Movimento - Signus Editora
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MOVIMENTO tâneo, atomatados, legumes em lata, azeite de oliva, sardinha, molhos, pratos prontos, achocolatados, leite flavorizado, temperos, sobremesa, sucos, chás e a linha de fornecimento a compradores institucionais) e as marcas regionais Beira Alta e Palmeiron. O fundador e, até então, principal dirigente da Arisco, João Alves Queiroz Filho, afirmou ter decidido transferir o controle da empresa para uma companhia mundial para que os planos de expansão da Arisco pudessem ser realizados. E acrescentou: “Sempre admiramos as linhas filosófica e empresarial da Bestfoods e em suas diretrizes nos espelhamos em várias oportunidades”. Crescimento assegurado Arisco foi a 18ª aquisição mundial da empresa norte-americana TEMPEROS Arisco já é a nova marca da Bestfoods Após uma série de negociações, o grupo norte-americano Bestfoods, um dos maiores do mundo no setor de alimentos, adquiriu o controle acionário da empresa Arisco Industrial Ltda., o oitavo maior conglomerado brasileiro do segmento, de acordo com a revista Balanço Anual. O valor da transação foi de US$ 490 milhões, além da transferência de um passivo líquido de US$ 262 milhões, assumido integralmente pela empresa norte-americana. A nota oficial foi divulgada em fevereiro passado pela Arisco em Goiânia e pela Bestfoods em New Jersey, Estados Unidos. A 18a aquisição mundial da Bestfoods será financiada por recursos próprios do grupo norte-americano e por linhas de crédito já existentes. A compra da Arisco foi a segunda maior realizada pela Bestfoods desde 1995, quando adquiriu o controle acionário da Kraft, por US$ 865 milhões. O principal executivo da Bestfoods nos Estados Unidos, C.R. Shoemate, afirmou que a Arisco era uma das poucas empresas de 6 alimentação em oferta na América Latina com uma taxa de crescimento anual de 13%. Comentando sobre o mercado brasileiro, Shoemate disse: “Quando analisamos o Brasil e nossos 70 anos de experiência nesse país, somente enxergamos crescimento em letras maiúsculas”. A Arisco era controlada pela família Alves de Queiroz, que detinha 80% do negócio. Os 20% restantes foram vendidos em 1997 para o banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs & Co. numa tentativa de assegurar o fôlego financeiro da empresa e sustentar os planos de expansão nos mercados brasileiro e argentino. A empresa iniciou suas atividades em Goiânia, em 1969, com uma receita de tempero completo - sal, alho, cebola e salsinha. Ao longo de dez anos, o faturamento anual passou de R$ 279,8 milhões para quase R$ 1 bilhão. Com três fábricas no Brasil localizadas em Goiânia (GO), Itatiba (SP) e Belo Jardim (PE), além de três unidades na Argentina, a Arisco conta com 5,5 mil funcionários e 20 mil empregos diretos, principalmente na área agrícola. Em 1999, registrou faturamento de R$ 1,020 bilhão, em torno de 3% acima do previsto. De acordo com a revista Balanço Anual, as receitas da empresa aumentaram quase 25% em relação a 1998. Sua linha de produtos alimentícios compreende a marca Arisco (macarrão instan- Segundo o comunicado, ao dar a notícia aos executivos e funcionários da Arisco, Queiroz Filho enfatizou: “Está assegurada a continuidade da Arisco, mas principalmente a criação de novas e importantes oportunidades para nossos técnicos, executivos e trabalhadores”. E disse: “Nas estruturas mundiais da Bestfoods, serão abertos espaços significativos para treinamento e aprimoramento da nossa gente”. Para o presidente da Bestfoods na América Latina, Oscar Imbellone, a força da marca Arisco e sua participação conquistada no mercado de alimentos foram algumas das razões que levaram a empresa a realizar o negócio. E revelou “Decidimos mantê-la com destaque nos produtos existentes e utilizá-la em uma série de novos produtos que serão lançados”. Imbellone afirmou que a Arisco continuará operando como uma empresa independente e complementar, já que a superposição no mercado brasileiro entre os produtos das duas empresas é de apenas 15%. “Vamos manter a vantagem competitiva de cada marca. A Arisco vai representar nossa estréia em um novo e importante segmento, o de atomatados”, disse. O formato das operações da Arisco ainda não está totalmente definido pela Bestfoods. Mas, segundo Imbellone, os passos seguintes serão definidos nos próximos meses, bem como será declarada a implementação dos planos estratégicos estabelecidos pela Arisco para 2000. A Bestfoods já decidiu que 80% da gestão da Arisco será assumida pela unidade de Goiânia, onde já se concentrava a parte industrial da empresa, e comunicou que João Alves Queiroz Filho continuará colaborando BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO com a empresa pelos próximos três anos. Uma das maiores corporações do setor alimentício norte-americano, a Bestfoods registrou faturamento de US$ 8,6 bilhões em 1999. Desse montante, mais da metade é proveniente de operações em 110 países onde está presente. No total, são 45 mil funcionários. Com a aquisição da Arisco, que tem três unidades no Brasil e três na Argentina, a empresa passa a contar com 29 fábricas em toda a América Latina. Em 1999, a Bestfoods registrou faturamento de US$ 1,1 bilhão na região. Para o ano 2000, a empresa pretende alcançar um faturamento de US$ 1,5 bilhão e, a partir de 2001, o grupo projeta um crescimento anual de suas vendas da ordem de 10%. No Brasil, a Bestfoods opera desde 1929, quando foi fundada a subsidiária Refinações de Milho Brasil Ltda. - RMB. Atualmente a empresa produz cerca de 180 produtos em suas quatro unidades fabris localizadas nos municípios de Mogi-Guaçu (SP), Pouso Alegre (MG), Garanhuns (PE) e Campina Grande (PB). Com 2,3 mil funcionários, a RMB alcançou faturamento bruto de R$ 700 milhões em 1999. Sua posição de mercado devese, em grande parte, à força de suas marcas, com destaque para Knorr, Hellmann’s, Mazola, Maizena e AdeS. Entre tantas marcas, a Maizena se destaca como um exemplo de tradição no país. O amido de milho é vendido no Brasil desde 1874. Somando-se os faturamentos registrados pela Arisco e pela RMB em 1999, o potencial de faturamento líquido da Bestfoods para o ano 2000 é da ordem de US$ 800 milhões. Novos investimentos Na mesma semana em que a compra da Arisco foi oficializada, a Bestfoods anunciou que pretende investir cerca de US$ 250 milhões na América Latina nos próximos cinco anos. Desse montante, entre US$ 150 milhões e US$ 170 milhões deverão ser investidos no Brasil, ou seja, aproximadamente 65% do orçamento reservado para a América Latina. O vice-presidente financeiro da Bestfoods no Brasil, Bráulio Maccio, afirmou que o investimento programado para a América Latina será dividido em cinco cotas anuais de US$ 50 milhões. Segundo Maccio, os recursos serão aplicados na modernização e na ampliação das fábricas existentes. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 Nova linha de sucos é encontrada em 4 sabores sem adição de açúcar SUCOS Del Valle lança a primeira linha light Foi lançada no Brasil a primeira linha de sucos light prontos para beber. Com o lançamento, a Sucos Del Valle do Brasil, subsidiária da mexicana Jugos Del Valle, tem como expectativa aumentar em 25% seu faturamento este ano. Produzido com néctar de fruta, sem a adição de açúcar (com média de 15% de calorias por 100 ml) a linha light pode ser encontrada nos sabores maçã, manga, goiaba e pêssego. A Del Valle resolveu investir neste segmento devido à tendência de mercado ao consumo de produtos diet/light. Segundo dados da Abiad (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos Dietéticos) o mercado da linha diet/light movimentou, em 1999, US$ 1,8 bilhão, com um crescimento de mais de 60% em relação a 1998. “A busca por produtos com baixas calorias é cada vez maior entre os consumidores que precisam controlar peso ou simplesmente se preocupam em manter a boa forma”, declarou o diretor de vendas e marketing da empresa, Horácio del Nero. A Sucos Del Valle do Brasil, fundada em 1997, elevou em três pontos percentuais sua participação neste mercado. Em 1998, atingiu 5,8% de participação no segmento de sucos prontos, no ano passado chegou a 15% e pretende chegar a 18% este ano. Os sucos na versão light são vendidos em embalagens longa vida de um litro e lata de 335 ml. Desenvolvidas pela Packing, as embalagens mantêm a consistência, aroma e o gosto do produto, sem haver alterações após o preparo. A Sucos Del Valle foi a primeira a introduzir, no segmento de sucos prontos para beber, a embalagem em lata de alumínio. Com 120.000 pontos de vendas, a empresa atingiu em 1999 no Brasil um faturamento de R$ 30 milhões. O grupo Del Valle possui quatro fábricas no México, uma em Porto Rico e agora a primeira na América do Sul, localizada em Americana (SP). A fábrica em Americana foi construída com um investimento inicial de US$ 30 milhões. A primeira fábrica sul-americana do grupo já desenvolveu mais dois sabores de sucos prontos, maracujá e pêra, que somados aos outros oferecem 11 diferentes opções de sucos de frutas prontos para beber. ITAMBÉ Programa de modernização obtém apoio A Itambé, maior empresa de capital nacional do setor de laticínios, receberá do BNDES R$ 23 milhões como apoio a um programa de modernização da produção de leite. O programa, que inicialmente contou com recursos próprios e do Banco do Brasil, foi 7 MOVIMENTO Caminhões isotérmicos da empresa têm capacidade para 8 mil litros de leite iniciado em 1997, com a implantação de um sistema de coleta de leite resfriado em caminhões isotérmicos, para melhorar a qualidade do leite transportado. O financiamento do BNDES vem para ampliar a produtividade e contribuir na fixação do pequeno produtor no campo, através do aumento de renda e modernização do setor. A qualidade do leite coletado a granel pelos 12 mil produtores integrados à Itambé, das regiões de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, e que fazem parte do programa, será preservada por um período maior. Os produtores passam a resfriar o leite na propriedade, em tanques de aço inoxidável, à temperatura de quatro graus centígrados, a mesma utilizada nos caminhões isotérmicos que transportaram os alimentos em tanques com capacidade de carregar 8 mil litros de leite, contra a média de 1.500 a 2 mil litros dos caminhões leiteiros. Os transportadores vão até as propriedades e coletam o leite com o uso de “bombas” especiais, sem qualquer contato manual, evitando a proliferação de germes, além de preservar a qualidade do leite e conservá-lo por mais tempo. O transportador também é responsável pela realização de testes de qualidade antes de retirar o produto e pela coleta de amostras para análises nos laboratórios da Itambé. Com a industrialização na coleta de leite, a Itambé, fundada em 1948 por 31 cooperativas associadas, teve um importante crescimento na década de 90. Em 1998, a empresa beneficiou 752,6 milhões de litros de leite, com um acréscimo de 22,3 milhões de litros com relação a 1997. E de 8 todos os seus produtos, a linha que mais cresceu foi a do leite em pó. Na produção brasileira, o leite teve um crescimento considerável na mesma década: passou de 14,48 bilhões de litros, em 1990, para 20,08 bilhões, em 1998. SADIA Novo passo com aquisição da Resende A Sadia, maior frigorífico de aves e suínos do País, volta a investir na sua capacidade de produção. Para isto, pagou R$ 134 milhões por 90% das ações da Granja Resende S/A, com sede em Uberlândia (MG). Com a compra, a Sadia aumentará em 8% sua capacidade de abate de aves, em 20% no abate de suínos e em 7% na fabricação de industrializados. A compra da Resende, segundo a Sadia, se deu por “motivos estratégicos”, como a ótima localização geográfica de suprimentos de grãos, a proximidade com mercados consumidores, o avançado parque industrial da região e a mão-de-obra qualificada. A Granja Resende é a holding operacional de um complexo agro-industrial formado pela Resende Alimentos, Resende Óleo e Resende Marketing. Com 42,17% das ações, Helena Resende somou suas ações com o atual presidente da companhia, Ilias Antônio de Oliveira, e com a de outros ex-diretores da empresa, e passou à Sadia 90% da Granja Resende, isso depois de disputar judicialmente, por 25 anos, o comando da empresa com seu ex-marido e fundador da companhia, Alfredo Júlio Resende, que ainda detém 10% das ações. Disputas à parte, a Resende registrou, em 1999, um faturamento de R$ 317 milhões, com prejuízo de R$ 49,8 milhões, e ainda está pressionada por passivos bancários que, em 30 de setembro do ano passado, somavam R$ 116 milhões, 46% somente com Banco do Brasil. Já a Sadia acumulou, nos nove primeiros meses do ano passado, uma receita operacional bruta de R$ 2 bilhões e lucro operacional de R$ 563 milhões. Apesar de seus prejuízos e de seus passivos bancários, a Granja Resende é hoje uma importante indústria de carne da América do Sul, com capacidade anual de abate de 32,3 milhões de frangos e 642,6 mil suínos e sua capacidade de produção é de 35 mil toneladas ao ano. Até a data da compra da empresa pela Sadia, a Resende já tinha capacidade de produzir 30 toneladas de lingüiça/dia, 24 t/dia de mortadela, 6 t/dia de presunto, 6 t/dia de apresuntado, 5 t/dia de bacon, 3 t/dia de salgados, 1,5 kg/hora de hambúrguer, 1,5 kg/hora de salsicha e 1 mil kg/hora de empanados. O que pode ter impedido a companhia de crescer é o desconhecimento de sua marca em mercados como os de São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa detém, apenas, 3% do mercado brasileiro. Este é um desafio à Sadia, que pretende manter a Resende como “empresa autônoma”, preservar a marca própria e ainda aumentar suas exportações, segundo o diretor de finanças, controle e de relações com investimentos da Sadia, Luiz Murat. Sobremesa Miss Daisy A Sadia comprou, em novembro do ano passado, a linha de sobremesas congeladas Miss Daisy, que vai colocar no mercado uma gama grande de produtos como quindins e musses. “É uma empresa que faturou R$ 5 milhões em 1998 e, nas mãos da Sadia, pode crescer muito” afirmou o gerente de relações com o mercado da Sadia, Arleu Anhalr. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO MOVIMENTO LEITE Bahia terá megaprojeto multinacional Um grupo de empresas luso-americanas vai instalar no Oeste da Bahia o maior projeto do segmento leiteiro do País. O mega empreendimento envolve 11 empresas, dentre elas norte-americanas e portuguesas, que farão um investimento de US$ 147 milhões em novas instalações, principalmente nos Estado Unidos, e posteriormente na Europa. O valor do projeto não será aplicado totalmente no Brasil – que não é o principal alvo. Os empresários envolvidos no projeto pretendem investir em todos os segmentos do leite, da produção de forragem para o gado à industrialização. No Brasil, por exemplo, o grupo de investidores leiteiros, denominado Amero Participações e Negócios Ltda., comprou 20 mil hectares de terras na região de Barreiras (BA), para implantar um projeto de pecuária leiteira intensiva verticalizada. Com um investimento inicial de R$ 30 milhões de capital próprio e parte financiado, o grupo pretende implantar, ao lado das 12 mil novilhas da raça holandesa importadas, uma área de produção de alimentos e uma unidade de processamento de leite dimensionada para a produção de 90 milhões de litros de anuais. Em sete anos, a produção deverá chegar a 800 milhões de litros por ano. O projeto ainda está em fase de negociações, mas deverá ser implantado no início do ano que vem, na cidade de Barreiras (BA). A cidade foi escolhida para sediar o empreendimento leiteiro devido às suas excelentes condições locais, entre elas o clima propício, a grande produção de grãos e o apoio do governo estadual, principalmente no que diz respeito à infra-estrutura. O projeto na Bahia, assim que se concretizar, será o maior pólo nacional na produção de leite e terá a mais moderna tecnologia disponível no mercado, além de gerar cerca de 2,5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Atualmente, o Brasil produz 20 bilhões de litros de leite anuais, possui um déficit de 3 bilhões, suprido pelas importações, e o custo de produção de leite é 2,8 vezes menor que nos Estados Unidos. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 Gláucia Pastore, coordenadora da pesquisa PESQUISA Unicamp estuda aromas com microorganismos O sabor é um dos principais fatores nos alimentos. No entanto, antes dele vem o aroma, uma característica que pode, ou não, aguçar a fome. É o que a indústria alimentícia estuda há anos: formas de explorar aromas, naturais ou artificiais. Contudo, no mercado começa a surgir uma nova opção, que são os aromas obtidos por meio de microorganismos. Nesta nova via, estudos feitos por outros países, como Alemanha, França, Japão e Estados Unidos, estão à frente do Brasil, que só começou a estudar sobre a utilização de bactérias, fungos e leveduras para obtenção de aromas há dois anos, através de um grupo de pós-graduados da Faculdade de Engenharia de Alimentos, da Universidade Estadual de Campinas, coordenado pela professora Gláucia Pastore. Para o grupo de pesquisadores brasileiros, o que mais poderá atrair as empresas alimentícias será o baixo custo na produção de aromas por microorganismos, em 9 MOVIMENTO Unidade industrial de Luis E. Magalhães (BA) comparação aos aromas naturais, que têm custos muito altos. Um exemplo citado pela professora Gláucia é o pêssego, cujo preço para produção de um quilo de essência está em torno de US$ 6 mil. Por outro lado, os aromas artificiais, que custam metade dos naturais, têm o inconveniente da adição de produtos químicos em sua composição, podendo causar riscos à saúde humana. Assim, de acordo com a pesquisadora da Unicamp, os aromas biotecnológicos obtidos por meio de microorganismos apresentam uma dupla vantagem em relação aos aromas naturais e artificias, porque têm baixo custo e boa qualidade. Dos fungos estudados pela equipe da professora Gláucia, os Aspergilos e os Neorósporas foram os que apresentaram melhores resultados na pesquisa, que se concentrou em dois grupos alimentícios: queijos e frutas. Para a obtenção de aromas no grupo dos queijos, os fungos foram cultivados em gordura de leite por fermentação, que se transformou em gordura de queijo, a qual foi utilizada como aroma. Já com as frutas, os pesquisadores selecionaram coleções de microorganismos produzidos pela natureza em frutas e resíduos de alimentos. Estas coleções foram inseridas em caldos de cultura, para que se proliferassem e absorvessem o aroma. Testes de aceitação de alimentos produzidos com aromas biotecnológicos já apresentaram resultados positivos: as 25 pessoas que degustaram alimentos com aroma biotecnológico de queijo (biscoitos e massas), os consideraram mais agradáveis que o próprio queijo. 10 CEVAL Nova unidade de esmagamento de soja A Ceval Alimentos, com o apoio do BNDES, ampliará suas atividades através da instalação de uma unidade industrial de esmagamento de soja e da construção de seis silos de armazenagem. A empresa conseguiu do BNDES um financiamento de R$ 34 milhões para o projeto, que custará R$68,3 milhões, e poderá gerar 70 empregos diretos. A unidade industrial, que será instalada em Mimoso (BA), terá capacidade para esmagar 2.500 toneladas de soja por dia, o que ampliará o volume de esmagamento. Dos seis silos de armazenagem, um será construído junto à fábrica e terá capacidade para 100 mil toneladas e dois nas proximidades de Mimoso – cada um com capacidade de 50 mil toneladas; um no município de roda Velha e o outro em Posto das Antas, localizados a 100 Km da nova unidade industrial e junto a regiões produtoras e receptoras de parte da produção de soja plantada no oeste baiano. Os outros três silos de armazenagem serão construídos no estado do Mato Grosso. Dois destes, com capacidade de 60 mil toneladas, serão implantados nos municípios de Pacoval e Primavera do Leste, regiões produtoras de soja. O terceiro silo, que terá capacidade para receber 50 mil toneladas, ficará no município de Gleba Tropical. Mas as obras de ampliação não param por aí: na região do Distrito Federal será implantado um sistema de recepção de soja (moega) com capacidade para mil toneladas/dia. A Ceval é a segunda maior empresa do País no setor de conglomerados alimentícios, atrás apenas da Nestlé. Controlada pela Bunge International Ltda., teve um faturamento líquido, em 1998, de R$ 2,9 bilhões e exportações da ordem de R$ 1,7 bilhão (o que representou 59% deste faturamento). Uma quantia produzida através de 18 plantas de esmagamento de soja (15 no Brasil e 3 na Argentina), 8 refinarias de óleo de soja, 3 fábricas de óleos hidrogenados e gorduras, 2 unidades processadoras de milho e nove de carnes, o que mantém aproximadamente 14 mil empregos diretos. No mercado mundial, o Brasil é o segundo maior produtor de soja, perdendo apenas para o Estados Unidos. É também o segundo maior processador e exportador de grão, farelo e óleo bruto. O produto nacional tem como principais importadores mundiais a União Européia e o Japão. No mercado interno, o Brasil apresenta-se estabilizado e com boas perspectivas de crescimento. CARNE Técnicos dos EUA inspecionam frigoríficos Técnicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) inspecionaram, pela segunda vez, quatro frigoríficos do Rio Grande do Sul, encerrando a etapa de controle sanitário para que os norte-americanos possam iniciar as negociações de exportação de carne “in natura” brasileira para aquele país. Apesar de haver recebido, há quase dois anos, o certificado de território livre de aftosa – doença produzida por vírus, atinge os bovinos e é altamente contagiosa – , o Rio Grande do Sul não conseguiu convencer os técnicos do USDA de que as conBRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO dições sanitárias do rebanho estão de acordo com as normas exigidas, o mesmo ocorrendo com a qualidade do “south brazilian beaf” (marca da carne gaúcha de exportação). Daí o motivo da nova inspeção. “Julgávamos que nem seria necessária uma nova inspeção sanitária, mas, de qualquer forma, a visita demonstra o interesse continuado dos Estados Unidos em comprar carne gaúcha”, disse Alfredo Knorr, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Rio Grande do Sul (Sicadergs). O mesmo não aconteceu com a Argentina, que iniciou suas exportações para os EUA dois meses depois de receber o certificado da Organização Internacional de Epizootias (OIE). Para que a carne gaúcha passe a ser exportada para os Estados Unidos, precisa, ainda, vencer algumas etapas, que poderão se arrastar até setembro: aprovada a etapa de inspeção, o USDA criará regras de controle, dentro dos padrões americanos, que serão analisadas e passíveis de serem modificadas pela comunidade importadora. Passada esta fase, o senado americano terá que aprovar o comércio com o Rio Grande do Sul. Por último, resta o lado brasileiro, que depende da liberação da carga no porto de Rio Grande. “Se as autoridades brasileiras não se agilizarem, o primeiro embarque não sai do porto este ano”, declara Knorr. O presidente da Sicadergs acredita que as exportações de carnes gaúchas poderão superar as do Uruguai, já que o Brasil pretende atingir uma cota de 30 mil toneladas com 13 milhões de cabeças, enquanto o Uruguai, com 9 milhões de cabeças, exporta 20 mil toneladas. Para isso, o Rio Grande do Sul já tem uma fila de frigoríficos candidatos a participar deste negócio. São eles: Extremo Sul, de Capão do Leão, General Meat food, de Livramento, Mercosul, de Bagé, e o Alegretense, de Alegrete. De olho em outros mercados, a indústria de carne brasileira também quer investir na exportação para o Canadá, que começa a mostrar-se favorável à importação de frangos brasileiros. Se completar suas negociações com os norte-americanos e iniciar os esforços com o Canadá, a indústria brasileira poderá abrir uma nova porta, a japonesa, um país que tem as mesmas exigências de vigilância sanitária que os EUA. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO Água natural com gás é o novo produto da Malta ÁGUA MINERAL Malta decide ingressar no mercado A Cervejaria Malta investiu US$ 25 mil numa nova linha de produtos: a de água natural com gás. Com o lançamento, a empresa, criada em 1956, espera atingir suas metas para este ano. “Estamos apostando tudo em qualidade, novos nichos e no atendimento.”, disse o diretor comercial e de marketing da Cervejaria Malta, Leonardo Cerqueira. O novo segmento, que faz parte da linha Club Soda Cristalina, será comercializado em garrafas de 2 litros e de 600ml, e tem como objetivo atingir um público que está crescendo. Para Leonardo Cerqueira, “há uma certa tendência do mercado em investir em água natural.” O novo segmento de água com gás, junto a outro lançamento, o de refrigerantes em embalagens de 250ml, poderá fazer com que o volume de vendas da Malta cresça de 10% a 15% este ano, com um faturamento 10% superior ao de 1999. “Tudo vai depender da economia do País e do sol. Nosso lema é: o sol é o nosso maior ven11 MOVIMENTO dedor”, disse Cerqueira. O objetivo da cervejaria é crescer na participação do mercado de cervejas, de 1,2% - segundo dados do Instituto AC Nielsen - para 3% até o ano 2002. Para que isto aconteça, a empresa deverá investir, com a ajuda do BNDES, cerca de R$ 40 milhões em uma nova unidade. O local de implantação da nova unidade ainda não foi definido, mas, segundo o diretor comercial de marketing da Malta, poderá ficar na região Sudeste. “Não descartamos a possibilidade da fábrica ser instalada em São Paulo ou no Rio de Janeiro”, contou. Antes da instalação da nova fábrica, a Cervejaria Malta tem como prioridade atingir diretamente seu clientes, aumentando o número de distribuidores em cerca de 50% (hoje com 80 pontos de distribuição passará a 120) e o número de pontos de vendas. SEARA Disputando o mercado de congelados A Seara Alimentos vai entrar, em breve, na disputa pelo mercado de empanados de frango. Com sua nova linha, no setor de alimentos congelados, a empresa dará preferência ao setor de carnes, no qual os produtos têm maior valor de agregação. Hoje, a Sadia e a Perdigão brigam pela liderança desse mercado, concentrando 82% das vendas. E é nessa disputa que a Seara quer entrar. Para isto, a companhia, controlada pela “holding” do grupo Bunge, investirá cerca de R$ 5 milhões em duas novas fábricas que serão direcionadas ao setor de empanados. “Uma fábrica será construída em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e estará voltada ao mercado interno; a outra, cujo local de implantação ainda não foi decidido, será direcionada ao mercado externo”, declara o vice-presidente da empresa, Sergio Waldrich. Disposta a entrar com toda força no mercado de empanados, a Seara, segundo Waldrich, pretende pegar uma boa fatia do mercado interno e para isto está negociando parcerias na Europa e Japão. Os em12 A Seara pretende exportar os empanados de frando a partir do final do ano panados da Seara deverão chegar aos mercados nacionais nos próximos meses, e para completar, provavelmente no final do ano a companhia pretende vender seu novo produto aos clientes internacionais. No campo de carnes congeladas, a participação por produto dos empanados, tem uma porcentagem de 4,4% em volumes vendidos, ficando atrás dos hambúrgueres, que na mesma participação têm 50,2% em volumes vendidos, o qual é o principal responsável por metade das vendas deste ramo no Brasil. No entanto, há uma fatia deste mercado que cresce: a de nuggets, que em 1998 era de 28,1% e passou para 30,5% no ano passado. Antes da disputa pelo mercado de empanados, a Seara, segundo analistas de investimentos, ficou atrás das concorrentes na estratégia de agregação de valor. De acordo com dados da Nielsen, publicados em um relatório da Perdigão, a Seara tinha 9,3% do mercado de congelados em 1994. No mesmo ano, a Perdigão detinha sua fatia em 8,8% e passou para 30,4% em 1999, enquanto a Seara caiu para 7,2%. Os mesmos analistas citaram a ausência dos empanados no portfólio de produtos da companhia como uma deficiência. Entretanto, o vice-presidente da Seara contesta esta análise dos especialistas, apesar de admitir que o processo de venda da empresa consumiu dedicação dos administradores, o que impediu que fossem realizados planos para um futuro que estava indefinido. De um futuro incerto para uma situação melhor definida, a Seara tornou-se independente da Ceval, esmagadora de soja da Bunge, o que provavelmente levou o grupo a voltar a investir no seu negócio de aves e suínos. A Seara pretende aplicar R$ 100 milhões nos próximos três anos, brigar no mercado de congelados e aumentar 10% de suas vendas em volume no ano 2000, mas continuará com seu foco no setor de carnes. “Enquanto a Sadia e a Perdigão falam em pizza e vegetais, nós vamos ficar com o nosso core business, que é mesmo a carne”, afirma Waldrich. ADAMS Compra de marcas da Kraft Lacta Os chicletes Ping-Pong e Ploc, as balas Soft e o lanchinho Mirabel agora pertencem a uma nova empresa, a Adams, da divisão da norte-americana Warner-Lambert, que por um valor estimado em R$ 90 milhões comprou, em novembro do ano passado, todo o setor de confeitos da Kraft Lacta Suchard BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO Adams pagou R$ 90 milhões pelo setor de confeitos da Kraft Lacta Brasil, dona das marcas. A Adams passou a ser proprietária das fábricas da Lacta Suchard de Bauru (SP) – onde produz goma de mascar – e do bairro do Limão, na capital paulista (onde são fabricados os lanches Mirabel), as quais foram integradas às fábricas da Adams de Guarulhos e São Paulo. Com a compra das fábricas, a companhia quer aumentar sua fatia no mercado de 8% para 12%. “São marcas de chicletes populares que vamos manter no mercado e vão se somar aos nossos produtos”, declarou Celso Ribeiro, diretor financeiro da WarnerLambert para a região do Mercosul, onde a fábrica atua também na Argentina, produzindo, por exemplo, o Halls Vita C. Ribeiro disse, ainda, que a empresa pretende investir cerca de US$ 140 milhões em suas cinco unidades da região do Mercosul (as quatro brasileiras e a argentina) até 2004. A Adams estava importando parte dos produtos que vende, o que a levou a um custo muito alto. Agora, com as novas aquisições e com bons investimentos, a situação pode mudar. “O objetivo de nacionalizar produtos e ampliar nossa força na região foi atingido com essa aquisição”, disse o empresário. A situação pode ter reflexos também sobre as exportações da Adams nacional, as quais até o ano passado giravam em torno de 15% e neste ano podem chegar a 30%. Isto poderá acontecer através do abastecimento dos países do Mercosul, que terão suas listas de produtos ampliada. No mercado de confeitos, quem domina é a Nestlé. Porém, segundo Ribeiro, este é um mercado muito pulverizado, onde exisBRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 tem também pequenos e médios fabricantes, inclusive aqueles que têm mercados regionais, como a própria Adams no Nordeste, com a linha Bubblicious. Para este ano, a expectativa de crescimento da empresa é maior que a do ano passado, quando houve uma queda no faturamento, em dólar, de cerca de 8%. A Adams espera ampliar seu faturamento, também em dólar, com a ajuda da nacionalização dos produtos e da total integração das sua novas fábricas, além de pretender dobrar suas exportações e ampliar o faturamento com o público infantil. IRB Nova linha de bebidas energéticas A fabricante da tradicional aguardente Velho Barreiro investiu no ano passado R$ 11,5 milhões na produção de uma nova linha de bebidas energéticas. O Atomic Energy Drink (nome adotado para a bebida), que será fabricado na cidade de Rio Claro (SP), num novo parque industrial das Indústrias Reunidas de Bebidas Tatuzinho – 3 Fazendas (IRB), o qual custou R$ 4,5 milhões e possui uma área de 4,5 mil metros quadrados. Para a elaboração da fórmula, a IRB gastou R$ 2 milhões numa parceria com uma empresa norte-americana, cujo nome não foi revelado. O energético, que tem em sua composição compostos de vitamina B, extrato natural de guaraná, ginseng, taurina e corante natural de caramelo, foi fabricado para atingir jovens da classe A. Para que isto aconteça, a Tatuzinho reservou R$ 5 milhões para serem utilizados em marketing, promoções e degustações em supermercados e shoppings, e também para a elaboração da embalagem do produto, que será distribuído numa garrafinha PET que lembra um desodorante spray e tem um tratamento térmico que não deixa que o calor da mão se transfira para a bebida, como ocorre com as latas. A distribuição do Atomic Energy Drink tem como canais de vendas redes de supermercados, bares, restaurantes, academias de ginástica, cantinas de universidades, hotéis, motéis e já é exportado para a França. Com este campo de vendas, o energético poderá responder por 15% dos negócios da IRB, a partir deste ano. Além de inovar saindo um pouco do campo de bebidas alcóolicas e entrar no segmento de bebidas energéticas, a IRB quer ser a primeira empresa brasileira a fabricar um energético na versão light, pretendendo lançar a nova versão até o fim de março deste ano. QUEIJO EM PÓ Lactosan abre filial e expande negócios A fabricante de queijo em pó Lactosan quer ampliar a venda de seus produtos no mercado brasileiro com a abertura de uma filial no País, a Lactosan Brasil. Presente no Mercosul há 9 anos com a Lactosan Uruguai, a empresa vende atualmente cerca de 40 toneladas/mês, tendo como principais mercados a Argentina e o Brasil. Com a filial brasileira, pretende aumentar suas vendas no País de 15 toneladas/mês para 50 toneladas/mês, sendo a regiõão do Sul do País, São Paulo e Minas Gerais os seus principais campos de vendas. De origem dinamarquesa, a Lactosan é o 13 MOVIMENTO único produtor de queijo em pó puro, o qual é produzido com alta tecnologia de pasteurização e desidratação pelo processo spray. Sem a adição de saborizantes artificiais, o queijo em pó mantém as mesmas propriedades nutritivas do queijo ”in natura”. Presente no mercado mundial há 40 anos, a empresa consegue manter a qualidade dos seus produtos através de um laboratório próprio que faz análises físico-químicas e bacteriológicas em toda linha de produtos. A Lactosan possui outras linhas à base de queijo, o que eqüivale a cerca de 20 a 30% da produção da empresa. Todos os tipos de queijo em pó produzidos pela Lactosan, entre eles o cheddar, o parmesão, o provolone, o gorgonzola e o ementhal, têm validade de um ano, podendo ser mantidos fora de refrigeração. Na indústria alimentícia, o produto tem diversas aplicações, como por exemplo em biscoitos, snacks, molhos, sopas, congelados, cremes, misturas para pães, recheios, entre outros. AROMATIZANTES Duas Rodas investe em meio ambiente Preocupada com a questão do meio ambiente a Duas Rodas Industrial, fabricante de aromas para alimentos e produtos para sorvetes, investe em moderna tecnologia para o tratamento de efluentes e controle biológico de pragas. Localizada na área urbana de Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina, a 44 Km de Joinville e 185 Km de Florianópolis, a empresa também desenvolve atividades para a preservação da mata nativa e processos de reciclagem de resíduos sólidos e líquidos. O tratamento de efluentes No processo inicial do pré-tratamento de efluentes, as partículas sólidas são removidas com o auxílio de peneiras. Em seguida, durante a equalização, os resíduos são homogeneizados. Já na flotação os sólidos suspensos são eliminados do efluente. Após este processo, o efluente 14 Queijo em pó é usado na produção de biscoitos, snacks, molhos e sopas, entre outros entra no acidificador para a acidificação natural, ocorrida através de bactérias acidogênicas. Estas bactérias degradam as moléculas de açúcares, gorduras e proteínas para gerar compostos orgânicos mais simples que servirão de alimento para as bactérias metanogênicas. As bactérias metanogênicas são utilizadas em condições controladas de reatores anaeróbicos para decompor os compostos orgânicos e transformá-los em gás metano, que é usado como fonte de energia. “Em todas as etapas as condições de PH e de temperatura são controladas”, assinala Krepsky. Como o gás metanos é queimado, a água que havia sido captada do rio pode ser devolvida em condições aceitáveis pela legislação ambiental. DOCES Santa Helena quer ampliar faturamento A empresa produtora da Paçoquita e também a maior consumidora de amendoim do Brasil, a Santa Helena Indústria de Doces, prepara-se para aumentar seu fatu- ramento em 40% neste ano, para US$ 25,2 milhões. E para que isso aconteça, pretende aumentar suas exportações para o Japão e passar a vender em países como Portugal, Espanha, Chile e Argentina, além de lançar uma nova linha de produtos em fevereiro que não levam amendoim. Criada em 1942 por José Marques Telles, a empresa traz em sua história um início de produção de doces em um tacho de cobre que deu tão certo que hoje tem um crescimento médio de 20% ao ano. A Santa Helena concluirá este ano um investimento de R$ 4 milhões na modernização do seu parque fabril em Ribeirão Preto e na ampliação da unidade de beneficiamento, localizada na cidade vizinha de Dumont, a qual já tem quatro novos secadores, que garantem luminosidade e qualidade, e ainda será equipada com um novo torrador a gás e um despeliculador. Com a nova unidade, a empresa prepara-se para entrar num novo patamar este ano e passar de 9,5 mil toneladas, em 1999, para 11,4 mil toneladas, em 2000. Segundo o proprietário da Santa Helena, Renato Fechino, metade do crescimento previsto para este ano se dará pelos produtos já existentes, entre eles a Paçoquita e o amendoim japonês. A outra metade será representada pela nova linha de produtos, a qual ainda é mantida em segredo pela empresa. Outro patamar que Fechino pretende superar é o das exportações. “A Santa Helena começou a exportar paçoquinhas para BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 MOVIMENTO Certificado poderá representar crescimento nas exportações do palmito o Japão há cinco anos , graças aos ‘dekasseguis’, que já conheciam nosso produto no Brasil” diz o empresário, que pretende que as exportações da Santa Helena passem de 1% para 5% da receita da empresa este ano e que, em três anos, este volume passe a representar 20% do faturamento. A Santa Helena, para atingir suas metas, deixará de exportar seus produtos via aérea e passará a fazer fretes marítimos. “O frete aéreo, de US$ 5 por quilo, custa mais que o produto e restringe as vendas. Com o frete marítimo, pagaremos US$ 0,50 por quilo, ou seja, dez vezes mais barato do que o aéreo”, observa Fechino. Ele disse que a empresa desenvolveu uma nova embalagem para seus produtos que farão viagens marítimas. Este tipo de embalagem já foi testado com sucesso e possibilitará que o consumidor final no Japão compre a Paçoquita por US$0,25, 72% abaixo dos US$0,90 pagos até agora, o que certamente aumentará as vendas. Para suprir suas necessidades de crescimento, a Santa Helena deverá continuar a importar amendoim da Argentina, porque, segundo Lincoln Jose Gabriello, gerente de suprimentos da empresa, “houve uma queda na produção nacional e a empresa vem sendo obrigada a importar sistematicamente a leguminosa do país vizinho”. Em 1994, a Santa Helena importou 2 mil toneladas; em 1996, 1 mil toneladas; e no ano passado, 900 toneladas de amendoim da Argentina. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000 PALMITO Certificação de integridade ecológica O palmito brasileiro ganhou o primeiro certificado de integridade ecológica e biológica da União Européia (UE), o selo AB (Agriculture Biologique). O ganhador do certificado foi o palmito do Amapá da marca King of Palms, uma das mais antigas empresas do País. A companhia retira o palmito a partir de palmeiras de açaí da região amazônica, cujos caules brotam em touceira, o que significa que a raiz não morre e que nascem novos brotos de palmito, garantindo assim a preservação da floresta e a contínua produção do palmito. Para conseguir o certificado, a empresa passou por várias análises exigidas pelos técnicos alemães do laboratório Ecocert, dos quais um deles é credenciado pela UE para conceder o certificado. Os técnicos ficaram uma semana visitando duas fábricas da King of Palms, em Santana do Amapá e no arquipélago de Marajó, além de sobrevoarem as plantações e de exigirem do governo do Amapá uma declaração formal de que a área das plantações não havia sido pulverizada com agrotóxicos. E para se certificarem da veracidade das informações oficiais dadas pelo estado do Amapá, receberam também um certificado do laboratório Lara, de Toulouse, na França, o qual apontava a ausência total de qualquer agrotóxico nos produtos analisados. Emitido com data de outubro de 1999 e com validade de um ano, o certificado poderá representar para a empresa um considerável crescimento nas exportações do produto, que quase pararam depois da sobrevalorização da moeda nacional e do encarecimento das linhas de crédito, o que obrigou a empresa a voltar-se para o mercado interno: “Só nos agüentamos porque nossos clientes do Japão e Espanha nos adiantaram os recursos para que continuássemos a produzir” desabafa Cláudio Guimarães, diretor da empresa. Formado em Economia pela Universidade de Paris, com experiência de 14 anos de trabalho na multinacional francesa Saint Gobain e há 20 anos dono da empresa King of Palms, Cláudio Guimarães começou a fabricação de palmito por estímulo de um importador francês amigo. Hoje os principais clientes de sua empresa são as duas maiores redes de supermercados argentinos, além de clientes no Japão e Espanha. Agora, com o selo AB a marca brasileira pôde mudar o rótulo do seu produto: criou um novo design, o qual utiliza-se do desenho das palmeiras do açaí. A King of Palms espera, assim, conseguir aumentar o mercado consumidor de palmito no exterior. MACRI Concentração de negócios no Brasil Multinacionais instaladas na Argentina, desmotivadas pela perda de competitividade local ou pela retração econômica, estão fechando suas fábricas no país vizinho e, vendo no mercado brasileiro a solução para seus problemas, passaram a implantar suas empresas aqui. Um dos maiores conglomerados indus15 MOVIMENTO triais e de serviços da Argentina, a Sociedade Macri (Socma), passa por esta situação e tem como estratégia concentrar toda sua produção de alimentos no Brasil. A Macri já é dona de cinco unidades de alimentos no País, entre eles as que fabricam biscoitos e massas secas – Isabela, Zabet, Basilar e Adria, e o frigorífico Chapecó, do qual a Socma adquiriu recentemente 60% do controle acionário e que é o terceiro maior do setor no Brasil, atrás da Sadia e da Perdigão. Somando estas companhias, a Socma pretende faturar, em cinco anos, US$ 400 milhões anualmente. Além disso, a Macri também está presente no ramo de serviços de coleta de lixo, resíduos domiciliares e industriais, concessão de rodovias e processamento de cartões de crédito. PRODUTOS LÁCTEOS Danone quer reconquistar liderança A líder mundial de lácteos frescos e biscoitos, Danone, quer recuperar sua posição à frente de sua maior concorrente, a Nestlé. No ano passado, a Nestlé ficou com uma porcentagem de 21% de vendas de lácteos frescos, frente aos 19,9% da Danone, segundo dados do Instituto AC Nielsen. Para voltar à liderança, a Danone contratou um novo diretor geral para a divisão de produtos lácteos, Gioji Okuhara, 45 anos, divisão esta que é responsável por dois terços do faturamento do grupo no Brasil. Okuhara tem uma meta a cumprir: chegar a um crescimento de 4% nos resultados da divisão de produtos frescos. Mas a Nestlé não quer ficar para trás e acredita que, com a inclusão do leite fermentado Chamito na relação de lácteos, chegará à frente. Ao somar este produto à lista de produtos lácteos a empresa suíça fica com 24% do mercado frente aos 20% da Danone, que não tem uma linha de produtos similar. Com relação a outros produtos, a companhia acredita que, além do iogurte Chamito, pode brigar no mercado com os iogurtes e com a farinha de cereal da marca Neston, líder de mercado. A Nestlé teve um faturamento, no 16 Objetivo da Danone é crescer 4% nos resultados da divisão de produtos frescos ano passado, de R$ 953 milhões. Apesar deste valor alto, o seu volume de vendas caiu, passando de 291 mil toneladas, em 1998, para 280 mil toneladas, em 1999. A Danone investiu R$ 8 milhões, entre área industrial e marketing, numa nova linha de iogurtes, La Selección, que tem o objetivo de garantir resultados positivos para a empresa, como o aumento do consumo anual per capita de iogurtes, de três quilos para algo próximo aos sete quilos argentinos, onde o produto já foi lançado. O novo iogurte tem pedaços grandes de frutas, uma consistência mais cremosa e deve atingir o público adulto. A divisão de Okuhara não vai investir somente na nova linha de iogurtes: ela pretende reforçar a venda de produtos infantis, a qual lidera com a linha do petit suisse Danoninho, e na linha de produtos para adultos de maior poder aquisitivo que não conhecem os valores nutritivos do produto. Nesse setor, além do La Selección existe o Dan’Fresh, suco de laranja agregado com cálcio, pêssego ou damasco, o qual foi lançado como uma ofensiva ao Bliss Fresh, da Nestlé, um suco com características parecidas aos da Danone. No final do ano passado, a Danone vendeu, para a norte-americana Smucker, sua unidade de processamento de frutas localizada em São José do Rio Pardo (SP), mas para a empresa esta venda não fará grande diferença nas porcentagens de comercialização nos mercado de lácteos frescos e biscoitos, pois a Smucker deve continuar a fornecer frutas à Danone. GOLDEN FRUIT Plano para ampliar capacidade A Golden Fruit entrou com um projeto, orçado em R$ 9 milhões, no BNDES para dobrar sua capacidade de produção instalada na fábrica de polpas de frutas. Ermando Caliman, o rei do papaia e proprietário da empresa, quer passar a produzir 4.572 toneladas de polpas de frutas este ano e em 2001 chegar a 7.680 toneladas. Em 1999, a companhia produziu 3.810 toneladas de polpas de frutas. Implantada há três anos em Martins (ES), a Golden Fruit, além de aproveitar todo o mamão que sobra das exportações, também transforma em polpas outras frutas como maracujá, manga, goiaba, acerola e morango. A empresa esgotou no mercado nacional sua capacidade com vendas internas para indústrias de sorvetes, sucos e iogurtes. “Não estamos investindo apenas para exportar, mas para evitar que o país importe”, disse Caliman, ao afirmar que há a necessidade de desenvolver uma agroindústria que dê sustentabilidade à agricultura. A Caliman Agrícola, do mesmo proprietário, começou a ser reconhecida internacionalmente em 1998, quando foi autorizada a exportar papaia para os Estados Unidos. BRASIL ALIMENTOS Nº 1 Março de 2000
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