clicando aqui
Transcrição
painel Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto Ano IX nº 250 janeiro/ 2016 AEAARP A história e a genialidade do automóvel O primeiro foi criado em 1770, por um engenheiro de guerra francês, e há mais de 100 anos o desenvolvimento do setor proporciona novas experiências em engenharia Energia Indústria da região investe em tecnologia eólica Eleições Na política existem poucos engenheiros, arquitetos e agrônomos Perfil Da piscicultura à literatura: as histórias de Paulo Grecco palavra do presidente Eng. civil Carlos Alencastre O fogo No final do mês de dezembro de 2015, um acontecimento chocante pegou a todos de surpresa. O Museu da Língua Portuguesa, instalado na imponente e histórica Estação da Luz, na cidade de São Paulo (SP), virou cinzas. O fogo tomou conta do lugar e levou consigo a moderna estrutura de audiovisual que contava a história do nosso idioma, desde o surgimento até os dias atuais. Menos de 24 horas mais tarde, com a apuração da imprensa, soube-se que o processo de liberação do local por parte do Corpo de Bombeiros não fora concluído desde a inauguração do lugar, há cerca de 10 anos. Todos já havíamos visto este filme e infelizmente não foi o bastante para aprendermos. Em Santa Maria (RS), centenas de vidas foram perdidas ou profundamente abaladas em razão do incêndio em uma boate. Há dois anos, o Memorial da América Latina também pegou fogo e destruiu uma importante obra de Tomie Otake. Quantas vidas e dinheiro público serão necessários para que todos, iniciativa privada e governo, atentem para o fato de que as normas técnicas foram desenvolvidas para beneficiar e proteger o cidadão e não para fazê-los investir mais em obras ou materiais de construção? Na urgência de inaugurar, ver funcionar, promover ou faturar, coloca-se em risco milhares de vidas e investimentos gigantescos. Quando da tragédia em Santa Maria, a AEAARP reuniu o Corpo de Bombeiros e convidou todos os promotores de eventos da cidade para uma explicação sobre as normas e os riscos de não as atender. A entidade investiu em informar os profissionais sobre a obrigatoriedade de atentar às exigências normativas, em que pese, algumas vezes, o sacrifício da estética. Para isso também deve haver solução. Não há solução para o fogo quando ele consome vidas, o patrimônio e a história. A responsabilidade dos profissionais do sistema CONFEA/CREA e CAU é cotidianamente testada. A técnica deve ser usada para conferir qualidade de vida e segurança às pessoas. Desprezá-la não é bom sinal. expediente Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected] Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho 2º Vice-presidente DIRETORIA OPERACIONAL Diretor Administrativo: eng. agr. Callil João Filho Diretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes Alves Diretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes Araújo Diretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor Social: arq. e urb. Marta Benedini Vecchi Diretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto DIRETORIA TÉCNICA Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Arquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes Santos Engenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna índice ESPECIAL 05 Agronomia 12 Meio ambiente 14 agricultura 16 Painel eleições 18 O automóvel e a engenharia Nova tecnologia na pulverização agrícola Novo método promete identificar vazamentos na rede de água Abelhas em escala comercial São poucos os políticos que são engenheiros, arquitetos e agrônomos Conselheiros Titulares Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Arq. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Franco do Amaral Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Arq. Luiz Eduardo Siena Medeiros Arq. e urb. Maria Teresa Pereira Lima Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Conselheiros Suplentes Eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. civil Fernando Brant da Silva Carvalho Arq. e urb. Fernando de Souza Freire Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro REVISTA PAINEL Conselho Editorial: - eng. civil Arlindo Sicchieri, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto [email protected] Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 - www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - [email protected] EngEnhARiA 20 Perfil 22 Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - [email protected] crea-sp 25 Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. notas e cursos 26 Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista. Indústria da região investe em tecnologia O colecionador de histórias Comentários aos Artigos 71 e 75 Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Horário de funcionamento AEAARPCREA Das 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria. especial O automóvel e a engenharia Do motor a vapor à combustão interna: conheça a história do automóvel e as contribuições da engenharia para a sua evolução Foto: Larissa Costa Como ciência, a engenharia é muito mais antiga que o automóvel. Segundo o engenheiro mecânico Álvaro Costa Neto, especialista em Engenharia Automotiva e professor da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos (SP), o termo engenharia sempre esteve ligado a qualquer tipo de desenvolvimento tecnológico. Porém, no início não tinha tantas divisões como hoje. Com o surgimento da indústria automotiva há pelo menos 110 anos – período no qual os automóveis passaram a ser fabricados em escala industrial – cria-se mais uma especialização da engenharia, a automotiva. Diante do crescimento deste setor, diversas instituições de ensino têm oferecido cursos de graduação, de especialização ou de mestrado em Engenharia Automotiva como, por exemplo, a Escola Politécnica da USP, que oferece o primeiro curso de pós-graduação stricto sensu da área no Brasil. Já a história do automobilismo desperta o interesse não só de engenheiros, mas também de pessoas que conviveram e ainda convivem em meio aos encontros de carros antigos, que acontecem por todo o país. Em Ribeirão Preto, mora um jornalista especializado em história do automóvel que se orgulha de sua biblioteca de carros antigos, com mais de quatro mil exemplares de publicações da área. Desde a adolescência, Tiago Songa participa de encontros de carros antigos e hoje atua como diretor do Auto Mogiana Clube de Veículos Antigos e Especiais de Ribeirão Preto e Região. Entende-se por automóvel todo o veículo que se move por meio de motor de propulsão, seja ele a vapor, elétrico ou por combustão interna. Dito isso, Songa afirma que o primeiro automóvel que existiu no mundo foi o Le Fardier, criado em 1770, pelo engenheiro de guerra francês Nicolas-Joseph Cugnot. AEAARP 5 especial • explosão (um dispositivo gera uma faísca, ocasionando a explosão da mistura) • exaustão (saída do gás queimado na explosão). Primeiro carro Le Fardier Primeiro acidente automobilístico O Le Fardier não tinha sistema de freios e durante a demonstração pública, o engenheiro Nicolas-Joseph Cugnot só conseguiu frear o veículo, depois de joga-lo em uma parede, provocando o primeiro acidente automobilístico do mundo. Veja no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias, o vídeo que reproduz a apresentação do Le Fardier para a sociedade francesa da época. www.aeaarp.org.br Nicolas-Joseph Cugnot 6 Revista Painel Durante a Revolução Industrial (período entre 1760 até meados de 1840), a única forma de energia existente era o vapor. Cientistas e engenheiros do mundo inteiro pesquisavam sistemas de motores que pudessem aumentar a capacidade e a agilidade das indústrias. “A necessidade de motores mais potentes ainda não era para a criação de veículos, mas sim para os maquinários industriais”, explica Songa Combustão interna O professor Costa Neto, explica que o barateamento do combustível fóssil foi o grande responsável para o surgimento do primeiro motor de combustão interna para a indústria, criado pelo inventor belga Étienne Lenoir, em 1860. A tecnologia foi aprimorada pelo engenheiro alemão Nicolaus Otto, que criou, em 1876, o motor de automóvel que viria a ser mais parecido com os modelos atuais: o motor quatro tempos. Esse sistema de combustão interna é usado até hoje e é dividido em quatro ciclos. • admissão (entrada da mistura de ar e combustível na câmara de combustão) • compressão (o pistão comprime a mistura de ar e combustível, diminuindo o seu volume) Veja na área Notícias no endereço eletrônico da AEAARP a animação criada pelo Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que mostra o funcionamento de um motor quatro tempos. www.aeaarp.org.br “A grande invenção dessa época foi o sistema de faísca. No começo do século XX, os carros ligavam em velocidade constante e não tinham potência”, acrescenta o professor. Neto complementa que no início do século XIX, os veículos tinham potência de 10 cavalos por litro. “Hoje, um carro com motor 2.0 tem 100 cavalos por litro”. Na empresa de Otto, tinham outros dois nomes importantes da história do automóvel: os alemães Karl Benz e Gottlieb Daimler, que abriram separadamente suas próprias indústrias de produção de motores a gasolina. Em 1885, Benz e Daimler adaptaram um motor a gasolina em uma bicicleta e, um ano mais tarde, Benz fez o mesmo só que em um triciclo, que andava 15 quilômetros por hora e foi patenteado como Motor Wagen. “Ambas as experiências ainda não eram consideradas automóveis, pois não tinham quatro rodas”, acrescenta o jornalista. Quem veio primeiro: o automóvel ou a locomotiva? Baroneza Richard Trevithick George Stephenson A primeira locomotiva do mundo foi criada pelo engenheiro inglês Richard Trevithick, em 1804, ou seja, 34 anos depois do Le Fardier. O inglês George Stephenson foi um dos nomes mais importantes no desenvolvimento da locomotiva, foi ele quem construiu a primeira para transporte de materiais de minas e a primeira linha férrea, ligando as cidades de Stockton a Darlington (Inglaterra), inaugurada em 1825. No Brasil, a primeira locomotiva foi a Baroneza, implantada em 1854, durante o império de Dom Pedro II. Segundo Celso Frateschi, engenheiro mecânico e professor da Universidade Paulista (Unip), o auge das locomotivas a vapor aconteceu na década de 1830 e o declínio foi a partir de 1950, com o surgimento das primeiras locomotivas a diesel. Até 1920, o Brasil tinha muita estrada de ferro e pouca rodovia. “A ferrovia desbravou e interligou as cidades”, afirma Frateschi. A partir de 1940, surgem os primeiros caminhões e o trem começou a perder mercado. “O caminhão era mais versátil que o trem, pois ele andava em qualquer lugar. Assim, começa-se a desenvolver as rodovias do país”. Durante o governo de Juscelino Kubitschek – de 1956 a 1961 – foram implantadas muitas montadoras de veículos no país, o que também contribuiu para a perda de espaço das locomotivas. AEAARP 7 especial Gottlieb Daimler Emil Jellinek Karl Benz Henry Ford Motor Wagen A primeira pessoa a fazer uma viagem com o Motor Wagen foi Bertha Benz, esposa de Karl Benz. Martha vivia em Mannheim e foi visitar sua mãe em Pforzheim (Alemanha), trajeto de 100 quilômetros. Este triciclo já tinha acelerador e chave. Veja na área de Notícias, no endereço virtual da AEAARP, o vídeo que mostra o funcionamento do Motor Wagen e a história da família Benz. www.aeaarp.org.br Bertha Benz - Motor Wagen Em 1886, Benz e Daimler mais uma vez inovaram e instalaram um motor a gasolina em uma carroça, que abrigava quatro pessoas, surgindo aí o primeiro Primeiro automóvel a gasolina do Brasil A marca Peugeot existe há 205 anos. No início, os irmãos Jean-Pierre II e Jean-Frédéric Peugeot fabricavam saleiro, pimenteiro, bicicletas e vários outros produtos. Foi em 1889, que a empresa entrou para a indústria automobilística com o lançamento de um veículo com motor a vapor e, dois anos depois, apresentou o primeiro carro de motor a combustão interna da marca, em um evento de belas artes e engenharia mecânica, em Paris (França). Foi nessa feira que o brasileiro Alberto Santos Dumont conheceu o produto e trouxe o primeiro automóvel com motor a gasolina para o Brasil. 8 Revista Painel automóvel a gasolina do mundo. “Além do motor, eles tiveram que adaptar na carroça sistema de aceleração e frenagem e caixa de direção”, complementa Songa. Com isso, a dupla de alemães começou a vender os motores para outras empresas que montavam os veículos. “O que mudou com o motor a gasolina foi o tamanho dos veículos, pois os carros movidos a vapor eram muito grandes, pareciam uns tratores, pois tinham que carregar tanques gigantes de água para fazer o vapor”, avalia o jornalista. Motor elétrico Em 1889, já existiam dezenas de indústrias europeias que fabricavam automóveis. E foi neste ano que surgiu o primeiro carro elétrico do mundo, o Baker Electrics, criado pela empre- sa Baker Motor Vehicle Company. “Até meados de 1900, os fabricantes de automóveis ainda não sabiam qual o tipo de combustível mais viável e adequado para os veículos”, comenta Songa. O inventor americano Thomas Edison foi quem fabricou as baterias que foram usadas neste veículo. Aerodinâmica Foi a partir de 1901, que começou a se desenvolver a aerodinâmica nos veículos, com a criação de um automóvel que tinha a carroceria e o assoalho mais baixo que o eixo das rodas. “Passaram a utilizar carburador, a entender a importância da aceleração, desaceleração e sistema de freios”, diz Songa. Com isso, o carro foi perdendo a característica de carroça ou carruagem e entrou na era moderna, tornando-se popular. Segundo o especialista em história do automóvel, até meados de 1930, os carros eram desenvolvidos primeiro pela equipe de engenheiros que montavam toda a parte mecânica e depois passavam pela equipe de designers que montavam a carroceria. A partir daí, a ordem de produção inverteu. “Esses carros tinham o radiador em cima do eixo dianteiro e o banco em cima do eixo traseiro. Era isso o que eles precisavam para funcionar, a estética não importava”, explica Songa. Já para o professor da USP-São Carlos, a exigência da estética nos veículos sempre existiu, o que mudou foi o conceito de estética automotiva. “O design sempre fez parte dos processos de fabricação dos carros. No século XX, por exemplo, foram lançados carros muito bonitos”. 1897, o empresário e diplomata alemão Emil Jellinek comprou o primeiro carro da empresa de Benz e Daimler. O veículo andava a 24 quilômetros por hora, Jellinek achou que era muito lento e encomendou mais dois carros, que fizessem 40 quilômetros por hora. Muito bem relacionado na aristocracia alemã, Jellinek assume o papel de revendedor dos automóveis criados por Benz e Daimler, porém exigiu veículos cada vez mais velozes, principalmente, para as corridas de automóveis. “Jellinek também queria que a carroceria do seu primeiro carro de corrida fosse mais baixo e resolveu chamar o automóvel de Mercedes, que era o nome da sua filha”, explica Songa. Com o destaque da Mercedes em todas as provas, o nome começou a chamar a atenção do público e em 1902 o nome Mercedes foi patenteado. A marca teve algumas variações até que em 1933 Mecerdes-Benz tornou-se definitivo. Neto conta que no início do século XX, já existiam veículos que atingiam a marca dos 200 quilômetros por hora (km/h). Porém, a média de velocidade que os veículos atingiam era de 80 km/h, em 1900, 110 km/h, em 1910, 130 km/h, em 1915, 160 km/h, em 1920, e 200 km/h, em 1925. PRODUÇÃO EM MASSA Até meados da década de 1910, os automóveis eram artigos de luxo e restrito às famílias abastadas. “O carro era algo exótico. Os brasileiros traziam da Europa e junto tinham que trazer os motoristas para aprenderem a dirigir”, conta o jornalista. A partir de 1910, Henry Ford criou o Fordismo, sistema de produção em massa, e implantou linhas de montagem em suas empresas para fabricar mais automóveis em menos tempo e, assim, diminuir o valor de produção. Foi nesse período que o carro começou a se tornar mais acessível para a classe média. O primeiro veículo produzido no Fordismo foi o Ford Modelo T. O jornalista explica que esses carros não tinham janela de vidro, eram feitos de madeira mais fina e custavam inicialmente 850 dólares. “Em 1921, 55% dos automóveis do mundo eram Ford T e chegaram a custar 350 dólares”. O Brasil foi o segundo país da América do Sul a receber uma filial da Ford, em 1919, ficando atrás apenas da Argentina, que teve a instalação da fábrica, em 1917. Velocidade A união das empresas de Benz e Daimler foi a responsável pelo aumento da velocidade dos carros e resultou na criação da marca Mercedes-Benz. Em Linha de montagem de automóveis em série da Ford AEAARP 9 especial ponentes. Em entrevista para o portal Auto Esporte, Nilton Monteiro, diretor-executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), contou que um modelo popular básico, por exemplo, tem cerca de cinco mil peças, já os mais sofisticados podem checar a 10 mil. Esta matéria, que também está disponível no endereço eletrônico da AEAARP, faz um resumo do surgimento de 50 peças importantes do automóvel como, por exemplo, embreagem, sistema de marchas, ignição entre outros. Ford T -- Foto: Larissa Costa www.aeaarp.org.br KdF-wagen Ferdinand Porsche Volks + wagen Em alemão, volks significa pessoas, povo, e wagen significa carro, daí o nome Volkswagen (carro popular), que era o grande sonho de Adolf Hitler. Em 1933, o ditador resolveu patrocinar o projeto do carro popular e convidou o engenheiro automotivo austríaco Ferdinand Porsche para desenvolver o trabalho. 10 Revista Painel O ditador alemão fez algumas exigências: o carro tinha que ser barato (na época, deveria custar o mesmo preço de uma motocicleta), tinha que caber quatro pessoas (sendo dois adultos e duas crianças, perfil da família alemã na década de 1930), o motor tinha de ter refrigeração a ar e deveria atingir a velocidade média de 100 quilômetros por hora. Surge então, em 1940, o KdF-wagen, primeiro Fusca lançado pela Volkswagen. O Fusca ficou conhecido mundialmente e tornou-se o carro mais vendido, durante a década de 1970, ultrapassando o recorde do Ford T. Peças e componentes Ao longo dos anos, os carros tornaram-se mais sofisticados e tecnológicos e com número maior de peças e com- Para Songa, uma das grandes inovações do automobilismo, foi a injeção de combustível, criada em 1910, pelo americano Adams-Farwell. A injeção de combustível foi a responsável por tornar obsoleto o carburador. O professor da USP-São Carlos explica que o equipamento foi um grande avanço, principalmente, para a preservação do meio ambiente, pois a tecnologia reduz consideravelmente os níveis de gases tóxicos lançados no ar. “Com as leis antipoluição, criadas a partir da década de 1980, a injeção de combustível passou a ser obrigatória nos veículos”. Legislação A Lei n° 6.938/1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e mecanismos de aplicação e a Lei n° 9.605/1998 regulamenta as sanções penais e administrativas para quem gerar atividades lesivas ao meio ambiente. Durante o século XX, surgiram vários fabricantes de veículos e cada logomarca simbolizava aspectos históricos da empresa. Na área de Notícias, no endereço virtual da AEAARP, tem um resumo da criação dos símbolos das principais marcas de automóveis. www.aeaarp.org.br Neto explica que muitas peças e acessórios dos automóveis demoram algum tempo para se tornarem obrigatórias e terem produção em massa. Um exemplo é o sistema de freios antitravamento ABS (na tradução, Sistema Antibloqueio de Frenagem), criado, em 1929 pelo francês Gabriel Voisin, para ser instalado em aviões e foi usado pela primeira vez em um automóvel em 1978. “O uso do sistema de freios ABS tornou-se obrigatório nos carros produzidos a partir de 2014”. O professor da USP-São Carlos cita outros exemplos: • o cinto de segurança de três pontas, criado em 1959, pelo sueco Nils Bohlin que trabalhava na Volvo, que passou a ser obrigatório em 1997, com a Lei 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro. • o airbag, criado em 1952, por John Hetrick, engenheiro da Marinha dos revistapainel Logomarcas dos fabricantes Estados Unidos, e passou a ser obrigatório nos carros fabricados a partir de 2014, segundo as resoluções 311 e 312 de 2009, do Conselho Nacional de Trânsito. O engenheiro mecânico Giulio Roberto Azevedo Prado, conselheiro da AEAARP, avalia que o automóvel ajudou no desenvolvimento da Engenharia de Materiais. “Hoje, os carros usam menos metal e mais plásticos de engenharia, deixando os veículos mais leves”. Prado acrescenta que a função de distribuir o choque de uma batida para as laterais do automóvel, deformando toda a sua lataria, funciona como mais um equipamento de segurança aos passageiros. “A Fiat, por exemplo, utiliza a tecnologia há aproximadamente 25 anos”. No que diz respeito à Engenharia Mecânica, Prado acredita que não houve muita evolução nos veículos, mas muitas melhorias. ANUNCIE NA PAINEL 16 | 2102.1719 [email protected] AEAARP 11 agronomia Nova tecnologia na pulverização agrícola Pesquisa desenvolvida em parceria com uma empresa do interior de São Paulo oferece alternativa de automatização na aplicação aérea de defensivos nas lavouras Pesquisadores de uma empresa de São José dos Campos (SP) desenvolveram, com o apoio da FAPESP, uma linha de produtos customizados para automatização de processos da aviação agrícola, um dos meios mais comuns de aplicação de defensivos agrícolas. A tecnologia foi desenvolvida por meio do projeto Sistema Embarcado de Controle Automático (SECA), que teve por objetivo desenvolver um novo algoritmo e equipamento para automatização da aplicação de defensivos em aeronaves agrícolas, realizado na NCB Sistemas Embarcados Ltda. com apoio do Programa 12 Revista Painel FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). O procedimento tradicional é realizado ao longo do voo de uma aeronave sobre faixas paralelas e perpendiculares de cultivo, perpendicular ao sentido do vento, com algumas passagens repetidas sobre determinados segmentos na tentativa de garantir a cobertura total da área desejada. A tecnologia desenvolvida substitui o procedimento de controle e atuação manual por um equipamento dotado de um hardware embarcado de tempo real e um sistema eletromecânico com sensor e atuador que, integrado aos demais componentes da plataforma, auxilia na realização da aplicação autônoma, sem participação do piloto, podendo gerar uma economia de, no mínimo, 10% de defensivos e de 5% de combustível. “É preciso agregar mais tecnologia à agroindústria nacional para desenvolvê-la dentro da nossa realidade, adequada às necessidades locais, e a automatização dos processos é parte fundamental disso, facilitando a vida do agricultor e diminuindo seus custos, que já são altos com a compra de defensivos”, disse Fernando Garcia Nicodemos, sócio-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. FLuX I O primeiro dos componentes desenvolvidos é o FLuX I, um fluxômetro utilizado para o acompanhamento em tempo real da vazão do defensivo aplicado. Com ele, o piloto pode calcular diretamente no equipamento a vazão ideal de aplicação e a quantidade total do insumo aplicado por meio de um totalizador. Além disso, é possível realizar uma calibração simplificada de modo que a vazão monitorada represente realmente a do insumo aplicado, evitando o desperdício. O equipamento é composto por um monitor digital, que deve ser instalado no painel da aeronave, e de um sensor do tipo turbina acoplado a um filtro, instalado na tubulação da parte externa inferior. De acordo com Nicodemos, “a tecnologia é de fácil instalação e compa- tível com todos os modelos de aeronaves em uso no país”. Para chegar ao produto, os pesquisadores envolvidos no projeto desenvolveram um novo algoritmo de controle para a automatização da aplicação de defensivos e trabalharam em atividades de modelagem para sua validação em ambiente simulado. Com o resultado, a empresa trabalha agora na certificação da linha de produtos junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na produção de lotes para campanhas comerciais e na fabricação e criação de itens de demonstração, treinamento e divulgação para representantes. De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac, todas as aeronaves registradas no Brasil em 2010 possuíam equipamentos básicos de navegação, mas apenas duas fabricantes estrangeiras eram responsáveis por 90% deles. Para Nicodemos, a saída está no desenvolvimento nacional da agricultura de precisão, com sistemas eletrônicos embarcados de orientação e navegação em veículos terrestres e aéreos, como pulverizadores, tratores, colheitadeiras e aeronaves agrícolas. “O mercado brasileiro ainda se encontra no patamar do controle manual da aplicação de defensivos, utilizando componentes majoritariamente mecânicos, sendo o acionamento manual da válvula de abertura feito pelo piloto, que inicia e interrompe o processo a cada aplicação. Trata-se de um processo pouco preciso e que oferece pouca segurança”, avalia. Fonte: Agência Fapesp AEAARP 13 meio ambiente Novo método promete identificar vazamentos na rede de água Análise dos dados, a partir de um modelo matemático, mostram gráficos de pressão que, quando alterada, pode indicar vazamentos na rede de distribuição de água Projeto de doutorado desenvolvido no campus de São Carlos (SP) da Universidade de São Paulo (USP) promete criar um método que identifique a ocorrência de vazamentos em redes de distribuição de água de forma automática. Maria Mercedes Gamboa é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e testa o método na rede de distribuição da cidade de Araraquara (SP), em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). O método se baseia na aplicação de técnicas de aprendizado de máquina usando os dados obtidos continuamente na rede. Para obter os dados da pressão da água nas tubulações, Maria instalou nove sensores em diferentes pontos da cidade, compreendendo o abastecimento de 18 mil habitantes. Os sensores foram instalados especialmente para a pesquisa. “Foram feitas adaptações simples do ponto de vista técnico. Foram construídos pelo DAAE nove poços de visita e, dentro deles, nas redes, foram adaptados registros que permitem a conexão dos sensores de pressão”, explica o engenheiro Fernando Lourencetti, gerente de manutenção elétrica e mecânica do DAAE. Os valores de pressão continuamente medidos constituem o banco de dados 14 Revista Painel que é necessário para o modelo, e que se atualiza semanalmente. “Os sensores de pressão têm memória interna e medem os valores continuamente, registrando os valores a cada dois minutos. Eles conseguem armazenar mais ou menos uma semana de dados”, conta a pesquisadora. A ideia é que, no futuro, essa tarefa seja automatizada. Modelagem de dados As informações recolhidas são analisadas com a ajuda de ferramentas computacionais propostas pelo professor Rodrigo Mello, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). “A minha parte é contribuir com a modelagem dos dados que a Maria obtém em Araraquara. Cada sensor produz uma série temporal, e essas séries são usadas para montar o modelo que pode detectar momentos em que há ou não o inicio de um vazamento”, esclarece Mello. Durante a análise dos dados, surgem inicialmente, na tela do computador, gráficos de pressão ao longo do tempo. Uma diminuição da pressão é, possivelmente, um indicativo de vazamento. Mas, nem sempre é assim. A diminuição pode ter sido provocada por motivos diferentes ou também ficar mascarada pelas varia- ções normais na rede. Por isso, a função do modelo matemático é distinguir as variações que de fato correspondem a um vazamento das variações que não correspondem. “Nós temos que encontrar limiares para indicar o que é normal e o que não é normal. Um dos componentes da série temporal permite essa análise com uma precisão maior”, conta Mello. O estudo ainda está em estágio de desenvolvimento, mas Maria já espera que o método, quando finalizado, possa ser usado em qualquer rede de abastecimento de água. “O objetivo do doutorado é criar o método. O que estamos fazendo em parceria com o DAAE é um estudo piloto para obter os dados e desenvolver esse método. Mas o objetivo é que a metodologia fique aberta, disponível para quem quiser implementá-la não só na cidade de Araraquara, mas no Brasil e no mundo todo”, frisa. Para o futuro, a ideia é que os sensores sejam interligados on-line com o sistema do DAAE e avisem, em tempo real, quando há a suspeita do início de um vazamento, o que diminuiria drasticamente o tempo de reparação do problema e o consequente desperdício de água. Para Fernando, a pesquisa pode ajudar muito o setor de perdas do DAAE a diminuir a quantidade de água desperdiçada. “Atualmente, com as perdas em torno de 40%, há a necessidade de se buscar novas alternativas, novas tecnologias para baixar esse número. Com essa pesquisa, será possível buscar as perdas de uma forma muito mais rápida do que a usada atualmente”, finaliza. Fonte: Agência USP 37% da água captada é perdida A crise hídrica aprofundou os debates no Brasil acerca das perdas de água, principalmente nas redes de distribuição. Análise do instituto Trata Brasil considera que os dados de perdas no país mostram a fragilidade da gestão de grande parte do setor, ao mesmo tempo em que impõe desafios às esferas governamentais. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – ano de referência 2013) demonstram que 37% da água captada é perdida na rede. A informação consta do trabalho intitulado, “Perdas de Água: Desafios ao Avanço do Saneamento Básico e à Escassez Hídrica”, que tem como fundamento os dados mais recentes do Ministério das Cidades. Além da questão ambiental, há também perdas financeiras. A água não faturada pelas empresas foi de 6,53 bilhões de m³ de água tratada, perfazendo perda financeira de R$ 8,015 bilhões ao ano. As perdas equivalem a cerca de 80% dos investimentos em água e esgoto realizados em 2013. Na projeção do estudo, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas perdas no Brasil, ou seja, de 39% para 33%, os ganhos totais acumulados em relação ao ano inicial seriam da ordem de R$ 3,85 bilhões. O volume total da água não faturada (6,52 bilhões de m³) é equivalente a 6,5 vezes a capacidade do Sistema Cantareira (1 bilhão de m³), ou 7.154 piscinas olímpicas perdidas ao dia. O Trata Brasil esclarece que em qualquer processo de abastecimento de água por meio de redes de distribuição no mundo ocorrem perdas do recurso hídrico. Há diferentes classificações de perdas: as reais são associadas aos vazamentos e perdas aparentes são relativas à falta de hidrômetros ou demais erros de medição, às ligações clandestinas e ao roubo de água. Destine 16% do valor da ART para a AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto) Agora você escreve o nome da entidade e destina parte do valor arrecadado pelo CREA-SP diretamente para a sua entidade Contamos com sua colaboração! AEAARP 15 agricultura Abelhas em escala comercial Escasso na natureza, o inseto é primordial para a polinização Uma empresa começa a comercializar ninhos da abelha Mamangava nos próximos meses para produtores de maracujá. O projeto foi desenvolvido por meio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. A polinização é possível também em outras culturas. 16 Revista Painel “Em vários países, as pessoas e os governos estão se mobilizando para aumentar a presença de polinizadores, essenciais na cadeia produtiva agrícola, que muitas vezes são afetados com o uso intensivo de inseticidas na lavoura”, explica a zootecnista Paola Marchi. As flores não polinizadas não geram frutos e as abelhas polinizadoras estão cada vez mais escassas. A comercialização será feita em ninhos com insetos recém-emergidos, que poderão ser liberados nos cultivos em florescimento. “A quantidade adequada por área e o tempo indicado de permanência nas plantações ainda estão sendo ajustados”, conta a zootecnista. O que se sabe é que essa espécie frequentemente reutiliza seus ninhos antigos e, por isso, pode permanecer nas áreas cultivadas com maracujá por várias gerações. Mas para isso é necessário que haja condições adequadas para sua sobrevivência, como a existência de outras plantas das quais elas possam coletar o pólen, fonte de proteína, porque as flores de maracujá fornecem a ela apenas o néctar, que é a fonte de energia. Para desenvolver a tecnologia de criação das Mamangavas, a pesquisadora estuda aspectos reprodutivos desses insetos, como a capacidade das fêmeas em gerar descendentes. “Além disso, o armazenamento e o período de incubação de indivíduos imaturos estão sendo testados com diferentes temperaturas para prever e manipular o surgimento das Mamangavas”, diz Paola. “Estamos desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas para multiplicar os ninhos, como também seu transporte e instalação nos cultivos.” Veja na área Notícias da página da AEAARP a reportagem completa da Revista da Fapesp, que mostra outras experiências com abelhas e insetos para controle de pragas. www.aeaarp.org.br Fonte: Agência Fapesp AEAARP 17 Painel eleições São poucos os políticos que são engenheiros, arquitetos e agrônomos Em todo o país, 45 ocupantes de cargos eletivos têm profissões do sistema CONFEA/CREA e CAU No Brasil, 31 engenheiros, 10 agrônomos, dois arquitetos, um técnico em agrimensura e outro em agronomia ocupam cargos eletivos. Isto é, foram eleitos democraticamente para o legislativo ou executivo. Levantamento realizado pela revista Painel mostra que destes 45 profissionais, ligados ao sistema CONFEA/CREA e CAU, apenas dois ocupam cargos majoritários – um engenheiro é governador e outro é senador. Em todo 18 Revista Painel o país, são 17 deputados federais nesta categoria e 26 deputados estaduais. Wlaumir Souza, docente de Sociologia e Filosofia no Centro Universitário Barão de Mauá, explica que tradicionalmente, médicos e advogados tornam-se doutores também talhados para a atividade política. “É comum que o médico seja prefeito em uma cidade pequena”, exemplifica. Ele observa que a característica do exercício profissional – de proximidade Painel eleições Pelo fato de 2016 ser um ano eleitoral, a revista Painel vai realizar uma série de reportagens, com diferentes especialistas, para oferecer ao leitor diferentes visões de analistas do tema. com as pessoas e prestação de serviços – favorece a oportunidade para o voto. Já os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia, estabelecem relações de patrão e empregados com aqueles com quem se relacionam. “A relação do engenheiro com o trabalhador braçal não cria vínculo de voto”, explica. Do ponto de vista do histórico da formação profissional e do desenvolvimento das relações políticas no Brasil, dentre essas profissões, consideradas clássicas, cabe aos engenheiros, arquitetos e agrônomos as questões práticas e não as políticas. A representatividade do cargo eletivo na política, porém, não está circunscrita à categoria profissional, uma vez que só uma categoria não seria capaz de eleger ninguém. A exceção, segundo Souza, são os professores do estado de São Paulo, que compõem o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), o maior da América Latina. Apesar de, em tese, reunirem número suficiente de votos para eleger aqueles em que têm interesse, são separados ideologicamente dentro do próprio sindicato. Portanto, um professor é eleito, mas precisa também dos votos que estão além de seu núcleo associativo ou sindical para alcançar este objetivo. E, uma vez eleito, deverá se equilibrar entre os interesses de sua categoria e também daqueles que colaboraram, com votos ou financiamento, para o êxito eleitoral. Soma-se a isso o que Souza chama de “cálculo do dissenso”, que é a medição – política – do tamanho do ‘mal’ que pode ser feito para atender a toda a base eleitoral, ainda que existam interesses difusos. É como no ditado popular: acender uma vela para Deus e outra para o Diabo, que a figura de linguagem usada pelo professor para explicar a movimentação política do governo federal quando da recente troca do ministro da Fazenda. “A presidente quer agradar os eleitores e também fazer a reforma da previdência”, disse. Souza ressalta que são os interesses dos financiadores que aglutinam parlamentares em bancadas, como as da Bala e a Rural. “Às vezes, quem votou não tem clareza sobre essas questões”, explica. A regra da prestação de contas, que se tornou mais rígida e transparente Representatividade de engenheiros, arquitetos e agrônomos na política brasileira na última década, permite ao eleitor conhecer quem financia a campanha de seu candidato. Assim, pode concluir aquilo que ele representa para além dos compromissos que assumiu durante a campanha eleitoral. Para Souza, eleger candidatos vinculados a classes profissionais tem relevância quando, por exemplo, tramita um projeto de lei que versa sobre direitos e deveres. “Neste caso, o deputado eleito por determinada categoria será a ponta de lança dos interesses desses profissionais”. Não há, entretanto, qualquer relação com a capacidade técnica do eleito. No Brasil, basta ser alfabetizado para poder candidatar-se. Souza cita o episódio envolvendo o deputado federal Tiririca como “exemplo internacional”. Quando eleito para o primeiro mandato, o deputado, até então um artista popular, precisou comprovar que sabia ler e escrever para tomar posse na legislatura 2011-2015. “Capacidade técnica não é pré-requisito para ser candidato. É o pressuposto da igualdade democrática”, esclarece. Nesse contexto, uma pessoa analfabeta só não pode ser eleita pelo fato de não poder comprovar o domínio sobre as ações do mandato, ainda que as atividades técnicas sejam executadas por assessores. DEPUTADO ESTADUAL 18 engenheiros 8 agrônomos Ribeirão Preto DEPUTADO FEDERAL 12 engenheiros 2 arquitetos 2 agrônomos 1 técnico em agronomia 1 técnico em agrimensura SENADOR 1 engenheiro GOVERNADOR 1 engenheiro Um dos 18 deputados federais que compõem o sistema CONFEA/CREA e CAU é o engenheiro agrônomo Antônio Duarte Nogueira, secretário de Transportes do Estado de São Paulo. Na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, porém, não há parlamentar que seja engenheiro, arquiteto ou agrônomo. AEAARP 19 engenharia Indústria da região investe em tecnologia Comitiva da AEAARP conheceu processo de produção da Zanini Renk, que diversificou a produção para adaptar-se à realidade do mercado Uma comitiva da AEAARP visitou o parque industrial da Zanini Renk, que ocupa 174 mil metros quadrados com 16 mil metros quadrados de área construída, para conhecer as inovações tecnológicas do setor e o processo de fabricação de equipamentos pesados. O engenheiro mecânico Marcelo Carneiro, responsável pela área industrial da empresa, explica que cada peça é feita sob encomenda e com características específicas. “Não existe um projeto padrão. É tudo artesanal. Não temos um estoque de equipamentos”. O tempo Surgimento A marca Zanini nasceu em 1950, quando a empresa investia em pesquisas e novas tecnologias para a indústria de bens de capital. Em 1976, foram fundadas outras duas empresas: a Renk Zanini, empresa especializada em redutores especiais de velocidade, e a Sermatec Zanini, fornecedora de serviços de montagens eletromecânica em equipamentos industriais. A partir de 2013, a companhia decidiu adotar primeiro o nome do grupo e depois o da empresa, alterando o nome para Zanini Renk. entre a prospecção de uma venda até a entrega do produto gira em torno de nove meses, sendo cinco meses só para a produção. Todos os projetos de novos produtos são criados pelos engenheiros da empresa. “Estamos diminuindo a dependência tecnológica de outros países”, explica Carneiro. Desde 1983, a empresa brasileira mantém contrato de transferência de tecnologia com a indústria alemã Renk AG, produtora de redutores de velocidade para aerogeradores navais e tanques militares. Há quatro anos, foi criada uma equipe de inovação, formada por cinco engenheiros mecânicos, para atuar na geração de novos produtos. Projeto e produção Os materiais comprados pela empresa, como ligas de metais ou aço bruto, Comitiva da AEAARP visitou o parque industrial 20 Revista Painel seguem especificações técnicas determinadas pelos engenheiros da Zanini Renk. “Quando criamos uma nova liga, por exemplo, fazemos um acordo com o fornecedor para garantir a confidencialidade da tecnologia desenvolvida pela empresa”. Esse material é recebido pela área industrial da Zanini e aí é feito o roteiro de trabalho: processo produtivo, linha de montagem, bancada de testes, pintura e expedição. Carneiro explica que a garantia de equipamentos pesados começa com o aceite do técnico do cliente, pois os testes de redutores especiais de velocidade só são feitos em campo. Os redutores de velocidade eólicos são os únicos que podem ser testados no parque industrial, segundo o engenheiro. Ele complementa que os redutores especiais de velocidade necessitam apenas Mercado As áreas mais estratégicas da empresa são o tratamento térmico dos produtos e a retífica de dentes de engrenagens de grandes máquinas. A empresa tem vários fornos que aquecem o aço em até 930 graus. Esse material segue para a têmpera – processo de resfriamento – em um tanque de óleo, com temperatura que chega a 60 graus. Durante esse processo, é feita a adequação para a necessidade mecânica da peça, ou seja, a temperatura e o tempo de permanência no forno variam de acordo com o produto. Acionamento planetário rolo a rolo para usinas que precisa de flexibilidade operacional Assista ao vídeo institucional da Zanini Renk. O link está disponível no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias. www.aeaarp.org.br Empresa Acionamento Torqmax - o preferido das usinas de açúcar e etanol de manutenção preditiva, que reduz os custos de manutenção e aumenta a vida útil do equipamento. “Um redutor de velocidade eólico, por exemplo, dura, no mínimo, 50 anos”. Exportação e importação A taxa de exportação dos produtos da Zanini Renk chegou a 25%, até o final de 2015. Os principais países consumidores estão na América Latina, com destaque para o Peru. Antes, a empresa brasileira importava grande parte das peças da China e Europa. Com a alta do dólar, as peças estão sendo fabricadas no Brasil, aumentando o índice de nacionalização dos produtos. Serviços de reformas e repotenciamento em redutores multi marcas Investimento Os maquinários de origem alemã que são usados na fabricação de equipamentos pesados demandam altos investimentos. Uma máquina que faz o processo de retificação, que consiste no acabamento final da peça, chega a custar três milhões de euros. Outra máquina usada na usinagem da peça demandou sete milhões de reais. A empresa conta com 321 funcionários, em Cravinhos, e vai inaugurar uma filial em Recife (PE), especializada em redutores de velocidade para o setor eólico, em parceria com a empresa finlandesa Moventas, que produz cerca de quatro redutores eólicos por dia. Todos os processos de fabricação têm monitoramento on-line constante, através do Sistema ERP, programa que reúne todos os dados e processos da empresa em um único sistema. “Sabemos o que cada funcionário deve estar fazendo com cada uma das peças que estão sendo criadas no parque industrial”. A Zanini Renk é a única empresa brasileira fabricante de redutores navais de grande porte, certificada pela Marinha do Brasil, e única fornecedora de redutores e multiplicadores especiais para o setor de óleo e gás, que são feitos 100% com materiais desenvolvidos no Brasil. AEAARP 21 perfil O colecionador de histórias Pouco antes de aposentar-se, Paulo Grecco descobriu prazer em escrever crônicas Paulo Grecco Paulo Antônio Petraquini Grecco é resultado da fusão dos nomes dos avós Antônio Petraquini (materno) e Paulo Grecco (paterno), italianos que chegaram ao Brasil para trabalhar na lavoura. E foi também o destino de Grecco, único homem de uma família de três filhos, graduado engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq). Dedicou-se ao serviço público, notadamente à piscicultura. Colecionou histórias que, a partir do final dos anos 22 Revista Painel de 1960, passou a colocar no papel. Escreveu o primeiro texto, que ele classifica como parábola, em defesa de um colega de trabalho. E não parou mais. De modo geral, seus escritos podem ser classificados como crônicas. Contam fatos vividos por ele ou que lhe foram narrados por amigos. Aquele que tem o título “O crioulo exigente, o branco azedo e a mulata normal”, por exemplo, nasceu do relato de um amigo, do qual não revela o nome, que presenciou a agressão a uma mulher, no Rio de Janeiro (RJ). Ao tentar defende-la, o amigo de Grecco foi chamado por ela de “branco azedo”. Do outro lado da rua alguém teria dito que se tratava uma “mulher normal”. Grecco inspira-se nos textos de Nelson Rodrigues e também em Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, ativos escritores do século XX. Para ele, escrever “é uma arma restauradora” de pessoas, árvores, mulheres, praças, do amor e o que mais for objeto de boas histórias e que inspirem. Já escreveu por encomenda, como quando fez crônica para a filha de um renomado advogado da cidade. Prefere fazê-lo por impulso, buscando histórias que transcendem a agronomia, apesar de muitas vezes passar por ela quando, por exemplo, relata a história de dois co- legas de faculdade que tomaram rumos distintos e voltaram a encontrar-se anos mais tarde, tema da crônica “Dois agrônomos”, publicada junto a esta matéria. Aquele que o emociona e classifica como predileto é o primeiro que escreveu, “Eu vi uma árvore”, que encerra o seu livro. Criado para a defesa ao colega Walter Goulart, foi lido também em seu funeral. “Mas por outra pessoa, eu não tive coragem”, lembra, emocionado. Os textos estão reunidos no livro “A crônica lendo a vida”, editado há 10 anos, e também são publicados em um blog que mantém no site da Associação dos Ex-Alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Adealq), onde assina como ex-morador da república Mosteiro. Porém, pela trajetória profissional e a atividade que escolheu para desenvolver na aposentadoria, Grecco também poderia ser apresentado como um bom contador de histórias de pescador. Vejas as crônicas de Paulo Grecco na página adealq.org.br/blog Dois agrônomos Foram moleques na mesma época. Na época em que ser moleque, não era pejorativo. Jogavam, entre outras coisas, o jogo de bolinhas de vidro. Disputavam as batalhas, palmo a palmo. contentar os conservacionistas. Mas o conservacionista também era bom em projeções: – E até quando vamos ter petróleo e outros minerais para substituir titica de galinha? E discutiam ferrenhamente. – E a que preço? Sempre: – Sem falar na qualidade. – Ticou! – Além do mais, poço de petróleo é estéril - só tem mineral. – Não ticou! – Falta-lhe vida e além de ser caro, está distante de nós. E brigavam. Também, quase sempre. A discussão era realmente interminável. Desta forma, adquiriram o salutar hábito da discussão. A noite não. Discussão cartesiana. Porém, discussão eterna. Um dia se tornaram Engenheiros Agrônomos. Um deles enveredou pelo intricado da adubação química. O outro tratou de estudar e praticar a conservação de fertilidade e da fertilização natural da santa terra. E continuaram a discutir. Agora já não eram tão cartesianos. A ciência, a tecnologia e o tempo haviam se encarregado de fazê-los pensar a discutir em perspectivas mais abertas. Mas havia sempre alguma coisa a despistar. E quando não chegavam a um acordo, voltavam às rígidas ordenadas cartesianas. O garçom anunciou melancolicamente que as cervejas e a viagem haviam terminado. Lamentava. Trouxe a conta. Recebeu e foi cuidar de outros afazeres, com a cabeça cheia de fórmulas de adubação, de incertezas e de titicas. Hoje, a discussão daqueles agrônomos continua atualíssima. Porém, em geometria aberta. Mas, naquele dia, sentados em bondes com destinos diferentes, os dois agrônomos gritaram, de longe, um para o outro: – Ticou! – Não ticou! – Ticou! O tempo passou. – Não ticou! Os dois agrônomos tiveram filhos. Certa noite tomaram o trem noturno para irem a Campinas. Cada um à sua repartição. Sentaram-se no vagão restaurante. Pediram uma cerveja. Como já não eram tão cartesianos, pediram, a seguir, muitas cervejas. Não foram dormir. E continuaram a discutir: – O solo é um cocho, onde nós colocamos comida forte e rápida para a planta comer e poder crescer, dizia o fertilizador químico. – Santa heresia! Será que ainda tem gente que não vê que a mãe terra, quando bem conservada e bem estercada, nos dá tudo o que queremos? Ela não é um cocho. É um complexo vivo. Vociferava assim o conservacionista. – Pois é. Se eu for adubar a terra com titica de galinha, cada um de nós terá que comer cinco ovos por dia. Só quero saber quem é que vai comer nove ovos num dia, porque eu, por exemplo, só consigo comer um. Digo isto só para se ver quanta galinha tem que titicar para Por sinal dois (um de cada) que também se tornaram agrônomos. E por obra e graça do destino, aconteceu o inesperado: – O filho daquele que trabalhava com isso, foi trabalhar com aquilo. – E o filho daquele que trabalhava com aquilo foi trabalhar com isso. Um dia os dois filhos-agrônomos se encontraram. (Há que dizer que acompanhavam de há muito a contenda entre os dois moleques-pais-agrônomos). Disse o primeiro: – Não ticou! O segundo respondeu: – Pô. Vê se não chateia, porque eu já conheço esta história. E foram ao bar. Esvaziar cervejas. Sem titicas e sem radicais. E não cartesianas. É lógico. Paulo Grecco AEAARP 23 Herói de aeroporto No chão a decisão. Todos o abraçaram. E até o carregaram. No ar a habilidade. O mecânico do dedo de ouro. Já aconteceram várias vezes. Pudera! Que coragem. Mas vamos falar apenas sobre a última. Um piloto voltava de um voo solitário. Em um monomotor, não muito bonito. Segundo o jovem comandante do Aeroclube de Ribeirão Preto (sessenta anos, só de avião): “Para voar bem, o avião tem que ser bonito” (as leis da aerodinâmica explicam). E, ainda, tem que ter as asas nas costas (asa alta). Como os passarinhos e as abelhas (ambos com asas altas). Pois que, o avião com asa na barriga (asa baixa) voa com dificuldade. E dizem também, que geralmente, é menos bonito (é preciso lembrar que qualquer avião - é, pelo menos, um pouco bonito)! O avião desta história (aconteceu mesmo) tinha asa baixa. Não era bonito - e o pior - seu piloto foi posto à prova. O piloto vinha fazendo tudo certinho. O avião - feio e de “queixo duro” - é que desacertou as coisas. Quando se aproximava do aeroporto (fazia os procedimentos para pousar), o piloto notou que um dos trens (a roda direita debaixo da asa) não baixou para a posição de sustentar o avião quando tocasse a pista. Abraçou e beijou o mecânico. Ainda disse brincando: – Você acaba de salvar o pai dos meus filhos! Um engenheiro aeronáutico, que a tudo assistiu, chamou o piloto de lado e perguntou-lhe: - Como é que você fez para controlar o arrasto irregular, desde a descida de somente dois trens (rodas) - aerodinâmica desalinhada? Voar a menos de três metros do solo, portanto com o ar quente (menos suportador) e asa baixa (sustentação mais difícil)? Evitar a camionete bagunçar a aerodinâmica em todos os sentidos? E ainda não bater no braço ou na cabeça do mecânico voluntário? – Sei lá. Tinha muita coisa para fazer ao mesmo tempo. Não deu para planejar, nem gravar na memória. Só deu pra fazer. Terminou de chorar de alegria. Preencheu o plano do próximo voo. E foi para casa beijar mulher e filhos. À noite, piloto e mecânico, tomando cerveja, desafiaram-se: O piloto, que já tinha cabelos brancos, não entrou em pânico. – Se não fosse o meu dedo, hein? - disse o mecânico. Tentou baixar novamente a roda. – Se não fossem os meus pés, hein? - contestou o piloto. Nada. No dia seguinte, manchete nos jornais, do país todo: Virou o avião em todos os eixos e direções e submeteu-o a forças centrífugas e outras, todas extremas, tentando “derrubar” a “perna” preguiçosa. Nada. E avisou a torre: – Vou pousar com duas pernas! – A terceira não quer baixar! – Seja o que Deus quiser! Antes de arriscar a manobra, ele ouviu, pelo radiocomunicador, a sugestão de um mecânico decidido: – Passa baixinho, devagar, caranguejando. Eu subo numa camionete e aciono a trava manual, por baixo. Cutuco a sua barriga com o dedo! Prometido e feito! Última roda baixada. Piloto e avião íntegros. Pouso tranquilo! Nos hangares, a festa. – Eta mecânico bom! – HERÓI ! 24 E o piloto? Chegou ao hangar, após taxiar o avião e recriminá-lo pela literal mancada. Revista Painel “No aeroporto, mecânico vira herói nacional”. Na saída do hangar, o velho piloto disse para o avião, antes de decolar: – Companheiro, vê se não esquece de esticar todas as pernas para pousar. Pois não é sempre que se encontra um “HERÓI DE AEROPORTO”. O piloto não ouviu, mas no fundo do hangar um rádio tocava uma bela e antiga melodia. John Wayne assobiava “The high and the might”... Paulo Grecco Sobre The high and the mighty No filme, que no Brasil tem como título Um fio de esperança, John Wayne vive um experiente piloto que sofreu um grande trauma e trabalha sem assumir grandes responsabilidades até que, durante mais um voo comercial, ele assume o controle da aeronave e tem a missão de salvar os passageiros depois de o aparelho apresentar falha mecânica enquanto sobrevoa o oceano Pacífico. Fonte: Adoro Cinema crea-sp Comentários aos Artigos 71 e 75 71 e 75 A lei que rege o exercício profissional estabelece, dentre outras coisas, as penalidades aplicáveis em razão da atuação de engenheiros e agrônomos. Para esta finalidade, deve ser analisado em conjunto com o Código de Ética Profissional. São cinco as modalidades de penas, sendo a mais branda a advertência reservada e a mais severa o cancelamento definitivo do registro. Veja a seguir o que diz o Artigo 71: Art. 71 - As penalidades aplicáveis por infração da presente Lei são as seguintes, de acordo com a gravidade da falta: a) advertência reservada; b) censura pública; c) multa; d) suspensão temporária do exercício profissional; e) cancelamento definitivo do registro. Parágrafo único - As penalidades para cada grupo profissional serão impostas pelas respectivas Câmaras Especializadas ou, na falta destas, pelos Conselhos Regionais. Na advertência reservada o profissional é advertido por alguma infração cometida, chamando-se sua atenção reservadamente, sem que outras pessoas tomem conhecimento. Na censura pública a punição é levada ao conhecimento geral por meio de publicação na impressa oficial, identificando o objetivo, o nome do censurado e o motivo da aplicação. Já a multa é a simples sanção pecuniária imposta ao profissional infrator. Na suspensão temporária do exercício da profissão, o profissional tem seu registro suspenso por tempo determinado, ficando nesse período desabilitado para exercer a profissão. Por fim, o cancelamento definitivo do registro será efetuado em caso de má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante. Na esfera do CREA-SP, a competência para aplicação dessas penalidades é das câmaras especializadas de cada modalidade, mediante processo administrativo específico, assegurada ampla defesa ao profissional interessado. Cancelamento O Artigo 75 trata da penalidade mais grave aplicada ao profissional. Observa-se que o cancelamento definitivo do registro só ocorrerá em duas situações: em caso de má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou em caso de condenação transitada em julgado por crime considerado infamante. Veja a íntegra do artigo: Art. 75 - O cancelamento do registro será efetuado por má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante. Entende-se como má conduta pública e escândalos aqueles atos praticados com repercussão negativa perante a sociedade, denigrindo assim a profissão. Considera-se crime infamante aquele que, devido aos meios empregados e às circunstâncias em que se realizou, ocasiona no meio social uma reprovabilidade maior manifestada sobre o autor do crime, principalmente levando-se em conta os motivos que levaram o agente a praticá-lo. Sendo assim, entende-se por crime infamante qualquer crime contrário a honra, dignidade ou má-fama de quem o pratica. O cancelamento do registro não isenta o profissional das responsabilidades, obrigações pecuniárias e faltas cometidas no exercício da profissão anteriormente à aplicação da penalidade. AEAARP 25 notas e cursos Base Cartográfica Contínua do Brasil instaPainel O engenheiro Arlindo Sicchieri encaminhou para a coluna a foto do lago Maggiore, que fica entre a Itália e a Suíça. É um dos principais lagos alpinos e o segundo maior lago da Itália. calendário Feira Brasileira de Ciências e Engenharia A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) é uma das maiores feiras científicas para estudantes do Brasil. No evento são apresentados projetos inovadores nas diversas áreas da engenharia. O evento é realizado e coordenado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e tem como objetivos estimular novas vocações na área, aproximar as escolas públicas e privadas das Universidades e criar oportunidade para os jovens entrarem em contato com diferentes culturas e estarem próximos de reconhecidos cientistas. Em 2016 será realizada entre os dias 15 e 17 de março na cidade de São Paulo. O projeto de um boné para auxiliar na mobilidade de deficientes visuais em vias públicas, desenvolvido por estudantes de uma escola pública do Amazonas, será apresentado. 26 Revista Painel Envie para aeaarp@aeaarp. org.br uma foto feita por você e ela poderá ser publicada nesta coluna novos associados Rowilson Durante Faleiros Engenheiro eletricista João Vitor Almeida da Silva Estudante engenharia civil Wanderley Lopes Assumpção Engenheiro mecânico Sílvia de Oliveira Arquiteta Rafael Cachoni Estudante de engenharia civil Murilo Vieira Camargo Mariano Estudante engenharia civil Mariana Rovatti Pelloso Estudante engenharia civil Marcella Novellini Antoniazi Estudante engenharia civil Luiggi Nicolas da Silva Batista Estudante engenharia civil Vagner Antunes Técnico em eletrotécnica Giulia Dinardo Miranda Estudante engenharia civil Vitória Paro da Costa Estudante engenharia civil Na internet, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza a Base Cartográfica Contínua do Brasil na escala de 1:250.000, como parte do Programa de Atualização Permanente da Base Cartográfica (BC250). O conjunto de dados oferece visão de todo o território nacional para essa escala. A Base Cartográfica foi construída pelo IBGE para servir como referência cartográfica para as ações de planejamento, monitoramento e gestão territorial e de atualização das informações dos recursos naturais do país. Essa escala de mapeamento possibilita uma visualização mais detalhada em relação à base disponível anteriormente, que era a Base Cartográfica Contínua do Brasil, ao milionésimo – BCIM –, escala 1:1.000.000. Acesse a Base Cartográfica Contínua do Brasil em escala 1:250.000 a partir do atalho disponível na área de Notícias da página da AEAARP. www.aeaarp.org.br 800 É o número de engenheiros envolvidos unicamente no projeto de desenvolvimento da câmera de um dos smartphones mais cobiçados do mundo. A revelação foi feita em um programa de televisão americano pelo comandante da Apple, Tim Cook.
Documentos relacionados
clicando aqui
Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves REVISTA PAINEL Conselho Editorial: - eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado,...
Leia maisclicando aqui
Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Arquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes Santos Engenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro ...
Leia maisclicando aqui
Diretor Social: arq. e urb. Marta Benedini Vecchi Diretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino DIRETORIA TÉCNICA Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge L...
Leia maisclicando aqui
Graduou-se engenheiro em 1979; em seguida, Administração de Empresas e especializações, como a de Gerente de Cidades, curso que trouxe para Ribeirão pela FAAP e que teve a primeira turma na AEAARP ...
Leia mais