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SERGIPANOS NA 2ª GUERRA MUNDIAL: A HISTÓRIA NÃO
CONTADA NOS LIVROS DIDÁTICOS.
Luiz Manoel dos Santos, aluno do 6º Período Graduação em História EAD Universidade Tiradentes e aluno do Curso de Direito - FASER.
Email: [email protected]
Ricardo Antonio Cruz Júnior, aluno do 6º Período Graduação em
História -EAD Universidade Tiradentes.
Email: [email protected]
Tânia de Jesus Dantas Santos, aluna do 6º Período Graduação em
Historia -EAD Universidade Tiradentes.
Email: [email protected]
RESUMO.
Muitos estudantes sergipanos e inclusive a sociedade de um modo geral não sabem
ou não tem acesso a informações sobre a participação dos bravos pracinhas sergipanos na 2ª
guerra mundial bem como muitos não tem notícias sobre o torpedeamento de navios
brasileiros na costa de Sergipe por submarinos alemães. Essa falta de informação é notada ao
analisar os livros didáticos que várias instituições de ensino utilizam para estudar a disciplina
história de Sergipe. Sendo que os mesmos deixam de lado ou fazem apenas breves
comentários sobre tal assunto.
Infelizmente muitos estudantes só ouvem falar nos ex-
combatentes através da voz que narra o desfile cívico de 7 de setembro em comemoração a
Independência do Brasil. As histórias desses bravos homens e mulheres que combateram
nesse conflito de proporções mundiais deve receber a devida importância e ser divulgada para
os estudantes da nossa sociedade para que nós os sergipanos possamos
verificar que não
precisamos ir a outro lugar, ou assistir filmes sobre a referida guerra para achar heróis sendo
que nosso Estado está repleto desses homens e mulheres que são verdadeiros heróis
sergipanos.
Esse estudo tem como objetivo verificar como se deu a participação de Sergipe na 2ª
Guerra Mundial e como essa participação é abordada nos livros didáticos sobre a história de
Sergipe. A metodologia empregada nesse estudo foi a entrevista com ex-combatentes e a
pesquisa bibliográfica.
Palavras-Chaves: Sergipe. FEB. Pracinhas. 2ª Guerra Mundial. Getúlio Vargas.
ABSTRACT.
Many students Sergipe and even society in general do not know or have access to
information about the participation of the brave GIs Sergipe in World War 2 and many do not
have news about the torpedoing of Brazilian ships off the coast of Sergipe by German
submarines. This lack of information is noted when examining the textbooks that many
educational institutions use to study the discipline of history Sergipe. Being that they leave
out or make only brief comments on this issue. Unfortunately many students only hear about
on ex-combatants through the voice that narrates the civic parade on September 7 to
commemorate the Independence of Brazil. The stories of these brave men and women who
fought in the conflict of global proportions should be given due importance and not released
to the students of our society so that we can verify that the Sergipeans not need to go
somewhere else, or watching movies about that war to find heroes and that our state is full of
these men and women who are true heroes Sergipe.
This study aims to verify how was the participation of Sergipe in the 2nd World
War and how that participation is addressed in textbooks on the history of Sergipe. The
methodology employed in this study was the interview with ex-combatants and the literature
search.
Key Words: Sergipe. FEB. Squares. 2nd World War. Getúlio Vargas
Hino da Força Expedicionária Brasileira
Letra: Guilherme de Almeida
Musica: Spartaco Rossi
Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringais,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Retirado do Livro Hinos e Canções Militares, Edição de 1976
INTRODUÇÃO.
A revolução de 30 inaugurou uma série de mudanças no esquema de poder político
no Brasil. A classe que dominava Sergipe (produtores de açúcar) foi afetada pelo processo de
substituição de engenhos por usinas e pelo fortalecimento de pecuaristas e produtores de
algodão. Entre 1930 e 1945, durante o primeiro governo de Vargas, o Brasil viveu sob um
regime autoritário. Não havia eleições para o povo escolher seus governantes. O então
Presidente Getúlio Vargas nomeava interventores para governar os Estados. Os principais
Interventores nomeados para governar Sergipe foram Maynard Gomes, Eronildes de Carvalho
e Milton Azevedo. Em Sergipe, o governo ampliou a máquina administrativa e reformulou a
estrutura de poder proporcionando o desgaste às oligarquias e ao coronelismo. Houve também
a sindicalização de diversas categorias profissionais com apoio dos interventores. A partir
1933 houve, com a participação de vários grupos sociais, uma reorganização dos partidos que
incluíam justiça eleitoral, voto secreto e voto feminino. Porém em 1937 ocorre o golpe de
Estado colocando a sociedade dentro de um Estado unitário, poderoso, intervencionista e
pastoral.
Ao decorrer dos anos os governantes modernizaram os serviços públicos e
demonstrou maior preocupação como o social, mas a participação dos empresários foi inibida
pela política interventora. Durante o período da Segunda Guerra alguns agentes econômicos
prosperaram. Durante o Estado Novo os trabalhadores que antes formaram sindicatos e órgão
de representação, foram reprimidos e desmobilizados. Em contrapartida a CLT foi editada
concedendo direitos importantes ao trabalhador. Apesar da predominância do autoritarismo no
período, ficavam os feitos modernizadores e as experiências a serem lembradas no novo
tempo de aprendizado de reconstrução da democracia.
Quanto às manifestações culturais um debate entre socialistas e integralistas
prejudicou parcialmente a produtividade dos artistas. Mas a principal característica desse
período foi a grande interferência do Estado, assumindo responsabilidades no setor
educacional revelando preocupações sociais ao tempo que inibia a ação do mercado. Num
outro momento o governo mostrou-se explicitamente autoritário e passaram a implantar uma
educação voltada para a valorização da história, preservação do patrimônio histórico e maior
controle das informações a fim de justificar o Estado Novo.
DESENVOLVIMENTO
Entre os dias 15 e 17 de agosto 1945 a costa Sergipana foi palco de um fato militar
que levaria o Brasil a ingressar na 2ª Guerra Mundial. Tal fato se refere ao afundamento de
navios brasileiros por submarinos alemães. Esse acontecimento criou um sentimento de revolta
por parte da população onde a mesma exigiu que o Brasil declarasse guerra aos países do Eixo.
Sergipe participou ativamente da segunda guerra mundial enviando, segundo o ex-combatente
Sizenando, um número que não chegou a 300 homens. Homens estes, que foram incorporados a
Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, a mesma contou com o efetivo de
25.334 homens que lutaram ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.
Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças
militares brasileiras que participaram do conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando",
em alusão ao que se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na
guerra1
(Murilo Melins-2004) registra que houve um clima de horror presente em todos os
habitantes de Aracaju provocado com o torpedeamento dos navios de nossa marinha mercante (
Aníbal Benévolo, Itagiba, Arara, Araraquara e Baipendy) em costas sergipanas, atacados por
submarinos alemães.
Durante a tensão houve muita comoção e tristeza, alguns aviões paulistinhas
pertencente ao aeroclube de Aracaju, que eram pilotados pelos pilotos Walter Batista, José
Correia de Araújo (Araujinho), Lindolfo Calazans, Dr. Lourival Bonfim, Valfrido Rezende,
sobrevoam a nossa costa, com a missão de localizar os cadáveres e os sobreviventes que se
debatiam nas águas, muitas vezes eles foram encontrados agarrados em tábuas ou em pedaços
dos navios torpedeados pelo submarino nazista.
Os aviadores que davam apoio no resgate, procuravam aterrissar onde podiam,
transportando médicos com a missão de prestarem os primeiros socorros aos sobreviventes. Em
terra soldados do exército faziam o patrulhamento das praias, a exemplo da praia de atalaia,
costa de estância e as localizadas na zona do mosqueiro, prestando socorro aos náufragos e
realizando o sepultamento dos mortos.
A sociedade Sergipana, triste e tomada por um sentimento de revolta com o
surgimento da notícia que os (quintas colunas), que eram simpatizantes do nazi-facismo,
(alemães e italianos). A desconfiança é que os suspeitos Sergipanos teriam passado orientação
para o submarino alemão, que culminaram com o ataque aos navios em nossa costa. Os
Aracajuanos em fúria, partiram para praticar a primeira depredação, que foi a casa pertencente
ao Senhor Nicola Mandarino, cuja residência era localizada no Parque Teófilo Dantas, onde
hoje encontra-se o Palácio da Arquidiocese de Aracaju. Essa ação resultou na destruição de um
piano. Os móveis, as cortinas, peças de roupas encontradas, utensílios domésticos, papéis e um
caríssimo enxoval de noivas foram jogados pela janela. Depois a multidão foi até a indústria do
Sr Nicola, que era localizada na Avenida Coelho e Campos, e lá foram destruídos os móveis,
maquinarias, e produtos industrializados (farinha de batata tipo exportação), que foi atirada no
meio da rua, e apanhada por populares que passavam pelo cenário de depredação e a industria
acabou sendo incendiada. Depois os vândalos foram até o comércio de Aracaju e invadiram a
Sapataria Única de propriedade de Vicente Mandarino, irmão de Nicola, quebrando as vitrines,
e as bolsas e caçados foram jogados no meio da rua.
Melins relata que houve um grande treinamento na cidade contra o ataque nazista, o
parque Teófilo Dantas parecia uma praça de guerra. Centenas de sacos de areia eram
amontoados, formando trincheiras e abrigo anti-aéreo, guarnecidos pelos soldados do Exercito
Brasileiro.
Os aviões do aeroclube, anunciados por sirenes, sobrevoavam o centro da cidade
lançando pequenos sacos de areia simulando um bombardeio. Soldados estavam em cima do
prédio Pernambucano, atiravam com metralhadora com balas de festim em direção aos aviões,
que supostamente eram inimigos.
Os homens e as mulheres foram convocados ou se alistarem voluntariamente para
servirem as forças armadas, fazendo o patrulhamento das praias. Muitos deles após o
treinamento foram enviados para a Itália.
Outra ação bastante que teve bastante relevância como esforço de guerra foi
promovida por alunos dos Colégio Atheneu Sergipense e Colégio Tobias Barreto, era o
recolhimento ou catação de materiais metálicos em quintais, ruas e terrenos baldios. Depois de
selecionados eles seriam transformados em material bélico, para ajudar os aliados, a
combaterem as forças do eixo.
Era muito comum ver rapazes carregando em carrinhos de mão fios de cobre,
pedaços de bicicletas, canos de metal, enfim todo e qualquer tipo de metal que encontravam.
Todo esse material era enviado a um navio americano atracado no rio Sergipe.
Maria Goreth Pimentel ufs 2009-1, pgs 69,80 e 89, destaca recortes do jornal
Correio de Aracaju, 20 ago 1942 Numero 3.164 – pg01. Descritos a seguir:
Rio, 20 (A.N.B.0 – Os maritmos do Loide Brasileiro, da Costeira e do
Loide Nacional, reunidos num grande ato público de desagravo e
pezar pelo torpedeamento dos navios brasileiros, realizaram uma
grande passeata e uma grande manifestação ao Presidente Vargas, no
Palácio Guanabara.
Rio, 20 (A.N.B.0 – O general Góis Monteiro, Chefe do Estado Maior
do Exército, falando sobre os últimos acontecimentos declarou que o
momento exige que cada brasileiro tenha alma de espartano, para ir às
derradeiras conseqüências com coragem e espírito de decisão para
enfrentar qualquer perigo.
Lima, 20 (United Press)- Em Buenos Aires inúmeros parlamentares
argentinos discurssaram na Câmara, atacando violentamente os
agressores nazistas e hipotecendo a sua solidariedade aos brasileiros
em seu atual transe de sofrimentos.
Ao colocar-se fora do campo de legalidade, à margem dos acordos, pactos e
convenções que regulam até as próprias guerras, o nazi-facismo caiu francamente no terreno da
delinqüência internacional, por cujo plano inclinado vai resvalando aos mais horrendos
abiasmos.
Disse, mais, adiante, o editorial que a guerra já chegou até nós, e não sabemos até
que ponto se intensificará, se os submarinos alemães se julgam autorizados a afundar navios de
uma nação com a qual não se encontram em guerra, como o Brasil.
Seja como for – conclui – qualquer que seja a reação do governo brasileiro, ante este
novo crime, pode ter a certeza de que todos os povos americanos, estarão com ele.
Os Soldados sergipanos foram incorporados a vários Regimentos e combateram
com bravura as tropas do Eixo, mas mesmo assim não tiveram suas histórias e valores
divulgados para a classe estudantil através dos livros didáticos sobre a história de Sergipe.
A participação da FEB na guerra durou sete meses e 19 dias: e 16 de setembro de
1944, quando um batalhão do 6o Regimento de Infantaria iniciou a marcha na frente do rio
Serchio (entre Pietrassanta e Luca), que redundaria na conquista de Camaiore, até 2 de maio
de 1945, dia em que a ordem de cessar fogo, vinda do comando do 4o Corpo de Exército,
deteve o 3o Batalhão do 11o Regimento de Infantaria na localidade de Vercelli, no vale do
Pó,nas proximidades de Novara2
Palavras de um ex-combatente.
O ex-combatente Dr. Sizenando Azevedo Faro nos relata em entrevista que
durante a mobilização, os voluntários passavam por rigorosos exames médicos aqui em
Aracaju, e após aprovação se deslocavam para o quartel central do exército em Salvador e
onde eram realizados novos exames e muitos eram reprovados e retornavam. Com a
aprovação o contingente seguia para o Rio de Janeiro, e depois para o teatro de operações. O
Governo brasileiro deu total apoio, e a FEB tinha comando e bandeira própria porém seguia
os padrões dos Estados Unidos. O combatente brasileiro era visto como um homem de fibra e
de grande valor humanitário. Nossa tropa inverteu a situação e ganhou o respeito da
população da Itália, pois os alemães tinham várias estações de radio clandestinas e denegriam
a imagem do soldado do Brasil, principalmente do negro, falando que o soldado preto do
Brasil comia crianças. A FEB conseguiu prender dois locutores da rádio que para surpresa de
todos, eram “alemães de São Paulo”.
Os combates se sucediam e as patrulhas faziam levantamento para organizar o
ataque aos alemães, que estavam bem preparados e possuíam uma metralhadora moderna;
dada a capacidade arrasadora de fogo, ela foi batizada pelos pracinhas de lurdinha. Dentre as
cidades conquistada pela FEB, destacou-se a tomada de Monte Castelo, haja vista os alemães
ocupavam o pico do morro e, estavam bem instalados, fortemente armados e tinham uma
visão privilegiada para deter um ataque. Mas nossos homens ganhavam terreno palmo a
palmo, o combate foi bastante violento, centenas de munições de lurdinhas eram disparadas
do alto, provocando algumas baixas, mas os guerreiros da FEB conquistaram o objetivo em
Monte Castelo. Com destaque para o soldado Bocozinho nascido em Lagarto, o mesmo
recebeu várias condecorações por bravura.
Outras conquistas aconteceram libertando as comunidades e regiões que estavam
sob o domínio alemão a exemplo de Norone, uma cidade medieval, cuja torre da catedral,
serviu de posto de observação contra o avanço das tropas do Brasil. Santa Maria em 04/03/45.
Castelnuovo em 05/03/45. Montese em 14/04/45, uma cidade industrial próximo ao valo do
pó, onde, infelizmente, houve uma grande perda de vidas. O último combate da Força
expedicionária brasileira foi em 02/05/45 em Susa.
Outro Sergipano que participou da rendição nazista em 28/04/45 em Fornuovo foi
o Cabo Nelson Domingos ou Cabo poeira, do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava.
Apesar do corpo franzino sua agilidade era invejada desde o tempo que jogava futebol no
antigo campo do Adolfo. O cabo poeira é vivo e mora na rua de Riachão no bairro cirurgia.
Ainda na guerra, nos conta Sizenando, conheceu um tenente, que por coincidência,
tinha nascido em Capela mas foi morar em Niterói, e tinha a curiosidade de saber como estava
o estado de Sergipe. Em outra oportunidade aproximou de Sizenando (branco) um soldado
inglês (negro), prestou continência, e falou um português limpo, pedindo para tirar uma
fotografia ao lado do nosso soldado sergipano, para enviar à sua família na África do Sul,
mostrando assim, que o soldado brasileiro não tem preconceito.
Nosso entrevistado nos revelou que familiares de pessoas públicas como o neto de
Silvio Romero, o filho de Getulio Vargas e o filho de Osvaldo Aranha também participaram
da guerra.
Ainda durante a guerra ele foi acometido por uma enfermidade vulgarmente
batizada pelos soldados com o apelido de pé de trincheira. Diante da nossa curiosidade, nos
foi explicado que eles usavam uma bota 44 num pé 40, esse “vazio” que era preenchido com
várias meias, já que a temperatura local na época era baixíssima, e a circulação congelava e
parava causando assim o pé de trincheira. E muitos combatentes foram encaminhados as
enfermarias para amputarem os membros inferiores com gangrena.
A participação de Sergipe na 2ª Guerra Mundial não se limitou a presença
masculina, a FEB contou também com a participação feminina durante o conflito com um
efetivo de 53 enfermeiras, dentre elas três sergipanas que serviam bravamente em hospitais de
campanha com honra de oficial que ia de tenente a capitã. Elas eram naturais de Lagarto,
Capela, e Riachão do Dantas.
Sergipe também marcou presença nos ares da 2ª Grande Guerra. Um jovem
tenente aviador sergipano, Aurélio Vieira Sampaio, era piloto do 1º grupo de caça, a ele foi
dada a ordem de cumprir uma missão na cidade de Bolonha, cujo objetivo era destruir uma
rede ferroviária que estava trabalhando em favor dos nazistas. Infelizmente o avião do jovem
tenente foi abatido pelas metralhadoras alemãs ceifando assim a sua vida.
O palco de operações contou também com a presença de um jornalista sergipano
chamado Joel Silveira, o mesmo foi enviado como correspondente de guerra pelo Diários
Associados para realizar a cobertura da guerra junto a Força Expedicionária Brasileira. Ou
seja mais um herói sergipano na guerra. Segundo Joel Silveira em entrevista concedida ao
repórter Márcio Sampaio de Castro da abril quando perguntado sobre se o Brasil estava
preparado para a guerra o mesmo respondeu que:
A FEB realizou todas as tarefas que lhe foram acometidas com o
maior heroísmo, com a maior bravura, culminando com a tomada de
Monte Castelo e Montese, duas batalhas ferozes. Era tese do general
Mascarenhas de Morais que Monte Castelo deveria ser tomado por
toda a divisão. Eu estive lá pessoalmente e vi isso. Já o comando
americano defendia outra tese, de que o ataque poderia ser feito
somente por um regimento (o equivalente a um terço de uma
divisão). As duas primeiras tentativas fracassaram. Na terceira, o
Mascarenhas desobedeceu os americanos. Começou às 5 horas da
manhã e, às 6 da tarde, os brasileiros estavam no cume, inclusive eu.
Foi aí que eu percebi a situação terrível em que esteve a FEB
durante meses. Estávamos em uma verdadeira cratera. No terreno
montanhoso dos Apeninos, os alemães estavam nas gripas e a
qualquer movimento eles atiravam. Quando pude ver tudo lá de
cima, pensei comigo: “Meu Deus, onde a FEB veio se meter!”
Voltando a 15 de agosto de 1942, submarinos nazistas torpedearam os navios da
marinha mercante, Baependy, Araraquara, Aníbal benévolo, na costa sul de Sergipe. E no dia
16 quando o soldado Rubens Ribeiro, 85 anos, patrulhava a região do mosqueiro em Aracaju,
avistaram uma sena macabra, destroços dos navios torpedeados, mortos e sobreviventes que
chagavam a praia.
SERGIPANOS QUE LUTARAM NO FRONT (Por Patente)
OFICIAIS
20
SARGENTOS
22
CABOS
22
SOLDADOS
217
O sergipano Zacarias Isidoro Cardoso integrante da VI companhia do 2º batalhão
do 11º regimento de infantaria, tem marcas da guerra no corpo e na alma. Na tomada Montese
tombou ferido, e no meio dos destroços, foi socorrido coincidentemente pela enfermeira
natural de Riachão dos Dantas, Jane Simões. Zacarias foi o quarto homem a receber a
medalha silver star concedida pelas nações unidas por atos excepcionais praticados em guerra.
Hoje aos 84 anos mora no Asilo Rio Branco, altera momentos de lucidez e lapsos de memória
quando volta ao front imaginário3.
CONCLUSÃO
A participação dos sergipanos na campanha da segunda guerra mundial foi
importante, tanto em território brasileiro, salvaguardando a costa, quanto no front. Os nossos
soldados demonstraram coragem, superação e destemor no combate cara a cara com os
alemães. Com o retorno ao Brasil, houve a desmobilização onde os pracinhas a princípio não
foram amparados pelo governo. Foi necessária a criação de uma associação para amparar os
que foram mandados para casa por não pertencerem ao quadro permanente das forças
armadas. Mas, com muita luta no Congresso Nacional conseguiram aprovar legislação
própria. Essa foi uma grande vitória para os bravos soldados que lutaram bravamente na
guerra. Porém, a grande maioria da população sergipana não tem acesso aos feitos realizados
por esses bravos sergipanos, devido principalmente, como falado anteriormente, a forma
como o assunto é abordado ou até mesmo não é abordado nos livros didáticos utilizados no
ensino público e particular do nosso Estado. Seria muito interessante e enriquecedor que
nossos jovens pudessem crescer sabendo que Sergipe e por conseqüência nós os sergipanos
tivemos participação ativa na guerra. E que os mesmo jovens possam reconhecer nossos
heróis que atualmente só são lembrados em datas cívicas.
NOTAS DE FIM DE TEXTO
1
territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=For%C3%A7a_Expedicion%C3%A1r
ia_Brasileira. Acesso em 04 de novembro de 2010
2
http://adluna.sites.uol.com.br/300/333.htm. Acesso em 21 de outubro de 2010.
3
http://coisasdesaocristovao.blogspot.com/2009/02/bombardeio-alemao-na-costa-desao.html. Acesso em 09 de setembro de 2009.
REFERÊNCIAS
Entrevista do Ex-combatente Dr. Sizenando Azevedo Faro aos autores. 15 de Outubro de
2009
DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro:
T. Brasileiro, 2004.
TEXTOS PARA A HISTÓRIA DE SERGIPE. Diana M. Diniz; Beatriz Dantas; Lenalda A.
Santos; Maria de A. Gonçalves; Mª da Glória S. Almeida; Teresinha Alves de Oliva. Aracaju:
Universidade Federal de Sergipe/BANESE, 1991.
MELINS, Murilo - Aracaju Romantica que vi e vivi / Murilo Melins, 3 edição Aracaju. Unit
2007.
Maria Goreth Pimentel ufs 2009-1, pgs 69,80 e 89. Correio de Aracaju, 20 ago 1942 Numero
3.164 – pg01
Tabela Sergipanos que lutaram no front por patente organizada pelos autores. 2009
historia.abril.com.br/gente/joel-silveira-front-brasil-434854.shtm
www.sentandoapua.com.br
http://www.jornaldacidade.net/noticia.php?id=12774
http://www.territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=For%C3%A7a_Expedicion
%C3%A1ria_Brasileira
http://adluna.sites.uol.com.br/300/333.htm
http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=608&Itemid
=38 Hinos e Canções Militares, Edição de 1976

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