Costa, Aline Aparecida – Controle de Infecções no Laboratório de
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Costa, Aline Aparecida – Controle de Infecções no Laboratório de
ALINE APARECIDA DA COSTA CONTROLE DE INFECÇÕES NO LABORATÓRIO DE PRÓTESE DENTÁRIA SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 2009 1 ALINE APARECIDA DA COSTA CONTROLE DE INFECÇÕES NO LABORATÓRIO DE PRÓTESE DENTÁRIA Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Centro Paula Souza ETEC Philadelpho Gouvêa Netto, como requisito básico para a conclusão do Curso Técnico de Prótese Dentária. SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 2009 2 Dedico este TCC aos meus pais Ângela e Antonio Costa, e meu irmão José Luiz da Costa. 3 AGRADECIMENTO Agradeço a todos que incentivaram para a conclusão deste trabalho e pelo carinho de todos 4 “Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de ajudá-lo. ’’ (Sócrates) 5 RESUMO As infecções estão presentes diariamente no laboratório de prótese e em outros locais, mas na década de 1980 a AIDS surgiu, assustando muitas pessoas. Após estudos teve o aparecimento do Sistema de proteção chamado BEDAC; ou seja; procedimentos de controle de infecção que são o uso de EPIs, esterilização, desinfecção, anti-sepsia e conservantes. Pode-se constatar que em nosso campo de atuação estamos freqüente e inevitavelmente expostos a organismos patogênicos, o que ocorre quando os procedimentos de biossegurança não são executados adequadamente. Palavras chaves: Controle de Infecção, Biossegurança, Desinfecção, Laboratório de Prótese Dentária. 6 ABSTRACT Infections are daily seen in Prosthesis laboratories and in wherelse, but around 80´s, Sida has appeared, scaring many people. After researches, the BEDAC system was created with infection controls procedures, such as EPI´s devices, sterilization, disinfection, antisepsis, and quimical control materials. In our professional field, we are often inevitably exposed to pathogenic microorganisms, when the procedures failed. 7 Lista de Abreviaturas e Siglas 1- EPIs: Equipamentos de Proteção Individuais. 2- TPD: Técnico em Prótese Dental. 3- IH: Infecção Hospitalar. 4- UTIs: Unidade de Terapia Intensiva. 5- JCAH: Joint Comission on Accreditation of Hospitals. 6- OMS: Organização Mundial da Saúde. 7- UNESCO: Organização das Nações Unidas para Educação de Ciência e Cultura. 8- C.C.D: Centro de Controle de Doenças, ou, C.D.C: Center of Diseasy Control. 9- Sistema BEDAC: Sistema de Barreiras, Esterilização, Desinfecção, Anti-Sepsia, Conservantes. 10- PVP-l: Polivinilpirrolidona - Iodo 11- AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 8 Sumário Introdução 09 1-Barreiras 16 1.1-Físicas 16 1.2-Imunológicas 19 2-Esterilização 21 3-Desinfecção 21 4-Anti-sepsia 28 5-Conservantes 31 Conclusão 32 Bibliografia 34 Lista de figuras 36 9 INTRODUÇÃO A história da ocorrência de infecções hospitalares e de suas práticas de controle mantém uma relação estreita com a própria história das concepções dominantes do processo saúde-doença. A infecção hospitalar (IH), é considerada como toda infecção adquirida ou transmitida no espaço hospitalar, surgiu no período medieval, época em que foram criadas instituições para alojar pessoas doentes, peregrinos, pobres e inválidos constituindo, inclusive, locais de separação e de exclusão3. Evidentemente, a reunião indiscriminada de pessoas em um ambiente confinado facilitava a transmissão de doenças contagiosas, podendo-se situar a origem da infecção hospitalar nesse período. Tais infecções, na ausência de procedimentos terapêuticos, apresentavam a mesma forma de transmissão que aquelas nas comunidades: vias aéreas, água, alimentos, sangue etc., caracterizando e reproduzindo as mesmas epidemias que assolavam a Idade Média: cólera, pestes, dentre outras, de caráter eminentemente exógeno e específico. As práticas de controle de transmissão dessas infecções, nessa época, ainda não haviam aparecido e esses locais não se tratavam de instituições médicas. A medicina era uma prática não hospitalar, exercida sob moldes liberais e individualizados e coerentes com a concepção de mundo que predominava na Idade Média - eminentemente religiosa - cujas causas das doenças eram buscadas no sobrenatural3. As primeiras práticas de controle dessas infecções só foram surgir com a transformação do hospital, de um local de assistência aos pobres, onde as pessoas eram internadas inclusive para morrer, para um local de cura e de medicalização, a partir do século XVIII, na emergência do capitalismo, quando se começou a valorizar o corpo como objeto potencial de trabalho. A sociedade disciplinar teve seu surgimento por volta do século XVIII, dando lugar ao nascimento de determinados saberes (o das chamadas ciências humanas), onde o modelo prioritário de estabelecimento da verdade era o exame; pelo exame instaurou-se igualmente, um modo de poder onde a sujeição não se fazia apenas na forma negativa da repressão, mas, sobretudo, ao modo mais sutil de adestramento, da produção positiva de comportamento que definem o indivíduo (ou o que ele deve ser) segundo o padrão da "normalidade". Concomitantemente ao 10 surgimento desses saberes e ao exercício do poder disciplinar, instalaram-se segundo MUCHAIL (1985)8, as instituições a eles articuladas (prisões, hospitais, escolas e fábricas). Foi essa nova organização hospitalar disciplinadora que possibilitou a sua medicalização. Mas, se este poder disciplinador foi confiado ao médico, isto se deveu também à transformação do saber médico. A formação de uma medicina hospitalar deu-se por um lado, à disciplinarização do espaço hospitalar e por outro, à transformação, nesta época, do saber e das práticas médicas. Conforme já mencionado, se pode configurar a origem da IH nos hospitais da sociedade medieval, as primeiras práticas para o seu controle só vieram ocorrer com a transformação do hospital, a partir do século XVIII, com a instituição da disciplina e da medicalização. Tratava-se de práticas de controle do meio, coerentes com o modelo interpretativo de doença que predominava na medicina do século XVIII. Conforme FOUCAULT (1985)3, esse modelo tinha como grandes vertentes a observação sistemática, ordenatória e empírica e o modo de pensar as doenças a partir dos estudos da Botânica e, posteriormente, da História Natural. Isto significava a exigência da doença ser compreendida como um fenômeno natural. Ela teria espécies, características observáveis, curso e desenvolvimento como toda planta. A doença é a natureza, mas uma natureza devida a uma ação particular do meio sobre o indivíduo. O indivíduo sadio, quando submetido a certas ações do meio, é o suporte da doença, fenômeno limite da natureza. "A água, o ar, a alimentação, o regime geral constituem o solo sobre o qual se desenvolvem em um indivíduo as diferentes espécies de doenças. De modo que a cura é, nessa perspectiva, dirigida para uma intervenção médica que se endereça não mais à doença propriamente dita, como na medicina da crise, mas ao que a circunda: o ar, a água, a temperatura ambiental, o regime, a alimentação, etc." Os resultados mais efetivos e revolucionários no controle e na cura das doenças não aconteceram no hospital, mas no laboratório; nem no conhecimento cada vez mais aprofundado do corpo biológico, mas a partir da química e da experimentação em animais e nem sempre por médicos, Louis Pasteur (18221895)1,14 era químico. "Não foi no ser vivo que Pasteur encontrou a solução dos problemas patológicos do ser vivo. Encontrou-a sim, no cristal, forma geométrica do mineral quimicamente puro”. 11 Fig.1. Louis Pasteur (1822-1895) As teorias médicas tiveram que esperar mais algum tempo para oferecer resultados concretos, quando foram incorporando as descobertas desse outro trajeto nas práticas médicas, ou seja, "a medicina prática, a mesma que no fim do século XIX começaria a apresentar as primeiras realizações prometidas desde sempre pela medicina, encontrou os fundamentos da sua eficácia numa investigação cujas bases são tão afastadas da prática quanto é possível"1. No caso da assistência hospitalar, os cirurgiões foram os mais beneficiados pelas descobertas que se seguiriam a partir dos trabalhos de Pasteur. Até o início do século XX, as cirurgias apresentavam três ordens de dificuldades: a dor, a hemorragia e a infecção. Fortificada pela invenção dos anestésicos, a cirurgia foi transformada pelas práticas de assepsia e anti-sepsia, quando Joseph Lister (18271912) preconizou com sucesso, em 1867, o uso sistemático do ácido fênico para anti-sepsia e isso14, vinte anos depois que o médico húngaro Ignácio Semmelweis (1818-1865), antes da era bacteriológica e do reconhecimento do microorganismo, havia estabelecido a necessidade de lavar as mãos14. 12 Fig.2. Joseph Lister (1827-1912) Não há como negar que as práticas de controle de IH no final do século XIX e continuando neste, foram fortemente subsidiadas pelo saber oriundo da bacteriologia. Presenciamos a criação de um "mundo asséptico", a fim de possibilitar o sucesso das intervenções crescentemente invasivas e cada vez mais especializadas sobre o corpo. Assim, multiplicaram-se os procedimentos de controle sobre o meio. Já não bastava, portanto, isolar e ventilar o ambiente, foi preciso desinfetar todos os equipamentos, as paredes, o chão e o próprio ar, inclusive, com a nebulização de produtos químicos. As áreas hospitalares e os artigos utilizados nos procedimentos receberam a classificação de críticos, semi-críticos e não críticos conforme o risco de transmissão de infecção e estabeleceu-se o uso de luvas e de uniformes privativos, como a paramentação cirúrgica (gorro, máscara, propé e avental), atingindo um alto nível de sofisticação em alguns hospitais, como aventais impermeáveis e escafandros, que evitam a respiração direta durante o procedimento cirúrgico. Em áreas críticas, como as salas de operações e UTIs, as 13 janelas foram eliminadas e o ar ambiente foi controlado com ar condicionado, filtros respiratórios, pressão positiva e até o fluxo laminar. Como se não bastassem às tentativas de se esterilizar o ambiente era necessário "esterilizar o homem" através da anti-sepsia, da degermação e dos antibióticos, estes últimos, já não sendo utilizados somente de forma terapêutica, mas como profilaxia de infecções que porventura poderiam ocorrer. Uma variedade de técnicas de assepsia, anti-sepsia, desinfecção e esterilização foram sendo desenvolvidas e, muitas delas, constituindo uma série de procedimentos-rituais anacrônicos, ainda sem comprovação científica15. Curiosamente, a lavagem das mãos, recomendada por Semmelweiss antes da era bacteriológica e cuja importância foi epidemiologicamente comprovada nos últimos anos, não foi adotada de maneira criteriosa e sistemática nos períodos subseqüentes, conforme é facilmente observável no dia a dia da prática hospitalar. Ao contrário, o procedimento de nebulização com produto químico desinfetante na sala de operações após cirurgias contaminadas, apesar de largamente reconhecido como ritual desnecessário e tóxico, ainda encontra resistência em ser abandonado5. Fig.3. Ignácio Semmelweis (1818-1865) 14 Em meados deste século, as taxas de infecções hospitalares aumentaram rapidamente devido às estafilococcias de alta transmissibilidade e elevada mortalidade, resistentes à penicilina. A partir de 1960, as infecções causadas por pseudomonas e enterobactérias multi-resistentes aos antibióticos disponíveis mostraram que o êxito obtido no controle das infecções provocadas por patógenos primários (microorganismos que não pertencem à flora normal e, portanto, exógenos) foi praticamente anulado pelo aumento das infecções causadas por microorganismos que habitam normalmente a pele e as mucosas do homem (endógenos). Assim, a ocorrência das infecções hospitalares sob essa forma, mostrou que todo o avanço tecnológico até aí alcançado para as intervenções clínicas no tratamento de doenças, subsidiado principalmente pelo saber bacteriológico, não se mostrou suficiente para superar o problema das IH, conforme se acreditava, a partir do início do século. Elas voltaram em meados deste século, sendo predominantemente endógenas e multi-resistentes e, em muitos casos e, paradoxalmente, decorrentes dessa própria tecnologia gerada para combatê-las15. Até onde é possível registrar a origem desse movimento, as publicações científicas disponíveis mostram meados da década de 40, na Inglaterra, através da sugestão de organização de comissões multiprofissionais para investigar e adotar medidas preventivas contra essas infecções. Esta sugestão foi reiterada em 1959, durante a pandemia de infecções hospitalares por Staphylococcus aureus nos hospitais ingleses4. Já em 1958, a Associação Americana de Hospitais também recomendou a criação de comissões de controle de infecção hospitalar nos Estados Unidos que, em seguida, passaram a ser obrigatórias para se obter o certificado da Comissão Conjunta de Credenciamento de Hospitais (JCAH), ao mesmo tempo em que foram adotadas normas, regulamentos e manuais para o controle de infecções hospitalares. A partir daí, deflagraram-se os eventos nacionais e internacionais especificamente relacionados às infecções hospitalares e ao seu controle. Dentre os de maior repercussão, destacaram-se a Conferência Nacional Sobre Doenças Estafilocócicas de Aquisição Hospitalar, realizada em Atlanta nos Estados Unidos, em 1958; o Simpósio Sobre Epidemiologia e Controle das Infecções Hospitalares, em 1962, com a representação da OMS, da UNESCO e do Conselho das 15 Organizações Internacionais de Ciências Médicas; a Conferência Internacional de Infecções Hospitalares, em 1970, com a participação do Centro de Controle de Doenças (C.C.D.) de Atlanta, da Associação Americana de Hospitais e da Associação Americana de Saúde Pública10. Foi a partir da historia do controle de infecção hospitalar que se teve o inicio do Sistema BEDAC surgindo também o controle de infecção cruzada. 16 CONTROLE DE INFECÇÕES NO LABORATÓRIO DE PRÓTESE DENTÁRIA Sistema BEDAC 1-Barreiras As barreiras físicas e imunológicas foram desenvolvidas exatamente para evitar que os microorganismos veiculados de diferentes maneiras encontrem uma porta de entrada para causar infecção e/ou doenças em toda a equipe do laboratório7. 1.1 Físicas Luvas As luvas devem ser usadas em todos os procedimentos de desinfecção de moldes e próteses. As luvas recomendadas para os procedimentos gerais são aquelas denominadas ‘luvas de procedimentos’, que consistem em luvas de látex, finas, geralmente com punho pequeno e não esterilizadas. Não é recomendado o reprocessamento de luvas, nem a lavagem e reutilização das mesmas. A lavagem de luvas ou de mãos enluvadas não garante a remoção de microrganismos patogênicos aderidos ao látex das luvas. As mãos devem ser especialmente protegidas com luvas em situações de contaminação extrema. Um estudo realizado por Kjölen e Andersen demonstrou que quando as mãos de profissionais estavam pesadamente contaminadas com microrganismos, nem sucessivas lavagens das mãos, nem fricção com diferentes tipos de anti-sépticos foram suficientes para erradicar completamente estas bactérias patogênicas das mãos. 17 Fig. 4. Luvas látex Máscara As máscaras devem ser com filtro duplo, descartáveis e de tamanho suficiente para cobrir completamente a boca e o nariz. As máscaras representam uma barreira física de proteção de transmissão de infecções, tanto do paciente para os profissionais, como dos profissionais para o paciente. Devem ser usadas pelos profissionais durante o processo de limpeza de materiais, em que haja possibilidade de espirrar secreções ou sangue, protegendo também a boca e o nariz da aspiração das partículas durante o acabamento e polimento de trabalhos protéticos, fundições e desinfecção de moldagens e modelos. As trocas das máscaras devem ser freqüentes, evitando permanecer com as mesmas durante muito tempo, especialmente quando umidade visível e excessiva. O tempo ideal de uso das máscaras não tem sido largamente descrito. Alguns materiais que quando manipulados deve-se usar a máscara: Gesso (pó). Alginato (pó). Revestimentos (pó). Monômero (liquido para manipulação de resina). 18 Fig. 5. Máscara Óculos de proteção Os óculos, assim com as máscaras, têm por finalidade impedir que os olhos sejam atingidos pelas secreções, sangue, projéteis gerados através de polimento de peças, gesso, resina e substancias químicas usadas na desinfecção de instrumentos e superfícies. Devem possuir protetores laterais, devem ser confortáveis e de transparência o mais absoluta possível e devem ser de material resistente a impactos da lavagem e desinfecção/esterilização; quando contaminados com secreções ou sangue fazer imersão em glutaraldeído por 30minutos. Fig. 6. Óculos de Proteção 19 Uso de jaleco e gorro As vestimentas recomendadas para uso diário, durante procedimentos, material de fácil lavagem e secagem, de cores claras, confortáveis e discretas. Devem ser trocadas sempre que sujidade aparente. Devem ser usadas exclusivamente no trabalho. A utilização de gorros pelo profissional visa evitar queda de cabelos na área do procedimento, além de oferecer uma barreira mecânica para a possibilidade de contaminação dos cabelos através do espirramento de secreções e uso de lamparinas ou motores. Fig. 7. Gorro e Jaleco 1.2 Imunológicas O Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paulo, com o apoio da Secretaria da Saúde do Estado, desenvolve um programa de vacinação contra difteria, tétano, caxumba, sarampo, rubéola e hepatite B para cirurgiões dentistas, TPDs e todos os profissionais-satelites. São vacinas que devem ser tomadas para proteger o ser humano6. Adultos que já tiveram sarampo, caxumba e rubéola não precisam se vacinar. Para aqueles que não tiveram essas doenças quando crianças, nem foram 20 vacinados, recomenda-se a vacina tríplice viral que, com uma única dose, confere imunidade permanente. Hepatite B é uma doença que afeta o fígado. Ao se multiplicar esse vírus interfere nas suas atividades, conforme demonstram os testes de função hepática anormais, resultado clinicamente em doenças caracterizada por febre, dor abdominal, hepatomegalia e icterícia (olhos e pele amarelados devido ao nível elevado de bilirrubina no soro), fezes pálidas e urina escura. A imunização contra a Hepatite B é realizada em três doses. A segunda dose um mês após a primeira e a terceira, seis meses após a segunda. Deve-se fazer teste sorológico para confirmação da imunização. Deve ser feito reforço da vacina a cada cinco anos. Além das doenças mencionadas, há outra vacina a ser considerada pelo profissional da saúde, a vacina contra gripe. Esta vacina é indicada para pessoas com alto risco de complicação, que são idosos e portadores de doenças crônicas, e as pessoas que podem contaminá-las, os profissionais da área de saúde e os contatos. A vacina contra a gripe pode beneficiar não apenas essas pessoas, mas todos os indivíduos: crianças, gestantes e adultos. É constituída de vírus inativos e fracionada, tendo eficácia de 80%13. Fig. 8. Imunológicas 21 2- Esterilização É a higienização dos equipamentos para eliminar a sujeira, vida microbiana sendo usados métodos físicos como estufa e autoclave e químicos como óxidos de etileno, glutaraldeído e formaldeído2. (Mas esses procedimentos não são realizados nos laboratórios de prótese dentaria). Fig. 9 Autoclave 3- Desinfecção De superfícies e instrumentais. Tentativa de eliminação da maior carga microbiana de superfícies inanimadas, empregando métodos físicos ou químicos. A maioria das formas vegetativas microbianas é eliminada, mas não as formas esporuladas6. Soluções usadas: Álcool a 70% Hipoclorito de sódio a 1% (corrosivo para metais) Glutaraldeído a 2% 22 Fig.10. Álcool Fig. 11. Hipoclorito de Sódio PROCEDIMENTO Proceder à limpeza. Imergir na solução de escolha por 30 minutos. Retirar e enxaguar com água corrente. Secar com pano limpo. Guardar em recipiente limpo e adequado. ATENÇÃO Recipientes com as soluções devem ser de plásticos e com tampa. Conservar as soluções protegidas da luz. A solução de hipoclorito de sódio deve ser utilizada por um período de 12 a 24 horas. A solução de glutaraldeido pode ser utilizada pelo tempo determinado pelo fabricante (14 ou 28 dias). Fig.12. Glutaraldeido 23 A solução de álcool deve ser utilizada por um período de 12 horas. Utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), ao manusear produtos químicos; Não utilizar o instrumental desinfetado, sem o devido enxágüe. DESINFECÇÃO DE MOLDEIRAS E MOLDAGENS As impressões devem ser lavadas para remoção de depósito de placa dental/biofilme dentário, saliva ou sangue, e depois desinfetadas antes do molde ser vazado ou enviado ao laboratório9. Silicone e polissulfetos As impressões com polissulfetos, como as mercaptanas-permelastic, assim como as de silicone como optosil-xantopren, podem ser desinfetadas pela técnica de imersão em hipoclorito de sódio a 1%, iodóforos ou glutaraldeído a 2%, durante 10 minutos, sem afetar a precisão e detalhes da moldagem. Fig.13. Optosil 24 AIginato Os procedimentos consistem de lavagem da impressão em água corrente e remoção do excesso de água, sendo então a moldagem borrifada com desinfetante de superfície, como os iodóforos, hipoclorito, de sódio a 1% ou fenóis sintéticos, sob a forma de spray. O molde deve ser colocado no interior de um saco plástico e removido após 10 minutos, para imediata vazagem do gesso. Fig.14. Alginato Jeltrate Óxido de zinco e eugenol As impressões à base de óxido de zinco e eugenol, como a pasta lisanda, devem ser desinfetadas imergindo-as em glutaraldeido a 2%, durante 10 minutos. Fig.15. Pasta zinco enolica (lisanda) 25 Próteses fixas As próteses fixas contendo metal e porcelana, metal e resina, resinas ou porcelanas, devem ser lavadas com água e sabão degermante e enxaguadas em água corrente e friccionadas com álcool a 70% durante 30 segundos. Fig.16. Prótese Fixa Moldeiras de resina acrílica ou individuais Devem ser imersas em hipoclorito de sódio a 1%, durante 10 minutos. Fig.17. Moldeira individual Moldeiras metálicas Devem ser esterilizadas em forno de Pasteur (estufa) ou em autoclave, seguindo a mesma orientação para instrumental. 26 Fig.18. Moldeiras Metálicas Planos oclusais/registros Devem ser imersos em iodóforos ou em álcool 70%, durante 10 minutos. a) registro da oclusão do paciente. (b) transferência do plano oclusal superior para o modelo inferior. (c) recorte da base do modelo inferior. Fig. 19. Registros Oclusais Rebordos e mordidas em cera Rebordos, usar a técnica do borrifar → esfregar → borrifar aguardar 10 minutos → enxaguar. Mordidas em cera, enxaguar → borrifar → enxaguar → borrifar → colocar em saquinho tipo zip por dez minutos → enxaguar. 27 Fig.20. Mordida em Cera Modelos de gesso Podem ser desinfetados borrifando-os até que fiquem úmidos, ou por imersão em hipoclorito de sódio a 0,5%. Para isso, devem ter completado totalmente a presa, ou seja, terem sido estocados por no mínimo 24horas. Fig.21. Modelos de Gesso 28 Procedimento Indicado para Desinfecção de Modelos e Próteses Material Desinfetante Técnica Tempo Siliconas Glutaraldeído a 2% Imersão 10 min. Mercaptanas Glutaraldeído a 2% Imersão 10 min. Poliéster Hipoclorito de sódio a 1% Fricção 10 min. Hipoclorito de sódio a 1% ou Fricção Alginatos Hidrocolóides Reversíveis Gesso 10 min. Glutaraldeído a 2% imersão PVPI a 10% Spray 10 min. Hipoclorito de sódio a 1% Fricção 10 min. Imersão 10 min. Imersão 10 min. Prótese de Acrílico Hipoclorito de sódio a 1% Outras Próteses ou Glutaraldeído a 2% ou Fenol sintético 4- Anti sepsia Procedimentos que visa o controle de infecção a partir do uso de substancias microbicida ou mocrobiostáticas de uso tópico na pele ou mucosa, ou seja, eliminação de formas microbianas em tecidos vivos12. Meio para anti sepsia Uso de anti-sépticos que, para uma ação efetiva: Precisam ficar em contato com os microorganismos; A concentração não pode ser muito diluída (diminui a ação germicida); Sua ação é mais intensa quanto maior o tempo de contato. Encontramos nas formulas de: Segundo o C.D.C. são adequadas para a degermação, as formulações anti-sépticas que contém 10% de polivinilpirrolidona-iodo (PVP-l) ou 4% de clorohexidina ou 3% de hexaclorofeno. 29 Fig.22. PVPI LAVAGEM SIMPLES DAS MÃOS Consiste na fricção das mãos com a água e sabão associado a um agente anti-séptico com a finalidade de reduzir dá inativar temporariamente a microbiota transitória e permanente das mãos, e constitui-se num dos procedimentos mais importantes no controle de infecção. Lavar as mãos Após qualquer trabalho de limpeza; Ao verificar sujeira visível nas mãos; Antes e após utilizar o banheiro; Após tossir, espirrar ou assuar o nariz; Antes e após atender o paciente; Após o término do dia de trabalho; Ao chegar do refeitório; Após o uso de aparelho telefônico; 30 PROCEDIMENTO PARA LAVAGEM CORRETA Retirar anéis, relógio e pulseira. Prender os cabelos (gorro), posicionar corretamente a máscara e óculos, deixando o avental para ser vestido após a escovação das mãos Molhar as mãos (de preferência torneira acionada pelo pé, cotovelo ou fotossensível), sem encostar-se a pia. Despejar o sabão anti-séptico nas mãos em quantidade suficiente para as mãos e antebraços, Iniciar a fricção das mãos em todas as suas faces, espaços interdigitais e antebraços. Escovar muito bem as unhas, palmas das mãos e articulações por 1 minuto (usar escova de cerdas macias, descartável ou que possa ser autoclavada). Prosseguir com a fricção do restante da mão até completar 5 minutos. Enxaguar as mãos e antebraços com água corrente. Secar com toalha esterilizada. Fig. 23. Lavagem das Mãos 31 5-Conservantes Estocagem, embalagem e acondicionamento do material esterilizado Devem ser acondicionados em pacotes, tambores, caixas metálicas com furos e vidros com tampão de algodão ou papel O material esterilizado deve ser estocado em armário preferencialmente fechado, limpo, seco e de acesso exclusivo da equipe de saúde bucal; Os artigos devem ser acondicionados em caixas metálicas fechadas, ou papel alumínio (se esterilizado em calor seco) e em embalagens de polietileno, papel crepado, papel grau cirúrgico papel Kraft, ou campos de algodão cru (se esterilizados em autoclave). (Este procedimento não é feito no laboratório de prótese dentaria). Fig.24. Artigos para acondicionamento de material esterilizado 32 Conclusão As considerações finais foram realizadas a partir de um estudo feito por Marcelo Vilas Boas e Maria Roseli de Souza Quirino, do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. A desinfecção dos trabalhos protéticos é uma etapa importante para prevenção. O objetivo deste estudo foi para obter informação sobre métodos utilizados nos laboratórios de próteses para prevenir a transmissão de microorganismos durante a confecção de próteses; 20 TPDs participaram deste estudo por meio de questionários sobre a realização de procedimentos de biossegurança, como desinfecção de moldes, modelos, troqueis e outras peças protéticas e, ainda, quanto ao uso de EPIs. Os resultados obtidos demonstraram pouca preocupação pelos protéticos e seus auxiliares. A partir destes dados, observa-se a necessidade de alertá-los para a obrigatoriedade da desinfecção dos moldes, modelos e outras peças protéticas para prevenir possível infecção. Dos 20 protéticos que participaram da pesquisa, 18 eram do sexo masculino e 2 do sexo feminino. Em relação aos protéticos, 6 não tinham conhecimento sobre infecção e 3 não sabiam qual doença poderiam adquirir na sua ocupação profissional; quanto ao uso de EPIs, apenas 4 usavam luvas e 13 óculos de proteção; quando questionados sobre a desinfecção e/ou esterilização de instrumentos no laboratório, 6 protéticos responderam que realizavam a desinfecção e em relação a escova de polimento de pedra pomes, apenas 1 fazia a desinfecção com hipoclorito, os demais não realizavam qualquer tipo de desinfecção. Questionados sobre acidentes de trabalho, 6 responderam que sofreram acidente pérfuro-cortante na mão, provocado por discos e brocas, com sangramento visível. Destes, apenas um procurou o hospital para saber que medida tomar. E, em relação à informação se o paciente era de risco, 5 relataram que haviam sido informados, sendo um caso de AIDS. A vacinação para hepatite B apresentava-se completa para 11 dos protéticos11. Considerando os resultados obtidos no presente trabalho mostraram que os técnicos de prótese dentária ainda não têm conhecimento suficiente sobre infecção 33 e, são poucos os que realizam a desinfecção de moldes e modelos e, mesmo assim, não se preocupam em se proteger e realizar a desinfecção. É preocupante essa negligência com os profissionais. É necessária uma maior fiscalização quanto a isso e também uma maior divulgação de trabalhos, em jornais e revistas sobre o assunto para que incentivem e conscientizem todos os profissionais e até mesmo, oferecimento de Cursos de Atualização sobre Biossegurança destinados aos protéticos. 34 Bibliografia 01. CANGUILHEM, G. Ideologia e racionalidade nas ciências da vida. Lisboa: Edições 70, 1977. 02. Esterelização www.angelfire.com/nm/cirurgia/biosseg/biosseg.html 03. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 5. Ed. Rio de Janeiro. Graal, 1985. 04. GRAZEBROOK, J. Counting the cost of infection. Nurs. Times, v.82, n.6, 1986. 05. LACERDA, R.A. Infecções hospitalares no Brasil. Ações governamentais para o seu controle enquanto expressão de políticas sociais na área de saúde. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. 06. LORENZO, José Luiz Microbiologia Para Estudante de Odontologia editora Atheneu São Paulo,Rio de Janeiro,Ribeirão Preto e Belo Horizonte 2006. 07. LORIANE, Rita Konkewicz Controle de Infecção em Odontologia Disponível em: www.cih.com.br/controle_de_infecção_em_odontolo.htm. 08. MUCHAIL, S.T. O lugar das instituições na sociedade disciplinar. In: RIBEIRO, RJ Recordar Foucault - os textos do colóquio de Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1985. 09. 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