Confira aqui o plano de aula
Transcrição
Confira aqui o plano de aula
1 PIBID HISTÓRIA 1 – UFPR COORDENADORA: PROFA. DRA. KARINA KOSICKI BELLOTTI SUPERVISOR: PROF. DANIEL NODARI COLÉGIO ESTADUAL D. PEDRO II Data: 13 de novembro de 2015 1. IDENTIFICAÇÃO Nome dos proponentes: Bruna Hess, Eric Gruber, Fabiane Hadas, Giovana Castro, Larissa Urquiza, Luiz Filipe Dias e Rodrigo Dall’Asta • TEMA: Pós-abolição/Racismo • • CONTEÚDO: Os temas:Pós-abolição da escravidão; queima dos arquivos referentes ao período escravista brasileiro por Rui Barbosa (apagar evidências e memórias); proclamação da república; ideias de progresso e modernização, higienização das cidades (Rio de Janeiro com o prefeito Pereira Passos); lugar do negro e ex-escravo na sociedade de homens livres; Teorias raciais: influência no pensamento intelectual brasileiro das questões de raça e presença negra no Brasil; Racismo contemporâneo: manifestações contra o racismo nos Estados Unidos e no Brasil. • ETAPA DO ENSINO – ANO/SÉRIE Ensino Fundamental( ) 6° ano ( ) 7°ano • ( x ) 8° ano ( ) 9° ano DURAÇÃO:3 horas-aulas. • OBJETIVOS/JUSTIFICATIVA Apresentar a situação dos negros no Brasil pós-abolição e começo da República (18881930), contextualizando o estado social dos ex-escravos e as teorias raciais da época; apresentar exemplo de racismo na contemporaneidade, fazendo paralelo com a situação dos EUA e o papel da polícia no exercício do racismo institucional. A atividade servirá de forma a dar base para uma apresentação que os alunos farão sobre o tema ao resto da escola. • METODOLOGIA • Procedimentos metodológicos (passo-a-passo) Aula 1: Começar com a discussão sobre o racismo atualmente para apresentar o contexto sobre os protestos em Ferguson, Estados Unidos no ano de 2014, com notícias sobre os eventos (http://www.brasil.rfi.fr/geral/20140819-combate-contra-racismo-nos-eua- 2 ainda-tem-muito-pela-frente) e imagens dos protestos. Faremos então uma conexão com a situação no Brasil muito similar no caso da força policial e o racismo institucionalizado, seguindo com a música da banda O Rappa Todo camburão tem um pouco de navio negreiro mostrando a crítica feita pela banda a tal situação, mostrando também uma ilustração sobre um navio negreiro para auxiliar na explicação da metáfora da musica. Também é possível apresentar outra notícia envolvendo casos de racismo que continuam a acontecer, como, por exemplo, os comentários racistas que a atriz Taís Araújo recebeu em redes sociais (http://diversao.terra.com.br/gente/atriz-tais-araujo-sofre-ataquesracistas-no-facebook,50d9f0d0ea767388612b29bad6aca1423qbykljc.html). Por fim, continuar a aula de forma expositiva sobre o contexto histórico (político e social) do cenário pós-abolição da escravidão (1888). Aula 2: Aula expositiva sobre teorias raciais e influência no pensamento brasileiro da época; o lugar do negro na sociedade a ser construída, apresentando algumas imagens sobre a teoria eugenista. A turma será então dividida em grupos de quatro pessoas no máximo, para trabalho com fontes, envolvendo os pensadores brasileiros de fins do XIX e início do XX, que refletiram sobre o Brasil baseados nas teorias raciais do XIX. Serão utilizados autores, primeiramente Silvio Romero que analisa a história do Brasil a partir da questão da mestiçagem explicativa da situação brasileira da época e que defende um branqueamento da população, e Joaquim Nabuco que ao questionar alguns aspectos dessas teorias raciais como o determinismo geográfico, ainda apresenta um diálogo, evidenciando como essas ideias estavam presentes no meio intelectual brasileiro. Aula 3: Contextualizar de forma expositiva a situação pós-abolição: a influência que tiveram os pensadores em diálogo com as teorias raciais e a condição que população exescrava enfrentou; as novas situações habitacionais e sociais: cortiços, proibição dos cultos africanos e criminalização da capoeira; apresentação das charges de Ângelo Agostini, caricaturista da Revista Ilustrada (final do Império – começo da República), retratando o período e principalmente, os temas ligados ao fim da escravidão.Os alunos realizarão trabalho com fonte: trechos do livro Tenda dos Milagres sobre miscigenação, questões raciais em Salvador do começo do século XX; o debate de um médico professor universitário e o autodidata personagem principal, que publicou dois livros relatando sua vivência, experiência e o que via nas ruas da cidade acerca das questões raciais. • Recursos didáticos: Quadro negro; giz; apresentação de imagens, músicas e notícias; análise de fontes e trechos do livro Tenda dos milagres de Jorge Amado, a serem entregues aos alunos. • • AVALIAÇÃO A avaliação será realizada posteriormente à atividade aplicada consistindo numa apresentação por parte dos alunos à escola sobre os conteúdos propostos nesta atividade. • • Intrumento(s) ANEXOS: 1) Trechos das notícias utilizadas em sala de aula: “Tanto aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos, mas em vários outros países, como a 3 França, existe uma cara definida para o ‘inimigo’: em geral são os meninos negros ou pardos, moradores de periferia, jovens de 15 a 24 anos, que estão sendo dizimados”, ressalta. “No Brasil, em muitos contextos das nossas grandes cidades, a gente vive um verdadeiro genocídio da juventude negra brasileira. Esse é um dado concreto, e nos Estados Unidos é exatamente assim. Os afrodescendentes estão morrendo nas mãos da polícia ou aumentando vertiginosamente o número de presos nas cadeias americanas.” (Retirado do Jornal RFI, edição online de 21/08/2014: http://www.portugues.rfi.fr/geral/20140821-nos-eua-ou-no-brasil-jovens-negros-sofremcom-racismo-policial) “Durante a noite do último sábado (31), enquanto atuava na aclamada peça "O Topo da Montanha", em cartaz no Teatro Faap em São Paulo, Taís Araújo foi alvo de ataques racistas em sua página no Facebook.Por coincidência, "O Topo da Montanha" faz alusão ao último discurso de Martin Luther King realizado em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica racista atual.Em sua página na rede social, a atriz publicou repúdio ao ato racista.” Disponível em:http://diversao.terra.com.br/gente/atriz-tais-araujo-sofre-ataques-racistasno-facebook,50d9f0d0ea767388612b29bad6aca1423qbykljc.html. Acesso em: 15/11/2015 2) Letra da música Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, da banda o Rappa: “Tudo começou quando a gente conversava Naquela esquina ali De frente àquela praça Veio os homens E nos pararam Documento por favor Então a gente apresentou Mas eles não paravam Qual é negão? Qual é negão? O que que tá pegando? Qual é negão? Qual é negão? É mole de ver Que em qualquer dura O tempo passa mais lento pro negão Quem segurava com força a chibata Agora usa farda Engatilha a macaca Escolhe sempre o primeiro Negro pra passar na revista Pra passar na revista Todo camburão tem um pouco de navio negreiro Todo camburão tem um pouco de navio negreiro [...]”. 4 Disponível em:http://www.vagalume.com.br/o-rappa/todo-camburao-tem-um-pouco-denavio-negreiro.html. Acesso em: 15/11/2015. 3) Trechos das fontes utilizadas para a segunda aula sobre as Teorias Raciais e pós-abolição: "A minha tese, pois é que a vitória na luta pela vida, entre nós, pertencerá, noporvir ao branco; mas que este, para essa mesma vitória, atentas as agruras doclima, tem necessidade de aproveitar-se do que útil as outras duas raças lhepodem fornecer, máxime a preta, com que tem mais cruzado. Pela seleçãonatural, todavia, depois de prestado o auxílio de que necessita, o tipo branco irátomando a preponderância até mostrar-se puro e belo como no velho mundo.Será quando já estiver de todo aclimatado no continente. Dois fatoscontribuirão largamente para tal resultado: — de um lado a extinção do tráficoafricano e o desaparecimento constante dos índios, e de outro a emigraçãoeuropéia!" ROMERO, S. A litteratura brasileira e a crítica moderna; ensaio de generalização. Rio de Janeiro : Imp. Industrial de João Paulo Ferreira Dias, 1880. “A raça negra não é, tampouco, para nós, uma raça inferior, alheiaà comunhão, ou isolada desta, e cujo bem estar nos afete como o de qualquer tribo indígenamaltratada pelos invasores europeus. Para nós, a raça negra é um elemento de considerávelimportância nacional, estreitamente ligada por infinitas relações orgânicas à nossaconstituição, parte integrante do povo brasileiro. Por outro lado, a emancipação não significatão somente a termo da injustiça de que o escravo é mártir, mas também a eliminaçãosimultânea dos dois tipos contrários, e no fundo os mesmos: o escravo e o senhor.” NABUCO, J. O abolicionismo. São Paulo :Publifolha, 2000. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000127.pdf Acesso em: 15/11/2015 4) Trecho do livro “Tenda dos Milagres”, de Jorge Amado (1969): “De 1920 a 1926, enquanto durou o reinado do todo- poderoso delegado auxiliar, os costumes de origem negra, sem exceção, das vendedoras de comida até os orixás,foram objeto de violência contínua e crescente. O delegado mantinha-se disposto a acabar com as tradições populares, a porrete e a facão, a bala se preciso. O samba de roda foi exilado para o fim do mundo, ruelas e casebres perdidos. As escolas de capoeira fecharam suas portas, quase todas. Budião andou uns tempos escondido, Valdeloir comeu da banda podre. Com os capoeiristas, a coisa fiava mais fino, os secretas não os enfrentavam de peito aberto, tinham medo. De longe e pelas costas, era mais seguro. De quando em vez o corpo de um capoeirista aparecia crivado de balas na madrugada, tiros de tocaia, obra da malta de facínoras. Assim morreram Neco Dendê, Porco Espinho, João Grauçá, Cassiano do Boné. Entre as vítimas de atropelos e brutalidades, nesse período de fúria desatada, encontrava-se o pai-de-santo Procópio Xavier de Souza, babalorixá do Ilê Ogunjá, um dos grandes candomblés da Bahia. Enfrentou Pedrito e foi por ele perseguido e castigado sem tréguas. Constantemente preso, tinha nas costas as marcas de chicotes de couro cru, 5 lanhos de sangue. Nada o abateu, não se deixou derrotar. O povo cantava nas ruas: “Procópio tava na sala Esperando Santo chegá Quando chegou seu Pedrito Procópio passa pra cá. Galinha tem força n’asa O galo no esporão Procópio no candomblé Pedrito é no facão.” Procópio não silenciou os atabaques, não fugiu de casa para o mato ou para o Rio de Janeiro, A roda das feitas diminuiu, de enorme ficou pequena, ogans se recolheram à espera de melhores tempos. Procópio prosseguiu: — Meu santo ninguém vai me impedir de festejar. Banhado em sangue, a roupa em trapos, em frente a Pedrito Gordo, na sala da Delegacia Auxiliar, renova o desafio: sou babalorixá, festejo meu santo, meu pai Oxossi. — Por que não deixa de ser cabeçudo, imbecil? Não vê que seus santos não valem nada? Quer morrer de apanhar? — Tenho de venerar meus orixás, nos dias de festa tenho de bater para eles, é minha obrigação. Mesmo que o senhor me mate. — Ouça, animal sem inteligência: vou lhe soltar mas se ousar bater candomblé outra vez, atente bem, será a última. A última! — Não vou morrer antes do dia determinado por Deus. Oxossi me defende. — Não vai? Esses santos de vocês não valem nada, se valessem já teriam me matado. Acabo com todos eles no chicote e estou aqui, bem vivo. Cadê o feitiço que ia me matar?” AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. Rio de Janeiro: Record, 1982 [1969]. 5) IMAGENS DOS PROTESTOS EM FERGUSON: 6 Disponível em: http://postnewsgroup.com/wp-content/uploads/2014/10/ferguson_021_081414-620x412.jpg. Acesso em: nov/2015 Disponível em: http://www.dw.com/image/0,,18082206_303,00.jpg. Acesso: nov/2015 Disponível em: http://41.media.tumblr.com/32d73bac10f68b8395f0697e50e6216d/tumblr_narsleUE6R1rop7m6o1_500.jpg. Acesso em: nov/2015. 7 DisponÍvel em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/ferguson-entra-em-estado-de-emergencia-no-2dia-de-protestos.html. Acesso em: nov/2015. Disponível em: http://media3.s-nbcnews.com/j/MSNBC/Components/Slideshows/_production/ss-140819ferguson/ss-140819-ferguson-09.nbcnews-ux-1040-700.jpg. Acesso em: nov/2015. Disponível em: http://www.thenation.com/wpcontent/uploads/2015/08/ferguson_anniversary_protests_rtr_img.jpg. Acesso: nov/2015. 8 6) ILUSTRAÇÃO NAVIO NEGREIRO: Disponível em: http://www.rhbn.com.br/uploads/docs/images/images/1%20imagem%2001075.jpg. Acesso Nov/2015. 7) IMAGENS SOBRE EUGENIA (disponível também no livro de Stephen Jay Gould – “A falsa medida do homem”, Martins Fontes, 2014, 3ª edição): Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/xzdtuOw6uA4/UNaNmfjCQ3I/AAAAAAAAOIs/X0lpMS9ewtc/s640/1+A+LYA+IVANOV+5.jpg. Acesso em Nov/2015. 9 Disponível em: http://negromidiaeducacao.xpg.uol.com.br/intelectuais/GF_clip_image002.jpg. Acesso em nov/2015. Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-VLyC-xXc5E/VZv5GNrdXqI/AAAAAAAAOBo/P8Ctxo8TGBM/s1600/Razza_umana01.jpg. Acesso em nov/2015. 8) ILUSTRAÇÃO Disponível: nov/2015. ANGELO http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/387comemora.jpg. AGOSTINI Acesso em 10 • BIBLIOGRAFIA AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. Rio de Janeiro: Record, 1982. BARBOSA, Muryatan Santana. Identidade Nacional e ideologia racialista. Temporaes. Departamento de História/FFLCH/USP. São Paulo: Humanitas, ano 9, no. 8, 2001, p. 17. Disponível em: http://sites.google.com/site/neacpusp/artigos DANTAS, Carolina Vianna. O Brasil café com leite: debates intelectuais sobre mestiçagem e preconceito de cor na primeira república. Tempo [online]. 2009, vol.13, n.26, pp. 56-79. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tem/v13n26/a04v1326.pdf GOULD, Stephen Jay. A falsa medida do homem. Martins Fontes, 2014, 3ª edição GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Democracia racial. In: Cadernos Penesb. Niterói: UFF. n. 4, p. 33-60, 2002. Disponível em http://www.fflch.usp.br/sociologia/asag/Democracia%20racial.pdf.