narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil

Transcrição

narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil
Denise Cogo
Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos),
em São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
BRASIL
Multiculturalismo e mídia impressa:
narrativas sobre os 500 anos de descobrimento do Brasil
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2
Multiculturalismo e mídia impressa: narrativas sobre
os 500 anos de descobrimento do Brasil
Denise Cogo
1
Resumo
Neste artigo, são apresentados os resultados das análises quantitativa e qualitativa
de um total de 3.288 textos sobre o Quinto Centenário de Descobrimento do Brasil
veiculados por uma amostra de nove jornais da mídia impressa brasileira entre 1997 e
2000. As análises integram as conclusões de uma das etapas do projeto de pesquisa
“Multiculturalismo e esfera midiática: a (re) descoberta dos 500 anos de Descobrimento do
Brasil”, que visou ao estudo da produção e da recepção das estratégias de midiatização das
identidades culturais nas mídias impressa e televisiva brasileiras no marco das celebrações
dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. 2
1. Multiculturalismo e campo midiático: da emergência de um evento sociocultural na
esfera das mídias
Somos talvez a maior nação multirracial e multicultural do mundo ocidental, senão em
número de habitantes, na capacidade integradora da civilização que fundamos. Essa
diversidade e sua mestiçagem constituem a marca do nosso povo, o orgulho de nosso país, o
emblema que sustentamos no pórtico do nosso século. E essa identidade dá-nos a base para
a entrada do novo milênio, o da civilização global, nos distingue pelos valores da tolerância,
permite que reflitamos, a partir dela, o quanto conseguimos caminhar nesses 500 anos.3
O discurso proferido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso na abertura oficial
das comemorações do Quinto Centenário de Descobrimento do Brasil no ano 2000, sugere
o quanto as identidades culturais ressurgem como categoria central para tomar corpo no
campo midiático através de um conjunto de estratégias discursivas que, nomeadas como
500 anos, reatualizam nosso imaginário de nação assegurado pela nossas amplas vocação e
habilidade para a chamada coexistência multicultural, quase como
espécie de mono
revestido de multiculturalismo.
1
Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.
2
O projeto foi desenvolvido entre 1999 e 2001 junto à linha de pesquisa Mídia e Processos Socioculturais do Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, com o apoio da Unisinos, CNPq e Fapergs.
3
ABERTA a festa dos 500 Anos do Brasil. Zero Hora. Porto Alegre, 02/01/2000, p. 6
3
Mais do que um modelo rígido ou um conjunto formal e acabado de explicações,
compreendemos a noção de identidades culturais que desemboca no espaço midiático no
marco do processo de produção de sentido sobre os 500 anos de Descobrimento do Brasil
como “uma construção que se relata”, segundo as palavras do pesquisador Néstor García
Canclini4, ou, ainda, na perspectiva específica da nacionalidade, como uma representação
social que, na visão da historiadora gaúcha Sandra Pesavento, “formula uma maneira de
ser que é inventada ou importada, mas é assumida e consentida, o que implica sempre
sedução e convencimento. É uma forma imaginária de conceber-se a si próprio que
conforta, que dá segurança, marca presença no espaço e no tempo.” 5
No que se refere à noção de midiatização, entendemos
que o papel central que
assume a mídia ou o paradigma comunicacional nas sociedades contemporâneas faz com
que se tornem cada vez mais tênues e complexas as distinções entre condições reais e
condições representacionais no campo discursivo. Longe de serem um espelho, os meios de
comunicação se tornaram os lugares onde se elaboram, se negociam e se difundem os
discursos, os valores e as identidades, conforme alerta o pesquisador Andrea Semprini "Ao
oferecerem uma mise-en-scène multicultural da sociedade, os mídia contribuem para talhála"6.
A partir da acolhida de falas “identitárias” produzidas em distintos campos sociais,
as mídias passam não apenas a atribuir visibilidade às realidades desses outros campos
como a propor e a assegurar modos próprios de existência e estruturação de determinadas
realidades com base em um conjunto de normas e dispositivos que constituem as condições
de produção do próprio campo midiático, conforme postula o pesquisador brasileiro
Antonio Fausto Neto
Essa tarefa mediatizadora não se faz em uma circunstância na qual as mídias se
instituiriam por uma passividade, como “correntes de transmissão”, como quer a
sociologia positivista, quando pensa as funções e os papéis dos meios de comunicação.
Pelo contrário, a vida privada, seus respectivos protocolos, com seus pontos de vista e
verdades, é cada vez mais publicizada e posta na “Praça Pública”. Porém, tal publicização
opera-se, cada vez mais, através de “regras privadas” que são os saberes – enquanto
4
GARCIA CANCLINI, Néstor. Cultura y comunicación: entre lo global y lo local. La Plata, Faculdadede Periodismo y
Comunicación Social – Universidad Nacional de la Plata, 1997 (Ediciones de Periodismo y Comunicación nº 9).
5
PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalências e ambigüidades da identidade nacional. Ensaios FEE.
Porto Alegre, v. 20, nº 1, p. 125.
6
Ibid,. p. 89.
4
formas e estratégias – inerentes ao mundo do discurso midiático, principalmente, das
esferas do jornalismo7
Como resultado das estratégias de midiatização do Quinto Centenário de
Descobrimento do Brasil, desencadeadas entre 1997 e 2000 no contexto brasileiro, duas
grandes narrativas, no contexto da mídia impressa, se encarregam de construir
enquadramentos de nossa experiência identitária de constituição da nacionalidade nas suas
inter-relações com a noção de multiculturalismo.
O primeiro enquadramento pauta-se pelo revigoramento da crença na convivência
harmônica de distintas culturas em um mesmo espaço social em que se ampara
historicamente nossa experiência identitária, permitindo que a mídia impressa, através de
mecanismos de funcionamento e de interação com outros campos sociais, reatualize uma
das principais dimensões simbólicas acionada já nos festejos do IV Centenário: o
desenvolvimento de um imaginário de nação que, segundo retoma a historiadora Lucia
Lippi Oliveira.
[...] afirmava a capacidade plástica de se adaptar, do homem brasileiro. Afirmava-se seu
caráter cordial, que levava ao predomínio das relações pessoais, o valor da democracia
racial, resultante da miscigenação. Todos esses ingredientes do “caráter nacional”
garantiriam a formação de uma grande nação. Esse mito da democracia racial – chamada
por Roberto da Matta de “fábula das três raças” – apresentava-se como capaz de
solucionar o impasse da constituição do povo brasileiro. 8
Em um segundo enquadramento, resultante de embates e disputas de sentido, que,
oriundos de diferentes campos sociais, convergem para a esfera midiática, a convivência
com a nacionalidade não supõe a harmonização ou conciliação das diferenças e da
diversidade, mas se traduz justamente por uma experiência conflitiva e tensa e ao mesmo
tempo rica e complexa de interação cultural. Movidos pela discussão da nacionalidade,
instituições e atores e sociais representados por governos, empresas, intelectuais, artistas,
igrejas, movimentos sociais, se encarregam de disputar a construção simbólica desse
enquadramento no interior das mídias.
7
FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999..
p. 17.
8
OLIVEIRA, Lucia Lippi. Imaginário histórico e poder cultural: as comemorações do Descobrimento. Estudos
Históricos. Rio de Janeiro, v. 14, nº 26, 2000, p. 190.
5
No marco desses dois enquadramentos, o da identidade nacional e o das
possibilidades de reconhecimento e vivência da multiculturalidade, o campo midiático
assume o papel de propositor de uma agenda para os 500 anos capitaneada pelo campo
institucional empresarial das comunicações. No marco do projeto intitulado Brasil 500, a
Fundação Roberto Marinho e a Rede Globo inauguram, em 1997, uma programação
especial constituída de um amplo calendário de eventos, propondo que a Celebração dos
Quinto Centenário seja “experienciada” a partir de três eixos ou esferas – a festa, a história
e a ação educacional – culminando na data comemorativa dos 500 anos no dia 22 de abril
de 2000.
A instalação de um relógio para contagem regressiva dos 500 anos nas 30 capitais
brasileiras com a marca da Rede Globo, elaborado por uma equipe de artistas gráficos
austríacos e o próprio designar da Globo, Hans Donner, é a primeira atitude simbólica
demarcadora de um protagonismo e de modos de gestão midiáticas,
evidenciando a
intenção dos meios de comunicação em unificar e ao mesmo tempo instaurar expectativas
e tensões em torno da celebração do Quinto Centenário.
Os 500 anos passam, portanto, a ser geridos, pelo campo miidático, com data “de
nascimento e morte” decretada previamente. O “nascimento”, anunciado durante o ano de
1997, já é acompanhado da “morte” do evento, agendada para o 22 de abril de 2000, data
oficial das celebrações do Quinto Centenário. É possível afirmar, ainda, que os 500 anos
estiveram “despedaçados” no corpo das mídias, fragmentados pelos diferentes meios de
comunicação, construindo-se não apenas disseminados por distintas mídias (impressa,
eletrônica e digital), como excessivamente fragmentado no interior de cada uma dessas
mídias, segundo distintas lógicas e formatos.
2 Dos modos da mídia impressa narrar os 500 anos
Para a análise das estratégias de midiatização dos 500 anos de Descobrimento do
Brasil na mídia impressa, realizamos a coleta e análise de um conjunto de textos midiáticos
publicados entre os anos de 1997 e 2000 por nove jornais em quatro regiões brasileiras
(Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste), resultando em um corpus de 3.288 matérias
publicadas pelos jornais Correio da Bahia e A Tarde (Bahia), Estado de São Paulo e Folha
6
de São Paulo (São Paulo), Jornal do Brasil e O Globo (Rio de Janeiro), Zero Hora e Correio
do Povo (Rio Grande do Sul) e Correio Brasiliense (Distrito Federal).
Com base em 32 categorias analíticas, desenvolvemos uma análise individual de
cada uma das matérias midiáticas coletadas com sua tabulação posterior no software SPSS
(Statistical Package for Social Sciences).
Posteriormente, procedemos a uma análise
qualitativa de alguns textos midiáticos da amostra fundamentada na perspectiva de análise
discursiva entendida como os procedimentos de análise de textos/discursos tratados como
práticas sociais inseridas em contextos determinados.
Na perspectiva dessa
constextualização, entendemos que os participantes nessas práticas assumem o papel de
sujeitos, “no duplo sentido de assujeitados às determinações do contexto e de agentes das
ações de produção, circulação e consumo dos textos.” 9 Acolhemos, ainda, a perspectiva de
que, para a análise dos discursos, todo o texto é híbrido ou heterogêneo no que se refere à
sua enunciação, “no sentido de que ele é sempre um tecido de ‘vozes’ ou citações cuja
autoria fica marcada ou não, vindas de outros textos preexistentes, contemporâneos ou do
passado.”10
No caso dos 500 anos, ambos postulados se evidenciaram através do embate
simbólico pelo qual se moveram, na esfera midiática, sujeitos oriundos dos campos
governamentais, acadêmicos, institucionais e associativos para negociarem – via esses
movimentos simultâneos de assujeitamento e de agenciamento – as noções ou narrativas
identitárias que aludiram permanentemente à nossa história cultural de constituição como
nação.
Dentre o conjunto de jornais analisados, dois entre os três que lideraram a cobertura
dada aos 500 anos, são veículos de referência nacional do chamado eixo Rio de Janeiro-São
Paulo: Jornal do Brasil (32,1%) e Folha de São Paulo (24,5) – ao passo que o terceiro e
quarto lugar são ocupados por veículos de caráter local com foco de circulação no estado
do Rio Grande Sul - Zero Hora (16,10%) e Correio do Povo (9,4%). Rio de Janeiro, Brasil
e São Paulo são a referência geográfica ou espacial de cobertura jornalística de 20,10% das
matérias publicadas sobre os 500 anos pelas nove mídias analisadas, seguidas de Brasil, ou
a nação brasileira com um percentual de 15,0% de matérias. As cidades de São Paulo
9
PINTO, Milton José. Comunicação e discurso. São Paulo: Hackers, 1999. p.8
Ibid., p. 27.
10
7
(14,7%) e Porto Alegre (10,9%). a capital federal Brasília (6,3%) e Porto Seguro (na
Bahia) (5,4%) ocupam o terceiro, quarto, quinto e sexto lugares na oferta de sentidos no
que se refere à ocorrência de fatos ou eventos sobre o Quinto Centenário que mereceram a
cobertura das mídias analisadas.
As relações de espacialidade e oferta de sentido reafirmam a associação entre um
modelo de gestão em torno do qual se dinamizou o evento dos 500 anos no campo
midiático e as disputas e afirmações que envolvem os padrões de constituição da
nacionalidade brasileira, sobretudo resultante do papel desempenhado pela indústria
cultural, especialmente a televisão, na integração nacional e unificação dos mercados locais
e, consequentemente, na consolidação das opções do Estado brasileiro por determinados
modelos nacionais de modernização e de industrialização para o país, representados
sobretudo pelos dois grandes centros urbanos da região sudeste: Rio de Janeiro e São Paulo.
Na síntese oferecida pelo antropólogo brasileiro Renato Ortiz “a indústria cultural adquire
a possibilidade de equacionar uma identidade nacional, mas reinterpretando-a em termos
mercadológicos: a idéia de nação “integrada” passa a representar a interligação dos
consumidores potenciais espalhados pelo território nacional. 11
No marco dessas tensões, a ascensão das identidades regionais e locais, injetando
múltiplas especificidades e cores locais ao evento de celebração da nacionalidade para
desdobrá-lo em múltiplos outros eventos de caráter local e regional, como possivelmente
não havia sido previsto no âmbito de uma intencionalidade midiática, se verifica à medida
em que 26,4% dos textos midiáticos sobre os 500 anos analisados, se enquadram na rubrica
Local, percentual pouco inferior aos 26,4% alcançados pelos textos de Opinião; e superior
às matérias que enquadramos como Cultura (24,1%); Nacional (18,6%) Internacional
(5,0%). As distintas apropriações de um modelo nacional de gestão midiática dos 500 anos
pelas culturas locais é atestado pelo desdobramento do Quinto Centenário em pelos 151
diferentes eventos ou episódios alusivos aos 500 anos dinamizados em 156 países, estados
e cidades que mereceram a cobertura das mídias analisadas entre 1997 e 2000.
No processo de produção de sentido dos 500 anos, foi, contudo, nos espaços de
Opinião dos jornais que se situaram majoritariamente as matérias midiáticas analisadas,
somando um percentual de 26,4%.
11
Entre as matérias de Opinião, lideraram aquelas
ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. P. 164.
8
caracterizadas como artigos assinados (7,9%) e colunas assinadas (7,9%), seguidos por
Leitor Livre e a Charge (1,0%).
Dentre os colunistas, encontram-se majoritariamente aqueles que assinaram as
chamadas colunas sociais, reafirmando a tendência à pulverização e ao mesmo tempo à
atribuição de um caráter folclórico e pitoresco ao evento de celebração da nacionalidade,
em que os colunistas sociais se encarregaram de ofertar, sobretudo, “pílulas” informativas
sobre as conformações e iniciativas em torno do Quinto Centenário oriundas de distintos
campos sociais, conforme o exemplo a seguir.
Há e-xa-tos 500 anos o Brasil estava sendo redescoberto – viva ele; e tanto se falou nessa
data que seria uma in-jus-ti-ça fazer vista grossa. Então se vista de verde e amarelo – nem
que seja só na alma – e passe o dia em casa, na frente da televisão, assistindo às inúmeras
comemorações que estarão acontecendo em Porto Seguro. E não se esqueça de que essa
festa foi feita com o meu, o seu, o nosso dinheiro – mais um motivo para participar dela.
[...] 12
As colunas assinadas e os artigos são igualmente o principal espaço de convocação,
pelas mídias, das “vozes intelectuais”, cujas presenças parecem ter reinstaurado, no campo
midiático contemporâneo, aquilo que, segundo a historiadora gaúcha Sandra Pesavento, foi,
a partir da Independência do Brasil, em 1822, incumbência do campo intelectual no país:
encontrar respostas à ambivalência e ambigüidade das questões identitárias básicas como
imperativo para a construção da nacionalidade ou de um projeto de nação. A principal delas
faz referência à recomposição do mito das origens, cuja mestiçagem é a metáfora definidora
por excelência de um Brasil que “já nasce como mestiço e cuja alma já vem marcada pela
cor”13.
No caso dos 500 anos, o mito fundador foi conduzido aos espaços de opinião dos
jornais para possibilitar que historiadores, sociólogos, antropólogos,
psicanalistas, escritores, etc.
filósofos,
oferecessem distintos posicionamentos em torno
especialmente de três questões identitárias básicas: as distintas temporalidades ou as lógicas
da inclusão/exclusão que configuram nossa comunidade nacional; as repercussões, nessas
lógicas, dos embates entre identidade nacional e multiculturalidade e seus desdobramentos
em torno de mitos como o da democracia racial ou o do brasileiro cordial e, por último, a
inserção do Brasil na sociedade global seja via as reflexões sobre a implicação das
12
LEÃO, Danusa. 500 anos no Rio Jornal do Brasil. 22 de abril de 2000. p. 73. (Caderno B).
PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalências e ambigüidades da identidade nacional. Ensaios FEE.
Porto Alegre, v. 20, nº 1 p. 125.
13
9
associações entre atraso e idéia de nação, seja via as denúncias das conseqüências da
renúncia a um projeto nacional e do consentimento de uma inserção desordenada do Brasil
em um mercado global e suas repercussões na manutenção das desigualdades sociais como
o único projeto viável de nação. É relevante, ainda, o papel desempenhado por alguns
intelectuais ao construírem leituras (inter) culturais das relações com outros países, como o
próprio Portugal, que, invariavelmente, têm sido reduzidas a uma dimensão econômica, via
sua presença, no caso, inclusive, dos 500 anos, nas editorias de economia.
Trechos de um dos artigos do historiador Décio Freitas, um dos colaboradores
regulares do jornal Zero Hora e um dos intelectuais “convocados” com mais freqüência
para falar sobre os 500 anos nas páginas de opinião do jornal, ilustram essa dinâmica. Com
a diferença de que a intensificação do processo de midiatização da vida social pareceu
justificar a convocação prioritária daqueles intelectuais mais familiarizados com as lógicas
midiáticas, como é caso do próprio Freitas, que, antes de se tornar colaborador regular de
Zero Hora, já acumulava larga experiência jornalística a partir de sua passagem por
diferentes veículos impressos no Brasil e no Uruguai.
Se o Brasil não deu certo, qual causa? Mal principiou o ritual de celebrações dos 500 anos
do Descobrimento, e já esta questão domina o debate. Parte-se da premissa, está visto, de
que o Brasil é um fracasso, o que se pode dar de barato para fins de discussão. O favorito
bode expiatório dos brasileiros, cultos ou incultos, é a Ibéria e, sobretudo, Portugal, de cujo
anacrônico legado cultural seríamos vítima[...] Mas não é na cultura ibérica que está a raiz
de nossas agruras e desventuras, como timbram em dizer lusofobia e anglofilia
reducionistas e simplificadoras. Botar só nos ibéricos a culpa de sermos país retardatário e
desumano permite nos auto-absolvermos dos próprios erros e maldades após 177 anos de
Independência do Brasil. 14
As funções atribuídas pela mídia ao campo intelectual, especialmente aqueles
oriundos do universo acadêmico, via sua pulverizada presença nos espaços de opinião,
sofrem um certo alargamento ao concorrerem com a multiplicidade de vozes de outros
tipos de produtores – sindicalistas, políticos, indígenas, bispos - que, juntamente com
profissionais do próprio campo midiático, compareceram igualmente aos jornais para
disputar a legitimidade de um pensamento sobre a nação e as identidades culturais.
Os espaços reservados ao leitor nos jornais analisados são indicativos igualmente do
predomínio de vozes oriundas dos campos educacionais, acadêmicos e intelectuais como
14
FREITAS, Décio. Quinhentos anos (I). Zero Hora. 30 de maio de 1999. p. 19.
10
falas autorizadas pela mídia impressa para analisar as múltiplas experiências identitárias
tematizadas pela agenda midiática no marco do Quinto Centenário, somando um total de
6,7% das matérias coletadas assinadas pelos chamados leitores livres
15
e não
institucionais16. Embora considerando os espaços do leitor como instâncias construídas
pelo jornal, cujo acesso é definido por suas políticas editoriais e atravessados pelas
interferências dos processos editoriais e discursivos do veículo, tal lógica, como destaca
Fausto Neto “não elimina os vestígios deixados pelo leitor na sua passagem pelos espaços
do jornal [...] transformando o jornal em terreno de luta” 17.
Em grande medida, uma das principais regularidades que demarcou tematicamente
as “vozes” dos leitores que acederam aos jornais é atravessada por um certo “nacionalismo
pessimista”, que define a nação pela soma de seus males e excessos, seja em oposição ao
“nacionalismo ornamental”, que exclui da nacionalidade o pobre, o mestiços, o negros ,
etc.18, seja relacionado, mais contemporaneamente, ao desencantamento com a política
institucional no âmbito do que Alain Touraine define como o “despolitização” da
experiência individual do Sujeito à medida em que a ordem política já não constitui o
fundamento da ordem social. Associada à própria crise do Estado nacional, a despolitização
é reconhecida, sobretudo, na crise de representatividade e de confiança nos partidos e
agentes políticos 19 Trechos de cartas de leitor ilustram tal perspectica
Com o prolongamento sombrio das comemorações dos 500 anos, o presidente nos brinda
com sua avaliação peculiar. Fazendo vista grossa para os conflitos, cuja resolução depende
essencialmente de quem ocupa o poder, culpa, agora, um sem terra pelos desmandos
nacionais, enviando um aviso lúgubre para aqueles que ousam contestar. E a questão agrária
que continue de lado” (A G. – São Paulo) 20
A organização da festa dos 500 anos do Brasil, em Porto Seguro, mostrou bem a cara deste governo
que está aí. Distanciado do povo, prepotente, usou o cenário do descobrimento para um encenação
21
ridícula, destinada apenas a convidados escolhidos.” [...] (M.A.D.M. – funcionário público)
A prioridade, contudo, dada às falas dos próprios especialistas do campo midiático
sustentou o caráter mercadológico que atravessou os processos de midiatização dos 500
15
Faz referência à presença do leitor para debater um tema proposto pelo jornal.
Leitores que comparecem ao espaço do jornal sem invocarem seus vínculos institucionais e/ou organizacionais.
17
FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999.
18
As distinções entre as diversas manifestações de nacionalismo cultural são retomadas por Teixeira Coelho em
Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras, 1997.
19
TOURAINE, Alain. ¿Podremos vivir juntos? Iguales y diferentes. Madrid: Editora PPC, 1997.
20
Folha de São Paulo, 07 de maio de 2000.
21
Zero Hora, 28 de abril de 2000, p. 2
16
11
anos, traduzidos pela dimensão de auto-referencialidade através da qual as mídias se
encarregaram de enaltecer publicamente sua performance de gestoras dos 500 anos via a
promoção de seus próprios produtos da grife 500 anos como, por exemplo, o lançamento
de “colecionáveis” sobre a história do Brasil, a promoção de espetáculos culturais e de
concursos. Ou, ainda, via o diálogo que a mídia impressa estabeleceu com outras mídias,
especialmente a televisão, para promoção de seus produtos e programação, em que alguns
dos jornais analisados fizeram referência à programação e aos produtos sobre os 500 anos
propostos e ofertados por outras mídias. Os próprios artistas, como a segunda principal
voz enfocada nos textos impressos analisados, reafirmaram igualmente o caráter
mercadológico que assumiu o processo de midiatização dos 500 anos ao mesmo tempo em
que serviram para reiterar um tipo de protagonismo midiático na gestão do evento.
A prioridade dada, contudo, pelos jornais impressos, às vozes governamentais,
especialmente em âmbito federal, demarcou, por um lado, a dependência, por parte da
mídia, das fontes governamentais e, por outro lado, a presença de alguns dos múltiplos 500
anos governamentais, dos quais o caráter de “oficialidade” dessa presença se converteu no
valor-notícia privilegiado no conjunto das mídias.
Os diferentes protagonismos e intencionalidades governamentais
; as distintas
circunscrições dos discursos governamentais aos âmbitos federais, estaduais e/ou
municipais governamentais ou mesmo internacionais (em relação ao governo de Portugal,
por exemplo), a habilidade e potencial governamentais de intervenção no campo midiático,
os entrelaçamentos, alianças e disputas entre discursos governamentais e midiáticos foram
sendo construídos via a enunciação, pelas mídias estudadas, de uma polifonia de vozes
governamentais. Enquanto os discursos do governo federal se pautaram, em grande medida,
por um tom ufanista e conciliatório, o governo do estado do Rio Grande do Sul, de perfil de
esquerda, se alinhou aos contradiscursos chamados Outros 500, impulsionado pela ação de
movimentos sociais, igrejas, sindicatos, organizações não governamentais que assumiram
uma postura de oposição frente ao protagonismo dos campos governamentais e midiático
na gestão do evento.
A exemplo das demais iniciativas que, sob a rubrica Outros 500, foram dinamizadas
em âmbito nacional a partir da parceria entre sindicatos, Igrejas, organizações indígenas e
negras, ONGs, a do governo do Estado do Rio Grande do Sul não escapou, contudo, às
12
lógicas de invisibilidade que têm pautado a presença de movimentos sociais no cenário
midiático contemporâneo, somando 3,1% das matérias publicadas nos três anos nos nove
jornais estudados, e justificando, em grande medida, o deslocamento desse debate para
contexto de listas de discussão e sites da Internet.
Quando visibilizadas, as iniciativas empreendidas por movimentos e atores sociais
deixaram de assumir prioritariamente um enquadramento de ação organizada para serem
capturadas e significadas como ações pontuais, pulverizadas, pitorescas e estereotipadas e
não raramente isoladas e identificadas com radicalismos e violência.
Se, por um lado, tais modos das mídias operarem para o esvaziamento do caráter
organizativo e mobilizador de ações e projetos oriundos dos movimentos sociais revelaram
modos estratégicos e táticos desses movimentos lidarem com os meios de comunicação nas
negociações de suas agendas no marco dos 500 anos, por outro lado, mesmo submetidos a
esses enquadramentos, movimentos e atores sociais não deixaram de se incumbir da
desestabilização e, em certo sentido, ruptura de uma temporalidade e de um modelo
definidores das comemorações do Quinto Centenário instituída pelas mídias, pluralizando o
universo de significações acerca dos 500 anos. Os conflitos envolvendo respresentantes do
governo, movimentos sociais e aparato policial durante as comemorações oficiais e a Missa
em Porto Seguro, ocorridos na Bahia, em abril de 2000, são episódios exemplares dessa
pluralização.
Nesse cenário de disputa simbólica no campo midiático, parecem ter emergir com
maior relevância as culturas indígenas, cujo percentual de presença em 13,6% dos textos
midiáticos analisados as coloca como uma das principais protagonistas do Quinto
Centenário, como resultado dos usos estratégicos que as próprias organizações indígenas
deram aos seus referentes culturais com vistas a interagirem e negociarem com o campo
midiático.
A polissemia que marcou a enunciação das culturas indígenas pelos jornais
comportou desde a visão mítica e romântica dos indígenas associadas a um revigoramento
do mito do bom selvagem, passando pela oposição e dualidade histórica índios versus
brancos, até a presença dos índios como atores sociais contemporâneos, ainda que via
representações eminentemente policialescas que envolveram os conflitos em torno das
demarcações de terra ou, ainda, de um protagonismo indígena tensionador de uma agenda
13
oficial das comemorações e de um caráter de previsibilidade do evento, que culminou nos
conflitos de Porto Seguro. Os índios foram conduzidos ao espaço da mídia, ainda, via a
construção de perfis humanizados através de entrevistas que buscaram compreender seus
protagonismos nas comemorações oficiais do Quinto Centenário. 22
Ao lado de um protagonismo índigena e relacionado a ele, observa-se o papel
coadjuvante alcançado negros e afro-brasileiros no universo midiático, que apareceram em
3,1% dos textos sobre os 500 anos, atrás inclusive do movimento dos sem terra, que alcança
um percentual de 4,2%.
Associada
a essa invisibilidade quantitativa, desde uma as
culturas negras foram submetidas principalmente a enquadramentos historiográficos ligados
a um passado escravista em detrimento da contemporaneidade de suas demandas,
reivindicações e iniciativas.
Ao tematizar tão perifericamente as questões negras e afro-brasileiras e priorizar
uma agenda indigenista, o campo midiático não deixou de consentir com um de nossos
primordiais emblemas identitários: o do Brasil como o país da democracia racial, traduzido
por nossa incomparável experiência de vivenciar uma multiculturalidade desprovida de
conflitos, conforme sintetizou, em seu discurso de abertura do Quinto Centenário, o
presidente Fernando Henrique Cardoso, reproduzido na parte inicial desse artigo, ao se
referir à “capacidade integradora da civilização que fundamos.”
Em grande medida, é possível dizer que, via os modos em que se construíram as
(in) visibilidades dos Outros 500 no campo midiático, ou seja, à medida em que as mídias,
em negociação com as demandas dos atores sociais, operaram para colocar ou não em
relação os diferentes sujeitos e suas posições identitárias (etnias, classe social, gênero,
religiões, etc.), os receptores foram interpelados em torno de duas agendas:
a da
reafirmação de um sujeito nacional homogêneo e a da possibilidade da comunicação
intercultural através da configuração de um espaço de multiculturalidade na sociedade
brasileira para além do mito da democracia racial.
Ainda na perspectiva das identidades culturais, os textos analisados propuseram
“modos de narrar” nossas distintas experiências identítárias, reatualizando alguns de nossos
principais emblemas identitários. A liderança de matérias que propõem sentidos em torno
22
Sobre o perfil humanizado como um dos subgêneros da entrevista denominado de compreensão-aprofundamento, ver
MEDINA, Cremilda. Entrevista – o diálogo possível. 2ª edição. São Paulo: Ática, 1990. p. 16.
14
da noção de Cultura nacional como patrimônio histórico (18,4%) , agregada o lugar do
museu como voz privilegiada, dentre um conjunto de falas institucionais focalizadas nos
textos midiáticos
23
, foram indicativos de um dos modos das mídias proporem a
compreensão do nacionalismo e da própria experiência cultural e das identidades como
constantes, imutáveis e perenes, passíveis de serem preservadas e restauradas, seja via a
valorização de bens imóveis como prédios e monumentos históricos, seja via se
hierarquização dos modos culturais populares de caráter étnico, religioso, etc. como
valores-notícias. 24
O lugar privilegiado do Patrimônio Histórico na hierarquia midiática contribuiu para
revigorar a vigência do Primeiro Mundo como alteridade e um “voltar as costas para a
identidade nacional e ter a Europa como marco identitário” como um dos emblemas que
preside a constituição de nossa identidade nacional.25 Tal ênfase no patrimônio histórico foi
tributária, ainda, da repercussão das mídias de modos governamentais de gerir os 500 anos,
uma vez que uma concepção de patrimônio histórico pautou, em grande medida, a gestão
“oficial” das comemorações dos 500 anos especialmente por parte da agenda do governo
federal.
Experiência identitária contemporânea que irrompeu apenas na etapa final do
agendamento, especialmente nos episódios envolvendo governo, polícia e movimentos
sociais durante as comemorações oficiais de 22 de abril, em Porto Seguro, na Bahia, a
violência reafirmou, no âmbito dos 500 anos, a relativização de um modelo de gestão
proposto pelo campo midiático via as injunções de outros campos sociais e ao mesmo
tempo o protagonismo do próprio campo midiático como o principal ator contemporâneo
na produção de sentido sobre tal experiência.
Da perspectiva de um cruzamento entre essas narrativas identitárias, o “Brasil
global e as redefinições de seus vínculos históricos com nações e territórios” foi uma das
23
Os museus aparecem em primeiro lugar como as vozes institucionais enunciadas pelas mídias, com maior percentual
que instituições como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e os partidos políticos.
24
COELHO, Teixeira. Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Fapesp, Iluminuras, 1997.
25
PESAVENTO, Sandra Jatahy. A cor da alma: ambivalência e ambigüidades da identidade nacional. Véspera dos
500 Anos. Ensaios FEE. Porto Alegre, v. 20, no. 39, 1999. P.124-133.
15
narrativas com menor incidência nas mídias analisadas, não raramente confinada às
editorias de economia em que o cultural aparece reduzido ao econômico.
Assim, a mídia nos interpelou para reiterar que nossa inserção simbólica na
sociedade global segue seja reduzida ao econômico seja visibilizada via nossa experiência
como nação violenta através do crescimento da criminalidade urbana e/ou da exclusão
econômica e cultural de nossos Outros internos, essa última como dimensão presente em
5,8% dos texto midiáticos. Duas narrativas que, reveladoras de nossa conflitiva experiência
de construção de uma sociedade multicultural, nos coloca contemporaneamente em uma
peculiar relação com o Outro “estrangeiro”, conforme a síntese oferecida por matéria
publicada pela Folha de São Paulo após os episódios ocorridos em Porto Seguro.
A comemoração dos 500 anos do Descobrimento chamou a atenção em todo o mundo não
pelos festejos, mas pela violência da repressão aos protestos. A agência de notícias
“Reuters”, com reportagem publicada pela edição de domingo do jornal “The New York
Times”, destaca a ação da PM baiana para reprimir os protestos, com o uso de bombas de
gás lacrimogênio e de efeito moral”. Publicada na mesma edição, reportagem da agência
“Associated Press” diz que procuradores federais investigarão os métodos utilizados pela
polícia para reprimir o protesto indígena, como “cassetetes, gás lacrimogênio e balas de
borracha”. O jornal francês “Le Monde” fala que “a celebração de 500 anos do Brasil foi
marcada pela repressão policial contra índios, negros, sem-terra e simpatizantes da
esquerda. Já o “Libération” trazia ontem em sua versão eletrônica o título “500 anos de
Brasil: índios e sem-terra sem convite para a festa. Com a reportagem “Os índios do Brasil
boicotam comemorações do Quinto Centenário”, a edição de domingo do jornal espanhol
“El País” conta que “os índios aproveitaram a celebração para denunciar a violência a
questão submetidos”. A edição dessa semana da revista britânica “The Economist” traz o
artigo “A batalha não-terminada do Brasil pela democracia racial” . Segundo o texto,
“enquanto o Brasil marca os 500 anos de seu descobrimento pelos europeus, a maioria de
seus cidadãos negros e mulatos ainda precisa vencer o legado do colonialismo. Sobre os
índios, a revista diz que “eles estão marcando os 500 anos de seu ‘descobrimento’ com
protestos. Eles têm muito contra o que protestar, especialmente contra a violência que eles
sofreram nas mãos de fazendeiros, de garimpeiros e da polícia.” 26
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difusión del nacionalismo. Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1997.
2. COELHO, Teixeira. Dicionário de Política Cultural. São Paulo: Fapesp, Iluminuras,
1997.
26
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16
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