Grupos Operativos em Doentes com Síndrome
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Grupos Operativos em Doentes com Síndrome
ANDRÉA GOLFARB PORTNOI DOR, STRESS E COPING: GRUPOS OPERATIVOS EM DOENTES COM SÍNDROME DE FIBROMIALGIA Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Psicologia. São Paulo 1999 Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia da USP Portnoi, A. G. Dor, stress e coping: grupos operativos em doentes com síndrome de fibromialgia / Andréa Golfarb Portnoi. São Paulo, s. n. 1999. 251p. Tese (doutorado) - Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. Orientador: Esdras Guerreiro Vasconcellos 1. Stress 2. Dor 3. Distúrbios musculares 4. PichonRiviére, Enrique, 1907- 5. Grupos operativos I. Título ANDRÉA GOLFARB PORTNOI DOR, STRESS E COPING: GRUPOS OPERATIVOS EM DOENTES COM SÍNDROME DE FIBROMIALGIA Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Psicologia. Área de Concentração: Psicologia Social e do Trabalho. Orientador: Esdras Guerreiro Vasconcellos São Paulo 1999 A meus pais e irmão. A meu marido e filhos. Às doentes que participaram deste trabalho. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos, pela sua seriedade como orientador, por sua generosidade como professor, e pela confiança e incentivo como amigo. Aos psicólogos Tatiana Sviatopolk Mirsky e Luíz Paulo Marques de Souza, pela dedicação com que realizaram a observação e registro das sessões de grupo operativo. Aos seguintes profissionais por sua colaboração na adaptação do “Coping Strategies Questionnaire” para o Brasil: Profa. Dra. Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta, Cláudia Gigante Ferraz, Dr. Cláudio Fernandes Corrêa, Profa. Dra. Diná de A. L. Monteiro da Cruz, Eliseth R. Leão Dobbro, Prof. Dr. Geraldo José de Paiva, Dr. João Augusto B. Figueiró, Prof. Dr. João Jorge Barros, Dr. José Tadeu Tesserolli de Siqueira, Dra. Magnólia Leão da Nóbrega, Prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira, Dra. Masako Okada, Rachel Zausner Skarbnik, Dra. Terezinha Sampaio Amaral. À Profa. Dra. Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta pelo seu apoio, estímulo e pelas inúmeras orientações científicas e acadêmicas com que brindou a produção deste trabalho. À Dra. Helena H. S. Kazyiama pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento de todas as doentes que participaram desta pesquisa. Ao Prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira pelos ensinamentos teóricos e éticos sobre a experiência dolorosa e pelo interesse com que acompanhou o desenvolvimento deste trabalho. i Ao Prof. Dr. José Leon Crochik pela consultoria teórica na área de Estatística e pela amizade que sempre me proporcionou. Ao Prof. Dr. João Jorge Barros pelo estímulo e pelo carinho com que sempre compartilhou seus conhecimentos e sua experiência profissional. À Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP, pela oportunidade de realizar esta pesquisa e pelo suporte dentro do contexto hospitalar. Ao Centro Multidisciplinar de Dor da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP e a todos os seus membros por compartilharem suas experiências e seu conhecimento sobre dor. À Liga de Dor do Centro Acadêmico Osvaldo Cruz da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Acadêmico 31 de Outubro da Escola de Enfermagem da USP, pela oportunidade e condições de realizar a adaptação do CSQ para o Brasil. Ao “Departamento de Medicina Física e Reabilitação do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP”, por permitir, através da “Escola de Fibromialgia”, o contato valioso com a população desta pesquisa. ii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................v LISTA DE QUADROS .........................................................................................vi LISTA DE TABELAS .........................................................................................vii RESUMO ............................................................................................................xxi ABSTRACT .......................................................................................................xxii INTRODUÇÃO Introdução .............................................................................................................1 A Dor ......................................................................................................................3 A Síndrome de Fibromialgia................................................................................15 O Stress da Dor na Síndrome de Fibromialgia...................................................25 REVISÃO DA LITERATURA Intervenções Psicossociais no Controle da Dor na Síndrome de Fibromialgia ..............................................................................................................................35 Componentes Sensório-Discriminativos da Dor na Síndrome de Fibromialgia ..............................................................................................................................44 Componentes Afetivo-Motivacionais da Dor na Síndrome de Fibromialgia ..............................................................................................................................52 Componentes Cognitivo-Avaliativos da Dor na Síndrome de Fibromialgia ..............................................................................................................................61 OBJETIVOS Objetivos ..............................................................................................................70 METODOLOGIA Metodologia .........................................................................................................71 RESULTADOS Tradução e Adaptação do “Coping Strategies Questionnaire” para o Brasil ..............................................................................................................................79 iii Análise dos Resultados Qualitativos ..................................................................93 Análise dos Resultados Quantitativos .............................................................113 DISCUSSÃO Discussão ...........................................................................................................185 CONCLUSÕES Conclusões .........................................................................................................202 ANEXOS Guia para Avaliação e Adaptação do “Coping Strategies Questionaria” para o Brasil..................................................................................................................202 “Coping Strategies Questionnaire” CSQ)...........................................................220 Carta de Aprovação de Pesquisas da “Comissão Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina USP.....................................................................................................................225 Termo de Consentimento Pós-Informação do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina USP.............................................................................226 Ficha de Identificação e “Visual Analogue Scale” (VAS) ...............................228 Classificação de Classes Sócio-Econômicas Brasileiras (CCSEB) .................229 “McGill Pain Questionnaire” (MPQ) ...............................................................230 “Beck Depression Inventory” (BDI) .................................................................231 “State Anxiety Scale” (STATE) .......................................................................234 “Trait Anxiety Scale” (TRAIT) .........................................................................235 “Locus of Control” (LOC) .................................................................................236 “Self Report Questionnaire” (SRQ) .................................................................238 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Referências Bibliográficas ................................................................................239 Obras Consultadas ............................................................................................256 iv LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização dos pontos dolorosos para classificação da fibromialgia realizado pelo “American College of Rheumatology”.....................................22 v LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Dificuldades Apresentadas pelos Doentes, Durante o Preenchimento da Versão Traduzida do CSQ........................................................................88 Quadro 2 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação das Instruções do CSQ. .................................................................................................................................88 Quadro 3 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Freqüência do CSQ. ......................................................................................89 Quadro 4 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação na Estrutura de Apresentação das Questões do CSQ...........................................................89 Quadro 5 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação das Questões do CSQ. .................................................................................................................................90 Quadro 6 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação das Instruções da Questão 49 do CSQ.......................................................................................91 Quadro 7 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Quantidade da Questão 49 do CSQ. ...........................................................91 Quadro 8 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação das Instruções da Questão 50 do CSQ.......................................................................................91 Quadro 9 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Freqüência da Questão 50 do CSQ. .............................................................92 vi LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções Iniciais do CSQ Segundo os Critérios de Sintaxe, Clareza, Simplicidade e Compreensão. .................................................................................................... Tabela 2 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Freqüência do CSQ Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão.................................................................... Tabela 3 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram o Conjunto de Questões por Estratégia de Coping do CSQ, Segundo os Critérios de Fidedignidade, Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. .................................. Tabela 4 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções da Questão 49 do CSQ, Segundo os Critérios de Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. .................................................................................................... Tabela 5 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Quantidade da Questão CSQ, Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão. .......................................... Tabela 6 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções da Questão 50 do CSQ, Segundo os Critérios de Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. ................. Tabela 7 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Quantidade da Questão CSQ, Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão. .......................................... Tabela 8- Médias Aritméticas e Desvios-Padrão das Idades dos Grupos. ............. Tabela 9 - Resultado da Prova t de Student Referente às Idades dos Sujeitos dos Grupos. ............................................................................................................... Tabela 10 - Médias Aritméticas e Desvios-Padrão dos Escores de Classes Sociais dos Sujeitos dos Grupos. ...................................................................... vii Tabela 11- Resultado da Prova t de Student Referentes à Comparação dos Escores de Classes Sociais dos Grupos. ........................................................... Tabela 12- Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores de Escolaridade do GO e do GC. ....................................................................... Tabela 13 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores de Escolaridade do GO e do GC.................................................... Tabela 14 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores de Tempo de Dor do GO e do GC. ..................................................................... Tabela 15 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores de Tempo de Dor do GO e do GC. ................................................. Tabela 16 - Resultado da Prova Exata de Fisher Referente à Situação Conjugal das Participantes. ............................................................................................. Tabela 17 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ............................ Tabela 18 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ........ Tabela 19 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos.......................................................................................................... Tabela 20 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. .................................................................. Tabela 21 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ........... Tabela 22 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... viii Tabela 23 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................................................................... Tabela 24 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade........................................................................... Tabela 25 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Depressão. ............................................ Tabela 26 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Depressão. ........................ Tabela 27 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. .......... Tabela 28 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ......................................................................... Tabela 29 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ........................................................................................ Tabela 30 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 31 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. ... Tabela 32 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. .......................................................................... Tabela 33 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ix Tabela 34- Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Tabela 35 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................... Tabela 36 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ... Tabela 37 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................................................................................... Tabela 38 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ..................................................................................... Tabela 39 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ............................................................. Tabela 40 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos............................................. Tabela 41 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ..... Tabela 42 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... Tabela 43 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ...................................................................... Tabela 44 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................................................................... x Tabela 45 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................... Tabela 46 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. .................................................... Tabela 47 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ....................................... Tabela 48 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ................... Tabela 49 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. .......................................................................................................... Tabela 50 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. .... Tabela 51 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ......................................................................... Tabela 52 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ..................................................................... Tabela 53 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ......................................................................... Tabela 54 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ............................ xi Tabela 55 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ....................... Tabela 56 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. ............................................................................................................ Tabela 57 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. .......................................................................... Tabela 58 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. .............................................................. Tabela 59 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............... Tabela 60 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. .................................................................................................... Tabela 61 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............................................................................... Tabela 62 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................... Tabela 63 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ... Tabela 64 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................................................................................... xii Tabela 65 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ..................................................................................... Tabela 66 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ............................................................. Tabela 67 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos............................................. Tabela 68 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ..... Tabela 69 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... Tabela 70 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ...................................................................... Tabela 71 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................................................................... Tabela 72 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................... Tabela 73 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. .................................................... Tabela 74 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ....................................... xiii Tabela 75 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ................... Tabela 76 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. .......................................................................................................... Tabela 77 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. .... Tabela 78 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ......................................................................... Tabela 79 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ..................................................................... Tabela 80 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ......................................................................... Tabela 81 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ............................ Tabela 82 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ....................... Tabela 83 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. ............................................................................................................ Tabela 84 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. .......................................................................... xiv Tabela 85 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. .............................................................. Tabela 86 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............... Tabela 87 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. .................................................................................................... Tabela 88 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............................................................................... Tabela 89 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................... Tabela 90 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ... Tabela 91 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. ....................................................................................... Tabela 92 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ..................................................................................... Tabela 93 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ............................................................. Tabela 94 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos............................................. Tabela 95 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ..... xv Tabela 96 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... Tabela 97 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ...................................................................... Tabela 98 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................................................................... Tabela 99 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. ......................................................... Tabela 100 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. .................................................... Tabela 101 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ....................................... Tabela 102 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. ................... Tabela 103 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. .......................................................................................................... Tabela 104 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. .... Tabela 105 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ......................................................................... xvi Tabela 106 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. ..................................................................... Tabela 107 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ......................................................................... Tabela 108 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ............................ Tabela 109 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. ....................... Tabela 110 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. ............................................................................................................ Tabela 111 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. .......................................................................... Tabela 112 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. .............................................................. Tabela 113 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............... Tabela 114 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. .................................................................................................... Tabela 115 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. ............................................................................... xvii Tabela 116 - Resultado da Prova de Friedman Referente à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para a Intensidade da Dor. Tabela 117 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. ................................................ Tabela 118 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... Tabela 119 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para o Estado e o Traço de Ansiedade. .......................................................................................... Tabela 120 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. ............................................................. Tabela 121 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores entre os Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. .......................... Tabela 122 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. ......................................................................................................... Tabela 123 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para a Depressão. .... Tabela 124 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Estratégias de Coping da Dor. ............................................................................................. Tabela 125 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor. ............................................ xviii Tabela 126 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. .............................................................................................. Tabela 127 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Sintomas Psiquiátricos. .................................................................................................... Tabela 128 - Resultado da Prova deFriedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para a Intensidade da Dor. ... Tabela 129 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. .................................................................. Tabela 130 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. ....................................................................................... Tabela 131 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para o Estado e o Traço de Ansiedade. .......................................................................................... Tabela 132 - Resultado da Prova de Friedman Referente à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para a Depressão......... Tabela 133 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. .................................................................................................. Tabela 134 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. .............................................................. Tabela 135 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. ...................................................... xix Tabela 136- Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. ............................................................................................................. Tabela 137 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Auto-Afirmações de Coping. ............................................... Tabela 138 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Auto-Afirmações de Coping. ........................................ Tabela 139- Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Auto-Afirmações de Coping........................................................................................................... Tabela 140 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. .................................................................... Tabela 141 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. ............................................................. Tabela 142 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. ... Tabela 143 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor. ............................................ Tabela 144 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. ........................................................................................ Tabela 145 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. .................................................................................................... xx RESUMO PORTNOI, A. G. Dor, Stress e Coping: Grupos Operativos em Doentes com Síndrome de Fibromialgia. São Paulo, 1999. 256p. Tese (Doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. Neste estudo, 23 mulheres com síndrome de fibromialgia, diagnosticadas pelos critérios do ACR e medicadas com antidepressivos tricíclicos e analgésicos, foram divididas em dois grupos. O grupo de tratamento (n=12) participou de 8 sessões de grupos operativos centrados no coping do stress da dor, e o grupo não tratado (n=11) compareceu ao hospital apenas para preenchimento dos questionários. Ambos os grupos foram avaliados no início da pesquisa, e 9, 12 e 16 semanas depois da primeira avaliação. Foram avaliadas a intensidade e características da dor, o estado e traço de ansiedade, a depressão, as estratégias de coping da dor, o locus de controle e os sintomas psiquiátricos das doentes. Durante o processo terapêutico, o grupo tratado passou a utilizar as sensações dolorosas como referenciais do coping voltado para as situações, e as percepções de ansiedade, como referenciais do coping voltado para as emoções, resultando num aumento significante das sensações dolorosas e do estado de ansiedade. O grupo não tratado, alterou de maneira significante a freqüência das estratégias de coping avaliadas, como uma forma de controle das expectativas criadas pelos períodos de espera e pela participação na pesquisa. Os grupos operativos se mostraram adequados para promover o aumento dos recursos cognitivos de coping e para possibilitar a criação e execução de estratégias de coping do stress da dor. Seus efeitos puderam ser observados nos componentes sensório-discriminativos e afetivo-motivacionais da dor, de onde se originaram os principais recursos de coping. Entretanto, não foram observadas mudanças nos componentes cognitivos-avaliativos da dor, devido à limitação dos instrumentos utilizados e a dificuldade de detectar mudanças de curto prazo nas variáveis avaliadas. As mudanças significantes apresentadas pelos grupos foram iniciais e pouco suficientes para discriminá-los em curto prazo, entretanto, tais mudanças devem tornar-se mais consistentes e evidentes, a médio e longo prazo. Para tornar a intervenção mais efetiva, recomenda-se o aumento do número de sessões e sua utilização em conjunto com outras intervenções. xxi ABSTRACT PORTNOI, A. G. Pain, Stress and Coping: Brief Group Psychotherapy in Fibromyalgia Syndrome Patients. São Paulo, 1999. 251p. Doctoral Thesis. Psychology Institute, São Paulo University. Twenty three women with fibromyalgia syndrome diagnosed accordingly the ACR criteria and medicated with triciclic antidepressants and analgesics, were divided in two groups. One group of patients underwent 8 sessions of brief group psychotherapy centered in pain stress coping, the control group filled the questionnaires as was the experimental group patients. All patients were evaluated at the beginning of the research and at 9th, 12th and 16th weeks after the first evaluation. Pain intensity, pain characteristics, state and trait anxiety, depression, pain coping strategies, locus of control and patient‟s psychiatric symptoms, were assessed. During the therapeutic process, the treated group has started the use of pain sensations as a reference in problem-focused pain coping strategies and perceived anxiety as a reference in emotion-focused strategies, which resulted in a significant increase in pain sensations as well as in anxiety state. The control group, changed de frequency of pain coping strategies in an attempt to control the expectations created due the waiting period and due the research participation. The brief group psychotherapy was adequate in promoting the increase of cognitive coping resources allowing creation and performance of pain stress coping strategies. Its effects were evident in sensory-discriminative and affective-motivational pain components, from which most important coping resources were developed. Nevertheless, no significant change in cognitiveevaluative pain components were observed in the treated group, due to the limitations of instruments used, and to the difficulties in detecting short term changes in the variables evaluated. The significant changes observed between the groups were early and poorly sufficient to discriminate between them in a short term. However these changes should become more consistent and evident after a medium and a long term. To make the psychological intervention more effective, it is recommended to increase de number of sessions and to use it in association with other interventions. xxii INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO A dor acompanha a humanidade desde o seu início. Paixão da alma para Platão e Aristóteles e fenômeno sensorial para Descartes, às portas do terceiro milênio, a dor passou a ser examinada sob o prisma da interação sensorial, e considerada através de componentes sensoriais, afetivos e cognitivos. Não obstante os progressos na área, ainda restam vários enigmas a serem desvendados, entre eles, o da síndrome de fibromialgia, onde a dor se constitui na própria doença. Os fibromiálgicos sentem principalmente dor, mas não apresentam sinais físicos ou psíquicos consistentes que esclareçam sua origem. Seus sintomas que incluem fadiga muscular, rigidez matinal e distúrbios de sono entre outros, interferem e perturbam a vida cotidiana dos doentes. As limitações impostas pelos sintomas e a falta de informações sobre a doença, são potencializadas pela condição de cronicidade, resultando numa situação indefinida e ambígua, que gera uma série de conflitos para o doente. A partir de então, se inicia um novo sofrimento que transcende o da própria dor: o sofrimento causado pelo stress1 decorrente da doença. Os tratamentos atuais da síndrome de fibromialgia são essencialmente paliativos. Intervenções farmacológicas, físicas e psicológicas colaboram com o bem-estar geral dos doentes, mas não são completamente efetivas com relação ao seu principal problema que é a dor crônica. Enquanto não houver avanços nos conhecimentos sobre a etiologia da doença, os objetivos destas intervenções se orientam mais para a prevenção e tratamento de suas conseqüências. Dentre as diferentes abordagens psicoterapêuticas que vem sendo pesquisadas e utilizadas no tratamento de doentes com dor crônica, a técnica 1 Em 1946, Hans Selye proferiu uma série de palestras no “Collège de France” em Paris, onde após uma série de discussões convencionou-se que a palavra “stress”, por ser intraduzível em outros idiomas, seria considerada universal. Neste trabalho será mantida a grafia inglesa do termo assim como em seus derivados no português: stressor, stressante, etc. (Selye, 1956, p.41). 1 de grupos operativos, foi escolhida porque seus aspectos teóricos e metodológicos foram considerados adequados às características da doença, da população e do contexto em que ocorreu a intervenção. Como objetivo terapêutico, foi escolhido o coping do stress decorrente da dor crônica, e dois grupos de doentes foram comparados, um tratado e outro não, para que se pudesse distinguir os efeitos da intervenção psicológica das variações características da doença. Para que se pudesse avaliar o efeito terapêutico da técnica, foram utilizados os registros das sessões grupais, cujo conteúdo permitiu a análise de alguns temas emergentes, passíveis de serem abordados em outras condições terapêuticas. Além disso, contou com informações obtidas através de questionários e inventários de avaliação de diferentes componentes da experiência dolorosa. Para completar tais informações, o “Coping Strategies Questionnaire” (Rosenstiel & Keefe, 1983), foi traduzido e adaptado para o Brasil, especialmente para a realização deste trabalho. Portanto, o conjunto formado pela análise dos temas emergentes e pelas informações obtidas através dos questionários e inventários, permitiu que, a comparação do grupo tratado ao não tratado, gerassem informações suficientes para constatar, em curto prazo, alguns dos efeito da técnica de grupos operativos sobre o coping do stress resultante da dor crônica. Este trabalho teve o privilégio de se desenvolver no seio do Centro Multidisciplinar de Dor da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas e FMUSP, onde atendimento, pesquisa, ensino e aprendizagem se complementam, e onde diferentes profissionais compartilham conhecimentos e experiências além do preceito ético básico de que o doente com dor é o verdadeiro e único especialista na sua dor. 2 2. A DOR 2. 1. História da Dor A compreensão do fenômeno doloroso sempre preocupou a humanidade. Conhecer a trajetória histórica das inúmeras tentativas para compor as peças deste complicado quebra-cabeças, permite refletir sobre as bases do conhecimento que culminaram nos conceitos e teorias modernos. Para os homens primitivos as doenças dolorosas ou causadas por objetos estranhos eram atribuídas a fluídos mágicos, demônios e espíritos, e seu tratamento resumia-se na retirada de possíveis objetos estranhos e no uso de amuletos, conjurações e feitiçarias para apaziguar ou afugentar os demônios que causavam a dor (Tainter, 19482 apud Bonica, 1990). A idéia de que o coração era o centro das sensações originou-se no antigo Egito, onde se acreditava que a dor era causada por influência dos deuses e dos espíritos dos mortos e onde uma rede de vasos chamada “metu” levava o sopro da vida e as sensações ao coração (Wreszinski, 19093 apud Bonica, 1990). Na Grécia antiga, Hipócrates postulou a existência de quatro humores: sangue, flegma, bile amarela e bile negra que, quando desequilibrados resultavam em dor (Keele, 19574 apud Bonica, 1990). Para Platão e Aristóteles, dor e prazer eram sensações opostas, residiam no coração e eram paixões da alma (Plato, 18855 apud Bonica, 1990; Aristotelis, 18776 apud Bonica, 1990). 2 TAINTER, M. L. Pain. Annals of New York Academy of Science, 51:3, 1948. 3 WRESZINSKI, W. Der Grosse Medizinische Payrys des Berliner Museums. Leipzig, Hinrichs, 1909. 4 KEELE, K. D. Anatomies of Pain. Oxford, Blackwell, 1957. 5 PLATO Phaedo. Edited with introduction and notes by W. D. Geddes. London, Macmillan, 1885. 6 Aristotelis de Anima Libri Tres. Ad interpretum Graecorum auctoritatem et codicum fidem recognovit commentariis ilustravit Fridr. Adolph. Trendelenburg, Berolini, sumptibus W. Weberi, 1877. 3 As idéias de Hipócrates foram disseminadas por todo o mundo então conhecido, especialmente em Alexandria, no Egito, quando a permissão da prática da dissecação permitiram a Herófilo e Erasistrato encontrarem evidências anatômicas de que o cérebro era parte do sistema nervoso e que possuía dois tipos de nervos: motores e sensitivos (Rey, 1995). Quatro séculos depois, na Roma antiga, estes conhecimentos abriram caminho para o trabalho de Galeno (século II), que estudou a fisiologia sensorial e reafirmou a importância do sistema nervoso central e periférico. Para Galeno a dor era um sinalizador da existência de alterações nos orgãos internos ou no ambiente externo e possuía, portanto, a função de alertar e proteger os seres vivos (Galen, 1854-67, apud Rey, 1995). A Idade Média foi dominada em parte pela filosofia aristotélica porém, principalmente, pelos ensinamentos de Galeno. A partir do século XII, o Cristianismo passou a influenciar de maneira ambígua a preocupação com relação à dor: por um lado a dor era vista como uma forma de provação divina que deveria ser estoicamente tolerada; por outro lado, a encarnação de Cristo e seus tormentos na cruz faziam com que as preocupações se voltassem para o sofrimento físico, tão bem registrado através dos trabalhos artísticos da época (Rey, 1995). Na Renascença, (século XVI), o pensamento científico seguiu os conceitos de Leonardo da Vinci sobre a anatomia e fisiologia das sensações: o centro de dor localizava-se no terceiro ventrículo do cérebro, os nervos eram considerados estruturas tubulares, a coluna espinal um condutor que transmitia as sensações ao cérebro, e a sensibilidade à dor era estritamente relacionada ao tato (Procacci & Maresca, 19848apud Bonica, 1990). 7 GALEN De l‟utilité des parties du corps humain, V, 9, In: ___ Euvres Anatomiques et Physiologiques et Médicales. French translation by Charles Daremberg, Baillière (Paris, 1854-6), 2 vols., I, pp. 361. 8 PROCACCI, P. & MARESCA, M. The pain concept in Western civilization: a historical review. In: BENEDETTI, C.; CHAPMAN, C.R. & MORICCA, G. (eds.) Advances in the Management of Pain: Advances in Pain Research and Therapy. New York, Raven Press, 1984. 4 Na Idade Clássica (século XVII) a medicina aderiu ao mecanicismo e passou a ver o corpo humano como uma máquina complexa (Rey, 1995). Descartes (1596-1650) seguiu a filosofia galênica e considerou os nervos como tubos contendo um grande número de finos filamentos que formavam sua medula e conectavam a substância própria do cérebro com as terminações nervosas na pele e em outros tecidos. Os estímulos sensoriais eram transmitidos ao cérebro através desses filamentos9 (Descartes, 1664, apud Bonica, 1990). Durante o Iluminismo, na metade final do século XVIII, os principais manuais de medicina continham os trabalhos de Hipócrates e Aristóteles; portanto, a idéia de que o coração era o centro das sensações continuou, paralela à teoria de que o cérebro era o centro da percepção sensorial (Bonica, 1990). A medicina porém, começou a se basear na observação, o que permitiu a compreensão de como as sensações eram produzidas e transmitidas. As tentativas de definição e mensuração da sensibilidade fizeram com que a dor passasse a ser vista como sinal de alarme, e o interesse voltou-se para os tipos de dor, sua localização, avaliação, mecanismos e também para os relatos dos doentes (Rey, 1995). No início do século XIX, os textos médicos davam grande atenção à relação entre “dor física” e “dor mental”, entretanto os avanços na neuropatologia e medicina experimental geraram grande quantidade de fatos sobre as características da sensibilidade à dor. O interesse pelos aspectos concretos da dor e o seu valor semiológico foi conseqüência do desenvolvimento clínico, que precedeu o importante período de medicina experimental. O pensamento dominante, ao longo de todo o século, permaneceu dentro da estrutura geral da “teoria da especificidade” (Rey, 1995). Os ensinamentos de Aristóteles e Galeno permaneceram ao longo da história. A sede das sensações porém, passou do coração ao cérebro, e a relação entre dor física e sofrimento psíquico vem sendo estudada ainda hoje. 9 DESCARTES, R. L‟Homme. Paris, ed. Angot, 1664. 5 A partir do final do século XIX e ao longo do século XX, uma série de teorias foram propostas, na tentativa de elucidar os mecanismos e integrar as diversas facetas do fenômeno doloroso. 2. 2. Teorias Explicativas sobre a Dor Teorias são, essencialmente, tentativas de solucionar um problema. O conhecimento adquirido sobre os mecanismos da dor representa um conjunto de informações, cujas inter-relações dinâmicas ainda estão por ser estabelecidas integralmente. Ao final do século XIX, duas teorias sobre os mecanismos fisiológicos da dor já haviam sido sugeridas: a teoria da especificidade e a teoria da intensidade. A teoria da especificidade propunha que um sistema especializado de transmissão carregaria mensagens dos receptores de dor na pele até um centro de dor no cérebro. A dor seria uma sensação específica, com uma aparelhagem sensorial própria e independente dos outros sentidos, o que implicava na existência de uma relação direta e invariável entre o estímulo físico e a sensação percebida pelo indivíduo; portanto, a intensidade da dor seria proporcional à extensão do dano tecidual. Apesar dos inúmeros avanços que esta teoria permitiu, a possibilidade de um sistema nervoso funcionando através de vias diretas e fixas, sugeria que toda a tarefa de interpretação do estímulo ocorresse inteiramente ao nível do receptor. Esta teoria não previa que as fibras nociceptivas fossem capazes de modular a transmissão da dor e negava a influência das variáveis psicológicas na dor (Melzack & Wall, 1965; Bonica, 1990; Melzack & Wall, 1991; Horn & Munafò, 1997). A teoria da intensidade sugeria que todo estímulo sensorial seria capaz de produzir dor, uma vez que alcançasse intensidade suficiente. A informação sensorial periférica seria acumulada no corno dorsal, e a mensagem dolorosa só seria transmitida para o cérebro se o nível de estimulação excedesse um determinado limiar, haveria portanto especialização e não especificidade (Bonica, 1990). 6 Uma terceira teoria, não fisiológica, também foi proposta: segundo a teoria afetiva, a dor não possuía apenas uma qualidade sensorial mas também uma qualidade afetiva, que influenciava todos os eventos sensoriais e conduzia o indivíduo à ação. O desenvolvimento tecnológico do século XX enfatizou o conceito de dor enquanto sensação, relegando os processos afetivos e motivacionais a um segundo plano. A interação entre estes sistemas, entretanto, é evidente (Melzack & Wall, 1991). No final do século XIX as teorias sobre a natureza da dor representavam conceitos conflitantes, sendo que a oposição entre a teoria da especificidade, a mais dominante, e a da intensidade se estendeu pela primeira metade do século XX, gerando novas teorias. Teoria do padrão foi o nome geral de uma série de teorias cujos conceitos se iniciaram no século XVIII e se consolidaram no século XIX, as quais, basicamente, sugeriam que todas as terminações nervosas livres eram semelhantes e não específicas, e consideravam a dor como resultante da excessiva estimulação periférica, o que produziria um padrão temporal e espacial de impulsos nervosos, interpretado no cérebro como dor. Estas teorias ignoravam as evidências sobre o alto grau de especialização das fibras receptoras (Melzack & Wall, 1965; Bonica, 1990; Melzack & Wall, 1991; Horn & Munafò, 1997). A teoria da interação sensorial baseava-se na existência de dois sistemas de transmissão da dor: (a) um sistema lento de fibras não mielinizadas e fibras mielinizadas de pequeno calibre, responsável pela condução dos impulsos nervosos de dor, e (b) um sistema rápido de fibras mielinizadas de grande calibre, responsável pela inibição da transmissão da dor. Sob condições patológicas, o sistema lento prevaleceria sobre o rápido, resultando em hiperalgesia (Melzack & Wall, 1965; Bonica, 1990; Melzack & Wall, 1991). Cada uma das teorias produzidas até meados do século XX, gerou informações essenciais para a elucidação do fenômeno doloroso, entretanto, tal como peças isoladas de um quebra-cabeças, não integravam todos os diversos 7 aspectos envolvidos. Foi a partir de 1965, com a criação da teoria da comporta de controle da dor, proposta por Ronald Melzack, um psicólogo e Patrick Wall, um fisiologista, que estas peças começaram a se encaixar, por que a nova teoria passou a levar em consideração todas as evidências sobre especialização fisiológica, somação central, padronização e modulação dos impulsos, assim como a influência dos fatores psicológicos (Bonica, 1990; Horn & Munafò, 1997). A teoria da comporta de controle da dor propôs que os mecanismos neuronais no corno dorsal da medula espinal atuassem como uma comporta, capaz de aumentar ou diminuir o fluxo de impulsos nervosos que vinham das fibras periféricas e se projetavam para o cérebro. Todas as informações somáticas estariam sujeitas à modulação da comporta, antes que pudessem evocar a percepção e resposta à dor. Os componentes da comporta de controle da dor eram as fibras de grande e pequeno calibre, que se projetavam na substância gelatinosa, responsável pela modulação da transmissão central dos impulsos; as células T que se encontravam na substância gelatinosa e que responderiam pela transmissão de aspectos sensoriais e emocionais da dor; e, as estruturas cerebrais, onde o estímulo doloroso seria processado. O funcionamento da comporta seria influenciado, entre outros, pelos impulsos transmitidos pelas fibras de grande calibre que, ao se projetarem para a substância gelatinosa inibiriam a atividade das células T, isto é, elas “fechariam a comporta” para a dor. Os impulsos transmitidos pelas fibras de pequeno calibre, mielinizadas e não mielinizadas, inibiriam a modulação e ativariam as células T, “abrindo a comporta” e permitindo a transmissão da dor. Os processos do sistema nervoso central também atuariam transmitindo mensagens inibitórias à medula espinal. A falta de argumentos clínicos, anatômicos e fisiológicos que subsidiassem a teoria da comporta para o controle da dor, não implicou no comprometimento de seu valor; pelo contrário, a teoria da comporta forneceu 8 bases conceituais e eletrofisiológicas, que constituíram elementos fundamentais para a construção do conceito de interação sensorial, segundo o qual, diferentes unidades do sistema nervoso interagem entre si, com a finalidade de integrar informações sensoriais, relacioná-las a experiências prévias e gerar comportamentos adaptados e mais adequados ao relacionamento do organismo com seus ambientes exteriores e interiores. Esta teoria conflui com o conceito de operação integrada do sistema nervoso como unidade, o que justificaria o fato do medo e a ansiedade evocadas pela dor alimentarem e manterem as anormalidades funcionais que afloram, magnificam ou modificam as várias dimensões das experiências sensoriais10. Nas palavras dos autores, “virtualmente todas as estruturas cerebrais possuem um papel na dor, mesmo atividades cerebrais aparentemente não relacionadas à dor, tais como visão, audição e pensamento são importantes (...) tudo contribui para a dor” (Melzack & Wall, 1991, p.163). 2. 3. Fisiologia da Dor 2. 3. 1. A ativação dos nociceptores A dor geralmente se inicia através de um estímulo nocivo11 que, ao atingir os tecidos, provoca a liberação de substâncias químicas denominadas algiogênicas12. Tais substâncias ativam receptores sensoriais especializados, os nociceptores, que se encontram nas terminações livres de fibras nervosas localizadas nas estruturas superficiais e profundas do organismo (Teixeira & Pimenta, 1994). Comunicação pessoal do Dr. Manoel Jacobsen Teixeira à autora do trabalho, em janeiro de 1999. 10 Considera-se estímulo nocivo o estímulo químico, térmico e/ou mecânico de intensidade e/ou duração suficientes para sensibilizar os nociceptores. 11 Destacam-se entre estas substâncias a acetilcolina, as prostaglandinas, a histamina, a serotonina, a bradicinina, o leucotrieno, a substância P, a tromboxana, o fator de ativação plaquetário, os radicais ácidos e os íons potássio (Teixeira, 1994). 12 9 As substâncias algiogênicas, ao ativar os nociceptores, promovem a despolarização das membranas nervosas, desencadeando potenciais de ação e a geração de impulsos elétricos nas fibras nociceptivas (Puntillo, 1988; Jessell & Kelly, 1991). A sensação dolorosa é, portanto, desencadeada quimicamente e transmitida sob a forma de impulsos elétricos, que trafegam ao longo das fibras nervosas até a medula espinal (Peschanski, 1987). 2. 3. 2. Dos nociceptores à medula espinal Os impulsos nervosos são transmitidos para a medula espinal através de três tipos de fibras nervosas: as fibras A-beta, de grande diâmetro e mielinizadas, que conduzem rapidamente o estímulo doloroso; as fibras A-delta (pequenas e mielinizadas) e as fibras C (pequenas e não mielinizadas), que são responsáveis pela condução lenta do estímulo doloroso (Brandão, 1991; Melzack & Wall, 1991). 2. 3. 3. Mecanismos na medula espinal Para descrever de maneira sintética os mecanismos que ocorrem na medula espinal é necessária uma breve descrição de sua constituição anatômica e fisiológica. A medula espinal se constitui de uma sucessão de segmentos, cada qual responsável pela recepção de informações sensitivas e pelo controle da atividade motora de setores periféricos específicos. Um corte transversal da medula revelará um canal central e duas zonas concêntricas: a substância cinzenta e a substância branca. As células da substância cinzenta se dispõem como as asas de uma borboleta que, de acordo com sua orientação, são denominadas de corno dorsal e corno ventral. Ao redor da substância cinzenta, a substância branca consiste de fibras que se agrupam em grandes feixes, ascendentes e descendentes, através dos quais mensagens chegam e partem da medula e do cérebro (Peschanski, 1987; Melzack & Wall, 1991). As células da medula espinal encontram-se dispostas em camadas ou lâminas na direção dorso ventral, e foram numeradas de I a X, sendo que o corno dorsal contém as lâminas de I a VI. As fibras nervosas que conduzem os impulsos 10 nociceptivos penetram na medula espinal pela raiz posterior do corno dorsal e os transmitem para a medula espinal (Peschanski, 1987; Melzack & Wall, 1991). 2. 3. 4. Da medula ao cérebro Na medula, parte destes impulsos nervosos irá primeiro passar por uma região denominada substância gelatinosa (lâminas II e III), e é na passagem das fibras sensoriais desta região para os neurônios ascendentes da medula espinal, que estes impulsos poderão ser modulados (op. cit.). Uma vez transmitidos para os neurônios da medula espinal, os impulsos nervosos serão projetados para o cérebro ao longo de fibras nervosas. Algumas destas fibras continuam para o tálamo, formando o trato espinotalâmico, a maioria porém, penetra na camada central da parte mais baixa do cérebro, chamada de formação reticular, formando o trato espinorreticular. A formação reticular possui sistemas altamente especializados e dela se originam uma série de diferentes rotas, por onde os impulsos nervosos serão transmitidos para o sistema límbico e para o córtex (op. cit.). 2. 3. 5. Mecanismos cerebrais: a percepção da dor Até agora, tratou-se da transmissão dos impulsos nervosos evocados pela ativação de receptores sensoriais especializados que fornecem informações sobre dano tecidual. A partir do momento em que estes impulsos chegam ao cérebro é que podem passar a ser classificados como dor, uma vez que nem todos os estímulos nocivos que ativam os nociceptores são experimentados como tal. A dor, propriamente dita, é a percepção de uma sensação aversiva ou desagradável, proveniente de alguma região do corpo. Esta percepção se dá a partir da abstração e elaboração de informações sensoriais, que envolvem processos subjetivos. A identificação, atribuição de significado e reação à dor dependem de fatores ambientais, culturais, históricos e pessoais de cada indivíduo (Jessell & Kelly, 1991). 11 Portanto, embora a percepção de dano físico e a sensação de dor estejam relacionadas, o conteúdo proposto pela percepção não é necessariamente idêntico ao proposto em termos de sensação (Hall, 1989). 2. 3. 6. Modulação da Dor As informações codificadas sobre os estímulos nociceptivos são transmitidas desde os tecidos periféricos até as estruturas cerebrais. Entretanto, ao longo do trajeto, seu conteúdo sofre a influência de mecanismos moduladores, capazes de influenciar a qualidade e intensidade da experiência dolorosa. Estes mecanismos constituem o sistema supressor de dor. A cada sinapse das fibras pelas quais transitam, os impulsos nervosos estão sujeitos à modulação. Na medula espinal, as mensagens transmitidas pelas fibras que convergem para o corno dorsal são “filtradas” pela substância gelatinosa. Na formação reticular, as informações que provêm de diferentes áreas do corpo somam-se e interagem. Nos diversos centros cerebrais (tálamo, sistema límbico e córtex) as informações são processadas e transitam por fibras ascendentes e descendentes, que as modulam continuamente, facilitando o fluxo de algumas e inibindo o de outras (Melzack & Wall, 1991). A presença de receptores de morfina nas estruturas do sistema nervoso central (SNC), por onde as informações nociceptivas transitam, demonstrou a existência do sistema opióide endógeno, responsável pela produção de substâncias bioquímicas (endorfinas) cuja ação assemelha-se à da morfina. A ativação desse sistema é influenciada por fatores socioculturais, cognitivos e emocionais, que podem atenuar ou ampliar a dor percebida (Teixeira, 1994). Em síntese, a ocorrência da dor resulta do desequilíbrio entre a quantidade e a qualidade da estimulação nociceptiva e a ativação do sistema supressor de dor (op. cit.). Foi apenas a partir da teoria da comporta de controle da dor e do esclarecimento sobre seus mecanismos fisiológicos de transmissão e 12 modulação, que foi possível produzir um conceito de dor suficientemente abrangente para incluir todos os avanços conquistados. 2. 4. Conceitos de Dor 2. 4. 1. Definição A dor foi conceituada pela “International Association for the Study of Pain” (IASP) em 1979, como: “...uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesões reais ou potenciais, ou descrita em termos de tais lesões. (...) A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências prévias, relacionadas a danos” (Merskey, 1991).13 Nessa concepção, a dor é considerada um fenômeno multifatorial, cuja sensação e percepção irão variar individualmente, de acordo com a influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais. A inclusão desses fatores demonstra a impossibilidade de uma relação direta e proporcional entre dor e lesão tecidual. Devido ao seu caráter essencialmente desagradável, a dor tem a função adaptativa de alarme, que obriga o indivíduo a evitar e a reconhecer objetos e situações que possam causá-la, prevenindo o agravamento ou surgimento de novas lesões. Além disso, as dores que provém de doenças ou lesões, induzem o indivíduo a diminuir o seu nível de atividade física, evitando um agravamento do mal e permitindo a ação de recursos naturais de cura do organismo (Melzack & Wall, 1991). No original em inglês: “An unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential tissue damage, or described in terms of such damage. (...) Pain is always subjective. Each individual learns the application of the word through experiences related to injury in early life.” 13 13 2. 4. 2. A dor aguda Considera-se dor aguda aquela que, por seguir-se a lesões teciduais, tem função de alarme. Costuma ser acompanhada de alterações neurovegetativas e pode ser influenciada por fatores psicológicos, embora estes raramente tenham um papel primário na sua ocorrência. Como sua fisiopatologia, diagnóstico e controle são melhor conhecidos, costuma desaparecer após o tratamento correto do processo patológico (Teixeira & Pimenta, 1994). 2. 4. 3. A dor crônica Considera-se dor crônica aquela que persiste além do tempo razoável para a cura de uma lesão ou que está associada a processos patológicos crônicos, que causam dor contínua ou recorrente em intervalos de meses ou anos(Bonica, 1990). Na sua forma crônica, a dor deixa de ter a função biológica de alerta e freqüentemente dá origem a alterações fisiológicas (distúrbios do sono, apetite, etc.) emocionais (depressão, ansiedade, etc.); comportamentais (incapacitação física, dependência de terceiros, etc.) e sociais (conflitos familiares, problemas ocupacionais, econômicos e legais). Seu diagnóstico e tratamento são mais difíceis, quando comparados aos da dor aguda, e ela representa um dos mais onerosos problemas de saúde da sociedade (op. cit.) Os conhecimentos acumulados através da história, que culminaram na criação da teoria da comporta da dor e no esclarecimento dos processos fisiológicos envolvidos na sua transmissão e modulação, permitiram que o atual conceito de dor incluísse fatores sensoriais, emocionais, cognitivos, comportamentais e sociais. Hoje, a dor é considerada e pesquisada através de seus componentes sensório-discriminativos, afetivo-motivacionais e cognitivo-avaliativos, classificação proposta por Melzack & Torgerson (1971). A revisão da literatura deste trabalho irá examinar as características de tais componentes na síndrome de fibromialgia, uma doença que desafia o que até agora se conhece sobre dor. 14 3. A SÍNDROME DE FIBROMIALGIA 3. 1. Denominações, Definição e Classificação Existem referências aos sintomas da síndrome de fibromialgia na literatura desde meados do século passado. Foi porém a partir do início deste século e durante as seis décadas seguintes, que a doença recebeu a denominação de “fibrosite” (Gowers, 190414 apud Rachlin, 1993) e “síndrome de fibrosite” em referência a possíveis inflamações no tecido muscular (Yunus, Masi & Calabro, 1989). Com a falta de comprovação da condição inflamatória, estes termos foram substituídos pela palavra fibromialgia, que deriva do latim “fibro” (tecido fibroso como ligamentos, tendões ou fascias), e do grego “mio” (tecido muscular), “algos” (dor) e “ia” (condição) ou seja, condição de dor que emana de tendões, ligamentos e músculos. Como só pode ser reconhecida por um conjunto de sintomas e sinais, a denominação mais adequada é a de síndrome de fibromialgia15 (Rachlin, 1993; Fransen & Russell, 1996). Atualmente, a síndrome de fibromialgia é definida como uma forma de reumatismo não articular, caracterizada por dor músculo-esquelética generalizada, rigidez e dor à palpação em locais anatômicos, específicos e característicos, denominados pontos dolorosos (Smythe, 1979; Wolfe et al., 1990). A síndrome de fibromialgia pode ser classificada como primária, quando outras doenças ou condições não estão presentes; concomitante, quando GOWERS, W. R. Lumbago: Its lessons and analogues, British Medical Journal, v.1, p.117121, 1904. 14 Neste trabalho, os termos “fibromialgia” e “síndrome de fibromialgia” serão utilizados com o mesmo sentido. 15 15 coexiste com outras condições que, no entanto, são insuficientes para justificar os sintomas, ou secundária, quando se manifesta após uma outra doença de base. Entretanto, de acordo com o “American College of Rheumatology Classification Criteria for Fibromyalgia”, não existem diferenças significativas entre estes doentes. Por isso, esta classificação pode ser dispensada, para efeito de diagnóstico (Wolfe et al., 1990). 3. 2. Epidemiologia Embora possa ocorrer independente de idade, sexo, nível sócio econômico e cultura, as pesquisas sugerem que a fibromialgia ocorre no sexo feminino em torno de 73% a 89% das vezes, e tem maior incidência entre os 34 e 57 anos (McCain,1994). O primeiro estudo epidemiológico utilizando os critérios de classificação do “American College of Rheumatology” (ACR) foi realizado por Wolfe et al. (1995), para determinar a prevalência e características da fibromialgia na população geral acima de 18 anos. Após avaliarem 3.006 pessoas de uma cidade americana, constataram que a fibromialgia ocorre em cerca de 2% da população geral, e é mais freqüente em indivíduos mais idosos. Os traços característicos da fibromialgia, limiares de dor e sintomas se assemelham, tanto na comunidade como na população clínica; entretanto, a gravidade da dor e a incapacitação funcional são mais acentuadas na população clínica. Para calcular a incidência de fibromialgia entre mulheres norueguesas, Forseth, Gran & Husby (1997) avaliaram as queixas de dor de 2.498 mulheres entre 20 e 49 anos de idade, em 1990 e novamente em 1995. Das 717 mulheres sem dor, 194 passaram a queixar-se de dor e destas, 12 desenvolveram fibromialgia. Com base nesta amostragem, a incidência anual de fibromialgia nesta população foi calculada em 583 novos casos, em cada 100.000 mulheres. 16 3 . 3. Etiologia A etiologia da fibromialgia permanece obscura. Boa parte dos doentes não consegue identificar com segurança quaisquer eventos que possam ter iniciado seus sintomas; quando o fazem, referem-se a infecções virais, traumas físicos e/ou emocionais e mesmo a alterações no uso de certos medicamentos. Entretanto, nenhum destes fatores foi comprovado como responsável etiológico pela síndrome (Helfenstein, 1997). 3. 4. Fisiopatologia Apesar das várias pesquisas realizadas, ainda não surgiu nenhuma hipótese unificada que explicasse os mecanismos fisiopatológicos da síndrome de fibromialgia. Os resultados de testes laboratoriais de rotina, realizados com estes doentes costumam apresentar-se normais (Rachlin, 1993; McCain, 1994; Russell, 1997). Como a dor muscular costuma ser o principal sintoma da fibromialgia, muitas investigações concentraram-se no estudo de possíveis alterações musculares. Pesquisas histológicas, por microscopia óptica ou eletrônica em amostras de músculos destes doentes revelaram-se normais ou com alterações que não são específicas da doença. Os estudos sobre o metabolismo muscular não apresentaram anormalidades comprovadas, apesar de se constatar uma redução da oxigenação nos locais dos pontos dolorosos, o que, entretanto, pode ser resultante da falta de condicionamento físico, comum nestes doentes (Rachlin, 1993; Fransen & Russell, 1996). O descondicionamento físico tem um papel importante nos sintomas da síndrome por predisporem a microtraumas musculares, os quais também podem ter como conseqüência a dor e fadiga crônicas (Bennett, 1989). Em alguns doentes, a dor aguda que acompanha traumatismos diretos (acidentes) ou indiretos (lesões por esforços repetitivos e/ou postura inadequada) pode, 17 posteriormente, se transformar em dor generalizada e múltiplos pontos dolorosos (Littlejohn, 1989; Rachlin, 1993). O sono não restaurador é uma queixa extremamente comum em doentes com fibromialgia. Estudos de polisonografia revelaram um padrão anormal de ondas alfa (ondas de vigília), durante os estágios 3 e 4 do sono não-REM destes doentes, sendo que, quando este padrão é induzido em indivíduos saudáveis, provoca sintomas semelhantes aos da síndrome. Entretanto ainda não se sabe se esta alteração do sono possui um papel etiológico ou é uma conseqüência da dor crônica (Moldofsky et al., 1975; Moldofsky, 1989). Possíveis anormalidades nos mecanismos centrais de transmissão e modulação da dor poderiam esclarecer a presença de dor na fibromialgia. Um aumento na atividade dos neurotransmissores excitatórios, especialmente a substância P, ou uma deficiência nos neurotransmissores inibitórios, em especial a serotonina e a noradrenalina, poderia implicar na percepção alterada dos estímulos nociceptivos, tornando seu limiar mais baixo do que o normal. A deficiência na produção de serotonina também pode resultar na diminuição do sono não-REM (Rachlin, 1993; McCain,1994). É possível que o stress desempenhe um papel relevante na mediação e perpetuação dos sintomas da fibromialgia. Muitos doentes referem que os primeiros sintomas da síndrome surgiram após um período de stress crônico ou pós-traumático, outros relatam o agravamento dos sintomas durante períodos de stress físico e emocional. A vulnerabilidade ao desenvolvimento da fibromialgia poderia estar relacionada a alterações em receptores neurohormonais, o que tornaria determinante a influência de fatores genéticos, ambientais e hormonais. Alterações nas funções neuroendócrinas na fibromialgia podem estar relacionadas ao funcionamento anormal do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, e ao baixo nível de somatomedina C, que se reflete na secreção do hormônio de crescimento, cuja possível diminuição ocorreria devido ao fato de ser liberado durante o estágio 4 do sono (Pellegrino, Waylonis & Sommer., 1989; Yunus, 1992; Crofford & Demitrack,1996; Crofford et al., 1996). 18 Fatores psicológicos também parecem estar relacionados à síndrome de fibromialgia. Apesar da natureza desta relação ainda não ter sido elucidada, sabe-se que estes fatores influenciam os sistemas de percepção e modulação da dor, o que significa que a condição psicossocial dos doentes é capaz de influenciar, não apenas a gravidade dos sintomas, mas também o grau de incapacitação funcional. É mais provável porém, que as alterações psicológicas sejam conseqüências da dor crônica e que a presença de uma situação psicológica anormal não seja requisito para o desenvolvimento da síndrome (Clark et al., 1985; Rachlin, 1993). 3. 5. Sintomas e Sinais Embora seja uma doença crônica, a fibromialgia não é fatal. Seus sintomas se apresentam com períodos intermitentes de melhora e piora; tornam-se mais severos por alguns meses e depois se estabilizam, de forma que a incapacitação física, em diferentes graus, está sempre presente (Fransen & Russell, 1996). A dor, intensa ou moderada, é o sintoma mais proeminente da fibromialgia, e pode ser sentida dentro de músculos, ligamentos e tendões, em diferentes regiões: pescoço, ombros, braços, cotovelos, punhos, costas, nádegas, quadris, coxas, pernas, joelhos, tornozelos, pés e tórax anterior (op. cit.). A rigidez articular ocorre em 80% dos doentes e, assim como a dor, costuma ser, geralmente, pior pela manhã e no começo da noite. Também podem ser agravadas pelo excesso de atividade, frio, umidade, ansiedade e stress (Rachlin, 1993; Fransen & Russell, 1996). Fadiga generalizada é um dos grandes sintomas da fibromialgia, e ocorre em 85% dos doentes, que se queixam de falta de energia, diminuição da resistência para atividades físicas e exaustão semelhante à de estados gripais e falta de sono. A fadiga pode ser sentida durante todo o dia ou, assim como a dor e a rigidez, pode melhorar pela manhã e ser substituída 19 por um cansaço extenuante, à medida que o dia termina (Rachlin, 1993; Arthritis Foundation, 1997). As perturbações do sono ocorrem em aproximadamente 65% dos doentes e consistem em dificuldade para iniciar o sono, despertares freqüentes durante a noite, dificuldade para retornar a dormir, sono agitado e leve e despertar precoce (Rachlin, 1993; Fransen & Russell, 1996). Sintomas neurológicos são sentidos em média por 50% dos doentes e se traduzem por sensações de dormência e formigamento nos braços e pernas (parestesias) e pela sensação de inchaço nas mãos, pés e tornozelos (edemas). Os exames clínicos entretanto, não revelam sinais anatômicos ou neurológicos que comprovem as queixas (Rachlin, 1993). As cefaléias crônicas são sentidas por mais de 40% das pessoas com fibromialgia e costumam ser diárias, muitas vezes graves e freqüentemente relacionadas à tensão muscular (Fransen & Russell, 1996; Russel, 1997). Outros sintomas associados são: síndrome do colón irritável, cistite intersticial, dismenorréia primária, sensibilidade ao frio, perturbações de memória e concentração (Rachlin, 1993; Fransen & Russell, 1996). Os sinais clínicos mais importantes da fibromialgia são os pontos dolorosos, sensíveis à dor quando palpados, encontram-se espalhados pelo corpo e localizamse de maneira idêntica em todos os indivíduos com fibromialgia (ver figura 1). Outros sinais incluem dor na dobra cutânea e hiperemia cutânea (Rachlin, 1993). 3. 6. Diagnóstico Recentemente, o “Fibromyalgia Multicenter Criteria Committee”, trabalhando sob os auspícios do “American College of Rheumatology” (ACR) desenvolveu uma série de critérios, conhecidos como “American College of Rheumatology Classification Criteria for Fibromyalgia” que permitem que a fibromialgia possa ser diferenciada de outras síndromes dolorosas 20 músculo-esqueléticas crônicas, que também possuem causa indefinida (Wolfe et al., 1990). Os critérios de classificação do ACR são os seguintes: (a) História de dor generalizada, definida como a presença de dor nas seguintes localizações: lado esquerdo e direito do corpo; acima e abaixo da cintura, e pelo menos um local no esqueleto axial (cervical, tórax anterior, dorsalgia ou lombalgia). (b) Presença de no mínimo 11 dos 18 pontos dolorosos avaliados com uma pressão de aproximadamente 4kg, que em pesquisas se obtém com um aparelho chamado dolorímetro ou algômetro. Os 18 pontos dolorosos estão ilustrados na figura 1 e serão descritos a seguir: Occipital: na inserção do músculo suboccipital, bilateral. Trapézio: ponto médio da borda superior do trapézio, bilateral. Supraespinhoso: inserção do supraespinhoso acima do ângulo medial da espinha da escápula, bilateral. Coluna cervical baixa: face anterior do espaço intertransversos de C5-C7, bilateral. Segundo espaço intercostal: bordo superior na junção costocondral, bilateral. Epicôndilo lateral: dois centímetros distal do epicôndilo lateral, bilateral. Glúteo médio: quadrante superior externo do glúteo, bilateral. Grande trocânter: posterior à proeminência trocantérica, bilateral. Joelho: coxim gorduroso na interlinha articular medial, bilateral. Estes critérios tem uma especificidade de 81% e uma sensibilidade de 84% (Wolfe et al., 1990). O diagnóstico é eminentemente clínico, sendo que 21 exames complementares, bioquímicos, imunológicos e de imagem, geralmente se apresentam normais. Figura 1 - Localização dos pontos dolorosos para classificação da fibromialgia realizado pelo “American College of Rheumatology” (Wolfe et al., 1990). O diagnóstico de fibromialgia, em termos de classificação, é atribuído a todos os doentes que apresentarem dor difusa há pelo menos três meses e preencherem ambos os critérios de classificação. Além disso, deve-se lembrar que a presença de uma segunda anormalidade clínica não exclui o diagnóstico (Wolfe et al., 1990). 3. 7. Tratamento A ausência de uma fisiopatologia estabelecida torna difícil o controle do principal sintoma da fibromialgia que é dor contínua e sem remissão. Na tentativa de auxiliar estes doentes, diferentes estratégias terapêuticas, farmacológicas e não farmacológicas, tem sido propostas. Segundo McCain (1994) apenas 50% dos doentes respondem às intervenções conhecidas sendo que, até agora, nenhuma delas se estabeleceu como definitiva. Isso significa que, ao longo do curso natural da doença, existe uma grande probabilidade de que estes doentes 22 venham a experimentar diferentes abordagens terapêuticas sem garantia de sucesso ou com sucesso limitado. 3. 7. 1. Tratamentos farmacológicos Segundo estudos controlados, dentre os diversos medicamentos pesquisados, os antidepressivos tricíclicos tem se mostrado como a medicação mais efetiva no controle dos sintomas da síndrome de fibromialgia. Prescritos em doses muito menores do que as utilizadas no tratamento da depressão maior, seu efeito analgésico independe das mudanças de humor. Sua ação ocorre sobre os mecanismos de recaptação de serotonina e de produção e liberação de opióides endógenos, atuando sobre a dor crônica e promovendo o prolongamento dos estágios 3 e 4 do sono não-REM. Sua associação a determinados analgésicos potencializa seus efeitos sobre os sintomas de dor, rigidez e perturbações do sono (Goldenberg, 1993; Arthritis Foundation, 1997). Em curto prazo, porém, seu efeito é variável e pode produzir sintomas colaterais tais como sonolência diurna, constipação, boca seca e aumento do apetite, o que pode limitar sua utilização (Kazyiama & Furlan, 1996). Seus benefícios em longo prazo não tem se mostrado promissores: em pesquisas clínicas com até três meses de duração, apenas 25-35% dos doentes tem apresentado respostas clínicas significativas e apenas 60-70% tem completado as pesquisas; em pesquisas com até 1 ano de duração, a maioria dos doentes referem que estes remédios perdem parte de sua eficácia, e após 3 anos, cerca de dois terços dos doentes continua a relatar dor moderada ou persistente apesar do uso das medicações (Goldenberg, 1989b; 1993). 3. 7. 2. Tratamentos não farmacológicos As terapias físicas e as psicológicas, destacam-se entre as modalidades terapêuticas não farmacológicas estudadas e aplicadas no controle da dor da síndrome de fibromialgia. 23 As terapias físicas mais utilizadas nestes doentes tem sido o condicionamento físico, a acupuntura, a eletroestimulação transcutânea, as infiltrações nos pontos dolorosos, a cinesioterapia, etc. (Goldenberg, 1993; Rachlin, 1994). Algumas das pesquisas que utilizam estes métodos apresentam resultados aparentemente promissores, outras são inconclusivas, entretanto, a maioria enfrenta problemas metodológicos, tais como a falta de controle, a diversidade das medidas de avaliação dos resultados, a ausência de acompanhamentos de longo prazo e a pouca atenção dada aos indivíduos que não completaram os procedimentos (White & Harth, 1996). Os estudos envolvendo terapias psicológicas apresentam problemas metodológicos semelhantes aos das terapias físicas. Existe grande dificuldade em estabelecer indivíduos ou grupos controle, condição indispensável para minimizar o risco de que os resultados se relacionem às flutuações características da doença e não devido ao tratamento. Além disso, por se tratarem de intervenções que atuam, principalmente, sobre variáveis subjetivas, implicam em dificuldades de avaliação dos resultados com relação aos sintomas da doença. Devido às características da síndrome de fibromialgia e à limitação de conhecimentos disponíveis, os tratamentos em geral tendem a ser mais paliativos do que curativos. Da mesma forma, as terapias psicológicas também passam a ter por objetivo principal, não a eliminação da dor, mas sim a melhora do funcionamento do indivíduo, concentrando-se especialmente nos problemas gerados pela interação entre a cronicidade da doença e o stress dela resultante (Bennett, 1996). 24 4. O STRESS DA DOR NA FIBROMIALGIA 4. 1. Dimensão Biológica do Stress na Fibromialgia Embora exista a possibilidade de que o stress tenha um papel importante na etiologia da fibromialgia16, no presente trabalho ele será considerado como produto do impacto da doença no cotidiano do indivíduo, e como fator atuante na gravidade dos sintomas da síndrome. Stress é um processo adaptativo natural, que ocorre em todas as formas de vida, na medida em que viver implica num esforço contínuo de adaptação. Ele não é necessariamente patológico, passando a sê-lo apenas quando os esforços de adaptação exigidos por uma situação são maiores do que a capacidade do indivíduo para tal. O conceito de stress possui uma dimensão relacional ou transacional que leva em consideração as trocas adaptativas que ocorrem entre indivíduo e ambiente (Lazarus & Launier, 1978). A presença constante da dor interfere nestas trocas influenciando, de maneira direta ou indireta, na gravidade da doença e no bem estar geral do doente. Enquanto stressor poderoso, a dor pode resultar na ativação generalizada do organismo e causar uma série de mudanças fisiológicas não específicas (Flor & Turk, 1989). Esta ativação fisiológica caracteriza-se por uma série de alterações orgânicas, denominadas de reação de luta/fuga, consistindo em um conjunto de respostas fisiológicas automáticas, que preparam o indivíduo para enfrentar situações envolvendo perigo ou ameaça. Se o estímulo que provocou a ativação for de longa duração ou repetitivo, estimula respostas opostas e compensatórias, chamadas de adaptação, e que fazem parte da homeostase 16 Ver “ Fisiopatologia” em “A Síndrome de Fibromialgia” na p. 17. 25 orgânica, isto é, da tendência do organismo de manter um equilíbrio funcional, diante de alterações nas condições ambientais (Cannon, 1929; Sternbach, 1968). O mecanismo através do qual a ativação geral do organismo conduz a reações de adaptação é um dos componentes centrais do conceito de stress, que foi desenvolvido, a partir da década de 30, por Hans Selye, um endocrinologista austríaco radicado no Canadá. Segundo Selye, stress é "o denominador comum de todas as reações de adaptação do organismo", ou mais precisamente "o estado manifestado por uma síndrome específica, constituída por todas as alterações não-específicamente produzidas, num sistema biológico" (Selye, 1956, p.54). A ativação orgânica geral, provocada por um stressor, foi denominada por Selye de “Síndrome de Adaptação Geral” e se compõe de uma “fase de alarme”, que envolve o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, que funciona como uma ponte de comunicação entre o cérebro e o restante do organismo. As mensagens propiciadas pelos stressores são transmitidas ao tálamo, que envia sinais nervosos ao hipotálamo que, por sua vez, ativa a glândula pituitária, responsável pela liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na corrente sangüínea. O ACTH, ao atingir o córtex das glândulas supra-renais ativa a produção de corticóides, hormônios responsáveis pela preparação do organismo para as reações adaptativas (op. cit.). Os resultados deste processo podem ser constatados através da “tríade da reação de alarme” que se manifesta pela atrofia timolinfática, hipertrofia da medula das glândulas supra-renais e presença de úlceras pépticas no estômago e duodeno (op.cit.). Na “Síndrome de Adaptação Geral” as alterações psicofisiológicas se desenvolvem e se mantém como conseqüências da hiperexcitabilidade inespecífica do sistema nervoso autônomo. Em doentes com dor crônica, a hiperatividade fisiológica geral, que resulta da ativação simpática, pode levar ao desenvolvimento, exacerbação e manutenção de sintomas dolorosos, que 26 terão maior probabilidade de persistir se o indivíduo for exposto com freqüência a episódios de stress emocional, os quais, entre outras reações, induzem a contrações musculares prolongadas (Flor e Turk, 1989). A ativação geral do organismo é insuficiente para explicar respostas específicas de dor, sua localização e os sistemas afetados. A especificidade da resposta individual é essencial para o desenvolvimento das alterações psicofisiológicas, uma vez que implica na ativação freqüente do mesmo sistema e por conseqüência, no colapso de seu equilíbrio homeostático (op. cit.). A “Síndrome de Adaptação Geral” inclui, além da “fase de alarme”, a “Síndrome de Adaptação Local”, composta da “fase de resistência” e da “fase de exaustão”. Ambas descrevem os processos que poderão caracterizar a individualidade das respostas aos stressores (Selye, 1956). A “fase de resistência” envolve os esforços do organismo para restabelecer o equilíbrio inicial que, quando não é obtido, implica na alteração dos índices normais de atividade dos orgãos e sistemas envolvidos no processo adaptativo (distress), sendo então seguida pela “fase de exaustão”, onde os esforços de adaptação se voltam para orgãos internos, ocasionando sua exaustão seletiva e o possível surgimento de patologias orgânicas específicas (Vasconcellos, 1992). Nas Síndromes de Adaptação Geral e Local, cada fase apresenta processos e reações específicas, tanto em nível do organismo como da dimensão psicossocial. Na fase de alarme predominam os sintomas com características psicofisiológicas, na fase de resistência os de natureza psicossocial e, na fase de exaustão, se manifestam os sintomas específicos de uma patologia orgânica ou psíquica (op. cit.). Os sintomas da fibromialgia costumam se manifestar após a exposição a stressores agudos e/ou crônicos e, aparentemente, se exacerbam durante períodos de stress físico ou emocional. Doentes com fibromialgia exibem uma perturbação no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal única e diferente das respostas observadas em outras doenças, que podem ser precipitadas pela ação de stressores crônicos. Embora não se saibam ainda as possíveis implicações 27 destes distúrbios neuroendócrinos na etiologia da doença, estas anormalidades certamente influenciam as manifestações sintomáticas (Crofford, 1994). 4. 2. Dimensão Psicológica do Stress na Fibromialgia O stress resultante da dor crônica interfere no funcionamento psicológico do doente com fibromialgia, alterando seus estados emocionais, influenciando o processamento e avaliação de informações e limitando sua capacitação funcional. O stress psicológico de doentes com fibromialgia tende a derivar, em grande parte, dos pequenos eventos stressores cotidianos e está principalmente relacionado à incapacitação funcional (Uveges et al., 1990; Dailey et al., 1990). 4. 2. 1. Aspectos afetivos Os aspectos afetivos do stress estão relacionados a emoções primárias derivadas da reação de luta/fuga e denominadas de emoções de contenção: raiva, medo e suas combinações. Estas emoções indicam que uma situação foi percebida como stressora, e portanto são sinais confiáveis de stress psicológico (Arnold, 1957). A percepção da dor enquanto ameaça ao bem-estar e à integridade física do indivíduo, se impõe à consciência e representa um fator disruptivo e desorganizador do pensamento. As emoções relacionadas à dor têm o poder de concentrar e dirigir a atenção para a mobilização de recursos e ações defensivas, permitindo a atribuição imediata de significado biológico à experiência dolorosa e um rápido ajustamento homeostático a eventuais traumas teciduais (Chapman, 1995). A relação entre cognição e emoção é recíproca: muitas vezes a cognição fornece a base para as emoções, assim como muitas vezes as emoções sentidas por uma pessoa estão repletas de informação (Lazarus & Folkman, 1984). 28 As emoções mais pesquisadas na fibromialgia são a depressão, relacionada a avaliações cognitivas de danos e/ou perdas resultantes da condição, e a ansiedade, produzida por avaliações de ameaça e pelo medo antecipatório da dor. Em doentes com dor crônica a ansiedade e sintomas de stress costumam ocorrer principalmente em função da presença dos sintomas, independendo de sua gravidade (Portnoi, 1992). De maneira geral, depressão pode ser definida como “um estado de desânimo, caracterizado por sentimentos de inadequação, rebaixamento da atividade e pessimismo sobre o futuro” (Chaplin, 1985, p.122). Por possuírem conceitos negativos a respeito de si mesmos, do mundo externo e do futuro, indivíduos deprimidos produzem alterações duradouras na sua organização cognitiva. Estas alterações são responsáveis por vieses no processamento de informações, que influenciam a observação e interpretação dos eventos cotidianos, resultando, freqüentemente, em percepções distorcidas da realidade (Beck, 1979). A ansiedade pode ser definida como "um estado emocional caracterizado por sentimentos de tensão e apreensão, e por um aumento da atividade do sistema nervoso autônomo" que, quando dimensionada em estado e traço, leva em consideração fatores situacionais, emocionais e comportamentais. O estado de ansiedade é uma resposta a uma situação que foi percebida como ameaçadora e "cuja intensidade e duração são determinadas pela quantidade de ameaça percebida e pela persistência com que o indivíduo interpreta a situação como perigosa". O traço de ansiedade se refere à tendência a reagir diante de situações percebidas como ameaçadoras, com elevações no estado de ansiedade. Espera-se que indivíduos com traço de ansiedade aumentado apresentem também elevações mais freqüentes no estado de ansiedade (Spielberger, Gersuch & Lushene, 1972, p.30). 4. 2. 2. Aspectos cognitivos A dor interfere na capacidade de atenção, concentração e memória dos indivíduos. Doentes com fibromialgia queixam-se de dificuldades para recordar 29 eventos, processar informações e realizar tarefas. Ainda não está claro se esta perturbação de funções cognitivas resulta das perturbações de sono, da interferência da dor sobre os processos de pensamento ou mesmo dos vários medicamentos, ministrados para o alívio da dor (Russell, 1997). A dor interfere não apenas no funcionamento cognitivo, mas também no processamento de informações ou avaliação cognitiva. A avaliação cognitiva ocorre a partir dos julgamentos que o indivíduo faz sobre as demandas internas ou ambientais, de suas exigências e dos recursos disponíveis para controlá-las, dependendo portanto, de fatores pessoais e situacionais (Lazarus & Folkman, 1984). Embora o processo de avaliação cognitiva ocorra de maneira contínua, podem ser estabelecidas três etapas básicas: A avaliação primária refere-se ao reconhecimento da situação, em termos de importância para o bem estar do indivíduo, e a classifica em irrelevante, benigna ou stressora. Situações consideradas como potencialmente stressoras podem receber três possíveis avaliações: (a) avaliações de dano/perda julgam as conseqüências de um evento que já ocorreu; (b) avaliações de ameaça procuram antecipar a possibilidade de dano/perda, envolvida numa situação e, (c) avaliações de desafio, se referem à possibilidade potencial de que o resultado final de uma situação possa ser influenciado, no sentido da obtenção de vantagem ou lucro, ao invés de dano/perda (op. cit.). A avaliação secundária, também conhecida como avaliação de coping, diz respeito a tudo que o indivíduo pode fazer com relação à situação, em termos de recursos e opções disponíveis para controlá-la ou diminuir seus prejuízos reais ou potenciais. Esta avaliação baseia-se em informações acumuladas através de experiências prévias semelhantes e implica em considerações que envolvem as crenças do indivíduo sobre si mesmo e o ambiente, e sobre a disponibilidade de recursos pessoais e ambientais (op.cit.). Por fim, a reavaliação refere-se à modificação de julgamentos já realizados através da chegada de novas informações, provenientes do ambiente e/ ou das próprias reações do indivíduo (op.cit.). 30 A dor crônica é geralmente classificada como uma situação stressora que, devido à sua associação psicológica com o dano tecidual potencial ou real, envolve avaliações de ameaça imediata ou iminente e de prejuízo à integridade física do indivíduo. A esse respeito, pode-se considerar a experiência dos doentes com fibromialgia como dissociativa, uma vez que, apesar da dor ser contínua, a doença não parece ser progressiva ou degenerativa, isto é, não parece ameaçar a sobrevivência do indivíduo. Além disso, exames clínicos e laboratoriais não conseguem demonstrar a existência de danos ou prejuízos físicos concretos. A avaliação de coping da dor, ao menos inicialmente, tenta encontrar uma explicação para ela, e se possível, seu alívio imediato (Ciccone & Grzesiak, 1984). Como a etiologia da fibromialgia ainda não está estabelecida 17, os doentes conseguem obter apenas informações vagas e pouco claras, sendo que as diversas terapias disponíveis não são ainda completamente satisfatórias. A reavaliação depende essencialmente de informações e resultados obtidos nas etapas anteriores, e se estes forem ambíguos, infrutíferos ou inexistentes, como ocorre na fibromialgia, existe o risco de ocorrer um viés cognitivo. A ambigüidade ou inexistência de informações, a limitação dos tratamentos disponíveis e principalmente a continuidade dos sintomas, perturbam todo o processo de avaliação, chegando a produzir distorções cognitivas. Ser vítima de uma doença de origem e cura desconhecidas provoca sentimentos de vulnerabilidade e desamparo, que levam muitos fibromiálgicos a supor que sua doença seja muito mais séria do que realmente é, ou mesmo fatal. Isso contribui, entre outras coisas, para a limitação de sua capacidade funcional e pode influenciar a gravidade dos sintomas. 4. 2. 3. Aspectos comportamentais 17 Ver “Etiologia” em “A Síndrome de Fibromialgia” na p. 17. 31 Escapar ou evitar a dor é uma reação instintiva e parte essencial das respostas adaptativas de luta/fuga características em situações de dores agudas. Nas dores crônicas entretanto, o uso de tais comportamentos como tentativas de controle da dor, representa uma estratégia inadequada de coping que pode resultar, não apenas no aumento da incapacitação funcional, mas também no aumento da dor devido à falta de condicionamento físico (Philips, 1987). A limitação no funcionamento físico imposta pelos sintomas da fibromialgia, associada a comportamentos de evitação, são os principais componentes da incapacitação funcional característica da síndrome (Wolfe et al., 1997). O funcionamento físico se refere ao potencial orgânico de um organismo de desempenhar movimentos e outras funções. A capacitação funcional é essencial ao processo de adaptação à dor crônica, e se refere ao desempenho de tarefas cotidianas que, embora dependam do funcionamento físico, estão sujeitas ao uso de estratégias de coping cognitivo e comportamental para sua consecução. Doentes com fibromialgia se assemelham quanto ao funcionamento físico, entretanto, diferem entre si quanto à relação entre funcionamento físico e incapacitação funcional (Turk et al., 1996). Esta incapacitação funcional irá se refletir de maneira adversa no desempenho ocupacional destes doentes, dificultando a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas. A redução de horas de trabalho e a escolha de tarefas compatíveis são essenciais para atender à limitação da capacitação funcional de doentes com fibromialgia. Atividades repetitivas prolongadas, manutenção de qualquer posição por longos períodos de tempo e trabalhos muito stressantes não são bem tolerados pelos doentes, enquanto que ocupações levemente sedentárias que permitam tarefas variadas e mudanças de posição parecem ser melhor toleradas (Waylonis, Ronan & Gordon, 1994). 4. 3. Dimensão Social do Stress na Fibromialgia 32 Os sintomas da fibromialgia representam eventos stressores crônicos. A característica mais relevante dos eventos stressores, além de sua influência sobre o processo de avaliação cognitiva, é que representam mudanças de grandezas variadas na vida dos indivíduos e portanto sempre implicam em esforços de adaptação (Lazarus & Folkman, 1984). Os aspectos sociais do stress na síndrome de fibromialgia dizem respeito às pronunciadas mudanças que a doença causa no dia a dia dos doentes. Estas mudanças desestabilizam as relações familiares, restringem o contato social e provocam rupturas nos hábitos e rotinas cotidianos, cujas conseqüências tendem a se manter constantes ao longo do tempo, provavelmente devido à própria condição de cronicidade, que acaba por induzir os doentes a adaptar sua vida cotidiana às suas limitações (Henriksson, 1994). A família preenche necessidades biológicas, psicológicas e sociais do indivíduo e, por isso, é uma preciosa fonte de suporte social e um dos mais importantes recursos de coping. Entretanto, é também, com freqüência, uma fonte geradora de stress devido às exigências que faz em termos de responsabilidades, compromissos e desempenho de uma série de papéis (Croog, 1970). Em doentes com fibromialgia, a baixa coesão familiar contribui para a presença de distúrbios psicológicos, e a falta de atividades recreativas em família se relaciona ao aumento da incapacitação funcional (Nicassio & Radojevic, 1993). Assim como a família, as redes sociais também são importantes recursos de suporte social e bons indicadores do funcionamento social geral. As redes sociais de doentes com fibromialgia tendem a ser mais restritas do que as de outros doentes com dor crônica e costumam se caracterizar por um maior número de amigos mais íntimos, membros familiares e profissionais de saúde, do que as redes de pessoas saudáveis (Bolwijn et al., 1994; Bolwijn et al., 1996). 33 Na tentativa de explorar, analisar e descrever como mulheres com fibromialgia administravam sua vida cotidiana apesar das limitações impostas pela doença, Henriksson (1995a, 1995b) entrevistou mulheres americanas e suecas, e organizou seus dados ao redor de três aspectos principais: o confronto com a doença, suas conseqüências na vida cotidiana e as estratégias de coping utilizadas. O confronto com a doença revelou que, a contradição entre a percepção de doença e a falta de fatos e informações objetivas era muito stressante: as doentes se sentiam rejeitadas, incompreendidas e desacreditadas, o que prejudicava suas tentativas de lidar com a situação de maneira construtiva. Os longos períodos de avaliação médica provocavam ansiedade e o diagnóstico era recebido com alívio. A avaliação das conseqüências da doença, evidenciou a interrupção das rotinas cotidianas, os conflitos de papéis, a percepção da diminuição na capacidade de desempenho das atividades, a falta de condicionamento físico e a perda de oportunidades futuras. O estudo das estratégias de coping utilizadas na vida cotidiana, revelou que ambas as nacionalidades apresentavam estratégias semelhantes que incluíam mudanças de hábitos, de papéis e de estilo de vida, assim como considerações ergonômicas. Estas mudanças levavam tempo e exigiam um suporte contínuo do ambiente e dos profissionais de saúde. A convivência com os sintomas da fibromialgia pode tanto ser avaliada como um desafio que se renova a cada dia, ou como uma situação de perda irreparável. Mulheres com fibromialgia costumam descrever suas vidas como uma luta cotidiana pela manutenção do equilíbrio, que demanda a lembrança constante da condição de normalidade, a procura e obtenção de um diagnóstico, além de esforços contínuos para superar a doença. Muitas delas se cansam ou desistem deste processo, porém, ao longo do tempo, para a maioria delas, a doença deixa aos poucos de ser o foco principal e passa a fazer parte do pano de fundo de suas vidas (Schaefer, 1995). 34 REVISÃO DA LITERATURA 5. INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS NO CONTROLE DA DOR NA SÍNDROME DE FIBROMIALGIA Originalmente, duas grandes linhas de pensamento costumam orientar a maioria das intervenções psicológicas utilizadas em doentes com dor crônica: a psicanálise desenvolvidas e o behaviorismo, pelas terapias que fundamentam psicodinâmicas e as metodologias comportamentais, respectivamente. Recentemente, veio somar-se a estas tendências, uma série de conhecimentos sobre processos cognitivos que permitiram a criação de novas propostas de intervenção, tais como as terapias cognitivas, as cognitivocomportamentais, as intervenções educacionais, etc. 5. 1. Terapias Psicodinâmicas As terapias psicodinâmicas partem do pressuposto de que fatores inconscientes possam ter um papel preponderante na etiologia, manutenção e exacerbação da dor crônica. Engel (1959), um de seus principais precursores no campo da dor, considerou a possível existência de personalidades predisponentes à dor, uma vez que a dor é parte integrante de vários relacionamentos precoces que atuam no desenvolvimento da personalidade. Estas terapias se dirigem, principalmente, à análise e elaboração de pensamentos e sentimentos que se manifestam dentro do contexto terapêutico. Seus pressupostos básicos não só incluem, mas dão primazia à realidade do mundo interno do indivíduo, considerando as mudanças comportamentais como conseqüências da reorganização deste mundo interno. Seus métodos enfatizam a interpretação de conflitos, os insights e principalmente a natureza da relação 35 terapêutica, onde ocorrem trocas transferenciais e contra transferenciais (Grzesiak, Uri & Dwrkin, 1996). Suas abordagens permitem um alto grau de personalização o que as torna especialmente indicadas para doentes que não responderam bem a outras intervenções psicológicas. Por outro lado, esta mesma tendência à personalização dificulta seu uso em pesquisas, sendo que, a variabilidade de sua duração assim como outras características de seus métodos, desafiam sua operacionalização no contexto hospitalar. 5. 2. Terapias Comportamentais As terapias comportamentais partem do pressuposto que todas as respostas comportamentais abertas são significativamente influenciadas por suas conseqüências e pelo contexto no qual são emitidas. Aplicadas à dor, fundamentam-se em teorias de aprendizagem que propõe serem os comportamentos de dor condicionados à presença ou ausência de reforços ambientais (Fordyce, 1976). Embora não ignorem a existência de outros fatores relacionados à dor, as terapias comportamentais consideram o comportamento aberto de dor como o aspecto clínico mais relevante da apresentação do doente. Em comparação com as terapias psicodinâmicas, cujo foco é o mundo interno do doente, pode-se dizer que as terapias comportamentais concentram-se em seu mundo externo. Sua realização exige o estabelecimento preciso de comportamentos alvo, que serão modificados através de métodos tais como o reforço, punição, extinção, modelagem, etc. Por isso, demandam para sua realização, um ambiente mais controlado, tal como o da internação hospitalar (Sanders, 1996). São especialmente indicadas quando os comportamentos de dor são crônicos; ocorrem em função do ambiente, horário ou pessoas presentes; são reconhecidos por outras pessoas; são acompanhados de algum tipo de reforço; 36 excedem o referencial físico; e quando o doente apresenta grande preocupação com a dor resultante de atividade física ou retorno ao trabalho (op. cit.). Nicassio et al. (1997a) compararam uma intervenção comportamental a uma intervenção educacional utilizada como controle, no tratamento da síndrome de fibromialgia. Aplicaram estas intervenções a dois grupos de doentes, um com 35 e outro com 36 participantes, através de intervenções que se realizaram por 10 semanas e foram avaliadas após 6 meses. Os resultados foram medidos através de indicadores de dor, índices de mialgia, observação e relato de comportamento, depressão, desamparo, estratégias de coping e suporte social, e demonstraram que, ao longo do tempo, ambos os grupos melhoraram em termos da depressão, dos comportamentos de dor relatados e observados, e dos escores de mialgia. Entretanto, não foram encontrados, de acordo com estes critérios, diferenças entre as intervenções comportamentais e educacionais. 5. 3. Terapias Cognitivo-Comportamentais Os fundamentos das terapias cognitivo-comportamentais incluem os da teoria comportamental e acrescentam elementos cognitivos e afetivos que influenciam o surgimento, manutenção ou extinção de comportamentos. Esta abordagem se refere a uma variedade de intervenções que compartilham como pressuposto básico, a importância das interações entre eventos ambientais, cognições e comportamentos na determinação de percepções subjetivas de dor e suas manifestações (Bradley, 1996). Suas principais metas incluem restabelecer nos doentes a crença na capacidade pessoal de lidar com diferentes problemas e o ensino de uma série de recursos instrumentais, que lhes permitirão realizar tal tarefa tanto no presente quanto no futuro. Para tal, valem-se de quatro componentes característicos destas intervenções: educação, aquisição de habilidades, ensaios de utilização destas habilidades, e por fim, sua generalização e manutenção (op. cit.). 37 Comparadas às duas intervenções anteriores, a terapia cognitivocomportamental, por considerar as relações entre indivíduo e ambiente, procura articular o mundo interno do doente (cognições e emoções) e seu mundo externo (comportamento individual e resposta ambiental). Considerada como uma das mais adequadas para doentes cuja condição, dificulta a identificação de causas, curso e conseqüências de sua doença, como é o caso da síndrome de fibromialgia, as terapias cognitivo-comportamentais são geralmente breves e de fácil operacionalização em ambientes clínicos (Bradley, 1996). Nielson, Walker & McCain (1992) avaliaram a eficácia de um programa de tratamento cognitivo-comportamental para doentes com síndrome de fibromialgia, onde os 25 participantes foram avaliados 5 meses antes da admissão ao programa, na admissão e na alta. Foram mensuradas variáveis cuja mudança era esperada após o tratamento (objetivas) e também as que não deveriam mudar em conseqüência do tratamento (não objetivas). Entre as primeiras, se encontravam a gravidade da dor, sua interferência na vida do doente, o controle percebido sobre a dor, o distress emocional e os relatos de comportamentos de dor; entre as últimas, a percepção de suporte social, a resposta de outros significativos à dor, o ajustamento conjugal e o nível de atividade física. Os resultados demonstraram que as variáveis "objetivas" e "não objetivas" não se alteraram de forma significativa entre a avaliação inicial e a admissão, e que mudanças consistentes foram observadas apenas nas variáveis "objetivas", entre a admissão e a alta. Estes dados forneceram um suporte preliminar para o uso de terapias cognitivo-comportamentais em doentes com fibromialgia. Dando prosseguimento a essa pesquisa, White & Nelson (1995) procuraram avaliar a eficiência de longo prazo da terapia cognitivocomportamental nestes doentes. Para tal, os 25 doentes do estudo anterior foram acompanhados ao longo de 30 meses. Os autores constataram que, ao longo do tempo, houve melhora nas variáveis consideradas “objetivas” e que, 38 portanto, a terapia cognitivo-comportamental apresentou um efeito positivo em longo prazo, no tratamento da síndrome. 5. 4. Outras Intervenções Outras intervenções psicológicas também têm sido utilizadas no controle da dor crônica em geral e na do fibromiálgico em especial, tais como as intervenções educacionais, as técnicas de relaxamento, biofeedback, imaginação ativa, hipnose, etc. e, embora não seja do escopo deste trabalho explorar cada uma delas, deve-se ressaltar que seus fundamentos teóricos remetem-se aos das terapias já citadas, e que podem ser utilizadas sozinhas ou em conjunto com outras intervenções. 5. 5. Os Tratamentos Multidisciplinares Um dos tratamentos que tem sido recentemente utilizado no controle da dor do fibromiálgico é o multidisciplinar, onde as intervenções psicológicas fazem parte de uma abordagem mais ampla que reúne diferentes recursos. Segundo Bennett (1996), estes tratamentos, essencialmente educacionais, derivam da abordagem cognitivo-comportamental e são especialmente úteis para fornecer aos doentes informações básicas a respeito da doença, conscientizá-los das várias opções de tratamento disponíveis e para melhorar sua auto-eficácia. Mengshoel et al. (1995) submeteram 16 doentes com síndrome de fibromialgia a um programa multidisciplinar com sessões de 2 horas semanais, ao longo de 10 semanas. Foram avaliados os ajustamentos na vida cotidiana, fadiga e a intensidade e características da dor. As avaliações se realizaram antes, ao término e 6 meses depois do programa. No final do programa, os doentes apresentaram uma redução significativa da intensidade geral da dor; 6 meses depois, os aspectos sensoriais da dor haviam se reduzido em comparação 39 com a linha de base, e todos os doentes haviam realizado mudanças na sua vida diária, sendo que a maioria incluiu exercícios e outros realizaram alterações na dieta. Bennett et al. (1996), trataram e acompanharam por dois anos um grupo de 15 a 25 doentes com fibromialgia, que se encontrava uma vez por semana ao longo de seis meses. As sessões duraram em média 90 minutos e consistiram de palestras formais voltadas para a modificação de comportamento, o ensino técnicas de redução do stress e estratégias para melhorar o condicionamento físico e a flexibilidade, além de sessões de suporte para cônjuges e outros significantes. As medidas de avaliação incluíram o “Fibromyalgia Impact Questionnaire” (FIQ), o escore total dos pontos dolorosos, questionários de qualidade de vida, índices de condicionamento aeróbico e flexibilidade, o “Beck Depression Inventory” e o “Beck Anxiety Inventory”. De acordo com os resultados, entre 1989 e 1993, 170 doentes foram avaliados e 104 completaram o programa. Após 6 meses do término do programa, 73 doentes apresentaram menos do que 11 pontos dolorosos e uma melhora de 25% no FIQ. Os 33 doentes que foram acompanhados por 2 anos, continuaram a apresentar progressos enquanto que um grupo de 29 doentes que nunca realizaram o programa não revelaram melhora significativa. Os resultados se mostraram promissores, embora sejam necessários estudos mais controlados para confirmar estes dados. Em nosso meio, Kaziyama et al. (1998b) avaliaram o efeito de um tratamento multidisciplinar, sobre a qualidade de vida de 56 doentes com síndrome de fibromialgia. Todos os participantes foram avaliados pelo “Fibromyalgia Impact Questionnaire” (FIQ) no início, no final, 2 e 4 meses depois do programa, sendo que apenas 41 doentes foram acompanhados por 4 meses. A média inicial do FIQ foi de 68,5 pontos ao final do programa; 60,4 após dois meses e 63,9 após 4 meses. Os autores concluíram que, embora a atuação do programa sobre a qualidade de vida dos doentes seja efetiva em curto prazo, não apresenta progresso em médio prazo. 40 5. 6. Grupos Operativos em Doentes com Fibromialgia Grande parte das intervenções psicológicas pode ser realizada de maneira individual ou grupal, entretanto, as psicoterapias em grupo são especialmente indicadas para doentes com dor crônica por que, apesar de ser uma experiência privada, a dor sempre ocorre dentro de um contexto social (Keefe, Beaupré & Gil, 1996). As psicoterapias grupais oferecem vantagens para o doente porque representam uma oportunidade de conviver com outros indivíduos em situação semelhante, além de uma possibilidade de criar referenciais grupais que atenuarão sentimentos de isolamento e alienação. Para o terapeuta, permitem atuar diretamente sobre comportamentos que ocorrem no contexto social do grupo e compartilhar com o próprio grupo temas relativos à sua evolução clínica e à prevenção de dependência terapêutica. Por fim, para as instituições, tratamentos em grupo representam um recurso mais econômico, pois permitem que um maior número de doentes possa ser tratado simultaneamente pelo mesmo profissional (Gentry & Owens, 1986). Os grupos operativos, também chamados de grupos centrados na tarefa, foram criados em 1945, por Enrique Pichon-Rivière, um psiquiatra argentino que iniciou seu trabalho num hospital psiquiátrico de Buenos Aires. PichonRivière definiu grupo como “um conjunto restrito de pessoas que, ligadas por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna, se propõe, de maneira explícita e implícita, a uma tarefa que constitui sua finalidade” (Pichon-Rivière, 1983, p.124). Embora os fundamentos da técnica tenham raízes nos princípios da psicanálise e na teoria das relações objetais diferente das terapias psicodinâmicas grupais que se centram no indivíduo, os grupos operativos se centram numa tarefa (Pichon-Rivière, 1984), cuja configuração lhes permite, assim como nas terapias cognitivo-comportamentais, articular elementos do mundo interno e do mundo externo de seus participantes. 41 A tarefa dos grupos operativos possui aspectos explícitos ou observáveis, que variam com a proposição de cada grupo, e aspectos implícitos ou subjacentes, que se referem, essencialmente, à necessidade de adaptação ativa à realidade (Pichon-Rivière, 1983). A realização da tarefa implícita envolve a necessidade de mudanças, e, conseqüentemente, a resistência a estas mudanças. Isso mobiliza dois medos básicos, que Pichon-Riviére considerou universais: o medo da perda de conteúdos já existentes (ansiedade depressiva) e o medo do ataque diante de situações novas e desconhecidas (ansiedade paranóide). A tarefa implícita também mobiliza sentimentos de insegurança, fantasias de enfermidade, tratamento e cura além de processos de comunicação e aprendizagem, pois, para o autor, “a adaptação ativa à realidade e a aprendizagem estão indissoluvelmente ligadas”, o que demanda um reajuste constante da rede de comunicações (op.cit., p. 127). Na execução da tarefa explícita, vários elementos costumam surgir no contexto grupal: são situações, assuntos, sensações e sentimentos que, compartilhados em dado momento, constituem os emergentes grupais. Se forem de interesse apenas particular, estes emergentes serão pouco tratados pelos grupos, mas se também se constituírem em objeto de interesse comum, passam a ser trabalhados ao longo do processo terapêutico. No presente trabalho, são de especial interesse os temas emergentes, que se constituem em assuntos abordados de maneira explícita e espontânea pelos membros de um grupo. Ao longo do processo, tais temas, pertinentes aos objetivos grupais, se encontram inter-relacionados e são apresentados e discutidos através da troca de experiências pessoais que, quando apropriadas, se constituem em valiosos conteúdos de aprendizagem. O processo grupal se desenvolve ao longo de três etapas distintas que se repetem e se articulam dinamicamente. Na pré-tarefa os grupos atuam “como se” estivesse realizando a tarefa explícita, mas, é nesse momento que, implicitamente, atuam os medos básicos e as forças de resistência à mudança que dificultam ou impedem sua realização. Durante a tarefa, medos e 42 ansiedades são elaborados, permitindo aos grupos romperem com estereótipos, entrar em contato ativo com a realidade e iniciar o último momento, o projeto, onde ocorre a elaboração de estratégias e táticas que irão se constituir em instrumentos para a consecução dos objetivos grupais (Raj, s. d.). Do interjogo entre os aspectos explícitos e implícitos da tarefa, surgem uma série de dificuldades, obstáculos e lacunas, cuja elaboração ao mesmo tempo em que integra a tarefa, vai estruturando e instrumentalizando os grupos ao redor de um esquema referencial, conceitual e operacional que passa a ser compartilhado por seus membros. Como a realização da tarefa é o interesse central dos grupos operativos, sua estrutura pode variar de acordo com a tarefa proposta. Isso os torna adaptáveis e extremamente adequados a situações institucionais (empresas, escolas, hospitais, etc.), sendo possível incluir, entre outras possibilidades, o ensino de conteúdos práticos e/ou teóricos e o uso de diferentes recursos dinâmicos durante sua execução. A técnica pressupõe a presença de pelo menos dois terapeutas com papéis diferenciados: o coordenador e o observador. A principal função do coordenador é auxiliar o grupo a tornar explícitos os conteúdos que se encontram implícitos, para isso, utiliza como recursos principais o assinalamento dos aspectos explícitos e a interpretação dos aspectos implícitos da tarefa. O observador tem por função anotar todas as falas e comportamentos não verbais no grupo, a fim de permitir a realização de reflexões sobre o processo grupal e eventuais reajustes nas técnicas de condução (Pichón-Rivière, 1983). Uma das proposições do presente trabalho é a aplicação da técnica de grupos operativos em doentes com fibromialgia no contexto ambulatorial. Estabeleceu-se como tarefa explícita dos grupos, o coping do stress resultante da dor e, como tarefa implícita, a adaptação ativa à realidade com dor crônica. 43 6. COMPONENTES SENSÓRIO-DISCRIMINATIVOS DA DOR NA FIBROMIALGIA Os aspectos sensoriais da dor crônica na fibromialgia envolvem não apenas as características e propriedades da sensação dolorosa, mas dizem respeito também aos possíveis mecanismos causais subjacentes à sua produção que pode estar relacionada a alterações nos mecanismos periféricos e centrais de nocicepção e mecanismos de modulação da dor. 6. 1. Características da Dor na Fibromialgia A sensação de dor na fibromialgia pode ser intensa, contínua e de curso temporal, variável ao longo do dia. Ela é pouco localizada e mais difusa manifestando-se, espacialmente, sobre grandes áreas do corpo. Na dor do fibromiálgico, os aspectos sensoriais encontram-se altamente inter- relacionados aos índices afetivos da dor, especialmente aos da depressão, e sua percepção demanda maior número de descritores para representar as distintas experiências dolorosas sentidas pelos doentes (Leavitt et al., 1986; Burckhardt, Clark & Bennett, 1992; Mengshoel & Forre, 1993). Leavitt et al. (1986) estudaram as propriedades da dor de 50 doentes com fibromialgia e 50 doentes com artrite reumatóide18. Em ambos os grupos a dor era bilateral, envolvia múltiplas localizações e possuía intensidade equivalente. A dor da fibromialgia, entretanto, era menos localizada nas articulações e apresentava maior difusão espacial, além disso, envolvia mais 18 Doentes com artrite reumatóide costumam ser utilizados como controle, devido à semelhança desta condição com a síndrome de fibromialgia. As duas populações diferem, porém pelo fato que a patologia da artrite reumatóide é conhecida enquanto que a da fibromialgia não. 44 formas de experiências dolorosas (irradiada, persistente, espalhada, em torção, torturante, mal localizada, em pontada, como esmagamento, como tiro, insistente, rachando, em cãibra, importuna e como agulhada) e era dispersa sobre grandes áreas do corpo. Para discriminar os dois grupos, os locais anatômicos mais apropriados foram a região lombar, coxas, abdome, cabeça e quadris para os doentes com fibromialgia e, punhos, pés e dedos para os doentes com artrite reumatóide. Burckhardt, Clark & Bennett (1992), realizaram dois estudos para caracterizar a dor da fibromialgia, compará-la à dor na artrite reumatóide e examinar as relações entre depressão, extensão e descrição da dor. O “McGill Pain Questionnaire” (MPQ) foi aplicado de duas maneiras diferentes. Quando o MPQ foi aplicado de maneira padrão, a dor na fibromialgia não pode ser discriminada da dor na artrite reumatóide, porém quando se permitiu aos participantes utilizarem tantas palavras quantas quisessem de uma adaptação do MPQ, emergiram diferenças significantes na escolha de descritores. A depressão e a extensão da dor foram os maiores preditores das diferenças grupais na avaliação da dor. Os escores de depressão explicaram a diferença entre os grupos em 50% dos casos e a filiação grupal nos restantes 50%. Mengshoel & Forre (1993) investigaram se 50 doentes com fibromialgia diferiam de 22 doentes com artrite reumatóide e 31 doentes com espondilite anquilosante quanto à dor, coping da dor e fadiga. Comparado aos outros grupos, o de fibromialgia apresentou alto nível geral de intensidade da dor no MPQ e na escala visual analógica; a dor era de duração contínua, enquanto que a dos outros grupos era intermitente. Todos os grupos apresentaram alta correlação entre índices sensoriais e afetivos de dor e nenhuma diferença significante no coping da dor. Em relação aos outros grupos, o grupo com fibromialgia apresentou uma alta freqüência de problemas gastrointestinais e não apresentou correlação entre problemas de sono e intensidade da fadiga. 45 6. 2. Mecanismos Periféricos de Nocicepção A dor crônica pode ser gerada pela estimulação nociva e pela sensibilização dos nociceptores e centros nervosos, e pode ser prolongada devido à persistência destes fatores, associados à contribuição de diversos mecanismos reflexos (Bonica, 1990). Os nociceptores podem ser sensibilizados ou excitados pela liberação de substâncias algiogênicas que reduzem o limiar aos estímulos dolorosos. Dentre as fibras nervosas que penetram na medula espinal e se projetam no seu corno posterior, as fibras nervosas nociceptivas A-beta são responsáveis pela veiculação da dor discriminativa, e as fibras C veiculam a dor não discriminativa. As informações sensitivas no corno posterior da medula espinal sofrem a interferência de neurônios capazes de inibir ou facilitar sua transmissão para os sistemas de projeção rostral. Cada uma das lâminas, nas quais se subdivide o corno dorsal, recebe projeções de fibras nervosas que veiculam diferentes sensações dolorosas (Teixeira, 1997). Doentes com fibromialgia são hipervigilantes e mais sensíveis a estímulos inócuos para outros indivíduos. Esta sensibilidade é generalizada, embora sua manifestação dependa de características do estímulo e do local onde é aplicado. Seus limiares de percepção e tolerância à dor se apresentam reduzidos, sugerindo, ao menos em parte, o envolvimento dos mecanismos periféricos de nocicepção (Mikkelsson et al., 1992; McDermid, Rollman & McCain, 1996; Bendtsen et al., 1997). Mikkelsson et al. (1992) investigaram os limiares de dor e tolerância à dor à pressão, em músculos e ossos sem pontos dolorosos, em 46 mulheres com fibromialgia primária e 50 mulheres saudáveis, com idades equivalentes. Os limiares de dor e tolerância à dor, tanto nos músculos como nos ossos apresentaram-se mais baixos nas doentes com fibromialgia do que nos controles saudáveis. Todas as diferenças foram estatisticamente significantes, mesmo havendo certa sobreposição de valores entre doentes e controles, o que 46 sugere que o aumento da sensibilidade à dor, apresentado pelos doentes com fibromialgia, é generalizado. McDermid, Rollman & McCain (1996) compararam 20 doentes com fibromialgia, 20 doentes com artrite reumatóide e 20 controles normais. Os participantes foram avaliados em termos de tolerância à dor, limiares de dor e tolerância a ruídos, além de completarem uma série de questionários de avaliação de hipervigilância. Os doentes com fibromialgia apresentaram limiares e valores de tolerância à dor significativamente mais baixos do que os doentes com artrite reumatóide que, por sua vez, apresentaram valores mais baixos do que os dos sujeitos controles. Os resultados dos questionários psicológicos revelaram que, tanto os doentes com fibromialgia quanto os de artrite reumatóide, preferiam um nível mais baixo de estimulação externa dos que os sujeitos controles. A elevação da sensibilidade à dor, que ocorre na fibromialgia, parece estar associada ao aumento da atenção dirigida à estimulação externa (hipervigilância) e à preocupação com as sensações dolorosas. Bendtsen et al. (1997) investigaram a percepção de dor em músculos doloridos de 25 mulheres com fibromialgia e a compararam à percepção de dor de 25 mulheres saudáveis. Sete diferentes intensidades de pressão foram usadas para palpar um músculo altamente dolorido e um músculo normal. As participantes registraram suas respostas à dor induzida numa escala visual analógica e a relação estímulo-resposta para pressão versus dor relatada, foi documentada. No músculo altamente dolorido, a relação estímulo-resposta foi deslocada para pressões menores e apresentou-se linear, ou seja, qualitativamente diferente do músculo normal, o que indica haver alteração qualitativa na nocicepção, em doentes com fibromialgia. Em nosso meio, Kaziyama et al. (1998b) avaliaram 57 doentes com fibromialgia para comparar, através de um dolorímetro, a sensibilidade a dois níveis de pressão nos pontos dolorosos: 2,46 kgf/cm2 e 4,0 kgf/cm2. De acordo com os resultados, com pressão de 4,0 kgf/cm2 todos os pacientes apresentavam sensibilidade em pelo menos 11 pontos dolorosos, enquanto que, com pressão 47 de 2,46 kgf/cm2, 25% dos pacientes não somavam os 11 pontos necessários para o diagnóstico. Os autores concluíram que estes fatos sugerem uma possibilidade de graduação na intensidade da doença. 6. 3. Mecanismos Centrais de Nocicepção Uma vez transmitidas para os neurônios da medula espinal, as informações sensoriais seguirão para o encéfalo, ao longo de fibras nervosas, parte das quais forma o trato espinotalâmico, responsável pela função sensório-discriminativa da dor, enquanto que outra parte forma o trato espinorreticular que está relacionado com os aspectos afetivo-motivacionais da nocicepção (Teixeira, 1997). A avaliação da informação perceptual a respeito da localização, magnitude, duração temporal, extensão espacial da dor, tendência motivacional à fuga ou ataque, avaliação cognitiva de experiências anteriores e situação presente, além da escolha das estratégias de coping, só é possível devido à interação entre as estruturas da medula espinal, formação reticular, tálamo e córtex cerebral. Só então serão mobilizados os mecanismos motores, responsáveis pelos padrões de comportamento associados à dor (Melzack & Wall, 1991; Teixeira, 1997). O aumento de sensibilidade à dor nos doentes com fibromialgia é generalizado e não se restringe apenas aos locais referidos como dolorosos. A presença de regiões com hiperalgesia secundária, a diminuição dos limiares de percepção e tolerância à dor, em regiões de dor não espontânea, além da falta de relação entre esta hipersensibilidade e a dor espontânea, sugerem que os mecanismos centrais de nocicepção também interferem na sensação de dor da fibromialgia (Arroyo & Cohen, 1993; Kosek, Ekholm & Hansson, 1996; Sörensen et al., 1998). Arroyo & Cohen (1993) estudaram os limiares de percepção e tolerância à dor nos braços de 10 doentes com fibromialgia e de 10 voluntários saudáveis, 48 através da estimulação eletrocutânea. Os limiares de percepção de dor não diferiram entre os grupos, mas a evidente redução na tolerância à dor apresentada pelos doentes com fibromialgia foi acompanhada por disestesias difusas e persistentes. Os braços de doentes com fibromialgia aparentam ser regiões de hiperalgesia secundária, o que pode significar o envolvimento da perturbação de mecanismos centrais de nocicepção na patogênese da síndrome. Kosek, Ekholm & Hansson (1996) compararam 10 mulheres com fibromialgia a um grupo equivalente de 10 mulheres saudáveis, para avaliar se as anormalidades sensoriais na fibromialgia são generalizadas ou confinadas a áreas de dor espontânea. Através de escalas analógicas e visuais, as participantes classificaram a intensidade da dor do local de dor máxima e seu homólogo contralateral, e do local sem dor ou com dor mínima e seu contralateral. Nestes quatro locais, foi realizado um teste quantitativo sensorial, para avaliação dos limiares de percepção e foram também avaliados os limiares mínimos da função mecanoreceptiva, da sensibilidade à dor à pressão e da sensibilidade térmica. Comparadas aos controles, as doentes com fibromialgia apresentaram aumento na sensibilidade ao calor não doloroso, nos locais com dor e uma tendência a aumentar a sensibilidade ao frio não doloroso, em todos os locais. Os grupos, entretanto, não apresentaram diferenças com relação aos limiares de percepção táctil. As doentes também apresentaram, em todos os locais avaliados, aumento na sensibilidade à dor por pressão, dor por frio e dor por calor. Entretanto, o aumento generalizado na sensibilidade encontrada nas doentes com fibromialgia não se relacionou com a dor espontânea, o que sugere uma possível disfunção, no nível do sistema nervoso central. Sörensen et al. (1998) realizaram um estudo cego em 12 mulheres com fibromialgia e 12 mulheres controles com idades equivalentes, para investigar se a hiperalgesia muscular pode ocorrer em um músculo sem dor espontânea. As doentes não possuíam dor espontânea no músculo tibial anterior (TA) onde foi testado o limiar de dor por pressão. Foram avaliados os limiares de dor à estimulação elétrica, isolada e repetida, na pele e no músculo TA direito. A dor 49 foi evocada no músculo TA esquerdo através de uma injeção salina. A intensidade e duração da dor muscular, induzida pela injeção, foi avaliada através de registros contínuos em uma escala visual analógica eletrônica e a distribuição espacial da dor foi avaliada por desenhos. Os limiares de dor à pressão foram mais baixos nas doentes com fibromialgia do que nos controles. Os limiares de dor evocada por estimulação elétrica na pele não diferiu significativamente nos dois grupos. Os limiares de dor à estimulação intramuscular repetida foram mais baixos para as doentes do que para os controles, indicando que a somação nociceptiva temporal era mais pronunciada nas doentes com fibromialgia. A injeção salina evocou dor muscular de maior duração e que se espalhava por uma área maior nas doentes do que nos controles. Os resultados sugerem que a excitação de nociceptores intramusculares de um músculo sem dor espontânea revela a existência de um estado de hiperexcitabilidade central, no sistema nociceptivo da fibromialgia. 6. 4. Mecanismos de Modulação da Dor A sensação de dor na fibromialgia também pode estar relacionada a uma disfunção dos sistemas endógenos de modulação da dor. As informações sensitivas estão sujeitas à modulação a cada sinapse das fibras pelas quais transitam, no entanto, pouca informação existe a respeito dos mecanismos de supressão da dor crônica e sobre as modificações do padrão da atividade dos neurotransmissores nesta condição. O que se sabe é que a dor resulta de um desequilíbrio funcional entre os mecanismos de nocicepção e os mecanismos de modulação, sendo que inúmeros fatores individuais e ambientais também podem exercer efeito amplificador ou atenuador sobre a sensação de dor (Teixeira, 1997). Nos doentes com fibromialgia, muitas vezes a estimulação nociva não induz à modulação da dor, tal como ocorre em indivíduos saudáveis e mesmo em outros doentes com dor. Estímulos concorrentes à estimulação nociva 50 também não induzem a uma adaptação, sob a forma de elevação de limiar, conforme esperado (Granges & Littlejohn, 1993; Kosek & Hansson, 1997). Granges & Littlejohn (1993) propuseram a possibilidade de que mudanças no limiar de dor à pressão refletiriam mudanças generalizadas nos sistemas de dor que afetam tanto os pontos dolorosos como os de controle. Avaliaram 18 pontos dolorosos e 4 pontos controles em 60 doentes com síndrome de fibromialgia, 60 com síndromes de dor crônica localizada e 60 sujeitos sem dor. Encontraram uma correlação significante entre os escores de mialgia nos pontos dolorosos e nos pontos controles destes sujeitos. Os resultados sugerem que há uma mudança difusa na modulação da dor na fibromialgia. Kosek & Hansson (1997) compararam 10 mulheres com fibromialgia a um grupo equivalente de 10 mulheres saudáveis, para avaliar a função dos mecanismos endógenos de modulação de informações sensitivas, através do efeito da estimulação vibratória e da estimulação nociva heterotópica, na percepção de várias modalidades sensoriais. A estimulação vibratória (100 Hz) foi aplicada ao antebraço esquerdo das participantes por 45 minutos, e foram realizados testes sensoriais quantitativos na área vibrada e na coxa direita antes, durante e depois da vibração. Os resultados revelaram que os pacientes com fibromialgia não diferiam dos controles saudáveis em suas respostas à vibração; porém, ao contrário dos controles, nenhuma modulação da pressão foi induzida pelos procedimentos, sugerindo uma possível disfunção nos sistemas de controle inibitório nocivo difuso. Estes fatos enfatizam que os diversos fenômenos sensório- discriminativos, relacionados à dor na fibromialgia, seriam insuficientemente explicados por uma teoria que relacionasse de maneira direta a dor ao dano tecidual, sem levar em conta os diversos mecanismos citados. 51 7. COMPONENTES AFETIVO-MOTIVACIONAIS DA DOR NA FIBROMIALGIA A dor e o sofrimento podem existir mesmo na ausência de nocicepção. A nocicepção se refere a um dano tecidual que, ao sensibilizar terminações nervosas especializadas, inicia a transmissão de sinais de dor. A dor propriamente dita envolve a percepção desses sinais no sistema nervoso central, enquanto que o sofrimento, diz respeito aos muitos significados históricos, culturais e pessoais que o indivíduo irá atribuir à dor percebida. Clinicamente, é bastante comum que o principal problema dos doentes com dor crônica seja o sofrimento (um afeto), e não a dor (uma sensação) (Grzesiak & Ciccone, 1994). Como a transmissão dos impulsos dolorosos envolve simultaneamente as rotas espinoreticular e espinotalâmica, os processos sensoriais e afetivos irão ocorrer concomitantemente, pois os sinais transmitidos através do trato espinotalâmico ativam, entre outras, as estruturas límbicas responsáveis pelo aparecimento de afetos negativos, ou seja, os afetos são parte essencial da experiência dolorosa e não apenas resultantes da apreciação sensorial da dor (Chapman, 1995). 7. 1. Aspectos Afetivos da Dor na Fibromialgia Existe uma considerável controvérsia sobre a relação entre fatores afetivos e a síndrome de fibromialgia. Como os fatores afetivos envolvem vivências pessoais e subjetivas de difícil definição e avaliação, muitas das pesquisas que exploram sua relação com a fibromialgia enfrentam problemas metodológicos, que vão desde a fundamentação teórica e seleção das amostras 52 até a escolha e utilização de grupos controle e instrumentos de avaliação das variáveis envolvidas (Romano & Turner, 1985; Goldenberg, 1989a, 1989b). As pesquisas que até agora comprovaram a alta incidência de alterações afetivas em doentes com fibromialgia, em especial de depressão, todavia não elucidaram a natureza dessa relação. A maioria dos estudos tem-se baseado em três hipóteses principais: (a) a fibromialgia pode ser uma doença psicogênica; (b) as alterações afetivas podem ser secundárias à fibromialgia; e (c) a fibromialgia pode fazer parte de um grupo de doenças denominadas de distúrbios do espectro afetivo. 7. 2. Prevalência de Alterações Afetivas na Fibromialgia A incidência de sintomas depressivos é mais alta em populações com dor crônica do que em muitas populações médicas e na população em geral, embora os dados ainda não permitam generalizar e concluir que a depressão seja mais comum entre doentes de dor crônica do que em outras populações (Romano & Turner, 1985). Fishbain et al. (1989) investigaram a distribuição dos diagnósticos do DSM-III em 238 doentes com fibromialgia. Estudaram também a prevalência de cada diagnóstico entre homens e mulheres e os resultados foram comparados aos dados de prevalência do DSM-III, publicados para uma amostra que combinava doentes com dor crônica e doentes com fibromialgia. Constataram que, na amostra estudada, homens e mulheres tinham a mesma probabilidade de apresentar depressão, mas que, na amostra combinada, as mulheres tinham maior probabilidade de apresentá-la. A incidência de depressão maior, presente e passada, foi muito mais baixa na amostra estudada do que na amostra combinada, o que indica possíveis diferenças psicopatológicas entre doentes de dor crônica com ou sem fibromialgia. No Brasil, Martinez et al. (1995) avaliaram 47 mulheres com fibromialgia e um grupo controle de 25 doentes sem dores musculares crônicas. 53 Perturbações de personalidade foram observadas em 63,8% dos doentes e em 8,0% do grupo controle; depressão em 80% do grupo com fibromialgia e 12% dos controles, e ansiedade em 63,8% dos doentes e 16% dos controles. Os escores médios do “Teste de Hamilton” apresentaram valores significativamente maiores para depressão e ansiedade no grupo com fibromialgia, quando comparado ao grupo controle. Constatou-se uma associação significativa entre fibromialgia, depressão, ansiedade e perturbações de personalidade. 7. 3. A Fibromialgia como Doença Psicogênica Parte dos estudos que investigam o papel dos fatores afetivos na fibromialgia, consideram a possibilidade de uma etiologia psicogênica para a síndrome, propondo que a condição psicopatológica preceda a sua manifestação. Alfici, Sigal & Landau (1989) examinaram 40 doentes com fibromialgia, em termos de sua história pessoal, familiar, características clínicas e psicodinâmicas e os compararam a um grupo controle equivalente de doentes com artrite reumatóide. A depressão, tanto atual quanto precedente, apresentou-se com mais freqüência entre os doentes com fibromialgia do que entre os controles. As características psicodinâmicas dos doentes com fibromialgia incluíram dependência, passividade, idealização das relações familiares, personalidade obsessiva-compulsiva, respostas desadaptadas a perdas, e egomania anterior à dor. Os resultados sugerem que a síndrome de fibromialgia se constitui de alterações bem definidas, na qual características pré mórbidas específicas, familiares e psicodinâmicas podem resultar num distúrbio depressivo, que toma a forma de um sintoma físico: dor. Leavitt & Katz (1989) utilizaram o “Minnesota Multiphasic Personality Inventory” (MMPI) para analisar 30 doentes com fibromialgia e 30 com artrite reumatóide. Os doentes com fibromialgia se discriminaram dos de artrite reumatóide através de 18 afirmações nas escalas de hipocondria, depressão e 54 histeria e 14 afirmações na escala de esquizofrenia, além de apresentarem escores maiores em 29 das 32 afirmações. Os doentes com artrite reumatóide mostraram-se adequadamente preocupados com a saúde e possíveis doenças adicionais, enquanto que os com fibromialgia queixavam-se mais dos sintomas, apresentavam uma síndrome com possibilidade de ser distúrbio somatoforme, além de apresentarem maior distress pessoal. A análise dos escores dos doentes com artrite reumatóide permitiu concluir que a doença física em si é insuficiente para gerar as anormalidades apresentadas nos perfis do MMPI. Doentes com fibromialgia, com intensidade de dor semelhante à dos com artrite reumatóide apresentaram significativamente mais anormalidades no MMPI, sendo que a análise de suas respostas sugere a presença de uma síndrome somática mais complexa, acompanhada de maiores alterações psicológicas. Krag et al. (1994) compararam 49 doentes com fibromialgia a um grupo controle de 33 doentes reumatológicos com dor. Os doentes com fibromialgia obtiveram escores significativamente mais altos do que os controles na “BechRafaelsen Melancholia Scale”, no “Atypical Depression Scale” e no “Hamilton Anxiety Rating Scale”, sendo que no “Newcastle Depression Scale” não houve diferenças entre os grupos. Em ambos os grupos houve uma correlação positiva entre os escores de dor, avaliada através do “Visual Analogue Scale” e os escores psicométricos, embora os doentes com fibromialgia apresentassem escores mais altos de dor do que os do grupo controle. Mesmo após a correção dessa diferença, os escores de ansiedade e depressão dos doentes com fibromialgia ainda foram mais altos, permitindo constatar a presença de psicopatologia. Celiker et al. (1997) procuraram avaliar a relação entre a fibromialgia e a intensidade da ansiedade e depressão, além de determinar a correlação entre alterações psicológicas, duração da doença e gravidade da dor. Avaliaram a condição psicológica de 39 doentes com fibromialgia e 36 controles saudáveis, através do “Beck Depression Inventory” (BDI), do “State and Trait Anxiety Inventory” (STAI) e da “Beck Hopelessness Scale” (BHS), e a intensidade da 55 dor através de uma escala visual analógica. Encontraram uma diferença significativa na condição psicológica dos doentes com fibromialgia e dos sujeitos controle, comparados pelo BDI e pelo STAI: 35,9% dos doentes tiveram escores maiores do que o ponto de corte do BDI. A gravidade da dor apresentou correlação com os escores do STAI. Constataram que a expressão somática da depressão é uma diferença importante entre o grupo com fibromialgia e o grupo controle. A diferença constatada entre os escores de estado de ansiedade e traço de ansiedade sugerem que o estado de ansiedade não é secundário à dor e que o traço de ansiedade pode ter uma possível relação causal com a dor. 7. 4. As Alterações Afetivas como Secundárias à Fibromialgia Alguns dos estudos que exploram a relação entre alterações afetivas e fibromialgia procuraram comprovar a hipótese de que a fibromialgia, por ser uma condição dolorosa crônica, acompanhada de outros sintomas incômodos tais como fadiga, rigidez e sono não restaurador, daria origem naturalmente a alterações afetivas, ou seja, todas as alterações afetivas constatadas nestes doentes seriam efeitos secundários às características da doença. Essencialmente, estes estudos discordam da hipótese de que fatores afetivos atuem na etiologia da fibromialgia, afirmando que as evidências são insuficientes para fundamentar tal possibilidade, mas que, ao contrário, apóiam a hipótese de que a fibromialgia seja uma doença física independente (Merskey, 1989a, 1989b). Kirmayer, Robbins & Kapusta (1988) compararam os diagnóstico psiquiátricos, relatos de sintomas e comportamentos de doença de 20 doentes com fibromialgia e 23 doentes com artrite reumatóide. A análise dos resultados não apresentou diferenças significativas entre os grupos, com relação às queixas de sintomas depressivos e à existência de diagnóstico psiquiátrico de depressão maior. Os doentes com fibromialgia, entretanto, relataram mais sintomas somáticos de origem obscura e exibiram relatos com mais sintomas 56 somáticos, procedimentos cirúrgicos múltiplos e procura de atendimento, o que poderia refletir um processo de somatização, ao invés de um distúrbio psiquiátrico. Yunus et al. (1991) avaliaram as características clínicas e a condição psicológica de 103 doentes com síndrome de fibromialgia primária, através do “Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI)”. As características centrais da fibromialgia, isto é, número de locais com dor, número de pontos dolorosos, fadiga e sono não restaurador revelaram-se independentes da condição psicológica. Entretanto, uma análise discriminativa identificou 4 variáveis (depressão, ansiedade, stress e gravidade da dor) que, em conjunto, serviram para predizer 3 subgrupos do MMPI com uma precisão de 55% (p<0, 001) sendo que a única característica músculo-esquelética, a gravidade da dor, permitiu uma precisão de apenas 34% (p>0,05). Estes resultados permitem concluir que as características centrais da fibromialgia são independentes da condição psicológica e estão mais provavelmente relacionadas à fibromialgia em si, embora a gravidade da dor possa ser influenciada por fatores psicológicos. Ahles et al. (1991) procuraram, através da “Psychiatric Diagnostic Interview”, comparar a freqüência de ocorrência dos diagnósticos do DSM-III em 35 doentes com fibromialgia primária, 33 doentes com artrite reumatóide e 31 sujeitos sem dor. Os resultados, entretanto, não revelaram diferenças entre os grupos. A análise da escala de somatização revelou uma interação entre os diagnósticos médicos e psiquiátricos: doentes com fibromialgia e histórico psiquiátrico apresentavam significativamente mais sintomas somáticos do que doentes com artrite reumatóide e indivíduos sem dor, sendo que os doentes com fibromialgia, sem histórico psiquiátrico, não apresentavam mais sintomas somáticos do que os outros doentes. Não foi possível, nestes termos, discriminar entre a síndrome de fibromialgia primária e a artrite reumatóide, o que significa que a fibromialgia primária não pode ser explicada através de um modelo psicopatológico. 57 Em população semelhante, Sletvold, Stiles & Landro (1995) constataram que doentes com fibromialgia primária compartilhavam com doentes depressivos uma deficiência não específica na capacidade de processamento de informação. Entretanto, a disfunção cognitiva, que envolve um provável comprometimento do hemisfério direito do cérebro, está presente na depressão maior, porém não na fibromialgia primária. Fassbender et al. (1997) procuraram estimar o grau de sobreposição sintomática entre fibromialgia e depressão maior, através da avaliação da quantidade de dor localizada e da freqüência e gravidade dos sintomas funcionais e depressivos. Avaliaram 30 doentes com fibromialgia e 26 doentes com depressão maior, através de palpação dos pontos dolorosos e de escalas psicométricas. Os doentes com fibromialgia apresentaram mais pontos dolorosos dos que os depressivos, embora sintomas depressivos e funcionais também estivessem presentes em ambos os grupos, além do fato de que alguns doentes deprimidos também sofressem de dores clínicas. Os autores concluíram que a dor por pressão distingue claramente a fibromialgia da depressão, mesmo que haja sobreposição de sintomas. 7. 5. Fibromialgia como um Distúrbio do Espectro Afetivo Hudson & Pope (1989) propuseram, além das hipóteses já apresentadas, uma terceira hipótese explicativa para a relação entre fibromialgia e psicopatologia, onde ambas seriam causadas por uma anormalidade comum, embora ainda desconhecida. Sugeriram uma entidade, que denominaram de “distúrbios do espectro afetivo”, a qual incluiria uma série de outras doenças, além da fibromialgia. Esta proposta teve o apoio de Goldenberg (1989a, 1989b) que, através de estudos da literatura disponível até então, constatou que, embora sintomas somáticos e depressivos sejam comuns na fibromialgia, não são mais proeminentes na fibromialgia do que em outras condições crônicas, de forma que a associação existente entre depressão e fibromialgia não é 58 necessariamente uma relação causal, dado que a grande maioria dos doentes com fibromialgia não se encaixam nos critérios de diagnóstico psiquiátrico. Segundo Romano & Turner (1985) alguns estudos têm constatado queixas de dor em doentes com depressão, o que levanta a possibilidade de que a coexistência entre dor e depressão possa resultar também de outros processos: doentes com dor crônica podem desenvolver uma depressão secundária, sob a forma de sintomas depressivos moderados, chegando inclusive à depressão maior; doentes com depressão podem apresentar sintomas dolorosos, possivelmente mediados por mecanismos psicológicos e/ou biológicos; por fim, pode haver também uma negação de aspectos cognitivos e afetivos da depressão primária e uma possível projeção em aspectos somáticos, cujos sintomas seriam enfatizados através da influência de fatores sociais e culturais. De acordo com Gruber, Hudson & Pope (1996), o fato de que as perturbações dolorosas pareçam se beneficiar em diferentes graus de medicações antidepressivas sugere a possibilidade de que estas perturbações compartilhem de alguma “etapa” etiológica comum à depressão maior e de que este benefício se deva a uma ação comum desses medicamentos sobre esta “etapa” hipotética. Mesmo assim, não é possível concluir que haja uma relação entre estas perturbações e a depressão maior. Hudson et al. (1992) avaliaram 33 mulheres com fibromialgia através de seus históricos pessoais e familiares e de informações colhidas sobre uma série de alterações médicas e psiquiátricas (migrâneas, síndrome do cólon irritável, síndrome de fadiga crônica, depressão maior e distúrbio do pânico), com o objetivo de estudar sua associação com a síndrome fibromialgia. Utilizaram o “Structured Clinical Interview for DSM-III-R” e uma entrevista específica para o estudo do histórico familiar. De acordo com os resultados, os doentes com fibromialgia apresentavam ao longo da vida, grande incidência dessas doenças, além de possuírem mais familiares com alterações maiores de humor. Concluíram que a comorbidade desses fatores com a fibromialgia é consistente com a hipótese de que possam compartilhar uma anormalidade fisiológica comum. 59 Katz & Kravitz (1996) propuseram a hipótese de que a depressão em doentes com fibromialgia pudesse estar relacionada a uma história familiar de depressão e alcoolismo. Para comprová-la, avaliaram os históricos pessoais e de familiares próximos de 60 doentes com fibromialgia, em termos de alterações de humor e uso de substâncias. Utilizaram o “Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia” e o “Research Diagnostic Criteria”, para o diagnóstico de depressão e alcoolismo e o “Family History ” para a avaliação da psicopatologia familiar. Os resultados revelaram uma incidência significativamente mais alta de alcoolismo entre parentes de indivíduos com fibromialgia e histórico de depressão do que parentes de indivíduos com fibromialgia, mas sem histórico de depressão. Apesar do aumento de alcoolismo, a incidência de depressão entre estes familiares não foi significativamente maior. Os autores concluíram que, a tendência à depressão em doentes com fibromialgia, pode ser uma manifestação de um distúrbio do espectro depressivo familiar e não apenas uma depressão secundária, reativa à dor e outros sintomas. A relação entre fatores afetivos e a síndrome de fibromialgia permanece pouco esclarecida. Muitos dos resultados de pesquisa confirmam a coexistência entre componentes sensoriais e afetivos da dor na fibromialgia, porém são pouco elucidativos a respeito das relações entre estes fatores, e menos esclarecedores ainda sobre sua função na etiologia da doença. Neste trabalho se assumirá a premissa de que possíveis alterações afetivas, como depressão e ansiedade, dos doentes com fibromialgia decorrem da presença da doença e da dor, não apenas devido à pouca certeza quanto ao papel desses fatores, mas também porque representa uma abordagem mais operacional, no contexto hospitalar. 60 8. COMPONENTES COGNITIVO-AVALIATIVOS DA DOR NA FIBROMIALGIA Os impulsos nervosos evocados pela ativação dos nociceptores são transmitidos às estruturas cerebrais que interagem entre si na tarefa de recepção e integração das informações sensoriais. Tais informações são então submetidas a um extenso processamento, ou avaliação cognitiva 19, que permitirá que seu significado possa ser identificado, classificado, comparado e inter-relacionado a informações prévias, com o objetivo de permitir a produção de comportamentos adequados e dirigidos à adaptação e sobrevivência do indivíduo em seu ambiente. 8. 1. O Locus de Controle da Dor Crônica As avaliações cognitivas podem ser influenciadas por fatores pessoais e situacionais. Dentre os fatores pessoais que influenciam as avaliações cognitivas sobre a dor, as crenças são determinantes na adaptação e ajustamento à dor crônica. “Crenças são configurações cognitivas pessoalmente formadas ou culturalmente compartilhadas” (Wrubel, Benner & Lazarus, 198120 apud Lazarus & Folkman, 1984, p.63), “são noções preexistentes sobre a realidade, que funcionam como lentes perceptivas (...)” (Lazarus & Folkman, 1984, p.63). 19 Ver “ O Stress da Dor na Fibromialgia”, “Aspectos Cognitivos” na p. 29. 20 WRUBEL, J.; BENNER, P. & LAZARUS, R. S. Social competence from the perspective of stress and coping. In: WINE, J. & SYME, M. (eds.), Social competence. Guilford, New York, 1981. 61 O conceito de locus de controle se refere às percepções e crenças dos indivíduos sobre as fontes de controle dos eventos. O locus de controle interno se refere à percepção ou crença de que os eventos estão condicionados às próprias ações ou características do indivíduo, enquanto que o locus de controle externo se refere à percepção ou crença de que os eventos estão condicionados a acontecimentos que independem das ações individuais, tais como sorte, acaso, destino ou a ação de outros indivíduos ou entidades mais poderosas (Rotter, 1966). As avaliações de controle de situações conhecidas e não ambíguas são mais influenciadas pelas características da situação do que pelas crenças individuais. Entretanto, as avaliações de controle de situações novas ou ambíguas, nas quais o ambiente oferece informações pouco claras ou insuficientes sobre a natureza e controlabilidade dos eventos, são influenciadas principalmente pelas crenças pessoais. Assim, situações ambíguas tendem a ser avaliadas como controláveis por indivíduos com locus de controle interno, e como incontroláveis por indivíduos com locus de controle externo (Rotter, 1966, 1975; Lazarus & Folkman, 1984). A continuidade da dor, além do tempo razoável para a cura de uma possível lesão, caracteriza a situação psicossocial dos doentes com dor crônica como ambígua, sendo que seu significado é muitas vezes interpretado através de crenças pessoais sobre a dor. Existem relações entre a orientação do locus de controle, o uso de estratégias de coping da dor e a adaptação ou ajustamento à dor crônica. Doentes que consideram os eventos como controlados por fatores externos podem apresentar deficiências nas estratégias de coping da dor e maior distress psicológico do que doentes que possuem outras orientações de locus de controle. Crisson & Keefe (1988) avaliaram 62 doentes com dor crônica através do “Multidimensional Health Locus of Control Scales”, do “Coping Strategies Questionnaire” e do “Symptom Checklist-90”. A análise dos resultados revelou que doentes que avaliavam os eventos como controlados por fatores de “acaso” 62 tais como “destino” ou “sorte”, tendiam a confiar em estratégias de coping da dor maladaptativas, estimavam suas habilidades para controlar e diminuir a dor como inadequadas e exibiam maior distress psicológico. Além disso, estes doentes possuíam maior probabilidade de apresentar depressão, ansiedade, sintomas obsessivos compulsivos e um maior nível geral de distress psicológico. O locus de controle de “acaso” também se apresentou associado a um maior uso das estratégias de coping da dor, denominadas de “distração da atenção” e de “rezar e esperar”. A orientação do locus de controle “internalidade” e “outros poderosos” pode estar associada à menor freqüência no uso de estratégias cognitivas de autocontrole. Buckelew et al. (1990) avaliaram o locus de controle de 160 indivíduos (67 homens e 93 mulheres) indicados para um programa de reabilitação em dor. Utilizaram o “Multidimensional Health Locus of Control (MHLC)” onde três grupos de perfis (“internalidade”, “acaso” e “outros poderosos”) foram identificados, para ambos os sexos. Entre os homens, os indicadores de grupo foram relacionados apenas à idade. Homens mais jovens apresentaram um forte estilo interno de atribuição, enquanto homens mais velhos confiavam mais intensamente nos fatores “acaso” e “outros poderosos”. Entre as mulheres, o indicador de grupo foi relacionado ao uso de estratégias de coping. Doentes com altos escores apenas no fator “internalidade” apresentaram uma forte orientação para o autocontrole dos cuidados com a saúde e maior probabilidade de utilizar estratégias de “busca de orientação”, “auto culpa” e “minimização de ameaça” do que doentes com altos escores tanto no fator “internalidade” quanto em “outros poderosos”. Comparados a outros doentes com dor crônica, os doentes com fibromialgia tendem a apresentar uma orientação de locus de controle mais externa e sentem ter pouco controle pessoal sobre seus sintomas (Pastor et al, 1993; Gustafsson & Gaston-Johansson, 1996). Pastor et al. (1993) aplicaram o “Multidimensional Health Locus of Control-Pain” e o “Arthritis Impact Measurement Scales” em 137 doentes (32 63 com síndrome de fibromialgia primária, 32 com artrite reumatóide, 20 com lúpus eritematoso sistêmico, 22 com espondilite anquilosante e 31 com osteoartrite). A análise dos resultados revelou que, comparados aos outros doentes, os fibromiálgicos acreditavam que seus sintomas dependiam de eventos incontroláveis e que eles não podiam influenciar sua doença sozinhos. Foram os mais incapacitados nos fatores “afeto” e “sintomas”, e aqueles que apresentaram uma orientação de locus de controle “acaso” referiram maior incapacitação nos fatores “afeto” e “interação social”, nas escalas de impacto da doença. Gustafsson & Gaston-Johansson (1996) compararam 31 doentes com síndrome de fibromialgia a 30 doentes com artrite reumatóide. Avaliaram as relações entre a intensidade da dor atual e a orientação externa/interna do locus de controle, avaliados através de “Visual Analogue Scales” e do “Health Locus of Control (HLC)”. Além disso, procuraram determinar a relação entre a lembrança da dor experimentada em episódios dolorosos anteriores (pior dor de dente, dor de cabeça e dor de estômago), orientação do HLC, idade e duração da dor. Os resultados mostraram que, comparados aos doentes com artrite reumatóide, os doentes com fibromialgia referiram dor atual significativamente mais intensa, lembraram-se das dores de dente e de cabeça e eram mais externamente orientados. A intensidade de dor apresentou-se significativamente correlacionada aos índices de intensidade de dor atual, porém não nos relatos de dor anteriormente experimentada, exceto para a pior dor de estômago no grupo com artrite reumatóide. 8. 2. O Coping da Dor Crônica Dentre os fatores situacionais que influenciam as avaliações cognitivas sobre a dor, encontram-se as considerações do indivíduo sobre os recursos que possui para lidar com as situações criadas pela experiência dolorosa. Esta avaliação é chamada de avaliação de coping. 64 Coping “… são os esforços cognitivos e comportamentais que mudam constantemente, específicas, internas ou para administrar externas, exigências avaliadas como sobrecarregando ou excedendo os recursos do indivíduo” 21 (Lazarus & Folkman, 1984, p.141). O processo de coping ocorre ao longo do tempo e envolve as transações entre indivíduo e ambiente. Sua função é administrar tais transações, visando otimizar a adaptação do indivíduo e sua sobrevivência; para tal, recorre a diversos métodos, conhecidos como estratégias de coping. É importante discriminar entre o processo de coping, estratégias de coping e os resultados ou conseqüências do uso das estratégias, especialmente por que muitas pesquisas se dedicam à procura e análise de estratégias de coping eficientes, na adaptação à dor crônica. Adaptação e coping são conceitos distintos. Adaptação é um conceito amplo que abrange desde rotinas, pensamentos e comportamentos automáticos até o próprio coping. Já o coping é um processo utilizado especialmente em situações nas quais o indivíduo não pode se conduzir com normalmente o faria, isto é, ele sempre implica numa condição de stress que demanda a utilização de ações especiais para administrá-lo (Gimenes, 1997). O processo de coping possui duas funções principais: (a) o planejamento de ações para mudar a situação stressora através da atuação sobre o ambiente ou sobre si mesmo, denominado coping centrado no problema; e, (b) a tentativa de redução da perturbação ou desconforto associados à situação stressora sem alterar a situação em si, chamado de coping centrado na emoção (Lazarus & Folkman, 1984; Smith, 1993). 21 No original, em inglês: “… constantly changing cognitive and behavioral efforts to manage specific external and/or internal demands that are appraised as taxing or exceeding the resources of the person.” 65 Em geral, o processo de coping centrado na emoção tem maior possibilidade de ocorrer quando a situação é avaliada como não sendo passível de mudança, e o processo de coping centrado no problema, tem maior probabilidade de ocorrer quando a situação é avaliada como passível de mudança (Lazarus & Folkman, 1984). A dificuldade de resolução da condição dolorosa no caso da dor crônica implica, geralmente, numa maior utilização de estratégias centradas na emoção. A literatura oferece diferentes categorizações de estratégias de coping, entretanto, existem algumas categorias que são especialmente utilizadas por doentes com dor crônica. São estratégias tais como evitação, minimização, distanciamento, atenção seletiva, comparações positivas e extração de valores positivos de eventos negativos (Lazarus & Folkman, 1984). A freqüência no uso e a eficiência destas estratégias no coping da dor independe da idade dos doentes. Keefe & Williams (1990) examinaram os efeitos da idade na freqüência do uso e eficiência percebida das estratégias de coping em doentes com dor crônica. Avaliaram doentes pertencentes a 4 faixas etárias (jovem, médio, mais velho e geriátrico) através do “Coping Strategies Questionnaire”, medidas de dor, depressão e distress psicológico. A análise dos dados não revelou diferenças etárias significativas tanto no uso como na eficiência percebida das estratégias de coping da dor, porém, enquanto certas estratégias de coping da dor aparentavam ser mais adaptativas (por exemplo, “auto-afirmações de coping”), outras estratégias de coping pareciam ser menos adaptativas (por exemplo, “catastrofização”, “distração da atenção”, “aumento das atividades comportamentais”). Doentes que qualificaram sua habilidade para diminuir a dor como relativamente alta, apresentaram níveis mais baixos de depressão e gravidade da dor. A freqüência do uso e a eficiência percebida das estratégias de coping estão relacionadas à adaptação e ajustamento à dor crônica. Jensen & Karoly (1991) avaliaram a adaptação à dor crônica em 118 doentes, através de variáveis relacionadas ao ajustamento: funcionamento psicológico, utilização de serviços médicos, nível de atividade e outros preditores. As “avaliações de 66 controle”, o “ignorar as sensações dolorosas”, o uso de “auto-afirmações de coping” e o “aumento das atividades comportamentais” foram positivamente relacionadas ao funcionamento psicológico. As “avaliações de controle”, a “distração da atenção”, o “ignorar as sensações dolorosas” e as “auto-afirmações de coping” foram também positivamente relacionadas ao nível de atividade, mas apenas em doentes que referiam um nível relativamente baixo de gravidade da dor. Nenhum dos preditores foi relacionado à utilização dos serviços médicos. As crenças dos doentes a respeito das características da dor influenciam diretamente o processo de coping. Doentes que acreditam numa origem misteriosa de sua dor podem ficar inseguros quanto à sua capacidade de controlá-la, doentes que acreditam na persistência de sua dor poderão ficar desmotivados em seus esforços de coping e correrão um maior risco de engajarse em estratégias inadequadas. Williams & Keefe (1991) avaliaram 120 doentes com dor crônica através do “Pain Beliefs and Perceptions Inventory” e do “Coping Strategies Questionnaire”. Analisaram as crenças de que “a dor é duradoura” e de que “a dor é misteriosa”, e constataram que doentes que pertenciam ao grupo caracterizado pela crença de que a dor era duradoura e misteriosa, tinham menor probabilidade de usar estratégias cognitivas de coping, maior probabilidade de “catastrofizar” e menor probabilidade de classificar suas estratégias de coping como eficientes no controle e redução da dor, do que doentes que acreditavam que sua dor era compreensível e de curta duração. Existem crenças sobre a dor capazes de mediar algumas das relações entre gravidade da dor e ajustamento. Foi o que concluíram Jensen et al. (1991) após uma revisão das pesquisas empíricas sobre as relações entre crenças, coping e ajustamento à dor crônica. Doentes que acreditam poder controlar sua dor evitam pensamentos catastróficos sobre sua condição, e aqueles que acreditam não estar severamente incapacitados parecem funcionar melhor do que aqueles que não o fazem. As estratégias de coping parecem estar associadas ao ajustamento de doentes com dor crônica, embora as dificuldades 67 metodológicas enfrentadas pela maioria dos estudos considerados pelos autores limitassem as conclusões a respeito natureza desta relação. A freqüência no uso de estratégias de coping da dor está relacionada à incapacitação funcional de doentes com fibromialgia. Martin et al. (1996) administraram o “Coping Strategies Questionnaire (CSQ)” a 80 doentes com fibromialgia. A análise dos resultados revelou duas principais dimensões no CSQ dos doentes: “tentativas de coping” e “catastrofização”. Tentativas de coping consistem de 5 escalas: “reinterpretação da dor”, “ignorar as sensações de dor”, “distração da atenção”, “auto-afirmações de coping” e “aumento da atividade comportamental”. Catastrofização compreende apenas a escala de “catastrofização” do CSQ. Ambas as dimensões de estratégias de coping foram significativamente relacionadas aos escores de incapacitação dos doentes no “Sickness Impact Profile”, mesmo após o controle de variáveis demográficas e clínicas. “Tentativas de coping” foram associadas com maiores níveis de incapacitação física e incapacitação total, e menores níveis de incapacitação psicossocial. “Catastrofização” foi associada com maiores níveis de incapacitação total. A inadequação da situação clínica dos doentes com fibromialgia resulta freqüentemente no uso espontâneo de tratamentos complementares, como coping da situação dolorosa. Nicassio et al. (1997b) examinaram a freqüência e os preditores do uso destes tratamentos numa amostra de 111 indivíduos com fibromialgia. Os doentes foram avaliados em termos da dor, funcionamento psicológico e incapacitação, anteriores ao seu envolvimento num programa para ajudá-los com o coping de sua condição. Foi feita também uma avaliação reumatológica e o preenchimento de um questionário de 20 itens, para avaliar o uso de tratamentos complementares, como estratégias especificamente para o coping da dor na fibromialgia. Segundo os resultados, 98% da amostra referiu ao menos o uso de uma estratégia, ao longo dos 6 meses anteriores. As estratégias diárias mais usadas pelos sujeitos foram exercícios, repouso em leito, consumo de vitaminas, aplicação de calor e a prática da espiritualidade e 68 preces. O maior uso de tratamentos complementares estava associado a idades menores, maior dor e maior incapacitação. O papel que a avaliação cognitiva desempenha na adaptação e ajustamento à dor crônica é evidente. Fatores como locus de controle e o uso de estratégias de coping se inter-relacionam e influenciam a visão que o indivíduo tem de si mesmo, do mundo e de sua doença. 69 OBJETIVOS 9. OBJETIVOS 9. 1. Objetivos Principais Os objetivos principais deste trabalho foram: Analisar os principais temas emergentes22 e características dinâmicas resultantes da aplicação da técnica de grupos operativos, centrada no coping do stress resultante da dor, em doentes com síndrome de fibromialgia. Avaliar o efeito de curto prazo, que essa aplicação exerceu sobre componentes sensório-discriminativos, afetivo-motivacionais e cognitivo- avaliativos da experiência dolorosa desses doentes. 9. 2. Objetivo Secundário Este trabalho teve como objetivo secundário: Traduzir e adaptar para o Brasil, o “Coping Strategies Questionnaire” (Rosenstiel & Keefe, 1983). 22 O significado desse termo se encontra em “Intervenções Psicossociais no Controle da Dor na Fibromialgia”, “Grupos Operativos em Doentes com Fibromialgia” na p. 41. 70 METODOLOGIA 10. METODOLOGIA A realização desta pesquisa, contou com a análise e aprovação da “Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa - CAPPesq da Diretoria Clinica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP” (Anexo C). 10. 1. Local, Período e Sujeitos Este trabalho prospectivo, foi realizado no Ambulatório de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, no período entre julho de 1997 e junho de 1998. Foram selecionadas 23 doentes do sexo feminino, com idades entre 25 e 57 anos, tempo mínimo de dor de 6 meses e escolaridade mínima de quarta série do primeiro grau, necessária para o preenchimento dos instrumentos de avaliação da dor. As participantes passaram pela triagem e foram encaminhadas ao Ambulatório de Dor Centro Multidisciplinar de Dor da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP, onde então foram diagnosticadas e medicadas pela médica fisiatra que também as acompanhou ao longo do procedimento. O diagnóstico foi realizado através dos critérios do ACR, e a medicação se constituiu de antidepressivos tricíclicos em baixas dosagens e analgésicos, que foram mantidos constantes pelo período de duração da pesquisa. Foram excluídas todas as doentes que, de acordo com o protocolo de atendimento do ambulatório, apresentaram histórico de problemas psiquiátricos e/ou neurológicos graves, que haviam se submetido a tratamento 71 psicológico ou psiquiátrico há menos de um ano e que possuíam, além da fibromialgia, doenças malignas. 10. 2. Instrumentos A classificação amostral baseou-se nos protocolos de diagnóstico e atendimento médicos. O consentimento de cada participante foi oficializado através da leitura, esclarecimento, preenchimento e assinatura do “Termo de Consentimento Pós-Informação” (Anexo D), um contrato padrão instituído pelo Hospital das Clínicas, para regulamentar a participação de seus doentes em pesquisas. As variáveis demográficas foram avaliadas através dos seguintes questionários preenchidos pelas próprias participantes: “Ficha de Identificação” (Anexo E) que inclui questões sobre nome, idade, escolaridade, estado civil, tempo de dor, medicação, etc. “Classificação de Classes Socio-Econômicas no Brasil (CCSEB) (Anexo F) que foi desenvolvida pela Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e pela Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado (ABIPEME), para avaliar a classe socio-econômica dos indivíduos. Na CCSEB a escolaridade é pontuada de 0 a 10 em ordem crescente, de acordo com o grau de instrução do chefe da casa, sendo que os denominados "itens de conforto" (bens móveis, eletrodomésticos) são avaliados mediante uma tabela padrão de pontuação. As variáveis experimentais foram avaliadas através de questionários e inventários, também preenchidos pelas doentes, que tiveram por objetivo avaliar componentes sensório-discriminativos, afetivo-motivacionais e cognitivo-avaliativos da dor crônica. A “Visual Analogic Scale” (VAS) (Anexo E), avalia a intensidade da dor através de uma linha de 10 cm, cujas extremidades representam “nenhuma dor” e 72 “pior dor possível”. O doente posiciona a intensidade de sua dor entre estes dois pontos de forma a permitir que o escore seja obtido medindo-se a distância do zero ao ponto assinalado (Jensen & Karoly, 1992). O “McGill Pain Questionnaire” (MPQ) (Anexo G), já validado para o Brasil, compreende, além do desenho da figura humana onde o doente deve assinalar o local de sua dor (não utilizado neste trabalho), 78 adjetivos ou descritores que, organizados em 4 grandes grupos e 30 subgrupos, visam avaliar as seguintes áreas: (a) sensorial, subgrupos de 1 a 10, se refere às propriedades de tempo, espaço, pressão e temperatura; (b) afetiva, subgrupos de 11 a 15, utiliza palavras que descrevem tensão, medo e expressões neurovegetativas associadas à dor; (c) avaliativa, subgrupo 16, visa a avaliação global da experiência de dor; e, (d) miscelânea, subgrupos de 17 a 20, que abrange fatores variados. A partir dos descritores escolhidos pelo doente obtém-se índices que podem ser calculados para cada um dos grandes grupos ou para o questionário como um todo, são eles: o “Índice do Número de Descritores Escolhidos”, obtido através da somatória dos descritores escolhidos, e o “Índice Quantitativo de Dor”, obtido através da somatória dos valores atribuídos aos descritores escolhidos (Melzak & Katz, 1992; Pimenta, 1995; Pimenta & Teixeira 1996). O “Beck Depression Inventory” (BDI) (Anexo H), avalia depressão e é composto de 21 itens, com 4 afirmações cada. O doente deve selecionar entre as afirmações, a que melhor descreve como se sente, e o escore se obtém pela somatória dos pontos. O BDI encontra-se em fase de validação pela “Casa do Psicólogo” e todavia não possui ponto de corte brasileiro (Beeck & Steer, 1978; Beck, 1961). O “State-Trait Anxiety Inventory” (STAI) (Anexos I e J), embora não possua ponto de corte para a população brasileira, já foi validado e é conhecido no Brasil como "Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)". Ele se compõe de duas escalas distintas, que visam medir dois conceitos diferentes de ansiedade: estado de ansiedade e traço de ansiedade. Ambas as escalas consistem de 20 afirmações cada, sendo que as instruções da escala de estado de ansiedade solicitam ao indivíduo que indique como se sente nesse momento de sua vida, e 73 as instruções da escala de traço de ansiedade solicitam que indique como se sente de modo geral. A amplitude de escores possíveis para ambas as escalas varia de um mínimo de 20 a um máximo de 80 pontos, onde escores altos indicam alta ansiedade e escores baixos, baixa ansiedade. Os pesos dos itens são os mesmos da classificação em pontos (de 1 a 4) assinalados pelo indivíduo, sendo que itens onde escores altos indicam alta ansiedade, permanecem com o mesmo peso escolhido pelo indivíduo e itens onde escores altos indicam baixa ansiedade, têm o seu peso invertido (Spielberger, Gorsuch & Lushene, 1979). O “Coping Strategies Questionnaire (CSQ)” versão adaptada ao Brasil (Anexo B) , avalia sete estratégias coping da dor crônica: (a) distração da atenção; (b) 23 reinterpretação das sensações dolorosas; (c) auto-afirmações de coping; (d) ignorar as sensações de dor; (e) rezar/esperar; (f) catastrofização, e (g) aumento da atividade comportamental. Também avalia a habilidade percebida, pelo indivíduo, de controle e diminuição da dor. Possui 50 questões, que devem ser classificadas em termos de freqüência numa escala de 0 a 6 pontos. Os escores são obtidos por estratégia, através da somatória da pontuação atribuída (Rosenstiel & Keefe, 1983). O “Locus of Control Inventory” (LOC) (Anexo L), já foi adaptado e validado para o Brasil. O LOC é uma escala multifatorial, composta de 24 itens que medem as expectativas gerais do sujeito sobre a maneira como os eventos são controlados e reforçados. Na sua construção foram consideradas dimensões pessoais, sociais e impessoais, as quais foram operacionalizadas através de três sub-escalas designadas: Sorte/Azar24 (A), Outros Poderosos (OP) e Internalidade (I). Cada sub-escala permite um mínimo de 0 pontos a um máximo de 8 pontos, sendo que se atribui um ponto a cada resposta positiva. É também possível obter o escore denominado Internalidade Total (IT) (Romero- 23 24 Ver mais adiante, “Tradução e Adaptação do CSQ para o Brasil” na p. 79. Como a palavra "azar" está relacionada à má sorte, no presente trabalho esta sub-escala será denominada Sorte/Azar para que o sentido do termo original em inglês, "chance", seja mantido. 74 Garcia & Maldonado25 apud Tamayo, 1988, p.114) que é uma variável derivada das sub-escalas anteriores. Operacionalmente o escore IT se calcula da seguinte maneira: IT = (I - OP + A) / 2 (Levenson, 1973; Coleta, 1987; Tamayo, 1988). Não possui ponto de corte para a população brasileira. O “Self Report Questionnaire” (SRQ) (Anexo M), foi desenvolvido no Brasil como um instrumento breve para avaliar a presença de sintomas psiquiátricos na população geral. Consiste de 20 questões, às quais o indivíduo deve responder sim ou não, sendo que escores superiores a 12 permitem levantar a suspeita de distúrbios psiquiátricos (Mari et al., 1987). 10. 3. Procedimento As 23 doentes foram divididas em 2 grupos: um grupo controle com 11 participantes (GC) e um grupo experimental com 12 (GO). As participantes do GO foram, por sua vez, novamente divididas para compor 2 grupos operativos com 6 componentes cada. A divisão das participantes nos grupos se deu de maneira seqüencial: as 6 primeiras doentes formaram o primeiro grupo operativo, as 11 seguintes o grupo controle e as 6 últimas o segundo grupo operativo. Após terem sido diagnosticas e medicadas, as participantes foram abordadas através de um breve “rapport” no qual foram esclarecidas sobre a pesquisa e formalmente convidadas. Logo após sua aceitação, firmaram o contrato de participação na pesquisa (Anexo D) e preencheram o pré-teste. O pré-teste consistiu de uma bateria composta pelos instrumentos citados e apresentados na seguinte ordem: Ficha de Identificação, VAS, SRQ, CCSEB, STAI-STATE, CSQ, MPQ, BDI, LOC, STAI-TRAIT. Esta mesma bateria, excetuando-se a CCSEB, foi utilizada nos pós-testes. 25 ROMERO-GARCIA, O. & MALDONADO, P., Escala Levenson de locus de control: análisis factorial en Venezuela, Mérida, 1985. 75 O período de seleção das participantes levou cerca de duas semanas, de forma que o 1o pós-teste foi aplicado a ambos os grupos, em média, na 9a semana após o pré-teste, o 2o pós-teste na 12a semana e o 3o pós-teste na 16a semana. Todos os pré-testes foram aplicados individualmente e os pós-testes em grupos. As integrantes de GC compareceram ao ambulatório apenas nas datas fixadas para a realização dos pós-testes, cujo preenchimento foi realizado em pequenos grupos por ordem de chegada. As integrantes de GO participaram de 8 sessões fechadas de grupo operativo, com duração de 90 minutos, realizadas uma vez por semana, em uma das salas de atendimento do Ambulatório de Neurologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. Cada grupo se compôs por 6 participantes, 1 coordenador e 1 observador, sendo que o primeiro grupo ocorreu no período de 17/8/97 a 7/10/97 e o segundo de 10/3/98 a 12/5/98. Na semana seguinte à última sessão de cada grupo, após o preenchimento do 1o pós-teste, foi realizada a devolução do processo grupal produzida a partir das falas registradas em cada sessão. A partir daí, cada grupo só voltou a reunir-se nas datas fixadas para a realização do 2o e 3o pós-testes. Após o término da pesquisa, todas as participantes de GO e GC foram encaminhadas para a “Escola de Fibromialgia”, uma intervenção educacional regularmente oferecida pelo Departamento de Medicina Física e Reabilitação do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas e FMUSP. 10. 4. Critérios de Seleção dos Dados Qualitativos Os dados qualitativos se encontram nos registros realizados pelos observadores, ao longo das 16 sessões grupais. Grande parte de seu extenso conteúdo diz respeito à dinâmica específica de cada grupo ou às características individuais de seus membros. Entretanto, alguns dos temas emergentes mais 76 significativos foram abordados nos dois grupos, sendo que o mesmo ocorreu com algumas características das dinâmicas grupais. Foram considerados como dados qualitativos passíveis de utilização neste trabalho, todo fato ocorrido ou informação abordada de maneira semelhante em ambos os grupos, cujo conteúdo não coloque em risco o anonimato de seus participantes. 10. 5. Provas Estatísticas Aplicadas aos Dados Quantitativos No que diz respeito à comparação entre os grupos, para as variáveis demográficas Idade e Classe Social foi utilizada a Prova t de Student para amostras independentes; para as variáveis Escolaridade e Tempo de Dor, a Prova U de Mann-Withney; e, para a relação entre os grupos e o Estado Civil das participantes foi utilizada a Prova Exata de Fisher. Isto porque as primeiras variáveis foram consideradas como sendo de mensuração intervalar, as segundas como ordinal e a última como nominal. Em relação à comparação dos grupos entre si ou internamente, decidiuse pela utilização de provas estatísticas não paramétricas, uma vez que: (a) parte dos instrumentos (STAI, BDI, LOC e SRQ) foi projetada para a população geral, porém não para a população de doentes crônicos; portanto, não existem dados que permitam supor que estas variáveis obedeçam à distribuição normal nesta população; (b) os instrumentos restantes (VAS, MPQ e CSQ) foram projetados para doentes com dor crônica, no entanto, ainda não se têm dados sobre a distribuição destas variáveis nesta população, especialmente entre os doentes com fibromialgia; (c) o número de sujeitos da pesquisa foi reduzido; portanto, julgou-se mais correto e seguro considerar todas as variáveis como sendo de nível ordinal. A comparação das variáveis experimentais foi realizada entre os dois grupos (inter-grupal) e entre as testagens de cada grupo (intra-grupal). 77 A análise inter-grupal foi realizada através das medianas dos escores, da média dos postos atribuídos aos escores através da Prova U de MannWithney, da comparação entre os escores obtidos em cada testagem dos grupos, e da comparação entre os pré-testes e os pós-testes de ambos os grupos através do cálculo, para cada sujeito, da diferença entre os escores do pré-teste e os de cada um dos pós-testes. A análise intra-grupal foi realizada, primeiramente, através da Prova de Friedman que testou a hipótese de igualdade entre as quatro avaliações (Ho: pré = 1o pós = 2o pós =3o pós). Quando esta hipótese foi rejeitada, testouse as seguintes hipóteses, através da prova de Wilcoxon: (a) Ho: pré = 1o pós U 2o pós U 3o pós, que compara os escores do pré-teste à média das medianas dos escores do 1o, 2o e 3o pós-testes. (b) Ho: 1o pós = 2o pós U 3o pós, que compara os escores do primeiro pós à média das medianas do 2o e do 3o pós-testes. (c) Ho: 2o pós = 3o pós, que compara os escores do 2o e do 3o pós-testes. 78 RESULTADOS 11. TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO DO “COPING STRATEGIES QUESTIONNAIRE” PARA O BRASIL O objetivo da avaliação da dor é caracterizar a experiência dolorosa em seus diversos componentes. Ela deve permitir: identificar fatores que possam estar contribuindo para a manifestação, exacerbação e/ou manutenção da dor; avaliar seus efeitos sobre as condições biológicas, psicológicas e sociais do indivíduo; e, auxiliar na seleção e adequação das diferentes abordagens terapêuticas, assim como na verificação de sua eficácia (Pimenta & Teixeira, 1997). Como a dor é sempre subjetiva (Merskey, 1991) e não existe um aparelho que permita uma avaliação objetiva da quantidade ou gravidade da dor experimentada, sua mensuração só pode ser realizada de forma indireta e basear-se na comunicação, verbal e/ou não verbal, do doente (Turk & Marcus, 1994; Pimenta & Teixeira, 1997). Isso enfatiza a utilidade de instrumentos de auto-relato, tais como inventários e questionários, na avaliação da dor crônica. Dentre os instrumentos de auto-relato que avaliam os componentes cognitivo-avaliativos da experiência dolorosa, o “Coping Strategies Questionnaire” (Rosenstiel & Keefe, 1983) é, atualmente, um dos mais utilizados em pesquisas e clínicas de dor, para a avaliação das estratégias de coping empregadas por doentes com dor crônica. O CSQ se constitui de 50 itens, projetados para avaliar seis estratégias cognitivas e uma estratégia comportamental de coping: (1) desvio da atenção; (2) reinterpretação das sensações dolorosas; (3) auto-afirmações de coping; (4) ignorar as sensações dolorosas; (5) rezar/esperar; (6) catastrofização e (7) aumento da atividade comportamental. Estão também incluídas duas 79 questões, que avaliam a habilidade percebida de controle e diminuição da dor (Keefe, 1992). O processo de coping da dor crônica é complexo e contínuo, e a escolha de diferentes estratégias varia de acordo com a intensidade da dor. Em doentes com dor crônica, as estratégias de coping devem ser consideradas como parte de um processo dinâmico, portanto, a confiabilidade de suas medidas deve ser avaliada a partir de sua consistência interna. O CSQ tem um nível aceitável de consistência interna, entretanto, por ser o coping um processo variável, possui um nível de moderado a moderadamente baixo de estabilidade, ao longo do tempo (op. cit.). Atualmente, as pesquisas sobre o CSQ têm se dirigido aos fatores que compõe as dimensões de coping, aos estudos clínicos que comparam subgrupos de doentes e aos estudos que avaliam resultados de tratamentos (Keefe, 1992; Degood & Shutty, 1992). As pesquisas que envolvem a análise dos fatores das sub-escalas do CSQ visam obter uma estrutura de fator confiável (Lawson et al., 1990; Swartzman et al., 1994; Robinson et al., 1997; Riley & Robinson, 1997). Os estudos clínicos que empregam o uso de estratégias de coping com índices de funcionamento dos doentes e como resultados de tratamento têm sido, de modo geral, mais promissores (Keefe et al., 1991; Geisser et al., 1994). A utilidade clínica do CSQ é bem estabelecida, apesar da dificuldade de interpretação das estratégias de coping que resulta, mais provavelmente, das dificuldades teóricas de classificação das estratégias de coping do que do CSQ, propriamente dito (Degood & Shutty, 1992). O processo de tradução e adaptação do CSQ para o Brasil iniciou-se com carta enviada ao Dr. Francis J. Keefe, da Universidade de Duke (EUA), solicitando a versão original do questionário e autorização para sua tradução e validação para o Brasil. Em resposta, o Dr. Keefe enviou o CSQ original acompanhado da chave de correção e de todos os dados disponíveis sobre confiabilidade, estabilidade e estudos normativos iniciais (Keefe, 1992). 80 11. 1. Objetivo O objetivo desta parte do trabalho, foi traduzir e adaptar para a cultura brasileira, a versão original do “Coping Strategies Questionnaire”. 11. 2. Metodologia 11. 2. 1. Sujeitos Participaram da aplicação piloto, 25 doentes com dor crônica pertencentes à “Liga de Dor do Centro Acadêmico Osvaldo Cruz da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Acadêmico 31 de Outubro da Escola de Enfermagem da USP”. Os doentes eram de ambos os sexos, com escolaridade mínima de quarta série do ensino básico, e foram diagnosticados com uma das seguintes doenças: fibromialgia, neuralgia pós-herpética e câncer, para permitir que o CSQ fosse preenchido por doentes que sentissem dores por nocicepção, por desaferentação e mistas, respectivamente. Participaram do processo para a adaptação da tradução do CSQ, 14 especialistas convidados entre profissionais de seis diferentes especialidades: Neurologia, Psiquiatria, Anestesiologia, Odontologia, Enfermagem e Psicologia, pertencentes ao “Centro Multidisciplinar de Dor da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP", “Escola de Enfermagem da USP”, “Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP”, “Instituto de Psicologia da USP” e do “Departamento de Anestesiologia e Cirurgia Odontológica e Buco-Maxilo Facial da UNIP”. 11. 2. 2. Instrumentos Os instrumentos utilizados foram a versão traduzida do CSQ e o “Guia de Avaliação e Adaptação do CSQ para o Brasil” (anexo A) criado para facilitar aos especialistas o julgamento crítico do questionário. O “Guia” se compõe de duas partes. Na primeira, encontra-se a versão traduzida do CSQ, com 81 instruções especiais para o seu preenchimento. Na segunda parte encontramse várias questões, fechadas e abertas, elaboradas com o objetivo de facilitar a reflexão crítica sobre cada um dos componentes do questionário e permitir sugestões para sua adaptação estrutural e cultural à população brasileira. 11. 2. 3. Procedimento A tradução da versão original do CSQ foi realizada por um professor de tradução e interpretação da Associação Alumni26 . A palavra “catastrophizing” não foi passível de tradução por se tratar de um neologismo criado pelos autores, para representar o ato de utilizar pensamentos catastróficos como uma estratégia cognitiva de coping da dor. O tradutor sugeriu então a criação de um neologismo equivalente em português, a palavra “catastrofização”, que foi adotada. A versão traduzida do CSQ foi então aplicada aos 25 doentes com dor crônica, para que se pudesse observar seu comportamento durante o preenchimento do questionário. A aplicação foi individual e ocorreu numa das salas de atendimento do “Ambulatório de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP”. Esta observação serviu de base para a elaboração do “Guia de Avaliação e Adaptação do CSQ para o Brasil” que foi então, entregue aos especialistas convidados. Foi permitido aos especialistas ficarem o tempo que julgassem necessário com o “Guia”, entretanto solicitou-se que o preenchimento fosse individual. 26 A Associação Alumini, criada em 1961, é uma organização binacional, sem fins lucrativos, reconhecida pelos governos brasileiro e americano. 82 11. 3. Resultados Cada um dos componentes do CSQ (instruções, questões e escalas) foi submetido ao julgamento dos especialistas quanto a critérios considerados essenciais para a adaptação do questionário à língua portuguesa e à cultura brasileira. Na análise dos resultados quantitativos são apresentadas as porcentagens de aprovação dos especialistas segundo estes critérios, e na análise dos resultados qualitativos, são apresentadas as sugestões para a adaptação dos componentes que não alcançaram ao menos 75% de aprovação. 11. 3. 1. Análise dos resultados quantitativos As instruções do CSQ foram avaliadas em termos de sintaxe, clareza, simplicidade e compreensão. Para facilitar a crítica, foram divididas em três períodos, que serão apresentados a seguir, na Tabela 1, juntamente com a porcentagem de aprovação dos especialistas. Tabela 1 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções Iniciais do CSQ Segundo os Critérios de Sintaxe, Clareza, Simplicidade e Compreensão. Instruções As pessoas que tem dor desenvolvem várias maneiras de enfrentar ou lidar com a dor, que vão desde dizer coisas para si mesmo a envolver-se em várias atividades quanto estão sentindo dor. (...) (...) Abaixo se encontra uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer quando sentem dor. Indique, usando o quadro abaixo, quanto você utiliza cada atividade específica quando sente dor (...) (...) Para nós é importante saber se você utiliza e quanto cada atividade, independente do fato dela dar resultados ou não. Sintaxe Clareza Simplic. Compreen. 42,8% 50,0% 57,1% 85,7% 78,6% 71,4% 71,4% 85,7% 64,3% 71,4% 78,6% 85,7% 83 De acordo com a Tabela 1, ao menos 25% dos especialistas consideraram a primeira parte das instruções como mal escrita, pouco clara e complicada; a segunda parte como pouco clara e complicada e por fim, a terceira parte, como mal escrita e pouco clara. Na Tabela 2, são apresentadas as porcentagens de aprovação da escala de freqüência do CSQ, de acordo com os critérios de adequação do formato (linha reta numerada), adequação dos critérios de freqüência, clareza dos termos e compreensão da escala, de modo geral. Tabela 2 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Freqüência do CSQ Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão. Critérios Aprovação Adequação do Formato 78,6% Adequação dos Critérios de Freqüência 71,8% Clareza 92,8% Compreensão 92,8% Segundo a Tabela 2, a escala de freqüência do CSQ foi considerada por mais de 75% dos especialistas clara, compreensível, adequada em termos de formato, entretanto foi considerada como pouco adequada em termos de critérios. A Tabela 3 apresenta as porcentagens de aprovação do conjunto de questões, por tipo de estratégia do CSQ, segundo os critérios de fidedignidade, simplicidade, sintaxe e compreensão. 84 Tabela 3 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram o Conjunto de Questões por Estratégia de Coping do CSQ, Segundo os Critérios de Fidedignidade, Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. Estratégia Questões Fidedignid. Simplicid. Sintaxe Compreens. Desvio da Atenção 3, 10, 13, 30, 31, 43 100% 100% 92,8% 100% Reinterpret. das Sens. Dolorosas 1, 4, 11, 18, 34, 46 92,8% 100% 85,7% 92,8% Auto-Afirmações de Coping 6, 8, 23, 26, 36, 37 100% 100% 100% 100% Ignorar as Sens. Dolorosas 20, 22, 24, 7, 35, 40 100% 100% 92,8% 100% Rezar/Esperar 15, 17, 21, 25 32, 41 85,7% 100% 92,8% 100% Catastrofização 5, 12, 14, 28, 38, 42 92,8% 100% 92,8% 100% 2, 7, 39, 44, 45, 47 85,7% 100% 92,8% 100% Aumento da Ativ. Comportamental De acordo com a Tabela 3 as questões foram, por mais de 75% dos especialistas, adequadas ao tipo de estratégia que se propunham a avaliar, apresentaram termos simples, bem escritos e compreensíveis. Na Tabela 4 são apresentadas as porcentagens de aprovação das instruções da questão 49 do CSQ, em termos de sintaxe, clareza, simplicidade e compreensão. Tabela 4 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções da Questão 49 do CSQ, Segundo os Critérios de Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. Critérios Aprovação Simplicidade 92,8% Sintaxe 85,7% Compreensão 100% Segundo a Tabela 4, as instruções da questão 49 foram bem escritas, são simples e compreensíveis. Na Tabela 5, a seguir, são apresentadas as 85 porcentagens de aprovação da escala de quantidade da questão 49 do CSQ, de acordo com os critérios de adequação do formato (linha reta numerada), adequação dos critérios de quantidade, clareza dos termos e compreensão da escala de modo geral. Tabela 5 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Quantidade da Questão CSQ, Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão. Critérios Adequação do Formato Adequação dos Critérios de Quantidade Clareza Compreensão Aprovação 100% 92,8% 85,7% 100% De acordo com a Tabela 5, a escala de freqüência do CSQ foi considerada, por mais de 75% dos especialistas, como adequada, em termos de formato e critérios, clara e compreensível. Na Tabela 6, são apresentadas as porcentagens de aprovação das instruções da questão 50 do CSQ, em termos de sintaxe, clareza, simplicidade e compreensão. Tabela 6 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram as Instruções da Questão 50 do CSQ, Segundo os Critérios de Simplicidade, Sintaxe e Compreensão. Critérios Simplicidade Sintaxe Compreensão Aprovação 92,8% 92,8% 92,8% Segundo a Tabela 6, as instruções da questão 50 foram bem escritas, são simples e compreensíveis. Na Tabela 7, a seguir, são apresentadas as porcentagens de aprovação da escala de quantidade da questão 50 do CSQ, de acordo com os critérios de adequação do formato (linha reta numerada), adequação dos critérios de quantidade, clareza dos termos e compreensão da escala de modo geral. 86 Tabela 7 - Porcentagem de Especialistas que Aprovaram a Escala de Quantidade da Questão CSQ, Segundo os Critérios de Adequação do Formato e dos Critérios, Clareza e Compreensão. Critérios Aprovação Adequação do Formato 100% Adequação dos Critérios de Quantidade 92,8% Clareza 85,7% Compreensão 100% De acordo com a Tabela 7, a escala de freqüência do CSQ foi considerada, por mais de 75% dos especialistas, como adequada, em termos de formato e critérios, clara e compreensível. 11. 3. 2. Análise dos resultados qualitativos Os componentes do CSQ com menos de 75% de aprovação receberam, por parte dos especialistas, sugestões para sua adaptação à cultura brasileira. Muitos dos componentes aprovados também receberam comentários, visando otimizar sua compreensão por parte dos doentes. De modo geral, as sugestões de diferentes especialistas foram coincidentes ou complementares e, nos raros casos em que houve oposição de idéias, o critério de escolha baseou-se na observação do comportamento dos doentes que participaram da aplicação piloto. O Quadro 1, a seguir, apresenta as dificuldades compartilhadas pelos doentes, durante a aplicação piloto do CSQ. 87 Quadro 1 - Dificuldades Apresentadas pelos Doentes, Durante o Preenchimento da Versão Traduzida do CSQ. Incompatibilidade de padrão sócio-econômico e cultural com o conteúdo das questões 2 e 45 da versão original. Dificuldade de compreensão das instruções iniciais. Dificuldade de compreensão das instruções das questões 49 e 50. Confusão na compreensão e uso dos conceitos numéricos sugeridos pela escala inicial de freqüência. Dificuldade de compreensão e memorização do papel progressivo dos números nas escalas de freqüência. Tendência a escolher valores numéricos centrais ou médios da escala de freqüência inicial. Dificuldade de utilização do local de preenchimento das respostas antecedendo as frases. Dificuldade motora para escrever números. O Quadro 2, a seguir, apresenta o resultado das sugestões dos especialistas para adaptar as instruções do CSQ aos doentes brasileiros. Quadro 2 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação das Instruções do CSQ. Instruções Traduzidas Instruções Adaptadas As pessoas que têm dor desenvolvem várias maneiras de enfrentar ou lidar com a dor, que vão desde dizer coisas para si mesmas a envolver-se em várias atividades, quando estão sentindo dor. Abaixo se encontra uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer quando sentem dor. Indique, usando a Quadro abaixo, quanto você utiliza de cada atividade específica quando sente dor. Para nós é importante saber se você utiliza e quanto de cada atividade, independente do fato dela dar resultados ou não. Abaixo você irá encontrar uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer, pensar e sentir, quando têm dor. Por favor, indique com que freqüência você utiliza cada uma das atividades abaixo. Circule o número que corresponde à sua resposta, de acordo com os seguintes critérios: A adaptação das instruções iniciais do questionário implicou na retirada de informações dispensáveis, e no acréscimo de instruções sobre o local e a forma de assinalar as respostas. Isso tornou as instruções mais simples, diretas e objetivas. A seguir, no Quadro 3, são apresentadas as sugestões dos especialistas, para a adaptação da escala de freqüência do uso de estratégias de coping. 88 Quadro 3 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Freqüência do CSQ. Escala Traduzida 0 1 2 nunca faz Escala Adaptada 3 4 5 às vezes 6 sempre faz faz FAÇO ISSO: 0 1 2 3 4 nunca pouquíssimas poucas às vezes sim muitas vezes às vezes não vezes vezes 5 muitíssimas 6 sempre vezes A adaptação da escala de freqüência de uso das estratégias manteve o formato de reta numerada porém incluiu o acréscimo de critérios descritivos, o mais equivalentes possíveis à progressão numérica para todas as freqüências. O Quadro 4 apresenta as sugestões dos especialistas, para a adaptação da forma de apresentação das questões. Quadro 4 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação na Estrutura de Apresentação das Questões do CSQ. Apresentação Traduzida Apresentação Adaptada Quando sinto dor… ____ 1. Xyxyxyxyxyxyxyxy… 1. Quando sinto dor, xyxyxyxyx… 01 2 3 4 5 6 De acordo com o Quadro 4, a estrutura de apresentação das frases sofreu as seguintes adaptações: (a) a frase “Quando sinto dor…” apresentada apenas no alto da página no questionário original, passou a ser incluída no início de cada uma das frases da versão adaptada; (b) os critérios numéricos de freqüência de 0 a 6, que na versão original deveriam ser escritos num espaço em branco à esquerda de cada frase, na versão adaptada passaram a ser apresentados à esquerda de cada frase; (c) os números de 0 a 6, que na versão original deveriam ser escritos no espaço que antecedia cada frase, passaram a constar depois de cada frase para serem circulados. A seguir, no Quadro 5, estão as sugestões dos especialistas para a adaptação das questões do CSQ. Muitas das adaptações sugerida são sutis e visam otimizar a compreensão por parte do doente. 89 Quadro 5 - Sugestões dos Especialistas para a Adaptação das Questões do CSQ. Frases Traduzidas Frases Adaptadas 1.Tento me sentir distante da dor, quase 1. Quando sinto dor, tento me sentir como se ela estivesse no corpo de outra distante da dor, como se ela estivesse pessoa. no corpo de outra pessoa. 3. Tento pensar em algo agradável. 4. 3. Quando sinto dor tento pensar em coisas agradáveis. Não penso na dor como dor 4. Quando sinto dor, não penso na dor propriamente dita, mas como uma como dor propriamente dita, mas como sensação de amortecimento ou de calor uma sensação diferente e não tão localizado. desagradável. 10. Faço contas de cabeça ou, 10. Quando sinto dor faço contas de mentalmente, canto uma música. cabeça ou canto uma música mentalmente. 13. Faço jogos mentalmente para não 13. Quando sinto dor, faço jogos mentais pensar na dor. para não pensar na dor. 15. Penso que algum dia surgirá alguém 15. Quando sinto dor, penso que algum para me ajudar e que a dor dia surgirá alguém para me ajudar e desaparecerá por algum tempo. que a dor desaparecerá. 18. Tento pensar na dor não como parte 18. Quando sinto dor, tento imaginar que do meu corpo, mas como algo alheio a a dor não é parte do meu corpo, mas mim. algo alheio a mim. 26. Por pior que seja a dor, consigo me 26. Quando sinto dor, por pior que ela controlar. seja, digo a mim mesmo que vou conseguir me controlar. 32. Rezo para que a dor pare. 32. Quando sinto dor, rezo para que ela termine. 37. Embora sinta dor, continuo com o que 37. Quando sinto dor, embora esteja estava fazendo. sentindo a dor, continuo com o que estava fazendo. 41.Confio na minha fé em Deus. 41. Quando sinto dor, confio na minha fé em Deus para que a dor passe. 44. Faço qualquer coisa para esquecer a 44. Quando sinto dor, faço alguma coisa dor. para esquecer a dor. No Quadro 6, estão as sugestões dos especialistas, para a adaptação das instruções da questão 49, sobre a habilidade percebida de controle da dor. 90 Quadro 6 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação das Instruções da Questão 49 do CSQ. Instruções Traduzidas Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. Instruções Adaptadas Baseado nas coisas que você faz para enfrentar e lidar com a dor, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, assinale na escala abaixo o número correspondente. As instruções da questão 49 foram simplificadas, através da retirada de informações dispensáveis, tornando-as mais simples e diretas. A seguir, no Quadro 7, está a sugestão dos especialistas para a adaptação da escala de quantidade de controle da dor da questão 49. Quadro 7 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Quantidade da Questão 49 do CSQ. Escala Traduzida 0 Escala Adaptada 0 1 2 Nenhum controle 3 4 5 Algum controle 1 Nenhum controle 2 3 Algum controle 6 Controle absoluto 4 5 6 Controle total A única sugestão para a adaptação da escala de quantidade de controle da dor foi a substituição do critério de “controle absoluto” por “controle total”. A seguir, no Quadro 8, está a sugestão dos especialistas, para a adaptação da escala de quantidade de controle da dor da questão 49. Quadro 8 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação das Instruções da Questão 50 do CSQ. Instruções Traduzidas Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você consegue diminuir essa dor? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. Instruções Adaptadas Baseado nas coisas que você faz para enfrentar e lidar com a dor, até que ponto você consegue reduzi-la? Por favor, assinale na escala abaixo o número correspondente. As instruções da questão 50 também foram simplificadas, através da 91 retirada de informações dispensáveis, tornando-as mais simples e diretas. A seguir, no Quadro 9, está a sugestão dos especialistas para a adaptação da escala de quantidade de diminuição da dor da questão 50. Quadro 9 - Sugestão dos Especialistas para a Adaptação da Escala de Freqüência da Questão 50 do CSQ. Escala Traduzida 0 Não posso diminui-la 1 2 3 Posso diminuí-la um pouco 4 5 6 Posso diminuí-la Escala Modificada 0 Não posso diminui-la 1 2 3 Posso diminuí-la um pouco 4 5 6 Posso diminuí-la muito Também na adaptação da escala de quantidade de diminuição da dor, a única sugestão foi a substituição do critério de “posso diminuí-la” por “posso diminuí-la muito”. 11. 4. Conclusão De modo geral, as principais alterações propostas se referiram à estrutura de apresentação do questionário, e não ao seu conteúdo. As adaptações sugeridas pelos especialistas foram extremamente adequadas e, de modo geral, compatíveis e complementares aos dados de observação do comportamento dos doentes durante o preenchimento do CSQ. A versão adaptada do CSQ, que foi utilizada no restante deste trabalho, inclui todas estas sugestões e encontra-se disponível no anexo B, juntamente com a chave de correção. 92 12. ANÁLISE DOS RESULTADOS QUALITATIVOS 12. 1. As Primeiras Sessões A primeira sessão grupal se iniciou com o estabelecimento da tarefa explícita, o enquadre e as apresentações. A tarefa explícita do grupo procurou esclarecer a presença dos integrantes: discutir as melhores formas possíveis de lidar com a dor no dia a dia. O enquadre, que representa o contrato de funcionamento do grupo, estabeleceu os horários, datas, número de sessões, etc. e reiterou a possibilidade de se retirar o consentimento para utilização científica dos registros das sessões27, uma vez que não seria possível prever seu conteúdo. As apresentações se iniciaram pelas participantes, foram seguidas pelas apresentações do observador e da coordenadora e concluídas pelo esclarecimento de seus papéis. Na primeira sessão os grupos ainda não se constituíam como tal, pois seus membros haviam acabado de se conhecer; por isso se comportaram de acordo com o padrão adequado ao local onde se encontravam: um ambulatório hospitalar. As doentes procuravam sempre se dirigir à coordenadora, descrevendo seus sintomas e relatando o início e evolução da sua doença, prestando pouca atenção ao relato de outras participantes. Quando não estavam falando, mantinham-se fitando as próprias mãos, o chão ou a coordenadora, como se os outros membro dos grupo não estivessem presentes. No início da segunda sessão, as doentes retomaram o mesmo comportamento, entretanto, seus olhares começaram a se dirigir para as outras pessoas, incluindo o observador, como que realizando uma avaliação. A semelhança de alguns relatos começou a chamar a atenção de algumas participantes que passaram então a compartilhá-los. A partir daí começaram a 27 Ver em “Metodologia”, “Instrumentos”, na p. 72, e o Anexo D, na p.226. 93 se configurar, como primeiros temas emergentes, a aceitação e compreensão da doença, que se tornaram assuntos das pré-tarefas iniciais das sessões seguintes. 12. 2. Os Temas Emergentes Para fins de apresentação, assuntos comuns aos dois grupos foram agrupados em temas emergentes gerais que representam, não só os conteúdos que foram discutidos, mas também aqueles que, por algum motivo, foram pouco abordados ou mesmo evitados ao longo do processo terapêutico. Para ilustrá-los, selecionou-se dos registros das sessões grupais, algumas frases que refletissem esses conteúdos ou a evolução do tratamento dado aos temas. Convém observar que, temas e frases se encontram destacados do contexto em que ocorreram, e que a ordem de exposição não é, necessariamente, cronológica. A análise a seguir, procurará enfatizar os conteúdos e evolução dos temas emergentes tratados pelos grupos, evitando as análises e elaborações clínicas dos terapeutas. 12. 2. 1. A aceitação da doença A aceitação de uma doença com as características da síndrome de fibromialgia é uma tarefa difícil. Seus sintomas são desconfortáveis, variáveis na sua manifestação e se mantêm ao longo do tempo. De todas as características, a cronicidade da doença parece ser a mais ameaçadora. As frases a seguir, procuram ilustrar como as participantes pensavam e se sentiam a respeito deste tema. - “É... mas a minha semana não é mais minha, tenho exames e preciso fazer uma agenda...” (V.F.N. sic)28. 28 Por motivos éticos, as iniciais utilizadas neste trabalho não correspondem às verdadeiras iniciais das participantes. 94 - “A sensação que eu tenho com a fibromialgia é que a vida é muito restrita, que a duração da gente não vai ser muito grande.” (G.T. sic) - “Eu não aceito isso. Eu tenho ódio da fibromialgia. O médico orienta mudanças mas não adianta. No meu trabalho não tem jeito, sempre dói. Já me indicaram para a psiquiatria.” (D.H.C. sic). A demora para obter o diagnóstico e a falta de efetividade dos tratamentos transformaram horários antes reservados para outras atividades, em horários ocupados por consultas, exames, terapias, etc. A continuidade dos sintomas aumentaram a preocupação com a saúde física, modificando ou paralisando projetos de vida, de médio e longo prazo. Em síntese, a doença produziu uma série de mudanças que interferiram e modificaram a organização do cotidiano das doentes. Como se pode depreender pelas frases, a doença representou um marco de vida para as participantes. Muitas de suas avaliações se baseavam em comparações do tipo “como era antes” e “como não é mais”. Ao longo das discussões, tanto as tentativas de negar como as de aceitar a doença, se alternaram. Entretanto, estas tentativas infrutíferas também geraram uma nova compreensão do tema que, progressivamente, se centrou nas diferenças entre o “aceitar” e o “conformar-se” e em como o “não aceitar” era importante na busca de novas alternativas para lidar com a doença. A partir destas reflexões, começaram a ocorrer mudanças de perspectivas: ao invés da preocupação generalizada com tudo aquilo que a doença não permitia, se iniciou um interesse progressivo em todas as coisas que a doença possibilitava, em momentos e situações específicos. A tarefa de aceitação da doença, foi se realizando em caráter contínuo ao longo do processo terapêutico, pois aceitar a doença significa também aceitar uma realidade que, assim como os sintomas da fibromialgia, varia de acordo com as circunstâncias. 95 12. 2. 2. A compreensão da doença A síndrome de fibromialgia foi percebida como uma doença ambígua, com sintomas que variam e são difíceis de prever e controlar. Hoje, o indivíduo se sente bem e pode fazer uma série de coisas, amanhã tudo pode mudar, ou não. As pessoas aparentam ser saudáveis mas não o são, e também não são suficientemente “doentes” para convencer a si mesmos e aos outros de sua condição. As frases abaixo, procuram ilustrar o estado de desorientação das participantes com relação à sua doença. - “Olha, prá mim isto não é doença, doença a gente fica assim ... sei lá ...” (T.S.H. sic). - “Cada dia a gente tá de um jeito” (T.S.H. sic). - “...perda dos limites, antes era assim... de repente...” (N.B.Q.H. sic). - “Fico insegura, não sei se vou prá frente ou prá trás...” (I.D.T.T. sic). - “Essa semana eu falei em casa o nome do que eu tenho. Perguntaram: - „Existe isso aí?‟ E eu falei: „É tão especial a doença que vocês não conhecem, tá?!” (N.H.C.D. sic). Tema principal de quase todos os inícios de sessões, a compreensão da doença gerou pré-tarefas que eram envoltas em longas descrições de sintomas e conjecturas sobre suas causas. Estas discussões, onde muito se falava e pouco se ouvia, tendiam a se prolongar, repetir e paralisar o funcionamento dos grupos. No decorrer das discussões, entretanto, as participantes foram aos poucos se dando conta de que a fibromialgia era uma doença muito diferente das que conheciam, era “especial” (N.H.C.D. sic). Com isso, iniciaram a modificação do estereótipo de doença, que influiu em outros estereótipos tais como o de doente e os dos papéis dos profissionais. Essas mudanças fundamentaram alguns projetos que orientaram diferentes estratégias de coping, como a exemplificada pela última frase. 12. 2. 3. A relação mente-corpo 96 Este tema pode ser considerado como uma evolução do tema anterior, já que representa a passagem da compreensão da doença para a compreensão do indivíduo doente. As frases a seguir, procuram ilustrar a evolução da compreensão do tema nos contextos grupais. - “Até o relógio pesa, os pratos pesam, aí eu fico nervosa ....” (G.M.T. sic). - “Por que parece que quando acontece algo de diferente (morte de um amigo) vem a dor?” (S.U.D. sic). - “Olha, toda vez que eu fazia faxina era aquela alegria... mas depois, ficava na cama com dor. E hoje fico com dor também, só de pensar que não está do meu jeito.” (T.S.H. sic). - “Não é bom para mim ver notícias ruins, procuro não ver estas notícias...” (S.U.D. sic). Como se pode constatar pelas primeiras frases, a inter-relação entre fatores físicos e emocionais e sua influência sobre os sintomas foi discutida de maneira muito fragmentada nas sessões iniciais. Em algumas ocasiões, as participantes constatavam que os sintomas da doença aumentavam seu “nervosismo” e, em outros momentos, que o “nervosismo” piorava seus sintomas. Ao longo das discussões, estas duas percepções começaram a se integrar, e a progressiva elaboração destes conteúdos, associados às mudanças na compreensão da doença, permitiu considerar a fibromialgia sob um novo prisma que, se por um lado a tornava mais difícil de compreender, por outro permitiu delinear projetos individuais e executar pequenas estratégias, baseadas na possibilidade de prevenir situações que exacerbassem os fatores emocionais e com isso os sintomas, como demonstra a última frase. 12. 2. 4. O descrédito social 97 O fato da síndrome de fibromialgia ser pouco conhecida pela população, associado à sua cronicidade, costumam gerar no ambiente social das doentes, manifestações de descrédito, as quais as frases a seguir procuram exemplificar. - “Teve médico que riu da minha cara. Falou que eu precisava casar...” (N.H.C.D. sic). - “Minha mãe falou: - Não sei o que você veio fazer no hospital ... é tudo mentira o que você tem! É uma dor nervosa, e minha mãe fala: - É frescura! - isso machuca.” (G.M.T. sic). - “Deveria a família ir no médico para acreditar” (N.B.Q.H. sic). - “É difícil perdoar quem não acredita na gente... mas eu valorizo a dor dos outros!” (G.T. sic). - “A gente não se reconhece... (referindo se ao grupo)” (V.F.N. sic). - “Pensava na aparência boa das outras (participantes)... estas estão se sentindo bem... (D.H.C. sic). O descrédito social foi um dos temas mais tratados ao longo das sessões, provavelmente por atingir a auto-imagem, a identidade e ameaçar a inserção social das participantes. A falta de credibilidade social transforma as doentes em pessoas pouco confiáveis, inseguras e mesmo insanas, e as discussões iniciais sobre o tema, freqüentemente resultavam em pré-tarefas com muitas queixas, nas quais o sofrimento era percebido mas raramente explicitado. Se por um lado, explicitar sentimentos de menos valia e inferioridade tenha se constituído em uma tarefa penosa, por outro lado, passou a mobilizar uma série de ações em defesa da auto-imagem que diferiram individualmente. Uma das atitudes que foram compartilhadas consistiu em não dar tanto crédito às avaliações que outras pessoas pudessem fazer da fibromialgia: primeiro, por se tratar de uma doença “diferente e especial” (N.H.C.D. sic), e depois, por que as próprias participantes costumavam falhar na mútua avaliação, como ilustrado nas duas últimas frases. 98 Esta elaboração inicial dos problemas de credibilidade social, permitiu às participantes desenvolverem condições suficientes para por em prática alguns projetos voltados para o aumento da autonomia e diversas estratégias de coping que visavam melhorar e aumentar os cuidados pessoais. 12. 2. 5. A relação com os profissionais Freqüentemente estereotipados e idealizados, os profissionais mais citados pelas participantes foram médicos, psiquiatras e psicólogos; os primeiros, com poder sobre vida e morte, saúde física e doença, e os últimos sobre sanidade mental e loucura. As frases a seguir procuram ilustrar alguns sentimentos envolvidos na relação das participantes com os profissionais de saúde. - “...estou tão traumatizada em chegar para os médicos e dizer que dói aqui e dói ali, e os médicos dizem que não é nada ...” (V.F.N. sic). - “Minha filha perguntou: - Em qual médico você vai? - eu falei na psicóloga, aí ela falou: - Tá vendo? Seu problema é da cabeça.” (N.T.S. sic). - “ É... eu perguntei pro meu médico e ele me enrolou ....” (N.H.C.D. sic). - “... o médico ressalta a deficiência e a capacidade, sabe que o problema é a serotonina, no cérebro...” (D.H.C. sic). As primeiras discussões dos grupos sobre os profissionais de saúde trouxeram à tona episódios passados e presentes, geralmente mal elaborados e envoltos em sentimentos contraditórios. Ao longo das sessões, e paralelamente à elaboração de outros temas, a figura estereotipada desses profissionais, também foi sofrendo mudanças. À medida que as participantes se davam conta que o máximo que haviam obtido até então tinha sido o controle parcial de seus sintomas, e que parte dos elementos emocionais neles envolvidos dependia de atitudes e ações das próprias doentes, começaram a ocorrer mudanças nas expectativas existentes com relação ao papel desses profissionais e dos tratamentos propostos, o que auxiliou as participantes a começarem a considerar seu próprio papel com relação à doença. 99 Esse tema se refletiu sobre o processo de aprendizagem grupal, pois à medida que os profissionais ficavam um pouco menos idealizados, houve possibilidade de considerá-los como “professores”, isto é, não apenas aquele que pode tratar e curar, mas também aquele que pode ensinar. Com isso, começaram a ser lembrados e compartilhados alguns fragmentos de informações veiculadas em consultas, que os membros dos grupos passaram a comparar e unir aos seus próprios pensamentos e experiências, criando como que “um corpo de conhecimentos” único e personalizado. 12. 2. 6. A relação com os tratamentos A cada novo tratamento, as doentes costumavam renovar suas expectativas de cura efetiva e de retorno à “normalidade”, os quais, quando não concretizados, resultavam muitas vezes em sentimentos de decepção, frustração e desesperança. As frases a seguir, procuram exemplificar alguns dos pensamentos das participantes com relação aos tratamentos utilizados no controle de sua doença. - “Acho que remédio não ajuda ...” (I.D.T.T. sic). - “... é mesmo, se você diz que toma antidepressivo precisava estar internada...” (D.H.C. sic) “ Num hospício!” (S.U.D. sic, em resposta). - “É ... a pessoa se acostuma e precisa sempre mais ... eu também me preocupo com isso, por que para ficar igual aos outros preciso tomar estes remédios.” (D.H.C. sic). - “Eu tomo antidepressivo desde novembro. Detestava, parecia que no começo eu estava em outro mundo... (N.H.C.D. sic). “ É... no começo é assim mesmo... (G.T. sic, em resposta). - - “Eu tenho medo de saber quanto meu organismo agüenta ficar sem sono, sem remédio, dificuldade para dormir. Eu não sei quando o stress vai acabar comigo ...” (N.B.Q.H. sic). 100 - “Fiz exercícios físicos indicados pelos médicos. Fiz bicicleta toda esta semana e me senti muito bem. Meu objetivo é ir retirando o remédio. Quero viver com o mínimo de medicação possível.” (N.B.Q.H. sic). - “Acho que a gente deve fazer o que nos faz bem” (N.B.Q.H. sic). Conforme ilustram as frases, a medicação antidepressiva, em especial, foi avaliada como muito ameaçadora, uma vez que as participantes a associavam à depressão e à loucura. Com efeito, se constatou que algumas delas haviam até comprado os remédios indicados, mas não os utilizavam por que temiam que seus efeitos colaterais iniciais as deixassem “fora do ar”. As discussões sobre medicação mobilizaram, em todas as doentes, muitos medos, por que aceitá-la era o mesmo que aceitar uma condição de loucura. A falta de informações objetivas sobre os remédios, havia sido substituída por distorções cognitivas que exacerbavam as avaliações de ameaça e geravam atitudes de hostilidade e desconfiança, as quais se estendiam, indiscriminadamente, a outras formas de tratamento. Ao longo das sessões, o tema permitiu a troca de experiências e o confronto destas distorções cognitivas com o efeito real da medicação e de outros tratamentos, resultando nas conclusões ilustradas pelas três últimas frases, e no consenso de que “remédio não cura mas ajuda”, que levou os grupos a discutirem outros tratamentos complementares domésticos também capazes de “ajudar”: as massagens feitas por familiares, os banhos quentes, os banhos de ervas, as bolsas térmicas, os aparelhos de massagem, etc. A evolução geral do tema pode ser ilustrada pelas três últimas frases, emitidas em sessões diferentes pela mesma participante. A primeira ilustra os resultados de uma estratégia precoce de retirada completa da medicação. A segunda, resultante do insucesso da experiência anterior, resgata e integra os recursos disponíveis a serviço de um objetivo mais adaptado à realidade, e por fim, a última, demonstrando que o critério que orientou esta mudança se centrou na experiência pessoal. 101 12. 2. 7. A incapacitação funcional As limitações impostas pela doença se estendem a todo o ambiente social das doentes: elas não são mais aquelas pessoas que trabalhavam com regularidade, desempenhavam adequadamente seus papéis, tinham planos estabelecidos e podiam compartilhar sem restrições de situações familiares e recreativas. As frases a seguir são exemplos de como a limitação na capacitação funcional era percebida pelas participantes e como se refletia no seu cotidiano. - “A gente tem vontade de fazer as coisas e não pode.” (I.D.T.T. sic). - “Não consigo deixar de fazer as coisas, vem a culpa.” (N.B.H. sic). - “... e é a gente que estende, lava, passa ... começa a dar dor, dor ... pus minha filha para ajudar mas dá a sensação que eu tô explorando ...” (G.T. sic). - “Eu preciso me observar para saber até onde eu posso caminhar.” (N.H.C.D. sic). - “Eu não consigo fazer rápido. Eu comando na cabeça querer ir rápido. O corpo não vai.” (T.S.H. sic). - “Eu coloquei uma coisa: sempre eu me dei pros outros, filhos, netos... Nunca pensei em mim. Agora eu vou viver „eu‟, minha pessoa, prá mim. Vou começar por mim. Sempre cobram da gente. Acham que tô com ruindade. Talvez fiz errado, larguei de repente... (devido à doença). Mas sabe, por causa disso, sinto meu corpo melhor, mas meu coração tá duro...” (T.S.H. sic). - “... antigamente eu areava panela e ainda punha no sol prá brilhar... hoje, só T-fal!” (T.S.H. sic). Como ilustram as primeiras frases, as discussões iniciais sobre a incapacitação funcional, induziram os grupos a pré-tarefas que envolviam um longo enumerar de tudo o que as doentes haviam sido capazes de fazer antes da doença e que não conseguiam mais fazer, além de culpas e temores de tornarem-se inválidas e completamente dependentes de terceiros. 102 Entretanto, ao longo das sessões, as participantes também tiveram oportunidade de constatar que, os mesmos papéis e tarefas eram realizados de diferentes maneiras por cada uma delas. Estas constatações geraram uma série de questionamentos sobre os limites das expectativas pessoais, a partir dos quais as participantes foram se dando conta que, muitos de seus sentimentos de culpa e menos valia, resultavam de suas tentativas de alcançar os padrões de desempenho socialmente esperados ou pessoalmente almejados. À medida que a aceitação e compreensão da doença iam sendo elaboradas, o mesmo ocorria com estes conteúdos: as doentes passaram a refletir sobre as relações entre a incapacitação funcional e os sintomas da doença, e a concluir que, seria necessário uma constante avaliação dos seus sintomas de dor e fadiga, para que pudessem decidir o quê e quanto poderiam realizar, de acordo com a situação. Usar a própria doença como “termômetro” de “capacitação” e não de “incapacitação”, representou uma importante mudança de perspectiva, que permitiu delinear projetos envolvendo desde novas escolhas profissionais a modificações no contexto familiar, e a criação de uma série de estratégias de coping voltadas para o compartilhar e delegar tarefas, quando necessário. As três últimas frases foram emitidas pela mesma participante em sessões diferentes e ilustram sua evolução com relação à incapacitação funcional. A frase que as antecede, ilustra o uso da avaliação dos sintomas para estabelecer os limites do exercício físico. 12. 2. 8. A figura materna A figura materna representa a matriz da identidade feminina e detém uma série de conteúdos históricos e culturais familiares. Geralmente idealizada, esta figura se constituía, para as participantes, na principal fonte de referência das condutas e desempenho dos papéis femininos. As frases a seguir procuram ilustrar algumas das considerações evocadas pelo tema. - “... eu vejo minha mãe, com aquela idade e faz de tudo ...” (T.S.H. sic). 103 - “Minha mãe cobra que eu tenho que fazer tudo pelos filhos e os meus filhos reclamam para ela.... fala que a gente precisa disfarçar (a dor) senão a gente perde o homem.” (D.H.C. sic). - “Engolir sapo ... e não responder. Eu sempre segui as orientações da minha mãe e me parece estar errado...” (D.H.C. sic). - “Mas minha mãe sempre me ajuda... é... só falta me por no colo...” (S.U.D. sic). - “Eu compreendo a minha mãe, me dou conta que ela não consegue perceber as coisas direito” (N.B.H. sic). A figura da mãe foi uma das mais citadas pelos grupos. O conteúdo das discussões sobre o tema, incluiu, além de outras figuras femininas familiares, considerações sobre a educação recebida e a preparação para a vida de mulher, mãe e esposa. Se por vezes, o relacionamento com a mãe resultava em sentimentos de inveja e menos valia, especialmente, quando as participantes não conseguiam desempenhar tarefas e papéis em quantidade e/ou qualidade suficientes que se equiparassem ou superassem as das próprias mães; outras vezes, esse relacionamento envolvia afeto e capacidade de contenção incondicionais, onde a mera lembrança da mãe era sentida como um “bálsamo” (V.F.N. sic) em momentos de muita dor. Como se pode constatar por algumas frases, as discussões sobre a figura materna fizeram emergir uma série de valores culturais, nos quais a identidade feminina brasileira todavia se encontra enraizada. Parte destes valores começaram a ser reavaliados pelos grupos, resultando em estratégias voltadas para a alteração de comportamentos padronizados, tais como, a obrigação de acordar muito cedo, de ter sempre o jantar pronto, etc. Na configuração do papel materno, a valorização do desempenho impecável de tarefas começou a ser substituída pela valorização da capacidade de compreensão e suporte emocional oferecido pelas mães. Em ambos os grupos, a figura materna também trouxe à tona o tema do perdão que, embora tenha sido compartilhado, desenvolveu-se de maneira muito individualizada. 104 12. 2. 9. Os filhos O desenvolvimento desse tema esteve muito relacionado ao da figura materna, pois das 12 participantes, 8 tinham filhos. Para as doentes, a doença interferia no desempenho do papel materno e na sua relação com os filhos. As frases a seguir procuram ilustrar, em parte, o tratamento dado ao tema. - “... com dor, a gente fica irritada e não ouve, e os filhos falam e trazem dificuldades ...” (I.D.T.T. sic). - “Estava acostumada a sair com meus filhos, hoje ... eles não tem mais paciência ... mãe não pode ficar doente ...” (D.H.C. sic). - “Eu estava com meus filhos e agora eles estão adolescentes tenho medo de ficar sozinha” (D.H.C. sic). - “Eu estou mudando, (quando tenho dor) fico deitada no sofá... meu filho pede comida e eu falo pra ele esquentar. Teve até murro na parede desta vez...” (D.H.C. sic). As discussões sobre o relacionamento das doentes com seus filhos, centraram-se em sentimentos de culpa pelas dificuldades de desempenhar o papel materno, tal como idealizado ou socialmente esperado. As doentes se sentiam como “meia-mães” e atribuíam todas os problemas que ocorriam com seus filhos, mesmo os característicos de seu desenvolvimento, ao “abandono” e incapacitação maternas devido à dor. Esse tema foi muito proveitoso, porque os grupos compartilharam muitas vivências e trataram de assuntos tais como o conceito de amor, educação, preparação para a vida, necessidade de limites, etc. que integram o papel materno. Para as participantes, amor e temor se somaram na elaboração de uma figura materna limitada pela doença, mas ainda assim mãe, e auxiliaram na produção de projetos de ação individualizados e estratégias bastante objetivas e de aplicação imediata, como ilustrada na última frase. As três últimas frases pertencem à mesma pessoa e foram emitidas em sessões diferentes. Elas ilustram a forma como o tema evoluiu para esta 105 participante. Na primeira frase, são os filhos que não tem paciência, na segunda a doente é quem tem medo de ficar sozinha e, a terceira frase, ilustra a execução de uma estratégia de coping e seu “custo” social. 12. 2. 10. O companheiro e outras figuras masculinas Este tema foi muito pouco discutido pelas doentes, possivelmente porque apenas 5 das 12 participantes viviam com um companheiro29. As frases a seguir, representam alguns dos comentários realizados a esse respeito. - “... eu me sinto responsável por tudo, sendo que quem é saudável (refere-se ao marido) deveria ajudar.” (D.H.C. sic). - “... domingo meu marido pediu para eu cortar uma melancia, de que forma? Eu já não fazia isso bem e agora ... parece até que esqueceu!” (V.F.N. sic). - “ Meu marido diz que quando eu não sentir dor é que ele vai me levar para o hospital” (I.D.T.T. sic). - “Para o meu marido não há problemas, eu sei o que tenho e só eu sei...” (I.D.T.T. sic). Como alguns dos temas discutidos pelos grupos diziam respeito às características da doença e sua relação com aspectos da identidade feminina, esperava-se que possíveis discussões sobre as figuras masculinas, enquanto parte importante dessa identidade, permitissem considerar diferenças e semelhanças entre homens, mulheres e seus papéis, e trouxessem à tona assuntos tais como complementaridade, troca de afetividade e sexualidade. Entretanto, tanto os companheiros como as outras figuras masculinas, que fizeram ou fazem parte do cotidiano das doentes, não foram objeto de discussão pelos grupos ao longo do processo terapêutico, emergindo apenas através de frases soltas, emitidas no contexto de outros temas, onde as imagens veiculadas eram vagamente autoritárias, jocosas, tolerantes, cépticas, etc. 29 Ver mais adiante, em “Resultados Quantitativos”, Tabela 16 na p. 117. 106 12. 2. 11. A sexualidade Também um dos temas pouco discutidos, a sexualidade das participantes surgiu nos grupos muito mais associada à incapacitação funcional do que à afetividade. As frases a seguir ilustram alguns dos comentários sobre o assunto. - “Às vezes atrapalha devido à cãibra, mas isso contradiz o que dizem de a gente ser mal amada.” (D.H.C. sic). - “... para mim não, corro para o acupunturista no dia seguinte! ” (N.B.Q.H. sic). - “... às vezes dói muito devido à necessidade de tensão ... a fibromialgia pode acabar com o relacionamento.” (V.F.N. sic). Cada um dos grupos, abordou o tema apenas uma vez, e de maneira muito rápida e superficial, o que pode ter ocorrido por diferentes motivos. O primeiro deles, diz respeito ao fato de que poucas participantes pareciam ter vida sexual ativa, o segundo, se refere a fatores culturais, que poderiam ter induzido as doentes a tratarem do tema de forma reservada30, por fim, é possível que o número reduzido de sessões, não tenha permitido a formação de um vínculo grupal de magnitude suficiente para que tal assunto pudesse ser abordado com mais profundidade. 12. 2. 12. A ansiedade A técnica de grupos operativos atua sobre a ansiedade mobilizada pelos medos de perda e ataque. Pode-se dizer portanto, que foi elaborada de maneira implícita, ao longo do processo terapêutico. Mesmo assim, a ansiedade foi também abordada pelas participantes, através das percepções de seus 30 Convém lembrar que o observador de um dos grupos era do sexo masculino, e embora os registros não contivessem comentários sobre este fato, sua figura provavelmente estava incluída na representação interna que cada participante possuía do grupo. 107 sintomas e do relatos dos episódios em que estes foram percebidos, como procuram ilustrar as frases a seguir. - “... minha respiração está curta, dói o peito para respirar, sinto ansiedade. Até quando vou sentir isso?” (V.F.N. sic). - “Todo mundo exige que a gente relaxe, que temos que controlar a nossa ansiedade...” (V.F.N. sic). - “Sofrer por antecipação, controlar a ansiedade...” (V.F.N. sic). A evolução geral deste tema, foi essencial para a compreensão da relação mente-corpo e pode ser ilustrada pelas três frases, que pertencem à mesma pessoa e foram emitidas em sessões diferentes. A ansiedade das participantes (“nervosismo”) que, nas sessões iniciais, era percebida através de sintomas, foi aos poucos, sendo relacionada às demandas e expectativas sociais. Com a continuidade das discussões, os sintomas percebidos de ansiedade passaram a ser também associados à prática comum de “sofrer por antecipação”. O “sofrer por antecipação” é uma dimensão mais acessível da ansiedade, cuja compreensão permitiu às participantes criarem projetos voltados para o controle ativo das emoções baseados em estratégias de modificação desta prática, onde a percepção dos sintomas de ansiedade passou a servir como “termômetro” do sofrimento antecipado. As estratégias iniciais, derivadas deste novo recurso, envolveram a evitação de situações stressantes desnecessárias e a prevenção e controle e controle das necessárias. 12. 2. 13. A depressão Um dos temas pouco discutidos pelas participantes, a depressão surgiu nos grupos através da percepção de alguns de seus sintomas. As frases a seguir exemplificam alguns dos comentários a respeito. - “sinto às vezes esta vontade de desaparecer e chegar ao fundo do túnel ...” (S.U.D. sic). - “Isso acontece muito, não ter vontade de enfrentar as coisas...” (S.U.D. sic). 108 - “Eu sei que às vezes eu não tenho vontade de levantar. É ... não é dor. Porque eu não posso ficar deitada com dor e eu sempre tenho vontade de levantar.” (V.F.N. sic). - “... às vezes eu tenho disposição, faço tudo e depois fico sem ânimo...” (N.B.Q.H. sic). Ambos os grupos tentaram discutir a depressão a partir da sua associação com as sensações de falta de energia, falta de ânimo, cansaço, exaustão, e com os pensamentos de evitação e fuga. Durante estas tentativas, as participantes chegaram a atribuir tais sensações e pensamentos à própria doença, às medicações e por vezes à sua própria maneira de ser. Entretanto, assim que se emitiam as primeiras falas sobre o assunto, os demais membros dos grupos se apressavam a negá-lo ou reinterpretá-lo como pertencente a outras temáticas. A depressão emergiu bastante associada à perda de controle, loucura e morte, e tão temida pela doentes, que adquiriu proporções míticas. Eventos extremamente ameaçadores exigem esforços intensos e contínuos de evitação ou prevenção, o que é bastante consistente com as sensações de falta de energia e exaustão física e psíquica referidas pelas participantes. Uma das proposições dos grupos operativos, seria a de criar condições para que tais mitos pudessem se tornar suficientemente “reais” para serem objeto de discussão e atuação por parte das participantes, o que não foi possível neste trabalho. 12. 2. 14. O medo da loucura Este tema, presente ao longo de todo o processo terapêutico, foi pouco discutido pelos grupos. As frases a seguir, são exemplos dos comentários realizados a respeito. - “Eu já ouvi que a dor era coisa da minha cabeça ...” (N.T.S. sic). - “Tenho muito medo de estar deteriorando (psiquicamente)...” (S.U.D. sic). 109 - “As vezes eu me pergunto se não estou louca. Os médicos falam coisas contraditórias ...” (V.F.N. sic). - “Será que estou louca?” (D.H.C. sic). O medo à loucura expresso pelas participantes, se baseava, entre outras coisas, nas constatações cotidianas da variabilidade e cronicidade dos sintomas, que se assemelhavam a um “enlouquecer do corpo”, e das alterações afetivas percebidas, que lembravam um “enlouquecer da mente”, onde o descrédito e a dificuldade de inserção sociais possuíam um papel confirmatório. O temor à loucura por parte das doentes, estava associado a expectativas de perda de controle, de dependência de terceiros, de aniquilação da identidade e representava, na verdade, o medo da morte psíquica, especialmente exacerbado pela presença de psicólogos e pela participação no processo terapêutico. Este medo esteve presente, de forma implícita, em todas das sessões, e nas raras e breves ocasiões em que emergiu de forma explícita, apresentou-se em proporções tão exacerbadas que, tal como aconteceu com a depressão, os grupos se apressavam a evitar sua discussão. Presentes porém negados, o medo da depressão e da loucura, associados à morte física e psíquica respectivamente, acompanham os fibromiálgicos no seu cotidiano induzindo-os a perseguir a imagem do que acreditam terem sido antes da doença: saudáveis de corpo e mente. 12. 3. Algumas Considerações sobre o Processo Essa breve análise dos temas emergentes permitiu perceber que a condição das participantes exerce certa influência sobre sua identidade. Aparentam estar aprisionadas a um passado sem dor, ao qual não podem mais retornar mas que também não desejam abandonar e, ao mesmo tempo, resistem às mudanças atuais impostas pela doença, por que desconhecem seus 110 resultados e os julgam ameaçadores. Enquanto isso, sua identidade sofre transformações e perdas, e se desgasta em tentativas, nem sempre bem sucedidas, de reparação e resgate. Durante estes seus esforços podem, por vezes, exibir comportamentos autoritários, perfeccionistas, competitivos... que, na realidade, se prestam para encobrir ou compensar sua insegurança. Ao longo das sessões, o processo de aprendizagem se desenvolveu através das trocas e elaboração de experiências pessoais, da veiculação de informações adquiridas através das consultas médicas e da comparação destes conhecimentos com dados de realidade. Raramente houve necessidade de que a coordenação fornecesse informações ou esclarecesse fatos relacionados à doença, uma vez que as experiências pessoais, aliadas a conhecimentos já existentes, foram suficientes para permitir o prosseguimento das discussões. Constatou-se durante o processo, que a maioria das doentes possuía uma série de informações sobre a doença, o que não significava, necessariamente, que as aceitassem ou fizessem uso delas. Mesmo assim, seria recomendável o acréscimo de aulas teóricas ou práticas antes das sessões, para potencializar e centralizar as discussões, otimizando não apenas a tarefa grupal mas também o tempo disponível. 12. 4. Síntese Os grupos operativos ofereceram condições às participantes para alterar, em parte, sua percepção da realidade a respeito da aceitação e compreensão da doença, dos profissionais e tratamentos, da incapacitação funcional, do descrédito social, da relação entre emoções e sintomas da doença, da ansiedade, da figura materna e dos filhos. Entretanto, não foi possível elaborar assuntos relacionados às figuras masculinas, sexualidade, depressão e medo à loucura, provavelmente devido ao reduzido número de sessões, que também prejudicou o acompanhamento da execução de alguns projetos e estratégias delineados durante o processo terapêutico. 111 A realização da tarefa explícita procurou promover um aumento dos recursos cognitivos de coping que possibilitassem às doentes propor estratégias voltadas para melhorar e aumentar os cuidados pessoais; compartilhar e delegar tarefas; alterar comportamentos cotidianos padronizados; educar a família para conviver com a doença; evitar, prevenir e controlar situações stressantes. Com relação à tarefa implícita, considerando-se os limites impostos pela condição das doentes, o número de sessões e o contexto em que estas ocorreram, os grupos operativos parecem ter sido úteis para promover a adaptação ativa à dor crônica, dado que, todas as vezes que as doentes elaboraram figuras, valores e conceitos estereotipados ou idealizados, aumentaram seus recursos cognitivos de coping; todas as vezes que estas elaborações resultaram em mudanças internas suficientes para gerarem projetos de ação externa, estratégias de coping foram criadas para concretizálos; por fim, todas as vezes que estas estratégias foram utilizadas, independentemente de seus resultados, as doentes tomaram as rédeas de sua situação e de “pacientes” passaram a “participantes” ativas de suas realidades. 112 13. ANÁLISE DOS RESULTADOS QUANTITATIVOS 13. 1. Variáveis Demográficas 13. 1. 1. Idade Na Tabela 8, são apresentadas as médias e desvios-padrão das idades das participantes e, na Tabela 9, o resultado obtido através da prova t de Student. Nas tabelas a seguir GO representa os grupos operativos e GC o grupo controle. Tabela 8 - Médias Aritméticas e Desvios-Padrão das Idades dos Grupos. GO GC Médias 38,3 45,7 Desvios-Padrão 8,6 7,7 Tabela 9 - Resultado da Prova t de Student Referente às Idades dos Sujeitos dos Grupos. Ho gl To Conclusão GO=GC 21 0,02 Ho não rejeitada p> 0,05 e Tc = 2,08 De acordo com a Tabela 8, as participantes do GC foram em média 7 anos e 4 meses mais velhas do que as do GO embora a sua idade tenha variado menos do que no outro grupo. A Tabela 9 porém, revela que as diferenças de idade não foram significantes31. Para garantir que a variável idade não fosse fator de influência nos resultados restantes foi também aplicada a prova U de Mann Whitney, onde para P = 0,05 e Uc = 33 obteve-se Uo = 35, confirmando que a diferença de idades não foi significante. 31 113 13. 1. 2. Classes sociais Para realizar a comparação de Classes Sociais, foram considerados os escores brutos obtidos para cada indivíduo através da CCSEB. Essa variável foi considerada como intervalar por se supor que sua distribuição seja normal na população. A Tabela 10 apresenta as médias aritméticas e desvios padrão dos escores obtidos para cada um dos grupos e a Tabela 11, a comparação dos resultados através da prova t de Student. Tabela 10 - Médias Aritméticas e Desvios-Padrão dos Escores de Classes Sociais dos Sujeitos dos Grupos. GO GC Médias 53,0 49,7 Desvios-Padrão 15,3 17,8 Segundo a Tabela 10, a média do GO foi maior do que a do GC, indicando que as participantes do GO pertencem a uma classe social mais alta do que as do GC, embora haja também uma maior variação devido a um maior desvio-padrão entre os escores do GC. Tabela 11 - Resultado da Prova t de Student Referentes à Comparação dos Escores de Classes Sociais dos Grupos. Ho gl To Conclusão GO=GC 21 0,32 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 2,08 Na comparação realizada através da prova t de Student, a diferença de classes sociais dos grupos não foi significante 32. Da mesma forma que para a variável idade, confirmou-se que o nível sócio-econômico não foi significante através da aplicação da prova U de Mann Whitney, onde para P = 0,05 e Uc = 33 obteve Uo = 59. 32 114 13. 1. 3. Escolaridade A variável Escolaridade foi considerada de nível ordinal por não permitir supor uma distribuição normal na população e, para compará-la entre os grupos, foram utilizados os mesmos critérios de classificação e atribuição de escores empregados pela CCSEB para avaliar a escolaridade do chefe da família. A Tabela 12 apresenta as medianas dos escores e a média dos postos calculadas para os escores de Escolaridade dos grupos para a prova U de Mann Whitney33, e a Tabela 13, a comparação dos escores grupais através da prova U de Mann Whitney. Tabela 12 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores de Escolaridade do GO e do GC. GO GC Medianas 14,8 14,5 Média dos Postos 14,0 9,8 Tabela 13 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores de Escolaridade do GO e do GC. Ho Uo Conclusão GO=GC 41,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 12, GO apresentou mediana e média dos postos maiores do que as do GC, entretanto, a comparação realizada pela prova U de Mann Whitney, na Tabela 13, indica que não há diferenças significantes de Escolaridade entre os grupos. 115 13. 1. 4. Tempo de dor A Tabela 14 apresenta as medianas e médias dos postos atribuídas ao número de meses com dor, e a Tabela 15, traz os dados da comparação dos grupos através da prova U de Mann Whitney. Tabela 14 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores de Tempo de Dor do GO e do GC. GO GC Medianas 20,5 21,5 Média dos Postos 11,2 12,0 Tabela 15 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores de Tempo de Dor do GO e do GC. Ho Uo Conclusão GO=GC 66,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 14 a mediana e a média dos postos do GC foram maiores do que as do GO indicando mais tempo de dor em meses, entretanto, a comparação realizada pela prova U de Mann Whitney, na Tabela 15, indica que estas diferenças não foram significantes. 13. 1. 5. Estado civil Para avaliar o Estado Civil dos grupos, ao invés da situação civil oficial, foi considerada a situação conjugal real das participantes, com ou sem companheiro. Na Tabela 16, foi utilizada a prova exata de Fisher com o intuito de verificar se a situação conjugal influiu na presença de cada participante em um ou outro grupo. A média dos postos foi calculada a partir da orientação dada aos escores própria da prova U de Mann Whitney. Assim, não tem valor para a caracterização dos grupo, mas somente para a comparação entre eles. 33 116 Tabela 16 - Resultado da Prova Exata de Fisher Referente à Situação Conjugal das Participantes. GO GC Total Com companheiro 5 8 13 Sem companheiro 7 3 10 Total 12 11 23 para p > 0,05 R*c (região não crítica) = {0, 1, 2, ..., 9, 10} Segundo a Tabela 16, pertencer a um ou outro grupo independe da situação conjugal das participantes. 13. 2. Variáveis Experimentais: Comparação Inter-Grupal 13. 2. 1. Comparação dos pré-testes do GO e do GC. 13. 2. 1. 1. Intensidade da dor A Tabela 17 apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos pré-testes dos grupos, e a Tabela 18, a comparação entre estes escores, através da prova de U de Mann Whitney, para a variável Intensidade da Dor. Tabela 17 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. GO GC Medianas 7,5 7,8 Média dos Postos 11,6 12,4 Tabela 18 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 61,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 117 De acordo com a Tabela 17 os escores do GC apresentam medianas e média dos postos maiores do que os do GO, entretanto, como demonstra a Tabela 18 as diferenças de Intensidade da Dor não foram significantes. 13. 2. 1. 2. Índices de Dor A Tabela 19, a seguir, apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices do Número de Descritores Escolhidos obtidos nos pré-testes do GO e do GC, e a Tabela 20, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 19 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 9,5 10,0 11,3 12,8 Afetivos 5,0 5,0 13,1 10,8 Avaliativos 1,0 1,0 11,5 12,5 Miscelânea 4,0 4,0 12,2 11,8 Total 19,0 19,0 12,3 11,7 Tabela 20 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 57,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 53,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 60,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 62,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 19, a mediana e a média dos postos dos Índices do Número de Descritores Sensitivos do GO foram menores do que os do GC; para 118 os Índices do Número de Descritores Afetivos, Miscelânea e Índices do Número Total de Descritores, embora as medianas fossem iguais as médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC; por fim, para os Índices do Número de Descritores Avaliativos, as medianas de ambos os grupos foram iguais porém a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação destes resultados através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 20, revela que estas diferenças não foram significantes. A seguir, na Tabela 21, são apresentadas as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices Quantitativos de Dor obtidos nos prétestes de ambos os grupos, e, na Tabela 22, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 21 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 19,5 20,0 11,0 13,1 Afetivos 6,5 8,0 12,0 12,0 Avaliativos 3,0 4,0 11,6 12,4 Miscelânea 8,0 6,0 11,9 12,1 Total 37,0 36,0 11,7 12,4 Tabela 22 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Ho Uo Conclusão Sensitivo GO=GC 53,5 Ho não rejeitada Afetivo GO=GC 66,0 Ho não rejeitada Avaliativo GO=GC 61,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 61,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 119 De acordo com a Tabela 21, nos Índices Quantitativos dos Descritores Sensitivos e Avaliativos, as medianas e as médias dos postos do GO foram menores do que as do GC; nos Índices Quantitativos dos Descritores Afetivos a mediana do GO foi menor do que a do GC mas as médias dos postos foram iguais; nos Índices Quantitativos dos Descritores Miscelânea e no Total dos Índices Quantitativos dos Descritores as medianas do GO foram maiores do que as do GC mas as médias dos postos do GO foram menores do que as do GC. No entanto, segundo a Tabela 22, quando comparadas através da prova U de Mann Whitney, as diferenças encontradas não foram significantes. 13. 2. 1. 3. Ansiedade Para a variável Ansiedade, na Tabela 23, as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores das dimensões Estado e Traço, assim como foram comparados, na Tabela 24, os escores de ambos os grupos através da prova U de Mann Whitney. Tabela 23 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Estado 50,0 46,0 12,8 11,2 Traço 53,0 48,0 13,0 10,8 Tabela 24 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 57,0 Ho não rejeitada Traço GO=GC 54,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 120 De acordo com a Tabela 23, as medianas e médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC tanto para o Estado quanto para o Traço de Ansiedade. Os dados da Tabela 24, porém, indicam que a comparação destes resultados através da prova U de Mann Whitney não foram significantes. 13. 2. 1. 4. Depressão As medianas e médias dos postos atribuídas aos escores do GO e do GC para a variável Depressão são apresentadas na Tabela 25 e, na Tabela 26, a comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 25 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Depressão. GO GC Medianas 14,0 14,0 Média dos Postos 11,5 12,5 Tabela 26 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 60,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 25, as medianas de ambos os grupos foram iguais, enquanto que a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação realizada na Tabela 26 indica que a diferença entre os grupos não foi significante. 13. 2. 1. 5. Estratégias de coping da dor A Tabela 27 apresenta as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos em cada uma das Estratégias de Coping da Dor propostas pelo CSQ. Na Tabela 28, estes escores foram comparados através da prova U de Mann Whitney. 121 Tabela 27 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Desvio Atenção 8,5 15,0 10,5 13,6 Reinterp. Sens. 2,5 10,0 10,0 13,3 Auto-Afirmações 20,0 22,0 11,2 12,9 Ignorar Sens. 2,5 12,0 10,3 13,9 Rezar/Esperar 29,0 32,0 11,5 12,5 Catastrofização 20,5 14,0 12,4 11,5 Aumento da Ativ. 7,0 14,0 10,8 13,3 Tabela 28 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 48,0 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 51,5 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 56,0 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 45,5 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 60,0 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 61,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 52,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Observa-se, na Tabela 27, que as medianas e as médias dos postos do GO foram menores do que a do GC em todas as estratégias com exceção da estratégia Catastrofização onde a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC. A comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 28, indicam porém que as diferenças entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 29, a seguir, encontram-se as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos pré-testes do GO e do GC e, na Tabela 30, sua 122 comparação através da prova U de Mann Whitney, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 29 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Percebidas Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Controle da dor 3,0 3,0 12,0 12,0 Diminuição da dor 3,0 3,0 11,7 12,3 Tabela 30 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Percebidas Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 65,0 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 62,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 29, ambos os grupos apresentaram medianas iguais para as duas variáveis e médias dos postos iguais para o Controle da Dor; a média dos postos do GO para a Habilidade Percebida de Diminuição da Dor foi menor do que a do GC, entretanto, os resultados das comparações dos escores grupais, na Tabela 30, não foram significantes. 13. 2. 1. 6. Locus de controle As medianas e médias dos postos dos escores obtidos no pré-teste por ambos os grupos para as sub-escalas de Locus de Controle são apresentadas na Tabela 31 e a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 32. 123 Tabela 31 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Internalidade 5,0 5,0 11,9 12,1 Sorte/Azar 1,5 4,0 10,0 14,2 Outros Poderosos 2,0 2,0 11,7 12,4 Internalid. Total 3,0 3,0 11,0 13,1 Tabela 32 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 65,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 42,0 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 62,0 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 54,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 31, as medianas dos grupos foram iguais nas sub-escalas de Internalidade, Outros Poderosos e na Internalidade Total, sendo que na sub-escala de Sorte/Azar a mediana do GO foi menor do que a do GC. As médias dos postos dos escores do GO foram menores do que as do GC para todas as sub-escalas. A comparação dos escores apresentada na Tabela 32, porém, indica que estas diferenças entre os grupos não foram significantes. 13. 2. 1. 7. Sintomas psiquiátricos Na Tabela 33 são apresentadas as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos para a variável Sintomas Psiquiátricos e, na Tabela 34, é apresentado o resultado da comparação dos escores pela prova U de Mann Whitney. 124 Tabela 33- Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. GO GC Medianas 12,5 13,0 Média dos Postos 11,6 12,4 Tabela 34- Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos Pré-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 61,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 33, a mediana e a média dos postos dos escores do GO foram menores do que as do GC. De acordo com a Tabela 34 entretanto, esta diferença não foi significante. 13. 2. 2. Comparação dos escores do 1o pós-teste do GO e do GC. Nesta parte da análise, os grupos serão comparados quanto aos escores obtidos na aplicação do 1o, 2o e 3o pós-testes, da mesma forma que se fez no préteste; e quanto às diferenças consideradas em módulo, entre os escores obtidos nos pré-testes e em cada um dos pós-testes. Ainda que não tenha sido encontrada nenhuma diferença significante entre os grupos nos pré-testes, esse procedimento permite explicar melhor os dados, uma vez que torna cada sujeito controle de si mesmo. Além disso, se for encontrada diferença em um determinado pós, a comparação do pós subseqüente ficaria comprometida sem esse procedimento, pois o seu resultado seria dependente do anterior. 13. 2. 2. 1. Intensidade da dor A Tabela 35 apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 1os pós-testes dos grupos, e a Tabela 36, a comparação entre estes escores, através da prova de U de Mann Whitney, para a variável Intensidade da Dor. 125 Tabela 35 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. GO GC Medianas 8,4 7,9 Média dos Postos 12,6 11,3 Tabela 36 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 58,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 35 os escores do GO apresentaram medianas e média dos postos maiores do que as do GC, entretanto, como demonstra a Tabela 36, a diferença encontrada entre os grupos não foi significante. A Tabela 37, a seguir, apresenta a comparação da diferença entre os escores do pré-teste e do 1o pós-teste dos grupos para a variável Intensidade da Dor através da prova U de Mann Whitney. Tabela 37 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 52,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 37, a diferença de escores entre o pré-teste e o 1o pósteste na Intensidade da Dor de ambos os grupos não foi significante. 13. 2. 2. 2. Índices de Dor A Tabela 38, a seguir, apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices do Número de Descritores obtidos nos 1os 126 pós-testes do GO e do GC, e a Tabela 39, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 38 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 10,0 10,0 12,4 11,7 Afetivos 5,0 5,0 12,4 11,4 Avaliativos 1,0 1,0 12,0 12,0 Miscelânea 4,0 4,0 12,7 11,3 Total 20,0 19,0 12,8 11,2 Tabela 39 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 69,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 73,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 54,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 58,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 57,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 38, para os Índices do Número de Descritores Sensitivos, Afetivos, Avaliativos e Miscelânea, as medianas do GO e do GC foram iguais; para os Índices do Número Total de Descritores, a mediana do GO foi maior do que a do GC; e, para todos os descritores, a média dos postos dos escores do GO foram maiores do que as do GC, com exceção dos Descritores Avaliativos nos quais as médias dos postos de ambos os grupos foram iguais. A comparação destes resultados através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 39, indica porém, que estas diferenças não foram significantes. 127 Na Tabela 40 são apresentados os resultados da comparação das diferenças de escores dos Índices do Número de Descritores Escolhidos entre os pré-testes e os 1os pós-testes dos grupos, realizados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 40 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 49,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 53,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 60,0 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 65,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 61,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados da prova U de Mann Whitney, apresentados na Tabela 40, indicam que as diferenças de escores entre o pré-teste e o 1o pós-teste dos grupos para os Índices dos Números dos Descritores de Dor não foram significantes. Na Tabela 41, são apresentadas as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices Quantitativos de Dor obtidos nos 1 os póstestes de ambos os grupos, e, na Tabela 42, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. 128 Tabela 41 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 20,0 21,0 11,7 12,3 Afetivos 8,0 9,0 11,1 13,0 Avaliativos 3,0 3,0 11,2 12,9 Miscelânea 8,5 6,0 12,4 11,6 Total 41,0 41,0 11,9 12,1 Tabela 42 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 62,5 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 55,5 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 56,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 61,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 64,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 41, as medianas e médias dos postos dos escores do GO para os Índices Quantitativos dos Descritores Sensitivos e Afetivos foram menores do que as do GC; para os os Índices Quantitativos dos Descritores Avaliativos e para o Total dos Índices Quantitativos dos Descritores as medianas do GO e do GC foram iguais mas as médias dos postos do GO foram menores do que as do GC; por fim, para os Índices Quantitativos dos Descritores Miscelânea, a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC. No entanto, segundo a Tabela 42, quando comparadas através da prova U de Mann Whitney, as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. 129 Na Tabela 43 a seguir, são apresentados os resultados das comparações das diferenças entre os escores dos pré-testes e os dos 1os pós-testes dos grupos para os Índices Quantitativos de Dor. Tabela 43 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 53,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 55,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 61,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 56,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 59,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados apresentados na Tabela 43 indicam que as diferenças encontradas entre o pré e o 1o pós-teste de ambos os grupos, para os Índices Quantitativos dos Descritores de Dor, não foram significantes. 13. 2. 2. 3. Ansiedade Para a variável Ansiedade foram calculadas, na Tabela 44, as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 1os pós-testes nas dimensões Estado e Traço, assim como foram comparados, na Tabela 45, os escores de ambos os grupos, através da prova U de Mann Whitney. Tabela 44 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Estado 56,5 48,0 13,8 10,1 Traço 56,0 51,0 14,0 9,8 130 Tabela 45 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 45,0 Ho não rejeitada Traço GO=GC 41,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 44, as medianas e médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC tanto para o Estado quanto para o Traço de Ansiedade. A Tabela 45 porém, indica que estas diferenças não foram significantes. A Tabela 46 apresenta a comparação das diferenças entre os escores dos pré-testes e dos 1os pós-testes de ambos os grupos para o Estado e o Traço de Ansiedade, através da prova U de Mann Whitney. Tabela 46 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 40,5 Ho não rejeitada Traço GO=GC 63,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 46 as diferenças de escores entre os pré-testes e os 1os pós-testes do GO e do GC, para ambas as dimensões da Ansiedade, não foram significantes. 13. 2. 2. 4. Depressão As medianas e médias dos postos atribuídas aos escores do GO e do GC para a variável Depressão são apresentadas na Tabela 47 e, na Tabela 48, a comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney. 131 Tabela 47 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. GO GC Medianas 18,5 18,0 Média dos Postos 11,5 12,5 Tabela 48 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 60,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 47, a mediana do GO foi maior do que a do GC para a Depressão, e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação realizada na Tabela 48, entretanto, indica que esta diferença entre os grupos não foi significante. A Tabela 49 apresenta a comparação realizada, através da prova U de Mann Whitney, da diferença de escores obtidos entre os pré-testes e os 1os póstestes dos grupos para a variável Depressão. Tabela 49 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 64,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 49, as diferenças encontradas entre os pré-testes e os 1os pós-testes dos grupos para a Depressão não foram significantes. 13. 2. 2. 5. Estratégias de coping da dor A Tabela 50 apresenta as medianas e as médias dos postos dos escores 132 obtidos em cada uma das Estratégias de Coping da Dor nos 1 os pós-testes dos grupos. Na Tabela 51, estes escores foram comparados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 50 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Desvio Atenção 9,0 8,0 11,7 12,4 Reinterp. Sens. 1,5 6,0 10,4 13,8 Auto-Afirmações 14,0 23,0 10,8 13,5 Ignorar Sens. 2,0 11,0 9,8 14,6 Rezar/Esperar 28,0 25,0 12,3 11,9 Catastrofização 19,5 15,0 14,5 9,3 Aumento da Ativ. 10,5 13,0 12,0 12,0 Tabela 51 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 62,0 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 46,0 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 49,0 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 37,5 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 62,0 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 36,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 65,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Observa-se, na Tabela 50, que para a estratégia Desvio da Atenção, a mediana do GO foi maior do que a do GC e que a média dos postos do GO foi menor do que as do GC; para as estratégias Rezar/Esperar e Catastrofização as medianas e as médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC; para as estratégias Reinterpretação das Sensações Dolorosas, Auto-Afirmações de Coping e Ignorar as Sensações Dolorosas, as medianas e as médias dos postos 133 do GO foram menores do que as do GC; e, por fim, para a estratégia Aumento da Atividade Comportamental, a mediana do GO foi menor do que a do GC e as médias dos postos foram iguais. A comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 51, indicam porém que as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 52 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 1os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Estratégias de Coping da Dor. Tabela 52 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 57,5 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 48,0 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 63,5 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 53,5 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 54,5 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 49,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 38,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 52, a comparação da diferença de escores entre os pré-testes e os 1os pós-testes do GO e do GC não foram significantes para todas as Estratégias de Coping da Dor. Na Tabela 53, a seguir, encontram-se as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 1os pós-testes do GO e do GC e, na Tabela 54, sua comparação através da prova U de Mann Whitney, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. 134 Tabela 53 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Mediana Mediana Média dos Média dos Percebidas GO GC Postos GO Postos GC Controle da dor 3,0 3,0 12,1 11,9 Diminuição da dor 3,0 3,0 10,9 13,2 Tabela 54 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 65,0 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 53,0 Ho não rejeitada Percebidas p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 53, ambos os grupos apresentaram medianas iguais para as duas variáveis; para a Habilidade Percebida de Controle da Dor, a média dos postos do GO foi maior do que a do GC e, para a Habilidade Percebida de Diminuição da Dor, a média dos postos do GO foi menor do que a do GC, entretanto, os resultados das comparações dos escores grupais, na Tabela 54, não foram significantes. Na Tabela 55 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 1os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. 135 Tabela 55 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 59,0 Ho não rejeitada Percebidas p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 55, a comparação da diferença de escores entre os prétestes e os 1os pós-testes do GO e do GC para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor não foram significantes. 13. 2. 2. 6. Locus de controle As medianas e médias dos postos dos escores obtidos no 1o pós-teste por ambos os grupos para as sub-escalas de Locus de Controle são apresentadas na Tabela 56 e a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 57. Tabela 56 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Mediana Mediana Média dos Média dos GO GC Postos GO Postos GC Internalidade 5,0 5,0 10,0 14,2 Sorte/Azar 3,0 3,0 10,8 13,3 Outros Poderosos 1,0 2,0 10,8 13,3 Internalid. Total 2,5 3,0 10,7 13,4 136 Tabela 57 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 42,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 52,0 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 52,0 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 50,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 56, as medianas dos grupos foram iguais nas sub-escalas de Internalidade e Sorte/Azar; as medianas do GO foram menores do que as do GC na sub-escala Outros Poderosos e na Internalidade Total; e, as médias dos postos do GO foram menores do que as do GC em todas as subescalas. A comparação dos escores apresentada na Tabela 57, porém, indica que estas diferenças entre os grupos não foram significantes. A seguir, na Tabela 58, foram comparadas, através da prova U de Mann Whitney, as diferenças entre os escores obtidos nos pré-testes e nos 1os póstestes dos grupos para as sub-escalas de Locus de Controle. Tabela 58 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 47,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 50,5 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 47,5 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 59,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados das comparações das diferenças do escores do pré-teste e do 1o pós-teste de ambos os grupos, segundo a Tabela 58, não foram significantes. 137 13. 2. 2. 7. Sintomas psiquiátricos Na Tabela 59 são apresentadas as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos para a variável Sintomas Psiquiátricos e, na Tabela 60, é apresentado o resultado da comparação dos escores pela prova U de Mann Whitney. Tabela 59 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. GO GC Medianas 14,5 13,0 Média dos Postos 11,2 11,0 Tabela 60 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 76,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 59, a mediana e a média dos postos dos escores do GO foram maiores do que as do GC. De acordo com a Tabela 60 entretanto, estas diferenças não foram significantes. Na Tabela 61 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 1os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para os Sintomas Psiquiátricos. Tabela 61 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 1os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 44,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 138 Segundo a Tabela 61, a comparação da diferença de escores entre os prétestes e os 1os pós-testes do GO e do GC para os Sintomas Psiquiátricos não foram significantes. 13. 2. 3. Comparação dos escores do 2o pós-teste do GO e do GC. 13. 2. 3. 1. Intensidade da dor A Tabela 62 apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 2os pós-testes dos grupos, e a Tabela 63, a comparação entre estes escores, através da prova de U de Mann Whitney, para a variável Intensidade da Dor. Tabela 62 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. GO GC Medianas 6,8 7,9 Média dos Postos 10,8 13,4 Tabela 63 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 51,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 62 os escores do GO apresentaram medianas e média dos postos menores do que as do GC, entretanto, como demonstra a Tabela 63, a diferença encontrada entre os grupos não foi significante. A Tabela 64, a seguir, apresenta a comparação da diferença entre os escores do pré-teste e do 2o pós-teste dos grupos para a variável Intensidade da Dor através da prova U de Mann Whitney. 139 Tabela 64 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 53,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a comparação realizada na Tabela 64, a diferença de escores entre o pré-teste e o 2o pós-teste na Intensidade da Dor de ambos os grupos não foi significante. 13. 2. 3. 2. Índices de Dor A Tabela 65, a seguir, apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices do Número de Descritores obtidos nos 2os pós-testes do GO e do GC, e a Tabela 66, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 65 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Mediana Mediana Média dos Média dos Descritores GO GC Postos GO Postos GC Sensitivos 10,0 10,0 12,7 11,2 Afetivos 5,0 5,0 11,3 12,7 Avaliativos 1,0 1,0 11,5 12,5 Miscelânea 4,0 4,0 11,8 12,2 Total 20,0 20,0 11,7 12,3 140 Tabela 66 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 57,5 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 58,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 60,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 64,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 62,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 65, as medianas do GO e do GC foram iguais para todos os Índices do Números de Descritores; a média dos postos do GO foi maior do que a do GC para os Índices do Número de Descritores Sensitivos e menor do que a do GC para todas as demais. A comparação destes resultados através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 66, indica porém, que estas diferenças não foram significantes. Na Tabela 67 são apresentados os resultados da comparação das diferenças de escores dos Índices do Número de Descritores Escolhidos entre os pré-testes e os 2os pós-testes dos grupos, realizados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 67 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 33,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 47,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 60,0 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 64,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 59,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 141 Os resultados da prova U de Mann Whitney apresentados na Tabela 67 indicam que as diferenças de escores entre o pré-teste e o 2o pós-teste dos grupos para os Índices do Número dos Descritores de Dor não foram significantes. Na Tabela 68, são apresentadas as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices Quantitativos de Dor obtidos nos 2 os póstestes de ambos os grupos, e, na Tabela 69, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 68 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 24,5 18,0 13,5 10,3 Afetivos 6,0 9,0 9,5 14,7 Avaliativos 3,0 3,0 12,2 11,8 Miscelânea 8,0 8,0 11,2 12,9 Total 41,0 42,0 12,0 12,0 Tabela 69 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 47,5 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 36,5 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 63,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 56,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 66,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 68, para os Índices Quantitativos dos Descritores Sensitivos, a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC; para os Índices Quantitativos dos Descritores Afetivos, a 142 mediana e a média dos postos do GO foram menores do que as do GC; para os Índices Quantitativos dos Descritores Avaliativos, as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos do GO foi maior do que a do GC; para os Índices Quantitativos dos Descritores Miscelânea, as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC; por fim, para o Total dos Índices Quantitativos dos Descritores, a mediana do GO foi menor do que a do GC e as médias dos postos de ambos os grupos foram iguais. No entanto, segundo a Tabela 69, quando comparadas através da prova U de Mann Whitney, as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 70 a seguir, são apresentados os resultados das comparações das diferenças entre os escores dos pré-testes e os dos 2os pós-testes dos grupos para os Índices Quantitativos de Dor. Tabela 70 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 23,5 Ho rejeitada Afetivos GO=GC 36,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 56,0 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 57,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 47,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados apresentados na Tabela 70 indicam que foi encontrada uma diferença significante entre o pré e o 2o pós-teste de ambos os grupos para os Índices Quantitativos dos Descritores Sensitivos da Dor, sendo que quando se compara os dados da Tabela 68 com os da Tabela 21, nota-se que os sujeitos do GO elevaram seus escores do pré-teste para o 2o pós-teste, enquanto que os sujeitos do GC diminuíram seus escores nesse índice. As diferenças encontradas para os demais índices não foram significantes. 143 13. 2. 3. 3. Ansiedade Para a variável Ansiedade foram calculadas, na Tabela 71, as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 2os pós-testes nas dimensões Estado e Traço, assim como, na Tabela 72, foram comparados os escores de ambos os grupos, através da prova U de Mann Whitney. Tabela 71 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Mediana Mediana Média dos Média dos GO GC Postos GO Postos GC Estado 55,0 49,0 13,8 10,0 Traço 55,5 51,0 13,1 10,8 Tabela 72 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 44,0 Ho não rejeitada Traço GO=GC 53,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 71, as medianas e médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC tanto para o Estado quanto para o Traço de Ansiedade. A Tabela 72 porém, indica que estas diferenças não foram significantes. A Tabela 73 apresenta a comparação das diferenças entre os escores dos pré-testes e dos 2os pós-testes de ambos os grupos para o Estado e o Traço de Ansiedade, através da prova U de Mann Whitney. 144 Tabela 73 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 48,8 Ho não rejeitada Traço GO=GC 58,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 73 as diferenças de escores entre os pré-testes e os 2os pós-testes do GO e do GC, para ambas as dimensões da Ansiedade, não foram significantes. 13. 2. 3. 4. Depressão As medianas e médias dos postos atribuídas aos escores do 2o pós-teste do GO e do GC para a variável Depressão são apresentadas na Tabela 74 e, na Tabela 75, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 74 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. GO GC Medianas 20,0 18,0 Média dos Postos 11,5 12,7 Tabela 75 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 58,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 74, a mediana do GO foi maior do que a do GC para a Depressão, e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação realizada na Tabela 75, entretanto, indica que esta diferença entre os grupos não foi significante. 145 A Tabela 76, a seguir, apresenta a comparação realizada, através da prova U de Mann Whitney, da diferença de escores obtidos entre os pré-testes e os 2os pós-testes dos grupos para a variável Depressão. Tabela 76 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 62,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 76, as diferenças encontradas entre os pré-testes e os 2os pós-testes dos grupos para a Depressão não foram significantes. 13. 2. 3. 5. Estratégias de coping da dor A Tabela 77 apresenta as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos em cada uma das Estratégias de Coping da Dor nos 2 os pós-testes dos grupos. Na Tabela 78, estes escores foram comparados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 77 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Desvio Atenção 8,0 12,0 11,8 12,3 Reinterp. Sens. 2,0 7,0 10,9 13,2 Auto-Afirmações 13,0 17,0 11,0 12,9 Ignorar Sens. 6,0 10,0 11,5 12,5 Rezar/Esperar 26,5 27,0 12,3 11,6 Catastrofização 16,0 16,0 12,5 11,4 Aumento da Ativ. 10,0 7,0 12,7 11,2 146 Tabela 78 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 63,0 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 79,5 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 56,5 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 60,0 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 62,0 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 59,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 57,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Observa-se, na Tabela 77, que para as estratégias Desvio da Atenção, Reinterpretação das Sensações Dolorosas, Auto-Afirmações de Coping e Ignorar as Sensações Dolorosas, as medianas e médias dos postos dos escores do GO foram menores do que a do GC; para a estratégia Rezar/Esperar a mediana de GO foi menor do que a do GC e a média dos postos do GO foi maior do que a do GC; para a estratégia Catastrofização as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos do GO foi maior do que a do GC; e, por fim, para a estratégia Aumento da Atividade Comportamental, a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC. A comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 78, indicam porém que as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 79 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 2os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Estratégias de Coping da Dor. 147 Tabela 79 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 37,5 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 36,5 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 57,0 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 40,0 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 44,5 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 66,0 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 41,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 79, a comparação da diferença de escores entre os pré-testes e os 2os pós-testes do GO e do GC não foram significantes para todas as Estratégias de Coping da Dor. Na Tabela 80 a seguir, encontram-se as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 2os pós-testes do GO e do GC e, na Tabela 81 sua comparação através da prova U de Mann Whitney, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 80 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Mediana Mediana Média dos Média dos Percebidas GO GC Postos GO Postos GC Controle da dor 3,0 3,0 12,3 11,7 Diminuição da dor 3,0 3,0 11,5 12,5 148 Tabela 81 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Percebidas Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 63,0 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 60,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 80, ambos os grupos apresentaram medianas iguais para as duas variáveis; para a Habilidade Percebida de Controle da Dor, a média dos postos do GO foi maior do que a do GC e, para a Habilidade Percebida de Diminuição da Dor, a média dos postos do GO foi menor do que a do GC, entretanto, os resultados das comparações dos escores grupais, na Tabela 81, não foram significantes. Na Tabela 82 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 2os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 82 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 55,5 Ho não rejeitada Percebidas p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 82, a comparação da diferença de escores entre os prétestes e os 2os pós-testes do GO e do GC para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor não foram significantes. 149 13. 2. 3. 6. Locus de controle As medianas e médias dos postos dos escores obtidos no 2o pós-teste por ambos os grupos para as sub-escalas de Locus de Controle são apresentadas na Tabela 83 e a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 84. Tabela 83 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Internalidade 5,0 6,0 9,9 14,3 Sorte/Azar 1,5 4,0 9,4 14,9 Outros Poderosos 2,0 2,0 10,7 13,4 Internalid. Total 2,3 3,5 9,8 14,4 Tabela 84 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 41,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 34,5 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 50,5 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 40,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 83, para as sub-escalas Internalidade, Sorte/Azar e Internalidade Total, as medianas e médias dos postos do GO foram menores do que as do GC, e, para a sub-escala Outros Poderosos, as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação dos escores apresentada na Tabela 84, porém, indica que estas diferenças entre os grupos não foram significantes. 150 A seguir, na Tabela 85, foram comparadas, através da prova U de Mann Whitney, as diferenças entre os escores obtidos nos pré-testes e nos 2os póstestes dos grupos para as sub-escalas de Locus de Controle. Tabela 85 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 43,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 63,5 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 58,5 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 57,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados das comparações das diferenças do escores do pré-teste e do 2o pós-teste de ambos os grupos, segundo a Tabela 85, não foram significantes. 13. 2. 3. 7. Sintomas psiquiátricos Na Tabela 86 são apresentadas as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos pelos grupos para a variável Sintomas Psiquiátricos nos 2os pós-testes e, na Tabela 87, é apresentado o resultado da comparação dos escores pela prova U de Mann Whitney. Tabela 86 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. GO GC Medianas 12,5 14,0 Média dos Postos 12,3 11,7 151 Tabela 87 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 63,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 86, a mediana do GO foi menor do que a do GC e a média dos postos dos escores do GO foi maior do que a do GC. De acordo com a Tabela 87, entretanto, estas diferenças não foram significantes. Na Tabela 88 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 2os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para os Sintomas Psiquiátricos. Tabela 88 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 2os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 70,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 88, a comparação da diferença de escores entre os prétestes e os 2os pós-testes do GO e do GC para os Sintomas Psiquiátricos não foi significante. 13. 2. 4. Comparação dos escores do 3o pós-teste do GO e do GC. 13. 2. 4. 1. Intensidade da dor A Tabela 89 apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 3os pós-testes dos grupos, e a Tabela 90, a comparação entre estes escores, através da prova de U de Mann Whitney, para a variável Intensidade da Dor. 152 Tabela 89 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. GO GC Medianas 7,5 8,5 Média dos Postos 11,2 12,9 Tabela 90 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 56,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 89 os escores do GO apresentaram medianas e média dos postos menores do que as do GC, entretanto, como demonstra a Tabela 90, a diferença encontrada entre os grupos não foi significante. A Tabela 91, a seguir, apresenta a comparação da diferença entre os escores do pré-teste e do 3o pós-teste dos grupos para a variável Intensidade da Dor através da prova U de Mann Whitney. Tabela 91 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Uo Conclusão GO = GC 56,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a comparação realizada na Tabela 91, a diferença de escores entre o pré-teste e o 3o pós-teste na Intensidade da Dor de ambos os grupos não foi significante. 153 13. 2. 4. 2. Índices de Dor A Tabela 92, a seguir, apresenta as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices do Número de Descritores Escolhidos obtidos nos 3os pós-testes do GO e do GC, e a Tabela 93, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 92 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 10,0 10,0 12,3 11,7 Afetivos 4,5 5,0 11,8 12,2 Avaliativos 1,0 1,0 12,0 12,0 Miscelânea 4,0 4,0 12,6 11,4 Total 19,5 19,0 12,3 11,7 Tabela 93 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 63,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 63,5 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 66,0 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 59,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 62,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 92, para os Índices do Número dos Descritores Sensitivos e Miscelânea as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos dos escores do GO foram maiores do que as do GC; para os Índices do Número dos Descritores Afetivos a mediana e a média dos postos do GO foram menores do que as do GC; para os Índices do Número Descritores Avaliativos 154 as medianas e médias dos postos de ambos os grupos foram iguais, e por fim, para o Total dos Índices do Número de Descritores a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC. Entretanto, a comparação destes resultados através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 93, indica que estas diferenças não foram significantes. Na Tabela 94 são apresentados os resultados da comparação das diferenças de escores dos Índices do Número de Descritores Escolhidos entre os pré-testes e os 3os pós-testes dos grupos, realizados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 94 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. No de Descritores Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 44,0 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 45,0 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 60,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 62,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 55,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados da prova U de Mann Whitney, apresentados na Tabela 94, indicam que as diferenças de escores entre o pré-teste e o 3o pós-teste dos grupos para os Índices do Número dos Descritores de Dor não foram significantes. Na Tabela 95, são apresentadas as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos Índices Quantitativos de Dor obtido nos 3 os póstestes de ambos os grupos, e, na Tabela 96, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. 155 Tabela 95 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Sensitivos 23,0 19,0 13,5 10,3 Afetivos 7,0 8,0 12,0 12,0 Avaliativos 3,5 3,0 11,0 11,3 Miscelânea 8,5 7,0 13,0 10,9 Total 39,0 34,0 13,3 10,6 Tabela 96 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitativos Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 47,5 Ho não rejeitada Afetivos GO=GC 65,5 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 74,0 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 53,5 Ho não rejeitada Total GO=GC 50,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 95, para os Índices dos Descritores Sensitivos, Miscelânea e Total dos Índices dos Descritores a mediana e médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC; para os Índices Quantitativos dos Descritores Afetivos a mediana do GO foi menor do que a do GC e as médias dos postos dos grupos foram iguais; por fim, para os Índices Quantitativos dos Descritores Avaliativos, a mediana do GO foi maior do que a do GC e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. No entanto, segundo a Tabela 96, quando comparadas através da prova U de Mann Whitney, as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 97 a seguir, são apresentados os resultados das comparações das diferenças entre os escores dos pré-testes e os dos 3os pós-testes dos grupos para os Índices Quantitativos de Dor. 156 Tabela 97 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Ho Uo Conclusão Sensitivos GO=GC 26,0 Ho rejeitada Afetivos GO=GC 65,5 Ho não rejeitada Avaliativos GO=GC 51,5 Ho não rejeitada Miscelânea GO=GC 56,0 Ho não rejeitada Total GO=GC 37,0 Ho não rejeitada Quantitativos p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados apresentados na Tabela 97 indicam que foi encontrada uma diferença significante entre o pré-teste e o 3o pós-teste de ambos os grupos para os Índices dos Descritores Sensitivos da Dor, sendo que quando se compara os dados da Tabela 95 com os da Tabela 21, verifica-se que, no GO, houve um aumento do pré-teste para o terceiro pós-teste neste índice, o oposto ocorrendo no GC. Também pode-se observar, ao comparar os dados da Tabela 95 com os da Tabela 68, que os resultados entre o 2 o e o 3o pós-testes quase não se alteraram, ou seja, os sujeitos mantiveram os escores do 2 o pós-teste. As diferenças encontradas para os demais índices não foram significantes. 13. 2. 4. 3. Ansiedade Para a variável Ansiedade foram calculadas, na Tabela 98, as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 3os pós-testes nas dimensões Estado e Traço, assim como foram comparados na Tabela 99, através da prova U de Mann Whitney, os escores de ambos os grupos. 157 Tabela 98 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Estado 59,5 54,0 13,7 10,2 Traço 52,0 50,0 13,7 10,2 Tabela 99 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 46,0 Ho não rejeitada Traço GO=GC 46,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 98, as medianas e médias dos postos do GO foram maiores do que as do GC tanto para o Estado quanto para o Traço de Ansiedade; as médias dos postos do GO e do GC foram iguais para ambas as dimensões. A Tabela 99 porém, indica que estas diferenças não foram significantes. A Tabela 100 apresenta a comparação das diferenças entre os escores dos pré-testes e dos 3os pós-testes de ambos os grupos para o Estado e o Traço de Ansiedade, através da prova U de Mann Whitney. Tabela 100 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Variáveis Estado e Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Uo Conclusão Estado GO=GC 49,0 Ho não rejeitada Traço GO=GC 58,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 158 De acordo com a Tabela 100 as diferenças de escores entre os pré-testes e os 3os pós-testes do GO e do GC, para ambas as dimensões da Ansiedade, não foram significantes. 13. 2. 4. 4. Depressão As medianas e médias dos postos atribuídas aos escores do 3o pós-teste do GO e do GC para a variável Depressão são apresentadas na Tabela 101 e, na Tabela 102, a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney. Tabela 101 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. GO GC Medianas 19,0 16,0 Média dos Postos 12,3 11,7 Tabela 102 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 62,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 101, a mediana e a média dos postos dos escores do GO foram maiores do que as do GC para a Depressão, entretanto, a comparação realizada na Tabela 102, indica que esta diferença entre os grupos não foi significante. A Tabela 103, a seguir, apresenta a comparação realizada, através da prova U de Mann Whitney, da diferença de escores obtidos entre os pré-testes e os 3os pós-testes dos grupos para a variável Depressão. 159 Tabela 103 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores do Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para a Depressão. Ho Uo Conclusão GO = GC 51,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 103, as diferenças encontradas entre os pré-testes e os 3os pós-testes dos grupos para a variável Depressão não foram significantes. 13. 2. 4. 5. Estratégias de coping da dor A Tabela 104 apresenta as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos em cada uma das Estratégias de Coping da Dor nos 3os pós-testes dos grupos. Na Tabela 105, estes escores foram comparados através da prova U de Mann Whitney. Tabela 104 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Mediana Mediana Média dos Média dos GO GC Postos GO Postos GC Desvio Atenção 9,0 10,0 12,4 11,6 Reinterp. Sens. 3,0 10,0 11,1 13,0 Auto-Afirmações 16,5 17,0 11,3 12,8 Ignorar Sens. 2,5 10,0 10,3 13,8 Rezar/Esperar 30,0 23,0 13,3 10,6 Catastrofização 17,0 10,0 14,5 9,3 Aumento da Ativ. 6,5 12,0 11,7 12,4 160 Tabela 105 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 61,5 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 55,5 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 57,0 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 46,0 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 51,0 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 36,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 62,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Observa-se, na Tabela 104, que para a estratégia Desvio da Atenção a mediana do GO foi menor do que a do GC e a média dos postos do GO foi maior do que a do GC; para as estratégias Reinterpretação das Sensações Dolorosas, Auto-Afirmações de Coping, Ignorar as Sensações Dolorosas e Aumento da Atividade Comportamental, as medianas e médias dos postos dos escores do GO foram menores do que a do GC; por fim, para as estratégias Rezar/Esperar e Catastrofização as medianas e médias dos postos de GO foram maiores do que as do GC. A comparação dos escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 105, indicam porém que as diferenças encontradas entre os grupos não foram significantes. Na Tabela 106 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 3os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Estratégias de Coping da Dor. 161 Tabela 106 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Uo Conclusão Desvio Atenção GO=GC 43,5 Ho não rejeitada Reinterp. Sens. GO=GC 57,5 Ho não rejeitada Auto-Afirmações GO=GC 62,0 Ho não rejeitada Ignorar Sens. GO=GC 60,5 Ho não rejeitada Rezar/Esperar GO=GC 37,5 Ho não rejeitada Catastrofização GO=GC 48,5 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. GO=GC 61,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 106, a comparação da diferença de escores entre os pré-testes e os 3os pós-testes do GO e do GC não foram significantes para todas as Estratégias de Coping da Dor. Na Tabela 107, a seguir, encontram-se as medianas e as médias dos postos atribuídos aos escores dos 3os pós-testes do GO e do GC e, na Tabela 108, sua comparação através da prova U de Mann Whitney, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 107 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Mediana Mediana Média dos Média dos Percebidas GO GC Postos GO Postos GC Controle da dor 2,0 3,0 11,2 12,9 Diminuição da dor 2,0 3,0 11,9 12,1 162 Tabela 108 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 56,5 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 65,0 Ho não rejeitada Percebidas p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 107, ambos os grupos apresentaram medianas iguais para as duas variáveis; e, tanto para a Habilidade Percebida de Controle da Dor como de Diminuição da Dor, as médias dos postos do GO foram menores do que as do GC, entretanto, os resultados das comparações dos escores grupais, na Tabela 108, não foram significantes. Na Tabela 109 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 3os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Tabela 109 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor. Habilidades Ho Uo Conclusão Controle da dor GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Diminuição da dor GO=GC 62,5 Ho não rejeitada Percebidas p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 109, a comparação da diferença de escores entre os pré-testes e os 3os pós-testes do GO e do GC para as Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor não foram significantes. 163 13. 2. 4. 6. Locus de controle As medianas e médias dos postos dos escores obtidos no 3o pós-teste por ambos os grupos para as sub-escalas de Locus de Controle são apresentadas na Tabela 110 e a comparação destes escores através da prova U de Mann Whitney, na Tabela 111. Tabela 110 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Mediana GO Mediana GC Média dos Postos GO Média dos Postos GC Internalidade 5,0 5,0 11,3 12,7 Sorte/Azar 2,0 4,0 10,7 13,5 Outros Poderosos 2,5 2,0 11,9 12,1 Internalid. Total 2,5 3,0 10,5 13,7 Tabela 111 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as SubEscalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 58,0 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 50,0 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 64,5 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 47,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 De acordo com a Tabela 110, para a sub-escala Internalidade, as medianas dos grupos foram iguais e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC; para as sub-escalas Sorte/Azar e Internalidade Total as medianas e médias dos postos do GO foram menores do que as do GC; por fim, para a subescala Outros Poderosos a mediana do GO foi maior do que a do GC e a média dos postos do GO foi menor do que a do GC. A comparação dos escores 164 apresentada na Tabela 111, porém, indica que estas diferenças entre os grupos não foram significantes. A seguir, na Tabela 112, foram comparadas, através da prova U de Mann Whitney, as diferenças entre os escores obtidos nos pré-testes e nos 3os pós-testes dos grupos para as sub-escalas de Locus de Controle. Tabela 112 - Resultados da Prova U de Mann Whitney Referentes à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Uo Conclusão Internalidade GO=GC 49,5 Ho não rejeitada Sorte/Azar GO=GC 64,0 Ho não rejeitada Outros Poderosos GO=GC 60,0 Ho não rejeitada Internalid. Total GO=GC 63,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Os resultados das comparações das diferenças do escores do pré-teste e do 3o pós-teste de ambos os grupos, segundo a Tabela 112, não foram significantes. 13. 2. 4. 7. Sintomas psiquiátricos Na Tabela 113 são apresentadas as medianas e as médias dos postos dos escores obtidos pelos grupos para a variável Sintomas Psiquiátricos nos 3os pós-testes e, na Tabela 114, é apresentado o resultado da comparação dos escores pela prova U de Mann Whitney. Tabela 113 - Medianas dos Escores e Médias dos Postos Atribuídas aos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. GO GC Medianas 14,5 14,0 Média dos Postos 12,5 11,4 165 Tabela 114 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Comparação dos Escores dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 59,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 113, a mediana e a média dos postos do GO foram maiores do que as do GC. De acordo com a Tabela 114 entretanto, estas diferenças não foram significantes. Na Tabela 115 são apresentadas as comparações das diferenças de escore entre os pré-testes e os 3os pós-testes através da prova U de Mann Whitney para os Sintomas Psiquiátricos. Tabela 115 - Resultado da Prova U de Mann Whitney Referente à Diferença entre os Escores dos Pré-testes e os dos 3os Pós-testes do GO e do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Uo Conclusão GO = GC 53,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Uc = 33 Segundo a Tabela 115, a comparação da diferença de escores entre os pré-testes e os 3os pós-testes do GO e do GC para os Sintomas Psiquiátricos não foi significante. 13. 3. Variáveis Experimentais: Comparação Intra-Grupal 13. 3. 1. Comparação entre pré-teste, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO. 13. 3. 1. 1. Intensidade da dor Na Tabela 116 é apresentado, para a Intensidade da Dor do GO, o resultado da comparação dos escores das quatro testagens através da prova de Friedman. 166 Tabela 116 - Resultado da Prova de Friedman Referente à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para a Intensidade da Dor. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,68 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 116, as diferenças de Intensidade da Dor do GO nas diferentes testagens não foram significantes. 13. 3. 1. 2. Índices de Dor Na Tabela 117, a seguir, são apresentados os resultados da prova de Friedman para a comparação das testagens dos Índices do Número de Descritores Escolhidos no GO. Tabela 117 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. Número de Descritores Ho Xp2 Conclusão Sensitivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 4,32 Ho não rejeitada Afetivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,47 Ho não rejeitada Avaliativos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,15 Ho não rejeitada Miscelânea pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,55 Ho não rejeitada Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,05 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 117, os resultados da comparação do pré-teste, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO para os Índices do Número de Descritores, não foram significantes. Os resultados da comparação, pela prova de Friedman, das quatro testagens dos Índices Quantitativo de Dor realizados no GO, são apresentados, a seguir, na Tabela 118. 167 Tabela 118 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitat. Ho Xp2 Conclusão Sensitivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 6,13 Ho não rejeitada Afetivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,22 Ho não rejeitada Avaliativos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,53 Ho não rejeitada Miscelânea pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,07 Ho não rejeitada Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,22 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 118, segundo a prova de Friedman, as diferenças entre as testagens para os Índices Quantitativos de Dor do GO não foram significantes. 13. 3. 1. 3. Ansiedade Para o Estado e o Traço de Ansiedade, são apresentados, na Tabela 119, os resultados da comparação entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO, através da prova de Friedman. Tabela 119 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para o Estado e o Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Xp2 Conclusão Estado pré = 1o p.= 2o p.= 3o p. 15,25 Ho rejeitada Traço pré = 1o p.= 2o p.= 3o p. 1,82 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 119, o Estado de Ansiedade se diferenciou entre as aplicações de forma que o resultado da prova de Friedman foi significante. Para o Traço de Ansiedade, o resultado das comparações entre as testagens não foi significante. 168 Para verificar se a diferença no Estado de Ansiedade, constatada na Tabela 119, ocorreu entre o pré-teste e os demais pós-testes, o escore do préteste foi comparado à média das medianas dos escores dos pós-testes do GO através da prova de Wilcoxon, na Tabela 120. Tabela 120 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. Ho To Conclusão pré = 1o p. U 2o p. U 3o p. 0 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 14 De acordo com a Tabela 120, a comparação entre o escore do pré-teste e a média das medianas dos pós-testes do GO, para o Estado de Ansiedade, foi significante. Para averiguar entre qual dos pós-testes ocorreu a diferença constatada na Tabela 120, na Tabela 121 foi realizada a comparação entre os escores do 1o pós teste e a média dos escores do 2o e 3o pós-testes do GO, para o Estado de Ansiedade, através da prova de Wilcoxon. Tabela 121 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores entre os Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. Ho To Conclusão 1o p. = 2o p. U 3o p. 26,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 14 De acordo com a Tabela 121, a comparação entre os escores do 1 o pósteste e a média do 2o e do 3o pós-testes do GO, para a variável Estado de Ansiedade, não foi significante. 169 Para verificar se a diferença constatada na Tabela 121, ocorreu entre o 2o e o 3o pós-testes, na Tabela 122, seus escores foram comparados através da prova de Wilcoxon. Tabela 122 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GO, para a Variável Estado de Ansiedade. Ho To Conclusão 2o p. = 3o p. 29,0 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 14 De acordo com a Tabela 122, a comparação dos escores do 2 o e 3o póstestes do GO para o Estado de Ansiedade não foi significante, indicando que a diferença constatada na Tabela 119, ocorreu entre o pré-teste e os demais póstestes, sendo que segundo os dados da Tabela 23, da Tabela 14, da Tabela 71 e da Tabela 97, verifica-se que houve um aumento do estado de ansiedade entre o pré-teste e os pós-testes. 13. 3. 1. 4. Depressão Na Tabela 123, a seguir, é apresentado o resultado da prova de Friedman para a comparação dos escores de Depressão entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO. Tabela 123 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para a Depressão. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 3,68 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Segundo a Tabela 123, o resultado da prova de Friedman indica que não houve diferenças significativas entre os escores de Depressão do GO nas testagens. 170 13. 3. 1. 5. Estratégias de coping da dor A seguir, na Tabela 124, estão os resultados das comparações dos escores das quatro aplicações de testes do GO realizadas através da prova de Friedman, para as Estratégias de Coping da Dor. Tabela 124 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Xp2 Conclusão Desvio Atenção pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,28 Ho não rejeitada Reinterpr. Sens. pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,28 Ho não rejeitada Auto-Afirmações pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,53 Ho não rejeitada Ignorar Sens. pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,13 Ho não rejeitada Rezar/Esperar pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 3,16 Ho não rejeitada Catastrofização pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,57 Ho não rejeitada Aumento da Ativ. pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 3,32 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 124, os resultados da prova de Friedman indicam que não houve diferenças significantes entre o pré, 1o, 2o e 3o póstestes do GO para todas as Estratégias de Coping da Dor. Na Tabela 125, são apresentados os resultados da prova de Friedman para a comparação dos escores das Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor entre as testagens do GO. Tabela 125 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor. Habilidades Percebidas Ho Xp2 Conclusão Controle da dor pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,57 Ho não rejeitada Dimin. da dor pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,63 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 171 Segundo os resultados da prova de Friedman na Tabela 125, não houve diferenças significantes entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO, para as habilidades de Controle e de Diminuição da Dor. 13. 3. 1. 6. Locus de controle A Tabela 126, a seguir, apresenta os resultados da prova de Friedman que compara os escores das quatro testagens do GO para as sub-escalas de Locus de Controle. Tabela 126 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Xp2 Conclusão Internalidade pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 3,93 Ho não rejeitada Sorte/Azar pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 4,45 Ho não rejeitada Outros Poder. pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,18 Ho não rejeitada Internal. Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,57 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Conforme se pode constatar na Tabela 126, as comparações entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO para as sub-escalas de Locus de Controle não foram significantes. 13. 3. 1. 7. Sintomas psiquiátricos Para os Sintomas Psiquiátricos, é apresentado na Tabela 127, o resultado das comparações entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GO, através da prova de Friedman. 172 Tabela 127 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste , 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GO, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,88 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Segundo a Tabela 127, o resultado da prova de Friedman indica que as diferenças entre as testagens do GO para os Sintomas Psiquiátricos não foram significantes. 13. 3. 2. Comparação entre pré-teste, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC. 13. 3. 2. 1. Intensidade da dor Na Tabela 128 é apresentado, para a Intensidade da Dor do GC, o resultado da comparação dos escores das quatro testagens através da prova de Friedman. Tabela 128 - Resultado da Prova deFriedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para a Intensidade da Dor. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,63 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 128, as diferenças de Intensidade da Dor do GC nas diferentes testagens não foram significantes. 13. 3. 2. 2. Índices de Dor Na Tabela 129, a seguir, são apresentados os resultados da prova de Friedman para a comparação das testagens dos Índices do Número de Descritores Escolhidos no GC. 173 Tabela 129 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Índices do Número de Descritores Escolhidos. Número de Ho Xp2 Conclusão Sensitivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,41 Ho não rejeitada Afetivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,77 Ho não rejeitada Avaliativos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,16 Ho não rejeitada Miscelânea pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,25 Ho não rejeitada Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,42 Ho não rejeitada Descritores gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 129, os resultados da comparação do pré-teste, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC para os Índices do Número de Descritores, não foram significantes. Os resultados da comparação, pela prova de Friedman, das quatro testagens dos Índices Quantitativos de Dor realizados no GC, são apresentados, a seguir, na Tabela 130. Tabela 130 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Índices Quantitativos de Dor. Índices Quantitat. Ho Xp2 Conclusão Sensitivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,39 Ho não rejeitada Afetivos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,79 Ho não rejeitada Avaliativos pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,44 Ho não rejeitada Miscelânea pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,67 Ho não rejeitada Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,34 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 174 De acordo com a Tabela 130, segundo a prova de Friedman, as diferenças entre as testagens para os Índices Quantitativos de Dor do GC não foram significantes. 13. 3. 2. 3. Ansiedade Para o Estado e o Traço de Ansiedade, são apresentados, na Tabela 131, os resultados da comparação entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC, através da prova de Friedman. Tabela 131 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para o Estado e o Traço de Ansiedade. Ansiedade Ho Xp2 Conclusão Estado pré =1o p.=2o p.=3o p 4,61 Ho não rejeitada Traço pré =1o p.=2o p.=3o p 0,68 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 131, segundo a prova de Friedman, as diferenças entre as testagens para o Estado e o Traço de Ansiedade do GC não foram significantes. 13. 3. 2. 4. Depressão Na Tabela 132, a seguir, é apresentado o resultado da prova de Friedman para a comparação dos escores de Depressão entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC. Tabela 132 - Resultado da Prova de Friedman Referente à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para a Depressão. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,42 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 175 Segundo a Tabela 132, o resultado da prova de Friedman indica que não houve diferenças significativas entre os escores de Depressão do GC nas testagens. 13. 3. 2. 5. Estratégias de coping da dor A seguir, na Tabela 133, estão os resultados das comparações dos escores das quatro aplicações de testes do GC realizadas através da prova de Friedman, para as Estratégias de Coping da Dor. Tabela 133 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Estratégias de Coping da Dor. Estratégias Ho Xp2 Conclusão Desv. Atenção pré = 1op. = 2op. = 3op. 8,95 Ho rejeitada Reinterp. Sens. pré = 1op. = 2op. = 3op. 5,89 Ho não rejeitada Auto-Afirm. pré = 1op. = 2op. = 3op. 9,35 Ho rejeitada Ignorar Sens. pré = 1op. = 2op. = 3op. 2,48 Ho não rejeitada Rezar/Esperar pré = 1op. = 2op. = 3op. 9,14 Ho rejeitada Catastrofização pré = 1op. = 2op. = 3op. 1,36 Ho não rejeitada Aum. da Ativ. pré = 1op. = 2op. = 3op. 5,81 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 De acordo com a Tabela 133, as estratégias Desvio da Atenção, AutoAfirmações de Coping e Rezar/Esperar se diferenciaram entre as testagens, uma vez que o resultado da prova de Friedman foi significante para estas estratégias e não foi significante para as demais. Para verificar se a diferença na estratégia Desvio da Atenção, constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e os demais pós-testes, na Tabela 134, o escore do pré-teste foi comparado à média das medianas dos escores dos pós-testes do GC através da prova de Wilcoxon. 176 Tabela 134 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. Ho To Conclusão pré = 1o p. U 2o p. U 3o p. 8,5 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 11 De acordo com a Tabela 134, a comparação entre o escore do pré-teste e a média das medianas dos pós-testes do GC, para a estratégia Desvio da Atenção, foi significante. Para averiguar entre quais dos pós-testes ocorreu a diferença constatada na Tabela 134, na Tabela 135 foi calculada a comparação entre os escores do 1o pós-teste e a média das medianas do 2o e 3o pós-testes do GC para a estratégia Desvio da Atenção, através da prova de Wilcoxon. Tabela 135 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. Ho To Conclusão 1o p. = 2o p. U 3o p. 0 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 11 De acordo com a Tabela 135, a comparação entre os escores do 1 o pósteste e a média do 2o e do 3o pós-teste do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção, foi significante, permitindo concluir que a diferença constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste o 1o pós-teste, e entre o 1o pós-teste e os dois outros. Para verificar se a diferença constatada na Tabela 135, ocorreu entre o 2o e o 3o pós-testes, na Tabela 136, seus escores foram comparados através da prova de Wilcoxon. 177 Tabela 136 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Desvio da Atenção. Ho To Conclusão 2o p. = 3o p. 20 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 9 De acordo com a Tabela 136, a comparação dos escores do 2 o e 3o póstestes do GC, para Estratégia Desvio da Atenção, não foi significante, indicando que a diferença constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e o 1o pós-teste. Nas Tabelas 27, 50, 77 e 104, pode-se observar, através das medianas, que houve uma diminuição da estratégia Desvio da Atenção do préteste para o 1o pós-teste, um aumento do 1o pós-teste para o 2o pós-teste e uma diminuição para o 3o pós-teste. Para verificar se a diferença na estratégia Auto-Afirmações de Coping, constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e os demais pós-testes, na Tabela 137, o escore do pré-teste foi comparado à média das medianas dos escores dos pós-testes do GC através da prova de Wilcoxon. Tabela 137 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Auto-Afirmações de Coping. Ho To Conclusão pré = 1o p. U 2o p. U 3o p. 11 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 11 Segundo a Tabela 137, a comparação entre o escore do pré-teste e a média das medianas dos pós-testes do GC, para a estratégia Auto-Afirmações de Coping, foi significante. Para averiguar entre quais dos pós-testes ocorreu a diferença constatada na Tabela 137, na Tabela 138, foi realizada a comparação entre os escores do 178 1o pós-teste e a média das medianas do 2o e 3o pós-testes, do GC para a estratégia Auto-Afirmações de Coping, através da prova de Wilcoxon. Tabela 138 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Auto-Afirmações de Coping. Ho To Conclusão 1o p. = 2o p. U 3o p. 0 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 4 De acordo com a Tabela 138, a comparação entre os escores do 1 o pósteste e a média do 2o e do 3o pós-teste do GC, para a Estratégia AutoAfirmações de Coping, foi significante, permitindo concluir que a diferença constatada na Tabela 133 ocorreu entre o pré-teste e o 1o pós-teste, e entre este e os outros pós-testes. Para verificar se a diferença constatada na Tabela 138, ocorreu entre o 2o e o 3o pós-testes, na Tabela 139, seus escores foram comparados através da prova de Wilcoxon. Tabela 139 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia AutoAfirmações de Coping. Ho To Conclusão 2o p. = 3o p. 7 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 0 Segundo a Tabela 139, a comparação dos escores do 2 o e 3o pós-testes do GC, para Estratégia Auto-Afirmações de Coping, não foi significante, indicando que a diferença constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e o 1o pós e entre o 1o e o 2o pós-testes. Pode-se observar através das Tabelas 27, 50, 77 e 104 que houve uma diminuição da estratégia Auto-Afirmações de Coping do pré-teste e do 1o pós-teste para os demais pós-testes. 179 Para verificar se a diferença na estratégia Rezar/Esperar, constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e os demais pós-testes, na Tabela 140, o escore do pré-teste foi comparado à média das medianas dos escores dos póstestes do GC, através da prova de Wilcoxon. Tabela 140 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação entre os Escores do Pré-teste e a Média das Medianas dos Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. Ho To Conclusão pré = 1o p. U 2o p. U 3o p. 0 Ho rejeitada p > 0,05 e Tc = 6 De acordo com a Tabela 140, a comparação entre os escores do pré-teste e a média das medianas dos pós-testes do GC, para a estratégia Rezar/Esperar, foi significante. Para averiguar entre quais dos pós-testes ocorreu a diferença constatada na Tabela 140, na Tabela 141, foi realizada a comparação entre os escores do 1o pós-teste e a média das medianas do 2o e 3o pós-testes do GC, para a estratégia Rezar/Esperar, através da prova de Wilcoxon. Tabela 141 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 1o Pós-teste e a Média das Medianas do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. Ho To Conclusão 1o p. = 2o p. U 3o p. 21,5 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 6 De acordo com a Tabela 141, a comparação entre os escores do 1 o pósteste e a média do 2o e do 3o pós-testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar, não foi significante. Para verificar se a diferença constatada na Tabela 141, ocorreu entre o 2o e o 3o pós-testes, na Tabela 142, seus escores foram comparados, através da prova de Wilcoxon. 180 Tabela 142 - Resultado da Prova de Wilcoxon Referente à Comparação dos Escores do 2o e do 3o Pós-Testes do GC, para a Estratégia Rezar/Esperar. Ho To Conclusão 2o p. = 3o p. 25 Ho não rejeitada p > 0,05 e Tc = 8 De acordo com a Tabela 142, a comparação dos escores do 2o e 3o pós-testes do GC, para Estratégia Rezar/Esperar, não foi significante, indicando que a diferença constatada na Tabela 133, ocorreu entre o pré-teste e os demais póstestes. Pode-se observar através das Tabelas 27, 50, 77 e 104 que houve uma diminuição da estratégia Rezar/Esperar do pré-teste para os pós-testes. A seguir, na Tabela 143, são apresentados os resultados da prova de Friedman para a comparação dos escores das Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor entre as testagens do GC. Tabela 143 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Habilidades Percebidas de Controle e de Diminuição da Dor. Habilidades Percebidas Ho Xp2 Conclusão Controle da dor pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,55 Ho não rejeitada Dimin. da dor pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 6,85 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Segundo os resultados da prova de Friedman na Tabela 143, não houve diferenças significantes entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC, para as habilidades de Controle e de Diminuição da Dor. 13. 3. 2. 6. Locus de controle A Tabela 144, a seguir, apresenta os resultados da prova de Friedman que compara os escores das quatro testagens do GC para as sub-escalas de Locus de Controle. 181 Tabela 144 - Resultados da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para as Sub-Escalas de Locus de Controle. Sub-Escalas Ho Xp2 Conclusão Internalidade pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,85 Ho não rejeitada Sorte/Azar pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 2,75 Ho não rejeitada Outros Poder. pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 0,14 Ho não rejeitada Internal. Total pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 1,61 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Conforme se pode constatar na Tabela 144, as comparações entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC para as sub-escalas de Locus de Controle não foram significantes. 13. 3. 2. 7. Sintomas psiquiátricos Para os Sintomas Psiquiátricos, é apresentado na Tabela 145, o resultado das comparações entre o pré, 1o, 2o e 3o pós-testes do GC, através da prova de Friedman. Tabela 145 - Resultado da Prova de Friedman Referentes à Comparação entre os Escores do Pré-Teste, 1o, 2o e 3o Pós-Testes do GC, para os Sintomas Psiquiátricos. Ho Xp2 Conclusão pré = 1o p. = 2o p. = 3o p 5,21 Ho não rejeitada gl = 3, p > 0,05 e Xc2 = 7,82 Segundo a Tabela 145, o resultado da prova de Friedman indica que as diferenças entre as testagens do GC para os Sintomas Psiquiátricos não foram significantes. 182 13. 4. Síntese Nas comparações inter-grupais, através das Tabelas 70 e 97, foram constatadas diferenças significantes nos Índices Quantitativos dos Descritores Sensitivos da Dor, onde os grupos se discriminaram quanto às diferenças entre os pré-testes e os 2os pós-testes e entre os pré-testes e os 3 os pós-testes. Comparando-se os dados das Tabelas 21, 68 e 95, pode-se constatar que, entre o pré-teste e o 2o pós-teste, GO elevou seus escores, enquanto que GC os diminuiu; entre o pré-teste e o 3o pós-teste, o mesmo ocorreu; e que os resultados, entre o 2o e o 3o pós-testes, quase não se alteraram, isto é, os sujeitos mantiveram os escores do 2o pós-teste. As comparações intra-grupais do GO, através das Tabelas 119, 120, 121e 122, revelaram diferenças significantes na variável Estado de Ansiedade. Estas diferenças ocorreram entre o pré-teste e os demais pós-testes, sendo que, de acordo com os dados das Tabelas 14, 23, 71 e 97, houve um aumento dos escores entre o pré-teste e os pós-testes. As comparações intra-grupais do GC, através da Tabela 133, revelaram diferenças significantes nas estratégias de coping Desvio da Atenção, AutoAfirmações de Coping e Rezar/Esperar. Para a estratégia Desvio da Atenção, as Tabelas 134, 135 e 136, indicaram que a diferença significante ocorreu entre o pré-teste e o 1o pósteste, sendo que, os dados das Tabelas 27, 50, 77 e 104, indicam que houve uma diminuição dos escores do pré-teste para o 1o pós-teste, um aumento do 1o pós-teste para o 2o pós-teste e uma diminuição para o 3o pós-teste. Para a estratégia Auto-Afirmações de Coping, as Tabelas 137, 138 e 139, revelam que as diferenças significantes ocorreram entre o pré-teste e o 1o pós, entre o 1o e o 2o pós-testes, sendo que, de acordo com as Tabelas 27, 50, 77 e 104, houve uma diminuição dos escores do pré-teste e do 1o pós-teste para os demais pós-testes. 183 Por fim, para a estratégia Rezar/Esperar, de acordo com as Tabelas 140, 141 e 142, as diferenças significantes ocorreram entre o pré-teste e os demais pós-testes. Pode-se observar, através dos dados das Tabelas 27, 50, 77 e 104, que houve uma diminuição da estratégia Rezar/Esperar do pré-teste para os pós-testes. 184 DISCUSSÃO 14. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Este trabalho se propôs a avaliar os efeitos de uma intervenção psicológica grupal nos componentes da experiência dolorosa em doentes com fibromialgia. Para realizar esta avaliação contou com resultados do processo terapêutico, obtidos através da análise de seus temas emergentes, e com os resultados obtidos através de uma série de instrumentos de auto-relato. Todas as doentes convidadas a participar deste trabalho aceitaram a proposta e permaneceram até o seu final: não houve desistências. Apesar de que o consumo da medicação indicada fosse um dos requisitos para inclusão na pesquisa, constatou-se, ao longo do procedimento, que algumas doentes do GO não o faziam de maneira regular. Como não seria possível prever quantas doentes do GC haviam se comportado dessa maneira e para que os grupos pudessem ser comparados, se assumiu que a ocorrência deste comportamento no GC fosse proporcional à do GO. Todas as participantes estavam cientes das datas previstas para seu comparecimento ao hospital e de que se tratava de uma pesquisa psicológica a ser desenvolvida no contexto ambulatorial. A inclusão na pesquisa criou expectativas de tratamento em ambos os grupos, entretanto sua continuidade teve representações diferentes para GO e GC. Para GO o 1o pós-teste marcou o final das sessões e a possibilidade de interrupção dos vínculos que haviam sido criados pelas participantes. Os póstestes seguintes e o encaminhamento posterior, foram percebidos como oportunidades de reencontro. Para GC, cada pós teste foi marcado por um período de espera e pela não realização de expectativas, cuja concretização foi sendo adiada, até que, com o final da pesquisa, passou a ser projetada no encaminhamento que se seguiu ao procedimento. O efeito desse período de 185 espera e dessas expectativas são importantes para a compreensão do que costuma ocorrer com os doentes enquanto procuram e aguardam um diagnóstico e tratamento efetivos que venham a concretizar suas esperanças de retorno à condição de “normalidade”. 14. 1. Variáveis Demográficas Os resultados obtidos para as variáveis demográficas dos grupos, permitiram constatar que as participantes do GO eram, em média, 7 anos e 4 meses mais jovens (Tabela 8), pertenciam a um nível sócio-econômico mais alto (Tabela 10), tinham mais tempo de escolaridade (Tabela 12), e menor tempo de dor do que as do GC (Tabela 14), que por sua vez, constituíram o grupo com o maior número de integrantes que viviam com um companheiro (Tabela 16). Entretanto o tratamento estatístico aplicado (Tabelas 9, 11, 13 e 15) revelou que estas diferenças não foram significantes, portanto, em termos das variáveis avaliadas, GO e GC foram suficientemente semelhantes para serem comparados. 14. 2. Intensidade da Dor Dentre os sintomas da síndrome de fibromialgia, a dor é o mais importante. Dentre as características da dor, a intensidade é a mais incômoda, e a necessidade de controlá-la é a principal razão que leva os doentes a procurarem o sistema de saúde. As medianas e médias dos postos (Tabelas 17, 35, 62 e 89), revelaram que durante todo procedimento, a intensidade da dor das participantes foi alta e variável, já que na escala de 0 a 10, apresentou-se entre 6,8 e 8,5. Entretanto, as comparações inter-grupais dos escores das testagens (Tabelas 18, 36, 63 e 90), as comparações das diferenças entre pré-testes e pós-testes dos 186 grupos (Tabelas 37, 64 e 91) e as comparações intra-grupais (Tabelas 116 e 128) não apresentaram diferenças significantes. De acordo com a literatura, a dor do fibromiálgico é intensa e apresenta grande variabilidade ao longo do tempo, o que torna a síndrome de fibromialgia uma doença sujeita a oscilações características (Leavitt et al., 1986; Burckhardt, Clark & Bennett, 1992; Mengshoel & Forre, 1993). A ausência de diferenças significantes nas comparações estatísticas, pode estar relacionada à eficácia da medicação consumida pela maioria das participantes e também ao fato de que, as variáveis sobre as quais a intervenção psicológica atuou não tenham se refletido na intensidade da sensação dolorosa. Os temas abordados durante as sessões de grupo operativo, evidenciaram a relação entre intensidade da dor e a elaboração dos problemas de aceitação e compreensão da doença, assim como sua influência na criação e execução de estratégias de coping da incapacitação funcional, entre outras. 14. 3. Índices de Dor Segundo Melzack & Torgerson (1971), escolher adjetivos para qualificar a dor, implica a avaliação da situação como um todo, tendo como referências os componentes sensoriais e afetivos da dor, as experiências anteriores, o significado atribuído à situação, e a previsão de suas conseqüências. 14. 3. 1. Índices do número de descritores escolhidos As medianas e médias dos postos do GO e GC (Tabelas 19, 38, 65 e 92) se apresentaram com pequenas variações e demonstraram que as participantes utilizaram um grande número de descritores, uma vez que, sendo 20 o número máximo de descritores, os valores medianos se apresentaram entre 19 e 20 descritores. Esta tendência se manteve constante ao longo do procedimento, uma vez que as comparações dos escores inter-grupais (Tabelas 20, 39, 66 e 93), as comparações das diferenças entre os pré-testes e pós-testes dos grupos 187 (Tabelas 40, 67 e 94) e as comparações intra-grupais (Tabelas 117 e 129), não revelaram diferenças significantes. Segundo Burckhardt, Clark & Bennett (1992), para descrever a dor da síndrome de fibromialgia, são necessárias mais palavras do que as disponíveis no “McGill Pain Questionnaire”. Portanto, é possível que a dor do fibromiálgico possua muitas características, ou que seja uma dor com características “indescritíveis”, uma vez que as palavras conhecidas e disponíveis talvez não tenham sido suficientes para descrevê-la. Através da análise dos temas emergentes, foi possível constatar a dificuldade de compreensão e aceitação de uma dor, intensa, variável e potencialmente “indescritível”. Foi também possível observar a influência destes fatores nas tentativas das doentes de compartilhar suas sensações com profissionais, familiares, amigos, etc. Apenas as intervenções grupais puderam oferecer às participantes, a oportunidade de compartilhar estas sensações e dificuldades com outras pessoas em situação semelhante (Gentry & Owens, 1986). 14. 3. 2. Índices quantitativos de dor Não apenas o número de adjetivos, mas os próprios adjetivos escolhidos, devem refletir a importância que os doentes atribuem à sua experiência dolorosa em determinado momento, por que segundo Melzack & Torgerson (1971, p. 58) “ a lista de palavras avaliativas reflete a capacidade do cérebro de avaliar a importância ou urgência da situação geral”. A análise das medianas e médias dos postos dos grupos (Tabelas 21, 41, 68 e 95) indicou um aumento progressivo das medianas dos índices quantitativos dos descritores sensitivos do GO entre o pré-teste e o 2o e o 3o pós-testes, enquanto o contrário ocorreu com GC. Ambos os grupos apresentaram, nos demais descritores, algumas oscilações que podem ser atribuídas à variabilidade da sensação dolorosa na fibromialgia. 188 As comparações inter-grupais dos escores (Tabelas 22, 42, 69 e 96) e as comparações intra-grupais (Tabelas 118 e 130) não apresentaram diferenças significantes. Entretanto, quando foram comparadas as diferenças entre os pré-testes e os pós-testes dos grupos (Tabelas 43, 70 e 97), a diferença entre os escores dos pré-testes e os dos 2os e 3os pós-testes do GO e GC para os índices quantitativos dos descritores sensitivos, foram significantes. Isso implica que as mudanças que ocorreram no GO foram suficientes para discriminá-lo do GC com relação às diferenças entre o pré-teste e o 2o e 3o pós-testes, mas que não foram suficientes, ao menos na avaliação de curto prazo, para representar mudanças internas efetivas e mudanças consistentes entre os dois grupos. As características da dor do fibromiálgico são a base da incapacitação funcional que acompanha a doença, e são consideradas como um dos grandes stressores que afetam o ritmo de vida destes doentes (Wolfe et al., 1997). Durante as sessões de grupo operativo, constatou-se que as doentes procuravam manter, sem sucesso, um padrão de desempenho funcional que se assemelhasse ao que antecedeu a doença, e que a elaboração desse fato gerou projetos e estratégias baseados em transformar a própria dor, de fator incapacitante generalizado, em “termômetro” da capacitação disponível, a cada momento, para cada diferente tarefa. Entretanto, o aumento dos índices quantitativos dos descritores sensitivos nos dois últimos pós-testes e a ausência de resultados significantes nas outras comparações, sugerem que estes projetos e estratégias, delineados durante as sessões, só foram efetivamente utilizados após o término do processo terapêutico, em caráter experimental e não totalmente instalados no cotidiano das doentes. É importante lembrar, que as sensações dolorosas do fibromiálgico possuem características que dificultam sua avaliação cognitiva, portanto, é bastante compreensível a dificuldade de execução das estratégias propostas. 189 Utilizar a avaliação das sensações dolorosas como referencial de capacitação é uma proposta de grande potencial adaptativo, por representar um recurso de coping que instrumentaliza os indivíduos para lidar, tanto com as variações de sua condição interna, quanto com a diversidade das suas condições externas, e por implicar uma disposição pessoal para avaliar tanto as sensações dolorosas como as tarefas a realizar, antes de decidir quais as estratégias mais adequadas de ação. 14. 4. Ansiedade Um exame das medianas e médias dos postos dos grupos (Tabelas 23, 44, 71 e 98) revelou que os escores do GO sempre superaram os do GC, tanto para o estado como para o traço de ansiedade, o que significa, provavelmente, que estas características dos grupos resultem de suas diferenças demográficas. As comparações inter-grupais dos escores (Tabelas 24, 45, 72 e 99) e as comparações entre os pré-testes e os pós-testes dos grupos (Tabelas 46, 73 e 100), não apresentaram diferenças significantes. Entretanto, embora a comparações intra-grupais do GC (Tabela 131), para o estado e traço de ansiedade não tenham apresentado diferenças significantes, as do GO (Tabelas 119, 120, 121 e 122) indicaram diferenças significantes no estado de ansiedade, entre o pré e demais pós-testes, que não ocorreram com o traço de ansiedade. Isso significa que as alterações no estado de ansiedade do GO foram suficientes para representar uma efetiva mudança interna no grupo, mas que não foram suficientes, ao menos durante a avaliação de curto prazo, para refletir mudanças consistentes entre os dois grupos. O estado e traço de ansiedade são dimensões que se relacionam, por que “espera-se que indivíduos com traço de ansiedade aumentado apresentem também elevações mais freqüentes no estado de ansiedade” (Spielberger, Gersuch & Lushene, 1972, p.30). De acordo com os resultados, o aumento do estado de ansiedade do GO não decorreu de um aumento no traço de 190 ansiedade, portanto, é provável que resulte da intervenção psicológica, onde as alterações intra-grupais indicam que, projetos e estratégias cuja elaboração e execução se iniciaram durante as sessões, continuaram a ser utilizados após seu término, e que a médio e em longo prazo, talvez esse fato venha a se evidenciar o suficiente para discriminar GO do GC de maneira mais consistente. Segundo McCracken & Gross (1993), diferentes sintomas de ansiedade possuem diferentes relações com a dor e as respostas de coping. Os sintomas cognitivos de ansiedade podem interferir na elaboração de estratégias, enquanto que os sintomas fisiológicos de ansiedade podem acentuar ou intensificar os esforços de coping. Trabalhar a partir dos chamados medos universais é um dos pressupostos da técnica de grupos operativos, de forma que, durante todo o processo terapêutico, os medos de ataque e perda que se encontravam implícitos nos temas emergentes, foram identificados, assinalados, interpretados e continuamente elaborados pelos grupos. Assim, além de ter sido mobilizada e elaborada de forma cognitiva ao longo dos temas emergentes, a ansiedade foi também tratada diretamente, através das percepções de suas manifestações fisiológicas, sendo que isso foi essencial, não só para a compreensão da relação mente-corpo, como para gerar projetos e estratégias de coping dirigidas ao controle emocional como forma de controle da dor. Pesquisas de laboratório tem revelado que doentes com fibromialgia são hipervigilantes e mais sensíveis a estímulos inócuos para outros indivíduos, e que essa sensibilidade tende a ser generalizada e resistente aos mecanismos moduladores induzidos pela própria dor34. Embora esses estudos utilizem estímulos externos, objetivos e controláveis (calor, frio, eletricidade, ruído, etc.), o conceito atual de dor permite questionar se o mesmo efeito não poderia se obter através de estímulos internos e subjetivos, tais como os mobilizados pela intervenção psicológica deste trabalho. 34 Ver “Aspectos Sensório-Discriminativos da Dor na Fibromialgia”, p. 44. 191 Se a dor do fibromiálgico pode ser induzida por estímulos objetivos assim como por estímulos subjetivos, uma das possíveis contribuições que as intervenções psicológicas podem oferecer a estes doentes é a elaboração e controle destes estímulos subjetivos como um dos recursos úteis no alívio da dor e do sofrimento. 14. 5. Depressão A análise das medianas e médias dos postos dos grupos (Tabelas 25, 47, 74 e 101) indicam que os escores medianos dos grupos estiveram entre 14 e 20 pontos. De acordo com o ponto de corte estabelecido para a população americana, a pontuação obtida por GO e GC classifica sua depressão entre leve (de 10 a 16 pontos) e moderada (de 17 a 29) (Beck & Steer, 1978). Segundo estes critérios, as medianas dos grupos indicam que ambos possuíam depressão leve no pré-teste e passaram a apresentar depressão moderada nos pós-testes, o que pode ser explicado pelas expectativas comuns, relacionadas à participação na pesquisa. Embora as medianas dos pós-testes do GO sejam maiores do que as do GC, as comparações inter-grupais (Tabelas 26, 48, 75 e 102), as comparações das diferenças entre os escores dos pré-testes e dos pós-testes do GO e GC (Tabelas 49, 76 e 103) e as comparações intra-grupais (Tabelas 123 e 132) não apresentaram diferenças significantes. É possível que o aumento não significante nas medianas do GO possam resultar de certa elaboração realizada durante a intervenção psicológica, por que, embora a depressão propriamente dita, tenha sido um dos temas emergentes evitados, o processo terapêutico atuou na elaboração tanto dos medos de ataque quanto nos de perda, que são complementares. 192 A relação entre dor e depressão tem sido extensamente explorada pela literatura35, e os resultados deste trabalho confirmam a existência desta relação. A maioria das doentes estava utilizando antidepressivos tricíclicos, e apesar de que seu efeito analgésico independe das mudanças de humor dos doentes (Goldenberg, 1993; Arthritis Foundation, 1997), eles “são freqüentemente efetivos no alívio da dor assim como da depressão” (Melzack & Wall, 1991, p. 208). Tanto a intensidade da dor como a depressão não apresentaram alterações significantes para ambos os grupos, o que torna provável não só que exista uma relação entre estes fatores, mas que um deles, ou ambos, estivessem sendo controlados pela medicação. É possível que muitos dos temas emergentes grupais só tenham sido adequadamente discutidos no curto espaço de tempo disponível, por que a intensidade da dor e a depressão estavam sendo controladas pela medicação. Neste sentido, a somatória das intervenções potencializou seus resultados em benefício dos doentes. 14. 6. Coping da Dor 14. 6. 1. Estratégias de Coping da Dor A análise das medianas e médias dos postos das estratégias de coping propostas pelo CSQ (Tabelas 27, 50, 77 e 104) revelou, a julgar pelos prétestes, que as estratégias mais utilizadas por GO eram Rezar/Esperar, Catastrofização e Auto-Afirmações de Coping, enquanto que GC utilizava mais Rezar/Esperar, Auto-Afirmações de Coping e Desvio da Atenção, nesta ordem. O uso da Catastrofização como estratégia de coping tem sido muito questionado. Pesquisas recentes tem sugerido que ela possa ser melhor conceituada como um sintoma de distress relacionado à depressão, e que portanto, deva ser considerada como um constructo separado (McCracken & 35 Ver “Componentes Afetivo-Motivacionais da Dor na Fibromialgia”, na p. 52. 193 Gross, 1993; Geisser, Robinson & Henson, 1994; Geisser et al., 1994). Se esta consideração for aplicada ao presente estudo, as estratégias mais utilizadas pelos dois grupos seriam as mesmas e na mesma ordem, caso contrário, as diferentes escolhas poderão ser atribuídas às diferenças demográficas entre os grupos, que não foram significantes. A orientação religiosa pode ser considerada um recurso de coping por que influi no significado que o indivíduo atribui à dor e na maneira como responde a ela. Segundo Helman (1994), se à dor for atribuído um significado de punição divina, os indivíduos tentarão experimentá-la de forma estóica, como forma de expiação de culpa. Se for interpretada como resultado de transgressões morais, seu alívio será procurado através de penitências, jejuns ou preces. Se for atribuída à malevolência de terceiros (através de feitiçaria ou encantamentos) seu tratamento será indireto, através de rituais ou exorcismo. O Brasil é um país especialmente religioso e a preferência pela utilização da estratégia Rezar/Esperar pode ser uma característica cultural. Num estudo envolvendo 800 brasileiros com queixas de dor, 9,5% dos entrevistados concordou com a afirmação que “a dor é um sofrimento que purifica a alma frente a Deus” (Teixeira et. al., 1996, p. 92). Informações colhidas a partir dos prontuários de atendimento das doentes, revelaram que 13 delas eram católicas, 6 evangélicas, 2 espíritas, 1 protestante e apenas 1 não tinha religião. As comparações inter-grupais dos escores (Tabelas 28, 51, 78 e 105), a comparação das diferenças entre os pré-testes e os pós-testes dos grupos (Tabelas 52, 79 e 106) e a comparação intra-grupal do GO (Tabela 124) não apresentaram diferenças significantes. Entretanto, a comparação intra-grupal do GC (Tabelas 133), apresentou diferenças significantes na utilização das estratégias Desvio da Atenção (Tabela 134, 135 e 136) Auto-Afirmações de Coping (Tabela 137, 138 e 139), e Rezar/Esperar (Tabelas 140, 141 e 142). A primeira apresentou uma diminuição de escore entre o pré-teste e o 1o pós- 194 teste; a segunda, uma diminuição entre o pré-teste e o 1o pós-teste, e entre este e o 2o pós-teste; e a terceira, entre o pré-teste e os demais pós-testes. Isso significa que as alterações na freqüência de utilização das estratégias de coping do GC foram suficientes para representar uma mudança interna consistente no grupo, mas que foram insuficientes para representar mudanças efetivas entre os dois grupos, numa avaliação de curto prazo. Quando Rosenstiel & Keefe (1983) criaram o CSQ, um de seus objetivos era obter, através da freqüência de uso das estratégias de coping, uma medida que pudesse prever o grau de adaptação à dor crônica. Entretanto, não obstante as pesquisas realizadas até agora, tal propósito não pode ser completamente comprovado (Jensen et al., 1991). Se a freqüência de uso das estratégias de coping do CSQ fosse um bom indicador da adaptação à dor, GO deveria apresentar alterações na sua utilização, no entanto foi GC que as apresentou. Segundo Lazarus & Folkman (1984) as pessoas utilizam tanto o coping centrado no problema quanto o centrado na emoção, para lidar com as diversas demandas internas e/ou externas. As estratégias de coping oferecidas pelo CSQ podem ser utilizadas tanto para controlar as sensações dolorosas quanto as emoções a elas associadas, portanto, a relação entre estratégias de coping e adaptação à dor, parece estar mais centrada na função de dada estratégia do que na sua freqüência de utilização. Além disso, o CSQ avalia apenas 7 estratégias essencialmente voltadas para a tolerância da intensidade e da cronicidade da dor, enquanto que os grupos operativos permitiram a criação de uma série de estratégias orientadas para o controle dos stressores resultantes da condição e distintas das avaliadas. Portanto, GO não apresentou diferenças significantes no uso das estratégias de coping avaliadas pelo CSQ, provavelmente porque passou a modificar suas funções e também porque começou a empregar novas 195 estratégias, diferentes das avaliadas pelo instrumento. Não obstante os resultados clínicos promissores que têm sido apresentados pelo CSQ (Keefe et al, 1991; Geisser et al, 1994), no presente trabalho, ele não se mostrou adequado para avaliar a evolução das doentes. Segundo Zegans (1986, p.144), quando as estratégias de coping são adequadas ao seu propósito, possibilitam o “domínio” da situação; quando não são integradas ou executadas de forma apropriada, devido à deficiência de repertório ou à ansiedade, podem levar a uma “desorganização”; por fim, quando são adequadas na forma mas não no grau, podem levar os indivíduos a buscarem novas estratégias ou a manterem as mesmas utilizando-as em graus diferentes, para evitar que resultem em “exaustão”. Como o período de espera entre o pré-teste e o 1o pós-teste foi o mais longo (9 semanas) é possível que a ansiedade gerada pela espera e pelas expectativas do GC, associada à limitação de seu repertório de estratégias, tenham resultado numa desorganização do coping que, seguida por uma conseqüente tentativa de reorganização, resultou em mudanças no grau de utilização das principais estratégias. Além disso, estes fatos podem ter se refletido numa possível alteração do locus de controle. Como as estratégias Desvio da Atenção e Rezar/Esperar representam crenças em eventos, pessoas e entidades que possam auxiliar o doente (locus de controle externo) e a estratégia Auto-Afirmações de Coping, crenças nas condições do próprio indivíduo (locus de controle interno), é possível que, entre o pré-teste e o 1o pós-teste, GC tenha reduzido o locus de controle externo e interno como forma de controle dos efeitos do período de espera, enquanto que, ao longo dos pós-testes, a continuidade da redução tenha sido conseqüência da não realização de expectativas. 14. 6. 2. Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor Um exame das medianas e médias dos postos das Habilidades Percebidas de Controle e Diminuição da Dor (Tabelas 29, 53, 80 e 107), indicam uma grande semelhanças entre os escores do GO e GC, além de uma 196 tendência consistente de centralização das respostas (assinalar sempre o número 3 na escala que vai de 0 a 6). As comparações inter-grupais dos escores (Tabelas 30, 54, 81 e 108), as comparações das diferenças entre os pré-testes e os pós-testes dos grupos (Tabelas 55, 82 e 109) e as comparações intra-grupais (Tabelas 125 e 141) não revelaram diferenças significantes. O fato dos escores de ambos os grupos serem muito semelhantes e com tendência à centralização de resposta, permite supor que talvez seja possível que as doentes tenham dificuldade em discriminar entre os conceitos de controle e diminuição da dor. A compreensão destes conceitos demanda não só capacidade de abstração, como uma razoável aceitação da doença, enquanto nos grupos operativos se constatou que as doentes possuíam expectativas de supressão efetiva da dor. Além disso, é preciso levar em consideração que as características da dor da síndrome de fibromialgia, com sua variabilidade temporal e espacial e difícil descrição, tornam complicadas as avaliações quantitativas com relação à dor. Este, aliás, foi um dos principais motivos que levou as participantes do GO a criarem estratégias baseadas na percepção das sensações dolorosas, de acordo com o momento e com a situação. A semelhança dos escores e a centralização de respostas também permitem supor que o instrumento de avaliação talvez não seja suficientemente claro ou adequado36. Diante disso, se sugere que nas questões 49 e 50 do CSQ, passem a constar nas instruções, o esclarecimento do critério e significado das palavras “controle” e “diminuição”, uma vez que as questões parecem se referir à intensidade da dor, onde o “controle” diz respeito à sua manutenção dentro de um padrão de tolerância e a “diminuição”, à sua redução efetiva; e que as escalas de quantidade sejam substituídas por escalas analógicas visuais de 0 a 6 sem numeração e critérios intermediários. 36 Ver “Tradução e Adaptação do „Coping Strategies Questionnaire‟ para o Brasil” na p. 79. 197 14. 7. Locus de Controle A análise das medianas e médias dos postos (Tabelas 31, 56, 83 e 110) revelaram uma tendência do GC de apresentar escores iguais ou maiores do que os do GO. As comparações inter-grupais dos escores do GO e GC (Tabelas 32, 57, 84 e 111), as comparações das diferenças entre os pré-testes e os póstestes do GO e GC (Tabelas 58, 85 e 112) e as comparações intra-grupais (Tabelas 126 e 142) não revelaram diferenças estatisticamente significantes. Comparadas às medianas e médias dos postos do GO, desde o pré-teste as do GC indicaram que as participantes possuíam mais crenças em si mesmos (Internalidade), no acaso (Sorte/Azar) e em pessoas e entidades (Outros Poderosos) como fonte de controle dos acontecimentos, o que pode decorrer de diferenças demográficas entre os grupos. Entretanto, a análise das medianas do GC, sugerem que, apesar da redução no uso das estratégias Desvio da Atenção, Auto-Afirmações de Coping e Rezar/Esperar, não houve modificação nestas crenças. As medianas e médias dos postos de Internalidade Total, ao mesmo tempo em que indicaram que GC possuía maior orientação interna do que GO, também revelaram que ambos os grupos se caracterizam por possuírem maior tendência à externalidade, uma vez que, de um máximo de 8 pontos, as medianas se apresentaram entre 2,5 e 3,5 pontos. Esse fato é compatível com os resultados de pesquisas onde, comparados a outros doentes com dor crônica, os fibromiálgicos apresentam maior orientação externa e tem pouca percepção de controle sobre seus sintomas (Pastor et al., 1993; Gustafsson & Gaston-Johansson, 1996). Como GO se submeteu a uma intervenção psicológica centrada no coping do stress da dor, poderia se esperar que o aumento dos recursos de coping fossem acompanhados por aumentos conseqüentes na percepção de controle e na tendência à internalidade (Lefcourt, 1982). Entretanto, como o sistema de crenças esta associado a fatores culturais cujas alterações são muito lentas e graduais, é possível que não tenham sido detectadas pela avaliação de curto prazo. 198 14. 8. Sintomas Psiquiátricos Considerando-se as medianas e médias dos postos (Tabelas 33, 59, 86 e 113), ambos os grupos estiveram acima do ponto de corte durante todo o procedimento. As comparações inter-grupais dos escores (Tabelas 34, 60, 87 e 114), as comparações entre os pré-testes e os pós-testes dos grupos (Tabelas 61, 88 e 115) assim como as comparações intra-grupais (Tabelas 127 e 143), não apresentaram diferenças estatisticamente significantes. De acordo com os resultados obtidos, todas as participantes sem exceção, poderiam ser potencialmente classificadas como doentes psiquiátricas, o que não afetaria o processo terapêutico, uma vez que os grupos operativos foram originalmente criados para populações psiquiátricas. No entanto, um exame objetivo do instrumento, revela que muitas de suas questões se sobrepõe aos sintomas que caracterizam a síndrome de fibromialgia e/ou que acompanham a dor crônica. Isso permite questionar a adequação de seu uso em populações de doentes com dores crônicas, especialmente a do presente trabalho. O SRQ foi utilizado com instrumento de avaliação, em consideração à hipótese segundo a qual, a grande incidência de alterações afetivas em doentes com fibromialgia, permitiria supor que a síndrome fosse psicogênica. Se os resultados obtidos forem considerados válidos, indicam que os sintomas psiquiátricos não foram afetados pela medicação consumida pelas doentes. Esta informação associada às obtidas na discussão sobre a depressão dos grupos, permite supor que a medicação tenha atuado especificamente sobre o controle da dor das doentes, e que este efeito tenha resultado no controle da depressão. Estes fatos permitiriam contestar a hipótese psicogênica da síndrome de fibromialgia e questionar a hipótese proposta pelos “distúrbios do espectro afetivo”37. 37 Ver em “Componentes Afetivo-Motivacionais da Dor na Fibromialgia”, na p. 52. 199 CONCLUSÕES 1 15. CONCLUSÕES A análise dos resultados qualitativos permitiu concluir que, os grupos operativos parecem ter sido efetivos em aumentar os recursos cognitivos de coping e em possibilitar a criação e execução de estratégias de coping do stress da dor, promovendo com isso o aumento da adaptação ativa à realidade da condição. Entretanto, o número reduzido de sessões, impediu que alguns temas fossem aprofundados ou tratados, e que a execução de alguns projetos e estratégias elaborados durante as sessões fosse acompanhada. A discussão dos resultados permitiu constatar que houve alteração em componentes sensório-discriminativos da dor, porque embora a intensidade da dor não tenha sido afetada, houve aumento das sensações dolorosas, devido ao uso operativo de tais sensações como referenciais de capacitação funcional. Também foi possível observar alteração em componentes afetivosmotivacionais da dor, pois o aumento no estado de ansiedade, refletiu o uso operativo das percepções cognitivas e fisiológicas de ansiedade como referenciais necessários para o controle ativo das emoções. A depressão, entretanto, não foi alterada pelo trabalho terapêutico devido à dificuldade de elaborá-la adequadamente durante o processo terapêutico e/ou devido à provável influência do controle medicamentoso da dor. Não foi possível avaliar adequadamente a presença de sintomas psiquiátricos. Não foram constatadas alterações em componentes cognitivo-avaliativos da dor. As estratégias de coping do grupo tratado não se alteraram ao longo do procedimento, provavelmente por que a intervenção implicou a adequação de seu uso e a utilização de novas estratégias que não foram avaliadas pelo instrumento empregado. É possível que as expectativas não concretizadas do grupo não tratado, tenham promovido uma reorganização na utilização das 200 estratégias avaliadas, resultando na alteração de sua freqüência. Não foram constatadas alterações nas percepções de controle e diminuição da dor, devido a possíveis dificuldades na discriminação dos conceitos envolvidos, às dificuldades de realizar avaliações quantitativas de dor e devido a características do instrumento. O locus de controle das participantes apresentou tendência constante à externalidade, indicando que a intervenção não promoveu mudanças no sistema de crenças, cuja eventual modificação é lenta, e portanto, pode não ter sido detectada pela avaliação de curto prazo. A discussão dos resultados, permitiu constatar que as alterações verificadas se referiam a mudanças internas que se iniciavam ou recém se estabeleciam nos grupos, e que, em curto prazo, não representaram mudanças de magnitude Entretanto, suficiente como estas para discriminá-los de maneira mudanças representam processos consistente. dinâmicos progressivos, existe possibilidade de que, a médio e longo prazo, venham a se desenvolver a ponto de apresentarem diferenças mais evidentes na maneira como cada grupo realiza o coping do stress resultante de sua condição. Através das considerações sobre os temas emergentes, constatou-se que um maior número de sessões permitiria completar e aprofundar o processo terapêutico, o qual também poderia ser otimizado através do acréscimo de intervenções físicas e educacionais como, de acordo com a discussão dos resultados, ocorreu com o controle medicamentoso da dor. Estes fatos sugerem que a técnica de grupos operativos, aplicada a doentes com síndrome de fibromialgia, poderá ser mais efetiva se for utilizada em conjunto com outras intervenções. 201 ANEXOS ANEXO A GUIA DE AVALIAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO “COPING STRATEGIES QUESTIONNAIRE” PARA O BRASIL Prezado Colega, Você irá conhecer o “Coping Strategies Questionnaire” (CSQ) criado por Anne K. Rosenstiel e Francis J. Keefe, que pertencem ao centro médico da Universidade de Duke (EUA), e gentilmente enviado a nós com a devida permissão para tradução e validação. O CSQ foi criado para avaliar as estratégias de coping (enfrentamento da dor) utilizadas pelos pacientes com dor crônica sendo um instrumento amplamente utilizado em pesquisas no exterior. A tradução para o português foi realizada pelo Sr. Walter Estella, professor do departamento de Tradução e Interpretação da Associação Alumni. Entretanto, o processo de validação exige que está tradução seja julgada quanto a sua adequação à população e cultura brasileiras, uma vez que existem termos, expressões e situações que poderão ser melhor adaptadas através da experiência de profissionais especializados e colaboradores envolvidos com o tema da dor crônica. Sua contribuição nessa etapa de validação desse questionário é essencial, por isso agradeço antecipadamente, Andréa G. Portnoi 202 Parte I Nas páginas seguintes você irá encontrar o “Coping Strategies Questionnaire” (CSQ). Como este instrumento foi projetado para pacientes com dor crônica, para respondê-lo será necessário que você tenha em mente algum paciente ou alguém que você conheça e que sofra de dores crônicas, ou que tente se lembrar de períodos em que você tenha sentido dores por algum tempo. 203 COPING STRATEGIES QUESTIONNAIRE (CSQ) As pessoas que têm dor desenvolvem várias maneiras de enfrentar ou lidar com a dor, que vão desde dizer coisas para si mesmo a envolver-se em várias atividades quando estão sentindo dor. Abaixo encontra-se uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer quando sentem dor. Indique, usando o quadro abaixo, quanto você utiliza cada atividade específica quando sente dor. Para nós é importante saber se você utiliza e quanto cada atividade, independente do fato dela dar resultados ou não. 0 Nunca 1 2 3 Às vezes sim às vezes não 4 5 6 Sempre vezes Quando sinto dor... ____1. Tento me sentir distante da dor, quase como se ela estivesse no corpo de outra pessoa ____2. Saio de casa e faço alguma coisa, como por exemplo: …….. ____3. Tento pensar em algo agradável. ____4. Não penso na dor como dor propriamente dita, mas como uma sensação de amortecimento ou de calor localizado. ____5. É horrível, e tenho a impressão de que nunca irá melhorar. ____6. Digo a mim mesmo que devo ser forte e continuar com minhas atividades apesar da dor. ____7. Leio. ____8. Digo a mim mesmo que posso superar a dor. ____9. Tomo meus remédios. ____10.Faço contas de cabeça ou, mentalmente, canto uma música. ____11.Simplesmente penso na dor como uma outra sensação qualquer. ____12.É terrível e sinto que ela me domina. ____13.Faço jogos mentalmente para não pensar na dor. ____14.Penso que não vale a pena viver. ____15.Penso que algum dia surgirá alguém para me ajudar e que a dor desaparecerá por algum tempo. ____16.Caminho muito. ____17.Rezo a Deus para que a dor não dure muito. ____18.Tento pensar na dor não como parte do meu corpo, mas como algo alheio a mim. ____19.Relaxo. 204 0 Nunca 1 2 3 Às vezes sim às vezes não 4 5 6 Sempre vezes Quando sinto dor... ____20. Não penso na dor. ____21.Tento imaginar o futuro e como será a vida quando eu não sentir mais dor. ____22.Digo a mim mesmo que não está doendo. ____23.Digo a mim mesmo que não posso deixar que a dor atrapalhe o que devo fazer. ____24.Não ligo para a dor. ____25.Tenho fé em que os médicos um dia encontrarão a cura para minha dor. ____26.Por pior que seja a dor, consigo me controlar. ____27.Finjo não estar sentindo nada. ____28.Fico me perguntando quando vai parar. ____29.Deito. ____30.Penso nas experiências agradáveis que já vivi. ____31.Penso em pessoas com as quais gosto de estar. ____32.Rezo para que a dor pare. ____33.Tomo uma ducha ou um banho de banheira. ____34.Imagino que a dor está fora do meu corpo. ____35.Faço de conta que não está acontecendo nada. ____36.Vejo isso como um desafio e não deixo que a dor me atrapalhe. ____37.Embora sinta dor, continuo com o que estava fazendo. ____38.Não suporto mais. ____39.Procuro ficar perto de outras pessoas. ____40.Eu a ignoro. ____41.Confio na minha fé em Deus. ____42.Sinto que não dá mais. ____43.Penso em coisas que gosto de fazer. ____44.Faço qualquer coisa para esquecer a dor. ____45.Faço algo de que gosto, como por exemplo: ……….. ____46.Finjo que ela não está em mim. ____47.Faço alguma atividade, como tarefas domésticas ou outros trabalhos. ____48.Uso uma bolsa de água quente. 205 49. Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 Nenhum controle 1 2 3 Algum controle 4 5 6 Controle absoluto Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você consegue diminuir essa dor? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 Não posso diminuí-la 1 2 3 Posso diminuí-la um pouco 4 5 6 Posso diminuí-la 206 II. PARTE As páginas seguintes contém questões que deverão servir de guia, na reflexão crítica das diversas parte do questionário que você acabou de preencher. Suas sugestões são essenciais para a efetiva adaptação do CSQ à população e cultura brasileiras, portanto sinta-se à vontade de escrever nos espaços reservados, todos os seus pensamentos a respeito de cada questão. 207 INSTRUÇÕES DO QUESTIONÁRIO A frase: “As pessoas que têm dor desenvolvem várias maneiras de enfrentar ou lidar com a dor, que vão desde dizer coisas para si mesmo a envolver-se em várias atividades quando estão sentindo dor”. Sim Não a) está bem escrita ? b) está clara ? c) seus termos são simples e claros? d) é compreensível de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, como esta frase poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ A frase: “Abaixo encontra-se uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer, quando sentem dor. Indique, usando o quadro abaixo, quanto você utiliza cada atividade específica quando sente dor.” Sim Não a) está bem escrita ? b) está clara ? c) seus termos são simples e claros? d) é compreensível de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, como esta frase poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 208 _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ A frase: “Para nós é importante saber se você utiliza e quanto cada atividade, independente do fato dela dar resultados ou não.” Sim Não a) está bem escrita ? b) está clara ? c) seus termos são simples e claros? d) é compreensível de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, como esta frase poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 209 CRITÉRIOS DE FREQUÊNCIA Estes são os critérios de freqüência do uso das estratégias de coping da dor crônica: FAÇO ISSO: 0 1 Nunca 2 3 Às vezes sim às vezes não 4 5 6 Sempre Sim Não a) a escala em forma de régua é adequada ? b) os critérios de freqüência são adequados? c) seus termos são claros? d) a escala é compreensível de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, como esta escala de freqüência aperfeiçoada? poderia ser _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 210 DESVIO DA ATENÇÃO As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica denominada “desvio da atenção”, na qual o indivíduo enfrenta a dor tentando concentrar sua atenção em outras coisas. Quando sinto dor… 3. Tento pensar em algo agradável. 10. Faço contas de cabeça ou, mentalmente, canto uma música. 13. Faço jogos mentalmente, para não pensar na dor. 30. Penso nas experiências agradáveis que já vivi. 31. Penso em pessoas com as quais gosto de estar. 43. Penso em coisas que gosto de fazer. Estas frases: Sim Não a) são boas para avaliar a estratégia “desvio da atenção”? b) possuem termos simples e claros? c) estão bem escritas? d) são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 211 REINTERPRETAÇÃO DAS SENSAÇÕES DOLOROSAS As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica, denominada “reinterpretação das sensações de dor”, na qual o indivíduo enfrenta a dor, tentando interpretar de maneira diferente a sensação dolorosa. Quando sinto dor… 1. Tento me sentir distante da dor, quase como se ela estivesse no corpo de outra pessoa. 4. Não penso na dor como dor propriamente dita, mas como uma sensação de amortecimento ou de calor localizado. 11. Simplesmente penso na dor como uma outra sensação qualquer. 18. Tento pensar na dor não como parte do meu corpo, mas como algo alheio a mim. 34. Imagino que a dor está fora do meu corpo. 46. Finjo que ela não está em mim. Estas frases: Sim Não a) são boas para avaliar a estratégia “reinterpretação das sensações dolorosas”? b) possuem termos simples e claros? c) estão bem escritas? d) são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 212 AUTO AFIRMAÇÕES DE COPING As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica, denominada “auto-afirmações de coping”, na qual o indivíduo enfrenta a dor, afirmando para si mesmo, sua capacidade de controle e tolerância da dor. Quando sinto dor… 6. Digo a mim mesmo que devo ser forte e continuar com minhas atividades, apesar da dor. 8. Digo a mim mesmo que posso superar a dor. 23. Digo a mim mesmo que não posso deixar que a dor atrapalhe o que devo fazer. 26. Por pior que seja a dor, consigo me controlar. 36. Vejo isso como um desafio e não deixo que a dor me atrapalhe. 37. Embora sinta dor, continuo com o que estava fazendo. Estas frases: Sim Não a) são boas para avaliar a estratégia “auto afirmações de coping”? b) possuem termos simples e claros? c) estão bem escritas? d) são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 213 IGNORAR AS SENSAÇÕES DOLOROSAS As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica denominada “ignorar as sensações de dor”, na qual o indivíduo enfrenta a dor, tentando ignorar a sensação dolorosa. Quando sinto dor… 20. Não penso na dor. 22. Digo a mim mesmo que não está doendo. 24. Não ligo para a dor. 27. Finjo não estar sentindo nada. 35. Faço de conta que não está acontecendo nada. 40. Eu a ignoro. Estas frases: Sim Não a) avaliam a estratégia “ignorar as sensações dolorosas”? b) possuem termos simples e claros? c) estão bem escritas? d) são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 214 REZAR/ESPERAR As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica, denominada “rezar/esperar”, na qual o indivíduo enfrenta a dor, rezando e alimentando esperanças diversas. Quando sinto dor… 15. Penso que algum dia surgirá alguém para me ajudar e que a dor desaparecerá por algum tempo. 17. Rezo a Deus para que a dor não dure muito. 21. Tento imaginar o futuro e como será a vida quando eu não sentir mais dor. 25. Tenho fé em que os médicos um dia encontrarão a cura para minha dor. 32. Rezo para que a dor pare. 41. Confio na minha fé em Deus. Estas frases: Sim Não são boas para avaliar a estratégia “rezar/esperar”? possuem termos simples e claros? estão bem escritas? são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 215 CATASTROFIZAÇÃO As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica, denominada “catastrofização”, na qual o indivíduo nutre pensamentos negativos e catastróficos para lidar com a dor. Quando sinto dor… 5. É horrível, e tenho a impressão de que nunca irá melhorar. 12. É terrível e sinto que ela me domina. 14. Penso que não vale a pena viver. 28. Fico me perguntando quando vai parar. 38. Não suporto mais. 42. Sinto que não dá mais. Estas frases: Sim Não avaliam a estratégia “catastrofização”? possuem termos simples e claros? estão bem escritas? são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 216 AUMENTO DAS ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS As frases a seguir se propõe a medir a estratégia de coping da dor crônica, denominada “aumento das atividades comportamentais”, na qual o indivíduo enfrenta a dor, aumentando sua atividade física. Quando sinto dor… 2. Saio de casa e faço alguma coisa, como por exemplo: …….. 7. Leio. 39. Procuro ficar perto de outras pessoas. 44. Faço qualquer coisa para esquecer a dor. 45. Faço algo de que gosto, como por exemplo: ……….. 47. Faço alguma atividade, como tarefas domésticas ou outros trabalhos. Estas frases: Sim Não são boas para avaliar a estratégia “aumento das atividades comportamentais”? possuem termos simples e claros? estão bem escritas? são compreensíveis de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, qual ou quais destas frases precisam ser aperfeiçoadas? (coloque apenas o número de cada frase) _______________________________________________________________________________ f) Sugestões: _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 217 CONTROLE DA DOR Na seguinte questão: Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 Nenhum controle 1 2 A instrução: 3 Algum controle 4 5 Sim 6 Controle absoluto Não possui termos simples e claros? está bem escrita? é compreensível de modo geral? e) baseado em sua avaliação, como esta frase poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ A escala: Sim Não em forma de régua é adequada ? os critérios são adequados? seus termos são claros? é compreensível de modo geral? e) baseado em sua avaliação, como esta escala poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 218 DIMINUIÇÃO DA DOR Na seguinte questão: Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você consegue diminuir essa dor? Por favor, circule o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 Não posso diminuí-la 1 2 A instrução: 3 Posso diminuí-la um pouco 4 5 Sim 6 Posso diminuí-la Não possui termos simples e claros? está bem escrita? é compreensível de modo geral? d) tendo por base sua avaliação, como esta frase poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ A escala: Sim Não em forma de régua é adequada ? os critérios são adequados? seus termos são claros? é compreensível de modo geral? e) tendo por base sua avaliação, como esta escala poderia ser aperfeiçoada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 219 ANEXO B CSQ Abaixo você irá encontrar uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer, pensar e sentir quando têm dor. Por favor, indique com que freqüência você utiliza cada uma das atividades abaixo. Circule o número que corresponde à sua resposta, de acordo com os seguintes critérios: 0 1 nunca faço faço raramente 2 3 4 5 faço faço faço faço algumas muitas freqüentemente vezes vezes poucas vezes 6 faço sempre 1. Quando sinto dor, tento me sentir distante da dor, como se ela estivesse no corpo de outra pessoa......................... 0 1 2 3 4 5 6 2. Quando sinto dor, saio de casa e faço alguma coisa......... 0 1 2 3 4 5 6 3. Quando sinto dor, tento pensar em coisas agradáveis...... 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 e continuar com minhas atividades, apesar da dor.......... 0 1 2 3 4 5 6 7. Quando sinto dor, leio........................................................ 0 1 2 3 4 5 6 a dor .................................................................................. 0 1 2 3 4 5 6 9. Quando sinto dor, tomo meus remédios............................ 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 4. Quando sinto dor, não penso na dor como dor propriamente dita, mas como uma sensação diferente e não tão desagradável......................................................... 5. Quando sinto dor, é horrível e tenho a impressão de que ela nunca irá melhorar .................................................... 6. Quando sinto dor, digo a mim mesmo que devo ser forte 8. Quando sinto dor, digo a mim mesmo que posso superar 10. Quando sinto dor, faço contas de cabeça ou canto uma música mentalmente ...................................................... 11. Quando sinto dor, simplesmente penso na dor como uma outra sensação qualquer ........................................ 220 0 nunca faço 1 faço raramente 2 faço poucas vezes 3 faço algumas vezes 4 faço muitas vezes 12. Quando sinto dor, é terrível e sinto que ela me domina. 5 faço freqüentemente 6 faço sempre 0 1 2 3 4 5 6 na dor .............................................................................. 0 1 2 3 4 5 6 14. Quando sinto dor, penso que não vale a pena viver........ 0 1 2 3 4 5 6 para me ajudar e que a dor desaparecerá....................... 0 1 2 3 4 5 6 16. Quando sinto dor, caminho muito................................... 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 do meu corpo, mas algo alheio a mim............................. 0 1 2 3 4 5 6 19. Quando sinto dor, relaxo.................................................. 0 1 2 3 4 5 6 20. Quando sinto dor, não penso na dor................................ 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 deixar que a dor atrapalhe o que devo fazer................... 0 1 2 3 4 5 6 24. Quando sinto dor, não ligo para a dor............................. 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 controlar .......................................................................... 0 1 2 3 4 5 6 27. Quando sinto dor, finjo não estar sentindo nada............ 0 1 2 3 4 5 6 13. Quando sinto dor, faço jogos mentais para não pensar 15. Quando sinto dor, penso que algum dia surgirá alguém 17. Quando sinto dor, rezo a Deus para que a dor não dure muito ............................................................................... 18. Quando sinto dor, tento pensar que a dor não é parte 21. Quando sinto dor, tento imaginar o futuro e como será a vida quando eu não sentir mais dor............................. 22. Quando sinto dor, digo a mim mesmo que não está doendo ............................................................................. 23. Quando sinto dor, digo a mim mesmo que não posso 25. Quando sinto dor, tenho fé em que os médicos um dia encontrarão a cura para minha dor................................ 26. Quando sinto dor, por pior que ela seja, consigo me 0 1 2 3 4 5 6 221 nunca faço faço raramente faço poucas vezes faço algumas vezes faço muitas vezes faço freqüentemente faço sempre 28. Quando sinto dor, fico me perguntando quando vai parar ............................................................................... 0 1 2 3 4 5 6 29. Quando sinto dor, deito.................................................... 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 gosto de estar................................................................... 0 1 2 3 4 5 6 32. Quando sinto dor, rezo para que ela termine.................. 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 38. Quando sinto dor, sinto que não suporto mais................ 0 1 2 3 4 5 6 39. Quando sinto dor, procuro ficar perto de outras 0 1 2 3 4 5 6 40. Quando sinto dor, eu a ignoro......................................... 0 1 2 3 4 5 6 41. Quando sinto dor, tenho fé em Deus............................... 0 1 2 3 4 5 6 42. Quando sinto dor, sinto que não dá mais....................... 0 1 2 3 4 5 6 43. Quando sinto dor, penso em coisas que gosto de fazer... 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 30. Quando sinto dor, penso nas experiências agradáveis que já vivi......................................................................... 31. Quando sinto dor, penso em pessoas com as quais 33. Quando sinto dor, tomo uma ducha ou um banho de banheira .......................................................................... 34. Quando sinto dor, imagino que a dor está fora do meu corpo ................................................................................ 35. Quando sinto dor, faço de conta que não está acontecendo nada ........................................................... 36. Quando sinto dor, vejo isso como um desafio e não deixo que a dor me atrapalhe.......................................... 37. Quando sinto dor, mesmo sentindo a dor, continuo com o que estava fazendo....................................................... pessoas 44. Quando sinto dor, faço alguma coisa para esquecer a dor ................................................................................... 0 1 2 3 4 5 6 222 nunca faço faço raramente faço poucas vezes faço algumas vezes faço muitas vezes 45. Quando sinto dor, faço alguma coisa que faço freqüentemente faço sempre 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 domésticas ou outros trabalhos....................................... 0 1 2 3 4 5 6 48. Quando sinto dor, uso uma bolsa de água quente.......... 0 1 2 3 4 5 6 gosto............... 46. Quando sinto dor, finjo que ela não está em mim........... 47. Quando sinto dor, faço alguma atividade, como tarefas 49. Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, circule na escala abaixo o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 1 2 3 Nenhum Algum controle controle 4 5 6 Controle total 50. Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você consegue diminuir essa dor? Por favor, circule na escala abaixo o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 1 2 3 Não posso 4 5 6 Posso diminuí-la Posso diminuí-la um pouco diminuí-la bastante 223 “Coping Strategies Questionnaire” CHAVE DE CORREÇÃO Desvio da Atenção.......................................................... 3 + 10 + 13 + 30 + 31 + 43 Reinterpretação das Sensações Dolorosas..................... 1 + 4 + 11 + 18 + 34 + 46 Auto Afirmações de Coping............................................ 6 + 8 + 23 + 26 + 36 + 37 Ignorar as Sensações Dolorosas..................................... 20 + 22 + 24 + 27 + 35 + 40 Rezar/Esperar................................................................. 15 + 17 + 21 + 25 + 32 + 41 Catastrofização............................................................... 5 + 12 + 14 + 28 + 38 + 42 Aumento das Atividades Comportamentais.................. 2 + 7+ 39 + 44 + 45 + 47 Itens de Preenchimento ( não computados)................... 9, 16, 19, 29, 33, 48 224 ANEXO C 225 ANEXO D HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO (Obrigatório para Pesquisas Científicas em Seres Humanos - Resolução N.º 01 de 13.6.1988 -CNS) I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL 1. Nome do paciente: ......................................................................................................... Documento de identidade N.º: ...................... Sexo: M F Data nascimento: / / Endereço: ..................................................................... N.º: ................ apto:..................... Bairro: .......................................................................Cidade:............................................ CEP ........................................ Telefone: DDD ( ) ................................................ 2. Nome do responsável legal:........................................................................................... Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.) ......................................................... Documento de identidade N.º: ...................... Sexo: M F Data nascimento: / / Endereço: ..................................................................... N.º: ................ apto:.................... Bairro: ........................................................................Cidade:........................................... CEP ........................................ Telefone: DDD ( ) ................................................ II. DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA 1. Título do protocolo de pesquisa: Estruturação e aplicação de um programa breve de atendimento em grupo para portadores de dores crônicas não malignas. 2. Pesquisador: Andréa Golfarb Portnoi Cargo/função: pesquisadora Inscrição no Conselho Regional N.º: 05828/06 Unidade do HCFMUSP: Neurologia 3. Avaliação do risco de pesquisa (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo) : SEM RISCO 4. Aprovação do protocolo de pesquisa pela comissão de ética para análise de projetos de pesquisa em 09/ 04 /1997 5. Duração da pesquisa: 2 anos III. EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL 1. justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): criação e execução de um programa psicoterapêutico para doentes com dor crônica. 2. procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais (explicitar): avaliação através do preenchimento de questionários e sessões em grupo de psicoterapia verbal. 3. desconfortos e riscos esperados (explicitar): nenhum. 226 4. benefícios que poderão ser obtidos (explicitar): aumento do conhecimento sobre a doença, melhora na qualidade de vida e bem-estar do doente. 5. procedimentos alternativos que possam ser vantajosos par o indivíduo (explicitar): exercícios físicos. 6. esclarecimento sobre a garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo: SIM 7. esclarecimento sobre a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação do seu cuidado e tratamento: SIM 8. compromisso sobre a segurança de que não se identificará o indivíduo e que se manterá o caráter confidencial da informação relacionada com a sua privacidade: SIM 9. compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo, ainda que esta possa afetar a vontade do indivíduo em continuar participando: SIM 10. disponibilidade de assistência no HCFMUSP: SIM 11. observações complementares: nenhuma IV. CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido pelo pesquisador, conforme registro nos itens I a II, do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. São Paulo, de ____________________________ Assinatura do paciente ou responsável legal de 199__. _______________________________ assinatura do pesquisador que obteve o consentimento (carimbo ou nome legível) Nota: este termo deverá ser elaborado em duas vias, ficando uma via em poder do paciente ou seu representante legal e outra deverá ser juntada ao prontuário do paciente. 227 ANEXO E IDENTIFICAÇÃO / VAS RG/HC: _____________ Data: __________________ Nome: _________________________________________________________________________ Endereço:______________________________________________________________________ Telefones:______________________________________________________________________ Idade:_______ Estado Civil:__________________ Escolaridade: _____________________ Profissão:______________________________________________________________________ Último tratamento psicológico/ psiquiátrico:_______________________________________ Medicação: ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Há quanto tempo toma esta medicação: __________________________________________ Há quanto tempo sente dor:_____________________________________________________ Assinale na reta abaixo a intensidade da sua dor: Sem Pior dor dor possível 228 ANEXO F CCSEB 1. Assinale com um “X” qual é a escolaridade do chefe da casa: nenhuma / primário incompleto primário completo / ginasial incompleto ginasial completo / colegial incompleto colegial completo / superior incompleto superior completo 2. Quantos dos itens abaixo você possui ? Carros 0 1 2 3 4 5 6 ou mais TV à cores 0 1 2 3 4 5 6 ou mais Banheiros 0 1 2 3 4 5 6 ou mais Empregadas mensalistas 0 1 2 3 4 5 6 ou mais Rádios 0 1 2 3 4 5 6 ou mais 3. Você possui os itens abaixo ? Máquina de lavar Não Sim Vídeo Cassete Não Sim Aspirador de pó Não Sim Geladeira Não Sim 229 ANEXO G MPQ Algumas das palavras que eu vou ler descrevem a sua dor atual. Diga-me quais palavras melhor descrevem a sua dor. Não escolha aquelas que não se aplicam. Escolha somente uma palavra de cada grupo, a mais adequada para a descrição da sua dor. 1 4. cólica 3. esfolante 3. desgastante 1. vibração 5. esmagamento 4. rachando 4. forte 2. tremor 6 11 5. insuportável 3. pulsante 1. fisgada 1. cansativa 17 4. latejante 2. puxão 2. exaustiva 1. espalha 5. como batida 3. em torção 12 2. irradia 6. como pancada 7 1. enjoada 3. penetra 2 1. calor 2. sufocante 4. atravessa 1. pontada 2. queimação 13 18 2. choque 3. fervente 1. amedrontadora 1. aperta 3. tiro 4. em brasa 2. apavorante 2. adormece 3 8 3. aterrorizante 3. repuxa 1. agulhada 1. formigamento 14 4. espreme 2. perfurante 2. coceira 1. castigante 5. rasga 3. facada 3. ardor 2. atormenta 19 4. punhalada 4. ferroada 3. cruel 1. fria 5. em lança 9 4. maldita 2. gelada 4 1. mal localizada 5. mortal 3. congelante 1. fina 2. dolorida 15 20 2. cortante 3. machucada 1. miserável 1. aborrecida 3. estraçalhada 4. doída 2. enlouquecedora 2. dá náusea 5 5. pesada 16 3. agonizante 1. beliscão 10 1. chata 4. pavorosa 2. aperto 1.sensível 2. que incomoda 5. torturante 3. mordida 2. esticada 230 ANEXO H BDI Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que melhor descreve como você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num mesmo grupo parecem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer sua escolha. 1 0 1 2 3 Não me sinto triste. Eu me sinto triste. Estou sempre triste e não consigo sair disso. Estou tão triste ou infeliz que não posso suportar. 2 0 1 2 3 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro. Eu me sinto desanimado quanto ao futuro. Acho que nada tenho a esperar. Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar. 3 0 1 2 3 Não me sinto um fracasso. Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum. Quando olho para trás, na minha vida tudo o que posso ver é um monte de fracassos. Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso. 4 0 1 2 3 Tenho tanto prazer em tudo como antes. Não sinto mais prazer nas coisas como antes. Não encontro um prazer real em mais nada. Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo. 5 0 1 2 3 Não me sinto especialmente culpado. Eu me sinto culpado grande parte do tempo. Eu me sinto culpado na maior parte do tempo. Eu me sinto sempre culpado. 6 0 1 2 3 7 0 1 Não acho que esteja sendo punido. Acho que posso ser punido. Creio que vou ser punido. Acho que estou sendo punido. Não me sinto decepcionado comigo mesmo. Estou decepcionado comigo mesmo. 231 2 3 Estou enojado de mim. Eu me odeio. 8 0 1 2 3 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros. Sou crítico com relação a mim por minhas fraquezas ou erros. Eu me culpo sempre por minhas falhas. Eu me culpo por tudo de mal que acontece. 9 0 1 2 3 Não tenho quaisquer idéias de me matar. Tenho idéias de me matar, mas não as executaria. Gostaria de me matar. Eu me mataria se tivesse oportunidade. 10 0 1 2 3 Não choro mais que o habitual. Choro mais agora do que costumava. Agora choro o tempo todo. Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo, mesmo que o queira. 11 0 1 2 3 Não sou mais irritado agora do que já fui. Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava. Agora, eu me sinto irritado o tempo todo. Não me irrito mais com coisas que costumavam me irritar. 12 0 1 2 3 Não perdi o interesse pelas outras pessoas. Estou menos interessado pelas outras pessoas do que costumava estar. Perdi a maior parte do meu interesse pelas outras pessoas. Perdi todo o interesse pelas outras pessoas. 13 0 1 2 3 Tomo decisões tão bem quanto antes. Adio as tomadas de decisões mais do que costumava. Tenho mais dificuldade em tomar decisões do que antes. Absolutamente não consigo mais tomar decisões. 14 0 1 2 3 Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes. Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo. Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me fazem parecer sem atrativo. Acredito que pareço feio. 0 1 2 3 Posso trabalhar tão bem quanto antes. É preciso algum esforço extra para fazer alguma coisa. Tenho que me esforçar muito para fazer alguma coisa. Não consigo mais fazer qualquer trabalho. 15 232 16 0 1 2 3 Consigo dormir tão bem como o habitual. Não durmo tão bem como costumava. Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que habitualmente e acho difícil voltar a dormir. Acordo várias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir. 17 0 1 2 3 Não fico mais cansado do que o habitual. Fico cansado mais facilmente do que costumava. Fico cansado em fazer qualquer coisa. Estou cansado demais para fazer qualquer coisa. 18 0 1 2 3 O meu apetite não está pior do que o habitual. Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser. Meu apetite é muito pior agora. Absolutamente não tenho mais apetite. 19 0 1 2 3 Não tenho perdido muito peso, se é que perdi algum recentemente. Perdi mais do que 2 quilos e meio. Perdi mais do que 5quilos. Perdi mais do que 7 quilos. Estou tentando perder peso de propósito, comendo menos: Sim _____ Não _____ 20 0 1 Não estou mais preocupado com a minha saúde do que o habitual. Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores, indisposição do estômago ou constipação. Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa. Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em outra coisa. 2 3 21 0 1 2 3 Não notei qualquer mudança recente no meu interesse por sexo. Estou menos interessado por sexo do que costumava. Estou muito menos interessado por sexo agora. Perdi completamente o interesse por sexo. 233 ANEXO I STAI-STATE Leia cada pergunta e faça um “x” no número à direita da afirmação que melhor indicar como você se sente agora, neste momento de vida. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar uma resposta que mais se aproxime de sua opinião. NÃO.…….......... 1 UM POUCO.................. 2 BASTANTE.................. 3 TOTALMENTE................ 4 AGORA, NESSA FASE DA MINHA VIDA 1. Sinto-me calma.................................……………………................. 2. Sinto-me segura.....……………………............................................ 3. Estou tensa....…………………………............................................. 4. Estou arrependida.....…………………………................................. 5. Sinto-me á vontade……………………………….............................. 6. Sinto-me perturbada com possíveis infortúnios……..................... 7. Estou preocupada....……………………....…................................... 8. Sinto-me descansada....………………………..…..............….......... 9. Sinto-me ansiosa..... .....………………………….............................. 10. Sinto-me "em casa"………………………….................................... 11. Sinto-me confiante ........................………………….…........……... 12. Sinto-me nervosa.............................………………….........………. 13. Estou agitada................................…………………….................... 14. Sinto-me uma pilha de nervos ………………………........….......... 15. Estou descontraída........................................................................ 16. Sinto-me satisfeita..........................……………....................…..... 17. Estou preocupada.............................…………............................... 18. Sinto-me superexcitada e confusa...............……...................….... 19. Sinto-me alegre............................................................................. 20. Sinto-me bem ……………….......................................................... CONCORDO 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 234 ANEXO J STAI-TRAIT Leia cada pergunta e faça um "x" no número à direita que melhor indicar como você geralmente se sente. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar a resposta que mais se aproximar de como você se sente geralmente. 4 QUASE SEMPRE……........... FREQUENTEMENTE….…..…… 3 ÀS VEZES…................ 2 QUASE NUNCA….....…..… 1 1. 2. 3. 4. 5. Sinto-me bem ..............................……………..….......................... Canso-me facilmente ...........….........……………........................... Tenho vontade de chorar ..........…....…………….......................... Gostaria de poder ser tão feliz quanto os outros parecem ser ... Perco oportunidades porque não consigo tomar decisões rapidamente.................................................................................. 6. Sinto-me descansada.................................................................... 7. Sou calma, ponderada e senhora de mim mesma........................ 8. Sinto que as dificuldades estão se acumulando de tal forma que não consigo resolver ……………………………...................... 9. Preocupo-me demais com coisas sem importância…...........….… 10. Sou feliz ..................................……………………….................... 11. Deixo-me afetar muito pelas coisas …………………….............. 12. Não tenho muita confiança em mim mesma....……..….............. 13. Sinto-me segura..............................……………………................. 14. Evito ter que enfrentar crises ou problemas…………................. 15. Sinto-me deprimida.....………………………………..................… 16. Estou satisfeita.......………………………………........................... 17. As vezes, idéias sem importância me entram na cabeça e ficam me preocupando …………………………………....……........ 18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo tirá-los da cabeça ………………………………………................................ 19. Sou uma pessoa estável …………………..................................... 20. Fico tensa e perturbada quando penso em meus problemas do momento …………………………….............…................................ CONCORDO 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 1 2 3 4 1 1 2 2 3 3 4 4 1 2 3 4 235 ANEXO L LOC Você encontrará, a seguir, uma lista de afirmações que se referem ou não, a suas opiniões e convicções pessoais. Após a leitura de cada afirmação, por favor, da seguinte forma: Marque SIM quando concorda totalmente ou em grande parte com a afirmação. Marque NÃO quando a afirmação pouco ou nada coincida com sua opinião. Procure não pensar demoradamente sobre cada afirmação, mas responda-as rapidamente ,baseando-se no que você geralmente pensa. Em caso de dúvida, decidase pela alternativa que mais se aproxima de sua opinião. QUESTÕES SIM NÃO 1. Se eu vou ou não tornar-me um líder, depende principalmente de minha capacidade .............................................................................. 2. Minha vida é, em grande parte, determinada por acontecimentos inesperados ........................................................................................ 3. Sinto que o que ocorre em minha vida é determinado principalmente por pessoas mais poderosas do que eu...................... 4. Se eu vou ou não sofrer um acidente de automóvel depende principalmente de eu ser ou não um bom motorista ......................... 6. Geralmente não tenho oportunidade de proteger meus interesses pessoais da influência do azar............................................................ 7. Quando eu consigo o que quero, freqüentemente, é por que tenho sorte .................................................................................................... 8. Embora eu tenha muita capacidade, só conseguirei ter uma posição importante se pedir ajuda a pessoas de prestígio ................ 9. A quantidade de amigos que tenho depende de quão agradável eu sou....................................................................................................... 10. Verifico, freqüentemente, que o que está para acontecer, fatalmente acontecerá ....................................................................... 5. Quando faço planos, sempre tenho certeza de que vou realizálos.... 236 12. Se eu vou ou não sofrer um acidente de automóvel, isto é principalmente questão de sorte........................................................ 13. As pessoas como eu, tem pouca chance de proteger seus interesses pessoais, quando estes entram em choque com os interesses de pessoas poderosas............................................................................... 14. Nem sempre é desejável para mim fazer planos com muita antecedência, porque muitas coisas acontecem por uma questão de má ou boa sorte .................................................................................. 15. Para conseguir o que desejo, necessito da ajuda de pessoas superiores a mim ............................................................................... 16. Se eu vou ou não me tornar um líder, depende principalmente de eu ter sorte suficiente para estar no lugar certo, na hora certa ....... 17. Se as pessoas importantes decidirem que não gostam de mim, provavelmente eu não conseguirei ter muitos amigos....................... 18. Eu posso, quase sempre, determinar o que vai acontecer em minha vida ..................................................................................................... 19. Freqüentemente eu sou capaz de proteger meus interesses pessoais............................................................................................... 20. Se eu vou ou não sofrer um acidente de automóvel depende muito do outro motorista............................................................................... 21. Quando eu consigo o que quero, freqüentemente, é porque eu me esforcei muito...................................................................................... 22. Para que meus planos se realizem, devo fazer com que eles se ajustem aos desejos de pessoas mais poderosas do que eu ............. 11. Minha vida é controlada principalmente por pessoas poderosas....... 23. Minha vida é determinada por minhas próprias ações...................... 24. O fato de eu ter poucos ou muitos amigos deve-se, principalmente, à influência do destino........................................................................ 237 ANEXO M SRQ Responda às questões abaixo: SIM NÃO 1. Tem dores de cabeça freqüentes?.................................................. 2. Tem falta de apetite?...................................................................... 3. Dorme mal?..................................................................................... 4. Assusta-se com facilidade?............................................................. 5. Tem tremores nas mãos?................................................................ 6. Sente-se nervosa, tensa ou preocupada?....................................... 7. Tem má digestão?........................................................................... 8. Tem dificuldade de pensar com clareza?........................................ 9. Tem se sentido triste atividades diárias? ......................................................................... 12.Tem dificuldades para tomar decisões?......................................... 14.É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?............... 15.Tem perdido o interesse pelas coisas?........................................... 16.Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo?........................... 17.Tem tido a idéia de acabar com a vida?......................................... 18.Sente-se cansada o tempo todo?..................................................... 19.Tem sensações desagradáveis no estômago?................................. 20.Você se cansa com facilidade?........................................................ ultimamente?............................................... 10.Tem chorado mais do que o costume?........................................... 11.Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas 13.Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, lhe causa sofrimento? ..................................................................................... 238 REVISÃO DA LITERATURA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHLES, T. 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