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CARLA GUINART MARQUES
Aspectos Reprodutivos do Berbigão Tivela
mactroides
(Born,1778)
(Bivalvia;Veneridae)
na
Enseada de Caraguatatuba, São Paulo - Brasil
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS
SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP, 2004
CARLA GUINART M ARQUES
Aspectos Reprodutivos do Berbigão Tivela
mactroides
(Born,1778)
(Bivalvia;Veneridae)
na
Enseada de Caraguatatuba, São Paulo - Brasil
ORIENTADOR: Dr. Márcia Regina Denadai
CO-ORIENTADOR: Dr. Luciana Lê Sueur Maluf
Monografia apresentada como requisito da
disciplina de Estágio supervisionado, do
Curso de Ciências Biológicas.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS
São João da Boa Vista, SP, 2004
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
Data___/___/___
Dr. Márcia Regina Denadai
Universidade de Campinas - UNICAMP
Presidente da Banca
Prof. Dr. Alexander Turra
Unifeob
Membro da Banca Examinadora
Dr. Luciana Le Seuer Maluf
Universidade Santa Cecília / Santos
Membro da Banca Examinadora
3
DEDICATÓRIA
Dedico este estudo principalmente a minha mãe Tereza de Castro
Guinart e ao meu Filho, Ariel Marques Sartório que foram as pessoas, que
indiretamente mais sofreram com a minha ausência ao me dedicar em realizar
este trabalho, mesmo sendo as pessoas que menos queria que sofressem,
pois as amo mais que tudo no mundo.
Não poderia deixar de esquecer das pessoas que de alguma forma
acreditaram na minha capacidade e me ergueram quando pensei em desistir,
principalmente aos meus professores e orientadores, este trabalho só foi
possível por terem me passado seus ensinamentos.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Alexander Turra pelos incentivos nos estudos e
principalmente neste Projeto de iniciação científica.
A minha querida orientadora Dr. Márcia Regina Denadai que com sua
sabedoria me orientou com muito empenho e dedicação.
Agradeço também ao Dr. Alexander e Dr. Márcia pela hospedagem e
momentos de grande aprendizagem em Caraguatatuba, SP, além das muitas
coletas em que não pude ir. Não poderia esquecer jamais a dona Natalina
Denadai que com sua maravilhosa mão na cozinha me proporcionou ótimas
refeições durante minhas coletas.
A minha Co-orientadora Dr. Luciana Lê Seuer Maluf que me ensinou a
arte da histologia que sem ela não seria possível realizar este estudo.
Agradeço à Universidade de Campinas (UNICAMP), Departamento de
Histologia e Embriologia, Laboratórios de Ultraestrutura Celular – Ação de
Venenos
em
Sistemas
Biológicos
e
Laboratório
de
Citoquímica
e
Imunocitoquímica e seus respectivos responsáveis Profª Dra Maria Alice da
Curz Höfling e Prof Dr. Paulo Pinto Joazeiro, pelo empréstimo do micrótomo o
que tornou possível este estudo. Agradeço também ao Laboratório de Biologia
Marinha (LABIOMAR) do Departamento de Zoologia, e a responsável por ele
Profª Drª Cecília Amaral por me permitir tirar as fotos das lâminas.
Ao meu amado João Paulo de Lima e família pela hospedagem e
transporte enquanto precisei estar em Campinas, foi de grande ajuda e em
especial ao João Paulo que agüentou os meus maus humores quando as
coisas davam errado.
Agradeço à minha amiga de classe Fernanda Navarro Anadão, que ao
fazer estágio comigo, me ajudou muito a conseguir cumprir meus prazos.
5
Agradeço ao meu lindo filho, Ariel Marques Sartório, que aos seus cinco
anos de idade se privou de muitos passeios, horas de brincadeiras, joguinhos
na internet e muitas vezes da minha atenção, para permitir que eu escrevesse
este trabalho.
A minha mãe Tereza de Castro Guinarte e o Meu Pai José Carlos
Marques pelo carinho e atenção que deram ao meu filho enquanto precisei
estar coletando, estudando, analisando e escrevendo meu trabalho.
As minhas amigas Leilane Ronqui, Ana Lúcia de Lima, Adriana Maciel,
Cristiane Garcia, Fernanda Navarro e Fernanda Ribeiro pelos momentos de
descontração, pois sem eles teria ficado louca.
Querida Mãe agradeço especialmente a você pelas horas em que me
acalmou quando pensava não ter mais tempo, agradeço a você por ter tornado
possível estar realizando este trabalho e principalmente por me tornar uma
Bióloga.
Enfim a todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram envolvidos
neste trabalho e que tornaram possível a sua realização.
6
RESUMO
Há uma preocupação atual mundial em efetuar a exploração racional de
recursos naturais como cultivos e/ou manejo sustentado. Tal atitude
proporciona não só a regulamentação da atividade de explotação de moluscos
bivalves, mas também a associação entre uma atividade econômica e as
peculiaridades biológicas de cada espécie, visando aliar o consumo com a
manutenção
da
diversidade
biológica.O
bivalve
Tivela
mactroides,
popularmente conhecido como Berbigão, possui distribuição geográfica desde
as Ilhas Ascenção, México até Santa Catarina, Brasil. Este bivalve tem sido
coletado de forma indiscriminada, sem qualquer restrição, controle ou
supervisão dos órgãos ambientais competentes nas praias da Enseada de
Caraguatatuba, SP. Essa coleta indiscriminada poderá acarretar na redução
acentuada dos estoques da população natural do local. Assim, é necessário
que se obtenha o maior número possível de dados a fim de estabelecer
diretrizes que tenham como preocupação não apenas manter as referidas
reservas, como repovoar áreas onde eles não mais se encontrem e, ainda,
auxiliar no desenvolvimento de uma eventual técnica de cultivo. Este estudo
teve como objetivo descrever a morfologia dos diferentes de estádios de
maturação das gônadas maduras de indivíduos sexualmente maduros de T.
mactroides, de ambos os sexos, contribuindo assim com o conhecimento sobre
história de vida da espécie
Foram analisados 90 exemplares sexualmente maduros de Tivela
mactroides, sendo 15 por mês durante 6 meses que foram coletados na
Enseada de Caraguatatuba, SP. Os espécimens passaram por processo
histológico e emblocados em parafina, os cortes foram corados em HE para
análise qualitativo das gônadas. As gônadas dos exemplares masculinos foram
classificadas em três estádios: gametogênese, maturidade e eliminação parcial
de gametas; Os exemplares femininos apresentaram quatro estádios:
gametogênese, maturidade, eliminação parcial de gametas e eliminação total
de gametas, sendo que este ultimo estádio não foi encontrado nos especimens
machos
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da área de Estudo – Enseada de Caraguatatuba e arredores,
SP......................................................................................................................21
Figura 2. - Folículos masculinos em estádio de gametogênese. a. seta mostra
a grande camada de células em estádios iniciais da espermatogênese. No
centro do lúmen já se nota a presença de alguns espermatozóides maduros. b.
as duas setas apontam a não presença de tecido interfolicular neste estádio.
No detalhe alguns espermatozóides já maduros soltos no centro do lúmen. (a.
e b.aumento 100x, coloração HE).....................................................................27
Figura 3. - Folículos masculinos em estádio de espermatogênese. Intensa
atividade espermogênica com presença de muitas células em fase inicial. No
detalhe, ducto ciliado responsável pelo transporte dos espermatozóides
encontra-se vazio. (aumento 100x, coloração HE)............................................28
figura 4. – a. e b. Folículos masculinos em estádio maduro com o centro do
lúmen preenchido por espermatozóides maduros e soltos. Não há formação de
tecido interfolicular. Ainda há presença de todas as fases iniciais da
espermogênese. Setas, camadas de células em desenvolvimento; em
destaque, camada de espermatozóides maduros. (a. e b. aumento 100x,
coloração HE)....................................................................................................29
Figura 5. - Folículos masculinos em estádio de eliminação parcial de gametas.
Nota-se a diminuição da camada de células em estádio iniciais da
gametogênese. Seta, camada de células em desenvolvimento; em destaque,
camada de gametas maduros; (a. aumento 100x, coloração HE; b.aumento
400x, coloração HE)..........................................................................................30
Figura 6. - Folículo masculino em estádio de eliminação parcial de gametas.
Nos detalhes nota-se os espaços formados pela constante eliminação dos
espermatozóides.( aumento 400x, coloração HE).............................................31
Figura 7. - a. Folículos masculinos em estádios de eliminação parcial de
gametas (aumento 100x, coloração HE) b. ducto ciliado com presença de
espermatozóides (na ponta da seta) (aumento 1000x, coloração HE)..............32
Figura 8. - Folículo masculino em estádio de eliminação parcial avançada de
gametas. A intensa eliminação de gametas do folículo o leva a uma quase
eliminação total. Muitos espermatozóides maduros no lúmen do folículo
(aumento 400x, coloração HE)..........................................................................33
Figura 9 – Folículo em intensa atividade gametogênica. Células germinativas
encontradas na parede do folículo (1), presença de todos as fases da
ovogênese; ovogônia (2), ovócitos em fase pré-vitelogênica ou basófilo (3),
ovócitos em fase vitelogênica (4), ovócito maduro (5) (aumento 1000x,
coloração HE)....................................................................................................35
8
Figura 10. – a. Folículo feminino em estádio de gametogênese. Já se
encontram ovócitos maduros piriformes (ponta da seta) (aumento 100x;
coloração HE) b. há presença de muitas células iniciais da ovogênese e o
tecido interfolícular ainda está presente (em destaque) (aumento 400x,
coloração HE)....................................................................................................36
Figura 11. - Folículos em estádio de gametogênese. Presença de alguns
ovócitos maduros (om), e intensa atividade gametogênica (cg, células em
gametogênese). (aumento 100x; coloração HE)...............................................37
Figura 12. - Ovócito maduro com Nucléolo (N); núcleo (n); camada gelatinosa
(em destaque) evidente. (coloração HE; aumento de 1000x alterado por editor
de imagem aumentando em 3x)........................................................................38
Figura 13. – a. Folículos femininos em estádios maduros (aumento 100x;
coloração HE). b. No detalhe um folículo feminino em estádio maduro com
grande presença de ovócitos maduros soltos no centro do folículo , ainda há
presença de ovócitos em vitelogênese (setas)(aumento 400x; coloração
HE).....................................................................................................................39
Figura 14. – a. e b. Folículos femininos em liberação parcial de gametas há
ainda grande presença de ovócitos maduros (om), mas já não se encontra
células em fases iniciais da ovogênese, apenas ovócitos em vitelogênese (ov).
(a. e b. aumento 100x; coloração HE)...............................................................40
Figura 15. – a. Folículo feminino em estádio de eliminação total de gametas,
circundado por folículos em estádio de eliminação parcial de gametas (aumento
100x; coloração HE). b. folículos em estádio de eliminação total de gametas
com ovócitos maduros residuais (om) ou em vitelogênese estagnada (ov)
(aumento 400x; coloração HE)..........................................................................41
Figura 16. - a. e b. Mostram estruturas intrafolicular encontradas no folículo
circundando cada ovócito maduro individualmente. Tal estrutura foi encontrada
freqüentemente (a. aumento 100x; coloração HE; b. detalhe de a. em aumento
de 400x; coloração HE).....................................................................................42
figura 17. – Estruturas semelhantes a parasitas encontrado em um espécimen
macho, tomando grande parte das gônadas.....................................................43
figura 18. – a. Fêmea com estruturas (destaque), provavelmente parasitas,
ocupando quase toda a área gonadal. Presença de folículo ativo (fa) (aumento
100x, coloração HE). b. Macho com quase castração devido a presença de
estruturas (destaque) semelhantes a parasitas (Setas: folículos ativos
estrangulados entre folículos contaminados) (aumento 100x; coloração
HE)....................................................................................................................44
Tabela 1. Comparação dos estádios de desenvolvimento da gônada em indivíduos
sexualmente maduros, em diferentes espécies e localidades...........................................49
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................... 11
2. OBJETIVO .................................................................. 14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................... 15
3. 1 CONHECENDO OS MOLUSCOS............................ 15
3. 2 SEXUALIDADE NOS BIVALVES ............................. 16
3. 3 GAMETOGENESE .................................................. 18
3. 3. 1 Espermogênese .............................................................19
3. 3. 2 Ovogênese .....................................................................20
3. 4. CICLO REPRODUTIVO.......................................... 21
3. 4. 1. Estágios de Desenvolvimento da Gônada em Indivíduos
Sexualmente Maduros ...............................................................22
3. 4. 1. 1. Caracterização dos estádios da gônada madura em
machos e fêmeas sexualmente maduros ...............................23
3. 5. FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUECIAM O
CICLO REPRODUTIVO .................................................. 25
3. 6. CICLO REPRODUTIVO E O USO SUSTENTÁVEL
DE RECURSOS .............................................................. 27
3. 6.1. O Berbigão: Tivela mactroides.......................................29
4. MATERIAIS E MÉTODO ............................................ 30
4. 1 ÁREA DE TRABALHO............................................. 30
4. 2 COLETA .................................................................. 31
4. 3 TÉCNICAS HISTOLÓGICAS ................................... 32
4. 3. 1 Fixação e Inclusão ........................................................32
4. 3. 2. Preparo dos Cortes e Coloração .................................33
4. 4. ANÁLISE DOS CORTES ............................................ 35
5. RESULTADOS........................................................... 36
5.1 ANÁLISE DOS CORTES DAS GONADAS ................ 36
5. 2 PARASITISMO ........................................................ 54
6. DISCUSSÃO ............................................................... 56
7. REFERÊNCIAS .......................................................... 60
ANEXO A........................................................................ 66
10
1. INTRODUÇÃO
Há indícios do contato do homem com os moluscos em épocas préhistóricas (Sambaquis). Os moluscos serviam de alimento e suas conchas
eram utilizadas como ornamento e para a confecção de utensílios de corte e
abrasão. Existem relatos de várias culturas em que conchas eram usadas
como moedas ou mesmo ostentação de poder e sabedoria. Ainda hoje os
moluscos são extremamente importantes na economia de muitos países,
possibilitando inclusive a existência de uma indústria de pérolas e de adornos
de madrepérola. Apresentam interesse médico-sanitário, pois muitas espécies
são vetores de doenças, enquanto outras, aparentemente, podem ser usadas
no controle destas (Simone, 1999).
O ambiente marinho vem sendo considerado como resistente às
agressões do homem, porém tem se notado que as populações das espécies
que ali vivem, moluscos particularmente, têm sofrido drásticas modificações
equiparáveis às que ocorrem em outros ambientes (Simone, 1999).
As mais sérias ameaças à biodiversidade malacológica marinha com
certeza são os diversos tipos de degradação ambiental. Construção de portos,
com conseqüentes derramamentos de dejetos e petróleo; resíduos industriais,
produtos de limpeza industrial e doméstico, despejo de esgoto em áreas
urbanizadas e fertilizantes e agrotóxicos utilizados na agricultura, afetam a
fauna marinha, podendo acarretar declínio da diversidade local e exclusão de
espécies menos resistentes. Desmatamentos e aterros expõem o solo que é
carregado ao mar pelas chuvas, causando soterramento e assoreamento, com
sérias conseqüências a fauna local. Coletas crônicas e sem o mínimo controle,
visando a alimentação ou a confecção de ornamentos, comprometem certas
populações de molusco (Simone, 1999).
Muitas espécies são comestíveis e localizam-se em áreas de fácil acesso
ao homem, na região entremarés de prais ou mangues, em águas rasas ou em
costões rochosos, por isso há um estímulo à extração de animais como
berbigões, mexilhões e ostras, para servirem como alimento. No Brasil,
especificamente, essas características proporcionam um consumo intenso de
berbigão
(Anomalocardia
brasiliana
e
Tivela
mactroides),
rala-coco
11
(Trachycardium muricatum), ostra (Crassostrea brasiliensis), mexilhões (Perna
perna), sururus (Mytela falcata), lambreta (Lucina pectinata), concha e tarioba
(Iphigenia brasiliensis) e unha-de-velho (Tagelus pleibeus) (Narchi, 1972;
Araújo,2001)
Embora o grande interesse econômico dos homens pelos moluscos
marinhos principalmente como fonte de alimento, os estudos realizados ainda
são muito escassos quando comparados ao número de espécies existentes. A
maior parte das espécies de areia, incluindo algumas citadas acima, é
desprivilegiada em termos de dados biológicos básicos, incluindo-se aspectos
reprodutivos.
A importância de se adquirir conhecimento em reprodução relaciona-se
com a necessidade de um estudo adequado da história de vida das diversas
espécies de molusco e sua pertinência com o manejo adequado e a
conservação.
Há uma preocupação atual mundial em efetuar a exploração racional
destes recursos naturais como cultivos e/ou manejo sustentado. Tal atitude
proporciona não só a regulamentação da atividade de explotação de moluscos
bivalves, mas também a associação entre uma atividade econômica e as
peculiaridades biológicas de cada espécie, visando aliar o consumo com a
manutenção da diversidade biológica.
Mesmo na década de 90, apenas algumas espécies de bivalves de areia,
em determinadas regiões do mundo, são privilegiadas em termos de
conhecimentos científicos básicos que possibilitem a elaboração de planos de
manejo, como é o caso de Siliqua patula (Pacific razor clam) e Tivela stultorum
(Pismo clam) (McLachlan et al., 1996).
O bivalve Tivela mactroides, popularmente conhecido como Berbigão ou
Marisco-de-areia (Caraguatatuba, SP); Sapinhauá (Ubatuba, SP); Crioulo
(Balneário Camboriu, SC) e Guacuco (Venezuela). Possui distribuição
geográfica desde as Ilhas Ascenção, México até Santa Catarina, Brasil (Rios,
1994). É um bivalve de areia que vive desde a região entremarés até cerca de
5 m de profundidade (Denadai, Amaral & Turra, submet.), onde faz parte da
infauna. É muito apreciado como fonte de alimento ou para fabricação de
adornos que são vendidos em barracas de artesanato das praças públicas do
litoral norte paulista.
12
Este bivalve tem sido coletado de forma indiscriminada, sem qualquer
restrição, controle ou supervisão dos órgãos ambientais competentes nas
praias da Enseada de Caraguatatuba, SP. Essa coleta indiscriminada poderá
acarretar na redução acentuada dos estoques da população natural do local.
Assim, é necessário que se obtenha o maior número possível de dados a fim
de estabelecer diretrizes que tenham como preocupação não apenas manter
as referidas reservas, como repovoar áreas onde eles não mais se encontrem
e, ainda, auxiliar no desenvolvimento de uma eventual técnica de cultivo.
Atualmente poucos estudos têm sido realizados com T. mactroides, que é
mais comumente citado em estudos sistemáticos ou em listagem de
biodiversidade. Alguns estudos sobre morfologia funcional e aspectos
reprodutivos
foram
realizados
por
Narchi
(1972)
e
Prieto
(1980)
respectivamente. Estudos ecológicos na Venezuela (Etchevers, 1976; Prieto,
1983; Tata & Prieto, 1991) também foram desenvolvidos.
13
2. OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo descrever a morfologia dos diferentes de
estádios de maturação das gônadas maduras de indivíduos sexualmente
maduros de T. mactroides, de ambos os sexos, contribuindo assim com o
conhecimento sobre história de vida da espécie.
14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3. 1 CONHECENDO OS MOLUSCOS
Os membros do Filo Molusca estão entre os animais invertebrados mais
abundantes e familiares, e incluem formas tais como os mariscos, ostras, as
lulas, os polvos e os caramujos. Em abundância de espécies, os moluscos
constituem o segundo maior filo de invertebrados sendo ultrapassados apenas
pelos artrópodes. Foram descritas mais de 50.000 espécies vivas e 35.000
fósseis (Ruppert & Barnes, 1996).
Os moluscos habitam quase todos os ambientes do planeta, ocorrendo
desde as fossas abissais até as mais altas montanhas e desde geleiras polares
até desertos tórridos. Vários grupos de bivalves e gastrópodes, durante seu
processo de evolução deixaram o mar e invadiram a água doce e, no caso dos
gastrópodes, o ambiente terrestre. Há moluscos pastadores, predadores,
carnívoros e herbívoros, vida livre, ecto e endoparasitas, filtradores,
suspensívoros, depositívoros e não filtradores, sésseis, vágeis, pelágicos e
bentônicos. Em certos ambientes representam grande parte da biomassa e são
importantes na reciclagem de alimentos (Simone, 1999).
A Classe Bivalvia, também chamada de Pelecypoda ou Lamellibranchia,
abrange animais tão comuns como mariscos, ostras e mexilhões. São
aquáticos e a maioria é marinha. Os tamanhos variam desde alguns milímetros
a mais de 1 m, como o gigante Tridacna (Moore, 2003).
Os bivalves são comprimidos lateralmente e possuem uma concha
composta de duas valvas que envolvem todo o corpo, encaixadas em
dobradiça dorsalmente. O pé, como o restante do corpo, é lateralmente
comprimido. Daí a origem do nome Pelecypoda (Pelecy = machado; poda =
pé). A cabeça é pouco desenvolvida. A cavidade do manto é mais espaçosa do
que em qualquer outra classe de molusco, e as brânquias são geralmente
muito grandes, tendo assumido na maioria das espécies uma função de
seleção de alimento (filtragem), além da realização das trocas gasosas. A
maioria dessas características permiti aos bivalves terem hábitos escavadores
de fundos não consolidados, para os quais a compressão lateral do corpo é
15
bem adequada. Embora os bivalves mais recentes tenham invadido outros
habitats, as adaptações originais à escavação na lama e na areia levaram os
bivalves se tornarem predominantemente restritos a um modo de vida
sedentário (Ruppert & Barnes, 1996; Moore, 2003).
3. 2 SEXUALIDADE NOS BIVALVES
A maioria dos bivalves são dióicos. As duas gônadas de um indivíduo
envolvem as alças intestinais e encontram-se geralmente tão próximas entre si
que a condição pareada torna-se difícil de detectar. Os gonodutos são sempre
simples porque não há cópula (Ruppert & Barnes, 1996).
A Classe Bivalvia, que possue mais de 10.000 espécies (Coe, 1943),
exibe uma grande variedade de expressão da sexualidade, desde estritamente
dióicos a hermafroditas funcionais. A sexualidade pode variar entre espécies
pertencentes ao mesmo gênero ou também dentro de uma mesma população.
Ocasionalmente, indivíduos hermafroditas são encontrados em espécies
estritamente dióicas (Eversole, 1989).
O sexo nesta classe pode ser distinguido apenas pela análise das
gônadas ou fazendo observações durante a liberação de gametas (Eversole,
1989), exceto em raras espécies que possuem dimorfismo sexual. Este é o
caso de Cuspidaria (Naera) cuspidata e Xylophaga dorsalis que possuem
órgãos genitais acessórios funcionais na fase masculina, e também em
gêneros como Lampsilis onde a fêmea possui uma concha mais larga que o
macho e no gênero Astarte onde o macho possui as bordas da conchas mais
lisas enquanto as das fêmeas são mais craqueladas (Sastry, 1979).
Coe (1943) propôs alguns padrões de sexualidade para explicar a
variedade sexual nos bivalves. Muitos trabalhos subseqüentes a Coe (1943),
quando confirmam sua classificação, tem acrescentado um número de
exemplos e tipos intermediários de sexualidade (Runham, 1992).
Os padrões usados por Coe (1943) também são citados por Runham
(1992), Sastry (1979) e Eversole (1989). Eles permitem classificar os bivalves
em:
16
1)
Dióicos (unisexual ou gonocórico). Desenvolvimento separado de
indivíduos machos e fêmeas sendo que, uma vez que o sexo tenha se
diferenciado este é mantido por toda a vida reprodutiva do animal.
Algumas espécies consideradas estritamente dióicas são: Modilus demnissus,
Mya arenaria, Barnea truncata, Petricola pholadiformis, Mytilus califorianus,
Septifer bifurcatus, Donax gouldi e Anomia simplex, Chlamys tigerina, C.
striata, C. furtiva, Mulinia lateralis, Macoma balthica, e Brachidontes recurvus.
2)
Hermafroditas ou monóicos (ambisexual; bisexual). A maioria dos
indivíduos da população produzem ambos os gametas, masculino e
feminino, durante a vida reprodutiva do animal. Os hermafroditas podem ser
subdivididos em quatro tipos:
a)
Hermafroditismo funcional ou ambisexualidade funcional: Não há
incompatibilidade entre os órgãos sexuais masculino e feminino,
ambos os tipos de células podem ser produzidos simultaneamente.
Este tipo de hermafroditismo pode ter duas origens: i) Normal: está
implicito uma condição estritamente monoica, ou ambisexual, com a
corrente produção de ambos os tipos de gametas sexuais, por
qualquer indivíduo. ii) acidental ou desenvolvido: em algumas espécies
que são estritamente dióicas podem ocorrer, ocasionalmente,
indivíduos hermafroditas funcionais. Neste caso pode ser considerado
como conseqüências de desvios no processo de desenvolvimento
devido à falhas na função normal da diferenciação sexual.
Ocasionalmente
alguns
indivíduos
hermafroditas
funcionais
foram
encontrados em Mytilus edulis, Mya arenaria, Modiolus modiolus, Placopecten
magellanicus, Spisula solidissima
e Modiolus barbatus (Sastry, 1979). T.
mactroides se enquadra na categoria de dióicos, tendo sido registrados casos
de hermafroditismo ocasional na Venezuela (Pietro, 1980) e na Enseada de
Caraguatatuba (Caobeli, 2003).
De acordo com (Sastry, 1979), são encontrados casos de hermafroditismo
funcional nos gêneros Pecten, Chalamys, Tridacna, Tivela, Tharacia, Cardium,
Poromya, Montacuta, Lasaca, Teredo, e Cetoconcha, mas não são todas as
espécies pertencentes a estes gêneros que se incluem nesta categoria de
17
sexualidade. Prieto (1983) vereficou aproximadamente 1% de indivíduos de T.
mactroides com hermafroditismo funcional, sendo um dos sexos dominantes
b)
Hermafroditismo consecutivo: ocorre mudança de sexo uma
única vez durante o período reprodutivo do animal. Pode ser
classificado em protândriaco quando a fase masculina precede a fase
feminina, já quando o contrário ocorre, ou seja, a fase feminina
precede a fase masculina é chamado de protogenico.
Hermafroditas consecutivo ocorre em Kellia suborbicularis e
Montacuta ferruginosa (Sastry, 1979).
c) Hermafroditismo consecutivo rítmico: espécies ambisexuais no qual
compostas por indivíduos que possuem uma vida longa o bastante
para passar por vários períodos de liberação completa dos gametas,
experimentando um número igual de fases sexuais. Normalmente a
fase inicial é masculina, seguido de uma sucessão de alternância de
fases femininas e masculinas durante toda a vida.
Ostrea lurida, Ostrea edulis e Ostrea esquestris apresentam
hermafroditismo consecutivo rítmico (Sastry, 1979).
d) Hermafroditismo alternativo: várias mudanças de sexo ocorrem
durante a vida do animal, mas o sexo adotado durante cada período
reprodutivo apresenta desenvolvimento aleatório, ou seja, não é
possível saber qual sexo o indivíduo irá assumir no próximo período
Ostrea gigas e Ostrea virginica exibem hermafroditismo alternativo
(Sastry, 1979).
3. 3 GAMETOGENESE
Têm sido realizadas muitos estudos sobre a gametogênese em bivalves.
Dentre eles estão os trabalhos com Mesodesma donacium (Peredo, Parada &
Valdebenito, 1987); Mytilus edulis (Pipe, 1987; Lowe, Moore & Bayne, 1982);
Mercenaria linneus (Loosanoff,1937); Loripes lucinalis (Johnson & Pennec,
1994); Corbicula sp. (Kennedy & Huekelem); Tapes philippinarum (Mann,
18
1979); Anomalocardia brasiliana (Araújo, 2001; Narchi, 1976; Soare, ShaefferNovell & Mandelli, 1982); Phacosoma japonicum (Sato, 1995).
3. 3. 1 Espermogênese
Nos bivalves de areia a espermogênese se inicia com a célula germinativa
primária (Eversole, 1989), também chamada de célula-mãe ou célula-haste
(Sastry, 1979), no qual através de divisões mitóticas dá origem à
espermatogônias primárias e secundárias. As células germinativas primárias
estão intimamente ligadas a parede folicular enquanto as espermatogônias
primárias e secundárias ocorrem progressivamente fechando o centro do
lúmem. A célula germinativa primária é maior que a espermatogônia primária, e
esta maior que a espermatogônia secundária. (Eversole, 1989; Sastry, 1979).
Segundo Sastry (1979) há ainda uma terceira espermatogônia chamada de
espermatogônia definitiva o que não é mencionado por Eversole (1989).
Os estágios espermáticos entre as células germinativas primárias e
espermatogônia definitiva mostram uma diminuição no volume citoplasmático e
são chamados de fase de multiplicação espermática, já desta etapa em diante
é chamado de maturação espermática (Sastry, 1979).
A espermatogônia definitiva de Sastry (1979) ou a espermatogônia
secundária, de Eversole (1989), já na fase de maturação espermática, origina
diretamente o espermatócito primário, o qual sofre divisão meiótica dando
origem ao espermatócito secundário (Eversole, 1989; Sastry, 1979). Segundo
Sastry (1979) o espermatócito secundário é de difícil observação, pois a divisão
é muito rápida neste estágio, e este começa rapidamente a se diferenciar em
espermátides.
Os espermatocitos primários e secundários e as espermátides ocorrem se
dirigindo da parede do folículo para o centro do lúmen (Sastry, 1979). As
espermátides se diferenciam em espermatozóides, e estes se orientam com
cabeças e caudas juntas preenchendo o centro do lúmen (Eversole, 1989;
Sastry, 1979).
Enquanto a espermogênese prossegue, o número de espermatozóides
aumenta, e há um correspondente decréscimo no número de células dos
19
estágios anteriores, ficando então o folículo preenchido por espermatozóides
(Eversole,
1989;
Sastry,
1979).
Usualmente,
machos
maduros
são
caracterizados por terem seus folículos preenchidos por espermatozóides com
suas caudas orientadas para o centro do lúmem (Eversole, 1989).
Em Mesodesma donacium, (Peredo, Parada & Valdebenito, 1987), a
espermogênese
segue
os
padrões
gerais
invertebrados, como também em vertebrados.
encontrados
em
outros
Narchi (1976) em estudo
realizado com a espécie Anomalocardia brasiliana verificou todos os estágios
da espermogênese em zonas sucessíveis, embora, às vezes, a relação entre
elas não seja fácil de estabelecer.
3. 3. 2 Ovogênese
Segundo Eversole (1989), diferentes espécies de bivalves de areia
apresentam os mesmos padrões de ovogênese, e os estágios iniciais da
ovogênese são muito similares ao estágio pré-meiótico da espermogênese.
Células germinativas primárias possuem uma forma alongada e se
encontram por toda a parede do folículo. Estas células germinativas primárias,
através de divisão mitótica, originam as ovogônias primárias e estas por sua
vez originam as ovogônias secundárias, que sofrem divisão meiótica originando
os ovócitos (Eversole, 1989; Sastry, 1979).
Sastry (1979) considera a fase que vai até o estagio de ovócito I como
fase de multiplicação e aquela que se inicia no ovócito II como fase de
crescimento.
No estágio de ovócito II inicia-se o crescimento da célula, o que ocorre até
o final da ovogênese, aumentando em volume o núcleo e citoplasma, esta fase
é chamada de pré-vitelogênese (Eversole, 1989; Sastry, 1979).
A fase de vitelogênese é caracterizada pelo rápido acúmulo de nutrientes
como lipídio, glicogênio e vitélo, e pela adição de organelas. As mitocôndrias
são numerosas, e no fim da fase de vitelogênese são dispersas por todo
perímetro da célula. O complexo de Golgi também é numeroso (Sastry, 1979).
Os ovócitos mudam de forma com o acúmulo destas substâncias e com o
movimento da parede folicular. Contudo os ovócitos mantêm-se ligados à
20
parede folicular por uma haste delgada, até que um adequado tamanho e nível
de diferenciação seja atingido. Ovócitos, quando livres no lúmem, são cercados
por um envoltório protéico e estão prontos para serem liberados (Eversole,
1989; Sastry, 1979).
Após todo este processo de gametogênese, os folículos ficam
preenchidos por ovócitos (Eversole, 1989), que podem estar separados por
uma substância não granular que aparenta ser um componente da membrana
celular (Sastry, 1979).
Segundo Pipe (1987), durante os estágios primários da ovogênese de
Mytilus edulis, o ovócito é circundado por um pequeno número de células
foliculares. Com a continuação do desenvolvimento, as células foliculares se
tornam restritas à região da haste que prende o ovócito a parede do folículo. Já
em Mesodesma donacium, Peredo, Parada & Valdebenito (1987), dizem que a
ovogênese possui as mesmas características usualmente descritas em outros
bivalves marinhos, só não sendo possível distinguir as ovogônias primárias e
secundárias como é distinguido em outros moluscos.
Para Anomalocardia brasiliana, Narchi (1976) descreve que a maioria das
ovogônias situadas na parede dos folículos entra em meiose, sendo que
algumas permanecem em repouso, não completando seu desenvolvimento.
3. 4. CICLO REPRODUTIVO
Geralmente o ciclo reprodutivo de uma população inclui uma série de
eventos
como:
ativação,
crescimento
da
gônadas
e
gametogênese,
amadurecimento, liberação de gametas e um período de repouso (Sastry,
1979).
Esta série de eventos no ciclo reprodutivo de uma população pode ser
sincronizada, com todos os indivíduos procriando simultaneamente, ou não
sincronizada, na qual os indivíduos de uma mesma população se encontram,
num mesmo período, em estágios diferentes de desenvolvimento (Sastry,
1979).
Narchi
(1976)
observou
que,
em
uma
população
da
espécie
Anomalocardia brasiliana, há um sincronismo, tanto nos machos como nas
21
fêmeas, apesar de haver algumas diferenças entre as seqüências do ciclo
sexual. Araújo (2001) observou em uma outra população desta mesma espécie
que há um sincronismo entre indivíduos do mesmo sexo, mas não há
sincronismo na liberção de gametas pelos diferentes de sexos.
O ciclo reprodutivo pode ser anual, bianual ou contínuo, em populações
de uma mesma espécie. A sincronia, a duração do ciclo reprodutivo e o número
de ciclos durante o ano podem ser características específicas de cada
população ou podem variar em populações que ocorrem em diferentes áreas
geográficas (Eversole, 1989; Sastry, 1979).
Lowe, Moore & Bayne (1982) estudaram duas populações de Mytilus
edulis L., na Inglaterra e verificaram que enquanto uma das populações
apresentou gametogênese no outono e inverno, a outra população apresentou
gametogênese no verão. Este fato provavelmente se deve, segundo os
autores, ao estresse térmico sofrido pela segunda população no inverno.
Narchi (1976), Grotta & Lunetta (1980) e Araújo (2001) estudaram o ciclo
reprodutivo da espécie Anomalocardia brasiliana na Paraíba, São Paulo e
Santa Catarina. Reprodutivamente ambas as populações estudadas por Narchi
(1976) e Grotta & Lunetta (1980) apresentaram ciclo contínuo. No entanto a
população estudada por Araújo (2001) na Reserva extrativista Marinha do
Pirajubaé, em Florianópolis (SC) apresentou um período de repouso a partir da
primeira quinzena de julho até a segunda quinzena de agosto.
Em algumas espécies, ciclos sucessivos de gametogênese podem ser
interrompidos por um breve ou prolongado período de inatividade da gônada.
os espermatozóides são formados apenas depois da primavera.
3. 4. 1. Estágios de Desenvolvimento da Gônada em Indivíduos
Sexualmente Maduros
Alguns estudos do ciclo reprodutivo em bivalves têm sido realizado
(Feder, et al. 1979; Lasta & Calvo, 1978; Grotta & Luneta, 1980; Masello &
Defeo, 1986; Navarro, Iglesias & Larranaga, 1989; Morton, 1990; VillalejoFuerte; Garcia-Domingues & Ochoa-Baez, 1995; Cardenas & Aranda, 2000) e
22
em muitos desses estudos, o ciclo reprodutivo é dividido em um certo número
de estágios, que foram baseados em alguns critérios visualizados em cortes
histológicos das gônadas, como o tamanho dos ovócitos, o tamanho relativo da
gônada, a fase de gametogênese, entre outros critérios (Eversole, 1989;
Sastry, 1979).
De acordo com Eversole (1989), por causa da dificuldade em distinguir
claramente a gônada e o tecido circundante em bivalves de areia, o tamanho
relativo da gônada não tem sido usado com freqüência, como é usado em
outros moluscos.
Pesquisadores utilizam diferentes critérios para classificar esses estágios
em bivalves de areia e o número e tipo dos estágios usados variam
consideravelmente (Eversole, 1989; Sastry, 1979).
Por exemplo, Eversole, Michener & eldridge (1980), e Manzi, Bobo &
Burrell (1985) usam somente cinco estágios enquanto Porter (1964) e Keck,
Maurer & Lind (1975) usam 14 e 10 estágios de desenvolvimento,
respectivamente, para caracterizar o ciclo reprodutivo sazonal de Mercenaria
mercenaria.
3. 4. 1. 1. Caracterização dos estádios da gônada madura em
machos e fêmeas sexualmente maduros
Araújo (2001) usou alguns estádios para classificar as gonadas maduras
de machos e fêmeas de um população da espécie Anomalocardia brasiliana.
Foram 4 estádios para classificar as gônadas de fêmeas e 3 estádios para os
machos, sendo que os estádios de gametogênese e maturidade apresentados
pelas fêmeas pertencem a um único estágio para os machos:
1. ESTÁDIO
DE GAMETOGÊNESE:
sucessivas divisões mitóticas das células
germinativas que estão aderidas na parede folicular, já encontrando
alguns gametas maduros soltos no lúmem.
2. MATURIDADE: folículos justapostos com paredes delgadas. Várias etapas
da gametogênese são evidenciadas, especialmente gametas maduros
soltos no lúmem.
23
3. ELIMINAÇÃO PARCIAL DE GAMETAS: eliminação da maior parte dos gametas
maduros, com permanência de alguns gametas soltos no lúmen ou em
fase pré-vitelogênica, com aspecto piriforme, e poucas células
gaméticas ainda em fases iniciais da gametogênese.
4. ELIMINAÇÃO
TOTAL DE GAMETAS E REPOUSO:
a intensa eliminação de
gametas maduros modifica a morfologia da região gonadal. Folículos
apresentam gametas maduros residuais soltos nos lúmenes e
minimização do processo de gametogênese
Narchi (1976) e Grotta & Lunetta (1980) distinguiram outros estádios para
A. brasiliana.
Segundo Narchi (1976):
IIIA : Folículos totalmente preenchidos por gametas à gametas
maduros liberados no folículo, com gametogênese minimizada.
IIIB : Esvaziamento parcial dos folículos à os gametas maduros não
são eliminados totalmente eliminados e já se encontram gônias na parede dos
folículos
IIIC : Fase de restauração da gônada à quando há maior nitidez dos
folículos, caracteriza-se pela ausência de gametas maduros no folículo, mas
alta taxa de gametogênese.
IIID: Fim da gametogênese à folículos vazios, com exceção de alguns
gametas residuais e de amebócitos.
Segundo Grotta & Lunetta (1980):
IIIAB : (Maturação e eliminação) Enquanto progridem as diferentes
fases da gametogênese, ocorre, simultaneamente, a eliminação de grandes
quantidades gametas.
IIIBC: (Eliminação parcial e recuperação) redução do tamanho do s
folículos, desaparecendo a contigüidade das parades foliculares. O tecido
conjuntivo interfolicular prolifera preenchendo os espaços por entre as paredes
foliculares.
IIIB : (Eliminação total) Neste estádios os folículos estão vazios, a
parede folicular está bastante delgada, restam ainda alguns ovócitos em
vitelogênese. Só ocorre nas fêmeas
24
IIIC : (recuperação)
A parede folicular atinge o maximo de seu
desenvolvimento, apresentando-se bastante espessa. Os folículos apresentam
um aspecto bastante irregular e o tecido conjuntivo interfolicular se desenvolve
por entre as suas paredes.
Prieto (1980) ao caracterizar as gônadas maduras da espécie Tivela
mactroide usou 5 estádios descritos abaixo:
•
Indeterminado: Lúmen vazio podendo conter células foliculares em
início de maturação.
•
Maturação avançada: Lúmen amplo, com grande quantidade de
células
maduras
e
poucas
células
em
fases
iniciais
de
gametogênese
•
Maturação total: lúmen totalmente preenchido com gametas
maduros soltos no lúmen
•
Desova parcial: Lúmen grande com muitos gametas maduros, mas
não totalmente preenchido, podendo já apresentar algumas células
em maturação
•
Desova total e degeneração: lúmen semivazio com restos celulares
e algumas células em reabsorção.
3. 5. FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUECIAM O
CICLO REPRODUTIVO
Alguns fatores ambientais são considerados de grande influencia no ciclo
reprodutivo em bivalves, como: temperatura, luz, salinidade, marés e
disponibilidade de nutrientes (Sastry, 1979; Eversole, 1989; Grotta & Lunetta,
1980). Os fatores abióticos não alteram a seqüência dos estádios do ciclo
sexual, mas podem prolongar ou encurtar alguns estádios e aumentar ou
diminuir o número de gametas produzidos (Coe, 1932)
Este fato se dá porque o desenvolvimento gonadal e o crescimento dos
ovócitos envolvem uma intensa atividade metabólica que, por sua vez, é
controlada por fatores externos. Assim, em condições favoráveis, como em
grande disponibilidade de alimento, a temperatura pode influir na transferência
25
de reservas armazenadas nas glândulas digestivas para as gônadas (Grotta &
Lunetta, 1980).
Essas reservas serão utilizadas pelos gametas em desenvolvimento para
a biossíntese de vários componentes. A quantidade de glicogênio e lipídios,
contidos no alimento digerido ou armazenado nas glândulas digestivas ou no
tecido conjuntivo interfolicular, determina o número de gametas que será
produzido (Grotta & Lunetta, 1980).
Em se considerando o ambiente marinho, os seres que vivem na zona
entremarés, particularmente aqueles que vivem próximos ou na própria região
estuarina, são os mais afetados pelas flutuações ambientais. Estes organismos
estão mais sujeitos às freqüentes e intensas oscilações da temperatura e da
salinidade da água.
Um aumento da temperatura da água estimula a atividade gametogênica,
promovendo a proliferação e o desenvolvimento gonadal. Essa maturidade
gonadal depende do número consecutivo de dias em que a temperatura da
água permanece na amplitude ótima para a reprodução (Grotta & Lunetta,
1980).
As variações de salinidade afetam as propriedades funcionais dos
indivíduos adultos, o que levaria ao fechamento das valvas e à conseqüente
diminuição da taxa de alimentação e respiração. Portanto, as variações de
salinidade agem, indiretamente, sobre a proliferação e o desenvolvimento das
gônadas.
Em pesquisa com Mytilus edulis, Lubet (1959) se refere à ação simultânea
da temperatura e de salinidade e afirma que ambas tem uma função indireta,
muito importante sobre o ciclo gametogênico deste bivalve. Estes dois fatores
abióticos determinam a composição qualitativa e quantitativa do plâncton,
fornecendo a demanda nutritiva para estes animais. Assim a quantidade e a
qualidade de alimento disponível tem sido apontada como o fator extrínseco
capaz de controlar a reprodução (Grotta & Lunetta, 1980)
A proliferação e o desenvolvimento gonadal, ou seja, a primeira etapa da
reprodução, podem ocorrer às custas das reservas acumuladas se as
condições alimentares não forem favoráveis. No entanto, a segunda etapa da
reprodução, ou seja, a diferenciação e o número de gametas eliminados vai
depender dos nutrientes provenientes do alimento ingerido, pois toda atividade
26
gametogênica implica em gasto energético. Portanto, é necessário que o
animal tenha alimento disponível para o restabelecimento de suas reservas
(Grotta & Lunetta, 1980).
3. 6. CICLO REPRODUTIVO E O USO SUSTENTÁVEL
DE RECURSOS
O elevado nível a que chegaram as pesquisas sobre maricultura vem
contribuindo para melhor conceituação do aproveitamento e exploração dos
recursos
marinhos,
atraindo
a
atenção
de
muitos
pesquisadores,
principalmente nos países em que, cada vez mais, se impõem a procura por
novas fontes de alimento.
Assim sendo, há necessidade de se conhecer
melhor a biologia das espécies de interesse comercial para assegurar sua
manutenção e renovação de reservas, com eventual repovoamento de outras
regiões, como é feito em várias partes do mundo (Soares, Schaeffer-Novelli &
Mandelli Jr., 1982).
Moluscos bivalves são mundialmente procurados pelo seu sabor, sua
facilidade de coleta e preparo, podendo até mesmo serem ingeridos “in natura”.
Sua ocorrência na natureza foi, e continua sendo, de máxima importância. Já o
homem primitivo fazia uso destes moluscos em sua dieta alimentar, como bem
atestam os sambaquis (Soares, Schaeffer-Novelli & Mandelli Jr., 1982).
Restringindo-nos apenas ao que vem sendo verificado em nosso país, é
comum observarmos costões rochosos antigamente povoados por mexilhões,
completamente despovoados devido a captura desses bivalves pelo homem.
Como esse problema vem sendo verificado também em relação a outros
animais em todo o globo terrestre inúmeras soluções têm sido apontadas,
visando proteger as populações animais naturais. Entre estas, além da
proibição da coleta indiscriminada e predatória, tem-se enfatizado os estudos
relativos a aqüicultura e a sua implantação objetivando aumentar a quantidade
de proteínas disponíveis para a alimentação humana, minimizando, assim, o
efeito da coleta ( Grotta & Lunetta, 1980).
Evidentemente, a aqüicultura de um determinado tipo de organismo não
pode e não deve ser realizada, sem que se conheça, previamente, a biologia
27
básica do organismo que se pretende cultivar. Um dos aspectos biológicos
fundamentais a ser considerado é relativo à reprodução do organismo em
questão (Giese & Perse, 1974). Desta forma, é fundamental verificar como se
desenvolvem os fenômenos relativos à reprodução, isto é, se apresenta uma
definida variação sazonal ou se é contínua ou se ocorre ao longo do ano ou
ciclicamente relacionada aos fatores abióticos e bióticos (Grotta & Lunetta,
1980).
Paralelamente ao fato da implantação da aqüicultura, foi despertada a
necessidade de se estudar a atividade reprodutiva desses organismos. Em
particular, os bivalves marinhos apresentam relativa facilidade de cultivo, pois,
as larvas se fixam naturalmente aos diferentes tipos de substrato, isentando da
necessidade de cuidados com a larva (Grotta & Lunetta, 1980).
O conhecimento do ciclo reprodutivo é essencial para a tomada de
decisão acerca do manejo sustentável de recursos. McLachlan et al. (1996)
consideram que, na extração recreacional de bivalves de areia de praias
oceânicas, a quantidade de coletores é difícil de ser controlada. Este fato
restringe as estratégias de manejo como, por exemplo, o estabelecimento de
tamanho mínimo, da quantidade a ser coletada e de áreas de reservas, com
resultante proibição de coletas. Ao mesmo tempo, as outras acentuam que,
inclusive em regiões nas quais não há viabilidade para a instalação de uma
expressiva atividade comercial, deve-se considerar a preservação e o manejo
dos estoques naturais, visando a atividade recreacional, que pode ser
incentivada com atividades de lazer, mesmo que as coletas sejam módicas.
Em diversos países, várias estratégias de manejo foram estabelecidas,
sendo
bem
sucedidas
em
alguns
casos,
mas
não
promoveram,
necessariamente, a preservação dos estoques naturais em certas situações
(McLachlan et al., 1996)
É importante frisar que o estudo do ciclo reprodutivo de bivalves marinhos
apresenta importância não só para a aqüicultura. É fundamental também para
a realização de outras pesquisas que envolvam esses animais, pois sem o
conhecimento do ritmo, da freqüência e da progressão do ciclo da reprodução,
outros estudos, principalmente os de interesse fisiológicos, seriam dificilmente
abordáveis (Lunetta, 1969)
28
3. 6.1. O Berbigão: Tivela mactroides
Segundo
McLachlan
et
al.
(1996)
o
berbigão
T.
mactroides
freqüentemente é um componente dominante da macrofauna de algumas
comunidades de praias arenosas de mar aberto. ocorre em densas populações
próximas às desenbocaduras dos rios, particularmente onde grandes
quantidades de partículas de origem terrígena são transportadas em
suspensão. O tamanho médio de grão das praias onde T. mactroides habita é
de 0,145 e de 0.195mm (areias finas). A espécie possui hábito filtrador
(McLachlan et al. 1996).
Tivela mactroides é dióico. A diferenciação sexual inicia-se com o
comprimento de concha acima de 12 mm e com 20 mm praticamente todos os
indivíduos estão sexualmente maduros, com uma proporção sexual de 1:1
(Prieto 1980). Gametas maduros foram encontrados durante todo o ano em
uma praia da Venezuela e tiveram vários episódios de liberação de gametas
(Prieto, 1983).
29
4. MATERIAIS E MÉTODO
4. 1 ÁREA DE TRABALHO
A Enseada de Caraguatatuba (Figura 1), formada por várias praias,
margeia grande parte da orla litorânea do município de Caraguatatuba,
estendendo-se até a região norte do município de São Sebastião. Sua
extensão total é da ordem de 16 Km (de 23o43’25.3’’S 45o24’07.1’’ até
23o37’41.1’’S
45o24’02.4’’),
ao
longo
dos
quais
apresenta
diferentes
constituições sedimentares e possui uma energia moderada da onda, devido
ao efeito do sombreamento da Ilha de São Sebastião.
Quatro
rios
importantes
(Juqueriquerê,
Lagoa,
Santo
Antônio
e
Guaxinduva) fluem nas partes diferentes da baía de Caraguatatuba, com
constante aporte de sedimento terrígeno. Constitui uma região perturbada pela
alta urbanização e por receber poluentes trazidos por dois rios, o Juqueriquerê
e o Santo Antônio, que juntos despejam todo o esgoto colhido no município de
Caraguatatuba.
A parte sul desta enseada caracteriza-se por um estuário formado pela
desembocadura do Rio Juqueriquerê, onde há formação de um manguezal e
de um embaiamento, onde se constituiu uma extensa planície de marés.
A região da Enseada de Caraguatatuba possui uma alta urbanização e
um grande complexo turístico, com colônias de férias, restaurantes e hotéis,
bares e quiosques na orla. Esta urbanização e turismo favorecem a exploração
de organismos marinhos de interesse gastronômico, como T. mactroides.
30
Figura 1: Mapa da área de Estudo – Enseada de Caraguatatuba, SP.
4. 2 COLETA
Tivela mactroides é um bivalve marinho que vive enterrado na região
entremarés, a uma profundidade de até sete centímetros. Por isso foi
facilmente encontrado e removido com as mãos e pés, sem a necessidade de
ferramentas especiais. Este mesmo método de coleta é utilizado pelos
caiçaras.
Foram coletados 15 indivíduos por mês, entre novembro de 2003 e abril
de 2004, totalizando 6 (seis) meses e um total de 90 indivíduos. Os espécimes
foram coletados aleatoriamente por toda a Enseada de Caraguatatuba/SP,
sendo que o tamanho dos indivíduos foi o único critério adotado, sendo
sempre superior ou igual a 20 mm (em comprimento de concha), procurando se
obter indivíduos em idade sexualmente madura. Prieto (1980), que estudou a
reprodução de T. mactroides na Venezuela, verificou que a menor fêmea com
ovócitos grandes e evidências de desova mediu 11,1mm e que a classe de
31
tamanho compreendida entre 20 e 25 mm apresentou menos que 2,5% dos
indivíduos com sexo indeterminado, ou seja, imaturos.
4. 3 TÉCNICAS HISTOLÓGICAS
Segundo Prieto (1980) as gônadas de T. mactroides então localizadas na
porção superior da massa visceral, rodeando o intestino e estômago, e
limitados dorsalmente pelos rins e hepatopâncreas. Segundo o autor, é
possível identificar o sexo do T. mactroides através de uma análise
macroscópica da gônada, sendo a gônada feminina mais densa e granulosa
que a masculina. No entanto, como a espécie não apresenta dimorfismo sexual
e a análise apresentada por Prieto (1980) depende da percepção de quem
analisa, no presente trabalho o estudo dos estádios do ciclo reprodutivo e
etapas da gametogênese foram realizados através de análise histológica.
4. 3. 1 Fixação e Inclusão
Cada indivíduo teve sua concha aberta e removida com o auxilio de uma
faca, com a qual foram cortados os dois músculos adutores. Com uma navalha
foram retiradas as brânquias, músculos, manto e pé, até se obter apenas
massa visceral, que então foi submetida à fixação em Bouin por 24 horas, de
acordo com a seguinte formula: 12,8 g ácido pícrico saturado diluído em um
litro de água destilada (75 ml), formaldeído 40% (25 ml) e ácido acético (5%,
acrescentado no momento de utilização da solução).
Após a fixação, cada espécimen foi seccionada com três cortes
transversais, dividindo a massa visceral em quatro partes semelhantes.
Empregou-se então técnica rotineira de inclusão em parafina, de acordo com o
seguinte procedimento:
1. Desidratação em série etanólica crescente:
Álcool 80% à por 1 hora
Álcool 95% à por 1 hora
Álcool 100% I à por 30 min
32
Álcool 100% II à por 30 min
Álcool 100% III à por 1 hora
2. Diafanização
Álcool + Xilol (1:1) à por 30 min
Xilol à por 20 min
3. Embebição
Xilol + parafina líquida à por 30 min na estufa a 60°C
Parafina líquida pura à por 2 horas na estufa a 60°C
4. Inclusão em parafina
Inclusão, sendo 1 espécimen por bloco.
Solidificação em temperatura ambiente.
4. 3. 2. Preparo dos Cortes e Coloração
Os blocos de parafina foram submetidos a cortes de 6 µm de espessura
com auxilio de micrótomo e navalha de aço. Os cortes foram realizados no
Laboratório de Ultraestrutura Celular – ação de venenos em sistemas
biológicos - e Laboratório de Citoquímica e Imunocitoquímica, do Departamento
de Histologia e Embriologia da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Os cortes foram arranjados em lâminas de vidro previamente
revestidas com solução de albumina, para melhor aderência dos mesmos à
lâmina.
Em seguida, os cortes foram corados com solução de Hematoxilina &
Eosina (HE), adquiridas comercialmente (ALLKIMIA), segundo o protocolo a
seguir:
1. Desparafinização dos cortes
Estufa a 60°C à por 30 min
Xilol A à por 5 min
33
Xilol B à por 5 minutos
Xilol C à por 5 minutos
Álcool + Xilol (1:1) à por 5 minutos
2. Hidratação dos cortes
Álcool 100% I à por 2 minutos
Álcool 100 % II à por 2 minutos
Álcool 95% à por 2 minutos
Álcool 80% à por 2 minutos
Álcool 70% à por 2 minutos
Lavagem em água corrente (3x)
Lavagem com água destilada (1x)
3. Coloração
Hematoxilina de Harris à 20 segundos
Lavagem em água corrente (3x) e imersão na água até os cortes azulederem
(aproximadamente 5 minutos).
Lavagem em água destilada (1x)
Eosina alcoólica à 50 segundos.
4. Desidratação
Passagem rápida do álcool 70% até o álcool absoluto, sem tempo de espera.
5. Diafanização
Álcool + Xilol (1:1) à por 2 minutos
Xilol I à por 2 minutos
Xilol II à até a montagem
6. Montagem das lâminas
O excesso de xilol das lâminas foi retirado com papel toalha ou papel
higiênico. Colocou-se bálsamo sobre a superfície da lâmina que contem o corte
e em seguida a lamínula.
34
Os cortes foram analisados no Laboratório de Ecologia e Zoologia do
Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos e fotografados ao
microscópio óptico no Laboratório de Biologia Marinha (LABIOMAR) do
Departamento de Zoologia da UNICAMP.
4. 4. ANÁLISE DOS CORTES
A análise qualitativa dos estádios do ciclo reprodutivo de Tivela
mactroides foi realizada através da análise das lâminas contendo os folículos
germinativos característicos de cada mês coletado, e determinada com base
em estudos realizados com T. mactroides (Prieto, 1980) e A. brasiliana (Narchi,
1976; Araújo, 2001; Grotta e Lunetta, 1980)
35
5. RESULTADOS
5.1 ANÁLISE DOS CORTES DAS GONADAS
Dentre os resultados obtidos foi possível caracterizar os seguintes
estádios de desenvolvimento gonadal para os exemplares sexualmente
maduros masculinos de T. mactroides:
1. GAMETOGÊNESE: Folículos masculinos apresentavam uma intensa
atividade de espermogênese, podendo se observar uma grande camada
de
células
das
fases
iniciais
da
gametogênese
e
poucos
espermatozóides no centro do lúmen. Os ductos ciliados encontram se
vazios (Figura 2; 3).
2. MATURIDADE:
Os
folículos
ainda
apresentam
atividade
de
espermatogênese mas a camada de células iniciais já se encontra
diminuída e a quantidade de espermatozóides maduros supera a
quantidade de células iniciais, e praticamente preenchem o folículo
(Figura 4).
3. ELIMINAÇÃO PARCIAL
DE
GAMETAS: Neste estágio é nítida a presença de
espaços internos nos folículos e a atividade espermatogênica já não se
encontra intensa, apesar de ainda serem encontradas todas as fases da
espermogênese (Figura 5; 6; 7a). Há também a presença de
espermatozóides maduros sendo transportados nos ductos ciliados
(figura 7b).
Nos exemplares masculinos analisados não foi encontrado o estádio de
eliminação total de gametas, Alguns indivíduos apresentaram uma liberação
quase que total, mas que não pode ser considerada total devido a grande
quantidade de espermatozóides maduros ainda presentes no lúmen (Figura 8).
36
a
b
Figura 2. - Folículos masculinos em estádio de gametogênese. a. seta mostra
a grande camada de células em estádios iniciais da espermatogênese. No
centro do lúmen já se nota a presença de alguns espermatozóides maduros. b.
as duas setas apontam a não presença de tecido interfolicular neste estádio.
No detalhe alguns espermatozóides já maduros soltos no centro do lúmen. (a.
e b.aumento 100x, coloração HE)
37
Figura 3. - Folículos masculinos em estádio de espermatogênese. Intensa
atividade espermogênica com presença de muitas células em fase inicial. No
detalhe, ducto ciliado responsável pelo transporte dos espermatozóides
encontra-se vazio. (aumento 100x, coloração HE)
38
a
b
figura 4. – a. e b. Folículos masculinos em estádio maduro com o centro do
lúmen preenchido por espermatozóides maduros e soltos. Não há formação de
tecido interfolicular. Ainda há presença de todas as fases iniciais da
espermogênese. Setas, camadas de células em desenvolvimento; em
destaque, camada de espermatozóides maduros. (a. e b. aumento 100x,
coloração HE);
39
a
b
Figura 5. - Folículos masculinos em estádio de eliminação parcial de gametas.
Nota-se a diminuição da camada de células e de células em estádio iniciais da
gametogênese. Seta, camada de células em desenvolvimento; em destaque,
camada de gametas maduros; (a. aumento 100x, coloração HE; b.aumento
400x, coloração HE)
40
*
*
*
Figura 6. - Folículo masculino em estádio de eliminação parcial de
gametas. Nos detalhes nota-se os espaços formados pela constante
eliminação dos espermatozóides.( aumento 400x, coloração HE)
41
a
b
Figura 7. - a. Folículos masculinos em estádios de eliminação parcial de
gametas (aumento 100x, coloração HE) b. ducto ciliado com presença de
espermatozóides (na ponta da seta) (aumento 1000x, coloração HE).
42
Figura 8. - Folículo masculino em estádio de eliminação parcial avançada de
gametas. A intensa eliminação de gametas do folículo o leva a uma quase
eliminação total. Muitos espermatozóides maduros no lúmen do folículo
(aumento 400x, coloração HE).
43
Para os exemplares femininos de T. mactroides foram caracterizados os
seguintes estágios:
1. GAMETOGÊNESE: as células ainda imaturas da gametogênese são
encontradas na parede folicular (Figura 9). Já se encontram alguns
ovócitos maduros soltos no lúmen, principalmente em formato
piriforme em fase de vitelogênese, mas há uma maior quantidade de
células nas fases iniciais da ovogênese, que está em plena atividade.
(Figura 10; 11)
2. MATURIDADE: folículos quase que totalmente preenchidos por
ovócitos maduros (Figura 12), que se encontram soltos no lúmen
prontos para serem liberados (Figura 13). Ainda existem células em
fase de vitelogênese mas poucas nos estadios iniciais da
gametogênese (Figura 13)
3. LIBERAÇÃO PARCIAL
DE
GAMETAS: Eliminação da maior parte dos
ovócitos maduros, com permanência de alguns soltos no lúmen ou
em fase vitelogênica e ainda podem ser encontradas algumas
poucas células ainda em fases iniciais da ovogênese (Figura 14)
4. LIBERAÇÃO TOTAL
DE
GAMETAS: Intensa liberação de gametas
maduros, que resulta em um esvaziamento quase que completo
apresentando apenas alguns ovócitos residuais soltos no lúmen ou
estacionados na fase vitelogênica. A atividade gametogênica se
encontra minimizada ou ausente (Figura 15). Esta fase foi a menos
frequentemente entre os espéciemens analisados. Não se observou
presença de amebócitos ou células fagocitárias.
É importante salientar a presença de algumas estruturas não
identificadas (Figura 16) que foram encontradas nos folículos durante as
análises dos estádios das gônadas maduras de alguns espécimens fêmeas.
Nestas estruturas, um grande número de ovócitos maduros parecem estar
circundados por tecido ou substância intrafolicular, de origem desconhecida.
44
5
5
5
4
4
1
4
3
3
2
Figura 9 – folículo em intensa atividade gametogênica. Células germinativas
encontradas na parede do folículo (1), presença de todos as fases da
ovogênese; ovogônia (2), ovócitos em fase pré-vitelogênica ou basófilo (3),
ovócitos em fase vitelogênica (4), ovócito maduro (5) (aumento 1000x,
coloração HE).
45
a
b
Figura 10. – a. Folículo feminino em estádio de gametogênese. Já se
encontram ovócitos maduros piriformes (ponta da seta) (aumento 100x;
coloração HE) b. há presença de muitas células iniciais da ovogênese e o
tecido interfolícular ainda está presente (em destaque) (aumento 400x,
coloração HE).
46
om
cg
om
Figura 11. - Folículos em estádio de gametogênese. Presença de alguns
ovócitos maduros (om), e intensa atividade gametogênica (cg, células em
gametogênese). (aumento 100x; coloração HE).
47
N
n
Figura 12. - Ovócito maduro com Nucléolo (n); núcleo (N); camada gelatinosa
(em destaque) evidente. (coloração HE; aumento de 1000x alterado por editor
de imagem aumentando em 3x).
48
a
b
Figura 13. – a. folículos femininos em estádios maduros (aumento 100x;
coloração HE). b. No detalhe um folículo feminino em estádio maduro com
grande presença de ovócitos maduros soltos no centro do folículo, ainda há
presença de ovócitos em vitelogênese (setas)(aumento 400x; coloração HE).
49
om
ov
om
ov
a
ov
om
om
om
ov
b
Figura 14. – a. e b. Folículos femininos em liberação parcial de gametas. Há
ainda grande presença de ovócitos maduros (om), mas já não se encontra
células em fases iniciais da ovogênese, apenas ovócitos em vitelogênese (ov).
(a. e b. aumento 100x; coloração HE)
50
om
om
om
ov
a
ov
ov
om
om
b
Figura 15. – a. Folículo feminino em estádio de eliminação total de gametas,
circundado por folículos em estádio de eliminação parcial de gametas (aumento
100x; coloração HE). b. folículos em estádio de eliminação total de gametas
com ovócitos maduros residuais (om) ou em vitelogênese estagnada (ov)
(aumento 400x; coloração HE).
51
a
b
Figura 16. - a. e b. Mostram estruturas intrafoliculares encontradas dentro do
folículo circundando cada ovócito maduro individualmente, tal estrutura foi
encontrada freqüentemente (a. aumento 100x; coloração HE; b. detalhe de a.
em aumento de 400x; coloração HE)
52
Os espécimes examinados parecem não apresentar um sincronismo nos
estádios dos folículos das gônadas maduras, ou seja, uma única gônada
apresentou folículos em diferentes estádios. Estes estádios podem ir desde
eliminação total de gametas, quando se refere a um exemplar fêmea, até o
estágio de maturidade. Os machos também parecem apresentar esta
característica, apesar de ter sido observado um maior número de folículos em
mesmo estádio de maturação do que em fêmeas.
Todos os exemplares examinados se encontraram sexualmente
maduros em ambos os sexos, portanto a seleção de indivíduos com
comprimento de concha igual ou superior a 20 mm foi bem sucedida.
53
5. 2 PARASITISMO
Foram encontrados diferentes tipos de estruturas, que se assemelham a
parasitas, em vários indivíduos de ambos os sexos (Figura 17; 18) Estas
estruturas ocupam exclusivamente a área onde se encontram as gônada, em
alguns caso a infestação tornou se tão intensa que quase levou a castração do
indivíduo, fazendo com que os poucos folículos ativos restantes ficassem
estrangulados pelos folículos contaminados (Figura 18).
figura 17. – Estruturas semelhantes a parasitas encontrado em um espécimen
macho, tomando grande parte das gônadas (aumento 1000x).
54
fa
a
b
figura 18. – a. Fêmea com estruturas (destaque), provavelmente parasitas,
ocupando quase toda a área gonadal. Presença de folículo ativo (fa) (aumento
100x, coloração HE). b. Macho com quase castração devido a presença de
estruturas (destaque) semelhantes a parasitas (Setas folículos ativos
estrangulados entre os folículos contaminados) (aumento 100x; coloração HE)
55
6. DISCUSSÃO
O ciclo reprodutivo de Tivela mactroides parece ser contínuo sem fase de
repouso, pois mesmo quando um exemplar fêmea apresentava folículos em
liberação total de gametas, outros folículos se encontravam em outros estádios
de produção de ovócitos ou maturidade. No caso dos exemplares machos não
foram encontrados folículos com eliminação total de gametas e a atividade
espermatogênica se encontrou em intensa atividade, dificultando assim muitas
vezes a identificação dos estádios.
O ciclo contínuo é comumente encontrado em regiões tropicais e varia
muito dependendo da variação latitudinal. Com este estudo não pode ser
afirmado com certeza esta característica do ciclo, um vez que, foram
analisadas amostras pequenas sendo 15 indivíduos por mês, durante seis
meses.
Narchi (1976) e Grotta & Lunetta (1980) analisaram duas populações de
A. brasiliana, sendo uma no Litoral Norte da Paraíba (6°57’45’’S; 34°51’28’’ W)
e outra na Bahia de Santos (23°47’S,
46°22’ W), respectivamente, e
encontraram em ambas as populações um ciclo reprodutivo contínuo com
produção constante de gametas e sem um período de repouso.
Já Araújo (2001) ao estudar uma população desta mesma espécie em
Florianópolis (27°38’00’’SE; 48°33’05’’W) encontrou um ciclo não contínuo para
A. brasiliana. A espécie apresentou um período de repouso que compreende
os meses de inverno. Naquela localidade as temperaturas mais baixas que as
normalmente registradas pelas regiões estudadas pelos autores supracitados.
Sendo então o Brasil um país de grande variação latitudinal não se pode
adotar um estudo para qualquer região geográfica do país, pois suas
temperaturas variam muito e, segundo Grotta & Lunetta (1980), esta variação
influencia diretamente no ciclo gametogênico.
No caso de T. mactroides, Prieto (1980) encontrou um ciclo reprodutivo
contínuo na Venezuela (aproximadamente 8º N). A população de Enseada de
Caraguatatuba, no entanto, carecia de um estudo detalhado de seu ciclo
reprodutivo, visto o aumento latitudinal em relação a população estudada no
Caribe.
56
Não foram encontrados indivíduos que apresentassem folículos dos dois
sexos em suas gônadas. Prieto (1980) encontrou apenas 23 exemplares
hermafrodiitas em 2391 indivíduos examinados (aproximadamente 1%). O fato
de hermafroditas não terem sido encontrados neste estudo talvez seja devido
ao baixo número de exemplares examinados (90).
Araújo (2001) observou parasitismo em A. brasiliana em 0,57% dos 881
indivíduos examinados. A identificação precisa do parasita não foi realizada
mas assemelham se a platelmintos trematóides. Os espécimens infectados
apresentavam grande parte da massa visceral repleta de túbulos ramificados,
muitos deles contendo cercárias e pouco tecido interfolicular. Em alguns casos,
as células gaméticas tiveram seu desenvolvimento impedido. Estes casos de
parasitismo foram identificados em indivíduos pertencentes ao intervalo de 21 a
34 mm de comprimento de concha, não ocorrendo em animais de tamanho
inferiores.
Também foram encontradas cercarias em outras regiões da massa
visceral de A. brasiliana, inserindo-se entre os ácinos da glândula digestiva ou
ao redor dos folículos reprodutivos remanescentes. Tal situação não foi
encontrada em T. mactroides, que apresentas parasitismo apenas nos folículos
gonadais.
Algumas comparações podem ser feitas em relação aos estádios
encontrados em T. mactroides e A. brasiliana por diferentes autores (tabela 1).
Prieto (1980) observou em uma população de T. mactroides em
Carupano, Venezuela, um ciclo reprodutivo contínuo sem um período que
cesse totalmente a reprodução. Revelou a existência de um não sincronismo
na maturação sexual dos folículos de um mesmo especimen, e a desova ocorre
por todo o ano com repetições contínuas de ciclos gametogêneses.
Os estágios encontrados em T. mactroides assemelham se aos
encontrados por Pietro (1980) e os encontrados em A. brasiliana, por Narchi
(1976) e Grotta & Lunetta (1980).
Assim como Grotta & Lunetta (1980) não encontraram liberação total nos
exemplares masculinos de A. brasiliana, também não foram encontrados
exemplares de machos de T. mactroides em liberação total. No entanto o
período de amostragem foi curto (6 meses) e tal fato pode ser devido a isto.
57
Um estudo a longo prazo talvez poderia completar todos os estádios obtidos na
literatura para espécies assemelhadas.
Os números de estádios descritos na Tabela 1 revela a semelhança entre
a literatura e o presente estudo, assim como suas descrições. Apesar desta
semelhança os nomes dados a cada estádio são diferentes, pois cada autor
adota um nome que mais identifica ou se adapta a sua espécie.
58
Tabela 1. Comparação dos estádios de desenvolvimento da gônada em indivíduos sexualmente maduros, em diferentes
espécies e localidades.
Estádios
Espécie
Macho
Região geográfica
Autor
Fêmea
A. brasiliana
- Gametogênese/ Maturidade
- Eliminação parcial de gametas
- Eliminação total de gametas e
período de repouso
- Gametogênese
- Maturidade
- Eliminação parcial de gametas
- Eliminação total de gametas e período
de repouso
A. brasiliana
- Folículos totalmente preenchidos
por gametas
- Esvaziamento parcial dos folículos
- Fase de restauração da gônada
- Fim da Gametogênese
- Folículos totalmente preenchidos por
gametas
- Esvaziamento parcial dos folículos
- Fase de restauração da gônada
- Fim da Gametogênese
A. brasiliana
- Maturação e eliminação
- Eliminação parcial e recuperação
- Recuperação
- Maturação e eliminação
- Eliminação parcial e recuperação
- Eliminação total
- Recuperação
T. mactroides
- Indeterminado
- Maturação avançada
- Maturação total
- Desova parcial
- Desova total e degeneração
- Indeterminado
- Maturação avançada
- Maturação total
- Desova parcial
- Desova total e degeneração
T. mactroides
- Gametogênese
- Maturidade
- Eliminação parcial de gametas
- Gametogênese
- Maturidade
- Eliminação parcial de gametas
- Eliminação total de gametas
Florianópolis, SC
(27°38’00’’SE; 48°33’05’’W)
Bacia de Santos
(23°47’S, 46°22’ W)
Araújo (2001)
Narchi (1976)
Bacia de Santos
Grotta & Lunetta
(23°47’S, 46°22’ W)
(1980)
Carupano, Venezuela
(aprox. 8° N)
Pietro (1980)
Caraguatatuba, SP
(23 o40 S 45 o24’ W)
Presente estudo
59
7. REFERÊNCIAS
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ANEXO A
Estágio Supervisionado - 2004
Curso de Ciências Biológicas
Formulário para descrição de atividades de estágio
Aluno: Carla Guinart Marques
Entidade/Empresa/Instituição onde realizou os estágio: UNIFEOB
Responsável/Orientador do estágio: Alexander Turra
Período (mm/aaaa): janeiro de 2004 a outubro de 2004
Tempo total do estágio (horas): 480
Relato das atividades desenvolvidas:
Durante o período de janeiro de 2004 a outubro de 2004 foram realizadas
coletas mensais compreendendo em 60 espécimens de Tivela mactroides por
mês, que eram dissecados e fixados em Bouin por 24hs e conservados em alcool
70%, esses exemplares eram coletados aleatóriamente por toda a Enseada de
Caraguatatuba, SP.
As amostras ao chegarem no laboratório, antes de passarem por processo
histológico, foram lavadas em água amoniacal para retirado do excesso de Bouin
que reseca o material no processo histológico.
Em laboratório essas amostras foram seccionadas em três cortes
transversais obtendo 4 partes iguais que foram colocadas em cassetes, para
realização de técnicas histológicas rotineiras, sendo:
- desidratação em regreções etílicas indo de alcool 70% a alcool 100%
- diafanização em Xilol
- parafinização e emblocamento em parafina com formas de alumínio.
Os blocos foram cortados em Campinas na Unicamp (Dep. de Histologia e
Embriologia), foram realizados .
Os cortes foram corados com Hematoxilina de Harris e Eosina e as laminas
foram montados com lâminula e balsamo, na Unifeob no laboratório de Ecologia.
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As lâminas foram lidas e análizadas as gônadas tanto de especimens
machos quanto fêmeas, e classificados quanto a seus estádios de gônodas
maduras.
Após as leituras algumas lâminas foram selecionadas e fotografadas na
Unicamp no Dep. de Zoologia, As melhores fotos foram editadas para e laboração
do Trabalho de Conclusão de Curso.
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