os fundos multimercado no mercado brasileiro
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os fundos multimercado no mercado brasileiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS ALEXANDRE EMMANUEL FINK GEYNET OS FUNDOS MULTIMERCADO NO MERCADO BRASILEIRO FLORIANÓPOLIS 2013 ALEXANDRE EMMANUEL FINK GEYNET OS FUNDOS MULTIMERCADO NO MERCADO BRASILEIRO Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Bacharel em Economia. Orientador: Prof. Dr. Guilherme Valle Moura Florianópolis 2013 ALEXANDRE EMMANUEL FINK GEYNET OS FUNDOS MULTIMERCADO NO MERCADO BRASILEIRO A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 8,0 ao aluno Alexandre Emmanuel Fink Geynet na disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho. Florianópolis 15 de julho de 2013. João Randolfo Pontes ________________________ Prof. xxx, Dr. Coordenador do Curso Banca Examinadora: Guilherme Valle Moura ___________________________________________ Orientador Universidade Federal de Santa Catarina Eraldo Sérgio B. da Silva __________________________________________ Universidade Federal de Santa Catarina Francis Carlo Petterini Lourenço _________________________________________ Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 15 de julho de 2013 AGRADECIMENTOS À Deus pela vida que me proporciona. À meus pais, Sabine Fink e Michel Marie Jacques Geynet a quem devo minha educação e meu caráter além da eterna perseverança e confiança que depositaram em mim. À minha irmã, Fernanda Fink, e meu cunhado Luiz Felipe, que, seja com esse trabalho de conclusão de curso ou com qualquer projeto que tenha realizado, sempre me apoiaram e estiveram presentes ao longo da minha vida. À minha vó, Marie Luise Fink; meus tios, Bettina Fink e Heinz Scheüren; meus primos, Stephanie Fink Caballero Gallardo e Christian Fink Caballero Gallardo; por estarem sempre presentes, auxiliando na formação da pessoa que me tornei no dia de hoje. À Bruna, pelo amor, companheirismo, carinho e apoio que sempre demonstrou desde que nos conhecemos. Obrigado por fazer parte da minha vida, pelos conselhos, incentivos e por sempre estar aqui quando preciso. Ao Sr. Hiram Maisonnave, Sênior vice-presidente e CEO do banco BNP PARIBAS, cuja ajuda foi fundamental para conseguir um estágio em uma instituição financeira de reconhecida competência. A XP investimentos e em especial ao Sr. Paulo Carvalho, por ter me permitido conviver com a atividade de gestão Patrimonial e de administração de fundos multimercado, me proporcionando subsídios e informações preciosas a confecção desse estudo. Aos grandes amigos que tenho: Stefan Schwarz, Daniel Gusson, Claudio Siqueira, Francisco Riffel, Douglas Duarte e André Marchetti pela amizade verdadeira, apoio, por estarem presentes em muitos dos momentos mais importantes e felizes da minha vida. Ao Prof. Dr. Guilherme Valle Moura, pela ajuda e paciência na construção deste trabalho além da própria aceitação na orientação do mesmo. RESUMO À medida que se analisam as publicações da ANBIMA, a crescente literatura dos economistas sobre a indústria de fundos de investimento no mundo e especialmente no Brasil constatou-se que, nas décadas de 1990 e 2000, a importância dessa forma de aplicações cresceu muito mais que qualquer outro tipo das aplicações tradicionais, como a poupança, até ultrapassar 20 trilhões no mundo todo e dois trilhões no Brasil, representando mais de 45% do PIB nacional, que atingiu em dezembro de 2011 o equivalente a 4,143 trilhões de reais, segundo os dados divulgados pelo IBGE em 06 de março de 2012. Isso tornou o Brasil o sexto país na indústria dos fundos. A diversificação dos fundos ajudou ainda mais ao desenvolvimento desse mercado e esses últimos anos a indústria dos fundos começou a atrair as pessoas físicas e também os grandes aplicadores institucionais em dois tipos de fundos que crescem vertiginosamente no Brasil: Os fundos imobiliários e os fundos multimercado. Mas como todos os investidores não têm o mesmo perfil, nem a mesma aceitação do risco, e não têm as mesmas capacidades financeiras de investimento, o mercado brasileiro desenvolveu uma ampla gama de fundos multimercados, cada um mais especializado num segmento de produtos. Os fundos multimercado permitem investir em várias opções de ativos comprando cotas de um único fundo. Como os gestores desses fundos tem uma grande liberdade de escolha entre os instrumentos de aplicação no mercado financeiro, um investidor, mesmo que pouco preparado e conhecedor do mercado brasileiro, pode investir em aplicações tão diversas como câmbio, ações, derivativos, títulos públicos ou privados, outros fundos de renda fixa ou variável etc. Portanto, essa forma de aplicação vai ao encontro do que sugere Harry Markowitz de nunca colocar os ovos em uma mesma cesta, e diversificar ao máximo os seus investimentos para obter um risco menor, Além da diversificação, Markowitz procura ponderar da forma mais precisa possível o quanto se deve investir em cada uma das aplicações realizadas obtendo assim um retorno ainda maior. Dito isso será que é possível utilizar um fundo multimercado ou uma carteira dos mesmos para atingir esses princípios estabelecidos por Markowitz? É possível realizar uma otimização de carteira de fundos multimercados? Será usada nesse trabalho uma base de dados com uma carteira de 255 fundos multimercados para analisar se é possível usá-los como uma forma de diversificar nossas aplicações com o intuito de reduzir significativamente o risco das operações além de ponderálos, através da fórmula da mínima variância, para obter um retorno ainda mais significativo. Além dessa contribuição principal, nesse trabalho de fim de curso vamos tentar esclarecer as características desses fundos, quando nasceram, quem os regula, como são administrados, que rentabilidade podemos esperar dessas aplicações e quais são os riscos envolvidos. Palavras-chaves: Fundos de investimento. Gestão patrimonial. Fundos multimercados. ABSTRACT As we analyze the publication of ANBIMA, the growing literature wrote by economists on the industry of investment funds in the world and especially in Brazil, we realize that in the 1990’s and 2000’s, the importance of this form of application grew much more than any other type of traditional application, exceeding 20 trillion in the whole world and 2 trillion in Brazil, accounting for over 45% of the national GDP, and in December 2011 it reached the equivalent sum of BRL 4.143 trillion, according to data published by IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) in March 6th, 2012. This turned Brazil into the sixth country when it comes to funds industry. In addition, the diversification of funds led to more investment possibilities, which helped foster the development of this market, and in the past few years the funds industry started attracting individuals and also big institutional players in two types of funds that have been spiraling up in Brazil: Real estate funds and multimarket funds. The reason is pretty well known: The struggle against recession in the world has been significantly affecting growth in Brazil and thus the Government has lowered interest rates and saving accounts remuneration conditions in order to boost the national economy, among other initiatives. It makes investors look for new forms of applications that are not fixed income types of applications, such as savings account or fixed income funds coupled with CDI (Interbank Deposit Certificate). For those people who cannot buy a property or who are not willing to deal with real estate management issues, real estate funds provide them with the possibility of participating in the Brazilian real estate market, both in terms of rent-based profitability and capital gains, resulting from appreciation of the share referring to that property in the Stock Exchange. However, the major highlight in patrimonial management, despite risk aversion due to the world crisis, relates to multimarket funds, once they allow for investments in several assets options through the acquisition of shares from only one fund. As the managers of these funds count on an expressive freedom of choice concerning financial market application tools, one investor, despite under-prepared and having little knowledge on the Brazilian market, can invest in diverse applications, such as exchange rate, stocks, derivatives, government or private bonds, other fixed or variable income funds etc. Nevertheless, as investors do not share the same profile, the same willingness to take risks or investment financial capacities, the Brazilian market has developed a wide range of multimarket funds, each one specialized in one product segment. This final essay aims at clearing up the characteristics of such funds, when they were created, who is in charge of regulating them, how they are managed, what profitability one can expect from these applications, as well as the risks involved. Keywords: Investment funds. Patrimonial management. Multimarket funds. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Risco e Retorno em Função da Correlação............................................................19 Gráfico 2 - Retorno Vs. Risco ..................................................................................................40 Gráfico 3 - Distribuição % por categoria .................................................................................42 Gráfico 4 - Tipo de investimento que o brasileiro possui (%) .................................................44 Gráfico 5 - Histórico da taxa de juros ......................................................................................44 Gráfico 6 - Poupança Vs. Inflação ...........................................................................................45 Gráfico 7 - Evolução do índice BOVESPA .............................................................................51 Gráfico 8 - Carteira Vs. benchmarks ........................................................................................58 Gráfico 9 – Teoria do risco/retono ...........................................................................................60 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Destaques na crise ....................................................................................................39 Tabela 2 - Evolução da nossa economia...................................................................................43 Tabela 3 – Remuneração da poupança com as novas regras....................................................46 Tabela 4 - Poupança Vs. CDB..................................................................................................47 Tabela 5 - Poupança Vs. LCI ...................................................................................................47 Tabela 6 - Evolução do dólar....................................................................................................52 Tabela 7 – Evolução CDI .........................................................................................................53 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11 1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................................11 2 METODOLOGIA................................................................................................................13 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................15 3.1 HISTÓRICO DOS FUNDOS MULTIMERCADO BRASILEIROS .................................15 3.2 REGULAMENTAÇÃO .....................................................................................................16 3.3 FUNCIONAMENTO .........................................................................................................16 3.4 RENTABILIDADE ............................................................................................................17 3.5.1 Portfólio de mínima variância ......................................................................................20 3.6 O CONCEITO DA VAR E O ÍNDICE DE SHARPE .........................................................21 3.7 OUTROS ÍNDICES DE AVALIAÇÃO RISCO/RETORNO ............................................................23 3.7.1 Beta .................................................................................................................................23 3.7.2 índice de Treynor...........................................................................................................23 4 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS FUNDOS MULTIMERCADO ..............................25 4.1 EXPANSÃO .......................................................................................................................25 4.2 TIPOS DE FUNDOS MULTIMERCADOS.......................................................................26 4.2.1 Multimercados Macro...................................................................................................26 4.2.2 Multimercados Multiestratégia ....................................................................................26 4.2.3 Multimercados trading .................................................................................................26 4.2.4 Multimercados multigestores .......................................................................................27 4.2.5 Multimercados juros e moeda ......................................................................................27 4.2.6 Multimercados estratégia específica ............................................................................27 4.2.7 Multimercados long and short neutro .........................................................................27 4.2.8 Multimercados long and short direcional ...................................................................27 4.2.9 Multimercados balanceados .........................................................................................28 4.2.10 Multimercados capital protegido ...............................................................................28 5 REGULAMENTAÇÃO ......................................................................................................29 5.1 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM).......................................................29 5.1.1 A instrução CVM n˚ 306 ...............................................................................................29 5.1.2 A instrução CVM nº 405 ...............................................................................................30 5.1.3 A instrução CVM nº 438 ...............................................................................................30 5.2 SECRETARIADO DA RECEITA FEDERAL...................................................................30 6 FUNCIONAMENTO DOS FUNDOS MULTIMERCADO ............................................33 6.1 OBJETIVO DO INVESTIMENTO ....................................................................................33 6.2 POLÍTICA DE INVESTIMENTO .....................................................................................33 6.3 EXISTEM BASICAMENTE QUATRO SUBCATEGORIAS DE FUNDOS MULTIMERCADOS ...............................................................................................................34 6.4 RISCOS DOS FUNDOS MULTIMERCADOS .................................................................34 6.4.1 Risco de mercado ...........................................................................................................34 6.4.2 Risco de crédito..............................................................................................................34 6.4.3 Risco de liquidez ............................................................................................................35 6.4.4 Risco de mercado externo .............................................................................................35 6.4.5 Risco decorrente da concentração da carteira............................................................35 6.4.6 Política de utilização e risco proveniente do uso de derivativos................................35 6.4.7 Regras de movimentação ..............................................................................................35 7 RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO............................................37 7.1 O QUE PODE ONERAR A RENTABILIDADE?..............................................................38 7.2 EVOLUÇÃO DE DEZ FUNDOS EM 2011 .......................................................................38 7.3 COMPARAÇÃO DE RENTABILIDADE ENTRE OS FUNDOS DE INVESTIMENTO, OS FUNDOS MULTIMERCADO E OUTROS INDEXADORES OU TIPOS DE INVESTIMENTO ....................................................................................................................42 7.3.1 Evolução econômica de 1994 a 2012 ............................................................................43 7.3.2 Histórico de taxas de juros e juros reais......................................................................44 7.3.3 Impacto da política fiscal ..............................................................................................48 7.3.4 Segurança do produto ...................................................................................................48 7.3.5 Peso das taxas cobradas nas rentabilidades dos fundos.............................................48 8 DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DE AVALIAÇAO DA RENTABILIDADE VERSUS RISCO DOS FUNDOS MULTIMERCADO .......................................................................49 8.1 EVOLUÇAO DOS BENCHMARKS DURANTE O PERIODO ANALISADO ...............50 8.1.1 Evolução do índice BOVESPA .....................................................................................50 8.1.2 Evolução do dólar ..........................................................................................................51 8.1.3 Evolução das taxas de juros..........................................................................................53 8.1.4 Evolução do IMA-B e do IRMF ...................................................................................53 8.2 ESTUDO DE RENTABILIDADE VERSUS RISCO DA CARTEIRA DE FUNDOS MULTIMERCADO SELECIONADOS A PARTIR DA MATRIZ DO MODELO DE MARKOWITZ .........................................................................................................................54 8.2.1 Base de dados .................................................................................................................55 8.2.2 Medição da rentabilidade .............................................................................................59 8.2.3 Medição do risco pelo índice de Sharpe ......................................................................60 9 CONCLUSÕES....................................................................................................................62 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................63 11 1 INTRODUÇÃO O motivo pelo qual foi escolhido esse tema para esse trabalho de conclusão de curso foi a constatação da crescente importância da indústria brasileira dos fundos de investimento, e em particular dos fundos multimercado como opção de aplicação financeira cada vez mais escolhida tanto pelas pessoas físicas e jurídicas, quanto também pelos grandes investidores institucionais como as companhias de seguro, os fundos de previdência privada etc. Mas o que são os fundos multimercado1? Que organismos os regulam e os controlam? Como são realizadas as analises de risco pelos gestores? Que rentabilidade tem esses fundos? Qual técnica, qual método permitem conciliar duas ideias opostas como obter a maior rentabilidade com o menor risco? Durante esse trabalho serão apresentadas algumas das principais características da indústria brasileira desses fundos, seu histórico e a sua evolução e crescimento ao longo dos últimos anos. Nesse projeto será demonstrado que aplicar em fundos multimercados pode ser mais rentável que várias outras formas de renda fixa, como a poupança, que está sendo bastante prejudicada pelas novas regras de cálculo dos juros estabelecidos pelo governo Dilma, e permitem atingir juros reais, apesar da fiscalidade dessas aplicações, com riscos baixos se bem administrados. 1.1 OBJETIVOS Analisar os fundos multimercado brasileiros, seu histórico e evolução no país, visando demonstrar que essa aplicação financeira é uma boa alternativa de investimento para conseguir boas rentabilidades sem necessitar de um alto montante de capital inicial para investir. Para entender o modo como esses fundos atuam no mercado é necessário analisar diversos itens, entre eles o histórico dos fundos multimercado brasileiros, para demonstrar de forma clara a evolução e o crescimento desse tipo específico de aplicação no nosso país. 1 Uma espécie de fundo de investimento (definição na página 24) 12 Posteriormente é muito importante conhecer a regulamentação, suas regras e restrições, mostrando como o investidor ou gestor pode agir e atuar nesse segmento para chegar aos seus objetivos. Na sequência, fazer uma análise de risco com o intuito de identificar a principal variável (o risco), isso através de diversas teorias criadas por reconhecidos autores como Markowitz, Sharpe entre outros, para a determinação de qual fundo ou ativo será escolhido pelos gestores e cotistas, visando a maior alavancagem possível combinado com o menor risco possível. A rentabilidade, para verificá-la, analisaremos diversos fundos multimercado no Brasil, com o intuito de demonstrar os seus ganhos e comparar com os ganhos de outras formas de investimento para, por fim, comprovar que essa aplicação financeira é uma boa alternativa para um investimento rentável e alcançar os objetivos de seus investidores. Demonstrar através da carteira de fundos multimercado presente nesse trabalho que o risco de uma aplicação de determinando capital pode diminuir se a diversificação for realizada e houver investimentos em mais de um tipo de aplicação (através dos próprios fundos) . Além disso através da fórmula de Markowitz demonstrar que a ponderação tem sua devida importância e que pela carteira de mínima variância além de o risco ser menor, a rentabilidade pode aumentar consideravelmente. Portanto o presente trabalho visa constatar a crescente relevância que esse tipo de aplicação vem adquirindo no Brasil ao longo do tempo, devido a mudança do sistema financeiro brasileiro que já entrou na fase de juros baixos, que obriga os investidores a procurar aplicações mais sofisticadas que oferecem alternativas para obter melhores resultados nas suas aplicações financeiras. 13 2 METODOLOGIA Com a assistência do Orientador foi obtida uma base de dados que possui 255 fundos multimercado com 1463 séries temporais (diárias) demonstrando seu desempenho do dia 02/01/2006 à 31/10/2011. Através da mesma, será realizado um estudo verificando que se for investido determinado capital em fundos multimercados, ou até melhor, em uma carteira dos mesmos, é possível diminuir o risco e aumentar a rentabilidade frente a outros benchmarks tais como o Ibovespa, o câmbio, a inflação e o CDI. Para isso serão usados os conceitos propostos por Harry Markowitz e William Sharpe. Markowitz criou a fórmula para a chamada carteira de mínima variância que auxiliará a comprovar se essa diversificação nas aplicações realizadas realmente diminuirá o risco e aumentará o retorno através da ponderabilidade. Segue a fórmula: Essa fórmula que possui aversão ao risco infinito é cada vez mais usada na literatura acadêmica pois a estimação pela mesma não considera o retorno esperado do portfólio facilitando os cálculos, já que os retornos esperados muito difíceis de serem mensurados. Já Sharpe criou um índice aonde pôs seu próprio nome que realiza uma avaliação de desempenho comparando o risco X retorno, esse índice de Sharpe será usado para comprovar se vale correr determinado risco que essa carteira fornece frente ao retorno que ela proporcionará. Segue a fórmula: O índice de Sharpe (IS) se calcula através da subtração do retorno do ativo (Ri) no período (geralmente de um ano) frente ao retorno de um ativo que seria livre de risco (Rf), depois de encontrado esse valor é realizada a divisão pelo risco do ativo representado pela letra grega sigma (σi), ou de forma mais simplificada a volatilidade na variância do ativo no mesmo período analisado. 14 Pesquisas bibliográficas de diversos autores serão usadas com o intuito de obter informações complementares para um melhor entendimento desse estudo. 15 3 REFERENCIAL TEÓRICO A base para o projeto, ou principal referência, será o que é considerado o marco inicial das pesquisas nesta área e contêm os princípios básicos da formação de carteiras: O modelo de Markowitz. Segundo Castro e Gonçalves (2002, apud MELLO, 2004, p. 16) o processo de seleção de uma carteira, na visão de Markowitz, pode ser dividido em dois estágios: o primeiro que começa com a observação e a experiência do investidor e termina com suposições sobre a performance futura dos negócios avaliados; e o segundo estágio que começa com as suposições relevantes para os desempenhos futuros e termina com a escolha da carteira de ações. À medida que o tempo passava surgiam diversos autores visando aperfeiçoar o método criado por Markowitz. Segundo Damodaran (1997), a otimização da carteira é a maximização do nível de retorno sujeito ao nível de risco máximo que o investidor está disposto a aceitar. Se o investidor especificar seu nível desejável de retorno, a carteira ótima será a que minimizar a variância sujeita a este nível de retorno. Serão analisados, para um melhor entendimento, quatro pontos importantes: 3.1 HISTÓRICO DOS FUNDOS MULTIMERCADO BRASILEIROS Segundo Araújo (2009), a evolução desse tipo de fundo no país é notável, já que logo depois de sua criação, segundo a ANBID no meio da década de 90, no Brasil em ele representava 13,24% dos investimentos realizados na indústria dos fundos enquanto que em 2008 esses mesmos fundos multimercado já representavam uma porcentagem de 21,57%, mesmo este sendo um ano particularmente ruim devido à crise do Sub-prime2 nos Estados Unidos. O estudo visa salientar essa forma de investimento demonstrando que o mesmo é uma boa aplicação financeira que segue o risco desejado por cada cotista, além de não despender muito tempo com a administração do seu capital visto que a mesma é feita por gestores especializados no assunto. 2 A Crise do subprime é uma crise financeira desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos 16 3.2 REGULAMENTAÇÃO Sobre a regulamentação dos fundos de investimento, há dois órgãos que atuam nesse quesito: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o secretariado da receita federal do Brasil (SRB). A CVM possui 3 regulamentações para esse tipo de aplicação financeira: • A Instrução CVM nº 3063 que Dispõe sobre administração de carteira de valores mobiliários. • A Instrução CVM nº 4094 que Dispõe sobre a constituição, a administração, o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de investimento. • A Instrução CVM nº 4385 que aprova o Plano Contábil dos Fundos de Investimento COFI. Já a SRB aplica apenas uma regulamentação nessa área: • A Instrução 1.0226 que Dispõe sobre o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos auferidos nos mercados financeiro e de capitais. Alteradas pelas Instruções Normativas nº1.043, de 15 de junho de 2010, e nº 1.236, de 11 de janeiro de 2012. 3.3 FUNCIONAMENTO O investidor deve fazer diversas análises de risco para, assim, aplicar os seus recursos financeiros em um fundo de investimento que está adquirindo. Feita a análise de qual fundo se encaixa melhor com o perfil do cotista, o mesmo adquire certa quantidade de cotas que, somadas a todas as outras cotas dos outros investidores representarão o patrimônio do fundo de investimento. Damodaran (1997) demonstra em suas diversas obras que há diversas formas de análise de risco dos fundos de investimento, entre elas: 1 - Utilizar os métodos empíricos, que expõem e incorporam o risco indiretamente no projeto, mas não identificam exatamente o sentido do risco nem o medem, e por isso devem 3 http://www.bancofator.com.br/arquivos/_galeria_arquivos/Legislacao_e_regras/ICVM/CVM306.pdf. http://www.bancofator.com.br/arquivos/_galeria_arquivos/Legislacao_e_regras/ICVM/CVM409.pdf 5 www.bancofator.com.br/arquivos/_galeria_arquivos/legislacao_e_regras/ICVM/CVM438.pdf 6 http://www.bancofator.com.br/arquivos/_galeria_arquivos/Legislacao_e_regras/Leis_Federais/IN_SRF_1.022.p df. 4 17 ser considerados procedimentos insatisfatórios. 2 - Utilizar os métodos da teoria da decisão e da simulação para avaliar a incerteza, caracterizando-se por serem métodos que se aplicam em contextos de estrita incerteza, quando é impossível medir os acontecimentos através de probabilidades. E por fim, o método. 3 - Recorrer aos métodos probabilísticos para análise de risco, é o mais usado nos dias de hoje, por permitir um resultado mais “palpável”, além do uso de diversas estatísticas que são as mesmas para todos os analistas, saindo daquela fase aonde a opinião de cada um pode ser diferente tornando os ativos muito mais instáveis e aumentando o seu risco. 3.4 RENTABILIDADE A Friard Corporation cita que a rentabilidade de cada fundo é determinada pela estratégia de investimento adotada pelo gestor, que deve respeitar as características definidas no seu estatuto. Existem fundos conservadores e fundos mais agressivos com diferentes graus de risco definidos de acordo com seu objetivo. No que condiz aos fundos multimercado brasileiros, eles têm se mostrado ser belas aplicações financeiras devido aos seus bons rendimentos, mesmo possuindo maiores taxas de risco que as outras formas de fundos de investimento e tipos de aplicações financeiras. Os fundos multimercado são considerados menos arriscados que outros, como os macro ou os multiestratégia. Se um fundo conseguir rentabilidade de 3% em um mês, todos os cotistas terão a mesma valorização, independentemente do valor aplicado. Vale salientar que as taxas e impostos têm grande importância na rentabilidade do fundo e que sua cobrança também é proporcional à porcentagem que cada investidor possui, portanto, vale a pena ficar atento às taxas cobradas, que variam de acordo com o fundo e com a instituição. Segundo a Risktech, o índice de Sharpe, criado por William Sharpe, em 1966, é um dos mais utilizados e que relata a relação retorno/risco, informando se o fundo oferece rentabilidade compatível com o risco a que expõe o investidor. Nos rankings de carteiras com base no Índice de Sharpe, quanto maior o Sharpe do fundo, desde que positivo, melhor a sua classificação, o aplicador pode comparar o Sharpe de quantos fundos desejar para tomar sua decisão de investimento. . A fórmula é: 18 3.5 Modelo de Markowitz O modelo de Markowitz foi criado por Harry Max Markowitz que, nascido em Chicago em 1927, ganhou o prêmio Nobel de economia em 1990 com Merton Miller e William Sharpe. O assunto abordado no prêmio Nobel é baseado em contribuições para se realizar análises mais efetivas de carteiras de investimento além de métodos de corporate finance. No final dos anos cinquenta, Markowitz publica seu livro: “Seleção do portfólio: diversificação eficiente”, onde Markowitz demonstra sua teoria relacionada aos modelos de investimento em carteiras de ações. O modelo de análise demonstra como cada investidor é capaz de otimizar, mesmo em um ambiente de incerteza, uma maximização de rentabilidade minimizando o risco. Esse modelo passou a ser usado como uma medida de rentabilidade no mercado financeiro, e utiliza a variável valor presente da carteira de ações como uma medida de risco e variância da mesma. No modelo de Markowitz, basicamente, são considerados apenas dois fatores pelo investidor no momento de realizar a seleção de carteiras, são eles: O retorno esperado da carteira e o risco calculado pela variância deste retorno, sendo que o retorno é o fator desejado pelo investidor e o risco o fator indesejável pelo mesmo. A grande contribuição deste modelo condiz ao fato de diferenciar a variabilidade do retorno de um ativo financeiro e o seu impacto no risco de uma carteira de investimentos. O modelo básico de Markowitz pode ser dado por: 19 E: Retorno esperado da carteira; V: Variância da carteira; : Participação de cada ativo; : Retorno esperado de cada ativo; : Covariância entre o par de ativos se (i) diferente (j) e variância Se (i) igual a (j); Bernstein (1997, 6) afirma que: Como pode ser observado nas fórmulas 01 e 02, embora o retorno esperado de uma carteira seja a média ponderada dos retornos individuais, o mesmo não pode ser dito para a variância ou risco da carteira. De acordo com o modelo de Markowitz a variância da carteira depende da covariância entre os pares de ativos, a qual por sua vez depende da correlação entre os ativos. Assim, quando dois ou mais ativos pouco relacionados compõem uma carteira de investimentos consegue-se um risco menor que a média ponderada dos riscos individuais, conseguindo algumas vezes um risco menor que o do ativo de menor risco com um retorno maior que o deste ativo. Ou seja, Markowitz demonstra que a diversificação reduz o risco de uma carteira de ativos. Veremos a seguir um gráfico que relata a fronteira eficiente, o risco e o retorno se forem escolhidos determinados pares de ativos. Novamente salienta-se que, quanto menor a correlação entre os dois ativos, menor é o risco da carteira. Gráfico 1 - Risco e Retorno em Função da Correlação 20 Fonte: Gonçalves Jr, Pamplona e Montevechi, 2002. Se a correlação entre os ativos listados no gráfico forem iguais a 1 não há melhora considerável na composição da carteira, pelo simples fato de ter diversificado o investimento com ativos que reagem de forma igualitária às notícias e acontecimentos do mercado. Já quando possuímos ativos que possuem correlação perfeitamente negativa no valor de -1 reduz-se o risco a zero se o retorno esperado pelo investidor for de 15%. Infelizmente é importante salientar que no mercado financeiro não existem ativos com correlação perfeitamente negativa. 3.5.1 Portfólio de mínima variância O maior dos problemas na seleção de carteiras feita pelo investidor, no paradigma de média variância de Markowitz, é a estimação de determinadas variáveis como: o vetor de retornos esperados das ações. Essas dificuldades de estimação faz com que o desempenho da carteira de média variância seja imprevisível. Quando ocorrer um caso desse tipo e o investidor não possuir um método para prever o retorno médio futuro dos ativos, é preferível optar por uma carteira com o menor risco possível, ou a carteira com a mínima variância que necessita somente de uma estimativa para matriz de covariância. 21 Essa carteira de mínima variância é a solução para que as estimações não interfiram tanto nos resultados da carteira (NICKEL, 2013). 3.6 O CONCEITO DA VAR (VALUE AT RISK) E O ÍNDICE DE SHARPE Esses dois conceitos permitem decidir os investimentos que correspondem ao risco que o gestor ou o investidor esta disposto a assumir. A VaR mede a perda percentual máxima para um investimento, em função de um prazo, com um determinado nível de confiança. Se o VaR de um dia de um fundo é de 3%, com um nível de confiança 90%, significa que temos 90% de certeza que, em caso de perda o prejuízo máximo diário será de 3%. Mesmo com fundos de patrimônio e tempo de existência diferentes, temos uma referencia que nos permite comparar qual fundo é mais arriscado. Menor o VaR, menor será a volatilidade do fundo, ou seja, os ativos desse fundo têm menos chances de cair. Em 1966, O índice Sharpe foi criado por William Sharpe, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1990. É um dos mais utilizados na avaliação de fundos de investimento. Ele expressa a relação retorno/risco e informa se o fundo oferece rentabilidade compatível com o risco a que expõe o investidor. Permite avaliar o desempenho do fundo através da relação risco/retorno já descontado uma taxa de juros considerada livre de risco. Este índice é usado pela ANBID para avaliar o desempenho dos fundos de investimento. Ele tem por objetivo avaliar o desempenho do fundo através da relação risco versus retorno, e procura avaliar se o retorno obtido pelo fundo está em relação com os riscos assumidos pelo gestor. Uma rentabilidade alta pode ser a consequência de uma exposição demasiadamente alta, que poderia ter provocado uma perda grande. 22 Quanto mais alto for o Índice Sharpe de um fundo, maior terá sido a eficiência deste fundo em relação ao risco assumido (CARVALHO, 2013). Como é calculado o índice Sharpe? Onde: IS = Índice de Sharpe = Retorno do Ativo = Retorno Livre de Risco (Risk-Free) = Risco do Ativo (a letra grega sigma representa a volatilidade) Exemplo Real de Cálculo (dados de janeiro de 2007 até outubro 2011) Retorno Anual de um Fundo Multimercado: 18,89% Retorno Anual do CDI: 11,08% Volatilidade Anual do fundo: 10,08% Logo: Índice de Sharpe Generalizado O Índice de Sharpe Generalizado é uma variação do Índice de Sharpe, adicionando a volatilidade do ativo livre de risco à equação. Calculo do Índice de Sharpe Generalizado: Onde: = Índice de Sharpe Generalizado = Retorno do Ativo = Retorno Livre de Risco (Risk-Free) = Risco do Ativo (a letra grega sigma representa volatilidade) = Risco do Ativo Livre de Risco (Risk-Free) O Índice de Sharpe Generalizado desconta também a volatilidade do ativo livre de 23 risco; ele será sempre superior ao Índice de Sharpe (CARVAKHO, 2013). 3.7 OUTROS ÍNDICES DE AVALIAÇÃO RISCO/RETORNO 3.7.1 Beta Esse índice determina o grau de reação do retorno de uma carteira em relação a mudança no retorno do mercado. Segundo Gitman (2004, p. 200), “o coeficiente Beta e usado para medir o risco não diversificável [...] é um índice do grau do movimento do retorno de um ativo em resposta a mudança ao retorno do mercado”. Calculo do Beta: Onde: = a covariança do retorno do ativo j = a carteira do mercado Km = a variância do retorno sobre a carteira do mercado. Quando Beta = 1 o retorno da carteira tem variação igual ao do mercado; Quando B é inferior a 1, o retorno da carteira tem uma variação menor que a variação do mercado; Quando Beta é superior a 1, o retorno da carteira tem uma variação maior que a variação do mercado. Segundo Crowne (2003) enquanto o desvio padrão determina a volatilidade de um fundo de acordo com a disparidade de seus retornos no decorrer do tempo, o Beta é outra medida estatística útil por determinar também a volatilidade ou risco de um fundo, em comparação ao seu benchmark. 3.7.2 índice de Treynor 24 O calculo desse índice é semelhante ao do índice Sharpe, utilizando o coeficiente Beta como medida de risco. Calculo do índice de Treynor: Onde: = o índice Treynor = a taxa media de retorno da carteira = a taxa do ativo livre de risco = o coeficiente Beta da carteira. 25 4 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS FUNDOS MULTIMERCADO Os Fundos de Investimento são uma modalidade de aplicação criada em 1957 no Brasil, porém, somente alcançou visibilidade a partir da década de 90. O saldo das aplicações financeiras no Brasil em fundos de investimento era de menos de 22 milhões de reais em 1994; o crescimento dessa modalidade de aplicação financeira foi extraordinário, atingindo em 2000 o volume de 253,83 milhões de reais, em 2006 o total de 684 milhões de reais, em maio de 2011 o valor de 1,63 trilhão de reais e em abril de 2012, o volume atingiu pela primeira vez os 2 trilhões de reais (boleto ANBIMA abril 2012) Atualmente, a indústria brasileira de fundos é a sexta maior do mundo, com ativos representando cerca de 44% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, segundo a Anbima. Os fundos de investimento ocupam hoje um lugar tão importante que a ANBID, em colaboração com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), criou um Anuário dos fundos de investimento, que teve sua primeira publicação em 2011. Nele aparece que a captação liquida dos fundos em 2011 foi de 83 bilhões de reais, próximo do número de 2009 que atingiu 87,6 bilhões, mas ainda longe do recorde de 2010 de 114 bilhões. Isso representa um crescimento de patrimônio liquido de 16% em 2011. Em 2011, teve a maior concentração sobre os fundos de renda fixa, com um ingresso liquido de 78,3 bilhões, devido à elevação da taxa de juros no primeiro semestre de 2011. Em contrapartida, nos fundos multimercados houve um resgate líquido de 21 bilhões de reais, mesmo com uma rentabilidade positiva. Mas esses fundos conheceram um bom desempenho na atividade de Private Banking que conheceu um ingresso de 25 bilhões entre os fundos de renda fixa e multimercados (ANBIMA, 2013). 4.1 EXPANSÃO Os fundos multimercados vêm se popularizando no Brasil nos últimos anos, concentrando em 2012 em torno de 25% do patrimônio líquido total da indústria de fundos. Isso já é o equivalente ao percentual investido em renda fixa no período. Ao mesmo tempo, a indústria tem observado uma redução da participação relativa dos fundos mais conservadores –= DI e renda fixa. Historicamente preferidos pelos brasileiros. E especialistas do setor esperam um crescimento da participação de fundos mais sofisticados como o multimercados para os próximos anos, devido à queda de taxa de juros, que obriga os investidores a buscar 26 novas formas de proteção do capital, com juros reais positivos. Em conclusão, o bom desempenho dos fundos multimercados no Brasil deve continuar, com a ajuda também dos investidores internacionais, e também a criação de novos produtos. “A tendência de buscar renda fixa e DI no Brasil tem vinte anos. O brasileiro vem calejado de crises sucessivas. Mas a procura por produtos mais sofisticados deve crescer”, explica Demósthenes Pinho Neto, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA, 2013, p. 1). 4.2 TIPOS DE FUNDOS MULTIMERCADOS A Anbima classificou os fundos multimercados segundo as estratégias adotadas pelos gestores para atingir os objetivos. De forma geral, a maioria dos fundos dessa categoria se encaixa, no entanto, nas classificações macro e multiestratégia: 4.2.1 Multimercados Macro Fundos que realizam operações em diversas classes de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio, etc.) definindo as estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo, atuando de forma direcional. Admitem alavancagem. 4.2.2 Multimercados Multiestratégia Fundos que podem adotar mais de uma estratégia de investimento, sem o compromisso declarado de se dedicarem a uma em particular. Boa parte dos grandes fundos se encaixa nessa classificação. Admitem alavancagem. 4.2.3 Multimercados trading Fundos que concentram as estratégias de investimento em diferentes mercados ou classes de ativos, explorando oportunidades de ganhos originados por movimentos de curto prazo nos preços dos ativos. Admitem alavancagem. 27 4.2.4 Multimercados multigestores Fundos que têm por objetivo investir em mais de um fundo geridos por gestores distintos. A principal competência envolvida consiste no processo de seleção de gestores. Admitem alavancagem. São os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento (FICFIs), também conhecidos como “fundos de fundos”. 4.2.5 Multimercados juros e moeda Fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimentos em ativos de renda fixa, admitindo-se estratégias que impliquem risco de juros do mercado doméstico, risco de índice de preço e risco de moeda estrangeira. Excluem-se estratégias que impliquem em risco de renda variável (ações etc.). Admitem alavancagem. 4.2.6 Multimercados estratégia específica Fundos que adotam estratégia de investimento que implique riscos específicos, tais como commodities ou futuro de índice. Admitem alavancagem. 4.2.7 Multimercados long and short neutro Fundos que fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas, com o objetivo de manterem a exposição neutra ao risco do mercado acionário. Isso significa que não importa se a bolsa vai cair ou subir para o sucesso da estratégia. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Admitem alavancagem. 4.2.8 Multimercados long and short direcional Fundos que fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas. O resultado deve ser proveniente, preponderantemente, da diferença entre essas posições. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Admitem alavancagem. 28 4.2.9 Multimercados balanceados Fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimento em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio, etc.). Em outras palavras, balanceiam investimentos em renda fixa e variável, mantendo um percentual quase fixo de cada. Devem ter explicitado o percentual de cada classe de ativo com o qual devem ser comparados. Assim, esses fundos não podem ser comparados a um indicador de desempenho que reflita apenas uma classe de ativos (por exemplo: 100% CDI). Não admitem alavancagem. Produto interessante para previdência complementar. 4.2.10 Multimercados capital protegido Fundos que buscam retornos em mercados de risco procurando proteger parcial ou totalmente o principal investido. 29 5 REGULAMENTAÇÃO Os fundos de investimento no Brasil são controlados por dois órgãos federais: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Secretariado da Receita Federal (SRB). Tanto a CVM como a SRB possuem regulamentações específicas para fixar as regras de funcionamento dos fundos. 5.1 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) A CVM possui 3 instruções para definir a constituição, a administração, o funcionamento, o plano contábil e a divulgação das informações dos fundos: 5.1.1 A instrução CVM n˚ 306 Dispõe sobre administração de carteira de valores mobiliários. Ela determina: - as qualidades de probidade e a experiência de no mínimo três anos no mercado financeiro que deve ter o administrador, pessoa jurídica ou física, - do prazo de concessão da autorização: 30 dias, - do cancelamento da autorização e das razões para tal medida, - das informações que o administrador deve enviar a CVM ate o 31 de maio de cada ano, - das normas de conduta: respeito dos objetivos do cliente, cumprir fielmente o contrato firmado com o cliente no que se refere à política de investimentos, a remuneração dos serviços, os riscos inerentes às operações, etc. - da obrigação de manter atualizada a documentação a disposição do cliente, - da segregação das atividades do fundo em relação às demais atividades da instituição financeira, - das vedações, - das responsabilidades do administrador, civil e administrativa em caso de prejuízos resultantes de atos culposos ou dolosos e - das penalidades e multa. 30 5.1.2 A instrução CVM nº 405 Dispõe sobre o envio de informações e o registro na CVM dos fundos de investimento. Art. 1: O início de atividades, o encerramento, a transformação, a cisão, a incorporação, a fusão e as alterações cadastrais dos fundos de investimento financeiro, dos fundos de aplicação em cotas de fundo de investimento, ambos regulados pela Circular BACEN nº 2.616, de 18 de setembro de 1995, e dos fundos de investimento no exterior, regulados pela Circular BACEN nº 2.714, de 28 de agosto de 1996, devem, desde o 5 de abril de 2004, ser comunicados exclusivamente a CVM e não mais ao Banco Central como era antes. . Art.2: trata das informações a serem encaminhadas a CVM: - informe diário do total da carteira, do valor do patrimônio líquido, do valor da cota, do montante das captações e resgates, e do número de cotistas. - balancete mensal nos 15 dias após o encerramento do mês, - a alteração do regulamento deve ser comunicado no prazo máximo de 10 dias após a Assembleia Geral que tratou do assunto, assim como a alteração do prospecto em vigor. - Somente as informações semanais continuam a ser encaminhadas diretamente ao Banco Central do Brasil (BRASIL, 2004). 5.1.3 A instrução CVM nº 438 Estipula que a partir de 1º de janeiro de 2007, os fundos de investimento deverão observar as disposições do Plano Contábil dos Fundos de Investimento – COFI. aprovado pela referida Instrução. 5.2 SECRETARIADO DA RECEITA FEDERAL Já o Secretariado da Receita Federal, através da instrução normativa 1.022, disciplina a cobrança e o recolhimento do imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos e ganhos auferidos nos mercados financeiros e de capitais, por investidores residentes ou domiciliados no País e no exterior. O 1˚ capitulo dispõe sobre a tributação das aplicações em fundos de investimento de residentes ou domiciliados no País; O 3˚ capitulo dispõe sobre a tributação das aplicações em fundos de investimento e em 31 títulos e valores mobiliários de renda fixa ou de renda variável de residentes ou domiciliados no exterior (BRASIL, 2010). Para fins tributários, os fundos de investimento serão classificados em fundos de curto prazo (cuja carteira de títulos tem um prazo inferior a 365 dias) e fundos de longo prazo, (cuja carteira de títulos tem um prazo superior a 365 dias). O Fundo de Investimento em Cotas de Outros Fundos de Investimento, para enquadrar-se como fundo de investimento de longo prazo, fica obrigado a manter, no mínimo, o percentual médio de 90% de seu patrimônio investido em cotas de fundos de investimento de longo prazo. Os fundos de investimento classificados como de longo prazo sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda na fonte, por ocasião do resgate, às seguintes alíquotas: - 22,5%, em aplicações com prazo de até 180 dias; - 20%, em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias; - 17,5%, em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias; - 15%, em aplicações com prazo acima de 720 dias. O imposto sobre a renda na fonte incidirá no último dia útil do mês de maio ou novembro imediatamente posterior à ocorrência, à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o rendimento. Os fundos de investimento classificados como de curto prazo sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda na fonte, por ocasião do resgate, às seguintes alíquotas: - 22,5%, em aplicações com prazo de até 180 dias; - 20%, em aplicações com prazo acima de 180 dias. A incidência do imposto sobre a renda na fonte sobre os rendimentos ocorrera no último dia útil dos meses de maio e novembro de cada ano, ou no resgate, se ocorrido em data anterior. O administrador do fundo de investimento de longo ou de curto prazo deverá, nessas datas, reduzir a quantidade de cotas de cada contribuinte em valor correspondente ao imposto sobre a renda devido. Os cotistas dos fundos de investimento em ações serão tributados pelo imposto sobre a renda exclusivamente no resgate de cotas, à alíquota de 15%. A base de cálculo do imposto será constituída pela diferença positiva entre o valor de resgate e o custo de aquisição da cota, considerados pelo seu valor patrimonial. Consideram-se fundos de investimento em ações aqueles cujas carteiras sejam constituídas, no mínimo, por 67% de ações negociadas no mercado à vista de bolsa de valores 32 no Brasil ou no exterior (os American Depositary Receipts – ADR e os Global Depositary Receipts – GDR e as cotas dos fundos de índice de ações negociadas em bolsas de valores ou mercado de balcão organizado). A instrução normativa 1.043 de 15 de junho de 2010 equipara o investidor estrangeiro ao nacional, para fins de imposto sobre a renda, em relação às operações de aquisição de títulos e valores mobiliários, inclusive cotas de fundos de investimento, realizadas a partir da data dessa instrução normativa, independentemente da data de aquisição. 33 6 FUNCIONAMENTO DOS FUNDOS MULTIMERCADO Segundo a CVM o Fundo Multimercado possui uma política de investimento baseada em vários fatores de risco, sem compromisso de concentração em um mercado específico. Utiliza-se em sua carteira estratégias de renda fixa, câmbio, ações entre outras. Além disso, utilizam-se ativamente de instrumentos de derivativos para alavancagem de suas posições, ou para proteção de suas carteiras (hedge). São fundos com alta flexibilidade de gestão, por isso dependem do talento do gestor na escolha do melhor momento de alocar os recursos (market timing), na seleção dos ativos da carteira e no percentual do patrimônio que será investido em cada um dos mercados (asset mix). 6.1 OBJETIVO DO INVESTIMENTO Os Fundos multimercado têm como objetivo obter ganhos de capital através de operações nos mercados de juros, câmbio, ações, commodities, dívida publica federal, estadual e municipal, dívida privada como debêntures, notas promissórias, commercial paper etc. Utilizando-se dos instrumentos disponíveis tanto nos mercados à vista quanto nos mercados de derivativos. Esses Fundos poderão se utilizar, entre outros, de mecanismos de hedge, operações de arbitragem e estratégias ativas com derivativos para alcançar seus objetivos. 6.2 POLÍTICA DE INVESTIMENTO Através da análise dos cenários macroeconômicos nacionais e internacionais, dos riscos de mercado, de crédito e liquidez, são definidas, pela administradora, as estratégias e a seleção de ativos do Fundo, respeitando-se sempre a legislação, as normas e regulamentos aplicáveis, bem como as diretrizes estabelecidas no regulamento do Fundo. Os fundos multimercado permitem que o investidor diversifique a aplicação, estando em um único fundo de investimento. Esta modalidade é indicada para quem busca rentabilidade e pode correr um pouco de risco sem precisar dos recursos no curto prazo. Os fundos multimercado costumam atrair investidores que estão na renda fixa e querem migrar para a renda variável. Eles funcionam como uma ponte para quem quer 34 colocar um pé em ações, mas tem ainda receio de aplicar 100% em Bolsa. No ano passado, esses fundos foram líderes de captação no mercado com mais de R$ 39 bilhões, dinheiro vindo, sobretudo, dos fundos de renda fixa. 6.3 EXISTEM BASICAMENTE QUATRO SUBCATEGORIAS DE FUNDOS MULTIMERCADOS 1 - Os fundos multimercado sem renda variável, que aplicam no mercado de renda fixa e câmbio; 2 - Os fundos multimercado sem renda variável mas com alavancagem, que aplicam nestes mesmos mercados e utilizam derivativos. 3 - Os fundos multimercado com renda variável 4 - Os fundos multimercado com renda variável e alavancagem. A maioria dos fundos multimercados entra na carteira de longo prazo, ou seja, a partir de 361 até 720 dias; isso quer dizer que o investidor paga 17,5% de IR, e se a carteira do fundo fica acima de 720 dias, o investidor paga 15% de IR. 6.4 RISCOS DOS FUNDOS MULTIMERCADOS Basicamente, podemos classifica-los em 6 categorias: 6.4.1 Risco de mercado O Risco de Mercado pode ser definido genericamente como as perdas potenciais associadas às oscilações dos preços e das taxas dos ativos. 6.4.2 Risco de crédito Consiste no risco dos emissores de títulos e/ou valores mobiliários de renda fixa que integrem ou venham a integrar a Carteira não cumprirem suas obrigações de pagar tanto o principal como os respectivos juros de suas dívidas para com os Fundos. 35 6.4.3 Risco de liquidez Consiste no risco dos Fundos não estarem aptos a efetuar, dentro do prazo estabelecido no Regulamento resgates solicitados pelos cotistas, em decorrência de condições atípicas de mercado, grande volume de solicitações de resgate e/ou outros fatores que acarretem a falta de liquidez dos mercados. 6.4.4 Risco de mercado externo Os Fundos poderão manter em suas carteiras, ativos financeiros negociados no exterior ou adquirir cotas de fundos que invistam no exterior; consequentemente, a performance pode ser afetada por requisitos legais ou regulatórios, por exigências tributárias relativos a todos os países nos quais eles invistam ou, ainda, pela variação do Real em relação a outras moedas. 6.4.5 Risco decorrente da concentração da carteira Um Fundo poderá estar exposto à significativa concentração em ativos de Renda Variável de poucos emissores. Tal concentração pode afetar o desempenho desse Fundo. 6.4.6 Política de utilização e risco proveniente do uso de derivativos Os Fundos podem utilizar instrumentos derivativos, gerando a possibilidade de perdas patrimoniais para o investidor. Os instrumentos derivativos são influenciados pelos preços à vista dos ativos a ele relacionados, pelas expectativas futuras de preços, liquidez dos mercados, além do risco de crédito da contraparte, podendo ocasionar perdas superiores às previstas, quando da realização destas operações. 6.4.7 Regras de movimentação Esses fundos, como qualquer um, fixam as regras de aplicação e resgate. Aplicação: qual é o valor da aplicação inicial, das seguintes, como as aplicações podem ser efetuadas (cheques, DOC, TED etc.) e até que hora. 36 A aquisição de cotas ocorre com o valor apurado no dia da efetiva disponibilidade dos recursos. Resgate: qual é o valor mínimo, como pode ser efetuado (DOC, TED, cheque etc.), ate que hora pode ser pedido para que os fundos sejam liberados em D0 ou em D+1 e o valor da cota em vigor no dia da efetiva solicitação de resgate. 37 7 RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO Não colocar todos os ovos na mesma cesta. Eis o valioso conselho dos especialistas em finanças pessoais quando o assunto é investir. De modo geral, no entanto, esses fundos são voltados para quem quer ter rendimentos maiores que o da renda fixa, mas podem exigir um prazo de aplicação maior para que esses resultados apareçam. Segundo uma publicação da FGV do 08/12/2009, dos 350 melhores fundos, 71 já eram fundos multimercados, enquanto a essa época, e no auge da crise internacional, os investidores eram muito mais atraídos pelos fundos de renda fixa; hoje, acredito que esse número deve ter subido substancialmente. Como o próprio nome diz, os fundos multimercados têm múltiplas possibilidades: aplicam em papéis tão distintos quanto títulos de renda fixa, ações, derivativos e câmbio. Embora o risco e o retorno variem de acordo com a composição da carteira, esses fundos são normalmente mais arriscados e rentáveis do que os de renda fixa e os referenciados. Diferentes ativos, diferentes estratégias, diferentes graus de risco, diferentes perfis de investidor. Esses fundos utilizam benchmarks (parâmetros de referência) adaptados ao perfil da carteira de cada fundo, mas de um modo em geral os principais benchmarks são: A taxa de CDI, o índice Bovespa e a variação cambial. “No longo prazo, os multimercados estão entre os fundos mais rentáveis, se tornando boas opções para quem quer aumentar e acumular o patrimônio”. (WILTGEN, 2010, p. 1). “A performance positiva dos fundos multimercados está atrelada a cenários econômicos mais otimistas. Os cenários de crise são avessos a risco. Uma economia aquecida dá mais oportunidades para esses fundos”, esclarece George Ohanian, professor de finanças do Isnper/Ibmec. (apud WILTGEN, 2010, p. 1). Alguns cenários econômicos, no entanto, podem beneficiar mais um tipo de fundo multimercado do que outros. Por exemplo, quando a volatilidade está baixa, e o mercado caminha numa direção muito clara, fundos de estratégia macrodirecional – ou seja, aqueles cujos gestores apostam em tendências – costumam se dar melhor. Mas quando o mercado não tem uma direção clara, com grandes variações na bolsa e no câmbio, fundos de arbitragem, como os long and short, saem ganhando. 38 7.1 O QUE PODE ONERAR A RENTABILIDADE? Devido à complexidade de operação de um fundo multimercado, seus gestores devem ter grande habilidade para fazer a melhor alocação dos recursos dos cotistas no momento mais propício. Por isso, as taxas de administração desses fundos costumam ser mais altas que os de renda fixa e referenciados, com uma média em torno de 2% ao ano. Embora não se balizem por um único indicador, os multimercados normalmente cobram também taxa de performance em cima do CDI. O mais comum é que 20% do ganho acima do CDI fique com o gestor. Além das taxas, também pesam no bolso do investidor o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto de Renda (IR). No entanto, o primeiro só é cobrado quando os resgates são feitos em um período inferior a trinta dias. Já o IR é recolhido no último dia útil dos meses de maio e novembro e no momento do resgate. A cobrança é feita com base em uma tabela regressiva que varia de 22,5% a 15%, sendo a primeira alíquota válida para as aplicações com até 180 dias e a última válida para aquelas superiores há dois anos. Isso acaba incentivando a aplicação de longo prazo. 7.2 EVOLUÇÃO DE DEZ FUNDOS EM 2011 Para ilustrar melhor essas variáveis que os administradores de fundos tem a sua disposição, e seu impacto na rentabilidade dos fundos multimercado, vamos analisar a evolução dos 10 melhores fundos multimercado em 2011, e a política seguida pelos administradores desses fundos: 39 Tabela 1- Destaques na crise Fonte: D’Agosto, 2011. Com a queda da bolsa de aproximadamente 20% no ano, os gestores de fundos multimercado tiveram que encontrar alternativas para oferecer boa rentabilidade aos seus cotistas. A tabela abaixo mostra que o retorno destes 10 fundos no período entre 31 de dezembro de 2010 e o último dia 12 ficou na faixa entre 9,80% e 14,31%, descontados o imposto de renda e as taxas de administração impostas por cada um dos fundos. Portando ficou acima da rentabilidade do CDI de 8,02%, e com a volatilidade variando entre 1,64% e 26,61% ao ano. Todos os fundos possuem patrimônio líquido acima de R$ 50 milhões e a aplicação inicial é de, no máximo, R$ 50 mil. Veja a relação. Os fundos Mapfre Inversion, Mauá, Gap Absoluto, Kondor Max e BTG Pactual Hedge Plus ganharam com posições em títulos públicos prefixados (LTNs) e atrelados à inflação (NTN-Bs). Os gestores dos demais fundos usaram estratégias de arbitragem entre pares de ações ou índices para conseguir seus ganhos. O fundo mais rentável, o Nobel Advanced Agressive, foi também o mais volátil, em função de sua estratégia de investimento que concentra grandes posições em ativos líquidos. A eficácia das estratégias dos fundos pode ser avaliada também por meio da relação 40 entre o retorno e o risco dos fundos, representados pelos pontos laranja no gráfico abaixo. Gráfico 2 - Retorno X Risco Fonte: D’Agosto, 2011. Para compreender o gráfico, começamos pelo ponto mais alto à direita, que ilustra o desempenho do Nobel Advanced Agressive, o fundo com o maior retorno, de pouco mais de 14%, e também com o maior risco, de 26% ao ano. Nenhuma outra carteira teve desempenho semelhante, o que pode indicar tanto um desempenho excepcional para uma estratégia de investimento única quanto apenas sorte no período. Existem duas formas para conseguir a melhor relação entre risco e retorno. Uma é escolher o fundo com o maior retorno dado um determinado nível de risco. A outra é, para o mesmo nível de retorno, aplicar no fundo com menor risco. Por exemplo, os fundos BTG Pactual Plus e Mauá – representados pelos dois pontos mais altos seguintes – têm o mesmo nível de risco, na faixa de 4% ao ano, e de retorno, pouco acima de 12%. O fundo Fram Capital Amundsen, apesar do maior risco, de 6,16% ao ano, teve retorno menor, de 10,58%. Um pouco mais abaixo, com retorno de 11% e risco de 2%, aparece o fundo Kondor Max. Na linha de retorno de 10,5%, o ponto mais à esquerda representa o fundo Gap Long Short, com retorno semelhante ao Gap Absoluto e ao Fram Capital Amundsen, mas com risco menor. Todos os três fundos com retorno na faixa de 10% – Explora, Mapfre e Oceana – possuem risco maior do que o Gap Long Short. Entre os 41 parâmetros de referência, o CDI, com retorno de 8%, teve risco de praticamente zero. Em conclusão, podemos dizer que a política de investimento dos fundos multimercado é muito flexível, o que possibilita ao gestor mudar rapidamente de estratégia. A consequência para o desempenho do fundo pode ser positiva, se o gestor antecipar corretamente os movimentos de mercado, ou negativa, caso a leitura seja errada (D’AGOST, 2011). Apesar da boa rentabilidade, os fundos multimercado perderam investidores em 2011. De acordo com dados da Anbima (2013), apesar do rendimento ter sido positivo – os fundos Multimercado Trading tiveram a maior rentabilidade da indústria em 2011 (12,63%), e foram seguidos de perto pela categoria Juros e Moedas (12,53%) e Macro (12,41%) -, os resgates superaram os saques em R$ 46,787 bilhões. Para o vice-presidente da entidade, Demosthenes Pinho Neto, esse movimento pode ser justificado pela origem dos recursos investidos nos fundos multimercados. “A categoria de multimercados da Anbima engloba muitos fundos. Muitos são fundos exclusivos de empresas, que para ter uma flexibilidade de instrumentos, os classificam como multimercados”, afirma. Ele aponta que os grandes investidores dessa categoria precisam de liquidez elevada, por isso, a captação tende a flutuar mais. Além disso, o ano de 2011 foi difícil para os gestores de fundos multimercados. Dois eventos atrapalharam as estratégias desses profissionais: O primeiro foi a forte desvalorização das ações, que afetou drasticamente algumas carteiras. O segundo foi o movimento do Banco Central no início de agosto, baixando os juros preventivamente por causa da percepção de uma piora no cenário. Apesar disso, e na contramão da evolução global citada anteriormente, na gestão Patrimonial, os fundos multimercado foram o grande destaque do ano 2011. Embora a categoria Renda Fixa continuasse a apresentar uma boa taxa de crescimento, a categoria Multimercado, com crescimento de 26,8%, continuava a concentrar o maior volume de recursos dos investidores pessoas físicas, apesar do aumento da aversão ao risco e do recuo de 18,1% registrado pelo Ibovespa no ano, em quanto o volume aplicado em fundos de ações recuava apenas 6,5% (ANBIMA, 2013). Por isso hoje os fundos multimercado representam mais de 54% das aplicações do setor Private Banking. 42 Gráfico 3 - Distribuição % por categoria Fonte: Boletim Anbima out/ 2012. 7.3 COMPARAÇÃO DE RENTABILIDADE ENTRE OS FUNDOS DE INVESTIMENTO, OS FUNDOS MULTIMERCADO E OUTROS INDEXADORES OU TIPOS DE INVESTIMENTO Comparar vários tipos de investimento, fundos entre si, diferentes categorias de fundos requer uma prudência grande, já que todos os produtos a disposição dos investidores dependem: - Da evolução da economia internacional e brasileira, que terá um impacto direto sobre a aversão ou não ao risco de Mercado. - Da política de juros e juros reais do governo, da inflação, do risco cambial, - Da política fiscal aplicada a cada tipo de investimento, - Da segurança oferecida pelo produto, - Das taxas cobradas pelos gestores dos fundos. - Do perfil de cada investidor: quanto tem para aplicar, precisa ou não de liquidez, tem produtos que o aplicador quer privilegiar e outros que ele recusa ter na sua carteira etc. A política de investimento não pode ser estática, e sim se adaptar as condições do Mercado; o que é bom hoje, pode não ser amanha; por isso o investidor terá que se manter informado para poder escolher os investimentos que satisfazem ao seu perfil, num determinado momento e situação econômica. 43 7.3.1 Evolução econômica de 1994 a 2012 Hoje, os juros baixos e a inflação estável em torno de 5% trouxeram um cenário novo para as aplicações, e as formas de investimentos se diversificaram e sofisticaram muito; Alem da tradicional poupança, temos a disposição ações, fundos de renda fixa, imobiliários, multimercado, futuros, imóveis, previdência privada, seguros etc. Tabela 2 - Evolução da nossa economia Fonte: XP Investimentos, 2012. Esse quadro nos da uma evolução de alguns parâmetros importantes da economia: Salário mínimo, inflação e juro real de 1994 a 2012. O objetivo desse quadro é de mostrar quanto à economia no Brasil mudou, e consequentemente também os produtos tiveram que evoluir, assim como a mentalidade do investidor brasileiro; com um juro real de 23%, ninguém se preocupa com a economia nacional; basta aplicar na poupança ou em CDB o que foi uma realidade durante muitos anos. O quadro a seguir mostra o quanto o investidor ainda tem o reflexo, e ainda continua prudente: - Com aplicações em fundos de investimento, como os fundos de renda fixa, multimercado ou imobiliário, - Com as ações ou as letras imobiliárias e hipotecárias. 44 Gráfico 4 - Tipo de investimento que o brasileiro possui (%) Fonte: XP Investimentos, 2012. Esse fenômeno é contraditório com a remuneração de juros reais que oferece a poupança, como poderemos ver a seguir: 7.3.2 Histórico de taxas de juros e juros reais Gráfico 5 - Histórico da taxa de juros Fonte: XP Investimentos, 2012. 45 De novo podemos constatar que viver de juros no Brasil era possível ate 2004; mas depois pouco a pouco, os juros reais começaram a cair, o que deveria ter tido como reflexo a fuga de aplicações da poupança para procurar investimentos mais sofisticados, usando outros veículos financeiros. Gráfico 6 - Poupança X Inflação Fonte: XP Investimentos, 2012. Tivemos ate juros reais negativos em 2002, e muito próximos de zero em 2004, 2010 e 2011. Em 2012, com as novas regras de calculo, a poupança se tornou o pior investimento do Mercado, com juros reais praticamente nulos com a projeção da inflação de 4,5% do governo, e que vão ser negativos se a inflação prevista pelo Mercado se confirma em 5,6%. 46 Tabela 3 – Remuneração da poupança com as novas regras Fonte: XP Investimentos, 2012. Mesmo comparando a poupança com o CDB, podemos constatar no 1˚ quadro a diferença de rentabilidade, mesmo que a poupança seja livre de impostos; Alem disso, esses dois tipos de investimento tem a mesma segurança de proteção do capital investido de R$ 70.000,00 reais por instituição e CPF, através do Fundo Garantidor de crédito (FGC). No 2˚ quadro, constatamos que a diferença de rentabilidade e de juro real é ainda maior se a poupança é comparada com a Letra de Credito Imobiliária (LCI), que tem também a garantia de R$ 70.000,00 reais do FGC e a isenção fiscal. 47 Tabela 4 - Poupança X CDB Fonte: XP Investimentos, 2012. Tabela 5 - Poupança X LCI Fonte: XP Investimentos, 2012. 48 7.3.3 Impacto da política fiscal - Existem produtos livre de impostos, como poupança, LCI, fundos imobiliários para pessoas físicas; - Outros com um peso fiscal decrescente em função do prazo de aplicação, como CDB, fundos de renda fixa, (ver 5.2), - Alguns, como os fundos multimercados, que dado a variedade da carteira tem uma fiscalidade particular (ver 7.1). 7.3.4 Segurança do produto Várias formas de aplicações beneficiam-se de uma proteção que garante ao investidor o capital investido: Os títulos públicos tem a garantia do Estado, A poupança, CDB, LCI tem a garantia do Fundo Garantidor de Credito (FGC) até um valor de R$70.000,00 reais por instituição e CPF, 7.3.5 Peso das taxas cobradas nas rentabilidades dos fundos As taxas de administração e performance são expressas na forma de percentual do patrimônio líquido ao ano. Os Fundos Referenciados DI e de Renda Fixa e os fundos de baixa volatilidade devem cobrar as taxas mais baixas, sempre menores que 1% ao ano. Em Fundos de Ações, a taxa média é de cerca de 2% ao ano, podendo haver taxa de performance entre 15 e 20% do ganho que exceder o índice de referência, normalmente Ibovespa ou IGPM+6%. Alguns fundos cobram taxas de administração maiores, mas nesse caso não cobram (ou não deveriam cobrar) taxa de performance. Os Fundos Multimercados devem apresentar taxa de administração entre 0,5% e 2% ao ano, dependendo de sua complexidade, admitindo taxa de performance em relação ao CDI. 49 8 DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DE AVALIAÇAO DA RENTABILIDADE VERSUS RISCO DOS FUNDOS MULTIMERCADO Para poder comparar de maneira mais científica a rentabilidade e o risco dos fundos multimercado, e entender melhor as diferenças de rentabilidade dos fundos em função da composição das carteiras de cada um e do contexto econômico do período analisado, foi montada uma matriz que tem no seu eixo horizontal 255 fundos multimercado e no seu eixo vertical um período de 5 anos e 10 meses que vai do dia 02/01/2006 à 31/10/2011; nessa matriz calculou-se, pela formula de Markowitz, a rentabilidade, o risco e o peso de cada fundo para o período, montando assim uma carteira com os fundos listados e podendo assim compará-la com os principais benchmarks: Ibovespa, Dólar, CDI, e a inflação através do IMA-B e o IRF-M. A fórmula usada de Markowitz é a seguinte: O período começa no dia 02 de janeiro de 2006 e termina no dia 31 de outubro de 2011, obtendo 1463 observações diárias. Esse período é particularmente interessante, porque nele pode-se constatar quatro fases bem distintas, cada uma tendo, um enorme impacto sobre a formação da rentabilidade de cada tipo de fundo multimercado e do risco assumido pelo gestor do fundo, em função da composição da sua carteira: - Um período que inicia no dia 02 de Janeiro de 2006 e vai até maio de 2008, durante o qual a economia mundial ficou aquecida, as bolsas subindo, mas com a formação da bolha imobiliária nos Estados Unidos devido ao excesso de liquidez dos bancos americanos e consequentemente uma política de juros baixos e creditos liberados em função do valor do imóvel e não em função da analise de credito do devedor; - Um segundo período, que vai de maio de 2008 até outubro de 2008, marcado pela explosão da crise do sub-prime, intervenção do governo Americano em vários bancos para evitar uma quebra geral do sistema financeiro, como aconteceu com o banco Lehmann Brothers, com repercussão sobre a economia mundial e uma crise pior que a crise de 1929 atingindo todos os países; consequência imediata: as bolsas mundiais despencam, e os 50 governos adotam uma política de juros próxima de zero para tentar evitar o pior, que seria uma estagflação a nível mundial; - Um terceiro período que vai ate fim de 2009, quando a crise econômica atinge o fundo do poço, Estados Unidos, Europa e Japão entre outros conhecem uma fase de crise de confiança, os investimentos privados são insignificantes, e os governos seguem com a política de juros próxima de zero; o dólar se desvaloriza em relação ao euro e as moedas dos países do BRIC; alias são esses países que melhor resistem à crise e sustentam em parte a economia mundial. Nesse período, as bolsas conhecem uma forte recuperação. - O último período ate 31/10/2011: a situação na Europa continua muito difícil, recessão em vários países; Grécia, Portugal, Espanha e Itália perto do “default” e socorridos pela União Europeia, e os demais países do velho continente com crescimento próximo de zero; Estados Unidos seguem sem crescer, e até a China vê seu ritmo de crescimento diminuir. Nesse contexto, os juros mundiais seguem muito baixos, e no Brasil atingem patamares históricos; o real se valoriza tanto contra o dólar que o Banco Central tem que intervir de maneira regular para evitar uma supervalorização da nossa moeda, o que complicaria a nossa balança comercial. Nesse trabalho, vamos comparar a rentabilidade acumulada da carteira com os principais benchmarks: CDI (juros), BOVESPA (renda variável), DOLAR (cambial) e IMA-B (inflação) e IRF-M (índice de renda fixa do mercado). Para que os investidores possam analisar e avaliar a política de investimento seguida pelos gestores, e consequentemente a rentabilidade e o risco assumido pelos fundos, seguem abaixo gráficos e tabelas da evolução desses índices de referência durante o período de 02/01/2006 ate 31/10/2011. Serão também demonstradas as rentabilidades acumuladas de cada um dos benchmarks para que posteriormente comparemos o desempenho da carteira frente a cada um deles ao longo desses 5 anos e 10 meses. 8.1 EVOLUÇAO DOS BENCHMARKS DURANTE O PERIODO ANALISADO 8.1.1 Evolução do índice BOVESPA 51 Gráfico 7 - Evolução do índice BOVESPA Fonte: Bolsa PT, 2013. Nesse gráfico aparece de maneira bem evidente uma evolução em 4 períodos significativos: - Do início de 2006 ate o inicio da crise em maio de 2008, o índice BOVESPA pula de 31.000 para mais de 71.000 pontos. - De maio até outubro de 2008, o índice despenca e volta em 5 meses a seu nível do início de 2006. - De outubro de 2008 ate janeiro de 2010, o índice volta a 70.000 pontos. - De janeiro de 2010 ate fim de outubro de 2011, e com a evidencia para todos que a crise será demorada de custo econômico muito alto, o índice BOVESPA sobe e desce, mas sem nenhuma tendência clara, e termina o período perto de 66.000 pontos. 8.1.2 Evolução do dólar 52 Tabela 6 - Evolução do dólar 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Compra | Venda Compra | Venda Compra | Venda Compra | Venda Compra | Venda Compra | Venda JAN 2,27 2,27 2,13 2,13 1,77 1,77 2,30 2,30 1,77 1,77 1,67 1,67 FEV 2,16 2,16 2,09 2,09 1,72 1,72 2,31 2,31 1,84 1,84 1,66 1,66 MAR 2,15 2,15 2,08 2,08 1,70 1,70 2,31 2,31 1,78 1,78 1,65 1,65 ABR 2,12 2,12 2,03 2,03 1,68 1,68 2,20 2,20 1,80 1,80 1,58 1,65 MAI 2,17 2,17 1,98 1,98 1,66 1,66 2,06 2,06 1,81 1,81 1,61 1,61 JUN 2,24 2,24 1,93 1,93 1,61 1,61 1,95 1,95 1,80 1,80 1,58 1,58 JUL 2,18 2,18 1,88 1,88 1,59 1,59 1,93 1,93 1,76 1,77 1,56 1,56 AGO 2,15 2,15 1,96 1,96 1,61 1,61 1,84 1,84 1,75 1,76 1,59 1,59 SET 2,16 2,16 1,89 1,90 1,79 1,80 1,81 1,82 1,71 1,71 1,74 1,74 OUT 2,14 2,14 1,80 1,80 2,17 2,17 1,73 1,73 1,68 1,68 1,77 1,77 NOV 2,157 2,15 1,769 1,77 2,26 2,26 1,72 1,72 1,71 1,71 1,78 1,79 DEZ 2,149 2,15 1,785 1,78 2,39 2,39 1,74 1,75 1,69 1,69 1,83 1,83 Fonte: Banco Central, 2013. - Do início de 2006 até maio de 2008, o dólar se desvaloriza contra o real de forma permanente, passando de R$ 2,27 a R$ 1,66. - De fim de maio de 2008 até outubro de 2008, o dólar volta a se valorizar, atingindo de novo R$ 2,17. - De novembro de 2008 até janeiro de 2010, o dólar sobe até atingir R$ 2,39 contra o real em dezembro de 2008, para voltar gradativamente a R$ 1,75 fim do ano 2009. - De janeiro de 2010 ate fim de outubro de 2011 o dólar fica bastante estável contra o real num patamar entre 1,70 e 1,77. Nesses dois últimos anos, a paridade do dólar contra o real depende mais do fator psicológico de reação aos anúncios de dados econômicos e financeiros de cada país, que de uma visão clara de uma tendência de evolução da crise econômica. 53 8.1.3 Evolução das taxas de juros No Brasil, como todos os demais países, a primeira medida que foi adotada para amenizar a crise foi a redução dos juros. Assim, no período analisado, as taxas do SELIC caíram de mais de 15% para 11,62% atingindo até hoje as menores taxas históricas no Brasil. O CDI, um dos benchmarks mais utilizados como parâmetro de referência pelos gestores de fundos multimercado, seguiu fielmente o SELIC e teve a mesma evolução. Tabela 7 – Evolução CDI REFERÊNCIA ANO 2006 ANO 2007 ANO 2008 ANO 2009 ANO 2010 ANO 2011 SELIC 15,08% 11,88% 12,48% 9,93% 9,78% 11,62% CDI 15,03% 11,82% 12,38% 9,88% 9,75% 11,60% Fonte: Banco Central, 2013. 8.1.4 Evolução do IMA-B e do IRMF IMA - Índice de Mercado ANBIMA Segundo a ANBIMA (2013, p. 1) “O IMA é uma família de índices de renda fixa, que representa a evolução da carteira de títulos públicos federais a preços de mercado, com abrangência aproximada de 97% desse segmento de mercado (dados de junho/11).”. A carteira teórica do IMA-Geral é composta de todos os títulos elegíveis, representando a evolução do mercado como um todo. Os índices são determinados pelos indexadores a que são atrelados os títulos: prefixados (IRF-M), indexados ao IPCA (IMA-B), indexados ao IGP-M (IMA-C) e pósfixados, que respondem à taxa Selic (IMA-S). Para atender aos diferentes perfis de maturidade das carteiras de investimentos, IRF-M e IMA-B são ainda segmentados segundo o prazo de seus componentes: IRF-M 1 e IRF-M 1+; IMA-B 5 e IMA-B 5+.”. 54 IMA-B Fonte: ANBIMA, 2013. Alguns fundos multimercado tem como parâmetro de referência a inflação. A ANBIMA utiliza com benchmark de referência um índice próprio (IMA-B), que é indexado ao IPCA. IRF-M Fonte: ANBIMA, 2013. O IRF-M (índice de renda fixa do mercado) é o índice que serve de benchmark para os fundos de renda fixa com aplicação principal em títulos prefixados. 8.2 ESTUDO DE RENTABILIDADE VERSUS RISCO DA CARTEIRA DE FUNDOS MULTIMERCADO SELECIONADOS A PARTIR DA MATRIZ DO MODELO DE MARKOWITZ Os comentários anteriores mostram desde já o impacto do contexto econômico sobre a evolução dos três principais benchmarks dos fundos multimercado: juros (CDI), câmbio (PTAX) e ações (IBOV); como também em relação aos índices da ANBIMA: IMA-B e IRMF. 55 Analisando a matriz montada a partir do modelo de Markowitz, fica evidente que as diversas categorias de fundos multimercado reagiram diferentemente a cada situação econômica. 8.2.1 Base de dados Para realizar a demonstração prática e comparar a devida estratégia de se investir em uma carteira de fundos multimercado frente aos demais benchmarks citados anteriormente, foi utilizado um conjunto de dados de 255 fundos de investimentos multimercados brasileiros que iniciam no dia 02/01/2006 e evoluem até o dia 31/10/2011. Durante esse período foram obtidas 1463 observações diárias do índice Bovespa de cada um dos fundos selecionados. Os retornos desses fundos foram adquiridos através de consulta das cotas diárias no sistema Economática e alguns dos critérios para seleção dos mesmos foram os seguintes: • Ser classificado na CVM como Multimercado; • Ter data do início da série de cotas anterior à 31/12/2005; • O fundo deve estar ativo em 31/10/2011; • Apresentar patrimônio Líquido superior à R$30 milhões em 31/10/2011. Apesar de serem da mesma classificação CVM, os fundos selecionados podem apresentar características bastante distintas entre si. A tabela a seguir mostra a quantidade de cada fundo multimercado e alguns dados referente às principais características dos fundos da amostra, tais como: a cobrança de taxa de performance, tipo de fundo - exclusivo ou não, se permite alavancagem, aplicação em títulos de crédito privado, ou em ativos no exterior. 56 Tomando como base o trabalho de Santos e Moura (2012) e Santos e Tessari (2012), em nosso caso, como estamos interessados na otimização de carteiras, considerar apenas fundos sobreviventes na data de corte do estudo (no caso, outubro de 2011) não é determinante para a validação da abordagem proposta, pois não estamos interessados em extrair características dos retornos, como em um modelo de apreçamento de ativos, nem mesmo interessados em analisar a captação por parte dos fundos sobreviventes. Tendo em vista os possíveis vieses na amostra, foram excluídos os fundos exclusivos, pela impossibilidade de aplicação de recursos por diferentes investidores, e aqueles que não estiverem ativos por todo o período estudado. Também não foram incluídos os Fundos de Aplicação em Cotas para que, assim, fosse evitada a análise sobre o mesmo fundo mais de uma vez. Para que um portfólio otimizado seja construído e composto por fundos de investimento, é preciso uma previsão de uma matriz com N fundos como colunas e N observações diárias em linhas formando assim a matriz desejada. De forma análoga, para se calcular o risco total de uma carteira nos dias de hoje requer uma matriz de covariância entre todos os fundos deste portfólio porém, antes de ser possível analisar o risco é necessário calcular a partir de dados amostrais a volatilidade e a correlação dos retornos dos retornos dos ativos financeiros que compõem a carteira. Realizado esses passos, resta resolver a resolução de um problema de otimização quadrática de média-variância de Markowitz, que se baseia em duas entradas: O retorno esperado para cada ativo (nesse caso fundo de investimento multimercado), que demonstra a habilidade dos gestores em prever os movimentos dos preços dos ativos que dos ativos que administram; e a matriz de covariância dos retornos dos ativos (todos os fundos que formam a matriz) que representa o controle de risco. Demonstrado os passos seguidos no momento de se calcular a carteira otimizada dos fundos de investimento multimercado, vamos imaginar que um investidor montou uma 57 carteira de investimento comprando cotas desses 255 fundos utilizados na matriz para poder analisar a rentabilidade e o índice de Sharpe da carteira global, e em seguida comparar esses parâmetros à rentabilidade e ao índice de Sharpe de cada benchmark. O sigma foi obtido através de uma matriz de variância e covariância amostral. As fórmulas usadas para obter os pesos a se investir em cada fundo foi a seguinte: Aonde: W: Peso investido em determinado fundo Μatriz da covariância : Vetor de uns transposto : Vetor de uns Para demonstrar como a ponderabilidade é importante no momento de aplicar um determinado montante de capital, serão observados dados com uma aplicação nessa mesma carteira de 255 fundos multimercado com o mesmo peso de capital investido em cada um dos mesmos. Isso deixa ainda mais claro como Markowitz está correto em além de diversificar, de usar a carteira de mínima variância para determinar o valor de capital a ser investido em cada uma das diferentes aplicações. Dessa forma a fórmula fica da seguinte maneira: onde: R: retorno da asset : Somatório N: número de assets 58 Para demonstrar de forma mais clara e haver uma maior compreensão, foi calculado e será comparado o retorno, o desvio padrão, e a variância da carteira otimizada proposta por Harry Markowitz e com a carteira igualmente ponderada: Otimizada: Retorno da carteira: 0,051816181 Variância da cart.: 0,000306278 Desvio Padrão: 0,017500796 Igualmente ponderada: Retorno da carteira: 0,042688475 Variância da cart.: 0,180571664 Desvio Padrão: 0,424937247 Essas diferenças enormes demonstram o quanto Markowitz estava correto em sempre procurar ponderar os pesos a serem aplicados em cada ativo da forma mais precisa possível, o retorno da carteira chega a ter aproximadamente 20% de diferença entre a otimizada e a igualmente ponderada. Como se não bastasse a variância da carteira e o desvio padrão usados para medições de risco demonstram que além de uma rentabilidade bastante inferior o risco da carteira multiplamente maior oferecendo possíveis prejuízos maiores que a carteira otimizada. Gráfico 8 – Carteira X benchmarks 59 Fonte: Cálculo elaborado pelo autor. Nesse gráfico podemos constatar que: 8.2.2 Medição da rentabilidade - A rentabilidade global acumulada da carteira no período de cinco anos e dez meses ficou em 113,37% (a rentabilidade media diária é de 0,051%). - A rentabilidade global da carteira igualmente ponderada no período de cinco anos e dez meses ficou em 86,57% (a rentabilidade média diária é de 0,042%) - A rentabilidade do CDI ficou em 91,12%. - A rentabilidade do IMA-B ficou em 142,06%. - A rentabilidade do IRM-F ficou em 110,47%. - A rentabilidade do IBOVESPA ficou em 65,82%. - A rentabilidade do dólar PTAX ficou em – 27,86% É uma demonstração clara que o ditado “não coloque todos seus ovos na mesma cesta” é totalmente justificado, mas melhor que seguir a risca esse lema é de observar que a ponderabilidade é de igual importância que a diversificação, visto que pela diversificação com 60 a devida aplicação em cada fundo rendeu 26,8% a mais que a carteira que distribuiu o capital de forma igualitária em cada fundo. Além disso, por incrível que pareça, além do rendimento subir em aproximadamente 27% o risco reduziu de forma estrondosa (ver abaixo), visto que se fosse aplicado na carteira igualmente ponderada ela teria menos risco somente que a Ibovespa e o Dólar. Quem comprou cotas de todos os fundos teve um melhor resultado que qualquer benchmark, com exceção do IMA-B que é um índice indexado a inflação, mesmo com o peso da baixa rentabilidade dos fundos de ações e da rentabilidade negativa dos fundos cambiais que tem o dólar como benchmark. 8.2.3 Medição do risco pelo índice de Sharpe Para medir o risco pelo índice de Sharpe, o CDI é determinado como o índice com retorno livre de risco. Sendo o CDI o índice de referência, o índice de Sharpe: - Da carteira otimizada é de: 2,96. - Da carteira igualmente ponderada: 0,10. - Do IMA-B é de: 2,63. - Do IRF-M é de: 1,35. - Da IBOVESPA é de: – 0,12. - Do dólar PTAX é de: -1,13 É bom lembrar que, quanto maior é o índice de Sharpe, menor o risco que o investimento possui; já o contrário, se o índice de Sharpe é próximo de zero ou negativo, o fundo analisado é de alto risco, o que significa que pode ganhar mais ou perder muito. Podemos constatar então que, como se podia prever, o IBOVESPA e o dólar foram dois investimentos de alto risco durante esse período de 2006 até outubro de 2011, o que se confirma com a baixa, ou negativa, rentabilidade desses dois benchmarks, pois o período analisado foi um da história, devido à crise econômica que o mundo atravessou. Na contramão, os índices IMA-B e IRF-M são positivos, pois seguiram as taxas de renda fixa ou foram indexados à inflação do período. Essas constatações estão em concordância com o gráfico estabelecido por Crowne em 2003. Gráfico 9 – Teoria do risco/retono 61 Fonte: Crowne, 2003. Pelo parágrafo acima, nota-se que a expectativa de retono é proporcional ao risco do investimento, isto é, na busca de um retorno maior corre-se-á um risco de igual valor, o mesmo na forma inversa. Para Crowne (2003, p. 3) “os fundos que pernanece na curva estão produzindo o máximo retorno data a totalidade da votalidade”. Mas de novo a campeã do menor risco foi a carteira com um índice de Sharpe altíssimo de quase 3, o que confirma uma vez mais que a diversificação é uma regra importantíssima para qualquer investidor. Esse índice de Sharpe é alto, mesmo com o impacto negativo dos fundos indexados ao dólar e as ações. 62 9 CONCLUSÕES O crescimento da indústria de fundos de investimento no Brasil desde a década de 90 é tão significativo que justifica plenamente um amplo estudo sobre essa modalidade de aplicações. Vale lembrar que o volume total dos fundos de investimento no Brasil atingiu dois trilhões em 2012, tornando o Brasil o sexto país para essa modalidade de aplicações. Mas o perfil dos fundos também está em plena evolução: ate a crise de 2008, os fundos mais procurados eram os fundos de renda fixa, atrelados ao benchmark CDI, devido à política de taxas de juros alta praticada no nosso país. Com juros em baixa, uma parte significativa das aplicações tradicionais em poupança, CDB ou fundos de renda fixa foi desviada em outros fundos oferecendo uma grande diversidade de modalidade de aplicações: os fundos multimercado, que chegaram a representar 25% do total da indústria de fundos brasileiros em 2012. É essa constatação que justifica um TCC sobre os fundos multimercado. O grande sucesso dessa modalidade vem das imensas possibilidades de diversificação de produtos a disposição dos gestores, para compor a carteira do fundo multimercado administrado por ele; com os fundos multimercado, dá para montar “um fundo sob medida”. A diversificação de ativos compondo as carteiras dos fundos é tão grande que os investidores, para poder escolher os fundos que mais correspondem a seu perfil de investidor, têm que ter como avaliar a rentabilidade dos fundos em relação ao risco assumido pelo gestor. Por esse motivo, foi realizado um estudo de rentabilidade versus risco de uma carteira de 255 fundos pelo modelo de Markowitz, medindo a volatilidade e o risco pelo índice de Sharpe, o que permite ao investidor, escolher a carteira que melhor corresponde ao seu perfil, e por fim obter a melhor rentabilidade possível em função do risco que ele aceita assumir. Quanto maior é o risco assumido, maior pode ser a rentabilidade com relação ao Benchmark, porém as perdas podem ser nas mesmas proporções. Porém, a conclusão mais importante que podemos tirar desse estudo, é que quanto mais se diversifica uma carteira, mais você pode melhorar o conjunto “rentabilidade/risco”. Assim, analisando a rentabilidade da matriz, sobre o período de cinco anos e dez meses, constatamos que é superior a todos os benchmarks utilizados pelo mercado, com exceção do IMA-B, porém, constatamos que o risco assumido pela carteira e avaliado pelo índice de Sharpe é muito melhor que qualquer benchmark utilizado pelo mercado, portanto, ponderando a rentabilidade pelo menor risco assumido, a carteira é a que apresenta o melhor resultado. 63 REFERÊNCIAS ANBIMA. Anuário da indústria dos fundos de investimento. Disponível em: <http://portal.anbima.com.br/fundos-de-investimento/Anuario-de-fundos/Pages/default.aspx>. Acesso em: 10 abr. 2013. ARAÚJO, Lucas Machado Braga. 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Mult Golden Profit Cons -0,024873629 Uniclass Multigestor Plus FICFI Mult 0,005124504 0,002445854 Aquila FI Mult 0,007223995 Itau Flexprev II V10 Mult FICFI 0,072317522 Multimanager Plus Ib Mult FIC Itau Flexprev II V20 Mult FICFI -0,034673982 Sul America Platinum FI Mult Brad FICFI Multim Golden Profit Moderado Brasilprev Rt Comp 20 FICFI Mult 0,024761856 7,88384333 -0,001407495 Bradesco Prime FICFI Mult 0,000257377 Itau Flexprev Fsa Tm Mult Cred Priv FI 0,008168181 Brasilprev Rt Comp 20 II FICFI Mult 0,209106865 Santander FICFI Mult 20 I Cred Priv 0,006513591 Sant FICFI Prev Agres Sup Mult Cred Priv HSBC FIC Mult LP Estrategia Agressivo 0,006359198 HSBC FI Mult LP Xian Institucional -0,000817239 0,059806803 Itau Flexprev Corporate Rv 35 FICFI Mult -0,010939652 Santander Pb FI Ondina Mult Cred Priv -0,005475804 Icatu Seg Composto 49c FICFI Mult -0,026468053 Icatu Seg Composto 10b FICFI Mult Itauprev Annuity V30 Mult FICFI Unibanco Prever II Rv 30 Fiqfie Mult -0,013308317 0,057241846 0,001266645 Brad FICFI Mult Golden Profit Din -0,006730851 BB Prev Mult FI Mult Cred Priv 0,015579034 Sant FICFI Prev Mod Mult Cred Priv -0,008973235 Unibanco Prev Corp Rv 25 FI Mult 0,002465455 Icatu Seg Composto 20b FICFI Mult -0,015196395 BNY Mellon Prev FIC FI Mult Prev 0,001430755 Brasilprev Rt Comp 20 III FICFI Mult -7,073900459 Safra Prevmoderado FICFI Mult Prev -0,002675403 Unifund Advantage FI Mult -0,049616594 Aquila 3 FI Mult -0,006897799 Itauprev Master V10 Mult FICFI -0,004672682 Itauprev Annuity V15 Mult FICFI 0,018822061 Brasilprev Rt Comp 49 FICFI Mult -0,798823736 Carioca FI Mult LP 0,006546398 Sulamerica Mix 20 FI Mult -0,001135552 Santander FICFI Performance Mult -0,644081777 Sulamerica Mix 40 FI Mult -0,000923694 FI Mult Mapfre Seg Privado II -0,002802482 FI Mult Cred Priv Defender 0,000332888 HSBC FIC Mult LP Estrategia Moderado Sant Inv Person Arro Van Gogh FICFI Mult Itauprev Annuity V5 Mult FICFI -0,011872721 0,022395662 -0,025538421 Icatu Seg Composto 49e FICFI Mult FI Mult Mapfre Rl Privado I 0,019094233 0,00193344 FI Mult Saga Lynx -0,003492478 Sant FICFI Sky II Mult -0,093781774 FIQFI Mult Cred Priv Portfolio 63 0,000166935 FI Mult First Class Santander FICFI Estrategia Mult 0,012822888 BB Comercial 26 FICFI Mult -0,106192995 -0,060971985 Brasilprev Rt Comp 20 IV FICFI Mult 0,004440407 -6,763516765 Legg Mason Allocation 1 FICFI Mult Sant Invest Person Mod Van Gogh FICFI M -0,03338919 Itau Pers Multiestrategia Mult FICFI 0,485910196 Icatu Seg Composto 49b FICFI Mult 0,004751356 Brad Prime FICFI Mult Long Short -0,015072265 Santander FICFI Estrategia Dt Mult -0,022103093 Bradesco FI Mult Long Short Unibanco Prever IV Rv 30 FICFI e C Mult -0,048782735 Mbprevi I Mult FI Icatu Seg Composto 10c FICFI Mult -0,049874324 Itau Diamond Mult FI Santander FICFI Mult 20 II Cred Priv -0,002011603 Legg Mason Allocation 2 FICFI Mult 0,014676026 -0,022959683 0,007645082 0,262668486 Santander FICFI Sky Hedge Mult 0,081263557 FI Vot Infinity Mult Sulamerica Mix 15 IV FI Mult 0,021104284 HSBC FICFI Mult LP Ouro Fino Icatu Seg Composto 20c FICFI Mult 0,034257937 FI Mult Mapfre Privado II -0,007180281 Icatu Seg Composto 10e FICFI Mul -0,003748968 Bnpp Artico FICFI Multim Prev Agr -0,000574491 Brasilprev Rt Comp 20 V FICFI Mult 5,776142857 Uniclass Fix Plus FICFI Mult -0,000961914 0,002435474 0,465711666 66 Brasilprev Rt Comp 49 II FICFI Mult BNP Paribas Sirah FI Multim 0,783758424 0,0015356 BB Exclusive 3 FICFI Mult 0,10809111 Bradesco FICFI Mult Mais 0,020448668 CS Portfolio Plus FI Quotas FI Mult LP 0,011701448 Brad Priv FIC Mult Multiestrategia Plus Mbprev Mult FICFI 0,038583812 Alfa Itaipava FI Mult Cred Priv IQ 0,075912304 Itae Fund Of Funds Aloca Co Mult FICFI Orion Mult FI -0,033775027 0,02494158 -0,007194146 Legg Mason Allocation 3 FICFI Mult -0,117117988 Giverny FICFI Mult Credito Priv Santander FICFI Mult 49 I Cred Priv -0,003224442 Sant FICFI Pb BTG Pactual Hedge Mult -0,007148937 2,272719951 Maua FICFI Mult -0,001120938 -0,00048831 HSBC FICFI Mult LP Aquamarine -0,005689245 Brad Priv FIC Mult Multiestrategia Pau Brasil Mult FICFI 0,131347556 Speed Peculio FI Mult Prev -0,010761211 Modal Lion FI Mult Cred Priv 14 Bis FI Mult -0,004868712 San FICFI Pb BTG Pactual High Yield Mult -0,050065974 BNP Paribas Bach FI Multim -0,014353693 Real FI Mult Bremen -0,038093437 0,562482772 Concordia Mult FI LP 0,002915776 Santander FICFI Performance Dt Mult 0,012332049 Bradesco FI Mult Cred Priv Muralha -0,000260485 Kilawea FI Mult 0,028255546 Odessa Multim Cred Priv FICFI -0,000443244 Dourado FI Mult -0,018693822 Inves. BTG Pactual High Yield FICFI Mult -0,151436108 FICFI Mult LP Marken 0,009891254 Santander FI Mult Bandeprev -0,000175952 BTG Pactual High Yield FI Mult -0,476778444 Schroder Mult Strategy FICFI Mult -0,000295443 Fiqfi Mult Magliano BTG Pactual 0,733761271 FIC Mult Cred Priv Marilia 0,029328987 Mbprev III Mult FI -0,015173285 Prime 19 4 F I Mult 0,067532318 Bradesco FI Mult Team 0,01926109 Capital Performance Fix Ib Mult FIC Invest BTG Pactual Hedge FICFI Mult 0,249798867 -0,591111659 HSBC FI Mult FEF Cd 0,004213684 Alagre FI Mult 0,000323608 FI Mult Salema 0,021080354 Lacan Equilibrio FI Mult 0,00076905 Monaco Mult FI 0,628094216 Fides Long Short FI Mult -0,002054737 Agnes I FIF Mult -0,00712326 BTG Pactual Hedge FI Mult Legg Mason Multitrading Top FIC Mult 0,007686094 HSBC FI Mult LP Termo BNP Paribas Yield Classique FI Multim LP Sant FICFI Msa Mult -0,003566976 -33,2496236 Sul America Tammar FI Mult Cred Priv 0,595796568 -0,022524285 0,01069177 Bram FI Mult Segmento -0,043672372 Itau Flex Corp Plati Rv49 FICFI Mult -0,006570854 FICFI Mult Petros Master -0,044496526 BNP Paribas Hedge Classique FI Multim LP -0,006317336 Santander FI Fasass Mult -0,032010917 Krakatoa FI Mult 0,010608582 Unibanco Fidelidade W FI Mult 0,004879668 BNP Paribas Nova York FI Multim Prev 0,002083831 FI San Sebastian Mult Cred Priv 0,012516789 Bradesco FI Mult Dublin 0,016756276 FI Mult Moderado Roncador FICFI Mult LP Cred Priv Ondina 0,004721974 0,05374382 FIC Cred Priv LP Mult Multirecebiveis -0,019470138 Santander FI e Mult 0,00312795 Titulo FI Mult - LP 0,003684434 Toulouse II FI Mult -0,019929081 BB Veiculo FI Mult Cred Priv 0,014229208 Itau Multiestrategia Mult FI -0,467448817 FICFI Mult Jequitiba 0,005124195 FICFI Mult LP Cred Priv Ano 0,001973121 Santander FICFI Mca Mult -0,014202345 BTG Pactual Instit Dinamico FI Mult 0,017028418 Itau Mult Cred Priv Active Fix FI 0,156609502 FI Victory II Mult 0,035486906 BNY Mellon ARX Target FI Mult -0,020536792 -0,000780654 BTG Pactual Multist Adv FI Mult -0,005644186 Itau Equity Hedge Mult FI Bradesco FI Mult Plus I -0,009626624 FICFI Mult Petros Multicarteira Li 80 Mult FICFI -0,016382212 FI Multim. Beluga Target D FI Mult -0,003088409 Fvm FI Mult Cred Priv IQ -0,005828211 BTG Pactual Multistrat FI Mult -0,052926496 Ca Long Short FI Mult -0,001149517 Lulos I FI Mult Cred Priv Mugen FI Mult FI Mult Cred Priv Galileo Tamandua Mult FI HSBC FICFI Mult Cred Priv LP Star 0,115010227 0,05594392 -0,016377949 Cargillprev Cd Prev Mult FI Supre I Mult FI Fator FICFI Mult Petros Moderado 0,010798008 0,026556703 0,275285239 0,037655437 -0,024174766 0,006795075 FI Mult Petros Cred Priv 0,017169786 -0,009516455 Safra High Yield FI Mult -0,002058072 Santander FI Baltico I Mult 33,28660291 FI Fin Mult Pericles -0,000517242 Bnpp Parthenon FI Mult 0,006223476 HSBC FI Mult Funbr B -7,39352E-05 -0,003734261 FI Fator Sigma Inst Mult -0,006213039 B FI Mult Cred Priv Inv no Ext Andromeda 67 HSBC FI Mult Abaete FI Mult Hunter Cred Priv FICFI Multim Petros Cred Priv 0,006686004 0,01016156 -0,006080693 FI Mult Moderado Coral 0,008658375 Bram FI Mult 0,011314788 Santander FI Eletron Mult 5,69343E-05 FI Mult Pescada 0,010417641 Legg Mason Multitrading Adv Top FICFI 3,57654E-05 FI Mult Kansas Cred Privavo 0,012347303 Gavea Brasil FICFI Mult -0,000751996 Bram Private FI Mult Multiestrategia -2,252588317 Bradesco FI Mult Plus -0,003318148 Gap Institucional FI Mult -0,007940796 Mercatto Diferencial Inst Mult FI LP -0,001384697 Sul America Aqua FI Mult 0,024289753 Santander FI Abaete I Mult -0,00382076 Institutional Active Fix Ib Multim FI -0,023495329 Santander FICFI Agressivo Mult 0,003606441 Bradesco FI Mult Dynamic 0,000289173 FI Mult Moderado Merluza 0,01400379 Brookfield Hedge Plus FI Mukt Exclusivo 0,000383095 Quest 30 FICFI Mult 0,000633316 FI Mult Cred Priv Vitoria Salus -0,00352752 HSBC FI Mult Cred Priv Mult 0,031138917 FI Mult Albatroz -0,006042398 HSBC FIC Mult Cred Priv LP Recebiveis -0,792580266 Atico Hedge FI Mult Previcel I Mult FI Fator Sda Hedge FIQFI Mult 0,00039952 0,002974815 0,003544399 FICFI Mult LP Cred Priv Target -0,000542398 Fundo Fator Pirambu Mult -0,007599518 Unibanco Fix Plus FI Mult -0,465522284 Previcel Mult FIQFI Fator 0,001998334 FI Mult Cred Priv Vitoria Providentia 0,001252526 Sinergy Prev Mult FI 0,000327616 Santander FI Megawatt Mult 0,000934819 FI Ampere Mult Performance Fix Ib Mult FI 0,00173664 -0,265331006 BNY Mellon ARX Hedge FI Mult 0,005987073 Bram Private FI Mult Dinamico 0,025400638 Gap Hedge FI Mult 0,00310121 Fiqfi Fator Fabasa Itapoa Mult -0,002618434 Fundo Mod Caratinga FI Mult 0,018174019 Pspp Mult FICFI 0,000709629 Baviera FI Mult -0,006013605 FI Mult Treasury Cred Priv 0,000133375 FI Netuno Mult Prev Cred Priv 0,006881064 Icatu Vanguarda Mult FMP Fiec FICFI 6,79754E-05 HSBC FI Mult Apaba Claritas Private Long Short FI Mult FICFI Mult LP Cred Priv Jaco I 0,01050581 0,003523838 -0,006037379