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REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Um ano de vôo! NAV DOPLIS: Engª Conceição Lobão INTERNACIONAL: SESAR - O futuro do ATM europeu CISM: 4º Encontro Nacional de Pares HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Sud SE 210 “Caravelle” OPINIÃO: Voei na Ryanair! DESTINO: Madeira, pérola do Atlântico Flight Level Revista da APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Presidente do SINCTA: Carlos Reis Presidente da APCTA: Paulo Encarnação Coordenação Editorial: Rodrigo Vaz Nuno Simões Colaboradores: Pedro Matos, Nuno Chambel, Andreia Lopes, Ana Cristina Lima Correspondentes: Delegações da APCTA Convidado: Cmdt. Pedro Cadete Propriedade: APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Distribuição: Gratuita aos Sócios Design gráfico: Filipe Preto Impressão: Arlindo Silva - Artes Gráficas, Lda Periodicidade: Trimestral Tiragem: 700 exemplares Lisboa, Janeiro de 2007 EDITORIAL Carlos Reis Presidente do SINCTA SUMÁRIO 02 06 08 10 12 14 18 22 36 28 29 30 32 Na Islândia, tal como em Portugal, os Controladores de Tráfego Aéreo admitidos a partir de 1996 têm regras diferentes para efeitos de cálculo da pensão do Estado e, tal como nós tivemos até há bem pouco tempo, têm dois fundos de pensões independentes a que chamam de Divisão A e B. Tal como em Portugal, após Janeiro de 2007, as novas admissões terão regras diferentes das existentes em 2006. Tal como em Portugal, a Islândia tem um Centro de Controlo Oceânico. Para solucionar a questão das desigualdades, o prestador Islandês, obviamente em consonância com o Governo, descobriu uma solução “milagrosa”. Aproveitando ter de separar o Prestador de Serviço de Navegação Aérea do Regulador, despediu todos os Controladores, propondo em simultâneo a todos um contrato de trabalho numa nova Empresa (ICEAVIA), obviamente com as regalias em vigor a partir de 2007. Com a natural recusa por parte dos Controladores de assinarem o contrato (recorreram todos a uma norma em que o Estado lhes garante dois terços do vencimento durante 1 ano e com a Associação, enquanto a sua situação financeira o permitir, a assegurar o restante do vencimento), veio a ameaça de, caso não assinassem até ao final do ano, delegar a prestação de serviço no espaço aéreo Oceânico a um Centro de Controlo adjacente. Vem isto a propósito dos pedidos de ajuda que nos últimos dias nos tem chegado dos colegas Islandeses, dada a situação desesperada que atravessam, chegando mesmo a questionar a Associação Inglesa (naturais candidatos à prestação desse serviço) se tinham conhecimento dessa hipótese. A resposta veio célere e fria: “...o que sabemos é que os planos de contingência em vigor no âmbito de acordos regionais ICAO no Atlântico Norte, obrigam os Estados membros a assegurar a continuidade do serviço de Controlo Oceânico.”!!! Hoje a situação agravou-se, e muito, com o facto de 25 dos 85 CTA’S, contrariando a decisão do colectivo, ou seja da sua Associação, terem já assinado contrato com a nova Empresa. Esta nova realidade reduz enormemente as possibilidades de sucesso desta luta, e deve ser o exemplo do caminho que um colectivo nunca deve tomar se pretender manter-se forte e capaz de alcançar, com êxito, os seus objectivos. Ao contrário da Islândia, acredito que em Portugal isto seria impensável pois quando a classe de uma forma democrática decide seja o que for, sabemos respeitar TODOS essa decisão. À diversidade de opinião só pode seguir-se a Unidade na Acção, sem divisões, nem hesitações. É aí que reside a força do SINCTA, que nós TODOS queremos manter! NAV DOPLIS: Entrevista com a Engª Conceição Lobão CISM: 4º Encontro Nacional de Pares LADO AR: O Airbus A330 INTERNACIONAL: SESAR - O Futuro do ATM Europeu OPINIÃO: Voei na Ryanair! COMUNICAÇÕES BILATERAIS: Entrevista com Claudino Nascimento e Mark Hartmann HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Sud SE 210 “Caravelle” DESTINO: Madeira “pérola do Atlântico” ROTA DOS SABORES: Cozinha afrodisíaca “Afreudite” ESPECIAL SÓCIOS: Flightires INFO: Microsoft Flight Simulator BREVES: Santa Maria / CTA’s 10 anos NOTA DA REDAÇÃO: Flight Level - há um ano a voar p.1 NAV por Rodrigo Vaz, fotografias de Alfredo Rocha p.2 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Conceição Lobão Responsável pela Direcção de Operações da Região de Lisboa (Doplis) Com o intuito de ficarmos a conhecer melhor a nossa organização, e na continuação das nossas entrevistas internas, convidámos a Engª. Conceição Lobão, Directora de Operações da Região de Lisboa, a falar-nos um pouco sobre a Direcção de que é responsável. Entrevista com Eng.ª Conceição Lobão Responsável pela Direcção de Operações da Região de Lisboa (Doplis) Flight Level: Pode contar-nos um pouco sobre a sua carreira? Eng.ª C. Lobão: Completei 36 anos de serviço em Dezembro de 2006, dos quais mais de 30 anos foram dedicados à Aviação Civil. Estudei em Moçambique, tendo começado a trabalhar aos 20 anos como professora de Desenho de Máquinas na Escola Industrial. Fui Auxiliar de Investigação e, posteriormente, Assistente na Universidade de Lourenço Marques. Após o 25 de Abril, e com alguma pressão familiar, vim para Portugal, tendo reiniciado do zero a minha vida profissional dando aulas de Matemática no Liceu Nacional de Viseu. Ingressei em Março de 1976 nos quadros da então Direcção Geral da Aeronáutica Civil, transitei para a ANA,E.P. com a sua criação (1978/79), tendo acompanhado o arranque do projecto NAV I. Em 1980 “mudei de área” e dediquei-me ao Serviço da Qualidade (1980-84); em 1984 voltei aos quadros da DGNAV, tendo assumido em 1990 a responsabilidade da Direcção de Engenharia da Navegação Aérea (DENA), área que assegurei ao longo de várias reestruturações que cul- minaram com a minha nomeação como DATNA em 1995. Mantive este cargo na NAV até à reestruturação de Setembro de 1999, altura em que aceitei o desafio de assumir a Direcção da DOPLIS. FL: Ao longo da sua carreira, quais foram os maiores desafios que enfrentou? C.L: Pessoalmente, cada nova função correspondeu sempre a novos desafios, cada um maior que o anterior… Marcou-me a nomeação como DENA (foi o primeiro cargo de Direcção que exerci, de início com alguma ingenuidade). Um outro grande desafio foi o de acumular entre 1995 e 2002 o cargo de Project Manager do GETALIS e enfrentar, com uma pequena equipa de técnicos e operacionais dedicados, as sucessivas negociações com um “monstro” da indústria de sistemas, enfrentando-os com racional determinação. Mas o maior desafio foi, sem dúvida, assumir a DOPLIS. FL: Qual a missão e as principais funções da DOPLIS? E quem faz parte da sua equipa? C.L: A DOPLIS tem como Missão «Assegurar, de acordo com as normas e regulamentos nacionais e internacionais e nas melhores condições de segurança e eficiência, a prestação dos serviços de Navegação Aérea na Região de Informação de Voo (RIV) de Lisboa». As principais funções decorrem da missão e englobam a prestação dos serviços de tráfego aéreo (responsabilidade do TRALIS, Fernando César), a manutenção dos equipamentos e sistemas da RIV de Lisboa (responsabilidade MANLIS, Paulo Dâmaso), a segurança (security) e apoio logístico (responsabilidade SAGLIS, Leonel Salvado), o envio para o Eurocontrol dos dados de voo na RIV de Lisboa e da RIV de Santa Maria, para a recuperação de custos através do mecanismo de taxas de rota (Responsabilidade do TXRLIS, Gaudêncio Carvalho), a gestão das Escalas (Fernando Patrício) bem como a coordenação, dinamização e gestão destas áreas, responsabilidade da Direcção, na qual conto com o imprescindível apoio do José Matos (Adj.DOPLIS), do António Piedade (Assessor Técnico), da Teresa Berga (Controlo de Gestão) e do secretariado (Ana Valadas e João Aguiar). Este “grupo dos 10” em conjunto com as demais chefias, assessorias e colaboradores, constitui a minha equipa. FL: Que balanço faz da sua função como Directora de Operações de Lisboa? C.L: Sem falsa modéstia, julgo que o balanço é positivo, mas os principais juízes são os colaboradores da DOPLIS e o Conselho de Administração. Certamente, mais poderia ter sido feito, mas implementámos um sistema informático de apoio à gestão da manutenção, detendo-se agora dados e indicadores que há 7 anos era impensável obter; melhorámos as condições técnicas dos sistemas CNS, com a substituição e/ou instalação de novos meios, melhorámos a nossa organização, formalizando procedimentos e demais documentação aplicável e, fundamentalmente, melhorámos a qualidade dos serviços prestados. Analisando alguns indicadores, em 1999 a DOPLIS tinha 501 colaboradores no activo, controlou 313.964 voos IFR, tendo sido responsável por 501.482 minutos de “delay”, isto é, 1,62 minutos de atraso médio por movimento. Encerrámos 2006 com 479 colaboradores no activo (-4,4%) dos quais mais 11 CTA (incluindo os de Cascais), processaram-se 396.051 voos IFR (+26,1%), tendo sido responsável por 21.136 minutos de atraso total (-95,8%), isto é, 0,06 minutos (-96,3%) de atraso médio por movimento. p.3 FL: O que falta fazer, no seu entender, e que projectos é que gostava de ver ainda realizados? C.L: Penso que há sempre possibilidade de melhorias, uma “mais visíveis” outras menos. Neste momento (Janeiro de 2007), considero que o arranque da operação na nova sala é urgente e é projecto que gostaria de ver totalmente realizado antes do Verão IATA. Para além deste, a substituição do parque de emissores/receptores de VHF e UHF em toda a RIV (em curso) e a substituição dos equipamentos meteorológicos de Lisboa, Porto e Faro, são dois projectos que considero de elevada premência operacional. Há outros projectos que gostaria de ver, se não concluídos, pelo menos em fase de desenvolvimento consistente, caso das Torres do Porto e do Funchal, e gostaria de ver finalizados os sistemas pré-OJT do Porto, Faro e Funchal (salientando apenas alguns dos projectos contidos no Plano de Grandes Investimentos da RIV de Lisboa). Um outro projecto que considero importante para todos, sem excepção, é o do Sistema de Gestão da Qualidade da NAV Portugal: é necessário que todos, e cada um, interiorizem a Qualidade como da sua própria responsabilidade, e que dêem o seu contributo no exercício das suas funções como parte da cadeia de processos e responsabilidades. p.4 FL: Uma das críticas usuais dos operacionais é que os projectos demoram muito tempo a serem concretizados, nomeadamente a nova sala de Operações do ACC de Lisboa? Quer comentar essa crítica? C.L: Julgo que a questão não se prende com o tempo de concretização, mas sim com as “derrapagens” ao planeamento inicial dos projectos. O tempo de concretização depende muito da complexidade dos projectos, das regras dos processos aquisitivos envolvidos, dos fornecedores seleccionados, e da disponibilidade de meios humanos e materiais para a sua concretização. Já o planeamento inicial dos projectos, julgo que o seu habitual não cumprimento resulta de algum optimismo relativo à capacidade real de desenvolvimento das diversas actividades, aos prazos de execução de acções a realizar por terceiros, conjugado com a vontade de satisfazer o que é requerido pelas Direcções Operacionais (que muito frequentemente pedem as coisas “para ontem”…). Aqui também temos todos que aprender com a experiência vivida (“lessons learned”). Refiro-me agora apenas, em causa própria, às Direcções Operacionais, que devem transmitir os seus requisitos com a antecedência devida (e evitar introduzir alterações significativas REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo durante o desenvolvimento, salvo se a “derrapagem” for significativa e assim o recomende o cumprimento de regras e normativos nacionais e/ou internacionais). Esta foi a nossa postura no projecto GETALIS: nunca introduzimos alterações aos requisitos iniciais (“abdicámos” até de alguns deles), não deixando assim que o fornecedor invocasse esse motivo para os atrasos que foi introduzindo na componente ATM do projecto. Dessa forma conseguiu-se negociar a finalização do contrato nas condições que a NAV Portugal desejava. FL: Para si, de que modo é que os operacionais podem ajudar mais as chefias? C.L: Fundamentalmente não “distraindo” as Chefias do que é fundamental ser desenvolvido, com questões “menores” e/ou decorrentes de se olhar para o “umbigo”, para a “quinta” e não para os interesses globais da empresa (que têm forçosamente que ser os nossos, pois se a empresa for afectada… todos o seremos). FL: Como vê o Controle de Tráfego Aéreo Português e como se compara com os congéneres internacionais? C.L: Considero que o Controlo de Tráfego Aéreo Português se situa num nível de qualidade elevado, reconhecido nos “fora” internacionais e pelos nossos congéneres. A opera- O Céu Único poderá representar uma ameaça, mas poderá também constituir uma oportunidade para a afirmação e reconhecimento da NAV Portugal como um ANSP de referência. ção Euro 2004, devidamente coordenada com a ANA, a Força Aérea e o INAC, foi um sucesso e temos sido visitados por outros países para apreenderem as “boas práticas”; a preocupação com os factores humanos, em especial o TRM e o CISM (que nos granjeou um prémio europeu), são alguns exemplos que confirmam esta convicção. Mas temos também outras evidências: • A qualidade do serviço prestado pela NAV Portugal é reconhecida pelos nossos “Stakeholders” (Clientes, Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, INAC, ANA, Força Aérea, Eurocontrol e Sindicatos) como de bom nível, existindo mesmo a perspectiva de que a NAV vai continuar com este bom desempenho, de acordo com “survey” recente efectuado pelos consultores que apoiaram a elaboração do Plano de Negócios da NAV Portugal. • No resultado da análise efectuada ao conjunto das respostas recebidas ao Questionário aos Clientes ATC enviado pelo GABDES em Julho de 2005, na vertente de satisfação global, 87% classificam entre o bom (64%) e o muito bom (23%). Nesse mesmo questionário, na comparação do ATC da NAV relativamente aos outros ATC seus congéneres verifica-se que 84% classificam entre o bom (62%) e o muito bom (22%). FL: Como Directora de Operações de Lisboa, como vê a conjuntura internacional dos prestadores de Serviços de Tráfego Aéreo? C.L: A nível internacional, e em especial no contexto europeu, temos assistido à progressiva separação dos prestadores de Serviços de Tráfego Aéreo das entidades reguladoras, com modelos que variam entre a mera “separação orgânica” dentro da mesma entidade (caso da França), passando pelo anterior modelo português (o mesmo prestador de serviços aeroportuários e de navegação aérea), à completa separação em três entidades distintas (situação actual: INAC, ANA e NAV), com algumas evoluções para a privatização não só da exploração aeroportuária, como também da Navegação Aérea, esta última com alguns contornos especiais, atenta a vertente de serviço público envolvida, como foi o caso do Reino Unido com a parceria pública e privada (PPP - “PublicPrivate Partnership”). O pacote legislativo do Céu Único Europeu favorece esta evolução, fomentando ainda a competitividade entre prestadores de serviços de navegação aérea (ANSP). FL: Como vê o futuro da NAV e do Controle em especial? C.L: O Céu Único poderá representar uma ameaça, mas poderá também constituir uma oportunidade para a afirmação e reconhecimento da NAV Portugal como um ANSP de referência. Temos alguns pontos fortes a explorar: o bom nível da qualidade de serviços e de Segurança (Safety); a qualidade dos nossos recursos humanos; a adequação da capacidade à procura com redução sustentada da taxa unitária de rota (a preços constantes); a certificação do Sistema de Gestão da Qualidade de acordo com a Norma ISO 9001-2000 desde 2005 e, em 2006, para além da revalidação desse certificado, obtivemos a certificação do INAC como prestador de Serviços de Navegação Aérea e a designação governamental. Estão criadas as bases de referência para o necessário desenvolvimento e evolução. Resta-nos acreditar que é possível. FL: Que palavra quer deixar aos nossos colegas e leitores da Flight Level? C.L: Vamos todos, sem excepção, conjugar esforços e criar as sinergias necessárias para que a NAV Portugal prossiga a sua afirmação no contexto europeu e internacional. . p.5 CISM por Rodrigo Vaz, fotografias de Isabel Cambraia 4º encontro Nacional de Pares CISM da NAV, E.P.E. p.6 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Alguns comentários dos convidados: Hello, Thank you for your email and your wonderful hospitality during my stay! I really appreciate the opportunity to meet your team and spend some time with you! The journey back was fine and uneventful. I hope I can visit in the future and spend a bit more time. I am very sorry about the inconvenience of my loss of voice during the training. I know how unpleasant it was for all listening. How were the Friday sessions? With appreciation, Victor ////////// Dear Isabel, I just don’t find the word to thank you for your hospitality and the excellent organisation of the workshop. It was a great pleasure to spend some time with you and your peers and all the presentation were so interesting. I had also lot of pleasure in discovering your country, your food and the kindness of the Portuguese; I enjoyed my stay in Lisboa and I will surely come back. Thanks again and all the best to you Obrigada, Christiane ////////// Realizou-se, nos dias 15, 16 e 17 de Novembro de 2006, o 4º Encontro Nacional de Pares CISM da NAV Portugal, no Hotel Vila Galé Albacora Tavira. O tema principal foi o “Stress Management for the Trauma Provider”, tendo como formador convidado o Dr. Victor Welzant dos E.U.A. Os temas do programa foram muito interessantes e muito bem escolhidos. Foi, também, uma oportunidade única de se trocarem experiências enriquecedoras nesta área de formação com outros colegas estrangeiros (Skyguide, DFS, Irish Aviation Authority). Foram três dias de intenso trabalho e que se traduziu, no final, por uma enorme satisfação dos presentes. Um agradecimento especial à Dr.ª Isabel Cambraia pelo empenho organizativo, aos colegas de Faro, leia-se Fernando Dutra, Claudino Nascimento e Francisco Lisboa, pela forma como nos receberam, ao Coordenador Nacional do Programa CISM e à NAV Portugal, pela oportunidade desta Formação de EXCELÊNCIA. Ficou, ainda, decidido que as datas e o local para o nosso 5º Encontro, será em Lisboa nos dias 14, 15 e 16 de Novembro 2007 e que o 6º encontro terá lugar no Funchal Madeira com datas ainda por determinar. Para mais informações sobre o programa CISM, contactem os Pares CISM do vosso local de trabalho ou então www.nav.pt/cism ou através do email: [email protected] . Hi Isabel, Yes we had a very pleasant night in Faro and an uneventful trip back to Shannon. Many thanks for having us at your most informative and enjoyable conference. I hope our contribution was of some value to the event. It was lovely to meet you again and I look forward to doing so again in the not too distant future. Also, many thanks for your wonderful hospitality, it was most enjoyable. Kind Regards, Alan ////////// Hello, Isabel! I spent very pleasant days in Portugal and I think, it is my turn to thank you and all the peers who participated in your meeting. Your hospitality was again great and exemplary and it will be difficult for us to compensate that in Langen. It was very interesting for me to see the other presentations, especially yours. I hope I see you and your peers next year in Langen! Best regards & Obrigado Michael ////////// THANK YOU VERY MUCH! It was a really pleasant stay for us! We enjoyed it very much! Hope our Presentation was successful??? I hope we will see us at our CISM Forum in end February 2007!!!!! If you will come I think your presentation about Brazil will be very interesting for our colleagues! So bye for now and best wishes and again many thanks! Yours Oliver p.7 LADO AR O Airbus A330 Rubrica do Cmdt. Pedro Cadete [email protected] p.8 Finalmente, após mais de 6000 horas voadas na família A320 (todos os modelos, excepto o A318!), chegou a minha vez de me sentar aos comandos duma máquina consideravelmente maior. Senão vejamos: 60 metros de envergadura (contra 34 do irmão mais pequeno), peso máximo à descolagem 230 toneladas (68, 74.5 e 89 Toneladas, respectivamente para os A 319, 320 e 321). Para amostra, fico-me por aqui. Mas o A330 não é só maior, é também melhor, isto é, tem mais redundâncias. Por exemplo: motores maiores “puxam” sem dificuldade por duas bombas hidráulicas cada um. Assim, os três sistemas hidráulicos têm 4 bombas mecânicas e 3 eléctricas. No A320, os mesmos 3 sistemas hidráulicos têm um total de 2 bombas mecânicas e 2 eléctricas. Para um piloto com experiência, o A330 revela-se também muito “obediente” e com características de voo muito sãs: um verdadeiro “planador”, com topos de descida consideravelmente mais “recuados” do que me habituara no A320 (para FL 370 e dependendo do vento, tipicamente 150 milhas antes do destino, contra 120 milhas no A320). Todos os aviões a jacto que voei são notoriamente “preguiçosos” se quisermos que desçam e reduzam velocidade simultaneamente (quase não descem e quase não reduzem). Pois bem, então neste, esqueçam essa possibilidade, definitivamente. Antecipem antes os vossos REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo (1) pedidos, se é que ainda não aprenderam a fazêlo. Nas 3 primeiras aproximações que efectuei, entrei “largado” na ladeira do ILS e tive que baixar o trem de aterragem um bocado mais cedo para conseguir “segurar” a velocidade. E por falar em velocidade, o que é que é possível fazer com esta aeronave? As velocidades de aproximação são, para pesos relativos equivalentes, iguais às do A319 e A320, e sensivelmente inferiores às do A321 (que sofre já de alguma falta de “asa”, para o peso que tem). À descolagem, os aviões “wide body” que vão voar 6 e mais horas cheios de passageiros e carga têm, compreensivelmente, velocidades características mais elevadas do que os seus irmãos mais novos. Se compararmos descolagens no peso máximo, verificamos que os “grandes” percorrem mais distância de pista e sobem a velocidade superior. O A330 que eu voo não tem possibilidade de fazer “fuel jettison” (o equipamento para tal operação é opcional), pelo que, em caso de aterragem de emergência, pouco tempo após descolar com o peso máximo, a “minimum clean speed” anda aí pelos 250 nós! Com a asa “limpa”, o espectro altera-se um pouco: As aeronaves mais pequenas têm uma VMO(2) de 350 nós, o que lhes permite, sem turbulência e em mãos mais “apressadas”, um “high speed” de 330 nós sem “encostar” demasiado ao limite ! Pois bem, no A330 (e A340) a Principais características do A.330-200 Comprimento (m) 58,992 Envergadura (m) 60,304 Altura (m) 17,880 Velocidade de cruzeiro (km/h) 920 Altitude de cruzeiro (m) 12.000 Raio de acção (Km) 12.000 E a “performance” de subida? Nesse as- Acima disso o peso do “fuel” obriga a reduzir pecto, nada que chegue ao “velhinho” A310 a carga na fuselagem) pode embarcar cerca de Motores: Pratt & Whitney (2), modelo 4168A com que, no seu peso máximo (157 Toneladas), 16 toneladas de carga útil. Para uma versão de potência individual de 68.000 lbs. de impulso sobe “apenas” para FL330, mas demora 15 160 passageiros, dá à justa para estes e resminutos a lá chegar! O A330 a descolar com pectiva bagagem. Ora, um A330 tem, entre o 230 toneladas sobe logo para FL 350 (em peso em vazio e o “maximum zero fuel weight” VMO é de 330 nós, pelo que, nas camadas bai- dias quentes, e para níveis ímpares, talvez não uma diferença de cerca de 45 toneladas. Para xas da atmosfera (abaixo de FL250), os peque- seja nenhum disparate começar a FL330…) e uma versão de 250 passageiros, e considerannos ganham aos grandes! Já no espaço aéreo gasta quase 30 minutos a subir. O que o A310 do os mesmos 100 kg para cada um (incluindo superior, onde o nº de Mach é rei, a situação tem a mais de motor (relação peso/impulso) bagagem), sobram-nos ainda 20 toneladas de inverte-se: o A330 (e A340) tem um MMO(3) de falta-lhe, depois, no comportamento da asa carga admissível. M.86, contra M.82 da família A320, o que per- em altitude. Por outro lado, com a asa que tem, Por outro lado, a carga relativa de commite àqueles cruzeiros mais rápidos. pode o A330 (e, por maioria de razão, o “pesa- bustível também difere muito: Um A320 pode E por falar nisto, alguém faz uma ideia de delo dos controladores”, o A340) permitir-se abastecer até cerca de 20 toneladas de fuel e quanto se ganha/perde aumentando/reduzindo voar com menos impulso relativo…não quero consome em cruzeiro cerca de 2.5 toneladas o nº de Mach? Pois bem, para valores próximos agora escrever muito mais sobre o A340, gos- por hora. Um A330 embarca 95 toneladas e de M.80, por cada centésima de nº de Mach a taria de deixar para depois, até porque espero consome cerca de 6 toneladas/hora em crumais ou a menos, ganha-se ou perde-se 1 brevemente voar também esse quadrimotor… zeiro (para um peso médio de 200 toneladas, minuto por cada hora de cruzeiro. Um A320 a Resumindo: o A330, a subir, não difere mui- aproximadamente). “fazer” M.79 num Lisboa-Bruxelas pode pou- to do A320…. pode chegar um bocadinho mais Tudo isto permitir-vos-á, se ainda não o fipar 2 minutos de voo (e gastar mais 150 Kg alto (FL 410, contra FL 390), mas só com peso zeram, concluir o seguinte: todo o avião “widede fuel) se aumentar o nº de Mach de cruzeiro “light”. body” quando efectua voos de médio curso, voa para .80. Recentemente, para tentar recuperar Uma diferença notável entre aviões “nar- sempre “leve”, mesmo que com todos os lugadum atraso anterior, considerei a hipótese de row-body” e “wide-body” diz respeito ao cha- res ocupados! Num Lisboa-Londres até o A340, fazer um cruzeiro a M.84 em vez de .81, entre mado “payload”, ou seja, carga útil: um A320 com 270 passageiros a bordo, sobe bem! E por Salvador da Bahia e Lisboa. Feitas as contas, bem “espremido” (em percursos até 4 horas. hoje é tudo. Bom 2007 para todos vós. poupavam-se 21 minutos de voo (3 centésimas de nº de Mach vezes 7 horas de cruzeiro), mas (1) Todos os valores que apresento dizem respeito ao Airbus A330 -200, que é cerca de 5 metros mais curto (58 m, contra 63), mas tem maior e peso máximo do que o A330-300 gastavam-se mais 3,5 toneladas de fuel (Dum (2) autonomia Vmo – Maximum operating speed – velocidade indicada que não deve ser excedida intencionalmente total de 48). Resultado: desisti…o petróleo (3) Mmo – Maximum operating Mach number – O mesmo que a Vmo, mas aplicável ao nº de Mach. está caro! Capacidade combustível (l) 139.090 . p.9 INTERNACIONAL por Nuno Simões SESAR O Futuro do ATM Europeu Uma visão do ponto de vista dos Airspace Users. 0803 UTC num qualquer ACC Europeu: K. acaba de fazer login na sua posição, os seus settings previamente gravados ficam automaticamente disponíveis. No canto superior direito, a informação do flow está no verde; indica uma demanda para a próxima hora de 48 aeronaves, bastante abaixo do máximo de 62. As múltiplas rotas paralelas que se desenham no seu display LCD permitem aumentos de capacidade notáveis. O MTCD (Medium Term Conflict Detection) indica apenas dois conflitos, sendo o primeiro dentro de 16 minutos. K. abre a janela do CR (Conflict Resolution) no momento em que a primeira aeronave chama: -Speedbird 5233 radar contact, responde K., daqui para a frente o diálogo será silencioso, o Datalink tratará do resto. A cor da etiqueta e a letra S indica que este, como quase todos os outros voos a evoluírem no seu sector, é um “Separador”. 0810 UTC - Jetcity 500 radar contact! Conflict traffic in 55miles! - Roger! In contact with traffic and reducing speed! K. verifica a sua janela do CR, a melhor solução está encontrada! p.10 Ficção ou realidade? A maior parte destes conceitos estão já a ser desenvolvidos ao abrigo do programa SESAR. Mas então o que é o SESAR? SESAR is the “operational” part to the legislative packages of the SES and is proposing a new approach to reform the ATM structure in Europe. Para fazer avançar este projecto, foi constituído um consórcio onde estão representados os ANSP’s, os “Airspace Users”, Aeroportos, e claro, a Industria, tudo isto apadrinhado pelo EUROCONTROL. Dos quatro princípios que servem de linha directora do programa - a optimização do espaço aéreo Europeu, a redução de custos de operação, o aumento dos níveis de “safety” e, por fim, a redução do impacto ambiental, é certamente a segunda que mais faz mexer as companhias e que leva ao aparecimento de alguns conceitos no mínimo “originais”. Se juntarmos a isto o sector da Industria ávido por substituir a parte humana à custa de mais uns quantos equipamentos de utilidade duvidosa e com orçamentos e contratos milionários, então temos o cenário criado. Vale a pena referir que no grupo dos chamados “Airspace Users” estão, entre outros, a IATA e AEA (Association of European Airlines) e companhias como a Air France, a Ibéria, a Lufthansa e a KLM. REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Mas falemos, então, de alguns conceitos que foram apresentados num documento de seu nome: “AIRSPACE USER OPERATIONS – VISION STATEMENTS DOCUMENT ATM 2020+” sobre a visão do ATM para 2020+. Aí podem ler-se algumas das novas linhas mestras do futuro ATM, pelo menos como as companhias o desejam. Business Trajectory (BT) – Este é o primeiro de todos os conceitos. Para as companhias, a BT de um voo é a melhor trajectória que lhe optimize os lucros. Pode ser a trajectória mais curta, a mais económica, etc. Esta, por sua vez, é “propriedade” do utilizador e só pode ser modificada na base colaborativa entre prestador ATS e utilizadores de espaço aéreo ou, em casos de gestão de conflitos, por parte do prestador ATS, ficando como ressalva de que qualquer desvio à rota deve ter o mínimo de impacto. Separator – Talvez o conceito mais polémico, e aquele que efectivamente pode levar a uma diminuição de custos pelos motivos óbvios, diz então assim: Separator is defined as the agent responsible for separation provision for a conflict and can be either the airspace user or a separation provision service provider. Tendo por base o trabalho feito pela ICAO para os anexos 6 e 11, reconhece-se que é o esforço conjunto de piloto e controlador que evitam potenciais colisões. Deste modo, e de forma a optimizar o futuro espaço aéreo, haverá casos em que a separação será providenciada pelo piloto, diminuindo, desta forma, o workload do controlador. Collaborative Decision Making (CDM) – Uma coisa simples que, na prática, significa a partilha da informação por parte do ATC, para que dessa forma todos os intervenientes possam participar na eficiência e na qualidade da rede ATM. Isto significa que a resolução de conflitos passa por um entendimento entre todas as partes envolvidas e não, como até hoje, por imposição da solução duma das partes. Airborne Separation Assistance System (ASAS) – Este é um conceito que merecia só por si um artigo à parte, tais as implicações daí decorrentes. Na sua génese pode-se ler o seguinte: ASAS is a cockpit system that supports the pilots’ awareness of surrounding traffic and can therefore be used by the pilot to position their aircraft with respect to others. Dentro do conceito ASAS poderemos ter as seguintes quatro categorias: • ASAS – Situational Awareness applications (ASAS- SA) • ASAS – Airborne Spacing applications (ASAS- SM) • ASAS – Airborne Separation applications (ASAS – CP) • ASAS – Airborne Self-separation applications ( ASAS – AO) Porque cada uma das categorias envolve diferentes usos, riscos e definições, deixo apenas algumas ideias gerais de cada uma delas. Assim, teremos para ASAS-SA o seguinte: “Using ADS-B, ASAS-SA can provide the flight crew with traffic information several minutes ahead of a conflict; TCAS provides only a ‘few seconds’ collision avoidance function.” Para o ASAS-SM, temos: “When building or maintaining a sequence of traffic, ASAS-SM allows the controller to manipulate ‘seconds’ (time-based spacing) or tenth of NM. ASASSM instructions are alternatives to speed and heading instructions.” “ASAS-SM could be used to reduce controller workload in a busy environment, if traffic is presented in an appropriate way with managed flows. On final approach, ASAS-SM could be used to maintain a sequence.” Para o ASAS-CP, uma possível utilização seria: “ASAS-CP could be a useful tool: potential conflicts could be detected using an MTCD; the controller would then inform the pilots. The pilots would use their ASAS-CP capabilities to solve the conflicts.” E, por fim, o mais arrojado ASAS-AO: “From an airspace User’s point of view the main bene- fit of ASAS-AO is the removal of the ATC service, hence a reduction in costs. Users also believe that ASAS-AO enables more direct routings, saving fuel and time costs.” “At all times the pilot has responsibility for separation.” “One of the first ASAS-AO applications is likely to be in Oceanic or remote airspace where the lack of radar control currently inhibits the flexible operation of Users.” Muitos outros conceitos que já não são novidade, como, por exemplo, o PRNAV, permitirão, dentro de pouco tempo, a criação de múltiplas rotas paralelas com distâncias entre elas bem menores que as praticadas hoje em dia. Isto permitirá aumentos de capacidade notáveis, uma vez que no mesmo bloco de espaço aéreo caberão muito mais aeronaves. Se aplicarmos, juntamente com isto, o ASAS, então teremos o tráfego “compactado” num verdadeiro fluxo. O risco do chamado “efeito dominó” será então para os controladores uma verdadeira dor de cabeça, pois a possível falha de uma aeronave neste fluxo teria consequências sobre todas as outras, tendo o controlador pouco espaço de manobra. Por esclarecer, ficam algumas questões: As capacidades futuras dos Aeroportos vs políticas ambientais. O facto de as companhias quererem voar, nas mesmas horas, as mesmas rotas vs aumentos de capacidade? O futuro sistema ATM é um sistema “Human centred” ou uma panóplia de tecnologia para justificar orçamentos milionários tão do agrado da indústria do sector e, no final, com pouca ou nenhuma utilidade para aqueles a quem se destina. E, por fim, o facto de nem especialistas em “Human factors”, ou em procedimentos ATM, TRM ou operacionais, terem sido ouvidos sobre alguns dos aspectos com mais impacto neste programa. . Fontes: • Airspace user operations – vision statements document ATM 2020+ by SESAR Airspace Users Basic Consortium • SESAR definition phase deliverable 2 by SESAR Consortium • Paper on separation task 2.2.2 • SESAR WP2.2.2 Support Group Position Paper ASAS – Options for 2020 • Letter from IFATCA to SESAR excom p.11 OPINIÃO por Pedro Matos Voei na Ryanair! Hoje em dia, fala-se muito nas companhias “low-cost” e parece haver uma impressão geral de que, em comparação com as “full service”, são menos seguras (aviões velhos, pilotos menos qualificados, manutenção inferior), que o serviço é mau, que “para terem aqueles preços, nalguma coisa têm que cortar...”. Bem, após uma viagem Porto-Londres na Ryanair, a maior companhia “low-cost” Europeia, estamos em condições de assegurar que esta última afirmação é a única que tem um fundo de verdade. Para começar, como é que se compra um bilhete na Ryanair? Bem, pelo menos em Portugal, a reserva só pode ser feita na Internet (não sabemos se existem lojas da companhia noutros países, mas, atendendo à sua filosofia de cortar tudo o que é supérfluo, duvidamos). No entanto, o site, apesar de não ser muito atraente, é fácil de utilizar, não colocando problemas a quem tenha um mínimo de experiência de Internet. No fim do processo, convém imprimir o comprovativo da reserva (pode-se simplesmente apontar o código desta, mas mais vale não complicar), pois facilitará o check-in. p.12 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Uma nota: aqui, o futuro passageiro começa a aperceber-se que, nesta companhia, todos os extras se pagam...até o transporte de bagagem de porão que encarece o bilhete em 7€. Mesmo assim, ficou muito mais barato (diferença superior a 100€) do que o mesmo voo na TAP ou na British Airways...apesar de estes terem como destino Heathrow e não Stansted. No entanto, diga-se que a distância, em termos de tempo, para o centro de Londres, é semelhante se viajarmos de metro no primeiro caso e de comboio no segundo. Também no site, estão disponíveis serviços adicionais: é possível alugar carros, reservar quartos de hotel, imprimir guias sobre os locais para onde a companhia voa...resumindo, podese planear toda a viagem a partir do site, o que não deixa de ser simpático. Já no aeroporto, no check-in, apercebemo-nos de mais uma particularidade: o passageiro da Ryanair não tem lugar marcado no avião. Em vez disso, é colocado um número entre 1 e 189 (número de lugares do avião - Boeing 737-800 – que ia operar o voo) no cartão de embarque, de modo a ordenar a entrada no mesmo. E como é que isto é feito? Junto à porta de embarque, formam-se duas filas: uma com quem tem os números entre 1 e 90, outra para os restan- tes, sendo pela primeira destas que se inicia o embarque, excluindo os passageiros a que é atribuída prioridade, como os que viajam com crianças pequenas. Isto implica algum tempo passado em pé se se quiser mesmo escolher um lugar (ou seja, ir cedo para a fila em vez de se aguardar calmamente sentado que toda a gente embarque), mas qualquer passageiro que esteja na primeira fila tem garantido uma coxia ou uma janela. Ainda no que respeita aos referidos números, ninguém no nosso grupo percebeu o critério da sua atribuição. Considerámos que poderia ter a ver com a ordem com que foi feita ou a reserva ou o check-in, mas verificámos que nenhuma das hipóteses estava certa. No entanto, como ficámos todos com números baixos, ninguém esteve para se preocupar muito com o assunto. Também houve quem se interrogasse sobre a utilidade da não marcação de lugares. Será que permite poupanças ao não ser necessário informatizar esse procedimento? Ou a experiência das companhias low-cost será de que tal facto torna o embarque mais rápido? Ou será por outra qualquer razão? Se alguém souber, faça o favor de nos esclarecer. E quem gere a Ryanair pensa em tudo: os passageiros podem comprar, mesmo junto aos balcões de check-in, bilhetes para o autocarro que faz a ligação para o centro de Londres... sempre são alguns minutos que se poupam não tendo de o fazer em Stansted (no nosso caso, optámos por outra estratégia, uma vez que alguém sabia que havia comboio para a estação de Liverpool Street a partir do aeroporto, o qual seria mais rápido que o autocarro). Após algum tempo de espera na fila, lá tivemos licença de nos encaminharmos para o avião. Durante o percurso entre a aerogare e aquele, vimos como é que se pode poupar dinheiro no handling: 1) Este percurso é feito a pé – julgamos que a Ryanair deverá ter negociado com a ANA ter sempre posições de estacionamento sem manga (que são, tanto quanto sabemos, mais baratas), mas perto da aerogare (para poupar nos autocarros). Atendendo ao tamanho da aerogare de LPPR, não deve ser difícil garantir “stands” nestas condições. 2) O handler não tem de fornecer escada para os passageiros, uma vez que o avião tem a sua (sai de um alojamento sob as portas), o que não é normal em aeronaves deste porte. Chegados a bordo, uma agradável surpre- sa: os lugares não eram tão acanhados como se temia, depois de sabermos que a Ryanair configurava os seus 737-800 para transportar os já referidos 189 passageiros. De facto, a distância entre os bancos (ou seat pitch, para os entendidos) até me pareceu maior do que nos 737-300 que a Sata operou, e nos quais muitos de nós voaram. Por outro lado, o aspecto do avião também não indica que se trata de um aparelho pertencente a uma companhia low-cost. Tanto interior como exteriormente, já vimos bem pior em companhias de bandeira (e então em companhias charter...), mas há que reconhecer que este avião tinha poucos anos de vida. Por outro lado, também nunca ninguém acusou a Ryanair de não cuidar da apresentação das suas aeronaves. No que respeita à tripulação de cabine, nota-se que tem menos elementos que um avião de capacidade semelhante de uma companhia “full service”, como, por exemplo, o A321 da TAP. Provavelmente a Ryanair limitase a cumprir os mínimos legais em termos da relação número de passageiros / tripulante de cabine. E poder-se-ia pensar que a carga de trabalho da tripulação é menor, uma vez que a companhia não oferece refeições a bordo, mas de facto não é bem assim: um dos modos que a Ryanair tem para gerar receitas adicionais passa por vender a bordo comida, artigos “dutyfree”, bilhetes de comboio para Londres (que aproveitámos para comprar… de ida e volta), recordações de Inglaterra, modelos dos seus aviões, etc. Estes artigos são anunciados num folheto distribuído pelos tripulantes, uma vez que, evidentemente, a Ryanair não edita uma revista da companhia...Tudo isto leva a alguma actividade a bordo, por assim dizer. Outro pormenor que leva a que a tripulação de cabine não tenha muito descanso durante o voo é o facto de, durante as escalas, não haver uma empresa contratada para efectuar a limpeza interior do avião…é a tripulação a fazêlo; assim, é frequente a sua passagem pela cabine com sacos para recolha de lixo. Deste modo, além da poupança de dinheiro, procura diminuir-se o trabalho da tripulação em terra (também têm direito a uns minutos de descanso, não é?). Após uma viagem sem história, aterrámos em Stansted...e, infelizmente, três dias depois lá estávamos novamente, para apanhar o avião de volta para o Porto. Refira-se que os procedimentos de embarque foram em tudo seme- lhantes ao que tínhamos experimentado à ida, com a diferença que em EGSS tivemos direito a manga...e a um B738 que ainda cheirava a novo! Este avião revelava ainda algumas diferenças relativamente ao que nos tinha levado para Londres: para além dos bancos em couro (!), reparámos que não tinha bolsas nas costas das cadeiras...poupança de peso? Será mais barato assim? E será que está alguém a pensar “E onde é que eles põem os folhetos com as indicações sobre o que fazer em caso de emergência? E os sacos de enjoo?”. Bem, os primeiros estão colados nas costas dos bancos (outra poupança – assim, os passageiros não os tiram do avião); quanto aos segundos, provavelmente têm de ser pedidos à tripulação, se houver tempo para isso... Ainda não se referiu que outra das estratégias da Ryanair para ganhar dinheiro passa por decorar os seus aviões com as cores de patrocinadores. Marcas como a Jaguar, Kilkenny, Hertz, Cable & Wireless e Vodafone já “voaram” nas fuselagens dos 737 da companhia que, curiosamente, também já serviram para mandar “farpas” à concorrência: por exemplo, após o início da operação da Ryanair para a Alemanha e Itália, alguns dos seus aviões ostentavam, respectivamente, os dizeres “Auf Wiedersehen Lufthansa” e “Arrivederci Alitalia”. E quanto à ocupação dos aviões? À ida, pareceu-nos que rondaria os 70%, enquanto à volta, se não era 100%, estaria lá muito próximo. Toda esta estratégia de cortar nas despesas e procurar outras formas de lucro, de forma a vender bilhetes muito mais baratos que a concorrência, funciona? Parece que sim. Pelo menos até à data, parece não haver limites para o crescimento da Ryanair: tendo recebido o seu centésimo Boeing 737-800 em Março (na altura em que estas linhas estão a ser escritas, já possui 107), tem mais 132 encomendados e opção de compra para mais 179, prevendo apresentar este ano lucros na casa dos 335 milhões de Euros, resultantes do transporte de 42,5 milhões de passageiros. E, como se tudo isto não bastasse, tem aumentado a sua participação na companhia de bandeira Irlandesa (e sua concorrente) Aer Lingus, e fala-se que, apesar da oposição dos accionistas desta última, a Ryanair pode assumir o seu controlo brevemente. Como disse uma vez Michael O’Leary, presidente da companhia, “There is no shortage of ambition here!”. . p.13 COMUNICAÇÕES BILATERAIS entrevista por Ana Lima fotografia por Claudino Nascimento ENTREVISTA COM Como foi o seu início de carreira como CTA? Como foi o percurso até chegar á Twr/App de Faro ? O meu início de carreira foi igual ao de alguns colegas, mas diferente da maioria em actividade. Comecei em 1979 na Força Aérea Portuguesa, foram 3 anos muito gratificantes onde cresci como controlador e como ser humano. Fiz um curso mais ou menos nos mesmos moldes do que se faz agora na nossa empresa, não tão completo mas já com algumas inovações para a época que achei interessantes. Lembro-me que já existia uma sala devidamente equipada para o melhoramento da língua inglesa, parecido com o que se faz agora nas escolas particulares de inglês. Em 1980 fui voluntário para as Lajes, qualifiquei-me em Torre depois duma breve passagem pelo denominado na altura Movimento e Despacho que equivale ao actual SOA. Em 1981 passei para o RAPCON e aí continuei até à minha saída em 1982. Fiz o chamado PAR (precision approach radar) que era uma espécie de ILS, mas todas as intruções de rumo e ladeira eram fornecidas pelo CTA. Ainda durante estes anos e por informação do colega Carlos Abreu (do meu curso aqui na empresa) fui fazer exame à DGAC (actual INAC) e obtive a licença de controlador aéreo, a qual me permitiria mais tarde concorrer à ANA .Tenho de agradecer outra vez ao Abreu pois foi ele que me informou de como deveria concorrer p.14 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Claudino Nascimento e ultrapassar as burocracias da época; de referir que havia gente que não gostava muito da rapaziada que vinha da Força Aérea e os processos de candidatura às vezes sumiam. Concorri em 1982 com o Carlos Abreu, Benvindo, Canário e Morais oriundos também da Força Aérea juntamente com Controladores vindos das ex-colónias Manuel Lopes, Durão, Barros Costa , Barroco , Milú e Bordalo. Como já todos tínhamos licença de controladores, a ANA colocou-nos a opção de fazermos um curso de Controle de Área Convencional , na condição de que assinaríamos contracto se passássemos no curso, caso contrário podíamos regressar a casa. Fizemos esse curso, ficámos aptos a escolher Santa Maria, Porto Santo ou Funchal. Cá o rapaz, como já tinha uma dose de Açores, escolheu o Porto Santo, que na época fazia o que é agora chamado sector Madeira, com a particularidade de na mesma frequência estar Área , App e Torre (haviam coisas fantásticas!). Lá estive dois anos e meio que foram excelentes, um grupo maravilhoso. Acabámos por juntar quase todo o curso em Porto Santo , nasceu uma bela equipa de trabalho e que parece ter dado boa conta de si: M. Lopes, C. Abreu, Durão, B. Costa, Benvindo, Agostinho, Major, Lázaro, Pedro Sottomayor e mais uns verdadeiros artistas, Miranda, Trotas, Ferrão, Zé Miguel, João Rodrigues, com outras “peças” que peço desculpa não referir, pois já me estou a alongar demais, mas que foram importantes pelo espírito que nos unia. Entretanto abre uma vaga para Faro e o colega Leiria Lopes, que estava na lista de transferências, deu-se mal com os ares do Algarve e resolveu regressar à Ilha Dourada, e como o meu amigo M.Lopes, que foi o 1ºdo curso, não estava interessado em vir para Faro , avancei eu cheio de fé. Em 1985 qualifiquei-me em TWR/APP convencional e ainda cá ando; entretanto veio o curso radar, se a memória não me falha em 1995; volto a qualificar-me e já consigo fazer sequências com mais de 2 aeronaves (há coisas fantásticas!). Hoje sou “índio” (não sou supervisor nem monitor, acho que é por causa da altura) mas tenho um título acabado em ôr , sou facilitador e sou par CISM, farto-me de cismar!! Da sua experiência como CTA, que situação escolheria para contar a alguém recémchegado à profissão ? Há muita coisa engraçada para contar, e eu adoro brincadeiras, mas vou contar duas bem sérias . A primeira será dizer a quem chega, que são poucas as profissões em Portugal com tanta responsabilidade como a nossa, e que tudo o que temos custou muito a conquistar. Temos de continuar unidos para podermos manter a maioria das regalias que alcançámos. Continuarmos a exigir formação nas áreas que entendemos necessárias para podermos aumentar o nosso grau de profissionalismo e ter orgulho de sermos dos melhores profissionais da Europa . A outra situação é muito pessoal. Aconteceu numa comunicação com uma aeronave ter omitido a palavra TO o que acabou por dar origem a um airmiss. Existem duas ferramentas que utilizamos no nosso dia-a-dia de controle e que são das mais importantes - percepção e comunicação - quando falham é uma carga de trabalhos. Tinha uma sequência de tráfego para aterrar na pista 28 e entraram por Minta duas aeronaves ligeiras VFR .Instruí a primeira a descer para 1000 ‘ e a segunda para 1500 , só que a fraseologia utilizada para a segunda foi apenas : “descend 1500 feet”. O piloto, que estava a 4500ft, resolveu subtrair 1500 e ficou a 3000ft. Com mais uma série de equívocos do “modo C” (nunca é só um erro), aconteceu que uma das aeronaves da sequência (comercial) foi instruída a descer abaixo de 4000ft e foi infringida a separação mínima. • Por isso não esqueçam: • Situações de dúvida é para esclarecer. • Cuidado com pilotos de aeronaves ligeiras em instrução; às vezes não fazem exactamente o que esperamos. • Fraseologia correcta é essencial. • Cuidado com o excesso de confiança. • Divulgar os nossos erros e partilhar situações ocorridas ajuda a mantermo-nos mais atentos e consequentemente melhorar o nosso desempenho. • A expectativa é muitas vezes traiçoeira. • O controle de tráfego aéreo é um trabalho de equipa, quem quer ser individualista dedicase ao ténis (sozinho não vai muito longe!). Para além de facilitador TRM é também par CISM. Em que medida é que a sua participação nestes projectos o influenciou pessoal e profissionalmente? Entrei nestes projectos porque gosto de coisas diferentes e percebi que poderia aprender muito a nível pessoal e profissional. Depois eram áreas completamente desconhecidas e inovadoras; fomos dos primeiros na Europa a ter formação, e julgo que no TRM Faro foi a cobaia nacional e o segundo a receber esta formação a nível europeu. Adorei, e mais tarde tive a sorte de ser convidado para fazer o curso de facilitador. Aprendi a ser um pouquinho mais tolerante e perceber que a nossa profissão com o tempo vai-nos deformando. O CISM surgiu porque quando tive a situação de airmiss verifiquei que recebi apoio de vários colegas; o alívio que foi falar com eles, mas também as reacções mais “disparatadas” que um ou outro teve, e que talvez pensando que me estavam a ajudar só pioravam... Fiz uma análise de tudo isso e sabendo que já existia o CISM tentei fazer parte da equipa e poder aprender algo que me ajudasse, mas também que, se um dia tivesse de intervir, pudesse fazê-lo sem cometer a maior parte dos erros que vi fazerem aquando da minha situação. Por outro lado, na vida pessoal é uma boa ajuda, aprende-se a identificar alguns comportamentos, perceber porque existem, e conviver com eles duma forma mais calma sem ser tão impulsivo nas reacções. Aprendi nestas duas formações que às vezes os mais idiotas têm ideias muito válidas; é preciso saber ouvir, escutar, ser firme quando tem de se ser mas tentar não reagir a quente (nem sempre consigo...), contar até 10 e depois actuar (e às vezes conto rápido...). São duas formações essenciais na nossa carreira e a maior riqueza duma empresa são o seus activos humanos. Gente bem preparada produz mais e auto-motiva-se, tem mais flexibilidade e reage positivamente melhor às mudanças. Em tua opinião, como poderíamos melhorar a interacção e trabalho de equipa entre pilotos e controladores? É sempre possível fazer mais e melhor. Hoje o relacionamento entre ambos é francamente melhor do que no tempo em que comecei. O Porto tem iniciativas nesse sentido, Em Faro já houve até formação conjunta no âmbito de “runway incursion”. O nosso colega Belo tem tido boas iniciativas nesse campo , agendando encontros no simulador da TAP e na análise de incidentes com discussões na presença de controladores e pilotos. O próprio Centro de Formação procura trazer sempre que possível pilotos a darem alguma formação na área técnica que eles dominam. É claro que as horas são escassas, poderiam aumentar-se e até nos refrescamentos, sempre que há simulações de emergências, termos o ponto de vista do piloto a mostrar o que para eles é essencial que façamos e, às vezes, até corrigir alguns erros que cometemos por não conseguirmos colocar-nos no lugar do piloto por falta de conhecimentos. Gostava também de realçar o contributo dum piloto na nossa revista e dar-lhe os parabéns pelo trabalho desenvolvido. A médio/curto prazo gostaria de poder fazer um TRM em conjunto com os pilotos, fora do Centro de Formação, num local apropriado, julgo que seria muito benéfico para ambas as partes. Obrigado por me terem dado a palavra , Deus vos perdoe!!! . N.R.: Devido à extensão de algumas respostas, fomos obrigados a fazer pequenos cortes sem no entanto perder o essencial do contributo. p.15 COMUNICAÇÕES BILATERAIS entrevista por Rodrigo Vaz fotografias de Mark Hartmann The Flight Level magazine has a column called Bilateral Communications. On each number, we invite one Controller and one Pilot, to talk about their career and their professional experiences. For the first time we invite a foreign Pilot, because we want to know what foreign pilots think about Portuguese Air Traffic Service. Capt. Mark Hartmann and Lufthansa invited in last July, Portuguese Controllers to visit Lufthansa Base in Frankfurt for exchange ideas, experiences and point of views. We think that it is very important for our jobs and we hope to continue with these meetings. Flight Level: Who is Mark Hartmann? What can you tell us about you and your career? What types of airplanes do you fly? Cap. Mark Hartmann: I am the typical guy on the other side of the microphone. In my particular case my career milestones were: South African Air Force 1973-79 (Harvard T6, DC 3, Aero Macchi MB 326), General Aviation 1979-1986 (incl. Pitts Special – www.aerobat.co.za/history.htm (enjoy), South African Airways 1981-1986 (B737, B747), Lufthansa 1986 to present (B737, A300/310, B747, A319/20/21, A330/340) incl. 3 interesting years secondment to Borneo and some at the Vereinigung Cockpit Working Group Aircraft Design and Operation. Pilots are generally quite mobile – isn’t it? I am also one of the Lufthansa ATC liaison pilots. My wife is from Angola, we have two teenage sons and love going to Portugal. p.16 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo INTERVIEW WITH Mark Hartmann FL: In your opinion how can we pilots and controllers improve ours jobs? M.H: By spending more time in each other’s environment to understand the other persons’ mind-frame. The best decision is only as good as the weakest quality of information being used. Our radio communication is just the tip of the ice-berg, formalising the last few points e.g. “cleared to land, wind is…”. The hidden information below the waterline is immense. It comprises a range of information from understanding how slotting works (Air Traffic Management) through to where the guests (pax) will sleep and eat (up to 400 hotel rooms and meals). The case I have just mentioned is a diversion. But it is not untypical and experienced team players in the aviation game have gathered this knowledge – all too often the hard way. Our various training programs are too focused. We need to understand that each of us (starting the chain at the ticket seller, via the transport system to the airport, check-in, dispatcher, loadmaster etc. etc.) is only a small wheel in a giant clockwork and if just the smallest wheel is not working properly, the clock will grind to a halt. Lufthansa has a “host” system whereby new pilots spend some time at selected related sections such as ATC, operations, check-in etc.. It works well. Improvements will be forthcoming if ATC’s could spend some time as “guests” at airlines; not only but particularly in the cockpit. Your hospitality already exists but could be advertised a little wider. FL: We met in Lufthansa last July and exchanged experiences (doubts and points of view) how do you feel about these type of meetings? M.H: Brilliant, excellent –worth gold! We talked in an atmosphere of mutual trust and understanding. We had time to listen to each other, to explain our actions and to understand the why’s. Munich, Karlsruhe and Berlin have regular pilot controller meetings (even disseminated on ATIS!) after hours in their respective off duty times. I am in favour of formalising these informal get-together’s into regular workshops: Pilots do want to understand and I have yet to meet an ATC that doesn’t have at least five questions ready… There is a definite need. FL: What is your opinion about the Portuguese ATC? M.H: Very, very high. From the first moment on one is struck by their intense desire to do it better. And they do! FL: Can you compare us with other countries where you fly? M.H: I don’t like comparisons, so please let me try to answer the question in a different way. The last “complaining” flight report about air traffic service in Portugal by a Lufthansa pilot which I saw was several years ago. When I ask my colleagues about ATC Portugal I look at their body language closely; mostly the head tilts sideways a little, a smile, a glint in the eyes appears and they tell you about their “direct” (as if they did it!). Complaints – none. As far as infrastructure is concerned (the tools with which the ATC can do the job); the understanding that improving goes hand in hand with wise investing, seems to be there. Europe must have a high common standard. (And we like our European President – he even speaks German!) FL: From your experience as a pilot, do you have any funny situation that you never forgot? M.H: Yes. When after a long hard day of flying my Portuguese pilot colleague said to the group of pilots, stewardesses and dispatchers: “I am so angry I could hit somebody!” Everybody backed off a meter or so and looked astounded at this outburst. What he meant was: “ I am so hungry I could eat somebody.” Oxala CPDLC (Controller Pilot Datalink Controlling) por favour. [Written datalink clearances could prevent us from being hit or eaten!] FL: What are your suggestions to improve the Portuguese ATC? M.H: You’re on “Flight Level”, on track, no speed restriction… . p.17 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO rubrica por Pedro Matos Sud SE 210 “Caravelle” Pela primeira vez nesta rubrica, temos um avião Europeu... depois de três aeronaves Norte-Americanas, apresentamos agora o Sud SE 210 Caravelle, o primeiro avião a jacto comercial projectado para voos de curta e média distância. p.18 No princípio da década de 50, em vários países Europeus, começaram a efectuar-se estudos para a construção de aeronaves de transporte civil, capazes de voar distâncias relativamente curtas (até 2000 Km), de forma a substituir as que estavam em serviço na altura e que, de um modo geral, eram evoluções de projectos da 2ª Guerra Mundial. Em França, a SGACC (Secrétariat Général à l’Aviation Commerciale et Civile, ou, por outras palavras, o INAC lá do sítio), lançou em 1951 um concurso aos fabricantes nacionais para a construção de uma aeronave capaz de transportar cerca de 60 passageiros e uma tonelada de carga, com um alcance na casa dos 15002000 Km, velocidade de cruzeiro na ordem dos 600 Km/h e capaz de operar em pistas com 1800 metros de comprimento, sem especificar tipo e REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo número de motores. Das cerca de 20 propostas recebidas, saiu vencedora a da SNCASE (Société National Constructions Aeronautiques de Sud), com o seu projecto X-210, com asas em flecha a 20º e que contemplava a montagem de três reactores na parte traseira do aparelho, uma disposição inovadora na altura. Inicialmente, considerou-se a utilização de turbo-reactores Atar 101, fabricados pela empresa Francesa SNECMA, mas esta motorização depressa foi preterida pela montagem de apenas dois turbo-reactores Rolls-Royce Avon. Esta colocação dos motores, em vez da normal montagem nas asas, trouxe algumas vantagens, nomeadamente em termos do conforto dos passageiros, uma vez que tornou a cabine mais silenciosa (note-se que, nesta época, os motores a jacto eram MUITO barulhentos), para além de, no caso da falha de um dos motores, tornar o voo muito mais fácil para os pilotos, uma vez que reduzia a tendência do avião virar para o lado do motor parado. No entanto, um ponto em que a SNCASE também poderia ter inovado...e não o fez, foi no formato da secção da fuselagem. Ao decidir fazê-la circular, e optando por instalar cinco assentos em cada fila, a capacidade de carga do X-210 foi drasticamente reduzida, e julgase que este terá sido um dos factores a impedir um maior sucesso de vendas, particularmente no mercado Americano. A construção do avião começou em 1953, após a encomenda pela SGACC de quatro protótipos – dois para testes de voo e outros tantos para testes estáticos. Nesta altura, o X-210 já se chamava SE-210 Caravelle. A colaboração Inglesa não se resumiu aos motores. De facto, beneficiando de acordos anteriores com a deHavilland, a SNCASE aproveitou alguns elementos do Comet – não é por acaso que o nariz e o cockpit do Caravelle são virtualmente idênticos aos do avião Inglês. O protótipo F-WHHH voou pela primeira vez em 27 / 5 / 1955, numa altura em que ainda não havia encomendas para o avião (compare-se com a situação actual, em que normalmente os projectos só são formalmente lançados quando existe um certo número de encomendas firmes, mas hoje também não são as autoridades nacionais que lançam concursos para a construção de aeronaves). Estas só surgiram em Novembro desse ano, da Air France (12 encomendas mais 12 opções), seguida pela SAS, em Junho de 1957 (6 mais 19). Além da colocação dos motores, o Caravelle também tinha outras particularidades que tornaram a sua silhueta inconfundível, como as janelas em forma de gota de água, os estabilizadores horizontais montados a meio do vertical e a escada ventral de acesso, situada na traseira da fuselagem. As entregas começaram em Abril de 1959, com os primeiros voos comerciais a iniciaremse em Maio seguinte. No fim deste ano, novas encomendas surgiram da Varig e da Air Algerie, seguidas, entre outras, pela Alitalia, Finnair, Royal Air Maroc, Sabena, Swissair e, surpreendentemente, pela Americana United Air Lines, que encomendou 20 unidades. O Caravelle foi assim o primeiro jacto comercial de sucesso, em parte devido ao tempo que a concorrência demorou a reagir. Na mesma p.19 Dados técnicos do Caravelle VIR: Comprimento 32.01 m Envergadura 34.30 m Área das asas 146.70 m2 Largura da fuselagem 2.97 m Altura 8.72 m Peso em vazio 28,655 Kg Capacidade de carga 8,300 Kg Peso máximo à descolagem 50,000 Kg Tripulação técnica 2 pilotos / 1 mecânico de bordo Capacidade de passageiros Volume de carga Alcance classe, temos de esperar até 1963, ano do primeiro voo do British Aerospace Corporation 1-11, seguido em 1965 pelo Douglas DC-9 e em 1967 por aquele que, nas suas diversas evoluções, se tornou o avião comercial de maior sucesso de sempre, o Boeing 737. No entanto, as suas vendas não atingiram os valores esperados, muito por culpa do tempo de desenvolvimento do avião - quase quatro anos entre o primeiro voo e o início das entregas. Por outro lado, neste intervalo, os motores a jacto evoluíram bastante, e o atraso da concorrência até poderá ter sido uma vantagem para esta, uma vez que permitiu projectos baseados em motorizações mais evoluídas e potentes, com maior capacidade de carga e alcance. Além disso, as vendas no mercado Americano, em que o fabricante muito apostava, acabaram também por não se materializar devido a uma série de factores, como a já mencionada reduzida capacidade de carga do Caravelle, uma certa recessão na sua economia na década de 60 (quando esta recuperou, já estavam disponíveis aviões mais avançados), e, eventualmente, uma certa preferência das companhias pelos produtos nacionais – é necessário esperar até à década de 90 para se ver uma aeronave Europeia (Airbus 320) a vender bem nos EUA. No entanto, nos EUA até têm algum gosto para escolher aviões...tanto quanto sei, nenhuma companhia deste país tem Airbus 340. p.20 Assim, na década de 70, o Caravelle viuse preterido entre as companhias de bandeira a favor dos mais avançados B737 e DC-9, mas tornou-se popular entre o crescente número de companhias charter europeias, bem como entre as menos abonadas empresas de África e da América Latina, onde a operação do Caravelle durou até este milénio. Pensa-se que, hoje em dia, já não exista nenhum exemplar em condições de voo. Desenvolvimentos Da sua primeira versão - Caravelle I / IA, quase idêntica aos protótipos - foram construídos apenas 32 exemplares, uma vez que esta foi rapidamente substituída pela versão III, que fez o seu primeiro voo em Dezembro de 1959. Esta contava com motores mais potentes, a permitir maior capacidade de carga, e dela foram fabricados 78 exemplares (dos Caravelle I e IA, 31 foram convertidos para esta versão). REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo 80 10.6 m3 2,350 Km Como já foi referido, estávamos numa altura de constante evolução dos motores a jacto, e em 1960 tal é aproveitado para lançar a versão VIN, semelhante à III mas equipada com mais uma evolução dos motores Rolls Royce Avon, da qual foram construídas 53 unidades, tendo sido também convertidos para esta versão cinco exemplares da série III. Um ano depois, surge o Caravelle VIR, cujos reactores estavam equipados com reverse, uma especificação da United (que encomendou 20), mas que encontrou mais 36 clientes noutras companhias, entre elas a “nossa” TAP. Outra inovação do VIR foi a utilização de “spoilers”. O surgimento dos turbofans levou à construção de um protótipo, o Caravelle VII (uma adaptação da série III), equipado com motores General Electric, que o fabricante pretendia começar a produzir como Caravelle 10A. Relativamente aos anteriores, era ligeiramente mais comprido, estava equipado com APU, e não teve o sucesso esperado (apenas seis exemplares foram construídos). A sua derradeira variante foi o Caravelle 12, baseada na 10B, mas com uma fuselagem alongada capaz de acomodar 128 passageiros, e que montava uma evolução dos motores P&W JT8D. Foram produzidos 12 exemplares durante 1972. No total, foram construídos 282 Caravelle, com a última entrega a ocorrer em Março de 1973, dezoito anos depois do voo inaugural. tinha aperfeiçoamentos nas asas, mas a versão que acabou por ser produzida (a partir de 1964) foi a 10B, com as alterações da 10A mas com motores Pratt & Whitney JT8D; outra variante da série 10 foi a 10R, surgida em 1965, que basicamente era um VIR equipado com estes motores. As modificações da série 10 tinham como objectivo cativar as companhias Americanas, na esperança que outras seguissem o exemplo da United, e a TWA chegou mesmo a encomendar 20 unidades. No entanto, dificuldades financeiras levaram ao cancelamento desta encomenda, tendo posteriormente a TWA optado por adquirir o mais avançado Douglas DC-9. Das versões 10A, 10B e 10R foram construídos respectivamente 1, 22 e 20 exemplares. Em 1967 surgiu a versão combi – 11R –, que O Caravelle em Portugal Até à entrada em serviço do Airbus 310 em 1988, a TAP operou apenas aeronaves Norte-Americanas, com uma notável excepção…exactamente, o Caravelle. Necessitando, no início da década de 60, de adquirir aeronaves para as rotas Europeias, a TAP preteriu os aviões equipados com turbo-propulsores, adquirindo três aparelhos, na versão VIR, sendo assim o Caravelle o primeiro avião a jacto comercial a operar em Portugal. Uma curiosidade a respeito dos que voaram com as cores da TAP: de um modo geral, este avião era entregue de fábrica com “Caravelle” escrito nos motores, mas a companhia Portuguesa conseguiu que os seus aviões tivessem, em vez disso, a inscrição “Caravela”. O primeiro a chegar a Portugal foi o CS-TCA “Goa”, entregue em 13 de Julho de 1962, que fez o seu primeiro voo comercial em 1 de Agosto do mesmo ano. Após 13 anos de bons e leais serviços, fez o último voo para a companhia em 31 de Outubro de 1975, tendo sido entregue ao seu novo dono, a SAN Equador, em 15 de Novembro seguinte. Refira-se que esta companhia que adquiriu toda a frota de Caravelle da TAP. Apenas doze dias depois, chega a Lisboa o CS-TCB “Damão”, que ainda antes de chegar à capital fez escala no Porto, onde inaugurou a ampliação da pista. Tal como o “irmão” “Goa”, fez o seu primeiro voo comercial a 1 de Agosto de 1962, mas, uma vez que descolou mais cedo, coube-lhe também a honra de inaugurar a aviação comercial a jacto em Portugal. Terminou a sua carreira por cá em 31 de Outubro de 1975. E, está-se mesmo a ver que o terceiro Caravelle da TAP se chamou “Diu” e teve o registo CS-TCC…entregue em 28 de Outubro de 1962, começou a voar para a companhia no dia seguinte. Durante a sua carreira em Portugal, coube-lhe transportar alguns passageiros ilustres, nomeadamente a selecção Portuguesa de futebol, no regresso do campeonato mundial de 1966, e o Papa Paulo VI, aquando da sua visita em Maio de 1967. Fez também o último voo comercial de um Caravelle Português, aterrando em Lisboa na madrugada de 1 de Novembro de 1975. . p.21 ESPECIAL SÓCIOS por Nuno Chambel fotografias: Flight Simulator X Flight Simulator X A Microsoft Games lançou, no passado mês de Outubro, a versão 10 da série Flight Simulator. Ficou apelidada de FSX. Há alguns anos que os lançamentos de novas versões deste produto pouco mais significam que melhoramentos da versão anterior. Desta vez foi diferente. O FSX é um produto novo e feito de raiz. O globo terrestre foi totalmente refeito para esta nova edição. Muito mais perfeito e com texturas mais variadas e realistas. Os aeródromos representados passam, agora, para cerca de 24 mil em todo o mundo. O relevo do terreno é globalmente mais detalhado mas em alguns sítios do globo mantém-se a definição anterior. Segundo os produtores, existem estradas no FSX que recriam cerca de 24 milhões de estradas em todo o mundo. Nas estradas, a novidade é que passam a ter tráfego de automóveis, o que nas grandes cidades dá uma atmosfera mais realista ao cenário. Normalmente é errado chamar jogo a este tipo de simuladores. Os jogos têm um objectivo definido e no Flight Simulator não há objectivos concretos. Esta última versão altera esse estado de coisas ao introduzir o conceito das missões. Desenvolvem-se em vários graus de dificuldade e podem variar desde circuitos acrobáticos, ao salvamento de marinheiros em perigo numa plataforma petrolífera, ou aterrar uma avioneta num camião em andamento, e muitos outros. A vertente jogo passa a existir no FSX. A nível de aviões, as novidades são bastantes. Destaco a inclusão de um Airbus, pela primeira vez, num Flight Simulator. É o A321 e, apesar do resultado não ser totalmente realista, recriou-se o conceito de fly-by-wire típico da Airbus. Apesar de esta versão ter sido a mais testada de sempre antes do lançamento, este foi antecipado mais de um mês por questões comerciais. O resultado foi chegar às estantes das lojas uma versão com erros perfeitamente evitáveis. Alguns foram resolvidos com o auxílio de um ‘patch’ entretanto disponibilizado, mas muitos outros ainda persistem. Espera-se que, com o lançamento da compatibilização do FSX com o Windows Vista, estes erros sejam finalmente resolvidos. Só no novo sistema operativo da Microsoft vai ser possível ver o Flight Simulator X em todo o seu esplendor gráfico. Esperemos que as máquinas aguentem a exigência que as espera. . p.22 REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo PROMOÇÃO A FLIGHTIRES OFERECE PROMOÇÃO PARA SÓCIOS 20% DE DESCONTO PARA OS SÓCIOS DA APCTA A CH Products é lider mundial no fabrico de periféricos para simulação aérea, utilizando a sua experiência no meo de aviação profissional para criar produtos de elevada qualidade. Desde manches a pedals e Throttles, controle o avião como um profissional. Goflight Inc. cria para o entusiasta os sistemas de aviónicos e controlos que encontrarias em qualquer aeronave. Desde o piloto automático até ao rádio para comunicação, tudo é pensado para reproduzir fielmente um painel no mundo da simulação. Av. S. Miguel, Ed. Arcadas de S. Miguel, nº 249 Lj. J/L S. Miguel das Encostas 2775-750 Carcavelos Tel. 214539976 Fax. 214539192 Tlm. 967026034 comercial@flightires.com www.flightires.com p.23 ROTA DOS SABORES por Andreia Lopes, fotografias de Alfredo Rocha Cozinha afrodisíaca Afreudite Flight Level: Como surgiu a ideia de abrir um restaurante afrodisíaco? Afreudite: O Afreudite surgiu da vontade de inovar e criar um novo conceito na restauração, em Portugal. Éramos três jovens – uma Psicóloga, um Gestor e um Engenheiro – de 25 anos, com um objectivo comum – cozinhar a vida com prazer constante. Pensámos que seria deveras interessante juntar Afrodite (deusa do amor) e Sigmund Freud (pai da psicanálise) à mesa para jantar – e assim nasceu o Afreudite – cozinha Afrodisíaca. Criámos um espaço que promete despertar o palato, a libido e a imaginação de cada um. FL: Há um tipo de clientes padrão a procurar este restaurante ou é um público indiferenciado? AF: O nosso padrão de clientes é muito vasto, ao contrário do que seria previsível. As idades variam entre o casal de namorados de 18 anos e os casais que comemoram as bodas de prata. No entanto têm todos algo em comum, são pessoas bonitas e bem dispostas. FL: A aceitação do público foi imediata? AF: Foi excelente, as pessoas não vão jantar fora só porque têm fome. Procuram experiências diferentes, divertidas e românticas. FL: A vossa ementa é muito sugestiva. As receitas dos pratos afrodisíacos são inspiradas em algum tipo de culinária específica? AF: A nossa ementa é muito especializa- p.24 Portugal tem muitos casais apaixonados e, também, grupos de amigos divertidos. A mistura de ingredientes que criámos é apreciada e os nossos clientes voltam sempre. REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo da. Envolveu muito estudo, pesquisa e, claro, a mão certeira de quem denominamos o nosso Shaman, o chefe de cozinha, com a habilidade para ter em conta o poder de todos os ingredientes. Os afrodisíacos são alimentos e substâncias capazes de estimular o desejo. Há segredos guardados quase como tesouros desde a remota Antiguidade. É longa a lista de afrodisíacos, desde as especiarias usadas para preparar pratos eróticos a néctares, poções e elixires. FL: Os ingredientes utilizados são o segredo do sucesso? Há facilidade em encontrá-los no mercado? AF: São sem dúvida um dos segredos do sucesso, mas não o único. O principal é despertar a imaginação, o melhor afrodisíaco é a fantasia humana. FL: Há algum prato preferido da maioria dos clientes? AF: Temos pratos que se mantêm desde a abertura do restaurante, há 6 anos atrás. Os nossos clientes “proíbem-nos” de os tirar: Vieras Konversion, Bife Kannibalish, Delirium, Perversion e a rainha das sobremesas, a Sublimação. FL: Para quem prefere um ambiente mais intimo, tem a hipótese de encomendar para casa. Como funciona este serviço? AF: Existem duas formas, trabalhamos com empresas que entregam a comida já confeccionada em casa do cliente, ou vamos nós mesmos cozinhar e servir na casa do próprio, podendo os convidados apreciar a confecção de cada prato que irão provar. Uma opção de êxito para quem quer impressionar e conquistar FL: Que conselho gastronómico daria aos nossos leitores? AF: Façam uma pequena experiência, o que evocam estes odores nas vossas mentes? Almíscar, jasmim, gengibre, anis, incenso, canela, âmbar… Se quiserem confeccionar um jantar especial, certifiquem-se pessoalmente dos ingredientes, para que a paixão venha à tona em toda a sua plenitude. As luxúrias alimentares devem ser aplicadas e testadas pelos sentidos de outrem…deixando-o pronto a declarar “agora, pertenço-te!”. Contactos Afreudite Passeio das Garças lote 4 - 39 loja1 1990 - 388 Parque das Nações Lisboa Tel. 21 98940660/57/58 E-mail: [email protected] www.afreudite.com . p.25 DESTINO texto e fotografias por Nuno Chambel Madeira a pérola no Atlântico Neste espaço, já demos a conhecer locais tão diferentes como o Nepal e a Nova-Zelândia ou a Noruega e o Tibete. Mas todos eles têm uma coisa em comum. Ficam longe de Portugal. Desta vez vamos para mais perto, para a Madeira, conhecida no mundo turístico como a Pérola do Atlântico. p.26 A descoberta do Arquipélago da Madeira remonta ao séc. XV, a 1419. Reza a História que, desviados da costa de África devido a mau tempo, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, descobriram uma ilha onde aportaram. Chamaram-lhe Porto Santo e só um ano depois resolveram explorar o que pensaram ser outra ilha mais a Poente. A esta chamaram Madeira devido à predominância de florestas cerradas e impenetráveis. Esta é a versão oficial, mas é hoje opinião geral que o Arquipélago da Madeira já era conhecido antes da data da descoberta. Vem mencionado em 1350 no “Libro del Conoscimento“ e representado em mapas italianos e catalães do séc. XIV, mas de facto quem primeiro o reclamou como parte do REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo seu território foi a Coroa Portuguesa. Só a partir de 1425 se começa a povoar a ilha da Madeira. A economia da ilha baseouse, no inicio, na produção de cereais que eram exportados para a África Portuguesa. Foi nesta altura, também, que se introduziu a cana de açúcar, que progressivamente substituiu os cereais como produto número um da ilha. A partir do final do séc. XVI, a exportação do açúcar sofreu uma forte quebra, motivada principalmente pela concorrência do açúcar produzido no Brasil, onde os madeirenses tinham introduzido as técnicas e até mão-de-obra especializada. A crise económica e social que se seguiu durou até 1640, altura em que é restaurada a independência de Castela. Por esta altura, são Estátua na Marina do Funchal Ponta Delgada assinados contratos com os Britânicos, que permitem a exportação do Vinho da Madeira para Inglaterra e para as Colónias Britânicas, principalmente para a América. Rapidamente se atingiu a produção anual de 45.000 pipas. Esta época de prosperidade durou até ao inicio do séc. XIX, altura em que o fim das guerras Napoleónicas e a consequente paz na Europa ditaram uma mudança de hábitos nos consumidores Ingleses. Passaram a preferir o Xerez e o Vinho do Porto. Mais tarde, a vinha madeirense foi quase dizimada por epidemias de oídio e filoxera. A agricultura voltou-se para outros produtos tradicionais e novamente para a cana de açúcar. É por esta altura que se começa, também, a plantar grandes áreas de bananais. Há, então, um problema. Estas culturas são predominantemente de regadio, e os solos aráveis da ilha são quase todos na vertente sul, bastante seca. É, então, que as levadas ganham uma maior importância. A maior parte delas foram construídas neste período mas não eram coisa nova na Madeira. Existem referências a estas estruturas em documentos que datam do séc. XV, por alturas das primeiras colonizações. Inicialmente, começaram por ser responsáveis pelo transporte de água para as zonas de cultivo, mas no séc. XX são utilizadas, também, para canalizar água para centrais de produção de energia hídrica. É por esta altura que a Madeira começa a ser explorada com fins turísticos. A inauguração do aeroporto p.27 Levada nova do Rabaçal de Santa Catarina, em 1964, abre a porta ao transporte regular de passageiros que catapulta o turismo na Madeira para níveis invejáveis. Na década de 80, esta passa a ser a primeira indústria da ilha. Nenhuma outra região do nosso país tem progredido tanto como a Madeira. A rede viária, nos últimos 15 anos, evoluiu para uma infra-estrutura moderna e coerente com o desenvolvimento de outros sectores. As antigas estradas regionais, como a ER101, que liga São Vicente ao Porto Moniz, ainda mostram como eram as vias de comunicação até ao início da década de 1990. Hoje, uma rede moderna de vias rápidas com dezenas de túneis e pontes une as principais cidades e vilas da Madeira. Já falta muito pouco para podermos dar a volta completa à ilha, só em via-rápida. A infra-estrutura hoteleira também evoluiu, principalmente depois de se terem iniciado as obras de expansão do velho aeroporto. Ao contrário do que sucedeu uns anos antes no Algarve, a Região de Turismo da Madeira viu a sua capacidade hoteleira aumentar, não só em quantidade, mas principalmente em qualidade. E talvez tenha sido esta a chave para o seu sucesso. A região é hoje muito procurada, especialmente por gente oriunda do Norte da Europa, atraídos p.28 por um clima ameno e com poucas variações sazonais, uma oferta hoteleira de grande qualidade e pela beleza natural que ainda se pode encontrar por todo o Arquipélago. A ilha da Madeira pode dividir-se em duas, se a cortarmos pelos 800 metros de altitude. Iluminação de Natal em São Vicente A metade de baixo é a Madeira do Turismo massificado e onde vivem e trabalham cerca de 90% dos seus habitantes. A metade de cima é a Madeira ecológica, onde a Natureza está presente em toda a parte e onde ainda é possível encontrar zonas quase intocadas. É sobre esta Madeira que quero escrever, especialmente o elemento emblemático que são as Levadas. São REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo várias as que merecem uma visita. A Levada da Janela, as Levadas do Rabaçal (Risco e 25 fontes), a Levada dos Tornos, sobranceira à cidade do Funchal, e a soberba Levada do Caldeirão Verde. Existem também excelentes percursos de caminhada em montanha que, apesar de serem aconselhados a pessoas experientes, podem também ser tidos em conta. Percursos como a Lagoa natural na costa norte Levada da Janela Jardim do Mar travessia do Pico Areeiro ao Pico Ruivo (ponto mais alto do arquipélago com 1862 metros) ou Pico Ruivo à Encumeada podem demorar mais de 10 horas a realizar e é necessária alguma preparação física. Há quem diga que o desenvolvimento da rede viária, apesar de trazer benefícios inegáveis, descaracterizou a Madeira rural. Talvez, mas permite ao eco-turista a possibilidade de perder menos tempo nas ligações entre os hotéis e os locais das caminhadas, sejam elas levadas ou trekking de montanha, e assim aproveitar o máximo de tempo naquilo que os levou à ilha. Por exemplo, hoje é possível ir do centro do Funchal a Porto Moniz, na costa norte, em cerca de 50 a 60 minutos. Percurso que, há poucos anos, demorava mais de 4 horas. De todas as levadas, destaco a Levada do Caldeirão Verde. Tem o seu início no Parque das Queimadas que pode ser acedido por estrada a partir de Santana. Tem cerca de 7 km de extensão (mais outro tanto de regresso) e demora cerca de 4 horas a percorrer, ida e volta sem pressas. É pouco exigente do ponto de vista físico. p.29 Funchal Parque das Queimadas Quando ir: Tanto a Madeira como o Porto Santo podem ser visitados todo o ano. De destacar na Madeira o Fim-de-ano conhecido pelo seu fogo de artifício e o Carnaval no Funchal. No Porto Santo, evitar o mês de Agosto já que a oferta hoteleira normalmente esgota e a população da ilha triplica. Como Ir: Pode viajar-se para a Madeira a partir de Lisboa ou Porto na TAP Portugal com vários voos por dia. De Lisboa também temos a SATA Internacional e a Portugália. A SATA liga também Ponta Delgada e o Funchal para quem viajar dos Açores. Essencial: Um bom mapa para nos podermos guiar pela ilha. O melhor de todos nem é nacional. Recomendo o ‘Madeira Tour & Trail Map’ que pode ser adquirido na Madeira, mas em muito poucos sítios. É impresso num material parecido com plástico e não se estraga ao ser molhado. Contém não só informação actualizada de estradas, como de Levadas e outros percursos pedestres. Nas alturas de maior turismo pode encontrar-se esgotado na Madeira. O ideal é, antecipadamente, encomendá-lo na Internet em www.dwgwalking.co.uk p.30 Costa norte da Ponta de São Lourenço Os últimos 2 km são bastante vertiginosos mas ainda assim seguros, com bastantes guardins e protecções. A recompensa pelo esforço do percurso chega no fim de cada levada, com um recanto inacessível de outro modo, onde só existimos nós e a Natureza que nos envolve. Não vou descrever cada um desses locais. O ideal é os descobrirmos por nós próprios e sentirmos o que cada um deles nos transmite. Um aspecto a ter em conta em qualquer viagem que façamos é a alimentação. Se vamos despender algum esforço, convém estarmos bem alimentados. Arrisco dizer que a Madeira é um dos locais onde melhor se come no nosso país. Como em tudo, é preciso ir aos sítios certos. Para quem prefere peixe e mariscos, recomendo a ‘Doca do Cavacas’ na Formosa, a ‘Vila do Peixe’ em Câmara de Lobos, ou a ‘Casa Jardim’ no Caniçal. Para carne, não esquecer a espetada típica Madeirense que se pode apreciar em restaurantes como o ‘Santo António’ no Estreito de Câmara de Lobos, o ‘Abrigo do Pastor’ perto da Camacha, ou o meu preferido, a ‘Casa de Abrigo do Poiso’. Neste último, encontram-se os melhores bifes da ilha e as fantásticas espetadas do lombo (com ou sem osso) confeccionadas na lareira existente na sala de refeições. Quem sobe ao Pico Areeiro de carro REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo tem que obrigatoriamente passar pelo Poiso onde fica a Casa de Abrigo, também conhecida pela sua famosa Poncha. Esta bebida é típica da Madeira e agradável, apesar do seu elevado teor alcoólico que recomenda moderação no seu consumo. Aguardente de cana, mel, limão e açúcar, tudo bem misturado com auxilio de um utensílio cujo nome tradicional não pode ser escrito nestas páginas. Existem muitas variantes da Poncha, de maracujá, de tangerina, e até poncha sem álcool! O centro de Câmara de Lobos, outrora local de má fama, encontrase hoje repleto de bares que são ponto de paragem obrigatória na noite Madeirense. Em resumo, a Madeira oferece praticamente tudo num único ‘pacote’. Temos Serra, por vezes neve, natureza em bruto, caminhadas e Levadas belíssimas. Um mar cuja temperatura da água permite qualquer tipo de actividade náutica quase todo o ano. No Porto Santo, uma praia de areias brancas e águas tépidas, a rivalizar com qualquer outra do continente. Uma gastronomia variada e de óptima qualidade. Uma oferta hoteleira de topo. Um destino a cerca de hora e meia da Lisboa que, para quem viaja com crianças, talvez seja o factor mais importante, e um aspecto essencial a ter em conta no planeamento de viagens em família. . BREVES 1. 10 ANOS de curso 2. Santa Maria Chegada do curso FI-001 3. Festa de Natal em Santa Maria No dia 28 de Outubro de 1996, dezassete garbosos jovens apresentavam-se no CDF para iniciarem o curso de Controladores de Tráfego Aéreo ATC FB.06. Em 20 de Outubro deste ano, menos jovens de corpo mas não de espírito, e não menos garbosos, quinze deles (e respectivas famílias) apresentaram-se, não no CDF, mas sim em Portel, para o fim-de-semana de comemoração dos dez anos do curso...que, entre almoços, jantares, passeios, conversas, e negociações sobre onde e quando se iria organizar o próximo, passou a correr. E apesar de este curso ser mundialmente conhecido, para os que têm andado distraídos, aqui estão os seus nomes: de pé, JP Castanheira (ACCLIS), Paulo Raminhos (Faro), Vítor Pereira (ACCLIS), Sérgio Santana (ACCLIS), Rui Santos (ACCLIS), Horácio Paulo (ACCLIS), Pedro Matos (TWRLIS), Francisco Lisboa (Faro) e Nuno Chambel (ACCLIS). Encostados ao sofá, que o cansaço do fim-de-semana já se fazia sentir, estão Nuno Simões (ACCLIS), Pedro Santos (TWRLIS) e Fernando Fernandes (ACCLIS)...e a Rita, que insistiu em aparecer na fotografia ao colo do pai. Finalmente, as nossas três meninas: Aura Quadrado (Santa Maria), Cila Fernandes (TWRLIS) e Ana Brito (TWRLIS). Infelizmente, e apesar de ameaçados com uma colocação vitalícia na Torre do Corvo, não puderam comparecer o Carlos Carichas (Funchal) e o Filipe Reis (TWRLIS). p.31 NOTA DA REDACÇÃO [email protected] Flight Level há um ano a voar Há um ano a voar Faz agora um ano que tudo começou. Assinalámos a data com o apagar da vela do Bolo de Aniversário e, como pais babosos, a redacção juntou-se no Sincta com o Filipe Preto, designer, e com o Alfredo Rocha, fotógrafo, para tirarmos a foto da praxe. Em jeito de balanço, a Flight Level e os seus colaboradores cumpriram a missão a que se propuseram e os objectivos que foram traçados. Uma linha gráfica mais atraente e moderna e com artigos variados. No entanto, e apesar dos excelentes feedback que nos têm chegado de todo o lado, não devemos descansar de fazer sempre melhor e diferente, fugindo da rotina e da monotonia. Este será o mote para o segundo ano de vida da revista. Continuar sempre a melhorar. Insistiremos na colaboração das Delegações e da própria Direcção, pois há muita informação por chegar aos sócios e a revista p.32 é, também, um meio privilegiado para o fazer. Há que ir obter informação do que se faz lá fora, senão caímos no erro de olhar só para o nosso umbigo, desde o Eurocontrol, às novas tecnologias. Contamos com o apoio da Direcção. Ficam aqui algumas ideias para as próximas edições: Rubrica Zoom – Aeródromos Municipais, Artigo sobre as operações da TAP/ Portugália/SATA, Artigo e visita ao Simulador da TAP, Artigo sobre os Asas de Portugal, Acrobacia Aérea, Ultra leves em Portugal, Visitas a Centros de Controle Europeus, Visitas técnicas ao estrangeiro e associação a programas culturais diversos. A todos os que participam directa ou indirectamente na Flight Level o nosso muito obrigado e damos as boas vindas a todos os que quiserem colaborar. Saudações Flightelísticas e um Óptimo Ano de 2007, Rodrigo Vaz REVISTA DA APCTA. VOL2#5. JAN07 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Um ano de Flight Level! Bem, pode parecer algo insignificante mas para esta equipa significa um ano de dedicação, de alegria (também de alguma glória, claro!). A verdade é que nos dá a todos um imenso gozo fazer cada um destes números, e só poderia ser assim, pois caso contrário acho que não teríamos força para continuar. Fazer cada número desta revista exige de cada um de nós um grande esforço. São horas de pesquisa para fazer com que cada artigo seja o mais completo possível e nos dê uma visão clara do seu impacto no nosso futuro. São horas de consulta para levar até si, artigos “frescos”, bem documentados, originais. São dias para preparar entrevistas, que não sejam vazias de conteúdo mas que transmitam a visão dos mesmos sobre o futuro que aí vem, alicerçadas na sua experiência passada. Que nos ajudam a ver para fora, como os de fora nos vêem. E depois há deslocações a locais tão remotos como o Tibete, Nepal ou a Nova Zelândia, com todos os perigos que isso acarreta, diferenças horárias extremas, horas intermináveis de avião, alojamentos precários tudo para levar a si as mais belas reportagens e fotografias dos quatro cantos do Mundo. A todos vos digo, os meus sinceros parabéns e o meu muito OBRIGADO! Não só à nossa magnífica redacção mas também àqueles que trabalham na face menos visível: o Alfredo, o Filipe e a Leonor. Arrancamos agora para o nosso segundo ano, temos ideias e projectos que serão certamente bem acolhidos por quem nos lê. Mas a Flight Level não se esgota nesta redacção ou em cada número. Queremos o vosso feedback, queremos as vossas ideias e queremos que esta nossa revista seja sempre um pólo de encontro e de envolvência da nossa classe. Da nossa parte podem contar connosco! Nuno Simões
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