Paraganglioma Maligno Júgulo
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Paraganglioma Maligno Júgulo
Este encarte é parte integrante da edição de nº 308 do Jornal da Imagem São Paulo, abril de 2004 Caderno Dois Residente Responsável: Ilka Yamashiro (R3) – Coordenador: Dr. Ricardo Pires de Souza Paraganglioma Maligno Júgulo-Timpânico Bilateral História Clínica Paciente M.I.S., 36 anos, mulher, negra, procedente da Bahia, com perda da acuidade auditiva à direita e massa cervical palpável ipsilateral. Há três anos sofreu um único episódio de dor e hemorragia em ouvido direito. Nega outros sintomas associados. Exame da orofaringe: “Massa noduliforme de consistência amolecida no pilar superior da tonsila direita.” Exame físico: “Nodulação amolecida, profunda, móvel, indolor no espaço júgulo-carotídeo direito com aproximadamente 2,5cm”. Exames laboratoriais: Todos normais. Diagnóstico Paraganglioma maligno júgulo-timpânico bilateral Figura 1- TC, corte coronal, janela óssea; demonstrando alargamento e erosão do forame jugular à direita. Figura 2- TC, corte axial, janela de partes moles, pós contraste; demonstrando extensa lesão de limites bem delimitados e realce homogêneo do espaço parafaríngeo/carotídeo à direita. Notase outra lesão de características semelhantes, mas de menores dimensões à esquerda (setas). Figura 5- RM, corte axial, T1. Massa bem delimitada, apresentando hipossinal, obliterando o espaço para-faríngeo/ carotídeo à direita, evolvendo a carótida interna e reduzindo a luz da faringe. Discussão Os paragangliomas são tumores raros, compreendendo cerca de 0,6% das neoplasias da cabeça e pescoço e 0,03% de todas as neoplasias(1,8). Originam-se das células paraganglionares ou quimiorreceptoras, apresentando-se na maioria das vezes como tumores altamente vascularizados e de crescimento lento. O comportamento maligno desses tumores, na cabeça e pescoço, tem a mesma freqüência de aparecimento de lesões múltiplas(2-13% dos casos)(1,2), sendo situações muito raras. A morbidade causada pela forma maligna desses tumores deve-se à sua invasão local; comprometendo estruturas nervosas e/ou vasculares, a base do crânio e a fossa posterior(17). A idade média de acometimento é por volta da 5a. e 6a décadas, sem predileção por sexo. Os casos de paragangliomas múltiplos são raros, com incidência de aproximadamente 10% de todos os casos; porém, se ocorrerem em vários indivíduos da mesma família (paragangliomas familiares) essa incidência sobe para cerca de 50%(4). Os casos familiares ocorrem em cerca de 7 a 9%, sendo o corpo carotídeo o sítio mais comum de aparecimento 90%(1) e, além disso, os pacientes são mais jovens(8,9). A mortalidade estimada é de 9 a 15%(1) e a prevalência de recorrência com invasão local; de 10 a 50%, sendo o glomus jugular o sítio mais comum(4,5). A invasão para a base do crânio varia de 14,6-20,0%(1), sendo que na Figura 3- Angiografia da artéria carótida direita, após a subtração digital; extenso “blush” na topografia do espaço carotídeo à direita, demonstrando o caráter hipervascular da lesão. 9 10 maioria dos casos o tumor detém-se em situação extra-dural(1). A aparência típica à tomografia computadorizada (TC) é a de uma lesão com atenuação de tecidos moles, bem definida e, por causa da sua hipervascularização, o realce tende a ser intenso e homogêneo(10,11). Os achados típicos na ressonância magnética são: lesão de baixo sinal nas seqüências spinecho com TR/TE curtos e TR longos e TE curtos; e alto sinal com TR/TE longos. O padrão de realce segue o da TC. As múltiplas imagens serpentiformes de “flow void” podem ser vistas de permeio à lesão e geralmente são maiores de 1,0 cm (aspecto de sal e pimenta), correspondendo a vasos calibrosos no interior da lesão(12,13,14,15). À angiografia o achado típico é a de uma massa hipervascularizada com grandes artérias nutrícias, intenso “blush” e rápido “wash out”(16). Ao ultra-som a aparência é a de uma lesão ovalada sólida, heterogênea, predominantemente hipoecóica e bem definida, sendo que o diagnóstico praticamente se restringe aos casos originários no bulbo carotídeo. Ao estudo por dúplex Doppler e color Doppler confirmase o padrão hipervascular da lesão(1). 11 12 Referências bibliográficas 1 2 3 4 5 6 7 8 Rao AB, Koeller KK, Adair CF. Paragangliomas of the head and neck: Radiologic-Pathologic Correlation. Radiographics 1999; 19:1605-1632. Lázaro B, Klemz M, Flores MS, Landeiro JA. Malignant Paraganglioma with vertebral metastasis. Arq Neuropsiquiatr 2003;61(2B):463-7. Magliulo G, Zardo F, Vacaralli S, D’Amico R. Multiple paragangliomas of the head and neck. An Otorrinolaringol Ibero Am.2003; 30(1): 31-8. Lee JH, Barich F, Karnel LH, Robinson RA, Zhen WK, Gantz BJ, Hoffman HT. 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No entanto a avaliação do Sistema Nervoso Central (SNC) é freqüentemente limitada por: A – Aspectos não específicos de certas anomalias; B – Fatores técnicos que tornam difícil a visualização do SNC próximo ao transdutor (ie. oligoâmnio, fibróides uterinos proeminentes) e a visualização da fossa posterior em gestações mais tardias(ie. ossificações); C – Anomalias parenquimatosas sutis que freqüentemente não são visualizadas. Ocasionalmente, há a necessidade de informações de imagem adicionais, especialmente quando a situação fetal prejudica a avaliação ultra-sonográfica ou a idade gestacional é avançada. A Ressonância Magnética (RM), possibilita para tal a aquisição de imagens multiplanares e detalha as estruturas em um grande campo de visão. A RM é uma alternativa atraente, mas é limitada por artefatos de movimento (9). Estes eram evitados por meio de sedação materna ou pela via umbilical para reduzir os artefatos de respiração materna e de movimento fetal. As atuais seqüências de aquisição rápida de imagem de RM auxiliadas pela apnéia materna praticamente eliminaram a necessidade de sedação, bem como os artefatos de respiração e movimentação fetal. Possibilitou-se pois a melhora dos detalhes anatômicos do feto. Ressalta-se que se o feto se movimentar durante a aquisição de imagens a perda da qualidade é inevitável, bem como a região estudada pode não estar mais no plano de imagem (5). Este problema ocorre especial- mente na avaliação das extremidades distais, melhor definidas dinamicamente pela US. Estruturas pequenas podem ser difíceis de se detectar e avaliar. Além disso, fluidos que as circundam podem produzir efeito de volume parcial, dependendo da espessura do corte(2). A realização de RM fetal sem sedação reduz a necessidade da realização de RM pós natal com sedação. Contrastes endovenosos não são geralmente usados, pois atravessam a placenta. Em 72 de 145 casos a US mostrou achados normais do SNC, apesar de uma forte suspeita de anomalias, devido a achados extra-SNC, como rabdomiomas cardíacos, anormalidades espinhais ou exostrofias, tendo a RM, provido informações adicionais que mudaram o diagnóstico ou o aconselhamento da paciente (4). Nos outros 73 casos, confirmou os achados da US. A RM é especialmente útil nos fetos com ventriculomegalia. O grau e a causa da ventriculomegalia e achados associados são importantes no plano de conduta e prognóstico do feto (Figura 1). O sistema ventricular fetal é relativamente dilatado no quarto mês de gestação. Após, a formação do quarto ventrículo com a formação dos foramens de Magendie e Luschka, ocorre a saída e a circulação do fluido cérebro espinhal. A formação das estruturas inter-hemisféricas e periventriculares, destacando-se o corpo caloso, reduz posteriormente as dimensões dos ventrículos laterais e produz a configuração do sistema ventricular de um adulto normal (10). A caracterização da morfologia do sistema ventricular é melhor analisada em seqüências ponderadas em T2. As dimensões normais dos ventrículos à RM refletem as medidas obtidas ao US (3, 11). Figura 1 RM de ventriculomegalia por estenose do aqueduto sylviano (seqüência ponderada em T2). Figura 2 US de ventriculomegalia por estenose do aqueduto sylviano (corte axial). pressão intraventricular (2). A ventriculomegalia (Fig. 2) é a dilatação dos ventrículos laterais sem o aumento da pressão do líquido cérebro espinhal(2). A incidência de ventriculomegalia é estimada em 0,5 a 3:1000 recém nascidos , sendo de 0,39 a 0,87 : 1000 os casos de hidrocefalia(6). Classificação das hidrocefalias 1) Comunicante (causa extra-ventricular); Espinha bífida (mais comum). Definições A hidrocefalia é a dilatação dos ventrículos laterais devido ao aumento do líquido cérebro espinhal, associado ao aumento da 2) Não Comunicante (secundária a uma obstrução intra-ventricular); Estenose de aqueduto (mais comum). Referente aos graus, a hidrocefalia (ventriculomegalia) pode ser: a) Leve: – Átrio ventricular, no corte transversal, medindo entre 10 e 15 mm. – Relação ventrículo/hemisfério cerebral medindo entre 0,33 e 0,5 após a 20 semana de gestação. b) Moderadas/Graves: – Átrio ventricular, no corte transversal, medindo mais de 15 mm, nos segundo e terceiro trimestres. – Relação ventrículo/hemisfério cerebral medindo mais de 0,5 após a 20 semana de gestação. – Espessura maior do parênquima cerebral menor de 10 mm é fator de mau prognóstico. Caderno Dois São Paulo, abril de 2004 3 gem intrauterina Dr. Rui Funabashi Fujisawa e Dr. Marcelo D’Andrea Rossi As bordas laterais dos ventrículos laterais são geralmente côncavas, ao contrário da convexidade produzida pela hidrocefalia. Estudos mostraram que o terceiro ventrículo deve medir mais de 1 mm no maior diâmetro até a 28 semana, a partir do qual pode medir até 1,9 mm. Se o terceiro ventrículo estiver dilatado, e a fossa posterior normal, é mais provável ser secundária a estenose de aqueduto. Nas ventriculomegalias leves e estáveis, é pouco provável que a causa seja obstrutiva, porém deve-se investigar, pois aumenta o risco de atraso do desenvolvimento e, mais remotamente, a possibilidade de dano cerebral ou de baixo intelecto (1). Fetos com ventriculomegalia moderada podem ter atraso no desenvolvimento de fissuras e sulcos (8). Ventriculomegalias rapidamente progressivas são associadas geralmente a causas obstrutivas. A RM tem um benefício em estabelecer a presença ou ausência do corpo caloso normal ou de sua agenesia, nos fetos em que o US mostra apenas ventriculomegalia. As ventriculomegalias podem ser: a) Isoladas (alargamento dos ventrículos laterais sem outras anomalias da arquitetura cerebral); b) Ventriculomegalia associada a outras anomalias cerebrais, mais freqüentemente a defeitos de tubo neural e anomalias de linha média. Quando detectamos ou suspeitamos de anomalias do SNC, o modo de imagem da RM pode demonstrar achados adicionais que podem alterar o diagnóstico e a condução do caso. A mudança terapêutica é idade gestacional dependente. As alterações na conduta dos casos podem ser resumidas em (4): a) Finalizar o período gestacional; b) Continuar com a gestação, podendo ou não intervir intrauterinamente; c) Direcionar a forma e/ou a localização do parto (i.e., hospital terciário ou parto por via cesareana); d) Direcionar o tipo de atendimento perinatal. A idade gestacional afeta os achados da RM, pois verificou-se que: No terceiro trimestre os fetos tinham maior propensão à mudança de diagnóstico e aconselhamento materno, do que à alteração da conduta do caso. Conclusão A US continua sendo o principal meio de avaliação fetal por seu baixo custo, praticidade, e grande disponibilidade. Tanto a US, como a RM são métodos de imagem complementares e não invasivos na avaliação de gestações de alto risco. Quando uma anomalia é detectada ao US, a RM pode caracterizar achados adicionais que confirmem ou alterem o diagnóstico, repercutindo no acompanhamento da paciente ou na conduta do caso, de acordo com a idade gestacional da paciente. Entre as 24 semanas e o terceiro trimes- tre, as decisões eram relativas ao local do parto, via de realização do parto e suporte / monitoração perinatal. Referências Bibliográficas 1 Até as 24 semanas as decisões eram relativas à continuidade ou não da gestação. 2 Dentre as condutas intrauterinas, tem-se: punções ventriculares, colocação de cateter de derivação e plastia do III ventrículo. Convém ressaltar que as decisões de conduta variam de acordo com informações adicionais, história do paciente, tipo de anomalia, tendências do paciente e do médico responsável e a confiança no diagnóstico. 3 4 Levine D, Barnes PD, Robertson RR, et al. Fast MR Imaging of Fetal Central Nervous System Abnormalities. Radiology 2003; 229:51-61. Pastore AR. 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