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IA887: FISIOLOGIA PARA ENGENHEIROS AULA DE APOIO DE FISOLOGIA CARDIOVASCULAR (Maio 2016) PARTE 1: Revisão de alguns conceitos e fatos 1) O esquema abaixo mostra a ação antagônica das eferências simpática e parasimpática sobre o débito cardíaco e a pressão arterial, em analogia com a ação antagônica do acelerador e do freio de um automóvel sobre a velocidade deste. Em condições basais, o tônus para-simpático é predominante sobre o simpático (embora ambas as eferências apresentem influência tônica). A inervação autonômica cardíaca é particularmente rica no átrio direito, e menos densa nos ventrículos. 2) A resistência e complacência vasculares (representadas principalmente por arteríolas e veias, respectivamente), bem como o fluxo sanguíneo local (controlado pelos esfíncteres pré-capilares) dependem do diâmetro e/ou do tônus da musculatura vascular, os quais, por sua vez, depende o balanço dos fatores que promovem sua contração e seu relaxamento, como mostrado abaixo: OBS: Endothelin-derived relaxing factor foi identificado posteriormente como sendo óxido nítrico (NO). 3) O sangue ejetado pelo coração na aorta (isto também vale para outras grandes artérias) temporariamente estira a parede do vaso. Porém, graças à abundância de fibras elásticas em sua parede, o vaso retorna à sua forma original (como mostrado na figura abaixo), e o sangue contido nele é mobilizado para regiões onde a pressão é menor (ou seja, em direção ao leito capilar). Portanto, o sangue sempre flui a favor de um gradiente de pressão. 4) O efeito de catecolaminas sobre a musculatura lisa de um vaso sanguíneo depende do tipo de adrenoceptor presente no tecido-alvo, e dos tipos de receptor com os quais aquela catecolamina interage. Na figura abaixo, que ilustra o esquema de uma arteríola, observamos que adrenoceptores alfa são mais abundantes que adrenoceptores beta-2 (A). A ocupação de adrenoceptores alfa e beta-2 produzem efeitos antagônicos: vasoconstrição e vasodilatação, respectivamente. A adrenalina (epinefrina), no entanto, tem maior afinidade pelos adrenoceptores beta-2. Portanto, quando a concentração plasmática de adrenalina é fisiológica (relativamente baixa), são ocupados preferencialmente os adrenoceptores beta-2, e a resposta resultante é vasodilatação (B). Porém, em concentrações farmacológicas (i.e., muito altas) de adrenalina, adrenoceptores alfa também serão ocupados. Como este tipo de receptor é predominante, a resposta resultante será vasoconstrição (C). 5) Em contraste, a noradrenalina (neurotransmissor) e a fenilefrina (agonista sintético) só agem sobre adrenoceptores alfa. Portanto, sempre evocarão vasoconstrição. A resposta da musculatura vascular à catecolamina (alterando a resistência periférica) e os efeitos da catecolamina sobre o próprio coração (alterando o débito cardíaco) serão os determinantes das variações de pressão arterial. Porém, essas variações afetarão a saída do reflexo baroceptor, a qual irá determinar o padrão de resposta de frequência cardíaca, como mostrado abaixo (ex., observe bradicardia em resposta a fenilefrina e altas concentrações de adrenalina). 6) As catecolaminas têm efeito inotrópico positivo sobre o coração, atuando principalmente em adrenoceptores beta, cuja via de sinalização aumenta a mobilização de Ca2+ (i.e., disponibilidade do íon para o aparelho contrátil) por meio de aumento do influxo do íon via canais voltagem-dependentes do sarcolema e estimulação da captação de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático. Porém, outras substâncias, presentes em alimentos e medicamentos, também podem afetar o inotropismo cardíaco. Por exemplo, a acetil-estrofantidina (ACS) é um digitálico utilizado para tratamento de insuficiência cardíaca grave, como objetivo de estimular o inotropismo. Como a ouabaína, a ACS atua inibindo parcialmente a bomba Na+-K+. Como resultado, ocorre aumento da concentração intracelular de Na+, o que modifica o potencial de reversão do trocador Na+/Ca2+ para valores mais negativos, o que desfavorece a extrusão de Ca2+, (e pode até favorecer seu influxo) por este mecanismo de contratransporte. O aumento da carga celular de Ca2+ aumenta a disponibilidade de Ca2+ para os miofilamentos, produzindo aumento do inotropismo, o que se reflete no aumento do débito cardíaco. No entanto, sempre há um preço a pagar: a sobrecarga celular de Ca2+ leva a aumento dos requerimentos de energia (consumo de O2) e grande risco de produção de arritmias. 7) Não só a resistência periférica é um importante fator na determinação da pressão arterial. A complacência venosa também desempenha um papel, determinando a pressão média de enchimento e, por conseguinte, o retorno venoso. Este tem influência sobre o débito cardíaco, via pré-carga e volume sistólico (mecanismo de Frank-Starling). A ação de catecolaminas sobre adrenoceptores alfa presentes na musculatura dos vasos de capacitância (veias) reduz a complacência venosa (de A para B), enquanto vasodilatadores (ex., óxido nítrico) aumentam a capacitância (i.e., aumentam a complacência) venosa (A para C). O mesmo vale para a complacência arterial, que pode estar reduzida no caso de endurecimento das artérias por acúmulo de material fibroso (colágeno) e/ou placas em seu interior. Adaptado de: Collins HL, Rodenbaugh DW, Murphy TP, Kulics JM, Bailey CM, DiCarlo SE. Am J Physiol 277 (Adv Physiol Educ 22): S15-S28, 1999. PARTE 2: Traçados para estudo A seguir, estão apresentados 10 traçados de pressão arterial registrada em experimentos com cão, em diferentes condições. Cada um dos traçados corresponde a uma das manobras experimentais (o início da perturbação está indicadas com uma seta) listadas abaixo. Com base no evento primário associado à perturbação (indicado para cada traçado), explique a quais mecanismos fisiológicos (ou seqüência de mecanismos) se deveram as variações de frequência cardíaca e pressão arterial em cada manobra experimental. TRAÇADO 1: Estimulação elétrica do nervo vago TRAÇADO 2: Administração endovenosa de fenilefrina (agonista de adrenoceptores alfa). TRAÇADO 3: Administração endovenosa de adrenalina TRAÇADO 4: Oclusão bilateral das artérias carótidas TRAÇADO 5: Administração endovenosa de nitroglicerina (doador de NO) TRAÇADO 6: Administração endovenosa de ouabaína (inibidor da bomba Na+-K+) TRAÇADO 7: Administração endovenosa de atropina (bloqueador de receptores colinérgicos muscarínicos) TRAÇADO 8: Estimulação elétrica do gânglio estrelado direito (simpático) TRAÇADO 9: Aumento da complacência arterial TRAÇADO 10: Diminuição da complacência arterial
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