RELAÇÕES RACIAIS NA ESCOLA Shirlen Regina Lopes

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RELAÇÕES RACIAIS NA ESCOLA Shirlen Regina Lopes
RELAÇÕES RACIAIS NA ESCOLA
Shirlen Regina Lopes
Resumo
Este artigo foi produzido com o intuito de analisar as relações raciais no
ambiente escolar, os alunos na sua maioria só vêem as festas e músicas de
origem Africana com deboche, até com certo preconceito, isso ocorre
principalmente por eles nunca terem estudado a cultura Afro-Brasileira como se
deveria. Esse estudo deve ser iniciado nos anos iniciais com um trabalho mais
profundo sobre o assunto, com isso seria mais fácil de obter resultados que
colaborassem para diminuição do preconceito, alguns jovens relatam que o que
eles mais aprenderam sobre os negros é que eles foram escravos, sofreram e
embora lutassem por seus direitos pouco conseguiam. Pensando nisso foi
pesquisado alguns recursos para trabalhar com mais dinamismo o tema AfroBrasileiro com alunos dos anos iniciais e o resultado foi positivo. A pluralidade
cultural aparece no PCN como tema transversal e nos convida a reconhecer
que a sociedade brasileira é multicultural e que existe uma diversidade cultural
dos diferentes grupos sociais que a compõem. É importante para nós
educadores ficarmos atentos à organização do PCN e lermos seu conteúdo,
para podermos melhor realizar as nossas atividades, sejam elas na sala de
aula ou em outros espaços educativos.
Palavras-chave: Diversidade, Pluralidade, história, Cultura.
Summary
This article was produced in order to examine race relations in the school
environment, students mostly only see the festivities and music of African origin
with debauchery, even with some prejudice, this is mainly because they never
studied the African culture Brazilian as it should. This study should be initiated
in the early years with further work on the subject, it would be easier to achieve
results that contribute to reducing prejudice, some young people reported that
they learned more about black people is that they were slaves, suffered and
fought for their rights but few have. Thinking about this has been researched
some resources to work more dynamic Afro-Brazilian theme with students of the
early years and the result was positive. The cultural plurality in the NCP
appears as a transversal theme and invites us to recognize that Brazilian
society is multicultural and that there is a diversity of different social groups that
compose it. It is important to us as educators to be sensitive to the organization
of the NCP and read its contents, in order to better carry out our activities,
whether in the classroom or other educational spaces.
Keywords: Diversity, Plurality, history, culture.
RELAÇÕES RACIAIS NA ESCOLA
Como sabemos a Lei 10.639/03 de janeiro de 2003, torna obrigatório o ensino
da temática “historia e cultura Afro-Brasileira”, visando despertar a consciência
histórica, oferecendo a oportunidade para nós educadores e para nossos
alunos de conhecermos melhor a história africana, e enquanto educadores
temos que criar meios para que essa história seja reconhecida e valorizada por
nossa sociedade, não mascarando os fatos, dizendo que nossa sociedade vive
harmoniosamente e que hoje em dia quase não existe discriminações e
preconceitos. A temática Afro-Brasileira é muito rica em conteúdos para serem
trabalhos só em projetos, datas comemorativas ou em algumas abordagens
que o livro didático traz sobre o assunto, a escola não deve se fixar na
obrigatoriedade de uma lei tratando o tema de forma superficial tem que ser um
trabalho contínuo, até como um agradecimento por tantas riquezas deixadas
para nós como herança. A criança não nasce com preconceitos, discriminações
e racismo, as pessoas que estão perto delas é que incutem isso nelas, por
isso, a importância de se trabalhar desde cedo com elas o tema relações
raciais, nos causa preocupação ver que alunos na faixa etária dos quatorze
anos já têm tantos preconceitos, esse trabalho de intervenção tem que ser
aprofundado para que nossos adolescentes não disseminem mais estereótipos.
A diversidade cultural africana é um tema que da pra ser inserido no
currículo escolar desde a alfabetização até os anos finais, sabendo que cada
etapa tem sua peculiaridade e cabe ao professor ter a sensibilidade de adaptar
o
assunto
para
cada
faixa
etária,
ensinando-os
sempre
que
viver
democraticamente em uma sociedade é respeitar os diferentes grupos e
culturas que dela fazem parte. Lembrando que o princípio de igualdade de
todos perante a lei não é suficiente para termos uma sociedade justa e
democrática, pois as desigualdades acumuladas foram muitas, as políticas e
ações afirmativas adotadas foram um ótimo reforço para diminuir o preconceito
e a discriminação na sociedade em que vivemos. Sabemos que cidadania e
respeito mútuo caminham juntos e que são indispensáveis para o convívio em
sociedade, nessa perspectiva temos que buscar desenvolver em nossos alunos
atitudes que acabem com as discriminações.
Precisamos levar os nossos educandos a descobrirem que o conceito de
que a África é atrasada e pobre só se consolidou por causa da escravidão, que
ao contrário do que pensamos a África tem muitas riquezas, a África do Sul,
por exemplo, têm cidades que podem ser comparadas a algumas metrópoles
da Europa, o continente Africano tem si suas desigualdades sociais, e estas
também devem ser mostradas ao educando, pois eles têm todo o direito de
conhecer a realidade africana em todos os aspectos. Analisando alguns livros
didáticos percebemos que os negros aparecem quase sempre como escravos
sabemos que essa idéia é a que mais permeia nosso meio e no imaginário das
pessoas principalmente das crianças e essa imagem precisa ser modificada e
nós professores temos vários recursos para mudar essa mentalidade tão
retrograda.
O conteúdo sobre a África é diversificado e pode ser inserido desde a
alfabetização, com brincadeiras de roda, parlendas, canções e outras tantas
heranças Africanas que permeiam nosso meio até os dias atuais, deixando
claro que o professor deve frisar sempre a origem do que esta sendo
trabalhado. Para os iniciantes na leitura temos contos, livros que além de ser
uma rica fonte de informações servirão para subsidiar outras competências em
nossos alunos a leitura é um instrumento de compreensão e experiências onde
o leitor acolhe e interpreta idéias, temos muitos livros que trata as relações
raciais e que servirão para aflorar o gosto da leitura em nossos alunos, como à
bonequinha preta de Adelaide Lisboa, o menino marrom de Ziraldo, entre
tantos outros, mas o que mais chama a atenção é um autor que já escreveu
vários contos, mitos e lendas originários de diferentes grupos africanos, o nome
dele é Rogério Andrade Barbosa, ele é um estudioso das tradições culturais
Africanas, ex-voluntário das Nações Unidas na Guiné Bissau, o que mais atrai
a atenção nesse escritor é que lendo a sinopse das obras dele você já começa
a viajar, parecendo que faz parte da história as suas obras mais conhecidas
são: o segredo das tranças e outras histórias Africanas, outros contos
Africanos, contos Africanos para crianças Brasileiras, como as historias se
espalham pelo mundo, histórias Africanas para contar e recontar, são muitas as
obras desse autor, mais de cinquenta publicadas. Como vimos literatura para
trabalhar as relações raciais têm muitas, só que existe outros recursos para se
falar da África, pode-se trabalhar em geografia mapas, pois muitos de nossos
alunos acham que a África é um país, não um continente, nos mapas podemos
mostrar as riquezas de cada região Africana, em matemática cálculos,
símbolos, em arte a cultura Africana, em língua Portuguesa o vocabulário,
enfim, existem muitos meios, pois é uma temática interdisciplinar, cabe ao
educador elaborar a estratégia que mais se ajuste aos seus métodos de
ensino.
A escola é um forte instrumento para que não seja disseminado ainda mais
preconceitos, discriminações e racismo não devemos ter medo de falar sobre o
assunto em sala de aula e só trabalhar o assunto através do livro didático,
quando assim fazemos estamos transmitindo informações desfragmentada da
realidade, temos que criar meios que favoreça o processo de desenvolvimento
e consolidação das relações raciais, permitindo que nossos educandos tenha
um olhar crítico sobre as questões relacionadas ao tema relações raciais.
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Acessado em fevereiro:
© 2008 Rogério Andrade Barbosa. Todos os direitos ...
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