Vip Executive Art’s, de
quatro estrelas, situa-se em pleno
Parque das Nações, um dos locais
mais modernos da cidade de Lisboa e um importante centro de negócios da capital. O edifício apresenta uma arquitectura moderna e
o hotel dispõe de 300 quatros (10
suites e uma suite presidencial)
com uma decoração e design vanguardistas, que aliam o conforto e
bem-estar, agraciados com uma
excelente vista sobre o Rio Tejo.
O Hotel Vip Executive Art’s dispõe
ainda de oito salas de conferência
com diversas capacidades para a
realização de reuniões e põe ao
seu dispor um auditório com capacidade para 165 pessoas. Todas
as Salas de Reunião estão equipadas com a mais recente tecnologia
de ponta para apoio audiovisual e
podem ser dispostas conforme as
suas necessidades. A localização
e as suas valências fazem do Hotel
Vip Executive Art’s uma das mais
modernas unidades hoteleiras de
Lisboa, onde pode disfrutar na sua
estadia de conforto e comodidade
num ambiente que responderá a
todas as suas necessidades de
bem-estar.
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Portugal Inovador
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Portugal Inovador
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