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1 CASAMENTOS FELIZES Um amigo 2.012 2 Amai uns aos outros como Eu vos amei. (Jesus Cristo) Autorreformar-se moralmente antes de procurar uma companhia para a convivência conjugal. (Joanna de Ângelis) 3 ÍNDICE Introdução 1 – Permanecer solteiro ou casar 1.1 – Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira 1.2 – Allan Kardec 1.3 – A sexualidade sem responsabilidade 1.4 – Mediunidade e sexualidade 1.5 – O trabalho voluntário nos Centros Espíritas 1.6 – O equilíbrio espiritual 1.7 – A escolha da sintonia espiritual 1.8 – A autorreforma moral 2 – A opção pelo divórcio 2.1 – O aumento do número de divorciados 2.2 – A escolha de novo parceiro 2.3 – A opção de não mais consorciar-se 2.4 – O emprego da energia espiritual 3 – Almas gêmeas 4 – Romeu e Julieta 5 – Paixões obsidentes e Amor construtivo 6 – Egoísmo a dois 7 – União para o Bem 8 – Divaldo Pereira Franco e Nilson de Souza Pereira Conclusões Notas 4 INTRODUÇÃO A distância que vai dos casamentos que, em tempos remotos se realizavam, sobretudo, pela imposição dos pais, para satisfação dos seus interesses financeiros, até as uniões formais ou informais da atualidade, onde predominam a irreflexão e a sexualidade sem responsabilidade, é tão grande quanto aquela que deverá ser a tônica dos casamentos do mundo de regeneração em que se converterá a Terra, onde a afinidade espiritual, baseada na autorreforma moral, deverá ser a característica predominante. Enquanto não chegamos, como coletividade, a tal nível ético-moral, exemplos esparsos de uniões felizes aparecem aqui e ali, tais como Allan Kardec e Amélie Boudet [1]; Mohandas e Kasturba Gandhi [2]; os personagens Laura e Ricardo, mencionados no livro “Nosso Lar”, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier; Abigail e Sílvio; Violeta e Mozart; Adriana e Wesley; Elaine e Ronaldo; Ana Paula e Adriano; adeptos idealistas da Causa Espírita em Juiz de Fora, dentre outros. O sonho da felicidade conjugal esbarra na qualificação ético-moral dos seres humanos, pois, enquanto predominarem os defeitos morais do orgulho, egoísmo e vaidade, as escolhas se basearão nos interesses materiais e a harmonia estará prejudicada pelos referidos defectivos do pensar, sentir e agir. Joanna de Ângelis aconselha que cada um somente procure a companhia afetiva de um parceiro depois de realizar a autorreforma moral, ou autoencontro, pois, em caso contrário, estaremos sobrecarregando o outro com nossas idiossincrasias ou vice-versa. Estar em companhia de um parceiro simplesmente para fugir à solidão representa repetir os padrões ultrapassados 5 dos tempos em que tínhamos como referenciais apenas os objetivos materiais, sem consideração ao fato de que somos Espíritos e que nossa pátria definitiva é o mundo espiritual, sendo que nossas encarnações representam apenas incursões rápidas em um corpo de carne, visando nosso adestramento para vivermos melhor no mundo extracorpóreo, onde o pensamento é a principal força do Espírito, que deve estar habilitado para comandá-lo, tudo dependendo do seu aperfeiçoamento ético-moral. Propor-se a uma vida de encarnado sem responsabilidades espirituais significa empreender uma viagem sem rumo certo, estando sujeito a diversos tipos de intempéries e desastres, cujo final pode ser o pior possível, sendo que, no grau evolutivo que já atingimos individualmente e como coletividade, tal não se justifica mais. Sabendo, como dito, da realidade espiritual e da fugacidade da vivência como encarnados, faz-se mister que estejamos aproveitando bem a oportunidade reencarnatória, incluindo nesse planejamento a escolha daquele ou daquela que estará ao nosso lado nessa vivência idealista e direcionada aos objetivos intelecto-morais que nos levarão adiante na escalada evolutiva. Se é verdade que todos somos irmãos em humanidade, não é menos certo que, para uma convivência tão estreita como a que deve existir entre os cônjuges, o ideal é que predomine a afinidade espiritual, visando o enobrecimento individual, com o apoio recíproco. Sócrates pode ser considerado como exemplo típico de um homem cujo casamento se caracterizava pela grande distância de nível intelecto-moral entre ele e a esposa, Xantipa, voltada exclusivamente para os interesses materiais. 6 As razões que levaram àquela união somente podem ser explicadas pela superiodade daquele Espírito iluminado, que se constituiu em um dos mais importantes preparadores do terreno para a pregação de Jesus na Terra. Todavia, por outro lado, no extremo oposto, verificou-se a união sublimemente harmoniosa entre Kardec e Amélie, visando a implantação da Terceira Revelação no mundo terreno. São duas realidades totamente diferentes, pois, se Xantipa contribuiu simplesmente para cobrar mais da humildade, desapego e simplicidade de Sócrates, Amélie trabalhou junto com seu marido na Codificação e continuou nessa missão lumunosa mesmo após a desencarnação dele. Se há aqueles e aquelas que escolhem a companhia de personalidades díspares para conviver, por alguma razão somente compreensível por eles próprios, há outros que optam pela companhia de almas afins da sua, com resultados talvez muito mais produtivos para a própria Causa que abraçaram de mensageiros do Bem. Pretendemos, neste modesto estudo, abordar as duas realidades, sem querer convencer os prezados Leitores a mudarem seu ponto de vista, mas apenas contribuir para a reflexão sobre o assunto, cada qual estando livre para suas escolhas. Que Deus abençoe a nós todos, para que possamos evoluir na inteligência e na moralidade, sob o signo da autorreforma interior. O autor 7 1 – PERMANECER SOLTEIRO OU CASAR Até há pouco tempo atrás havia uma cobrança aos homens para casarem, sob pena de se duvidar da sua masculinidade e, igualmente, quanto às mulheres, que ficavam sob suspeita de algum desvio da sua normalidade. Todavia, com a globalização, que provocou o nivelamento cultural da humanidade pelos padrões dos povos mais desenvolvidos intelectualmente, o fato de alguém preferir permanecer solteiro não causa mais a estranheza que provocava antes e assim é que muitos homens e mulheres vivem em regime de celibato. Muitas pessoas dedicadas ao ideal de servir à humanidade e outras, por não terem encontrarado quem lhes corresponda à afetividade no nível ideal que pretendem, optam por não casar, suportando as naturais dificuldades que esse estilo de vida acarreta, mas, por outro lado, ficam livres dos inconvenientes de conviver estreitamente com alguém que lhes dificulte a dedicação aos seus projetos mais caros ao coração ou à inteligência. Realmente, “é melhor estar só a estar mal acompanhado”, conforme afirma a sabedoria popular, porque um cônjuge que nada tem em comum com nossos ideais costuma representar uma fonte de incompreensões para nós tanto quanto deixamos de atender-lhe as expectativas. Se não há suficiente afinidade espiritual, o resultado da convivência costuma ser a deterioração do relacionamento, redundando no divórcio ou em uma convivência sacrificial para ambos. Viver em regime de celibato é, portanto, a melhor opção para cada vez maior número de pessoas, principalmente 8 aquelas que se conscientizam de que as escolhas devem ser feitas com base na afinidade espiritual. 9 1.1 – FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, DIVALDO PEREIRA FRANCO E JOSÉ RAUL TEIXEIRA Quando perguntado sobre porque não tinha casado até então, Francisco Xavier respondia sempre que nunca teve tempo para namorar, porque, tendo de trabalhar desde a adolescência para sustentar-se e aos familiares, além da tarefa mediúnica, concentrava-se nessas atividades e nunca procurou ninguém com vistas ao consórcio conjugal. Na verdade, como se pode calcular, sabedor da sua responsabilidade, sobretudo na missão mediúnica, que lhe cobrava dedicação total e absoluta, não estava o casamento previsto para aquela encarnação. O mesmo se pode deduzir quanto a Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira, além de Yvonne do Amaral Pereira e outros missionários da mediunidade com Jesus. Não somente acontece essa opção no meio espírita, mas em outras correntes religiosas, evidentemente, tanto quanto com aqueles que optam por tarefas nas áreas da Cultura. Missionários de alta envergadura espiritual, já adquiram grande controle sobre a sexualidade, o que lhes possibilita canalizar suas energias para as tarefas que representam utilidade para as coletividades em lugar da mera satisfação pessoal através da cópula. Divaldo Franco conta que Francisco Xavier lhe ensinou como desviar energia para a potencialização vocal, para dedicar-se, com sucesso, à sua missão de orador notável, que percorreria o mundo divulgando a Mensagem do Cristo sob as cores da Terceira Revelação. A sexualidade, para esses missionários, não deixa de existir, mas passa a se exteriorizar sob formas úteis à coletividade ao invés da comum manifestação com utilidade 10 apenas pessoal e do outro cônjuge, diferente do que acontece com a maioria da humanidade terrena, formada de Espíritos de evolução intelecto-moral mediana. No opúsculo “Reflexões Espíritas sobre a Sexualidade”, publicado na Internet, detalha-se melhor sobre as várias formas de utilização da energia do Espírito, obra que pode ser consultada pelos eventuais interessados. 11 1.2 – ALLAN KARDEC Se o luminoso Espírito que encarnou com a missão de coletar e apresentar didaticamente os Ensinos dos Espíritos Superiores trouxe o casamento na sua programação de vida, tal fato se deve, naturalmente, à importância que sua caroável companheira desempenharia naquele trabalho, o que se pode testificar pela sua atuação inclusive depois da desencarnação do missionário. Amélie Boudet continuou na campanha de divulgação da Doutrina Espírita, o que pode ser verificado através do livro “O Processo dos Espíritas”, onde se retrata a firmeza da viúva Rivail na defesa da Terceira Revelação. Não se deve duvidar de que o valoroso e experiente Espírito que foi Allan Kardec teria condições plenas para optar pelo celibato, mas a presença da companheira lhe representava a certeza da continuidade na missão propagadora da Doutrina dos Espíritos. Casamento feliz entre duas almas de elevadíssima hierarquia, escolhidas pelo próprio Divino Mestre para o trabalho de implantação do Consolador prometido no mundo terreno. A vida de Amélie Boudet deveria ser objeto de estudo detalhado e carinhoso, pois não foi mera companheira de Rivail nos padrões corriqueiros da época, mas sim verdadeira missionária da Terceira Revelação. 12 1.3 – A SEXUALIDADE SEM RESPONSABILIDADE Mohandas Gandhi considerava, com razão, a sexualidade sem responsabilidade um dos mais graves equívocos que o ser humano pode cometer, pois representa a escravização aos atavismos que não se justificam no atual estágio evolutivo intelecto-moral da humanidade, às portas do ingresso da Terra na categoria de mundo de regeneração, onde prevalecerão as virtudes e a inteligência voltada para o Bem. Quantas criaturas, todavia, depois de séculos de repressão castradora imposta pelas correntes religiosas obscurantistas, agora optam pela sexualidade sem responsabilidade, crendo, com isso, estar exercitando a Liberdade, que, todavia, não deve ser encarada como mero desbordamento da indisciplina interior, mas sim como autonomia do pensamento, com utilidade para si e para a coletividade, representada nos surtos progressistas! Ser livre é uma das propostas que o Divino Mestre trouxe para a humanidade terrena, séculos depois inscrita no lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, o que não deixa de caber no dístico “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. A sexualidade representa uma força da alma, que cada um tem a opção de emprega através das formas mais variadas, de acordo com seu próprio nível intelecto-moral, prejudicando a si próprio e aos seus irmãos e irmãs em humanidade ou sublimando-se e influenciando positivamente os que lhe acompanham a trajetória evolutiva. Autoconhecer-se, atendendo a proposta socrática, que não é outra que a de Jesus e Kardec, inclui estudar sobre a 13 sexualidade, para evoluir e contribuir para a evolução das coletividades. 14 1.4 – MEDIUNIDADE E SEXUALIDADE A mediunidade tem ligação direta com o tipo de sintonia que mantemos com os Espíritos desencarnados, consequência do nível de evolução intelecto-moral, onde está inserida inclusive nossa postura diante da sexualidade. Somos um monobloco intelecto-moral, representado pelo conjunto de pensamentos, sentimentos e ações que nos caracterizam. Emmanuel afirmava que, para avaliarmos quem realmente somos, devemos verificar o que pensamos quando estamos a sós, pois, nessas oportunidades, nossa realidade interior se revela. A autoanálise é importante para o atoconhecimento, sem o qual não evoluímos, sendo que a partir daí devemos ir retificando nossos defeitos morais, substituindo-os pelas virtudes. A mediunidade não representa somente o esforço mental durante o tempo em que se está presente nas reuniões mediúnicas, mas sim a adoção de um estilo de vida o mais possível consentâneo com as Leis de Deus. No caso de alguém ter de escolher entre a mediunidade e a sexualidade com determinado parceiro, a consciência deve ser convocada para indicar a melhor forma de proceder, podendo-se lembrar o caso de uma amiga de José Raul Teixeira, que dispensou um candidato a namorado que lhe declarou sua aversão às tarefas mediúnicas que ela tinha como programa reencarnatório, ficando evidente que não havia afinidade espiritual entre ambos, requisito para que não só a convivência conjugal no seu geral não fosse gratificante quanto o próprio intercurso sexual estaria sendo, no máximo, um paliativo para a ausência de afinidade espiritual. 15 Devemos preservar nossa intimidade pessoal, permitindo-a somente em relação a quem tenha verdadeira afinidade espiritual conosco, sob pena de prejuízos morais graves para nós e para nosso parceiro. Ser médium não impede ninguém de conviver com seu parceiro, dentro, evidentemente, dos limites recomendados pela consciência, sabendo-se sempre que seremos responsáveis pelas imagens que criarmos na mente do nosso semelhante, conforme afirmava Francisco Cândido Xavier. 16 1.5 – O TRABALHO VOLUNTÁRIO NOS CENTROS ESPÍRITAS Uma das formas atuais de beneficiar as pessoas em geral é participar das atividades voluntárias nos Centros Espíritas, que nada mais são do que a revivescência das antigas Igrejas dos tempos apostólicos do Cristianismo, sendo que aí se exercitam os mandamentos da Lei Divina do “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.” Os casais que atuam unidos no ideal de estudar a Doutrina Espírita e praticá-la nos recintos dos Centros Espíritas, estendendo sua vivência à vida comum de relação na sociedade onde vivem, mais se unem na sua vida conjugal, pois que sua sintonia com os Espíritos Superiores abençoa sua união e os faz felizes, ao mesmo tempo que trabalham pela felicidade alheia, pois que é da Lei que “é dando que se recebe.” Infelizmente, não são tantos os casais que desempenham atividades religiosas unidos, sendo que, normalmente, quando um dos cônjuges é entusiasta da religiosidade, o outro é indiferente a esse ideal ou avesso a qualquer trabalho voluntário no Bem. Tal fato se deve ao atraso ético-moral da humanidade terrena e, principalmente, às escolhas equivocadas feitas pela maioria, que, na época do seu consórcio, não levaram em conta a afinidade espiritual, mas sim outros fatores como os arroubos da juventude, a atração sexual etc. Depois de consorciados é que muitos começam a enxergar a distância ético-moral existente entre eles. Os exemplos de casais realmente unidos em torno do voluntariado no Bem são relativamente raros e, por isso mesmo, mencionamos poucas duplas na Introdução deste modesto estudo. Esse fato pode ser encarado como alerta para 17 as novas gerações, a fim de que escolham melhor seus parceiros, para que encontrarem a felicidade conjugal e não escolherem para si uma vida sofrida por conta das divergências ideológicas dentro do próprio lar. No mundo de regeneração, como dito, as atuais exceções serão a regra, pois a maioria das pessoas já terá realizado a autorreforma moral, dedicar-se-á aos interesses espirituais e as uniões conjugais pautar-se-ão pela afinidade espiritual. 18 1.6 – O EQUILÍBRIO ESPIRITUAL Por mais que as circunstâncias exteriores sejam turbulentas, devemos manter o equilíbrio interior, não se justificando nenhuma preocupação de natureza perturbadora, conforme ensina Divaldo Pereira Franco. Além da prática permanente do Bem, devemos exercitar nosso pensar, sentir e agir na constância do equilíbrio, tal como os Espíritos Superiores, que nunca se deixam abalar pelo que lhes ocorre no dia a dia de suas vidas. Jesus, o Modelo Máximo de Perfeição para os habitantes da Terra, nunca se deixou perturbar por qualquer situação ou pessoa que fosse, mesmo quando condenado à morte, a qual se efetivou com requintes de crueldade. Sócrates igualmente viveu e desencarnou com serenidade constante, o mesmo se dizendo de Allan Kardec, Francisco Cândido Xavier e outros Espíritos Superiores em suas encarnações missionárias. Não que sejam frios e indiferentes às agruras da vida material e aos sofrimentos dos irmãos e irmãs em humanidade, mas, na verdade, condoer-se com os sofrimentos alheios e suportar os próprios sofrimentos não nos devem levar ao desequilíbrio, ao pânico e atitudes intempestivas e desarrazoadas, pois tudo significa aprendizado, aperfeiçoamento intelecto-moral, desde que encarado como tal, a fim de consolidar as aquisições já iniciadas ou inaugurar as que ainda não tínhamos senão em germem. Quando ambos os cônjuges investem nesse estilo adequado de vida, nada os desune, mas, pelo contrário, o elo que os irmana somente tem a ganhar; porém, ao contrário, quando não realizaram a autorreforma moral, perdem 19 facilmente o ponto de equilíbrio interior e passam a desestabilizar a própria convivência conjugal. Felizes os casais que aprenderam essa lição, imprescindível para sua felicidade. 20 1.7 – A ESCOLHA DA SINTONIA ESPIRITUAL A conquista mais importante dos seres humanos é sua autorreforma moral, pois lhe possibilita a sintonia com os Espíritos Superiores e, naturalmente, com aqueles que, mesmo não estando ainda nesse nível evolutivo, são classificados como bons Espíritos, dentre os quais muitos entes queridos que atualmente habitam no mundo espiritual. Mesmo estando um dos cônjuges encarnado e o outro desencarnado, quando sintonizam na mesma faixa de Amor Universal, estarão sempre juntos no cumprimento de uma obra construtiva no Bem. A distância não existe para o pensamento e o sentimento. Há casais nessas condições e grande é sua felicidade, inacessível aos que ainda gravitam em torno dos interesses puramente materiais. A sintonia nas correntes mentais do Bem leva à felicidade, que é toda interior, independente das circunstâncias externas, como a saúde corporal e a situação financeira. Por outro lado, a sintonia com o Mal provoca a infelicidade, mesmo que todas as benesses materiais se instalem ao nosso redor. Infelizmente, muitos irmãos e irmãs em humanidade não despertaram ainda para o reconhecimento dessa realidade e vivem como crianças correndo atrás de novos brinquedos, dos quais rapidamente se entediam. 21 1.8 – A AUTORREFORMA MORAL A aquisição das virtudes da humildade, desapego e simplicidade representa o investimento mais significativo da vida de um Espírito, que, a partir de então, passa a ser verdadeiramente feliz e contribuir mais decisivamente para a felicidade alheia. Sem essa conquista, o ser humano oscila entre o Bem e o Mal como frágil arbusto, que verga para todos os lados sob a fúria dos vendavais, sujeito a ser arrancado do solo ou ter seu tronco e galhos quebrados e danificados. Quem adquire a humildade não sofre mais com a posição que reconhece desempenhar de mera peça na imensa engrenagem da coletividade humana, imperturbável com os altos e baixos da vida, tanto lhe fazendo ocupar postos de comando quanto os de subordinação. Aqueles que se desapegam não se sentem infelizes pelas perdas aparentes nem se agarram aos ganhos materiais, sabendo que tudo pertence ao Pai Celestial. Os que conquistaram a simplicidade não se envaidecem e nem procuram a evidência inútil. Considerando que o que realmente importa para o Espírito é aquilo que traz dentro de si, investe no seu autoaprimoramento sobretudo moral, sendo que até a intelectualidade passa a subordinar-se à Ética, sem a qual não passa de enfeite de utilidade questionável. Os casais autorreformados moralmente, como Kardec e Amélie, vivem no eterno Éden, mesmo quando lhes tenham sido destinadas a pobreza, uma saúde precária, a pouca instrução e as agruras materiais que assustam a maioria dos seres humanos. 22 2 – A OPÇÃO PELO DIVÓRCIO O Espírito André Luiz afirma que as leis humanas deveriam dificultar o divórcio, porque grande parte dos Espíritos ainda transitam nas faixas do primitivismo moral e, se fossem facilitadas as sucessivas uniões conjugais, muitos abusariam desse estado de coisas para mais se complicarem moralmente. Todavia, é de se ponderar que o objetivo principal das encarnações é o desenvolvimento intelectomoral, sendo que há casos em que a diferença de objetivos entre os cônjuges é tão grande que um deles poderá ser prejudicado no cumprimento dos seus compromissos espirituais, arriscando-se a falhar nas suas tarefas. Cada pessoa deve analisar seu próprio caso com honestidade, pois que sua consciência lhe cobrará caro se simplesmente quiser ficar livre de uma convivência por motivos insignificantes ou segundas intenções. Há, inclusive, nas hostes espíritas, muitos casos de trabalhadores do Bem que se divorciaram para terem condições de continuar nas tarefas a que se propuseram, principalmente quando o outro cônjuge lhes é avesso aos propósitos e tarefas nobilitantes. Mesmo enfrentando as dificuldades iniciais de adaptação à nova realidade da separação, preferem investir no seu programa espiritual a viverem uma conjugalidade distante da harmonia que poderia existir, caso se afinassem espiritualmente. É de se ponderar que ninguém é propriedade de outrem e cada um responde perante a própria consciência e a Justiça Divina pelas suas reais intenções: para o Bem ou para o Mal. 23 2.1 – O AUMENTO DO NÚMERO DE DIVORCIADOS Se alguns enxergam no aumento do número de divorciados uma grave crise no instituto sócio-jurídico da família tradicional terrena, nós, por outro lado, vemos nesse quadro o reflexo de uma importante mudança de paradigmas, pois, de instituição predominantemente patrimonialista, em que se visa a garantia da convivência sexual, com a perpetuação da espécie, gradativamente a família vai assumindo os contornos de uma pequena sociedade caracterizada pela união com finalidades muito mais nobres, quando Espíritos encarnados optam pela convivência com base na afinidade espiritual, depois de autorreformados moralmente, visando a realização de tarefas significativas nas mais variadas áreas da atividade humana, voltados para a evolução intelecto-moral própria e das coletividades. No mundo de regeneração em que se transformará a Terra, as uniões serão baseadas nessa tábua de valores, mas, enquanto essa fase não chega, muitas pessoas descobrem o equívoco na escolha do seu parceiro, quando levaram em conta outros valores (ou desvalores) e preferem desvincularse. O importante é que tanto as escolhas quanto as eventuais desvinculações sejam aprovadas pela consciência, a qual analisa imparcialmente nossos mais secretos propósitos. 24 2.2 – A ESCOLHA DE NOVO PARCEIRO Escolher alguém simplesmente para espantar a solidão não representa a melhor forma de resolver esse problema, pois, como ensina Joanna de Ângelis: “Quem é solidário nunca está solitário.” Se, todavia, o propósito é de natureza simplesmente sexual, a questão passa a merecer uma reflexão mais acurada, que passa pela necessidade da autorreforma moral, pois o barateamento da sexualidade traz resultados danosos. Aliás, por isso mesmo é que, em face da promiscuidade que muitos adotam, surgem na sua individualidade transtornos psicológicos, que merecem tratamento adequado, para sua cura, a qual somente acontece com a autorreforma moral. [4] Entre optar por alguém com quem não se tem verdadeira afinidade espiritual, baseada nos valores consubstanciados nas Leis Divinas, e viver aparentemente sozinho, a segunda opção é muito mais gratificante, contanto que se preencha o vazio afetivo com a prática da boa convivência com as demais pessoas, principalmente através de trabalhos voluntários nas inúmeras entidades filantrópicas existentes, inclusive nos Centros Espíritas. Escolher novo parceiro é tarefa que se pode empreender, caso a consciência sinalize nesse sentido, todavia com calma e ponderação, sem se pensar que seja a realização mais importante da encarnação, esta que é realmente representada nosso aprimoramento intelecto-moral, pois é o principal objetivo tanto no mundo material quanto na nossa verdadeira pátria, que é o mundo espiritual. Vejam-se os exemplos de André Luiz e Lísias, não constando que não se ocupassem em procurar uma namorada, mas sim em aperfeiçoar-se na inteligência e na 25 moralidade, tanto quanto Laura, que não saiu em busca de um namorado enquanto se preparava para reencarnar... 26 2.3 – A OPÇÃO DE NÃO MAIS CONSORCIAR-SE Há casos em que a afinidade espiritual é tão intensa entre os que se consorciam que, por exemplo, em um deles desencarnando, passa a ser Orientador Espiritual do outro, continuando o intercâmbio energético entre ambos, agora em moldes diferentes. No caso dos médiuns costuma acontecer esse tipo de situação e, assim, o encarnado não se interessa em procurar outro parceiro, pois lhe basta a felicidade da convivência psíquica com o desencarnado que lhe preenche o coração. Felizes dos que alcançaram esse grau de realização afetiva, pois que a plentitude possível no mundo terreno lhes é proporcionada, em benefício deles próprio e das tarefas que desempenham. Neste tópico homenageamos nossos amigos Ronaldo e Elaine e Mozart e Violeta. 27 2.4 – O EMPREGO DA ENERGIA ESPIRITUAL Se é verdade que a energia do Espírito pode ser utilizada para o Bem ou para o Mal, cada um colhe os resultados daquilo que realizou através do pensar, sentir e agir. Quem investe seus “talentos” no Bem, recebe, em troca, bons frutos, representados pela aprovação da consciência, que redunda na paz interior. Os casais que se mantêm unidos em função de obras beneméritas, como Kardec e Amélie, vêem multiplicados os resultados, com grande utilidade para si próprios e as pessoas a que se destinam seus empreendimentos. No mundo de regeneração, como dito anteriormente, as uniões obedecerão ao critério da afinidade espiritual com vistas à realização de projetos em favor das coletividades, todavia, é importante mostrarmos sobretudo aos adolescentes e jovens essa realidade, a fim de que já passem a adotar esse critério para a escolha dos seus parceiros e deixem para trás a forma antiquada, que leva em conta outros dados, prejudiciais à própria evolução. Aprender o que fazer de si próprio é uma das mais importantes conquistas que o ser humano pode almejar, pois a cota de energia que cada um recebe com o corpo de carne é limitada à própria programação, o tempo passa rápido no relógio das encarnações e muita gente, quando dá conta de si, já esgotou grande parte da própria saúde sem nenhuma utilidade real e se vê com o corpo alquebrado às portas da passagem para o mundo espiritual, carregando na consciência o remorço, o qual detona o mecanismo da autopunição através dos distúrbios psicossomáticos. Quem não realizou a autorreforma moral vive correndo atrás de fantasias, que levam ao desencanto e à conclusão de 28 que a vida não tem sentido, quando, na verdade, ela somente alcança sua verdadeira finalidade se transcorre dentro dos parâmetros traçados pelas Leis Divinas, que Jesus resumiu no “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.” Aprendamos essa lição básica, que, assim, tudo adquirirá um significado e uma beleza incomparáveis! Por isso Jesus disse que o Pai Celestial somente revela a Verdade aos simples de coração, que são, em outras palavras, os que se despiram do orgulho, egoísmo e vaidade. 29 3 – ALMAS GÊMEAS No seu livro “O Consolador”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel é explícito no sentido de que não existem almas gêmeas no significado comum que se dá à expressão, pois que o destino de cada um é adquirir o Amor Universal, guardando no próprio coração um grande afeto por todas as criaturas de Deus. É preciso nos compenetrarmos da “função social do Amor”, ou seja, de que toda união entre duas pessoas deve trazer benefícios para as demais, transpondo os estreitos limites do egoísmo e gerando progresso para todos os que com elas convivem ou podem receber sua influenciação benéfica. Deus não criou nenhum ser com destinação de viver egocentricamente, tendo sido Jesus o mais significativo exemplo do universalismo em todos os sentidos, pois Ele não falou apenas para um grupo e uma época, mas para todos os seres da Terra, da qual é o Sublime Governador, por força das Suas Virtudes, que representam a Perfeição relativa máxima para o nosso nível de compreensão. O mito das “almas gêmeas” produz maus resultados, uma vez que induz ao egoísmo. Sabendo que a realidade do mundo material representa uma cópia imperfeita do mundo espiritual, devemos observar como funcionam as relações interpessoais naquela esfera e procurarmos agir segundo aqueles padrões, aperfeiçoando o mundo terreno. O Espírito André Luiz foi quem mais informações forneceu sobre o mundo espiritual, por isso sendo conveniente estudar, e não apenas ler, suas obras, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, iniciando pelo livro “Nosso Lar”. 30 4 – ROMEU E JULIETA [5] Percebe-se claramente que a intenção de Shakespeare era muito mais esclarecer as pessoas e as famílias sobre a necessidade da boa convivência do que simplesmente narrar a história de uma paixão juvenil. Todavia, muitas pessoas se deixaram e ainda há quem se deixe influenciar pela paixão descontrolada e irracional por outra pessoa, fenômeno caracterizado por um distúrbio psicológico, muitas vezes agravado pela obsessão, porque desencarnados em estado de desalinho espiritual costumam estar presentes nesses quadros dolororos. É importante alertarmos as pessoas para não se deixarem dominar pela paixão dessa natureza, que nada tem a ver com o Amor, o qual sempre se traduz em equilíbrio e paz. Infelizmente, não se apresenta esse tipo de desajuste apenas nos adolescentes e jovens, mas até em adultos que ainda não realizaram a autorreforma moral, pois somente os defeitos morais do orguho, egoísmo e vaidade justificam as chamadas “paixões arrebatadoras”, as quais costumam levar a péssimos resultados. A afinidade entre os Espíritos Superiores nunca gera desequilíbrio, mas sim serenidade! 31 5 – PAIXÕES OBSIDENTES E AMOR CONSTRUTIVO Há inúmeros exemplos de pessoas que se desequilibraram na vivência da paixão, terminando, muitas vezes, em desastres morais, sob o pretexto de muito amarem. As Artes, de uma forma irresponsável - através de sonhadores nem sempre comprometidos realmente com o Bem incentivam esse tipo de distúrbio psicológico, sendo de se lembrar, em contrapartida, o alerta de Francisco Cândido Xavier: “Cada um é responsável pelas imagens que cria na mente dos semelhantes.”, pois tanto quem escreve, compõe músicas ou, de qualquer forma, induz alguém a situações de descompasso em relação às Leis Divinas, chama para si a responsabilidade pelos maus resultados daí decorrentes, sendo, por isso, que, por exemplo, em épocas posteriores, muitos de nós vêm a receber como filhos aqueles que induzimos ao Mal, de alguma forma, cumprindo-nos agora o dever de orientá-los para o reajuste necessário. O Amor nada tem a ver com as paixões, onde a impulsividade e o egoísmo predominam, pois o Amor somente soma em favor do ser amado, aliás, tendendo sempre para o Amor Universal, tal como exemplificaram Kardec e Amélie, Francisco e Clara de Assis e outros homens e mulheres que já realizaram a autorreforma moral. Na verdade, o Amor é apanágio dos Espíritos Superiores, que pensam, sentem e agem em função do Bem, sem nenhuma intenção de escravizarem pessoas, mas sim de doarem de si mesmos em favor delas, sobretudo da humanidade inteira, em que reconhecem o conjunto de irmãos e irmãs a quem beneficiam no dia a dia de sua vida e em todos os lugares por onde transitam, como verdadeiros focos de luz, que iluminam a escuridão. 32 O Amor é um referencial elevado, que devemos exercitar na nossa vida, para que se automatize em pensamentos, sentimentos e atitudes em que prevaleçam o idealismo, começando pelo Amor a Deus e passando pelo Amor ao próximo, mas, para tanto, sendo necessário o Autoamor, que começa com a autorreforma moral. Como se vê, essa proposta é muito diferente daquilo que muitos de nós, encarnados, consagramos enquanto habitantes de um mundo de provas e expiações, mas que será natural e rotineira para os que viverão na Terra da Era da Regeneração. A mudança de paradigmas se faz necessária, devendo começar pela conscientização de cada um, individualmente, sem nos preocuparmos se o número desses “homens novos” e “mulheres novas” aparentemente é pequeno, pois a tendência é sua multiplicação, inclusive porque a encarnação de missionários de grande evolução intelecto-moral irá acelerar essa conscientização, como é o caso de Emmanuel, já presente no mundo terreno há mais de uma década e Joanna de Ângelis, que irá reencarnar por volta de 2.015, sem contar outros Espíritos Superiores, como Sathya Sai Baba, que, antes de desencarnar, afirmou que retornaria daqui a 8 anos, fornecendo os dados que possibilitarão sua identificação. Os casais que se unem pela afinidade espiritual superior têm uma importante contribuição a dar, inclusive a de servirem de modelo para as pessoas em geral, para a mudança dos referenciais ético-morais que vigoravam no passado. 33 6 – EGOÍSMO A DOIS Muitos casais são realmente almas afins, que pensam, sentem a agem sintonizados nos mesmos objetivos de vida, todavia, grande parte deles, infelizmente, têm como metas os interesses puramente materiais, trabalhando em função de si próprios e, no máximo, em benefício do seu grupo de simpatizantes, ao invés de adotarem a regra do “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.” Viver juntos em função de si próprios é iludir-se com o narcisismo a dois, aparentando a consagração do Amor, mas apenas aparentando. Sem a autorreforma moral não passamos de egoístas que se associam nas empreitadas em grupos maiores ou menores, com vistas à dominação sobre as outras pessoas, para satisfação de sonhos que se transformam em pesadelos, porque desatendem aos padrões ético-morais traçados pelo Pai Celestial, consubstanciados nas Suas Leis, que determinam a vivência do Amor Universal. É importante verificarmos sempre se estamos vivendo o egoísmo a dois ou se já adotamos o Amor verdadeiro na nossa vida conjugal! 34 7 – UNIÃO PARA O BEM Tomando como referência sempre a destinação de todos os seres para a perfeição relativa - baseando-nos na afirmação de Jesus: “Vós sois deuses; vós podeis fazer tudo que Eu faço e muito mais ainda.” – todas as uniões, sejam elas a conjugal sejam todas as demais, devem ter como meta o Bem, considerado como tudo que coincide com as Leis Divinas. O que fizermos para adequarmo-nos a esses padrões representará evolução intelecto-moral, que nos dará a felicidade, que se estenderá aos nossos irmãos e irmãs em humanidade. Nada deve justificar qualquer associação para trazer à nossa vida e à das outras pessoas o desequilíbrio, as atitudes anticristãs, a imoralidade e os defeitos morais. A união de pessoas multiplica a potencialidade de cada uma e, se direcionada para o Bem, recebe o apoio dos Espíritos Superiores, que inspirarão seus membros e os protegerão contra as investidas dos adversários do Bem, para que os objetivos nobres pretendidos sejam alcançados. Sempre lembraremos como referência a união de Kardec e Amélie, ao mesmo tempo pedindo sua bênção para todos os que se associam para o Bem, abaixo da proteção de Deus e Jesus, nosso Divino Mestre, a quem tomamos como referência mais elevada para nortearmos nossa vida! 35 8 – DIVALDO PEREIRA FRANCO E NILSON DE SOUZA PEREIRA Enquanto que a maioria dos encarnados procura um cônjuge, inclusive para garantir a vivência da sexualidade com segurança e a troca afetiva, há alguns poucos Espíritos Superiores que encarnam para o cumprimento de elevadas missões em que esse tipo de convivência está fora de cogitação, pois a energia deverá ser canalizada, sobretudo, para a realização da obra programada. No seu planejamento reencarnatório vêm traçados aspectos diferenciados, como aconteceu com Divaldo Franco e seu primo Nilson, incumbidos de viverem no ambiente da Mansão do Caminho, que fundaram em Salvador/BA, sob a orientação direta do Espírito Joanna de Ângelis. Celibatários, habitam em companhia de muitas pessoas, mais ou menos nos moldes das tradicionais congregações católicas, apenas que com as diferenças adequadas ao estilo da Doutrina Espírita. Sublimaram sua sexualidade em diversas vidas dedicadas ao Bem, transformando-se em exemplos vivos de convivência baseada na afinidade espiritual como forma de apoio recíproco para a realização da excepcional obra filantrópica acima referida, além do trabalho mediúnico de Divaldo como orador e médium psicógrafo. Tanto quanto André Luiz foi morar na casa de Laura, em “Nosso Lar”, na qualidade de irmãos pelo coração, Divaldo e Nilson habitam na Mansão do Caminho, iluminando a vida de milhares de pessoas, inclusive exemplificando a união espiritual entre afins, o que, por si só, lhes proporciona a felicidade possível no mundo encarnado e a multiplicação das suas energias, o que se faz necessário para 36 os grandes cometimentos em favor do Progresso da humanidade encarnada. Como se sabe, na Seara Espírita não há congregações, como no Catolicismo, todavia, a convivência sublimada dos dois irmãos pelos laços espirituais tem um significado e uma utilidade muito mais do que qualquer tradição terrena pode conceber, materializando no mundo material uma célula do imenso organismo que é comum nas esferas elevadas do mundo espiritual. Devemos agradecer a Deus pela bênção de Divaldo e Nilson estarem encarnados, pois somos alguns dos milhares de beneficiários da sua dedicação ao Bem com Jesus e Kardec! 37 CONCLUSÕES 1) Todas as formas de associações entre seres humanos têm alguma finalidade, mas nem todas são construtivas e úteis ao seu progresso intelecto-moral; 2) É importante analisarmos o móvel que nos conduz a nos associarmos às outras pessoas ou a alguma pessoa em particular, neste último caso, por exemplo, através do casamento; 3) Em sendo o nosso objetivo idealista e conforme as Leis Divinas, reflexo da autorreforma moral que já tivermos realizado, os resultados tenderão a ser construtivos em nosso favor e das outras pessoas; 4) O modelo consubstanciado na realidade do mundo espiritual deve ser gradativamente implantado no mundo material, através da atuação dos missionários do Bem, em cujo número devemos nos inscrever, mesmo na categoria dos menos qualificados intelecto-moralmente, para alcançarmos a felicidade possível na condição de encarnados; 5) Jesus é o referencial máximo da Ética Divina e o casal Allan Kardec-Amélie Boudet é o casal que podemos tomar como referência para a conjugalidade superior. 38 NOTAS [1] Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795. Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet. A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais. Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1a. classe. Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828. Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail. De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem 39 reconheceu, de imediato, superior, culto, polido e reto. um homem verdadeiramente Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos. Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associouse ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro. Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França. Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840. À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora 40 para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, freqüentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos. “Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor” - disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas. Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail bi-semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxilio eficiente e constante de sua dedicada consorte. Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie (que com ambos privara) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa. 41 Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória. O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma. A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos. O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade. Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão. Sem dúvida, os espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e 42 estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem. O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna! Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o. de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo. Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires n. 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mais uma obra de grave responsabilidade! Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa 43 para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício. Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de idéias de que se teve notícia nos meados do século XIX. Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire. Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.” Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista. Uma série de viagens ( em 1860, 1861, 1862, 1864 etc.) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as idéias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom. 44 Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser. No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.” Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo. Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos mas sinceros, 45 anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec. Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de Março de 1870 , e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos. Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos plano futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras. Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento. Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas 46 comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns. Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunirse ao esposo. Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em “Revue Spirite” de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”. Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo. Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo. Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, 47 médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo. Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembléia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos. Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria. A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme. Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”. Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua 48 residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância. Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março. Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883. No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos”, e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia RosenDufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio. A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado. No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a 49 publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec. Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras. Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua... (http://www.espiritismogi.com.br/biografias/amelie.htm) [2] Kastürbā Gāndhi (11 de abril de 1869 — 22 de fevereiro de 1944), também chamada por Ba, foi esposa de Mahatma Gandhi. Kasturba juntou-se ao marido num protesto político. De 1904 à 1914, foi ativa no estabelecimento de Phoenix próximo a Durban. Durante um protesto em 1913, pelas condições de trabalho dos indianos na África do Sul, Kasturba foi presa e sentenciada a três meses de trabalho duro na prisão. Mais tarde, na Índia, ficou várias vezes no lugar do marido, enquanto este esteve preso. Em 1915, quando Gandhi retornou à Índia, Kasturba o acompanhou. Ensinou a higiene, a disciplina, a leitura e a escrita às mulheres e às crianças. Kasturba sofreu de bronquite crônica, que quase evoluiu para uma pneumonia. Ela morreu na prisão, de um ataque cardíaco severo em 22 de fevereiro de 1944. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Kasturba_Gandhi) 50 [3] A Mansão do Caminho é a obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, situada em Salvador, no estado da Bahia, tendo sido fundada em 15 de agosto de 1952 pelo médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco e seu primo Nilson de Souza Pereira, seu atual presidente. Segundo relato disponível na página da instituição, no ano de 1948, Divaldo e seu primo Nilson viajavam de trem quando, em dado instante, o médium teve uma visão psíquica olhando pela janela. Ele teria visto um lugar arborizado, com muitas construções, adultos e crianças e onde havia um homem de costas, homem este que, ao se virar de frente, para surpresa de Divaldo, era ele mesmo, porém, mais velho. A visão teria causado a Divaldo um impacto. Tendo ele contado o ocorrido a Nilson, ambos ficaram sem compreender o fato. Ele teria, então, escutado uma voz a lhe dizer: "Isto é o que farás de tua vida. Educarás". Prossegue o relato dizendo que, um ano depois, numa reunião mediúnica, um espírito ter-se-ía manifestado por Divaldo, dizendo que havia um programa espiritual para que fosse construída, em Salvador, uma obra de educação, baseada em lares substitutos e que eles poderiam ter a honra de realizar essa empreitada. Divaldo e Nilson aceitaram a tarefa e, com ajuda de um grupo de colaboradores, arremataram, em 1951, um casarão numa hasta pública, vindo a fundar, em 15 de agosto de 1952, a Mansão do Caminho. Situada na Rua Jayme Vieira Lima, 104, no bairro de Pau da Lima, em Salvador, a Mansão do Caminho começou funcionando com lares para crianças órfãs ou socialmente órfãs, objetivando reconstruir o ambiente familiar. Com o tempo, os lares foram sendo substituídos por grupos escolares, oficinas de capacitação profissional e outras atividades sociais de promoção social, apoiando crianças, jovens e adultos carentes provenientes de bairros de baixa 51 renda próximos, fornecendo a eles educação integral. A Instituição atende, gratuitamente, cerca de 3.200 crianças e adolescentes por dia, além de adultos e idosos carentes. Para os alunos das escolas, crianças da Creche A Manjedoura, albergados da Caravana Auta de Souza e funcionários, a Mansão do Caminho fornece cerca de 5.000 refeições por dia. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mans%C3%A3o_do_Caminho) [4] Vide, a respeito, a obra “Psicologia Espírita baeada na Reforma Moral”, assinada por Luiz Guilherme Marques, cujo download pode ser feito a partir do seguinte endereço: http://luizguilhermemarques.com.br [5] Romeu e Julieta (no original em inglês Romeo and Juliet) é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil. Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Seu enredo é baseado em um conto da Itália, traduzido em versos como A Trágica História de Romeu e Julieta por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como Palácio do Prazer por William Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação de personagens secundários, especialmente Mercúcio e Páris, a fim de expandir o enredo. O texto foi publicado pela primeira vez em um quarto[a] de 1597 mas essa versão foi considerada como de péssima qualidade, o que estimulou muitas outras edições posteriores que trouxeram consonância com o texto original shakespeariano. 52 A estrutura dramática usada por Shakespeare—especialmente os efeitos de gêneros como a comutação entre comédia e tragédia para aumentar a tensão; o foco em personagens mais secundários e a utilização de sub-enredos para embelezar a história—tem sido elogiada como um sinal precoce de sua habilidade dramática e maturidade artística. Além disso, a peça atribui distintas formas poéticas aos personagens para mostrar que eles evoluem; Romeu, por exemplo, fica mais versado nos sonetos a medida que a trama segue. Em mais de cinco séculos de realização, Romeu e Julieta tem sido adaptada nos infinitos campos e áreas do teatro, cinema, música e literatura. Enquanto William Davenant tentava revigorá-la durante a Restauração Inglesa, e David Garrick modificava cenas e removia materiais considerados indecentes no século XVIII, Charlotte Cushman, no século XIX, apresentava ao público uma versão que preservava o texto de Shakespeare. A peça tornou-se memorável nos palcos brasileiros com a interpretação de Paulo Porto e Sônia Oiticica nos papéis principais, e serviu de influência para o Visconde de Taunay em seu Inocência, também baseado em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, considerado o "Romeu e Julieta lusitano". Além de se mostrar influente no ultrarromantismo português e no naturalismo brasileiro, Romeu e Julieta mantém-se famosa nas produções cinematográficas atuais, notavelmente na versão de 1968 de Zeffirelli, indicado como melhor filme, e no mais recente Romeu + Julieta, de Luhrmann, que traz seu enredo para a atualidade. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Romeu_e_Julieta)