MODULADORES
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MODULADORES
PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II MODULAÇÃO EM AMPLITUDE Vamos iniciar o processo a partir de uma expressão que define sinais de tensão cossenoidais no tempo, expressos genericamente por : e x ( t ) = E x cos ω x ( t ) onde e x ( t ) → uma tensão senoidal qualquer E x → amplitude do sinal ω x → velocidade angular, expressa por → ω x = 2π f x Para a onda portadora e o sinal modulante vamos usar as seguintes expressões : e p (t ) = EP cos ω P (t ) → onda portadora em (t ) = Em cos ω m (t ) → sinal mod ulante Considerando - se estas definições preliminares, vamos então passar ao processo de Modulação em Amplitude propriamente dito : Tomemos uma onda portadora onde : e P (t ) = E P cos ω P (t ) em (t ) = E m cos ω m (t ) com ω P = 2π f P e ω m = 2π f m sinal modulado será : [ ] e(t ) = E P + em cos ω P (t ) ou → e(t ) = E P cos ω P (t ) + em cos ω P (t ) 1 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II Modelo e P (t ) Sistema x e( t ) cos ω P (t ) Este sinal modulado representa o PRINCÍPIO DA MODULAÇÃO AM - DSB ( Amplitude Dupla Banda Lateral ), pois neste tipo de modulação consiste no fato de que o sinal modulante interfere exclusiva e diretamente na amplitude da portadora Ep. Desta forma : [ ] e(t ) = E P + E m cos ω m (t ) cos ω P (t ) que também pode ser escrita como E e(t ) = E P 1 + m cosω m (t ) cosω P (t ) EP onde podemos definir m= Em como índice de modulação que será expresso por m , assim : EP Em ⇒ Índice de Modulação EP [ ] Desta forma ⇒ e(t ) = E P 1 + m cos ω m (t ) cos ω P ( t ) ou ⇒ e(t ) = [ E P + mE P cos ω m (t )]cos ω P (t ) ⇒ resultando 2 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II ⇒ e(t ) = E P cos ω P (t ) + mE P cos ω m (t ) cos ω P (t ) Lembrando da relação trigonométrica cos a cosh b = 1 1 cos(a + b) + cos(a − b) podemos escrever finalmente 2 2 e(t ) = E P cosω P (t ) + ⇓ Portadora mE P mE P cos(ω P + ω m )t + cos(ω P − ω m )t 2 2 ⇓ ⇓ Banda lateral Banda Lateral Superior Inferior Formas de Onda 3 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II [ ] Pela equação e(t ) = E P + em (t ) cos ω P ( t ) , no instante t = 0 ⇒ em (t ) = E m , assim : e( t ) = E P + E m A medida que o tempo varia, o valor instantâneo ( não da função ) vai mudando com a frequência fm e o valor instantâneo da função varia com a frequência fp. Desta forma tomando - se (a) e (b) pode-se compor a forma de onda em ©. Análise Espectográfica É bastante provável que até hoje, você só tenha analisado uma grandeza elétrica como função do tempo ou seja através de uma forma de onda . Neste caso a variável independente utilizada foi o tempo, pois normalmente as grandezas elétricas são funções continuas no tempo. Porém é importante que se saiba que nem só o tempo pode ser usado como variável independente na representação de grandezas elétricas. Muitos são os casos em que a velocidade angular ω e a frequência f são as variáveis independentes mais indicadas. Da mesma forma que o gráfico em função do tempo é chamado de “forma de onda”, um gráfico em função da velocidade angular ou da frequência é chamado de “Espectro”. Pode-se definir o espectro em : a) Amplitude b) Fase 4 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II GRÁFICO DO ESPECTRO e( t ) EP mE P 2 f 0 i mE P 2 fC fS f ( Hz ) Potência do Sinal AM-DSB A potência do sinal será dada por : e( t ) 2 1 P= = R T0 E 2 P= P T0 T0 ∫ 0 2 T ∫E P cos(ω 0 t + φ ) dt , com R = 1Ω valor normalizado 0 2 T EP2 0 cos(ω 0 t + φ ) dt = cos 2 ( ω 0 t + φ ) dt = ∫ T0 0 cos 2 A = 2 cos2 A − 1 0 EP2 P= T0 1 + cos(2ω 0 t + 2φ ) dt = ∫0 2 T0 T EP2 T0 T0 T dt 0 ∫0 2 + ∫0 cos(2ω 0 t + 2φ ) dt = EP2 t 0 EP2 EP2 = T −0 = T0 2 0 2T0 0 2 PP = EP2 2 [ ] que é a potência da portadora 5 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II A potência das bandas laterais decorrem do espectro do sinal e será dada por : PBLS PBLI mE P 2 = 2 2 mE P 2 = 2 2 → Banda Lateral Superior → Banda Lateral Inferior E P 2 m2 E P 2 m2 E P 2 + + = Potência Total ⇒ PT = 2 8 8 PT = E P 2 m2 E P 2 + 2 4 Potência AM-DSB Espectro Potência do Sinal AM-DSB PT E p2 2 m2 E p 2 m2 E p 2 8 8 f p − fm fp f p + fm 6 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II MODULAÇÃO AM - DSB/SC A modulação AM - DSB/SC surgiu como uma forma de se economizar a potência utilizada pela portadora no sistema AM-DSB, que é no mínimo 67% da potência total do sinal modulado. • sistema AM-DSB/SC tem por princípio para economia de potência, a supressão da portadora, fazendo com que a potência do sinal modulado seja destinado às raias de informação. A obtenção desse sinal é simples e baseia-se na propriedade trigonométrica de que um produto entre duas cossenoides gera outro par de cossenoides com frequência da soma e da diferença entre as frequências das cossenoídes originais. Assim : e( t ) = K e m ( t ) e p ( t ) onde: K → constante do modulador, que permite a multiplicação de duas tensões resultar outra tensão. e(t ) = K E m cos ω m (t ) E p cos (t ) e(t ) = K E m E p cos ω m (t ) cos (t ) mas : cos a cosh b = 1 1 cos(a + b) + cos(a − b) 2 2 Então : 1 1 e(t ) = KE m E p cos (ω p − ω m )t + cos (ω p + ω m )t 2 2 que resulta finalmente : e( t ) = KE m E p 2 cos (ω p − ω m )t + KE m E p 2 cos(ω p + ω m )t que representa a expressão do sinal modulado AM-DSB/SC 7 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II Exemplo do processo de modulação AM-DSB/SC ANÁLISE DOS ESPECTROS 1) Sinal modulante 2) Portadora ep em Ep Em fp fm 3) Sinal Modulado e kE p E m 2 f p − fm kE p E m 2 fp f p + fm 4) Potência do Sinal AM-DSB/SC Pm k 2 Em2 E p 2 k 2 Em2 E p 2 8 8 f p − fm f p + fm 8 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II Observar que a potência contida no sinal modulado pertence as raias que contém informação, já que não há raia na frequência da portadora. Desta forma, não há sentido, em qualquer comentário a respeito do rendimento da transmissão, uma vez que ele será de 100% distribuído entre as duas bandas laterais. FREQUÊNCIA INTERMEDIÁRIA É uma frequência fixa e pré-determinada, cuja função é evitar a alteração da banda passante com a variação da frequência. Isto é possível, uma vez que a etapa de RF do receptor funciona como um filtro que seleciona a estação desejada e em conjunto com a mesma é variada a frequência de oscilação do oscilador local. Como a frequência do sinal gerado pelo oscilador local varia juntamente com a frequência de sintonia da etapa de RF, é possivel manter a diferença entre elas sempre constante igual a frequência intermediária. Assim : f OL = f RF + f FI onde : f OL = frequência oscilador local f RF = freqüência sintonia da Etapa de RF f FI = freqüência Intermediária Modelo Ideal RF X FI DET DET AUDIO 9 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II EXERCÍCIOS 1) Um receptor para radiodifusão comercial AM-DSB (faixa de 535 a 1650KHz) trabalha com um capacitor variável de seção dupla, cujos valores encontram-se entre 30 pF a 300 pF. Determinar o valor da indutância do Oscilador Local, sabendo - se que quando sintonizamos a etapa de RF em 1100 KHz, ocorre um erro de rastreio de +3 KHz na sintonia. Teoricamente : f OL = f RF + f FI f OL = f RF + f FI + ε ⇒ ε = erro de rastreio f OL = f RF + f FI + ε ⇒ f OL = 1100 + 455 + 3 = 1558 KHz Quando calculamos o valor da indutância do Oscilador Local, precisamos saber que valor está posicionado o capacitor variável de sintonia e esta informação pode ser dada pela etapa de RF. ⇒ No extremo inferior da faixa f Rmin = 535 KHz ⇒ 535 . 10 3 = 1 2π L . 300 . 10 −12 L = 295 µ H Assim para f R = 1100 KHz 1100 . 10 3 = 1 2 π 300 . 10 − 6 . C ⇒ C = 69,8 pF Este valor é usado tanto para a etapa de RF quanto para o Oscilador Local Desta forma para a frequência na qual está sintonizado o Oscilador Local : 1558 . 10 3 = 1 2π L . 69,8 . 10 −12 ⇒ L = 147 µ H 2) Um teste de controle de qualidade de um receptor AM-DSB leva em consideração que o erro de rastreio não deve provocar atenuação maior que 3 dBna frequência da portadora do sinal recebido. Para um receptor com os seguintes parâmetros : C v → 45 pF a 450 pF 10 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II L = 200µ H −3 R S = 10 + 27 . 10 . f indutância da RF ( dependência de R S com a frequência ) Determinar qual o máximo erro de rastreio permissível quando o valor de Cv for 300 pF. Solução : Para Cv = 300 pF , temos : fR = 1 2 π 200 . 10 −6 . 300 . 10 −12 = 649 ,7 KHz Nessa frequência, o valor de R S será : R S = 10 + 27 . 10 −3 . 649,7 . 10 3 = 31,8 Ω Assim : Q= X L 2 π . 649,7 . 10 3 . 200 . 10 −6 = = 26 RS 31,7 A banda passante será : ⇒ B= fR 649 ,7 . 10 3 = = 25 KHz Q 26 Desta forma a resposta da RF será : 0 dB 3 dB 649 ,7 f ( KHz ) 25 KHz A atenuação de 3 dB está compreendida dentro da banda passante da RF, com desvios de ± 12,5 KHz em relação a frequência de 649,7 KHz. Assim podemos ter para f R = 649,7 KHz no máximo ε = ± 12,5 KHz 11 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II É evidente que em receptores de qualidade razoável se conseguem erros de rastreio de ordens de grandeza bem menores que o valor encontrado neste exemplo, conseguindo -se atenuações bem menores que 3 dB, devidas ao erro de rastreio. 12 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II MODULADORES Moduladores AM Consideremos o caso de um dispositivo que opera usando a lei de potências, ou seja, um dispositivo não linear com características de transferência do tipo que obedece alei de potências : v S = a1 v e + a 2 v e 2 omitindo-se os termos de ordem superior, pressupõe-se portanto um dispositivo com lei quadrática. Assim se → v e (t ) = x (t ) + cos ω P t teremos: [ v S = a1 x (t ) + a1 cos ω P t + a 2 x (t ) cos ω P t ] 2 [ v S = a1 x (t ) + a1 cos ω P t + a 2 x (t ) 2 + 2 x (t ) cos ω P t + cos 2 ω P t ] v S = a1 x (t ) + a1 cos ω P t + a 2 x (t ) 2 + 2a 2 x (t ) cos ω P t + a 2 cos 2 ω P t [ ] = a1 x (t ) + a 2 x 2 (t ) + cos ω P t a1 + 2a 2 x (t ) + a 2 cos 2 ω P t [ = a1 x (t ) + a 2 x 2 (t ) + a 2 cos 2 ω P t + cos ω P t a1 + 2a 2 x ( t ) = a1 x (t ) + a 2 x 2 ( t ) + a 2 cos 2 ω P t + a1 1 + ] 2a 2 x (t ) cos ω P t a1 O último fator é a onda AM desejada com AP = 1 e m = 2a 2 , desde que possa ser a1 separado do restante. [ Assim teremos o espectro de VS ( f ) = ℑ v S ( t ) ] usando X ( f ) 13 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II O termo x 2 (t ) corresponde x ( f ) * x ( f ) com banda limitada em 2W. Assim se f P >3W não há superposição espectral, de tal modo que a separação necessária pode ser implementada usando-se um filtro passa - faixa com banda B=2W centrada em fP . Uma versão prática possível de circuito é mostrado abaixo com esquema de um modulador completo utilizando um transistor de efeito de campo FET. A bateria Vg polariza o FET na região de saturação, onde esse componente segue a lei quadrática e o circuito RLC paralelo serve como filtro passa-faixa. Como há necessidade de uma filtragem apurada, os moduladores desta família ( lei de Potências ) são usados principalmente em modulação de baixo nível ou seja níveis de potência inferiores aos do valor a transmitir. Devemos então ter uma amplificação linear substancial para elevar a potência até PT ( Potência média transmitida ). Entretanto amplificadores de potência para RF com linearidade desejada constituem problemas e é sempre melhor essa modulação de alto nível caso PT seja elevada. Figura do circuito modulador 14 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II Moduladores não Lineares A característica típica de um modulador com dispositivo não linear é mostrado na figura a seguir : Um semicondutor diodo ou transistor é um exemplo de dispositivo não linear. As características não lineares destes dispositivos podem ser aproximadas por uma série de potência do tipo : i = ae + be 2 ( lei quadrática de potências ) Para analisar o circuito acima , consideramos que o elemento não linear está em série com o resistor R, compondo um elemento não linear cuja tensão de saída é e e a corrente i é descrita pela série de potência acima. As voltagens e1 e e2 são dadas por : e1 = cos ω c t + m(t ) e2 = cos ω c t − m(t ) m(t ) = sinal mod ulante cos ω c t = portadora onde ⇒ Portanto as correntes i1 e i2 são dadas por : i1 = ae1 + be1 2 [ ] [ = a cosω c t + m(t ) + b cos ω c t + m(t ) [ ] ] [ 2 e i2 = a cosωct − m(t ) + b cosωc t − m(t ) ] 2 A tensão de saída v 0 será dada por : 15 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II [ v 0 = i1 . R − i 2 . R = 2 R 2b. m(t ) cos ω c t + am(t ) ] • sinal a. m(t ) nesta equação pode ser filtrado, usando-=se um filtro passa-banda sintonizado em ω c . A implementação deste sistema usando diodos pode ser visto na figura a seguir : Modulador Não-Linear AM DSB/SC 16 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II MODULADORES CHAVEADOS A operação de multiplicação requerida para modulação, pode ser substituída por uma simples operação de chaveamento. Um sinal modulado pode ser obtido pela multiplicação de m(t ) não somente por um sinal senoidal puro, mas sim por qualquer sinal periódico ϕ (t ) com freqüência fundamental ω . Tal sinal periódico pode ser expresso por : ∞ ϕ (t ) = ∑ Cn cos(nω c t + θn ) n=0 Portanto : ∞ m(t ).ϕ (t ) = ∑ Cn . m(t ).cos ω c t + θn ) n=0 Isto nos mostra que o espectro do produto m(t ).ϕ (t ) é o espectro de M (ω ) deslocado de ± ω c ,±2ω c ,......, ± nω c . Se o sinal original é passado por um filtro passa-banda com largura de banda 2B (Hz) e sintonizado em ω c , nós teremos o sinal modulado: C1m(t ).cos(ω c t + θn ) A figura abaixo representa o modulador chaveado AM-DSB/SC. 17 PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO II • trem de pulso quadrado k(t) é um sinal periódico cuja série de Fourier pode ser encontrada facilmente através de : ( n −1) A 2 A ∞ (− 1) K (t ) = + ∑ 2 π n =1,3,5.... n Para A=1 cos nω c t teremos ( n −1 ) 1 2 ∞ ( − 1) K (t ) = + ∑ 2 π n =1,3,5.... n = 2 2 cos nω c t = 1 2 1 1 + cos ω c t − cos 3ω c t + cos 5ω c t −....... 2 π 3 5 • sinal m(t ). k (t ) é dado por : m(t ). k (t ) = 1 2 1 1 m(t ) + m(t ) cos ω c t − m(t ) cos 3ω c t + m(t ) cos 5ω c t − .......... 2 3 5 π e no domínio da frequência : ( n −1) ( − 1) 1 1 m(t ). k (t ) ↔ M (ω ) + ∑ π n =1,3,.... n 2 2 [ M (ω + nω ) + M (ω − ω )] c c • espectro do produto é mostrado no item c da figura . Quando o sinal m(t ). k (t ) é passado por um filtro passa-banda centrado em ω c , a saída do sinal modulado será : 2 . m(t ).cos ω c t π figura (d) 18