Capas Revista N 6_30_04_2012_FINAL.cdr
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Revista No 6, 7, 8, 9 e 10 Editora Conhecimento & Ciência No 6, 7, 8, 9 e 10 1o Semestre de 2012 PESQUISA EM SAÚDE - BELÉM - PARÁ - No 6, 7, 8, 9 e 10 - 2012 ISSN 1518-7799 Pesquisa em Saúde é uma Publicação Científica anual de responsabilidade da Editora Conhecimento & Ciência Ltda. REVISTA PESQUISA EM SAUDE - BELÉM - PARÁ CONHECIMENTO & CIÈNCIA Ltda, 2012. ANUAL ISSN: 1518-7799 1. Saúde. 2. Saúde - Pesquisa CDD. 21 ed. 613 613.072 Diretores Ricardo Figueiredo Pinto, Dr Danyel Furtado Tocantins Alavres Diretor Científico Ricardo Figueiredo Pinto, Dr Conselho Editorial Ademir de Marco, Dr – UNICAMP Antônio Augusto Teixeira da Costa, Dr – ULHT/ PT Carlos Alexandre Felício Brito, Dr – USCS/ UNISA César Augusto de Souza Santos - UEPA Dartagnan Pinto Guedes, Dr – UEL Elizabeth Pessoa Gomes da Silva, Dra – UNAMA Estélio Henrique Martin Dantas, PhD. – UNIRIO José Fernandes Filho, Dr. – UFRJ Jorge Proença – ULHT/ PT Miguel Videira Monteiro, Prof. Cat. - UTAD Regina Maria Rovigati Simões, Dra. - UFTM Vagner Raso, Dr. – UNIBAN Silvio Romero Buarque de Gusmão, Dr. – UEPA Suely Salgueiro Chacon, Dra. – UFC Wagner Wey Moreira, Dr. - UFTM Jornalista e Editora-Chefe Mariela Ferreira de Santana, Ms. Capa, Diagramação e Design Marivaldo da Cruz Silva Rômulo Silva Pinheiro Editora Conhecimento & Ciência Ltda Trav. Padre Eutiquio, N 1730 - Edificio Ebenezer Eloi, esquina com Mundurucus - Bairro Batista Campos. CEP: 66033-720 Fones: (91) 3229-5240/ 3249-9492/ 8315-2662 e-mail: [email protected] www.conhecimentoeciencia.com Belém- Pará- Brasil EDITORIAL Prezados leitores Toda vez que finalizamos a edição de mais um número de nossa revista, nos sentimos estimulados a prosseguir nesta difícil missão de receber, organizar, fazer a editoração, produzir e, finalmente, divulgar a produção de conhecimentos científicos para uma comunidade acadêmica cada vez maior, mais interessada e mais exigente em conhecer novas produções de Pesquisa em Saúde. Chegamos à mais uma edição de nossa revista e já estamos trabalhando muito para, em breve, em novembro de 2012, lançarmos a próxima edição. Para nós, é importante informar que mantivemos a classificação Qualis Capes no extrato B5, apesar de sempre estarmos buscando classificações e indexações melhores. Porém, temos que reconhecer que ainda temos muito a melhorar e que nossa meta, de uma melhor classificação, certamente virá na próxima avaliação. Convidamos a todos a lerem o conteúdo destes números e que, com isso, se sintam estimulados a nos enviar novas propostas para o próximo número, que tem como data limite de recebimento das propostas de publicações o próximo mês de agosto de 2012, o qual será lançado no II FÓRUM INTERNACIONAL DE CONHECIMENTO & CIÊNCIA, a ser realizado no período de 15 a 17.11.2012, em Belém-Pará, quando nossa editora estará comemorando 12 anos de existência. Queremos convidar, em especial, os professores e pesquisadores interessados nos estudos e diferenças da Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, que mandem suas propostas de publicação, pois o próximo número e o evento referido anteriormente darão destaque especial a esta temática. Desejamos a todos bom aproveitamento dos conteúdos aqui apresentados. Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto Diretor Científico SUMÁRIO SEÇÃO ARTIGOS O USO DO PEELING QUIMICO E MECÂNICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA THE USE OF CHEMICAL AND MECHANICAL PEELING: A LITERATURE REVIEW Catharine de Almeida Valle - ESAMAZ Mayara Caroline de Menezes Gomes - ESAMAZ 9 RECONFIGURANDO A TECLA “DOWN (↓)” DO COMPUTADOR HUMANO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PALAVRA. RECONFIGURE KEY “DOWN (↓)” HUMAN COMPUTER: A DISCURSIVE ANALYSIS OF THE WORD Carlos Alberto Araujo Veras - UNAMA. Elizabeth Pessôa Gomes da Silva - UNAMA. 15 ANÁLISE ERGOESPIROMÉTRICA COMPARATIVA ENTRE MULHERES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA 21 COMPARATIVE ERGOSPIROMETRY ANALYSIS WITH WOMEN THAT PRACTICE AND NOT PRACTICE PHYSICAL ACTIVITY Renato Caldas dos Santos - CESUPA Ana Luiza Pinto da Costa Pereira - CESUPA Bárbara de Mattos Pimentel - CESUPA Wiviane Maria Torres de Matos - CESUPA A IMPORTÂNCIA DA BOLA SUÍÇA NO TREINAMENTO DE DANÇA PARA 26 ADULTOS INICIANTES THE IMPORTANCE OF SWISS BALL IN DANCE TRAINING TO ADULT BEGINNERS Mariela Ferreira de Santana - ULHT/ PT PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA PROPOSTA INTERVENTIVA DE 31 SAÚDE SOCIAL SOCIAL SPORT PROJECT: A SOCIAL HEALTH INTERVENING PROPOSAL Tibério Costa José Machado - LECSU. Angelo Vargas - LECSU DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN DE 06 A 10 ANOS. MOTOR DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH DOWN SYNDROME FROM 6 TO 10 YEARS Edvânia Albuquerque Feitoza - ULHT/ PT Pedro Aderbal Souza Sobrinho - ULHT/ PT 37 IDENTIFICAR O PERFIL DOS DOADORES E DA DOAÇÃO DE SANGUE DO ESTADO DO AMAPÁ: PROPOR ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO. TO IDENTIFY THE PROFILE OF DONORS AND DONATION OF BLOOD OF AMAPÁ STATE: TO PROPOSE STRATEGIES OF LOYALTY Ivonete Ferreira Maciel - HEMOAP 43 META-ANÁLISE: RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E APTIDÃO AERÓBIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. 49 META-ANALYSIS: RELATIONSHIP BETWEEN REGULAR PHYSICAL ACTIVITY AND AEROBIC FITNESS IN CHILDREN AND ADOLESCENTS António Cortinhas - UTAD José Carlos Leitão - UTAD Helena Moreira - UTAD CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO VIGISUS II PARA A 54 ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO ESTADO PARÁ. CONTRIBUTIONS OF VIGISUS II PROJECT FOR STRUCTURE THE HEALTH MONITORING IN STATE OF PARA Milena Farah Damous Castanho Ferreira - UEPA/SESP 59 ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO: CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE JUVENIL PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITION: CONTRIBUTIONS IN THE PREVENTION OF YOUTH OBESITY Lucia Cristina Abrantes - ULHT/ PT AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE NO ENVELHECIMENTO 70 AUTONOMY AND FLEXIBILITY IN AGING Estélio H. M. Dantas - UNIRIO/ LABIMH Rejane Daoud - UNIRIO/ LABIMH Tania Santos Giani - UNIRIO/ LABIMH Mario Cezar Costa Conceiçao - UNIRIO/ LABIMH SEÇÃO ENSAIOS IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Prof. Dr. Vagner Raso - UNIBAN 79 SEÇÃO RESENHAS COACHING Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto 83 SEÇÃO RESUMOS: PRODUÇÃO ACADEMICA 87 NORMAS DE PUBLICAÇÃO 95 Seção Artigos O USO DO PEELING QUIMICO E MECÂNICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA THE USE OF CHEMICAL AND MECHANICAL PEELING: A LITERATURE REVIEW Catharine de Almeida Valle1 Mayara Caroline de Menezes Gomes1 [email protected] RESUMO A eterna busca pela beleza e jovialidade facial faz com que inúmeros pacientes procurem as clínicas para tratamentos estéticos. Enquanto o utópico tratamento definitivo para os sinais do envelhecimento facial, sem cortes, rápido, inócuo e indolor não for inventado, procura-se aquele que o faça agregando o maior número de qualidades possível. Dentre os tratamentos não cirúrgicos, destaca-se o peeling. O mesmo pode ser indolor quando superficial, porém o médio e o profundo comparam-se à dor de uma queimadura. O procedimento peeling cria uma ferida controlada da pele, os esfoliantes químicos substituem a epiderme em sua totalidade ou parcialmente, e pode induzir uma remodelagem do colágeno, o que contribui para melhorar as lesões decorrentes da exposição ao sol, as rugas, as anomalias pigmentares e as cicatrizes. Cada tipo de peeling age de forma diferente, em função da profundidade de penetração do agente esfoliante. Os peelings são indicados para quem quer acabar com a acne inflamada ou renovar a pele para que ela se torne linda em algum momento especial. Poderão ser indicados os químicos; à base de ácido – salicílico, glicólico ou retinóico - ou os mecânicos, que lixam o rosto de forma suave. Todos fazem a pele rejuvenescer e devem ser aplicados em consultórios especializados. O resultado é uma pele luminosa e firme. É aconselhada a utilização de filtro solar diariamente. Sem ele, aumenta as chances de a pele ficar manchada após o peeling, já que a mesma fica supersensível. A opção por esse tratamento resulta no processo de renovação celular, normalizando a pigmentação da pele, atenuando marcas e minimizando rugas. Palavras - chave: peeling químico, pele, tratamento, dermatologia. 1 ABSTRACT The eternal search for beauty and facial youthful leads a lot of patients to seek for clinics looking for esthetic treatments. While the utopian definitive treatment for signs of facial aging, uncut, quick, painless and harmless is not invented, the one that is searched is that one that makes it aggregating the largest number of possible qualities. Among the non-surgical treatments, we highlight the peeling. This can be painless when superficial, however medium and deep are compared to the pain of a burn. The peeling procedure creates a controlled skin wound, chemical exfoliating substitute the epidermis on completely or only partially, and may induce a reshaping of collagen, which helps to improve the injuries from exposure to Sun, the wrinkles, pigment abnormalities and the scars. Each type of peeling acts differently, depending on the depth of penetration of exfoliating agent. The peels are indicated for those who want to put an end to the inflamed acne or renew the skin so that it becomes beautiful in some special moment. Chemists may be indicated; herbal glycolic acid – Salicylic or Retinoic acid-or the mechanics, which sand the face smoothly. All make the skin rejuvenate and must be applied in specialized clinics. The result is a light and firm skin. It is advised to use sunscreen daily. Without it, increases the chances of skin looks blotchy after the peeling, since the same is very sensible. The choice of this treatment results in the process of cell renewal, normalizing the pigmentation of the skin, diminishing marks and minimizing wrinkles. Keywords: chemical peeling , skin, treatment, dermatology. Escola Superior da Amazônia - ESAMAZ Revista Pesquisa em Saúde 9 INTRODUÇÃO Apesar do campo de atuação do fisioterapeuta abranger ortopedia, cardiologia, respiratória, pediatria, estética, dentre outras (COFITO; 2004) esta última área está crescendo e sendo cada vez mais reconhecida. Recentemente a especialidade de fisioterapia estética teve a denominação substituída por fisioterapia dermatofuncional, em uma tentativa de ampliar a área, conferindolhe a conotação de restauração de função, alem da anteriormente sugerida, que era apenas de melhorar ou restaurar a aparência (GUIRRO & GUIRRO, 2002). No Guide physical therapist practice, publicado pela Associação Norte-Americana de Fisioterapia (American Physical Therapy Association - APTA), em 2001, essas área é referida como responsável pela manutenção da integridade do sistema tegumentar como um todo, incluindo as alterações superficiais da pele. Para a APTA (2001), a responsabilidade do fisioterapeuta está não somente em manter e promover a ótima função física, mas também o bem estar e a qualidade de vida. Uma vez que os tratamentos estéticos eram tratados como empíricos, devido à falta de comprovação científica, a fisioterapia dermatofuncional surgiu para auxiliar na formação de profissionais especializados, com base científica, para todas as aplicações e ações terapêuticas. O fisioterapeuta dispõe de meios físicos e técnicas terapêuticas como eletroterapia, técnicas manuais e cosmetologia, capazes de tratar efetivamente diversas disfunções causadas pelas patologias estéticas com conhecimentos relevantes de anatomia, fisiologia e patologia. Esse conhecimento proporciona uma abordagem direcionada à forma precisa de tratamento, potencializando e assegurando resultados efetivos (BORGES; 2006). Os objetivos desta pesquisa foram compreender os tipos de peeling e seus efeitos, como ele surgiu, suas complicações e os fatores que desencadeiam a necessidade da realização dessa técnica para os efeitos desejados. melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel (TORTORA & GRABOWSKI; 2000). Várias camadas distintas de células formam a epiderme, que possui quatro estratos ou camadas: a camada basal, a camada espinhosa, a camada granulosa e a fina camada córnea (TORTORA & GRABOWSKI; 2000). A derme é a segunda e mais profunda parte da pele. Ela é composta, principalmente, por tecido conjuntivo, que contém colágeno e fibras elásticas. Baseando-se na estrutura do tecido, a derme pode ser dividida em região papilar superficial e região reticular profunda. Nessa camada encontramos as glândulas sebáceas, ou glândulas de óleo, que são glândulas acinares simples ramificadas. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004). As glândulas sebáceas secretam a substância oleosa chamada sebo, que recobre a superfície dos pêlos e ajuda a evitar que ressequem e se tornem quebradiços. O sebo também evita a evaporação excessiva de água da pele, mantém a pele macia e flexível e inibe o crescimento de certas bactérias (TORTORA & GRABOWSKI; 2000). As glândulas sudoríparas écrinas são glândulas tubulares simples e espiraladas e são muito mais comuns que as glândulas sudoríparas apócrinas, que são distribuídas por toda pele, exceto nas margens dos lábios, leito das unhas, glande do pênis, glande do clitóris, pequenos lábios e tímpano. As glândulas sudoríparas écrinas são mais numerosas na pele da testa, palma das mãos e sola do pé (TORTORA & GRABOWSKI; 2000). A pele contribui para a termorregulação de duas maneiras, através da liberação de suor em sua superfície, e pelo ajuste do fluxo de sangue na derme. Em resposta à temperatura ambiental alta ou calor produzido por exercício, a evaporação de suor, a partir da superfície da pele, ajuda a baixar a temperatura corpórea. E em resposta a temperatura ambiental baixa, a produção de suor é diminuída, o que ajuda a preservar o calor (TORTORA & GRABOWSKI; 2000). Em relação à cicatrização da pele, a mesma passa por quatro fases. A primeira fase chama-se fase inflamatória, na qual um coágulo de sangue SISTEMA TEGUMENTAR se forma na lesão e une parcialmente as bordas Estruturalmente a pele é composta pela do ferimento. A segunda fase é a fase migratória, epiderme - que é constituída por epitélio na qual o coágulo se torna uma crosta e células estratificado pavimentoso queratinizado - e a epiteliais, e migram por baixo, para ocluir o derme - que contém tecido conjuntivo (JUNQUEIRA ferimento. A fase proliferativa é a terceira fase, ela é & CARNEIRO, 2004). A epiderme contém quatro caracterizada por extenso crescimento de células tipos principais de células: queratinócitos, 10 Revista Pesquisa em Saúde epiteliais por baixo da crosta, pela deposição (ADDOR; 2007). de fibroblastos, fibras de colágeno e contínuo crescimento de vasos sanguíneos. Finalmente, a PEELING SUPERFICIAL ultima fase é conhecida como fase de maturação. O peeling superficial é geralmente epidérmico Nela, a crosta se desprende, quando a epiderme e não apresenta riscos e complicações ao readquire sua espessura normal (TORTORA & paciente. Pode ser utilizado em todos os tipos de GRABOWSKI; 2000). pele em qualquer área do corpo. (FITZPATRICK, FREEDBERG, EISEN; 1999). HISTÓRICO DO PEELING Ácido salicílico: é utilizado em porcentagens “Peeling” é um termo da língua inglesa que de 20 a 30%, deixando agir por 2-3 minutos. significa descamar ou descamação. Esse termo Pode ser realizado semanalmente e é indicado agrupa vários métodos que promovam algum para peles oleosas e acnéicas. É contra-indicado grau de esfoliação com destruição/remoção de para pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico camadas da pele, seja por esfoliação mecânica (STEINER; 2004). (dermoabrasão) ou química (agentes químicos Ácido glicólico: substância conhecida esfoliantes) (ADDOR; 2007). como alfa hidroxiácido, o valor de concentração Em 1905, Kromayer introduziu a técnica utilizado é de 40 a 70% com efeito epidermolítico. abrasão, utilizando pedras cortantes acionados Deve permanecer na face por 5 minutos. Após por um motor odontológico como fim de conseguir esse tempo, deve ser neutralizado com água ou um efeito anestésico. substâncias, como bicarbonato de sódio e, em Mais tarde, Iverson (1947) utilizou papel de seguida, lavado (STEINER; 2004, NARDIN & lixa para eliminar tatuagens e cicatrizes de acne, GUTERRES; 1999, ARAÚJO; 1995). processo na qual era lento e produzia hemorragias Solução de Jessner: é uma mistura de frequentes. O processo evolui com a colaboração resorcinol (derivado do fenol) e ácido salicílico. de Abner Kurtin e Robbins y Lowenthal, em 1953, Sua aplicação provoca discreto eritema e ardor que utilizavam pedras de diamante. e, com várias passadas, o mesmo torna-se mais intenso. Proporciona leve descamação e devem ser evitados pelos alérgicos ao ácido TIPOS, INDICAÇÕES E EFEITOS acetilsalicílico (VELASCO, OKUBO, ELIZETTE; Para fins didáticos, os peelings químicos 2004, STEINER; 2004). podem se dividir de acordo com a profundidade Pasta de resorcina: É derivada do fenol. Deve que atingem. Podem ser: superficial (epiderme); permanecer de 5 a 20 minutos na pele. Pode médio (derme superficial até reticular superior) e ocorrer uma parestesia e ardor, momento exato profundo (derme reticular média) (ADDOR; 2007). para que a pasta deva ser retirada e o rosto lavado. As principais indicações para peeling são Posteriormente, a face poderá apresentar um a remoção de rugas, cicatrizes, manchas, discreto eritema e descamação fina (STEINER; rejuvenescimento facial e corporal, acne, 2004). melasma e verruga (ADDOR; 2007, HENRIQUES, Ácido tricloroacético: o mesmo é dividido SOUZA, MARIA; 2007). Já as mais freqüentes em superficial, utilizado 10% a 30% para a realização da dermoabrasão são acne, da concentração; médio, 30 a 40%; e profundo, alguns tumores benignos, rejuvenescimento a 50%. É o agente mais utilizado para peelings. facial, hiperpigmentação e cicatrizes (FALCÓN, Após sua aplicação, ocorre um branqueamento ORTEGA; 2008). na face, devido à coagulação intensa das A utilização de protetor solar e hidratação é algo proteínas. Durante o procedimento, devem ser fundamental durante tratamento. A hidratação feitas compressas calmantes, a fim de aliviar o é que promove a inibição de proliferação de ardor que causa (ZANINI; 2007, STEINER; 2004). microorganismos, pois a mesma mantém o ph Ácido retinóico: derivado da vitamina A, causa ideal da pele. Já a proteção contra os raios UVA/ proliferação epidérmica e neocolagênese. São UVB, com a ajuda do protetor, forma uma camada utilizados em porcentagens entre 3 a 5%. O sobre a pele hidratando, evitando desconfortos e tempo de duração deve ser de 6 a 12 horas. Após protegendo contra a radiação (ADDOR; 2007). esse período, deverá ser retirado (STEINER; Os efeitos esperados após o procedimento são: 2004). pele mais macia, mais fina, menos manchada, poros mais fechados e atenuação de linhas finas Revista Pesquisa em Saúde 11 PEELING MÉDIO No peeling médio são utilizadas as mesmas substâncias que compõe o peeling superficial. No entanto, os mesmos são combinados entre si, ou seja, são utilizadas duas substâncias ao mesmo tempo. As mesmas atuam na epiderme e derme. (FITZPATRICK, FREEDBERG, EISEN; 1999; VELASCO, OKUBO, ELIZETTE; 2004). Ácido glicólico: concentração de 70%. Aplicase uma camada do produto e deixa agir por três a trinta minutos (BORGES; 2010). Ácido glicólico + ATA (acido tricloroacético): concentrado em 35%, aplica-se o ácido glicólico no momento em que o paciente relata a sensação de pinicar, após lava-se e enxuga-se a área. Em seguida, aplica-se uma ou duas camadas do ATA (BORGES; 2010). Jessner + Ácido glicólico: aplica-se uma a duas camadas de Jessner e, por cima da mesma, aplica-se o ácido glicólico, esperando o eritema (BORGES; 2010). Jessner + ATA (acido tricloroacético): concentrado em 35%, deixar agir por três minutos, verificando a ocorrência ou não de frost. Após, aplica-se de uma a duas camadas de ATA (BORGES; 2010). Ácido tricloroacético (ATA): concentração de 35% a 50%, aplicando de três a quatro camadas do produto (BORGES; 2010). PEELING PROFUNDO O peeling profundo é conhecido como peeling de fenol ou de Baker, pois é essa química usada na realização do mesmo. É uma aplicação muito delicada, sendo necessária a sedação do paciente e a utilização de uma máscara de esparadrapo ou pomada de vaselina que será removida após 48 horas, como forma de proteção e melhor cicatrização (VELASCO, OKUBO, ELIZETTE; 2004). O fenol é utilizado na concentração de 88%, penetra na derme reticular superior, é queratocoagulante, e quanto mais concentrado ele estiver, maior a coagulação da queratina e menor sua penetração e toxicidade (MATARRASSO; 1997, ODO; 1998). MICRODERMOABRASÃO A microdermoabrasão também conhecida como “peeling de cristal”, é um procedimento realizado com um aparelho que contém um jato em alta pressão de micro cristais de hidróxidos de alumínio, atingindo a pele, ao mesmo tempo, 12 Revista Pesquisa em Saúde em que aspira os cristais e os resíduos de peles, atingido por eles. É considerado um método de tratamento cutâneo, no qual ocorre um lixamento superficial da pele, levando há uma mitose celular fisiológica (BORGES; 2006, BARBA & RIBEIRO, 2010). Ela tem sido indicada para melhorar rugas, texuras irregulares e pigmentações causadas pelo fotoenvelhecimento e para melhorar a luminosidade da pele (SHAPALL; 2004). DERMOABRASÃO O Dermoabrasão é um procedimento que só pode ser realizado por um médico dermatologista, por conter método invasivo e ser realizado sob efeito de sedação. Esse procedimento elimina toda epiderme e derme papilar, expondo a derme reticular, surgindo uma nova camada epitelial. É indicado para os casos de presença de cicatrizes deprimidas e profundas, com bordas bem delimitadas. A mesma é contra-indicada para pele negra, pois produz muitos melanócitos, havendo a possibilidade da pele ficar manchada (BORGES; 2010). EFEITOS DESEJADOS DOS PEELINGS QUÍMICOS Os peelings proporcionam um afinamento e compactação do estrato córneo, aumentam a espessura da epiderme, suavizam as rugas finas, diminuiem os ceratinócitos, clareiam manchas escuras, aumentam a densidade de colágeno, melhorando assim o aspecto da pele de modo geral (BORGES; 2010). EFEITOS DESEJADOS DO PEELING FÍSICO Baseando-se tanto na dermoabrasão quanto na microdermoabrasão, os efeitos desejados são: maior afinamento do tecido epitelial, qualidade na elasticidade e hidratação do tecido pelo incremento da síntese protéica, diminuição da impedância da pele, melhora do aporte sanguíneo, afinamento dos corneócitos e tecido epitelial, neovascularização e o aumento da síntese protéica. DISCUSSÃO O procedimento peeling cria uma ferida controlada da pele, os esfoliantes químicos substituem a epiderme, em sua totalidade ou parcialmente, e pode induzir uma remodelagem do colágeno, o que contribui para melhorar as lesões decorrentes da exposição ao sol, as rugas, as anomalias pigmentares e as cicatrizes. Cada tipo de peeling age de forma diferente, em que concentração de ácido glicólico utilizado para esfoliante. Eles são freqüentemente usados nas esses resultados fica entre 50 a 70%, ou seja, bochechas, região perioral, periorbicular, pele é um peeling médio, podendo o fisioterapeuta oleosa, pele espessa ou danificada, pigmentação realizar, porém, ele deve estar atento às reações pós-inflamatória, cicatrizes resultantes da acne da pele. ou escoriações. Dessa forma, produzem uma Menê et al. (2010), relatou que o ácido melhora temporária da pele, com a vantagem de tricloroacético (ATA) quando em contato com a que não necessitam de período de convalescença pele, promove coagulação protéica da epiderme e de cuidados no pós-operatório, porém é e derme papilar e/ ou reticular promovendo um necessário praticá-los periodicamente (GARCIA, processo inflamatório residual que pode durar de PAEZ & LUGO; 1998). três à oito semanas. Porém, essa solução pode Quanto ao ácido retinóico, Pitangui (2008) deslizar e ir para locais não desejados, além de fala que sua ação sobre a camada epidérmica é poder levar à formação do frost, caracterizado incrementar na camada granular aumentando a por uma mancha branca que traduz uma lesão da produção de corneócitos. Já na camada dérmica, junção dermoepidérmica, seguida da formação afirma aumentar a produção de colágeno e da de crostas que, ao descamar, podem deixar homeostase, levando à vasodilatação tecidual e uma mancha hipercrômica pós-inflamatória no incrementando a oxigenação do tecido. paciente. Nardin & Guterres, (1999) relataram que Filgueiras (2010) relata que o peeling químico a pasta de resorcina possui princípios ativos é realizado normalmente no consultório, onde o empregados em formulações esfoliantes para a mesmo pode ser realizado por fisioterapeutas execução de “peelings” químicos e que têm como especialistas em dermatofuncional. objetivo produzir uma lesão controlada na pele. Segundo Pitangui (2008), o peeling de ácido Os autores ressaltam que esta pasta é utilizada tricloroacético (ATA) alcançou ampla aceitação por no tratamento das queratoses e rugas actínicas, parte dos dermatologistas por permitir a realização discromias pigmentares, acnes vulgar e rosácea. de peelings de média e grande profundidade, com Porém, ela provoca diferentes reações adversas, uma segurança maior e sem expor os pacientes pois se constitui de diversas associações aos riscos do fenol. A criteriosa indicação desse de princípios ativos e faz-se necessário o peeling é fundamental para se obter um bom desenvolvimento e validação de métodos resultado, devendo o médico contra-indicar o analíticos para determinação dessas substâncias. procedimento em pacientes que apresentem Segundo Menê (2010), o ácido salicílico possui cicatrizes hipertróficas ou quelóides, pele tipo V ação antiinflamatória e seborreguladora, que tem ou VI de Fitzpatrick, ou em presença de infecções como objetivo sobre a pele, ocasionar a remoção ou herpes ativo. do estrato córneo superficial e deixar a pele com Quanto aos peelings mecânicos, Borges et a aparência fresca e suave. al. (2010), relata que a microdermoabrasão Brody et al. (2000) realizaram um estudo em apresenta-se como uma técnica de esfoliação cima do peeling químico, dando enfoque ao fenol. não cirúrgica, passível de controle e que pode ser Chegaram à conclusão de que são formulações executada de forma não invasiva. Ele descreve que muito utilizadas durante o decorrer do tratamento, é uma técnica feita através de uma lixa acoplada devido resultar no processo de renovação celular a um torno, que gira em alta velocidade e elimina, intenso, normalizando a pigmentação da pele, literalmente, toda derme papilar, expondo a derme minimizando marcas e rugas. reticular, surgindo uma nova camada epitelial. Pitangui (2008) e Brody et al (1989) ressaltam Segundo Sabatovich et al. (2004),a profundidade que o ácido glicólico, tem um bom efeito sobre desse procedimento atinge a camada espinhosa, a pele, pois estimula a produção de colágeno aumentando a nutrição epidermica por meio do e redução de produção de melanina, assim estimulo dérmico. atenuando rugas e manchas. O ácido glicólico É importante ressaltar que essas substâncias atenua as rugas superficiais e médias porque, são as mais utilizadas no tratamento, segundo ao aumentar a síntese de glicosaminoglicanas e os autores, pois as células jovens substituem outras substâncias da matriz extracelular, aumenta as antigas, assim, dando espaço para uma também a capacidade de essas macromoléculas cútis renovada e saudável, além de aumentar fixarem água e, por consequência, melhora o tugor a autoestima do indivíduo que passa por esse e a hidratação da derme. Pitangui (2008) relata processo. função da profundidade de penetração do agente Revista Pesquisa em Saúde 13 cosmiatria, Dermatologia Venezolana, vol. 36, nº 1, 1998. CONCLUSÂO O peeling é um tratamento estético de uso GUIRRO E, GUIRRO R. Fisioterapia dermtointenso, resultando em benefícios para com a pele funcional: fundamentos, recursos, patologias. do paciente. Apesar das vantagens do peeling, ele 3ª Ed. São Paulo: Manole: 2002. deve ser utilizado de maneira segura, criteriosa e HENRIQUES B.G; SOUZA V.P; MARIA N. com acompanhamento de um profissional da área Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. da saúde, devido sua toxicidade dos componentes Desenvolvimento e validação de metodologia analítica para determinação do teor de ácido ativos e possíveis complicações após o peeling. Na fisioterapia dermatofuncional, a terapêutica glicólico na matéria-prima e me formulações por ácidos vêm se constituindo num importante dermocosméticas., v.43 n.1 São Paulo Jan/Mar recurso por tratamento das diversas disfunções 2007. estéticas como: estrias, revitalização facial, rugas JUNQUEIRA, L.C. & CARNEIRO, J. Histologia superficiais, acne, diminuição da oleosidade, Básica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara manchas hipercrômicas, seborréia, suavização Koogan, 2004. MÊNE R.; ANDREONI W.R.; MORAES P.; de cicatrizes, etc. Os fisioterapeutas dermatofuncionais também MENDONÇA O. Peelings químicos combinados; possuem um papel importante junto ao médico 2010. no preparo da pele para a realização do pelling NARDIN P.; GUTERRES S.S. Alfa-hidroxiácidos: Cosméticas Dermatológicas, profundo realizado pelo dermatologista (BORGES; Aplicações Caderno de Farmácia, v.15, 1999. 2010). Portanto, com a utilização adequada por parte do profissional, os resultados obtidos serão PITANGUI, I.; Estética e Cirurgia Plástica: apreciados pelo paciente, sendo um método Tratamento no pré e pós – operatório/Organização geral: Raul José Mauad Júnior. – 3º Ed. – São eficaz e fidedigno. Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. SABATOVICH O.; KEDE M.P.V,; SABATOVICH REFERÊNCIAS P.G. Microdermoabrasão com cristais. In: ADOOR, F. Bases Dermatológicas par linha Kede, M.P.V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Arazyme. Out. 2007. estética. Sao Paulo: Atheneu, 2004. American Physical Therapy Association. Guide to SHAPALL R.B.S. et al. Microdermoabrasion: A physical therapist practice. Phhys Ther. 2001 Review. Facial Plastic Surgery. New York, v.20, BARBA J., RIBEIRO E. R., Efeito da 2004. Microdermoabrasão no Envelhecimento STEINER D. Dermatologia Cirúrgica. 2004 Facial, 2010. VELASCO M.V.R.; OKUBO F.R.; ELIZETTE BORGES, F.S. Dermto-funcional: modalidades M.; Anais Brasileiros de Dermatologia. terapêuticas nas disfunções estéticas. São Rejuvenescimento da pele por peeling Paulo: Phorte, 2006. químico: enfoque no peeling de fenol. Vol. 79 BRODY H.J. Peeling químico e resurfacing. 2 n.1 Rio de Janeiro Jan/ Fev 2004. Ed. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores, ZANINI M. Gel de Ácido Tricloroacético – Uma 2000. nova técnica para um antigo áci MATARASSO COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia S.L., HANKEC.W; ALSTERST S. Cutaneous e Terapia Ocupacional: Fisioterapia definições Resurfacing. Dermaol. Clin. 1997. e áreas de atuação. [site oficial] [citado jul. 2004]. Disponivel em: http://www.coffito.org.br/conteudo_1. asp?id=8. FALCÓN C.C; ORTEGA, S.S. Cirurgia Dermatológica. Indicaciones Actuales de la Dermoabarsion., 2008. FILGUEIRAS G. Peelings químicos. Portal ORM, 2010. FITZPATRICK T.B, FREEDBERG I.M, EISEN A.Z et al. Fitzpatrik’s dermatology in general medicine VII, 5 th ed. New Youk: McGraw-Hill, 1999. GARCIA E, PAES E, LUGO A. Dermatologia 14 Revista Pesquisa em Saúde RECONFIGURANDO A TECLA “DOWN (↓)” DO COMPUTADOR HUMANO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PALAVRA RECONFIGURE KEY “DOWN (↓)” HUMAN COMPUTER: A DISCURSIVE ANALYSIS OF THE WORD Carlos Alberto Araujo Veras1 Elizabeth Pessôa Gomes da Silva1 [email protected] RESUMO ACESSO PARA O DOWNLOAD DE TEORIAS Este artigo faz uma análise em torno da palavra down, como forma de designação de um determinado grupo de pessoas com deficiência mental, portadoras de síndrome, a partir dos conceitos presentes ao longo da história, para verificar as influências e alterações no processo de significação do termo, quanto às categorias de análise do discurso social aí contidas. Traçando um paralelo com a simbologia encontrada nos tempos modernos, vem associar o termo down ao campo da informática quanto à definição para o uso da tecla representada pelo signo de uma seta apontada para baixo. Palavras-chave: Down, educação especial, análise do discurso. Desenvolvendo atividades profissionais com pessoas com síndrome de Down e pesquisando sobre o assunto durante muitos anos, percebemos o olhar assistencialista ou até mesmo ouvimos o termo pejorativo de “coitadinhos”, vindo de algumas pessoas, imputando ao portador desta síndrome a denominação de “especial”. Dando início a estas reflexões, concomitantemente, deparamo-nos visualmente com a tecla “DOWN”, do computador, que aparece simbolicamente ilustrada pela seta posicionada no sentido para baixo (↓), assinalando ao estereótipo de “coitadinhos”, dirigido aos portadores de Down. Surge uma nova reflexão: A pessoa com síndrome de Down-PSD possui realmente o estigma de negação/negatividade no âmbito da consciência pelo percurso das modificações inseridas no seu significado? Prosseguindo com nossas reflexões sob o termo down procuramos, então, estabelecer alguns paralelos e/ou contrapontos, entre os traços presentes na personalidade da PSD, de modo que possamos identificar, para então aceitar ou rejeitar, prováveis distorções encontradas quanto ao significado da palavra down-PSD e o estigma de negação/negatividade que esta carrega, quando consideramos que a palavra, ABSTRACT This article is an analysis around the word down, as a way of designating a particular group of people with intellectual disabilities syndrome patients, from the concepts found throughout history, to see the influences and changes in the process of signification term, as the categories of social discourse analysis contained therein. Drawing a parallel with the symbolism found in modern times comes to associate the term down to the field of information technology on the definition for using the key represented by the sign of an arrow pointing down. Keywords: Down, special education, discourse analysis. 1 Universidade da Amazônia – UNAMA signo por excelência, vem constituir a consciência; e a consciência é semiótica. O signo modifica as relações interfuncionais, e o significado não é igual à palavra, nem igual ao pensamento – ‘o significado não é igual ao pensamento expresso em palavras’. Mas não existe signo sem significado, nem significado sem relação dialógica – é preciso considerar o outro. (VYGOTSKY, 1993 apud PADILHA 2001, p. 52) Revista Pesquisa em Saúde 15 Para os pressupostos teóricos da análise do discurso (re) configuramos – pelo significado usado na informática - a tecla down juntamente com seu sentido intrínseco presente na significação encontrada no enunciado discursivo, considerando suas associações quando nos referimos ao termo designativo para as pessoas com síndrome de Down. As bases epistemológicas do desenvolvimento cognitivo discutidos por Vygotsky (1993) apud Padilha (2001, p. 52) ilustram estes elementos constitutivos do campo comunicacional, quando atribui à palavra a condição de dito anteriormente, mas em muitos aspectos, são diferentes quando compartilhadas com a comunidade dita normal, com sua língua de modalidade oral, cuja substância é o som. Para as prováveis distorções que julgamos encontrar, a priori, consideramos importante assinalar que a linguagem, (signo/palavra/signo) não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, e sim, como uma marca no mundo, com a maneira de significar, com homens falando, se comunicando, conforme afirma Bakhtin (2002 p.37), portanto, vamos avaliar a produção de sentido como componente de vidas, como sujeitos signo por excelência, que vem constituir e como membros de uma determinada sociedade. a consciência; e a consciência é semiótica. Vejamos então, a construção do sentido, positivo O signo modifica as relações interfuncio- ou negativo, historicamente envolvendo a palavra nais, e o significado não é igual à palavra, down. nem igual ao pensamento – ‘o significado O LINK COM A HISTÓRIA: um paralelo além não é igual ao pensamento expresso em palavras’. Mas não existe signo sem sigdas diferenças nificado, nem significado sem relação diAs construções discursivas e muitas vezes alógica – é preciso considerar o outro. depreciativas estão permeadas à construção histórica conceitual sobre a síndrome de down, Baseado neste contexto, assinalamos a análise entre estes encontramos a denominação de do discurso de Bakhtin (2002, p. 39), quem mongolóide ou mongol que até bem pouco considera a palavra como fato simbólico, a partir tempo atrás, ainda podia ser proferido em da produção de imagens dos sujeitos, objeto da discursos divulgados pelos processos e meios de linguagem, dentro de uma conjuntura sóciocomunicação. histórica. Complementa o autor, “a linguagem é Estes processos baseados na Teoria da uma instância em que a materialidade ideológica Linguagem começaram a ser construídos, no se concretiza, enquanto um dos aspectos decorrer da história da humanidade, precisamente materiais da ‘existência material’ das ideologias” em 1866. Segundo Werneck (1995, p.58), foi Como traço relevante da análise do discurso, no o cientista inglês John Langdon Down, quem ponto de vista ideológico, assinalamos a afirmativa questionou o porquê de algumas crianças, de Pêcheux (1975, p.17) sobre o assunto: “não mesmo filhas de pais europeus arianos, serem tão há discurso sem sujeito e não há sujeito sem parecidas entre si e terem traços que lembravam ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito a população da raça mongólica, principalmente pela ideologia e é assim que a língua faz sentido”. pela inclinação das pálpebras similares a dos Logo, fazemos uma inferência ao asiáticos. desenvolvimento cognitivo do deficiente com Na época, tais descobertas tiveram Down, alicerçando-nos teoricamente no que já foi uma relutância muito grande de aceitação, pois pesquisado e fundamentado por Werneck (1993, estávamos na era do darwinismo, quando Charles p. 158). Segundo o autor, sabe-se atualmente Darwin, em sua obra On the Origin of Species que o portador de síndrome de Down tem apenas (1859), apresentando a Teoria da Evolução, trazia um ritmo de aprendizagem mais lento, embora a tese da superioridade da raça branca sobre as as etapas ultrapassadas sejam as mesmas, (dos demais, e dez anos após, John Langdon Down ditos normais), sendo o objetivo da educação veio desvelar a aparência oriental de crianças especial justamente acelerar esse processo que e sua deficiência mental, em que, entre outros foi identificado pela síndrome. aspectos, trouxe à tona um caráter contrário ao Os deficientes mentais possuem história de proposto no discurso ideológico contido na obra vida e pensamento diferenciados, possuem, na de Darwin. essência, uma língua cuja substância gestual gera uma modalidade visual-espacial, a qual implica Denunciando um retrocesso para a evolução uma visão de mundo, não-determinística, como dos seres vivos proposta por Darwin, o pesquisador 16 Revista Pesquisa em Saúde Down passou a considerar a classe oriental um tipo racial mais primitivo e, diante do enfrentamento teórico com Darwin, John Langdon Down resolveu, então, denominar as crianças arianas européias com traços mongólicos de mongolian idiots, termo que veio sofrer modificações lingüísticas, chegando ao Brasil sob a denominação de idiotas mongolóides. Ao longo da história, diversos são os momentos de divergências e convergências que versam sobre o assunto do deficiente, com o intuito de não historicizar, mas com a intenção de assinalar os diversos discursos contidos em torno deste termo, o quadro abaixo, baseado na classificação de Buscaglia (1997, p.182-183), vem auxiliar a compreensão do tratamento dado ao (d)eficiente ao longo dos tempos e nos seios de diferentes culturas. Vejamos alguns exemplos: FORMAS FORMAS EFICIENTES (D)EFICIENTES A tribo Azand os Indios da Masai os amava e protegia. matavam. Os Chagga, da África Oriental, usavam seus membros excepcionais para afastar o mal. Os Jukun, do Sudão os julgavam pessoas com espíritos do mal e os abandonavam à morte. Os Sem Ang, Os Balineses os consideravam “tabu” da Malásia, os consideravam sábios e social. tinham como função a resolução das disputas tribais. Os nórdicos os Os antigos hebreus tornavam Deuses. viam a doença e os defeitos físicos como marca dos pecadores Na Renascença, Na Idade Média, eram eram considerados freqüentemente vistos desafortunados por como possuídos pelo e eram, isso eram internados e Demônio queimados tratados com atenção. portanto como feiticeiros. Podemos rematar que mesmo quando se aplica uma forma eficiente de ver o deficiente, desde outrora verificamos equívocos de cunho assistencialista, o que nos assusta pela difusão comunicacional e pela ambiguidade discursiva atribuídas à abordagem de pessoas deficientes. No Brasil, sobre o assunto, o registro é de Werneck quando escreve que algumas tribos de índios brasileiros matam por inanição todos os recémnascidos com qualquer tipo de deficiência física, certos de que eles não poderão caçar, se locomover, e nem fugir, tornando-se um fardo para a integridade do grupo, principalmente em situações de emergência, entre elas as guerras. Entretanto, essas mesmas tribos, respeitam crianças e adultos portadores de deficiência mental como representantes de algo divino (WERNECK, 1995, p.61) Do processo histórico quanto às concepções e aquisições atribuídas aos deficientes, relevamos a advertência de Buscaglia (1997, p. 182), quando escreve sobre a sociedade moderna, dita esclarecida, e assegura a ausência de serviços médicos e/ou educacionais especiais para os deficientes em dois terços do planeta e o restante, outro terço, ainda rotulados e segregados física, educacional e emocionalmente, do resto da população. Atualmente, evidencia-se a preocupação de eliminar os traços construídos historicamente no discurso, que estigmatiza a pessoa com síndrome de Down, pelo combate ao uso de termos similares entre estes, mongolóide, mongo ou mongol, “intrinsecamente pejorativo não só para eles como também para a população da Mongólia”, assinala Werneck (1995, p. 59). E no transcurso da história passa-se a usar, em definitivo, a palavra down, como forma de homenagear a quem primeiro se dedica a estudar este público específico de deficientes mentais. A LINGUAGEM EM UNDERLINE A Análise da Linguagem (AL) procura compreender a língua a partir do sentido enquanto trabalho simbólico, assegura Bakhtin (2002 p.37). Ela não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas como uma marca no mundo, com a maneira de significar, com homens falando, considerando a produção de sentido enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja enquanto membros de uma determinada forma de sociedade. A AL reflete sobre a maneira como a linguagem está materializada na ideologia e como a ideologia se manifesta na língua. A materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica do discurso é a língua, portanto AL associa língua-discurso-ideologia. Valentin Nikolaevich Voloshinov (1895/1936), Revista Pesquisa em Saúde 17 intelectual russo integrante do Círculo de Bakhtin, autor de Marxismo e Filosofia da Linguagem, escrito no final dos anos 20, vem definir a ideologia como “todo o conjunto dos reflexos e das interpretações da realidade social e natural que tem lugar no cérebro do homem e se expressa por meio de palavras [...] ou outras formas sígnicas”. Os sentidos sempre são determinados ideologicamente. Tudo que dizemos tem, pois, um traço ideológico em relação a outros traços ideológicos, Os signos só emergem, decididamente, do processo de interação entre uma consciência individual e uma outra. E a própria consciência individual está repleta de signos. A consciência só se torna consciência quando se impregna de conteúdo (semiótico) e, conseqüentemente, somente no processo de interação social. (BAKHTIN, 2002, p. 34) A teoria bakhtiniana contextualiza esse mecanismo de produção de imagens dos sujeitos, assim como do objeto da linguagem, dentro de uma conjuntura sócio-histórica e por isso cultural. O imaginário faz necessariamente parte do funcionamento da linguagem, por ser eficaz e não “brotar” do nada, assenta-se como relações sociais inscritas na história, dos sujeitos em questão, e se regem em uma sociedade contemporânea por meio das relações de poder. Bakhtin (2002) então afirma que “a linguagem é uma instância em que a materialidade ideológica se concretiza, enquanto um dos aspectos materiais da ‘existência material’ das ideologias”. Observamos que o estudo do discurso explicita a maneira como a linguagem e a ideologia se articulam e se afetam em uma relação recíproca, em que a segunda assume a condição para a constituição do sujeito e dos sentidos, induzindo o individuo a ser interpelado como sujeito pela ideologia para que se produza o dizer. A produção de sentido de determinado enunciado ou palavra, em seu caráter material, para Pêcheux (1997, p.129) são de certa forma mascarados pela ideologia responsável por fornecer evidências que, através da suposta “transparência da linguagem”, fazem com que esta palavra “queira dizer o que realmente diz”. A ideologia materializa-se nos atos concretos, portanto, a prática só existe em uma ideologia e através de uma ideologia. Ainda com Pêcheux (1997, p.29), afirmamos que o sentido das palavras não existe em si mesmo, ou seja, os 18 Revista Pesquisa em Saúde sentidos sofrem variações e sempre mudam, sendo diretamente determinados pela posição ideológica a partir das formações discursivas. Contextualizamos, então, a análise do discurso como a ciência que avalia a discursividade do sujeito considerando-o em sua totalidade, isto é, em seu acontecimento histórico, social, econômico e ideológico. Logo, avaliamos que na tentativa de analisar uma palavra procuramos compreendê-la e, consequentemente, justificar como se constrói o seu sentido e de que modo ela se entremeia com a história e com a sociedade que a originou. Desse modo vamos considerar um discurso como o resultado de valores conglomerados que, ao longo dos tempos, vai tomando para si ideias e ideais dos mais variados sentidos reformulandose de acordo com as condições históricas nas quais está inserido. Para tanto, julgamos ser uma dessas conglomerações as condições de produção cujo enunciado foi, ou está sendo, proferido. SER OU NÃO SER DOWN (↓)(↑) O que é ser down e o que é ser Down? A palavra down, expressão da língua Inglesa, significa “para baixo”, e ao longo dos tempos tem adquirido um caráter associado a um determinado estado de espírito intrinsecamente convencionado à expressão “estar pra baixo”, ou seja, cabisbaixo. Etimologicamente a palavra down recebe os seguintes conceitos ou significados: desanimado; na fossa; para baixo; abatido; derrotado; debaixo; abaixo. Eis o cerne da questão: refletir sobre o olhar estigmatizado, construído em torno da palavra, na tentativa de desvelar em sua etimologia o real sentido do termo. Dentro do campo da informática, a palavra down apresenta, ao longo dos tempos, a materialidade discursiva contendo significações como: travado; inativo, quebrado. Na informática, além de significar que o computador está fora de operação (em net), há a associação com a tecla page down representada por uma seta para baixo (↓), neste âmbito a referida tecla tem a intenção de direcionar o manipulador para a página abaixo. O significado deste símbolo induz à idéia de direção e aponta um discurso intrínseco presente na palavra down. Portanto constrói um sentido ambíguo responsável em produzir deslizes no discurso, A materialidade da sintaxe é realmente o objeto possível de um cálculo – e nesta medida os objetos lingüísticos e discursivos se submetem a algoritmos eventual- mente informatizáveis – mas simultaneamente ela escapa daí na medida em que, o deslize, a falha e a ambigüidade são constitutivos da língua, e é por aí que a questão do sentido surge do interior da sintaxe. (PÊCHEUX, 1982, p.62) A materialidade da sintaxe é realmente o objeto possível de um cálculo – e nesta medida os objetos lingüísticos e discursivos se submetem a algoritmos eventualmente informatizáveis – mas simultaneamente ela escapa daí na medida em que, o deslize, a falha e a ambigüidade são constitutivos da língua, e é por aí que a questão do sentido surge do interior da sintaxe. (PÊCHEUX, 1982, p.62) LOGOFF: Ser Down (↓) é Ser Up (↑) Voltando ao teclado do computador, encontramos a tecla Up fazendo oposição à tecla Down que, ao contrário desta, tem como representação simbólica a seta voltada para cima (↑) juntamente com seu significado. Up significa: subir, levantar, aumentar, acima, em cima, de cima, elevar. Exatamente o antônimo de down. A identidade da pessoa com deficiência mental pode ser caracterizada pela linguagem multicultural, sendo este o primeiro passo para admitir que a comunidade com deficiência partilhe com a comunidade “dita normal” da mesma região, da mesma alimentação, vestuário, entre outros hábitos e costumes, que mesmo sustentando suas especificidades façam surgir recursos que se adequem a novas tecnologias do mundo cotidiano. É por meio da cultura que uma comunidade se constitui, integra e identifica as pessoas, sejam Up ou Down lhes concedendo o carimbo de pertinência e de identidade, nos projetando em identidades culturais, e internalizando “seus significados e valores, tornando-os ‘parte de nós’, alinhando nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural” (HALL, 2003, p.11 e 12). Não é justo reduzirmos às potencialidades de uma PSD - considerando que sua deficiência não a impede de adquirir possibilidades de ajustamento, quando criança, do mesmo modo que qualquer outra - pela associação com o sentido/significado do termo down, devemos sim estabelecer analogias no sentido/significado pleno de ser up, Embora saibamos que a pessoa com síndrome de Down apresente problemas de ajustamento (...) não podemos pressupor que isso seja conseqüência de uma característica inata sua ou da deficiência. Se existe um problema emocional, em geral a origem deste não se encontra no indivíduo, mas lhe é infligida pelo meio exterior. A criança com deficiência vem ao mundo com as mesmas possibilidades de ajustamento que qualquer outra. (BUSCAGLIA, 1983, p. 188-204). Diante da rejeição, resultado de processos historicamente construídos, a aceitação da pessoa com síndrome de Down ainda é um desafio constante necessitando de esforços para modificar a condição do que é ser para baixo (down) para o significado do que é ser para cima (up). Esforços que viabilizem mostrar, expressar que são mais do que a deficiência – são pessoas donas de senso de humor, conhecimentos, de capacidade de contribuição e doação tanto nas suas singulares quanto nas pluralidades. O caminho é árduo, porém há estudos que afirmam serem os deficientes bem mais tolerantes ao sofrimento do que as pessoas ditas normais. Sobre essa afirmativa, escreve Heisler (1972) apud Buscaglia (1993 p.202). Quando a vida nos traz sofrimentos, devemos optar entre enfrentar a experiência de frente e tentar descobrir seu significado mais profundo e completo, ou dar as costas a nossos próprios sentimentos e emoções, negando-lhes a existência e fingindo que não somos afetados pelo lado sombrio da vida (HEISLER, 1972 apud BUSCAGLIA, 1993 p.202). A pessoa com síndrome de Down está muito mais além do que ser mera portadora de deficiência, ela deve ver a si mesmos como de fato é, e, sobretudo valorizar-se pelo reconhecimento de suas potencialidades além de aceitar seus limites reais, escreve Buscaglia (1993, p 203). O autor também acena para a necessidade da PSD ser capaz de “realizar mudanças compensatórias nas atitudes que têm em relação a si mesma e na opinião que as outras pessoas têm sobre ela”, e assim “atribuir um maior valor a sua própria autoavaliação em consonância com as necessidades e desejos”. Por essa e por outras que devemos procurar (re)configurar esta tecla, refletirmos sobre o que é ser down para o Down. Trata-se de uma luta pela sobrevivência dos diferentes Revista Pesquisa em Saúde 19 não serem considerados resignados, daí nossa proposta reconfigurar todas as teclas designadas down, transformando-as em up, não só na máquina concreta do computador como também no HD mental de todos os sujeitos ditos normais. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M.(VOLOCHÍNOV). Marxismo e Filosofia da Linguagem. (1ª edição 1929). Tradução: Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Editora Hucitecannablume, 10ª edição, 2002. BUSCAGLIA, Leo. Os deficientes e seus pais – um desafio ao aconselhamento (Tradução de Raquel Mendes). Rio de Janeiro: Record, 1997. HALL, Stuart, A Identidade Cultural na PósModernidade, Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro, 11ª. Ed., Rio de Janeiro, DP&A, 2006. PADILHA, Ana Maria Lunardi. Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental, Campinas – SP: Autores Associados, 2001. PÊCHEUX, Michel. Discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas. Pontes, 1999. (1982) Ler o arquivo hoje. Trad. Maria das Graças Lopes Morin do Amaral. In: ORLANDI, Eni Puccinelli (org.) [et al.]. Gestos de leitura: da história no discurso. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1994. p. 55-66 VIGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988. WERNECK, Cláudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com síndrome de Down. Rio de Janeiro – RJ: WVA, 1993. Wikipédia. Conceitos da palavra DOWN e UP. Disponivel em: http://www.dicionarioweb.com.br/ down-stream.html. Acesso em: 29/06/2011. 20 Revista Pesquisa em Saúde ANÁLISE ERGOESPIROMÉTRICA COMPARATIVA ENTRE MULHERES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA COMPARATIVE ERGOSPIROMETRY ANALYSIS WITH WOMEN THAT PRACTICE AND NOT PRACTICE PHYSICAL ACTIVITY Renato Caldas dos Santos1 Ana Luiza Pinto da Costa Pereira1 Bárbara de Mattos Pimentel1 Wiviane Maria Torres de Matos1 [email protected] RESUMO A Ergoespirometria é um procedimento diagnóstico para medir a respiração e metabolismo de gases durante o exercício ergométrico. O trabalho teve como objetivo analisar a aptidão cardiorrespiratória durante o esforço máximo, comparando mulheres praticantes e não praticantes de atividade física, durante o período de janeiro de 2008 a julho de 2010. Foi feita uma análise no banco de dados de 33 pacientes do sexo feminino, entre 18 a 40 anos, praticantes e não praticantes de atividades físicas, coletando os seguintes dados: VO2,VE,VE/VCO2, potência, R e a presença ou não de arritmia. Do grupo A, 26% tiveram arritmias; já do grupo B, 10%. A média de VO2 do grupo A foi de 34,3 e B 27,0, enquanto o VE/VCO2 no grupo A 34,3 e do B 27,0. Já a média do VE do grupo A foi 66,2 e B 52,7, A média potência do grupo A foi 302,1 e B 212,8, quanto ao R do grupo A e do B foram ambos 0,9. A literatura diz que a prática de atividade física é um fator de proteção contra arritmias. O VO2 é similar em sedentários e treinados, mas durante esforço máximo o VO2 nos treinados é maior. Foi constatado que valor de potência é mais elevado em mulheres ativas e que o VE e o VE/VCO2 foram encontrados dentro da faixa de normalidade. Fica ratificada a importância da realização de atividades físicas e a realização de mais trabalhos sobre o assunto, para incremento do conhecimento atual. Palavras-chave: sedentário, mulheres, atividade física. 1 ABSTRACT The Ergoespirometry is a diagnostic procedure to measure respiration and gas metabolism during ergometric exercise. The study aimed to examine cardiorespiratory fitness during maximal exercise, comparing women physically active and not physically active during the period of time from January 2008 to July 2010. It was done an analysis of a database of 33 female patients, between 18 to 40 years old, practitioners and nonpractitioners of physical activities, collecting the following variables: VO2, VE, VE/VCO2, potency, R, and the presence or not of arrhythmia. From A Group, 26% had arrhythmias, B, 10%. The average of VO2 in A group was 34.3 and B 27.0, while the VE/VCO2 in A group 34.3 and B 27.0. Finally, the average of VE in A group was 66.2 and 52.7 in B, The average of potency in A group was 302.1 and B was 212.8, as to R value in A and B groups were both 0.9. The literature says that physical activity is a protective factor against arrhythmias. The VO2 is similar in sedentary and trained, but during maximum effort, the VO2 is greater in trained ones. It was found that potency value is higher in active women, and that the VE and VE/VCO2 were found within the normal range. It is ratified the importance of physical activity, and the realization of much more research about the subject, to increase the actual knowledge. Keywords: sedentary, women, physical activities Centro Universitário do Pará – CESUPA Revista Pesquisa em Saúde 21 INTRODUÇÃO A ergoespirometria é um procedimento diagnóstico para medir continuamente a respiração e metabolismo de gases durante o exercício ergométrico. Permite avaliação de função e capacidade de desempenho do sistema cardiopulmonar e do metabolismo (HOLLMANN E PRINZ, 1997). Dentre as indicações para um Teste Ergoespirométrico, estão: Diagnose Diferencial; Avaliação da Incapacidade; Reabilitação Física; Estimativa de risco Pré-Operatório; Priorização de Pacientes para Transplante Cardíaco e; Eficiência da Terapia (WASSERMAN et al, 2005). Apesar de algumas limitações para a realização do teste cardiopulmonar como a necessidade de calibração dos equipamentos, profissional treinado e experiente, paciente cooperativo, custo elevado e demanda de tempo, a ergoespirometria possibilita uma avaliação global da resposta ao exercício, envolvendo os sistemas pulmonar, cardiovascular, metabólico, hematopoiético e músculo esquelético, fornecendo informações relevantes para a tomada de decisão clínica (ZAMPA, 2009). O consumo de oxigênio (VO2) é uma medida objetiva da capacidade do organismo em transportar e utilizar o oxigênio para a produção de energia. O VO2 máx. descreve quanto O2 é utilizado pelo individuo em exercício em relação à quantidade de trabalho externo realizado, já consumo de gás carbônico (VCO2) corresponde à produção de dióxido de carbono durante o esforço (WASSERMAN et al, 2005). A medida do VO2 reflete as necessidades energéticas aeróbias do organismo, permitindo a obtenção de informações precisas da capacidade de transporte e utilização do oxigênio, isto é, da capacidade funcional dos pulmões e do sistema cardiovascular, muscular e mitocondrial, combinados. O momento do exercício em que a capacidade de fornecimento de oxigênio aos músculos em atividade é saturada é denominado de consumo máximo de oxigênio (VO2máx). Mulheres não treinadas encerram o exercício antes de atingir essa situação, assim, o maior valor de VO2 alcançado é registrado e denominado VO2pico (MAINENTI, 2005). O termo ventilação minuto (VE) refere-se à quantidade de ar que inspiramos ou expiramos em um minuto. Esta medida é usada mais frequentemente para mensurar o ar expirado do que o inspirado. Essa quantidade pode ser determinada conhecendo o volume corrente e 22 Revista Pesquisa em Saúde a frequência respiratória. O aumento do volume minuto durante o exercício é diretamente proporcional ao aumento do VO2 e VCO2 por parte dos músculos ativos (FOSS e KETEYIAN, 2000). A potência no esforço máximo é a capacidade de realizar esforços curtos e intensos no menor tempo possível, afirma Bompa (2000) . A potência anaeróbica é um componente presente no estímulo gerado pelas demandas da modalidade. Entende-se por potência anaeróbia o maior esforço realizado durante determinada ação pela menor unidade de tempo disponível (HERNANDES, 2002). A razão de trocas gasosas (R) expressa a relação entre CO2 produzido e o O2 consumido. Aproximadamente 75% do O2 consumido é convertido em CO2; portanto, em repouso. Uma vez que o R depende do tipo de combustível utilizado, lipídios ou glicídios, ele pode fornecer um índice do metabolismo de carboidratos e gorduras (BARROS , TEBEXRENI e TAMBEIRO, 2001). Arritmia, por sua vez, é qualquer alteração na regularidade, frequência ou local de origem do impulso, ou anormalidade na condução deste impulso, modificando a sequência normal de despolarização de átrios e ventrículos. Logo, podemos ter alterações do automatismo ou alterações da condução do estímulo elétrico (PORTO, 2005). De acordo com o Consenso Nacional de Ergometria (1995), as mulheres representam capítulo à parte na ergometria, apresentando variações da pressão arterial sistêmica no esforço sensivelmente menores que os homens. Níveis fixos (comportamento em platô) e eventualmente queda da pressão arterial sistêmica podem ser registrados em mulheres sem outras evidências de cardiopatias, inclusive em casos com boa tolerância ao esforço (MASTROCOLLA et al, 1995). Assim sendo, o principal objetivo do presente estudo é analisar a aptidão cardiorrespiratória durante o esforço máximo comparando mulheres praticantes de atividade física e mulheres não praticantes de atividade física durante o período de janeiro de 2008 a julho de 2010. MÉTODOS O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário do Pará (CESUPA), registro CEP: 4578.0.000.323-10. Não coube a aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), uma vez que o estudo é retrospectivo e todas as pacientes não têm mais vínculo ou assiduidade nenhuma na clínica em questão. Foram analisados 33 exames ergoespirométricos de mulheres entre 18 a 40 anos no período de janeiro de 2008 a julho de 2010, caracterizando um estudo observacional retrospectivo. Foram divididas em dois grupos. O grupo A formado por mulheres praticantes de atividade física e o grupo B por mulheres não praticantes de atividade física. Através do banco de dados do software ERGOPC ELITE 3.3 foram coletados as seguintes variáveis: VO2, VE, VE/ VCO2, potencia, R e se houve a presença ou não de arritmias cardíacas durante o esforço máximo. Esses dados foram direcionados para uma ficha previamente elaborada pelos autores. Como critérios de inclusão, participaram somente mulheres na faixa etária de 18 a 40 anos que realizaram o teste ergoespirométrico, na clínica INTERCOR, no período de janeiro de 2008 a julho de 2010. E como critérios de exclusão, não participaram da pesquisa mulheres atletas profissionais, que apresentaram lesões osteomioarticulares, doenças pulmonares, doenças cardíacas, obesidade ou se durante a coleta, foram encontradas informações incompletas sobre a paciente. RESULTADOS A presente pesquisa contou com 33 exames ergoespirométricos, sendo 23 exames do grupo A e 10 exames do grupo B. A média da faixa etária dos participantes do grupo A foi de 36,2 anos e do grupo B de 30,5 anos, variando entre 18 a 40 anos. 26% dos participantes do grupo A tiveram arritmias, enquanto dos integrantes do grupo B, 10% apresentaram arritmia (figura 1). Analisada as arritmias por grupo dos participantes da pesquisa o Teste Exato de Fisher revelou um p= 0,3968, considerado não significativo. Figura 1: Arritmia por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010. Em relação ao VO2, a média do grupo A foi de 34,3 e o grupo B foi de 27,0. O teste t student apresentou um p= 0,017, considerado estatisticamente significante (figura 2). Figura 2: VO2 por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010. Quando analisados VE/VCO2, verificamos que a média do grupo A seria 34,3 e o grupo B 27,0. Analisados estes dados por grupos dos participantes da pesquisa, o teste t student mostra um p= 0,228 não significativo (Tabela 1). TABELA 1: VE por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010. Revista Pesquisa em Saúde 23 Estatísticas VE / VCO2 Média Desvio Padrão Mínimo Máximo A 34,3 7,6 18,3 45,3 B 27,0 7,6 14,3 37,9 Fonte: Pesquisa de campo, 2010. de VE dos integrantes do grupo A foi de 66,2 e do grupo B foi de 52,7 (tabela 2). O teste t student apresentou um valor de p= 0,267, considerado estatisticamente não significativo. TABELA 2: VE por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010. Estatísticas VE Média Desvio Padrão Mínimo Máximo A 66,2 13,5 43,2 87,0 B 57,2 22,7 22,5 98 Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Quando realizada a análise estatística da potência de cada grupo observamos que a média do grupo A foi de 302,1 e grupo B de 212,8 (figura 3), sendo que o teste t student mostrou um p= 0,025 considerado estatisticamente significativo. Figura 3: Potência por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010. Quando analisada a razão de troca gasosa R, podemos observar que a média do grupo A e B foi de 0,9 (tabela 3), revelando um p= 0,683 considerado estatisticamente não significativo. 24 Revista Pesquisa em Saúde TABELA 3: R por grupo dos participantes da pesquisa sobre Análise Ergoespirométrica Comparativa entre Mulheres Praticantes e não Praticantes de Atividade Física, realizada na Clinica INTERCOR no ano de 2010 Estatísticas R Média Desvio Padrão Mínimo Máximo A 0,9 0,1 0,7 1,2 B 0,9 0,1 0,7 1,1 FONTE: pesquisa de campo, 2010. DISCUSSÃO Um total de 33 exames foi analisado nesta pesquisa, através de uma análise retrospectiva. Segundo Riquena et al em 2009, a prática de atividade física regular é capaz de aumentar a estabilidade elétrica cardíaca, que se mostra como um fator de proteção contra arritmias. Foi observado no presente estudo que o grupo A, formado por praticantes de atividades físicas, somente 26% apresentaram arritmias e no grupo B, formado por não praticantes de atividades físicas, 10% apresentaram arritmias. De acordo com Machado, Guglielmo e Denadai em 2002, o VO2 mostra-se similar em indivíduos sedentários e treinados, mas, durante o esforço físico máximo os valores encontrados nos indivíduos treinados são maiores que nos sedentários. O presente trabalho observou que o VO2 do grupo A foi de 34,3 ml/kg.min, maior do que o grupo B, com 27,0 ml/kg.min. Num estudo realizado por Tavano em 2009, observou-se que o VO2máx obtido num protocolo de inclinação positiva em mulheres teve valor de 38,70 ml/kg.min, equiparando-se com o atual estudo, onde o VO2máx atingiu o valor de 27 para mulheres sedentárias e 34,3 ml/kg.min para mulheres ativas, ficando num também similar ao encontrado por Muotri em 2010, onde o VO2máx variou de 27,47 e 32,13 dos indivíduos, em sua maioria mulheres, estudados. Tamburus em 2009 constatou, durante o teste ergoespirométrico, que os valores de potência são mais elevados em mulheres ativas do que em sedentárias tendo valores médios de 184 e 132, respectivamente, reforçando os resultados encontrados neste trabalho. Yazbek et al em 1998 estudou o VE e constatou que, durante o teste ergoespirométrico, esta variável aumenta progressivamente atingindo um platô máximo, caracterizando uma maior produção de CO2, e que durante o esforço poderá atingir valores de até 200 litros em atletas. Os valores conseguidos neste artigo demonstraram normalidade do VE, dentro da faixa considerada esperada, tendo em vista que nenhum indivíduo estudado se encontra na categoria de atleta. Quanto ao VE/VCO2, os mesmos autores afirmaram que a variável refere-se a quantos litros de ar por minuto são necessários e devem ser ventilados para consumir 100 mL de O2, sendo mantida na faixa de 23 a 28 litros de ar ventilados para 1 litro de O2 consumido, dados estes que se assemelham com os obtidos no presente estudo. Já o R estando entre 0,70 e 1,0, sendo o primeiro um valor mais próximo de quando se consome mais lipídeos e o segundo estando mais próximo, de carboidratos. Portanto, o presente estudo, com média de 0,9 para os dois grupos, aproxima-se mais da hipótese de que as estudadas consumiram mais carboidratos em detrimento dos lipídeos. CONCLUSÃO Fica ratificada a importância da realização regular de atividades físicas, contribuindo para um melhor desempenho cardiorrespiratório, e a também importância de realização do teste ergoespirométrico para prescrever programa de exercício mais direcionado e fidedigno. A realização de futuros trabalhos mais completos se faz necessária para o constante incremento do conhecimento científico. Não houve conflitos de interesses pertinentes. O presente estudo é parte de trabalho acadêmico para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia pelas co-autoras pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA) e não teve fontes de financiamento externas. REFERÊNCIAS BARROS, N. T,; TEBEXRENI, A.; TAMBEIRO, V. Aplicações práticas da ergoespirometira em atletas. Rev. Soc. Cardiol. 2001; 11/ 3 –695-705. BOMPA, T. Treinando atletas de desporto coletivo. São Paulo: Editora Phorte, 2000. FOSS, M.; KETEYIAN, S. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. HERNANDES, J. B. Treinamento desportivo. São Paulo: Editora Sprint, 2002. HOLLMANN, W.; PRINZ, J. P. Ergospirometry and its history. [Abstract] Sports Med. 1997; 23(2):93105. MACHADO, F.; GUGLIELMO, L.; DENADAI, B. Velocidade de corrida associada ao consumo máximo de oxigênio em meninos de 10 a 15 anos. Rev Bras Med Esporte. 2002; 8/1. MAINENTI, M. Impacto do Hipotireoidismo Subclínico na Resposta Cárdio-Pulmonar em Esforço e na Recuperação. Arq Bras Endocrinol Metab. 2007; 51/9. MASTROCOLLA, L. et al. Consenso Nacional de Ergometria. Arq Bras Cardiol. 1995; 65/II. MUOTRI, R. Transtorno de Pânico subtipo respiratório e não respiratório: diferenças na avaliação ergoespirométrica e esquiva de atividade física [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2010. PORTO, C. Doenças do coração: prevenção e tratamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. RIQUENA, J. et al. Atividade física habitual e variabilidade da frequência cardíaca de repouso em nipo-brasileiros praticantes e não praticantes de PARK GOLF. Motriz, Rio Claro. 2009; 15/3. TAMBURUS, N. et al. Avaliação da Resposta da Frequência Cardíaca de Recuperação após Teste Ergoespirométrico em Mulheres Ativas e Sedentárias. 7° Amostra Acadêmica UNIMEP, Anais 7° Congresso de Pós-Graduação. 2009. TAVANO, J. Análise das Respostas Fisiológicas em Mulheres Submetidas a Diferentes Protocolos de Inclinação na Esteira [Dissertação de Mestrado].São Carlos:Escola de Engenharia de São Carlos - Faculdade de Medicina de Riberão Preto e Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo;2009. WASSERMAN K. et al. Prova de esforço: Princípios e Interpretação. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. YAZBEK, J. P. et al. Ergoespirometria. Teste de Esforço Cardiopulmonar, Metodologia e Interpretação. Rev Bras Cardiol. 1998; 71/5. Revista Pesquisa em Saúde 25 A IMPORTÂNCIA DA BOLA SUÍÇA NO TREINAMENTO DE DANÇA PARA ADULTOS INICIANTES THE IMPORTANCE OF SWISS BALL IN DANCE TRAINING TO ADULT BEGINNERS Mariela Ferreira de Santana1 [email protected] RESUMO Este estudo é uma proposta de treinamento de dança para adultos iniciantes, utilizando a bola suíça. É importante, pois a técnica de treinamento, com a bola, melhora a postura, a força, a flexibilidade, o equilíbrio e a saúde da coluna. Pouco se sabe sobre a aplicabilidade deste equipamento na melhoria de algumas qualidades físicas para a dança, devido à carência de literatura. O estudo tem o objetivo de propor um treinamento de dança, para adultos iniciantes, utilizando a bola suíça. A pesquisa é qualitativa e bibliográfica. Verificou-se que a bola é importante para o treinamento do equilíbrio, pode auxiliar no ganho de força, é indicada para o treinamento de flexibilidade e apresenta vantagens no treinamento de adequação postural para dança. Palavras-chave: Bola suíça, dança, treinamento qualidades físicas. INTRODUÇÃO Este estudo é uma proposta de treinamento de dança para adultos iniciantes, utilizando a bola suíça. Apesar de ser mais comumente usada em exercícios de alongamento, a bola suíça tem sido útil para a preparação física de atletas e aulas específicas em academias. Segundo Craig (2004, p. 108), “usando a força da gravidade, a região lisa da bola expande o corpo, ajudando a concentrar na parte que está sendo alongada, permitindo o contato com essa região”. Visto que a técnica de treinamento com a bola suíça pode melhorar a postura, a força, a flexibilidade, o equilíbrio e a saúde da coluna, mas ainda há carência, na literatura, de propostas de treinamento específico para dança, surgiram alguns questionamentos como qual seria a importância da bola para o treinamento do equilíbrio, da força, da flexibilidade e as vantagens que ela traz para o treinamento de adequação postural para dança. ABSTRACT O estudo teve como objetivo propor um This study is a dance training proposal for beginner treinamento de dança para adultos iniciantes adults, using swiss ball. It is important, because utilizando a bola suíça. Especificamente, os the training technique with the ball improves the posture, the strength, the flexibility, the balance objetivos da pesquisa foram apontar a importância and the spine health. There is less of knowledge da bola suíça para o treinamento do equilíbrio, about the applicability of this equipament in the distinguir de que forma ela pode auxiliar no improvement of some phisic qualities to dance, ganho de força, exemplificar como a flexibilidade because of the lack of literature. The study has as pode ser treinada com a ajuda da bola e listar as object to propose a dance training, for beginner vantagens dela para o treinamento de adequação adults, using the swiss ball. The research is postural para a dança. A pesquisa é qualitativa e bibliográfica. Foi qualitative and bibliographic. It was noted that the feita leitura de artigos científicos, livros sobre ball is important to the training of posture, can help in the strength gain, it is indicated to the flexibility bola suíça, formas de treinamento das qualidades training and shows up advantages in the training físicas, preparação física na dança, dentre outros. Através da leitura e comparação dos textos, foi feito of adequate posture to dance. Keywords: Swiss ball, dance, training, physic um balanço das possíveis contribuições da bola suíça para o processo de ensino-aprendizagem qualities. da dança, bem como para a preparação física de bailarinos. Foram avaliadas as vantagens de utilização deste implemento para a melhoria de força, flexibilidade, postura e equilíbrio. No primeiro momento, há uma comparação entre a técnica e a estética da dança; Em seguida, 1 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ULHT/ PT 26 Revista Pesquisa em Saúde trabalhada com cautela para se garantir as linhas de braço e a postura adequada. De acordo com Dantas (2005, p. 330), “A dança - ciência ou arte - apresenta-se como o entendimento completo das possibilidades físicas do corpo humano, que permite exteriorizar um estado latente, pelo jogo de músculos, segundo as leis naturais do ritmo e da estética”. A técnica é quem gera a estética e é bom lembrar que o indivíduo é único e que a consciência corporal de cada um deve ser trabalhada individualmente, como ele. “E sendo o corpo humano o instrumento da arte da dança, é necessário discipliná-lo e desenvolvê-lo afim de que o mesmo atinja, através de movimentos harmônicos e coordenados, toda a plasticidade, DANÇA: TÉCNICA OU ESTÉTICA? Quando se pensa em dança, logo vem à cabeça pureza de linhas e expressão possíveis” (Dantas: aquela idéia de arte, de movimentos estéticos, 2005, p. 330). de beleza e, ao mesmo tempo, de sensibilidade. BOLA SUÍÇA: O QUE ELA TEM DE TÃO Contudo, pesquisas têm demonstrado que este pensamento unilateral pode ser fortemente DIFERENTE? questionado quando se trata da preparação física A bola suíça ou bola de vinil, como é denominada desses corpos dançantes. por alguns autores, tem sido utilizada, com mais Muitas vezes, os treinamentos, aos quais o freqüência, para a aplicação de exercícios de bailarino é submetido, são dolorosos e fatigantes. alongamento, para preparação física de atletas Chegam até a serem confundidos e equiparados e para aulas específicas em academias. Pouco aos treinamentos desportivos, que visam ao alto se ouve falar na sua aplicabilidade para a dança. rendimento. Segundo Dantas (2005, p.412), “... No entanto, as propriedades da bola são tão dificilmente seus praticantes não apresentam atraentes no que tange “treinar um corpo”, que queixas sobre dores agudas de ordem músculo- sua utilização já tem sido expandida para diversas articulares, em sua prática constante e áreas da motricidade humana, inclusive para a prolongada”. dança. Isto leva a crer que a dança é mais que uma Isto ocorre, porque dançar exige uma boa manifestação artística; é uma atividade física que técnica, consciência corporal e um excelente exige treinamento árduo e uma técnica precisa. condicionamento físico e nada melhor que a bola Dantas (2005, p.412) confirma isso no trecho para garantir a base para este “tripé”. Segundo que diz: “Verifica-se, portanto que a dança é Craig (2004, p. 05), “A inovação no formato da uma atividade física, além de artística que exige bola acabará com sua sensação de gravidade”. grande capacidade de treinamento, associado As aulas de dança, em suas diversas a um rendimento excelente dos pontos de vista linguagens, utilizam exercícios de alongamento, físico e técnico”. saltos, equilíbrio e propriocepção. No que tange Dentre as qualidades físicas mais requisitadas ao alongamento, a bola pode ajudar muito mais em um trabalho de dança, destacam-se a força, até do que o colchonete ou mesmo os exercícios a flexibilidade, a postura e o equilíbrio. A força de chão. Isso devido ao seu formato anatômico, é um pré-requisito básico para os dois últimos, que envolve a coluna e se molda às curvaturas pois músculos mais fortes garantem um maior naturais de cada indivíduo. É como se ela se equilíbrio corporal que, por sua vez, melhoram a modelasse à heterogeneidade dos corpos. postura do bailarino. Para Craig (2004, p. 13), “É impossível alongar Mas não só de técnica vive a dança. Como o corpo com um colchonete ou equipamento, da já foi dito anteriormente, a estética também é mesma maneira que se faz com a bola”. O mesmo fundamental para o sucesso do espetáculo. Só ocorre com o treinamento de saltos na dança. O que quando se fala em estética, não se refere bailarino, geralmente, produz uma seqüência de apenas à beleza das apresentações de palco; saltitos no chão e amortece a queda com a flexão a estética corporal de cada bailarino deve ser ou semi-flexão de joelhos. relata-se o que a bola suíça tem de tão diferente. No terceiro momento, fala-se do treinamento de equilíbrio utilizando a bola. No quarto momento, é proposto um treinamento de força sobre a bola. Em seguida, trata-se do treinamento de flexibilidade, para a dança, e ressalvam-se as formas de auxílio da bola suíça para esta prática. No sexto momento, são elencadas as vantagens de se trabalhar com tal implemento na adequação postural dos indivíduos para a dança. E, por fim, são abordadas as considerações finais sobre a proposta, buscando caracterizar o importante papel da bola suíça para o treinamento de dança para adultos iniciantes. Revista Pesquisa em Saúde 27 Com a bola, é possível treinar esses saltos de uma maneira mais segura e eficaz, já que o bailarino encontra-se sentado e o impacto com o solo é amortecido pelo formato arredondado que ela apresenta. De acordo com Craig (2004, p.13), “... a bola amortece seu corpo enquanto salta, e treina os pés a se adaptarem com segurança no impacto com o chão”. Uma prática comum em dança é a transferência de peso. Tanto na dança clássica, como na moderna e na contemporânea utiliza-se a transferência de peso de pernas, braços e tronco. Com a bola, isto fica mais fácil. O professor pode brincar com os movimentos, como ir e vir na bola, rolar sobre ela e apoiar diversos segmentos corporais em seu topo. Para Craig (2004, p. 13), “Em nenhum outro lugar a transferência de peso pode ser mais bem praticada do que em cima da bola”. Trabalhando essa transferência de peso, o bailarino estará desenvolvendo também sua propriocepção e, conseqüentemente, melhorando seu equilíbrio. O que favorece o ganho desta qualidade física é o fato da bola suíça apresentar certa instabilidade para o indivíduo, o que o obriga a tentar se equilibrar, trabalhando sua propriocepção. Craig (2004, p. 12) nos diz que “ao mesmo tempo que está fortalecendo o corpo, a bola de exercício aumenta a ‘propriocepção’ – sua consciência de como seu corpo se movimenta no espaço”. TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO Como já foi dito anteriormente, a instabilidade gerada pela bola obriga o bailarino a tentar manter o equilíbrio sobre ela. Desta forma, estará desenvolvendo sua propriocepção e ampliando a qualidade de mais uma valência física: o equilíbrio. De acordo com Craig (2004, p.13): Sentar na bola é altamente vantajoso para a saúde da coluna, pois é um trabalho ativo: o corpo se ajusta sem parar a fim de manter o equilíbrio. Ficar sentado por muito tempo retrai os músculos posturais e equilibra a coluna (CRAIG, 2004,p 13) 28 Revista Pesquisa em Saúde TREINAMENTO DE FORÇA Perceba como um trabalho gera o outro. Foi dito anteriormente que o fato de estar sentado na bola já se está trabalhando a propriocepção e o equilíbrio e que os músculos corporais estão sempre na ativa para manter este corpo estável. Desta forma, a bola suíça pode estar auxiliando também no ganho de força destes bailarinos. Para Craig (2004, p. 11), “Com a bola, os músculos sempre estão trabalhando”. É certo que existem exercícios específicos de força para cada grupamento muscular. E a melhora desta qualidade física é essencial para qualquer praticante de dança, seja ele de qual for a linguagem. De acordo com Leal (1998, p. 106), “A dança necessita de corpos ágeis, fortes e flexíveis”. A bola suíça pode estar auxiliando em exercícios para quadríceps, como o agachamento na parede com a bola nas costas ou a extensão de pernas, sentado e com caneleira; para isquiostibiais, como elevação posterior de pernas em decúbito ventral; para tríceps sural, utilizando a bola como apoio; para peitoral, em decúbito dorsal, utilizando sobrecarga; para costas e tríceps, em decúbito ventral, também com sobrecarga; para bíceps e deltóide, sentado na bola. Segundo Craig (2007, p. 67), “O treinamento de força com bolas requer mais equilíbrio e coordenação do que o treinamento padrão com carga”. Com um pouco de criatividade pode-se criar uma seqüência ampla de movimentos específicos para cada grupo muscular, de acordo com a necessidade da turma. Mas, o mais importante é a variedade de exercícios abdominais que podem ser executados com precisão e segurança, utilizando este implemento. Sabe-se que a força abdominal é imprescindível para um bom desempenho do bailarino. Segundo Craig (2007, p. 64), “Abdominais fracos podem fazer que a pelve sofra anteversão, aumentando a curvatura lombar”. Isto prejudicaria a adequação postural deste corpo para a dança. TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE Outra qualidade física primordial para o processo de ensino-aprendizagem da dança é a flexibilidade. A técnica depende de um bom alcance de movimento e de grandes amplitudes. Em grande parte é ela quem irá determinar o sucesso da apresentação. Para Dantas (2005, p. 301), “Um bom alcance de movimento é um fator importante para o aprendizado de uma boa técnica, sendo a flexibilidade um pré-requisito básico para a execução tecnicamente correta dos movimentos”. No treinamento para dança, principalmente para iniciantes, é fundamental que a flexibilidade seja trabalhada em todos os dias de treino, para garantir a rápida ampliação desta qualidade física. De acordo com Leal (1998, p. 104), “O programa de flexibilidade para a dança insere-se em todos os períodos, mantendo e desenvolvendo o grau de amplitude articular do movimento”. A bola pode contribuir para o treinamento de flexibilidade em dança de duas formas: garantindo a melhor posição anatômica para os segmentos corporais do aluno e diversificando os movimentos, inserindo uma abordagem lúdica ao treino e aumentando a motivação, principalmente para alunos iniciantes. Segundo Dantas (2005, p. 306): pesquisa entre bailarinos sobre sua mobilidade articular demonstrou ser uma vantagem, para indivíduos que querem embarcar numa carreira de dança, serem flexíveis, uma vez que todos os movimentos de dança requerem grande amplitude de quase todas as articulações (DANTAS, 2005, p 306). No caso da dança, a flexibilidade é uma qualidade física básica de grande fundamento, pois se trata de uma atividade que envolve movimentos de grandes amplitudes, e o nível de desenvolvimento da flexibilidade determina em grande parte o sucesso e bom desempenho dos bailarinos (DANTAS, 2005, P 301). Assim como a força é essencial para o equilíbrio, este, por sua vez, associado à flexibilidade e à própria força é fundamental para o treinamento de adequação postural. A postura resulta da harmonia entre músculos e ligamentos, logo, músculos fortes auxiliam em uma postura mais correta. Para Dantas (2005, p. 309): O efeito da postura para o treinamento da dança é primordial para se compreender os equilíbrios de força e flexibilidade necessários para que o desempenho seja efetuado com o menor esforço possível, ou com menos solicitação de músculos acessórios empregados na ação do movimento (DANTAS, 2005, p 309). Para se ter um alinhamento postural adequado, deve-se ter controle das forças opostas das Existem formas específicas de se trabalhar musculaturas. No caso da dança, a preocupação a flexibilidade com a bola, podendo o bailarino ainda é mais minuciosa, porque o bailarino utilizá-la para sentar, deitar ou, simplesmente, depende de um bom alinhamento de braços e como apoio. Um exemplo prático é a famosa coluna para manter o equilíbrio, por exemplo, em “borboleta”, que o aluno pode executar no chão, uma única perna. Segundo Craig (2004, p.31), deitado em um colchonete, apoiando os pés “O ideal é que existam duas forças opostas que unidos na bola suíça. Ao falar deste movimento, trabalhem constantemente pelo corpo... Essa Craig (2007, p. 154) afirma que “a bola apóia os sensação de oposição é importante para um bom pés enquanto o tapete apóia as costas, e não há posicionamento e postura do corpo”. A bola suíça pode trazer benefícios estresse sobre os ligamentos da lombar ou da incomparáveis ao treinamento postural para pelve”. A flexibilidade é uma valência física muito dança, pois proporciona uma adequação importante para quase todos os tipos de atividades anatômica ao corpo do bailarino e, no caso do físicas, inclusive para as atividades corriqueiras iniciante, que ainda não tem uma consciência do dia-a-dia das pessoas, mas para o bailarino corporal treinada, ela pode ajudar de forma mais é mais que isso: é uma necessidade vital, a precisa, ensinando-o sobre como se posicionar garantia do sucesso. A beleza das apresentações no espaço e diminuindo a sensação de gravidade. depende disso e a bola pode ser um implemento Craig (2004, p.30) confirma isso ao dizer que imprescindível para a melhora nos níveis de “A bola é incomparável na recuperação dos flexibilidade deste corpos dançantes. De acordo problemas posturais”. Saltar sentado na bola também é indicado com Dantas (2005, p. 301). para o alinhamento postural, visto que amortece o impacto e obriga o indivíduo a alinhar a coluna para manter o equilíbrio. Desta forma, estará trabalhando também sua propriocepção. Para Craig (2005, p. 34), “Saltar alinha a coluna em sua Revista Pesquisa em Saúde 29 posição mais eficaz e melhora a resistência dos músculos posturais”. Devido à instabilidade provocada pela bola, o aluno iniciante sente a necessidade de buscar um certo conforto para evitar quedas e tombos e isso faz com que comece a conhecer seu corpo e a ter auto-controle, monitorando seus movimentos e, inclusive, sua respiração. Ao passar por essa fase inicial, o bailarino já começa a dar indícios de uma consciência corporal trabalhada e a ousar mais em cima da bola. Cada vez mais os exercícios vão ganhando graus de dificuldade maiores para forçá-lo a alinhar a coluna e buscar a postura correta através do equilíbrio. De acordo com Dantas (2005, p. 309), “Postura é o resultado de um equilíbrio harmonioso entre as solicitações impostas aos músculos, aos ligamentos e aos discos intervertebrais”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este estudo pôde-se notar que a bola suíça não só é recomendável para a preparação física de adultos iniciantes de dança, como também para as atividades diárias dos indivíduos em geral. Ela pode ser adequada para cada tipo de situação, desde que haja um estudo aprofundado sobre suas propriedades e aplicações, adicionado a um toque de criatividade. A bola é importante para o treinamento do equilíbrio, porque sua instabilidade obriga o indivíduo a tentar manter-se sobre ela, desenvolvendo sua propriocepção. É importante também, porque recruta diversos músculos corporais, só de estar sentado nela, e é indicado para a manutenção da saúde da coluna. “Porém, é útil saber que o próprio treinamento de força desenvolve um bom equilíbrio. Quanto mais fortes são as pernas, os tornozelos e as panturrilhas, mais rápido os músculos contraem para impedir movimentos que desequilibram seu corpo”. (CRAIG: 2007, p.67). Desta forma, ela pode auxiliar no ganho de força através de uma seqüência ampla de movimentos específicos para cada grupo muscular, de acordo com as necessidades. Os grupamentos musculares estão sempre na ativa, quando estamos em cima da bola, e se for aplicado, sobre os segmentos corporais, uma sobrecarga, o trabalho fica ainda mais intenso e eficaz. A flexibilidade pode ser treinada com a bola suíça através de exercícios específicos para as articulações mais utilizadas na dança, já que garante a melhor posição anatômica para os segmentos corporais do aluno e diversifica os 30 Revista Pesquisa em Saúde movimentos de forma lúdica a atraente. Ela evita estresses sobre as articulações no treinamento de flexibilidade. Já as vantagens da bola, para o treinamento de adequação postural para a dança, são corroboradas pela instabilidade provocada pela ela, pois o aluno iniciante sente a necessidade de buscar certo conforto, para evitar quedas, e passa a ampliar sua consciência corporal, através do autoconhecimento e o de suas limitações. Os exercícios o fazem alinhar a coluna e buscar a postura correta através do equilíbrio. Craig (2007, p. 67) ratifica isso dizendo que: A instabilidade da bola melhora a propriocepção, a alça de retroalimentação sensorial que informa ao seu corpo a sua posição no espaço. A surpresa e a imprevisibilidade associadas à bola desafiam o sistema nervoso. Os receptores enviam informações mais rápidas ao cérebro. O tempo de reação rápido previne quedas e tropeços (CRAIG, 2007, p 67). REFERÊNCIAS BOAVENTURA, Edivaldo M. Metodologia da Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2004. CARRIÉRE, Beate. Bola Suíça: teoria, exercícios básicos e aplicação clínica. São Paulo: Manole, 1999. 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PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA PROPOSTA INTERVENTIVA DE SAÚDE SOCIAL SOCIAL SPORT PROJECT: A SOCIAL HEALTH INTERVENING PROPOSAL Tibério Costa José Machado1,2 Angelo Vargas2,3 [email protected] RESUMO O presente estudo objetivou investigar como o esporte na representatividade do projeto sócio esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, corroborou para diminuição das chances de envolvimento de seus participantes, com as situações classificadas como de risco social. O recurso metodológico utilizado foi o estudo de caso, que objetiva investigar um único fenômeno em profundidade. A amostra foi composta por 306 sujeitos de ambos os sexos e com idade compreendida entre 8 e 12 anos de idade e participantes ativos do projeto. O instrumento utilizado é parte integrante de um questionário de dezessete perguntas semi-estruturadas que foi recolhido logo após o término do preenchimento. Todos os participantes aquiesceram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidad Autónoma de Asunción. Os resultados permitem inferir que a Vila Olímpica Ary Carvalho, apresenta importância substancial na ocupação do tempo livre dos participantes, além de promover a disseminação de preceitos valorativos positivos para vida em sociedade, contribuindo para formação dos sujeitos. Importa salientar, que a oferta de atividades sem ligação com o esporte emerge como uma alternativa para o público desta região que durante anos padeceu com a falta ou hipossuficiência assistencial. Palavras – Chave: Crianças; Vulnerabilidade social; Políticas públicas; Esportes. ABSTRACT This study aimed to investigate how the sport in the representation of social sport project Olympic Village Ary Carvalho, corroborated for the reduction the chances of involvement of its participants, to the situations classified as social risk. The methodological resource used was the case study, which aims to investigate a single phenomenon in depth. The sample was composed by 306 subjects of both sexes and aged between 8 and 12 years old and active participants in the project. The instrument used is part of a questionnaire of seventeen questions semi structured that was collected immediately after the end of the fill. All participants acquiesced to the Free and Informed Term of Consent and the study was approved by the Ethics Committee of the Universidad Autónoma de Asunción. The results allow inferring that the Olympic Village Ary Carvalho, presents substantial importance in the occupation of free time of the participants and promote the dissemination of positive values principles for life in society, contributing to formation of the subjects. It should be noted that the range of activities unrelated to the sport emerges as an alternative to the public in the region who suffered for years with no or inadequate assistance. Keywords: Children; Social vulnerability; Public policies; Sports. INTRODUÇÃO A história nos permitiu compreender que ao longo dos anos o esporte emergiu em diferentes momentos com o objetivo de atender às necessidades apresentadas pelo homem. Este vínculo corroborou para que na sociedade contemporânea o esporte fosse utilizado para suprir as carências apresentadas pela população, principalmente no que tange ao treinamento das competências sociais. A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUAS PECULIARIDADES DEGRADANTES A sociedade contemporânea notabilizou-se por apresentar em seu contexto, situações que possuem características socialmente degradantes e que possuem incidência majoritária entre o público jovem. Vargas (2002) infere que o público jovem, possui a característica de reproduzir Universidad Autónoma de Asunción - PY. Laboratório de Estudos da Cultura Social Urbana – LECSU. 3 Universidade Técnica de Lisboa - UTL - PT. 1 2 Revista Pesquisa em Saúde 31 os valores, ações e gestos presentes em seu cotidiano de convívio, podendo apresentar a motricidade com estereotipia degradante. Já nos postulados filosóficos de Marx e Engels (1848) é possível a compreensão da influência promovida pelo contexto social em seus pares ou indivíduos que atuam no mesmo cosmo. Para os autores, o homem figura como produto do meio social onde se encontra inserido, estando exposto a todas as interveniências do contexto, podendo reproduzi-las ou não. Desta forma, tornouse possível depreender que o contexto social terá significativa importância para formação do indivíduo, principalmente para os jovens, que se apresentaram suscetíveis ao envolvimento com as situações de risco. A ociosidade pode ser definida como a existência em demasiado de tempo livre. Esta falta de ocupação pode potencializar as chances de envolvimento do indivíduo, com as situações degradantes. Este problema denotou substancial importância nas localidades carentes, que devido à hipossuficiência ou falta de assistência por parte dos governos, desenvolveu uma lacuna no que tange à legitimidade e cumprimento das normas cíveis vigentes na sociedade, exprimindo em seu contexto, inúmeras situações de características degradantes e classificadas como de risco social, devido à influência não valorativa que exerce nos indivíduos, além de serem consideradas à margem da lei. ESPORTE COM FINS SOCIAIS: VALORIZAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA O esporte com vistas à promoção de benefícios sociais apresentou substancial destaque e visibilidade na sociedade contemporânea, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro. Para Zaluar (1994) a década de 80 emergiu como período que ocorreram significantes alterações no campo esportivo, favorecendo a sua valorização. Importa asseverar que este ganho de importância sucedeu-se em decorrência dos benefícios atribuídos a prática esportiva, como auxiliar no processo de desenvolvimento social de crianças, adolescentes e cidadãos em geral, como asseverado por Tubino (2001). No entanto, os maiores fomentos de prática esportiva, mormente com fins sociais, surgiram devido às iniciativas oriundas do setor privado e através das organizações não governamentais – ONGs. Importa destacar, que a ausência de atuação por parte governamental tornou-se notória até mesmo, no principal projeto desenvolvido 32 Revista Pesquisa em Saúde nesta época na cidade do Rio de Janeiro, intitulado Vila Olímpica da Mangueira e ativo até os dias atuais. Estruturado como alternativa de ofertar a prática esportiva para a população carente, a Vila Olímpica da Mangueira, obteve substancial destaque, sendo considerado um projeto sócio esportivo modelo. A promulgação do Artigo 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, representou um substancial incentivo, para a valorização e disseminação da prática esportiva em território brasileiro. Em seu texto, o Artigo 217 consagra que: “... é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um”. Esta determinação configurou uma mudança de cenário no que diz respeito ao esporte brasileiro, que inicialmente era visto como prática nova, em desenvolvimento e posteriormente logrou status de valiosa estratégia para o treinamento das competências sociais. PROJETO SÓCIO ESPORTIVO: UMA ALTERNATIVA PARA O ALCANCE DA SAÚDE SOCIAL Os projetos sócio esportivos podem ser definidos como iniciativas de ação interventiva, majoritariamente em regiões que possuem contexto social com características de degradação e que objetivam promover benefícios sociais, através do esporte. No caso específico da cidade do Rio de Janeiro, principalmente os projetos que contam com a participação governamental, foram implementados em localidades que apresentaram baixa classificação no Índice de Desenvolvimento Humano - IDH e pelo Índice de Desenvolvimento Social - IDS, que são dois indicadores sociais, que servem de parâmetro para análise de diversos bairros e regiões. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2001) e Cavallieri e Lopes (2008) estabeleceram valores relativos ao IDH e IDS sucessivamente, dos bairros da cidade do Rio de Janeiro, investigando indicadores como a riqueza, educação e expectativa de vida ao nascer para o IDH e o acesso a rede de água e esgoto adequada, coleta de lixo adequada, número de banheiros por moradores, responsáveis por domicílio com menos de 4 anos de estudo, responsáveis por domicílios com 15 ou mais anos de estudo, analfabetismo em maiores de 15 anos, responsáveis por domicílios com renda até dois salários mínimos, responsáveis por domicílios com rendimento igual ou superior a 10 salários mínimos e rendimento médio dos responsáveis por domicílio em salários mínimos para o IDS. As comunidades escolhidas para implementação deste tipo de projeto, apresentam características de degradação social, fato que remete a influência que este cenário pode promover aos seus residentes, especialmente aos jovens. Desta forma, o projeto sócio esportivo pode representar uma alternativa, para esta população carente de assistência. Como projeto interventivo, a Vila Olímpica Ary Carvalho é uma proposta sócio esportiva localizada na comunidade da Vila Kennedy, na cidade do Rio de Janeiro e gerida pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer – SMEL, onde a prática esportiva emergiu como estratégia para promoção de preceitos valorativos junto aos participantes. Num cenário que, durantes anos, se caracterizou e padeceu com a ausência ou hipossuficiência de assistência, medidas necessitam ser implementadas, com o objetivo diminuir as chances de exposição ou de contato com as situações classificadas como de risco social. OBJETIVO O estudo objetivou investigar qual o papel da Vila Olímpica Ary Carvalho na redução do contato de seus participantes com as situações com características degradantes, principalmente no que tange à oferta de atividades e serviços que possam promover benefícios no âmbito social. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo utilizou o recurso metodológico denominado Estudo de Caso, que se caracteriza por ser uma pesquisa do tipo descritiva que objetiva proporcionar a investigação em profundidade de um único fenômeno. (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). A amostra constituiu-se de 306 sujeitos de ambos os sexos, com idade entre 8 e 12 anos e classificadas como crianças, como estabelecido pelo Artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e participantes ativos do projeto sócio esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho. Todos os componentes da amostra possuem sua matrícula efetivada por um período superior a três meses. O instrumento utilizado é uma parte integrante de um questionário constituído de dezessete perguntas, semiestruturadas, cujo processo de validação constituiu a avaliação por um júri de cinco especialistas no âmbito da Educação Física. Os questionários foram respondidos na Vila Olímpica Ary Carvalho, sendo recolhido logo após o termino do participante. Todos os participantes da amostra aquiesceram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentando o mesmo devidamente assinado pelo responsável legal. O presente estudo foi analisado e aprovado, registro 17/11, pela Comissão de Ética para Pesquisa - CEP da Universidade Autônoma de Assunção - UAA. O mesmo atendeu às especificações da Resolução 196/96 do Conselho de Nacional de Saúde Brasileiro de 10/10/1996, que enuncia as Normas para Realização de Pesquisa em Seres Humanos. Além disso, o estudo contou com a aprovação do Corpo Técnico da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - SMEL e da Vila Olímpica Ary Carvalho. TRATAMENTO ESTATÍSTICO Para realização do tratamento estatístico optou-se pela abordagem estatística denominada Estatística Descritiva, que engloba um conjunto de métodos que permitem a apresentação dos achados através de recursos estatísticos. (SILVESTRE, 2007). Dentre os métodos contidos neste tipo de pesquisa, optou-se pela distribuição de frequência, que é um recurso estatístico que identifica a ocorrência dos escores envolvidos no estudo. (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). Para desenvolvimento e execução dos cálculos estatísticos pertinentes à distribuição de frequência, foi utilizado o software aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 16.0). RESULTADOS Os resultados do estudo permitiram inferir que a Vila Olímpica Ary Carvalho emergiu como significante forma de ocupação do tempo livre dos participantes, em decorrência de ausência de alternativas para uma parcela significativa dos investigados. Tabela Nº 1 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a realização de outras atividades no tempo livre Variáveis Frequência Não Sim 275 31 valores Percentuais 88,9% 10,1% Revista Pesquisa em Saúde 33 Com relação ao desenvolvimento de outras atividades que objetivem promover benefícios no âmbito social, os dados permitiram depreender que existiu a preocupação por parte do projeto em ofertá-las, no entanto sua abrangência não logrou alcance majoritário entre os sujeitos. DISCUSSÃO Souza (2009) e Maricato (2011) asseveraram que a ausência de atuação governamental proporcionou uma lacuna que possibilitou o desenvolvimento de áreas, com características peculiares, como as encontradas na região da Vila Kennedy, que compreende na atualidade Tabela Nº 2 Apresentação da distribuição de outras dezessete comunidades, que padecem frequência e dos valores percentuais relativos com problemas significativos de infraestrutura aos participantes que utilizam as atividades com e assistência social. Morais (2006) depreendeu cunho social que estas regiões com características peculiares possuem ocorrências e ambiente prejudicial Variáveis Frequência Valores Percentuais ao desenvolvimento do público jovem. Ferreira (2006) indicou que o cenário de abandono e Não 248 81% pobreza expõe principalmente o público jovem a situações classificadas como de risco social. Sim 58 18,9% Para Cheluchinhak e Cavichiolli (2010), o esporte na sociedade contemporânea efetivou-se Atividades Frequência Valores Percentuais como significante estratégia para o treinamento das competências sociais, reduzindo as chances Informática 32 55,1% de envolvimento dos participantes de práticas esportivas com as situações consideradas como SESC Odonto 29 50% socialmente degradantes e que promoveram, como vítimas prioritárias, os jovens residentes de comunidades carentes. No intuíto de identificar através da opinião dos No que concerne ao esporte, Tubino (2001) participantes reconhecimento de alterações em e Silva e Rubio (2003) assinalam que o esporte suas vidas após a participação na Vila Olímpica representa uma significativa estratégia para o Ary Carvalho, o Gráfico Nº 1, através dos desenvolvimento das crianças, dos adolescentes resultados apresentados, permitiu compreender e dos cidadãos de forma geral, em decorrência da que um percentual significativo dos sujeitos influência valorativa. reconheceu a realização de alterações positivas, A oferta de outros serviços que não possuem fato que reforça a importância do projeto. relação específica com o universo esportivo poderá corroborar para diminuição da carência Gráfico Nº 1 Representação Gráfica da distribuição assistencial apresentada pela população. de frequência e dos valores percentuais relativos ao Para Baggio (2000) e Demo (2005), tornou-se reconhecimento de alterações realizadas pelo projeto inconteste a necessidade de promover a inclusão sócio esportivo na vida dos participantes digital entre o público de baixa renda, como preconizado pela Administração da Vila Olímpica Ary Carvalho, que dentre outros serviços com fins sociais, disponibilizou o acesso ao universo digital, através da oferta de cursos de informática. Sá (1999) inferiu que os jovens residentes de comunidades carentes podem apresentar um comportamento com tendência agressiva. Tubino (2001) e Melo (2004) asseveraram que o esporte emerge como uma significativa estratégia de combate ao problema, além de propiciar a disseminação de aspectos valorativos positivos para vida em sociedade. Contijo e Medeiros (2009) destacaram a importância de se atentar ao meio de inserção do indivíduo, haja vista a influência que pode ser exercida, sobretudo sob as crianças. Segundo 34 Revista Pesquisa em Saúde Bronfenbrenner (1992), Krebs (1997) e Vargas (2002), o contexto social exerce influência primordial no processo de formação do indivíduo, tendo este a vulnerabilidade de exprimir características negativas presentes e vivenciadas. No que concerne à comunidade da Vila Kennedy, os referidos argumentos concorrem por favorecer o entendimento das medidas tomadas, que objetivam tornar este cenário favorável para o desenvolvimento de seus pares, através da oferta de atividades sócio esportivas. Vargas (2002) inferiu que o contato com o cenário de degradação social, pode propiciar o desenvolvimento de um comportamento peculiar entre os jovens. A possibilidade de apresentação da motricidade, com estereotipia degradante, emergiu como uma das características passíveis de serem encontradas em jovens expostos a situações degradantes, como abordou Neto (2001). Neste universo, o projeto sócio esportivo atuou na ocupação do tempo livre, diminuindo a exposição do publico ao referido cenário, evitando assim sua exposição a tais situações. Andrade (1998) e Scherer-Warren (2006) depreenderam que diversas iniciativas foram desenvolvidas, com objetivo de diminuir as chances de envolvimento das crianças com as situações que apresentam características de risco social, remetendo assim à ideia de combate a enunciada ocorrência, sobretudo reduzindo o tempo livre, papel designado a Vila Olímpica Ary Carvalho, no caso da comunidade da Vila Kennedy e confirmado nos resultados do estudo. Para Colantonio (2007), independente das diferentes formas de apresentação do esporte, elencadas no Artigo 217 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no cenário das Vilas Olímpicas, os objetivos que exprimiram relação com o âmbito social foram priorizados, assim como constataram Andrade (1998) e Scherer-Warren (2006). Machado, Dória e Vargas (2011) depreenderam que iniciativas desta natureza cresceram no cenário da cidade do Rio de Janeiro, contribuindo para consolidação e disseminação da política sócio esportiva, que na atualidade apresenta substancial fomentação do Poder Público. CONCLUSÃO Os resultados do estudo permitem depreender que a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, na representatividade da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer – SMEL – objetivou através do projeto sócio esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, ofertar uma alternativa de serviço para a população da comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades da região. No entanto, tornou-se pertinente salientar que o referido projeto abrange um universo de atuação que transcendeu o cenário esportivo, figurando como uma significativa alternativa de promoção social, através da implementação de atividades e valores que contribuem positivamente na vida de seus participantes. Além disso, importa ressaltar que o projeto apresentou significativa participação na ocupação do tempo livre dos participantes, atuação que num contexto caracterizado pela degradação social denotou substancial importância. O crescimento desta iniciativa configurouse inconteste, sobretudo posteriormente a atuação governamental, fato que representou uma preocupação do Poder Público, com as enunciadas situações classificadas como degradantes socialmente e presentes no seio da sociedade contemporânea, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro. Desta forma, foi possível assimilar que as Vilas Olímpicas corroboram positivamente na vida de seus participantes, através da oferta de serviços e apresentando, para seus participantes, condutas positivas para a vida em sociedade. Não obstante, no que tange à ocupação do tempo livre, o referido projeto emergiu como alternativa unitária para parcela significativa dos participantes, fato que possibilitou para a compreensão de que outras iniciativas necessitam ser desenvolvidas, objetivando proporcionar alternativas de intervenção em comunidades co características de risco social. REFERÊNCIA ANDRADE, A. N. A criança na sociedade contemporânea: do “ainda não” ao cidadão em exercício. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 11, n.1. 1998. BAGGIO, R. A sociedade da informação e a infoexclusão. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 16-21, mai./ago. 2000. BRASIL. Artigo 217 da Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Casa Civil, 1988. BROFENBRENNER, U. Ecological systems theory. London: Jessica Kingsley Publishers. 1992 CAVALLIERI, Fernando; LOPES, Gustavo. 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A SD caracteriza-se por uma alteração genética que ocorre durante a divisão celular do embrião, ocasionando um atraso no desenvolvimento das funções motoras e mentais do indivíduo. Deste modo, o bebê com esta síndrome demora a adquirir determinadas habilidades, devido a uma hipotonia generalizada que o afeta desde seu nascimento. Com o passar do tempo, essa hipotonia tende a diminuir espontaneamente, porém permanecerá presente por toda a vida em graus diferentes. A partir do momento em que é feito um trabalho psicomotor nesta fase inicial da vida, podemos ressaltar a importância da estimulação precoce e as influências derivadas do meio. Essa pesquisa tem como objetivo analisar o desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down na faixa etária de 06 a 10 anos e sua interferência na aprendizagem. É necessário, portanto, uma maior atenção por parte dos pais com relação aos aspectos iniciais da vida do bebê. Toda a evolução da criança vai depender da forma como seus responsáveis vão aceitar essa realidade. Desta forma as orientações teóricometodológicas são pautadas no desenvolvimento infantil e construção do conhecimento de forma significativa. Serão considerados tópicos referentes ao desenvolvimento motor da criança com SD e participação direta da família neste processo. Um compromisso social em todos os sentidos de ordem preventiva possibilitará o desencadeamento de diversos fatores relacionados às atividades e programas sociais que poderão facilitar na aquisição de hábitos saudáveis, estimulando a prática de atividades recreativas, físicas e culturais que ajudarão na melhoria da qualidade de vida. Palavras - chave: Criança com Síndrome de 1 Down; Desenvolvimento Motor; Educação Infantil; Inclusão Escolar. ABSTRACT This research discusses the importance of physical activity for motor development of children with Down syndrome (DS), aged from six to ten years. The DS is characterized by a genetic variation that occurs during cell division of the embryo, causing a delay in the development of mental and motor functions of the individual. Thus, the baby with delay syndrome is acquiring certain skills due to a generalized hypotonic that affects since its birth. Over time, this hypotonic tends to decrease spontaneously, but remains present throughout life in different degrees. Once that is done a psychomotor work at this early stage of life, we emphasize the importance of early stimulation and influences derived from the environment. This research aims to analyze the motor development of children with Down syndrome aged from 6 to 10 years and its interference in learning. It is necessary, therefore, greater attention on the part of parents with initial development of baby’s life. The evolution of the child will depend on how they will accept this reality. This way, the theoreticalmethodological guidelines are guided in child development and construction of knowledge in a meaningful way. It will be considered topics pertaining to motor development of the child with DS and direct participation of the family in this process. A social commitment in all senses of preventive order will enable triggering several factors related to activities and social programs that could facilitate the acquisition of healthy habits, stimulating the circulation of recreational activities, physical and cultural activities that will help the improving of the quality of life. Keywords: Children with Down Syndrome; Motor Development; Childish Education; School Inclusion. Univesidade Lusófona de Humanidade e Tecnologia - ULHT/ PT Revista Pesquisa em Saúde 37 Figura 01 - Cariótipo da Trissomia 21 (Padrão) INTRODUÇÃO O projeto de pesquisa vai propiciar aos dirigentes e profissionais, que trabalham com pessoas com deficiência intelectual, subsídios que orientem as atividades de Educação Física. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, aproximadamente 10% de qualquer população é portadora de algum tipo de deficiência. O Brasil possui atualmente cerca de Fonte: Web Site: http://cerebromente.org.br/n04doen+ 180 milhões de habitantes, logo + 18 milhões ça/down//down.htm. RODINI, E.S.O& Souza, A. R. de pessoas possuem algum tipo de deficiência. Desse total, 50% são portadoras de deficiência TRISSOMIA POR TRANSLOCAÇÃO mental. (Gráfico. 01) • Cariótipo: 46XX (t 14; 21) ou 46XY (t 14; 21) Gráfico 01 - Estatística das deficiências em âmbito nacional • O indivíduo apresenta 46 cromossomos e o cromossomo 21 extra está aderido a um outro par, em geral o 14. Ocorre em aproximadamente 3% dos casos. (Fig.02) Figura 02 - Ilustração da Trissomia por Translocação Cromossomo Extra Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2002. Dentro da classificação da Deficiência Intelectual encontramos a Síndrome de Down; uma anomalia genética que afeta crianças, jovens e adultos. Alguns autores definem esta Síndrome como: “É uma patologia causada por um acidente genético que provoca um atraso no desenvolvimento global da criança. Constatando grande dificuldade no desenvolvimento motor, físico, cognitivo e sócio afetivo, acompanhado geralmente por cardiopatias congênitas e inúmeros problemas relacionados s sua estrutura corporal”. (JUNIOR, C. 2007). Segundo Pessoa (1997) apud Siqueira V. (2006), esse acidente ocorre de uma distribuição inadequada de cromossomos. A adição de um pequeno autossoma, no par 21, (47+21). Os cromossomos pareados não se separam de forma apropriada para os pólos na anáfase, sendo que um dos gametas receberá dois cromossomos e o outro, nenhum. Dentre as causas dessa trissomia podemos destacar: TRISSOMIA 21 (PADRÃO) • Cariótipo: 47XX ou 47XY (+21) • Indivíduo apresenta 47 cromossomos em todas as duas células, tendo no par 21 três cromossomos. Ocorre em aproximadamente 95% dos casos. (Fig. 01) 38 Revista Pesquisa em Saúde Fonte: Web Site: http://cerebromente.org.br/n04doença/down//down.htm. RODINI, E.S.O & Souza, A. R. MOSAICO • Cariótipo: 46XX/47XX ou 46XY/47XY (+21) O indivíduo apresenta dois tipos de células: uma mistura de células normais com o número normal de cromossomos (46) e células trissômicas com 47 cromossomos. O mosaicismo do cromossomo 21 é responsável pela SD em 2 a 4% dos afetados. Percentuais relacionados às três formas de apresentação das causas da Síndrome de Down. (Gráfico. 02) Gráfico 02 - Estatística das formas de apresentação da Síndrome de Down Fonte: Pessoa (1997) apud Siqueira V. (2006) A maior característica da SD é a desaceleração no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), que tende a melhorar espontaneamente, pois o mesmo que é lento, está em processo contínuo de amadurecimento (PUESCHEL, 1995). O diagnóstico, em geral é feito pelo pediatra ou médico que recebe a criança logo após o parto, considerando os aspectos clínicos mais frequentes em percentual de ocorrências. (Gráfico. 03) Gráfico - 03 Estatística das características da Síndrome de Down Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2002. Na Busca de garantir o direito das Pessoas com Deficiência dentro de uma sociedade mais igualitária, a educação Física passou a ser parte integrante do sistema educacional, com suas aulas incluídas na grade horária curricular, levando em consideração seu valor sociopolítico e cultural que, além de ensinar métodos e técnicas desportivas, contribui efetivamente para a educação dos alunos. Seguindo essa tendência, a Lei 9.394/96, que esclarece as diretrizes e bases da educação nacional, nos seus artigos 58, 59 e 60, garante a oferta de educação escolar para pessoas com deficiência a partir do seu nascimento, com currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações específicas para atender a suas necessidades. No inciso III do art. 59, enfatizase que os sistemas de ensino assegurarão, aos educandos, professores com especialização adequada para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração destes. Propõe ainda, no seu artigo 58, a oferta de Educação Especial preferencialmente na rede regular e a oferta de serviços especializados sempre que não for possível a sua integração nas classes do ensino comum. Portanto, entende-se a Educação física como parte integrante do Ensino Especial, já que este constitui modalidade de educação escolar. A Educação Física passa a ser garantida também às pessoas com deficiência. Nesse sentido, a área passa a rever seus conceitos na busca de um processo pedagógico que vise ao desenvolvimento integral do aluno, respeitadas suas limitações e potencialidades, além de trabalhar na direção da melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. Rosadas (1994, p. 30) afirma que: “ o objetivo da educação Física, enquanto processo educacional, não é a simples aquisição de habilidades, mas sim contribuir para o desenvolvimento das potencialidades humanas. No aspecto social, ajuda a criança a estabelecer relações com as pessoas e com o mundo; no aspecto filosófico, ajuda a criança a questionar e compreender o mundo; no aspecto biológico, conhecer, utilizar e dominar o seu corpo; no aspecto intelectual, auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo”. Dentro de um contexto social, onde temos a Síndrome de Down como uma das deficiências Intelectuais mais fáceis de ser trabalhada, é necessário levarmos em consideração que o bebê, com esta síndrome, demora para adquirir determinadas habilidades devido a uma hipotonia generalizada que o afeta desde seu nascimento. Com o passar do tempo, essa hipotonia tende a diminuir espontaneamente, porém permanecerá presente por toda a vida em graus diferentes. A partir do momento em que é feito um trabalho psicomotor nesta fase inicial da vida, podemos ressaltar a importância da estimulação precoce e as influências derivadas do meio. No entanto, essas pessoas, dentro das suas possibilidades, podem ter um desenvolvimento motor nos parâmetros da normalidade, que de uma forma ou de outra, são discriminados pela sociedade. A sequência de aquisição de habilidades motoras é geralmente invariável na primeira infância (2 a 6 anos), mas o ritmo de aquisição difere de criança para criança (Gallahue; Ozmun, 2001; Manoel, 2000). Esse fato permite a reflexão de que o início do desenvolvimento motor não se deve apenas à maturação neurológica, mas também a um sistema auto-organizado que envolve a tarefa, o ambiente e o indivíduo (Newell, 1986; Barela, 1997). O fato de o desenvolvimento ser visto como um fenômeno caracterizado por um indeterminismo limitado não exclui a idéia clássica de que as mudanças são ordenadas numa sequência. Os caminhos podem variar de um estado a outro, Revista Pesquisa em Saúde 39 algumas etapas podem não ser atingidas ou plenamente estabelecidas, mas a sequência não deixa de existir (MANOEL, 2000). Alguns autores sugerem um sequenciamento que caracterize a aquisição de habilidades motoras, estando relacionadas a cada faixa etária. Serão características do desenvolvimento da faixa etária pré-escolar: aquisição rápida das habilidades perceptivo-motoras com frequente confusão na consciência corporal, direcional, temporal e espacial; variação de habilidades motoras fundamentais com maior dificuldade em movimentos bilaterais (como pular corda); grande atividade energética com períodos curtos de descanso; habilidades motoras manipulativas estão desenvolvidas, embora necessitem de ajuda; as estruturas corporais são notavelmente similares entre os gêneros; o controle motor refinado ainda não está totalmente estabelecido, embora o controle motor rudimentar esteja desenvolvendo-se rapidamente (Gallahue; Ozmun, 2001; Eckert, 1993; Haywood; Getchell, 2004). A sequência de desenvolvimento motor da criança com Síndrome de Down, geralmente se assemelha a de uma criança “dita normal”, embora os grandes objetivos sejam alcançados de forma mais lenta. A demora, para adquirir habilidades, de certa forma quebra um pouco as expectativas que a família e a sociedade possam vir a ter com o desenvolvimento da criança com esta Síndrome. Durante décadas essas pessoas foram privadas de experiências que de uma forma ou de outra poderiam ser fundamentais para seu desenvolvimento, não só motor, mas também psicológico, biológico, cognitivo e social, porque não se acreditava que seriam pessoas capazes de realizar qualquer atividade. Porém atualmente já podemos comprovar que crianças e jovens com esta Síndrome têm condições de alcançar estágios muito mais avançados de raciocínio e desenvolvimento. Durante muito tempo as atividades eram mais direcionadas para um programa de atividades recreativas, onde deixavam a desejar o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças portadoras da Síndrome de Down. Necessariamente, convém observar que a criança com esta síndrome esbarra em dois fatores que de uma forma ou de outra, se não forem trabalhadas precocemente, podem interferir no bom desempenho motor da mesma. São eles: a) As limitações físicas - as quais estão 40 Revista Pesquisa em Saúde diretamente ligadas à própria deficiência, onde são associadas às doenças (cardiopatia, insuficiência respiratória, problemas articulares), instabilidade atlânto-axial, e outras; b) As limitações externas - as quais estão ligadas a discriminação, não aceitação dos pais e da família, falta de oportunidades, qualidade de vida e outras. De certa forma, estas limitações interferirão no desempenho dessas crianças em suas atividades de vida diária. A melhoria das habilidades motoras para uma criança com SD permitirá a elas participarem mais das atividades de vida diárias, tendo assim a melhoria da qualidade de vida nos mesmos padrões dos demais. Neste sentido é necessário enfocar a importância do professor neste processo; ele precisa perceber a capacidade dos seus alunos, para que ele possa desenvolver as atividades de uma forma mais direcionada a essa deficiência. Sabemos que cada criança é única e, portanto, elas têm diferenças individuais próprias; necessitando assim uma atenção também própria, em função da necessidade de incluir os portadores da Síndrome de Down em uma realidade que é de todos. A instituição APAE Macapá, que tem hoje 44 anos de existência no estado do Amapá; atendendo alunos “ditos normais” e Portadores de Deficiência na Educação Infantil, que vai de 0 a 05 ano, busca desenvolver atividades que venham melhorar o desempenho motor da criança. Ressaltamos que: acreditamos nas possibilidades de uma melhor qualidade de vida dessas pessoas, que de uma forma ou de outra, são discriminados pela sociedade. Buscamos através da atividade física um caminho de conquistas em todas as áreas de seu desenvolvimento; proporcionando-lhes o alcance da autonomia intelectual, moral e social. Para chegarmos a um bom resultado em nossos objetivos é necessário mudarmos pensamentos e atitudes, a fim de promover adaptações ao meio social, oferecendo-lhes condições para que eles possam nos mostrar suas potencialidades, alargando assim, os caminhos e acreditando que “todos” são capazes; afinal são seres humanos que pensa, deseja e também constrói. Procurando mostrar que a inclusão é possível, queremos desta forma conscientizar aqueles que não acreditam na capacidade do Portador da Síndrome de Down. De certa forma, este contato é de extrema importância para oportunizá-los entender que eles não são inferiores e crescerão na fé com a comunidade; os demais porque desde cedo assimilarão que as pessoas têm diferenças enriquecedoras para o ser humano; e nós porque temos a chance de nos livrar do preconceito, da desinformação do estranhamento e da superproteção, dando lugar à solidariedade e ao amor fraterno sem distinção das diferenças, crescendo com o propósito de darmos mais um passo para o cumprimento de etapas, afinal, todos nós somos responsáveis pelo crescimento formal dentro dessa sociedade inclusiva. Quando falamos de inclusão, levantamos um assunto de extrema importância para a vida da criança com Síndrome de Down e perguntamos: será que a sociedade hoje realmente aceita essas crianças como deveria aceitar? Qual a visão que temos hoje do processo de inclusão? Essas e milhões de outras perguntas nos levam a discutir a importância de um direito garantido por lei a todas essas pessoas com algum tipo de deficiência. Essa garantia vai muito mais além do que cumprir uma lei; ela permite que os portadores de deficiência sejam inseridos na sociedade, para que mais tarde possam conviver com o mundo que a cerca, não os deixando alienados a uma realidade que também é sua. Nesta luta, uma das maiores aflições dos pais de crianças com Síndrome de Down está relacionada ao desenvolvimento do potencial cognitivo; tendo em vista que esta síndrome tem como consequência a Deficiência Intelectual. Torna-se então um marco importante para os pais a entrada dos filhos na escola, tanto na educação infantil, bem como no ensino fundamental e outras modalidades de ensino em que for inserido. A Constituição Brasileira de 1988 garante o acesso da Pessoa com Deficiência em todas as modalidades de ensino, a todas as crianças, adolescentes e adultos, sem exceção; além disso, devem receber atendimento especializado complementar de preferência dentro da escola. Um dos principais motivos de incluir essas crianças na escola parte da busca em proporcionar a elas um espaço democrático, podendo ser compartilhado o conhecimento e a experiência com o diferente. O suporte familiar neste sentido é de extrema importância para o desenvolvimento biopsicossocial da criança, pois uma inclusão bem estruturada se torna um sucesso que não requer maiores esforços. Essa experiência nos permite dizer que um dos ingredientes mais importantes é simplesmente a vontade de que a verdadeira inclusão ocorra. Para isso é necessário que a escola como um todo, tenha atitude significativa e positiva acerca do assunto. É necessário que se tenha uma política clara e sensível dos gestores juntamente com a coordenação, que devem ser comprometidos com a mesma, ajudando e apoiando professores, técnicos, pessoal de apoio a desenvolver novas soluções em seus respectivos trabalhos. Em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, é necessário criarmos mais políticas públicas voltadas para esse tema. Elaborar estratégias que visem contemplar a todos sem distinção. É importante refletir e ao mesmo tempo compreender que a inclusão está aí. Não temos como fugir da realidade, devemos enfrentar as barreiras e levar adiante essa luta, em conjunto, e de mãos dadas com a sociedade. Já dizia Werneck, C; 1997: A sociedade para todos, consiste da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados. Crianças, jovens e adultos com deficiência seriam naturalmente incorporados à sociedade inclusiva, definida pelo princípio: “todas as pessoas têm o mesmo valor”. E assim trabalham juntas, com papéis diferenciados, dividindo igual a responsabilidade por mudanças desejadas para atingir o bem comum. CONCLUSÃO A Trissomia do 21 tem em suas características um comprometimento no desenvolvimento motor da criança em seus aspectos físico e cognitivo. Esse atraso psicomotor acarreta grandes influências em vários fatores e em diferentes graus de atraso mental, hipotonia e outros. É necessário em nosso estudo verificarmos o nível de comprometimento que a criança com esta síndrome pode ter, pois só assim poderemos elaborar programas de atividades que viabilizem um desenvolvimento dessas habilidades motoras de uma forma eficaz. Vale salientar que a intervenção na modificação da forma de vida dessas crianças com relação à prática de atividades físicas, as quais ajudarão no seu desenvolvimento, está diretamente ligada à qualidade de vida na escola e em sociedade. Para isso é necessário compreender as necessidades da pessoa com Síndrome de Down, identificando as ações que determinam as situações sociais, cognitivas, emocionais e comportamentais do Revista Pesquisa em Saúde 41 grupo em que estão inseridas. As dificuldades mais encontradas com relação ao atendimento desta clientela voltam-se para algumas questões como: informação a família da importância da atividade física e do acolhimento social, a qualificação profissional e o preconceito. Na sociedade as pessoas com deficiência intelectual tornam-se um mecanismo de negação social, pois suas diferenças são vistas como uma falta, carência ou impossibilidade de realizar algo, porém isso não é verdadeiro, pois se houver um compromisso social em todos os sentidos, de ordem preventiva e um trabalho precoce com essas crianças, possibilitará o desencadeamento de diversos fatores relacionados às atividades e programas sociais que poderão facilitar na aquisição de hábitos saudáveis, estimulando a prática de atividades recreativas, físicas e culturais que ajudarão na melhoria da qualidade de vida de crianças portadoras da Síndrome de Down. REFERÊNCIAS [OMS] Organização Mundial da Saúde, CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde [Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais, org.; coordenação da tradução Cassia Maria Buchalla]. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo - EDUSP; 2003. BRASIL. 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IDENTIFICAR O PERFIL DOS DOADORES E DA DOAÇÃO DE SANGUE ESTADO DO AMAPÁ: PROPOR ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO TO IDENTIFY THE PROFILE OF DONORS AND DONATION OF BLOOD OF AMAPA STATE: TO PROPOSE STRATEGIES OF LOYALTY IVONETE FERREIRA MACIEL1 [email protected] RESUMO O propósito deste estudo é analisar de forma concreta o Perfil dos Doadores e da Doação de Sangue Amapaense, o qual foi realizado no Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amapá – HEMOAP - com profissionais da Equipe Multidisciplinar do setor responsável pela captação de doadores e análise documental das fichas de anamnese dos doadores deste Hemocentro. Objetiva propor estratégias de fidelização, que viabilizem um estoque de sangue, para atender à necessidade do Hemocentro e às exigências do Ministério da Saúde. A identificação do perfil sócio-econômico dos doadores foi realizada através de levantamentos de dados: Gênero, Grau de Escolaridade, Faixa Etária e Tipos de doações, nos anos de 2004, 2005 e 2006. A proposição deste documento visa a enfatizar o processo de doação de sangue junto aos meios de comunicação e também servir de pesquisa para as classes acadêmicas, fomentando as pesquisas cientificas. Palavras- chave: Doação Voluntaria; Fidelização, Cidadania, Responsabilidade social. ABSTRACT The purpose of this study is to analyze concretely the profile of Donors and Blood Donation from Amapá, which was realized at the Institute of Hematology and Hemotherapy of the State of Amapá – HEMOAP – with professionals from the Multidisciplinary group sector responsible for donor recruitment and document analysis of anamnesis records of donors from this Blood Bank. The objective is to offer loyalty strategies that might allow a blood supply to meet the need of the Blood Bank and the requirements of the Ministry of health The identification of socio-economic profile of the donors was realized through data survey: gender, schooling degree, age and types of donations, in the years of 2004, 2005 and 2006. The proposal 1 of this document aims to emphasize the process of blood donation with the media and to serve as research for academic classes by encouraging the scientific researches. Keywords: Voluntary Donation, Loyalty, Citizenship, Social Responsibility. INTRODUÇÃO O estudo foi proposto considerando que a doação de sangue é de fundamental importância para a vida humana, sendo este nutriente essencial para todos os tecidos e órgãos do corpo humano, pois, sem o doador e a doação de sangue, pessoas morreriam, porque o ser humano e quem produz em abundancia e gratuitamente este dom de multiplicação da vida. Sem a proteção do sangue, nenhuma criança poderia nascer. No útero, o sangue materno garante que o feto receba oxigênio e nutrientes e se beneficie das defesas adquiridas da mãe, contra as doenças. Cerca de 50% do volume total do sangue é constituído por células: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. O sangue é utilizado para ser transfundido em cirurgias, traumatismo, sangramento gastrointestinal, pós-parto (quando há perda de sangue), alguns paciente de câncer (quando há indicação medica), algumas doenças genéticas (talassemia e falciforme) e acidentes. E para ser transfundido deve provir de pessoas saudáveis, cujo sangue também seja saudável, pois, o mesmo não é só um tecido vivo, mas também, renovável, que tem mecanismo para produzir sempre. Existem vários tipos de doações de sangue, porém, as mais comuns são: Doação Autóloga; Doação Personalizada; Doação por Aférese e Doação de sangue voluntaria, não remunerada. Estas são mais praticadas no Brasil, pois, em outros pais existe a comercialização do Sangue. O HEMOAP surgiu a partir de 1954, com o HEMOAP – HEMOCENTRO DO AMAPÁ Revista Pesquisa em Saúde 43 Banco de sangue Drº. Lélio Silva. Porém, só em 1980, com o Programa Pró-sangue houve a construção e estruturação do Hemocentro. No entanto, a partir de 1997, por intermédio da Lei nº. 339 foi sancionado e inaugurado o Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Amapá – HEMOAP – uma Autarquia com autonomia administrativa e financeira. Os atendimentos hematológicos e hemoterápicos foram interiorizados com a criação das Agências Transfusionais em seis Municípios do Amapá. Neste Hemocentro, são utilizadas as seguintes doações: Doação Espontânea e de Reposição. O presente documento teve o objetivo de pesquisar e avaliar o Perfil dos Doadores e da Doação de sangue Amapaense durante os anos de 2004, 2005 e 2006, junto ao Departamento de Captação do Hemocentro, proporcionando, através desta analise, sugerir estratégias para fidelizar o doador voluntário de sangue, sendo este essencial para assegurar o fornecimento de sangue adequado e sustentável, conforme preconiza o Ministério da Saúde. REFERENCIAL TEÓRICO: A escolha do tema O perfil do doador e da doação de sangue no Estado do Amapá foi pensada em virtude da importância da doação de sangue para vida humana e da experiência do trabalho realizado no HEMOAP, sendo por meio deste instituto que tive acesso às informações necessárias ao processo da doação de sangue. Na campanha sangue seguro começa comigo, elaborada pelo ministério da saúde em abril de 2000, a qual teve um significado especial, em razão da aliança estratégica entre a Organização Mundial da Saúde, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, é a Organização Pan-Americana da Saúde, dirigida a todos os envolvidos: Governos, doadores de sangue, equipe dos programas de sangue, os médicos que prescrevem o sangue (Org. Pan-America da saúde, 2004, p.7). A doação de sangue é uma demonstração de amor e vida que pode ser compartilhado facilmente e sem medo de causar algum prejuízo ao doador e ao receptor, mas é vital que seja feito conforme as normas preconizadas e determinadas pelo Ministério da Saúde, segundo a pesquisa do site: do sangue. A disposição interna de doar sangue está intimamente ligada às fases que o indivíduo desenvolveu em seu ciclo vital. O imaginário popular geralmente associa o sangue tanto à vida quanto à morte. Este significado ambivalente que o sangue traz consegue, apresenta-se, de um lado, como fonte de vida e atua assim, como, elemento de autopreservação e de preservação da espécie, e, de outro lado, como, significado de morte, atuando desta forma como símbolo de agressão e destruição da vida “(SOUZA, HERBERT, 2009, À doação de sangue. Os aspectos psicológicos decorrem das... www.famema.br/hemocentro/captacao.htm. Acedido a 18 de dezembro, 2009). Ao analisar o referencial do site a respeito da doação do sangue, este passa uma tranqüilidade de ser ou permanecer doador, porque esclarece que existe um elo de solidariedade humana dentro deste campo em estudo, o qual não e feito aleatoriamente, e sim com profissionais capacitados e respaldado pelo Ministério da Saúde, conforme descrição do perfil do doador abaixo: PERFIL RECOMENDADO AO CANDIDATO A DOAÇÃO DE SANGUE: É necessário ter idade entre 18 e 65 anos; estar bem de saúde; pesar no mínimo 50 kg; estar bem alimentado (não é permitido doar sangue estando mais 6 horas em jejum, porém evitar alimentos gordurosos nas ultimas 4 horas antes da doação; dormir no mínimo 6 horas na noite que antecede a doação; evitar a ingestão de bebida alcoólica, pelo menos 12 horas antes da doação; ter comportamento sexual seguro; ser responsável, consciente e sincero durante a entrevista na triagem clinica; estar esclarecido sobre o termo de consentimento, que deve ser assinado conforme identidade após a entrevista da triagem clinica; e o voto de auto-exclusão, individual e sigiloso que é realizada na sala de doação. (Atenção homens podem doar sangue num intervalo de 60 dias não ultrapassando 4 vezes no ano e mulheres num intervalo de 90 dias não ultrapassando 3 vezes no ano). É obrigatório apresentar documento de Os aspectos psicológicos decorrem das fases de desenvolvimento do indivíduo, identificação com foto, emitido por órgão oficial da falta de esclarecimento, e também das (carteira de identidade, carteira profissional, fantasias do imaginário popular a respeito passaporte). Antes de doar o candidato é 44 Revista Pesquisa em Saúde avaliado, pois a doação não pode causar riscos nem ao doador e nem ao receptor, pois nem todas as pessoas apresentam condições físicas que permitam doar sangue sem problemas. São coletados, em média, 450 ml de sangue, que é reposto pelo próprio organismo horas após a doação. (HEMOAP, Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amapá, Folder. 2008). Considerando a dificuldade de manter o estoque de bolsa de sangue e derivados, no nível preconizado pelo Ministério da Saúde e adequado para atender as necessidades da população Amapaense, é que se fez necessário identificar o perfil do doador amapaense para subsidiar as ações, campanhas e criar novas estratégias para um funcionamento “ideal” as demandas do Hemocentro. Desta forma, existem programas ou projetos direcionados à fidelização do doador voluntário de sangue que, neste Hemocentro, são desenvolvidos através de: DOA MULHER: que tem como meta estimular a participação feminina para aumentar número de mulheres doadoras. E promover a conscientização da mulher quanto à importância da doação de sangue, evidenciando neste contexto, seu compromisso com a vida e saúde da comunidade Amapaense. Esta estratégia a fez alcançar o titulo de 1º lugar na região Norte em número de doações femininas, pois em 2004, 2005 e 2006, respectivamente, foram de: 33%, 32% e 31%, ultrapassado a meta do Ministério da Saúde, que é de 30% anual. (HEMOAP, Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amapá, Projeto Doa Mulher. Ano, 2002). DOADOR DO FUTURO: objetiva despertar uma nova visão sobre a Doação de Sangue entre o corpo docente das escolas de ensino fundamental e médio da rede estadual, municipal e privada de ensino, trabalhando de forma educativa crianças e adolescentes para serem multiplicadores de opinião e doadores de sangue no futuro, além disto, realiza coletas externas (Unidade Móvel) em datas consideradas pontuais: carnaval; dia dos namorados; férias; dia dos pais e dia do doador, objetivando elevar o estoque de sangue nas datas festivas, que antecedem as mencionadas anteriormente. (HEMOAP, Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amapá, Projeto Doador do Futuro. Ano, 1999). Esses projetos mencionados deveriam fortalecer o Hemocentro e manter o estoque necessário para serviços essenciais de saúde do Amapá, porém há carência de um trabalho de marketing, que não ocorre freqüentemente, e sim periodicamente, o que deveria mostrar a importância da doação e do doador, objetivando sensibilizar a sociedade amapaense para a importância do ato de doar sangue, considerando principalmente os benefícios de salvar vidas humanas. METODOLOGIA: TIPO DE PESQUISA: Considerando que este estudo abrange processos de alta complexidade, optou-se pela utilização da Pesquisa Bibliográfica, Documental, Quantitativa e Quantitativa em razão destes “serem caracterizados pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades da coletas de informações, quanto no tratamento delas por meios técnicos. “A estatística neste caso trabalha com percentual...” (RICHARDSON, 1999, apud) UNIVERSO. A pesquisa foi realizada no Hemocentro do Estado do Amapá, na capital Macapá no período de 8 de janeiro a 8 de setembro de 2009. Foram analisados cadastros de 17.507 de doador e da doação. As informações foram obtidas através do Banco de Dados do HEMOAP do Sistema Gerencial de Hemocomponentes - SGH (“cadastro do doador”) e Artigos da base de dados Scielo. FORMAS DE COLETAS DE DADOS. A Pesquisa foi realizada através da tabulação de dados construídos a partir do cadastro dos doadores, documentos comprobatórios que mostram o perfil dos doadores Amapaenses (modelo em Anexo). A entrevista foi realizada através de questionários semi-estruturados e subjetivos, os quais foram direcionados aos chefes de diversos setores do Hemocentro como: Serviço de Capacitação e Orientação Social -SCOS, Chefe Laboratório, Responsável de Ensino e Pesquisa e chefia da Hemoterapia. Para a realização deste estudo foi solicitada a autorização da direção do Hemocentro através de oficio, solicitando autorização para que fosse realizada a pesquisa referente a analise de dados dos doadores e da doação voluntaria de sangue. Portanto, a pesquisa é de relevância para áreas afins, oportunizara informações para os setores interno do hemocentro e para pesquisas Revista Pesquisa em Saúde 45 acadêmicas futuras no meio científico. RESULTADO E DISCUSSÃO: Os resultados da presente pesquisa serão demonstrados através de gráficos a seguir: GRAFICO 1 : Perfil Sócio Econômico de Doadores por Gênero 2004, 2005 e 2006: Os dados da pesquisa, em 2004, eram de 33% mulheres e 67% homens; em 2005, 32% eram mulheres e 68% homens; em 2006, 31% eram mulheres e 69% homens. Portanto, a pesquisa aponta que há predominância da doação masculina, com 67%, 68 em escala crescente, enquanto que a doação feminina houve um decréscimo. Segundo Giviziez, Giviziez e Gontijo (1993), de acordo com as experiências de hemocentros, o perfil dos doadores do país era constituído, em sua grande maioria, por indivíduos do sexo masculino. Neste gráfico, estas características são semelhantes nos doadores do HEMOAP. GRAFICO 2 Perfil Sócio Econômico de Doadores por Faixa Etária: A faixa etária, no ano de 2004, era de 48% dos doadores de 18 a 29 anos e 52% estavam acima de 29 anos; em 2005, eram de 46% entre 18 a 29 anos e 54% estavam acima de 29 anos; e em 2006, eram 45% com idade de 18 a 29 anos e 55% acima de 29 anos. O quadro em evidencia nos anos de 2004, 2005 e 2006 apresenta que os doares estavam na faixa estaria de 29 anos. Segundo Giviziez, Giviziez e Gontijo (1993), nas experiências de hemocentros o perfil dos doadores do país era constituído, em sua grande maioria, por doadores na faixa etária entre 20 a 40 anos. De acordo com a autora, estas características não são totalmente similares, já que neste gráfico constatou-se que, no HEMOAP, 46 Revista Pesquisa em Saúde há predominância ocorre a partir dos 29 anos. O Programa Nacional da Doação Voluntaria de Sangue/GGSTO/ANVISA integrante da meta Mobilizadora Nacional da Área da Saúde, em documento elaborado em 2002, preconizava o desenvolvimento da sociedade no processo de doação de sangue, de forma ativa, consciente e responsável, objetivando garantir a quantidade de sangue necessária para atender à demanda e melhorar a sua qualidade (BRASIL,2002 a). Para atingir tal meta, propunha mudanças no perfil dos candidatos à doação de sangue, propunha entre outra proposições que houvesse incremento da doação feminina e do jovem. GRAFICO 3 4.1.3 - Perfil Sócio Econômico de Doadores por tipo de doações: Em 2004, 60% das doações eram espontâneas e 40% eram de reposição. No ano de 2005 - 58% de doações eram espontâneas e 42% eram de reposição; E em 2006- 66% eram de doações espontâneas e 34% eram de reposição. Enfim, esse quadro apresentou em 2004, 2005 e 2006 a predominância do tipo de doações espontânea e uma leve variação no tipo de doação de reposição. Constatou-se, neste gráfico, que há predominância da doação espontânea, sendo o objetivo da Resolução da Organização Mundial da Saúde (OMS) do ano 1999, a qual deu prioridade à segurança do sangue e serviços e recomendou que se promova o desenvolvimento dos programas nacionais de sangue e serviços de transfusão, com base na doação voluntaria, altruísta e repetida de sangue, como um dos indicadores de desenvolvimento humano da população. 4.2. - Perfil Sócio Econômico dos Doadores e da Doação por Grau de Ocupação: 4.2.1- GRAFICO 1 Legenda referente aos gráficos de 2004, 2005 e 2006, abaixo descritos: A amostra apresenta os seguintes dados em 2004, 55% eram de doadores informais (outros), 11,51% eram de estudante; 9,74% eram professores; 7,52% militares; 10,24% eram de serviços gerais; 5,30 eram de domésticas e 3,53% eram de vigilante. relacionados aos Gráficos: 1,2,3: 4.3 - Perfil dos Doadores e da Doação por Grau de Escolaridade: 4.3.1 – GRAFICO 1 4.2.2 – GRAFICO 2 A amostra apresenta os seguintes dados: em 2005, 49,10% eram de doadores informais (outros); 13,43% eram de estudante; 12,30% militares; 10,24%; serviços gerais 10,24%; 6,76%; eram professores; vigilante 4,42%; domesticas eram 3,76% A amostra apresenta os seguintes dados em 2004, 59,31% eram de doadores com o 2º grau (Ensino Médio); 27,90% eram de estudantes do 1º grau (Ensino Fundamental); 11,20% tinham 3º grau (Ensino Superior) e 1,59% eram não alfabetizados (Analfabeto Funcional). 4.3.2 – GRAFICO 2 4.2.3 GRAFICO 3 A amostra apresenta os seguintes dados: em 2006, 48,76% eram de doadores informais (outros); 12,91% eram de estudante; 17,18% eram de serviços gerais; 10,26% militares; 5,65% eram professores; domesticas eram 3% e 2,25% era de vigilante. Observou-se que, nos anos supramencionados, houve predominância de Doadores considerados Trabalhadores “Informais”. Em seguida, nos anos de 2004 e 2005 os doadores Estudante obtiveram o 2º lugar, a exceção ao ano de 2006, que os profissionais de Serviço Gerais obtiveram esta classificação. O 3º lugar no geral foi para os doadores militares. Em seguida, os Professores (que em 2004 classificou-se em terceiro, porém, nos anos seguintes apresentou uma redução nas doações). Continuamente e em ordem crescente ficou a ocupação dos Profissionais de Serviço Gerais. Os profissionais de ocupação de vigilante e doméstica tiveram pouca diferença na quantidade de doações nos três anos. Discussão do Perfil Sócio Econômico dos Doadores e da Doação por Grau de Ocupação A amostra apresenta os seguintes dados: em 2005, 55,04 eram de doadores com o 2º grau Completo (Ensino Médio); 24,98% eram de estudante 1º grau Completo (Ensino Fundamental); 18,38 tinham 3º grau Completo (Ensino Superior) e 1,61% eram não alfabetizados (Analfabeto Funcional). 4.3.3 – GRAFICO 3 A amostra apresenta os seguintes dados: em 2006, 55,18% eram de doadores com o 2º grau (Ensino Médio); 28,03% eram de estudantes do 1º grau (Ensino Fundamental); 15,92% tinham 3º grau (Ensino Superior) e 0,87% eram não alfabetizados (Analfabeto Funcional). Revista Pesquisa em Saúde 47 CONCLUSÃO: REFERÊNCIAS Em relação ao perfil dos doadores e da doação de sangue no Estado do Amapá, foram analisados 17.507, deste valor, 75% foram considerados aptos e 25% inaptos à doação de sangue. O Hemocentro praticou dois tipos de doações: a espontânea e de reposição, sendo predominante a primeira que demonstra a grau de solidariedade e cidadania da população Amapaense. Na analise do perfil de doadores por gênero, houve predominância masculina, porém, consideraram-se alguns fatores relevantes a estes dados tais como: homem doa num intervalo de 60 dias; tem mais trabalhadores do sexo masculino no mercado formal e, ao doar, o doador recebe um dia de folga podendo ser este um estímulo. Com relação às doações femininas, é menos frequente, pois, o intervalo e de 90 dias, o ciclo menstrual também influencia (no período menstrual não se pode doar), a gravidez (a torna inapta durante e na lactação) e se ocorrer cirurgia cesariana, também, este período aumenta tornando-a inapta durante um ano. A Instituição deve trabalhar de forma ativa e constante às estratégias de Marketing que enfatizaram a importância da doação de sangue, objetivando o retorno do doador, pois, este é o maior desafio enfrentado pelos Hemocentros para manter e incrementar a doação de sangue. Além disso, o reconhecimento da importância das ações e da orientação para o doador é fundamental quando se pensa em estratégias de marketing. Dessa maneira, torna-se imprescindível para as instituições de saúde a identificação das reais necessidades e desejos do doador. Constatou-se que a conscientização e escolaridade são fatores que influenciaram no percentual de doadores mais participantes. Em síntese, existe a necessidade de investir mais na formação dos futuros doadores, sendo essencial que este comece no Ensino Fundamental. Considerando que a sociedade precisa ser informada e conscientizada da importância da doação de sangue, principalmente porque é um ato que salva vidas, portanto, deveria receber uma dedicação maior por parte dessa sociedade, pois, a saúde é o bem mais precioso que o ser humano possui. SANTOS, G.; MOLINA, N.; DIAS, V. Orientações e Dicas Práticas para Trabalhos Acadêmicos. Curitiba: IBPEX, 2007. CONDURU, T. MARISE; MOREIRA, R. Mª DA CONÇEIÇÃO. Produção Cientifica na Universidade: normas para apresentação. Belém: EDUEPA, 2007. FEDERAÇÃO INTERNACIONACIONALdas CRUZ VERMELHA a do CRESCENTE VERMELHO; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA da SAÚDE. Fazendo a diferença: captando doadores de sangue voluntários, não remunerados. Brasília, 2004. MACIEL, F.IVONETE. Perfil do Doador Amapaense. Instituto de Hemoterapia e Hematologia do Estado do Amapá-HEMOAP; 2007. PINSKY, Jaime et al.Historia da Cidadania.1ª Ed. Ed. Contexto,2003. REVISTA BRASILEIRA. Hematologia. Hemoterapia. 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Acedido em 12 de dezembro2009. 48 Revista Pesquisa em Saúde META-ANÁLISE: RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E APTIDÃO AERÓBIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES META-ANALYSIS: RELATIONSHIP BETWEEN REGULAR PHYSICAL ACTIVITY AND AEROBIC FITNESS IN CHILDREN AND ADOLESCENTS António Cortinhas1 José Carlos Leitão1 Helena Moreira1 [email protected] RESUMO As adaptações induzidas pelos programas específicos de exercício físico, nas componentes da aptidão física, são relativamente bem conhecidas, contudo as repercussões quanto ao nível de prática de atividade física habitual (AFH), na aptidão física em crianças e adolescentes, não são ainda claras e suscitam divergências. Assim, os objectivos deste estudo são: verificar a relação entre da AFH e a aptidão aeróbia em crianças e adolescentes; e a existência de potenciais variáveis moderadoras nesta relação. A metaanálise utiliza como base de dados o resultado estatístico dos estudos individuais, permitindo assim chegar a conclusões mais consistentes. A amostra foi constituída por n=24 estudos (k=7387 sujeitos) e a análise dos dados foi realizada através do programa Comprehensive Meta-Analysis (2008). Os resultados encontrados indicaram um effect size r=.20 (IC 95% .17 ; .22) positivo entre a AFH e o VO2max, embora de baixa magnitude. Parece existir uma relação positiva entre a AFH e o VO2max, sendo esta mais elevada em níveis de intensidade de atividade física superiores. Os instrumentos utilizados para a apreciação de ambas as variáveis não parecem influenciar significativamente a magnitude desta associação, acontecendo o mesmo para o género. Palavras-chave:Actividade física habitual,Aptidão Aeróbia, VO2max, Crianças, Adolescentes. ABSTRACT The adaptations induced by specific physical exercise programs, in the components of physical fitness, are relatively well known, however the impact on the level of habitual physical activity (HPA), in physical fitness in children and adolescents are not yet clear and give rise to differences. Thus, the objectives of this study are: to determine the relationship between the HPA and aerobic fitness in children and adolescents, and the existence of potential moderating variables 1 in this relationship. The meta-analysis uses as database the statistical outcome of individual studies, allowing to reach consistent conclusions. The sample comprised n = 24 studies (k = 7387 subjects) and data analysis was performed using the program Comprehensive Meta-Analysis (2008). The results showed an effect size r = .20 (95% CI .17, .22) between the positive and HPA VO2max, although of low magnitude. There seems to be a positive relationship between the HPA and VO2max, which is higher in intensity levels of physical activity above. The instruments used for assessment of both variables do not appear to influence the magnitude of this association significantly, the same happening to the genre Keyword: Daily Physical Activity, Aerobic Capacity, VO2max, Children, Adolescents. INTRODUÇÃO Os benefícios da prática de atividade física e os riscos do sedentarismo associados à saúde e ao bem-estar estão amplamente documentados na literatura. Contudo, grande parte desses estudos é dirigido a adultos e pouco se conhece em relação aos hábitos de prática de atividade física em crianças e adolescentes ([1]Guedes et al, 2001). Embora se possa supor que independentemente do género e da idade, quanto maior a solicitação dos esforços físicos, mais elevados deverão ser os índices de aptidão física ([2]Livingstone, 1994). Ao nível das componentes de aptidão física o VO2max tem sido considerado, em crianças e adolescentes, como um dos melhores indicadores da capacidade cardio-respiratória e do nível de aptidão física ([3]Loftin et al., 2001), sendo usualmente expresso em ml/kg/min. A generalidade dos estudos que aborda os efeitos do treino na prestação aeróbia em adultos refere que existem melhorias nos diferentes indicadores, devidas ao treino. Já os resultados das investigações acerca dos efeitos de programas experimentais de treino em crianças Universidade de Trás-os-Montes e Alto D’ouro - UTAD Revista Pesquisa em Saúde 49 são controversos ([4]Cunningham et al, 1984). O mesmo acontece em relação à actividade física. Assim, uma relação positiva entre a actividade física habitual e a capacidade aeróbia está estabelecida em adultos, mas de forma menos relevante nas crianças e adolescentes. Existem vários factores que tentam explicar esta inconsistência: por um lado o padrão de atividade física em crianças é frequentemente aleatório, esporádico e insustentado, não resultando por isso em melhorias da capacidade aeróbia ([5]Bailey et al. 1995; [6]Rowland 1996); por outro, a diversidade dos métodos utilizados para avaliar a atividade física habitual e a capacidade aeróbia também contribuem para estas divergências ([7]Denker 2006). Para medir a aptidão cardiorrespiratória são utilizados vários métodos em que se obtêm os valores de VO2max de forma direta ou indireta. Todos os métodos indiretos introduzem erros ([6]Rowland,1996) e podem consequentemente diluir alguma relação existente entre a atividade física habitual e a aptidão aeróbia. Além disso, são utilizadas várias escalas para ajustar esta aptidão às diferenças no tamanho corporal ([7]Denker, 2006). A estes resultados acresce a dificuldade de apreciação da actividade física neste escalão etário. Diversos meios para a sua avaliação são utilizados, mas o inquérito é um dos instrumentos mais utilizados em estudos de carácter epidemiológico, no entanto, o seu grau de precisão é baixo. Esta imprecisão de medida é agravada quando se trata de avaliar crianças, dado que possuem um grau muito baixo de compreensão das questões e uma capacidade de memória que não lhes permite recordar, de forma adequada e precisa, as suas atividades diárias ([8]Lopes et al, 2001). Outros métodos como os cardiofrequencímetros e pedômetros têm vindo a ser usados embora tenham também as suas limitações ([7]Denker, 2006). Os cardiofrequencimetros são influenciados por um vasto número de factores incluindo a idade, tamanho corporal, stress, temperatura e nível de aptidão fisica ([9]Trost, 2001). Já os pedômetros apenas medem o volume da atividade, não nos dando qualquer informação sobre a intensidade ou duração da atividade física ([9]Trost, 2001). A introdução dos acelerômetros para medir a atividade física habitual em crianças/adolescentes veio melhorar a qualidade dos resultados obtidos, já que estes fornecem informação detalhada sobre a frequência, a duração e a intensidade 50 Revista Pesquisa em Saúde da atividade e além disso podem ser usados em crianças por períodos relativamente longos ([10] Trost et al, 2000; [9]Trost, 2001; [11]Riddoch et al, 2004). Portanto, se por um lado as adaptações induzidas pelos programas específicos de exercícios físicos nos componentes da aptidão física são relativamente bem conhecidas, por outro, repercussões quanto ao nível de prática de atividade física habitual na aptidão dos jovens ainda não estão claras e podem suscitar divergências. Em consequência é importante a realização de revisões sistemáticas (metaanálise) que procurem através das pesquisas já realizadas chegar a conclusões mais consistentes sobre a relação entre a atividade física habitual e as componentes da aptidão física, nomeadamente a aptidão aeróbia. Assim, os objectivos deste estudo são: verificar a relação entre a actividade física habitual e a aptidão aeróbia em crianças e jovens em idade escolar; e analisar a existência de potenciais variáveis moderadoras nesta associação. MÉTODO Os estudos considerados nesta meta-análise foram identificados com base numa pesquisa realizada por computador através de diversas bases de dados na internet pertencentes à Biblioteca do Conhecimento Online - UTAD (BOn), e do programa EndNote (Web of Science-ISI; Web of Science SCI-ISI). Relativamente ao B-On as editoras utilizadas foram: Annual Reviews; Taylor & Francis; Elsevier – Science Direct; SAGESociology Collection; e SpingerLink- Spinger/ Kluver. As palavras-chave para os motores de busca foram: “Actividade física habitual” (Daily physical activity), “Aptidão Aeróbia” (Aerobic Capacity, Aerobic Fitness), “VO2max”, “Crianças” (Children) e “Adolescentes” (Adolescents). Foram encontrados 264 estudos que associavam as variáveis pretendidas, embora nem todos indicavam as informações necessárias no que se refere aos valores estatísticos pretendidos, nomeadamente, os coeficientes de correlação (r Pearson) e de consistência interna (fidelidade). Apenas foram incluídos artigos que apresentavam um valor de associação entre a atividade física habitual e a aptidão aeróbia, em crianças e adolescentes, ou outros dados estatísticos que permitissem o cálculo desse valor correlacional. Neste sentido obtiveram-se 24 estudos que foram incluídos neste processo de revisão sistemática. Quando os valores de correlação apresentados no mesmo estudo eram distintos para os dois géneros, estes foram utilizados para observação da heterogeneidade dos estudos. Para além do género os estudos foram ainda codificados com base nos instrumentos utilizados para a avaliação das variáveis pretendidas. Assim, no caso da AFH foram considerados como instrumentos de avaliação o questionário, o acelerômetro, o pedômetro e o cardiofrequencímetro; no caso da aptidão aeróbia os estudos foram codificados consoante a forma de obtenção (direta ou indireta) do VO2max. Devido aos diferentes instrumentos de avaliação utilizados nos estudos, técnicas de amostragem e tamanho das amostras, foi adoptado para análise dos dados o modelo de efeitos aleatórios (Random Effect Model). A heterogeneidade dos estudos foi avaliada pela estatística Q, e o enviesamento de publicação foi analisado através do valor de Fail Safe N, dos testes de [12]Egger et al, (1997) e de [13]Begg and Mazumdar (1994) e do “funnel plot”. A observação das diferenças dos ES combinados foi realizada através dos testes Z e QB ([14]Hedges & Olkin, 1985). Foi ainda observada a influência de cada estudo no effect size global, não se observando alterações significativas para nenhum dos estudos incluídos. Toda esta análise foi realizada através do programa Comprehensive Meta-Analysis de 2008. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS O quadro 1 apresenta o effect size global, assim como os valores de r e respectivos intervalos de confiança de cada estudo incluído. Quadro 1. Resultados da meta-análise A correlação entre a actividade física habitual e o VO2max indica uma associação positiva r=.20 (IC 95%: .17 ; .22) de baixa magnitude ([15]Cohen, 1992). A avaliação da consistência apresenta-nos um valor de Q= 139,7, p=.000, associado a um I2=79% que revela uma elevada variância real observada nos estudos (tabela 1), sugerindo heterogeneidade nos resultados obtidos. Tabela 1. Resultados do Effect Size combinado Correlação k n r lcf l Q AFH Vo2max 7387 30 .24 .30 a .18 79% 139,7* k= total da amostra; n= número de correlações; r= correlação; Icf= intervalo de confiança;I2 = estatística I2; Q= Teste Q; p<.05. É observável enviesamento de publicação pela assimetria presente no gráfico 1, confirmado também pelo teste de Begg (p=,003.). Gráfico 1. Gráfico Funnel Plot - Estudos incluídos na meta-análise n=29. - Estudos necessários para eliminar o viés de publicação n=10 (Duval, Tweedie’s trim and fill). Quando observamos as correlações entre o VO2max e os diferentes níveis de intensidade de actividade física, verifica-se que existem variações ligeiras na magnitude da correlação o que sugere a influência da intensidade da AFH nesta associação; da mesma forma os valores encontrados da estatística Q, p<.05, indicam também a presença de outras variáveis que influenciem esta relação. Devido à inconsistência dos resultados foram seleccionadas e testadas como possíveis moderadoras, com base na revisão de literatura, as variáveis: gênero e instrumentos de medida. Quando se considerou a variável gênero, Revista Pesquisa em Saúde 51 verificaram-se ligeiras variações nos valores do ES embora para ambos os gêneros a magnitude da associação se tenha mantido de baixa magnitude. No gênero feminino o ES r=.27 (IC 95%: .18 ; .35) foi ligeiramente superior ao do gênero masculino r= .26 (IC 95%: .16 ; .34). Relativamente aos métodos de acesso das variáveis, analisaram-se três instrumentos de medição da atividade física: o questionário, o acelerômetro e a frequência cardíaca; e duas formas de obtenção do VO2max: a apreciação de forma direta e a indireta. Tal como para a variável gênero os resultados encontrados mostram pequenas variações na magnitude das associações para todos os instrumentos de medida analisados tanto no que diz respeito à avaliação da AFH como na avaliação do VO2max. Em todos os instrumentos analisados o valor de ES manteve-se de baixa intensidade, (questionário r=.17 IC 95%: .12 ; .22; acelerômetro r=.19 IC 95%: .17 ; .22), exceptuando-se apenas a avaliação da AFH através da frequência cardíaca em que o intensidade do ES foi de média magnitude r=.31(IC 95%: .18 ; .44). Para todas as variáveis analisadas, os valores dos testes QB e Z não foram significativos, sugerindo que nenhuma destas variáveis tem um efeito moderador nesta associação. Além disso, os valores de estatística Q significativos associados a valores elevados de I2 revelam, mais uma vez, uma elevada heterogeneidade dos resultados. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados indicam uma associação positiva entre a atividade física habitual e a aptidão aeróbia em crianças e adolescentes embora com uma magnitude baixa. Estes resultados poderão ser explicados pela atividade física não reunir a duração e intensidade necessárias para promover melhorias na aptidão cardiorrespiratória nestas faixas etárias. Em relação à duração da atividade física, as crianças e adolescentes entre os 8 e os 15 anos tendem a permanecer pouco tempo em atividade física por períodos iguais ou superiores a 20 minutos, envolvendo-se normalmente em atividades físicas de elevada intensidade apenas aos fins-de-semana e em programas estruturados de atividade física ([16]Shephard et al, 1980; [17] Ross et al, 1985). Além disso, grande parte das aulas de Educação Física na escola é passada em inatividade ([18]Simons-Morton et al, 1997). Os resultados obtidos em relação aos níveis de actividade física parecem confirmar esta hipótese, uma vez que houve um aumento da 52 Revista Pesquisa em Saúde magnitude da correlação em níveis de intensidade física mais elevados (atividade física moderada a vigorosa e atividade física vigorosa), acontecendo o inverso quando o nível intensidade de atividade física diminui (atividade física moderada). Mesmo assim, a variação na magnitude do efeito das correlações foi muito ligeiro e pouco consistente se atendermos às baixas percentagens de artefactos e elevados intervalos de credibilidade e confiança. Quando analisamos a influência do género na relação entre a atividade física habitual e o VO2max verificou-se uma variação na magnitude da correlação associada a uma redução das variâncias residuais em relação à variância residual global, indicando esta variável como uma possível variável moderadora desta associação, hipótese rejeitada pelos valores do teste QB, sendo que para as meninas os resultados indicam uma magnitude e consistência da associação superior à dos rapazes. Esta diferença entre gêneros pode ser explicado pelo escalão etário predominante na amostra, uma vez que as idades prevalentes se situam entre os 10-15 anos e as meninas atingem mais cedo o seu pico de VO2max (por volta dos 15 anos), já os rapazes atingem o seu pico de VO2max apenas perto dos 21 anos. Os instrumentos de medida aplicados na apreciação das duas variáveis parecem também afetar a sua associação. Assim quando consideramos a avaliação da atividade física por cardiofrequecímetro verifica-se um aumento da magnitude da associação em relação à correlação identificada quando é medida por acelerômetro ou questionário. Esta variação pode ser explicada pelo menor número de estudos encontrados em que a avaliação da atividade física foi realizada desta forma ou ainda pelo fato de estes aparelhos serem influenciados por um vasto número de factores incluindo a idade, tamanho corporal, stress, temperatura, e nível de aptidão física ([9]Trost, 2001), inserindo por isso erros na apreciação da atividade física, levando a uma variação no effect size da correlação. Por outro lado, ao analisarmos as diferentes formas de obtenção do VO2max, também verificamos variações nos resultados, sendo a associação entre a atividade física e o VO2max mais baixa quando o VO2max é determinado de forma direta. Este resultado é provavelmente explicado pelo fato de todos os instrumentos de medição indireta comportarem erros, afectando assim os resultados, havendo uma tendência sugerida pelos valores apresentados para que quando se utilizam estes métodos a magnitude da associação ser mais elevada. Contudo, tal como na variável moderadora gênero, os valores do teste QB encontrados para todos os métodos de acesso das variáveis rejeitam a hipótese das variáveis se tratarem de variáveis moderadoras da relação já que todos os valores de QB obtidos não foram significativos. Estes valores podem dever-se provavelmente ao reduzido número de estudos presentes nas subamostras, condicionando por isso os resultados. Em síntese, os resultados encontrados indicam um effect size positivo entre a atividade física e o VO2max, em crianças e adolescentes embora de baixa magnitude, sendo que esta correlação parece ser mais elevada em níveis de intensidade de atividade física superiores. Os instrumentos utilizados para a apreciação da actividade física e do VO2max não parecem provocar variações significativas na magnitude das associações, acontecendo o mesmo para o gênero. É também clara a elevada heterogeneidade dos resultados encontrados que poderá ser explicada pelos diversos instrumentos de avaliação utilizados, juntamente com diferenças na seleção dos sujeitos e no tamanho das amostras. REFERÊNCIAS Guedes DP, Guedes JERP, Barbosa DS, Oliveira JAd. Níveis de prática de atividade física habitual em adolescentes. Rev Bras Med Esporte [online]. 2001;7:187-99. Livingstone MBE. Energy-Expenditure and Physical-Activity in Relation to Fitness in Children. Proceedings of the Nutrition Society. 1994 Mar;53(1):207-21. Loftin M, Sothern M, Trosclair L, O ‘Hanlon A, Miller J, Udall J. Scaling Vo(2) peak in obese and non-obese girls. Obesity Research. 2001 May;9(5):290-6. Cunningham DA, Paterson DH, Blimkie CJR, Donner AR. 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Revista Pesquisa em Saúde 53 CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO VIGISUS II PARA A ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO ESTADO PARÁ CONTRIBUTIONS OF VIGISUS II PROJECT FOR STRUCTURE THE HEALTH MONITORING IN STATE OF PARA RESUMO O Projeto VIGISUS II teve inicio em 2006 e propiciou ao Estado do Pará a Estruturação e Modernização do Sistema de Vigilância em Saúde, através do financiamento de ações destinadas a 4 (quatro) linhas de ação,entre elas: fortalecimento da capacidade técnico – institucional, vigilância epidemiológica e controle de doenças, vigilância ambiental e doenças e agravos não transmissíveis (DANT’S). O projeto tem como objetivo fortalecer a gestão de estados e municípios para que avancem no processo de descentralização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, sua estruturação e modernização. A Secretaria de Saúde do Estado do Pará – SESPA – elaborou projeto no período de 2006-2010 para as 4 linhas do projeto. Os indicadores avaliados no período foram: percentual de casos notificados, que foram encerrados oportunamente após notificação, exceto dengue; percentual de casos de meningite bacteriana, confirmados por critério laboratorial; percentual de municípios com cobertura vacinal adequada para tetravalente em menores de um ano; percentual de casos curados de tuberculose; percentual de municípios com remessa regular do banco de dados do SINAN, Unidade Federada com vigilância ambiental em saúde estruturada e Unidade Federada com sistema de vigilância de DANT’S. Palavras-chave: Vigilância á Saúde, VIGISUS, indicadores. ABSTRACT VIGISUS Project II began in 2006 and led the state of Para the Modernization of the Structuring of the Health Monitoring System, through the financing of actions to 4 (four) lines of action, including: fortification of technical and institutional capacity, epidemiological environmental monitoring, disease control and non transferable injuries (DANT’S). The project aims to fortify the management of states and districts to advance 1 2 Universidade do Estado do Pará – UEPA Secretaria de Estado de Saúde Pública – SESPA 54 Revista Pesquisa em Saúde Milena Farah Damous Castanho Ferreira1,2 [email protected] in the decentralization process of the National Health Monitoring System, its structuring and modernization. The Health Department of the State of Para – SESPA - developed a project in the period of time from 2006-2010 for the four design lines of the project. The indicators assessed during the period of time were: percentage of reported cases that were terminated after due notice, except dengue; percentage of cases of bacterial meningitis confirmed by laboratory testing; percentage of districts with adequate vaccine coverage for tetravalent in less than one year old; percentage of new cases of tuberculosis cured; percentage of districts with regular shipping database of SINAN, Federated Unit with environmental monitoring of structured health and Federated Unit with monitoring system of DANT’S. Keywords: health monitoring, VIGISUS, indicators. INTRODUÇÃO O Projeto VIGISUS II foi elaborado para ser executado no período de 2006 - 2010, a partir de um acordo de empréstimo firmado entre Banco Mundial (BIRD) e o Ministério da Saúde\ FUNASA. Em nível nacional, é Coordenado pela Unidade de Gerência do Projeto\FUNASA (UGP\FUNASA) e em nível estadual, pela UAT\ CVS\SESPA (Unidade de Apoio Técnico ao Vigisus\Coordenação de Vigilância em Saúde\ SESPA). O projeto objetiva fortalecer a gestão de estado e municípios, para que avancem no processo de descentralização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, mediante apoio técnico e financiamento de ações definidas a partir de prioridades identificadas por estados e municípios, tendo como estrutura de execução os seguintes componentes: componente A – Modernização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde; Componente B – Saúde Indígena; e Componente C – Gerenciamento do Projeto. Os Estados e municípios foram beneficiados com o Componente A, através do financiamento de ações para Modernização e Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. O Estado do Pará, através da Secretaria Executiva de Saúde-SESPA\CVS\UAT, elaborou projeto para atender as 04 (quatro) linhas de financiamento, dentre elas: LINHA DE AÇÃO 1 Fortalecimento da capacidade técnico-institucional dos estados e municípios para gerenciar e operar a vigilância em saúde; LINHA DE AÇÃO 2 - Aprimoramento do sistema de vigilância em saúde, por meio da implementação de ações, que ampliem a capacidade técnica e operacional dos órgãos de vigilância epidemiológica e controle de doenças de estados e municípios, LINHA DE AÇÃO 3 - Aprimoramento do sistema de vigilância em saúde, por meio da implementação de ações, que ampliem a capacidade técnica e operacional dos órgãos de vigilância ambiental de estados e municípios; LINHA DE AÇÃO 4 - Elaboração de análises de situação de saúde e implantação ou implementação de sistemas de monitoramento de DANT’S (Doenças e Agravos Não Transmissíveis (BRASIL, 2005). Para os quatro anos de execução do projeto, a SESPA operacionalizou duas fontes de financiamento: a fonte 1829 - afeta às Capacitações em um montante de R$- 3.138.277,14 (Três milhões, cento e trinta e oito mil, duzentos e setenta e sete reais e quatorze centavos); e a fonte 1806 - afeta a equipamentos, capacitações, serviços e reformas, no montante de R$- 3.376.007,89 (três milhões, trezentos e setenta e seis mil, sete reais e oitenta e nove centavos (SPIV,2010) O Projeto tem como base para acompanhamento físico-financeiro, um sistema de informações capaz de orientar e registrar todas as fases da execução do Projeto, o SPIV ( Sistema de Planejamento e Informação). O SPIV tem como principal objeto o controle do Planejamento e Execução de todas as atividades a serem implementadas pelo projeto, inclusive a elaboração de relatórios diversos. O acesso ao sistema é on-line e o controle do banco de dados é Coordenado pela gerência Nacional do Projeto, cabendo aos estados e municípios a alimentação dos dados e análises oportunas (Brasil, 2005). Os indicadores de Saúde definidos para o projeto VIGISUS, nos 4 (quatro) anos de execução, foram: percentual de casos notificados, encerrados oportunamente após notificação, exceto dengue; percentual de casos de meningite bacteriana confirmados por critério laboratorial; percentual de municípios com cobertura vacinal adequada para tetravalente em menores de um ano; Secretaria de Saúde com vigilância ambiental estruturada; percentual de municípios com remessa regular do SINAN (Sistema de Informações de Agravos de Notificação); percentual de cobertura do Sistema de Informações sobre Mortalidade (FERREIRA, 2007). DESCRIÇÃO DO PROJETO VIGISUS II O Projeto VIGISUS II está organizado em 03 (três) componentes: COMPONENTE A - Modernização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Sub-componente A.1 - Vigilância epidemiológica e controle de doenças transmissíveis, visou a apoiar a construção de um sistema de vigilância epidemiológica e controle de doenças e agravos descentralizado, que atue sobre problemas de saúde, de acordo com a realidade epidemiológica de cada área geográfica. Este subcomponente beneficiará os campos de expansão e melhoria da rede de laboratórios da saúde pública; melhoria da qualidade e utilização de informação do sistema de notificação de doenças para controlar as doenças transmissíveis; melhoria da capacidade de vigilância e controle de doenças transmissíveis por meio de treinamentos e pesquisas; garantia de uma rede de refrigeração eficaz para assegurar a qualidade de vacinas; garantia e expansão de atividades elaboradas para controlar vetores de doenças; melhoria da participação social em prevenção e controle de doenças. Subcomponente A.2- Vigilância Ambiental em Saúde, que propiciou a implementação da melhoria da Saúde ambiental relacionada a qualidade da água, do ar, do solo; desenvolvimento de atividades com cuidados primários , que ajudam a criar um ambienta saudável; promoção e educação da comunidade em áreas de alto risco ambiental, apoio a implementação e\ou criação de uma rede nacional de laboratórios para a saúde ambiental. Sub-componente A.3- Análise da situação de saúde e vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, este contribuiu para a melhoria da cobertura, qualidade e utilização de estatísticas com enfoque na mortalidade materna e infantil; fortalecimento das doenças não transmissíveis e vigilância de fatores de risco. Sub-componente A.3- Fortalecimento institucional da capacidade de gestão em vigilância em saúde nos estados e municípios, este componente foi oportunamente desenhado para prover suporte aos estados e municípios. Beneficiou diretamente os estados e municípios para as ações de vigilância em saúde, através de recursos repassados diretamente para estas instâncias. Neste sub-componente, Revista Pesquisa em Saúde 55 os estados e municípios elaboraram em 2005 seus projetos técnicos designados PLANVIGI, com atividades centradas nas 4 (quatro) linhas de atuação do projeto. O COMPONENTE B do projeto está afeto a saúde indígena, sua execução fica sob a gerência da FUNASA, e tem por objetivo ampliar a acessibilidade dos serviços de água e saneamento, para comunidades vulneráveis, incluindo os povos indígenas e quilombolas. O COMPONENTE C beneficiou a gerência nacional do projeto , para as atividades técnicas, administrativas e operacionais do projeto na Coordenação Nacional (BRASIL, 2005). VIGILÂNCIA EM SAÚDE – CONCEITOS O conceito de Vigilância em Saúde tem como pressuposto não só a vigilância de doenças transmissíveis, como também a prevenção e o controle de fatores de risco de doenças não transmissíveis e riscos ambientais, buscando contemplar os princípios da integralidade e da atenção, combinando diversas tecnologias para intervir sobre a saúde do trabalhador, riscos sanitários, ações laboratoriais e saúde ambiental (ALVES, 1998). Na concepção abrangente da Vigilância em Saúde, o objeto das ações são os agravos, os riscos e os fatores determinantes e condicionantes da saúde. A forma de organização deste modelo privilegia a construção de políticas públicas, a atuação intersetorial, assim como as intervenções particulares e integradas de promoção, prevenção e recuperação, em torno de problemas e grupos populacionais específicos, tendo por base para o planejamento das ações as análises de situações de saúde nas áreas geográficas municipais e estaduais (CEVS, Rio Grande do Sul,2005). Estrategicamente, a Vigilância em Saúde é um dos pilares de sustentação do princípio da integralidade da atenção. Desta forma, avaliada do ponto de vista tecnológico e operacional, a ação de Vigilância em Saúde pode ser entendida como a prática: - Da integração intra-institucional entre as Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador; - Da análise da situação de saúde de grupos populacionais; - Da identificação e gerenciamento dos riscos dos diversos ambientes do convívio humano; - Do planejamento em saúde com enfoque estratégico-situacional; 56 Revista Pesquisa em Saúde - Da organização tecnológica do trabalho em saúde, estruturada por práticas articuladas de prevenção de doenças e agravos, bem como de promoção, recuperação e reabilitação da saúde de grupos populacionais, em suas dimensões coletiva e individual. Um dos principais fatores que propiciaram a disseminação da ‘vigilância’ como instrumento em todo o mundo foi a ‘campanha de erradicação da varíola’, nas décadas de 1960 e 1970. Neste período, no Brasil, a organização do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (1975) se dá através da instituição do Sistema de Notificação Compulsória de Doenças. Em 1976, é criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. No caso da vigilância ambiental, começou a ser pensada e discutida, a partir da década de 1990, especialmente com o advento do Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde - VIGISUS (Brasil, 1998; EPSJV, 2002). As atividades de VIGILÂNCIA EM SAÚDE integram o SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE e são financiadas por recursos do Teto Financeiro da Vigilância em Saúde - TFVS , do Ministério da Saúde, do Termo de Ajustes de Metas – TAM – da ANVISA , da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador - RENAST, do Banco Mundial (Projeto VIGISUS), dos Municípios e do Tesouro do Estado. O PROJETO VIGISUS NO ESTADO DO PARÁ E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A ESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA Á SAÚDE A Portaria nº 1020, de 28 de outubro de 2008 formalmente criou a Coordenação de Vigilância á Saúde na Secretaria Executiva de Saúde Pública – SESPA, e subordinadas a ela, as áreas de Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental, Controle de Endemias, Vigilância em Saúde do Trabalhador, Laboratório, Hepatites virais e o Projeto VIGISUS. O Projeto VIGISUS II, desde 2006, vem propiciando a Estruturação e Modernização da área de Vigilância á Saúde, o que contribuiu para a efetiva implantação e implementação das ações de Vigilância á Saúde no Estado do Pará. Dentre os problemas identificados no Projeto VIGISUS II, que justificaram a sua aprovação, destaca-se: a incipiente estruturação da Coordenação Estadual de Vigilância Ambiental; incipiente infraestrutura para análise da incidência de doenças transmissíveis por vetores; rede de frio inadequada para a conservação de imunobiológicos, elevada incidência de doenças transmitidas por vetores, em especial, dengue malária e leishimaniose; baixa homogeneidade da cobertura vacinal em menores de 01 ano, elevada taxa de mortalidade por tuberculose, Diagnóstico laboratorial das doenças transmissíveis centralizadas na capital, baixa qualificação dos profissionais na elaboração do diagnóstico da malária dentre outros. No que se refere aos aspectos financeiros, a execução do Projeto VIGISUS II, no Estado do Pará, no período de 2006 a 2009, foi de 100% na fonte 1829-Capacitações e 100% na fonte 1806Capacitações e investimentos, SITUAÇÃO FINANCEIRA VIGISUS II - FONTE 1829 - CAPACITAÇÕES 2.877.099,99 2.877.099,99 3.000.000,00 2.500.000,00 2.000.000,00 1.500.000,00 1.000.000,00 equipamentos para o diagnóstico da meningite em 7 Hospitais Regionais, aquisição de 09 (nove) laboratórios, para o diagnóstico de leishimaniose, rubéola, sarampo e hepatite, implantação de 03 (três) unidades sentinelas, para o Centro de Influenza no Estado do Pará, implantação da Vigilância da Malacologia com enfoque na entomologia , treinamento em coberturas vacinais, malária, tracoma, doença de chagas, Leishimanioses, dengue, hepatites, monitoramento da hanseníase em 90 municípios, cadastramento de 36 municípios com áreas expostas ao solo contaminado, aquisição de GPS para o georreferenciamento de áreas ambientais, treinamento em vigilância do ar, da água e do solo , aquisição de veículos para a investigação epidemiológica de doenças, implantação de 03 laboratórios pra análise de água, treinamentos na área de violência da criança, adolescente, mulher e idoso, saúde mental, monitoramento das ações da Tuberculose e Hanseníase, Zoonoses, Vigilância de agravos não transmissíveis, doenças crônicas , dentre outros. Os indicadores mostraram melhoria no percentual de casos de doenças notificadas e encerrados oportunamente; cumprimento da Cobertura Vacinal da tetra em < de 1 ano; percentual de casos curados de tuberculose, cumprimos um indicador importante pactuado, que foi “Vigilância Ambiental estruturada”. Esse foi um grande avanço para o Estado, haja vista que efetivamente a Vigilância Ambiental está Estruturada e em condições de, juntamente com as outras vigilâncias (sanitária, epidemiológica...) , melhorar a qualidade de vida da população e melhora do indicador de remessa regular do SINAN pelos municípios. 500.000,00 COBERTURA VACINAL DE TETRAVALENTE 0,00 REPASSADO EXECUTADO 2009 2009 2008 2008 2007 2007 2006 2006 As contribuições do VIGISUS II para a estruturação da Vigilância á Saúde, ocorreram nas 04 linhas de atuação do Projeto, sendo Fonte: SI\PNI VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS Meta pactuada no VIGISUS em 2009: >= 70% DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS, VIGILÂNCIA Meta alcançada em 2009 : 96,54% AMBIENTAL E VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL. Dentre elas, destacam-se: Aquisição de 54 Kits de Imunobiológicos (geladeira, freezer e gerador), para municípios com baixa homogeneidade da cobertura vacinal em menores de 01 ano, aquisição de 2005 2004 112,30 109,42 102,76 96,54 Revista Pesquisa em Saúde 57 Fonte: SINAN\Coordenação de Pneumologia Sanitária\SESPA Meta pactuada no VIGISUS 2009: 77% Meta (PARCIAL) 2009: 67% Fonte:SINAN Meta pactuada no VIGISUS 2009 : 11% Meta alcançada 2009: 7% CONSIDERAÇÕES FINAIS O Projeto VIGISUS II contribuiu efetivamente para a estruturação da Vigilância em Saúde no Estado do Pará, através das 04 linhas de atuação, Vigilância Epidemiológica das doenças transmissíveis, Vigilância Epidemiológica das doenças não transmissíveis e Vigilância Ambiental. As ações desenvolvidas propiciaram a melhoria dos indicadores definidos no Projeto, dentre eles percentual de casos de doenças notificadas e encerrados oportunamente; cumprimento da Cobertura Vacinal da tetra em < de 1 ano; percentual de casos curados de tuberculose. Cumprimos um indicador importante pactuado que foi “Vigilância Ambiental estruturada” e melhora do indicador de remessa regular do SINAN pelos municípios. A execução financeira do Projeto foi de 100% dos recursos repassados. 58 Revista Pesquisa em Saúde REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde,Vigilância em Saúde no SUS: fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos e novos desafios\Ministério da Saúde, 2006,228p.:-(Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde ,Manual Operativo do VIGISUS II ,vol.1,apresentação do VIGISUS II , série A.Normas e Manuais Técnicos. 2005. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde.Vigilância ambiental em saúde, 2002.42 p. 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Sistema de Planejamento e Informática -SPIV\ VIGISUS,2010, disponível em https:\\spiv.saúde. gov.br TEIXEIRA, C. F., PAIM, J. S. & VILASBOAS, A. L. SUS: modelos assistenciais e vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, VII(2): 7-28, 1998. ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO: CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE JUVENIL PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITION: CONTRIBUTIONS IN THE PREVENTION OF YOUTH OBESITY Lucia Cristina Abrantes1,2 [email protected] RESUMO O aumento dos níveis de gordura corporal associado à diminuição dos níveis de atividade física na adolescência tem se tornado motivo de maior preocupação em pesquisas recentes. Uma das preocupações seria o fato de existir forte relação com o aumento dos casos de obesidade em idades precoces cardiovasculares, diabetes, alguns dos fatores desencadeantes da obesidade, mais especificamente em adolescente, e tentar propor alternativas relacionadas às atividades físicas para o auxilio no tratamento e minimização desse problema. A partir da análise, pode-se perceber que atividade física, sendo utilizada de forma consciente (programada, controlada e respeitando as limitações e níveis de desenvolvimento humano), pode ser favorável à reversão do estado de obesidade e melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Palavra-chave: atividade física, adolescente, obesidade. ABSTRACT The increased levels of body fat associated with decreased levels of physical activity in adolescence has become cause for greater concern in recent research. One of the concerns was the fact there is strong relationship with the increase in cases of obesity in early ages cardiovascular, diabetes, some of the triggering factors of obesity, particularly in adolescents, and try to propose alternatives related to physical activities to aid in the treatment and minimize this problem. From the analysis, it is noted that physical activity, being used in a conscious way (planned, controlled and respecting the limitations and levels of human development), may be conducive to the reversal of the state of obesity and improvement in quality of life of these people. Keyword: physical activity, adolescent, obesity. 1 2 INTRODUÇÃO A obesidade é uma doença metabólica já descrita desde primórdios da humanidade, representando atualmente a doença metabólica de mais alta prevalência cuja incidência cresce dramaticamente desde as ultimas décadas. Isto se deve a mudança de hábitos alimentares principalmente relacionadas com o aumento de estabelecimentos do tipo “fast food”, acarretando uma alta injeta de gorduras saturadas e a uma tendência ao sedentarismo da sociedade moderna. A crescente preocupação médica em relação ao tratamento das obesidades são as doenças com as quais ela está relacionada, tais como: diabetes mellitus, dislipidemias, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (SIMÕES, 2003). A obesidade ocorre quando temos uma perda de equilíbrio entre ingestão de alimentos e ao gosto calórico. No tratamento, devemos sempre considerar um balanço calórico negativo, o seja, diminuição calórica aliada a um aumento de gasto energético. Isso, na pratica, se consegue através de uma dieta hipocalórica com restrição de gorduras saturadas. Eventualmente, o médico poderá utiliza-se de anorexígenos ou drogas calorigênicas. Para aqueles pacientes com obesidade mórbida ou severa, em que o tratamento clínico falha, preconiza-se o tratamento cirúrgico (SIMÕES, 2003) A obesidade pode ser classificada de acordo com a dimensão e o número de células adiposas. Quando ocorre um aumento na dimensão das células adiposas já existentes, este processo é determinado de hipertrofia, o qual ocorre em maior frequência na fase adulta. Já quando o número de células adiposo aumenta denomina-se de hiperplasia, o que na infância e adolescência (MCARDLE, KATCH & KATCH, 1985). O processo de hiperplasia é mais identificado nas fases de desenvolvimento, onde o Consenso Latino Americano de Obesidade identifica três períodos críticos: “o primeiro período ocorre Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – ULHT/ PT. Universidade do Estado do Pará – UEPA Revista Pesquisa em Saúde 59 durante a gestação e o primeiro ano de vida: o segundo entre os 5 e 7 anos de idade, o chamado período de rebote; e o terceiro na adolescência” (COUTINHO, 1999 p.56). Por essa razão se faz necessário e relevante um trabalho de conscientização para prevenção durante estas fases, já que o período de proliferação das células adiposa acontece exatamente na infância e adolescência. No tocante à conscientização nos referimos justamente ao auxilio aos jovens para o incentivo a prática de exercícios físicos e no controle da alimentação. Várias são as causas da obesidade, destacamos o sedentarismo, hereditariedade, a hiperfagia, disfunções nas glândulas e os problemas psicológicos. Já o que diz respeito às conseqüências da obesidade nos adolescentes é bastante avassalador, todavia de acordo dom o Consenso Latino Americano de Obesidade, citado por Coutinho (1999, p. 57) ocorre nos seguintes níveis: Psicossocial: apresentam transtornos de conduta, signos de depressão e angústia com baixa auto-estima. Ainda mais, tomam-se introvertidas para participar de atividades físicas e para relacionarem-se socialmente, refugiando-se ao sedentarismo e alimentando-se de uma maior ingestão com sentimento de culpa. Ortopédicos: Podem apresentar pé plano, escoliose, epifisiólises, coxa vara, ginus vago e tíbia vara. Problemas endócrinos: hiperinsulinêmica ou insulina resistência; triglicerídeos a Apo B, diminuição de HDL colesterol e Apo A; diminuição da secreção do hormônio de crescimento; diminuição da resposta da prolatina aos estímulos; ritmo circundante normal do cortisol, elevação de andrógenos e da DHEA, menarca prematura; diminuição da aromatização da testosterona e estrógeno (na feminização); nos meninos hiperandrogenismo, hirsutismo e poliquistoes ovárica e nas meninas aumento da progesterona. Diante de todos os conhecimentos adquiridos sobre a obesidade e os benefícios do exercício físicos citados, Guedes e Guedes (1997, p.63) dizem que os programas de exercícios físicos podem provocar importantes modificações com relação aos parâmetros de composição corporal, ocorre um maior desenvolvimento da massa magra e há poucas alterações no peso corporal. Como resultados dos efeitos potencias do exercício na criança obesa, Rowland (1990) citado por Dâmaso, Teixeira & Nascimento (1994, p. 107) acrescenta o seguinte: “Diminui 60 Revista Pesquisa em Saúde a percentagem de gordura corporal; Aumenta a massa magra, por potencializar a termogênese (dieta); diminui a pressão arterial; aumenta a condição cardiovascular; beneficia a saúde psicossocial”. OBJETIVOS: Geral: Verificar se a prática regular do exercício físico juntamente com orientação nutricional contribui na redução do percentual de gordura para a prevenção e tratamento da obesidade infantojuvenil. Específico: Orientar os alunos de forma adequada para a importância da atividade física no dia a dia de cada um. Desenvolver conhecimento ajustado dos benefícios que atividade física e a orientação nutricional trazem em relação a sua saúde. Valorizar atitudes e comportamento favoráveis à saúde, em relação à alimentação e à atividade física, desenvolvendo responsabilidade no cuidado com o próprio corpo. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA OBESIDADE A obesidade é uma condição de excesso de tecido adiposo em relação à massa corpórea magra. Ela reflete um desequilíbrio a longo prazo entre a ingestão e gasto calórico . Este reflete um desequilíbrio em longo prazo entre ingestão e gasto calórico. Este desequilíbrio pode levar às complicações patológicas como diabetes, a hipercolesterolêmica e a hipertensão – doenças que, se não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem levar o indivíduo à morte (ANJOS ; ENGSTROM, 1996). Obesidade de grau I - IMC = 30 à 34,9 Obesidade de grau II - IMC = 35 à 39,9 Obesidade de grau III - IMC= 40 à 49,9 O índice de massa corporal (IMC) é reconhecido como padrão internacional pra avaliar o grau de obesidade. O IMC é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura em (m2) (ABESO, 2008). Hiperplásica: Obesidade que já se manifesta na infância, causada pelo aumento do número de células adiposas no organismo, aumentando a dificuldade da perda de peso e gerando uma tendência natural à obesidade futura. Hipertrófica: Obesidade que pode se manifestar ao longo de qualquer fase da vida adulta, causada pelo aumento de volume das células adiposas. De acordo com a etiologia: Endógena (gerada por disfunções metabólicas do organismo) ou Exógena (gerada por aspectos comportamentais) devido ao excesso de gordura corporal, decorrente do equilíbrio positivo entre ingestão e demanda energética; responsável por 98% dos casos de obesidade. De acordo com a idade de inicio: Obesidade infantil, infanto- juvenil e adulta. AVALIÇÃO NUTRICIONAL A avaliação nutricional segundo Fregonese (2003) deve ser feita através de: Anamnese Alimentar: Processo investigativo do histórico e dos hábitos alimentares do paciente. Avaliação Clinica; Exames clínicos do Estado de saúde do paciente Avaliação Antropométrica: Medicações físicas do paciente (peso, altura, massa adiposa e etc.). Dados Psicossocias e Econômicos: Perfil econômico e social do paciente. TRATAMENTOS Segundo Fregnese (2003), existem várias abordagens diferentes para o tratamento da obesidade. As dietas variam desde o jejum até dietas com alto teor de proteínas e baixo teor de carboidratos, dietas com alto teor de carboidratos e baixo teor de gorduras, dietas balanceadas hipocalóricas (método mais razoável para e redução de peso). As dietas devem ser adaptadas o máximo possível às características de cada indivíduo, que satisfaça às necessidades nutricionais: que permita alto grau de saciedade; de fácil preparo e seguimento; flexível; que promova perda ponderal, razoável e perceptível. De consistência dura (estímulo à mastigação – sensação precoce de saciedade); volume elevado, mas com baixa densidade energética; maior volume de fibras; distribuição fracionada. Para dietas com menos de 1.200 Kcal, são recomendados minerais. suplementos vitamínicos e OBESIDADES INFANTO - JUVENIL Existe uma preocupação muito grande em relação e desnutrição, principalmente na região nordeste do nosso país. De fato, temos reais motivos para esse assunto ser tratado com urgência e seriedade. Mas para a maior parte da nossa sociedade a criança gordinha ainda é vista como sinônimo de saúde, isso levou a certa tolerância social a obesidade infantil, e hoje mais de 30 % dos brasileiros apresentam excesso de peso (DÃMASO & TEIXEIRA, 1994). O excesso de peso na infância pode levar ao aumento dos níveis de gordura no sangue, à hipertensão, problemas ortopédicos, musculares e dermatológicos, a diabetes e doenças cardiovasculares (DÃMASO & TEIXEIRA, 1994). - Fatores que influenciam no ganho do peso - Fatores internos (Genéticos e metabólicos) Estudos populares mostram que 80% das crianças que têm pai e mãe obesos, tornaramse obesas. Quando um só dos pais apresenta obesidade, a chance é de 40%. Se nenhum dos pais apresenta obesidade, o risco é de 7% (MALAFIA, 2003). Em relação ao fator, crianças que nascem com metabolismo que facilita o aumento de peso sem que comam grandes quantidades de alimentos. Em casos extremos de obesidade, suspeitase que haja um efeito que menos apetite e com maior ganho de peso do que outras que comem mais (MALAFIA, 2003) – Fatores Externos (psicológicos e alimentares) A forma como a criança e o jovem lida com suas frustrações ou ansiedade pode levá-la a desenvolver um mecanismo de compensação com ingestão de alimentos. As preferências alimentares, a quantidade e a forma de preparo da alimentação podem levar excesso de peso. (Sampedro, R.M. & Gguedes, 1985). AVALIAÇÃO Se a criança tem até 05 anos de idade, utiliza-se a adequação de peso para altura. Caso contrário o mais adequado é o Índice de Massa Corporal (I.M.C). O peso atual da criança deverá ser dividido pelo peso ideal encontrado no QUADRO 1., o valor resultante é multiplicado por 10. Compara com o QUADRO 2 Revista Pesquisa em Saúde 61 QUADRO 1. Peso ideal em relação à altura Porcentagem 90% a 110% 110% a 120% Acima de 120% Classificação Normal Sobrepeso Obesa Altura [PARA] (cm) Meninos. Pesoi .Ideal [PARA] (Kg) MENINAS Peso ideal [PARA] (Kg) 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 10,2 10,4 10,6 10,8 11 11,2 11,4 11,6 11,9 12,1 12,3 12,6 12,8 13 13,3 13,5 13,7 14 14,2 10 10,2 10,4 10,6 10,8 11 11,2 11,4 11,6 11,8 12 12,3 12,5 12,7 12,9 13,2 13,5 13,7 13,9 Fonte: Centro Complementar Físico (2003) QUADRO 2. Peso entre peso/altura classificação: Para criança acima de 06 anos de idade: MENINOS Idade 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Normal 14,5 15 15,6 16,1 16,7 17,2 17,8 18,5 19,2 19,9 20,6 21,1 21,4 Fonte: Centro Físico (2003) Sobrepeso 16,6 17,3 18,1 18,8 19,6 20,3 21,1 21,9 22,7 23,6 24,4 25,2 25,9 62 Revista Pesquisa em Saúde Obesidade 18 19,1 20,3 21,4 22,6 23,7 24,8 25,9 26,9 27,7 28,5 29,3 30 QUADRO 2 (continuação) Para criança acima de 06 anos de idade: MENINAS HÁBITOS ALIMENTARES Idade 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Normal 14,3 14,9 15,6 16,3 17 17,6 18,3 18,9 19,3 19,6 20 20,3 20,5 Sobrepeso 16,1 17,1 18,1 19,1 20,1 21,1 22,1 23 23,8 24,2 24,7 25,2 25,5 Obesidade 17,4 18,9 20,3 21,7 23,2 24,5 25,9 27 27,9 28,5 28,1 29,3 30 Fonte: Centro Físico (2003) As mudanças nas práticas de alimentação são muitas vezes complexas, devido às muitas funções e aspectos das mesmas. Assim, nos últimos anos, houve um aumento do número de refeições feitas fora do lar e hoje temos várias estratégias de opções, desde alimentação sendo realizada em restaurantes mais tradicionais, fast-foods e locais de trabalho, bem como o consumo de lanches que já aparece como opção em carrinho de cachorro quente ou em formas (COUTINHO, 1999) Estas tendências devem ser relacionadas com a mudança no estilo de vida da população passou a procurar economia no tempo gasto com compra, preparação e consumo de alimentos (COUTINHO, 1999). A investigação dos hábitos alimentares tem merecido atenção, principalmente, devido ao aumento de prevalência de sobrepeso e obesidade no mundo ocidental. Como a obesidade é um fator de risco para doenças, como doenças coronárias, diabetes e certos tipos de câncer, no texto da prevenção da obesidade (indiretamente das doenças a ela associadas) são necessários analisar o tipo de lanche e preparação que está sendo utilizada como substituição de uma refeição. O padrão de refeição, principalmente no que diz respeito à hora de ingestão, é fundamental na regulação do peso corporal, podendo ser importante no desenvolvimento de estratégias para prevenção da obesidade. Existe um grande problema que começa com a própria falta de definição consensual do que seja lanche e refeição. Adotamos o conceito de que “refeições” são ocasiões principais do comer ao longo do dia, como café da manhã, almoço e jantar. Já “lanches” significam outros episódios de comer, porções menores e menos estruturadas por isso é bom saber diferenciar o tipo de alimentação com a necessidade de cada refeição. REEDUCAÇÕES EM VEZ DE PRIVAÇÃO É essa a maneira mais correta de lutar contra a obesidade, segundo afirmam médicos e nutricionistas empenhados em riscar a palavras dieta das indicações de tratamento contra a obesidade, substituindo-a pela expressão “plano alimentar”. Não se trata de uma mera troca de nomes, mas de implantar um novo conceito. Dieta está associada à privação de alimentos, sofrimento e, na maioria das vezes, fracasso, com a retomada de peso. Plano alimentar passa pela idéia de reeducação alimentar, que prevê mudanças nos hábitos alimentares sem privar a pessoa do que gosta, o que resulta em maior bem-estar e menor risco de recuperar peso, além de se transformaram num aprendizado para a vida toda. A reeducação alimentar é um processo de aprendizagem exercido através de orientações nutricionais especificas, onde o paciente conhece e incorpora hábitos alimentares saudáveis (CAMPOS SHURLEY, 2005) • Fixar horários para as refeições e lanches, para evitar “beliscar” • Diminuir aos poucos a quantidade de alimentos gordurosos e frituras oferecidas à criança, estimulando-a comer alimentos crus, grelhados ou refogados. • Servir a comida num prato menor e, aos poucos, diminuir o tamanho das porções. • Não deixar a criança fazer as refeições assistindo tevê. Distraída, ela costuma comer mais. • Trocar os refrigerantes pelos sucos mais saudáveis, evitando adoçá-los. • Estimular a criança a comer devagar, mastigando bem, para facilitar a digestão e a assimilação dos alimentos. • Manter a despensa livre de guloseimas, para não incentivar o impulso de comer fora de hora. Ingestões E Necessidades Energéticas Diárias A alimentação da criança deve ser de acordo com as porções recomendadas pela pirâmide alimentar. Entre 6 e 10 anos: Os especialistas sugerem uma dieta de 1810 kcal a 2045 Kcal para os meninos e 1620 kcal a 1795 kcal para meninas dessa faixa etária. Entre 11 e14 anos: As necessidades recomendadas são de 2200 Kcal para mulheres e 2500 kcal para homens. A quota energética é aumentada para homens na faixa etária de 19 a 24 anos. A IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS Os adolescentes incorporam duas vezes mais a quantidade de Cálcio, ferro, zinco e magnésio durante o período da adolescência em que a taxa de crescimento é a mais rápida, comparada às outras fases da vida. A necessidade cálcio na adolescência está ligada ao crescimento esquelético, que é de 45% nesse período. Os adolescentes também precisam de grandes quantidades de ferro. Para os homens, o ferro é importante para a formação da massa muscular. As mulheres precisam repor o ferro perdido mensalmente na menstruação. Zinco é essencial para o crescimento; pois a retenção de zinco aumenta especialmente durante o estirão do crescimento. 2.9.3 - A Necessidade De Vitaminas Os especialistas recomendam grande quantidade de vitaminas (B1) e (B2), principalmente aos adolescentes. A vitamina D é essencial ao cardápio ao crescimento esquelético. As vitaminas A, E, C, ácidos fólico também são importantes nessa fase. Vale lembrar que todas essas vitaminas podem ser supridas por uma dieta adequada, sem a necessidade de suplementos vitamínicos. ATIVIDADE FÍSICA A atividade física reduzida é provavelmente uma das principais razões para o aumento da obesidade entre os indivíduos que vivem em sociedade. Os indivíduos sedentários necessitam de uma menor quantidade de calorias. O aumento da atividade física faz com que o individuo com peso normal comam mais, mas o mesmo pode não ocorrer em indivíduos obesos (BOUCHARD, 2004) ATIVIDADES FÍSICA COMO PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA OBESIDADE Depois de estabelecido o status de obesidade, a terapia se torna essencial para a tentativa da Revista Pesquisa em Saúde 63 mudança do quadro e a possível diminuição dos riscos potenciais que a obesidade pode causar. Sobre o tratamento da obesidade, além de complexas modificações no estilo de vida, algumas formas mais agressivas de terapia têm sido administradas. Matos e Bahia (1998, p. 207) relatam a obesidade, sendo causada principalmente pelo desenvolvimento crônico da energia que supera o gasto, a reversão desse quadro seria mais indicado. E, para se obter a reversão, as medidas óbvias seriam: diminuir a ingestão alimentar, e/ou aumentar por meio de dietas restritivas, cirurgias bariátricas ou drogas anorexígenas, e/ou aumentar o gasto de energia através de exercícios ou drogas calorigênicas. Dentre os tipos citados, a forma de tratamento que mais se enquadraria, quando se trata de educação física relacionada com adolescente, é a questão da atividade física e do gasto energético. Outro fator positivo na adoção dessas pratica, é a menor probabilidade de risco e de efeitos colaterais presentes durante o tratamento. È claro que a atividade física isolada, sem levar em consideração os fatores genéticos, endócrinos, culturais, psicossociais e ambientais, não seria suficiente para se conseguir resultados permanentes, mas acredita-se que o simples fato de alguém estar se movimentando já estaria atuando e ajudando a alterar os aspectos modificáveis. Um adolescente, caminhando na rua, está estimulando seu sistema endócrino, favorecendo o bom funcionamento de seu metabolismo energético queimando energia e, a partir do momento em que se expõe publicamente, pode se relacionar com outras pessoas ou coisas do ambiente sob diversos aspectos, talvez caracterizando um estado de estar de bem com a vida (CONFEF, 2001) Niemam (1999) cita que, nos Estados Unidos, as crianças são menos ativas do que precisam ser. Esse prognóstico preocupante vem ao encontro das condições atuais de pratica de exercícios regulares nos EUA. No primeiro ano do nível médio, cerca de 40% dos adolescentes participam de aulas de Educação Física, enquanto no último ano, apenas 12% participam. Nessa mesma pesquisa, foi identificado que, pelo menos, 63% dos adolescentes já apresentavam dois ou mais fatores de risco para doenças crônico-degenerativas, com evidencias de esses números aumentarem nos próximos anos, caso não haja intervenção É coerente lembrar que os níveis de atividade física na adolescência não devem ser medidos apenas pela participação nas aulas de Educação Física nos colégios. E acrescentado ainda que, nos últimos anos, grandes modificações estruturais têm ocorrido nas leis que regem e Educação (LDB) E A Educação Física, a não obrigatoriedade das aulas nos níveis de ensino, a regulamentação da profissão e criação do Conselho Federal e mais recentemente a tentativa de se tornar obrigatória novamente em todo ensino fundamental. (CONFEF, 2001) OBESIDADE E EXERCÍCIO Antes de dar início a qualquer tipo de treinamento com obesos, é de fundamental importância que o mesmo passe por uma avaliação médio-funcional, para que se tenha, além de uma garantia de saúde e de um padrão de comparação futuro, um ponto de partida para elaboração do treinamento. Todo tipo de atividade física promove consumo de energia, ou seja, gasto calórico, porém, os exercícios aeróbicos cíclicos (bicicleta, corrida e remo) são os melhores, pois promovem maior gasto de calorias, tendo a atividade aeróbica, COMPORTAMENTOS DO ADOLESCENTE características marcantes, como: envolvimento FRENTE À ATIVIDADE FÍSICA de grandes grupos musculares; grande duração e Crianças e adolescentes são naturalmente baixa intensidade; maior gasto de gordura, como dispostos ao movimento, assim, tendem a ser substrato energético. naturalmente ativos. Contudo, como passar dos Um fator bastante interessante é o de que com anos, alguns estímulos ambientais podem inverter a adaptação ao treinamento aeróbico aparece esse comportamento. uma hipertrofia da glândula tireóide, bem como Segundo o American College of Sports Medicine o aumento nas taxas dos hormônios T3 e T4. (2000) no final da adolescência (cerca de 16 a 18 Esses hormônios agem no sentido de aumentar o anos), esse quadro tende a ser evidenciado. Os metabolismo basal, o que é bastante interessante níveis de atividade física diminuem ainda mais nas taxas dos homônimos “tiróidianos” exercem chegando à idade adulta, com níveis aquém grande influência no metabolismo das gorduras, do considerado ideal, principalmente no sexo pois com sua ação lipolítica, aumentam a feminino. quantidade de ácidos graxos livres, colocando 64 Revista Pesquisa em Saúde assim a gordura disponível para ser consumida pelo organismo. Para que se tenha efeito de treinabilidade, em qualquer capacidade física, é necessário que o individuo treine pelo menos três vezes semanais, sendo considerada como seu ideal, para o emagrecimento, uma frequência de cinco vezes por semana, devido à necessidade de ser elevar o gasto calórico. As atividades neuromusculares (musculação, hidroginástica) devem ser realizadas para que se criem condições de suportar o stress criado pela obesidade nas articulações e também para que a performance, guardadas as devidas articulações, na atividade aeróbia não fique dificultada por fatores como a dor lombar (lombalgia), por exemplo. Além disso, é claro, essas atividades também promovem gasto calórico. Outro ponto que demonstra a grande importância desse tipo de atividade para o emagrecimento é o fato de essas atividades, principalmente a musculação,aumentarem a massa muscular. Essa adaptação fisiológica leva ao aumento do metabolismo basal. Com isso o organismo tornase menos econômico, gastando, então, mais caloria em repouso. A obesidade está intimamente relacionada à inatividade física, portanto antes de haver a preocupação em manter a freqüência cardíaca dentro da zona-alvo calculada e outras estratégias, devemos sim fazer com que os exercícios se tornem hábito de vida para o obeso, e que se tornem tão corriqueiros, quanto escovar os dentes. Lembre-se de que muitos talvez estejam entrando em contato com a atividade física pela primeira vez. Aos poucos com a primeira conquista (atividade que não seja associada à agressão) consolidada, se terão maiores chances de êxito, pois, a partir desse momento, estará diminuída a possibilidade de abandono das atividades, por parte do aluno. Outro aspecto importante, diz respeito ao mito da reprodução seletiva de peso, no qual ao se trabalhar uma determinada região corporal, se teria como consequência uma maior perda de gordura nessa região. Sobre isto, Katch e Maardle (1990) citam uma pesquisa realizada em 13 universitários da Universidade de Massachusetts, Anherrst, na qual fizeram 5004 flexões abdominais durante 27 dias de programa progressivo de flexões com o ritmo controlado por um metrônomo. Foram realizadas medidas de composição corporal antes e depois da fase de experiência. Esse estudo demonstra que não houve uma redução maior na gordura abdominal em relação à gordura de outros pontos do corpo. Neste estudo, fica comprovado que a redução localizada de gordura é pouco provável de ser atingida. Esta “conclusão se estende para qualquer exercício em relação a qualquer parte do corpo, inclusive para as terríveis” flexões laterais de tronco que infelizmente, ainda vêm sendo utilizadas com o objetivo de retirar o famoso “pneuzinho”. Existem no mercado vários produtos que prometem emagrecimento rápido e sem a necessidade de esforço algum, ou seja, prometem milagres na batalha contra a obesidade, como, por exemplo: sauna, forno de bier, gel ,rolo etc. Esses produtos, além de pouco eficazes, ainda podem colocar em risco a saúde do usuário, quando utilizados de forma indiscriminada. Assim sendo, o melhor remédio, na maioria dos casos, ainda é a dieta em conjunto com a prática regular de exercício. Benefícios da prática regular de exercícios A atividade física regular, desde que bem orientada, traz ao praticamente uma série de benefícios. A seguir será citada uma série de vantagens que os exercícios podem propiciar: 1. Melhor estabilidade articular; 2. Aumento de massa óssea; 3. Aumento de colesterol HDL; 4. Aumento de taxa de hormônio do crescimento; 5. Diminuição da freqüência cardíaca de repouso; 6. Diminuição da pressão arterial; 7. Melhor utilização da insulina; 8. Controle da obesidade; 9. Diminuição do risco de varizes; 10. Diminuição do risco de derrame cerebral; 11. Diminuição do risco de arteriosclerose; 12. Diminuição do risco de lombalgia; 13. Aumento de força; 14. Aumento de flexibilidade; 15. Aumento de resistência aeróbia; 16. Aumento da resistência anaeróbia; 17. Facilitação da correção de vícios posturais; METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Desenvolvemos nosso trabalho através de uma pesquisa de campo por um estudo transversal. A População constou der 55 alunos da 7ª série, da Escola Estadual Eunice Weaver, localizada na Revista Pesquisa em Saúde 65 av. Arthur Bernardes s/n pratinha, Belém – Pará, sendo que a amostra foi intencional, formada por 14 alunos, na qual se utilizou para a sua determinação o critério estabelecido pelo consenso latino Americano cálculos por porcentagem de gordura corpórea. Segundo Coutinho (1999, p.56) “a criança é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) se encontra acima da média para a sua idade”. Para diagnosticar a obesidade e sobrepeso, o autor supracitado indica a fórmula para se calcular os resultados por porcentual. IMC = P/a² onde P = peso e A²= altura ao quadrado O percentual será 100 em uma criança de peso e altura média. Foi considerada como sobrepeso em IMC 110%, e com obesidade se o IMC é de 120% ou acima deste percentual. Crianças (feminino) (9-12 anos) DC= 1,108 – 0,027 (log. 10 TR) – 0,038 (log.10 SB) (13- 16 anos) DC= 1,130 – 0,055 (log.10 TR) – 0,026 (log.10 SB) Protocolo de Guedes, para crianças e adolescestes (7- 18 anos) Homem = 6%=0,783 (S)² + 1,6 Mulher = 6%= 0,546(S)² + 9,7 S = Soma das dobras CÁLCULOS PARA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL - Peso Gordo ou Gordura Absoluta = (% gordura /100) x Peso do corpo (Kg) - Massa magra = Peso do Corpo (Kg) – Peso gordo (Kg) - Peso em Excesso (Excesso de gordura) = Peso Corporal – Peso Ideal - Peso Ideal = Massa magra/ 0,85 ( homens ) e ROTEIRO DAS DOBRAS CUTÂNEAS massa magra/0,75 ( mulheres UTILIZADAS ANAMNESE ALIMENTAR - Subescapular (SE) toma-se uma dobra Foi realizada a entrevista sobre a oblíqua média abaixo da extremidade inferior utilização de alimentos, preparações, tamanho da escapula, média da extremidade inferior da das porções, preferências alimentares etc. Incluiu escapula; um recordatório de 24 horas e frequência de - Tríceps (TR) Tomou-se uma dobra vertical alimentos. na linha média da parte superior do braço, meio AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA caminho entre o ombro e o cotovelo; Foram realizadas medições físicas nos - Bíceps (BI) – Tornou-se uma dobra vertical pacientes. (Peso, altura, massa gorda, massa na linha média da parte superior do braço a meio magra, etc.) entre o ombro e a fossa cubital, sobre o bíceps AVALIAÇÃO CLINICA braquial, ao nível do mamilo; - Glicemia taxa de glicose no sangue. - Peito (PT) – Tomou-se a dobra no ponto - Triglicérides e Colesterol total e frações (HDL) localizado entre a axila e o mamilo, nas mulheres taxa de gordura no sangue. este ponto deve ser o mais próximo possível da - Hemograma Diagnóstico da anemia axila; para os homens – Tomou-se uma dobra - Hipertensão Arterial P.A. diagonal na metade da distanciada linha axilar e DADOS PSICOSSOCIAIS E ECONÔMICOS a mama. Foi verificado junto às famílias dos pesquisados - Sub - Axilar (SA) Tomou-se uma dobra os costumes alimentares, Tabus alimentares, vertical na linha axilar média ao nível do apêndice carências nutricionais e excessos calóricos xifóidede no esterno; introduzidos na dieta destas famílias; assim como - Suprailíaca (SI) – Tomou-se uma dobra o poder econômico para podemos iniciar uma ligeiramente oblíqua medida, mediatamente redução alimentar de acordo com as condições acima do osso do quadril coincidente com uma financeiras de cada família destes pesquisados. linha imaginaria descida da linha axilar anterior; REEDUCAÇÃO ALIMENTAR - Coxa (ex). Tomou-se uma dobra vertical na Estimulamos os pesquisados para uma região anterior da coxa na metade da distância adequação no estilo de vida mais saudável, entre o quadril e as articulações do joelho; mostrando alimentos mais nutritivos, orientando - Perna (PR)- Tomou-se um dobra vertical principalmente a ingestão de frutas e verduras, no lado medial da perna no local de maior como horários corretos para alimentação circunferência. e quantidades necessárias e adequadas, informando sobre os “perigos” do consumo de PROTOCOLOS UTILIZADOS: DENSIDADE (MC alimentos com alto teor calórico. ARDLE, 1992) 66 Revista Pesquisa em Saúde PROGRAMA DE ATIVIDADES físicas O programa de atividades físicas constou de: Exercícios de alongamento - 10 minutos. Corrida moderada de 5 minutos como aquecimento geral. Exercícios envolvendo atividades recreativas para a formação e melhoria da lateralidade, coordenação motora e velocidade de deslocamento, totalizando 10 minutos. Ao final eram realizados atividades de volta à calma com duração de 5 minutos. O programa teve duração de 3 meses e foi realizado em 3 sessões semanais. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela nº 1 Resultado da avaliação do percentual de gordura médio. valor encontrado através do teste t foi p = 0,037. Este valor é considerado estatisticamente significativo, pois, para obter significância, o valor de P deve ser menor que 0,05. Assim, concluímos que em nível de significância de 5% (P< 0,05), houve redução do percentual de gordura médio do grupo. Tabela nº 2 Resultado da avaliação do peso corporal. Na análise da tabela e do gráfico nº. 2 resultado da avaliação do peso corporal, o valor encontrado foi P= 0,37, com este valor a um nível de significância de 5% (P< 0,05) podemos concluir que não houve redução do peso corporal do grupo.Tabela nº 3 Resultado da avaliação da gordura corporal Na análise da tabela nº 3, resultado da avaliação da gordura corporal, o valor encontrado foi P= 0,43, em nível de significância de 5% ( P< 0,05) podemos concluir que não houve redução da gordura corporal grupo. Tabela nº 4 Resultado da avaliação do excesso de gordura Também na análise da tabela nº 4, resultado da avaliação do excesso de gordura, o valor encontrado foi P= 0,12, em nível de significância de 5% (P< 0,05) podemos concluir que não houve redução do excesso de gordura corporal do grupo. Tabela nº 5 Resultado da avaliação da massa corporal magra Na análise da tabela nº 5, resultado da avaliação da massa corporal magra, o valor encontrado foi P= 0, 73, em nível de significância de 5% (P< 0,050 podemos concluir que não houve diferença significativa na massa corporal magra do grupo de alunos entre o pré e o pós teste. Com relação à gordura corporal (em Kg), comparamos a média do pré e pós-teste do grupo, no qual o resultado (tabela a gráfico n° O3) não foi estatisticamente significativo. Apesar disso foi constatado uma redução da quantidade da gordura em cada um dos alunos. Como podemos exemplificar através de um dos alunos que diminuiu a metade da espessura de quase todas as dobras cutâneas, por exemplo, no préteste tinha 42 mm da espessura para supra-ilíaca e no pós-teste estava com 21 mm. Analisando o excesso de gordura, o resultado (tabela e gráfico nº 4) não foi estatisticamente significativo, e podemos nos valer da explicação anterior. Contudo, os alunos não tiveram acompanhamento nutricional para um melhor controle alimentar. O que afetou os resultados Revista Pesquisa em Saúde 67 no que diz respeito a uma maior redução da quantidade de gordura para diminuir o excesso. Uma outra possibilidade, é a freqüência da cada aluno pois os mais assíduos foram os que conseguiram melhores resultados. Isso porque a prática regular é que vai repercutir com êxito e almejar os benefícios do exercício físico, quando nos reportamos à revisão de Iiteratura, na qual citamos autoras como Dâmaso; Teixeira & Nascimento (1994) e Mcardle; Katch & Katch (1985), os quais dizem que os exercícios físicos devem ser desenvolvidos de 3 a 4 vezes por semana, para que não haja perda de condicionamento orgânico. CONCLUSÕES Após o programa de atividades físicas com duração de 3 meses, 3 vezes por semana, houve redução do percentual de gordura corporal, individualmente em alguns alunos, e na média do grupo, sendo que o peso corporal médio embora tenha reduzido, não foi significativo, assim como o peso gordo, do excesso de gordura e massa magra. Os resultados embora pouco expressivos sugerem que a atividade física com alongamento e corridas velozes, são pouco eficazes para a perda do peso corporal. Outras pesquisas podem ser realizadas com maior rigor no controle das variáveis intervenientes, principalmente o controle da ingesta alimentar. REFERÊNCIAS ALBERTI & ROTHENNBERG, O ensino de jogos esportivos. Rio de Janeiro: ao livro técnico, 1989 Alves, N. B. et al. Avaliação da aderência de adolescentes ao programa de prevenção e tratamento da obesidade. Maringá, 1999. AMERICAM COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Guidelines for Exercise Testing and Prescription. New York, 2000. ANDERSON, R. E. 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As principais bases de dados científicos (PubMed, outras) foram consultadas para reunir um número suficiente de casos (n=52) que confirmassem os resultados comuns, sendo um trabalho analítico descritivo. As palavras descritoras utilizadas foram amplitude de movimento articular, autonomia pessoal e atividade motora. São apresentadas definições da flexibilidade e são descritos os componentes que influenciam a autonomia no envelhecimento. Faz-se referência à importância da imagem corporal e da autoestima envolvidas no processo de envelhecimento. Aborda-se o trabalho da atividade física, em especial por meio do treinamento da flexibilidade com idosos. E, finalmente, são apresentadas diferentes sugestões de trabalho para o desenvolvimento da flexibilidade nos idosos. Palavras-chave: Amplitude de movimento articular, Autonomia pessoal e Atividade motora. ABSTRACT The survey sought greater clarification of the autonomy and flexibility in aging. The scientific databases (PubMed, others) were consulted to gather a sufficient number of cases (n=52) to confirm the common results, being a descriptive and analytical work. The descriptors used were range of motion, personal autonomy and motor activity. We showed definitions of flexibility and describe the components that influence autonomy in aging. References are made to the importance of body image and self-esteem involved in the aging process. Approaches are made about the work of physical activity, in particular through flexibility training with the elderly. Finally, suggestions are given different work to the development of flexibility in the elderly. Keywords: range of motion, personal autonomy, motor activity. INTRODUÇÃO Embora o movimento seja inerente à condição humana, desde a hora da concepção até o último suspiro, percebe-se que muitas pessoas ao envelhecerem abandonam-se à inércia devido às restrições físicas e/ou psicossociais e às mutações do próprio corpo. O desgaste biológico, evidenciando-se com o avanço do tempo, pode ser minimizado através do que se possui de mais simples e, paradoxalmente, de tão grande importância - o movimento - maior expressão da interligação da pessoa com o mundo. É preciso que o geronte, em princípio, sem lugar definido no espaço social, recupere o seu papel como parte integrante da sociedade. E mais, que ao perceber-se possa, simultaneamente, perceber a realidade circundante. O dia-a-dia, os prazeres, as distrações, os compromissos relativos às pessoas da terceira idade vão se restringindo à medida que fatores de transformação do organismo alteram e limitam seu desempenho e, conseqüentemente, o bem-estar físico e/ou psíquico. É preciso considerar que o envelhecimento venha acontecer de forma mais amena. Para tanto, as mediações entre o ambiente e o idoso, enfim a interação entre ambos devem prevenir e depois manter, em bom nível, as condições de saúde e a autonomia do ancião. De posse de semelhantes objetivos, entre os veículos mais apropriados, destaca-se a atividade física. ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO. Com o envelhecimento, os problemas e as dificuldades experimentados não devem causar impedimentos à motricidade. Por outro lado, o sedentarismo está entre os fatores que põem em risco a saúde do indivíduo. A manutenção deste estado pode propiciar distúrbios e doenças irreversíveis. O bem-estar do idoso não pode ser considerado simplesmente como um estado físico. Será um processo contínuo Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. 1 70 Revista Pesquisa em Saúde de mudança e desenvolvimento, onde ele possa suas atitudes ao longo do tempo. (CASTRO et al, conservar e trabalhar suas energias, sua saúde 2009; REICHSTADT et al, 2010) biopsicossocial, da melhor maneira possível e O movimento abarca a totalidade do ser: ajustar-se às mudanças e perdas decorrentes ultrapassa e vai além de melhorias aparentemente do processo da senescência (ABREU, 2007; só motoras, associando-se aos desenvolvimentos CARVALHO e ASSINI 2008). Deve-se observar cognitivos, volitivos e sociais. Os idosos mostrama necessidade de um programa de exercícios se mais abertos, emocionalmente equilibrados, direcionado ao envelhecimento para quebrar ou bem humorados com atitudes positivas mediante retardar o ciclo de degenerações (GIANI, 2005). os fatos da vida, o que contribui para o encontro Os objetivos da atividade física devem voltar-se de uma nova identidade. para o aumento da resistência cardiorespiratória, As atitudes de idosos em relação às atividades composição corporal, flexibilidade, força muscular físicas e exercícios, apresentam melhoria no e resistência (ELIA, 1991; CARVALHO e ASSINI, desenvolvimento de seus índices físicos e 2008). Cumpre, pois, observar com que método, psicológicos, onde podem minimizar o declínio, qual freqüência, qual duração e qual intensidade conseqüência inevitável do envelhecimento se obtêm resultados satisfatórios e benefícios biológico, devendo contribuir para um estilo de vida que atendam ao grupo de idosos enfocando independente. No envelhecimento percebem-se sua autonomia e flexibilidade, preferencialmente fatores como desanimo e restrições ao convivio (CARVALHO e ASSINI, 2008; SIQUEIRA social tanto em homens como em mulheres sendo, RODRIGUEZ et al, 2010). para estas, mais predominante Se entende que a Os programas das atividades devem ser prática de atividade física e exercícios aplicados alegres, motivantes de forma a deixar os aos maiores de 60 anos pode contribuir para senescentes à vontade e descontraídos. Após mudanças acentuadas nas atitudes existenciais uma sessão de qualquer atividade espera-se dos idosos. (CASTRO et al, 2009) que se sintam animados e descansados, com Dentre as atividades físicas indicadas e atenuação e até mesmo o desaparecimento da praticadas pelos idosos, destaca-se o trabalho de angústia e da depressão. Porém, o exame médico flexibilidade, que apresenta grandes benefícios obrigatório é ponto de partida para a prática de para um bom desempenho motor, aumentando toda e qualquer atividade física. a confiança na realização dos movimentos corporais e, conseqüentemente, proporcionando uma elevação da auto-estima e das autonomias IMAGEM CORPORAL / AUTOCONCEITO fisica, mental e social. ATITUDE DO IDOSO Flexibilidade e autonomia do idoso A preocupação em construir a imagem corporal não pode estar distante do que o corpo significa, das suas dimensões e de sua totalidade. É preciso que a expressão do corpo se traduza pelo registro das reações emocionais, afetivas, conscientes ou inconscientes, em face da percepção que o rodeia. Através da exploração e experiências com seu próprio corpo, o ser humano começa a diferenciar suas capacidades e seus limites. Se o corpo é considerado sem importância, insignificante, então pode estar limitada a estrutura da autoestima ( REICHSTADT et al, 2010) Ao atingir o envelhecimento surgem novas transformações biológicas, sociais e psicológicas. Observa-se como a autoimagem freqüentemente perturba a integração total da personalidade. A atividade física além de “trabalhar” o corpo e ser saudável, ser um meio contra o isolamento social, a solidão, a rejeição, reunir os mais velhos em grupos com igual objetivo, age como incentivador do autoconceito, influenciando na mudança de A flexibilidade é uma qualidade física importante, não só para atletas, que buscam um alto nível de “performance” ou para pessoas que praticam atividade física regularmente, mas também para o desempenho de tarefas cotidianas e, principalmente, para os idosos. Apresenta grande relação com a qualidade de vida e o bem-estar do ser humano. Está em íntima ligação com a sua motricidade. ARAÚJO (1987) complementa: “(...) níveis satisfatórios de flexibilidade e de potência aeróbica máxima são provavelmente os itens de aptidão física mais relacionados com uma condição de saúde no homem.” Segundo POLLOCK, WILMORE & FOXIII (1993): Uma satisfatória função musculoesquelética é essencial para a saúde e função fisiológica perfeitas (...)Sem estimulação apropriada, os ossos se Revista Pesquisa em Saúde 71 enfraquecem pela perda da matriz óssea e do seu componente mineral. Osteoporose e fraturas da bacia e vertebrais são freqüentemente o resultado deste processo(...) Agora está claramente reconhecido que força e flexibilidade muscular inadequadas podem levar a desordens musculo-esqueléticas sérias que resultam em dor considerável, desconforto, perdas no rendimento, incapacidade aumentada e aposentadoria prematura (p.135). As articulações são muito prejudicadas com o avanço da idade e podem comprometer seriamente o bom desempenho do aparelho locomotor. Os ossos propiciam a sustentação do corpo, protegem as estruturas vitais e proporcionam um forte sistema de alavancas, ligadas pelas articulações, com capacidade de resistir às forças desenvolvidas pelos músculos, os quais permitem a manutenção de diferentes posturas e a locomoção (DOWNIE, 1987). Os fatores que agem sobre a flexibilidade sofrem grande desgaste com o processo de envelhecimento, acentuando-se cada vez mais e, por isso, cada tipo celular desempenha papel especial para o bom funcionamento do organismo. De grande importância são as células do tecido conjuntivo e as fibras musculares. GUYTON e HALL (2006) ao descrever o tecido conjuntivo afirmam que as células fibroblastos, principais responsáveis pela manutençao das estruturas, possuem capacidade tensora e responsiva às lesões oriundas das descontruções naturais – processo de renovaçao tecidual. As proteínas, colágeno e elastina, também são importantes estruturas que contribuem para a manutenção da integridade dos componentes da articulação. De acordo com SHEPARD (1994) o colágeno, com o avançar da idade, sofre degeneração progressiva e se forças excessivas forem aplicadas, pode-se desenvolver fibroses ou depleção de estruturas inerentes ao conjuntivo. Entre as fibras musculares (fáscias), reduz a flexibilidade e aumenta a possibilidade de lesão. Um decréscimo de cerca de 20% ocorre entre as idades de 25 e 65 anos na quantidade de perda funcional para flexão do quadril e da coluna vertebral, resultado obtido a partir de um estudo de Dantas (1997) que mediu a amplitude articular que informa: A taxa de deterioração provavelmente acelera-se a partir dos 65 anos, sendo o processo exacerbado por outras alterações 72 Revista Pesquisa em Saúde estruturais incluindo a anquilose das articulações fibrocartilaginosas e osteoartrite. Um fato importante a ser notado é que a relação entre a flexibilidade e a função não é linear, mas por outro lado mostra descontinuidades importantes quando a amplitude de movimento não é mais adequada para se permitir a execução de tarefas específicas, tais como entrar ou sair de uma banheira. Da mesma forma, se um pequeno aumento da amplitude de movimento pode se desenvolver a partir de um regime de treino apropriado, isto pode resultar em um ganho grande na qualidade de vida (p.294). Uma boa amplitude articular, que proporcione condições para a execução dos movimentos do dia-a-dia, leva à uma independência motora do geronte e, conseqüentemente, à uma maior disposição para enfrentar os desafios do cotidiano. Os níveis de flexibilidade dependem da articulação, dos ligamentos dos tendões, dos músculos e da pele. Não só as articulações, os ligamentos e os tendões podem limitar o alongamento muscular, mas também o músculo seria um dos fatores de restrição à amplitude de movimento. Estudos realizados na área da Motricidade Humana, pelo Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH, têm demostrado que exercícios específicos de alongamento têm surtido efeito em relação à flexibilidade de idosos, onde o aumento gradativo da mesma pode melhorar o nível postural, levando a uma diminuição no índice de lesões provocadas por quedas decorrentes da falta de equilíbrio (DANTAS, 1997; JULIE 2003) O mesmo autor, em pesquisa realizada sobre a preponderância da mobilidade articular ou da elasticidade muscular na perda da flexibilidade acarretada pelo envelhecimento, com 62 participantes subdivididos em dois grupos, o primeiro com faixa etária entre 31 e 45 anos e, o segundo, entre 61 e 75 anos (OMS), concluiu que as variações da capacidade de flexibilidade, decorrem das variações etárias. A perda de flexibilidade durante o processo de envelhecimento obteve um índice de 45,9% para a Mobilidade Articular, enquanto a Elasticidade Muscular foi responsável por 54,1% sobre o total da variação, ou seja, a perda da flexibilidade com a idade devese mais à diminuição da Elasticidade Muscular. Acrescenta, ainda, que à medida que se aumenta a idade (faixa etária), diminuem-se as angulações correspondentes às capacidades de mobilidade articular e elasticidade muscular e vice-versa. Girar ou inclinar a 13,4 Flexão, extensão, Este resultado vem corroborar com a hipótese cabeça inclinação e rotação da coluna cervical de que os parâmetros relativos à flexibilidade são Pegar um objeto no 11,5 Flexão de quadril funcionais, numa visão de causalidade (causa e chão Flexão da coluna efeito), com a respectiva faixa etária. lombar O desuso pode contribuir para um decréscimo Flexão de joelho na amplitude de movimento (range of motion ROM) de uma articulação e limita o desempenho *Sentar em local de * Movimento articular das atividades diárias dos idosos. realizado com menor nível mais baixo em PEREIRA (1997) ao comparar duas relação à altura de participação uma cadeira faixas etárias de 31 a 45 anos e 61 a 75 anos (OMS) através das medidas de dez movimentos O declínio funcional ocorre com a participação articulares utilizando a goniometria, verificou que dois destes movimentos, a rotação da coluna de vários sistemas acarretando perdas sensoriais, cervical e a flexão de quadril, apresentaram maior de controle motor, entre outras. Muitos destes comprometimentos são irreversíveis. A perda perda em amplitude. da mobilidade axial contribui grandemente para o declínio funcional, que deve ser reconhecido e trabalhado previamente. (RANTANEN, 2003; SULANDER et al, 2006) DIMINUIÇÃO DA AMPLITUDE ARTICULAR COM O AUMENTO DA IDADE CRONOLÓGICA 13,34% 15,49% 11,14% SUGESTÕES DE TRABALHO DE FLEXIBILIDADE PARA IDOSOS 8,54% 20,61% 6,40% 1,28% 4,07% 5,92% 4,67% Rotação de coluna cervical Extensão de joelho Flexão de ombro Abdução de ombro Extensão de cotovelo Flexão de quadril Flexão de joelho Adução de ombro Flexão de cotovelo Prono-supinação A pesquisa definiu, também, os movimentos diretamente envolvidos com a motricidade do cotidiano (MoDEMOCs), apontados pelos idosos como os de maior dificuldade de realização. Os MoDEMOCs foram transformados em movimentos articulares, chegando-se à conclusão que os de maior dificuldade para os idosos são os que solicitam mais as articulações do quadril e do joelho, de acordo com o quadro que se segue. Dificuldade para a realização MoDEMOCs em 52 idosos MoDEMOCs *Sentar em local de nível mais baixo Total ( % ) Movimentos articulares 25 Flexão de quadril Flexão de joelho Calçar os sapatos 17,3 Flexão de quadril Flexão de joelho Dorsiflexão de tornozelo* Flexão da coluna torácica* Descer escada 17,3 Flexão de quadril Flexão de joelho Dorsiflexão de tornozelo Subir degrau 15,3 Flexão de quadril Flexão de joelho dos Para a manutenção dos níveis de flexibilidade recomenda-se o trabalho de alongamento. Para proporcionar um aumento da flexibilidade, o flexionamento ativo é indicado, porém, respeitando-se as condições fisiológicas dos idosos, muitas vezes desfavoráveis, o que torna as articulações mais vulneráveis. Os exercícios com permanência na posição com o objetivo de aumentar o arco articular (flexionamento passivo) não são indicados para o trabalho com idosos, pois podem dificultar o retorno à posição inicial provocando lesões nas articulações e, ainda os exercícios de soltura devem ser realizados com cuidado e com o objetivo de relaxar a musculatura após o trabalho. Os movimentos que envolvem as articulações de quadril e joelho devem merecer especiais atenções e, por isso, mais trabalhadas nas sessões de flexibilidade. Através da experiência profissional e da declaração de vários idosos, sabe-se que muitos sentem grande dificuldade em, por exemplo, sentar no chão, entrar numa piscina ou ultrapassar um obstáculo com segurança, causando-lhes a sensação de dependência e falta de autonomia para realizar alguns dos movimentos rotineiros ou em participar de momentos de lazer. Revista Pesquisa em Saúde 73 REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM) (1994) . 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A lipodistrofia provocada diretamente pela HAART e secundariamente pela inatividade física repercute negativamente nas concentrações sanguíneas de colesterol, triglicerídeos e de glicose, e pode também alterar a pressão arterial. Isso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares nos indivíduos vivendo com HIV/aids. Por outro lado, a manutenção do peso corporal pode ser devido ao incremento do tecido gorduroso com decréscimo da massa muscular e óssea. O decréscimo da massa muscular tem sido empregado como preditor de agravamento do quadro clínico, causando fraqueza, incapacidade e morte. Os exercícios com pesos melhoram o peso corporal, massa muscular, força muscular e diminuem a gordura intra-abdominal. A força muscular é responsável por 58% da velocidade de caminhada de indivíduos vivendo com HIV/aids. Além disso, é preditora de depressão, qualidade de vida, capacidade cardiorespiratória, contagem de linfócitos e de CD4+, e, sobretudo da capacidade funcional para realizar as atividades da vida diária e de alguns parâmetros sanguíneos. Essa importância é proporcional ao histórico de complicação, sugerindo que os indivíduos com maior gravidade, mais se beneficiam. Os exercícios com pesos também representam a mais importante estratégia coadjuvante na terapêutica de indivíduos vivendo com HIV/aids devido ao fato de possibilitar restauração e aumento da massa muscular que se constitui em reservatório essencial de energia para muitas funções do corpo. Por sua vez, os exercícios aeróbicos podem melhorar a capacidade cardiorespiratória em até 24%. O conjunto de benefícios proporcionado pelos exercícios aeróbicos e com pesos poderia minimizar os efeitos deletérios dos medicamentos e dos quadros de infecção oportunista e possibilitar o retorno mais rápido às funções diárias normais no período pós-supressão imunológica, sobretudo nos indivíduos com histórico de agravamento do quadro clínico. Por outro lado, o programa de exercícios não provoca influência sobre a contagem de CD4+ e a carga viral independente da intensidade. Isso sugere que os exercícios de intensidade vigorosa não provocariam imunocomprometimento. No entanto, são contra-indicados para os indivíduos que desenvolveram aids, e deveriam ser cuidadosamente recomendados nos demais. Outro aspecto importante está associado aos fatores psicológicos. Os sintomas depressivos influenciam a satisfação sexual, a qualidade de vida e a capacidade funcional para realizar as atividades da vida diária, provocando um ciclo virtuoso. As oportunidades de interação social e a vida independente diminuem progressivamente à medida que os indivíduos tornam-se menos fisicamente ativos. Isso pode provocar isolamento, depressão, perda de papéis profissionais e sociais, que por sua vez, poderiam contribuir para a progressão da doença. Nesse caso, a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo pode, notadamente, servir como estratégia simples e barata para o gerenciamento da doença e, especialmente, para a melhora da qualidade de vida dos indivíduos vivendo com HIV/aids. Prof. Dr. Vagner Raso Professor-adjunto do Programa de Mestrado em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Anhanguera-UNIBAN Pesquisador-associado das Faculdades de Educação Física e de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) Pós-doutorando pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPMUNIFESP) e doutor e mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Revista Pesquisa em Saúde 79 Seção Resenhas COACHING Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto Neste número, resolvi trazer uma contribuição a partir de uma temática que tem amplas possibilidades de se tornar, no Brasil, uma temática de grande expansão em todos os seguimentos profissionais da sociedade. A prova disso é que, em muitos e importantes países no mundo, a mesma é tratada com altíssima relevância em todas as áreas do conhecimento, sendo procurada por profissionais de diversos setores e, em particular, no mundo dos negócios. Por esta razão, vejo a área da saúde como uma área que também se apropriará dela. Estou falando da temática COACHING. Neste momento, recomendo a leitura da obra Coaching – um guia essencial ao sucesso do Coach, do Gestor e de quem quer ser ainda mais feliz. Obra de autoria de Maggie João, Executive e Life Coach, acreditada pelo Instituto Internacional de Coaching e pela Academia de Coaching Executivo. Atualmente, esta autora é responsável pelo Instituto Internacional de Coaching em Portugal. Oriunda da área da engenharia, esta autora residiu em 12 países e praticou Coaching em mais de 10 países, o que a credencia a nos proporcionar uma obra que traz conceitos, modelos, competências, princípios e como conduzir a atuação em Coaching. É uma obra que realmente vale a pena ser lida por aqueles que apresentam curiosidade e/ou interesse em ter iniciação ou ainda aqueles que pensam em aprofundar suas reflexões a respeito do Coaching. *Obra editada pela editora SmartBook (www.smartbook.pt) – ISBN 978-989-8297-70-9 Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto Revista Pesquisa em Saúde 83 Seção Resumos: Produção Acadêmica A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF). THE IMPORTANCE OF PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN THE FAMILY HEALTH STRATEGY (FHS). Adriano Nunes Gisele de Brito RESUMO O objetivo desta pesquisa bibliográfica foi o de descrever a respeito das possíveis influências do professor de Educação Física, para a qualidade de vida e saúde da comunidade, através das políticas públicas de saúde materializadas pelo Programa Saúde da Família (PSF). Este estudo abordou publicações entre os anos de 1995 a 2011, por intermédio de buscas sistemáticas, utilizando os bancos de dados eletrônicos: Medline, Science Direct, Saúde Total, Biodelta, Scielo e o acervo bibliográfico disponível na biblioteca da Universidade do Estado do Pará. O PSF, que é a consolidação dos princípios e diretrizes da Estratégia Saúde da Família (ESF), vem fugindo do modelo assistencialista, orientado para a cura de doenças por meio de tratamento individualizado. Desta forma, o PSF propôs a reorganização deste modelo, visando à integralidade da atenção à saúde. A organização da atenção básica trata as pessoas, controla as doenças crônicas, diminui a solicitação de exames desnecessários, racionaliza os encaminhamentos para os serviços de maior complexidade, reduz a procura direta aos atendimentos de urgências e hospitalares. Atualmente, a atividade física, em especial o exercício regular e orientado, contribui para um estilo de vida saudável, minimizando os fatores de risco que acometem a população (sedentarismo), tornando-se uma medida preventiva contra várias patologias. Assim, o Professor de Educação Física assume um papel fundamental para a aquisição de um estilo de vida ativo. Contudo, baseado nos resultados deste estudo, conclui-se que a inclusão do professor de Educação Física, na equipe multiprofissional do PSF, é de fundamental importância para se atingir as diretrizes e princípios do programa. Palavras-chave: Programa Saúde da Família; Exercício, Saúde e Qualidade de Vida; professor de Educação Física. ABSTRACT The objective of this bibliographic research was to describe about the possible influences of physical education teacher for the community quality of life and health, through the public health policies materialized by The Family Health Program FHP. This study addressed publications between the years 1995 to 2011, through systematic researches using electronic databases: Medline, Science Direct, Saúde Total, Biodelta, Scielo and the bibliographic collection available at the library of the University of the State of Pará. The FHP, which is the consolidation of the principles and guidelines of Family Health Strategy (FHS), has been running away of the welfare model, oriented towards the curing of diseases through individualized treatment. In this way, the FHP proposed the reorganization of this model, aiming the entirety of healthcare. The Organization of basic care treats people, controls the chronic diseases, reduces the unnecessary exams request, rationalizes the routing to the more complexity services, reduces the direct search for the emergency and hospital attendances. Currently, regular and oriented physical activity contributes to a healthy life style, minimizing the risk factors which attack the population (sedentary) becoming a preventive measure. Thus, the Physical Education teacher assumes a key role in the acquisition of an active lifestyle. However, based on the results of this study, it is concluded that the inclusion of Physical Education teacher in multiprofessional team of FHP has a fundamental importance for achieving the principles and guidelines of the program. Keywords: Family Health Program; Exercise, health and quality of life; Physical Education teacher. Revista Pesquisa em Saúde 87 PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ALUNOS DA 5° A 7° SÉRIE DO COLÉGIO IPIRANGA, BELÉM-PA PREVALENCE OF OVERWEIGHT AND OBESITY IN STUDENTS OF 5th TO 7th GRADES OF IPIRANGA’s SCHOOL, BELÉM-PA Moises Costa da Silva Rodolfo de Azevedo Raiol RESUMO A Obesidade é uma das doenças que mais cresce no mundo, trazendo como consequências, graves problemas de saúde. A presente pesquisa documental do tipo descritivo, com delineamento transversal, tem o objetivo de analisar a prevalência de sobrepeso e obesidade entre alunos da escola Ipiranga, Belém-Pa. Portanto, foram avaliadas as fichas de 160 alunos de ambos os sexos e idade entre 09 e 16 anos, matriculados da 5° a 7° série do Ensino Fundamental, sendo 85 (53,1%) meninos e 75 (46,9%) meninas. Foram analisados valores referentes à massa corporal e estatura. O IMC de todos os alunos foi calculado por meio da divisão da massa corporal/(estatura)², sendo a massa corporal expressa em Kg e a estatura em metros (m). Os resultados foram interpretados por parâmetros da Organização Mundial de Saúde OMS -2006/2007 - utilizando gráficos e tabelas para estatura, peso e estatura para idade. Pelos parâmetros da OMS - 2006/07- as crianças e adolescentes foram classificadas da seguinte forma em percentil: baixo peso (IMC percentil < 3), normopeso (15 percentil ≤ IMC percentil ≤ 85), sobrepeso (IMC>percentil 85 e ≤ 97) e obeso (IMC > percentil 97). Encontrou-se uma prevalência alta de sobrepeso e obesidade: 22,5% e 19,4%, respectivamente. Em relação ao sexo, os homens tiverem uma prevalência maior de sobrepeso (28,0%) e obesidade (29,3%) em relação às mulheres (15% e 9%), respectivamente. Assim, conclui-se que os altos valores de sobrepeso e obesidade, observados entre os alunos da escola Ipiranga, principalmente entre os indivíduos do sexo masculino, servem como forma de alerta, para indicar a necessidade de intervenção por parte de profissionais da área da saúde em meio escolar. Palavras-Chave: Prevalência; Sobrepeso; Obesidade; Escolares. ABSTRACT Obesity is one of the fastest-growing diseases in the world, bringing as consequences, serious health problems. This documental research of descriptive type, with transversal design, has as objective to examine the prevalence of overweight and obesity among school students from Ipiranga’s School, Belém-PA. Therefore, there were analyzed 160 students sheets of both sexes and ages between 09 and 16 years old, registered from 5° to 7° ‘s grades of elementary school, being 85 (53,1%) boys and 75 (46.9%) girls. There were analyzed values of body mass and stature. The BMI of all the students was calculated by dividing the body weight/(stature) ², being the body weight in kilograms and height in meters (m). The results were interpreted by parameters of World Health Organization - 2006/2007 - using graphs and tables to stature, weight and stature for age. By the parameters of WHO - 2006/07 - children and adolescents were classified as follows in percentile: underweight (BMI percentile < 3), normoweight (15 percentile ≤ WHO percentile ≤ 85), overweight (BMI > 85 percentile and ≤ 97) and obese (BMI > 97 percentile). It was found a high prevalence of overweight and obesity: 22.5% and 19.4%, respectively. In relation to sex, men have a higher prevalence of overweight (28.0%) and obesity (29.3%), compared to women (15% and 9%), respectively. Thus, it is concluded that the high values of overweight and obesity, observed among students of Ipiranga’s School, mainly among males schoolars, serve as a way to alert, to indicate the need of intervention by health professionals in school environment. Keywords: Prevalence; Overweight; Obesity; Schoolchildren. 88 Revista Pesquisa em Saúde PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE 06 A 10 ANOS DA REDE MUNICIPAL DA SEDE DA CIDADE DE MUCAJAI – RR PROFILE OF NUTRITIONAL STATUS OF ELEMENTARY SCHOOL FOR THE 10 YEARS OF THE NETWORK 06 MUNICIPAL HEADQUARTERS OF CITY OF MUCAJAI – RR Carlos Antonio Feu Galiasso RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar o Estado Nutricional de escolares entre 06 a 10 anos da rede Municipal da Sede de Mucajaí-RR. Participaram do estudo 283 crianças (127 meninos e 156 meninas). A avaliação do estado nutricional foi realizada segundo os critérios de Warterlow (1976), empregando o padrão de referencia do NCHS, por meio do software PED, Programa de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria, desenvolvido pelo Centro de Informática em Saúde da Escola Paulista de Medicina. Para tanto, utilizou-se da estatística descritiva, distribuição em percentis e frequências. De acordo com as evidencias encontradas no presente estudo, percebe-se que os índices sobressaem para a prevalência de desnutrição (desnutrido crônico, desnutrido pregresso, desnutrido atual, 46,29%), sendo mais de quatro vezes superiores à prevalência do excesso de peso (sobrepeso, obeso, grande obeso, 10,24%), e para o eutrofismo (43,46%). Quanto ao gênero, verificou-se maior proporção de desnutrição no sexo feminino (47,44% vs 44,88%), excesso de peso mais elevado, também no sexo feminino (13,46% vs 6,30%), e maior adequação nutricional no sexo masculino (48,82% vs 39,10%). Quanto ao gênero e idade, as evidências encontradas apontam que a maior proporção de desnutridos encontra-se no sexo masculino na idade de 07 anos (56,26%), de excesso de peso no sexo feminino na idade de 9 anos (20,51%) e de eutróficos no sexo masculino na idade de 6 anos (68,00%). A partir do exposto, conclui-se que os escolares da rede municipal da Sede de Mucajaí-RR, não têm acompanhado o processo de transição nutricional do país. Palavras-chave: Estado nutricional; Escolares; Rede Pública. ABSTRACT The present study had as objective to analyze the nutritional status of schoolchildren between 10 to 06 years old of the Municipal network of the Centre of Mucajaí-RR. Had participated in the study 283 children (127 boys and 156 girls). The evaluation of nutritional status was realized according to the criteria of Warterlow (1976), using the NCHS reference standard, through the PED software, Nutritional State Assessment Program in Pediatrics, developed by the Centre for Health Informatics from the Medicine Paulista’s School. To do so, we used the descriptive statistics, distribution in percentiles and frequencies. According to the evidences found in the present study, it is noted that the indexes overhang to the prevalence of malnutrition (chronic, malnourished, earlier malnourished current malnourished, 46.29%), which is more than four times higher than the prevalence of overweight (overweight, obese, big obese, 10.24%), and to eutrophic (43.46%). About the gender, it was verified a greater proportion of malnutrition in female (47.44% vs 44.88%), overweight higher, also in female (13.46% x 6.30%), and increased nutritional adequacy in males (48.82% vs 39.10%). About the gender and the age, the evidences found pointed out that the largest proportion of malnutrition were found in males at the age of 07 years (56.26%), overweight in female at the age of 9 years (20.51%) and eutrophic in males at the age of 6 years (68.00%). From the above, it is concluded that the schoolchildren of the Municipal network the municipal of the Centre of Mucajaí-RR have follow the country’s nutritional transition process. Keywords: Nutritional Status; Schoolchildren; Public Network. Revista Pesquisa em Saúde 89 PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO MOTORA DOS ESCOLARES DO CENTRO DE ALTERNÂNCIA DO CAMPO CHICO MENDES NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL/TO, BRASIL. PROFILE OF NUTRITIONAL STATUS AND MOTOR EVALUATION OF SCHOOLCHILDREN FROM THE ROTATION CENTER OF THE CHICO MENDES FIELD IN THE PORTO NACIONAL CITY/TO, BRAZIL. Diógenes Gonçalves Albuquerque Filho RESUMO Este trabalho visou traçar o perfil do estado nutricional e motor dos escolares do Centro Educacional de Alternância de Campo Chico Mendes no Município de Porto Nacional no Estado de Tocantins, envolvendo crianças na faixa etária de 7 a 10 anos. A amostra constitui-se de 30 alunos, sendo 10 meninas (n= 10) e 20 meninos (n= 20). Para verificação do peso corporal e estatura utilizou-se uma balança de marca filizola de plataforma com capacidade máxima para 150 kg, com uma trena de subdivisão 0,1cm. Para a avaliação do estado nutricional utilizou-se o PED, classificando a amostra segundo critérios de Waterlow (1976), empregando como padrão de referência o NCHS. Para a obtenção do desenvolvimento motor foi utilizado o protocolo proposto por Ulrich (2000), através do Test Of Gross Motor Development Second Edition. (TGMD-2). O Estado Nutricional geral apresentou o seguinte resultado: 23% desnutrido atual, 20% desnutrido pregresso, 14% desnutrido crônico, 40% eutrófico, 3% obesos e 0% para grande obeso. No resultado geral da Avaliação motora através do TGMD 2, observou-se que 7% estão acima da média, 63% estão na média, 17% estão abaixo da média, 10% estão na categoria pobre e 3% são muito pobres. Concluiu-se que as crianças avaliadas se apresentaram dentro das médias, tanto no aspecto nutricional, quanto motor, de outros estudos realizados na zona rural no Brasil. Palavras-chave: Crescimento, Estado Nutricional, Desenvolvimento Motor. ABSTRACT This work aimed to trace the profile of the nutritional and motor status of the schoolchildren of Educational Rotation Center of Chico Mendes Field in the Porto Nacional city, in the State of Tocantins, involving children aged from 7 to 10 years. The sample is formed of 30 students, being 10 girls (n = 10) and 20 boys (n = 20). For verification of body weight and stature it was used an scale platform from Filizola with maximum capacity for 150 kg, with a measuring tape of 1 cm subdivision. For the assessment of nutritional status it was used the PED, sorting the sample according to criteria of Waterlow (1976), using as reference the NCHS. For obtaining the motorcycle development it was used the Protocol proposed by Ulrich (2000), through the Test Of Gross Motor Development Second Edition. (TGMD-2). The general Nutritional status presented the following result: 23% current malnourished, 20% previous malnourished, 14% chronic malnourished, 40% eutrophic, 3% obese and 0% for large obese. The overall result of the motor Evaluation through TGMD 2, it was noted that 7% are above average, 63% are on average, 17% are below average, 10% are in the poor category and 3% are very poor. It was concluded that the assessed children were on the averages, as in the nutritional aspect, as motor, of other studies realized in rural area in Brazil. Keywords: Growth, Nutritional Status, Motor Development. 90 Revista Pesquisa em Saúde A APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL, A CAPACIDADE FUNCIONAL E A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSAS SUBMETIDAS AO PROGRAMA MENOPAUSA EM FORMA EM BELÉM – PA – BRASIL THE FUNCTIONAL PHYSICAL FITNESS, FUNCTIONAL CAPACITY AND QUALITY OS LIFE OF ELDERLY WOMEN UNDERGOING TO MENOPAUSE IN FORM PROGRAM IN BELEM – PA BRAZIL César Santos RESUMO O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do programa de atividades físicas (dança e caminhada) do Programa Menopausa em Forma em Belém – PA – Brasil sobre a aptidão física funcional, a capacidade funcional e a qualidade de vida de idosas. O presente estudo, de caráter longitudinal, se constitui como sendo uma pesquisa quase-experimental e correlacional. Partindo de uma população de, aproximadamente, 9000 idosos, após a primeira avaliação, realizada por uma equipe de Médicos Clínicos, Geriatras e Psicólogos, e o crivo dos critérios de inclusão e exclusão, a amostra contou com um quantitativo de 347 idosas, não institucionalizadas, pós-menopáusicas, pertencentes à Casa do Idoso no município de Belém, situado no estado do Pará, Brasil. Estas mulheres foram divididas em dois grupos, de acordo com sua livre escolha, e desenvolveram atividades de dança e caminhada durante dez meses. Entretanto, ao longo do estudo, houve uma perda amostral de 24 indivíduos, findando o estudo com um n= 323 (idade=69 ±5,53 anos). Os protocolos utilizados na avaliação das variáveis foram: a Bateria de Fullerton Functional Fitness test de Rikli & Jones para a avaliação da aptidão física funcional; os índices de Lawton e de Katz para avaliação da capacidade funcional; a escala de Tinetti para avaliar o risco de queda, envolvendo o equilíbrio corporal e marcha e o questionário WHOQOLOLD para a avaliação da qualidade de vida. Foi utilizada estatística descritiva (média, desvio-padrão, freqüências absolutas e relativas) e inferencial: Kolmogorov Smirnov (normalidade); Wilcoxon (análise intra-grupo) e o teste de correlação de Spearman (associação entre as variáveis). Nos resultados puderam-se observar resultados significativos, no pós-teste, nas variáveis: teste de levantar e sentar da cadeira em 30 segundos (∆%= 11,68%; p= 0,0001); flexão de antebraço (∆%= 9,01%; p= 0,0001); marcha estacionária de dois minutos (∆%= 2,22%; p= 0,0001); teste de sentado, caminhar 2,44m e tornar a sentar (∆%= 0,41%; p= 0,045) e qualidade de vida geral (∆%= 9,19%; p= 0,001). Todas as demais variáveis da aptidão física obtiveram resultados satisfatórios, não-significativos, e a capacidade funcional e equilíbrio corporal não sofreram alterações. Estes dados podem estar relacionados com algumas limitações do estudo, como a falta de controle da dieta, a não distribuição randomizada de dois grupos e a falta de controle dos níveis de atividade física habitual. Desta forma pôde-se inferir que as atividades físicas do Programa Menopausa em Forma repercutiram em melhoras significativas na capacidade funcional e na qualidade de vida de idosas menopausadas. Palavras-Chaves: Aptidão física funcional; Capacidade funcional; qualidade de vida; Idosas; Atividades físicas. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the effect of physical activity (dance and walking) of the Menopause in Forma Program in Belém - PA - Brazil on functional physical fitness, functional capacity and quality of life of elderly women. This study was longitudinal in nature, constitutes itself as an almost-experimental and correlational research. From a population of approximately 9000 elderly, after the first assessment, conducted by a team of Clinicians, Psychologists and Geriatrics, and the scrutiny of inclusion and exclusion criteria, the sample had an amount of 347 elderly, non-institutionalized, postmenopausal, belonging to the House for the Elderly in the city of Belém, located in Para State, Brazil. These women were divided into two groups according to their free choice, and developed activities of dance and walk during ten months. However, throughout the study, there was a sample loss of 24 individuals, ending the study with an n= 323 (age= 69 ± 5.53 years). The protocols used in the evaluation of the variables were: Battery Fullerton Functional Fitness Test of Rikli and Jones for the assessment of functional physical fitness; indices Lawton and Katz for functional capacity evaluation; the Tinetti scale to assess the falling risk, involving the body balance and march and WHOQOL-OLD for assessing the quality of Revista Pesquisa em Saúde 91 life. Descriptive statistics were used (mid, standard deviation, absolute and relative frequencies) and inferential statistics: Kolmogorov Smirnov (normality), Wilcoxon (intra-group analysis) and Spearman correlation test (association between variables). In the results could be observed significant results in the post-test, on the variables: 30-s chair stand test (Δ%= 11.68%, p= 0.0001), Arm curl test (Δ= 9.01%, p= 0.001), 2-min step test (∆%= 2.22%; p= 0.0001), 8-ft up-and-go (∆%= 0.41%; p= 0.045) and overall quality of life (Δ%= 9.19%, p= 0.001). All the other variables of physical fitness achieve satisfactory results, non-significant, and functional capacity and body balance did not change. This database can be related to some limitations of the study as lack of diet control, the non random distribution of the two groups and the lack of control in habitual physical activities levels. Thus one could infer that the physical activities of the Menopausal in Form Program echoed in significant improvements in functional capacity and quality of life of older postmenopausal. KeyWords: Functional physical fitness; Functional capacity; Quality of life; Elderly; Physical activities. 92 Revista Pesquisa em Saúde Normas de Publicação NORMAS DE PUBLICAÇÃO Apresentação: A revista Pesquisa em Saúde é uma publicação anual, de veiculação impressa e de inteira responsabilidade da Editora Conhecimento & Ciência Ltda. Seu objetivo é a publicação de pesquisas científicas acerca da Educação Física, das Ciências da Saúde e áreas afins. Os trabalhos serão submetidos à análise do Conselho Editorial da revista, estando sujeitos à aprovação, aprovação com correções e não aprovação. Uma vez aprovados, serão publicados na revista. Os trabalhos deverão ser enviados para o seguinte endereço eletrônico: revista1saude@gmail. com. Normas Editoriais da Revista Pesquisa em Saúde: Os textos devem ser encaminhados, para as respectivas seções, de acordo com os seguintes critérios e características técnicas: 1- Seção Artigos: Os artigos científicos deverão ser resultados de pesquisas concluídas. Para artigos originais, a estrutura deverá ser a seguinte: título (português e inglês), resumo, abstract, introdução, objetivos, metodologia, resultados, conclusão e referências bibliográficas. No caso de artigos de revisão, a estrutura deverá ser a seguinte: título (português e inglês), resumo, abstract, introdução, fundamentação teórica (podendo vir dividida em capítulos), conclusão e referências bibliográficas. O título deverá vir nos dois idiomas (português e inglês), centralizados, em negrito e em caixa alta. Em seguida, devem vir os nomes completos dos autores (um abaixo do outro) alinhados à direita. Logo abaixo, deve vir o endereço eletrônico do autor principal, também alinhado à direita. Em nota de rodapé, deverão vir as Instituições de vínculo de cada autor. Em seguida, deverão conter, obrigatoriamente, resumo e abstract (versão do resumo para o inglês), cada um contendo, no máximo, 500 (quinhentas) palavras, justificados, sem espaçamento entre linhas e 04 unitermos (04 palavras-chave/ 04 keywords). Os artigos deverão conter, no máximo, dez (10) laudas, digitadas em Word, com fonte Arial, corpo 12, espaçamento entre linhas de 1,5 (exceto o resumo, abstract, citações com mais de três linhas e recuadas, legendas e dados de gráficos e tabelas), utilizando as normas técnicas para envio de trabalhos científicos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Deverão conter, ao final, as referências bibliográficas. 2 - Seção Ensaios: Os ensaios científicos deverão conter, no máximo, 06 (seis) laudas, digitadas em Word, utilizando as normas técnicas para envio de trabalhos científicos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Deverão ser digitados em fonte Arial, corpo 12, com espaçamento entre linhas de 1,5. Deverão tratar de um tema pertinente à linha temática da revista, além de trazer contribuições originais do autor a respeito de um conteúdo de domínio público. O título deverá vir nos dois idiomas (português e inglês), seguido do nome completo do autor e de seu endereço eletrônico. 3- Seção Resenhas: As resenhas bibliográficas são uma forma de revisão crítica de livros, teses e outras publicações de cunho científico. Contribuem de forma teórica e científica para a área de interesse da revista e deverão conter, no máximo, 01 (uma) lauda. O título deverá vir nos dois idiomas (português e inglês), seguido do nome completo do autor e de seu endereço eletrônico. Deverão ser digitadas em fonte Arial, corpo 12, com espaçamento entre linhas de 1,5. Revista Pesquisa em Saúde 95 5 - Seção Resumos: Produção Acadêmica Os resumos são uma forma de produção acadêmica, que compila as principais informações de um trabalho científico. O título deverá vir nos dois idiomas (português e inglês), centralizados, em negrito e em caixa alta. Em seguida, devem vir os nomes completos dos autores (um abaixo do outro) alinhados à direita. Logo abaixo, deve vir o endereço eletrônico do autor principal, também alinhado à direita. Em nota de rodapé, deverão vir as Instituições de vínculo de cada autor. Os resumos deverão vir nos dois idiomas (resumo - português e abstract - inglês) e deverão conter, no máximo, 500 palavras em parágrafo único, espaço simples entre linhas, justificado, digitados em fonte Arial, corpo 12, com 04 unitermos ao final (04 palavras-chave e 04 keywords). A estrutura deverá ser a seguinte: objetivos, metodologia, resultados e conclusão. Considerações: Ao final de cada trabalho, o autor principal deverá registrar seu nome completo, formação acadêmica, titulação máxima, nome da instituição ao qual está vinculado, cidade/ estado/ país, endereço eletrônico e um telefone para contato com DDD. Toda publicação que apresente resultados de pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser acompanhada do número de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, conforme legislação em vigor. O autor principal deverá, também, enviar uma autorização (modelo disponível no site www. conhecimentoeciencia.com), por escrito, para publicação do trabalho podendo ser enviada por e-mail, com assinatura digital, ou entregue, em formato impresso e assinado, no endereço abaixo: Editora Conhecimento & Ciência Ltda Trav. Padre Eutíquio, nº 1730, Edifício Ebenezer Eloi (esquina com a Mundurucus). Bairro: Batista Campos CEP: 66033-720 Belém – Pará – Brasil e-mail: [email protected] 96 Revista Pesquisa em Saúde