CP Carga puxa dos galões
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CP Carga puxa dos galões
Revista www.cargoedicoes.pt CARGO ANO XIX * Nº 207 * DEZEMBRO 2009 * MENSAL * 4 EUR Transpor tes & Logística CP Carga puxa dos galões Portos: o pior já passou Boas Festas Dezembro 2009 CARGO 1 2 CARGO Dezembro 2009 CARGO Ano XIX • Nº 207 • Dezembro 2009 Índice Editorial A rodovia A ferrovia debate-se com o confrangedor atraso da modernização da estrutura, de que o exemplo mais gritante é o atraso da obra da linha do Norte. 15 anos volvidos desde o início da obra, mais de mil milhões de euros ali investidos, ainda falta concluir cerca de um terço do trajecto Lisboa-Porto, com situações impensáveis de marcha junto a Santarém e Espinho. Entretanto, a linha do Oeste, entre Sintra (Lisboa) e Figueira da Foz, e daqui até Pampilhosa, está pouco menos que abandonada. Sintomaticamente, volta não volta, os políticos lembram-se que ela existe, e que apenas a reduzida visão a tem deixado ao abandono – falta a renovação e duplicação da via, acompanhadas das imprescindíveis sinalização electrónica, instalação de telecomunicações e controlo de velocidade (rádio solo-comboio), supressão e reclassificação de passagens de nível, e, last but not least, a electrificação. O País não tem assim tantas alternativas ferroviárias para que possa dar-se ao luxo de deixar ao abandono, ou pouco menos, a Linha do Oeste. Com a esperada retoma do transporte ferroviário de mercadorias, e mesmo que entre em funcionamento já em 2015 o Lisboa-Porto em alta velocidade, tanto a CP Carga como a Takargo necessitarão de por ali continuar a transportar mercadorias tão diversas como cimento, pasta de papel e madeira, cereais, rações, farinhas, produtos de cerâmica, etc.. Esta estrada de ferro faz tanta ou mais falta que as estradas de betuminoso que já cortam o país de lés a lés. É pena que os lobbies estejam manifestamente desequilibrados, com clara vantagem para estas últimas. O director Foto da capa: Dário Silva Dezembro 2009 Estado vai criar plano nacional para a intermodalidade .......................................... CP Carga puxa dos galões Entrevista com Rocha Soares ................................. CP Carga vale 765 locomotivas e 2700 vagões ...... ISines demonstrou em Madrid porque é um grande porto .................................... Observatório da Segurança Marítima em Aveiro.... I Encontro de Portos da CPLP debateu ligações comerciais ................................... Setúbal e Sines começam a levantar no terceiro trimestre ............................................... MAN Diesel instala-se em Praias do Sado ............... Os Portos do Brasil por Vítor Caldeirinha ............................................... IAME 2010 vai discutir “Tecnologias Verdes Aplicadas ao Sector Marítimo –Portuário” ............... Porto de Aveiro fez simulacro de acidente ............... Coopetição entre portos como estratégia de negócio por Prof. J. Augusto Felício ...................................... A CARGO há 15 anos .............................................. @Marítimo .............................................................. RODOFERROVIÁRIO & LOGÍSTICA MSC Portugal abre terminal próprio no Entroncamento ................................................. Disfalog distribui medicamentos em Angola e Moçambique ....................................... Mercadorias na agenda da alta velocidade ibérica .. @ Rodoferroviário & Logística ................................. 4 4 6 8 9 10 14 16 18 20 21 22 26 27 28 29 30 31 AÉREO Transporte Aéreo e o "Groung Handling" por J. Martins Pereira Coutinho ............................... 32 @Aéreo .................................................................. 34 CARGO 3 Estado vai criar plano nacional para a intermodalidade O secretário de Estado dos Transportes revelou que o Estado vai “desenvolver um Plano Nacional para a intermodalidade, quer no que se refere aos passageiros, quer às mercadorias”. Um plano que realçará “a importância de desenvolver as plataformas logísticas integradas no Portugal Logístico, onde as rótulas de articulação entre os modos marítimo, rodoviário, ferroviário e aéreo funcionem e onde ainda se localizem actividades que acrescentem valor. E isto não se consegue apenas com betão, mas também, e muito, com informação. O processo de criação da janela única portuária é uma grande conquista da legislatura anterior, mas agora temos de aprofundar esta revolução, criando a simplificação de procedimentos que desemboque na janela única logística”. Carlos Correia da Fonseca falava no encerramento do Seminário «A Mobilidade em Portugal: Tendências e Oportunidades de Negócios», que decorreu em Lisboa. Na que foi a sua primeira intervenção pública, concretizou: “Queremos assegurar cadeias de transporte que levem o dono da carga a optar pelos sistemas mais eficientes do ponto de vista microeconómico (custo e tempo para o dono da mercadoria) e portanto macroeconómico, já que pela primeira será aumentada a competitividade das nossas empresas e, portanto, a sua capacidade exportadora. Cadeias que serão também mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental. E isto consegue-se compreendendo a vocação de cada modo e promovendo cadeias de transporte em que a intermodalidade esteja assegurada de forma muito eficiente”. O governante anunciou igualmente que “no transporte de mercadorias (…) não é nossa intenção meter carga à força nos comboios ou nos navios, criando exorbitantes incentivos negativos ao transporte rodoviário, como por vezes algum fundamentalismo deixa entender”. 4 CARGO CP Carga puxa dos galões A CP decidiu autonomizar em 1 de Agosto de 2009, a Unidade de Negócio CP Carga, transformando-a numa empresa independente sob a forma de Sociedade Anónima, com novos critérios de gestão. A razão social é agora CP Carga – Logística e Transportes Ferroviários de Mercadorias S.A. Sendo o segundo maior operador de Transporte de Mercadorias por via ferroviária da Península Ibérica, pretende posicionar-se já em 2010 como um operador logístico de referência, desenvolver uma estratégia de abordagem e de relação com o mercado assente na marca comercial Cargo – Logistics Portugal, revelou à CARGO José Rocha Soares, presidente do Conselho de Administração da CP Carga S.A. CARGO: Como define, em traços largos, o caminho que a CP Carga vai trilhar? José Rocha Soares: Pretendemos que o mercado nos veja como um operador logístico de base ferroviária e não como um mero operador de transporte ferroviário. Por exemplo, estamos a trabalhar com os portos nacionais, de forma a estes potenciarem a oferta de serviços aos clientes com o modo ferroviário incorporado na cadeia de valor, como também necessariamente em fim de linha ou no last mile, a integração dos operadores rodoviários com o seu contributo para a distribuição capilar das cargas. Devem ser tomados em consideração certos acontecimentos, que vão alterar as rotas do transporte de mercadorias a nível mundial, nomeadamente o alargamento que está a decorrer no Canal do Panamá, facto este que vai permitir (em 2014) a passagem de navios porta-contentores com capacidade de transporte de 15000 contentores, comparada com a capacidade actual de 5 500 contentores. Acreditamos que uma “entrada” desses contentores na Europa, se fará através da Península Ibérica. Temos potencial, com os portos nacionais preparados com a oferta ferroviária, para constituirmos uma entrada natural na Europa. Os portos espanhóis quer Valência, quer Barcelona, particularmente este último, estão mais vocacionados para o trânsito que vem do Médio Oriente, via Canal do Suez. Se nós nos posicionarmos com uma oferta de serviços, articulando a componente portuária e as plataformas logísticas que entretanto vão sendo implementadas, estamos certos que contribuiremos para um aumento considerável na competitividade da economia nacional. Não teme que a nossa periferia nos condene a ficar à margem das grandes correntes logísticas globais? Não de todo! Não seremos só um país de passagem, para abastecimento de Madrid ou Barcelona. Podemos e devemos desenvolver uma estratégia, em que o nosso país seja de facto uma plataforma continental de abastecimento de e a outros mercados, nomeadamente em mercados emergentes, como Angola, Moçambique e o Brasil. Também estamos atentos a oportunidades no Mercado europeu além Pirinéus, abertos a parcerias que se identifiquem com a nossa estratégia de negócio. Definitivamente, a CP Carga abandona o papel de mero transportador ponto a ponto? Revemo-nos mais com o operador logístico, quer integrador das cadeias logísticas, quer por ventura, gestor das próprias. Pensamos fundamentalmente naquilo que o cliente e o mercado necessitam, isto é, de soluções de transporte fiáveis, seguras e económicas. Para isso, devemos desmistificar a ideia que por causa de uns outros devem desaparecer. Não se trata disso, para grandes distâncias o tráfego de mercadorias deve passar para o modo ferroviário, é aqui que somos competitivos e onde podemos dar Valor ao mercado. Os segmentos de distribuição capilar serão sempre feitos, e muito bem pela rodovia. Dezembro 2009 Foto: Dário Silva Os terminais ferroviários que a CP Carga usa são dela própria, ou pertencem à Refer? A gestão dos terminais ficou já como estava antes da autonomização, na posse da CP Carga. Desta forma, os nossos clientes não sentiram nenhuma perturbação no serviço que prestamos. Esta estratégia transmite segurança ao mercado e aos nossos clientes. O próximo passo será alargar esta rede de plataformas, quer em Portugal quer no exterior. A ferrovia vai chegar às futuras plataformas logísticas, conforme estas vão ficando operacionais, assim como as plataformas aeroportuárias. Fale-nos da parceria estabelecida com a congénere espanhola: Quais as expectativas que se abrem com essa ligação? Quando a Carga CP estava ainda integrada na CP estabeleceu-se uma parceria muito interessante com a Renfe Mercancias. Desta parceria nasceu o projecto Iberian Link, um projecto ibérico que nos dá as condições necessárias para desenvolvermos uma estratégia em que nos possamos afirmar no mercado ibérico. Nada melhor que a junção dos dois maiores operadores para esse efeito. À escala ibérica a ligação com Espanha é reconhecidamente vantajosa em termos económicos, apesar dos nossos vizinhos espanhóis estarem a atravessar um mau momento fruto desta crise internacional que, aparentemente, começa a dar os primeiros sinais de recuperação. É reconhecido que pelo menos há 3 anos a Espanha era a 10ª economia mundial. Por isso estamos muito confiantes, quanto ao que podemos fazer em termos ferroviários, ligando os nossos portos e contribuindo para um maior desenvolvimento económico a nível Ibérico. O nosso negócio deve ser cada vez deve mais Ibérico. No fundo somos duas nações na Península que em termos económicos se devem articular melhor. Há quem fale na Europa das cidades. É um pouco isso, não necessariamente só as cidades, mas sim zonas de desenvolvimento económico. Acredita que é possível, a médio prazo, ao transporte ferroviário de mercadorias conquistar uma significativa fatia de mercado? O ciclo económico actual afectou de alguma forma a nossa afirmação no mercado dos transportes ferroviários. Felizmente existem indicadores de que as coisas neste momento estão a atenuar-se e poderão inflectir para um ciclo de crescimento económico. Acreditamos que se tivermos as melhores soluções de transporte, as que o mercado necessita, conseguiremos de forma significativa aumentar a nossa quota. Nota por parte o poder político, não só em Portugal mas a nível da Europa, vontade para dar à ferrovia o protagonismo que ela justifica? Ultimamente entende-se o Transporte de Mercadorias de uma forma mais objectiva do que, eventualmente se fez no passado, onde a infra-estrutura ferroviária foi pensada somente para passageiros. Porém varias questões carecem de resolução, desde logo a uniformização das redes ibéricas e legislação e regulamentação comuns, para que se articule uma estratégia comum, para o sector ferroviário. Que lhe parece ser prioritário para se atingir esse desiderato? u José Rocha Soares, doutorado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, iniciou-se profissionalmente na Lisnave no fim dos anos 60, ao mesmo tempo que completava a formação académica. Em 1989, aceitou o desafio da multinacional McGregor Navire (grupo Kone) da Finlândia, momento a partir do qual ficou ligado à área dos Portos e Logística. Na empresa Finlandesa relacionou-se, em termos negociais, com o mercado português, via Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Esteve cinco anos na empresa finlandesa como director geral e sempre ligado à logística portuária, em Roterdam, New York, Singapura. De regresso a Portugal, abraçou outros projectos industriais, o último dos quais o da Transgas na implantação do Gás Natural. Considera-se integrante da geração que, a partir da Lisnave, deu origem à formação do ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade, e que há cerca de 30 anos relançou o Complexo de Sines. A parte ferroviária surgiu a José Rocha Soares "como uma grande interrogação, porque constatava, já na altura, em meados de 80, como os grandes portos internacionais estavam a trabalhar no escoamento das mercadorias. Entretanto via as extraordinárias condições geográficas de Portugal, a nossa posição privilegiada perante o Oceano Atlântico, com o continente americano e a África Ocidental, e percebia que alguma coisa teria de ser feita". Dezembro 2009 CARGO 5 u É muito importante completar as ligações ferroviárias aos portos. Abrir o corredor ferroviário desde Aveiro até Salamanca e daí continuar em direcção a Irun, apostando nessa zona industrial do norte de Espanha, assim como o acesso ao norte de França de forma mais rápida. Ultrapassa os constrangimentos do traçado actual na ligação a Madrid, que nos impõe uma penalização de mais 200 km nesse corredor ferroviário. Resultado: a rodovia é em grande parte induzida a escoar as mercadorias. Estamos confiantes nas novas possibilidades comerciais com a conclusão das obras do canal Sines-Badajoz-Madrid, passando por Évora. É uma linha muito importante para a nossa estratégia de curto prazo e que estará terminado, segundo ansiamos, já em 2013. No Itinerário de mercadorias Sines – Elvas (Projecto Prioritário nº 16 da RTE-T), esta obra contribuirá para o reforço da competitividade do Porto de Sines e da sua articulação com a rede de plataformas logísticas do Poceirão e de Elvas, com os portos de Setúbal e Lisboa, com a ligação de Alta Velocidade Lisboa/Madrid, e a interoperabilidade da Rede Ferroviária Nacional com as Redes Europeias de Transporte de Mercadorias, obras fundamentais para a afirmação dos três portos nacionais no contexto sul do mercado ibérico. A nível internacional as limitações ainda são a regra. Para quando a mesma flexibilidade do transporte rodoviário? Continua a haver constrangimentos específicos. Nesse trajecto, o período de condução dos maquinistas, em termos de segurança é limitado a 8 a 9 horas de trabalho seguido. Estes comboios longos, com trajectos específicos são de respon- sabilidade acrescida. Os nossos colegas em Espanha, nestes trajectos, entendem que os maquinistas devam ser espanhóis. São particularidades como estas que estão a ser debatidas com todos os intervenientes e tenderão a ser solucionadas. Julgo que cada vez mais na Europa nos vamos encontrar no mercado dos transportes ferroviários como parceiros de negócio. E quanto ao tráfego nacional, que medidas espera que venham a ser adoptadas? Defendemos a existência de linhas dedicadas, ou pelo menos canais abertos para as mercadorias. Actualmente no trajecto Lisboa-Porto passam cerca de 250 comboios diários, com os comboios de passageiros a imporem prioridades de passagem no canal de circulação, e o transporte de mercadorias a ser relegado para o fim, com a consequente penalização da economia nacional. Neste momento é pacífico, aceitar-se que tem de haver uma segunda linha LisboaPorto, neste caso para a alta velocidade, o que poderá permitir a utilização da actual linha do Norte pelas mercadorias e outros tráfegos de passageiros, como o regional e o urbano. Voltemos aos Portos Nacionais. Quais são, a seu ver, as grandes oportunidades que ainda podem vir a ser exploradas? Os portos de Viana do Castelo e de Faro são de menor dimensão, mas têm particularidades específicas. O porto de Viana do Castelo surge com potencialidades para o escoamento da Portucel/Soporcel na sua produção de pasta de papel. Neste momento está a ser estudada pela Refer a ligação ferroviária à fábrica e a posterior ligação ao porto de Viana do Castelo. Também há interesses no escoamento via ferroviária de produtos siderúrgicos, carregados na Maia para o norte de Espanha, também com interligação ao porto de Viana do Castelo. O porto de Faro, com obras de dragagem que aumentam a sua oferta de calado disponível aos navios dos actuais 5,7m para cerca de 10m, potencia uma procura de tráfegos marítimos importante, o que torna ainda mais necessária a activação da linha férrea que se encontra praticamente construída e desactivada há vários anos. Qual será o caminho e em que situação estará a CP Carga dentro de dez anos? Estamos a desenvolver soluções com os nossos colegas da Renfe, na abordagem Ibérica do transporte ferroviário, assim como estamos abertos ao mesmo diálogo com outros operadores ferroviários como a Takargo, com quem aliás temos um bom relacionamento institucional. Tal como outros, achamos que 4% de quota de mercado ferroviário é pouco. Podemos e devemos puxar uns pelos outros, pois em mercado concorrencial e com múltiplos players, estamos certos que o caminho-de-ferro ganhará a sua posição de destaque. O mercado existe e tem de ser melhor explorado. É dentro da Península Ibérica, com a Espanha, que vamos desenvolver parcerias já no curto prazo. Por exemplo, seria muito interessante a CP Carga ter um terminal em Espanha, numa determinada área em que potenciássemos uma série de clientes nesta filosofia de cadeia de valor, inclusivé com a colaboração de operadores rodoviários. Queremos ir pelo menos até aos Pirinéus, e depois o mercado e o tempo ajudarão a dizer-nos como e para onde continuar o nosso percurso de crescimento. n CP Carga vale 765 locomotivas e 2700 vagões A nova empresa tem como meios operativos um parque de material circulante constituído por 765 Locomotivas eléctricas e diesel, de que se destaca a recente aquisição de um lote de 25 novas locomotivas eléctricas Siemens da série 4700, cujo investimento total foi de cerca de cem milhões de euros. Até ao final do corrente ano a empresa, vai adquirir um lote de 400 novos vagões plataforma, num investimento de mais de quarenta cinco milhões de euros, produzidos na EMEF, meios que permitirão aumentar a oferta de serviços de transporte combinado (contentores e caixas móveis) para Portugal e restante espaço Ibérico. O restante parque de vagões da empresa é, além desta 6 CARGO recente aquisição, constituído por cerca de 2 700 unidades vocacionadas para o transporte dos mais variados tipos de tráfegos, com os mais elevados graus de polivalência e de produtividade no mercado de transporte de mercadorias. A CP Carga SA opera actualmente em 10 terminais logísticos próprios espalhados por todo o território nacional, com serviços de e para os portos marítimos da costa atlântica portuguesa, ramais privados de grandes clientes empresariais e também, disponibilizando uma oferta regular para os principais eixos Ibéricos, entre os quais Madrid, Barcelona, Tarragona, Valência, Saragoça e Bilbau, através de um quadro de pessoal de mais de 700 colaboradores nas mais variadas funções. n Dezembro 2009 Dezembro 2009 CARGO 7 Sines demonstrou em Madrid por que é um grande porto A Administração do Porto de Sines, a PSA Sines (concessionária do Terminal de Contentores de Sines – TXXI), e a aicep Global Parques (entidade responsável pela gestão da ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines), levaram recentemente a cabo uma missão empresarial na capital espanhola, tendo os trabalhos decorrido junto dos principais players e infraestruturas logísticas da região alargada daquela cidade. O objectivo foi o de promover Sines como uma plataforma logística ibérica. “Apesar da crise, as vantagens comparativas de Sines são fortes e permitem um realinhamento das redes logísticas para utilizar o nosso porto. As empresas estão a olhar cada vez mais para soluções logísticas que possam tirar partido de Sines”, afirmou Jorge d’Almeida, administrador delegado da PSA Sines. Uma opinião defendida também por Lídia Sequeira, presidente do conselho de administração do Porto de Sines que, em entrevista à Lusa, destacou o facto do Porto de Sines ser já "porto mãe que serve todos os portos do Norte de Espanha". A Sines chegam já grandes frotas de várias partes do globo, incluindo rotas transatlânticas que incluem dois serviços semanais dos Estados Unidos e um ser- 8 CARGO viço semanal do Far East. Uma situação que levou a que Sines seja cada vez mais reconhecido como uma alternativa tanto pelo Norte de Espanha como pelas regiões da Extremadura e da Andaluzia, sendo agora importante "conquistar o coração de Madrid". "Há um claro interesse em Espanha em aprofundar os laços com o porto de Sines", disse, referindo-se às vantagens comparativas da zona, incluindo o facto de ser já "a maior plataforma ferroviária de Portugal. Temos diariamente 13 comboios a entrar e 13 a sair em Sines todos os dias. A melhoria da alta velocidade obviamente aumentará a sua eficiência, ainda que não seja condição necessária a esse crescimento", frisou. Além da ligação ferroviária directa, o trabalho de "grande eficiência" em Sines, a expansão e crescimento do tráfego transatlântico e a "grande paz laboral" do Porto, são outras mais-valias comparativas. "Temos uma organização do trabalho que nos permite oferecer aquilo que nenhum outro porto consegue oferecer: a mesma tarifa a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer dia da semana. É um facto de competitividade da maior importância". Sines tem registado crescimentos médios anuais de 87 por cento nos mo- vimentos de contentores, que passaram de 19 mil TEU (unidade de medida de contentores) para 233 mil em 2008. Essa capacidade será progressivamente ampliada, dos actuais 430 mil TEU para uma capacidade de 800 mil (no fim da segunda fase de expansão) e até um valor máximo de 1,4 milhões TEU. "É o único porto em Portugal que concorre no mercado de águas profundas com o da Liscont. Este ano ultrapassámos já o porto de Lisboa, o maior porto de águas profundas em Portugal". Sines ficará aquém dos grandes portos ibéricos (Barcelona, Algeciras e Valência), mas tem já vantagens comparativas, como a capacidade de receber navios da última geração, com calados de 16 metros e a vantagem geográfica (dois dias mais próximos de Madrid). Ao mesmo tempo, segundo sublinha Jorge D'Almeida, Sines é único por ter disponível à volta do porto uma extensa área que pode ser desenvolvida, tanto do ponto de vista de serviços logísticos como de industrias que beneficiem directamente do porto. "Pelo facto de ter esta zona adjacente, tem condições ideais para fixar centros de distribuição ibéricos, que vão alimentar outras plataformas intermédias ou até lojas finais por toda a península". n Dezembro 2009 Observatório da Segurança Marítima nasce em Aveiro O IInstituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), através do Departamento de Tecnologias do Mar (DETMAR), que tem a Marinha como parceiro privilegiado, formalizou, em sessão solene, na passada sexta-feira, 11 de Dezembro, em Aveiro, o nascimento do Observatório da Segurança Marítima (OSM). Esta unidade orgânica de I&D do ISCIA, a que também se associa a GNR, a APA e a UFP, vai acolher várias individualidades empenhadas em processos de investigação aplicada. Como o nome deixa entender, o OSM tem como objecto o estudo aprofundado dos conceitos que, em ambiente marítimo, remetem para a segurança e a protecção (os denominados termos anglo-saxónicos “safety” e “security”). O OSM vai centrar a actividade na criação de grupos interdisciplinares de trabalho, a funcionar em rede, em diferentes áreas de conhecimento, como as do controlo de fronteiras e costas, segurança e controlo da navegação, riscos naturais e uso civil das zonas costeiras (segurança de praias, pescas artesanais e desportivas) como se depreende da sua Carta Constitutiva. Garcia Leandro em palestra sobre estratégia e segurança A sessão de apresentação que foi presidida pelo Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, contou com a presença de destacadas figuras militares, civis e académicas e teve o seu momento alto numa palestra do General Garcia Leandro, uma das mais altas patentes militares, até há pouco presidente do OSCOT e especialista de prestígio internacional em estratégia de segurança. Dezembro 2009 O OSM é presidido pelo Vice-Almirante Alexandre da Fonseca, tendo como vice-presidentes o Contra-Almirante António da Silva Ribeiro e o Prof. Doutor Armando Teixeira Carneiro, na qualidade de director do ISCIA. O General Garcia Leandro preside à Assembleia Geral de Membros e o Prof. Doutor Veiga Simão ao Conselho Consultivo. O OSM tem sede no distrito de Aveiro mas a sua actividade estender-se-á a todo o território nacional, inclusivamente às regiões da Madeira e dos Açores. Igualmente estão previstas acções a desenvolver, numa fase posterior, no seio da CPLP. O ISCIA é um estabelecimento de ensino superior dos subsistemas politécnico e privado, criado em 1989, pela FEDRAVE – Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro, fundação de direito privado reconhecida como de utilidade pública. Desenvolve várias licenciaturas, mestrados e pós-graduações, devidamente autorizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), em diversas áreas do conhecimento, nomeadamente: licenciatura em Ges- tão de Actividades Marítimas e Portuárias, mestrado em Gestão Portuária, licenciatura em Segurança Comunitária, mestrado em Segurança, Defesa e Resolução de Conflitos, pós-graduações em Criminologia e Terrorismo Transnacional e vários cursos tecnológicos e de gestão de curta duração. Todo o seu processo de ensino-aprendizagem é do tipo blended learning, isto é, ensino presencial assistido e replicado numa moderna e versátil plataforma de e-learning, a Formare da PT IN. n CARGO 9 II Encontro de Portos da CPLP debateu ligações comerciais R epresentantes dos portos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reunidos em Fortaleza, Brasil, no II Encontro de Portos, firmaram o "compromisso do reforço das relações comerciais na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa". "O sector portuário pretende elaborar um trabalho conjunto de análise de toda a carteira comercial dos países que compõem a CPLP, para potenciar as trocas", afirmou à Lusa Jorge Luiz de Mello, presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro. "A ideia é verificar quais são os fluxos comerciais actuais, bem como os potenciais. A Associação dos Portos de Portugal já se prontificou a financiar esse trabalho e vamos começar imediatamente", anunciou Mello, estimando o prazo de um ano para a conclusão. Angola será o próximo anfitrião Na tarde de quinta-feira, último dia do II Encontro de Portos da CPLP, representantes e autoridades portuárias estiveram reunidos para definir a "linha mestra desse trabalho". O II Encontro de Portos da CPLP reuniu durante três dias, em Fortaleza, 150 participantes – entre os quais os representantes dos cinco maiores portos portugueses - para debates em torno do tema "Estreitando Relações Comerciais e de Cooperação no espaço da Lusofonia". O evento teve o objectivo de reforçar as relações comerciais entre esses países, possibilitando ainda, parcerias, intercâmbios, trocas de conhecimento e experiências. Discutiram-se temas relacionados com a internacionalização do sector portuário, inovações tecnológicas e propostas de reformulação dos portos, abordando assuntos como Segurança, Dragagem, Meio Ambiente, Mercosul, e vias fluviais, entre outros. Depois de Portugal (2008) e Brasil, a próxima edição do evento deverá ser realizada em Angola. n Matos Fernandes, presidente da APP: Ligações directas Portugal-Brasil ainda são ténues O presidente da Associação de Portos de Portugal (APP) defende que é preciso criar condições para "assegurar ligações marítimas mais directas entre os países de língua portuguesa". "A logística global permite hoje que qualquer carga seja entregue no destino em boas condições, mas ainda não existem muitas ligações directas", afirma João Pedro Matos Fernandes, que também preside ao porto de Leixões. De acordo com o dirigente a região norte de Portugal é fortemente exportadora, com destino sobretudo para o lado africano. "Mas as ligações directas entre o Brasil e Portugal, no geral, e com Leixões, em particular, ainda são muito ténues", afirmou Matos Fernandes à margem do II Encontro de Portos da CPLP."O tempo é um factor determinante no conjunto da economia. Quanto mais ligações directas houver, mais ganham os portos e as empresas", afirma o dirigente, para quem um negócio deste tipo não é 10 CARGO "com um estalar de dedos". O presidente da APP reconhece como relevante nesse processo o equilíbrio entre as quantidades transportadas dos diversos países, pois um navio que regressa vazio é um mau negócio para o armador. "É esse equilíbrio que precisamos encontrar em economias com currículos, dimensões e graus de abertura diferentes". Matos Fernandes destaca que Leixões fez um grande investimento e "tem condições para ser um porto global no comércio entre a Península ibérica, com 50 milhões de habitantes, a Costa do Brasil e a África Atlântica". Destaca ainda que para Leixões o porto do Pecém (no Ceará) "é de grande relevância do ponto de vista das condições de mar e de infra-estruturas". É "particularmente importante para nós a relação com os portos do Nordeste do Brasil. Essa é claramente a nossa aposta". n Dezembro 2009 Dezembro 2009 CARGO 11 Portos do futuro debatidos com especialistas da ESPO e da ECSA D ecorreu no dia 10 de Dezembro, no Estoril, o seminário “Portos do Futuro - A Rede Europeia de Clusters Marítimos”, promovido pela Logistel. O evento formativo contou com intervenções dos prestigiados Patrick Verhoeven, secretário-geral da ESPO (European Sea Ports Orgasation), e Alfons Guinier, secretário-geral da ECSA (European Community Shipwoner's Associations). O Renascimento da autoridade portuária Patrick Verhoeven, secretário-geral da ESPO, douturado em Economia dos Transportes e Direito Marítimo pela Universidade de Antuérpia, começou por defender que, actualmente tem-se vindo a assistir a um “renascimento” do papel da autoridade portuária, o qual é visível tanto ao nível da própria indústria, como académico. Para este renascimento contribuem questões ligadas aos Governos, nomeadamente a relação que se estabelece com os governantes, a legislação (nacional ou europeia), a capacidade financeira e a cultura de gestão. As funções das autoridades surgem também revistas. São elas “landlord”, reguladora e operadora. A função principal é a “landlord”, a qual é influenciada por três factores: pressões para investir e mo- 12 CARGO dernizar infra-estruturas, pressões para investimentos financeiros e competição pelo uso do espaço. “Lisboa é um bom exemplo disto”, declarou Verhoeven. Já a função de regulador está intrinsecamente associada ao conceito de autoridade portuária. O peso das externalidades negativas levou a que o seu peso fosse maior. No entanto, o orador salientou que “a autoridade portuária não é apenas reguladora”. Quanto à função de operador, Verhoeven lembrou que na maioria dos portos europeus as operações de carga estão já privatizadas, por isso há um maior foco nas outras duas funções. “A concessão é a melhor arma que as AP’s têm”, concluiu. Os portos são já hoje considerados elementos essenciais na cadeia logística, mas a sociedade “não valoriza o seu significado”. “Pessoas que vivem à volta dos portos não vêem a importância que os portos têm”, afirmou. Ainda assim, “os portos estão a descobrir o diálogo com as cidades e as comunidades”. Além disso, o especialista lembrou que os portos são cada vez mais “vulneráveis e estão sujeitos a pressões”, as quais surgem de três frentes: players do mercado (operadores, transportadores, logísticos). Governo e grupos com interesses sociais (ONG’s, associações comerciais, comunidades locais e cida- dãos individuais). Posto isto, facilmente se percebe que seja importante estabelecer e estimular a ligação entre os vários portos que, segundo o especialista, “individualmente não são fortes o suficiente”. Cluster Marítimo e ajudas estatais Numa altura em que tanto se fala do “Hypercluster do mar”, a intervenção de Alfons Guinier secretário-geral da ECSA, sobre o cluster marítimo num sector “saudável” não podia ser mais adequada. O shipping na Europa tem um peso muito grande. Como recordou Guinier, 23,5% dos navios mundiais têm bandeira europeia, pelo que se percebe que o cluster marítimo europeu tenha um peso enorme. Perto de 25% do comércio marítimo mundial passa pelos nossos portos. Além disso, “os donos de empresas europeias de shipping controlam quase 40% da frota mundial” e “os serviços europeus, a pesquisa marítima, o shipping inland, a pesca e a marinha são líderes mundiais”. Recordando as palavras de Verhoeven acerca da queda da importância dos portos para as populações, o especialista afirmou que isso pode levar a dificuldades de recrutamento para o sector ou à falta de iniciativas e políticas estatais. Há ainda problemas como a falta de registo de bandeira, a legislação laboral ou a Dezembro 2009 relocalização de centros marítimos para locais como Hong Kong e Singapura. Para resolver algumas destas questões, a Comissão Europeia avançou em 1996 com uma nova estratégia para o sector e com as “State Aid Guidelines 1997”. Estas ajudas pretendiam encorajar o registo de bandeira nacional, aumentar a empregabilidade, preservar o “knowhow” marítimo na comunidade, melhorar a segurança e consolidar o cluster marítimo europeu. Entre os elementos principais deste apoio, Guinier destacou o alívio da carga fiscal para companhias europeias, incluindo a chamada “Tonnage Tax” e a diminuição dos encargos com a segurança social para tripulantes europeus em navios também europeus. A ECSA apoiou todas estas medidas, mas ainda assim nem todos os países aderiram. Portugal ainda não aprovou sequer o “tonnage tax”. No entanto, na Europa com estas ajudas conseguiram-se já avanços ao nível do peso no comércio mundial, número de tripulantes europeus e benefícios para o cluster marítimo. Na Alemanha, por exemplo, entre 1998 e 2007 assistiu-se a um aumento do regis- Dezembro 2009 Portugal ainda não adoptou a “tonnage tax”. No entanto, na Europa com estas ajudas conseguiram-se já avanços ao nível do peso no comércio mundial, número de tripulantes europeus e benefícios para o cluster marítimo to de bandeira nacional em 201%. Em Inglaterra, esse número foi de 350%. Estas ajudas da ECSA estão em vigor até 2011. Brevemente a Logistel vai realizar mais eventos formativos para o sector marítimo-portuário. Trata-se de uma empresa de consultadoria e formação que actua nos âmbitos da logística, transportes e comunicações. Tem por missão estudar e desenvolver soluções logísticas, de transportes e de comunicações; elaborar estudos e projectos de arquitectura, de engenharia e de ambiente; controlar e fiscalizar empreendimentos; desenvolver estudos e projectos nos âmbitos do ordenamento do território, do planeamento urbano e do desenvolvimento urbano e regional. n Raquel Sales CARGO 13 Movimento do terceiro trimestre Setúbal e Sines já começam a levantar O transporte de mercadorias nos diferentes modos sofreu reduções homólogas no terceiro trimestre deste ano, embora menos expressivas do que no trimestre anterior, lê-se no relatório “Actividade dos Transportes” do Instituto Nacional de Estatística. Por modos, registou-se uma quebra de1,2% no marítimo, um deslize de 7,8% no aéreo e uma desaceleração de 16,5% na ferrovia. O 3º trimestre de 2009 continuou a evidenciar uma quebra homóloga na actividade dos portos marítimos, consubstanciada pela redução de 1,2% no movimento de mercadorias entradas e de 5,4% no número de embarcações. De entre os meses analisados, Setembro, com um crescimento homólogo de 13,9% nas mercadorias entradas, contrariou a tendência de decréscimo na actividade portuária registada em 7 dos 9 meses de 2009. Quanto aos três principais portos marítimos, Leixões (-4,6%) e Lisboa (-9,6%) atenuaram a amplitude da quebra homóloga no período de Julho a Setembro, por comparação com o 2º trimestre (-9,6% e -14,2%, respectivamente). Por outro lado, o porto de Sines registou um incremento no movimento de mercadorias (+7,9%), por comparação com o mesmo período de 2008. No que se refere aos restantes portos, Setúbal constituiu a excepção, ao recuperar no movimento de mercadorias uns significativos 9,2% em relação ao período homólogo. Já os portos de Aveiro e Caniçal, com movimentos de mercadorias de 742 milhares de toneladas e 288 milhares de toneladas, respectivamente, intensificaram a tendência de quebra, por comparação com o período de Abril a Junho (-12% e -14,9%, respectivamente). No movimento de mercadorias por tipo de tráfego, no período de Julho a Setembro de 2009, a contracção em termos homólogos foi mais acentuada no tráfego nacional (-2,9%), situação idêntica à verificada no trimestre transacto. A nível internacional, e apesar dos portos não terem sido tão gravemente afectados pela recessão como as linhas de transporte marítimo de contentores, segundo a consultora Ocean Shipping Consultants (OSC), são esperadas severas perdas, que podem chegar aos 10 a 12% na Europa ocidental (norte) e ilhas britânicas, cerca de 15% na Escandinávia, 18% nos portos do Europa oriental (norte) e 25% no leste / sul do Báltico. n TCL mantém crescimento idêntico a 2008 Entre Janeiro e Novembro, o Terminal de Contentores de Leixões movimentou 417 702 teu, valor que supera o recorde conseguido nos primeiros 11 meses do ano passado. Em Novembro, o TCL movimentou 38.024 teu, correspondentes a 24.683 contentores, o que ficou acima (muito ligeiramente, mas ainda assim acima) do verificado no mês homólogo do ano passado. Em termos acumulados, desde o início do ano o TCL movimentou 267.453 contentores, o que tem implícita uma perda homóloga de 1,85%, mas que é compensada pela subida ocorrida nos movimentos de contentores de 40’. A menos de um mês do final do ano cresce a expectativa sobre um novo recorde de movimentação de contentores no TCL. No ano passado, Dezembro foi um mês atípico, em consequência da forte crise que se abateu sobre a economia mundial, mas mesmo assim o ano findou com um novo 14 CARGO máximo, acima dos 450 mil teu. Este ano bastará fazer igual para fixar mais um novo máximo sucessivo. MSC mantém liderança A Mediterranean Shipping Company foi a companhia que mais contentores movimentou no TCL em Novembro, e com isso reforçou a sua posição de líder do “Top Five” do ranking dos armadores. A Maersk Line foi segunda em Novembro, consolidando assim igual posição no ranking acumulado. A Transinsular foi terceira em Novembro, e dessa forma ascendeu ao quarto lugar acumulado, empatada com a Wec Lines. A Nile Dutch Africa Line foi quarta em Novembro e é sexta desde o início do ano. Finalmente, o Grupo CMA CGM manteve o terceiro lugar entre os maiores clientes (em unidades movimentadas) do Terminal de Contentores de Leixões. n Dezembro 2009 Dezembro 2009 CARGO 15 MAN Diesel instala-se em Praias do Sado A empresa alemã MAN Diesel, líder mundial no fornecimento de motores diesel para a marinha, inaugurou instalações em Setúbal, que representam um investimento de dois milhões de euros e a criação de 20 novos postos de trabalho. Com 85% do mercado mundial de motores diesel a dois tempos e cerca de 30% dos motores a quatro tempos, a MAN Diesel decidiu instalar-se em Setúbal para garantir melhor assistência ao elevado número de embarcações com motores MAN Diesel que cruzam águas portuguesas. Como diz António Penaforte, responsável pela área de vendas e marketing da empresa alemã, as novas instalações do Parque Industrial Sapec Bay, em Praias-do-Sado, Setúbal, garantem uma "maior proximidade dos estaleiros navais da Lisnave", onde prestam assistência aos navios com motores da MAN Diesel. "Decidimos vir para Setúbal porque já tínhamos um superintendente dinamarquês residente na área, que actuava fre- quentemente nos estaleiros da Lisnave, um dos principais estaleiros em termos de reparação naval, onde os navios vêm para as grandes reparações". Segundo um comunicado da empresa as novas instalações da MAN Diesel em Setúbal, que constituem o septuagésimo ponto de assistência a motores da rede mundial, visam também tornar a marca líder do sector em Portugal, no que respeita à venda e reparação de motores e turbo compressores. A empresa alemã, que tem actualmente 7.800 colaboradores espalhados por todo o mundo, muitos deles na Alemanha, Dinamarca, França, República Checa, Índia e China, registou um volume de vendas de 2,5 mil milhões de euros em 2008. Os navios reparados na Lisnave até Setembro, que ascenderam a um total de 92, pertencem a 50 empresas armadoras de 20 países. O país que mais navios reparou foi Singapura, com 15; a Alemanha, Grécia, Dinamarca e Noruega enviaram para os estaleiros de Setúbal nove cada um deles. Entre os armadores que reconhecem a capacidade e know how dos estaleiros situados na foz do Sado, encontram-se a AET Shipmanagement (Singapura), a Unicom Management (Chipre), a Chemikalen Seatransport (Alemanha), a OSG (Grécia), a Carbonfin SPA e a Fratelli D'Amico (Itália), a BW Gas e a Kristian Gerhard Jebsen (Noruega) e a MOL Tankship e a V.Ships (Reino Unido). Neste período foram efectuadas reparações de grande dimensão, como no caso das dragas Lange Wapper e Pearl River, os petroleiros Eco Europe e Genmar Horn, do navio roll-on/roll-off Lilleborg. Destaque ainda para os trabalhos no petroleiro da PDV Marina, Negra Mattea, um dos quatro navios contratados com a Venezuela, que a Lisnave reparou, bem como dois navios da brasileira Petrobras. A boa imagem da Lisnave aliada ao facto de a nossa costa ser das mais concorridas a nível mundial foram factores que levaram a MAN Diesel a entrar directamente no mercado português. n Jesper Weller: Queremos estar perto dos clientes A decisão de expandir a actividade em Portugal está relacionada com o plano de expansão global que a MAN Diesel lançou assim como o número de navios a atravessar as águas portuguesas e o número de instalações estacionárias em Portugal continental e ilhas. Em entreviata à CARGO, Jesper Weller, director geral da empresa em Portugal referiu os contornos da estratégia da MAN Diesel CARGO: Que tipo de estrutura será a da MAN Diesel? Jesper Weller: A MAN Diesel Portugal, vai ter um armazém de 2.000 m2 com um bloco separado para escritórios. Inicialmente o número de 16 CARGO pessoas empregues será de 20. Quais os objectivos em termos de volume de negócio? O objectivo principal é estar perto dos nossos clientes portugueses com o intuito de lhes prover uma resposta rápida às suas necessidades em termos de assistência técnica e reparação de equipamentos. Outro dos objectivos é prover os nossos serviços a outros clientes internacionais que cruzam as águas portuguesas. Os portos e docas de reparação vão beneficiar da nossa presença em Portugal. A entrada em Portugal insere-se nalguma iniciativa alargada a outros países? Sim. A política da MAN Diesel PrimeServ Jesper Weller, director geral da MAN Diesel em Portugal é estar presente perto dos clientes. Consequentemente os nossos centros PrimeServs estão presentemente a expandir-se para conhecer os clientes face a face em todo o mundo. n Dezembro 2009 Dezembro 2009 CARGO 17 Interessados brasileiros no comércio com Portugal e África parecem existir muitos, mas a dificuldade parece ser a da criação de linhas directas das várias regiões brasileiras para Portugal, Cabo Verde e Angola. Os Portos do Brasil Decorreu no início de Dezembro de 2009 mais um encontro dos portos dos países de língua portuguesa, que juntou apenas os países unidos pelo transporte marítimo no Oceano Atlântico, Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Portugal. Vítor Caldeirinha* Para além de se ter verificado que a maioria dos portuários brasileiros não conhece bem os portos portugueses, como os portuários portugueses não conhecem bem os portos brasileiros, verificou-se que alguns brasileiros não sabem bem onde se localiza Angola, o que não admira já que os brasileiros estão muito voltados para o seu interior e são quase totalmente preenchidos com a sua grande dimensão, com os seus problemas e com as suas carências e potencialidades, como grande potência mundial, não estando orientados para fora. Como também é o caso dos americanos. Aliás, os seus portos revelam muito bem esta questão, já que até há bem pouco tempo não mereceram qualquer atenção do Estado Federal brasileiro, sofrendo muitos de falta grave de infra-estruturas e de acessos marítimos com fundos adequados a navios Panamax e Post-Panamax, deixando transparecer a dificuldade do país em se voltar para o exterior, o que é revelado ainda pelos números do comércio internacional do Brasil, ainda muito abaixo do que poderiam ser face à dimensão da população e aos seus extensos recursos e indústrias. Mas tal parece estar a mudar, pelo que foi possível constatar. O crescimento muito elevado do movimento portuário, referido em cerca de 15% ao ano, em toneladas, nos últimos anos, associado à vontade do Brasil em não ter barreiras para se tornar uma das maiores potências do mundo, não só em área geográfica, população e PIB, mas também nos índices de desenvolvimento e comércio mundial, vai implicar a triplicação do movimento portuário actual até 2020, ou seja vai implicar a construção de um novo porto de Santos em cada ano e meio até 2020, para se conseguir acomodar todo o tráfego esperado, segundo referiram alguns dirigentes portuários. Na verdade, os brasileiros e o seu novo Ministro da Secretaria Especial de Portos, recentemente criada, estão totalmente voltados para a ampliação e melhoria das infra-estruturas portuárias, dragando os portos para fundos superiores a -14 metros, construindo mais terminais, concessionando a construção de outros, criando acessos rodo-ferroviários e melhorando as frentes ribeirinhas degradadas, que vão sendo abandonadas no centro das cidades portuárias. Trata-se de um esforço gigantesco para aumentar a ca- 18 CARGO pacidade e a competitividade dos seus portos, como ligações privilegiadas ao resto do mundo, passando a encará-los enquanto mecanismos de transmissão da dinâmica de potência mundial junto dos outros países. E a dinâmica de crescimento é tão grande, por agora, que os brasileiros não conseguem, nem precisam preocupar-se com os aspectos de marketing e comerciais portuários. Não se ouviu falar de linhas marítimas, de ligações internacionais, da participação em redes logísticas globais, de competição pelo hinterland. Há muita carga, cada vez mais e dá para todos e sobra. Por isso foi importante este encontro de porto da CPLP, para dizer aos portos brasileiros que têm países irmãos que falam a mesma língua, alguns também em grande crescimento, como é o caso de Angola, outros muito bem posicionados para servirem de plataforma no Atlântico, como é o caso de Cabo Verde, outros que podem ser a porta de entrada na Península Ibérica ou mesmo na Europa, como o caso de Portugal. Estes países chamaram a atenção dos portos brasileiros para o facto de se poderem estabelecer acordos e se criarem linhas em cooperação entre países irmãos para ajudar a fortalecer ainda mais a potência mundial de língua portuguesa que já é o Brasil. Para isso propuseram-se os portos a estudar em conjunto formas de incrementar as relações comerciais no Atlântico, entre os países da lusofonia. “Sair da casca” e dar mais atenção ao hinterland e ao foreland, foi essa a minha mensagem para os gestores dos portos brasileiros durante a intervenção que realizei enquanto moderador de um dos painéis, desafiando-os a recorrer aos portos da CPLP para desenvolvimento das suas estratégias de expansão comercial no Atlântico, para África e para a Europa. Interessados brasileiros no comércio com Portugal e África parecem existir muitos, mas a dificuldade parece ser a da criação de linhas directas das várias regiões brasileiras para Portugal, Cabo Verde e Angola. De facto, por exemplo, Fortaleza está a muito menor distância de Portugal que está Luanda, existindo grande potencial de tráfego de frutas e carnes, mas as linhas de contentores existentes são com portos espanhóis ou com portos do Norte da Europa, chegando as cargas a Portugal por via indirecta. ZEE Portuguesa Ao atravessar o Atlântico não pude deixar de pensar na nossa vasta Zona Económica Exclusiva de Portugal e no seu aproveitamento enquanto factor de competitividade único para um País com a nossa dimensão. De acordo com o Jornal de Defesa e Relações Internacionais (edição de 30 de Setembro de 2003), a ZEE portuguesa tem Dezembro 2009 1.727.408 Km2 de extensão, o que corresponde a 1,25% de toda a área oceânica sob jurisdição de países. Os estudos de extensão da plataforma continental irão atribuir a Portugal a jurisdição de novo território marítimo, acrescentando 240 000 a 1,3 milhões de Km2, isto é, 14,9 vezes a área de Portugal Continental (segundo a reportagem do Telejornal da RTP1 gravado a 26 de Julho 2006). Com este acréscimo Portugal passará a ter uma área total de 3.027.408 km2, o que fará saltar de 11.ª maior ZEE do mundo para 10.ª, imediatamente atrás do Brasil com 3.660.955 km2m de acordo com a Wikipédia, Dezembro de 2009. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Portugal_Exclusive_Economic_Zone.png ZEE do Brasil De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, os países costeiros têm direito a declarar uma zona económica exclusiva (ZEE) de espaço marítimo para além das suas águas territoriais, na qual têm prerrogativas na utilização dos recursos, tanto vivos como não-vivos, e responsabilidade na sua gestão. A ZEE é delimitada por uma linha imaginária situada a 200 milhas marítimas da costa e separa as águas nacionais das águas internacionais ou comuns. Dentro da sua ZEE cada estado goza de determinados direitos: Direito à exploração dos recursos marítimos; Direito à investigação científica; Direito a controlar a pesca de embarcações estrangeiras; Direito à exploração de petróleo e gás natural no subsolo do leito marinho, conforme refere a Wikipédia, Dezembro 2009. Ora, o factor competitivo único que Portugal tem no mar não é tanto a costa, de relativa pequena extensão quando compara com a Espanha, nem os portos ou estuários, que também existem noutros países. São factores competitivos, mas não são únicos. A vantagem competitiva única não é a costa portuguesa, nem a localização, mas a extensão única de oceano na ZEE e a propensão única da população para a aventura no mar e além-mar. Esses parecem ser factores únicos a explorar de forma estratégica para um cluster marítimo. Nesse sentido, a estratégia de Portugal deveria orientar-se para actividades como sejam a exploração do fundo do oceano da ZEE, a investigação de novas formas de explorar minérios no oceano, a investigação da exploração das ondas no oceano, a prospecção de petróleo e gases, a investigação do suporte da vida humana no fundo dos oceanos, designadamente nos bancos mais elevados, a investigação do comportamento de novos materiais e produtos no fundo do oceano, a investigação da exploração extensiva de culturas no oceano que não migrem para fora da ZEE e possam ser explorados exclusivamente pelos portugueses (peixes, plantas), a investigação de bio-combustíveis a partir algas de exploração extensiva no oceano. Algo que nos futuramente tenha potencial de vir a ser economicamente vantajoso e que os outros países não possam facilmente copiar por não deterem uma área tão grande de ZEE nesta localização e com as suas características. n Vítor Caldeirinha Professor de Marketing Portuário no ISEG http://sites.google.com/site/vitorcaldeirinha/ (Novo Site – com os textos traduzidos em Inglês) http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brazil_Exclusive_Economic_Zones.png Dezembro 2009 CARGO 19 u Ma e u q r já s a n a ua g d en a Lisboa, 7 a 9 de Julho de 2010 2010 Annual Conference of the International Association of Maritime Economists A IAME 2010, Conferência Anual da International Association of Maritime Economists, irá decorrer em Portugal. É uma organização conjunta da Cargo Edições e de Ana Cristina Paixão Casaca. Para informação mais detalhada consulte www.iame2010.org. BIMCO presente na IAME 2010 O Comité Local de Organização da Conferência Anual de 2010 da Associação Internacional dos Economistas Marítimos já garantiu a cooperação do Conselho Europeu de Equipamento Marítimo para a realização de uma sessão especial sobre “Tecnologias Verdes Aplicadas ao Sector Marítimo –Portuário”. Esta sessão tem como objectivo a apresentação de novas tecnologias que minimizam o impacto do sector marítimo-portuário sobre o ambiente, promovendo desta forma a sustentabilidade do planeta. Esta cooperação contribui também para a promover a Bronze Sponsors ligação entre a IAME e o EMEC da qual resultará a criação de sinergias ao nível da investigação e desenvolvimento. O Conselho Europeu de Equipamento Marítimo (European Maritime Equipment Council – EMEC - http:// www.emec-marine-equipment.org/ ) é uma organização que representa a indústria do equipamento marítimo, num total de 14 associações Europeias (Áustria, Croácia, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha (duas associações), Itália, Holanda, Noruega, Polónia, Suécia, Turquia, e Reino Unido) as quais representam um universo de 1300 empresas. Através desta vasta rede, a EMEC optimiza a interacção entre as Associações-Membros e as instituições Europeia. Adicionalmente promove a participação destas Associações em todos os programas Europeus que visam melhorar a qualidade do equipamento marítimo-portuário bem como a competitividade e prosperidade de toda a indústria. No âmbito deste objectivo, a EMEC está envolvida em vários em projectos de investigação cientifica financiados pela União Europeia. Convidamos os nossos leitores a visitarem o portal desta organização a qual providencia bastante informação. Supporter The Blue MBA Outubro 2009 20 CARGO Dezembro 2009 Porto de Aveiro fez simulacro de acidente O porto de Aveiro foi palco, em finais de Novembro, de um exercício/simulacro denominado “Porto Azul/2009”, no Terminal Norte, que teve por objectivo testar o Plano de Emergência Interno (PEI) do porto no combate a derrame de hidrocarbonetos, combate a incêndios e evacuação de sinistrados. Tudo começou com a eclosão de um incêndio, seguido de explosão, em camiãocisterna que se encontrava em preparativos para a operação de bancas ao navio NERO II, (atracado na posição I do terminal) a proceder a operação de carga de “pellets”, através do tapete transportador. A explosão provocou incêndio na carga existente no porão do navio. Em consequência, a estrutura superior do revestimento do silo de "pellets" foi atingida por uma peça cortante proveniente da explosão do camião-cisterna, dando lugar a um princípio de incêndio no interior do silo. Accionado de imediato o Plano de Emergência Interno (PEI), o Centro de Coordenação de Operações activou os núcleos de Apoio Operacional (NAO), de Operações de Manutenção (NOM), de Operações de Logística (NOL), de Combate a Derrame – Trem Naval – (NCD), de combate a derrame em terra e o de Combate a Incêndios (NCI). Combateram o sinistro as corporações de bombeiros de Ílhavo e de Aveiro (Novos e Velhos), tendo os incêndios sido dado como extintos às 10:24. Registou-se um a vítima mortal (condutor do camião-cisterna), um ferido grave e um ligeiro (ambos queimados) que foram transportados primeiro para o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, unidade hospitalar que se decidiu pela transferência dos sinistrados para a unidade de queimados dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), onde se encontram em observação. Os dois feridos, ambos de nacionalidade portuguesa, são tripulantes do navio NERO II. As famílias dos sinistrados foram avisadas da ocorrência, com a Administração do Porto de Aveiro (APA) a disponibilizar-se para prestar o auxílio necessário. De registar ainda a ocorrência de um derrame de combustível, de cerca de dois metros cúbicos, do camiãocisterna para a ria. A regista a eficácia da resposta ao incidente manifestada pelos seus colaboradores e demais entidades intervenientes, tendo já aberto um inquérito para determinar as causas do sinistro. O exercício/simulacro com a participação de todas as entidades que directa ou indirectamente interagem com o porto de Aveiro. n APSS assinalou ‘Dia Nacional do Mar’ A APSS colaborou com a Sociedade de Geografia de Lisboa na comemoração, esta segunda-feira, do «Dia Nacional do Mar», durante uma cerimónia que teve como ponto alto a aposição do carimbo comemorativo, que tem a silhueta do galeão do sal de Setúbal. O presidente do CA da APSS, Eng. Carlos Gouveia Lopes, salientou a colaboração dada por este organismo na salvaguarda do património cultural do Estuário do Sado, nomeadamente na recuperação do galeão “Fundação de Portugal”, cuja memória está perpetuada em livro. O Professor Doutor Aires-Barros, presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, destacou a importância da instituição que dirige e lembrou o significado do Dia Nacional do Mar – “O Oceano: Comunicação e Participação”, de modo a conceder acrescida acuidade ao processo comunicacional relativo ao Oceano e às zonas costeiras, bem como na abordagem da Agenda do Oceano e da divulgação da nossa cultura do mar. Durante todo o dia funcionou no auditório do edifício sede da APSS, um posto de correio para aposição do carimbo comemorativo nas correspondências apresentadas, pois, para o efeito, foram distribuídos, graciosamente, bilhetes-postais com motivos diversos alusivos, designadamente, ao galeão do sal (embarcação tradicional do estuário do Sado, cuja silhueta figura naquele carimbo) ao cartaz do Dia Nacional do Mar de 2009 e ao nosso Mar Internacional. n Dezembro 2009 CARGO 21 Apresenta-se um modelo conceptual de coopetição na indústria portuária. Resulta da crescente competição entre operadores portuários e companhias de navegação, pelo facto destas tenderem para crescente concentração. A estratégia de coopetição desenvolvida pelos operadores portuários é uma resposta ambivalente baseada na competição e cooperação entre organizações para assegurar o sucesso. A sua importância reside no facto das cadeias logísticas globais serem disputadas pelos armadores globais e pelos operadores portuários globais. A indústria portuária tem passado por um processo de racionalização ao longo da última década por força da globalização. Assiste-se ao aparecimento de grupos de operadores portuários mundiais – operação e gestão portuária – que têm vindo a tornar o J. Augusto Felício* negócio portuário global conducente à sua diversificação geográfica. Por sua vez, as linhas de navegação, como clientes da maior importância dos operadores portuários, apostam na reestruturação para maior concentração e racionalização, por via de fusões e aquisições e alianças estratégicas, na diferenciação recorrendo à oferta de serviços diferenciados através de soluções de transporte porta-a-porta como parte do serviço logístico global e na procura de maior cobertura mediática e de economias de escala recorrendo a navios de crescente dimensão e a estratégias de transhipment (Song, 2003). Essa associação entre empresas de navegação além das fusões e alianças pode assumir formas de take-overs e consórcio, o que lhes confere dimensão e condições para negociar com os operadores portuários, no sentido de obter melhores condições de serviços e o favorecimento de encargos. Com esta tendência dos armadores de linha em busca de dimensão, verifica-se a necessidade de os portos balancearem uma certa forma de competição e cooperação para fornecer serviços que se ajustem às estratégias dos armadores, o que leva a que se concentrem em novas formas de cooperação para contrabalançar o poder desses armadores adoptando formas de coopetição (Figura 1). 22 CARGO Coopetição entre portos como estratégia de negócio O desenvolvimento desta perspectiva competitiva entre armadores globais e operadores portuários globais é do maior interesse por possibilitar compreender a opção pelo domínio dos portos estratégicos localizados no eixo dos principais tráfegos mundiais e nos grandes mercados mundiais. Alguns dos grandes armadores têm vindo a desenvolver estratégias de domínio de grandes terminais em certos portos estratégicos a par de grandes operadores portuários. Trata-se de procurar dominar não só os portos ou terminais portuários por parte dos armadores como pelos operadores portuários, ambos em competição directa pelo controlo das principais cadeias logísticas de abastecimento. Este contexto de mudança reflecte-se no negócio da indústria portuária influenciado por múltiplos factores, nomeadamente, a globalização, crescente competição no comércio internacional, interdependência global entre estados nação, interdependência global do sector privado global, contentorização, globalização da indústria de produção e do transporte mega-carrier ou em aliança por disporem de liberdade na movimentação de mercadorias no mercado global. Se um operador portuário perde uma das suas alianças reduz a sua actividade, levando-o a fornecer serviços numa base mundial e a colaborar em diferentes partes do mundo, razão porque os portos se envolvem em acordos de parcerias para alcançar objectivos, nomeadamente de racionalização e compensação de custos. A coopetição ao conjugar a competição e a cooperação facilita a expansão internacional dos operadores portuários, através de uma mais fácil penetração em novos mercados geográficos. Por outro lado, a maior dimensão dos navios e a intermodalidade também influenciam a competição entre portos, pois com a dimensão conseguem-se economias de escala (Cullinane et al., 1999). Constata-se que as fusões e alianças entre grandes linhas de navegação estão a transformar alguns portos ‘feeder’ em portos ‘hub’ regionais ou vice-versa. Como consequência os portos competem localmente e regionalmente contra outros portos, mesmo a longa distância se servirem as mesmas áreas do interior (McCalla, 1999). A competição potencial pode ser cooptada para formar alianças estratégicas com os competidores. Logo, uma aliança pode reforçar ambos os parceiros contra outros, assim como aumentar Dezembro 2009 a competitividade de ambos. Através da colaboração os portos podem alcançar os benefícios de aumentar e reservar capacidades e melhorar aquela utilizada. O acesso ao mercado internacional baseia-se na opção pela estratégia não-cooperativa ou na opção pela estratégia cooperativa (e.g. alianças estratégicas e outras). Tenha-se presente que as alianças estratégicas têm a ver com estratégias win-win entre competidores. A cooperação entre empresas que operam no mercado global é observada como mecanismo essencial para competir no mercado global (Ghoshal, 1987) o que é suportado pelo aumento do número de acordos colaborativos internacionais realizados (Culpan & Kostelac, 1993), possibilitando que a indústria ‘portuária’ se torne mais globalizada ao adoptar estratégias de negócio global. Coopetição A coopetição é uma forma de colaborar para competir. Trata-se de um modelo no qual uma rede de agentes coopera e compete para maximizar o valor através de relacionamentos, da partilha de informações e da integração e racionalização dos processos. A economia move-se em rede não estritamente em termos competitivos mas reconhece relações de cooperação para alavancar valor. Ao balancear-se com a outra componente que é a competição e que caracteriza a economia de mercado constitui-se o conceito de coopetição. Em geral ocorre depois de as empresas terem criado valor no mercado com vista a obter maior parte desse mercado, a melhorar os preços e a minimizar os custos, entre outros benefícios. A adopção do conceito de coopetição Dezembro 2009 permite perceber o negócio, porquanto com base na competição e cooperação as empresas podem obter vantagens por meio da sua mistura judiciosa (Brandenburger & Nalebuff, 1996). Verifica-se que o sucesso de grande parte das empresas está dependente do sucesso de outras, para o que se torna necessário competir para capturar o valor criado no mercado e proteger os seus próprios interesses. Em ambientes altamente competitivos, onde os rivais podem surgir de um momento para o outro em lugares inesperados, o que ocorre tradicionalmente em indústrias não-competitivas, a dinâmica das empresas valoriza a colaboração em coopetição. Esta expressão foi inventada por Noorda (1993). Por compreender o balanceamento entre competição e cooperação implica com as estratégias dos operadores que actuam no mesmo mercado ou em outro semelhante, socorrendo-se de uma estratégia win-win em vez da estratégia win-lose. Os negócios não podem realizar-se sem clientes e fornecedores o que leva à existência de competidores ‘naturais’. Contudo, ganha relevância um outro grupo muito importante que muitas vezes não é visível mas que é igualmente relevante por fornecer complementaridades em vez de serviços em competição e que são os chamados ‘complementares’, ou seja, parceiros que complementam os competidores (Brandenburger & Nalebuff, 1996). Estes asseguram esses tais serviços em cooperação, conferindo melhores condições para o sucesso numa lógica de alargamento das relações de interesse interligadas. Compreendese, então, que cooperar para competir pode caracterizar-se como um movimento ao encontro de alianças estratégicas entre as maiores empresas internacionais. u CARGO 23 u No caso dos portos a cooperação serve para se adaptarem a um padrão de distribuição de tráfego mais flexível através de vários portos de escoamento (UNCTAD, 1996). Avery (2000) considera as alianças estratégicas entre portos adjacentes de contentores como opção estratégica contra a opção equivalente desenvolvida pelos armadores de linhas de navegação, para sobreviver num contexto de crescente competição nos negócios. Saliente-se, no entanto, que na maioria das teorias modernas de negócio, a competição é vista como uma das principais forças que mantêm as empresas saudáveis e impulsionam a inovação. Em geral um parceiro competidor tem mais de um papel no jogo dos negócios, ao mesmo tempo que um competidor óbvio para uma empresa pode ser ‘complementar’ para outras. Não obstante, uma aliança estratégica pode reforçar ambos os parceiros contra outros exteriores e uma estratégia colaborativa pode ser mais aditiva que uma estratégia competitiva. A coopetição entre empresas pode ser altamente compatível e a sua estratégia mutuamente benéfica por dispor de diferentes objectivos e por essa mesma estratégia ser reforçada quando os parceiros estão combinados. Mesmo na competição entre parceiros (players) no campo dos negócios, há também oportunidades para a cooperação (Ghemawat, 1999). Para sobreviver ou para obter maiores ganhos, em certa medida, as empresas deverão alargar as suas ligações em coligação internacional e aprender como as gerir, antes mesmo de competir com outros (Frunio, 1988). A coopetição entre empresas é formalizada através de vários tipos de acordos cooperativos, nomeadamente, através da 24 CARGO participação de capital e de formas contratuais de colaboração. Os tipos de acordo colaborativo (Contractor & Lorange, 1988) podem assumir a forma de treino técnico, patent licencing, ‘buyback’ agreements, franchising, ‘know how’ licencing, acordos de serviço de marketing, non-equity co-operative agreements in exploration, parcerias na investigação, co-produção e equity joint venture. Constata-se que o maior parceiro competitivo global (player) de operações portuárias de contentores tem vindo a escolher a ‘equity joint venture’ como ferramenta estratégica na formulação de estratégias coopetitivas (Song, 2003). No entanto, os operadores portuários para entrar em novos mercados em outras partes do mundo consideram como ferramentas estratégicas mais apropriadas as ‘joint venture’. A coopetição portuária resulta num maior poder negocial contra o comércio regulado pelo governo, barreira ao investimento, mega-carriers e alianças de armadores. O objectivo essencial para os operadores privados reside em aumentar as vendas e os resultados. Neste caso, as autoridades portuárias ou organizações portuárias públicas consideram positiva essa estratégia por ajudar às economias de escala e contribuir para o bem-estar da economia. A coopetição pode realizar-se entre portos ou dentro do porto. Veja-se o caso dos portos numa região serem compelidos uns contra os outros, mas, ao mesmo tempo, trabalharem de forma cooperativa por interesse mútuo, adoptando uma estratégia coopetitiva que se distingue em duas formas: 1) intercompetição e cooperação; 2) intra-competição e cooperação (Figuras 2 e 3) Dezembro 2009 A competição entre portos é além do mais melhorada pelas fusões, take-overs e alianças entre companhias de navegação, que se concentram em prosseguir o máximo de quota de mercado e em minimizar os custos daí decorrentes. Assiste-se à racionalização do transporte mundial de contentores porque as grandes alianças de armadores de linhas ao optimizarem as suas frotas socorrem-se de maior número de portos de contentores. Esta acção dos armadores leva os operadores portuários a socorrerem-se de mecanismos de cooperação portuária para assegurarem o domínio de tráfegos e, em especial, de cadeias logísticas. Modelo conceptual de coopetição portuária A estratégia de coopetição é estruturada através da formulação de um grupo de objectivos e pela escolha de uma variedade de acordos cooperativos (Figura 4). Conclusões A estratégia de coopetição é desenvolvida especialmente pelos operadores portuários como forma de reacção à acção de concentração e domínio dos tráfegos pelos armadores globais que seguem na sua estratégia de controlo das cadeias logísticas. Este conceito conjuga de forma balanceada dependendo da situação a competição e a cooperação entre agentes. Em especial, em situações de elevada competição o recurso a estratégias de aliança possibilita maior aptidão para enfrentar os desafios. Em concreto, no caso dos operadores portuários e dos portos a estratégia coopetitiva deverá oferecer mais oportunidades com benefícios mútuos para os portos remodelarem as suas posições na indústria. Este texto é baseado no trabalho de Song (2003) Figura 4- Um modelo conceptual para a coopetição portuária Referências Avery, P. (2000). Strategies for Container Ports. A Cargo Systems Report. London: IIR Publication Limited. Brandenburger, A. & Nalebuff, B. (1996). Co-opetition. New York: Currency Doubleday. Cullinane, K., Khanna, M. & Song, D.-W. (1999). Economies of scale in large container ships. Journal of Transport Economics and Policy, 33, 185–208. Culpan, R. & Kostelac, E. (1993). Cross-national corporate partnerships: trends in alliance formation. In R. Culpan (ed.). Multinational Strategic Alliances. New York: International Business Press, 103–122. Frunio, A. (ed.) (1988). Co-operation and Competition in Global Economy: Issues and Strategies. MA: Balinger. Ghemawat, P. (1999). Strategy and the Business Landscape: Text and Cases. Reading. MA: Addison-Wesley. Ghoshal, S. (1987). Global strategy: An organising framework. Strategic Management Journal, 5, 425–440. Dezembro 2009 McCalla, R., 1999, Global change, local pain: intermodal seaport terminals and their service areas. Journal of Transport Geography, 7, 247–254. Noorda, R. (1993). Co-opetition. Electronic Business Buyer, December, 8–12. Porter, M. E. (1980). Competitive strategy: Techniques for analyzing industries and competitors. N. Y.: Free Press. Porter, M. E. (1985). Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance. N. Y.: The Free Press. Song, D.-W. (2003). Port co-opetition in concept and practice. Maritime Policy & Management, 30 (1), 29-44. UNCTAD, 1996, Potentialities for Regional Port Co-operation, NCTAD/SDD/ PORT/5, Geneva. *Presidente do Centro de Estudos de Gestão (CEGE) do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG/UTL) e director científico do curso de Pós-Graduação em Gestão do Transporte Marítimo e Gestão Portuária. CARGO 25 Lidas & ouvidas "Os espanhóis querem rever as prioridades da rede ferroviária de mercadorias. A partir de Janeiro, vão reunir uma comissão que redefinirá prioridades". Carlos Correia da Fonseca Secretário de Estado dos Transportes "A linha da Beira Alta é outro sinal do bom entendimento com Espanha. Os troços da fronteira a Salamanca e a Medina del campo serão modernizados. Os espanhóis querem velocidades de projecto de 200 a 250 km por hora, mas será difícil, devido à orografia da Beira, respondermos pela mesma velocidade". Idem "O comércio externo representa um dos mais poderosos estímulos à recuperação da economia". Vieira da Silva Ministro da Economia "O endividamento externo de Portugal passou de 41% do PIB há dez anos para 105% agora. É o resultado de empréstimos feitos pelo estrangeiro ao Estado português, às empresas (nomeadamente bancos) e – indirectamente, via crédito bancário – às famílias. Muitas pessoas começam, com razão, a preocupar-se com a crescente dívida externa. Viver a crédito não é sustentável por muito mais tempo". Francisco Sarsfield Cabral Jornalista [A ligação ao aeroporto de Sá Carneiro e ao Porto de Leixões era fundamental se em causa estivesse] “de facto, a intenção de transportar as nossas mercadorias para Espanha, e melhorar as acessibilidades. Para isso era necessário que a linha fosse construída em bitola europeia, e a anterior secretária de Estado nunca assumiu sequer isto, com frontalidade. A ligação Porto-Vigo não era mais do que uma derivação a partir de Braga, uma migalha para tapar os olhos”. Rui Moreira Pres. da A. Comercial do Porto 26 CARGO A CARGO há 15 anos Setúbal, porto do futuro A CARGO número 42, de Dezembro de 1994, destacava a consagração de “Setúbal como porto do futuro”, na sequência da realização das II Jornadas daquele porto, à altura dirigido por Coelho da Mota. Em carteira estava a aquisição do segundo pórtico de contentores, e a dragagem para navios Panamax. Na capa surgiam também as empresas portuárias de Leixões que se juntavam num só sindicato, as redes transeuropeias de transportes, que deveriam estar prontas em 2010, e os “apetites hegemónicos” da RENFE. O porto de Aveiro, na altura ainda gerido por uma Junta Autónoma, dirigida por Lauro Marques, apoiava a comunidade envolvente e encetava diversas acções para que todos os resíduos de hidrocarbonetos fossem recebidos e tratados segundo as normas da Convenção MARPOL. Nesse âmbito, a Estação de Tratamento de Produtos Oleosos do porto apenas aguardava licenciamento para iniciar a laboração. Em Lisboa batia-se um recorde, ao embarcar 3000 toneladas de cargo a bordo do “Aliança Brasil. A Rocha do Conde de Óbidos ia sofrer remodelações e falava-se do tráfego das Ilhas poder vir a ser desviado para Santa Apolónia. No VIII Encontro dos Agentes de Navegação defendia-se que os portos deveriam ter uma gestão agressiva, e uma autoridade portuária única. A APL adjudicava à Somague a remodelação do Cais da Rocha, que via desaparecer o aterro e pergiar a estabilidade da muralha. Tinha sido lançado o concurso público internacional para a construção do cais do futuro terminal de cruzeiros de Santa Apolónia. A Transinsular enviava a Setúbal, para se inteirarem das condições entretanto ali criadas, os seus operacionais João Carvalho (administrador), Libânio Pires (director comercial) e Cândido Lameiras (director de Linhas). Brito da Silva assumia a presidência da CP, por troca com igual cargo na extinta Rodoviária Nacional Investimentos e Participações (RNIP). Na rodovia, Bruxelas mostrava-se disponível para financiar a ligação Lisboa-Valladolid. No aéreo, a IATA previa que o tráfego de carga crescesse até 1998. n Agenda - Congressos & Seminários 07.04.2010 Logitrans- Salão Profi-ssional de Logística, Transportes, Equipamentos e Armazéns Centro de Congressos do Estoril INTERNACIONAIS 28.01.2010 - 29.01.2010 4th Intermodal Asia 2010 Sydney (AU) 25/03/2010 - 26/03/2010 4th Indian Ocean Ports and Logistics 2010 Mauritius (MU) 06.04.2010 - 08.04.2010 Intermodal South América São Paulo (BR) 07.07.2010 - 09.07.2010 IAME2010 Lisbon (PT) Dezembro 2009 Marítimo A SITANK – Agência de Navegação é a primeira agência de navegação a estabelecer-se em Sines. Detida actualmente por David José de Pinho, filhos, S.A., pela NAIP – Navegação, Agência Internacional Portuguesa, S.A. e pelo Grupo Vasco Gallega, a empresa está a construir instalações de armazenagem (na foto) localizadas na zona intra – portuária denominada ZALSINES (Zona de Actividades Logísticas). Está já praticamente concluída uma nave logística implantada numa superfície de 5 545m2, dos quais 2 745m2 de área coberta, 450m2 de área administrativa, outro tanto de parqueamento operacional (maquinaria e outros) e 1 900m2 de logradouro e cais. Já no início do próximo ano a empresa deverá estar em condições de oferecer aos as actividades de armazenagem, consolidação/desconsolidação de contentores, distribuição, etc. O Angola Shuttle Service da OT Africa Line passa a oferecer serviços directos dos portos de Leixões e Lisboa para o porto angolano do Lobito já a partir do início de 2010. As ligações directas começarão com o navio ‘Helene Rickmers', que toca Leixões no dia 3 de Janeiro e Lisboa três dias mais tarde. A chegada ao porto do Lobito está prazada para 19/01/10 e para Luanda dois dias mais tarde. Também o Angola Shuttle Dezembro 2009 da Delmas passa a escalar o porto do Lobito estando a chegada do primeiro navio prevista para 3 de Janeiro e a Luanda para 5 do mesmo mês. é da categoria post-Panamax, capaz de alcançar 16 contentores, o que em termos práticos significa que terá uma lança de 46 metros de comprimento. terminada que foi, com sucesso, a auditoria de certificação, segundo a norma NP EN ISO 9001:2008. A Eurocrane foi admitida ao concurso para o fornecimento de um pórtico de cais pela entidade francesa Ports de France, que gere os portos daquele país. O concurso decorre até ao próximo dia 15 de Janeiro. A máquina em causa A APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, S.A. obteve da Lloyd’s Register Quality Assurence, organismo independente de reconhecido mérito internacional e devidamente acreditado, a Certificação de Qualidade, Ao contrário do que se escreveu no número anterior da CARGO, a Tersado é detida em 65% pela Setefrete, em 25% pela Mota–Engil e em 10% pelo Grupo ETE. As nossas desculpas pela involuntária imprecisão. IMPRECISÃO CARGO 27 MSC Portugal abre terminal próprio no Entroncamento O novo Terminal MSC no Entroncamento concentra a actividade até agora desenvolvida em Riachos: terminal rodo-ferroviário, parque de contentores e armazém alfandegado. Ocupando uma área de 50.000 metros quadrados, esta infra-estrutura representa um investimento superior a 9 milhões de euros. O terminal dispõe de acessos rodoferroviários directos, permitindo maior autonomia, facilidade e rapidez na entrada e saída de contentores e preencherá os requisitos necessários para receber todo o tipo de mercadorias para despacho, quer à importação, quer à exportação e ao transbordo em regime de trânsito. O novo armazém, com uma área de 3 mil metros quadrados, integrará igualmente uma zona para consolidação e desconsolidação de contentores, separação, classificação e etiquetagem e todas as operações logísticas que venham a ser necessárias à recepção ou distribuição de mercadorias A MSC é uma das maiores emoresas mundiais de transporte de contentores com cerca de 400 navios, a ligar os principais portos de todo o mundo. Em Portugal, a MSC escala os portos marítimos de Leixões e Sines, operando 28 CARGO ainda em portos secos de modo a garantir uma ampla cobertura nacional. O transporte de e para os portos secos da Bobadela, Entroncamento e Mérida, em Espanha, é efectuado por ferrovia, ligando esses terminais ao de Sines. O Terminal de Contentores de Sines, Terminal XXI, tem vindo a ser desenvolvido de forma a aumentar substancialmente os números de contentores em circulação, com o propósito de tornar Sines num dos maiores portos europeus. Até 2015, está previsto o investimento de 200 milhões de euros em infra-estruturas e equipamentos, de forma a aumentar a sua capacidade anual para 1 milhão e 400 mil teus. Este aumento terá inegáveis consequências positivas na economia e no desenvolvimento da região, nomeadamente nas actividades logísticas e industriais que estão a ser atraídas, gerando um elevado número de postos de trabalho e dotando-a de importantes comunicações rodo-ferroviárias, sendo de salientar a ligação directa a Madrid. A MSC movimenta actualmente 12 comboios semanais entre Sines e o Entroncamento. Graças ao recente protocolo foi implementado o sistema Plug-In que permite o transporte ferroviário de contentores refrigerados, mantendo as condições ideais de conservação das mercadorias perecíveis. A MSC Terminal do Entroncamento SA está estrategicamente localizada na linha divisória entre o Norte e Sul do país, numa zona com grande potencial logístico e em constante crescimento. O novo terminal MSC é um projecto que junta modernização, inovação e funcionalidade, trazendo uma importante mais valia para este centro económico. Uma estrutura deste tipo com as suas características de autonomia aduaneira e operacional, facilidade de escoamento e posição geográfica privilegiada representa uma garantia segura de investimento e uma sólida aposta no futuro. Para além da área já mencionada, a MSC dispõe ainda de 150.000 metros quadrados adjacentes ao terminal. Essa zona será objecto de loteamento para actividades logísticas e industriais, tendo em vista clientes interessados em gerir as suas próprias infra-estruturas no local. Esta nova estrutura irá certamente contribuir de forma activa no desenvolvimento da região, atraindo novos mercados e novos investidores, criando postos de trabalho e estimulando o crescimento da economia da zona centro. n Dezembro 2009 Disfalog distribui medicamentos em Angola e Moçambique A empresa de distribuição e logística Disfalog, detida a 100% pelo grupo Cofanor, prevê atingir no primeiro ano de actividade um volume de negócios superior a meio milhão de euros, sendo 60 por cento deste valor referente à exportação para os mercados africanos, nomeadamente Angola e Moçambique. A entrada nestes países foi possível através de uma parceria com a Galeno, empresa sedeada em Luanda e com capitais 100% angolanos. A internacionalização do Grupo Cofanor foi o principal objectivo da constituição da Disfalog que tem tido uma consolidada evolução no mercado. Com uma gestão comercial e estratégica autónoma, a Disfalog é já reconhecida como parceiro válido por algumas empresas farmacêuticas nacionais, assim como estrangeiras a operar em Portugal. Com apenas um ano de existência, representa já mais de 200 produtos Dezembro 2009 de farmácia em Portugal e nos países africanos de língua oficial portuguesa. Recentemente assegurou, em Angola e Moçambique, a representação de várias empresas farmacêuticas, entre as quais se contam os Laboratórios Edol, Korangi, Paracélsia, as linhas de cosmética premium Lierac e Phyto, e os produtos ortopédicos da InterOrto. Outra das grandes apostas da Disfalog, quer em Portugal quer nos mercados africanos, é a gama de cuidados diários para a pele da Farline, que está a ser lançada em Moçambique, e tem já grande aceitação em Angola, onde está desde o primeiro semestre de 2009. Com um volume de negócios de 13,5 milhões de euros em Espanha, a Farline é também um sucesso no país vizinho. O alargamento da exportação a outros mercados africanos está também nos planos da empresa para o próximo ano. n Madrid acolheu debates ICIL Espanha não pode “ter 28 portos generalistas, os portos espanhóis devem especializar-se em tráfegos”. Esta é a opinião de Javier Fernández, director de logística da Consultora Prointec, que falava por ocasião da V Edição dos Debates ICIL, à qual a CARGO se associou como "media partner", e que juntou no passado dia 26 de Novembro, em Madrid, perto de 230 profissionais do sector da logística. Em cima da mesa estiveram questões como o papel de Espanha para logística europeia, o papel do caminho-de-ferro e a automatização. Sobre as conclusões do encontro, Pere Roca, presidente do Comité Executivo da Fundação ICIL, salientou que “os clientes das plataformas logísticas reivindicam eficiência em custos e serviços, o que levará a concentrações e fusões”. n CARGO 29 Mercadorias na agenda da alta velocidade ibérica O Governo espanhol comprometeuse em colocar na sua agenda de prioridades a electrificação da linha ferroviária que liga a fronteira portuguesa a Salamanca, Medina del Campo e Madrid, soube-se no final da reunião entre o ministro do Fomento de Espanha, José Blanco, e o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça. Trata-se de um avanço importante na circulação de comboios com recurso a tracção eléctrica, fundamental para o escoamento de mercadorias a partir dos portos portugueses de e para a região da Beira Alta, bem como para o tráfego de passageiros, permitindo a ligação em SudExpress até à capital Francesa com mudança em Irun. Actualmente a linha apenas está electrificada em percurso português (até à fronteira em Vilar Formoso). O Governo espanhol entende também como prioritária a beneficiação e electrificação do troço Badajoz-Puertollano (nesta localidade espanhola entronca com a linha Algeciras-Madrid), o que terá um impacto considerável no transporte de mercadorias de Sines a Madrid. Os Governos dos dois países reafirmaram a sua vontade, determinação e empenho em avançar com os projectos de Alta Velocidade, reconhecendo como prioritária a ligação Lisboa-Madrid, comprometendose, com esse objectivo, a impulsionar os trabalhos necessários à sua concretização, e acordaram na assinatura, no primeiro semestre de 2010, do Convénio para o projecto de exploração, o modelo de negócio, contratação e financiamento da Estação Internacional do Caia. Serão criados dois grupos técnicos de trabalho, respectivamente, para as ligações Lisboa-Madrid e Porto-Vigo os quais deverão, através de um acompanhamento mais próximo e amiúde, identificar os aspectos mais complexos da execução desses projectos, nomeadamente a nível geológico e de engenharia, e eventuais constragimentos. Relativamente à linha Porto-Vigo, o grupo técnico deverá fazer uma análise das implicações do projecto numa vertente mista (mercadorias e passageiros), ou apenas na vertente de passageiros mantendo-se a linha convencional para mercadorias. Esses grupos de trabalhos deverão apresentar relatórios conclusivos até ao final do primeiro trimestre de 2010. Porto-Vigo com dois anos de atraso O ministro das Obras Públicas, António Mendonça, confirmou que a linha Porto-Vigo só estará concluída em 2015, dois anos depois do previsto e como já tinha sido admitido, há alguns meses, por responsáveis do governo autónomo da Galiza. O Governo português foi apanhado de surpresa pelo ministro do Fomento espanhol com o atraso da Alta Velocidade Porto-Vigo, revelou fonte do MOPTC após a reunião. José Blanco indicou que será elaborado um novo estudo para a ligação PortoVigo, porque o traçado definido para esta linha tem uma orografia “muito complicada”, em particular no troço entre Vigo e Porriño. Segundo o ministro do Fomento espanhol, José Blanco, esta ligação está dependente ainda de uma Declaração de Impacto Ambiental, além de ser necessário resolver alguns problemas em Vigo, nomeadamente de alguma oposição ao projecto. A ligação Porto-Vigo em TGV terá 125 quilómetros.n A ADFER-SIT (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento de Sistemas Integrados de Transportes) congratula-se, em comunicado, com “a recente decisão do Governo de construir a ligação ferroviária ao porto de Sines, em bitola europeia". "Esta decisão vai permitir o transporte directo (sem transbordos) de mercadorias entre aquele porto nacional e a generalidade das regiões servidas pelas redes de bitola europeia, em Portugal, na Espanha (designadamente Madrid) e além Pirinéus". Uma opção que "tem que ser progressivamente alargada aos outros principais portos nacionais e implicar outros aperfeiçoamentos na futura rede ferroviária, nomeadamente a construção da nova Linha Poceirão – Sines – NAL em via dupla e bitola europeia; a eliminação do projecto de via única de bitola ibérica entre Évora e Elvas; a passagem da nova Linha Lisboa – Madrid pelo NAL; e a reponderação da nova travessia ferroviária do Tejo, tendo em conta o aperfeiçoamento da nova rede e outras condicionantes técnicas e económicas". A ADFER-SIT salienta "a indispensabilidade de toda a futura rede de bitola europeia e alta velocidade dever ser repensada, de uma forma plenamente integrada com todo o sistema de transportes de passageiros e de mercadorias, designadamente com os sistemas portuário, aeroportuário e metropolitano. 30 CARGO Dezembro 2009 rodoferroviário & logística A ligação ferroviária entre o terminal multimodal de Cacia e o porto de Aveiro está praticamente concluida. A obra é da responsabilidade da Refer, que garantiu aos responsáveis do porto aveirense a conclusão ainda antes do fim deste mês. Neste momento, os comboios de construção da própria via circulam na totalidade do trajecto, transportando a brita, as travessas e os carris, 24 horas por dia. Ambos os terminais do porto de Aveiro já têm, nos diferentes cais, os carris prontos a receber as composições, um trabalho que foi sendo executado à medida que iam sendo construídos. O comboio poderá, pois, passar a operar a partir de inícios de Janeiro próximo, embora o terminal mais antigo, e também mais exíguo, o denominado “Sul”, nesta fase não seja contemplado com a ligação ao terminal de Cacia. No entanto, o trajecto que está prestes a ser inaugurado já integra as agulhas de mudança de direcção que, num futuro desenvolvimento, permitam levar as composições até à muralha também neste terminal. A APCER (Associação Portuguesa de Certificação) renovou a certificação de qualidade das empresas DLS - Distribuição Luís Simões, S.A., TLS - Transportes Luís Simões, S.A. e LSLI - Luís Simões Logística Integrada, S.A. A Reta - Locação e Gestão de Frotas, S.A., além da renovação da certificação obteve ainda a extensão da certificação ao serviço de venda de semi-reboques (sendo que anteriormente apenas havia certificado o serviço de aluguer) e a oficina do Carregado da Socar - Equipamentos de Transporte e Serviços Técnicos, S A. obteve este ano pela primeira vez a certificação de qualidade. A entrega formal dos certificados pela APCER teve lugar a 10 de Novembro de 2009, aquando do IV Fórum da Qualidade LS, no Carregado. passará a deter a pasta da Indústria, SiimKallas, até agora comissário responsável pelos Assuntos Administrativos, Auditoria e Luta Anti-fraude, irá também manter o actual cargo de vice-presidente da Comissão Europeia. Os Assuntos Marítimos e Pescas serão dirigidos pela grega Maria Damanaki. Barroso disse que a principal tarefa do seu novo gabinete será a de relançar o crescimento económico. O novo colégio de comissários deverá tomar posse no início do próximo ano, mas primeiro precisa da aprovação do Parlamento Europeu, a quem será apresentado de 11 a 19 de Janeiro. equipa no local. Além disso, a Panalpina foi nomeada transportadora preferencial para charters oceano de cargas heavylift. Parceiros há mais de 30 anos na indústria de petróleo e gás, a Vallourec e a Sumitomo Metals Industries iniciaram recentemente a construção de uma fábrica de tubos de aço, um investimento orçado em 1,6 mil milhões de dólares. Sob a marca VSB Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil, o grupo espera tornar-se um dos maiores produtores de tubos de aço no mundo, alcançando uma produção anual de cerca de 600.000 t de tubos de aço, destinados principalmente à indústria do petróleo. A empresa de transporte urgente Nacex antecipou em uma hora o serviço Nacex 13:00, passsando a entregar até às 12 horas em toda a Península, incluindo Andorra, Ilhas Canárias e Baleares, e nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla (norte de África). Esta redução, sem custos adicionais para os clientes, fica a dever-se aos ganhos proporcionados pela centralização do sistema informático e da base de dados da transportadora. O Grupo Rhenus encarregou-se das operações logísticas da Red Bull na Ucrânia através da sua filial Rhenus Revival, uma das líderes na Europa de Leste. Graças a este acordo, a Rhenus trata da armazenagem para este país dos produtos da Red Bull, da distribuição nacional e dos serviços de recolha de resíduos. A Rhenus também tem a responsabilidade de que todas as mercadorias cheguem aos retalhistas em perfeitas condições. Os primeiros envios de mercadoria foram geridos pela Rhenus em meados de Março. O Grupo Paulo Duarte, ligado ao sector de transportes rodoviários de mercadorias a nível nacional e internacional, conta já com novas instalações situadas em Lamego. Esta nova presença resulta da deslocalização da sede que a Transportauto – uma das empresas que integram o Grupo – detinha no Pinhão. A mais recente plataforma de representação estará fixada na zona industrial de Lamego – cidade escolhida por se tratar de uma localização mais central. As novas instalações contam com uma área coberta de 10 mil metros quadrados e resultam de um investimento de cerca de um milhão de euros. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, vai propor o estoniano Siim Kallas para comissário da União Europeia para o transporte (mandato 2010-2015). Kallas tem 61 anos, é um dos cinco vice-presidentes da equipa de Barroso e já exerceu o cargo de primeiro ministro da Estónia. A exemplo de António Tajani, que A Panalpina Brasil ganhou a operação logística da nova fábrica (situada em Minas Gerais) da VSB, uma joint venture entre a empresa francesa Vallourec e a japonesa Sumitomo Metals Industries. Além da gestão de fretes, a Panalpina será responsável pela monitorização e rastreamento de toda a carga e também irá tratar da logística nacional com uma Dezembro 2009 A STEF-TFE, o player de referência na logística sob temperatura controlada na Europa, acaba de proceder a um aumento de capital da sua filial, SDF Ibérica, num montante de 30 milhões de euros. O objectivo fundamental desde aumento é apoiar o desenvolvimento iniciado há alguns anos em Portugal e Espanha. CARGO 31 Um cliente, passageiro ou exportador, maltratado num aeroporto, pode ser um cliente perdido para sempre. Além disso, pode aconselhar outros clientes a não utilizarem a companhia que lhe prestou um mau serviço A indústria de transporte aéreo está a atravessar uma fase de muitas dificuldades económicas e financeiras. É uma situação complicada que se agravou com a crise económica global e que não poupa ninguém. Por isso, afecta, directa ou indirectamente, todos os J. Martins Pereira que trabalham na indústria, dado que Coutinho* começa nas empresas construtoras de aviões e termina nos mais modestos trabalhadores das companhias de aviação. Como profissional da aviação comercial desde 14 Abril de 1958, temos tido o privilégio de acompanhar os acontecimentos positivos e negativos do transporte aéreo e também os eventos que tiveram maior impacto negativo na vida da indústria. No entanto, nenhum deles nos parece que tenha sido tão negativo para a indústria como o actual, devido à prolongada crise económica global. Curiosamente, em todas as crises económicas, o factor comum que sempre afectou as companhias de aviação, foi o preço dos combustíveis. Contudo, salvo melhor opinião, o preço do combustível nunca esteve tão elevado como durante a crise do petróleo, no período de 1970. Apesar da gravidade da actual crise económica, julgamos que os presidentes – executivos das companhias de aviação não podem ter a tentação de afirmar que o preço dos combustíveis é o único factor responsável pelos prejuízos acumulados pelas suas empresas. Ou seja, o preço do combustível – que tem vindo a baixar desde 2008 - não pode servir de desculpa para a sua inércia, ou para camuflar os seus erros estratégicos de gestão. Como em qualquer outra empresa comercial ou industrial, o presidente – executivo duma companhia de aviação deve ter uma estratégia de negócio a curto e longo - prazos e deve controlar e cumprir o que promete aos seus clientes, nos diversos mercados. Doutro modo, corre o risco de perder negócios e credibilidade nos mercados onde opera. Como exemplo duma gestão de sucesso na aviação comercial, temos a Singapore Airlines que tem conseguido ser consistentemente lucrativa. Apesar deste exemplo de boa gestão, é um facto que o aumento do custo do combustível também contribuiu para a mudança da estrutura dos custos das companhias de aviação. No entanto, algumas companhias, para obterem uma significativa poupança nos custos operacionais, decidiram reduzir a sua oferta de capacidade e colocaram alguns dos seus aviões em parques de estacionamento. Por exemplo, no horário de Inverno de 2008, a Ryanair parqueou alguns dos seus aviões 32 CARGO Transporte Aéreo e o "Groung Handling" em Stansted e Dublin e retirou-se completamente de outros aeroportos. Tudo isto para evitar o agravamento da situação e conseguir uma situação financeira mais equilibrada. Lamentavelmente, nem todas as companhias de aviação têm a preocupação de actuarem atempadamente e de preverem o seu futuro, de modo a evitarem eventuais fracassos financeiros. Normalmente, são as companhias de aviação estatais que têm este tipo de comportamento danoso, talvez por saberem que os seus prejuízos serão da responsabilidade dos Estados e pagos com o dinheiro do erário público. Por isso, na maioria dos casos, estas companhias de aviação acabam por ser ninhos de gente incompetente escolhida pelos governantes, devido à sua confiança política e não ao seu mérito profissional. Em todo o caso, reconhecemos que em muitas dessas companhias há também muita gente competente e honesta. O problema é que, na maioria dos casos, os profissionais competentes são marginalizados pelos incompetentes que, normalmente, não permitem que haja alterações na organização das empresas. Tudo é controlado ao mais ínfimo pormenor pelos bajuladores de serviço. Assim, não há companhia de aviação que consiga sobreviver à incompetência de quem a dirige. Talvez por isso, poucas companhias de aviação estão no caminho certo e com uma estratégia de competitividade a longo – prazo, de modo a poderem desenvolver novos modelos de negócio focados na perspectiva e no interesse do cliente. Apesar de haver presidentes – executivos de companhias de aviação que afirmam publicamente que o seu objectivo é o lucro da empresa, a verdade é que os seus actos de gestão não correspondem às suas afirmações. Por outro lado, esses responsáveis deviam vencer a sua histórica dependência do Estado e das suas rotas protegidas… Se o não fizerem, as alternativas são a falência e uma presença irrelevante nos seus mercados. Curiosamente, a situação em Portugal é muito semelhante ao que passa nalguns países acusados de não serem democráticos, onde as empresas de transporte aéreo são tuteladas pelo Estado e dirigidas por gestores públicos escolhidos pelo Governo. Por essa razão, tais escolhas não são feitas por serem competentes, mas por serem obedientes e dependentes de quem os nomeou. Logo, um gestor público invertebrado corre o risco de ser uma marionete nas mãos do governante que o escolheu e nomeou para o cargo que exerce. Por isso, as empresas públicas de transporte aéreo, devido a este maquiavélico controlo governamental, não têm qualquer hipótese de terem sucesso empresarial, nem de serem lucrativas. Dezembro 2009 Como prova desta nociva actuação, temos a situação da TAP e das outras empresas do grupo. A TAP, se fosse uma empresa privada, já teria fechado as portas devido à grave situação financeira em que se encontra desde há alguns anos. Daí, a turbulência e a desmotivação que existem na empresa. Entretanto, para poupar alguns milhões de euros, a TAP, que é responsável por cerca de 50% das aterragens e descolagens no Aeroporto de Lisboa, decidiu evitar a utilização das mangas instaladas na aerogare, obrigando a maioria dos seus passageiros a viajarem desconfortavelmente de autocarro entre a aerogare e o distante local de parqueamento dos seus aviões e vice-versa. Este é um dos vários aspectos negativos da assistência oferecida pelo “ground handling” da TAP, aos seus clientes. Possivelmente, o seu presidente -executivo não sabe, ou não quer saber, que o sucesso da empresa depende mais da qualidade da assistência em terra e da pontualidade dos seus voos, do que da muita publicidade que é feita na comunicação social, para vender os diferentes produtos que oferece no mercado. Na verdade, ao contrário do que afirmam alguns responsáveis, um serviço de “ground–handling” rápido e eficiente pode ser a chave do sucesso de qualquer companhia de aviação. Talvez não saibam que um cliente, passageiro ou exportador, maltratado num aeroporto, pode ser um cliente perdido para sempre. Além disso, pode aconselhar outros clientes a não utilizarem a companhia que lhe prestou um mau serviço. Antes de mais, gostaríamos de informar que o “groundhandling” abrange os serviços prestados nos aeroportos pelas próprias companhias de aviação, ou por empresas especializadas na assistência a aviões e passageiros e na movimentação das suas bagagens, carga e correio. É um serviço complexo e extremamente importante para o sucesso comercial das companhias de aviação e da indústria de transporte aéreo. Daí, a exigência de ser eficaz e eficiente, para não causar atrasos na chegada das bagagens aos tapetes rolantes aeroportuários e para evitar a perda de bagagens e de carga, entre o local de estacionamento do avião e o respectivo terminal. Ou seja, é um serviço que exige competência profissional e disciplina laboral, dado que o atraso ou a perda de bagagens, ou de carga e correio, causa grande descontentamento nos clientes, que podem apresentar as suas reclamações e exigir indemnizações pelos danos ou prejuízos causados. Por todas estas razões, estranhámos ouvir recentemente o administrador -delegado da “Groundforce”, empresa de “handling” do grupo TAP, afirmar no Seminário de Transporte Aéreo, realizado no Porto, que “a Groundforce ainda não é um caso de sucesso”… Ou seja, reconheceu, publicamente, que a empresa que dirige continua a prestar um mau serviço e a ser mal gerida! Se não foi imprudente na sua afirmação, faltou-lhe a coragem para admitir que a culpa da falta de sucesso e de competência na empresa, só pode ser da sua Administração e não dos seus 2.800 trabalhadores. Por outro lado, não se inibiu de denegrir a actuação dos seus trabalhadores e de criticar os salários que auferem, quando, segundo consta, o seu ordenado mensal é de 17.400 euros! Depois, manifestou-se contra o contrato de trabalho da empresa, que o impede de fazer despedimentos arbitrários. Além disso, também criticou o seu antecessor ao afirmar que quando chegou à empresa era o caos; que não havia processos de organização; que não havia resultados de gestão; que não havia objectivos estratégicos; que não havia planos operativos; que havia milhões de euros para cobrar; que os clientes não pagavam à empresa; que estava tudo desorganizado e desalinhado; etc.. Ou seja, o administrador-delegado da “Groundforce” elogiase a si próprio e, na falta de outros atributos, julga-se um herói, ou o salvador da empresa... No entanto, a empresa em 2009 tem milhares de movimentos a menos que em 2008. E está numa crítica situação financeira, devido aos elevados prejuízos acumulados. A empresa sobrevive à custa dos subsídios da TAP. E, segundo a sua afirmação, paga o dobro das taxas cobradas a outras companhias de aviação, o que, além de ser um escândalo, é um esbulho pago com o dinheiro do erário público! Por fim, o administrador-delegado da “Groundforce” confirmou os escandalosos prejuízos da empresa: 30 milhões de euros em 2007; 38 milhões de euros em 2008 e 30 milhões de euros em 2009. Para 2010, a sua previsão de prejuízos é de 19 milhões de euros! Estes são os resultados duma gestão genial!... E o mais grave é que, quando lhe perguntámos quem pagava todos estes prejuízos, a sua resposta foi também ela genial: “TODOS NÓS”! Ou seja, os Portugueses que pagam impostos ao Estado. Neste caso, muitos milhões de euros para sustentar presunçosos e incompetentes… A companhia conta com a colaboração de um agente de carga aérea. n [email protected] Especialista em Carga Aérea Transporte Aéreo, Exportação e Aeroportos Da autoria do nosso distinto colaborador J. Martins Pereira Coutinho, está já nos escaparates das livrarias a obra "Transporte Aéreo, Exportação e Aeroportos". Trata-se da segunda obra do autor, uma actualização de textos recentemente editados na CARGO e noutras publicações. "O J. Martins Pereira é, de facto, um especialista e um assíduo estudioso das matérias que se prendem com o Transporte Aéreo" - José S. Celestino - Advogado 15 euros Pedidos a Cargo Edições Lda Dezembro 2009 "... está escrito de uma forma leve e agradável que aproxima o leitor das questões tratadas, sem ser monótono, enfadonho ou demasiado superficial" - J. Paulino Pereira, professor (IST) CARGO 33 Aéreo A FedEx Express desenvolveu o primeiro sistema automático de supressão de fogo a bordo de aeronaves, incrementando o nível de segurança durante os voos internacionais transoceânicos. Em Abril deste ano, a FedEx Express deu início à instalação da tecnologia Fire-Supression System (FSS) nas aeronaves de carga MD-11, os pilares da frota aérea internacional FedEx. Cada instalação implica aproximadamente 700 horas de trabalho e estará concluída nas 59 aeronaves MD11 no início de 2011. A FedEx também pretende instalar este sistema nos novos Boeing 777, que começarão a sua actividade ao serviço da empresa no início do próximo ano. TAP obrigada a vender a Groundforce A Autoridade da Concorrência (AdC) proibiu a operação de concentração entre a TAP e a empresa de assistência em terra SPDH - Serviços Portugueses de Handling (Groundforce) e vai obrigar a transportadora aérea a vender a empresa "em prazo considerado adequado". A AdC impõe ainda que, até à data da alienação dos 50,1% que a TAP detém na SPDH a gestão seja efectuada por um mandatário. A AdC afirma que os mercados relevantes para o negócio que suscitaram esta medida foram a prestação de serviços de assistência em escala (handling) nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo, ao transporte aéreo de passageiros nas rotas com origem ou destino num dos aeroportos envolvidos na operação de concentração e o transporte aéreo de carga. EasyJet, uma das maiores companhias aéreas europeias de baixo custo, dará brevemente início ao transporte de carga em voos seleccionados. Trata-se de um projecto em fase experimental, sendo aceites apenas pequenos volumes, por forma a que a elevada rotação dos aviões da companhia nas placas dos aeroportos não seja afectada. A importância de manter o ritmo elevado da operação foi a principal razão para só agora a companhia se abalançar neste segmento, e tirar partido dos porões das aeronaves que opera. Inicialmente a experiência vai resumir-se a algumas rotas de e para o aeroporto londrino de Gatwick. A companhia conta com a colaboração de um agente de carga aérea. Um Airbus 310 da companhia USL, procedente da República Popular da China, com 38 toneladas de mercadorias, inaugurou a 25 de Novembro o tráfego internacional do terminal de carga do recém inaugurado aeroporto de Ciudad Real (Espanha). O voo fez várias escalas técnicas nos aeroportos de Karagandá (Kazaquistão) e Istambul (Turquia) depois de ter descolado do aeroporto chinês de Tianjin. A operação fica a assinalar a abertura do aeroporto a um dos mercados mais importantres do mundo. Assinale-se que a China era, até ao passado mês de Julho, o quarto mercado de importação (por valor) de Espanha, só superado por Alemanha, França e Itália. A TAAG foi autorizada pelas autoridades europeias a aumentar o número de aeronaves utilizadas nas suas operações aéreas com destino a Portugal. A actualizção da «lista negra» europeia das companhias de transporte aéreo proibidas de voar no espaço dos 27, manteve a TAAG entre as companhias a operar com restrições e sob determinadas condições, mas permitindo a utilização de mais aparelhos face aos progressos realizados pela transportadora. A CE reconhece «os grandes esforços desenvolvidos pela autoridade angolana da aviação civil e pela TAAG para resolver progressivamente os problemas de segurança», pelo que a TAAG é «autorizada a aumentar o número de aeronaves utilizadas nas suas operações aéreas com destino a Portugal». JAL obtém novo empréstimo A maior transportadora da Ásia, a Japan Airlines (JAL), anunciou ter assegurado um empréstimo do Banco de Desenvolvimento do Japão (estatal) no valor de 100.000 milhões de ienes (755 milhões de euros), que lhe permitirá continuar a operar. Imersa numa crise sem precedentes, a primeira companhia áerea nipónica estava pendente desde há semanas de receber novo empréstimo daquele banco, o seu maior credor, tendo o Governo dado finalmente autorização, anunciou a agência Kyodo. Foi a 4ª vez, desde 2001, que a companhia japonesa conseguiu persuadir o governo a autorizar a concessão de um empréstimo para manter a actividade. Este mês, a JAL anunciou perdas recorde de 977 milhões euros no primeiro semestre do ano fiscal, prevendo despedir até 2015 cerca de 13.000 dos seus 489.000 empregados. A dívida actual da transportadora ascende a cerca de 15 mil milhões de dólares, afigurando-se pouco provável que alguma vez venha a resolvê-la com os proventos da actividade. DIRECTOR Luís Filipe Duarte * CHEFE DE REDACÇÃO Raquel Sales * REDACÇÃO Joaquim Fonseca, João Cerqueira, Romeu Barroca * COLABORADORES ESPECIAIS A. Figueiredo Sequeira José Augusto Felício, J. Martins Pereira Coutinho, Vítor Caldeirinha * EDITOR FOTOGRÁFICO Vasco Pereira * MARKETING Susana Rebocho * PUBLICIDADE Andreia Almeida * ADMINISTRAÇÃO E REDACÇÃO Ed. Rocha do C. d'Óbidos, 1º, sala A Cais de Alcântara - 1350-352 Lisboa Tel. 213 973 968 - Fax 213 973 984 * web: www.cargoedicoes.pt * e.mail:[email protected] * PROPRIEDADE Luís Filipe Duarte * D.G.C.S. nº 118538 * EDITORA CARGO Edições, Lda * Morada: Ed. Rocha do C. d'Óbidos, 1º, sala A Cais de Alcântara - 1350-352 Lisboa * Tel. 213 973 968 - Fax 213 973 984 * IMPRESSÃO E ACABAMENTO Loures Gráfica R. J. Camilo Alves, 6A 2670-661 Bucelas * ASSINATURA ANUAL Portugal - 30 EUR Estrangeiro - 45 EUR Depósito legal nº 6196692 * PERIODICIDADE - Mensal * TIRAGEM - 8.000 exemplares 34 CARGO Dezembro 2009 Dezembro 2009 CARGO 35 36 CARGO Dezembro 2009