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Edição 03 / Outubro 2015 Projeto Pacto das Águas é certificado como Tecnologia Social trabalho desenvolvido pelo projeto Pacto das Águas no apoio ao manejo e comercialização de castanha-do-Brasil por povos indígenas e extrativistas de Mato Grosso e Rondônia foi reconhecido como Tecnologia Social pela Fundação Banco Brasil-FBB. Patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, somente nos últimos dois anos, o projeto já apoiou a produção e comercialização de 650 toneladas de castanha. Para o armazenamento da produção foram construídos ou reformados 33 barracões com capacidade de armazenagem de 300 toneladas e instaladas 40 mesas de secagem das castanhas em casca. Essas ações criam oportunidades de renda nas comunidades, evitando a saída das populações para os centros urbanos, além de servir como uma forma de proteção dos seus territórios. Ao todo, a Fundação recebeu mais de 850 inscrições, das quais 154 tecnologias foram certificadas. O estado com maior número de iniciativas certificadas é São Paulo (36), seguido de quatro estados - Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (12). Além do Pacto das Águas, apenas outras quatro tecnologias foram certificadas em Mato Grosso e nenhuma em Rondônia. A tecnologia social do Pacto das Águas recebeu a certificação após a visita técnica da Fundação Banco do Brasil. A gerência do banco em Juína foi conhecer in loco as atividades desenvolvidas na Terra Indígena Japuíra, do povo Rikbaktsa. As tecnologias certificadas passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da fundação, que soma agora um total de 850 iniciativas. Informativo do Projeto Pacto das Águas Preço mínimo da borracha garante produção em Resex da região amazônica Na prática, o recurso do governo federal garante que as famílias recebam R$ 4,90 por quilo de látex produzido, pois a subvenção é um complemento ao valor alcançado pelo produto no mercado. Para Ailton Pereira dos Santos, presidente da Associação dos Moradores Agroextrativistas da Resex Guariba Rossevelt, Rio Guariba (Amorarr) o recurso trouxe segurança para a comunidade e para a associação. “Elaborar projetos é muito difícil para uma associação pequena como a nossa”, explica. “O nosso papel na associação é zelar para que os direitos da comunidade sejam garantidos e agora os moradores recebem um preço justo e à vista pela produção”, complementa. Emerson de Oliveira, técnico do Pacto das Águas na região, explica que a equipe do projeto é o principal canal de articulação com a Conab e outros parceiros. “As associações têm pouca estrutura e acesso a informação e nós estamos atuando para o empoderamento dessas famílias que estarão aptas a elaborarem seus próprios projetos no futuro”, analisa. ezesseis famílias da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, região noroeste de Mato Grosso, receberam 38 mil reais em subvenções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2015. O valor, recebido por meio da Política de Garantia de Preço Mínimo para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio), está garantindo a produção de 12 toneladas a seringa nativa na comunidade. Auxiliar a comunidade a elaborar um projeto para acessar os recursos do PGPM-Bio foi uma estratégia encontrada pelo projeto Pacto das Águas para garantir que a produção do látex fosse mantida, tendo em vista que o baixo preço oferecido pelo produto no mercado, menos de dois reais, inibiria sua produção nas comunidades tradicionais. A extração do látex nativo, matéria-prima para a produção da borracha, enfrenta diversos obstáculos, desde a falta de estradas em boas condições das comunidades às seringueiras, até a dificuldade de logística para escoamento da safra até os centros compradores. No entanto, a atividade faz parte da cultura de muitos povos amazônicos e, apesar dos desafios, podem gerar renda às famílias, além de ajudar a conservar a floresta. A política de preço mínimo para produtos da sociobiodiversidade é um estímulo à produção extrativista, pois consegue manter os preços dos produtos em níveis considerados justos para as comunidades tradicionais, independente da oscilação dos preços nos mercados locais e internacionais. O projeto Pacto das Águas atua, como um incentivador de acesso a mercados justos e a políticas públicas, inclusive auxiliando na elaboração de projetos e verificação da documentação exigida nos editais. Edição 03 - Outubro/2015 O retorno das famílias da Resex a produção do látex vem se acentuando desde 2012 quando o projeto Pacto das Águas estimulou a reabertura das estradas de seringa, capacitando-os em boas práticas e ajudando a criar uma infraestrutura adequada para o armazenamento da produção de produtos extrativistas, como a seringa e a castanhado-Brasil. Ao longo dos últimos três anos a comunidade já conseguiu acessar 75 mil reais em subvenções da Conab. Na prática, para além da geração de renda, isso reflete na valorização do seringueiro e seu modo de vida tradicional. Sobre a Resex Os seringueiros dos rios Guariba e Roosevelt são remanescentes do ciclo da borracha na Amazônia, cuja ocupação na região Noroeste de Mato Grosso teve início em 1879. A economia é baseada no manejo intensivo da biodiversidade, como a extração do látex da seringueira do óleo de copaíba e da castanha do Brasil. A comunidade é composta aproximadamente por 60 famílias, distribuídas em 40 colocações, com uma área de aproximadamente 164 mil hectares. Associações indígenas recebem equipamentos para agricultura e extrativismo m dos maiores gargalos do extrativismo na Amazônia é o transporte, como ocorre com a castanha-do-Brasil, coletada principalmente em áreas de floresta nativa no período chuvoso. Para dar maior comodidade aos povos indígenas e agilidade no escoamento da produção, o projeto Pacto das Águas articulou para que a prefeitura de Ji-Paraná, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária- Semagri, em Rondônia, doasse parte dos equipamentos agrícolas obtidos com recursos de uma emenda parlamentar aos indígenas da Terra Indígena Igarapé Lourdes. A Associação Zavidjaj Djiguhr (Assiza), do Povo Gavião recebeu três monocultivadores (tratoritos) e uma roçadeira. Já a Associação Pay Gap, do povo indígena Arara, recebeu dois monocultivadores e uma roçadeira. Ao todo, cerca de 300 indígenas dos dois povos serão beneficiados. Além das associações indígenas, outras 40 associações rurais receberam os equipamentos que serão utilizados no cultivo de hortaliças e frutas e também na limpeza de pastagens. Pela parceria estabelecida, as associações indígenas serão responsáveis por conservar e fazer a manutenção dos equipamentos. Já o projeto Pacto das Águas será responsável pela assessoria da logística do transporte da castanha. Além dessa ação, os técnicos do projeto capacitam os indígenas nas boas práticas do manejo, incentivando-os a utilizarem as formas mais eficientes de coleta, armazenamento e secagem. Os equipamentos também poderão ser utilizados em outras atividades dos povos indígenas. As roçadeiras, por exemplo, que poderão ser utilizadas na abertura de pequenas trilhas na floresta servirão também para limpeza de áreas de agricultura e de lazer. Para Plácido Costa, coordenador técnico do projeto, a prefeitura demonstra um interesse em dialogar com o projeto em benefício dos povos indígenas e da região. Somente nesta última safra de castanha em Mato Grosso e Rondônia o projeto apoiou a produção de 350 toneladas de castanha, que gerou mais de um milhão de reais em renda para cerca de 600 famílias de castanheiros. “Acreditamos que essa é uma conta que mostra a importância em valorizar a sustentabilidade da floresta”, finaliza. Informativo do Projeto Pacto das Águas Edição 03 - Outubro/2015 Exposição fotográfica mostra relação da cultura indígena com o manejo da castanha “A imagem que a população nãoindígena tem dos povos da floresta é feita, muitas vezes, a partir de uma visão preconceituosa quando na verdade eles estão à margem de tudo, não sendo nem reconhecidos como cidadãos brasileiros”, complementa Maricelma. A diretora acredita que esta parceria entre o museu e o projeto Pacto das Águas ajudará a levar um novo olhar para quem visitar o museu nos próximos dois meses. Até o final de novembro, quem visitar o Museu das Comunicações Marechal Rondon em Ji-Paraná (RO) pode conhecer um pouco da cultura indígena por meio da exposição fotográfica O Caminho da Castanha. Composta por trinta fotos, a exposição apresenta o cotidiano dos povos Arara e Gavião, em Rondônia, e Rikbaktsa, no Noroeste de Mato Grosso, bem como o trabalho realizado no manejo da castanha-do-Brasil. “As pessoas precisam reconhecer que ocupamos um território que era fundamental para a subsistência dos povos indígenas e o mínimo que podemos fazer, é dar o reconhecimento devido”, explica a diretora do museu, Maricelma Almeida Chaves, Para Sávio Gomes, articulador regional do Pacto das Águas em Rondônia, a exposição serve também como atividade de Educação Ambiental ao mostrar à população urbana que próximo do município existe aldeias indígenas de diferentes culturas e que buscam alternativas de sobrevivência. “O manejo da castanha é uma atividade inerente à cultura indígena da região amazônica, que é sustentável e gera renda para a comunidade”, explica Sávio. Sávio argumenta ser importante saber que parte da alimentação que a gente consome vem de populações tradicionais e povos indígenas. “Muita gente não sabe que a castanha comprada no supermercado foi extraída a poucos quilômetros por uma família indígena”, completa. “Com a exposição, além de se ter uma ideia de como é feita produção da floresta até os barracões é possível ter também outro olhar sobre essas populações”, finaliza. www.pactodasaguas.org.br Jornalista Responsável André Alves DRT 740/MT Fotos: José Medeiros / Arquivo Pacto das Águas [email protected] /pactodasaguas Esta publicação é produzida pelo projeto Pacto das Águas e é permitida sua reprodução desde que citada a fonte.