Movimento - Signus Editora

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Movimento - Signus Editora
MOVIMENTO
tâneo, atomatados, legumes em lata, azeite de oliva, sardinha, molhos, pratos prontos, achocolatados, leite flavorizado, temperos, sobremesa, sucos, chás e a linha de
fornecimento a compradores institucionais)
e as marcas regionais Beira Alta e Palmeiron.
O fundador e, até então, principal dirigente da Arisco, João Alves Queiroz Filho,
afirmou ter decidido transferir o controle da
empresa para uma companhia mundial para
que os planos de expansão da Arisco pudessem ser realizados. E acrescentou: “Sempre
admiramos as linhas filosófica e empresarial
da Bestfoods e em suas diretrizes nos
espelhamos em várias oportunidades”.
Crescimento assegurado
Arisco foi a 18ª aquisição mundial da empresa norte-americana
TEMPEROS
Arisco já é
a nova marca
da Bestfoods
Após uma série de negociações, o grupo norte-americano Bestfoods, um dos
maiores do mundo no setor de alimentos,
adquiriu o controle acionário da empresa
Arisco Industrial Ltda., o oitavo maior conglomerado brasileiro do segmento, de acordo com a revista Balanço Anual.
O valor da transação foi de US$ 490 milhões, além da transferência de um passivo
líquido de US$ 262 milhões, assumido integralmente pela empresa norte-americana. A
nota oficial foi divulgada em fevereiro passado pela Arisco em Goiânia e pela Bestfoods
em New Jersey, Estados Unidos.
A 18a aquisição mundial da Bestfoods
será financiada por recursos próprios do
grupo norte-americano e por linhas de crédito já existentes. A compra da Arisco foi
a segunda maior realizada pela Bestfoods
desde 1995, quando adquiriu o controle
acionário da Kraft, por US$ 865 milhões.
O principal executivo da Bestfoods nos
Estados Unidos, C.R. Shoemate, afirmou que
a Arisco era uma das poucas empresas de
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alimentação em oferta na América Latina
com uma taxa de crescimento anual de
13%. Comentando sobre o mercado brasileiro, Shoemate disse: “Quando analisamos
o Brasil e nossos 70 anos de experiência
nesse país, somente enxergamos crescimento em letras maiúsculas”.
A Arisco era controlada pela família
Alves de Queiroz, que detinha 80% do
negócio. Os 20% restantes foram vendidos em 1997 para o banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs
& Co. numa tentativa de assegurar o fôlego financeiro da empresa e sustentar
os planos de expansão nos mercados brasileiro e argentino.
A empresa iniciou suas atividades em
Goiânia, em 1969, com uma receita de
tempero completo - sal, alho, cebola e
salsinha. Ao longo de dez anos, o faturamento anual passou de R$ 279,8 milhões
para quase R$ 1 bilhão.
Com três fábricas no Brasil localizadas
em Goiânia (GO), Itatiba (SP) e Belo Jardim (PE), além de três unidades na Argentina, a Arisco conta com 5,5 mil funcionários e 20 mil empregos diretos, principalmente na área agrícola. Em 1999, registrou faturamento de R$ 1,020 bilhão,
em torno de 3% acima do previsto. De
acordo com a revista Balanço Anual, as
receitas da empresa aumentaram quase
25% em relação a 1998.
Sua linha de produtos alimentícios compreende a marca Arisco (macarrão instan-
Segundo o comunicado, ao dar a notícia aos executivos e funcionários da Arisco,
Queiroz Filho enfatizou: “Está assegurada
a continuidade da Arisco, mas principalmente a criação de novas e importantes
oportunidades para nossos técnicos, executivos e trabalhadores”. E disse: “Nas estruturas mundiais da Bestfoods, serão abertos espaços significativos para treinamento e aprimoramento da nossa gente”.
Para o presidente da Bestfoods na América Latina, Oscar Imbellone, a força da
marca Arisco e sua participação conquistada no mercado de alimentos foram algumas das razões que levaram a empresa a
realizar o negócio. E revelou “Decidimos
mantê-la com destaque nos produtos existentes e utilizá-la em uma série de novos
produtos que serão lançados”.
Imbellone afirmou que a Arisco continuará operando como uma empresa independente e complementar, já que a
superposição no mercado brasileiro entre
os produtos das duas empresas é de apenas 15%. “Vamos manter a vantagem competitiva de cada marca. A Arisco vai representar nossa estréia em um novo e importante segmento, o de atomatados”, disse.
O formato das operações da Arisco ainda não está totalmente definido pela
Bestfoods. Mas, segundo Imbellone, os
passos seguintes serão definidos nos próximos meses, bem como será declarada a
implementação dos planos estratégicos
estabelecidos pela Arisco para 2000.
A Bestfoods já decidiu que 80% da gestão da Arisco será assumida pela unidade
de Goiânia, onde já se concentrava a parte
industrial da empresa, e comunicou que João
Alves Queiroz Filho continuará colaborando
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
com a empresa pelos próximos três anos.
Uma das maiores corporações do setor
alimentício norte-americano, a Bestfoods
registrou faturamento de US$ 8,6 bilhões
em 1999. Desse montante, mais da metade é proveniente de operações em 110
países onde está presente. No total, são
45 mil funcionários.
Com a aquisição da Arisco, que tem três
unidades no Brasil e três na Argentina, a
empresa passa a contar com 29 fábricas
em toda a América Latina. Em 1999, a
Bestfoods registrou faturamento de US$ 1,1
bilhão na região. Para o ano 2000, a empresa pretende alcançar um faturamento
de US$ 1,5 bilhão e, a partir de 2001, o
grupo projeta um crescimento anual de suas
vendas da ordem de 10%.
No Brasil, a Bestfoods opera desde 1929,
quando foi fundada a subsidiária Refinações de Milho Brasil Ltda. - RMB. Atualmente a empresa produz cerca de 180 produtos em suas quatro unidades fabris localizadas nos municípios de Mogi-Guaçu
(SP), Pouso Alegre (MG), Garanhuns (PE) e
Campina Grande (PB).
Com 2,3 mil funcionários, a RMB alcançou faturamento bruto de R$ 700 milhões
em 1999. Sua posição de mercado devese, em grande parte, à força de suas marcas, com destaque para Knorr, Hellmann’s,
Mazola, Maizena e AdeS. Entre tantas marcas, a Maizena se destaca como um exemplo de tradição no país. O amido de milho
é vendido no Brasil desde 1874.
Somando-se os faturamentos registrados
pela Arisco e pela RMB em 1999, o potencial
de faturamento líquido da Bestfoods para o
ano 2000 é da ordem de US$ 800 milhões.
Novos investimentos
Na mesma semana em que a compra da
Arisco foi oficializada, a Bestfoods anunciou que pretende investir cerca de US$
250 milhões na América Latina nos próximos cinco anos. Desse montante, entre US$
150 milhões e US$ 170 milhões deverão
ser investidos no Brasil, ou seja, aproximadamente 65% do orçamento reservado
para a América Latina.
O vice-presidente financeiro da Bestfoods
no Brasil, Bráulio Maccio, afirmou que o
investimento programado para a América
Latina será dividido em cinco cotas anuais
de US$ 50 milhões. Segundo Maccio, os recursos serão aplicados na modernização e
na ampliação das fábricas existentes.
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
Nova linha de sucos é encontrada em 4 sabores sem adição de açúcar
SUCOS
Del Valle lança
a primeira
linha light
Foi lançada no Brasil a primeira linha
de sucos light prontos para beber. Com o
lançamento, a Sucos Del Valle do Brasil,
subsidiária da mexicana Jugos Del Valle,
tem como expectativa aumentar em 25%
seu faturamento este ano.
Produzido com néctar de fruta, sem a
adição de açúcar (com média de 15% de
calorias por 100 ml) a linha light pode ser
encontrada nos sabores maçã, manga, goiaba e pêssego. A Del Valle resolveu investir
neste segmento devido à tendência de mercado ao consumo de produtos diet/light.
Segundo dados da Abiad (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos Dietéticos)
o mercado da linha diet/light movimentou,
em 1999, US$ 1,8 bilhão, com um crescimento de mais de 60% em relação a 1998.
“A busca por produtos com baixas calorias
é cada vez maior entre os consumidores que
precisam controlar peso ou simplesmente
se preocupam em manter a boa forma”, declarou o diretor de vendas e marketing da
empresa, Horácio del Nero.
A Sucos Del Valle do Brasil, fundada em
1997, elevou em três pontos percentuais
sua participação neste mercado. Em 1998,
atingiu 5,8% de participação no segmento
de sucos prontos, no ano passado chegou
a 15% e pretende chegar a 18% este ano.
Os sucos na versão light são vendidos
em embalagens longa vida de um litro e
lata de 335 ml. Desenvolvidas pela Packing,
as embalagens mantêm a consistência, aroma e o gosto do produto, sem haver alterações após o preparo. A Sucos Del Valle
foi a primeira a introduzir, no segmento de
sucos prontos para beber, a embalagem em
lata de alumínio.
Com 120.000 pontos de vendas, a empresa atingiu em 1999 no Brasil um faturamento de R$ 30 milhões. O grupo Del
Valle possui quatro fábricas no México, uma
em Porto Rico e agora a primeira na América do Sul, localizada em Americana (SP).
A fábrica em Americana foi construída com
um investimento inicial de US$ 30 milhões.
A primeira fábrica sul-americana do grupo
já desenvolveu mais dois sabores de sucos
prontos, maracujá e pêra, que somados aos
outros oferecem 11 diferentes opções de
sucos de frutas prontos para beber.
ITAMBÉ
Programa de
modernização
obtém apoio
A Itambé, maior empresa de capital nacional do setor de laticínios, receberá do
BNDES R$ 23 milhões como apoio a um programa de modernização da produção de leite. O programa, que inicialmente contou com
recursos próprios e do Banco do Brasil, foi
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MOVIMENTO
Caminhões isotérmicos da empresa têm capacidade para 8 mil litros de leite
iniciado em 1997, com a implantação de
um sistema de coleta de leite resfriado em
caminhões isotérmicos, para melhorar a qualidade do leite transportado. O financiamento do BNDES vem para ampliar a produtividade e contribuir na fixação do pequeno
produtor no campo, através do aumento de
renda e modernização do setor.
A qualidade do leite coletado a granel
pelos 12 mil produtores integrados à Itambé,
das regiões de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, e que fazem parte do programa,
será preservada por um período maior. Os
produtores passam a resfriar o leite na propriedade, em tanques de aço inoxidável, à
temperatura de quatro graus centígrados, a
mesma utilizada nos caminhões isotérmicos
que transportaram os alimentos em tanques
com capacidade de carregar 8 mil litros de
leite, contra a média de 1.500 a 2 mil litros
dos caminhões leiteiros.
Os transportadores vão até as propriedades e coletam o leite com o uso de “bombas” especiais, sem qualquer contato manual, evitando a proliferação de germes,
além de preservar a qualidade do leite e
conservá-lo por mais tempo. O transportador também é responsável pela realização
de testes de qualidade antes de retirar o
produto e pela coleta de amostras para
análises nos laboratórios da Itambé.
Com a industrialização na coleta de leite, a Itambé, fundada em 1948 por 31 cooperativas associadas, teve um importante crescimento na década de 90. Em 1998,
a empresa beneficiou 752,6 milhões de litros de leite, com um acréscimo de 22,3
milhões de litros com relação a 1997. E de
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todos os seus produtos, a linha que mais
cresceu foi a do leite em pó. Na produção
brasileira, o leite teve um crescimento considerável na mesma década: passou de
14,48 bilhões de litros, em 1990, para
20,08 bilhões, em 1998.
SADIA
Novo passo
com aquisição
da Resende
A Sadia, maior frigorífico de aves e suínos do País, volta a investir na sua capacidade de produção. Para isto, pagou R$ 134
milhões por 90% das ações da Granja
Resende S/A, com sede em Uberlândia (MG).
Com a compra, a Sadia aumentará em 8%
sua capacidade de abate de aves, em 20%
no abate de suínos e em 7% na fabricação
de industrializados.
A compra da Resende, segundo a Sadia, se deu por “motivos estratégicos”,
como a ótima localização geográfica de
suprimentos de grãos, a proximidade com
mercados consumidores, o avançado parque industrial da região e a mão-de-obra
qualificada.
A Granja Resende é a holding operacional de um complexo agro-industrial formado pela Resende Alimentos, Resende Óleo e
Resende Marketing. Com 42,17% das ações,
Helena Resende somou suas ações com o
atual presidente da companhia, Ilias Antônio de Oliveira, e com a de outros ex-diretores da empresa, e passou à Sadia 90% da
Granja Resende, isso depois de disputar judicialmente, por 25 anos, o comando da
empresa com seu ex-marido e fundador da
companhia, Alfredo Júlio Resende, que ainda
detém 10% das ações.
Disputas à parte, a Resende registrou,
em 1999, um faturamento de R$ 317 milhões, com prejuízo de R$ 49,8 milhões,
e ainda está pressionada por passivos bancários que, em 30 de setembro do ano passado, somavam R$ 116 milhões, 46% somente com Banco do Brasil. Já a Sadia
acumulou, nos nove primeiros meses do
ano passado, uma receita operacional bruta de R$ 2 bilhões e lucro operacional de
R$ 563 milhões.
Apesar de seus prejuízos e de seus passivos bancários, a Granja Resende é hoje
uma importante indústria de carne da América do Sul, com capacidade anual de abate de 32,3 milhões de frangos e 642,6 mil
suínos e sua capacidade de produção é de
35 mil toneladas ao ano. Até a data da
compra da empresa pela Sadia, a Resende
já tinha capacidade de produzir 30 toneladas de lingüiça/dia, 24 t/dia de mortadela, 6 t/dia de presunto, 6 t/dia de
apresuntado, 5 t/dia de bacon, 3 t/dia de
salgados, 1,5 kg/hora de hambúrguer, 1,5
kg/hora de salsicha e 1 mil kg/hora de
empanados.
O que pode ter impedido a companhia
de crescer é o desconhecimento de sua
marca em mercados como os de São Paulo
e Rio de Janeiro. A empresa detém, apenas, 3% do mercado brasileiro. Este é um
desafio à Sadia, que pretende manter a
Resende como “empresa autônoma”, preservar a marca própria e ainda aumentar
suas exportações, segundo o diretor de finanças, controle e de relações com investimentos da Sadia, Luiz Murat.
Sobremesa Miss Daisy
A Sadia comprou, em novembro do ano
passado, a linha de sobremesas congeladas Miss Daisy, que vai colocar no mercado uma gama grande de produtos como
quindins e musses. “É uma empresa que
faturou R$ 5 milhões em 1998 e, nas mãos
da Sadia, pode crescer muito” afirmou o
gerente de relações com o mercado da Sadia, Arleu Anhalr.
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
MOVIMENTO
LEITE
Bahia terá
megaprojeto
multinacional
Um grupo de empresas luso-americanas
vai instalar no Oeste da Bahia o maior projeto
do segmento leiteiro do País. O mega empreendimento envolve 11 empresas, dentre elas
norte-americanas e portuguesas, que farão um
investimento de US$ 147 milhões em novas
instalações, principalmente nos Estado Unidos, e posteriormente na Europa. O valor do
projeto não será aplicado totalmente no Brasil – que não é o principal alvo.
Os empresários envolvidos no projeto pretendem investir em todos os segmentos do
leite, da produção de forragem para o gado à
industrialização. No Brasil, por exemplo, o
grupo de investidores leiteiros, denominado
Amero Participações e Negócios Ltda., comprou 20 mil hectares de terras na região de
Barreiras (BA), para implantar um projeto de
pecuária leiteira intensiva verticalizada. Com
um investimento inicial de R$ 30 milhões de
capital próprio e parte financiado, o grupo
pretende implantar, ao lado das 12 mil novilhas da raça holandesa importadas, uma área
de produção de alimentos e uma unidade de
processamento de leite dimensionada para a
produção de 90 milhões de litros de anuais.
Em sete anos, a produção deverá chegar a
800 milhões de litros por ano.
O projeto ainda está em fase de negociações, mas deverá ser implantado no início do ano que vem, na cidade de Barreiras
(BA). A cidade foi escolhida para sediar o
empreendimento leiteiro devido às suas excelentes condições locais, entre elas o clima propício, a grande produção de grãos e
o apoio do governo estadual, principalmente
no que diz respeito à infra-estrutura.
O projeto na Bahia, assim que se concretizar, será o maior pólo nacional na produção de leite e terá a mais moderna tecnologia disponível no mercado, além de gerar
cerca de 2,5 mil empregos diretos e 10 mil
indiretos. Atualmente, o Brasil produz 20 bilhões de litros de leite anuais, possui um
déficit de 3 bilhões, suprido pelas importações, e o custo de produção de leite é 2,8
vezes menor que nos Estados Unidos.
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
Gláucia Pastore, coordenadora da pesquisa
PESQUISA
Unicamp estuda
aromas com
microorganismos
O sabor é um dos principais fatores nos
alimentos. No entanto, antes dele vem o
aroma, uma característica que pode, ou
não, aguçar a fome. É o que a indústria
alimentícia estuda há anos: formas de explorar aromas, naturais ou artificiais. Contudo, no mercado começa a surgir uma nova
opção, que são os aromas obtidos por meio
de microorganismos.
Nesta nova via, estudos feitos por outros países, como Alemanha, França, Japão e Estados Unidos, estão à frente do
Brasil, que só começou a estudar sobre a
utilização de bactérias, fungos e leveduras para obtenção de aromas há dois anos,
através de um grupo de pós-graduados da
Faculdade de Engenharia de Alimentos, da
Universidade Estadual de Campinas, coordenado pela professora Gláucia Pastore.
Para o grupo de pesquisadores brasileiros, o que mais poderá atrair as empresas
alimentícias será o baixo custo na produção de aromas por microorganismos, em
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MOVIMENTO
Unidade industrial de Luis E. Magalhães (BA)
comparação aos aromas naturais, que têm
custos muito altos. Um exemplo citado pela
professora Gláucia é o pêssego, cujo preço
para produção de um quilo de essência está
em torno de US$ 6 mil. Por outro lado, os
aromas artificiais, que custam metade dos
naturais, têm o inconveniente da adição
de produtos químicos em sua composição,
podendo causar riscos à saúde humana.
Assim, de acordo com a pesquisadora da
Unicamp, os aromas biotecnológicos obtidos por meio de microorganismos apresentam uma dupla vantagem em relação aos
aromas naturais e artificias, porque têm
baixo custo e boa qualidade.
Dos fungos estudados pela equipe da
professora Gláucia, os Aspergilos e os
Neorósporas foram os que apresentaram
melhores resultados na pesquisa, que se
concentrou em dois grupos alimentícios:
queijos e frutas. Para a obtenção de aromas no grupo dos queijos, os fungos foram cultivados em gordura de leite por fermentação, que se transformou em gordura
de queijo, a qual foi utilizada como aroma. Já com as frutas, os pesquisadores selecionaram coleções de microorganismos
produzidos pela natureza em frutas e resíduos de alimentos. Estas coleções foram
inseridas em caldos de cultura, para que
se proliferassem e absorvessem o aroma.
Testes de aceitação de alimentos produzidos com aromas biotecnológicos já
apresentaram resultados positivos: as 25
pessoas que degustaram alimentos com
aroma biotecnológico de queijo (biscoitos
e massas), os consideraram mais agradáveis que o próprio queijo.
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CEVAL
Nova unidade
de esmagamento
de soja
A Ceval Alimentos, com o apoio do
BNDES, ampliará suas atividades através
da instalação de uma unidade industrial
de esmagamento de soja e da construção
de seis silos de armazenagem. A empresa
conseguiu do BNDES um financiamento de
R$ 34 milhões para o projeto, que custará R$68,3 milhões, e poderá gerar 70 empregos diretos.
A unidade industrial, que será instalada em Mimoso (BA), terá capacidade para
esmagar 2.500 toneladas de soja por dia,
o que ampliará o volume de esmagamento. Dos seis silos de armazenagem, um será
construído junto à fábrica e terá capacidade para 100 mil toneladas e dois nas proximidades de Mimoso – cada um com capacidade de 50 mil toneladas; um no município de roda Velha e o outro em Posto
das Antas, localizados a 100 Km da nova
unidade industrial e junto a regiões produtoras e receptoras de parte da produção
de soja plantada no oeste baiano.
Os outros três silos de armazenagem serão construídos no estado do Mato Grosso.
Dois destes, com capacidade de 60 mil toneladas, serão implantados nos municípios
de Pacoval e Primavera do Leste, regiões
produtoras de soja. O terceiro silo, que terá
capacidade para receber 50 mil toneladas,
ficará no município de Gleba Tropical. Mas
as obras de ampliação não param por aí: na
região do Distrito Federal será implantado
um sistema de recepção de soja (moega)
com capacidade para mil toneladas/dia.
A Ceval é a segunda maior empresa do
País no setor de conglomerados alimentícios, atrás apenas da Nestlé. Controlada
pela Bunge International Ltda., teve um
faturamento líquido, em 1998, de R$ 2,9
bilhões e exportações da ordem de R$ 1,7
bilhão (o que representou 59% deste faturamento). Uma quantia produzida através de
18 plantas de esmagamento de soja (15 no
Brasil e 3 na Argentina), 8 refinarias de óleo
de soja, 3 fábricas de óleos hidrogenados e
gorduras, 2 unidades processadoras de milho
e nove de carnes, o que mantém aproximadamente 14 mil empregos diretos.
No mercado mundial, o Brasil é o segundo maior produtor de soja, perdendo apenas
para o Estados Unidos. É também o segundo
maior processador e exportador de grão, farelo
e óleo bruto. O produto nacional tem como
principais importadores mundiais a União
Européia e o Japão. No mercado interno, o
Brasil apresenta-se estabilizado e com boas
perspectivas de crescimento.
CARNE
Técnicos dos
EUA inspecionam
frigoríficos
Técnicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) inspecionaram, pela segunda vez, quatro frigoríficos do Rio Grande do Sul, encerrando a
etapa de controle sanitário para que os
norte-americanos possam iniciar as negociações de exportação de carne “in natura”
brasileira para aquele país.
Apesar de haver recebido, há quase dois
anos, o certificado de território livre de
aftosa – doença produzida por vírus, atinge os bovinos e é altamente contagiosa –
, o Rio Grande do Sul não conseguiu convencer os técnicos do USDA de que as conBRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
dições sanitárias do rebanho estão de
acordo com as normas exigidas, o mesmo
ocorrendo com a qualidade do “south
brazilian beaf” (marca da carne gaúcha
de exportação). Daí o motivo da nova inspeção. “Julgávamos que nem seria necessária uma nova inspeção sanitária, mas,
de qualquer forma, a visita demonstra o
interesse continuado dos Estados Unidos
em comprar carne gaúcha”, disse Alfredo
Knorr, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Rio Grande do Sul
(Sicadergs). O mesmo não aconteceu com
a Argentina, que iniciou suas exportações
para os EUA dois meses depois de receber
o certificado da Organização Internacional de Epizootias (OIE).
Para que a carne gaúcha passe a ser
exportada para os Estados Unidos, precisa, ainda, vencer algumas etapas, que
poderão se arrastar até setembro: aprovada a etapa de inspeção, o USDA criará regras de controle, dentro dos padrões
americanos, que serão analisadas e passíveis de serem modificadas pela comunidade importadora. Passada esta fase,
o senado americano terá que aprovar o
comércio com o Rio Grande do Sul. Por
último, resta o lado brasileiro, que depende da liberação da carga no porto
de Rio Grande. “Se as autoridades brasileiras não se agilizarem, o primeiro
embarque não sai do porto este ano”,
declara Knorr.
O presidente da Sicadergs acredita que
as exportações de carnes gaúchas poderão superar as do Uruguai, já que o Brasil pretende atingir uma cota de 30 mil
toneladas com 13 milhões de cabeças,
enquanto o Uruguai, com 9 milhões de
cabeças, exporta 20 mil toneladas. Para
isso, o Rio Grande do Sul já tem uma fila
de frigoríficos candidatos a participar
deste negócio. São eles: Extremo Sul, de
Capão do Leão, General Meat food, de
Livramento, Mercosul, de Bagé, e o
Alegretense, de Alegrete.
De olho em outros mercados, a indústria de carne brasileira também quer investir na exportação para o Canadá, que
começa a mostrar-se favorável à importação de frangos brasileiros. Se completar
suas negociações com os norte-americanos e iniciar os esforços com o Canadá, a
indústria brasileira poderá abrir uma nova
porta, a japonesa, um país que tem as
mesmas exigências de vigilância sanitária que os EUA.
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
Água natural com gás é o novo produto da Malta
ÁGUA MINERAL
Malta decide
ingressar
no mercado
A Cervejaria Malta investiu US$ 25 mil
numa nova linha de produtos: a de água
natural com gás. Com o lançamento, a
empresa, criada em 1956, espera atingir
suas metas para este ano. “Estamos apostando tudo em qualidade, novos nichos e
no atendimento.”, disse o diretor comercial e de marketing da Cervejaria Malta,
Leonardo Cerqueira.
O novo segmento, que faz parte da linha Club Soda Cristalina, será comercializado em garrafas de 2 litros e de 600ml, e
tem como objetivo atingir um público que
está crescendo. Para Leonardo Cerqueira,
“há uma certa tendência do mercado em
investir em água natural.”
O novo segmento de água com gás, junto a outro lançamento, o de refrigerantes
em embalagens de 250ml, poderá fazer com
que o volume de vendas da Malta cresça
de 10% a 15% este ano, com um faturamento 10% superior ao de 1999. “Tudo vai
depender da economia do País e do sol.
Nosso lema é: o sol é o nosso maior ven11
MOVIMENTO
dedor”, disse Cerqueira.
O objetivo da cervejaria é crescer na
participação do mercado de cervejas, de
1,2% - segundo dados do Instituto AC
Nielsen - para 3% até o ano 2002. Para
que isto aconteça, a empresa deverá investir, com a ajuda do BNDES, cerca de R$
40 milhões em uma nova unidade. O local
de implantação da nova unidade ainda não
foi definido, mas, segundo o diretor comercial de marketing da Malta, poderá ficar na região Sudeste. “Não descartamos a
possibilidade da fábrica ser instalada em
São Paulo ou no Rio de Janeiro”, contou.
Antes da instalação da nova fábrica, a
Cervejaria Malta tem como prioridade atingir diretamente seu clientes, aumentando o
número de distribuidores em cerca de 50%
(hoje com 80 pontos de distribuição passará a 120) e o número de pontos de vendas.
SEARA
Disputando
o mercado
de congelados
A Seara Alimentos vai entrar, em breve,
na disputa pelo mercado de empanados de
frango. Com sua nova linha, no setor de
alimentos congelados, a empresa dará preferência ao setor de carnes, no qual os produtos têm maior valor de agregação.
Hoje, a Sadia e a Perdigão brigam pela
liderança desse mercado, concentrando
82% das vendas. E é nessa disputa que a
Seara quer entrar. Para isto, a companhia,
controlada pela “holding” do grupo Bunge,
investirá cerca de R$ 5 milhões em duas
novas fábricas que serão direcionadas ao
setor de empanados. “Uma fábrica será
construída em Dourados, no Mato Grosso
do Sul, e estará voltada ao mercado interno; a outra, cujo local de implantação ainda
não foi decidido, será direcionada ao mercado externo”, declara o vice-presidente
da empresa, Sergio Waldrich.
Disposta a entrar com toda força no
mercado de empanados, a Seara, segundo
Waldrich, pretende pegar uma boa fatia do
mercado interno e para isto está negociando parcerias na Europa e Japão. Os em12
A Seara pretende exportar os empanados de frando a partir do final do ano
panados da Seara deverão chegar aos mercados nacionais nos próximos meses, e para
completar, provavelmente no final do ano
a companhia pretende vender seu novo
produto aos clientes internacionais.
No campo de carnes congeladas, a participação por produto dos empanados, tem
uma porcentagem de 4,4% em volumes
vendidos, ficando atrás dos hambúrgueres, que na mesma participação têm 50,2%
em volumes vendidos, o qual é o principal responsável por metade das vendas
deste ramo no Brasil. No entanto, há uma
fatia deste mercado que cresce: a de
nuggets, que em 1998 era de 28,1% e
passou para 30,5% no ano passado.
Antes da disputa pelo mercado de empanados, a Seara, segundo analistas de investimentos, ficou atrás das concorrentes
na estratégia de agregação de valor. De acordo com dados da Nielsen, publicados em
um relatório da Perdigão, a Seara tinha 9,3%
do mercado de congelados em 1994. No
mesmo ano, a Perdigão detinha sua fatia
em 8,8% e passou para 30,4% em 1999,
enquanto a Seara caiu para 7,2%. Os mesmos analistas citaram a ausência dos empanados no portfólio de produtos da companhia como uma deficiência. Entretanto,
o vice-presidente da Seara contesta esta
análise dos especialistas, apesar de admitir
que o processo de venda da empresa consumiu dedicação dos administradores, o que
impediu que fossem realizados planos para
um futuro que estava indefinido.
De um futuro incerto para uma situação melhor definida, a Seara tornou-se independente da Ceval, esmagadora de soja
da Bunge, o que provavelmente levou o
grupo a voltar a investir no seu negócio
de aves e suínos.
A Seara pretende aplicar R$ 100 milhões
nos próximos três anos, brigar no mercado
de congelados e aumentar 10% de suas
vendas em volume no ano 2000, mas continuará com seu foco no setor de carnes.
“Enquanto a Sadia e a Perdigão falam em
pizza e vegetais, nós vamos ficar com o
nosso core business, que é mesmo a carne”, afirma Waldrich.
ADAMS
Compra de
marcas da
Kraft Lacta
Os chicletes Ping-Pong e Ploc, as balas
Soft e o lanchinho Mirabel agora pertencem
a uma nova empresa, a Adams, da divisão
da norte-americana Warner-Lambert, que por
um valor estimado em R$ 90 milhões comprou, em novembro do ano passado, todo o
setor de confeitos da Kraft Lacta Suchard
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
Adams pagou R$ 90 milhões pelo setor de confeitos da Kraft Lacta
Brasil, dona das marcas.
A Adams passou a ser proprietária das
fábricas da Lacta Suchard de Bauru (SP) –
onde produz goma de mascar – e do bairro
do Limão, na capital paulista (onde são
fabricados os lanches Mirabel), as quais
foram integradas às fábricas da Adams de
Guarulhos e São Paulo.
Com a compra das fábricas, a companhia
quer aumentar sua fatia no mercado de 8%
para 12%. “São marcas de chicletes populares que vamos manter no mercado e vão
se somar aos nossos produtos”, declarou
Celso Ribeiro, diretor financeiro da WarnerLambert para a região do Mercosul, onde a
fábrica atua também na Argentina, produzindo, por exemplo, o Halls Vita C.
Ribeiro disse, ainda, que a empresa pretende investir cerca de US$ 140 milhões
em suas cinco unidades da região do Mercosul (as quatro brasileiras e a argentina)
até 2004. A Adams estava importando parte
dos produtos que vende, o que a levou a
um custo muito alto. Agora, com as novas
aquisições e com bons investimentos, a
situação pode mudar. “O objetivo de nacionalizar produtos e ampliar nossa força na
região foi atingido com essa aquisição”,
disse o empresário.
A situação pode ter reflexos também
sobre as exportações da Adams nacional,
as quais até o ano passado giravam em
torno de 15% e neste ano podem chegar a
30%. Isto poderá acontecer através do
abastecimento dos países do Mercosul, que
terão suas listas de produtos ampliada.
No mercado de confeitos, quem domina
é a Nestlé. Porém, segundo Ribeiro, este é
um mercado muito pulverizado, onde exisBRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
tem também pequenos e médios fabricantes, inclusive aqueles que têm mercados
regionais, como a própria Adams no Nordeste, com a linha Bubblicious.
Para este ano, a expectativa de crescimento da empresa é maior que a do ano
passado, quando houve uma queda no faturamento, em dólar, de cerca de 8%. A
Adams espera ampliar seu faturamento,
também em dólar, com a ajuda da nacionalização dos produtos e da total integração das sua novas fábricas, além de pretender dobrar suas exportações e ampliar
o faturamento com o público infantil.
IRB
Nova linha
de bebidas
energéticas
A fabricante da tradicional aguardente
Velho Barreiro investiu no ano passado
R$ 11,5 milhões na produção de uma nova
linha de bebidas energéticas. O Atomic
Energy Drink (nome adotado para a bebida), que será fabricado na cidade de Rio
Claro (SP), num novo parque industrial das
Indústrias Reunidas de Bebidas Tatuzinho
– 3 Fazendas (IRB), o qual custou R$ 4,5
milhões e possui uma área de 4,5 mil
metros quadrados. Para a elaboração da
fórmula, a IRB gastou R$ 2 milhões numa
parceria com uma empresa norte-americana, cujo nome não foi revelado.
O energético, que tem em sua composição compostos de vitamina B, extrato natural de guaraná, ginseng, taurina e corante
natural de caramelo, foi fabricado para atingir jovens da classe A. Para que isto aconteça, a Tatuzinho reservou R$ 5 milhões para
serem utilizados em marketing, promoções e
degustações em supermercados e shoppings,
e também para a elaboração da embalagem
do produto, que será distribuído numa
garrafinha PET que lembra um desodorante
spray e tem um tratamento térmico que não
deixa que o calor da mão se transfira para a
bebida, como ocorre com as latas.
A distribuição do Atomic Energy Drink
tem como canais de vendas redes de supermercados, bares, restaurantes, academias de ginástica, cantinas de universidades, hotéis, motéis e já é exportado para a
França. Com este campo de vendas, o energético poderá responder por 15% dos negócios da IRB, a partir deste ano.
Além de inovar saindo um pouco do
campo de bebidas alcóolicas e entrar no
segmento de bebidas energéticas, a IRB
quer ser a primeira empresa brasileira a
fabricar um energético na versão light, pretendendo lançar a nova versão até o fim
de março deste ano.
QUEIJO EM PÓ
Lactosan abre
filial e expande
negócios
A fabricante de queijo em pó Lactosan
quer ampliar a venda de seus produtos no
mercado brasileiro com a abertura de uma
filial no País, a Lactosan Brasil. Presente
no Mercosul há 9 anos com a Lactosan Uruguai, a empresa vende atualmente cerca
de 40 toneladas/mês, tendo como principais mercados a Argentina e o Brasil. Com
a filial brasileira, pretende aumentar suas
vendas no País de 15 toneladas/mês para
50 toneladas/mês, sendo a regiõão do Sul
do País, São Paulo e Minas Gerais os seus
principais campos de vendas.
De origem dinamarquesa, a Lactosan é o
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MOVIMENTO
único produtor de queijo em pó puro, o qual
é produzido com alta tecnologia de pasteurização e desidratação pelo processo spray.
Sem a adição de saborizantes artificiais, o
queijo em pó mantém as mesmas propriedades nutritivas do queijo ”in natura”.
Presente no mercado mundial há 40 anos,
a empresa consegue manter a qualidade dos
seus produtos através de um laboratório
próprio que faz análises físico-químicas e
bacteriológicas em toda linha de produtos.
A Lactosan possui outras linhas à base de
queijo, o que eqüivale a cerca de 20 a 30%
da produção da empresa.
Todos os tipos de queijo em pó produzidos pela Lactosan, entre eles o cheddar, o
parmesão, o provolone, o gorgonzola e o
ementhal, têm validade de um ano, podendo
ser mantidos fora de refrigeração. Na indústria alimentícia, o produto tem diversas aplicações, como por exemplo em biscoitos,
snacks, molhos, sopas, congelados, cremes,
misturas para pães, recheios, entre outros.
AROMATIZANTES
Duas Rodas
investe em
meio ambiente
Preocupada com a questão do meio
ambiente a Duas Rodas Industrial, fabricante de aromas para alimentos e produtos para sorvetes, investe em moderna tecnologia para o tratamento de efluentes e
controle biológico de pragas.
Localizada na área urbana de Jaraguá do
Sul, norte de Santa Catarina, a 44 Km de
Joinville e 185 Km de Florianópolis, a empresa também desenvolve atividades para a
preservação da mata nativa e processos de
reciclagem de resíduos sólidos e líquidos.
O tratamento de efluentes
No processo inicial do pré-tratamento
de efluentes, as partículas sólidas são removidas com o auxílio de peneiras. Em seguida, durante a equalização, os resíduos
são homogeneizados. Já na flotação os
sólidos suspensos são eliminados do
efluente. Após este processo, o efluente
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Queijo em pó é usado na produção de biscoitos, snacks, molhos e sopas, entre outros
entra no acidificador para a acidificação
natural, ocorrida através de bactérias
acidogênicas. Estas bactérias degradam as
moléculas de açúcares, gorduras e proteínas para gerar compostos orgânicos mais
simples que servirão de alimento para as
bactérias metanogênicas.
As bactérias metanogênicas são utilizadas em condições controladas de reatores anaeróbicos para decompor os compostos orgânicos e transformá-los em gás
metano, que é usado como fonte de energia. “Em todas as etapas as condições de
PH e de temperatura são controladas”, assinala Krepsky. Como o gás metanos é queimado, a água que havia sido captada do
rio pode ser devolvida em condições aceitáveis pela legislação ambiental.
DOCES
Santa Helena
quer ampliar
faturamento
A empresa produtora da Paçoquita e
também a maior consumidora de amendoim do Brasil, a Santa Helena Indústria de
Doces, prepara-se para aumentar seu fatu-
ramento em 40% neste ano, para US$ 25,2
milhões. E para que isso aconteça, pretende aumentar suas exportações para o Japão e passar a vender em países como Portugal, Espanha, Chile e Argentina, além de
lançar uma nova linha de produtos em fevereiro que não levam amendoim.
Criada em 1942 por José Marques Telles,
a empresa traz em sua história um início
de produção de doces em um tacho de cobre que deu tão certo que hoje tem um
crescimento médio de 20% ao ano. A Santa Helena concluirá este ano um investimento de R$ 4 milhões na modernização
do seu parque fabril em Ribeirão Preto e
na ampliação da unidade de beneficiamento, localizada na cidade vizinha de
Dumont, a qual já tem quatro novos secadores, que garantem luminosidade e qualidade, e ainda será equipada com um novo
torrador a gás e um despeliculador.
Com a nova unidade, a empresa prepara-se para entrar num novo patamar este
ano e passar de 9,5 mil toneladas, em 1999,
para 11,4 mil toneladas, em 2000. Segundo o proprietário da Santa Helena, Renato
Fechino, metade do crescimento previsto
para este ano se dará pelos produtos já
existentes, entre eles a Paçoquita e o amendoim japonês. A outra metade será representada pela nova linha de produtos, a qual
ainda é mantida em segredo pela empresa.
Outro patamar que Fechino pretende
superar é o das exportações. “A Santa Helena começou a exportar paçoquinhas para
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
MOVIMENTO
Certificado poderá representar crescimento nas exportações do palmito
o Japão há cinco anos , graças aos
‘dekasseguis’, que já conheciam nosso produto no Brasil” diz o empresário, que pretende que as exportações da Santa Helena passem de 1% para 5% da receita da
empresa este ano e que, em três anos,
este volume passe a representar 20% do
faturamento.
A Santa Helena, para atingir suas metas, deixará de exportar seus produtos via
aérea e passará a fazer fretes marítimos.
“O frete aéreo, de US$ 5 por quilo, custa
mais que o produto e restringe as vendas.
Com o frete marítimo, pagaremos US$ 0,50
por quilo, ou seja, dez vezes mais barato
do que o aéreo”, observa Fechino.
Ele disse que a empresa desenvolveu
uma nova embalagem para seus produtos
que farão viagens marítimas. Este tipo de
embalagem já foi testado com sucesso e
possibilitará que o consumidor final no
Japão compre a Paçoquita por US$0,25,
72% abaixo dos US$0,90 pagos até agora,
o que certamente aumentará as vendas.
Para suprir suas necessidades de crescimento, a Santa Helena deverá continuar a
importar amendoim da Argentina, porque,
segundo Lincoln Jose Gabriello, gerente de
suprimentos da empresa, “houve uma queda
na produção nacional e a empresa vem sendo obrigada a importar sistematicamente a
leguminosa do país vizinho”. Em 1994, a Santa Helena importou 2 mil toneladas; em 1996,
1 mil toneladas; e no ano passado, 900 toneladas de amendoim da Argentina.
BRASIL ALIMENTOS — Nº 1 — Março de 2000
PALMITO
Certificação
de integridade
ecológica
O palmito brasileiro ganhou o primeiro certificado de integridade ecológica e
biológica da União Européia (UE), o selo
AB (Agriculture Biologique). O ganhador
do certificado foi o palmito do Amapá
da marca King of Palms, uma das mais
antigas empresas do País. A companhia
retira o palmito a partir de palmeiras de
açaí da região amazônica, cujos caules
brotam em touceira, o que significa que
a raiz não morre e que nascem novos
brotos de palmito, garantindo assim a
preservação da floresta e a contínua produção do palmito.
Para conseguir o certificado, a empresa
passou por várias análises exigidas pelos
técnicos alemães do laboratório Ecocert,
dos quais um deles é credenciado pela UE
para conceder o certificado. Os técnicos
ficaram uma semana visitando duas fábricas da King of Palms, em Santana do Amapá
e no arquipélago de Marajó, além de sobrevoarem as plantações e de exigirem do
governo do Amapá uma declaração formal
de que a área das plantações não havia
sido pulverizada com agrotóxicos. E para
se certificarem da veracidade das informações oficiais dadas pelo estado do Amapá,
receberam também um certificado do laboratório Lara, de Toulouse, na França, o
qual apontava a ausência total de qualquer agrotóxico nos produtos analisados.
Emitido com data de outubro de 1999 e
com validade de um ano, o certificado poderá representar para a empresa um considerável crescimento nas exportações do
produto, que quase pararam depois da
sobrevalorização da moeda nacional e do
encarecimento das linhas de crédito, o que
obrigou a empresa a voltar-se para o mercado interno: “Só nos agüentamos porque
nossos clientes do Japão e Espanha nos
adiantaram os recursos para que continuássemos a produzir” desabafa Cláudio Guimarães, diretor da empresa.
Formado em Economia pela Universidade de Paris, com experiência de 14 anos de
trabalho na multinacional francesa Saint
Gobain e há 20 anos dono da empresa King
of Palms, Cláudio Guimarães começou a
fabricação de palmito por estímulo de um
importador francês amigo. Hoje os principais clientes de sua empresa são as duas
maiores redes de supermercados argentinos, além de clientes no Japão e Espanha.
Agora, com o selo AB a marca brasileira
pôde mudar o rótulo do seu produto: criou
um novo design, o qual utiliza-se do desenho das palmeiras do açaí. A King of Palms
espera, assim, conseguir aumentar o mercado consumidor de palmito no exterior.
MACRI
Concentração
de negócios
no Brasil
Multinacionais instaladas na Argentina,
desmotivadas pela perda de competitividade local ou pela retração econômica,
estão fechando suas fábricas no país vizinho e, vendo no mercado brasileiro a solução para seus problemas, passaram a implantar suas empresas aqui.
Um dos maiores conglomerados indus15
MOVIMENTO
triais e de serviços da Argentina, a Sociedade Macri (Socma), passa por esta situação e tem como estratégia concentrar toda
sua produção de alimentos no Brasil. A
Macri já é dona de cinco unidades de alimentos no País, entre eles as que fabricam
biscoitos e massas secas – Isabela, Zabet,
Basilar e Adria, e o frigorífico Chapecó, do
qual a Socma adquiriu recentemente 60%
do controle acionário e que é o terceiro
maior do setor no Brasil, atrás da Sadia e
da Perdigão. Somando estas companhias,
a Socma pretende faturar, em cinco anos,
US$ 400 milhões anualmente. Além disso,
a Macri também está presente no ramo de
serviços de coleta de lixo, resíduos domiciliares e industriais, concessão de rodovias e processamento de cartões de crédito.
PRODUTOS LÁCTEOS
Danone quer
reconquistar
liderança
A líder mundial de lácteos frescos e biscoitos, Danone, quer recuperar sua posição
à frente de sua maior concorrente, a Nestlé.
No ano passado, a Nestlé ficou com uma
porcentagem de 21% de vendas de lácteos
frescos, frente aos 19,9% da Danone, segundo dados do Instituto AC Nielsen.
Para voltar à liderança, a Danone contratou um novo diretor geral para a divisão de produtos lácteos, Gioji Okuhara, 45
anos, divisão esta que é responsável por
dois terços do faturamento do grupo no
Brasil. Okuhara tem uma meta a cumprir:
chegar a um crescimento de 4% nos resultados da divisão de produtos frescos.
Mas a Nestlé não quer ficar para trás e
acredita que, com a inclusão do leite fermentado Chamito na relação de lácteos, chegará à frente. Ao somar este produto à lista
de produtos lácteos a empresa suíça fica com
24% do mercado frente aos 20% da Danone,
que não tem uma linha de produtos similar.
Com relação a outros produtos, a companhia
acredita que, além do iogurte Chamito, pode
brigar no mercado com os iogurtes e com a
farinha de cereal da marca Neston, líder de
mercado. A Nestlé teve um faturamento, no
16
Objetivo da Danone é crescer 4% nos resultados da divisão de produtos frescos
ano passado, de R$ 953 milhões. Apesar deste
valor alto, o seu volume de vendas caiu, passando de 291 mil toneladas, em 1998, para
280 mil toneladas, em 1999.
A Danone investiu R$ 8 milhões, entre
área industrial e marketing, numa nova linha de iogurtes, La Selección, que tem o
objetivo de garantir resultados positivos
para a empresa, como o aumento do consumo anual per capita de iogurtes, de três
quilos para algo próximo aos sete quilos
argentinos, onde o produto já foi lançado.
O novo iogurte tem pedaços grandes de
frutas, uma consistência mais cremosa e
deve atingir o público adulto.
A divisão de Okuhara não vai investir
somente na nova linha de iogurtes: ela pretende reforçar a venda de produtos infantis, a qual lidera com a linha do petit suisse
Danoninho, e na linha de produtos para
adultos de maior poder aquisitivo que não
conhecem os valores nutritivos do produto. Nesse setor, além do La Selección existe o Dan’Fresh, suco de laranja agregado
com cálcio, pêssego ou damasco, o qual
foi lançado como uma ofensiva ao Bliss
Fresh, da Nestlé, um suco com características parecidas aos da Danone.
No final do ano passado, a Danone vendeu, para a norte-americana Smucker, sua
unidade de processamento de frutas localizada em São José do Rio Pardo (SP), mas
para a empresa esta venda não fará grande
diferença nas porcentagens de comercialização nos mercado de lácteos frescos e biscoitos, pois a Smucker deve continuar a
fornecer frutas à Danone.
GOLDEN FRUIT
Plano para
ampliar
capacidade
A Golden Fruit entrou com um projeto, orçado em R$ 9 milhões, no BNDES para dobrar
sua capacidade de produção instalada na fábrica de polpas de frutas. Ermando Caliman, o
rei do papaia e proprietário da empresa, quer
passar a produzir 4.572 toneladas de polpas
de frutas este ano e em 2001 chegar a 7.680
toneladas. Em 1999, a companhia produziu
3.810 toneladas de polpas de frutas.
Implantada há três anos em Martins (ES),
a Golden Fruit, além de aproveitar todo o
mamão que sobra das exportações, também
transforma em polpas outras frutas como
maracujá, manga, goiaba, acerola e morango. A empresa esgotou no mercado nacional sua capacidade com vendas internas para
indústrias de sorvetes, sucos e iogurtes.
“Não estamos investindo apenas para exportar, mas para evitar que o país importe”,
disse Caliman, ao afirmar que há a necessidade de desenvolver uma agroindústria que
dê sustentabilidade à agricultura.
A Caliman Agrícola, do mesmo proprietário, começou a ser reconhecida internacionalmente em 1998, quando foi autorizada
a exportar papaia para os Estados Unidos.
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