boletim técnico - LMC
Transcrição
boletim técnico - LMC
BOLETIM TÉCNICO Ano II / No 01 Abril/97 NUTAU’96 - BREVE RELATO DO PAINEL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO Alfonso Antonio Gill* 1.INTRODUÇÃO O NUTAU'96 - Seminário Internacional de Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo, realizado entre 31 de outubro e 02 de novembro de 1996, foi um evento marcante, o que faz seus organizadores já iniciarem as definições para o NUTAU' 98. Além da Proteção Contra Incêndio, os participantes puderam compartilhar de outras áreas como: Pré Moldados e Habitação Social; Avaliação Pós Ocupação; Conservação de Energia nas Edificações; Qualidade dos Edifícios e das Obras; Computação Gráfica e Multimídia. Para aqueles que não puderam comparecer, mas esperam participar do NUTAU' 98, faremos neste boletim um resumo das palestras da área de proteção contra incêndio. Convém lembrar que o objetivo principal do Seminário NUTAU é permitir a divulgação dos trabalhos de pesquisas realizados. Como este foi o primeiro na área de incêndio, ainda não há uma mentalidade de pesquisa desenvolvida, portanto, foram pouco os trabalhos de pesquisa propriamente ditos, apresentados. Esperamos que esta situação se altere no futuro, pois um dos objetivos do GSI vem a ser justamente este, o de estimular e incentivar as pesquisas sobre segurança contra incêndios. Esperamos que para o NUTAU' 98 vários profissionais de diversos Estados de nosso país apresentem o resultado de seus esforços e do seu trabalho. É importante o trabalho e a contribuição de todos que desejam um bom nível de segurança contra incêndios em nosso país. Neste NUTAU' 96 dividimos as palestras em três grupos. O primeiro é de pesquisa propriamente dita, o segundo trata da divulgação de produtos e equipamentos para proteção contra incêndios e o terceiro refere-se a estudos, práticas e experiências a serem aprofundadas e aplicadas para uma melhor segurança contra incêndio. 2. PESQUISA Dois trabalhos foram de pesquisadores da Universidade de Nagoya, Japão e um de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2.1 Estudo experimetal sobre a movimentação da fumaça com modelo em escala Neste estudo do Prof. Dr. Makoto Tsujimoto, palestrante convidado da Universidade de Nagoya, Japão, simulou-se movimentação de fumaça em grandes espaços de átrio em modelos na escala de 1/10 e 1/25. Comparou os resultados de um teste de fumaça em escala real realizado no antigo ginásio "Kokugikan Sumo" com uma experiência simulada na escala de 1/40 e por fim em diferentes escalas em túnel de vento, simulando o efeito do vento nas aberturas de exaustão de fumaça. A similaridade do perfil de temperaturas e do movimento de fumaça foram praticamente confirmados em todas as experiências. Os resultados foram gravados em vídeo que permite comparar o fenômeno em duas escalas diferentes. É um poderoso método para estudar o mecanismo da movimentação da fumaça. 2.2 Estudo sobre a evacuação de apartamentos durante o terremoto de Kobe, Japão em 1995 A pesquisadora Miki Tsuneyoshi, da Universidade de Nagoya, apresentou o resultado de uma pesquisa referente ao comportamento das pessoas após a concorrência do terremoto. Foram pesquisados 29 edifícios com mais de três pavimentos, nos quais houve a ocorrência de incêndio após o terremoto. Os resultados são apresentados em várias tabelas. Uma delas mostra que as atitudes mais freqüentes foram procurar por iluminação (o terremoto foi às 5:46h), trocar-se e abandonar o local. Outras, como olhar para fora, também tiveram certa freqüência. Comparando as várias tabelas, a pesquisadora concluiu que a ocorrência dos incêndios nos edifícios afetados pelo terremoto parecem não ter grande influência no tempo de abandono. Parece que se o incêndio não for uma ameaça direta, não haverá mudança de comportamento. Outra conclusão é que pessoas com alguma deficiência tendem a ficar mais tempo nas residências, mas ao iniciar a evacuação, acabam saindo mais rapidamente dos prédios. 2/6 Ano II / No 01 Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP 2.3 Análise de proteção contra incêndios e explosões através de estudo de caso real Nestes trabalhos, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Eng. Adv. Assed Naked Haddad e o Eng., D.Sc., Eduardo Linhares Qualharini propõem "difundir no meio científico, situações apreciadas por pesquisadores que não têm fácil acesso a um caso real de explosão". O estudo, empregando técnicas de APR (Análise Preliminar de Risco) e HAZOP (Hazardours Operations), analisou uma explosão de uma pequena caldeira elétrica, produtora de leite de soja (vaca mecânica), ocorrida numa escola pública no Rio de Janeiro. Embora sem feridos, houve muitos danos materiais. Utilizando-se a técnica HAZOP detectou-se que "houve falha humana, falta de manutenção e inadequada proteção do equipamento contra explosões", concluíram os pesquisadores que "a culpabilidade aos responsáveis incide na falta de metodologia de operação e manutenção". 3. DIVULGAÇÃO DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS PARA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO Neste bloco, foram apresentados trabalhos desenvolvidos por empresas estrangeiras e algumas com representação nacional. 3.1 "High temperature duct wrap contains restaurant grease" O Eng. Thomas R. Viverito da "Thermal Ceramics Inc." explanou sobre a importância da proteção contra incêndio nos dutos de exaustão das cozinhas dos restaurantes, onde o acúmulo de gordura pode dar origem a incêndios. Foi citado como exemplo o incêndio ocorrido no restaurante McGuffeys, na cidade de Brauson (EUA) em 1994. O apresentador informou sobre as qualidades da manta cerâmica de nome comercial "Fire Master Duct Wrap", esclarecendo como o envolvimento dos dutos por esta manta impede que um possível incêndio se propague para o restante da edificação. Esclareceu também que o produto foi aprovado por ensaios por diversas normas como: ASTM E-84, ASTM E-119, ASTM E-136, ASTM E-814, ASTM E-119 e U.L. 1978. 3.2 Um sistema nacional de coleta de dados de incêndio A arquiteta Rosária Ono do IPT, procura através de inúmeros gráficos e tabelas, mostrar que poucas são as informações referentes a incêndio disponíveis no período 1960-90, no Brasil e em São Paulo, e que o que foi coletado até hoje "são simplesmente constatações dos valores numéricos obtidos que não permitem uma avaliação mais aprofundada dos incêndios e suas conseqüências, pois os dados ainda estão incompletos e dependem de uma reformulação que permita uma análise mais precisa da segurança contra incêndio". Rosária informa também sobre o andamento da "Norma Brasileira para coleta, processamento e análise de dados de incêndio". A norma está sendo elaborada por uma das Comissões de Estudo (CE) do CB-24 da ABNT. Sem uma norma de padronizada de coleta dos dados a ser adotada pelos órgão coletores de informações, será difícil informar sobre a efetividade na prevenção e no combate a incêndios. Conforme Rosária esclareceu, são inúmeras as vantagens de existir um "Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados de Bombeiros", que com o estabelecimento de um órgão centralizador nacional, garanta o fornecimento de informações mínimas contidas na norma. Deve-se definir com o IBGE e o Ministério da Justiça, uma estrutura de rede de coleta de dados nomeando os órgãos responsáveis pela sua coordenação e efetiva realização. 3.3 Proteção passiva construção civil contra incêndio na O Eng. Renato Bernardes de Souza da "Carborundum do Brasil Ltda." procurou no seu trabalho "contribuir no esclarecimento a conscientização dos arquitetos e engenheiros brasileiros, na necessidade de adoção de proteção passiva contra incêndios nas construções brasileiras". Informou também sobre os produtos como a manta de fibra cerâmica "Durablanket" e a massa cortafogo "Fire Putty". Para esclarecer quanto as suas aplicações usou como exemplo ilustrativo o edifício "Centro Empresarial do Aço de São Paulo". Nele empregando-se a manta "Durablanket B6"e as placas "Duraboard 1.200", "foram protegidas vigas de borda, treliças e vigas cilíndricas e a área protegida foi de aproximadamente de 40.000 m2 e o tempo de proteção contra incêndio variou de 90 a 120 minutos". 3.4 Designing and qualifying na efective penetration sealing system for plastic pipes O Eng. Ronald Israelson da "3M Fire Protection Products" descreveu o processo para desenvolver e qualificar um sistema de vedação para tubulações plásticas de modo que atingisse as exigências da norma ASTM E-814, bem como dos códigos americanos "BOCA", "National Building Code" e "The Uniform Building Code". Testes realizados em tubulação plástica de 4" de PVC e forro de concreto demonstraram que em poucos minutos o material intumescente se expandiu vedando a abertura da tubulação. Outros testes foram realizados pela 3M com diâmetro acima de 10" e outros tipos de plásticos (PP, ABS, etc...) e outros 3/6 Ano II / No 01 Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP tipos de piso e paredes (gesso, blocos de concreto, etc...) e estão compilados e listados em vários sistemas de aprovação da "UL Fire Resistance Directory". 4. ESTUDOS, PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS A SEREM APROFUNDADAS E APLICADAS 4.1 Sistema institucional de segurança contra incêndio. O Eng. Alexandre Itiu Seito, do GSI/NUTAU, propõe a criação de um sistema, a nível federal, para regulamentar a segurança contra incêndio. Para Alexandre, a confecção de regulamentos compulsórios é "um grande exercício da cidadania", pois todos irão participar "na discussão e confecção dos regulamentos que irão afetar suas vidas". Para comparação, ele apresenta os componentes do sistema no Japão esclarecendo que as funções de cada componente estão bem definidas em lei. Integram este sistema setores da sociedade como: Ministérios da Construção, do Interior, da Indústria e Comércio e da Educação; órgãos públicos estaduais e municipais; federação de Corpos de Bombeiros; centros de pesquisas de bombeiros; institutos de pesquisas; universidades; laboratórios de homologação e de certificação; associação de classes de municípios, de fabricantes, de construtores, de engenheiros e de arquitetos. Neste trabalho também são comparados os sistemas de normalização do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, destacando-se seus pontos em comum e seus pontos diferenciados. Para concluir, Alexandre propõe a criação de um texto base de regulamentação da segurança contra incêndio que "deve ser elaborado por uma comissão permanente constituída a nível de ministério, com a participação de profissionais de vários segmentos da sociedade, de outros ministérios e de órgãos públicos". 4.2 Proteção ao fogo das estruturas Neste trabalho, o Prof. Dr. Ualfrido del Carlo e o Eng. Alexandre Itiu Seito, ambos do GSI/NUTAU esclarecem conceitos como carga, carga incêndio, conjunto carga nominal - carga incêndio etc., bem como quanto aos testes de resistência ao fogo necessários para vigas, colunas, vedos, portas, janelas, lajes e forros. Para os ensaios de resistência do fogo são necessários diferentes tipos de fornos, não existentes no Brasil. No trabalho são feitas considerações também sobre a resistência ao fogo de elementos estruturais em concreto com armaduras e por fim são abordadas as diferentes formas de proteção dos elementos estruturais em aço. 4.3 Avaliação do serviço de Bombeiro Público como componente do sistema de segurança de uma edificação O Cel. P.M. Walter Negrisolo do GSI/NUTAU propõe em seu trabalho uma forma de análise do serviço público de combate ao incêndio. O grau de adestramento deste, associado à qualidade do sistema de hidrantes, permitirão ao particular dimensionar seus próprio recurso de combater ao incêndio. Cel. Negrisolo propõe que: 1) O hidratante esteja a menos de 150m da edificação e possua vazão de 200 lpm (capacidade de trabalho da viatura de bombeiro); 2) o quartel de bombeiro esteja a menos de 3 km da edificação (tempo resposta = 10 min.); 3) os bombeiros estejam treinados no exercício da ventilação e proteção de salvados pois "bombeiros aptos a essas ações são, normalmente, capazes de executar todas as demais tarefas necessárias a um eficiente combate ao incêndio". Havendo deficiência nos ítens acima citados, procuraria o responsável pela segurança da edificação compensá-los com seus próprios recursos. 4.4 Capacitação profissional em operações contra incêndio O 1o Tenente Marco Antonio R. de Almeida e o técnico de segurança José Carlos Floriano, ambos do GECEB (Grupo de Especialistas em Controle de Emergências do Brasil) argumentam em seu trabalho sobre a inconveniente tendência existente nas empresas em se empregar vigilantes patrimoniais como bombeiros industriais e vice-versa. Esclarecem quanto a necessidade de um programa básico de capacitação para todos os trabalhadores de uma empresa e também do planejamento de ações de emergências e inspeções privativas. Abordam as ações da gerência referente a treinamentos de emergências e detalham as inspeções privativas. Concluem afirmando que "o treinamento se faz necessário em todas as fases de processo e em diversos níveis pois todo funcionário tem sua parcela de responsabilidade na prevenção em administração de sinistros e não só os responsáveis pelo controle de emergência". 4.5 A evolução do conhecimento nos Corpos de Bombeiro O Cel. P.M. e Eng. Alfonso Antonio Gill discute métodos para a evolução do conhecimento nos Corpos de Bombeiros. Segundo o autor, tudo se inicia pela postura da liderança da organização. Os comandantes-líderes devem exercer o papel de "professor de uma organização em aprendizado". A organização deve ter um sistema, uma metodologia claramente definida para desenvolver e divulgar o 4/6 Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP conhecimento entre seu pessoal, a exemplo do que está ocorrendo no Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Enfatiza a necessidade de se "criar um estilo moderno de gerenciamento ... mais voltado para a área operacional". A materialização disto se dá quando os procedimentos operacionais forem executados dentro de padrões preestabelecidos pela organização e por escrito como, por exemplo, os Procedimentos Operacionais Padrão do Corpo de Bombeiros de São Paulo. 4.6 Prevenção contra incêndio na indústria automobilística. O Eng. Rogério Crotti da Volkswagem do Brasil destaca a importância de se passar do conceito "clássico" de que "bombeiro industrial tem como tarefas atender aos sinistros e cuidar de extintores" para um conceito moderno de que sua tarefa é "fazer com que os sinistros não ocorram, sendo portanto fundamental a atuação destes empregados como agentes de prevenção". Após abordar as instalações destinadas ao combate a incêndios (como estão estruturadas, as dificuldades encontradas) e o treinamento para os empregados produtivos (brigadas, treinamentos, abandono de área) encerrar seu trabalho com a seguinte visão de futuro: "Portanto, hoje no mercado existe um grande impasse, por um lado as grandes empresas estão em vias de terceirizar esta função (bombeiro industrial) e por outro lado está difícil encontrar alguém em condições de fazê-lo. Creio então que haverá necessidade das grandes empresas passarem a tecnologia adquirida com o passar dos anos a desenvolverem seus parceiros para esta empreitada". 4.7 A educação na engenharia de segurança contra incêndio. Para o Prof. Dr. James Quintiere, palestrante convidado, professor do Curso de Engenharia de Incêndio da Universidade de Maryland, Estados Unidos, a educação referente a engenharia de segurança contra incêndio é a transferência e uniformização do conhecimento sobre o perigo do incêndio e como garantir a segurança contra este perigo. Esclarece ele que por segurança entende-se um estado percebido baseado no instinto, ou nas concepções sociais ou em projetos técnicos. A segurança não é facilmente quantificável. Está relacionada a probabilidade de ocorrência de um evento e também ao dano causado pelo evento. As estatísticas são uma fonte de referência e elas indicam, por exemplo, que a Rússia é o país que apresenta o maior número de mortes devido aos incêndios. Ano II / No 01 Estudos feitos revelam que os custos devido aos incêndios de diversos paises atingem aproximadamente 1% de seus PIBs. Nestes custos estão incluídos os custos de perdas diretas, do combate, da proteção nas edificações e do seguro. Um dos grandes fatores de apoio ao uso de métodos científicos na segurança contra incêndio, nos Estados Unidos, tem sido os litígios na Justiça devido a incêndios. Para melhorar a segurança contra incêndio o prof. Quintiere acredita que esforços devem ser desenvolvidos nas seguintes áreas: 1) educação do público e da indústria - hoje em dia ainda estamos usando idéias referentes a combustão desenvolvidas por Faraday em 1860. Estudos mais profundos e atualizados devem ser transmitidos nos livros de educação de segurança contra incêndio; 2) regulamentação e proteção contra incêndio - muitas vezes já se perderam as bases técnicas e as razões de determinadas exigências dos regulamentos. Felizmente, nos anos mais recentes, tem havido interesse de que os processos de engenharia façam parte das regulamentações. Vários fatores têm atuado. A necessidade, hoje em dia, de um melhor desempenho da economia tem forçado a desregulamentação em vários países e isto por conseqüência tem fortalecido os "códigos de desempenho", abrindo espaço para a engenharia de proteção contra incêndio. Exemplo disto é o que está acontecendo no Reino Unido, na Nova Zelândia, Suécia e na Austrália; 3) extinção - novas técnicas podem e devem ser desenvolvidas. Um claro exemplo disto foram as técnicas de extinção desenvolvidas para os incêndios dos poços de petróleo no Kuwait, por ocasião da guerra do Golfo; 4) novas tecnologias - um exemplo dramático foi a introdução da tecnologia dos detectores de incêndio residenciais nos EUA na década de 70 que reduziram as mortes pela metade. Novas técnicas para localizar e monitorar bombeiros dentro de incêndios e equipamentos de infra-vermelho para permitir a visualização em zonas de fumaça dão uma idéia do que é possível com a nova tecnologia existente. A educação sistematizada na segurança contra incêndio está se desenvolvendo em vários países. A Universidade de Maryland iniciou seu programa de bacharelado em engenharia de segurança contra incêndio em 1956 e a Universidade de Edinburgh, em 1973, foi a primeira a fazer mestrado. Hoje universidades de vários países estão com programas de bacharelado, mestrado e doutorado em segurança contra incêndio. A criação da "IAFSS - International Association for Fire Safety Science ", em 1985, com o objetivo de "encorajar pesquisas na ciência de prevenir e mitigar os efeitos adversos do incêndio e prever um fórum 5/6 Ano II / No 01 Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP para apresentação destes resultados" tem contribuído, também, para o reconhecimento da engenharia de segurança contra incêndio como um dos ramos da engenharia. Onde poderia trabalhar tal engenheiro? Num levantamento feito pela "Society for Fire Protection Engineer - SFPE" mostra que dos seus associados 8% estão trabalhando com equipamentos de proteção contra incêndio, 10% na indústria, 10% no governo, 12% na educação e outros, 25% em consultoria e 35% em seguradoras. O prof. Quintiere afirmando: termina sua apresentação 1) a educação na segurança contra incêndio é viável; é uma área em crescimento nas ciências da engenharia; 2) a tendência mostra o crescimento no emprego de mais métodos de engenharia e de mais ciência no campo de segurança contra incêndio; e 3) o nível de segurança percebido pela sociedade e pelas forças econômicas e políticas ajudam a formatar o avanço na segurança contra incêndio. 4.8 O corpo de bombeiro e a proteção contra incêndio. O Eng. Albrecht Broemme, palestrante convidado, Comandante do Corpo de Bombeiros de Berlim Alemanha, na sua apresentação deu um enfoque de que a segurança contra incêndio deve ser vista de modo global, abrangente, que envolva a proteção passiva, a proteção ativa, a brigada de incêndio da edificação, o Corpo de Bombeiro local e um plano de emergência. Detalhou cada um destes aspectos. Não deixou de ressaltar a importância de uma coordenação entre a direção da empresa e as autoridades públicas diante de entrevistas com a imprensa em decorrência de um incêndio. Ressaltou também o dinamismo que envolve as edificações usando como exemplo o aeroporto de Dusseldorf que foi projetado e construído para uma determinada capacidade. Por ocasião do incêndio ocorrido em 1996, tramitava no aeroporto um público muito acima do originalmente previsto. O comandante informou que as seguintes Universidades realizam trabalhos: Universidade de Karlsruae; Instituto para Segurança Contra Incêndio Heyrothsberge/Magdeburg; Universidade de Braunschweig e Universidade de Wuppertal. Encerrou sua apresentação com algumas questões para reflexão, como: aprendemos algo com o incêndio? Quem foi o culpado? Quando e por que algo deve ser feito? Quanto custa a segurança contra incêndio? Qual o resultado da segurança contra incêndio? 4.9 A importância do projeto arquitetônico na prevenção contra incêndio O Eng. João Carlos Souza afirma em seu trabalho que "a análise integral e consciente da segurança contra incêndio deve formar parte do processo de elaboração do projeto arquitetônico para que seja efetivo e econômico". Acrescenta mais adiante que "em vez do cumprimento mínimo de requisitos de segurança impostos, caberia aos profissionais da área, arquitetos e engenheiros, um perfeito domínio dos conceitos de proteção contra incêndio, que lhes permitiria projetar cada edifício com suas particularidades características de modo mais seguro e econômico". Souza faz uma análise das várias etapas que constituem o tempo resposta de uma viatura de bombeiros e apresenta um diagrama da NFPA sobre a possibilidade de sucesso na extinção de um incêndio (100% em 2 a 5 min. e 0% em 22min.) para concluir que o edifício deve "por si mesmo ser projetado para permitir a extinção manual do fogo e estar protegido para impedir a propagação do incêndio. "Para tanto devem ser analisados a prevenção de incêndios e a proteção passiva e ativa considerandose aspectos como resistência ao fogo das estruturas, isolamento de riscos, compartimentação e assim por diante. 4.10 Necessidade de definição da segurança contra incêndio no processo arquitetônico dos edifícios O Eng. Antônio Fernando Berto chama a atenção para que a segurança contra incêndio tenha o “sentido de um todo” e afirma que estabelecer o Sistema Global de Segurança Contra Incêndio “é fundamentalmente responsabilidade do arquiteto, pela capacidade que o sistema tem de interagir com grande número de aspectos associados ao projeto arquitetônico”. Berto também lembra que é, sem dúvida, muito importante a necessidade de se alcançar um equilíbrio entre gastos e prováveis benefícios já que nem sempre o dispêndio excessivo com segurança contra incêndio resulta, de fato, em melhorias de condição de segurança. O Eng. Berto lembra que as regulamentações compulsórias apresentam falhas pois “os fatores determinantes de risco não são adequadamente considerados", acrescentando mais adiante que "como pré-requisito à execução do projeto arquitetônico de edifícios, o profissional deve não somente conhecer a fundo o regulamentação compulsória de segurança contra incêndio, mas também perceber todas as suas deficiências". Conclui a afirmando que "a segurança contra incêndio é parte integrante fundamental do tópico de segurança e constitui-se por isto em questão 6/6 Ano II / No 01 Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP condicionante arquitetônico" ao desenvolvimento do projeto 5. CONCLUSÃO O Comissão Organizadora do NUTAU’96, que teve o privilégio de contar com três palestrantes internacionais convidados no seu painel de Segurança contra Incêndio, agradece a colaboração de todos os participantes para o sucesso do evento, em especial ao IAFSS - International Association for Fire Safety Science, a Universidade de Maryland, a Universidade de Nagoya, ao Corpo de Bombeiros de Berlim e ao Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Os interessados em obter os textos integrais das apresentações brevemente descritas aqui podem obter maiores informações contactando o GSI/NUTAU. * Alfonso Antonio Gill - Cel Res PM do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Engenheiro de Segurança. Listagem dos números anteriores do Boletim Técnico do GSI: Número Mês/Ano Título / Autores Ano I / No 01 (Set/95) Extintor Portátil de Incêndio / Alexandre Itiu Seito e Silvio Bento da Silva Ano I / No 02 (Out/95) A Formação de Engenheiros de Segurança contra Incêndio / Ualfrido Del Carlo Ano I / No 03 (Jan/96) As Regulamentações Compulsórias de Segurança contra Incêndio de São Paulo/ Orlando Secco e Alexandre Itiu Seito Ano I / No 04 (Fev/96) Saídas de Emergência / Rosaria Ono Ano I / No 05 (Mar/96) Estatística de Incêndio no Brasil / Rogério B. Duarte Ano I / No 06 (Abr/96) A Evolução na Proteção contra Incêndio / Alfonso Antonio Gill Ano I / No 07 (Mai/96) Proteção ao Fogo das Estruturas (Parte I) / Ualfrido Del Carlo Ano I / No 08 (Jun/96) A Influência das Medidas de Proteção no Combate a Incêndios / Walter Negrisolo GSI / Notícias / GSI / Notícias / GSI / Notícias / GSI / Notícias / GSI / Notícias / GSI / Notícias / GSI • Defesa de Tese de Doutoramento em Segurança contra Incêndio: A Arquiteta Rosaria Ono, pesquisadora do IPT, orientada pelo Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo, defendeu sua Tese de Doutoramento com o título: “Segurança contra Incêndio em Edificações - Um Sistema de Coleta e Análise de Dados para Avaliação de Desempenho”, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 24/02/97. • Presença brasileira no V International Symposium on Fire Safety Science: A Arquiteta Rosaria Ono, pesquisadora do IPT, foi a única representante brasileira neste importante simpósio internacional, um dos principais na área de pesquisa de segurança contra incêndio, realizado em Melbourne, Australia entre 3 e 7 de Março de 1997. Maiores detalhes devem ser relatados brevemente numa edição do Boletim Técnico. • Esta edição do Boletim Técnico foi publicada excepcionalmente em 6 páginas, para divulgar os resultados do primeiro evento internacional com participação do GSI/NUTAU. A partir da próxima edição, pretende-se que este Boletim passe das antigas 2 páginas para 4 páginas, com espaço para mais informações. Para tanto, contamos com a participação e apoio de nossos leitores na forma de artigos técnicos para publicação e patrocínios institucionais. Publicação do Grupo de Pesquisa em Segurança contra Incêndio do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo da Universidade de São Paulo - GSI/NUTAU/USP NUTAU - Rua do Anfiteatro, 181 - Colméia - Favo 6 - Cidade Universitária - 05508-900 São Paulo - Brasil / Telefax: (011) 818-3209 / e-mail: [email protected] Reproduzido e distribuído pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo