II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso
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II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso
Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores Títulos Trabalho Completo DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE, PIBID E BONECAS RUSSAS Taís Aparecida De Moura, Gabriella Pizzolante Da Silva Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica - Relato de Experiência - Apresentação Oral O presente trabalho busca apresentar relatos da experiência de duas ex-bolsistas do PIBID do curso de Licenciatura em Pedagogia Presencial da UFSCar, com a prática de apoio escolar voltada ao ensino de Língua Portuguesa, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, durante os anos de 2010-2011. Cabe mencionar que as bolsistas, atualmente são professoras iniciantes na educação básica. Portanto, a partir de tal experiência buscaremos fazer aproximações e reflexões acerca do impacto deste processo de incentivo à docência em suas formações, por meio de uma analogia com a questão das bonecas russas. Nesse sentido, o objetivo geral é descrever a experiência de apoio escolar no PIBID/Pedagogia Presencial/UFSCar, além dos objetivos específicos que envolvem analisar e refletir a relevância do programa na perspectiva de ex-bolsistas e agora professoras iniciantes na carreira docente. Os procedimentos metodológicos deste relato de experiência consistem numa abordagem qualitativa, tendo em vista que, a partir desta narrativa escrita foram apresentadas as circunstancias que envolveram a prática de apoio escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, numa escola pública no interior do Estado de São Paulo. Sabemos que o PIBID trata-se de uma política inovadora na área de formação docente, por isso, justifica-se ser relevante olhar para as práticas que estão sendo desenvolvidas em nosso país neste âmbito, já que a proposta é extremamente pertinente na medida em que visa melhorar a qualidade da educação básica no Brasil e concomitantemente busca dar atenção ao desenvolvimento profissional de futuros/as professores/as, isto é, volta-se para a formação inicial. Palavras-Chave: Desenvolvimento profissional docente. Aprendizagens da docência. Formação Inicial. 0376 Ficha Catalográfica DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE, PIBID E BONECAS RUSSAS Taís Aparecida de Moura; Gabriella Pizzolante da Silva. Universidade Federal de São Carlos Introdução Este trabalho visa apresentar os relatos de experiência de duas exbolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Pedagogia Presencial da UFSCar, as quais realizaram intervenções em uma escola pública do interior do estado de São Paulo, em turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, por meio do apoio escolar ao ensino de Língua Portuguesa, no período de 2010-2011. O PIBID trata-se de um programa governamental que tem a intenção de inserir os/as licenciandos/as em escolas da rede pública de ensino, com bolsas de atividades financiadas pela fundação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). É um programa de ensino, pesquisa e extensão que envolve uma ação compartilhada entre universidades públicas e escolas municipais e estaduais do Brasil e, sua finalidade é melhorar a qualidade da formação de professores e professoras para atuar na educação básica, criando possibilidades de articular a teoria com a prática pedagógica no trabalho docente, bem como promover a formação continuada dos/as professores/as em serviço. Desde o ano de 2009, esta política de iniciação à docência foi tomando corpo na UFSCar, envolvendo diversas licenciaturas, de diferentes áreas do conhecimento. No entanto, foi com a abertura de um edital lançado pela CAPES no 2º semestre de 2009, para execução nos anos de 2010-2011 que o projeto estendeu-se ao curso de Licenciatura Pedagogia Presencial, no qual permanece até os dias atuais, com ampliação para o curso de Pedagogia a Distância. Neste período, a equipe do PIBID/Pedagogia Presencial/UFSCar era composta por 24 bolsistas, 3 supervisoras das escolas, 4 orientadoras e 1 coordenadora geral de área. Tratava-se de um grupo relativamente grande de pessoas envolvidas com a educação e principalmente ligadas com as questões que tangem o olhar para a melhoria da qualidade da formação docente. 1 0377 O PIBID/Pedagogia Presencial/UFSCar desenvolvia diversas atividades em parceria entre a universidade e a escola pública assistida pela equipe, com ações educativas lúdicas, jogos interativos, atividades com poesias, cinema, feira de conhecimento, entre outras. Porém, do conjunto de ações realizadas pelas bolsistas, o trabalho com o apoio escolar se configurou como desafiador e enriquecedor no processo de iniciação à docência e, por tais aspectos, esta experiência merece ser compartilhada. Iniciação à docência no PIBID/Pedagogia Presencial/UFSCar: o que essa experiência nos revela? O apoio escolar funcionou como uma atividade para as crianças que ainda não estavam alfabetizadas, isto é, que estavam em descompasso em relação às outras crianças de suas respectivas salas de aula. As turmas de apoio eram compostas de no máximo quatro estudantes do mesmo ano de ensino e as aulas ocorriam semanalmente com duração de 2 horas. Era responsabilidade de cada licencianda planejar e aplicar atividades pedagógicas que iam ao encontro das dificuldades apresentadas pelas crianças, com a orientação da professora de educação básica, também bolsista do PIBID, que era a supervisora da área na escola. Neste cenário muito peculiar de iniciação à docência, verificamos que a prática de apoio escolar revelou-se muito desafiadora para nós participantes do programa, tendo em vista que, as vivências proporcionadas pelo PIBID/Pedagogia/UFSCar foram relevantes para nosso desenvolvimento profissional docente, pois os dilemas e desafios marcaram nosso processo de torna-se professora. Segundo Guarnieri (1996), o exercício profissional fornece pistas fundamentais para a construção docente, para a consolidação do processo de tornar-se professor/a. Tal construção ocorre à medida que o/a professor/a vai efetivando a articulação entre o conhecimento teórico-acadêmico, a cultura escolar e a reflexão sobre a prática docente. Nas palavras de Mello (1998) o ser professor/a se delineia como um processo composto por diferentes estados e condições. Tendo início num curso de formação básica, a trajetória implica num esforço constante para a atualização dos conhecimentos, a adaptação a novas demandas, o reconhecimento público do trabalho e a valorização da atividade. 2 0378 Desta maneira, compreendemos de forma mais pontual que a experiência no PIBID foi essencial em nosso processo de desenvolvimento profissional docente, porque os contatos com a prática e com o cotidiano escolar fizeram com o choque com a realidade escolar fosse minimizado. Para Veeman (1988) apud Mariano (2003), o choque com a realidade pode ser definido como o momento em que os/as professores/as enfrentam a diferença entre o idealizado nos cursos de formação inicial e a realidade encontrada no cotidiano da escola. Nesse sentido: Esse choque é marcado pelo sentimento de sobrevivência, quando o iniciante se questiona: o que estou fazendo aqui? Em contrapartida, os professores podem experimentar o sentido de descoberta, o sentir-se profissional, ter a sua sala de aula. É esta descoberta a mola propulsora para a permanência na profissão. (MARIANO, 2003, p.1) Entretanto, além de lidar com o choque da realidade escolar, esta experiência também nos trouxe outras aprendizagens da docência, uma vez que durante as aulas de apoio escolar, o processo de iniciação à docência acarretou muitas emoções, já que tínhamos medo de errar, falhar e de não dar conta diante do tamanho da responsabilidade profissional. Logo, Imbernón (2009, p.61) nos lembra que é necessário o/a professor/a aprender a conviver com as próprias limitações e com as frustrações e condicionantes produzidos pelo entorno, já que a função docente se move em contextos sociais que, cada vez mais refletem forças em conflito. Neste cenário, as aprendizagens da docência se deram principalmente em torno da questão do planejamento do ensino da leitura e da escrita, para as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental (2ºˢ e 3ºˢ anos). Cabe destacar que, por meio desta experiência efetivamente tivemos a oportunidade de aprender a planejar em parceria com a orientadora do grupo, supervisora do PIBID e professoras das turmas, as quais nos acolheram e contribuíram muito em nossa formação inicial. Gimeno Sacristán (1998), ao indicar as finalidades do planejamento, aponta que para os/as docentes esta etapa do processo de ensino significa uma oportunidade de pensar a prática, representando-a antes de realizá-la num esquema que inclui os elementos mais importantes que intervêm na mesma e que propõe uma sequência de atividades. Então, verificamos que nossa atuação nas aulas de apoio escolar nos permitiu que aprendêssemos como planejar atividades relacionadas aos conteúdos específicos de Língua Portuguesa, principalmente ao ensino da leitura e da escrita. 3 0379 Portanto, partilhamos da proposta do PIBID como referência importante no desenvolvimento profissional docente, porque consideramos pertinente que as atuais políticas públicas educacionais olhem com maior atenção para a formação dos/as futuros/as educadores/as do nosso país, afinal: É no período de iniciação profissional que o professor se defrontará com a realidade que está posta e com contradições que nem sempre estará apto a superar. Seus conhecimentos profissionais são colocados em xeque e a postura que assume pode vir desde uma adaptação e reprodução muitas vezes pouco crítica ao contexto escolar e à prática nele existente, a uma postura inovadora e autônoma, ciente das possibilidades, dos desafios e dos conhecimentos profissionais que sustentam sua ação pedagógica. (PAPI e MARTINS, 2010, p. 44) Enfim, esta experiência nos relevou que o PIBID configura-se como uma política pública potencializadora de diversas aprendizagens da docência, pois, no recorte da vivência da UFSCar, o apoio escolar contribuiu com a formação das bolsistas na medida em que ampliou o contato com o cotidiano escolar, envolvendo de forma mais articulada os conhecimentos teóricos e práticos. Zeichner (1993) aponta justamente para a importante necessidade de as pesquisas teóricas estarem contextualizadas na prática de ensino e envolverem professores/as experientes e em formação, na medida em que esse contato possibilita a composição de uma teia de troca de experiências, e promove aprendizagens mais significativas. Considerações finais: PIBID e Bonecas Russas Nesse trabalho, nos propusemos a apresentar os relatos da experiência do PIBID/Pedagogia Presencial/UFSCar, sendo ex-bolsistas do programa, no qual participamos de um processo de iniciação à docência, por meio da prática de apoio escolar de Língua Portuguesa, nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Atualmente, somos professoras no início de carreira na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e, para concluir este relato, também consideramos relevante inferir acerca das contribuições desta experiência para nosso desenvolvimento profissional docente, bem como para a construção de nossa identidade. Nesta perspectiva, sabemos que o/a bolsista ainda na graduação é um/a aprendiz de professor/a. Porém, interpretamos que a vida toda somos 4 0380 aprendizes, porque o que nos define enquanto indivíduos é o resultado de um conjunto de aspectos sociais, históricos, psicológicos, afetivos, etc., que vivenciamos ao longo de toda nossa vida. Assim, o processo de desenvolvimento profissional docente é marcado desde as primeiras brincadeiras na escola, lembranças da primeira professora, memórias enquanto estudantes e se estende por diferentes experiências entrelaçadas com a arte de educar. De acordo com Candau (1988), é importante considerar as dimensões que compõem o processo de ensino e aprendizagem – a humana e a políticosocial –; isso significa afirmar que é preciso incorporar à formação inicial os saberes da prática, compostos pelo mundo do trabalho do/a professor/a, mas também pelo mundo de suas experiências particulares. Para tanto, compreendemos que o/a bolsista é como uma boneca russa: um indivíduo que vem se constituindo como/a professor/a, por meio de diferentes influências de processos de socialização que são submetidos dia a dia. Isso porque, as bonecas russas conhecidas como Matrioshkas, são uma série de bonecas colocadas umas dentro das outras, da maior até a menor, que não é oca. Sobre esta questão, Queiroz (2000) contou em uma bela crônica que em nossa constituição enquanto sujeitos, os indivíduos passados não desaparecem, mas se incorporam; ou antes, o indivíduo novo incorpora os superados como se os devorasse e uns vão ficando dentro dos outros, tal como a questão das bonecas russas. Nas palavras de Rocha (2011, p. 50), “desde a grande, que contém todas as outras, até a pequena onde, aparentemente, ninguém está contido, existe tudo de todas. E tudo em todas”. Por fim, cabe sinalizar que vemos o PIBID como um programa de grande potencial, mas partilhamos das considerações feitas por Gatti, Barreto e André (2011), no qual ponderam que: Ainda não é possível avaliar o impacto dessa política sobre as formações docentes e as próprias instituições participantes. No entanto, tem crescido o número de instituições que submetem suas propostas, conforme os editais da CAPES, o que revela, no mínimo, entusiasmo por essa política, dado que as exigências são relativamente fortes. Pesquisas avaliativas sobre seus efeitos diversos poderão futuramente contribuir com conhecimentos sobre sua validade social e educacional. (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011, p.130) Em suma, reconhecemos que esta política ainda tem suas limitações, porque é recente no país, ou seja, ainda está em processo de construção, 5 0381 ampliação e aprimoramento. Porém, compreendemos que é inegável que o PIBID vem transformando a formação inicial docente ao propiciar de forma mais efetiva a articulação da teoria com a prática durante a graduação, trazendo assim muitas contribuições para o desenvolvimento profissional e aprendizagens da docência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANDAU, V.M.F. Rumo a uma Nova Didática. Petrópolis: Vozes, 1988. GATTI, B. A.; BARRETO, E. S.S; ANDRÉ, M E D A (2011). Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO. GIMENO SACRISTÁN, J. Os professores como planejadores. In: GIMENO SACRISTÁN, J.; PÉREZ GÓMEZ, A. Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa, 4ª ed. São Paulo: Artmed, 1998, p.271-293. GUARNIERI, Maria R. Tornando-se professor: O início na carreira docente e a consolidação da profissão, 1996, Tese (Doutorado em Educação), Centro de Educação e Ciências Humanas, UFSCar, São Carlos. IMBERNÓN, F. 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