Minuto da Pesquisa CDL - Departamento de Letras da PUC-Rio
Transcrição
Minuto da Pesquisa CDL - Departamento de Letras da PUC-Rio
Minuto da Pesquisa: resumos dos alunos do PPGEL Linha 1-Descrição do Português, Ensino e Tecnologia De Varrão ao Google: um estudo sobre tagsets e classes gramaticais Aluna: Luiza Frizzo Orientador: Maria Cláudia de Freitas Na área de processamento de linguagem natural, a anotação de POS (part-of-speech), que consiste na adição de etiquetas referentes à classe gramatical das palavras, é uma das formas mais básicas de adicionar informações linguísticas a um corpus, sendo frequentemente essencial e a primeira etapa de processos mais complexos. O conjunto das etiquetas utilizadas na anotação de um corpus é chamado de tagset. Existem inúmeros tagsets diferentes, desenvolvidos para diversas línguas – e uma mesma língua pode contar com diferentes tagsets, desenvolvidos por diferentes sistemas ou grupos. No entanto, estudos linguísticos que investiguem diferentes tagsest, comparando-os e/ou investigando seu impacto em tarefas subsequentes, são raros e, com relação à língua portuguesa, inexistentes. Uma das exigências que dificulta a realização desses estudos é a existência de materiais comparáveis — um mesmo corpus anotado com diferentes tagsests, e corpora distintos anotados com o mesmo tagset —, todos em versões “golden”, isto é, verificados por humanos. O objetivo desta dissertação é realizar esse tipo de estudo, e para tanto estamos criando um cenário com as características mencionadas: um mesmo corpus (Macmorpho (Aluísio et al, 2003) com 1.1 milhão de palavras, de amplo uso no PLN brasileiro), alinhadocom diferentes tagsets, dando especial atenção à proposta de tagset “universal” (criado e aplicado tendo em vista corpora de diferentes línguas) elaborada por Petrov, Das & McDonald(2011), do Google Research Lab. O tagset do Macmorpho é mais granular que o do Google, com diferenças que não são facilmente contornáveis com um alinhamento automático e que fazem da tarefa de alinhamento uma fonte de desafios linguísticos interessantes para a descrição da língua portuguesa. O principal deles diz respeito à categoria “particípio”, presente no tagset do Macmorpho e sem equivalência direta no Universal. Referências bibliográficas Aluísio, S., Pelizzoni, J., Marchi, A.R., de Oliveira, L., Manenti, R., Marquiafável, V. 2003. An account of the challenge of tagging a reference corpus for brazilian portuguese. In: Proceedings of the 6th International Conference on Computational Processing of the Portuguese Language. PROPOR (2003). Petrov, Slav, Dipanjan Das, and Ryan McDonald. A universal part-of-speech tagset. arXiv preprint arXiv:1104.2086 (2011). Na boca do povo: consultas e conselhos de ouvintes radiofônicos em português do Brasil e inglês dos Estados Unidos Aluna: Luciana Azevedo Camara Orientadora: Rosa Marina de Brito Meyer A pesquisa pretende analisar comparativamente dois quadros de aconselhamento que são transmitidos dentro de programas de rádio do Rio de Janeiro e de Nova Iorque: Palavra Amiga e Advice Roulette, respectivamente. Os quadros estudados são espaços para que, segundo a mediação do apresentador de cada programa, ouvintes solicitem conselhos sobre temas diversos e sejam, por sua vez, aconselhados por outros ouvintes. O principal objetivo desta investigação é delinear como, nos contextos citados, os atos de aconselhamento (Austin, 1962 e Searle, 1969) são construídos atentando principalmente para as particularidades socioculturais e interacionais que permeiam os discursos ali produzidos. Para tanto, nos pautamos majoritariamente na modelo de categorização de culturas de Lewis (1991) e buscamos atestar para a acuidade ou desvios dessa proposta, com o intuito de contribuir para um ensino de português como segunda língua com base na premissa de que o código linguístico não pode ser dissociado da cultura e vice-versa. As transcrições livres de um exemplar de cada quadro foram analisadas tendo como categorias de análise os atributos propostos Lewis (1991) para as culturas ativo-lineares (Estados Unidos) e multiativas (Brasil). Os resultados parciais apontam para uma comprovação da prolixidade brasileira e do pragmatismo norte-americano, dentre outros aspectos. Entretanto, pontos de convergência não apontados pelo autor também se fazem presentes como, por exemplo, o fato dos dois apresentadores co-atuarem na construção do ato de aconselhamento sendo que tal função não lhes cabe originalmente, mas é esperada do brasileiro (discurso circular com alto envolvimento) e não do americano (discurso linear com baixo envolvimento). A pesquisa ainda está em desenvolvimento e um aprofundamento tanto do aporte teórico quanto das categorias de análise se faz necessário. Coletivismo e individualismo do brasileiro e do americano: um estudo cultural com aplicação ao ensino de PL2E Aluna: Veronica Afonso Orientadora: Rosa Marina de Brito Meyer Ao observamos as culturas americana e brasileira, constatamos peculiaridades que diferenciam ambas como normas, crenças, valores, comportamentos, costumes e visão de mundo. Em estudos recentes de Hofestede (2010), a cultura americana é apontada como aquela em que as pessoas estão mais preocupadas com elas mesmas e seus familiares bem próximos, ou seja, os pais e os filhos. Elas têm uma tendência a serem mais individualistas e a pensarem nas necessidades da família direta, que é um pequeno grupo. Isso significa dizer, por exemplo, que os objetos numa casa ou os serviços a serem feitos não são, no geral, compartilhados. Cada membro da família tem os seus objetos e suas atribuições dentro de casa. Além disso, os adolescentes preocupam-se com a independência e saem da casa dos pais muito jovens. As culturas individualistas também prezam pelas amizades já pré-determinadas, pela socialização em casa com os amigos íntimos, mas na rua com colegas de trabalho, pela expressão das próprias opiniões, etc. Por outro lado, a cultura brasileira apresenta fortes traços de uma cultura coletivista em que os indivíduos de uma família são aqueles além dos parentes diretos, incluindo os tios, primos, avôs, o amigo muito próximo do filho, a empregada doméstica, a nora, etc. Além disso, pessoas de cultura coletivista compartilham bens e serviços, são mais abertos a novas amizades, preferem manter a harmonia do que expressar as opiniões, encontram-se com os amigos mais em casa do que em público, entre outros. É interessante pensar, porém, que muitos americanos e brasileiros não se englobam dentro das culturas individualista e coletivista, respectivamente. O escopo deste trabalho, é, portanto, comparar e analisar ambas as culturas e, dessa forma, verificar em que circunstâncias o americano se comporta de forma mais coletivista; e em que situações o brasileiro seria mais individualista. Para a nossa análise, utilizamos questionários em que tanto os americanos quanto os brasileiros participantes comentarão qual comportamento ou ação teriam em determinadas circunstâncias. Esses participantes são jovens entre 18 e 25 anos de ambas as nacionalidades que conhecem pouco sobre a outra nacionalidade, justamente para que não haja interferência nas respostas. O questionário e a análise de dados serão baseados nos estudos de Hofestede (2010) e Roberto DaMatta (1997). Linha 2 - Língua e Cognição: Representação, Processamento e Aquisição da Linguagem A sintaxe de Libras: estudo experimental Aluno: Isaac Gomes M. de Souza Orientadora: Cilene Aparecida Nunes Rodrigues Pouco se conhece sobre a estrutura sintática de estruturas coordenadas em Libras. Nosso objetivo é fazer um estudo do comportamento sintático e semântico dessas estruturas em comparação com outras línguas de sinais e orais. Para tal, faremos uso de metodologia experimental, com base na psicolinguística, para obtenção de dados empíricos. Em ASL - American Sign Language, a coordenação pode ser realizada por COORD-L ou COORD-shift. O primeiro consiste em pontuar sucessivamente cada elemento coordenado nos dedos da mão passiva. A COORD-shift incide no deslocamento ligeiro da direcionalidade do corpo, incluindo cabeça, tronco e olhos, distribuindo em pontos distintos do espaço os termos coordenados. Há, também, línguas de sinais, como a HKSL Hong Kong Sign Language, que adotam sinais manuais para elementos coordenadores. Libras parece não especificar nenhum item lexical ou funcional para coordenação. No concerne a estrutura sintática, há pesquisas que indicam possível violação de CSC (Coordinate Structure Constaint – Restrição de estrutura coordenada, entendida como sendo universal) em ASL e HKSL. Restrições dessa natureza serão verificadas em Libras vis-à-viz estudo comparativo, procurando compreender melhor as características sintáticas e semântica dessas estruturas. Uma vez que a amostra de nativos em Libras, surdos filhos de pais surdos (SFPS), é restrita. Nossa pesquisa iniciou-se com um teste independente de julgamento de gramaticalidade para averiguar se é possível ampliar a amostra, incluindo também surdos filhos de pais não-surdos (SFPnS). Nesse teste, consideramos questões de concordância verbal (reversa e regular). 32 sentenças-alvo e 32 distratoras, apresentadas em vídeos gravados por um nativo e exibidas aleatoriamente, foram julgadas usando escala de 1 a 5. Vinte SFPS e vinte SFPnS participaram do experimento. Nessa apresentação, discutiremos os resultados. O processamento da concordância em estruturas predicativas em Português Brasileiro (P.B) Aluna: Débora Ribeiro de Almeida Orientadora: Erica dos Santos Rodrigues Neste trabalho apresentaremos resultados de pesquisa de mestrado sobre a computação da informação de gênero e número no processamento da concordância em estruturas predicativas na produção e compreensão de sentenças. O objetivo da pesquisa é investigar se os traços de gênero e número em estruturas predicativas são computados de modo independente e a interferência de fatores semânticos e morfológicos nesse processamento. As estruturas investigadas são DPs complexos, na posição de sujeito, seguidos de verbo de ligação + particípio (O telhado das casas + estar/ficar + quebrado). No estudo, consideram-se resultados de pesquisas em produção com falantes de espanhol (IGOA, 1999; MENDEZ, NICOL e GARRET, 2002) que revelaram que gênero e número são computados de forma independente nesse tipo de estrutura e que a computação de número no verbo e no predicativo constituiria um processo único. Apresentaremos os resultados de um dos experimentos previstos na tese, o experimento de produção induzida de lapsos. Nesse estudo, foram tomadas como variáveis independentes a distributividade do DP sujeito e o gênero do N1, e a variável dependente foi o número e o tipo de lapsos produzidos. A partir resultados de uma análise de variância (ANOVA), percebeu-se o efeito principal das variáveis gênero (F(1,17) =20,7 p=0,000285), distributividade (F(1,17) = 56,7 p=0,000001) e o efeito de interação entre estas variáveis (F(1,17) = 8,77 p=0,008749). A maior incidência de erros com sintagmas distributivos (66% dos erros), um fator semântico, licenciou discussões acerca da autonomia do formulador sintático, e a maior incidência de erros com N1 feminino (46% dos erros) fundamentou discussões que vão além de uma possível dissociação dos traços de gênero e número. Discute-se também o papel da marcação morfológica, uma vez que os falantes, nos erros de gênero, tendem a empregar a forma não marcada (masculino), como em A estante dos livros estava necado. Gramáticas múltiplas ou uma gramática com variação? Uma investigação experimental da concordância de número na aquisição do Português Brasileiro Aluna: Ana Paula da Silva Passos Jakubów Orientadora: Letícia Maria Sicuro Corrêa Nesta pesquisa, investiga-se o processo de aquisição de linguagem pela criança que convive com variantes distintas da concordância verbal e nominal do português brasileiro (PB) falado no Rio de Janeiro como em: Os meninos foram e Os menino foi. Uma revisão da literatura é apresentada, com foco na distinção entre os conceitos de gramáticas múltiplas e de variação. Enquanto Kroch (1994), Roeper (1999) e Yang (2002) sugerem gramáticas múltiplas, outros defendem a hipótese de que há apenas uma gramática com variação (Henry (1998), Adger (2006), Nevins & Parrott (2010), Barbiers (2014)). O locus da variação estaria no núcleo de categorias funcionais ou nos traços de labels de categorias funcionais respectivamente. Compatibilizando essas teorias com o modelo de aquisição procedimental de Corrêa (2009), pretende-se investigar, experimentalmente, a sensibilidade de crianças a partir de 2 anos à variação no PB, com relação à concordância de número no DP e entre sujeito e verbo e o quanto de opcionalidade há em sua produção. Avalia-se em que medida as variantes decorrem de léxicos distintos, como no bilinguismo ou de realizações distintas no nível da forma fonética. Resultados anteriores Corrêa et al. 2004 e 2009 sugerem que crianças que adquirem o PB tendem a identificar a marca de concordância de número no determinante, sendo a marca redundante no nome não tomada como distintiva, ao contrário de crianças que adquirem o PE, as quais, ainda que mais sensíveis à marca de concordância no determinante, preferem o DP com marcas redundantes de número à forma não padrão. O design de um experimento de julgamento de aceitabilidade e produção induzida será apresentado. Referências: ADGER, D. Combinatorial Variability. Journal of Linguistics 42, pp 503-530. 2006. BARBIERS, S. Syntactic doubling and deletion as a source of variation. In M. C. Picallo (Ed.), Linguistic Variation in the Minimalist Framework. Oxford: Oxford University Press.). 2014. CHOMSKY, Noam. The Minimalist Program. Current Studies in Linguistics, Cambridge, Massachusetts: MIT, 1995. CASTRO, A. ; CORRÊA, L. M. S. ; AUGUSTO, M. R. A. ; FERRARI NETO, J. . The interpretation of the number morphology in Portuguese. In: Théorie syntaxique et acquisition (a)typique du langage: journée scientifique en hommage a Celia Jakubowicz, 2009, Paris. Théorie syntaxique et acquisition (a)typique du langage: journée scientifique en hommage a Celia Jakubowicz, 2009. CORRÊA, L. M. S. A identificação de traços formais do léxico pela criança numa perspectiva psicolingüística. Organon (UFRGS), v.23, p.71 - 94. 2009. CORRÊA, L. M. S.; AUGUSTO, M. R. A.; FERRARI-NETO, J. O processamento de informação de interface na aquisição de gênero e de número no português brasileiro. Letras de Hoje, 39. P.123-137. 2004 HENRY, 1998. Dialect Variation, Optionality, and the Learnability Guarantee. Linguistica Atlantica 20. p. 51-71. 1998. KROCH, A. 1994. Morphosyntactic variation. In K. Beals et. al., ed., Papers from the 30th Regional Meeting of the Chicago Linguistics Society, Chicago Lingistics Society. 1994. NEVINS, A.; PARROT, J. K. Variable rules meet Impoverishment theory: Patterns of agreement leveling in English varieties. Lingua 120, p. 1135–1159, 2010. ROEPER, T. Universal Bilingualism. Bilingualism: Language and Cognition 2. 169-186. 1999. YANG, C. Knowledge and Learning in Natural Language. Oxford Linguistics. 2002. Aquisição e desenvolvimento de sentenças passivas: da percepção do infante ao processamento adulto Aluno: João Claudio de Lima Júnior Orientadora: Letícia Maria Sicuro Corrêa A pesquisa em questão tem como tema a aquisição e o desenvolvimento de sentenças passivas, da percepção do infante ao processamento adulto, e se insere nas linhas de pesquisa do LAPAL. Um modelo procedimental de aquisição de passivas é proposto com base em uma teoria psicolinguística de aquisição da linguagem (cf. CORRÊA, 2009) que promove a aproximação entre o conceito minimalista de língua (cf. CHOMSKY, 1995; trabalho subsequente) e teorias de bootstrapping fonológico (cf. MORGAN e DEMUTH, 1996). No centro deste modelo, está uma espécie de algoritmo que visa a plasmar como se daria o desenvolvimento do conhecimento acerca das sentenças passivas partindo-se da análise das regularidades do material fônico, do qual bebês são capazes de extrair o conhecimento acerca de itens funcionais de sua língua (CORRÊA, 2009; referências aí contidas) até o momento em que crianças são capazes de lidar com o alto custo de se processar sentenças passivas. A tese problematiza também as dificuldades que as crianças até cinco anos possuem para compreender passivas reversíveis (cf. MARATSOS et al., 1979; 1985), por exemplo: o João beijou o Pedro. A caracterização dessa dificuldade se segue das previsões do Modelo Integrado da Computação online (cf. CORRÊA e AUGUSTO, 2007; 2011) tomando-se dois pontos centrais: (i) questões próprias à metodologia experimental no que respeita à falta de adequação pragmática para o uso de passivas; e (ii) condições especiais de processamento. Mais especificamente nesta apresentação, discute-se a relevância de traços formais de caráter intencional para a aquisição, compreensão e produção de passivas. Argumenta-se que a proposição de uma interface intencional capaz de mediar a relação entre a faculdade da linguagem (no seu sentido estrito) com os outros domínios da cognição, incluindo um domínio conceptual, é fundamental para que se mantenha a independência entre os domínios sintático e semântico. Sensibilidade à informação de interface acerca da estrutura do núcleo recursivo complementizador no curso inicial da aquisição do PB Aluna: Sabrina Anacleto Teixeira Orientadora: Letícia Maria Sicuro Corrêa Nesse estudo, investigamos como os bebês percebem, na interface fônica da língua, informações relevantes para a identificação de núcleos funcionais recursivos e como a informação sintática contribui para a especificação dos mesmos. Verificamos em que medida os infantes reconhecem a presença/ausência de uma estrutura recursiva, diante da presença do elemento funcional recursivo, o complementizador ‘que’. A perspectiva teórica busca conciliar um modelo psicolinguístico de aquisição da linguagem – Bootstrapping Fonológico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997) – e o modelo de língua apresentado no Programa Minimalista (CHOMSKY, 1995; 1999). Tal conciliação é possível, pois o modelo linguístico prevê a interface da língua com os sistemas de desempenho e focaliza o fato de que toda a informação gramaticalmente relevante deve estar acessível ao aparato cognitivo que processa a língua e de que esta se constitui em função das limitações impostas por aquele. Investigamos a sensibilidade de crianças de 12 meses à estrutura das completivas. Nossa hipótese é que a criança é sensível à presença do complementizador “que” e a estrutura das completivas, a criança estranharia a sentença sem VP, mas não necessariamente a sentença sem complementizador. Utilizamos a técnica do Olhar Preferencial. As crianças ouvem três tipos de estruturas: sentenças gramaticais com completivas; sentenças completivas com omissão do complementizador (possível nas línguas, gramatical em inglês, mas não no PB) e sentenças agramaticais sem o VP da completiva. Busca-se verificar se a criança com 12 meses aceita as formas universais de subordinação ou se já ajustou parâmetros relativos à forma das completivas. Os resultados preliminares indicam que as crianças ouvem mais tempo as sentenças agramaticais, mas não há uma diferença entre os tempos das sentenças gramaticais e as sem complementizador. O que sugere que as crianças rejeitam as completivas agramaticais em qualquer língua, mas aceitam as opções que são possíveis nas línguas. Linha 3- Linguagem, Sentido e Tradução Mary Poppins: um estudo de caso na literatura infantojuvenil traduzida Aluna: Analice Kanto Orientadora: Márcia do Amaral Peixoto Martins Inúmeras obras literárias chegam às crianças e aos jovens na forma de traduções, embora investigações acadêmicas voltadas para a tradução da literatura infantojuvenil ainda sejam relativamente escassas no contexto mundial e nacional. É um paradoxo descobrir que uma área de intensa atividade tradutória, munida de um vasto campo de pesquisa, seja relegada a um plano secundário dentro dos Estudos da Tradução. Assim, minha dissertação visa contribuir para as pesquisas em literatura infantojuvenil traduzida, buscando investigar as dificuldades e soluções encontradas pelos tradutores, levando em consideração que as características específicas dos livros para crianças e jovens geram exigências tradutórias diferentes daquelas da literatura em geral. A fim de limitar o escopo da pesquisa, faço um estudo de caso de duas traduções brasileiras do livro em inglês Mary Poppins de P. L. Travers, de 1934. A primeira tradução é de Donatello Grieco, de 1967, e a segunda, de Joca Reiners Terron, de 2014. De forma breve, também analiso a adaptação feita pela Disney com base no filme de 1964. As dificuldades tradutórias analisadas incluem: divisão em capítulos e parágrafos, pontuação, nomes próprios, uso de regionalismos, questões de gênero, situações pedagógicas, explicitação de ideias, bem como ilustrações e legendas. A partir desse estudo, busco elaborar suposições sobre as normas tradutórias da literatura infantojuvenil brasileira ao longo do tempo, bem como analisar as consequências das decisões tradutórias para o leitor e a cultura meta. Para tanto, meu aporte teórico é a visão polissistêmica de Itamar Even-Zohar e os Estudos Descritivos da Tradução, conforme formulados por Gideon Toury, bem como os conceitos de domesticação, estrangeirização e invisibilidade tradutória de Lawrence Venuti. Além disso, visando esclarecer questões relacionadas à literatura infantojuvenil, a dissertação se apoia em vários estudiosos da área, como Cecília Meireles, Peter Hunt, Eliana Yunes, Gillian Lathey, João Azenha, Zohar Shavit, entre outros. A Formação de Intérpretes no Brasil Aluna: Denise de Vasconcelos Araujo Orientadora: Márcia do Amaral Peixoto Martins Esta dissertação tem como tema a formação de intérpretes de conferência no Brasil. O primeiro objetivo da pesquisa foi mapear o cenário diverso de formação de intérpretes de conferência de línguas orais-auditivas e em segundo lugar comparar o currículo e as práticas dos cursos de formação com as melhores práticas de formação de intérpretes recomendadas pela Associação Internacional de Intérpretes de Conferência (AIIC). A fundamentação teórica descreve algumas diferenças entre a perspectiva positivista e a socioconstrutivista aplicada à formação de tradutores, baseadas no pensamento de Don Kiraly, abordado em seu livro, A Social Constructivist approach to translator education (2000). A partir das contribuições de Rosemary Arrojo em seu artigo “O ensino da tradução e seus limites: por uma abordagem menos ilusória” (1988) se estabeleceu um diálogo entre o pós-estruturalismo e socioconstrutivismo, aplicado à formação de tradutores e intérpretes. Uma das bases deste trabalho é que o entendimento dos responsáveis pelos cursos do que seja interpretação determina o currículo, a abordagem pedagógica e a composição do corpo docente. Da mesma maneira acreditamos que a perspectiva profissional durante a formação possua ligação com o empoderamento do aluno e com a responsabilidade que este precisa ter sobre o trabalho que vai realizar. A dissertação inclui um breve panorama histórico da formação de intérpretes no Brasil e no mundo e também as melhores práticas de formação de intérpretes recomendadas pela AIIC e pelo AIIC Training Committee. O mapeamento foi feito por meio de uma pesquisa descritiva com obtenção de dados qualitativos e quantitativos. Dezesseis cursos foram convidados a participar da pesquisa e tivemos dez respondentes: três cursos de pós-graduação, três de graduação, um sequencial e três cursos livres. O processo de análise de dados está em andamento e os resultados parciais serão concluídos até dezembro de 2015. A tradução de diálogos em obras literárias: ampliando os limites da verossimilhança Aluna: Débora Landsberg Orientador: Paulo Henriques Britto As línguas inglesa e portuguesa lidam de modos diferentes com a oralidade em obras literárias. A língua inglesa é muito mais aberta a romper as regras da gramática normativa. No Brasil, os gramáticos lutam contra a “deterioração” da língua portuguesa. Assim, até a década de 1970, segundo John Milton (2002), os diálogos de romances clássicos eram normatizados quando traduzidos para o português brasileiro, apesar das fortes marcas de oralidade ou variantes dialetais no texto-fonte. Já nas últimas décadas, com a ampliação das pesquisas na área da sociolinguística e o aumento da publicação de gramáticas descritivas, o mercado editorial vem admitindo o fato de que vivemos uma espécie de diglossia. O linguista Marcos Bagno (2015) propõe que o termo “norma culta” seja substituído por “norma-padrão”, dado que nem as camadas cultas da sociedade falam de acordo com o prescrito nas gramáticas normativas. No entanto, os limites das falas postas no papel, em forma de literatura, ainda não são claros. O “efeito de verossimilhança”, termo utilizado por Paulo Henriques Britto no livro A tradução literária (2012) para distinguir o que ocorre na fala na vida real do que buscamos ao escrever a fala de um personagem em uma obra literária, nos dá uma diretriz: o objetivo do tradutor seria inserir marcas de oralidade nos diálogos para tornálos factíveis sem transgredir excessivamente as regras da linguagem escrita. Após comprovarmos o pressuposto de que o mercado editorial de hoje tende a aceitar diálogos ficcionais mais realistas, verificaremos quais são as marcas de oralidade do português falado culto e proporemos novas marcas com base em estudos da língua falada realizados por sociolinguistas, como os editados na coleção “Gramática do Português Falado”, da Editora da Unicamp, a fim de estabelecermos critérios que possam ser adotados na tradução de diálogos em obras literárias. Linha 4- Discurso, Práticas Cotidianas e Profissionais Por um sentir crítico: a avaliatividade no entendimento de atravessamentos identitários na sala de aula de língua inglesa Aluna: Thais Regina Santos Borges Orientadora: Adriana Nogueira Accioly Nóbrega O entendimento da sala de aula de língua estrangeira como um lugar de dissenso (MOITA LOPES, 2006, 2013; SOUZA, 2011) nos permite percebê-la como um ambiente em que práticas sociais e discursivas (FAIRCLOUGH, 2001) constroem pontos de pertencimento temporário (HALL, 2000) das práticas identitárias tanto de professores como de alunos. Sendo a matéria prima da prática do ensino/aprendizagem de língua estrangeira a linguagem em si, temos nessa prática o subsídio perfeito para o desenvolvimento de um sentir crítico, pautado no entendimento de questões do sofrimento humano (MILLER, 2013), das relações de poder (FOUCAULT, 1970, 1972, 1979) e relacionadas à formação de uma consciência crítica (FREIRE, 1974). A busca pela empatia por meio da reflexividade crítica (PENNYCOOK, 2001, 2006) visa fomentar lutas hegemônicas (RESENDE e RAMALHO, 2006, 2011) e a não neutralização das diferenças culturais (FERREIRA, 2006) que reifica ideologias hegemônicas (THOMPSON, 1990) quando menosprezam os atravessamentos identitários que nos configuram. Nesse contexto, o objetivo deste estudo é investigar como a identidade de professores de inglês como língua estrangeira é socioconstruída na sala de aula, tomando por base a Linguística SistêmicoFuncional (HALLIDAY, 1994, 2004; HALLIDAY e HASAN, 1989), que concebe a linguagem sob uma perspectiva sociosemiótica. Em alinhamento à abordagem sistêmico-funcional, recorro ao sistema de avaliatividade (MARTIN, 2001; MARTIN e WHITE, 2005) para analisar as escolhas lexicogramaticais feitas pelos professores na construção discursiva dessa identidade, e à epistemologia feminista interseccional (LYKKE, 2010) para o entendimento dos atravessamentos identitários de gênero, raça/etnia e classe que moldam a identidade como um construto social formado na performatividade da interação (BUCHOLTZ, 1999; GAL, 1995; BUTLER, 1990). Seguindo uma metodologia qualitativa de pesquisa baseada no conceito de conhecimento situado (HARAWAY, 1988), pretendo analisar narrativas de professores a respeito de momentos críticos que tenham vivenciado/sentido, além de entrevistá-los para que juntos possamos entender melhor seus posicionamentos quanto a suas construções identitárias com o mundo e no mundo (SOUZA, 2011). “De repente, veio inesperadamente um quinhentos reais extra” – análise de narrativas em testemunhos alinhados à teologia da prosperidade Aluno: Alexandre Florêncio dos Santos Orientadora: Liana de Andrade Biar O presente trabalho procura interpretar e compreender, em âmbito discursivo, de que forma uma pessoa, adepta de uma igreja alinhada à Teologia da Prosperidade, vertente que opera com um discurso segundo o qual seria vontade de deus que seus adeptos sejam em tudo bem-sucedidos, vitoriosos e triunfantes (PIERATT, 1993, sem paginação), organiza, constrói e dá significado a sua experiência profissional/religiosa no mundo social. As reflexões deste trabalho basear-se-ão nas noções de princípio e sistema de coerência (LINDE, 1993), pelas quais tentaremos depreender os estados intencionais (acreditar, desejar, pretender, comprometer-se) que influenciariam e justificariam as ações dos que compartilham desse sistema de interpretação. Além disso, articulando as ponderações de Mishler (2002) sobre tempo no discurso narrativo com os aspectos da sequencialidade, da indiferença factual e do manejo no afastamento do canônico (Bruner, 1997), procuraremos ratificar a ideia de que é a sequência das sentenças de uma narrativa que determinará sua configuração geral ou enredo. Por fim, posto que acreditamos na “impossibilidade de geração de conhecimento acerca da organização da vida social desligada de seus atores e de sua produção discursiva” (Fabrício e Bastos, 2009) e crendo que “contar histórias por meio de narrativas orais constitui-se numa forma privilegiada de projeção de sentido para a experiência humana” (idem), este trabalho consistirá, quanto a seus aspectos metodológicos, na análise da transcrição de testemunhos de vitória financeira (em forma de narrativa de estrutura relativamente canônica quanto aos critérios labovianos (cf. LABOV, 1972). Esperamos que a análise dos dados confirme a direção desta pesquisa, ruma ao entendimento da teologia da prosperidade como um sistema de coerência derivado do sistema especializado constituído pelo protestantismo clássico. [Re]des)cobrindo o câncer de mama no contexto digital: redes sociais e interacionais como espaço de ressignificações Aluna: Renata Martins Amaral Orientadora: Maria das Graças Dias Pereira O foco da tese de doutorado são narrativas de mulheres brasileiras com câncer de mama que, ao compartilharem suas histórias de vida, tecem uma rede de solidariedade na internet. Os objetivos consistem em mostrar: (i) a natureza das narrativas; (ii) as identidades que as participantes constroem em espaços virtuais; (iii) os discursos articulados sobre o câncer de mama; e (iv) como é construído o self agentivo dessas mulheres. Nesse viés, a relevância teórica está na interface entre narrativas e identidades (SHIFFRIN, 1996; LANGELLIER, 2001; RIESSMAN, 2002), estigmas e saúde (MONTEIRO & VILLELA, 2013), self emocional (LUPTON 1998, 2012; SHIFFRIN, 1996), Discursos (MOITA LOPES, 2003), multimodalidade (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999) e agência (ASAD, 2000; KLERES, 2010; PEREIRA & CORTEZ, 2013) no contexto digital (THOMSEN, STRAUBHAAR & BOLYARD, 1998; BELL, 2006; LUPTON, 2013, 2014). A relevância social se deve ao empoderamento de outras mulheres em tratamento, mediante a divulgação dos direitos do paciente oncológico, e a denúncia do preconceito e estigma junto à sociedade. A investigação é de natureza qualitativa e interpretativa (DENZIN & LINCOLN, 2006) e de cunho ciber-etnográfico (THOMSEN, STRAUBHAAR & BOLYARD, 1998; KEELEY-BROWNE, 2011), realizada no site do Instituto Oncoguia, no Facebook e no You Tube. Atualmente a pesquisa conta com duas participantes, uma paulista (39) e uma paranaense (39), cujas práticas discursivas multimodais se alinham às perspectivas contemporâneas sobre a construção de identidades dos sujeitos. No tratamento dos dados, percebemos tanto narrativas mais alinhadas aos padrões institucionais, com vitimização e esperança, quanto narrativas que sinalizam maior agentividade das participantes, com discursos de engajamento. As construções identitárias iniciais são de mulheres vitimizadas na ordem institucional e de engajadas politicamente em páginas individuais na rede. Elas enfrentam as etapas de tratamento com superação e ressignificam experiências de lamentação como fonte de inspiração para Outros sujeitos. A espetacularização da prática policial e a limpeza moral Amanda Dinucci Almeida Bühler Velasco Orientadora: Maria do Carmo Leite de Oliveira A espetacularização da vida cotidiana tornou-se mais democrática com o acesso às tecnologias de imagem oferecidas pelo telefone celular. Nessa esteira, estão os vídeos produzidos por cidadãos que registram a ação policial em comunidades em processo de pacificação. À luz de uma abordagem de análise da conversa intervencionista (Antaki, 2013) e dos estudos sobre multimodalidade (Goodwin, 2010), analisamos, para este trabalho, um vídeo, postado na internet, constituído por uma cena de condução de um suspeito à delegacia, logo após uma ação de abordagem. Neste vídeo, o policial, ciente de estar sendo gravado, se orienta tanto para os participantes da interação situada quanto para a audiência oculta projetada. Como a imagem desse profissional está sob constante suspeição (Muniz, 1998), pretende-se investigar os tipos de mecanismos de limpeza moral (Leite, 2008) utilizados pelos policiais para fugir de uma identidade social deteriorada (Goffman, 1978). Os resultados apontam para os esforços de limpeza moral empreendidos pelos policiais para diferenciar-se dos maus policiais. Em suas falas, eles buscam compartilhar com o público as normas que orientam suas ações e a relação entre o grau de força utilizado e o grau de resistência e agressividade do suspeito, tentando construir a imagem de profissionais que agem de acordo com os preceitos da ética policial-militar, como o exercício de suas funções com probidade e justiça. Sessão de pôsteres Os alunos do Minuto da Pesquisa também participam da sessão de pôsteres. Abaixo, portanto, estão registrados apenas os resumos dos alunos que não irão participar do Minuto da Pesquisa. “Agora é super diferente”: Prática Exploratória e a coconstrução de entendimentos sobre ser professor e aluno de uma turma do primeiro ano do Ensino Médio Aluna: Evellyn Juliane da Rocha Brandão Orientadora: Prof. Inés Kayon de Miller (linha 4) Neste trabalho apresento parte da análise de dados de minha dissertação de mestrado em que busco refletir e buscar entendimentos sobre as identidades e crenças de alunos de uma turma de primeiro ano do ensino médio de uma escola pública do estado do Rio de Janeiro. Assim, fundamentada nos pressupostos do paradigma interpretativista (MOITA LOPES, 1994) e nos princípios da Prática Exploratória (MILLER, 2001; ALLWRIGHT e HANKS, 2009, inter alia), apresento a análise de excertos de conversas exploratórias (MILLER, 2001; MORAES BEZERRA, 2007; NUNES e MORAES BEZERRA, 2013) gerada em contexto escolar entre meus alunos e eu. Para tanto, utilizarei construtos advindos dos Estudos de Narrativa e identidade (LABOV, 1972; BASTOS, 2004,2005; BASTOS e OLIVEIRA, 2006; MOITA LOPES, 2003; BRUNER, 1997) para refletir sobre a coconstrução de identidades e performances em interação. Além disso, investigo como re(construímos) nossas identidades em interação através da afiliação a sistemas de coletividade (DUSZAC, 2002; SNOW, 2001), procurando por sinais que demostrem o sentimento de ingroupness (pertencimento) e outgroupness (não-pertencimento). Desta forma, por entender o processo de formação de professores enquanto permanente (MILLER e MORAES BEZERRA, 2004) e considerar a Prática Exploratória (MILLER, 2011) como arcabouço teórico-metodológico que orienta o meu olhar à minha prática pedagógica e de pesquisa, entendo que essa oportunidade de aprendizagem (ALLWRIGHT, 2005) me auxilia não só a construir entendimentos sobre a qualidade de vida da turma 1001 e sobre as identidades que emergem nos discursos dos alunos, mas, principalmente, sobre a minha formação continuada e sobre o meu processo de construção identitária profissional. Ensino-aprendizagem de língua inglesa e os gêneros discursivos nas salas de aula dos cursos de idiomas: uma análise crítico reflexiva Aluna: Gabriela Coelho Oliveira Orientadora: Adriana Nogueira Accioly Nóbrega (linha 4) O objetivo deste trabalho é refletir, à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, da Análise Crítica do Discurso e dos estudos sobre gêneros discursivos, acerca do ensinoaprendizagem de língua inglesa por meio de gêneros nas salas de aula de cursos de idiomas no estado do Rio de Janeiro. Em especial, sobre a percepção dos próprios professores quanto a essa prática. A pesquisa tem como base, em nível micro, a perspectiva teleológica de Martin (1992), que concebe o gênero como um processo social, que se desenvolve em etapas e com um fim específico por meio do qual as pessoas convivem em determinada cultura; e a abordagem sistêmicofuncional (Halliday & Hasan, 1989; Halliday & Matthiessen, 2013), sistêmica por se referir à linguagem como rede de escolhas e funcional por sua relação com a atividade social em andamento em um dado momento, em interface com a Análise Crítica do Discurso (Fairclough,1992; Chouliaraki e Fairclough, 1999; Ramalho & Resende,2014). Esta, por sua vez, propõe uma análise voltada para o desvelamento de discursos que sustentam as práticas hegemônicas, contribuindo, dessa forma, para sua emancipação. Para isso, tomarei como corpus entrevistas realizadas com quatro professores de cursos de idiomas distintos situados no estado do Rio de Janeiro a fim de refletir sobre as percepções desses professores quanto ao ensino de idiomas por meio de gêneros, ou ainda, de que forma os gêneros são utilizados em suas salas de aula. A ideia básica que permeia toda a análise, de natureza qualitativa e interpretativa, é compreender de que forma os gêneros discursivos são utilizados, ou não, dentro das salas de aula de diferentes cursos no estado do Rio de Janeiro a partir da visão dos professores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHOULIARAKI, L.; FAIRCLOUGH, N. Discourse in late modernity: rethinking Critical Discourse Analysis. Edinbourg: Edinbourg University Press, 1999. FAIRCLOUGH, N. Discourse and Social Change. Cambridge: Polity Press, 1992. HALLIDAY, M.A.K. & HASAN, R. (1989): Language, Context, and Text: Aspects of Language in a Social-Semiotic Perspective. Geelong, Vic: Deakin University Press.Oxford: OUP.(2nd edn). HALLIDAY, M.; MATTHIESSEN, C. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold,2004. MARTIN, J.R. English text: systems and structure. Philadelphia: Amsterdam: John Benjamins,1992. RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane. Análise de discurso crítica. 2 ed., 2° reimpressão.São Paulo: Contexto, 2014. Estruturas alternativas ao período hipotético iniciado por se Aluna: Juliana da Silva Neto Orientadora: Rosa Marina de Brito Meyer (linha 1) Esta pesquisa insere-se na área de descrição do português como língua estrangeira (Linha 1) e visa a oferecer subsídios a professores de português como língua não materna para o ensino de estruturas alternativas ao período hipotético iniciado por se, tradicionalmente classificado como condicional eventual. Esse período realiza-se, no português brasileiro, através de diferentes esquemas modo-temporais (NEVES, 2000; VAZ LEÃO, 1961). Entretanto, nos manuais didáticos mais usados no ensino do português como língua não materna, o período é apresentado apenas através do seguinte esquema modotemporal: a oração principal do futuro do presente do indicativo e a oração subordinada, no futuro do subjuntivo. Os objetivos dessa pesquisa são, portanto, (i) encontrar quais são as estruturas alternativas para esse período; (ii) verificar se essas estruturas desempenham diferentes funções discursivas, analisando os fatores proximidade e distanciamento entre os interlocutores e grau de formalidade e informalidade da interação, o que levaria à preferência por estruturas alternativas mais diretivas ou indiretivas, e (iii) investigar se os valores pragmáticos de cada estrutura alternativa encontrada. Tem-se como base a teoria funcionalista da linguagem (Dik, 1989; Halliday,1994) e, mais especificamente, a Gramática Funcional do Discurso (Hengeveld, 2004). A análise incidirá sobre a atuação das estruturas alternativas elencadas em nossa pesquisa nos níveis representacional e interpessoal da Gramática Funcional do Discurso. Para verificar as preferências de uso e a interferência dos fatores citados na escolha das estruturas alternativas, foi elaborado um questionário fechado no qual se apresentam oito situações do cotidiano em que os informantes devem escolher a opção que usariam e a que não usariam em cada situação e explicitar o porquê dessa escolha. Resultados preliminares indicam que estruturas alternativas mais diretivas não são preferidas quando há distanciamento entre os interlocutores e que algumas são pouco convincentes quando o propósito é persuadir. Referências bibliográficas DIK, S. C. The Theory of functional Grammar. Volume 1 e 2. Ed. by Kess Hengeveld. Berlin: Mouton de Gruyter, [1989] 1997. Halliday, M. A. K. An introduction to a functional grammar. 2 ed. New York: Oxford University Press [1994] 2002. HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar. In: BROWN, K. (ed.) The encyclopedia of language and linguistics. 2 ed. Oxford, Elsevier, 2008. _____________. The architecture of a Functional Discourse Grammar. In: MACKENZIE, J. L.; GOMÉZ-GONZÁLEZ, M. A. (ed.) A new architecture of a Functional Discourse Grammar (Functional Grammar Series 24). Berlin: Mouton de Gruyter, 2004. MOURA NEVES, M. H. de. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997. MOURA NEVES, M. H. de. Gramática de usos do português. São Paulo: UNESP, 2000. VAZ LEÃO, A. O período hipotético iniciado por se. Tese de Doutorado. Belo Horizonte: UMG, 1961.