Andropausa e menopausa
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Andropausa e menopausa
22º CURSO NEDO PÓS-GRADUADO DE ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGIA EM CASOS CLÍNICOS Andropausa e Menopausa Tratamento com testosterona no homem e na mulher. Quando? A. Galvão-Teles Viseu, Outubro de 2012 ESPERANÇA DE VIDA Com o aumento da esperança de vida o número de idosos vai aumentar nas próximas décadas. Em 2050 cerca de 32% da população portuguesa terá mais de 65 anos. A esperança de vida actual da mulher é de 84 anos o que significa que passará mais de um terço da sua existência em menopausa. A esperança de vida actual do homem é de 78 anos. Envelhecimento www.census.org ↓ visão ↓ audição ↓ gosto ↓ sentido cheiro ↓ massa e força muscular Queda de cabelo Alt. memória ↓ VO2 max Osteoporose Hipogonadismo Fragilidade «Estado de redução das reservas fisiológicas associado a aumento da susceptibilidade à incapacidade» Buchner e Wagner, 1992 Envelhecimento e endocrinologia Lamberts et al, 1997 Andropausa ENVELHECIMENTO ANDROPAUSA ANDROS + PAUSA PADAM PROGRESSIVE ANDROGEN DEFICIENCY IN AGING MALE ADAM ANDROGEM DEFICIENCY IN AGING MALE SENESCÊNCIA LOH LATE – ONSET HYPOGONADISM ENVELHECIMENTO MULHER 40 MENOPAUSA HOMEM 40 ANDROPAUSA 55 Menopausa e andropausa Corpas et al, 1993 ENVELHECIMENTO MASCULINO REDUZIDA PRODUTIVIDADE DIMINUIÇÃO VIGOR FÍSICO FALÊNCIA ENDÓCRINA TESTICULAR SUPRA-RENAL GH ASSOCIAÇÃO INCIDÊNCIA DOENÇAS CRÓNICAS POLIMEDICAÇÃO DOENÇAS SOCIAIS ALCOOLISMO DROGAS TABACO Níveis de testosterona e idade Morley et al, 1997 Purifoy et al, 1981 Testosterona livre e idade Rapado, Hawkins, Sobrinho, Díaz-Curiel, Galvão-Teles et al. Calcif Tissue Int. 1999;65:417-21. Quadro clínico Sintomas vasomotores • Sudação • Afrontamentos Masculinidade • ↓ Músculos e força • ↑ Gordura corporal • ↑ Cintura/anca • ↓ pêlos Alterações afectivas e cognitivas • Irritabilidade • Alterações da memória • Ansiedade • Depressão • Insónia • Redução do apetite • Falta de motivação • Baixa auto-estima Sexualidade • ↓ da libido • DSE • ↓ actividade sexual • ↓ volume testicular • ↓ orgasmo • Ejaculação fraca Exames • Alterações do esperma • Dislipidemia • ↓ Hematócrito • Osteopenia/osteoporose • ↓ GH Síndroma Clínica de Andropausa Caracteriza-se por: 1. Alteração da composição corporal: - Diminuição da massa magra, da força e do volume muscular - Aumento da gordura vísceral 2. Diminuição da DMO com osteopénia ou osteoporose 3. Diminuição dos pêlos corporais 4. Fadiga Sídroma Clínica de Andropausa Caracteriza-se por: 5. Diminuição da capacidade intelectual; da memória, da orientação espacial; alteração do humor, irritabilidade; ansiedade e depressão; insónia 6. Diminuição da líbido, da rigidez peniana; diminuição do nº de erecções nocturnas 7. Instabilidade vaso-motora. Quadro Biquímico de Andropausa Caracteriza-se por: 1. Baixos níveis sanguíneos de testoterona (≤2 ng/ml) e de testosterona livre (≤10µg/ml) 2. Elevados níveis de LH e FSH Quem tratar? DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO SINTOMAS DE HIPOGONADISMO Níveis Testosterona Total (TT) de manhã > 350 ng/dL Provável não hipogonadismo Não tratar 350 < TT > 200 ng/dL repetir TT de manhã medir T livre, T biodisponível ou SHBG e calcular T livre se TT < 200 ng/dL T livre e T bio disponível < normal Provavelmente hipogonadismo < 200 ng/dL Provável hipogonadismo Investigar etiologia s/contra indicação tratar Andropausa • Tratar: – Homem com mais de 40 anos – Com síndrome clínica de andropausa – Com quadro bioquímico de andropausa Composição corporal Peso Massa magra Massa gorda Snyder et al.JCEM, 1999:84:2647 Testosterona e massa óssea JCEM,1999;84:1966 Disfunção sexual • Nos idosos: – O hipogonadismo não é causa habitual da impotência. – Não existe correlação entre actividade sexual e os níveis de testosterona Feldman et al, 1994 Tratamento com Testosterona TESTOSTERONA • Tratamentos clássicos • Hipogonadismo • Micropénis • Atraso constitucional da puberdade • Tratamentos não-clássicos • Andropausa • Menopausa • Síndromas de caquexia (ex. Sida) Preparados de testosterona existentes em Portugal Tipo testosterona Nome comercial Dose Dose testosterona Intervalo Testoviron depot 250 mg 180 mg 2-4 sem. Sustenon 250 250 mg 180 mg 2-4 sem. Testogel 5g 50 mg 24 horas 1,8/ 2,4 mg 2 / 48 horas Injectável Enantado T Mistura esteres T Transdérmica Gel transdérmico T Adesivo transdérmico Testopatch Testosterona - INJECTÁVEL • A mais usada • Custo baixo • Não simula o perfil fisiológico Testosterone Enanthate 250 mg Administered IM Every 3 Weeks Behre HM, et al. In: Testosterone: Action, Deficiency, Substitution. Substitution. Berlin, Germany: SpringerSpringer-Verlag; 1998:3291998:329-348. Testosterona - TRANSDÉRMICA • Níveis de testosterona mais fisiológicos • Reacções cutâneas • Cara Testosterona em gel • Níveis de testosterona mais fisiológicos • Mais cómodo • Menor irritação dérmica • Baixa taxa de abandono do tratamento • Flexibilidades das doses T nas 24h após 100mg de T gel Wang et al. JCEM, 2000;85:964-9 Objectivos do tratamento • Corrigir as alterações da composição corporal • Melhorar a força muscular • Melhorar a DMO • Melhorar a função sexual • Melhorar perturbações do humor Tratamento com Testosterona Benefícios Melhoria função sexual desejo, fantasias, prazer pensamentos, actividades desempenho Manter caracteres sexuais 2os ↑ Massa óssea, ↑massa muscular ↑ força Melhor humor Melhor função cognitiva Capacidades verbal e espacial Memória verbal Reduzir risco de DCV melhor vasodilatação coronária melhor fibrinólise Riscos Acne, pele oleosa Ginecomastia ↓ espermatogénese ↑ peso, edemas Ca prostata, HBP Hematócrito, Hg Apneia do sono Testosterona e cancro da próstata • Não há evidência de que a testosterona eleve os níveis de PSA ou as dimensões da próstata. • Também não parece haver evidência de exacerbação da HBP. • Contudo, os níveis de PSA devem ser vigiados e eventualmente deve fazer-se ecografia ou biopsia. Monitorização dos riscos associados à terapêutica com testosterona Risco Efeito frequente. Policitémica Suspender T quando hematócrito > 52% Avaliação cada 3 meses Apneia do sono Hiperplasia benigna da próstata Rara. Atenção aos casos com apneia do sono. Raramente com significado clínico. Não se associa a sintomas obstrutivos baixos Em discussão. Só são conhecidos casos anedóticos de ca próstata pós-terapêutica. Carcinoma da próstata Avaliação cada 3 meses PSA-elevações ligeiras s/significado clínico. Elevações maiores (1,5ng/ml/ano) - urologista Menopausa MENOPAUSA MULHER 40 MENOPAUSA 55 MENOPAUSA Definição Cessação permanente da menstruação resultante da perda de actividade dos folículos ováricos, que deixam de segregar estrogénios e progesterona. MENOPAUSA Última menstruação espontânea. Transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva. CLIMATÉRIO Escalada descendente da função ovárica. Pré-menopausa Menopausa Pós-menopausa IDADE DA MENOPAUSA 45-55 anos Média: 51 anos Portugal: 50 anos < 40 anos: Falência ovárica prematura PERIMENOPAUSA (transição da menopausa) Definição Tempo em que os ciclos menstruais se tornam irregulares até ao fim do 1º ano após a menopausa. A PM começa com irregularidades dos ciclos menstruais de mais de 7 dias. Com o declínio do pool de ovócitos (declínio da inibina B) há um aumento da FSH. Contudo: FSH, inibina B e estradiol variam ao longo da PM MENOPAUSA ALTERAÇÕES HORMONAIS DIMINUIÇÃO DHEA, GH, IGF-1, Melatonina, Testosterona, Estradiol e Progesterona, Aldosterona, Calcitonina, Renina. LIGEIRA DIMINUIÇÃO Cortisol, Epinefrina, Insulina, PTH, Hormonas tiroideias, 25OHD3 AUMENTO FSH, LH e Norepinefrina MENOPAUSA ALTERAÇÕES AUMENTO DE PESO >> INSULINORRESISTÊNCIA >> >>SIND METABÓLICO DISLIPIDEMIA (CT ↑, LDL ↑, ∆POB ↑) AUMENTO DA T.ARTERIAL PERDA DE MASSA ÓSSEA AUMENTO DO RISCO CARDIOVASCULAR HIRSUTISMO DIMINUIÇÃO DA AUTO-ESTIMA Menopausa Manifestações precoces Sintomas Neurovegetativos Alterações cutâneas Afrontamentos Diminuição da elasticidade da pele Sudorese Secura cutânea Palpitações Hirsutismo Náuseas Alterações psicológicas e sexuais Cefaleias Labilidade emocional Insónia Nervosismo Vertigens Irritabilidade Alterações genito-urinárias Depressão Secura vaginal Diminuição da líbido Dispareunia Perda do prazer Prurido genital Disúria e polaquiúria Incontinência urinária Manifestações tardias Osteoporose Doença cardiovascular MENOPAUSA Tratamento Hormonal (THM) Indicações aprovadas pela FDA Tratamento dos sintomas vasomotores (moderados a graves) Tratamento dos sintomas de atrofia vulvar e vaginal Prevenção da osteoporeose pós-menopausa (quando existe grande risco) AACE Menopause Guidelines, 2011 MENOPAUSA Tratamento Hormonal (THM) Contraindicações Carcinoma da mama – presente/passado Situações malignas (suspeitas ou conhecidas) de sensibilidade aos estrogénios Hemorragias uterinas não diagnosticadas Hiperplasia endométrio não tratada Tromboembolismo venoso idiopático prévio ou actual HTA não tratada Doença hepática activa Hipersensibilidade ao medicamento Porfiria cutânea tarda AACE Menopause Guidelines, 2011 Testosterona na pré e pós menopausa Androgénios Na Pré-menopausa S-DHEA – 100% SR DHEA – 50% SR / 20% OV 30 % conversão periférica – DHEA Androstenediona (A) – 50% SR / 50% OV Testosterona (T) – 25% SR / 25% OV 50% conversão periférica A Davison et al, 2005 Androgénios Efeitos da Idade e da Menopausa T e A diminuem gradualmente ao longo da idade reprodutora / mantêm-se após menopausa. S-DHEA e DHEA diminuem progressivamente com a idade. Aos 70-80 anos os níveis são 20% os dos 20-30 anos. O ovário pós-menopausa é a maior glândula produtora de androgénios. Androgénios Acção Fisiológica Precursores dos estrogénios Regulador da maturação folicular Função sexual feminina correlação: concentração sérica de androgénios e função sexual – fraca ou não existe Efeitos cardiovasculares negativos (↓ HDL) Efeitos no osso positivos Efeitos na função cognitiva (não conhecidos) Receptores de androgénios: Vasos/mama/pele/músculo/T. adiposo/osso Deficiência Androgénica/ Sind. Insuf. Andrógenios (1) Quadro bioquímico – não é conhecido Não se pode fazer o diagnóstico de deficiência de androgénios, por: Falta de um síndroma clínico Falta de valores de androgénios relacionados com a idade Dificuldade na avaliação da testosterona livre plasmática Deficiência Androgénica/ Sind. Insuf. Andrógenios (2) Só são conhecidos 3 casos de deficiência de androgénios: Ovariectomia bilateral Insuficiência suprarrenal primária Hipopituitarismo (Gn ↓ ACTH ↓) Contraceptivos e glicocorticóides – diminuem os androgénios T Pl T Pl Pl T Simon et al, 2005 Shifren et al, 2006 Terapêutica com testosterona Função sexual na pós-menopausa não há correlação entre a concentração sérica de androgénios e a função sexual As guidelines da Endocrine Society são contra o uso por rotina da terapêutica androgénica na mulher Contudo: tentar ensaio com testosterona (pensos 300µg) na mulher pós-ovariectomia com desejo hipoactivo em que terapêuticas não farmacológicas falharam. Terapêutica com testosterona Função sexual na pré-menopausa A terapêutica androgénica não é recomendada Endocrine Society, Guidelines, 2006 Terapêutica com testosterona Efeitos adversos dos Androgénios Acne, hirsutismo Virilização – rara Retenção de liquídos Policitémia Lesão hepática Apneia do sono Alterações lipídicas (HDL ↓) Hiperplasia mamária/neoplasia Hiperplasia endométrio/neoplasia Alterações emocionais Alterações a longo prazo? OBRIGADO