POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A

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POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NA
CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ: O CASO DO PIBID/UENF
Priscila de Andrade Barroso PEIXOTO, UENF
Dhienes Charla FERREIRA, UENF
Eliana Crispim França LUQUETTI, UENF
Eixo Temático 5
CAPES/FAPERJ
[email protected]
1. Introdução
O presente trabalho constitui uma proposta de estudo sobre os impactos do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na formação de professores e na
Educação Básica na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Assim, pretende-se com esta
pesquisa, apresentar as contribuições deste programa para a formação inicial dos licenciandos da
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e seus efeitos na Educação
Básica.
Sobre o PIBID, vale dizer que foi criado pelo Decreto nº 7.219/2010, com a finalidade de
fomentar a iniciação à docência e melhor qualificá-la, visando à melhoria do desempenho da
Educação Básica, além de buscar incentivar à formação docente em nível superior e contribuir
para a valorização do magistério, tendo por meta inserir os licenciandos no cotidiano das escolas
das redes públicas de ensino (GATTI et al., 2011, p. 129).
A definição das áreas de conhecimento e dos níveis de ensino abrangidos pelo Programa é
de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
com base nas necessidades detectadas. O PIBID conta com a participação de Instituições de
Educação Superior (IES) e de escolas públicas de Educação Básica. Para participar do Programa,
as IES devem fazer suas propostas ao MEC, nos prazos anualmente estipulados, configurando o
plano de ações a serem exercidas dentro dos objetivos visados pelo Programa.
As bolsas concedidas pelo PIBID são destinadas a alunos regularmente matriculados nos
cursos de licenciatura, participantes do projeto institucional, os quais devem dedicar-se ao projeto
com carga horária mínima de 30 horas semanais. No Programa, o coordenador institucional é um
professor da IES responsável perante a Capes pelo acompanhamento, organização e execução
de tarefas.
O PIBID conta ainda com um coordenador de área, o qual deve desenvolver essas
atividades em sua área de atuação acadêmica. Além do envolvimento desses profissionais das
IES, o Programa tem a participação de docentes de cada escola pública que está integrada ao
projeto de trabalho que recebe os licenciandos, sendo estes professores, os supervisores,
responsáveis pelo acompanhamento das atividades dos bolsistas na escola.
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Gatti et al. (2011, p. 130) afirma que apesar do crescente número de instituições que
submetem suas propostas ao PIBID e de suas vantagens, o que revela, no mínimo, entusiasmo
por essa política, são poucas as pesquisas avaliativas sobre seus efeitos. A autora destaca ainda,
que pesquisas sobre esses efeitos diversos obtidos pelo Programa poderão contribuir com
conhecimentos sobre sua validade social e educacional.
Neste contexto, surgem algumas indagações sobre as contribuições do PIBID na formação
dos licenciandos no que diz respeito à valorização do magistério, permanência nas IES, inserção
no mercado de trabalho e como esses efeitos podem refletir na Educação Básica.
Com base nestes aspectos, esta proposta originou-se na hipótese de que, ao considerar
que o PIBID é um projeto que visa integrar a Universidade e a escola, então, é possível que nesta
conexão se promova espaços de socialização e aprendizado que enriqueça o processo formativo
dos futuros professores, proporcionado a vivência entre teoria e prática, contribuindo com a
contextualização do aprendizado, através da participação em situações educativas concretas.
Assim, temos em vista um levantamento de dados que demonstrem os impactos do
PIBID/UENF através de uma pesquisa documental quantitativa e qualitativa baseada na análise
da coleta de dados de relatórios dos alunos que participaram do programa entre os anos de 2010
a 2014, buscando apresentar as contribuições do PIBID para a formação inicial de professores.
2. Marco Teórico
A preocupação de vários segmentos da sociedade com os problemas presentes na
educação básica tem se mostrado com frequência na mídia, bem como movimentos de
organizações civis, científicas e profissionais, no sentido de interferir na situação do ensino como
um todo, visando à melhoria da qualidade da educação brasileira, tida como insatisfatória em
diversos aspectos.
Como nos mostra André (2009, 2010 apud Gatti 2014, p. 28), o número de pesquisas
sobre formação de professores tem crescido nos últimos anos. Nesse sentido a autora destaca o
fato de que as macropolíticas relativas aos docentes da educação básica não foram objeto de
interesse dos pesquisadores na década de 1990 e segundo ela continuam sendo pouco
investigadas e avaliadas.
Gatti (2014, p. 32) afirma que os estudos atuais verificam que a carreira docente não tem
exercido suficiente atração para os jovens concluintes do ensino médio, em especial para o
trabalho com áreas disciplinares específicas, como matemática, física e química. Segundo a
autora outros dados atestam esse fato, mostrando que o número de matriculados nesses cursos
vem caindo ao longo dos anos, e que a não conclusão do curso pelos matriculados é muito alta,
estimada em torno de 70%.
Segundo Vaillant (2006, apud Gatti 2011, p. 18),
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a formação inicial deve merecer atenção especial nas políticas docentes,
porque é o primeiro ponto de acesso ao desenvolvimento profissional
contínuo e tem um papel fundamental na qualidade dos docentes que
passam por esse processo.
Esse contexto faz suscitar a necessidade de discussão de questões no que diz respeito à
valorização da carreira docente e de ações políticas dirigidas aos cursos de licenciaturas que
busquem desenvolver nos estudantes o desejo de não só optarem pela docência, mas também de
nela permanecerem, através da valorização desses cursos dentro e fora das instituições.
Nesse sentido, Alarcão (2010, p. 47) afirma que o professor não pode agir isoladamente
na sua escola, pois é neste local que ele, com seus colegas, constroem a profissionalidade
docente. Assim, destaca-se a necessidade de que se reconheça a escola como um espaço
necessário de formação inicial e continuada, através da articulação entre teoria e prática levando
em conta as aplicações desse contato e os saberes da experiência docente.
Sobre as dificuldades em assumir uma profissionalização docente, Imbernón (2010, p.
13-19) apresenta questionamentos sobre quais são competências necessárias para que o
professor assuma essa profissionalização na instituição educacional e tenha uma repercussão
educativa e social de mudança e transformação. Assim, o professor deve entender que sua
formação precisa ter um alto componente de adaptabilidade à realidade e considerar seu papel e
a possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e formação.
Gatti et al. (2011, p. 252) afirma que
no nível federal, o Ministério de Educação (MEC) assume postura incisiva
de responsabilização do poder público pelo desempenho e pela carreira
dos professores da educação básica, formulando uma política nacional de
educação docente cujo horizonte é a instituição de um sistema nacional de
educação. Considerada como processo contínuo que se inicia na formação
inicial e prossegue ao longo da vida profissional.
Deste modo, buscando dar cumprimentos a essas prerrogativas, percebe-se no PIBID o
envolvimento de profissionais e estudantes das IES e profissionais de escolas da Educação
Básica com o objetivo de contribuir com a formação inicial e continuada, podendo refletir na
melhoria da educação em todos os níveis.
3. Desenvolvimento
Com base em estudos sobre a Educação, vemos que a preocupação com a melhoria da
qualidade aparece como uma questão importante frente às demandas sociais. Desta forma, a
necessidade de se pensar na formação oferecida a esses profissionais, entre outros aspectos,
como a valorização do magistério e adequação dos conhecimentos da realidade, é primordial para
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compreensão dos problemas e apontamentos que busquem avanços no âmbito educacional.
Como ponto de partida, buscamos analisar de que forma as políticas de formação inicial de
professores tem contribuído nesse processo, entendendo a necessidade de um olhar diferente à
escola e formação desses profissionais. Assim, o PIBID aparece como uma proposta de
articulação dos conhecimentos oferecidos na Educação Superior e a vivência com a realidade
escolar, bem como a interação de professores em formação com professores já formados
atuantes em escolas da Educação Básica.
Acredita-se que nesse contato a interação proporcionada pela troca de experiência tem o
potencial de auxiliar em diversos aspectos, fornecendo ao professor em formação inicial uma
quebra da dicotomia teoria e prática, motivando sua aprendizagem em consonância com o
trabalho docente e ainda a oportunidade de oferecer aos professores que já atuam uma formação
continuada através da socialização entre a universidade e a escola.
Como mecanismo de verificação dos impactos do PIBID/UENF temos em vista um
levantamento de dados através de uma pesquisa documental quantitativa e qualitativa baseada na
análise da coleta de dados de relatórios dos alunos que participaram do programa, buscando
apresentar de que forma o PIBID tem contribuído com a formação inicial de professores e suas
contribuições para a melhoria da qualidade da formação docente, refletindo na capacitação de
professores para a atuação na Educação Básica.
Para atingir os objetivos propõe-se as seguintes etapas a serem desenvolvidas:
a) Realização de um estudo documental que demonstre um panorama das licenciaturas
antes e após o PIBID;
b) Coleta e análise de dados registrados na Secretaria Acadêmica da Universidade sobre
as licenciaturas;
c) Análise dos relatórios de alunos que participaram do programa;
d) Elaboração/organização dos resultados obtidos a partir destas análises;
e) Publicação do documento diagnóstico da Política de Formação de Professores na
UENF.
Assim, esta pesquisa justifica-se a partir da necessidade de fornecer subsídios para o
conhecimento dos impactos do PIBID sobre estudantes dos cursos de licenciatura e como esses
efeitos refletem na Educação Básica, uma vez que, existem poucos estudos que tratam da
temática.
4. Conclusões
A partir desta pesquisa, que se encontra em fase inicial, buscamos apresentar um estudo
das contribuições do PIBID para a formação inicial de professores nos cinco cursos de licenciatura
da UENF: Biologia, Física, Matemática, Pedagogia e Química.
Especificamente, pretende-se:
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a) Averiguar os aportes educacionais alcançados pelo PIBID com base nos preceitos da
Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica;
b) Apresentar as contribuições educacionais obtidas pelos alunos em formação que
participaram do PIBID/UENF na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ entre os anos de 2010 a
2014;
b) Demonstrar de que forma o PIBID auxilia na melhoria da qualidade de formação dos
profissionais da Educação Básica;
c) Discutir a importância da reflexão sobre a formação inicial de professores.
Entendemos que, sob os mais variados ângulos, o processo de formação dos professores
é uma das dimensões relevantes para a materialização de uma política de valorização do
profissional docente e melhoria na qualidade da Educação Básica. Assim, a formação de
professores constitui um tema central no meio acadêmico, sendo uma lacuna primordial no que
diz respeito às práticas pedagógicas, a sua eficácia, bem como o estabelecimento de novas
pesquisas e perspectivas que apontem o aperfeiçoamento docente desde o início do processo de
formação.
Assim, a compreensão da necessidade de discutir questões relacionadas ao percurso
formativo do professor, desde o início nos aponta que mais do alguém completamente pronto, a
profissão docente requer a disponibilidade de quem se mostra preparado para se aperfeiçoar a
cada dia. Sob essa perspectiva observamos que para a construção e interação dos
conhecimentos teoria e prática devem dialogar, sendo a reflexão da prática também um elemento
essencial na busca pela qualidade da educação.
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 7. Ed. – São Paulo: Cortez, 2010. –
(Coleção questões da nossa época; v. 8)
BRASIL. Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009. I Institui a Política Nacional de Formação de
Profissionais do Magistério da Educação Básica, disciplina a atuação da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES no fomento a programas de formação
inicial e continuada, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília: Casa Civil da
Presidência da República, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato20072010/2009/Decreto/D6755.htm>.
BRASIL. Decreto nº 7219, de 24 de junho de 2010. Dispõe sobre o Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília:
Casa
Civil
da
Presidência
da
República,
2010.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato2007-2010/2010/Decreto/D7219.htm>.
GATTI, B. A; BARRETO, E. S. S; ANDRÉ, M. E. D. A. Políticas docentes no Brasil: um estado da
arte. Brasília: UNESCO, 2011.
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GATTI, B. A. Formação inicial de professores para a Educação Básica: pesquisas e políticas
educacionais.Est. Aval. Educ. São Paulo, v.25, n. 57, p. 24-54, jan./abr. 2014.
IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 8. Ed.
– São Paulo: Cortez, 2010. – (Coleção questões da nossa época; v. 14)
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