Capas Revista N 6_30_04_2012_FINAL.cdr

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Capas Revista N 6_30_04_2012_FINAL.cdr
Revista No 6, 7, 8, 9 e 10
Editora Conhecimento & Ciência
No 6, 7, 8, 9 e 10
1o Semestre de 2012
PESQUISA EM SAÚDE - BELÉM - PARÁ - No 6, 7, 8, 9 e 10 - 2012
ISSN 1518-7799
Pesquisa em Saúde é uma Publicação Científica anual de responsabilidade da Editora
Conhecimento & Ciência Ltda.
REVISTA PESQUISA EM SAUDE - BELÉM - PARÁ
CONHECIMENTO & CIÈNCIA Ltda, 2012.
ANUAL
ISSN: 1518-7799
1. Saúde. 2. Saúde - Pesquisa
CDD. 21 ed. 613
613.072
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Diretor Científico
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Conselho Editorial
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Belém- Pará- Brasil
EDITORIAL
Prezados leitores
Toda vez que finalizamos a edição de mais um número de nossa revista, nos sentimos estimulados
a prosseguir nesta difícil missão de receber, organizar, fazer a editoração, produzir e, finalmente,
divulgar a produção de conhecimentos científicos para uma comunidade acadêmica cada vez maior,
mais interessada e mais exigente em conhecer novas produções de Pesquisa em Saúde.
Chegamos à mais uma edição de nossa revista e já estamos trabalhando muito para, em breve,
em novembro de 2012, lançarmos a próxima edição. Para nós, é importante informar que mantivemos
a classificação Qualis Capes no extrato B5, apesar de sempre estarmos buscando classificações e
indexações melhores. Porém, temos que reconhecer que ainda temos muito a melhorar e que nossa
meta, de uma melhor classificação, certamente virá na próxima avaliação.
Convidamos a todos a lerem o conteúdo destes números e que, com isso, se sintam estimulados
a nos enviar novas propostas para o próximo número, que tem como data limite de recebimento
das propostas de publicações o próximo mês de agosto de 2012, o qual será lançado no II FÓRUM
INTERNACIONAL DE CONHECIMENTO & CIÊNCIA, a ser realizado no período de 15 a 17.11.2012,
em Belém-Pará, quando nossa editora estará comemorando 12 anos de existência.
Queremos convidar, em especial, os professores e pesquisadores interessados nos estudos
e diferenças da Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, que mandem suas propostas de
publicação, pois o próximo número e o evento referido anteriormente darão destaque especial a esta
temática.
Desejamos a todos bom aproveitamento dos conteúdos aqui apresentados.
Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto
Diretor Científico
SUMÁRIO
SEÇÃO ARTIGOS
O USO DO PEELING QUIMICO E MECÂNICO: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
THE USE OF CHEMICAL AND MECHANICAL PEELING: A LITERATURE
REVIEW
Catharine de Almeida Valle - ESAMAZ
Mayara Caroline de Menezes Gomes - ESAMAZ
9
RECONFIGURANDO A TECLA “DOWN (↓)” DO COMPUTADOR HUMANO:
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PALAVRA.
RECONFIGURE KEY “DOWN (↓)” HUMAN COMPUTER: A DISCURSIVE
ANALYSIS OF THE WORD
Carlos Alberto Araujo Veras - UNAMA.
Elizabeth Pessôa Gomes da Silva - UNAMA.
15
ANÁLISE ERGOESPIROMÉTRICA COMPARATIVA ENTRE MULHERES
PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
21
COMPARATIVE ERGOSPIROMETRY ANALYSIS WITH WOMEN
THAT PRACTICE AND NOT PRACTICE PHYSICAL ACTIVITY
Renato Caldas dos Santos - CESUPA
Ana Luiza Pinto da Costa Pereira - CESUPA
Bárbara de Mattos Pimentel - CESUPA
Wiviane Maria Torres de Matos - CESUPA
A IMPORTÂNCIA DA BOLA SUÍÇA NO TREINAMENTO DE DANÇA PARA
26
ADULTOS INICIANTES
THE IMPORTANCE OF SWISS BALL IN DANCE TRAINING TO ADULT
BEGINNERS
Mariela Ferreira de Santana - ULHT/ PT
PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA PROPOSTA INTERVENTIVA DE
31
SAÚDE SOCIAL
SOCIAL SPORT PROJECT: A SOCIAL HEALTH INTERVENING
PROPOSAL
Tibério Costa José Machado - LECSU.
Angelo Vargas - LECSU
DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
DE 06 A 10 ANOS.
MOTOR DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH DOWN SYNDROME
FROM 6 TO 10 YEARS
Edvânia Albuquerque Feitoza - ULHT/ PT
Pedro Aderbal Souza Sobrinho - ULHT/ PT
37
IDENTIFICAR O PERFIL DOS DOADORES E DA DOAÇÃO DE SANGUE
DO ESTADO DO AMAPÁ: PROPOR ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO.
TO IDENTIFY THE PROFILE OF DONORS AND DONATION OF BLOOD
OF AMAPÁ STATE: TO PROPOSE STRATEGIES OF LOYALTY
Ivonete Ferreira Maciel - HEMOAP
43
META-ANÁLISE: RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E
APTIDÃO AERÓBIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
49
META-ANALYSIS: RELATIONSHIP BETWEEN REGULAR PHYSICAL
ACTIVITY AND AEROBIC FITNESS IN CHILDREN AND ADOLESCENTS
António Cortinhas - UTAD
José Carlos Leitão - UTAD
Helena Moreira - UTAD
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO VIGISUS II PARA A
54
ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO ESTADO PARÁ.
CONTRIBUTIONS OF VIGISUS II PROJECT FOR STRUCTURE THE
HEALTH MONITORING IN STATE OF PARA
Milena Farah Damous Castanho Ferreira - UEPA/SESP
59
ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO: CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE
JUVENIL
PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITION: CONTRIBUTIONS IN THE PREVENTION OF YOUTH
OBESITY
Lucia Cristina Abrantes - ULHT/ PT
AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE NO ENVELHECIMENTO
70
AUTONOMY AND FLEXIBILITY IN AGING
Estélio H. M. Dantas - UNIRIO/ LABIMH
Rejane Daoud - UNIRIO/ LABIMH
Tania Santos Giani - UNIRIO/ LABIMH
Mario Cezar Costa Conceiçao - UNIRIO/ LABIMH
SEÇÃO ENSAIOS
IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Prof. Dr. Vagner Raso - UNIBAN
79
SEÇÃO RESENHAS
COACHING
Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto
83
SEÇÃO RESUMOS: PRODUÇÃO ACADEMICA
87
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
95
Seção Artigos
O USO DO PEELING QUIMICO E MECÂNICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
THE USE OF CHEMICAL AND MECHANICAL PEELING: A LITERATURE REVIEW
Catharine de Almeida Valle1
Mayara Caroline de Menezes Gomes1
[email protected]
RESUMO
A eterna busca pela beleza e jovialidade facial
faz com que inúmeros pacientes procurem as
clínicas para tratamentos estéticos. Enquanto
o utópico tratamento definitivo para os sinais do
envelhecimento facial, sem cortes, rápido, inócuo
e indolor não for inventado, procura-se aquele que
o faça agregando o maior número de qualidades
possível. Dentre os tratamentos não cirúrgicos,
destaca-se o peeling. O mesmo pode ser indolor
quando superficial, porém o médio e o profundo
comparam-se à dor de uma queimadura. O
procedimento peeling cria uma ferida controlada
da pele, os esfoliantes químicos substituem a
epiderme em sua totalidade ou parcialmente, e
pode induzir uma remodelagem do colágeno, o
que contribui para melhorar as lesões decorrentes
da exposição ao sol, as rugas, as anomalias
pigmentares e as cicatrizes. Cada tipo de peeling
age de forma diferente, em função da profundidade
de penetração do agente esfoliante. Os peelings
são indicados para quem quer acabar com a
acne inflamada ou renovar a pele para que ela se
torne linda em algum momento especial. Poderão
ser indicados os químicos; à base de ácido –
salicílico, glicólico ou retinóico - ou os mecânicos,
que lixam o rosto de forma suave. Todos fazem
a pele rejuvenescer e devem ser aplicados em
consultórios especializados. O resultado é uma
pele luminosa e firme. É aconselhada a utilização
de filtro solar diariamente. Sem ele, aumenta as
chances de a pele ficar manchada após o peeling,
já que a mesma fica supersensível. A opção por
esse tratamento resulta no processo de renovação
celular, normalizando a pigmentação da pele,
atenuando marcas e minimizando rugas.
Palavras - chave: peeling químico, pele,
tratamento, dermatologia.
1
ABSTRACT
The eternal search for beauty and facial youthful
leads a lot of patients to seek for clinics looking for
esthetic treatments. While the utopian definitive
treatment for signs of facial aging, uncut, quick,
painless and harmless is not invented, the one that
is searched is that one that makes it aggregating
the largest number of possible qualities. Among the
non-surgical treatments, we highlight the peeling.
This can be painless when superficial, however
medium and deep are compared to the pain of a
burn. The peeling procedure creates a controlled
skin wound, chemical exfoliating substitute the
epidermis on completely or only partially, and
may induce a reshaping of collagen, which helps
to improve the injuries from exposure to Sun, the
wrinkles, pigment abnormalities and the scars.
Each type of peeling acts differently, depending
on the depth of penetration of exfoliating agent.
The peels are indicated for those who want to put
an end to the inflamed acne or renew the skin so
that it becomes beautiful in some special moment.
Chemists may be indicated; herbal glycolic acid
– Salicylic or Retinoic acid-or the mechanics,
which sand the face smoothly. All make the skin
rejuvenate and must be applied in specialized
clinics. The result is a light and firm skin. It
is advised to use sunscreen daily. Without it,
increases the chances of skin looks blotchy after
the peeling, since the same is very sensible. The
choice of this treatment results in the process of
cell renewal, normalizing the pigmentation of the
skin, diminishing marks and minimizing wrinkles.
Keywords: chemical peeling , skin, treatment,
dermatology.
Escola Superior da Amazônia - ESAMAZ
Revista Pesquisa em Saúde 9
INTRODUÇÃO
Apesar do campo de atuação do fisioterapeuta
abranger ortopedia, cardiologia, respiratória,
pediatria, estética, dentre outras (COFITO; 2004)
esta última área está crescendo e sendo cada vez
mais reconhecida. Recentemente a especialidade
de fisioterapia estética teve a denominação
substituída por fisioterapia dermatofuncional,
em uma tentativa de ampliar a área, conferindolhe a conotação de restauração de função, alem
da anteriormente sugerida, que era apenas de
melhorar ou restaurar a aparência (GUIRRO &
GUIRRO, 2002).
No Guide physical therapist practice, publicado
pela Associação Norte-Americana de Fisioterapia
(American Physical Therapy Association - APTA),
em 2001, essas área é referida como responsável
pela manutenção da integridade do sistema
tegumentar como um todo, incluindo as alterações
superficiais da pele. Para a APTA (2001), a
responsabilidade do fisioterapeuta está não
somente em manter e promover a ótima função
física, mas também o bem estar e a qualidade de
vida.
Uma vez que os tratamentos estéticos
eram tratados como empíricos, devido à falta
de comprovação científica, a fisioterapia
dermatofuncional surgiu para auxiliar na
formação de profissionais especializados, com
base científica, para todas as aplicações e ações
terapêuticas.
O fisioterapeuta dispõe de meios físicos
e técnicas terapêuticas como eletroterapia,
técnicas manuais e cosmetologia, capazes de
tratar efetivamente diversas disfunções causadas
pelas patologias estéticas com conhecimentos
relevantes de anatomia, fisiologia e patologia.
Esse conhecimento proporciona uma abordagem
direcionada à forma precisa de tratamento,
potencializando e assegurando resultados
efetivos (BORGES; 2006).
Os
objetivos
desta
pesquisa
foram
compreender os tipos de peeling e seus efeitos,
como ele surgiu, suas complicações e os fatores
que desencadeiam a necessidade da realização
dessa técnica para os efeitos desejados.
melanócitos, células de Langerhans e células de
Merkel (TORTORA & GRABOWSKI; 2000).
Várias camadas distintas de células formam a
epiderme, que possui quatro estratos ou camadas:
a camada basal, a camada espinhosa, a camada
granulosa e a fina camada córnea (TORTORA &
GRABOWSKI; 2000).
A derme é a segunda e mais profunda parte da
pele. Ela é composta, principalmente, por tecido
conjuntivo, que contém colágeno e fibras elásticas.
Baseando-se na estrutura do tecido, a derme pode
ser dividida em região papilar superficial e região
reticular profunda. Nessa camada encontramos
as glândulas sebáceas, ou glândulas de óleo,
que são glândulas acinares simples ramificadas.
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).
As glândulas sebáceas secretam a substância
oleosa chamada sebo, que recobre a superfície
dos pêlos e ajuda a evitar que ressequem e se
tornem quebradiços. O sebo também evita a
evaporação excessiva de água da pele, mantém
a pele macia e flexível e inibe o crescimento de
certas bactérias (TORTORA & GRABOWSKI;
2000).
As glândulas sudoríparas écrinas são glândulas
tubulares simples e espiraladas e são muito mais
comuns que as glândulas sudoríparas apócrinas,
que são distribuídas por toda pele, exceto nas
margens dos lábios, leito das unhas, glande
do pênis, glande do clitóris, pequenos lábios e
tímpano. As glândulas sudoríparas écrinas são
mais numerosas na pele da testa, palma das
mãos e sola do pé (TORTORA & GRABOWSKI;
2000).
A pele contribui para a termorregulação de duas
maneiras, através da liberação de suor em sua
superfície, e pelo ajuste do fluxo de sangue na
derme. Em resposta à temperatura ambiental alta
ou calor produzido por exercício, a evaporação
de suor, a partir da superfície da pele, ajuda a
baixar a temperatura corpórea. E em resposta
a temperatura ambiental baixa, a produção de
suor é diminuída, o que ajuda a preservar o calor
(TORTORA & GRABOWSKI; 2000).
Em relação à cicatrização da pele, a mesma
passa por quatro fases. A primeira fase chama-se
fase inflamatória, na qual um coágulo de sangue
SISTEMA TEGUMENTAR
se forma na lesão e une parcialmente as bordas
Estruturalmente a pele é composta pela
do ferimento. A segunda fase é a fase migratória,
epiderme - que é constituída por epitélio
na qual o coágulo se torna uma crosta e células
estratificado pavimentoso queratinizado - e a
epiteliais, e migram por baixo, para ocluir o
derme - que contém tecido conjuntivo (JUNQUEIRA
ferimento. A fase proliferativa é a terceira fase, ela é
& CARNEIRO, 2004). A epiderme contém quatro
caracterizada por extenso crescimento de células
tipos principais de células: queratinócitos,
10 Revista Pesquisa em Saúde
epiteliais por baixo da crosta, pela deposição (ADDOR; 2007).
de fibroblastos, fibras de colágeno e contínuo
crescimento de vasos sanguíneos. Finalmente, a
PEELING SUPERFICIAL
ultima fase é conhecida como fase de maturação.
O peeling superficial é geralmente epidérmico
Nela, a crosta se desprende, quando a epiderme
e não apresenta riscos e complicações ao
readquire sua espessura normal (TORTORA &
paciente. Pode ser utilizado em todos os tipos de
GRABOWSKI; 2000).
pele em qualquer área do corpo. (FITZPATRICK,
FREEDBERG, EISEN; 1999).
HISTÓRICO DO PEELING
Ácido salicílico: é utilizado em porcentagens
“Peeling” é um termo da língua inglesa que de 20 a 30%, deixando agir por 2-3 minutos.
significa descamar ou descamação. Esse termo Pode ser realizado semanalmente e é indicado
agrupa vários métodos que promovam algum para peles oleosas e acnéicas. É contra-indicado
grau de esfoliação com destruição/remoção de para pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico
camadas da pele, seja por esfoliação mecânica (STEINER; 2004).
(dermoabrasão) ou química (agentes químicos
Ácido glicólico: substância conhecida
esfoliantes) (ADDOR; 2007).
como alfa hidroxiácido, o valor de concentração
Em 1905, Kromayer introduziu a técnica utilizado é de 40 a 70% com efeito epidermolítico.
abrasão, utilizando pedras cortantes acionados Deve permanecer na face por 5 minutos. Após
por um motor odontológico como fim de conseguir esse tempo, deve ser neutralizado com água ou
um efeito anestésico.
substâncias, como bicarbonato de sódio e, em
Mais tarde, Iverson (1947) utilizou papel de seguida, lavado (STEINER; 2004, NARDIN &
lixa para eliminar tatuagens e cicatrizes de acne, GUTERRES; 1999, ARAÚJO; 1995).
processo na qual era lento e produzia hemorragias
Solução de Jessner: é uma mistura de
frequentes. O processo evolui com a colaboração resorcinol (derivado do fenol) e ácido salicílico.
de Abner Kurtin e Robbins y Lowenthal, em 1953, Sua aplicação provoca discreto eritema e ardor
que utilizavam pedras de diamante.
e, com várias passadas, o mesmo torna-se
mais intenso. Proporciona leve descamação e
devem ser evitados pelos alérgicos ao ácido
TIPOS, INDICAÇÕES E EFEITOS
acetilsalicílico (VELASCO, OKUBO, ELIZETTE;
Para fins didáticos, os peelings químicos
2004, STEINER; 2004).
podem se dividir de acordo com a profundidade
Pasta de resorcina: É derivada do fenol. Deve
que atingem. Podem ser: superficial (epiderme);
permanecer de 5 a 20 minutos na pele. Pode
médio (derme superficial até reticular superior) e
ocorrer uma parestesia e ardor, momento exato
profundo (derme reticular média) (ADDOR; 2007).
para que a pasta deva ser retirada e o rosto lavado.
As principais indicações para peeling são
Posteriormente, a face poderá apresentar um
a remoção de rugas, cicatrizes, manchas,
discreto eritema e descamação fina (STEINER;
rejuvenescimento facial e corporal, acne,
2004).
melasma e verruga (ADDOR; 2007, HENRIQUES,
Ácido tricloroacético: o mesmo é dividido
SOUZA, MARIA; 2007). Já as mais freqüentes
em superficial, utilizado 10%
a 30%
para a realização da dermoabrasão são acne,
da concentração; médio, 30 a 40%; e profundo,
alguns tumores benignos, rejuvenescimento
a 50%. É o agente mais utilizado para peelings.
facial, hiperpigmentação e cicatrizes (FALCÓN,
Após sua aplicação, ocorre um branqueamento
ORTEGA; 2008).
na face, devido à coagulação intensa das
A utilização de protetor solar e hidratação é algo
proteínas. Durante o procedimento, devem ser
fundamental durante tratamento. A hidratação
feitas compressas calmantes, a fim de aliviar o
é que promove a inibição de proliferação de
ardor que causa (ZANINI; 2007, STEINER; 2004).
microorganismos, pois a mesma mantém o ph
Ácido retinóico: derivado da vitamina A, causa
ideal da pele. Já a proteção contra os raios UVA/
proliferação epidérmica e neocolagênese. São
UVB, com a ajuda do protetor, forma uma camada
utilizados em porcentagens entre 3 a 5%. O
sobre a pele hidratando, evitando desconfortos e
tempo de duração deve ser de 6 a 12 horas. Após
protegendo contra a radiação (ADDOR; 2007).
esse período, deverá ser retirado (STEINER;
Os efeitos esperados após o procedimento são:
2004).
pele mais macia, mais fina, menos manchada,
poros mais fechados e atenuação de linhas finas
Revista Pesquisa em Saúde 11
PEELING MÉDIO
No peeling médio são utilizadas as mesmas
substâncias que compõe o peeling superficial. No
entanto, os mesmos são combinados entre si, ou
seja, são utilizadas duas substâncias ao mesmo
tempo. As mesmas atuam na epiderme e derme.
(FITZPATRICK, FREEDBERG, EISEN; 1999;
VELASCO, OKUBO, ELIZETTE; 2004).
Ácido glicólico: concentração de 70%. Aplicase uma camada do produto e deixa agir por três a
trinta minutos (BORGES; 2010).
Ácido glicólico + ATA (acido tricloroacético):
concentrado em 35%, aplica-se o ácido glicólico
no momento em que o paciente relata a sensação
de pinicar, após lava-se e enxuga-se a área. Em
seguida, aplica-se uma ou duas camadas do ATA
(BORGES; 2010).
Jessner + Ácido glicólico: aplica-se uma a
duas camadas de Jessner e, por cima da mesma,
aplica-se o ácido glicólico, esperando o eritema
(BORGES; 2010).
Jessner + ATA (acido tricloroacético):
concentrado em 35%, deixar agir por três
minutos, verificando a ocorrência ou não de frost.
Após, aplica-se de uma a duas camadas de ATA
(BORGES; 2010).
Ácido tricloroacético (ATA): concentração de
35% a 50%, aplicando de três a quatro camadas
do produto (BORGES; 2010).
PEELING PROFUNDO
O peeling profundo é conhecido como peeling
de fenol ou de Baker, pois é essa química usada
na realização do mesmo. É uma aplicação muito
delicada, sendo necessária a sedação do paciente
e a utilização de uma máscara de esparadrapo
ou pomada de vaselina que será removida após
48 horas, como forma de proteção e melhor
cicatrização (VELASCO, OKUBO, ELIZETTE;
2004).
O fenol é utilizado na concentração de
88%, penetra na derme reticular superior, é
queratocoagulante, e quanto mais concentrado ele
estiver, maior a coagulação da queratina e menor
sua penetração e toxicidade (MATARRASSO;
1997, ODO; 1998).
MICRODERMOABRASÃO
A microdermoabrasão também conhecida
como “peeling de cristal”, é um procedimento
realizado com um aparelho que contém um jato
em alta pressão de micro cristais de hidróxidos
de alumínio, atingindo a pele, ao mesmo tempo,
12 Revista Pesquisa em Saúde
em que aspira os cristais e os resíduos de peles,
atingido por eles. É considerado um método de
tratamento cutâneo, no qual ocorre um lixamento
superficial da pele, levando há uma mitose celular
fisiológica (BORGES; 2006, BARBA & RIBEIRO,
2010). Ela tem sido indicada para melhorar rugas,
texuras irregulares e pigmentações causadas
pelo fotoenvelhecimento e para melhorar a
luminosidade da pele (SHAPALL; 2004).
DERMOABRASÃO
O Dermoabrasão é um procedimento que só
pode ser realizado por um médico dermatologista,
por conter método invasivo e ser realizado sob
efeito de sedação. Esse procedimento elimina
toda epiderme e derme papilar, expondo a derme
reticular, surgindo uma nova camada epitelial. É
indicado para os casos de presença de cicatrizes
deprimidas e profundas, com bordas bem
delimitadas. A mesma é contra-indicada para pele
negra, pois produz muitos melanócitos, havendo a
possibilidade da pele ficar manchada (BORGES;
2010).
EFEITOS DESEJADOS DOS PEELINGS
QUÍMICOS
Os peelings proporcionam um afinamento
e compactação do estrato córneo, aumentam a
espessura da epiderme, suavizam as rugas finas,
diminuiem os ceratinócitos, clareiam manchas
escuras, aumentam a densidade de colágeno,
melhorando assim o aspecto da pele de modo
geral (BORGES; 2010).
EFEITOS DESEJADOS DO PEELING FÍSICO
Baseando-se tanto na dermoabrasão quanto
na microdermoabrasão, os efeitos desejados
são: maior afinamento do tecido epitelial,
qualidade na elasticidade e hidratação do tecido
pelo incremento da síntese protéica, diminuição
da impedância da pele, melhora do aporte
sanguíneo, afinamento dos corneócitos e tecido
epitelial, neovascularização e o aumento da
síntese protéica.
DISCUSSÃO
O procedimento peeling cria uma ferida
controlada da pele, os esfoliantes químicos
substituem a epiderme, em sua totalidade ou
parcialmente, e pode induzir uma remodelagem
do colágeno, o que contribui para melhorar as
lesões decorrentes da exposição ao sol, as
rugas, as anomalias pigmentares e as cicatrizes.
Cada tipo de peeling age de forma diferente, em
que concentração de ácido glicólico utilizado para
esfoliante. Eles são freqüentemente usados nas esses resultados fica entre 50 a 70%, ou seja,
bochechas, região perioral, periorbicular, pele é um peeling médio, podendo o fisioterapeuta
oleosa, pele espessa ou danificada, pigmentação realizar, porém, ele deve estar atento às reações
pós-inflamatória, cicatrizes resultantes da acne da pele.
ou escoriações. Dessa forma, produzem uma
Menê et al. (2010), relatou que o ácido
melhora temporária da pele, com a vantagem de tricloroacético (ATA) quando em contato com a
que não necessitam de período de convalescença pele, promove coagulação protéica da epiderme
e de cuidados no pós-operatório, porém é e derme papilar e/ ou reticular promovendo um
necessário praticá-los periodicamente (GARCIA, processo inflamatório residual que pode durar de
PAEZ & LUGO; 1998).
três à oito semanas. Porém, essa solução pode
Quanto ao ácido retinóico, Pitangui (2008) deslizar e ir para locais não desejados, além de
fala que sua ação sobre a camada epidérmica é poder levar à formação do frost, caracterizado
incrementar na camada granular aumentando a por uma mancha branca que traduz uma lesão da
produção de corneócitos. Já na camada dérmica, junção dermoepidérmica, seguida da formação
afirma aumentar a produção de colágeno e da de crostas que, ao descamar, podem deixar
homeostase, levando à vasodilatação tecidual e uma mancha hipercrômica pós-inflamatória no
incrementando a oxigenação do tecido.
paciente.
Nardin & Guterres, (1999) relataram que
Filgueiras (2010) relata que o peeling químico
a pasta de resorcina possui princípios ativos é realizado normalmente no consultório, onde o
empregados em formulações esfoliantes para a mesmo pode ser realizado por fisioterapeutas
execução de “peelings” químicos e que têm como especialistas em dermatofuncional.
objetivo produzir uma lesão controlada na pele.
Segundo Pitangui (2008), o peeling de ácido
Os autores ressaltam que esta pasta é utilizada tricloroacético (ATA) alcançou ampla aceitação por
no tratamento das queratoses e rugas actínicas, parte dos dermatologistas por permitir a realização
discromias pigmentares, acnes vulgar e rosácea. de peelings de média e grande profundidade, com
Porém, ela provoca diferentes reações adversas, uma segurança maior e sem expor os pacientes
pois se constitui de diversas associações aos riscos do fenol. A criteriosa indicação desse
de princípios ativos e faz-se necessário o peeling é fundamental para se obter um bom
desenvolvimento e validação de métodos resultado, devendo o médico contra-indicar o
analíticos para determinação dessas substâncias. procedimento em pacientes que apresentem
Segundo Menê (2010), o ácido salicílico possui cicatrizes hipertróficas ou quelóides, pele tipo V
ação antiinflamatória e seborreguladora, que tem ou VI de Fitzpatrick, ou em presença de infecções
como objetivo sobre a pele, ocasionar a remoção ou herpes ativo.
do estrato córneo superficial e deixar a pele com
Quanto aos peelings mecânicos, Borges et
a aparência fresca e suave.
al. (2010), relata que a microdermoabrasão
Brody et al. (2000) realizaram um estudo em apresenta-se como uma técnica de esfoliação
cima do peeling químico, dando enfoque ao fenol. não cirúrgica, passível de controle e que pode ser
Chegaram à conclusão de que são formulações executada de forma não invasiva. Ele descreve que
muito utilizadas durante o decorrer do tratamento, é uma técnica feita através de uma lixa acoplada
devido resultar no processo de renovação celular a um torno, que gira em alta velocidade e elimina,
intenso, normalizando a pigmentação da pele, literalmente, toda derme papilar, expondo a derme
minimizando marcas e rugas.
reticular, surgindo uma nova camada epitelial.
Pitangui (2008) e Brody et al (1989) ressaltam Segundo Sabatovich et al. (2004),a profundidade
que o ácido glicólico, tem um bom efeito sobre desse procedimento atinge a camada espinhosa,
a pele, pois estimula a produção de colágeno aumentando a nutrição epidermica por meio do
e redução de produção de melanina, assim estimulo dérmico.
atenuando rugas e manchas. O ácido glicólico
É importante ressaltar que essas substâncias
atenua as rugas superficiais e médias porque, são as mais utilizadas no tratamento, segundo
ao aumentar a síntese de glicosaminoglicanas e os autores, pois as células jovens substituem
outras substâncias da matriz extracelular, aumenta as antigas, assim, dando espaço para uma
também a capacidade de essas macromoléculas cútis renovada e saudável, além de aumentar
fixarem água e, por consequência, melhora o tugor a autoestima do indivíduo que passa por esse
e a hidratação da derme. Pitangui (2008) relata processo.
função da profundidade de penetração do agente
Revista Pesquisa em Saúde 13
cosmiatria, Dermatologia Venezolana, vol. 36, nº
1, 1998.
CONCLUSÂO
O peeling é um tratamento estético de uso GUIRRO E, GUIRRO R. Fisioterapia dermtointenso, resultando em benefícios para com a pele funcional: fundamentos, recursos, patologias.
do paciente. Apesar das vantagens do peeling, ele 3ª Ed. São Paulo: Manole: 2002.
deve ser utilizado de maneira segura, criteriosa e HENRIQUES B.G; SOUZA V.P; MARIA N.
com acompanhamento de um profissional da área Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas.
da saúde, devido sua toxicidade dos componentes Desenvolvimento e validação de metodologia
analítica para determinação do teor de ácido
ativos e possíveis complicações após o peeling.
Na fisioterapia dermatofuncional, a terapêutica glicólico na matéria-prima e me formulações
por ácidos vêm se constituindo num importante dermocosméticas., v.43 n.1 São Paulo Jan/Mar
recurso por tratamento das diversas disfunções 2007.
estéticas como: estrias, revitalização facial, rugas JUNQUEIRA, L.C. & CARNEIRO, J. Histologia
superficiais, acne, diminuição da oleosidade, Básica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
manchas hipercrômicas, seborréia, suavização Koogan, 2004.
MÊNE R.; ANDREONI W.R.; MORAES P.;
de cicatrizes, etc.
Os fisioterapeutas dermatofuncionais também MENDONÇA O. Peelings químicos combinados;
possuem um papel importante junto ao médico 2010.
no preparo da pele para a realização do pelling NARDIN P.; GUTERRES S.S. Alfa-hidroxiácidos:
Cosméticas
Dermatológicas,
profundo realizado pelo dermatologista (BORGES; Aplicações
Caderno
de
Farmácia,
v.15,
1999.
2010). Portanto, com a utilização adequada por
parte do profissional, os resultados obtidos serão PITANGUI, I.; Estética e Cirurgia Plástica:
apreciados pelo paciente, sendo um método Tratamento no pré e pós – operatório/Organização
geral: Raul José Mauad Júnior. – 3º Ed. – São
eficaz e fidedigno.
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.
SABATOVICH O.; KEDE M.P.V,; SABATOVICH
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Ed. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores,
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1999.
GARCIA E, PAES E, LUGO A. Dermatologia
14 Revista Pesquisa em Saúde
RECONFIGURANDO A TECLA “DOWN (↓)” DO COMPUTADOR HUMANO:
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PALAVRA
RECONFIGURE KEY “DOWN (↓)” HUMAN COMPUTER: A DISCURSIVE
ANALYSIS OF THE WORD
Carlos Alberto Araujo Veras1
Elizabeth Pessôa Gomes da Silva1
[email protected]
RESUMO
ACESSO PARA O DOWNLOAD DE TEORIAS
Este artigo faz uma análise em torno da palavra
down, como forma de designação de um
determinado grupo de pessoas com deficiência
mental, portadoras de síndrome, a partir dos
conceitos presentes ao longo da história, para
verificar as influências e alterações no processo
de significação do termo, quanto às categorias de
análise do discurso social aí contidas. Traçando
um paralelo com a simbologia encontrada nos
tempos modernos, vem associar o termo down ao
campo da informática quanto à definição para o
uso da tecla representada pelo signo de uma seta
apontada para baixo.
Palavras-chave:
Down,
educação
especial,
análise
do
discurso.
Desenvolvendo atividades profissionais com
pessoas com síndrome de Down e pesquisando
sobre o assunto durante muitos anos, percebemos
o olhar assistencialista ou até mesmo ouvimos
o termo pejorativo de “coitadinhos”, vindo de
algumas pessoas, imputando ao portador desta
síndrome a denominação de “especial”.
Dando
início
a
estas
reflexões,
concomitantemente, deparamo-nos visualmente
com a tecla “DOWN”, do computador, que aparece
simbolicamente ilustrada pela seta posicionada no
sentido para baixo (↓), assinalando ao estereótipo
de “coitadinhos”, dirigido aos portadores de Down.
Surge uma nova reflexão: A pessoa com síndrome
de Down-PSD possui realmente o estigma de
negação/negatividade no âmbito da consciência
pelo percurso das modificações inseridas no seu
significado?
Prosseguindo com nossas reflexões sob o
termo down procuramos, então, estabelecer
alguns paralelos e/ou contrapontos, entre os
traços presentes na personalidade da PSD, de
modo que possamos identificar, para então aceitar
ou rejeitar, prováveis distorções encontradas
quanto ao significado da palavra down-PSD e
o estigma de negação/negatividade que esta
carrega, quando consideramos que a palavra,
ABSTRACT
This article is an analysis around the word down, as
a way of designating a particular group of people
with intellectual disabilities syndrome patients,
from the concepts found throughout history, to
see the influences and changes in the process
of signification term, as the categories of social
discourse analysis contained therein. Drawing
a parallel with the symbolism found in modern
times comes to associate the term down to the
field of information technology on the definition for
using the key represented by the sign of an arrow
pointing down.
Keywords: Down, special education, discourse
analysis.
1
Universidade da Amazônia – UNAMA
signo por excelência, vem constituir a
consciência; e a consciência é semiótica.
O signo modifica as relações interfuncionais, e o significado não é igual à palavra,
nem igual ao pensamento – ‘o significado
não é igual ao pensamento expresso em
palavras’. Mas não existe signo sem significado, nem significado sem relação
dialógica – é preciso considerar o outro.
(VYGOTSKY, 1993 apud PADILHA
2001, p. 52)
Revista Pesquisa em Saúde 15
Para os pressupostos teóricos da análise do
discurso (re) configuramos – pelo significado
usado na informática - a tecla down juntamente
com seu sentido intrínseco presente na
significação encontrada no enunciado discursivo,
considerando suas associações quando nos
referimos ao termo designativo para as pessoas
com síndrome de Down.
As bases epistemológicas do desenvolvimento
cognitivo discutidos por Vygotsky (1993) apud
Padilha (2001, p. 52) ilustram estes elementos
constitutivos do campo comunicacional, quando
atribui à palavra a condição de
dito anteriormente, mas em muitos aspectos,
são diferentes quando compartilhadas com a
comunidade dita normal, com sua língua de
modalidade oral, cuja substância é o som.
Para as prováveis distorções que julgamos
encontrar, a priori, consideramos importante
assinalar que a linguagem, (signo/palavra/signo)
não trabalha com a língua enquanto um sistema
abstrato, e sim, como uma marca no mundo, com
a maneira de significar, com homens falando, se
comunicando, conforme afirma Bakhtin (2002
p.37), portanto, vamos avaliar a produção de
sentido como componente de vidas, como sujeitos
signo por excelência, que vem constituir e como membros de uma determinada sociedade.
a consciência; e a consciência é semiótica. Vejamos então, a construção do sentido, positivo
O signo modifica as relações interfuncio- ou negativo, historicamente envolvendo a palavra
nais, e o significado não é igual à palavra, down.
nem igual ao pensamento – ‘o significado
O LINK COM A HISTÓRIA: um paralelo além
não é igual ao pensamento expresso em
palavras’. Mas não existe signo sem sigdas diferenças
nificado, nem significado sem relação diAs construções discursivas e muitas vezes
alógica – é preciso considerar o outro.
depreciativas estão permeadas à construção
histórica conceitual sobre a síndrome de down,
Baseado neste contexto, assinalamos a análise
entre estes encontramos a denominação de
do discurso de Bakhtin (2002, p. 39), quem
mongolóide ou mongol que até bem pouco
considera a palavra como fato simbólico, a partir
tempo atrás, ainda podia ser proferido em
da produção de imagens dos sujeitos, objeto da
discursos divulgados pelos processos e meios de
linguagem, dentro de uma conjuntura sóciocomunicação.
histórica. Complementa o autor, “a linguagem é
Estes processos baseados na Teoria da
uma instância em que a materialidade ideológica
Linguagem começaram a ser construídos, no
se concretiza, enquanto um dos aspectos
decorrer da história da humanidade, precisamente
materiais da ‘existência material’ das ideologias”
em 1866. Segundo Werneck (1995, p.58), foi
Como traço relevante da análise do discurso, no
o cientista inglês John Langdon Down, quem
ponto de vista ideológico, assinalamos a afirmativa
questionou o porquê de algumas crianças,
de Pêcheux (1975, p.17) sobre o assunto: “não
mesmo filhas de pais europeus arianos, serem tão
há discurso sem sujeito e não há sujeito sem
parecidas entre si e terem traços que lembravam
ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito
a população da raça mongólica, principalmente
pela ideologia e é assim que a língua faz sentido”.
pela inclinação das pálpebras similares a dos
Logo,
fazemos
uma
inferência
ao
asiáticos.
desenvolvimento cognitivo do deficiente com
Na época, tais descobertas tiveram
Down, alicerçando-nos teoricamente no que já foi
uma relutância muito grande de aceitação, pois
pesquisado e fundamentado por Werneck (1993,
estávamos na era do darwinismo, quando Charles
p. 158). Segundo o autor, sabe-se atualmente
Darwin, em sua obra On the Origin of Species
que o portador de síndrome de Down tem apenas
(1859), apresentando a Teoria da Evolução, trazia
um ritmo de aprendizagem mais lento, embora
a tese da superioridade da raça branca sobre as
as etapas ultrapassadas sejam as mesmas, (dos
demais, e dez anos após, John Langdon Down
ditos normais), sendo o objetivo da educação
veio desvelar a aparência oriental de crianças
especial justamente acelerar esse processo que
e sua deficiência mental, em que, entre outros
foi identificado pela síndrome.
aspectos, trouxe à tona um caráter contrário ao
Os deficientes mentais possuem história de
proposto no discurso ideológico contido na obra
vida e pensamento diferenciados, possuem, na
de Darwin.
essência, uma língua cuja substância gestual gera
uma modalidade visual-espacial, a qual implica
Denunciando um retrocesso para a evolução
uma visão de mundo, não-determinística, como
dos seres vivos proposta por Darwin, o pesquisador
16 Revista Pesquisa em Saúde
Down passou a considerar a classe oriental um tipo
racial mais primitivo e, diante do enfrentamento
teórico com Darwin, John Langdon Down resolveu,
então, denominar as crianças arianas européias
com traços mongólicos de mongolian idiots,
termo que veio sofrer modificações lingüísticas,
chegando ao Brasil sob a denominação de idiotas
mongolóides.
Ao longo da história, diversos são os momentos
de divergências e convergências que versam
sobre o assunto do deficiente, com o intuito de
não historicizar, mas com a intenção de assinalar
os diversos discursos contidos em torno deste
termo, o quadro abaixo, baseado na classificação
de Buscaglia (1997, p.182-183), vem auxiliar a
compreensão do tratamento dado ao (d)eficiente
ao longo dos tempos e nos seios de diferentes
culturas. Vejamos alguns exemplos:
FORMAS
FORMAS
EFICIENTES
(D)EFICIENTES
A tribo Azand os
Indios da Masai os
amava e protegia.
matavam.
Os Chagga, da África
Oriental, usavam seus
membros excepcionais
para afastar o mal.
Os Jukun, do Sudão
os julgavam pessoas
com espíritos do mal
e os abandonavam à
morte.
Os Sem Ang,
Os Balineses os
consideravam “tabu”
da Malásia, os
consideravam sábios e social.
tinham como função a
resolução das disputas
tribais.
Os nórdicos os
Os antigos hebreus
tornavam Deuses.
viam a doença e os
defeitos físicos como
marca dos pecadores
Na Renascença,
Na Idade Média, eram
eram considerados
freqüentemente vistos
desafortunados por
como possuídos pelo
e
eram,
isso eram internados e Demônio
queimados
tratados com atenção. portanto
como feiticeiros.
Podemos rematar que mesmo quando se
aplica uma forma eficiente de ver o deficiente,
desde outrora verificamos equívocos de cunho
assistencialista, o que nos assusta pela difusão
comunicacional e pela ambiguidade discursiva
atribuídas à abordagem de pessoas deficientes.
No Brasil, sobre o assunto, o registro é de Werneck
quando escreve que
algumas tribos de índios brasileiros
matam por inanição todos os recémnascidos com qualquer tipo de deficiência física, certos de que eles não poderão
caçar, se locomover, e nem fugir, tornando-se um fardo para a integridade do
grupo, principalmente em situações de
emergência, entre elas as guerras. Entretanto, essas mesmas tribos, respeitam crianças e adultos portadores de deficiência
mental como representantes de algo divino (WERNECK, 1995, p.61)
Do processo histórico quanto às concepções e
aquisições atribuídas aos deficientes, relevamos
a advertência de Buscaglia (1997, p. 182),
quando escreve sobre a sociedade moderna, dita
esclarecida, e assegura a ausência de serviços
médicos e/ou educacionais especiais para os
deficientes em dois terços do planeta e o restante,
outro terço, ainda rotulados e segregados física,
educacional e emocionalmente, do resto da
população.
Atualmente, evidencia-se a preocupação
de eliminar os traços construídos historicamente
no discurso, que estigmatiza a pessoa com
síndrome de Down, pelo combate ao uso de
termos similares entre estes, mongolóide, mongo
ou mongol, “intrinsecamente pejorativo não
só para eles como também para a população
da Mongólia”, assinala Werneck (1995, p. 59).
E no transcurso da história passa-se a usar,
em definitivo, a palavra down, como forma de
homenagear a quem primeiro se dedica a estudar
este público específico de deficientes mentais.
A LINGUAGEM EM UNDERLINE
A Análise da Linguagem (AL) procura
compreender a língua a partir do sentido enquanto
trabalho simbólico, assegura Bakhtin (2002 p.37).
Ela não trabalha com a língua enquanto um
sistema abstrato, mas como uma marca no mundo,
com a maneira de significar, com homens falando,
considerando a produção de sentido enquanto
parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja
enquanto membros de uma determinada forma
de sociedade. A AL reflete sobre a maneira como
a linguagem está materializada na ideologia
e como a ideologia se manifesta na língua. A
materialidade específica da ideologia é o discurso
e a materialidade específica do discurso é a língua,
portanto AL associa língua-discurso-ideologia.
Valentin Nikolaevich Voloshinov (1895/1936),
Revista Pesquisa em Saúde 17
intelectual russo integrante do Círculo de Bakhtin,
autor de Marxismo e Filosofia da Linguagem,
escrito no final dos anos 20, vem definir a
ideologia como “todo o conjunto dos reflexos e das
interpretações da realidade social e natural que
tem lugar no cérebro do homem e se expressa
por meio de palavras [...] ou outras formas
sígnicas”. Os sentidos sempre são determinados
ideologicamente. Tudo que dizemos tem, pois,
um traço ideológico em relação a outros traços
ideológicos,
Os signos só emergem, decididamente,
do processo de interação entre uma
consciência individual e uma outra. E a
própria consciência individual está repleta de signos. A consciência só se torna
consciência quando se impregna de conteúdo (semiótico) e, conseqüentemente,
somente no processo de interação social.
(BAKHTIN, 2002, p. 34)
A teoria bakhtiniana contextualiza esse
mecanismo de produção de imagens dos sujeitos,
assim como do objeto da linguagem, dentro de
uma conjuntura sócio-histórica e por isso cultural.
O imaginário faz necessariamente parte do
funcionamento da linguagem, por ser eficaz e não
“brotar” do nada, assenta-se como relações sociais
inscritas na história, dos sujeitos em questão, e
se regem em uma sociedade contemporânea por
meio das relações de poder. Bakhtin (2002) então
afirma que “a linguagem é uma instância em que a
materialidade ideológica se concretiza, enquanto
um dos aspectos materiais da ‘existência material’
das ideologias”.
Observamos que o estudo do discurso explicita
a maneira como a linguagem e a ideologia se
articulam e se afetam em uma relação recíproca,
em que a segunda assume a condição para a
constituição do sujeito e dos sentidos, induzindo
o individuo a ser interpelado como sujeito pela
ideologia para que se produza o dizer.
A produção de sentido de determinado
enunciado ou palavra, em seu caráter material,
para Pêcheux (1997, p.129) são de certa forma
mascarados pela ideologia responsável por
fornecer evidências que, através da suposta
“transparência da linguagem”, fazem com que
esta palavra “queira dizer o que realmente diz”.
A ideologia materializa-se nos atos concretos,
portanto, a prática só existe em uma ideologia e
através de uma ideologia. Ainda com Pêcheux
(1997, p.29), afirmamos que o sentido das
palavras não existe em si mesmo, ou seja, os
18 Revista Pesquisa em Saúde
sentidos sofrem variações e sempre mudam,
sendo diretamente determinados pela posição
ideológica a partir das formações discursivas.
Contextualizamos, então, a análise do discurso
como a ciência que avalia a discursividade do
sujeito considerando-o em sua totalidade, isto é,
em seu acontecimento histórico, social, econômico
e ideológico. Logo, avaliamos que na tentativa de
analisar uma palavra procuramos compreendê-la
e, consequentemente, justificar como se constrói
o seu sentido e de que modo ela se entremeia
com a história e com a sociedade que a originou.
Desse modo vamos considerar um discurso
como o resultado de valores conglomerados que,
ao longo dos tempos, vai tomando para si ideias e
ideais dos mais variados sentidos reformulandose de acordo com as condições históricas nas
quais está inserido. Para tanto, julgamos ser
uma dessas conglomerações as condições de
produção cujo enunciado foi, ou está sendo,
proferido.
SER OU NÃO SER DOWN (↓)(↑)
O que é ser down e o que é ser Down?
A palavra down, expressão da língua Inglesa,
significa “para baixo”, e ao longo dos tempos tem
adquirido um caráter associado a um determinado
estado de espírito intrinsecamente convencionado
à expressão “estar pra baixo”, ou seja, cabisbaixo.
Etimologicamente a palavra down recebe os
seguintes conceitos ou significados: desanimado;
na fossa; para baixo; abatido; derrotado; debaixo;
abaixo. Eis o cerne da questão: refletir sobre o olhar
estigmatizado, construído em torno da palavra,
na tentativa de desvelar em sua etimologia o real
sentido do termo.
Dentro do campo da informática, a palavra
down apresenta, ao longo dos tempos, a
materialidade discursiva contendo significações
como: travado; inativo, quebrado. Na informática,
além de significar que o computador está fora de
operação (em net), há a associação com a tecla
page down representada por uma seta para baixo
(↓), neste âmbito a referida tecla tem a intenção
de direcionar o manipulador para a página abaixo.
O significado deste símbolo induz à idéia de
direção e aponta um discurso intrínseco presente
na palavra down. Portanto constrói um sentido
ambíguo responsável em produzir deslizes no
discurso,
A materialidade da sintaxe é realmente
o objeto possível de um cálculo – e nesta
medida os objetos lingüísticos e discursivos se submetem a algoritmos eventual-
mente informatizáveis – mas simultaneamente ela escapa daí na medida em que,
o deslize, a falha e a ambigüidade são
constitutivos da língua, e é por aí que a
questão do sentido surge do interior da
sintaxe. (PÊCHEUX, 1982, p.62)
A materialidade da sintaxe é realmente o
objeto possível de um cálculo – e nesta medida
os objetos lingüísticos e discursivos se submetem
a algoritmos eventualmente informatizáveis –
mas simultaneamente ela escapa daí na medida
em que, o deslize, a falha e a ambigüidade são
constitutivos da língua, e é por aí que a questão do
sentido surge do interior da sintaxe. (PÊCHEUX,
1982, p.62)
LOGOFF: Ser Down (↓) é Ser Up (↑)
Voltando ao teclado do computador,
encontramos a tecla Up fazendo oposição à
tecla Down que, ao contrário desta, tem como
representação simbólica a seta voltada para cima
(↑) juntamente com seu significado. Up significa:
subir, levantar, aumentar, acima, em cima, de
cima, elevar. Exatamente o antônimo de down.
A identidade da pessoa com deficiência
mental pode ser caracterizada pela linguagem
multicultural, sendo este o primeiro passo para
admitir que a comunidade com deficiência partilhe
com a comunidade “dita normal” da mesma região,
da mesma alimentação, vestuário, entre outros
hábitos e costumes, que mesmo sustentando
suas especificidades façam surgir recursos que se
adequem a novas tecnologias do mundo cotidiano.
É por meio da cultura que uma comunidade se
constitui, integra e identifica as pessoas, sejam
Up ou Down lhes concedendo o carimbo de
pertinência e de identidade, nos projetando em
identidades culturais, e internalizando “seus
significados e valores, tornando-os ‘parte de nós’,
alinhando nossos sentimentos subjetivos com os
lugares objetivos que ocupamos no mundo social
e cultural” (HALL, 2003, p.11 e 12).
Não é justo reduzirmos às potencialidades
de uma PSD - considerando que sua deficiência
não a impede de adquirir possibilidades de
ajustamento, quando criança, do mesmo modo
que qualquer outra - pela associação com o
sentido/significado do termo down, devemos
sim estabelecer analogias no sentido/significado
pleno de ser up,
Embora saibamos que a pessoa com síndrome de Down apresente problemas de
ajustamento (...) não podemos pressupor
que isso seja conseqüência de uma característica inata sua ou da deficiência. Se
existe um problema emocional, em geral
a origem deste não se encontra no indivíduo, mas lhe é infligida pelo meio exterior. A criança com deficiência vem ao
mundo com as mesmas possibilidades
de ajustamento que qualquer outra.
(BUSCAGLIA, 1983, p. 188-204).
Diante da rejeição, resultado de processos
historicamente construídos, a aceitação da
pessoa com síndrome de Down ainda é um
desafio constante necessitando de esforços para
modificar a condição do que é ser para baixo
(down) para o significado do que é ser para cima
(up). Esforços que viabilizem mostrar, expressar
que são mais do que a deficiência – são pessoas
donas de senso de humor, conhecimentos, de
capacidade de contribuição e doação tanto nas
suas singulares quanto nas pluralidades. O
caminho é árduo, porém há estudos que afirmam
serem os deficientes bem mais tolerantes ao
sofrimento do que as pessoas ditas normais.
Sobre essa afirmativa, escreve Heisler (1972)
apud Buscaglia (1993 p.202).
Quando a vida nos traz sofrimentos, devemos optar entre enfrentar a experiência
de frente e tentar descobrir seu significado mais profundo e completo, ou dar
as costas a nossos próprios sentimentos
e emoções, negando-lhes a existência e
fingindo que não somos afetados pelo
lado sombrio da vida (HEISLER, 1972
apud BUSCAGLIA, 1993 p.202).
A pessoa com síndrome de Down está
muito mais além do que ser mera portadora de
deficiência, ela deve ver a si mesmos como de fato
é, e, sobretudo valorizar-se pelo reconhecimento
de suas potencialidades além de aceitar seus
limites reais, escreve Buscaglia (1993, p 203). O
autor também acena para a necessidade da PSD
ser capaz de “realizar mudanças compensatórias
nas atitudes que têm em relação a si mesma e
na opinião que as outras pessoas têm sobre
ela”, e assim “atribuir um maior valor a sua
própria autoavaliação em consonância com as
necessidades e desejos”.
Por essa e por outras que devemos
procurar (re)configurar esta tecla, refletirmos
sobre o que é ser down para o Down. Trata-se
de uma luta pela sobrevivência dos diferentes
Revista Pesquisa em Saúde 19
não serem considerados resignados, daí nossa
proposta reconfigurar todas as teclas designadas
down, transformando-as em up, não só na
máquina concreta do computador como também
no HD mental de todos os sujeitos ditos normais.
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20 Revista Pesquisa em Saúde
ANÁLISE ERGOESPIROMÉTRICA COMPARATIVA ENTRE MULHERES PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
COMPARATIVE ERGOSPIROMETRY ANALYSIS WITH WOMEN THAT PRACTICE AND NOT
PRACTICE PHYSICAL ACTIVITY
Renato Caldas dos Santos1
Ana Luiza Pinto da Costa Pereira1
Bárbara de Mattos Pimentel1
Wiviane Maria Torres de Matos1
[email protected]
RESUMO
A Ergoespirometria é um procedimento diagnóstico
para medir a respiração e metabolismo de gases
durante o exercício ergométrico. O trabalho teve
como objetivo analisar a aptidão cardiorrespiratória
durante o esforço máximo, comparando mulheres
praticantes e não praticantes de atividade física,
durante o período de janeiro de 2008 a julho
de 2010. Foi feita uma análise no banco de
dados de 33 pacientes do sexo feminino, entre
18 a 40 anos, praticantes e não praticantes de
atividades físicas, coletando os seguintes dados:
VO2,VE,VE/VCO2, potência, R e a presença ou
não de arritmia. Do grupo A, 26% tiveram arritmias;
já do grupo B, 10%. A média de VO2 do grupo
A foi de 34,3 e B 27,0, enquanto o VE/VCO2 no
grupo A 34,3 e do B 27,0. Já a média do VE do
grupo A foi 66,2 e B 52,7, A média potência do
grupo A foi 302,1 e B 212,8, quanto ao R do grupo
A e do B foram ambos 0,9. A literatura diz que a
prática de atividade física é um fator de proteção
contra arritmias. O VO2 é similar em sedentários
e treinados, mas durante esforço máximo o VO2
nos treinados é maior. Foi constatado que valor
de potência é mais elevado em mulheres ativas
e que o VE e o VE/VCO2 foram encontrados
dentro da faixa de normalidade. Fica ratificada a
importância da realização de atividades físicas e
a realização de mais trabalhos sobre o assunto,
para incremento do conhecimento atual.
Palavras-chave: sedentário, mulheres, atividade
física.
1
ABSTRACT
The Ergoespirometry is a diagnostic procedure
to measure respiration and gas metabolism
during ergometric exercise. The study aimed to
examine cardiorespiratory fitness during maximal
exercise, comparing women physically active and
not physically active during the period of time
from January 2008 to July 2010. It was done an
analysis of a database of 33 female patients,
between 18 to 40 years old, practitioners and nonpractitioners of physical activities, collecting the
following variables: VO2, VE, VE/VCO2, potency,
R, and the presence or not of arrhythmia. From
A Group, 26% had arrhythmias, B, 10%. The
average of VO2 in A group was 34.3 and B 27.0,
while the VE/VCO2 in A group 34.3 and B 27.0.
Finally, the average of VE in A group was 66.2
and 52.7 in B, The average of potency in A group
was 302.1 and B was 212.8, as to R value in A
and B groups were both 0.9. The literature says
that physical activity is a protective factor against
arrhythmias. The VO2 is similar in sedentary and
trained, but during maximum effort, the VO2 is
greater in trained ones. It was found that potency
value is higher in active women, and that the VE
and VE/VCO2 were found within the normal range.
It is ratified the importance of physical activity, and
the realization of much more research about the
subject, to increase the actual knowledge.
Keywords: sedentary, women, physical activities
Centro Universitário do Pará – CESUPA
Revista Pesquisa em Saúde 21
INTRODUÇÃO
A ergoespirometria é um procedimento
diagnóstico para medir continuamente a
respiração e metabolismo de gases durante
o exercício ergométrico. Permite avaliação de
função e capacidade de desempenho do sistema
cardiopulmonar e do metabolismo (HOLLMANN E
PRINZ, 1997).
Dentre as indicações para um Teste
Ergoespirométrico, estão: Diagnose Diferencial;
Avaliação da Incapacidade; Reabilitação Física;
Estimativa de risco Pré-Operatório; Priorização de
Pacientes para Transplante Cardíaco e; Eficiência
da Terapia (WASSERMAN et al, 2005).
Apesar de algumas limitações para a realização
do teste cardiopulmonar como a necessidade
de calibração dos equipamentos, profissional
treinado e experiente, paciente cooperativo, custo
elevado e demanda de tempo, a ergoespirometria
possibilita uma avaliação global da resposta ao
exercício, envolvendo os sistemas pulmonar,
cardiovascular, metabólico, hematopoiético e
músculo esquelético, fornecendo informações
relevantes para a tomada de decisão clínica
(ZAMPA, 2009).
O consumo de oxigênio (VO2) é uma medida
objetiva da capacidade do organismo em
transportar e utilizar o oxigênio para a produção
de energia. O VO2 máx. descreve quanto O2 é
utilizado pelo individuo em exercício em relação
à quantidade de trabalho externo realizado, já
consumo de gás carbônico (VCO2) corresponde
à produção de dióxido de carbono durante o
esforço (WASSERMAN et al, 2005).
A medida do VO2 reflete as necessidades
energéticas aeróbias do organismo, permitindo a
obtenção de informações precisas da capacidade
de transporte e utilização do oxigênio, isto é,
da capacidade funcional dos pulmões e do
sistema cardiovascular, muscular e mitocondrial,
combinados. O momento do exercício em que
a capacidade de fornecimento de oxigênio aos
músculos em atividade é saturada é denominado
de consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
Mulheres não treinadas encerram o exercício
antes de atingir essa situação, assim, o maior valor
de VO2 alcançado é registrado e denominado
VO2pico (MAINENTI, 2005).
O termo ventilação minuto (VE) refere-se à
quantidade de ar que inspiramos ou expiramos
em um minuto. Esta medida é usada mais
frequentemente para mensurar o ar expirado
do que o inspirado. Essa quantidade pode ser
determinada conhecendo o volume corrente e
22 Revista Pesquisa em Saúde
a frequência respiratória. O aumento do volume
minuto durante o exercício é diretamente
proporcional ao aumento do VO2 e VCO2 por
parte dos músculos ativos (FOSS e KETEYIAN,
2000).
A potência no esforço máximo é a capacidade
de realizar esforços curtos e intensos no menor
tempo possível, afirma Bompa (2000) . A potência
anaeróbica é um componente presente no
estímulo gerado pelas demandas da modalidade.
Entende-se por potência anaeróbia o maior esforço
realizado durante determinada ação pela menor
unidade de tempo disponível (HERNANDES,
2002).
A razão de trocas gasosas (R) expressa a
relação entre CO2 produzido e o O2 consumido.
Aproximadamente 75% do O2 consumido é
convertido em CO2; portanto, em repouso. Uma
vez que o R depende do tipo de combustível
utilizado, lipídios ou glicídios, ele pode fornecer
um índice do metabolismo de carboidratos e
gorduras (BARROS , TEBEXRENI e TAMBEIRO,
2001).
Arritmia, por sua vez, é qualquer alteração na
regularidade, frequência ou local de origem do
impulso, ou anormalidade na condução deste
impulso, modificando a sequência normal de
despolarização de átrios e ventrículos. Logo,
podemos ter alterações do automatismo ou
alterações da condução do estímulo elétrico
(PORTO, 2005).
De acordo com o Consenso Nacional de
Ergometria (1995), as mulheres representam
capítulo à parte na ergometria, apresentando
variações da pressão arterial sistêmica no esforço
sensivelmente menores que os homens. Níveis
fixos (comportamento em platô) e eventualmente
queda da pressão arterial sistêmica podem ser
registrados em mulheres sem outras evidências
de cardiopatias, inclusive em casos com boa
tolerância ao esforço (MASTROCOLLA et al,
1995).
Assim sendo, o principal objetivo do presente
estudo é analisar a aptidão cardiorrespiratória
durante o esforço máximo comparando mulheres
praticantes de atividade física e mulheres não
praticantes de atividade física durante o período
de janeiro de 2008 a julho de 2010.
MÉTODOS
O trabalho foi submetido e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro
Universitário do Pará (CESUPA), registro CEP:
4578.0.000.323-10. Não coube a aplicação do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), uma vez que o estudo é retrospectivo
e todas as pacientes não têm mais vínculo ou
assiduidade nenhuma na clínica em questão.
Foram
analisados
33
exames
ergoespirométricos de mulheres entre 18 a 40
anos no período de janeiro de 2008 a julho de
2010, caracterizando um estudo observacional
retrospectivo. Foram divididas em dois grupos.
O grupo A formado por mulheres praticantes de
atividade física e o grupo B por mulheres não
praticantes de atividade física. Através do banco
de dados do software ERGOPC ELITE 3.3 foram
coletados as seguintes variáveis: VO2, VE, VE/
VCO2, potencia, R e se houve a presença ou
não de arritmias cardíacas durante o esforço
máximo. Esses dados foram direcionados
para uma ficha previamente elaborada pelos
autores. Como critérios de inclusão, participaram
somente mulheres na faixa etária de 18 a 40
anos que realizaram o teste ergoespirométrico,
na clínica INTERCOR, no período de janeiro
de 2008 a julho de 2010. E como critérios de
exclusão, não participaram da pesquisa mulheres
atletas profissionais, que apresentaram lesões
osteomioarticulares,
doenças
pulmonares,
doenças cardíacas, obesidade ou se durante
a coleta, foram encontradas informações
incompletas sobre a paciente.
RESULTADOS
A presente pesquisa contou com 33
exames ergoespirométricos, sendo 23 exames do
grupo A e 10 exames do grupo B. A média da faixa
etária dos participantes do grupo A foi de 36,2
anos e do grupo B de 30,5 anos, variando entre
18 a 40 anos.
26% dos participantes do grupo A tiveram
arritmias, enquanto dos integrantes do grupo B,
10% apresentaram arritmia (figura 1). Analisada
as arritmias por grupo dos participantes da
pesquisa o Teste Exato de Fisher revelou um p=
0,3968, considerado não significativo.
Figura 1: Arritmia por grupo dos participantes da
pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa
entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de
Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no
ano de 2010.
Em relação ao VO2, a média do grupo A
foi de 34,3 e o grupo B foi de 27,0. O teste t
student apresentou um p= 0,017, considerado
estatisticamente significante (figura 2).
Figura 2: VO2 por grupo dos participantes da pesquisa
sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre
Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade
Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010.
Quando analisados VE/VCO2, verificamos
que a média do grupo A seria 34,3 e o grupo B
27,0. Analisados estes dados por grupos dos
participantes da pesquisa, o teste t student mostra
um p= 0,228 não significativo (Tabela 1).
TABELA 1: VE por grupo dos participantes da pesquisa
sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre
Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade
Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010.
Revista Pesquisa em Saúde 23
Estatísticas VE / VCO2
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
A
34,3
7,6
18,3
45,3
B
27,0
7,6
14,3
37,9
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
de VE dos integrantes do grupo A foi de 66,2 e
do grupo B foi de 52,7 (tabela 2). O teste t student
apresentou um valor de p= 0,267, considerado
estatisticamente não significativo.
TABELA 2: VE por grupo dos participantes da pesquisa
sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre
Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade
Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010.
Estatísticas VE
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
A
66,2
13,5
43,2
87,0
B
57,2
22,7
22,5
98
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Quando realizada a análise estatística da
potência de cada grupo observamos que a média
do grupo A foi de 302,1 e grupo B de 212,8 (figura
3), sendo que o teste t student mostrou um p=
0,025 considerado estatisticamente significativo.
Figura 3: Potência por grupo dos participantes da
pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa
entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de
Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no
ano de 2010.
Quando analisada a razão de troca gasosa
R, podemos observar que a média do grupo A
e B foi de 0,9 (tabela 3), revelando um p= 0,683
considerado estatisticamente não significativo.
24 Revista Pesquisa em Saúde
TABELA 3: R por grupo dos participantes
da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica
Comparativa entre Mulheres Praticantes e não
Praticantes de Atividade Física, realizada na
Clinica INTERCOR no ano de 2010
Estatísticas R
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
A
0,9
0,1
0,7
1,2
B
0,9
0,1
0,7
1,1
FONTE: pesquisa de campo, 2010.
DISCUSSÃO
Um total de 33 exames foi analisado nesta
pesquisa, através de uma análise retrospectiva.
Segundo Riquena et al em 2009, a prática
de atividade física regular é capaz de aumentar
a estabilidade elétrica cardíaca, que se mostra
como um fator de proteção contra arritmias. Foi
observado no presente estudo que o grupo A,
formado por praticantes de atividades físicas,
somente 26% apresentaram arritmias e no grupo
B, formado por não praticantes de atividades
físicas, 10% apresentaram arritmias.
De acordo com Machado, Guglielmo e
Denadai em 2002, o VO2 mostra-se similar em
indivíduos sedentários e treinados, mas, durante
o esforço físico máximo os valores encontrados
nos indivíduos treinados são maiores que nos
sedentários. O presente trabalho observou que o
VO2 do grupo A foi de 34,3 ml/kg.min, maior do
que o grupo B, com 27,0 ml/kg.min.
Num estudo realizado por Tavano em 2009,
observou-se que o VO2máx obtido num protocolo
de inclinação positiva em mulheres teve valor
de 38,70 ml/kg.min, equiparando-se com o atual
estudo, onde o VO2máx atingiu o valor de 27
para mulheres sedentárias e 34,3 ml/kg.min para
mulheres ativas, ficando num também similar ao
encontrado por Muotri em 2010, onde o VO2máx
variou de 27,47 e 32,13 dos indivíduos, em sua
maioria mulheres, estudados.
Tamburus em 2009 constatou, durante o teste
ergoespirométrico, que os valores de potência
são mais elevados em mulheres ativas do que
em sedentárias tendo valores médios de 184 e
132, respectivamente, reforçando os resultados
encontrados neste trabalho.
Yazbek et al em 1998 estudou o VE e constatou
que, durante o teste ergoespirométrico, esta
variável aumenta progressivamente atingindo
um platô máximo, caracterizando uma maior
produção de CO2, e que durante o esforço poderá
atingir valores de até 200 litros em atletas. Os
valores conseguidos neste artigo demonstraram
normalidade do VE, dentro da faixa considerada
esperada, tendo em vista que nenhum indivíduo
estudado se encontra na categoria de atleta.
Quanto ao VE/VCO2, os mesmos autores
afirmaram que a variável refere-se a quantos
litros de ar por minuto são necessários e devem
ser ventilados para consumir 100 mL de O2,
sendo mantida na faixa de 23 a 28 litros de ar
ventilados para 1 litro de O2 consumido, dados
estes que se assemelham com os obtidos no
presente estudo. Já o R estando entre 0,70 e
1,0, sendo o primeiro um valor mais próximo de
quando se consome mais lipídeos e o segundo
estando mais próximo, de carboidratos. Portanto,
o presente estudo, com média de 0,9 para os dois
grupos, aproxima-se mais da hipótese de que
as estudadas consumiram mais carboidratos em
detrimento dos lipídeos.
CONCLUSÃO
Fica ratificada a importância da realização
regular de atividades físicas, contribuindo para
um melhor desempenho cardiorrespiratório, e
a também importância de realização do teste
ergoespirométrico para prescrever programa de
exercício mais direcionado e fidedigno.
A realização de futuros trabalhos mais
completos se faz necessária para o constante
incremento do conhecimento científico. Não
houve conflitos de interesses pertinentes.
O presente estudo é parte de trabalho
acadêmico para obtenção do título de Bacharel
em Fisioterapia pelas co-autoras pelo Centro
Universitário do Pará (CESUPA) e não teve fontes
de financiamento externas.
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Revista Pesquisa em Saúde 25
A IMPORTÂNCIA DA BOLA SUÍÇA NO TREINAMENTO DE DANÇA PARA ADULTOS INICIANTES
THE IMPORTANCE OF SWISS BALL IN DANCE TRAINING TO ADULT BEGINNERS
Mariela Ferreira de Santana1
[email protected]
RESUMO
Este estudo é uma proposta de treinamento
de dança para adultos iniciantes, utilizando
a bola suíça. É importante, pois a técnica de
treinamento, com a bola, melhora a postura, a
força, a flexibilidade, o equilíbrio e a saúde da
coluna. Pouco se sabe sobre a aplicabilidade
deste equipamento na melhoria de algumas
qualidades físicas para a dança, devido à carência
de literatura. O estudo tem o objetivo de propor
um treinamento de dança, para adultos iniciantes,
utilizando a bola suíça. A pesquisa é qualitativa e
bibliográfica. Verificou-se que a bola é importante
para o treinamento do equilíbrio, pode auxiliar no
ganho de força, é indicada para o treinamento
de flexibilidade e apresenta vantagens no
treinamento de adequação postural para dança.
Palavras-chave: Bola suíça, dança, treinamento
qualidades físicas.
INTRODUÇÃO
Este estudo é uma proposta de treinamento de
dança para adultos iniciantes, utilizando a bola
suíça. Apesar de ser mais comumente usada em
exercícios de alongamento, a bola suíça tem sido
útil para a preparação física de atletas e aulas
específicas em academias. Segundo Craig (2004,
p. 108), “usando a força da gravidade, a região lisa
da bola expande o corpo, ajudando a concentrar
na parte que está sendo alongada, permitindo o
contato com essa região”.
Visto que a técnica de treinamento com a
bola suíça pode melhorar a postura, a força, a
flexibilidade, o equilíbrio e a saúde da coluna,
mas ainda há carência, na literatura, de propostas
de treinamento específico para dança, surgiram
alguns questionamentos como qual seria a
importância da bola para o treinamento do
equilíbrio, da força, da flexibilidade e as vantagens
que ela traz para o treinamento de adequação
postural para dança.
ABSTRACT
O estudo teve como objetivo propor um
This study is a dance training proposal for beginner
treinamento
de dança para adultos iniciantes
adults, using swiss ball. It is important, because
utilizando
a
bola suíça. Especificamente, os
the training technique with the ball improves the
posture, the strength, the flexibility, the balance objetivos da pesquisa foram apontar a importância
and the spine health. There is less of knowledge da bola suíça para o treinamento do equilíbrio,
about the applicability of this equipament in the distinguir de que forma ela pode auxiliar no
improvement of some phisic qualities to dance, ganho de força, exemplificar como a flexibilidade
because of the lack of literature. The study has as pode ser treinada com a ajuda da bola e listar as
object to propose a dance training, for beginner vantagens dela para o treinamento de adequação
adults, using the swiss ball. The research is postural para a dança.
A pesquisa é qualitativa e bibliográfica. Foi
qualitative and bibliographic. It was noted that the
feita
leitura de artigos científicos, livros sobre
ball is important to the training of posture, can help
in the strength gain, it is indicated to the flexibility bola suíça, formas de treinamento das qualidades
training and shows up advantages in the training físicas, preparação física na dança, dentre outros.
Através da leitura e comparação dos textos, foi feito
of adequate posture to dance.
Keywords: Swiss ball, dance, training, physic um balanço das possíveis contribuições da bola
suíça para o processo de ensino-aprendizagem
qualities.
da dança, bem como para a preparação física
de bailarinos. Foram avaliadas as vantagens de
utilização deste implemento para a melhoria de
força, flexibilidade, postura e equilíbrio.
No primeiro momento, há uma comparação
entre a técnica e a estética da dança; Em seguida,
1
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ULHT/ PT
26 Revista Pesquisa em Saúde
trabalhada com cautela para se garantir as linhas
de braço e a postura adequada. De acordo com
Dantas (2005, p. 330), “A dança - ciência ou arte
- apresenta-se como o entendimento completo
das possibilidades físicas do corpo humano, que
permite exteriorizar um estado latente, pelo jogo
de músculos, segundo as leis naturais do ritmo e
da estética”.
A técnica é quem gera a estética e é
bom lembrar que o indivíduo é único e que
a consciência corporal de cada um deve ser
trabalhada individualmente, como ele. “E sendo
o corpo humano o instrumento da arte da dança,
é necessário discipliná-lo e desenvolvê-lo afim
de que o mesmo atinja, através de movimentos
harmônicos e coordenados, toda a plasticidade,
DANÇA: TÉCNICA OU ESTÉTICA?
Quando se pensa em dança, logo vem à cabeça pureza de linhas e expressão possíveis” (Dantas:
aquela idéia de arte, de movimentos estéticos, 2005, p. 330).
de beleza e, ao mesmo tempo, de sensibilidade.
BOLA SUÍÇA: O QUE ELA TEM DE TÃO
Contudo, pesquisas têm demonstrado que este
pensamento unilateral pode ser fortemente
DIFERENTE?
questionado quando se trata da preparação física
A bola suíça ou bola de vinil, como é denominada
desses corpos dançantes.
por alguns autores, tem sido utilizada, com mais
Muitas vezes, os treinamentos, aos quais o freqüência, para a aplicação de exercícios de
bailarino é submetido, são dolorosos e fatigantes. alongamento, para preparação física de atletas
Chegam até a serem confundidos e equiparados e para aulas específicas em academias. Pouco
aos treinamentos desportivos, que visam ao alto se ouve falar na sua aplicabilidade para a dança.
rendimento. Segundo Dantas (2005, p.412), “... No entanto, as propriedades da bola são tão
dificilmente seus praticantes não apresentam atraentes no que tange “treinar um corpo”, que
queixas sobre dores agudas de ordem músculo- sua utilização já tem sido expandida para diversas
articulares, em sua prática constante e áreas da motricidade humana, inclusive para a
prolongada”.
dança.
Isto leva a crer que a dança é mais que uma
Isto ocorre, porque dançar exige uma boa
manifestação artística; é uma atividade física que técnica, consciência corporal e um excelente
exige treinamento árduo e uma técnica precisa. condicionamento físico e nada melhor que a bola
Dantas (2005, p.412) confirma isso no trecho para garantir a base para este “tripé”. Segundo
que diz: “Verifica-se, portanto que a dança é Craig (2004, p. 05), “A inovação no formato da
uma atividade física, além de artística que exige bola acabará com sua sensação de gravidade”.
grande capacidade de treinamento, associado
As aulas de dança, em suas diversas
a um rendimento excelente dos pontos de vista linguagens, utilizam exercícios de alongamento,
físico e técnico”.
saltos, equilíbrio e propriocepção. No que tange
Dentre as qualidades físicas mais requisitadas ao alongamento, a bola pode ajudar muito mais
em um trabalho de dança, destacam-se a força, até do que o colchonete ou mesmo os exercícios
a flexibilidade, a postura e o equilíbrio. A força de chão. Isso devido ao seu formato anatômico,
é um pré-requisito básico para os dois últimos, que envolve a coluna e se molda às curvaturas
pois músculos mais fortes garantem um maior naturais de cada indivíduo. É como se ela se
equilíbrio corporal que, por sua vez, melhoram a modelasse à heterogeneidade dos corpos.
postura do bailarino.
Para Craig (2004, p. 13), “É impossível alongar
Mas não só de técnica vive a dança. Como o corpo com um colchonete ou equipamento, da
já foi dito anteriormente, a estética também é mesma maneira que se faz com a bola”. O mesmo
fundamental para o sucesso do espetáculo. Só ocorre com o treinamento de saltos na dança. O
que quando se fala em estética, não se refere bailarino, geralmente, produz uma seqüência de
apenas à beleza das apresentações de palco; saltitos no chão e amortece a queda com a flexão
a estética corporal de cada bailarino deve ser ou semi-flexão de joelhos.
relata-se o que a bola suíça tem de tão diferente.
No terceiro momento, fala-se do treinamento de
equilíbrio utilizando a bola. No quarto momento, é
proposto um treinamento de força sobre a bola. Em
seguida, trata-se do treinamento de flexibilidade,
para a dança, e ressalvam-se as formas de auxílio
da bola suíça para esta prática.
No sexto momento, são elencadas as
vantagens de se trabalhar com tal implemento na
adequação postural dos indivíduos para a dança.
E, por fim, são abordadas as considerações
finais sobre a proposta, buscando caracterizar o
importante papel da bola suíça para o treinamento
de dança para adultos iniciantes.
Revista Pesquisa em Saúde 27
Com a bola, é possível treinar esses saltos
de uma maneira mais segura e eficaz, já que o
bailarino encontra-se sentado e o impacto com o
solo é amortecido pelo formato arredondado que
ela apresenta. De acordo com Craig (2004, p.13),
“... a bola amortece seu corpo enquanto salta, e
treina os pés a se adaptarem com segurança no
impacto com o chão”.
Uma prática comum em dança é a transferência
de peso. Tanto na dança clássica, como na
moderna e na contemporânea utiliza-se a
transferência de peso de pernas, braços e tronco.
Com a bola, isto fica mais fácil. O professor pode
brincar com os movimentos, como ir e vir na
bola, rolar sobre ela e apoiar diversos segmentos
corporais em seu topo. Para Craig (2004, p. 13),
“Em nenhum outro lugar a transferência de peso
pode ser mais bem praticada do que em cima da
bola”.
Trabalhando essa transferência de peso, o
bailarino estará desenvolvendo também sua
propriocepção e, conseqüentemente, melhorando
seu equilíbrio. O que favorece o ganho desta
qualidade física é o fato da bola suíça apresentar
certa instabilidade para o indivíduo, o que o
obriga a tentar se equilibrar, trabalhando sua
propriocepção. Craig (2004, p. 12) nos diz que
“ao mesmo tempo que está fortalecendo o corpo,
a bola de exercício aumenta a ‘propriocepção’ –
sua consciência de como seu corpo se movimenta
no espaço”.
TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO
Como já foi dito anteriormente, a instabilidade
gerada pela bola obriga o bailarino a tentar
manter o equilíbrio sobre ela. Desta forma, estará
desenvolvendo sua propriocepção e ampliando a
qualidade de mais uma valência física: o equilíbrio.
De acordo com Craig (2004, p.13):
Sentar na bola é altamente vantajoso para
a saúde da coluna, pois é um trabalho
ativo: o corpo se ajusta sem parar a fim
de manter o equilíbrio. Ficar sentado por
muito tempo retrai os músculos posturais
e equilibra a coluna (CRAIG, 2004,p 13)
28 Revista Pesquisa em Saúde
TREINAMENTO DE FORÇA
Perceba como um trabalho gera o outro. Foi
dito anteriormente que o fato de estar sentado
na bola já se está trabalhando a propriocepção
e o equilíbrio e que os músculos corporais estão
sempre na ativa para manter este corpo estável.
Desta forma, a bola suíça pode estar auxiliando
também no ganho de força destes bailarinos. Para
Craig (2004, p. 11), “Com a bola, os músculos
sempre estão trabalhando”.
É certo que existem exercícios específicos
de força para cada grupamento muscular. E a
melhora desta qualidade física é essencial para
qualquer praticante de dança, seja ele de qual
for a linguagem. De acordo com Leal (1998, p.
106), “A dança necessita de corpos ágeis, fortes
e flexíveis”.
A bola suíça pode estar auxiliando em exercícios
para quadríceps, como o agachamento na parede
com a bola nas costas ou a extensão de pernas,
sentado e com caneleira; para isquiostibiais,
como elevação posterior de pernas em decúbito
ventral; para tríceps sural, utilizando a bola
como apoio; para peitoral, em decúbito dorsal,
utilizando sobrecarga; para costas e tríceps, em
decúbito ventral, também com sobrecarga; para
bíceps e deltóide, sentado na bola. Segundo
Craig (2007, p. 67), “O treinamento de força com
bolas requer mais equilíbrio e coordenação do
que o treinamento padrão com carga”.
Com um pouco de criatividade pode-se criar
uma seqüência ampla de movimentos específicos
para cada grupo muscular, de acordo com a
necessidade da turma. Mas, o mais importante é
a variedade de exercícios abdominais que podem
ser executados com precisão e segurança,
utilizando este implemento. Sabe-se que a
força abdominal é imprescindível para um bom
desempenho do bailarino. Segundo Craig (2007,
p. 64), “Abdominais fracos podem fazer que a
pelve sofra anteversão, aumentando a curvatura
lombar”. Isto prejudicaria a adequação postural
deste corpo para a dança.
TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE
Outra qualidade física primordial para o
processo de ensino-aprendizagem da dança é
a flexibilidade. A técnica depende de um bom
alcance de movimento e de grandes amplitudes.
Em grande parte é ela quem irá determinar o
sucesso da apresentação. Para Dantas (2005,
p. 301), “Um bom alcance de movimento é um
fator importante para o aprendizado de uma boa
técnica, sendo a flexibilidade um pré-requisito
básico para a execução tecnicamente correta dos
movimentos”.
No treinamento para dança, principalmente
para iniciantes, é fundamental que a flexibilidade
seja trabalhada em todos os dias de treino, para
garantir a rápida ampliação desta qualidade física.
De acordo com Leal (1998, p. 104), “O programa
de flexibilidade para a dança insere-se em todos
os períodos, mantendo e desenvolvendo o grau
de amplitude articular do movimento”.
A bola pode contribuir para o treinamento
de flexibilidade em dança de duas formas:
garantindo a melhor posição anatômica para os
segmentos corporais do aluno e diversificando os
movimentos, inserindo uma abordagem lúdica ao
treino e aumentando a motivação, principalmente
para alunos iniciantes. Segundo Dantas (2005, p.
306):
pesquisa entre bailarinos sobre sua mobilidade articular demonstrou ser uma
vantagem, para indivíduos que querem
embarcar numa carreira de dança, serem
flexíveis, uma vez que todos os movimentos de dança requerem grande amplitude
de quase todas as articulações (DANTAS,
2005, p 306).
No caso da dança, a flexibilidade é uma
qualidade física básica de grande fundamento, pois se trata de uma atividade que
envolve movimentos de grandes amplitudes, e o nível de desenvolvimento da
flexibilidade determina em grande parte
o sucesso e bom desempenho dos bailarinos (DANTAS, 2005, P 301).
Assim como a força é essencial para o equilíbrio,
este, por sua vez, associado à flexibilidade e à
própria força é fundamental para o treinamento
de adequação postural. A postura resulta da
harmonia entre músculos e ligamentos, logo,
músculos fortes auxiliam em uma postura mais
correta. Para Dantas (2005, p. 309):
O efeito da postura para o treinamento da
dança é primordial para se compreender
os equilíbrios de força e flexibilidade
necessários para que o desempenho seja
efetuado com o menor esforço possível,
ou com menos solicitação de músculos
acessórios empregados na ação do movimento (DANTAS, 2005, p 309).
Para se ter um alinhamento postural adequado,
deve-se ter controle das forças opostas das
Existem formas específicas de se trabalhar musculaturas. No caso da dança, a preocupação
a flexibilidade com a bola, podendo o bailarino ainda é mais minuciosa, porque o bailarino
utilizá-la para sentar, deitar ou, simplesmente, depende de um bom alinhamento de braços e
como apoio. Um exemplo prático é a famosa coluna para manter o equilíbrio, por exemplo, em
“borboleta”, que o aluno pode executar no chão, uma única perna. Segundo Craig (2004, p.31),
deitado em um colchonete, apoiando os pés “O ideal é que existam duas forças opostas que
unidos na bola suíça. Ao falar deste movimento, trabalhem constantemente pelo corpo... Essa
Craig (2007, p. 154) afirma que “a bola apóia os sensação de oposição é importante para um bom
pés enquanto o tapete apóia as costas, e não há posicionamento e postura do corpo”.
A bola suíça pode trazer benefícios
estresse sobre os ligamentos da lombar ou da
incomparáveis ao treinamento postural para
pelve”.
A flexibilidade é uma valência física muito dança, pois proporciona uma adequação
importante para quase todos os tipos de atividades anatômica ao corpo do bailarino e, no caso do
físicas, inclusive para as atividades corriqueiras iniciante, que ainda não tem uma consciência
do dia-a-dia das pessoas, mas para o bailarino corporal treinada, ela pode ajudar de forma mais
é mais que isso: é uma necessidade vital, a precisa, ensinando-o sobre como se posicionar
garantia do sucesso. A beleza das apresentações no espaço e diminuindo a sensação de gravidade.
depende disso e a bola pode ser um implemento Craig (2004, p.30) confirma isso ao dizer que
imprescindível para a melhora nos níveis de “A bola é incomparável na recuperação dos
flexibilidade deste corpos dançantes. De acordo problemas posturais”.
Saltar sentado na bola também é indicado
com Dantas (2005, p. 301).
para o alinhamento postural, visto que amortece
o impacto e obriga o indivíduo a alinhar a coluna
para manter o equilíbrio. Desta forma, estará
trabalhando também sua propriocepção. Para
Craig (2005, p. 34), “Saltar alinha a coluna em sua
Revista Pesquisa em Saúde 29
posição mais eficaz e melhora a resistência dos
músculos posturais”.
Devido à instabilidade provocada pela bola, o
aluno iniciante sente a necessidade de buscar um
certo conforto para evitar quedas e tombos e isso
faz com que comece a conhecer seu corpo e a
ter auto-controle, monitorando seus movimentos
e, inclusive, sua respiração. Ao passar por essa
fase inicial, o bailarino já começa a dar indícios
de uma consciência corporal trabalhada e a ousar
mais em cima da bola.
Cada vez mais os exercícios vão ganhando
graus de dificuldade maiores para forçá-lo a alinhar
a coluna e buscar a postura correta através do
equilíbrio. De acordo com Dantas (2005, p. 309),
“Postura é o resultado de um equilíbrio harmonioso
entre as solicitações impostas aos músculos, aos
ligamentos e aos discos intervertebrais”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo pôde-se notar que a bola suíça
não só é recomendável para a preparação física
de adultos iniciantes de dança, como também para
as atividades diárias dos indivíduos em geral. Ela
pode ser adequada para cada tipo de situação,
desde que haja um estudo aprofundado sobre
suas propriedades e aplicações, adicionado a um
toque de criatividade.
A bola é importante para o treinamento do
equilíbrio, porque sua instabilidade obriga
o indivíduo a tentar manter-se sobre ela,
desenvolvendo sua propriocepção. É importante
também, porque recruta diversos músculos
corporais, só de estar sentado nela, e é indicado
para a manutenção da saúde da coluna. “Porém,
é útil saber que o próprio treinamento de força
desenvolve um bom equilíbrio. Quanto mais fortes
são as pernas, os tornozelos e as panturrilhas,
mais rápido os músculos contraem para impedir
movimentos que desequilibram seu corpo”.
(CRAIG: 2007, p.67).
Desta forma, ela pode auxiliar no ganho de força
através de uma seqüência ampla de movimentos
específicos para cada grupo muscular, de
acordo com as necessidades. Os grupamentos
musculares estão sempre na ativa, quando
estamos em cima da bola, e se for aplicado,
sobre os segmentos corporais, uma sobrecarga,
o trabalho fica ainda mais intenso e eficaz.
A flexibilidade pode ser treinada com a bola
suíça através de exercícios específicos para as
articulações mais utilizadas na dança, já que
garante a melhor posição anatômica para os
segmentos corporais do aluno e diversifica os
30 Revista Pesquisa em Saúde
movimentos de forma lúdica a atraente. Ela evita
estresses sobre as articulações no treinamento
de flexibilidade.
Já as vantagens da bola, para o treinamento
de adequação postural para a dança, são
corroboradas pela instabilidade provocada pela
ela, pois o aluno iniciante sente a necessidade
de buscar certo conforto, para evitar quedas, e
passa a ampliar sua consciência corporal, através
do autoconhecimento e o de suas limitações. Os
exercícios o fazem alinhar a coluna e buscar a
postura correta através do equilíbrio. Craig (2007,
p. 67) ratifica isso dizendo que:
A instabilidade da bola melhora a propriocepção, a alça de retroalimentação
sensorial que informa ao seu corpo a sua
posição no espaço. A surpresa e a imprevisibilidade associadas à bola desafiam o
sistema nervoso. Os receptores enviam
informações mais rápidas ao cérebro. O
tempo de reação rápido previne quedas e
tropeços (CRAIG, 2007, p 67).
REFERÊNCIAS
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Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2004.
CARRIÉRE, Beate. Bola Suíça: teoria, exercícios
básicos e aplicação clínica. São Paulo: Manole,
1999.
CRAIG, Colleen. Abdominais Com Bola: uma
abordagem de Pilates para fortalecer os músculos
abdominais. São Paulo: Phorte, 2004.
CRAIG, Colleen. Pilates Com a Bola. – 2ª. Ed. –
São Paulo: Phorte, 2004.
CRAIG, Colleen. Treinamento de Força com Bola:
uma abordagem de Pilates para o treinamento de
força . São Paulo: Phorte, 2007.
DANTAS, Estélio H. M. Alongamento e
Flexionamento. – 5ª .ed. – Rio de Janeiro: Shape,
2005.
FOSS, Merle L. & KETEYIAN, Steven J. Bases
Fisiológicas do Exercício e do Esporte. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LEAL, Márcia. A preparação Física na Dança. Rio
de Janeiro: Sprint, 1998.
TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias:
acadêmica, da ciência e da pesquisa. – 4ª ed –
Belém: UNAMA, 2001.
PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA PROPOSTA INTERVENTIVA DE SAÚDE SOCIAL
SOCIAL SPORT PROJECT: A SOCIAL HEALTH INTERVENING PROPOSAL
Tibério Costa José Machado1,2
Angelo Vargas2,3
[email protected]
RESUMO
O presente estudo objetivou investigar como o
esporte na representatividade do projeto sócio
esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, corroborou
para diminuição das chances de envolvimento de
seus participantes, com as situações classificadas
como de risco social. O recurso metodológico
utilizado foi o estudo de caso, que objetiva
investigar um único fenômeno em profundidade.
A amostra foi composta por 306 sujeitos de
ambos os sexos e com idade compreendida entre
8 e 12 anos de idade e participantes ativos do
projeto. O instrumento utilizado é parte integrante
de um questionário de dezessete perguntas
semi-estruturadas que foi recolhido logo após o
término do preenchimento. Todos os participantes
aquiesceram ao Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e o estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética da Universidad Autónoma de Asunción.
Os resultados permitem inferir que a Vila Olímpica
Ary Carvalho, apresenta importância substancial
na ocupação do tempo livre dos participantes,
além de promover a disseminação de preceitos
valorativos positivos para vida em sociedade,
contribuindo para formação dos sujeitos. Importa
salientar, que a oferta de atividades sem ligação
com o esporte emerge como uma alternativa para
o público desta região que durante anos padeceu
com a falta ou hipossuficiência assistencial.
Palavras – Chave: Crianças; Vulnerabilidade
social; Políticas públicas; Esportes.
ABSTRACT
This study aimed to investigate how the sport
in the representation of social sport project
Olympic Village Ary Carvalho, corroborated for
the reduction the chances of involvement of its
participants, to the situations classified as social
risk. The methodological resource used was the
case study, which aims to investigate a single
phenomenon in depth. The sample was
composed by 306 subjects of both sexes and
aged between 8 and 12 years old and active
participants in the project. The instrument used
is part of a questionnaire of seventeen questions
semi structured that was collected immediately
after the end of the fill. All participants acquiesced
to the Free and Informed Term of Consent and
the study was approved by the Ethics Committee
of the Universidad Autónoma de Asunción. The
results allow inferring that the Olympic Village
Ary Carvalho, presents substantial importance
in the occupation of free time of the participants
and promote the dissemination of positive values
principles for life in society, contributing to formation
of the subjects. It should be noted that the range
of activities unrelated to the sport emerges as an
alternative to the public in the region who suffered
for years with no or inadequate assistance.
Keywords: Children; Social vulnerability; Public
policies; Sports.
INTRODUÇÃO
A história nos permitiu compreender que
ao longo dos anos o esporte emergiu em
diferentes momentos com o objetivo de atender
às necessidades apresentadas pelo homem.
Este vínculo corroborou para que na sociedade
contemporânea o esporte fosse utilizado para
suprir as carências apresentadas pela população,
principalmente no que tange ao treinamento das
competências sociais.
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUAS
PECULIARIDADES DEGRADANTES
A sociedade contemporânea notabilizou-se
por apresentar em seu contexto, situações que
possuem características socialmente degradantes
e que possuem incidência majoritária entre o
público jovem. Vargas (2002) infere que o público
jovem, possui a característica de reproduzir
Universidad Autónoma de Asunción - PY.
Laboratório de Estudos da Cultura Social Urbana – LECSU.
3
Universidade Técnica de Lisboa - UTL - PT.
1
2
Revista Pesquisa em Saúde 31
os valores, ações e gestos presentes em seu
cotidiano de convívio, podendo apresentar a
motricidade com estereotipia degradante.
Já nos postulados filosóficos de Marx e Engels
(1848) é possível a compreensão da influência
promovida pelo contexto social em seus pares ou
indivíduos que atuam no mesmo cosmo. Para os
autores, o homem figura como produto do meio
social onde se encontra inserido, estando exposto
a todas as interveniências do contexto, podendo
reproduzi-las ou não. Desta forma, tornouse possível depreender que o contexto social
terá significativa importância para formação do
indivíduo, principalmente para os jovens, que se
apresentaram suscetíveis ao envolvimento com
as situações de risco.
A ociosidade pode ser definida como a
existência em demasiado de tempo livre. Esta
falta de ocupação pode potencializar as chances
de envolvimento do indivíduo, com as situações
degradantes. Este problema denotou substancial
importância nas localidades carentes, que devido
à hipossuficiência ou falta de assistência por parte
dos governos, desenvolveu uma lacuna no que
tange à legitimidade e cumprimento das normas
cíveis vigentes na sociedade, exprimindo em seu
contexto, inúmeras situações de características
degradantes e classificadas como de risco social,
devido à influência não valorativa que exerce
nos indivíduos, além de serem consideradas à
margem da lei.
ESPORTE COM FINS SOCIAIS: VALORIZAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
O esporte com vistas à promoção de benefícios
sociais apresentou substancial destaque e
visibilidade na sociedade contemporânea,
sobretudo na cidade do Rio de Janeiro. Para
Zaluar (1994) a década de 80 emergiu como
período que ocorreram significantes alterações
no campo esportivo, favorecendo a sua
valorização. Importa asseverar que este ganho
de importância sucedeu-se em decorrência dos
benefícios atribuídos a prática esportiva, como
auxiliar no processo de desenvolvimento social
de crianças, adolescentes e cidadãos em geral,
como asseverado por Tubino (2001).
No entanto, os maiores fomentos de prática
esportiva, mormente com fins sociais, surgiram
devido às iniciativas oriundas do setor privado e
através das organizações não governamentais
– ONGs. Importa destacar, que a ausência de
atuação por parte governamental tornou-se notória
até mesmo, no principal projeto desenvolvido
32 Revista Pesquisa em Saúde
nesta época na cidade do Rio de Janeiro, intitulado
Vila Olímpica da Mangueira e ativo até os dias
atuais. Estruturado como alternativa de ofertar
a prática esportiva para a população carente, a
Vila Olímpica da Mangueira, obteve substancial
destaque, sendo considerado um projeto sócio
esportivo modelo.
A promulgação do Artigo 217 da Constituição da
República Federativa do Brasil, promulgada em 5
de outubro de 1988, representou um substancial
incentivo, para a valorização e disseminação da
prática esportiva em território brasileiro. Em seu
texto, o Artigo 217 consagra que: “... é dever do
Estado fomentar práticas desportivas formais
e não formais, como direito de cada um”. Esta
determinação configurou uma mudança de
cenário no que diz respeito ao esporte brasileiro,
que inicialmente era visto como prática nova, em
desenvolvimento e posteriormente logrou status
de valiosa estratégia para o treinamento das
competências sociais.
PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA ALTERNATIVA PARA O ALCANCE DA SAÚDE
SOCIAL
Os projetos sócio esportivos podem ser
definidos como iniciativas de ação interventiva,
majoritariamente em regiões que possuem
contexto social com características de degradação
e que objetivam promover benefícios sociais,
através do esporte. No caso específico da cidade
do Rio de Janeiro, principalmente os projetos que
contam com a participação governamental, foram
implementados em localidades que apresentaram
baixa classificação no Índice de Desenvolvimento
Humano - IDH e pelo Índice de Desenvolvimento
Social - IDS, que são dois indicadores sociais, que
servem de parâmetro para análise de diversos
bairros e regiões. O Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2001) e
Cavallieri e Lopes (2008) estabeleceram valores
relativos ao IDH e IDS sucessivamente, dos
bairros da cidade do Rio de Janeiro, investigando
indicadores como a riqueza, educação e
expectativa de vida ao nascer para o IDH e o acesso
a rede de água e esgoto adequada, coleta de lixo
adequada, número de banheiros por moradores,
responsáveis por domicílio com menos de 4 anos
de estudo, responsáveis por domicílios com 15 ou
mais anos de estudo, analfabetismo em maiores
de 15 anos, responsáveis por domicílios com
renda até dois salários mínimos, responsáveis
por domicílios com rendimento igual ou superior
a 10 salários mínimos e rendimento médio dos
responsáveis por domicílio em salários mínimos
para o IDS.
As
comunidades
escolhidas
para
implementação deste tipo de projeto, apresentam
características de degradação social, fato que
remete a influência que este cenário pode
promover aos seus residentes, especialmente
aos jovens. Desta forma, o projeto sócio esportivo
pode representar uma alternativa, para esta
população carente de assistência.
Como projeto interventivo, a Vila Olímpica
Ary Carvalho é uma proposta sócio esportiva
localizada na comunidade da Vila Kennedy, na
cidade do Rio de Janeiro e gerida pela Secretaria
Municipal de Esportes e Lazer – SMEL, onde a
prática esportiva emergiu como estratégia para
promoção de preceitos valorativos junto aos
participantes. Num cenário que, durantes anos,
se caracterizou e padeceu com a ausência
ou hipossuficiência de assistência, medidas
necessitam ser implementadas, com o objetivo
diminuir as chances de exposição ou de contato
com as situações classificadas como de risco
social.
OBJETIVO
O estudo objetivou investigar qual o papel da
Vila Olímpica Ary Carvalho na redução do contato
de seus participantes com as situações com
características degradantes, principalmente no
que tange à oferta de atividades e serviços que
possam promover benefícios no âmbito social.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo utilizou o recurso
metodológico denominado Estudo de Caso, que se
caracteriza por ser uma pesquisa do tipo descritiva
que objetiva proporcionar a investigação em
profundidade de um único fenômeno. (THOMAS;
NELSON; SILVERMAN, 2007).
A amostra constituiu-se de 306 sujeitos de
ambos os sexos, com idade entre 8 e 12 anos e
classificadas como crianças, como estabelecido
pelo Artigo 2º do Estatuto da Criança e do
Adolescente de 1990 e participantes ativos do
projeto sócio esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho.
Todos os componentes da amostra possuem sua
matrícula efetivada por um período superior a três
meses.
O instrumento utilizado é uma parte integrante
de um questionário constituído de dezessete
perguntas, semiestruturadas, cujo processo de
validação constituiu a avaliação por um júri de cinco
especialistas no âmbito da Educação Física. Os
questionários foram respondidos na Vila Olímpica
Ary Carvalho, sendo recolhido logo após o termino
do participante. Todos os participantes da amostra
aquiesceram ao Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido apresentando o mesmo devidamente
assinado pelo responsável legal. O presente
estudo foi analisado e aprovado, registro 17/11,
pela Comissão de Ética para Pesquisa - CEP da
Universidade Autônoma de Assunção - UAA. O
mesmo atendeu às especificações da Resolução
196/96 do Conselho de Nacional de Saúde
Brasileiro de 10/10/1996, que enuncia as Normas
para Realização de Pesquisa em Seres Humanos.
Além disso, o estudo contou com a aprovação do
Corpo Técnico da Secretaria Municipal de Esporte
e Lazer - SMEL e da Vila Olímpica Ary Carvalho.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Para realização do tratamento estatístico
optou-se pela abordagem estatística denominada
Estatística Descritiva, que engloba um conjunto
de métodos que permitem a apresentação
dos achados através de recursos estatísticos.
(SILVESTRE, 2007). Dentre os métodos contidos
neste tipo de pesquisa, optou-se pela distribuição
de frequência, que é um recurso estatístico que
identifica a ocorrência dos escores envolvidos
no estudo. (THOMAS; NELSON; SILVERMAN,
2007). Para desenvolvimento e execução dos
cálculos estatísticos pertinentes à distribuição
de frequência, foi utilizado o software aplicativo
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS
16.0).
RESULTADOS
Os resultados do estudo permitiram inferir
que a Vila Olímpica Ary Carvalho emergiu como
significante forma de ocupação do tempo livre
dos participantes, em decorrência de ausência
de alternativas para uma parcela significativa dos
investigados.
Tabela Nº 1 Apresentação da distribuição de
frequência e dos valores percentuais relativos a
realização de outras atividades no tempo livre
Variáveis
Frequência
Não
Sim
275
31
valores
Percentuais
88,9%
10,1%
Revista Pesquisa em Saúde 33
Com relação ao desenvolvimento de outras
atividades que objetivem promover benefícios no
âmbito social, os dados permitiram depreender
que existiu a preocupação por parte do projeto em
ofertá-las, no entanto sua abrangência não logrou
alcance majoritário entre os sujeitos.
DISCUSSÃO
Souza (2009) e Maricato (2011) asseveraram
que a ausência de atuação governamental
proporcionou uma lacuna que possibilitou o
desenvolvimento de áreas, com características
peculiares, como as encontradas na região da
Vila Kennedy, que compreende na atualidade
Tabela Nº 2 Apresentação da distribuição de outras dezessete comunidades, que padecem
frequência e dos valores percentuais relativos com problemas significativos de infraestrutura
aos participantes que utilizam as atividades com e assistência social. Morais (2006) depreendeu
cunho social
que estas regiões com características peculiares
possuem ocorrências e ambiente prejudicial
Variáveis
Frequência Valores Percentuais
ao desenvolvimento do público jovem. Ferreira
(2006) indicou que o cenário de abandono e
Não
248
81%
pobreza expõe principalmente o público jovem a
situações classificadas como de risco social.
Sim
58
18,9%
Para Cheluchinhak e Cavichiolli (2010), o
esporte na sociedade contemporânea efetivou-se
Atividades
Frequência Valores Percentuais
como significante estratégia para o treinamento
das competências sociais, reduzindo as chances
Informática
32
55,1%
de envolvimento dos participantes de práticas
esportivas com as situações consideradas como
SESC Odonto
29
50%
socialmente degradantes e que promoveram,
como vítimas prioritárias, os jovens residentes de
comunidades carentes.
No intuíto de identificar através da opinião dos
No que concerne ao esporte, Tubino (2001)
participantes reconhecimento de alterações em e Silva e Rubio (2003) assinalam que o esporte
suas vidas após a participação na Vila Olímpica representa uma significativa estratégia para o
Ary Carvalho, o Gráfico Nº 1, através dos desenvolvimento das crianças, dos adolescentes
resultados apresentados, permitiu compreender e dos cidadãos de forma geral, em decorrência da
que um percentual significativo dos sujeitos influência valorativa.
reconheceu a realização de alterações positivas,
A oferta de outros serviços que não possuem
fato que reforça a importância do projeto.
relação específica com o universo esportivo
poderá corroborar para diminuição da carência
Gráfico Nº 1 Representação Gráfica da distribuição assistencial apresentada pela população.
de frequência e dos valores percentuais relativos ao Para Baggio (2000) e Demo (2005), tornou-se
reconhecimento de alterações realizadas pelo projeto inconteste a necessidade de promover a inclusão
sócio esportivo na vida dos participantes
digital entre o público de baixa renda, como
preconizado pela Administração da Vila Olímpica
Ary Carvalho, que dentre outros serviços com
fins sociais, disponibilizou o acesso ao universo
digital, através da oferta de cursos de informática.
Sá (1999) inferiu que os jovens residentes
de comunidades carentes podem apresentar
um comportamento com tendência agressiva.
Tubino (2001) e Melo (2004) asseveraram que o
esporte emerge como uma significativa estratégia
de combate ao problema, além de propiciar a
disseminação de aspectos valorativos positivos
para vida em sociedade.
Contijo e Medeiros (2009) destacaram a
importância de se atentar ao meio de inserção
do indivíduo, haja vista a influência que pode ser
exercida, sobretudo sob as crianças. Segundo
34 Revista Pesquisa em Saúde
Bronfenbrenner (1992), Krebs (1997) e Vargas
(2002), o contexto social exerce influência
primordial no processo de formação do indivíduo,
tendo este a vulnerabilidade de exprimir
características negativas presentes e vivenciadas.
No que concerne à comunidade da Vila Kennedy,
os referidos argumentos concorrem por favorecer
o entendimento das medidas tomadas, que
objetivam tornar este cenário favorável para o
desenvolvimento de seus pares, através da oferta
de atividades sócio esportivas.
Vargas (2002) inferiu que o contato com o
cenário de degradação social, pode propiciar o
desenvolvimento de um comportamento peculiar
entre os jovens. A possibilidade de apresentação
da motricidade, com estereotipia degradante,
emergiu como uma das características passíveis
de serem encontradas em jovens expostos a
situações degradantes, como abordou Neto
(2001). Neste universo, o projeto sócio esportivo
atuou na ocupação do tempo livre, diminuindo a
exposição do publico ao referido cenário, evitando
assim sua exposição a tais situações.
Andrade (1998) e Scherer-Warren (2006)
depreenderam que diversas iniciativas foram
desenvolvidas, com objetivo de diminuir as
chances de envolvimento das crianças com as
situações que apresentam características de
risco social, remetendo assim à ideia de combate
a enunciada ocorrência, sobretudo reduzindo
o tempo livre, papel designado a Vila Olímpica
Ary Carvalho, no caso da comunidade da Vila
Kennedy e confirmado nos resultados do estudo.
Para Colantonio (2007), independente das
diferentes formas de apresentação do esporte,
elencadas no Artigo 217 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, no
cenário das Vilas Olímpicas, os objetivos que
exprimiram relação com o âmbito social foram
priorizados, assim como constataram Andrade
(1998) e Scherer-Warren (2006).
Machado, Dória e Vargas (2011) depreenderam
que iniciativas desta natureza cresceram no
cenário da cidade do Rio de Janeiro, contribuindo
para consolidação e disseminação da política
sócio esportiva, que na atualidade apresenta
substancial fomentação do Poder Público.
CONCLUSÃO
Os resultados do estudo permitem
depreender que a Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro, na representatividade da Secretaria
Municipal de Esporte e Lazer – SMEL – objetivou
através do projeto sócio esportivo Vila Olímpica
Ary Carvalho, ofertar uma alternativa de serviço
para a população da comunidade da Vila Kennedy
e demais comunidades da região.
No entanto, tornou-se pertinente salientar que
o referido projeto abrange um universo de atuação
que transcendeu o cenário esportivo, figurando
como uma significativa alternativa de promoção
social, através da implementação de atividades e
valores que contribuem positivamente na vida de
seus participantes.
Além disso, importa ressaltar que o projeto
apresentou significativa participação na ocupação
do tempo livre dos participantes, atuação que num
contexto caracterizado pela degradação social
denotou substancial importância.
O crescimento desta iniciativa configurouse inconteste, sobretudo posteriormente a
atuação governamental, fato que representou
uma preocupação do Poder Público, com
as enunciadas situações classificadas como
degradantes socialmente e presentes no seio da
sociedade contemporânea, sobretudo na cidade
do Rio de Janeiro.
Desta forma, foi possível assimilar que
as Vilas Olímpicas corroboram positivamente na
vida de seus participantes, através da oferta de
serviços e apresentando, para seus participantes,
condutas positivas para a vida em sociedade.
Não obstante, no que tange à ocupação do
tempo livre, o referido projeto emergiu como
alternativa unitária para parcela significativa
dos participantes, fato que possibilitou para a
compreensão de que outras iniciativas necessitam
ser desenvolvidas, objetivando proporcionar
alternativas de intervenção em comunidades co
características de risco social.
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MOTOR DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH DOWN SYNDROME FROM 6 TO 10 YEARS
Edvânia Albuquerque Feitoza1
Pedro Aderbal Souza Sobrinho1
[email protected]
RESUMO
Esta pesquisa aborda a importância da atividade
física para o desenvolvimento motor da criança
com Síndrome de Down (SD), na faixa etária de
seis a dez anos. A SD caracteriza-se por uma
alteração genética que ocorre durante a divisão
celular do embrião, ocasionando um atraso
no desenvolvimento das funções motoras e
mentais do indivíduo. Deste modo, o bebê com
esta síndrome demora a adquirir determinadas
habilidades, devido a uma hipotonia generalizada
que o afeta desde seu nascimento. Com o
passar do tempo, essa hipotonia tende a diminuir
espontaneamente, porém permanecerá presente
por toda a vida em graus diferentes. A partir do
momento em que é feito um trabalho psicomotor
nesta fase inicial da vida, podemos ressaltar
a importância da estimulação precoce e as
influências derivadas do meio. Essa pesquisa
tem como objetivo analisar o desenvolvimento
motor de crianças com Síndrome de Down na
faixa etária de 06 a 10 anos e sua interferência
na aprendizagem. É necessário, portanto, uma
maior atenção por parte dos pais com relação
aos aspectos iniciais da vida do bebê. Toda
a evolução da criança vai depender da forma
como seus responsáveis vão aceitar essa
realidade. Desta forma as orientações teóricometodológicas são pautadas no desenvolvimento
infantil e construção do conhecimento de
forma significativa. Serão considerados tópicos
referentes ao desenvolvimento motor da criança
com SD e participação direta da família neste
processo. Um compromisso social em todos
os sentidos de ordem preventiva possibilitará
o desencadeamento de diversos fatores
relacionados às atividades e programas sociais
que poderão facilitar na aquisição de hábitos
saudáveis, estimulando a prática de atividades
recreativas, físicas e culturais que ajudarão na
melhoria da qualidade de vida.
Palavras - chave: Criança com Síndrome de
1
Down; Desenvolvimento Motor; Educação Infantil;
Inclusão Escolar.
ABSTRACT
This research discusses the importance of physical
activity for motor development of children with
Down syndrome (DS), aged from six to ten years.
The DS is characterized by a genetic variation that
occurs during cell division of the embryo, causing
a delay in the development of mental and motor
functions of the individual. Thus, the baby with
delay syndrome is acquiring certain skills due
to a generalized hypotonic that affects since its
birth. Over time, this hypotonic tends to decrease
spontaneously, but remains present throughout
life in different degrees. Once that is done a
psychomotor work at this early stage of life, we
emphasize the importance of early stimulation
and influences derived from the environment. This
research aims to analyze the motor development
of children with Down syndrome aged from 6
to 10 years and its interference in learning. It is
necessary, therefore, greater attention on the part
of parents with initial development of baby’s life.
The evolution of the child will depend on how they
will accept this reality. This way, the theoreticalmethodological guidelines are guided in child
development and construction of knowledge in
a meaningful way. It will be considered topics
pertaining to motor development of the child
with DS and direct participation of the family in
this process. A social commitment in all senses
of preventive order will enable triggering several
factors related to activities and social programs
that could facilitate the acquisition of healthy
habits, stimulating the circulation of recreational
activities, physical and cultural activities that will
help the improving of the quality of life.
Keywords: Children with Down Syndrome;
Motor Development; Childish Education; School
Inclusion.
Univesidade Lusófona de Humanidade e Tecnologia - ULHT/ PT
Revista Pesquisa em Saúde 37
Figura 01 - Cariótipo da Trissomia 21 (Padrão)
INTRODUÇÃO
O projeto de pesquisa vai propiciar aos
dirigentes e profissionais, que trabalham com
pessoas com deficiência intelectual, subsídios
que orientem as atividades de Educação Física.
Segundo dados da Organização Mundial
de Saúde - OMS, aproximadamente 10% de
qualquer população é portadora de algum tipo de
deficiência. O Brasil possui atualmente cerca de
Fonte: Web Site: http://cerebromente.org.br/n04doen+ 180 milhões de habitantes, logo + 18 milhões
ça/down//down.htm. RODINI, E.S.O& Souza, A. R.
de pessoas possuem algum tipo de deficiência.
Desse total, 50% são portadoras de deficiência
TRISSOMIA POR TRANSLOCAÇÃO
mental. (Gráfico. 01)
• Cariótipo: 46XX (t 14; 21) ou 46XY (t 14; 21)
Gráfico 01 - Estatística das deficiências em âmbito nacional
• O indivíduo apresenta 46 cromossomos e o
cromossomo 21 extra está aderido a um outro
par, em geral o 14. Ocorre em aproximadamente
3% dos casos. (Fig.02)
Figura 02 - Ilustração da Trissomia por
Translocação
Cromossomo
Extra
Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2002.
Dentro da classificação da Deficiência
Intelectual encontramos a Síndrome de Down;
uma anomalia genética que afeta crianças,
jovens e adultos. Alguns autores definem esta
Síndrome como: “É uma patologia causada por
um acidente genético que provoca um atraso no
desenvolvimento global da criança. Constatando
grande dificuldade no desenvolvimento motor,
físico, cognitivo e sócio afetivo, acompanhado
geralmente por cardiopatias congênitas e
inúmeros problemas relacionados s sua estrutura
corporal”. (JUNIOR, C. 2007).
Segundo Pessoa (1997) apud Siqueira V.
(2006), esse acidente ocorre de uma distribuição
inadequada de cromossomos. A adição de um
pequeno autossoma, no par 21, (47+21). Os
cromossomos pareados não se separam de forma
apropriada para os pólos na anáfase, sendo que
um dos gametas receberá dois cromossomos e o
outro, nenhum. Dentre as causas dessa trissomia
podemos destacar:
TRISSOMIA 21 (PADRÃO)
• Cariótipo: 47XX ou 47XY (+21)
• Indivíduo apresenta 47 cromossomos
em todas as duas células, tendo no par 21 três
cromossomos. Ocorre em aproximadamente 95%
dos casos. (Fig. 01)
38 Revista Pesquisa em Saúde
Fonte: Web Site: http://cerebromente.org.br/n04doença/down//down.htm.
RODINI, E.S.O & Souza, A. R.
MOSAICO
• Cariótipo: 46XX/47XX ou 46XY/47XY (+21)
O indivíduo apresenta dois tipos de células: uma
mistura de células normais com o número normal
de cromossomos (46) e células trissômicas com
47 cromossomos. O mosaicismo do cromossomo
21 é responsável pela SD em 2 a 4% dos afetados.
Percentuais relacionados às três formas de
apresentação das causas da Síndrome de Down.
(Gráfico. 02)
Gráfico 02 - Estatística das formas de
apresentação da Síndrome de Down
Fonte: Pessoa (1997) apud Siqueira V. (2006)
A maior característica da SD é a desaceleração
no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central
(SNC), que tende a melhorar espontaneamente,
pois o mesmo que é lento, está em processo
contínuo de amadurecimento (PUESCHEL, 1995).
O diagnóstico, em geral é feito pelo pediatra ou
médico que recebe a criança logo após o parto,
considerando os aspectos clínicos mais frequentes
em percentual de ocorrências. (Gráfico. 03)
Gráfico - 03 Estatística das características
da Síndrome de Down
Fonte: Organização Mundial da Saúde,
2002.
Na Busca de garantir o direito das Pessoas
com Deficiência dentro de uma sociedade mais
igualitária, a educação Física passou a ser
parte integrante do sistema educacional, com
suas aulas incluídas na grade horária curricular,
levando em consideração seu valor sociopolítico
e cultural que, além de ensinar métodos e
técnicas desportivas, contribui efetivamente para
a educação dos alunos.
Seguindo essa tendência, a Lei 9.394/96, que
esclarece as diretrizes e bases da educação
nacional, nos seus artigos 58, 59 e 60, garante
a oferta de educação escolar para pessoas com
deficiência a partir do seu nascimento, com
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos
e organizações específicas para atender a suas
necessidades. No inciso III do art. 59, enfatizase que os sistemas de ensino assegurarão, aos
educandos, professores com especialização
adequada para atendimento especializado, bem
como professores do ensino regular capacitados
para a integração destes.
Propõe ainda, no seu artigo 58, a oferta de
Educação Especial preferencialmente na rede
regular e a oferta de serviços especializados
sempre que não for possível a sua integração nas
classes do ensino comum.
Portanto, entende-se a Educação física como
parte integrante do Ensino Especial, já que este
constitui modalidade de educação escolar. A
Educação Física passa a ser garantida também
às pessoas com deficiência. Nesse sentido, a
área passa a rever seus conceitos na busca de um
processo pedagógico que vise ao desenvolvimento
integral do aluno, respeitadas suas limitações e
potencialidades, além de trabalhar na direção da
melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.
Rosadas (1994, p. 30) afirma que: “ o objetivo da
educação Física, enquanto processo educacional,
não é a simples aquisição de habilidades, mas
sim contribuir para o desenvolvimento das
potencialidades humanas. No aspecto social,
ajuda a criança a estabelecer relações com as
pessoas e com o mundo; no aspecto filosófico,
ajuda a criança a questionar e compreender o
mundo; no aspecto biológico, conhecer, utilizar
e dominar o seu corpo; no aspecto intelectual,
auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo”.
Dentro de um contexto social, onde temos a
Síndrome de Down como uma das deficiências
Intelectuais mais fáceis de ser trabalhada, é
necessário levarmos em consideração que o
bebê, com esta síndrome, demora para adquirir
determinadas habilidades devido a uma hipotonia
generalizada que o afeta desde seu nascimento.
Com o passar do tempo, essa hipotonia tende
a diminuir espontaneamente, porém permanecerá
presente por toda a vida em graus diferentes. A
partir do momento em que é feito um trabalho
psicomotor nesta fase inicial da vida, podemos
ressaltar a importância da estimulação precoce e
as influências derivadas do meio.
No entanto, essas pessoas, dentro das suas
possibilidades, podem ter um desenvolvimento
motor nos parâmetros da normalidade, que de
uma forma ou de outra, são discriminados pela
sociedade.
A sequência de aquisição de habilidades
motoras é geralmente invariável na primeira
infância (2 a 6 anos), mas o ritmo de aquisição
difere de criança para criança (Gallahue; Ozmun,
2001; Manoel, 2000).
Esse fato permite a reflexão de que o início
do desenvolvimento motor não se deve apenas
à maturação neurológica, mas também a um
sistema auto-organizado que envolve a tarefa,
o ambiente e o indivíduo (Newell, 1986; Barela,
1997).
O fato de o desenvolvimento ser visto como um
fenômeno caracterizado por um indeterminismo
limitado não exclui a idéia clássica de que as
mudanças são ordenadas numa sequência. Os
caminhos podem variar de um estado a outro,
Revista Pesquisa em Saúde 39
algumas etapas podem não ser atingidas ou
plenamente estabelecidas, mas a sequência não
deixa de existir (MANOEL, 2000).
Alguns autores sugerem um sequenciamento
que caracterize a aquisição de habilidades
motoras, estando relacionadas a cada faixa
etária. Serão características do desenvolvimento
da faixa etária pré-escolar: aquisição rápida das
habilidades perceptivo-motoras com frequente
confusão na consciência corporal, direcional,
temporal e espacial; variação de habilidades
motoras fundamentais com maior dificuldade
em movimentos bilaterais (como pular corda);
grande atividade energética com períodos curtos
de descanso; habilidades motoras manipulativas
estão desenvolvidas, embora necessitem de
ajuda; as estruturas corporais são notavelmente
similares entre os gêneros; o controle motor
refinado ainda não está totalmente estabelecido,
embora o controle motor rudimentar esteja
desenvolvendo-se
rapidamente
(Gallahue;
Ozmun, 2001; Eckert, 1993; Haywood; Getchell,
2004).
A sequência de desenvolvimento motor da
criança com Síndrome de Down, geralmente
se assemelha a de uma criança “dita normal”,
embora os grandes objetivos sejam alcançados
de forma mais lenta.
A demora, para adquirir habilidades, de certa
forma quebra um pouco as expectativas que
a família e a sociedade possam vir a ter com o
desenvolvimento da criança com esta Síndrome.
Durante décadas essas pessoas foram
privadas de experiências que de uma forma ou
de outra poderiam ser fundamentais para seu
desenvolvimento, não só motor, mas também
psicológico, biológico, cognitivo e social, porque
não se acreditava que seriam pessoas capazes
de realizar qualquer atividade. Porém atualmente
já podemos comprovar que crianças e jovens
com esta Síndrome têm condições de alcançar
estágios muito mais avançados de raciocínio e
desenvolvimento.
Durante muito tempo as atividades eram
mais direcionadas para um programa de
atividades recreativas, onde deixavam a desejar
o desenvolvimento das habilidades motoras
das crianças portadoras da Síndrome de Down.
Necessariamente, convém observar que a criança
com esta síndrome esbarra em dois fatores
que de uma forma ou de outra, se não forem
trabalhadas precocemente, podem interferir no
bom desempenho motor da mesma. São eles:
a) As limitações físicas - as quais estão
40 Revista Pesquisa em Saúde
diretamente ligadas à própria deficiência, onde são
associadas às doenças (cardiopatia, insuficiência
respiratória, problemas articulares), instabilidade
atlânto-axial, e outras;
b) As limitações externas - as quais estão
ligadas a discriminação, não aceitação dos pais
e da família, falta de oportunidades, qualidade de
vida e outras.
De certa forma, estas limitações interferirão no
desempenho dessas crianças em suas atividades
de vida diária. A melhoria das habilidades motoras
para uma criança com SD permitirá a elas
participarem mais das atividades de vida diárias,
tendo assim a melhoria da qualidade de vida nos
mesmos padrões dos demais.
Neste sentido é necessário enfocar a
importância do professor neste processo; ele
precisa perceber a capacidade dos seus alunos,
para que ele possa desenvolver as atividades de
uma forma mais direcionada a essa deficiência.
Sabemos que cada criança é única e,
portanto, elas têm diferenças individuais próprias;
necessitando assim uma atenção também própria,
em função da necessidade de incluir os portadores
da Síndrome de Down em uma realidade que é
de todos. A instituição APAE Macapá, que tem
hoje 44 anos de existência no estado do Amapá;
atendendo alunos “ditos normais” e Portadores de
Deficiência na Educação Infantil, que vai de 0 a 05
ano, busca desenvolver atividades que venham
melhorar o desempenho motor da criança.
Ressaltamos
que:
acreditamos
nas
possibilidades de uma melhor qualidade de vida
dessas pessoas, que de uma forma ou de outra, são
discriminados pela sociedade. Buscamos através
da atividade física um caminho de conquistas
em todas as áreas de seu desenvolvimento;
proporcionando-lhes o alcance da autonomia
intelectual, moral e social.
Para chegarmos a um bom resultado em nossos
objetivos é necessário mudarmos pensamentos
e atitudes, a fim de promover adaptações ao
meio social, oferecendo-lhes condições para que
eles possam nos mostrar suas potencialidades,
alargando assim, os caminhos e acreditando que
“todos” são capazes; afinal são seres humanos
que pensa, deseja e também constrói.
Procurando mostrar que a inclusão é possível,
queremos desta forma conscientizar aqueles que
não acreditam na capacidade do Portador da
Síndrome de Down. De certa forma, este contato
é de extrema importância para oportunizá-los
entender que eles não são inferiores e crescerão
na fé com a comunidade; os demais porque
desde cedo assimilarão que as pessoas têm
diferenças enriquecedoras para o ser humano;
e nós porque temos a chance de nos livrar do
preconceito, da desinformação do estranhamento
e da superproteção, dando lugar à solidariedade
e ao amor fraterno sem distinção das diferenças,
crescendo com o propósito de darmos mais um
passo para o cumprimento de etapas, afinal,
todos nós somos responsáveis pelo crescimento
formal dentro dessa sociedade inclusiva.
Quando falamos de inclusão, levantamos um
assunto de extrema importância para a vida da
criança com Síndrome de Down e perguntamos:
será que a sociedade hoje realmente aceita
essas crianças como deveria aceitar? Qual a
visão que temos hoje do processo de inclusão?
Essas e milhões de outras perguntas nos levam
a discutir a importância de um direito garantido
por lei a todas essas pessoas com algum tipo de
deficiência. Essa garantia vai muito mais além do
que cumprir uma lei; ela permite que os portadores
de deficiência sejam inseridos na sociedade, para
que mais tarde possam conviver com o mundo
que a cerca, não os deixando alienados a uma
realidade que também é sua.
Nesta luta, uma das maiores aflições dos
pais de crianças com Síndrome de Down está
relacionada ao desenvolvimento do potencial
cognitivo; tendo em vista que esta síndrome tem
como consequência a Deficiência Intelectual.
Torna-se então um marco importante para os pais
a entrada dos filhos na escola, tanto na educação
infantil, bem como no ensino fundamental e outras
modalidades de ensino em que for inserido.
A Constituição Brasileira de 1988 garante o
acesso da Pessoa com Deficiência em todas
as modalidades de ensino, a todas as crianças,
adolescentes e adultos, sem exceção; além
disso, devem receber atendimento especializado
complementar de preferência dentro da escola.
Um dos principais motivos de incluir essas
crianças na escola parte da busca em proporcionar
a elas um espaço democrático, podendo ser
compartilhado o conhecimento e a experiência
com o diferente.
O suporte familiar neste sentido é de
extrema importância para o desenvolvimento
biopsicossocial da criança, pois uma inclusão bem
estruturada se torna um sucesso que não requer
maiores esforços. Essa experiência nos permite
dizer que um dos ingredientes mais importantes
é simplesmente a vontade de que a verdadeira
inclusão ocorra. Para isso é necessário que a
escola como um todo, tenha atitude significativa e
positiva acerca do assunto.
É necessário que se tenha uma política clara
e sensível dos gestores juntamente com a
coordenação, que devem ser comprometidos
com a mesma, ajudando e apoiando professores,
técnicos, pessoal de apoio a desenvolver novas
soluções em seus respectivos trabalhos.
Em busca de uma sociedade mais justa e
igualitária, é necessário criarmos mais políticas
públicas voltadas para esse tema. Elaborar
estratégias que visem contemplar a todos sem
distinção.
É importante refletir e ao mesmo tempo
compreender que a inclusão está aí. Não temos
como fugir da realidade, devemos enfrentar as
barreiras e levar adiante essa luta, em conjunto,
e de mãos dadas com a sociedade. Já dizia
Werneck, C; 1997:
A sociedade para todos, consiste da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada
cidadão, das maiorias às minorias, dos
privilegiados aos marginalizados. Crianças, jovens e adultos com deficiência
seriam naturalmente incorporados à sociedade inclusiva, definida pelo princípio:
“todas as pessoas têm o mesmo valor”. E
assim trabalham juntas, com papéis diferenciados, dividindo igual a responsabilidade por mudanças desejadas para atingir
o bem comum.
CONCLUSÃO
A Trissomia do 21 tem em suas características
um comprometimento no desenvolvimento motor
da criança em seus aspectos físico e cognitivo.
Esse atraso psicomotor acarreta grandes
influências em vários fatores e em diferentes
graus de atraso mental, hipotonia e outros. É
necessário em nosso estudo verificarmos o nível
de comprometimento que a criança com esta
síndrome pode ter, pois só assim poderemos
elaborar programas de atividades que viabilizem
um desenvolvimento dessas habilidades motoras
de uma forma eficaz.
Vale salientar que a intervenção na modificação
da forma de vida dessas crianças com relação à
prática de atividades físicas, as quais ajudarão no
seu desenvolvimento, está diretamente ligada à
qualidade de vida na escola e em sociedade. Para
isso é necessário compreender as necessidades
da pessoa com Síndrome de Down, identificando
as ações que determinam as situações sociais,
cognitivas, emocionais e comportamentais do
Revista Pesquisa em Saúde 41
grupo em que estão inseridas. As dificuldades
mais encontradas com relação ao atendimento
desta clientela voltam-se para algumas questões
como: informação a família da importância
da atividade física e do acolhimento social, a
qualificação profissional e o preconceito.
Na sociedade as pessoas com deficiência
intelectual tornam-se um mecanismo de negação
social, pois suas diferenças são vistas como uma
falta, carência ou impossibilidade de realizar algo,
porém isso não é verdadeiro, pois se houver um
compromisso social em todos os sentidos, de
ordem preventiva e um trabalho precoce com
essas crianças, possibilitará o desencadeamento
de diversos fatores relacionados às atividades
e programas sociais que poderão facilitar na
aquisição de hábitos saudáveis, estimulando a
prática de atividades recreativas, físicas e culturais
que ajudarão na melhoria da qualidade de vida de
crianças portadoras da Síndrome de Down.
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IDENTIFICAR O PERFIL DOS DOADORES E DA DOAÇÃO DE SANGUE ESTADO DO AMAPÁ:
PROPOR ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO
TO IDENTIFY THE PROFILE OF DONORS AND DONATION OF BLOOD OF AMAPA STATE: TO
PROPOSE STRATEGIES OF LOYALTY
IVONETE FERREIRA MACIEL1
[email protected]
RESUMO
O propósito deste estudo é analisar de forma
concreta o Perfil dos Doadores e da Doação
de Sangue Amapaense, o qual foi realizado
no Instituto de Hematologia e Hemoterapia do
Estado do Amapá – HEMOAP - com profissionais
da Equipe Multidisciplinar do setor responsável
pela captação de doadores e análise documental
das fichas de anamnese dos doadores deste
Hemocentro. Objetiva propor estratégias de
fidelização, que viabilizem um estoque de sangue,
para atender à necessidade do Hemocentro e às
exigências do Ministério da Saúde. A identificação
do perfil sócio-econômico dos doadores foi
realizada através de levantamentos de dados:
Gênero, Grau de Escolaridade, Faixa Etária e
Tipos de doações, nos anos de 2004, 2005 e 2006.
A proposição deste documento visa a enfatizar o
processo de doação de sangue junto aos meios
de comunicação e também servir de pesquisa
para as classes acadêmicas, fomentando as
pesquisas cientificas.
Palavras- chave: Doação Voluntaria; Fidelização,
Cidadania, Responsabilidade social.
ABSTRACT
The purpose of this study is to analyze concretely
the profile of Donors and Blood Donation from
Amapá, which was realized at the Institute of
Hematology and Hemotherapy of the State of
Amapá – HEMOAP – with professionals from the
Multidisciplinary group sector responsible for donor
recruitment and document analysis of anamnesis
records of donors from this Blood Bank. The
objective is to offer loyalty strategies that might
allow a blood supply to meet the need of the Blood
Bank and the requirements of the Ministry of health
The identification of socio-economic profile of the
donors was realized through data survey: gender,
schooling degree, age and types of donations, in
the years of 2004, 2005 and 2006. The proposal
1
of this document aims to emphasize the process
of blood donation with the media and to serve as
research for academic classes by encouraging
the scientific researches.
Keywords:
Voluntary
Donation,
Loyalty,
Citizenship, Social Responsibility.
INTRODUÇÃO
O estudo foi proposto considerando que a
doação de sangue é de fundamental importância
para a vida humana, sendo este nutriente essencial
para todos os tecidos e órgãos do corpo humano,
pois, sem o doador e a doação de sangue,
pessoas morreriam, porque o ser humano e quem
produz em abundancia e gratuitamente este dom
de multiplicação da vida.
Sem a proteção do sangue, nenhuma criança
poderia nascer. No útero, o sangue materno
garante que o feto receba oxigênio e nutrientes
e se beneficie das defesas adquiridas da mãe,
contra as doenças. Cerca de 50% do volume total
do sangue é constituído por células: glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
O sangue é utilizado para ser transfundido
em
cirurgias,
traumatismo,
sangramento
gastrointestinal, pós-parto (quando há perda de
sangue), alguns paciente de câncer (quando há
indicação medica), algumas doenças genéticas
(talassemia e falciforme) e acidentes. E para ser
transfundido deve provir de pessoas saudáveis,
cujo sangue também seja saudável, pois, o mesmo
não é só um tecido vivo, mas também, renovável,
que tem mecanismo para produzir sempre.
Existem vários tipos de doações de sangue,
porém, as mais comuns são: Doação Autóloga;
Doação Personalizada; Doação por Aférese e
Doação de sangue voluntaria, não remunerada.
Estas são mais praticadas no Brasil, pois, em
outros pais existe a comercialização do Sangue.
O HEMOAP surgiu a partir de 1954, com o
HEMOAP – HEMOCENTRO DO AMAPÁ
Revista Pesquisa em Saúde 43
Banco de sangue Drº. Lélio Silva. Porém, só
em 1980, com o Programa Pró-sangue houve a
construção e estruturação do Hemocentro. No
entanto, a partir de 1997, por intermédio da Lei
nº. 339 foi sancionado e inaugurado o Instituto de
Hematologia e Hemoterapia do Amapá – HEMOAP
– uma Autarquia com autonomia administrativa e
financeira.
Os
atendimentos
hematológicos
e
hemoterápicos foram interiorizados com a criação
das Agências Transfusionais em seis Municípios
do Amapá. Neste Hemocentro, são utilizadas as
seguintes doações: Doação Espontânea e de
Reposição.
O presente documento teve o objetivo de
pesquisar e avaliar o Perfil dos Doadores e da
Doação de sangue Amapaense durante os anos
de 2004, 2005 e 2006, junto ao Departamento
de Captação do Hemocentro, proporcionando,
através desta analise, sugerir estratégias para
fidelizar o doador voluntário de sangue, sendo
este essencial para assegurar o fornecimento
de sangue adequado e sustentável, conforme
preconiza o Ministério da Saúde.
REFERENCIAL TEÓRICO:
A escolha do tema O perfil do doador e da
doação de sangue no Estado do Amapá foi
pensada em virtude da importância da doação
de sangue para vida humana e da experiência do
trabalho realizado no HEMOAP, sendo por meio
deste instituto que tive acesso às informações
necessárias ao processo da doação de sangue.
Na campanha sangue seguro começa comigo,
elaborada pelo ministério da saúde em abril de
2000, a qual teve um significado especial, em
razão da aliança estratégica entre a Organização
Mundial da Saúde, a Federação Internacional das
Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente
Vermelho, é a Organização Pan-Americana da
Saúde, dirigida a todos os envolvidos: Governos,
doadores de sangue, equipe dos programas de
sangue, os médicos que prescrevem o sangue
(Org. Pan-America da saúde, 2004, p.7).
A doação de sangue é uma demonstração de
amor e vida que pode ser compartilhado facilmente
e sem medo de causar algum prejuízo ao doador
e ao receptor, mas é vital que seja feito conforme
as normas preconizadas e determinadas pelo
Ministério da Saúde, segundo a pesquisa do site:
do sangue. A disposição interna de doar
sangue está intimamente ligada às fases
que o indivíduo desenvolveu em seu ciclo
vital. O imaginário popular geralmente
associa o sangue tanto à vida quanto à
morte. Este significado ambivalente que
o sangue traz consegue, apresenta-se, de
um lado, como fonte de vida e atua assim, como, elemento de autopreservação
e de preservação da espécie, e, de outro
lado, como, significado de morte, atuando
desta forma como símbolo de agressão e
destruição da vida “(SOUZA, HERBERT,
2009, À doação de sangue. Os aspectos
psicológicos decorrem das... www.famema.br/hemocentro/captacao.htm. Acedido a 18 de dezembro, 2009).
Ao analisar o referencial do site a respeito da
doação do sangue, este passa uma tranqüilidade
de ser ou permanecer doador, porque esclarece
que existe um elo de solidariedade humana
dentro deste campo em estudo, o qual não e
feito aleatoriamente, e sim com profissionais
capacitados e respaldado pelo Ministério da
Saúde, conforme descrição do perfil do doador
abaixo:
PERFIL RECOMENDADO AO CANDIDATO A
DOAÇÃO DE SANGUE:
É necessário ter idade entre 18 e 65 anos; estar
bem de saúde; pesar no mínimo 50 kg; estar bem
alimentado (não é permitido doar sangue estando
mais 6 horas em jejum, porém evitar alimentos
gordurosos nas ultimas 4 horas antes da doação;
dormir no mínimo 6 horas na noite que antecede
a doação; evitar a ingestão de bebida alcoólica,
pelo menos 12 horas antes da doação; ter
comportamento sexual seguro; ser responsável,
consciente e sincero durante a entrevista na
triagem clinica; estar esclarecido sobre o termo de
consentimento, que deve ser assinado conforme
identidade após a entrevista da triagem clinica; e
o voto de auto-exclusão, individual e sigiloso que
é realizada na sala de doação. (Atenção homens
podem doar sangue num intervalo de 60 dias não
ultrapassando 4 vezes no ano e mulheres num
intervalo de 90 dias não ultrapassando 3 vezes
no ano).
É obrigatório apresentar documento de
Os aspectos psicológicos decorrem das
fases de desenvolvimento do indivíduo, identificação com foto, emitido por órgão oficial
da falta de esclarecimento, e também das (carteira de identidade, carteira profissional,
fantasias do imaginário popular a respeito passaporte). Antes de doar o candidato é
44 Revista Pesquisa em Saúde
avaliado, pois a doação não pode causar riscos
nem ao doador e nem ao receptor, pois nem
todas as pessoas apresentam condições físicas
que permitam doar sangue sem problemas. São
coletados, em média, 450 ml de sangue, que é
reposto pelo próprio organismo horas após a
doação. (HEMOAP, Instituto de Hematologia e
Hemoterapia do Estado do Amapá, Folder. 2008).
Considerando a dificuldade de manter o
estoque de bolsa de sangue e derivados, no nível
preconizado pelo Ministério da Saúde e adequado
para atender as necessidades da população
Amapaense, é que se fez necessário identificar
o perfil do doador amapaense para subsidiar
as ações, campanhas e criar novas estratégias
para um funcionamento “ideal” as demandas do
Hemocentro.
Desta forma, existem programas ou projetos
direcionados à fidelização do doador voluntário
de sangue que, neste Hemocentro, são
desenvolvidos através de:
DOA MULHER: que tem como meta
estimular a participação feminina para aumentar
número de mulheres doadoras. E promover a
conscientização da mulher quanto à importância
da doação de sangue, evidenciando neste
contexto, seu compromisso com a vida e saúde
da comunidade Amapaense. Esta estratégia a
fez alcançar o titulo de 1º lugar na região Norte
em número de doações femininas, pois em 2004,
2005 e 2006, respectivamente, foram de: 33%,
32% e 31%, ultrapassado a meta do Ministério da
Saúde, que é de 30% anual. (HEMOAP, Instituto
de Hematologia e Hemoterapia do Estado do
Amapá, Projeto Doa Mulher. Ano, 2002).
DOADOR DO FUTURO: objetiva despertar
uma nova visão sobre a Doação de Sangue
entre o corpo docente das escolas de ensino
fundamental e médio da rede estadual, municipal
e privada de ensino, trabalhando de forma
educativa crianças e adolescentes para serem
multiplicadores de opinião e doadores de sangue
no futuro, além disto, realiza coletas externas
(Unidade Móvel) em datas consideradas pontuais:
carnaval; dia dos namorados; férias; dia dos pais
e dia do doador, objetivando elevar o estoque de
sangue nas datas festivas, que antecedem as
mencionadas anteriormente. (HEMOAP, Instituto
de Hematologia e Hemoterapia do Estado do
Amapá, Projeto Doador do Futuro. Ano, 1999).
Esses projetos mencionados deveriam
fortalecer o Hemocentro e manter o estoque
necessário para serviços essenciais de saúde
do Amapá, porém há carência de um trabalho
de marketing, que não ocorre freqüentemente,
e sim periodicamente, o que deveria mostrar a
importância da doação e do doador, objetivando
sensibilizar a sociedade amapaense para a
importância do ato de doar sangue, considerando
principalmente os benefícios de salvar vidas
humanas.
METODOLOGIA:
TIPO DE PESQUISA:
Considerando que este estudo abrange
processos de alta complexidade, optou-se pela
utilização da Pesquisa Bibliográfica, Documental,
Quantitativa e Quantitativa em razão destes “serem
caracterizados pelo emprego da quantificação
tanto nas modalidades da coletas de informações,
quanto no tratamento delas por meios técnicos. “A
estatística neste caso trabalha com percentual...”
(RICHARDSON, 1999, apud)
UNIVERSO.
A pesquisa foi realizada no Hemocentro do
Estado do Amapá, na capital Macapá no período
de 8 de janeiro a 8 de setembro de 2009. Foram
analisados cadastros de 17.507 de doador e da
doação. As informações foram obtidas através
do Banco de Dados do HEMOAP do Sistema
Gerencial de Hemocomponentes - SGH (“cadastro
do doador”) e Artigos da base de dados Scielo.
FORMAS DE COLETAS DE DADOS.
A Pesquisa foi realizada através da tabulação
de dados construídos a partir do cadastro dos
doadores, documentos comprobatórios que
mostram o perfil dos doadores Amapaenses
(modelo em Anexo).
A entrevista foi realizada através de
questionários semi-estruturados e subjetivos, os
quais foram direcionados aos chefes de diversos
setores do Hemocentro como: Serviço de
Capacitação e Orientação Social -SCOS, Chefe
Laboratório, Responsável de Ensino e Pesquisa e
chefia da Hemoterapia.
Para a realização deste estudo foi solicitada a
autorização da direção do Hemocentro através
de oficio, solicitando autorização para que fosse
realizada a pesquisa referente a analise de dados
dos doadores e da doação voluntaria de sangue.
Portanto, a pesquisa é de relevância para
áreas afins, oportunizara informações para os
setores interno do hemocentro e para pesquisas
Revista Pesquisa em Saúde 45
acadêmicas futuras no meio científico.
RESULTADO E DISCUSSÃO:
Os resultados da presente pesquisa serão
demonstrados através de gráficos a seguir:
GRAFICO 1 :
Perfil Sócio Econômico de Doadores por
Gênero 2004, 2005 e 2006:
Os dados da pesquisa, em 2004, eram de 33%
mulheres e 67% homens; em 2005, 32% eram
mulheres e 68% homens; em 2006, 31% eram
mulheres e 69% homens. Portanto, a pesquisa
aponta que há predominância da doação
masculina, com 67%, 68 em escala crescente,
enquanto que a doação feminina houve um
decréscimo.
Segundo Giviziez, Giviziez e Gontijo (1993),
de acordo com as experiências de hemocentros,
o perfil dos doadores do país era constituído,
em sua grande maioria, por indivíduos do sexo
masculino. Neste gráfico, estas características
são semelhantes nos doadores do HEMOAP.
GRAFICO 2
Perfil Sócio Econômico de Doadores por
Faixa Etária:
A faixa etária, no ano de 2004, era de 48% dos
doadores de 18 a 29 anos e 52% estavam acima
de 29 anos; em 2005, eram de 46% entre 18 a
29 anos e 54% estavam acima de 29 anos; e em
2006, eram 45% com idade de 18 a 29 anos e
55% acima de 29 anos.
O quadro em evidencia nos anos de 2004,
2005 e 2006 apresenta que os doares estavam
na faixa estaria de 29 anos.
Segundo Giviziez, Giviziez e Gontijo (1993),
nas experiências de hemocentros o perfil dos
doadores do país era constituído, em sua grande
maioria, por doadores na faixa etária entre
20 a 40 anos. De acordo com a autora, estas
características não são totalmente similares, já
que neste gráfico constatou-se que, no HEMOAP,
46 Revista Pesquisa em Saúde
há predominância ocorre a partir dos 29 anos.
O Programa Nacional da Doação Voluntaria
de Sangue/GGSTO/ANVISA integrante da meta
Mobilizadora Nacional da Área da Saúde, em
documento elaborado em 2002, preconizava o
desenvolvimento da sociedade no processo de
doação de sangue, de forma ativa, consciente e
responsável, objetivando garantir a quantidade
de sangue necessária para atender à demanda e
melhorar a sua qualidade (BRASIL,2002 a). Para
atingir tal meta, propunha mudanças no perfil dos
candidatos à doação de sangue, propunha entre
outra proposições que houvesse incremento da
doação feminina e do jovem.
GRAFICO 3
4.1.3 - Perfil Sócio Econômico de Doadores por tipo de
doações:
Em 2004, 60% das doações eram espontâneas
e 40% eram de reposição. No ano de 2005 - 58%
de doações eram espontâneas e 42% eram de
reposição; E em 2006- 66% eram de doações
espontâneas e 34% eram de reposição. Enfim,
esse quadro apresentou em 2004, 2005 e 2006 a
predominância do tipo de doações espontânea e
uma leve variação no tipo de doação de reposição.
Constatou-se,
neste
gráfico,
que
há
predominância da doação espontânea, sendo o
objetivo da Resolução da Organização Mundial
da Saúde (OMS) do ano 1999, a qual deu
prioridade à segurança do sangue e serviços e
recomendou que se promova o desenvolvimento
dos programas nacionais de sangue e serviços
de transfusão, com base na doação voluntaria,
altruísta e repetida de sangue, como um dos
indicadores de desenvolvimento humano da
população.
4.2. - Perfil Sócio Econômico dos Doadores
e da Doação por Grau de Ocupação:
4.2.1- GRAFICO 1
Legenda referente aos gráficos de 2004, 2005
e 2006, abaixo descritos:
A amostra apresenta os seguintes dados
em 2004, 55% eram de doadores informais
(outros), 11,51% eram de estudante; 9,74% eram
professores; 7,52% militares; 10,24% eram de
serviços gerais; 5,30 eram de domésticas e 3,53%
eram de vigilante.
relacionados aos Gráficos: 1,2,3:
4.3 - Perfil dos Doadores e da Doação por Grau
de Escolaridade:
4.3.1 – GRAFICO 1
4.2.2 – GRAFICO 2
A amostra apresenta os seguintes dados:
em 2005, 49,10% eram de doadores informais
(outros); 13,43% eram de estudante; 12,30%
militares; 10,24%; serviços gerais 10,24%; 6,76%;
eram professores; vigilante 4,42%; domesticas
eram 3,76%
A amostra apresenta os seguintes dados em
2004, 59,31% eram de doadores com o 2º grau
(Ensino Médio); 27,90% eram de estudantes do
1º grau (Ensino Fundamental); 11,20% tinham
3º grau (Ensino Superior) e 1,59% eram não
alfabetizados (Analfabeto Funcional).
4.3.2 – GRAFICO 2
4.2.3 GRAFICO 3
A amostra apresenta os seguintes dados:
em 2006, 48,76% eram de doadores informais
(outros); 12,91% eram de estudante; 17,18%
eram de serviços gerais; 10,26% militares; 5,65%
eram professores; domesticas eram 3% e 2,25%
era de vigilante.
Observou-se que, nos anos supramencionados,
houve predominância de Doadores considerados
Trabalhadores “Informais”. Em seguida, nos
anos de 2004 e 2005 os doadores Estudante
obtiveram o 2º lugar, a exceção ao ano de 2006,
que os profissionais de Serviço Gerais obtiveram
esta classificação. O 3º lugar no geral foi para os
doadores militares. Em seguida, os Professores
(que em 2004 classificou-se em terceiro, porém,
nos anos seguintes apresentou uma redução
nas doações). Continuamente e em ordem
crescente ficou a ocupação dos Profissionais de
Serviço Gerais. Os profissionais de ocupação de
vigilante e doméstica tiveram pouca diferença na
quantidade de doações nos três anos.
Discussão do Perfil Sócio Econômico dos
Doadores e da Doação por Grau de Ocupação
A amostra apresenta os seguintes dados:
em 2005, 55,04 eram de doadores com o
2º grau Completo (Ensino Médio); 24,98%
eram de estudante 1º grau Completo (Ensino
Fundamental); 18,38 tinham 3º grau Completo
(Ensino Superior) e 1,61% eram não alfabetizados
(Analfabeto Funcional).
4.3.3 – GRAFICO 3
A amostra apresenta os seguintes dados: em
2006, 55,18% eram de doadores com o 2º grau
(Ensino Médio); 28,03% eram de estudantes do
1º grau (Ensino Fundamental); 15,92% tinham
3º grau (Ensino Superior) e 0,87% eram não
alfabetizados (Analfabeto Funcional).
Revista Pesquisa em Saúde 47
CONCLUSÃO:
REFERÊNCIAS
Em relação ao perfil dos doadores e da doação
de sangue no Estado do Amapá, foram analisados
17.507, deste valor, 75% foram considerados
aptos e 25% inaptos à doação de sangue. O
Hemocentro praticou dois tipos de doações: a
espontânea e de reposição, sendo predominante
a primeira que demonstra a grau de solidariedade
e cidadania da população Amapaense.
Na analise do perfil de doadores por gênero,
houve
predominância
masculina,
porém,
consideraram-se alguns fatores relevantes a estes
dados tais como: homem doa num intervalo de 60
dias; tem mais trabalhadores do sexo masculino
no mercado formal e, ao doar, o doador recebe
um dia de folga podendo ser este um estímulo.
Com relação às doações femininas, é menos
frequente, pois, o intervalo e de 90 dias, o
ciclo menstrual também influencia (no período
menstrual não se pode doar), a gravidez (a torna
inapta durante e na lactação) e se ocorrer cirurgia
cesariana, também, este período aumenta
tornando-a inapta durante um ano.
A Instituição deve trabalhar de forma ativa
e constante às estratégias de Marketing que
enfatizaram a importância da doação de sangue,
objetivando o retorno do doador, pois, este é o
maior desafio enfrentado pelos Hemocentros
para manter e incrementar a doação de sangue.
Além disso, o reconhecimento da importância
das ações e da orientação para o doador é
fundamental quando se pensa em estratégias de
marketing.
Dessa maneira, torna-se imprescindível para
as instituições de saúde a identificação das reais
necessidades e desejos do doador.
Constatou-se que a conscientização e
escolaridade são fatores que influenciaram no
percentual de doadores mais participantes. Em
síntese, existe a necessidade de investir mais na
formação dos futuros doadores, sendo essencial
que este comece no Ensino Fundamental.
Considerando que a sociedade precisa ser
informada e conscientizada da importância da
doação de sangue, principalmente porque é um
ato que salva vidas, portanto, deveria receber
uma dedicação maior por parte dessa sociedade,
pois, a saúde é o bem mais precioso que o ser
humano possui.
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48 Revista Pesquisa em Saúde
META-ANÁLISE: RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E APTIDÃO AERÓBIA EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
META-ANALYSIS: RELATIONSHIP BETWEEN REGULAR PHYSICAL ACTIVITY AND AEROBIC
FITNESS IN CHILDREN AND ADOLESCENTS
António Cortinhas1
José Carlos Leitão1
Helena Moreira1
[email protected]
RESUMO
As adaptações induzidas pelos programas
específicos de exercício físico, nas componentes
da aptidão física, são relativamente bem
conhecidas, contudo as repercussões quanto ao
nível de prática de atividade física habitual (AFH),
na aptidão física em crianças e adolescentes, não
são ainda claras e suscitam divergências. Assim,
os objectivos deste estudo são: verificar a relação
entre da AFH e a aptidão aeróbia em crianças
e adolescentes; e a existência de potenciais
variáveis moderadoras nesta relação. A metaanálise utiliza como base de dados o resultado
estatístico dos estudos individuais, permitindo
assim chegar a conclusões mais consistentes. A
amostra foi constituída por n=24 estudos (k=7387
sujeitos) e a análise dos dados foi realizada através
do programa Comprehensive Meta-Analysis
(2008). Os resultados encontrados indicaram um
effect size r=.20 (IC 95% .17 ; .22) positivo entre
a AFH e o VO2max, embora de baixa magnitude.
Parece existir uma relação positiva entre a AFH
e o VO2max, sendo esta mais elevada em níveis
de intensidade de atividade física superiores.
Os instrumentos utilizados para a apreciação
de ambas as variáveis não parecem influenciar
significativamente a magnitude desta associação,
acontecendo o mesmo para o género.
Palavras-chave:Actividade física habitual,Aptidão
Aeróbia, VO2max, Crianças, Adolescentes.
ABSTRACT
The adaptations induced by specific physical
exercise programs, in the components of physical
fitness, are relatively well known, however
the impact on the level of habitual physical
activity (HPA), in physical fitness in children and
adolescents are not yet clear and give rise to
differences. Thus, the objectives of this study are:
to determine the relationship between the HPA and
aerobic fitness in children and adolescents, and
the existence of potential moderating variables
1
in this relationship. The meta-analysis uses as
database the statistical outcome of individual
studies, allowing to reach consistent conclusions.
The sample comprised n = 24 studies (k = 7387
subjects) and data analysis was performed using
the program Comprehensive Meta-Analysis
(2008). The results showed an effect size r = .20
(95% CI .17, .22) between the positive and HPA
VO2max, although of low magnitude. There seems
to be a positive relationship between the HPA
and VO2max, which is higher in intensity levels
of physical activity above. The instruments used
for assessment of both variables do not appear
to influence the magnitude of this association
significantly, the same happening to the genre
Keyword: Daily Physical Activity, Aerobic
Capacity, VO2max, Children, Adolescents.
INTRODUÇÃO
Os benefícios da prática de atividade física e os
riscos do sedentarismo associados à saúde e ao
bem-estar estão amplamente documentados na
literatura. Contudo, grande parte desses estudos é
dirigido a adultos e pouco se conhece em relação
aos hábitos de prática de atividade física em
crianças e adolescentes ([1]Guedes et al, 2001).
Embora se possa supor que independentemente
do género e da idade, quanto maior a solicitação
dos esforços físicos, mais elevados deverão ser
os índices de aptidão física ([2]Livingstone, 1994).
Ao nível das componentes de aptidão física
o VO2max tem sido considerado, em crianças e
adolescentes, como um dos melhores indicadores
da capacidade cardio-respiratória e do nível
de aptidão física ([3]Loftin et al., 2001), sendo
usualmente expresso em ml/kg/min.
A generalidade dos estudos que aborda os
efeitos do treino na prestação aeróbia em adultos
refere que existem melhorias nos diferentes
indicadores, devidas ao treino. Já os resultados
das investigações acerca dos efeitos de
programas experimentais de treino em crianças
Universidade de Trás-os-Montes e Alto D’ouro - UTAD
Revista Pesquisa em Saúde 49
são controversos ([4]Cunningham et al, 1984). O
mesmo acontece em relação à actividade física.
Assim, uma relação positiva entre a actividade
física habitual e a capacidade aeróbia está
estabelecida em adultos, mas de forma menos
relevante nas crianças e adolescentes.
Existem vários factores que tentam explicar
esta inconsistência: por um lado o padrão de
atividade física em crianças é frequentemente
aleatório, esporádico e insustentado, não
resultando por isso em melhorias da capacidade
aeróbia ([5]Bailey et al. 1995; [6]Rowland
1996); por outro, a diversidade dos métodos
utilizados para avaliar a atividade física habitual
e a capacidade aeróbia também contribuem para
estas divergências ([7]Denker 2006). Para medir
a aptidão cardiorrespiratória são utilizados vários
métodos em que se obtêm os valores de VO2max
de forma direta ou indireta. Todos os métodos
indiretos introduzem erros ([6]Rowland,1996) e
podem consequentemente diluir alguma relação
existente entre a atividade física habitual e a
aptidão aeróbia. Além disso, são utilizadas várias
escalas para ajustar esta aptidão às diferenças no
tamanho corporal ([7]Denker, 2006).
A estes resultados acresce a dificuldade de
apreciação da actividade física neste escalão
etário. Diversos meios para a sua avaliação são
utilizados, mas o inquérito é um dos instrumentos
mais utilizados em estudos de carácter
epidemiológico, no entanto, o seu grau de precisão
é baixo. Esta imprecisão de medida é agravada
quando se trata de avaliar crianças, dado que
possuem um grau muito baixo de compreensão
das questões e uma capacidade de memória que
não lhes permite recordar, de forma adequada e
precisa, as suas atividades diárias ([8]Lopes et al,
2001).
Outros métodos como os cardiofrequencímetros
e pedômetros têm vindo a ser usados embora
tenham também as suas limitações ([7]Denker,
2006). Os cardiofrequencimetros são influenciados
por um vasto número de factores incluindo a
idade, tamanho corporal, stress, temperatura e
nível de aptidão fisica ([9]Trost, 2001).
Já os pedômetros apenas medem o volume
da atividade, não nos dando qualquer informação
sobre a intensidade ou duração da atividade física
([9]Trost, 2001).
A introdução dos acelerômetros para medir a
atividade física habitual em crianças/adolescentes
veio melhorar a qualidade dos resultados obtidos,
já que estes fornecem informação detalhada
sobre a frequência, a duração e a intensidade
50 Revista Pesquisa em Saúde
da atividade e além disso podem ser usados em
crianças por períodos relativamente longos ([10]
Trost et al, 2000; [9]Trost, 2001; [11]Riddoch et
al, 2004).
Portanto, se por um lado as adaptações
induzidas pelos programas específicos de
exercícios físicos nos componentes da aptidão
física são relativamente bem conhecidas, por
outro, repercussões quanto ao nível de prática
de atividade física habitual na aptidão dos
jovens ainda não estão claras e podem suscitar
divergências. Em consequência é importante
a realização de revisões sistemáticas (metaanálise) que procurem através das pesquisas já
realizadas chegar a conclusões mais consistentes
sobre a relação entre a atividade física habitual e
as componentes da aptidão física, nomeadamente
a aptidão aeróbia.
Assim, os objectivos deste estudo são: verificar
a relação entre a actividade física habitual e a
aptidão aeróbia em crianças e jovens em idade
escolar; e analisar a existência de potenciais
variáveis moderadoras nesta associação.
MÉTODO
Os estudos considerados nesta meta-análise
foram identificados com base numa pesquisa
realizada por computador através de diversas
bases de dados na internet pertencentes à
Biblioteca do Conhecimento Online - UTAD (BOn), e do programa EndNote (Web of Science-ISI;
Web of Science SCI-ISI). Relativamente ao B-On
as editoras utilizadas foram: Annual Reviews;
Taylor & Francis; Elsevier – Science Direct; SAGESociology Collection; e SpingerLink- Spinger/
Kluver. As palavras-chave para os motores de
busca foram: “Actividade física habitual” (Daily
physical activity), “Aptidão Aeróbia” (Aerobic
Capacity, Aerobic Fitness), “VO2max”, “Crianças”
(Children) e “Adolescentes” (Adolescents).
Foram encontrados 264 estudos que
associavam as variáveis pretendidas, embora nem
todos indicavam as informações necessárias no
que se refere aos valores estatísticos pretendidos,
nomeadamente, os coeficientes de correlação (r
Pearson) e de consistência interna (fidelidade).
Apenas
foram
incluídos
artigos
que
apresentavam um valor de associação entre
a atividade física habitual e a aptidão aeróbia,
em crianças e adolescentes, ou outros dados
estatísticos que permitissem o cálculo desse
valor correlacional. Neste sentido obtiveram-se
24 estudos que foram incluídos neste processo
de revisão sistemática.
Quando os valores de correlação apresentados
no mesmo estudo eram distintos para os dois
géneros, estes foram utilizados para observação
da heterogeneidade dos estudos. Para além do
género os estudos foram ainda codificados com
base nos instrumentos utilizados para a avaliação
das variáveis pretendidas. Assim, no caso da
AFH foram considerados como instrumentos
de avaliação o questionário, o acelerômetro, o
pedômetro e o cardiofrequencímetro; no caso
da aptidão aeróbia os estudos foram codificados
consoante a forma de obtenção (direta ou indireta)
do VO2max.
Devido aos diferentes instrumentos de avaliação
utilizados nos estudos, técnicas de amostragem e
tamanho das amostras, foi adoptado para análise
dos dados o modelo de efeitos aleatórios (Random
Effect Model).
A heterogeneidade dos estudos foi avaliada
pela estatística Q, e o enviesamento de publicação
foi analisado através do valor de Fail Safe N, dos
testes de [12]Egger et al, (1997) e de [13]Begg and
Mazumdar (1994) e do “funnel plot”. A observação
das diferenças dos ES combinados foi realizada
através dos testes Z e QB ([14]Hedges & Olkin,
1985).
Foi ainda observada a influência de cada
estudo no effect size global, não se observando
alterações significativas para nenhum dos estudos
incluídos.
Toda esta análise foi realizada através do
programa Comprehensive Meta-Analysis de 2008.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
O quadro 1 apresenta o effect size global, assim
como os valores de r e respectivos intervalos de
confiança de cada estudo incluído.
Quadro 1. Resultados da meta-análise
A correlação entre a actividade física habitual e o
VO2max indica uma associação positiva r=.20 (IC 95%:
.17 ; .22) de baixa magnitude ([15]Cohen, 1992).
A avaliação da consistência apresenta-nos um valor de
Q= 139,7, p=.000, associado a um I2=79% que revela
uma elevada variância real observada nos estudos
(tabela 1), sugerindo heterogeneidade nos resultados
obtidos.
Tabela 1. Resultados do Effect Size combinado
Correlação
k
n
r
lcf
l
Q
AFH Vo2max
7387
30
.24
.30
a
.18
79%
139,7*
k= total da amostra; n= número de correlações; r=
correlação; Icf= intervalo de confiança;I2 = estatística
I2; Q= Teste Q; p<.05.
É observável enviesamento de publicação
pela assimetria presente no gráfico 1, confirmado
também pelo teste de Begg (p=,003.).
Gráfico 1. Gráfico Funnel Plot
- Estudos incluídos na meta-análise n=29.
- Estudos necessários para eliminar o viés de
publicação n=10 (Duval, Tweedie’s trim and fill).
Quando observamos as correlações entre o
VO2max e os diferentes níveis de intensidade
de actividade física, verifica-se que existem
variações ligeiras na magnitude da correlação o
que sugere a influência da intensidade da AFH
nesta associação; da mesma forma os valores
encontrados da estatística Q, p<.05, indicam
também a presença de outras variáveis que
influenciem esta relação.
Devido à inconsistência dos resultados
foram seleccionadas e testadas como possíveis
moderadoras, com base na revisão de literatura,
as variáveis: gênero e instrumentos de medida.
Quando se considerou a variável gênero,
Revista Pesquisa em Saúde 51
verificaram-se ligeiras variações nos valores do ES
embora para ambos os gêneros a magnitude da
associação se tenha mantido de baixa magnitude.
No gênero feminino o ES r=.27 (IC 95%: .18 ; .35)
foi ligeiramente superior ao do gênero masculino
r= .26 (IC 95%: .16 ; .34).
Relativamente aos métodos de acesso das
variáveis, analisaram-se três instrumentos de
medição da atividade física: o questionário, o
acelerômetro e a frequência cardíaca; e duas
formas de obtenção do VO2max: a apreciação
de forma direta e a indireta. Tal como para a
variável gênero os resultados encontrados
mostram pequenas variações na magnitude
das associações para todos os instrumentos de
medida analisados tanto no que diz respeito à
avaliação da AFH como na avaliação do VO2max.
Em todos os instrumentos analisados o valor de ES
manteve-se de baixa intensidade, (questionário
r=.17 IC 95%: .12 ; .22; acelerômetro r=.19 IC 95%:
.17 ; .22), exceptuando-se apenas a avaliação
da AFH através da frequência cardíaca em que
o intensidade do ES foi de média magnitude
r=.31(IC 95%: .18 ; .44).
Para todas as variáveis analisadas, os valores
dos testes QB e Z não foram significativos,
sugerindo que nenhuma destas variáveis tem um
efeito moderador nesta associação. Além disso, os
valores de estatística Q significativos associados
a valores elevados de I2 revelam, mais uma vez,
uma elevada heterogeneidade dos resultados.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados indicam uma associação positiva
entre a atividade física habitual e a aptidão
aeróbia em crianças e adolescentes embora com
uma magnitude baixa. Estes resultados poderão
ser explicados pela atividade física não reunir a
duração e intensidade necessárias para promover
melhorias na aptidão cardiorrespiratória nestas
faixas etárias. Em relação à duração da atividade
física, as crianças e adolescentes entre os 8 e os
15 anos tendem a permanecer pouco tempo em
atividade física por períodos iguais ou superiores
a 20 minutos, envolvendo-se normalmente em
atividades físicas de elevada intensidade apenas
aos fins-de-semana e em programas estruturados
de atividade física ([16]Shephard et al, 1980; [17]
Ross et al, 1985). Além disso, grande parte das
aulas de Educação Física na escola é passada
em inatividade ([18]Simons-Morton et al, 1997).
Os resultados obtidos em relação aos níveis
de actividade física parecem confirmar esta
hipótese, uma vez que houve um aumento da
52 Revista Pesquisa em Saúde
magnitude da correlação em níveis de intensidade
física mais elevados (atividade física moderada a
vigorosa e atividade física vigorosa), acontecendo
o inverso quando o nível intensidade de atividade
física diminui (atividade física moderada). Mesmo
assim, a variação na magnitude do efeito das
correlações foi muito ligeiro e pouco consistente
se atendermos às baixas percentagens de
artefactos e elevados intervalos de credibilidade
e confiança.
Quando analisamos a influência do género
na relação entre a atividade física habitual e o
VO2max verificou-se uma variação na magnitude
da correlação associada a uma redução das
variâncias residuais em relação à variância
residual global, indicando esta variável como uma
possível variável moderadora desta associação,
hipótese rejeitada pelos valores do teste QB, sendo
que para as meninas os resultados indicam uma
magnitude e consistência da associação superior
à dos rapazes. Esta diferença entre gêneros pode
ser explicado pelo escalão etário predominante na
amostra, uma vez que as idades prevalentes se
situam entre os 10-15 anos e as meninas atingem
mais cedo o seu pico de VO2max (por volta dos
15 anos), já os rapazes atingem o seu pico de
VO2max apenas perto dos 21 anos.
Os instrumentos de medida aplicados
na apreciação das duas variáveis parecem
também afetar a sua associação. Assim quando
consideramos a avaliação da atividade física
por cardiofrequecímetro verifica-se um aumento
da magnitude da associação em relação à
correlação identificada quando é medida por
acelerômetro ou questionário. Esta variação pode
ser explicada pelo menor número de estudos
encontrados em que a avaliação da atividade
física foi realizada desta forma ou ainda pelo
fato de estes aparelhos serem influenciados por
um vasto número de factores incluindo a idade,
tamanho corporal, stress, temperatura, e nível de
aptidão física ([9]Trost, 2001), inserindo por isso
erros na apreciação da atividade física, levando a
uma variação no effect size da correlação.
Por outro lado, ao analisarmos as diferentes
formas de obtenção do VO2max, também
verificamos variações nos resultados, sendo a
associação entre a atividade física e o VO2max
mais baixa quando o VO2max é determinado
de forma direta. Este resultado é provavelmente
explicado pelo fato de todos os instrumentos de
medição indireta comportarem erros, afectando
assim os resultados, havendo uma tendência
sugerida pelos valores apresentados para que
quando se utilizam estes métodos a magnitude
da associação ser mais elevada.
Contudo, tal como na variável moderadora
gênero, os valores do teste QB encontrados
para todos os métodos de acesso das variáveis
rejeitam a hipótese das variáveis se tratarem de
variáveis moderadoras da relação já que todos os
valores de QB obtidos não foram significativos.
Estes valores podem dever-se provavelmente ao
reduzido número de estudos presentes nas subamostras, condicionando por isso os resultados.
Em síntese, os resultados encontrados indicam
um effect size positivo entre a atividade física e
o VO2max, em crianças e adolescentes embora
de baixa magnitude, sendo que esta correlação
parece ser mais elevada em níveis de intensidade
de atividade física superiores.
Os instrumentos utilizados para a apreciação
da actividade física e do VO2max não parecem
provocar variações significativas na magnitude das
associações, acontecendo o mesmo para o gênero.
É também clara a elevada heterogeneidade dos
resultados encontrados que poderá ser explicada
pelos diversos instrumentos de avaliação
utilizados, juntamente com diferenças na seleção
dos sujeitos e no tamanho das amostras.
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Revista Pesquisa em Saúde 53
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO VIGISUS II PARA A ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM
SAÚDE NO ESTADO PARÁ
CONTRIBUTIONS OF VIGISUS II PROJECT FOR STRUCTURE THE HEALTH MONITORING IN
STATE OF PARA
RESUMO
O Projeto VIGISUS II teve inicio em 2006 e
propiciou ao Estado do Pará a Estruturação e
Modernização do Sistema de Vigilância em Saúde,
através do financiamento de ações destinadas a 4
(quatro) linhas de ação,entre elas: fortalecimento
da capacidade técnico – institucional, vigilância
epidemiológica e controle de doenças, vigilância
ambiental e doenças e agravos não transmissíveis
(DANT’S). O projeto tem como objetivo fortalecer
a gestão de estados e municípios para que
avancem no processo de descentralização do
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, sua
estruturação e modernização. A Secretaria de
Saúde do Estado do Pará – SESPA – elaborou
projeto no período de 2006-2010 para as 4 linhas
do projeto. Os indicadores avaliados no período
foram: percentual de casos notificados, que foram
encerrados oportunamente após notificação,
exceto dengue; percentual de casos de meningite
bacteriana, confirmados por critério laboratorial;
percentual de municípios com cobertura vacinal
adequada para tetravalente em menores de um
ano; percentual de casos curados de tuberculose;
percentual de municípios com remessa regular
do banco de dados do SINAN, Unidade Federada
com vigilância ambiental em saúde estruturada e
Unidade Federada com sistema de vigilância de
DANT’S.
Palavras-chave: Vigilância á Saúde, VIGISUS,
indicadores.
ABSTRACT
VIGISUS Project II began in 2006 and led the state
of Para the Modernization of the Structuring of the
Health Monitoring System, through the financing
of actions to 4 (four) lines of action, including:
fortification of technical and institutional capacity,
epidemiological environmental monitoring, disease
control and non transferable injuries (DANT’S).
The project aims to fortify the management of
states and districts to advance
1
2
Universidade do Estado do Pará – UEPA
Secretaria de Estado de Saúde Pública – SESPA
54 Revista Pesquisa em Saúde
Milena Farah Damous Castanho Ferreira1,2
[email protected]
in the decentralization process of the National
Health Monitoring System, its structuring and
modernization. The Health Department of the
State of Para – SESPA - developed a project in the
period of time from 2006-2010 for the four design
lines of the project. The indicators assessed
during the period of time were: percentage of
reported cases that were terminated after due
notice, except dengue; percentage of cases
of bacterial meningitis confirmed by laboratory
testing; percentage of districts with adequate
vaccine coverage for tetravalent in less than one
year old; percentage of new cases of tuberculosis
cured; percentage of districts with regular
shipping database of SINAN, Federated Unit with
environmental monitoring of structured health and
Federated Unit with monitoring system of DANT’S.
Keywords:
health
monitoring,
VIGISUS,
indicators.
INTRODUÇÃO
O Projeto VIGISUS II foi elaborado para ser
executado no período de 2006 - 2010, a partir
de um acordo de empréstimo firmado entre
Banco Mundial (BIRD) e o Ministério da Saúde\
FUNASA. Em nível nacional, é Coordenado
pela Unidade de Gerência do Projeto\FUNASA
(UGP\FUNASA) e em nível estadual, pela UAT\
CVS\SESPA (Unidade de Apoio Técnico ao
Vigisus\Coordenação de Vigilância em Saúde\
SESPA). O projeto objetiva fortalecer a gestão
de estado e municípios, para que avancem
no processo de descentralização do Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde, mediante apoio
técnico e financiamento de ações definidas a
partir de prioridades identificadas por estados e
municípios, tendo como estrutura de execução
os seguintes componentes: componente A –
Modernização do Sistema Nacional de Vigilância
em Saúde; Componente B – Saúde Indígena;
e Componente C – Gerenciamento do Projeto.
Os Estados e municípios foram beneficiados
com o Componente A, através do financiamento
de ações para Modernização e Estruturação do
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde.
O Estado do Pará, através da Secretaria
Executiva de Saúde-SESPA\CVS\UAT, elaborou
projeto para atender as 04 (quatro) linhas de
financiamento, dentre elas: LINHA DE AÇÃO 1 Fortalecimento da capacidade técnico-institucional
dos estados e municípios para gerenciar e
operar a vigilância em saúde; LINHA DE AÇÃO
2 - Aprimoramento do sistema de vigilância em
saúde, por meio da implementação de ações, que
ampliem a capacidade técnica e operacional dos
órgãos de vigilância epidemiológica e controle
de doenças de estados e municípios, LINHA DE
AÇÃO 3 - Aprimoramento do sistema de vigilância
em saúde, por meio da implementação de ações,
que ampliem a capacidade técnica e operacional
dos órgãos de vigilância ambiental de estados e
municípios; LINHA DE AÇÃO 4 - Elaboração de
análises de situação de saúde e implantação ou
implementação de sistemas de monitoramento de
DANT’S (Doenças e Agravos Não Transmissíveis
(BRASIL, 2005).
Para os quatro anos de execução do projeto,
a SESPA operacionalizou duas fontes de
financiamento: a fonte 1829 - afeta às Capacitações
em um montante de R$- 3.138.277,14 (Três
milhões, cento e trinta e oito mil, duzentos e setenta
e sete reais e quatorze centavos); e a fonte 1806
- afeta a equipamentos, capacitações, serviços e
reformas, no montante de R$- 3.376.007,89 (três
milhões, trezentos e setenta e seis mil, sete reais
e oitenta e nove centavos (SPIV,2010)
O Projeto tem como base para acompanhamento
físico-financeiro, um sistema de informações capaz
de orientar e registrar todas as fases da execução
do Projeto, o SPIV ( Sistema de Planejamento e
Informação). O SPIV tem como principal objeto o
controle do Planejamento e Execução de todas as
atividades a serem implementadas pelo projeto,
inclusive a elaboração de relatórios diversos. O
acesso ao sistema é on-line e o controle do banco
de dados é Coordenado pela gerência Nacional
do Projeto, cabendo aos estados e municípios
a alimentação dos dados e análises oportunas
(Brasil, 2005).
Os indicadores de Saúde definidos para o projeto
VIGISUS, nos 4 (quatro) anos de execução, foram:
percentual de casos notificados, encerrados
oportunamente após notificação, exceto dengue;
percentual de casos de meningite bacteriana
confirmados por critério laboratorial; percentual de
municípios com cobertura vacinal adequada para
tetravalente em menores de um ano; Secretaria
de Saúde com vigilância ambiental estruturada;
percentual de municípios com remessa regular do
SINAN (Sistema de Informações de Agravos de
Notificação); percentual de cobertura do Sistema
de Informações sobre Mortalidade (FERREIRA,
2007).
DESCRIÇÃO DO PROJETO VIGISUS II
O Projeto VIGISUS II está organizado em 03 (três)
componentes: COMPONENTE A - Modernização
do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Sub-componente A.1 - Vigilância epidemiológica
e controle de doenças transmissíveis, visou a
apoiar a construção de um sistema de vigilância
epidemiológica e controle de doenças e agravos
descentralizado, que atue sobre problemas de
saúde, de acordo com a realidade epidemiológica
de cada área geográfica. Este subcomponente
beneficiará os campos de expansão e melhoria da
rede de laboratórios da saúde pública; melhoria da
qualidade e utilização de informação do sistema
de notificação de doenças para controlar as
doenças transmissíveis; melhoria da capacidade
de vigilância e controle de doenças transmissíveis
por meio de treinamentos e pesquisas; garantia de
uma rede de refrigeração eficaz para assegurar
a qualidade de vacinas; garantia e expansão
de atividades elaboradas para controlar vetores
de doenças; melhoria da participação social
em prevenção e controle de doenças. Subcomponente A.2- Vigilância Ambiental em Saúde,
que propiciou a implementação da melhoria da
Saúde ambiental relacionada a qualidade da água,
do ar, do solo; desenvolvimento de atividades
com cuidados primários , que ajudam a criar um
ambienta saudável; promoção e educação da
comunidade em áreas de alto risco ambiental,
apoio a implementação e\ou criação de uma rede
nacional de laboratórios para a saúde ambiental.
Sub-componente A.3- Análise da situação de
saúde e vigilância de doenças e agravos não
transmissíveis, este contribuiu para a melhoria da
cobertura, qualidade e utilização de estatísticas
com enfoque na mortalidade materna e infantil;
fortalecimento das doenças não transmissíveis
e vigilância de fatores de risco. Sub-componente
A.3- Fortalecimento institucional da capacidade
de gestão em vigilância em saúde nos estados e
municípios, este componente foi oportunamente
desenhado para prover suporte aos estados e
municípios. Beneficiou diretamente os estados e
municípios para as ações de vigilância em saúde,
através de recursos repassados diretamente
para estas instâncias. Neste sub-componente,
Revista Pesquisa em Saúde 55
os estados e municípios elaboraram em 2005
seus projetos técnicos designados PLANVIGI,
com atividades centradas nas 4 (quatro) linhas de
atuação do projeto.
O COMPONENTE B do projeto está afeto
a saúde indígena, sua execução fica sob
a gerência da FUNASA, e tem por objetivo
ampliar a acessibilidade dos serviços de água
e saneamento, para comunidades vulneráveis,
incluindo os povos indígenas e quilombolas.
O COMPONENTE C beneficiou a gerência
nacional do projeto , para as atividades técnicas,
administrativas e operacionais do projeto na
Coordenação Nacional (BRASIL, 2005).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE – CONCEITOS
O conceito de Vigilância em Saúde tem como
pressuposto não só a vigilância de doenças
transmissíveis, como também a prevenção e
o controle de fatores de risco de doenças não
transmissíveis e riscos ambientais, buscando
contemplar os princípios da integralidade e da
atenção, combinando diversas tecnologias para
intervir sobre a saúde do trabalhador, riscos
sanitários, ações laboratoriais e saúde ambiental
(ALVES, 1998).
Na concepção abrangente da Vigilância em
Saúde, o objeto das ações são os agravos, os
riscos e os fatores determinantes e condicionantes
da saúde. A forma de organização deste modelo
privilegia a construção de políticas públicas, a
atuação intersetorial, assim como as intervenções
particulares e integradas de promoção, prevenção
e recuperação, em torno de problemas e grupos
populacionais específicos, tendo por base para o
planejamento das ações as análises de situações
de saúde nas áreas geográficas municipais e
estaduais (CEVS, Rio Grande do Sul,2005).
Estrategicamente, a Vigilância em Saúde é
um dos pilares de sustentação do princípio da
integralidade da atenção. Desta forma, avaliada
do ponto de vista tecnológico e operacional, a
ação de Vigilância em Saúde pode ser entendida
como a prática:
- Da integração intra-institucional entre as
Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária,
Ambiental e Saúde do Trabalhador;
- Da análise da situação de saúde de grupos
populacionais;
- Da identificação e gerenciamento dos riscos
dos diversos ambientes do convívio
humano;
- Do planejamento em saúde com enfoque
estratégico-situacional;
56 Revista Pesquisa em Saúde
- Da organização tecnológica do trabalho em
saúde, estruturada por práticas articuladas de
prevenção de doenças e agravos, bem como de
promoção, recuperação e reabilitação da saúde
de grupos populacionais, em suas dimensões
coletiva e individual.
Um dos principais fatores que propiciaram a
disseminação da ‘vigilância’ como instrumento
em todo o mundo foi a ‘campanha de erradicação
da varíola’, nas décadas de 1960 e 1970. Neste
período, no Brasil, a organização do Sistema
Nacional de Vigilância Epidemiológica (1975) se
dá através da instituição do Sistema de Notificação
Compulsória de Doenças. Em 1976, é criada
a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária.
No caso da vigilância ambiental, começou a ser
pensada e discutida, a partir da década de 1990,
especialmente com o advento do Projeto de
Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância
em Saúde - VIGISUS (Brasil, 1998; EPSJV, 2002).
As atividades de VIGILÂNCIA EM SAÚDE
integram o SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
EM SAÚDE e são financiadas por recursos do
Teto Financeiro da Vigilância em Saúde - TFVS
, do Ministério da Saúde, do Termo de Ajustes de
Metas – TAM – da ANVISA , da Rede Nacional de
Atenção à Saúde do Trabalhador - RENAST, do
Banco Mundial (Projeto VIGISUS), dos Municípios
e do Tesouro do Estado.
O PROJETO VIGISUS NO ESTADO DO
PARÁ E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A
ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA Á SAÚDE
A Portaria nº 1020, de 28 de outubro de 2008
formalmente criou a Coordenação de Vigilância á
Saúde na Secretaria Executiva de Saúde Pública
– SESPA, e subordinadas a ela, as áreas de
Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária,
Vigilância Ambiental, Controle de Endemias,
Vigilância em Saúde do Trabalhador, Laboratório,
Hepatites virais e o Projeto VIGISUS. O Projeto
VIGISUS II, desde 2006, vem propiciando
a Estruturação e Modernização da área de
Vigilância á Saúde, o que contribuiu para a efetiva
implantação e implementação das ações de
Vigilância á Saúde no Estado do Pará.
Dentre os problemas identificados no Projeto
VIGISUS II, que justificaram a sua aprovação,
destaca-se: a incipiente estruturação da
Coordenação Estadual de Vigilância Ambiental;
incipiente infraestrutura para análise da
incidência de doenças transmissíveis por vetores;
rede de frio inadequada para a conservação de
imunobiológicos, elevada incidência de doenças
transmitidas por vetores, em especial, dengue
malária e leishimaniose; baixa homogeneidade da
cobertura vacinal em menores de 01 ano, elevada
taxa de mortalidade por tuberculose, Diagnóstico
laboratorial
das
doenças
transmissíveis
centralizadas na capital, baixa qualificação dos
profissionais na elaboração do diagnóstico da
malária dentre outros.
No que se refere aos aspectos financeiros, a
execução do Projeto VIGISUS II, no Estado do
Pará, no período de 2006 a 2009, foi de 100% na
fonte 1829-Capacitações e 100% na fonte 1806Capacitações e investimentos,
SITUAÇÃO FINANCEIRA VIGISUS II - FONTE
1829 - CAPACITAÇÕES
2.877.099,99
2.877.099,99
3.000.000,00
2.500.000,00
2.000.000,00
1.500.000,00
1.000.000,00
equipamentos para o diagnóstico da meningite
em 7 Hospitais Regionais, aquisição de 09
(nove) laboratórios, para o diagnóstico de
leishimaniose, rubéola, sarampo e hepatite,
implantação de 03 (três) unidades sentinelas,
para o Centro de Influenza no Estado do Pará,
implantação
da
Vigilância da Malacologia
com enfoque na entomologia , treinamento em
coberturas vacinais, malária, tracoma, doença
de chagas, Leishimanioses, dengue, hepatites,
monitoramento da hanseníase em 90 municípios,
cadastramento de 36 municípios com áreas
expostas ao solo contaminado, aquisição de GPS
para o georreferenciamento de áreas ambientais,
treinamento em vigilância do ar, da água e do
solo , aquisição de veículos para a investigação
epidemiológica de doenças, implantação de 03
laboratórios pra análise de água, treinamentos
na área de violência da criança, adolescente,
mulher e idoso, saúde mental, monitoramento das
ações da Tuberculose e Hanseníase, Zoonoses,
Vigilância de agravos não transmissíveis, doenças
crônicas , dentre outros.
Os indicadores mostraram melhoria no
percentual de casos de doenças notificadas
e encerrados oportunamente; cumprimento
da Cobertura Vacinal da tetra em < de 1 ano;
percentual de casos curados de tuberculose,
cumprimos um indicador importante pactuado,
que foi “Vigilância Ambiental estruturada”. Esse
foi um grande avanço para o Estado, haja vista
que efetivamente a Vigilância Ambiental está
Estruturada e em condições de, juntamente com
as outras vigilâncias (sanitária, epidemiológica...)
, melhorar a qualidade de vida da população
e melhora do indicador de remessa regular do
SINAN pelos municípios.
500.000,00
COBERTURA VACINAL DE
TETRAVALENTE
0,00
REPASSADO
EXECUTADO
2009
2009
2008
2008
2007
2007
2006
2006
As contribuições do VIGISUS II para a
estruturação da Vigilância á Saúde, ocorreram
nas 04 linhas de atuação do Projeto, sendo Fonte: SI\PNI
VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
DAS Meta pactuada no VIGISUS em 2009: >= 70%
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS, VIGILÂNCIA Meta alcançada em 2009 : 96,54%
AMBIENTAL E VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS
NÃO TRANSMISSÍVEIS E FORTALECIMENTO
INSTITUCIONAL. Dentre elas, destacam-se:
Aquisição de 54 Kits de Imunobiológicos
(geladeira, freezer e gerador), para municípios
com baixa homogeneidade da cobertura
vacinal em menores de 01 ano, aquisição de
2005
2004
112,30
109,42
102,76
96,54
Revista Pesquisa em Saúde 57
Fonte: SINAN\Coordenação de Pneumologia Sanitária\SESPA
Meta pactuada no VIGISUS 2009: 77%
Meta (PARCIAL) 2009: 67%
Fonte:SINAN
Meta pactuada no VIGISUS 2009 : 11%
Meta alcançada 2009: 7%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto VIGISUS II contribuiu efetivamente
para a estruturação da Vigilância em Saúde
no Estado do Pará, através das 04 linhas de
atuação, Vigilância Epidemiológica das doenças
transmissíveis, Vigilância Epidemiológica das
doenças não transmissíveis e Vigilância Ambiental.
As ações desenvolvidas propiciaram a melhoria
dos indicadores definidos no Projeto, dentre
eles percentual de casos de doenças notificadas
e encerrados oportunamente; cumprimento
da Cobertura Vacinal da tetra em < de 1 ano;
percentual de casos curados de tuberculose.
Cumprimos um indicador importante pactuado que
foi “Vigilância Ambiental estruturada” e melhora
do indicador de remessa regular do SINAN pelos
municípios. A execução financeira do Projeto foi
de 100% dos recursos repassados.
58 Revista Pesquisa em Saúde
REFERÊNCIAS
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no SUS: fortalecendo a capacidade de resposta
aos velhos e novos desafios\Ministério da Saúde,
2006,228p.:-(Série B. Textos Básicos de Saúde).
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do VIGISUS II ,vol.1,apresentação do VIGISUS II
, série A.Normas e Manuais Técnicos. 2005.
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ambiental em saúde, 2002.42 p.
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Waldman
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em
Saúde
Pública, volume 7 ,1998,série saúde e
cidadania,disponívelemwww.fug.edu.br/adm/
site_professor/arq_download/arq_271.pdf
BRASIL. Projeto VIGISUS – Estruturação do
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde.
Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional
de Saúde, 1998. 203p.
FERREIRA, MILENA FARAH ,Projeto VIGISUS II
– Planvig PA 001, Modernização do Sistema de
Vigilância em Saúde, SPIV,2005, disponível em
https:\\spiv.saude.gov.br
MONKEN, M. & BARCELLOS, C. Vigilância em
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Cadernos de Saúde Pública, Vol. 21, n.3. Rio de
Janeiro: mai/ jun, 2005 p. 898-906.
PORTO ALEGRE. Secretaria Estadual da Saúde
CEVS\Vigilância em Saúde, 2005. Série Cadernos
do Cevs, 1
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual da
Saúde. Centro Estadual de Vigilância em Saúde
/ Vigilância em saúde: informações para os
secretários municipais, 2005.
Sistema de Planejamento e Informática -SPIV\
VIGISUS,2010, disponível em https:\\spiv.saúde.
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TEIXEIRA, C. F., PAIM, J. S. & VILASBOAS, A.
L. SUS: modelos assistenciais e vigilância da
saúde. Informe Epidemiológico do SUS, VII(2):
7-28, 1998.
ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO: CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE JUVENIL
PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITION: CONTRIBUTIONS IN THE PREVENTION OF YOUTH
OBESITY
Lucia Cristina Abrantes1,2
[email protected]
RESUMO
O aumento dos níveis de gordura corporal
associado à diminuição dos níveis de atividade
física na adolescência tem se tornado motivo
de maior preocupação em pesquisas recentes.
Uma das preocupações seria o fato de existir
forte relação com o aumento dos casos de
obesidade em idades precoces cardiovasculares,
diabetes, alguns dos fatores desencadeantes da
obesidade, mais especificamente em adolescente,
e tentar propor alternativas relacionadas às
atividades físicas para o auxilio no tratamento e
minimização desse problema. A partir da análise,
pode-se perceber que atividade física, sendo
utilizada de forma consciente (programada,
controlada e respeitando as limitações e níveis de
desenvolvimento humano), pode ser favorável à
reversão do estado de obesidade e melhoria na
qualidade de vida dessas pessoas.
Palavra-chave: atividade física, adolescente,
obesidade.
ABSTRACT
The increased levels of body fat associated with
decreased levels of physical activity in adolescence
has become cause for greater concern in recent
research. One of the concerns was the fact
there is strong relationship with the increase in
cases of obesity in early ages cardiovascular,
diabetes, some of the triggering factors of obesity,
particularly in adolescents, and try to propose
alternatives related to physical activities to aid in
the treatment and minimize this problem. From
the analysis, it is noted that physical activity, being
used in a conscious way (planned, controlled and
respecting the limitations and levels of human
development), may be conducive to the reversal
of the state of obesity and improvement in quality
of life of these people.
Keyword: physical activity, adolescent, obesity.
1
2
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma doença metabólica já
descrita desde primórdios da humanidade,
representando atualmente a doença metabólica
de mais alta prevalência cuja incidência cresce
dramaticamente desde as ultimas décadas.
Isto se deve a mudança de hábitos alimentares
principalmente relacionadas com o aumento de
estabelecimentos do tipo “fast food”, acarretando
uma alta injeta de gorduras saturadas e a
uma tendência ao sedentarismo da sociedade
moderna.
A crescente preocupação médica em relação
ao tratamento das obesidades são as doenças
com as quais ela está relacionada, tais como:
diabetes mellitus, dislipidemias, hipertensão
arterial e doenças cardiovasculares (SIMÕES,
2003).
A obesidade ocorre quando temos uma perda
de equilíbrio entre ingestão de alimentos e ao
gosto calórico. No tratamento, devemos sempre
considerar um balanço calórico negativo, o seja,
diminuição calórica aliada a um aumento de
gasto energético. Isso, na pratica, se consegue
através de uma dieta hipocalórica com restrição
de gorduras saturadas. Eventualmente, o médico
poderá utiliza-se de anorexígenos ou drogas
calorigênicas. Para aqueles pacientes com
obesidade mórbida ou severa, em que o tratamento
clínico falha, preconiza-se o tratamento cirúrgico
(SIMÕES, 2003)
A obesidade pode ser classificada de acordo
com a dimensão e o número de células adiposas.
Quando ocorre um aumento na dimensão das
células adiposas já existentes, este processo
é determinado de hipertrofia, o qual ocorre em
maior frequência na fase adulta. Já quando o
número de células adiposo aumenta denomina-se
de hiperplasia, o que na infância e adolescência
(MCARDLE, KATCH & KATCH, 1985).
O processo de hiperplasia é mais identificado
nas fases de desenvolvimento, onde o Consenso
Latino Americano de Obesidade identifica três
períodos críticos: “o primeiro período ocorre
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – ULHT/ PT.
Universidade do Estado do Pará – UEPA
Revista Pesquisa em Saúde 59
durante a gestação e o primeiro ano de vida: o
segundo entre os 5 e 7 anos de idade, o chamado
período de rebote; e o terceiro na adolescência”
(COUTINHO, 1999 p.56).
Por essa razão se faz necessário e relevante
um trabalho de conscientização para prevenção
durante estas fases, já que o período de
proliferação das células adiposa acontece
exatamente na infância e adolescência. No tocante
à conscientização nos referimos justamente ao
auxilio aos jovens para o incentivo a prática de
exercícios físicos e no controle da alimentação.
Várias são as causas da obesidade,
destacamos o sedentarismo, hereditariedade,
a hiperfagia, disfunções nas glândulas e os
problemas psicológicos. Já o que diz respeito às
conseqüências da obesidade nos adolescentes é
bastante avassalador, todavia de acordo dom o
Consenso Latino Americano de Obesidade, citado
por Coutinho (1999, p. 57) ocorre nos seguintes
níveis:
Psicossocial: apresentam transtornos
de conduta, signos de depressão e angústia
com baixa auto-estima. Ainda mais, tomam-se
introvertidas para participar de atividades físicas e
para relacionarem-se socialmente, refugiando-se
ao sedentarismo e alimentando-se de uma maior
ingestão com sentimento de culpa.
Ortopédicos: Podem apresentar pé plano,
escoliose, epifisiólises, coxa vara, ginus vago e
tíbia vara.
Problemas endócrinos: hiperinsulinêmica
ou insulina resistência; triglicerídeos a Apo B,
diminuição de HDL colesterol e Apo A; diminuição
da secreção do hormônio de crescimento;
diminuição da resposta da prolatina aos estímulos;
ritmo circundante normal do cortisol, elevação de
andrógenos e da DHEA, menarca prematura;
diminuição da aromatização da testosterona
e estrógeno (na feminização); nos meninos
hiperandrogenismo, hirsutismo e poliquistoes
ovárica e nas meninas aumento da progesterona.
Diante de todos os conhecimentos adquiridos
sobre a obesidade e os benefícios do exercício
físicos citados, Guedes e Guedes (1997, p.63)
dizem que os programas de exercícios físicos
podem provocar importantes modificações com
relação aos parâmetros de composição corporal,
ocorre um maior desenvolvimento da massa
magra e há poucas alterações no peso corporal.
Como resultados dos efeitos potencias do
exercício na criança obesa, Rowland (1990)
citado por Dâmaso, Teixeira & Nascimento
(1994, p. 107) acrescenta o seguinte: “Diminui
60 Revista Pesquisa em Saúde
a percentagem de gordura corporal; Aumenta a
massa magra, por potencializar a termogênese
(dieta); diminui a pressão arterial; aumenta a
condição cardiovascular; beneficia a saúde
psicossocial”.
OBJETIVOS:
Geral:
Verificar se a prática regular do exercício físico
juntamente com orientação nutricional contribui
na redução do percentual de gordura para a
prevenção e tratamento da obesidade infantojuvenil.
Específico:
Orientar os alunos de forma adequada para
a importância da atividade física no dia a dia de
cada um.
Desenvolver conhecimento ajustado dos
benefícios que atividade física e a orientação
nutricional trazem em relação a sua saúde.
Valorizar atitudes e comportamento favoráveis
à saúde, em relação à alimentação e à atividade
física, desenvolvendo responsabilidade no
cuidado com o próprio corpo.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
OBESIDADE
A obesidade é uma condição de excesso de
tecido adiposo em relação à massa corpórea
magra. Ela reflete um desequilíbrio a longo prazo
entre a ingestão e gasto calórico . Este reflete
um desequilíbrio em longo prazo entre ingestão
e gasto calórico. Este desequilíbrio pode levar
às complicações patológicas como diabetes, a
hipercolesterolêmica e a hipertensão – doenças
que, se não diagnosticadas e tratadas a tempo,
podem levar o indivíduo à morte (ANJOS ;
ENGSTROM, 1996).
Obesidade de grau I - IMC = 30 à 34,9
Obesidade de grau II - IMC = 35 à 39,9
Obesidade de grau III - IMC= 40 à 49,9
O índice de massa corporal (IMC) é reconhecido
como padrão internacional pra avaliar o grau de
obesidade. O IMC é calculado dividindo o peso
(em kg) pela altura em (m2) (ABESO, 2008).
Hiperplásica: Obesidade que já se manifesta
na infância, causada pelo aumento do número
de células adiposas no organismo, aumentando
a dificuldade da perda de peso e gerando uma
tendência natural à obesidade futura.
Hipertrófica: Obesidade que pode se
manifestar ao longo de qualquer fase da vida
adulta, causada pelo aumento de volume das
células adiposas.
De acordo com a etiologia:
Endógena (gerada por disfunções metabólicas
do organismo) ou Exógena (gerada por aspectos
comportamentais) devido ao excesso de gordura
corporal, decorrente do equilíbrio positivo entre
ingestão e demanda energética; responsável por
98% dos casos de obesidade.
De acordo com a idade de inicio:
Obesidade infantil, infanto- juvenil e adulta.
AVALIÇÃO NUTRICIONAL
A avaliação nutricional segundo Fregonese
(2003) deve ser feita através de:
Anamnese Alimentar:
Processo investigativo do histórico e dos
hábitos alimentares do paciente.
Avaliação Clinica;
Exames clínicos do Estado de saúde do
paciente
Avaliação Antropométrica:
Medicações físicas do paciente (peso, altura,
massa adiposa e etc.).
Dados Psicossocias e Econômicos:
Perfil econômico e social do paciente.
TRATAMENTOS
Segundo Fregnese (2003), existem várias
abordagens diferentes para o tratamento da
obesidade. As dietas variam desde o jejum até
dietas com alto teor de proteínas e baixo teor de
carboidratos, dietas com alto teor de carboidratos
e baixo teor de gorduras, dietas balanceadas
hipocalóricas (método mais razoável para e
redução de peso).
As dietas devem ser adaptadas o máximo
possível às características de cada indivíduo,
que satisfaça às necessidades nutricionais: que
permita alto grau de saciedade; de fácil preparo
e seguimento; flexível; que promova perda
ponderal, razoável e perceptível. De consistência
dura (estímulo à mastigação – sensação precoce
de saciedade); volume elevado, mas com baixa
densidade energética; maior volume de fibras;
distribuição fracionada.
Para dietas com menos de 1.200 Kcal, são
recomendados
minerais.
suplementos
vitamínicos
e
OBESIDADES INFANTO - JUVENIL
Existe uma preocupação muito grande em
relação e desnutrição, principalmente na região
nordeste do nosso país. De fato, temos reais
motivos para esse assunto ser tratado com
urgência e seriedade. Mas para a maior parte
da nossa sociedade a criança gordinha ainda é
vista como sinônimo de saúde, isso levou a certa
tolerância social a obesidade infantil, e hoje mais
de 30 % dos brasileiros apresentam excesso de
peso (DÃMASO & TEIXEIRA, 1994).
O excesso de peso na infância pode levar ao
aumento dos níveis de gordura no sangue, à
hipertensão, problemas ortopédicos, musculares
e dermatológicos, a diabetes e doenças
cardiovasculares (DÃMASO & TEIXEIRA, 1994).
- Fatores que influenciam no ganho do peso
- Fatores internos (Genéticos e metabólicos)
Estudos populares mostram que 80% das
crianças que têm pai e mãe obesos, tornaramse obesas. Quando um só dos pais apresenta
obesidade, a chance é de 40%. Se nenhum
dos pais apresenta obesidade, o risco é de 7%
(MALAFIA, 2003).
Em relação ao fator, crianças que nascem com
metabolismo que facilita o aumento de peso sem
que comam grandes quantidades de alimentos.
Em casos extremos de obesidade, suspeitase que haja um efeito que menos apetite e com
maior ganho de peso do que outras que comem
mais (MALAFIA, 2003)
– Fatores Externos (psicológicos e alimentares)
A forma como a criança e o jovem lida com
suas frustrações ou ansiedade pode levá-la a
desenvolver um mecanismo de compensação
com ingestão de alimentos.
As preferências alimentares, a quantidade e
a forma de preparo da alimentação podem levar
excesso de peso. (Sampedro, R.M. & Gguedes,
1985).
AVALIAÇÃO
Se a criança tem até 05 anos de idade, utiliza-se
a adequação de peso para altura. Caso contrário
o mais adequado é o Índice de Massa Corporal
(I.M.C).
O peso atual da criança deverá ser dividido pelo peso
ideal encontrado no QUADRO 1., o valor resultante é
multiplicado por 10. Compara com o QUADRO 2
Revista Pesquisa em Saúde 61
QUADRO 1.
Peso ideal em relação à altura
Porcentagem
90% a 110%
110% a 120%
Acima de 120%
Classificação
Normal
Sobrepeso
Obesa
Altura
[PARA]
(cm)
Meninos.
Pesoi .Ideal
[PARA] (Kg)
MENINAS
Peso ideal
[PARA] (Kg)
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
10,2
10,4
10,6
10,8
11
11,2
11,4
11,6
11,9
12,1
12,3
12,6
12,8
13
13,3
13,5
13,7
14
14,2
10
10,2
10,4
10,6
10,8
11
11,2
11,4
11,6
11,8
12
12,3
12,5
12,7
12,9
13,2
13,5
13,7
13,9
Fonte: Centro Complementar Físico (2003)
QUADRO 2.
Peso entre peso/altura classificação:
Para criança acima de 06 anos de idade:
MENINOS
Idade
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Normal
14,5
15
15,6
16,1
16,7
17,2
17,8
18,5
19,2
19,9
20,6
21,1
21,4
Fonte: Centro Físico (2003)
Sobrepeso
16,6
17,3
18,1
18,8
19,6
20,3
21,1
21,9
22,7
23,6
24,4
25,2
25,9
62 Revista Pesquisa em Saúde
Obesidade
18
19,1
20,3
21,4
22,6
23,7
24,8
25,9
26,9
27,7
28,5
29,3
30
QUADRO 2 (continuação)
Para criança acima de 06 anos de idade:
MENINAS
HÁBITOS ALIMENTARES
Idade
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Normal
14,3
14,9
15,6
16,3
17
17,6
18,3
18,9
19,3
19,6
20
20,3
20,5
Sobrepeso
16,1
17,1
18,1
19,1
20,1
21,1
22,1
23
23,8
24,2
24,7
25,2
25,5
Obesidade
17,4
18,9
20,3
21,7
23,2
24,5
25,9
27
27,9
28,5
28,1
29,3
30
Fonte: Centro Físico (2003)
As mudanças nas práticas de alimentação são
muitas vezes complexas, devido às muitas funções
e aspectos das mesmas. Assim, nos últimos anos,
houve um aumento do número de refeições feitas
fora do lar e hoje temos várias estratégias de
opções, desde alimentação sendo realizada em
restaurantes mais tradicionais, fast-foods e locais
de trabalho, bem como o consumo de lanches que
já aparece como opção em carrinho de cachorro
quente ou em formas (COUTINHO, 1999)
Estas tendências devem ser relacionadas
com a mudança no estilo de vida da população
passou a procurar economia no tempo gasto com
compra, preparação e consumo de alimentos
(COUTINHO, 1999).
A investigação dos hábitos alimentares tem
merecido atenção, principalmente, devido
ao aumento de prevalência de sobrepeso e
obesidade no mundo ocidental.
Como a obesidade é um fator de risco para
doenças, como doenças coronárias, diabetes
e certos tipos de câncer, no texto da prevenção
da obesidade (indiretamente das doenças a ela
associadas) são necessários analisar o tipo de
lanche e preparação que está sendo utilizada
como substituição de uma refeição.
O padrão de refeição, principalmente no que
diz respeito à hora de ingestão, é fundamental
na regulação do peso corporal, podendo ser
importante no desenvolvimento de estratégias
para prevenção da obesidade.
Existe um grande problema que começa
com a própria falta de definição consensual do
que seja lanche e refeição. Adotamos o conceito
de que “refeições” são ocasiões principais do
comer ao longo do dia, como café da manhã,
almoço e jantar. Já “lanches” significam outros
episódios de comer, porções menores e menos
estruturadas por isso é bom saber diferenciar o
tipo de alimentação com a necessidade de cada
refeição.
REEDUCAÇÕES EM VEZ DE PRIVAÇÃO
É essa a maneira mais correta de lutar contra
a obesidade, segundo afirmam médicos e
nutricionistas empenhados em riscar a palavras
dieta das indicações de tratamento contra a
obesidade, substituindo-a pela expressão “plano
alimentar”. Não se trata de uma mera troca de
nomes, mas de implantar um novo conceito.
Dieta está associada à privação de alimentos,
sofrimento e, na maioria das vezes, fracasso,
com a retomada de peso. Plano alimentar passa
pela idéia de reeducação alimentar, que prevê
mudanças nos hábitos alimentares sem privar
a pessoa do que gosta, o que resulta em maior
bem-estar e menor risco de recuperar peso, além
de se transformaram num aprendizado para a
vida toda.
A reeducação alimentar é um processo de
aprendizagem exercido através de orientações
nutricionais especificas, onde o paciente conhece
e incorpora hábitos alimentares saudáveis
(CAMPOS SHURLEY, 2005)
• Fixar horários para as refeições e lanches,
para evitar “beliscar”
• Diminuir aos poucos a quantidade de
alimentos gordurosos e frituras oferecidas à
criança, estimulando-a comer alimentos crus,
grelhados ou refogados.
• Servir a comida num prato menor e, aos
poucos, diminuir o tamanho das porções.
• Não deixar a criança fazer as refeições
assistindo tevê. Distraída, ela costuma comer
mais.
• Trocar os refrigerantes pelos sucos mais
saudáveis, evitando adoçá-los.
• Estimular a criança a comer devagar,
mastigando bem, para facilitar a digestão e a
assimilação dos alimentos.
• Manter a despensa livre de guloseimas,
para não incentivar o impulso de comer fora de
hora.
Ingestões E Necessidades Energéticas Diárias
A alimentação da criança deve ser de acordo
com as porções recomendadas pela pirâmide
alimentar.
Entre 6 e 10 anos: Os especialistas sugerem
uma dieta de 1810 kcal a 2045 Kcal para os
meninos e 1620 kcal a 1795 kcal para meninas
dessa faixa etária.
Entre 11 e14 anos: As necessidades
recomendadas são de 2200 Kcal para mulheres
e 2500 kcal para homens. A quota energética é
aumentada para homens na faixa etária de 19 a
24 anos.
A IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS
Os adolescentes incorporam duas vezes mais
a quantidade de Cálcio, ferro, zinco e magnésio
durante o período da adolescência em que a taxa
de crescimento é a mais rápida, comparada às
outras fases da vida.
A necessidade cálcio na adolescência está
ligada ao crescimento esquelético, que é de 45%
nesse período.
Os adolescentes também precisam de grandes
quantidades de ferro. Para os homens, o ferro é
importante para a formação da massa muscular.
As mulheres precisam repor o ferro perdido
mensalmente na menstruação. Zinco é essencial
para o crescimento; pois a retenção de zinco
aumenta especialmente durante o estirão do
crescimento.
2.9.3 - A Necessidade De Vitaminas
Os
especialistas
recomendam
grande
quantidade de vitaminas (B1) e (B2), principalmente
aos adolescentes.
A vitamina D é essencial ao cardápio ao
crescimento esquelético. As vitaminas A, E, C,
ácidos fólico também são importantes nessa fase.
Vale lembrar que todas essas vitaminas podem
ser supridas por uma dieta adequada, sem a
necessidade de suplementos vitamínicos.
ATIVIDADE FÍSICA
A atividade física reduzida é provavelmente
uma das principais razões para o aumento da
obesidade entre os indivíduos que vivem em
sociedade. Os indivíduos sedentários necessitam
de uma menor quantidade de calorias. O aumento
da atividade física faz com que o individuo com
peso normal comam mais, mas o mesmo pode
não ocorrer em indivíduos obesos (BOUCHARD,
2004)
ATIVIDADES FÍSICA COMO PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DA OBESIDADE
Depois de estabelecido o status de obesidade,
a terapia se torna essencial para a tentativa da
Revista Pesquisa em Saúde 63
mudança do quadro e a possível diminuição
dos riscos potenciais que a obesidade pode
causar. Sobre o tratamento da obesidade, além
de complexas modificações no estilo de vida,
algumas formas mais agressivas de terapia têm
sido administradas.
Matos e Bahia (1998, p. 207) relatam a
obesidade, sendo causada principalmente pelo
desenvolvimento crônico da energia que supera
o gasto, a reversão desse quadro seria mais
indicado. E, para se obter a reversão, as medidas
óbvias seriam: diminuir a ingestão alimentar,
e/ou aumentar por meio de dietas restritivas,
cirurgias bariátricas ou drogas anorexígenas,
e/ou aumentar o gasto de energia através de
exercícios ou drogas calorigênicas.
Dentre os tipos citados, a forma de tratamento
que mais se enquadraria, quando se trata de
educação física relacionada com adolescente, é a
questão da atividade física e do gasto energético.
Outro fator positivo na adoção dessas pratica,
é a menor probabilidade de risco e de efeitos
colaterais presentes durante o tratamento.
È claro que a atividade física isolada, sem
levar em consideração os fatores genéticos,
endócrinos, culturais, psicossociais e ambientais,
não seria suficiente para se conseguir resultados
permanentes, mas acredita-se que o simples
fato de alguém estar se movimentando já estaria
atuando e ajudando a alterar os aspectos
modificáveis. Um adolescente, caminhando na
rua, está estimulando seu sistema endócrino,
favorecendo o bom funcionamento de seu
metabolismo energético queimando energia e, a
partir do momento em que se expõe publicamente,
pode se relacionar com outras pessoas ou coisas
do ambiente sob diversos aspectos, talvez
caracterizando um estado de estar de bem com a
vida (CONFEF, 2001)
Niemam (1999) cita que, nos Estados Unidos,
as crianças são menos ativas do que precisam
ser. Esse prognóstico preocupante vem ao
encontro das condições atuais de pratica de
exercícios regulares nos EUA. No primeiro ano
do nível médio, cerca de 40% dos adolescentes
participam de aulas de Educação Física,
enquanto no último ano, apenas 12% participam.
Nessa mesma pesquisa, foi identificado que, pelo
menos, 63% dos adolescentes já apresentavam
dois ou mais fatores de risco para doenças
crônico-degenerativas, com evidencias de esses
números aumentarem nos próximos anos, caso
não haja intervenção
É coerente lembrar que os níveis de atividade
física na adolescência não devem ser medidos
apenas pela participação nas aulas de Educação
Física nos colégios. E acrescentado ainda que, nos
últimos anos, grandes modificações estruturais
têm ocorrido nas leis que regem e Educação (LDB)
E A Educação Física, a não obrigatoriedade das
aulas nos níveis de ensino, a regulamentação da
profissão e criação do Conselho Federal e mais
recentemente a tentativa de se tornar obrigatória
novamente em todo ensino fundamental.
(CONFEF, 2001)
OBESIDADE E EXERCÍCIO
Antes de dar início a qualquer tipo de treinamento
com obesos, é de fundamental importância que o
mesmo passe por uma avaliação médio-funcional,
para que se tenha, além de uma garantia de saúde
e de um padrão de comparação futuro, um ponto
de partida para elaboração do treinamento.
Todo tipo de atividade física promove consumo
de energia, ou seja, gasto calórico, porém, os
exercícios aeróbicos cíclicos (bicicleta, corrida
e remo) são os melhores, pois promovem maior
gasto de calorias, tendo a atividade aeróbica,
COMPORTAMENTOS DO ADOLESCENTE características marcantes, como: envolvimento
FRENTE À ATIVIDADE FÍSICA
de grandes grupos musculares; grande duração e
Crianças e adolescentes são naturalmente baixa intensidade; maior gasto de gordura, como
dispostos ao movimento, assim, tendem a ser substrato energético.
naturalmente ativos. Contudo, como passar dos
Um fator bastante interessante é o de que com
anos, alguns estímulos ambientais podem inverter a adaptação ao treinamento aeróbico aparece
esse comportamento.
uma hipertrofia da glândula tireóide, bem como
Segundo o American College of Sports Medicine o aumento nas taxas dos hormônios T3 e T4.
(2000) no final da adolescência (cerca de 16 a 18 Esses hormônios agem no sentido de aumentar o
anos), esse quadro tende a ser evidenciado. Os metabolismo basal, o que é bastante interessante
níveis de atividade física diminuem ainda mais nas taxas dos homônimos “tiróidianos” exercem
chegando à idade adulta, com níveis aquém grande influência no metabolismo das gorduras,
do considerado ideal, principalmente no sexo pois com sua ação lipolítica, aumentam a
feminino.
quantidade de ácidos graxos livres, colocando
64 Revista Pesquisa em Saúde
assim a gordura disponível para ser consumida
pelo organismo.
Para que se tenha efeito de treinabilidade, em
qualquer capacidade física, é necessário que o
individuo treine pelo menos três vezes semanais,
sendo considerada como seu ideal, para o
emagrecimento, uma frequência de cinco vezes
por semana, devido à necessidade de ser elevar
o gasto calórico.
As atividades neuromusculares (musculação,
hidroginástica) devem ser realizadas para que se
criem condições de suportar o stress criado pela
obesidade nas articulações e também para que a
performance, guardadas as devidas articulações,
na atividade aeróbia não fique dificultada por
fatores como a dor lombar (lombalgia), por
exemplo. Além disso, é claro, essas atividades
também promovem gasto calórico. Outro ponto
que demonstra a grande importância desse
tipo de atividade para o emagrecimento é o
fato de essas atividades, principalmente a
musculação,aumentarem a massa muscular.
Essa adaptação fisiológica leva ao aumento do
metabolismo basal. Com isso o organismo tornase menos econômico, gastando, então, mais
caloria em repouso.
A obesidade está intimamente relacionada
à inatividade física, portanto antes de haver a
preocupação em manter a freqüência cardíaca
dentro da zona-alvo calculada e outras estratégias,
devemos sim fazer com que os exercícios se
tornem hábito de vida para o obeso, e que se
tornem tão corriqueiros, quanto escovar os dentes.
Lembre-se de que muitos talvez estejam
entrando em contato com a atividade física pela
primeira vez. Aos poucos com a primeira conquista
(atividade que não seja associada à agressão)
consolidada, se terão maiores chances de êxito,
pois, a partir desse momento, estará diminuída
a possibilidade de abandono das atividades, por
parte do aluno.
Outro aspecto importante, diz respeito ao mito
da reprodução seletiva de peso, no qual ao se
trabalhar uma determinada região corporal, se
teria como consequência uma maior perda de
gordura nessa região.
Sobre isto, Katch e Maardle (1990) citam
uma pesquisa realizada em 13 universitários da
Universidade de Massachusetts, Anherrst, na qual
fizeram 5004 flexões abdominais durante 27 dias
de programa progressivo de flexões com o ritmo
controlado por um metrônomo. Foram realizadas
medidas de composição corporal antes e depois
da fase de experiência. Esse estudo demonstra
que não houve uma redução maior na gordura
abdominal em relação à gordura de outros pontos
do corpo. Neste estudo, fica comprovado que a
redução localizada de gordura é pouco provável
de ser atingida.
Esta “conclusão se estende para qualquer
exercício em relação a qualquer parte do corpo,
inclusive para as terríveis” flexões laterais de tronco
que infelizmente, ainda vêm sendo utilizadas com
o objetivo de retirar o famoso “pneuzinho”.
Existem no mercado vários produtos que
prometem emagrecimento rápido e sem a
necessidade de esforço algum, ou seja, prometem
milagres na batalha contra a obesidade, como,
por exemplo: sauna, forno de bier, gel ,rolo etc.
Esses produtos, além de pouco eficazes, ainda
podem colocar em risco a saúde do usuário,
quando utilizados de forma indiscriminada. Assim
sendo, o melhor remédio, na maioria dos casos,
ainda é a dieta em conjunto com a prática regular
de exercício.
Benefícios da prática regular de exercícios
A atividade física regular, desde que bem
orientada, traz ao praticamente uma série de
benefícios. A seguir será citada uma série de
vantagens que os exercícios podem propiciar:
1. Melhor estabilidade articular;
2. Aumento de massa óssea;
3. Aumento de colesterol HDL;
4. Aumento de taxa de hormônio do crescimento;
5. Diminuição da freqüência cardíaca de
repouso;
6. Diminuição da pressão arterial;
7. Melhor utilização da insulina;
8. Controle da obesidade;
9. Diminuição do risco de varizes;
10. Diminuição do risco de derrame cerebral;
11. Diminuição do risco de arteriosclerose;
12. Diminuição do risco de lombalgia;
13. Aumento de força;
14. Aumento de flexibilidade;
15. Aumento de resistência aeróbia;
16. Aumento da resistência anaeróbia;
17. Facilitação da correção de vícios posturais;
METODOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Desenvolvemos nosso trabalho através de uma
pesquisa de campo por um estudo transversal. A
População constou der 55 alunos da 7ª série, da
Escola Estadual Eunice Weaver, localizada na
Revista Pesquisa em Saúde 65
av. Arthur Bernardes s/n pratinha, Belém – Pará,
sendo que a amostra foi intencional, formada
por 14 alunos, na qual se utilizou para a sua
determinação o critério estabelecido pelo consenso
latino Americano cálculos por porcentagem de
gordura corpórea. Segundo Coutinho (1999, p.56)
“a criança é considerada obesa quando seu Índice
de Massa Corporal (IMC) se encontra acima
da média para a sua idade”. Para diagnosticar
a obesidade e sobrepeso, o autor supracitado
indica a fórmula para se calcular os resultados por
porcentual.
IMC = P/a² onde P = peso e A²= altura ao
quadrado
O percentual será 100 em uma criança de peso
e altura média. Foi considerada como sobrepeso
em IMC 110%, e com obesidade se o IMC é de
120% ou acima deste percentual.
Crianças (feminino)
(9-12 anos) DC= 1,108 – 0,027 (log. 10 TR) –
0,038 (log.10 SB)
(13- 16 anos) DC= 1,130 – 0,055 (log.10 TR) –
0,026 (log.10 SB)
Protocolo de Guedes, para crianças e
adolescestes (7- 18 anos)
Homem = 6%=0,783 (S)² + 1,6
Mulher = 6%= 0,546(S)² + 9,7
S = Soma das dobras
CÁLCULOS
PARA
AVALIAÇÃO
DA
COMPOSIÇÃO CORPORAL
- Peso Gordo ou Gordura Absoluta = (% gordura
/100) x Peso do corpo (Kg)
- Massa magra = Peso do Corpo (Kg) – Peso
gordo (Kg)
- Peso em Excesso (Excesso de gordura) =
Peso Corporal – Peso Ideal
- Peso Ideal = Massa magra/ 0,85 ( homens ) e
ROTEIRO DAS DOBRAS CUTÂNEAS massa magra/0,75 ( mulheres
UTILIZADAS
ANAMNESE ALIMENTAR
- Subescapular (SE) toma-se uma dobra
Foi realizada a entrevista sobre a
oblíqua média abaixo da extremidade inferior utilização de alimentos, preparações, tamanho
da escapula, média da extremidade inferior da das porções, preferências alimentares etc. Incluiu
escapula;
um recordatório de 24 horas e frequência de
- Tríceps (TR) Tomou-se uma dobra vertical alimentos.
na linha média da parte superior do braço, meio
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
caminho entre o ombro e o cotovelo;
Foram realizadas medições físicas nos
- Bíceps (BI) – Tornou-se uma dobra vertical pacientes. (Peso, altura, massa gorda, massa
na linha média da parte superior do braço a meio magra, etc.)
entre o ombro e a fossa cubital, sobre o bíceps
AVALIAÇÃO CLINICA
braquial, ao nível do mamilo;
- Glicemia  taxa de glicose no sangue.
- Peito (PT) – Tomou-se a dobra no ponto
- Triglicérides e Colesterol total e frações (HDL)
localizado entre a axila e o mamilo, nas mulheres  taxa de gordura no sangue.
este ponto deve ser o mais próximo possível da
- Hemograma  Diagnóstico da anemia
axila; para os homens – Tomou-se uma dobra
- Hipertensão Arterial  P.A.
diagonal na metade da distanciada linha axilar e
DADOS PSICOSSOCIAIS E ECONÔMICOS
a mama.
Foi verificado junto às famílias dos pesquisados
- Sub - Axilar (SA) Tomou-se uma dobra os costumes alimentares, Tabus alimentares,
vertical na linha axilar média ao nível do apêndice carências nutricionais e excessos calóricos
xifóidede no esterno;
introduzidos na dieta destas famílias; assim como
- Suprailíaca (SI) – Tomou-se uma dobra o poder econômico para podemos iniciar uma
ligeiramente oblíqua medida, mediatamente redução alimentar de acordo com as condições
acima do osso do quadril coincidente com uma financeiras de cada família destes pesquisados.
linha imaginaria descida da linha axilar anterior;
REEDUCAÇÃO ALIMENTAR
- Coxa (ex). Tomou-se uma dobra vertical na
Estimulamos os pesquisados para uma
região anterior da coxa na metade da distância adequação no estilo de vida mais saudável,
entre o quadril e as articulações do joelho;
mostrando alimentos mais nutritivos, orientando
- Perna (PR)- Tomou-se um dobra vertical principalmente a ingestão de frutas e verduras,
no lado medial da perna no local de maior como horários corretos para alimentação
circunferência.
e quantidades necessárias e adequadas,
informando sobre os “perigos” do consumo de
PROTOCOLOS UTILIZADOS: DENSIDADE (MC alimentos com alto teor calórico.
ARDLE, 1992)
66 Revista Pesquisa em Saúde
PROGRAMA DE ATIVIDADES
físicas
O programa de atividades físicas constou de:
 Exercícios de alongamento - 10 minutos.

Corrida moderada de 5 minutos como
aquecimento geral.
 Exercícios
envolvendo
atividades
recreativas para a formação e melhoria da
lateralidade, coordenação motora e velocidade de
deslocamento, totalizando 10 minutos.
 Ao final eram realizados atividades de
volta à calma com duração de 5 minutos.
 O programa teve duração de 3 meses e foi
realizado em 3 sessões semanais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela nº 1 Resultado da avaliação do
percentual de gordura médio.
valor encontrado através do teste t foi p =
0,037. Este valor é considerado estatisticamente
significativo, pois, para obter significância, o valor
de P deve ser menor que 0,05. Assim, concluímos
que em nível de significância de 5% (P< 0,05),
houve redução do percentual de gordura médio
do grupo.
Tabela nº 2 Resultado da avaliação do peso
corporal.
Na análise da tabela e do gráfico nº. 2
resultado da avaliação do peso corporal, o valor
encontrado foi P= 0,37, com este valor a um
nível de significância de 5% (P< 0,05) podemos
concluir que não houve redução do peso corporal
do grupo.Tabela nº 3 Resultado da avaliação da
gordura corporal
Na análise da tabela nº 3, resultado da
avaliação da gordura corporal, o valor encontrado
foi P= 0,43, em nível de significância de 5% ( P<
0,05) podemos concluir que não houve redução
da gordura corporal grupo.
Tabela nº 4 Resultado da avaliação do excesso
de gordura
Também na análise da tabela nº 4, resultado
da avaliação do excesso de gordura, o valor
encontrado foi P= 0,12, em nível de significância
de 5% (P< 0,05) podemos concluir que não houve
redução do excesso de gordura corporal do grupo.
Tabela nº 5 Resultado da avaliação da massa
corporal magra
Na análise da tabela nº 5, resultado da avaliação
da massa corporal magra, o valor encontrado foi
P= 0, 73, em nível de significância de 5% (P<
0,050 podemos concluir que não houve diferença
significativa na massa corporal magra do grupo
de alunos entre o pré e o pós teste.
Com relação à gordura corporal (em Kg),
comparamos a média do pré e pós-teste do
grupo, no qual o resultado (tabela a gráfico n°
O3) não foi estatisticamente significativo. Apesar
disso foi constatado uma redução da quantidade
da gordura em cada um dos alunos. Como
podemos exemplificar através de um dos alunos
que diminuiu a metade da espessura de quase
todas as dobras cutâneas, por exemplo, no préteste tinha 42 mm da espessura para supra-ilíaca
e no pós-teste estava com 21 mm.
Analisando o excesso de gordura, o resultado
(tabela e gráfico nº 4) não foi estatisticamente
significativo, e podemos nos valer da explicação
anterior. Contudo, os alunos não tiveram
acompanhamento nutricional para um melhor
controle alimentar. O que afetou os resultados
Revista Pesquisa em Saúde 67
no que diz respeito a uma maior redução da
quantidade de gordura para diminuir o excesso.
Uma outra possibilidade, é a freqüência da
cada aluno pois os mais assíduos foram os que
conseguiram melhores resultados. Isso porque
a prática regular é que vai repercutir com êxito
e almejar os benefícios do exercício físico,
quando nos reportamos à revisão de Iiteratura,
na qual citamos autoras como Dâmaso; Teixeira
& Nascimento (1994) e Mcardle; Katch & Katch
(1985), os quais dizem que os exercícios
físicos devem ser desenvolvidos de 3 a 4
vezes por semana, para que não haja perda de
condicionamento orgânico.
CONCLUSÕES
Após o programa de atividades físicas com
duração de 3 meses, 3 vezes por semana, houve
redução do percentual de gordura corporal,
individualmente em alguns alunos, e na média do
grupo, sendo que o peso corporal médio embora
tenha reduzido, não foi significativo, assim como o
peso gordo, do excesso de gordura e massa magra.
Os resultados embora pouco expressivos
sugerem que a atividade física com alongamento
e corridas velozes, são pouco eficazes para a
perda do peso corporal.
Outras pesquisas podem ser realizadas com
maior rigor no controle das variáveis
intervenientes, principalmente o controle da
ingesta alimentar.
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1985.v
Revista Pesquisa em Saúde 69
AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE NO ENVELHECIMENTO
AUTONOMY AND FLEXIBILITY IN AGING
Estélio H. M. Dantas, Ph.D. 1
Rejane Daoud, Ph.D. 1
Tania Santos Giani, Ph.D. 1
Mario Cezar Costa Conceiçao, Ph.D. 1
[email protected]
RESUMO
Apesquisa procurou um maior esclarecimento sobre
a autonomia e a flexibilidade no envelhecimento.
As principais bases de dados científicos (PubMed,
outras) foram consultadas para reunir um número
suficiente de casos (n=52) que confirmassem os
resultados comuns, sendo um trabalho analítico
descritivo. As palavras descritoras utilizadas foram
amplitude de movimento articular, autonomia
pessoal e atividade motora. São apresentadas
definições da flexibilidade e são descritos os
componentes que influenciam a autonomia no
envelhecimento. Faz-se referência à importância
da imagem corporal e da autoestima envolvidas
no processo de envelhecimento. Aborda-se o
trabalho da atividade física, em especial por
meio do treinamento da flexibilidade com idosos.
E, finalmente, são apresentadas diferentes
sugestões de trabalho para o desenvolvimento da
flexibilidade nos idosos.
Palavras-chave: Amplitude de movimento
articular, Autonomia pessoal e Atividade motora.
ABSTRACT
The survey sought greater clarification of the
autonomy and flexibility in aging. The scientific
databases (PubMed, others) were consulted to
gather a sufficient number of cases (n=52) to
confirm the common results, being a descriptive
and analytical work. The descriptors used were
range of motion, personal autonomy and motor
activity. We showed definitions of flexibility and
describe the components that influence autonomy
in aging. References are made to the importance of
body image and self-esteem involved in the aging
process. Approaches are made about the work
of physical activity, in particular through flexibility
training with the elderly. Finally, suggestions are
given different work to the development of flexibility
in the elderly.
Keywords: range of motion, personal autonomy,
motor activity.
INTRODUÇÃO
Embora o movimento seja inerente à condição
humana, desde a hora da concepção até o último
suspiro, percebe-se que muitas pessoas ao
envelhecerem abandonam-se à inércia devido
às restrições físicas e/ou psicossociais e às
mutações do próprio corpo. O desgaste biológico,
evidenciando-se com o avanço do tempo, pode
ser minimizado através do que se possui de
mais simples e, paradoxalmente, de tão grande
importância - o movimento - maior expressão da
interligação da pessoa com o mundo.
É preciso que o geronte, em princípio, sem lugar
definido no espaço social, recupere o seu papel
como parte integrante da sociedade. E mais, que ao
perceber-se possa, simultaneamente, perceber a
realidade circundante. O dia-a-dia, os prazeres, as
distrações, os compromissos relativos às pessoas
da terceira idade vão se restringindo à medida que
fatores de transformação do organismo alteram e
limitam seu desempenho e, conseqüentemente, o
bem-estar físico e/ou psíquico.
É preciso considerar que o envelhecimento
venha acontecer de forma mais amena. Para
tanto, as mediações entre o ambiente e o idoso,
enfim a interação entre ambos devem prevenir e
depois manter, em bom nível, as condições de
saúde e a autonomia do ancião. De posse de
semelhantes objetivos, entre os veículos mais
apropriados, destaca-se a atividade física.
ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO.
Com o envelhecimento, os problemas e as
dificuldades experimentados não devem causar
impedimentos à motricidade. Por outro lado, o
sedentarismo está entre os fatores que põem
em risco a saúde do indivíduo. A manutenção
deste estado pode propiciar distúrbios e
doenças irreversíveis. O bem-estar do idoso
não pode ser considerado simplesmente como
um estado físico. Será um processo contínuo
Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro – UNIRIO.
1
70 Revista Pesquisa em Saúde
de mudança e desenvolvimento, onde ele possa
suas atitudes ao longo do tempo. (CASTRO et al,
conservar e trabalhar suas energias, sua saúde 2009; REICHSTADT et al, 2010)
biopsicossocial, da melhor maneira possível e
O movimento abarca a totalidade do ser:
ajustar-se às mudanças e perdas decorrentes ultrapassa e vai além de melhorias aparentemente
do processo da senescência (ABREU, 2007; só motoras, associando-se aos desenvolvimentos
CARVALHO e ASSINI 2008). Deve-se observar cognitivos, volitivos e sociais. Os idosos mostrama necessidade de um programa de exercícios se mais abertos, emocionalmente equilibrados,
direcionado ao envelhecimento para quebrar ou bem humorados com atitudes positivas mediante
retardar o ciclo de degenerações (GIANI, 2005). os fatos da vida, o que contribui para o encontro
Os objetivos da atividade física devem voltar-se de uma nova identidade.
para o aumento da resistência cardiorespiratória, As atitudes de idosos em relação às atividades
composição corporal, flexibilidade, força muscular físicas e exercícios, apresentam melhoria no
e resistência (ELIA, 1991; CARVALHO e ASSINI, desenvolvimento de seus índices físicos e
2008). Cumpre, pois, observar com que método, psicológicos, onde podem minimizar o declínio,
qual freqüência, qual duração e qual intensidade conseqüência inevitável do envelhecimento
se obtêm resultados satisfatórios e benefícios biológico, devendo contribuir para um estilo de vida
que atendam ao grupo de idosos enfocando independente. No envelhecimento percebem-se
sua autonomia e flexibilidade, preferencialmente fatores como desanimo e restrições ao convivio
(CARVALHO e ASSINI, 2008; SIQUEIRA social tanto em homens como em mulheres sendo,
RODRIGUEZ et al, 2010).
para estas, mais predominante Se entende que a
Os programas das atividades devem ser prática de atividade física e exercícios aplicados
alegres, motivantes de forma a deixar os aos maiores de 60 anos pode contribuir para
senescentes à vontade e descontraídos. Após mudanças acentuadas nas atitudes existenciais
uma sessão de qualquer atividade espera-se dos idosos. (CASTRO et al, 2009)
que se sintam animados e descansados, com
Dentre as atividades físicas indicadas e
atenuação e até mesmo o desaparecimento da praticadas pelos idosos, destaca-se o trabalho de
angústia e da depressão. Porém, o exame médico flexibilidade, que apresenta grandes benefícios
obrigatório é ponto de partida para a prática de para um bom desempenho motor, aumentando
toda e qualquer atividade física.
a confiança na realização dos movimentos
corporais e, conseqüentemente, proporcionando
uma elevação da auto-estima e das autonomias
IMAGEM CORPORAL / AUTOCONCEITO
fisica, mental e social.
ATITUDE DO IDOSO
Flexibilidade e autonomia do idoso
A preocupação em construir a imagem corporal
não pode estar distante do que o corpo significa,
das suas dimensões e de sua totalidade. É preciso
que a expressão do corpo se traduza pelo registro
das reações emocionais, afetivas, conscientes ou
inconscientes, em face da percepção que o rodeia.
Através da exploração e experiências com seu
próprio corpo, o ser humano começa a diferenciar
suas capacidades e seus limites. Se o corpo
é considerado sem importância, insignificante,
então pode estar limitada a estrutura da autoestima ( REICHSTADT et al, 2010)
Ao atingir o envelhecimento surgem novas
transformações biológicas, sociais e psicológicas.
Observa-se como a autoimagem freqüentemente
perturba a integração total da personalidade. A
atividade física além de “trabalhar” o corpo e ser
saudável, ser um meio contra o isolamento social,
a solidão, a rejeição, reunir os mais velhos em
grupos com igual objetivo, age como incentivador
do autoconceito, influenciando na mudança de
A flexibilidade é uma qualidade física importante,
não só para atletas, que buscam um alto nível
de “performance” ou para pessoas que praticam
atividade física regularmente, mas também
para o desempenho de tarefas cotidianas e,
principalmente, para os idosos. Apresenta grande
relação com a qualidade de vida e o bem-estar do
ser humano. Está em íntima ligação com a sua
motricidade. ARAÚJO (1987) complementa: “(...)
níveis satisfatórios de flexibilidade e de potência
aeróbica máxima são provavelmente os itens
de aptidão física mais relacionados com uma
condição de saúde no homem.”
Segundo POLLOCK, WILMORE & FOXIII
(1993):
Uma satisfatória função musculoesquelética é essencial para a saúde e
função fisiológica perfeitas (...)Sem
estimulação apropriada, os ossos se
Revista Pesquisa em Saúde 71
enfraquecem pela perda da matriz óssea e do seu componente mineral. Osteoporose e fraturas da bacia e vertebrais
são freqüentemente o resultado deste processo(...) Agora está claramente reconhecido que força e flexibilidade muscular
inadequadas podem levar a desordens
musculo-esqueléticas sérias que resultam
em dor considerável, desconforto, perdas
no rendimento, incapacidade aumentada
e aposentadoria prematura (p.135).
As articulações são muito prejudicadas
com o avanço da idade e podem comprometer
seriamente o bom desempenho do aparelho
locomotor. Os ossos propiciam a sustentação
do corpo, protegem as estruturas vitais e
proporcionam um forte sistema de alavancas,
ligadas pelas articulações, com capacidade de
resistir às forças desenvolvidas pelos músculos,
os quais permitem a manutenção de diferentes
posturas e a locomoção (DOWNIE, 1987).
Os fatores que agem sobre a flexibilidade
sofrem grande desgaste com o processo de
envelhecimento, acentuando-se cada vez mais
e, por isso, cada tipo celular desempenha papel
especial para o bom funcionamento do organismo.
De grande importância são as células do tecido
conjuntivo e as fibras musculares. GUYTON e
HALL (2006) ao descrever o tecido conjuntivo
afirmam que as células fibroblastos, principais
responsáveis pela manutençao das estruturas,
possuem capacidade tensora e responsiva às
lesões oriundas das descontruções naturais –
processo de renovaçao tecidual.
As proteínas, colágeno e elastina, também
são importantes estruturas que contribuem para
a manutenção da integridade dos componentes
da articulação. De acordo com SHEPARD (1994)
o colágeno, com o avançar da idade, sofre
degeneração progressiva e se forças excessivas
forem aplicadas, pode-se desenvolver fibroses ou
depleção de estruturas inerentes ao conjuntivo.
Entre as fibras musculares (fáscias), reduz a
flexibilidade e aumenta a possibilidade de lesão.
Um decréscimo de cerca de 20% ocorre entre as
idades de 25 e 65 anos na quantidade de perda
funcional para flexão do quadril e da coluna
vertebral, resultado obtido a partir de um estudo
de Dantas (1997) que mediu a amplitude articular
que informa:
A taxa de deterioração provavelmente
acelera-se a partir dos 65 anos, sendo o
processo exacerbado por outras alterações
72 Revista Pesquisa em Saúde
estruturais incluindo a anquilose das articulações fibrocartilaginosas e osteoartrite. Um
fato importante a ser notado é que a relação
entre a flexibilidade e a função não é linear,
mas por outro lado mostra descontinuidades
importantes quando a amplitude de movimento não é mais adequada para se permitir a execução de tarefas específicas, tais como entrar
ou sair de uma banheira. Da mesma forma, se
um pequeno aumento da amplitude de movimento pode se desenvolver a partir de um regime de treino apropriado, isto pode resultar
em um ganho grande na qualidade de vida
(p.294).
Uma boa amplitude articular, que proporcione
condições para a execução dos movimentos
do dia-a-dia, leva à uma independência motora
do geronte e, conseqüentemente, à uma
maior disposição para enfrentar os desafios do
cotidiano. Os níveis de flexibilidade dependem
da articulação, dos ligamentos dos tendões,
dos músculos e da pele. Não só as articulações,
os ligamentos e os tendões podem limitar o
alongamento muscular, mas também o músculo
seria um dos fatores de restrição à amplitude
de movimento. Estudos realizados na área
da Motricidade Humana, pelo Laboratório de
Biociências da Motricidade Humana – LABIMH,
têm demostrado que exercícios específicos de
alongamento têm surtido efeito em relação à
flexibilidade de idosos, onde o aumento gradativo
da mesma pode melhorar o nível postural,
levando a uma diminuição no índice de lesões
provocadas por quedas decorrentes da falta de
equilíbrio (DANTAS, 1997; JULIE 2003)
O mesmo autor, em pesquisa realizada sobre
a preponderância da mobilidade articular ou da
elasticidade muscular na perda da flexibilidade
acarretada pelo envelhecimento, com 62
participantes subdivididos em dois grupos, o
primeiro com faixa etária entre 31 e 45 anos e,
o segundo, entre 61 e 75 anos (OMS), concluiu
que as variações da capacidade de flexibilidade,
decorrem das variações etárias. A perda de
flexibilidade durante o processo de envelhecimento
obteve um índice de 45,9% para a Mobilidade
Articular, enquanto a Elasticidade Muscular foi
responsável por 54,1% sobre o total da variação,
ou seja, a perda da flexibilidade com a idade devese mais à diminuição da Elasticidade Muscular.
Acrescenta, ainda, que à medida que se aumenta
a idade (faixa etária), diminuem-se as angulações
correspondentes às capacidades de mobilidade
articular e elasticidade muscular e vice-versa. Girar ou inclinar a
13,4
Flexão, extensão,
Este resultado vem corroborar com a hipótese cabeça
inclinação e rotação
da coluna cervical
de que os parâmetros relativos à flexibilidade são
Pegar
um
objeto
no
11,5
Flexão
de quadril
funcionais, numa visão de causalidade (causa e
chão
Flexão
da coluna
efeito), com a respectiva faixa etária.
lombar
O desuso pode contribuir para um decréscimo
Flexão de joelho
na amplitude de movimento (range of motion ROM) de uma articulação e limita o desempenho *Sentar em local de
* Movimento articular
das atividades diárias dos idosos.
realizado com menor
nível mais baixo em
PEREIRA (1997) ao comparar duas relação à altura de
participação
uma
cadeira
faixas etárias de 31 a 45 anos e 61 a 75 anos
(OMS) através das medidas de dez movimentos
O declínio funcional ocorre com a participação
articulares utilizando a goniometria, verificou que
dois destes movimentos, a rotação da coluna de vários sistemas acarretando perdas sensoriais,
cervical e a flexão de quadril, apresentaram maior de controle motor, entre outras. Muitos destes
comprometimentos são irreversíveis. A perda
perda em amplitude.
da mobilidade axial contribui grandemente para
o declínio funcional, que deve ser reconhecido
e trabalhado previamente. (RANTANEN, 2003;
SULANDER et al, 2006)
DIMINUIÇÃO DA AMPLITUDE ARTICULAR COM O AUMENTO DA IDADE
CRONOLÓGICA
13,34%
15,49%
11,14%
SUGESTÕES DE TRABALHO DE FLEXIBILIDADE PARA IDOSOS
8,54%
20,61%
6,40%
1,28% 4,07%
5,92%
4,67%
Rotação de coluna cervical
Extensão de joelho
Flexão de ombro
Abdução de ombro
Extensão de cotovelo
Flexão de quadril
Flexão de joelho
Adução de ombro
Flexão de cotovelo
Prono-supinação
A pesquisa definiu, também, os movimentos
diretamente envolvidos com a motricidade do
cotidiano (MoDEMOCs), apontados pelos idosos
como os de maior dificuldade de realização. Os
MoDEMOCs foram transformados em movimentos
articulares, chegando-se à conclusão que os
de maior dificuldade para os idosos são os que
solicitam mais as articulações do quadril e do
joelho, de acordo com o quadro que se segue.
Dificuldade
para
a
realização
MoDEMOCs em 52 idosos
MoDEMOCs
*Sentar em local de
nível mais baixo
Total ( % )
Movimentos
articulares
25
Flexão de quadril
Flexão de joelho
Calçar os sapatos
17,3
Flexão de quadril
Flexão de joelho
Dorsiflexão de
tornozelo*
Flexão da coluna
torácica*
Descer escada
17,3
Flexão de quadril
Flexão de joelho
Dorsiflexão de
tornozelo
Subir degrau
15,3
Flexão de quadril
Flexão de joelho
dos
Para a manutenção dos níveis de flexibilidade
recomenda-se o trabalho de alongamento.
Para proporcionar um aumento da flexibilidade,
o flexionamento ativo é indicado, porém,
respeitando-se as condições fisiológicas dos
idosos, muitas vezes desfavoráveis, o que torna
as articulações mais vulneráveis.
Os exercícios com permanência na posição
com o objetivo de aumentar o arco articular
(flexionamento passivo) não são indicados para
o trabalho com idosos, pois podem dificultar o
retorno à posição inicial provocando lesões nas
articulações e, ainda os exercícios de soltura
devem ser realizados com cuidado e com o
objetivo de relaxar a musculatura após o trabalho.
Os movimentos que envolvem as articulações
de quadril e joelho devem merecer especiais
atenções e, por isso, mais trabalhadas nas
sessões de flexibilidade. Através da experiência
profissional e da declaração de vários idosos,
sabe-se que muitos sentem grande dificuldade em,
por exemplo, sentar no chão, entrar numa piscina
ou ultrapassar um obstáculo com segurança,
causando-lhes a sensação de dependência e falta
de autonomia para realizar alguns dos movimentos
rotineiros ou em participar de momentos de lazer.
Revista Pesquisa em Saúde 73
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Revista Pesquisa em Saúde 75
Seção Ensaios
IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
A terapia antiretroviral de alta atividade (HAART) representa a principal estratégia farmacológica
empregada no gerenciamento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Muito embora
tenha possibilitado reconstituição imunológica e aumento da sobrevida do indivíduo vivendo com HIV/
aids, os efeitos colaterais têm significativa repercussão nos vários sistemas. Ocorre, por exemplo,
acúmulo de gordura na região do abdômen, perda de gordura nos braços e pernas e distúrbio no
metabolismo dos lipídios.
Esse conjunto de alterações tem sido denominado como lipodistrofia. A lipodistrofia provocada
diretamente pela HAART e secundariamente pela inatividade física repercute negativamente nas
concentrações sanguíneas de colesterol, triglicerídeos e de glicose, e pode também alterar a pressão
arterial. Isso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares nos indivíduos vivendo com HIV/aids.
Por outro lado, a manutenção do peso corporal pode ser devido ao incremento do tecido gorduroso
com decréscimo da massa muscular e óssea. O decréscimo da massa muscular tem sido empregado
como preditor de agravamento do quadro clínico, causando fraqueza, incapacidade e morte.
Os exercícios com pesos melhoram o peso corporal, massa muscular, força muscular e diminuem
a gordura intra-abdominal. A força muscular é responsável por 58% da velocidade de caminhada de
indivíduos vivendo com HIV/aids. Além disso, é preditora de depressão, qualidade de vida, capacidade
cardiorespiratória, contagem de linfócitos e de CD4+, e, sobretudo da capacidade funcional para realizar
as atividades da vida diária e de alguns parâmetros sanguíneos. Essa importância é proporcional ao
histórico de complicação, sugerindo que os indivíduos com maior gravidade, mais se beneficiam. Os
exercícios com pesos também representam a mais importante estratégia coadjuvante na terapêutica
de indivíduos vivendo com HIV/aids devido ao fato de possibilitar restauração e aumento da massa
muscular que se constitui em reservatório essencial de energia para muitas funções do corpo.
Por sua vez, os exercícios aeróbicos podem melhorar a capacidade cardiorespiratória em até 24%.
O conjunto de benefícios proporcionado pelos exercícios aeróbicos e com pesos poderia minimizar os
efeitos deletérios dos medicamentos e dos quadros de infecção oportunista e possibilitar o retorno mais
rápido às funções diárias normais no período pós-supressão imunológica, sobretudo nos indivíduos
com histórico de agravamento do quadro clínico.
Por outro lado, o programa de exercícios não provoca influência sobre a contagem de CD4+ e
a carga viral independente da intensidade. Isso sugere que os exercícios de intensidade vigorosa
não provocariam imunocomprometimento. No entanto, são contra-indicados para os indivíduos que
desenvolveram aids, e deveriam ser cuidadosamente recomendados nos demais.
Outro aspecto importante está associado aos fatores psicológicos. Os sintomas depressivos
influenciam a satisfação sexual, a qualidade de vida e a capacidade funcional para realizar as
atividades da vida diária, provocando um ciclo virtuoso. As oportunidades de interação social e a vida
independente diminuem progressivamente à medida que os indivíduos tornam-se menos fisicamente
ativos. Isso pode provocar isolamento, depressão, perda de papéis profissionais e sociais, que por sua
vez, poderiam contribuir para a progressão da doença.
Nesse caso, a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo pode, notadamente, servir como
estratégia simples e barata para o gerenciamento da doença e, especialmente, para a melhora da
qualidade de vida dos indivíduos vivendo com HIV/aids.
Prof. Dr. Vagner Raso
Professor-adjunto do Programa de Mestrado em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão
Social da Anhanguera-UNIBAN
Pesquisador-associado das Faculdades de Educação Física e de Medicina da Universidade do
Oeste Paulista (UNOESTE)
Pós-doutorando pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPMUNIFESP) e doutor e mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Revista Pesquisa em Saúde 79
Seção Resenhas
COACHING
Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto
Neste número, resolvi trazer uma contribuição a partir de uma temática que tem amplas possibilidades
de se tornar, no Brasil, uma temática de grande expansão em todos os seguimentos profissionais
da sociedade. A prova disso é que, em muitos e importantes países no mundo, a mesma é tratada
com altíssima relevância em todas as áreas do conhecimento, sendo procurada por profissionais de
diversos setores e, em particular, no mundo dos negócios. Por esta razão, vejo a área da saúde como
uma área que também se apropriará dela. Estou falando da temática COACHING. Neste momento,
recomendo a leitura da obra Coaching – um guia essencial ao sucesso do Coach, do Gestor e de
quem quer ser ainda mais feliz. Obra de autoria de Maggie João, Executive e Life Coach, acreditada
pelo Instituto Internacional de Coaching e pela Academia de Coaching Executivo. Atualmente, esta
autora é responsável pelo Instituto Internacional de Coaching em Portugal. Oriunda da área da
engenharia, esta autora residiu em 12 países e praticou Coaching em mais de 10 países, o que a
credencia a nos proporcionar uma obra que traz conceitos, modelos, competências, princípios e como
conduzir a atuação em Coaching. É uma obra que realmente vale a pena ser lida por aqueles que
apresentam curiosidade e/ou interesse em ter iniciação ou ainda aqueles que pensam em aprofundar
suas reflexões a respeito do Coaching.
*Obra editada pela editora SmartBook (www.smartbook.pt) – ISBN 978-989-8297-70-9
Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto
Revista Pesquisa em Saúde 83
Seção Resumos: Produção
Acadêmica
A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA (ESF).
THE IMPORTANCE OF PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN THE FAMILY HEALTH STRATEGY
(FHS).
Adriano Nunes
Gisele de Brito
RESUMO
O objetivo desta pesquisa bibliográfica foi o de descrever a respeito das possíveis influências do
professor de Educação Física, para a qualidade de vida e saúde da comunidade, através das
políticas públicas de saúde materializadas pelo Programa Saúde da Família (PSF). Este estudo
abordou publicações entre os anos de 1995 a 2011, por intermédio de buscas sistemáticas,
utilizando os bancos de dados eletrônicos: Medline, Science Direct, Saúde Total, Biodelta, Scielo
e o acervo bibliográfico disponível na biblioteca da Universidade do Estado do Pará. O PSF, que é
a consolidação dos princípios e diretrizes da Estratégia Saúde da Família (ESF), vem fugindo do
modelo assistencialista, orientado para a cura de doenças por meio de tratamento individualizado.
Desta forma, o PSF propôs a reorganização deste modelo, visando à integralidade da atenção à
saúde. A organização da atenção básica trata as pessoas, controla as doenças crônicas, diminui a
solicitação de exames desnecessários, racionaliza os encaminhamentos para os serviços de maior
complexidade, reduz a procura direta aos atendimentos de urgências e hospitalares. Atualmente,
a atividade física, em especial o exercício regular e orientado, contribui para um estilo de vida
saudável, minimizando os fatores de risco que acometem a população (sedentarismo), tornando-se
uma medida preventiva contra várias patologias. Assim, o Professor de Educação Física assume
um papel fundamental para a aquisição de um estilo de vida ativo. Contudo, baseado nos resultados
deste estudo, conclui-se que a inclusão do professor de Educação Física, na equipe multiprofissional
do PSF, é de fundamental importância para se atingir as diretrizes e princípios do programa.
Palavras-chave: Programa Saúde da Família; Exercício, Saúde e Qualidade de Vida; professor de
Educação Física.
ABSTRACT
The objective of this bibliographic research was to describe about the possible influences of physical
education teacher for the community quality of life and health, through the public health policies
materialized by The Family Health Program FHP. This study addressed publications between the years
1995 to 2011, through systematic researches using electronic databases: Medline, Science Direct,
Saúde Total, Biodelta, Scielo and the bibliographic collection available at the library of the University of
the State of Pará. The FHP, which is the consolidation of the principles and guidelines of Family Health
Strategy (FHS), has been running away of the welfare model, oriented towards the curing of diseases
through individualized treatment. In this way, the FHP proposed the reorganization of this model,
aiming the entirety of healthcare. The Organization of basic care treats people, controls the chronic
diseases, reduces the unnecessary exams request, rationalizes the routing to the more complexity
services, reduces the direct search for the emergency and hospital attendances. Currently, regular
and oriented physical activity contributes to a healthy life style, minimizing the risk factors which attack
the population (sedentary) becoming a preventive measure. Thus, the Physical Education teacher
assumes a key role in the acquisition of an active lifestyle. However, based on the results of this study,
it is concluded that the inclusion of Physical Education teacher in multiprofessional team of FHP has a
fundamental importance for achieving the principles and guidelines of the program.
Keywords: Family Health Program; Exercise, health and quality of life; Physical Education teacher.
Revista Pesquisa em Saúde 87
PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ALUNOS DA 5° A 7° SÉRIE DO COLÉGIO
IPIRANGA, BELÉM-PA
PREVALENCE OF OVERWEIGHT AND OBESITY IN STUDENTS OF 5th TO 7th GRADES OF
IPIRANGA’s SCHOOL, BELÉM-PA
Moises Costa da Silva
Rodolfo de Azevedo Raiol
RESUMO
A Obesidade é uma das doenças que mais cresce no mundo, trazendo como consequências, graves
problemas de saúde. A presente pesquisa documental do tipo descritivo, com delineamento transversal,
tem o objetivo de analisar a prevalência de sobrepeso e obesidade entre alunos da escola Ipiranga,
Belém-Pa. Portanto, foram avaliadas as fichas de 160 alunos de ambos os sexos e idade entre 09 e 16
anos, matriculados da 5° a 7° série do Ensino Fundamental, sendo 85 (53,1%) meninos e 75 (46,9%)
meninas. Foram analisados valores referentes à massa corporal e estatura. O IMC de todos os alunos
foi calculado por meio da divisão da massa corporal/(estatura)², sendo a massa corporal expressa em
Kg e a estatura em metros (m). Os resultados foram interpretados por parâmetros da Organização
Mundial de Saúde OMS -2006/2007 - utilizando gráficos e tabelas para estatura, peso e estatura
para idade. Pelos parâmetros da OMS - 2006/07- as crianças e adolescentes foram classificadas da
seguinte forma em percentil: baixo peso (IMC percentil < 3), normopeso (15 percentil ≤ IMC percentil ≤
85), sobrepeso (IMC>percentil 85 e ≤ 97) e obeso (IMC > percentil 97). Encontrou-se uma prevalência
alta de sobrepeso e obesidade: 22,5% e 19,4%, respectivamente. Em relação ao sexo, os homens
tiverem uma prevalência maior de sobrepeso (28,0%) e obesidade (29,3%) em relação às mulheres
(15% e 9%), respectivamente. Assim, conclui-se que os altos valores de sobrepeso e obesidade,
observados entre os alunos da escola Ipiranga, principalmente entre os indivíduos do sexo masculino,
servem como forma de alerta, para indicar a necessidade de intervenção por parte de profissionais da
área da saúde em meio escolar.
Palavras-Chave: Prevalência; Sobrepeso; Obesidade; Escolares.
ABSTRACT
Obesity is one of the fastest-growing diseases in the world, bringing as consequences, serious health
problems. This documental research of descriptive type, with transversal design, has as objective to
examine the prevalence of overweight and obesity among school students from Ipiranga’s School,
Belém-PA. Therefore, there were analyzed 160 students sheets of both sexes and ages between 09
and 16 years old, registered from 5° to 7° ‘s grades of elementary school, being 85 (53,1%) boys and
75 (46.9%) girls. There were analyzed values of body mass and stature. The BMI of all the students
was calculated by dividing the body weight/(stature) ², being the body weight in kilograms and height
in meters (m). The results were interpreted by parameters of World Health Organization - 2006/2007
- using graphs and tables to stature, weight and stature for age. By the parameters of WHO - 2006/07
- children and adolescents were classified as follows in percentile: underweight (BMI percentile < 3),
normoweight (15 percentile ≤ WHO percentile ≤ 85), overweight (BMI > 85 percentile and ≤ 97) and
obese (BMI > 97 percentile). It was found a high prevalence of overweight and obesity: 22.5% and
19.4%, respectively. In relation to sex, men have a higher prevalence of overweight (28.0%) and obesity
(29.3%), compared to women (15% and 9%), respectively. Thus, it is concluded that the high values of
overweight and obesity, observed among students of Ipiranga’s School, mainly among males schoolars,
serve as a way to alert, to indicate the need of intervention by health professionals in school environment.
Keywords: Prevalence; Overweight; Obesity; Schoolchildren.
88 Revista Pesquisa em Saúde
PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE 06 A 10
ANOS DA REDE MUNICIPAL DA SEDE DA CIDADE DE MUCAJAI – RR
PROFILE OF NUTRITIONAL STATUS OF ELEMENTARY SCHOOL FOR THE 10 YEARS OF THE
NETWORK 06 MUNICIPAL HEADQUARTERS OF CITY OF MUCAJAI – RR
Carlos Antonio Feu Galiasso
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo analisar o Estado Nutricional de escolares entre 06 a 10 anos
da rede Municipal da Sede de Mucajaí-RR. Participaram do estudo 283 crianças (127 meninos e 156
meninas). A avaliação do estado nutricional foi realizada segundo os critérios de Warterlow (1976),
empregando o padrão de referencia do NCHS, por meio do software PED, Programa de Avaliação
do Estado Nutricional em Pediatria, desenvolvido pelo Centro de Informática em Saúde da Escola
Paulista de Medicina. Para tanto, utilizou-se da estatística descritiva, distribuição em percentis e
frequências. De acordo com as evidencias encontradas no presente estudo, percebe-se que os índices
sobressaem para a prevalência de desnutrição (desnutrido crônico, desnutrido pregresso, desnutrido
atual, 46,29%), sendo mais de quatro vezes superiores à prevalência do excesso de peso (sobrepeso,
obeso, grande obeso, 10,24%), e para o eutrofismo (43,46%). Quanto ao gênero, verificou-se maior
proporção de desnutrição no sexo feminino (47,44% vs 44,88%), excesso de peso mais elevado,
também no sexo feminino (13,46% vs 6,30%), e maior adequação nutricional no sexo masculino
(48,82% vs 39,10%). Quanto ao gênero e idade, as evidências encontradas apontam que a maior
proporção de desnutridos encontra-se no sexo masculino na idade de 07 anos (56,26%), de excesso
de peso no sexo feminino na idade de 9 anos (20,51%) e de eutróficos no sexo masculino na idade
de 6 anos (68,00%). A partir do exposto, conclui-se que os escolares da rede municipal da Sede de
Mucajaí-RR, não têm acompanhado o processo de transição nutricional do país.
Palavras-chave: Estado nutricional; Escolares; Rede Pública.
ABSTRACT
The present study had as objective to analyze the nutritional status of schoolchildren between 10 to
06 years old of the Municipal network of the Centre of Mucajaí-RR. Had participated in the study 283
children (127 boys and 156 girls). The evaluation of nutritional status was realized according to the
criteria of Warterlow (1976), using the NCHS reference standard, through the PED software, Nutritional
State Assessment Program in Pediatrics, developed by the Centre for Health Informatics from the
Medicine Paulista’s School. To do so, we used the descriptive statistics, distribution in percentiles and
frequencies. According to the evidences found in the present study, it is noted that the indexes overhang
to the prevalence of malnutrition (chronic, malnourished, earlier malnourished current malnourished,
46.29%), which is more than four times higher than the prevalence of overweight (overweight, obese,
big obese, 10.24%), and to eutrophic (43.46%). About the gender, it was verified a greater proportion
of malnutrition in female (47.44% vs 44.88%), overweight higher, also in female (13.46% x 6.30%),
and increased nutritional adequacy in males (48.82% vs 39.10%). About the gender and the age, the
evidences found pointed out that the largest proportion of malnutrition were found in males at the age
of 07 years (56.26%), overweight in female at the age of 9 years (20.51%) and eutrophic in males at
the age of 6 years (68.00%). From the above, it is concluded that the schoolchildren of the Municipal
network the municipal of the Centre of Mucajaí-RR have follow the country’s nutritional transition
process.
Keywords: Nutritional Status; Schoolchildren; Public Network.
Revista Pesquisa em Saúde 89
PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO MOTORA DOS ESCOLARES DO CENTRO
DE ALTERNÂNCIA DO CAMPO CHICO MENDES NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL/TO,
BRASIL.
PROFILE OF NUTRITIONAL STATUS AND MOTOR EVALUATION OF SCHOOLCHILDREN FROM
THE ROTATION CENTER OF THE CHICO MENDES FIELD IN THE PORTO NACIONAL CITY/TO,
BRAZIL.
Diógenes Gonçalves Albuquerque Filho
RESUMO
Este trabalho visou traçar o perfil do estado nutricional e motor dos escolares do Centro Educacional
de Alternância de Campo Chico Mendes no Município de Porto Nacional no Estado de Tocantins,
envolvendo crianças na faixa etária de 7 a 10 anos. A amostra constitui-se de 30 alunos, sendo 10
meninas (n= 10) e 20 meninos (n= 20). Para verificação do peso corporal e estatura utilizou-se uma
balança de marca filizola de plataforma com capacidade máxima para 150 kg, com uma trena de
subdivisão 0,1cm. Para a avaliação do estado nutricional utilizou-se o PED, classificando a amostra
segundo critérios de Waterlow (1976), empregando como padrão de referência o NCHS. Para a
obtenção do desenvolvimento motor foi utilizado o protocolo proposto por Ulrich (2000), através do
Test Of Gross Motor Development Second Edition. (TGMD-2). O Estado Nutricional geral apresentou
o seguinte resultado: 23% desnutrido atual, 20% desnutrido pregresso, 14% desnutrido crônico, 40%
eutrófico, 3% obesos e 0% para grande obeso. No resultado geral da Avaliação motora através do
TGMD 2, observou-se que 7% estão acima da média, 63% estão na média, 17% estão abaixo da
média, 10% estão na categoria pobre e 3% são muito pobres. Concluiu-se que as crianças avaliadas
se apresentaram dentro das médias, tanto no aspecto nutricional, quanto motor, de outros estudos
realizados na zona rural no Brasil.
Palavras-chave: Crescimento, Estado Nutricional, Desenvolvimento Motor.
ABSTRACT
This work aimed to trace the profile of the nutritional and motor status of the schoolchildren of Educational
Rotation Center of Chico Mendes Field in the Porto Nacional city, in the State of Tocantins, involving
children aged from 7 to 10 years. The sample is formed of 30 students, being 10 girls (n = 10) and 20
boys (n = 20). For verification of body weight and stature it was used an scale platform from Filizola
with maximum capacity for 150 kg, with a measuring tape of 1 cm subdivision. For the assessment
of nutritional status it was used the PED, sorting the sample according to criteria of Waterlow (1976),
using as reference the NCHS. For obtaining the motorcycle development it was used the Protocol
proposed by Ulrich (2000), through the Test Of Gross Motor Development Second Edition. (TGMD-2).
The general Nutritional status presented the following result: 23% current malnourished, 20% previous
malnourished, 14% chronic malnourished, 40% eutrophic, 3% obese and 0% for large obese. The
overall result of the motor Evaluation through TGMD 2, it was noted that 7% are above average, 63%
are on average, 17% are below average, 10% are in the poor category and 3% are very poor. It was
concluded that the assessed children were on the averages, as in the nutritional aspect, as motor, of
other studies realized in rural area in Brazil.
Keywords: Growth, Nutritional Status, Motor Development.
90 Revista Pesquisa em Saúde
A APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL, A CAPACIDADE FUNCIONAL E A QUALIDADE DE VIDA DE
IDOSAS SUBMETIDAS AO PROGRAMA MENOPAUSA EM FORMA EM BELÉM – PA – BRASIL
THE FUNCTIONAL PHYSICAL FITNESS, FUNCTIONAL CAPACITY AND QUALITY OS LIFE OF
ELDERLY WOMEN UNDERGOING TO MENOPAUSE IN FORM PROGRAM IN BELEM – PA BRAZIL
César Santos
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do programa de atividades físicas (dança e caminhada)
do Programa Menopausa em Forma em Belém – PA – Brasil sobre a aptidão física funcional, a
capacidade funcional e a qualidade de vida de idosas. O presente estudo, de caráter longitudinal, se
constitui como sendo uma pesquisa quase-experimental e correlacional. Partindo de uma população
de, aproximadamente, 9000 idosos, após a primeira avaliação, realizada por uma equipe de Médicos
Clínicos, Geriatras e Psicólogos, e o crivo dos critérios de inclusão e exclusão, a amostra contou com
um quantitativo de 347 idosas, não institucionalizadas, pós-menopáusicas, pertencentes à Casa do
Idoso no município de Belém, situado no estado do Pará, Brasil. Estas mulheres foram divididas em dois
grupos, de acordo com sua livre escolha, e desenvolveram atividades de dança e caminhada durante
dez meses. Entretanto, ao longo do estudo, houve uma perda amostral de 24 indivíduos, findando o
estudo com um n= 323 (idade=69 ±5,53 anos). Os protocolos utilizados na avaliação das variáveis
foram: a Bateria de Fullerton Functional Fitness test de Rikli & Jones para a avaliação da aptidão física
funcional; os índices de Lawton e de Katz para avaliação da capacidade funcional; a escala de Tinetti
para avaliar o risco de queda, envolvendo o equilíbrio corporal e marcha e o questionário WHOQOLOLD para a avaliação da qualidade de vida. Foi utilizada estatística descritiva (média, desvio-padrão,
freqüências absolutas e relativas) e inferencial: Kolmogorov Smirnov (normalidade); Wilcoxon (análise
intra-grupo) e o teste de correlação de Spearman (associação entre as variáveis). Nos resultados
puderam-se observar resultados significativos, no pós-teste, nas variáveis: teste de levantar e sentar
da cadeira em 30 segundos (∆%= 11,68%; p= 0,0001); flexão de antebraço (∆%= 9,01%; p= 0,0001);
marcha estacionária de dois minutos (∆%= 2,22%; p= 0,0001); teste de sentado, caminhar 2,44m e
tornar a sentar (∆%= 0,41%; p= 0,045) e qualidade de vida geral (∆%= 9,19%; p= 0,001). Todas as
demais variáveis da aptidão física obtiveram resultados satisfatórios, não-significativos, e a capacidade
funcional e equilíbrio corporal não sofreram alterações. Estes dados podem estar relacionados com
algumas limitações do estudo, como a falta de controle da dieta, a não distribuição randomizada de
dois grupos e a falta de controle dos níveis de atividade física habitual. Desta forma pôde-se inferir que
as atividades físicas do Programa Menopausa em Forma repercutiram em melhoras significativas na
capacidade funcional e na qualidade de vida de idosas menopausadas.
Palavras-Chaves: Aptidão física funcional; Capacidade funcional; qualidade de vida; Idosas; Atividades
físicas.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the effect of physical activity (dance and walking) of the Menopause
in Forma Program in Belém - PA - Brazil on functional physical fitness, functional capacity and quality of
life of elderly women. This study was longitudinal in nature, constitutes itself as an almost-experimental
and correlational research. From a population of approximately 9000 elderly, after the first assessment,
conducted by a team of Clinicians, Psychologists and Geriatrics, and the scrutiny of inclusion and
exclusion criteria, the sample had an amount of 347 elderly, non-institutionalized, postmenopausal,
belonging to the House for the Elderly in the city of Belém, located in Para State, Brazil. These women
were divided into two groups according to their free choice, and developed activities of dance and walk
during ten months. However, throughout the study, there was a sample loss of 24 individuals, ending
the study with an n= 323 (age= 69 ± 5.53 years). The protocols used in the evaluation of the variables
were: Battery Fullerton Functional Fitness Test of Rikli and Jones for the assessment of functional
physical fitness; indices Lawton and Katz for functional capacity evaluation; the Tinetti scale to assess
the falling risk, involving the body balance and march and WHOQOL-OLD for assessing the quality of
Revista Pesquisa em Saúde 91
life. Descriptive statistics were used (mid, standard deviation, absolute and relative frequencies) and
inferential statistics: Kolmogorov Smirnov (normality), Wilcoxon (intra-group analysis) and Spearman
correlation test (association between variables). In the results could be observed significant results in
the post-test, on the variables: 30-s chair stand test (Δ%= 11.68%, p= 0.0001), Arm curl test (Δ= 9.01%,
p= 0.001), 2-min step test (∆%= 2.22%; p= 0.0001), 8-ft up-and-go (∆%= 0.41%; p= 0.045) and overall
quality of life (Δ%= 9.19%, p= 0.001). All the other variables of physical fitness achieve satisfactory
results, non-significant, and functional capacity and body balance did not change. This database can
be related to some limitations of the study as lack of diet control, the non random distribution of the
two groups and the lack of control in habitual physical activities levels. Thus one could infer that the
physical activities of the Menopausal in Form Program echoed in significant improvements in functional
capacity and quality of life of older postmenopausal.
KeyWords: Functional physical fitness; Functional capacity; Quality of life; Elderly; Physical activities.
92 Revista Pesquisa em Saúde
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Revista Pesquisa em Saúde 95
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