CARACTERIZAÇÃO das Danças

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CARACTERIZAÇÃO das Danças
IPL/Escola Superior de Educação
Projecto CBTIC EB1 – DANÇ@NET
Jan. 2006
DANÇ@NET
Projecto Criativo e Educacional
Inserido no âmbito do projecto CBTIC EB1 (ME) a linha de dinamização
Danç@Net tem como objectivo, através das novas tecnologias,
envolver os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico no estudo das
Danças Tradicionais e Populares Portuguesas (DTPP)
Sempre que precise coloque-nos as suas questões!
Responsáveis: Isabel Varregoso/Conceição Silveirinha
Contacto: [email protected]; [email protected];[email protected]
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Elementos para a Pesquisa: CARACTERIZAÇÃO das Danças
« A Dança é um fenómeno, uma expressão humana, universal: todos os
homens – e, até, outros animais – dançam, sejam quais forem a sua raça
e a sua religião ou áreas geográficas e culturais em que se inserem; tal
como o riso ou o choro, o amor ou o ódio, a alegria ou a tristeza são
comuns a todos os seres humanos, também a dança o é» (Ribas, 1983, 25)
As Danças Tradicionais e Populares Portuguesas (DTPP) são danças
carregadas de um forte simbolismo, que o povo realizava de forma
espontânea e de livre vontade, em diversos momentos da sua vida social,
por puro divertimento ou associadas a momentos de trabalho ou de
celebração (religiosa, profana, rituais).
Hoje em dia, estas danças são apenas reproduzidas como espectáculo ou
animação, numa perspectiva de demonstração e preservação de um
património artístico-cultural popular.
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Elementos para a Pesquisa: CARACTERIZAÇÃO das Danças
DANÇA
TRADICIONAL
DANÇA
POPULAR
teve origem no povo
manteve-se ao longo de gerações
DANÇA
POPULARIZADA
DANÇA
FOLCLÓRICA
não tendo origem no povo,
foi por este adoptada
(popularizou-se)
tendo origem no povo,
manteve-seao longo das gerações
(ao mesmo tempo popular e tradicional)
Em geral não se conhece a origem da maioria das danças por isso
não se sabe a categoria a que pertencem, daí se usar a designação
Danças Populares e Tradicionais
Ribas (1983); Braga (1994); Varregoso (1994 e 2004); Moura (1998)
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Elementos para a Pesquisa: CARACTERIZAÇÃO das Danças
Para compreender a dança tradicional e popular portuguesa
(tal como outros tipos de dança) é preciso ter em conta os
elementos de que ela é formada e que são (basicamente):
Variáveis de
CONTEXTO
1. Simbolismo
2. Acessórios
3. Música
Variáveis
COREOGRÁFICAS
4. Forma (estrutura espacial)
5. Coreografia
6. Gestos Técnicos
Abbadie et Madre (1976); Ribas (1983); Moura (1998 e 1999); Varregoso (1994 e 2004)
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Elementos para a Pesquisa: CARACTERIZAÇÃO das Danças
1. Simbolismo
A dança pode assumir vários significados em termos de desenvolvimento
como, por exemplo, os ligados ao prazer (jogo e divertimento), à harmonia
com o mundo (festa e celebração), à beleza (arte popular).
Estes significados atribuem-lhe um simbolismo que é a ideia que está por
trás da dança, é a sua razão de ser, é aquilo que a explica, no fundo, é
aquilo que se representa ao dançar.
O simbolismo está, ainda, directamente relacionado com as motivações de
quem dança que são principalmente, o jogar, o celebrar e o representar,
podendo ser, também, na dança infantil, o mover-se, o divertir-se, o
imaginar, o fazer em conjunto e o fazer bem. Associado ao simbolismo
aparecem danças de trabalho, de sedução, recreativas, rituais, religiosas, ...
Abbadie et Madre (1976); Ribas (1983); Varregoso (1994)
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2. Acessórios
Os acessórios são tudo aquilo que ajuda a reforçar o simbolismo da dança,
que visualmente concretiza as personagens, a época, o contexto em que a
dança surgiu e se realizava, sendo importante para a motivação. Como
principais acessórios nas DTPP temos os trajos e os adereços.
Trajos
são as roupas originais (ou de imitação) específicas de uma
região que estão associadas a profissões (ceifeiro, azeitoneiro,...),
ao nível sócio-económico (trajo de camponês abastado, rico/
pobre,...), ao estatuto social (solteiro, casado,...) ou às situações
da vida diária (trajo domingueiro, trajo de trabalho,...).
Adereços são todos os objectos que completam o trajo/fato, podendo
ser enfeites (ouro, fios, anéis), adereços de carácter social
(chapéus e lenços usados por pudor,...), ou adereços associados
ao trabalho (tabuleiros, cântaros, instrumentos agrícolas,
cajados, foices, cestos, máscaras,...).
Ribas (1983); Moura (1998 e 1999); Varregoso (2004)
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3. Música
A música serve o simbolismo pois dá ênfase ao texto (versos) e à ideia da
dança. O ritmo e os instrumentos são os aspectos mais importantes nas DTPP.
Ritmo a música serve a dança através do seu ritmo, pois é sobre a base
rítmica que se dança e não sobre a melodia. É o ritmo que serve de
condutor para a dança, o qual se marca/sente/observa através dos
apoios (pés) ou dos dos batimentos (de mãos ou pés).
Instrumentos inicialmente os instrumentos musicais correspondiam ao
simbolismo, estando as músicas intrinsecamente ligadas
a certos instrumentos. Estes podem ser específicos de cada
região ou de várias, originais ou de imitação. Os mais vulgares
são os ferrinhos, as violas, o cavaquinho, os adufes, o pífaro,
a gaita de beiços ou de foles, as castanholas, o acordeão, a
cegarrega, as flautas, o harmónio, o cântaro,...
Ribas (1983); Martins (1997); Moura (1998 e 1999); Varregoso (2004)
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4. Forma (estrutura espacial)
A forma é a maneira de dançar, a maneira como a dança se executa em
termos espaciais e varia em função de vários factores, podendo ser a solo
ou colectiva. As formas mais comuns são a roda, a fila, a fileira e a quadrilha.
5. Coreografia
A coreografia é a sequência e desenvolvimento da dança feito de forma a
exprimir o simbolismo, e diz respeito aos passos usados, às posições
assumidas, aos movimentos e gestos usados e às evoluções
(deslocamentos) realizados no espaço, quer estes sejam feitos por um
dançarino, por um par ou por todo o colectivo. A coreografia é, afinal, um
conjunto de figuras que se desenham no espaço e no tempo.
Ribas (1983); Moura (1998 e 1999); Varregoso (2004)
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6. Técnica
Nas DTPP, a técnica não era estudada nem considerada mas actualmente
existem alguns estudos que delimitam os gestos técnicos destas danças
como sendo os passos típicos de certas regiões ou danças e específicos das
danças portuguesas.
Passos Básicos
são os passos de fácil execução que correspondem às
formas naturais de movimento: passeio, passo corrido ou
carreira, passo saltado, saltitado(s) e passo de galope
Passos Específicos
passo de Malhão, passo de Vira, passo de Chula, passo
de Corridinho, passo de Valsa Campestre, Troca Passo,
Passo e Toca, Tacão e Bico, passos de Escovinhado,
Passos de Fandango, passo de Balancé, ...
Moura (1998 e 1999); Varregoso (1994 e 2004)
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Estilos Coreográficos
Muito embora algumas DTPP sejam específicas de certas zonas do país,
muitas delas dançam-se um pouco por toda a parte. Contudo, de acordo com
as distinções geográficas e as influências do interior ou litoral, do norte ou
sul, do continente ou ilhas adjacentes, é possível identificar os seguintes
estilos coreográficos: minhoto, duriense, transmontano, beirão, estremenho,
ribatejano, alentejano, algarvio, madeirense e açoreano (Moura, 1999).
Região de Leiria Alta Estremadura
As danças mais típicas desta região são o Fandango (Fandango
Estremenho), o Tacão e Bico, o Bailarico, o Vira, a Dança a Dois Passos, o
Fado/Fadinho, o Verde-Gaio, e a Ciranda (Travassos dos Santos)
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Elementos para a Pesquisa: RECOLHA das Danças
Pesquisar sobre uma DTPP implica recolher toda a informação
possível sobre a mesma, para compreendermos a sua essência. Os elementos a
recolher devem incluir:
NOME(s) da dança
REGIÃO onde se dança (localidade, concelho, região, etc..)
SIGNIFICADO (tema, história, razão pela qual se dançava, etc.)
MÚSICA (pauta musical, instrumentos musicais, vozes = cantata)
LETRA da canção (versos, cantilena, diálogo, etc..)
TRAJOS (vestuário, adereços e acessórios)
DESCRIÇÃO das Figuras (maneira de dançar)
IDENTIFICAÇÃO da Recolha (quem recolheu, onde, como e quando)
Outras observações
(existe um formulário on-line para registar cada dança)
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Elementos para a Pesquisa: REGISTO das Danças
Para registar/descrever uma dança deve indicar-se:
o QUE se faz (passos: salta, anda,...)
a POSIÇÃO em que se faz (virado para o lado,...)
QUEM faz e COM QUEM faz (o rapaz/rapariga, todos,...)
ONDE se faz (espaço: em Roda, Fila, ...)
COMO se faz (evolução: avançam, rodam,.. +
(gestos: com os braços no ar, a bater palmas,...)
QUANDO se faz (durante o refrão ou 4 vezes ou 3 passos,...)
qual a EXPRESSÃO (a olhar, a abanar, a bater o pé, ...)
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
... ou seja, descrever a forma, coreografia e gestos técnicos que
se traduzem nas figuras da dança. Cada dança tem várias figuras:
FIGURA
Figura é a forma espacial, motora e rítmica que os dançarinos
assumem ao dançar, a qual é composta pelos seguintes elementos
PASSO
POSIÇÃO
EVOLUÇÃO
FORMAÇÃO
... quando muda um destes elementos, muda a figura
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
SIMBOLOGIA
Rapaz
Rapariga
(o traço indica a parte
da frente do corpo-nariz)
Formação em
quadrado
Indicação das
direcções ou sentidos das
evoluções (deslocamentos)
Formação em
círculo/roda
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
PASSOS
PASSEIO
(andar)
CORRIDO
(correr)
GALOPE
(saltitar lateral)
SALTAR
VIRA
(a dois pés)
(3 pequenos
passos iguais)
SALTITAR
VALSA
(de um pé para
o outro)
SALTITAR
(de um pé para
o mesmo)
(1 passo grande +
2 pequenos)
MALHÃO
(3 pequenos passos com
elevação do joelho
no 3.º passo)
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
POSIÇÕES
LADO
FRENTE
COSTAS
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
FORMAÇÕES
FILA
QUADRADO
FILEIRA
RODA
1
2
Simples ou Dupla
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Elementos para a Pesquisa: DESCRIÇÃO das Danças
EVOLUÇÕES
FRENTE/TRÁS
ESQUERDA/DIREITA
DIAGONAL
CÍRCULO
OITO
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BIBLIOGRAFIA
BATALHA, A. P. (1983). As Estruturas Etnocoreográficas na Educação. Revista Ludens, 7, 4, Jul./Set., 29-32.
HOMEM de MELLO, P. (1962). Danças Portuguesas. Porto: Lello e Irmãos Editores.
MARTINS, B. (1997). Músicas e Danças Tradicionais no Ribatejo. Santarém: Assembleia Distrital de Santarém.
MOURA, M. (1992). A Estrutura Rítmica na Dança Popular Portuguesa. In Dança: Cursos e Discursos.
Conferência Internacional – Actas. Lisboa: Edições FMH, 51-53.
MOURA, M. (1998). É Possível Classificar as Danças Tradicionais Portuguesas na sua Dimensão
Coreográfica?. In A. Macara (Ed.), Proceedings – Continentes em Movimento: Novas Tendências no
Ensino da Dança. Lisboa: Edições FMH, 134-146.
MOURA, M. (1999). Sistematização da Dança Tradicional Portuguesa. Classificação das Variáveis Coreográficas
Espaço, Ritmo e Gestos Técnicos. Tese de Doutoramento. Lisboa: FMH-UTL (doc. não public.).
RIBAS, T. (1983). Danças Populares Portuguesas. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.
Ministério da Educação.
SARDINHA, J. A. (2000). Tradições Musicais da Estremadura. Vila Verde: Tradisom.
VARREGOSO, I. (1994). Ensino da Dança na Escola: Reconstrução e Aplicação do Repertório Expressivo
Infantil. Dissertação de Mestrado. Lisboa: FMH-UTL (doc. não public.).
VARREGOSO, I. (2004). Construção, Aplicação e Demonstração da Eficácia de um Programa de Dança
Tradicional Portuguesa para Idosos. Tese de Doutoramento. Lisboa: FMH-UTL (doc. não public.).
(para ter acesso a alguns destes documentos pedir por e-mail)

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