Orientação para tratamento ortodôntico

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Orientação para tratamento ortodôntico
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Orientação para interessados em
tratamento ortodôntico
Dras. Rosana Gerab Tramontina e Ana Carolina Muzete de Paula
Ortodontia é a ciência que estuda o crescimento e o desenvolvimento da
face e das dentições (de leite, mista e permanente) e seus desvios de
normalidade. É a especialidade da Odontologia que previne, intercepta e corrige
as más oclusões.
A primeira avaliação clinica da dentição da criança deve ser feita ainda na
dentição de leite. Após o exame clínico, quando constatada a necessidade de
acompanhamento ortodôntico, o ortodontista solicitará uma documentação
específica feita em centros radiológicos especializados.
Esses exames são importantes na elaboração de um plano de tratamento
preventivo com aparelhos simples, que objetiva manter ou ganhar os espaços na
arcada dentária necessários para a erupção dos permanentes na sua posição
ideal. Alguns problemas específicos podem justificar o uso de aparelhos antes
mesmo de a criança iniciar a troca dos dentes.
A função principal do tratamento ortodôntico é restabelecer o perfeito
engrenagem dos dentes superiores e inferiores, que é fundamental para a correta
mastigação e, consequentemente, adequada nutrição e saúde bucal. Além disso,
os problemas de oclusão estão comumente correlacionados com problemas de
respiração, deglutição e fala que são abordados e tratados conjuntamente.
Não existe idade máxima para a realização de tratamento ortodôntico,
embora nos pacientes adultos devam ser tomados cuidados especiais,
principalmente em relação aos tecidos de suporte dos dentes.
O tratamento em adultos poderá ser mais lento e apresentar restrições à
movimentação dentária, devido à falta de crescimento, problemas nos tecidos de
suporte dos dentes, perdas de elementos dentários e maior comprometimento das
estruturas dentárias. Outros fatores que podem individualizar o tratamento é
presença de próteses extensas e implantes. Nesses casos muitas vezes não se
consegue perfeição na engrenagem dos dentes superiores e inferiores, nem a
mesma estabilidade conseguida com um tratamento executado durante a fase de
crescimento das estruturas faciais. Apesar disso, os ganhos são indiscutíveis e o
simples uso de contenções noturnas controla recidivas.
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Em referência a recidivas, sabemos hoje que tanto pessoas submetidas
tratamentos ortodônticos bem orientados como aquelas que nunca usaram
aparelho podem apresentar apinhamento progressivo dos dentes anteriores,
principalmente dos incisivos inferiores, durante a vida. A movimentação dentária
ao longo da vida é natural e fisiológica, é ela que compensa o desgaste da
estrutura mineral dos dentes. Sabemos também que a erupção dos 3°s molares
(dentes do siso), antes considerados os grandes vilões nos apinhamentos que
ocorriam após o término dos tratamentos ortodônticos, têm pouca
responsabilidade nas mudanças de posição dentária. Indivíduos sem esses dentes
também podem apresentar apinhamentos ao longo da vida. A atitude preventiva
que podemos ter em relação às recidivas é o uso de contenções.
Os aparelhos podem ser divididos em dois grupos: o fixo e o removível. 0s
aparelhos fixos são compostos por braquetes (metálicos, plásticos ou cerâmicos),
tubos e anéis, que suportam o arco metálico responsável pela movimentação
dentária. Permitem maior movimentação dos dentes e independem da
colaboração do paciente. Já os aparelhos removíveis são encaixados na boca,
podendo-se retirá-los para higiene dentária, mas têm indicação limitada e o
sucesso do tratamento depende da colaboração do paciente. Podem ser
ortodônticos, os quais realizam pequenas movimentações dentárias, ou
ortopédicos, utilizados para reposicionamento da maxila e mandíbula.
Existem aparelhos fixos como os de cerâmica, que são
bastante estéticos, porém os de boa qualidade (cujas
informações de movimentação incorporadas no desenho dos
braquetes são confiáveis) têm custo elevado.
Outra opção é o método Invisalign®, um
novo conceito em ortodontia que utiliza uma
nova tecnologia. Com ele podemos corrigir
algumas más oclusões dentárias comuns em
adultos usando uma série de dispositivos invisíveis e removíveis chamados
alinhadores. Esses alinhadores são confeccionados em policarbonato, em centros
especializados nos Estados Unidos, a partir de imagens computadorizadas em
três dimensões, de acordo com o planejamento prévio enviado pelo ortodontista.
É difícil prever com exatidão o tempo de um tratamento ortodôntico, pois
este depende de vários fatores, como respostas biológicas individuais, tipo de má
oclusão, tipo de aparelho utilizado e colaboração do paciente. O tempo médio
estimado é de vinte e quatro a trinta meses de tratamento ativo, sem que se
considere o período de tratamento ortodôntico preventivo e o período de
contenção pós tratamento.
O tratamento ortodôntico, no início, causa uma certa sensibilidade,
principalmente na fase de colocação do aparelho. Após essa fase, existirá algum
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desconforto para o paciente cerca de 24 a 48 horas após os ajustes praticados
pelo ortodontista.
Quando o tratamento é bem planejado e executado por profissional
qualificado, não existem riscos maiores ao paciente, desde que este siga todas as
instruções dadas, principalmente quanto a higiene bucal, pois os detritos
podem causar problemas gengivais, periodontais, manchas brancas ou, mesmo,
cáries dentárias.
A genética é um dos fatores geradores da má oclusão, mas não o único.
Crianças que sofrem de rinite alérgica, nariz "entupido", respiração bucal, sucção
prolongada de dedo ou chupeta, deglutição incorreta e má formação dentaria são
candidatas ao tratamento ortodôntico. Pois esses fatores modificam o padrão
normal de crescimento ósseo dos maxilares e em decorrência podem promover
uma má oclusão. Além disso, é importante que os pais sejam prevenidos da
necessidade, muitas vezes, da associação do trabalho de fonoaudiólogos ou
otorrinolaringologistas para que conjuntamente possamos ter sucesso no
tratamento ortodôntico nesses pacientes.
Em muitos casos, a extração de dentes permanentes se faz necessária,
principalmente naqueles em que há falta de espaço para a acomodação de todos
os dentes no arco. O resultado do tratamento deve ser um perfil harmonioso,
agradável, com lábios contatados, sem esforço muscular e perfeita harmonia
dentária. Quando bem indicadas, as extrações não trazem prejuízo algum ao
paciente.
Podem ocorrer pequenas acomodações pós-tratamento, que podem estar
ligadas ao crescimento e às alterações funcionais. Essa tendência é normalmente
bem controlada e minimizada através de um bom planejamento, de perfeita
execução da técnica ortodôntica, bem como da utilização correta dos aparelhos de
contenção.
Importância da dentição de leite
Os dentes de leite são muito importantes para a criança,
eles exercem diversas funções.
1) Tem importância muito grande no que se refere à mastigação. A criança
deve ser orientada para mastigar dos dois lados, pois a mastigação
promove um desenvolvimento satisfatório dos ossos da face.
2) Tem grande importância para a fonação, visto que a perda de alguns dos
dentes de leite prematuramente pode dificultar a pronúncia de algumas
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palavras ou induzir o desenvolvimento do hábito de interposição de
língua.
3) Garantem uma boa função e estética. A perda precoce, principalmente de
um dente anterior, poderá causar constrangimento social à criança. Além
disso, os dentes de leite deverão ser mantidos porque eles são os guias
de erupção para os dentes permanentes, são eles que mantém os
espaços para que os dentes permanentes possam erupcionar
corretamente nos devidos lugares.
O tratamento ortodôntico hoje em dia não produz dor. As técnicas
evoluíram com materiais flexíveis que podem aplicar uma força constante sem
provocar dores excessivas.
Tratamento ortodôntico e cirurgias dos maxilares
A cirurgia ortognática é uma ferramenta muito importante para garantir o
sucesso e a estabilidade nos casos onde os problemas de má oclusão não estão
somente associados ao mau posicionamento de dentes. Muitas vezes o paciente
tem um problema de mau posicionamento dentário e, além disso, uma
discrepância no tamanho dos ossos maxilar e mandibular e necessita fazer um
tratamento integrado ortodôntico e cirúrgico
Aparelho ortodôntico e a deterioração dos dentes
Essa é uma dúvida que deve ser esclarecida. Os aparelhos corretamente
instalados e o paciente bem orientado não terão problema desde que sigam as
orientações de cuidados especiais de higienização.
O uso do aparelho ortodôntico promove maior retenção de placa bacteriana
exigindo maior atenção no manuseio da escova de dentes e limpeza do aparelho.
A escovação deve ser complementada com o uso de fio dental que pode ser
utilizado com o auxílio da agulha passa fio. Os bochechos diários com flúor são
um hábito desejável e o paciente deverá realizar a profilaxia dental no consultório
dentário segundo a periodicidade que o seu dentista indicar. Os pacientes que não
tomarem esses cuidados provavelmente vão permitir que apareçam manchas e
cáries em seus dentes.
Contra indicações
Basicamente não há. Qualquer mau posicionamento dentário ou
discrepância de crescimento podem ser tratados. Casos graves têm resolução
limitada, mas leva o indivíduo a uma situação de saúde bucal melhor que a inicial.
Existem requisitos básicos que são necessários para se iniciar o
tratamento ortodôntico:
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O paciente deve estar com uma saúde bucal favorável sem presença de
cáries, doenças de gengiva, abscessos dentários, dentes com comprometimento
do canal, ausências de raízes residuais e tártaros além de possuir um número de
elementos dentários suficientes para a instalação do aparelho ortodôntico.
Nesses casos o ortodontista irá orientar e encaminhar o paciente para o
tratamento odontológico necessário e posteriormente poderá ser iniciado o
tratamento ortodôntico.
Aparelho ortodôntico e a alimentação
O paciente que usa aparelho ortodôntico pode comer normalmente. Os
cuidados que ele deve ter são com os alimentos duros como pipoca, amendoim,
cenoura inteira etc. Pois poderão quebrar as peças do aparelho. Cuidado com
alimentos pegajosos ou muito fibrosos como abacaxi, manga, que dificultarão
bastante a higiene do aparelho.
Prática de esportes
Você poderá praticar esportes normalmente desde que tome certos
cuidados. Para aparelhos móveis basta que a criança retire o aparelho quando for
praticar algum tipo de esporte. Para aparelhos fixos, nos esportes de contato físico
(como futebol, basquete, judô) o paciente deverá requisitar junto ao seu
ortodontista um protetor bucal semelhante ao utilizado pelos lutadores de boxe.
Para esportes individuais como corrida, ciclismo, natação essa proteção não se
faz necessária.
Mau posicionamento dentário
Desde o nascimento a criança deve receber uma atenção especial no
sentido de prevenir uma má-oclusão. A primeira coisa com que os pais devem se
preocupar é com a amamentação. A amamentação fornece estímulos importantes
ao desenvolvimento das crianças. Quando a criança inicia a sucção do leite ela
obrigatoriamente deve respirar pelo nariz. Esse ar que passa pelas narinas levará
estímulos que auxiliarão no desenvolvimento do maxilar superior.
Ainda durante a sucção a criança fará exercícios com a mandíbula, para
frente e para trás e movimento ondulatório com a língua para poder beber o leite.
Toda essa dinâmica direciona o bom desenvolvimento dos maxilares.
Um segundo ponto importante é quando as crianças passam a utilizar a
mamadeira. Normalmente as mães procuram bicos de mamadeiras que possuam
um orifício grande. Isso é errado, as crianças necessitam do exercício natural que
realizam durante a amamentação, o orifício da mamadeira deve ser pequeno para
exigir que a criança realize a sucção corretamente.
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Gradativamente a mãe deve ir oferecendo à criança alimentos pastosos
depois alimentos sólidos e incentivar a criança a realizar a mastigação.Devemos
ainda ressaltar a observação sobre determinados hábitos que a criança possa vir
a adquirir, como: chupar o dedo, respirar pela boca, deglutir erradamente. etc...
Idade para iniciar o tratamento
Os pais devem procurar já durante o pré-natal a orientação do ortodontista
para receber informações sobre amamentação e outros pontos importantes.
Durante o crescimento a criança deve ser consultada periodicamente para
que seja detectada precocemente qualquer interferência ao bom desenvolvimento.
Muitas vezes o ortodontista não ira atuar diretamente sobre o problema, mas
poderá indicar a necessidade de acompanhamento por parte do médico otorrino,
no caso de uma respiração bucal ou o acompanhamento de uma fonoaudióloga no
caso de uma deglutição atípica ou interposição de língua, por exemplo.
Ortopedia funcional dos maxilares
A ortopedia funcional dos maxilares é uma especialidade que se preocupa
com o restabelecimento da função do indivíduo para que o aparelho mastigatório
possa se desenvolver na sua plenitude.São aparelhos móveis que procuram
eliminar as interferências e tem eficiência quando a criança ainda possui potencial
de crescimento. Nos meninos é até a época em que começam aparecer sinais
como princípio de barba , voz grossa e nas meninas até a primeira
menstruação.Nos adultos esses aparelhos não tem nenhuma eficiência pois já
passaram por esse pico de crescimento.
Aparelhos extra-bucais
O uso de Aparelhos Extra-Bucais (A.E.B.) é indicado em alguns tratamentos
ortodônticos. A força gerada externamente é transmitida aos dentes através do
arco extra-bucal, permitindo que estes se movimentem para trás; que
permaneçam estáveis (ancorados).
De acordo com a intensidade das forças extras orais empregadas, seja
através de molas, elásticos ou cintas de náilon, podemos obter forças ortodônticas
ou ortopédicas capazes de movimentar dentes ou modular o crescimento ósseo
respectivamente.
É muito importante que o paciente tenha consciência de que o A.E.B.
somente trará bons resultados quando for usado de acordo com as instruções do
ortodontista.
Como foi explicado acima, o A.E.B. é uma parte importantíssima do
complexo conjunto de aparelhos e procedimentos que envolvem a Ortodontia, e
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que tem, por objetivo final, proporcionar a nossos pacientes um belo e saudável
sorriso!
Ancoragem intra-bucal com mini parafusos
Com o desenvolvimento dos implantes, alguns tratamentos
poderão ser simplificados se utilizarmos mini parafusos intra-orais que
auxiliam na ancoragem da movimentação dentária.
São micro parafusos de instalação bastante simplificada, com anestesia local, e
remoção mais simplificada ainda após os objetivos ortodônticos terem sido
alcançados.
Para colocação usamos somente anestesia local e para remoção
anestesia tópica na maioria dos casos.
O uso dos mini parafusos diminui os efeitos colaterais
indesejados de muitas mecânicas ortodônticas, facilitando o
trabalho dos profissionais e aumentando o conforto do paciente, além de reduzir o
tempo da movimentação.

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