Prefácio

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Prefácio
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ADVFN BRASIL
COLETÂNEA
COMPLETA DE
SETUPS
VOLUME 1
As médias móveis mágicas
ADVFN
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EQUIPE TRADER
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Prefácio
Para todo aquele que deseja operar no mercado através da Análise Técnica o
uso de um sistema, estratégia, método, é indispensável. Hoje no mercado
encontramos inúmeras estratégias desenvolvidas por pessoas que adaptam
seus métodos às suas necessidades de lucro, portanto surgem a cada dia
novas maneiras de entender os gráficos, indicadores e sinais que o mercado
emite. Todas estas formas existentes devem ser testadas e estudadas por
todos os novos investidores que desejam utilizá-las, pois o desenvolvedor
originalmente necessitava de um sistema que lhe fornecesse pontos de
compra e venda em locais estratégicos de acordo com a sua própria
necessidade e preferência.
Eis aqui a primeira dificuldade encontrada pelos autodidatas que procuram
um método consistente já desenvolvido por alguém, pois a necessidade de
conhecer o perfil do criador do método estudado, a maneira que ele encara o
mercado e seus riscos, é essencial. Essas informações na maioria das vezes é
passada pelo autor, mas não entendida pelos leitores. Sendo assim, além de
um método extremamente eficiente, abordaremos assuntos certamente
apropriados, adquiridos ao longo de alguns anos por mim como trader, essas
informações, se entendidas, facilitarão ao máximo para que o sucesso de suas
operações ocorra de forma natural.
Professor Osney José Cola
Equipe Trader
Sumário
CAPÍTULO 1
Definindo o termo Análise Técnica
Para que serve a Análise Técnica?
No longo prazo não há erros?
O bom perdedor
1
2
4
7
CAPÍTULO 2
Conceitos de tendência
Tendências de alta e de baixa
11
18
CAPÍTULO 3
Introdução às Médias Móveis Mágicas
Candlesticks em sincronia com as Médias Móveis Mágicas
Momento de compra
Objetivo
Prejuízo máximo (Stop)
Risco x Ganho mínimo
Manejo de Risco
22
26
29
30
32
33
34
CAPÍTULO 4
Conclusão
36
CAPÍTULO 1
Definindo o termo Análise Técnica
“As crianças aprendem inglês fácil porque não sabem que é difícil.”
Alex Periscinoto
Fiz uma pesquisa no principal mecanismo de busca existente e encontrei a
seguinte definição para Análise Técnica:
Análise Técnica também conhecida como Análise Gráfica, é uma ferramenta utilizada
por investidores profissionais (conhecidos como traders) ou amadores para o estudo
de ações individuais e do mercado de renda variável (também conhecido como
mercado de risco), com base na Oferta e Procura de ativos (ações).
Baseia-se na idéia de que os preços dos ativos se movem de acordo com padrões
repetitivos e identificáveis.
A análise técnica (AT) registra em gráficos as atividades de preços e volumes e
deduzem de sua história gráfica as prováveis tendências dos preços de ativos. Por
meio de ferramentas estatísticas denominadas indicadores técnicos é possível
identificar pontos de possíveis reversões nessas tendências estabelecidas,
facultando os investidores a antecipar-se aos movimentos de mercado.
Fonte: Wikipedia
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Li, reli e a conclusão que cheguei é que essas palavras resumem exatamente o
que é Análise Técnica na teoria, pois, na prática notamos que a Análise
Técnica é uma ferramenta que mostra sim tendência e possíveis pontos de
reversão, mas como disse “possíveis”, qualquer padrão por mais confiável
que seja pode falhar, portanto a Análise Técnica não é uma bola de cristal
como muitos pensam.
O perigo mora exatamente aí! Confiar cegamente em um método não é
recomendado, pois a única certeza que temos é que no futuro todos
morreremos, surge então a pergunta, se a Análise Técnica não adivinha o
futuro, para que serve então?
Para que serve a Análise Técnica?
O Mercado segue padrões 50% do tempo, por isso é impossível sempre
prever os movimentos, isso acaba sendo um problema. A Análise Técnica é
utilizada por nós para trabalharmos a favor da probabilidade e
principalmente diminuir riscos.
Siga o seguinte raciocínio: Se o mercado segue padrões 50% do tempo, por
melhor que seja meu método, seu nível de acerto irá variar perto de 50%.
Como posso ganhar então se metade do tempo passarei ganhando e metade
do tempo passarei perdendo?
Notamos que na maioria dos casos quando o trader percebe que seu método
é falho e que ele passa metade do tempo ganhando e metade do tempo
perdendo, o que costuma fazer é desenvolver mais do que uma forma de
operar, pois tendo mais métodos, consequentemente aumentará a quantidade
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de acertos, pois quando o método X falhar o método Y funcionará, ou
quando o método X e Y falharem, o método Z pode funcionar.
Isso é uma decisão amadora, já que antes de entrar em uma operação
precisaremos definir qual método iremos utilizar, lhe pergunto então:
Como saberei antes de entrar em uma operação qual método X, Y ou Z
funcionará, compro agora pelo método Z ou espero o método X indicar
compra?
Só depois da movimentação conseguiremos observar qual foi o método que
realmente me deu resultado, se por ventura eu utilizei o método que dessa
vez funcionou, terei lucro, mas corri o risco de utilizar o método que então
falharia e na próxima operação corro o risco de escolher o método que não
funcionará, neste caso estamos dependentes da sorte. Então isso não resolve
este problema. Os testes com movimentações passadas serão satisfatórios,
pois poderá observar após a movimentação qual foi o método que naquele
momento obteve resultado.
Após muitos prejuízos e dores de cabeça, cheguei a conclusão de que: O que
faz o trader ser vencedor no longo prazo não é o método e sim a forma que
ele encara o mercado, por mais que me esforce a matemática é exata 1 + 1 =
2 e só depende de mim mesmo para deixar o mercado e a matemática a meu
favor. Observe este cálculo:
Em uma operação vitoriosa meu lucro bruto é de R$ 500,00, se abatermos as
taxas que pagamos para operar, este valor pode ser reduzido a zero, pois
pagamos corretagem, emolumentos, etc. Supomos então que pagamos R$
50,00 de taxas, me sobrou então R$ 450,00.
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Em uma operação perdedora onde meu prejuízo bruto é de R$ 500,00, o
prejuízo total será de R$ 550,00, pois as taxas pagaremos da mesma forma e
este valor não será subtraído do prejuízo como foi na operação com lucro,
ele será adicionado. Após acertar uma operação e errar outra na mesma
proporção, tenho R$ 100,00 de prejuízo e este cenário de acertos e erros é
completamente possível, pois já sabemos que o mercado passa metade do
tempo obedecendo a padrões, por consequência apenas metade do tempo
obedecendo seu método, por mais avançado que ele seja.
Se permanecer assim, em pouco tempo seu prejuízo será grande, como em
um jogo de azar onde os participantes perdem todo seu patrimônio, pois a
banca - o dono da jogatina - a cada rodada leva uma % dos valores em jogo.
No longo prazo não há erros?
Surge na cabeça da maioria dos traders outra idéia para resolver o problema,
acompanhe: “Então não posso ter prejuízos, nesses casos onde após a minha
compra o preço da ação venha cair, continuo na operação até que haja
valorização e o preço volte perto do preço que paguei, pois no longo prazo
não há erros, as empresas terão lucros e esses lucros irão refletir na
valorização de suas ações e eu conseguirei vender sem prejuízos”.
No longo prazo há erros sim, temos diversos exemplos para visualizarmos
que no longo prazo diversas ações que se desvalorizaram até hoje não
voltaram ao preço de períodos anteriores, vejamos:
No caso de Ecodiesel (ECOD3), a ação assumiu uma tendência de baixa e
em 4 anos acumula perda de 99,55% até junho de 2011.
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Net (NETC4), empresa ligada ao setor de telecomunicações, oferece
serviços de telefonia, TV e internet, em quase 10 anos acumula quedas que
passam de 80%.
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Petrobras (PETR4) uma das maiores empresas do mundo, após alcançar sua
máxima histórica em 2008, sofre com quedas e a desvalorização passa de
50%.
Esses são alguns dos exemplos que podemos utilizar para provar que pode
haver erro no longo prazo, acreditamos que os preços superarão as máximas
deixadas, que a curva será ascendente, pois o mundo trabalha para que isso
aconteça, o mercado de capitais é o berço do capitalismo, nas Bolsas de
Valores do mundo todo podemos tornarmos sócios das melhores e maiores
empresas de cada setor, mas isso não é sinônimo de lucro e em situações
como essas os traders podem ser pegos de surpresa e amargarem prejuízos
durante anos.
Portanto essa estratégia de comprar e ficar com a ação até que ela me dê
lucro através da valorização do papel também não é agradável ao meu perfil,
pois também dependeremos da sorte.
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O bom perdedor
Já tocamos em dois pontos importantíssimos que na maioria das vezes é a
causa dos prejuízos acumulados daqueles que estão chegando ao mercado,
esses pontos são: Comprar e segurar caso haja desvalorização e operar sem
método pré-definido. Portanto revise e reflita sobre o que falamos até agora,
destaque os raciocínios para que os mesmos lhe tragam lógica em suas idéias
nas adequações de suas estratégias.
Mas e agora? Se não posso comprar e segurar, por que no longo prazo pode
haver erros, se meu método acertará 50% das vezes e dessa forma os custos
me deixam no prejuízo, como faço?
Convencido disso e após procurar inúmeras formas de ganhar dinheiro
através de indicadores como IFR, MACD, FIBONACCI, ADX, entre
outros, percebi que o motivo que fazia minha conta ficar vermelha no final
do mês era não saber perder, obtém lucro no mercado aquele que é um bom
perdedor.
Fazia boas operações, chegava a acumular em 2 semanas de trabalho 10%
sobre todo o meu capital, mas em alguns minutos de bobeira e muita
alavancagem jogava fora todo o lucro obtido em apenas uma operação, ora,
saber ganhar todos nós sabemos, mas admitir erros e prejuízos é algo difícil,
na verdade os títulos de livros, DVDs e materiais que ensinam Análise
Técnica deveriam ser: Aprenda a perder utilizando Análise Técnica,
infelizmente esse título não é tão comercial e espantaria os consumidores,
mas a grande verdade é essa, aprenda a perder e o lucro será conseqüência
disso.
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Precisamos aprender perder e colocar a matemática a nosso favor. Um jeito
de entender facilmente como virar a mesa e colocar a matemática a seu favor
é esse:
Você aceitaria jogar 3000 vezes par ou ímpar comigo, mas a cada rodada que
eu levasse a melhor ganharia como prêmio R$ 3,00, e em contrapartida a
cada rodada que você levasse a melhor lhe daria apenas R$ 1,00?
Essa proposta é completamente desfavorável a você, pois em um jogo de
sorte como par ou ímpar a quantidade de erros e acertos é aproximadamente
igual, você não poderá aceitar sequer qualquer proposta que lhe de ganhos
iguais quando erra e quando acerta, muito menos ganhos inferiores aos
prejuízos, devo ressaltar novamente que a cada aposta você tem despesas.
Ninguém em plena consciência aceitaria essa proposta, mas para nossa
felicidade o Mercado aceita, em todas as nossas operações somos obrigados a
utilizar essa artimanha, para que no longo prazo possamos obter bons
resultados e a partir dessa atitude colocarmos a matemática e o Mercado a
nosso favor, sendo assim estamos autorizados a errar.
Supomos que você tenha aceitado essa péssima proposta e obteve um
excelente resultado, acertou 75% das apostas, acompanhe:
Quantidade de acertos: 2.250 Multiplicado ao valor de seu prêmio R$
2.250,00.
Quantidade de erros: 750 Multiplicado ao valor do prêmio pago por você –
R$ 2.250,00.
Apesar de ter ido muito bem, não lhe sobrou nada, na verdade você teve
prejuízos, pois há custos em cada operação.
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O erro é facilmente percebido, o prêmio pago por você é 3 vezes maior ao
prêmio recebido, por tanto você deve ser pelo menos 3 vezes melhor que seu
adversário para que haja empate no resultado final.
Achei meu erro, eureka! Claro, não posso ganhar do mercado dessa forma,
minhas condições de lucro dessa forma são péssimas, minha ferramenta a
Análise Técnica acerta 50% do tempo e quando erro perco um valor maior
do que quando ganho.
A possibilidade de fazer isso com o Mercado de forma inversa existe,
acompanhe:
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Se em minhas operações eu não utilizar nenhuma estratégia e efetuando uma
compra em um local aleatório, decidir como objetivo um valor 3 vezes maior
ao prejuízo, como exemplo na figura acima (compra R$ 20,00, objetivo/lucro
R$ 23,00 e stop/prejuízo R$ 19,00) essa estratégia não lhe trará frutos, pois o
ponto de venda com lucro está 3 vezes mais afastado que o prejuízo em
relação ao ponto de compra, então o caminho a ser percorrido pelo papel até
o prejuízo máximo é mais curto que o caminho para atingir o objetivo, então
seu nível de acerto será inferior a 50%, isso é obvio.
Por isso há necessidade de trabalharmos a favor da probabilidade, veja que se
decidir comprar de maneira aleatória o prejuízo será mais frequente que o
lucro, pois ele está mais próximo do ponto de compra, o método utilizado
simplesmente deixará o caminho a ser percorrido pelo preço até o lucro igual
ao caminho percorrido pelo preço até o prejuízo, colocando a probabilidade
de acerto igual à probabilidade erros.
CAPÍTULO 2
Conceitos de tendência
“A quantidade de dinheiro no seu bolso vai depender da qualidade de pensamentos
na sua mente.”
Lair Ribeiro
Charles Henry Dow, americano, nascido em 1851, foi o primeiro a propor
conceitos de tendência, sua teoria respeitada no mundo inteiro, é reconhecida
como o pilar da Análise Técnica. Dow contribuiu para a popularização do
estudo técnico. Juntamente com Eduard Jones fundaram o Jornal The Wall
Street Journal que se tornou uma das mais respeitáveis publicações sobre
economia no mundo, também desenvolveu o famoso índice Dow Jones
Average como parte de suas pesquisas sobre o movimento do mercado. Ele
desenvolveu uma série de princípios para entender e analisar o
comportamento dos mercados na qual posteriormente se tornou conhecida
como a Teoria de Dow, que é o pilar da Análise Técnica.
Dow dizia que: A Análise Técnica é o estudo da dinâmica do mercado
através dos sinais que o próprio Mercado emite.
Não estaremos aqui estudando informações, notícias muito menos índices
econômicos, mas sinais que o próprio Mercado emite, mas quem é o
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Mercado? O Mercado somos nós, todo dinheiro envolvido em qualquer
negociação, influencia na formação dos preços. O Mercado obedece a uma
Lei muito conhecida: Oferta e Demanda ou Oferta e Procura, princípio
básico na formação dos preços do comércio, das indústrias e de qualquer
mercado, a regra é simples: Mercado aquecido, demanda de compra maior
que a oferta de venda o preço sobe, pois o vendedor percebe que seu
produto mesmo com preço maior terá saída, portanto, eleva os preços. À
medida que a procura diminui em função do preço praticado, há uma queda
nas vendas, a partir daí reduz o preço até que a procura volte em função do
preço.
Um belo exemplo é o comércio varejista, onde há queima de mercadorias no
início do ano, pois o movimento cai devido aos gastos dos consumidores
com impostos, materiais escolares, entre outros. Todos temos nessa época a
oportunidade de adquirir mercadorias a preços menores devido à falta de
demanda de compra.
Após a leitura deste parágrafo deve ficar claro que os preços sobem quando a
força compradora supera a força vendedora, ou então cai porque houve uma
demanda de venda maior que a oferta de compra, fazendo a força vendedora
superar a força compradora. O que as mídias fazem é dar destaque a uma
notícia que ao ponto de vista deles é o principal motivo da movimentação,
pois ficaria muito maçante toda noite no horário nobre da televisão brasileira
um jornalista anunciar dessa forma: Hoje a Bolsa de Valores de São Paulo
subiu porque tivemos força compradora maior que a força vendedora. E o
mesmo anuncio se repetir por vários dias, uma notícia anunciada dessa forma
seria prejudicial à emissora.
Mesmo assim a mídia já entendeu que a Lei da Oferta e Demanda existe,
você já deve ter ouvido uma notícia assim: Hoje os investidores americanos
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acordaram mal humorados devido a um relatório emitido pela Agência
Standard & Poor´s e venderam seus papéis de empresas do setor de
telecomunicações, fazendo com que a Bolsa de Nova York fechasse no
vermelho.
Muito bem, reparou que nas notícias associaram venda com mau humor e
quedas, e a compra no caso de um dia de alta com o bom humor e compra
de papéis pelos investidores? Portanto agora você já sabe e nunca mais se
indagará pelos motivos que ocasionam pregões de alta ou de baixa, ou então
porque uma ação caiu ou subiu, até porque a Análise Técnica é o estudo de
como os preços se movimentam não se preocupando do porque estes se
movimentam.
Outro conceito de Dow é que todos os fatores que podem influenciar no
preço de um determinado produto são descontados pelo mercado.
Lembro-me em novembro de 2008, que a crise do subprime era a principal
notícia em todas as fontes, ações preferenciais da Petrobras cotadas 70%
abaixo da cotação de maio de 2008, quando o papel chegou a sua máxima
histórica até então, ações preferenciais da Vale bem próximo a essa queda
perto de 64%. O pensamento de todos era que o pior ainda estava por vir, já
que as fontes de informações focavam este assunto, todos se desfazendo de
suas posições, papéis adquiridos a preços superiores sendo vendidos, grandes
prejuízos sendo realizados.
Em 2009 a grande surpresa, o mercado se recupera de forma inacreditável,
para aqueles que zeraram suas posições no auge da crise o pensamento era:
Os papéis estavam muito baratos, não deveria ter vendido, deveria ter
comprado mais. Mas as informações que tínhamos e o medo da situação
piorar não nos deixavam abrir qualquer posição de compra. Os fatores
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fundamentais do Mercado continuavam os mesmos, porém os preços
subiram, papéis do setor de bancos superaram as máximas deixadas em 2008.
No entanto todos os fatores que podem influenciar nos preços são
descontados pelo mercado, não há qualquer tipo de informação pública que
ainda não tenha mexido com os preços, se a informação existe, essa já está
descontada pelo mercado. A ação do mercado reflete todos os fatores
envolvidos neste.
Com a publicação da Lei nº 10.303/01, o uso da informação privilegiada no
Brasil é crime. Mas de qualquer forma mesmo que alguém tenha
conhecimento de todos os fatores fundamentais que afetam o preço, até
mesmo antes dessa informação se tornar pública, ele ainda assim não terá
todos os dados necessários para compreender a formação dos preços, porque
não são estes dados que os afetam, e sim a maneira pela qual os participantes
do mercado a ele reagem.
Compras ou vendas em vésperas de publicação de balanço, mesmo se por
ventura você tem uma informação privilegiada, além de estar cometendo um
crime, você não terá a certeza da movimentação dos preços, pois o que
mexerá com a cotação será a maneira que o mercado irá encarar essa notícia,
imagine: Um lucro semestral recorde de 10 bilhões para uma empresa, aos
olhos de alguns investidores é muito dinheiro, aos olhos de outro grupo,
pode não ser tanto assim, o mercado trabalha com expectativas futuras,
talvez um grupo de investidores esperasse um lucro de 11 bilhões, o valor
alcançado foi bom, inclusive recorde, mas o valor esperado era maior. Isso
pode provocar quedas, este grupo pode vender suas ações e a pressão
vendedora superar a compradora.
Em um cenário como esse o primeiro pensamento é: Como a ação da
empresa caiu sendo que ela alcançou um lucro recorde semestral? Fóruns,
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blogs, etc, chovem de comentários a respeito. Lembraríamos imediatamente
dos primeiros conceitos estudados da Teoria de Dow, caiu porque a força
vendedora superou a força compradora, o motivo pelo qual isso ocorreu não
nos importa, pois somos analistas técnicos, nos preocupamos como os
preços se movimentam e não o porquê os preços se movimentam.
Dow relatou que: A qualquer momento o preço de mercado é o valor
correto, pois, se não, haveria variação imediata daquele, pela entrada de
novos participantes.
O trader é um negociador, faz parte da vida do negociador pechinchar, uma
boa negociação é sinônimo de obter vantagens, mas só há pechincha em
mercados de menor liquidez ou rico em detalhes, por exemplo: Um
proprietário de imóveis que por algum motivo precisa se desfazer de seu bem
imediatamente, tem como primeira opção para acelerar a venda reduzir o
preço , se o preço de venda for o preço de mercado, encontrar um
comprador pode levar certo tempo, além do preço existem detalhes no
mercado de imóveis.
Um mercado que podemos utilizar para ilustrar o que considero detalhes é o
mercado de automóveis, o preço na negociação sempre é a principal arma,
mas mesmo assim os detalhes impedem que o mercado ganhe liquidez, pois
estado de conservação de peças, pintura, até mesmo a cor do veículo
interferem na liquidez.
Isso não acontece no mercado de ações, pois uma ação Ordinária do Banco
do Brasil adquirida nos dias de hoje faz com que o titular tenha os mesmos
direitos do titular que tenha comprado a mesma ação há anos, uma ação não
tem cor, não tem estado de conservação, nem dá mais ou menos direito se
adquirida hoje ou em épocas passadas, isso faz com que o mercado ganhe
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enorme liquidez. O Mercado de ações também é organizado, hoje para você
negociar uma ação de uma empresa listada na Bolsa de Valores de São Paulo,
como por exemplo, Bradesco, você só poderá negociar na Bolsa de Valores
de São Paulo, existem também órgãos normativos e regulatórios para que o
funcionamento e a transparência ocorram. Já o mercado de automóveis
apesar de ter uma enorme liquidez, não é organizado, você pode negociar um
automóvel a qualquer preço e em qualquer lugar, isso abre brechas para
pechinchas.
Portanto no mercado de ações não há pechincha, o Analista Técnico não
acredita que um papel pode estar barato ou caro, pois se realmente estivesse
barato, haveria entrada de compradores e isso faria o preço subir
imediatamente, já que este mercado também é regido pela Leia da Oferta e
Demanda. O preço de mercado sempre é o preço justo, a cotação é
exatamente o ponto de equilíbrio entre as forças compradora e vendedora.
Cai por terra aquela velha história que escutamos e que até aqui
acreditávamos ser a melhor estratégia: Compro na baixa porque o está barato
e vendo na alta, quando subir. Nunca está tão barato que não possa cair mais,
após uma grande queda de um ativo, onde o preço tenha caído de R$ 40,00
para R$ 10,00 o preço ainda tem 100% para cair, pois não há limite de queda
muito menos de alta, ou seja, também nunca está tão caro que não possa
subir mais.
Dow comparava os movimentos do mercado aos movimentos do mar com
suas marés, ondas e cristas.
Quando a maré sobe cada onda que vem em direção a orla, quebra acima da
onda anterior e quando recua em direção ao mar, recua menos. Quando a
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maré abaixa, cada onda que vem a orla quebra abaixo da anterior e quando
recua em direção ao mar, recua mais.
Isso é impercebível, mas durante todo o processo da maré subindo o avanço
das ondas na orla acontece a cada onda, cada movimento de avanço é
superior ao movimento anterior, este movimento é comparado aos
movimentos do mercado.
Durante o processo da maré abaixando o avanço sobre a orla não ocorre, o
que acontece é o recuo da água, que a cada movimento o recuo é maior que
o anterior.
Chamaremos os pontos máximos alcançados pelos movimentos de alta e
baixa nos gráficos de topos e fundos, portanto com o mercado em tendência
de alta teremos topos e fundos ascendentes, e na tendência de baixa, topos e
fundos descendentes. Veja no tópico a seguir isto em detalhes.
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Tendências de alta e de baixa
Na figura abaixo temos uma tendência de alta, topos e fundos ascendentes
destacados:
Uma tendência de baixa na próxima figura, com os topos e fundos
descendentes destacados:
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A tendência é composta de movimentos, portanto dentro de uma tendência
de alta teremos movimentos de alta e de baixa, o contrário também é válido,
deve-se entender o que é movimento e o que é tendência.
Os movimentos seriam as batalhas dentro de uma guerra, ou os rounds
dentro de uma luta. Quando a luta não é finalizada por knockout os juízes
avaliam os rounds e decidem dar a vitória ao lutador que obteve melhor
aproveitamento, o vencedor não dominou toda a luta, mas durante ela
mostrou superioridade nos diversos rounds.
As retas coloridas na próxima figura são movimentos e o conjunto destes
movimentos de alta e baixa mostram uma tendência de alta:
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A tendência (alta) é o conjunto de movimentos de alta e de baixa, mesmo
ocorrendo movimentos de baixa a curva foi ascendente.
A formação desta tendência se dá através de um único motivo, os
movimentos de alta, cor verde, são maiores que os movimentos de baixa, cor
vermelha. Se os movimentos fossem do mesmo tamanho não teríamos
tendência, veja na figura abaixo:
Então podemos concluir que na tendência de alta a força compradora é
predominante, pois os preços sobem quando há demanda de compra
superior à oferta de venda, até tivemos momentos em que a força vendedora
foi superior onde aconteceram os movimentos de baixa, porém movimentos
menores, movimentos curtos, comparados aos movimentos de alta.
Fica claro que é vantajoso comprar ações de empresas que estejam em
tendência de alta, pois não precisamos ser especialistas para ganhar neste
cenário, a Bolsa Brasileira passou por um enorme ciclo de alta de 2002 á 2007
que comprova essa afirmação, nessa época, aconteceram grandes altas,
ganhar dinheiro com a Bolsa foi fácil.
Devido a esse ciclo, mesmo uma compra feita em momentos não favoráveis
como compras em formação de topo, logo o trader tinha lucro, na tendência
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de alta os topos e fundos são ascendentes, se a tendência prosseguir o
próximo topo será ascendente ao anterior, fazendo com que o lucro
aconteça, mas comprar topo não é um bom negócio, as conseqüências são as
piores possíveis, após a compra em um topo os preços caem
vertiginosamente, afetando o psicológico do trader, pensamentos de
perseguição e teorias infundadas surgem e à medida que os preços caem, a
realização do prejuízo com a venda dos papéis se torna algo comum, em
cenários como mostra a figura abaixo, nem todos ganharam, há diversos
investidores que compraram topo e venderam fundo:
O desconforto gerado pela queda justamente após a compra gera o desespero
que gera a venda, a compra foi feita em um papel que está em tendência de
alta, mas foi uma péssima compra, devido ao local, precisamos comprar
fundos ou possíveis fundos, entrarão em cena então as médias móveis.
CAPÍTULO 3
Introdução às Médias Móveis Mágicas
“Por maior que seja o talento ou o esforço, algumas coisas exigem tempo: não dá
para produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres.”
Warren Buffett
A média móvel é a mais antiga e popular ferramenta dentro da Análise
Técnica, identificando a tendência, as médias móveis permitem aos traders
utilizarem a tendência a seu favor e aumentarem o número de ganhos.
Temos contato diariamente com cálculos para obtermos médias, como por
exemplo, média escolar, média de consumo de combustível dos veículos,
entre outros. O principal objetivo da média móvel nos gráficos é fornecer o
valor médio da cotação dentro de um determinado período.
Podemos definir a quantidade de períodos que acharmos necessário, se por
ventura configurar em meu gráfico uma média móvel de 10 períodos e se
meu gráfico estiver me mostrando um gráfico diário, a média móvel me dará
a cotação média dos últimos 10 períodos, ou seja, dos últimos 10 dias,
automaticamente meu software somará os valores de fechamento dos
últimos 10 períodos e dividirá por 10, posso avaliar diferentes tempos
gráficos como: Semanal, mensal, até mesmo gráficos intraday.
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No início de sua carreira dentro da Análise Técnica o indicado por nós é que
você concentre suas operações em gráficos diários e semanais.
Nessa configuração a cada novo período o 10º período se torna
imediatamente o 11º período e passa a constar fora da janela de cálculo, por
isso este nome: Média móvel, pois se move com o surgimento de um novo
período e de acordo com o preço. Assim, para cada novo valor incluído no
cálculo da média, o valor mais antigo é excluído.
Esse é o formato da média móvel simples, utilizaremos em nosso método a
média exponencial, diferente da média simples, na exponencial os valores
mais novos possuem uma importância superior. Além disso, os valores mais
antigos não são diretamente descartados quando passam a constar fora da
janela de cálculo. Eles mantêm uma participação no valor da média
exponencial que vai ficando cada vez menor com o tempo.
As médias móveis tem três funções em nosso método:
Primeira função
Rastreadora de tendência, preço trabalhando acima das médias, tendência de
alta. Preço trabalhando abaixo das médias, tendência de baixa.
Segunda função
Na tendência de alta, dará suporte aos preços. Suporte é um ponto onde o
mercado deve fazer ou fez fundo, aonde para de cair e começa a subir.
Terceira função
Dará resistência na tendência de baixa. Entende-se por resistência todo
ponto onde o preço para de subir e começa cair, formando então um topo.
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Existem algumas regras que seguimos em relação às médias móveis:
Regra número 1
Só compramos uma ação se o gráfico analisado estiver operando acima das
médias móveis. Isso é sinônimo de tendência de alta, podemos identificar a
tendência através dos topos e fundos e também através das médias móveis.
Regra número 2
Os preços costumam voltar até as médias. Todas as grandes altas que
tivemos sempre os preços operaram fazendo movimentos de zig-zag, por
mais forte que seja a alta, o preço não subirá de uma só vez, veja na figura
abaixo a CSNA3, em sete anos teve valorização de mais de 6.000%. O
movimento não foi sempre pra cima, houve o zig-zag, o preço subia
afastando-se das médias (linha verde e azul) e retornava, sentindo suporte na
região das médias que é uma de suas funções:
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Regra número 3
Se o preço não voltar até as médias, as médias irão até o preço.
Regra número 4
Nunca entro em uma operação com o preço afastado das médias.
Comentamos há pouco o grande problema de se comprar topo, na tendência
de alta, queremos comprar fundos, há algo em comum entre os topos e os
fundos na tendência de alta, acompanhe:
Após o papel assumir a tendência de alta e operar acima das médias, observe
no exemplo acima que todos os topos destacados por círculos vermelhos,
estão afastados das médias e todos os fundos destacados por círculos verdes
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estão perto das médias. Com isso concluímos que todas as vezes que os
preços se afastam das médias móveis há possibilidade de se formar um topo,
sabendo dessa possibilidade eu não posso comprar quando os preços
estiverem mesmo que em tendência de alta, afastados das médias, pois corro
o risco de comprar um topo.
Utilizaremos duas médias móveis e a configuração das médias móveis para
gráficos diário e semanal serão: 17 períodos exponencial e 34 períodos
exponencial.
Com a utilização de duas médias aumentaremos nosso campo de atuação, já
que a zona de suporte será perto das médias, observem na figura acima, os
fundos aconteceram na região das médias móveis, isso significa que o fundo
pode ocorrer exatamente sobre a média de 17 períodos ou logo acima,
exatamente sobre a média de 34 períodos ou logo abaixo, ou até mesmo
entre elas.
Candlesticks em sincronia com as Médias Móveis
Mágicas
Caso ainda não se preocupou até então com essas velinhas pretas e brancas
que marcam a trajetória do preço, elas são chamadas de candlesticks e foram
inventadas por um japonês de sobrenome Sakata que por volta do século
XVll realizava negociação de arroz que cultivava nos campos. A pronúncia
candlestick é um pouco chata, então também podemos chamá-las de velas, já
que o nome vem da palavra candelabros, ou então somente candles, que é a
forma mais comum.
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Todos os candles nos dão quatro informações, independente de sua
aparência, as informações são essas: Preço de abertura, preço de fechamento,
preço máximo e preço mínimo. Essas quatro informações podem ser
referentes a um dia de negociação, a uma semana ou até mesmo de um
período de 1 minuto.
As cores servem para identificar onde foi a abertura e o fechamento, candles
em nossos exemplos de cor branca nos informam que o preço de
fechamento foi acima do preço de abertura, nos indicando uma alta durante
sua formação, já os candles pretos mostram que o fechamento foi abaixo da
abertura, indicando uma queda durante sua formação, acompanhe:
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As sombras nos mostram cotação máxima e mínima caso os valores não
tenham sido idênticos aos valores de abertura ou fechamentos. Por exemplo:
Além dessas quatro informações existem alguns padrões que nos mostram
possíveis reversões, como: Martelo, Enforcado, Harami de alta ou de baixa,
entre outros, que devem ser estudados, apresentaremos os principais padrões
em futuras edições.
Em nosso método os candles entrarão em cena também para nos orientar
onde iniciar a operação, onde abortá-la caso de errado e o objetivo que
podemos alcançar caso de certo.
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Momento de compra
Então para que haja a compra devemos primeiramente conferir se a ação está
em tendência de alta, iremos verificar isso através dos topos e fundos, os
mesmos devem ser ascendentes, as médias móveis também nos auxiliam,
pois o preço deve estar trabalhando acima delas.
Também sabemos que na tendência de alta o ponto de suporte é na maioria
das vezes próximo as médias móveis, ou seja, onde ocorre a maioria dos
fundos, sendo assim precisamos que o papel esteja na região das médias
móveis.
Obtendo estes pré-requisitos, o momento da compra será quando tivermos
na região das médias móveis o sinal de formação de fundo, tudo está
contribuindo para que ocorra a reversão de movimento, digo reversão de
movimento porque houve uma queda, essa queda trouxe o preço até as
médias, portanto nossa compra na maioria das vezes ocorre após um
movimento de baixa, veja na figura a seguir:
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O sinal do fundo será dado pelos candles, a partir do momento que um
candle na região das médias superar a máxima do candle anterior sem que o
mesmo faça nova mínima é dado o sinal da compra, a partir deste momento
o sinal do fundo, da reversão de movimento foi emitido pelo mercado.
Já temos algo importantíssimo o preço da compra, claro que isso irá variar,
mas sei que minha compra ocorre quando eu tenho uma nova máxima sem
que o mesmo candle faça nova mínima, mas isso não é suficiente, preciso de
outros dois valores: Objetivo e Prejuízo máximo.
Objetivo
O objetivo não é decidido por nossas necessidades, digo isso, pois já vi
pessoas comprando uma ação com planos de trocar de carro e para que isso
ocorra o papel teria que chegar a determinado preço, mas quem disse que o
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papel pode chegar a determinado preço, essa é a necessidade do investidor,
mas não a condição do papel, pode ser que haja coincidência, mas o próprio
gráfico vai nos dizer onde essa alta pode chegar.
Para que a tendência de alta prossiga, este movimento de alta que
acreditamos que irá acontecer deve superar o topo anterior, pois só assim o
papel terá topos ascendentes e isso é uma das premissas da tendência alta,
porém já aprendemos que topo é resistência, já que a partir daquele ponto
houve queda, então o topo anterior é uma barreira para o preço, portanto
nosso objetivo sempre será o topo anterior, pois o mercado me mostrou há
pouco que é possível chegar até lá, não fui eu quem decidiu esse objetivo
aleatoriamente ou de acordo com minhas necessidades, observei que o
mercado chegou até lá, então pode neste próximo movimento voltar até
aquele preço, veja no exemplo:
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A partir de agora possuo dois valores, o da compra e o objetivo, é um erro
comum cometido pela maioria dos novatos acharem que com esses dois
valores eu posso entrar nas operações, os novatos não sabem muitas vezes
que tudo pode dar errado, algumas vezes até sabem, mas esquecem, pois
estão ansiosos e confiantes, mas como sabemos que a única certeza que
temos é que no futuro todos morremos, essa operação pode falhar.
Prejuízo máximo (Stop)
Qualquer atitude seja em nossa vida financeira ou pessoal que formos tomar,
pense sempre em um plano B, para que você não seja pego de surpresa por
alguma adversidade, como em um plano de vôo, caso o pouso não seja
autorizado no aeroporto de destino o piloto imediatamente saberá para onde
ir.
Em nossas operações devem existir planos emergenciais. Chamamos este
plano B de Stop, ou seja, um ponto estratégico na escala de preço onde
deveremos abortar a operação, vender as ações mesmo com prejuízo, porque
a partir dali o movimento que esperávamos já não é mais provável.
Este ponto é exatamente abaixo da mínima do movimento que trouxe o
preço até a média móvel, compramos porque acreditávamos que ali seria um
fundo, tivemos o sinal de reversão através da superação da máxima de um
candle pelo candle posterior, mas se caso após a compra o papel recuar,
iremos abortar a operação se houver a superação da mínima deste
movimento. Na figura a seguir, veja onde o Stop deve ficar posicionado:
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Após visualizar a mínima deste movimento deixará seu Stop posicionado
abaixo deste valor.
Risco x Ganho mínimo
Agora sim tenho todas as informações para avaliar minha entrada, preço de
compra, objetivo de venda e valor do Stop. Antes de entrar na operação sei
quanto posso ganhar, sei quanto posso perder caso dê tudo errado. Após
calcular o valor do possível lucro e possível prejuízo, divido meu possível
lucro pelo possível prejuízo, este cálculo me mostrará quantas vezes meu
possível lucro é maior que meu possível prejuízo.
Este valor deve ser igual ou superior a três (3), só estaremos autorizados a
entrar na operação se o valor for este ou superior, caso o resultado do cálculo
seja inferior a três (3), não poderemos entrar na operação. Chamamos este
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cálculo de Risco x Ganho, pois você estará comparando seu risco ao seu
ganho.
Respeitando essa regra estará colocando a matemática e o mercado a seu
favor, assunto abordado no início deste exemplar. Pois se a operação
alcançar o resultado esperado você ganhará três vezes mais o valor que
colocou em risco.
Manejo de Risco
Outro ponto importantíssimo que não pode passar despercebido é a
quantidade de papéis que iremos operar.
O que tem acontecido muito é que o investidor entra em uma operação com
todo seu capital e toma stop, ou seja, sai da operação com prejuízo. A
quantidade de papéis adquiridas por ele multiplicado pelo valor do stop é o
tamanho de seu prejuízo e muitas vezes não calculado por ele antes de entrar
operação. Isso causa um enorme trauma, o investidor fica com medo de
operar nas próximas condições oferecidas pelo mercado, devido a este
trauma seu retorno é lento, uma das saídas que encontra é adquirir em sua
próxima operação uma quantidade menor de papéis, pois se houver o
prejuízo ele será menor.
O risco que ele corre agora é operar com grande capital em operações
perdedoras e operar com menos capital em operações vitoriosas. Isso não
será favorável ao seu capital, pois lembramos que acertaremos metade de
nossas operações, por isso a quantidade de papéis deve sim variar de acordo
com cada operação, porém a principal variável será o tamanho do stop de
cada uma delas.
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Siga as instruções para decidir quantas ações pode comprar em cada
operação.
CAPITAL TOTAL APROXIMADO
PREJUÍZO MÁXIMO %
VALOR
R$ 5.000,00
3%
R$ 150,00
R$ 10.000,00
2%
R$ 200,00
R$ 20.000,00
1,5%
R$ 300,00
R$ 30.000,00
1%
R$ 300,00
VALORES SUPERIORES
0,5%
X
Conforme mostra a tabela acima você tem um valor estipulado para perder
por operação, não interessa o valor da ação que estiver operando, o que
interessa é o valor do prejuízo, então seja em uma operação com stop de R$
0,80 ou R$ 3,00 o valor do seu prejuízo máximo sempre será o mesmo. Para
calcular quantas ações poderá comprar obedecendo a regra, você dividirá o
prejuízo máximo que seu capital suporta por operação e dividirá pelo
tamanho de seu prejuízo máximo por papel.
O resultado deste cálculo é a quantidade de ações que poderá comprar.
O trader deve ser um ser humano que de bom senso, isso é primordial.
Portanto não entre em várias operações mesmo que elas obedeçam o manejo
de risco, pois se todas derem errado seu prejuízo será muito grande em um
só momento.
O objetivo do manejo de risco é fazer com que seu capital seja dividido em
pequenos lotes, aumentando suas chances de acerto, mas essa divisão deve
ser feita de forma uniforme.
CAPÍTULO 4
Conclusão
“O ser humano não pode deixar de cometer erros; é com os erros, que os homens
de bom senso aprendem a sabedoria para o futuro.”
Plutarco
A Análise Técnica não é uma bola de cristal, mas nos proporciona operações
em momentos que o valor a ser pago, caso dê tudo errado, seja pequeno
perto do objetivo que podemos alcançar.
A partir do momento em que você conseguir enxergar a Análise Técnica
dessa forma e obter controle emocional, você terá bons frutos.
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