Para D. Quixote era um cavaleiro inimigo, para o moleiro, o seu

Transcrição

Para D. Quixote era um cavaleiro inimigo, para o moleiro, o seu
r evista
do
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d e
p r evi d ê nc i a
s e t e m b r o /o u t u b r o d e 2 0 1 4 , n ú m e r o 1 7, i i s é r i e
Para D. Quixote era um
cavaleiro inimigo, para o
moleiro, o seu ganha-pão,
para quem aqui vive
é uma casa onde não
se conhecem cantos.
pvp €1,00
www.cofre.org
ISSN 2182-1437
Moinho Português
9
772182
143004
Cofre / Ano XVIII / II série / N.º 17 / Setembro-Outubro 2014 / www.cofre.org
Ficha técnica / Presidente Tomé Jardim [email protected] / Directora Luísa Paiva Boléo [email protected] / edição Cofre de Previdência
Cofre de Previdência dos Funcionários e Agentes do Estado
15 de Dezembro
Participe na
Assembleia Geral
Ordinária
/ conselho redactorial Tomé Jardim, Francisco Pinteus, Elder Fernandes, Manuela Charrua, Catarina Santos, Vitor Luz / responsável
editorial Ricardo Henriques [email protected] / Fotografia de capa joaofilipe / Fotografia Cláudia Peres, Sara Ferreira e Paulo Muge /
Direcção de Arte e design Silvadesigners / Publicidade Sara Ferreira e Susana Inácio [email protected] / Colaboradores deste número Nuno
Pacheco, Celso Barros, Manuela Charrua Franco, João Rodrigues, Mafalda Queiroz, Teresa Salvador H. / ilustração João Maio Pinto, Nuno
Saraiva, André Carrilho / Secretária Sara Ferreira / Contactos do Cofre Rua do Arsenal, Letra E, 1112-803 Lisboa e Rua dos Sapateiros, 58,
1100-579 Lisboa / Telefone 213 241 060 / Fax 213 470 476 [email protected] / NIF 500969442 / PVP ¤1,00 / Impressão Multiponto, S. A. / issn
2182-1437 / depósito legal 324664/11 / registo ERC 119146 / Periodicidade Bimestral / Tiragem 48 000
18
26
28
Cartas
P. P. P. Carta a um amigo
que nunca foi
ao Pico
Compotas
dos sócios
carlos brandão lucas
receita
32
P. consultório
médico
34
14
P. P. cara-a-cara
70 anos
História da Chico
anestesia Buarque
8 P. 25
P. entrevista
Centro
de Lazer
do Vau
novo sócio
Manuela Charrua Franco, Daniel
conselheira do Cofre Gouveia
Nos termos do nº 2 do Art.º 86º dos Estatutos, vai reunir, no dia 15 de Dezembro
de 2014, pelas 19H00, na Sede do Cofre, Rua do Arsenal, Letra F, em Lisboa,
a Assembleia Geral Ordinária, com a seguinte ordem de trabalhos:
40
P. viagem da minha vida
Báltico
1 – Apreciação e votação do orçamento ordinário para o ano económico de 2015;
20
2 – Informações
P. efemérides
Açores
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
(João Adelino Marques Pereira)
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Editorial / Da Palavra do Presidente
Momentos
tomé jardim
C
omo referi na anterior conversa
tida convosco, a passagem da revista Cofre de três para dois meses traz-nos mais trabalho mas
também mais motivação e sentimos, pela
correspondência recebida, um maior número
de Associados a ler a nossa revista. O encurtar o tempo e o envio de notícias mais fresquinhas é também uma forma de confortar
os mais sós, e tornar mais apelativo o espaço de leitura gera um maior retorno. Também conversámos um pouco acerca da nossa
Quinta de Santa Iria e do Campus de Ciência
Viva ali em vias de instalação onde tenho ido
semanalmente e, um pouco mais espaçado,
acompanhado pelo Professor Máximo Ferreira que como sabem tem, desde o início do
projecto supervisionado, no âmbito da sua
área, as questões técnicas relacionadas com
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a observação astronómica e o planetário, as
quais estão concluídas. O resto das obras,
arranjos exteriores e outros acabamentos,
estão na recta final. Contamos por isso proceder à sua abertura no fim-de-semana de
14 e 15 de Novembro com a colaboração da
Academia de Música do Fundão, na pessoa
do seu Director Dr. João Correia e do actor
Ruy de Carvalho e família que vão representar, naquele espaço, a sua última peça. No dia
15 será igualmente representada, em estreia
mundial, uma peça infantil denominada Os
Animais da Quinta No Espaço, escrita, encenada, dirigida e representada por trabalhadores do Cofre. Convidámos para assistir os
alunos das escolas do concelho da Covilhã
onde a Quinta está inserida. Estão por isso
todos/as convidados/as, todavia, por a lotação ser apenas de 200 lugares, ter-se-ão de
fazer entradas sorteadas para os convites. A
Residência Universitária do Porto tem como
a de Lisboa a lotação esgotada e com lista de
espera, assim tivemos de aumentar a cozinha para os nossos universitários cozinharem, sim, a Residência para além de os alojar também os vai educando na execução de
outras tarefas, como acontece na de Lisboa.
No prédio da Rua da Prata, propriedade do
Cofre, de que temos vindo a falar, na sexta-feira dia 17 de Outubro, acompanhado do Dr.
Elder Fernandes, na qualidade de Presidente
do Conselho Fiscal, assinei, juntamente com
o Eng.º Manuel Salgueiro, comproprietário
dos 25% detidos pela família, o contrato de
promessa de compra e venda. Esperamos ter
em Maio de 2015 as obras concluídas e ainda
naquele mês mudarmo-nos para a nossa nova
sede e aí fixar todos os trabalhadores num
único espaço tornando mais confortável, o
seu local de trabalho e para os nossos Associados uma maior acessibilidade e rentabilizar assim o nosso prédio da Rua dos Sapateiros. A nossa equipa de angariação de sócios
tem estado a fazer um excelente trabalho e
na próxima edição dar-lhes-ei notícias em
números. Vamos continuar a renovar os nossos Estatutos encontrando-se agendada para
o dia 24 de Novembro pelas 19h00 horas
uma Assembleia Geral Extraordinária
para o poder fazer esperando da vossa parte
um contributo de ideias e sugestões. Lembro
também a nossa Assembleia Geral Ordinária a ter lugar no dia 15 de Dezembro às
19h00 horas, para a apresentação do Plano e
Orçamento para o ano de 2015.
Falemos agora dos assuntos desta Revista: a
entrevista concedida pela vogal do Conselho
de Administração D. Maria Manuela Franco
Charrua, no âmbito de dar a conhecer quem
é quem no C.A. As actividades de Verão idealizadas e acompanhadas pelas trabalhadoras
do Cofre nos nossos Centros de Lazer, destinados aos Associados e filhos. Um êxito, como
o testemunham os inquéritos efectuados e
anexados ao relatório entregue ao C.A. juntamente com as despesas efectuadas de Junho a
Setembro no montante de ¤6.451,94. A nossa
rubrica Cara-a-Cara, desta vez em duplicado,
onde se vão dando a conhecer os homens e as
mulheres que trabalham no Cofre e contribuem para o bem-estar dos nossos Associados; apresentamos a equipa do Vau e a nova
equipa de Angariação de Sócios. As vindimas
na Quinta de Santa Iria, este ano com uma safra muito mais baixa: 2000 litros de tinto com
alguma qualidade e branco sem qualidade foi,
com muita pena nossa, para queimar, o tempo não foi amigo do agricultor. Mostramos a
recepção aos novos alunos na Residência Universitária de Lisboa. A maior parte dos estudantes renovaram os seus contratos e esperamos dos estudantes do Porto a mesma atitude
para o ano. É notícia a festa muito simpática
e bonita ocorrida na Residência Sénior de
Loures para comemorar os 100 anos da nossa
residente D. Maria dos Prazeres – os nossos
votos de felicidades e mais aniversários por
muitos anos com a sua simpatia. Obrigatório
ler o artigo sobre os 70 anos do artista Chico Buarque de Hollanda do jornalista Nuno
Pacheco bem como o do editor da Revista
Ricardo Henriques versando a obra discográfica, igualmente a não perder. As receitas da
nossa associada Teresa Salvador a fazerem
crescer água na boca. O consultório médico,
com um artigo a ler atentamente, escrito pelo
Dr. Celso Barros. A viagem da minha vida do
associado João Rodrigues e a apresentação à
família Cofre do novo sócio Daniel Gouveia.
O habitual consultório de Língua Portuguesa.
Igualmente a não perder as Efemérides relativas aos Açores, onde temos várias centenas
de Associados, arquipélago de onde guardo as
melhores recordações paisagísticas e humanas. Conto revê-las para o ano numa viagem
organizada por Sócios naturais daquelas ilhas
e por continentais, lembrando aqui, se me
permitem, dois Amigos e Associados – os senhores Luís Horta e Cabral de Melo. E muito
mais há para ler e fazer. Não se esqueçam de
enviar notícias, contos, poemas e fotografias,
receitas, histórias de vida. Aqui os aguardamos. Onde estão os Associados pintores, retratistas, caricaturistas e fazedores de outras
artes? Teremos certamente na família Cofre
todas estas artes, apresentem-se e nós divulgamos os vossos trabalhos. n
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Notícias / Aberto a 7 chaves
100 Anos!
por Mafalda Queiroz
No passado dia 9 de Agosto, celebrámos o centenário da nossa Residente, D.ª Maria dos Prazeres,
mais conhecida como D.ª Micas.
Nasceu a 9 de Agosto de 1914, em Serapicos, Concelho de Bragança. Uma vida cheia de histórias para
contar, cheia de cor e de exemplo para todos nós e
para toda a sua família.
Neste dia juntámos família e amigos, netas e bisnetos para celebrar esta data histórica.
A tarde começou com uma celebração em Acção de
Graças, pelos cem anos da D.ª Micas, presidida pelo
padre António e abrilhantada pelo Coro da Residência. Depois seguiu-se o lanche, onde se cantaram os
Parabéns e se partilhou um grande bolo, como não
poderia deixar de ser.
Como cem anos podem tirar algum fôlego, os bisnetos
ajudaram a D.ª Micas com as velas. E claro, não faltou
a tarte de maçã, que a homenageada tanto aprecia.
No final os Residentes entregarem a sua prenda,
construída pelos mesmos – um grande ramo de flores feito de rolhas de cortiça.
Um dia histórico também para a Residência Sénior
de Loures que, em todos estes anos de existência,
é a primeira vez que tem uma centenária a residir.
Mais uma vez deixamos os nossos votos de felicitações à D.ª Micas. Que continue a encher os nossos
dias com o seu sorriso.
Cursos frequentados
pelos residentes das RU
RU Lisboa
• Engenharia
Informática
Jantar de boas-vindas
no novo ano lectivo
por Sónia Ferreira
Com a chegada do novo ano lectivo, a Residência
Universitária de Lisboa encheu-se de muitas caras
novas e outras já conhecidas. Para promover a integração dos novos residentes e celebrar o início do
ano académico 2014/2015, a equipa de trabalhadoras
da RUL, Sónia Ferreira e Patrícia Castro, com a ajuda
das colegas Sara Ferreira e Susana Inácio, trataram
de todos os preparativos, organização do espaço e
confecção do jantar de acolhimento, que teve lugar
no passado dia 25 de Setembro.
Uma noite amena propiciou a projecção do convívio
até ao terraço. Os estudantes, equipa de organização
a que se juntou a Maria Helena Baeta, disfrutaram
de uma ementa variada, de boa companhia e de vários momentos de convívio. A dança não faltou.
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• Direito
• Med. Veterinária
• Medicina
• Marketing
• Gestão
RU Porto
3
2
1
• Serviço Social
• Línguas, Literaturas
e Culturas
• Lic. Chengdu
em Medicina Chinesa
• História da Arte
• Gestão Hoteleira –
– Restauração e Bebidas
• Gestão de Informação
• Finanças e Contabilidade
• Engenharia de Materiais
• Engenharia Ambiental
• Economia
• Contabilidade e
Administração
• Ciências da Comunicação
• Direito
3
1
• Pós-Doutoramento
• Arquitectura
• Ciências Políticas
• Pós-Graduação
Farmácia
• Engenharia e Artes
• Técnico de apoio à Gestão
Desportiva
• Ciências da Tecnologia
• Ciências Socioeconómicas
• Economia
• Optometria
• Bioengenharia
Vindimas
Poucas, mas óptimas
A primeira nota de prova das vindimas deste ano é
a pouca quantidade de uva, devido às más condições
atmosféricas, com destaque para as trovoadas de Setembro. A segunda é mais animadora, a qualidade
das castas recolhidas é excepcional, o que, se nada
de imprevisível acontecer no decorrer do processo
de vinificação, resultará num vinho com um óptimo
final de boca. Se o néctar de Santa Iria dependesse
apenas do trabalho e dedicação de todos os intervenientes, Robert Parker, o nariz mais famoso da crítica de vinhos, poderia começar imediatamente a escrever a sua crítica laudatória. Durante os dois dias
de vindimas, sete associados, dos quais cinco reinci-
dentes e duas estreias absolutas na Quinta de Santa
Iria, ajudaram activamente a equipa local na apanha
e no desengaço. O entusiasmo do chef Francisco e a
bonomia do caseiro Ti João ajudaram a motivar todos os trabalhadores que abraçaram o trabalho duro
como se fosse uma simples apanha de malmequeres.
A uva fermentou durante seis dias no lagar tradicional de pedra e, após retirada para as cubas, deu origem a 2000 litros de vinho, dos quais cerca de metade irá estagiar em carvalho francês e ser engarrafa
com a designação Reserva do Presidente. O almoço
do segundo dia de vindimas reuniu todos os braços
da apanha na sala com vista para o lagar e até houve
direito a música ao vivo tocada num realejo.
As fotos utilizadas foram tiradas durante as vindimas do
ano passado.
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Centros de lazer / Actividades de Verão
texto Sar a Ferreir a
Núcleo de Acção Social do Cofre de
Previdência desenvolveu, pelo segundo ano consecutivo, as actividades
de Verão nos Centros de Lazer direccionadas aos mais pequenos. Pelo sucesso que as
actividades tiveram no ano passado na Quinta de
Sta. Iria (Covilhã), alargámos este ano ao Centro
de Lazer do Vau.
As actividades dirigidas a miúdos e graúdos decorreram durante os meses de Julho e Agosto de forma gratuita e procuraram promover uma educação
integral da criança através de experiências de educação informal. Houve toda uma preocupação para
que, além de alegria e diversão garantidas, fossem
O
pensadas para transmitir um valioso conteúdo educativo e de consciencialização dos valores ambientais pela utilização de materiais recicláveis.
Este projecto desenvolvido pela equipa técnica do
Cofre, contou com a ajuda dos trabalhadores que
se voluntariaram para acompanhar no local as actividades. Estas consistiam em diversos ateliers temáticos (comedouro para pássaros, atelier do chef,
aquários, crocodilos, molduras), jogos tradicionais,
de água e de destreza, sessões de cinema infantil,
horta pedagógica, alimentação aos animais, visita a
quintas pedagógicas, cascata, entre outras.
No Centro de Lazer do Vau as actividades que mais
marcaram as crianças foram, sem dúvida, as que
Centro de Lazer do Vau
envolviam directamente o contacto com a natureza.
A visita à Quinta Pedagógica de Portimão foi um sucesso, onde para além da alimentação aos animais
tiveram a possibilidade de fazer, por eles próprios,
o pão e a sementeira. As noites decorriam sempre
com bastante euforia dos mais pequenos para assistirem aos filmes, com as pipocas, estando praticamente sempre sessão lotada.
No Centro de Lazer da Quinta de Sta. Iria os atelieres do chef eram motivo de muita alegria e pinceladas de farinha no nariz dos pequenos cozinheiros,
os passeios de charrete faziam as delícias de pais e
filhos. Já a alimentação aos animais, com o transporte realizado por um tractor, bem como a planta-
Centro de Lazer de Santa Iria
Algas, peixes e palmeir as!
As galinhas são muito comilonas!
Não me molhes!
Consegui!
Passeio de tr actor
Pintur as de Ver ão
«O melhor do mundo são as crianças.»
Uns tr abalham e outro aprende a ver
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ção de legumes na quinta, com a sempre presença
dos nossos caseiros, tornavam o início e final de
tarde o ponto alto dos jovens agricultores. Mas nem
todos os programas foram dirigidos aos mais pequenos, todas as sextas havia “Arraial na Quinta”,
petiscos típicos portugueses e musica tradicional
portuguesa alegravam os finais de tarde num ambiente caracterizado por uma de beleza natural não
menos que idílica.
Venham visitar a exposição com os trabalhos dos
nossos mais pequenos artistas na Rua do Arsenal
das 9h00 às 16h30.
Para o ano temos mais actividades e animação nos
nossos Centros. Não percam! n
Semear par a o futuro
A minha primeir a
pizz a
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Entrevista / Dentro do contexto
fotogr afia Cláudia Peres
O Alentejo
é o meu
balão de
oxigénio
Manuela Charrua Franco,
conselheira do Cofre
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Nasceu no Alentejo numa família
tradicional. Como foi o embate
quando veio estudar para Lisboa?
Nasci numa simpática e linda vila
alentejana, Montoito, berço dos meus
avós e bisavós do lado materno, local
onde passava férias e fins-de-semana
durante a infância. Cresci numa cidade cheia de História – Évora. Foi aí que
dei os primeiros passos, estudei e fui
educada, no seio de uma família católica, solidária, e que sempre me incutiu os valores da amizade e do respeito
pelos outros! Foi em Évora que dei os
primeiros passos como escuteira, condição que mantive ao longo da minha
vida. Terminei o ensino secundário
no Liceu Nacional de Évora. Rumei a
Lisboa na segunda metade da década
de 70, nos anos pós-revolução para
continuar os meus estudos, agora na
Faculdade de Farmácia. O ambiente
académico era também bastante conturbado. Muitas R.G.A., alguma confusão, reformas do ensino e o despertar para a apreensão do conhecimento
de correntes políticas até então desconhecidas, partidos e movimentos de
surgimento rápido, imbuídos de princípios nobres, mas nem sempre bem
conduzidos. Foi obrigatório o contacto com novas realidades, vivências e
culturas! Nas Universidades cruzavam-se pessoas oriundas de diversas
realidades, muitos recém-chegados
dos territórios das ex-colónias, portadores de valores e culturas tão diferentes da realidade continental, mas
que foram extremamente enriquecedoras. Aos 19, 20 anos somos uma
esponja que absorve o conhecimento
com alguma avidez. Por outro lado,
considero que toda aquela vivência
me deu um enriquecimento pessoal,
abriu-me horizontes para um mundo,
até então desconhecido. Além disso,
o contacto com pessoas diferentes
contribuiu em absoluto para a formação da minha personalidade, nomeadamente no que concerne ao facto de
estar mais atenta aos outros. Apesar
da distância e da confusão nunca perdi
os elos com a minha terra. Os fins-de-semana eram sempre esperados com
ansiedade para regressar às origens.
Ainda hoje, o Alentejo continua a ser o
“meu balão de oxigénio”! Tenho uma
ligação umbilical à terra, às pessoas e
aos costumes do Alentejo! Os cheiros
e a luz da planície são uma terapia de
que não prescindo.
Interessou-se, desde muito nova,
pelos direitos dos trabalhadores.
Como aderiu ao sindicalismo?
Quais os melhores momentos dessa
experiência?
O sindicalismo não foi uma prioridade
na minha vida; aliás, de certa forma,
sempre rejeitei as instituições de matriz política, não gosto de amarras. O
sindicalismo aconteceu um pouco por
acaso, uma vivência que já teve lugar
enquanto trabalhadora dos impostos.
A determinado momento, tendo surgido alguns conflitos de interesse entre
os trabalhadores e a administração,
aconteceu essa necessidade de salvaguardar os direitos das pessoas. Nessa
altura foi necessário que a união entre
todos se fizesse em torno de um pólo
comum, logo, o sindicato dos trabalhadores dos impostos foi a associação
escolhida para travar essas batalhas.
À medida que outros conflitos de interesse surgiam, o desafio das reivindicações e a defesa dos direitos tornavam-se mais óbvios e marcantes, daí
a minha ligação ao STI durante quase
30 anos, sem interrupções. Vivemos
momentos empolgantes, com algumas
vitórias. Pelo caminho, algumas desilusões, mas sempre a convicção de que
fizemos o melhor que sabíamos e podíamos. Quando se milita uma causa é
difícil não se ser participativo. Entendo o sindicalismo como uma manifestação de abnegação e altruísmo, onde
os direitos do colectivo se sobrepõem
aos interesses individuais – sempre!
Neste caminho já passei por algumas “desilusões”, mas, quando se é
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Entrevista / Dentro do contexto
Sou…
Sou lago de água parada
Reflectindo o azul do céu?
A minha vida estagnada
É prata sob alvo véu!...
Não sou alva… não sou pura…
Sou apenas uma fraga,
Abismo que não tem fundo…
Nele me perco e não me encontro...
Afinal, quem sou no Mundo?
Sou destruição da “corrente”…
Vivo na terra e tenho asas…
Sou racional e descrente…
Adoro o fogo,
Venero o lume…
Sou planície sem fim…
E… sou montanha sem cume!...
Mas se eu pudesse ser nascente
D’alvura jamais poluída
Seria… o sangue da Terra
Cantando, de pedra em pedra
Um Hino D’Amor à VIDA!!!...
CFR 10 www.cofre.org
sindicalista, essa chama mantém-se viva, ainda que, de vez em
quando, aparentemente, adormecida. Nos tempos presentes chega
a ser doloroso ser-se sindicalista,
ter a noção das rea­lidades sociais
e económicas que nos rodeiam,
perceber o espartilho social e
profissional dos cidadãos e não
conseguir fazer valer os seus direitos, justa­mente e garbosamente adquiridos ao longo de tantos
anos, é frustrante e desanimador.
O despudor e a falta de escrúpulos de alguns que vêem os sindicatos como rampa de lançamento
para a projecção pessoal são outra rea­lidade dos nossos tempos.
Considero estas manifestações
exemplos vivos do nosso retrocesso civilizacional.
Tem uma filha já formada.
Como encara o futuro dos
jovens, neste momento político
cheio de dificuldades? A
emigração é futuro para eles?
Vejo com alguma apreensão e angústia o futuro colectivo dos jovens
no meu país. Naturalmente que,
considerando a actual conjuntura
política e social, afigura-se frustrante o resultado do investimento
efectuado na educação dos nossos
filhos, como forma de garantia e
segurança num futuro risonho e
participativo em termos sociais
e económicos da nossa herança,
aquela que deveríamos transmitir-lhes, num estado de maior
maturação e garantia dos direitos
adquiridos ao longo dos últimos
quarenta anos. Tenho orgulho no
meu país, acredito que o espírito
colectivo de uma nação ressurge
do entorpecimento em que permanece, latente, quando os desafios não se mostram de grande envergadura! A História mostra-nos
que a evolução dos povos e lugares
é cíclica, por vezes é necessário
perder o direito ao “supérfluo”
para valorizar o “essencial”. Acredito na memória colectiva e naquilo que ela pode representar nas
decisões sociais, políticas e económicas dos cidadãos. Porque tenho
amor à minha terra, não considero
a emigração uma solução para as
novas gerações, antes pelo contrário, só o facto de se encarar essa
possibilidade como último recurso, parece-me ser uma atitude
irresponsável por parte daqueles
que a defendem como solução de
curto e médio prazo. Ninguém
deve ser espoliado das suas raízes,
da sua identidade como forma de
iludir ou mascarar os efeitos desastrosos de políticas imbuídas
de interesses duvidosos, onde a
corrupção, o compadrio e a falta
de respeito pelos direitos dos cidadãos impera, cidadãos que eles
próprios suportam essa máquina
desumanizada chamada por vezes
de “globalização” e outras de “alta
finança económica mundial”. Portugal é o berço dos portugueses,
ninguém pode ser expulso da sua
casa. A emigração nunca pode ser
o futuro, emigração (obrigada) é
exclusão!
É sócia do Cofre há quantos
anos? Pertence ao Conselho
de Administração do Cofre há
duas "legislaturas". Diga-nos
quais as áreas onde pensa que
o Cofre ainda pode “chegar
mais longe”.
Sou sócia do Cofre de Previdência dos Funcionários e Agentes
do Estado há cerca de 30 anos.
Era uma Instituição de inscrição obrigatória para os funcionários dos impostos. No entanto, pela sua génese e objectivos
foi desde sempre uma Associação
que me prendeu. Por isso, embora
de forma discreta, sempre estive
ligada e presente na vida desta
Instituição centenária, participando das suas Assembleias estatutárias, nalguns dos eventos
mais significativos ocorridos ao
longo destes últimos 30 anos e na
divulgação dos seus princípios.
Nos últimos quatro anos, quis o
destino que essa proximidade se
tornasse mais óbvia, uma vez que
sou membro do Concelho de Administração do Cofre, no passado
mandato (2011-1013) e no actual
(2014-2017). Tenho o privilégio de
pertencer a uma equipa com espírito inovador e de carácter abnegado, que detém, na figura do
seu presidente Dr. Tomé Jardim,
a dinâmica e a vontade férrea de
inovar e modernizar a estrutura,
adaptando-a à realidade dos nossos dias, com responsabilidade e
na perspectiva de responder aos
novos desafios do futuro e aos
anseios e necessidades mais imediatas dos sócios. Dinamizar o
Cofre é obrigação de todos nós, só
assim será possível manter vivo
este legado, de que todos devemos orgulhar-nos. Sendo a vertente de apoio social a expressão
mais tradicional e cada vez mais
necessária no universo dos seus
sócios, considero que será nesta área onde deveremos envidar
esforços tendentes a uma maior
sustentabilidade seja através da
angariação de novos sócios, seja
através de novas formas de crescimento económico. No entanto
será igualmente relevante para a
sustentabilidade da Instituição o
desenvolvimento das áreas culturais e de lazer no universo dos
associados.
Fale-nos um pouco dos seus
gostos e momentos de lazer.
Pessoalmente considero-me uma
pessoa simples. Não tenho grandes
ambições humanas, gosto de ler e
cultivo esse hábito, na intimidade
e em círculos restritos de amigos.
As tertúlias culturais conti­nuam a
fazer sentido no meu modo quotidiano de viver. Os amigos de infância e adolescência estão cada vez
mais presentes no meu dia-a-dia.
Gosto de música e de poesia. O
fado, como expressão máxima da
alma portuguesa continua a ser a
expressão eleita da voz de Camões.
Como alentejana que me prezo de
ser, retenho na expressão vocal
dos “cantares alentejanos” o testemunho histórico da vida de um
povo. A música clássica tem um
lugar privilegiado na minha vida.
A arte do espectáculo, nomeada­
mente o teatro, é um apelo que,
infelizmente, face à escassez de
tempo para a sua usufruição não
tem tido a melhor expressão no
meu dia-a-dia. As viagens fizeram
a diferença na minha vida durante vários anos, neste momento não
vivo nessa ansiedade. Um dos países que mais me fascina é a Itália.
Veneza, Florença e Assis são espaços que me atraem. A pintura é a
expressão artística que mais me
envolve. Tenho um leque muito
diversificado de interesses, é difícil falar de mim. O livro que desde
a infância mantenho como ensinamento constante é O Principezinho. A Mensagem, de Fernando
Pessoa é outra obra literária que
me prende. A quinta da Regaleira,
em Sintra, é um lugar mágico onde
consigo perceber a sumptuosidade
de outras dimensões ligadas à humanidade, na sua génese, evolução
e destino. Sou assim… n
Nota biográfica
Maria Manuela Charrua
Franco nasceu em
Montoito (Alentejo) no
mês de Maio de 1955.
Filha única frequentou
o liceu de Évora e
cursou Farmácia na
Universidade Clássica
de Lisboa. Foi dois anos
professora no Ensino
Secundário. Trabalhou
no Tribunal Tributário
nos anos de 1983 e 1984
tendo em Novembro de
1985 entrado no IVA.
Foi co-fundadora da
ONDIL – Organização
Nacional para a Defesa
dos Interesses dos
Liquidadores (1987-1989).
Delegada sindical dos
S.A. IVA entre 1987
e 2009. Entre 2000 e
2011 foi membro da
Direcção Nacional do
STI e em 2013 Presidente
da Direcção Distrital
de Lisboa do referido
sindicato e delegada ao
Conselho Geral do STI
desde 1998 e durante
quatro mandatos
consecutivos. Exerce
o cargo de Técnica de
Administração Tributária
na D.S.IVA.
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Humano és / Aquilo que fazemos e que nos faz assim
texto ricardo henriques / ilustr ação nuno sar aiva
TORRE SÉNIOR
Residências Assistidas ~ Caldas da Saúde
Instalações
• Fácil acessibilidade aos grandes centros urbanos
(Porto, Braga, Póvoa Varzim e Guimarães)
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varanda exterior)
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• Terraço exterior panorâmico
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• 10 Hectares de Espaços Verdes
• Clínica médica
• Canais televisão por cabo e rede wireless
• Espaço de oração ecuménico
Serviços
• Serviço permanente (24h/24h)
• Assistência Médica e de Enfermagem
• Programa individual de controlo dos fatores de risco
• Piscina e Hidroterapia
• Estética e SPA
• Plano Atividades Ocupacionais e Criativas
• Serviço de restauração e lavandaria
• Transporte privativo regular ao centro das cidades
de Santo Tirso, V.N. Famalicão e Trofa
estadias temporárias
ou permanentes
TORRE SÉNIOR
Rua Marechal Humberto Delgado, 1458
4780-039 Areias Santo Tirso
w w w. t o rre s e n i o r. p t
w w w. fa c e b o o k . c o m / To rre S e ni o r
Em frente ao Colégio A Torre dos Pequeninos
252 809 900 • 937 200 405
GPS 41.355472, -8.482194
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Teremos
sempre
Eros
o que toca ao amor há um conceito seminal e fecundo, o mito das almas gémeas. Recuemos até uma certa tertúlia,
em terras helénicas, onde o dramaturgo
Aristófanes, o fabulista Fedro, o poeta Agatão e o
filósofo Sócrates, entre outros, decidem dar algum
descanso ao vinho e debater a metafísica do amor.
Aristófanes fala de como a natureza humana começou por ter três géneros, o homem-homem, a mulher-mulher e o homem-mulher, também chamado
de andrógino. Cada um tinha a forma esférica, quatro braços, quatro pernas, duas caras, uma cabeça
e os dois sexos respectivos. Estes primeiros humanos foram insolentes ao ponto de terem invadido
a morada celeste dos deuses. Zeus, irado, pensou
acabar com a afronta aniquilando-os, mas preferiu
um castigo menos drástico, cortando-os ao meio.
Depois pediu a Apolo para fazer de cirurgião plástico na zona de corte e moveu-lhes ainda o sexo para
a frente, de modo a poderem perpetuar-se. Desde
então que as metades perdidas se procuram e assim
se explicam as duas versões de amor homossexual e
a de amor heterossexual. Quando têm a sorte de se
encontrar as metades só querem fundir-se e regressar à unidade primitiva. Esta é uma das histórias de
O Banquete de Platão, onde se exploram as complexidades de Eros, o amor-paixão. Vários discursos à
frente, Sócrates relata uma outra festa, a propósito
do nascimento de Afrodite, a deusa do amor e da
beleza, onde Pénia – a pobreza – entra à socapa e
faz um filho ao embriagado Poros, que personifica a
riqueza e a astúcia. Desta filiação nasceu Eros, não
N
um deus, mas um daimonion – intermediário entre
mortais e imortais – o jovem seguidor de Afrodite,
nem sábio nem ignorante, que aspira ao Belo e deseja incessantemente “aquilo de que é carente”. Sem
metafísica, mas com meta física, quando o amor
é um desejo que se concretiza então os mortais
acreditam por instantes que podem transcender a
morte. Tudo perfeito até se atingir o inevitável desgosto amoroso, onde se desmorona a razão de viver
para sempre. Platão, antes de Vinícius, sugeriu que
o amor é infinito enquanto dura, seja o “durante”
de um beijo sôfrego ou de uma temporada tórrida
em Paris. Outro brasileiro, Drummond de Andrade,
disse-o assim: «Já sei a eternidade: é puro orgasmo.» Enfim, desde que Platão “organizou” um banquete de bebedolas há 2400 anos, instituiu-se que
o amor-paixão é: 1) uma peregrinação em busca da
cara-metade que visa recuperar a essência da humanidade; 2) uma oportunidade de transcendência
e 3) uma doença paradoxal que começa por curar
a dor física da separação e acaba por matar o desejo do outro, o mais desastroso efeito secundário do
amor. n
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Biografia / 70 anos
texto Nuno Pacheco* / ilustr ação João Maio Pinto
Chico Buarque
A banda sonora
do Brasil
uando a revista ISTOÉ escolheu O Brasileiro do Século, em 1999, Chico Buarque arrebatou o primeiro lugar na categoria Música com 76,48% dos votos dos
leitores, à frente de Tom Jobim, Vinicius, Milton,
Caetano, Villa-Lobos, entre vinte nomes geniais.
Em 2008, quando a Rolling Stone seleccionou os 100
maiores artistas da música popular brasileira, Chico
ficou em terceiro lugar, depois de Tom Jobim e João
Gilberto. Mesmo quando o crítico Zuza Homem de
Mello escolheu para a revista Época os quinze versos
do século da música brasileira, Chico foi o único autor que teve direito a dois. E podiam ter sido quinze,
justificou o autor. «Chico», escreveu Zuza, «é femininamente sedutor, inteligentemente simples, popularmente culto, ilimitadamente criativo.»
Este feito extraordinário tem correspondência noutra dimensão: tal como Bob Dylan, Chico é um dos
músicos vivos que mais ensaios, estudos e edições
suscitou. A sua obra tem sido ouvida, lida, relida, regravada, dissecada por musicólogos, historiadores
de arte, jornalistas, sociólogos, amadores. Não há
ninguém que não conheça um trecho de uma qualquer canção sua, sentindo nela a força e a delicadeza do Brasil. No ano em que foi lançada «A Banda»,
1966, o jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu que um dia entrou em casa e viu a
mulher e a filha chorando depois de escutarem tal
música. «Dias depois, eu próprio ouvi a marchinha
genial. E a minha vontade foi sair de casa, me sentar
no meio-fio e começar a chorar. Com "A Banda" começa uma nova época na música popular no Brasil»,
escreveu ele n’O Globo.
Na verdade começara antes, a 19 de Junho de 1944,
quando nasceu Francisco Buarque de Hollanda,
quarto filho (em sete) de um historiador célebre e
de uma pianista amadora. Foi no Rio de Janeiro,
mas aos 2 anos já o tinham mudado para São Paulo,
Q
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depois para Itália e de novo para São Paulo. Se aos 5
anos fizera um álbum com fotos de cantores que ouvia na rádio, aos 15 já misturava, nas suas audições,
sambas e Elvis, Brel e The Platters. Mas foi o som de
João Gilberto que o despertou em definitivo. Tanto
que um dos primeiros temas que escreveu, «Canção
dos olhos» (1959), era, confessou mais tarde, «uma
cópia deslavada» do estilo do mago da bossa nova.
Antes, por escrever contos e crónicas no colégio
paulista onde estudou, sonhava ser escritor. O que
só mais tarde concretizou, numa novela e quatro
romances até à data: Fazenda Modelo (1974), Estorvo (1991), Benjamim (1995), Budapeste (2003) e Leite
Derramado (2009). Mas acabou por se resignar a estudar arquitectura e urbanismo até que, aos 20 anos,
altera-se a vida do Brasil, com o golpe militar de 1
de Abril de 1964 (que instaurou uma ditadura que
duraria até 1985) e a sua... estreia-se na TV Record,
lança (já em 1965) o primeiro disco e é convidado
para musicar Morte e Vida Severina, de João Cabral
de Melo Neto (poeta que, não sendo apreciador de
música, gostou do que ouviu). Depois veio o “vendaval” de «A Banda», que o levou do palco dos festivais
até às bocas do povo. O resto é uma carreira imparável, no Brasil (onde, para iludir a censura, chegou
a inventar um compositor-sombra, “Julinho da Adelaide”) e fora dele. Obras-primas escreveu dezenas
(Construção é apenas uma delas) e inúmeras canções suas conheceram versões de outros músicos e
cantores. Quando completou 60 anos, em 2004, teve
direito a uma exposição no Rio e em 2005-2006 viu
serem editados 12 DVD's com a sua história, como
se fosse a banda sonora do Brasil. «Chico», de 2011, e
«Na Carreira», gravado ao vivo em 2012, são os seus
mais recentes discos, não os últimos. Agora, aos 70
anos, está a escrever novo livro. Que mais querer? n
* director-adjunto do jornal público
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Música / Vira o disco e não toca o mesmo
texto Ricardo Henriques
Construção e os outros
Ilustrou a dor de amor, olhos nos olhos, musicou o pá português com cheiro a alecrim,
deu a triste notícia de Joana de tal, por causa de um tal João, fez do malandro um
ser operático, arrumou a definição de saudade e atrapalhou a ditadura ao cantar a
espera do pedreiro e a morte do operário feito pacote bêbado.*
hico Buarque de Hollanda dispensa
apresentações – mas, se por acaso o
leitor esteve em reclusão ou por nascer
nos últimos 50 anos, o artigo de Nuno
Pacheco na pág. 14 colmata essa falta protocolar
– e é sobre a sua grande obra construída, «tijolo
com tijolo num desenho mágico», que vamos aqui
discorrer. «Construção» é o quinto álbum de estúdio de Chico, lançado em 1971, na época áurea do
seu bigode, composto entre o exílio italiano e o regresso ao Brasil. O alinhamento é primoroso, entre canções mais trovadoras e autênticos sambas
anti-ditadura. Falaremos aqui apenas de cinco.
As letras, por vezes em co-autoria, são um exímio
trabalho de talha poética (sem um único rococó) e
C
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contribuíram grandemente para uma ideia que o
próprio Chico admite, o de ser mais reconhecido
enquanto compositor do que cantor. É difícil bater
a simplicidade de «Valsinha», onde Chico, em dois
minutos, canta o crescendo de um grande amor.
«E então ela se fez bonita como há muito tempo
não queria ousar / Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar.» A história
da faixa número 9 começa com «Gesù Bambino»,
uma canção do italiano Lucio Dalla. Chico ficou
amigo de Lucio durante o exílio e fez a sua versão
que ganhou o título de «Minha História», curiosamente quase censurada por ferir susceptibilidades
religiosas. Em «Deus lhe Pague», a primeira faixa,
Chico agradece a terceiros «Por me deixar respi-
rar, por me deixar existir / Deus lhe pague» como
que a anunciar a toada irónica e política do álbum. Se «Construção», o disco, é sem dúvida uma
construção poética por causa de «Construção», a
canção, também o é por causa de «Cotidiano», que
relata a vida de um casal onde tudo é sempre igual,
com as quadras a acabarem num verso onde a boca
do homem ou beija ou cala ou morde com boca de
hortelã, de café, de feijão, de paixão ou de pavor.
Até que chegamos à inevitável canção-título, um
dos mais geniais poemas da língua portuguesa
que terá com certeza levado Camões a dar voltas
de regozijo no seu túmulo manuelino, um épico
composto em dodecassílabos. Os primeiros dezassete versos são praticamente iguais aos dezassete
seguintes, mudando apenas a última palavra, sempre esdrúxula. A poesia, os arranjos do maestro
tropicalista Rogério Duprat, a insistência na rádio
e a desatenção da censura criaram um contexto
único que levaram «Construção» a vender 140 mil
cópias nas primeiras quatro semanas e a tornar-se numa das músicas mais celebradas de Chico
Buarque, considerada pela revista Rolling Stone
a melhor canção brasileira de todos os tempos e
ficando só atrás de «Águas de Março», de Tom Jobim, para o jornal Folha de São Paulo. A crítica implícita ao capitalismo que transforma o operário
numa máquina da construção civil foi óbvia para
muita gente, mas para Chico o principal objectivo
terá sido fazer uma «experiência formal», um jogo
de palavras, onde o operário é movido «como se
fosse um tijolo, o que acaba mexendo com a emoção das pessoas». Quem quiser encontrar a canção mais marcante de Chico contra a ditadura terá
de ouvir «Apesar de Você» (1970), onde o aparente
tema do arrufo de namorados afinal é outro. Basta
trocar o “você” que parecia referir-se a uma mulher autoritária, por “Médici” para as entrelinhas
se tornarem gritos de protesto. Emílio Garrastazu Médici era o general no poder, num período
marcado por perseguições, prisões sumárias, tortura e construção desenfreada, especialmente de
auto-estradas. «Você que inventou esse estado /
E inventou de inventar / Toda a escuridão / Você
que inventou o pecado / Esqueceu-se de inventar
/ O perdão.» Em «Construção» nada é óbvio, tudo
tem duplas e triplas leituras, e por isso mesmo, é
um álbum que não envelheceu uma ruga. Este ano
esperam-se muitos novos lançamentos, mas um
já cá está fora, «Umas e Outras», um disco triplo
que compilação 23 canções, onde estranhamen-
Referências
(pouco) escondidas
*
Olhos nos Olhos
(1976)
Meus Caros Amigos
Tanto Mar (1975 e 1978)
Chico Buarque
Notícia de Jornal (1975)
Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo
Ópera do Malandro (1979)
Pedaço de Mim (1978)
Chico Buarque
Pedro Pedreiro (1966)
Chico Buarque de Hollanda
Construção (1971)
Construção
te a canção «Umas e Outras», lançada em EP em
1969, não consta. Todas as outras são escolhas
pouco óbvias e permitem aprofundar o Chico de
cada um, com várias colaborações, incluindo Toquinho, Milton Nascimento e Nara Leão. Ouça-se
com atenção «Baioque» (1972), onde Chico cruza
vários estilos e liberta a sua veia rock tropicalista e
irónica enquanto canta «Mamy, não quero seguir
definhando sol a sol
/ Me leva daqui, eu quero
partir requebrando rock’n roll.»
Após 50 anos de construções Chico admite ter cada
vez mais dificuldades em escrever canções, porque
quando vivia em climas políticos opressivos «eu
sentia necessidade de dizer o que as pessoas queriam ouvir (...) era um estímulo que vinha do cotidiano. Uma encomenda». Brasil, está ouvindo? Chico aceita discos pedidos. n
Nota:
Em 2015 vai estrear um documentário sobre Chico,
realizado por Miguel Faria Jr., autor do documentário
vinicius (2005).
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Colaboração espontânea
texto Carlos Br andão Lucas* / fotogr afia Marina Br andão Lucas
Carta a um amigo
que nunca foi ao Pico
Não sou propriamente uma pessoa incapaz de guardar um segredo. Pelo contrário.
Quando é preciso sou mesmo um cofre. Mas se daí não vier mal ao mundo, porque
não levantar uma ponta do véu e contar algumas histórias?
çores. Hoje o Faial não passou de uma
miragem, uma passagem. O tempo de
um táxi do aeroporto à Horta, um gin a
correr no Peter’s e ala para a lancha que
já se fazia tarde. Não há “mau tempo no canal”… um
dia óptimo para a travessia. É talvez por isso que o
ilhéu em Pé, sentinela do Pico, na porta de armas da
Vila da Madalena, aproveita para dormitar.
De resto já deves saber ao que vimos. Enfeitar os
olhos com a ilha é a proposta. Descobri-la por detrás das nuvens é a ideia. Não propriamente as freguesias, os lugares e as vilas, como Madalena, Terra
do Pão ou Piedade. Mas um outro Pico… mais paisagem e mais mistério. E afinal, instalado na paisagem, o mistério está por toda a parte. Basta ficar
atento… com os sentidos à espreita e tudo te surpreende. Há em todas as coisas um secreto fluido, uma
energia indecifrável. Um hálito fervente, velho passageiro do tempo, que se esconde e se revela… mas é
sempre mistério. E dás por ti a balbuciar a dúvida. E
dás por ti a inventar os dias longos, longe, quando o
grande vulcão se fazia e desfazia em lavas pastosas
a escorrerem pela montanha, até aqui, à beira-mar.
Mais tarde, liberto da grande sufocação vulcânica,
o céu tornou-se azul, espelho do oceano. Chegaram
A
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as primeiras plantas, as primeiras árvores, as primeiras aves. E mais tarde ainda os primeiros homens. Só o mistério permanecia.
Que força de gigante arrastou estas pedras até aqui?
Que força de homens se curvou para o chão a arrancar
pedra por pedra, uma a uma? Que misteriosa vontade
ergueu muros em quadrículas, os currais, as canadas,
os moroiços, desafogou a terra e plantou as vinhas?
E olha, meu amigo… são vinhas de verdelho que se
estendem por toda a costa oeste… Madalena, Bandeiras, Santa Luzia, Criação Velha, Candelária… e
para o sul até Manhenha, freguesia da Piedade. Há
ou não um mistério na alma desta gente?
Parece que já lá vão os tempos áureos do verdelho,
das adegas, da festa do vinho. Mas ainda há muito
quem o produza, de boa cepa e de bom sabor. Não
é parecido com nenhum outro vinho… é verdelho.
É diferente! Mas… voltando ao mistério… sabes que
aqui no Pico chamam mesmo mistérios aos campos
de lava? São os campos de lava que provêm de erupções registadas já após o povoamento da ilha. E são
mistérios por a gente simples não ser capaz de explicar os fenómenos vulcânicos a que assistia. E há
o mistério da Prainha, de uma erupção de finais do
século xvi e o de Santa Luzia/Bandeiras, S. João,
Museu do Vinho na Madalena
Soldão, século xviii. Imagina estes blocos de lava –
que hoje estão muito bonitos, cobertos de líquenes
– mas imagina-os incandescentes a rolarem com
estrondo montanha abaixo, a destruir as culturas
e a tornar os terrenos improdutivos. E é por coisas
assim, simples e ao mesmo tempo estranhas, que
eu acho que esta ilha tem qualquer coisa de tão interior, tão magnético, que não páras de andar para
trás e para diante à procura d… nem sabes o quê. E
é na natureza que buscas esse teu velo de ouro. Em
todo o caso, meu amigo, não tem sentido vir ao Pico
sem descer à Vila das Lajes. Lajes do Pico. Foi, em
tempos não muito recuados, importante vila baleeira. Hoje, como sabes, essa actividade está proibida
e os turistas aproveitam para caçar nas suas fotos
os golfinhos, os cachalotes, a grande baleia, se ela
passar fugindo de um qualquer capitão Ahab.
O certo, no entanto, é que cada casa virada para o
mar… cada janela à espreita no horizonte… cada vidraça dependurada no telhado… cada lugar posto à beira
d'água… cada objecto arrimado ao pontão… cada chaminé plantada na falésia… guarda no seu silêncio o
rebentar de um foguete de aviso… e o grito de “baleia
à vista” que então ia pelas ruas. Como acontece muitas vezes o Pico está carregado de nuvens e neblinas.
Pode-se ir por estrada até às Furnas. O resto da subida,
até lá acima à caldeira é feita a pé, e diz quem sabe…
que não é coisa fácil... Então assim, com tudo tapado o
melhor é nem sequer tentar… E olha, meu caro… o mistério continua a estar em toda a parte. Também aqui
no sopé, no planalto. Um mistério que invade os muros, os nevoeiros, a vegetação, os líquenes, o orvalho,
todo o ambiente. Mas olha como é belo e primitivo!
De repente olhas para cima e descobres que o céu
se rasga de novo em azul. O Sol abre passagem,
aponta lugares, ilumina o planalto e retoma a vida.
Agora a passarada reaprende o canto e a ilha
neste lugar desabitado é outra vez e sobretudo o
grande espectáculo da natureza, feito de verdes
e vulcões, sopros de neblinas, claros e escuros,
sombras e luz. Porque o Pico, meu caro, é antes
do mais, como sempre te disse… a festa de uma
paisagem que já é património da humanidade. n
* Nasceu em 1943, em S. Tomé e Príncipe, licenciou-se em
História na Faculdade Letras da Universidade de Lisboa. Enquanto realizador documentarista fez inúmeros documen­
tários e várias séries de televisão, nomeadamente Gente
Remota para a RTP e A Grande Viagem para a SIC. Faz rádio
e escreve memórias de viagem para revistas e jornais.
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Efemérides / Os Açores possuem mais de 700 sócios do Cofre, em
sua honra e para diminuir os 1500 km de distância a que estão da sede,
decidimos falar um pouco sobre estas ilhas encantadoras.
Corvo,
a Ilha Negra
Ilha do Marco, da Estátua
ou Negra, são muitos os
nomes da menor das ilhas
do arquipélago e a última
a ser povoada. Aqui vivem pouco mais de 400
pessoas mas mais de mil
cabeças de gado. Uma
visita à cratera do Caldeirão com 7 quilómetros de diâmetro é essencial, bem como conhecer uma das peças de artesanato local, as tradicionais fechaduras de madeira.
Flores, ilha colorida
A ilha mais colorida deve o seu nome à miríade de
flores e intenso verde que possui. É nos meses de
Verão que as hortências, em tons de branco, azul e
rosa, mostram todo o seu esplendor e acompanham
os viajantes que escolhem fazer os percursos pedonais mais bonitos de todo o arquipélago. Sem contar
com o desabitado Ilhéu de Monchique, a freguesia
da Fajã Grande, no concelho das Lajes das Flores, é
o ponto mais ocidental da Europa.
Graciosa, a ilha branca
Esta é a única ilha açoriana onde a população
se concentra mais no interior do que no litoral,
talvez devido à cintura de defesa com 13 fortificações que foi construída contra os piratas.
Um dos ex-libris da Graciosa são os moinhos de
vento ao estilo holandês. Viajantes com espírito
de espeleólogo podem explorar a Furna do Enxofre com a sua enorme abóbada perfeita.
Faial, a Ilha Azul
Raul Brandão chamou-lhe a Ilha Azul devido à
generosidade das hortências. Aqui se deu a última
erupção vulcânica açoriana, entre 1957 e 1958, no
Vulcão dos Capelinhos. O porto marítimo, na cidade da Horta, é um ponto de paragem de marinheiros de todo o mundo, que não podem falhar
uma visita ao Peter Café Sport, aberto desde 1918.
É na Horta que tem assento o Parlamento da Região Autónoma dos Açores.
Pico, alto
e bem
conservado
A 2351 metros de altitude,
ergue-se o Pico Alto, o ponto mais alto de Portugal. A
ilha é conhecida pela caça à
baleia, proibida em 1989, pesca do atum e indústria de conservas, ainda hoje a maior fonte de
rendimentos. A tradição vinícola do
Verdelho, um vinho “nascido” da rocha basáltica, consolidou-se após as
erupções de 1718 e 1720, chegando, na
sua época dourada, a ser exportado para casas reais.
CFR 20 www.cofre.org
São Jorge, ilha
de fajãs e queijo
Com um planalto que se prolonga
por 45 km São Jorge parece ter sido
“desenhada” para ser admirada panoramicamente. Apesar das fajãs
– abatimentos de falésias e escoadas de lava que se prolongam mar
adentro – existirem noutras ilhas,
aqui são cerca de 80. A mais famosa
é a Fajã da Caldeira de Santo Cristo que possui uma gruta, um lago
subterrâneo e umas amêijoas que
merecem ser provadas. Ninguém
pode sair da ilha sem visitar as povoações escavadas na base das escarpas e saborear o famoso queijo
de São Jorge.
Terceira e os
seus impérios
Os amantes da natureza podem fazer uma caminhada
pela maior cratera do arquipélago, na Caldeira de Guilherme Moniz e os aficionados de
celebrações têm as Festas do
Espírito Santo. Estas últimas
realizam-se em Maio, 50 dias
depois da Páscoa, em todas as
ilhas, mas com mais pompa
na ilha Terceira.
São Miguel e
as suas lagoas
Em São Miguel vivem cerca de
138 mil pessoas, mais ou menos
56% da população total dos
Açores. Onde anteriormente
fervilharam rios de fogo, repousam hoje das mais belas
lagoas do mundo, nas crateras
das Sete Cidades, do Fogo e
das Furnas. A Lagoa das Sete
Cidades é, desde 2010, uma das
7 Maravilhas Naturais de Portugal com as suas duas lagoas
ligadas entre si, uma azul e outra verde. O cozido das furnas,
enterrado em covas no solo e
cozinhado lentamente com os
vapores geotérmicos é a maravilha no topo do bolo de uma
visita a esta ilha.
Santa Maria
No extremo sudeste do arquipélago encontra-se a primeira ilha a ser oficialmente
descoberta, por Diogo Silves,
por volta de 1427, sendo Vila
do Porto a sua capital. Recortada por baías profundas, há
uma tipologia de casas que
lembra o Alentejo e o Algarve, porque no século xv os
primeiros colonos vieram, na
sua maioria, destas regiões.
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Efemérides / Açores
Flores
Grupo Central
Grupo
Ocidental
Como lema, que pode ler-se nas
armas da bandeira dos Açores:
«ANTES MORRER LIVRES
QUE EM PAZ SUJEITOS.»
Graciosa
São Jorge
Faial
Terceira
Património
da Unesco
Pico
Ilustres
descendentes
Grupo
Oriental
São Miguel
Gonçalo Velho Cabral (séc. xv)
Os Açores possuem duas classificações de património da
Humanidade, o Centro Histórico de Angra do Heroísmo
e a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.
Santa
Maria
O açor é uma ave de rapina
muito ágil que voa a alta velocidade.
Ora não há açores nos Açores. Os descobridores do arquipélago terão confundido
milhafres com o Accipiter gentilis. Outra
teoria diz que o nome provém de “azure” que
terá evoluído para “azores” e depois “açores”.
Olá cavaquinho,
aloha ukulele
O rei Kaläkaua (1836-1891) do
Hawai ficou de tal maneira entusiasmado com o cavaquinho,
trazido para o arquipélago em
finais do século xix por emigrantes madeirenses e açorianos, que este se transformou
num instrumento fundamental da cultura havaiana com o
nome de ukulele, que significa
“pulga saltitante” numa referência ao movimento da mão do
instrumentista.
Katy Perry
Descobridor dos ilhéus Formigas e das
ilhas de Santa Maria e São Miguel
Cantora norte-americana,
com três trisavós açorianos
Air Base Nº 4
O nome
CFR 22 www.cofre.org
Lema
Ilustres
Açorianos
Corvo
Manuel de Arriaga (1840-1917)
Primeiro presidente eleito
da República Portuguesa
No nordeste da ilha Terceira fica a Base Aérea
das Lajes, ponto geoestratégico fundamental
no âmbito da Segunda Guerra Mundial e da
Guerra Fria, usada pela Royal Air Force e
posteriormente pela Força Aérea norte-americana, ainda hoje com presença no local.
Antero de Quental (1842-1891)
Escritor e poeta, teve um papel
importante no movimento Geração de 70
Ananás
Ananás e abacaxi são o mesmo
fruto, apenas diferem nos nomes
pois o ananás em Portugal é o
dos Açores que por ter um cultivo mais demorado e com mais
mão de obra, é mais caro e foi rapidamente substituído pelo seu
irmão do Brasil, mais doce, porque proveniente de outro clima.
No Natal as famílias tradicionais
ainda apreciam o verdadeiro
ananás com etiqueta de origem.
Gostos!
Nelly Furtado
Cantora, compositora e atriz
canadiana, filha de açorianos
Tom Hanks
Ator norte-americano,
bisneto de açoriano
O jornal mais antigo
Natália Correia (1923-1993)
Poeta e deputada à Assembleia
da República, autora da letra
do Hino dos Açores
O mais antigo título português em circulação e um dos dez mais antigos em todo o
mundo – o Açoriano Oriental, actualmente
dirigido por Paulo Simões –
­ publicou o seu
primeiro número a 18 de Abril de 1835. Tem
uma tiragem média de cinco mil exemplares e audiência de 50 mil leitores.
Daniel Silva
Escritor norte-americano,
filho de açorianos
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Entrevista / Dentro do contexto
Perfil / Novo sócio
fotogr afia Paulo Muge
Daniel Gouveia
Sócio nº 104144
o seu dia-a-dia, Daniel tem a sorte de ter transporte marítimo porta a porta. «Trabalho no Terreiro do
Paço e o barco é o transporte ideal para atravessar o
rio. Como dispõe de um bar, permite-me tomar o pequeno-almoço em pleno Tejo. No fundo, é um mini cruzeiro que
faço todos os dias!» Um dos seus sonhos era ingressar na administração pública, o que aconteceu em 2009, aos 23 anos. «Tenho
a sorte de trabalhar no meu país e na minha área de formação. A
maioria dos meus colegas de faculdade teve de arregaçar mangas
e emigrar.» Gostaria de constituir família, «fazer uma viagem no
comboio transiberiano de Moscovo a Pequim, um InterRail pela
América Latina e correr uma maratona.» Quando ingressou na administração pública entregaram-lhe o formulário de admissão do
Cofre e fez-se associado sem saber muito bem as vantagens que a
instituição proporcionava. Ao fim de alguns meses desistiu. «Obviamente que foi uma má decisão, confirmada na altura em que
decidi comprar casa.» Nessa altura percebeu que as condições de
financiamento do Cofre são muito competitivas, além de ter descoberto, através de colegas, os centros de lazer e os vários protocolos
nas áreas da saúde e educação. Daniel ainda não tem um cofre em
casa mas, perante a instabilidade do sector financeiro, pensa que
talvez seja uma boa alternativa ao banco e ao tradicional colchão.
«Gosto muito da Serra da Estrela, onde vou uma vez por mês para
estar com a família. Mas o meu sítio favorito é Aveiro, a Veneza
portuguesa.» Foi aqui que estudou e conheceu a namorada. Passa
habitualmente as férias de Verão em Monte Gordo. «Tento viajar
todos os anos para um país novo. Gostaria de viajar nos próximos
anos para as Maurícias, Maldivas, Seychelles, Havai, Nova Iorque,
Hong Kong, Cuba, Rússia, Suécia, Noruega, Creta e Santorini.»
Quando morava com os pais tinha sempre cães, mas agora, no seu
apartamento, tem a companhia do gato Jimmy. As 5 músicas que
marcaram a sua vida são: “Chico Fininho” – Rui Veloso, “Para Ti
Maria” – Xutos & Pontapés, “Como o macaco gosta de banana”
– José Cid, “Born in the USA” – Bruce Springsteen e “Money for
Nothing” – Dire Straits. Prefere o campo no Inverno e a praia no
Verão e afirma que gosta do sabor da salsa no Bacalhau à Brás e do
sabor dos coentros nos caracóis. A sua especialidade gastronómica
é o churrasco com todos, com todos os amigos, claro. «Eles adoram
a minha grelhada mista!» Apesar das fragilidades actuais, gosta
de viver em Portugal. «Dispomos de um clima agradável e de uma
invejável gastronomia, que certamente iria sentir saudades caso
fosse viver para outro país. Identifico-me com a cultura dos países
nórdicos, mas acho que não me iria habituar ao clima. Por isso, optaria por viver na Austrália, que concilia um clima temperado com
boas condições laborais e sociais.» n
N
Perfil
Nasceu em Coimbra, a 9 de
Fevereiro de 1986, vive com
a namorada e não tem filhos.
Foi criado na freguesia de São Romão,
perto da Serra da Estrela. Aos 18 anos
licenciou-se em Administração Pública
na Universidade de Aveiro onde veio
a tirar o mestrado em Administração
e Gestão Pública. Actualmente vive
no Montijo e trabalha em Lisboa, na
Autoridade Tributária e Aduaneira, onde
exerce funções de Técnico Superior, o
que lhe permite, em 20 minutos, alternar
entre o ambiente citadino de Lisboa e «o
ambiente bucólico que o Montijo ainda
proporciona».
www.cofre.org 25 CFR
À Mesa / Receitas simples q.b. para resultados opíparos
r eceita Teresa Salvador H .
Compotas
No final do Verão, há uma tradição que as mãos doceiras não deixam que se perca, as compotas e
marmeladas feitas em família. A arte de conservar a fruta em Portugal, desde sempre uma tarefa
das mulheres, é uma forma de aproveitar o excesso de frutos e permite fazer combinações curiosas
como figos com peras, pêssegos com alperces ou mangas com rainhas-cláudias. A outra das razões
do sucesso das compotas é a satisfação de ter sempre à mão, durante o Inverno, frascos de compota
para diversas utilizações, não apenas para colocar no pão, mas também para acompanhar carnes e
pratos de caça. E não esquecer de rechear os crepes. Partilhamos duas receitas, uma de compota de
maçã e melão enviado pela sócia Teresa Salvador H. e outra de abrunhos e abóbora.
Compota de
maçã e melão
com canela
Tempo
de preparação
60 minutos
Ingredientes
1 kg de maçã reineta
1 kg de melão
1,5 kg de açúcar
1 pau de canela
1 colher de sopa de
canela em pó
Preparação
Descasca-se a fruta
e corta-se em quadradinhos pequenos,
misturam-se os outros
ingredientes e vão a
CFR 26 www.cofre.org
lume brando, mexendo sempre. Demora
cerca de 1 hora até
fazer ponto de estrada. Deixe arrefecer
e coloque em frascos
previamente limpos
e cubra com papel
vegetal. Tape depois
de frio.
Compota de
abrunhos e
abóbora
Tempo
de preparação
65 minutos
Ingredientes
1,5 kg de abrunhos
lavados
1,5 kg de abóbora
descascada cortada em
pedaços pequenos
2 paus de canela
1 kg de açúcar
Preparação
Deite os abrunhos
e um pau de canela
num tacho e cubra
com água. Deixe ferver em lume brando
cerca de 30 min., até
os abrunhos ficarem
bem moles. Noutro
tacho coza a abóbora com outro pau de
canela, até ficar mole.
Depois junte os dois
frutos e deixe cozer
mais 20 min. Deixe
arrefecer, retire a
canela e passe por um
passador ou com a
varinha mágica.
Pese a polpa e como os
frutos são doces junte
para 1 kg de polpa,
800 gr de açúcar num
tacho. Deixe o açúcar
dissolver-se completamente, mexendo
sempre. Depois aqueça
15 minutos em lume
forte para fazer evaporar e dar consistência
à compota. Com uma
escumadeira retire a
espuma que ficou por
cima. Deite a compota
em frascos. Ponha a
etiqueta dos frutos e da
data de confecção. Está
pronta para enfrentar
o Outono e o Inverno.
Segredo
O ponto de estrada
verifica-se quando
se passa uma colher
no fundo do tacho e
a calda deixa que se
forme uma estrada
que deixa ver o fundo.
Outros pontos são o
ponto de rebuçado, de
areia e de caramelo.
Nota
Vamos chamar a
gulodice pelo nome?
Chama-se doce quando a fruta é fervida
com açúcar e esta não
se desfaz totalmente, mantendo alguns
pedaços. Compota é
o termo usado quando
o resultado final fica
tipo puré. As geleias
são feitas com os
caroços, grainhas e
parte de dentro dos
frutos. É uma cozedura demorada, depois
coada onde se adiciona
o açúcar e que deve
apurar para tirar toda
a pectina dos frutos
para ficar com a consistência que lhe dá o
nome – gelatinosa.»
www.cofre.org 27 CFR
Secção /
Leitores / Descrição
Cartas de quem diz o que pensa
A revista Cofre reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados
e não prestará informação postal sobre eles. Os textos publicados são da inteira responsabilidade dos autores.
Secção / Descrição
texto autor / fotogr afia autor
Maria Catarina Louro
Sócia nº 16068
PORTUGAL
No passado,
Há muito tempo…
A Língua Portuguesa,
Foi escrita na areia,
Esculpida,
No granito,
Portugal se fez ao mar,
Nas caravelas,
Com as velas içadas,
Desfraldadas ao vento.
Tripulantes
E mareantes,
Guiados,
Pela voz do infante,
Chegaram a terras distantes
Fazendo da Língua Portuguesa,
A vitória da nossa História.
Fernando Ferreira
Francisco de Jesus
Campos de Oliveira
Sócio nº 35240
Primeiramente quero expressar as mais sinceras
desculpas pelo facto de só agora acusar a recepção
da surpreendente carta, sem data (suponho que de
Dezembro de 2012) referindo a decisão do Cofre
em me atribuir um Diploma (!) premiando o meu
espírito de dedicação e como agradecimento pela
(desinteressada) cooperação que desde 1960 tenho
vindo a manter com esse Cofre.
A v/lembrança sensibilizou-me bastante, mas a dedicação, a experiência e o saber que tiveram a gentileza e delicadeza de me reconhecer, nem sempre
o são, na medida em que em certas circunstâncias
sociais e políticas inerentes a cada conjuntura,
dando-se então casos em que «não se receberam
louvores quando merecidos» e «se recebem louvores quando não merecidos». Em síntese, direi que
o Cofre no geral não me tem desiludido quanto às
potencialidades que vêm sendo proporcionadas aos
seus associados com garante dos respectivos objectivos humanitários que prossegue em amplo leque
CFR 28 www.cofre.org
de actividades sociais, só comparáveis às de âmbito
das associações de socorros mútuos. Em virtude de
extravio solicito os bons ofícios de V.as Ex.as no sentido de me enviarem uma 2.ª via do meu cartão de
associado. Obrigado!
Auguro os maiores e melhores sucessos na produção dos serviços a cargo dos elementos do Cofre (funcionários e agentes) com vista à melhoria
do bem-estar e condições de vida da comunidade
que apoia em perfeito e total espírito de solidariedade. Assim, bem-hajam TODOS pelos resultados positivos já atingidos e pelos que o futuro
vier a dar, para benefício crescente dos associados do Cofre.
Ismael B. Roldão
Sócia nº 65865
Li um artigo sobre um Senhor Sargento, que realizou uma exposição na casa de cultura de Elvas,
sobre relógios de Sol em madeira. Aprecio imenso
este tipo de trabalhos e gostaria imenso de adquirir
um exemplar, mas para isso necessito do contacto
do autor (...).
Sócio nº 73426
No último número da revista Cofre, ora recebido,
constatei no final do editorial a indicação de que o sr.
Presidente ainda não tinha adoptado o famigerado
acordo ortográfico. Espero que assim continue para
que não me tire o prazer e, certamente, a muitos outros associados, de ler a prestigiosa revista, escrita
em Português correcto, e para que não se venham a
verificar palavras às quais se retirou a consoante “h”
no início das mesmas e a substituição do “ch” por
“x” e já agora, a troca do “l” no final das palavras por
“u”. A Língua Portuguesa merece respeito.
Nota da Redacção – É certo que o “desacordo” com
o “novo acordo” é grande e já derramou muita tinta. É também certo que a revista Cofre, apesar de
ainda não ter adoptado a nova ortografia, não quer
alimentar os dois lados da barricada. O que convém
evitar é a tendência para repetir ideias falsas quanto ao acordo, onde pacto não passa a pato (animal),
facto não passa a fato (roupa), os “hs” não desaparecem do início das palavras, nenhuma palavra troca os
“ls” finais por “us” e nenhum “ch” foi trocado por “x”.
Para tirar dúvidas aconselhamos ler os artigos sobre
o tema presentes no sítio ciberdúvidas.pt
José Luís Ferreira
da Silva
Sócio nº 49478
Tomei a liberdade de enviar a V.as Ex.as estes meus
trabalhos de artesanato que executo manualmente utilizando para o efeito a pedra basáltica predominante na região da Madeira e o latão, no sentido
que os mesmos sejam considerados dignos de figurarem nas páginas da nossa revista. Sou o sócio
n.º 49478, do Cofre de Previdência, José Luís Ferreira da Silva, sargento-ajudante da GNR na reforma, natural da freguesia da Sé, Funchal e tenho 71
anos de idade.
Oportunamente teremos uma entrevista com este associado onde se dará o relevo que merece ao artesanato que desenvolve.
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Revista Cofre 2014/15
Contracapa 2.000€
Página ímpar 1.250€
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Pirenéus
Quem é quem especial / O Cofre apresenta-se cara-a-cara
fotogr afia cláudia peres
Equipa de angariação de sócios
15 a 21 de mar.’15
O Cofre pode ajudar a melhorar a vida de muitos funcionários públicos, afectados por cortes
significativos e por um clima de insegurança. Muitos desconhecem a nossa instituição mutualista. Por
esta razão foi criado o Departamento de Angariação de Sócios e Divulgação para dar a conhecer as
vantagens, nomeadamente o Cartão de Saúde, o abono reembolsável, o subsídio perdido por doença,
o crédito à habitação, os centros de lazer e as bolsas de estudo. A equipa integra dois trabalhadores
do Cofre recentemente reformados e um terceiro elemento com experiência em marketing.
Itinerário:
1º dia: Lisboa / Barcelona
2º dia: Barcelona / Lérida / Pamplona
3º dia: Pamplona / St. Jean Pied de Port /
Lourdes
4º dia: Lourdes / Andorra (Velha)
5º dia: Andorra (Velha)
6º dia: Andorra (Velha)
7º dia: Andorra / Monserrat / Barcelona /
Lisboa
Preço por pessoa:
Duplo (mínimo 30 participantes)
€899
Duplo (mínimo 40 participantes)
€839
Duplo (mínimo 50 participantes)
€805
Triplo (mínimo 30 participantes)
€839
Triplo (mínimo 40 participantes)
€779
Triplo (mínimo 50 participantes)
€739
Suplemento para quarto individual €155
Condições
Inclui: avião (em classe económica, voos TAP, com direito
a uma peça de bagagem até 23 kgs por pessoa) + assistência e tranfers privados aeroporto / hotéis / aeroporto
+ 1 noite de alojamento no Hotel Eurostars Cristal Palace
| 4 estrelas, em regime de meia pensão + 1 noite de alojamento no Hotel Maisonnave, em regime de meia pensão
+ 1 noite de alojamento no Appart Hotel Odalys Lorda |
4 estrelas, em regime de meia pensão + 3 noites de alojamento no Hotel President | 4 estrelas, em regime de
meia pensão + visitas conforme itinerário + almoços em
restaurantes locais, com exceção de Andorra, que será no
hotel + Seguro Multiviagens + acompanhamento por um
representante da Agência Abreu durante toda a viagem +
taxas de aeroporto, segurança e combustível (€ 122,68)
+ taxas de serviço.
César Silva
Exclui: despesas de carácter particular + tudo o que não
estiver devidamente mencionado como incluído no programa.
Nota: os preços foram calculados com base nas tarifas hoteleiras vigentes. Poderão eventualmente ser alterados
caso se verifiquem variações significativas. Não efectuámos qualquer tipo de reserva.
Comum a todos os programas: Exclui despesa de reserva de € 29 por processo (e não por pessoa). Taxas sujeitas a alterações. Sujeito a disponibilidade.
Estamos em processo de adoção do novo acordo ortográfico.
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portugueses mais confiam
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Viagens Abreu, S.A • Capital Social € 7.500.000 • Sede: Av. dos Aliados, 207 • 4000-067 Porto • RNAVT 1702 • Operador • Cons. Reg. Com. do Porto nº 15809 • Contribuinte nº 500 297 177 • 2014
Aposentado do Cofre, faz parte
da equipa de angariação de sócios junto das entidades públicas,
onde dá a conhecer a obra social
do Cofre. Tem desenvolvido esforços na área da planificação,
pelo carácter complexo e abrangente da campanha (Portugal
continental e ilhas). “A receptividade tem sido muito boa, porém
verifica-se ainda um desconhecimento da Instituição Cofre.” A
sua mensagem de apelo é: “Esperança. O Cofre tem prestado um
serviço inestimável à sociedade,
nomeadamente no sector público
e que tem minimizado os custos
da crise financeira."
Angélica Vieira
Pretende-se captar novos sócios
com um atendimento personalizado. A divulgação é feita presencialmente, junto das instituições públicas. Nestes meses a
signatária reparou que em todas
as instituições existem algumas
pessoas que já conhecem o Cofre. As equipas estão distribuídas
pelo país. Este elemento da equipa já visitou alguns agrupamentos de escolas, juntas de freguesias e piscinas municipais, onde a
angariação de sócios teve o sabor
a “missão cumprida”. A sua mensagem de apelo: “O Cofre tem
boas condições para ajudar mais
e melhor os actuais associados.»
Firmino Santos
Aposentado do Cofre, desempenhou diversas funções no
decorrer dos 35 anos que dedicou ao Cofre, tendo sido a última a de Tesoureiro. Faz parte
da equipa de “Angariação de
Sócios” que iniciou os trabalhos aproximadamente há três
meses. A estratégia de captação
de novos sócios passa pelo contacto com instituições públicas
no terreno e apresentação dos
serviços e regalias Cofre. A sua
mensagem de apelo aos novos
sócios é: “O Cofre é uma instituição de bem que tem muito
para oferecer às pessoas!” n
www.cofre.org 31 CFR
Consultório médico
texto Celso Barros, Médico
Breve história
da Anestesia
té meados do século xix a protecção da
dignidade dos doentes através da diminuição da dor provocada pela cirurgia
era uma preocupação médica e social
irrelevante, mesmo nos países ocidentais mais desenvolvidos.
A maior parte das cirurgias realizadas incidiam
sobretudo sobre tecidos superficiais e eram pouco
invasivas e agressivas, com excepção das amputações, particularmente dos membros inferiores consequentes a ferimentos de guerra. A descoberta da
anestesia, apesar de muito rudimentar inicialmente
veio revolucionar a actividade cirúrgica.
As primeiras substâncias a serem utilizadas como
“anestésicos” foram o Protóxido de Azoto e o Éter.
Historicamente, a data de 16 de Outubro de 1846 é
considerada como a data em que se rea­
lizou, com anestesia geral, a primeira
intervenção cirúrgica. Esta esteve a
cargo do cirurgião John Collins Warren
que realizou, no Hospital de Boston, a
extirpação de um tumor no pescoço de
um jovem de 17 anos. A anestesia geral
com éter foi administrada pelo dentista
William Thomas Morton.
Do relato desda intervenção cirúrgica
consta: «O doente durante a cirurgia e perante assistência médica qualificada, emitiu apenas escassos sons que não perturbaram os assistentes e fez alguns pequenos movimentos, tão pouco intensos que
não obrigaram a agarrá-lo como era prática.»
Depois do Éter e do Protóxido de Azoto surgiu o Clorofórmio utilizado pela primeira vez em 1847 no trabalho
de parto. Em 1930 foi introduzido na anestesia o Ciclopropano e em 1956 o Halotano. Todos eles tinham efeitos secundários consideráveis e foram abandonados.
A era moderna da anestesia e o seu grande avanço
ocorre após a II Guerra Mundial (1939-1945), sendo especialmente marcante nas duas últimas décadas.
São introduzidos na anestesia inalatória fármacos
como o Isoflurano e mais tarde o Sevoflurano e Desflurano, estes dois últimos com efeitos secundários
A
irrelevantes e que por isso continuam a ser muito
utilizados nos nossos dias.
Além destes fármacos anestésicos administrados
por via inalatória foram desenvolvidos fármacos
anestésicos de administração endovenosa (Etomidato, Tiopental, Propofol).
Foram também desenvolvidos fármacos analgésicos
com semi-vidas diferentes e com maior ou menor
capacidade analgésica para serem usados em função
das necessidades de analgesia dos doentes (Petidina,
Fentanil, Alfentanil, Sufentanil, Remifentanil).
Foram introduzidos relaxantes musculares que permitem uma ventilação mais adequada dos doentes e facilitam o trabalho cirúrgico (Pancuronium, Atracurium,
Vecurónium, Mivacurium, Rocuronium).
Hoje a anestesia é um acto médico em que se usam
fármacos para bloquear a sensibilidade táctil e dolorosa do doente, em todo
ou em parte do corpo, com ou sem
compromisso da consciência.
O médico anestesista é a pessoa indicada para, no período pré-operatório,
realizar a escolha correcta do tipo de
anestesia (ver caixa) face aos diversos
aspectos relacionados com a condição
clínica do doente e a cirurgia proposta.
O doente deve ser sempre esclarecido acerca do motivo dessa escolha e participar activamente na mesma como parceiro da relação médico/doente.
Esta avaliação pré-operatória é essencial para garantir a qualidade da assistência médica ao doente a
submeter a qualquer acto anestésico, velar pela sua
segurança e reduzir o risco peri-operatório.
No intra-operatório o anestesista tem por missão a
monitorização e o controlo dos parâmetros vitais
dos doentes anestesiados, recebendo uma informação clínica contínua de tudo o que se está passar com
o doente, nomeadamente ao nível da consciência, do
estado hemodinâmico, da ventilação, da temperatura. Para qualquer desvio que eventualmente se
verifique serão tomadas as iniciativas terapêuticas
adequadas para corrigi-lo em tempo útil.
3 técnicas
de anestesia
Na anestesia geral
o doente está em
estado de inconsciência
reversível, com
imobilidade, analgesia
e bloqueio dos reflexos
autonómos. Pode ser
administrada por via
inalatória, via endovenosa
ou ambas.
A anestesia
regional é efectuada
pela administração de
um fármaco anestésico
numa determinada área
ou estrutura nervosa, a
qual fica bloqueada e não
permite a transmissão
dolorosa de estímulos às
áreas de percepção do
sistema nervoso central.
Exemplos deste tipo de
anestesia são o Bloqueio
Epidural e Raquidiano
para cirurgia dos membros
inferiores e cirurgia
abdominal e o Bloqueio
do Plexo Braquial para
cirurgia dos membros
superiores.
A anestesia local
é efectuada com a
infiltração de um fármaco
anestésico na proximidade
da área onde vai ser
realizada a cirurgia.
1
2
Há escassos
50 anos foram
formados os
primeiros
especialistas em
anestesiologia
CFR 32 www.cofre.org
3
No período pós-operatório o doente continua a ser seguido pelo anestesista sobretudo para optimizar a terapêutica analgésica.
Todas as intervenções cirúrgicas implicam algum
risco anestésico-cirúrgico, o qual depende de diversos factores, como sejam o tipo de cirurgia, a
condição clínica do doente, o carácter programado, urgente ou emergente da intervenção cirúrgica.
Contudo esse risco está muito diminuido pela vigilância contínua que o doente está submetido durante todo o acto anestésico-cirúrgico.
Todas as pessoas têm uma opinião mais ou menos
formada sobre o que é a anestesia, a qual muitas
vezes não é a mais correcta, nem a mais positiva.
Existe muita fantasia e desinformação, uma vez
que a anestesia, tal como hoje a entendemos e
praticamos é uma aquisição recente, pois só há
escassos 50 anos foram formados os primeiros
especialistas em anestesiologia. Acreditem que o
anestesista é o melhor amigo do doente anestesiado,
pois melhor que ninguém tem a consciência da missão que lhe cabe na defesa da vida do seu doente. n
www.cofre.org 33 CFR
Quem é quem / O Cofre apresenta-se cara-a-cara
fotogr afia Cláudia Peres
Centro de Lazer do Vau
Dora Vicente
Pedro Andrade
Bruno Silva
Aliona Levinschi
Tenho 32 anos e vivo em Portimão. Até há três anos
atrás sempre vivi próximo da cidade mas ao mesmo tempo no campo, cresci tendo contacto com a
natureza e o meio rural, num sítio muito agradável
e calmo. Fui mãe pela primeira vez há dois anos,
sem dúvida uma experiência muito boa, pois um
filho vem preencher a nossa vida em todos os sentidos. Sempre que posso tiro algum tempo só para
mim; normalmente vou duas vezes por semana ao
ginásio. Desempenho funções no Centro de Lazer
do Vau desde Maio de 2005. Apesar de algum trabalho administrativo, a minha função passa mais
pelo atendimento ao público; tento ajudar em tudo
que seja possível para que os associados se sintam
bem acolhidos. Já conheci muitos sócios que por
aqui passaram e, nalguns casos, fica uma relação de
amizade, mesmo quando não conseguem marcação
de férias para o Vau, ligam-nos para saber como estamos.
Para mim isto é muito gratificante pois há um reconhecimento do nosso trabalho e dedicação.
Posso dizer que neste momento há uma maior motivação para trabalhar para o Cofre.
Tenho 34 anos e sou natural da Covilhã. Comecei
por trabalhar na Quinta de Santa Iria em 2004,
onde estive cerca de meio ano. Entretanto houve a
oportunidade em Maio de 2005 de vir para o actual “Centro de Lazer do Vau”, pois quando cheguei
ainda era “Gil-Tel”. Os objectivos dessa vinda passavam por ser, uma experiência profissional fora da
região onde vivia, conhecer melhor o Sul do país e
claro… estar mais perto do mar, mas gostei tanto
que fui-me deixando ficar, e acabei por me mudar
definitivamente com armas e bagagens. Coordeno uma equipa jovem, dedicada, com bom relacionamento, e tentamos dar o nosso melhor todos os
dias. Desde o dia que aqui cheguei, as responsabilidades foram aumentando. É um desafio acompanhar o crescimento que o Centro de Lazer do Vau
tem vindo a ter. Mas a recompensa desse esforço é
ver os Sócios voltarem ano após ano (e quando não
voltam, foi por não terem conseguido vaga!), porque para muitos Sócios esta é a sua casa de férias no
Algarve e trabalhamos diariamente para que assim
continue a ser.
Nasci em Portimão no dia 8 de Maio de 1980 e sempre aqui
vivi até há cerca de dois anos, altura em que me juntei com a
minha cara-metade e nos mudámos para Boliqueime. Recordo-me do edifício do Cofre desde os meus tempos de criança, assim como toda a área que rodeia o Centro de Lazer do
Vau. Durante a infância foram centenas as vezes que vim a
esta praia; considero-a uma das praias de eleição em Portimão. Comecei a trabalhar no Cofre de dia, mas nos últimos 8
anos tenho feito o turno nocturno, o que faz com que muitos
sócios não me reconheçam, apesar de eu conhecer a grande
maioria. Acho até engraçado acompanhar o crescimento dos
mais novos, alguns vinham em criança e agora já são jovens
adultos. Tento combater os aspectos negativos do trabalho
nocturno, que é bastante desgastante e nem sempre fácil de
conciliar com a vida familiar, mas com calma e boa gestão do
tempo tudo se faz. Dou como exemplo um hobby meu que é
andar de bicicleta. Dou as minhas voltas do costume (cerca de
30 km) de modo a “desenferrujar” os ossos, ao mesmo tempo
que apanho um pouco deste belo Sol algarvio. É um privilégio trabalhar com a mesma equipa há vários anos. Os colegas,
com o passar do tempo, tornam-se também amigos. Com boa
coordenação e a boa direcção do Cofre proporciona-se um
ambiente de trabalho amigável e salutar.
Estou em Portugal há 14 anos, quando cheguei, fui para o Alentejo, entretanto surgiu a oportunidade de vir para o Algarve,
pois já tinha alguma família aqui, depois
vieram os meus filhos, e até hoje permanecemos todos por cá. Em 2007 vim para o
Centro de Lazer do Vau, apenas para fazer
trabalho temporário mas acabei por ficar a
fazer parte da equipa a tempo inteiro. Hoje
o trabalho de limpeza e lavandaria, passa por mim, assim como a organização de
toda a equipa de limpeza e comprovar que
tudo fica da melhor forma para acolher os
nossos sócios. Neste momento posso dizer
que gosto do que faço, a equipa que integrei este ano de uma maneira geral deixou-me muito satisfeita pois é excelente. Há
trabalho de equipa o que é muito importante. Felicito o Cofre pela construção das
piscinas e do campo polidesportivo pois foi
uma melhoria para o nosso Centro. n
assistente técnica
CFR 34 www.cofre.org
assistente técnico
assistente técnico
assistente operacional
www.cofre.org 35 CFR
Citação / Alexandre O´Neill
ilustr ação andré carrilho
Consultório da língua portuguesa
texto Luísa Paiva Boléo
À partes da língua
gradecemos as cartas dos associados
que amam a nossa língua e que várias
vezes têm manifestado o seu agrado
por esta secção, nesse sentido, abordamos hoje mais alguns problemas.
Amigos, amigos, negócios à parte, este à parte que
significa exclusão; já menos passível de erro é o
verbo apartar como por exemplo: «Luís aparte aí
os ovos grandes dos pequenos», com o sentido de
separar.
Confusão generalizada, que encontramos todos os dias
em publicações é com o se
não ou senão.
Senão, é apenas uma palavra, que pode ser um
substantivo, uma conjunção, um advérbio ou uma
preposição. E se não
são duas palavras: se
é uma conjunção condicional, pronome ou
partícula apassivante,
seguido do advérbio de
negação “não”. Como: Não
há bela sem senão. Senão como negação
de algo. «Aquele político tem um pequeno senão, não sabe articular.»
Já «se não» basta pensarmos quando escrevemos: «Se não sabes nadar corres o perigo de
te afogar.»
Erro muito comum nos jornais e legendas em canais das televisões é: enfim é um advérbio que tem
A
«Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.»
Alexandre O´Neill (1924-1986)
do poema «Sentenças delirantes dum poeta para si próprio em tempo de cabeças pensantes»
in A Saca de Orelhas, 1979
CFR 36 www.cofre.org
como significado “finalmente” e em fim, como por
exemplo «o automóvel já estava em fim de uso».
Basta um pouco de atenção. Também lemos erradamente a confusão entre «enquanto espero vou
lendo um livro» diferente de, «diz-me em quanto
me fica o arranjo». Tem a ver com quantidade.
Passamos agora aos hífens. Sim ou não e quando.
Com certeza que vai ter atenção a esta frase, pois
não se trata de um advérbio mas de uma preposição «com» e uma afirmação «certeza».
As saudações Bom dia ou Boas Festas também
aparecem por todo o lado com um hífen que não
têm. Mas há um mas, se quiser escrever num texto
que «A Joana foi-se
deitar e deu-lhe as
boas-noites»; aqui já
não é uma saudação,
deverá ter hífen.
Os casos dos hífens são
mais complicados e a
eles dedicaremos um próximo consultório. Hoje apenas
queremos lembrar que nas espécies botânicas mantemos o hífen
em feijão-verde ou couve-flor. E se
vai de fim de semana esqueça os “tracinhos”, mesmo que vá acompanhado do seu
cão de guarda.
Se vai de automóvel não se esqueça que com chuva deve ter o seu limpa para-brisas em condições.
Pode sempre consultar o Ciberdúvidas, de grande
qualidade. n
www.cofre.org 37 CFR
Notícias do Cofre
Reveillon na Quinta
de Santa Iria
Sabia que este ano o fim de ano calha numa quinta?
Pois é, calha muito bem na Quinta de Santa Iria, e
para dizer a verdade, a noite de 31 para 1 é de quarta
para quinta-feira. Como em anos anteriores festejamos em grande a passagem do ano na Quinta de Santa Iria. A entrada será dia 31 e a saída dia 1 do novo
ano. As inscrições, preços e ementas estarão disponíveis em www.cofre.org e em [email protected] a partir de Novembro.
Campus de Ciência Viva da
Quinta inaugura em Novembro
Informamos os nossos associados que está prevista para o próximo mês de Novembro a inauguração
deste espaço de ciência e lazer, uma parceria com a
Universidade da Beira-Interior sob a orientação do
Professor Máximo Ferreira, uma das maiores autoridades nacionais em astronomia. A cerimónia de
abertura, que terá lugar no Anfiteatro, contará com
a presença do actor Ruy de Carvalho e será representada uma peça de teatro. A sessão terminará com
a actuação de um grupo coral do Fundão.
Os que ali passaram férias de Verão já manifestaram
o seu interesse por este novo pólo do Cofre. Esteja
atenta/o às notícias através do nosso sítio de internet,
sempre dinâmico na actualização de novidades.
Magusto 14 a 16 de Novembro
na Quinta de Santa Iria
Inscrições em www.cofre.org e através dos contactos [email protected], telefones 213 241 060 (sede) ou 275 920 170 (Covilhã).
CFR 38 www.cofre.org
Ofereça um sonho
Receba mil sorrisos
O adeus a Maria da Luz Gaspar
É com pesar que comunicamos o falecimento, no
passado dia 22 de Agosto, da trabalhadora do Cofre Maria da Luz Gaspar, com 55 anos de idade.
Quem lidou com ela lembra-se da sua permanente
boa disposição, da forma afável com que rapidamente cativava a amizade de todos, da sua gargalhada imediata e do sorriso que permanentemente emoldurava o seu rosto.
Após 14 anos da Residência de Loures, em Junho
de 2013 ingressou na equipa da Residência Universitária de Lisboa. Com a passagem para outro
tipo de utentes, bem mais jovens e irrequietos,
Maria da Luz continuou a granjear a simpatia
de todos. Dizia que estes jovens a rejuvenesciam.
Uma doença súbita tirou-a do nosso convívio,
quase sem dar tempo de nos despedirmos. Ficam
as boas memórias, essas não se extinguem.
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Abrir o Cofre / Viagem da minha vida
texto João Rodrigues Sócio nº 51111
Jóias do Báltico
primeiro dia foi gasto no trajecto
para Estocolmo. Na manhã seguinte fomos à descoberta desta cidade,
edificada sobre 14 ilhas interligadas
por inúmeras pontes. No passeio a pé pela cidade antiga – GamlaStan – encontrámos praças e
ruelas da época medieval, cheias de encanto, o
Palácio Real, a Câmara Municipal e a Catedral.
Um passeio de barco permitiu-nos conhecer a
cidade de outro ângulo e descobrir belos palácios. Terminada a visita, embarcámos num cruzeiro com destino a Helsínquia. O paquete tinha
casino, bares, restaurantes e uma “promenade”
com boutiques e esplanadas. Após o desembarque visitámos o monumento ao compositor Sibelius, a praça do Senado (seu ex-libris), onde fica
a célebre catedral luterana de 1852, o palácio
do Governo e o interior da curiosa igreja Tempelinaukio, totalmente escavada na rocha. Após
o almoço, deslocação a Porvoo, berço da nação
finlandesa, toda construída em madeira. No dia
seguinte partimos de ferry para Tallin, capital
da Estónia, que adorei. A variedade e riqueza
dos seus monumentos e toda a parte antiga,
transporta-nos para os tempos da Liga Hanseática. Para além das praças e ruas estreitas na cidade baixa, visitámos o Castelo de
Toompea, hoje o edifício do Parlamento. No 5.º
dia chegámos a Sampetersburgo e ficámos no
maravilhoso Nevskiy Palace Hotel, situado na
Av. Nevsky, com passeios de granito rosa, polido, com mais de 5 metros de largura. Sampetersburgo é uma das mais belas e ricas cidades do
mundo. Visitámos o Almirantado (ex-libris da cidade), a Igreja do Sangue Derramado, o interior
da fabulosa Catedral de Santo Isaac, a Fortaleza
de Pedro e Paulo e o essencial Museu Hermitage que ocupa cinco edifícios. Visitámos Puskin
para ver o Palácio da Imperatriz Catarina onde
tudo que luz é ouro, com paredes forradas a âmbar e tartaruga e fogões de sala em porcelana; e
o Palácio de Verão dos Czares, em Petrodvorets.
De regresso a Sampetersburgo, presenciámos o
acender da iluminação pública, o chamado “Sol
da Meia Noite” onde, para além dos candeeiros,
O
CFR 40 www.cofre.org
cada edifício possui, ao nível do primeiro andar,
pequenos holofotes apontados para cima que
lhes dá uma beleza indescritível. Foi uma viagem de sonho, por tudo que a envolveu: a maneira de ser das gentes dos vários países, os monumentos e a grandiosidade. n
Proposta de Admissão
fotocopiar e enviar
Formulário de inscrição de sócio do Cofre de Previdência
A
Identificação
1
Nome completo (em maiúsculas)
2
B.I./C.C.*
5
naturalidade
7
filiação (pai)
8
filiação (mãe)
9
estado civil
11
morada
12
localidade
14
telefone
3
Data de nascimento
6
15
10
cônjuge
13
código postal
//
4
NIF*
Concelho
16
telemóvel
e-mail
* Anexar fotocópia do documento
B
Declara que pretende inscrever-se como sócio
nos termos da alínea a)
b)
com o subsídio por morte de
c)
do nº 1 do art. 19º dos Estatutos, aprovados pelo Decreto Lei 465/76,
,€
nos termos da alínea c) do nº 3 do art. 4º dos Estatutos aprovados pelo Decreto Lei 465/76, sem subsídio
por morte**.
vencimento
categoria
serviço
,€
ministério
serviço processador do vencimento
morada
local e data
//
assinatura do candidato
** Anexar fotocópia do último recibo de vencimento/pensão
C
Declaração dos Serviços do Candidato a Sócio
Confirmo as declarações prestadas.
assinatura do responsável autenticada com o selo em uso
D
Perfil
João António Teixeira Rodrigues, nascido em Carrazedo
Montenegro, Concelho de Valpaços, a 4 de Abril de 1944.
Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Técnica
de Lisboa. Exerceu a sua actividade na EN-RDP. Actualmente
está aposentado.
Reservado aos Serviços do Cofre
sócio nº
admitido em
idade
subsídio inscrito
o funcionário
//
o coordenador
nos termos da alínea __ do nº __ do art. __ dos estatutos
,€
quota mensal
€
o secretário-adjunto do cofre
CARTÃO
DE SAÚDE
Saúde &
bem estar
(*) Passam a estar incluídas no Cartão de Saúde COFRE:
REDE BEM ESTAR (RBE)
Rede de Prestadores de Serviços de Saúde
e Lazer, com mais de 3.063 Locais de
Atendimento, e um desconto médio de
40% no preço praticado para particulares.
Nesta Rede beneficiará de serviços como:
Psicologia, Nutrição, Osteopatia, Homeopatia,
Quiroprática, Acupunctura, Shiatsu, Estética,
Genética, Termalismo, Talassoterapia, Spas,
Health Clubs, Cursos de Preparação para o Parto,
Podologia, Terapia da fala, Criopreservação de
Células Estaminais, Parafarmácias, Higiene Oral,
Ópticas, Bem estar Animal.
ASSISTÊNCIA ÀS PESSOAS
Serviços, em Portugal, e no Estrangeiro,
em caso de Doença Súbita ou Acidente.
Exemplos de Serviços garantidos:
Assistência em Viagem no Estrangeiro,
Despesas Médicas, Cirúrgicas, Farmacêuticas
e de Hospitalização, Aconselhamento e Envio
de Médico, Profissional de Enfermagem e/ou
Medicamentos ao Domicilio, Procura e Envio de
Doméstica ao Domicilio, Marcação de Consultas
e Meios Complementares de Diagnóstico, CheckUp, Baby Sitting, Recolha e Entrega de Roupa
para Lavar ou Engomar, Assistência a Animais
Domésticos, Assistência no Lar com Informação
ou Envio de Profissionais Qualificados.
O resumO das cOberturas nãO dispensa a leitura
das cOndições Gerais e especiais aplicáveis.
(*) As presentes coberturas estão disponíveis apenas para os Sócios titulares do Cartão de Saúde, podendo, se assim desejarem, igualmente incluir os respectivos agregados
familiares, regularizando para o efeito a situação nos Serviços do Cofre.
Sócios do COFRE com condições únicas nos seguros particulares:
automóvel, multiriscos, habitação, vida, crédito e outros:
• Seguro Automóvel, desde 75,24€/Ano.
• Seguro de MultiRiscos (Ex. T2, em Lisboa) para o Recheio da
Habitação (15.000) e Paredes (79.000), desde 69,24€/Ano.
[email protected]
tel: 21 923 94 80 / 96 392 75 55 / 92 564 95 46
segundas e quintas, das 9h00 às 12h30,
nas Instalações do Cofre
Rua dos Sapateiros – Lisboa
Mediador devidamente autorizado, pelo
Instituto de Seguros de Portugal, a comercializar
seguros dos Ramos Vida e Não Vida, podendo
o interessado confirmar esta inscrição
em www.isp.pt

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