1 shenzhen : uma cidade para todas as estações
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1 shenzhen : uma cidade para todas as estações
SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 1 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 2 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 3 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES DELTA DO RIO DAS PÉROLAS Shenzhen: Uma cidade para todas as estações 4 5 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Administração de Projecto Mércia Maria Gonçalves Coordenação Gonçalo César de Sá Louise do Rosário Pesquisa e Textos Thomas Chan Louise do Rosário SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES DELTA DO RIO DAS PÉROLAS Tradução Fernando Correia Edição e Revisão Maria João Janeiro Fotografia Shenzhen : Uma cidade para todas as estações Thomas Chan e Louise do Rosário Eric Tam Desenho gráfico Soluções Criativas, Lda. Impressão Welfare Printing Company Produção Associação de Macau de Investigação do Delta do Rio das Pérolas Avenida Infante D. Henrique, The Macau Square, Nos 43 - 53A, 10.o andar I, Macau Publicações MacauLink [email protected] Apoios Outubro de 2013 ISBN 978-99965-955-0-9 6 7 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN: UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Uma história antiga Cantão e outros centros urbanos da província de Guangdong têm sido o resultado de uma migração rumo a sul de populações das regiões centrais da China. Embora a cidade de Cantão tenha sido estabelecida há mais de 2 mil anos, a expansão populacional na região do Delta do Rio das Pérolas foi mais demorada. Essa expansão acelerou-se apenas durante a Dinastia Song (960-1279), há cerca de mil anos, quando o centro económico da China transferiu-se do norte para o sul do rio Yangtsé e empurrou os percursos migratórios de Jiangxi e de Fujian para Guangdong, mais para sul. Em resultado desse processo, a expansão populacional e, em particular, o crescimento urbano, conduziu ao aparecimento de novas vilas e cidades que já não estavam na zona de influência da cidade de Cantão. No ano 331, por ocasião da Dinastia Jin Oriental (317-420), o município de Nanhai foi separado da cidade de Cantão tendo dado origem ao município de Dongguan, que englobava seis concelhos, incluindo Baoan. O território de Bao-an incluía as actuais Dongguan, Shenzhen, uma parte de Zhongshan e Zhuhai, Macau e Hong Kong. A sede do município e dos governos dos concelhos situava-se em Nantou1. 1 Nantou (que também pode ser transliterado como Nantau ou Nam Tau) é uma zona da península de Nantau, na província de Guangdong, China. Inicialmente uma cidade murada com vista para a baía de Tai Shan para defesa costeira da concelho de Bao’an, Nantou é actualmente a principal cidade da região de Nanshan, em Shenzhen. Nantou foi igualmente o centro administrativo das áreas circundantes que incluíam Hong Kong e, dado que fazia parte da rota marítima do sul da China, era encarada como a guardiã do rio das Pérolas e de Cantão. 8 Shenzhen 9 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Na Dinastia Tang (618-907), uma guarnição militar, a Guarnição Tun Men, foi criada em Nantou, cidade que se localizava na rota marítima para Cantão. Os navios chegavam a Nantou, de Maio a Agosto, com os ventos das monções de Sudoeste e aí aguardavam instruções para seguirem até Cantão. No regresso, os navios tinham de esperar em Nantou até depois de Outubro pelos ventos das monções de Nordeste. Assim, Nantou passou a ser a porta de entrada estratégica e o principal porto da cidade de Cantão. Desde a Dinastia Tang que uma guarnição militar tinha por base Nantou mas, em 1898, uma parcela do território de Bao-an passou para a administração britânica sob a designação Novos Territórios de Hong Kong. Nantou tinha defendido a rota e o comércio marítimo de Cantão durante quase 2 mil anos. Durante esse período, houve escaramuças entre os chineses e os portugueses e os britânicos que se deslocavam a Cantão para comerciar; tanto os portugueses como os britânicos acabaram por estabelecer-se nas duas margens do estuário do rio das Pérolas e forçaram a abertura do comércio com Cantão. SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES rios existentes na região, incluindo o Guanlan e o Shenzhen. Shenzhen, Fuyong, Buji e Guanlan eram os grandes centros de intercâmbio comercial. Até 1949 não havia postos de controlo na fronteira de Hong Kong e os cidadãos chineses eram livres de entrar e sair de Hong Kong sem que houvesse qualquer controlo governamental de ambos os lados da fronteira; esta era a política deliberada do governo colonial britânico que assim pretendia facilitar o desenvolvimento de Hong Kong como um porto de livre comércio. Contudo, quando a linha de caminho-de-ferro Cantão-Kowloon foi construída e entrou em funcionamento, em 1911, acabou por substituir o trânsito fluvial e o sistema económico das aldeias e vilas que até aí serviam de centros de intercâmbio comercial. A prosperidade desses centros urbanos sofreu ainda mais com a turbulência política no continente, incluindo a invasão japonesa. Encerramento da fronteira No ano de 757, o concelho de Bao-an viu a sua designação alterada para Dongguan e a sede do governo abandonou Nantou estabelecendo-se na Dongguan actual. Na Dinastia Ming, em 1573, Dongguan perdeu uma parcela do seu território para dar origem ao concelho de Xin-an, com a respectiva sede de governo em Nantou, sob a dependência directa da cidade de Cantão. O novo concelho englobava parte das actuais Dongguan, Shenzhen e Hong Kong. Proibição de povoados costeiros Em 1666, um édito do governo Qing proibindo a navegação marítima obrigou ao realojamento das populações para uma área 30 a 50 quilómetros da costa, incluindo as de Xin-na. A proibição foi revogada 8 anos mais tarde e motivou uma grande migração populacional para o exterior da região do Delta do Rio das Pérolas e a constituição de novas aldeias e vilas. Este município tinha uma grande concentração de “pessoas convidadas”, que falavam um dialecto diferente do dos que se exprimiam em cantonês. Xin-an mudou de nome para Bao-an em 1914. Após 1949, com o regime comunista na China e, em parte, devido às sanções económicas aplicadas pelos Estados Unidos contra o novo governo chinês, a fronteira com Hong Kong foi encerrada; postos de controlo e alfandegários foram construídos a fim de restringir o tráfego de pessoas e mercadorias com Hong Kong. Em 1953 a sede do governo do concelho foi transferida para a vila de Shenzhen. Hong Kong deixou de fazer parte do território Xin-an/Bao-an em 1842. Com as restrições na movimentação de pessoas e de bens, a separação de Hong Kong daquele território ficou completa. Décadas subsequentes de migrações maciças de outras regiões da China bem como do Delta do Rio das Pérolas para Hong Kong tiveram como consequência a separação cada vez mais profunda em termos económicos, sociais e culturais. Tanto Dongguan como Xin-an tinham sido importantes centros produtores de sal marinho da China imperial. Mas, a expansão do comércio externo durante as dinastias Ming (1368-1644) e Qing (16441912) teve como resultado o aumento da procura de produtos agrícolas e de indústria ligeira, tanto para esta zona como para outras do Delta do Rio das Pérolas. Tal expansão causou o dinamismo económico que conduziu à prosperidade e crescimento das aldeias e vilas. Com Hong Kong a passar a ser uma colónia britânica e a desviar o comércio externo de Cantão, os povoados existentes na actual Shenzhen assumiram o papel de locais de trânsito das vias comerciais de Hong Kong para Cantão e mesmo além; as populações desses povoados passaram a utilizar os 10 11 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES A zona económica especial de Shenzhen e a rápida industrialização e urbanização da vila Shenzhen enveredou por uma fase radicalmente diferente de desenvolvimento em 1979, quando a China iniciou o processo de reformas económicas e de política de abertura e confrontou-se com a pretensão da Grã-Bretanha de manter em vigor os tratados desiguais que fizeram de Hong Kong uma colónia britânica. No início do processo, Hong Kong era o modelo que os chineses pretendiam imitar. Em 1979, uma zona de processamento de produtos para exportação foi criada em Shekou, perto da velha Nantou, pela China Merchants, uma empresa estatal chinesa constituída em Hong Kong. Esta foi a primeira alteração institucional adoptada pelo governo chinês conducente à liberalização da sua economia de planificação central; abriu um precedente que colocou outras alterações institucionais como as zonas de comércio livre na agenda da reforma económica. A pressão exercida no sentido da renovação dos acordos desiguais na base de Hong Kong forçaram o governo chinês a decidir reaver a colónia britânica após o prazo de validade dos referidos acordos. Assim sendo, o governo chinês viu-se forçado a fazer preparativos para a transferência de poder em 1997. O então dirigente Deng Xiaoping propôs uma inovação institucional de um país dois sistemas para Hong Kong no post-1997; por sua iniciativa, o governo aprovou uma nova política para as Zonas Económicas Especiais (ZEE). Estas eram experiências alargadas para uma economia de mercado. Estas zonas eram de muito maior dimensão do que quaisquer zonas de processamento ou de comércio livre existentes em outros países. Tratava-se de experiências completamente isoladas do resto do país, que levou muito tempo para introduzir reformas económicas que tinham tido êxito nas zonas económicas especiais. Além disso, a zona económica especial de Shenzhen tinha a função política de servir de tampão entre o continente e Hong Kong após 1997. O governo pretendia introduzir em Shenzhen reformas de mercado semelhantes às existentes em Hong Kong a fim de ajudar a minorar o fosso de desenvolvimento entre os dois territórios; o governo esperava, igualmente, que a zona económica especial de Shenzhen pudesse ajudar Hong Kong na sua transição para 1997 e para além dessa data quando já estivesse de novo sob soberania chinesa. Paralelamente, foi criada a zona económica especial de Zhuhai para facilitar o regresso de Macau em 1999. Sendo a maior e a mais bem-sucedida das zonas económicas especiais, Shenzhen tem servido desde então como o modelo e a força orientadora para a introdução de reformas económicas, em primeiro lugar nas outras cidades e regiões costeiras e, mais tarde, na totalidade do país após a entrada da China no Organização Mundial do Comércio em Dezembro de 2001. 12 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Divisão do país A criação da zona económica especial resultou na divisão ainda mais aprofundada do concelho de Bao-an, cuja designação foi agora alterada para cidade de Shenzhen. A maior parcela do seu território adjacente a Hong Kong passou a ser a zona económica especial, separada do remanescente por uma fronteira com controlo de documentos e com alfândega. Tal controlo exigia uma autorização especial para se poder entrar na ZEE. Ao mesmo tempo que a fronteira com o resto da nação era de difícil passagem, a entrada na fronteira com Hong Kong foi facilitada a fim de tornar mais simples o tráfego de mercadorias e de pessoas que pretendessem entrar na ZEE para investimento, processamento industrial ou comércio. As reformas introduzidas nas zonas económicas especiais incluíram impostos e taxas alfandegárias mais reduzidos para investidores do ultramar, tanto de Hong Kong como de mais longe, bem como para a constituição de empresas chinesas. Este conjunto de medidas passou a ser a principal política de incentivo para atrair capital, mão-de-obra e empresas para as zonas económicas especiais. Uma cidade nova A criação da ZEE em Shenzhen assumiu-se como um grande processo de desenvolvimento urbano para a construção de uma cidade nova. Novos investimentos em infra-estruturas e em imobiliário foram a principal força subjacente ao processo de urbanização. O elevado diferencial em preços entre Hong Kong e Shenzhen, particularmente no que respeita aos edifícios para habitação, atraíram investimento imobiliário de Hong Kong e tanto o governo municipal como as empresas recém-criadas puderam financiar-se no continente chinês para investimentos públicos e privados em Shenzhen. A deslocação de indústrias de Hong Kong, atraídas pelos baixos preços dos terrenos e da mão-de-obra, tiveram como destino inicial Shenzhen e mesmo o concelho de Bao-an, que tinha sido o primeiro a construir ligações rodoviárias com Hong Kong. A separação, em 1990, da cidade de Shenzhen da esfera do governo provincial de Guangdong demonstrou a determinação do governo central em permitir maior liberdade económica à cidade e à ZEE. Este facto assinalou, pela primeira vez na história, que Shenzhen – o antigo concelho Xin-an/Baoan – não estava directamente subordinado a Cantão e à província de que é capital. Shenzhen tinha, como destino, de orientar-se mais na direcção de Hong Kong. 13 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Quadro 1: Comércio externo, investimento directo estrangeiro e PIB de Shenzhen de 1979 a 2012 Exportações (US$ ml) Importações (US$ ml) Comércio externo PIB Balança comercial PIB IDE (US$ ml) IDE/PIB 1979 9 7 13,2% 1,5% 5 4,3% A acumulação primitiva de capital que financiou a construção da nova cidade de Shenzhen foi o resultado do sistema de preços duplos2 , que caracterizou a primeira fase das reformas de liberalização de mercado na China. O mercado era quem marcava os preços em Shenzhen, mas os em vigor no resto do país eram ainda determinados através do planeamento central. Neste último caso, os preços dos produtos industriais eram baixos e os dos produtos de consumo eram elevados, resultado de uma política governamental deliberada. Pelo contrário, em Shenzhen os preços dos produtos industriais eram elevados e os dos produtos de consumo baixos, o que permitia a exportação de produtos industriais e a importação de produtos de consumo de Hong Kong. 1980 11 6 9,7% 2,7% 25 15,2% 1981 17 11 9,5% 2,3% 86 29,0% A passagem de um planeamento central com marcação de preços para um sistema de mercado em Shenzhen, tanto na importação como na exportação, permitiu que os comerciantes obtivessem grandes lucros. Antes da reforma económica o consumo tinha sido suprimido na China tendo essa reforma, associada à política de abertura, desencadeado uma onda de consumo na China com uma procura quase insaciável de electrónica de consumo, electrodomésticos e automóveis de passageiros. Em 1989, as vendas a retalho per capita em Shenzhen ascendiam a 589,2 yuans, muito abaixo de Xangai, o principal centro de consumo da China, com 701,5 yuans. Um ano mais tarde Shenzhen tinha ultrapassado Xangai com 932,9 yuans contra 763 yuans. As vendas a retalho per capita cresceram rapidamente em Shenzhen devido às pessoas que se deslocavam à ZEE a fim de adquirirem bens de consumo a preços muito mais reduzidos. Preços duplos A diferença no consumo a retalho per capita acabou por inverter-se em meados da década de 90 do século passado, reflectindo o facto de que a liberalização de mercado se tinha espalhado por toda a China e que o turismo para compras – incluindo algumas formas de contrabando – tinha deixado de ser atractivo. Foi precisamente nessa altura que o governo iniciou a abolição do duplo sistema de preços e introduziu a liberalização de mercado em todo o país; até então, o comércio ao abrigo do sistema de preços duplos e a importação de bens de consumo em Hong Kong para ser contrabandeada para o resto do país dominava a economia das zonas económicas especiais e era suficientemente grande para financiar o rápido crescimento da nova cidade tendo por base o modelo de Hong Kong de arranha-céus em Lowu, o centro original da cidade. O comércio e o crescente processamento industrial atraíram, por outro lado, um grande influxo de capital e de pessoas para Shenzhen. Em 1990, a população de Shenzhen tinha crescido de 330 mil, em 1989, para 1,68 milhões, o Produto Interno Bruto tinha aumentado de 270 milhões de yuans para 17,16 mil milhões de yuans e o investimento total anual em capital fixo tinha passado de 140 milhões de yuans para 6,23 mil milhões de yuans. 2 Um sistema de preços duplos é um sistema económico em que o governo controla sectores-chave da economia e em que o sector privado dispõe de um controlo limitado sobre os restantes sectores. 14 1982 16 9 5,7% 1,5% 58 13,0% 1983 62 724 118,2% -99,5% 113 17,0% 1984 265 807 107,7% -51,9% 186 17,9% 1985 563 743 98,3% -13,5% 180 13,5% 1986 726 1121 153,1% -32,8% 365 30,2% 1987 1414 1144 170,3% 17,9% 274 18,2% 1988 1849 1593 147,3% 11,0% 287 12,3% 1989 2174 1578 122,2% 19,4% 293 9,5% 1990 8152 7550 437,5% 16,8% 390 10,9% 1991 9862 9614 438,1% 5,6% 399 9,0% 1992 12 000 11 575 409,7% 7,6% 449 7,8% 1993 14 218 13 956 358,6% 2,9% 989 12,6% 1994 18 309 16 674 475,1% 22,2% 1250 17,0% 1995 20 527 18 242 384,3% 22,7% 1310 13,0% 1996 21 208 17 846 309,7% 26,7% 2051 16,3% 1997 25 618 19 391 287,6% 39,8% 1661 10,6% 1998 26 396 18 878 244,2% 40,5% 1660 9,0% 1999 28 208 22 219 231,4% 27,5% 1780 8,2% 2000 34 563 29 376 242,0% 19,6% 1960 7,4% 2001 37 479 31 131 228,7% 21,1% 2590 8,6% 2002 46 557 40 674 243,1% 16,4% 3190 8,9% 2003 62 962 54 437 271,0% 19,7% 3620 8,3% 2004 77 846 69 436 284,7% 16,2% 2350 4,5% 2005 101 518 81 298 302,6% 33,5% 2970 4,9% 2006 136 095 101 290 325,6% 47,7% 3270 4,5% 2007 168 492 19 040 321,6% 55,3% 3660 4,1% 2008 179 719 120,235 267,5% 53,0% 4030 3,6% 2009 161 978 108 184 225,0% 44,8% 4160 3,5% 2010 204 183 142 565 245,0% 43,5% 4300 3,0% 2011 245 517 168 575 232,5% 43,2% 4600 2,6% 2012 271 370 195 415 227,5% 37,0% 5229 2,5% Nota: As taxas de câmbio entre o yuan e o dólar utilizadas tiveram por base as médias a meio do ano. Em 1981, a taxa de câmbio oficial era de 1 dólar para 1,7050 yuans e em 2012 era de 1 dólar por cada 6,3123 yuans. Fonte: Anuário Estatístico de Shenzhen, diversas edições 15 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES As iniciativas do governo local, no início da década de 90, ajudaram a desenvolver indústrias de alta tecnologia em electrónica de consumo, equipamento eléctrico, computadores e periféricos e telecomunicações. Este desenvolvimento incluiu a deslocação industrial de empresas de Hong Kong, Taiwan, Japão e Estados Unidos da América e a substituição de importações por empresas locais. Em 1990, o PIB do sector secundário ou industrial de Shenzhen era de 644 mil milhões de yuans. Era então cerca de metade do de Cantão e mesmo inferior ao de Foshan, a cidade que durante séculos sempre dispôs de muitas vilas industriais. Em 2002, o sector industrial de Shenzhen, com um PIB de 107,6 mil milhões de yuans, ultrapassava o de Cantão e era mais do dobro do de Foshan, que se situava no terceiro lugar. Primazia às exportações A industrialização de Shenzhen tem visado a exportação. Em 2012, depois do maremoto financeiro e com os mercados externos em depressão, as exportações de Shenzhen ascenderam a 271,37 mil milhões de dólares, montante equivalente a 132,3% do PIB local. As empresas de capitais estrangeiros eram responsáveis por 51,6% das exportações totais e 52% dessas exportações eram de produtos de alta tecnologia. No passado, a quota das empresas de capitais estrangeiros tinha sido mesmo superior, sendo que no final de 2005 essa quota se situava em 66,5% . No início dos anos 90 do século passado, o governo de Shenzhen começou a apoiar a modernização industrial para indústrias de alta tecnologia. Tal apoio facilitou a deslocação para a zona económica especial de unidades industriais de Hong Kong, Taiwan e de outros países e a abandonar as indústrias de mão-de-obra intensiva para as de electrónica e informática. Tanto as exportações como o investimento directo estrangeiro (IDE) cresceram exponencialmente no início da década de 90, aumentando o PIB local e o desenvolvimento do sector dos serviços. Não obstante o crescimento gradual da capacidade de exportação das empresas locais, estas tinham como cliente alvo o mercado doméstico de substituição de importações. De certa forma, Shenzhen, com o seu imensamente desproporcionado sector exportador, era semelhante a Hong Kong, quando a colónia teve o seu pico de industrialização voltado para a exportação. A única diferença é que Shenzhen tinha-se especializado na indústria electrónica ao passo que Hong Kong se tinha, no passado, centrado em indústrias de mão-de-obra intensiva, em particular de produção de têxteis, calçado, brinquedos e outros bens. Esta diferença reflecte, muito provavelmente, as mudanças no tipo de produtos envolvidos no comércio internacional bem como a capacidade de Shenzhen de construir uma infra-estrutura de mão-de-obra intensiva para a produção de produtos electrónicos de alta tecnologia. Quando a administração de Hong Kong foi assumida pela China, em 1997, Shenzhen e a sua zona económica especial tinham-se tornado numa metrópole com mais de 10 milhões de pessoas, que incluíam uma grande percentagem de trabalhadores migrantes, e uma cidade líder na China em termos de PIB, exportações e produção industrial. Nos primeiros anos da década de 90 a economia de Shenzhen era dominada pelo sector secundário, que contribuía com mais de 50% para o PIB local, tendo-se transformado de cidade satélite dos anos 80 para uma cidade industrial. Em 2012, Shenzhen situou-se, pelo vigésimo ano consecutivo, como a cidade mais exportadora de toda a China, ultrapassando Xangai, Tianjin e Cantão. Nesse ano, as suas exportações representaram 13,2% do total nacional e 47,3% do total provincial. A base do êxito industrial de Shenzhen deve-se ao facto de ter apostado na produção de bens para exportação, fundamentalmente por empresas de capitais estrangeiros, incluindo muitos grupos transnacionais das economias mais avançadas do mundo. Rumo à alta tecnologia 16 17 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Crescimento populacional Um bom indicador do crescimento fenomenal da cidade de Shenzhen tem sido o tamanho da sua população. Começou com uma população residente de apenas 314,1 mil pessoas, de pequena dimensão comparativamente à dimensão dos municípios na região do Delta do Rio das Pérolas. Uma das razões que estiveram na base dessa população diminuta tem a ver com algumas vagas de imigração ilegal para Hong Kong desde os anos 50 até aos anos 70 do século passado. A criação da zona económica especial e as actividades comerciais e de construção atraíram uma massa imensa de mão-de-obra. A população residente, excluindo os residentes temporários por razões de negócios ou comerciais, atingiu 1 milhão em 1987, menos de uma década após a transformação institucional da cidade. Desde então tem crescido rapidamente, atingindo dois milhões em 1991, três milhões em 1993, quatro milhões um ano depois, cinco milhões em 1997, seis milhões em 1999, sete milhões em 2000, oito milhões em 2004, nove milhões em 2009 e 10 milhões em 2010. Provavelmente nenhuma outra cidade do mundo cresceu de uma forma tão rápida como Shenzhen no decurso de um período de 30 anos. A explosão populacional da década de 90 foi o resultado de uma deslocação maciça e expansão de unidades de processamento industrial de Hong Kong. O grande diferencial entre a população residente e as pessoas com cartão de residente – o sistema de registo que permite que as pessoas possam beneficiar do sistema público de segurança social – revela que a maior parte do crescimento populacional teve origem nos trabalhadores que eram contratados para laborar em unidades industriais, habitualmente com contratos a termo certo de um a vários anos. A grande diferença entre a população residente e aquela com direito a benefícios sociais revela que a grande expansão da cidade não foi acompanhada do aumento correspondente da integração urbana no sentido pleno e não apenas na construção física de instalações infra-estruturais. A maior parte dos trabalhadores residia em instalações da fábrica não sendo cidadãos de pleno direito de Shenzhen; constituíam apenas uma população em trânsito que trabalhava longas horas a fim de ganhar um salário que era enviado para as suas aldeias de origem no norte e no centro do país. A cidade de Shenzhen dividia-se na zona económica especial e nas zonas fora desta área, cada uma com uma organização institucional diferente e com uma taxa de investimento público em infraestruturas e benefícios sociais diferente, com as áreas fora da ZEE reservadas para unidades industriais e para os trabalhadores migrantes; esta situação levou a que o desenvolvimento integrado da cidade ficasse ainda mais distorcido. Embora esta separação tenha sido abolida recentemente e existam agora melhores meios de transporte – muito particularmente linhas de metropolitano – ligando as antigas áreas fora da ZEE, o desenvolvimento da cidade continua a revelar um forte dualismo territorial. O dualismo e as origens muito diversas da população, na sua maior parte proveniente de fora da província de Guangdong, fizeram com que Shenzhen passasse a ser uma sociedade com uma cultura 18 e uma língua assente no mandarim. Atendendo a que a maior parte das pessoas era migrantes de primeira geração para Shenzhen, as suas ligações sociais e culturais permaneciam associadas às vilas e cidades que tinham deixado. O urbanismo em Shenzhen tem sido uma imitação do de Hong Kong, uma paisagem física transplantada e um sistema de mercado novidade na China e no mundo devido à mistura do mercado com as instituições políticas e legais do regime comunista. Os diversos grupos de migrantes de toda a China também levaram consigo os seus diferentes antecedentes e aspirações. Shenzhen poderá vir a ser um cadinho, à semelhança de muitas outras cidades que no passado cresceram tendo por base migrantes. A sua curta história e o crescimento demasiado rápido não geraram suficientes memórias colectivas para criar uma identidade comum. Pode-se dizer que ao mesmo tempo que a cidade ainda se encontra na infância em termos sociais e culturais, já atingiu uma certa maturidade enquanto grande cidade nos aspectos físicos e demográficos. Continua a ser um enclave de cultura mandarim num território dominado pela cultura cantonesa, com um intercâmbio diminuto e poucas ligações. Shenzhen será uma grande cidade com um carácter único, mesmo entre a onda de crescimento de grandes cidades na Ásia e em outras economias industrializadas. 19 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Ultrapassando Hong Kong Uma nota interessante é que, em 1997, a população de Shenzhen teria provavelmente atingido 6 milhões ou mesmo muito mais, caso os residentes temporários fossem incluídos. Nesse ano aproximouse de Hong Kong, território que tinha atingido um número ligeiramente inferior a 6,5 milhões. A ideia de criar uma cidade nova como Shenzhen para servir de tampão entre uma Hong Kong capitalista e o continente socialista parece ter sido bem-sucedida. No início do século XXI, a população de Shenzhen ultrapassou a de Hong Kong, tendo-se tornado uma metrópole típica das economias em crescimento de países da Ásia Oriental. Shenzhen bloqueia as ligações terrestres entre Hong Kong e o continente chinês, tendo Hong Kong passado a ser um enclave na região do Delta do Rio das Pérolas precisamente por causa de Shenzhen. A economia de Shenzhen tem continuado a crescer a um ritmo mais acelerado do que o de Hong Kong, assemelhando-se a sua economia à de Hong Kong; substituiu Hong Kong no fornecimento de alguns serviços, em particular o terminal de contentores, e concentra-se cada vez mais nos serviços financeiros, com uma das duas bolsas de valores da China, e no desenvolvimento imobiliário, tanto para habitação como a comércio e escritórios. Nos próximos anos ou décadas há uma pergunta a ser colocada: será que Shenzhen vai substituir Hong Kong? A recente escolha de Qianhai, um aterro construído na região ocidental de Shenzhen para albergar o novo centro citadino e financeiro de Shenzhen, parece confirmar a suspeita de que Shenzhen já foi escolhida para substituir Hong Kong. Quadro 2: População da cidade de Shenzhen (Unidade – 10 mil habitantes) 1979 População no final do ano População com cartão de residente 31,41 31,26 1980 33,29 32,09 1981 36,69 33,39 1982 44,95 35,45 1983 59,52 40,52 1984 74,13 43,52 1985 88,15 47,86 1986 93,56 51,45 1987 105,44 55,60 1988 120,14 60,14 1989 141,60 64,82 1990 167,78 68,65 1991 226,76 73,22 1992 268,02 80,22 1993 335,97 87,69 1994 412,71 93,97 1995 449,15 99,16 1996 482,89 103,38 1997 527,75 109,46 1998 580,33 114,60 1999 632,56 119,85 2000 701,24 124,92 2001 724,57 132,04 2002 746,62 139,45 2003 778,27 150,93 2004 800,80 165,13 2005 827,75 181,93 2006 846,43 196,83 2007 861,55 212,38 2008 876,83 228,07 2009 995,01 241,45 2010 1 037,20 251,03 2011 1 046,74 267,90 2012 1 054,74 287,62 Fonte: Departamento de Estatística de Shenzhen 20 21 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Quadro 3: Comparação entre os PIB de Shenzhen e de Cantão (em milhares de milhões de yuans) Concorrência entre Cantão e Hong Kong Shenzhen foi criado para concorrer ou mesmo substituir Hong Kong, o mesmo não podendo ser dito relativamente a Cantão. O rápido crescimento de Shenzhen com a sua política económica especial e a sua proximidade de Hong Kong permite não só a deslocação industrial a partir da cidade estado mas, também, o extravasar da procura no que respeita a investimento e ao comércio a retalho. O facto de Shenzhen fazer fronteira com Hong Kong, um porto livre desde a sua fundação, proporcionou igualmente oportunidades para o turismo de compras e mesmo para o contrabando, enquanto a liberalização do mercado com a admissão da China à Organização Mundial do Comércio não conduziu à eliminação dos impostos sobre os produtos exportados e taxas alfandegárias. O efeito de extravasamento ficou confinado, na sua maior parte, a Shenzhen e, numa dimensão muito menor, a Dongguan. Cantão fica mais longe e os governos, provincial e municipal, nunca acolheram de braços abertos investimento industrial de pequenas e médias empresas de Hong Kong. Em consequência, a concentração do extravasamento de Hong Kong em Shenzhen ajudou esta cidade a desenvolver-se a um ritmo muito mais rápido do que o de Cantão. Na década de 90 a dimensão económica de Shenzhen era cerca de metade da de Cantão; desde então, a dimensão relativa tem evoluído em benefício de Shenzhen, que atingiu um pico de 96,2% da dimensão económica de Cantão em 2004. Em termos de população e de Produto Interno Bruto, as duas cidades são praticamente semelhantes, embora cada uma tenha uma especialização económica: Shenzhen tem uma indústria orientada para a exportação enquanto Cantão se especializou no comércio interno. Mesmo no comércio interno, Shenzhen tem tentado atingir Cantão. Shenzhen Cantão 1980 0,27 (4,7%) 5,75 1986 4,16 (29,8%) 13,95 1990 17,16 (53,7%) 31,95 1996 104,64 (72,4%) 144,49 1997 129,74 (78,8%) 164,62 1998 153,47 (83.3%) 184,16 1999 180,40 (87,7%) 205,67 2000 218,74 (92,0%) 237,59 2001 248,24 (87,3%) 284,16 2002 296,95 (92,7%) 320,39 2003 358,57 (95,4%) 375,86 2004 428,21 (96,2%) 445,05 2005 495,09 (96.1%) 515,42 2006 581,35 (95,7%) 607,38 2007 680,15 (95,7%) 710,91 2008 780,65 (95,0%) 821,58 2009 820,12 (90.0%) 911,27 2010 958,15 (89,1%) 1074,82 2011 1150,55 (92,6%) 1242,34 2012 1295,00 (95,6%) 1355,12 Nota: os números entre parênteses representam a relação entre os PIB de Shenzhen e de Cantão. Fonte: Departamentos de estatística de Shenzhen e de Cantão 22 23 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Substituindo Hong Kong No entanto, Cantão recomeçou a industrializar-se e a concorrer directamente com Shenzhen no ano 2000. O peso relativo de Shenzhen, quando comparado com Cantão, declinou ligeiramente nos últimos anos mas, em 2012, assinalou-se um ano de crescimento económico mais acentuado em Shenzhen do que em Cantão. As duas cidades estão envolvidas numa concorrência feroz para assumirem o lugar de cidade principal do Delta do Rio das Pérolas. Quadro 4: Vendas a retalho de bens de consumo em Shenzhen e Cantão, 2007-2012 (em milhares de milhões de yuan) Shenzhen Cantão 1990 6,68 (45,2%) 14,78 1995 25,93 (47.2%) 55,00 2000* 53,82 (48,0%) / 73,50 (65,6%) 112,10 / 112,11 2005 143,77 (75.7%) 189,87 2007 193,08 (73,6%) 262,42 2008 227,66 (71,4%) 318,74 2009 256,79 (71,0%) 361,58 2010 300,08 (66,7%) 450,03 2011 352,09 (67,1%) 524,30 2012 400,88 (67,1%) 597,73 Nota: 1. Em 2003 ocorreu uma alteração no método de cálculo das vendas a retalho em Shenzhen, o que motivou uma alteração nos dados estatísticos dos anos anteriores. Os dois conjuntos de números representam os dados antes e depois da alteração 2. Os números entre parênteses representam a relação entre as vendas de retalho de Shenzhen quando comparadas como as de Cantão. Fontes: Departamentos de estatística de Shenzhen e de Cantão. 24 Poderá ser impossível para Shenzhen assumir o papel de Cantão, atendendo a que esta cidade é a capital provincial e conta com o pleno apoio do governo provincial. Os responsáveis de Shenzhen chegaram mesmo a pensar que a cidade conseguiria atingir o nível de região metropolitana à semelhança de Chongqing, que se serviu desta alteração administrativa para fugir e ultrapassar a concorrência com a cidade de Chengdu, capital da província de Sichuan. Caso passasse a ser uma região metropolitana ao mesmo nível de Pequim, Xangai, Tianjin e Chongqing, Shenzhen beneficiaria do privilégio político e legal de uma província e passaria a negociar directamente com as autoridades da província de Guangdong ao invés das de Cantão. Actualmente, Shenzhen e Cantão encontram-se ao mesmo nível administrativo mas, através das autoridades provinciais, Cantão exerce controlo sobre outras cidades da região e da província. Shenzhen tem-se mantido independente da província no sistema de planeamento central desde o final da década de 80, mas não dispõe de uma zona de influência administrativa directa ou indirecta à semelhança de Cantão. Por outro lado, Shenzhen é antes de mais uma cidade industrial orientada para a exportação com um diminuto relacionamento com a economia regional. Conseguiu, de uma forma bem-sucedida, substituir o sistema de prestação de serviços de Hong Kong pelo seu próprio, com particular destaque para um terminal de contentores; mas, a zona de influência desses serviços termina na fronteira com Cantão, na região oriental do Delta do Rio das Pérolas. Mesmo Dongguan construiu um terminal de contentores e entrepostos alfandegários a fim de desviar de Shenzhen a procura local por bens de consumo. Cantão é um concorrente mais poderoso no que respeita a serviços. Embora as suas vendas a retalho sejam as segundas maiores da província de Guangdong e tenha mesmo conseguido absorver parte da procura de Hong Kong, Shenzhen mantém-se ainda a grande distância de Cantão. As percentagens relativas do sector terciário em relação ao Produto Interno Bruto de Cantão e de Shenzhen, em 2012, situavam-se em 63,6% e 55,7%, respectivamente. Mas, a dimensão das suas vendas a retalho e destas per capita – as mais elevadas da China – demonstram a importância de Cantão enquanto cidade central de Guangdong. Embora o seu terminal de contentores seja ainda diminuto relativamente ao de Shenzhen, o porto de Cantão movimenta muito mais carga do que os portos de Shenzhen e de Hong Kong. 25 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES A criação de um grande sector financeiro, com uma das duas bolsas de valores do país, e a sua proximidade de Hong Kong não são factores suficientemente fortes para ajudar Shenzhen na competição com Cantão. Mesmo Zhuhai, a outra ZEE na região, tem um nível de vendas a retalho per capita superior ao de Shenzhen, parcialmente devido à dimensão menor da sua população e ao efeito de extravasamento da procura da vizinha Macau. Quadro 5: Vendas a retalho per capita* em 2012 em Pequim, Xangai, Cantão, Shenzhen e Zhuhai (em yuans) Pequim 37.224 Xangai 31,033 Cantão 44,811 Shenzhen 38.007 Zhuhai 40,520 Nota:* calculado com base nos residentes permanentes Fontes: Dados estatísticos oficiais das cinco cidades Quadro 6: Actividade dos portos de Shenzhen e de Cantão Cantão Shenzhen 2012 Carga em contentores (1000 TEU) 14,260 (7) 22,570 (4) 2011 Carga total (toneladas) 431,000 (5) 323,566* Nota: Os números entre parênteses representam a importância mundial da cidade nos anos mencionados. * Representa o somatório da carga processada tanto em Shenzhen como em Yantian e é superior ao registado em Hong Kong, que em ambos os anos se classificou em 10º lugar. Fontes: Wikipedia e Conselho Armador Mundial 26 27 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Hong Kong estagna Embora a população de Shenzhen já exceda a de Hong Kong, em termos económicos a situação é a inversa; no entanto, essa diferença reduziu-se significativamente nos últimos tempos. Em 1990, a economia de Hong Kong era três vezes a da região e 10 vezes a de Cantão. No ano 2000, a região tinha tido um grande crescimento global fazendo com que o afastamento relativamente a Hong Kong tivesse caído para menos de metade. Foi em 2004 que o PIB total da região ultrapassou o de Hong Kong. Em 2008, o PIB combinado de Cantão e de Shenzhen superava o de Hong Kong. Em 2012, as duas cidades em conjunto tinham uma dimensão económica 60% maior do que Hong Kong. Isoladamente, cada uma das duas cidades tinha uma dimensão económica 20% menor do que Hong Kong. Caso Hong Kong não dê uma nova vida à sua economia através da modernização industrial e, ao invés, a sua economia se mantenha numa situação de estagnação ou de crescimento à semelhança do ocorrido nos últimos 15 anos, é provável que Cantão e Shenzhen atinjam a dimensão económica de Hong Kong na próxima década, talvez mesmo nos próximos cinco anos. Quadro 7: PIB em 2012 de Shenzhen, Cantão e Hong Kong (em milhares de milhão de yuans) Shenzhen 1295,0 Cantão 1355,1 Hong Kong 1654,8* Nota: * Convertido para yuan ao câmbio médio anual de 0,8104 dólares de HK para 1 yuan. Fontes: Departamentos estatísticos das três cidades 28 29 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 30 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 31 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Planeamento geográfico de Shenzhen No final da primeira década do século XXI, as autoridades provinciais de Guangdong procuraram introduzir alterações na fragmentação do desenvolvimento da economia local. A aprovação pelo governo central do “Esboço do Planeamento da Reforma e Desenvolvimento da região do Delta do Rio das Pérolas (2008-2020)” deu ao governo provincial o mandato e a orientação para uma abordagem integrada à estratégia de desenvolvimento da região na sua totalidade. Além de pretender a integração regional até 2020, o Esboço inclui o planeamento para a integração sub-regional para as nove cidades da região. Shenzhen recebeu a tarefa de liderar a integração sub-regional da zona oriental da região, que inclui Dongguan e Huizhou. Em resultado dessa decisão, em 2009 e 2010 registaram-se progressos na cooperação intercidades sob a liderança de Shenzhen. Contudo, estava prevista para o início de 2012 uma alteração na liderança provincial juntamente com a mudança geracional dos líderes a nível central. O secretário provincial do Partido Comunista, Wang Yang, que tinha sido o arquitecto do programa de integração regional e sub-regional, deixou o governo provincial rumo ao Conselho de Estado; na sua ausência, as políticas de integração parecem ter perdido o forte apoio das autoridades provinciais e sub-provinciais, com a excepção da integração de Cantão e de Foshan que, na realidade, foi apenas a incorporação de Foshan em Cantão. Mesmo no documento de “Política de integração regional (2009-2020)”, publicado em Julho de 2010, a integração sub-regional mal era mencionada; a ideia central era a de transformar Cantão e Shenzhen em cidades de nível mundial para liderarem a integração da região. Mais concretamente, no início de 2011 foi proposto um novo programa regional para a “Zona Constitutiva da Baía do Estuário do Rio das Pérolas” para um esforço conjunto entre os governos de Guangdong, Hong Kong e Macau, o que parecia contrariar todo o planeamento de integração sub-regional uma vez que a Zona da Baía exclui Huizhou, Shaoqing, Jiangmen e Foshan. No Plano Director Municipal da cidade de Shenzhen, publicado em Setembro de 2011, a integração sub-regional nem sequer era mencionada, mesmo no capítulo da cooperação regional. Pelo contrário, acentuava-se a necessidade de fortalecer a cooperação entre Shenzhen e Hong Kong em finanças, inovação, indústrias âncora, aeroportos, transportes transfronteiriços e gestão ambiental e ecológica. Tanto no Plano Director como num anterior documento denominado “Estratégia de Desenvolvimento de Shenzhen 2030”, uma ideia exclusivamente local sem qualquer intervenção das autoridades provinciais, o objectivo principal era o de desenvolver uma cidade gémea de Hong Kong com centros financeiro, comercial e de navegação. 32 33 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Cidade gémea Este objectivo de uma cidade gémea pode ser observado a partir do desenvolvimento de núcleos citadinos no planeamento geográfico de Shenzhen. No Plano Director, o núcleo actual de Futian e Lowu está intimamente associado ao transporte transfronteiriço com Futian a ser o terminal de Shenzhen do comboio de alta velocidade a ligar Cantão, Shenzhen e Hong Kong, cuja conclusão está prevista para 2015. Um novo núcleo, o de Qianhai, está previsto para ser um centro de serviços financeiros que complemente o centro financeiro de Hong Kong com o transplante de instituições e do ambiente de negócios de Hong Kong; tratar-se-á provavelmente de uma segunda onda de cópia e de transplante de serviços de Hong Kong, após a primeira onda de deslocação industrial. Shenzhen tem registado um crescimento suficientemente forte para se poder assumir como um parceiro de Hong Kong. Contudo, continuará a sofrer da dupla interacção em termos económicos e políticos com as duas grandes metrópoles, Cantão e Hong Kong, que concorrem mais do que cooperam. Se a região do Delta do Rio das Pérolas se continuar a expandir rapidamente, embora de forma menos rápida do que nas três décadas anteriores, a expansão das cidades criará uma rede contínua de centros urbanos que ultrapassam as fronteiras administrativas. Actualmente, Cantão expande-se muito mais depressa do que Hong Kong, pelo que Shenzhen confronta-se com uma escolha difícil: ser absorvida por uma Cantão em expansão ou fundir-se com Hong Kong, actualmente sem rumo nem estratégia, a fim de alcançar o objectivo de ser uma cidade gémea de importância mundial. Cantão é muito agressiva e conta com o apoio do governo provincial. Hong Kong está relutante e ainda não sabe o que fazer do fluxo maciço de pessoas que passam a fronteira idos de Shenzhen. Este fluxo envolve actualmente mais de 200 milhões de pessoas por ano, ultrapassado apenas pelo que se regista entre Macau e Zhuhai. O fluxo de pessoas deveria ser suficiente para garantir uma integração económica, social e cultural mais rápida das duas cidades, mesmo ao abrigo do quadro político e legal de um país, dois sistemas. Economia Desde a sua criação, Shenzhen registou uma das maiores taxas de crescimento mundiais, com uma média de mais de 27% entre 1980 e 2006. Desde então, o seu crescimento tem arrefecido atendendo a que a sua estrutura económica sofreu alterações e a procura registada em muitos dos seus principais mercados – Japão, União Europeia e Estados Unidos – diminuiu. A estrutura da sua economia está a alterar-se. Durante as duas primeiras décadas, Shenzhen foi um produtor de produtos baratos com base em mão-de-obra intensiva, tais como brinquedos, calçado, vestuário e artigos de desporto. Mas, o custo crescente da mão-de-obra e dos terrenos forçou muitas empresas a deslocarem as suas operações para as regiões central e ocidental da China ou para países com menores custos como o Vietname, Indonésia e Bangladeche. Contudo, a cidade está a progredir na escala de valor vendo, actualmente, o seu futuro no sector dos serviços e empresas tecnológicas de capital intensivo, enquanto centro para serviços bancários, seguradores e outros, de retalho, de lazer e cultural e como um entreposto logístico. Em Janeiro de 2013, o presidente da Câmara Xu Qin definiu como meta um crescimento anual de 9%, taxa que causa inveja à maior parte das cidades mundiais mas que em Shenzhen é a mais baixa de muitos anos. As taxas de crescimento de 10% em 2012 e 2011 foram as mais baixas registadas desde a criação da zona económica especial em 1979. Contudo, as taxas de crescimento com dois dígitos ocorreram no passado. 34 35 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Em 2012, o crescimento das exportações caiu nove pontos percentuais e os lucros das principais empresas industriais caíram 5,5%, devido à quebra verificada na procura global e às alterações introduzidas no modelo económico da cidade; mais de 1500 empresas de mão-de-obra intensiva abandonaram Shenzhen. “A cidade registará taxas de crescimento de um único dígito no futuro previsível, dado que continuará a enfrentar desafios económicos complexos tanto localmente como no estrangeiro”, disse Yang Qin, um deputado ao Congresso Popular da cidade. Yang acrescentou que “continuaremos a registar um impacto negativo nas exportações e uma onda de encerramentos nas indústrias de mão-de-obra intensiva”. 36 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Após o Ano Novo Lunar de 2013, muitas empresas da cidade reportaram falta de mão-de-obra, particularmente para postos de trabalho mal remunerados nas fábricas, fornecimento de refeições, tecnologias de informação e serviços financeiros que pagam entre 2500 e 3000 yuans por mês. Com a economia em crescimento na zona central da China, as pessoas estão cada vez mais renitentes em deslocarem-se para as cidades costeiras, tais como Shenzhen, atendendo a que conseguem auferir na zona de residência um salário de cerca de 60% a 70% do que ganhariam em Shenzhen. Nos locais onde habitam podem levar uma vida normal entre familiares e amigos ao invés de ficarem confinados a um dormitório da empresa ou num apartamento com excesso de pessoas e ver a família uma única vez por ano. 37 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES No relatório sobre o desempenho em 2012, o Departamento Estatístico da cidade informou que a produção industrial foi de 535,6 mil milhões de yuans, um acréscimo de 7,3% em comparação com 2011, ano em que a taxa de crescimento se situou em 12%. A maior parte do crescimento teve origem em produtos de alto valor acrescentado, incluindo vestuário, relógios e joalharia em ouro, com a cidade a dispor de 103 marcas nacionais, uma das mais elevadas do país. Os produtos de alta tecnologia representaram 52% das exportações, um aumento de 50,8% relativamente a 2011, ao mesmo tempo que mais de 2 mil empresas industriais ou fecharam portas ou passaram a fabricar outros produtos. Os seis sectores prioritários foram responsáveis por um quarto da produção industrial da cidade, segundo dados do departamento estatístico da cidade. Outro ponto forte foi o sector retalhista, cujas vendas, em 2012, ascenderam a 400,9 mil milhões de yuans, um aumento de 16,5% relativamente a 2011. As vendas de material de escritórios, equipamento de telecomunicações e joalharia em ouro e em prata registaram crescimentos de mais de 30%; mas as vendas de automóveis e de electrodomésticos caíram. Um estudo realizado em 600 famílias verificou que o rendimento médio dos residentes urbanos de Shenzhen, nesse ano, foi de 40 742 yuans, com um aumento nominal de 11,6% e de 8,6% quando ajustado à inflação. Shenzhen está a desafiar Hong Kong e Cantão como um destino para compras, particularmente nas zonas de Futian e Nanshan, onde dezenas de milhares das pessoas mais ricas da China vivem e trabalham. Neles se encontram centros comerciais ultra modernos, com lojas de artigos de marca, cinemas, rinques de 38 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES patinagem e uma gama diversificada de restaurantes. Os rendimentos médios em Shenzhen são dos mais elevados da China. Os depósitos em renminbi na banca comercial da cidade ascendiam, no final de 2012, a 2,591 biliões de yuans, um aumento anual de 13,7%. Os quatro pilares industriais da cidade são as finanças, logística, cultura e produtos de alta tecnologia. Nos três primeiros trimestres de 2012, o sector financeiro obteve receitas de 116,56 mil milhões de yuans, um aumento de 14,6% relativamente ao período homólogo de 2011 e representando 12,8% do PIB da cidade. As receitas da indústria logística foram de 850 mil milhões de yuans, mais 9,8% e chamando a si 9,3% do PIB citadino. As receitas do sector cultural atingiram 50,88 mil milhões de yuans, um acréscimo de 12,1% e 30,9% do PIB local. Nos últimos cinco anos, os custos laborais passaram a ser um assunto com importância crescente para os investidores em Shenzhen. Um inquérito a 116 firmas exportadoras da cidade, publicado em Abril de 2013, revelou que, no decurso do primeiro trimestre, apenas 20% delas tinham capacidade para contratar operários, não obstante terem aumentado os salários entre 5% e 10%. A falta de mão-de-obra era particularmente sentida nos trabalhadores não qualificados e nos técnicos e por parte de pequenas empresas. Em 2012, a população migrante da cidade registou um decréscimo de 115 mil pessoas ou 1,5% do total. Tal facto deriva de esses trabalhadores encontrarem trabalho mais bem pago próximo de casa podendo aí beneficiar de melhores condições de vida. A longo prazo esta alteração será benéfica para a cidade, dando-lhe uma população mais estável com ligações mais profundas. 39 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES informáticos, tecnologias de informação, microelectrónica e componentes, equipamentos de som e de vídeo, integração electromecânica e iluminação e energia. Estão igualmente a surgir indústrias emergentes, tais como produtos farmacêuticos, equipamento médico, biotecnologia e novos materiais. Os equipamentos electrónicos e de telecomunicações representam 90% da produção total das novas empresas de alta tecnologia de Shenzhen. A zona económica especial é um grande centro para o desenvolvimento de programas informáticos. Grupos transnacionais como IBM, Intel, Siemens, Samsung e Hitachi construíram linhas de produção na cidade depois do então primeiro-ministro Zhu Rongji tê-la designado como um dos principais centros de desenvolvimento de tecnologias de informação da China. A Siemens Shenzhen Magnetic Resonance Ltd. (SSMR) foi constituída em 2002, uma subsidiária controlada a 100% pela Siemens Healthcare, que ocupa uma área de 30 mil metros quadrados no parque industrial de alta tecnologia de Shenzhen. A SSMR é uma empresa de alta tecnologia integrada com pesquisa e desenvolvimento, produção, vendas, apoio técnico e serviços globais. Com o apoio estratégico da Siemens Healthcare, a SSMR tornou-se no segundo maior centro de pesquisa e desenvolvimento e produção depois da sede da Siemens MRI na Alemanha. Além disso, a SSMR é a única unidade de negócios da Siemens MRI com capacidade para desenvolver e fabricar todas os componentes do sistema IRM (imagens por ressonância magnética). Investimento estrangeiro e comércio externo A melhor notícia constante das estatísticas comerciais de 2012 foi a relativa às exportações de produtos de alta tecnologia, que atingiram 141,2 mil milhões de dólares, um aumento de 52% relativamente a 2011, representando 52% das exportações totais. Em simultâneo, as exportações de produtos de indústrias de mão-de-obra intensiva caíram 12% para 27,86 mil milhões de dólares; estes produtos incluíam vestuário, tecidos, calçado, brinquedos, mobiliário, malas de mão e de viagem. É precisamente nesta direcção que a cidade pretende seguir. O departamento estatístico informou ainda que as exportações de Shenzhen representaram, em 2012, cerca de 13,2% do total nacional, um aumento relativamente à quota de 12,9% registada um ano antes. As exportações das empresas do sector privado da cidade ascenderam a 102,7 mil milhões de dólares, um aumento homólogo de 33,7%, ao passo que as importações do mesmo sector aumentaram 56,5% para 86,98 mil milhões de dólares. Shenzhen concorre com Cantão como a capital económica do sul da China. Tem como vantagens a sua proximidade a Hong Kong e salários mais baixos. As suas principais indústrias são programas 40 No âmbito da estratégia integrada da Siemens para o sistema IRM, a SSMR trabalha de perto com a sede em Erlangen, Alemanha e com a Siemens Magnet Technology Ltd. (SMT) em Oxford, Reino Unido, para desenvolver os melhores produtos de ressonância magnética. A SSMR dispõe de uma carteira de produtos de IRM de excelente qualidade tendo já vendido mais de 2000 sistemas de ressonância magnética a clientes na América do Norte, Europa, Médio Oriente e Ásia/Pacífico. Alberga, além disso, um dos três centros de apoio, localizando-se os outros dois na Alemanha e nos Estados Unidos da América. A empresa concentra, actualmente, esforços no fornecimento de um serviço pós-venda e de manutenção de alta qualidade para os seus clientes da Ásia/Pacífico. A IBM abriu o seu primeiro escritório em Shenzhen em 1996. Em Fevereiro de 2012 abriu na cidade a primeira fábrica na China para a actualização e revenda de servidores, um mercado potencial de 2 mil milhões de dólares. A nova fábrica, que fica próxima de uma outra que já existia, é uma de 22 que o grupo possui em todo o mundo. Richard Dicks, director do departamento de Financiamento Global da IBM, que coordena a venda de equipamento em segunda mão, disse que, tendo em atenção que a reciclagem é cada vez mais popular, o grupo encara como tendo grande potencial a venda de equipamento em segunda mão, que é muito mais barato e funciona igualmente bem. “De acordo com os resultados de um inquérito, o mercado de segunda mão representa entre 5% a 15% do mercado total, pretendendo nós controlar essa fatia”, disse Dicks. 41 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES O novo centro tinha como meta para 2012 actualizar algumas centenas de servidores, número que aumentará para 10 mil no ano 2015. Zheng Xiaofei, director-geral do departamento de Financiamento Global da IBM para a Grande China, disse que a modernização dos equipamentos inclui a limpeza dos dados ainda armazenados, que é uma das principais preocupações dos clientes. Disse, ainda, que a primeira limpeza ficaria a cargo do cliente, posto o que haveria lugar na fábrica a uma limpeza tripla a fim de garantir que os dados seriam totalmente apagados. Zheng adiantou que mais de 90% das peças e dos materiais dos servidores usados seriam aproveitados, deixando apenas 7% para destruição, causando o menor impacto ambiental possível. Os servidores recuperados nesta fábrica são vendidos por um preço que varia entre um terço e metade do de um servidor em primeira mão. Cerca de 90% do investimento directo estrangeiro é efectuado na indústria, reflectindo as vantagens de Shenzhen enquanto base industrial. Investidores de mais de 90 países e regiões investiram em Shenzhen incluindo mais de 100 grupos transnacionais constantes da lista Fortune 500. Estima-se, igualmente, que cerca de 70% do investimento directo estrangeiro provém de Hong Kong. As empresas constituídas em Shenzhen com fundos provenientes de Hong Kong representam 80% de todas as empresas estrangeiras na cidade. Desde a introdução do Acordo de Parceria Económica (CEPA) entre a China e Hong Kong as trocas comerciais bilaterais duplicaram com um crescimento médio anual de 20%. O investimento estrangeiro desempenhou um papel fundamental no êxito de Shenzhen. Inicialmente o investimento era efectuado por empresários de Hong Kong e chineses ultramarinos, mais tarde surgiram os de Taiwan e, posteriormente, os de todo o mundo. Em 2012, o investimento directo estrangeiro realizado ascendeu a 5,23 mil milhões de dólares, contra 4,599 mil milhões de dólares um ano antes. Em Fevereiro de 2013, o grupo Samsung anunciou o estabelecimento de um centro de pesquisa e desenvolvimento de equipamento de telecomunicações no Parque Industrial de Alta Tecnologia de Shenzhen, em Nanshan. Esta decisão ocorreu na sequência de um acordo entre o grupo sul-coreano e o departamento de promoção dos investimentos de Shenzhen. O centro desenvolverá a sua actividade na pesquisa e desenvolvimento de equipamentos para centrais de tecnologias de telecomunicações de última geração. As actividades de pesquisa e desenvolvimento do grupo são normalmente realizadas na sede da empresa, na Coreia do Sul. O novo centro de pesquisa e desenvolvimento integrará ainda produção, venda e design e terá mais de um milhar de trabalhadores. Chen Biao, o vice-presidente da Câmara de Shenzhen, disse que o estabelecimento do centro ajudaria a desenvolver a indústria de equipamento de telecomunicações da cidade, tornando-a mais internacional no que se refere à capacidade profissional e à gestão e marketing. O grupo sul-coreano está igualmente a analisar o estabelecimento de uma unidade industrial para o fabrico de equipamento de telecomunicações avançado. 42 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Shenzhen criou zonas para investidores estrangeiros. A Zona de Desenvolvimento de Alta Tecnologia de Shenzhen tem uma área de 158,5 quilómetros quadrados. Localizando-se próximo da baía de Shenzhen e estando rodeada de estabelecimentos turísticos e centros comerciais, a zona inclui indústrias chave, tais como Pesquisa e Desenvolvimento, incubadoras de projectos científicos e tecnológicos, educação de nível avançado e fábricas de produtos para exportação; a zona promove ainda os sectores de electrónica e tecnologias de informação, biotecnologia e maquinaria integrada. O Parque Industrial de Alta Tecnologia de Shenzhen, fundado em Setembro de 1996, cobre uma área de 11,5 quilómetros quadrados e foi pensado para as seguintes indústrias: biotecnologia e produtos farmacêuticos, materiais de construção, produção e processamento de produtos químicos, programas para computador, fabrico e montagem de produtos electrónicos, equipamento médico e produtos para hospitais, pesquisa e desenvolvimento e equipamento de telecomunicações. O Parque de Programas Informáticos de Shenzhen é uma plataforma criada pelo governo municipal para apoiar o desenvolvimento da indústria de programas informáticos. A criação do Parque consta do Plano Nacional aprovado em 2001 pretendendo-se com a sua constituição o estabelecimento de uma base de produção de programas informáticos. Fica localizado a cerca de 20 quilómetros da Estrada Nacional 010 e fica a 22 quilómetros do Aeroporto Internacional de Bao’an. A Zona de Fabrico de Produtos para Exportação de Shenzhen é uma das 15 zonas do mesmo género aprovadas pelo Conselho de Estado em Abril de 2000. Situa-se na Grande Zona Industrial de Longgang, ocupando uma área de 3 quilómetros quadrados. As indústrias chave incluem as de alta tecnologia e as voltadas para a exportação. A Grande Zona Industrial de Shenzhen, que ocupa uma área de 174,4 quilómetros quadrados, inclui os povoados de Pingshan e Kangzi, localizados em Longgang. Os seus principais sectores incluem indústria de informação, tecnologia avançada, imobiliário, comércio e serviços. A constituição da Zona de Comércio Livre de Futian foi aprovada pelo Conselho de Estado a 28 de Maio de 1991 e cobre uma área de 1,35 quilómetros quadrados, de que 0,33 quilómetros quadrados são área residencial. Situa-se a ocidente do porto de Huanggang e fica próximo da via rápida Cantão-Shenzhen, a norte, e do terminal de metropolitano de Huanggang, que estabelece ligação com a linha de caminho-de-ferro de Hong Kong. Os principais sectores incluem indústrias de alta tecnologia, logísticas e armazenamento. Mais de 600 empresas de 23 países, incluindo algumas transnacionais, encontram-se nesta zona. A Zona de Comércio Livre de Shenzhen Shatoujiao cobre uma área de 0,27 quilómetros quadrados sendo as suas principais indústrias a produção de computadores, brinquedos, jóias e artigos em ouro para exportação. 43 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Em Março de 2013, as autoridades de Shenzhen anunciaram o lançamento de um programa experimental destinado a facilitar o investimento por parte de entidades estrangeiras em private equity (classe de activos que consiste na tomada de capital social ou dívida em empresas não cotadas em bolsa). Esta iniciativa é em tudo semelhante ao programa Parceria Limitada Estrangeira Qualificada que foi introduzido em cidades como Xangai e Pequim em 2011. Ao abrigo do programa experimental, certos tipos de entidades estrangeiras registadas em Shenzhen podem pedir autorização para converter moeda estrangeira em yuans para posterior investimento em fundos de private equity. O primeiro conjunto de investidores estrangeiros qualificados a fazerem parte deste programa será brevemente divulgado, disse Xiao Jiazhi, vice-director do Departamento Financeiro de Shenzhen, ao jornal oficial Securities Times. “Encorajamos empresas de private equity com capitais estrangeiros a investirem em Shenzhen sem que no entanto limitem esse investimento apenas a Shenzhen”. Diversos governos locais têm tentado nos últimos anos desenvolver programas-piloto semelhantes a fim de gerarem desenvolvimento económico através do investimento estrangeiro. Em 2012, Shenzhen ascendeu ao primeiro lugar na lista das cidades da China em termos de comércio, o que aconteceu pela primeira vez desde 2007, com um total de 466,79 mil milhões de dólares. Tal valor representa um crescimento anual de 12,8%, 6,6 pontos percentuais acima da média nacional. O comércio externo da cidade representou, em 2012, mais de 12% do total nacional, tendo sido a principal cidade do país pelo vigésimo ano consecutivo no que se refere a comércio externo. “Os mercados externos foram a principal força subjacente às exportações e importações em 2012. Além disso, o grande crescimento 44 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES nas exportações registado em Dezembro ficou a dever-se a um aumento sazonal das vendas na Europa, Estados Unidos e mercados emergentes”, disse Lin Peizhong, director do departamento de estatísticas alfandegárias. As importações e exportações através de Shenzhen cresceram 34,2% em Dezembro, quando comparado com o mês homólogo do ano anterior, para 51,96 mil milhões de dólares. Em 2012, os produtos de alta tecnologia dominaram as exportações: electrodomésticos e produtos electrónicos representaram no ano passado mais de 119,43 mil milhões de dólares, um crescimento anual de 7,7%. Além disso, as exportações de metais preciosos e joalharia feita desses metais quase que triplicou face a 2011 para ultrapassar 16,7 mil milhões de dólares. A crescente procura de diamantes e ouro africanos motivou o rápido crescimento do comércio com África, que atingiu 24,6 mil milhões de dólares no ano passado. A joalharia passou a ser uma das indústrias emergentes de base da cidade. Lidera em termos de escala, técnica e qualidade em toda a China, de acordo com o departamento de alfândegas. Hong Kong foi o maior parceiro comercial de Shenzhen em 2012, com trocas comerciais que excederam 148 mil milhões de dólares. O comércio externo entre Shenzhen e Taiwan excedeu 31,34 mil milhões de dólares. Pelo contrário, o comércio externo da cidade com os Estados Unidos, União Europeia e Japão decresceu nos três casos. Em 2012 assistiu-se a um aprofundamento da crise da dívida pública na Europa, o que travou a recuperação da economia global e conduziu a proteccionismo comercial. No entanto, as empresas de Shenzhen conseguiram ultrapassar esse clima tanto em termos de quantidade como de qualidade. 45 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Indústria Shenzhen alberga algumas das mais importantes empresas de alta tecnologia da China, tais como BYD, Dingoo, G’Five, Hasee, Huawei, JXD, Konka, Netac, Skyworth, Tencent e ZTE. BYD, Hasee e Huawei têm sede em Longgang. A TCL Corporation, conhecida na China como a principal marca em televisores, marca presença na cidade. A empresa de Taiwan Hong Hai Group (Foxconn) tem uma fábrica em Shenzhen. Muitas empresas estrangeiras de alta tecnologia têm as suas operações no Parque de Ciência e Tecnologia, em Nanshan, ou no exterior dos principais centros da cidade onde a mão-de-obra e os terrenos são mais baratos. A CSG Holding é o principal fabricante de vidro para edifícios na China e a Vanke é o maior promotor imobiliário para habitação da China. A empresa mais bem-sucedida da cidade é a Huawei Technologies Co. Ltd, que em 2012 ultrapassou a Ericsson como o maior fabricante mundial de equipamentos para telecomunicações sendo, provavelmente, a mais bem-sucedida empresa da China no que se refere à internacionalização. A Huawei foi fundada em 1988 pelo antigo oficial do exército Ren Zhengfei enquanto empresa privada detida pelos trabalhadores. As suas actividades principais são o fabrico de redes de telecomunicações, fornecendo equipamentos e serviços de consultoria às empresas, tanto na China como no estrangeiro, e produzindo equipamentos de comunicações para o mercado de consumo. A Huawei tem mais de SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 140 mil trabalhadores, 46% dos quais trabalham em pesquisa e desenvolvimento. Tem 20 institutos de pesquisa e desenvolvimento em países como a China, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Irlanda, Índia, Rússia e Turquia e, em 2011, investiu cerca de 3,74 mil milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento. Em 2011 obteve uma facturação de 203,9 mil milhões de yuans, contra 182,5 mil milhões em 2010, com um lucro líquido de 11,65 mil milhões de dólares, em queda relativamente aos 24,7 mil milhões de dólares alcançados um ano antes. Os seus produtos e serviços estão presentes em mais de 140 países e, actualmente, tem como clientes 45 dos 50 principais operadores de telecomunicações do mundo. A empresa não está cotada em bolsa, com os investidores de todo o mundo a seguirem-na de perto para ver se decide abrir o seu capital, uma medida que visa aumentar a sua reputação global, melhorar a transparência e garantir acesso aos Estados Unidos, o principal mercado mundial de telecomunicações. A abertura do capital seria extremamente popular, atendendo a que os investidores encaram a Huawei como uma das mais sucedidas e promissoras empresas da China. Em Shenzhen existe ainda outra grande empresa do sector das telecomunicações, a ZTE, e ainda a Tencent, o maior portal de serviços através da Internet da China. A BYD é o maior produtor mundial de baterias de níquel-cádmio e o segundo maior produtor mundial de baterias recarregáveis para telefones móveis. À semelhança do ocorrido com a Huawei, tem igualmente uma história de crescimento fantástico. Constituída em Fevereiro de 1995 e cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong em Julho de 2002, o seu nome significa “construa os seus sonhos”. Tendo iniciado a actividade como um fabricante de baterias, a empresa alargou, em 2003, a sua linha de produtos com a produção de peças para automóveis e telefones móveis. Em Setembro de 2008, a Mid-American Energy Holdings, uma subsidiária do grupo Berkshire Hathaway Inc, do multimilionário Warren Buffet, pagou 230 milhões de dólares por 9,89% das acções cotadas na Bolsa de Hong Kong. A empresa tem três centros de produção em Shenzhen e outras instalações em Huizhou, Shanxi e Xangai. Após ter entrado na indústria automóvel em 2003, a empresa logrou seis anos consecutivos com taxas de crescimento de mais de 100%, tendo vendido 400 mil unidades em 2009, situando-se em sexto lugar de entre os produtores da China. A BYD já vendeu automóveis para a Ucrânia, Moldávia e República Dominicana, onde 3 mil unidades funcionam como táxis na capital, Santo Domingo. Os veículos da empresa são igualmente montados em fábricas na Rússia e na Etiópia. A empresa tem duas unidades de produção em Xian, um centro de pesquisa e desenvolvimento e a base de produção em Shenzhen e um centro de pesquisa e desenvolvimento em Xangai. Em 2008 começou a comercializar o seu primeiro veículo híbrido de produção em série, sendo os automóveis eléctricos a sua prioridade futura. O automóvel eléctrico “e6” tem um consumo de 0,2 yuans por quilómetro ou um quarto do consumo dos veículos com motores de combustão tradicionais. 46 47 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Em Março de 2013, anunciou vendas de 12,2 mil milhões de yuans, mais 53% do que em 2011, e um resultado líquido de 3,46 mil milhões de yuans, mais 37%. A empresa descreve a sua missão como visando a melhoria da qualidade de vida através dos serviços Internet. Fornece serviços Internet de valor acrescentado, serviços de telefonia móvel e de telecomunicações e anúncios “online” ao abrigo da estratégia de prestar um serviço completo aos seus utilizadores. As principais plataformas da Tencent na China – QQ (QQ Mensagens Instantâneas), QQ.com, QQ Jogos, Qzone, 3g.QQ.com, SoSo, PaiPai e Tenpay – acabaram por reunir a maior comunidade Internet da China por responderem às necessidades dos utilizadores Internet incluindo comunicação, informação, entretenimento, comércio electrónico e outras. A 30 de Setembro de 2011, as contas activas QQ de utilizadores ascendiam a 711,7 milhões enquanto o pico de utilizadores em simultâneo atingiu 145,4 milhões. O desenvolvimento da Tencent influenciou profundamente as formas como centenas de milhões de utilizadores Internet comunicam uns com os outros bem como os respectivos estilos de vida. Tornou ainda possível uma gama cada vez maior de aplicações para a indústria Internet da China. Mas, 2012 não foi um bom ano. Os lucros da BYD caíram 94% para 81,4 milhões de yuans, com a facturação a ter caído 4% para 44,4 mil milhões de yuans. O principal factor para a quebra registada foi a baixa venda de automóveis, que representam cerca de metade da facturação. Nesse ano vendeu 456 056 veículos, mais 1,7% do que em 2011 mas atrás das suas rivais, a Great Wall Motor e Geely Automobile, que registaram aumentos de 28% e 15%, respectivamente. Além disso, em Maio de 2012 três pessoas morreram quando um BYD e6 a ser utilizado como táxi se incendiou depois de uma colisão com um outro veículo em Shenzhen. Este acidente “limpou” milhares de milhões de yuans ao valor contabilístico da empresa. Na ocasião, a BYD informou que o incêndio foi causado por uma colisão a alta velocidade e não devido ao facto de o veículo ser movido por uma bateria de lítio de fosfato de ferro (LiFePO4). O modelo e6 integrou a frota de táxis de Shenzhen, em 2010, ao abrigo de um programa-piloto iniciado por Pequim para fazer com que em 2020 houvesse na China 5 milhões de veículos híbridos e eléctricos. No entanto, estes últimos são algo raramente vistos nas cidades chinesas devido à ausência de pontos de abastecimento e ao elevado preço das baterias. No final de Janeiro de 2013, apenas 27 432 automóveis eléctricos e híbridos tinham sido vendidos em toda a China, metade da meta estabelecida por Pequim de 53 mil veículos no final de 2012. Enquanto o governo de Shenzhen promove o modelo e6 com a concessão de subsídios, o veículo não beneficia de qualquer subsídio à aquisição no resto do país. Constituída em Novembro de 1998, a Tencent cresceu para se transformar num dos maiores e mais utilizado portal de serviços Internet da China. A 16 de Junho de 2004 a Tencent Holdings Limited (SEHK 700) abriu o seu capital sendo cotada no quadro principal da Bolsa de Valores de Hong Kong. 48 Olhando para a frente, a Tencent continua empenhada em reforçar a sua capacidade de desenvolvimento e inovação, reforçando a sua marca em todo o país para o seu desenvolvimento a longo prazo. Mais de 50% dos seus colaboradores trabalham em pesquisa e desenvolvimento. A Tencent obteve patentes relacionadas com tecnologias em diversas áreas: mensagens instantâneas, comércio electrónico, serviços de pagamento “online”, motor de busca, segurança da informação, jogos e muito mais. Em 2007, a Tencent investiu mais de 100 milhões de yuans na criação do Instituto de Pesquisa Tencent, o primeiro instituto de pesquisa de Internet da China, com instalações em Pequim, Xangai e Shenzhen. O instituto centra a sua actividade no desenvolvimento de tecnologias nucleares para o funcionamento da Internet para posterior aplicação na indústria. Actividade financeira e bolsista A cidade é sede de quatro importantes instituições financeiras – Companhia de Seguros Ping An, Banco Mercantil da China, Banco de Desenvolvimento de Shenzhen e Banco Comercial da Cidade de Shenzhen. O Banco Mercantil da China é um exemplo condigno do sucesso da nova cidade. Foi fundado em 1987, com um capital de 100 milhões de yuans, uma agência e 30 funcionários e cresceu para se transformar num banco comercial de nível nacional com mais de 900 agências, cerca de 50 mil trabalhadores e activos excedendo 3 biliões de yuans. 49 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES O Banco Mercantil da China é um dos 100 maiores bancos mundiais e, no primeiro semestre de 2012, obteve um lucro líquido de 23,38 mil milhões de yuans, um aumento de 25,68% em relação ao mesmo período de 2011. O banco centra a sua actividade no mercado doméstico. É o sexto maior banco da China por activos e, com mais de 55 milhões de cartões de crédito emitidos, é um dos maiores emissores de cartões de crédito do país. O banco encontra-se cotado na Bolsa de Valores de Xangai desde 2002 e as suas acções começaram a ser transaccionadas na Bolsa de Valores de Hong Kong em Setembro de 2006. As principais actividades do banco incluem banca universal e para empresas, tendo centrado o seu crescimento na banca a retalho e nos negócios relacionados com pequenas e médias empresas. A empresa também tem duas subsidiárias em Hong Kong, o Banco Wing Lung e a CMB International Capital Corporation, e filiais em Hong Kong e Nova Iorque e escritórios de representação em Londres e Taipé. A maior parte deste crescimento foi alcançado durante a permanência de Ma Weihua, presidente executivo desde Janeiro de 1999 e presidente não executivo desde Junho de 2004 e um dos banqueiros mais conhecidos da China. A filosofia de negócios do banco tem sido a de satisfazer as necessidades dos clientes e procurar inovar. Em 1999, o banco assumiu a liderança do sector ao lançar a primeira plataforma de banca electrónica na China bem como dois cartões bancários multifunções. Além disso, Ma foi responsável pelo lançamento do primeiro cartão de crédito da China a funcionar com duas moedas, que pode ser utilizado mundialmente, e o primeiro produto de gestão de activos orientados para clientes topo de gama – Gestão de Fortunas Girassol. O banco foi igualmente a primeira instituição chinesa a fornecer um pacote financeiro completo, com a gestão de fortunas no seu núcleo, para clientes privados. Em Março de 2013 anunciou os resultados para 2012, ano em que teve uma produção de 339,2 mil milhões de yuans, contra 272,2 mil milhões um ano antes, e um lucro líquido de 26,75 mil milhões de yuans, mais do que os 22,6 mil milhões de yuans registados um ano antes. A actividade bancária foi responsável pela maior parte dos lucros, com 13,2 mil milhões de yuans, a que se seguiram os seguros Vida com 6,46 mil milhões de yuans e os seguros Propriedades com 4,65 mil milhões de yuans. Em Maio de 2013, o banco anunciou que Ma Weihua tinha sido substituído no cargo por Tian Huiyu, director da sucursal de Pequim do Banco de Construção da China. Tal mudança representou o final de uma era de crescimento notável sob a liderança de Ma Weihua. O presidente do conselho de administração e presidente executivo Ma Mingzhe disse que 2012 tinha sido um ano anormal, com um mercado tanto doméstico como internacional complicado. “Procurámos responder de forma agressiva aos desafios do mercado e continuámos a beneficiar de um crescimento saudável e estável nos nossos três sectores de actividade principais – seguros, banca e investimentos”. Fundada em Shenzhen em 1988, a Companhia de Seguros Ping An tornou-se numa das maiores seguradoras da China, com operações em todo o país, em Hong Kong e em Macau e em 150 países estrangeiros. Foi a primeira companhia de seguros por acções do país, que evoluiu para se transformar num conglomerado financeiro com um banco, uma entidade autónoma para investimentos e seguros nos ramos Vida, Propriedades e Saúde. Está cotada nas bolsas de valores de Xangai e de Hong Kong e, no final de 2012, tinha activos de 2,844 biliões de yuans, um aumento homólogo de 24,5%, com 190 284 trabalhadores e 510 mil vendedores e vendedoras de seguros. Em termos de volume de negócios situava-se em segundo lugar na China tanto nos ramos Propriedades como Vida. 50 Entre 2002 e 2005, o Hong Kong and Shanghai Bank Corporation (HSBC) gastou 1,7 mil milhões de dólares para adquirir uma participação de 15,6% na Companhia de Seguros Ping An. Em Dezembro de 2012, o banco anunciou ter vendido essa participação ao grupo Charoen Pokphand da Tailândia por 9,4 mil milhões de dólares. O preço de venda era de 59 dólares de Hong Kong por acção, o que permitiu ao banco encaixar um lucro de 3 mil milhões de dólares com a venda. Esta venda enquadrava-se num plano de redução de custos delineado pelo presidente executivo Stuart Gulliver, em Maio de 2011, a fim de absorver prejuízos registados nos Estados Unidos e respeitar exigências de capitais mais rígidas. 51 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES bolsista atingir mais de 7897 biliões de yuans. No final de Dezembro de 2012 tinha 105,7 milhões de investidores, 354 700 dos quais eram institucionais, representando acréscimos de 4,43% e 6,26% em termos anuais, respectivamente. No decurso de 2012, a compra e venda de acções atingiu o valor de 15,012 biliões de yuans, uma quebra anual de 18,45%; 129 empresas foram admitidas à cotação nesse ano, contra 243 um ano antes, conseguindo um encaixe de 70,08 mil milhões de yuans, menos 61,29% do que em 2011. A maior parte das empresas cotadas é constituída por empresas em que o Estado tem uma participação de controlo ocorrendo a compra e venda de uma percentagem diminuta de acções. A Bolsa de Valores de Shenzhen é a mais pequena das três bolsas existentes na China, depois de Hong Kong e de Xangai. A Bolsa de Shenzhen tem quatro plataformas de negociação – uma principal para as empresas de maior dimensão, uma reservada às pequenas e médias empresas, a ChiNext para as chamadas “start-up” e mercado de balcão. Nela se compram e vendem acções, obrigações, títulos de participação, títulos de rendimento fixo e derivados. Desde 2000 já assinou memorandos de entendimento com 28 das grandes bolsas de valores mundiais sendo, além disso, membro da Federação Mundial de Bolsas de Valores e da Federação de Bolsas de Valores da Ásia e Oceânia. A venda constituiu uma surpresa atendendo a que o HSBC tinha repetidamente afirmado que o mercado da China era importante para o seu crescimento futuro; representou, ainda, uma surpresa uma vez que se trata de um grupo sem exposição ao sector bancário ou segurador centrando a sua actividade na produção de frangos, rações para animais e produtos alimentares. A transacção foi conduzida no maior dos segredos, incluindo a identificação de quem avançou com o dinheiro necessário para financiar a compra. O grupo Charoen Pokphand, propriedade de um sino-tailandês rico, foi o primeiro investidor estrangeiro na China, com o seu proprietário a gozar de relações excelentes com Pequim; a explicação mais lógica sugere a presença de um investidor não identificado que pretende obter lucros com os dividendos a serem pagos pela Ping An, bem como pelo aumento da cotação das acções. A seguradora Ping An, por seu turno, não precisava mais do HSBC podendo caminhar pelos seus próprios meios. A Bolsa de Valores de Shenzhen é uma das duas bolsas nacionais sujeitas à Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China. À data de Março de 2013, a bolsa tinha um conjunto diversificado de participantes no mercado, incluindo 1539 empresas cotadas e 2210 títulos em negociação. Desde a sua constituição em Dezembro de 1990, a Bolsa de Valores de Shenzhen viu a sua capitalização 52 53 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 54 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 55 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Qianhai Em meados de 2012, o Conselho de Estado aprovou a criação da Zona de Cooperação Industrial Shenzhen/Hong Kong/Macau de Qianhai. Esta zona ocupa uma área de 15 quilómetros quadrados na zona ocidental de Shenzhen e nas proximidades da fronteira com Hong Kong. O governo central atribuiu à zona 12 políticas piloto, 8 das quais relacionadas com a inovação financeira. A zona centrará a sua actividade nos serviços financeiros, de logística e de informação. Em Junho de 2012, Zhang Xiaoqiang, vice-ministro da Comissão da Reforma e do Desenvolvimento Nacional, disse que a área passaria a ser uma zona de cooperação industrial moderna e uma região piloto para a cooperação futura entre Hong Kong e o continente. “Os projectos-piloto a serem lançados em Qianhai foram preparados de forma cautelosa a fim de reflectir a posição única de Hong Kong no desenvolvimento da área considerando as opiniões da cidade no decurso do processo de tomada de decisões”, disse, para acrescentar que “os projectos-piloto cobrem os sectores financeiro, fiscal, legal, educativo e dos recursos humanos, medicina e telecomunicações.” SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Em Fevereiro de 2013, o presidente da câmara Xu Qin disse que a cidade iria aplicar 10 mil milhões de yuans em infra-estruturas em Qianhai ao longo do ano em curso. “Vamos introduzir este ano mais de 30 empresas da lista Fortune 500, utilizando investimento estrangeiro que excede 7 mil milhões de dólares”, disse Xu no decurso de uma reunião em Pequim da Comissão para a Reforma e Desenvolvimento Nacional. No final de 2012, a administração da área tinha assinado contratos com 52 empresas, incluindo 20 da lista Fortune 500. No final do ano, mais de 300 empresas com um capital realizado de 37,2 mil milhões de yuans tinham recebido autorização para instalarem-se na zona. De entre os projectos em construção estão o hotel de 5 estrelas OTC Hotel Qianhai, desenhado pelo famoso arquitecto norte-americano John Portman, que incluirá além do hotel apartamentos com serviço incluído. O presidente da câmara prevê que o PIB da zona atinja 150 mil milhões de yuans em 2020, salientando que “a sua missão não é a de se sobrepor à de Hengqin, em Zhuhai, ou à de Nansha, em Cantão, uma vez que centrará a sua actividade em serviços financeiros inovadores, logística comercial de produtos electrónicos, pesquisa científica e tecnológica e outras actividades constitutivas do sector dos serviços”. Em Dezembro de 2012, Xi Jinping, que tinha sido eleito secretário-geral do Partido Comunista um mês antes, visitou a zona, dando-lhe total aprovação. Xi seguiu o mesmo caminho de Deng Xiaoping em 1992, com a sua famosa “digressão meridional” que acelerou o processo de reforma económica e afirmou que Qianhai “seria um local para a renovação do sector dos serviços.” “Por favor avancem com as reformas de uma forma ousada, atendendo a que o governo central concedeu-vos um enquadramento particular”, disse Xi a responsáveis de Qianhai. As empresas autorizadas a instalarem-se na nova zona terão direito a uma taxa preferencial de 15% em sede de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas e as pessoas que nela trabalharem ficarão isentas de imposto sobre o rendimento. As autoridades centrais apoiarão o desenvolvimento de Qianhai como uma “zona experimental” para negócios em yuans transfronteiriços. O governo central ajudará, ainda, as empresas estabelecidas naquela zona a procederem à emissão, em Hong Kong, de obrigações denominadas em yuans e na criação de um fundo de investimento em capital em Qianhai. “Atendendo a que as autoridades centrais pretendem caminhar de forma gradual rumo à convertibilidade total do yuan, Qianhai deverá ser um pioneiro neste percurso”, disse Zhang, que acrescentou que será encorajada a constituição em Qianhai de fundos estrangeiros de investimento em capital. A zona desempenhará um papel importante na internacionalização do renminbi. As pessoas e as empresas de Hong Kong dispõem de centenas de milhões de yuans depositados em contas bancárias na região administrativa; mas estão limitadas nas formas de investimento desses depósitos. Um dos papéis de Qianhai será o de servir de intermediário para emprestar esse dinheiro, através dos bancos de Hong Kong, a instituições no continente. 56 57 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Shenzhen – Hong Kong Qianhai faz parte de uma relação progressivamente mais complexa entre Shenzhen e Hong Kong. Nos primeiros anos as relações entre as duas regiões eram simples. Hong Kong era um porto e um centro financeiro internacional e Shenzhen era a zona de processamento, para onde as empresas de Hong Kong deslocavam as suas fábricas a fim de poupar na mão-de-obra e no preço dos terrenos e em outros custos de produção; nessas fábricas fabricavam produtos que eram exportados através do porto de Hong Kong. Era uma relação complementar – o irmão rico e o irmão pobre. As pessoas de Hong Kong deslocavam-se a Shenzhen para gozarem um fim-desemana a comerem, a irem aos clubes nocturnos e a gozarem a companhia de raparigas jovens por uma fracção do preço que teriam de pagar em casa. Mesmo os motoristas de camiões e as pessoas com baixos rendimentos conseguiam aguentar o custo de uma amante e da respectiva renda do apartamento. Era igualmente um paraíso para produtos falsificados e contrabandeados. Três décadas mais tarde Shenzhen transformou-se numa das cidades mais ricas da China, atraindo pessoas qualificadas de todo o país. Funciona actualmente como um cidade rival de Hong Kong em muitos sectores – o seu porto e terminal de contentores processa milhões de toneladas de carga que costumava ser despachada a partir de Hong Kong; o aeroporto da cidade oferece preços mais baixos aos cidadãos que pretendem ir a Hong Kong o que faz com que os viajantes cheguem a Shenzhen e completem a viagem por via marítima ou terrestre. A cidade dispõe de boas instalações para exposições e convenções que concorrem com as de Hong Kong; mas os produtos importados pagam uma taxa alfandegária que não é cobrada aos mesmos produtos à venda no outro lado da fronteira. Qianhai representa uma nova frente nesta competição uma vez que irá proporcionar serviços que irão concorrer com alguns dos serviços topo de gama fornecidos em Hong Kong. As empresas na região administrativa especial interrogam-se já se será uma benção ou uma maldição. Na Região Administrativa Especial de Hong Kong está a ter lugar um debate intenso sobre a dimensão e a velocidade da integração com Shenzhen: de que forma podem pessoas, veículos, capitais e mercadorias fluir entre as duas regiões? Em Julho de 2003, a China introduziu o esquema de vistos individuais, ao abrigo do qual os residentes de cidades seleccionadas podem visitar Hong Kong enquanto turistas individuais por um período que não pode exceder sete dias; tal esquema foi aprovado no apogeu da epidemia de síndroma respiratório agudo severo, quando a economia de Hong Kong se encontrava no seu ponto mais baixo. Apenas um número diminutos de pessoas, homens de negócios ou turistas, se atrevia a visitar Hong Kong por receio de contraírem a doença. Os que ousavam eram bem acolhidos e gastavam o seu dinheiro em lojas, hotéis e restaurantes vazios, o que representava um estímulo vital para a economia do território. 58 59 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Desde essa altura que o número de visitantes do continente tem crescido ininterruptamente. De 4 milhões, em 2003, esse número cresceu para 10 milhões, em 2009, quando se iniciou o esquema de múltiplas entradas para os residentes permanentes de Shenzhen. Em 2012, 34,9 milhões de continentais visitaram Hong Kong, um aumento de 24,2% relativamente a 2011, que representaram 71,8% do número total de turistas. Deste número global, os residentes de Shenzhen representam um elemento importante. Inicialmente, apenas os 2,7 milhões de pessoas que eram residentes permanentes da cidade podiam solicitar vistos individuais mas, em 1 de Setembro de 2012, esse direito foi alargado aos 4 milhões de residentes não permanentes. Dezasseis anos após a transferência de administração, a integração de Hong Kong e de Shenzhen está incompleta. O fluxo de pessoas aumentou grandemente mas permanece controverso. Milhares de pessoas de Hong Kong trabalham durante a semana em Shenzhen mas a grande maioria regressa a casa aos fins-de-semana e mantêm a família e a residência permanente na região administrativa. Aqueles que adquirem propriedades em Shenzhen fazem-no a título de investimento e não para aí residir e argumentam que no que se refere ao enquadramento legal e à ordem, educação e cuidados de saúde Hong Kong está a grande distância de Shenzhen. 60 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Por essas razões, Shenzhen não se transformou nos bairros de Bronx e Queens de Hong Kong à semelhança do que representam relativamente a Nova Iorque. Além disso, a principal língua falada em Shenzhen – uma cidade de migrantes – é o mandarim, ao passo que em Hong Kong fala-se cantonês. Shenzhen não conseguiu sequer passar a ser uma cidade para onde os reformados de Hong Kong de dirigem; números oficiais do continente revelam que não mais de 40 mil pessoas idosas de Hong Kong residem em Shenzhen, a maior parte dos quais pessoas que migraram para a antiga colónia nos anos 70 e 80 do século passado e tinham empregos de baixos salários. Essas pessoas foram para Shenzhen simplesmente por que não conseguiam pagar a renda de um apartamento e não apreciavam as condições existentes nos lares de terceira idade de baixo preço de Hong Kong. Nos primeiros anos, os preços das casas em Shenzhen eram uma fracção das do outro lado da fronteira mas têm estado a subir exponencialmente ao longo dos últimos 10 anos. Além disso, o renminbi valorizou-se relativamente ao dólar de Hong Kong, que se encontra indexado ao dólar dos Estados Unidos; as pessoas mais idosas de Hong Kong dizem que preferem viver junto dos filhos, além do que têm direito a cuidados médicos de alta qualidade a baixo custo que não estão disponíveis em Shenzhen. 61 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Imobiliário O imobiliário é um elemento importante da economia de Shenzhen. Em 2012, o investimento em bens de capital atingiu 231,4 mil milhões de yuans, um aumento de 12,3% relativamente a 2011. Entre os projectos de maior dimensão estão o Centro Financeiro Internacional Ping An que, com 115 andares e uma altura de 660 metros, será o edifício mais alto da cidade quando acabar de ser construído. O edifício foi encomendado pela Companhia de Seguros Ping An e o projecto de arquitectura foi elaborado pela empresa norte-americana Kohn Pedersen Fox. A sua construção deverá ficar concluída em 2015 passando a ser nessa altura o segundo edifício mais alto do mundo e o maior da China. O Centro Financeiro disporá ainda de um hotel com 66 andares e 307 metros de altura. O edifício mais alto de Shenzhen, e um dos mais altos da zona sul da China, é actualmente o Kingkey 100, que tem 441,8 metros de altura e 100 andares para escritórios e um hotel. 62 Em Shenzhen encontra-se ainda o 14º mais alto edifício do mundo, o Shun Hing Square (Edifício Diwang). A cidade tem 23 edifícios com mais de 200 metros, a maior parte dos quais concentrada nos bairros Luohu e Futian. O segundo edifício mais alto de Shenzhen é o SEG Plaza com uma altura de 356 metros (292 metros até ao telhado), que fica no popular bairro dos equipamentos electrónicos de Hua Qiang Bei. A cidade alberga ainda alguns dos maiores projectos públicos na China. O Centro de Comércio Internacional, construído em 1985, era o edifício mais alto da China quando acabou de ser construído; o edifício Shun Hing era também o edifício mais alto a Ásia quando ficou concluído e continua a ser o mais alto edifício em aço do mundo. Shenzhen é igualmente o local escolhido para diversos projectos de construção de edifícios de altura elevada, tendo alguns dos que foram propostos ou aprovados alturas que excedem 400 metros. 63 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES De 1979 a 2004, o Porto de Shenzhen investiu mais de 30 mil milhões de yuans na construção de infra-estruturas em nove zonas portuárias, incluindo Shekou, Chiwan, Mawan, Yantian, Dongjiaotou, Fuyong, Xiadong, Shayuchong e Neihe. O porto tem 140 ancoradouros, 51 dos quais aceitam navios com pelo menos 10 mil toneladas de arqueação bruta, 90 ancoradouros operacionais, nove ancoradouros dedicados, 3 dos quais para navios com pelo menos 10 mil toneladas de arqueação bruta e 18 ancoradouros para barcos de transporte de passageiros. A extensão total da linha de costa do porto ascende a 22 149,7 metros. Laboram no porto 39 empresas de navegação que operam 131 linhas internacionais de contentores. Em termos mensais o porto de Shenzhen é escalado por 560 navios e por outros navios que garantem as operações de cabotagem com outros portos da região do Delta do Rio das Pérolas. Em 2012, o porto processou 22,94 milhões de TEU (contentores de 20 pés), um aumento de 1,6% relativamente a 2011. Tal movimento fez com que ficasse ligeiramente atrás de Hong Kong, cujo porto processou 23,09 milhões de contentores, uma quebra homóloga de 5,3%, e que perdeu 3,4 milhões de contentores desde 2009. Em termos globais, Singapura surge no primeiro lugar, seguido de Xangai, Hong Kong, Shenzhen e Ningbo. O aeroporto Baoan, de Shenzhen, entrou em funcionamento em 21 de Outubro de 1991, ocupando uma área de 10,8 quilómetros quadrados, ficando localizado a 32 quilómetros a noroeste do centro da cidade. Funciona como plataforma giratória para a Shenzhen Airlines, Shenzhen Donghai Airlines, SF Airlines, Jade Cargo International e é um dos destinos mais importantes para a China Southern e Hainan Airlines. Funciona, ainda, como plataforma giratória para a carga da região Ásia-Pacífico da UPS Airlines. Portos e Aeroportos Shenzhen é o segundo porto mais movimentado da China depois de Xangai. A cidade tem 260 quilómetros de linha de costa divididos pela península de Kowloon numa metade ocidental e numa oriental. O porto ocidental apresenta águas profundas e abrigos naturais de grande qualidade, ficando localizado a 20 milhas náuticas de Hong Kong, a sul, e a 60 milhas náuticas de Cantão, a norte. Dispõe de ligações a cidades e a municípios no Delta do Rio das Pérolas. Os terminais mais importantes são os de contentores internacionais Yantian, de contentores Chiwan, de contentores Shekou, o Porto dos Mercadores da China e o Shenzhen Haixing em Mawan. 64 Em 1996, tornou-se no quarto mais movimentado aeroporto da China e, em 2007, ultrapassou a marca de 20 milhões de passageiros. Em 2011, processou 828 mil toneladas de carga tendo, além disso, inaugurado uma segunda pista com 3800 metros de comprimento e 60 de largura, capaz de receber um dos maiores aviões do mundo, o Airbus A380. Um terceiro terminal, com uma área coberta de 450 mil metros quadrados, deverá ficar concluído este ano. Em 2015, o aeroporto disporá de capacidade para atender 45 milhões de passageiros. Em 2012, processou 28,25 milhões de passageiros, um aumento homólogo de 5,7%, sendo um dos três maiores aeroportos do sul da China, juntamente com Hong Kong e Cantão. O aeroporto de Shenzhen permite a ligação a 131 destinos, nacionais e estrangeiros, que incluem Japão, Coreias do Norte e do Sul, Singapura e Tailândia. Nove empresas de carga aérea dispõem de escritórios no aeroporto, que garante ligações para destinos como Anchorage, Seul, Manila, Singapura, Kuala Lumpur, Banguecoque, Dhaka, Mumbai, Dubai, Liège e Colónia. 65 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Caminhos-de-ferro A empresa de metropolitano de Shenzhen foi constituída em 31 de Julho de 1997 e a primeira linha entrou em funcionamento em 28 de Dezembro de 2004, fazendo da cidade a sexta da China a dispor de uma rede de metropolitano. No final de Junho de 2011, a empresa tinha um capital social realizado de 7,21 mil milhões de yuans e activos líquidos de 46,6 mil milhões de yuans e 10 600 trabalhadores. Actualmente, tem cinco linhas e 137 estações em operação, cobrindo 178,44 quilómetros. A rede de metropolitano beneficiou de uma expansão rápida antes dos Jogos Universitários de Verão de 2011, com a abertura de 110 quilómetros em Junho desse ano. Em 2012, transportou 781 milhões de passageiros, com uma média de 2,07 milhões por dia e um número recorde de 2,89 milhões nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, por ocasião do Dia do Trabalhador. Duas das linhas permitem a ligação à rede de Hong Kong. SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES A secção Cantão-Shenzhen da linha de alta velocidade Cantão-Shenzhen-Hong Kong já entrou em operação. A estação Shenzhen Norte, no bairro de Longhua, começou a funcionar em Junho de 2011, assumindo o papel de plataforma giratória ferroviária regional no sul da China. A construção de plataformas de transferência – em Qianhai, Futian, Buji, o aeroporto e Shenzhen Oriental – está actualmente em curso. Nos próximos três anos, a província de Guangdong vai construir 16 linhas de caminho-de-ferro com uma extensão de 2075 quilómetros. A linha Xiamen-Shenzhen está quase concluída e a linha de caminho-de-ferro entre Shenzhen e Maoming vai começar. Além disso, os trabalhos no troço do aeroporto da linha intercidades Cantão-Shenzhen vão prosseguir e terá início a construção do troço Xintang-Hongmei. Em Maio de 2011, iniciou-se a terceira fase de expansão com um investimento previsto de 80 mil milhões de yuans e conclusão em 2016. Esta fase adicionará cinco linhas, incluindo uma até ao aeroporto, elevando a extensão da rede para 348 quilómetros. Shenzhen dispõe de excelentes ligações ferroviárias com as principais cidades da China, incluindo Pequim e Cantão sendo, além disso, a penúltima paragem na linha Pequim-Kowloon. Dispõe igualmente de ligações regulares com Fuzhou, Guilin, Jiujiang, Wuchang, Yueyang, Zhengzhou, Changde, Xi’an e Shenyang. A cidade tem mais de 200 ligações ferroviárias por dia com Cantão, metade das quais com comboios de alta velocidade que saem da estação central com 10 minutos de intervalo nas horas de ponta. A cidade tem seis estações de caminhos-de-ferro. A principal localiza-se no bairro Luohu, mesmo a norte da fronteira com Hong Kong, funcionando além disso como o terminal sul da linha CantãoShenzhen e tendo, ainda, uma estação de metropolitano. Os comboios que estabelecem ligações a grande distância para Pequim, Xangai, Chengdu, Guilin e Fuzhou vão futuramente passar a utilizar a estação oriental de caminhos-de-ferro. Mas os comboios de alta velocidade ligando Shenzhen e as estações de Cantão e Oriental de Cantão permanecerão na estação. A estação Shenzhen Ocidental foi construída em 1989 como um terminal ferroviário de carga mas, actualmente, recebe mais de 40% do tráfego ferroviário de passageiros de e para a cidade. Esta situação derivou da necessidade de dar resposta à crescente população migrante da cidade. Os serviços nela prestados são mais baratos do que os comboios de alta velocidade introduzidos nas estações mais recentes. Mas, as instalações e os serviços existentes têm menor qualidade do que os existentes na estação principal de caminhos-de-ferro de Shenzhen. 66 67 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES especiais enquanto locais para realizar experiências e novas formas de actividade económica que não eram permitidas no resto do país. Shenzhen era de longe a maior e mais ambiciosa; era uma aldeia pesqueira sem história, adjacente à colónia britânica de Hong Kong. E Shenzhen acabou por ter um êxito muito além do que Deng imaginou. A principal razão derivou da qualidade das pessoas que atraiu. Estas incluíam pessoas com um projecto de negócios e trabalhadores altamente qualificados, além de milhares de trabalhadores migrantes indiferenciados; um pouco à semelhança das pessoas que fugiram da Europa em busca de um melhor futuro nas Américas, muitos chineses abandonaram as suas aldeias, vilas e cidades em busca de um futuro melhor em Shenzhen. A zona económica especial acabou por ser um pólo de atracção para pessoas um pouco de toda a China, desde o norte longínquo até às províncias do sul de Jiangxi, Hunan e Guangxi. Em 1979, Shenzhen tinha uma população de 30 mil pessoas. Desde então cresceu a uma média anual de 30%, uma das mais elevadas taxas de crescimento urbano em todo o mundo. Em 1986, o governo da cidade apresentou o seu primeiro plano director municipal que defendia a criação de “cidades agrupamentos” que concentravam o crescimento e as infra-estruturas ao longo de três vias rápidas. Mas, o crescimento foi mais acelerado do que os planeadores pretendiam. Este, combinado com um fraco controlo do desenvolvimento imobiliário, conduziu a uma urbe com 645 quilómetros quadrados, ou 11 vezes o tamanho da ilha de Manhattan em Nova Iorque. A cidade estava a ficar sem terrenos e a maior parte das estruturas eram unidades industriais e habitação de baixa densidade. Os planeadores citadinos definiram uma nova fronteira de crescimento com 1000 quilómetros quadrados, com “agrupamentos periféricos de crescimento”, a fim de fomentar o crescimento e aumentar a densidade. Assim, construíram mais infra-estruturas, vias rápidas e um sistema de metropolitano de grandes dimensões. Demografia e Planeamento Shenzhen tem uma estrutura populacional diferente da de qualquer outra cidade da China. A maioria dos seus residentes não é nativa da província de Guangdong tendo nela passado a residir, no decurso dos últimos 30 anos, a fim de beneficiarem das oportunidades derivadas do facto de ser uma Zona Económica Especial. Esta era a ideia de Deng Xiaoping quando criou quatro zonas económicas especiais em 1979, sendo as restantes Shantou e Zhuhai, na província de Guangdong, e Xiamen, na província de Fujian. Em 1976, no final da Revolução Cultural, a China estava na bancarrota e o sistema económico implantado por Mao Tse-tung moribundo. Deng percebeu ser necessária uma alteração radical mas não sabia precisamente qual a forma que essa alteração devia ter. Assim sendo, criou as quatro zonas económicas 68 A meio da primeira década do século XXI, quando um terceiro plano director estava a ser preparado, os planeadores da cidade foram confrontados com outro dilema. A área disponível para desenvolvimento estava a desaparecer rapidamente. Apenas cerca de 100 quilómetros quadrados de terrenos passíveis de serem desenvolvidos estavam disponíveis; os responsáveis da cidade recearam que sem mais espaço o motor económico da cidade parasse subitamente. Confrontados com uma escolha complicada, os planeadores, ao invés de reduzirem as áreas verdes, decidiram que mais de 200 quilómetros quadrados de terrenos ocupados passassem a ser “áreas de regeneração urbana”: o plano passava por demolir edifícios e propriedades de baixa densidade de ocupação e substituí-los por estruturas mais novas e de maior densidade. O governo da cidade optou por adquirir os terrenos ocupados aos proprietários privados e construir novas instalações ou entregar grandes áreas aos promotores imobiliários. Este plano foi reforçado com a introdução de códigos de construção urbana mais rígidos o que encorajou o aparecimento de edifícios tanto para habitação como industriais com maior densidade de ocupação. Esta táctica veio a provar-se ter sido bem-sucedida uma vez que foi possível adicionar mais 3 milhões de pessoas desde a aprovação do anterior plano director municipal. 69 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Os últimos 30 anos têm sido um desafio extraordinário: como integrar o fluxo de novos residentes e proporcionar-lhes habitação, escolas, hospitais e os outros serviços necessários. No final de 2010, Shenzhen tinha 10,47 milhões de habitantes, de acordo com dados do governo municipal; desses, apenas 2,51 milhões dispunham de registo urbano, dando-lhes plenos direitos de residência, tais como educação gratuita e acesso a cuidados de saúde. Mas os números oficiais ficam aquém da população real da cidade. Milhares de pessoas continuam a chegar a Shenzhen todos os anos em busca de trabalho, com a maior parte a limitar-se a seguir empregos, não permanecendo durante muito tempo. Mantém-se na cidade enquanto conseguem manter um trabalho satisfatório mas, se conseguirem encontrar um que ofereça melhores condições, mudam-se de imediato. De acordo com estimativas oficiais, a população da cidade excedia 15 milhões em 2011, fazendo de Shenzhen a cidade mais populosa da China, com uma densidade populacional superior a Cantão, Pequim ou Hong Kong. Os 15 milhões de pessoas que vivem nos 1991 quilómetros quadrados de Shenzhen dão origem a uma densidade populacional de 7500 pessoas por quilómetro quadrado. A densidade populacional de Cantão é de 6626 pessoas por quilómetro quadrado e a de Hong Kong de 6420. A densidade populacional de Shenzhen coloca-a no quinto lugar em termos mundiais, depois de Bombaim e Calcutá na Índia, Lagos na Nigéria e Carachi no Paquistão. SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Desde há vários anos que se assiste a um debate na China que é o de saber se os trabalhadores migrantes têm os mesmos direitos do que os residentes há mais tempo; aqueles que se manifestam a favor argumentam que seria da mais elementar justiça permitir que os migrantes e respectivas famílias se integrassem melhor nos novos lugares de residência. Mas, os governos municipais, particularmente o de Shenzhen, contra-argumentam dizendo que tal decisão representaria um peso financeiro intolerável nos orçamentos. De referir que poucas cidades na China têm uma percentagem de migrantes tão elevada como Shenzhen. Cultura e Lazer Shenzhen é uma cidade conhecida pela sua criatividade nela funcionado mais de 6 mil empresas de design que dão emprego a mais de 60 mil pessoas. Em Novembro de 2008, a cidade foi incluída na Rede de Cidades Criativas da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) tendo-lhe sido atribuído o título de “Cidade do Design”. A cidade dispõe de uma rede de instalações culturais de elevada qualidade onde decorrem milhares de actuações por ano. A cidade tem 631 bibliotecas. Em 2010, o valor acrescentado das indústrias culturais ascendeu a 63,7 mil milhões de yuans, decorrendo anualmente na cidade a Feira Internacional das Indústrias Culturais da China (Shenzhen), a de maior dimensão em termos nacionais. A sétima edição gerou um volume de negócios de 120 mil milhões de yuans, dos quais 12 mil milhões de yuans relativos a exportações. A cidade alberga ainda o maior centro mundial de reprodução de pinturas. A aldeia de Dafen foi criada, em 1989, por um homem de negócios de Hong Kong que iniciou a produção de reproduções com umas dezenas de artesãos. Actualmente, trabalham naquela aldeia mais de 5 mil artesãos, que produzem mais de 5 milhões de reproduções por ano com vendas que excedem 500 milhões de yuans. As peças incluem reproduções de artistas consagrados da China, Europa e Estados Unidos, caligrafia chinesa e retratos de Mao Tsé-tung, Albert Einstein, George W. Bush e outras pessoas famosas. De acordo com o estipulado, os artesãos podem fazer reproduções de artistas que tenham produzido a sua arte há mais de 70 anos e cujas peças já não tenham direitos de autor; na prática copiam as obras de Andy Warhol, Salvador Dali e outros artistas modernos. Estes artesãos trabalham também por encomenda ou tendo por base fotografias. O seu trabalho pode ser apreciado nos corredores dos hotéis, nos aeroportos e em edifícios públicos em todo o mundo. A maior parte destes artesãos tem formação profissional o que lhes permite trabalhar a grande velocidade. 70 71 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES A cidade de Shenzhen tem o maior campo de golfe do mundo, o Mission Hills, com 216 buracos. Este campo, que se estende entre Shenzhen e Dongguan, a norte, atrai jogadores de golfe, chineses e estrangeiros, e outras pessoas que pretendem utilizar as instalações para um lugar de encontros ou para entreter clientes. À semelhança do que acontece no Japão, Coreia do Sul e outros países asiáticos, o golfe em Shenzhen passou a ser uma actividade importante no mundo empresarial. Uma vez que não passava de uma vila pesqueira, em 1978, as atracções turísticas de Shenzhen são recentes. Incluem uma reprodução de Interlaken, uma aldeia na Suíça, com um lago grande e uma estância termal ao ar livre: “visite a Suíça sem deixar a China” foi o slogan escolhido. A cidade tem outros parques temáticos – espanhol, veneziano, budista, ambiental e relacionado com a ópera chinesa. Outra das atracções é o hotel “boutique” Mahayana, com 22 quartos, todos com o equipamento necessário para beber chá e praticar a caligrafia chinesa. Em 1989, foi inaugurado em Shenzhen a China Esplêndida, onde se encontram reproduções em miniatura dos mais famosos locais de interesse turístico da China. SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES Índice Shenzhen : Uma cidade para todas as estações Uma história antiga 7 A zona económica especial de Shenzhen e a rápida industrialização e urbanização da vila 10 Concorrência entre Cantão e Hong Kong 19 Planeamento geográfico de Shenzhen 30 Economia, Indústria, Investimento Estrangeiro e Actividade Financeira 33 Shenzhen – Hong Kong 56 Portos, Aeroportos e Caminhos de Ferro 62 Demografia e Planeamento 66 Cultura e Lazer 69 72 73 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 74 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 75 SHENZHEN : UMA CIDADE PARA TODAS AS ESTAÇÕES 76