PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA EM CÃO

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PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA EM CÃO
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA EM CÃO: RELATO DE CASO
A trombocitopenia é o distúrbio hemostático adquirido mais comum em cães, sendo caracterizada
pela diminuição do número de plaquetas em decorrência de distúrbios na produção, distribuição
ou destruição destas. Os animais com trombocitopenia têm tendência a sangramentos
mucocutâneos, geralmente por diversas vênulas ou capilares, o que ocasiona pequenas
hemorragias puntiformes em todos os tecidos corporais denominadas petéquias, podendo ainda
apresentar púrpuras, equimoses ou hematomas, que são coleções de sangue na pele de
diferentes graus de intensidade. Na avaliação laboratorial das plaquetas é essencial a análise do
hemograma. É preciso estabelecer se a trombocitopenia é um achado isolado ou se está
associada com anemia e leucopenia. Para um diagnóstico adequado da doença e um tratamento
eficaz, deve-se considerar alguns fatores do paciente como duração da tendência hemorrágica,
freqüência dos episódios, localização da hemorragia, medicamentos utilizados e histórico
genealógico. Um cão, Maltês, quatro anos, apresentou-se no serviço de diagnóstico animal do
cernitas com quadro de púrpuras por todo o corpo, especialmente na região abdominal e
petéquias no dorso, cabeça e membros. No primeiro dia de tratamento foi receitado ao animal
10mg/kg de doxiciclina duas vezes ao dia, durante 21 dias, realizou-se exame para diagnóstico de
babesiose e erliquiose e ainda deu-se início a uma sequência de avaliações hematológicas,
realizadas do 1º ao 20º dia de tratamento. No terceiro dia de acompanhamento, após o
aparecimento de uma grande hemorragia periférica na região inguinal, realizou-se um mielograma
e também uma transfusão de 200 mL de plasma sanguíneo, repetida duas vezes em dias
alternados. Após sete dias de tratamento, iniciou-se a aplicação de corticóide (predinisona 2mg/kg
BID durante 28 dias). Após este período a dosagem foi reduzida em 25% até a suspensão da
medicação. Ao exame físico o animal apresentava mucosas normocoradas, hidratação e
temperatura adequadas. O exame do esfregaço sanguíneo foi negativo para babesiose e
erliquiose. A avaliação hematológica revelou trombocitopenia grave, com níveis plaquetários
chegando a 7,56 x 10³ (mm3) no 1º dia de tratamento e 6,70 x 10³ (mm3) no 4º dia, o que justifica o
aparecimento das púrpuras. Observou-se nos esfregaços sanguíneos das quatro primeiras
avaliações a presença de macroplaquetas com anisocitose plaquetária e 2 a 3% de eritroblastos
(eritrócitos nucleados), apesar da ausência de anemia. No mielograma foi constatada ausência de
megacariócitos. Após o início da aplicação do corticóide no 7º dia de tratamento, houve um notório
aumento da taxa plaquetária, indicado nas avaliações hematológicas seguintes, com níveis de
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120,45 x 10³ (mm ) a 261,72 x 10³ (mm ), e acompanhado pelo desaparecimento progressivo das
hemorragias no corpo do animal. Considerando-se a evolução clínica para a cura somente após a
administração de corticóide, concluiu-se que a trombocitopenia neste caso foi de origem
imunomediada.

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