Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil.

Transcrição

Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil.
LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!
Escritores brasileiros
na Suíça e no Brasil.
ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3
2
VARAL DO BRASIL
Literário, sem frescuras
Genebra, primavera /verão de 2010
Ano 2—No. 3
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3
EXPEDIENTE
Revista Literária VARAL DO BRASIL
No. 3 — Genebra — CH
Copyright © Vários autores
O Varal do Brasil é promovido,
organizado e divulgado pelo site:
www.coracional.com
Site do Varal: www.varadobrasil.ch
Textos: Vários Autores
Ilustrações: Vários Autores
Revisão parcial de cada autor.
Revisão Geral: Varal do Brasil
Composição e diagramação:
Jacqueline Aisenman
A distribuição ecológica, por email, é
gratuita.
Se você deseja participar do Varal do
Brasil no. 04, envie seus textos até
05 de julho de 2010 para
[email protected]
A participação é gratuita. Participe!
Desde novembro do ano passado, quando
iniciamos o projeto de realizar o VARAL,
ficou claro que esta não seria uma revista
literária como as outras. Por que?
Porque fica difícil falar de literatura, apresentar novos e consagrados escritores,
sem falar de outros assuntos, sem trazer
os aspectos culturais dos dois países envolvidos neste projeto.
Literária, sem frescuras. Assim definiu-se
a revista e assim está crescendo. Neste
número são 40 escritores selecionados e
mais diversos artigos. Um grande passo
diante do tímido número zero de novembro.
E o caminho que estamos trilhando de forma vitoriosa tem nele plantadas as flores
dos poetas, as sementes dos cronistas e
contistas que aqui conosco vem fazendo a
caminhada.
Verso e prosa, prosa e verso, somos todos
escritores. Escrevemos a vida a cada dia,
cada um da sua forma. E é o que faz a riqueza do VARAL DO BRASIL: o encontro
nas diferenças.
Jacqueline Aisenman
Obrigada escritores, obrigada leitores.
Com vocês e por vocês aqui estamos com
mais um número e com certeza futuramente com muitos outros!
Até!
Jacqueline Aisenman
Genebra
4

Alessa B. - Versos Perturbados

Amarilis Pazini Aires - Amar como a primeira vez

Angela Costa - Poema Etílico

Ana Anaissi - As velhinhas caroneiras

Andre Luis Aquino - Os amantes do círculo polar

Antonio Vendramini Neto - Os sapatos do Valdemar

Carlos Eduardo Marcos Bonfá - Silêncio

Chajafreidafelkstein - Passarinhos

Clarice Villac - Calendário

Cristiane Stankovick - Rotina

Dimmytrius - Meu Brasil Brasileiro

Eurico de Andrade. Bembem padece de amor

Fabrício Couto Martins - Alma escura

Gilberto Nogueira de Oliveira - Esperança

Gustavo H. Bella - Aceito a noite longa

Infeto - Simples assim

Jaci Santana - Signos

Jacqueline Aisenman - Gosto

Jania de Souza - Falando de Amor

José Carlos P. Bruno - Contubérnio

José Genário Machado - A fuga do caranguejo

Ju Virginiana - E o amor acontece

Lariel Frota - Rosas azuis

Maíra Cortez Galhardo - Chão

Marcelo de Oliveira Souza - Escrito nas estrelas
5

Márcio José Rodrigues - Os companheiros

Marília Kosby - A terra prometida

Matheus Paz - Greve sustentável

Oswaldo Begiato - Mundo da lua

Renata Iacovino - Poesia falada

Renata Gomes de Farias - Metrópole

Rosane Magaly Martins - Risco Iminente

Sonia Alcalde - As mães sem nome

Suziley Silva- O pai das telecomunicações

Thiago Maerki - Desafogue a si mesmo

Valdeck Almeida de Jesus - Sou louco

Valquíria Gesqui Malagoli - Regresso

Varenka de Fátima - Dulce Schwabacher

Vicência Jaguaribe - A lua sobre as árvores

Vó Fia - Desejos

Walnélia Corrêa Pederneiras - Paulo Freire
LEIA TAMBÉM NESTE NÙMERO:
O Sistema educacional suíço

Culinária suíça e brasiliera



Festas juninas
A língua portuguesa e o regionalismo

Cantões suíços
Vocabulário gaúcho e


6
… mais ainda!
PARTICIPAÇÃO NO VARAL
NO. 4
Envie seus textos para o e-mail
[email protected] em formato
Word (não serão aceitos textos colados
aos emails) .
Envie uma biografia breve acompanhada
de uma ou duas fotos e dados para contato (email, blog, site, etc.). Se usar pseudônimo e não desejar que seu nome verdadeiro seja colocado no Varal ou no site,
envie uma biografia do seu pseudônimo.
Não serão aceitas biografias e fotos Incorporadas aos emails, apenas em anexo.
Será escolhido apenas um texto de cada
autor sendo:
NOSSOS CONVIDADOS
ESPECIAIS:
Cora Coralina
Francisca Júlia
Manuel Bandeira
Nélida Piñon
Oswald de Andrade
- poemas de no máximo duas páginas
contendo 20 linhas;
Vinícius de Moraes
- contos e crônicas com um máximo de
três páginas de 25 linhas;
- os envios deverão ser feitos até o dia 05
de JULHO (todo texto que chegar após
esta data será observado automaticamente para o Varal no. 5).
- será dada a prioridade aos que enviarem com maior antecedência.
"O que importa na vida não
é o ponto de partida, mas a
caminhada.
Caminhando e semeando,
no fim terás o que colher!"
“Como poucos, eu conheci
as lutas e as tempestades.
Como poucos, eu amei a
palavra liberdade e por ela
briguei.”
Cora Coralina
Oswald de Andrade
7
POEMINHA AMOROSO
Cora Coralina
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
HOSPITAL DE LAGUNA
Faça do Hospital de Laguna a sua causa,
colabore! www.hospitallaguna.com
PROJETO LUZ
Ilumine esta idéia! Como você deseja que
o Hospital de Laguna seja? Bom? Muito
bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com
quanto você pode contribuir, na sua conta
de luz, para o Hospital ser assim, do jeito
que você quer? Você pode!
O prêmio maior é a vida. Com certeza o
seu maior desejo!
CARTÃO DE BENEFÍCIOS
O Cartão de Benefícios proporciona a usuários e dependentes descontos nos serviços de internação e de urgência/
emergência oferecidos pelo Hospital de
Laguna e pela rede de estabelecimentos e
profissionais credenciados (visite no site o
link do Cartão de Benefícios). Os descontos variam de 10 a 50%, podendo chegar a
90% nas farmácias. procure o representante do hospital no horário comercial.
TORNE-SE UM ASSOCIADO
Para tornar-se um associado do hospital,
basta preencher o formulário que se encontra no site e encaminhá-lo à direção do
hospital. O valor da mensalidade e de apenas R$ 10,00.
Todo associado poderá usufruir das vantagens do cartão de benefícios sem pagamento adicional.
8
PAULO FREIRE
Por Walnélia Corrêa Pederneiras
Lá fora,algumas lindas pessoas
plantam árvores em terrenos
até então, sujos e abandonados...
Nas Escolas resgatam mensagens
transmitidas por sábios educadores
Nas livraria, jornais,revistas e TV
alerta e orientação,louvor à Educação
Toda palavra conscientizada
Paz profunda elaborada
tem eco,tem sonoridade.
Paulo Freire agora,
abecedário em rosário...
W
alnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em Florianópolis/SC.
Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora de Yoga e Meditação. Escreve desde menina.
Participou das Antologias: "Poesia do Brasil" Bento Gonçalves RS (volumes
4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5), Poetas do Café (volume 3), Poemas à Flor da Pele (volumes 1 e 2), Poetas del Mundo em Poesia (volume 1), Antologia Escritores Brasileiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da ConquistaBahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Cena -Belô Poético (volumes 1, 2 e 3). É Cônsul
de "Poetas del Mundo" em Florianópolis-SC.
Membro da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43-PoçõesBahia-Brasil
Escreve nos sites: Recanto das Letras:http://
recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134
Usina de Letras:http://www.usinadeletras.com.br/
exibelotextoautor.php?user=walnelia
Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://
www.apoloacademiadeletras.com.br/
Varal do Brasil – Literário, sem frescuras – http://
www.varaldobrasil.ch
9
A ESTRELA
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
O IMPOSSÍVEL CARINHO
Escuta, eu não quero contar-te o meu
desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que
me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
10
DESEJOS
Por Vó Fia
Antigamente acreditava-se que as mulheres grávidas tinham que serem
atendidas em todos os seus desejos, por mais estranhos que pudessem
parecer e as senhoras usavam e abusavam desse suposto direito, os
coitados dos maridos se viravam em dois para atender a todos os pedidos indiferentes ao horário ou ao estado do tempo; era uma loucura, e
ninguém se queixava por medo das línguas das fofoqueiras de plantão e
as exigências cresciam na mesma medida das barrigas. Era um horror.
Todas as mulheres daquele tempo ao engravidar, passavam a infernizar
a vida de seus maridos com seus pedidos absurdos. Algumas se contentavam com comidas, doces e frutas diferentes, mas outras descontentes
com as agruras da gravidez abusavam e exageravam ao extremo com
seus pedidos, era uma forma de vingança disfarçada contra os maridos
que levavam sempre a melhor parte da procriação. E para agravar o problema, ainda havia as sogras, sempre prontas a dar mão forte as filhas
se os genros se negassem a atendê-las.
E as historias mais absurdas aconteciam por causa dessa crendice, mas
dona Hermínia era a campeã desses desejos difíceis e estranhos e seu
marido, o pacifico e bem intencionado seu Lucas, jamais se queixava e
atendia prontamente a todos eles; certa vez caiu uma chuva violenta em
toda a região, e a enchente tomou conta dos cursos de água daqueles
lados, mas dona Hermínia resolveu se desesperar de desejo de comer
uma goiaba que estava no alto de uma goiabeira, mas estar no alto era o
menor dos problemas.
O pior era que a casa estava de um lado e a goiabeira do outro de um
ribeirão, que no momento se transformara em caudaloso rio por causa
da enchente, mas ela não podia esperar que as águas baixassem e seu
Luas foi obrigado a se arriscar nadando até a tal goiabeira. Quando voltou, exausto e triunfante com a cobiçada goiaba nas mãos, ela estava se
sentindo mal e se recusou a comê-la. Mas pior foram alguns dias depois
quando a dona teve um novo desejo e disse ao paciente marido: Lucas
eu estou com um desejo enorme de comer um pedaço da barriga de sua
perna, só um pedacinho, bem.
Pela primeira vez seu Lucas se zangou e gritou: essa historia de desejo
já foi longe demais, você não vai comer pedacinho nenhum de minha
perna sua canibal, e de hoje em diante vou dormir no quarto de hóspedes para não ser mordido durante a noite. E por minha conta você nunca
mais fica grávida, contente-se com os filhos que já tem sua maluca. Os
meses se passaram, a esperada criança nasceu e seu Luas continuava
ocupando o quarto de hóspedes. Mas o tempo é um santo remédio para
tudo, ele voltou para o quarto de casal e ainda tiveram mais quatro filhos.
Dizem as más línguas que na perna dele faltam quatro pedacinhos.
11
A LUA SOBRE AS ÀRVORES
Por Vicência Jaguaribe
A lua pairando
Sobre as árvores.
A lua pairando
Sobre os prédios.
Foto de Vicência Jaguarribe
A lua mais alta do que
Meu amor e meus desejos
Vicência (Maria Freitas) Jaguaribe é cearense. Nasceu em Jaguaruana, em 07/08/1948. Formada em Letras, com Mestrado em Literatura Brasileira, é professora da Universidade
Estadual do Ceará, onde, por muitos
anos, ensinou Literatura InfantoJuvenil. Escreve para criança e adultos
– crônicas, contos e poemas. Publica
seus textos nos seguintes endereços
eletrônicos:
http://palavraengenhosa.blogspot.com
(Blog por ela administrado.)
www.republicadosautores.com.br
http://singrandohorizontes.blogspot.co
http://www.conexaomaringa.com
www.varaldobrasil.ch
Meus medos e minhas frustrações
Minha ansiedade e minha angústia
Minha solidão e minhas decepções.
A lua em sua distância, bela e inacessível.
E eu a chamá-la, a esperá-la.
- Ela virá?
- Não.
A distância é grande
E o único ônibus da linha
Acaba de sofrer uma avaria.
E pensar que, um dia,
Eu já a tive quase à mão
E perdi-a,
Num cochilo fora de hora!
12
DULCE SCHWABACHER
Por Varenka de Fátima
A escola de teatro em tempos idos,gloriosa! Continua com a mesma fama, não mudara quase nada,a escola está situada no bairro do Canela no centro de Salvador.
Apenas uma modificação na estrutura dentro do teatro e aumentaram com a construção do pavilhão de aulas ao lado do teatro.
A tarde estava agradável e morna. Eu sentei num banco do pátio da escola,olhei
para as árvores e comecei a meditar no rumo inesperado que minha vida tinha tomado.
Depois de dezoito anos afastada, trabalhei em belas artes e na escola de dança e
agora estava na minha escola de teatro,onde estudei, lembrei dos colegas e professores e das aulas de improvisações. Mas,jamais esquecerei das aulas da professora Dulce Schwbacher. Uma mulher de pequeníssima estatura, respeitada e reconhecida pelo seu talento na sua convicção de que tudo é possível e viável. Quando
estava passando seus ensinamentos, todos alunos atentos para aprendermos,pois
suas técnicas eram transmitidas artesanalmente.Como professora de maquiagem,sabia fazer as tintas para transformar os alunos em vários personagens.
Fiquei de imediato encantada pelas aulas e sentava na frente do espelho e desabafei.
- Professora Dulce, tenho pavor de ficar velha.
A professora lentamente aproximou e perguntou.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 25 anos.
A professora não conteve o sorriso.
- Primeiro franzir a sua testa, para que eu possa passar o lápis preto nas rugas feita na testa e no canto
dos olhos.
Foto S.A.
- Então vou fazer uma maquiagem e vai ficar com 80
anos.
- Agora dê um leve sorriso, para passar o lápis preto
nas rugas do canto da boca,em seguida passou uma base mais clara do que a minha pele e esfumaçou.
A professora Dulce ordenou em seguida:
- Olhe para baixo,vou passar uma tinta branca nos cílios e no seus cabelos, ok.
Vamos levante os olhos
- Oh! Estou com 80 anos.
13
Depois das aulas conversávamos e ficamos amigas.
Quando a adorável Dulce se aposentou disse:
- Estou passando minhas ferramentas para a minha aluna predileta.
- Mas, professora, fico feliz, obrigada.
Durante anos, fomos aos domingos para a missa na igreja da Vitória,foram tardes
inesquecíveis.Os anos passaram com o tempo as marcas irreversíveis.
De súbito, Dulce foi acometida de um infarto e silenciou eternamente.
Para acalentar o meu coração, passo os ensinamentos que minha doce Dulce me
ensinou, como forma de gratidão. Na certeza que vivemos na fronteira e que podemos partir a qualquer momento.
V
arenka de Fátima Araújo reside em Salvador-Bahia. Formada em Direção
teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Escola de Belas Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora
de teatro aqui e em 1984 no Panamá. Atriz, maquiadora e figurinista de varias peças de teatro. Participou do livro Ecos Machadianos, coletânea verso e prosa, teve
participação com a poesia Salvador no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus.
Teve duas poesias na Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara
e Coletânea Eldorado é colaboradora da revista Artpoesia e Minirevista Contando e
Poetizando de Marcos Toledo é membro do grupo Poetas Del Mundo e Luso Poemas. Na antologia Mãos que falam, ficou na nona colocação com a poesia Tempo
de Espera. Teve três poemas no livro GACBA.
Celeiro dos Escritores:
http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka
Poetas Del Mundo:
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?
ID=6036
Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/
index.php?uid=9120
Contato: [email protected]
14
REGRESSO
Por Valquíria Gesqui Malagoli
Perguntaste a mim,
que meus pés molhava
neste mar sem fim,
para o que eu olhava...
Eu, ah, olhava ao longe
sem pensar em nada,
imitando um monge
de vista ilibada.
(– Que descanso imenso
mora onde eu não penso!)
Só fui retornar
porque me chamaste,
e ao que perguntaste,
respondi: “pro mar!”
15
V
alquíria Gesqui Malagoli , Jundiaiense, Presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas entidades culturais.
Articulista do Jornal de Jundiaí Regional, colabora também com outros veículos.
Autora de: Versos versus Versos (2005) e Testamento (2008) – poesias; O presente de grego (2009) – romance infanto-juvenil.
Em coautoria com Renata Iacovino, lançou Missivas (2006 – parceria poética), e
OLHAR DIverso – haicaimagético (2009), além dos infantis uniVerso enCantado
(2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD).
Juntas, realizam oficinas, saraus e atividades afins; desenvolveram e mantêm desde 2009 a CircuitoTeca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita
de Arruda Franco, criaram o jornal literário de distribuição gratuita CAJU.
www.valquiriamalagoli.com.br
vmalagoli.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
[email protected]
caju.valquiriamalagoli.com.br
16
SOU LOUCO
Por Valdeck de Almeida Jesus
Quero transformar:
A mentira e a traição em confiança;
Louco para fazer da fome, mesa farta;
Da indiferença, atenção;
Sou louco para fazer da roubalheira,
V
Divisão igualitária de riquezas;
Da corrupção, compaixão;
Sou louco para fazer da violência,
aldeck Almeida de Jesus,
43, jornalista, funcionário público, editor de livros e palestrante. Membro
correspondente da Academia de Letras de Jequié e efetivo da União Brasileira de Escritores. Embaixador Universal da Paz..
Publicou os livros Memorial do Inferno:
a saga da família Almeida no Jardim
do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é Prosa e Vanise é Poesia, 30
Anos de Poesia, Heartache Poems,
dentre outros, e participa de mais de
60 antologias.
Organiza e patrocina o Prêmio Literário
Valdeck Almeida de Jesus de Poesia,
desde 2005, o qual já lançou mais de
600 poetas.
Equilíbrio social;
Sonho em fazer do frio, abrigo;
Do aborto, um abraço afetivo;
Sou louco para fazer do desamor,
Carícia;
E da ganância, solidariedade.
Só assim teremos paz!
Site: www.galinhapulando.com
E-mail: [email protected]
17
DESAFOGUE A SI MESMO
Por Thiago Maerki
Marquei um encontro
Em um café qualquer
Sentei a frente de mim mesmo
E comecei a questionar-me
Tentei disfarçar
Mas o outro eu
Sabia tudo sobre mim
Coisas que nem mesmo eu conhecia
Ou conhecia
E não estava claro
Percebi então que muitas vezes não somos
nós
E nos escondemos de nós mesmos
É sempre bom encontrar-se
Consigo mesmo
E perguntar:
Quem sou eu?
A resposta virá de você mesmo
Não procure externamente
Respostas para suas questões interiores
Cave seu ser
Achegue-se às águas profundas
Sinta o manancial
E desafogue a si mesmo
18
CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA...
Um artigo de Airo Zamoner
Transcrito do site http://www.protexto.com.br/
Todos nós, autores novos e não tão novos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas
para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, nossa criação literária.
É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e
que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de dois gêneros, poesia e
prosa, seguido de subdivisões, como poesia lírica, épica por um lado, e conto, novela e romance por outro.
Os especialistas no assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam explicar tudo isso. A gente lê, relê e acaba ficando com as mesmas interrogações.
Nesse artigo posso perturbar o academicismo dos especialistas, mas pretendo dar
minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arriscando sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, tratados, ensaios sobre
cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho,
hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço
está disponível e prometo responder educadamente a todos.
Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim:
Crônica, vem do Grego, krónos, que significa "tempo" e do Latim, annum, ano, ou
ânua, significando, "anais".
Poesia também do Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa".
Conto, do Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou do Grego kóntos,
"extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção".
Romance, do Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica".
Poema, do Grego, poiema, significando "o que se faz".
Novela, do Latim, novellam, ou seja:, "nova
É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos...
Vamos aglutinar alguns termos para simplificar a variedade em três:
1. Poesia, poema
2. Crônica
3. Conto, novela, romance, poesia, poema
Poesia, poema
Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poema: a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia"
Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma:
"Assumida ortodoxalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de
valor, ainda que de primeiro grau: todo poema encerraria poesia, e vice-versa." E
mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir no âmbito de
um romance ou de um conto". Acho mais esclarecedor o que Jean Cohen em sua
Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica
linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo do mundo não
produz ordinariamente".
Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser
menos acadêmicos.
19
Em primeiro lugar devemos compreender
que a questão formal não caracteriza a
poesia. Fazer versos não é fazer poesia.
Aristóteles já alertava que o uso do verso
não torna ninguém um poeta.
Em segundo lugar, poemas e poesias serão reconhecidos pelos seguintes fatores:
1. Um poema ou poesia é carente de lógica, pois seu conteúdo tem que ser intrinsecamente, as emoções do "eu"
2. Não existe relação passado, presente,
futuro. Existe unicamente um presente
eterno. Daí ser possível reconhecer um
poema, poesia pelo turbilhão de metáforas. Metáforas intercaladas num círculo
vicioso, onde a palavra do final volta para
a palavra inicial.
3. Não existe narração num poema ou poesia. Numa poesia não há fatos, e sim estados. Não há enredo. Deve conter as situações que povoam o "eu" do poeta, um
ser solitário e conflituoso.
Resumindo: vamos reconhecer uma poesia, ou um poema, não pela presença de
versificação mas sim se:
1. Não obedecer à lógica formal
2. Contiver as emoções do "eu" do autor
3. Não for cronológico
4. Não contiver narrativa
Conto, novela, romance
Acho que a primeira coisa que devemos
tirar da cabeça é aquela história de que a
diferença entre esses três gêneros é a
quantidade, ou seja, o conto é curto, a novela, mais ou menos, e o romance é longo. Nada disso é verdadeiro. Existem novelas maiores que romances e contos
maiores que novelas.
Onde está a diferença?
Gosto muito do conceito de unidade dramática, ensinado pelo eminente doutor
em literatura, Professor Vicente Ataíde,
que denominamos de "Célula Dramática" e que passo a utilizar para uma boa
compreensão do assunto.
20
O Conto contém apenas um único drama, um só conflito. Esse drama único
pode ser chamado de "célula dramática". Uma célula dramática contém uma
só ação, uma só história. Um conto é
um relâmpago na vida dos personagens. Não importa muito seu passado,
nem seu futuro, pois isso é irrelevante
para o contexto do drama, objeto do
conto. O espaço da ação é restrito. A
ação não muda de lugar e quando eventualmente muda, perde dramaticidade. O objetivo do conto é proporcionar uma impressão única no leitor.
Podemos, pois, resumir em quatro os
ingredientes que caracterizam o conto:
Uma ação
Um lugar
Um tempo
Um tom.
Em outras palavras, um conto contém
uma única Célula Dramática.
Cabe aqui ressaltar alguns tipos específicos de contos como a fábula, o apólogo e a parábola.
Fábula - Protagonizada geralmente
por animais, pretende encerrar em sua
estrutura dramática alguma "moral" implícita ou explícita.
Apólogo - Protagonizado geralmente
por objetos que falam, também como a
fábula, pretende conter uma "moral",
implícita ou explícita.
Parábola - Narrativa curta, pretendendo conter alguma lição ética, moral,
implícita ou explícita, diferenciando-se
da fábula e do apólogo, por ser protagonizada por pessoas.
Voltando, contudo, ao Conto em geral,
e entendido esse conceito de Célula
Dramática, podemos mais facilmente
compreender o que é uma novela. Uma novela nada mais é que uma sucessão de Células Dramáticas, como
se fossem arrumadas em uma linha
reta infinita. Face a essa estrutura é
sempre possível, acrescentar mais uma Célula Dramática, mesmo depois
de terminada a novela.
Com esse conceito de "arrumação", podemos compreender a diferença entre
uma novela e um romance. Essa diferença está na forma como as células estão
dispostas. Num romance, elas estão concatenadas, formando um círculo. Uma
estrutura fechada. Uma sucessão lógica
com um encerramento definitivo. Seria
impossível acrescentar mais uma Célula
Dramática, depois de terminado um romance.
Consolidando as idéias:
Jacqueline Aisenman
Um Conto é uma narrativa ficcional contendo uma única Célula Dramática.
Uma Novela é uma narrativa ficcional contendo uma sucessão linear de Células
Dramáticas.
Um Romance é uma narrativa ficcional
contendo uma sucessão circular fechada
de Células Dramáticas.
Espero ter contribuído para trazer mais
objetividade e lógica no enquadramento
de nossas criações, nas diversas famílias
dos gêneros literários .
Genebra
« Quem já passou por essa vida e
não viveu, pode ser mais, mas sabe
menos do que eu... »
(Artigo de Airo Zamoner, transcrito do site
http://www.protexto.com.br/t)
« ...Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor. »
Vinícius de Moraes
21
Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia,
de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da
brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter
esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda
mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um
ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo
que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser
o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos
solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes
chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de
água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se
deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos
bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a
consciência de que ainda se vive.
22
A VIDA DE VINÍCIUS DE MORAES
Nasceu no Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas
vocações. Ainda no colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Haroldo Tapajós, e
juntos tocavam em festinhas. Nos anos 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músicas que foram gravadas, nove delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou
seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década.
Passou algum tempo estudando inglês na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil em
1941, foi crítico cinematográfico do jornal "A Manhã". Dois anos depois foi aprovado para o
Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou nos Estados Unidos,
França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escrevendo a peça "Orfeu da Conceição", que mais tarde virou o filme "Orfeu do Carnaval", dirigido pelo francês Marcel Camus.
Sua carreira como músico é impulsionada a partir das décadas de 50 e 60, quando conhece alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Baden Powell. Em 1958 Elizeth Cardoso lança "Canção do Amor Demais", com diversas parcerias Tom/ Vinicius: "Luciana", "Estrada Branca", "Chega de Saudade". O primeiro grande
show em que se apresenta, na boate Au Bon Gourmet, em 1962, ao lado Tom Jobim e João Gilberto, o liga permanentemente ao mundo da música popular e aos palcos. Seu elo
com a bossa nova é muito importante. Fez letras para algumas das músicas mais importantes do movimento, como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Eu Sei que Vou Te
Amar", "Amor em Paz", "Insensatez", "Se Todos Fosse Iguais a Você" (todas com Tom Jobim), "Minha Namorada", "Coisa Mais Linda", "Você e Eu" (com Carlos Lyra). É também em
1962 que conhece Baden Powell, com quem comporia músicas de temática afastada da
bossa nova, como os afro-sambas ("Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Samba de
Oxóssi") e outros sambas ("Samba em Prelúdio", "Samba da Bênção", "Formosa", "Apelo",
"Berimbau"). Em 1965, num show na boate Zum Zum, lançou o Quarteto em Cy, de quem
se tornou padrinho. No mesmo ano, "Arrastão", sua parceria com Edu Lobo, defendida por
Elis Regina, é a vencedora do Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em
São Paulo. O segundo lugar também é de Vinicius: ""Valsa do Amor que Não Vem", parceria com Baden interpretada por Elizeth. Após a promulgação do AI-5, em 1968, Vinicius é
aposentado compulsoriamente da carreira diplomática. A partir de então passa a se dedicar
à vida artística. Faz shows em Portugal, Argentina, Uruguai, acompanhado de Nara Leão,
Maria Creuza, Toquinho, Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy, Baden Powell, Chico Buarque. Nos anos 70 incrementa a parceria com Toquinho: "Tarde em Itapuã", "Regra Três",
"Maria Vai com as Outras", "A Tonga da Mironga do Kabuletê" são algumas músicas da
dupla. Muitos discos foram lançados na década de 70 com composições ou interpretações
suas. Um dos mais importantes é "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", gravado ao vivo no
Canecão (Rio), em um espetáculo que ficou quase um ano em cartaz no Rio e seguiu para
outras cidades da América do Sul e Europa. Apesar do sucesso com a música popular, Vinicius não abandonou a poesia, tendo inclusive gravado discos em que recita
suas obras. Depois de sua morte, em 1980, diversos shows-tributo foram apresentados, ao longo dos anos, assim como coletâneas e biografias.
Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br/
23
O PAI DAS TELECOMUNICAÇÕES
Por Suziley Silva
É este o título e a homenagem que deve merecer o ilustre padre inventor e cientista
nascido na segunda metade do século XIX aos 21 de janeiro de 1861 nesta cidade
de Porto Alegre. No ano de 2011 completará 150 anos do nascimento daquele sacerdote que foi o quarto filho de uma família de quatorze irmãos cujos pais, Inácio
José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de Moura, possuiam ascendência
inglesa. Pe. Roberto Landell de Moura era antes de mais nada um livre pensador;
um profícuo inventor; um cientista nato. E as provas estão, aí, para que todos vejam e constatem. Foram inúmeras contribuições e inovações. Basta citar algumas
apenas: foi o pioneiro na radioemissão e telefonia por rádio (por isso é o patrono
dos radioamadores do Brasil); precussor na transmissão de imagens (a televisão)
teletipo à distância e tantos outros trabalhos, pesquisas e estudos.
Aliás, o padre em questão era detentor de um balizado arcabouço teórico aliado a
um espantoso lado pragmático
que o orientava na construção e na operacionalização de
suas úteis invenções. Landell fazia acontecer a necessária união entre teoria e prática. Pois o sacerdote gaúcho
“teorizava a vida e vivenciava a teoria”. Além disso, por vocação ministerial e mística
era um ardoroso pastor que amava os seus fiéis com estimada e paternal atenção. Todavia, os grandes homens,
geralmente, não são compreendidos por seus pares. Não
são compreendidos nem apoiados pelas autoridades que
pouco caso dispensam aqueles
que pelo espírito, pela mente, pelas idéias inovadoras, encontram-se muito à frente
do seu tempo e lugar. E com o Pe. Landell de Moura não foi diferente.
O peregrino das ciências físicas e metafísicas não recebeu nenhum suporte e aos
67 anos, em 30 de junho de 1928, faleceu, anonimamente, no Hospital da Beneficiência Portuguesa de Porto Alegre, acometido por uma tuberculose. Pelo pouco que
li a respeito da figura carismática do Pe. Landell, ainda que houvessem os que o
consideravam um “louco e desvairado”, (julgamento próprio das mentes pequenas
que não enxergam um palmo à frente do próprio nariz, que dirá erguerem as cabeças enterradas na areia do próprio chão das suas ignorâncias para longe avistarem
o horizonte da genuína sabedoria...), ele foi um homem, um sacerdote, um pastor,
um ser humano, também, muito querido pelas pessoas que com ele conviveram ou
de alguma forma se encontraram com aquele “apóstolo do Cristo”.
E é por estas razões, por sua inteligência inventiva provada e comprovada em suas descobertas e invenções de muita utilidade para a humanidade, pela personalidade carismática e caridosa, por todo seu esforço, estudo, pesquisa e ciências, é
que com muita alegria anunciamos o início desde, ontem, do acontecimento de eventos alusivos a comemoração no ano que vem do sesquicentenário do seu nascimento. Convocamos, ainda, a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, de
todos os Estados do Brasil, a aderirem a um abaixo-assinado elaborado pelo
24
Movimento Landell de Moura (MLM), composta por radioamadores, preenchendo o
formulário na http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/abaixo_assinado.html e clamando bem alto SIM façamos justiça à memória daquele brilhante brasileiro com o reconhecimento pelas autoridades nacionais e internacionais da mais que merecida, ainda que póstuma, atribuição da nota que de fato ele, magistralmente, o foi, a saber: o
Pai das Telecomunicações!! Façamos a nossa parte. Sintonizemos as ondas do nosso “rádio” interior e lhe prestemos esta justa homenagem.
BRISA
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixaras aqui tua filha, tua avó teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor tambem.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Visite o site ANJOS CAÍDOS e, entre muitos poetas talentosos, conheça Aníbal
Beça poeta que partiu no ano passado deixando saudades.
Conheça mais dele :
http://www.anjoscaidos.jor.br/a_beca/a_beca.html
Abro o armário e vejo
nos
sapatos meus caminhos.
Qual virá comigo ?
(Editora do site: Clarice Villac)
25
O SISTEMA EDUCACIONAL NA
SUÍÇA
Uma característica marcante do ensino suíço
é a diversidade. A diversidade linguística do
país é apenas uma das muitas
particularidades de seus Cantões, diferenças
que se estendem também ao sistema
educacional.
Estruturalmente, o Cantão assume a
responsabilidade pelas escolas, enquanto a
Comuna (município) cuida da administração
destas. Isso ocasiona diferenças curriculares
e administrativas entre as escolas de todo o
país. Todas essas diferenças são, entretanto,
regidas com muita maestria pelo governo
geral, o que proporciona ao estudante boa
aceitação e possibilidade de intercâmbio
dentro e fora do país. Veja a seguir como
funciona o famoso sistema de educação
suíço.
Educação Infantil e Ensino Fundamental
(obrigatório)
A maioria dos alunos suíços (cerca de 95% )
freqüenta uma instituição pública na comuna
onde reside e somente 5% da
população paga uma escola privada.
A escola pública cumpre um
importante papel na integração
social: crianças com diversas
origens sociais, culturais e
linguísticas frequentam a mesma
escola, promovendo o convívio com
as diferenças e a integração já
desde o início de sua formação.
Todos os Cantões oferecem uma
Educação Infantil que é gratuita e
dura em média, de um a dois anos
(Jardim de Infância). Uma exceção é o Cantão
Ticino, onde a Educação Infantil dura três
anos.
26
O Ensino obrigatório, assim como no
Brasil, inicia-se aos seis anos de
idade e dura nove anos, entre Ensino
Fundamental I (seis anos de duração,
em média) e II (três anos de
duração). Uma particularidade do
ensino suíço em alguns
Cantões, é a divisão das turmas por
rendimento. Há também a
possibilidade de, já nesse estágio
inicial, focar os estudos numa área do
conhecimento que mais interesse ao
aluno, como por exemplo línguas,
matemática, ciências biológicas.
Um outro ponto forte das escolas
suíças é o ensino de idiomas. Com a
diversidade linguística que abrange o
alemão, o francês, o italiano e o
romanche como línguas maternas, o
idioma em que são ministradas as
aulas, difere conforme a região
linguística do país. Ainda durante o
ensino Fundamental, os alunos
aprendem no mínimo dois outros
idiomas além da língua materna:
normalmente uma segunda língua
nacional e o inglês.
Foto Tribune de Genève
A organização descentralizada e
federativa na área da Educação Infantil e
do Ensino Fundamental, possibilita o
respeito às diferenças culturais e
regionais. Existem, entretanto, diretrizes
superiores da Confederação para as
regras mais importantes, como a idade
de ingresso na escola obrigatória ou a
duração da mesma.
Escola de Engenheiros em Genebra
Formação pós-obrigatória
Bolsas de estudos para estrangeiros
na Suíça
A formação pós-obrigatória (Ensino
Médio e Faculdade) normalmente é
baseada em decretos federais ou intercantonais. Os Cantões são responsáveis
pela execução e direção das escolas. A
única exceção é a ETH (Instituto Federal
Suíço de Tecnologia) em Zurique, que é
dirigida pela Confederação.
Cerca de 90% dos adolescentes da
Suíça terminam a escola no nível do
Ensino Médio com 18/19 anos. Isto lhes
permite o acesso direto à uma formação
técnica profissional, uma escola superior
ou universidade.
O sistema educacional da Suíça se
destaca nos seguintes pontos:
Flexibilidade: existem várias
possibilidades de se iniciar ou retomar
uma formação ou os estudos normais.
Grande variedade de opções de
formação: quem tem as qualificações
necessárias, pode, em princípio, realizar
a formação desejada, no lugar desejado,
sem a necessidade de exames
admissionais.
Somente o curso de medicina apresenta
vagas limitadas. Para esse curso os
candidatos devem passar por um
processo seletivo (Numerus Clausus),
sendo que apenas os melhores
colocados obtém a vaga.
As bolsas do governo Suíço são
destinadas a estudos de pós-graduação.
É importante lembrar que alguns cursos
não são contemplados pelo programa de
bolsas. Esses são: artes, hotelaria e
cursos de idiomas (estudo não científico
de um idioma).
Caso tenha interesse em candidatar-se
à uma bolsa de estudos oferecida pelo
governo suíço, pedimos que leia
atentamente as informações no site da
Embaixada da Suíça
Queira observar que o processo seletivo
para o ano letivo 2009/2010 já foi
encerrado.
Para mais informações, contate os
reponsáveis no Consulado de sua
jurisdição.
Bolsas de estudos para jovens
Suíços no exterior
O Cantão de origem tem a
responsabilidade por uma possível ajuda
financeira aos jovens Suíços no exterior
(portadores de passaporte suíço, de
idade entre 15 e 25 anos, cujos pais
estão domiciliados no exterior). Os
regulamentos diferem de Cantão para
Cantão.
27
Para ter o direito à candidatura a uma
bolsa de estudos é imprescindível estar
regularmente matriculado numa
instituição de ensino superior ou
técnico. Geralmente candidatos com
diplomas e títulos reconhecidos pela
Confederação e provenientes de
instituições públicas, têm maior chance
de serem subsidiados.
A AJAS (Associação para o
encorajamento à formação de jovens
Suíços no exterior) também pode
ajudar financieramente os jovens
Suíços no exterior. Geralmente, por
dispor de recursos financeiros muito
limitados, a AJAS só concede
complementos de bolsas para a
primeira formação na Suíça.
Mais informações podem ser obtidas
no site (veja no final do artigo).
Reconhecimento de diplomas
estrangeiros na Suíça
O Centro de Informação sobre questões
de reconhecimento/SWISS ENIC é
responsável pelo reconhecimento de
diplomas universitários extrangeiros na
Suíça.
As pessoas interessadas no
reconhecimento do seu diploma devem,
preferencialmente, fazer um contato por
telefone com esse serviço, para verificar
se há algum outro Ofício Federal em
Berna com competência para tratar do
dossiê em questão.
Mais informações sobre o reconhecimento
de diplomas e as autoridades
competentes no site dos Diretores das
universidades suíças CRUS.
Contato por telefone com:
Swiss ENIC, Rektorenkonferenz der Schweizer Universitäten / Conférence des
Recteurs des Universités Suisses CRUS /
Rectors' Conference of the Swiss Universities,
Postfach 607, CH-3000 Bern 9
Tel. +41 (0)31 306 60 32
Fax +41 (0)31 302 68 11
Site:
uelin
Jacq
e Ais
www.crus.ch
n
enma
Reconhecimento de diplomas suíços no Brasil
O órgão responsável pelo reconhecimento de diplomas no Brasil é o MEC ou a
Assessoria Internacional do Ministério da Educação do Governo Federal.
Este texto sobre o sistema educacional suíço e maiores informações você encontra em
http://www.eda.admin.ch/eda/fr/home.html
28
As quatro gares
infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na casa que a gente sentava no sofá
adolescência
Aquele amor
nem me fale
maturidade
PRONOMINAIS
O Sr. e a Sr. Amadeu
Participam a V. Exa.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
velhice
E do mulato sabido
O menino jogou os óculos
Na latrina
Mas o bom negro e o bom
branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
29
Às mães sem nome
Por Sonia Alcalde
Mãe, três vezes santa: na dor, na renúncia e no sacrifício. Frase ressaltada
numa escultura em Rio Grande. Não sei se ainda existe por lá, mas ficou eternizada em minha memória.
Era o ano de 1970. A visão dessa escultura instigou-me rever a responsabilidade de ter filhos. Quanto de mim daria para que eles crescessem protegidos,
nutridos em amor e normas que os tornassem independentes? Não tinha noção, a
referência era a dedicação de minha mãe, com a figura do pai sempre presente,
do seu jeito: provedor, parceiro nos trabalhos domésticos, de jogar dama, dominó
e banco imobiliário. Contador de histórias, de causos da família, com inserções da
mãe. Adorávamos ouvi-los, enquanto ela servia a sopa. À noite, só de legumes,
mais apropriada, dizia. Vez por outra, quando corria um ar frio a la carioca, era sopa “levanta defunto”, de feijão-manteiga, com risos e prosas. Hoje, ela se refere a
esta sopa como “levanta forças”, para não apressar sua hora.
Mãe que fazia meus vestidos, colocava-me sobre a mesa para acertar a
barra da saia godê. Mãe que tomava tabuada na mesa da cozinha, ensinava a fazer bolo português, rabanada, carne assada, bolo de batata... Mãe que nas férias
aceitava encomenda de viandas para ter mais dinheiro e confeccionar fantasia de
nega maluca, borboleta, escrava, colombina, bate-bola... Mãe que cuidava de tias
doentes, sobrinhos, vizinho dementado... Mãe que lutava por crianças carentes,
abrigando-as, dando-lhes o melhor de si. Mãe que se revelou compositora cantando a dor da saudade quando o amor partiu. Minha mãe.
O tempo passou, meus filhos nasceram, cresceram, já se multiplicaram. Acho que alguma coisa acertei, não com tanta dor e sacrifício. Certa renúncia, sim,
a começar pelo sono interrompido. Foi o que me chamou mais atenção, ainda que
amenizado pelo cuidado paterno. Quando casaram, parecia ter encerrado esse
capítulo até minha mãe vir morar conosco. O ciclo está fechando. Num desses dias, de madrugada, levantou-se e caiu. O estrondo ecoou pela casa, corremos para
socorrê-la... Ainda bem que foi mais o susto. Emocionada, envolvi-a em meus braços, beijei seus cabelos brancos. Lembrei de outras mães, desprotegidas.
Vejo-me no espelho/ lembro aquelas que me antecederam/ a que surgiu de
mim/ as que me ajudam com amizade./ Ouso ir mais longe/ sinto gemidos/ daquelas que não conseguem/ ver seus filhos crescer./ Queria meu peito estender-lhes/
um pouco de seiva/ aos pequenos brotos/ para não secarem ao nascer...
30
S
onia Alcalde é carioca, mora em Bagé/ RS desde 1975. Recebeu o título de Cidadã Bageense em 1990. Membro do
www.culturasulbage.com.br . Cronista do CooJornal, editado por www.riototal.com.br. Patrona da 12ª Feira do Livro de Bagé/
2009.
Entre as obras publicadas: Papos e Pontos, 1995, Poa (c/ Sarita Barros); Coleção
Conte Mais- 4 vol., 2003, Poa (Org. c/ Eloína Lopes); Estações do Eu, 2007, Poa
[email protected]
POEMA x POESIA
É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de
serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos
entre os estudiosos apresenta diferenças:
Poesia: Caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir
emoções por meio de uma linguagem.1
Poema: obra em verso em que há poesia
"Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância
imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segunda não. Ou seja: o poema, depois de criado, existe per si, em si
mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em
outro ser: primariamente, naqueles onde ela se encrava e se manifesta de modo originário, oferecendo-se à percepção objetiva de
qualquer indivíduo; secundariamente, no espírito do indivíduo que
a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; terciariamente, no próprio poema resultante desse trabalho objetivador do indivíduo-poeta." 2
O poema destaca-se imediatamente pelo modo como se dispõe na página. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma
linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir
no interior dessa estrofe. A organização do poema em versos pode ser considerada o traço distintivo mais claro entre o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas,
ininterruptas).
1 - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira, 1993.
2 - LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.
Informações recolhidas no site: http://www.sitedeliteratura.com/
31
RISCO IMINENTE
Por Rosane Magaly Martins
Há cada vez mais dentro, introspecta
Há alguns espaços inocupados
Cantos escuros com imagens riscadas
Embaixo de tudo há tapetes úmidos
No centro da sala sombra do espectro de piano
E os silêncios que circundam o passado
Esferas descem as escadas imóveis
O pó encobre o olhar pela janela
A chuva é mais longa que o tempo de sol
Enquanto as palavras não ditas espreitam-na
seus chinelos gastos ficam por ali
ao lado do gato embalsamado
Há um risco em viver dentro de si
com tempo de higienizar as vísceras
como se pérolas fossem traumas doces
Ar rarefeito, narinas ferozes anseiam ventos
pele seca, rugosa e fria aguarda trancafiadas carícias
sob olhares do escuro que oculta o corpo inerte
Busca o pulso, o relógio quebrado e queda-se
Nuances restritas e confinadas do que não fora
E a certeza da nenhuma possibilidade de reproduzir-se.
32
R
osane Magaly Martins, escritora, advogada com abordagem holística e psico-
terapeuta somática, especializada em Gerontologia (Furb-Blumenau) e em Gerencia de Saúde para Idosos (OPAS-México), é mestranda em Serviço Social na UFSC.
Fundadora do movimento Poetas Independentes na década de 80, presidiu o Conselho Municipal de Cultura de Blumenau por duas gestões (2006/07). É autora de
diversas obras, entre elas “Martins ao Cubo: altura, largura e profundidade da existência” (Odorizzi, 2008); “Diário de uma aborrecente” (Estudio Criação, 2007) e “Clio
no Cio: escritos livres sobre o corpo” (Casa Aberta, 2010). Ocupa a cadeira 19 da
Academia Catarinense de Letras e Artes. É idealizadora e presidente do INSTITUTO AME SUAS RUGAS que atua com projetos sociais em prol do envelhecimento
ativo, qualidade de vida e longevidade. Organiza e é co-autora dos livros “Ame suas
rugas: viver e envelhecer com qualidade” (2006) e “Ame suas rugas: aproveite o dia” (2007) e “Ame suas rugas: pois há muito por viver” (2008), os dois últimos lançados e editados também em Portugal.
Consulados da Suíça no Brasil
Se você precisa ir a um Consulado da Suíça no
Brasil entre neste site e verifique os endereços:
http://www.consulados.com.br/suica/
33
METRÓPOLE
Por Renata Gomes de Farias
Em algum lugar que não esta em destaque no mapa e mesmo que estivesse quem
iria se preocupar em saber do nome de todas as pessoas que ali residem. Inúmeros
rostos e passos deixados nas ruas lamacentas nos dias de chuva ou fazendo poeira
nos dias de sol forte. Em cada janela uma sombra um vulto nas noites escuras com
gatos boêmios a cantar nos muros. Cada veneziana um segredo, cada cortina uma
sedução e em cada janela suada um choro. Nas ruas entre uma e outra esquina
passava alguém e seus passos ecoavam em um silêncio sepulcral, um cheiro de
medo vinha trazido com vento e nele olor de perfume barato. Ao amanhecer tudo ia
criando volume e movimento, crianças a caminho da escola, homens e mulheres apressados como se estivessem sempre atrasados, carros parados e o salseiro estabelecido, buzinas, motos, fumaça, desordem, caos...
Este lugar morre e renasce todo o dia a cada amanhecer, transborda vida a cidade,
a metrópole, e tudo vai depois para os jornais, onde muitas vezes as noticias não
são boas, quase nunca. Trancar-se e ignorar o que se chama realidade nem sempre
é inteligente, mesmo que sua realidade seja outra, seu lugar é também o de outros.
Entre tantas coisas sempre existe uma praça e nela crianças que chegaram para espalhar sorrisos para quem os quer ver, pássaros a construir ninhos, mães dando a
luz, o mar quebrando na areia e alguém caminhando sobre a espuma da praia. Parado no sinal vermelho ergue os olhos e vê uma pipa lá ao alto, colorida dançando
ao bel-prazer do seu dono o vento, na calçada uma mãe de mãos dadas conversa
animada com sua pequenina filha que leva na guia um lindo cachorrinho. São estes
os verdadeiros nomes de cada um seu estado de espírito e como ele encaminha seu
dia, escondido atrás de uma janela ou caminhando despretensiosamente no lugar
que mais gosta ir e sem se importar o que irá enfrentar para chegar lá.
Renata Gomes de Farias
Nascida em três de agosto de 1965, mineira, artista
plástica. Descobriu aos 15 anos paixão por contar
histórias. Atualmente exerce esta atividade no Blog
Por Toda Minha Vida – Alegria Joei Joy.
34
POESIA FALADA
Por Renata Iacovino
Lendo uma entrevista de Tavinho Paes, letrista e poeta, ele comenta sobre
algo que tem sido a prática em saraus da atualidade: a poesia falada.
Sim, poesia falada, pois muito pouco se diz, hoje em dia, nestas rodas literárias, que determinada poesia será declamada. É falada ou dita.
A declamação caiu em desuso? Creio que não, no entanto, novas formas
de manifestar a oralidade poética nasceram naturalmente. Parece-me que o valor da transmissão da mensagem está vinculado à interpretação e não à capacidade de decorar aliada à interpretação. Aquele que optar por falar o poema e
não declamá-lo, poderá fazê-lo até melhor, caso se utilize do papel à sua frente.
Mesmo que este papel funcione apenas como um instrumento que compõe a
cena.
O que dará vida ao texto é a respiração, entonação e pontuação do apresentador. Se a poesia escolhida for de sua própria autoria, os ouvintes poderão
se deleitar com a intenção fiel de quem a concebeu; ao contrário, se a obra selecionada é de outro escritor, provavelmente a interpretação dará um novo entendimento àquilo proposto por seu primeiro autor – sim, pois sempre que nos
apossamos de algum texto para lê-lo em público, tornamo-nos de certa forma
co-autores. Processo semelhante ao que se dá com uma música, em que o intérprete emprestará sua leitura àquilo que o compositor tencionou dizer.
Os saraus nos trazem momentos lúdicos,
interativos e, portanto, a naturalidade, o improviso e o imprevisto recheiam o clima que
deve buscar o não engessamento do script.
Outra modalidade que vem sendo bastante praticada nos meios culturais são os
chamados recitais. A pessoa fala ou lê determinados poemas a partir de algum tema
escolhido para aquele evento e é acompanhada por uma música de fundo executada
ao vivo.
O sarau e o recital nos chamam atenção para um elemento importante: a poesia lida em
voz alta. É um exercício que podemos praticar mesmo não estando em público, mas
conosco. Desta forma, é possível descobrir
uma outra poesia que se escondia por detrás daquela que estava no papel. É, é uma
outra poesia. Ao fazermos a leitura em voz
alta, deparamo-nos com uma nova mensagem, aquela que só conseguimos captar
quando nossos ouvidos tiveram acesso
35
àquilo que, até então, somente nossos olhos podiam tocar.
E as palavras, desta outra forma, nos tocam de maneira diversa, soando tal
qual uma música, com seus meandros intercalados entre a melodia, a harmonia e o
ritmo.
E como poesia e música caminham – na minha cabeça – como duas linguagens
irmãs, ilustro o assunto aqui escolhido com um fato curioso ocorrido em 2003, no Rio
de Janeiro, quando de um encontro cultural. A filha da cantora Beth Carvalho subiu
ao palco, que abrigara até aquele momento tão somente pessoas que escreviam poemas – o que não era seu caso. A moça de 17 anos iniciou sua récita com um poema longo, estruturado, produzindo um efeito desconcertante na platéia. Na seqüência, outros dois poemas de impacto. No terceiro, desconfiou-se que eram letras de
sambas, pois os versos de Nelson Cavaquinho repercutiam na memória dos ouvintes, arrepiando a todos. Os anteriores, descobriu-se, eram pérolas desconhecidas,
colhidas na discoteca da mãe, assinadas por Luís Carlos da Vila e Candeia, dois
grandes sambistas.
Sem pretensão alguma, ela deu à chamada “letra de música” qualidades típicas
de nobres poemas, recitando os versos daqueles sambas com outra respiração, outro ritmo e outra harmonia.
E como dizer, por exemplo, que Shakespeare, quando escreveu suas peças teatrais, não foi um poeta?
Para os amantes da poesia, da palavra, do ritmo e das possibilidades de significado, fica então uma dica: pratiquem a leitura em voz alta e um mágico e novo universo descortinar-se-á diante de seus ouvidos.
O QUE SÃO SARAUS?
Sarau: é toda aquela reunião festiva
entre amigos. Ouve-se música, assiste-se filme, filosofa, lê-se trechos de
livros, faz-se poesia! Sarau é onde a
gente reúne os amigos ligados a arte
e cultura. Onde a gente soma conhecimentos e delícias, onde a gente
descobre junto e vivencia! Sarau é,
segundo os dicionários consultados,
reunião festiva, dentro de casa, de
clube ou de teatro, em que se passa
a noite a dançar, a jogar, a tocar, etc.
Também pode ser concerto musical
de noite, assim como reunião de pessoas para recitação e audição de trabalhos em prosa ou verso.
(Definição do Sarau Benedito)
http://saraubenedito.wordpress.com/
36
R
enata Iacovino. Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros
de poesias editados: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas
de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Malagoli, com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCantado; e Ouvindo o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão
e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de
concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina de
Letras e Artes de Jundiaí (é atual Primeira Secretária), Academia Infantil de Letras e Artes de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro
Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora do Hino da Academia Jundiaiense de Letras. Organizou o livro 1ª Olimpíada de Redação – Ano 2005/Os 35 anos da Biblioteca Pública
Municipal Prof. Nelson Foot Jundiaí-SP (Editora In House). Em 2009 organizou a Antologia – Encontros de Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo – 25 anos, lançado
pela Fundação Procon/SP. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional. Ministra oficinas lítero-musicais e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literários.
reiacovino.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
caju.valquiriamalagoli.com.br
[email protected]
Consulat Général du Brésil
54, rue de Lausanne
1202 Genève
Horário de atendimento ao público: de segunda a
sexta-feira das 09:00 às 14:00
Telefones
Tel. : 022 906 9420
Fax : 022 906 94 35
Horário de atendimento telefônico: de segunda a
sexta-feira das 13:00 às 16:00
Consulado-Geral do Brasil em Zurique
Stampfenbachstrasse, 138 8006 Zürich
Telefone: 044 206-9020 Fax:01 206-9021
geral @ consuladobrasil . ch
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MUNDO DA LUA
Por Oswaldo Begiato
Eu vivo no mundo da lua;
Sou amigo particular do dragão
E tomo cerveja com São Jorge
OSW@LDO BEGI@TO
Nas noites em que, cheia,
A lua imita o uivar dos lobos.
“SEM SOMBRAS
Ao meio dia
De um domingo
Prenhe de sol
E enamorado de outubro
Rompi espontâneo
Como um botão de rosa fêmea
Que nasce sem ser esperado.”
Sou noivo da estrela cadente.
Ouço todos os pedidos secretos
Dos jovens com sonhos em rebuliço
E quando brincamos na Via Láctea
Peço a ela que uma os corações sensatos
Com a dobradiça das paixões dementes.
- Ela me obedece e eu amo ainda mais.
E quando estou absorto no mundo da lua
Morro de paixão por ela,
Minha pequenina estrela menina,
Que achei cadente no meio do meu olhar,
No meio do meu olhar triste e solitário.
Nasci, sob o signo de escorpião,
em 26 de outubro do ano de 1.953,
na cidade de Mombuca,
um pequeno encanto
no canto interior
do Estado de São Paulo.
Menor que a cidade só eu mesmo.
Ainda pequeno vim para Jundiaí,
também São Paulo, Terra da Uva,
da qual experimentei o sabor do fruto
e jamais a deixei.
Nela me fiz advogado sem banca,
aposentado sem queixas
e onde perambulo até hoje,
buscando, perdidas nas sarjetas,
as palavras que me usam
para escrever poesias.
EMAIL
[email protected]
BLOG
http://oabegiato-poesias.blogspot.com
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GREVE SUSTENTÁVEL
Por Matheus Paz
Quando ele se virou,
o papel não estava
mais lá.
M
atheus Paz. Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo
tempo raro, na singularidade do que faz, a cada dia: expressão do trabalho, do
amor, enfim, da vida...
Professor de Geografia, casado com Marcilei, atualmente reside em TaquaraRS, Brasil.
Colabora no Caderno Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas no
Jornal de Poesia de Soares Feitosa.
Email: [email protected]
39
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40
Origem da Festa Junina
Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira explica que surgiu em
função das festividades que ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que
está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em homenagem a São João. No princípio, a festa era chamada de Joanina.
De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal).
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica
das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a
dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Todos estes elementos culturais foram com o passar do tempo, misturando-se aos
aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus)
nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos
e salgados, relacionados às festividades, são feitas deste alimento. Pamonha, cural,
milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz
doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado,
broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho
quente, batata doce e muito mais.
As tradições fazem parte das comemorações. O mês
de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada
vez mais raros em função das leis que proíbem esta
prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
41
Carlos Magno de Almeida
Tradições
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos
ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde
os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha,
geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, é comum as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas
distribuem o "pãozinho de Santo Antônio". Diz à tradição que o pão bento deve ser
colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As
mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
Simpatias na Festa Junina
Proteção e Alegria: Encha uma bacia com água e adicione cravo, alecrim e manjericão. Deixe descansar. No dia de São João jogue a mistura do pescoço para baixo e
peça proteção e alegria. Enxugue levemente.
Conhecer seu amor: No dia de São Pedro, junte um pouco da comida servida no almoço e no jantar. Antes de dormir, prepare a mesa com uma toalha branca, o prato
com a comida e os talheres e vá dormir. Em sonhos você conhecerá seu amor.
Arranjar namorado: Pegue uma fita branca e uma vermelha e amarre em Santo Antônio. Enquanto dá os nós faça o pedido. Reze um pai nosso e coloque o santo de
cabeça para baixo pendurado sob a cama. Só retire o santo quando alcançar a graça.
Decidir com quem namorar: Na noite de São João, escreva o nome dos pretendentes em pequenos pedaços de papel e enrole. Jogue dentro de uma bacia com água.
O que primeiro desenrolar será seu futuro namorado.
http://www.portalvaledesconto.com.br/
42
ARROZ DOCE
 Ingredientes
 1 litro e meio de leite
 2 xícaras de arroz (já lavado)
 3 xícaras de açúcar
 Canela (quantidade a gosto)
 1 lata de leite condensado
Uma panela bem grande para que o leite ferva e não derrame
Modo de Fazer:
Cozinhar o arroz no leite, juntamente com a canela
20 minutos depois, mexer de tempos em tempos, acrescentar o açúcar, deixar
mais 20 minutos e logo em seguida acrescente o leite condensado e deixar
mais 20 minutos
Colocar em uma linda travessa
Essa receita é de família
Uma delícia, esse é o verdadeiro arroz doce
QUENTÃO
1 1/2 xícaras de açúcar refinado
1 1/2 xícara de água
50 g de gengibre cortado em fatias finas (1/4 de xícara)
3 limões cortados em rodelas
4 xícaras de pinga (aguardente de cana)
3 cravos da índia
2 pedaços pequenos de canela em pau
Modo de Fazer:
Aqueça o açúcar refinado em fogo alto, mexendo de vez em quando até caramelizar.
Junte todos os ingredientes menos a pinga e ferva mexendo até dissolver o
açúcar.
Junte a pinga, com cuidado, de preferência fora do fogo para não incendiar,
misture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos.
Sirva em caneca de barro ou louça, pois as de metal tiram um pouco o sabor
do quentão.
43
A TERRA PROMETIDA
Por Marília Kosby
Salvem a pátria dessas estrelas
Pois minha terra natal acabou de ruir
Sem cortejo ou cerimônia
Meus mortos trouxeram-me
Os panos sujos de limpar memórias
Vieram até minha casa
Não comeram
Nem sorriram
Verde
Como sorriem as serpentes
De tristeza
Os mortos rastejaram até a janela
Viram que o céu não cabia mais no mundo
E cantaram seu choro cósmico de notas repetidas
Esquecer é da vida o único milagre
M
arília Floôr Kosby nasceu em 1984, na cidade de Arroio Grande, sul
do Rio Grande do Sul. Há cerca de dez anos mora em Pelotas /
RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e
letrista. Além dos escritos etnográficos sobre a presença africana e afrodescendente no continente americano - publicados em diferentes revistas científicas, veicula nos blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavinas,
bem como em outros sites da internet e publicações impressas no sul do sul país, sua produção literária de poemas, contos e letras musicais, iniciada em
2008.
44
OS COMPANHEIROS
Por Márcio José Rodrigues
O tempo passou em minha porta.
Não cumprimentou nem sorriu, nem tampouco deixou transparecer qualquer
tipo de expressão na face petrificada.
Sem sequer pedir permissão, arrastou-me, agarrando-me tão fortemente pelo punho, que nem pude reagir.
Implorei que me deixasse.
Ele respondeu com a voz mais fria que eu já ouvira, sem nenhuma modulação de qualquer sentimento:
- Não podes permanecer nos lugares por onde passas!
- Como não? - respondi incrédulo. Estamos agora mesmo em minha casa!
- A casa de que falas ficou no passado. O vento que entrou pelas janelas mudou a posição das cortinas, o pó se deposita sobre os móveis, as pessoas estão
mais velhas; algumas já se foram para sempre, assim como teu canário e teu cachorro.
- Mas, este rio em que sempre me banhei, está bem aqui. Ainda o conheço.
Ainda é o mesmo...
- Não te enganes. Um rio é sempre outro rio a cada instante. As águas em
que te banhaste já foram para o mar. Estas que vês, são novas águas de um novo
rio.
- Misericórdia! - roguei. Dá-me uma oportunidade de abraçar meu irmão, dizer
algo que tenho travado aqui dentro do peito para aquele amigo que magoei, ter de
novo um só beijo de minha mãe...
- Não tenho esta permissão!
- Mas, isso é muito cruel!
- Não há crueldade! - apenas cumpro minha destinação. Posso, porém revelar
-te um segredo:
- Será permitido que olhes para trás e assim possas ver o que fizeste e o que
deixaste. Também terás dois companheiros de jornada. Eles estarão sempre ao teu
lado e te acompanharão como a tua sombra. Aparecerão quando menos esperares,
mesmo que não os tenhas invocado.
- Posso saber quem são?
- Eles são o remorso e a saudade!
45
M
árcio José Rodrigues é um escritor ocasional
de contos, crônicas e poesias.
Nascido em Gravatal, SC, em 1941, viveu uma grande
parte do seu tempo em Laguna, uma bela e mágica cidade no Atlântico Sul do Brasil, repleta de sol e sortilégios,
onde as pessoas são incrivelmente pitorescas, simpáticas
e nobres.
Inundada de maresia, luz, ventanias, história e peripécias, a cidade incita, desafia
e abastece a fantasia, com repleto material para se escrever, pintar, compor e cantar.
O autor publicou, "A CONFRARIA"( história local), "ANTÔNIO DOS BOTOS" (contos) , "RECORTE" ( contos e crônicas, com outros autores), artigos para
imprensa, conferências e palestras. Considera o fato de ter sido professor por mais
de 30 anos, um dos maiores orgulhos de sua vida profissional.
Capa do livro Antônio dos Botos
Marcio autografa o livro no dia do lançamento.
Foto: http://www.farolimagem.com.br
O VARAL DO BRASIL é uma revista
digital gratuita proposta por e-mail
e através de download no site
www.varaldobrasil.ch
46
A UM ARTISTA
Mergulha o teu olhar de fino colarista
No azul: medita um pouco, e escreve; um nada quase:
Um trecho só de prosa, uma estrofe, uma frase
Que patenteie a mão de um requintado artista.
Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista!
Pinta um canto do céu, uma nuvem de gaze
Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze
Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista.
Escreve!... Um céu ostenta o matiz da celagem
Onde erra o sol, moroso, entre vapores brancos,
Irisando, ao de leve, o verde da paisagem...
Uma ave banha ao sol o esplêndido plumacho...
Num recanto de bosque, a lamber os barrancos,
Espumeja em cachões uma cachoeira embaixo...
47
ESCRITO NAS ESTRELAS
Por Marcelo de Oliveira Souza
Todos sabemos como é difícil educar um filho, principalmente nos tempos de hoje, com a televisão, o advento da internet, redes de relacionamentos, comunicadores e tudo que possa vir para deseducar e afastar os membros da família de uma
boa conduta.
Muitos pais se perdem em meio à obrigação de cuidar dos seus rebentos contemporizando com uma vida social e produtiva.
Nessa difícil relação ainda tempos que abordar a briga entre casais que poderá
até culminar em uma separação; alcoolismo e outros vícios piores; traumas e outros tantos fatores que são abordados rotineiramente em alguns programas de tv.
Da mesma forma que a televisão deseduca, tem muitas outras programações que
podemos utilizar em nosso crescimento próprio e até como forma de nortear os
nossos entes queridos, absorvendo o que há de melhor na grade televisiva.
Um grande exemplo é “A grande Família”, todos têm problemas de relacionamento, contudo percebemos uma interação muito bonita, o filho “Tuco” com todas as
suas imperfeições de um desempregado, vida mansa, ainda clama atenção ao
pai, querendo que o seu genitor ainda se orgulhe de todos os seus defeitos, uma
relação difícil mas que é suplantada com muita confusão e amor.
A nova novela das seis horas na Rede Globo, “Escrito na Estrelas” é mais um
grande exemplo de relacionamento entre pai e filho, onde um promissor médico
tinha um relacionamento muito difícil com o seu viúvo pai, eles possuíam idéias
díspares e diante disso o filho resolveu sair de casa a fim de que possa seguir o
que achava correto.
Independente de quem está certo ou não, o importante é que percebamos que o
relacionamento entre as pessoas está cada vez mais difícil, principalmente entre
pais e filhos, muitos deles pensam que irão morrer primeiro que os seus antigos
pimpolhos, seguindo a lei da natureza, contudo não é bem assim, Deus têm muitos planos e muitas lições a nos ensinar, não é à toa que estamos aqui e que não
escolhemos os nossos parentes, há muita coisa além disso e a maior lição é a do
amor incondicional, entre pais e filhos, a relação mais singela.
Esse aprendizado é muito difícil, a cada dia temos uma nova lição, contudo a maior dela é não nos esquecermos de amar os “nossos”, valorizando-os, auxiliandoos, independentemente de tudo, pois as convenções muitas vezes servem para
afastar e um afago não utilizado na hora certa, pode gerar muito arrependimento
no futuro e não haverá inseminação artificial, espiritismo nem nada nesse mundo
que possa dirimir o sentimento de perda e de culpa que poderemos carregar.
48
CHÃO
Por Maíra Cortez Galhardo
O pão da vida
Temperado com o sal da terra
O que será do nosso amanhã?
Se já não conseguimos mais colher nossos frutos
Nao há mais raízes, princípios, vontades, virtudes...
Estamos sem chão
Para que a vida cresça em nós
Para que vejamos Deus em tudo e todos
Nos nossos pensamentos, palavras e atitudes
49
ROSAS AZUIS
Por Lariel Frota
Elas existem, é preciso acreditar
Por mais estranho
que pareça
Elas estão lá, no fundo do mar....
São azuis da cor do infinito
Suaves qual noites de primaveras
Embora frágeis, indestrutíveis
Embora submersas, são belas....
M
Elas existem, embaladas docemente
eu nome é Marli Ribeiro de Freitas
e nas minhas criações utilizo o pseudônimo de LARIEL FROTA. Sou professora,
educadora na área de Educação para o
Trânsito, palestrante, escritora e poeta.
Fui responsável por duas colunas numa
revista voltada ao público dos motociclistas, a REVISTA MOTOBOY, daí nasceu
a necessidade do pseudônimo. Como
assinava uma coluna sobre Legislação
de Trânsito e Primeiros Socorros, o editor julgou que a outra coluna com contos e crônicas sobre o quotidiano desse
profissional sobre duas rodas, deveria
ser assinada por outra pessoa, daí, pari
Lariel.
Pelo eterno bailar do oceano.
Se um dia as encontrar por acaso,
Não pense que é um engano.
Elas existem esplendorosas.
Você tem que aceitar
Azuis da cor do infinito
Há rosas no fundo do mar!!!!!
E-mail: [email protected]
50
E O AMOR ACONTECE
Por Ju Virginiana
Quando respiro teu ar
Não sei o que acontece
Minh’alma passa a cantar
E de tudo se esquece
Meus olhos encontram teu olhar
Mais bela a vida parece
Sinto meu corpo arrepiar
Meu chão quase desaparece
A tua voz a soar
Em mim como uma prece
Ecoa linda a cantar
Num maleável sobe e desce
J
u Virginiana. Professora, licenciada
em Letras Português e Espanhol,
especialista em Leitura e Produção
Textual.
É associada à AGES - Associação Gaúcha de Escritores, filiada à UBT - União
Brasileira de Trovadores de Caxias do
Sul,
Membro Efetivo da Academia Virtual Sala
de Poetas e Escritores - AVSPE, Cônsul
do Movimento Poetas del Mundo de Caxias do Sul
Participa em inúmeros sites, blogs, jornais. Já integrou várias comissões julgadoras em concursos literários
Participa em mais de cinquenta Antologias Poéticas. Conta com várias classificações e premiações em Concursos Literários
E-MAIL: [email protected]
51
Nosso olhar ao se cruzar
Meu corpo todo estremece
Palavras ficando no ar
Minha face enrubesce
Pensamentos a rodar
Ilusão que floresce
Silêncios a sufocar
Alma que padece
Se pudesse te falar
Mas meu ser todo emudece
Como é bom te amar
Melhor se tu soubesse
60% de sua doação será destinada ao atendimento emergencial aos animais de rua em
situação de emergência, no pagamento de despesas médico-veterinárias e de medicamentos, os 40% restantes serão utilizados para outras despesas, como para a confecção de
material educativo, despesas administrativas, bancárias (inclusive as tarifas de emissão dos
boletos) etc. Caso você queira contribuir com valores menores, sua ajuda será bem vinda,
mas devido ao valor da tarifa de emissão de boletos cobrada pelo banco, pedimos que faça
isso através de depósito direto em nossa conta.
Instituto É O BICHO!
Banco Itaú (Nº 341)
Agência - 0289
Conta Corrente - 61018-0
CNPJ do Instituto: 06.006.434/0001-85 (solicitado no caso de transferências entre
contas)
Obrigado por colaborar financeiramente com o trabalho do Instituto É O BICHO!
Projeto “Balaio da Saúde Literária” é lançado em Bento Gonçalves
O projeto “Balaio da Saúde Literária (para combater o óbito mental)”, realizado pela Biblioteca
Pública Castro Alves em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, foi recebido com muito carinho por representantes das 22 Unidades
Básicas de Saúde (UBS), além de outros cinco
Centros de Referência da cidade, no Salão Nobre da prefeitura, na sexta-feira, dia 23, Dia do
Livro. A iniciativa tem como objetivo criar um
espaço de acesso ao livro, e despertar o gosto
e o hábito pela leitura na população que frequenta os postos de saúde do município. Inicialmente, os balaios foram entregues a 27
centros, porém a iniciativa visa contemplar 40
postos, em diversos bairros.
As antologias “Poesia do Brasil”, “Poeta, Mostra a Tua Cara” e “Poemas á Flor da Pele”,
doadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia
fazem parte dos balaios.
52
A FUGA DO CARANGUEJO
Por J. Machado
Ajoelhou-se e rezou! Rezava com fé, enquanto chorava. Não havia mais
lágrimas, apenas o soluço que lhe cortava as palavras. Só as palavras, não a
intenção. Sabia o que queria!
- Julieta não pode ficar sozinha! O senhor pode ajudar! Não pode?
Julieta sabe que pode. - E assim prosseguia com seus clamores em terceira
pessoa, acreditando estar sendo ouvida. E continuou: Julieta não quer ficar sem o caranguejo!
- Era assim que chamava seu companheiro, o qual ameaçava em deixá-la. Não era a primeira vez, mas Edgar agora estava decidido e ela sabia que não era como das outras vezes.
Sentindo que sua fé estava um tanto desgastada e
com o vai e vem do caranguejo, enquanto arrumava as
coisas dele, Julieta entrou em desespero. Alguém tinha
que impedir este abandono!
Então passou a rogar a Buda, mas ele nada lhe falava, pediu a Che Guevara, que passava em sua frente
por várias vezes, estampado na camisa de Edgar. Que nada! Nem Buda, Nem
Che Guevara, nem Iemanjá que há anos habitava aquele cantinho. Nem mesmo
Santo Antonio que já estava de cabeça pra baixo há dias.
Por fim numa tentativa ainda desesperada, passou a rogar pelos ídolos
mais próximos, Barak Obama, Silvio Santos, Agnaldo Timóteo, Galvão Bueno,
Ana Maria Braga, o próprio Loro José...
Nada! Ninguém fez nada para impedir e Edgar se foi.
J
.Machado, 50 anos. Já viajou pelo mundo todo. Foi
à Londres da Rainha mãe, em Jerusalém sentiu a presença
do Cristo, aquele, o filho do homem. Conheceu Manoel
Bandeira, no Jardim da Luz, claro, de volta ao Brasil, aqui
mesmo em São Paulo. Encantou-se com Clarice Lispector,
numa biblioteca, bem pertinho de casa, aqui em Laguna. De
onde faz suas viagens através da leitura.
53
Com a independência de Portugal, por Dom Afonso Henriques, em
1147, o português se propagou a
partir do norte e se mesclou com os
falares neolatinos do sul da Lusitânia, os chamados romanços moçarábicos, passando, aos poucos, a
formar o idioma português propriamente dito (cerca de 1350), que difere algo do galego original, que,
por assim dizer, fossilizou velhas
formas arcaicas e regionalismos da
língua, ainda hoje em uso pelos escritores galegos.
A Língua Portuguesa, no auge
das conquistas marítimas, se propagou pelos cinco continentes. Até
mesmo na longínqua Oceania, na
Ilha de Timor, até recentemente sob
domínio da Indonésia, a língua de
Camões é escrita e falada. (...)
Atualmente o idioma português
desfruta de grande prestígio internacional, tendo sido recentemente
adotado pela Organização das Nações Unidas como língua de trabalho, a par do chinês, inglês, russo,
francês, árabe e espanhol.
O Brasil é o maior país de língua
portuguesa, responsável por mais
de 3/4 dos falantes da nossa língua.
Some-se a isso o fato de não contarmos com dialetos em nosso vasto território, sendo perfeitamente
inteligível a fala de um cearense do
Vale do Jaguaribe a um gaúcho de
Bajé ou a um carioca de Ipanema, e
vice-versa.
O português do Brasil é, isto sim,
um idioma extremamente enriquecido com os aportes indígenas e africanos, que modelaram, deram um
retoque final à nossa língua, enchendo-a de graça e suavidade.
Vários dialetos subsistem, porém,
no português continental, ou seja,
europeu. Em Portugal, cumpre citar
os dialetos do Minho, de Trás-osMontes, da Beira, da Extremadura,
do Alentejo e do Algarve.
A LÍNGUA PORTUGUESA
Luciano Maia
É comum aceitar-se que ao final do
século VIII a língua portuguesa (ou galego-portuguesa) já estava constituída,
diferente do latim vulgar, que a engendrou e dos demais romances peninsulares ibéricos. Esse é o protoportuguês,
que se pode observar nas documentações em latim bárbaro, ou seja, após a
queda do Império Romano do Ocidente.
Num documento em latim bárbaro,
datado de 1161, o escrivão introduziu
uma frase inteira cujos componentes
são já galego-portugueses: deslo rivoll
até no rego que vai porla vila.
As invasões germânicas (século V) e
a invasão moura (século VIII) marcaram profundamente a futura feição da
língua galego-portuguesa.
A língua portuguesa teve seu berço
na Galiza, território ao norte de Portugal, a partir da Reconquista, ou seja,
com a emancipação das terras que se
encontravam em poder dos árabes, que
invadiram a península no ano de 711 e
dali só foram definitivamente expulsos
em 1492, com a queda do califado de
Granada, na Andaluzia.
É comum, portanto, o emprego de
galego-português para designar esta
língua, mesmo porque, tratando-se de
textos antigos, não há como separar os
dois idiomas. Na realidade, foi em galego-português que se redigiram os primeiros documentos e os primeiros textos literários no oeste da península ibérica, inclusive na corte de Madrid, o que
atesta o enorme prestígio de que desfrutava a nossa língua na Idade Média.
Dom Afonso X, o Sábio, rei de Castela, usou a língua galego-portuguesa para os seus escritos, poemas líricos, profanos e religiosos de grande beleza.
Ademais, foi em galego português que
poetaram muitos outros escritores medievais da Espanha e mesmo de outras
nações, como a Itália!
54
A língua portuguesa é ainda utilizada
por núcleos de imigrantes, principalmente nos Estados Unidos, onde possuem um jornal (há também jornais dirigidos a brasileiros), no Canadá, na Venezuela, além de aproximadamente 1
milhão de portugueses hoje residentes
na França, principalmente em Paris.
Por fim, lembremos que o papiamento
(do português papear), provavelmente
uma das mais novas línguas literárias
do mundo, tem um fundo lexical português-espanhol, com cerca de 45%, contra cerca de 25% holandês e o restante
de línguas africanas, do francês e do
inglês. Sua estrutura gramatical é, entretanto, predominantemente africana.
Até hoje, nas Antilhas Holandesas
(Curaçao, Bonaire e Aruba)um movimento visando à normatização do papiamento, por intermédio do Instituto Lingwistiko Antiano, com sede em Willemstad, capital das Antilhas Holandesas.
Ressalte-se ainda que, ao contrário
do que ocorre com outros falares crioulos do Caribe, o papiamento conta com
uma expressiva literatura já desde o
século XIX.
A figura canônica da literatura em língua portuguesa é Luís Vaz de Camões
e a obra "Os Lusíadas", mas os nomes
que dignificam uma e outra (a língua e
a literatura) são incontáveis. Citemos
um nome apenas: José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura de 1998.
Regionalismos
São registros de língua próprios da
população de diferentes povoações
ou regiões. Distinguem-se pela pronúncia, pelos diferentes significados
e diferente construção de palavras e
frases.
TANGERINA
fruto da tangerineira; bergamota,
laranja-cravo, laranja-mimosa,
mandarina, mexerica, mimosa,
tangerina-cravo, tangerina-do-rio,
vergamota.
MOUSSE DE TANGERINA
250 ml de suco de tangerina concentrado natural
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
FONTE: Maia, Luciano. ALMANAQUE NEOLATINO. Fortaleza: UFC /
Casa de José de Alencar, 2002, p. 3335.
http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/
amigos/lucianomaia.htm
Modo de fazer:
No liquidificar coloque o suco, o leite
condensado e o creme de leite
Bata por cinco minutos
Disponha em taças e leve à geladeira por 2 horas
55
PENSANDO COM NÉLIDA PIÑON
A alma murcha é como uma passa de Corinto.
A vida de um homem termina nele. Só alguns artistas prorrogam a existência.
O ser humano é um peregrino. É só na aparência que ele tem uma geografia
"Se a memória simula esquecer os mortos, o amor, albergado no coração e sempre à espreita, a qualquer sinal açoita quem sobrevive às
lembranças."
Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exerce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa
a ser apenas um escravo da informação
56
CONTUBÉRNIO
Por José Carlos Paiva Bruno
Perfeita acoplagem: homem e mulher. Presente do Criador; este acoplar, espiritual,
carnal, anatômico, convoluto... Entrópico! Êxtase que revela vida...
Completam-se em sedução, franqueza, sexo, nostalgia; solidariedade, simbiose, caminhar, completar... Benção e necessidade mútua, que espanta qualquer melancolia: sacripanta, desânimo, tristeza, fracasso e covardia...
Revelação da verdade, surpresa em afinidade...
Gancho na espírita poesia:
Alma gêmea da minha alma,
Flor de Luz da minha vida...
Sublime estrela caída,
Das belezas da amplidão...
Sazão primavera, sempre candura eterna, residente poesia... Alma que contagia!
Energia vital, aura que tudo faz valer à pena. Especiaria do Divino...
Mulher, alquimia da felicidade, sagrado manto da verdade. Caprichosa em existir,
valente em dar a luz, acompanhante que conduz; felicidade manifesta do encontro
do Gênesis.
Diana ou Afrodite, Eva ou Brigite, universo hálito, recomendado pelo Paráclito...
Cândida luz que guia; expoente da ternura, revelação da bravura...
Mulher lanterna do Homem, candelabro de magia, farol estrela-guia...
Bendita Virgem Maria!
J
osé carlos Paiva Bruno é a quarta geração
originada de Domenico Bruno, quando de
sua imigração da Itália para o Brasil... Iniciou-se como menor-aprendiz no Banco do Brasil em 1979,
técnico em eletrônica, advogado, integrador INTEL
602597, especialista MBA pela FGV em Direito da
Tecnologia e especialista pela FOA em Docência
Superior, sempre aprendiz-escritor e poeta…
http://cid-bab27cce4ad326da.spaces.live.com/blog/
57
FALANDO DE AMOR
Por Jania Souza
És sensível ao sentimento, Amor!
És o próprio vôo de pétalas na carne
Confetes de felicidade no céu de boca nua salivada.
És beijo doce de mãe
Mão estendida ao desamparado
Água fresca na fervura da ira
Lençol branco da paz.
És meu suspiro de esperança
Meu abraço de caridade
Meu clamor por liberdade
Meu mar sensual no espaço.
És meu norte e meu ocidente
Bússola permanente em meu coração
Guia de minhas sensações perenes.
És paradigma no caos da violência
Consciência necessária à preservação humana.
És o Jardim da Bonança, Amor!
Pronto a ofertar teus saborosos frutos
A cada filho do homem.
És as delícias conjugais dos novos amantes
Em colchões de sonhos e plumas de avestruzes
Pássaros no nirvana da procriação.
Em todas as horas és meu incansável companheiro.
Sempre alerta, relembras-me os prazeres da vida.
Jamais permites que eu abdique do teu corpo puro.
58
J
ania Souza, potiguar de Natal/RN, Brasil, artista plástica,
poeta, escritora, sócia fundadora da SPVA/RN - Sociedade
dos Poetas Vivos e Afins do RN. Pertence a AJEB/RN e a UBE/
RN. APPERJ. Clube dos Escritores de Piracicaba. Participação em
coletâneas nacionais e internacionais. Publicou em 2007, Rua
Descalça (poemas) pelas Edições Bagaço/PE; em 2009, Fórum
Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (infantil) pela Editora Alcance/
RS. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com; [email protected]
COMO VOCÊ VÊ @ VID@?
Todos as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar esta visão.
Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um instrumento, esculpem, fazem artesanato… Dentro de cada um de nós existe um artista.
Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que temos
aquele jeitinho especial!
Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site do VARAL DO BRASIL o que
você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?
Leia as instruções nas seções « ELES » no www.varaldobrasil.ch
E-mail: [email protected]
E mãos à obra: a vida é agora!
59
Se você deseja ajudar os animais que
todos os dias são abandonados, atropelados, maltratados e não sabe como,
vai aqui uma dica:
Procure uma associação de proteção
aos animais, um refúgio, uma organização ou mesmo uma pessoa responsável em sua cidade ou estado. As colaborações podem ser feitas através de
tempo, dedicação, ajudas financeiras,
divulgação.
Há pessoas por todos os cantos ajudando aqueles que não sabem como ajudar
a si mesmos. Seja mais um, faça destes
bichinhos a sua causa!!
AJUDE A AJUDAR, SEJA
HUMANO!
Antologia Literária Cidade Volume V
A Antologia Literária Cidade foi criada com a finalidade de centralizar autores numa publicação fora do eixo, de oportunizar espaço para novos autores, que ainda não tiveram seus textos publicados em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras publicações do tipo. Lançamos os três primeiros volumes com a participação de mais de 100 autores: de alunos de Ensino Médio a
professores com doutorado, de autores nunca publicados a autores com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de
autores de várias cidades do Brasil e também com três autores
residentes em outros países (Áustria, Austrália e Suíça).Dando
continuidade ao nosso trabalho estamos fechando o Volume V da
publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda
em dezembro, posto que até o momento metade das páginas já
estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação como mais um habitante/morador desta nossa Cidade Literária.
Contatos: [email protected]
60
GOSTO
Por Jacqueline Aisenman
Alguns sabores são indeléveis
como certos sinais que trazemos
de nascimento...
O sabor do primeiro amor.
O sabor das boas lembranças.
O sabor de uma torta de chocolate.
O sabor de uma vitória dita intangível.
O bom dos sabores assim
é que eles não causam enjôo,
não fogem da memória
J
acqueline é quem edita o VARAL. E quem tem o coração povoado
de letras que vivem saindo pela caneta
ou pelas teclas do computador. Palavras escritas, muitas vezes nem ditas.
Tem em seu site Coracional e em seu
Blog Certas Linhas um meio de expressão constante.
E-mail: [email protected]
e não percutem os sentimentos.
São sublimes
e somam-se aos prazeres eternos
e às alegrias etéreas.
61
SIGNOS
Por Jaci Santana
Este homem, cujo rosto e corpo,
Esculpi em pensamento.
Que vi nascer em minhas fantasias mais
inocentes.
Tem a beleza de Narciso,
Revelando-se, brandamente,
A caminhar sobre os meandros de minha
consciência.
Neste sonho delirante,
Delineei este rosto, este corpo,
Que tanto admiro e amo,
Deixando-lhe minha marca, meu brasão de
múltiplos signos.
Enquanto vou inserindo-me nestes traçados,
Uma indescritível onda de prazer brotou-me,
subitamente.
Tamanho o regozijo de vê-lo materializando-se
Em formosura Osiriana... Altivo! Imponente!...
Um mito a acorrentar-me os pensamentos.
Ah! Que sabor de glória tem o amor que sinto,
Por este ser mitológico,
Que se veste de anjo, e aborda-me na cama,
Arrastando-me em suas armadilhas de doces
encantos.
J
aci Santana- Nasceu em
Aracaju. Mora no Rio de
Janeiro. Cursou Direito
e,atualmente, dedica-se a poesia.
Participa de Concursos Literários.
Recebeu vários convites para participar de Antologias. Recebeu
Menção Honrosa no I Concurso de
Poemas Delfos com o 5º lugar, e a
divulgação do mesmo no Jornal Le
Ville com a poesia “Oásis Tropical”. Em 2007 teve seu primeiro
Livro de Poesia “Amor, Sexo e Poesia” editado pela Litteris Editora e
participação no Diário do Escritor
de 2006 a 2010, também pela Litteris Editora.
Nome: Jaci Leal Santana
E-mail:
[email protected]
[email protected]
62
B@RRE@DO
Receita original: Pesquisa realizada por Mara Salles referente a autêntica receita do
Barreado Morretes -PR. Data do registro: 1997
Rendimento: 20 pessoas
Precisa: 1 caldeirão grande de barro
Ingredientes: 3k de coxão duro cortados em cubos de 6cm, 200g de bacon em tiras
finas, 3 cebolas médias, 1 copo americano de vinagre de vinho tinto, 1 copo americano de óleo de soja, 8 dentes de alho cortados ao meio, 8 tomates sem sementes,
1 maço de cebolinha e um maço de salsinha picadas, cominho em pó, 2 colheres
de sopa rasa de sal, 4 copos americanos de água, 3 folhas de louro.
Atenção: Copo americano: 160ml.
Faz Assim: Forre o fundo do caldeirão de barro com o bacon. Coloque uma camada
da carne em cubos, um punhado de cebola, um de salsinha e um de cebolinha. Polvilhe o cominho e um pouco de alho. Vá fazendo as camadas, carne, cebola, cebolinha, salsinha, cominho e alho. Dá umas 3 a 4 camadas de cada dependendo do
diâmetro da panela. Bata no liquidificador o tomate com a água e coe. Misture o vinagre, o óleo e o sal e jogue por cima das camadas no caldeirão. coloque por cima
as folhas de louro e tampe a panela. Faça uma pasta grossa com farinha de mandioca e água e vá vedando a tampa com cuidado. Vá alisando bem com a mão úmida
para que fique bem vedada a tampa para garantir que não saia vapor. Cozinhe em
cima de uma chapa ou em fogão a lenha (nunca na chama direta), por, no mínimo,
12 horas em fogo baixo. Após cozido, use uma faca de ponta fina para ir abrindo a
massa que veda a tampa e tente não destruir a crosta de farinha. Se durante o cozimento houver escape de ar, vá vedando os buraquinhos com a pasta de farinha
que sobrou.
Montagem do prato: Coloque num prato fundo farinha de mandioca de boa qualidade, o barreado por cima e uma fatia de banana da terra grelhada em manteiga de
garrafa por cima de tudo. É MARAVILHOSO!!! Vale a pena!!
http://pt.petitchef.com/
63
Perguntas e respostas sobre o Barreado?
O que é Barreado?
Onde posso comer?
Um prato típico da culinária brasileira de
sabor indescritível e altamente revigorante.
Foi criado há mais de 200 anos por caboclos do litoral paranaense. Começou a ser
servido por ocasião da festa do "entrudo",
que hoje em dia conhecemos pelo nome de
"Carnaval". Depois, foi incorporado às
festas religiosas de Morretes e Antonina e
hoje é considerado o prático típico oficial
do Paraná.
Como é feito?
Você encontra o Barreado em qualquer
restaurante das cidades de Morretes e Antonina (PR), onde anualmente acontece a
Festa do Barreado. Também pode ser encontrado nas boas casas do ramo de Curitiba e grandes cidades do País. Sabe-se que
até nos Estados Unidos já existem restaurantes especializados em comida típica
brasileira servindo o Barreado. Mas tenha
cuidado, poucos restaurantes oferecem o
autêntico Barreado.
Qual a composição do prato?
É um cozido à base de carne bovina fibrosa, sem osso e sem gordura, temperada
com condimentos tropicais. O autêntico
Barreado é feito em panela de barro, onde
os ingredientes são colocados em camadas
e cobertos com folhas de bananeira. Depois, a panela é lacrada com uma argamassa de farinha de mandioca para evitar a
saída de vapor. O cozimento se dá em fogo
de lenha brando e dura até 18 horas para
ficar no ponto.
Que bebida devo tomar?
Tradicionalmente, o Barreado é servido em
pequenas panelas de barro com porções
individuais acompanhadas e arroz branco
solto, farinha de mandioca fina, pimenta e
banana-caturra. Pode-se incrementar o
prato com salada de couve refogada, farofa, porções de torresmo, azeite de oliva,
banana à milanesa e laranja. É recomendável colocar as panelas sobre um fogareiro
de mesa para manter o conteúdo sempre
quente. Opcionalmente pode-se levar à
mesa a panela principal sobre fogareiro.
Por que autêntico Barreado?
Uma dose de cachaça pura e da boa é indispensável como aperitivo. Se não tiver,
substitua pela caipirinha, steinhäger ou
mesmo conhaque. Sem dúvida, isto ajuda a
aguçar o paladar. Durante a degustação vai
bem o chope gelado, a cerveja ou mesmo o
vinho. Não se preocupe com a dose, porque a bebida alcoólica faz pouco ou nenhum efeito quando se come Barreado.
Como se come o Barreado?
Não existe um ritual para se comer o Barreado. Basta uma mesa grande, uma roda
de amigos e muita descontração. Os utensílios são: prato raso, garfo, faca e uma colher de madeira ou concha para servir. Coloque no prato dois quartos de Barreado,
um de arroz e o outro de farinha. O sabor
fatal está esta na mistura destas três partes
temperada com pimenta malagueta ao gosto de cada um. Algumas rodelas de banana
-caturra fazem o contraponto, já que seu
adocicado dá um contraste ótimo com o
Barreado picante.
Primeiro e mais importante é o sabor. O
autêntico Barreado tem sabor inconfundível e um cheiro inesquecível para aqueles
que já o provaram. Pode-se sentir o aroma
a cem metros de distância do fogão. Ele se
apresenta na forma de um caldo encorpado
de coloração avermelhada.
Existe uma receita simples?
Sim, existem variações da receita original
que permitem a qualquer pessoa preparar
uma versão simplificada do Barreado em
fogão a gás e panela de pressão. Certamente, isto demanda bem menos tempo de cozimento, algo em torno de 4 horas. Todavia, alertamos que o sabor final pode ficar
muito aquém do verdadeiro Barreado. Lamentamos que o uso indiscriminado de
receitas improvisadas, inclusive por comerciantes de Antonina e Morretes, tem
desvirtuado a originalidade do prato.
http://www.torque.com.br/barreado/faq.htm
64
SIMPLES ASSIM
Por Infeto
Ossos do ofício.
Ossos precipício.
Vida descontínua.
Vida que termina.
INFETO
Sebo nas canelas.
Sebo de vela.
Soteropolitano, conhecido como INFETO. Diplomado em
ansiedade, insônia, frustração
e com tendências artísticas e
ao pensar desde os 14 anos.
Julga-se, autodidata e ignorante por natureza perante a arte.
Possui projetos engavetados e
alguns realizados nas áreas
literárias (contos, resenhas,
críticas, artigos, monografias,
poemas, crônicas, livros etc.), e
também nas áreas de teatro e
cinema (roteiros de curtas e
peças), música, e artes visuais
em geral. "Sou o espírito do Dr.
Fritz incorporado num corpo de
um tetraplégico."
Doença infernal.
Inferno Carnal
Desejo reprimido.
Represo estampido.
Vozes no ouvido.
Orelha no testículo.
Razão bem rasa.
Proporção imediata.
Destino cria vínculo.
Link tem vírus.
Assim vou vivendo até quase parar!
Assim vou parando até me acabar!
Parando vivendo.
Vivendo parando.
Pensando!
65
ACEITO A NOITE LENTA
Por Gustavo Henrique Bella
Aceito a noite lenta de horas vagas
Grisalhos cabelos surgem com a névoa branca
Lembranças cintilantes no céu passado
E aquela mão roga por um toque
Recebe uma face em meio a noite
O tempo que sofre entre as horas negras
Grita pelo nome de alguém que passa
Apenas um eco na escuridão faminta
Levando beijos que serpenteiam o coração
Cravando presas de veneno amargo
Derrubando os fortes e consumindo os fracos
Irônica vida de encantos tolos
Fortes palavras ditas a esmos
Sem salvação ou redenção
São apenas as presas encontram o tempo
E a noite longa ganha força ante as horas
Consumindo o corpo e diluindo a alma.
66
ESPERANÇA
Gilberto Nogueira de Oliveira
Por Gilberto Nogueira de Oliveira
1953 - Nasce a 26 de agosto em NazaréBa 1968 – Ingressa no PCdoB, na ilegalidade e começa sua carreira literária com
várias poesias e um romance: A VINGANÇA DOS IRRACIONAIS
1971 – Escreve REVOLTA e algumas
poesias
1972 – Perde seu irmão mais velho (21
anos) em Salvador-Ba na militância política.
1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e
poesias
1976 – Muda-se para Belo Horizonte a
trabalho e escreve poesias
1977 – Escreve ESSES HEROIS CAMPONESES, OS DOIS POLOS ANTAGÔNICOS e algumas poesias
1979 /1994 Escreve poesias
1995 – Escreve O SISTEMA e poesias
1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO
CÉU e poesias
1999 – Escreve IMPÉRIO e mais dois
livros que continuam sem títulos.
2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS,
FERRO, O HOMEM PARTIDO
2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTIVO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São
organizadas todas as suas poesias em
dois livros com os títulos LÁ FORA e EM
MINHA TERRA.
Transpus um arco argentino
E caí num nada
Um nada abstrato
Um nada incomum
Acontece tantas com o homem...
Hesse aceitou o desafio do lobo
Vencendo a si próprio
Kardek venceu as religiões
Esquivando-se de todas
Titov venceu o desafio do Vostok
Dando dezessete voltas em órbita da
terra
Gagárin venceu o desafio das
religiões:
“Fui ao céu e não vi Deus”
Os japoneses venceram o desafio da
bomba A
Provaram que os EUA não ganharam
a guerra
Quem consertaria o mundo?
Eu? Você? Nós? Eles?
Talvez a educação
Talvez os filósofos...
Talvez ninguém.
E se o tempo consertar?
Mas o tempo não existe.
Vamos tentar?
É uma esperança...
E se esperarmos e nada vier?
Que fazer?
Vamos lutar?
Contato:[email protected]
67
ALMA ESCURA
Por Fabricio Couto Martins
Tantas noites para desvendar
Os mistérios dessa alma escura,
Nos anseios dessa louca procura
E eu pobre de mim nada consegui
entender ,então hoje minha alma
Eu quero entregar a qualquer aventura
possível,dentro desse sonho estranho que
Se chama vida,dentro desta noite comum,
Onde estrelas brilham como sempre no céu
Eu procuro um sentido,um sentido para alem desse véu.
F
abrício Couto Martins. Moro em Fronteira, Minas Gerais, onde sempre vivi,escrevo desde adolescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da editora Scortecci que foi lançada na XVIII bienal internacional do livro de São Paulo,
porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui poesias, crônicas, contos,
textos e até letras para canções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.
Mantenho alguns endereços na internet onde coloco quase que diariamente obras
de minha autoria, a saber, os dois mais acessados são:
http://blogdosblogs.spaceblog.com.br
http://artespontaneaart.blogspot.com
68
MUSA IMPASSÍVEL I
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho,
e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante;
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.
Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
Mármores (1895)
69
http://www.sougaucho.com.br/
Abagualado* - O que ainda é muito
arisco e espantadiço, como se fora
bagual. É semelhante a bagual.
Abichornado - Aborrecido, triste, desanimado.
Aboletar-se* - Instalar-se. Ocupar
indevidamente determinado lugar. Receber ou ganhar qualquer coisa. Apoderar-se de algo ou ocupar determindado lugar por esperteza.
Abrir cancha - Abrir espaço para alguém passar.
Achego - Amparo, encosto, proteção.
Acolherar* - Unir dois animais por
meio de uma pequena guasca amarrada ao pescoço. Atrelar ou ajoujar
animais por meio de coleira. Unir, juntar com relação a pessoas.
Acolherado* - Andar acolherados,
sempre junto de duas pessoas.
Açoiteira* - Parte do relho ou rebenque, constituída de tira ou tiras de
couro, trançadas ou justapostas, com
qual se castiga o animal de montaria
ou de tração.
Afeitar - Cortar a barba.
Agregado - Pessoa pobre que se estabelece em terras alheias.
Bolicheiro - Dono de bolicho.
Bolicho - Casa de negócio.
Bugio - Pelego curtido e pintado, em
Buenacho - Muito bom, excelente,
Chilena* - Espora grande de papagaio
virado e grandes rosetas, muito usada
pelos campeiros e domadores.
Chimango - Alcunha dada no Rio
Grande do Sul aos partidários do governo na Revolução de 1929.
China - Descendente ou mulher de
índio, ou pessoa do sexo feminino que
apresenta algumas das características
étnicas das mulheres indígenas. Mulher de vida fácil.
Chineiro - Grande número de chinas,
Gaudério - Pessoa que não tem ocupação séria e vive à custa dos outros,
andando de casa em casa. Parasita,
amigo de viver à custa alheia.
Gauderiar* - Viver vida de gaudério,
viver à custa de outrem, vagabundar
vivendo às expensas de outrem. O
mesmo que gandular ou fila.
Manotaço - Pancada que o cavalo dá
com uma das patas dianteiras, ou com
ambas, bofetada, pancada com a mão
dada por pessoa.
Minuano - Vento frio e seco que sopra
do sudeste, no inverno, vem dos Andes.
70
BEMBEM PADECE DE AMOR
Por Eurico de Andrade
O Raimundo barbeiro estava quase indo à falência. A machaiada de Tabuí fizera da sua
barbearia ponto de encontro predileto, onde se ficava sabendo de tudo. Quem tava ficando
rico ou pobre, quem gostava de quem, quem apanhou de quem, quem tava saindo com
quem... E o Raimundo brabo com a falta da freguesia que refugava de tanto falatório. Freguês que se aventurasse ali, mal saía, a ficha tava completa e era assunto por uma semana.
Até que um dia o barbeiro resolve espantar o azar. Zequinha Bembem, o açougueiro simplório, o mais conversador de todos, contador de papo, inventor de histórias, metido a brabo e a
paquerador, era quem mais divertia a turma da barbearia. Raimundo acha de aprontar com o
Bembem para ver se espalhava aquela homaiada da sua barbearia e a freguesia voltava. Escreveu bilhete com letrinha delicada, caprichando na língua pátria. "Zequinha, tô pachonada
por ocê. Sou sua fãn ocurta. Quero marcá incontro. Guarda segredo." E colocou o bilhete
debaixo da porta do açougue, já tarde da noite, para não correr o risco de ser visto.
No dia seguinte, mal o Raimundo abre a barbearia,
lá vem o Zequinha Bembem correndo, eufórico.
- Remundo, óia só! Ela tá paixonada por mim, sô!
E Raimundo leu o bilhete que ele mesmo escrevera, mostrando espanto.
- Mas ocê não tá guardano o segredo que ela
pediu, ô Bembem!
- Só tô contano procê, Remundo!
- Óia, é bom ocê não contá para mais ninguém não, sô! Cê num conhece aquele ditado que diz
que quem tiver segredo, não conte pra mulher casada,
pois ela conta pro marido e ele pro seu camarada? Segredo tem perna curta, home! Ainda bem, Bembem,
que sou homem de pouca fala! E quem será ela?
- Sei não... Pode sê a...
E Bembem teceu uma longa lista das possíveis pretendentes. De solteiras donzelas a casadas que jogavam água fora da bacia, até beatas convictas e juramentadas.
- Ah, Remundo! É dessa vez que eu disincravo, sô! Vai s'imbora, solidão!...
Bembem passou o dia inquieto, rindo a toa, doido para enfronhar conversa de amor. Como ninguém deu trela, ele se calou. E Raimundo, só de butuca, querendo ver até quando o
homem guardava segredo. Antes de ir para casa, comecinho da noite, escreve outro bilhete,
novamente com letrinha delicada "Beimbeim, meu amor. Quero mim revelá procê amanhã
de noite ao beco do Mijo 9 in ponto. Se eu demorá um poco, mim espera. Vái sozinho. De
camisa branca pra mode eu vê ocê no iscuro. Nem paletó, nem blusa e nem xapéu. Oia o
segredo viu? Sua amada". Deixa-o debaixo da porta do açougue e vai pra casa esconder-se
do frio entre as colchas e coxas da patroa.
De manhãzinha, lá vem o Bembem correndo de novo, emocionado e sem fala, escondendo papelzinho rosa no bolso.
- Remundo, ela me escreveu de novo, sô!
- Ih, é? Dexovê!
- Na-na-ni-na-não! Desta veiz não! Vô guardá segredo. É pedido dela.
- Deixa de sê bobo, sô! Cumpoco cê tá pensando que eu quero passá ocê pra trás?
- Né isso não, Remundo! Amanhã eu conto procê, tudo, no seu tintim, viu? Ah!...
Esta noite vai acontecê coisas!... - suspirou ele, revirando o zoinho.
71
Raimundo viu o amigo pra lá de emocionado. Os olhos brilhando, a respiração ofegante e
ele não parava um instante sequer, saltitante feito tiziu.
Bembem, naquele dia, não abriu o açougue e nem matou vaca. Ficou zanzando pela rua,
ruminando seu segredo, vendo passarinho verde, doido pra contar para alguém, mas se segurando nos trancos, em respeito ao pedido da amada desconhecida.
À noite, a barbearia funcionou até bem mais tarde. O Raimundo, pedindo boca de siri, contou pra mais de uns quinze a história do Bembem. E todo mundo ficou sabendo o que iria acontecer.
Um pouquinho antes das nove, tá a turma toda abafada, dentro da barbearia, tiritando de
frio, cada um mais encapotado que o outro, esperando Bembem passar. Para chegar ao beco
do Mijo, aquele era o único caminho. Cinco pras nove, um avisa lá vem o home! Bembem
vem, em manga de camisa branca, banho tomado, perfumado e barba feita, olhando desconfiado para a porta da barbearia, de onde saia luz e bafo de macho. Assim que vai passando, encolhido pelo frio e para não ser visto, alguém grita lá de dentro ô Bembem, ondé cocê vai, sô?
Vamo chegá, home! O açougueiro, pego de surpresa, treme nas bases, sente batedeira, perde o
tesão incontido e começa a suar frio.
- Tá com frio não, Bembem?
- Vô ali! Tô não! - responde o moço às duas perguntas de uma vez.
- Vem cá, Bembem! Vamo tomá uma pra esquentar o peito, home! - insiste o outro.
- Depois em venho, tá? Larga deu! Dexeu em paz!
E isala no mundo, ganhando a escuridão do beco do Mijo. Nessa hora, o Raimundo barbeiro entra em ação. Pega sua bicicleta velha, de nome magricela, bastante escangalhada, e sai
também em direção ao beco do Mijo. Passa pelo Bembem e finge não conhecê-lo. Dá uns cinco minutos de prazo e volta. Repete a ida e a vinda mais umas duas vezes, enquanto o Bembem se espreme entre um muro e um poste de luz sem luz, imaginando que não seria visto e
nem reconhecido pelo barbeiro. Praguejava pros seus botões, querendo saber o que o Raimundo fazia por ali, àquela hora da noite. E, emocionado, espera, espera, espera... Tremendo de
frio. Até que, da emoção, após mais de uma hora, passa
à raiva e resolve ir embora. O povo, estranhamente, Bembem achou -, naquele frio, continuava na barbearia.
Puto da vida, resolve pular dois muros do quintal do Alfredão, correndo risco de mordida de cachorro, para não
ser mais visto por aquele bando de vagabundos. Passa
no seu açougue, já quase 11 da noite para procurar sinal
da amada. E acha. Papelzinho cheiroso, cor de rosa,
com letrinha delicada, dizia:
"Meu bem. Me perdoa gostozão. Num deu pra mim
falá cocê. Si ocê num sabe, sou muié casada e o tarado
do Remundo barbero tá disconfiado e aresorveu dá em
riba deu e a siguieu fazeno preposta obissena de sequisso. Como num quero ficá malafamada, adeus".
Bembem não esperou pelo dia seguinte. Saiu de si e deixou, no coração, lugar para homem
brabo. Pegou faca de sangrar vaca e foi pra barbearia. A turma, incentivada pelo Raimundo,
esperava.
- Cadê aquele disgraçado do Remundo? Remundo!... Traidô! Vem cá fora procê vê o
quequié bão pa tosse! Cê tá dano inriba dela, né, fedaputa?!...
Entrou em campo a turma do deixa disso e foram segurar o Zequinha Bembem. Começaram os empurra-empurras e os sopapos. E uns passaram a descontar nos outros as mágoas de
antigamente, as fofocas mal ditas e as falas bem ditas, dando e levando
72
bordoada. Cada um por si e Deus por todos. O fuzuê foi feio, em plena rua, beirando a
meia-noite. Na refrega, alguém sumiu com a faca do açougueiro, desapareceram a peruca do
alfaiate Cirilo e a dentadura do Laerte. Quando chegou o Divino soldado, o Toim Zaroio procurava, tateando o chão, os seus óculos fundo de garrafa e ninguém entendeu porque o Mané
Falafina, o qualira da cidade, mais conhecido como arame liso, perdeu a calça e tava sentado
no colo do Xinco Mangüara num cantinho mais escuro. Com o Divino, tudo acalmou quando,
franzino e baixinho, ele teve que gritar, dando pulinhos e tiros pro alto para impor sua vontade.
- Cês num tão veno a otoridade aqui não, ô? Pára cuisso, cambada de fedaputa!
Ao ouvir os tiros e sentir cheiro de autoridade, cada um foi saindo de fininho pra caçar seu
canto, fugindo de ver o sol nascer quadrado. E Raimundo, o único que não tomou parte da
confusão no meio da rua, fechou sua barbearia em paz, enquanto os da turma, alguns de olho
inchado, boca sangrando e cuspindo dente, ficaram de nariz torcido e de mal uns com os outros. Era o que queria Raimundo, para atrair de novo a freguesia.
Eurico Andrade.
Um menino que nasceu e começou a crescer lá no interior do
interior pescando piabas, traíras e chorões no anzol e no puçá...
Pegando juritis e saracuras na arapuca... Chupando ingá, gabiroba, peidorreira, baco-pari, araçá, mangaba e cagaita... Montando cavalo em pêlo... Bebendo leite direto dos peitos de vacas, éguas, cabras e ovelhas... Comendo pururuca, angu com
couve e torresmo... Morrendo de medo de assombração, evitando mato para não virar comida de onça... Fazendo promessas
pra São Sebastião, São Jorge e Santa Bárbara... Garrando com
o chefe de tudo quanto é santo para não deixar nenhum insatisfeito... Acreditando no coisa ruim, em mal-olhado, em assombração e no saci pererê... Curando cobreiro e inflamação de aroeira com a Maria Geroma, à custa de muita Ave-Maria e fio frio da faca afiada... Educado sob a batuta do chicote e ameaças
de castigo de Deus, nosso Senhor... Trabalhando como candieiro guiando carro de
boi... Trabalhando como meeiro e tarefeiro no cabo da enxada... Ajudando vaca na
hora do parto... Vendo a Joaninha apanhando do Zé da Ponte do Bode enquanto ele
cobria de mimos e beijos a mocinha Julieta... Bebendo chá de mané turé, carqueja,
fedegoso, chapéu de couro, congonha... Comendo beldroega, broto de aboboreira,
miolo de gueroba, frango com pequi, angu com quiabo, quibebe, inhame com leite...
Assistindo a boiada passar... Vendo o trem de ferro apontar na boca de um corte e
sumir na outra carregando boi, muquiça e gente... Vendo a enchente destruir as roças de arroz e milho do pai... Arrancando mandioca no muque pra farinha e o polvilho do ano... Fazendo paçoca de carne seca e socando arroz e café no monjolo de
pé... Indo pra escola a uma légua de distância no cavalinho da orelha murcha... Convivendo e conversando com João Pelota, Zé Rosa, João Garrote, João Geada, Zé
Ficiano, Zé Pelotin ha, João Garrotinho, João do Zé Ficiano, Zeca do Zé Ficiano, Zé
Albino, João Miguel, Zé do Orico, Zé Taviano, João Vergina, Zé Cota, Zé Ramo, João do João Vergina, Severo... Só podia dar no que deu, no meio de tantos zés e joães : um escrevedor de coisas da roça.
Email: [email protected])
73
desfecho em 1798 com a “Revolução
Helvética”, baseada na Revolução
Francesa, que vai dar na criação da
República Helvética. No seio desta,
os cantões não passarão de simples
circunscrições administrativas. A
ocupação do território suíço pelas
tropas napoleônicas acabava
definitivamente com o Antigo Regime.
CANTÕES PEQUENOS E
AUTÔNOMOS
http://www.swissinfo.ch
Se a Suíça como Estado surgiu em 1848,
a maioria dos cantões tem uma história
bem antiga.
Após a queda de Napoleão e o
Congresso de Viena, a Suíça retoma
o modelo de Confederação cujo
símbolo é a assinatura do Pacto
Federal de 1815.
Entre 1803 e 1815, os novos cantões
– St.Gallen, Grisões (Graubünden),
Aarau, Thurgóvia, Ticino, Vaud,
Valais, Neuchâtel e Genebra –
aderem à Suíça, preservando, porém,
parcialmente, a própria
independência. Assim, vários cantões
da Suíça Romanda (de expressão
francesa) – Genebra, Neuchâtel, Jura
– conservam o nome de república e
do cantão. Genebra, por exemplo,
denominam-se “República e Cantão
de Genebra”.
Isto surpreendeu a todos, porque
desde a fundação da Suíça como
Estado Federal, os cantões não
gozavam de soberania como estado.
As leis e os regulamentos cantonais
estão subordinados ao direito federal.
Quando se fala em origem da Suíça,
evoca-se freqüentemente a data de 1291.
Isto não é nem totalmente errado, nem
realmente certo. É verdade, no entanto,
que no fim do século XIII, os três cantões
da denominada ‘Suíça primitiva’ – os
Waldstäten Uri, Schwyz e Unterwald –
formalizaram uma aliança de ajuda
mútua.
Lançaram assim os alicerces de uma
confederação de Estados que perdurou
até 1798. Os outros cantões aderiram a
esse pacto, paulatinamente, embora
permanecendo entidades quase
independentes.
Uma expansão progressiva
Entre 1353 e 1481, a antiga
Confederação cresceria ao ponto de,
finalmente reunir oito cantões. Nesse
espaço de tempo, os cantões de Zurique,
Berna, Lucerna, Glarus e Zug decidiram,
de fato, unir-se a Uri, Schwyz e
Unterwald. A Suíça foi, então, tomando
forma no âmbito do Sacro Império
Romano-Germânico.
A etapa seguinte ocorreu após o
Convênio de Stans que permitiu aos
diferentes membros da antiga
Confederação acertar um novo
compromisso. A adesão de Solothurn e
Friburgo como membros de plenos
direitos será seguida em 1513 por
Basiléia, Schaffhausen e Appenzell. A
Confederação dos 13 antigos cantões
estava formada.
A conclusão desta confederação terá
74
Vastas competências
Foto: Harshil-Shahb
Em sua estrutura política, os cantões
assemelham-se, porém, à Confederação.
Eles baseiam-se numa constituição que,
em numerosos casos, remonta ao século
XIX. Como o Governo (chamado de
Conselho Federal), os executivos
cantonais são regidos pelo princípio da
colegialidade e contam com cinco ou sete
membros.
Nos cantões, diferentemente da
Confederação, o governo é eleito pelo
povo e não pelo Parlamento. Os
parlamentos cantonais, chamados de
Grande Conselho (Grand Conseil em
francês, e Grosser Rat, Landrat ou
Kantonsrat, na Suíça Alemã), são
unicamerais, ou seja, dispõem de uma
única câmara legislativa.
Genebra
Os cantões são credenciados a
promulgar uma constituição e as leis que
os governam. O poder judiciário é
também da competência deles.
Territórios idênticos
Quando de votações populares, em que a
maioria dos cantões deve aprovar a
questão submetida a sufrágio, o resultado
de um ‘semi-cantão’ conta somente como
metade.
75
Jacqueline Aisenman
De acordo com a Constituição Federal, a
Suíça é formada por 26 cantões, sendo
seis
semi-cantões’: Obwald / Nidwald, Basiléia
-Cidade / Basiléia-Campo, Appenzell
Rhodes Exteriores / Appenzell Rhodes
Interiores. Esse estatuto não afeta a
autonomia interna do Estado membro. A
diferença está na sua representação em
Berna: o ‘semi-cantão’ dispõe apenas de
uma cadeira no Senado (chamado de
Conselho dos Estados ).
Genebra
A maioria dos cantões está enraizada na
antiga Confederação. Durante séculos,
seus territórios permaneceram
inalterados. As últimas modificações de
fronteira aconteceram em 1979, quando
foi criado o cantão do Jura, resultado da
separação de três distritos berneses. E,
em 1993, a região de Laufental deixou o
cantão de Berna para unir-se ao Cantão
de Basiléia-Campo.
FONDUE SUISSE
Ingredientes (para 4 pessoas):
Com 37 km2, Basiléia-Cidade é o menor
cantão em superfície. Já os Grisões
(Graubünden) com 7.105 km2 é o maior
do país. Zurique é o mais populoso
(quase 1.3 milhão de habitantes, segundo
dados de 2005). Appenzell Rhodes
Interiores é o cantão com menor
densidade demográfica, pois conta com
somente 15.171 habitantes, de acordo
com estatísticas de 2004.
- 200 g de queijo gruyère suíço meio
salgado
- 300 g de queijo Swiss Vacherin leve (adocicado)
- 2,25 dl de vinho branco (Valais)
- 3 colheres de chá de maisena
- 2 dentes de alho
- Noz-moscada
- Pimenta do reino
- 1 pitada de bicarbonato de sódio
- 1 / 3 de uma colher de kirsch
- 500 g de pão branco
http://www.swissinfo.ch
Preparação:
Corte o queijo em pedaços pequenos
e reserve.
Cortar o pão em fatias.
Em uma panela coloque os dentes de
alho e esfregue até esmagá-los, adicione o vinho branco e milho. Coloque para aquecer.
Adicione o queijo e deixe derreter,
mexendo sempre com uma espátula
de madeira. Quando a mistura estiver
homogênea adicionar o kirsch misturado com bicarbonato de sódio.
Adicione a pimenta, noz-moscada e
sirva imediatamente.
Foto de Michel Bobillier
http://www.marmiton.org
76
MEU BRASIL BRASILEIRO
Por Dimythryus
Eu brasileiro, pouco mais dos trinta
CPF, regular
Título em dia
Um verdadeiro patriota.
Eu, montoeiras de declarações
Recadastramentos
Retificações
E vão-se os últimos soldos em autenticações e
xérox.
Brasileiro, da contribuição sindical
PIS, FGTS, Confins, IRPF, CPMF, IOF
Malha fina, Carne Leão
E o tão bravo e guerreiro SALÁRIO mínimo.
Sem contar o ICMS, IPTU, licenciamento, taxa de luz
E extensas filas de centopéias enlouquecidas
Protocolos queda de pressão, indeferimento
E vão-se os dígitos do impostômetro.
Quarta feira campeonato brasileiro
Sambinha
Uma loira geladíssima, espetinho
E mais um lote da restituição é liberado.
D
imythius. Heterônimo do poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licenciado em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, título que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS
DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas 71 premiações destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme
d’honneur) no 10éme Concours International de Litterature Regards 2009
(Nevers – France). Contatos:
Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – Brasil, 01009-972
[email protected]
[email protected]
Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078
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Salve, salve os santos padroeiros
(Resumo de matéria da revista Bons Fluídos)
Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os
dias de padroeiros queridos: são João, são Pedro e santo Antônio. Conheça a história dos santos juninos, reze e – por que não? – capriche nos pedidos e nas simpatias.
Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim
que a gente gosta de reverenciar nossos queridos santos do mês de junho. Viramos crianças ao pé da fogueira, soltando biriba, comendo pipoca e pé-de-moleque
– e fazendo simpatias para conseguir amor, felicidade e fartura. Afinal, os santos
estão aí para isso mesmo.
Essas festas tão brasileiras têm na verdade uma origem remota. Antes do nascimento de Jesus Cristo, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o solstício de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em junho e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertilidade da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas
para afugentar os espíritos maus).
Com o avanço do cristianismo, a Igreja preservou e
incorporou essas tradições também como forma de
conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos
da festa do dia do solstício de verão, em 21 de junho, passaram para o dia do nascimento de são
João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, no século
13, foram incluídas no calendário litúrgico as datas
comemorativas de santo Antônio (dia 13) e são Pedro (dia 29).
Revista Bons Fluídos de junho de 2004 com texto de
Wilson F. D. Weigl.
Os colonizadores portugueses trouxeram as festividades para o Brasil e aqui elas ganharam cores e
sabores influenciados pelos índios e negros escravos, responsáveis pela mão-de-obra nas cozinhas
coloniais. “É por isso que até hoje reverenciamos
os santos juninos provando quitutes de milho, amendoim e mandioca, ingredientes básicos na mesa popular para bolos, tapioca, paçoca, pé-demoleque, milho cozido”, diz a especialista em folclore e cultura popular Lourdes Macena, coordenadora
de pós-graduação do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Ceará, em Fortaleza. Nos estados
nordestinos, as festas juninas hoje são tão populares quanto o Carnaval. “Para os sertanejos, elas
têm um significado muito importante, reforçando o
sentido de união da comunidade”, explica Lourdes.
78
Rotina
Por Cristiane Stancovik
Na rotina de fechar meus olhos
venho aqui todos os dias
neste mundo impudico
tênue na consciência
do reles mortal que sou
tele transporto-te comigo
para um mundo nubente
de compromisso com nós dois
confirmando que a felicidade
o bem estar de um coração apaixonado
sustenta o depois
que o simples toque do perfeito
desvenda mistérios
desmistifica o impossível
concretiza o desejo
da sensação dolente
de um sentimento indescritível
envolvendo-te na dimensão exata
que é exatamente permanecer comigo no
além
tendo a certeza de que quando fechas
teus olhos
sentes o mesmo prazer
que eu estou sentindo também.
79
N
elci Cristiane Stancovik nasceu em Novo Hamburgo,
Rio Grande do Sul no ano de
1980, mas vive em Capivari de
Baixo, Santa Catarina desde os
dois anos de idade. É filha de
Nelson Stancovik (artista circense) e Clair Salete Pandolfi
(descendente de imigrantes italianos).
Estudante de letras na Universidade do Sul de Santa Catarina,
lugar o qual foi incentivada por
sua professora de literatura
"Jussara Bittencout de
Sá" (escritora) a escrever e inscrever-se para um concurso nacional literário no ano de 2008,
conquistando o primeiro lugar na
categoria crônica.
Um dos festivais de verão mais conhecidos do mundo, o
Festival de Jazz de Montreux reúne a cada ano uma diversidade de artistas que chegam do mundo todo.
Ao contrário do título, o festival não se resume ao jazz,
mas traz muitos tipos de música.
Há o programa pago e o programa livre. Neste segundo,
artistas das mais variadas localidades e com performances que nos levam a passeios por vários ritmos, fazem o
show em diversos locais externos (parques e palcos) do
festival e também no já famoso Montreux Jazz Café.
Uma experiência musical única, o Festival traz nomes
consagrados e revela talentos a cada ano.
Este ano o cartaz foi realizado por um artista brasileiro,
Romero Britto
De 02 a 17 de julho de 2010
Para conhecer a programação visite o site:
http://www.montreuxjazz.com/2010/
Romero Britto é um artista, pintor e escultor nascido em Recife no dia 06 de outubro de 1963. Sua obra tem elementos da arte pop, o cubismo e o grafite.
Ele fez sua primeira exposição com 14 anos. Em sua juventude, visitou muitos
países da Europa. Sediado em Miami, ele montou seu estúdio
no bairro de Coconut Grove, onde expôs suas obras nas ruas.
Britto foi nomeado embaixador das Artes pela Flórida. Em 2007, ele fez uma
escultura para o quadragésimo aniversário do Festival de Jazz de Montreux e
figurinos para o quadragésimo primeiro Super Bowl.
http://www.britto.com/
http://www.britto.com.br/
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Fotos e biografia: Wikipédia
Surgiu na cena internacional, em 1989, ao receber o pedido
da marca de vodka Absolut de rótulo novo para uma campanha publicitária. Seu estilo de desenho diferente começou a
ter uma grande demanda proveniente de grandes empresas,
tanto para os murais e esculturas como para produtos de identificação das sociedades. Recentemente, por exemplo, ele trabalhou para a Disney e Evian.
CALENDÁRIO
Por Clarice Villac
Finzinho de abril –
conhecedoras do tempo
as flores-de-maio
penduradas na varanda
formam seus botões.
Aprendo com elas.
C
larice Villac. Paulistana, reside em Campinas, SP.
Revisora editorial e professora, encantada por bichos & plantas. Sítio:
http://www.villac.pro.br/
81
Ingredientes
 600 g de isca de vitela
 1 colher (sopa) de manteiga
 1 cebola picada fina
 250 g de cogumelos variados
 1 colher (sopa) de farinha de trigo
 200 ml de vinho branco seco
 200 ml de creme de leite fresco
Sal e pimenta do reino à gosto
Modo de preparo:
 Numa frigideira refogue rapidamente a carne
na manteiga.
 Reserve.
 Na mesma frigideira, doure a cebola, acrescente
os cogumelos e refogue, polvilhando com a farinha de
trigo e misturando com uma colher.
 Adicione o vinho branco e o creme de leite, sem
deixar ferver.
 Tempere com sal e pimenta.
Junte a carne, aqueça e sirva em seguida.
Quem não conhece? De Anchorage a Tóquio, o picadinho de vitela cortada à
moda de Zurique, coberto com um molho de creme delicioso, é um prato servido
em todos os menus. Embora não haja dúvida de que ele é um nativo de Zurique,
é mencionado pela primeira vez em 1941 em um livro de receitas. Pensa-se,
contudo, que ele já era consumido no século XVIII, na época com preparado
com os rins. Muitos restaurantes em Zurique têm esse clássico em seus cartões
e são acompanhados por batatas fritas crocantes.
Dica: http://www.myswitzerland.com/
82
Por CHAJAFREIDAFINKELSZTAIN
É tempo de voar! Dar asas à imaginação! Tempo de se voltar voando
num tapete mágico... sintonizar o botão e regredir... voltar numa temporada de verão.
Os meninos pequenos, passando as férias no condomínio da casa serrana. Fugindo
do calor da cidade, passavam quase dois meses integralmente, curtindo a casa, o
clima, os espaço e os amigos. Tempo bom... bom tempo... elástico e preguiçoso,
sem compromisso com a vida, tempo de curtir a infância, deixando fluir a inocência,
semeando a alegria, deitando no embalo da rede e balançando... só balançando.
Antes de saírem da cidade, o vô oferecera aos netos um passarinho
alegre e cantor, que o despertava todas as manhãs. A filha alerta recusou-o, sabendo o quanto ele havia se apegado ao pássaro, mas mais que tudo era o amor por aqueles meninos, seus netos. Aliás, o vô, sempre estava bolando um meio de agradar
àquelas crianças. Então, para não deixá-lo mais triste, levaram o bichinho na gaiola,
frisando que os meninos teriam uma enorme responsabilidade no seu cuidado, que
não esquecessem esse detalhe!
E, lá se foram, com as inúmeras tralhas, a felicidade despontando pela
estrada, pelo caminho. Cantarolaram a viagem inteira. Na chegada, precisavam acomodar as coisas, mas esta era tarefa exclusiva da mãe, aliás, ela sempre sobrecarregada, e sempre dando conta do recado. O mais velho dos meninos, estava preocupadíssimo onde colocariam a avezinha cantora, amarelinho-amarelinho?! E o restante, seria como aproveitar melhor os momentos de lazer, as brincadeiras na piscina,
as corridas de bicicleta, os jogos de futebol, alternados com "voleibol”, o passeio a
cavalo todos os dias depois do almoço, os piques da vida onde corriam e se escondiam por todas as áreas do condomínio. Abençoadas férias, te curtiram de montão!
Decidiram que durante o dia, a gaiola ficaria pendurada na área e à noite dormiria dentro da cozinha. Ali havia bastante luz do sol, um ventinho ameno, com
bastante movimento de vozes. O bichinho teria de sentir-se protegido, precisava de
gente, para aprimorar as cordas vocais. Todas as manhãs, às vezes cedo demais, lá
estava ele desempenhando suas funções. Impossível ignorar a sua existência, sempre se fazia ouvir.
Os irmãos iam lá conferir com assiduidade, se estava se alimentando,
afinal passara-lhes a idéia de como "ter de cuidar do bicho" seria mais ou menos isso, fiscalizar se a mãe, ou se a empregada estavam desempenhando as tarefas como deveriam. Assim, começa a formação dos líderes, "dos mandões-zinhos" desde
pequenos, já testando o alcance de uma ordem, ordenando e verificando a eficiência
do cumprimento da mesma. Certo?
Durante o mês de janeiro, sempre chovia mais do que desejavam, mas,
naquela manhã, um vento forte antecedera a chuva, e antes que dessem conta, o
vento derrubara a gaiola. Um pressentimento terrível, ao levantarem a gaiola do
chão. Os meninos fecharam os olhos e não queriam ser testemunhas do que se passara, então pela voz da mãe, toda nervosa, verificou-se que o canarinho quebrara a
perninha na queda, deitado acuadíssimo no canto preso à grade, tremia assustadís83
Jelena Jovović
Só houve tempo de pegar as chaves do carro na gaveta, a gaiola e
os meninos e sair à procura de um veterinário para socorrer o pobre do bichinho.
Orientando ao mais velho que segurasse firme enquanto ela dirigia. Que surpresa
ao parar o fusquinha sobre a calçada em busca do socorro, lá de dentro saíram
todas as crianças do condomínio, ela poderia jurar que não os vira entrar. Eram
nada mais, que sete, os três da última casa, uma da casa ao lado, outros três da
casa da frente, e com os seus dois, somavam nove... nove crianças... sentaram um
no colo do outro, não proferiram uma palavra, vieram caladíssimos e torciam que o
passarinho sobrevivesse. Com certeza, entraram com assentimento do filho mais
velho! O general e sua tropa a acompanhá-lo!
O veterinário ficara mais sensibilizado com a platéia, do que com a
vítima ou acidente em si. Prometera então a todos, que faria o que seria possível,
e pegou um fósforo prendeu-o a perninha do passarinho com um esparadrapo. Fizera uma tala, mas não prometia milagres, se a perninha aderisse, o bichinho estaria salvo, caso contrário ele não resistiria.
Não faltaram rezas, e naquela tarde nem se lembraram de brincar,
ficaram sentados no jardim, só olhando o passarinho. Uma espécie de roda intuitiva de pensamento positivo. Até a noitinha nenhum efeito se fazia notar. Foram todos para cama preocupados. A mãe tinha além dessa, outra preocupação, como
contar ao vô o que acontecera? Decidiu que nada contaria pelo telefone e orientou
as crianças para fazerem o mesmo. Nenhum comentário seria feito sobre o acontecido, segredo de Estado! Todos só chegavam ao final de semana, e até lá, quem
sabe algo já estaria modificado!
No dia seguinte, o bichinho cantor, amanhecera em cima do poleiro,
saltara para lá sozinho, o fizera com seu próprio esforço, sinal que estaria se restabelecendo. Não emitia um só pio, silencioso como a madrugada. A notícia propagou-se num segundo. Precisavam aguardar com paciência a evolução do quadro.
Os avós chegaram ao final de semana, e a primeira observação fora
quanto ao silêncio do canarinho, porque não estaria cantando? Sempre que havia
agitação, ele cantava mais alto e naquela tarde, nada acontecia...
Os netos, não sabiam como disfarçar, mas ao cruzarem com o olhar
da mãe, desviavam e procuravam por outro assunto. Foi muito difícil omitir o fato
naquele final de semana. E a cada vez, que o vô, ia à área o coração dos meninos
ia ao chão, loucos para contar o sucedido.
84
Voltaram das férias com o canarinho vivo, mas sem cantar, o vô nunca
se conformara com o sucedido, achava que o clima da montanha fora incompatível
com a ave, jamais lhe contaram sobre a queda. Devolveram o bichinho ao dono,
com um peso enorme na alma.
Meses depois... o vô que morava no apartamento ao lado, entrara de
manhãzinha bem cedo, antes de ir para o trabalho, no quarto dos meninos e os avisara que antes de se prepararem para irem à escola, dessem uma olhadinha na casa dele: o passarinho amanhecera cantando e parecia não querer parar
maisssssssssssssssss!
ChajaFreidaFinkelsztain
Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja nasceu na Alemanha
em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente
sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao Brasil em 1950, puxados por um tio materno
que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção
digna de uma família. Aos dezoito anos naturalizou-se brasileira.
Casada com Isaac Manoel, médico pediatra, mãe de dois filhos: Cláudio e Gilson, ambos
casados, têm dois netinhos lindos – Marcel e Mariana e um a caminho (do Gilson).
Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, tendo registro MEC em
História, Filosofia e Psicologia. Lecionou por dez anos História, Moral e Cívica e OSPB no
Colégio A. Liessin, (particular). Paralelamente fez concursos e foi aprovada para o Município.
Começou como profa. de Estudos Sociais na Escola Estados Unidos. Em 1980 foi convidada
a ingressar para equipe do 5º DEC, STAE, onde chegou a coordenar a equipe de Supervisão
Escolar.
Fez complementação na área de Pedagogia com registros do MEC em Supervisão, Orientação e Administração. Em 1982 terminou seu curso de Pós-graduação em Educação pela UFRJ.
Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, desde setembro
de 2000, onde atualmente ocupa a função de Secretária Geral.
Escritora correspondente da Academia Cachoeirense de Letras foi convidada através de participação e premiação em concurso literário.
Laureada com diplomas, títulos, troféus
e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze”
– Tem obras publicadas em Antologias,
Jornais e Revistas.
Uma pequena obs.: Chaja têm material
suficiente para impressão de um livro
solo, mas ainda não conseguiu tempo
para organizá-lo .
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SILÊNCIO
Por Carlos Eduardo Marcos Bonfá
Cilicia
O silêncio
Que silencia
A música
Que necessita
Encontrar
Para ritmar
O mundo.
Mas
O silêncio
Éo
Cio
Do som.
C
arlos Eduardo Marcos Bonfá nasceu em Socorro (SP), em 1984. É
mestre em Estudos Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio
de Mesquita Filho" (UNESP), sendo graduado em Letras na mesma instituição acadêmica. Publicou um livro: Ossos e ervas (2002).
Publicou poemas e artigos acadêmicos em jornais,
sites, blogs, blogs coletivos, revistas eletrônicas, acadêmicas e especializadas e participou de antologias.
Mantém um blog no seguinte endereço:
www.carloseduardobonfa.blogspot.com
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OS SAPATOS DO VALDEMAR
Por Antonio Vendramini Neto
Valdemar era um paulistano da gema, uma pessoa muito educada e bem vivida, se
trajava muito bem, mantinha sempre a barba e cabelos aparados e unhas cortadas,
calçados engraxados e lustrosos. Nas suas viagens como caixeiro-viajante, antes de
visitar um cliente, utilizava uma loção, mantendo uma postura de uma pessoa bem asseada. Muito gentil, utilizava um vocabulário impecável, devido ao seu bom grau de
escolaridade.
Sabia como ninguém demonstrar os produtos que representava, colocando argumentos convincentes, que resultavam em um belo pedido para a empresa que trabalhava.
Tinha uma ótima clientela que se espalhava pelo interior do Estado, e uma boa parte
do sul de Minas Gerais.
Em uma segunda-feira veio almoçar em sua casa, e falou para a esposa que lhe aguardava sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra de conforto pelo seu árduo
trabalho de viajar a serviço.
- Olha, hoje à noite, tenho que viajar para o sul de Minas, para fazer toda aquela região e volto na quinta-feira, prepare um bom jantar, que vou sentir falta de sua comidinha gostosa. La pelas vinte horas chegou apressado, querendo jantar logo, pois logo
mais tinha jogo que seria transmitido pela televisão do Corinthians, e não queria perder, porque o Ronaldão jogaria aquele jogo.
Terminou o jantar, beijou Alzira e começou arrumar a mala de viagem, nesse momento, lembrou do jogo, ligou a TV que ficava em sua bela sala, toda cercada de cortinas,
e a tela abriu com o timão entrando em campo, foi uma alegria, quando ouviu o repórter entrevistando o Ronaldão, que prometeu marcar dois gols.
Deu um sorriso e falou para Alzira:
- Quero ver se ele vai fazer mesmo, está muito mascarado!
Enquanto o jogo se desenrolava, nos momentos de marasmo, corria para o quarto,
apanhava as roupas e ia arrumando na mala, na sala, para não perder as jogadas. No
momento em que estava no quarto, Ronaldão marcou um gol, ele veio correndo para
a sala e soltou um palavrão.
- Filha da mãe, perdi o gol, mas acho que vão repetir a jogada!
Na repetição, se deleitou com o gol e falou para Alzira.
- Não é que o gordo está cumprindo com a palavra! Só falta mais um.
Num daqueles momentos de monotonia do jogo, pensou: “vou buscar o meu par de
sapatos sobressalentes”
Abriu a sapateira e apanhou um par, quando ouviu a voz do locutor se encher de emoção, porque Ronaldão fez mais um. Veio correndo para a sala, com o par de sapatos
na mão e ficou pulando que nem um moleque na sala. Abraçou Alzira, deu uma tapa
na bunda e disse:
-Sempre que faço isso da sorte, êta bunda boa!
Foi então colocar os sapatos na mala e começou a embrulhá-los com um pano, para
não sujar a roupa. Percebeu então que estavam sujos, teve a iniciativa de ir trocá-los,
mas a jogo estava bom e ficou com aquele par na mão. Pensou então: “Vou deixá-los
aqui perto da cortina, pego outro e depois eu limpo esse aqui e deixo na sapateira”.
Só que o jogo estava emocionante e ele colocou na mala o calçado limpo, e esqueceu
-se de guardar aquele sujo, que ficou junto à parede com a biqueira voltada para a sala, com a cortina sobre o mesmo.
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Valdemar exclamou! Vou embora, me dá aqui um beijo, vou assistir o restante do jogo no radio do carro, o Ronaldão já fez dois e agora é só alegria. Foi embora para
chegar logo pela manhã no local de destino.
Alzira que já estava meio sonolenta foi deitar em seu quarto, sem desligar a televisão. Acordou no meio da noite e ouviu vozes... O que seria? Será algum ladrão? Então foi na ponta dos pés para a sala, de onde vinham as vozes. “Então pensou”, Aquele maluco foi embora e não desligou a televisão. Foi mais perto para desligar,
quando viu de baixo da cortina, aqueles calçados esquecidos por Valdemar. Pensou
rapidamente: “É um ladrão, e está escondido atrás da cortina, se ele avançar para
cima de mim? É melhor chamar a policia”.
Ligou para o 190 e pediu urgência, fornecendo o endereço e tudo o mais. Depois de
uns quinze minutos, bateram a porta. Foi correndo abrir e deu de cara com um homem corpulento que logo se identificou como o sargento Nepomuceno.
- Pois não minha senhora, o bandido está ainda aí?
- É eu desliguei a TV e vi que aqueles sapatos ainda estão lá em baixo da cortina, vá
logo para prender o ladrão.
Nepomuceno sacou de seu revólver trinta e oito e foi em direção a cortina na ponta
dos pés, removeu-a com um golpe rapidíssimo, e o que estava lá atrás? Ninguém!
Foi tudo uma ilusão de ótica da sonolenta e medrosa Alzira.
Ela parou de tremer, ficou calma e começou a agradecer ao sargento que não
“tirava” os olhos de seu corpo, uma vez que estava com roupas intimas e nem tinha
se apercebido. Começou uma conversa mole do sargento etc., pedindo um copo de
água, que ela foi buscar, quando ele viu aquele corpo bonito, coberto apenas por uma roupa transparente, de onde via todo o contorno de uma pequena calcinha branca, contrastando com o pano preto da capa rendada.
Percebeu então a burrada que tinha feito em atender a um estranho com aqueles trajes. Quando voltou, o sargento pediu se tinha café e estava prolongando a conversa
que ela não respondia, ficando um monólogo.
Ela então agradeceu e pediu que retirasse porque já era tarde e estava com sono.
Voltou para a cama e dormiu profundamente até à tarde do dia seguinte. Passado
mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e olhou para o corpo
para ver se estava trajada decentemente.
Perguntou então:
- Quem é?
- Do outro lado respondeu:
- É o sargento Nepomuceno, vim trazer os sapatos de seu marido, posso entrar? Ela
então percebeu que ele tinha levado os sapatos naquela noite, com o objetivo de retornar para ver se conseguia algum sucesso em conquistá-la.
Foi quando Alzira falou:
- Pode deixar aí fora que depois eu pego.
- Mas eu limpei e engraxei os sapatos, estão brilhando, abra a porta e a senhora vai
ver que beleza que ficou.
Apavorada, foi ao telefone, ligou para a Delegacia e denunciou o sargentão conquistador. Quando voltou para falar com ele sem abrir a porta, percebeu que não havia
resposta. Virou a chave da porta com cuidado abriu a porta e notou que os sapatos
estavam na soleira.
88
A
ntonio Vendramini Neto. Sou aposentado,
casado, dois filhos e dois netos. Vivi minha vida
profissional intensamente nas áreas de Recursos
Humanos e Gestão da Qualidade, (Normas ISO
9001), como Auditor do Sistema.
Comecei a escrever recentemente, de forma despretensiosa, mas com muito respeito aos leitores.
Não tenho formação literária, julgo-me um autodidata, colocando nos textos, à emoção e o coração, caminhando nesse mundo mágico e
esplendoroso de tantos intelectuais. Espero que o tempo permita aprender os segredos e a magia das palavras.
Meus temas favoritos são as crônicas e os contos, onde solto a minha imaginação,
descrevendo situações acontecidas e virtuais. Dou minhas pinceladas nos poemas,
poesias, poetrix e prosas.
Estou escrevendo um livro, sobre a saga de meu avô Italiano em terras Brasileiras,
que um dia espero terminar e publicar. A internet com os maravilhosos portais para
quais escrevo, estão deixando-me quase que sem tempo, e o projeto está momentaneamente na gaveta.
Email: [email protected] Site: www.favascontadas.com.br
Jacqueline Aisenman
Montreux
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OS AMANTES DO CÍRCULO-POLAR
Por André Luis Aquino
Deve ser a parte tóxica do meu sangue que faz isso comigo, o meu louco gosto pelas segundas intenções. Amorardente, sempre buscando sangrar pelo
umbigo.Nos conhecemos na escola, ainda na infância.E os anos nos juntam e
nos separam com tanta freqüência, como se tudo isso estivesse acontecendo
ao sabor do vento.
Amordormente. Deve ser a parte doce do meu sangue que faz isso com a
gente. Naquela época mal nos falávamos; apenas nos olhávamos, enamorados, mas sem coragem de se aproximar. Duas crianças que se apaixonaram
uma pela outra, sem que um saiba do sentimento do outro.
Amorlouco, deve ser a parte venenosa do meu sangue que faz isso comigo.Quando alguém mente não nos olha nos olhos, pra te confundir eu faço exatamente ao contrário.Uma história de amor que atravessa duas décadas repletas de altos e baixos, cheias de idas e vindas.
Amorencontrado, deve ser a parte suave do meu sangue que faz isso com a
gente.Medos, amores, ciúmes, tudo isso vai e vem, regido pelo destino, por
uma lei aleatória de encontros e desencontros.
Amorperdido pela parte do meu sangue malvado. “Eu poderia contar toda a
minha vida como um trem de coincidências”. Direção é o meu sexto sentido.
Amoreterno é a parte sólida do meu sangue carinhoso.“A vida tem muitos ciclos”.
Há coisas que nunca acabam e o amor é uma delas.
http://ww2.ccebrasil.org.br/system/project_images/35/final/los-amantes-del-circulo-polar.jpg
90
Por Ana Anaissi
-Pra onde as senhoras vão?
-Para a próxima cidade,
A moto caiu com a gente
Na maior velocidade.
Aurora fala mentiras,
Eu acho que é compulsão.
E ela tem oitenta e oito,
Fez no último verão!
-Quer dizer que aquela moto
Destruída lá na estrada...
-Era nossa sim senhor
Só que deu uma derrapada.
-Ei, Emília, quem mandou?
Mas é muito fofoqueira...
Se eu não tivesse sentada,
Te passava uma rasteira.
-Dá pra levar nossa moto
Nessa sua caminhonete?
É pesada e está quebrada,
Mas não dá pra pagar frete.
-As senhoras vão brigar?
Nessa idade e desse jeito?
-Viu só, Aurora, o rapaz
Já cheio de preconceitos?
-Mas que coisa surpreendente!
Quantos anos vocês tem?
-Eu só tenho oitenta e sete,
Emília tem mais de cem!
-Filho, você não viu nada
Tá vendo esta contusão?
Não foi da queda da moto,
Emília que deu um tostão!
-Ai , mas é tão mentirosa!
Não liga não, ela inventa.
Eu nem sou tão velha assim,
Esse ano eu fiz noventa.
-Devia ter dado mais!
Pra aprender a dirigir.
Porque foi ultrapassada,
Começou a se exibir.
91
Quis fazer pega com o carro
Mas eu disse: Agora não!
Pisou no acelerador
E saiu comendo chão.
Nesse ponto até dei sorte,
Só fiquei sem meu dentinho.
Talvez tenha sido bom,
Ele era mesmo sozinho.
E eu pensando, na garupa:
Isso aqui não vai dar certo.
Aurora já está caduca
E o carro tá muito perto.
Na hora me revoltei,
Fui desprendendo do chão,
Disparei atrás da Aurora
Pra tomar satisfação.
E eu acabei de pensar,
O burro pisou no freio,
Aurora desconcentrou,
A estrada virou um rodeio.
Ela ainda estava deitada.
Que cena desagradável!
Todinha desconjuntada,
Essa doida irresponsável!
Pois a moto deu um pinote,
Rapaz, eu subi tão alto
Que pude ver lá de cima
Aurora beijando o asfalto.
Aí fui me aproximando
Do jeito que ainda podia,
Dei-lhe um chute nas costelas
Pra ver se ela se mexia.
Foi só essa a hora boa,
Depois veio a minha vez;
Meu único dente bom
Gastou, na trilha que fez.
No primeiro chute, nada.
Resolvi bater mais forte.
Tentei a boca do estômago
Só pra ver se dava sorte.
Porque eu ralei uns dez metros,
Ou melhor, eu capinei.
Abri caminho no mato
E, amigo, eu não parei.
E não é que consegui?
Houve um leve murmurar,
Mas ele era tão baixinho
Que eu resolvi confirmar.
Talvez o Ibama me prenda
No final dessa viagem.
Pois arranquei tanta folha
Que até mudei a paisagem.
-Deixa que eu conto essa parte.
Eu, meio desacordada,
Já vendo a famosa luz
E só senti a botinada.
Tentava me segurar
Pra que, quando viesse o fim,
Sobrasse um número grande
De ossos mais perto de mim.
Da luz eu voltei pro escuro,
Ou melhor, eu vi Emília;
Tive uma vaga lembrança
Que ela era da família.
92
-Só torcida, como assim?
-Você não viu nossas fotos?
Somos famosas no mundo
Pilotando nossas motos.
E tentei fazer um sinal
Que já estava tudo bem,
Tive medo que essa doida
Chutasse meus rins também.
-Ô Emília, não exagera.
Temos fãs só no Brasil.
E na próxima cidade
Com certeza mais de mil!
Debilmente abri meus olhos
E dei de cara com ela.
Se eu não tivesse acabada,
Eu matava essa banguela.
-Peraí minhas senhoras,
Eu não posso acreditar!
As duas correm de moto?
-Vai precisar desenhar?
Minha queda foi horrível,
Eu fiquei toda quebrada,
Mas o que traumatizou
Foi aquela botinada.
-Caramba, não pode ser!
-Só porque somos velhinhas?
Já demos alguns troféus
Pra nossa cidadezinha.
-Ah, Aurora que exagero!
Eu salvei você, querida.
Mas um dia vai entender
E vai ficar comovida.
-Mas vocês dirigem bem?
-Você viu que Aurora não.
Mas eu, sou super veloz
Quando pego a direção.
Quando dei a tal botinada,
Minha única intenção,
Era de abrir um canal
Pra sua respiração.
-Hum Emília, vai pensando,
Quem tem mais troféus sou eu.
-Mas na última corrida
Acabou roubando o meu.
-Essa dúvida eu vou ter
Pro resto da minha vida.
Se queria me salvar
Ou me deixar estendida.
Jogou tão sujo comigo
Moço, ela quer que eu desista!
Deu um jeito no meu freio
E jogou óleo na pista.
-Mas dá pra ver direitinho
Que estão se recuperando.
Vamos esquecer o tombo
Que a cidade está chegando.
E por falar em cidade,
Têm algum parente aqui?
-Não meu filho, só torcida,
Somos lá de Muriqui.
93
Pode arregalar o olho,
O juiz arregalou.
Tudo isso é tão nojento
Que até ele duvidou.
-Está bem vocês ganharam.
Quanto é que eu pago pra ver?
-Nada assim tão extravagante,
Algo que dê pra comer.
-Porque inventou tudo isso!
Uma história sem sentido.
-Sem sentidos fiquei eu.
Meu pescoço foi partido!
Com aquele tombo tremendo,
A comida se espalhou.
Só dois pães com mortadela
Foi que a gente aproveitou.
-Tá vendo essa exagerada?
Aquilo foi só torção.
-Só que eu fiquei cinco meses
Deitada em observação.
-Então vamos combinar:
Eu lhes dou toda a comida,
Amanhã eu vejo o treino
E depois vejo a corrida.
Bom, vamos deixar pra lá,
Que o importante é a corrida.
Vai, acelera meu filho,
Aproveita essa descida.
-Negócio fechado, filho.
Pisa no acelerador!
Um ventinho nas orelhas
Cá pra nós, é inspirador.
Amanhã vai ser o treino
Pra ver quem larga na frente,
Vou ganhar, eu estou mais leve
Porque perdi mais um dente!
-Vira, vira, vira, vira!
Nesse posto tem comida!
Vou começar por aqui
A ficar abastecida.
-Nossa Mãe, mas que loucura,
Ninguém vai acreditar!
Eu posso assistir ao treino?
-Só se você me pagar!
-As senhoras vão comer
Essas comidas tão fortes?
-Claro! Porque essa corrida
Não depende só de sorte.
-Opa, opa, nada disso!
Tem que me pagar também.
Eu arranjo um lugarzinho
Pra você ver super bem.
Temos que estar preparadas
Alguns truques são os piores;
As pessoas nos sabotam
Porque somos as melhores.
-Mas olha que exploradoras,
Dei carona pras senhoras!
-Tá, meu filho, então vai ver
Tudo do lado de fora.
-Então tá, vamos parar.
Dona Aurora também quer?
-Sim, mas minha dentadura
Só aguenta comer filé!
94
-Chega, está quase na hora,
A corrida é na outra ponta.
Nós vamos indo pro carro,
Você vai pagando a conta.
-Ei, psiu, você, aí do posto...
Bota essa moto no chão?
Segura essa chave dela
E coloca na ignição.
-Vem aqui Aurora, entra logo!
Temos que deixar o moço.
Ele vai nos atrasar.
-Mas e amanhã, nosso almoço?
Ainda mais depois do tombo,
Que ela ficou deslocada.
Até mesmo pra falar
Tenho que ficar ligada.
-Põe o cinto e se segura.
O tempo está muito curto.
-Isso que estamos fazendo
Será que é um assalto ou um furto?
Já pensou se ela despenca
E a gente não acha mais?
Se ganharmos a corrida
Eu vou fugir dos jornais!
Nunca sei a diferença...
-Porque não faz diferença.
Talvez não, no nosso caso,
Porque pedimos licença.
-Tudo bem, filé mignon
Pras simpáticas velhinhas!
-Arroz, farofa e feijão
Pra carne não vir sozinha!
-Pedimos licença como?
-Uai, deixei nossa moto!
-Mas não faz muito sentido,
O rapaz não teve voto.
-E depois a sobremesa:
Queijo e muita goiabada!
-Por causa da glicemia,
Tem que estar equilibrada.
E além do mais nossa moto...
Só tem peça com defeito
E nem o gênio da lâmpada
Conseguiria dar jeito.
-E você não vai comer?
-Quando chegar na cidade;
Uma comida caseira
É o melhor pra minha idade.
-Ai, Aurora, facilita!
Você quer ou não correr?
Se viéssemos com ele,
Não ia dar nem pra ver!
Já tenho trinta e três anos
E prefiro não abusar.
-Tá vendo, Emília, esse moço
Que nunca vai “esclerosar”?
Chegaríamos no fim
E a raiva então subiria
Quando víssemos no pódio
A besta da nossa tia!
Não vai ser que nem você,
Que a gordura tomou conta,
Quando não fala besteira,
Fica com cara de tonta.
-Tia Marga vai correr?
-Vai! Ela estava na lista.
Ela arranjou um patrocínio
De um velho contrabandista.
Aurora, eu estou esclerosada?
Se estou, é só no começo.
Eu que saio todo dia
Com a roupa toda do avesso?
95
Ainda alterou a idade dela,
De cem pra noventa e sete,
E vai chamar a torcida
Do tempo que era vedete.
Vou lá inscrever nossa moto,
Colocar na posição.
-E eu vou sabotando algumas
Pra fazer uma seleção.
-Coitada, com essa torcida,
Melhor ela nem ganhar...
Se os velhinhos se empolgarem,
Vão todos ficar sem ar.
-E aí, como é que foi lá?
-Uns quatro nem vão sair,
Três vão poder arrancar,
Pra logo depois cair.
-É mas, com ar ou sem ar,
Ela é nossa concorrente.
Seria muito humilhante
Perder pra tia da gente.
Mas tem uma coisa bem chata,
A da titia não deu...
Eu ia chegando pertinho
E ela me reconheceu.
-Você então tá devagar!
Acelera aí esse trem!
Nós ainda precisamos
Roubar a moto de alguém!
Mandou logo uns dois capangas
Tomarem conta da moto.
-Deixa, vem se preparar,
Se der, depois eu saboto.
-Só precisa de uma moto.
Vai ser de dupla a corrida.
-Então eu vou pilotar,
Pois você está proibida!
- Mas eu tenho uma fofoca...
Descobri quem vai com ela
O tal do contrabandista!
-Que festival de banguelas!
Depois do que você fez
Vai quietinha na garupa.
Vou te ensinar a correr.
-É isso que me preocupa.
Anda, bota o capacete
Que eles vão dar o sinal.
-Espero ficar com ele
Até chegar ao final.
-Olha lá, não é uma moto?
-Por que tá parada ali?
-Ah, pra pararem na estrada,
Ou é cocô ou é xixi.
Me lembrei de uma corrida
Que era de dupla também.
Ganhamos, só que passamos
Pela faixa a mais de cem.
-Então freia. Mais pra perto.
Tá com a chave aqui também!
Vamos montar bem depressa
Enquanto não vem ninguém!
Seguimos reto na curva,
Atravessamos o muro,
Na hora pensei num filme:
“De volta para o futuro”
-Será que fizemos certo
Deixando a caminhonete?
-Eu obstruí a ignição
Com um pedaço de chiclete.
Enquanto se segurava,
Seu capacete soltou,
Veio parar nos meus dentes,
Minha arcada se espalhou.
Ainda falta meia hora
Pra corrida começar.
-Ótimo, estamos no prazo,
Acabamos de chegar!
Por isso, precocemente,
Eu tenho essa dentadura.
Foi feita por um pedreiro
Que deixou uma abertura.
96
Ainda falei, mas seu Zé,
É dentadura e não casa
Por que é que deixou essa porta?
Agora o que eu como, vaza!
-Você, Emília, top model?
Tendo essa cara de ameixa?
Você só não come mais
Porque a prótese não deixa.
-Chega, Aurora, cala a boca!
Nós não temos o dia inteiro!
Presta atenção na titia
E naquele muambeiro.
-Vixe, olha lá a nossa tia!
Acabou de ultrapassar!
Olha só, o contrabandista,
Querendo comemorar.
Agora é concentração...
Vamos! Foi dada a largada!
Ai, garota, o que que é isso?
Aurora, que presepada!
-Encosta neles Emília!
Me empresta a sua botina.
Vou dar um cacete nele
Pra subir a adrenalina.
Burra, você sabotou
A moto da nossa frente.
Atropelei a mocinha!
-Ela que foi displicente.
-Tem que bater na titia.
Ela que está dirigindo!
-A mamãe não vai gostar.
-Mas ela não tá assistindo!
Cair com a perna esticada
Numa pista de corrida
Cujo prêmio é andar de carro
De bombeiro na avenida?
“-Não desrespeitem os mais velhos.”
-Nunca cansa de falar.
-Mais velhinhos que nós duas
Tem poucos pra respeitar.
-Que garota sem noção!
E eu não pude fazer nada.
Depois que eu ganhar o prêmio,
Vou processar a danada!
Cá pra nós, com a nossa idade,
Mais velha, tem só a titia;
E só um desrespeitozinho
A gente bem que podia...
-“Nós” ganharmos o tal prêmio!
Não se esqueça, se eu quiser
Jogo o corpo pro outro lado.
-Você não é besta, mulher!
-Então chega de falar,
Pé na tábua minha filha!
A gente vence a titia
E desmancha uma quadrilha!
Se jogar, caímos juntas
E o nosso prêmio já era.
Você, gorda, vai rolar
Mas eu vou pra estratosfera.
Porque do contrabandista,
Não precisamos ter pena.
Vai ser tanta humilhação
Que ele vai sair de cena.
Estou magrinha, top model
E a única desvantagem
É que um impulso pequenino
Se transforma em uma viagem.
“Bora”, “bora”, tá encostando...
Estamos quase no fim...
Já que essa é a última volta.
Vai com tudo, manequim...
O meu corpo é tão levinho...
O vento ainda empurra mais.
Vou parar um pouco longe,
Sei lá, sou frágil demais.
-Ao invés de debochar,
Por que não presta atenção?
Você não me ajuda em nada,
Me tira a concentração!
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-Você viu o que você fez?
A moça ainda estava lá;
Passou nos dedinhos dela;
Não ouviu ela gritar?
Viva, viva, conseguimos!
Nós ganhamos a corrida!
Corre, corre que os bombeiros
Vão salvar a nossa vida!
-Pensei que fosse você
Gritando um viva por nós.
Ultrapassamos titia,
Nossa moto é mais veloz!
-Vão salvar nos dois sentidos.
Queimei metade da bunda!
-Capitão, aqui tem tina?
E rasa? Que Emília afunda!
- Eu nem precisei bater?
Ufa, assim mamãe não briga.
E, não sei, bater em tia...
Sei lá se Deus me castiga.
Viva, vitória, vitória!
Esse carro não é lindo?
-Se eu não tivesse na tina
Também estaria curtindo.
-Por falar em nossa moto,
Você desacelerou,
Pude ver na arquibancada
Os dois que a gente roubou.
-Não vai reclamar agora.
Nós ganhamos a corrida!
-Mas titia vem aí,
Se juntou com os homicidas!
Estavam lá, os dois juntinhos.
-Tavam torcendo pra gente?
-Pra gente se espatifar,
Vieram ver pessoalmente!
-Também não são tão homicidas...
Roubamos eles na estrada!
-Mas tão vindo nos matar,
Vai ver deram uma surtada.
-Se ganharmos a corrida,
Corre logo pros bombeiros.
Assim temos proteção
Contra esses dois pistoleiros!
E vão nos denunciar,
Confiscar nosso troféu.
-Se chegarem muito perto,
Nós fazemos um escarcéu.
Não estou vendo mais titia
Pelo meu retrovisor.
-Porque nos ultrapassaram,
Deram um jeito no motor!
-Bombeiros, vamos mais rápido,
Ela está passando mal!
Dá pra ligar a sirene
Pra afastar o pessoal?
Também vou usar o meu truque
Que faz você correr mais.
-Aurora, não estou gostando,
Não faz besteira aí atrás!
-Vamos sair da cidade,
Precisamos respirar.
Esses fãs são sufocantes,
Sei lá se vão nos rasgar.
Uau, estou pegando fogo!
-Então acelera abestada!
Quando cruzarmos a faixa,
A tocha vai ser tirada.
-Aurora, vou te matar!
Ui, socorro, eu estou ardendo!
-Olha pra frente, dramática!
Estamos quase vencendo!
98
Estão vendo aquela moto
Que está caída no posto?
Podem pegá-la pra nós?
Nos dariam tanto gosto...
Isso, coloca aqui em cima.
Vamos virar pra direita?
-Muito obrigada, meninos.
E daqui a gente se ajeita.
CONHECENDO ANA ANAISSI
Podem voltar pra cidade,
Deixa a moto aqui caída.
Já vamos nos preparar
Para a próxima corrida.
Ana Anaissi, carioca, vivendo
em Brasília desde 1970, é artista plástica, compositora, ilustradora e escritora.
Tem um site
chamado Alma
Totem histórias
a granel, que foi inaugurado recentemente, onde divulga seus trabalhos.
Emília, mais um troféu!
Nós não somos geniais?
Sempre somos vencedoras
E nem moto temos mais!
-Ah Aurora, que pecado!
Nossa moto é uma carcaça
Mas faz parte do cenário
Pra termos tudo de graça.
-Vem Emília, estica o braço,
Lá vem uma caminhonete.
Faz cara de quem caiu.
Vamos ganhar mais um frete!
-Pra onde as senhoras tão indo?
-Para a próxima cidade.
A moto caiu com a gente
Na maior velocidade.
Pintura de Jelly Watson
-Quer dizer que aquela moto
Destruída lá na estrada...
-Era nossa sim senhor
Só que deu uma derrapada...
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Po_m[ Etíli]o
Por Angela Costa
Sobre o álcool, sei que é uma alquímica mistura de carbono, água e símbolos.
Sei que é algo quimicamente transmutável em comportamento.
Causa e consequência de nascimentos e mortes.
Sobre a dor, sei que não cabe em copos de licor.
Corre talvez pelas mesmas veias da embriaguez, ue alimentam o lado cerebral
da paixão.
Sobre a paixão, sei que é uma questão de detalhes,
um mistério a princípio, um copo de dor no cotidiano.
Sobre os detalhes do cotidiano, talvez o álcool ajude às vezes...
A
ngela Costa: Vivo entre a ciência e a
arte - não consegui aceitar os limites
entre ambas. Prefiro pensar que integram a
"Magia".
http://www.angelacosta.recantodasletras.com.br/
100
AMAR COMO A PRIMEIRA VEZ
Por Amarilis Pazini Aires
Quero a minha alegria de volta
Correr solta pelos campos
Esperar a lua nascer
E o dia amanhecer.
Ler as palavras suaves de amor
Deixadas no pedaço de papel
Largado no canto especial
Onde só eu sei encontrar.
Quero o olhar doce
Refletindo o brilho
Da paixão desperta
Do toque de mãos suaves.
Quero olhar as estrelas
E chorar de emoção
Esperando o momento
Ao som de uma apaixonante canção.
Quero viver de novo
A emoção de amar
Tremer o corpo todo
Na ansia do encontro.
Eu quero amar
Como a primeira vez
Na descoberta inocente
Que ele dure eternamente.
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VERSOS PERTURBADOS
Por Alessa B
Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
(Florbela Espanca)
Qual vela acesa num altar sagrado
Ardo na penumbra oca do teu sonho,
Sou o teu desejo casto e malogrado,
Teu medo taciturno e mais medonho.
Comigo teu eu demente e perturbado,
Perpassa cada verso que componho…
Sou teu chamado quente e desastrado,
Na esfera do teu sono mais bisonho!
És o meu canto louco em pensamento,
O soluço delirante em meu ouvido,
Um mosaico agastado e marulhento,
Vagando no limite dos sentidos.
Sou das ânsias tuas o sacramento,
És da doce angústia minha o aldeído.
102
CONHECENDO: ALESSA B.
Apaixonada pela Literatura desde sempre, descobriu a Poesia aos 14 anos, quando então passou a exercitar a arte dos versos por conta própria. Tem como seus
ícones e espelhos na poesia mundial, poetas como: Camões, Vinicius de Moraes,
Álvares de Azevedo, Bocage, Gonçalves Dias, entre outros. Vem acumulando
menções honrosas e posições de destaque em concursos literários pelo país. Pode ser encontrada nos seguintes endereços:
E-mail:
[email protected]
Alquimia, Arte & Poesia
http://transversu.blogspot.com/
Recanto das Letras
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=63043
Lançada no mês de maio em Laguna, S.C., a
antologia TÃO LONGE, TÃO PERTO, organizada pelo escritor lagunense J. Machado, com a
participação de escritores de diversas regiões
do Brasil,.
A capa é de Maria de Fátima Barreto Michels, a
Fátima de Laguna, poeta das lentes e da pena.
Mais um sucesso literário a ser apreciado!
103
 4 copos(americanos)de polvilho
doce (500g)
 1 colher de (sopa) fondor maggi
ou sal a gosto
 2 copos de (americano)de leite
(300ml)
 1 copo (americano) de óleo (150
ml)
 2 ovos grandes ou 3 pequenos
 4 copos (americano) de queijo minas meia cura ralado
óleo para untar
Modo de Preparo:
1. ar o polvilho em uma tigela grande
2. à parte, aquecer o fondor, o leite
e o óleo
3. Quando ferver escaldar o polvilho
com essa mistura, mexer muito
bem para desfazer pelotinhas
4. Deixe esfriar
5. Acrescentar os ovos um a um,
alternando com o queijo e sovando bem após cada adição
6. Untar as mãos com óleo, se necessário
7. Enrolar bolinhos de 2 (cm) de diâmetro e colocá-los em uma assadeira untada
8. Levar ao forno médio (180º), préquecido
Assar até ficarem douradinhos
A origem da iguaria é incerta. Especula-se que
surgiu, no século 18, nas fazendas de Minas
Gerais e Goiás, quando as cozinheiras a preparavam para servir aos senhores, mas se tornou popular no Brasil a partir da década de 50.
Naquela época, não se imaginava que o pão
de queijo fosse ultrapassar as fronteiras “das
Minas Gerais”, muito menos que ganharia o
mundo, tornam-se marca de empresas famosas.
Feito em casa, em quitandarias ou em escala
industrial, não importa. A receita tradicional é
única. Leva leite, óleo, ovos, sal, queijo-deminas ralado e polvilho. Mas cada um tem lá o
seu segredinho de sucesso.
Combinação cai bem com diversas bebidas
e acompanhamentos
Se mineiro come quieto, pão de queijo comese quente porque é impossível deixá-lo esfriar
e parar no primeiro. Eles vão bem no inverno e
no verão, com café preto, como manda a tradição mineira, com chocolate quente, refrigerantes, sucos, chá e para alguns até com cerveja.
Qualquer bebida é boa companhia e qualquer
lugar é lugar para saborear um bom pão de
queijo simples ou com recheio.
Entre pães de queijo clássicos, nos quais a
massa é escaldada, amassada com as mãos e
moldada em forma de bolinhas, existem outras
opções para quem deseja variar o sabor. Lêda
sugere os temperados com salsinha, cebolinha
e até mesmo presunto picadinho. “Esses com
sabores diferentes têm grande aceitação”, (...)
Eles também vêm recheados com requeijão,
frango, cheddar e viram sobremesa quando
acompanhados de doce de leite. (...)
Texto: http://www.correiodeuberlandia.com.br
http://tudogostoso.uol.com.br
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Editar um livro depende muito da forma que você deseja que ele seja editado. Se
deseja que seja feito por uma Editora já conhecida ou mesmo pequena ou por conta própria.
Procurar uma editora nem sempre é uma tarefa simples. Você deverá verificar, primeiramente, o tipo de editora que poderia se encaixar melhor no seu estilo. Depois, vem o envio de manuscritos ou arquivos para que sejam examinados pelos
responsáveis das mesmas e que decidirão se você é um candidato que eles vão
“bancar” ou não. No caso de resposta afirmativa prepare-se para ceder boa parte
dos seus direitos autorais, decisão quanto à impressão, capa e etc..
Há muitas editoras na internet que não demandam os direitos autorais, cobrando
apenas pela impressão ou colocação online no caso do livro ser digital. Neste caso você terá que enviar seu arquivo tendo em vista o tipo de impressão, a quantidade de exemplares, formato do livro,
formatação do arquivo para tal, tipo de papel para
capa e interior, capa (colorida ou não, brilhante ou
não), número de exemplares, etc.
Há artigos especializados que mostram as regras
básicas para a diagramação de um livro para que
ele seja feito dentro das normas. Este é um serviço que também é oferecido por algumas empresas, assim como a confecção da ficha catalográfica.
É muito importante, seja qual for a forma que você decidir editar, de registrar o seu
livro (ISBN). Este registro pode ser feito no Brasil através da Biblioteca Nacional
(http://www.bn.br) e na Suíça nas Agências ISBN vinculadas à Biblioteca Nacional
Suíça (http://www.nb.admin.ch/nb_professionnel/issn/00660/index.html?lang=fr) .
Este registro é o que lhe garante os direitos autorais.
Procure conversar com que já editou, discuta com pessoas que desejam editar, troque idéias. A melhor maneira para um nem sempre é para o outro mas o a experiência com certeza será o que há de mais valioso no caminho de sua edição ou auto
-edição.
Boa sorte!
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