narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil
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narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil
Denise Cogo Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, BRASIL Multiculturalismo e mídia impressa: narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil NOTA BENE _________________________________________________________ L'accès aux textes des colloques panaméricain et 2001 Bogues est exclusivement réservé aux participants. Vous pouvez les consulter et les citer, en respectant les règles usuelles, mais non les reproduire. Le contenu des textes n'engage que la responsabilité de leur auteur, auteure. Access to the Panamerican and 2001 Bugs' conferences' papers is strictly reserved to the participants. You can read and quote them, according to standard rules, but not reproduce them. The content of the texts engages the responsability of their authors only. 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As análises integram as conclusões de uma das etapas do projeto de pesquisa “Multiculturalismo e esfera midiática: a (re) descoberta dos 500 anos de Descobrimento do Brasil”, que visou ao estudo da produção e da recepção das estratégias de midiatização das identidades culturais nas mídias impressa e televisiva brasileiras no marco das celebrações dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. 2 1. Multiculturalismo e campo midiático: da emergência de um evento sociocultural na esfera das mídias Somos talvez a maior nação multirracial e multicultural do mundo ocidental, senão em número de habitantes, na capacidade integradora da civilização que fundamos. Essa diversidade e sua mestiçagem constituem a marca do nosso povo, o orgulho de nosso país, o emblema que sustentamos no pórtico do nosso século. E essa identidade dá-nos a base para a entrada do novo milênio, o da civilização global, nos distingue pelos valores da tolerância, permite que reflitamos, a partir dela, o quanto conseguimos caminhar nesses 500 anos.3 O discurso proferido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso na abertura oficial das comemorações do Quinto Centenário de Descobrimento do Brasil no ano 2000, sugere o quanto as identidades culturais ressurgem como categoria central para tomar corpo no campo midiático através de um conjunto de estratégias discursivas que, nomeadas como 500 anos, reatualizam nosso imaginário de nação assegurado pela nossas amplas vocação e habilidade para a chamada coexistência multicultural, quase como espécie de mono revestido de multiculturalismo. 1 Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. 2 O projeto foi desenvolvido entre 1999 e 2001 junto à linha de pesquisa Mídia e Processos Socioculturais do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, com o apoio da Unisinos, CNPq e Fapergs. 3 ABERTA a festa dos 500 Anos do Brasil. Zero Hora. Porto Alegre, 02/01/2000, p. 6 3 Mais do que um modelo rígido ou um conjunto formal e acabado de explicações, compreendemos a noção de identidades culturais que desemboca no espaço midiático no marco do processo de produção de sentido sobre os 500 anos de Descobrimento do Brasil como “uma construção que se relata”, segundo as palavras do pesquisador Néstor García Canclini4, ou, ainda, na perspectiva específica da nacionalidade, como uma representação social que, na visão da historiadora gaúcha Sandra Pesavento, “formula uma maneira de ser que é inventada ou importada, mas é assumida e consentida, o que implica sempre sedução e convencimento. É uma forma imaginária de conceber-se a si próprio que conforta, que dá segurança, marca presença no espaço e no tempo.” 5 No que se refere à noção de midiatização, entendemos que o papel central que assume a mídia ou o paradigma comunicacional nas sociedades contemporâneas faz com que se tornem cada vez mais tênues e complexas as distinções entre condições reais e condições representacionais no campo discursivo. Longe de serem um espelho, os meios de comunicação se tornaram os lugares onde se elaboram, se negociam e se difundem os discursos, os valores e as identidades, conforme alerta o pesquisador Andrea Semprini "Ao oferecerem uma mise-en-scène multicultural da sociedade, os mídia contribuem para talhála"6. A partir da acolhida de falas “identitárias” produzidas em distintos campos sociais, as mídias passam não apenas a atribuir visibilidade às realidades desses outros campos como a propor e a assegurar modos próprios de existência e estruturação de determinadas realidades com base em um conjunto de normas e dispositivos que constituem as condições de produção do próprio campo midiático, conforme postula o pesquisador brasileiro Antonio Fausto Neto Essa tarefa mediatizadora não se faz em uma circunstância na qual as mídias se instituiriam por uma passividade, como “correntes de transmissão”, como quer a sociologia positivista, quando pensa as funções e os papéis dos meios de comunicação. Pelo contrário, a vida privada, seus respectivos protocolos, com seus pontos de vista e verdades, é cada vez mais publicizada e posta na “Praça Pública”. Porém, tal publicização opera-se, cada vez mais, através de “regras privadas” que são os saberes – enquanto 4 GARCIA CANCLINI, Néstor. Cultura y comunicación: entre lo global y lo local. La Plata, Faculdadede Periodismo y Comunicación Social – Universidad Nacional de la Plata, 1997 (Ediciones de Periodismo y Comunicación nº 9). 5 PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalências e ambigüidades da identidade nacional. Ensaios FEE. Porto Alegre, v. 20, nº 1, p. 125. 6 Ibid,. p. 89. 4 formas e estratégias – inerentes ao mundo do discurso midiático, principalmente, das esferas do jornalismo7 Como resultado das estratégias de midiatização do Quinto Centenário de Descobrimento do Brasil, desencadeadas entre 1997 e 2000 no contexto brasileiro, duas grandes narrativas, no contexto da mídia impressa, se encarregam de construir enquadramentos de nossa experiência identitária de constituição da nacionalidade nas suas inter-relações com a noção de multiculturalismo. O primeiro enquadramento pauta-se pelo revigoramento da crença na convivência harmônica de distintas culturas em um mesmo espaço social em que se ampara historicamente nossa experiência identitária, permitindo que a mídia impressa, através de mecanismos de funcionamento e de interação com outros campos sociais, reatualize uma das principais dimensões simbólicas acionada já nos festejos do IV Centenário: o desenvolvimento de um imaginário de nação que, segundo retoma a historiadora Lucia Lippi Oliveira. [...] afirmava a capacidade plástica de se adaptar, do homem brasileiro. Afirmava-se seu caráter cordial, que levava ao predomínio das relações pessoais, o valor da democracia racial, resultante da miscigenação. Todos esses ingredientes do “caráter nacional” garantiriam a formação de uma grande nação. Esse mito da democracia racial – chamada por Roberto da Matta de “fábula das três raças” – apresentava-se como capaz de solucionar o impasse da constituição do povo brasileiro. 8 Em um segundo enquadramento, resultante de embates e disputas de sentido, que, oriundos de diferentes campos sociais, convergem para a esfera midiática, a convivência com a nacionalidade não supõe a harmonização ou conciliação das diferenças e da diversidade, mas se traduz justamente por uma experiência conflitiva e tensa e ao mesmo tempo rica e complexa de interação cultural. Movidos pela discussão da nacionalidade, instituições e atores e sociais representados por governos, empresas, intelectuais, artistas, igrejas, movimentos sociais, se encarregam de disputar a construção simbólica desse enquadramento no interior das mídias. 7 FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999.. p. 17. 8 OLIVEIRA, Lucia Lippi. Imaginário histórico e poder cultural: as comemorações do Descobrimento. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 14, nº 26, 2000, p. 190. 5 No marco desses dois enquadramentos, o da identidade nacional e o das possibilidades de reconhecimento e vivência da multiculturalidade, o campo midiático assume o papel de propositor de uma agenda para os 500 anos capitaneada pelo campo institucional empresarial das comunicações. No marco do projeto intitulado Brasil 500, a Fundação Roberto Marinho e a Rede Globo inauguram, em 1997, uma programação especial constituída de um amplo calendário de eventos, propondo que a Celebração dos Quinto Centenário seja “experienciada” a partir de três eixos ou esferas – a festa, a história e a ação educacional – culminando na data comemorativa dos 500 anos no dia 22 de abril de 2000. A instalação de um relógio para contagem regressiva dos 500 anos nas 30 capitais brasileiras com a marca da Rede Globo, elaborado por uma equipe de artistas gráficos austríacos e o próprio designar da Globo, Hans Donner, é a primeira atitude simbólica demarcadora de um protagonismo e de modos de gestão midiáticas, evidenciando a intenção dos meios de comunicação em unificar e ao mesmo tempo instaurar expectativas e tensões em torno da celebração do Quinto Centenário. Os 500 anos passam, portanto, a ser geridos, pelo campo miidático, com data “de nascimento e morte” decretada previamente. O “nascimento”, anunciado durante o ano de 1997, já é acompanhado da “morte” do evento, agendada para o 22 de abril de 2000, data oficial das celebrações do Quinto Centenário. É possível afirmar, ainda, que os 500 anos estiveram “despedaçados” no corpo das mídias, fragmentados pelos diferentes meios de comunicação, construindo-se não apenas disseminados por distintas mídias (impressa, eletrônica e digital), como excessivamente fragmentado no interior de cada uma dessas mídias, segundo distintas lógicas e formatos. 2 Dos modos da mídia impressa narrar os 500 anos Para a análise das estratégias de midiatização dos 500 anos de Descobrimento do Brasil na mídia impressa, realizamos a coleta e análise de um conjunto de textos midiáticos publicados entre os anos de 1997 e 2000 por nove jornais em quatro regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste), resultando em um corpus de 3.288 matérias publicadas pelos jornais Correio da Bahia e A Tarde (Bahia), Estado de São Paulo e Folha 6 de São Paulo (São Paulo), Jornal do Brasil e O Globo (Rio de Janeiro), Zero Hora e Correio do Povo (Rio Grande do Sul) e Correio Brasiliense (Distrito Federal). Com base em 32 categorias analíticas, desenvolvemos uma análise individual de cada uma das matérias midiáticas coletadas com sua tabulação posterior no software SPSS (Statistical Package for Social Sciences). Posteriormente, procedemos a uma análise qualitativa de alguns textos midiáticos da amostra fundamentada na perspectiva de análise discursiva entendida como os procedimentos de análise de textos/discursos tratados como práticas sociais inseridas em contextos determinados. Na perspectiva dessa constextualização, entendemos que os participantes nessas práticas assumem o papel de sujeitos, “no duplo sentido de assujeitados às determinações do contexto e de agentes das ações de produção, circulação e consumo dos textos.” 9 Acolhemos, ainda, a perspectiva de que, para a análise dos discursos, todo o texto é híbrido ou heterogêneo no que se refere à sua enunciação, “no sentido de que ele é sempre um tecido de ‘vozes’ ou citações cuja autoria fica marcada ou não, vindas de outros textos preexistentes, contemporâneos ou do passado.”10 No caso dos 500 anos, ambos postulados se evidenciaram através do embate simbólico pelo qual se moveram, na esfera midiática, sujeitos oriundos dos campos governamentais, acadêmicos, institucionais e associativos para negociarem – via esses movimentos simultâneos de assujeitamento e de agenciamento – as noções ou narrativas identitárias que aludiram permanentemente à nossa história cultural de constituição como nação. Dentre o conjunto de jornais analisados, dois entre os três que lideraram a cobertura dada aos 500 anos, são veículos de referência nacional do chamado eixo Rio de Janeiro-São Paulo: Jornal do Brasil (32,1%) e Folha de São Paulo (24,5) – ao passo que o terceiro e quarto lugar são ocupados por veículos de caráter local com foco de circulação no estado do Rio Grande Sul - Zero Hora (16,10%) e Correio do Povo (9,4%). Rio de Janeiro, Brasil e São Paulo são a referência geográfica ou espacial de cobertura jornalística de 20,10% das matérias publicadas sobre os 500 anos pelas nove mídias analisadas, seguidas de Brasil, ou a nação brasileira com um percentual de 15,0% de matérias. As cidades de São Paulo 9 PINTO, Milton José. Comunicação e discurso. São Paulo: Hackers, 1999. p.8 Ibid., p. 27. 10 7 (14,7%) e Porto Alegre (10,9%). a capital federal Brasília (6,3%) e Porto Seguro (na Bahia) (5,4%) ocupam o terceiro, quarto, quinto e sexto lugares na oferta de sentidos no que se refere à ocorrência de fatos ou eventos sobre o Quinto Centenário que mereceram a cobertura das mídias analisadas. As relações de espacialidade e oferta de sentido reafirmam a associação entre um modelo de gestão em torno do qual se dinamizou o evento dos 500 anos no campo midiático e as disputas e afirmações que envolvem os padrões de constituição da nacionalidade brasileira, sobretudo resultante do papel desempenhado pela indústria cultural, especialmente a televisão, na integração nacional e unificação dos mercados locais e, consequentemente, na consolidação das opções do Estado brasileiro por determinados modelos nacionais de modernização e de industrialização para o país, representados sobretudo pelos dois grandes centros urbanos da região sudeste: Rio de Janeiro e São Paulo. Na síntese oferecida pelo antropólogo brasileiro Renato Ortiz “a indústria cultural adquire a possibilidade de equacionar uma identidade nacional, mas reinterpretando-a em termos mercadológicos: a idéia de nação “integrada” passa a representar a interligação dos consumidores potenciais espalhados pelo território nacional. 11 No marco dessas tensões, a ascensão das identidades regionais e locais, injetando múltiplas especificidades e cores locais ao evento de celebração da nacionalidade para desdobrá-lo em múltiplos outros eventos de caráter local e regional, como possivelmente não havia sido previsto no âmbito de uma intencionalidade midiática, se verifica à medida em que 26,4% dos textos midiáticos sobre os 500 anos analisados, se enquadram na rubrica Local, percentual pouco inferior aos 26,4% alcançados pelos textos de Opinião; e superior às matérias que enquadramos como Cultura (24,1%); Nacional (18,6%) Internacional (5,0%). As distintas apropriações de um modelo nacional de gestão midiática dos 500 anos pelas culturas locais é atestado pelo desdobramento do Quinto Centenário em pelos 151 diferentes eventos ou episódios alusivos aos 500 anos dinamizados em 156 países, estados e cidades que mereceram a cobertura das mídias analisadas entre 1997 e 2000. No processo de produção de sentido dos 500 anos, foi, contudo, nos espaços de Opinião dos jornais que se situaram majoritariamente as matérias midiáticas analisadas, somando um percentual de 26,4%. 11 Entre as matérias de Opinião, lideraram aquelas ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. P. 164. 8 caracterizadas como artigos assinados (7,9%) e colunas assinadas (7,9%), seguidos por Leitor Livre e a Charge (1,0%). Dentre os colunistas, encontram-se majoritariamente aqueles que assinaram as chamadas colunas sociais, reafirmando a tendência à pulverização e ao mesmo tempo à atribuição de um caráter folclórico e pitoresco ao evento de celebração da nacionalidade, em que os colunistas sociais se encarregaram de ofertar, sobretudo, “pílulas” informativas sobre as conformações e iniciativas em torno do Quinto Centenário oriundas de distintos campos sociais, conforme o exemplo a seguir. Há e-xa-tos 500 anos o Brasil estava sendo redescoberto – viva ele; e tanto se falou nessa data que seria uma in-jus-ti-ça fazer vista grossa. Então se vista de verde e amarelo – nem que seja só na alma – e passe o dia em casa, na frente da televisão, assistindo às inúmeras comemorações que estarão acontecendo em Porto Seguro. E não se esqueça de que essa festa foi feita com o meu, o seu, o nosso dinheiro – mais um motivo para participar dela. [...] 12 As colunas assinadas e os artigos são igualmente o principal espaço de convocação, pelas mídias, das “vozes intelectuais”, cujas presenças parecem ter reinstaurado, no campo midiático contemporâneo, aquilo que, segundo a historiadora gaúcha Sandra Pesavento, foi, a partir da Independência do Brasil, em 1822, incumbência do campo intelectual no país: encontrar respostas à ambivalência e ambigüidade das questões identitárias básicas como imperativo para a construção da nacionalidade ou de um projeto de nação. A principal delas faz referência à recomposição do mito das origens, cuja mestiçagem é a metáfora definidora por excelência de um Brasil que “já nasce como mestiço e cuja alma já vem marcada pela cor”13. No caso dos 500 anos, o mito fundador foi conduzido aos espaços de opinião dos jornais para possibilitar que historiadores, sociólogos, antropólogos, psicanalistas, escritores, etc. filósofos, oferecessem distintos posicionamentos em torno especialmente de três questões identitárias básicas: as distintas temporalidades ou as lógicas da inclusão/exclusão que configuram nossa comunidade nacional; as repercussões, nessas lógicas, dos embates entre identidade nacional e multiculturalidade e seus desdobramentos em torno de mitos como o da democracia racial ou o do brasileiro cordial e, por último, a inserção do Brasil na sociedade global seja via as reflexões sobre a implicação das 12 LEÃO, Danusa. 500 anos no Rio Jornal do Brasil. 22 de abril de 2000. p. 73. (Caderno B). PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalências e ambigüidades da identidade nacional. Ensaios FEE. Porto Alegre, v. 20, nº 1 p. 125. 13 9 associações entre atraso e idéia de nação, seja via as denúncias das conseqüências da renúncia a um projeto nacional e do consentimento de uma inserção desordenada do Brasil em um mercado global e suas repercussões na manutenção das desigualdades sociais como o único projeto viável de nação. É relevante, ainda, o papel desempenhado por alguns intelectuais ao construírem leituras (inter) culturais das relações com outros países, como o próprio Portugal, que, invariavelmente, têm sido reduzidas a uma dimensão econômica, via sua presença, no caso, inclusive, dos 500 anos, nas editorias de economia. Trechos de um dos artigos do historiador Décio Freitas, um dos colaboradores regulares do jornal Zero Hora e um dos intelectuais “convocados” com mais freqüência para falar sobre os 500 anos nas páginas de opinião do jornal, ilustram essa dinâmica. Com a diferença de que a intensificação do processo de midiatização da vida social pareceu justificar a convocação prioritária daqueles intelectuais mais familiarizados com as lógicas midiáticas, como é caso do próprio Freitas, que, antes de se tornar colaborador regular de Zero Hora, já acumulava larga experiência jornalística a partir de sua passagem por diferentes veículos impressos no Brasil e no Uruguai. Se o Brasil não deu certo, qual causa? Mal principiou o ritual de celebrações dos 500 anos do Descobrimento, e já esta questão domina o debate. Parte-se da premissa, está visto, de que o Brasil é um fracasso, o que se pode dar de barato para fins de discussão. O favorito bode expiatório dos brasileiros, cultos ou incultos, é a Ibéria e, sobretudo, Portugal, de cujo anacrônico legado cultural seríamos vítima[...] Mas não é na cultura ibérica que está a raiz de nossas agruras e desventuras, como timbram em dizer lusofobia e anglofilia reducionistas e simplificadoras. Botar só nos ibéricos a culpa de sermos país retardatário e desumano permite nos auto-absolvermos dos próprios erros e maldades após 177 anos de Independência do Brasil. 14 As funções atribuídas pela mídia ao campo intelectual, especialmente aqueles oriundos do universo acadêmico, via sua pulverizada presença nos espaços de opinião, sofrem um certo alargamento ao concorrerem com a multiplicidade de vozes de outros tipos de produtores – sindicalistas, políticos, indígenas, bispos - que, juntamente com profissionais do próprio campo midiático, compareceram igualmente aos jornais para disputar a legitimidade de um pensamento sobre a nação e as identidades culturais. Os espaços reservados ao leitor nos jornais analisados são indicativos igualmente do predomínio de vozes oriundas dos campos educacionais, acadêmicos e intelectuais como 14 FREITAS, Décio. Quinhentos anos (I). Zero Hora. 30 de maio de 1999. p. 19. 10 falas autorizadas pela mídia impressa para analisar as múltiplas experiências identitárias tematizadas pela agenda midiática no marco do Quinto Centenário, somando um total de 6,7% das matérias coletadas assinadas pelos chamados leitores livres 15 e não institucionais16. Embora considerando os espaços do leitor como instâncias construídas pelo jornal, cujo acesso é definido por suas políticas editoriais e atravessados pelas interferências dos processos editoriais e discursivos do veículo, tal lógica, como destaca Fausto Neto “não elimina os vestígios deixados pelo leitor na sua passagem pelos espaços do jornal [...] transformando o jornal em terreno de luta” 17. Em grande medida, uma das principais regularidades que demarcou tematicamente as “vozes” dos leitores que acederam aos jornais é atravessada por um certo “nacionalismo pessimista”, que define a nação pela soma de seus males e excessos, seja em oposição ao “nacionalismo ornamental”, que exclui da nacionalidade o pobre, o mestiços, o negros , etc.18, seja relacionado, mais contemporaneamente, ao desencantamento com a política institucional no âmbito do que Alain Touraine define como o “despolitização” da experiência individual do Sujeito à medida em que a ordem política já não constitui o fundamento da ordem social. Associada à própria crise do Estado nacional, a despolitização é reconhecida, sobretudo, na crise de representatividade e de confiança nos partidos e agentes políticos 19 Trechos de cartas de leitor ilustram tal perspectica Com o prolongamento sombrio das comemorações dos 500 anos, o presidente nos brinda com sua avaliação peculiar. Fazendo vista grossa para os conflitos, cuja resolução depende essencialmente de quem ocupa o poder, culpa, agora, um sem terra pelos desmandos nacionais, enviando um aviso lúgubre para aqueles que ousam contestar. E a questão agrária que continue de lado” (A G. – São Paulo) 20 A organização da festa dos 500 anos do Brasil, em Porto Seguro, mostrou bem a cara deste governo que está aí. Distanciado do povo, prepotente, usou o cenário do descobrimento para um encenação 21 ridícula, destinada apenas a convidados escolhidos.” [...] (M.A.D.M. – funcionário público) A prioridade, contudo, dada às falas dos próprios especialistas do campo midiático sustentou o caráter mercadológico que atravessou os processos de midiatização dos 500 15 Faz referência à presença do leitor para debater um tema proposto pelo jornal. Leitores que comparecem ao espaço do jornal sem invocarem seus vínculos institucionais e/ou organizacionais. 17 FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999. 18 As distinções entre as diversas manifestações de nacionalismo cultural são retomadas por Teixeira Coelho em Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras, 1997. 19 TOURAINE, Alain. ¿Podremos vivir juntos? Iguales y diferentes. Madrid: Editora PPC, 1997. 20 Folha de São Paulo, 07 de maio de 2000. 21 Zero Hora, 28 de abril de 2000, p. 2 16 11 anos, traduzidos pela dimensão de auto-referencialidade através da qual as mídias se encarregaram de enaltecer publicamente sua performance de gestoras dos 500 anos via a promoção de seus próprios produtos da grife 500 anos como, por exemplo, o lançamento de “colecionáveis” sobre a história do Brasil, a promoção de espetáculos culturais e de concursos. Ou, ainda, via o diálogo que a mídia impressa estabeleceu com outras mídias, especialmente a televisão, para promoção de seus produtos e programação, em que alguns dos jornais analisados fizeram referência à programação e aos produtos sobre os 500 anos propostos e ofertados por outras mídias. Os próprios artistas, como a segunda principal voz enfocada nos textos impressos analisados, reafirmaram igualmente o caráter mercadológico que assumiu o processo de midiatização dos 500 anos ao mesmo tempo em que serviram para reiterar um tipo de protagonismo midiático na gestão do evento. A prioridade dada, contudo, pelos jornais impressos, às vozes governamentais, especialmente em âmbito federal, demarcou, por um lado, a dependência, por parte da mídia, das fontes governamentais e, por outro lado, a presença de alguns dos múltiplos 500 anos governamentais, dos quais o caráter de “oficialidade” dessa presença se converteu no valor-notícia privilegiado no conjunto das mídias. Os diferentes protagonismos e intencionalidades governamentais ; as distintas circunscrições dos discursos governamentais aos âmbitos federais, estaduais e/ou municipais governamentais ou mesmo internacionais (em relação ao governo de Portugal, por exemplo), a habilidade e potencial governamentais de intervenção no campo midiático, os entrelaçamentos, alianças e disputas entre discursos governamentais e midiáticos foram sendo construídos via a enunciação, pelas mídias estudadas, de uma polifonia de vozes governamentais. Enquanto os discursos do governo federal se pautaram, em grande medida, por um tom ufanista e conciliatório, o governo do estado do Rio Grande do Sul, de perfil de esquerda, se alinhou aos contradiscursos chamados Outros 500, impulsionado pela ação de movimentos sociais, igrejas, sindicatos, organizações não governamentais que assumiram uma postura de oposição frente ao protagonismo dos campos governamentais e midiático na gestão do evento. A exemplo das demais iniciativas que, sob a rubrica Outros 500, foram dinamizadas em âmbito nacional a partir da parceria entre sindicatos, Igrejas, organizações indígenas e negras, ONGs, a do governo do Estado do Rio Grande do Sul não escapou, contudo, às 12 lógicas de invisibilidade que têm pautado a presença de movimentos sociais no cenário midiático contemporâneo, somando 3,1% das matérias publicadas nos três anos nos nove jornais estudados, e justificando, em grande medida, o deslocamento desse debate para contexto de listas de discussão e sites da Internet. Quando visibilizadas, as iniciativas empreendidas por movimentos e atores sociais deixaram de assumir prioritariamente um enquadramento de ação organizada para serem capturadas e significadas como ações pontuais, pulverizadas, pitorescas e estereotipadas e não raramente isoladas e identificadas com radicalismos e violência. Se, por um lado, tais modos das mídias operarem para o esvaziamento do caráter organizativo e mobilizador de ações e projetos oriundos dos movimentos sociais revelaram modos estratégicos e táticos desses movimentos lidarem com os meios de comunicação nas negociações de suas agendas no marco dos 500 anos, por outro lado, mesmo submetidos a esses enquadramentos, movimentos e atores sociais não deixaram de se incumbir da desestabilização e, em certo sentido, ruptura de uma temporalidade e de um modelo definidores das comemorações do Quinto Centenário instituída pelas mídias, pluralizando o universo de significações acerca dos 500 anos. Os conflitos envolvendo respresentantes do governo, movimentos sociais e aparato policial durante as comemorações oficiais e a Missa em Porto Seguro, ocorridos na Bahia, em abril de 2000, são episódios exemplares dessa pluralização. Nesse cenário de disputa simbólica no campo midiático, parecem ter emergir com maior relevância as culturas indígenas, cujo percentual de presença em 13,6% dos textos midiáticos analisados as coloca como uma das principais protagonistas do Quinto Centenário, como resultado dos usos estratégicos que as próprias organizações indígenas deram aos seus referentes culturais com vistas a interagirem e negociarem com o campo midiático. A polissemia que marcou a enunciação das culturas indígenas pelos jornais comportou desde a visão mítica e romântica dos indígenas associadas a um revigoramento do mito do bom selvagem, passando pela oposição e dualidade histórica índios versus brancos, até a presença dos índios como atores sociais contemporâneos, ainda que via representações eminentemente policialescas que envolveram os conflitos em torno das demarcações de terra ou, ainda, de um protagonismo indígena tensionador de uma agenda 13 oficial das comemorações e de um caráter de previsibilidade do evento, que culminou nos conflitos de Porto Seguro. Os índios foram conduzidos ao espaço da mídia, ainda, via a construção de perfis humanizados através de entrevistas que buscaram compreender seus protagonismos nas comemorações oficiais do Quinto Centenário. 22 Ao lado de um protagonismo índigena e relacionado a ele, observa-se o papel coadjuvante alcançado negros e afro-brasileiros no universo midiático, que apareceram em 3,1% dos textos sobre os 500 anos, atrás inclusive do movimento dos sem terra, que alcança um percentual de 4,2%. Associada a essa invisibilidade quantitativa, desde uma as culturas negras foram submetidas principalmente a enquadramentos historiográficos ligados a um passado escravista em detrimento da contemporaneidade de suas demandas, reivindicações e iniciativas. Ao tematizar tão perifericamente as questões negras e afro-brasileiras e priorizar uma agenda indigenista, o campo midiático não deixou de consentir com um de nossos primordiais emblemas identitários: o do Brasil como o país da democracia racial, traduzido por nossa incomparável experiência de vivenciar uma multiculturalidade desprovida de conflitos, conforme sintetizou, em seu discurso de abertura do Quinto Centenário, o presidente Fernando Henrique Cardoso, reproduzido na parte inicial desse artigo, ao se referir à “capacidade integradora da civilização que fundamos.” Em grande medida, é possível dizer que, via os modos em que se construíram as (in) visibilidades dos Outros 500 no campo midiático, ou seja, à medida em que as mídias, em negociação com as demandas dos atores sociais, operaram para colocar ou não em relação os diferentes sujeitos e suas posições identitárias (etnias, classe social, gênero, religiões, etc.), os receptores foram interpelados em torno de duas agendas: a da reafirmação de um sujeito nacional homogêneo e a da possibilidade da comunicação intercultural através da configuração de um espaço de multiculturalidade na sociedade brasileira para além do mito da democracia racial. Ainda na perspectiva das identidades culturais, os textos analisados propuseram “modos de narrar” nossas distintas experiências identítárias, reatualizando alguns de nossos principais emblemas identitários. A liderança de matérias que propõem sentidos em torno 22 Sobre o perfil humanizado como um dos subgêneros da entrevista denominado de compreensão-aprofundamento, ver MEDINA, Cremilda. Entrevista – o diálogo possível. 2ª edição. São Paulo: Ática, 1990. p. 16. 14 da noção de Cultura nacional como patrimônio histórico (18,4%) , agregada o lugar do museu como voz privilegiada, dentre um conjunto de falas institucionais focalizadas nos textos midiáticos 23 , foram indicativos de um dos modos das mídias proporem a compreensão do nacionalismo e da própria experiência cultural e das identidades como constantes, imutáveis e perenes, passíveis de serem preservadas e restauradas, seja via a valorização de bens imóveis como prédios e monumentos históricos, seja via se hierarquização dos modos culturais populares de caráter étnico, religioso, etc. como valores-notícias. 24 O lugar privilegiado do Patrimônio Histórico na hierarquia midiática contribuiu para revigorar a vigência do Primeiro Mundo como alteridade e um “voltar as costas para a identidade nacional e ter a Europa como marco identitário” como um dos emblemas que preside a constituição de nossa identidade nacional.25 Tal ênfase no patrimônio histórico foi tributária, ainda, da repercussão das mídias de modos governamentais de gerir os 500 anos, uma vez que uma concepção de patrimônio histórico pautou, em grande medida, a gestão “oficial” das comemorações dos 500 anos especialmente por parte da agenda do governo federal. Experiência identitária contemporânea que irrompeu apenas na etapa final do agendamento, especialmente nos episódios envolvendo governo, polícia e movimentos sociais durante as comemorações oficiais de 22 de abril, em Porto Seguro, na Bahia, a violência reafirmou, no âmbito dos 500 anos, a relativização de um modelo de gestão proposto pelo campo midiático via as injunções de outros campos sociais e ao mesmo tempo o protagonismo do próprio campo midiático como o principal ator contemporâneo na produção de sentido sobre tal experiência. Da perspectiva de um cruzamento entre essas narrativas identitárias, o “Brasil global e as redefinições de seus vínculos históricos com nações e territórios” foi uma das 23 Os museus aparecem em primeiro lugar como as vozes institucionais enunciadas pelas mídias, com maior percentual que instituições como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e os partidos políticos. 24 COELHO, Teixeira. Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Fapesp, Iluminuras, 1997. 25 PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalência e ambigüidades da identidade nacional. Véspera dos 500 Anos. Ensaios FEE. Porto Alegre, v. 20, no. 39, 1999. P.124-133. 15 narrativas com menor incidência nas mídias analisadas, não raramente confinada às editorias de economia em que o cultural aparece reduzido ao econômico. Assim, a mídia nos interpelou para reiterar que nossa inserção simbólica na sociedade global segue seja reduzida ao econômico seja visibilizada via nossa experiência como nação violenta através do crescimento da criminalidade urbana e/ou da exclusão econômica e cultural de nossos Outros internos, essa última como dimensão presente em 5,8% dos texto midiáticos. Duas narrativas que, reveladoras de nossa conflitiva experiência de construção de uma sociedade multicultural, nos coloca contemporaneamente em uma peculiar relação com o Outro “estrangeiro”, conforme a síntese oferecida por matéria publicada pela Folha de São Paulo após os episódios ocorridos em Porto Seguro. A comemoração dos 500 anos do Descobrimento chamou a atenção em todo o mundo não pelos festejos, mas pela violência da repressão aos protestos. A agência de notícias “Reuters”, com reportagem publicada pela edição de domingo do jornal “The New York Times”, destaca a ação da PM baiana para reprimir os protestos, com o uso de bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral”. Publicada na mesma edição, reportagem da agência “Associated Press” diz que procuradores federais investigarão os métodos utilizados pela polícia para reprimir o protesto indígena, como “cassetetes, gás lacrimogênio e balas de borracha”. O jornal francês “Le Monde” fala que “a celebração de 500 anos do Brasil foi marcada pela repressão policial contra índios, negros, sem-terra e simpatizantes da esquerda. Já o “Libération” trazia ontem em sua versão eletrônica o título “500 anos de Brasil: índios e sem-terra sem convite para a festa. Com a reportagem “Os índios do Brasil boicotam comemorações do Quinto Centenário”, a edição de domingo do jornal espanhol “El País” conta que “os índios aproveitaram a celebração para denunciar a violência a questão submetidos”. A edição dessa semana da revista britânica “The Economist” traz o artigo “A batalha não-terminada do Brasil pela democracia racial” . Segundo o texto, “enquanto o Brasil marca os 500 anos de seu descobrimento pelos europeus, a maioria de seus cidadãos negros e mulatos ainda precisa vencer o legado do colonialismo. Sobre os índios, a revista diz que “eles estão marcando os 500 anos de seu ‘descobrimento’ com protestos. Eles têm muito contra o que protestar, especialmente contra a violência que eles sofreram nas mãos de fazendeiros, de garimpeiros e da polícia.” 26 Referências bibliográficas 1. ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas – reflexiones sobre el origen y la difusión del nacionalismo. Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1997. 2. COELHO, Teixeira. Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Fapesp, Iluminuras, 1997. 26 DA REDAÇÃO. Comemorações chamam a atenção pela violência. Folha de São Paulo. 25 de abril de 2000, p. 4. 16 3. COGO, Denise. Multiculturalismo e campo midiático: “narrativas” sobre as identidades nos 500 anos de Descobrimento do Brasil. In: MALDONADO, Alberto Efendy. (org.). Mídia e processos socioculturais. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2000. p. 43-77. 4. FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999. 5. GARCIA CANCLINI, Néstor. Cultura y comunicación: entre lo global y lo local. 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